Em 2023 foram construídas usinas fotovoltaicas em todo o planeta com uma capacidade total de 447 gigawatts (GW). Segundo a confederação SolarPower, desse modo, em apenas um ano a produção solar global elevou-se em 38%, até 1.624 GW.
Bem mais modesta foi a ampliação das usinas eólicas (117 GW) e a carvão (70 GW) inauguradas no mesmo período, sobretudo na China e na Índia. Nos setores hidrelétrico (+7 GW), de gás natural (+6 GW) e biomassa (+4 GW), o acréscimo foi ainda inferior. Por sua vez, a capacidade de energia nuclear caiu 2 GW em 2023, com o fechamento de mais usinas antigas.
Segundo a SolarPower Europe, a energia fotovoltaica terá um crescimento global ainda mais forte no próximo quinquênio, chegando a até 20% mais usinas por ano. A organização prevê um total de 5.117 GW instalados até 2028, superando os 4.930 GW produzidos por todas as usinas de carvão, gás e petróleo juntas.
Custo da energia solar cai continuamente:
Os preços dos módulos fotovoltaicos caíram drasticamente, acima de tudo devido à produção em massa em fábricas chinesas, reduzindo em 80% o custo da energia solar em todo o mundo, nos últimos 15 anos. Na maioria das regiões, ela já é a alternativa mais barata.
Em zonas ensolaradas, é possível gerar eletricidade num parque fotovoltaico ao custo de 0,035 a 0,054 euro por kilowatt/hora, mostra um estudo do Instituto Fraunhofer para Sistemas de Energia Solar (ISE). Em países como Alemanha, em que há pouco sol, o custo é de 0,041 a 0,069 euro por kilowatt/hora, mas ainda bem menos do que a metade da energia proveniente das novas usinas nucleares, a gás ou a carvão.
A expansão fotovoltaica é marcante na Ásia, e muito especialmente na China, onde novos parques solares acrescentaram 253 GW à matriz energética em 2023, elevando a capacidade nacional total a 656 GW. Em 2024 se acrescentarão outros 299 GW. A Agência Internacional de Energia (AIE) calcula que as instalações solares cobrem 10% da demanda chinesa.
Atualmente o país ainda obtém 61% de sua eletricidade das usinas a carvão, tornando-se um dos principais emissores de dióxido de carbono (CO2). Porém o think tank britânico Ember estima que o combustível fóssil perderá importância na China, graças à ascensão da fonte solar.
O fenômeno se fez observar também em outros países em 2023: a Austrália ampliou sua produção solar em 36 GW, elevando a parcela dessa fonte a 15%. No Japão e na Índia, a capacidade solar é de 90 GW – 12% e 11% da demanda nacional, respectivamente. Com 9 GW, 20% da eletricidade do Chile é de origem fotovoltaica. No Brasil, com 39 GW, a proporção é de 11%; enquanto nos EUA (173 GW) e México (11 GW) ela é de 6%.
Ao todo, a União Europeia atingiu em 2023 uma capacidade solar de 269 GW, ou cerca de 10% da demanda total. Com 21%, a Espanha (36 GW), Holanda (33 GW) e Grécia (7 GW) lideram a maior participação fotovoltaica em sua matriz energética, seguidas pela Alemanha (92 GW = 14%), Polônia (17 GW = 12%) e Bulgária (4 GW = 11%).
50 vezes mais energia solar até 2050?
Apesar de o potencial fotovoltaico ser especialmente alto em regiões ensolaradas como a África e o Oriente Médio, lá ele é relativamente pouco explorado. Contudo a SolarPower Europe prevê uma guinada em breve, com a capacidade nesses locais quase quintuplicando até 2028, de 48 GW para 222 GW.
Israel (4 GW) produz 15% de sua eletricidade a partir do Sol. A Turquia (11 GW), África do Sul (6 GW) e Emirados Árabes Unidos (5 GW) suprem 7% de suas respectivas demandas energéticas por meio fotovoltaico, enquanto a proporção é de apenas 2% na potência petrolífera Arábia Saudita (3 GW).
Para abastecer toda a Terra com energia renovável a baixo custo, a solar teria um papel-chave. Um estudo publicado pela revista Science estipula a capacidade necessária em 104 mil GW – 50 vezes mais do que a atualmente disponível. Certos especialistas consideram essa meta viável até 2050, ou até bem mais cedo, se o ritmo da transição for acelerado.
Contudo, um relatório das Nações Unidas lembra que simultaneamente é preciso retirar CO2 da atmosfera, senão será impossível alcançar a meta estipulada no Acordo do Clima de Paris, de limitar o aquecimento do planeta a 1,5º C acima dos níveis pré-industriais. Fonte e Imagem: IstoÉ
O Ministério de Minas e Energia lançou nesta quinta-feira (7) uma consulta pública para definir o orçamento do programa Luz para Todos em 2025. A pasta pretende reservar R$ 4,3 bilhões para ações no ano que vem.
A maior parte desse valor é custeada por todos os consumidores na conta de luz. São R$ 3,95 bilhões pagos por meio do encargo Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) — que agrega subsídios a políticas públicas, como a universalização do serviço de energia.
Recriado em 2023, o Luz para Todos é um programa operado pelo governo, que dá subvenção econômica às distribuidoras de energia para que levem eletricidade a áreas sem o serviço, como comunidades rurais e regiões remotas da Amazônia Legal.
A meta do governo é iluminar 97,1 mil imóveis em 2025. O número é 23% superior à meta deste ano.
Os seguintes estados serão atendidos:
Pará: 40.192 imóveis
Bahia: 13.300 imóveis
Amapá: 9.452 imóveis
Piauí: 7.344 imóveis
Amazonas: 4.918 imóveis
Maranhão: 4.634 imóveis
Roraima: 4.387 imóveis
Acre: 4.348 imóveis
Tocantins: 2.624 imóveis
Rondônia: 2.561 imóveis
Mato Grosso: 1.696 imóveis
Ceará: 1.000 imóveis
Goiás: 315 imóveis
Rio de Janeiro: 221 imóveis
Paraíba: 120 imóveis
Segundo o governo, o orçamento será usado para dar continuidade a obras em execução e em processo de contratação. O governo tem como meta atender a 500 mil famílias até o final de 2026.
Criado em 2003, o programa Luz para Todos tinha o objetivo de levar energia elétrica às residências que não são atendidas pelas distribuidoras. Prorrogado por diversas vezes até 2022, o programa foi retomado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em agosto de 2023.
Nas comunidades isoladas da Amazônia, o programa tem levado kits individuais de energia solar. Já nas comunidades rurais, as famílias são atendidas com a extensão da rede das distribuidoras até as localidades. Fonte e Imagem: Portal G1
O estudo deverá indicar se o sistema tem capacidade suficiente para atendimento da ponta de carga. “O critério de flexibilidade refere-se à capacidade de o sistema de ajustar a entrega de potência para atender ao requisito da carga. É um elemento importante para equilibrar a demanda de energia elétrica em tempo real e a geração, especialmente a partir do forte incremento de fontes intermitentes de geração”, diz nota publicada pelo MME (Ministério de Minas e Energia).
Atendimento de demanda:
O CMSE também definiu que deverão ser mobilizados recursos adicionais para atendimento do pico de demanda entre novembro e janeiro do próximo ano, entre eles, despacho de termelétricas, resposta da demanda e importação de energia.
Período chuvoso
Durante o encontro, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) indicou que o período úmido já teve início nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, no entanto, está atrasado na região Norte do país. Situação que deve permanecer nas próximas semanas.
Também foi constatado que todos os subsistemas do país tiveram a ENA (Energia Natural Afluente) abaixo da média histórica ao longo do mês de outubro. O que também deve permanecer em novembro, com exceção da região Sul.
Bandeira verde:
O MME projeta que a bandeira tarifária de energia elétrica voltará a ser verde no próximo mês. Segundo fonte do governo, há essa expectativa por causa do aumento das chuvas no país e da projeção de melhoria dos níveis das hidrelétricas, reduzindo o custo de geração.
A definição da bandeira cabe à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). O último mês em que o patamar verde vigorou foi em agosto. Neste mês de novembro, está em vigor a amarela. Fonte e Imagem: Agência iNFRA.
O Ministério de Minas e Energia (MME) propôs na última quarta-feira (6) a criação de um novo critério de suprimento para o Sistema Interligado Nacional (SIN) durante a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Trata-se do critério de flexibilidade, que se refere à capacidade de o sistema ajustar a entrega de potência para atender ao requisito da carga.
De acordo com o MME, o critério é um elemento importante para equilibrar a demanda de energia elétrica em tempo real e a geração, especialmente a partir do forte incremento de fontes intermitentes de geração. A previsão é que ele seja submetido à avaliação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) até o final de 2025.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) já iniciou os estudos para a criação do novo indicador. Uma consulta pública e workshops deverão ser realizados para discutir o tema.
Durante a reunião, também foram apresentados números do período chuvoso nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, além de dados que indicam atrasos nas chuvas no Norte.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) sinalizou que espera que esse comportamento seja mantido nas próximas semanas, com chuvas mais localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e chuva abaixo da média para região Norte do país.
ENA:
Para a Energia Natural Afluente (ENA), foram verificados valores abaixo da média histórica para todos os subsistemas no decorrer do mês de outubro. Em novembro, a indicação é de uma ENA abaixo da média histórica para todos os subsistemas, exceto para o Sul.
As condições observadas para os subsistemas da Média de Longo Termo (MLT) em outubro foram: Sudeste/Centro-Oeste: 58%;
Sul: 84%;
Nordeste: 40%;
Norte: 44%.
Já para novembro, a previsão para o Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte é de 61%, 118%, 65% e 44% da MLT, respectivamente. Considerando o cenário mais favorável, as previsões são de: 116%, 46%, 93% e 64% da MLT, respectivamente, para o Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte.
Energia armazenada:
O armazenamento do SIN foi de aproximadamente 44% em outubro. No mês, foram verificados armazenamentos equivalentes de cerca de 40% (Sudeste/Centro-Oeste), 65% (Sul), 45% (Nordeste) e 63% (Norte).
Em relação ao atendimento da demanda máxima do sistema, o ONS indicou que, para cenários de temperatura elevada e baixa geração eólica, devem ser mobilizados recursos adicionais para o atendimento entre os meses de novembro de 2024 e janeiro de 2025, incluindo despacho termelétrico, mecanismo de resposta da demanda e importação de energia elétrica.
Na reunião, também houve deliberação sobre emergencialidade no atendimento dos municípios de Anamã, Caapiranga e Codajás, no Estado do Amazonas, conforme apresentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Expansão da Geração e Transmissão: A expansão verificada em outubro de 2024 foi de 1.534 MW de capacidade instalada de geração centralizada de energia elétrica, de 467,0 km de linhas de transmissão e de 1.485 MVA de capacidade de transformação. Fonte e Imagem: CNN BRASIL
A constatação por parte da reguladora está na nota técnica divulgada na semana passada pelaa STD (Superintendência de Regulação dos Serviços de Transmissão e Distribuição), na conclusão da Tomada de Subsídios 18, aberta para avaliar a necessidade de aprimoramentos regulatórios para coibir práticas que ferem o art. 28 do Marco Legal da GD (Lei 14.300/2022), que limita essa geração ao consumo próprio. O TCU (Tribunal de Contas da União) exigiu em julho um plano da agência em até 60 dias para fiscalizar a locação de usinas e a geração compartilhada.
Para a Agência iNFRA, Rubim afirmou que a expectativa é que o entendimento da nota técnica segue posicionamentos anteriores da ANEEL, inclusive em diálogos com o TCU. A Absolar agora espera que o tema ganhe corpo e entre na Agenda Regulatória da agência para 2025, com designação de relator e realização de consulta pública no 1° semestre do próximo ano para debater os novos comandos regulatórios.
“Vemos uma recomendação de que se tenha um olhar mais cauteloso sobre as coligadas das distribuidoras, sobretudo na própria área de concessão daquela empresa. Isso já era algo que vinha sendo sinalizado como objeto de fiscalização para 2025, para combater a concorrência desleal”, diz.
Trata-se de um problema crônico para o setor de geração distribuída, segundo Bárbara Rubim, sobretudo diante de uma necessidade de maior fiscalização das distribuidoras nas suas áreas de concessão para coibir eventuais práticas irregulares. O documento também indica que será necessária uma fiscalização mais ativa da reguladora e das distribuidoras quanto à comercialização de energia gerada via geração distribuída solar.
“Temos visto muitos relatos de distribuidoras criando dificuldades para consumidores conectarem com sistemas fotovoltaicos, alegando, por exemplo, inversão de fluxo. E depois dessa negativa, uma empresa ligada à distribuidora entra em contato com esse cliente ofertando energia por assinatura. Então, como as distribuidoras fiscalizariam isso, com uma empresa coligada atuando na mesma área? Claramente haveria falta de isenção.”
Fiscalização mais ativa:
“A nota técnica sugere a padronização de conteúdos mínimos, deixando como recomendação uma postura mais ativa e normativa para formalização desses negócios de locação de usinas. É um indicativo de que é preciso uma fiscalização mais ativa, inclusive das distribuidoras, porque diz que não se pode afastar delas o poder/dever de fiscalizar”, afirma.
No documento, a STD reconhece que há indícios de alguma atividade ilegal na locação de usinas e na geração compartilhada, com comercialização de energia que foge aos preceitos do art. 28 do Marco da GD, conforme indicou o TCU. Conclui ainda que é preciso realizar aprimoramentos regulatórios para combater essa prática.
“Temos visto muitos relatos de distribuidoras criando dificuldades para consumidores conectarem com sistemas fotovoltaicos, alegando, por exemplo, inversão de fluxo. E depois dessa negativa, uma empresa ligada à distribuidora entra em contato com esse cliente ofertando energia por assinatura. Então, como as distribuidoras fiscalizariam isso, com uma empresa coligada atuando na mesma área? Claramente haveria falta de isenção.”
Projetos de lei no Congresso:
Atualmente, há pelo menos dois projetos de lei sobre o tema tramitando no Congresso Nacional. O primeiro, o PL 1.292/2023, de autoria do deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), retira o artigo 28 do Marco Legal da Geração Distribuída, deixando de existir a obrigação de consumo próprio e abrindo caminho para a comercialização dessa energia.
Há ainda o PL 671/2024, do deputado Delegado Marcelo Freitas (União-MG), que proíbe as concessionárias de distribuição de atuar também na geração distribuída, como com a venda de GD por assinatura. A proposta está sob relatoria de Lafayette, que já se posicionou favorável à restrição com a justificativa de que a situação compromete a isonomia entre as empresas do setor.
Na avaliação de Bárbara Rubim, apesar das propostas de mudanças no Legislativo, ainda cabe à ANEEL regular o assunto. Segundo ela, “muito do que vemos de pró-ativismo do Congresso em temas no setor elétrico se deve à falta de celeridade da agência em endereçar temas bastante urgentes para os agentes” Fonte e Imagem: Agencia iNFRA.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, retirou decisão anterior para analisar melhor o caso e liberou o julgamento sobre a obrigação de empresas distribuidoras de energia devolverem ou não aos consumidores, via desconto na tarifa, os valores de tributos recolhidos de forma indevida.
O presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, deve definir, agora, uma data para a retomada do caso. Anteriormente, os ministros já haviam formado maioria de seis votos sobre o repasse de créditos aos consumidores, mas a análise do tema foi interrompida em setembro deste ano, após pedido de vista de Toffoli.
Com a liberação do julgamento, aspectos discordantes devem ser abordados pelos ministros, a exemplo do prazo para prescrição do direito de restituição dos tributos pagos pelos consumidores. Até o momento, há três votos favoráveis ao tempo de 10 anos, dois votos para prescrição em cinco anos e um à favor da inexistência de prazo.
Outro ponto que deve ser debatido, ainda, pelos ministros do STF diz respeito à possibilidade de abatimento do valor repassado aos consumidores dos custos adicionais pagos pelas distribuidoras. Fonte e Imagem:Portal Metrópoles.
O Ministério de Minas e Energia (MME) autorizou quatro empresas a realizarem importação de energia elétrica do Paraguai mediante contratos de comercialização no ambiente de contratação livre (ACL).
A portaria nº 2.858 que liberou a importação para a Infinity Comercializadora de Energia, a Matrix Comercializadora de Energia Elétrica, a Vitol Power Brasil e a Engelhart CTP foi publicada na edição desta segunda-feira (4/11) do Diário Oficial da União.
Outros 18 pedidos estão sob avaliação e devem ser divulgados em breve. No dia 30 de outubro, a pasta publicou as orientações para essa importação, com o intuito de viabilizar contratos que permitam a comercialização de energia elétrica conforme as normas brasileiras, marcando uma nova fase no setor.
“Estamos avançando na integração energética da América do Sul, garantindo mais segurança e confiabilidade para o setor produtivo e o consumidor brasileiro”, declarou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD).
Essa decisão segue o memorando de entendimento entre Brasil e Paraguai, assinado em abril, que visa aproveitar de forma mais eficiente os recursos energéticos. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a importação de energia elétrica não afetará a segurança energética do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O MME busca melhorar as formas de comércio energético entre os dois países, com foco em aumentar a eficiência e trazer benefícios ao setor elétrico e aos consumidores. Fonte e Imagem: Agência Eixos.
Começa a valer nesta sexta-feira (1º) a bandeira amarela sobre as contas de luz – mais barata que a vermelha, que vigorou em setembro e outubro.
Com isso, o valor extra cobrado para cada 100 kwh consumidos passa de R$ 7,877 para R$ 1,885.
A troca da bandeira vermelha pela amarela, segundo a Aneel, foi possível em razão do aumento do volume de chuvas registrado em outubro.
O acionamento das bandeiras amarela ou vermelha, as mais caras da tabela, aponta para um cenário de geração de energia mais cara.
Com a seca na região Norte do país, usinas hidrelétricas importantes estão gerando menos energia. Por isso, para atender aos horários de pico de consumo e baixa geração de energia renovável, no início da noite, é necessário acionar usinas termelétricas – que são mais caras.
A elevação do custo da energia elétrica contribuiu para o aumento da inflação no mês de setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo, considerado a inflação oficial no Brasil, apontou um aumento de 0,44% nos preços naquele mês.
Cada bandeira tarifária acionada pela Aneel pode gerar um custo extra ao consumidor:
bandeira verde (condições favoráveis de geração de energia) – sem custo extra;
bandeira amarela (condições menos favoráveis) – R$ 18,85 por MWh (megawatt-hora) utilizado (ou R$ 1,88 a cada 100kWh);
bandeira vermelha patamar 1 (condições desfavoráveis) – R$ 44,63 por MWh utilizado (ou R$ 4,46 a cada 100 kWh);
bandeira vermelha patamar 2 (condições muito desfavoráveis) – R$ 78,77 por MWh utilizado (ou R$ 7,87 a cada 100 kWh).
A conta de luz vai ficar mais barata em novembro com a mudança da bandeira tarifária anunciada na sexta-feira, 25. Com a volta das chuvas, houve melhora nas condições de produção de energia elétrica, e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária passará de vermelha para amarela.
Com a mudança, a taxa será reduzida para R$ 1,885 por 100 kWh de consumo, na conta de todos os consumidores conectados ao Sistema Interligado Nacional. Em outubro, com a bandeira definida como vermelha patamar 2, a cobrança adicional na conta é de R$ 7,877 a cada 100 kWh consumidos.
“Com esse novo cenário de adoção da bandeira tarifária, o subitem – que é a energia elétrica residencial – vai ficar em torno de -5,7% fazendo com que tenha um impacto de -0,2 pontopercentual na inflação mensal”, afirma o economista Matheus Dias, da FGV IBRE – Instituto Brasileiro de Economia.
Segundo as projeções da FGV IBRE, a redução da cobrança adicional na conta de luz residencial vai levar o IPCA de novembro para -0,1%. “Por sua vez, isso vai ter um impacto no IPCA anual, que vai ficar em torno de 4,30%”, diz. A meta de inflação no ano é de 3%, com teto em 4,5%. Nesta segunda-feira, 28, o mercado financeiro projetou um estouro da meta, com o IPCA em 4,55% até o fim do ano. Porém, a bandeira tarifária menor pode colaborar para que a inflação fique dentro do limite.
Nas projeções da Warren Investimentos, o impacto da bandeira amarela é maior. “Na nossa projeção do IPCA de 2024, mantivemos a amarela no final de 2024, com risco de vermelha 1 (0,14% p.p.), e verde em 2025. O impacto da bandeira amarela na nossa projeção é de -13 bps e a projeção de novembro do IPCA -0.28% para -0,41%.”, diz a estrategista de inflação da Warren, Andréa Angelo. Fonte e Imagem: Veja.
Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) defendeu nesta segunda-feira (28) que o Brasil procure soluções para a transição energética que não levem à “pobreza energética”.
Ardenghy participou do CNN Talks Sustentabilidade: O potencial do Rio de Janeiro, realizado na capital fluminense.
“Não adianta ter solução que gere pobreza energética, que deixe a energia muito mais cara do que ela é hoje”, disse. A pobreza energetica pode ser entendida como a dificuldade de acesso à energia e aos serviços energéticos.
Acontece que soluções em energias limpas, para ganhar escala, por vezes, necessitam de investimentos vultosos. Parte das despesas para incentivo da geração em fontes renováveis são, por exemplo, repassados à conta de luz.
O representante destacou que a demanda por fontes fósseis ainda é grande mundo afora e destacou como fator a contribuir para a transição o fato de o petróleo brasileiro deixar pegada de carbono cerca de 30% menos que a média mundial. Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Após o apagão que deixou milhões se luz em São Paulo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu nesta sexta-feira (25) o retorno dos acordos de gestão com as agências reguladoras.
O instrumento foi extinto no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tinha o intuito de vincular os recursos públicos vindos da União a metas estabelecidas. As regras previam inclusive a desoneração de diretores-presidentes caso os alvos não fossem cumpridos.
“Eu acho que nunca devia ter perdido os contratos de gestão. Eram contratos que tinham referência clara de padrões de eficiência das agências. É importantíssimo que se aperfeiçoe o modelo das agências”, disse após evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Silveira ainda acusou haver uma “falta de sinergia” entre os presidentes de agências reguladoras, que foram nomeados por Bolsonaro, e o atual governo. Para ele, há uma resistência em obedecer às regras criadas pela atual gestão.
“Há uma falta de sinergia entre apadrinhados do governo anterior, que não querem cumprir decretos assinados pelo presidente da República do Brasil”, destacou.
Segundo ele, medidas provisórias estão sendo questionadas “por quem não tem o direito discricionário de fazer ou não”, e que essas pessoas devem apenas “executar”.
“Esse é o papel da regulação, como nós vamos fazer para aplicar as políticas públicas construídas pelo governo”, pontuou. Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Segundo a empresa, a alta é explicada pela entrada da bandeira vermelha patamar 2 no período, justificada pela seca e redução da vazão nos reservatórios das hidrelétricas.
Segundo Carolina Reis, diretora da plataforma, a maior parte do público é consumidores residenciais. Também houve na etapa uma crescente na procura de financiamentos por condomínios, que buscam reduzir a conta do consumo das áreas comuns.
Segundo trimestre:
O número de financiamentos pela plataforma Meu Financiamento Solar subiu 41% no segundo trimestre do ano em comparação com o mesmo período de 2023. Segundo balanço da empresa, a maior parte do crédito liberado foi destinada a projetos de residências e empresas no estado de São Paulo.
Na época, Reis explicou que o maior volume de liberação é explicado pelo interesse dos consumidores. Fonte e Imagem: MegaWhat.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou nesta sexta-feira (25) que a bandeira tarifária para a partir de 1º de novembro será amarela, refletindo a melhora nas condições de geração de energia no Brasil. A medida se aplica a todos os consumidores conectados ao Sistema Interligado Nacional.
Portanto, os consumidores pagarão a tarifa de R$ 1,885 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, uma queda significativa em relação aos R$ 7,877 da bandeira vermelha patamar 2 – a mais cara do sistema de bandeiras – que vigorou em outubro.
A tarifa mais elevada se deu por conta da longa estiagem que atingiu o país e fez com que os reservatórios das hidrelétricas ficassem praticamente vazios. Segundo a Aneel, a nova classificação de novembro se deve ao aumento das chuvas e à redução dos custos de geração elétrica.
Mesmo assim, a agência afirma que apesar da melhora, as previsões para os próximos meses indicam que as chuvas e as vazões nos reservatórios ainda estão abaixo da média.
Isso sugere a necessidade de complementar a geração de energia por meio de usinas termelétricas para atender à demanda dos consumidores – o que ainda não é uma redução significativa nos valores das contas de luz.
Entre abril de 2022 e junho de 2024, as contas de luz passaram por uma sequência de bandeiras verdes, sendo interrompida em julho pela bandeira amarela, mas retomada em agosto.
Em setembro, a bandeira vermelha foi acionada no patamar 1. Fonte e Imagem: CNN Brasil
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirmou, em ofício ao governo, que a cassação dos contratos das distribuidoras é uma medida extrema e deve ser feita com base em "em análises técnicas e evidências robustas".
O ofício assinado pelo diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, foi enviado ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta segunda-feira (21).
No dia anterior, Silveira havia pedido que a Aneel abrisse um processo administrativo contra a Enel SP pelo apagão de quase uma semana em São Paulo.
O processo pode levar a intervenção ou cassação do contrato – chamada no setor de "caducidade".
"A caducidade de uma concessão é medida extrema prevista na legislação e deve ser aplicada apenas quando a efetividade de outras medidas de fiscalização se mostra insuficiente para a readequação do serviço prestado pela concessionária", escreve Feitosa, no ofício da Aneel.
O diretor-geral afirmou que é preciso "grande robustez" na instrução do processo, com garantia de ampla defesa, "para que não reste dúvida quanto à necessidade da caducidade da concessão para a readequação do serviço prestado na área de concessão".
Feitosa conclui dizendo que a Aneel vai usar sua capacidade de fiscalização de "forma técnica, baseada em sólidas evidências e respeito aos contratos de concessão".
????A caducidade da concessão acontece quando o contrato da distribuidora é cassado por descumprimento de regras.
????Essa é a mais grave das punições previstas e depende de recomendação da Aneel.
????A decisão, contudo, é do Ministério de Minas e Energia.
Intimação da Enel:
Na segunda-feira (21), a Aneel intimou a Enel por descumprimento do plano de contingência da distribuidora e reincidência de "atendimento insatisfatório aos consumidores em situações de emergência".
A intimação faz parte do relatório de falhas e transgressões. Dentro da burocracia da Aneel, esse relatório pode dar início a um processo administrativo, cujas punições podem variar de multas a intervenção e cassação do contrato.
Depois do recebimento da intimação, a Enel SP tem 15 dias contados para se manifestar.
O que pode levar à cassação?
A cassação do contrato precisa da comprovação de que a distribuidora descumpriu regras ou não tem condições técnicas, operacionais ou financeiras de manter a prestação dos serviços.
A lei das concessões estabelece os seguintes motivos para o governo federal declarar a extinção dos contratos:
????ineficiência ou inadequação da prestação do serviço à população, “tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço”;
????descumprimento de cláusulas contratuais, legais ou regulamentares;
????paralisação do serviço, exceto em “caso fortuito ou força maior”;
????perda de condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a prestação dos serviços;
????descumprimento de penalidades;
????não atendimento de intimação do governo para regularizar a prestação dos serviços;
????não atendimento de intimação do governo em até 180 dias. Fonte e Imagem: Portal G1.
Sandoval concluiu que os objetos das decisões se tornaram prejudicados por “fato superveniente”, com a perda de eficácia da MP (Medida Provisória) 1.232/2024, que viabilizava as operações. O agravo foi encaminhado para a relatoria do próprio diretor-geral nesta segunda-feira (21), seguindo as regras da agência.
A MP perdeu a validade à meia-noite do dia 10 de outubro. No dia 11 de outubro foram assinados os despachos de perda do objeto pelo diretor-geral, posteriormente publicados no DOU (Diário Oficial da União) em 14 de outubro. Confira aqui o despacho sobre a venda da distribuidora, e aqui o despacho sobre a conversão das térmicas.
Troca de controle:
O prazo da MP também foi utilizado pela ANEEL para contestar judicialmente a venda da Amazonas para a Âmbar. A agência alega que os representantes das empresas assinaram o termo de transferência de controle após a meia-noite do dia 10 e, por isso, a operação não estaria “plenamente constituída”.
Segundo a Procuradoria Federal, representante da reguladora, apenas o diretor-geral assinou o termo ainda no dia 10 de outubro. De acordo com a ANEEL, os termos foram inseridos no sistema às 23h58. O diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, assinou às 23h59. Marcelo Zanatta e Marcos Ferreira Costa, representantes da Âmbar Energia, assinaram à meia-noite em ponto e 1h15, respectivamente. Já Orsine Oliveira e Márcio Zimmermann, da Amazonas Energia, assinaram três e 15 minutos depois da meia-noite, respectivamente.
“Má-fé”:
No entendimento da Âmbar, a MP era válida até 11 de outubro de 2024, conforme a Constituição Federal, que prevê 120 dias a partir da data de publicação,13 de junho de 2024. Contudo, ainda que o prazo correto fosse o dia 10 de outubro, “prevaleceria a assinatura da autoridade responsável pela aprovação, a Agência Nacional de Energia Elétrica, que ocorreu às 23:59:01”, disse a empresa em nota encaminhada à imprensa.
A Âmbar ainda destaca que o documento foi disponibilizado para assinatura às 23h58 do dia 10. Com isso, segundo a companhia, “estaria também configurada a má-fé da própria ANEEL, ao inviabilizar a assinatura por todas as partes até a meia-noite”.
“Registre-se que não acreditamos na má-fé, mas que se trate de mero desencontro de informações entre a diretoria geral que assinou o contrato e os procuradores da agência”, concluiu.
Respaldo administrativo :
A transferência assinada ocorreu com base em decisão judicial, que obrigou o diretor-geral, Sandoval Feitosa, a autorizar a venda por meio de decisão monocrática, nos termos pretendidos pela Âmbar. Contudo, não há respaldo administrativo na agência que dê segurança à operação.
Atualmente, o colegiado da agência aprovou a venda com custos de até R$ 8 bilhões em flexibilizações, não de R$ 14 bilhões, como a Âmbar pedia em sua proposta mais recente enviada à reguladora. Fonte e imagem: Agência iNFRA.
O texto aprovado na reunião de diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça-feira prevê que, para a renovação, as distribuidoras devem ter quitado suas multas administrativas, bem como demandas judiciais, pecuniárias ou frente a regulamentações da Aneel, como condição para renovação das concessões.
“No momento em que nós iremos repactuar um longo período de concessão, a nosso juízo, claro que será colocado para discussão com a sociedade, não faz nenhum sentido que as empresas continuem litigando com o poder concedente e com a agência reguladora em temas que ja foram ultrapassados", disse o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, durante a discussão do tema.
Segundo o diretor-presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, os termos apresentados pela Aneel não são novidade no setor ou prática incomum, tendo sido exigida em outros momentos. No entanto, entende que a determinação é contestável.
“Se fosse uma ação judicial que contestasse a renovação da concessão ou outras questões relativas à renovação, até se entenderia a exigência de desistência. Nestes casos, o argumento seria o da perda de objeto da ação judicial com a assinatura do do aditivo para renovar a concessão. Porém, a exigência de desistência é ampla, para qualquer ação judicial contra a União Federal, para ações propostas por associações das quais a concessionária faça parte, e mesmo para ações contra multas impostas pela Aneel”, disse Vivan, que também é presidente do Sindicato da Indústria da Energia no Estado de São Paulo (SindiEnergia).
O executivo reforça que a exigência de desistência ampla de ações violaria garantias constitucionais básicas, “como a do direito à ação, ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal”, extrapolando as próprias diretrizes do decreto sobre renovação das concessões.
A relatora do processo, diretora Agnes da Costa, destacou o desafio na construção da proposta pelas áreas técnicas, uma vez que o segmento de distribuição passou por inúmeras mudanças nos últimos 30 anos e há um novo mercado se abrindo para o novo período de concessão.
“A gente sabe que vai passar por mudanças maiores e mais rápidas eventualmente, então como a gente constrói um contrato que é moderno o suficiente, mas também é flexível para acomodar toda a evolução e regulação que haverá para esse setor? Foi um esfesforço importante de todas as esquipes para amarrar as diretrizes do contrato, mas garantindo a evolução da regulação”, disse Agnes da Costa.
A proposta
Publicado em junho de 2024, o decreto nº 12.068 estabeleceu a Aneel como responsável por elaborar o termo aditivo que definirá os critérios de concessão, focando na eficiência dos serviços prestados e na gestão econômico-financeira dos contratos.
O decreto também estabelece que a Aneel é a responsável por elaborar o termo aditivo e definirá os critérios relativos à eficiência dos serviços prestados e à gestão econômico-financeira dos contratos, que condicionarão a prorrogação.
A proposta colocada em consulta pública prevê a discussão da minuta do termo aditivo, contendo as as cláusulas que abordam as diretrizes de sustentabilidade econômico-financeira das concessionárias, tratando da avaliação da qualidade da governança; aprimoramentos das condições econômicas, como admitir a flexibilidade normativa para ajustar o regime de regulação, facultando à Aneel reconhecer custos de capital e operação entre revisões tarifárias, atividades concorrenciais, diferenciação de tarifas para áreas com desafios específicos; Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como indexador para o reajuste tarifário anual; aplicação de incentivos compatíveis com a capacidade de gestão em concessões com relevante presença de áreas com severas restrições ao combate às perdas de energia e à inadimplência, dentre outros temas.
Em nota, a Aneel ressalta que o grande desafio na elaboração das cláusulas do novo instrumento contratual, em atendimento às diretrizes trazidas pelo decreto, foi encontrar o equilíbrio entre o detalhamento excessivo, que poderia engessar as regras em um contrato com validade de 30 anos, em um setor que passa por rápidas transformações, versus a existência de cláusulas demasiadamente genéricas.
A nota técnica que subsidiou a elaboração da proposta colocada em consulta pública contou com a colaboração de diversas superintendências, além disso, houve uma série de reuniões internas e com os agentes, tanto do segmento de distribuição, quanto dede consumo, a fim de estimular o debate a respeito do processo.
Entre 2025 e 2031, 19 concessionárias de distribuição deverão passar pelo processo de prorrogação, com o término dos contratos. A primeira da lista, em julho de 2025, é a EDP Espírito Santo, que já indicou a intenção de prorrogar a concessão.
A Light também manifestou seu interesse em continuar com a concessão, que termina em 4 de junho de 2026. No mesmo ano, a Enel Rio, em dezembro, tem o vencimento da sua concessão.
Em 2027, vencem as concessões da Coelba, em agosto; RGE Sul e CPFL Paulista, em novembro; Energisa Mato Grosso do Sul, Energisa Mato Grosso, Energisa Sergipe e Neoenergia Cosern, em dezembro.
Já as distribuidoras Enel Ceará (maio), Enel São Paulo (junho), Equatorial Pará (julho); Elektro (agosto); CPFL Piratininga e EDP São Paulo (outubro), têm as concessões a vencerem em 2028.
Fechando a lista, no ano de 2030, as concessões vincendas são da Neoenergia Pernambuco (março) e Equatorial Maranhão (agosto), e em 2031 a da Energisa Paraíba, em março. Fonte e Imagem: MegaWhat
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publicou no Diário Oficial da União (DOU) edital de notificação para a empresa Caiçara do Norte 1 Geradora de Energia S.A., por não cumprimento do cronograma da usina eólica Caiçara 1.
A usina foi vencedora do 4º Leilão de Energia de Reserva da Aneel, realizado em 2011, e tinha data de suprimento definida para 1º de julho de 2014, mas sequer foi implementada.
Segundo a Aneel, o não cumprimento do cronograma “prejudicou o planejamento setorial, bem como a contratação e o fornecimento da energia no Ambiente de Contratação Regulado (ACR), tendo por consequência a revogação dos atos de outorga”. Em 2016, por descumprimento do edital, a outorga da usina foi revogada.
Em agosto de 2024, a Aneel enviou ofício à empresa comunicando sobre a multa. Entretanto, a agência não constatou o pagamento do valor pela empresa, que “se encontra em lugar incerto e não sabido”. Fonte e Imagem: MegaWhat.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-feira que a Enel, empresa que administra a distribuição de energia no estado, deveria sair do país. Ele também declarou que já teria pedido a abertura do processo de caducidade à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O governador afirmou que o diálogo com a agência não resolve mais, já que os pedidos para punição da Enel não estão sendo atendidos. Tarcísio e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, vão se reunir ainda nesta terça-feira com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, responsável pelo processo de fiscalização da Aneel e do Ministério de Minas e Energia na concessão da Enel.
— Sem dúvida o Ministério das Minas e Energia e a Aneel falharam. A Enel vem descumprindo seu contrato. Não adianta só multa, a empresa não paga a multa, vai no Judiciário e pede a suspensão da dívida. Está claro que a empresa é incompetente, não se preparou para investimentos. Está claro que ela tem de sair daqui, tem de sair do Brasil.
E completou:
— A conversa com a Aneel não resolve. Apresentamos sugestões, pedimos a abertura do processo de caducidade, nada aconteceu. Já falei 300 vezes com o Sandoval [Feitosa, presidente da Aneel]. Eles estão batendo cabeça. Estamos recorrendo a quem pode resolver.
Reunião com ministro do TCU
Tarcísio e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, também candidato à reeleição pelo MDB, terão uma reunião na tarde desta terça com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, responsável pelo processo de fiscalização da Aneel e do Ministério de Minas e Energia na concessão da Enel.
— O TCU é o controle externo, o TCU pode responsabilizar os agentes que estão falhando e impor medidas. Não temos postes e cabos com a resistência que deveriam ter. Não existe um plano de contingência, um plano de aterramento dos fios. A empresa com um processo desse [de caducidade] começa a trabalhar. Se não trabalhar, extingue o contrato — disse o governador.
Nunes ainda disse que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem sido “omisso” no caso Enel e fica de “conversinha mole”. Silveira é do PSD, partido que é da base do presidente Lula no plano nacional. No Estado de São Paulo, a legenda é aliada de Tarcísio de Freitas e apoia Nunes na campanha à reeleição.
— Eu peço que o presidente Lula e o ministro entendam o sofrimento da população de São Paulo, está na mão deles. Pode ser do partido que for, pode ser do meu partido, eu vou pra cima. O ministro é omisso, eu estive lá com ele, prometeu um monte de coisa, aquela conversinha mole dele — afirmou o prefeito.
Tarcísio e Nunes falaram com a imprensa nesta terça-feira após evento de comemoração ao aniversário da Rota, esquadrão de elite da Polícia Militar de São Paulo. Fonte e Imagem: O Globo
Quando o horário de verão deve voltar?
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o horário de verão só voltaria se fosse "imprescindível". "É um tema absolutamente transversal, e não se pode decidir olhando apenas para um lado. O horário de verão é uma política global de economia de energia, mas só tomaremos essa decisão quando ficar claro de que sua adoção é imprescindível para o país nesse momento", afirmou após reunião com os diretores d…do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) nesta quarta-feira (9).
Não podemos passar da decisão na semana que vem. Por quê? Porque novembro é o mês que mais precisa de horário de verão, novembro até meados de dezembro. Se tivermos que optar por essa política, que é uma política importante, temos que decretá-la até no máximo semana que vem, com período de 15 a 20 dias para ser implementada, informou o ministro a jornalistas na última terça-feira (8).
O ministro apontou, também, a possibilidade do horário de verão voltar apenas em 2025. A decisão segue em aberto.
Se aprovado, o horário de verão deve começar logo no início de novembro. Segundo o Decreto nº 6.558, de 08 de setembro de 2008, modificado pelo Decreto nº 9.242, de 15 de dezembro de 2017, a Hora de Verão ficava instituída no Brasil da seguinte forma:
A partir de zero hora do primeiro domingo do mês de novembro de cada ano, até zero hora do terceiro domingo do mês de fevereiro do ano subsequente, em parte do território nacional, adiantada em sessenta minutos em relação à hora legal. No ano em que tinha coincidência entre o domingo previsto para o término da Hora de Verão dar-se-á no domingo seguinte.
Art. 1º do Decreto nº 6.558, de 08 de setembro de 2008
A volta do horário de verão foi sugerida pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) no mês passado, devido à seca que assola o Brasil. A maior vantagem do horário de verão, quando foi adotado, era a economia de energia. O objetivo da medida é o maior aproveitamento da luz natural.
As regiões que adotavam o horário de verão "ganhavam" um tempo extra de luminosidade no fim da tarde, adiando o acionamento de lâmpadas na volta para a casa após o trabalho. De fato, houve economia de energia enquanto o horário de verão vigorou, no entanto, em níveis cada vez menos relevantes nos últimos anos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) encerrou o período com horário de verão em 2019. A volta do horário de verão enfrenta posições contrárias de alguns setores, como o da aviação. O setor alega ter passagens vendidas e que a mudança de horários deveria ser alinhada com meses de antecedência. Fonte e Imagem: Portal UOL.
O Brasil precisará de despacho “mais intenso” de usinas termelétricas até dezembro para atender os horários de “ponta”, quando a carga de energia está no pico.
E há um volume considerável de geração solar saindo do sistema, disse o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) em comunicado sobre a reunião mensal realizada na quarta-feira.
Diante desse cenário, o CMSE recomendou à agência reguladora ANP a adoção de ações “em prol da regularidade do suprimento de gás natural” para geração de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN).
Nos últimos meses, o quadro de seca se agravou no Brasil, principalmente no Norte, afetando a capacidade de grandes usinas hidrelétricas de fornecerem potência para o sistema elétrico.
Mais termelétricas começaram a ser acionadas, o que elevou o custo aos consumidores de energia com o acionamento das bandeiras tarifárias mais caras.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) também deverá mobilizar outros recursos para atender a ponta de carga até o final do ano, como importação de energia de países vizinhos e flexibilização de regras operativas, disse o CMSE.
Em relação às chuvas para os próximos meses, os modelos meteorológicos indicam intensificação gradual das chuvas no Sudeste nas próximas semanas, especialmente a partir do início de novembro.
Segundo o ONS, houve aumento no volume de chuvas no Sudeste nos últimos dias, mas ainda sem reflexo nos reservatórios das hidrelétricas da região.
Para outubro, a expectativa é de que a energia natural afluente (ENA) siga abaixo da média histórica em todos os subsistemas do país, devendo alcançar, no pior cenário traçado, o 2º menor valor de um histórico de 94 anos.
“O nível de armazenamento do Sistema Interligado Nacional (SIN) no final de setembro era de 49%, considerado satisfatório para o fim da estação seca em grande parte do território nacional”, apontou o CMSE. Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Liderada pela rápida implementação de novas usinas da fonte solar, as energias renováveis ??estão a caminho de atender quase metade da demanda global de eletricidade até o final desta década, diz novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em ingles)
O relatório Renewables 2024 conclui que o mundo deve adicionar mais de 5,5 mil GW de nova capacidade de energia renovável entre 2024 e 2030 — quase três vezes o aumento entre 2017 e 2023.
Entre as tecnologias, a solar fotovoltaica deve ser responsável por 80% do crescimento da nova capacidade renovável entre agora e 2030, a partir de novas usinas centralizadas e da micro e minigeração distribuída (MMGD).
A agência internacional também apontou boas perspectivas para a energia eólica, mesmo com os desafios atuais do setor. O levantamento indica que a indústria está pronta para uma recuperação, com a taxa de expansão dobrando entre 2024 e 2030, em comparação com o período entre 2017 e 2023.
Tanto a energia solar quanto a eólica são as opções mais baratas em quase todos os países para nova capacidade de geração, o que deve levar a uma participação de 30% na matriz global.
Ainda de acordo com o estudo, a China deve ser responsável por quase 60% de toda a capacidade renovável instalada no mundo entre 2024 e 2030, com base nas tendências do mercado e de políticas governamentais.
Se as expectativas se confirmarem, o país será responsável por quase metade da capacidade total de energia renovável do mundo até 2030.
“Este relatório mostra que o crescimento das energias renováveis, especialmente a solar, transformará os sistemas em todo o mundo nesta década. Entre agora e 2030, o mundo caminha para adicionar mais de 5,5 mil GW de capacidade de energia renovável –aproximadamente igual à capacidade de energia atual e somada da China, União Europeia, Índia e Estados Unidos. Até 2030, esperamos que as energias renováveis ??atendam metade da demanda global de eletricidade”, disse o diretor-executivo da IEA, Fatihn Birol.
Segundo a agência, o crescimento das renováveis não está totalmente alinhado com a meta definida por quase 200 governos na conferência sobre mudanças climáticas (COP28), em dezembro de 2023, para triplicar a capacidade renovável mundial nesta década.
Isso porque, o relatório prevê que a capacidade global de renováveis atingirá 2,7 vezes seu nível de 2022 até 2030. Mesmo abaixo da meta, a análise indica que atingir a meta de triplicar a capacidade é possível se os governos aproveitarem as oportunidades de ação de curto prazo.
Isso inclui, segundo a agência, delinear planos ousados ??na próxima rodada de contribuições do Acordo de Paris e reforçar a cooperação internacional para reduzir os altos custos de financiamento em economias emergentes e em desenvolvimento, que estariam restringindo o crescimento das energias renovaveis em regioes de alto potencial. Fonte e Imagem: MegaWhat.
Ministros do Clean Energy Ministerial (CEM) e da Mission Innovation (MI), assinaram um comunicado conjunto, nesta quinta-feira, no qual se comprometem a acelerar transições energéticas limpas, sustentáveis, justas, acessíveis e inclusivas. Os ministros estão reunidos em Foz do Iguaçu (PR), em um encontro às margens das reuniões do G20.
A Clean Energy Ministerial (CEM) é um fórum global formado por mais de 15 países, como Brasil, Estados Unidos, China e Rússia, e a Comissão Europeia. É a primeira vez em 15 anos que o encontro termina com um comunicado.
O documento diz que os ministros reconhecem a importância da ação e do investimento na implementação de soluções disponíveis, bem como da pesquisa, desenvolvimento e demonstração de soluções futuras que mostram os muitos caminhos para a neutralidade global de carbono / emissões líquidas zero e como a cooperação multilateral
“Estamos trabalhando com urgência para entregar resultados ambiciosos até 2030, para implementar as metas globais adotadas na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e fazê-lo em apoio às nossas metas do ODS7 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) e metas de longo prazo”, afirma o comunicado.
G20 no Brasil: Clima e combate à pobreza energética estão entre desafios da descarbonização:
Os ministros reforçaram o objetivo de temperatura do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2 °C em relação aos níveis pré-industriais e de buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C em relação.
“Comprometemo-nos a acelerar transições energéticas limpas, sustentáveis, justas, acessíveis e inclusivas, seguindo vários caminhos, como forma de promover um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo e alcançar nossos objetivos climáticos”, diz o texto.
Os ministros também dizem que irão se esforçar com urgência para pesquisar, desenvolver, demonstrar e implementar soluções de energia limpa em escala global e trabalhar com o Brasil em direção à COP30, com a inovação e o desenvolvimento de energia no centro. Fonte e Imagem: O Globo.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elaborou um plano operacional para o primeiro e segundo turno das eleições municipais de 2024, previstas para os dias 6 e 27 de outubro, respectivamente. As ações englobam diretrizes para garantir a segurança e a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Uma das ações prevê o bloqueio de manutenções com corte de carga ou risco de corte de carga. No primeiro turno das eleições, o bloqueio se inicia às 0h da manhã de 5 de outubro e se estende até às 7h de segunda-feira, 7 de outubro.
Em cidades que tiverem segundo turno, o bloqueio acontecerá às 0h da manhã de 26 de outubro e se estende até às 7h de segunda-feira, 28 de outubro.
O operador também traçou um plano de operação do sistema com fluxos menores, além da diminuição da abertura de circuitos para controle de tensão, o monitoramento de condições atmosféricas e recomendações para os agentes de geração, transmissão e distribuição.
O ONS ainda deve emitir um relatório com os resultados da operação do SIN, contendo um resumo das informações técnicas sobre o desempenho da rede, destacando os fatos relevantes durante o transcorrer dos dias de votação.
ONS: Plano de ação:
A iniciativa atende à Resolução nº 001/2005 do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que determina que o ONS deverá propor medidas especiais de segurança a fim de garantir o suprimento de energia elétrica em eventos de grande relevância. Fonte e Imagem: MegaWhat.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elaborou um plano operacional para o primeiro e segundo turno das eleições municipais de 2024, previstas para os dias 6 e 27 de outubro, respectivamente. As ações englobam diretrizes para garantir a segurança e a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Uma das ações prevê o bloqueio de manutenções com corte de carga ou risco de corte de carga. No primeiro turno das eleições, o bloqueio se inicia às 0h da manhã de 5 de outubro e se estende até às 7h de segunda-feira, 7 de outubro.
Em cidades que tiverem segundo turno, o bloqueio acontecerá às 0h da manhã de 26 de outubro e se estende até às 7h de segunda-feira, 28 de outubro.
O operador também traçou um plano de operação do sistema com fluxos menores, além da diminuição da abertura de circuitos para controle de tensão, o monitoramento de condições atmosféricas e recomendações para os agentes de geração, transmissão e distribuição.
O ONS ainda deve emitir um relatório com os resultados da operação do SIN, contendo um resumo das informações técnicas sobre o desempenho da rede, destacando os fatos relevantes durante o transcorrer dos dias de votação.
ONS: Plano de ação:
A iniciativa atende à Resolução nº 001/2005 do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que determina que o ONS deverá propor medidas especiais de segurança a fim de garantir o suprimento de energia elétrica em eventos de grande relevância. Fonte e Imagem: MegaWhat.
Nos dias 8 e 9 de outubro de 2024, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) terá uma posição de destaque na 5ª edição do Energy Virtual Experience (EVEx), em Lisboa. O evento, que reúne especialistas do setor energético de diferentes regiões do mundo, servirá como plataforma para discutir a integração dos mercados energéticos do Brasil, América Latina e Península Ibérica, além de promover o intercâmbio de conhecimento e soluções para uma transição energética justa e o avanço da industrialização verde.
Com a participação de líderes, autoridades e executivos do mais alto nível, o EVEx Lisboa se consolida como um dos principais fóruns de discussão sobre energia global, focando em temas como inovação, sustentabilidade e o papel do consumidor no futuro energético. Entre os participantes estão representantes do governo português, reguladores e especialistas de empresas de destaque nos setores de energia da Europa e da América Latina.
Brasil em destaque nas discussões internacionais:
A CCEE, reconhecida por sua atuação na estruturação do mercado elétrico brasileiro, terá papel ativo no evento. Alexandre Ramos, presidente do Conselho de Administração da CCEE, participará do painel de abertura do primeiro dia, que também contará com a presença de Maria da Graça Carvalho, Ministra do Meio Ambiente e Energia de Portugal, e Nelson Lage, presidente da ADENE – Agência para a Energia de Portugal. Nesse painel, serão discutidos temas relacionados à transição energética global e como a integração entre os mercados energéticos pode contribuir para soluções sustentáveis e de longo prazo.
A vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE, Gerusa Côrtes, também será uma das figuras de destaque no segundo dia do evento. Ela participará do painel “Mercado Livre de Energia: o consumidor no centro da transição energética”, onde será abordado o papel fundamental dos consumidores nesse novo cenário energético. O painel também contará com a participação de Ricardo Nunes, Chief Strategy Officer do OMIP (The Iberian Energy Derivatives Exchange) e OMIClear (The Iberian Energy Clearing House), Camila Schoti, Diretora Executiva de Marketing & Growth da (re)energisa, e Guillermo Soler, Diretor-Geral da Endesa Portugal. Juntos, os especialistas discutirão como o mercado livre de energia pode se expandir, dando maior autonomia ao consumidor e fomentando a competição e a inovação no setor.
Integração de mercados e a importância da transição energética: O EVEx Lisboa será um espaço para a troca de experiências entre profissionais e organizações de diferentes mercados, permitindo um diálogo produtivo sobre os desafios e as oportunidades que surgem com a transição energética. Com o aumento da demanda por soluções de baixo carbono e a busca por uma economia mais sustentável, os países da América Latina e da Europa estão estreitando suas relações no setor energético, e eventos como o EVEx Lisboa desempenham um papel essencial nesse processo.
A CCEE, como apoiadora institucional do evento, reforça seu compromisso com o desenvolvimento de um mercado de energia mais dinâmico e competitivo, tanto no Brasil quanto em escala global. A organização também está envolvida em uma missão técnica e executiva, organizada em conjunto com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV) e a Agência Eixos. Essa missão proporcionará aos participantes uma imersão no ecossistema energético da Península Ibérica, com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre as inovações e estratégias adotadas na Europa para avançar na transição energética.
Transição energética e mercado livre de energia: caminhos para o futuro:
A participação da CCEE no EVEx Lisboa reflete o crescente interesse do Brasil em estreitar laços com outros mercados energéticos, especialmente em um momento em que a transição energética se torna um tema central nas discussões globais. O avanço das energias renováveis, como a eólica e a solar, e o fortalecimento do mercado livre de energia são pontos cruciais para garantir que o Brasil continue a evoluir em sua matriz energética e colabore com as metas internacionais de descarbonização.
Os painéis e mesas-redondas do evento, que contam com a presença de líderes do setor, são uma oportunidade única para discutir como o Brasil e outros países da América Latina podem se beneficiar da integração com os mercados europeus. A troca de experiências e o compartilhamento de boas práticas podem acelerar a adoção de novas tecnologias e fortalecer o papel das energias renováveis na matriz energética global.
Além das discussões no EVEx Lisboa, a missão técnica organizada pela CCEE e suas parceiras permitirá uma análise aprofundada do modelo energético ibérico, que é referência mundial na integração de energias renováveis e no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à sustentabilidade. Essa imersão contribuirá para o alinhamento das estratégias brasileiras às melhores práticas internacionais, fortalecendo o papel do Brasil como um dos principais players globais no setor energético.
Com uma programação rica em conteúdo técnico e estratégico, o EVEx Lisboa promete ser um marco para o fortalecimento da cooperação entre os mercados energéticos do Brasil, América Latina e Europa, consolidando o evento como um dos mais importantes do setor. Fonte e Imagem: Cenário Energia
Nas últimas duas décadas, a matriz elétrica brasileira se transformou, com avanço de usinas solares e eólicas e da geração distribuída (GD) solar, tornando planejamento, operação e expansão muito mais complexos. Em 2001, quando o país sofreu o maior racionamento de sua história, cerca de 90% da eletricidade era proveniente de hidrelétricas, com o
restante vindo de termelétricas. Hoje, as hidrelétricas respondem por cerca de metade da geração do país, com usinas solares e eólicas ficando com 30%.
Isso impõe desafios. Um é a expansão da transmissão para escoar projetos de energia renovável do Nordeste, cujos ventos alísios e a irradiação estão entre os mais fortes do mundo, para o Sudeste, maior centro consumidor do país. O consumo per capita residencial nos nove Estados do Nordeste está em 1.516 kWh por habitante, enquanto no Sudeste está em 2.739 kWh por habitante ao ano.
O avanço de empreendimentos solares e eólicos aumenta a complexidade da operação. No jargão do setor, são consideradas fontes de eletricidade variáveis, por serem influenciadas por fatores climáticos (sol e vento) e caracterizadas pela
alta variabilidade e sazonalidade, que pode ser diária, mensal ou até anual. Essa variabilidade é maior que no caso de usinas térmicas ou hidrelétricas com reservatório.
Conforme cresce a inserção das fontes renováveis, aumentam os desafios para a operação do sistema elétrico relacionados à segurança e à confiabilidade de suprimento, que precisa ser garantido mesmo em momentos sem vento ou sol. Um exemplo pode ser visto durante a tarde, quando o país registra a maior demanda de energia, por conta do uso de aparelhos de ar-condicionado.
Hoje, entre o horário do almoço e o fim da tarde, boa parte da carga do país é atendida pela geração distribuída solar. Quando o sol se põe, as 4 milhões de instalações de geração distribuída solar deixam de gerar e passam a consumir. No jargão do setor, assiste-se a uma rampa, como se milhões de aparelhos de ar-condicionado e chuveiros fossem ligados ao mesmo tempo. Essa rampa chega em alguns momentos a 33 GW de capacidade - cerca de um terço da potência usada. Estima-se que possa chegar a 50 GW em 2027, segundo projeções do Operador Nacional do Sistema (ONS).
“O equilíbrio entre segurança energética, descarbonização e equidade no uso da energia é o grande desafio da transição energética. As mudanças climáticas tornam ainda mais complexo o dilema de operar e planejar o sistema”, afirma Luiz Carlos Ciocchi, ex-diretor geral do ONS.
Nesse cenário, ganha importância a flexibilidade de operação, ou seja, a capacidade de compensar desequilíbrios entre geração e carga, como quando o sol deixa de brilhar no meio da tarde. O sistema elétrico precisa operar com uma capacidade instalada maior do que a necessária para atendimento do consumo médio por energia. Essa reserva de potência (uma folga para ser usada em momentos em que a demanda sobe e há dificuldade em acionar usinas solares ou eólicas, por exemplo) cria a necessidade de precificar atributos.
As hidrelétricas ou térmicas oferecem a possibilidade de funcionarem como grandes baterias do sistema, armazenando energia que pode ser escoada de forma imediata, sem depender de fatores climáticos. Ou seja, essas fontes passam a ter um outro valor além da geração de eletricidade, podendo funcionar como baterias. Isso, no jargão do setor, é chamado de precificação de atributos.
“A precificação de atributos passa a ser uma condição importante”, afirma o presidente da PSR, Luiz Augusto Barroso. Os recursos de flexibilidade podem estar do lado da geração (hidrelétricas e térmicas flexíveis), do lado da carga(resposta da demanda, tanto a eventos de escassez como de abundância de energia) ou de ambos (tecnologias de armazenamento, que podem oferecer tanto carga como potência para o sistema).
“O recurso escasso não é mais energia, e sim flexibilidade ou potência”, destaca o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Edvaldo Santana. A diversificação da matriz deverá abrir espaço para novas tecnologias, como armazenamento, e também para térmicas de gás natural e projetos de repotenciação de hidrelétricas.
As usinas solares e eólicas têm também avançado nos últimos anos em um ritmo recorde o setor de transmissão, com leilões bilionários. No mais recente, o governo federal licitou a construção e a manutenção de 784 quilômetros em linhas de transmissão em seis Estados. Os leilões continuarão com volumes expressivos, com destaque no reforço da interligação entre Nordeste e Sudeste.
Cerca de 80% dos parques eólicos brasileiros estão localizados na região Nordeste, cujos ventos alísios são um diferencial de competitividade em todo o mundo. No Brasil, o fator de capacidade eólico (indicador que mensura o quanto de eletricidade é de fato produzida) está em 40%, acima dos 34% da média mundial, mas em vários momentos no Nordeste ele chega perto de 60%. Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que será aplicada a bandeira tarifária vermelha, patamar 2, nas contas de luz em outubro.
Neste nível, são cobrados R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Anteriormente, no patamar 1, o custo extra era de R$ 4,46 a cada 100 kWh.
De acordo com o informe da Aneel, influenciaram na revisão “as previsões de baixa afluência para os reservatórios das hidrelétricas e a elevação do preço do mercado de energia elétrica ao longo do mês de outubro”.
Em sua previsão para outubro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que os principais reservatórios de usinas hidrelétricas do Brasil devem encerrar o mês com 39,9% da capacidade.
A estimativa representa uma queda de quase 7 pontos ao longo do próximo mês.
O país enfrenta um cenário de seca severa. A previsão é de que as chuvas só ganharão consistência na segunda metade do mês.
Entre abril de 2022 e junho de 2024, as contas de luz passaram por uma sequência de bandeiras verdes, sendo interrompida em julho, mas retomada em agosto.
Em setembro, a bandeira vermelha foi acionada no patamar 1. Fonte e Imagem: CNN Brasil.
A conta de luz entra na bandeira vermelha, consequência do acionamento das usinas termelétricas, cuja produção de energia é mais cara e menos sustentável, uma vez que são movidas a combustíveis fósseis. Embora a matriz energética brasileira seja majoritariamente limpa, com 60% da energia gerada por hidrelétricas, o baixo nível dos reservatórios impõe desafios ao recurso. Nesse contexto se intensifica a busca pela eficiência energética. Nas residências e nas empresas, não há mais lugar para o desperdício.
A compra de eletricidade no mercado livre, majoritariamente provido por energia renovável de usinas eólicas e solares (20% da produção nacional) já é prática comum entre empresas, que poupam na fatura e ainda ostentam o selo da sustentabilidade. Obter de fato a eficiência energética, porém, é tarefa mais complexa. Se no ambiente doméstico a mudança de comportamento vai no sentido de encurtar banhos e desligar aparelhos, na escala industrial demanda rever processos.
— A indústria busca, desde sempre, melhorar a eficiência, adotando novas tecnologias, mas a pressão aumenta em razão das preocupações ambientais — afirma Carlos Faria, diretor-presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace).
A Diebold Nixdorf, que detém 60% do mercado brasileiro de caixas eletrônicos e fabrica globalmente 60 mil ATMs por ano, decidiu apostar na melhoria de eficiência dos equipamentos. Em 2021, a empresa lançou o ATM DN Series 400. De acordo com Sandro Bernardi, head da divisão de produtos da companhia no país, o modelo, que leva materiais reciclados na composição, é 30% mais leve do que os similares da geração anterior, o que possibilita economizar 10% de energia.
— Os novos ATMs são dotados de recicladores de notas, que permitem que os depósitos sejam usados nos saques seguintes, função que diminui a necessidade de reabastecimento dos caixas, ajudando a reduzir as emissões de CO2 no transporte de valores — diz.
Distribuição de subsídios:
Para Fernando Beltrame, CEO da startup Eccaplan Soluções em Sustentabilidade, o ideal seria pensar em eficiência energética desde a fundação de uma organização:
— Sempre que possível, convém incluir no projeto a bioconstrução, criando ambientes arejados, que não necessitem de ar-condicionado para o conforto térmico.
Com a temperatura planetária 1,2°C mais alta em relação a antes da Revolução Industrial, o ar-condicionado será o principal impulsionador do crescimento da demanda por eletricidade nos próximos 30 anos, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Grande consumidor de energia, o aparelho já é responsável por mais emissões de CO2 do que toda a indústria da aviação.
Outro exemplo que parece opor conforto e economia na vida contemporânea: uma pesquisa na internet, quando feita por meio do buscador mais usado, consome, em média, 0,0003 kWh, de acordo com estimativas da Universidade Harvard. Já uma consulta à inteligência artificial (IA) gasta 0,01 kWh, 33 vezes mais.
Para Beltrame, “o uso de IA tende a crescer, contribuindo para extrapolar compromissos de redução nas emissões”.
Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), lembra outro entrave no caminho da eficiência: o furto de energia.
— Os roubos nos custam toda a operação de Belo Monte, algo da ordem de 4 megawatts —diz. — Precisamos repensar também a destinação de subsídios.
Faria, da Anace, alinha-se a essa visão: — No Brasil, temos a capacidade instalada de produção de eletricidade de 190 gigawatts (GW); consumimos 70 GW e ainda assim temos que ligar as térmicas. Há algo errado, principalmente na distribuição de subsídios.
Iluminação mais eficiente:
O Programa de Eficiência Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica(Aneel) recebe aportes entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão por ano, que correspondem a 0,5% da receita operacional líquida das distribuidoras. O dinheiro é arrecadado por meio de desconto nas contas de eletricidade. O plano prevê que as concessionárias apliquem esse montante em projetos que visam a redução do consumo de energia. Já os subsídios concedidos à produção eólica e solar chegam por meio de isenção de impostos, linhas de crédito mais baratas, descontos nas tarifas de transmissão e distribuição, entre outros incentivos fiscais, totalizando cerca de R$ 6 bilhões por ano, de acordo com cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2022.
A Neonergia, que detém cinco usinas hidrelétricas, 44 parques eólicos e dois parques solares, com capacidade instalada de 3,8 GW, além de cinco distribuidoras, usou R$ 129 milhões captados via programas de eficiência energética para trocar a iluminação pública de 150 cidades brasileiras, substituindo 120 mil lâmpadas por outras mais eficientes, de tecnologia LED, gerando uma economia de 70 GWh por ano desde 2023. Fonte e Imagem: O GLOBO.
A carga no Sistema Interligado Nacional deve ter em outubro um aumento de 4,6%, de acordo com a previsão apresentada durante a Reunião do Programa Mensal da Operação, realizada nesta quinta-feira, 26 de setembro. A previsão está acima dos 1,8% anteriormente previstos na segunda revisão do PMO e dos 1,4% esperados pela segunda revisão quadrimestral do planejamento. Em setembro, a carga deve subir 3,2%.
Para novembro, a expectativa é de um crescimento de 1,1%, melhor que o recuo de 1,6% estimados pela revisão quadrimestral. Para 2024, a carga deve crescer 5,1%, superior aos 4% previstos na segunda revisão quadrimestral.
Na reunião, foi destacado que as temperaturas foram acima da média em todo o país. Na geração, houve recorde tanto na produção eólica instantânea quanto na solar diária no mês de setembro. Em setembro, os reservatórios do sistema recuaram em todas as regiões, evidenciando o período seco. A energia armazenada termina com 49% da capacidade, enquanto a anergia natural afluente chega a 54% da média do longo termo.
O subsistema Sudeste/ Centro-Oeste deve registrar em outubro aumento de 4,7%, maior que os 0,3% previstos tanto pela segunda revisão do PMO quanto pela segunda revisão quadrimestral do planejamento. Em novembro, a carga deverá ter um decréscimo de 0,8%, bem inferior a variação negativa de 4,1% previstos anteriormente. Em 2024, a subida na carga chega a 4,6%, acima dos 3,2% da previsão da segunda revisão.
Na região Sul, a carga sobe 2,9%, mesmo valor das previsões anteriores. Para novembro, o operador avalia que a carga mantém a subida de 2,9%. No ano, o aumento deve ficar em 5%, pouco acima dos 4,6% da estimativa ante
No Nordeste, a alta será de 2,8%. O percentual de aumento é inferior aos 3,9% que eram esperados na revisão anterior do PMO, mas acima dos 1,5% previstos na segunda revisão quadrimestral. Em novembro, a carga deve registrar variação de 1,1%, elevando- se na comparação com a expectativa anterior, de 0,3%. Para 2024, o ONS projeta um aumento de 5,2% na carga do subsistema, percentual maior que os 4,7% que eram previstos.
Na região Norte, os 4,5% de aumento na carga previstos para outubro no PMO anterior e na revisão quadrimestral deram lugar a 9,8%. Em novembro, a carga deve subir 10,4%, superando os 3,4% que eram esperados. Para o ano, a região que tem os maiores índices de variação cresce 8,6%, superando os 7,2% estiados na revisão anterior.
A política de operação energética em outubro para a região Norte, uma das mais castigadas pela seca, envolverá alocação de geração disponível e monitoração de afluências. No Sudeste, a geração será dimensionada para controle de nível e atendimento para a carga pesada. Haverá ainda alocação de folga da potência monitorada nas usinas dos rios Grande e Paranaíba. Fonte e Imagem: CanalEnergia.
Um país que vem exercendo sua democracia mesmo em meio ao extremismo, dando uma chance a si mesmo após um período de muita incerteza e com um potencial gigantesco que "não pode ser jogado fora" na transição energética mundial: "é deste Brasil que estamos falando", destacou o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante coletiva de imprensa com jornalistas na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
"Temos uma chance fantástica neste século. O Brasil tem que ser o celeiro da energia renovável. Isso nos dará a grandeza que precisamos para nos transformarmos em uma economia justa, sustentável e com qualidade de vida para o seu povo", disse.
Com 90% da sua matriz energética renovável, uso de etanol há pelo menos 5 anos e biodiesel desde 2013, o presidente relembrou o forte potencial das hidrelétricas, o crescimento extraordinário da eólica e solar, assim como a possibilidade de produção do hidrogênio verde. "Nenhum país do mundo tem as condições que temos para ser exemplo de como fazer a energia mais limpa do planeta", reiterou.
Questionado sobre um encontro com a gigante petrolífera Shell durante sua agenda nos EUA e a possível exploração da Margem Equatorial brasileira, Lula disse não ver nenhuma contradição. "Só vai para a Margem Equatorial se o Brasil autorizar a Petrobras a fazer pesquisas. O que precisamos ter consciência é que não estamos num mundo em que podemos simplesmente acabar com os combustíveis fósseis. É preciso apontar como vamos viver sem energia fóssil, até nos adaptarmos a fontes limpas".
Embora o hidrogênio e o carro elétrico sejam ótimas alternativas para um futuro mais sustentável, ainda são muito incipientes, exemplificou. Ao mesmo tempo, haveria um uso e desenvolvimento local de anos em etanol e biodiesel. "Vamos utilizar o potencial de exploração do petróleo para que possamos transformar a Petrobras em uma empresa de energia. Quando o petróleo acabar, ela precisa produzir outras energias que o mundo precisa", frisou.
Além disso, Lula falou sobre as perspectivas positivas para o G20 no Rio de Janeiro, uma série de encontros que terão como foco o combate à fome, pobreza e desigualdade — as três dimensões do desenvolvimento sustentável — e a reforma da governança global.
"Para minha alegria, a aliança global contra a fome e a pobreza tem sido um sucesso, e todos os países têm aceitado participar. O que o Brasil pode oferecer no G20 é apresentar eventos e políticas que deram certo. É preciso colocar o povo pobre no orçamento. Não é só quando tivermos dinheiro, é de forma prioritária. O mundo produz alimentos suficientes, o que precisamos é criar condições para que as pessoas tenham recursos", destacou
O presidenta também falou sobre a importância de fazermos um G20 social, com representatividade, para mostrar a todos que "conseguimos exercer a democracia em sua plenitude, mesmo em condições adversas".
Outra pauta em cheque foi a necessidade de restabelecimento da paz, com uma proposta em jogo envolvendo a China. Lula lamentou o fato de hoje termos mais conflitos do que em qualquer outro momento da história — golpes de Estado, guerras civis e dramas vividos em Israel, Líbano e no caso da Ucrânia, há mais de dois anos. Para reverter a situação, o Brasil defende uma nova geopolítica e reforma na ONU, visando alcançar a totalidade de continentes representados — inclusive no Conselho de Segurança — e aumentar o poder para que restabeleça seu papel.
"Deixamos claro a necessidade das Nações Unidas voltarem a ter o protagonismo tão importante que tiveram quando a organização foi criada em 1945, sendo fundamental para a criação do Estado de Israel, mas que agora não consegue fazer o mesmo para a criação do Estado palestino", concluiu. Fonte e Imagem: Portal Exame.
O Brasil precisará fazer leilões para contratar reserva de capacidade todos os anos, a fim de garantir confiabilidade e resiliência para o setor elétrico, afirmou nesta quinta-feira (26) o diretor de operações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Christiano Vieira.
Segundo Vieira, os certames não precisarão ser grandes e contratar volumes consideráveis de capacidade de uma vez, mas deverão acontecer todos os anos para assegurar um fluxo contínuo de nova capacidade para atender principalmente os horários de “ponta”.
O mercado livre de energia brasileiro registrou a adesão de 16.010 novos consumidores entre janeiro e agosto, mantendo o fluxo recorde e que já supera em duas vezes as migrações acumuladas no ano passado inteiro, segundo balanço divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) na última segunda-feira (23).
A instituição apontou que, em agosto, o ambiente de contratação livre (ACL) registrou 2.533 novas adesões, volume três vezes maior do que o verificado no mesmo mês de 2023, na esteira da liberalização do mercado para todos os consumidores ligados em alta tensão a partir de janeiro deste ano.
“São empresas e pessoas que perceberam a possibilidade de ganharem competitividade e previsibilidade financeira. Com a procura maior, a CCEE também tem se dedicado ainda mais para projetos que visem a simplificação dos processos de migração, a fim de tornar a experiência desses novos consumidores a melhor possível”, afirmou o presidente da CCEE, Alexandre Ramos, em nota. Fonte e Imagem: CNN Brasil.
A diversidade das energias renováveis e suas aplicações são questões cada dia mais debatidas para tentar reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Além do hidrogênio verde, que se tornou uma grande promessa no mercado, o biogás também caminha para conquistar seu espaço nas gerações renováveis. Até o momento, o biogás corresponde a 1,25% de oferta de energia. O biometano, que é gerado a partir do biogás, conta atualmente com 7 plantas autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O biogás abre as portas para uma fonte que já existe, e vai continuar existindo, mas é preciso buscar o diferencial competitivo dele. Segundo Talyta Viana, Coordenadora Técnica Regulatória da Abiogás, que participou do primeiro dia da ROG.E (novo nome da Rio Oil & Gás), que acontece nesta segunda-feira, 23 de setembro, é preciso tratar uma questão ambiental, e o biogás, apesar de toda possibilidade de crescimento, ainda está caminhando se comparado com a geração de outras energias renováveis. “A produção média diária de biometano é de 120 milhões de metros cúbicos por dia, a princípio é grande, mas se torna muito pequeno diante do potencial que o biometano tem em nosso país”, apontou.
Com possibilidade de armazenamento e produção 24h por dia, o biometano, gerado a partir do biogás, se torna um combustível sustentável, com capacidade de redução de 90% de emissões em comparação com o biodiesel. Talyta destacou que medidas no âmbito federal, estadual, e municipal, é o que falta para alavancar o biogás na matriz elétrica e trazer maior segurança energética. “A questão não é quão renovável ele é, mas quão segura é a fonte para utilizar em serviços ancilares. Agora é preciso avançar para o certificado de origem do biometano, que também pode e deve ser usado para descarbonização de frotas de caminhões e ônibus. É preciso regulamentar esse assunto”, disse.
Para que o país alcance as metas de net zero até 2050, é preciso triplicar o potencial renovável por ano, apontou Matheus Noronha, Head of Offshore Wind Energy da Abeeólica. “Realizar a transição energética é visto por muitos como caro. Investir em hidrogênio verde é caro, investir na eólica off shore é caro, mas o preço que será pago no futuro pode ser ainda mais caro”, destacou.
Noronha falou ainda que é preciso discutir a aprovação do marco regulatório das eólicas off shore agora, assim como o mercado de carbono, pois eles são vetores da transição, e caso não sejam aprovados, será fechada uma janela. “Os projetos de lei precisam ser debatidos com mais profundidade, caso contrário, não conseguiremos fazer essa transição se esses marcos regulatórios não forem vistos agora.”
“A urgência do marco regulatório hoje é necessário para o planejamento de investimentos. Se aprovado hoje, a construção de um projeto renovável só será iniciado, por exemplo, em 2028 e sua produção ainda mais à frente. Por isso a necessidade da urgência.”, encerrou Fernanda Delgado, Diretora Executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV). Fonte e Imagem: CanalEnergia.
O mercado livre de energia brasileiro registrou a adesão de 16.010 novos consumidores entre janeiro e agosto, mantendo o fluxo recorde e que já supera em duas vezes as migrações acumuladas no ano passado inteiro, segundo balanço divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta segunda-feira (23)
A instituição apontou que, em agosto, o ambiente de contratação livre (ACL) registrou 2.533 novas adesões, volume três vezes maior do que o verificado no mesmo mês de 2023, na esteira da liberalização do mercado para todos os consumidores ligados em alta tensão a partir de janeiro deste ano.
“São empresas e pessoas que perceberam a possibilidade de ganharem competitividade e previsibilidade financeira. Com a procura maior, a CCEE também tem se dedicado ainda mais para projetos que visem a simplificação dos processos de migração, a fim de tornar a experiência desses novos consumidores a melhor possível”, afirmou o presidente da CCEE, Alexandre Ramos, em nota.
Desde o início deste ano consumidores de alta tensão com carga inferior a 0,5 megawatt médio podem migrar do mercado regulado, das distribuidoras, para o livre, contratando energia elétrica diretamente de um fornecedor, alternativa antes acessível apenas a indústrias e outros grandes consumidores.
Segundo a CCEE, 72,6% dos novos entrantes no ambiente livre são pequenas e médias empresas, como padarias, supermercados, farmácias e escritórios, que aderiram à categoria “varejista”. Nesse modelo, uma comercializadora de energia fica responsável pela representação dos contratos dessa empresas na CCEE.
O levantamento aponta que os setores de comércio e serviços vêm puxando a fila das migrações e são responsáveis por quase 50% do total, seguidos pelos segmentos de manufaturados e a indústria alimentícia.
No ramo de Serviços, o destaque são os segmentos de condomínios prediais (479 migrações no ano) e hotéis e similares (450). No comércio, os supermercados (1.248) e os postos de combustíveis (619) lideram o ranking.
A CCEE informou ainda que iniciará, ainda em setembro, a fase de testes para um novo modelo de troca de informações entre distribuidoras, comercializações e a própria organização, “inovação que irá revolucionar o setor e preparar o terreno para a abertura integral do ambiente livre, quando este avanço for possibilitado pela regulação”. Fonte e Imagem: CNN Brasil.
O Projeto de Lei 1956/24, em análise na Câmara dos Deputados, concede mais 36 meses para que as usinas incentivadas iniciem a operação comercial com direito a desconto nas tarifas de transporte de energia (Tust e Tusd, na sigla do setor).
As usinas incentivadas são empreendimentos de geração de energia de fontes renováveis, como as solares e eólicas.
A Lei 9.427/96 assegurou descontos de 50% nas tarifas de transmissão (Tust) e distribuição (Tusd) para os empreendedores que requereram outorgas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até março de 2022. Para garantir o subsídio, as usinas teriam que entrar em operação em até 48 meses contados da outorga.
O projeto adiciona a esse prazo de 48 meses mais 36 meses. Com a medida, os empreendimentos terão mais tempo para iniciar a operação comercial e ainda contar com os subsídios.
A proposta é do deputado José Guimarães (PT-CE), e repete o texto da Medida Provisória 1212/24, que foi publicada em abril e perdeu a validade sem ter sido analisada pelo Congresso Nacional. Guimarães é o líder do governo Lula na Câmara.
O deputado disse que há um grande estoque de projetos de geração renovável que estão aptos a se beneficiar do desconto da Tust/Tusd, mas precisam de tempo para se viabilizar.
Garantias e tarifas:
Para conseguir os descontos, os empreendimentos deverão cumprir alguns requisitos e apresentar garantia de 5% do valor estimado do projeto.
A garantia (nas modalidades caução em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia) poderá ser executada para cobrir penalidades aplicadas pela Aneel por descumprimento de obrigações contratuais.
Do mesmo modo que a MP, o projeto também traz medidas voltadas à redução das tarifas de energia para os consumidores. Uma delas realoca para a modicidade tarifária os recursos decorrentes da privatização da Eletrobras hoje reservados à pesquisa e desenvolvimento.
Usinas de carvão A única novidade em relação à MP é que o projeto permite a participação de usinas movidas a carvão mineral em leilões de reserva de capacidade de potência. Esses leilões são realizados pela Aneel para a contratação de potência extra (ou seja, usinas) para momentos de pico de consumo do sistema elétrico brasileiro.
As usinas, no entanto, deverão gradualmente substituir o carvão mineral pelo gás natural, menos poluente, ao longo da vigência do contrato de reserva de capacidade, na forma e prazo estabelecidos em regulamento pelo governo.
Próximos passos:
Em junho o projeto teve aprovado o regime de urgência, o que permite que ele seja votado diretamente pelo Plenário sem passar antes pela análise nas comissões. Fonte e Imagem: Agência Câmara.
O Brasil precisa esmiuçar e dar transparência para os subsídios do setor de energia, avaliaram os participantes do Fórum Estadão Think: “Neoindustrialização apoiada pela transição energética — Como unir a política industrial e a política de sustentabilidade”. O evento foi realizado na sede da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta sexta-feira, 20.
“Não sabemos, no Brasil, onde estão os subsídios, os tais jabutis. É preciso entender mais, conhecer mais (onde estão)”, afirmou Bernardo Gradin, CEO da GranbBo, durante o painel que discutiu como o País pode aproveitar suas vantagens competitivas ambientais para alavancar a indústria. “O subsídio tem de incentivar o pioneirismo, a quebra de paradigma.”
Entre os especialistas, o Brasil é conhecido por ser o país da energia barata e da conta de luz cara. E o que leva a esse cenário é o acúmulo de subsídios.
Na avaliação da gerente-geral de otimização e comercialização de Energia da Vale, Juliana Chagas, os subsídios acabam se avolumando por não serem interrompidos. “A principal questão do Brasil é que o subsídio começa e não tem data para acabar”, disse. “Vai sendo carregado e, mesmo que o País tenha novas fontes que precisam de incentivo, o subsídio vai acumulando.”
Para o presidente da Abrace Energia, Paulo Pedrosa, é preciso “olhar o que está acontecendo”. Ele diz que, enquanto existe uma mobilização para ajudar o Rio Grande do Sul devido aos estragos provocados pelas enchentes, o País ainda incentiva a compra de energia a carvão.
“Começa bem. Temos de ajudar o Rio Grande do Sul, mas, em seguida, tem uma vírgula que não tem nenhuma lógica”, afirmou. “Um Estado que sofreu por causa da crise climática, e a maneira de ajudar vai ser incentivar com o combustível que promove a crise climática. Nós precisamos recuperar o eixo dessa discussão, porque as frases não fecham”, afirmou Pedrosa.
Na visão de Ieda Gomes Yell, ex-presidente da Comgás e integrante do conselho de administração de empresas internacionais de energia e infraestrutura, o Brasil “não tem capacidade financeira para dar incentivos em escala trilionária como os Estados Unidos têm”.
Sem essa margem para poder gastar tanto, o que deve ser feito, diz a especialista, é priorizar as suas escolhas. “Mas lembre-se de que nos EUA esses incentivos são a custa de um déficit fiscal extremamente elevado.”
Segundo ela, a clareza nos subsídios é importante. “O que eu vejo é que não temos política de Estado, temos de governo, mas não temos de Estado tanto para a energia como para o setor industrial. Nos vários projetos de lei, nos subsídios que se têm, não existe um entrosamento. É tudo feito de uma maneira setorial”, disse. Fonte e Imagem: Estadão
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou novamente sua projeção para o crescimento da carga de energia no Brasil em setembro, ao mesmo tempo em que projetou um nível menor para os principais reservatórios de hidrelétricas ao final do mês.
Segundo boletim publicado nesta sexta-feira (20), a carga de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) deve crescer 3,9% ante setembro de 2023, para 80.215 megawatts médios, ante 3,2% previstos pelo ONS na semana anterior.
Já para os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, principal subsistema para armazenamento, a projeção é de uma capacidade de 46,6% ao final deste mês, um pouco abaixo dos 46,9% estimados há uma semana.
Embora ainda estejam em níveis acima dos registrados na última crise hídrica em 2021 (16%), os lagos das hidrelétricas são um ponto de preocupação para os próximos meses, pela condição de seca neste ano.
Para setembro, a perspectiva de afluências ainda é de que permaneçam muito abaixo da média histórica em todas as regiões do país.
As chuvas que deverão chegar às hidrelétricas neste mês deverão alcançar 47% da média no Sudeste/Centro-Oeste (ante 48% estimados na semana anterior), 62% no Sul (ante 53%), 40% no Nordeste (ante 42%) e 50% no Norte (ante 49%), projetou o ONS nesta sexta-feira.
O Brasil vem enfrentando uma seca severa que afetou o potencial de geração hidrelétrica, acarretando custos mais altos para os consumidores, e que fez com o governo avaliasse a retomada do horário de verão, para reduzir o “estresse” da operação do sistema elétrico entre o final da tarde e começo da noite.
A volta do horário de verão ainda requer mais análises, mas pode entrar em vigor ainda em 2024, a depender de uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na véspera.
A chegada da primavera no fim deste mês desenha um cenário hidrológico mais favorável, com as chuvas começando a aparecer na primeira quinzena de outubro e se intensificando durante a última metade do mês, segundo análise da Nottus Metereologia.
A expectativa é de que a estação que se aproxima seja menos quente e mais chuvosa do que a primavera de 2023, que foi seguida por um verão de chuvas frustrantes.
Devido ao cenário ruim nos últimos 12 meses, o retorno das chuvas deve demorar mais para beneficiar o setor elétrico.
A umidade do solo das principais bacias hidrográficas para geração de energia elétrica no Brasil alcançou o nível mais seco em quase 20 anos, de forma que as chuvas servirão primeiro para repor essa umidade, antes de a água fluir para os reservatórios e se converter em energia natural afluente (ENA), métrica que indica o quanto do volume pode ser transformado em energia.
Já para outras fontes de geração, a Nottus apontou que as condições meteorológicas continuarão favoráveis tanto para os ventos nas regiões de parques eólicos quanto para a incidência solar entre o final de setembro e a primeira quinzena de outubro.
À medida que a chuva avança pelo país e se consolida ao longo de outubro e novembro, a geração solar e eólica tende naturalmente a diminuir pelas condições climáticas associadas às precipitações, acrescentou. Fonte e Imagem: CNN Brasil
O setor elétrico ainda convive com os efeitos de uma estiagem severa, que tem diminuído o volume de água armazenada nos reservatórios e provocou o acionamento da bandeira vermelha nas contas de luz, mas a proximidade do verão ressuscita um fantasma: as tempestades responsáveis por apagões de longa duração nas grandes cidades.
No verão passado, eventos climáticos deixaram milhões de consumidores sem energia nas regiões metropolitanas de São Paulo, de Porto Alegre e do Rio de Janeiro.
Na tentativa de minimizar as chances de repetição dos problemas vividos entre o fim de 2023 e o início de 2024, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) cobrou planos de contingência das maiores distribuidoras das regiões Sul e Sudeste para enfrentar a próxima temporada de chuvas fortes.
O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, se reuniu na semana passada com executivos de sete grandes grupos para verificar o andamento dos planos.
Estiveram na sede da agência representantes da Enel São Paulo (SP), Light (RJ), Cemig (MG), Copel (PR), Celesc (SC), CEEE Equatorial (RS) e Rio Grande Energia (RS).
“O foco é melhorar os sistemas de prevenção, a estrutura logística e a preparação das equipes de manutenção das redes, bem como os sistemas de atendimento aos consumidores”, disse Feitosa à CNN.
Ele afirmou que, até o fim do ano, a Aneel pretende aprovar um novo regulamento sobre a apresentação dos planos de contingência e resiliência climática pelas distribuidoras.
Para a próxima temporada de chuvas, apesar da ausência de obrigatoriedade, os planos estão sendo levados voluntariamente à agência.
“Esse procedimento vai se tornar uma rotina, a exemplo do que temos para o período de queimadas, quando as empresas já apresentam suas ações à Aneel”, afirmou o diretor.
Os planos de contingência buscam organizar e agilizar ações necessárias para o enfrentamento às emergências, minimizando as consequências negativas.Um dos pontos enfatizados por Feitosa é a comunicação com os consumidores.
No último verão, houve críticas à dificuldade de atendimento telefônico pelas distribuidoras e à demora no restabelecimento do serviço.Para o diretor, é fundamental que as empresas deem previsibilidade e estimativas reais de retorno do fornecimento em caso de apagões, a fim de reduzir a ansiedade e a insatisfação dos consumidores.
No primeiro semestre, a Aneel realizou uma tomada de subsídios para elaborar uma proposta de regulamento, que ainda não teve sua versão inicial divulgada e ainda deverá passar por audiência pública.Na tomada de subsídios, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) fez algumas observações.
Para a entidade, os planos de contingência devem ser definidos por cada empresa levando em conta as particularidades e análises de risco climático adequados a cada área de concessão, sem a regulamentação de diretrizes mínimas pela Aneel. Fonte e Imagem: CNN Brasil.
O mercado livre de energia no Brasil ultrapassou recentemente a marca de 50 mil consumidores, com um crescimento notável de 25% até julho de 2024 e de 46% nos últimos 12 meses. Esse avanço, impulsionado pela Portaria 50 de 2022, que abriu o mercado para mais de 200 mil empresas conectadas em média e alta tensão (Grupo A), é um marco importante. No entanto, apesar dessa conquista, o mercado livre de energia ainda está longe de alcançar seu verdadeiro potencial.
Com 26 anos de existência efetiva, o Ambiente Livre de Contratação (ACL) abrange apenas 0,4% dos mais de 90 milhões de consumidores brasileiros de energia elétrica, restringindo-se a grandes consumidores e excluindo residências e pequenos negócios plugados em baixa tensão (Grupo B). Essa adoção lenta contrasta fortemente com outras inovações que também democratizam o acesso, reduzem custos e modernizam serviços essenciais, como os bancos digitais ou neobanks.
Esses bancos são frutos da modernização do sistema financeiro brasileiro, a partir da promulgação da Lei 12.865, de 2013, que ampliou o escopo de atuação do Banco Central junto ao mercado. Desde o surgimento dos bancos digitais, em 2016, o Brasil já conta com 180 milhões de usuários ativos, cerca de 80% da população, segundo pesquisa de 2022 da consultoria global Sensor Tower - um crescimento impressionante em apenas seis anos. Em comparação, o mercado
livre de energia permanece praticamente estagnado há quase 30 anos, confinado a 0,4% do seu potencial de consumidores.
Internacionalmente, o Brasil também fica para trás, mesmo tendo largado junto aos demais países na liberalização dos mercados de energia, na década de 1990. Portugal, por exemplo, abriu completamente seu mercado de energia em nove anos, de 1995 a 2004, precisando de mais oito anos para extinguir em definitivo o ambiente regulado de contratação. O Japão, que iniciou seu processo de abertura na década de 2000, já é um dos líderes mundiais em liberdade de consumo de energia. Em toda Europa, os consumidores são livres para escolher a sua energia.
No Brasil, a liberalização avançou lentamente através de portarias do Ministério de Minas e Energia (MME), emitidas em 2018, 2019 e 2022, reduzindo gradualmente os limites de carga para a adesão dos consumidores de média em alta tensão. Vale dizer que a Lei 9.074 de 1995 permitia a abertura total do mercado já em 2003, o que colocaria o Brasil, hoje, na 4a posição do Ranking Global de Liberdade de Energia, da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), atrás apenas de Japão, Coreia do Sul e Alemanha. Porém, a abertura não veio e ocupamos apenas a 41a posição entre 56 países, atrás de toda a Europa, El Salvador e Turquia e à frente dos sul- americanos.
A demora na liberalização impacta diretamente os consumidores brasileiros do mercado regulado, que pagam a conta de luz mais cara, inflada por subsídios, encargos e tributos, em uma comparação com 33 países da (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo levantamento da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace). Tudo isso em meio a um cenário de sobreoferta de energia elétrica no país. Se esses consumidores do Grupo B tivessem a opção de migrar para o ambiente livre, poderiam economizar R$ 35,8 bilhões por ano, com uma redução média de 19% na conta de luz, de acordo com a Abraceel.
Diante deste cenário, o MME promete apresentar neste semestre um projeto de lei ou medida provisória para reformular o setor elétrico, priorizando uma tarifa de energia mais justa e a liberdade de escolha para todos os consumidores - em entrevista recente, o ministro Alexandre Silveira, do MME, indicou uma possível liberalização do mercado de energia até 2030. As regras para essa abertura total estão em discussão, mas um dos maiores desafios é a falta de compreensão e confiança dos consumidores sobre o mercado livre de energia - como estamos constatando no atual movimento de empresas do Grupo A diante da possibilidade de migrar para o ambiente livre. O principal receio dos consumidores diz respeito à segurança do suprimento físico de energia elétrica e muitos não entendem as condições de contratação.
A experiência internacional mostra que a comunicação eficaz é crucial para o sucesso das migrações e do mercado livre de energia. Segundo relatório da Comissão Nacional de Mercados e Concorrência (CNMC), de 2015, a disponibilização de informações claras e acessíveis na Noruega foi determinante para que seus consumidores entendessem as vantagens e a segurança do ambiente livre. Por outro lado, na Espanha, onde a comunicação foi deficiente, três em cada quatro famílias desconheciam as diferenças entre a contratação livre e regulada, mesmo após anos de abertura do mercado, o que acabou por manter a opção de compra de energia no ambiente cativo.
O grau de conhecimento destas populações se refletiu sobretudo no switching rate ou “taxa de troca” - a ação do consumidor de trocar o seu fornecedor de energia em busca de melhores condições de preço ou atendimento. Relatório do Conselho dos Reguladores de Energia Europeus (CEER), de 2018, mostra que a Espanha alcançou uma taxa de troca de 10,5% enquanto a Noruega atingiu o marco de 21,4%, reforçando a relação direta entre consumidores conscientes e suas migrações no mercado de energia.
A marca de 50 mil consumidores no ambiente livre merece ser celebrada, mas também serve de lembrete do quanto resta caminhar. A liberalização do mercado, iniciada há quase três décadas, enfrenta desafios que exigirão não apenas ações de governo e regulação, mas um esforço conjunto de comunicação, educação e conscientização que empodere verdadeiramente o consumidor na escolha da sua energia. Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Na sua avaliação, elas “perderam a noção do seu papel institucional e estão se escondendo atrás de pseudos mandatos para se tornarem pequenos núcleos de poder”, disse em entrevista ao podcast Power, do Brazil Journal, publicada nesta segunda-feira (16).
“As agências, infelizmente, muitas delas, não só aqui do Ministério de Minas e Energia, mas outras também, conforme o meu diálogo com os demais ministros, perderam a noção do seu papel institucional e estão se escondendo atrás de pseudos mandatos para se tornarem pequenos núcleos de poder que nada tem a ver com o seu papel institucional, que deve ser cumprir as medidas provisórias, os decretos presidenciais, regular”, disse.
Silveira elogiou o trabalho dos técnicos da ANEEL, que dão pareceres “extremamente convergentes com as políticas públicas” enviadas à agência. Mas destacou que há um “descasamento político” entre as agências reguladoras e o governo. “A dificuldade está no grau da diretoria, que não dá celeridade [aos processos]”, afirmou.
Quanto à alegação da agência de que há falta de funcionários para atender as demandas, o ministro disse que todos os órgãos sofrem com “precariedade no serviço público, de quantidade de servidores”. Ele também ressaltou que o ministério trabalha para “rediscutir o papel da harmonização dos órgãos [do setor elétrico] e da governança do setor”.
Intervenção:
Silveira defendeu que haja equilíbrio e harmonia entre a agência e o formulador de política pública, que tem a responsabilidade de atrair investimentos para o setor. Ele disse que “a palavra intervenção deve ser banida de quem tem a responsabilidade de fazer gestão de um setor que depende quase que exclusivamente do capital privado”.
Regulação de gasodutos
O ministro de Minas e Energia também falou sobre o decreto do Gás para Empregar e o novo papel da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.) na política nacional de gás natural, em entrevista ao podcast Power. Ele ressaltou que a nova determinação permitirá à estatal utilizar os gasodutos que são monopólio da Petrobras.
“Gasoduto de escoamento, a Petrobras é monopolista. (…) Esses gasodutos, tanto de transporte e os gasodutos de distribuição dentro dos estados, têm que ser regulados”, afirmou.
“O que o Gás para Empregar fez foi empoderar os órgão de regulação e o formulador de política pública para que a gente possa discutir quanto desses gasodutos já foi amortizado, qual é o custo desse gasoduto, para que a gente possa sim ver em que preço a gente pode chegar com o gás, tanto da PPSA quanto o gás das demais petroleiras, que muitas vezes a Petrobras não permite que injete na sua Rota I, Rota II e Rota III, para trazer para a costa brasileira”, destacou.
Vagas nas reguladoras
Na última semana, o ministro ressaltou que o presidente Lula está envolvido pessoalmente na construção de nomes para as agências reguladoras. Isso porque os indicados deverão ser sabatinados pelo Senado Federal. Essa é a chance de o governo ter um diretor mais alinhado às suas propostas na composição do colegiado da ANEEL.
Silveira disse à imprensa que o nome indicado por ele para a reguladora de energia elétrica já estava no Planalto. A intenção do ministro era que o secretário Gentil Nogueira ocupasse a cadeira vazia desde maio, quando acabou o mandato do ex-diretor Hélvio Guerra. Contudo, o nome foi vetado pelos senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Davi Alcolumbre (União-AP), disseram fontes.
O governo também trabalha para a indicação de outras duas vagas na ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Uma delas, disponível desde dezembro de 2023, quando o fim do mandato de Cláudio Jorge de Souza. A vaga hoje é ocupada pelo superintendente Bruno Caselli. A outra estará vaga ao fim do mandato do diretor-geral, Rodolfo Saboia, em dezembro deste ano. Fonte e Imagem: Agencia iNFRA.
Inicialmente, a alteração será implementada no Rio Grande do Norte e no Ceará. Os resultados serão analisados posteriormente, e o ONS avaliará a expansão da metodologia para outras regiões do sistema.
O operador esclarece que as restrições acontecem em situações que exigem uma limitação na rede de transmissão. “Atualmente, pela metodologia utilizada, a decisão sobre qual gerador será aplicada a medida de restrição baseia-se no fator de sensibilidade, ou seja, no impacto daquela restrição na redução de carregamento no ativo de transmissão (linhas de transmissão e/ou transformadores) sob análise na região”, explica.
Com a atualização, ainda será considerado o fator de sensibilidade, mas em “um conjunto maior de geradores agrupados em função do impacto semelhante no fluxo de potência que precisa ser controlado”.
Luiz Carlos Ciocchi, ex-diretor geral do operador, disse à Agência iNFRA que a decisão não tem relação com a seca. “Essa medida vem sendo estudada desde o começo do ano no ONS, e foi a originada por um pleito das associações dos agentes dos setores eólico e solar.” Fonte e Imagem: Agencia iNFRA.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), anunciou que o governo realizará, em 2025, um leilão voltado exclusivamente para sistemas de armazenamento de energia. O setor esperava que o governo já incluísse esse segmento no leilão previsto para este ano, mas não tem data definida.
Em conversa com jornalistas depois de participar de um evento da Enel nesta quinta-feira (12), Silveira disse que vai abrir nos próximos dias uma consulta pública para discutir um futuro leilão exclusivo para contratação de baterias para armazenamento de energia.
“Até o final do ano, vamos soltar a consulta pública. Não podemos achar que vamos fazer um grande leilão de baterias, já que a finalidade deste tipo de leilão é impulsionar a tecnologia no Brasil,tentar trazer grandes fabricantes, principalmente da China e outros países para trazer tecnologia para o Brasil”, disse.
O uso de baterias poderia viabilizar a entrada de fontes eólicas e solares no leilão, já que as baterias podem armazenar energia em momentos de baixa demanda para ser usada no horário de ponta. “A médio prazo, as energias intermitentes [eólica esolar] serão melhor acondicionadas na bateria e vão diminuir o custo da energia. O grande desafio é o planejamento. Não temos necessidade de sermos açodados e atropelar e, consequentemente, onerar o consumidor”, frisou.
O ministro voltou a prometer que o leilão de reserva de capacidade vai acontecer em 2024, apesar da descrença do mercado, já que a consulta pública foi aberta em março deste ano, com previsão original de realização do certame em agosto. Silveira disse que ainda estão sendo feitas análises sobre o volume de contratação do certame.
O desafio, segundo o ministro, é calcular a demanda necessária no leilão, para que sejam definidas as fontes que irão entregar a potência. Também não há definição sobre as fontes que poderão participar, o tipo de combustível a ser usado e a data do evento. “Quanto menos o sistema precisar, menos vai custar, em térmicas existentes contratadas no sistema e planejamento de térmicas novas”, afirmou.
Esse tipo de leilão tem como objetivo a expansão da oferta de energia e a garantia de continuidade do fornecimento de eletricidade ao Sistema Interligado Nacional (SIN) com confiabilidade e segurança, mesmo em períodos críticos. Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, determinou que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elabore, em até 30 dias, um plano para garantir o fornecimento de energia entre 2024 e 2026.
A determinação consta em ofício obtido assinado por Silveira na última sexta-feira (6), ao qual o g1 teve acesso.
A medida já havia sido antecipada pelo ministério, depois de reunião com o ONS no último dia 3.
"Além disso, destaco que o Plano deve conter, entre outras, propostas de medidas concretas, para cada ano, a serem adotadas pelas instituições que compõem o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico", diz o ofício.
O ministro também pediu que a primeira reunião para elaboração do plano ocorra até esta sexta-feira (13).
A jornalistas nesta quinta-feira (12), Silveira disse que pediu um plano de contingência para o verão de 2024, "já com olhos ao planejamento energético do ano que vem".
O ministro ressaltou a volta do horário de verão como uma das medidas que podem surgir desse plano. "É uma possibilidade real, mas não é um fato", disse.
"Ele [o horário de verão] tem implicações não só energéticas, tem implicações econômicas. Até agora, todos os dados de pesquisas anteriores são positivos, fomenta a economia em diversos setores do Brasil, turismo, bares, restaurantes e muitos setores importantes. É importante para diminuir o despacho de térmicas nos horários de ponta, mas é uma das medidas", concluiu.
Retomada do horário de verão
Na quarta-feira (11), em entrevista a jornalistas, o ministro já tinha confirmado que a proposta estava na pauta do governo.
Entretanto, segundo apurou o g1, ela é encarada como uma decisão política do governo, e não técnica.
Isso porque a retomada do horário de verão não traz uma economia significativa de energia. Na verdade, a mudança se dá no horário em que as pessoas consomem mais. Dessa forma, a medida poderia ajudar a operação do sistema elétrico ao deslocar o pico de consumo, que costuma ocorrer no início da noite.
Nesse horário, a geração de energia solar cai por causa da falta de sol. Ao mesmo tempo, a geração eólica sobe porque há maior incidência de ventos à noite e em determinadas épocas do ano.
No intervalo entre a queda da solar e o aumento da eólica, há um pico de consumo que precisa ser suprido por energia hidrelétrica ou térmica.
Com a redução dos reservatórios e menor geração por usinas hidrelétrica, por causa da seca, é necessário acionar mais termelétricas — caras e que poluem mais — para atender ao pico de consumo. Fonte e Imagem: Portal G1.
Um vídeo enviado por aplicativo de mensagem aos deputados diz que a emenda não amplia subsídios na conta de energia, mas garante segurança jurídica para projetos que já estão aprovados e que “precisam de um tempo maior para serem concluídos”.
“Todos os deputados federais precisam entender essa verdade. Estão tentando enganá-los com a conversa dos subsídios. Isso é mentira”, diz um texto encaminhado para agentes do setor junto ao vídeo, pedindo que espalhem o material.
Fábrica de emendas
Por outro lado, associações que representam outros segmentos de geração, além de distribuidoras, consumidores, comercializadores e produtores independentes, alegam que o jabuti inserido no PL 528/2020 encarece a conta de luz e pedem que os deputados não acatem o texto aprovado no Senado.
“Não faz nenhum sentido alguém dizer que não tem subsídio, eu repudio com todas as letras uma fala dessa natureza, as pessoas estão querendo enganar a população”, disse Marcos Madureira, presidente da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), à Agência iNFRA.
“A cada momento o que o pessoal tem buscado é inserir emendas em projetos completamente diferentes”, disse ao relembrar o “jabuti” de GD também inserido no PL das Eólicas Offshore. “É uma fábrica de emendas para poder beneficiar a geração distribuída.”
R$ 24 bi de subsídios
A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) estima que o “jabuti” de GD (Geração Distribuída) solar inserido no projeto de lei do Combustível do Futuro tem potencial para onerar as tarifas de energia em R$ 24 bilhões. O cálculo está em ofício encaminhado ao MME (Ministério de Minas e Energia) na última sexta-feira (6), após solicitação da pasta.
Ao ampliar de 12 para 30 meses o prazo para injeção de energia na rede, a emenda enquadra como GD I centrais geradoras que se enquadrariam como GD II ou GD III, ou até mesmo se inviabilizariam. Isso aumenta em 5,7 GW a quantidade de energia gerada anualmente com mais subsídios no mecanismo de compensação, tendo desconto de 100% no uso do fio.
Portanto, o montante gerado pelos empreendimentos potencialmente beneficiados poderia onerar as tarifas de energia elétrica por meio de um “subsídio implícito”, destacou a agência.
Articulação
O cálculo da ANEEL foi usado em carta assinada por diversas associações e que será utilizada para atuação junto aos gabinetes dos deputados. “Pedimos apoio aos parlamentares para evitar que os brasileiros paguem uma conta mais cara e a nossa indústria perca competitividade”, diz o documento.
Assinam a nota as seguintes entidades: Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica), Apine (Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica), Abradee, Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores), Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia), Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia), Frente Nacional dos Consumidores de Energia e movimento União pela Energia. Fonte e Imagem: Agencia iNFRA.
O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) realizarão um estudo inédito para identificação de minerais críticos e estratégicos no Brasil, como lítio, nióbio e grafeno. Trata-se de uma estratégia para colocar colocar as empresas brasileiras na cadeia da transição energética mundial, uma vez que esses elementos são fundamentais para a economia verde.
A partir desse levantamento, será possível definir suas demandas e ofertas e propor políticas públicas para atrair investimentos e fortalecer o setor mineral brasileiro. O setor, somente em 2023, contribuiu com R$ 86,68 bilhões em impostos aos cofres públicos.
A pesquisa, que será formalizada nesta quarta-feira (11/9) em Belo Horizonte (MG) durante a Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram), reunirá as principais empresas do setor de mineração e energia do país. Já no dia 24 deste mês em Nova Iorque, o Cebri vai levar o tema para a Climate Week no Painel “Minerais Críticos: desbloqueando um futuro de baixo carbono”. Fonte e Imagem: Portal Metrópoles.
Uma dose de otimismo e outra de preocupação: é assim que Luiza Demôro, chefe global de Transição Energética na BloombergNEF, se sente em relação ao momento do Brasil frente à descarbonização do setor energético. Em visita ao Brasil, a executiva, que atualmente mora em Londres, conversou com a EXAME no escritório da Bloomberg em São Paulo e contou suas “ansiedades específicas” em relação ao país, ao mesmo tempo em que entende seu potencial para liderar a agenda de renováveis e ser um provedor de soluções e tecnologias verdes a nível global. A empresa é referência em prover pesquisa estratégica de mercados de commodities e das tecnologias disruptivas que impulsionam a transição para uma economia de baixo carbono no mundo.
“O mundo está mirando em Belém e o Brasil é a menina de ouro”, disse na entrevista exclusiva, referindo-se à COP30 de 2025. A executiva destaca que essa COP será emblemática e trará vários marcos: será a primeira Conferência do Clima da ONU no Brasil, em uma cidade-sede na Amazônia e, além disso, ocorrerá 10 anos após a assinatura do Acordo de Paris na COP21. “Não temos que colocar a COP como a esperança de tudo. Mas é o momento em que teremos o mundo inteiro olhando para nós, pensando em clima. Em poucos países há essa oportunidade única, como no Brasil, de ser um grande líder e exemplo – em energia limpa, hidrogênio, combustível de aviação, biocombustível, mercado de carbono ou biodiversidade”, disse Luiza.
Por outro lado, a grande preocupação da executiva é que muitas pessoas, organizações e empresas estão colocando todas as esperanças e expectativas na COP do Brasil e decidindo "pular" a COP29, que acontecerá neste ano no Azerbaijão. “Isso não necessariamente é bom, porque você cria a possibilidade de haver realmente conclusões concretas e acordos vindos do Azerbaijão, e aí coloca o peso de pelo menos duas COPs aqui. E também não podemos pensar que um evento irá solucionar tudo, né? Temos muito trabalho pela frente”, disse.
Olhando a nível global, as projeções da Bloomberg mostram que o cenário do Acordo de Paris, de limitar o aquecimento a 1,5ºC, já não é mais viável. Em 2050, só será possível modelar um cenário de 1,75ºC, e 45% do que precisamos para chegar lá será investindo em energia proveniente de fontes limpas – como a solar e a eólica. Mas, enquanto o mundo foca nas emissões de gás, carvão e óleo – as três principais fontes de emissões no setor –, o Brasil tem uma realidade muito diferente.
“Nossa situação já é muito privilegiada, o que faz com que nossas necessidades de descarbonização sejam outras. Hoje, quase 90% da nossa geração energética é renovável. O desafio é que precisamos de soluções que são menos competitivas hoje e de tecnologias que ainda precisam ser escaladas”, destacou.
Para ela, a virada do jogo pode estar no hidrogênio verde e na biomassa, com o primeiro tendo maior potencial de escala. Mas, para isso, é preciso que aconteça um movimento parecido com o que ocorreu com a eólica e a solar nas últimas décadas – com subsídios vindos principalmente da Europa e tecnologias crescendo com apostas da China.
Na questão dos subsídios, ela enxerga um desafio: “essa dinâmica não existe mais, com o atual contexto geopolítico. Mas sim, o caminho vai existir. Há muita vontade e talvez seja algo um pouco novo. Precisamos aprender a lidar com uma escala mais lenta das tecnologias. Ainda não sabemos como isso será. E, com essa questão da segurança energética, que surgiu com a guerra da Ucrânia, há muitas variáveis. Estaremos aí para assistir”.
No Brasil, a maior parte das emissões de energia vem do setor de transportes, e há um grande potencial de descarbonização em veículos elétricos e flex (movidos a biocombustíveis). “Se compararmos com as emissões de veículos a combustão de outros países, estamos muito bem posicionados, em razão da nossa fonte de combustível. Quando você compara a bateria, também estamos competitivos, porque nosso uso provém de matriz energética renovável”, explicou Luiza.
Em relação a um ano atrás, a executiva está otimista e diz que o avanço é muito maior do que tudo o que viu durante todo seu tempo à frente da BloombergNEF, visto que atualmente todos os atores estão conseguindo dialogar e entender as oportunidades. “A visão de todos os setores mudou. Todos querem ser parte da solução, e isso inclui a visão das empresas de energia, de indústria e até do agronegócio”, disse.
Como maior vitória da COP30 no Brasil, ela acredita na resolução do mercado de carbono, visto que não é possível modelar o cenário de 1,75ºC apenas com as soluções tecnológicas atuais e a redução das emissões. Já a criação de um mecanismo global poderia, talvez, nos permitir alcançar esse objetivo. “Mesmo para o mercado voluntário, é necessário que você dê passos e finalize a regulação para criar estrutura, assegurar qualidade e também criar incentivos”, destacou. Segundo ela, o que conta é a “taxonomia” – ou seja, o que pode e o que não pode ser feito para, de fato, reduzir emissões. No entanto, cada país tem suas peculiaridades e problemas, e não se deveria adotar regras totalmente distintas, que não seriam eficazes para nós, por exemplo. “A questão é que a taxonomia é alinhada com o mundo. Mas as complexidades do Brasil e de países tropicais não são as mesmas. Essa é uma reclamação do setor”, complementou.
Outra preocupação da executiva é em relação à comunicação do Brasil para o mundo. “Nos comunicamos muito mal e, assim, damos a permissão para a construção de uma visão caricata do país. Os problemas, que normalmente não são os fatos, também são estereotipados, e isso faz com que a energia seja gasta em distrações, em vez de no potencial de resolução”, disse. Segundo ela, os dados mostram que estamos bem posicionados, mas a incapacidade de comunicar no que somos bons e em todo nosso potencial pode levar a um impacto real na economia brasileira.
“Afinal, o que queremos como país? Onde vamos colocar nossos esforços? A direção é ser um líder global em soluções verdes e capaz de ajudar na descarbonização mundial. Isso pode ocorrer pelo desenvolvimento de tecnologia, para sermos um grande provedor, ou pela criação de um mercado de carbono robusto e de qualidade, para avançarmos com credibilidade. É uma decisão que deve unir o setor público e privado em uma mesma missão”.
Buscando levar mais informações e dados com credibilidade sobre o Brasil, a BloombergNEF irá lançar um material com 50 fatos sobre o setor energético do país neste mês de setembro. Fonte e Imagem: Portal Exame.
A Comissão de Infraestrutura do Senado Federal deve votar no início de outubro o projeto de lei (PL) 327/2021. O texto cria o Programa de Aceleração da Transição Energética, o Paten, mais um projeto que faz parte da chamada Pauta Verde do Congresso Nacional. O anúncio foi feito na quinta-feira, 5 de setembro, pelo relator da matéria, senador Laércio Oliveira (PP-SE). Ele coordenou uma audiência pública sobre o tema com representantes do governo e do setor produtivo. Ele classificou muito interessante o resultado obtido do trabalho feito até o momento que servirá de base para abrir a discussão com os senadores.
O Paten prevê a criação do Fundo Verde, a ser administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O objetivo é oferecer garantia em financiamentos de projetos de desenvolvimento sustentável. O Fundo Verde deve ser formado por créditos tributários de empresas junto à União. O presidente-executivo da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), Yuri Schmitke Tisi, defendeu na audiência que o Paten incentive a produção de energia a partir de resíduos sólidos. Ele lembrou que o Brasil registra uma taxa de 40% do resíduo urbano indo para lixões e aterros controlados, mas que poderiam ser destinados à geração de energia elétrica.
O advogado Rogel Martins Barbosa, doutor em direito dos resíduos, concorda com a ideia. Mas sugeriu que as cidades também possam aderir ao programa. Por sua vez, Marisete Pereira, presidente da Abrage, defendeu a ampliação do Paten. Ela sugeriu que o programa contemple hidrelétricas com qualquer capacidade de geração, pois o programa foi limitado a hidrelétricas até 50 MW. Estamos propondo que seja estendido para qualquer capacidade instalada. Elas são uma energia firme, flexível e não intermitente.
A vida útil dessas hidrelétricas é de mais de 100 anos —argumentou.
O presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, também pediu a inclusão do setor no Paten. Segundo sua argumentação, a energia nuclear tem emissão zero, porém não está contemplada no programa. Destacou que a Organização das Nações Unidas já declarou várias vezes que sem o nuclear não tem transição, porque o volume de energia que se precisa fazer transição é imenso. Não dá para uma fonte só suprir isso.
O secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do MMAMC, Adalberto Felício Maluf Filho, expôs uma
visão crítica sobre o PL 327/2021. Para ele, os Poderes Executivo e Legislativo precisam “fazer escolhas” sobre quais fontes energéticas devem incentivar. Afinal, ao olher todos os projetos de lei que existem no Congresso Nacional sobre transição energética acaba percebendo que há subsídios em quase tudo.
O diretor de novos negócios da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Marcello Cabral, reforçou a crítica. Para ele, “há exagero de subsídios”. Fonte e Imagem: Canal Energia.
Em 2021, a publicação da portaria aconteceu em agosto e a realização do leilão em dezembro, um espaço de quatro meses. No entanto, o presidente da associação entende que algumas burocracias podem ser mais céleres e que esse tempo pode ser reduzido para dois meses.
“Se o ministro [de Minas e Energia, Alexandre Silveira] quiser, ele consegue realizar esse leilão ainda em 2024”, avalia. Outros agentes, porém, estão incrédulos acerca da viabilidade de realização do leilão até dezembro.
Térmicas descontratadas
Segundo Xisto Vieira, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) já está despachando termelétricas descontratadas. “O leilão está atrasado e a prova disso é que o sistema está pedindo”, disse Xisto Vieira à Agência iNFRA.
Ele reforçou que o cenário hídrico atual indica a importância de contratar capacidade de potência ainda neste ano. A Abraget prevê que a demanda do LRCAP chegará perto de 16 GW. “Tudo indica que vai ser perto disso, talvez um pouco menos”, destacou.
Convite ao blackout
O presidente da associação também viu com estranheza uma das decisões do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) em reunião realizada nesta semana. No seu entendimento, “liberar os critérios de desempenho e segurança para a operação do sistema a Deus-dará é um convite ao blackout de cinco em cinco minutos”.
“Eu achei as medidas do CMSE ótimas, exceto a última. Eu quero acreditar que está mal redigida e que aquilo é algo só para o último caso”, destacou, referindo-se à autorização para operação do sistema com critérios de segurança menos restritivos. O comitê também autorizou o despacho de termelétricas fora da ordem de mérito.
O governo tem se movimentado para evitar uma crise energética como a que ocorreu em 2021. Na última terça-feira (3), além de antecipar a reunião do CMSE, o ministro Alexandre Silveira se reuniu com a diretoria do ONS e pediu a elaboração de plano de contingência para garantir a segurança do SIN (Sistema Interligado Nacional) até 2026.
Segundo nota do operador do sistema, “além do cenário de afluências muito abaixo da média, o aumento na demanda por energia e as temperaturas elevadas exigem atenção redobrada na coordenação do SIN”.
Leilão atrasado
O LRCAP 2024 estava previsto inicialmente para 30 agosto, mas a portaria com diretrizes para o certame não foi publicada até o momento. Também não houve manifestação oficial do governo quanto ao adiamento, apesar da indicação de fontes do governo de que ele ocorreria entre novembro e dezembro.
O MME (Ministério de Minas e Energia) lançou a consulta pública sobre o leilão entre 8 e 28 de março, mas prorrogou o prazo para contribuições em mais 30 dias.
Um dos debates levantados para este leilão foi a inclusão ou não dos sistemas de armazenamento (baterias) nas possibilidades de contratação. A princípio, o governo não inseriu os dispositivos na nota técnica que guiou a consulta pública, mas a possibilidade de inclusão chegou a ser levantada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Fonte e Imagem: Agencia iNFRA.
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos, nesta quarta-feira (4), para validar uma lei de 2022 que estabeleceu a devolução de valores cobrados a mais pelas distribuidoras de energia aos consumidores.
Contudo, o julgamento foi interrompido por um pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Dias Toffoli. Não há data para o caso ser retomado.
Pela lei discutida, essa devolução aos consumidores ficou à cargo de regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por meio de reajustes menores no valor das tarifas.
O valor cobrado a mais pelas empresas de energia refere-se à inclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na base de cálculo dos Programa de Integração Social e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), declarado inconstitucional pelo STF em 2017.
Até o momento, cinco ministros acompanharam o relator, Alexandre de Moraes, quanto a reconhecer a constitucionalidade da lei:
O ponto que ainda tem discordâncias e que não está definido diz respeito ao prazo para que consumidores possam acionar a Justiça para cobrar os valores em questão – o chamado prazo prescricional.
Para Moraes e Nunes, deve ser de dez anos. Já Fux e Mendonça entendem que deve ser de cinco anos.
Dino disse que não deve haver prazo de prescrição. O ministro, no entanto, disse que pode aderir à proposta de Moraes.
O caso
A Corte julga uma ação apresentada pela Associação Brasileira Das Distribuidoras De Energia Elétrica (Abradee).
A origem da disputa envolveu a definição, pelo próprio STF, em 2017, da chamada “tese do século”.
Na ocasião, ficou decidido que o ICMS (imposto estadual) não pode integrar a base de cálculo dos Programa de Integração Social e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), tributos federais.
Ou seja, até essa decisão, as empresas pagavam ao governo um imposto maior. No caso das distribuidoras de energia, esse pagamento a mais era repassado aos consumidores nas tarifas.
Com base nesse entendimento, o Congresso aprovou a lei, em junho de 2022, estabelecendo que esse valor pago a mais pelo consumidor na tarifa deveria ser devolvido.
A lei foi sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). Na época, a previsão da Aneel era de que a devolução integral dos valores cobrados indevidamente teria impacto médio potencial de redução de 5,2%.
Relator
Conforme o relator da ação no STF, ministro Alexandre de Moraes, “as concessionárias socializaram o prejuízo” e agora “devem socializar o lucro também, senão ficarão só com o lucro”.
“O que a norma impugnada objetiva preservar é a efetivação do equilíbrio econômico-financeiro nas concessões de serviço público de energia elétrica. Evidentemente, tratando-se a repercussão de uma decorrência da repetição de indébito tributário, não haverá uma contemporaneidade entre o pagamento (indevido) feito pelas concessionárias, e que deu causa à repercussão nas tarifas, com o ressarcimento do respectivo indébito”, disse Moraes.
Segundo o magistrado, o ressarcimento pelas distribuidoras “sempre será em um momento subsequente”. Para o ministro, a lei em questão tratou de normas de política tarifária, e não de direito tributário. Assim, o tema poderia ser tratado por lei ordinária no lugar de uma lei complementar (que exige quórum de maioria absoluta no Congresso). Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Silveira deve participar de reunião com o presidente Lula em breve para falar sobre soluções para os problemas gerados pela seca no país, disseram fontes à Agência iNFRA.
O ministro disse à imprensa que o governo está tendo o cuidado de se adiantar aos problemas relacionados à estiagem no país. E que, por isso, ele tem “absoluta convicção que não atravessaremos em 2025 como o que aconteceu em 2021, quando por falta de planejamento nós estivemos à beira de um colapso energético no Brasil”.
Acionamento de térmicas
A seca deste ano já é considerada a maior de todo o histórico desde 1930 (94 anos), segundo informou o MME (Ministério de Minas e Energia) em nota. Com a piora nos reservatórios, a expectativa é de um acionamento de 70% a 80% das termelétricas para garantir segurança energética ao país.
Dentre as medidas tomadas pelo CMSE na tarde desta terça-feira (3), estão a autorização para despacho de termelétricas fora da ordem de mérito, a operação do sistema com critérios de segurança menos restritivos e a permissão para que a usina hidrelétrica de Belo Monte reduza a vazão mínima para operação do seu reservatório intermediário de 300 metros cúbicos por segundo para 100 metros cúbicos por segundo para poupar água.
Térmicas merchant
Silveira destacou à imprensa que há “um problema climático sério no Brasil inteiro, agravado pela questão do Norte mais uma vez” e que há problemas com o atendimento da ponta de carga. Com isso, defendeu que o país avance ainda mais na utilização de recursos hídricos e que não haja térmicas ‘merchant’, ou seja, descontratadas.
“Eu sou daqueles que acham que, por termos 11% da água doce do planeta, nós deveríamos avançar mais ainda na questão da utilização dos recursos hídricos para geração de energia, nas PCHs [Pequenas Centrais Hidrelétricas], nas hidrelétricas. Tapajós, por exemplo, ainda tem um potencial de hidrelétrica para médio prazo”, afirmou.
“Defendo que a gente não deve ter térmica merchant, no máximo que a gente precisa, principalmente para atendimento na ponta, que é o nosso grande problema hoje, a hora que as pessoas chegam em casa no final da tarde, ligam o ar-condicionado, ligam a televisão, vão tomar o banho, e nesse momento é que nós temos um maior problema de segurar o sistema.”
Leilão de capacidade
Segundo Silveira, 8 GW (gigawatts) do parque térmico brasileiro já estão descontratados. Para solucionar esse problema, o ministro reafirmou que pretende realizar um leilão de reserva de capacidade ainda neste ano.
“É importante que essas térmicas sejam contratadas, nós vamos fazer o leilão de capacidade, os números estão ficando cada vez mais latentes, por isso nós estamos tendo todo o cuidado de soltar esse leilão porque a todo tempo o número oscila da nossa necessidade do sistema, nós queremos chegar e ainda neste ano começar os leilões”, afirmou.
Decisões do CMSE
A fim de evitar ocorrências no SIN (Sistema Interligado Nacional), o CMSE aprovou na reunião desta terça-feira ao menos cinco medidas preventivas que deverão ser executadas pelo ONS. São elas:
1 – Autorização de despacho fora da ordem de mérito das UTEs (Usinas Termelétricas) Santa Cruz e Linhares durante o mês de novembro. Essas usinas são abastecidas a GNL (Gás Natural Liquefeito) e precisam que o despacho seja feito com 60 dias de antecedência para garantir o valor mais baixo da sua operação. O despacho das usinas já foi comunicado para a primeira semana de novembro. Com a autorização do CMSE, o ONS poderá despachar as usinas ao longo de todo o mês;
2 – Autorização para despacho de modo flexível das UTEs Santa Cruz, Linhares e Porto Sergipe para atendimento da ponta de carga do sistema, considerando os CVUs aprovados pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica);
3 – Articulação para viabilizar a operação do reservatório intermediário de Belo Monte com vazão mínima de 100 metros cúbicos por segundo. Atualmente a operação se dá com vazão mínima de 300 metros cúbicos por segundo;
4 – Reconhecer a importância da entrada em operação das LTs (Linhas de Transmissão) 500 kV Porto do Sergipe – Olindina – Sapeaçu; LT 500 kV Terminal Rio – Lagos; e LT 345 kV Leopoldina 2 – Lagos. O objetivo é assegurar o pleno escoamento de potência nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro;
5 – O ONS também foi autorizado a utilizar critérios de desempenho e segurança menos restritivos para a operação do SIN, quando necessário, para “garantir a maximização do uso de recursos disponíveis e o atendimento às cargas nos meses de setembro, outubro e novembro”. Fonte e Imagem: Agencia iNFRA.
Em junho deste ano, a CPFL Energia celebrou cinco anos de seu re-IPO, quando uma empresa já listada na bolsa faz uma nova oferta de ações. Naquela ocasião, a oferta pública de ações ordinárias marcou a decisão da companhia em manter seus papéis negociados na B3 após o controle acionário ter passado para a State Grid, grupo que atua em 88% da China, atendendo mais de 1 bilhão de clientes.
Na época, foram emitidas 116.817.126 novas ações, com preço fixado em R$ 27,50. A oferta totalizou R$ 3,7 bilhões e abriu um ciclo promissor para o grupo, com a melhoria no modelo e nas práticas de governança, aquisição de novos ativos e valorização no mercado.
Para a CPFL Energia, aliás, a governança corporativa é a espinha dorsal de uma gestão responsável e ética.
Lançado em novembro de 2022, o Plano ESG 2030 da CPFL Energia reflete o esforço contínuo da empresa para fortalecer as práticas de governança. Trata-se de um plano composto por 23 compromissos, organizados em quatro pilares, que sustentam a maneira como a companhia conduz seus negócios e executa sua estratégia.
"Dentro desse contexto, a governança corporativa é vista não apenas como um conjunto de regras ou procedimentos, mas como um compromisso com a excelência operacional e a criação de valor a longo prazo para todos os nossos stakeholders", afirma Gustavo Gachineiro, vice-presidente jurídico e de relações institucionais da CPFL Energia.
Nesse sentido, a CPFL Energia procura assegurar que todos os processos decisórios sejam registrados e monitorados com a máxima integridade e em conformidade com os melhores padrões de governança. Gachineiro explica que isso inclui a manutenção de um conselho de administração diversificado e qualificado, a implementação de políticas rigorosas de ética e conduta empresarial, e a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e diverso.
Além disso, a empresa se compromete com a transparência total em suas operações e relatórios, garantindo que todas as partes interessadas tenham acesso a informações claras e precisas sobre suas atividades e desempenho. "Acreditamos que uma governança forte é a chave para construir confiança e sustentar o sucesso a longo prazo", afirma o executivo. "Ao mesmo tempo que temos um grande foco na governança corporativa, reafirmamos nosso compromisso com a segurança e a proteção de dados, garantindo que as melhores práticas sejam seguidas para proteger as informações de nossos clientes e colaboradores.
Por dentro da governança da CPFL Energia:
A partir do re-IPO, viu-se uma evolução na governança corporativa da CPFL Energia, que criou uma diretoria exclusiva em 2019, alinhada às melhores práticas de mercado. Esse movimento segregou as atividades de governança corporativa e direito societário da diretoria jurídica, com uma área integralmente dedicada e subordinada diretamente ao conselho de administração da companhia.
"A diretoria foi criada com o propósito de, além da realização das análises técnicas e dos trabalhos de secretariado, servir como uma ferramenta de facilitação e comunicação entre as diversas áreas da companhia e os órgãos de decisão", diz Gachineiro.
Nessa mesma oportunidade a empresa revisitou suas normas e processos de governança corporativa, buscando melhorias, e instituiu um Comitê de Partes Relacionadas com maioria de membros independentes. Nessa ocasião, revisou suas políticas existentes e criou novas publicadas para o mercado, instituindo uma série de iniciativas de melhoria de gestão e governança corporativa.
Dentre as iniciativas está o CEIP – Programa de Integração e Educação Continuada, que tem como objetivo a integração dos executivos e conselheiros e de ser um lugar de aprendizado constante sobre temas relevantes. Entre eles, responsabilidade dos administradores, diversidade, sustentabilidade e discussões de casos relevantes no mercado de capitais.
Outro importante passo foi o estabelecimento de um Comitê de Auditoria formado integralmente por membros independentes.
Duas mulheres, sendo uma delas membro independente, têm assento hoje no conselho de administração do grupo, que compõe a carteira do Índice de Diversidade (Idiversa) da B3, do qual fazem parte 75 empresas de dez setores produtivos.
Em 2021, buscando mais um passo no aprimoramento de sua governança, a CPFL Energia foi pioneira na criação da Coordenação de Assuntos do Conselho de Administração, com o objetivo de aprimorar ações de transparência, accountability e sustentabilidade. A área realiza o acompanhamento de temas estratégicos e projetos de interesse do conselho de administração, monitorando a execução e desenvolvimento dos temas deliberados.
Em 2022 a área passou a realizar o monitoramento e reporte da execução dos contratos aprovados em conselho de administração, buscando identificar alertas que possam, de forma antecipada, indicar um possível desvio e, com isso, o conselho possa determinar medidas preventivas. O monitoramento de contratos busca garantir ao conselho que suas decisões estejam sendo executadas da forma como deliberadas.
"Como resultado dos trabalhos desenvolvidos, e por meio da apresentação de KPIs [indicadores de desempenho], o conselho conta com uma nova ferramenta de gestão que assegura controle, compliance, transparência e responsabilidade corporativa nos processos de governança do Grupo CPFL", explica Gachineiro. "Os investimentos realizados em governança corporativa na CPFL certamente geram ainda mais valor para uma companhia que ano a ano vem demonstrando melhoria em seus resultados, sem perder de vista a garantia de crescimento sustentável."
Diante disso, a CPFL Energia foi reconhecida, em 2021 e 2024, como a melhor Governança Corporativa do Brasil pelo World Finance Corporate Governance Awards, premiação oferecida por veículo especializado em cobertura e análise do setor financeiro, negócios internacionais e economia global. Ainda em 2024, suas quatro distribuidoras receberam 20 indicações no Prêmio Abradee 2024, sendo vencedoras em cinco das 13 categorias disputadas. Em ASG, todas as finalistas foram do Grupo, com a CPFL Paulista vencendo pelo segundo ano consecutivo.
Evolução dos negócios após o re-IPO:
Nos negócios, em agosto do mesmo ano do re-IPO, o grupo concluiu a aquisição das ações da CPFL Renováveis que a State Grid detinha, assumindo o controle total da empresa. O braço de geração atua hoje com 54 hidrelétricas, 49 parques eólicos, sete usinas movidas a biomassa, uma usina solar e duas termelétricas. "Já temos 96% de nossas fontes de energia provenientes de matrizes renováveis e o compromisso previsto no nosso Plano ESG é chegar a 100% até 2030”, diz Gachineiro.
Dois anos depois da compra da Renováveis, em 2021, a CPFL Energia passou a atuar de forma relevante também no segmento de Transmissão, ao adquirir a Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T), atual CPFL Transmissão. Hoje, são 6,4 mil km de linhas de transmissão, nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará.
O grupo segue ainda com outros negócios bem posicionados na prestação de serviços, soluções financeiras e, principalmente, no segmento de Distribuição. São quatro distribuidoras que atendem a 687 municípios nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Juntas, as concessionárias levam energia a mais de 10,5 milhões de residências. Fonte e Imagem: Portal Exame.
O diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Paulo Picchetti, afirmou nesta segunda-feira (2) que eventos climáticos extremos, como por exemplo as fortes enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul, tendem a pressionar a inflação e a conter o ritmo de crescimento da atividade.
Ele deu a declaração durante uma transmissão ao vivo realizada no YouTube.
"Na medida em que a oferta é comprometida por um evento climático extremo, os preços sobem. Vai ter um impacto no nível de atividade, em seguradoras. E portanto o BC tem de reagir a isso. No ponto de vista clássico, choques de oferta não são combatidos por autoridades monetárias. O manual diz que o BC tem de combater os efeitos secundários disso, e em um espaço de tempo relevante para a politica monetária [decisões sobre taxa de juros]", afirmou.
Ele lembrou que a falta de chuvas nas regiões Norte e Nordeste vão impactar os preços de energia elétrica no Brasil em setembro, por conta do acionamento, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) da bandeira tarifária vermelha.
Isso significa que haverá cobrança adicional na conta de luz, deixando o preço da energia elétrica mais caro para famílias e empresas. Picchetti, avaliou que esses choques climáticos não são aleatórios e temporários e que, por isso, o Banco Central já está tomando iniciativas. Explicou que o BC brasileiro já está se reunindo com outras autoridades monetárias.
"A gente está trabalhando, em conjunto com a rede de BCs, nesses modelos [econômicos] que juntam as dimensões climáticas e econômicas para tornarem explícitas e quantitativas as decisões de politica [de juros] que vamos ter que tomar", acrescentou o diretor.
Ele explicou que cientistas já estão trabalhando em modelos para tentar prever enchentes, furacões, e o consequente impacto que isso tem para mudar os padrões produtivos.
"Os modelos que vão integrar trajetórias de mudanças de clima com fundamentos econômica, tanto por reação ou ação preventiva. Estou falando de taxa de juros, emprego, desemprego", afirmou.
O diretor Paulo Picchetti, do BC, também informou que já foram bloqueados R$ 700 milhões em crédito irregular, nos últimos anos, para produtores rurais que buscavam atuar em áreas de proteção ambiental.
O instrumento para o bloqueio é o Cadastro Ambiental Rual (CAR), obrigatório desde 2019.
"Desde a implementação, mais de 1,2 mil operações de crédito já foram interditadas por demonstrar inconformidade com áreas protegidas por diferentes razões, terra indígena, ou áreas de conservação", disse.
"Isso dá um volume de mais de R$ 700 milhões em crédito rural. Mais de 30 mil pedidos de registros de empresas e entidades nesse cadastro ambiental rural já foram interrompidos por haver problemas de conformidade. Fiscalização se dá de forma contínua", acrescentou Picchetti. Fonte e Imagem: Portal G1.
O Rio Grande do Sul tem duas prioridades projetadas no tempo: conter os efeitos etários relacionados à população mais envelhecida entre os Estados do país e manter a vigilância diante dos efeitos da crise climática. Para isso, de acordo com uma agenda estratégica, lançada em abril, semanas antes da enchente, pelo governo gaúcho, o desafio é dinamizar a economia, hoje, bastante dependente da agropecuária.
Dois projetos de lei, em diferentes fases de discussão no Congresso, e uma lei, recentemente sancionada, todos vinculados com à chamada pauta verde, ou as novas diretrizes energéticas brasileiras, são considerados peças-chave para destravar novos investimentos. Com isso, especialistas garantem que esses setores podem ser elevadas à condição de puxadores do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, ao lado do agronegócio.
O PL 5.932/23, por exemplo, disciplina o aproveitamento dos parques eólicos offshore (em alto mar). É essencial para permitir avanços na geração do hidrogênio verde (H2V), um dos combustíveis que desponta no processo de descarbonização da economia mundial até 2050.
O H2V também era foco do PL 2.308/23, que prevê a inclusão dessa fonte na matriz energética brasileira. A lei foi sancionada no final de julho e é um dos pilares do Pacto pela Transformação Ecológica, selado entre os três poderes da república, em ato inédito de cooperação, na quarta-feira (21), em Brasília.
Ambos estão intimamente ligados, afirma a secretária do meio ambiente e infraestrutura, Marjorie Kauffmann. Ela explica que no RS a qualidade da geração eólica (percentual de aproveitamento dos ventos nas turbinas) é de 40%. Em alto mar, passaria de 60%, em um salto de produtividade.
— Não enxergamos a instalação de uma nova economia de hidrogênio verde se não tivermos as energias renováveis em grande potência e esse é o caso do offshore — destaca.
Um horizonte de novas possibilidades
O principal benefício, comenta a secretária, é a possibilidade de atração de grandes empresas internacionais do mercado de óleo e gás com crescente interesse no setor. Outra expectativa gira em torno da possibilidade de produzir os equipamentos (hélices), o que favoreceria à indústria e a geração de empregos, em uma cadeia produtiva cuja tendência é se tornar cada vez mais presente.
Para o agronegócio, abre-se a possibilidade para a produção da amônia verde, que serve de matéria-prima para fertilizantes, razão pela qual a extração de carvão mineral, matéria-prima fóssil e poluente, ainda possui demanda mundial.
O país é importador de fertilizantes e precisa (assim como o mundo) tornar o agro mais verde para cumprir com as metas ambientais dos protocolos de Paris até 2050. Nesse caso, além de exportar o H2V, haveria a utilização da amônia verde para atender ao mercado interno de adubos.
— Da mesma maneira, a indústria de comodities, a do aço, do alumínio, por exemplo, também têm de descarbonizar os materiais para acessar o mercado externo. Assim, ao invés de exportar o hidrogênio verde, podemos exportar essas outras comodities, o que acaba com a ideia de que o hidrogênio verde é apenas para o mercado externo. Não é. É para o interno também. Mas para tudo isso, as regulamentações são fundamentais.
Biocombustíveis
Já o PL 4.516/23, conhecido por “combustível do futuro” tem os predicados para tornar o país, e, por consequência, o RS, que lidera a produção interna, em uma potência global no segmento. Hoje, Estados Unidos e da União Europeia, onde já existem marcos regulatórios, são os principais players internacionais.
— Os campos secos do oriente médio, produtor de combustíveis fósseis de ontem, são os campos verdes do Brasil e do Rio Grande do Sul no amanhã — resume, Francisco Turra, presidente do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio).
O biodiesel, por exemplo, antes mesmo do projeto, teve acrescido o limite de 10% na composição do diesel, em 2022, para 14% em 2024, o que garantia a elevação de 40% na demanda por produção destinada ao segmento.
Caso a lei seja aprovada sem modificações, a partir de 2025, subirá para 15% e assim de maneira escalonada, a cada ano, de acordo com o aval do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Da mesma forma, a nova margem de mistura de etanol à gasolina passará de 22% a 27%, podendo chegar a 35%.
Atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, sendo, no mínimo, de 18% de etanol. O Estado, que há 40 anos é dependente do Etanol de fora, por não possuir produção interna, recentemente ganhou uma planta que usará espécie de trigo para essa produção. Há ainda uma variedade de arroz, prestes a ser confirmada pela Embrapa, que poderá servir para igual finalidade.
O que está em jogo
Energia eólica em alto mar (PL 5.932/23)
Aprovada na Câmara este ano, a proposta travou no Senado, em razão de dispositivos inseridos ao texto original com o objetivo de compensar a indústria do carvão mineral. Para alguns parlamentares, o incentivo ao carvão contraria as regras legais de proteção ao meio ambiente e, sobretudo, à intenção de estabelecer uma transição energética voltada aos recursos renováveis.
Por que o RS tem interesse na pauta
O RS já conta com situação privilegiada para geração eólica, conforme explica Elbia Gannoum, presidente-executiva da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). A regulamentação dos parques offshore (em alto mar) faria com que o Estado destravasse o equivalente a 69 GW, em 27 projetos de parques em alto mar já cadastrados. Isso representa um terço dos 234 GW existentes em 97 projetos distribuídos em RS (27 parques), CE (25 parques), RJ (15 parques), RN (14 parques), PI (6 parques), ES (6 parques), MA (3 parques) e SC (1 parque). Esses projetos, atualmente, aguardam o licenciamento ambiental, o que só não ocorre, por falta de critérios legais para fazê-lo. Para se ter uma base de comparação, a presidente do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal, explica: só o Rio Grande do Sul pode evitar a emissão de 94 milhões de toneladas de CO2 com este potencial.
Inclusão do H2V na matriz energética (PL 2.308/23): Aprovado nas duas Casas legislativas em 2024, o PL virou lei no final de julho, sancionada pelo presidente Lula. A lei, agora, também traz incentivo fiscal de R$ 18 bilhões, concedido por cinco anos, a contar do momento em que o chamado Rehidro (Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono) for devidamente habilitado.
Por que o RS tem interesse na pauta: No ano passado, o governo estadual apresentou um planejamento, encomendado à consultoria internacional, para elencar oportunidades cenário que, com investimentos necessários, cerca de R$ 62 bilhões seriam agregados à economia gaúcha.
Significaria acréscimo de 11% sobre o atual nível do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho.
Elemento mais abundante no planeta, o Hidrogênio, quando produzido por fontes renováveis (solar, eólica ou hídrica) se torna neutro em emissões carbono, portanto, “verde”, ou, o chamado H2V. A expectativa é que, em 2050, o Brasil seja um dos maiores exportadores do item, com produção anual estimada, em 540 milhões de toneladas pelas principais agências internacional.
No Estado, em razão do Porto de Rio Grande, da atual capacidade de geração, conexão e do interesse dos investidores, há todas as condições para exercer o protagonismo. São mais de 20 empreendedores com projetos para investimentos bilionários no Estado. Algumas dessas empresas, ainda não atuam no mercado brasileiro, caso da gigante chinesa Shizen e da Corio Generation, que pertence ao tradicional fundo australiano Macquarie. A atividade também atrai a atenção das petroleiras, como Shell, Equinor e TotalEnergies, que veem oportunidades de sinergia com a exploração e produção de petróleo offshore e uma vertente de negócios para a transição energética da qual terão de participar.
Regulamentação do combustível do futuro (PL 4.516/23) Proposta que prevê incentivo ao diesel verde e o aumento da mistura de etanol à gasolina, além de produção de combustível, a partir de fontes renováveis, passou pela Câmara em março. Tem previsão de voltar à pauta do Senado, na próxima semana, pois a meta é aprová-la antes que as eleições municipais comprometam ainda mais a pauta legislativa.
Por que o RS tem interesse na pauta : A lei trata de um conjunto de iniciativas que ajudam o país e atingir as metas internacionais de descarbonização e de transição energética. A partir da aprovação, afirma presidente do Conselho de Administração da Aprobio, Francisco Turra, o país e o Estado têm potencial transformar o Brasil em uma potência mundial que lidera os combustíveis renováveis A indústria gaúcha iniciou suas atividades em julho de 2007, com a inauguração da planta industrial da empresa Oleoplan, em Veranópolis. Rapidamente, o parque industrial do Estado cresceu com o ingresso no setor, no mesmo ano, das empresas Brasil Ecodiesel (Rosário do Sul), BSBIOS (hoje, B8B, em Passo Fundo) e Granol (Rosário do Sul). Em 2010, a capacidade de produção gaúcha foi aumentada com o início das operações das empresas Olfar (Erechim) e Camera (Ijuí). Agora, há iniciativas da 3Tentos na fronteira Oeste e a previsão de fabricação com o uso de trigo, por parte da B8B. O Estado lidera o mercado nacional e concentra 30% da produção com cer Rio Grande do Sul assumiu a dianteira do ranking nacional de produtores do biocombustível. Fonte e Imagem: Zero Hora (RS)
A geração de energia eólica offshore - em alto-mar - é a nova fronteira da expansão da fonte no Brasil. Um total de 97 projetos, que somam 234,2 gigawatts (GW) estão à espera de aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas seu andamento depende da sanção do marco legal sobre o tema, o PL 11.247/2018, que tramita no Congresso.
O texto foi encaminhado ao Senado no fim de 2023, após passar pela Câmara dos Deputados, e sua aprovação depende de negociações sobre os chamados “jabutis”, emendas incorporadas ao texto que nada têm a ver com o foco da matéria. A sanção do marco regulatório das eólicas em alto-mar é do interesse do governo federal, do setor de geração de energia eólica, da indústria de óleo e gás e de governos estaduais.
A expectativa prévia era que a lei das eólicas offshore fosse aprovada concomitante ao marco legal do hidrogênio verde, que saiu antes - foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto. Ambos os temas fazem parte da agenda verde do governo, sendo considerados prioridades para 2024. Uma vez sancionado o marco legal das eólicas offshore, o próximo passo deverá ser a realização de leilões de cessão de áreas marítimas, nos moldes dos que são realizados para exploração dos blocos de petróleo e gás natural.
“Os projetos de eólicas offshore que entraram com processos de licenciamento no Ibama são de investidores que já demarcaram as áreas de seu interesse, se antecipando ao marco legal”, diz Elbia Gannoum, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
A associação corre contra o tempo para convencer os senadores a votar a matéria antes do período eleitoral - com a aprovação do projeto de lei neste ano, os primeiros leilões de cessão seriam realizados em 2025, de modo que a construção dos primeiros parques eólicos offshore se daria por volta de 2029, e a geração de energia propriamente dita, entre 2030 e 2031. “O negócio de eólica offshore tem seu próprio tempo de maturação. Por isso o Brasil precisa se apressar e dar o sinal regulatório correto ao mercado”, diz Gannoum.
A geração eólica em alto-mar contribuiria com oferta de energia renovável para o cenário de transição energética, abastecendo parte da demanda induzida pela produção do hidrogênio verde - a projeção é que até 2040 o Brasil vai precisar de mais 180 GW de energia para acomodar a produção do combustível.
Um estudo realizado pelo Banco Mundial em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) aponta para um potencial acima de 1 terawatt (TW) de geração da eólica offshore até 2050, com cenários de desenvolvimento desta indústria capazes de aportar mais de R$ 900 bilhões em investimentos no país. Outro estudo, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) fala em um potencial de cerca de 700 GW em locais com profundidade de até 50 metros.
A Ocean Winds, joint-venture entre as gigantes do setor de energia ENGIE e EDP Renewables para projetos de eólica em alto-mar, tem 15 GW de capacidade prevista em projetos offshore no Brasil, localizados nos Estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, à espera do marco legal. A empresa montou escritório no Rio de Janeiro e tem prospectado parcerias locais, como um memorando de entendimento com a Prumo Logística, controladora do Porto do
Açu, no litoral fluminense, visando a um trabalho conjunto para projetos com pelo menos 1 GW de capacidade instalada.
“A experiência adquirida ao longo dos anos em outros mercados, como o Reino Unido, sublinha a importância de investir, desenvolver e apoiar a cadeia de fornecimento local por meio de colaborações e contratos estratégicos com atores e empresas locais”, diz Rafael Palhares, diretor de desenvolvimento de negócios da Ocean Winds Brasil e América do Sul.
Com o marco legal, a empresa pretende aprofundar os estudos mercadológicos, regulatórios, de coleta de dados em campo, ambientais e de recursos eólicos e da cadeia de suprimentos. Segundo o executivo, esses estudos são detalhados e têm um alto custo - da ordem de € 100 milhões por GW.
“Os projetos offshore, apesar de exigirem investimentos iniciais mais elevados devido à complexidade das instalações no mar, têm um potencial significativo para redução de custos a longo prazo”, diz Carlos Frederico Bingemer, sócio de energia do BMA Advogados. No caso da costa brasileira, o Banco Mundial aponta que o custo de geração do MWh pode chegar a R$ 350, mas, com a evolução da tecnologia, pode cair para cerca de R$ 215 até 2050, se aproximando dos custos da geração eólica em terra.
Hoje, a fonte é considerada a mais competitiva do país, entre R$ 180 e R$ 200. No entanto, para que este mercado offshore possa decolar, na visão de Bingemer, é fundamental que seja ancorado por um big player, que seja capaz de atrair investimentos a partir de um arcabouço legal e regulatório que traga a segurança jurídica necessária.
Os quase cem projetos de eólica offshore que aguardam a definição do marco legal estão metade concentrados na região Nordeste, e o restante no Sul e Sudeste. São mais de 20 empreendedores, com forte presença de empresas do setor de óleo e gás - cerca de 40%, como , Shell, Equinor e TotalEnergies. Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A geração de energia eólica offshore - em alto-mar - é a nova fronteira da expansão da fonte no Brasil. Um total de 97 projetos, que somam 234,2 gigawatts (GW) estão à espera de aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas seu andamento depende da sanção do marco legal sobre o tema, o PL 11.247/2018, que tramita no Congresso.
O texto foi encaminhado ao Senado no fim de 2023, após passar pela Câmara dos Deputados, e sua aprovação depende de negociações sobre os chamados “jabutis”, emendas incorporadas ao texto que nada têm a ver com o foco da matéria. A sanção do marco regulatório das eólicas em alto-mar é do interesse do governo federal, do setor de geração de energia eólica, da indústria de óleo e gás e de governos estaduais.
A expectativa prévia era que a lei das eólicas offshore fosse aprovada concomitante ao marco legal do hidrogênio verde, que saiu antes - foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto. Ambos os temas fazem parte da agenda verde do governo, sendo considerados prioridades para 2024. Uma vez sancionado o marco legal das eólicas offshore, o próximo passo deverá ser a realização de leilões de cessão de áreas marítimas, nos moldes dos que são realizados para exploração dos blocos de petróleo e gás natural.
“Os projetos de eólicas offshore que entraram com processos de licenciamento no Ibama são de investidores que já demarcaram as áreas de seu interesse, se antecipando ao marco legal”, diz Elbia Gannoum, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
A associação corre contra o tempo para convencer os senadores a votar a matéria antes do período eleitoral - com a aprovação do projeto de lei neste ano, os primeiros leilões de cessão seriam realizados em 2025, de modo que a construção dos primeiros parques eólicos offshore se daria por volta de 2029, e a geração de energia propriamente dita, entre 2030 e 2031. “O negócio de eólica offshore tem seu próprio tempo de maturação. Por isso o Brasil precisa se apressar e dar o sinal regulatório correto ao mercado”, diz Gannoum.
A geração eólica em alto-mar contribuiria com oferta de energia renovável para o cenário de transição energética, abastecendo parte da demanda induzida pela produção do hidrogênio verde - a projeção é que até 2040 o Brasil vai precisar de mais 180 GW de energia para acomodar a produção do combustível.
Um estudo realizado pelo Banco Mundial em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) aponta para um potencial acima de 1 terawatt (TW) de geração da eólica offshore até 2050, com cenários de desenvolvimento desta indústria capazes de aportar mais de R$ 900 bilhões em investimentos no país. Outro estudo, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) fala em um potencial de cerca de 700 GW em locais com profundidade de até 50 metros.
A Ocean Winds, joint-venture entre as gigantes do setor de energia ENGIE e EDP Renewables para projetos de eólica em alto-mar, tem 15 GW de capacidade prevista em projetos offshore no Brasil, localizados nos Estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, à espera do marco legal. A empresa montou escritório no Rio de Janeiro e tem prospectado parcerias locais, como um memorando de entendimento com a Prumo Logística, controladora do Porto do
Açu, no litoral fluminense, visando a um trabalho conjunto para projetos com pelo menos 1 GW de capacidade instalada.
“A experiência adquirida ao longo dos anos em outros mercados, como o Reino Unido, sublinha a importância de investir, desenvolver e apoiar a cadeia de fornecimento local por meio de colaborações e contratos estratégicos com atores e empresas locais”, diz Rafael Palhares, diretor de desenvolvimento de negócios da Ocean Winds Brasil e América do Sul.
Com o marco legal, a empresa pretende aprofundar os estudos mercadológicos, regulatórios, de coleta de dados em campo, ambientais e de recursos eólicos e da cadeia de suprimentos. Segundo o executivo, esses estudos são detalhados e têm um alto custo - da ordem de € 100 milhões por GW.
“Os projetos offshore, apesar de exigirem investimentos iniciais mais elevados devido à complexidade das instalações no mar, têm um potencial significativo para redução de custos a longo prazo”, diz Carlos Frederico Bingemer, sócio de energia do BMA Advogados. No caso da costa brasileira, o Banco Mundial aponta que o custo de geração do MWh pode chegar a R$ 350, mas, com a evolução da tecnologia, pode cair para cerca de R$ 215 até 2050, se aproximando dos custos da geração eólica em terra.
Hoje, a fonte é considerada a mais competitiva do país, entre R$ 180 e R$ 200. No entanto, para que este mercado offshore possa decolar, na visão de Bingemer, é fundamental que seja ancorado por um big player, que seja capaz de atrair investimentos a partir de um arcabouço legal e regulatório que traga a segurança jurídica necessária.
Os quase cem projetos de eólica offshore que aguardam a definição do marco legal estão metade concentrados na região Nordeste, e o restante no Sul e Sudeste. São mais de 20 empreendedores, com forte presença de empresas do setor de óleo e gás - cerca de 40%, como , Shell, Equinor e TotalEnergies. Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Na primeira semana de outubro de 2021, rajadas de vento superiores a 200 km/h atingiram um trecho da linha no Mato Grosso entre Porto Velho (RO) e Araraquara (SP) que transmite energia das usinas do rio Madeira ao Sudeste. O evento climático extremo, em um ano em que as hidrelétricas enfrentaram o período mais seco em quase cem anos, fez a Evoltz enviar técnicos para os Estados Unidos e para a Europa para entender o que poderia ser feito. A solução foi tropicalizar soluções. Nos países nórdicos, as concessionárias instalavam centrais meteorológicas em pontos centrais das linhas de transmissão para se antecipar quando nevava demais e as linhas poderiam ficar pesadas e ter problemas.
A Evoltz instalou cerca de dez estações meteorológicas ao redor de seus ativos no Brasil. “Isso ajuda que nos antecipemos, mas, mesmo assim, ocorrem desastres”, diz Ricardo Cyrino, presidente da empresa. No Rio Grande do Sul, a empresa teve uma torre de transmissão que ficou pendurada, um fato inédito na história do setor elétrico nacional. No Pantanal, monitora a cada momento o avanço do fogo sobre o cerrado e as linhas.
Para Cyrino, os episódios desses últimos três anos trazem várias reflexões. Boa parte das linhas de transmissão foi construída na década de 1970, quando mais de 90% da geração era hidrelétrica e as usinas ficavam próximas das regiões Sul e Sudeste, maiores consumidoras do país. Hoje o sistema interligado escoa eólicas e solares do Nordeste para o Sudeste, eletricidade de usinas da região Norte para o Sul e tem vivenciado o avanço da geração descentralizada. De outro lado, há preocupações com cibersegurança e com os efeitos das mudanças climáticas. “Os eventos extremos estão ficando mais frequentes, o que leva à discussão de alocação de custos e riscos. Segundo: como se preparar para enfrentar as mudanças? Como as políticas públicas serão criadas? Como projetar e custear linhas mais robustas?”, pondera o executivo.
O tema coincide com o envelhecimento do parque de transmissão, o que abre a discussão sobre como fazer com ativos a serem modernizados e os novos a serem concedidos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu uma tomada de subsídios sobre a resiliência das redes e os efeitos climáticos. Em outubro, a Associação Brasileira das Transmissoras de Energia (Abrate) fará em parceria com o governo e fabricantes de equipamentos e construtoras um seminário para debater normas técnicas para projetos já construídos e a serem construídos. “O desafio é inovar e incorporar essas inovações para que a conta não fique pesada demais”, diz o presidente da entidade, Mario Miranda.
As transmissoras planejam lançar uma chamada pública de inovação voltada aos efeitos das mudanças climáticas. “Inteligência artificial e realidade ampliada são ferramentas que podem ajudar. Também queremos ver a viabilidade técnico-econômica do que pode ser feito”, diz Marcus Nascimento, diretor do Instituto Abrate.
O desastre no Rio Grande do Sul teve impacto sobre o leilão de transmissão marcado para setembro. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sugeriu a retirada de subestações e linhas de transmissão em um traçado que poderia ser inundado em uma enchente semelhante. O Ministério de Minas e Energia acatou a sugestão e o lote poderá ser licitado em 2025.
Para o presidente da PSR, Luiz Barroso, a nova realidade climática demanda investimentos em adaptação e resiliência de redes e adequação dos critérios de seu planejamento e operação. Além dos investimentos estruturais, cujo objetivo é atender a demanda na maior parte do tempo, ele destaca que serão necessários investimentos para ações corretivas, envolvendo equipamentos, monitoramento e manobras operativas aplicadas em situações desfavoráveis, como o chaveamento
de circuitos, dispositivos flexíveis e armazenamento.
“O desafio é que todas estas ações para garantir o suprimento neste novo anormal climático implicam custos e, para isso, será importante criar uma folga tarifária para que os consumidores, já muito sacrificados, principalmente com as ineficiências carregadas pelas tarifas, possam absorvê-los. Isso significa que o planejamento, através de análises de benefício-custo entre as opções tecnológicas, deve evitar que o consumidor pague por custos que não precisa e buscar que se pague o menor possível para aquilo que precisa, otimizando a alocação dos recursos temporal e geograficamente, agregando valor para o sistema da forma mais eficiente possível”, diz Barroso. Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A geração de energia eólica offshore - em alto-mar - é a nova fronteira da expansão da fonte no Brasil. Um total de 97 projetos, que somam 234,2 gigawatts (GW) estão à espera de aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas seu andamento depende da sanção do marco legal sobre o tema, o PL 11.247/2018, que tramita no Congresso.
O texto foi encaminhado ao Senado no fim de 2023, após passar pela Câmara dos Deputados, e sua aprovação depende de negociações sobre os chamados “jabutis”, emendas incorporadas ao texto que nada têm a ver com o foco da matéria. A sanção do marco regulatório das eólicas em alto-mar é do interesse do governo federal, do setor de geração de energia eólica, da indústria de óleo e gás e de governos estaduais.
A expectativa prévia era que a lei das eólicas offshore fosse aprovada concomitante ao marco legal do hidrogênio verde, que saiu antes - foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto. Ambos os temas fazem parte da agenda verde do governo, sendo considerados prioridades para 2024. Uma vez sancionado o marco legal das eólicas offshore, o próximo passo deverá ser a realização de leilões de cessão de áreas marítimas, nos moldes dos que são realizados para exploração dos blocos de petróleo e gás natural.
“Os projetos de eólicas offshore que entraram com processos de licenciamento no Ibama são de investidores que já demarcaram as áreas de seu interesse, se antecipando ao marco legal”, diz Elbia Gannoum, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
A associação corre contra o tempo para convencer os senadores a votar a matéria mantes do período eleitoral - com a aprovação do projeto de lei neste ano, os primeiros leilões de cessão seriam realizados em 2025, de modo que a construção dos primeiros parques eólicos offshore se daria por volta de 2029, e a geração de energia propriamente dita, entre 2030 e 2031. “O negócio de eólica offshore tem seu próprio tempo de maturação. Por isso o Brasil precisa se apressar e dar o sinal regulatório correto ao mercado”, diz Gannoum.
A geração eólica em alto-mar contribuiria com oferta de energia renovável para o cenário de transição energética, abastecendo parte da demanda induzida pela produção do hidrogênio verde - a projeção é que até 2040 o Brasil vai precisar de mais 180 GW de energia para acomodar a produção do combustível.
Um estudo realizado pelo Banco Mundial em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) aponta para um potencial acima de 1 terawatt (TW) de geração da eólica offshore até 2050, com cenários de desenvolvimento desta indústria capazes de aportar mais de R$ 900 bilhões em investimentos no país. Outro estudo, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) fala em um potencial de cerca de 700 GW em locais com profundidade de até 50 metros.
A Ocean Winds, joint-venture entre as gigantes do setor de energia ENGIE e EDP Renewables para projetos de eólica em alto-mar, tem 15 GW de capacidade prevista em projetos offshore no Brasil, localizados nos Estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, à espera do marco legal. A empresa montou escritório no Rio de Janeiro e tem prospectado parcerias locais, como um memorando de entendimento com a Prumo Logística, controladora do Porto do Açu, no litoral fluminense, visando a um trabalho conjunto para projetos com pelo menos 1 GW de capacidade instalada.
“A experiência adquirida ao longo dos anos em outros mercados, como o Reino Unido, sublinha a importância de investir, desenvolver e apoiar a cadeia de fornecimento local por meio de colaborações e contratos estratégicos com atores e empresas locais”, diz Rafael Palhares, diretor de desenvolvimento de negócios da Ocean Winds Brasil e América do Sul.
Com o marco legal, a empresa pretende aprofundar os estudos mercadológicos, regulatórios, de coleta de dados em campo, ambientais e de recursos eólicos e da cadeia de suprimentos. Segundo o executivo, esses estudos são detalhados e têm um alto custo - da ordem de € 100 milhões por GW.
“Os projetos offshore, apesar de exigirem investimentos iniciais mais elevados devido à complexidade das instalações no mar, têm um potencial significativo para redução de custos a longo prazo”, diz Carlos Frederico Bingemer, sócio de energia do BMA Advogados. No caso da costa brasileira, o Banco Mundial aponta que o custo de geração do MWh pode chegar a R$ 350, mas, com a evolução da tecnologia, pode cair para cerca de R$ 215 até 2050, se aproximando dos custos da geração eólica em terra.
Hoje, a fonte é considerada a mais competitiva do país, entre R$ 180 e R$ 200. No entanto, para que este mercado offshore possa decolar, na visão de Bingemer, é fundamental que seja ancorado por um big player, que seja capaz de atrair investimentos a partir de um arcabouço legal e regulatório que traga a segurança jurídica necessária.
Os quase cem projetos de eólica offshore que aguardam a definição do marco legal estão metade concentrados na região Nordeste, e o restante no Sul e Sudeste. São mais de 20 empreendedores, com forte presença de empresas do setor de óleo e gás - cerca de 40%, como , Shell, Equinor e TotalEnergies. Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou para cima a projeção de crescimento da carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) em 2024. Os números apresentados no primeiro dia do Programa Mensal da Operação (PMO) de setembro, realizado nesta quinta-feira, 29 de agosto, apontam crescimento de 4,4% na carga do SIN neste ano, chegando a 79.285 MW médios
O número é levemente maior que a projeção da 2ª Revisão Quadrimestral do Planejamento Anual da Operação (Plan), quando era esperado crescimento de 4% na carga deste ano, chegando a 78.978 MW médios.
Em setembro, o ONS espera crescimento de 0,3% na carga do SIN, em 77.432 MW médios, acima da previsão do PMO do mês passado, que era de uma redução de 1% na carga do SIN. Para outubro, também houve revisão para cima, saindo de 1,4% para uma alta de 1,8%, em 79.863 MW médios.
Nos submercados, o ONS manteve a redução na carga de 2,8%, a 42.986 MW médios para o Sudeste/Centro-Oeste. Em outubro, a carga deve crescer 0,3%, para 44.836 MW médios. A variação negativa é em relação a setembro do ano passado, época em que as temperaturas começaram a crescer e a carga cresceu.
No Sul, a carga em setembro deve subir 3,3% na comparação anual, para 13.051 MW médios. Para outubro, o ONS manteve a projeção de crescimento de 2,9%, a 13.122 MW médios.
Para o Nordeste, a previsão do operador aponta uma alta de 4,7% na carga de setembro, a 13.246 MW médios. Em outubro, a estimativa é uma elevação de 3,9%, em 13.825 MW médios.
“Esse comportamento a gente atrela, neste momento, dado que as informações ainda são preliminares, à diminuição da precipitação, pois estamos no final do período chuvoso e acreditamos que a carga sofra este impacto”, explicou o ONS.
No Norte, a estimativa de alta é de 5,9%, a 8.149 MW médios. Já para outubro, o crescimento previsto é de 4,5%, a 8.080 MW.
MMGD: A micro e minigeração distribuída (MMGD) deve chegar a 5.157 MW médios em setembro no SIN e subir para 5.178 MW médios em outubro. A maior parcela na carga será do Sudeste, com 2.702 MW médios em setembro, mas mostrando tendência de queda, e previsão de 2.657 MW médios em outubro. Fonte e Imagem: MegaWhat.
Mesmo com um ritmo menor de crescimento, de 3% ao ano, a classe industrial permanece como a de maior consumo na atualização do levantamento (34%), chegando ao final do período com 91 TWh. Destaque para o setor metalúrgico, cimento, químico, além de papel e celulose.
Nas residências, a projeção indica acréscimo de 3% ao ano no horizonte decenal, alcançando 226 TWh, quando espera-se ter 91 milhões de consumidores consumindo em média 202 kWh/ mês. No comércio e serviços o consumo deve subir em média 4,4%, chegando a 157 TWh em 2034, enquanto no agregado das outras classes (rural, poder público, serviços públicos e consumo próprio), é esperada alta média anual de 4,3%.
Como os segmentos crescem em compassos distintos, a curva de carga ao longo do horizonte molda-se às necessidades horárias dos demandantes. Em 2034, espera-se que de junho a agosto o pico da carga ocorra no período noturno, enquanto nos demais meses, seja no período da tarde. Neste mesmo cenário, a carga de energia para atender a demanda, inclusive perdas, tem aumento médio de 3,3% no horizonte, alcançando 107 GW médios ao fim do período.
A publicação mostra também a perspectiva de evolução até 2034 de consumo na rede por autoprodução, perdas de energia, entre outros aspectos como a geração distribuída, considerando também as trajetórias ou cenários Inferior e Superior, todos alinhados às expectativas do Caderno de Economia.
A produção de eletricidade no próprio local de consumo e que não utiliza a rede responde por aproximadamente 12% do total no país, devendo avançar 2,4% em média por ano, chegando a 91,8 TWh no horizonte em análise. A expectativa mais positiva de entrada de GD e de investimentos em combate de perdas em cenários econômicos mais favoráveis levam a trajetórias de perdas declinantes nos cenários superior e de referência. Fonte e Imagem: Canal Energia.
O documento é uma resposta ao ofício enviado pelo ministro Alexandre Silveira, na última semana, acusando quadro de “crônica omissão na tomada de decisão” pela reguladora.
Segundo a resposta da ANEEL, a agência opera com um déficit de 30% de servidores em relação ao previsto na Lei 10.871, de 2004. Ainda destaca que as 40 vagas que serão preenchidas por meio do CPNU (Concurso Público Nacional Unificado) não suprem a defasagem atual de 248 servidores.
Também destacou que foram destinados à ANEEL em 2024 apenas cerca de R$ 400 milhões referentes à Taxa de Fiscalização, mantida pelos usuários e consumidores de energia elétrica, de uma arrecadação de R$ 1,22 bilhão no ano.
Vacância na diretoria:
Outro desfalque mencionado está na diretoria do colegiado, que tem uma cadeira desocupada desde maio deste ano, com o término do mandato do ex-diretor Hélvio Guerra. A ANEEL destaca que enviou a lista de substituição em 13 de maio ao MME, como manda a Lei Geral das Agências Reguladoras.
“Importante ressaltar que o colegiado incompleto traz sérias repercussões à gestão da Agência, tais como o acúmulo de atividades e processos administrativos, votações empatadas ou sem maioria mínima, problema de quórum mínimo para deliberações, dentre outras.”
“É imperioso reconhecer que o quadro atual é extremamente grave, preocupante e requer a efetiva atuação dos Poderes Executivo e Legislativo”, diz o documento enviado pela ANEEL.
A agência destaca ainda que atualmente possui 385 processos pendentes de julgamento pela diretoria, “o que representa uma expressiva redução de 31,5% com relação ao estoque de 562 processos pendentes de julgamento em janeiro de 2023, no início do atual governo”.
Autonomia:
Por fim, o documento cita que a lei de criação da ANEEL “garantiu a sua atuação de forma autônoma”, destacando que está “legalmente submetida ao controle externo exercido pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União”. Fonte eImagem: Agencia iNFRA.
Os cortes na geração de energia renovável no Brasil resultaram em perdas que se aproximam de R$ 1 bilhão segundo levantamento feito pelas associações do setor. Só no setor de energia solar, as empresas acumulam prejuízos de R$ 237 milhões, enquanto que no segmento de energia eólica as perdas ultrapassam R$ 700 milhões.
Os cortes de geração por falta de demanda, também conhecidos pelo termo em inglês “curtailment”, no jargão do setor, são decididos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Como as usinas não têm controle sobre essa decisão, elas defendem na justiça que sejam compensadas por meio do Encargo de Serviços do Sistema (ESS), que seria repassado aos consumidores na conta de luz.
Durante o Intersolar South America, em São Paulo, o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, disse que os cortes se devem principalmente à falta de capacidade de escoamento da energia para os centros consumidores. Segundo Sauaia, desde o apagão do dia 15 de agosto de 2023 o ONS vem adotando uma postura que ele classifica como “excessivamente conservadora”. “As duas fontes [eólica e solar] estão sendo negativamente impactadas devido a esses cortes e a falta de ressarcimento, como previsto legalmente para os empreendedores”, disse. “Esse evento não gerenciável é uma escolha do ONS (...) que tem levado a um volume de cortes de empreendedores de 20% a 70% no mês da sua previsão da sua energia a ser gerada”, acrescenta.
Segundo ele, os dados foram mapeados pela consultoria Volt Robotics com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Por outro lado, o ONS tem dito que não pode aumentar a geração de energia sem uma demanda correspondente. Com a expansão do parque gerador focada principalmente em fontes renováveis, como eólica e solar, essas restrições afetam mais as usinas que não têm capacidade de armazenamento, diferentemente das hidrelétricas.
“A solução encontrada pela Agência Nacional de Energia Elétrica é uma solução inapropriada porque ela foi restritiva com os empreendedores autorizando o ressarcimento financeiro só de alguns tipos muito específicos de motivos alegados pelo ONS quando ele faz o corte”, diz Sauaia.
A Absolar e a Abeeólica, associação que representa as empresas de energia eólica, entraram na justiça solicitando urgência para análise do assunto. As entidades avaliam ainda outros caminhos possíveis, via Ministério de Minas e Energia (MME) para que a pasta revise alguns procedimentos, além de tentar sensibilizar outras esferas de poder, como o Congresso Nacional.
O receio de alguns especialistas é que essa conta seja paga pelos consumidores, já que pelas regras o ESS é pago por todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional (SIN), com exceção dos autoprodutores de energia, e tem contabilização mensal realizada pela CCEE.
Já a Absolar argumenta que caso todos os eventos por gargalo de transmissão (Constrained-off, no jargão do setor) fossem compensados como ESS em 2023, o encargo teria o valor de R$0,31/MWh, representando um impacto médio na tarifa dos consumidores residenciais de 0,04%. Fonte e Imagem: Valor Econômico
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta quinta-feira (15) que uma empresa pública como a Itaipu Binacional precisa usar parte do seu dinheiro para melhorar a qualidade de vida da população.
Segundo ele, o diretor-geral da Itaipu Binacional, Enio Verri, tem muita vontade de fazer política social com a empresa.
“Quando temos uma empresa pública, mesmo sendo binacional, que tem volume de rentabilidade, é preciso que você utilize uma parte desse dinheiro dando ao povo melhor qualidade de vida”, disse Lula, em entrevista à Rádio T, do Paraná, nesta quinta-feira.
Na fala, o presidente destacou a importância de se ajudar cooperativas e pequenos e médios produtores.
O chefe do Executivo elogiou Verri e sua gestão à frente da empresa, que completou um ano em março. “Enio tem sido uma surpresa extraordinária, tem muita competência, lealdade, discernimento e muita vontade de fazer política social”, comentou Lula.
Em sua avaliação, o que o diretor-geral brasileiro está fazendo com a empresa “é uma coisa extraordinária”. “Inclusive contribuindo para que a gente possa fazer as coisas a nível nacional.
Porque se passou a ideia de que a Itaipu não podia fazer essas coisas. Itaipu pode fazer muita coisa pelo Brasil”, retrucou. Fonte e Imagem: CNN Brasil.
BRASÍLIA – A Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados deve dar um veredito nas próximas semanas ao projeto que prevê uma taxa de 7% para as empresas geradoras de energia (PL 3864/2023). Os integrantes do colegiado não chegaram a um consenso para rejeitar o texto nesta quarta-feira (14/8).
A cobrança seria feita a empresas que exploram empreendimentos eólicos e solares e repassada a estados e municípios a partir do valor da energia produzida. O projeto é de autoria do deputado federal Bacelar (PV/BA).
O parecer do deputado federal Gabriel Nunes (PSD/BA) foi pela reprovação, sob o argumento de que os custos seriam repassados ao consumidor.
“Não seria pertinente gerar um aumento de tarifa de energia, que já é muito cara. Precisamos debater de maneira geral o sistema elétrico brasileiro e essa compensação para quem está gerando a energia mais barata”, afirmou o relator.
Nunes cobra uma maior discussão sobre formas de remunerar municípios que possuem empreendimentos eólicos e solares em seus territórios.
“O Nordeste tem contribuído muito, avançando bastante em grandes projetos, gerando riquezas e fortalecendo os municípios que têm baixa capacidade de arrecadação e vivem do Fundo de Participação dos Municípios”, ponderou.
Deputados divergem
O deputado Charles Fernandes (PSD/BA), colega de bancada e de estado de Nunes, discordou do relatório.
Fernandes foi prefeito da cidade de Guanambi (BA), onde, segundo ele, houve obras para instalação de usinas eólicas 14 anos atrás. Os benefícios, segundo o deputado, só foram percebidos durante a construção.
“Essas empresas já lucram com a venda de energia elétrica para o nosso país. Os ventiladores estão na cabeça dos moradores lá da zona rural, que recebem pouco mais de R$ 1 mil por cada aerogerador dentro da sua propriedade e convivem 24 horas por dia com os seus barulhos gerados pelos aerogeradores”, criticou.
Para o deputado Benes Leocádio (União/RN), deveria haver compensações para as cidades com usinas eólicas assim como existem para outras atividades econômicas.
Por outro lado, a tese do relator teve apoio do deputado Joaquim Passarinho (PL/PA), que, embora tenha experiência como prefeito de municípios com usinas eólicas, rejeitou o aumento de tarifas.
“Eu sei esse problema que você [Charles Fernandes] está passando, sei da sua dificuldade. Mas eu acho que o remédio não está certo. Você simplesmente chegar agora e dizer, vamos aproveitar o momento e taxar 7% a empresa, a empresa vai repassar, porque ela tem um contrato, você tem uma segurança jurídica que existe”, disse.
Durante a sessão, a deputada Sílvia Waiãpi (PL/AP) também demonstrou insegurança em relação aos custos serem repassados ao consumidor e pediu vista para que haja maior debate.
Gabriel Nunes concordou em debater alternativas junto aos colegas de comissão e o debate deve ser retomado nas próximas reuniões. Fonte e Imagem: Agência EPBR.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (13/8), o ministro das Minas e Energia Alexandre Silveira (PSD-MG) fez duras críticas ao funcionamento das agências reguladoras e indicou a defesa de mudanças legislativas na organização dos órgãos.
Segundo o ministro, a escolha de diretores por outros governos transforma a atuação regulatória em disputa política que dificulta a implementação de políticas públicas.
“Quem ganha a eleição tem direito a ter um governo que formule as políticas públicas e os órgãos que a executem. Há um descasamento. [...] O prejuízo para as políticas públicas está sendo incomensuráveis”, defendeu na Comissão de Minas e Energia.
As críticas às agências reguladoras têm sido recorrentes entre parlamentares — inclusive, com a sugestão de projetos de lei com esse objetivo. Porém, deputados ouvidos pelo JOTA entendem que não há espaço para essas discussões neste ano.
O motivo principal são as eleições municipais, que interferem no cotidiano da Câmara e costumam diminuir os trabalhos legislativos. Mas, além disso, alguns parlamentares entendem que uma reforma nas indicações das agências pode incitar disputas com o Senado e acirrar uma competição na Câmara por influência.
“Imagina ter que ser responsável por isso além de todas as responsabilidades que já temos? Atualmente os diretores são escolhidos pelo Senado e respondem às indicações políticas e não ao governo”, disse um parlamentar da base aliada do governo. Fonte e Imagem: Portal JOTA.
Segundo Silveira, as agências não estão cumprindo os prazos para regulamentar as leis, medidas provisórias e decretos presidenciais. “Enquanto há vigência da medida provisória, ela é lei. Tem dois decretos emitidos pelo presidente da República, decreto presidencial! Decreto presidencial, e as agências reguladoras não cumprem prazos. Os decretos não estão sendo regulamentados”, afirmou.
“O espírito se perdeu”: “Eu não vou entrar aqui no mérito por que estão entendendo assim [as agências]. Na minha opinião, não são prazos impróprios, são prazos próprios. Decorrência de lei. O que vai acontecer no Brasil? Nós precisamos corrigir essas situações institucionais rápido. O espírito se perdeu. O formulador de política pública dá o caminho, o norte. E a agência faz a regulação desse norte, determinado pelo formulador de política pública”, afirmou Silveira.
MPs e decretos de energia: O ministro se referiu às Medidas Provisórias 1.212/ 2024 (tarifas de energia e prazos para subsídios às renováveis) e 1.232/ 2024 (flexibiliza regras para a Amazonas Energia); e aos decretos 11.835/2023 (nova governança da CCEE) e 12.068/2024 (renovação das concessões de distribuição).
“O presidente assina uma medida provisória, duas medidas provisórias, assina dois, três decretos. E o prazo vence. E as agências entendem que vão esperar o Congresso prorrogar? Sempre tem prazo legal determinado dentro do texto da medida provisória. E não tem punição. E não tem ninguém levantando a voz contra isso”, disse o ministro.
“Desculpe, mas é uma situação gravíssima na relação entre quem ganha as eleições com as agências reguladoras. Eu sou um homem de consenso. Busco dialogar, busco caminhos, mas essa questão, se não for avaliado o prejuízo… e não é para o governo! Registrem isso: o prejuízo para as políticas públicas do país está sendo incomensurável. O povo brasileiro está pagando muito caro. Pela literal cooptação inadequada das agências reguladoras.”
Pendências:
A ANEEL ainda não regulamentou a MP da Amazonas (1.232), mas os processos relativos ao tema foram distribuídos aos diretores para relatoria. A medida provisória tem mais 60 dias de validade. Já a MP 1.212 expirou na semana passada, e a sua regulamentação foi concluída às vésperas de seu vencimento. Ainda existe pendência de regulamentação da securitização de recebíveis para abatimento das contas, mas a operação foi realizada.
A agência não disciplinou as regras para a nova governança da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), que está sem poder eleger seu novo Conselho de Administração devido às pendências.
Já em relação ao decreto com as diretrizes para a renovação das distribuidoras, a ANEEL identificou a necessidade de regulamentação de 17 pontos. Maioria ainda não foi sorteada para relatoria, mas especialistas dizem que essa regulamentação pode ser feita depois da assinatura dos contratos. O processo mais importante, sobre a minuta do aditivo aos contratos, já foi sorteado, para a diretora Agnes Costa. O decreto coloca um prazo até outubro para a regulamentação.
Servidores protestam Por outro lado, os servidores das agências reguladoras reclamam do volume excessivo de trabalho e lutam por reconhecimento da carreira, além de reajustes salariais. A categoria promete uma paralisação nesta quinta-feira (15).
Relação piorou desde os postes: A relação entre o ministro e a ANEEL se deteriorou desde o imbróglio envolvendo o compartilhamento de postes entre os setores de energia e telecomunicações. No dia 23 de julho, a diretoria da agência aprovou o arquivamento do processo que tratava do assunto, sob o argumento de que nova regulamentação seria necessária a partir do decreto 12.068, de junho passado (das distribuidoras).
A decisão foi criticada publicamente pelo ministro de Minas e Energia, que fez coro à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que havia demonstrado insatisfação com o arquivamento momentos antes. O Ministério das Comunicações também desaprovou a atitude da ANEEL sobre os postes, depois.Fonte e Imagem: Agência iNFRA.
Os países do G20 preparam um mapeamento das possibilidades de financiamento para a transição energética global. A estimativa é que serão necessários US$ 4,5 trilhões de dólares por ano - o equivalente a R$ 24,5 trilhões - para que o mundo possa reduzir ao máximo o uso de combustíveis de fontes fósseis, como petróleo e carvão, e passe a produzir energia a partir de fontes que emitem menos gases de efeito estufa, como a solar e a eólica.
A questão foi discutida nesta quarta-feira (14), no primeiro Diálogo G20 – Transições Energéticas, no Rio de Janeiro. Segundo a coordenadora do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 e assessora especial do Ministério de Minas e Energia, Mariana Espécie, o mundo ainda está distante do investimento necessário. Em 2022, de acordo com a coordenadora, a marca foi de US$ 1,8 trilhão, o equivalente a R$ 9,8 trilhões.
Para buscar formas de ampliar esse investimento a nível global, a ideia é mapear quais são as trajetórias, as oportunidades e as opções que o mundo precisa observar para viabilizar os investimentos na transição de forma geral.
“A gente está considerando, por exemplo, que para alguns países vai fazer mais sentido você contar com recursos de empréstimos concessionais. Para outros, vai fazer mais sentido ter doações. O investimento do setor privado, a atuação do setor privado vai ser mais marcante, mais relevante nesse processo. Enfim, tem uma mescla dessas oportunidades de investimento que estão sendo consideradas neste documento”, explicou Mariana Espécie.
De acordo com Mariana Espécie, “é um dos primeiros esforços globais nesse sentido, e principalmente para tentar minimizar, vamos dizer assim, essas assimetrias na distribuição desses recursos globalmente”.
Os resultados do estudo serão apresentados na Reunião Ministerial de Transições Energéticas do G20, na cidade de Foz do Iguaçu, entre os dias 1 e 3 de outubro.
Diversidade energética Mariana Espécie observou que os países estão em pontos de partida diferentes e em ritmos diferentes de transição energética. “O ritmo de investimentos varia muito de acordo com essas condições locais de cada país e com as oportunidades e riscos que os investidores acabam enxergando nesse processo. Não há uma constância, você tem uma diversidade de perspectivas muito grande”.
O Brasil é um dos destaques, segundo a coordenadora. “Eu diria que o Brasil é o país mais bem posicionado dentro desse grupo para a transição, pelo que a gente tem hoje, com a nossa matriz energética, matriz elétrica, já com alta participação de renováveis, nenhum outro país tem esse perfil dentro do G20. E o que a gente tem visto é que, mesmo que a gente tenha essas condições já favoráveis, a gente ainda continua perseguindo melhores condições”.
Diante das diversidades e assimetrias, Mariana Espécie adiantou que a principal mensagem que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pretende entregar na reunião ministerial em Foz do Iguaçu é justamente a importância de se ter diversidade de opções à mesa.
“Não existe uma única solução tecnológica, não existe uma bala de prata que vai resolver todos os problemas, e todas as soluções de baixo carbono vão ser importantes. Todas, sem exceção. Não importa se no primeiro momento a gente vai ter que ainda utilizar petróleo, mas reduzindo as emissões com captura e estocagem de carbono”.
Em 2023, a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 28) definiu a meta de transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos de forma justa, ordenada e equitativa para zerar a emissão de carbono até 2050. Já foi identificado que os gases de efeito estufa, como os de carbono, são responsáveis pelo aquecimento do planeta, causando inundações de cidades, temperaturas elevadas, furacões e outros fenômenos que conformam a crise climática que o mundo vive.
Transição energética O Diálogo G20 – Transições Energéticas é um conjunto de seminários paralelos regionais cujo objetivo principal é engajar a sociedade brasileira nas discussões que estão sendo conduzidas no nível político e social no âmbito do G20 para o tema da transição energética. O evento, organizado em parceria com Operador Nacional do Sistema Elétrico e Itaipu Binacional, é preparatório para a Reunião Ministerial de Transições Energéticas do G20.
O G20 é composto por Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos, além da União Europeia. Desde 2008, os países revezam-se na presidência. Essa é a primeira vez que o Brasil preside o G20 no atual formato.
Os membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos) global, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população mundial. Os países representam também quase 80% das emissões globais de gases de efeito estufa decorrentes do setor de energia. Fonte e Imagem: Agência Brasil.
O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) prorrogou, por mais 60 dias, a Medida Provisória nº 1.232, que, entre outras questões, viabiliza a transferência de controle da Amazonas Energia ao estabelecer condições para que a concessão supere os problemas financeiros e operacionais e passe a ser sustentável, e resolve o problema da inadimplência termelétricas da Eletrobras que foram adquiridas pela Âmbar, braço de energia da holding J&F.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a medida foi desenhada “no limite para atrair o sucessor”, já que se se não houver um interessado na concessão, o caminho alternativo seria a intervenção na distribuidora, o que custaria entre R$ 2,7 bilhões e R$ 4 bilhões para a União.
Solução para as usinas da Eletrobras:
A MP permite que contratos de compra e venda de energia elétrica firmados entre distribuidoras de sistemas isolados e geradoras com termelétricas, cujas despesas com a infraestrutura de transporte dutoviário de gás natural sejam reembolsáveis pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), poderão ser convertidos em Contratos de Energia de Reserva (CER), que tem a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) como entidade responsável pela celebração dos contratos.
Isso soluciona um problema da Amazonas Energia, que deveria assinar novos contratos de compra de energia com termelétricas da Eletrobras nos sistemas isolados, que vencem em 2025, com nova vigência até 2030. A distribuidora, contudo, não tinha condições de assinar os aditivos porque já está sobrecontratada, e isso degradaria ainda mais sua já frágil situação econômico-financeira.
Tais usinas estão dentro do pacote vendido pela Eletrobras à Âmbar Energia, do grupo J&F, em junho. A compra foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O negócio envolve ainda uma parceria entre Eletrobras e Âmbar no futuro, caso esta última compre o controle da Amazonas Energia, detida atualmente da Oliveira Energia. Em julho, a Âmbar fez uma proposta não vinculante para assumir a concessão da distribuidora. O processo de transferência de titularidade da Amazonas Energia já está na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sob relatoria do diretor Ricardo Tili.
De acordo com fontes ouvidas pela MegaWhat, a proposta da Âmbar é não vinculante e depende do cumprimento de algumas condicionantes pela Aneel, que ainda precisa regulamentar a MP para que os efeitos sejam definitivos. Para receber o aval do regulador, do regulador, o plano de transferência de controle acionário deve prever as condições para promover a recuperação da sustentabilidade econômico-financeira do serviço de distribuição de energia elétrica, com vistas a obter o menor impacto tarifário paara os consumidores.
Silveira e a MP
O intervalo a compra das usinas pela Âmbar Energia e a publicação da Medida Provisória (MP) 1.232 repercutiu na Câmara dos Deputados, que convocaram o ministro para prestar esclarecimentos sobre a relação dos dois assuntos.
Além disso, o Congresso Nacional busca acrescentar 74 emendas na Medida Provisória, incluindo um texto que veda a assunção de controle acionário nas concessões de grupo econômico que tenha adquirido usinas termelétricas de empresas estatais, privatizadas ou ainda sob o controle da União, direta ou indiretamente, no período anterior a dois anos da data.
Em julho, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, externou as suas preocupações e dos parlamentares sobre o tema em entrevista ao programa Em Ponto, da GloboNews. Na ocasião, Lira disse que o governo não dialogou com o Congresso Nacional para discutir aspectos de muitas medidas provisórias, como a 1.232, e falou da possibilidade de alteração do seu conteúdo.
“O que a gente espera dessa medida provisória é que, com o recuo dela, com o sobrestamento dela, esse tema tenha clareza, tenha modificações que possam ser corrigidas”, respondeu Arthur Lira ao ser questionado sobre uma possível Comissão Parlamentar do Inquerito (CPI) para averiguar o tema.
Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, as controvérsias estão sendo alimentada por grupos que não se sagraram vencedores do processo de venda das termelétricas.
“A informação que nós temos também, que não é oficial, mas que é dito é que tinham mais de dez interessados e havia uma disputa comercial muito acirrada pela compra das térmicas [da Eletrobras]. Inclusive, entre a Âmbar Energia e o grupo do BTG,todos se interessavam muito em comprar as térmicas. Nós temos aí um interesse extremamente contrariado de grupos econômicos, choro de perdedor”, disse Silveira sobre o assunto, em entrevista concedida depois da publicação da MP. Fonte e Imagem: MegaWhat.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta terça-feira (13) que o governo negocia uma antecipação de R$ 18 bilhões junto à Eletrobras com o intuito de baratear a conta de luz – aproximadamente 10% em 2025 e 2026.
“Seria injetado diretamente na modicidade tarifária, na tarifa que é calculada pela Aneel todos os anos para todos os estados. Seriam recursos importantes para a gente minimizar essa tarifa que hoje pesa muito no bolso de brasileiros e brasileiras”, disse à jornalistas ao deixar a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
Segundo o ministro, o governo planeja usar o dinheiro em até dois anos, mas “depende do acordo que for feito”. De acordo com ele, há também a proposta de aumentar as vagas no Conselho de Administração da Eletrobras.
A privatização da Eletrobras prevê o depósito de R$ 32 bilhões em 25 anos para reduzir subsídios de energia. Parte desse valor já foi antecipado em 2022 e 2024. Restam agora R$ 18 bilhões, dos quais Silveira comentou para reduzir a conta de luz imediatamente.
A negociação ocorre dentro de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a privatização da Eletrobras. O governo busca mais cadeiras no Conselho, sem retomar o poder de voto correspondente aos 43% das ações que ainda detém. A transferência das ações da Eletronuclear para o governo federal também está em discussão. Fonte e imagem: CNN Brasil
As usinas estão instaladas em 15 estados das cinco regiões do país, sendo que os estados Rio Grande do Norte (1.687,55 MW), a Bahia (1.603,50 MW) e Minas Gerais (1.184,88 MW) foram os principais responsáveis pela expansão.
Somente em julho, a ampliação da oferta foi de 875,42 MW, distribuídos entre dez usinas solares fotovoltaicas, que somam 494,82 MW, e 17 eólicas, num total de 380,60 MW. A Bahia foi o estado com maior expansão em julho, com 20 novas usinas em operação e uma ampliação na oferta de 594,60 MW. Minas Gerais ficou em segundo lugar, com três usinas e 161,61 MW adicionados à matriz elétrica.
Em 2 de agosto, o Brasil somou 204.477,1 MW de potência fiscalizada, de acordo com dados do Sistema de Informações de Geração da Aneel, o Siga, atualizado diariamente com dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção. Desse total em operação, 84,65% das usinas são consideradas renováveis. Fonte e imagem: MegaWhat.
A realização do leilão de reserva foi uma das alternativas levantadas pelo CEO da fabricante de aerogeradores dinamarquesa Vestas, Eduardo Ricotta, para criar demanda que se transformem em encomendas para a cadeia industrial eólica brasileira. O setor vive um momento de oscilação da sua cadeia, com vários fabricantes entrando em estado de hibernação ou deixando o país. O executivo da Vestas lembrou ainda que quando houve o primeiro leilão dessa categoria, o presidente também era Luís Inácio Lula da Silva.
Quanto ao leilão de reserva de capacidade, que está previsto para esse ano, Silveira revelou que ainda faltam posicionamentos técnicos por parte do Operador Nacional do Sistema Elétrico. O ministro lembrou que o certame será de potência, em favor da segurança do sistema e essa segurança só se dará com energia firme. Havia um movimento para que as baterias fossem incluídas nesse certame, mas a área técnica do governo tem sinalizado que este ano, como o leilão é para a segurança do sistema, elas não devem entrar, mas que no ano que vem a entrada é possível.
Silveira reconheceu que há uma grande ansiedade do setor para a realização desse leilão de potência. Mas ele advertiu que háuma grande responsabilidade do MME e que muitas mudanças no setor, nem sempre grandes, vem sendo implementadas em prol do sistema. Ele deu como exemplo as UHEs do rio Madeira, Jirau e Santo Antônio, que descarregavam na mesma subestação. A falta de investimentos na subestação levava a instabilidades que culminavam em despacho térmico. O governo cobrou da Eletrobras investimentos de modernização elétrica do
parque hidrelétrico para evitar despacho térmico. Fonte e imagem: CanalEnergia.
Moraes também é vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape).
Na assembleia, também foi eleito André Mustafá, para vice-presidência do FMASE. Mustafá é secretário-executivo do Comitê de Meio Ambiente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE).
A assembleia também elegeu o vice-presidente Institucional e Regulatório do Grupo Delta Energia, Luiz Fernando Leone Vianna, para a presidência do conselho consultivo do FMASE e reconduziu todo o conselho fiscal, formado por Wagner Ferreira, da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia elétrica (Abradee); Antônio Fonseca, da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (APINE); e Ivonice Campos, da Associação Brasileira de Energia de Energia Solar Fotovoltaica(Absolar). Fonte e imagem: MegaWhat.
O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta quarta-feira (7) manter o tempo de mandato do presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri. A decisão afeta outras quatro agências reguladoras e representa uma reviravolta para o governo.
O TCU entendeu que não tem competência para julgar o processo, já que a indicação e nomeação de indicados para as agências são decisões políticas da Presidência da República e do Senado Federal. A ação foi arquivada.
Os ministros do Tribunal seguiram, por maioria, o voto do ministro Jorge Oliveira. Segundo ele, uma vez que a sabatina dos indicados para as agências é de atribuição do Congresso, "esses atos não se sujeitam à revisão do Tribunal de Contas".
Além disso, Oliveira entendeu que os cargos de conselheiro e de presidente das agências reguladoras são de natureza distinta.
Quando foi indicado, ele já ocupava, por dois anos, uma cadeira no Conselho Diretor da agência. Com a nomeação para a presidência para cinco anos, ficaria sete anos no colegiado da Anatel — período superior ao limite de cinco anos estabelecido pela Lei das Agências Reguladoras.
Na ocasião, a Advocacia-Geral da União (AGU) disse que não se tratava da recondução de Baigorri, mas de indicação para um novo mandato, que deveria ser encarado de forma independente, respeitando o limite de cinco anos.
Novo paradigma
Com a decisão desta quarta-feira (7), os mandatos de integrante do colegiado e de presidente ou diretor-geral são mantidos, sendo entendidos como independentes, conforme parecer do Senado ao analisar a indicação de Baigorri. Portanto, não obedecem ao limite de cinco anos.
A decisão representa, portanto, um novo paradigma. Se um integrante da diretoria ou do conselho for nomeado para comandar a agência, pode cumprir o primeiro mandato pelo período completo, de até cinco anos, e outro mandato como presidente ou diretor-geral por mais cinco anos.
O julgamento de incompetência do TCU frustra os planos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Fonte e Imagem: Portal G1
A assembleia também elegeu o Conselho Fiscal, que será composto nos próximos dois anos pela presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum; pelo presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (ABRAGEL), Charles Lenzi; e pelo presidente da Associação Brasileira do Carbono Sustentável (ABCS), Fernando Zancan.
O presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico (FASE) e da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica (ABIAPE), Mário Menel, parabenizou os eleitos e desejou um bom trabalho: “Uma dupla espetacular. Vamos ter dois anos de progresso, com certeza, no nosso Fórum”.
Investimentos no país e atuação do Fórum
Ao agradecer a confiança dos associados do FMASE para mais um mandato na presidência, Marcelo Moraes destacou que a principal bandeira do Fórum é uma matriz elétrica limpa, renovável e justa para todos, trabalhando em constante diálogo com os Três Poderes em busca de avanços com a agenda ambiental no setor elétrico.
Moraes esteve em Fortaleza (CE) na última semana, na sanção do marco legal do hidrogênio verde. “A expectativa que o Nordeste tem no hidrogênio e nas fontes que vão possibilitar esse hidrogênio, como eólica e solar, é enorme”, disse. O setor de energia espera R$ 1 trilhão em investimentos nos próximos dez anos, e o Nordeste é de grande relevância nesse movimento.
Paralisação de servidores públicos
O presidente da Associação Brasileira de Empresas das Transmissão de Energia Elétrica (ABRATE), Mário Miranda, frisou a atuação do FMASE especialmente em momentos complexos como a paralisação dos servidores da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), com apoio à reestruturação das carreiras e ajudando na interlocução com o governo.
“O FMASE tem dado um grande apoio nas reuniões que nós fizemos com diversos ministérios. Esperamos que isso [a paralisação] se encerre, pelo bem dos consumidores brasileiros”, afirmou Miranda destacando atrasos no licenciamento ambiental de empreendimentos e prejuízos à população brasileira. Fonte e Imagem: O Setor Elétrico.
Segundo a corte, a auditoria sobre o tema no Brasil pode oferecer contribuições significativas para o enfrentamento da crise climática, já que planeja compartilhar o conhecimento adquirido na auditoria com Instituições Superiores de Controle (ISC)de outros países, que poderão utilizar essas informações para auditar a temática em seus próprios territórios.
“Enfrentamos um desafio urgente de uma transformação radical na matriz energética mundial. Não podemos tratar isso isoladamente porque o gás de efeito estufa emitido aqui, por exemplo, não afeta só o Brasil, mas o planeta todo. [Por isso], sabemos que temos um papel importante na avaliação de como isso está sendo gerenciado pelos governos. É clara a necessidade de políticas bem-elaboradas para garantir uma transição eficaz”, disse o secretário de Controle Externo de Energia e Comunicações (SecexEnergia) do TCU, Alexandre Figueiredo.
Desde a publicação da medida, a agência recebeu 2.035 solicitações, totalizando mais de 85,4 GW, sendo que apenas 601 receberam resposta favorável, totalizando 25.521 MW de potência.
Das usinas consideradas aptas à prorrogação, 235 (9.974 MW) têm contratos de uso do sistema de distribuição e transmissão (Cusd e Cust) assinados. Cerca de 78 usinas, ou 3.250 MW, estão com obra em andamento e 515 não iniciaram as obras, representando mais de 22 GW, ou 86,25% dos projetos aprovados.
Ainda foram aprovadas cinco solicitações sob judice, sendo quatro pedidos de projetos solares em Minas Gerais e uma PCH no Paraná.
Na contabilização dos pedidos aprovados, a Aneel aponta que a Bahia foi o estado com maior número de usinas aprovadas, com 232 projetos (152 eólicas e 80 solares), somando 9.250 MW; seguido por Rio Grande do Norte, com 69 (38 eólicas e 31 solares), totalizando 3.163 MW; e Minas Gerais, com 65 usinas (oito eólicas e 54 solares), que somam 2.724 MW.
Os 1.429 pedidos indeferidos pela agência foram justificados pela não apresentação do termo de adesão, que define as obrigações e os compromissos necessários para os projetos, a garantia e pedido de prorrogação no prazo e/ou estarem pendente de ajuste por parte da empresa interessada junto à B3.
Servidores da agência emitiram um alertar no início de julho sobre o prazo apertado para regulamentação da MP. Após a prorrogação do prazo, a autarquia divulgou nota afirmando que foi preciso um “esforço coletivo da equipe da Superintendência de Concessões, Permissões e Autorizações dos Serviços de Energia Elétrica (SCE)” para cumprir o prazo e analisar o grande volume de pedidos da medida.
“Apesar do grande volume de trabalho e do déficit de servidores, a agência mais uma vez cumpriu o seu compromisso com o desenvolvimento do setor elétrico e com a transição energética”, diz trecho do comunicado.
MP 1.212 e próximas etapas:
A MP 1.212, de 2024, estabeleceu ainda a obrigação de início de obras em até 18 meses, a partir da data de sua publicação. Já a portaria nº 79, de 2024, do Ministério de Minas e Energia, regulamentou o tema, em especial no que se refere aos valores de referência para o aporte de garantia; à definição do marco de início de obras; e ao estabelecimento de obrigação à Aneel para adequar as outorgas em relação à prorrogação de prazo para entrada em operação dos empreendimentos
Considerando as disposições da portaria, as áreas técnicas da Aneel elaboraram nota técnica sobre a aplicação da nova definição de marco de início de obras trazida pelo MME e sobre a aplicação de um dos artigos da portaria quanto ao prazo de implantação do empreendimento definido na outorga.
Na nota técnica, foi recomendado à diretoria que as outorgas dos empreendimentos que tiveram extensão do prazo por mais 36 meses aprovadas pela agência passem a ter prazo de outorga de 90 meses, contatos a partir da publicação do ato.
“A MP alterou os fundamentos que definiram o prazo de 54 meses – pensados à época da publicação da Resolução Normativa 1.038, de 2022. Além disso, a sistemática prevista na Medida Provisória traz outras obrigações aos agentes, como o marco para início das obras, assim como a necessidade de aporte de garantia financeira. Assim, entende-se pertinente manter distintos o prazo de usufruto do desconto e o prazo de implantação da usina”, explica a nota técnica.
Ainda segundo o texto, a prorrogação tem o intuito de preservar o encadeamento de marcos criado à época da Resolução Normativa nº 1.038, de 2022, para evitar que o prazo para implantação seja inferior ao prazo para receber o desconto tarifário. Além disso, a extensão do prazo “não enseja reconhecimento de excludente de responsabilidade, nem deve alcançar contratos privados firmados pelos agentes”.
O documento também destaca que a extensão de prazo de implantação não deve se aplicar a usinas cuja energia tenha sido comercializada no Ambiente de Contratação Regulado (ACR) Fonte e Imagem: MegaWhat
A Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou 30% dos mais de 2 mil pedidos de prorrogação de prazo feito por geradores no âmbito da MP 1212. A decisão veio por meio do Despacho No 2269/2024 no Diário Oficial da União desta terça-feira, 6 de agosto. Ao todo, a agência recebeu 2.035 pedidos, sendo que 601 foram aprovados, que somam 25,5 GW de potência instalada em projetos localizados em 10 estados do país. Foram 1.429 indeferidos e 5 aprovados sub judice.
Esse passo estava previsto na MP publicada pelo governo em 9 de abril de 2024, que autorizava a prorrogação por 36 meses para que os empreendimentos de fontes renováveis iniciassem a operação comercial de todas as suas unidades geradoras com descontos da tarifa-fio.
O estado que teve o maior número de usinas aprovadas foi a Bahia, com 232 usinas (152 eólicas e 80 solares), seguido pelo Rio Grande do Norte, com 69 (38 eólicas e 31 solares) e Minas Gerais, com 65 usinas (8 eólicas e 54 solares).
De acordo com a Aneel, algumas usinas entraram com processo judicial com vistas a assegurar liminarmente a prorrogação de prazo sem que todos os requisitos previstos na medida provisória fossem atendidos.
Entre esses, os interessados deveriam assinar Termo de Adesão que define as obrigações e os compromissos necessários, apresentar garantias de fiel cumprimento e observar o prazo estabelecido para o início das obras. O aporte das garantias de fiel cumprimento e a sua validação pela B3.
“Após um esforço coletivo da equipe da Superintendência de Concessões, Permissões e Autorizações dos Serviços de Energia Elétrica (SCE), a Aneel conseguiu cumprir o prazo da MP e analisar todos os pedidos que chegaram à autarquia. Apesar do grande volume de trabalho e do déficit de servidores, a Agência mais uma vez cumpriu o seu compromisso com o desenvolvimento do setor elétrico e com a transição energética”, destacou a autarquia.
A MP 1212, de 2024, estabeleceu ainda a obrigação de início de obras em até dezoito meses, a partir da data de publicação. A Portaria MME 79, de 2024, regulamentou o tema, em especial no que se refere aos valores de referência para o aporte de garantia, à definição do marco de início de obras, e ao estabelecimento de
obrigação à Aneel para adequar as outorgas em relação à prorrogação de prazo para entrada em operação dos empreendimentos.
Considerando as disposições dessa portaria, continuou a Aneel, as áreas técnicas elaboraram Nota Técnica acerca da aplicação da nova definição de marco de início de obras trazido pelo MME e sobre a aplicação do art. 3o em relação ao prazo de implantação do empreendimento definido na outorga. A NT foi encaminhada para sorteio de diretor relator e posterior deliberação da diretoria colegiada. Fonte e imagem: CanalEnergia.
Entre as atividades que serão desenvolvidas a partir do acordo estão o compartilhamento de bancos de dados e de informações relevantes às respectivas áreas de atuação, intercâmbio de experiência e a realização de estudos e pesquisas conjuntas. O superintendente-geral do Cade e o superintendente de Fiscalização Econômica, Financeira e de Mercado da Aneel coordenarão as atividades descritas no plano de trabalho.
Cooperação técnica:
O Cade tem firmado acordos de cooperação técnica para promover a atuação institucional coordenada com outros órgãos. Atualmente, o órgão antitruste possui 60 acordos vigentes com o Ministério Público de vários estados, outras agências reguladoras, órgãos da administração pública e entidades da sociedade civil. Fonte e Imagem: MegaWhat.
O presidente da Corte, ministro Bruno Dantas, havia pedido celeridade, e que o processo fosse apreciado até dia 31 de julho. Dantas disse que há a insegurança de todo o setor regulado no fato de o TCU não decidir sobre o tema.
Em 24 de julho, porém, o ministro Vital do Rêgo comunicou em plenário que a deliberação seria em 7 de agosto. Segundo ele, a data foi combinada entre o relator, Walton Alencar, e os revisores, Augusto Nardes e Jhonatan de Jesus.
O voto do relator indica que o tempo de mandato dos diretores deve ser de cinco anos, somados os mandatos anteriores. Isso faz com que presidentes das agências que tinham sido diretores deixem os cargos nesse prazo.
Caso o plenário acompanhe o voto, o diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, teria que sair imediatamente por já ter atingido o limite, interpretam alguns.
Já a tese de defesa argumenta que Feitosa assumiu o cargo em 2018, data prévia à Lei Geral das Agências Reguladoras, promulgada em junho de 2019. Portanto, a regra não se aplicaria ao primeiro mandato dele.
Ainda, houve um hiato no tempo de Feitosa na diretoria da reguladora, portanto, não teve recondução imediata. Entre maio e agosto de 2022 ele ficou de fora do colegiado, até assumir a diretoria-geral.
A decisão do TCU poderá afetar ainda os diretores Barra Torres (Anvisa), Paulo Rebello (ANS) e Alex Muniz (Ancine), além da ANEEL e Anatel.
Também foi pautado o processo de acompanhamento do Leilão de Transmissão ANEEL 2/2024 (processo 009.957/2024-3, relator Jorge Oliveira).
Congresso retoma os trabalhos:
O Congresso Nacional retorna às atividades nesta semana, com o fim do período de recesso parlamentar. Neste semestre, por conta das eleições municipais de outubro, a Câmara dos Deputados prevê três semanas de esforço concentrado. Duas delas serão em agosto (dias 12 a 14; e 26 a 28) e uma em setembro (dias 9 a 11).
Na quinta-feira (8) deve expirar o prazo de vigência da MP (Medida Provisória) 1.212/2024. Também conhecida como MP das Tarifas, ela permite a securitização de montantes das contas Covid e Escassez Hídrica, para quitar os empréstimos pagos pelos consumidores com juros.
Há expectativa para desdobramentos no setor, visto que o governo trabalha pela securitização de cerca de R$ 30 bilhões para abatimento das tarifas de energia.
Na Câmara dos Deputados, uma das prioridades de votação no semestre será o segundo projeto de regulamentação da reforma tributária (PLP 108/2024), com foco no funcionamento do comitê gestor do novo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que vai substituir os atuais ICMS e ISS. Fonte e imagem: Agência iNFRA.
Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS), Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE) revisaram para cima a perspectiva de comportamento da carga de energia (ou consumo bruto, que considera as perdas técnicas) nos próximos cinco anos.
A carga de energia do país deve crescer em média 3,4% por ano entre 2024 e 2028, de acordo com a 2a Revisão Quadrimestral das Previsões de Carga para o Planejamento Anual da Operação Energética - 2024-2028, divulgada pelas três instituições na semana passada.
Na primeira revisão quadrimestral, divulgada em abril, a perspectiva era de um avanço médio de 3,2%.
Quando se analisa o avanço da carga de energia em 2024, ONS, CCEE e EPE apontaram uma variação de 0,2% na comparação com a primeira revisão quadrimestral, ao apurar, respectivamente, 78.978 megawatts (MW) médios contra 78.814 MW médios.
Para as projeções, as instituições estimaram uma taxa de crescimento média do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,4% por ano entre 2024 e 2028.
Entre as premissas, ONS, CCEE e EPE afirmaram que, para o médio prazo, considera- se que o ambiente econômico é caracterizado por uma maior estabilidade macroeconômica, com inflação sob controle e convergindo para o centro da meta, além de menor risco aos negócios, permitindo um menor patamar de taxa de juros e menor custo do crédito.
Da mesma forma, no cenário internacional, a expectativa é de crescimento para a economia mundial e de aumento da demanda externa por produtos brasileiros, em especial commodities minerais e agropecuárias, dizem as autarquias.
“Tal cenário é favorável para a expansão do consumo doméstico e dos investimentos, incluindo infraestrutura, aumentando a competitividade e a produtividade do Brasil. A aprovação da reforma tributária deve gerar impactos positivos, ainda que sejam mais significativos no longo prazo”, disseram. Fonte e imagem: Valor Econômico.
Também na quinta-feira, ele se reuniu com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, para tratar do tema. “Quero ouvi-lo para saber o que pensa o Ministério das Comunicações já que nós assinamos no ano passado o programa Poste Legal”, afirmou à imprensa antes do encontro.
“É natural que o ministro de Minas e Energia e o ministro das Comunicações comecem a discutir uma política pública para ordenar a utilização dos postes.”
Decreto das distribuidoras:
Silveira destacou que o compartilhamento de infraestrutura entre os dois setores foi tratado no Decreto 12.068/2024, que trata das diretrizes de renovação das concessões de distribuição de energia, e que “condenou publicamente” a decisão da ANEEL de arquivar o processo que estava em andamento na agência para regulamentar o tema.
“Um decreto presidencial, que é o que foi feito no decreto de renovação das distribuidoras, ele não há de ser contestado, há de ser regulamentado, há de se fazer a implementação da política pública, de regulamentar a política pública, mas a política pública quem determina é quem legitimamente foi eleito nas urnas”, afirmou.
“Eu entendo que as agências, hoje, muitas vezes ultrapassam a sua competência legal de poder regulatório. Nós precisamos ter um freio de arrumação na leitura das competências das agências, e até em outras questões que eu tenho absoluta certeza de que o presidente Lula, no momento adequado, vai fazer esse debate com o Brasil”.
Decisão da ANEEL:
Em julho, a diretoria da ANEEL optou por extinguir o processo que corria na agência desde 2021 e determinar que seja emitida uma nova instrução técnica levando em consideração o decreto publicado em junho.
No entanto, a decisão não agradou a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), ou aos ministros de Minas e Energia e das Comunicações, que emitiram notas criticando o posicionamento da agência do setor elétrico. Fonte e Imagem: Agência iNFRA.
O Secretário de Planejamento e Transição Energética do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, publicou nesta sexta-feira, 02 de agosto, no Diário Oficial da União, Portarias onde autoriza comercializadoras a importar e exportar energia elétrica interruptível com a República Argentina e com a República Oriental do Uruguai.
São elas: Lages Bioenergética; OAK Comercializadora de Energia e Âmbar Comercializadora de Energia. Segundo os critérios utilizados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a importação e a exportação de energia elétrica de que trata a autorização não deverão afetar a segurança eletroenergética do Sistema Interligado Nacional. A exportação de energia elétrica não poderá produzir majoração dos custos do setor elétrico brasileiro. A energia elétrica importada será liquidada no Mercado de Curto Prazo brasileiro.
As portarias ressaltam ainda que a revogação da Autorização não acarretará para o Poder Concedente ou para a Aneel, em nenhuma hipótese, qualquer responsabilidade com relação a encargos, ônus, obrigações ou compromissos assumidos pela Autorizada com terceiros, inclusive os relativos aos seus empregados. A CCEE e o ONS deverão disponibilizar, respectivamente, as regras e procedimentos de comercialização específicos para a contabilização e liquidação da energia a ser importada e exportada, os procedimentos operativos específicos, bem como celebrar acordos operacionais aderentes que permitam a importação e exportação de energia elétrica, conforme disposto nas Portarias. Fonte e Imagem: CanalEnergia.
Após o leilão promovido pela Pré-Sal Petróleo (PPSA) garantir a arrecadação de aproximadamente R$ 17 bilhões na quarta-feira, 31, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou que esses recursos são indispensáveis para reduzir a dependência de importações e, ao mesmo tempo, financiar projetos para a transição energética.
Dividida em quatro lotes, a disputa contou com um recorde de dez empresas habilitadas a concorrer e teve como vencedoras a Petrobras e duas empresas estatais chinesas.
Na visão de Silveira, além de se tratar de um movimento estratégico para a segurança energética do País, os recursos provenientes do leilão, realizado em São Paulo, podem refletir diretamente na redução da conta de luz dos brasileiros. Ele projetou investimentos de aproximadamente R$ 5 trilhões entre 2031 e 2050 em toda a cadeia produtiva de óleo e gás.
“O dinheiro do petróleo vai para o fundo social, para saúde, educação, e deve ir para a redução da conta de energia elétrica. Se não produzirmos petróleo, outro país venderá para nós. A cadeia de fornecimento de bens e serviços, a siderurgia, a cadeia do aço, estão deixando de produzir aqui e indo para a Guiana. E não é isso que queremos”, ponderou
“Tenho dialogado com o ministro Haddad para que parte da receita do óleo da União seja utilizada para reduzir a conta de luz, principalmente para o mais pobre, e a nossa CDE [Conta de Desenvolvimento Energético], que contemplou tantos investimentos justamente para tornar o Brasil protagonista na transição energética. Não é justo que essa conta fique para os mais pobres. Este é o governo do presidente Lula, que não deixa ninguém para trás”, acrescentou o ministro.
Plano Clima:
Com objetivo de estabelecer diretrizes para uma política climática que contemple a realidade de cada um dos oito biomas brasileiros até 2035, o Ministério de Minas e Energia (MME) acompanhou a primeira reunião do Plano Clima Participativo, promovido pelo governo federal.
Segundo o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento, Thiago Barral, o setor energético é um dos pilares do plano, que vai culminar na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025.
Após a etapa em Brasília, a comitiva liderada pelos ministros Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, segue para Recife (01/08), Teresina (02/08), Imperatriz (08/08), Macapá (08/08), Campo Grande (14/08) e São Paulo e Porto Alegre (ambos em 15/08). Fonte e Imagem: Poder Exame
A decisão do governo em relicitar linhas de transmissão de energia em fim de concessão pode abrir oportunidades para transmissoras. Levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a pedido do Valor, mostra que há 127 contratos com término de vigência entre 2024 e 2040, que somam aproximadamente 179 mil quilômetros de linhas.
O setor se depara, contudo, com alguns hiatos regulatórios - como a indenização dos ativos e transição para novos concessionários -, temas que serão melhor discutidos em regulamentação da Aneel. Além disso, parte das empresas enxerga possíveis riscos de prejudicar o atendimento aos consumidores, pelas dificuldades inerentes à troca de operadoras.
A Eletrobras acredita que o setor continuará atraente. A Isa Cteep, no entanto, avalia a necessidade de uma Análise de Impacto Regulatório. No caso da Taesa, a decisão precisa considerar a modicidade tarifária, enquanto que a Alupar considera que o modelo mais eficiente é a renovação dos contratos.
A opção pela relicitação foi tomada por meio do decreto 1314/22 no final do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os primeiros editais começaram em 1999 e as primeiras concessões vencem em 2030, com alguns poucos projetos anteriores aos certames vencendo antes. É o caso da Interligação Elétrica Evrecy, uma infraestrutura de 163 quilômetros de linhas, entre Minas Gerais e Espírito Santo, controlada pela Isa Cteep. O empreendimento será licitado no leilão de setembro.
Segundo Claudio Domingorena, diretor-executivo de estratégia e desenvolvimento de negócios da Cteep, o decreto do governo opta pela relicitação, mas deixa também em aberto a possibilidade de renovação. Por isso, a empresa defende que se faça uma Análise de Impacto Regulatório (AIR).
“Isso vai demonstrar o custo para a administração pública, quais os efeitos para a arrecadação tributária, como fica a qualidade de serviços e riscos de uma transferência para definir o que é mais vantajoso para a sociedade”, diz.
O tema está na agenda da Aneel para regulamentação do decreto. Procurada, a agência disse que o processo de relicitação está em análise e será aberta consulta pública para discutir o tema.
Rodrigo Limp, vice-presidente de regulação e relações institucionais na Eletrobras, ressalta que o rito da Aneel fortalece a segurança jurídica e estabilidade regulatória para os investidores para que este tipo de leilão seja competitivo, já que se trata de uma modalidade de ativos já em operação.
“Essas concessões que serão licitadas, como prevê o decreto, serão oportunidades e terão competitividade dado o apetite que os investidores têm demonstrado (...). Deve-se ter atenção na transição de um concessionário para outro. Tendo os leilões, a Eletrobras vai, sim, avaliar a participação”, diz.
A aposta de Limp é que o setor continuará ainda muito atrativo às empresas dado que o segmento é bastante regulado, tem risco quase zero, com previsibilidade de receita e sem inadimplência.
É difícil de estimar quanto esse novo mercado pode movimentar. Além disso, pelas regras do setor, quem ganhar o lote terá de pagar uma indenização sobre os equipamentos não depreciados. Esse montante se soma a outros empreendimentos que ainda serão leiloados para escoar energia renovável aos centros consumidores, além de atender à potencial demanda por energia com a eletrificação da economia e mercado de hidrogênio.
A Taesa tem quatro projetos que vencem em 2030 e precisará ser competitiva, se quiser manter sua receita. O gerente executivo regulatório e institucional da empresa, Gliender Mendonça, avalia que a decisão precisa levar em conta a equação que relaciona tarifas módicas, qualidade e segurança na prestação dos serviços públicos.
“[As concessões vincendas] possuem características próprias e distintas, como em fim de vida útil, por exemplo. Assim, ao nosso ver, essas concessões necessitam da emissão prévia e pública de um estudo técnico, econômico e financeiro que possibilite aos agentes, empreendedores, bem como a sociedade, tomarem conhecimento da motivação que levou a União a tomar a decisão pela relicitação”.
Luiz Coimbra, superintendente de relações com investidores da Alupar, acredita que o modelo mais eficiente seja a renovação dos contratos a partir da negociação entre os operadores e o poder concedente, o que garantiria a realização de investimentos adicionais para a manutenção, modernização e confiabilidade dos sistemas.
“O modelo atual de relicitação de concessões vincendas pode penalizar o sistema e os consumidores, dados os riscos significativos de perda de sinergias para as concessionárias que estariam sujeitas a operar ativos distantes entre si, elevando os custos e gerando, ao mesmo tempo, maiores riscos à confiabilidade dos serviços, reduzindo os efeitos de modicidade tarifária e, consequentemente, onerando os consumidores”.
Quando foi publicado, o decreto contrariou boa parte do setor, já que haviam dúvidas a serem equacionadas. O pesquisador sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Brandão, diz que a relicitação previa que as eventuais melhorias ocorreriam por conta do novo concessionário. Isso criaria um risco para os participantes do leilão pela dificuldade de dimensionar os possíveis gastos com ativos depreciados ao longo dos 30 anos da nova concessão.
Segundo o acadêmico, ao optar remunerar essas melhorias, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pacifica a questão sobre a relicitação de ativos antigos. “A receita para estas novas concessões tende a ser substancialmente mais baixa do que seria praticada para ativos novos, havendo em muitos casos oportunidades para investimentos em futuras renovações, que farão jus a aumentos na Receita Anual Permitida (RAP).” Fonte e Imagem: Valor Econômico
Em 12 anos, o Brasil saiu da 15ª para a 6ª posição como o maior gerador de energia eólica do mundo, como aponta o Ranking de Capacidade Total Instalada de Energia Eólica Onshore (em solo). Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), os números do setor crescem anualmente. São mais de mil parques eólicos espalhados por todo o país, gerando 31 GW de potência anualmente para 44,6 milhões de residências.
Por outro lado, os painéis fotovoltaicos, cada vez mais vistos nos telhados das casas e comércios, chamam a atenção pela possibilidade de produção e controle da própria eletricidade. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o setor de energia solar já é responsável por produzir 30 GW no Brasil, em mais de 15 milhões de casas.
Já é defendida a tese de que os setores eólico e solar estejam competindo por espaço, mas dada a necessidade mundial de superar as matrizes energéticas poluentes, não haveria mercado para ambos?
Matéria-prima em abundância: O Brasil é geograficamente beneficiado pela oferta de luz solar e vento. Por estar localizado próximo à Linha do Equador e da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), o país, em especial, a região Nordeste, dispõe da alta incidência de raios solares e da circulação dos ventos durante todo o ano. O que, de acordo com o doutor em Energética e professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Heitor Scalambrini, explica o crescimento, especialmente da fonte eólica, no território.
“Por exemplo, em 2007, a potência instalada era de 667 megawatts. No final de 2023, era de 30 mil megawatts. Portanto, esse crescimento extraordinário foi motivado por vários fatores, sendo a qualidade dos ventos disponíveis aqui no nosso país a principal delas. E lembrando que é aqui no nordeste que abriga mais de 85% de toda a potência eólica instalada no país”. (0’30)
Não à toa, estados como o Rio Grande do Norte e a Bahia se destacam pela alta produção no setor eólico, com mais de 7,5 GW gerados: verdadeiros parques eólicos em larga escala.
Como diferencial, o setor de energia solar tem na produção por conta própria o principal incentivo. Dayse Leal, Especialista da Neoenergia Pernambuco, conta que há uma série de pré-requisitos nos estados atendidos pela companhia para garantir a segurança após a contratação de uma empresa ou consultor, e submissão do projeto.
“A Neoenergia realizará uma análise técnica para avaliar o projeto e o local de instalação. Com base nessa avaliação, será emitido o orçamento de conexão. Caso aprovado, o cliente poderá dar início à instalação do sistema de geração de energia solar”, detalha.
Hoje, o modal solar ocupa o segundo lugar na matriz elétrica brasileira, sendo responsável por 14,8% de toda a geração de luz no país.
Investimentos: O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um dos principais financiadores dos dois setores. Em 2023, o Banco aprovou o empréstimo de R$ 3,5 bilhões em recursos para implantação de dois complexos eólicos e um solar no país, somando 1,5 GW em capacidade instalada.
Também com objetivo de impulsionar o desenvolvimento das energias renováveis, em 2023, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) anunciou que mais de R$10 bilhões foram contratados para projetos focados em fontes limpas e sustentáveis, contemplando desde usinas de energia solar e eólica até pessoas físicas que pretendiam instalar placas solares em suas casas.
Membro da Academia Pernambucana de Ciências, e presidente do Centro de Tecnologia do Nordeste (Cetene), Giovanna Machado acredita que, em se tratando de energias renováveis, há espaço para todas.
“Elas devem se somar. Eu não vejo que cada uma tem que buscar o seu mercado individualmente, e existe mercado para todas, porque há muita tecnologia ainda a ser melhorada nesse sentido. A gente vê um aumento da parte de célula solar e eólicas, que estão tomando um espaço bem importante nesse sentido”, afirma.
Meio Ambiente: O Brasil ocupa uma posição de destaque quando o assunto é energia limpa e renovável: cerca de 50% da matriz energética e 88% da matriz elétrica atendem a esses requisitos. Na COP 28, o país impulsionou o compromisso com a transição energética nas negociações climáticas, firmando um acordo com as demais nações para triplicar a capacidade de energias renováveis e dobrar a eficiência energética mundial até 2030.
Na relação com o meio ambiente, no entanto, a produção de energia solar leva vantagem em relação ao modelo atual de instalação das usinas eólicas. Ainda que não haja emissão de gases poluentes e geração de resíduos, os aerogeradores produzem um impacto sonoro considerável, além da capacidade de alteração dos habitats e dos movimentos migratórios de aves.
Já as células fotovoltaicas, de vida útil prolongada, são de fácil instalação e manutenção. Mas ainda que os valores necessários para investir nesse setor venham diminuindo, eles ainda são altos para muitas famílias. O professor Heitor Scalambrini aponta que, para ambas as matrizes, uma saída viável, do ponto de vista ambiental e econômico, seria a descentralização da produção.
“A geração elétrica a partir do sol e vento e a partir de pequenas unidades descentralizadas, distribuídas, minimiza os impactos e é esse modo de produção de energia elétrica que deve ser priorizado. Para que os requisitos socioambientais sejam atendidos sem o desrespeito pela vida das pessoas que vivem e tiram seu sustento de onde vivem, e cultivam suas tradições, os grandes complexos eólicos e solares são insustentáveis. E, no fim das contas, trazem mais desvantagens do que vantagens”, acredita.
Com futuro promissor, os dois setores precisam de condições para que possam caminhar entre a sustentabilidade e a lucratividade. Nesse contexto, o poder público tem papel essencial na garantia de uma competição justa pelo mercado, permitindo que cada setor tenha seu espaço e consiga atuar pensando e investindo no bem-estar das pessoas, do planeta, e da economia. Fonte e Imagem: Rádio CBN Recife (PE).
A diretoria colegiada deve decidir qual o valor do saldo financeiro que a concessionária terá direito no reajuste de 2024, a ser realizado em dezembro deste ano. O relator é o diretor Fernando Mosna.
Em março, a diretoria aprovou, por maioria de votos do colegiado, a RTE (Revisão Tarifária da Empresa) de 2023 em 0%. Com essa decisão, o ativo regulatório da empresa ficou estabelecido em R$ 251,8 milhões, mas esse valor será revisto com o voto de Mosna, na próxima terça.
O ativo regulatório é o valor que a empresa teria direito a receber no próximo ciclo tarifário (dezembro de 2024), resultado da diferença entre a receita faturada com a aplicação do reajuste médio de 33,56%, e a efetivamente faturada pela concessionária, decorrente do efeito de 0%.
A Equatorial Amapá terá o direito ao recálculo desse reajuste de 0% de 2023, por conta da publicação da Medida Provisória 1.212/24, mas esse item é parte de outro processo, que não foi pautado para essa semana. A empresa pleiteia um valor entre 17% e 33%, e o MME (Ministério de Minas e Energia) sugeriu 8,75%. A revisão do número interfere no valor do ativo regulatório para 2024
Tarifas:
Também está na pauta processo de homologação das TUSDs (Tarifas de Uso dos Sistemas de Distribuição) e TEs (Tarifas de Energia) para as permissionárias de distribuição de energia elétrica que têm aniversário contratual em 30 de julho de 2024. O processo também é relatado pelo diretor Fernando Mosna. Fonte e imagem: Agência iNFRA.
O advento recente de uma nova e disruptiva tecnologia, a inteligência artificial, que demanda recursos escassos como água para resfriar equipamentos e a mineração de matérias-primas para a indústria de chips, vem ampliando ainda mais o clamor por medidas que ampliem de vez o uso da chamada energia limpa. Em outras palavras, pela transição energética.
Este cenário é positivo para o Brasil. O país é uma superpotência energética: 9º maior produtor de petróleo, 4º maior mercado consumidor de combustíveis automotivos, 2º principal produtor de biocombustíveis e 6º maior gerador de energia elétrica. Para completar, tem uma participação dos renováveis, dentro da matriz energética, muito superior à média mundial.
Ao mesmo tempo, o país precisa ampliar o consumo de energia para atender às ainda gigantescas necessidades socioeconômicas. Hoje este consumo é de 17 MWh per capita, abaixo de economias menores, como México (19 MWh per capita) e Portugal (26 MWh).
A questão está em como chegar a este crescimento na demanda por energia de forma acessível, segura e limpa, em um contexto de restrição de emissões de gases de efeito estufa, tanto no Brasil, quanto no resto do mundo.
A verdade é que o Brasil já se apresenta como um grande hub de energia limpa no planeta. Estamos muito à frente do mundo, e o custo para a transição energética provavelmente será menor por aqui. Quase 50% da oferta interna de energia do país provém de fontes renováveis. Para se ter uma ideia, a nível global esse percentual é de apenas 14%.
Somos o segundo no mundo em geração hidrelétrica, temos uma posição invejável em bioenergia – primeiros produtores de etanol de cana de açúcar, terceiro de biodiesel e com elevado potencial para produção de biogás e biometano – e somos o sétimo do ranking em geração de energia eólica.
No caso de biocombustíveis, por exemplo, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos, mas sendo o maior quando se considera apenas a cana de açúcar como fonte. Ano passado produziu cerca de 33 bilhões de litros, volume que poderá alcançar 47 bilhões de litros já em 2032. Temos a posição de terceiro maior produtor mundial de biodiesel (9 bilhões de litros por ano), atrás de Estados Unidos e Indonésia. São mais de 60 plantas em operação, que usam principalmente óleo de soja como matéria-prima.
Ainda há perspectivas da entrada de novos biocombustíveis na matriz energética brasileira por conta de um programa aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em 20 de abril de 2021, o “Combustível do Futuro”. O projeto já foi debatido e aprovado por ampla maioria na Câmara dos Deputados e atualmente encontra-se no Senado para votação. Entre as principais iniciativas contempladas estão o estabelecimento do Programa Nacional do Diesel Verde (PNDV) e o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV).
Os combustíveis sustentáveis de aviação (ou Sustainable Aviation Fuel – SAF) são uma das grandes oportunidades do Brasil quando se fala em transição energética. Hoje está em andamento um programa da Organização da Aviação Civil Internacional, o CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), para a redução e compensação de emissões de CO2 provenientes de voos internacionais. O acordo foi assinado por 127 países, entre eles o Brasil, e o SAF é visto como a principal alternativa para reduzir as emissões do setor de aviação. O Brasil reúne todas as condições de ser um dos líderes mundiais na produção e exportação de combustíveis sustentáveis de aviação.
De imensa relevância também é o potencial do país na produção de gás natural, o energético da transição, considerado a última fronteira entre os combustíveis fósseis e os renováveis. Cabe ressaltar que o Brasil importa gás natural, principalmente da Bolívia (pelo GASBOL) e através dos Terminais de Regaseificação de GNL existentes no país. Foram quase 9 bilhões de m3 de gás natural importados em 2022. Esta dependência, entre outros fatores, ocorre por conta da expressiva reinjeção de gás natural, que passou de 19% da produção bruta em 2010 para 58% este ano – graças à fatores econômicos e à restrita infraestrutura de escoamento para o nosso gás.
Há uma forte demanda de gás natural no Brasil por conta, principalmente, da geração de energia termelétrica, mas na prática o consumo total de gás natural no país nos relega à modesta posição de apenas o 29º mercado mundial deste energético.
Mas há grandes oportunidades para o gás natural, que podemos considerar em quatro grandes iniciativas: maior monetização das reservas do pré sal, com a redução dos índices de reinjeção; utilização na indústria em substituição ao diesel e ao óleo combustível; flexibilidade e menor pegada de carbono no setor elétrico brasileiro; e interiorização do fornecimento de gás natural pelo modal rodoviário, seja através do gás natural comprimido (GNC) ou gás natural liquefeito (GNL).
Quanto à infraestrutura de escoamento de gás natural, teremos ainda em 2024 a conclusão da Rota 3, com capacidade de 18 milhões de m3/dia, ligando os Campos do Pré-Sal ao município de Itaboraí (RJ), bem como a possibilidade de novos gasodutos, como são os casos da Rota 4B, com destino a Itaguaí; a Rota 5B, com destino a Macaé (RJ) e a Rota 6B para São João da Barra (RJ).
Com isto aumentaríamos a oferta deste importante energético para a transição energética, a última fronteira entre os combustíveis fósseis e os renováveis. Mas, ainda necessitaríamos de funding para financiar esta transição – e aí entra o petróleo.
A produção nacional vai aumentar 60% até 2032, chegando a 5,3 milhões de barris/dia. Com isto o Brasil irá de nono para quarto maior produtor mundial, superando o Canadá e ficando abaixo apenas de Estados Unidos, Arábia Saudita e Rússia.
Considerando apenas o estado do Rio de Janeiro e seus municípios, a receita com royalties e participações especiais aumentaria 50% até 2030, chegando a respeitáveis R$ 66 bilhões ao ano, partindo da premissa de um preço por barril (Brent) a US$ 80.
O Brasil não pode desprezar suas reservas de petróleo. Países como Estados Unidos e Noruega viabilizaram o aumento do consumo de energia per capita, e o impulso do desenvolvimento socioeconômico, com a produção e o uso de hidrocarbonetos. Já temos uma matriz energética três vezes mais renovável que a média do resto do mundo.
Portanto, o mais importante é o debate sobre o uso dos recursos provenientes do petróleo. Sobre como os royalties e participações especiais podem ser o funding para políticas públicas que preparem estados e municípios produtores para um futuro em que o petróleo não estará mais entre as principais fontes de recurso.
Em resumo, o Brasil é uma superpotência energética, rico em recursos naturais, com uma matriz energética, elétrica e de transportes entre as mais renováveis do mundo, permitindo uma ampla gama de alternativas para sua estratégia de transição energética.
O país pode ser protagonista global em biocombustíveis, indústria essa que desempenha um importante papel na trajetória de descarbonização. Contamos ainda com uma indústria de petróleo e gás natural competitiva e com produção crescente, que exigirá grandes investimentos nas próximas décadas. O cenário mundial representa uma importante oportunidade, mas são necessárias iniciativas para garantir uma transição tanto energética quanto econômica. Fonte e Imagem: Portal JOTA.
O Ministério de Minas e Energia não se pronunciou oficialmente sobre o Decreto 11.314, publicado pelo governo
Bolsonaro em dezembro de 2022. Mas o Plano de Outorgas de Transmissão (Potee) incluiu o primeiro contrato a vencer no segundo leilão de novas linhas de 2024.
O decreto definiu como regra geral que as concessões vincendas de transmissão serão licitadas, abrindo a possibilidade de prorrogação “quando a licitação for inviável ou resultar em prejuízo ao interesse público.” A renovação contratual será feita desde que preencha esses critérios e que a concessionária tenha formalizado o pedido com 36 meses de antecedência do fim do contrato.
Um total de 128 concessões vão expirar até 2040, a maior parte concentrada na próxima década. Apenas nove contratos terão seu término entre 2025 e 2030, segundo dados da Aneel, incluindo o da Evrecy Participações, que vai ser ofertado no próximo certame.
Tomada de Subsídios: Em 23 de maio, a agência abriu a Tomada de Subsídios nº 8, dando início à discussão sobre a regulamentação do
decreto. O período de contribuições termina neste sábado, 29 de junho, mas deve haver uma segunda fase da TS no segundo semestre.
A discussão vai acontecer em três grupos distintos, com o tratamento de temas como regulamentação das Demais
Instalações de Transmissão – DITs; prestação do serviço, incluindo a transição; obras de melhorias ao longo da concessão; definição dos ativos indenizáveis e da metodologia de indenização. A proposta de regulamento
deve ser submetida à consulta pública no primeiro semestre de 2025.
Licitação:
Um dos pontos questionados pela Associação Brasileira de Empresas de Transmissão de Energia Elétrica é a eficácia de uma relicitação que terá como objeto a administração de ativos já depreciados, com a prestação dos serviços de operação e manutenção. A Abrate também considera imprópria a inclusão dessas instalações nos leilões de expansão, apontando para o risco de perda de sinergia para as próprias transmissoras que tiverem de assumir instalações localizadas a grandes distâncias umas das outras.
Relicitação não pode caminhar junto com a licitação de expansão.
Mário Miranda, da Abrate:
Mário Miranda, presidente da Abrate, reclama que as contribuições da entidade não foram consideradas na consulta pública que resultou na publicação do decreto de 2022. Em sua avaliação a proposta do MME “não absorveu variáveis comportamentais de uma concessão de transmissão de energia elétrica ou de qualquer concessão”, porque o usual no mundo é prorrogar os contratos, com aperfeiçoamentos que considerem a “vantajosidade econômica” na prestação adequada do serviço e a modicidade tarifária.
O executivo questiona qual seria o objetivo a ser atendido com a relicitação, já que modicidade tarifária teria sido alcançada no primeiro processo licitatório. Ele acredita que deveria ter uma premiação às transmissoras que prestam uma excelente serviço, por meio da renovação contratual. Mas lembra que o ministério deixou para a Aneel a definição das concessões que teriam dificuldade de ser relicitadas, abrindo mão da decisão de estabelecer regras do que seria um incentivo à boa prestação do serviço, que tem um
padrão de qualidade da ordem de 99%.
“O que preocupa é o seguinte: vamos relicitar o quê? Se, no limite, nós admitirmos que a concessão já está depreciada, que não tem, vamos falar em tese, nenhum ativo ainda parcialmente depreciado, nós estamos licitando administração, operação e manutenção”, diz, lembrando que um eventual esforço para reduzir ainda mais os custos pode chegar o limite do estresse e comprometer a qualidade do serviço.
Outro problema levantado por Miranda é que relicitação não poderia caminhar junto com a licitação de expansão, como está sendo feito agora com as instalações da Evrecy. Ele lembra que essas instalações foram incluídas em um lote com outras obras que estarão a milhares de quilômetros o que afeta a sinergia, em um contexto climático no qual as empresas de transmissão se transformam, cada vez mais, em operadoras de logística.
“No leilão de expansão, pelos valores envolvidos, somente os competentes que têm experiência é que vão participar disso. Então, por exemplo, uma linha de 500 kV de 300 km, que vale ai, por exemplo R$ 300 milhões, não é qualquer um que consegue fazer essa captação.(...) Então já há naturalmente é um filtro. Agora, por outro lado, quando você fala leilão de concessão vincenda, de que valor que nós estamos falando? Não são mais R$ 300 milhões. nós estamos falando por exemplo, de R$ 6 milhões de reais. Então, não é de capacidade financeira, tem que ser capacidade operacional.”
O Operador Nacional do Sistema Elétrico não vê como um problema a inclusão de instalações com contratos vincendos no plano de outorgas, que indica à Aneel o conjunto das instalações de transmissão que deverão ser outorgadas em leilões ou por autorização. “O fato de obras inéditas e existentes constarem no mesmo documento do Potee (Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica) não causa confusão/equívoco ao processo de recomendação de novas obras,” afirmou o ONS à Agência CanalEnergia.
De acordo com o ONS, a relação de empreendimentos é resultado da consolidação dos estudos de planejamento de longo prazo da Empresa de Pesquisa Energética com o planejamento da operação de médio prazo da instituição.
Segmento redondo: O coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, Nivalde de Castro, não identifica impactos para o segmento de transmissão da licitação das outorgas. Ele avalia que, ao contrário da distribuição, trata-se de um segmento que está redondo, pois não é afetado por subsídios ou interferência política. “A distribuidora está sofrendo interferências oriundas dos subsídios de micro e minigeração. Vai ter um desafio à frente de fazer investimento para resiliência, investimento para poder suportar o crescimento da GD, e esses investimentos vão ser prudentes e vão impactar a tarifa. Olha só que confusão,” afirma o economista.
Transmissão é um modelo de sucesso. Nivalde de Castro, do Gesel/UFRJ Castro vê a transmissão como um modelo de negócios de sucesso, com competição que se reflete nos deságios dos leilões, planejamento e contrato seguro. Acredita que não dá para comparar transmissora, que cuida de um ativo específico, com distribuidora, que tem a complexidade de toda uma área de concessão.
No caso da distribuição, ele considera correta a decisão de prorrogar os contratos, com cláusulas de exigência de qualidade e gestão econômica e financeira.
Investimentos: A relicitação das concessões não vai afetar osinvestimentos que as empresas já fazem na substituição de equipamentos em fim de vida útil. Reforços e melhorias em instalações são uma obrigação contratual das transmissoras, e há um trabalho permanente ao longo do período de outorga para garantir o bom funcionamento dos equipamentos, com obras que garantem ao concessionário parcelas de receita correspondente aos investimentos.
Levantamento de 2018, previa que em 2023 se chegaria a 96.700 equipamentos em fim de vida útil. Os valores
previstos, segundo aAbrate, eram da ordem de R$1 bilhão, somente para reforços, mas superaram as estimativas nos últimos anos.
“Os investimentos em novas concessões (licitadas) são realizados com horizonte de retorno dentro do prazo da concessão (30 anos). Neste sentido, o decreto não tem impacto na decisão de investimento. Todos os aportes realizados em projetos de reforços e melhorias, do contrato renovado, têm o adequado reconhecimento tarifário até final do contrato de concessão e garantia de indenização do valor não depreciado. Desta forma, a relicitação do contrato não causa a perda dos investimentos realizados,” explica o diretor-executivo de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da ISA Cteep, Claudio Domingorena.
Decreto não tem impacto na decisão de investimento. Claudio Domigorena, da ISA CTEEP:
No caso da ISA Cteep, há R$ 18 bilhões (valor regulatório) de ativos totalmente depreciados. Mas a companhia bateu um recorde de aportes na modernização de seu parque instalado no ano passado, com investimento de R$ 1,2 bilhão em reforços e melhorias e crescimento de R$ 395,7 milhões (+48%) em relação a 2022. No período, foram substituídos 1.924 equipamentos, ante 1.112 (73%) do ano anterior.
Entre 2024 e 2028, a empresa planeja investir em torno de R$ 5 bilhões em cerca de 250 projetos de reforços e melhorias já autorizados pela Aneel, que vão adicionar uma Receita Anual Permitida de até R$ 850 milhões.
Já no primeiro trimestre de 2024, o valor investido na substituição de 449 equipamentos somou R$ 243,1 milhões, com crescimento de R$ 40,3 milhões (+19,9%) em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Fonte e Imagem: CanalEnergia.
A conta de luz terá bandeira verde em agosto, sem custo extra aos consumidores, informou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta sexta-feira (26).
Em julho, a tarifa estava sob bandeira amarela, com custo extra de R$ 1,88 a cada 100 kW/h consumidos.
Segundo a Aneel, a reversão ocorreu devido às condições favoráveis para a geração de energia elétrica no país. A bandeira permaneceu verde por 26 meses, de abril de 2022 a junho de 2024.
O diretor da agência, Sandoval Feitosa, explica que a expectativa de menor volume de chuva em julho acabou se confirmando, porém, o volume de precipitações na região Sul contribuiu para a reversão da cobrança extra em agosto.
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel em 2015 para indicar, aos consumidores, os custos da geração de energia no Brasil. Ele reflete o custo variável da produção de energia, considerando fatores como a disponibilidade de recursos hídricos, o avanço das fontes renováveis, bem como o acionamento de fontes de geração mais caras como as termelétricas. Fonte e Imagem: CNN Brasil.
O relator, ministro Antonio Anastasia, apresentou o voto em sessão nesta quarta-feira (24), determinando que a agência apresente ao tribunal em até 60 dias um plano de ação que contemple medidas de aprimoramento e fiscalização relacionadas ao Artigo 28 da Lei 14.300, que trata sobre a caracterização da GD como produção de energia para consumo próprio.
O TCU também determinou que a agência conclua em até 90 dias a Tomada de Subsídios 18/2023, sobre o tema, realizando o diagnóstico do problema e que a avalie a necessidade de aperfeiçoamento de normativos afetos ao assunto.
GD por assinatura: O objetivo do tribunal é impedir a “comercialização” de energia elétrica por geradores enquadrados como GD, que usufruem dos benefícios da modalidade, mas que, na prática, não estariam gerando para autoconsumo.
No modelo de venda compartilhada de GD solar, ou a oferta de energia solar “por assinatura”, o consumidor não instala painéis solares em sua residência, mas compra cotas de um outro gerador solar que tem sobra de energia e, por meio de um sistema de compensação, consegue tarifas mais baratas.
Fiscalização:
Em fase de oitiva, a ANEEL indicou à corte de contas que cabe à própria agência fiscalizar a empresa geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica, com outorga concedida pelo poder público, e que as associações que sinalizam “comercialização” em propagandas, não necessariamente têm o negócio jurídico firmado.
Assim, indicou que a fiscalização da regularidade e conformidade de “associações, cooperativas e agremiações congêneres com o ordenamento jurídico e atuar no caso de eventual desvirtuamento no funcionamento dessas entidades” seria responsabilidade do TCU.
No entanto, a auditoria entende que, independentemente de qual espécie de entidade jurídica, a agência “deverá se ater à possibilidade da ocorrência de produção de energia, no âmbito do SCEE [Sistema de Compensação de Energia Elétrica], que não seja para consumo próprio”. Assim, destacou que a complexidade do tema não exime a agência da atuação na regulação e fiscalização do assunto.
Conflitos de interesse:
A área técnica do tribunal ainda alertou sobre empresas do mesmo grupo econômico de distribuidoras estarem utilizando modelos de negócio de “assinatura solar”, “que resultam, na prática, na venda de energia elétrica dos geradores para consumidores regulados, situação vedada para o mercado cativo”. Isso representaria um potencial conflito de interesse.
Segundo o entendimento da auditoria, exposto no acórdão do tribunal, “caso se confirme o crescimento, notório e acelerado, da oferta de assinaturas solares, por partes relacionadas das distribuidoras estarão evidenciados os indícios, também crescentes, de fatos que possam configurar infração à ordem econômica e sobre os quais a ANEEL possui dever de vigilância”.
No entanto, o assunto “não foi objeto de encaminhamento específico no âmbito da representação, podendo, eventualmente, ser aprofundado em outra ação de controle do TCU”, destacou.
Amicus curiae: Por fim, a corte deferiu os pedidos da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída) e da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) para participar do processo como amicus curiae, a fim de que possam apresentar informações que irão contribuir com a análise do tema. Fonte e Imagem: Agência iNFRA
Para Silveira, as taxas de retorno dos investimentos das distribuidoras de gás “devem ser compatíveis com o risco do negócio, que é baixo”. “Não faz sentido uma distribuidora estadual de gás natural ter um retorno tão elevado, dado o baixo risco do negócio”, afirmou o ministro.
A fala de Silveira endossa o posicionamento da Agrese (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Sergipe), que defende a redução da taxa de retorno da distribuidora de gás local, a Sergas, em uma revisão do contrato de concessão, vigente há 30 anos mas com vencimento previsto somente para 2044.
Mudança unilateral:
As distribuidoras têm criticado a forma com que a mudança está sendo feita. O consultor jurídico da Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), Gustavo De Marchi, disse à Agência iNFRA que a questão não é o mérito, mas a pretensão de fazer uma mudança econômica no contrato de forma “unilateral” e sem estudo de impacto.
“Um contrato de concessão demanda mudanças de cláusulas regulatórias, cláusulas de serviço, mas estamos tratando de cláusulas econômicas. Não se pode mudar cláusula econômica de forma unilateral, sem mesmo ter estudo do impacto econômico”, disse
Segundo De Marchi, a proposta de alteração da taxa de remuneração representa uma quebra unilateral do equilíbrio econômico-financeiro da concessão, com impactos na segurança jurídica, aumento do risco regulatório e deterioração do ambiente de negócio.
Assim, ele entende que o poder concedente não possui autorização legal ou constitucional para promover tal modificação sem o acordo da distribuidora, caso contrário, esse seria um cenário de “alta segurança jurídica regulatória”.
Para De Marchi, seria importante considerar as negociações em andamento que permitirão à Energisa integrar o quadro societário da Sergas. Na sua visão, a participação da empresa no debate seria importante e agregaria na definição da taxa, considerando sua expertise como player relevante no setor de energia.
Aumento da oferta de gás:
O ministro disse à imprensa após o evento que a “coragem” do governo sergipano em relação “à questão da regulação” faz parte do movimento do país para aumentar a oferta de gás natural.
“Nós precisamos aumentar a nossa produtividade, a nossa oferta, consequentemente, diminuir o preço para reindustrializar o Brasil. Como é que nós vamos fazer isso? Atacando todos os elos da cadeia, respeitando contrato, evidentemente, mas sentando na mesa e discutindo como é que nós vamos não deixar que nenhum monopólio, que nenhum interesse que não seja o interesse nacional prevaleça”.
Regulação de gasoduto: Outra iniciativa nesse sentido seria a regulação do gasoduto de escoamento da Petrobras, no Rio de Janeiro. Silveira disse que o governo está discutindo como chegar a um “bom termo” com a Petrobras sobre o custo do gasoduto.
“É aquele gasoduto que vem da plataforma até a estação de tratamento, que é a UPGN [Unidade de Processamento de Gás Natural], nós precisamos também regular esse gasoduto, também discutir os custos desse gasoduto a fim de diminuir o preço”, afirmou. Fonte e Imagem: Agência iNFRA
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se juntou à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em críticas feitas a uma decisão da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre extinguir processo que tratava do compartilhamento de postes entre os dois setores.
“O ministro se alinha com as preocupações da Anatel, de que decisões como a adotada hoje pela ANEEL protelem o interesse público de ter uma solução digna para a situação insustentável dos postes no Brasil e espera que a diretoria da ANEEL tenha a responsabilidade e senso de urgência necessários para cumprir com zelo sua importante função pública”, disse Silveira em nota divulgada na noite desta terça-feira (23).
Ontem, o Conselho Diretor da Anatel manifestou discordância sobre a decisão da ANEEL a respeito da decisão de extinguir o processo que tramitava. Segundo a reguladora do setor de telecomunicações, a agência de energia elétrica mostrou-se “distante do que era objeto de negociação e consenso entre ambas as agências”.
Antes disso, na manhã desta terça-feira, o colegiado da ANEEL decidiu extinguir o processo vigente e determinar nova instrução sobre o compartilhamento de infraestrutura a partir do Decreto 12.068/2024, que trata das diretrizes de renovação das concessões de distribuição de energia e endereça questões sobre o tema.
“A extinção representa um retrocesso na discussão do tema e trará impactos significativos na expansão da conectividade dos brasileiros”, diz a Anatel em nota divulgada, após a decisão da ANEEL.
“A decisão de arquivamento perpetua o estado crítico de desordem organizacional do uso de infraestrutura dos postes no país com terríveis consequências sociais e retarda o desfecho de um problema que precisa ser resolvido o mais rapidamente possível.”
Posteiro:
A criação da figura do “posteiro”, um terceiro responsável pela exploração comercial da infraestrutura, foi um dos pontos de impasse que postergou a decisão da diretoria. No entanto, a Anatel já aprovou processo em outubro de 2023 e, no seu entendimento, a decisão está “em plena conformidade com a política pública fixada no Decreto nº 12.068, de 20 de junho de 2024”.
O decreto diz que as distribuidoras “deverão ceder à pessoa jurídica distinta o espaço em infraestrutura de distribuição, as faixas de ocupação e os pontos de fixação dos postes das redes aéreas de distribuição destinados ao compartilhamento com o setor de telecomunicações”.
Para o diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, autor do voto-vista aprovado pela agência, o texto do decreto “merece interpretação e aprofundamento”, tendo em vista que fala da cessão do “espaço em infraestrutura de distribuição” para terceiro, “mas não se fala em obrigatoriedade da cessão da atividade de exploração da infraestrutura de distribuição”. Assim, não pacifica o debate sobre a criação da figura do posteiro.
Assim, o diretor entende que há um novo comando legal que não foi abarcado no parecer jurídico inicial sobre o tema, e que precisaria de nova análise.
Compartilhamento de infraestrutura
O aprimoramento da resolução conjunta das duas agências sobre compartilhamento de postes é debatido desde 2021. Em outubro do ano passado, a Anatel e a ANEEL pautaram o processo com o mesmo voto para deliberação no mesmo dia.
Apesar da aprovação da agência de telecomunicações, houve pedido de vista pelo diretor Fernando Mosna para o voto do ex-diretor Hélvio Guerra.
O voto do diretor Mosna, apresentado antes da publicação do decreto, dizia que a cessão do poste para um terceiro só deveria ocorrer quando a distribuidora de energia desistisse do direito de exploração, ou quando a ANEEL comprovasse “a prestação inadequada de serviço, o abuso de direito ou de poder de mercado”. Na ocasião, Sandoval Feitosa pediu vista do voto apresentado.
Leia a nota divulgada pelo ministro Silveira na íntegra:
“O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, esclarece que as políticas públicas relacionadas ao compartilhamento de postes entre as áreas de energia elétrica e telecomunicações têm o objetivo de resguardar o interesse público, incluindo a segurança das pessoas, tendo em vista a situação caótica facilmente observada em todos os Municípios brasileiros com relação a utilização desordenada dos postes.
A publicação do Decreto n° 12.068, de 2024, veio responder a uma demanda da sociedade brasileira e dos administradores municipais para trazer uma solução estruturada entre os setores de energia e telecomunicações, que traga organização do compartilhamento da infraestrutura de postes, em prol da segurança, da aparência das áreas urbanas e funcionamento das redes de energia e telecomunicações.
O Ministro se alinha com as preocupações da ANATEL, de que decisões como a adotada hoje pela ANEEL protelem o interesse público de ter uma solução digna para a situação insustentável dos postes no Brasil e espera que a diretoria da ANEEL tenha a responsabilidade e senso de urgência necessários para cumprir com zelo sua importante função pública.
Ademais, o ministro ressalta que a agência deve cumprir o decreto do Presidente da República e o seu papel regulador, respeitando o formulador de política pública, que é o MME”. Fonte e Imagem: Agência iNFRA.
A Isa Cteep (TRPL4) informou nesta quarta-feira (24), em comunicado ao mercado, que a Eletrobras (ELET3; ELET6) passou a deter 112.599.036 ações preferenciais (PN) da companhia, equivalente a 28,08% do total de ações PN de emissão da Isa Cteep.
A participação acionária considera a liquidação da oferta pública de distribuição secundária de 93 milhões de ações PN da companhia. Antes da oferta, a elétrica detinha 52,48% das ações PN emitidas pela transmissora, conforme mostrou o Broadcast em novembro de 2023.
Já a controlada Eletrobras Participações é titular de 25.106.829 ações ON, equivalente a 9,73% do total de ações ordinárias de emissão da Isa Cteep, e 4.800.800 ações PN, equivalente a 1,20% do total de ações preferenciais de emissão da companhia.
A Eletrobras ressalta que o objetivo das participações societárias é estritamente de investimento, não objetivando alteração do controle acionário ou da estrutura administrativa da empresa.
Também não foram celebrados quaisquer acordos pela Eletrobras que regulem o exercício de direito de voto ou a compra e venda de papéis emitidos pela Isa Cteep. Fonte e Imagem: Estadão | E-investidor.
Foi o que destacou Bruna Mascotte, conselheira sênior da Catavento, no evento organizado pelo jornal O Globo, Valor Econômico e a Rádio CBN, como parte das discussões preparatórias para a cúpula de líderes do G20, prevista para novembro deste ano.
O evento, na manhã desta terça-feira (23), está focado em desenvolvimento sustentável e inclusão social. O encontro está acontecendo na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema.
Para ela, esse precisa ser o foco para os próximos anos, para que a desigualdade em investimentos para a transição energética diminua gradualmente.
'O mundo está aumentando os seus investimentos em energias limpas, o que é muito positivo para a transição energética, mas o desafio é que isso está concentrado em alguns países. E aí a gente fala da questão do desenvolvimento justo e sustentável', declarou.
'Olhando para países emergentes em desenvolvimento, a gente só está atraindo 15% desses investimentos totais. Então a gente precisa alcançar e desenvolver alternativas e soluções para endereçar por que esse dinheiro não está chegando onde precisa. Também nesses países que precisam fornecer energia estável, firme, acessível para o seu desenvolvimento e de baixo carbono, dado que a gente tem emergência climática para lidar.'
O objetivo do evento é discutir maneiras de levantar recursos para combater a pobreza e as mudanças climáticas, e como aplicar políticas de desenvolvimento social.
A programação inclui dois painéis principais: "Levantando recursos contra a pobreza e pelo meio ambiente", às 10h, e está acontecendo agora.
Na abertura, Morgan Doyle, representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil, e Pedro Ferreira de Souza, sociólogo e pesquisador do Ipea, falaram da importância do Brasil e no exemplo do país para o mundo.
'Uma série de elementos que o Brasil tem trazido para o mundo que são fantásticos. Bolsa Família, que realmente já foi levada para 100 países, o CadÚnico, a questão do SUS, que eu vejo em muitos países, o programa de vacinação popular', declarou Doyle.
'Os últimos 10 anos, o período até antes da pandemia, para a gente foi muito ruim em termos de evolução dos indicadores de pobreza. A gente passou uma década que foi basicamente uma década perdida dos anos 10, mas nos últimos anos a gente teve algumas inovações muito grandes que a gente espera que vão dar resultado no curto prazo. Então eu acho que o Brasil está se cacifando para voltar a ser uma influência internacional muito grande nessa disseminação de boas práticas', relatou Pedro Ferreira de Souza.
O segundo painel, intitulado "A Aliança Global contra a Pobreza e a Fome e novos caminhos para as políticas sociais", também acontece nesta terça.
Esse vai contar com a presença de Wellington Dias, Ministro do Desenvolvimento Social, e Viviana Santiago, diretora-executiva da Oxfam. O evento espera promover debates sobre soluções práticas.
A série de discussões que vêm acontecendo no Brasil até a cúpula do G20 é parte de um esforço para encontrar respostas colaborativas e eficientes para desafios globais. Fonte e Imagem: Rádio CBN.
A temporada de resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24) começa nesta terça-feira (23), depois do fechamento, para o setor de utilities (concessões de serviços públicos, como energia e saneamento), com os números da Neoenergia (NEOE3) depois do fechamento. A expectativa para as companhias do setor elétrico é de um trimestre neutro para as companhias do setor.
O Santander destaca expectativas de volume sólido para distribuição. O segmento será favorecido pelo clima mais quente no Brasil, que deve manter o consumo de energia em alta, segundo o banco.
Para geradoras, houve um aumento de 7,5% em relação ao ano anterior, publicado pelo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), somado ao aumento de geração eólica em 18,6% e de geração solar em 84,6%.
O Santander destaca, no entanto, que operadoras de energia renovável devem ser impactadas por restrições de operação.
Temporada de resultados: em quais ações e setores ficar de olho no 2T24? Para as transmissoras, não deve acontecer impacto significativo no trimestre. O único ponto de atenção destacado na análise é o ajuste inflacionário positivo na receita anual permitida.
Neoenergia – 23 de julho: O balanço da Neoenergia (NEOE3), que marcará o início da safra, deve vir com dados positivos pelos resultados de distribuição, de acordo com analistas. No entanto, alguns efeitos podem ser compensados por pontos gerados pelos reajustes anuais de concessões.
A redução da Parcela B após os reajustes anuais das concessões vinculadas ao IGP-M e pelo aumento dos custos operacionais em algumas concessões, no entanto, podem parcialmente compensar os efeitos positivos.
Na área de geração, a expectativa é de bons resultados das hidrelétricas devido aos baixos custos de compra de energia em um cenário hidrológico favorável. Para a frente de energia eólica, ventos favoráveis em velocidade e o aumento da capacidade instalada na WPP de Oitis resultaram em um crescimento de 13%. Já a geração solar cresceu 4,7%, impulsionada por uma melhor irradiação.
Para o Itaú BBA, a prévia operacional indicou aumento sólido de 8,2% no volume faturado para as distribuidoras. “Em relação às perdas de energia, espera-se que o indicador permaneça em linha com os números apresentados no primeiro trimestre, mas não se descarta uma leve deterioração devido aos volumes não faturados causados pela demanda muito alta”, considera a análise.
O banco antecipa resultados positivos para o negócio de distribuição. Nas estimativas, no entanto, a projeção é de queda de 23,6% no lucro líquido na comparação anual, para R$ 556 milhões. O Ebitda e a receita, no entanto, devem apresentar alta. Fonte e Imagem: InfoMoney.
De janeiro a junho deste ano, começaram a operar no Brasil 168 usinas de geração de energia, num incremento de 5,6 GW na matriz energética brasileira, segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Trata-se de um aumento de 18,7% em relação a igual período de 2023, e um recorde para os últimos 27 anos.
Essa alta foi puxada pelo desempenho das usinas de energia solar fotovoltaicas e as eólicas, segundo o relatório divulgado pelo órgão no dia 18 deste mês. Juntas, elas somaram 92,3% de tudo que foi instalado no país neste ano.
Só em junho, a matriz energética brasileira teve um incremento de 889,51 MW, resultado da entrada em operação de 27 novas usinas. Desse total, 451,15 MW foram provenientes de 10 centrais solares fotovoltaicas, e 292,8 MW, das 13 eólicas. As 4 usinas termelétricas acrescentam 145,56 MW ao sistema.
Agora, a matriz energética brasileira conta com 203,9GW. Pelas projeções da agência, o acréscimo total deve chegar a 10,1 GW, já somado o desempenho do primeiro semestre.
Projeções para o ano:
Os dados divulgados pela Aneel são relativos à geração centralizada, o modelo que reúne as grandes usinas. Se forem somados ao cálculo o acréscimo da geração distribuída de fontes solares, aquela onde os painéis estão instalados nos telhados das residências e comércios, quintais e garagens, o número geral é maior do que o divulgado pela Aneel.
Pelo acompanhamento da Absolar (Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica), somando as grandes usinas solares e os sistemas de geração própria de energia, a fonte solar adicionou 7GW na matriz elétrica nacional só no primeiro semestre deste ano.
Com isso, ainda segundo a Absolar, a fonte solar chegou a 44GW de potência instalada. Do total, 30GW são da distribuída (telhados e afins), e, outros 14GW, de grandes usinas.
As projeções do setor para o ano de 2024 indicavam um acréscimo de 9,3GW só de energia solar. O número é considerado conservador, uma vez que 37,38% de todas as usinas em construção do país terão como fonte a energia solar. Daquelas projetadas e que ainda não tiveram construção iniciada, as fotovoltaicas respondem por 82,67% do total. Fonte e Imagem: Estadão.
As perdas comerciais tiveram aumento de 0,3 ponto porcentual em 2023 na comparação com 2022, ficaram em 6,7% . Já as perdas técnicas apresentaram alta de 0,1 p.p
nessa mesma base de comparação alcançaram 7,4% do total. Em volumes foram 38,2 TWh e 42 TWh, respectivamente. As perdas totais somaram 14,1% da energia injetada em 2023 ante os 13,7% de 2022. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica e
constam do relatório Perdas de Energia Elétrica na Distribuição, edição de 2024. A publicação traz um apanhado onde aponta que os índices estão dentro da média desde 2008 (com exceção a 2009 com a crise financeira global e em 2020 com a pandemia).
Segundo a agência, as perdas não técnicas regulatórias, que são reconhecidas nas tarifas, foram da ordem de 27,3 TWh. Para efeitos de comparação, o consumo residencial da região Sul em 2023 foi de 26,9 TWh, segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2024 da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Por região geográfica, o Norte é que apresenta o maior índice real de perdas não técnicas com 19,8% e as técnicas com 10,2%. No Sul está o menor, com apenas 3% e 5,9%. Já por concessionária a Equatorial PA é a que apresenta maior índice de perdas técnicas com 11,9% do total injetado. Já em perdas não técnicas reais a Light é disparada a que tem maior índice, com pouco mais de 21%. Em segundo lugar vem a Amazonas Energia com quase 12%. As duas respondem por 32,8% dos desvios. As 10 distribuidoras com maiores montantes de perdas respondem por 70,9% das perdas não técnicas do Brasil.
Impacto financeiro: O custo aproximado das perdas técnicas, obtido pela multiplicação dos montantes pelo preço médio da energia nos processos tarifários em 2023, sem considerar tributos, foi de R$ 10,3 bilhões. Essas perdas, inevitáveis em qualquer sistema de distribuição, são repassadas aos consumidores, já se considerando a operação eficiente das redes e, portanto, não são passíveis de maiores reduções. Já as perdas na rede básica na distribuição totalizaram aproximadamente R$ 1,7 bilhão nos processos tarifários de 2023.
As perdas não técnicas regulatórias, obtidas pela multiplicação dos montantes pelo preço médio da energia de 2023, resultaram em custo aproximado de R$ 6,9 bilhões, o que representou 2,9% da receita requerida ou 9,5% da Parcela B das distribuidoras, variando conforme a concessionária. Já as perdas não técnicas reais no país representaram um custo da ordem de R$ 9,9 bilhões. Fonte e Imagem: CanalEnergia.
A decisão, assinada neste mês, evita que o consumidor brasileiro pague ao menos R$ 129 milhões extras na conta de luzência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a ressarcir usinas solares e eólicas por cortes de geração ordenados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A decisão, assinada neste mês, evita que o consumidor brasileiro pague ao menos R$ 129 milhões extras na conta de luz, segundo estimativa do processo.
O cálculo foi feito no fim de 2023 pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que analisou o custo de cortes determinados pelo ONS a fim de estabilizar o sistema. As interrupções aconteceram de outubro de 2021 a outubro de 2023. Só as usinas eólicas foram consideradas na estimativa.
Boa parte dos cortes foi ordenada no ano passado, após o apagão de agosto que atingiu 26 das 27 unidades da federação. Segundo o ONS, esse apagão ocorreu por falhas em equipamentos de usinas eólicas e solares. Essas fontes sofrem com intermitência e geram instabilidade no sistema, em um cenário diferente ao da geração hidrelétrica, por exemplo.
Em novembro, a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica) e a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) haviam obtido na Justiça Federal uma decisão que previa a compensação pelos cortes de geração.
Agora, o desembargador Alexandre Machado, do TRF-1, atendeu a um pedido da Aneel e considerou que o caso não precisa ser decidido imediatamente. A Aneel apontou que a decisão anterior traria “potencial risco sistêmico”, e que os custos seriam repassados ao consumidor. Fonte e Imagem: Portal Metrópoles
O Brasil foi destaque no mais novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), publicado na última quinta-feira (18) e intitulado como “Investimento Mundial em Energia”.
Segundo o documento, os investimentos em energia renovável cresceram significativamente. O total investido em energia limpa já é o dobro do valor aplicado em combustíveis fósseis.
Para os pesquisadores da agência, as ações do Brasil na presidência do G20 ajudaram a impulsionar a injeção de capitais no setor ao redor mundo. Países emergentes começaram a investir ativamente em energia verde.
“Sob a presidência brasileira do G20 em 2024, o grupo começou a trabalhar para ajudar os países emergentes a desenvolverem sistemas eficazes de energia limpa, assim, esses países podem participar mais ativamente no lançamento de novas tecnologias do setor”, informa a AIE no estudo.
Pela primeira vez na história, o investimento global em energia está previsto para atingir os US$3 trilhões – aproximadamente 7 % superior ao recorde registrado no ano passado, que foi de US$ 2,8 trilhões.
Além da influência externa, o Brasil também foi destaque pelas ações internas. Os especialistas deram destaque para os investimentos brasileiros em biocombustíveis, linhas de transmissão e carros elétricos.
Os planos brasileiros para a produção de hidrogênio verde, como a aprovação do Marco Legal, que regulamenta o setor, foram citados pela agência.
“Muitos países também estão desenvolvendo estratégias de hidrogênio de longo prazo e implementando projetos-piloto, especialmente o Brasil”, concluiu o relatório.
Fonte e Imagem. Canal Energia.
A transição energética e seus impactos no setor elétrico brasileiro foi o foco do Congresso de Inovação na Distribuição de Energia (CIDE), evento organizado pelo Grupo O Setor Elétrico, em parceria com o Instituto Abradee da Energia. Durante dois dias, especialistas de diversas áreas do segmento de distribuição se revezaram em painéis e palestras, abordando temas como modernização do setor, os avanços em smart grids e em sistemas de armazenamento, resiliência energética diante das condições climáticas extremas, incorporação de novas e disruptivas tecnologias, dentre outros assuntos que integram a agenda dos stakeholders que compõem a cadeia de GTD – Geração, Transmissão e Distribuição de energia elétrica.
Para o presidente da ABRADEE, Marcos Madureira, a realização do CIDE 2024 mostra a importância de evidenciar as discussões mais importantes no cenário da distribuição de energia elétrica no Brasil. “A troca de conhecimentos, a discussão de tendências e a apresentação de inovações são essenciais para que o setor continue a evoluir e a atender às demandas de uma sociedade cada vez mais digital e sustentável”, considera Madureira.
Na primeira mesa de abertura do evento, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Ricardo Tilli, aproveitou a oportunidade para anunciar a realização de consulta pública sobre sistemas de armazenamento de energia, prevista para o início do segundo semestre deste ano. “Minha expectativa é que a ANEEL inicie a consulta pública no começo do segundo semestre e finalize a primeira parte da regulamentação até dezembro de 2024. A questão da outorga é importante, pois precisamos definir que tipo de outorga essas baterias terão e onde elas estarão localizadas. A primeira premissa é que baterias não geram energia, então elas não podem ter uma outorga de gerador”, adiantou Tili.
Participando do painel com o tema “O que nos reserva o futuro da distribuição de energia?”, o diretor da Neoenergia, Fabiano da Rosa Carvalho, falou do papel das distribuidoras para a expansão da geração de energia no país e defendeu maior isonomia nos contratos de concessão. “Durante muitos anos, as distribuidoras foram quem garantiram a expansão da geração através dos contratos de longo prazo. Hoje, já existe a figura do contrato de reserva de capacidade que pode vir a sanar, vamos dizer assim, uma forma de que tanto o mercado regulado quanto o livre paguem pela expansão, mas tem um conjunto de contratos legados que precisa de um tratamento. E esse tratamento envolve mais isonomia, quer dizer, como é que você distribui melhor esses custos”, explicou Carvalho.
Novos insights: Um dos momentos mais aguardados do evento foi a participação do renomado publicitário Nizan Guanaes, que convidou o público a fazer uma reflexão sobre a importância da inovação e adaptação para as transformações do futuro, baseado em três pilares: o que deve ser mantido; as transformações necessárias; e por fim, que futuro deve ser construído?.
O publicitário chamou a atenção dos congressistas para as possibilidades infinitas de utilização dos ativos do setor elétrico, como os postes, por exemplo, que estão espalhados pela cidade, para criar maior interação com a comunidade e apoiar causas sociais. “O setor elétrico está no meio da cidade, em todos os lugares, então, precisamos fazer com que as pessoas se lembrem que nossos serviços funcionam, porque do contrário, elas esquecem”,comenta.
Resiliência energética versus condições climáticas extremas: Ainda no primeiro dia do Congresso, o ex-vice-presidente da Florida Power & Light (FPL), empresa norte-americana fornecedora de energia, compartilhou as experiências vivenciadas nos Estados Unidos para o enfrentamento de eventos climáticos extremos, no que tange à resiliência das redes e dos sistemas elétricos.
Como forma de combater futuros eventos climáticos extremos, a Florida Power & Light criou em 2006 o “Storm Secure Program”, uma iniciativa que substitui linhas de energia aéreas por linhas subterrâneas para melhorar a confiabilidade da rede elétrica. “O programa faz parte dos esforços da FPL para fortalecer sua rede contra tempestades. As linhas subterrâneas são menos suscetíveis a danos causados por árvores e outros detritos, além disso, uma rede mais resistente para eventos climáticos extremos, é também mais eficiente para o uso diário”, disse.
Tema cada vez mais recorrente nas discussões do setor elétrico, a inteligência artificial (IA) foi destaque no CIDE, com a participação de Domenico Machado, Industry Advisor Energy do Google Cloud, que apresentou uma variedade de serviços que a ferramenta de IA da empresa oferece ao setor elétrico, que passa pela infraestrutura em nuvem, cujo objetivo é hospedar dados e aplicativos de forma segura e escalável. O executivo citou ainda outras funcionalidades para o setor elétrico, tais como: manutenção preditiva; atendimento ao cliente; redução de perdas de rede; e otimização da geração de energia.
Arena Inovação:
Uma das novidades do CIDE 2024 foi a “Arena Inovação”, um espaço dedicado às startups do setor elétrico, que puderam apresentar aos participantes da feira duas soluções e serviços inovadores para o segmento de distribuição. No total, 15 startups utilizaram o espaço para compartilhar seus projetos. Felipe Ramalho, Customer Success da Energia das Coisas, levou ao evento soluções para controle de energia, gerenciamento de gastos e monitoramento de consumo e desperdícios.
“A Energia das Coisas combina a coleta de dados elétricos de instalações com o armazenamento em nuvem e aplicativos desenvolvidos para oferecer uma experiência relevante aos usuários de energia, especialmente aqueles de baixa renda. Isso ajuda os usuários a entender como consomem energia e a ajustar seu consumo de acordo com sua capacidade financeira para pagar a conta de energia” explicou Ramalho.
Também foram apresentadas soluções para monitoramento e otimização de energia (Enline) aplicativos e soluções tecnológicas para o planejamento da manutenção de árvores e limpeza de faixa (Imagery), utilização de dados de medidores, tanto inteligentes quanto convencionais (Fox IoT), dentre outras.
Trabalhos técnicos:
Outra novidade desta edição foi a apresentação de trabalhos técnicos por acadêmicos e profissionais do setor. Um dos trabalhos de destaque apresentados foi o do fundador da CONPREN Nova Energia, Luiz Carlos Santini, com o estudo “Eletrificação da economia e eficiência energética”, que trata do impacto dos veículos elétricos nas redes de energia, no Brasil e em outros países.
O gerente Corporativo de Pesquisa e Desenvolvimento da Neoenergia, José Antonio de Souza Brito, apresentou no evento o GODEL Conecta, sistema para avaliação da capacidade da rede elétrica para conexão de geração distribuída. “Trata-se de um aplicativo que disponibiliza mapas interativos de capacidade de acomodação de geração distribuída à rede elétrica como recurso de auxílio ao planejamento de expansão e avaliação de pedidos de conexão de minigeradores distribuídos, proporcionando ainda melhorias no atendimento ao cliente auxiliando-o na consulta e prospecção de seus empreendimentos”, detalhou.
Feira de negócios:
Com 27 estandes e 32 patrocinadores, a feira de exposição do CIDE levou aos participantes do evento as grandes novidades tecnológicas da indústria do segmento de distribuição de energia, criando um ambiente rico para novos negócios e captação de clientes.
Participando como expositor no evento, o managing partner da Fu2re Smart Solutions, André Sih, avaliou como produtiva e estratégica a participação da empresa no evento. “Tivemos a oportunidade de fortalecer negócios juntamente com nossos parceiros NVIDIA e Advantech. Considero o investimento realizado muito positivo, tanto pelas oportunidades que surgiram, quanto pela chance de acompanhar palestras de pessoas proeminentes do setor elétrico”.
O coordenador de marketing da Landis+GYR, Vinicius Belmonte, também avaliou positivamente a participação da empresa no CIDE. “O evento nos permitiu encontrar nossos parceiros, trocar conhecimentos e explorar novas possibilidades de negócio. Apresentamos nosso portfólio atual, destacando o Magno, o Revelo e Soluções Inovadoras para o Gerenciamento de Frota Elétrica. Estamos ansiosos para a próxima edição”.
O nível técnico do público presente no evento, bem como a qualificação dos visitantes da feira, foram destacados pelo Gerente Geral da S&C Electric Company, Marcelino Costa. “Quero dar destaque ao público muito qualificado que esteve presente no CIDE e também em escala muito maior quando comparado à edição anterior. Fiquei feliz com as palestras nacionais e internacionais que elevaram as discussões técnicas para o mais alto nível.”
Avaliação semelhante foi do diretor comercial da PEXTRON, Uriel Horta. “O CIDE superou todas as expectativas. A organização, as palestras e o local foram excelentes, trazendo resultados positivos para a Pextron com ótimos contatos e leads. Acredito que a próxima edição será ainda maior, dado o interesse de muitas empresas em participar”.
Já o gerente corporativo de P&D da Neoenergia, José Brito, chamou atenção para o ambiente de estímulo e para as oportunidades de apresentação de programas de desenvolvimento e inovação. “Um evento que deu para mostrar as soluções tecnológicas que contribuem para a modernização do setor elétrico”.
Fonte e Imagem: O Setor Elétrico.
Com 168 novas usinas de geração de energia em funcionamento, o Brasil fechou o primeiro semestre de 2024 com um incremento de 5,7 gigawatts (GW) de potência instalada na matriz elétrica. O número representa um aumento de 18,7% em relação ao primeiro semestre de 2023 e um recorde nos últimos 27 anos para o período.
Apenas em junho deste ano, houve um incremento de 889,51 megawatts (MW) com a entrada em operação de 27 usinas, sendo 13 eólicas, 10 fotovoltaicas e quatro termelétricas.
A matriz elétrica é o conjunto de fontes disponíveis para a geração de energia elétrica em um país, como hidrelétricas, usinas eólicas, solares e termelétricas.
Expansão:
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a previsão de crescimento da geração de energia elétrica do país para 2024 é de 10,1 GW, menor que a do ano passado, quando houve crescimento de 10,3 GW.
Atualmente, a capacidade instalada de energia elétrica do Brasil, ou seja, a quantidade máxima de produção de energia do país, soma 203,8 gigawatts. Desse total em operação, 84,62% das usinas são consideradas renováveis.
As quatro maiores fontes renováveis que compõem a matriz de energia elétrica brasileira são a hídrica (53,88%), eólica (15,22%), biomassa (8,31%) e solar (7,2%). Entre as fontes não renováveis, as maiores são gás natural (8,78%), petróleo (3,92%) e carvão mineral (1,7%). Fonte e Imagem:
A diretoria da Aneel conseguiu aprovar os reajustes tarifários das distribuidoras gaúchas Eletrocar e Demei na tarde desta terça-feira, 16 de julho, após um impasse quedurou horas, em razão do empate na votação entre os
diretores. A deliberação só foi possível depois que as empresas desistiram de pedir a retirada da tarifa de uma
receita de compartilhamento de infraestrutura faturada, mas não paga pela operadora Oi.
O reajuste da Eletrocar resultou em redução média de 8,24% nas tarifas, com quedas de 14,02% em média na alta
tensão e de 6,62% em média na baixa tensão. Já os clientes do Demei terão suas tarifas reduzidas em 6,76% na
média, com efeito redutor médio de 3,14% na alta tensão e de 7,62% para os da baixa tensão. Os novos valores serão
aplicados a partir de 22 de julho.
A situação expôs, mais uma vez, as dificuldades que a agência tem enfrentado na aprovação de processos administrativos, quando não há unanimidade ou formação de maioria para votar a favor ou contra. Há uma vaga emaberto na diretoria do órgão, o que tem feito a diferença e deixado alguns processos em uma espécie de limbo decisório.
Inadimplência: A inadimplência da empresa de telefonia em relação ao contrato com as concessionárias de energia elétrica soma R$ 1,7 milhão, no processo tarifário de 2024. Segundo o Demei o valor em aberto é de R$ 768 mil, enquanto Eletrocar informou que tem faturas não pagas de R$ 960 mil, somente no últimos 12 meses.
O calote da Oi, que está em recuperação judicial, começou em 2019 no caso da Eletrocar, e em 2022, no contrato com o Demei. Pelas regras em vigor, 60% da receita auferida pelas distribuidoras com a prestação de outros serviços deve ser capturada para a modicidade tarifária. A proposta do relator do processo, Fernando Mosna, era de que o valor não pago fosse excluído do cálculo tarifário, oque daria uma diferença pequena em relação aos percentuais que acabaram sendo homologados, mas significativa para o caixa das empresas, que são de pequeno porte. “Nós estamos saindo, no caso da Demei, de -6,76% para -6,35%. No caso da Eletrocar, estamos saindo de -8,24% para 7,69%”.
Ele foi acompanhado pelo diretor Ricardo Tili, mas os diretores Agnes da Costa e Sandoval Feitosa, manifestaramo receio de que se abrisse um precedente, usado por empresas de outras regiões como argumento para reivindicar o mesmo tratamento. Eles propuseram que se prorrogasse as tarifas atuais, mas os outros dois diretores foram contra, usando o mesmo argumento de abertura de precedente. A prorrogação da vigência de tarifas são aprovadas pela Aneel quando há solicitação da distribuidora.
Todos concordaram, no entanto, que a pior situação seria não ter a tarifa definida, pois na inexistência de uma
decisão, a própria concessionária poderia arbitrar o valordas tarifas. Fonte e Imagem: Canal Energia
A energia eólica offshore pode representar uma opção de “proteção energética” para o Brasil diante de secas cada vez mais recorrentes que prejudicam a geração hídrica, ainda a principal fonte da matriz elétrica nacional, segundo um estudo sobre o tema realizado pelo Banco Mundial (BM) e entregue ao Ministério de Minas e Energia.
A análise da instituição destaca o potencial da eólica offshore como “a nova energia hidrelétrica do Brasil” — uma fonte que poderia atenuar a variabilidade da geração hidrelétrica ao longo do ano, e que, se adotada em larga escala, poderia constituir parte intrínseca da base de geração limpa do país.
O estudo apontou que, comparando a produção real de energia hidrelétrica com a produção simulada de energia eólica offshore durante um período de sete anos, a produção eólica offshore seria maior nos meses em que os níveis hídricos estivessem mais baixos.
“Segundo a análise, a variabilidade anual da energia eólica offshore seria significativamente inferior à da energia hidrelétrica em grande parte do país. Logo, se implementada em grande escala, a energia eólica offshore pode oferecer uma ‘proteção energética’ para anos com secas inusitadas, como foi observado, por exemplo, na última década”, diz o relatório.
O Banco Mundial ressaltou, porém, que as eólicas offshore só seriam capazes de compensar a variabilidade da produção hídrica se atingirem escala suficiente, com uma aposta mais agressiva do país na fonte do que o atualmente vislumbrado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O cenário-base do estudo considera as projeções atuais da EPE, que apontam uma adoção “modesta” da energia eólica offshore, com 4 gigawatts (GW) operacionais em 2035 e 16 GW até 2050.
Isso significaria investimentos de cerca de US$ 40 bilhões até 2050 para construção dos parques no mar, com um uso de apenas 1,2% do leito marinho disponível, principalmente no Nordeste.
O Brasil apresenta um enorme potencial para exploração de energia eólica offshore e já tem quase 100 projetos, que somam cerca de 230 GW de potência, com pedido de licenciamento ambiental junto ao Ibama, mas todos ainda em estágios iniciais de desenvolvimento.
A tecnologia atrai a atenção de grandes empresas, desde petroleiras até geradoras de energia elétrica, que apontam como o principal impeditivo para tirar os empreendimentos do papel a falta de um marco regulatório para o segmento. Há uma proposta em tramitação no Congresso, mas a inclusão de uma série de emendas “jabutis” no texto acabou dificultando sua aprovação.
Além disso, os custos para construção dos parques e aquisição dessa energia ainda são bem mais elevados se comparados com o de outras fontes renováveis, como as eólicas em terra e a solar.
Segundo o relatório do Banco Mundial, considerando metas de alto volume e condições apropriadas, o custo da energia eólica offshore poderia cair de 344 reais por megawatt-hora (MWh) calculado para os primeiros projetos — cerca de 50% acima dos preços das energias solar e eólica onshore — para uma faixa de 279 a 215 reais/MWh até 2050, valores já competitivos frente às outras fontes.
O estudo traça ainda um cenário “intermediário” e um “ambicioso” para a fonte no Brasil, considerando mais capacidade instalada entrando em operação até 2050.
Esses níveis mais altos de penetração da eólica offshore exigiriam, por exemplo, obras de modernização do sistema de transmissão, investimentos maiores em infraestrutura portuária e reforços da cadeia de suprimentos para fornecimento de turbinas, apontou o relatório.
Do ponto de vista ambiental e social, o Banco Mundial avaliou que, no cenário-base, os impactos seriam relativamente baixos, dado o uso limitado do leito marinho disponível.
Já nos cenários de maior penetração da fonte, os impactos seriam maiores, principalmente se o desenvolvimento se estender para o Sul, onde o potencial da eólica offshore encontra-se, quase em sua totalidade, numa área marinha ecológica ou biologicamente significativa (EBSA). Fonte e Imagem: CNN Brasil
O MME (Ministério de Minas e Energia), em parceria com a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), reuniu diversos agentes e instituições do setor elétrico em um grande fórum, em São Paulo (SP), na última sexta-feira (12).
Com o tema “Justiça Tarifária e Liberdade do Consumidor”, o encontro buscou ouvir as associações sobre temas complexos, como a reestruturação do arcabouço regulatório do mercado de energia sem transferir mais custos para os consumidores brasileiros.
Em todos os pronunciamentos, os palestrantes defenderam a urgência de selar um pacto entre os agentes para corrigir distorções que encarecem a tarifa de energia.
Silveira afirmou que as soluções vêm sendo debatidas democraticamente há mais de um ano, com o objetivo de apresentar um projeto de lei ou uma medida provisória que promova a sustentabilidade do setor elétrico.
“O que eu venho pedir é que, ao invés dos lobbies serem individuais, sejam coletivos, em favor de buscarmos soluções que não apenas transfiram para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) o custo dos subsídios das fontes incentivadas e das políticas públicas”, completou o ministro de Minas e Energia.
Para o Deputado Federal Arnaldo Jardim, o setor não pode continuar resolvendo problemas isoladamente, mas deve buscar o equilíbrio entre mercado cativo e livre.
Mário Menel, presidente do FASE (Fórum das Associações do Setor Elétrico), disse que o setor precisa parar de “caminhar para o precipício“, interrompendo o ciclo de adicionar mais encargos na conta de energia.
O executivo destacou como exemplo o EER (Encargo de Energia de Reserva), que em 2030 chegará a R$ 47 bilhões por ano, superior à CDE.
De acordo com Paulo Pedrosa, presidente da ABRACE, o setor elétrico abriga interesses contrários aos consumidores e à sociedade, promovendo arbitragens que ampliam as distorções e estimulam uma corrida por novas oportunidades de alto retorno e baixo risco, resultando no aumento da tarifa para os consumidores e na piora do ambiente geral de negócios.
Para Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, o problema é que o discurso aponta para uma direção, mas na prática o setor está indo na contramão. Ele cita como exemplo o PL das eólicas offshore, que pode acrescentar mais R$ 25 bilhões por ano na conta do consumidor.
Em 2023, os subsídios representaram 13,21% da tarifa de energia, somando um total de R$ 40 bilhões. “Existe a necessidade de alocar de forma justa e correta os custos dos subsídios”, afirmou Marise Pereira, presidente da ABRAGEL.
Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica, disse que não dá mais para criar mecanismos de incentivos na tarifa do consumidor. “Precisamos voltar aos fundamentos e fazer um desenho de política pública que atenda aos desejos da sociedade.”
Para Rodrigo Sauaia, presidente da ABSOLAR, é muito importante que haja um pacto em prol do setor elétrico, desde que os acordos sejam cumpridos. Ele cita dois casos concretos em que os acordos não foramrespeitados.
A Lei 14.120/2021, que estipula o encerramento dos descontos da TUST e TUSD para usinas renováveis, previa uma contrapartida a ser implementada até 2022, que era a valoração e a incorporação dos atributos ambientais das fontes.
O executivo afirmou que esse tema nunca evoluiu, sendo esta era uma condição para que as fontes renováveis concordassem com a retirada gradual dos incentivos.
Outro caso é da Lei 14.300/22, que criou o marco da geração distribuída. De acordo com o representante da ABSOLAR, há descumprimentos em relação aos prazos das distribuidoras, cancelamento de pareceres de acesso e falta de relatórios técnicos que comprovem a inversão de fluxo.
Além disso, estavam previstas na Lei contrapartidas em relação ao acesso da GD ao REIDI e às debêntures de infraestrutura. “Estamos chegando a dois anos que o setor deveria ter acesso a essa redução tributária que faria muita diferença para viabilizar projetos, e o governo não implementou.”
“Fica difícil confiar que os próximos acordos serão cumpridos se os anteriores não foram. O que observamos hoje é que os acordos não estão sendo respeitados, nem para a geração centralizada, nem para a GD”, concluiu Sauaia. Fonte e Imagem: Canal Solar.
O MME (Ministério de Minas e Energia), em parceria com a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), reuniu diversos agentes e instituições do setor elétrico em um grande fórum, em São Paulo (SP), na última sexta-feira (12).
Com o tema “Justiça Tarifária e Liberdade do Consumidor”, o encontro buscou ouvir as associações sobre temas complexos, como a reestruturação do arcabouço regulatório do mercado de energia sem transferir mais custos para os consumidores brasileiros.
Em todos os pronunciamentos, os palestrantes defenderam a urgência de selar um pacto entre os agentes para corrigir distorções que encarecem a tarifa de energia.
Silveira afirmou que as soluções vêm sendo debatidas democraticamente há mais de um ano, com o objetivo de apresentar um projeto de lei ou uma medida provisória que promova a sustentabilidade do setor elétrico.
“O que eu venho pedir é que, ao invés dos lobbies serem individuais, sejam coletivos, em favor de buscarmos soluções que não apenas transfiram para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) o custo dos subsídios das fontes incentivadas e das políticas públicas”, completou o ministro de Minas e Energia.
Para o Deputado Federal Arnaldo Jardim, o setor não pode continuar resolvendo problemas isoladamente, mas deve buscar o equilíbrio entre mercado cativo e livre.
Mário Menel, presidente do FASE (Fórum das Associações do Setor Elétrico), disse que o setor precisa parar de “caminhar para o precipício“, interrompendo o ciclo de adicionar mais encargos na conta de energia.
O executivo destacou como exemplo o EER (Encargo de Energia de Reserva), que em 2030 chegará a R$ 47 bilhões por ano, superior à CDE.
De acordo com Paulo Pedrosa, presidente da ABRACE, o setor elétrico abriga interesses contrários aos consumidores e à sociedade, promovendo arbitragens que ampliam as distorções e estimulam uma corrida por novas oportunidades de alto retorno e baixo risco, resultando no aumento da tarifa para os consumidores e na piora do ambiente geral de negócios.
Para Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, o problema é que o discurso aponta para uma direção, mas na prática o setor está indo na contramão. Ele cita como exemplo o PL das eólicas offshore, que pode acrescentar mais R$ 25 bilhões por ano na conta do consumidor.
Em 2023, os subsídios representaram 13,21% da tarifa de energia, somando um total de R$ 40 bilhões. “Existe a necessidade de alocar de forma justa e correta os custos dos subsídios”, afirmou Marise Pereira, presidente da ABRAGEL.
Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica, disse que não dá mais para criar mecanismos de incentivos na tarifa do consumidor. “Precisamos voltar aos fundamentos e fazer um desenho de política pública que atenda aos desejos da sociedade.”
Para Rodrigo Sauaia, presidente da ABSOLAR, é muito importante que haja um pacto em prol do setor elétrico, desde que os acordos sejam cumpridos. Ele cita dois casos concretos em que os acordos não foramrespeitados.
A Lei 14.120/2021, que estipula o encerramento dos descontos da TUST e TUSD para usinas renováveis, previa uma contrapartida a ser implementada até 2022, que era a valoração e a incorporação dos atributos ambientais das fontes.
O executivo afirmou que esse tema nunca evoluiu, sendo esta era uma condição para que as fontes renováveis concordassem com a retirada gradual dos incentivos.
Outro caso é da Lei 14.300/22, que criou o marco da geração distribuída. De acordo com o representante da ABSOLAR, há descumprimentos em relação aos prazos das distribuidoras, cancelamento de pareceres de acesso e falta de relatórios técnicos que comprovem a inversão de fluxo.
Além disso, estavam previstas na Lei contrapartidas em relação ao acesso da GD ao REIDI e às debêntures de infraestrutura. “Estamos chegando a dois anos que o setor deveria ter acesso a essa redução tributária que faria muita diferença para viabilizar projetos, e o governo não implementou.”
“Fica difícil confiar que os próximos acordos serão cumpridos se os anteriores não foram. O que observamos hoje é que os acordos não estão sendo respeitados, nem para a geração centralizada, nem para a GD”, concluiu Sauaia. Fonte e Imagem: Canal Solar.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o valor da receita anual permitida (RAP) a ser paga para as transmissoras no ciclo 2024 e 2025, com uma redução de R$ 1,3 bilhão, para um montante total de R$ 47,4 bilhões.
A redução de 2,66% corresponde a um efeito médio estimado nas tarifas dos consumidores de -0,74%.
Durante a discussão, o diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, destacou que o sistema de transmissão brasileiro equivale ao de toda a Europa. Os subsídios custeados pela conta de luz no país, por sua vez, devem ultrapassar os R$ 40 bilhões neste ano.
“Há necessidade de uma grande discussão, porque um país pobre como o Brasil, que tem suas dimensões continentais, tem um sistema de transmissão equivalente ao de toda a Europa, mas tem uma carga de subsídios nessa exata proporção”, disse Feitosa.
As componentes da RAP:
Além das atualizações das receitas, o reajuste da RAP reflete as revisões periódicas de receitas das transmissoras aprovadas recentemente pela Aneel e novas parcelas de receita para reforços e melhorias. Também entram na conta as reduções de 50% da receita de alguns contratos a partir do 16º ano de operação.
A redução da tarifa neste ciclo reflete a combinação da redução de 3,25% nos itens financeiros, com o aumento de 0,98% nos itens econômicos, 0,28% no orçamento do ONS e -0,68% na previsão de obras.
As tarifas de transmissão são calculadas normalmente até o fim de junho, para que possam ser consideradas nos eventos tarifários a partir de julho de cada ano, quando se inicia o novo ciclo tarifário.
Como a conclusão do reajuste atrasou neste ciclo, a Aneel realizou os eventos tarifários das distribuidoras Enel São Paulo, Energisa Tocantins e Energisa Sul Sudeste considerando os valores do ciclo passado.
Segundo o voto do diretor Fernando Mosna, relator do processo, as tarifas correspondentes à transmissão serão substituídas nas resoluções homologatórias dos reajustes das três concessionária de distribuição. Fonte e Imagem: MegaWhat.
Geradores de fontes renováveis estão com dificuldades para aportar garantia de fiel cumprimento necessária para enquadramento na MP (Medida Provisória) 1.212/2024, que estende em 36 meses o prazo para projetos entrarem em operação com descontos no uso dos fios de transmissão e distribuição. Há pedidos de liminar na justiça em busca de mais tempo para o aporte, disseram fontes à Agência iNFRA.
O prazo indicado na MP para o aporte junto à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) se encerrou na última terça-feira (9), 90 dias após a edição da medida. Mesmo com o tempo esgotado, uma eventual liminar poderá retroagir, para que o agente consiga obter a garantia, explicou um especialista.
Prazos descasados:
Alguns agentes alegam na Justiça que o prazo previsto na MP ficou descasado com o prazo que o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) tem para divulgar a margem extraordinária de escoamento, em decorrência do “Dia do Perdão”. Isso poderia abrir novas oportunidades de conexão.
Mas os empreendimentos que estão na fila para obter parecer de acesso, só terão resposta do ONS no dia 13 de agosto. Até lá, não há segurança para que os bancos consigam liberar os valores das garantias.
Regulamentação:
Em outros casos, as instituições financeiras não querem realizar o aporte antes de ter uma regulamentação clara pela ANEEL. Os agentes prejudicados disseram que Portaria 79/2024, do MME (Ministério de Minas e Energia), diz que cabe à agência adequar as outorgas aos aspectos definidos na MP, “especialmente em relação à prorrogação do prazo para entrada em operação dos empreendimentos”.
Assim, a argumentação é de que a ANEEL precisa “firmar entendimento sobre a necessidade de concatenação ou não do prazo de implantação previsto no ato autorizativo dos empreendimentos que aderirem ao mecanismo de prorrogação estabelecido pela medida provisória”, dizem fontes. Alguns agentes alegaram que o eventual entendimento da agência pode afetar a decisão sobre a solicitação da prorrogação do prazo de operação comercial para obter desconto no fio.
Já outros bancos não concordaram em cobrir todo o período solicitado na MP, seis meses após a entrada em operação comercial da última unidade geradora do empreendimento, indicaram fontes.
Valores:
As regras preveem que o valor da garantia seja correspondente a 5% do valor estimado do empreendimento, em R$ por kW instalado. A Portaria 79/2024, do Ministério de Minas e Energia, indica os seguintes valores para as fontes, por kW instalado: biomassa de cana, R$ 3.500; biomassa de madeira, R$ 7.500; biogás, R$ 10.000; eólica, R$ 4.300; fotovoltaica, R$ 3.300; e PCH (Pequena Central Hidrelétrica), R$ 7.000.
A portaria ainda indica que as fontes que não estejam indicadas deverão utilizar o maior valor apresentado, R$ 10.000/kW instalado, como referência.
Execução da garantia: A medida provisória prevê que a ANEEL será a beneficiária com as garantias de fiel cumprimento, que poderão ser executadas nos seguintes casos: não início das obras no prazo previsto; não implantação do empreendimento no prazo previsto; descumprimento das condições previstas quanto à potência instalada, ou em caso de revogação da outorga de autorização.
“A garantia de fiel cumprimento poderá ser utilizada para cobrir penalidades aplicadas pela inobservância total ou parcial às obrigações previstas na outorga de autorização, assegurados os princípios do contraditório e da ampla defesa, mediante execução até o limite de seu valor, em qualquer modalidade, por determinação expressa da ANEEL”, diz o texto da MP
Adesão à MP:
A ANEEL divulgou que recebeu pedidos de 1.983 usinas interessadas no enquadramento na MP 1.212. Os projetos representam quase 85 GW (gigawatts) de potência. A agência não divulgou quantos agentes não aportaram a garantia no prazo. Fonte e Imagem: Agência iNFRA.
Participantes do encontro que reuniu o setor elétrico em São Paulo nesta sexta-feira (12) criticaram os chamados “jabutis” do projeto de lei que leva incentivos ao desenvolvimento de usinas eólicas offshore no Brasil. O termo diz respeito a medidas alheias ao tema principal da proposição incluídas no texto.
O encontro foi organizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e pelo Ministério de Minas e Energia. Representantes de associações setoriais e órgãos públicos relacionados estiveram presentes.
Presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata criticou as intervenções da Câmara dos Deputados no projeto de lei. “Deveriam ser retiradas todas as emendas incluídas pela Câmara. O texto saiu bom do Senado. O projeto deve ser aprovado limpo”, disse.
Um estudo da PSR divulgado pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) indicou os “jabutis” do PL geram custo de R$ 25 bilhões por ano até 2050 (totalizando R$ 658 bilhões).
Segundo as estimativas, a maior parte deste custo vem de trechos que preveêm contratação compulsória de térmicas a gás (R$ 155 bilhões) e de pequenas centrais hidroelétricas, (PCHs, R$ 140 bilhões) e postergação de prazos para geradoras de energias renováveis entrarem em operação com subsídios (R$ 113 bilhões).
O trecho que prevê a manutenção da operação de termoelétricas a carvão mineral foi alvo de crítica pelo deputado federal Danilo Forte (União-CE) na abertura do evento. Esta medida deve acarretar custo extra de R$ 92 bilhões até 2050.
Presidente Executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia participou de painel que debateu subsídios no setor elétrico e seu peso nas contas de luz.
O representante defendeu a revisão de políticas de incentivos, mas criticou especialmente aqueles voltados geração de energia por meio de combustíveis fósseis. “Contam com subsídios há muito mais tempo que as renováveis”, disse.
Em carta ao presidente Lula da Silva ao ministro do MME, Alexandre Silveira, associações que representam PCHs e Associação das Distribuidoras Estaduais de Gás Canalizado (Abegás) defenderam incentivos do PL aprovado pela Câmara.
No encerramento do evento, o ministro do MME, Alexandre Silveira, também questionou os R$ 25 bilhões anuais que os “jabutis” levariam às contas de luz dos brasileiros.
O número total de brasileiros com acesso à energia elétrica já ultrapassa a casa dos 200 milhões. Isso representa 99,8% dos lares do país. Dessa forma, o Brasil já atingiu o sétimo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que compõem a Agenda 2030 da ONU.
Referindo-se à aquisição de uma energia sustentável e eficiente, 90,2% é o percentual no mundo de pessoas com acesso a esse serviço básico, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).
Ainda de acordo com a AIE, o Brasil está à frente de grandes economias, como o México e a África do Sul. Na América do Sul, apenas o Chile e o Uruguai sustentam os mesmos percentuais.
91,3 milhões de unidades consumidoras – entre residências e comércios – têm acesso ao serviço básico. Há três décadas o número era de 38 milhões, um salto de 140%.
Essa universalização do acesso à energia elétrica no país é consequência de um longo trabalho de parceria entre as distribuidoras de energia elétrica e o poder público, afirma o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira.
Entre 2016 e 2022, de acordo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as concessionárias e permissionárias investiram R$ 126 bilhões no setor, dos quais 70% foram aplicados na expansão da rede. O restante dos recursos foi utilizado para renovação e melhoria do sistema.
Se for considerada somente a expansão, os investimentos saltaram de um patamar de R$ 9 bilhões em 2019 para R$ 19,6 bilhões em 2022, um expressivo aumento de 118%.
Além disso, o segmento de distribuição gera 200 mil empregos diretos no Brasil.
Hoje, a rede de distribuição do país chega a 4 milhões de quilômetros, o equivalente a cerca de 860 vezes a extensão da BR-116, a maior rodovia brasileira.
Importância da Abradee
Na visão de Madureira, é uma missão da Abradee levar energia elétrica para todas as famílias em um país com dimensões continentais como o Brasil.
“Isso significa garantir acesso à saúde, educação, alimentação de qualidade, lazer e bem-estar, além de industrialização, avanço tecnológico e geração de empregos, desde os grandes centros urbanos a localidades remotas e quase esquecidas”, reitera.
A Abradee presta serviços de apoio às associadas nas áreas técnica, comercial, econômico-financeira, jurídica e institucional. A entidade também é responsável pela articulação entre órgãos reguladores, Parlamento, imprensa e diversos agentes do setor elétrico.
Na prática, a corporação é responsável pela produção e edição de publicações técnicas; intercâmbio de conhecimento e informações com entidades nacionais e internacionais; relacionamento, articulação e mediação com stakeholders; promoção de espaços e canais para facilitar debate de melhores práticas no segmento.
Programas de energia elétrica:
O governo federal lançou um dos maiores programas de universalização de acesso à energia do mundo: o Luz Para Todos. O programa viabilizou a inclusão de mais de 3,6 milhões de residências na rede elétrica desde 2003.
No fim do ano passado, o Ministério de Minas e Energia aprovou um orçamento de R$ 2,5 bilhões para o programa, que beneficiará 500 mil famílias até 2026.
O Censo de 2010 revela, porém, que ainda existem 2 milhões de domicílios no país sem energia. Boa parte desses moradores, aproximadamente 1 milhão, vive na Amazônia Legal, responsável por 25% da geração elétrica que alimenta o país.
Dessa forma, para incluir os brasileiros que faltam no sistema, o governo criou, em 2020, o programa Mais Luz para a Amazônia, que tem como meta universalizar o acesso à energia na região até 2028.
Levando isso em consideração, as distribuidoras planejam investir entre 2024 e 2026 aproximadamente R$ 100 bilhões, dos quais R$ 60,7 bilhões serão destinados à expansão da rede elétrica.
Só nos últimos dois anos, as concessionárias investiram R$ 31 bilhões para tornar as redes mais resilientes. Inclusive, o valor representa o dobro da verba investida nos anos anteriores.
A escalada de subsídios tarifários na conta de energia, que nos últimos anos se intensificaram por meio de novas leis, decretos e principalmente “jabutis", tem potencial para provocar em breve uma crise financeira no setor elétrico.
A conclusão unânime ocorreu durante painel de evento do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (5), que reuniu especialistas respeitados do setor como Nivalde de Castro, do Gesel-URFJ, Guilherme Dantas, pesquisador sênior do Cebri, além de Ângela Gomes, da PSR, e Jerson Kelman, ex-diretor geral da Aneel e colunista da Brasil Energia (foto).
Para Nivalde, o primeiro efeito do que chama de sequência de subsídios, antes de possível crise de calote generalizado no setor, deve ser a judicialização. De acordo com o professor, isso deve ocorrer principalmente porque as distribuidoras tendem a pedir revisão extraordinária das tarifas para cobrir os investimentos que elas estão fazendo para atender a entrada intensiva de geração distribuída nas suas redes.
“Elas vão dizer que esse ‘caminhão’ de GD que está entrando não vai conseguir esperar três ou quatro anos (para a revisão). E aí vão entrar na Justiça para pedir uma revisão extraordinária. E isso vai começar a ser um efeito em cadeia”, disse.
Na mesma linha, Guilherme Dantas, do Cebri, citou o exemplo dadistribuidora mineira, a Cemig, que no atual ciclo tarifário precisará construir 30 subestações para atender a entrada de geração distribuída no norte de Minas Gerais, contra uma média histórica de 4 a 5 subestações por ciclo.
“Estamos falando de cinco a seis vezes o investimento da empresa para dar atendimento ao GD do norte do estado. Isso significa R$ 1 bilhão só em obras. E quem vai pagar a conta vai ser o ACR”, apontou Dantas.
Bolha: Já Jerson Kelman, em uma de suas intervenções no debate, fez referência a seu artigo publicado na Brasil Energia em janeiro deste ano, com o título “Bolhas explodem”, no qual compara o momento do setor elétrico brasileiro com a situação vivida nos Estados Unidos pré- estouro da bolha imobiliária.
“O que aconteceu lá é parecido com o que acontece aqui no setor elétrico. Grupos específicos, sabendo que estão caminhando em direção ao precipício, continuam caminhando porque estão se beneficiando”, disse, se referindo aos vários subsídios incluídos em leis com o protagonismo atual do Poder Legislativo, o qual, no artigo publicado na Brasil Energia, Kelman definiu como contraproducente e responsável pelo crescimento da bolha do setor.
Para ele, porém, há ainda a necessidade de se manter um tipo de benefício. "O subsídio para a baixa renda é o único que eu defendo e inclusive a sua ampliação. Mas, no caso da solar e eólica, por exemplo, nós sabemos o que aconteceu. O custo caiu exponencialmente, tendendo a zero. E, portanto, há muito tempo o subsídio não é mais necessário”, completou.
Na defesa dos benefícios para consumidores de baixa renda, aliás, Kelman citou artigo escrito com Angela Gomes, da PSR, no qual ha cálculo que mostra ser o subsídio por família com geração distribuída 14 vezes superior ao concedido por família da baixa renda.
Novas ameaças
Bom lembrar que as mais recentes ameaças de novos subsídios são o PL das eólicas offshore (11.247/2018), cujos jabutis, segundo estudo da PSR, têm potencial para causar impacto direto nos custos para os consumidores de R$ 25 bilhões por ano até 2050 (11% a mais na tarifa), o equivalente a R$ 658 bilhões, e o PL 624/2023, que dispõe sobre o financiamento e a instalação de sistema de energia fotovoltaica para consumidores de baixa renda beneficiários da tarifa social e cujo impacto, de acordo com a Abradee, deve superar os 2% sobre as tarifas.
Fonte e Imagem: Brasil Energia
A Energia Natural Afluente (ENA) no Sistema Interligado Nacional (SIN) de julho deve estar entre 54% e 64% da média histórica para o mês, segundo os cenários inferior e superior apresentados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ontem, 3 de julho, ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Estes montantes representam o pior e o 3º pior da média histórica de 94 anos. Todos os subsistemas podem ficar abaixo da média, com exceção do Sul.
Pelas previsões, em julho, as chuvas nos reservatórios das hidrelétricas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste serão equivalentes a 51% a 53% da média de longo termo (MLT); no subsistema Nordeste, a ENA será de 42% da MLT tanto no cenário superior quanto no cenário inferior; no subsistema Norte, a ENA deve ficar entre 53% e 55%; e no subsistema Sul a previsão de ENA é de 66% e 102% da MLT. As perspectivas não devem melhorar nos próximos meses, já que a previsão de chuvas até o final do ano é cerca de 50% abaixo da média histórica.
No final de julho, a energia armazenada no SIN deve estar entre 65,1% e 65,2% da energia armazenada máxima (EARmáx), considerando os cenários inferior e superior do CMSE. No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, a expectativa é de 62,7% tanto no cenário uperior quanto no cenário inferior; o subsistema Sul deve ter entre 77,5% e 78,2% da EARmáx; no subsistema Nordeste, a previsão é entre 63,2% e 63,3% da EARmáx, e no Norte deve haver 90,7% da EARmáx nos cenários mais e menos favorável.
Hidrologia de junho: Ao final de junho, foram verificados armazenamentos equivalentes a cerca de 68% na região Sudeste/Centro-Oeste, 88% no Sul, 69% no Nordeste e 91% no Norte. Para o SIN, o armazenamento foi de aproximadamente 71%. Apenas as bacias dos rios Jacuí, Taquari-Antas, e Uruguai tiveram precipitações superiores à média histórica.
Em junho, a ENA ficou abaixo da média histórica nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste (56% da MLT), Nordeste (41% da MLT) e Norte (51% da MLT). O subsistema Sul foi o único a apresentar condições superiores à média histórica, com cerca de 153% da MLT.
Expansão da geração e transmissão: Em junho, expansão verificada da capacidade instalada de geração centralizada foi de 790 MW. Houve aumento de 581 quilômetros em linhas de transmissão e de 1.875 MVA em capacidade de transformação.
O CMSE se reuniu nesta quarta-feira, 3 de julho. “Estamos trabalhando em busca de soluções criativas e possíveis para aumentar a disponibilização dos nossos recursos, como fizemos ao reduzir a vazão das hidrelétricas de Jupiá e Porto Primavera, conservando os reservatórios durante este período seco e evitando o despacho das térmicas” declarou em nota o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Na última reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, as condições hidrometeorológicas para o mês de julho, indicam no cenário inferior, uma ENA abaixo da média histórica para todos os subsistemas. Nesse cenário, para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sul, a previsão é de 51%, 42%, 53% e 66% da MLT, respectivamente. Para o SIN, o estudo aponta condições de afluência prevista de 54% da MLT, sendo o menor valor para o mês de um histórico de 94 anos.
No cenário superior, ainda em julho, as condições previstas para os subsistemas Sudeste/CentroOeste, Nordeste, Norte e Sul são de 53%, 42%, 55% e 102% da MLT, respectivamente. Em relação ao SIN, os resultados dos estudos de vazão indicam condições de afluência prevista de 64% da MLT, sendo o terceiro menor valor para um histórico de 94 anos.
Em junho, a energia armazenada verificada chegou a 68%, 88%, 69% e 91% nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente. Para o SIN, o armazenamento foi de aproximadamente 71%. Para julho, o cenário inferior traz expectativa de 62,7%, 77,5%, 63,2% e 90,7% da EARmáx nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente. No cenário mais favorável, há uma previsão de 62,7%, 78,2%, 63,3% e 90,7% da EARmáx, considerando a mesma ordem. Para o SIN, os resultados para o último dia do mês devem ser de 65,1% da EARmáx, para o cenário inferior, e de 65,2% para o cenário superior.
Na expansão do sistema em junho, foram 790 MW de capacidade instalada de geração centralizada, de 581 km de linhas de transmissão e 1.875 MVA de capacidade de transformação. No ano de 2024, são 5.570 MW de capacidade instalada, 1.787,4 km de linhas de transmissão e 6.930 MVA de capacidade de transformação.
O ministro Alexandre Silveira reforçou durante a reunião a importância do trabalho e do planejamento do setor para encontrar medidas para aumentar a oferta de recursos para suprir a crescente necessidade de geração. O objetivo é garantir a segurança energética e a modicidade tarifária.
De acordo com ele, o governo está trabalhando em busca de soluções criativas e possíveis para aumentar a disponibilização dos recursos, como foi feito ao reduzir a vazão das UHEs de Jupiá e Porto Primavera, no Rio Paraná, de maneira a conservar os reservatórios durante o período seco e evitando o despacho das térmicas.
Silveira também destacou o avanço em várias obras no país e na modernização do parque elétrico, buscando sempre o equilíbrio entre modicidade tarifária e segurança energética. Segundo o ministro, a ação, deliberada no CMSE de abril, garantiu cerca de 7% adicionais nos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste, evitando despacho termelétrico e garantindo segurança energética.
Fonte e Imagem: CanalEnergia
Com a transição energética e as projeções investimentos de até R$ 1 trilhão no setor de energia, autoridades presentes no Café da Manhã do Fórum do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (FMASE) afirmaram que um processo de licenciamento ambiental mais rápido e com normas mais claras vai facilitar avanços com a agenda de transição energética. O evento, que marca os 20 anos do Fórum, foi realizado na manhã desta quarta-feira (3), em Brasília.
O presidente do FMASE, Marcelo Moraes, chamou atenção para o potencial nacional em energia renovável, afirmando que o setor elétrico é “a grande mola impulsionadora do desenvolvimento do Brasil nos próximos anos”. Para isso, o país precisa dar mais segurança e garantias aos investidores. “Defendemos um licenciamento ambiental que não perca sua qualidade jamais, mas que tenha celeridade nos processos”, disse.
No painel dedicado ao debate no Congresso Nacional, o senador Confúcio Moura (MDB/RO), relator do PL 2159/2021 na Comissão de Meio Ambiente, considera necessário aprovar o texto para unificar o conjunto de normas ambientais. Ele lembrou de um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mostra 27 mil legislações sobre o tema em todo o país, o que pode ser uma dificuldade para novos empreendimentos. “O investidor precisa de segurança para fazer seu investimento. Precisa de objetividade, de desburocratização”.
Para o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), é positivo o empenho do governo em alcançar consenso no Projeto de Lei para priorizar a transição energética. Ele observou que a transição deve ser vista com uma abordagem estratégica e geral, integrada a outras frentes que poderão ser beneficiadas. O licenciamento ambiental, como etapa necessária para novos empreendimentos, precisa ser mais eficiente. “A coisa que mais compromete o licenciamento é quando as exigências não são objetivas”, completou.
A busca por consensos: No segundo painel, que trouxe a visão do executivo, os expositores observaram a dificuldade no diálogo entre empreendedores e entidades defensoras de causas socioambientais. O gerente Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, David Bomtempo, trouxe à tona um levantamento da Confederação que mostra 95% dos empreendedores favoráveis ao licenciamento ambiental, mas ponderou: “da forma como vem sendo feito hoje, prejudica os investidores”.
Nesse sentido, Rafaela Camaraense, da ABEMA, ressaltou que não se pode perder a esperança de encontrar pontos de convergência. “Muitas pessoas sempre trataram a preservação do meio ambiente como antagônica ao desenvolvimento econômico. Mas não vemos dessa forma”, disse, destacando a complexidade dos estudos para permitir novos empreendimentos.
Os consensos também apareceram na fala da diretora presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Verônica Sánchez, que falou sobre a manutenção dos reservatórios das hidrelétricas não só para a produção de energia, mas com atenção a todos os usos da água ali armazenada.
O bonde da transição energética: Por parte do Ministério de Minas e Energia, a subsecretária de Sustentabilidade, Maria Ceicilene Aragão, mencionou os leilões de transmissão de energia e o empenho para licenciar parques eólicos no Nordeste como demonstrações do trabalho da pasta para o desenvolvimento sustentável do país. “A transição energética é uma realidade. Nossas fontes renováveis estão aí e têm que ser aproveitadas. Mas nós precisamos saber como fazer”, observou.
Marcelo Moraes reforçou o movimento pela diversificação da matriz, com participação importante das hidrelétricas para a transição energética. “A gente não pode perder o bonde da história. Fiquei muito triste quando perdemos a nossa capacidade de fazer grandes reservatórios. E ficarei muito triste se nós perdermos a chance de aproveitar o momento da transição energética”.
Fonte e Imagem: O Setor Elétrico.
A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados promove nesta quinta-feira (4) uma audiência pública para discutir a estrutura do leilão de reserva de capacidade na modalidade potência.
A audiência foi solicitada pelo deputado Hugo Leal (PSD-RJ) e será realizada a partir das 9 horas, no plenário 14.
O Ministério de Minas e Energia está estudando os termos do futuro leilão de reserva de capacidade na modalidade potência. Esse processo busca garantir capacidade elétrica disponível para atender demanda futura. Na modalidade potência, os participantes competem para oferecer capacidade de geração de energia em um determinado período futuro.
"O Brasil possui histórico de sustentar sua demanda energética através da geração hidráulica com grandes sistemas de armazenamento hídrico, para comportar períodos de estiagem e garantir segurança energética ao longo de todo o ano", afirma Hugo Leal.
Nos últimos dez anos, continua o deputado, tem-se observado "um grande florescimento da geração distribuída, especialmente de fonte solar, e a representação cada vez maior da participação da geração eólica na geração energética em nível nacional".
Hugo Leal afirma que o cenário em evolução precisa ser discutido tanto do ponto de vista tecnológico quanto do ponto de vista regulatório.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Entidades do setor elétrico e industrial afirmaram nesta terça-feira (2), na Câmara dos Deputados, que o projeto de lei (PL) que institui uma taxação sobre os geradores de energia eólica e solar vai reduzir o ritmo de investimentos na produção de energia renovável no país, que vem em um ciclo de alta. Também vai penalizar os consumidores, já que o custo da “taxa” será repassado à conta de luz.
O PL 3864/23, do deputado Bacelar (PV-BA), estabelece uma compensação financeira, destinada aos estados e municípios, sobre a energia eólica e solar gerada em seus territórios. A compensação será de 7% do valor da energia produzida pelas usinas. A geração eólica e solar responde por quase um terço da capacidade instalada de produção de energia elétrica do Brasil.
A proposta foi alvo de debate na Comissão de Minas e Energia. “Novas taxações vão sem dúvida nenhuma onerar o consumidor”, disse o diretor de novos negócios da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Marcello Cabral. Ele e outros convidados pediram que a análise do projeto seja postergada pela comissão.
O presidente do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase), Marcelo Moraes, afirmou que o projeto “não se encaixa nesse momento”. “O mundo está vivendo uma transição energética, está buscando lugares para se instalar com energia limpa e renovável. E o Brasil, nessa corrida global, se coloca numa posição muito favorável”, disse.
Impacto
O gerente de Energia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Roberto Wagner Pereira, afirmou aos deputados que, em um cálculo preliminar, o projeto vai elevar em R$ 870 milhões por ano os encargos do setor elétrico repassados aos consumidores. O número pode chegar a R$ 1,39 bilhão se a geração distribuída for incluída na nova taxação, já que o projeto, segundo Pereira, não é claro quanto a isso.
Também presente ao debate, o diretor técnico e regulatório da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Carlos Dornellas, apresentou um parecer jurídico que contesta a constitucionalidade do PL 3864/23.
Segundo ele, a exploração do potencial solar não se enquadra no rol de bens da União que permitem a cobrança de compensação financeira, como os recursos hídricos e minerais. “Não há que se falar, nesse momento, em cobrança de ‘royalties’ sobre um bem que não está arrolado como bem da União”, completou.
Esse, aliás, é um dos argumentos usados pelo relator do projeto, deputado Gabriel Nunes (PSD-BA), que pediu a rejeição da proposta. O parecer aguarda votação na comissão.
A deputada Silvia Waiãpi (PL-AP), que solicitou a audiência pública, reconheceu que o projeto pode penalizar os consumidores brasileiros. “Entendo essa perspectiva. Agora vou sentar com o relator e conversar a partir de todo o material apresentado”, disse a deputada.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
O senador Confúcio Moura (MDB-TO) defendeu um acordo mediado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como única saída para superar o impasse na tramitação do Projeto de Lei 2.159, que estabelece as normas gerais do licenciamento ambiental. Moura, que é relator do PL na Comissão de Meio Ambiente, afirma que há nove pontos de divergência entre sua proposta e a da senadora Teresa Cristina, relatora da matéria na Comissão de Agricultura.
“Tenho conversado bastante, mas a senadora Teresa prefere manter a íntegra do projeto que veio da Câmara e atende em mais de 90% as expectativas do empresariado brasileiro,” disse o senador nesta quarta-feira, 3 de julho, durante evento do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico. Presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Confúcio Moura, disse que está disposto a fazer adequações onde não há consenso.
O PL do licenciamento ambiental tramita há 21 anos no Congresso Nacional. Ele foi aprovado na Câmara dos Deputados e chegou ao Senado em 2021, onde não conseguiu avançar nas duas comissões, sob a relatoria da então senadora Kátia Abreu. Foi redistribuído após dois anos aos novos relatores pelo presidente da casa, que decidiu enviar o projeto simultaneamente para as comissões de Meio Ambiente e de Agricultura, criando o imbróglio.
Para o relator, o impasse tem que ser resolvido antes da aprovação dos relatórios nas comissões, para evitar o envio de propostas divergentes ao plenário do senado. Ele prevê, neste caso, a a apresentação de muitos destaques, tornando quase impossível votar a proposta.
Moura destacou que os investidores tem pressa e precisam de uma lei facilitadora do processo de licenciamento ambiental. “O setor produtivo brasileiro está muito ansioso e com muita expectativa, porque todos vocês estão sujeitos a uma malha de 27 mil legislações.”
Fonte e Imagem: CanalEnergia com FMASE
O conselho de administração da Companhia Paranaense de Energia (Copel) elegeu Felipe Gutterres, como diretor de finanças e de relações com investidores da companhia, e André Luiz Gomes da Silva, como diretor de regulação e mercado.
Gutterres substitui Adriano Rudek de Moura, que ocupava o cargo desde maio de 2017, contribuindo significativamente para o crescimento e fortalecimento da Copel, diz a empresa. Os recrutamentos foram realizados a partir de processo seletivo conduzido por consultorias especializadas, sob o acompanhamento do comitê de gente, afirma.
Gutterres é formado em ciências econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem histórico em grandes empresas nos segmentos de infraestrutura, logística, óleo e gás e tecnologia como Wilson Sons, Sistac, Shell e a Fintech Arara.io.
Gomes, por sua vez, é graduado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Engenharia de Itajubá (Unifei) e eu último cargo exercido foi de Presidente da CPFL Transmissão, tendo exercido atuado em cargos de liderança em órgãos e empresas como AES Brasil e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A geração distribuída de energia elétrica é uma modalidade na qual a produção de eletricidade ocorre em pequenos empreendimentos próximos aos respectivos pontos de consumo, ao invés de ser produzida centralizadamente em grandes usinas e escoada pelas redes de transmissão.
Os conceitos de microgeração e minigeração distribuída (MMGD) foram formalmente introduzidos no Brasil pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio da resolução normativa nº 482/2012. Esta resolução estabeleceu as bases regulatórias para permitir que consumidores instalassem sistemas de geração própria conectados às redes de distribuição e compensassem a energia produzida com aquela que lhes fosse suprida pela rede, por meio de um sistema de compensação de energia conhecido como net metering.
Apesar disso, foi a resolução normativa nº 687/2015, uma versão revisada da regra anterior, e suas atualizações subsequentes, que, juntamente com uma decisiva redução dos custos associados (particularmente no caso da energia fotovoltaica), conseguiram promover o crescimento sustentável da MMGD.
Foram mudanças significativas, como o aumento do limite de potência instalada – até 75 quilowatts (kW) para microgeração e a partir de 75 kW até 5 megawatts (MW) para minigeração –, a inclusão de novas modalidades de MMGD (por exemplo: geração compartilhada, autoconsumo remoto e múltiplas unidades consumidoras), a criação de créditos de energia (mecanismo que permite que o excedente gerado seja injetado na rede e compensado na conta de energia do consumidor em forma de créditos, que podem ser utilizados para abater o consumo nos meses subsequentes) e simplificação dos procedimentos para conexão à rede. Desde então, o crescimento da MMGD tem ocorrido de forma exponencial no Brasil, alcançando mais de 26 gigawatts (GW) no fim de 2023.
Finalmente, em 2022, foi promulgada a Lei nº 14.300, que consolidou a regulamentação da geração distribuída, estabelecendo um marco legal que proporciona maior segurança jurídica e previsibilidade para investidores e consumidores. Um ponto relevante da lei foi estabelecer prazos e condições para a transição dos sistemas existentes para o novo marco regulatório. Em resumo, este novo arcabouço regulatório estabelece, para os sistemas de MMGD, um modelo de tarifação para a energia excedente que seja injetada na rede.
O desenvolvimento da MMGD no Brasil é um exemplo de como a geração distribuída vai revolucionar a integração e a relação dos consumidores com o sistema elétrico. O próximo passo dessa agenda será calcular os custos e benefícios da MMGD para o sistema brasileiro, de acordo com as diretrizes indicadas pelo governo brasileiro, no âmbito do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão de assessoramento do presidente da República para formulação de políticas relacionadas aos recursos energéticos do país.
Porta Exame.
O consumo de energia elétrica no Brasil aumentou 8% em maio em relação a igual mês de 2023, para 70.207 megawatts médios, com impulso das altas temperaturas no país apesar de uma perda relevante de consumo registrada no Rio Grande do Sul devido ao desastre climático, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A demanda por energia cresceu principalmente no mercado regulado, atendido pelas distribuidoras, com avanço de 12,3% na comparação anual. As altas temperaturas tendem a ter mais influência sobre o consumo nesse segmento, em função do maior acionamento de equipamentos como ar condicionado em residências, por exemplo.
Já no ambiente de contratação livre, no qual as grandes indústrias e empresas consomem energia, houve aumento de 1,8% do consumo em maio frente a igual período de 2023.
Os dados da CCEE mostram ainda que houve uma queda de 2,6% do consumo de energia no Rio Grande do Sul, que sofreu com graves enchentes no início de maio, em evento que destruiu casas, danificou infraestruturas e deixou milhões de pessoas desabrigadas.
Na maioria dos Estados, porém, o consumo avançou em maio, diferentemente do que costuma ocorrer nessa época do ano, quando já se registram frentes frias, pontuou a CCEE. Os destaque de consumo no mês foram Mato Grosso do Sul (13,3%), Paraná (10,7%), São Paulo (10,3%) e Amazonas (8,9%).
Do lado da geração, as hidrelétricas produziram 2,2% mais energia no comparativo anual, enquanto a geração das eólicas aumentou 26%, e das usinas solares, 50%.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
A Agência EPBR informa que o marco das eólicas offshore, projeto de lei (PL) 576/2021, está emperrado no Senado Federal, sob relatoria de Weverton Rocha (PDT/MA), à espera de uma definição do governo Lula (PT) sobre a permanência ou não das emendas inseridas durante a tramitação do projeto na Câmara. O relator foi o deputado Zé Vitor (PL/MG).
A reportagem explica que entre as emendas estão a prorrogação de usinas a carvão, demanda de interesse dos parlamentares da região Sul, e a contratação compulsória de térmicas a gás e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
O texto passou com votos da base governista na Câmara. Modificou a lei de privatização da Eletrobras, com a substituição de parte da contratação obrigatória de térmicas pelas pequenas centrais hidrelétricas. Alterou, ainda, as diretrizes para os preços do gás natural, numa tentativa de viabilizar as usinas em regiões sem acesso ao gás natural.
Ainda de acordo com a reportagem, em decorrência do impasse, empresas nacionais e internacionais que pretendem investir no setor de eólicas offshore já começaram a rever seus cronogramas. E, sob pretexto de corte de gastos, começam a desmobilizar equipes.
É o caso da Corio, braço do fundo de investimento Green Investment Group (GIG), da australiana Macquarie. Segundo Ricardo de Luca, diretor da empresa no Brasil, sem uma definição no país, já foi preciso demitir equipes voltadas ao desenvolvimento dos projetos de eólicas offshore.
O embate entre Aegea e Equatorial para levar a Sabesp
A Aegea e a Equatorial entraram na reta final de preparação para a privatização da Sabesp, a principal transação do ano para o mercado de capitais brasileiro. O prazo máximo para a entrega de propostas é nesta quarta-feira (26/6), mas ainda não está certo que haverá competição entre os grupos, informa o Valor Econômico.
A posição de acionista de referência levará a um desembolso de cerca de R$ 7 bilhões — de um total de mais de R$ 15 bilhões que vai movimentar a oferta.
De acordo com a reportagem, do lado da Aegea, alguns problemas podem afetar a proposta do grupo, algo que traz um novo adicional de incerteza para a operação, que será concluída em julho. Um deles é a nova regra de concorrência adicionada pelo governo, o “right to match”, que na visão de fontes do Valor beneficia a Equatorial e pode tornar mais difícil a disputa para a Aegea.
Além disso, o principal empecilho tem sido a ‘poison pill’, regra criada para impedir que um sócio se torne majoritário por meio de uma oferta hostil. Ainda segundo fontes ouvidas pela reportagem, a companhia passa por negociações internas para viabilizar sua oferta.
Cobra e CMU Energia fecham acordo com grupo Mateus para fornecimento de energia solar via autoprodução
O Grupo Mateus, a comercializadora CMU Energia e o grupo espanhol de energia Cobra firmaram acordo para fornecimento de energia renovável para atender a 70 das 262 lojas da empresa varejista. O Grupo Mateus tem lojas de supermercados no atacado e no varejo, além de estabelecimentos voltados para venda de móveis e eletrodomésticos localizados em nove estados.
O modelo utilizado é o da chamada autoprodução por equiparação, no qual o consumidor atua como sócio do empreendimento que vai fornecer a eletricidade.
Segundo a CMU Energia, foram arrendadas duas outorgas do complexo solar Belmonte, de 455 megawatts (MW) de capacidade instalada, que foi desenvolvido e é operado pelo grupo Cobra em São José de Belmonte, em Pernambuco. As informações foram publicadas pelo Valor Econômico.
Auren anuncia retorno de João Schmidt à presidência do conselho de administração
A Auren informou, ontem (25/6), o retorno de João Henrique Batista de Souza Schmidt como presidente do conselho de administração, após a renúncia de Mateus Gomes Ferreira do cargo de membro e presidente do colegiado.
A posse ocorrerá em 1º de julho, no último dia de Ferreira como presidente. A partir dessa data, ele assumirá as posições de vice-presidente de finanças e diretor estatutário de relações com investidores. (Valor Econômico).
Projetos de geração de 85 GW no Brasil buscam descontos em tarifas de transmissão
A plataforma de inteligência de negócios BNamericas informa que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recebeu solicitações de 1.983 usinas de geração de energia elétrica, totalizando 85,4 GW de capacidade instalada, para serem incluídas em uma medida provisória que concede descontos nas tarifas de uso do sistema de transmissão ou distribuição.
A medida envolve uma prorrogação de 36 meses do prazo para que esses projetos iniciem a operação comercial de todas as suas unidades geradoras com os benefícios.
As usinas de energia solar respondem pela maior parte das solicitações, com um total de 65,7 GW, seguidas pelos parques eólicos com 19 GW. As 12 usinas termelétricas e duas PCHs juntas totalizam 654 MW.
Das solicitações recebidas, 57 se referem a projetos ainda em análise pela área técnica da Aneel, enquanto o restante já recebeu as autorizações necessárias.
A medida exige que as partes interessadas assinem um termo de adesão, forneçam uma garantia de 5% do valor estimado do projeto e que as obras comecem dentro de 18 meses da publicação da medida em 10 de abril.
Multinacionais pedem que Japão triplique energia renovável até 2035
Um coletivo de mais de 430 multinacionais, 87 delas japonesas como Sony e Panasonic, pediu ontem (25/6) que o Japão triplique até 2035 sua capacidade instalada de energia renovável.
“Ao aumentar sua capacidade nas renováveis, o Japão poderia incrementar significativamente sua segurança energética, preservar sua competitividade internacional” e estimular o investimento privado em mais projetos de energia alternativa, indicaram as empresas em comunicado.
O governo japonês deve publicar em setembro seu sétimo plano estratégico sobre energia, que revisa a cada três anos. Segundo o coletivo de empresas chamado RE100, o Japão deve incluir no plano a meta de elevar sua capacidade instalada de energia renovável de 121 gigawatts em 2022 para 363 gigawatts até 2035. (Folha de S. Paulo – conteúdo da Agência France Presse)
PANORAMA DA MÍDIA
O Estado de S. Paulo: As empresas que discutem a revisão dos acordos de leniência firmados na Operação Lava Jato aceitaram a proposta do governo de usar até 50% do prejuízo fiscal para abater o restante das dívidas com a União, mas izeram ressalvas que serão analisadas pela Controladoria-Geral da União (CGU). O uso de metade do prejuízo fiscal é calculado com base no saldo restante das multas.
Valor Econômico: A receita de supermercados, farmácias e atacarejos cresceu mais no começo de junho do que a quantidade vendida no país no período. Esse descolamento entre o valor vendido e o volume comercializado reflete a alta de preços. Enquanto o volume em unidades subiu 10,8%, a receita acelerou 14,4%, segundo o levantamento “NIQ Total Store”, da NielsenIQ, feito semanalmente em 1 milhão de pontos de vendas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou ontem (25/6) maioria para descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal. A notícia é o principal destaque da edição desta quarta-feira (26/6) dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo.
Fonte e Imagem: MegaWhat
A capacidade instalada na modalidade de geração distribuída poderá ver um incremento que pode variar entre 16,9 GW a até 40 GW em apenas 10 anos. Essa é a projeção para a expansão de acordo com o caderno de MMGD e Baterias do Plano Decenal de Expansão (PDE) 2034, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética. Esses valores referem-se aos cenários inferior e superior, respectivamente tomando como base o volume de pouco mais de 30 GW deste ano.
Ou seja, se o cenário superior se confirmar, representará um crescimento de 135% na comparação com o que se tem atualmente no país. Já para o cenário de referência, o volume projetado para daqui a uma década é de 58,8 GW, alta de quase 100% ante o observado pelo planejador atualmente. O segmento que deve liderar a expansão é o residencial no cenário de referência.
Os investimentos estimados pela EPE ficam no intervalo de R$ 70,4 bilhões no cenário inferior a até R$ 162 bilhões no superior. O de referência pode representar mais de R$ 115 bilhões em aportes, segundo o caderno. A maioria desses volumes está relacionada à solar fotovoltaica.
Para calcular esses valores, a EPE estabeleceu que no cenário de referência considera somente a cobrança de 100% TUSD Distribuição a partir de 2029. Isso implica que cerca de 50% dos custos (Encargos, Transmissão, Perdas e Outros) serão descontados através dos benefícios. Já o superior simula uma compensação a partir de 2029 igual a TE Energia + 100% dos custos, o que significaria a compensação original de 1 para 1. Agora, o inferior é o resultado da simulação de uma compensação a partir de 2029 somente da parcela TE Energia.
A EPE destaca no caderno que apesar de existir desde 2021 a Lei 14.300, que estabeleceu o marco regulatório do segmento, há incertezas sobre a GD. Essa reside nas diretrizes para valoração dos custos e benefícios da MMGD terem sido estabelecidas por meio da Resolução CNPE n° 2/2024.
“Ainda há incertezas relacionadas com a remuneração da energia injetada na rede a partir de 2029, decorrentes da metodologia de cálculo de benefícios da MMGD para o setor elétrico. Essa indefinição decorre do fato que a Aneel deverá definir essa metodologia, contando com a necessária participação pública, observando as diretrizes constantes na Resolução CNPE n° 2/2024”. E aponta que “mesmo afetando a remuneração somente a partir de 2029, sua definição deve influenciar os investimentos ao longo da década pois afeta o fluxo de caixa desses empreendimentos”.
Armazenamento
Já sobre esse dispositivo, a EPE traz um contexto que ainda está intimamente atrelado ao custo da bateria. No cenário internacional aponta que o custo estava em US$ 139/kWh para packs de baterias em 2023. No entanto, esse preço é verificado especialmente em veículos elétricos, e não inclui ainstalação, equipamentos adicionais, margens de venda, etc., necessários em sistemas estacionários. Além disso, o lítio, apesar de queda recente de preços está em um nível ainda acima do verificado em 2020.
No Brasil, a EPE adotou um custo de referência de R$ 4.000/kWh para um sistema turn-key comercial ou residencial, com base no estudo da Greener e Newcharge (2021). No entanto, esse valor pode variar de acordo com o fornecedor, com a escala e configuração do empreendimento.
Destaca ainda que para 2034 o preço estimado das baterias poderá ser 30% menor no capex para os dispositivos de íon-lítio de grande porte na comparação com os valores atuais. Aplicandoa curva de redução desse estudo, estimou um preço final nacional na faixa de R$ 2.800/kWh em 2034. Mas realça que uma desoneração de alguns tributos nacionais poderia levar a preços ainda menores nos próximos dez anos.
No contexto nacional, aponta a EPE, com exceção de aplicações em sistemas remotos, ainda há pouca difusão de baterias para uso junto às unidades consumidoras. Em sua avaliação, a regulação da MMGD no Brasil não favorece o armazenamento da geração.
No caderno são apresentados 3 estudos de caso. Um é a gestão do consumo com Tarifa Branca. Nesse caso, com o preço de R$ 4.000/kWh, a aplicação é inviável economicamente para todos os consumidores simulados e em todas as distribuidoras. Já com o preço de R$ 2.000/kWh, em algumas (pequenas) distribuidoras há viabilidade, pois o VPL é positivo.
O segundo estudo avaliou a gestão de consumo com Tarifa A4-Verde. Nesse diz, a EPE, “analisando exclusivamente a opção de baterias para o atendimento do horário de ponta, enxerga-se viabilidade econômica no horizonte decenal para consumidores com alto fator de carga na ponta.”. E acrescenta que a solução a diesel continua competitiva para a maioria dos consumidores dado o preço atual das baterias. No entanto, consumidores com alto FCp ou com necessidades especificas (elétricas, ambientais, logísticas) podem encontrar a viabilidade no investimento em baterias.
A terceira aplicação é para o aumento do autoconsumo da micro GD. Aqui a EPE diz que o estudo indica que a aplicação exclusiva de baterias para o aumento do autoconsumo da micro GD tem baixa viabilidade econômica no horizonte decenal. No entanto, nichos de mercado podem surgir, com foco no uso de baterias para usos complementares, como o aumento da resiliência à blecautes.
Fonte e Imagem: CanalEnergia.
Gentil seria a indicação pessoal do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para substituir Hélvio Guerra, cujo mandato terminou em 24 de maio.
No entanto, Silveira foi chamado pelo presidente do Senado e seu padrinho político, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em seu gabinete para comunicar o veto. A reunião ocorreu há algumas semanas. Estava presente no encontro o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que reafirmou o veto ao nome escolhido por Silveira sem consultá-los, asseguraram as fontes que acompanharam todos os movimentos.
Segundo as fontes, Pacheco e Alcolumbre informaram a Silveira que a indicação para a ANEEL partirá dos senadores e não do ministro. Procurado, o Ministério de Minas e Energia afirmou “que a informação não procede”, sem maiores explicações.
Cotados
Desde maio, o nome de Gentil Nogueira circulava fortemente no setor e entre políticos como o favorito do ministro para integrar a diretoria da agência. Dois superintendentes da ANEEL, Carlos Mattar (Regulação dos Serviços de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica) e André Ruelli (Mediação Administrativa e das Relações de Consumo), também tiveram seus nomes ventilados dentre os candidatos.
O diretor de Gestão Administrativa da Eletronueclear e ex-diretor de Furnas, Sidnei Bispo, foi cotado no passado como favorito, antes mesmo do secretário do MME, mas não houve acordo com os senadores em torno de sua indicação e ele também foi vetado.
Desempates
A vaga do ex-diretor Hélvio tem grande importância política na agência, que hoje está dividida. De um lado, votam quase sempre em sintonia o diretor-geral, Sandoval Feitosa, e a diretora Agnes da Costa. Do outro lado, os diretores Fernando Mosna e Ricardo Tili.
Nenhum substituto assumiu a posição até a posse oficial de um novo diretor. A previsão é que o colegiado se mantenha com apenas quatro membros até fevereiro de 2025, devido a uma interpretação da Lei 9.986/2000, que dispõe sobre as agências reguladoras.
O problema estaria na data em que a lista tríplice para diretores substitutos foi enviada à União, somente em maio de 2024, quando deveria ter sido mandada até 31 de dezembro do ano passado.
Processo de indicação
Os diretores de agências reguladores são indicados pelo Executivo e, para assumir a posição, devem ser aprovados em sabatina no Senado Federal. O PSD, partido do ministro Alexandre Silveira, também está de olho em vagas da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O secretário de Óleo e Gás, Pietro Mendes, é candidato para a diretoria-geral da agência.
Em outra vaga, do diretor Claudio Jorge, que encerrou seu mandato em dezembro de 2023, o partido se articula para indicar Artur Watt, sobrinho do senador Otto Alencar (PSD-BA) e consultor jurídico na PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.).
Fonte e Imagem: Agência iNFRA
O setor de energias renováveis exige alta capacitação dos profissionais. Para quem deseja atuar na área, investir na aquisição de novos conhecimentos e se manter atualizado é essencial, o que tem impactado o segmento de educação com o aumento da procura por cursos e especializações.
Na Fundação Dom Cabral, a busca pelo curso de pós-graduação em Gestão Estratégica de Petróleo, Gás e Energias Renováveis, cujas aulas da quinta turma começam em 5 de julho, tem sido crescente.
Na Fundação Dom Cabral, a busca pelo curso de pós-graduação em Gestão Estratégica de Petróleo, Gás e Energias Renováveis, cujas aulas da quinta turma começam em 5 de julho, tem sido crescente.
O número de inscrições aumentou 10% da primeira para a segunda e terceira turmas, e 14% da terceira para a quarta. A expectativa da instituição é que também haja alta na quantidade de matrículas na quinta turma.
O curso, oferecido em conjunto com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e voltado para profissionais que desejam aprimorar conhecimentos em gestão, aborda temas como tecnologias disruptivas e inteligência artificial, ESG, liderança, transição energética, mudanças climáticas, estratégia, marketing, finanças e inovação.
Longo prazo
De acordo com o professor de Estratégia da Fundação Dom Cabral, Paulo Vicente, um dos docentes do curso, o contexto da transição energética trará muitas oportunidades, e sairá na frente quem estiver preparado: — O conhecimento é que vai ajudar e preparar os melhores profissionais. É preciso pensar no médio e no longo prazos em termos resiliência organizacional, novos modelos de negócios, inovação, sustentabilidade e liderança organizacional.
A FGV Energia disponibiliza sete cursos on-line e gratuitos, de curta e média duração, com conteúdo focado no setor elétrico e na transição energética. Entre 2021 e 2024, mais de 39 mil pessoas assistiram às aulas. Já na pós-graduação, atualmente, 300 alunos cursam o MBA Executivo em Administração: Negócios do Setor Elétrico.
A instituição informou que, nos últimos anos, foram abertas duas turmas por semestre, mas o número deve aumentar em função da alta procura.
No Senai, o número de matrículas em cursos sobre energias renováveis saltou de 169 em 2017 para 13,8 mil em 2023. Só de janeiro a março deste ano, foram efetuadas 4.358 inscrições. De acordo com a instituição, as formações mais procuradas são a qualificação de instalador de sistemas fotovoltaicos e a iniciação em consumo consciente de energia.
O portfólio também abrange turmas de projetista de sistemas fotovoltaicos, tecnologia em geração eólica e reparador de pás de aerogeradores, por exemplo.
Fonte e Imagem: O Globo
Entre as sugestões protocoladas estão propostas de alterações no texto relacionadas à MMGD (Micro e Minigeração Distribuída) solar, à comercialização de energia elétrica, à renovação de contratos de distribuição de energia, entre outras. Há ainda tentativas de impedir que a Âmbar, braço de energia do grupo J&F, assuma o controle da distribuidora do Amazonas.
“Integridade do mercado de energia”
O líder do PL na Câmara, deputado Altineu Côrtes (RJ), propôs a adição de um parágrafo ao artigo 8º-C da MP, para proibir que um grupo econômico que tenha comprado termelétricas “de empresas estatais, privatizadas ou ainda sob controle da União” assuma o controle acionário da concessão em um período de até dois anos após a transferência.
“A emenda visa assegurar a integridade do mercado de energia, prevenindo que aquisições de usinas resultem em vantagens indevidas sobre distribuidoras envolvidas na compra de energia”, justifica o parlamentar.
Se incluído no texto, o dispositivo afasta a possibilidade de o grupo J&F, dos irmãos Batista, assumir a Amazonas Energia. Isso porque em 10 de junho a Eletrobras anunciou a venda das usinas termelétricas da região Norte para a Âmbar Energia, mas a operação das duas empresas envolveu uma futura aquisição da Amazonas pela J&F.
“Benesses para Joesley Batista”
Outra emenda de autoria da deputada Dani Cunha (União-RJ) exclui a possibilidade das usinas adquiridas pelo grupo J&F neste mês de se beneficiarem do dispositivo da MP que permite a transição de contratos de compra e venda de energia, assinados entre as geradoras e a distribuidora, para CER (Contratos de Energia de Reserva).
“A empresa – vinculada ao grupo de Joesley Batista – comprou as usinas termoelétricas da Eletrobras, junto com os créditos que essas usinas detêm contra a Amazonas Energia. Em seguida se transferem as usinas de ambiente isolado para o sistema regulado, onde passam a receber pela disponibilidade, em uma operação que gerará bilhões de lucro para as usinas, com a consequente cobrança dos usuários de todo o pais, através de rateio das contas de luz”, diz a justificativa apresentada pela parlamentar.
“Devemos zelar para que o usuário não pague a conta das benesses que o governo resolveu dar para o grupo econômico de Joesley Batista”, afirma Dani Cunha.
Renovação de concessões
O deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) apresentou uma emenda que estabelece que as concessões de distribuição de energia só podem ser renovadas ou prorrogadas após realização de consulta pública pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), com aprovação por maioria absoluta dos consumidores da região sob responsabilidade da distribuidora.
A proposta se dá em meio às discussões acerca da possibilidade de renovação de contratos a vencer até 2030, para os quais o governo publicou o Decreto 12.068/2024 com diretrizes gerais sobre o tema.
Geração Distribuída
Ao menos três parlamentares apresentaram emendas no sentido de estender os prazos de 12 para 36 meses para conexão de MMGD solar no sistema a partir da data de assinatura do CUSD (Contrato de Uso do Sistema de Distribuição).
Os deputados Marcelo Moraes (PL-RS), Max Lemos (Solidariedade-RJ) e Dagoberto Nogueira (PSDB-MS) alegam que a extensão do prazo se faz necessária visto que as distribuidoras alegam inversão de fluxo de carga no sistema para cancelar orçamentos de conexão, fazendo com que os processos se prolonguem por tramitarem na ouvidoria da empresa e no órgão regulador.
PLD
Há ainda, entre as proposições dos parlamentares, emenda que altera o cálculo do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) e inclui fatores como 1) “restrições de defluência e armazenamento dos reservatórios”; 2) “restrições de rampas de subida e descida das usinas hidrelétricas e termelétricas”; e 3) “reserva de potência operativa”.
Veja aqui a emenda apresentada pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO), que ele justifica com a necessidade de tornar a formação do PLD “aderente às práticas operativas” do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
CDE
Outros congressistas ainda apresentaram proposta de incluir a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), a ser regulamentada pelo Poder Executivo, na LOA (Lei Orçamentária Anual).
“Um fato defeituoso, na nossa visão, é que esse gasto da CDE não passa pelo Orçamento Geral da União. Os subsídios são suportados via consumidor, via tarifa de energia elétrica, e dessa maneira distorcem o mercado e encarem artificialmente o preço da energia. Nesse modelo, não é o Congresso Nacional que aprova esse orçamento que tanto impacta a economia brasileira, mas é a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), por via infralegal. O resultado desse modelo é muito ruim para o Brasil”, justificaram os deputados Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) e Adriana Ventura (Novo-SP).
“Como resultado positivo, a medida proposta pela presente emenda contribuirá para interromper o ciclo de encarecimento artificial da conta de energia da população. E ainda, com foco no consumidor.”
Fonte e Imagem: Agência iNFRA
O segmento de distribuição de energia elétrica brasileiro avançou bastante nos últimos 30 anos. Hoje, 99,8% dos lares do país têm acesso à energia elétrica. E para entregar ainda mais qualidade e disponibilidade aos consumidores, as distribuidoras se comprometeram a investir, até 2027, cerca de R$ 130 bilhões na expansão, robustez e na melhoria de suas redes.
Cerca de 40% desse montante será destinado ao aumento da resistência da rede e à redução das interrupções de energia, especialmente diante dos eventos climáticos extremos que têm se tornado cada vez mais frequentes e intensos.
Universalização dos serviços
Desde 2022, os investimentos em tecnologias que modernizam a rede elétrica, como monitoramento remoto, automação e outras inovações que aumentam a resiliência, praticamente dobraram, atingindo R$ 31 bilhões por ano.
Focando na expansão, os investimentos das distribuidoras aumentaram significativamente, passando de R$ 9 bilhões em 2019 para R$ 19,6 bilhões em 2022, um crescimento de 118%.
Além disso, o governo federal, em parceria com empresas do setor, lançou o programa Luz Para Todos, um dos maiores projetos de universalização do acesso à energia no mundo. Desde 2003, este programa permitiu que mais de 3,6 milhões de residências fossem conectadas à rede elétrica, promovendo inclusão e desenvolvimento em áreas antes sem acesso à eletricidade.
220 mil empregos diretos são gerados pelo segmento de distribuição no Brasil
Somados, esses investimentos de longo prazo das distribuidoras em parceria com o poder público garantiram, nas últimas três décadas, a universalização dos serviços de energia no Brasil.
Em 1995, quando se deu início à privatização do setor, apenas 38 milhões de residências tinham acesso ao serviço básico. Quase 30 anos depois, a distribuição de energia avançou, atingindo 91,2 milhões de unidades consumidoras – um salto de 140%.
“Essa parceria [entre o poder público e o privado] só ocorreu por conta de um modelo regulatório que trouxe segurança jurídica para a atração de investimentos ao segmento”, afirma Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee).
Segundo ele, a distribuição tem um papel fundamental na integração do setor. “Só temos a possibilidade de ter, por exemplo, a introdução de oferta de fontes renováveis no sistema, porque temos uma rede ampla de distribuição. Ou seja, nosso objetivo é garantir o acesso à energia segura, sustentável e moderna”, diz.
4 milhões de quilômetros é a extensão da rede de distribuição no Brasil – o equivalente a 100 voltas ao redor da Terra
Madureira se refere a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU – o 7 –, que estabelece o acesso à energia limpa e acessível para todos. Nesse sentido, o Brasil está à dianteira de outros países. Isso porque, no mundo, o percentual de acesso à energia é de 90,2%. Na América do Sul, o cenário não é diferente.
Segundo dados da Agência Internacional de Energia, apenas o Chile e o Uruguai sustentam o mesmo percentual no Brasil, que está à frente de países como México e África do Sul, que não têm as dimensões continentais do nosso país, tampouco o mesmo número de habitantes.
O segmento também é responsável por 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país – e pela remuneração de toda a cadeia produtiva de energia (geração e transmissão). Só em tributos e encargos, arrecada R$ 87 bilhões ao ano, além de gerar mais de 220 mil empregos diretos.
O acesso à energia elétrica melhora ainda os indicadores sociais nas mais diversas frentes, como educação, saúde e renda, ou seja, reduz as desigualdades e o combate à pobreza.
Fonte e Imagem: Portal Exame.
O TCU (Tribunal de Contas da União) realiza sessão plenária nesta quarta-feira (26), às 14h30. Retorna à pauta, pela sexta vez, o Processo 001.016/2022-9, que trata do tempo de mandato do presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Carlos Baigorri, e que pode afetar os mandatos de dirigentes de outras quatro agências, entre elas a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)
Em abril, o relator, ministro Walton Alencar, pediu o adiamento de 60 dias para a deliberação do processo. O voto de Alencar já foi apresentado, e defende que a duração do mandato de integrantes de diretorias colegiadas não ultrapasse cinco anos, ainda que o integrante tenha atuado um tempo como diretor e outro como presidente.
Se esse entendimento prevalecer, além do presidente da Anatel, o diretor-geral Sandoval Feitosa (ANEEL) e os diretores-presidentes Barra Torres (Anvisa), Paulo Rebello (ANS) e Alex Muniz (Ancine) também poderão ter seus mandatos abreviados.
Fonte e Imagem: Agência iNFRA.
O artigo 21 do decreto diz que o Conselho de Administração da CCEE “será integrado por oito membros, eleitos em Assembleia Geral, com mandatos de dois anos, permitidas duas reconduções, e indicados, em conjunto com os respectivos suplentes”.
Mandato de apenas um ano
Segundo fontes, há descontentamento do governo com a convenção da câmara aprovada pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Também houve insatisfação com a determinação, pela agência, de que algumas das vagas teriam apenas um ano de mandato. O jabuti retoma prazo de validade de dois anos para todos.
A ANEEL aprovou regra determinando que, na primeira composição, metade do conselho ficaria apenas ano na vaga e a outra metade, dois anos, para evitar a coincidência dos mandatos (todos eleitos na mesma data).
Nova Consulta Pública
Com esse jabuti, há impacto na convenção aprovada pela ANEEL e no estatuto da CCEE. Assim, a agência teria que abrir uma nova consulta pública para regulamentar essa alteração, disseram fontes. Encerrada a consulta, a CCEE precisaria ainda ajustar o estatuto.
Isso atrasaria ainda mais a aprovação do estatuto, que hoje está em análise na ANEEL sob relatoria do diretor Ricardo Tili. A pendência de aprovação chegou a suspender a eleição do novo conselho da câmara, após o relator alertar que não há garantia sobre a aprovação do estatuto nos moldes enviados para a agência.
Na avaliação de uma fonte, “formalmente, como a ANEEL não tem área de discricionariedade, pois é só aplicar a Lei, ela poderia abrir uma Consulta Pública super-curta, de cinco dias por exemplo, ou até menos e já dar efeito”.
Fonte e Imagem: Agência iNFRA.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atualizou para 1.983, ou 85,4 GW, o número de usinas que pediram enquadramento na Medida Provisória (MP) 1.212, a fim de garantir a extensão do prazo para entrada em operação mantendo o direito ao desconto na tarifa pelo uso da rede. A atualização contempla 20 novas usinas, somando 700 MW, em relação à informação anterior.
A MP, publicada em 10 de abril, estende em 36 meses o prazo final para entrada em operação desses empreendimentos incentivados, sob o argumento de que o tempo será necessário para a construção de novas transmissão viabilizarem o escoamento das renováveis, concentradas na região Nordeste.
Mesmo sem previsão de aprovação da MP no Congresso, a Aneel cumpriu dispositivo do texto e iniciou sua regulamentação, por meio de uma portaria de 6 de junho que tratou do aporte de garantias e da caracterização do início das obras.
Segundo a Aneel, usinas solares representaram a maioria dos requerimentos com um total de 1.514 usinas, e 65,7 GW de potência (400 MW a mais que o último número divulgado). Houve também acréscimo de 200 MW na potência equivalente dos empreendimentos de fonte eólica, passando de 18,8 GW para 19 GW, em 455 parques. As 12 térmicas e duas pequenas centrais hidrelétricas (PCH), juntas, tem 654 MW (aumento de 98 MW).
A agência ainda aponta que do total de pedidos, 57 são de usinas cuja outorga ainda está em instrução pela área técnica e o restante são usinas já outorgadas.
A Lei 9.427/1996 assegura descontos de até 50% no transporte de energia de fontes renováveis para projetos que solicitaram a outorga até 2 de março de 2022, desde que entrem em operação comercial em até 48 meses contados a partir da emissão da outorga. A prorrogação da MP 1.212 ampliou esse prazo em 36 meses adicionais.
A MP exige dos interessados a assinatura de Termo de Adesão, o aporte de garantia de fiel cumprimento de 5% do valor estimado do empreendimento e que as obras sejam iniciadas em até 18 meses, contados da data de emissão da MP. Atendendo a dispositivo da MP, o MME publicou, em 6 de junho de 2024, a Portaria 79/2024, dispondo sobre o aporte das garantias e a caracterização do início de obras.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Recém-divulgado, o relatório “Global Market Outlook For Solar Power 2024 – 2028”, elaborado pela SolarPower Europe, aponta o Brasil como o terceiro maior mercado mundial de energia solar no último ano, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
O Brasil adicionou, em 2023, 15,4 gigawatts (GW) de potência pico da fonte solar fotovoltaica, representando cerca de 4% de todo o mercado mundial no período, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Os dados levam em consideração a somatória das grandes usinas solares e dos sistemas de geração própria solar de pequeno e médio portes, em telhados e fachadas de edifícios e em pequenos terrenos, com base na potência total adicionada ao longo de 2023.
Metodologia
Ainda segundo explicação da Absolar, o estudo da SolarPower Europe está padronizado para a unidade de potência pico (GWp) e não a potência nominal instalada (GWac), que é o modelo mais utilizado nos dados divulgados publicamente pelos órgãos oficiais brasileiros. Segundo balanço da Absolar, no ano passado, foram adicionados cerca de 12 GWac da fonte solar, que representam os 15,4 GWp descritos no relatório da entidade europeia.
A expansão da tecnologia fotovoltaica coloca o Brasil em posição de destaque na geopolítica global de transição energética, avalia a associação. A fonte solar é a segunda maior na matriz elétrica nacional, com 43 GW em operação no país e participação equivalente a 18,2% da matriz elétrica nacional.
Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar, afirma que a energia solar fotovoltaica é atualmente a fonte mais competitiva do país e se posiciona como uma forte propulsora do desenvolvimento social, econômico e ambiental.
“O crescimento acelerado da energia solar é tendência mundial e o avanço brasileiro nesta área é destaque internacional. O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta e assume cada vez mais protagonismo neste processo de transição energética e combate ao aquecimento global”, diz Sauaia.
Já Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da entidade, ressalta que, além de ser uma fonte competitiva e limpa, a maior inserção da energia solar é fundamental para o país reforçar a sua economia e impulsionar a sustentabilidade no Brasil e no mundo. “A fonte solar é um verdadeiro motor de desenvolvimento sustentável, que atrai capital, traz divisas, gera grandes oportunidades de negócios, cria novos empregos verdes e amplia a renda dos cidadãos.”
Fonte e Imagem: Portal Exame.
O decreto impõe novas exigências relacionadas à qualidade do serviço prestado para que as concessões sejam prorrogadas e mantidas, incluindo a obrigação de que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dê publicidade aos indicadores de duração e frequência de interrupção efetivamente percebidos pelos usuários, desconsiderando os expurgos – quando são descontados problemas na rede por causas externas, incluindo eventos climáticos extremos.
Houve, contudo, uma diferença em relação ao texto do decreto que foi enviado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) à Casa Civil em maio. A versão anterior previa metas que as distribuidoras precisariam cumprir relacionadas aos indicadores DEC e FEC (duração e frequência das interrupções) sem os expurgos. Assim, apagões relacionados a eventos climáticos extremos, que hoje são descontados desses indicadores, passariam ter os efeitos contabilizados, aumentando o risco de que as distribuidoras desrespeitassem os indicadores, podendo levar à perda da concessão.
A versão do decreto publicada hoje, por sua vez, determina que a Aneel seja obrigada a “dar publicidade” aos indicadores sem os expurgos. Esses indicadores, contudo, não necessariamente serão incluídos nas metas regulatórias.
No caso dos indicadores, a eficiência com relação à continuidade do fornecimento será mensurada por indicadores que considerem a frequência e a duração média das interrupções do serviço público de distribuição de energia elétrica, que serão avaliados individualmente para cada concessionária e a cada ano civil.
As distribuidoras deverão informar, por até cinco anos, em seu site, os indicadores de duração e frequência (DEC e FEC) estabelecidos com expurgos.
Caso a empresa não atenda os critérios, caracterizado pelos limites anuais globais dos indicadores de continuidade coletivos de frequência e de duração, de forma isolada ou conjuntamente, por três anos consecutivos, pode levar à rescisão do contrato.
Eficiência na gestão das distribuidoras
Já a eficiência relacionada à gestão econômico-financeira será mensurada por indicadores que atestem a capacidade de a concessionária honrar seus compromissos de maneira sustentável, com possibilidade de caducidade em situações de não atendimento por dois anos.
Quando houver reposicionamento tarifário ou de parâmetros de regulação econômica, o decreto estabelece ainda que a Aneel deverá considerar o impacto desse reposicionamento no cálculo do indicador econômico.
Em ambas as situações, serão considerados os cinco anos anteriores ao da recomendação de prorrogação, excluídos os anos anteriores a 2021 para o critério de eficiência com relação à gestão econômico-financeira.
No caso de descumprimento de indicadores de qualidade técnica, comercial e econômico-financeiros, a Aneel pode estabelecer limitação do pagamento de dividendos e de juros sobre o capital próprio, respeitados os limites mínimos legais, e de limitar novos atos e negócios jurídicos entre a concessionária e suas partes relacionadas.
Prorrogação das concessões das distribuidoras
A Aneel definirá a minuta do termo aditivo ao contrato de concessão que contemplará as condições previstas no decreto, com cláusulas que assegurem, no mínimo, investimentos prudentes, incentivos à gestão eficiente dos custos totais de operação e de capital e a sustentabilidade econômico-financeira das concessionárias, inclusive por meio de aporte de capital.
As concessionárias que tiverem apresentado o requerimento de prorrogação anteriormente à publicação do Decreto e que mantiverem interesse na prorrogação deverão ratificá-lo no prazo de 30 dias, contado da publicação da minuta do termo aditivo ao contrato de concessão, e manifestar concordância integral com as condições estabelecidas. Após a decisão do Ministério de Minas e Energia (MME) pela prorrogação, a minuta do termo aditivo ao contrato de concessão será disponibilizada pela Aneel à concessionária, que deverá assiná- lo no prazo de noventa dias, contado da convocação.
O termo aditivo também deve conter regras para o atendimento do mercado pelas distribuidoras, nos prazos estabelecidos pela autarquia, inclusive por meio dos programas de universalização instituídos pelo governo federal, verificado com base na apuração de indicadores; e a satisfação dos usuários, por meio da apuração de indicadores de tempo de atendimento de serviços e pesquisas de opinião pública; e critérios de eficiência energética.
A concessionária poderá exercer outras atividades empresariais e oferecer novos serviços aos usuários, a partir de autorização emitida pela agência reguladora, por sua conta e risco, desde que favoreça a modicidade tarifária, nos termos e nas condições previstas na legislação e na regulação da Aneel.
A autarquia poderá determinar, por meio de regulação, os requisitos a serem cumpridos pelas concessionárias, incluída a opção de restringir a atuação dessas atividades pelas distribuidoras, observados os critérios concorrenciais da nova atividade e os padrões de qualidade do serviço de distribuição e do atendimento comercial, sem prejuízo da competência de outras autoridades.
O aprimoramento das condições econômicas das distribuidoras pela Aneel deve admitir flexibilidade normativa para a definição do regime de regulação econômica, para beneficiar a modernização dos serviços compatível com a prestação do serviço adequado de distribuição, preservado o princípio do equilíbrio econômico-financeiro da concessão; e permitir a separação dos serviços a serem prestados inicialmente pela concessionária, que sejam futuramente passíveis de serem prestados em ambiente competitivo por outros agentes setoriais, com foco em beneficiar o usuário com a ampliação da concorrência no setor elétrico.
Tarifas diferenciadas em regiões de ‘complexidade’.
Sobre as tarifas homologadas pela Aneel, o decreto permite uma cobrança diferenciada para áreas de elevada complexidade ao combate às perdas não técnicas e de elevada inadimplência. A publicação ainda define a utilização, a partir do primeiro mês de vigência dos termos aditivos aos contratos, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como indexador para o reajuste tarifário anual.
Também estão previstos o compartilhamento dos dados pessoais de usuários, mediante o prévio consentimento; estímulo à digitalização gradual das redes e serviços; a modernidade das técnicas, dos equipamentos e das instalações; e a exigência de melhoridos canais de atendimento à população, com a criação de um canal específico para as administrações dos estados e municípios.
A disputa pelos postes
Caso as distribuidoras sigam com a prorrogação, também deverão ceder a empresas de telecomunicações espaço na infraestrutura de distribuição, nas faixas de ocupação e nos pontos de fixação dos postes das redes aéreas de distribuição.
O compartilhamento será feito por meio de oferta de referência de espaço de infraestrutura, conforme regulação conjunta da Aneel e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Fonte e Imagem: MegaWhat.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica afirmou em nota que o decreto com as diretrizes para a prorrogação dos contratos das distribuidoras traz estabilidade jurídica e regulatória, mas também preocupações em relação a critérios desafiadores, que vão demandar mais investimentos e custos adicionais das empresas.
Publicado nesta sexta-feira, 21 de junho, o Decreto 12.068 estabelece que os contratos poderão ser prorrogados ou licitados por 30 anos, com compromisso imediato de atendimento de metas de qualidade e eficiência na recomposição do serviço. Ele traz uma série de diretrizes que deverão ser observadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica, na elaboração do termo aditivo aos contratos de concessão.
Um dos pontos que vinha sendo criticado pelas distribuidoras é a possibilidade de limitação do pagamento de dividendos aos acionistas e de juros sobre capital próprio por descumprimento de segmento.
Para a associação, temas relevantes como os eventos climáticos, que interferem diretamente na operação de distribuição, devem receber atenção especial durante a fase de regulamentação da agência. “É importante que a regulação considere prazos adequados de adaptação e transição para as novas regras, respeitando as especificidades e as diferenças de cada área de concessão em um país continental como o Brasil.”
A Abradee também é contrária à obrigatoriedade de compartilhamento da infraestrutura das distribuidoras com operadoras de telecomunicações. As concessionárias se preocupam com a criação da figura do “posteiro”, que seria um empresa independente, responsável pela gestão de postes e fios.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Um mapeamento realizado pela Absolar apontou que o Brasil ultrapassou a marca de 14 GW de potência operacional nas grandes usinas solares, igualando assim a capacidade instalada da hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior usina do mundo. Segundo a entidade, desde 2012, o segmento já trouxe mais de R$ 60,7 bilhões em novos investimentos e mais de 424 mil empregos verdes acumulados, além de proporcionar cerca de R$ 20 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.
Atualmente, as usinas solares de grande porte operam em todos os estados brasileiros, com liderança, em termos de potência instalada, da região Nordeste, com 59,8% de representatividade, seguida pelo Sudeste, com 39,1%, Sul, com 0,5%, Norte, com 0,3% e Centro-Oeste (mais DF), com 0,3%.
Na avaliação da Absolar, é plenamente possível aumentar significativamente a participação das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira, mantendo a confiabilidade, segurança e estabilidade, bem como assegurando o equilíbrio técnico e econômico da expansão e operação do sistema elétrico do Brasil.
Segundo o estudo Sistemas Energéticos do Futuro: Integrando Fontes Variáveis de Energia Renovável na Matriz Energética do Brasil, que durou três anos e reuniu instituições como o Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a entidade de cooperação internacional do governo alemão GIZ, há uma forte sinergia entre os recursos renováveis do Brasil, como hídrico, solar, eólico, de biomassa e de biogás.
O relatório mostra que o equilíbrio do sistema, quando há variações nos ventos e no sol, é fornecido em especial pelas hidrelétricas renováveis, não pelas termelétricas fósseis.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou nesta quarta-feira (19) a inclusão de “jabutis” no projeto de lei que cria um marco regulatório para usinas eólicas offshore (em mar aberto).
Ele disse que as várias mudanças sugeridas pelos parlamentares vão aumentar a conta do consumidor de energia regulado.
“Sou muito crítico à aprovação por esta Casa dos acréscimos no PL das Eólicas Offshore. O projeto veio do Senado para cá com o objetivo de regulamentar a produção de energia offshore no Brasil, e voltou para Senado com R$ 25 bilhões de custos a mais para o consumidor brasileiro por ano”, disse Silveira, ao participar de audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
Ainda segundo Silveira, caso o PL das Eólicas Offshore seja aprovada da forma como está, o consumidor que compra a energia no mercado regulado (das distribuidoras de energia) será o maior prejudicado.
A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo cobrado nas contas de luz dos consumidores para bancar subsídios do setor elétrico, já alcançou um patamar de R$ 38 bilhões ao ano.
“Se o Senado aprovar o projeto do jeito que ele saiu dessa Casa, aí sim nós vamos ampliar a CDE”, concluiu Silveira.
O projeto de lei já foi aprovado no Senado. Na Câmara, recebeu alterações e houve a inclusão de emendas que ampliam subsídios ao setor elétrico, com benefícios à geração de energia térmica a gás e a carvão.
Como foi modificado, o texto voltou para o Senado, onde ainda não tem data para ser votado.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu nesta quarta-feira a exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas e afirmou que esta é a posição “majoritária” entre os membros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A Petrobras aguarda a concessão do licenciamento ambiental do Ibama para iniciar as operações na chamada Margem Equatorial.
A declaração de Silveira foi dada na Comissão de Minas e Energia na Câmara dos Deputados.
— Nós temos que avançar e ter o diagnóstico e soberanamente decidirmos sobre a exploração ou não, com o avanço da transição energética, dessas potencialidades. Essa é a minha visão como ministro de Minas e Energia e posso afirmar que é a visão majoritária no governo do presidente Lula. — disse o ministro à deputados.
Na avaliação do ministro, apesar do governo pregar uma transição para energias limpas, o Brasil ainda não pode abrir mão do faturamento obtido a partir do petróleo
— Quando eu faço a defesa por exemplo da Margem Equatorial é porque o mundo ainda não consegue precisar em quanto tempo a gente vai efetivamente abrir mão dos combustíveis fósseis e eles são uma fonte energética ainda fundamental para todos os países, especialmente os em desenvolvimento, no Brasil em especial para combater miséria, fome, investir em educação, saúde. Então é fundamental que a gente continue tendo o direito de conhecer as nossas potencialidades.
Em entrevista ao GLOBO, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que a decisão sobre a exploração de petróleo na região pela Petrobras, será da equipe técnica, mesmo com pressões políticas, e ressaltou que o licenciamento ambiental é obrigatório para este tipo de projeto.
— A opinião pública não sabe que existe um mundo além da Foz do Amazonas, eu tenho uma lista de coisas aqui que são tão relevantes para a produção de petróleo quanto essa. O brasileiro não vai ficar sem gasolina por causa disso — disse Agostinho.
O Ibama, assim como o Ministério do Meio Ambiente, chefiado por Marina Silva, estão em meio a pressões do Ministério de Minas e Energia, de Alexandre Silveira, de um lado e, do outro, da Petrobras. Magda Chambriard, fez uma forte defesa de ampliação da produção de petróleo, logo que assumiu a empresa e defendeu o aumento da atividade de exploração para ampliar reservas.
Em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira, o presidente Lula voltou a defender a exploração da região, e disse que "em algum momento" irá se reunir com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e com os presidentes do Ibama e da Petrobras para tomar uma decisão sobre a questão.
Aliar interesse público ao privado
Na Câmara, o ministro de Minas e Energia também defendeu que a gestão da Petrobras alie os interesses econômicas da empresa aos políticos do governo, que segundo ele, não é intervencionista.
— Eu espero que, a minha expectativa, inclusive vou para lá agora a tarde, com muita expectativa de que a gente possa fazer esse equilíbrio entre o interesse do privado … nós, o governo do presidente Lula não é intervencionista, não tem ninguém que não respeita a democracia que não entende que a gente não deve respeitar contrato, que devemos ter uma regulação forte, que devemos avançar na estabilidade jurídica e econômica.
A declaração aconteceu horas antes da posse da nova presidente da estatal, Magda Chambriard , que acontece nesta quarta-feira no Rio de Janeiro, com a presença do presidente Lula e ministros como Silveira (Minas e Energia), Haddad (Fazenda), e Rui Costa (Casa Civil), que participaram da queda de braço entre membros do governo pela decisão em torno do pagamento de dividendos extras aos acionistas da empresa.
A crise levou à troca no comando da Petrobras meses depois, quando o ex-presidente da estatal, Jean Paul Prates foi demitido para dar lugar à Magda Chambriard.
Fonte e Imagem: O Globo.
No documento, há 1.052km de linhas de transmissão a serem ampliadas ou reforçadas, além de 18 obras do mesmo tipo em transformadores, reatores e subestações. Essas obras, caso aprovadas pela Aneel, serão remuneradas pelo pagamento da tarifa de transmissão. O prazo para que fiquem prontas varia, com algumas delas tendo necessidade imediata e a maioria delas para dezembro/ 2028. As empresas que estão listadas entre aquelas que poderão realizar o investimento estão a Copel, Celesc, Furnas, CPFL, ISA-CTEEP, Cemig e Eletronorte.
BRASÍLIA — A indústria eólica instalou 10,8 GW de nova capacidade offshore em 2023, elevando o total global para 75,2 GW, e caminha para novos recordes, aponta relatório do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, em inglês) divulgado nesta segunda (17/6).
“A energia eólica offshore está preparada para um crescimento verdadeiramente global depois de 2023 ter registado o segundo maior número de instalações anuais, bem como desenvolvimentos políticos importantes que estabeleceram as bases para a expansão acelerada da indústria durante a próxima década”, analisa a organização.
No ano passado, apesar dos desafios macroeconômicos enfrentados pelo setor em alguns mercados-chave, houve um crescimento de 24% em nova capacidade em relação ao ano anterior. Na avaliação do GWEC, essa taxa de crescimento deve continuar até 2030, mantido o cenário político atual.
Nos próximos dez anos, a expectativa é que sejam instalados 410 GW de nova capacidade eólica offshore, alinhando a implantação da energia eólica offshore com as metas globais de instalação de 380 GW até 2030. A maior parte disso ocorrerá na virada da década, com dois terços instalados entre 2029 e 2033.
Este crescimento previsto será impulsionado por uma onda de instalações em mercados relativamente novos para a eólica offshore, como Brasil, Austrália, Japão, Coreia do Sul, Filipinas, Vietnã, Colômbia, Irlanda e Polônia.
O relatório explica que as políticas locais e o “foco sem precedentes” de governos, indústria e sociedade civil no setor está estabelecendo as condições para o desenvolvimento eólico offshore a longo prazo e em grande escala.
No entanto, aponta que gargalos nas áreas de finanças, demanda e aquisições industriais, desenvolvimento da cadeia de suprimento, licenciamento, consenso social, desenvolvimento da força de trabalho e infraestruturas de rede precisam ser superados o quanto antes, ou esta expansão estará em risco.
“A energia eólica offshore é agora muito mais do que uma história europeia, chinesa ou americana. No último ano, o GWEC registou um rápido progresso em novos mercados onde os principais impulsionadores da energia eólica offshore estão agora em vigor – desde compromissos governamentais com o crescimento econômico sustentável, até ao aumento da procura dos consumidores e à descarbonização industrial”, comenta Ben Backwell, CEO do GWEC. Fonte e imagem: Agência EPBR
A planta foi criada pelo Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBIogás) e pela Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento sustentável, com investimento de R$ 10 milhões feito pelo governo alemão, por meio da agência Giz.
O local será capaz de produzir, inicialmente, 6 kg por dia de petróleo sintético, chamado de biosyncrude. O material é feito do processamento de biogás e de hidrogênio verde. As duas matérias-primas já são produzidos em unidades de Itaipu. O gás, por exemplo, vem do processamento dos restos de alimentos gerados pelos restaurantes de Itaipu.
O biosyncrude será enviado para a Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde será refinado para gerar SAF. O estado tem potencial para ser um grande produtor de SAF. "O Paraná apresenta um potencial de produção de 15 mil metros cúbicos por ano de SAF a partir do biogás gerado pelas plantas em operação que foram mapeadas em 2022 no estado”, explica Rafael Gonzalez, presidente do CIBiogás.
“Esta é a primeira planta de biosyncrude do país. Seu objetivo é viabilizar economicamente uma rota para a produção de combustíveis verdes a partir da valorização do biogás", diz Markus Francke, diretor do projeto H2Brasil, que une ações de Alemanha e Brasil em novos combustíveis.
A planta usará tecnologia alemã para produzir petróleo sintético. O consumo deverá ser de até 50 Nm³ de biogás e 53 Nm³/dia de hidrogênio verde por dia, para fabricar 6 kg de byosyncrude.
Como funciona o petróleo sintético?
O petróleo é, basicamente, um hidrocarboneto, ou seja, uma mistura de hidrogênio e carbono. O produto, extraído de reservas no subsolo, é depois refinado para gerar combustíveis, como gasolina, diesel e combustível de aviação. O material também é usado em muitos outros processos, como na fabricação de plástico.
No petróleo tradicional, os dois elementos foram combinados por processos naturais, como a decomposição de seres vivos. No caso de combustíveis sintéticos, a mistura de hidrogênio e carbono é feita por processos químicos sob controle humano. Se essa produção usar energia de origem limpa em sua composição, o processo é considerado ecologicamente correto.
O hidrogênio, por exemplo, pode ser obtido a partir da água, por um processo que usa energia elétrica. Se essa energia tiver origem limpa, como hidrelétrica ou solar, o material ganha o selo de hidrogênio verde.
Já o carbono pode ser capturado de várias fontes, como o gás gerado pela decomposição de lixo ou as emissões de chaminés de fábricas onde há queima de combustíveis. Isso ajuda a reduzir a presença de gás carbônico na atmosfera e, consequentemente, da poluição do ar.
Se o combustível sintético usar carbono capturado do ar, pode ser considerado limpo, pois sua queima devolverá à atmosfera a mesma quantidade do material que já estava antes na atmosfera.
O petróleo sintético pode ser usado como base para a fabricação de diversos combustíveis, como gasolina, diesel e SAF.
Entenda o SAF
O uso de combustível sintético deverá avançar mais rápido na aviação, pois mais de cem países, incluindo o Brasil, assinaram um compromisso, chamado Corsia, para reduzir as emissões do setor.
O acordo prevê duas fases: de 2021 a 2026, os países podem adotar medidas para mitigar emissões de forma voluntária. A partir de 2027, a adoção de medidas será obrigatória, com exceções para países muito pobres ou com baixo número de voos.
Com isso, o SAF, ou combustível sustentável de aviação, é visto como a principal estratégia para reduzir as emissões. No entanto, o SAF ainda é escasso no mercado: em 2024, sua produção deve representar apenas 0,5% do total de combustível de aviação usado no mundo, segundo dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), divulgados no início de junho.
Segundo a Iata, há mais de 140 projetos de produção de SAF anunciados em todo o mundo, que devem entrar em operação até 2030. O SAF pode ser produzido a partir de diversas origens, e o Brasil poderá se tornar um produtor relevante por ter bastante biomassa disponível e por ter expertise em combustíveis verdes, como o etanol e o biodiesel. Fonte e Imagem: Portal Exame.
O consumo de energia no Brasil deve terminar junho em 74.399 megawatts médios (MWmed), aponta o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) no mais recente relatório do Programa Mensal da Operação. O montante é 4,2% maior do que o registrado no mesmo mês de 2023.
No Sudeste/Centro-Oeste, que responde por mais da metade da carga de energia do país, a projeção é que alcance 41.648 MWmed, alta de 3,8% em relação a junho do ano passado. No Sul, a previsão é de 12.575 MWmed, com crescimento anual de 3,1%.
Para o Nordeste a estimativa é de que o consumo fique em 12.451 MWmed, elevação de 4,3%, na mesma base de comparação. Já no Norte a perspectiva é de carga em 7.725 MWmed, crescimento de 8,8%.
Na geração de energia, o ONS estima que a Energia Natural Afluente (ENA) – quantidade de água que chega aos reservatórios para se transformar em energia – fique em 54% da média histórica no Sudeste/Centro-Oeste.
Caso esse cenário se confirme, o volume armazenado chegará ao final do mês em 67,6% da capacidade.
No Sul, a estimativa é que a ENA alcance 110% da média, com os níveis de água acumulados nos reservatórios em 81,1% ao final do período.
A previsão para o Nordeste é que alcance 38% da média, e o armazenamento 67,5%, enquanto na região Norte a perspectiva é que a ENA fique em 54% da média em junho, com os reservatórios das hidrelétricas em 88,6%.
Em vista deste cenário, o Custo Marginal da Operação (CMO) para a semana de 15 a 21 de junho foi estabelecido em R$ 18,01 por megawatt-hora (MWh).
O CMO é o custo para se produzir 1 MWh para atender ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Valores abrangem outorgas para biomassa, biogás, eólica, solar e PCH.
O Ministério de Minas e Energia, publicou nesta sexta-feira, 7 de junho, a portaria 79/2024, que dispõe sobre o aporte de garantia de fiel cumprimento, previsto na Medida Provisória 1.212. A MP tratou da redução das tarifas, mas trouxe a prorrogação de outorgas de projetos de renováveis. Os valores definidos na portaria abrangem a biomassa por bagaço de cana e cavaco de madeira, o biogás (Biodigestão resíduos agroindustriais), a eólica, a solar e a PCH. O menor valor, de R$3.300/ kW é das outorgas fotovoltaicas, enquanto a maior, de R$ 10.000/ kW é do biogás.
De acordo com portaria, as fontes que não estiverem na relação deverão usar o maior valor definido, no caso, R$ 10.0000/ kW, para calcular o aporte.
Quando se tratar de empreendimento com outorga para ampliação da sua capacidade, o agente fiscalizado deverá comprovar a evolução das obras associadas à ampliação. Caso o começo das obras ocorra de forma diferente da prevista no ato de outorga vigente, o empreendedor deverá promover as devidas alterações de características técnicas perante a Agência Nacional de Energia Elétrica.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A geração eólica deve apresentar um crescimento “significativo” no mês de junho, com destaque para os parques no Nordeste, que devem exportar energia para outras regiões. A previsão foi divulgada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), durante o primeiro dia do Programa Mensal de Operação Energética (PMO), que aconteceu nesta terça-feira, 27 de março.
Mesmo com o crescimento da geração, a política de operação energética no subsistema Nordeste deve levar em consideração a precipitação abaixo da média, com foco no dimensionamento da geração para controle de nível e controle dos fluxos sistêmicos. Cenário semelhante é esperado no Norte, que pode apresentar crescimento na previsão de carga devido à expectativa de retomada de carga de alguns consumidores do ambiente de contratação livre (ACL).
No Sudeste/Centro-Oeste também deve ocorrer um dimensionamento para controle de nível e atendimento a carga pesada e folga de potência monitorada nas usinas do Grande e Paranaíba, em razão da hidrologia desfavorável.
Ainda haverá a adoção de uma política operação de defluência mínima na UHE Porto Primavera, para preservar os reservatórios da Bacia do Paraná. A decisão segue as recomendações ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para monitoramento da taxa de replecionamento dos reservatórios da bacia do Paraná e de uma eventual flexibilização das defluências mínimas das hidrelétricas Porto Primavera e Jupiá, desde março de 2024.
No Sul, é esperada uma geração maximizada em todos os patamares de carga.
La Niña
O fenômeno La Niña deve ser caracterizado a partir do segundo semestre de 2024, com expectativa de uma condição de “fraca a moderada”, conforme expectativa do ONS, baseada em nos modelos de diversos centros meteorológicos, incluindo o NOAAA.
“Efeitos típicos do La Niña no Brasil são a redução da precipitação no Sul e aumento no Norte e Nordeste. Considerando a situação de neutralidade e menor previsibilidade nesse período do ano, as previsões estacionais mais recentes indicam um cenário provável de precipitação normal e abaixo da média para a região Sul no trimestre de junho, julho e agosto”, destacou o operador.
Rio Grande do Sul
Sobre as tratativas para garantir o fornecimento de energia elétrica no Rio Grande do Sul, Christiano Vieira, diretor de Operação do ONS, falou que o operador tem realizado reuniões rotineiras com diversas entidades e agentes para debater questões como as previsões das condições hidrometeorológicas, monitoramento dos níveis dos reservatórios e a coordenação da operação hidráulica visando à gestão das cheias.
“Entre 30 de abril e 5 de maio, nós tivemos uma precipitação superior à média histórica das bacias do rio Jacuí e Taquari-Antas, acumulando um total em torno de 400 milímetros de precipitação, acima da precipitação esperada para o mês inteiro. Essa condição impactou todo o estado em diferentes dimensões, não só na elétrica, mas toda a infraestrutura, que também foi bastante afetada”, destacou Vieira.
O diretor afirmou ainda que os encontros visam discutir questões operativas para aumentar a confiabilidade do atendimento do estado, aumentar e garantir a confiabilidade, diante das perdas de inúmeros ativos. Em paralelo, O ONS criou uma área no site para atualizar as informações referentes ao atendimento eletroenergético na região.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
A geração eólica deve apresentar um crescimento “significativo” no mês de junho, com destaque para os parques no Nordeste, que devem exportar energia para outras regiões. A previsão foi divulgada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), durante o primeiro dia do Programa Mensal de Operação Energética (PMO), que aconteceu nesta terça-feira, 27 de março.
Mesmo com o crescimento da geração, a política de operação energética no subsistema Nordeste deve levar em consideração a precipitação abaixo da média, com foco no dimensionamento da geração para controle de nível e controle dos fluxos sistêmicos. Cenário semelhante é esperado no Norte, que pode apresentar crescimento na previsão de carga devido à expectativa de retomada de carga de alguns consumidores do ambiente de contratação livre (ACL).
No Sudeste/Centro-Oeste também deve ocorrer um dimensionamento para controle de nível e atendimento a carga pesada e folga de potência monitorada nas usinas do Grande e Paranaíba, em razão da hidrologia desfavorável.
Ainda haverá a adoção de uma política operação de defluência mínima na UHE Porto Primavera, para preservar os reservatórios da Bacia do Paraná. A decisão segue as recomendações ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para monitoramento da taxa de replecionamento dos reservatórios da bacia do Paraná e de uma eventual flexibilização das defluências mínimas das hidrelétricas Porto Primavera e Jupiá, desde março de 2024.
No Sul, é esperada uma geração maximizada em todos os patamares de carga.
La Niña
O fenômeno La Niña deve ser caracterizado a partir do segundo semestre de 2024, com expectativa de uma condição de “fraca a moderada”, conforme expectativa do ONS, baseada em nos modelos de diversos centros meteorológicos, incluindo o NOAAA.
“Efeitos típicos do La Niña no Brasil são a redução da precipitação no Sul e aumento no Norte e Nordeste. Considerando a situação de neutralidade e menor previsibilidade nesse período do ano, as previsões estacionais mais recentes indicam um cenário provável de precipitação normal e abaixo da média para a região Sul no trimestre de junho, julho e agosto”, destacou o operador.
Rio Grande do Sul
Sobre as tratativas para garantir o fornecimento de energia elétrica no Rio Grande do Sul, Christiano Vieira, diretor de Operação do ONS, falou que o operador tem realizado reuniões rotineiras com diversas entidades e agentes para debater questões como as previsões das condições hidrometeorológicas, monitoramento dos níveis dos reservatórios e a coordenação da operação hidráulica visando à gestão das cheias.
“Entre 30 de abril e 5 de maio, nós tivemos uma precipitação superior à média histórica das bacias do rio Jacuí e Taquari-Antas, acumulando um total em torno de 400 milímetros de precipitação, acima da precipitação esperada para o mês inteiro. Essa condição impactou todo o estado em diferentes dimensões, não só na elétrica, mas toda a infraestrutura, que também foi bastante afetada”, destacou Vieira.
O diretor afirmou ainda que os encontros visam discutir questões operativas para aumentar a confiabilidade do atendimento do estado, aumentar e garantir a confiabilidade, diante das perdas de inúmeros ativos. Em paralelo, O ONS criou uma área no site para atualizar as informações referentes ao atendimento eletroenergético na região.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Parques solares, usina eólicas e biocombustíveis já respondem por 39,7% da geração elétrica brasileira.
Dono de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o Brasil se prepara para novo ciclo de investimentos em fontes renováveis. O movimento ganha impulso com a demanda de companhias que buscam reduzir suas emissões. As energias renováveis, excluindo as hidrelétricas, já representam 39,7% da matriz elétrica do país. E essa participação deve aumentar. Estudo feito pela consultoria A&M Infra prevê aportes de ao menos R$ 40 bilhões por ano em projetos solares, eólicos e hidrogênio verde, além de biocombustíveis.
Especialistas afirmam que os investimentos vêm sendo capitaneados, sobretudo, por energia solar. Com a queda nos preços das placas e os subsídios, empresas e consumidores vêm recorrendo à modalidade, que já é responsável por quase 20% da geração de eletricidade, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
— Cada vez mais os biocombustíveis e a energia renovável estão sendo vetores de crescimento no consumo e da transição energética do nosso mercado nacional — avalia Filipe Bonaldo, sócio-diretor da A&M Infra.
O mercado também mira no desenvolvimento de fontes que ainda dependem de regulamentação. É o caso das eólicas offshore, um dos alvos de investimento de empresas como Petrobras, Equinor e Shell.
Especialistas destacam ainda o potencial do hidrogênio verde, que, segundo estudo da consultoria Mirow & Co, pode atrair investimento de US$ 40bilhões, com os primeiros empreendimentos começando a funcionar já em 2027 e capaz de gerar 800 mil empregos.
US$ 7 bilhões da Petrobras
A Petrobras pretende investir US$ 7 bilhões entre 2024 e 2028 em projetos de baixa emissão. A lista vai desde biocombustíveis com biorrefino até a eólica offshore, solar e hidrogênio verde. A Eletrobras tem buscado desenvolver parcerias em projetos de hidrogênio verde com empresas como a Paul Wurth, de Luxemburgo, e com o governo do Maranhão. No fim de 2023, iniciou a produção na unidade de hidrogênio renovável entre Minas Gerais e Goiás.
— Já somos os líderes na geração de energia renovável e vamos garantir o cumprimento da meta de emissões zero até 2030 — disse Ivan Monteiro, presidente da Eletrobras.
A companhia está investindo R$ 2 bilhões em eólicas na Bahia e no Rio Grande do Sul.
Para especialistas, além da agenda ambiental, o avanço desses projetos é reflexo da ampliação do mercado livre, no qual grandes empresas podem escolher sua fonte de energia. A Engie prevê investimentos de R$ 13,7bilhões entre 2024 e 2026. Mauricio Bähr, CEO da companhia, cita investimentos eólicos e solares nos estados do Rio Grande do Norte e Bahia, com parte da energia comercializada no mercado livre.
Nos planos da Engie está desenvolver hidrogênio verde até 2030, uma vez que o Brasil terá disponibilidade de recursos renováveis 17 vezes maior que sua demanda em 2050.
— Existem países que terão enormes dificuldades em descarbonizar sua matriz energética e podemos atrair as cadeias produtivas desses países para o Brasil. Vejo uma grande oportunidade de desenvolvermos a indústria no Brasil aproveitando nossa oferta de energia renovável — prevê Bähr.
Segundo Aurélien Maudonnet, CEO da Helexia Brasil, o momento é de apetite por fontes renováveis. Ele lembra que, entre setembro de 2023 e abril de 2024, a companhia conectou 18 parques solares em diversos estados. Juntos, os projetos consumiram investimentos de quase R$ 1bilhão.
— No Brasil, há incidência solar maior que na Europa e muito espaço disponível. O processo de transição energética precisa aliar o avanço da produção de energia a partir de fontes renováveis a soluções de eficiência energética que contribuam para a redução do consumo de energia.
De acordo com Maudonnet, projetos de iluminação, monitoramento e gestão de fluxos de consumo de água, energia, gás e vapor são outra frente:
— O Brasil precisa superar alguns obstáculos relacionados a custos de implantação e questões regulatórias quando falamos de energias renováveis. A incorporação de soluções de armazenamento (como baterias) pode mitigar a intermitência de tais fontes.
Biocombustíveis
Quem também aproveita a maior demanda por fontes renováveis é a PAE, empresa argentina de energia. A companhia está investindo R$ 3 bilhões em um complexo eólico na Bahia. A previsão é que esteja operando em meados deste ano com energia suficiente para abastecer 1 milhão de lares brasileiros. Alejandro Catalano, diretor-geral da PAE no Brasil, quer incorporar energia solar no local para duplicar a capacidade.
Em outra frente, as empresas ampliam os investimentos em combustíveis renováveis. A Acelen Renováveis quer transformar o óleo da Macaúba, uma planta nativa brasileira, em combustível de aviação sustentável (SAF) e diesel renovável (HVO). Na primeira etapa, serão R$ 12 bilhões de investimentos, incluindo uma biorrefinaria na Bahia. A meta é que até 2033 tenham 200 mil hectares de macaúba para produzir 20 mil barris por dia de biocombustíveis.
Segundo Marcelo Cordaro, diretor operacional da Acelen Renováveis, a macaúba pode fazer parte da próxima geração de matérias-primas que impulsionam o desenvolvimento de um setor de biocombustíveis em escala industrial. Comparado com a soja, diz ele, a macaúba alcança até sete vezes mais produtividade na extração de óleo por hectare e pode ser cultivada em terras degradadas.
— A iniciativa está ancorada na agricultura integrada à indústria para produção de combustíveis renováveis, geração de créditos de carbono certificados após recuperação de terras degradadas e positivo impacto socioambiental. A projeção inicial é a instalação de pelo menos cinco hubs de agroindústria de macaúba, com viabilidade para o norte de Minas Gerais e o estado da Bahia— afirma Cordaro.
A Enel Green Power, que nos últimos dez anos investiu R$ 36 bilhões em geração renovável, acabou de inaugurar, em abril, empreendimento eólico na Bahia e está finalizamos a segunda expansão de um complexo eólico no Piauí.
— A expansão da energia solar e eólica, em detrimento das térmicas, tem potencial para reduzir o custo para o consumidor final — diz Bruno Riga, responsável pela Enel Green Power no Brasil.
Eduardo Ricotta, CEO da Vestas na América Latina, fabricante de equipamentos eólicos, lembra que, no fim do primeiro trimestre, a empresa concluiu a construção de sete parques eólicos no Nordeste.
—Nesse ano, nossa fábrica no Ceará começará a manufatura das turbinas para novos projetos que receberão investimento total da ordem de R$ 9 bilhões. O Brasil representa quase 7% da produção global de energia renovável. Porém, hoje, há uma sobre oferta de energia no Brasil, que dificulta tirar os projetos do papel.
Fonte e Imagem: O Globo.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta segunda-feira, 27 de maio, que o projeto de lei para reformular o setor elétrico em elaboração pelo governo será “naturalmente polêmico” e deve conter exigências de contrapartidas sociais das fontes intermitentes. Previsto para ser encaminhado ao Congresso Nacional até setembro deste ano, o projeto terá como objetivo resolver problemas envolvendo a distribuição de subsídios, encargos e as distorções entre o ambiente regulado e livre.
“Nós começamos essa discussão há alguns meses. O projeto continua sendo elaborado e deve ficar pronto em agosto ou em setembro, mas ele vem e será um projeto, naturalmente, polêmico. Mas, nós vamos levar ao Congresso Nacional para ser debatido”, disse Silveira durante entrevista coletiva realizada em Belo Horizonte, após cerimônia de abertura da terceira reunião do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20.
A declaração do ministro foi feita após ser questionado sobre quais ações o governo tem discutido para lidar com os resíduos deixados por minerais críticos e pelas novas fontes renováveis no fim da sua vida útil. Segundo Silveira, a transição energética brasileira deve ocorrer por meio da sustentabilidade e da economia, dois alicerces visto por ele como necessários, mas difíceis de serem equilibrados.
O ciclo de vida das fontes está na pauta de discussões do governo e, de acordo com o ministro, contrapartidas sociais estão sendo estudadas para lidar com a situação.
Como exemplo, o ministro falou sobre o papel sociais das usinas hidrelétricas e das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) nas regiões em que estão localizadas. “Ambientalistas mais radicais condenam as hidrelétricas e as PCHs, que são uma grande vocação do Brasil. Quero voltar a discutir isso. Talvez as hidrelétricas a gente não consiga fazer no curto prazo, mas as PCHs têm uma contrapartida social enorme.
[Por outro lado], para estimular as eólicas, por exemplo, nada foi feito de contrapartida social, porque foi uma fase de subsídios para fomentar o crescimento das renováveis no país”, destacou o ministro.
Na opinião de Silveira, os incentivos às eólicas precisam cessar, pois a fonte já é capaz de “andar sozinha” através do hidrogênio verde, do consumo pela indústria e do mercado livre de energia.
“Precisamos discutir alternativas de contrapartidas [sociais] para as fontes intermitentes, que foram incentivadas por necessidade, e para o setor de mineração. Agora é hora de discutir como as novas fontes vão deixar essas contrapartidas para nossa sociedade. [...] Com os investidores, quando falamos de incentivos é música, mas quando falamos de deixar um ‘pedacinho’ para a população é uma guerra, mas esse debate está sendo feito e o nosso projeto de lei deve discutir distorções incluindo essa”, concluiu o ministro.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
O evento reúne representantes das maiores economias mundiais entre os dias 27 e 29, para discutir dimensão social da transição energética, financiamento de baixo custo para iniciativas sustentáveis, acesso universal à energia limpa e inovação em biocombustíveis.
Começa nesta segunda-feira, no Minascentro, em Belo Horizonte, a 3a Reunião do Grupo de Trabalho de Transição Energética do G20. O evento, organizado pelo Ministério de Minas e Energia, reúne representantes das maiores economias mundiais entre os dias 27 e 29, para discutir dimensão social da transição energética, financiamento de baixo custo para iniciativas sustentáveis, acesso universal à energia limpa e inovação em biocombustíveis.
Após a cerimônia de abertura da reunião técnica, o ministro de Minas e Energia concede coletiva de imprensa.
De acordo com relatório da BloombergNEF, o Brasil investiu US$ 34,8 bilhões em energias renováveis em 2023. O país é o líder na América Latina em investimentos na transição energética e está na 6a posição mundial. O país que mais investiu foi a China, seguido por Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França.
O Ministério de Minas e Energia coordena o Grupo de Trabalho Transições Energéticas. O Brasil país tem 88% de sua energia elétrica proveniente de fontes limpas e renováveis.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Renovações contratuais devem viabilizar investimentos de R$ 150 bilhões nos próximos quatro anos.
O Ministério de Minas e Energia enviou nesta quinta-feira (23), à Casa Civil, uma minuta de decreto que autoriza a renovação das concessões de 20 distribuidoras de energia elétrica. Os contratos atuais das empresas vencem até 2031.
A informação foi dada pelo ministro Alexandre Silveira, ao participar de evento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), em Brasília.
De acordo com ele, as renovações contratuais devem viabilizar investimentos de R$ 150 bilhões nos próximos quatro anos pelas distribuidoras.
O vencimento das concessões atinge diversos pesos-pesados do setor, como a Enel SP, a CPFL, a EDP e a Light. Todas as empresas poderão renovar antecipadamente seus contratos.
O governo, no entanto, apertará as regras. Uma das inovações será um gatilho para impedir a distribuição de dividendos, além do mínimo legal, para distribuidoras que não cumprirem cláusulas de equilíbrio econômico-financeiro do contrato. O monitoramento será feito anualmente.
Também vai haver índices mais rigorosos para a frequência e a duração dos cortes no fornecimento de energia.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Mudanças vêm sendo prometidas pelo governo desde o ano passado.
Após finalizar o decreto de renovação de contrato das distribuidoras, o Ministério de Minas e Energia trabalhará para fechar a proposta de reforma das regras do setor elétrico, com possibilidade de envio ao Congresso Nacional, até agosto.
As mudanças vêm sendo prometidas pelo governo desde o ano passado, como forma de corrigir o que o ministro Alexandre Silveira classifica de “colcha de retalhos”. O assunto foi tratado em setembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mês passado com especialistas do setor.
A ideia, segundo o Valor apurou, não é substituir o projeto de modernização do mercado que tramita atualmente na Câmara (PL 414), que vem sendo debatido já há alguns anos no Congresso. O governo não quer que sua proposta seja encarada como um “atropelo” da iniciativa dos parlamentares.
Com o novo marco legal do setor, integrantes do Ministério de Minas e Energia pretendem, assim como define o PL 414, preparar o mercado de energia para a abertura do mercado livre. Nele, o consumidor é beneficiado pela portabilidade da conta de luz, facilidade que permite escolher de quem comprar a sua energia.
O governo espera que o decreto de renovação das concessões de 20 distribuidoras de energia viabilize a digitalização das redes até 2030, segundo avaliação de fonte oficial envolvida com o tema. O texto do decreto foi enviado para análise final na Casa Civil nesta quinta-feira (23), com diretriz para a digitalização das redes para o setor.
A digitalização da infraestrutura passa basicamente pela troca do medidor de consumo do tipo analógico por equipamentos mais modernos com leitura digitalizada. Essa mudança permite à distribuidora aperfeiçoar o modelo de comercialização do serviço e ao consumidor migrar para o mercado livre, onde pode escolher de quem comprar a energia.
O texto do decreto, obtido pelo Valor, não fixa prazo para que as distribuidoras façam a digitalização do serviço. A fonte do governo explica que essa exigência deve constar na regulamentação, que será preparada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Outra mudança no mercado de distribuição de energia pretendida pelo governo é a separação das cobranças pelo uso das redes (o fio) e pelo consumo de energia. Esta também é uma das diretrizes que entrou na versão final do decreto, também considerada importante para ampliação do acesso ao mercado livre, e que também deve ser implementada até 2030.
Com a edição do decreto, Silveira espera aumentar a qualidade do serviço de fornecimento de energia no país. “Tiramos as distribuidoras do conforto contratual que se encontram hoje. Elas vão ter que melhorar a qualidade do serviço, e não descarto a possibilidade de algumas não aderirem [aos novos contratos], em consequência das exigências", disse o ministro.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Segundo Venilton Tadini, é preciso transformar a vantagem comparativa em vantagem competitiva, capaz de elevar a capacidade da indústria para atender mercado; associação discute nesta quinta alternativas de investimentos para o setor.
O presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, afirma que o processo de transição energética em andamento no mundo é a grande oportunidade de recuperar a indústria nacional, hoje bastante fragilizada.
“Isso pode nos colocar novamente entre os principais players do mundo na produção industrial, que nós perdemos. A gente está numa posição bastante fragilizada, com a participação da indústria no PIB debilitada, em torno dos 10%.”
Na avaliação de Tadini, hoje o Brasil tem as melhores condições para liderar a transição energética global. Para isso, é preciso transformar a vantagem comparativa em vantagem competitiva, capaz de elevar a capacidade dessa indústria para atender o mercado.
Ele alerta que o País não pode deixar escapar essa oportunidade. Segundo o executivo, hoje os investimentos que estão sendo feitos no hidrogênio verde, por exemplo, têm como foco o mercado externo. “A gente tem de fazer mais do que produzir energia para
exportar ‘in natura’, como commodity. Nós precisamos é usar esse desenho para efetivamente fazermos produtos verdes e sermos mais qualificados na concorrência internacional.”
A necessidade de priorizar alguns temas para desenvolvimento será debatido nesta quinta-feira, 23, no Abdib Fórum – 2024 Infraestrutura: Bases para a Neoindustrialização e Desenvolvimento Sustentável. O evento ocorrerá em Brasília, a partir das 9h. Também estarão em pauta a questão da importância da harmonia entre os Três Poderes da República; o arcabouço fiscal, o novo PAC, a reforma tributária, a Nova Indústria Brasil e o Plano de Transição Ecológica.
O setor de infraestrutura deve investir neste ano cerca de R$ 235 bilhões, sendo 77% da iniciativa privada. O volume representa um aumento de 10% em relação a 2023, quando foram injetados no setor R$ 213 bilhões, sendo 43% no setor de energia.
Como o sr. avalia o quadro macroeconômico do Brasil considerando a grande necessidade de investimentos, e que está aquém das necessidades há alguns anos?
Temos uma situação complexa, seja de natureza estrutural, conjuntural institucional e política, da relação entre os Poderes. Na parte econômica, o que podemos falar é que verificamos alguns avanços importantes do ponto de vista estrutural e da nossa inserção internacional, que está na direção correta em relação às diretrizes que estão sendo colocadas pelo governo federal, que é aproveitar as oportunidades da transição energética. Nós nos colocamos como um ator importantíssimo nessa corrida que o mundo está vivendo para enfrentar as variações climáticas. Isso é absolutamente fundamental.
E como podemos aproveitar essa oportunidade?
Temos de transformar essa vantagem comparativa das fontes limpas da nossa matriz energética em vantagem competitiva para também dotar a indústria de capacidade para atender as demandas em relação à transição energética, não só das fontes renováveis, como também nos processos de integração da infraestrutura. Uma questão que é fundamental: é preciso ter um norte na estratégia de desenvolvimento. Estou falando na neoindustrialização e no apoio a indústrias absolutamente novas. Isso não só pelo que vai ocorrer e está sendo enfatizado de apoio em inovação tecnológica nos segmentos existentes, como também é possível trabalhar para não ser dependente no futuro, por exemplo, de baterias, estruturas de eletrólise para fazer o hidrogênio verde e de aproveitar tudo isso no uso do hidrogênio verde. A gente tem de fazer mais do que produzir energia para exportar ‘in natura’, como commodity. Nós precisamos usar esse desenho para efetivamente fazermos produtos verdes e sermos mais qualificados na concorrência internacional.
Estamos atrasados nesse processo?
O que a gente percebe principalmente na Europa é que o pessoal adora falar da questão ambiental. Mas, do ponto de vista da utilização dos recursos, eles usam até hoje carvão como combustível. Nós temos condições e a possibilidade de transformar os nossos produtos com essa energia verde dando a eles maior condição de competitividade da forma que o mundo dá hoje. Mas, cada vez que a gente dá um avanço, há também um aumento da régua para dizer que o nosso produto não é tão verde assim, que há problemas na Amazônia. Essa é uma questão que a gente tem de enfrentar. Mas isso pode nos colocar novamente entre os principais atores do mundo na produção industrial, que nós perdemos. A gente está numa posição bastante fragilizada, com a participação da indústria no PIB debilitada, em torno dos 10%. Acredito que a transição energética, com a neoindustrialização e inclusão social é um desenho importantíssimo na definição da estratégia de desenvolvimento.
Hoje vemos o mundo numa briga intensa com a China por causa da enxurrada de produtos extremamente baratos que inundam os mercados. A transição energética e nosso potencial nessa área podem nos dar a competitividade que esse novo mundo exige?
Não tenho dúvida. Esse é um ponto fundamental. Por isso que a questão energética junto com a infraestrutura é um binômio de um bloco de investimentos para nós trabalharmos na reindustrialização. Aí é importante que se diga: os projetos do PAC estão ligados com essas estratégias, a Nova Indústria Brasil e a forma como o BNDES voltou a ser uma agência de fomento. Esperamos que ele dobre o seu orçamento. Foi aprovado na Câmara e vai para o Senado a nova letra de crédito e desenvolvimento que tornará a captação mais barata pelo BNDES. Veja bem: não estamos falando em substituir a TLP (taxa de juros do banco de fomento). Ela será mantida para determinados grupo de investimentos, mas vamos ter, a exemplo do que ocorre na inovação, taxas diferenciadas. O BNDES está em plena transformação e tem trabalhado muito bem até agora. Ele aumentou em 90% as liberações neste ano em relação ao ano anterior. Acreditamos que o BNDES vai voltar a ser uma agência de fomento, mas sem os atropelos ao Tesouro que ocorreram num passado recente, com menos subsidios.
E qual o papel do mercado de capitais?
Estamos trabalhando no mercado de capitais ? que também não tinha no ciclo anterior ?, a nova debênture de infraestrutura que foi aprovada. Fizemos um excelente seminário aqui com CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Previ (fundo de pensão dos funcionário do Banco do Brasil), entre outros agentes, para verificar o uso desses ativos. E, por último, não menos importante, queremos aproveitar a onda do mundo na transição energética para fazer colocações de fundos específicos que apoiam essa economia verde pelo Tesouro Nacional, com taxas diferenciadas e cobertura de risco cambial, para conseguir utilizar as fontes externas de recursos. Nunca antes o País teve, efetivamente, uma composição de estrutura de funding para um ciclo de desenvolvimento. O desenvolvimento da economia no governo Juscelino Kubitschek ocorreu com recursos externos; o primeiro PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) teve recursos externos; o segundo PND, recurso externo e Tesouro Nacional; e o último ciclo, que foi aquele do voo de galinha, onde se utilizou basicamente BNDES com repasse de recursos do Tesouro. Isso trouxe um sério problema e gerou uma certa antipatia com o termo de “política industrial”, com a questão de você fazer política pública para o desenvolvimento específico que o BNDES poderia fazer como exportação de serviço. Então a gente tem uma série de coisas em andamento que logicamente tem a complexidade de ter uma estrutura política institucional muito complexa, que precisa acertar as engrenagens da República. O primeiro painel do nosso evento será o Papel das Instituições da República para a Segurança Jurídica e Desenvolvimento da Infraestrutura. Lá teremos ministro da Casa Civil, presidente do Senado, presidente da Câmara, presidente do STF, TCU e AGU para tratar desse tema. Nosso seminário passado, no início do governo Lula, falamos das diretrizes do novo governo, qual que era o desenho e qual era a expectativa da política econômica. Este ano nosso objetivo é falar dos programas que já foram estabelecidos, como eles estão andando e o que precisa fazer para que de fato ele se materialize. Agora, a bola está no chão, o jogo está sendo jogado e a gente tem de apoiar. Tivemos o arcabouço fiscal e uma nova estrutura tributária para consumo e serviço. Não é um passeio no parque, mas é uma mudança estrutural da maior relevância de custo para indústria. Isso tem de ocorrer também na questão da energia e na infraestrutura.
Como o sr. vê os investimentos na transição energética?
Eu sempre digo que a gente tem de tomar cuidado, porque os investimentos que tem sido feitos para desenvolver hidrogênio no Brasil têm como destino o mercado externo. O objetivo é exportar commodity. Para nós, o hidrogênio verde tem de ser priorizado para a nossa neoindustrialização, para ter produtos verdes, para que a gente tenha uma inserção competitiva que os outros não têm igual o Brasil. E cada vez que a gente avançar nisso, (a concorrência) vai mudando. A Europa vai mudando as regras. A OMC vai mudando as regras. A gente já viu isso com os Estados Unidos. O álcool brasileiro não pode entrar lá, nunca pode. Temos uma condição ímpar nessa área. Eu fico alucinado quando começam a falar da derivada da quarta do déficit primário. Será que eles têm noção do quanto está sendo feito com o programa do Inflation Reduction Act (lei de redução da inflação, que prevê uma série de investimentos verdes com destaque para a produção de energia renovável) nos Estados Unidos? São US$ 2 trilhões com a economia aquecida. E aqui a gente tem de cravar um déficit primário para ter uma inflação anual abaixo de 3%. Aí dizem: “É preciso crescer e tal”. Quando você cresce, a dívida pública em relação ao PIB cai. Se toda vez eu faço uma política na qual meu corte da parte do gasto público é investimento, o PIB não vai crescer. Ele cresceu o ano passado por causa do Bolsa Família e de alguns auxílio específicos. O investimento foi negativo. O investimento de infraestrutura cresceu, mas a indústria precisa de demanda. Não adianta eu ter inovação tecnológica, pegar um produto e ter uma sacada maravilhosa se não tem mercado para aquele produto. Na Alemanha, por exemplo, o programa de hidrogênio verde começou já com o governo fazendo uma licitação e garantindo a compra do produto. Nos Estados Unidos é a mesma coisa.
Mas nesses países os programas de subsídios são bilionários. Não temos o mesmo potencial financeiro para concorrer. É que a gente faz errado. A gente está com excesso de energia e está dando subsídio para energia solar. Nós gastamos muito e gastamos errado. São R$ 15 bilhões e eu não vi nenhuma instituição financeira ou analista de banco falando contra isso, mas reclamam do déficit fiscal. Está cheio de lugar que aumenta gasto e não é só do Executivo, tem também o Legislativo. Tem de acabar com essa farra. Por isso é fundamental ter estratégia de desenvolvimento e definir prioridades, como o governo está tentando fazer com o PAC que hoje tem projetos muito mais estruturados para atrair investimento. Aí vejo analista fazer análise do PAC 1 e PAC 2 e dizer que o PAC 3 não vai dar certo porque o 1 e o 2 não deram. Não se compara a qualidade dos projetos, a definição de prioridades, a articulação em relação ao conteúdo local e a relação com os entes subnacionais. Mas dizem que não vai dar certo. É o complexo de vira-lata.
Como resolver a questão do baixo investimento público em infraestrutura?
Sempre defendemos a participação do investimento público. Sempre dissemos que infraestrutura se faz com investimento público e privado. Há segmentos que o setor privado não quer entrar, então nós precisamos do público. Mais de 80% das estradas pavimentadas estão nas mãos do Estado. Então preciso ter investimento na conservação e manutenção dessa rede. Na nossa proposta de ajuste fiscal sempre dissemos que investimento tem de ter piso. Teto é para outras despesas e o ajuste tem de ser feito nelas, não nos investimentos. Investimento é a porta de crescimento econômico, do desenvolvimento futuro.
Fonte e Imagem: Estadão.
O governo pretende encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de lei para reformular o setor elétrico até agosto deste ano, com foco em resolver problemas envolvendo a distribuição de subsídios, encargos e as distorções entre o ambiente regulado e livre, escreveu o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em artigo publicado no jornal Estado de S. Paulo nesta quarta-feira, 22 de maio.
No artigo, Silveira relatou que esses temas foram discutidos por ele com especialistas do setor e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma reunião realizada para discutir os principais problemas estruturais e as soluções para baratear a conta de luz. O encontro em questão foi realizado em 10 de abril deste ano, um dia após a publicação da Medida Provisória (MP) 1.212.
Os três tópicos que serão objeto do PL foram apresentados nessa reunião pelos especialistas e, segundo Silveira, a análise é compatível com o diagnóstico da pasta. No artigo, o ministro falou que alguns encargos do setor são necessários devido à necessidade de políticas públicas no Brasil, como os programas Luz Para Todos e a tarifa social.
Por outro lado, Silveira diz que incentivos voltados ao desenvolvimento de tecnologias já competitivas no país podem ser “dispensados”. O ministro aproveitou ainda para defender a abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores, mas sem gerar custos extras para aqueles que permanecerem no mercado regulado.
A reforma de Silveira
A reformulação do setor elétrico vem sendo abordada por Silveira desde que assumiu a pasta, em 2023. Em julho, o ministro falou pela primeira vez que o MME estudava uma proposta para remodelar o setor elétrico, com prazo de finalização de 90 dias. A medida focaria na proteção dos consumidores, no reequilibrado do segmento e na redução da “colcha de retalhos” criada nos últimos anos, priorizando, por exemplo, a readequação dos encargos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Dois meses depois, durante o Brazil WindPower, Silveira voltou a citar a reforma do setor, afirmando que ela iria concatenar a postergação dos incentivos dados às renováveis com a entrega dos projetos de transmissão para seu escoamento.
Passado o prazo de 90 dias, o ministro sugeriu a criação de um grupo de trabalho para discutir “formas criativas” de reduzir a tarifa de energia elétrica dos estados brasileiros. Na época, a pasta estava discutindo formas de reduzir a tarifa do Amapá.
Em janeiro deste ano, uma reunião foi promovida entre Silveira e representantes de 26 associações para discutir os problemas do setor elétrico. Na ocasião, o ministro falou sobre os desafios do setor elétrico por cerca de uma hora, quando destacou a importância do diálogo com o setor, criticou desequilíbrios tarifários e pediu ajuda das entidades presentes para resolver problemas causados pelos altos custos da CDE e dos empréstimos setoriais Conta Escassez Hídrica e Conta-Covid, contraídos em nome dos consumidores das distribuidoras nos últimos anos.
Em abril, Silveira disse que medidas estruturantes planejadas pelo governo podem ter sinergia com o Projeto de Lei (PL) 414/21, que trata de dispositivos para modernização do setor elétrico e amplia o acesso ao mercado livre de energia elétrica para todos os consumidores brasileiros. Ele ainda destacou que o governo precisa discutir o financiamento do setor elétrico para que não continue “enfiando” políticas públicas no consumidor.
No mesmo mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a medida provisória 1.212.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
O Brasil está experimentando um ciclo de grandes leilões de transmissão promovidos pelo governo federal para aumentar a capacidade de escoamento de energia renovável principalmente do Nordeste para os grandes centros consumidores.
Geraldo Pontelo, diretor técnico da Associação Brasileira das Empresas Transmissoras de Energia Elétrica (Abrate), avalia que os leilões de transmissão têm sido bem-sucedidos ao atrair grandes investidores, gerando muita concorrência e fortes deságios. Pontelo participou nesta terça-feira do “Seminário Lide”, promovido pelo Líderes Empresariais (Lide).
No entanto, o Brasil ainda enfrenta gargalos e fragilidades em relação ao licenciamento ambiental, mão de obra e meios de financiamento para manter o ritmo das obras no setor de transmissão.
A alta demanda por equipamentos, escassez de mão de obra de engenharia e construção e licenciamento ambiental fez com que a indústria e associações setoriais pedissem ao Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reduzissem o ritmo das licitações para dois eventos por ano. O prazo da entrega das obras também foi estendido para até 72 meses.
O Brasil está experimentando um ciclo de grandes leilões de transmissão promovidos pelo governo federal para aumentar a capacidade de escoamento de energia renovável principalmente do Nordeste para os grandes centros consumidores.
Só em 2023, foram licitados mais de R$ 37 bilhões em infraestrutura de transmissão. Em março de 2024, foram mais R$ 18,2 bilhões e há outro certame menor previsto para setembro e para 2025. Além disso, para 2025, estão planejados mais dois leilões.
Um dos pontos que preocupa o setor é a paralisação das atividades de campo dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já que por serem projetos interestaduais esse processo passa obrigatoriamente pelo órgão. A não concessão de licenças pode trazer riscos financeiros para as detentoras desses ativos, além de eventual judicialização.
“Faltará mão de obra para implantar tanta obra. Estamos em negociação com o BNDES para financiar epecistas [empresas que constroem e entregam o projeto pronto] porque essas empresas sofreram muito na pandemia, mas o principal gargalo agora é nos órgãos de licenciamento ambiental, que já isso está impactando os projetos licitados”, diz Pontelo.
A superintendente de concessões , permissões e autorizações de serviços da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ludimila Silva, lembra que desde 2017, todos os 160 lotes oferecidos foram arrematados com deságio médio de 46,5%. Hoje há 84 linhas de transmissão e até 2027 os leilões de transmissão servirão para licitar infraestrutura para escoar a produção da matriz solar e eólica no Nordeste para os centros consumidores.
“Isso faz com que a gente tenha algumas preocupações e cuidados. Diante do volume grande, temos que acompanhar esse volume de obras muito de perto. Tentamos ainda uma interação com os órgãos licenciadores e mostrar os benefícios para o consumidor”, diz Silva.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Agência fará consulta pública após o TCU suspender a aprovação de novos descontos até uma revisão da regulamentação; empreendimentos já outorgados manterão o benefício.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai rever a forma de concessão de subsídios a empresas de geração de energia renovável. A diretoria da agência aprovou nesta 3ª feira (21.mai.2024) a abertura de consulta pública para debater novas formas para aplicação dos descontos nas tarifas Tust (Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e Tusd (Uso do Sistema de Distribuição).
A decisão se dá em cumprimento a um acórdão do TCU (Tribunal de Contas da União) que proibiu a Aneel de conceder descontos automáticos da Tust e Tusd para projetos de renováveis até que seja apresentada uma mudança na regulamentação para que apenas empreendimentos de até 300 MW de potência injetada tenham direito ao subsídio.
Em acórdão de novembro de 2023, confirmado na última semana, a Corte de Contas afirmou que a revisão da metodologia era necessária para impedir a concessão do benefício nos casos de fracionamento ou divisão de empreendimentos únicos em projetos menores.
No entendimento do TCU, a Aneel não vinha analisando explicitamente os pedidos de desconto, o que tem facilitado formas de burlar o limite legal imposto. Assim, alguns complexos com potência superior a 300 MW conseguiam o benefício através da fragmentação dos projetos, como por exemplo em duas usinas de 200 MW cada, o que totalizaria 400 MW.
Pela determinação do TCU, a Aneel precisa:
criar novos critérios para as outorgas ainda não emitidas (futuro);
fazer um pente-fino nas outorgas já emitidas (passado).
A revisão das regras que será feita pela Aneel alcançará apenas as outorgas pendentes de autorização e não vai retroagir para alcançar os empreendimentos já outorgados. Esses serão alvo de fiscalização da agência. Os pedidos de autorização que estão na entidade terão a concessão do subsídio condicionada à futura norma.
Atualmente, há 336 pedidos de autorização para implantação de usinas eólicas, solares e térmicas a partir de biomassa, que somam 14 GW. Normalmente, a outorga já é emitida com o desconto automático. São eles:
usinas eólicas: 68
usinas solares: 261
usinas térmicas a biomassa: 7
A Aneel vai facultar às empresas a decisão se querem continuar com o processo de outorga diante da revisão da regra para subsídios. Para isso, os empreendimentos deverão assinar um termo de prosseguimento dando ciência de que essa decisão é por sua conta e risco antes de uma definição final dos critérios para desconto. No entanto, poderão requerer o benefício posteriormente.
Quem desejar suspender a análise do seu pedido de outorga terá que assinar um termo autorizando que o processo seja analisado apenas depois de concluída a regulamentação dos novos critérios. Os empreendimentos que não apresentarem em 10 dias o termo para prosseguimento ou suspensão do processo de outorga terão o pedido indeferido.
A Aneel alertou aos interessados que a eventual escolha pela suspensão dos pedidos poderá atrapalhar na prorrogação do prazo de implantação das usinas, prevista na MP (medida provisória) 1.212, que possibilita a prorrogação em 36 meses. Essa prorrogação precisa ser solicitada por empreendimentos outorgados em 60 dias após a publicação da MP.
A relatora do processo, diretora Agnes Costa, afirmou em seu voto que a Aneel concedeu as outorgas com os benefícios tarifários no passado com a certeza de que estava atuando dentro dos limites legais. Sustentou que manter as autorizações já concedidas é importante para segurança jurídica.
Agnes destacou os impactos que esses subsídios tiveram para impulsionar o avanço das fontes renováveis no país, mas afirmou que a decisão não trata de defesa da permanência do subsídio para as fontes incentivadas, “uma vez que elas já estão integradas à matriz elétrica nacional e sendo já tecnologias competitivas”.
O QUE DEVE MUDAR
Na consulta pública que será aberta pela Aneel pelo prazo de 45 dias, serão colocadas à disposição dos agentes duas opções para mudança nas regras. São elas:
Aferição por potência – no caso de 2 usinas de 200 MW de um mesmo empreendedor, se for identificado que os projetos têm o mesmo controle societário direto ou que há compartilhamento de infraestrutura de conexão, essas outorgas vão ser emitidas normalmente, mas haverá uma designação de complexo de geração formado por 2 usinas. A CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) vai apurar o limite de 300 MW pelo complexo, e não por outorga;
Agrupamento de outorgas – no caso de 2 usinas de 200 MW de um mesmo empreendedor, se for identificado que é o mesmo controle societário direto ou que há compartilhamento de infraestrutura de conexão entre os projetos, será oportunizado aos agentes reapresentar o pedido na forma de uma outorga única. E a aferição passa a ser conforme as regras atuais, de limite até 300 MW.
Qualquer que seja a proposta definida ao final da consulta pública, será necessária avaliação jurídica da opção.
Na Aneel, a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) e Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) pediram que o entendimento de aplicação para a regra atual continue valendo para, além das outorgas já autorizadas, aquelas solicitadas até 2 de março de 2022, o que foi rejeitado pela Aneel com base no que determinou o TCU sobre todas as outorgas pendentes.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Devido à menor produção de energia por ordem do ONS, as empresas enfrentam prejuízos e exigem indenizações, que acabam sendo repassadas para a conta de luz do consumidor.
As restrições de geração de energia impostas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) às geradoras eólica e solar, por motivos operacionais, estariam provocando prejuízos às empresas e motivando pedidos de ressarcimento.
O apagão do dia 15 de agosto de 2023 deixou o ONS mais conservador, levando-o a limitar a transmissão de energia renovável do Nordeste para o resto do Brasil. O corte de geração determinado pelo ONS, conhecido pelo jargão em inglês “constrained off”, no entanto, é prática comum do setor.
Segundo as companhias, as perdas somam quase R$ 620 milhões. Entre 2022 e 2023, as empresas eólicas afirmam ter R$ 532 milhões em perdas. Já as solares, alegam R$ 84,8 milhões em prejuízos só no ano passado.
Com a entrada crescente de energia solar e eólica no sistema elétrico na última década, o operador passou a conciliar a geração dessas fontes com a das hidrelétricas. O ONS determina a paralisação dos geradores por três motivos, mesmo quando as condições de vento e sol são favoráveis: falta de demanda, que provoca sobreoferta; gargalos nas linhas de transmissão; e problemas elétricos que podem causar sobrecarga.
Nos balanços trimestrais, o impacto na receita é caracterizado pelas empresas de capital aberto como custo de oportunidade. Auren, CPFL, Renova e AES, por exemplo, reportaram o problema em seus balanços do 1o trimestre. Das companhias de capital fechado, a chinesa Spic e a 2W também sentiram os efeitos da restrição.
Como o corte é determinado pelo ONS, as usinas não têm ingerência sobre a decisão e por isso defendem serem compensadas por meio de um encargo na conta de luz dos consumidores, o Encargo de Serviços do Sistema (ESS).
A previsão é que os cortes aumentem no início do segundo semestre, quando a produção eólica e solar se intensifica. Isso colocou pressão sobre a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No fim de 2023, as associações Abeeólica e Absolar, que representam as empresas de energia eólica e solar, obtiveram uma liminar obrigando a indenização dessas empresas.
O problema é que há impasses regulatórios que travam o pagamento. O Tribunal Regional Federal da 1o Região (TRF1) deu 45 dias para a Aneel regular a compensação às empresas afetadas para que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) possa fazer os pagamentos. O assunto deve entrar na pauta da Aneel na reunião ordinária desta terça-feira (21).
De acordo com a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, o quadro se dá porque a Aneel já tem uma regulação específica para a remuneração de usinas com contratos com distribuidoras (o mercado regulado). Só que essa regulamentação não está definida para o mercado livre. “Não interessa se é livre ou regulado, o gerador tem que ser ressarcido”, disse Gannoum.
O diretor financeiro e de relações com investidores da Engie, Eduardo Takamori, avalia que isso veio para ficar, diante do baixo crescimento econômico, incapaz de absorver toda a produção das usinas, e do desequilíbrio de incentivos dados, que causou descompasso entre oferta e demanda.
“Estamos falando de uma quantidade muito expressiva de geração distribuída, que entrou no sistema ao longo dos últimos anos de forma exagerada em função do nível irracional de subsídios”, disse.
Um levantamento da consultoria Volt Robotics aponta que os cortes aumentaram depois do blecaute de 2023. Apesar das restrições, dados do ONS mostram que a participação das fontes eólica e solar é crescente, já que há mais usinas operando no Sistema Interligado Nacional (ver gráfico).
Por serem fontes intermitentes (que geram só quando tem sol e vento), essa instabilidade cria um desafio ao ONS para atender em tempo real a demanda, que também varia. O órgão explica que o Brasil tem uma capacidade instalada elevada e um consumo que não cresce no mesmo ritmo.
“Não podemos elevar a geração sem a respectiva demanda. Como o crescimento do parque gerador de energia se deu com base no avanço das renováveis, notadamente a geração eólica e solar, o impacto de eventuais restrições de geração é mais percebido neste perfil de usina, sem capacidade de acumulação, ao contrário do que acontece com as hidrelétricas”, diz a nota.
Só que a irregularidade do regime de chuva nos reservatórios das hidrelétricas, com as mudanças climáticas, aumenta mais o desafio de gestão do sistema. Neste contexto em que a oferta de energia supera a demanda, os cortes causam desperdício de eletricidade.
“O investidor atende ao chamado estatal para expandir o parque com energia limpa e renovável, mas, depois, é forçado a deixar de gerar com usina pronta, o que frustra a possibilidade de atendimento de suas obrigações comerciais”, diz o diretor técnico e regulatório da Absolar, Carlos Dornellas.
Para as empresas eólicas, a situação é mais sensível, já que no primeiro trimestre do ano, a safra dos ventos foi mais fraca e causou menos produção. Ao Valor, o presidente da CPFL, Gustavo Estrella, vê um caminho de judicialização.
“Se eu tiver uma geração maior por boa condição de vento, ela é bloqueada pelo ONS. A gente teve pouca restrição, basicamente porque tivemos pouco vento e foi pouca a geração. Há ainda alguns temas para serem definidos pela regulação e não foram definidos ainda. Fatalmente vai entrar uma discussão judicial”, diz Estrella.
Para o advogado Rômulo Mariani, do escritório RGMA Resolução de Disputas, o problema é quem arca com o prejuízo. Segundo ele, ao regulamentar a matéria para as fontes eólica e solar, a Aneel limitou a compensação. “Alocou parte substancial desse prejuízo aos geradores, que eles entendem incorreto”, explica.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) realiza reunião de diretoria nesta terça-feira (21), às 9h, com 81 processos inseridos na pauta. É a última reunião do colegiado com o diretor Hélvio Guerra, cujo mandato termina na sexta-feira (24). Ele é o relator de 21 processos.
A pauta da agência é dividida em leitura (17 itens, com sustentação oral e votação individual); e bloco (64 processos). A parte do bloco pode ser votada de uma vez só mas, segundo fonte ouvida pela Agência iNFRA, alguns dos itens que estão nesta parte da pauta podem passar a ter sustentação oral requerida.
Então, é provável que não seja possível votar todos os itens na terça-feira, resultando na necessidade de suspender a reunião para deliberação na quarta-feira (22) e, possivelmente, na quinta-feira (23).
Entre os destaques da pauta, está a revisão tarifária periódica da Amazonas Energia, de relatoria do diretor Hélvio Guerra, e o processo de flexibilização das regras de comercialização devido à crise no Rio Grande do Sul, que tem como relatora a diretora Agnes da Costa.
O colegiado também pode deliberar acerca do processo de atendimento às determinações do TCU (Tribunal de Contas da União) para regulamentação dos subsídios às tarifas de uso dos sistemas (TUST e TUSD) para fontes renováveis. A relatora é a diretora Agnes da Costa, e Ricardo Tili é relator do voto-vista.
O diretor Hélvio Guerra deve apresentar relatórios sobre os resultados das consultas públicas referentes aos critérios para redução ou limitação de geração no SIN (Sistema Interligado Nacional); à revisão da metodologia de cálculo dos custos operacionais regulatórios; e à regulamentação da sobrecontratação involuntária e da venda de excedentes decorrentes do regime de microgeração e minigeração distribuída.
Outro resultado de consulta pública, com voto-vista da diretora Agnes da Costa, trata do aprimoramento do processo de Liquidação Financeira dos Encargos de Uso do Sistema de Transmissão. E, com o voto-vista de Fernando Mosna, pode ser deliberado processo que propõe aprimoramentos da regulamentação do compartilhamento de infraestrutura entre setores de distribuição de energia elétrica e de telecomunicações.
A diretoria também pode deliberar sobre termo de intimação que informou à Light Serviços de Eletricidade sobre a possibilidade de aplicar a pena de caducidade ao contrato de concessão de distribuição de energia. O relator é o diretor Hélvio Guerra.
Fonte e Imagem: Agência Infra.
O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Gentil Nogueira, é o favorito para a sucessão de Hélvio Guerra na diretoria da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), cujo mandato termina no próximo dia 24.
Gentil é o preferido do ministro da pasta, Alexandre Silveira. Mas ainda não há a bênção do Senado Federal em torno do nome. É preciso o aval dos senadores, uma vez que as sabatinas dos indicados para os cargos em agências reguladoras são feitas pela casa.
Superintendentes
Estão também na disputa dois dos mais experientes superintendentes da ANEEL: Carlos Mattar (Regulação dos Serviços de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica) e André Ruelli (Mediação Administrativa e das Relações de Consumo).
Mattar é conterrâneo e amigo de longa data do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aliado do ministro Silveira. Já Ruelli teria o apoio de Gilberto Kassab, o cacique do PSD.
Há alguns meses circulou o nome de Sidnei Bispo como favorito para a vaga na ANEEL. Bispo é diretor de Gestão Administrativa da Eletronuclear e ex-diretor de Furnas. No entanto, ele não está mais no páreo porque não houve acordo com os senadores em torno de sua indicação.
Desempate
A vaga de Hélvio Guerra tem grande importância política. Hoje ele é o responsável pelo desempate nas decisões do colegiado, composto por cinco membros. De um lado, votam quase sempre em sintonia o diretor-geral, Sandoval Feitosa, e a diretora Agnes da Costa. Do outro lado, os diretores Fernando Mosna e Ricardo Tili. Guerra acompanhou a dupla Mosna/Tili na maioria das vezes.
Outras agências do setor
Um dos empecilhos para que Gentil consiga a nomeação para a ANEEL está no fato de que há um “pacote” de indicações para agências sob negociação no Senado, e o PSD, partido do ministro, não terá direito a indicar todas as vagas que pretende, segundo fontes.
Pietro na ANP
Uma outra vaga importante seria a diretoria-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O atual ocupante do cargo, almirante Rodolfo Saboia, encerra seu mandato em 23 de dezembro.
Alexandre Silveira tem a intenção de indicar o secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes, para a cadeira, disseram fontes.
Há ainda uma outra vaga na ANP: Claudio Jorge encerrou seu mandato em dezembro passado e Patrícia Baran está como diretora-substituta no cargo. Para essa cadeira, o PSD também teria um nome: Artur Watt, sobrinho do senador Otto Alencar (PSD-BA) e consultor jurídico na PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.).
“Não há a menor possibilidade de o PSD indicar essas três vagas. União Brasil ou mesmo o PT também brigam por elas”, disse um articulador político.
Para uma fonte do Ministério de Minas e Energia, no entanto, é prerrogativa do governo federal indicar diretores de agências reguladoras e isso não “cai na conta do partido”.
Fonte e Imagem: Agência Infra.
Ao JOTA, presidente da Abeeólica afirmou que regulamentação da MP da TUST e TUSD e aprovação de PLs podem reaquecer setor.
Em crise pela falta de novos contratos, empresas de produção de energia eólica negociam com governo e parlamentares respostas de curto prazo para reaquecer o setor. Ao JOTA, a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, afirmou que entre as possíveis respostas para a crise estão a regulamentação da medida provisória que estendeu prazos de incentivos da TUST/TUSD e prevê redução da tarifa de energia, além da aprovação de projetos de leis, como o que regulamenta o mercado de carbono, o marco do hidrogênio verde e o marco das eólicas offshore.
"No curtíssimo prazo, a regulamentação da MP da TUST e da TUSD permite que imediatamente seja assinada uma série de contratos de projetos no Nordeste. Essa regulamentação é fundamental. Temos também que revisitar as condições de financiamento do BNDES, porque nós estamos falando de uma indústria nacional que gera emprego para brasileiros. Então, precisamos ter uma condição de financiamento melhor, que seja adequada a uma cadeia de produção nacional e isso pode ser feito rapidamente", diz.
Além disso, o setor discute a inclusão de baterias em um leilão de reserva de capacidade de energia, que permite que o setor apresente soluções de eólica com bateria. "Também estamos trabalhando na aprovação do PL da eólica offshore e do PL de hidrogênio, porque esses dois projetos vão impulsionar também investimentos novos na indústria e vão trazer uma expectativa muito favorável para o Brasil em termos de retomada de investimento", acrescenta.
A regulamentação do mercado de carbono, segundo Gannoum, também tem efeito prático no médio prazo e é relevante para a economia brasileira. O texto estabelece um limite de emissão de carbono para cada indústria. Aquela que ultrapassar seu teto poderá comprar cotas de quem não atingir o teto e colocar o excedente à venda. "O Brasil está seguindo, do ponto de vista teórico, uma trajetória muito adequada na medida em que apresenta uma política industrial, que é um plano de transformação ecológica. Agora, as coisas precisam sair do papel."
Crise de demanda
De acordo com Gannoum, o setor está passando por uma crise de novos contratos há cerca de três anos, com forte redução de contratos de novos parques e de demanda por energia nova. Os efeitos negativos, explica, são reflexo de uma economia nacional que não está crescendo e do impacto do avanço da energia fotovoltaica distribuída.
"A energia solar no Brasil cresceu em uma velocidade muito rápida e acabou ocupando também o espaço da energia eólica de grande porte. Além disso, nós não estamos sendo demandados para novos contratos, e são os novos contratos que sustentam a cadeia de produção, a infraestrutura de forma geral. No caso da energia eólica, o ciclo é de dois a três anos. Isso significa que se eu contrato hoje, em 2024, o pedido chega no chão de fábrica a partir de 2025, e em 2026, o chão de fábrica fica lotado. Então, fica empregando para produzir as turbinas eólicas até 2027. Esse ciclo de três anos é fundamental e ele se reativa a cada ano com novos contratos", diz.
Sem esse ciclo rodando, algumas empresas já começaram a deixar o país ou estudar outras alternativas. É o caso da Aeris Energy, fabricante de pás eólicas, que vai começar a fabricar nos Estados Unidos; da Acciona, que reduziu a produção, e da GE Renewable Energy, que interrompeu a venda de geradores de energia no Brasil.
"Tudo isso é consequência do desmantelamento da cadeia produtiva de energia eólica. Essa crise está resultando na redução de fabricantes de aerogeradores no Brasil, e essa redução de fabricação causa impacto na cadeia de componentes, que é a cadeia de fornecedores de um aerogerador de turbina eólica. São cerca de mil fornecedores, então tem o fornecedor da pá, do parafuso, da torre, da barra, de ancoragem, da engenharia. É uma indústria complexa, bem nacionalizada: 80% de uma turbina é fabricada no Brasil. É uma indústria que gera muito emprego e renda para o país e que se consolidou ao longo dos últimos dez, 15 anos", pontua.
Fonte e Imagem: Portal Jota.
Quase sem contratos há dois anos, fabricante local vê desmonte na cadeira de suprimentos e busca opções para continuar existindo.
A crise da indústria de energia eólica brasileira, que persiste desde meados de 2022, está fazendo com que os fabricantes nacionais de equipamentos comecem a olhar o mercado dos Estados Unidos como uma possibilidade de retomar os lucros.
Com dificuldades de fechar novos contratos nos últimos dois anos, o Brasil viu um desmonte em sua cadeia de suprimentos com empresas anunciando paralisação ou hibernação de suas linhas de produção, demissões e até a saída do mercado brasileiro.
Por outro lado, os benefícios oferecidos pelo Inflation Reduction Act (IRA), pacote verde do governo de Joe Biden que garante investimentos na agenda climática voltada a atrair recursos para energia limpa, têm chamado a atenção das companhias. O Valor noticiou com exclusividade que a multinacional catarinense WEG produzirá turbinas eólicas em território americano motivada pelo IRA.
O diretor superintendente da WEG Energia, João Paulo Gualberto da Silva, explicou que o IRA prevê cerca de US$ 370 bilhões de incentivo para transição energética ao longo de dez anos e créditos para quem fabricar os componentes localmente, como o hub [peça onde encaixa as pás] e a nacele [estrutura que abriga componentes do aerogerador], com abatimento de imposto de renda federal. A empresa atua agora no desenvolvimento da cadeia de fornecimento.
Já a fabricante de pás eólicas Aeris vem amargando momentos ruins no Brasil. Ela viu os papéis derreterem e precisou demitir 1.500 funcionários para adequar a produção. Em novembro de 2023, a empresa fez o follow-on e está trabalhando com bancos de fomento, BNDES e BNB, para melhorar o perfil da dívida.
Ao Valor, o diretor financeiro e de relações com investidores, José Azevedo, vê espaço para crescimento do setor eólico em terra (onshore) e crê que o Projeto de Lei da energia eólica em alto mar (offshore), que visa estabelecer um quadro regulatório para o setor, pode dar mais impulso ao setor. No entanto, no curto prazo, o executivo espera melhores resultados nos EUA.
“Estamos olhando um cenário favorável para exportações [para os EUA]. No ano de 2024 não devemos produzir para exportação, mas a gente acredita que teremos ordens para 2025”, prevê Azevedo.
Resta saber se a empresa será competitiva, já que os EUA oferecem uma série de subsídios aos fabricantes locais. O executivo garante que sim, já que o mercado americano tem mão de obra escassa. Além disso, o custo do operário é muito maior que no Brasil. “Mesmo com os subsídios americanos, a gente consegue competir”, frisa.
Do outro lado da fronteira, os americanos parecem estar dispostos a receber empresas brasileiras. Durante o Summit Brazil-USA, evento realizado pelo Valor, a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, afirmou que o país está pronto para investir e cooperar com o Brasil em parcerias relacionadas à transição energética e energia verde, áreas, segundo ela, com grande potencial para aumentar as relações comerciais entre os dois países.
A diretora de políticas Brasil do GWEC, Roberta Cox, lembra que a cadeia produtiva de eólicas no Brasil teve uma trajetória de sucesso responsável por geração de empregos e renda para o Brasil, mas agora passa por dificuldades. Para ela, é preciso rever projetos de financiamento, aprovar o marco legal de eólicas em alto-mar (offshore), definir um planejamento para leilões de área, acelerar a legislação de hidrogênio verde e buscar a força política para a retomada da economia.
“Estamos vendo empresas brasileiras migrando para produzir em outros países, pois a sinalização é clara: haverá projetos de eólicas e não há cadeia de suprimentos suficiente. A indústria vai buscar uma forma de produzir e entregar, perde o Brasil se não segurar essa indústria em solo nacional, pois o mercado global está anunciado, mas precisamos de mercado interno para dar segurança e manter as indústrias gerando empregos aqui”, diz Cox.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A expansão da matriz elétrica brasileira superou 4,1 GW de janeiro a abril deste ano, em 127 usinas, sendo apenas no último mês o crescimento foi de 1,5 GW. Os dados foram divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta quinta-feira, 16 de maio.
Grande parte do avanço verificado em abril se deve à entrada em operação comercial de 20 usinas solares fotovoltaicas, que somam 733,74 MW, e de 20 usinas eólicas, 560 MW. Além das duas fontes, a matriz passou a contar com seis termelétricas a biomassa (208,51 MW) e uma CGH, de 3MW.
O Piauí foi o estado com maior expansão em abril, com 14 novas usinas em operação e uma ampliação de 400 MW, enquanto a Bahia ficou em segundo, com nove usinas e 225 MW. Já considerando os quatro primeiros meses do ano, as usinas foram instaladas em 14 estados nas cinco regiões do país, com destaques, em ordem decrescente, foram o Rio Grande do Norte, com quase 1,4 GW, a Bahia, com 673,5 MW, e Minas Gerais, com 650,54 MW.
Em 2 de maio, o Brasil somou 202.091,5 MW de potência fiscalizada, de acordo com dados do Sistema de Informações de Geração da Aneel, o Siga, atualizado diariamente com dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção. Desse total em operação, 84,48% das usinas são consideradas renováveis.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Projeto de lei em discussão no Senado propõe até R$ 13,3 bi em créditos fiscais para compradores e produtores de hidrogênio de baixa emissão de carbono.
O diretor de Programa da Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Gustavo Henrique Ferreira, defendeu cautela na concessão de incentivos, durante leitura do novo relatório do senador Otto Alencar (PSD/BA), do PL 2308/2023 (PL do Hidrogênio), nesta terça (14/5).
“Não podemos encarar o desenvolvimento da indústria do hidrogênio como uma corrida de cem metros rasos. Isso aqui é uma maratona. Essa indústria vai prevalecer pelos próximos, cinquenta, cem anos”, disse Ferreira.
O novo relatório, lido pelo Senador Cid Gomes (PT/CE), presidente da Comissão de Hidrogênio Verde no Senado, acata em grande parte as propostas enviadas pela equipe econômica.
Segundo a proposta, o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC), criado pela lei, poderá conceder até R$ 13,3 bilhões em crédito fiscal para compradores e produtores de hidrogênio de baixa emissão de carbono e seus derivados, de 2027 a 2030. Sendo limitados aos seguintes valores globais para cada ano-calendário:
R$ 1,7 bilhão em 2027
R$ 2,9 bilhões em 2028
R$ 4,2 bilhões em 2029
R$ 4,5 bilhões em 2030
Contudo, o texto condiciona a concessão de crédito à realização prévia de leilões de compra e venda de hidrogênio – nos moldes do modelo europeu –, o que, segundo o mercado, pode atrasar ainda mais o desenvolvimento de projetos no Brasil.
Indústria vê janela estreita para investimentos
Na avaliação de Luis Viga, presidente do conselho da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV) e CEO da Fortescue no Brasil – que estuda um projeto de larga escala no Pecém (CE) –, o país já está perdendo empreendimentos para os Estados Unidos, que incentiva, com crédito fiscal, a produção do energético.
A Fortescue anunciou na semana passada a primeira decisão final de investimento (FID, em inglês) de uma instalação para produção de hidrogênio verde (eletrólise) no Arizona (EUA).
“Já estamos perdendo projetos para os Estados Unidos. Tem empresas sentadas hoje aqui que estão tomando decisão de investimento nos Estados Unidos porque tem regras claras e objetivas de incentivos. A Europa está perdendo”, afirmou o executivo, durante audiência no Senado.
“É sim uma competição global. É sim uma corrida para trazer esses investimentos aqui para o Brasil”, completou, em alusão à metáfora do diretor da Fazenda.
Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), também defendeu agilidade na definição de políticas para o setor, o que também impacta os projetos eólicos.
“Precisamos de agilidade. Estamos vendo a cadeia de produção da eólica que está fechando, indo embora. Algumas fabricantes deixando de produzir no Brasil, indo para os Estados Unidos”.
“Temos uma emergência de fazer essa política industrial pautada no hidrogênio. E é muito importante que a gente traga exemplos de sucesso do presente”, pontuou a executiva.
Ainda segundo o novo relatório, o Poder Executivo definirá o montante de créditos fiscais que poderão ser concedidos, devendo estar incluído no projeto de lei orçamentária anual encaminhado ao Congresso Nacional.
Nordeste em defesa de subsídios
Pouco antes da audiência de terça (14/5), Governo do Ceará e a iniciativa Nordeste Forte – que reúne as Federações das Indústrias de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí – aderiram a uma carta de apoio ao relatório que havia sido publicado por Otto Alencar no final de abril.
Eles se juntaram às associações brasileiras que representam os setores eólico e solar (Abeeólica e Absolar) e a indústria de hidrogênio verde – feito a partir de eletrólise com energia renovável – (ABIHV e ABAHV), em apoio a emendas que previam isenção de impostos de energia elétrica voltada para produtores de H2V, além da criação de um novo tipo de leilão de energia, para destinar o excedente das usinas renováveis à produção do combustível.
Na segunda (13/5), governadores e representantes dos estados do Nordeste participaram de agendas com investidores durante o World Hydrogen 2024, em Roterdã, Holanda, mirando o desenvolvimento de projetos de hidrogênio verde, onde também demonstraram apoio ao relatório de abril.
O evento contou com a presença da governadora do Rio Grande do Norte e presidenta do Consórcio Nordeste, Fátima Bezerra, e dos governadores Paulo Dantas (AL), Jerônimo Rodrigues (BA), Rafael Fonteles (PI), Fábio Mitidieri (SE) e do vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão.
Além de Roseane Medeiros, secretária de Relações Internacionais do Ceará, Fernando Hollanda, secretário-chefe da Assessoria Especial da Governadora Raquel Lyra e Relações Internacionais de Pernambuco e do superintendente da Sudene, Danilo Cabral.
As delegações seguem para Bruxelas (Belgica) e Berlim (Alemanha), onde se reúnem com integrantes da Comissão da União Europeia, incluindo vice-presidente-executivo e responsável pelo Pacto Verde Europeu, Maroš Šef?ovi?, para debater a relevância do Nordeste no incentivo à produção de hidrogênio verde.
Fonte e Imagem: epbr.
O 2º certame de 2024 vai contratar R$ 3,76 bilhões em 850 km de novas linhas voltadas para reforçar o atendimento elétrico em 7 Estados.
A diretoria da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou nesta 4ª feira (15.mai.2024) o edital prévio do 2º leilão de transmissão de energia de 2024. O documento ainda passará por análise do TCU (Tribunal de Contas da União). A disputa foi marcada para 27 de setembro, na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo).
Trata-se do 4º leilão a ser realizado no atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) –foram duas licitações em 2023 e uma em março de 2024. Na disputa atual, a expectativa é contratar R$ 3,76 bilhões em investimentos para a construção de 850 km de novas linhas e 1.600 MVA em capacidade de transformação.
O edital prévio aprovado também inclui a relicitação para continuidade da prestação de serviço público de 162,9 km de linhas de transmissão existentes e subestações com 300 MVA em transformação. A Aneel estima que os projetos viabilizem a criação de 8.060 empregos.
Serão ofertados 4 lotes, sendo que o 1º poderá ter propostas separadas em 2 sublotes. Ao contrário dos 3 últimos leilões, que tinham como objetivo expandir a rede básica do Nordeste para possibilitar o escoamento das novas usinas renováveis planejadas, o novo certame visa a reforçar as ligações existentes.
Os empreendimentos foram planejados para reforçar o sistema elétrico e garantir o atendimento de distribuidoras nos Estados de Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Bahia e São Paulo.
O investimento em novas linhas será bancado por todos os consumidores de energia –mesmo os que não se beneficiem dessas novas estruturas– por meio de aumento nas contas de luz. As empresas vencedoras terão até 60 meses para colocar os projetos de pé e ganharão uma concessão de 30 anos para operar as estruturas, sendo remuneradas por meio das tarifas de energia.
O edital prévio estabelece que a RAP (Receita Anual Permitida) máxima para as vencedoras do leilão será de R$ 618 milhões, somando todos os projetos. Esse valor deve cair, visto que o critério para definir os ganhadores é o deságio. Isso significa que vencerá a empresa que oferecer maior desconto sobre a RAP máxima definida para cada contrato.
As vencedoras serão responsáveis por prestar o serviço público de transmissão, o que inclui a construção, a operação e a manutenção (incluindo a gestão socioambiental e fundiária) das instalações indicadas nos lotes. A expectativa é que os contratos sejam assinados até o final de dezembro, viabilizando o início das obras em 2025.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Está sob análise no governo federal a publicação de uma MP (Medida Provisória) determinando que os recursos da Conta Itaipu sejam destinados para aliviar os consumidores de energia do Rio Grande do Sul, atingido por fortes chuvas desde o início de maio.
Uma minuta de MP está em andamento e, segundo fontes, destinaria R$ 1,2 bilhão para descontos nas tarifas das distribuidoras de energia do estado. Desse total, R$ 399 milhões seriam do saldo da Conta de Comercialização de Itaipu em 2023 e R$ 840 milhões viriam do total devolvido pelas distribuidoras, referentes aos diferimentos dos repasses tarifários, com base nos saldos da Conta de Itaipu de 2020 e de 2021.
Projeto de lei
Na semana passada, o deputado federal Danilo Forte (União-CE) apresentou um projeto de lei semelhante, destinando dinheiro da Conta de Itaipu para os atingidos pela enchente no Sul.
“Excepcionalmente no exercício de 2024, parcela do resultado da comercialização de energia de Itaipu que cabe ao Brasil será destinada para ações de enfrentamento da calamidade pública no estado do Rio Grande do Sul e suas consequências sociais e econômicas, conforme indicação do Poder Executivo”, diz o texto do PL 1.639/2024.
Diferença ao Paraguai
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também anunciou que recursos de Itaipu seriam destinados para o Paraguai, no sentido de manter a tarifa de Itaipu inalterada para os consumidores brasileiros até 2026.
Segundo o ministro, o Cuse (Custo Unitário dos Serviços de Eletricidade) de Itaipu seria mantido em US$ 16,71 para o lado brasileiro, mas o valor pago ao Paraguai seria de US$ 19,28 o kWh até 2026.
Não haveria impacto sobre o preço da energia elétrica cobrado no Brasil porque a parte brasileira da usina colocaria US$ 900 milhões (US$ 300 milhões por ano, em 2024, 2025 e 2026) para compensar o reajuste, de acordo com Silveira. Esse dinheiro viria do plano de investimentos da empresa.
Fonte e Imagem: Agencia Infra.
Norma estabelece procedimentos para adesão de empreendimentos renováveis.
A Agência Nacional de Energia Elétrica regulamentou a prorrogação em mais 36 meses do prazo de conclusão de empreendimentos renováveis prevista na Medida Provisória 1212. A norma estabelece os procedimentos para a adesão de proprietários de projetos eólicos e solares da chamada “corrida do ouro”, que deverá ser solicitada pelos interessados até 10 de junho e formalizada em ate 45 dias, a partir do protocolo na agência reguladora.
A MP publicada em 10 de abril condiciona a ampliação do prazo ao aporte de garantias de fiel cumprimento no valor de 5% do investimento em até 90 dias, com início das obras do empreendimento em até 18 meses contados da data de emissão da medida. AAneel estabeleceu que a comprovação do aporte de garantia deverá ser feita até 9 de julho.
A extensão por três anos do prazo de 48 meses estabelecido na lei 14.120 amplia, na prática, o tempo para que esses empreendedores garantam o acesso aos descontos nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição (Tust e Tusd). A possibilidade de prorrogação está restrita aos projetos cujo requerimento de outorga tenha sido apresentado à Aneel até 2 de março de 2022, desde que atendam o regulamento vigente.
O empreendedor poderá aportar caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, fiança bancária e seguro – garantia. Essa garantia vai vigorar por até seis meses após a entrada em operação comercial da última unidade geradora do empreendimento.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
As mudanças climáticas terão repercussões sobre todas as fontes de geração elétrica, além de impactos sobre as redes de distribuição e alterar o perfil do consumo, conclui levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
As perspectivas são de aumento na temperatura média em todo o país, com maior intensidade e frequência de extremos de temperaturas e de ondas de calor. Assim, a carga deve aumentar em função de maior demanda para refrigeração e climatização. Deve haver mais chuvas na porção sul do país, a partir do sul de Minas Gerais, Mato Grosso e Espírito Santo. Na região Norte, Nordeste e norte de Minas Gerais a média de chuvas deve cair. Em todo o país, chuvas fortes e alagamentos devem ser mais frequentes, com destaque para a porção sul do país e Amazônia. Com a mudança de padrões pluviométricos, a geração hídrica deve ser impactada. As chuvas fortes também podem causar alagamentos, que podem prejudicar as estruturas das usinas.
Na geração eólica e solar, deve haver aumento na velocidade média dos ventos nas porções Norte, Centro-Oeste e Nordeste do país. Estas áreas também tendem a ter mais radiação solar.
Até mesmo a geração térmica deve ser impactada, já que temperaturas mais altas do ar e da água reduzem a eficiência e a capacidade das plantas. Para usinas movidas a biomassa, é possível que a mudança nos padrões climáticos prejudique os recursos bioenergéticos.
O aumento na temperatura, rajadas de ventos e precipitações, além de queimadas e quedas de árvores representam riscos às estruturas de transmissão de energia.
Também são esperadas reduções na eficiência dos equipamentos de geração e transmissão, além de impactos sobre a infraestrutura de fornecimento de toda a cadeia.
Resiliência
Apesar dos riscos, a EPE aponta vantagens do sistema brasileiro para a resiliência do setor. Pelas interconexões, o Sistema Interligado Nacional (SIN) possibilita a compensação dos efeitos da mudança climática e mais adaptação. A pluralidade de fontes de geração também oferece complementaridade, que possibilita a compensação entre as fontes em períodos de sazonalidade de cada uma.
O despacho centralizado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) é outra vantagem, assim como o sistema de transmissão “robusto e ramificado”, com alta confiabilidade. A EPE também considera que há reserva de recursos para geração de energia, que pode atender a carga em momentos de “eventos conjunturais extremos”.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
A Comissão de Meio Ambiente (CMA) realiza nesta quinta-feira (16), às 9h, audiência pública interativa sobre o projeto de lei que trata da compensação financeira à União, estados e municípios pela exploração de energia elétrica de origem hídrica.
O PL 2.918/2021 prevê uma compensação com um novo método de cálculo, baseado na receita bruta total em vez da energia gerada no mês. Dessa forma, 6,25% seriam distribuídos entre órgãos administrativos da União, além de estados e municípios com instalações produtoras de eletricidade ou áreas inundadas por barragens. E mais 0,75% para o gerenciamento de recursos hídricos no Ministério do Meio Ambiente. As geradoras continuariam a excluir tributos e empréstimos da compensação, de acordo com o projeto apresentado pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS).
A Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH) já é paga mensalmente aos estados e municípios que tiveram áreas alagadas pelos reservatórios após a instalação de usinas hidrelétricas em seus territórios. Segundo Heinze, os valores arrecadados têm diminuído a cada ano por conta do que ele chama de “intervenções indevidas” na base de cálculo, gerando uma defasagem a partir de 1995.
O texto é relatado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), autor do requerimento da audiência pública, a segunda a ser realizada para discutir a proposição. O primeiro debate sobre o tema ocorreu em abril e contou com representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Associação dos Municípios Sede de Usinas Hidrelétricas e Reservatórios (AMUSUH).
Convidados
Esta segunda audiência pública contará com a participação, já confirmada, da presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (Abrapch), e representante do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), Alessandra Torres de Carvalho; do diretor de Assuntos Socioambientais do Instituto Acende Brasil, Alexandre Uhlig; do secretário-executivo do Observatório da Governança das Águas, Angelo Lima; e da representante do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase), Camilla Fernandes.
Também confirmaram presença no debate a diretora do Departamento de Revitalização de Bacias Hidrográficas, Acesso à Água e Uso Múltiplo dos Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Iara Bueno Giacomini; da diretora de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro; do coordenador-geral do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH), Mauricio Scalon; e do coordenador de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias Filho.
A comissão ainda aguarda confirmação do convite encaminhado ao ex-superintendente de Infraestrutura Hídrica da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento da Bahia (Sihs-BA), Flávio Henrique Magalhães Lima.
Fonte e Imagem: Agência Senado.
Empresas precisaram suspender fabricação por falta de demanda; fenômeno já era previsto pelo governo.
Em Jacobina, cidade no norte da Bahia, Adilson Jordão, 33, agora trabalha como entregador de produtos da chinesa Shopee. Foi a forma que ele encontrou de arcar com as despesas após ser demitido no ano passado da Torres Eólicas do Nordeste, joint venture entre a brasileira Andrade Gutierrez e a americana GE.
A TEN demitiu, em junho de 2023, 500 funcionários por falta de demanda. Adilson foi um deles: atuou como operador de máquinas da empresa por dois anos, onde recebia por mês R$ 4.400 com horas extras –hoje, como entregador, ganha R$ 1.500, sem benefícios trabalhistas.
"Quando me demitiram, eles falaram que estavam em busca de novos projetos para o ano seguinte (2024), mas ninguém tem previsão de nada mais. Já estamos quase chegando no meio do ano e até agora ninguém sabe", afirma. Segundo funcionários, a empresa mantém hoje 50 empregados. Procurada, a TEN não quis comentar.
A situação dele e dos outros 500 colegas não é isolada. As indústrias eólicas vivem seu pior momento em décadas no país. A brasileira Aeris Energy, produtora de pás eólicas, por exemplo, demitiu nas últimas semanas mais de 1.500 funcionários que trabalhavam em Pecém, no Ceará, também por falta de demanda.
A empresa anunciou, em março, o fim do contrato com a europeia Siemens Gamesa e que, com isso, iria readequar suas linhas de produção. A Siemens Gamesa, aliás, suspendeu suas operações no início do ano passado em Camaçari, na Bahia. A GE, em 2022, seguiu o mesmo caminho.
De modo geral, a indústria eólica se queixa que o sufoco hoje vivido tem a ver com o excesso de energia no mercado interno, que inibe a construção de novos parques eólicos. A sobreoferta estaria sendo puxada pela instalação desenfreada de GD, a geração distribuída por placas solares, que é feita pelos próprios consumidores e empresas, sem planejamento ou monitoramento dos órgãos públicos.
O setor eólico nasceu no Brasil impulsionado por leilões públicos organizados pelo MME (Ministério de Minas e Energia) e pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Depois, se beneficiou com o aumento da busca por energia renovável no mercado livre. Os problemas começaram a partir de 2022, quando o preço de referência da energia elétrica, chamado de PLD, despencou.
"Quando a gente vendia no mercado regulado, o preço era resultante do leilão com contrato de 20 anos. Então, aquilo gerava pedido no chão de fábrica e era uma demanda estruturada. Já o mercado livre, quando percebe que o PLD está muito baixo, também nota sobra de energia no curto prazo e, em vez de fazer contrato de dez anos, fica comprando energia no curto prazo", diz Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).
"Na metade de 2022 ninguém vendeu contrato e em 2023 e 2024 [os contratos] não estão chegando", acrescenta. O fenômeno é tratado pelo setor como desindustrialização acelerada e precoce.
O problema já entrou até no radar do governo, que sinaliza preocupação em preservar o ambiente de negócios para esse segmento da indústria.
"O setor é estratégico para o Brasil, e temos consciência de que está passando por uma crise de demanda. Temos sobra de energia, e não há encomenda de novos projetos", afirmou à Folha Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
Segundo Rollemberg, já está claro que é importante estimular negócios para retomar os pedidos.
"Estamos trabalhando pela regulamentação das eólicas offshore, que vão precisar de equipamentos diretamente, e do hidrogênio verde, que fomenta o uso de energia renovável, mas também atuando pela instalação de data centers, que são grandes consumidores de energia e vão buscar cada vez mais energia limpa", afirmou o secretário.
A primeira iniciativa da pasta foi chamar o setor para, em conjunto, avaliar o que pode ser feito em termos de políticas públicas para reverter o atual cenário. O governo está criando um grupo de trabalho para tratar do tema que vai incluir representantes do Mdic, do MME e da ABEEólica. A primeira reunião será na próxima sexta (17).
O setor já tem um pedido. Reivindica uma espécie de "Mover eólico", em referência ao plano criado para as montadoras de veículos. A base desse projeto poderia vir do Nova Indústria.
Em certa medida, técnicos do governo federal já previam isso. Desde 2019, o Plano Decenal de Expansão de Energia, elaborado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), prevê queda do tamanho da capacidade instalada de energia eólica no final desta década e início da próxima.
O relatório que projeta os números de 2029, por exemplo, apontou que a capacidade instalada desse tipo de energia seria de 40 GW. O de 2030, 32 GW, e o de 2031 30,25 GW. O de 2032, publicado no ano passado, junta os números de solar e eólica, o que torna impossível a análise.
Ainda assim, o documento mais recente aponta que em 2032 o país terá 39,2 GW de energias solar e eólica instaladas e contratadas no SIN (Sistema Interligado Nacional), o que sinaliza provável queda acentuada da eólica. Em comparação, a soma de solar e eólica no PDE 2031 é de 41,25 GW –sem considerar geração distribuída e autoprodução, que registram altas enormes.
Segundo a BNEF, organização de pesquisas sobre transição energética da Bloomberg, o Brasil atingiu em 2023 o recorde de acréscimo de capacidade instalada de energia eólica, totalizando 4,98 GW (gigawatts). Nos próximos quatros anos, porém, a tendência é ladeira abaixo, chegando a apenas 1,4 GW adicionados em 2027.
James Ellis, chefe de pesquisa da BNEF na América Latina, afirma que a regulamentação das eólicas offshores, por exemplo, é bem-vinda nesse cenário, mas alerta que não terá efeito no curto prazo, o que demandaria a análise de outras outra estratégias para preservar o setor. "Quando falamos de projetos offshore, é um mínimo de oito anos para colocar isso em ação. Então, não estamos falando de 2027, mas de 2037, 2040."
De acordo com a BNEF, a dinamarquesa Vestas foi a empresa que mais entregou aerogeradores no Brasil em 2023 (2,2 GW), mais de 40% do total instalado no país. A empresa, porém, não está nem um pouco satisfeita com o atual momento do setor.
Leonardo Euler, vice-presidente de assuntos governamentais e regulatórios da Vestas na América Latina, aponta para subsídios e vantagens comerciais dadas a instaladores de placas solares da GD como principal motivo dessa desindustrialização. O segmento tem sido inclusive mais beneficiado, apesar de gerar menos retorno para a indústria local.
"Quando você olha projetos financiados pelo BNDES, o custo do capital para projetos eólicos com conteúdo local é o mesmo para projetos solares, onde praticamente 100% dos componentes são importados. Então há assimetrias, tanto do ponto de vista regulatório no caso da GD quanto na questão do custo de capital", diz.
Segundo a ABEEólica, 80% das peças de um aerogerador instalado no Brasil são feitas dentro do país, no entanto, outro fator que prejudicou a indústria brasileira, segundo o executivo, foi a redução no preço de produtos da China. Aerogeradores com potência acima de 3.300 kVA (quilovolt-amperes) podiam ser comprados no exterior com tarifa zero de imposto de importação.
"Lá no Sul, por exemplo, a gente está desenvolvendo um projeto e [chegamos à conclusão] de que faz mais sentido a gente trazer nossa máquina de fora, pagando o imposto de importação da China, do que trazer do Ceará", afirma Euler. Ele, porém, descarta a saída da Vestas do país, ainda que a empresa "não desconheça as dificuldades de se manter no Brasil."
Nesse ponto, o governo já atendeu o setor e determinou que a partir de 2025 os importadores de turbinas precisarão pagar 11,2% de taxa.
Enquanto não vem uma solução imediata, se as estrangeiras estão indo embora, às empresas brasileiras resta o mercado internacional. À Folha, a Aeris disse acreditar que exportação deve representar cerca de 40% da receita da empresa até 2025, com negócios nos EUA, Chile, México e Argentina.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Os leilões de energia existente podem ajudar as distribuidoras a comprarem energia ao mesmo preço do vendido no ambiente de contratação livre (ACL), de formar a equalizar as diferenças tarifárias entre a modalidade e o ambiente de contratação regulado (ACR), segundo Cesar Pereira, gerente executivo de Regulação e Capacitação da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que participou de evento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) sobre mercado livre de energia.
Segundo o especialista, os certames podem substituir os leilões de energia nova, já que o mercado livre tem demonstrado potencial de cumprir a expansão da oferta de energia para o atendimento do crescimento da demanda, que é o objetivo dos leilões para contratação de energia nova.
“No cenário atual, o mercado livre já criou formas de financiar essa expansão. Não precisamos mais dos leilões de energia nova. Então, os leilões de energia existente podem fazer com que distribuidoras acessem uma energia ao mesmo preço que o mercado livre, criando uma trajetória de equalização entre os ambientes”, disse Pereira, destacando que alguns ajustes relacionados a receitas irrecuperáveis das distribuidoras podem sofrer alterações, mas sem “grandes mudanças legislativas”.
As regras atuais determinam que as distribuidoras devem recorrer aos leilões de energia nova para atender o crescimento do consumo, enquanto os leilões de energia existente negociam apenas produtos de curto prazo e são conhecidos como leilões “de ajuste”, para que as concessionárias comprem apenas a energia suficiente para mitigar riscos e garantir atendimento total nos próximos dois anos.
O especialista da CCEE afirmou ainda que a demanda por energia pelas distribuidoras deve crescer em meados de 2026, quando a maioria dos contratos vigentes estão perto do fim. Com esse cenário, seria possível iniciar a abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores brasileiros de forma gradativa, a fim de evitar uma sobrecontratação de energia.
“Os nossos estudos mostram é que quando os contratos terminarem teremos mais espaço para abrir [o ACL], e isso deve ocorrer a partir de 2026. Além disso, temos a renegociação do Anexo C de Itaipu, que pode fazer com que o Paraguai venda a sua sobra de energia no mercado a partir de 2027, deixando de ser uma cota para as distribuidoras. A sobrecontratação não será um problema e as distribuidoras vão continuar tendo que comprar”, disse.
Sobre a necessidade de segurança de suprimento do sistema, Pereira afirma que os leilões de reserva de capacidade podem cumprir esse papel. Porém, a modalidade ainda demanda um aprimoramento para ficar próxima dos mecanismos usados por outros países.
Segundo Pereira, a CCEE não tem visto “grandes” problemas operacionais entre a figura do varejista e as distribuidoras nas 7.150 migrações que ocorreram de janeiro e abril deste ano. Até o final de 2024, a expectativa da entidade é que o número de migrações ultrapasse 20 mil, número abaixo do projetado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, de 27 mil Sobre a segunda fase da consulta pública 28/2023, que trata da alteração das Regras e Procedimentos de Comercialização diante da regulamentação do comercializador varejista, aberta até 7 de junho, o gerente destacou que a ideia da CCEE é simplificar a abertura do mercado para torná-lo mais acessível e simples, através, por exemplo, da consolidação da operação de migração na figura do varejista e pelo uso dos atuais medidores.
“Se a medição funciona no cativo, tem que funcionar para o livre também. Nós também queremos agregar, debaixo da figura do comercializador varejista, toda a operação. Hoje a gente representa o mercado individual de cada unidade consumidora, mas isso não está fazendo sentido. Quando falamos da possibilidade da migração de quase 90 milhões de consumidores da baixa tensão, o varejista pode ser uma figura de agregação dessa operação”, falou Pereira.
Por outro lado, a CCEE pode se tornar uma “facilitadora” do mercado, atuando como um “ambiente em nuvem”, em as distribuidoras podem coletar os dados de mediação e compartilhar com os varejistas.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Energia dos ventos pode elevar em 3,6 vezes a capacidade total de geração brasileira nos próximos anos.
A produção de energia pela força dos ventos continua em alta no Brasil e está prevista nova escalada de investimentos nas próximas décadas. A aposta é na entrada da geração eólica offshore ou captada com aerogeradores instalados no mar, atividade que ainda depende de regulamentação federal.
Segundo especialistas no setor, o interesse de investidores pelo modelo de captação inédito no país é grande: pelo menos 92 projetos já solicitaram pedidos de licenciamento ambiental, de olho na abertura do mercado.
Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que a produção de energia eólica offshore pode fazer o Brasil aumentar em 3,6 vezes a capacidade total de geração nos próximos anos, alcançando o patamar de 700 gigawatts (GW) – e ainda turbinar a descarbonização da economia, com mais uma opção de energia limpa.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a energia dos ventos no país (no modelo tradicional ou onshore, em terra firme) tem capacidade instalada de 31 GW e representa 14,5% da matriz elétrica nacional, ficando atrás apenas das hidrelétricas (70%). “São mais de mil parques eólicos em 12 Estados”, diz Elbia Gannoum, presidente-executiva da entidade, que afirma que os recursos continuam em curva crescente.
Entre 2022 e 2023, a capacidade instalada registrou um aumento de 18,7%, relata Gannoum, e abasteceu 47,5 milhões de residências. “Alcançamos um recorde no ano passado, com a instalação de 4,8 GW de capacidade”, destaca. “E projetamos implementar mais 4 GW, até o final de 2024.” Na visão da especialista, para o setor produzir ainda mais energia, é necessário criar uma “política industrial verde” e ampliar as redes de transmissão. A eólica offshore também está no centro do debate para acelerar a transição energética para fontes de energia limpa, explica.
“Assim como o hidrogênio verde, a eólica offshore será uma nova etapa da indústria de renováveis”, afirma. “Essas duas tecnologias são protagonistas na ‘neoindustrialização’ do país. Mas é necessário dar celeridade às discussões que envolvem a aprovação do marco regulatório.” Segundo Gannoum, se a regulamentação for consolidada em 2024, a expectativa é inaugurar os primeiros parques offshore em 2030 ou 2031.
Aprovado pela Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 11.247/18, que normatiza a produção eólica offshore, foi encaminhado ao Senado no fim do ano passado. O texto é considerado pelo governo federal como uma das prioridades para 2024. Depois que o Congresso aprovar o PL, a etapa posterior deve ser a realização de leilões de cessão do uso do mar, considerado bem da União.
De acordo com a ABEEólica, o Brasil tem 1.500 GW de potencial em eólicas onshore e offshore. A criação de uma legislação específica para o novo segmento, segundo analistas, pode facilitar a atração de aportes via Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico e Social (BNDES).
Há bastante interesse de investidores e do governo na exploração do offshore, diz a presidente da ABEEólica. Para o Brasil, a tecnologia é estratégica para diversificar a matriz elétrica, pontua. “Será possível abrir uma janela de oportunidades de desenvolvimento socioeconômico e na criação de empregos.”
Da parte das empresas investidoras, é uma chance de explorar um potencial de 700 GW, estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em áreas marinhas com profundidade de até 50 metros. “Um GW de eólica offshore pode representar de US$2,5 bilhões a US$ 5,4 bilhões de investimentos”, complementa Gannoum.
A dirigente da ABEEólica lembra que a geração de eólica offshore é mais cara do que a tradicional. Baseada em estudos, ela avalia que o custo estimado de projetos no Brasil alcançaria patamares de aproximadamente R$ 332,76 por megawatt-hora (MWh), ante R$ 250 por MWh, média registrada em outros modelos de captação. “Mas o custo tem caído nos últimos cinco anos, como ocorreu com as eólicas onshore e os painéis solares.”
Dados do Global Wind Energy Council (GWEC), ou Conselho Global de Energia Eólica, apontam que a tecnologia terá um declínio de custo de energia (LCOE, na sigla em inglês) de 35% a 49%, nos próximos dez anos. “Essa queda é associada ao avanço tecnológico do setor e à existência de um marco legal”, informa o GWEC.
Enquanto isso, as produtoras onshore e do nicho de óleo e gás se preparam para a ampliação do mercado, relata a entidade: montam equipes, submetem projetos para licenciamento ambiental no Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e agora dependem da legislação para garantir um fluxo de investimentos.
Lucas Araripe, diretor-executivo da Casa dos Ventos, empresa referência no campo das renováveis com um portfólio de 3,3 GW em operação e construção, não descarta o avanço no mar. “Estamos sempre avaliando negócios”, afirma. “Mas, no momento, ainda há um potencial grande de ventos onshore para serem aproveitados, com menor custo de geração e maior competitividade.”
Araripe diz que a geração de energia eólica em alto-mar traz desafios logísticos e custos maiores de instalação e operação. A estimativa é de uma produção três vezes mais cara do que em terra firme, compara.
A Casa dos Ventos tem uma agenda de projetos em desenvolvimento de 30 GW de capacidade, nas fontes eólica e solar. Os eólicos estão em dez Estados, como Bahia e Rio Grande do Norte.
“O plano é realizar investimentos de mais de R$ 12 bilhões, até o final de 2026”, diz Araripe. O montante será direcionado para a expansão da eólica e solar e no desenvolvimento dos primeiros projetos de hidrogênio verde. No ano passado, a Casa dos Ventos ganhou reforço na operação, com a entrada da multinacional francesa TotalEnergies como sócia.
Segundo Sergio Fonseca, diretor de desenvolvimento de negócios da CTG Brasil – parte da China Three Gorges Corporation, considerada uma das maiores investidoras globais em geração de energia eólica offshore, com cerca de 5 GW instalados na China e na Europa –, o grupo tem interesse na evolução da eólica nos oceanos como uma fonte adicional e complementar aos contratos em curso. “Mas o desenvolvimento da eólica offshore requer regras específicas para a outorga de áreas e uma política governamental que promova o arranque da indústria e da infraestrutura portuária adequada”, pontua o executivo.
Fonseca revela que a CTG Brasil já está trabalhando em um estudo sobre a viabilidade de projetos. “O objetivo é identificar os ‘estrangulamentos’ fabris, como a cadeia de abastecimento, e os desafios de infraestrutura, com portos e redes de transmissão”, afirma. “Esperamos que a offshore seja competitiva em relação à solar e à eólica em terra firme depois de 2030.” A empresa mantém investimentos em 17 usinas hidrelétricas e onze parques eólicos no país, com capacidade instalada de 8,3GW.
Raul Gil Boronat, CEO na América Latina da Prysmian, de cabos submarinos, já acompanhou de perto projetos de eólicas offshore na Europa e diz que o Brasil tem condições de tornar o “preço” da nova atividade “muito competitivo”, em relação aos praticados em outros países.
“Temos um litoral extenso, muito vento e costas com baixas profundidades, principalmente no Nordeste”, assinala. “Estudos da EPE estimam potencial de gerar uma capacidade três vezes maior que toda a atual capacidade energética brasileira”, diz. Entretanto, o desafio não acaba na instalação dos projetos, pontua. “Seja na energia eólica ou solar, a grande dificuldade do momento é expandir a interligação entre os polos geradores de energia, sobretudo no Nordeste, e os grandes centros consumidores do país”, avalia.
Rodrigo Mello, diretor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Norte (Senai-RN) e do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), diz que as duas entidades estão envolvidas em um levantamento sobre o potencial eólico do litoral brasileiro, por conta da expectativa de negócios.
“Os primeiros dados do estudo trazem uma perspectiva de bons recursos eólicos, a partir do Piauí, em direção a regiões mais ao norte, até o Amapá”, explica. Os resultados da pesquisa devem ser divulgados na 30a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro de 2025, em Belém (PA).
Até lá, a expectativa em relação ao início dos projetos sobre as ondas ganha tração. Dados do Ibama indicam que o órgão já recebeu pedidos de licenciamento ambiental para 92 empreendimentos de captação de energia eólica no mar. “O conjunto totaliza quase 220 GW em capacidade instalada ou o equivalente a 15 usinas de Itaipu”, diz o pesquisador Renato Machado Monaro, professor do departamento de engenharia de energia e automação elétricas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
“O Nordeste é a região líder em número de projetos, com 47, antes do Sul, com 27”, diz Monaro, que analisou os números do Ibama. “Os principais interessados são multinacionais de energia eólica e do setor de óleo e gás, como a Petrobras.”
A companhia brasileira anunciou em março que planeja sete projetos, com potencial para a geração de até 30 GW, em parceria com a norueguesa Equinor. Os investimentos serão feitos no litoral de Estados como o Rio de Janeiro, Espírito Santo, Piauí e Ceará.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Posição do Brasil para a produção de energia limpa é favorável, mas frutos só virão após ampla revisão.
Com uma matriz elétrica em que as fontes limpas respondem por mais de 80% (frente à média mundial de 29%), abundância de recursos hídricos, sol e vento e a capacidade de gerar energia elétrica 24 horas durante sete dias da semana com fontes limpas, o que pode destravar investimentos em hidrogênio verde, a descarbonização de países desenvolvidos e emergentes poderá passar pelo Brasil, que em 2025 sediará a COP30 em Belém (PA).
O Brasil foi o terceiro país no mundo que mais atraiu investimentos em energias renováveis em 2023, totalizando mais de US$ 25 bilhões, segundo dados da BloombergNEF (BNEF), atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Considerando todos os segmentos da transição energética e tecnologias de baixo carbono, o investimento no país totalizou US$ 34,8 bilhões, atrás de China, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França.
O momento cria oportunidades, desafios e dilemas que envolvem da governança setorial à estratégia de inserção internacional sob o novo contexto geopolítico, que combina políticas industriais em países desenvolvidos e uma nova ordem mundial. Isso coincide com o fato de o Brasil chegar até o fim dessa década entre os cinco maiores produtores de petróleo do mundo, sendo que parte do óleo extraído no pré-sal é associado ao gás.
No pano de fundo, as mudanças climáticas impõem reflexões sobre operação, planejamento e contratação e tornam urgentes a mudança do modelo do setor elétrico. “O Brasil pode fazer muito pelo clima, mas o clima pode fazer muito com o Brasil”, sintetiza o presidente da PSR, Luiz Barroso. O modelo de regulação do setor elétrico, que completou duas décadas em março, exige aperfeiçoamentos.
“O setor elétrico precisa passar por uma completa reordenação, a governança está fragilizada e deverá piorar ainda mais nos próximos anos. Já a conta está ficando cada vez mais cara para o consumidor cativo, que paga as ineficiências”, afirma Edvaldo Santana, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
“O diagnóstico é unânime no sentido de que precisamos fazer um novo marco regulatório para o setor elétrico. O marco atual levará o setor à insustentabilidade. Hoje temos a tarifa de energia elétrica pesadamente sobrecarregada por subsídios”, destaca Sandoval Feitosa, diretor-geral da Aneel. Ele lembra que os subsídios custaram ao consumidor R$ 40 bilhões em 2023 e poderão ficar de R$ 3 bilhões a R$4 bilhões mais caros em 2024.
Hoje, 12,5% da conta de luz são subsídios e encargos. Levantamento da Abrace apontou que em 2022 o Brasil teve o maior custo residencial com energia elétrica na comparação com 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mudar essa realidade exigirá reformular a governança.
Em abril, o governo federal lançou a Medida Provisória (MP) n° 1.212/2024, com o objetivo de reduzir em média 3,5% as tarifas de energia elétrica. De um lado, o texto antecipa recursos devidos pela Eletrobras, que seriam pagos nos próximos anos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), para reduzir a conta de luz. Mas estende subsídios para fontes renováveis terem desconto à conexão, o que pode elevar a tarifa. “Com a nova MP, esse custo aumentará ainda mais e de forma imediata”, segundo análise da Frente Nacional dos Consumidores. A conta pode ficar ainda mais alta com a interferência do Legislativo, uma constante no setor desde a Lei no 14.182, de 2019, que autorizou a privatização da Eletrobras e a contratação compulsória de térmicas.
Em menos de uma semana, já havia 160 emendas de parlamentares na MP 1.212/2024, uma defendendo a renovação de contratos de termelétricas a carvão até 2050. A interferência do Legislativo no setor elétrico, motivada por grupos de interesse, tem sido uma constante nos últimos anos e criado subsídios e sobre contratação de energia. “Será preciso frear esse movimento”, afirma Santana.
Aprimorar a governança setorial, ampliando a independência institucional e reduzindo interferências pelo Legislativo, passa pelo fortalecimento das instituições. Um exemplo está na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão estatal de planejamento, que completa nesse ano duas décadas de existência. A estatal sofreu um corte de 65% no orçamento para 2024. “Isso prejudica nosso trabalho”, diz o presidente da EPE, Thiago Prado. Não é caso isolado. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) trabalha com uma defasagem de 30% de pessoal em relação ao idealizado em sua criação, em 1996.
Passadas quase três décadas, o setor assistiu ao avanço da geração distribuída (GD) solar e seus mais de dois milhões de minigeradores e novas tecnologias como armazenamento. “Essa multiplicidade de lados coincide com a maior complexidade, sendo que a agência foi pensada em um setor que há 20 anos não vivenciava os desafios atuais”, disse Fernando Mosna, diretor da Aneel, em recente evento sobre o setor solar, que há duas décadas era incipiente no Brasil.
Nesse cenário, será preciso redesenhar o modelo, baseado na Lei no 10.848, de março de 2004. A regulação foi criada há 20 anos, quando usinas eólicas e solares não respondiam nem por 1% da geração. Hoje o país tem cerca de 30% da geração baseada nas duas fontes, sendo que mais de dois milhões de consumidores produzem sua própria energia a partir de placas fotovoltaicas.
O avanço de fontes que dependem de fatores climáticos, como sol e vento, traz uma série de desafios, seja um sistema de precificação mais aderente à realidade da operação, seja a gestão da demanda pelos consumidores. Isso criou sinalizações incertas sobre as condições de oferta e demanda. “O modelo de 2004 não mexeu na questão estrutural da formação de preço e não revisou a garantia física das hidrelétricas, que são a base do sistema. De outro lado, não se buscou dar ferramentas para a gestão de demanda dos consumidores”, diz Élbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Um exemplo dos desafios que o país terá é destravar novas tecnologias, como o hidrogênio verde, que desponta como um promissor combustível da descarbonização de setores como a siderurgia. Com capacidade de produzir energia 24 horas, sete dias da semana, a partir de hidrelétricas, eólicas e solares, o país pode se tornar uma potência nesse nicho. “Temos recebido consultas de várias empresas e em projetos não apenas localizados no Nordeste, mas todos estão à espera da regulação”, diz Paulo Alvarenga, CEO da thyssenkrupp para a América do Sul.
Estudo da BloombergNEF projeta o país como um dos únicos capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por kg até 2030. Um projeto de lei está em discussão no Congresso. Um ponto em aberto é o tamanho do subsídio que poderia ser criado para a tecnologia. Nesse momento, segundo uma fonte, o Ministério da Fazenda avalia um estudo dos produtores de hidrogênio verde de um incentivo tributário que pudesse ser devolvido a partir da operação da unidade. Também se avalia que esse incentivo só seria destinado aos primeiros 7 GW de projetos.
Nessa discussão, dois pontos se sobressaem. Primeiro, a criação de subsídios se torna cada vez mais complexa. Hoje 12,5% da conta de luz, de acordo com dados do governo, são subsídios e encargos. A segunda questão é o impacto sobre a transmissão. Em apenas um Estado, o Piauí, existem 11,6 GW de projetos de hidrogênio verde. Se todos saíssem, isso seria 70% do consumo de ponta da região
Nordeste. Para serem rentáveis, eles precisam gerar quase todo o tempo, o que implicaria reforço em subestações e linhas de transmissão. “Isso traz questões: quem vai bancar?; quem vai pagar o custo de transmissão?”, pondera Prado, da EPE.
“Tem de haver um cuidado para que esse hidrogênio não seja só para exportação. Ele pode ser usado na nossa indústria. Isso poderá permitir que a gente produza bens e produtos e serviços de baixas emissões e possa exportar. Aí, sim, tem um valor agregado grande para a sociedade brasileira. Tudo que é subsídio tem de ser revertido para o bem do país”, observa Rosana Santos, diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética.
Outra discussão premente é a abertura total do mercado livre, uma ideia que vem sendo discutida há mais de duas décadas. Desde 1o de janeiro de 2024, o setor vive a maior ampliação do mercado livre, com a possibilidade de todas as empresas ligadas à alta tensão aderirem ao segmento. Pouco mais de cem mil empresas ganharam essa opção. Fica a dúvida de quando a abertura chegará aos cem milhões de consumidores.
Hoje tramita no Congresso o Projeto de Lei 414, que trata da abertura do mercado, mas sem previsão de quando poderá voltar à pauta legislativa. A abertura depende do equacionamento de um ponto. O atual modelo, estabelecido em 2004, fixa que os geradores ofertem contratos de longo prazo, de 25 a 35 anos, o que também contribui para financiar os projetos. São os chamados contratos legados. Alguns vão até 2054. Ampliar esse segmento implica resolver os contratos legados e o papel das distribuidoras.
Quanto mais se amplia o mercado livre, maior fica a conta para quem se mantém no ambiente de contratação regulada. O Ministério da Fazenda encomendou um estudo para a PSR sobre o tema. Foram feitas simulações para a abertura total do mercado livre de energia elétrica. Um ponto central do trabalho é sugerir tratamento aos contratos legados das distribuidoras. Uma ideia apresentada no estudo seria a criação de um encargo a ser cobrado entre consumidores cativos e livres.
Mesmo diante da incerteza da abertura total, a ampliação do mercado livre para toda a alta tensão desde 1o de janeiro atrai novos players. A operadora de telecom Vivo firmou parceria com a geradora Auren. “A empresa tem como foco de atuação o segmento de clientes que estão na alta tensão com demanda inferior a 500 kW, mas vai se preparar para operar no segmento de baixa tensão, tanto para micro e pequenas empresas como para residencial, em um cenário de abertura total do mercado de eletricidade brasileiro”, afirma Rodrigo Gruner, diretor-executivo de inovação, novos negócios e consumer electronics da Vivo.
O mercado de gás natural, visto como combustível de transição, também assiste a movimentações. Para reduzir a presença de carvão mineral nos processos produtivos, a Gerdau firmou acordo com a Petrobras para ser consumidora livre em Minas Gerais na unidade de Ouro Branco. “Isso nos tornou mais competitivos e estamos avaliando essa migração em outros Estados”, diz o diretor industrial da
empresa, Mauricio Metz.
A potencial abertura coincide com a discussão da renovação dos contratos das distribuidoras, que vivem uma realidade distinta dos anos 1990. Dados da consultoria Bright Strategies apontam que a GD solar tem índice superior a 7% de penetração em grandes distribuidoras, como Copel, Cemig, RGE, Energisa MT e Energisa MS. Para Joisa Dutra, diretora da FGV/Ceri, a renovação é o momento propício para incluir nos novos contratos a separação fio e energia, uma resposta adequada à transformação pela qual o setor elétrico passa. “As distribuidoras passarão a se tornar plataformas de multisserviços, sendo que muitas dessas soluções poderão ser oferecidas em ambiente concorrencial em que uma multiplicidade de agentes competirá”, diz.
Hoje os dois serviços, de conexão ao sistema elétrico e de venda de energia, estão misturados na mesma conta de luz. A queda na demanda impacta diretamente a comercialização de energia, enquanto fios, postes, transformadores e subestações continuam operando. Com a separação, haveria dois contratos, que poderiam ser cobrados na mesma conta – um para a conexão ao sistema elétrico, paga por uma taxa fixa mensal, e outro com o fornecedor de energia de escolha, proporcional ao consumo. As empresas fornecedoras de energia, por seu lado, arcariam com os riscos de falta ou sobra de energia, como em qualquer negócio competitivo.
A transmissão terá papel relevante na transição. Com acréscimo de fontes variáveis na matriz, o escoamento de energia entre as regiões ganhará ainda mais relevância. Isso implica tanto os leilões de novos projetos quanto investimentos em ativos com mais de 30 anos, boa parte dessas linhas nas regiões Sul e Sudeste. ““Além de construir novas linhas, é preciso garantir a modernização e melhoria contínuas do nosso sistema de transmissão. Na Eletrobras, há uma estratégia em curso, adicional e não menos importante, de modernizar os sistemas, e isso está sendo feito paulatinamente”, diz Elio Wolff, vice-presidente de estratégia e desenvolvimento de negócios da Eletrobras.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Expansão das fontes renováveis é impulsionada por custos mais baixos e incentivos, mas sustentabilidade financeira do setor requer ajustes para evitar distorções no mercado.
O crescimento da capacidade de geração a partir de fontes renováveis no Brasil é resultado da tendência mundial de redução de custos de equipamentos eólicos e solares, como consequência do movimento de transição energética, e de condições de financiamento menos exigentes, subsídios e a abertura do mercado livre para os consumidores do Grupo A (consumidores atendidos em alta tensão).
No mercado livre brasileiro, o novo gerador renovável consegue ser competitivo frente a um gerador hidrelétrico existente, por exemplo, por meio do arranjo comercial da autoprodução de energia por equiparação. Nesse arranjo o consumidor de energia se torna sócio de um projeto de geração renovável e, com isso, garante a isenção da cobrança da maioria dos encargos setoriais.
É possível ainda acumular o benefício da autoprodução e o subsídio da energia renovável: desconto na tarifa de transporte de energia de gerador, extensível ao consumidor que compra contratos desse gerador. A depender do tipo de consumidor, o valor total desse arranjo pode chegar a 150 R$/MWh.
Assim, apesar de o gerador renovável novo exigir um preço de contrato de energia maior do que o de um gerador existente, os custos totais de suprimento de eletricidade de um consumidor que compra um contrato de uma hidrelétrica no mercado livre ou de um consumidor autoprodutor de energia renovável podem ser equivalentes.
Os custos da autoprodução de energia renovável (benefício e subsídio) são custeados por todos os outros consumidores do sistema (livre e cativos) por meio da Conta de Desenvolvimento Energético – CDE, o fundo setorial que tem como objetivo financiar diversas políticas públicas do setor elétrico brasileiro.
De acordo com o “subsidiômetro” da Aneel[1], os subsídios cresceram, em média, 16,5% ao ano desde 2018, chegando a R$ 40,3 bilhões em 2023. Esse levantamento mostra a urgência de se reavaliar os subsídios existentes e assimetrias comerciais do setor elétrico e criar um ambiente de mercado com sinais de preços adequados, especialmente sob a perspectiva de avançarmos na abertura do mercado livre para os consumidores.
Fonte e Imagem: Portal Exame.
Especialistas da PSR mostram como se preparar para os eventos climáticos extremos, minimizando riscos e oferecendo segurança às populações mais vulneráveis.
Registros de cheias extremas têm se repetido em várias bacias da região Sul do Brasil. O evento de setembro de 2023 no rio Guaíba já havia sido considerado o maior dos últimos 80 anos, e o que ocorreu na última semana bateu todos os recordes históricos.
Em ambas as ocasiões, as cheias do rio Taquari-Antas foram equivalentes à capacidade de descarga das usinas, projetada para probabilidade de ocorrência de uma vez a cada 10.000 anos. Desta vez, acabaram resultando no rompimento parcial da barragem da hidrelétrica 14 de Julho.
Resultado das alterações climáticas, o aumento da frequência e intensidade desses eventos reforça a necessidade da atualizar os cálculos considerando que a amostra de dados disponível hoje é maior do que quando muitas usinas foram projetadas.
Também é preciso revisar metodologias e critérios de cálculos para novos projetos, além de implantar medidas de adaptação à segurança das hidrelétricas existentes, que viabilizem soluções operativas emergenciais.
Dessa forma, os estudos estatísticos que orientam o dimensionamento das estruturas devem passar a considerar a nova realidade do clima. Também é crucial expandir a rede de monitoramento em tempo real e o zoneamento de áreas inundáveis.
Modelos hidrológicos que simulam a passagem das cheias podem contribuir para reduzir riscos e oferecer segurança à operação dos reservatórios. Desde, é claro, que as políticas públicas orientem uma ocupação urbana adequada, aprimorem os sistemas de alerta à população e promovam maior coordenação institucional.
Culpar a natureza por desastres naturais é uma narrativa comum, que precisa ser trocada por ações e – no evento de calamidades – uma busca por aprendizados para mitigar os estragos de eventos similares no futuro. Caso contrário, haverá agravamento da desigualdade social porque as populações mais frágeis são as mais afetadas em cada catástrofe.
Por fim, a solução deve levar em conta a implantação de novas barragens para armazenar água com localização a ser definida de forma criteriosa e participativa. Assim, será possível oferecer maior segurança hídrica, seja no controle de cheias ou para assegurar o abastecimento humano e disponibilidade de água suficiente para irrigar as lavouras durante períodos de secas severas.
Luiz Rodolpho Albuquerque: expert em Recursos Hídricos e Meio Ambiente na PSR
Rafael Kelman: diretor executivo na PSR
Tarcísio Castro: team leader em Recursos Hídricos e Meio Ambiente na PSR.
Fonte e Imagem: Portal Exame.
Mais de 30% da energia produzida no mundo em 2023 foi de origem renovável, aponta o centro de pesquisa energética Ember em um relatório divulgado nesta quarta-feira (8, noite de terça no Brasil).
Em nível mundial, a energia renovável passou de 19% da produção elétrica mundial em 2000 para mais de 30% em 2023, devido, principalmente, ao augedas energias solar e eólica. Essa porcentagem poderia ter sido ainda maior se a produção hidrelétrica não tivesse chegado ao nível mais baixo em cinco anos anos devido à seca, principalmente na China.
A energia solar fotovoltaica e a energia eólica foram responsáveis no ano passado por 13,4% da eletricidade mundial (o restante das fontes renováveis provém, principalmente, da hidrelétrica), contra cerca de 2% em 2010.
Segundo o Ember, esse crescimento poderia levar o mundo, "talvez neste ano", a observar uma redução da produção de eletricidade de origem fóssil.
"A diminuição das emissões do setor elétrico é, agora, inevitável", afirmou o especialista Dave Jones, do Ember, para quem "2023 pode ter sido o ponto de inflexão, um marco na história da energia. No entanto, o ritmo da redução das emissões vai depender da velocidade da revolução das energias renováveis."
Na COP28, realizada no ano passado, os países prometeram medidas para triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030, o que permitiria que o mundo chegasse a 60% de energia de origem renovável, ressaltou o Ember.
Fonte e Imagem: Notícias UOL.
Segundo Marcos Barbosa Pinto, a concessão anterior do mecanismo fez com que a conta de energia ficasse 13% mais cara.
O secretário de Reformas Econômicas, Marcos Barbosa Pinto, afirmou nesta 3ª feira (7.mai.2024) que a concessão de subsídios encareceu a conta de luz em 13%. Disse ainda que o mecanismo contribuiu para levar o setor elétrico a uma “espiral da morte horrorosa”, conforme alerta de especialistas.
“[A conta] seria 13% mais barata não fosse isso”, disse. Na visão dele, a política foi um acerto até determinado ponto, quando concedeu benefícios a energias renováveis, como a solar e a eólica.
A declaração foi dada durante almoço promovido pela FPE (Frente Parlamentar do Empreendedorismo). Sobre o tema, disse que “não existe almoço grátis”.
Marcos Barbosa Pinto também falou sobre a capacidade de investimento do Estado e afirmou que o setor privado é que deve tratar disso nos próximos anos. “Infelizmente, o Estado brasileiro não terá capacidade”, declarou.
Ele também disse que “faltou planejamento estatal” nos governos anteriores para elaborar projetos que ajudassem a atrair a iniciativa privada.
O secretário disse ainda que entregará na próxima semana uma recomendação à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) com medidas que contribuam para simplificar o mercado de capitais.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Análise mostra que gastos com a produção de energia solar duplicaram e produção de módulos já abrange cenário net zero.
Análise inédita do Advancing Clean Technology Manufacturing divulgada pela Agência Internacional de Energia conclui que o investimento global na produção de cinco tecnologias chave de energia limpa – energia solar fotovoltaica, eólica, baterias, eletrolisadores e bombas de calor – aumentou para US$ 200 bilhões de dólares em 2023, um aumento de mais de 70% em relação a 2022, que representou cerca de 4% do crescimento do PIB global.
Os gastos com a produção de energia solar mais que duplicaram no ano passado, enquanto o investimento na produção de baterias aumentou cerca de 60%. Como resultado, a capacidade de produção de módulos solares fotovoltaicos hoje já está em linha com o que é necessário em 2030 com base no cenário de emissões líquidas zero da AIE. Para células de bateria, se forem incluídos os projetos anunciados, a capacidade de produção representa 90% do caminho para satisfazer a procura líquida zero no final desta década.
O relatório conclui que muitos projetos em preparação estarão operacionais em breve. Cerca de 40% dos investimentos na produção de energia limpa em 2023 foram em instalações que deverão entrar em funcionamento em 2024. No caso das baterias, esta percentagem sobe para 70%.
A produção de energia limpa ainda é dominada por algumas regiões. A China, por exemplo, abriga atualmente mais de 80% da capacidade global de fabricação de módulos solares fotovoltaicos. No entanto, o relatório conclui que a fabricação de células de bateria poderá ser geograficamente menos concentrada até ao final desta década. Caso todos os projetos anunciados se concretizem, a Europa e os EUA poderão ter cerca de 15% cada um da capacidade instalada global até 2030.
O relatório foi produzido em resposta a um pedido dos líderes do G7 em 2023 e fornece orientações aos decisores políticos à medida que preparam estratégias industriais com um forte foco na produção de energia limpa. O documento reconhece que não existe um único tipo de abordagem e estabelece princípios orientadores que podem informar o planejamento futuro. O Advancing Clean Technology Manufacturing incorpora insights coletados durante diálogo de alto nível sobre a diversificação da fabricação de tecnologia limpa em novembro de 2023.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Silveira confirmou que a pretensão do Paraguai é de que as tarifas passem a US$ 22 por quilowatt-mês (KW); atualmente, cifra fica em US$ 17 por quilowatt-mês (KW).
O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, afirmou em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira (6) que o governo não vai admitir elevações na conta de luz ao negociar as tarifas da hidrelétrica binacional de Itaipu com o Paraguai.
“O presidente Lula decidiu que não aumentaremos a tarifa de energia do consumidor brasileiro”, disse o ministro, que encontra representantes do governo vizinho na próxima terça-feira (7).
Silveira confirmou que a pretensão do Paraguai é de que as tarifas de energia passem a um valor de US$ 22 por quilowatt-mês (KW). Atualmente, a cifra fica em US$ 17 por quilowatt-mês (KW).
Segundo o ministro, Brasil aceitará negociar o valor da tarifa, desde que compensações sejam definidas para eventual elevação. Alexandre Silveira frisou, contudo, que não existem compensações suficientes para o valor proposto pelo governo vizinho.
“Temos que sair do ciclo vicioso de negociação quase anual com o Paraguai. Por isso levamos solução estruturante que vá de encontro com o interesse de ambos”, completou.
Itaipu e COP30
O presidente Lula assinou nesta segunda-feira (6) convênios no valor de R$ 1,3 bilhão entre Itaipu Binacional, o governo do Pará e a Prefeitura de Belém.
O setor elétrico criticou duramente o repasse, voltado a obras de infraestrutura urbana em Belém, que vai sediar a conferência climática da ONU (COP30), em 2025.
Para especialistas e entidades da área de energia ouvidos pela CNN, trata-se de um uso inadequado das receitas da usina hidrelétrica, além de uma oportunidade desperdiçada de reduzir as contas de luz no país.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Região concentra cerca de 319 GW em projetos de geração renovável anunciados até 2030.
Pesquisa da Aggreko com os setores elétrico e de infraestrutura latino-americanos descobriu que a transição energética é vista como uma oportunidade para 65% dos entrevistados, mas, para 35%, o avanço de fontes renováveis depende de investimento estrutural.
São aportes para desenvolver infraestrutura, modernizar redes elétricas e atualizar as instalações para escoar a nova energia projetada para os próximos anos. A região concentra cerca de 319 GW em projetos de geração renovável anunciados até 2030.
Para 84%, a energia solar será a grande protagonista da transição, seguida por eólica (72%) e hidráulica (43% ).
Não à toa, 22% dos entrevistados apontam a integração de parte dessa capacidade a soluções de armazenamento de energia como um fator crítico para impulsionar a adoção de fontes como solar e eólica – uma estratégia para lidar com a intermitência.
O estudo consultou mais de 830 profissionais desde concessionárias e empresas de T&D, até agências reguladoras, empresas de geração distribuída e prestadoras de serviços relacionados às utilities em 13 países da América Latina.
No Brasil, 33% afirmam que a transição para fontes de energia sustentáveis é sua principal prioridade comercial e já têm planos ou investimentos neste sentido.
Por outro lado, os 26% que ainda não estão fazendo a transição consideram que o principal motivo é a falta de clareza sobre a legislação, os regulamentos e os subsídios.
Oportunidades de negócios
A energia como um serviço está no radar de 35% dos entrevistados, que enxergam um modelo de negócios em atividades como fornecimento e gerenciamento de infraestrutura para seus clientes, incluindo instalação, operação, manutenção e até mesmo o financiamento de sistemas de energia.
Em seguida, vem o segmento de Operação e Manutenção (O&M) indicado por 32% dos profissionais, e a própria venda direta de energia (19%).
Em busca de recursos
Por falar em financiamento de infraestrutura, a comitiva do governo brasileiro desembarcou na Itália para a reunião ministerial do G7 sobre Clima, Energia e Meio Ambiente, em busca de acordos e apoio político para agendas de transição e bioeconomia.
O Brasil não integra o bloco das sete maiores economias do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), mas foi convidado para o encontro, já que preside o G20 este ano e será sede da COP30 no próximo.
“A responsabilidade das grandes economias, representadas aqui no G7, vai muito além da redução das emissões em seus territórios”, discursou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, nesta segunda (29/4) em Turim.
“Além de diminuir as próprias emissões, [as grandes economias] devem ter papel determinante para a descarbonização, mobilizando recursos públicos e privados, nacionais e internacionais, que fortaleçam a capacidade dos países em desenvolvimento”, defendeu.
Como presidente do G20, o Brasil tem cobrado mais ações climáticas de países ricos, além de financiamento para a transformação energética de nações menos favorecidas.
Ao mesmo tempo, tenta ganhar espaço para agendas que enfrentam barreiras na Europa, como a dos biocombustíveis.
No domingo, durante um fórum que antecedeu a abertura da Cúpula, Marina afirmou que o Brasil tem plena capacidade de produzir biocombustíveis sem ameaçar a floresta ou concorrer com a produção de alimentos.
Nesta frente, um dos grandes desafios é avançar com certificações de sustentabilidade da bioenergia, o que pode abrir mercados para produtos de primeira geração como o etanol, mas também para os de segunda geração, a exemplo do SAF para a aviação.
Brasil tenta expandir mercados para bioenergia com carimbo de sustentabilidade.
Para a ministra brasileira, há pelo menos três frentes em que o G7 pode apoiar a transição energética dos emergentes e vulneráveis: viabilizar a nova meta global de financiamento climático coletivo na COP29, no Azerbaijão; fortalecer os bancos multilaterais e elaborar, até a COP30, Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) alinhadas com o fim do uso de combustíveis fósseis.
“Ambição e meios de implementação são indissociáveis. Precisamos nos comprometer com NDCs ambiciosas e alinhadas com a Missão 1,5°C, além dos meios de implementação para que se tornem realidade”, pediu Marina.
Eletrificação mineira
A Raízen Power firmou um acordo com o Governo de Minas Gerais para estimular projetos de eletromobilidade no estado. Na semana passada, a empresa inaugurou sua primeira estação de recarga rápida em Belo Horizonte. Com duração de dois anos, a parceria pretende apoiar políticas públicas relacionadas à eletromobilidade, incluindo estudos de viabilidade técnica para infraestrutura de recarga.
Painéis solares mais baratos
O preço médio da instalação de um sistema de geração solar fotovoltaico no Brasil no primeiro trimestre de 2024 foi de R$ 2,76 por watt-pico (Wp), queda de 5% em relação ao trimestre imediatamente anterior, segundo levantamento da Solfácil. A redução no custo é um efeito da diminuição ao longo do ano passado das cotações do polisilício, matéria-prima usada nos painéis solares.
Fonte e Imagem: epbr.
A Medida Provisória no 1.212/24, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro Alexandre Silveira (PSD/MG), que concede prorrogação de prazo para implantação de projetos de energia renovável com subsídios nas tarifas de transmissão e distribuição, pode ter seus efeitos mantidos mesmo que caduque, apontam especialistas.
A MP, que tramita no Congresso Nacional, prevê a prorrogação de 36 meses para que esses projetos entrem em operação. As medidas precisam ser apreciadas pelo Congresso Nacional no prazo de 60 dias prorrogáveis por igual período. De acordo com a Constituição, se não forem convertidas em lei, elas perdem eficácia desde a sua edição e as relações jurídicas surgidas durante sua vigência deverão ser disciplinadas pelo Congresso.
Para ter direito à prorrogação, as empresas precisam apresentar garantia de fiel cumprimento em até 90 dias e iniciar as obras em até 18 meses da publicação da medida provisória. Entretanto, mesmo que a MP não seja convertida em lei, os especialistas acreditam que os projetos que cumprirem os requisitos e firmarem termo de adesão com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) durante a
vigência da MP terão seus prazos prorrogados.
O sócio do Furcolin Mitidieri Advogados Marcos D’Avino Mitidieri lembra que a Constituição prevê que essas relações jurídicas se manterão regidas pela MP se, em até 60 dias do término de sua vigência, o decreto legislativo não for editado pelo Congresso.
“Se a MP ‘caducar’, o decreto legislativo é que dirá qual a situação dos agentes que tiverem requerido prorrogação à Aneel. Mas, se o Congresso se mantiver inerte e não editar o decreto legislativo, o que é comum, há boas chances de os empreendimentos, cumprindo com os requisitos da MP, conseguirem a prorrogação do prazo para sua implantação”, explica Mitidieri.
O advogado levanta a hipótese de que pode ser uma estratégia do governo para constituir direitos em favor dos empreendedores, caso a MP não seja convertida em lei e o Congresso não edite decreto legislativo”, acrescenta.
Técnicos do setor têm dito que parece não ter sido um acaso que as obrigações fixadas aos agentes pela MP tenham prazos inferiores ao do Congresso para decidir sobre sua rejeição ou conversão em lei. O ex-diretor da Aneel Edvaldo Santana diz que a MP tem muitas chances de caducar e que o subsídio já está carimbado na conta do consumidor.
Ele recorda que dias depois da publicação da MP, a agência reguladora emitiu nota técnica para regulamentar a medida sem consulta pública e sem análise de impacto regulatório. “A Aneel já abriu as portas para que quem tem projetos nesta situação já deem a entrada. O impacto desta medida é tão grande que ela deveria fazer uma consulta pública e ouvir a sociedade”, afirma.
Procurada, a agência disse que entende-se que o disposto da nota técnica trata somente da aprovação de procedimento para aplicar a MP 1.212, a qual prescinde de regulamentação específica. “Por não se tratar de novo regulamento nem de intervenção regulatória, verifica-se que não se aplica a necessidade de realizar Análise de Impacto Regulatório (AIR), nos termos do Decreto no 10.411 [que regulamenta a análise de impacto regulatório].”
Outra disposição da MP proposta pelo governo busca frear o aumento das contas de luz, antecipando o recebimento dos recursos provenientes da privatização da Eletrobras. No entanto, essa medida pode ter um efeito contrário devido à existência de mais de 90 gigawatts (GW) de projetos elegíveis para receberem subsídios, os quais são repassados para a conta de luz dos pequenos consumidores.
O advogado André Edelstein, especialista em energia elétrica, considera possível que as disposições da medida provisória continuem a produzir efeitos mesmo após perder sua eficácia formal. No entanto, Edelstein adverte sobre um detalhe crucial: “Essa preservação se aplica somente aos casos em que o termo de adesão à prorrogação já tenha sido firmado com a Aneel durante a vigência da MP. As situações em que o agente não formalizou essa prorrogação dentro desse prazo poderão não ser abrangidas por esse tratamento, conforme já adotado pelo Supremo Tribunal Federal em casos similares”.
A sócia da área de Energia e Recursos Renováveis do Demarest Advogados Rosi Costa Barros também corrobora com a tese dos colegas de que, mesmo que não seja convertida em lei no prazo previsto, as relações jurídicas que se materializam na sua vigência e devem ser disciplinadas por decreto do Congresso.
“Caso o Congresso não edite tal decreto legislativo, em até 60 dias da perda da eficácia da MP, as relações jurídicas e atos praticados durante a vigência da MP devem continuar por ela regidas. Assim, entendemos que aqueles interessados que exercerem o direito previsto na MP, durante a sua vigência, devem ter o direito resguardado.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A implantação de baterias no setor de energia cresceu 42 GW em 2023, um aumento de 130% na comparação anual, segundo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Assim, havia 85 GW instalados no setor em 2023. Entretanto, para atingir as emissões zero até 2030, a agência calcula que o montante precisará aumentar 14 vezes, chegando a 1,2 mil GW, de forma a dar segurança a uma geração solar e eólica três vezes superior à atual.
Segundo a IEA, o crescimento das baterias no último ano foi pavimentado por um custo decrescente e melhorias na performance. O custo das baterias de íons de lítio caiu de US$ 1,4 mil/KWh em 2010 para menos de US$ 140/KWh em 2023. A agência projeta que o preço da tecnologia deve cair mais 40% até 2030, seja no cenário de emissões zero ou no cenário que considera apenas a aplicação das políticas atuais.
Com isso, as soluções de geração fotovoltaica complementadas por baterias devem ser uma das fontes mais competitivas de produção de eletricidade. Em veículos elétricos, o aumento das baterias em 2023 foi de 40%, com mais de 14 milhões de novos veículos. Novas rotas também já despontam, como a bateria LFP (Lithium Iron Phosphate, na sigla em inglês), que respondeu por 40% das novas baterias de veículos elétricos e 80% da nova capacidade de armazenamento em 2023.
A China atualmente é o maior mercado das baterias, com mais de metade dos equipamentos em uso, seguida pela União Europeia e os Estados Unidos. Na produção, a China também lidera, com 85% da capacidade produtiva global das células, e cerca de metade das reservas de minerais críticos no mundo. A IEA aponta que a reciclagem de baterias pode ser uma forma de reduzir a concentração da produção e a dependência de minerais críticos novos. Outra forma para reduzir a dependência de mineração e refino está na inovação e no dimensionamento correto das baterias. Assim, a demanda por minerais críticos poderá se reduzir em 25%, segundo a agência.
O estudo também indica a importância de reguladores assegurarem a participação das baterias no mercado e de remunerarem adequadamente as baterias pelos serviços prestados. Para estimular a adoção de veículos elétricos, a instalação de infraestrutura de carregamento também é fundamental, segundo a IEA.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Na presidência do grupo, Brasil deve encarar financiamento a países pobres como missão.
Na presidência rotativa do G20, o Brasil se incumbiu da missão de mobilizar o bloco com afinco para combater as mudanças climáticas. A necessidade mais premente é aumentar a contribuição financeira dos países ricos para que os mais pobres possam estruturar seus projetos de redução das emissões de gases de efeito estufa. É um campo em que, até agora, há mais discursos que recursos.
“É a discussão mais importante do ano”, afirma o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, negociador-chefe do Brasil nas COPs — as conferências de clima das Nações Unidas. O debate sobre o aporte financeiro a esses investimentos será um dos destaques da COP29, prevista para novembro em Baku, no Azerbaijão.
Em 2009, os países ricos prometeram contribuir com US$ 100 bilhões por ano para ajudar os mais pobres a executar projetos para reduzir suas emissões de carbono na atmosfera. Tal ajuda deveria ter sido concedida entre 2020 e 2025. Passados mais de três anos do prazo inicial, a promessa ainda não foi cumprida. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a transferência de US$ 100 bilhões só foi confirmada em 2022.
Mas, mesmo que a promessa tenha sido cumprida em 2022 e no ano passado, os US$ 100 bilhões anuais são insuficientes para zerar as emissões dos países pobres. Deve ser apenas um primeiro passo. Corrêa do Lago entende que a solução para o problema do clima só acontecerá se fizer parte dos objetivos de todos os investimentos de empresas e Estados. A questão deve ser considerada na formulação de todos os projetos de investimento.
As estimativas de custo são da ordem de trilhões de dólares. Pelos cálculos da Agência Internacional de Energia (AIE), apenas para a produção de energia limpa é preciso aumentar os investimentos de US$ 1,8 trilhão para US$ 4,5 trilhões a cada ano. Se, como defende Corrêa do Lago, todos os investimentos levarem em consideração a necessidade de corte nas emissões, pode-se chegar a algo entre US$ 9 trilhões e US$ 10 trilhões anuais.
Outra discussão importante e difícil de travar é a origem desses recursos. A proposta que reúne mais adeptos, por ser a mais óbvia e racional, é taxar as fontes de emissão de carbono, entre as quais se destacam as empresas de petróleo e similares. Elas próprias têm projetos para a transição energética e continuarão a produzir petróleo, porque existirá demanda por ele durante muito tempo. Mas não será politicamente fácil taxar as fontes de emissão, embora o comunicado final da COP28, realizada em Dubai, tenha pela primeira vez mencionado explicitamente a transição para além dos combustíveis fósseis.
O Brasil criou no G20 uma força-tarefa para a Mobilização Global contra a Mudança do Clima. Um de seus objetivos é facilitar o financiamento privado aos planos de transição ecológica. Corrêa do Lago copreside essa força-tarefa, com representantes dos ministérios da Fazenda, do Meio Ambiente e do Banco Central. Está mais do que na hora de tratar como prioridade a definição das estruturas de financiamento da transição para uma economia baseada em energia limpa.
Fonte e Imagem: O Globo.
Além da energia, mecanismo contempla água, esgoto e gás de cozinha.
O projeto que trata sobre a regulamentação da reforma tributária prevê o mecanismo de cashback para famílias de baixa renda em determinados bens e serviços. Entre eles, estão a energia elétrica, água e esgoto, com proposta de devolução de até 50% dos tributos. Já no caso do gás de cozinha, o retorno pode chegar a 100%.
A proposta que regulamenta a reforma foi entregue ao Congresso Nacional pelo governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontrou pessoalmente o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Com Haddad, estavam presentes o secretário extraordinário da reforma, Bernard Appy, e o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan.
Segundo o texto, as devoluções dos tributos serão destinadas às famílias com renda per capita de até meio salário-mínimo (cerca de R$ 706), integrando-se ao Cadastro Único das políticas sociais.
Na proposta, o cashback deverá ser aplicado tanto sobre a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de alçada federal, quanto o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), gerido por estados e municípios.
Contudo, existem exceções. Os únicos produtos que não contarão com o cashback são aqueles sujeitos ao Imposto Seletivo (IS), como cigarros e bebidas alcoólicas, considerados danosos à saúde.
O governo pretende ainda estabelecer mecanismos de mitigação de fraudes e limites de devolução por unidade familiar destinatária, visando garantir a compatibilidade entre os valores devolvidos e a renda disponível da família.
Ao ser aplicado, o responsável pela unidade familiar será o destinatário dos valores. No caso, o cidadão terá de preencher os pré-requisitos e será incluído no mecanismo.
Veja o porcentual de devolução para cada item:
100% para a CBS e 20% para o IBS, no caso do gás de cozinha;
50% para a CBS e 20% para o IBS, no caso de energia elétrica, água e esgoto;
20% para a CBS e para o IBS, nos demais casos.
De acordo com o governo, a devolução será calculada sobre o consumo das famílias formalizado, por meio da emissão de documentos fiscais. Nesse sentido, o governo cita que o projeto pretende estimular a cidadania fiscal e mitigar a informalidade nas atividades econômicas, a sonegação fiscal e a concorrência desleal.
O governo menciona ainda que, “excepcionalmente, nas localidades com dificuldades operacionais que comprometam a eficácia deste canal de devolução, o projeto contém uma alternativa para cálculo simplificado das devoluções, resguardando o acesso das populações residentes nestas localidades”.
Apesar de percentuais definidos, na prática, podem ocorrer mudanças, uma vez que o projeto autoriza estados e municípios a fixarem valores mais altos para as devoluções. Ou seja, os percentuais presentes no texto serviriam como uma base, um piso mínimo, para aplicação.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Rodrigo Agostinho disse que aguarda posição do Congresso Nacional para avançar com a política, mas tema não “contamina” licenciamento ambiental.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse, durante audiência pública no Senado nesta 5ª feira (25.abr.2024), que o Ibama não é responsável pela política energética e, por isso, não fará a transição energética no Brasil.
“Não é o Ibama que faz política energética. O Brasil tem outras instituições para isso. O Ibama faz licenciamento ambiental. Eu posso ter posições pessoais relacionadas ao setor, mas isso não contamina em momento nenhum o debate e o licenciamento ambiental”, disse o presidente da autarquia.
Conforme a lei 11.516/2007, o Ibama tem como principais atribuições exercer o poder de “polícia ambiental”. Entre suas atribuições, concede licenças para exploração de recursos naturais e monitora o controle ambiental.
Segundo Agostinho, contudo, há preocupação com o assunto e o Ibama aguarda “com muita ansiedade” a aprovação do marco regulatório das eólicas offshore pelo Congresso Nacional para poder avançar com essa política. A Petrobras já teria inclusive apresentado ao Ibama projetos de produção de energia eólica em offshore.
O presidente disse ainda que a transição energética – ou seja, a troca de uma matriz de fonte de energia que utiliza combustíveis fósseis para fontes renováveis– já está acontecendo no país, que considera ser referência no tema.
Segundo o MME (Ministério de Minas Energia), o país tem 48% de sua energia vinda de fontes renováveis, bem acima da média mundial –que é de 15%. O ministério é o principal responsável pela Política Nacional de Transição Energética Nacional.
Contudo, essa transição não afeta as concessões de licenças de petróleo e gás, de acordo com Agostinho, e o Ibama estaria licenciando um dos maiores projetos de petróleo (a 4ª fase do pré-sal).
A fala foi proferida durante debate sobre o potencial econômico das reservas de petróleo e gás na Margem Equatorial brasileira, realizado na CMA (Comissão do Meio Ambiente) do Senado Federal. Também foi discutida a garantia de condições ambientais seguras para efetivar as explorações.
Sobre uma especulada pausa nos licenciamentos, o presidente do Ibama explicou que há, no caso, um “atraso” nos processos por causa da mobilização dos funcionários. O órgão teria sofrido, segundo ele, inúmeros cortes no orçamento em 2023 e está na tentativa de “encontrar janelas orçamentárias para recuperar o atraso”.
Propostas apresentadas pelo MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) do governo federal buscam avançar em acordos que debatem a valorização dos funcionários ambientais.
Estiveram presentes na comissão:
a gerente de Licenciamento da Petrobras, Daniele Lomba;
o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP);
o senador Beto Faro (PT-PA);
o coordenador geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar;
o secretário de Planejamento do Amapá, Lucas Abrahão;
o diretor-executivo de Exploração e Produção do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), Júlio
César Moreira; e
o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Falcão Mendes.
Esta reportagem foi produzida pela estagiária de jornalismo Bruna Aragão sob supervisão do editorassistente Victor Schneider.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Texto prevê que usinas terão um prazo adicional de 36 meses para entrarem em operação com direito aos benefícios.
A área técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) concluiu a nota técnica que irá nortear a regulamentação da prorrogação do prazo para projetos de fontes renováveis entrarem em operação comercial com acesso a subsídios. O tema agora deve ser levado para análise na diretoria colegiada do órgão regulador sob relatoria da diretora Agnes da Costa.
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A prorrogação do prazo está prevista na medida provisória editada recentemente pelo governo. O texto prevê que usinas de fontes renováveis terão um prazo adicional de 36 meses para entrarem em operação com direito a descontos no uso das redes de distribuição e transmissão de energia elétrica.
Pelo encaminhamento da área técnica, os agentes interessados na prorrogação deverão apresentar pedido à Aneel até 10 de junho e, posteriormente, apresentar termo de adesão, em até 45 dias, e a comprovação de aporte da garantia de fiel cumprimento, até 9 de julho de 2024.
Na nota, a Aneel ressalta que a condição prevista na MP está direcionada para os projetos que já foram outorgados. No entanto, ressalta aqueles com pedidos pendentes de aprovação pela Aneel estão possibilitados, por conta e risco, de apresentar o requerimento de prorrogação e documentação prevista na MP, mas o direito estará condicionado à aprovação da outorga.
Fonte e Imagem: Portal Jota.
Ampliação das hipóteses de destinação da COSIP traz argumento jurídico adicional para uma questão sensível do cotidiano das distribuidoras, escrevem Maria Clara Morette e Marcus Francisco.
Com a aprovação da Emenda Constitucional 132/2023, que implementou a Reforma Tributária do Consumo, passou despercebido um pequeno ponto, mas de grande relevância para as distribuidoras de Energia Elétrica.
Foi alterado o art. 149-A da Constituição Federal (CF) para ampliar as hipóteses de destinação que podem ser dadas pelos municípios e pelo Distrito Federal aos recursos arrecadados a título da contribuição de iluminação pública (COSIP).
Se antes o produto da arrecadação servia apenas para o custeio do serviço de iluminação pública, a EC 132/2023 permitiu que os valores também sejam utilizados para a expansão e a melhoria do referido serviço e, ainda, para custear e ampliar os sistemas de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos.
Essa alteração acabou trazendo um pouco de esperança (argumento jurídico adicional) para uma questão sensível do cotidiano das distribuidoras de energia elétrica: a atribuição de responsabilidade tributária pelo recolhimento da COSIP.
Após a erradicação da antiga Taxa de Iluminação Pública pelo Supremo Tribunal Federal (STF), os municípios e o Distrito Federal se movimentaram para obter novamente uma fonte de arrecadação para suportar os encargos do serviço de iluminação pública. Foi com esse objetivo que, em 2002, a CF recebeu um novo artigo (149-A) que instituiu a COSIP, cuja arrecadação estava plenamente vinculada ao custeio da iluminação pública, serviço que se encontra sob a competência dos municípios e do Distrito Federal.
O parágrafo único do mesmo artigo definiu que seria facultada a cobrança da contribuição na fatura de consumo de energia elétrica. Aqui está o ponto nodal da discussão que passaremos a abordar.
Com base nesse artigo, os municípios passaram a firmar contratos (convênios, termos de acordo) com as distribuidoras de energia elétrica para prestação, por elas, do serviço de arrecadação da COSIP. Em termos práticos, as companhias ficavam com o papel de (i) de incluir o valor da contribuição nas faturas de consumo residencial e (ii) repassar o montante arrecadado aos cofres públicos. Em contrapartida, os municípios pagavam uma remuneração pela prestação do serviço.
Apesar desse arranjo, a Administração Pública resolveu criar um meio de ter esse serviço prestado pelas distribuidoras sem precisar remunerá-las para tanto. Foi a partir desse objetivo que passaram a criar leis municipais atribuindo a responsabilidade tributária pela COSIP às concessionárias. Ou seja, a obrigação de incluir o valor na fatura e repassar o produto arrecadado ao município (ou DF) seria decorrente de dever legal, pois as distribuidoras agora seriam responsáveis pelo pagamento da contribuição, tornando-se devedoras do tributo, caso ele não fosse quitado.
Em razão de diversos problemas jurídicos nessa artimanha criada, os tribunais foram bombardeados por ações que buscavam amparo no Judiciário para que se impedisse a conduta atroz dos municípios. Ora, se a máquina pública se beneficia da atuação da distribuidora para arrecadar o tributo, não há motivo pelo qual não deva remunerá-la. Admitir o contrário seria privilegiar o enriquecimento sem causa do ente público.
Os argumentos são dos mais variados para afastar a obrigação imposta. No entanto, talvez o mais relevante deles seja o de que a distribuidora não possui qualquer vínculo com o fato gerador da COSIP – prestação do serviço de iluminação pública pelo município aos cidadãos. Vista sob a ótica inversa, a relação da distribuidora com esses mesmos cidadãos é o fornecimento de energia elétrica à instalação residencial, uma conexão privada (ou seja, entre particulares) que em nada se relaciona com a obrigação do município de manter os logradouros públicos iluminados.
Especificamente no caso da COSIP, ainda não há decisão definitiva das Cortes Superiores com aprofundamento de mérito. Contudo, muitos tribunais estaduais se pronunciariam favoravelmente às distribuidoras em mais de 10 oportunidades, estando dentre eles Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul.
Na ilustração abaixo, é possível se ter uma ideia do mapeamento de decisões que fortalecem a defesa das concessionárias.
Com a alteração da CF promovida pela Reforma Tributária, como dito, foram ampliadas as hipóteses de destinação do produto arrecadado de COSIP, abrangendo-se também o custeio, a expansão e a melhoria dos sistemas de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos.
Por consequência, fica ainda mais evidente que a distribuidora de energia elétrica não possui qualquer relação com o fato gerador da contribuição e, dessa forma, jamais poderia figurar como responsável tributária, já que não preenche o requisito estabelecido pelo CTN e reforçado pelo STJ.
Esse novo cenário traz um reflexo de esperança como reforço argumentativo para a situação das distribuidoras de energia elétrica.
Espera-se que o Judiciário, iluminado pelo espírito da Reforma, permaneça trilhando um caminho favorável às concessionárias e impeça a tentativa vil dos municípios de obter a prestação do serviço de arrecadação sem arcar com a remuneração para tanto.
Por fim, a título informativo, cabe registrar que alguns municípios já possuem projetos de lei em andamento para adequar a lei local de COSIP à EC 132/2023, como, por exemplo, o Município de São Paulo, por meio do PL 89/2024.
Este artigo expressa exclusivamente a posição dos autores e não necessariamente da instituição para a qual trabalham ou estão vinculados.
Fonte e Imagem: epbr.
Apesar de vivermos em um cenário de excesso de oferta de geração, há uma carência na gestão inteligente dos reservatórios hídricos e dos atributos das fontes.
Com a escalada do uso de energias renováveis intermitentes (eólicas e solares), o Brasil se destaca por seu mix energético. Após grande escalada das eólicas desde 2010, a solar tem se destacado de forma proeminente nos últimos cinco anos com uma forte expansão, tanto na alta tensão como na sua forma distribuída (GD). Em determinados momentos do dia, esta fonte alcança a segunda posição em termos de geração elétrica, atrás apenas das tradicionais hidrelétricas.
Mas apesar de vivermos em um cenário de excesso de oferta de geração, nota-se uma carência na gestão inteligente dos reservatórios hídricos e dos atributos das fontes. Hoje não guardamos a água necessária para compensar a incerteza de amanhã das renováveis, e os geradores se instalam praticamente onde querem na rede, a despeito de sabermos da importância de uma expansão da geração coordenada com a da transmissão. Diante dos desafios inerentes à transição energética e mudanças climáticas, que nos impõe lidar com grandes incertezas associadas ao uso dos recursos de geração renováveis, o país precisa evoluir no modo que gerencia seus recursos eletroenergéticos.
A questão não é apenas quanta energia é gerada, mas como é gerida ao longo do tempo, transportada através da rede e absorvida pelos consumidores. Um sistema elétrico repleto de recursos renováveis intermitentes carece de geradores com muita flexibilidade operativa e de recursos de armazenamento. Neste contexto, um novo sistema de preços, capaz de sinalizar os reais custos de oportunidade dos atributos operativos das fontes, torna-se mais do que necessário - é um imperativo.
Os ancilares abrangem a flexibilidade que os geradores podem oferecer para desviarem do ponto nominal em escalas de milissegundos a minutos. Ou seja, é a flexibilidade de curto prazo necessária para contornar incertezas e fenômenos não modelados no processo da programação via mercado. Eles permitem o operador não só manter o sistema em sincronia em tempo real, contornando as variações instantâneas da carga e geração, mas também compensar a indisponibilidade de geradores e linhas em casos de contingências ou mesmo na compensação de erros maiores nas previsões da geração solar e eólica.
Do outro lado, figuram os produtos de flexibilidade, menos explorados na prática. A definição de flexibilidade pode ser bastante ampla e englobar até mesmo aspectos de rede. Apesar disso, eles têm sido amplamente associados a ofertas que os agentes fazem para oferecer ao operador do sistema uma capacidade adicional de variação da geração, para cima ou para baixo, para ser utilizada em intervalos de tempo bem definidos na programação diária. Em geral, são flexibilidades de capacidade de rampa de geração, ou qualquer outro recurso que reproduza esse efeito, como a redução da demanda.
Da maneira descrita, parece existir uma certa interseção conceitual entre os dois. Contudo, a diferença fica clara pela forma com que ambos são utilizados. De maneira simples, os serviços de flexibilidade visam atrair mais recursos de rampa para a programação nominal do operador, já os serviços ancilares são empregados para todo o resto que esta não contemplar na operação de tempo real.
As fontes convencionais controláveis, hidrelétricas e termelétricas, predominam, na prestação de todos esses serviços no Brasil. Quase todos os erros de previsão da geração eólica e solar absorvida pelo sistema hoje são resolvidos pelas hidrelétricas na etapa de ajuste da programação diária e por todas as fontes participantes dos serviços ancilares no tempo real. Assim, dada a grande relevância do papel que a compensação da incerteza, falta de inércia e variabilidade das renováveis assume na transição energética, uma revisão no sistema de remuneração é prioritária. Não obstante, deve-se remunerar toda e qualquer fonte que contribua para esse papel de maneira isonômica. Somente assim poderemos descobrir, e não definir, quais serão as tecnologias e o mix de fontes que irão predominar no futuro do sistema.
Temos amplo cardápio para promover esses serviços: das tradicionais hidrelétricas e termelétricas rápidas já instaladas e operando, passando pelas centrais reversíveis e baterias, até a famosa resposta da demanda, que a depender do preço poderia incentivar o emergente mercado varejista a criar produtos nunca vistos (aqui no Brasil). Mas para que isso funcione, precisamos de um novo esquema de programação diária da geração. Nele, os produtos energia, reservas e flexibilidade de rampas precisam ser cootimizados com garantia de entrega pela rede.
Já no âmbito regulatório, o mercado também precisa ser ajustado para se aproximar à nova realidade operativa. Precisamos de preços que reflitam os custos de oportunidade dos serviços prestados pelas fontes. Da mesma forma como hoje obtemos da programação diária os custos marginais de operação que dão origem ao PLD, preço de curto prazo da energia que liquida as diferenças entre os contratos e geração, obteríamos também os custos marginais desses novos serviços.
Já no âmbito regulatório, o mercado também precisa ser ajustado para se aproximar à nova realidade operativa. Precisamos de preços que reflitam os custos de oportunidade dos serviços prestados pelas fontes. Da mesma forma como hoje obtemos da programação diária os custos marginais de operação que dão origem ao PLD, preço de curto prazo da energia que liquida as diferenças entre os contratos e geração, obteríamos também os custos marginais desses novos serviços.
Assim, enquanto o PLD remunera os geradores pelo que se espera que vá acontecer no dia seguinte, os preços da flexibilidade e dos serviços ancilares passam a remunerar os agentes de acordo com suas capacidades de variar a energia ao longo das horas e de responder em tempo real. Esses novos preços passariam a complementar o esquema de remuneração por custos marginais, atualmente criticados por não refletirem o valor dos recursos energéticos que permitem absorver a incerteza das renováveis. Eles ajudariam a reequilibrar o valor das fontes refletindo em suas atratividades comerciais os papéis desempenhados de forma transparente e economicamente coerente.
Essa é uma evolução no sistema de preços tão natural e necessária quanto foi a dos preços horários implementada em 2021. Ela encontra respaldo na literatura e na prática da maior parte dos mercados elétricos desenvolvidos do mundo. Mas além disso, para garantirmos a sustentabilidade desses serviços ao longo dos anos, o cálculo do valor da água, realizado pelos modelos de médio e longo prazo, também precisa ser atualizado de forma consistente. Somente assim as hidrelétricas e termelétricas serão coordenadas de forma a guardar a água necessária para garantir esses serviços no futuro.
Um novo sistema com preços de serviços ancilares e flexibilidade cootimizados com a energia não seria a solução de todos os problemas, mas permitiria um norte para investimentos menos míope aos novos papéis das fontes.
Alexandre Street é professor associado do Departamento de Engenharia Elétrica do CTC/PUC-Rio.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Após um primeiro trimestre abaixo do esperado, a safra de ventos para geração eólica.
deve se manter dentro do “normal” em 2024, segundo Alexandre Nascimento, sócio-diretor da Nottus Meteorologia.
“Em ano de El Niño, espera-se que os ventos na região Nordeste sejam mais fortes do que o normal. [Contudo], a expectativa é de que tenhamos uma safra de ventos dentro do normal esse ano. Se, por um lado, observamos temperaturas altas, puxando uma carga bastante expressiva, por outro temos um aporte da geração eólica para contrapor essa posição”, afirmou o executivo durante entrevista coletiva nesta terça-feira, 23 de abril.
Segundo Nascimento, a chuva no começo de abril reduziu a geração eólica, mas o vento voltou a ser favorável no Nordeste, que apresentou cerca de 12 GW da fonte no período, indicando uma melhora para essa época do ano. Para os próximos meses, as condições
continuam sendo favoráveis à geração eólica, com previsões iniciais indicando ventos cada vez mais fortes na área leste do país.
Ventos fortes, pouca chuva
Em relação à hidrologia, o estudo Impactos do Clima no Setor Elétrico em 2024 elaborado pela Nottus aponta que haverá período de chuva abaixo da média em diversas regiões do Brasil nos próximos meses.
“Entre o final do outono e o inverno no Hemisfério Sul, a expectativa é prevalecer uma condição climática neutra. Temos a possibilidade de surgir um novo La Niña ao longo do segundo semestre de 2024”, avalia Desirée Brandt, meteorologista e sócia-executiva da Nottus.
De acordo com a executiva, estão previstas precipitações mais localizadas e cada vez mais espaçadas, mesmo que ultrapassem a média histórica em algumas regiões do território nacional. A previsão indica chuva abaixo da média em importantes áreas hidrográficas
como Bacia do Tietê, Rio Grande, Paranaíba e a montante da Bacia do Tocantins.
Com base em dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, na sigla em inglês), a meteorologista da Nottus conta que o El Niño termina no decorrer do outono. Já o La Niña pode aparecer a partir do mês de julho.
“Com a eventual configuração do La Niña, existe historicamente o risco de atraso do próximo período chuvoso no Brasil, prolongando o período seco”, complementa Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da Nottus. “Normalmente, a expectativa é de que o La Niña retarde o período úmido. Modelos sugerem chuva em outubro, mas trata-se de uma previsão muito precoce e que merece acompanhamento”, finaliza.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Os pobres não serão beneficiados pela redução. A maior parte deles possui a tarifa social e, por isso, não paga os empréstimos associados às contas Covid e Escassez Hídrica.
O setor elétrico criou um axioma: mesmo que se saiba o que e como fazer, será feito errado. A Medida Provisória 1212, MP da conta de luz, é um exemplo.
A tarifa atual, das mais elevadas do mundo, para ficar em nível razoável deveria ser 30% menor. Faz sentido o empenho do governo para reduzi-la. Na cerimônia de lançamento da MP se falou muito nos pobres. Mas os pobres não serão beneficiados pela redução de tarifa. A maior parte desse universo de brasileiros possui a tarifa social e, por isso, não paga os empréstimos associados às contas Covid e Escassez Hídrica.
A redução da tarifa em 3,5% será sustentada por recursos de um fundo da privatização da Eletrobras, que serão usados para liquidar antecipadamente esses empréstimos. Mas quem serão os beneficiados?
A outra parte da MP cuida de estender por três anos o prazo para que as fontes renováveis variáveis (FRVs) acessem um subsídio que já é responsável por quase 14% da tarifa. O governo, com a MP, põe o investidor na corrida por mais subsídios.
Contudo, o custo de investir em eólica e solar reduziu mais que 50% nos últimos 10 anos, o que eliminaria a necessidade de subsídio. Em 2024, para cerca de 60 GW de eólica, solar, biomassa e pequenas hidrelétrica, o valor do subsídio é da ordem de R$ 10 bilhões. Como há mais 90 GW aptos à “corrida”, se 80% forem bem-sucedidos, na conta de subsídios serão adicionados R$ 12 bilhões.
Como quase 100% dos projetos estão no Nordeste, e o consumo no Sudeste, mais linhas de transmissão (LTs) serão construídas. Mais LTs, sem o aumento proporcional do consumo, fazem crescer o valor absoluto do subsídio. Exemplo.: se, em 2024, o subsídio, calculado como 50% do custo de transmissão, correspondia a R$ 14/MWh, pode chegar a R$ 20/MWh em 2029. Logo, quando as novas FRVs entrarem em operação o subsídio já não será R$ 12 bilhões, e sim R$ 16 bilhões ou até mais.
E, pelo menos até 2032, há uma sobra monumental de energia, entre 30 e 35 GW, a depender do nível médio de consumo num dia normal ou de muito calor. É um excedente que daria para atender à soma dos consumos do Nordeste e do Sul.
Sem a MP, as FRVs já adicionam 20 GW ao ano. O consumo cresce menos da metade disso. A MP, então, acelera muito o crescimento da oferta e eleva a sobra. Uma consequência é que o consumidor pagará por uma energia que não será gerada. E pagará também por uma expansão da transmissão que muito pouco será utilizada. Ponha mais uns R$ 2 bilhões nos custos da MP.
E a maior parte desses custos será alocada ao pequeno consumidor. Embora seja dito que o incentivo é para as FRVs, o grande consumidor do mercado livre, e só ele, que compra diretamente energia dessas fontes, tem direito a igual subsídio. Além disso, em virtude da sobra, o preço no mercado livre cairá mais ainda, o que beneficia novamente o grande consumidor.
E a MP acentua um grave problema estrutural. Todos os dias, entre 15 e 17 h, a geração solar cai de 28 GW para zero. Tudo isso, hoje, é substituído por hidrelétricas. Com a prorrogação do subsídio, esse volume, que seria 50 GW em 2029, passa para mais de 80 GW. Não haverá hidrelétrica suficiente para a substituição. Termelétricas serão necessárias. Assim, a MP desordenou mais ainda o setor elétrico e aumentou riscos e custos. E advinha quem pagará a maior parte disso?
Conclusão: o governo, com a MP, amplia a desigualdade elétrica. O Brasil tem tudo para liderar a transição energética, mas, insisto: no arranjo atual, a transição é rentável para o investidor, barata para quem dela se beneficia, mas é cara, injusta e perversa para os mais pobres.
Detalhe: o número da MP é 1212. No jogo do bicho, 12 é o grupo do elefante. O governo pôs na sala dois elefantes, mas bem ensinados.
*Edvaldo Santana, doutor em engenharia de produção e professor titular aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina, foi diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica.
Fonte e Imagem: O Globo.
Temperaturas podem ficar até 5ºC acima da média no centro-sul do país até o dia 2 de maio.
O fim de abril deverá ser marcado por temperaturas elevadas na região centro-sul do Brasil com mais uma onda de calor, segundo previsão da Climatempo. Será a quarta desde o início de 2024. As temperaturas podem ficar até 5ºC acima da média na região entre os dias 22 de abril e 2 de maio.
Uma área de alta pressão na média atmosfera deve ganhar força sobre as áreas do Mato Grosso do Sul e Paraná, com migração para regiões do Sudeste entre o fim de abril e começo de maio. Segundo a Climatempo, o sistema deve estacionar na região centro-sul, formando uma espécie de bloqueio atmosférico para a chegada de frentes frias no Centro-Oeste e Sudeste do país e mantendo o ar seco e quente.
Mesmo no outono, a expectativa é de temperaturas elevadas até o início de maio, situação que poderá se estender. Uma das características da onda de calor é a intensificação do ar de cima para baixo, inibindo a formação das nuvens de chuva e aumentando o calor.
A ausência de uma massa de ar frio forte o suficiente para gerar mudança nas condições do tempo deve manter o ar quente em grande parte do Brasil.
Veja as médias previstas para os próximos dias:
Campo Grande (MS): 29ºC
Cuiabá (MT): 33ºC
Goiânia (GO): 31ºC
São Paulo (SP): 26,6ºC
Belo Horizonte (MG): 27,6ºC
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), se configura uma onda de calor quando as temperaturas permanecem 5ºC acima da média por mais de cinco dias seguidos.
Este cenário deve acontecer na faixa central e oeste do estado de São Paulo, noroeste do Paraná, em todo o estado do Mato Grosso do Sul, no triângulo Mineiro e sul de Goiás. Nessas regiões os termômetros podem superar os 35ºC.
Além de dias quentes, as madrugadas tendem a ficar abafadas em Mato Grosso do Sul, Paraná e oeste de São Paulo, por conta do escoamento do ar quente na virada de abril a maio.
No leste de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal, as temperaturas devem ficar de 3ºC a 5ºC acima da média, mas, com temperaturas mínimas mais baixas devido ao ar seco.
A atenção vai para a amplitude térmica –distância entre a mínima e a máxima– que pode chegar a até 22°C de diferença. A Climatempo informa que os modelos meteorológicos indicam uma manutenção desse padrão até a primeira semana de maio.
Além da onda de calor, o centro-norte do Paraná, o estado de São Paulo –com exceção do litoral–, noroeste e triângulo Mineiro, sul de Goiás e centro-leste de Mato Grosso do Sul tem alertas para umidade relativa do ar abaixo dos 30%. A OMS estabelece como ideal a umidade entre 50% e 60%.
Cuidados durante a onda de calor
Hidratação
Evitar exposição ao sol entre 10h e 16h
Aplicação de protetor solar regularmente
Usar roupas leves
Em casos de exaustão ou insolação, é necessário procurar atendimento médico.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Ao menos 15 fábricas de hidrogênio de baixo carbono operam ou estão em processo de implantação.
O Brasil é um dos países que reúnem as condições mais favoráveis para produzir em larga escala o chamado hidrogênio verde (H2V) e alcançar o protagonismo global na condução da transição das tecnologias energéticas baseadas em combustíveis fósseis para as renováveis. Além de privilegiado por ter fontes limpas de geração de energia, como água, vento e incidência solar, o país é rico na produção de biomassa, o que pode diferenciá-lo na produção do combustível.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, indicam que o Brasil tem potencial para produzir até 1,8 gigatonelada de hidrogênio por ano. Se for considerado apenas o potencial de produção a partir de fontes renováveis onshore, esse potencial cai para 18 megatoneladas/ano. Mesmo assim, esse volume já representa aproximadamente 20% da produção global atual de H2V, diz Felipe Gonçalves, superintendente de pesquisa da FGV Energia, centro de estudos mantido pela Fundação Getulio Vargas.
Atualmente, existem ao menos 15 plantas-piloto de hidrogênio verde no país ou em processo de implantação, a maioria delas voltada à produção a partir da eletrólise da água, que utiliza eletricidade de fontes renováveis, como solar, eólica e hidrelétrica. A região Nordeste é a que concentra o maior número de projetos para produção de hidrogênio de baixo carbono. O Ceará, por exemplo, congrega cerca de seis projetos relacionados ao desenvolvimento do H2V. O de maior destaque é o Hub de Hidrogênio Verde do Complexo do Pecém, criado em 2021 por meio de uma joint venture entre governo do Ceará e o porto de Roterdã, o maior e principal da Europa.
Outro Estado da região que tem concentrado projetos de desenvolvimento de hidrogênio verde é Pernambuco, que já conta com quatro plantas-piloto. Uma delas é o centro de testagem TechHub, do Complexo Industrial Portuário do Suape, que vai desenvolver tecnologias destinadas à produção de H2V. Inicialmente, o TechHub vai selecionar projetos de empresas instaladas no complexo industrial interessadas em criar tecnologias para geração de hidrogênio de baixo carbono. Numa segunda etapa, também serão aceitas propostas externas.
“O conceito do TechHub não é a produção em larga escala de hidrogênio verde. O centro vai atuar com plantas-piloto que possam ser desenvolvidas e que, após atingirem a maturidade e passarem por análise de viabilidade técnica, poderão ser aplicadas em grande escala”, explica o diretor-presidente de Suape, Marcio Guiot.
O potencial e as oportunidades que poderão ser abertas pelo hidrogênio verde têm atraído também o interesse de outras regiões, com usinas que usam uma variedade de processos que não apenas a eletrólise da água. Em Toledo, no Paraná, a Me Le Biogás Brasil desenvolve o projeto de uma usina de biometano para produzir hidrogênio de baixo carbono usando resíduos da cadeia de produção e industrialização de proteína animal - suínos, aves, gado leiteiro e piscicultura.
De acordo com Neudi Mosconi, sócio administrador da companhia, a expectativa é que a primeira fase do programa possa alcançar uma produção local de aproximadamente 55 mil metros cúbicos de biometano por hora, que serão transportados por gasodutos até uma central com potencial de produzir mais de 3,3 toneladas por hora de H2V.
A primeira fábrica do combustível a entrar em operação no país fica na divisa dos Estados de Minas Gerais e Goiás, instalada na usina hidrelétrica de Itumbiara, da Eletrobras. Construída em 2021, em parceria com a startup BGEnergy, a planta atingiu a produção acumulada de 2 toneladas de H2V no ano passado, o maior volume já atingido por uma indústria dessa natureza no Brasil.
Recentemente, a Eletrobras assinou um memorando de entendimento com o braço no Brasil da Paul Wurth, de Luxemburgo, para colaboração no mercado de produção e utilização de hidrogênio renovável em processos industriais. “O hidrogênio verde desempenha um papel importante que vem se somar à geração hidrelétrica no fornecimento de energia limpa, sendo uma fonte com potencial de uso diverso para uma significativa redução das emissões de carbono e o desenvolvimento de uma economia mais sustentável”, defende o vice-presidente de comercialização e soluções em energia da companhia, Ítalo de Freitas.
A Engie ainda não tem plantas de H2V, mas planeja desenvolver 4 GW de capacidade instalada até 2030, sendo 1 GW no país. “O Brasil terá disponibilidade de recursos renováveis 17 vezes maior que sua demanda em 2050 e aqui podemos aproveitar as infraestruturas já existentes nos polos industriais [portos, dutos de transporte de gás, terminais etc]”, diz Maurício Bähr, CEO da companhia no Brasil.
A empresa firmou memorando de entendimento com o governo cearense para estudar projetos em Pecém com foco na exportação de hidrogênio e amônia verdes, mas também avalia o uso para a indústria local, como de químicos, aço e mineração, e oportunidades na Bahia, em Minas Gerais e no Paraná. “É muito mais vantajoso usar a sua [do Brasil] abundância de energias renováveis não para exportar um insumo, mas, sim, produzi-lo e usá-lo localmente, atraindo unidades industriais de setores intensivos”, afirma Bähr.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Marcado para 3 de julho, certame terá lote único com valor mínimo de R$ 29,1 milhões.
A Cemig lançou edital de leilão de três centrais geradoras hidrelétricas e uma pequena central hidrelétrica (PCH), localizadas em Minas Gerais. Marcado para o dia 3 de julho, o certame em lote único terá valor mínimo de R$ 29,1 milhões. Parte da energia das usinas já está contratada por pelo menos 20 anos no sistema de cotas, o que segundo a Cemig agrega maior previsibilidade de receita aos investidores.
O leilão envolve as CGHs Marmelos, de 4 MW, em Juiz de Fora; Sinceridade, de 1,4 MW, em Manhuaçu; e Machado Mineiro, de 1,7 MW, em Águas Vermelha; e a PCH Martins, de 7,7 MW, em Uberlândia. As CGHs, pela legislação brasileira, têm até 5 MW de potência instalada, e as PCHs são aquelas acima desse limite até 30 MW.
De acordo com o planejamento da Cemig, o leilão visa melhorar a eficiência operacional e a alocação de capital. "A orientação é de que os recursos humanos e financeiros sejam alocados prioritariamente em empreendimentos mais representativos para o parque gerador da companhia”, disse em comunicado o superintendente de desenvolvimento de negócios da Cemig, Robson Carminati.
A descrição das unidades e demais informações relativas ao processo estão disponíveis no portal de compras da Cemig e podem ser acessadas por meio do link Licitação 500-W20344. Os potenciais investidores já podem acessar o Data Room, sob solicitação até o dia 25 de junho. As visitas técnicas das usinas serão agendadas para realização entre 29 de abril e 17 de maio.
Fonte e Imagem: ArandaNet.
O Brasil possui atualmente uma série de incentivos fiscais para energia limpa nos três níveis de governo. São poucas —mas importantes— iniciativas nacionais e muitas que dependem dos governos estaduais, algo que deve mudar a partir de 2026 com a implantação da reforma tributária aprovada no ano passado.
Um dos principais focos dos benefícios atuais é a desoneração de investimentos em infraestrutura para geração de energia eólica, solar, de biomassa e de biocombustíveis.
Há também incentivos para compra de equipamentos para aproveitamento dessa energia, como aquecedores solares, além de regras simplificadas para recolhimento de alguns desses tributos.
Levantamento da consultoria PwC sobre incentivos para energias renováveis na América do Sul lista 21 benefícios federais e estaduais no Brasil.
Isso inclui isenção para importação de equipamentos, redução no imposto sobre lucro das empresas envolvidas nos projetos e incentivos de tributos alterados pela reforma aprovada em 2023 (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS).
Segundo a PwC, todos os sete países analisados (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai) oferecem isenção ou recuperação de impostos sobre valor agregado. No sistema brasileiro, o principal tributo com essa característica é o ICMS estadual.
Regimes especiais e isenções do imposto de renda federal também são comuns a quase todos os países, incluindo o Brasil.
A consultoria destaca quatro benefícios válidos em todas as regiões do país. Três do governo federal e um dos estados (veja abaixo).
ALGUNS BENEFÍCIOS FISCAIS NACIONAIS PARA ENERGIA LIMPA NO BRASIL
PIS/Cofins (federal): Alíquota zero na importação de peças utilizadas exclusiva ou principalmente em turbinas eólicas, exceto pás eólicas
PIS/Cofins (federal): Suspensão sobre aquisições de máquinas, equipamentos e serviços destinados ao ativo imobilizado de projetos de infraestrutura no setor de energia
IRPJ (federal): Projetos nas regiões da Sudene (Nordeste) e da Sudam (Amazônia) têm redução de 75% do imposto de renda das empresas por até dez anos
ICMS (estadual): Isenção para equipamentos e componentes para aproveitamento de energia solar e eólica, como turbinas, aquecedores solares e geradores fotovoltaicos
No âmbito federal, há o Reidi, regime especial para infraestrutura com isenção de PIS/Cofins. Não se trata de um benefício direcionado apenas ao setor de energia renováveis —inclui transportes, portos, saneamento, irrigação e também energia fóssil—, embora seja amplamente utilizado nesses projetos.
Outro benefício importante, a isenção federal para importação de painéis solares, começou a ser revisto neste ano, com cotas que serão reduzidas até 2027.
Vandré Pereira, sócio da área tributária da PwC, afirma que os incentivos federais podem ser considerados mais reduzidos em relação às políticas dos governos estaduais, que têm iniciativas mais direcionadas para atrair investimentos de infraestrutura nessa área. "Os estados têm dinamizado esse ambiente de atração de incentivos para energia limpa", afirma.
O executivo diz que esse é um dos fatores que tornam o Brasil um mercado com boas oportunidades para investimento na área. "Eu vejo um ambiente de energia muito propício para se posicionar neste momento e nos próximos anos, quando a gente pensa no que se projeta para o país no longo prazo. Um país que vai ser um fornecedor de crédito de carbono, de hidrogênio verde, e tudo isso consome muita energia."
Douglas Mota, sócio da área tributária do Demarest, afirma que incentivos fiscais são fundamentais para o desenvolvimento de políticas voltadas para uma matriz energética limpa. Seja para infraestrutura, operação ou financiamento de projetos.
Ele lembra que as dificuldades para esse investimento no Brasil passam não só pela questão da carga, mas também pela complexidade do sistema tributário.
"Nós queremos incentivar energias limpas para o Brasil ser o carro-chefe mundial nisso? Isso passa por incentivo fiscal", afirma. "Você tem incentivos para energias limpas do ponto de vista federal, estadual, municipal. Não se trata exatamente de uma política institucionalizada, mas há incentivos."
O QUE MUDA COM A REFORMA TRIBUTÁRIA
O sócio do Demarest afirma que a reforma tributária deve ajudar nessa simplificação, embora não esteja garantido no texto constitucional um tratamento diferenciado para todos os tipos de energia renovável. "O que se promete entregar é simplificação, o que já é uma grande ajuda", afirma Mota.
Especificamente na área de energia limpa, o texto aprovado no ano passado garantiu tributação para biocombustíveis e hidrogênio de baixa emissão de carbono inferior à dos combustíveis fósseis. A forma como isso será implementado depende de lei complementar que será apresentada pelo governo neste ano.
A reforma também trata de incentivos para produção de carro elétrico ou híbrido e diz que o Imposto Seletivo —sobre itens prejudiciais à saúde e ao meio ambiente— não incidirá sobre energia elétrica, sem fazer distinção entre fontes de geração.
Está prevista a desoneração de todos os investimentos, em qualquer área, questão que também beneficia projetos de energias renováveis.
A regra geral prevê ainda que benefícios tributários serão válidos em todo o país, sem diferenciação por estado ou município.
Além disso, as regras que valem para o novo tributo federal, a CBS, que vai substituir o PIS/Cofins, também se aplicam ao imposto de estados e municípios, o IBS —que irá suceder o ICMS e o ISS.
É um cenário que talvez seja até melhor, porque hoje você tem de correr atrás do incentivo federal e dos estaduais e municipais para essa infraestrutura. No futuro, vai ficar consolidado. Pode ter isenção de IBS e CBS. Fica mais simples. Isso ajudou a melhorar a fotografia do impacto da reforma tributária no setor de energia", afirma Vandré Pereira, da PwC.
ALGUNS BENEFÍCIOS ESTADUAIS
ICMS em São Paulo
Redução da base de cálculo para biogás e biometano, com alíquota efetiva reduzida de 12%
Diferimento para determinadas mercadorias destinadas a usinas termelétricas com biomassa
Suspensão na importação e diferimento nos insumos para geração de energia eólica
Suspensão na importação de mercadorias sem similar no país para gerar energia a partir da biomassa de cana-de-açúcar
ICMS no Rio Grande do Sul
Isenção para importação de equipamento de energia solar sem similar no país
Diferimento no fornecimento de energia de parque eólico para concessionária ou distribuidora
Diferimento na comercialização de óleo e gordura vegetal ou animal destinados a produtores de biocombustíveis
Isenção para exportação de produtos para produção de energia solar e eólica
ICMS no Nordeste
Isenção para aquisição de ativos para produção de energia eólica no Rio Grande do Norte
Diferimento na importação de estrutura metálica e cabos destinados a usinas eólicas ou solares e para insumos para fabricação de gerador solar fotovoltaico em Pernambuco
Diferimento e crédito presumido para usinas geradoras de energia eólica e solar no Piauí
Diferimento nas operações interestaduais e na importação de máquinas e materiais para captura, geração e transmissão de energia solar ou eólica no Piauí
Diferimento para importação de peças, equipamentos e componentes ou para manutenção e reparação para equipamentos de geração de energia eólica no Bahia.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Segundo Alexandre Silveira, o governo vai insistir em pontos que devam ser preservados.
A Medida Provisória n° 1212, que visa à promoção do desenvolvimento de projetos de energia elétrica limpa e renovável, rincipalmente eólicos e solares, e de medidas para a atenuação das tarifas de energia elétrica aos consumidores já está em tramitação na Câmara dos Deputados. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou nesta quinta-feira, 18 de abril, como a articulação já está na Câmara e se dá pela Secretaria de Relações Institucionais só vão participar na orientação. “Primeiro vamos levar dados até SRI, ao Ministro Padilha, e depois quando nós formos consultados sobre a possibilidade de sanção ao veto”, disse.
O ministro afirmou que é natural respeitar os limites e os desafios que já não são do Ministério de Minas e Energia. “Naturalmente tem pontos que são muito caros ao país e que nós estamos acompanhando de perto”, declarou.
Ele ainda pontou que todos sabem da defesa para que subsídios não deprimam a economia nacional. “Subsídios na transição energética já foram dados àqueles que foram necessários para que a gente tivesse e pudesse hoje ser considerado no mundo um líder na transição energética global”, explicou.
Segundo Silveira, o ministério tem mantido uma política pública muito vigorosa. “Digo no sentido de manter um equilíbrio para que a gente possa ter autoridade até para poder rediscutir fontes de financiamentos do setor energético brasileiro fora da conta do consumidor”, finalizou.
Enel SP
Questionado sobre uma possível caducidade da Enel em São Paulo, o ministro afirmou que a situação da distribuidora ainda está em análise pela Aneel e não tem nada definido. Mas disse que o MME vai deixar claro no decreto de renovação das concessões, que empresas em processo de caducidade não tenham direito. “Em linhas gerais, isso até porque o TCU apontou a necessidade de decretos específicos para cada distribuidora a prazo e a cabo, nós estamos contemplando que empresas em processo de caducidade não tenham o direito de aproveitar num primeiro momento”, explicou.
Segundo ele, o processo tem uma intervenção dele junto à Aneel para que ela faça uma fiscalização rigorosa no serviço da Enel SP. “E eu ampliei essa semana também para o estado do Ceará, não ficou restrito a São Paulo, em consequência de ter recebido a CPI da Enel no Ceará para que a gente possa ter dados e elementos. Com isso, a Aneel terá dados e irá decidir sobre o início do processo de caducidade ou mesmo de uma intervenção caso necessário”, afirmou.
Ele pontou que isso é de responsabilidade da Aneel, mas como formulador de política não pode se omitir. “Todos sabem do vigor que o ministério tem tido e a proatividade na questão energética brasileira. A competência do processo de fiscalização e também junto ao possível ao processo de caducidade é de responsabilidade da Aneel”, disse.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Segundo Alexandre Silveira, o governo vai insistir em pontos que devam ser preservados.
A Medida Provisória n° 1212, que visa à promoção do desenvolvimento de projetos de energia elétrica limpa e renovável, rincipalmente eólicos e solares, e de medidas para a atenuação das tarifas de energia elétrica aos consumidores já está em tramitação na Câmara dos Deputados. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou nesta quinta-feira, 18 de abril, como a articulação já está na Câmara e se dá pela Secretaria de Relações Institucionais só vão participar na orientação. “Primeiro vamos levar dados até SRI, ao Ministro Padilha, e depois quando nós formos consultados sobre a possibilidade de sanção ao veto”, disse.
O ministro afirmou que é natural respeitar os limites e os desafios que já não são do Ministério de Minas e Energia. “Naturalmente tem pontos que são muito caros ao país e que nós estamos acompanhando de perto”, declarou.
Ele ainda pontou que todos sabem da defesa para que subsídios não deprimam a economia nacional. “Subsídios na transição energética já foram dados àqueles que foram necessários para que a gente tivesse e pudesse hoje ser considerado no mundo um líder na transição energética global”, explicou.
Segundo Silveira, o ministério tem mantido uma política pública muito vigorosa. “Digo no sentido de manter um equilíbrio para que a gente possa ter autoridade até para poder rediscutir fontes de financiamentos do setor energético brasileiro fora da conta do consumidor”, finalizou.
Enel SP
Questionado sobre uma possível caducidade da Enel em São Paulo, o ministro afirmou que a situação da distribuidora ainda está em análise pela Aneel e não tem nada definido. Mas disse que o MME vai deixar claro no decreto de renovação das concessões, que empresas em processo de caducidade não tenham direito. “Em linhas gerais, isso até porque o TCU apontou a necessidade de decretos específicos para cada distribuidora a prazo e a cabo, nós estamos contemplando que empresas em processo de caducidade não tenham o direito de aproveitar num primeiro momento”, explicou.
Segundo ele, o processo tem uma intervenção dele junto à Aneel para que ela faça uma fiscalização rigorosa no serviço da Enel SP. “E eu ampliei essa semana também para o estado do Ceará, não ficou restrito a São Paulo, em consequência de ter recebido a CPI da Enel no Ceará para que a gente possa ter dados e elementos. Com isso, a Aneel terá dados e irá decidir sobre o início do processo de caducidade ou mesmo de uma intervenção caso necessário”, afirmou.
Ele pontou que isso é de responsabilidade da Aneel, mas como formulador de política não pode se omitir. “Todos sabem do vigor que o ministério tem tido e a proatividade na questão energética brasileira. A competência do processo de fiscalização e também junto ao possível ao processo de caducidade é de responsabilidade da Aneel”, disse.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ministro de Minas e Energia considera que o setor elétrico já recebeu incentivos, que considera importantes, para alcançar seu desenvolvimento do mercado e que agora, é preciso “estimular a ponta do consumo”.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, considera que o setor elétrico já recebeu incentivos, que considera importantes, para alcançar seu desenvolvimento do mercado. Agora, é preciso “estimular a ponta do consumo”.
Para Silveira, esse objetivo do governo deve ser alcançado com as “medidas estruturais” que são discutidas com o setor. Segundo ele, existe o desafio, com essa iniciativa, de “equilibrar vários pratos”, ao ter que garantir segurança energética, fontes de financiamento e aposta na economia “verde”.
As declarações do ministro foram dadas durante o “Fórum Distribuição de qualidade para a inclusão e transição energética”, evento realizado pela Editora Globo em parceria com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
Silveira voltou a dizer que é preciso equilibrar o tratamento dado a consumidores do mercado livre, onde a indústria tem liberdade para escolher de quem comprar energia, e regulado, onde pequenos e médios consumidores contratam energia somente da distribuidora local. Ele lembrou que o mercado regulado é formado pela classe média e pela população mais pobre, que assumem boa parte dos encargos reunidos na CDE - conta que repassa o custo de subsídios e políticas públicas para a tarifa.
Uma solução considerada pelo governo, disse Silveira, é modernizar os contratos de concessão das distribuidoras, no atual processo de renovação, garantindo a “separação do fio”. A medida permite às distribuidoras separarem, na fatura, os custos do serviço de distribuição em si dos demais encargos, como os relacionados à compra de energia, ao uso da rede de transmissão, entre outros. A iniciativa é defendida pelo setor, pois é vista como condição para ampliar o alcance do mercado livre.
Dentro do atual processo de renovação dos contratos, Silveira disse que pretende incluir “metas de digitalização” do serviço. Outra medida necessária para adesão de consumidores ao mercado livre, que garante acesso a conjunto de serviço adicionais, é a instalação de medidores de consumo eletrônicos. Os critérios da renovação vão constar em decreto que deve ser finalizado no prazo de até 15 dias.
No evento, o ministro de Minas e Energia afirmou que as “medidas estruturantes” preparadas pelo governo “vão corroborar com o [Projeto de Lei] 414”, que está com discussão parada na Câmara dos Deputados. A proposta legislativa também trata da modernização do setor elétrico e prevê maior acesso ao mercado livre por meio da chamada portabilidade da conta de luz.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em evento do setor, ministro Alexandre Silveira faz defesa da relicitação de concessões definida pelo governo.
O governo quer garantir o investimento de R$ 120 bilhões pelos próximos quatro anos no segmento de distribuição de energia ao definir os critérios claros da renovação de contratos no setor. Atualmente, cerca de 20 concessionárias aguardam a publicação do decreto com as diretrizes para assinar a prorrogação das concessões, entre 2025 e 2031, com prazo adicional de 30 anos.
A fala do ministro foi dirigida a executivos do segmento de distribuição e autoridades públicas que participaram do “Fórum Distribuição de qualidade para a inclusão e transição energética”. O evento foi realizado pela Editora Globo em parceria com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), com divulgação dos jornais Valor e “O Globo”.
A previsão de investimentos das distribuidoras foi apresentada por Silveira ao defender a importância da estratégia de manter os atuais grupos econômicos, que considera já comprometidos com o desenvolvimento do mercado de energia. “Tenho a visão pública de que o caminho mais seguro é o processo de renovação”, disse Silveira, ao reiterar a decisão do governo de buscar a prorrogação dos atuais contratos, em vez de abrir processo de relicitação.
Apesar de elogiar a capacidade de investimento do setor, Silveira disse ter chegado à constatação de que os atuais contratos “não estão adequados às expectativas do consumidor”, seja daqueles do setor industrial, seja das pessoas comuns. A ideia, disse, é “modernizar os contratos com mais compromissos”. Para o ministro, os critérios de renovação darão a sinalização “clara e objetiva” de onde as distribuidoras deverão investir.
No evento, o presidente da Abradee, Marcos Madureira, ressaltou que as distribuidoras abarcadas pelo atual processo de renovação representam mais de 60% do mercado de energia do país. Ele disse que atualmente as concessionárias, como um todo, investem R$ 32 bilhões por ano e respondem por mais de 200 mil empregos diretos.
“As distribuidoras fazem basicamente toda a captação de recursos e os repasses para a geração, a transmissão. Fazem o recolhimento de tributos e encargos, assegurando estabilidade econômica e financeira no setor”, afirmou o presidente da entidade. Segundo ele, essa contabilidade é feita com o faturamento anual de quase R$ 270 bilhões no segmento de distribuição.
Durante o fórum, o ministro de Minas e Energia afirmou que o setor elétrico se desenvolveu, especialmente o segmento de geração, apoiado em incentivos - atualmente criticados por especialistas por tornar a conta de luz cara. Isso proporcionou ao país, disse, uma matriz com 88% de energia limpa e renovável. “Os estímulos e os incentivos que aconteceram nos últimos anos, que custaram muito para brasileiros e brasileiras, foram importantes. Agora, precisa ser estimulada a ponta do consumo”, afirmou.
Silveira também falou da necessidade de resolver o alto custo da geração nos sistemas isolados. Ele sugeriu a substituição de usinas térmicas, na maior parte concentradas na região amazônica, por pequenos reatores nucleares.
A proposta envolve o interesse do governo de aproveitar as reservas de urânio para reduzir a despesa anual de R$ 12 bilhões com a operação das térmicas a base de óleo diesel.
O uso de usinas nucleares de pequeno porte tem crescido em outros países. O setor entende que, apesar de produzir rejeito radioativo, essas usinas são consideradas de fonte “limpa”, porque não emitem gases poluentes na atmosfera.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Projeto de lei faz parte da chamada “agenda verde”, mas tem sido fortemente criticado por agentes do setor elétrico por incluir pontos polêmicos como a criação de dispositivos que beneficiam termelétricas movidas a carvão mineral e projetos de gás natural.
O setor de energia eólica está se mobilizando no Senado para derrubar os trechos estranhos do projeto de lei (PL) 4.173/2023 — conhecidos como jubutis — que trata da regulamentação de eólicas offshore (em alto-mar) inseridos pela Câmara dos Deputados.
O projeto de lei faz parte da chamada “agenda verde”, que cria o marco legal das eólicas offshore, mas tem sido fortemente criticado por agentes do setor elétrico por incluir pontos polêmicos que desviam o foco do PL original, como a criação de dispositivos que beneficiam termelétricas movidas a carvão mineral e projetos de gás natural, por exemplo.
A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, diz que tem se articulado com os parlamentares e vai enviar uma carta para o relator da matéria e o presidente do senado com a proposta de retirar itens estranhos ao texto original.
“Eu pessoalmente falei com os senadores para ter a designação do relator. Foi designado na semana passada e agora estamos fazendo um chamado para a supressão de alguns artigos que foram incluídos pela Câmara dos deputados, principalmente os ‘jabutis’. (...). Nós vamos pedir que os artigos que estão no projeto, mas que não estão relacionados ao setor eólico sejam suprimidos”, diz Gannoum.
As emendas inseridas no texto incluem a contratação de térmicas a gás, manutenção da operação de usinas a carvão mineral, postergação do prazo para renováveis entrarem em operação com subsídios, contratação específica de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), postergação do prazo para micro e minigeração distribuída entrarem em operação com subsídio, construção de planta de hidrogênio, extensão dos contratos do Proinfa e contratação específica para eólicas no Sul.
A maioria dos projetos prevê subsídios com impactos tarifários. Segundo a consultoria PSR, a atual proposta de marco legal em tramitação tem potencial de elevar os preços da energia elétrica em R$ 25 bilhões por ano até 2050.
A diretora de Políticas Brasil do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), Roberta Cox, frisa que os trechos inseridos no PL são contrassensos que desviam o foco do PL original que visa criar condições favoráveis ao desenvolvimento do setor e devem ser retirados da proposta.
Segundo a executiva, o texto original do PL foi amplamente debatido com diversas esferas interessadas da sociedade, mas emendas foram inseridas no projeto sem debate com o setor, deturpando o sentido da proposta.
“Acabaram colocando esses ‘jabutis’ na lei e tentando aproveitar uma oportunidade muito boa para o Brasil, que é desenvolver as eólicas offshore. É um contrassenso se pensar que está sendo feito uma lei na linha da transição energética e de descarbonizar o país e dentro desta mesma lei coloca incentivos ao petróleo e gás”, diz. O texto inclui também subsídios a fontes renováveis.
O receio da executiva é que a demora na aprovação do PL possa agravar a crise do setor eólico, que já enfrenta dificuldades significativas, levando até mesmo à desindustrialização. Ela enfatiza que, enquanto o Brasil hesita em fazer um marco regulatório, outros países já estão avançando no desenvolvimento das eólicas offshore, o que poderia resultar na perda de investimentos estrangeiros para o país.
“Tivemos reuniões no senado e com o governo e nossa conversa é sempre de dizer que o texto do PL estava bem trabalhado, mas entraram os ‘jabutis’, que são estranhos à matéria e o ideal é que sejam retirados, mas a maior urgência de todas é que destrave as eólicas offshore”, afirma.
É, no mínimo, contraditório que um projeto estratégico e integrante da chamada pauta “verde” incentive fontes de energia que, além de extremamente poluentes, são mais caras, menos eficientes e oneram sobremaneira o consumidor brasileiro.
O vice-presidente de Assuntos Públicos da Vestas para a América Latina, Leonardo Euler, salienta a importância do projeto para a cadeia do setor, mas considera contraditórias as emendas no projeto.
“É, no mínimo, contraditório que um projeto estratégico e integrante da chamada pauta ‘verde’ incentive fontes de energia que, além de extremamente poluentes, são mais caras, menos eficientes e oneram sobremaneira o consumidor brasileiro”, frisa.
Fonte e Imagem: Valor econômico.
Atualmente essas regras estão sendo discutidas apenas no governo federal.
Deputados pediram nesta terça-feira (16), em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara, a adoção de critérios “mais contundentes” para a renovação das concessões das distribuidoras de energia elétrica que estão vencendo. Segundo eles, as empresas não prestam um serviço de qualidade para o consumidor.
Os parlamentares reafirmaram ainda o interesse da Câmara em participar da definição das regras de concessão para melhorar a prestação dos serviços. Hoje essas regras estão sendo discutidas apenas no governo federal.
Entre 2025 e 2031 vencem os contratos de concessão de 20 distribuidoras privatizadas na década de 1990. Essas empresas atendem 55,6 milhões de unidades consumidoras no Brasil.
Renovação por decreto
O assunto foi discutido a pedido do deputado Hugo Leal (PSD-RJ), que é autor de três projetos que buscam melhorar a qualidade e a transparência dos serviços prestados pelas empresas (PLs 444/24, 445/24 e 446/24).
O deputado disse que o Ministério de Minas e Energia ainda não entendeu que o Congresso Nacional quer participar da discussão das regras de prorrogação. Nesta segunda, o governo anunciou que a renovação será definida por decreto, que sai em até 15 dias.
“O ministério talvez não esteja entendendo o que é o papel de contribuição que esse Parlamento pode entregar”, reclamou Leal. Ele afirmou ainda que o projeto que trata da renovação das concessões, em análise na Câmara (PL 4831/23), não deve ser votado logo, apesar de estar em regime de urgência, devido à complexidade do assunto.
Novo modelo
O deputado Danilo Forte (União-CE) afirmou que já existe consenso entre os parlamentares de que o modelo atual das concessionárias precisa ser mudado. Também há consenso sobre a migração da Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) para o orçamento da União. Hoje esse subsídio é custeado pela conta de energia dos consumidores brasileiros.
O deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) também defendeu “uma nova concepção” para renovar as concessões. Andrada apresentou um projeto de lei (PL 970/24) que condiciona a prorrogações dos contratos a uma série de exigências, como estudo técnico prévio que fundamente a vantagem da medida e consulta pública.
Andrada criticou as distribuidoras por estarem criando dificuldade para conectar as unidades de geração distribuída à rede elétrica. “As distribuidoras não estão obedecendo à lei, não estão obedecendo às próprias resoluções da Aneel”, reclamou.
Pressa
Durante a audiência pública, o diretor do Departamento de Políticas Setoriais do Ministério de Minas e Energia (MME), Frederico Teles, destacou a necessidade de uma solução rápida para a renovação das concessões das distribuidoras.
Ele explicou que a demora prejudica as empresas, que usam capital de uma forma intensiva. Sem uma definição para a prorrogação, elas têm captado recursos no mercado a custos mais altos.
“Como elas não têm a definição de seus critérios, estão sendo obrigadas a emitir mais debêntures de curto prazo, que traz aumento de custo capital”, disse.
Segundo o representante do MME, o governo já amadureceu um formato de prorrogação.
A urgência também foi reforçada pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa. “Qualquer que seja a decisão, não podemos demorar com ela”, disse Feitosa.
Fonte e Imagem: Agência Câmara de Notícias
Alexandre Silveira disse que quer retomar diálogo para a atualização do marco legal do setor elétrico, em discussão há oito anos.
Na sexta-feira (12), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sinalizou que quer retomar diálogo pela atualização do marco legal do setor elétrico, que vem em discussão há oito anos.
Ao participar do Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, Silveira afirmou que areestruturação do setor “não passará despercebida” e que vai buscar uma solução para temas como a separação entre o fio e a energia, na própria distribuição, fato que influi na forma como a energia elétrica é comercializada.
A recepção dos agentes do setor é de “otimismo moderado”, dadas as recentes decisões da pasta. A Medida Provisória 1.212, assinada na semana passada, é vista como contraditória, uma vez que ela reduz as tarifas de energia ao mesmo tempo que prorroga a concessão de subsídios, uma das principais causas de impactos tarifários.
Por outro lado, Silveira salientou que o sinal mais latente do governo se deu também na semana passada, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou mais de três horas reunidos com agentes do setor elétrico para debater temas e receber sugestões de aperfeiçoamento do mercado de energia.
Silveira disse que o governo se abriu ao diálogo sobre o tema. “Nós vamos precisar da ajuda de todos. Absolutamente todos. Todos queremos avançar nas políticas, matriz energética e investimentos”, disse Silveira.
A preocupação do setor se dá porque Câmara dos Deputados, tramita o Projeto de Lei (PL) 414, sob relatoria do deputado federal e ex- ministro de Minas e Energia Fernando Coelho Filho (União Brasil-PE).
O PL foi fruto de diversas discussões entre as dezenas de associações do setor, que chegaram a um consenso que se não foi o desejado, foi o possível, de acordo com executivos que acompanharam o tema ao longo dos últimos anos. O PL passou pela Câmara e Senado, voltando para os deputados analisarem novamente, mas ficou parado naquela Casa.
Em paralelo, temas como o marco legal da micro e minigeração distribuída e a lei que tratou da privatização da Eletrobras passaram pelas Casas e entraram em vigor, com medidas que inclusive contrariariam o que estaria previsto no PL 414.
Além disso, outros temas como os marcos das eólicas offshore e do hidrogênio também tramitam nas Casas. Projetos de lei e medidas provisórias têm sido alvo de “jabutis” (emendas parlamentares com temas que não têm relação com a proposta original), o que aumenta a fragmentação do setor e contribui para a dificuldade de atualização do atual marco legal.
Com muitas medidas isoladas, atendendo a iniciativas setoriais, o modelo legal passou a exigir uma atenção mais intensiva por parte do governo.
O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), com atuação mais expressiva em projetos de lei relacionados ao setor de energia, avalia que o atual modelo regulatório do setor elétrico é “um Frankstein”, que precisa de reformulação urgente, situação evidenciada no iminente processo de renovação das concessões de 20 distribuidoras de energia.
Da mesma forma, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, destacou o fato de que o modelo regulatório teve última atualização em 2004, fruto da evolução natural do setor e da diversificação de fontes de geração, como a entrada de renováveis.
Ele salientou que o setor elétrico passou por uma primeira reestruturação na década de 1990, abrindo a possibilidade de investimentos privados. “Naquele momento haviam poucas empresas, todas elas estatais, uma matriz com apenas duas fontes (hídrica e térmica), sendo muito mais fácil definir regras e governança”, disse ele.
Ao longo desses anos, a entrada de diversas políticas públicas em vigor, “justificáveis”, precisa ser repensada, dado o conjunto de subsídios que somam cerca de R$ 40 bilhões nas tarifas de energia elétrica em 2023, com aumento de R$ 3bilhões a R$ 4 bilhões neste montante, em 2024. “Isso é insustentável”, conclui Feitosa.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Associação acredita que que Projeto de Lei, proposto no Senado, deverá aumentar os custos ao consumidor final na tarifa de luz e impactar negativamente na distribuição de recursos aos municípios.
A Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch) se manifestou contrária ao PL 2.918/2021, de autoria do Senador Luis Carlos Heinze, que pretende alterar a forma de cálculo da Compensação Financeira pela Utilização do Recurso Hídrico (CFURH). Segundo a associação, isso vai onerar excessivamente as pequenas usinas, que além de pagar duplamente a CFURH, terão que bancar um novo encargo que será criado. O resultado desta oneração excessiva, acabará sendo repassado ao consumidor final, que pagará uma tarifa de energia mensal mais cara.
Entre as propostas do PL está a mudança na forma de cálculo do CFURH. Hoje, a taxação é de 7% em cima da energia elétrica produzida (MWh) em cada usina. De acordo com a Abrapch, o PL pretende trazer a taxação para cima da receita operacional bruta da atividade de geração de energia elétrica (R$/MWh). Segundo Verônica Sánchez da Cruz Rios, diretora-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), a mudança vai onerar o setor elétrico em cerca de R$ 1,7bilhão.
A Abrapch acredita que isso não leva em conta o aumento de custos que as empresas geradoras de energia tiveram como resultado da última crise hídrica de 2020/2021. A presidente da Abrapch, Alessandra Torres de Carvalho, afirmou que o consumidor final passou pelo menos 17 meses seguidos em bandeira tarifária vermelha ou de escassez hídrica. Ainda assim, as bandeiras tarifárias não foram suficientes para cobrir o custo adicional gerado pela crise. Segundo ela, o déficit ainda gira em torno de R$ 8 bilhões ao Sistema Elétrico Brasileiro (SEB).
Além disso, o PL ainda quer alterar a distribuição desta taxa. Ele também propõe mudanças na distribuição aos entes federados (estados e municípios), que hoje podem usar o valor para qualquer melhoria e benefício à população. E a Abrapch acredita que não é um recurso “engessado”.
De acordo com a associação, os valores do CFURH somam enormemente no orçamento de algumas cidades onde as usinas hidrelétricas estão instaladas. “Um exemplo é Altamira (PA), onde cerca de 14% do orçamento municipal provém dos royalties da Usina Belo Monte. Outro exemplo a ser citado é da empresa Engie que, em 2020, ainda sob os impactos da crise hídrica, pagou R$ 87,5 milhões em royalties, beneficiando mais de 70 cidades nas quais mantém operações”, disse em nota.
O PL ainda prevê que a porcentagem federal não seja mais distribuída entre os ministérios envolvidos, e sim que entre de forma “global” à União. No entender da Abrapch, isso vai prejudicar a execução de políticas ambientais nacionais executadas por cada um destes ministérios e que dependem dos valores hoje distribuídos pelo CFURH para acontecerem. As pesquisas científicas, que impulsionam o desenvolvimento da economia, podem ser interrompidas. Ou seja, há um risco grande de desvio de finalidade do recurso destinado à Política Nacional de Recursos Hídricos.
O PL ainda prevê excluir a contribuição de 0,75% do CFURH, que hoje é destinada à ANA e que depende integralmente deste orçamento para funcionar. Segundo a associação, para manter as atividades da agência reguladora, o PL pretende criar uma nova contribuição. E isso vai fazer com que as usinas hidrelétricas paguem o triplo das contribuições que pagam hoje.
Segundo Alessandra, isso é mais que injusto, porque ao criar outro encargo, os empreendedores vão ter que jogar o preço para a tarifa. E isso vai refletir no bolso do consumidor final. Então somos contra o PL porque, da forma como está sendo proposto, as hidrelétricas saem no prejuízo de uma forma ou de outra.
Com isso, a Abrapch, junto ao Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico, pede a retirada do PL da pauta para um aprofundamento nos debates. “Deixamos claro que não somos contrários a correção de distorções que a base de cálculo atual do CFURH possa estar trazendo. No entanto, pede-se que a matéria seja mais debatida com toda a sociedade e esteja amadurecida antes de sua tramitação”, disse a presidente da entidade em nota.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Segundo a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, o fator mais importante para o andamento das discussões era a designação do relator, que ocorreu esta semana.
Depois da vitória esta semana com a edição da medida provisória que prorrogou os descontos nas tarifas de transmissão e distribuição, o segmento da energia eólica está otimista com a retomada das discussões no Congresso Nacional sobre o marco legal da geração offshore.
Segundo a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, o fator mais importante para o andamento das discussões era a designação do relator.
Esta semana, o senador Weverton (PDT/MA) foi escolhido como relator do texto, no lugar de Carlos Portinho (PL/RJ), que havia relatado a versão inicial. Além disso, o presidente Rodrigo Pacheco (PSD/MG) decidiu que projeto voltará a tramitar como PL 576, proposta de autoria do ex-senador e atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Antes, a tramitação ocorria pelo PL 5932, de Fernando Collor (PTC/AL).
“O Rodrigo Pacheco nos disse que a partir do momento que ele fizesse essa designação, ele levaria a voto rapidamente. Então a nossa perspectiva agora é que esse voto aconteça”, disse Gannoum.
“Eu sou uma realista muito otimista, uma otimista muito realista. Em menos de um mês a gente vai ter esse projeto aprovado”, acrescentou.
Tendo em vista o calendário eleitoral este ano, a percepção é de que o tempo para a aprovação é curto.
“Estamos muito satisfeitos e com boas perspectivas da votação desse projeto”, afirmou a executiva.
A discussão no Senado vai ser a oportunidade para o setor fazer alterações no texto. Segundo Gannoum, a Abeeólica vai sugerir a supressão dos “jabutis” acrescentados ao PL.
O marco legal das eólicas offshore foi aprovado na Câmara dos Deputados em dezembro, com o acréscimo de emendas referentes a outros assuntos, como contratações de hidrelétricas e extensão de contratos de termelétricas.
Além disso, a Abeeólica vai sugerir a retirada no texto final de dois artigos: um deles determina a necessidade de realização do Planejamento Espacial Marítimo (PEM) para a outorga dos projetos e o outro afirma que as operadoras das usinas offshore vão precisar arcar com custos de transmissão. Para Gannoum, essas questões precisam ser tratadas do ponto de vista infralegal, depois da aprovação do marco legal no Congresso.
“A experiência internacional é que muitos países vão fazendo o planejamento na medida em que vão fazendo os projetos no mar. Daí, se estabelece uma obrigação que pode demorar anos para ser feita. E quando se vai fazendo o fatiado, você tem resultados mais rápidos. O Brasil também nunca teve um PEM enorme, e tem projetos de óleo e gás”, argumenta em relação ao PEM.
No começo da semana, a Abeeólica apresentou aos parlamentares em Brasília a agenda legislativa prioritária da entidade para o ano de 2024. Além das eólicas offshore, outros temas destacados são o marco legal do hidrogênio verde, a regulação do mercado de carbono e a criação do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), que prevê o uso de créditos de empresas junto à União como garantia para financiamento de projetos sustentáveis.
O clima no setor é de comemoração após a publicação, na terça-feira (9/4), da MP para a redução do valor das contas de luz, que incluiu extensão dos descontos para as energias renováveis das tarifas de transmissão e distribuição (TUST/TUSD).
O pleito foi levado ao governo pelo Consórcio do Nordeste, dado que a região concentra a geração eólica e solar no país. A presidente do Consórcio, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT/RN), disse que o tema da transmissão de energia elétrica era uma das prioridades do grupo para este ano, tendo em vista a necessidade de escoamento da geração renovável para outras regiões. Ela comemorou a retomada dos leilões de transmissão em março.
“Se esses leilões não tivessem sido retomados, o Nordeste estava ameaçado de perder mais de R$ 140 bilhões em investimentos”, disse no Fórum Líderes em Energia no Rio de Janeiro, na quinta-feira (12/4).
Bezerra afirmou ainda que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, prometeu a ela que a estatal vai realizar o primeiro projeto piloto para eólicas offshore da empresa na costa potiguar. Quatro projetos comerciais começaram a tramitar nas áreas internas de governança da estatal. Dois deles estão no Nordeste, um no Sudeste e outro no Sul.
Fonte e Imagem: epbr.
Ministro ainda falou sobre a MP 1212 e políticas públicas do setor.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta sexta-feira (12) que a questão tarifária é uma "doença grave" no setor elétrico.
Segundo ele, que participa do segundo dia do Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, o MME se compromete a construir estruturalmente o marco regulatório do setor, debruçando em temas como a separação do negócio do fio da distribuição ao dos contratos de energia.
O ministro destacou que "não passará despercebida" a reestruturação do setor, "que é tão necessária". Um projeto de lei que atualiza o marco regulatório está paralisado na Câmara dos Deputados.
Ele classificou a distribuição como a "caixa d'água" do setor, em vez de se referir a uma figura de "caixa registradora", tradicionalmente atribuída ao segmento, pelo caráter arrecadatório das contas de luz.
Para ele, o melhor caminho é o da renovação das 20 concessões de distribuidoras cujos contratos vencem entre 2025 e 2031.
No entanto, ele reiterou que os atuais contratos não atendem mais às expectativas da sociedade. "Temos que melhorar os índices DEC e FEC (indicadores de qualidade que medem duração e frequência dos cortes de energia).
Medida Provisória 1212
Silveira também pontuou que a Medida Provisória 1212, assinada na terça-feira (9) e que entrou em vigor na quarta-feira (10), significa demonstração de respeito a contratos e garantia de segurança jurídica.
Segundo ele, a MP não reabriu prazo para que novas usinas renováveis localizadas no Nordeste pudessem receber autorizações que contem com subsídios a partir de descontos no uso de sistemas de transmissão e distribuição.
Ele criticou a imprensa, negando a concessão de novos subsídios, ao afirmar: "desisti de buscar a compreensão da imprensa sobre [a cobertura do] setor elétrico”.
Na MP, explicou, o que houve foi uma "compatibilização" de usinas eólicas e solares que ainda não entraram em operação por atrasos eventuais de linhas de transmissão.
Ele negou que a MP 1.212 seja uma "nova MP 579", medida que baixou contas de luz, em média de 20%, em 2012 e 2013, por meio da renovação de contratos de concessão de usinas hidrelétricas e linhas de transmissão da época.
Políticas públicas
Segundo o ministro, a inclusão de políticas públicas no orçamento da União é "um parto a fórceps", mas colocar tais políticas na conta de luz do consumidor é algo muito rápido a se fazer.
A afirmação aconteceu em resposta a uma sugestão do presidente do Fórum de Associações do Setor Elétrico (Fase), Mario Menel, de que políticas públicas importantes do governo deixem de ser bancadas pelas contas de luz e passassem a ser incluías anualmente no Orçamento da União.
"Todas as políticas públicas se justificam, mas nem todas têm que ser pagas pelo consumidor brasileiro, tem que ser discutidas no âmbito tributário", disse Silveira, em concordância com Menel.
São exemplos de políticas públicas o Luz para Todos, de universalização da energia elétrica, e a Tarifa Social, que arca com as contas de luz dos consumidores de baixa renda.
Os custos das políticas públicas são repassados para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que tem previsão de ficar entre R$ 40 bilhões e R$ 44 bilhões este ano. A CDE é cobrada dos consumidores de energia, nas contas de luz.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Medida, porém, também prorroga subsídios para o setor, alertam especialistas.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, disse nesta quinta-feira (11) que a Medida Provisória 1.212, em vigor desde a véspera, veio atender a um cenário de curto prazo, “urgente”. Ele se referiu a reajustes tarifários mais elevados a serem analisados pela Aneel nos próximos meses. A proposta, disse, vai ajudar a destravar o reajuste médio de 34% nas tarifas do Amapá, suspenso em março à espera da MP. A medida antecipa, via bancos, o recebimento de recursos da Eletrobras que foram firmados na privatização da companhia.
A medida, porém, também prorroga subsídios que são um dos principais fatores para a alta tarifária, dizem especialistas. Feitosa salientou que foram concedidos, em 2023, R$ 40 bilhões em subsídios e, para este ano, a perspectiva é de acréscimo de mais R$ 4 bilhões. Ele ressaltou que os subsídios indicados na MP não entram em vigor de imediato. Por ser uma MP, ainda podem ser apresentadas emendas capazes de alterar aspectos que hoje vigoram na MP.
“Com a edição da medida provisória, há a possibilidade de respeitar o contrato e, ao mesmo tempo, atenuar ao consumidor os efeitos tarifários”, disse Feitosa. Ele participou ontem do Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, no Rio. O diretor-geral da Aneel disse ainda que a multa aplicada à Enel São Paulo foi a maior realizada a uma distribuidora por falhas no fornecimento e acrescentou que avalia outros processos contra a companhia. “Foi um processo recorde.”
Na terça-feira (9), a Aneel analisou recurso da Enel SP contra a penalidade de R$ 166milhões por cortes no fornecimento de energia causados por temporal que afetou a região metropolitana de São Paulo no começo de novembro. A Aneel está com processos administrativos em andamento a pedido do MME sobre a Enel SP, em avaliação, “com todo o cuidado e toda a importância que o caso requer”.
No evento, Feitosa minimizou as divergências sucessivas na diretoria da Aneel, que têm despertado temores no setor de paralisia decisória. “Eu e os demais diretores passaremos pela agência, mas a instituição fica com toda sua história. Nossas decisões são públicas. Tenho convicção de que essas questões pontuais serão dissipadas”, afirmou.
Presente ao evento, o diretor financeiro de Itaipu Binacional, André Pepitone, afirmou que a usina ainda está em busca de entendimentos com o governo paraguaio em torno de uma tarifa de energia que atenda aos dois lados. O Brasil não quer reajustar as tarifas, mas os paraguaios buscam um aumento no valor do custo da geração. "Estamos no auge do diálogo com o Paraguai, buscando esse consenso", disse Pepitone.
A tarifa de geração, hoje de US$ 17,66 quilowatts (kW) por mês, foi definida em dezembro passado pela Aneel, em caráter provisório. Com o fim do empréstimo para a construção da usina, no ano passado, a expectativa era que a tarifa fosse mais baixa, mas os paraguaios pressionam por um novo aumento nos preços da energia elétrica da hidrelétrica.
O país chegou a bloquear o orçamento da usina, o que impediu, por alguns dias, o pagamento de salários e benefícios, fornecedores e prestadores de serviço. Uma ação judicial desbloqueou as contas da Itaipu para pagamento de salários. “É uma tarefa árdua, em que se busca conciliar interesses de duas nações, que não são convergentes [no momento]”, disse Pepitone.
Pepitone disse que o Paraguai possui uma proposta "arrojada" de política pública, o que é compreendido pelo lado brasileiro, e que as discussões buscam equilibrar os interesses dos dois sócios na usina de 14 mil megawatts (MW) de capacidade instalada. O executivo destacou ainda que a tarifa da usina caiu 26% desde o ano passado, ao longo do governo Lula, ficando abaixo da média dos contratos de energia do mercado regulado, hoje de R$ 305 por megawatt-hora (MWh), segundo ele.
Já o diretor-executivo de transição energética e sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, disse que os projetos ligados à transição energética, como os de energia renovável, cumprem uma "série de passos" ligados à governança interna para aprovação. A empresa tem planos de entrar nos segmentos de eólicas offshore, hidrogênio verde, captura e armazenamento de carbono e não descarta projetos de energia solar fotovoltaica e eólica onshore.
Segundo ele, todas as análises estão sendo feitas "sem atropelo", sem prever prazos para definições. Ele evitou comentar sobre os desdobramentos da crise envolvendo o presidente da companhia, Jean Paul Prates, e alas do governo. “Nosso investidor tem que ter confiança de que os investimentos serão feitos depois de passar por toda a cadeia de governança", disse Tolmasquim.
No evento, ele comentou que a empresa é a maior produtora e supridora de hidrogênio cinza, a partir do gás natural, e vê espaço para a substituição desse insumo por um outro produzido por fontes renováveis. Ele destacou que, em reuniões com dois empreendedores, um deles apresentou projeto que usa o biometano para a produção do hidrogênio verde.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, defendeu há pouco a necessidade de redesenhar um novo marco regulatório para o setor elétrico, e indicou que a reunião realizada ontem no Palácio do Planalto, sob coordenação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mostra a preocupação do governo federal com a questão.
A reunião de ontem foi realizada um dia após o governo anunciar a edição de uma medida provisória que prevê o uso de recursos relacionados à privatização da Eletrobras para reduzir as tarifas de energia dos consumidores e que prorroga por 36 meses o prazo para novos projetos eólicos e solares fazerem jus a subsídios nas tarifas de transmissão e distribuição. Segundo especialistas do setor, as medidas podem pressionar as tarifas no futuro, a despeito da perspectiva de redução no curto prazo.
Feitosa admitiu hoje que o efeito da MP é de curto prazo. “Ontem (com a reunião) ficou claro a intenção do governo de definir uma agenda de curto prazo para se preparar para agenda de médio e longo prazo”, disse. O diretor-geral da Aneel contou que, durante as cerca de 4 horas de reunião com Lula, especialistas apontaram diagnóstico “unânime” de que é preciso redesenhar o novo marco regulatório do setor elétrico, tendo em vista que o marco atual “levará setor para a insustentabilidade”.
“Hoje temos tarifa pesadamente sobrecarregada com subsídios, muitos tiveram importância histórica, mas no momento atual traz sinais erráticos, contraditórios e penaliza a população mais carente”, disse. “Falar de transição energética e esquecer quem paga conta é injusto”, acrescentou.
Segundo Sandoval, a mensagem dada pelo governo federal foi de que serão organizados grupos de trabalho e fóruns qualificados para redesenhar setor, em especial para rediscutir subsídios “que hoje pesam de forma dura sobre os consumidores”, disse.
Fonte e Imagem: Broadcast Estadão.
Em reunião com representantes do setor e do governo, presidente discutiu necessidade de um novo programa energético para o país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu nesta quarta-feira (10) a apresentação de um novo programa energético ainda este ano, para reduzir de forma estrutural o preço das tarifas de energia, segundo apurou o g1.
Lula se reuniu nesta quarta-feira (10) com representantes do setor elétrico, do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil. Na pauta: a redução das tarifas.
Como resultado da reunião, o Ministério de Minas e Energia ficou responsável por liderar um grupo de trabalho para elaborar uma proposta estrutural para o setor até o fim de 2024.
No último dia 1º, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que havia levado sugestões para Lula, em reunião que também contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes da Casa Civil. Silveira listou três:
usar os recursos dos leilões de petróleo da estatal Pré-sal Petróleo SA (PPSA) — que administra a parcela de petróleo e gás a qual a União tem direito nos contratos do pré-sal;
colocar parte das despesas cobertas pelos reajustes nas tarifas no Orçamento da União, retirando esses gastos do limite estabelecido pelo arcabouço fiscal;
equalizar custos entre o mercado livre de energia (acessado por empresas) e o mercado regulado (do consumidor residencial, por exemplo).
Medida de curto prazo
A reunião vem na esteira da publicação de uma medida provisória que promete reduzir a conta de luz dos brasileiros entre 3,5% e 5% ainda em 2024. A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta-feira (10).
A redução esperada depende do adiantamento de parcelas pagas pela Eletrobras no prazo de 25 anos — cuja obrigação foi estabelecida no processo de privatização da empresa.
O governo conta com R$ 26 bilhões da companhia para redução das tarifas, pagando empréstimos das distribuidoras e aplicando o que sobrar para baixar os reajustes.
Além disso, o governo vai usar um dos fundos regionais da Eletrobras, o fundo do Norte, para reduzir o reajuste dos estados da região, em particular, o Amapá — cujo aumento de mais de 30% foi congelado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em meio a um desgaste político do governo Lula.
Contudo, a medida recém-publicada também traz um aumento de custo para todos os consumidores. O texto prevê a prorrogação de subsídios para usinas de geração renovável, como solar e eólica, que poderão ter mais prazo para gozar de descontos integrais nas tarifas de uso dos fios de energia.
Esses incentivos são cobertos pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), paga por todos os consumidores. Segundo a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), o custo da extensão de prazo será de cerca de R$ 4,5 bilhões por ano – valor que será repassado aos consumidores.
Por que a conta de luz tem aumentado?
Como mostrou o g1, a conta de luz tem sido pressionada por três principais fatores:
crescimento dos subsídios pagos pelos consumidores;
custo da contratação de energia;
investimentos em transmissão.
Só em 2024, o consumidor vai pagar R$ 32,7 bilhões em encargos nas tarifas de energia, o que representa 12,5% da conta de luz do brasileiro. Esses recursos custeiam políticas públicas do setor, como a tarifa social e o incentivo a usinas de energia renovável.
Já o custo da contratação da energia diz respeito aos contratos celebrados pelas distribuidoras junto às usinas. O consumidor do mercado regulado — ou seja, o consumidor residencial, rural, pequenos comércios, e outros — paga por uma energia mais cara.
É no mercado regulado que estão contratadas fontes como as termelétricas, mais caras, mas também necessárias em momentos de baixa geração de outras fontes.
Os investimentos em transmissão, por sua vez, são os custos da construção das linhas de transmissão --que transportam a energia gerada pelas usinas.
Como houve um incentivo para a construção de muitas usinas eólicas e solares, há necessidade de mais investimento em transmissão. Por isso, o governo tem realizado leilões com expectativas de investimentos bilionários, que viram tarifa para o consumidor.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Grupo de especialistas ouvidos em reunião no Planalto tem 4 dos atores envolvidos na MP 579, de 2012, que acabou quase quebrando o setor no Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma reunião na tarde desta 4ª feira (10.abr.2024) para discutir o setor elétrico. Dentre os convidados para o debate, 4 integravam a equipe de energia no governo Dilma Rousseff (PT) em 2012, quando foi publicada a MP 579. A política quase quebrou o setor elétrico brasileiro.
A reunião com os “especialistas” do setor, como foi chamada pelo Planalto, durou cerca de 3h. Foi voltada para a apresentação de ideias para reduzir a conta de luz. Dentre as propostas, o Poder360 apurou que foram citadas a redução de subsídios bancados pelas tarifas de energia ou transferência de parte deles para o caixa da União.
Dentre os debatedores, estavam:
Mauricio Tolmasquim – presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) de 2005 a 2016. Atual diretor de Transição Energética da Petrobras;
Luiz Barroso – assumiu a presidência da EPE em 2016 e ficou no cargo até 2018. Também integrou no período o conselho do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). É CEO da consultoria PSR;
Luiz Eduardo Barata – presidiu o Conselho de Administração da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) de 2011 a
2015, tendo sido secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia de 2015 a 2016. É atual presidente da Frente Nacional dos
Consumidores de Energia;
Thiago Barral – servidor de carreira da EPE desde 2007, ocupando o cargo de superintendente adjunto e superintendente de geração de 2013 a 2018. Atualmente, é secretário de Transição Energética e Planejamento do MME.
Segundo apuração do Poder360, ficou acordado no encontro que o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) criará um grupo de trabalho visando a estruturar uma ampla proposta de reforma do setor elétrico. O grupo ouvirá agentes do setor elétrico e congressistas para elaboração da reformulação.
A reunião foi realizada 1 dia depois de Lula assinar a MP 1.212 de 2024, publicada nesta 4ª feira (10.abr) no DOU (Diário Oficial da União). O texto antecipa recursos devidos pela Eletrobras que seriam pagos nos próximos anos para reduzir a conta de luz.
Também prorroga subsídios para fontes renováveis de energia. A medida provisória foi vista pelo mercado – financeiro e de energia elétrica– como paliativa. Entidades falam em um sério risco de que ela provoque o efeito inverso.
O QUE FOI A MP 579
A nova medida tem sido comparada com a MP 579 de 2012 (que deu origem à lei 12.783, em 2013), política adotada no governo Dilma para reduzir as contas de luz. À época, a queda foi artificial e se reverteu em um “tarifaço” nos anos seguintes, deixando os brasileiros
com um prejuízo de mais de R$ 100 bilhões.
A tática do governo Dilma foi antecipar a renovação de concessões de geração e transmissão, que venceriam em 2015, para 2013. Para terem os contratos prorrogados, essas empresas concordaram com um corte nas tarifas que visava a uma queda de 20% nas contas de luz.
Dois anos depois, os custos com energia voltaram a subir. A redução superficial quase quebrou companhias geradoras e transmissoras, que deixaram de receber a remuneração a que teriam direito pelos investimentos feitos. O prejuízo foi coberto nos processos de reajuste anuais a partir de 2015, fazendo as contas de energia explodirem.
OS RISCOS DA NOVA MP
O setor elétrico tem visto com preocupação a nova medida do governo para usar recursos da Eletrobras. A empresa faz aportes anuais na CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que reúne encargos e subsídios do setor. Esses pagamentos são usados para abater parte dessa despesa, reduzindo o impacto aos consumidores.
O repasse à CDE foi fixado pela lei de privatização da empresa. Eles totalizarão R$ 32 bilhões ao final de 25 anos. Uma parcela inicial de R$ 5 bilhões foi paga em 2022 e são feitos depósitos anuais de aproximadamente R$ 1 bilhão. Ou seja, ainda há ao menos R$ 26 bilhões a serem pagos e que devem ser adiantados em 2024. Ou seja, embora haja uma redução estimada pelo governo em 3,5% nas contas de luz neste ano com a quitação dos empréstimos da Conta Covid e da Conta de Escassez Hídrica, nos próximos anos os consumidores arcarão com um peso maior dos subsídios nas tarifas, uma vez que não haverá recursos da Eletrobras para amortecer a despesa.
Outra preocupação de parte do setor é o fato da MP aumentar o custo dos subsídios ao prorrogar os descontos tarifários para as fontes incentivadas, ou seja, usinas eólicas e solares. Essa despesa também será cobrada nos próximos anos nas tarifas dos consumidores.
A MP prorroga os descontos nas tarifas por uso da rede para novos geradores, aumentando o prazo que era de 48 meses, por mais 36 meses. O prazo anterior havia sido fixado pela lei 14.120 de 2021. Esses descontos são voltados sobretudo para usinas eólicas e solares, em expansão na região Nordeste. São subsidiados e bancados pela conta de luz. Eis a lista completa dos convidados da reunião:
Gentil Nogueira, secretário de Energia Elétrica do MME (Ministério de Minas e Energia);
Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia;
Sandoval de Araújo Feitosa, diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica);
Rosimeire da Costa, presidente do Conacen (Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica);
Marcos Madureira, presidente da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica);
Mario Menel, presidente do Fase (Fórum de Associações do Setor Elétrico);
Thiago Barral, secretário de Transição Energética e Planejamento do MME;
Mauricio Tolmasquim, diretor de Transição Energética da Petrobras;
Luiz Barroso, CEO da PSR;
Clarice Ferraz, diretora do Instituto Ilumina;
Júlio Ramundo, diretor de Infraestrutura da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Fonte e Imagem: Poder 360.
Objetivo do encontro é discutir medidas estruturais para a energia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne com especialistas da área de energia, nesta quarta-feira, para discutir como amenizar o aumento da conta de luz um dia depois de assinar uma medida provisória (MP) com esse objetivo.
Lula assinou ontem uma medida provisória que tem o objetivo de garantir a redução de até 4% na conta de luz para consumidores residenciais neste ano. A mesma MP, por outro lado, pode levar o consumidor a arcar com um custo ainda maior no futuro, ao prorrogar benefícios a usinas renováveis, especialmente as eólicas e as solares.
Lula promoveu a assinatura da medida em meio à queda de popularidade no segundo ano de seu terceiro governo. A conta de luz é considerada um dos itens mais sensíveis ao bolso dos brasileiros. Hoje, após assinada a MP, o presidente vai se reunir com representantes do setor elétrico para buscar saídas para a redução das tarifas.
O objetivo da reunião é fazer um diagnóstico sobre o que pressiona o custo da energia e receber sugestões para reduzir a tarifa de forma estrutural.
Lula fará abertura do evento e os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e da Casa Civil, Rui Costa, também participam.
Para chegar à redução na conta de luz agora, a MP traz uma engenharia complexa. Permite ao governo antecipar cerca de R$ 26 bilhões que serão pagos pela Eletrobras para aliviar as tarifas — uma exigência da lei de privatização da empresa, aprovada em 2021. A Eletrobras não precisará, porém, fazer o aporte. Será feito uma espécie de empréstimo, de maneira que o governo receba o dinheiro agora tendo como garantia os pagamentos futuros da empresa, que ocorrerão até o início da próxima década.
Fonte e Imagem: O Globo.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que, por meio da medida provisória (MP) assinada nesta terça-feira, serão viabilizados mais de 30 gigawatts (GW) de energia limpa e renovável no Brasil. A medida estende o prazo para construção de projetos de geração de energia eólica e solar podendo ter acesso a subsídios no uso da rede.
Silveira informou que, somente em Alagoas e em Sergipe, serão mais de R$ 3 bilhões em investimentos, com 5 mil empregos criados com os novos projetos. Em Pernambuco, mais R$ 9 bilhões deverão ser aportados, com geração de 20 mil empregos.
Ao todo, o governo estima que os recursos chegarão a R$ 165 bilhões em investimentos e mais de 400 mil empregos. Os números foram apresentados em discurso durante a solenidade de assinatura da medida, no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A MP também prevê outras duas iniciativas com o enfoque na redução das tarifas. Uma delas, é a quitação antecipada de dois empréstimos contraídos pelas distribuidoras durante a pandemia da covid-19 e crise hídrica de 2021.
“Vamos quitar empréstimos da Conta Covid e Conta de Escassez Hídrica. Serão R$ 11 bi a menos nas contas dos brasileiros”, ressaltou o ministro de Minas e Energia. Ele afirmou que os dois contratos de financiamento foram assinados de “forma irresponsável” na gestão do governo anterior e “nunca deveriam ter sido jogados no colo do consumidor”.
Silveira reforçou que o alívio propiciado nas contas de luz será de até 5%, em benefício das famílias brasileiras.
Sobre projetos na área de hidrogênio verde, o ministro respondeu a críticas de que as iniciativas não serão viabilizadas até 2035. Segundo ele, já estão sendo viabilizados R$ 200 bilhões de investimentos somente no Vale do Parnaíba. Ainda de acordo com ele, serão R$ 40 bilhões aplicados em energia solar, eólica e biomassa em Minas Gerais.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Considerando a participação percentual de renováveis na matriz elétrica, o Brasil ocupou a sexta posição em 2023, segundo dados da Agência Internacional de Energia.
Com 42,8% de participação do PIB global (dados do Banco Mundial para o ano de 2022), China e EUA foram os maiores geradores de energia elétrica renovável do mundo entre janeiro e novembro de 2023, com participação conjunta de 50,4% do total.
Somando geração hidrelétrica, eólica, solar, biomassa e geotérmica, a China produziu no período 2,7 milhões de gigawatts-hora (GWh), o equivalente a 37,9% do total global, enquanto os EUA geraram 883 mil GWh (12,6% do total), de acordo com dados publicados pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Apesar dos dados favoráveis, mais de 60% da geração de eletricidade chinesa ainda é proveniente do carvão. E, nos EUA, gás natural e carvão também respondem por aproximadamente 60% de geração de eletricidade do país.
Como se divide a matriz elétrica no Brasil?
Com menos de 2% de participação no PIB global, mas com 8% da produção de geração renovável mundial (568,4 GWh), o Brasil é o terceiro colocado no ranking. E, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as hidrelétricas responderam por 67,4% da geração total de energia elétrica do país de janeiro a novembro de 2023, com as eólicas contribuindo com 14,5% e as solares, com 6,7%.
Vale destacar que, ainda na primeira década deste século, a fonte hidrelétrica representou, em média, pouco mais de 90% da geração de eletricidade brasileira. Isso mostra que o Brasil promoveu a diversificação de seu parque gerador sem perder sua característica de renovabilidade.
O país com maior uso de energia renovável do mundo
Já no ranking global de participação proporcional de energia elétrica renovável dos países acompanhados pela IEA, a campeã é a Islândia, com praticamente 100% de renovabilidade, seguida de perto pela Costa Rica (quase 100%), Noruega (99%), Luxemburgo (94%), Dinamarca (91%) e o Brasil (90%).
Fecham o grupo de países com mais de 80% de participação de fontes renováveis em suas respectivas matrizes elétricas a Nova Zelândia (88%) e a Áustria (85%).
Esses países conseguem esse feito principalmente por causa da geração hidrelétrica, com exceção da Dinamarca, cuja principal fonte de eletricidade é a eólica. Aliás, a Noruega promoveu grande mudança de sua matriz, já que no começo deste século 83% da geração era a partir de carvão, gás natural e óleo. Há ainda duas curiosidades na lista: Islândia e Nova Zelândia apresentam 30% e 20%, respectivamente, de sua geração de eletricidade a partir de geotérmicas.
Fonte e Imagem: Exame.
Presidente Lula (PT) está pessoalmente preocupado com o tema pelo peso da tarifa de energia sobre a popularidade.
Brasília tem nesta terça-feira (9) a cerimônia de assinatura da MP (Medida Provisória) das Energias Renováveis e da Redução dos Impactos Tarifários, prevista para as 16h.
O presidente Lula (PT) está pessoalmente preocupado com o tema, depois que integrantes do Palácio do Planalto identificaram que o peso da tarifa de energia é um dos fatores que prejudicam a popularidade do mandatário.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Este é o 16° complexo renovável da Enel no país, considerando eólica e solar.
Foi inaugurado nesta sexta-feira (5), um parque eólico nos municípios de Umburanas, Morro do Chapéu e Ourolândia, interior da Bahia, capaz de gerar 1.800 GWh anualmente, o equivalente à energia necessária para abastecer cerca de 849 mil residências por ano.
O projeto do Enel Green Power Brasil, braço de geração renovável do Grupo Enel no Brasil, entregou a operação comercial do Complexo Eólico Aroeira (348 MW).
Este é o 16° complexo renovável da Enel no país, considerando eólica e solar.
Estiveram presentes na inauguração do complexo os representantes da empresa, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e outras autoridades do estado.
A construção do parque envolveu custou de cerca de R$ 2,1 bilhões e conta com 81 aerogeradores. Cada um destes equipamentos têm 90 metros de altura e 150 metros de diâmetro nas hélices.
Além disso, foi anunciado o parque eólico Pedra Pintada, localizado na mesma região do interior baiano, e que está em fase final de construção, com investimentos da ordem de R$ 1,8 bilhão.
Ao todo, os empreendimentos geram 6 mil empregos na construção, dos quais, mais de 2 mil foram ocupados por trabalhadores da região.
Segundo Antonio Scala, Presidente da Enel Brasil, os dois projetos celebram importantes contribuições para a diversificação das fontes renováveis no Brasil.
“A Enel é um investidor de longo prazo e tem reiterado o compromisso de seguir investindo em geração renovável e distribuição de energia, gerando emprego e desenvolvimento.”
Assim que o segundo parque ficar pronto, contará com 43 aerogeradores. O projeto será capaz de gerar mais de 894 GWh por ano, o equivalente à energia necessária para abastecer cerca de 435 mil residências.
Em relação à descarbonização, a produção de energia da planta Aroeira tem potencial para evitar a emissão de 757 mil toneladas de CO2 na atmosfera anualmente. Já a Pedra Pintada evitará a emissão de 374 mil toneladas de CO2 neste mesmo período.
Energia eólica no Brasil
Com mais de 1.500 GW de potencial em eólicas onshore e offshore, e ocupando o sexto lugar no Ranking Global de Capacidade Instalada onshore, a indústria eólica brasileira tem o papel relevante de ajudar a enfrentar a emergência climática.
Segundo a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), tanto ambientalmente quando economicamente, este tipo de geração de energia geram dados positivos ao país. Confira:
Cada R$ 1,00 investido em eólicas tem impacto de R$ 2,90 no PIB
É renovável, não polui e contribui para que o Brasil cumpra seus objetivos no Acordo do Clima
Permite que o proprietário da terra siga com plantações ou criação de animais.
Gera renda e melhoria de vida para proprietários de terra com arrendamento para colocação das torres
Impacta positivamente na economia local aumentando o PIB e o IDH municipal em cerca de 25%
Gera cerca de 11 postos de trabalho por MW instalado.
Ainda segundo a associação, hoje o Brasil possui 1.039 parques eólicos e existem mais de 11.000 aerogeradores em operação. Sendo que a capacidade instalada em operação comercial e em teste chega a 31 GW.
Ao todo já são 12 estados com operações dessa fonte limpa, sendo os que possui a maior concentração são Rio Grande do Norte, Piauí e Bahia.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
As manifestações foram provenientes de distribuidoras, transmissoras e geradoras de energia elétrica.
A Aneel recebeu, até o dia 28 de março, manifestação de interesse em financiar projetos com- foco em hidrogênio no setor elétrico de 93 empresas de energia elétrica e dois grupos econômicos. As manifestações foram provenientes de distribuidoras, transmissoras e geradoras de energia elétrica. Segundo a agência reguladora, até o momento, essa foi a maior adesão às chamadas públicas da Agência e demonstra o compromisso do setor com a inovação e a sustentabilidade energética.
A Chamada Estratégica de Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) n.o 23/2024 da Aneel visa fomentar projetos que estudem a aplicação do hidrogênio, desde a produção até o uso no setor elétrico, com ênfase em fontes de baixo carbono. As empresas interessadas seguirão um cronograma estabelecido pela Aneel, que inclui a apresentação de propostas e a execução dos projetos selecionados. Esse processo transparente e estruturado assegura que as melhores ideias sejam exploradas e implementadas, contribuindo para o avanço tecnológico e a eficiência energética no país.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Disputa, realizada em dezembro, foi a maior da história do país. Investimentos devem ocorrer nos estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou nesta quarta-feira (3) os contratos do segundo leilão de transmissão de energia de 2023.
Realizado em dezembro do ano passado, foi o maior certame da história, com todos os lotes arrematados e previsão de R$ 21,7 bilhões em investimentos nos estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins.
Foram leiloados três lotes arrematados pela chinesa State Grid Brazil, a espanhola Celeo Redes e o consórcio brasileiro Olympus XVI --composto por Alupar e Mercury Investimentos.
É conhecido por "transmissão" o sistema que leva a energia gerada pelas usinas até os locais de consumo, conectando-se às redes das distribuidoras locais. Esse sistema corta o país e é operado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Por meio de leilões, o governo contrata a construção e manutenção das linhas de transmissão e outros equipamentos. As usinas conectadas ao sistema usam essas linhas para fornecer energia.
Os investimentos bilionários em redes de transmissão estão associados à expansão das usinas de energia renovável no Brasil, principalmente solar e eólica no Nordeste e no norte de Minas Gerais.
Esses investimentos viram, em certa medida, tarifa de energia para os consumidores. Isso porque as empresas que vencem os leilões são remuneradas por meio de valores fixados pela Aneel.
E essa remuneração é um dos componentes da tarifa de uso do fio – paga por todos que usam o sistema, inclusive o consumidor residencial.
Fonte e Imagem: G1.
A medida provisória que está sendo elaborada pelo governo para o setor de energia elétrica deve gerar 160 bilhões de reais em investimentos no Brasil, ao mesmo tempo em que prevê um esquema para antecipar recebíveis da Eletrobras devidos conforme contrapartida do processo de privatização, disseram ministros nesta quarta-feira.
Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a expectativa é que o governo publique a MP na próxima semana.
Um dos objetivos do texto prometido pelo governo é compatibilizar o cronograma de construção de linhas de transmissão leiloadas no último ano com novas usinas de geração eólica e solar.
Segundo o governo, o descompasso entre projetos desses dois segmentos estava inviabilizando investimentos, sendo necessário estender prazos para que as usinas renováveis entrem em operação.
Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a MP também terá o objetivo de reduzir as contas de energia elétrica entre 3% e 5%, a depender do processo que vai "securitizar" os recebíveis da Eletrobras.
Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a MP também terá o objetivo de reduzir as contas de energia elétrica entre 3% e 5%, a depender do processo que vai "securitizar" os recebíveis da Eletrobras.
Ele estimou em 26 bilhões de reais os recursos que viriam da Eletrobras, que seriam suficientes para quitar os empréstimos das Contas Covid e Escassez Hídrica.
Esses recebíveis devem ser repassados pela Eletrobras à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que financia uma série de políticas do setor de energia.
O ministro disse que recursos deverão "remediar" aumentos de tarifas em Estados com situações "mais alarmantes", como Amapá.
A agência reguladora Aneel decidiu recentemente aplicar uma revisão tarifária igual a zero para a Equatorial Amapá, mas reconheceu que a distribuidora possui um "ativo regulatório" a ser reconhecido em suas tarifas no futuro.
Isso aconteceu após uma proposta de reajuste tarifário extraordinário no Amapá, colocada em consulta pública pela Aneel anteriormente, ter previsto elevação média de 44,41% das tarifas. "Nessa MP estamos autorizando que use esse recurso para socorrer casos mais emergenciais", disse Silveira, citando o Amapá.
ENEL
Após cerimônia de assinatura de contratos de leilões de transmissão de energia, Silveira voltou a apontar falhas na Enel São Paulo.
Após cerimônia de assinatura de contratos de leilões de transmissão de energia, Silveira voltou a apontar falhas na Enel São Paulo.
Na segunda-feira, ele pediu à Aneel abertura de um processo contra a companhia, por conta dos problemas de falta de energia na área de atuação da distribuidora, o que poderia levar à caducidade da concessão.
Ele destacou ainda que o processo de renovação de concessões de energia, no qual está inserido a Enel, é o momento que o governo tem para "apertar o cerco" ao setor de distribuição contra eventuais falhas.
Fonte e Imagem: Veja Negócios.
Para Ricardo Tili, órgão precisa de parcerias com agências estaduais.
O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Ricardo Tili afirmou que o órgão não tem mais capacidade de fiscalizar o setor elétrico como um todo. Durante reunião da diretoria da Aneel, nesta terça-feira, Tili disse que a saída para melhorar os serviços prestados ao consumidor é contar com a parceria das agências estaduais.
— Chegamos num ponto que é irreversível. A agência não tem condições de fiscalizar e acompanhar o setor elétrico brasileiro como um todo. A Aneel tem um quadro de pessoal pensado há 25 anos, que foi estruturado para atender um setor elétrico que era muito menor do que é hoje. Temos um quadro de quadro de servidores com um déficit enorme, para uma demanda de 25 anos atrás — afirmou.
Sem citar a distribuidora Enel SP, cujos serviços têm sido marcados por interrupções no fornecimento de luz aos moradores de São Paulo, Tili disse que o estado é um "caso concreto". Segundo ele, a agência estadual tem sido "parceira" da Aneel.
— Sem ela [a agência], estaríamos em uma situação pior do que estamos hoje — disse.
Ricardo Tili deu essas declarações quando a diretoria discutia a abertura e consulta pública sobre a descentralização dos serviços de fiscalização. A ideia, aprovada nesta segunda-feira, é atuar em parceria com os estados e o Distrito Federal.
— Se não criarmos um mecanismo que possa descentralizar e não contarmos com o apoio das agências estaduais, vamos mais uma vez passar por alguns pontos de não conseguir fiscalizar o setor elétrico como um todo.
Ele afirmou que há apenas 12 convênios em um total de 27 estados da federação.
— A meu ver, precisamos recalibrar isso com muita precisão, para poder continuar exercendo nosso poder no local mais perto do consumidor — concluiu.
Processo disciplinar
Na última segunda-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, determinou à Aneel a instauração de processo disciplinar contra a concessionária Enel, em São Paulo. O ministro também acusou a distribuidora de não pagar mais de R$ 300 milhões em multas.
O procedimento pode levar à caducidade (cancelamento) do contrato de concessão da empresa e deve se estender por cerca de 6 meses. O ofício foi enviado por Silveira à Aneel estabelece um prazo de 20 dias para iniciar uma investigação, com o objetivo de averiguar se a prestação dos serviços está se dando de forma inadequada ou deficiente e se houve descumprimento das cláusulas contratuais.
pós a manifestação da Aneel, o ministério decidirá o que fazer com a concessão da Enel. Entre as possibilidades, o ministério pode determinar uma relicitação — quando há uma rescisão amigável da parceria e é celebrado um novo contrato —, a reestatização do serviço de distribuição de energia em São Paulo, a transferência da concessão para outra empresa ou mesmo manter a concessão.
Fonte e Imagem: O Globo.
Medida quer antecipar recebimento pelo governo de R$ 25 bilhões da Eletrobras, devidos pela empresa após privatização.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que o governo discutiu, nesta segunda-feira (1º), um dos principais pontos do texto da medida provisória (MP) que pretende baratear o custo da energia: ter prazos para a entrada de linhas de transmissão compatíveis com os prazos de novas usinas de energia renováveis (eólica e solar).
“Não havia licitação das linhas de transmissão E como esse processo foi concluído agora, você consegue abrir. Para ver se há manifestação de interesse”, comentou o ministro.
Casar os prazos é um dos principais objetivos da MP que o governo deve enviar nos próximos dias ao Congresso.
A medida quer antecipar o recebimento pelo governo de R$ 25 bilhões da Eletrobras, devidos pela empresa após a privatização. O montante vai viabilizar a queda na tarifa de energia a curto prazo.
O governo busca alternativas para baratear o custo da energia, em meio a queda da popularidade do presidente nas últimas pesquisas. A projeção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), divulgada em janeiro, era de uma alta média de 5,6% das tarifas em 2024. Com isso, os reajustes devem ficar perto de 2%.
“A gente está envolvido porque a gente está preocupado com o custo de energia. A gente quer gerar energia barata para poder tentar equacionar esse problema que foi sendo acumulado ao longo dos anos”, disse o ministro.
Ao fim da reunião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também deu declarações a jornalistas. Silveira afirmou que o encontro foi produtivo e disse que existem várias propostas “na mesa” para diminuir o custo da energia.
Entre as propostas, estaria a utilização de petróleo para reduzir o impacto de tarifas, e até mesmo a possibilidade de avaliar se os recursos devem ou não estar dentro do teto de gastos.
“São várias propostas na mesa. Mas foi a primeira de algumas reuniões que se darão, a fim de buscar uma solução para um problema estrutural de forma extremamente prudente, coerente”, disse o ministro.
Ele afirmou ainda que as soluções podem ser encontradas de forma conjunta, mas enfatizou que elas devem dialogar com o Congresso Nacional. “O presidente Lula tem destacado que é inadmissível que os ricos paguem pouco e os pobres paguem muito pela energia elétrica no Brasil. Temos que buscar a justiça tarifária”, acrescentou.
Durante a entrevista, Silveira disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “tem o termômetro na mão” dos caminhos possíveis para a promoção de políticas públicas adequadas para os brasileiros “sacrificados” pelos custos da energia.
Para o ministro, a responsabilidade de muitos desses gastos está na conta do ex-ministro da Fazenda, Paulo Guedes.
“[…] Muitos custos advindos da irresponsabilidade do ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes, que contraiu empréstimos para pagar a ‘conta-Covid’, conta de escassez hídrica, em nome do consumidor de energia no Brasil. Agora, são bombas de efeito retardado. O nosso governo tem a responsabilidade de discutir e buscar soluções”, afirmou.
Durante o encontro, Silveira propôs uma adequação de prazo para viabilizar os investimentos comprometidos.
Segundo ele, há unanimidade em relação à importância da MP, que deve garantir mais de R$ 250 bilhões em investimento em geração de energia.
“Levei [para a reunião] uma grande preocupação, que é que a gente possa licenciar essas obras o mais rápido possível para que vários canteiros sejam inaugurados pelo nosso governo em mais de 14 estados”, acrescentou.
Perguntado sobre a eventual perda de concessão da Enel em São Paulo, o ministro disse que determinou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realize uma apuração minuciosa e rigorosa sobre a qualidade do serviço prestado.
Ele disse ainda que a empresa é “um grande problema” na transmissão de energia do país.
“Se apurada a Enel estar descumprindo com índices mínimos de qualidade, a sua renovação pode ser, sim, comprometida, em especial a sua renovação no estado do Rio de Janeiro, que vence na nossa gestão”, concluiu.
Em nota, a Enel afirma que cumpre “integralmente todas as obrigações contratuais e regulatórias” na gestão da rede elétrica de São Paulo. A empresa ainda afirma que está implantando um plano de investimentos para modernização e fortalecimento da rede. “O plano contempla também o aumento significativo do quadro de pessoal próprio”.
A companhia ainda ressaltou que investiu cerca de R$ 8,36 bilhões desde que assumiu a concessão em São Paulo, e que prevê mais R$ 18 bilhões de investimento no Brasil até 2026.
Em nota, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirma que, junto com a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), já foram cobrados mais de R$ 700 milhões a Enel nos últimos seis anos por penalidades administrativas de multa e compensações financeiras aos consumidores por falhas no serviço.
“A Aneel informa que já há duas fiscalizações instauradas, e em curso, juntamente com a Arsesp, com o objetivo de avaliar as providências tomadas pela empresa frente às diversas falhas no serviço, e principalmente da sua capacidade de permanecer prestando o serviço conforme condições definidas no contrato de concessão”, diz.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
A discussão gira em torno da MP das Renováveis, que tem como objetivo baratear a conta de energia em 3,5%. Lula discutiu o tema com Fernando Haddad e Alexandre Silveira nesta segunda-feira.
Na tentativa de baratear o custo da energia, o governo Lula discute uma forma de fazer uma compatibilização na geração de energia eólica e solar com os leilões de linhas de transmissão.
A discussão gira em torno da Medida Provisória, conhecida como a MP das Renováveis, para baratear a conta de energia em 3,5%.
O presidente Lula se reuniu nesta segunda-feira (1°), no Palácio do Planalto, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Depois do encontro, Silveira disse que levou três propostas para corrigir as distorções na tarifa. A primeira proposta envolve usar os recursos de leilões de petróleo, a PPSA, para financiar o custo de energia.
A segunda ideia é buscar a equalização entre o mercado livre e mercado regulado para buscar a chamada “justiça tarifária no país”. E a terceira proposta é buscar espaço no orçamento da União, com a possibilidade do aporte do Tesouro, para bancar os custos e minimizar os impactos de tarifa de energia na economia nacional.
Silveira disse que essa é a primeira reunião que vai ser seguida de outros encontros e falou que distorções no setor elétrico acabaram gerando subsídios que penalizam o consumidor.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que alguns prazos de descontos concedidos a empreendimentos que pediram outorga até março de 2022 não foram cumpridos, porque não havia licitação das linhas de transmissão. E que o cronograma de geração e transmissão ficou “descasado”.
Haddad garantiu que a prorrogação do subsídio para usinas de energia renovável não vai ter impacto fiscal e disse estar preocupado com o custo da energia.
No fim de março, o Ministério de Minas e Energia editou a MP das Renováveis, que foi enviada à Casa Civil e trata de formas de reduzir em 3,5% a conta de luz. Uma das alternativas é cobrar das distribuidoras o pagamento antecipado do empréstimo feito na época da crise de escassez hídrica e na pandemia de Covid.
Fundo Clima
Ainda nesta segunda-feira, o Ministério do Meio Ambiente assinou um repasse de R$ 10 bilhões para o Fundo Clima. O dinheiro será destinado ao BNDES, que é o operacionalizador do fundo.
O recurso é proveniente de uma captação de US$ 2 bilhões no exterior, com títulos lançados pelo Ministério da Fazenda.
A verba será usada agora para ações que tenham relação com processos de mudança do clima, com investimento em área urbana; eletrificação de frota para o transporte coletivo, considerando os municípios de pequeno porte; além do manejo florestal e restauração florestal e parte investido em energia sustentável, bioeconomia, entre outras ações.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse ainda que parte desse dinheiro pode ser para financiar ainda obras do PAC, como a eletrificação da frota do transporte público.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse que, para o projeto de energia solar e eólica, a taxa de juros será de 8% ao ano; descarbonização da indústria terá uma taxa de 6,15%; e 1% para projetos ligados a florestas nativas. Ele afirmou que a taxa de juros está equivalente a de países com alto grau de investimento.
Fonte e Imagem: CBN.
Leilão desta quinta (28) é o segundo com mais investimentos contratados da história. Valores são remunerados por receita fixada e têm reflexos na conta de luz.
O governo federal garantiu R$ 18,2 bilhões em investimentos na construção de linhas de transmissão de energia, em leilão realizado nesta quinta-feira (28) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em São Paulo.
Todos os lotes foram arrematados, em um certame disputado por mais de 20 empresas e consórcios. A Eletrobras saiu como a principal vencedora do leilão, e garantiu quatro dos 15 lotes.
Veja as vencedoras:
Lote 1 (obras no Ceará e Piauí) - Eletrobras
Lote 2 (Piauí) - Grupo EDP
Lote 3 (Ceará) - Eletrobras
Lote 4 (Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas) - FIP Warehouse
Lote 5 (Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia) - Eletrobras
Lote 6 (Bahia e Minas Gerais) - FIP Warehouse
Lote 7 (Bahia, Tocantins e Piauí) - Grupo EDP
Lote 8 (Rio de Janeiro) - Brasiluz
Lote 9 (Santa Catarina) - Eletrobras
Lote 10 (São Paulo) - Cox Brasil
Lote 11 (Mato Grosso do Sul) - Consórcio Paraná IV
Lote 12 (Maranhão e Piauí) - Energisa
Lote 13 (Piauí, Maranhão e Tocantins) - Grupo EDP
Lote 14 (Bahia) - FIP Warehouse
Lote 15 (Minas Gerais) - Consórcio Olympus XVII
Em nota, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que os leilões de transmissão "demonstram a confiança no Brasil".
"Players nacionais e internacionais que participaram ativamente promovendo mais de 40% em média de desconto nesses leilões. Serão mais de 350 mil empregos diretos", declarou.
O leilão prevê a construção de 6.464 quilômetros de novas linhas, com a estimativa de criação de 34,9 mil empregos, segundo a Aneel.
O leilão é feito por deságio. Ou seja, arremata o lote a empresa que oferecer a menor Receita Anual Permitida (RAP) – valor fixado para remunerar os investimentos feitos.
Segundo a diretora da Aneel, Agnes Costa, o deságio médio foi de 40,8% – ou seja, as receitas das empresas serão menores que o valor máximo estabelecido pela agência.
A diretora afirma que isso representa uma economia de cerca de R$ 30 bilhões para os consumidores ao longo de 30 anos, período de concessão das infraestruturas.
Entenda o certame
O sistema elétrico é organizado em geração, transmissão e distribuição. As usinas geradoras de energia se conectam à rede de transmissão, que corta o país e é operada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Por meio de leilões, o governo contrata a construção e manutenção das linhas de transmissão por meio de leilões. As usinas conectadas ao sistema usam essas linhas para fornecer energia.
Com o sucesso do certame, o leilão de transmissão desta quinta-feira (28) é o segundo com mais investimentos contratados da história.
O topo do ranking é ocupado pelo certame realizado em dezembro do ano passado, que movimentou R$ 19,7 bilhões. O recorde anterior havia sido estabelecido ainda em 2023, com o primeiro certame do ano, que contratou R$ 15,7 bilhões.
Energia renovável
Os investimentos bilionários em redes de transmissão estão associados à expansão das usinas de energia renovável no Brasil, principalmente solar e eólica no Nordeste e no norte de Minas Gerais.
Para escoar a produção até os consumidores, concentrados na região Sudeste, o governo contrata a construção dessa infraestrutura. Os investimentos são remunerados pela Receita Anual Permitida (RAP) das transmissoras, fixada pela Aneel e com reflexos na conta de luz.
Em entrevista a jornalistas, nesta quinta-feira (28), o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, afirmou que os investimentos em transmissão são a parcela de custo que mais cresce na conta de luz.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Iniciativa sofre críticas de especialistas por previsão de aumento de subsídios.
A proposta de uma “MP das Renováveis” ressurgiu com o envio de minuta e justificativa do Ministério de Minas e Energia para a Casa Civil na noite da últimaquarta-feira (27).
Trata-se de medida provisória (MP) preparada para dar uma segunda chance a donos de projetos de geração eólica e solar que tentam viabilizar seus empreendimentos. A iniciativa foi criticada no fim do ano passado por especialistas do setor devido à previsão de aumento de subsídios que pesam na tarifa.
Ao rebater as críticas, integrantes do governo defendem que a extensão do prazo de adesão dos empreendedores, contida na MP, vai destravar um estoque de projetos de renováveis que não foram a frente por falta de acesso ao sistema de transmissão para escoar a energia que será produzida. Acusam a gestão de Jair Bolsonaro de ter segurado leilão de linhas de transmissão com essa finalidade.
A ideia de atender o pleito do setor de renováveis foi admitida pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ontem pela manhã, em entrevista a jornalistas. A iniciativa, porém, seria materializada em duas MPs distintas, separada do tema da redução da conta de luz.
Agora, a MP das Renováveis também propõe reduzir em 3,5% a conta de luz, em média, em todo o país este ano e resolver o caso particular das tarifas no Amapá, com alta programada de 44%.
O atendimento ao pleito das renováveis conta, desta vez, com o respaldo do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio do Nordeste).
A nova oportunidade para viabilizar os projetos, se confirmada, será dada com prazo adicional de 36 meses. É a mesma janela que foi discutida no fim do ano passado.
O Valor apurou que a minuta de MP exige do empreendedor o aporte de garantia bancária para colocar o projeto de pé em até 90 dias e início das obras em até 18 meses, a contar da publicação da medida.
O governo estima que os projetos, a maioria concentrada no Nordeste, devem garantir R$ 165 bilhões em investimentos e mais de 400 mil empregos.
Ao considerar levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o governo considera o estoque de projetos que reúne 145 gigawatts (GW) em potência. Desse total, 88 GW têm autorização emitida, mas não deram início às obras.
Também mencionada na conversa do ministro com jornalistas, a redução das tarifas seria garantida com a antecipação de recursos da Eletrobras, previstos no processo de privatização.
O dinheiro seria usado para abater o valor das parcelas de dois empréstimos tomado pelas distribuidoras, um relacionado à pandemia da Covid-19 e outro à crise hídrica de 2021, em nome dos consumidores, que hoje encarecem a conta de luz.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Embora sejam da mesma família de intenções, a primeira já encanta novas maneiras de lucro; a segunda, capenga ainda no básico.
Elas nasceram praticamente juntas, em meio a brados de um mundo melhor, mais justo, mais equilibrado, menos prejudicial a nossa saúde física e mental. Todos em defesa de condições de vida que respeitassem o planeta e as pessoas.
A busca pela energia limpa e por princípios da diversidade eclodiram de maneira a impactar os negócios, os ambientes, o "serumano" e a distribuição do dinheiro.
Embora sejam da mesma família de intenções e estirpe, a primeira já encanta novas maneiras de lucro; a segunda, capenga ainda no básico, ser considerada extremamente legítima e necessária.
O distanciamento entre as primas ganha terreno com amplo potencial de cultivo. Setores se movimentam com energia e vigor para serem mais verdes e não perderem o bonde financeiro, afinal, a ponta do consumo é transparente, neste caso. O afago à diversidade ainda é questão "mais social", ainda vista como ônus, gasto.
Mas penso que nem tudo está perdido nesta corrida e vai da sociedade pressionar para que as primas não rompam suas essências vindas, justamente, de clamores populares e conscientes.
Grupos diversos escanteados historicamente, poderiam, por exemplo, ter incentivos para adoção das novidades vindas da pungente indústria verde, como automóveis menos poluentes, equipamentos sem uso de combustíveis fósseis, acesso à energia de fontes limpas.
A compra de carros elétricos e híbridos, por sinal, já tem tido benefícios fiscais aqui e ali para turbinar o negócio. Por que não haver um bônus a mais para pessoas com questões de mobilidade, uma vez que o atual modelo de isenções para esse público foi para o brejo?
A mão de obra para esses novos negócios, nos mais variados patamares hierárquicos, poderia ser também contratada com prioridade dentre aqueles marcados por sua condição física, intelectual, étnica, geracional e de renda.
Se a ideia é um novo começo na relação com o ambiente, com o planeta, nada mais justo, honesto e concreto do que dar oportunidade de dança a quem sempre ficou fora do baile, não?
Os avanços tecnológicos gerados a partir da evolução da energia limpa, desde suas concepções, também poderiam chegar com endereço prioritário à diversidade.
Dessa maneira, ela trabalharia pelo combate ao etarismo –com parafernália de apoio aos velhos—, pela igualdade de gênero, pela economia do cuidado e pela diminuição das desigualdades ao mesmo tempo que preserva, que restaura, que gera esperança de dias melhores.
Na atual toada, sem uma clara manifestação de governos, sem metas e comprometimentos sacramentados em torno da harmonia entre as primas, corre-se seriamente o risco de apenas haver a festa da grana pela monumental troca das matrizes energéticas ao redor do globo, sem que isso impacte o que é essencialmente humano.
Os promissores valores entre as duas diretrizes, a da energia limpa e da diversidade, são de fato diferentes à luz dos lucros que prometem e inspiram. Tudo bem ser assim. A reflexão que insisto aqui é sobre a gênese dessa família, que prometia mudanças substanciais em nosso modo de nos relacionarmos e estarmos no mundo.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Criados via projeto de lei no ano passado, os novos papéis visam expandir possibilidades de investimento em infraestrutura.
O presidente Lula assinou nesta terça-feira (26) um decreto para regulamentar as recém-criadas debêntures de infraestrutura. Entre outras definições, o texto afasta iniciativas potencialmente prejudiciais ao meio ambiente da gama de projetos que podem ser financiadas por meio deste mecanismo.
Criados via projeto de lei no ano passado, os novos papéis visam expandir possibilidades de investimento em infraestrutura. A norma possibilita que prestadoras de serviços públicos — como concessionárias de energia, saneamento e outras — emitam estes papéis.
No setor de energia, deixaram de ser prioritários projetos relacionados à cadeia produtiva do petróleo e à geração de energia por fontes não renováveis. Na direção contrária, passam à frente segmentos na fronteira tecnológica da transição energética, como hidrogênio verde e aqueles voltados à transformação de minerais críticos para a transição.
O decreto também estabelece incentivos para projetos de mobilidade urbana vinculados à aquisição de ônibus elétricos ou híbridos que utilizem biocombustíveis.
Na área de infraestrutura, serão classificados como prioritários os projetos que sejam objeto de concessão, permissão, autorização ou arrendamento. Entre as iniciativas intensivas em pesquisa, desenvolvimento e inovação, passam à frente setores de transformação ecológica e digital e complexos industriais da saúde, aeroespacial e de defesa.
Presente no ato de assinatura, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que as debêntures são janela para receber aportes de fundos estrangeiros, que se interessam em investir em projetos brasileiros, mas não necessariamente querem ser gestores destes empreendimentos.
“O objetivo é abrir uma nova janela de financiamento para diversas áreas da economia, de serviços públicos, uma janela recebermos investimentos de fundos internacionais, por exemplo”, disse.
Venilton Tadini, presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), elogiou novo mecanismo e indicou que as debêntures conversam com cenário atual global de financiamento, em que o investidor institucional é “essencial” para complementar recursos orçamentários.
As debêntures de infraestrutura
As novas debêntures de infraestrutura oferecem benefícios fiscais diretamente às empresas emissoras, o que possibilita a oferta de melhores remunerações nas emissões dos títulos e, consequentemente, o alcance de investidores institucionais que já possuem benefícios de imposto de renda, como é o caso dos fundos de pensão.
Estes papéis são, portanto, diferentes das debêntures incentivadas, de 2011, que oferecem reduções nas alíquotas de Imposto de Renda às pessoas físicas e jurídicas que investem em projetos considerados prioritários nas áreas de infraestrutura ou de produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Na nova modalidade empresa emissora deduz juros pagos na apuração de seu lucro líquido e na sua base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Além disso, permite a exclusão adicional de 30% dos juros pagos no exercício na apuração do lucro real e na base de cálculo da CSLL.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Ministros determinaram a apresentação de um plano para atuação coordenada de iniciativas como o PBE, Propee e Procel.
Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União para avaliar políticas públicas e programas voltados à eficiência energética no setor elétrico concluiu que o Ministério de Minas e Energia não tem um plano estruturado para integrar as diversas iniciativas existentes. A fiscalização avaliou a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia (PNCURE), do MME; o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro; o Programa de Eficiência Energética da Aneel e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel).
O relatório dos auditores afirma que embora existam diretrizes e princípios estabelecidos na legislação e em planos setoriais, não há objetivos e metas claramente definidos, nem vinculação entre as políticas públicas. Ele aponta ainda a ausência de um plano de monitoramento e avaliação integrada e de uma base de dados que reúna informações sobre todos os programas.
Os ministros do TCU deram determinaram na semana passada que o MME deve apresentar em até 180 dias um plano de governo que solucione todos as falhas apontadas, com metas claras para o setor e por programa e definição de ações prioritárias. A proposta deve ainda contemplar um sistema de monitoramento e avaliação, além da padronização de dados em um sistema que facilite o compartilhamento de informações entre os órgãos.
O MME e o Inmetro devem desenvolver uma metodologia de atualização dos padrões mínimos de eficiência energética para máquinas e aparelhos vendidos no Brasil, e também definir os novos produtos a serem incluídos no Programa Brasileiro de Etiquetagem.
Em relação ao Programa de Eficiência Energética da Aneel, que tem um orçamento anual entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões, foi determinado que a autarquia deve elaborar um mapeamento de riscos dos projetos e aprimorar as ferramentas de acesso às informações.
O tribunal afirma que a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar), que passou a gerenciar o Procel com a privatização da Eletrobras, ainda não está estruturada para administrar o programa. A recomendação é que a ENBPar elabore um plano de ação, adequando a estrutura para exercer suas competências, e faça uma avaliação dos impactos da redução dos recursos do Procel a partir de 31 de dezembro de 2025. A estatal deve manter os dados do programa em formato aberto para livre consulta.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica comparou os dados de uso de energia até 15 de março, quando foram consumidos 71.818 megawatts médios, no acumulado do ano. Na comparação com o mesmo período de 2023, quando foram usados 68.678 megawatts médios, houve um aumento de 4,6% no uso de eletricidade.
O consumo de energia em fevereiro é ainda maior. O Brasil consumiu 73.467 megawatts médios em fevereiro, volume 5,7% maior na comparação com o mesmo período do ano passado.
Desse total, 46.587 MW médios foram direcionados para o mercado regulado, volume 6,9% maior no comparativo anual e o restante, 26.880 MW médios, foi distribuído para a indústria e empresas que compram energia no mercado livre, alta de 3,6%.
“O aumento do consumo de energia no país em fevereiro foi puxado principalmente pelo calor em boa parte do país,
cenário que impulsiona o uso de equipamentos como ventiladores e ar-condicionado”, analisa a CCEE.
Fonte e Imagem: Veja.
Paten, eólica offshore, mercado de carbono e combustível do futuro devem ter prioridade na votação.
O projetos da pauta verde estão na lista de matérias que deverão ser pautadas a partir da segunda semana de abril no plenário do Senado. O líder do União Brasil, senador Efraim Filho (PB), disse em entrevista após reunião de líderes nesta quinta-feira, 21 de março, que projetos com o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) e da eólica offshore devem entrar como prioridade na agenda de votações do mês que vem.
O PL 327/2021, que institui o Paten, foi aprovado esta semana na Câmara dos Deputados, de onde segue para o Senado. O texto prevê incentivos a projetos de desenvolvimento sustentável com recursos de créditos de empresas com a União.
O PL 5.932/2023, que institui o marco legal de aproveitamento energético offshore, foi aprovado na Câmara em novembro de 2023, na forma de substitutivo. O texto que vai para análise do Senado recebeu uma série de emendas polêmicas estranhas à proposta original, que devem representar custo adicional de R$ 28 bilhões por ano para o consumidor, pelos cálculos da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres.
A pauta inclui ainda o PL 4.516/2023, de iniciativa do Executivo, que trata do programa Combustível do Futuro. O texto disciplina o aumento da concentração de biodiesel e de etanol no diesel e na gasolina; institui os programas nacionais de diesel verde, de biometano e de combustível sustentável de aviação. O governo estima que todas essas políticas podem atrair até R$ 200 bilhões em investimentos até 2037.
Outro item citado pelo senador é o projeto do mercado regulado de carbono (PL 412/2022). A proposta cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), define teto para emissões de gases por setores e atividades econômicas e prevê incentivos para as empresas reduzirem a pegada de carbono em seus processos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou mais uma vez sua previsão para a carga de energia elétrica no Brasil em março, projetando agora crescimento de 6,7% em base anual (84.691 MWmédios), 1 ponto percentual acima do esperado na semana anterior.
A alta na expectativa de carga ocorre após altas temperaturas no país em março, o que aumenta o consumo de eletricidade por aparelhos de ar condicionado.
Em boletim divulgado nesta sexta-feira, o órgão também fez ajustes para cima de suas estimativas de chuvas que devem chegar no mês às usinas hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste (67% da média histórica, ante 64% previstos há uma semana) e do Nordeste (61%, ante 58%), enquanto reduziu a previsão para o Norte (75%, ante 85%) e manteve para o Sul (em 142%).
O ONS também estimou que o nível de reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste chegará a 67,5% ao final de março, acima dos 66,8% previstos na semana anterior.
Fonte e Imagem: UOL.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 20 de março, a proposta que institui o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) para incentivar projetos de desenvolvimento sustentável com recursos de créditos de empresas perante a União. O texto, que prevê que cerca de R$ 3,5 trilhões - 35% do PIB brasileiro de 2022 - em créditos tributários da União e dos contribuintes podem ser utilizados na transição, segue para o Senado.
O texto aprovado é um substitutivo da relatora, deputada Marussa Boldrin (MDB-GO), ao projeto de lei 327/21, que previu a Política Nacional da Transição Energética (Ponte), e que aproveitou o conteúdo do PL 5174/23 (apensado), do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP).
Os deputados já tinham aprovado o texto-base na terça (19), mas ontem votaram os destaques ao projeto, entre eles, aprovaram a emenda do deputado Pedro Campos (PSB-PE), que permite às distribuidoras de energia usarem recursos separados para busca de eficiência energética na instalação de microgeração distribuída em associações comunitárias sem fins lucrativos.
>>> Câmara aprova PL do Combustível do Futuro e pode votar Paten na próxima semana.
Anualmente, as concessionárias devem reservar 1% de sua receita operacional para pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico e para programas de eficiência energética. Com a emenda, elas poderão esses recursos na instalação dos sistemas e a energia não utilizada poderá ser direcionada a beneficiários Tarifa Social.
Também foi aceita a emenda para incluir no texto as baterias de máquinas entre os produtos beneficiados pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis).
Nesse programa, a empresa beneficiária deve investir no país, anualmente, em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, o valor de 5%, no mínimo, de seu faturamento bruto no mercado interno. Em troca, poderá usar até 13,1% desse investimento como crédito financeiro para debater tributos federais devidos. Por outro lado, foram rejeitados os destaques para retirada dos projetos de gás
natural e de inclusão de combustível nuclear no Paten.
Outros destaques foram excluídos quanto à alocação no Fundo Verde de direitos creditórios obtidos perante a União em decisões judiciais transitadas em julgado, de retirada do texto da permissão para as pessoas jurídicas usarem créditos detidos junto à União como instrumento de financiamento, e de impedir a transferência de cotas de participação no Fundo Verde ainda não usadas como garantia pelo financiamento de seus projetos.
O que prevê o texto enviado ao Senado
As empresas que ingressarem no programa poderão fazer uma negociação de suas dívidas de tributos federais por meio da transação, sistemática criada para conceder descontos e parcelamento de créditos de difícil recuperação. A proposta considera como de desenvolvimento sustentável projetos de obras de infraestrutura, expansão ou implantação de parques de produção energética de matriz sustentável, pesquisa tecnológica ou de desenvolvimento de inovação tecnológica que proporcionem benefícios socioambientais ou mitiguem impactos ao meio ambiente.
Na área de tecnologia e produção de combustíveis renováveis, terão prioridade aqueles relacionados ao etanol, ao bioquerosene de aviação, ao biodiesel, ao biometano, ao hidrogênio de baixa emissão de carbono, à energia com captura e armazenamento de carbono, e à recuperação e valorização energética de resíduos sólidos.
Outra prioridade será a expansão da produção e transmissão de energia solar, eólica, de biomassa, de biogás, de gás natural, de centrais hidrelétricas até 50 MW e de outras fontes de energia renovável, inclusive em imóveis rurais.
Também serão alvo do programa a capacitação técnica, a pesquisa e o desenvolvimento de soluções relacionadas à energia renovável, a substituição de matrizes energéticas poluentes por fontes de energia renovável, e os projetos de energia a partir de resíduos.
Fundo verde
O texto cria o Fundo Verde, a ser administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o objetivo de garantir o risco dos financiamentos concedidos por instituições financeiras aos detentores de projetos aprovados no Paten. O fundo será composto por créditos com pedido aprovado pela Receita para reembolso e detidos por pessoas jurídicas de direito privado. Ainda será possível usar precatórios e direitos creditórios transitados em julgado contra a União.
O texto aprovado permite a estados, Distrito Federal e municípios aderir ao Paten por meio de convênio com a União, desde que autorizem em lei específica a integralização de créditos dos contribuintes referentes a ICMS ou de precatórios por eles expedidos.
A verificação prévia da validade e a homologação dos créditos serão feitas pelos entes federativos.
(Com informações da Agência Câmara Notícias).
Fonte e Imagem: MegaWhat.
A indicação do Tribunal de Contas da União (TCU) de que vai analisar indícios de venda ilegal de energia elétrica através do micro e minigeração distribuída (MMGD) para consumidores do mercado regulado causou “inquietude” entre atores do setor, dada “as potenciais implicações para a geração distribuída”, segundo Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD).
Segundo a entidade, representantes têm expressado a necessidade de um quadro regulatório mais previsível e consistente que possa facilitar o desenvolvimento sustentável do setor elétrico, sem comprometer a segurança e a eficiência energética.
O assunto foi tema central de uma reunião com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Arthur Cerqueira Valério, quando foram discutidas as instabilidades jurídicas do setor, entre elas as propostas legislativas em tramitação no Congresso Nacional.
“A reunião abordou uma série de temas importantes para a GD, refletindo o comprometimento da ABGD em promover um ambiente energético mais estável, justo e produtivo. Uma das preocupações centrais discutidas foi o recente movimento do Tribunal de Contas da União (TCU), que gerou inquietude entre os atores do setor devido às potenciais implicações para a GD. É importante abrir um diálogo no mercado, vamos conversar com a Aneel e com o TCU”, disse o presidente da ABGD em nota.
De acordo com Evangelistas, a conduta de algumas distribuidoras de energia, que estão postergando ou mesmo impedindo conexões de novas unidades de geração de forma tempestiva, também foi discutida durante a reunião.
Comunicado Absolar
A representação também movimentou a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar) que defendeu, em nota, que eventuais práticas de uma “minoria do mercado que desvirtuem” os princípios estabelecidos e consolidados da geração compartilhada devem ser fiscalizadas e corrigidas, dada a impossibilidade de serem justificadas.
A representação da MMGD
Com 35 páginas, a representação, elaborado pela auditoria especializada do TCU, aponta suspeita de que a comercialização ilegal de energia elétrica através da MMGD para o mercado regulado está sendo feita por diversas empresas, inclusive ligadas a distribuidoras de energia elétrica. Numa verificação ainda “incipiente”, a área argumenta que a venda para o mercado cativo é vedada, já que o mercado é atendido apenas por concessionárias de distribuição, o que é visto como uma falha na implementação da política pública estabelecida na Lei 14.300/2022, conhecida como marco legal da GD, visto que podem acarretar distorções nos subsídios concedidos e encarecimento indevido das tarifas, nos casos de geração compartilhada e de autoconsumo remoto.
“É desautorizada, pelos normativos vigentes, a venda de energia diretamente de geradores aos consumidores cativos, bem como a venda de créditos de energia gerada no contexto da MMGD. Com efeito, têm surgido arranjos empresariais, formalmente previstos da Lei 14.300/2022, que estão sendo utilizados indevidamente para burlar a proibição de comercialização de energia, fato que no médio prazo pode resultar no encarecimento das tarifas para os consumidores que não aderirem a essa modelagem”, diz trecho do processo.
O TCU cita ainda dados obtidos pelo subsidiômetro, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), onde consta que, em 2023, os subsídios da MMGD corresponderam a R$7,1 bilhões, e que, embora não seja possível diferenciar por modalidade de geração, ao se aplicar os 25%, ou seja, 6,5 MW da potência instalada correspondentes à geração compartilhada e autoconsumo, é possível estimar que os subsídios em questão foram de cerca de R$ 1,8 bilhão, sem fiscalização adequada quanto à concessão do benefício.
A Corte adiciona ainda que o orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para 2024 prevê um aumento de 140% para a parcela diretamente relacionada com a MMGD.
De acordo com a auditoria, companhias do setor podem estar realizando vendas dissimuladas de créditos de excedentes de energia e/ou podem estar usufruindo de remuneração em investimento realizado em usinas de MMGD por meio da apropriação de subsídios que deveriam ser direcionados diretamente ao consumidor. Na representação, a área elenca algumas companhias do setor, entre elas a Cemig, EDP, Equatorial e Energisa, que têm subsidiárias veiculadas ao setor, podendo indicar “conflito de interesses”.
Em despacho publicado na última semana, o ministro Antonio Anastasia, relator do processo, afirma que a situação encontrada indica uma distorção dos mecanismos criados para, na prática, “desvirtuar a finalidade de geração para consumo próprio e contornar a vedação de comercialização de créditos de energia ou da venda de energia, resultando no aumento de encargos para o restante dos consumidores e contribuindo com a denominada ‘espiral da morte’”.
Com essa justificativa, o magistrado estabeleceu um prazo de 15 dias para a Aneel manifestar-se sobre indícios de irregularidade e solicita elaboração de um plano de fiscalização para identificar e eventualmente sancionar os casos de descumprimento em até 60 dias.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Abraceel quer manual com informações para migração para o mercado livre e defende o fim de subsídios que não pode ser eternos.
O presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico, Mario Menel, se mostrou preocupado com os projetos de lei do parlamento brasileiro que abordam o setor. Em painel do Agenda Setorial 2024, realizado pelo CanalEnergia/Informa Markets nesta quarta-feira, 13 de março, Menel pediu limite entre o que é política pública e regulação. Segundo ele, não é possível projetos que interfiram no planejamento do setor, trazendo consequências à operação. “Não é possível que saia um PL que interfira no planejamento. Não é bom para a sociedade”, aponta.
No ano passado, aprovação do PL das eólicas offshore trouxe emendas com contratações de fontes obrigatórias. Esse ano, foi dado regime de urgência a um PL que renova as concessões na distribuição e que também possui os chamados ‘jabutis’. Menel questionou a falta de uma análise de impactos econômicos e regulatórios de modo a justificar os projetos apresentados pelos parlamentares. “Tem que ter alguma regra específica dentro desse processo”, observa.
Menel revelou ainda no painel que a Agenda do Fase foi apresentada ao governo ainda antes das eleições. Esse documento foi atualizado após o governo tomar posse. Dentre sete pontos considerados prioritários, a governança se destaca. O executivo pede definição de responsabilidades e especificidades, citando a da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, cuja mudança de governança está sendo alvo de críticas do setor. A avaliação é que a nova estrutura deixaria a CCEE passível de interferências governamentais.
“Temos dialogado para ver se amenizamos os efeitos que achamos que não são legais para uma casa que é privada, do mercado e que ganhou contornos de estatal”, explica. Encargos, com ênfase no encargo de energia de reserva também estão na lista, assim como a abertura de mercado e a transição energética.
Também presente ao painel, o presidente executivo da Associação Brasileira de Brasileira dos Comercializadores de Energia, Rodrigo Ferreira, pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica uma espécie de manual para a migração, uniformizando a informação do processo para os consumidores que irão migrar para o ambiente livre. De acordo com ele, hoje há informações desencontradas e pouca transparência, em desacordo com a regulação.
“A Aneel devia fazer um manual para o processo de migração, colocando em consulta pública. Com isso teremos uma padronização dessa informação para o Brasil inteiro. Todos os consumidores receberão a mesma informação”, explica.
O presidente da associação também pediu atenção na análise dos custos dos mercados cativo e livre. Segundo ele, preocupam discussões que alegam que o mercado livre teria energia mais barata que o cativo por não pagar encargos. “O consumidor livre paga todo os encargos”, aponta. Mais uma vez ele também se colocou contra os subsídios do setor. “Está na hora de acabar, não somos favoráveis a subsídios eternos”, avisa.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Investimentos no país somaram mais de US$ 25 bilhões, segundo dados do relatório Energy Transition Investment Trends 2024.
O Brasil foi o terceiro país no mundo que mais atraiu investimentos em energias renováveis em 2023, totalizando mais de US$ 25 bilhões, segundo dados do relatório Energy Transition Investment Trends 2024, publicado pela BloombergNEF (BNEF), atrás apenas de China e Estados Unidos.
Considerando todos os segmentos da transição energética e tecnologias de baixo carbono, o investimento no Brasil totalizou US$ 34,8 bilhões, aí ficando atrás de China, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França. O montante global aumentou 17% em 2023, atingindo US$ 1,77 trilhão, e a China liderou os aportes com US$ 676 bilhões investidos em 2023, ou 38% do total global.
Em evento em São Paulo, o CEO global da empresa, Jon Moore, explica que a energia solar ganha cada vez mais tração no fluxo dos recursos. Entretanto, em 2024, os transportes elétricos têm liderado os gastos na transição energética no mundo, com incremento de 36% em 2023, para US$ 634 bilhões.
“Apesar dos crescentes investimentos, eles ainda não são suficientes. Brasil, China, Indonésia, Índia, entre outros, são países que têm atraído recursos em transição energética”, afirma Moore.
Presença do BNDES
Considerando o cenário regional, os aportes no Brasil representam 82% do total de novos investimentos em energia limpa na América Latina em 2023. O BNDES foi o principal vetor de financiamento, apoiando os maiores projetos no mundo.
O chefe de pesquisa para a América Latina na BloombergNEF, James Ellis, acrescenta que o Brasil é, consistentemente, um dos maiores mercados do mundo para investimentos em transição energética e poderia também alavancar recursos em áreas emergentes, como o hidrogênio verde, captura e armazenamento de carbono e armazenamento de energia.
Os executivos destacam que os investimentos globais recentes estão ligados às metas de NET Zero firmadas pelos países e pacotes verdes com políticas implementadas para o setor. O mais notável destes projetos está acontecendo nos EUA, com o Inflation Reduction Act (IRA), que garante investimentos na agenda climática voltado a atrair recursos para o segmento de energia limpa. Europa e China também colocaram seus planos em prática.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Diretora de Infraestrutura e Mudança Climática diz que o banco está pronto para financiar projetos de energia renovável, de eficiência energética e captura e armazenamento de carbono.
Em evento promovido pela consultoria Clean Energy Latin América (Cela), a diretora de Infraestrutura e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, enfatizou a necessidade de o Brasil dobrar o volume de investimentos para se posicionar como líder global na transição energética.
Costa destacou que o Brasil possui vantagens competitivas que podem ser aproveitadas para liderar a transição energética global. A matriz energética brasileira é 47% renovável, com 88% da matriz elétrica proveniente de fontes limpas, como a hidrelétrica, eólicas e solares. Isso coloca o país em uma posição privilegiada em relação aos países da OCDE, que têm uma matriz energética mais dependente de combustíveis fósseis.
“No ano passado, o Brasil investiu um pouco mais de R$ 200 bilhões em infraestrutura, mas precisamos investir R$ 400 bilhões por ano, considerando tanto o setor público quanto o privado”, ressaltou.
Segundo a executiva, o BNDES tem um papel fundamental a desempenhar na transição energética do Brasil. O banco já financiou mais de 60 mil quilômetros de linhas de transmissão dos 181 mil quilômetros existentes no país. Costa destacou que o BNDES está pronto para financiar projetos de energia renovável, de eficiência energética e de captura e armazenamento de carbono.
“O BNDES aumentou mais de 25% o desembolso para as áreas de infraestrutura e energia. O banco aprovou nestes setores, mais de R$ 70 bilhões, mas isso mobilizou R$ 132 bilhões de investimento total porque o banco coinveste com o mercado”, disse Costa.
Além disso, a diretora do BNDES ressaltou a estabilidade geopolítica do Brasil, a capacidade de garantir a segurança alimentar do mundo e a abundância de minerais críticos para a transição energética, como lítio, cobalto e níquel.
“O Brasil é um país com grande potencial para se tornar um líder na produção de energia renovável, na exportação de crédito de carbono e na reindustrialização verde”, disse Costa. “Para isso, precisamos escalar o processo de transição energética, e o BNDES tem um papel fundamental a desempenhar nesse processo”, acrescenta.
Apesar das vantagens competitivas, o Brasil ainda enfrenta desafios para liderar a transição energética. O país é o quinto maior emissor global de gases de efeito estufa, principalmente por conta do desmatamento.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O PPR é um documento robusto, e sua eficácia será medida ao longo de 10 anos. O GT que elaborou o documento construiu importantes iniciativas e definiu indicadores a serem avaliados.
Durante os últimos anos, alguns eventos climáticos, denominados extremos, impactaram importantes porções do território brasileiro, afetando diversos ambientes, a sociedade e atividades econômicas como a geração de energia elétrica através dos reservatórios de água, como aconteceu nas secas verificadas especialmente nos anos de 2001 e 2021.
O racionamento de 2001 foi um período marcado pelo desabastecimento de energia elétrica no Brasil, tendo sido implantado um racionamento de energia em todo o país. Os motivos para o ocorrido estão atrelados às esferas ambiental, econômica e estrutural, em especial a escassez de chuvas, que impactou fortemente as vazões dos rios e os volumes dos reservatórios. Também a ausência de investimentos em produção e distribuição de energia foram frequentemente apontados como causadores do racionamento de 2001, que durou quase um ano e marcou profundamente a sociedade brasileira.
Os anos de 2014 e 2015 também foram marcados por baixas precipitações, caracterizando um período intenso de seca, que impactaram a disponibilidade hídrica em geral e os volumes dos reservatórios de geração de energia.
Também o ano de 2021 foi marcado no país por uma seca excepcional, a pior em dez anos, com perdas generalizadas de áreas agricultáveis e de pastagem, escassez de água nos reservatórios de geração de energia elétrica e usos múltiplos, córregos e poços. A situação foi considerada na época como de emergência, conforme avaliação da Agência Nacional de Águas- ANA.
A falta de chuvas naqueles anos, também acentuou um problema que tem assombrado os brasileiros: a redução da geração de eletricidade por hidrelétricas e o risco de crise energética.
A escassez hídrica vivenciada em 2021 no SIN indicou a necessidade de coordenação em nível que transcendeu o setor elétrico, o que motivou a instituição da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), por meio da Medida Provisória (MP) no 1.055, de 28 de junho de 2021, a partir da necessidade de grande articulação entre órgãos e entidades responsáveis pelas atividades dependentes dos recursos hídricos – entre as quais se destacam a gestão dos usos múltiplos da água, a geração de energia, o meio ambiente, a agricultura e os transportes. Essa articulação visou à adoção de medidas excepcionais para preservar a segurança e continuidade do fornecimento de energia elétrica, com a busca pela compatibilização entre as políticas energética, de recursos hídricos e ambiental.
Durante o período de vigência da Medida Provisória no 1.055/2021, findado em novembro de 2021, a CREG tomou importantes decisões, que foram fundamentais, juntamente com as ações conduzidas pelo CMSE, para o provimento da devida segurança e confiabilidade no fornecimento de energia elétrica no País e preservação dos usos da água em 2021 mesmo diante de cenário bastante adverso de escassez hídrica para o atendimento hidro energético. As medidas excepcionais indicadas pelo CMSE e pela CREG foram fundamentais para a garantia da segurança do atendimento ao SIN e permitiram expressivos ganhos de armazenamento.
Agora, em janeiro de 2024, em pleno período de chuvas, o Operador Nacional de Sistemas- ONS, através de seu monitoramento semanal, constata que os rios das principais bacias com geração de energia, estão com vazão abaixo da média histórica, conforme o indicador Energia Natural Afluente- ENA.
Quando o percentual está abaixo de 100% da chamada média de longo termo (MLT) nas previsões, significa que as vazões estarão abaixo da média histórica. E quando está acima de 100%, as afluências superarão a média, um sinal de que choverá mais do que o esperado para o período.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) vem acompanhando a questão e avalia que, não obstante as baixas vazões observadas em janeiro, poderá haver mais chuvas até o final do verão e que “a condição segue favorável para o atendimento energético nas demais regiões e deve permanecer ao longo de 2024.”
Em artigo intitulado “Crise climática muda mapa da produção de energia no Brasil publicado pelo jornal Folha de SP em 26/05/2023 a Coalizão Energia Limpa defende a revisão no planejamento do setor:
“Especialistas da área de clima e energia estão somando esforços para mobilizar os órgãos públicos a rever o planejamento da geração elétrica no Brasil considerando as projeções de estresses climáticos. Os cenários apontam secas mais prolongadas, com muito sol e ventos, no Norte e no Nordeste, e chuva farta no Sul. Seria como viver o fenômeno El Niño por momentos mais prolongados.
As projeções indicam que o aumento da temperatura no Brasil será superior à média global. O aumento tende a ser de pelo menos 4°C em média, o que vai comprometer um pilar da geração energética no país, as hidrelétricas. Os cenários constam no relatório Vulnerabilidade do setor elétrico brasileiro frente à crise climática global e propostas de adaptação”. O documento foi elaborado pelo Climatempo, em nome da Coalizão Energia Limpa.
Cerca de metade do abastecimento do Brasil é feito por hidrelétricas, que também garantem potência e estabilidade ao sistema, funcionando como suporte para evitar quedas de energia. Essas usinas já sofrem com variações da temperatura. A seca de 2014 a 2015 fragilizou boa parte dos rios. Em 2021, as bacias foram castigadas pela pior crise hídrica dos últimos 90 anos. Os registros mostram que eventos climáticos extremos estão aumentando, tanto na frequência quanto na magnitude”, diz um dos pesquisadores do relatório. Entre 2014 e 2015, após uma ampla pesquisa, fizemos o alerta sobre a dinâmica do clima, que não havia sido considerada no planejamento do setor elétrico nem pelo Ministério de Minas e Energia, afirmou o relatório”.
Por outro lado, conclui o documento: “O clima mais árido limita a construção de novas usinas sem reservatórios, as chamadas fio d’água”
A matriz elétrica brasileira é uma das mais renováveis do mundo, isso porque grande parte da energia elétrica gerada no Brasil vem de usinas hidrelétricas. A energia eólica, a solar e a de biomassa e também a de resíduos vem tendo participação crescente na matriz.
As energias renováveis têm uma participação significativa na matriz elétrica. Ao todo, são utilizados cerca de 83% de fontes renováveis para gerar energia elétrica no Brasil, comparado a 25% de utilização no mundo.
A fonte hídrica, que no começo do século representava 83% da capacidade instalada, deverá reduzir sua participação relativa para 46% num horizonte próximo, sendo que as novas ofertas de geração hídrica serão supridas por Pequenas Centrais Hidrelétricas.
Em 2011 a participação da fonte hidráulica na matriz elétrica nacional era de 81%, valor reduzido para 75% em 2012, 69% em 2013 sendo hoje de 62% de acordo com o Balanço Energético Nacional.
Esta diminuição na participação da matriz elétrica pode ser creditada ao fato de que o país não tem construído novas usinas hidrelétricas com capacidade de reservação, e ao aumento da oferta de outras fontes renováveis.
Não são apenas aspectos ligados às precipitações, vazões afluentes e volumes de reservatórios que afetam o tema da geração hidráulica.
Considerando que a quase totalidade dos reservatórios de grande porte são antigos, cabem atualizações importantes quanto ao seu volume útil atual, dimensões do espelho de água, assoreamento, dados atuais de desempenho, comparados com os constantes de sua “Placa de energia”, respostas energéticas de seus equipamentos.
Ao longo dos últimos anos muitas exigências e restrições operativas, em especial de caráter socioambiental vem sendo feitas, alterando os regimes operativos de cada ativo. Novas autorizações de consumo de água nos reservatórios, dadas pela ANA e órgãos congêneres, podem influenciar sua operação.
O Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico- FMASE afirmou na Nota Técnica FMASE 028/2023 emitida em 30 de maio de 2023 que:
“Ocorre que diante de tantas restrições de operação impostas aos reservatórios não só pelo ONS, como pelos gestores do sistema de recursos hídricos, é crescente a preocupação com a disponibilidade do recurso que apresenta um comportamento indeterminado. Tanto que muitos não consideram possível essa mudança no perfil operativo de hidrelétricas. Isso porque, não se pode contar com um recurso hídrico que talvez não esteja disponível para despacho”.
Os modelos de otimização para o planejamento da operação do setor elétrico, como o New Wave que tem como objetivo a determinação das políticas de operação ótimas para sistemas hidrotérmicos interligados que minimizem o custo de operação no período de planejamento, estão atualizados e vem dando as respostas adequadas para os órgãos operadores?
Diante da complexidade que o tema apresenta, o governo federal promoveu a Consulta Pública 150 do MME, de 18/04/2023, que objetivou receber contribuições para o Relatório de Estruturação de Ações e Construção de Indicadores Globais do Plano de Recuperação dos Reservatórios de Regularização de Usinas Hidrelétricas do País (PRR), que pretende avaliar e dar encaminhamentos em vários temas para a questão que envolve estes ativos, observado a necessidade de coordenar esforços que garantam a segurança hidroenergética e os usos múltiplos da água, de forma a gerenciar episódios de escassez hídrica, como os verificados recentemente.
A proposição do PRR decorreu principalmente do deplecionamento dos reservatórios de usinas hidrelétricas (UHEs) . Nas últimas duas décadas, destaca-se que o Brasil tem passado por sucessivas crises hidrológicas que afetam o nível dos reservatórios e consequentemente o custo da energia, pela necessidade de acionamento de usinas térmicas, cujo valor tarifário é muito superior ao das hidrelétricas.
Em 10 de agosto de 2022, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a Resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no 8, de 11 julho de 2022, que aprovou o Plano de Recuperação dos Reservatórios de Regularização de Usinas Hidrelétricas do País (PRR), cuja elaboração foi determinada pela Lei no 14.182, de 12 de julho de 2021.
O PRR foi desenvolvido por Grupo de Trabalho (GT) instituído pela Resolução CNPE no 2/2022 coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com participação do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Conforme proposta aprovada, o Plano foi estruturado em 31 ações, divididas em diferentes horizontes de implementação, do curto ao longo prazo, e em quatro grandes frentes de atuação: Aspectos Físicos dos Reservatórios (FA1); Dinâmica de Operação dos Reservatórios (FA2); Planejamento da Operação e da Expansão do SIN (FA3); e Modelagem Matemática (FA4).
A seguir, é apresentado o elenco das ações do PRR, conforme aprovadas no Plano, com descrição resumida e organizadas considerando seu horizonte de implementação. São apresentadas também, para cada ação, os respectivos órgãos responsáveis e participantes, bem como a frente de atuação do PRR a que se refere.
Ações de Curto Prazo (CP):
CP1. Revisão e avaliação da necessidade de recalibração dos parâmetros de aversão ao risco nos modelos matemáticos, de modo a buscar sinalizações mais aderentes à realidade operativa.
CP2. Aprimoramento da representação das restrições hidráulicas operativas individualizadas dos reservatórios nos modelos matemáticos de médio e longo prazos, de forma a permitir gestão mais realista dos recursos hídricos e conferir previsibilidade às ações de planejamento da operação e da expansão.
CP3. Reavaliação da dinâmica de operação dos reservatórios no horizonte do PRR, sob uma visão estrutural, considerando como referência a evolução da matriz elétrica indicada no PDE 2031 e observadas as condições de operação de reservatórios definidas pela ANA, em articulação com o ONS.
CP4. Aprimoramento e operacionalização de mecanismos de gerenciamento do consumo de energia elétrica.
CP5. Aprimoramento da metodologia da Curva de Referência – CRef (premissas para construção e operacionalização).
CP6. Ampliações e reforços dos sistemas de transmissão (interligações regionais).
CP7. Consideração da evolução do Custo Variável Unitário (CVU) no planejamento da operação e formação de preço, considerando aversão ao risco de volatilidade de preços.
CP8. Atualização permanente dos dados históricos e projeções de usos consuntivos da água, com atualização das séries de vazões naturais.
CP9. Aprimoramento da base de dados das restrições operativas hidráulicas para UHEs.
CP10. Avaliação e revisão das restrições hidráulicas operativas, tendo em vista a “nova” dinâmica de operação dos reservatórios (CP3).
Nesse contexto, deverão ser realizadas duas ações propostas:
10.1. A avaliação hidráulica das condições de operação de reservatórios e sistemas hídricos estabelecidas em Resoluções da ANA.
10.2. Definição dos níveis mínimos de defluências das UHE Jupiá e Porto Primavera.
CP11. Fortalecimento da governança da gestão integrada dos reservatórios do sistema elétrico, por meio do aprimoramento do ambiente de articulação entre as várias instituições.
CP12. Atualização dos dados referentes às curvas cota-área-volume e avaliação do assoreamento dos reservatórios.
CP13. Estruturação e modelagem de base de dados de indicadores e estatísticas socioambientais de riscos climáticos, mitigação e adaptação às mudanças climáticas no setor de energia.
CP14. Elaboração de estudo para identificação de potenciais reservatórios de regularização que possuam benefícios para a segurança hídrica e para o atendimento aos usos múltiplos da água, inclusive para o setor elétrico, e priorização de novos reservatórios para estudos de viabilidade técnica, econômica e socioambiental.
CP15. Elaboração de estudo de mapeamento de planos e programas, bem como a identificação de áreas prioritárias para revitalização e recuperação de bacias hidrográficas.
CP16. Mapeamento de procedimento de licenciamento ambiental e de processos adjacentes.
CP17. Elaboração de Roadmap que aborde iniciativas e estratégias que permitam o fortalecimento da resiliência do setor elétrico em resposta às mudanças climáticas.
CP18. Avaliação de critérios para flexibilização de limites de intercâmbio, em horizonte de curto prazo, afeto ao planejamento da operação, em ocasiões excepcionais de atendimento eletro energético do SIN, a serem apreciados pelo CMSE.
CP19. Monitoramento diferenciado da implantação de usinas hidrelétricas e de linhas de transmissão que aumentam os intercâmbios regionais e acompanhar o desempenho operacional dos intercâmbios regionais.
Ações de Médio Prazo (MP):
MP1. Aprimoramento da representação do SIN nos modelos matemáticos para realização dos estudos de planejamento da operação e da expansão.
MP2. Revisão do modelo de mercado de contratação da oferta de geração de energia elétrica. Por hora a ação MP2 fica cancelada, conforme solicitado pela Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento – SNTEP/MME, através do Despacho SNTEP 0735735, de 24 de março de 2023, com o seguinte texto de justificativa: “Ação cancelada em virtude de estar em tramitação na Câmara dos Deputados, em fase conclusiva, o Projeto de Lei no 414/2021, que aprimora o modelo regulatório e comercial do setor elétrico com vistas à expansão do mercado livre e em virtude da incompletude, até o momento, dos estudos conduzidos pela EPE que basearam a revisão do modelo atual de contratação a ser proposta pelo Ministério de Minas e Energia”.
MP3. Avaliação de estudos sobre as mudanças no regime de vazões.
MP4. Aprimoramento da metodologia de geração de cenários hidrológicos, considerando cenários climáticos (MP3), para incorporação nos modelos e estudos de planejamento do setor elétrico.
MP5. Identificação de oportunidades de melhorias nos processos de planejamento da expansão tendo em vista o monitoramento de indicadores e estatísticas socioambientais de riscos climáticos, mitigação e adaptação às mudanças climáticas (CP13).
MP6. Elaboração de estudos para viabilização de novos reservatórios de regularização.
MP7. Implementação de ações locais para melhorar a infiltração de água no solo e mitigação e redução de assoreamento de reservatórios, com investimentos na revitalização de bacias hidrográficas.
Ações de Longo Prazo (LP):
LP1. Promoção de discussão com a sociedade e com órgãos do sistema ambiental buscando seu entendimento (percepção de risco da sociedade) e avaliação da necessidade de rever a relação de risco/custo no planejamento, e consequentemente revisitar os limites estabelecidos nos critérios de garantia de suprimento.
LP2. Tratativas com os órgãos ambientais, de recursos hídricos, territoriais, FUNAI e outros envolvidos para a efetivação de melhorias no procedimento de licença ambiental identificadas no mapeamento (CP 16).
LP3. Promoção de discussão com a sociedade e com órgãos do sistema ambiental buscando seu entendimento sobre o papel das usinas hidrelétricas do País e a utilização de seus reservatórios.
LP4. Elaboração de diretrizes para o zoneamento do potencial de expansão da agricultura irrigada x uso da água para geração hidrelétrica.
Registra-se que foi estabelecida a diretriz para que houvesse indicadores globais relacionados a todas as quatro frentes de atuação do PRR, de maneira a representar, conforme possibilidade, a completude pretendida para o Plano.
• Indicador 1 (IND1): Média Móvel da Energia Armazenada;
• Indicador 2 (IND2): Equilíbrio de EAR entre as bacias do SIN com maior capacidade de armazenamento;
• Indicador 3 (IND3): Índice de Vulnerabilidade Socioambiental (IVSA);
• Indicador 4 (IND4): Aplicação dos recursos oriundos da Lei no 14.182/2021 nos programas de revitalização dos recursos hídricos – Execução Anual CPR;
• Indicador 5 (IND5): Ampliação da capacidade de transmissão de energia elétrica entre os subsistemas do SIN;
• Indicador 6 (IND6): Aprimoramento dos Modelos;
• Indicador 7 (IND7): Carga líquida de energia anual a ser atendida pelas usinas hidrelétricas.
Considerações finais
O PPR é um documento robusto, e sua eficácia será medida ao longo de 10 anos. O GT que elaborou o documento construiu importantes iniciativas e definiu indicadores a serem avaliados.
Como consideração final acompanho o disposto na Nota Técnica do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico- FMASE 028/2023 emitida em 30 de maio de 2023, que tratou do PPR e que pontuou “Necessidade de melhor governança para os momentos de crise. A crise demonstrou que as atuais sistemáticas de operação e planejamento do setor elétrico não são mais adequadas às novas características do setor. A situação não foi resultado somente da baixa hidrologia e dos reservatórios, mas também de políticas públicas equivocadas, como da má gestão de recursos hídricos.
A recente crise também ensinou, que apesar da redução na oferta de usinas hidrelétricas, o SIN ainda é extremamente dependente da geração hídrica e a sua ausência impacta diretamente as tarifas de energia. Pois, apesar de frequentes reajustes de valores, as bandeiras tarifárias não foram suficientes para cobrir integralmente o custo adicional acarretado pela crise, tanto que em agosto de 2021, o déficit já alcançava R$ 8 bilhões.
Superada a crise hídrica, é hora de rever e modernizar os modelos de operação e planejamento do SEB, bem como melhorar o diálogo, a comunicação e interação entre o sistema de gestão dos recursos hídricos e o setor elétrico.
Para garantir a segurança hídrica e energética, são necessárias ações conjuntas, que compreendam medidas estruturantes e estruturais, envolvendo os agentes do SEB, gestão de recursos hídricos, órgãos ambientais e demais representantes dos usuários de recursos hídricos.
Ainda mais em se considerando o momento de transição energética, onde muito se tem falado da importância da geração hidrelétrica, não só para permitir a expansão de outras fontes limpas, como eólica e solar, mas também como armazenamento de energia, assumindo duplo papel de Bateria e Capacitor do SIN.
Essa avaliação de que a fonte hídrica pode ser a fornecedora de lastro no SIN deve-se ao fato de que nenhuma das outras fontes de geração possui a capacidade de atendimento rápido ao Sistema, tendo condições céleres de se ajustar à curva de carga. Por sua natureza despachável, as hidrelétricas fornecem flexibilidade e segurança ao Sistema, prestando um serviço de confiabilidade invisível e não remunerado pelos modelos comerciais atuais”.
Por fim, pontuo a necessidade da construção de novas usinas hidrelétricas com reservatório com uma necessidade para o Brasil.
Enio Fonseca é Conselheiro do FMASE.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Dos 23 contratos de longo prazo celebrados no último ano, 20 foram alocados no modelo de autoprodução de energia no mercado livre, aponta levantamento da Clean Energy Latin America.
Um levantamento feito pela Clean Energy Latin America (Cela), consultoria especializada no setor de energia renovável, mostrou que o volume de contratos de longo prazo de energia renovável (Power Purchase Agreement- PPAs, na tradução para o inglês) nos segmentos de energia solar e eólica no chamado mercado livre de energia em 2023 foi impulsionado pelos projetos de autoprodução no Brasil.
Neste arranjo, o consumidor passa a deter uma participação acionária em uma usina e recebe outorga para produzir energia elétrica destinada a seu uso exclusivo. Além dos benefícios ambientais, as vantagens econômicas no setor de autoprodução incluem isenções de encargos setoriais de responsabilidade do consumidor e desconto no uso da rede.
Ao Valor, a CEO da Cela, Camila Ramos, conta que dos 23 contratos de longo prazo celebrados no último ano, 20 foram alocados no modelo de autoprodução de energia no mercado livre, segmento em que o consumidor de energia elétrica pode escolher o seu fornecedor e estabelecer contratos por fonte, prazo ou preço.
“São contratos-âncora que viabilizam os projetos, possibilitam a economia na conta deste consumidor de energia por estarem no mercado livre e serem de energia renovável, fontes mais competitivas, e por serem por serem contratos de autoprodução, que têm
benefícios”, diz a executiva.
Ramos explica que os contratos celebrados em 2023 entre consumidores e geradores de energia renovável que comercializam no mercado livre, equivalem a 969 megawatts médios (MWmédios) contratados, um aumento de 63% em relação ao ano anterior, quando foram registrados um patamar de 594 MWmédios. Este aumento é especialmente devido a entrada no estudo de três geradores importantes com dados de PPAs assinados em 2023, que não participaram da pesquisa em anos anteriores.
No último ano, o volume financiado por instituições financeiras dos PPAs assinados foi de R$ 5,4 bilhões, de acordo com o relatório da Cela. Já a quantidade de contratos teve uma leve queda, de 27 acordos em 2022 para 23 no exercício seguinte.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ideia é defender conta de luz de aumentos provocados por medidas políticas, especialmente ‘pautas bomba’ do Congresso.
Entidades com ampla representação dos consumidores de energia elétrica voltaram a cobrar do Ministério de Minas e Energia avanços na agenda de reforma do setor elétrico e ação política para conter “pautas bombas” discutidas no Congresso Nacional que, em caso de aprovação, vão impor novo custo bilionário às contas de luz.
Capitaneada pelo presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata, a coalizão que reúne mais de quinze entidades vinculadas aos consumidores preparou documento com dez medidas prioritárias para corrigir decisões tomadas por governos anteriores, medidas populistas ou de interesse de grupos econômicos específicos defendidas no Legislativo e tirar do papel a atualização do conjunto de normas e lei do setor elétrico consideradas ultrapassadas. Com passagens pelos comandos de órgãos que cuidam do setor (como MME, ONS e CCEE), Barata é um dos especialistas que alertam o governo sobre o risco do setor entrar em colapso.
“O modelo se esgotou há sete anos. Então, se a gente tivesse feito lá atrás uma revisão ampla do modelo, talvez não tivéssemos passando pelas trapalhadas que estamos passando hoje. Mas, não. A gente deixa tudo acontecer para depois tentar resolver”, disse o presidente da Frente.
A apreensão em torno de um dos assuntos que preocupa o setor, a renovação dos contratos das distribuidoras de energia, levou os representantes da Frente a protocolar uma carta endereçada ao ministro Alexandre Silveira. O documento chama a atenção para o risco de deputados federais se rebelarem contra o rito de renovação das concessões. Pela lei atual, o processo deve ser conduzido pelo Poder Executivo.
A ameaça gira em torno da possibilidade do Projeto de Lei 4831/23 conferir ao Congresso o poder de decidir sobre a prorrogação do contrato de 19 distribuidoras. O atual processo de renovação de concessões de distribuição de energia elétrica, a partir de 2025, impacta 60% do mercado de distribuição.
O Ministério de Minas e Energia abriu consulta pública para discutir o tema no ano passado. O governo já recebeu aval do Tribunal de Contas da União (TCU) para estabelecer as diretrizes, por meio de decreto, e submeter individualmente a renovação dos contratos à aprovação do órgão.
O ministério foi questionado sobre as preocupações das entidades que representam os consumidores, mas o órgão não respondeu até o fechamento desta edição.
Ao Valor, Barata informou ainda que vai se reunir esta semana com secretário-executivo do MME, Arthur Cerqueira Valerio, para entregar o documento com os dez temas prioritários do setor elétrico, que envolvem ações no âmbito legislativo e regulatório, e que demandam forte articulação do governo. O trabalho contou ainda com a colaboração de Renata Albuquerque, coordenadora do programa de energia do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Ela aprofundou a análise sobre o impacto da tarifa elevada sobre as famílias mais pobres.
“Uma conta de luz mais cara aumenta os níveis de pobreza energética e também pode consumir uma parcela significativa do orçamento dos brasileiros. Isso pode comprometer outras áreas da vida que também são essenciais”, disse Albuquerque.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Projetos voltam ao foco de parlamentares; quatro ministérios de Lula aguardam aprovação para definição de planos.
Após não conseguir aprovar o pacote de propostas relativas à transição energética no final de 2023, o Congresso Nacional volta a se debruçar sobre o tema no primeiro semestre deste ano.
Na visão de membros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de representantes do setor de energia e de parlamentares, são cinco os projetos de grande importância: o do mercado de crédito de carbono, do hidrogênio verde, dos biocombustíveis, da energia eólica offshore e do Paten (Programa de Aceleração da Transição Energética).
Atualmente, o Ministério da Fazenda, de Fernando Haddad, atua em parceria com pastas como Meio Ambiente (Marina Silva), Indústria (Geraldo Alckmin) e Minas e Energia (Alexandre Silveira) para construir planos voltados à descarbonização e à transição energética.
E a aprovação desses projetos no Legislativo é vista como fundamental para a aplicação de tais diretrizes, que ainda estão em elaboração pelo Executivo.
No final de 2023, a maior parte dessas propostas chegou a entrar na mira da Câmara dos Deputados.
O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), queria que elas fossem aprovadas antes da COP28, a conferência anual sobre clima da ONU (Organização das Nações Unidas), à qual ele pretendia comparecer.
Lira de fato viajou a Dubai, nos Emirados Árabes, para o evento, mas não levou na bagagem todo o pacote.
Deputados não conseguiram entrar em acordo sobre a redação de todos os projetos.
O projeto que regulamenta o funcionamento de usinas eólicas offshore na costa brasileira começou no Senado Federal ainda em 2022, sob relatoria de Carlos Portinho (PL-RJ).
Na Câmara, ele foi aprovado logo antes da COP de Dubai. No entanto, o texto foi desfigurado com os chamados "jabutis", que criaram incentivos de R$ 39 bilhões, e para tecnologias altamente poluentes, como as usinas de gás e carvão.
Agora ele volta a ser apreciado pelo Senado. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda precisa definir quem será o relator.
Por convenção, o posto deveria ser de quem o ocupou na primeira passagem, portanto, Portinho. Mas tanto a discussão sobre a manutenção ou não dos "jabutis" como negociações envolvendo o governo Lula e o Congresso retardam a escolha e podem resultar em novo nome na relatoria.
Caso mantidos os "jabutis", eles podem elevar o preço da conta de luz em 11%.
Já o projeto do crédito de carbono foi aprovado pelo Senado em 2023, mas com uma exceção criada para que o agronegócio não faça parte do mercado regulado —o que também exime o setor de cumprir com as obrigações de redução de emissão de gases prevista para este mercado.
Na Câmara, ele foi aprovado apenas no final do ano, já após a COP28, e sofreu diversas alterações que deixaram a proposta menos consensual.
De volta ao Senado, ele também aguarda definição de quem será o relator, que precisará negociar a redação com o agro e o governo federal.
Os deputados usaram uma manobra regimental para ampliar seu controle sobre a sua redação final. O texto enviado pelos senadores foi incorporado a outro projeto que já estava lá em tramitação.
Assim, a Câmara se tornou a Casa iniciadora da proposta e, portanto, se a proposta sofrer alterações no Senado, precisará novamente passar pelos deputados.
O projeto do Paten, visto como um potencial motor da transição energética, cria mecanismos de financiamento por meio de créditos a receber junto à União —esses montantes podem ser utilizados como garantias para empréstimos em projetos sustentáveis.
A proposta também não foi votada em 2023. Dentre as divergências que faltam ser resolvidas estão a possibilidade do uso dos precatórios como garantia e a restrição de que iniciativas relacionadas ao etanol fiquem limitadas ao tipo de segunda geração.
O etanol de segunda geração é uma forma de produção do combustível que causa menor impacto ambiental, mas também é menos difundida no mercado.
O projeto dos biocombustíveis cria programas de incentivo para o biodiesel, o biometano e o SAF (combustível de aviação de menor impacto ambiental).
Atualmente na Câmara, sob relatoria de Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), o texto se encontra em meio a disputas entre a bancada ruralista, o setor de petróleo e o governo federal.
O principal entrave diz respeito ao dispositivo que prevê uma mistura obrigatória de 15% de biodiesel no diesel comercializado no Brasil, e o crescimento anual de 1% nesta taxa. Tal medida é defendida pelo agronegócio.
Críticos, no entanto, pedem que o percentual não fique cravado na lei. Para essa ala, o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) deveria ter mais poder de definição sobre o percentual para evitar que o preço final fique suscetível às imprevisibilidades das safras de cana e soja, por exemplo.
O hidrogênio verde é visto por ambientalistas como o combustível de maior potencial para revolucionar a transição energética, mas a tecnologia ainda é pouco difundida no mundo.
Há dois projetos em tramitação no Congresso, um que começou no Senado e agora está a Câmara e outro que fez o caminho inverso.
A principal diferença entre os dois é que o primeiro prevê mais mecanismos de incentivo ao setor —mas há também mais resistência de parlamentares.
Ambos os textos criam as definições legais sobre o que pode ser considerado hidrogênio verde (basicamente, o hidrogênio produzido por fontes não poluentes) e diretrizes gerais para a produção e comercialização dele no país.
Outras propostas importantes em tramitação incluem o Mover (Programa Mobilidade Verde e Inovação), que visa a descarbonização dos meios de transporte brasileiro, e o projeto que regulamenta os bioinsumos —por exemplo, fertilizantes produzidos com menor impacto ambiental.
Atualmente, segundo levantamento da Frente Parlamentar de Energia, há mais de mil projetos em tramitação sobre a transição verde no Congresso.
"A temática da transição energética terá impacto em todos os setores da economia. Além disso, esses mesmos setores estão cada vez mais investindo na energia limpa. O relatório mais recente da Agência Internacional de Energia mostra, inclusive, que o investimento global na transição energética aumentou 17% e alcançou a marca de US$ 1,8 trilhão em 2023", afirma Tiago Santana, sócio do Perman Advogados.
Trata-se de um recorde histórico. Esse investimento também é puxado pelo próprio setor de combustíveis fósseis, já que essa indústria, atualmente, tem grande investimento na transição energética, sendo ela vital para para esse desenvolvimento", diz.
PRINCIPAIS PROJETOS SOBRE TRANSIÇÃO ENERGÉTICA NO CONGRESSO
Crédito de Carbono (PL 2.148/2015)
O que é: Regulamenta o mercado de carbono brasileiro, os parâmetros máximos de emissões de gases de efeito estufa e as diretrizes gerais para compensação desta poluição
Subsídio: Não Relator: Aguardando definição
Tramitação: Começou no Senado, passou (e foi alterado) na Câmara, voltou à primeira Casa e deve ter que passar, mais uma vez, pela Câmara
Entraves: Texto foi bastante alterado com relação ao que havia sido aprovado inicialmente pelos senadores. Ainda não há consenso entre governo e Congresso, nem sobre a inclusão do agro no mercado regulado. Uma alteração no regimento interno da Câmara transformou a Casa em propositora do texto, portanto, mesmo aprovado uma segunda vez pelo Senado, o projeto deve precisar voltar aos deputados.
Eólica offshore (PL 11.247/18)
O que é: Regulamenta a exploração de energia eólica em alto-mar na costa brasileira Subsídio: Sim
Relator: Aguardando definição
Tramitação: Aprovado no Senado, recebeu uma série de jabutis na Câmara e agora aguarda para ser novamente apreciado pelos senadores.
Entraves: Trecho que regulamenta a atividade é praticamente consensual. O impasse é se jabutis que beneficiam as indústrias de gás e carvão serão mantidos no texto ou não.
Programa de Aceleração da Transição Energética, o Paten (PL 327/2021)
O que é: Cria o Fundo Verde e outros mecanismos de financiamento de programas voltados à transição energética baseado em créditos a receber da União
Subsídio: Não
Relator: Marussa Boldrin (MDB-GO)
Tramitação: Projeto está na pauta do plenário da Câmara, aguardando para ser votado
Entraves: Ainda não há um texto final e consensual sobre o programa. As principais discussões são sobre uso dos precatórios para financiamento, a restrição dos programas ao etanol de segunda geração (menos poluente que o etanol comum) e o acréscimo dos carros elétricos explicitamente citados como um dos focos do fundo
Biocombustíveis (PL 528/2020)
O que é: Cria programas e incentivos para a produção de biodiesel, de biometano e do SAF (combustível menos poluente para aviação)
Subsídio: Não
Relator: Arnaldo Jardim (Cidadania-SP)
Tramitação: Está no plenário da Câmara. Se aprovado, ainda vai ao Senado
Entraves: O maior entrave é no percentual de biodiesel a ser misturado no diesel comum. O projeto prevê um escalonamento de 1% anual, a partir de 15%, proposta apoiada pelo agro. Governo e setor petroleiro defendem que o percentual não seja totalmente definido em lei
Hidrogênio Verde (PLs 2.308/2023 e 5.751/2023)
O que é: Ambos os textos regulamentam e tipificam o que é o hidrogênio verde (hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis) e como deve funcionar a sua produção e comercialização.
Subsídio: Não
Relatores: Otto Alencar (PSD-BA) e aguardando definição
Tramitação: O primeiro já foi aprovado na Câmara dos Deputados e aguarda no Senado, enquanto o segundo faz o caminho inverso.
Entraves: O principal obstáculo é a construção de um texto de convergência, único. Um dos principais entraves é que o texto que começou no Senado tinha mais incentivos e incluía subsídios ao setor, enquanto o que começou na Câmara dos Deputados.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Ministério de Minas e Energia abriu consulta pública para contratar potência de usinas novas e existentes visando a garantir o fornecimento de energia elétrica.
O Ministério de Minas e Energia publicou portaria nesta 6ª feira (8.mar.2024) autorizando a abertura de consulta pública sobre um leilão de reserva de energia. A disputa será no dia 30 de agosto e será destinada à contratação de potência elétrica de usinas de geração novas e existentes com o objetivo de garantir o fornecimento de energia elétrica no país. Eis a íntegra da portaria 774 de 2024 (PDF – 252 kB).
O governo estabeleceu que o leilão, além de contratar potência de usinas termelétricas como é habitual, também terá a participação de hidrelétricas. Empreendimentos hídricos terão contratação assegurada em uma das modalidades da disputa, atendendo a um pleito desses geradores, que ficaram de fora do leilão de 2021. Neste ano, há um temor de agentes do setor quanto aos níveis dos reservatórios das hidrelétricas no período seco.
De acordo com a portaria, o leilão negociará potência de 3 tipos de empreendimentos:
Térmicas para 2027 – contratação de potência de usinas termelétricas, com entrega a partir de 1º de julho de 2027 e contratos de 7 anos. Podem participar empreendimentos novos e existentes, sem inflexibilidade;
Térmicas para 2028 – contratação de potência de usinas termelétricas, com entrega a partir de 1º de janeiro 2028 e contratos de suprimento de 15 anos. Podem participar empreendimentos novos e existentes, sem inflexibilidade;
Hidrelétricas para 2028 – contratação de potência de usinas hidrelétricas, com entrega a partir de 1º de janeiro 2028 e contratos de suprimento de 15 anos. Podem participar empreendimentos para ampliação de capacidade instalada de usinas existentes, despachadas centralizadamente, e que não foram prorrogadas ou licitadas depois de 2013.
O leilão poderá viabilizar novas usinas térmicas ou ampliar as existentes, além de permitir aumento de capacidade de empreendimentos hídricos com novas máquinas. Vencerá a disputa os empreendimentos que ofertarem menor custo variável.
A contratação de potência elétrica reservada é uma medida necessária para garantir que o sistema elétrico nacional tenha capacidade de suprir o país em um momento de crescente inserção de fontes intermitentes na matriz elétrica, como as usinas eólicas e solares, que têm produção altamente variável conforme o tempo e não podem ser despachadas pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Quando a geração dessas fontes renováveis cai, como durante a noite no caso das usinas solares, o ONS precisa acionar as usinas termelétricas ou hidrelétricas flexíveis para atender o sistema e garantir que não haja falta de abastecimento.
montante de potência que o governo pretende contratar por categoria ou no leilão não foi divulgado. As regras foram elaboradas com base em estudos da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e do ONS. O edital final e as minutas dos contratos deverão ser elaborados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que promoverá o leilão.
A portaria sobre o leilão é assinada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e foi publicada no DOU (Diário Oficial da União). Os documentos sobre a concorrência e o formulário para envio das contribuições na consulta pública estão disponíveis no site no MME até 28 de março.
De acordo com as regras estabelecidas, as empresas proprietárias dos empreendimentos contratados terão uma receita fixa anual garantida pela disponibilidade da potência, que será paga em 12 parcelas mensais e poderá ser reduzida conforme o desempenho da operação nos meses anteriores.
Pelas regras, a Aneel poderá aplicar penalidades na forma de redução da receita em caso de:
não entrega da potência requerida por empreendimento termelétrico, que implicará na redução mínima de 5% da parcela mensal;
indisponibilidade de unidade geradora hidrelétrica, que resultará em redução mínima de 5% da parcela mensal.
No caso de térmicas a gás natural, é preciso que empreendimentos comprovem a viabilidade do fornecimento do insumo ao empreendimento, que deve ser protocolado na ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
A portaria alerta aos empreendimentos sobre o “risco relativo à incerteza de despacho do seu empreendimento pelo ONS, inclusive no que se refere à quantidade de partidas e paradas, bem como ao tempo de operação e à quantidade de energia produzida”.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Pesquisa da consultoria Capgemini aponta que 7 em 10 organizações concordam que os modelos sustentáveis de negócios orientados digitalmente se tornarão fundamentais para o crescimento das receitas em até cinco anos.
acesso à internet, de um lado, e a obrigação das empresas se tornarem mais sustentáveis devido à crise climática, de outro. A preparação para esse cenário foi tema de uma pesquisa global da consultoria Capgemini, que explorou a necessidade de uma transição “ecodigital”, na qual as duas mudanças sejam interligadas para terem sucesso.
A maioria das organizações (77%) concorda com a afirmação de que estamos vivenciando uma transição dupla para um ambiente digital mais sustentável. A tecnologia poderá facilitar a busca por novas soluções, em meio a uma demanda crescente da sociedade por responsabilidade ambiental para evitar o agravamento da crise climática.
Segundo o relatório da Capgemini, 7 em 10 organizações concordam que os modelos de negócios orientados digitalmente se tornarão um contribuidor chave para o crescimento das receitas nos próximos três a cinco anos, e 60% esperam que esses modelos digitais gerem mais receita do que seus modelos de negócios tradicionais.
Além disso, 60% das organizações expressam confiança no potencial da tecnologia para acelerar a realização de metas de sustentabilidade, levando a um aumento do investimento em soluções digitais pelo seu impacto na sustentabilidade.
Para Emanuel Queiroz, vice-presidente de desenvolvimento sustentável da Capgemini Brasil, deixar de participar dessa transição não será uma escolha viável. “Existe uma questão de obrigatoriedade. Há uma grande oportunidade de um mercado que se mostra muito rentável não só para a questão digital”, diz.
Nesse contexto, novos modelos de negócios são necessários. Entre os exemplos, então a Airbus, fabricante de aviões, que utiliza a inteligência artificial para redesenhar a esteira de produção e criar aeronaves que passem a contar com peças mais leves e precisem de menos combustível, gerando menos emissões. Outros modelos são os gerados a partir da economia circular, que visa
produzir bens já pensando em reutilizá-los ou reciclá-los após o término da vida útil.
“É importante o equilíbrio entre os dois pontos, se não a digitalização passa a ser mais um vilão na questão das emissões. Não existe uma transição digital sem pensar no impacto à sociedade, e não existe uma transição ambiental sem pensar no uso da tecnologia”, resume o executivo da Capgemini.
A pesquisa foi feita com 1.500 executivos seniores de organizações globais com receita anual acima de US$ 1 bilhão e startups com capitalização de mercado superior a US$ 1 bilhão. Os países pesquisados foram: Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Japão, Países Baixos, Cingapura, Índia, Canadá, Espanha, Itália, Austrália, Noruega e Suécia. Também foram feitas pesquisas qualitativas.
O Brasil e a América Latina ficaram de fora do estudo porque o foco está nos países mais desenvolvidos, com mais recursos para tomar ações. Mas, conforme Queiroz, o cenário brasileiro não é muito diferente, já que está intimamente ligado ao global por meio do comércio exterior.
“As regras cruzam fronteiras por meio das legislações. Empresas de fora da União Europeia não podem importar de países que não sigam regulamentações de desmatamento, saúde e segurança, por exemplo”, afirma. Uma vantagem das empresas brasileiras é a matriz energética do País, primariamente limpa por ser gerada em hidrelétricas.
No entanto, também é preciso ficar atento, já que a transição digital pode acelerar tanto a regeneração do meio ambiente quanto a destruição, por meio da demanda maior por energia e por minerais como cobalto e lítio, cuja mineração não é simples, além do descarte de objetos antigos.
Efeitos
O estudo da Capgemini estima que a economia, impulsionada pelo digital e pela sustentabilidade, deverá duplicar até 2028, o que demonstra que o potencial inexplorado do ambiente ecodigital é vasto. “(A transformação) vai acelerar o desenvolvimento da economia, atrelar o pilar econômico do desenvolvimento ao social e ao ambiental”, projeta Queiroz.
Um ponto passível de atenção é garantir que os benefícios não fiquem restritos a poucas pessoas, normalmente moradores de grandes centros comerciais e urbanos. Para isso, o fornecimento de energia elétrica para todos, até os menores rincões, é necessário (desde que gerada a partir de fontes renováveis, como solar, eólica e hidrelétrica).
A energia será necessária para garantir a coleta de dados digitais que orientem ações e mais acertadas, nos negócios e para o meio ambiente, com o uso da inteligência artificial. “Ela permitirá um processo produtivo mais eficiente, produtos que emitem menos, e a energia acaba sendo mais barata”, diz o vice-presidente da Capgemini Brasil. O relatório estima que a redução das emissões globais de gases de efeito estufa através do uso de tecnologias digitais até 2028 superará o aumento esperado das emissões atribuídas ao digital.
Alguns setores da indústria que encontram maior dificuldade para ter acesso à informação, em locais com pouca conexão, podem sofrer na transição ecodigital. Os principais exemplos são grandes segmentos na indústria de extração, de base, que podem ficar sem acesso aos dados.
Força de trabalho
A adaptação da força de trabalho também precisará de atenção, garantindo ao mesmo tempo que os trabalhadores estejam prontos para fazer parte da transição e que a diversidade esteja presente nas empresas, em todos os níveis. Segundo o estudo, quase 40% da força de trabalho total deverá ser dedicada a iniciativas digitais nos próximos 3 a 5 anos, e 64% das organizações já estão investindo na requalificação das suas forças de trabalho existentes, o que aponta para uma necessidade de estruturas flexíveis que permitam uma evolução rápida.
“Educação e criação de cultura são temas mandatórios. Na questão da tecnologia, as pessoas precisam ter acesso aos dados para terem uma visão abrangente deles e saibam que tipo de informações eles podem gerar para tomar decisões”, menciona Queiroz.
A jornada em busca da dupla transformação se tornará cada vez mais necessária. “É uma questão de sobrevivência, participar da transformação ou ficar de fora”, reforça Queiroz. A escolha será fazer parte da transição ecodigital ou não se relacionar com grandes empresas ou grandes economias de outros países. Por isso, fazer parcerias com outras companhias e organizações e formar “ecossistemas” é outra atitude interessante.
O relatório faz cinco recomendações para as empresas aproveitarem as oportunidades. Confira:
Identificar eficiências em toda a empresa para impulsionar a redução de custos.
Focar em obter uma combinação bem equilibrada de recursos de curto e médio prazo, apoiados por objetivos de negócios claros.
Reinvestir o total economizado em transformação digital, a fim de maximizar os benefícios.
Incorporar sustentabilidade e métricas de desempenho acessíveis no ciclo de vida de produtos e serviços.
Explorar o ecossistema da indústria e dos fornecedores para acelerar melhorias.
Fonte e Imagem: Estadão.
Ministro de Minas e Energia ressaltou a importância de ter uma rede com “segurança energética”.
O Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia ultrapassou nesta quinta-feira a marca de 200 gigawatts (GW) de capacidade instalada, após o início das operações da usina fotovoltaica Boa Sorte I, em Paracatu (MG).
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), celebrou o marco e destacou a importância de produzir energia com fontes limpas e renováveis.
— Essa é uma marca importante para o sistema elétrico e para o país. Nossa missão, à frente do Ministério de Minas e Energia, é equilibrar segurança energética com a modicidade tarifária, beneficiando brasileiras e brasileiros. Com as fontes limpas e renováveis, estamos trazendo uma geração de energia de qualidade e sendo protagonistas na transição energética mundial — afirmou o ministro.
Introduzida no SNI, a usina de energia solar instalada em Paracatu tem capacidade de gerar 814 Gwh, segundo a empresa Atlas, responsável pela unidade de geração de energia. Segundo dados da Agência Nacional de Energia (Aneel), 84,25% da produção de energia do SNI vem a partir e fontes de energia renováveis, com 55% provenientes de usinas hidrelétricas.
A matriz energética brasileira conta com quatro principais fontes renováveis de geração de energia. São elas:
1. Hídrica (55%)
2. Eólica (14,8%)
3. Biomassa (8,4%)
4. Fotovoltaica ou solar (6,28%)
Já entre as fontes não renováveis, as usinas de gás natural são a maioria (9%), seguidos pelo petróleo (4%) e carvão mineral (1,75%).
Segundo o Ministério da Energia, mais de 625 mil sistemas de geração de energia solar foram instalados no Brasil em 2023. Além disso, também houve acréscimo de 837 mil unidades consumidoras que passaram a utilizar os excedentes e os créditos da energia gerada nos sistemas instalados.
Fonte e Imagem: O Globo.
O foco na preservação dos reservatórios do SE/CO não impediu que as hidrelétricas venham cobrindo o espaço deixado pelas oscilações dos ventos.
Mesmo representando atualmente apenas 50,01% da capacidade instalada do SIN, segundo os últimos dados do ONS, a geração hidrelétrica segue como principal garantidora do consumo do país, graças a suas características de flexibilidade e armazenamento.
Na quinta-feira passada, 29 de fevereiro, quando a carga bateu o recorde deste ano até agora, com 90.221 MWmed, as hídricas responderam por 81,04 da energia demandada, com 73.118 MWmed, sendo 67.310 das usinas 100% nacionais e 5.803 de Itaipu.
No dia 1o de março, embora a carga tenha arrefecido ligeiramente, para 89.514 MWmed, a contribuição das hídricas foi ainda maior, chegando a 81,84%, equivalentes a 73.263 MWmed. Desde meados de fevereiro, quando a safra de ventos firmas deste verão aparentemente terminou, as hídricas têm sido acionadas para cobrir as oscilações eólicas.
No dia 20 de fevereiro a participação percentual das hidrelétricas na geração total (82.948 MWmed) bateu o recorde do período recente, com 83,08%. Naquele dia, as usinas eólicas geraram apenas 2.217 MWmed, ou 2,67% da geração total.
A redução drástica da safra de ventos, com algumas lufadas em dias subsequentes, começou a partir de 14 de fevereiro, quando sua participação na geração total caiu de 16,09% no dia anterior para 7,97%. A partir de então, somente nos períodos dessas lufadas de ventos, como entre 24 e 27 de fevereiro, a geração hídrica ficou abaixo de 74,5% da carga em dias úteis.
A melhora da hidrologia nas áreas das grandes hidrelétricas a fio d’água da Amazônia, especialmente em Belo Monte, foi decisiva para permitir que as hidrelétricas dessem este suporte ao SIN em um momento de preocupação em preservar os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO), carentes de afluência no atual período úmido.
No dia 1o de fevereiro, Belo Monte, Jirau e Santo Antônio geraram juntas 8.041,14 MWmed, sendo apenas 2.251,70 da maior usina 100% brasileira. Em 1o de março elas produziram 13.060,49 MWmed, sendo 6.872,51 de Belo Monte.
Solar ultrapassa eólica
Como consequência dos ventos desfavoráveis e da expansão contínua da capacidade de geração solar fotovoltaica centralizada, a partir do dia 14 de fevereiro a relação entre as duas fontes renováveis não despacháveis se inverteu de forma consistente pela primeira vez na história, com a eólica perdendo para a solar a primazia de segunda fonte com maior contribuição para a carga.
Naquele dia 14, a solar, com 8.248 MWmed gerados, respondeu por 9,79% da geração total, enquanto a eólica, com 6.731, cobriu 7,97% da demanda. A partir daí, até ontem (05/03), exceto pelo período de 24 a 27 já mencionado acima, a geração solar foi sempre maior do que a eólica, em termos relativos e absolutos, com a primeira girando em torno dos 10% do total e a segunda descendo ao vale de 1,62% (1.457 MWmed).
Em todo o período pesquisado, a geração térmica convencional manteve-se entra as casas dos 4% a 6% da geração total, oscilando sempre entre 4 mil e 5 mil MWmed diários, alinhada com a preocupação do governo em não onerar o consumidor.
Fonte e Imagem: Energia Hoje.
Pesquisa mostra emissões de CO2 semelhantes à energia solar.
A hidrelétrica de Belo Monte é a usina que menos emite gás carbônico no bioma Amazônia, além de ser a quinta hidrelétrica mais eficiente do Brasil em termos de taxa de intensidade de gases poluentes. A conclusão é de estudo feito pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Coordenado pelo professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe, Marco Aurélio Santos, o estudo Desenvolvimento de Metodologia para o Cálculo das Emissões de Gases de Efeito Estufa no Reservatório da UHE Belo Monte avalia que nos próximos dez anos, a área alagada do empreendimento deverá apresentar, de forma progressiva, emissões mais reduzidas. Os resultados obtidos mostram que Belo Monte tem um indicador de intensidade de emissões de CO2 muito baixo e níveis similares de emissões em comparação a outras fontes de energias renováveis, como eólica e solar.
O problema das emissões das hidrelétricas vem sendo estudado pela equipe do professor desde a década de 1990. “Temos feito vários estudos para as empresas do setor e para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a questão. Porque, até então, havia uma ideia errônea que as hidrelétricas não emitiam nenhum tipo de poluição aérea”. Mas, pela similaridade que acontece nos rios e lagos, os pesquisadores acabaram prospectando nos reservatórios os mesmos processos, ou seja, a decomposição da matéria orgânica em condições subaquáticas por microrganismos que fazem essa busca por alimento, por energia, e acabam eliminando, como um subproduto, os gases causadores do efeito estufa. No caso, ali foram encontrados CO2 (gás carbônico), metano e óxido nitroso.
Diagnóstico
Marco Aurélio Santos explicou à Agência Brasil que há um espectro grande de tipologias de projetos no qual já foi determinado um certo padrão de emissões distribuídas no espaço, isto é, no corpo dos reservatórios, e no tempo. “Nós temos um diagnóstico dessas questões, tanto dos locais que podem mais emitir esses gases, bem como quando eles são emitidos mais fortemente e quando circulam em uma situação de mais equilíbrio”. O tema tem sido discutido pelos pesquisadores da Coppe com grupos de vários países, como França, Estados Unidos, Canadá, e em fóruns internacionais.
Entre 2011 e 2013, a equipe do professor foi contratada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para estudar oito reservatórios de hidrelétricas no Brasil, pensando que existem diferenças quanto ao bioma e à vegetação nesses reservatórios. “Nós fizemos vários estudos no território brasileiro em reservatórios que já existem e efetuamos a quantificação”. Santos informou que, além dos oito reservatórios, foram analisadas mais três áreas naturais onde seriam construídos reservatórios, para que se pudesse ter a dimensão das emissões naturais e, de certa maneira, descontar isso da emissão antrópica (produzida pelos homens). “A diferença entre a emissão que o reservatório faz atualmente menos a emissão natural do passado dá o que nós chamamos de emissão líquida, ou seja, a emissão realmente atribuível à instalação do reservatório”.
Trabalho de campo
Um dos reservatórios das futuras áreas foi o de Belo Monte, sobre o qual já havia esse estudo anterior. Como o governo mudou, o projeto não teve continuidade. Então, o Consórcio Norte Energia, grupo formado por diversas empresas envolvidas na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, pediu que o professor e sua equipe continuassem aquele trabalho apenas para o reservatório de Belo Monte, agora já com a usina construída, para ter o cálculo das emissões antes e depois.
O trabalho de campo dos pesquisadores durou três anos e analisou amostras em seis campanhas de medição, em 45 pontos diferentes da Bacia do Xingu e do reservatório, no Pará, onde a usina está instalada. Os cientistas cruzaram os resultados das medições de gases de efeito estufa com o estudo do ciclo do carbono em reservatórios de hidrelétricas e concluíram um importante avanço para o setor elétrico brasileiro, já que, até o presente momento, muito se tem especulado sobre o assunto, sendo as hidrelétricas apontadas constantemente como responsáveis por emitirem grandes quantidades de gases poluentes na atmosfera.
Concluíram então que Belo Monte é a usina hidrelétrica que menos emite gases de efeito estufa no bioma Amazônia porque esses gases são produzidos no fundo do reservatório e também na coluna d’água e migram, isto é, são transportados para a atmosfera. Os pesquisadores fizeram a determinação desse fluxo na área do reservatório. Só que a área do reservatório de Belo Monte é relativamente pequena, em comparação com outros reservatórios na região.
Marco Aurélio Santos informou que o reservatório guarda água para gerar energia elétrica. Belo Monte tem uma potência instalada de 11 mil megawatts (MW) ou 11 gigawatts (GW) e precisa ter água para gerar toda essa potência. Mas, por questões ambientais, a usina não pôde ter um reservatório maior para guardar água para o período seco e poder gerar mais energia. Daí, seu reservatório ser menor do que deveria ter sido, conforme previa o projeto original. “Mesmo assim, a quantidade de energia que Belo Monte gera é muito grande”. Santos explicou que pegando-se o coeficiente que divide a quantidade de gases produzidos pela quantidade de energia, o índice de intensidade de emissões resulta em uma quantidade de emissões muito baixa em relação às tecnologias tradicionais, bem como às outras hidrelétricas que estão no bioma Amazônia.
Inventário
Na avaliação do professor da Coppe, o Brasil precisava ter um inventário nacional de gases de efeito estufa dos reservatórios hidrelétricos, como os Estados Unidos, através da agência ambiental americana, já estão fazendo. “Isso o governo brasileiro não faz. O que está sendo feito são iniciativas das empresas proprietárias das hidrelétricas. Para nós termos uma verdadeira ideia dessa variação no território brasileiro, deveriam ser feitos mais estudos”. Os Estados Unidos estudaram 108 hidrelétricas. “Hoje, os Estados Unidos têm uma radiografia dessa questão muito mais apurada do que nós. Essa é uma falha do governo do Brasil”, criticou o professor. “Já as empresas estão reagindo, promovendo estudos, para demonstrar que não é bem aquilo que os outros diziam”. Salientou que a equipe está disposta a fazer novas radiografias do setor hidrelétrico, “desde que sejamos convidados pelo governo brasileiro a fazer”.
Para fazer a análise das usinas que não tiveram um estudo das emissões antes da construção dos reservatórios, são buscados estudos e publicações científicas que tenham sido feitos naquela região sobre emissões nos solos do Cerrado, da Amazônia, por exemplo, sobre a respiração das plantas, do que emitem e absorvem de CO2, se há estudos em áreas naturais aquáticas, como rios e lagos. Aí, é feita uma projeção de como seria a emissão no passado, porque a emissão atual consegue-se medindo reservatórios já construídos. Faz-se então a comparação, que resulta na emissão líquida. As emissões dos oito reservatórios foram calculadas com base nessa metodologia.
O estudo “Desenvolvimento de Metodologia para o Cálculo das Emissões de Gases de Efeito Estufa no Reservatório da UHE Belo Monte” usou como base o Índice de Intensidade de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), métrica reconhecida internacionalmente e estabelecida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organização científica criada pelas Nações Unidas para avaliar os riscos das mudanças climáticas. O Brasil possui 147 hidrelétricas integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e operadas em conjunto pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
De acordo com a Coppe, as hidrelétricas se destacam, entre as diversas fontes de energia disponíveis, como uma opção viável e eficiente para a geração de energia limpa e renovável e desempenham importante papel na complementariedade de fontes de energia e na estabilidade do sistema, pois têm geração firme, em grande escala, e compensam a intermitência de fontes como solar e eólica. Belo Monte é a maior hidrelétrica 100% brasileira e se encontra em operação plena desde novembro de 2019. (Alana Gandra).
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a abertura de consulta pública, com prazo de 47 dias, de 7 de março e 22 de abril, para aperfeiçoamento dos processos decisórios do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), assim como existe na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A expectativa é que após o fechamento da consulta as contribuições sejam analisadas e dentro de um prazo de 120 dias ocorra a revisão dos procedimentos de rede. Inclusive, sobre as contribuições, os diretores Ricardo Tili e Hélvio Guerra pediram para constar em ata a discussão sobre permitir sustentações orais na abertura de consultas.
Para os diretores, a consulta é destinada justamente para o recebimento de contribuições e qualquer avaliação antes do fechamento e análise pelas áreas técnicas poderia resultar em um julgamento antecipado do tema.
A consulta e a padronização
“Acho que tem ganho de produtividade para a CCEE, ONS, agentes e Aneel, abrindo essa CP no caminho de padronizar os processos”, disse o diretor Ricardo Tili, relator do processo que tem como objetivo iniciar um conjunto simplificado e específico de temas
pós-operação e não interferir nos de operação real-time.
Na apresentação técnica, ficou pontuada a ausência de definição regulatória objetiva, assim como a busca pela segurança jurídica na interface com a agência reguladora. E apesar de usar o mesmo modelo, o aprimoramento busca dar uma distinção formal entre os procedimentos do ONS e CCEE, dando maior isonomia entre os agentes.
Entre os assuntos do ONS cobertos pela proposta estão as apurações de indisponibilidade de usinas e de restrição de capacidade operativa e sobrecarga de instalações de transmissão da rede básica e interligações internacionais; de parcelas variáveis de
indisponibilidade ou restrição da capacidade operativa; bem como de parcelas de ineficiência por ultrapassagem (PIU) e por sobrecontratação (PIS).
Ritos semelhantes ao da CCEE
Quanto à impugnação de decisões do ONS, ela poderá ser requerida pela parte interessada mediante interposição de pedido para a diretoria do Operador que proferiu a decisão, dirigido à Aneel. Caso o ONS não faça a reconsideração, remete os autos à Aneel,
em até dez dias da data da última protocolização.
O pedido de impugnação também deve indicar os dispositivos normativos tidos como violados e observará o rito aplicado ao processamento de recursos junto à Aneel e no prazo especificado.
Os autos remetidos para a agência devem ser integrados por todos os documentos anteriormente apreciados, decisões, pedidos admitidos e ponderações da diretoria do ONS.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Entidades reclamam da dificuldade em obter as autorizações para iniciar projetos no segmento.
Associações do setor de geração de energia hidrelétrica criticam a demora no licenciamento ambiental para a construção de usinas de qualquer porte. Enquanto empreendimentos de fontes como eólica e solar obtêm êxito na liberação em meses, as usinas hidrelétricas podem levar mais de dez anos. As entidades reclamam de uma “demonização” sem sentido do setor, principalmente com as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), com baixo impacto ambiental.
Além disso, o licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas de pequeno porte é realizado particularmente por estado, o que cria novos gargalos para o desenvolvimento dos projetos e aumenta a incerteza para investidores. “Às vezes, as secretarias estaduais não têm estrutura de pessoal adequada para dar vazão aos diversos processos de licenciamento que existem”, comenta o presidente-executivo da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Charles Lenzi.
A Abragel estima que o ciclo de desenvolvimento de um projeto de geração de energia hidrelétrica pode levar de 10 a 12 anos. “Isso é um custo muito grande, gera um nível de incerteza muito alto, que acaba atrapalhando o investimento. O licenciamento ambiental tem boa parcela desse tempo”, completa Lenzi.
Ele aponta um preconceito com usinas hidrelétricas em geral, por falta de conhecimento dos seus impactos ambientais. Nos últimos dez anos, não houve nenhum licenciamento concedido para usinas de maior porte. “Os projetos de centrais hidrelétricas, sejam elas pequenas, médias ou grandes, têm uma complexidade diferente em relação a outros projetos. É mais fácil liberar uma termoelétrica do que uma central hidrelétrica de pequeno porte”, disse.
A presidente-executiva da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), Alessandra Torres, explica que um reservatório de água proporciona usos para diversas atividades econômicas, como piscicultura, suporte ao agronegócio com irrigação e abastecimento de animais, consumo humano e até turismo. “Em Minas Gerais, a demora é absurda, é descabida, é desproporcional. Nós estamos falando de PCHs de baixo impacto ambiental, com impactos em parte reversíveis, que trazem uma série de benefícios para a sociedade”, pontua.
A presidente afirma que as hidrelétricas são “o pulmão firme” da geração distribuída (GD) de energia solar por funcionar como uma espécie de bateria para sistemas intermitentes, como a solar, que deixa de gerar energia sem a luz do sol. Isso garante a estabilidade do sistema elétrico.
Quando acontece a intermitência, em alguns locais é utilizada energia armazenada em baterias de lítio, com vida útil curta e sem plano de descarte na natureza. “Para que possa existir energia eólica e solar no sistema elétrico brasileiro, tem que ter uma fonte que garanta energia firme. Se não for hidrelétrica, vai ser termoelétrica, que é cara, fóssil e poluente”, aponta Torres.
Padronização pode trazer investimentos em geração de energia hidrelétrica das PCHs
A Abragel estima que o Brasil tem potencial de 20 mil megawatts com a geração de energia por PCHs e UHEs. Além disso, os custos de produção são compatíveis com outras fontes de energia, em uma cadeia produtiva totalmente nacional. Charles Lenzi espera que a União entenda a necessidade de uma política que proporcione que os investimentos retornem às usinas hidrelétricas. “Existe um potencial muito grande nesse setor, mas não conseguimos viabilizar esses investimentos por falta de uma política pública que olhe para o setor com outros olhos. A gente está na expectativa, porque o ministro (Alexandre Silveira) tem feito manifestações de ter uma preocupação maior nesse segmento”, comenta.
Há cerca de um ano e meio, a Abragel trabalha em conjunto com a Associação Brasileira de Entidades Estaduais do Meio Ambiente (Abema) e o Ministério de Minas e Energia (MME) para uma padronização no procedimento de licença ambiental dos estados. A intenção é tornar o processo mais objetivo, célere e previsível, sem perda de qualidade no licenciamento.
Tanto a Abragel quanto a Abrapch buscam desmistificar para a população os impactos e os benefícios das PCHs e CGHs no meio ambiente e na sociedade. Cerca de 60% da matriz de energia elétrica do Brasil vem das hidrelétricas, o que proporciona que o País seja líder mundial na geração de energia limpa e renovável.
A Abrapch procura se aproximar dos órgãos ambientais e solicita apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para esclarecimento dos empreendimentos e sua importância no setor elétrico, principalmente para um Estado como Minas Gerais. “Minas é a caixa d’água do Brasil, tem muito potencial hídrico que poderia ser viabilizado de pequenas hidrelétricas de baixo impacto ambiental. Não tem outro setor que traga os benefícios socioambientais que uma PCH traz”, finaliza.
PL para PCHs
Thiago Valiati é sócio do escritório de advocacia Razuk Barreto Valiati, que atua especialmente em processos de licenciamento ambiental para empresas do setor. Ele afirma que o aproveitamento das PCHs não é tão eficiente exatamente pelo longo tempo de espera para a liberação. “A discussão pode tirar esses projetos do papel e trazer mais previsibilidade e segurança jurídica, o que hoje é uma insegurança para os atores do mercado privado porque há uma incerteza muito grande para a tomada de decisão”, explica.
Ele destaca que o Projeto de Lei (PL) 1962/2015 gera incentivos para implantação de PCHs em um procedimento simplificado, como acontece com usinas eólicas, mas sua tramitação está paralisada há mais de um ano.
Fonte e Imagem: Diário do Comércio.
Segundo Ministério de Minas e Energia, cada real investido em eficiência gera uma economia de R$ 3,40, mas indústria ainda vê investimento como custo.
O governo vai trabalhar em um índice mínimo de eficiência energética para edificações em 2025. De acordo com Samira Carmo, do Ministério de Minas e Energia, o setor é o que mais precisa de investimentos em redução do consumo de energia em economias emergentes como o Brasil.
Samira participou de debate sobre eficiência energética promovido pela Frente Parlamentar de Energia da Câmara dos Deputados. Ela explicou que, em 2024, o trabalho de índices mínimos será feito com lâmpadas de led e refrigeradores comerciais. Em 2023, foi a vez dos refrigeradores residenciais, o que, segundo ela, levantou alguma reação do setor empresarial.
Para o governo, ainda existe uma cultura empresarial que vê os investimentos em eficiência energética apenas como custos. Samira disse, porém, que cada real investido em eficiência gera uma economia de R$ 3,40.
Carlos Alexandre Pires, do Ministério do Meio Ambiente, reafirmou a resistência da indústria em investir mais.
“Tornar-se eficiente é fazer com que nossa indústria seja capaz de enfrentar, em pé de igualdade, outras indústrias mundo afora e não se tornar apenas produtora para o mercado interno ou de produtos de consumo aqui no Brasil”, explicou.
Samira Carmo lembrou ainda que o Brasil tem muito potencial para elevar o consumo de energia e, também por isso, será preciso ser mais eficiente. O consumo de energia nos Estados Unidos, por exemplo, é cinco vezes maior que o do Brasil.
De acordo com Gustavo Fontenele, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a idade média das máquinas e equipamentos industriais é de 14 anos e as micro e pequenas empresas apresentam médias ainda mais altas.
Pelos compromissos assumidos pelos países para deter o avanço do aquecimento global, será necessário aumentar a taxa média anual global de melhoria da eficiência energética de 2% ao ano para mais de 4% ao ano.
Durante o debate, a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia defendeu a aprovação de dois projetos de lei que estão em análise na Câmara e que promovem a eficiência energética: o PL 3447/21 e o PL 3324/21.
A audiência pública foi conduzida pelo deputado Bandeira de Mello (PSB-RJ), vice-presidente de Eficiência Energética da Frente de Energia.
Por Agência Câmara de Notícias.
Consumidor vai pagar R$ 32,7 bilhões para arcar com políticas públicas do setor. Conta mais que dobrou na última década.
Os subsídios são uma parcela crescente da conta de luz do brasileiro e devem alcançar 12,5% da tarifa em 2024, segundo cálculo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), feito a pedido do g1. Os consumidores devem pagar R$ 32,7 bilhões por esses encargos na conta de luz neste ano.
Os subsídios são pagos pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), criada em 2002 para custear políticas públicas do setor elétrico e que, a partir de 2013, passou a concentrar todos os subsídios na conta de luz. Os custos da CDE são divididos por todos os consumidores.
Dados da Aneel mostram que esses encargos mais que dobraram entre 2013 e 2024, saindo de R$ 14,1 bilhões para o valor previsto de R$ 37,2 bilhões neste ano.
Além disso, também pesou no bolso do consumidor o fato de que, em 2015, o governo parou de usar dinheiro do Tesouro Nacional para custear parte da CDE.
“A partir daí o Tesouro deixou de fazer o aporte, o que aumentou substancialmente a conta. Agora, de 2018 até 2023, a CDE praticamente dobrou de tamanho e ela dobrou por conta da intensificação dos subsídios para as renováveis e para a GD [geração distribuída]”, conta o presidente da Frente Nacional dos Consumidores, Luiz Eduardo Barata.
Subsídios para renováveis são aqueles concedidos para fontes de energia como solar, eólica e pequenas centrais hidrelétricas (grandes hidrelétricas não recebem). Geração distribuída: são equipamentos de geração conectados diretamente na rede da distribuidora local. O maior exemplo disso são os painéis solares nos tetos das casas.
Quais são os subsídios pagos pelo cidadão na conta de luz?
A conta de luz dos consumidores é formada por vários itens (taxa de transmissão e distribuição, custo e o quanto ele realmente consumiu, por exemplo). Na conta, entram também os subsídios dentro da CDE, que atualmente são estes:
Conta de Consumo de Combustíveis (CCC)
Essa conta paga o custo dos combustíveis fósseis para geração de energia por usinas termelétricas em áreas que não estão conectadas ao sistema interligado nacional.
Fontes incentivadas
Nesse caso, o consumidor ajuda a bancar descontos nas tarifas de "uso do fio” para transmissão e distribuição de energia. Esses descontos são dados para algumas usinas de fontes como solar, eólica e biomassa.
Geração Distribuída
Esse subsídio cobre as perdas e despesas das distribuidoras causadas por benefícios tarifários concedidos aos consumidores que geram sua própria energia –como as placas solares no teto das casas.
Tarifa Social
A tarifa financia o desconto na conta de luz dado para pessoas que estão inscritas no Cadastro Único para benefícios sociais do governo federal, como o Bolsa Família.
Universalização
Subsídio que banca investimentos na universalização do acesso à energia elétrica, levando os serviços a locais que não seriam economicamente atrativos para as distribuidoras. É responsável, por exemplo, pelo programa Luz para Todos e o kit de instalação da energia.
Irrigação e Agricultura
Encargo que financia desconto na parcela de consumo usada para irrigação na agricultura.
Carvão Mineral
Esse subsídio banca reembolso às usinas que usam carvão mineral nacional. É um subsídio considerado ultrapassado por especialistas, já que ajuda a bancar uma fonte poluente.
Distribuidora de Pequeno Porte
Valor pago na conta de luz e usado para compensar o fato de que clientes de distribuidoras de pequeno porte são poucos. Por isso, quando os custos são repartidos entre eles os custos, os valores embutidos na tarifa ainda ficam muito altos.
Rural
Subsídio que banca desconto na tarifa da conta de luz de produtores rurais ou trabalhadores rurais aposentados;
Água-Esgoto-Saneamento
Subsídio que financia desconto para prestadoras dos serviços de água, esgoto e saneamento.
Ranking
Os subsídios para os combustíveis nos lugares sem acesso ao sistema interligado têm sido a maior parte da CDE, mas em 2024 o cenário vai se inverter: os descontos para as fontes incentivadas, as usinas de geração renovável, passam a ser a maior parcela da conta de subsídios — R$ 12,7 bilhões.
A Conta de Consumo de Combustíveis vem depois, com R$ 10,7 bilhões, seguida da Tarifa Social, orçada em aproximadamente R$ 6,2 bilhões.
Qual o impacto para o consumidor?
Em 2024, o consumidor vai arcar com 88% dos subsídios, que somam R$ 37,2 bilhões — ou seja, desse total, R$ 32,7 bilhões sairão do bolso do consumidor.
Desse valor, aproximadamente R$ 1,7 bilhão é do benefício à geração distribuída custeado somente pelo consumidor que compra energia da distribuidora local.
Segundo cálculos da PSR, o subsídio médio para quem tem geração distribuída é de R$ 370 por mês, beneficiando cerca de 3 milhões de pessoas e empresas.
Já quem é beneficiário da tarifa social recebe R$ 27 por mês de subsídio. Ao todo, em torno de 17 milhões de pessoas estão cadastradas na Tarifa Social.
“Ou seja, o benefício para o usuário em GD [geração distribuída] — em geral consumidores de renda mais alta ou empresas — é quase 14 vezes maior que o benefício concedido ao consumidor de baixa renda. Além disso, o consumidor de baixa renda paga, em sua tarifa, os custos do subsídio para a GD”, afirma.
Por que esse valor tem aumentado?
Segundo Barroso, da PSR, a CDE “cresceu muito porque manteve muitos subsídios ainda a fontes que não precisam mais, deixou de subsidiar de forma eficiente algumas contas. Então continuamos gastando muito dinheiro com carvão mineral, óleo combustível e tudo mais”, destacou.
O diretor de Energia Elétrica da Associação dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Victor Hugo iOcca, cita três fatores que têm levado ao aumento da CDE:
subsídios às fontes incentivadas, que serviram para inserir determinadas tecnologias no país, mas que não se mostrariam mais necessários. Uma das consequências dessa política é o excesso de oferta no Brasil;
conta de consumo de combustíveis, sensível ao preço dos derivados de petróleo;
tarifa social, que tem aumentado por causa da concessão automática do benefício aos usuários do Cadastro Único. Antes da mudança, era preciso solicitar a inclusão à distribuidora de energia;
Barroso, da PSR, destaca o peso dos subsídios à geração distribuída, que tendem a aumentar. Em 2022, o Congresso Nacional aprovou uma lei que transfere o custo dos benefícios para a CDE, com maior peso para o consumidor do mercado cativo –como o residencial, que não pode escolher o seu fornecedor.
Na avaliação dos especialistas, políticas públicas como a da geração distribuída, aprovadas pelo Congresso, têm afetado o preço da energia para o consumidor não só pela ampliação dos subsídios, mas também pela imposição de contratação de determinadas fontes de energia sem o planejamento necessário.
“A história da CDE precisa ser complementada por outra parte que foram uma série de políticas públicas e de incentivos que foram definidas na melhor das intenções pelo Congresso Nacional e que acarretam custos adicionais ao consumidor”, afirma Barroso.
Quais as soluções apontadas?
Em 2022, com a privatização da Eletrobras, o governo negociou um aporte da empresa na CDE para amenizar o aumento da conta de luz.
Ficou acertado que Eletrobras transferiria R$ 32 bilhões ao longo de 25 anos para a conta de subsídios, com aporte inicial de R$ 5 bilhões em 2022 e demais transferências em torno de R$ 1 bilhão por ano. Contudo, o impacto na conta de luz em 2023 foi estimado em só 2%.
Para conter os impactos dos subsídios, os especialistas consultados pelo g1 defendem a transferência da CDE para o Orçamento Nacional, com o pagamento pelo Tesouro.
O ex-presidente da EPE também pontua que os interesses do consumidor residencial não têm forte representação, como os demais agentes do setor elétrico. Com os subsídios no Orçamento, o Ministério da Fazenda seria a contraparte para evitar o crescimento da conta, argumenta.
“Transferir aos poucos os subsídios da CDE para o Tesouro, na nossa visão como Abrace, é o primeiro movimento para buscarmos uma racionalidade no setor elétrico, que já foi perdida”, afirma iOcca.
Além da transferência para o Tesouro, Barata defende uma análise “extremamente criteriosa da composição da CDE, identificando o que merece e o que não merece continuar”. A Frente Nacional dos Consumidores pretende formalizar essa proposta para o governo e o Congresso.
O ex-diretor da Aneel, Edvaldo Santana, discorda da proposta de transferência da CDE para o Orçamento. "Seria um erro para corrigir outro erro", afirma. Segundo Santana, o Tesouro poderia contribuir com a Tarifa Social, mas os outros subsídios deveriam ser eliminados.
Procurado pela reportagem, o Ministério de Minas e Energia disse que tem estudado “alternativas de redução dos custos da CDE”.
Segundo a pasta, “na atual sistemática, existem desequilíbrios, causados por políticas públicas equivocadas dos últimos anos, que aumentaram a conta dos consumidores cativos”.
A jornalistas no último dia 21, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que os subsídios poderiam ser menores.
"É muito dinheiro pago pelo consumidor por políticas que não são muito compatíveis com o planejamento e é o cuidado que nós estamos tendo agora", declarou.
Por Portal G1.
O presidente da Frente Parlamentar Mista de Energia e vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), disse que irá “falar de maneira mais direta” com o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Davi Alcolumbre (União-AP), por andamento no PL (Projeto de Lei) 164/2022, que tipifica e inibe o devedor contumaz, pauta importante para inibir a sonegação fiscal na área de combustíveis. O parlamentar falou sobre os projetos prioritários para a frente parlamentar em 2024 em entrevista à Agência iNFRA.
A matéria que trata sobre devedor contumaz é relatada por Vital do Rêgo e está parada na CCJ desde abril do último ano. “Nada justifica que ela tenha passado um ano inteiro sem que tenhamos tido a oportunidade se quer de uma audiência pública. Então, há interesses de alguns poucos se sobrepondo aos interesses de muitos que fazem o setor”, disse o senador.
Segundo ele, a lista de matérias que tem para tratar com Alcolumbre é extensa. O PDL (Projeto de Decreto Legislativo) 365/2022 – que susta resoluções normativas da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre o sinal locacional na transmissão de energia – também está na CCJ, e Vital do Rêgo disse esperar que o projeto “não dormite” na comissão.
Dentre outros assuntos abordados estão a renovação das concessões de distribuição de energia, o PL das Eólicas Offshore e o papel e desempenho das agências reguladoras. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
Agência iNFRA – Quais são os projetos prioritários da Frente de Energia para este ano?
Veneziano Vital do Rêgo – Nós vamos começar a discutir as regulamentações apresentadas como necessárias na Reforma Tributária, que aludem às questões das energias renováveis. Nós conseguimos algumas consideráveis vitórias quando conseguimos algumas emendas junto ao relator Eduardo Braga – pelo menos oito foram da nossa autoria, e precisam de regulamentação, como uma considerável parte da Reforma Tributária.
Nós temos um Projeto de Lei que está travado e que é de suma importância, e eu vou falar de uma maneira mais direta com o presidente [da CCJ] Davi Alcolumbre, que é o do devedor contumaz (PLP 164/2022). Essa proposta, que está sob nossa relatoria, precisa ser enfrentada, nada justifica que ela tenha passado um ano inteiro sem que tenhamos tido a oportunidade se quer de uma audiência pública. Então, há interesses de alguns poucos se sobrepondo aos interesses de muitos que fazem o setor, e do próprio Ministério [de Minas e Energia], da Receita Federal.
Para você ter ideia, o último levantamento sobre os prejuízos causados por esses devedores contumazes ultrapassam os R$ 16 bilhões, eu acho até intrigante. Teve um momento que nós conversávamos com os representantes do Ministério de Minas e Energia, com o próprio procurador da Receita, e nós falávamos que nós estamos diante de um grande desafio, que é tentar o déficit zero, temos uma parte que poderíamos acessar e não estamos fazendo movimentação nesse sentido. O que é que há por trás? É uma dúvida que eu tenho. Eu sei que existem alguns maus empresários interessados que essa matéria não vá adiante, mas não enxergo o porquê o governo não concentra-se para que ele possa caminhar.
Nós temos o projeto do Combustível do Futuro [apensado ao PL 4.196/2023], que está na Câmara. O projeto leva como seu autor o Executivo, foi relatado pelo deputado Arnaldo Jardim [Cidadania-SP], companheiro que integra a Frente. Eu pedi essa relatoria ao presidente Rodrigo Pacheco [PSD-MG], inclusive por força da Frente de Energia, e estou esperando a sua designação, é um projeto que vamos nos ater.
Tem o Hidrogênio Verde que está em comissão especial ainda, sob a condução do senador Cid Gomes [PSB-CE]. Temos o projeto das eólicas offshore [PL 5.932/2023], que voltou ao Senado, sob relatoria do senador Carlos Portinho [PL-RJ].
Temos também o PL que está na Câmara sobre o incentivo ao uso dos combustíveis menos poluentes, captura e armazenamento de dióxido de carbono, que fui eu quem relatei e que está na Câmara. Hidrogênio como fonte de energia, que também foi relatado por nós e que está na Comissão de Infraestrutura e que nós vamos pedir ao presidente, senador Confúcio Moura [MDB-RO], para termos celeridade na sua apreciação. Em suma, a princípio, nós vamos abrir os trabalhos pontuando esse conjunto de iniciativas legislativas.
Agência iNFRA – Já está certo que a relatoria do PL das Eólicas Offshore será do senador Portinho?
Ele deve ser o relator. Como ele foi relator no primeiro momento, até por uma questão de reconhecimento ao esforço dele, à participação dele, ao conhecimento que ele passou a ter, é muito natural, é quase que automática a designação do presidente Rodrigo Pacheco.
Agência iNFRA – O setor de combustíveis não ficou satisfeito com o relatório da Câmara para o Combustível do Futuro. Sabendo que pretende ser o relator no Senado, como o senhor vê isso?
Eu tenho, até por uma questão de comedimento e previdência, que aguardar o direcionamento que se dará na Câmara. Preciso saber ainda quais fundamentos o setor expôs para questionar, a fim de que a gente tenha um posicionamento, não tenho como antecipar-me.
Agência iNFRA – O PDL 365/2022 é outro projeto caro ao setor que está na CCJ. Como estão as tratativas sobre o ele? O senhor acredita que vai ter um andamento por agora?
Eu votei favorável ao PDL 365/2022, inclusive, de forma intrigante, isso foi utilizado no final do ano de 2023 de forma nada respeitosa contra alguns parlamentares, por força de nós termos votado favoravelmente, quando criaram [a Frente Nacional dos Consumidores de Energia] um ranking [com classificação dos deputados e senadores conforme atuação no Congresso]. Aquilo foi de um mau gosto, que está na falta de responsabilidade, de comprometimento, quando também ficou muito evidenciado a quem estava a servir.
Quando nós nos posicionamos, e nos posicionamos majoritariamente na Comissão de Infraestrutura defendendo o relatório de outro nordestino, que é o senador Otto Alencar [PSD-BA], foi em face de que foram trazidos pelo deputado Danilo Forte [União-CE] fundamentos de que nós estaríamos a nos prejudicar com aquelas resoluções que foram editadas pela ANEEL.
Então, tenho para mim que esse debate deva continuar, espero que não dormite na CCJ, não vejo razões para que nós deixemos de tê-lo. Vamos fazer o melhor debate, se os fundamentos [da ANEEL] persistirem, ganharem mais persistência, capacidade de convencimento, não teremos problema nenhum de rever, mas até esse exato instante não conheço fundamentos outros para que nós possamos mudar o posicionamento que adotamos na CI. Tanto eu quanto os demais companheiros que assim se pronunciaram.
Eu tenho uma pauta extensa para falar com o senador Alcolumbre, não só sobre esse PL do devedor contumaz.
Agência iNFRA – Sobre o PL das Eólicas Offshore, o projeto veio para o Senado com alguns temas estranhos à matéria. O senhor acredita que esse projeto vai ser esvaziado para dar andamento aqui?
Eu creio piamente na seriedade e no comprometimento de Portinho, que é um senador muito estudioso e muito responsável. Então, a partir do momento que identificadas sejam as matérias que fujam por completo ao cerne da questão, da proposta legislativa inicial, ele haverá de afastá-la, e antes dele próprio, o presidente da Casa, que tem poder para isso, podendo fazer por requerimento apresentado por qualquer senador na hora que houver a identificação de causas ou de matérias estranhas ao universo da proposta.
Agência iNFRA – Outro tema do setor que ganhou muito espaço no Legislativo foi a renovação das concessões de distribuição de energia. A Câmara demonstrou bastante incômodo com esse processo passando só pelo Executivo, e agora o PL 4.831/2022 teve a urgência aprovada. Como esse tema está sendo visto no Senado?
A gente sabe que hoje a competência para fazer [renovação] é do Executivo, através do seu Ministério de Minas e Energia. Autorizar as renovações não é algo que passa pelo crivo do Legislativo. É preciso que nós conheçamos esses fundamentos, os motivos que nos levariam a dizer: ‘Olha, é preciso que também o Legislativo conheça’. O Legislativo conhece, por exemplo, quando você faz a apreciação das indicações a agências. Discutimos quando fomos – contra o meu voto, inclusive – falar sobre a capitalização da Eletrobras. Eu não vejo de mau grado a possibilidade também de estarmos a participar desse debate, não sendo somente ao Executivo reservado. Mas não fui procurado, não falei com o ministro Alexandre Silveira.
Agência iNFRA – Falando sobre as agências reguladoras, como o senhor tem visto o papel delas?
Tenho minhas ressalvas quanto ao grau de serviço prestado por essas agências, elas deveriam atender aos consumidores em primeiro lugar, e isso muitas vezes não ocorre. Eu penso que as agências nasceram de forma salutar, mas elas ainda não entregaram aquilo que nós esperamos, com algumas excessões, claro.
Fonte e Imagem: Agência Infra.
Transição energética efetiva e justa; mercado, porém, deve ser impulsionado sem novos subsídios.
Em novembro do ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou o Marco Legal do Hidrogênio Verde, base regulatória essencial para o avanço da nova fonte de energia limpa no país. O texto estabelece princípios, define questões de governança e trata de outros pontos relevantes. Felizmente, foi retirada do projeto emendas que propunham subsídios que seriam embutidos na tarifa de energia de todos os brasileiros.
Dentre os itens que distorciam a proposta votada, também foram retirados da proposição a obrigatoriedade de contratação de fontes à base de hidrogênio nos leilões de geração de energia e de direcionamento de parte dos recursos da usina de Itaipu para projetos do setor. Justamente quando se discutem novas condições do acordo binacional entre Brasil e Paraguai, corríamos o risco de ter uma nova lei financiando políticas públicas por meio de Itaipu. Em lugar de alcançarmos a tão justa e necessária redução da tarifa da energia produzida na usina, a nova legislação criaria uma razão adicional para um aumento de preço.
Sem dúvida, o marco regulatório do hidrogênio verde aprovado na Câmara é positivo e promove avanços importantes. Contudo, há aspectos técnicos e econômicos que ainda precisam ser observados pelos legisladores e reguladores para que não se gerem distorções ou para que não deixemos de aproveitar todas as potencialidades que o hidrogênio pode trazer ao Brasil.
Um desses aspectos centrais é que o nosso país deve priorizar políticas de uso do hidrogênio de baixo carbono para abastecimento do mercado nacional, para a descarbonização da indústria e ampliação da competitividade dos nossos produtos e serviços. O Brasil precisa ir além do plano de apenas exportar energia limpa. Produzir e exportar produtos verdes com a energia limpa que produzimos é ainda mais importante. Podemos baratear o preço das coisas e tornar nosso consumo mais sustentável. A legislação precisa levar em conta essa dimensão do desafio.
Também esperamos maior aprofundamento técnico sobre as reais necessidades e impactos da injeção de hidrogênio na rede de transporte de gás natural antes de se estabelecer qualquer obrigatoriedade de injeção dessa fonte na malha. Essa é uma avaliação técnica e estruturante, que não deve ser objeto de lei, mas de planejamento e regulação dos órgãos competentes. Insistir nessa definição precipitada trará distorções e desequilíbrio.
Toda a cadeia de energia precisa ser analisada, de modo que o necessário incentivo a novas tecnologias não onere as que já existem e não impacte mais o bolso dos consumidores. O desenvolvimento do mercado de hidrogênio é inevitável, mas precisa ser impulsionado como política pública de governo, com recursos do Tesouro Nacional —não com novos subsídios custeados pelas famílias e empresas que pagam a conta de luz.
Vale o alerta para que o marco do hidrogênio não trilhe o mesmo caminho do projeto de lei das eólicas offshore, que ao ser votado pelos deputados sofreu inúmeras emendas que propõem postergação do subsídio para o carvão, obrigam a contratação de energia térmica sem respaldo técnico e geram cerca de R$ 25 bilhões ao ano em custos extras, enquanto o objetivo era apenas regular a produção de energia em alto-mar.
Agora, o marco do hidrogênio está sob análise do Senado, assim como o de eólicas offshore. Esperamos que nossos senadores concentrem sua atenção na responsabilidade do papel formulador que têm em mãos e contribuam para que nossa transição energética seja efetiva e justa.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Energético deve ser abordado no Plano Nacional de Mudança do Clima que vai definir quanto CO2 cada setor pode reduzir.
O hidrogênio terá papel na redução das emissões de carbono no Brasil que serão apresentadas na nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês), dentro do Acordo de Paris, segundo representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Durante audiência pública sobre hidrogênio no Senado, na terça (27/2), o coordenador na Secretaria de Economia Verde, Gustavo Fontenele, indicou que o energético deve ser abordado no Plano Nacional de Mudança do Clima.
“É muito importante entender o papel do hidrogênio naquilo que está sendo discutido no Plano Nacional de Mudança do Clima, que se está desenhando no grupo de trabalho de mitigação, na estratégia de implementação dos compromissos da NDC brasileira no Acordo de Paris”, disse.
O Grupo Técnico Temporário de Mitigação – GTT Mitigação trabalha na elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação dentro do Plano Clima. A iniciativa espera consolidar estratégias e metas do governo federal para o alcance das metas climáticas estabelecidas do Brasil. O Plano terá vigência entre 2024 e 2035.
No ano passado, o governo brasileiro publicou a atualização da sua NDC, retornando às ambições depositadas na ONU em 2015. Contudo, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) está trabalhando em uma nova versão do Plano Clima, que trará uma série de ações para descarbonizar os diversos setores econômicos do país.
A partir dessas ações, a intenção é modelar quanto CO2 é possível cortar por setor, definir uma meta global para, então, propor uma nova NDC.
O hidrogênio dentro na nova política industrial
Fontenele também destacou a importância do desenvolvimento do mercado de hidrogênio dentro da nova política industrial, lançada pelo governo, o Nova Indústria Brasil. Segundo ele, além de produto para exportação, o hidrogênio é uma oportunidade de descarbonização da indústria nacional.
“Entender o hidrogênio é entender naturalmente o eixo para o desenvolvimento da nova política industrial, lançada pelo presidente da República, e o papel que essa política tem como uma força impulsionadora de todo esforço que está sendo realizado pelo Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2)”, pontuou.
Um dos gargalos, na avaliação do MDIC, para desenvolvimento de projetos de hidrogênio em larga escala no Brasil é o acesso ao financiamento.
“Precisamos, enquanto país, viabilizar um conjunto de mecanismos apropriados em termos de prazos e garantias para o financiamento de empreendimentos dessa natureza. Tanto financiamento para produção, como para o uso final, do consumo deste produto fabricado em nosso território nacional”, defendeu Fontenele.
Além da produção e consumo do hidrogênio, a pasta também enxerga oportunidades de industrialização nacional “no desenvolvimento da cadeia produtiva de eletrolisadores e equipamentos para armazenagem de hidrogênio”, segundo o coordenador.
Indústria pede por inventivos
A gerente de Clima e Energia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Juliana Falcão, defende incentivos governamentais para que o setor possa cumprir o seu papel estratégico na descarbonização e alcance das metas do Acordo de Paris.
“O Brasil é visto como um grande produtor de hidrogênio, mas podemos utilizar essa capacidade para consumo interno. É importante olhar para o potencial de exportação, mas o desafio real é olhar para como podemos aproveitar isso em nosso país”, destacou Juliana.
A executiva elencou algumas iniciativas pelo mundo, como na Alemanha, Estados Unidos e Austrália, estão os leilões de compra e venda de hidrogênio verde; a criação do Banco Europeu de Hidrogênio e a destinação de subsídios fiscais para projetos de descarbonização.
“Hoje aguardamos informações do Ministério do Meio Ambiente para que nos diga o tamanho da contribuição que a indústria tem que fazer para redução das emissões (…) O hidrogênio vai ser uma das tecnologias necessárias para essa descarbonização”.
Por epbr.
Eduardo Sattamini destacou ainda que em breve será possível tratar com o controlador para trazer participação em Jirau para operação brasileira.
A receita da térmica a carvão Pampa Sul, vendida em maio do ano passado, deixou de contribuir para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), mas esse movimento foi compensado parcialmente com a implantação de novos projetos de geração renovável, disse nesta quarta-feira (28) o presidente da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini.
Segundo o executivo destacou, em teleconferência com analistas sobre os resultados do quarto trimestre e de 2023, a venda da usina tornou a Engie Brasil Energia a maior empresa de geração de energia elétrica 100% renovável.
Sattamini disse ainda que a companhia companhia pode ter, num futuro próximo, conversas com seu controlador, a Engie, para que passe a controlar a participação de Jirau, hidrelétrica de 3.150 megawatts (MW) localizada em Rondônia.
Segundo ele, a hidrelétrica é financeiramente equilibrada e gera caixa. “Será uma decisão isenta”, disse.
Jirau é controlada por uma sociedade de propósito específico (SPE) que tem a Eletrobras e a Mitsui como acionistas, além da Engie. A Engie Brasil Energia reúne todos os projetos de energia e a transferência do ativo seria algo previsível.
O diretor financeiro e de relações com investidores da Engie Brasil Energia, Eduardo Takamori, afirmou que a empresa evoluiu na diversificação no portfólio.
Em 2016, destacou, 100% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado era proveniente da geração. Hoje, esse segmento corresponde a 76% do Ebitda ajustado.
Endividamento
O endividamento da Engie Brasil Energia é “equilibrado”, com alavancagem de 2,0 vezes, disse o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Eduardo Takamori.
Segundo ele, o aumento do saldo da dívida se deu para liberar o caixa, mas os recursos ainda não foram totalmente usados.
A empresa destinará os recursos de dívida para os investimentos em projetos de geração renovável e transmissão.
A dívida da Engie Brasil Energia tem a seguinte composição: 78% atrelada à inflação (IPCA), 17% ao CDI e 5% à taxa de juros de longo prazo (TJLP), vinculada a financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O prazo médio da dívida da empresa é de 7,4 anos. Takamori salientou que a redução da inflação em 2023 beneficiou a empresa no resultado financeiro, com menos encargos de dívida. “Quando temos um IPCA mais baixo, isso nos beneficia.”
Demanda de energia
Sattamini acrescenta que não há demanda de energia que estimule a realização de leilões de energia nova, como são chamados os certames para contratar energia elétrica de projetos de usinas que ainda não saíram do papel.
O motivo, segundo ele, é a chamada “espiral da morte” que vive o setor elétrico, concentrado na distribuição.
“Sem demanda, o leilão [de energia] não deve sair”, avaliou Sattamini em teleconferência sobre os resultados da Engie Brasil Energia para o quarto trimestre e para 2023.
Ele explicou que as distribuidoras estão perdendo clientes para o mercado livre – e desde janeiro, as restrições para migração foram retiradas para os consumidores conectados em alta tensão.
Como as distribuidoras estão com volume de energia contratada para os próximos anos muito acima do consumo real, a chamada sobrecontratação, elas teriam menos “disposição” para entrar em novos leilões.
“É uma loucura que estamos vivendo e [ainda mais] estimulada pelo crescimento da GD [geração distribuída]”, disse Sattamini. GD é a micro e minigeração distribuída, modalidade que envolve, majoritariamente, a contratação de energia solar em telhados ou em condomínios solares (a energia por assinatura). A fonte solar é responsável por cerca de 95% da micro e minigeração distribuída.
Com as migrações para o mercado livre e as adesões à GD, as distribuidoras, que contratam energia nos leilões por prazos que variam entre 15 e 30 anos, não podem “devolver” essas sobras contratuais, nem comercializar no mercado. Há mecanismos que permitem a cessão de energia entre as distribuidoras, mas elas não são suficientes para absorver esse volume a mais.
Como as distribuidoras não podem “devolver” essa energia excedente, a realização de leilões de energia nova torna-se mais difícil. As migrações para GD e mercado livre se dão porque os consumidores buscam economia na conta de luz. “Precisamos parar e olhar, para que o consumidor mais pobre, com menos recursos, pague pelos mais ricos [que podem migrar para alternativas mais econômicas]. É uma mensagem para o Congresso e para o governo. Espero que caia a ficha [das autoridades], é importante para a saúde do setor”, disse Sattamini.
O executivo destacou ainda que a Engie aguarda a definição de um arcabouço regulatório para o hidrogênio verde para que projetos no segmento avancem. Disser também que tem visto movimentação de consumidores em busca de mais contratação de energia no longo prazo para fugir da volatilidade de preços causada pelo atual cenário hídrico, que tende a caminhar para um volume de chuvas mais baixo.
Ele também respondeu a um analista que não está olhando eventual compra de participação da Cemig na transmissora Taesa, à venda.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
“O Brasil talvez seja um dos únicos países do mundo que consegue fazer sua descarbonização e ganhar dinheiro com isso", avalia diretora-executiva do E+.
Com potencial de atrair indústrias para produzir aço, alumínio, amônia e fertilizantes de baixo carbono a preço competitivo, o Brasil precisa dar mais ênfase à indústria verde em suas políticas e nas discussões do G20, avalia Rosana Santos, diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética.
Em entrevista à agência epbr, Rosana observa que a transformação na indústria é um ponto crucial para alinhar o mundo à meta de limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC até o fim do século.
Mas exigirá massivos investimentos – na casa dos trilhões de dólares – em uma janela temporal apertada. E precisa ser lucrativa, ou ninguém vai se mexer.
“O Brasil talvez seja um dos únicos países do mundo que consegue fazer sua descarbonização e ganhar dinheiro com isso, se fizer direito. É uma questão de timing e de adotar as políticas corretas”, afirma.
O E+ é associado ao think tank internacional sobre mudanças climáticas E3G, que recentemente lançou um estudo com recomendações para os países do G7 e G20 apoiarem a transição da siderurgia, considerando que o tempo para agir é curto.
No capítulo que trata de Brasil – resultado do trabalho do E+ – a avaliação é que é preciso um roadmap com metas ambiciosas de redução de emissões do setor de aço entre 2030 e 2050, utilizando a política de reindustrialização verde, o PAC e o Plano de Transformação Ecológica para atingir o objetivo, além da implementação de um mercado regulado de carbono.
“Para usar um novo energético, a indústria precisa mudar sua forma de produção. É um investimento bem alto. Nenhum empresário vai fazer um movimento deste se não tiver demanda. Essa é a observação do estudo”, explica Rosana.
Uma das formas de fomentar a demanda é via compras públicas, onde entra o papel do PAC. Outra é a negociação de acordos bilaterais internacionais, para garantir um “prêmio verde” aos produtos de baixo carbono.
“O mundo, principalmente o Norte global, fala muito de produto verde, mas na hora de comprar, eles não valorizam. Se nós vamos ter produtos verdes para vender, a demanda precisa pagar, e isso precisa aparecer nos documentos públicos”, defende.
Ela avalia que o Plano de Transformação Ecológica lançado pelo Ministério da Fazenda em novembro do ano passado, durante a COP28, aborda a transição energética como um fim, não como um meio, e que a transição da indústria precisa de um apoio maior.
Eletricidade, hidrogênio e biometano
Rosana aponta que esses são três energéticos de uso final em destaque hoje nas discussões sobre a descarbonização do setor produtivo e cujas políticas precisam estar alinhadas à necessidade de alavancar a industrialização brasileira.
“O hidrogênio é um meio, não um fim. A gente debate muito que o Brasil não deveria se posicionar só como exportador de hidrogênio, porque se a gente dá um monte de subsídios e exporta esse hidrogênio, na realidade, estamos exportando subsídio”, observa.
Para a engenheira, o país reúne as características necessárias para estabelecer um parque industrial descarbonizado, não só para abater suas próprias emissões de gases de efeito estufa, mas também para ajudar o restante do mundo nessa jornada.
E cita regras para ajuste de fronteira de carbono, como o CBAM da União Europeia, além de mecanismos que estão sendo criados por Estados Unidos e Japão, por exemplo, como oportunidades de negócios para o Brasil.
“O mundo está se mexendo. Se conseguirmos aproveitar essa janela de oportunidade da emergência climática, e fizer a descarbonização do nosso parque industrial no tempo correto – desde produtos semi-acabados até produtos finalizados –, nossos produtos verdes vão conseguir passar essas barreiras com um preço, provavelmente, muito mais competitivo que outros mercados que estão tentando fazer a mesma coisa”, completa.
Curtas
O&G já sente impacto da transição
A demanda por petróleo começa a sentir efeitos estruturais da transição para energias de baixo carbono, com impactos sobretudo no consumo global de combustíveis para transporte, apontam analistas ouvidos pela agência epbr. Entretanto, os preços ainda demoram para refletir esse cenário, por causa dos esforços da Opep+ para restringir a oferta.
Direita anti-ESG
Para a Climate Action 100+, a politização da agenda sobre descarbonização atrapalha o trabalho de investidores e o risco climático precisa ser encarado como um risco financeiro. A maior coligação de investidores do mundo publicou um comunicado na segunda (26/2), comentando a saída de vários dos seus maiores membros este mês.
IA para renováveis
A EDP, por meio de seu veículo de corporate venture capital, a EDP Ventures, anunciou um aporte de US$ 2 milhões (o equivalente a R$ 10 milhões) na Splight, startup chilena que desenvolve tecnologias de inteligência artificial e ciência de dados para eficiência em sistemas relacionados à geração de energia renovável. É o primeiro investimento já feito pela EDP Ventures em uma startup da América Latina, fora do Brasil.
Jovens na energia
O programa Conversas Energéticas, da EnergyC abriu a segunda turma para capacitar jovens negros para o mercado de energia. Serão selecionados 12 candidatos, com igualdade de gênero, para realizar 16 atividades entre palestras, oficinas e desafios de forma on-line e gratuita. O programa é destinado a jovens pretos e pardos, de 18 a 29 anos, que estão em busca da 1ª oportunidade de emprego. As inscrições vão até 15 de março.
Fonte e Imagem: epbr.
País tem 80% do mercado de energia solar e domina 3/4 da capacidade de baterias para carros elétricos.
Esforços de países para reduzir suas emissões de poluentes e investir em energia limpa tornaram as economias globais ainda mais dependentes da China, que não só domina de forma ampla o setor como tem expandido sua capacidade industrial a passos largos.
Com 80% do mercado global de energia solar, incluindo painéis que custam a metade do preço do que os produzidos em outros locais, além de três quartos da capacidade de produção de baterias para carros elétricos e a maior empresa do setor, a China tem se destacado em todas as fases da cadeia produtiva: desde maquinários e insumos para exportação até veículos elétricos e módulos solares de ponta.
Essa dependência tem incomodado rivais econômicos dos asiáticos e acirrado a competição em países como os Estados Unidos e potências da Europa, enquanto a China domina o mercado europeu de carros elétricos e amplia investimentos em infraestrutura na América Latina.
"As políticas de clima estão mais e mais interligadas com a geopolítica", diz à Folha Ilaria Mazzocco, pesquisadora do CSIS (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais), think tank com sede em Washington. "É importante encontrar soluções que protejam as economias dos países, mas que não desaceleram o ritmo da transição energética."
Em outubro do ano passado, Geoffrey Pyatt, autoridade do Departamento de Estado americano para Recursos Energéticos, afirmou em evento sobre gás natural em Washington que é preciso "garantir que não se repita" nos setores de energia eólica, nuclear e hidrogênio "o que acontece na área de células solares e wafers de silício, na qual a China tem essencialmente um monopólio em vários elementos da cadeia de produção". Wafer de silício é o nome dado no setor para a lâmina de silício usada nos módulos solares.
"Temos de ter muito cuidado para não substituirmos uma era de dependência europeia do petróleo e do gás russos por dependência coletiva da tecnologia limpa e minerais críticos da China", afirmou.
Preocupação similar tem ocorrido na Europa, principal destino das exportações de carros elétricos da China —8 em cada 10 carros chineses para exportação em 2021 foram para o mercado europeu, segundo dados da AIE (Agência Internacional de Energia).
No fim do ano passado, a Comissão Europeia abriu investigação para avaliar a imposição de tarifas punitivas de importação para proteger fabricantes europeus contra os veículos chineses —incluindo não apenas a maior empresa do mundo do setor, a BYD, mas também outras marcas fabricadas no país, como Tesla, BMW e Renault.
"Os mercados globais agora estão inundados com carros elétricos mais baratos. E seu preço é mantido artificialmente baixo por enormes subsídios estatais", disse a presidente do órgão, Ursula von der Leyen.
A China detém hoje 75% da capacidade de produção de baterias de íon-lítio, usadas nos veículos elétricos somando 1,2 TWh, segundo a AIE. Para se ter uma ideia, todo o restante do mundo somado chega a 0,37 TWh. E a expectativa é de expandir ainda mais, com a China chegando a 4,65 TWh em 2030.
Mas o principal setor de domínio tecnológico e de mercado da China é a energia solar, com 80% do mercado de componentes e de módulos solares prontos, segundo análise da consultoria britânica Wood Mackenzie.
No ano passado, o país investiu US$ 130 bilhões no setor, de acordo com a empresa, após incrementar não só a capacidade de atender à demanda externa como também a interna.
Isso porque a China é também o maior poluidor do planeta e tem investido em tecnologia para limpar a própria matriz energética. Com esse investimento, a partir deste ano deve começar a baixar de forma consistente as emissões de dióxido de carbono, segundo estudo da organização europeia Crea (Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo).
Só em 2023, a China instalou mais painéis solares do que os EUA em toda a sua história, segundo estimativa da agência Bloomberg.
De acordo com a Administração Nacional de Energia do país, no ano passado o país acrescentou 216,9 gigawatts à sua capacidade de geração em energia solar. Para se ter uma ideia, em 2022 o acréscimo, já recorde, havia sido de 87,4 gigawatts.
O montante em 2023 na China é maior do que toda a capacidade dos Estados Unidos, que é de 175,2 GW.
Dados da AIE deixam clara a expansão da capacidade chinesa na última década. Em 2010, a China produzia 55,7% dos módulos solares do mundo. Em 2021, isso saltou para 74,7%. Movimento similar se deu com os componentes dos módulos, como os wafers e o polissilício.
Essa expansão foi motivada não apenas pela exportação, mas também pela explosão da demanda do mercado interno do país, que anunciou meta para atingir neutralidade de carbono em 2060. Em 2010, 3,5% da demanda global por módulos solares vinha da China. Em 2021, essa proporção saltou para 36,4%.
De acordo com a Wood Mackenzie, o módulo solar produzido na China é hoje 50% mais barato do que se fosse feito na Europa e 65% mais barato do que nos Estados Unidos.
No Brasil, segundo estimativa da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a diferença é também de 50% —ou seja, painéis fabricados nacionalmente custam o dobro dos chineses.
"Em razão de políticas públicas industriais, a China tem um hub industrial muito significativo e produz todos os componentes utilizados em painéis. Se um fabricante brasileiro quer montar um módulo aqui no Brasil, ele tem de importar praticamente todos os componentes, o vidro, a célula, os componentes elétricos. E paga imposto em cima dessa matéria-prima", diz Rodrigo Sauaia, presidente-executivo da Absolar.
Os riscos de se concentrar um importante setor da economia em um único país ficaram evidentes na pandemia, quando as políticas de Covid zero ao longo de 2021 e 2022 fecharam fábricas na China, e na Guerra da Ucrânia, quando parte da Europa dependia de gás natural russo.
"É sempre arriscado que um fornecimento crítico de energia esteja fortemente concentrado em um único país, como vimos na recente crise energética na Europa", diz à Folha Elissa Pierce, pesquisadora da Wood Mackenzie. "Mas será quase impossível para os países investirem em energia solar a curto prazo sem usar produtos chineses."
Ela cita queda na instalação de módulos solares na Europa após a União Europeia adotar barreiras antidumping e antissubsídios, entre 2013 e 2018. Após a remoção de barreiras, as instalações passaram de 11 GW em 2018 para 23 GW em 2019, afirma.
Países como Índia, Turquia e EUA restringem a importação de componentes chineses para incentivar a produção doméstica, mas ainda dependem da importação de polissilício, wafers e células, diz ela. Mesmo quem tem acesso a esses materiais depende de outros insumos chineses, como vidro temperado e molduras de alumínio.
O governo chinês disse publicamente que considera proibir a exportação maquinários usados para produzir insumos.
"A China já detém 96% da capacidade global de fabricação de wafers e isso, sem dúvida, tornaria ainda mais difícil para outros países construir sua própria capacidade. Este é o grande risco de depender da tecnologia de um único país", diz Pierce.
A América Latina se tornou um dos principais polos de investimento chinês em energia limpa.
Segundo análise do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), há 35 usinas solares e eólicas de empresas chinesas em operação, construção e planejamento no Brasil, na Argentina, no Chile, na Colômbia e no México.
Entre 2019, diz o Ipea, a capacidade eólica controlada por empresas chinesas na região passou de 1,6 GW para 3,2 GW. A capacidade solar, por sua vez, quadruplicou, de 363 MW para 1,4 GW.
"A China, como o Brasil e outros países dos Brics, tem um projeto de ganhar mais espaço na governança global. O investimento em energia limpa é uma maneira de influenciar no debate global", diz à reportagem um dos autores do estudo, Marco Aurélio Alves de Mendonça.
"A China investe muito em hidrelétricas no exterior, mas em países pequenos muitas vezes isso não é viável. E aí pequenas fazendas eólicas e fotovoltaicas acabam resolvendo muitos dos problemas reais nesses países", afirma.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Orientação do governo é para barrar novos subsídios na conta de desenvolvimento energético que pressiona a tarifa dos consumidores.
O secretário nacional de transição energética e planejamento do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, disse nesta 3ª feira (27.fev.2024) que os incentivos para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para produção de hidrogênio verde não devem entrar na CDE (Conta de Desenvolvimento Energético).
A CDE é o encargo setorial que reúne a maioria dos subsídios para novas fontes de energia. O impacto da conta foi de R$ 34,9 bilhões em 2023. Para 2024, a proposta da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) é de R$ 37,1 bilhões.
Em participação na Comissão de Infraestrutura do Senado, Barral explicou que um os principais desafios para o desenvolver essa indústria no país é alavancar formas de financiamento acessível para os projetos, mas afastou a possibilidade de subsídios por meio do mecanismo pago na conta de luz dos brasileiros.
Para o secretário, a conta de luz no Brasil já tem um valor elevado que impacta na competitividade da indústria brasileira e no bolso dos contribuintes. Barral disse que a orientação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é preservar a CDE sem novos incentivos.
Barral declarou que um cenário de inclusão desses incentivos na CDE só será possível com uma amarração bem estruturada de que o subsídio vai gerar riqueza no Brasil.
“Há uma discussão se caberia se colocar incentivos na CDE, e eu peço muita responsabilidade nessa discussão porque a CDE vai parar na conta de luz que a gente paga e ela afeta a competitividade da própria indústria brasileira. Temos que ter muita parcimônia para não colocar toda essa conta que se pleiteia dentro da CDE porque no final isso pode virar um tiro no pé e se voltar contra a competitividade no Brasil”, disse Barral.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Além de se consolidar como uma alternativa limpa e sustentável, que reduz as emissões de gases de efeito estufa e a dependência de fontes não renováveis, a energia solar abrange vantagens de peso para os consumidores.
Em terras brasileiras, o setor solar fotovoltaico vem crescendo de maneira expressiva nos últimos anos. Esse fenômeno não é apenas reflexo do clima tropical do país, mas também de uma conjunção de fatores que trazem à tona uma energia já consagrada protagonista para o cenário energético nacional.
AAssociação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) divulgou projeção de acréscimo de 9,3 GW em capacidade instalada em 2024, elevando a potência acumulada para 45,6 GW até o final do ano. Isso representa investimentos na casa dos R$ 38,9 bilhões, com perspectivas de criar mais de 281,6 mil novos empregos e arrecadação extra de mais de R$ 11,7 bilhões aos cofres públicos.
O Brasil tem uma vantagem natural quando se trata de energia solar, com alto nível de irradiação em grande parte do território. Além disso, políticas públicas incentivadoras, como a Resolução Normativa 482 da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), que permite a geração de energia solar distribuída, têm o poder de estimular a adesão tanto de consumidores residenciais quanto industriais. A queda nos custos dos equipamentos e a conscientização crescente sobre os impactos ambientais da energia convencional também refletem o desenvolvimento do setor.
A verdade é que o segmento se destaca como um forte aliado da sustentabilidade no país. Atualmente, graças aos avanços dos últimos tempos, a energia solar fotovoltaica se consolida como a segunda maior fonte da matriz elétrica brasileira, com aproximadamente 16% da potência instalada, ficando atrás apenas das hidrelétricas. Em franca expansão, espera-se que ultrapasse até mesmo as hidrelétricas, por isso devemos nos voltar sempre à importância de incentivos, políticas, programas e subsídios do governo que podem acelerar esse processo.
Benefícios para todos e inovações
Além de se consolidar como uma alternativa limpa e sustentável, que reduz as emissões de gases de efeito estufa e a dependência de fontes não renováveis, a energia solar abrange vantagens de peso para os consumidores. A geração distribuída permite a independência energética e, muitas vezes, a venda do excedente para a rede, proporcionando retorno financeiro. Além disso, as instalações solares externas ajudam a diminuir os gastos com as contas de eletricidade em longo prazo.
Inovações notáveis na área também estão no radar. Avanços em tecnologia de painéis solares, armazenamento de energia e sistemas de monitoramento seguem impulsionando a eficiência e a confiabilidade operacional. O uso da inteligência artificial e do aprendizado de máquina na gestão de sistemas solares se sobressai quando o assunto gira em torno de otimização de desempenho e manutenção.
O potencial do setor para proporcionar benefícios econômicos e ambientais é inegável e o ano de 2024 promete ser um catalisador sólido desse desenvolvimento. No entanto, para caminharmos sempre rumo a um cenário com energia mais limpa e sustentável, é preciso focar na conscientização de forma contínua e lançar mão de abordagens estratégicas, sobretudo provenientes do governo.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
15 dos 27 estados brasileiros têm políticas ou programas de transição energética em andamento ou elaboração.
Mapeamento do Ministério de Minas e Energia (MME) aponta que 15 dos 27 estados brasileiros têm políticas ou programas de transição energética em andamento ou elaboração, disse nesta segunda (26/2) o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, Thiago Barral.
O levantamento foi feito em meio às discussões no ministério para a estruturação da Política Nacional de Transição Energética. Segundo Barral, será importante ter clareza das iniciativas a nível subnacional para a elaboração da política federal, que também estará conectada ao Plano Clima e à Nova Indústria Brasil, iniciativa de industrialização do governo lançada em janeiro.
“O Brasil é muito diverso. Cada estado tem condições, oportunidades, desafios diferentes, então a ideia é enxergar essa diversidade de interesses e de possibilidades, para que a política a nível nacional possa dialogar com essa diversidade”, explicou a jornalistas.
Foram contabilizados pelo MME apenas os programas que não focam em uma única tecnologia para a redução das emissões de carbono. As iniciativas consideradas no levantamento não foram divulgadas, pois o ministério ainda realiza consultas aos estados.
“Quando pensamos em políticas que integram diferentes tecnologias, em um escopo que vai além de uma só tecnologia, contabilizamos um total de 15 estados já se movimentando. Isso é muito bom, é um caminho sem volta”, disse.
Transição fluminense
O secretário participou, na manhã desta segunda (26), do Encontro Estratégico de Transição Energética, organizado pela FGV Energia em parceria com a Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar do estado do Rio. O evento foi seguido de uma audiência pública para debater a elaboração da Política Estadual de Transição Energética do Rio de Janeiro.
De acordo com Barral, a expectativa é que a estratégia de transição energética do Rio esteja integrada à estratégia nacional.
“O Rio sintetiza muito bem alguns dos dilemas da transição energética não só em nível nacional, mas em nível internacional”, afirmou.
Ele ressaltou a importância do estado para o setor energético, com a concentração da maior parte da produção de petróleo e gás do país, além das usinas nucleares brasileiras, e do potencial de energia eólica e geração solar distribuída. Lembrou ainda do parque industrial fluminense e da infraestrutura disponível no estado.
Para o secretário, esse contexto confere ao Rio a oportunidade de ter os projetos de transição energética mais resilientes do ponto de vista econômico.
“Isso permite combinar a indústria que fornece a segurança energética hoje com a indústria da transição energética, fazendo essa ponte, requalificando ativos, otimizando a infraestrutura existente, para que possa transformar e inovar. A indústria de óleo e gás é hoje um grande motor de inovação, assim como a nuclear”, disse.
Indústria precisa de segurança jurídica
Representantes da indústria presentes ao evento destacaram a necessidade de segurança jurídica para o avanço das iniciativas de transição na economia fluminense.
As associações participantes do debate ressaltaram ainda a importância de o planejamento fluminense levar em conta o potencial de aproveitamento da economia do mar como uma das vantagens competitivas do estado, assim como a experiência do estado com a indústria de gás natural e com o uso do gás natural veicular (GNV).
Para a diretora de relações institucionais da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Danielle Valois, o planejamento precisa ser perene e ultrapassar o governo atual em termos de estruturas de governança. Valois defende ainda que o Rio pode prever no plano de transição uma mistura entre o uso de gás natural, biogás e hidrogênio para a redução das emissões.
“1% ou 2% de mix de hidrogênio ou de um gás renovável num mix do gás natural já podem fazer diferença para o clima. É importante ter isso em mente, não ter planos agressivos que sejam inviáveis, economicamente impossíveis”, disse.
Fonte e Imagem: epbr.
Do G20 à COP30, país pode ajudar a moldar rumo do mundo pelos séculos que virão.
Nos próximos dois anos, o Brasil pode ajudar a moldar o rumo do mundo pelos séculos que virão. Como presidente do G20 este ano e da COP30 da ONU em 2025, o país tem a oportunidade de mostrar como o combate às mudanças climáticas, o avanço da economia e a promoção da prosperidade estão interligados. A necessidade de agir é urgente, por isso é extremamente encorajador que o Brasil tenha construído uma agenda climática ambiciosa e compatível com o momento.
O Brasil possui uma combinação única de recursos e capacidades que o posicionam para ajudar a liderar a transição global para uma energia mais limpa e emissões mais baixas, além de disponibilizar recursos para o crescimento verde de outros países em desenvolvimento. Também possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, graças à sua abundância de energia hidrelétrica e à adoção das fontes eólica e solar. O país abriga mais da metade da floresta amazônica e a maior concentração de biodiversidade do planeta. Além disso, possui quase um sexto da água doce do mundo, um ativo fundamental para a produção de hidrogênio verde, bem como recursos abundantes para a produção de energia limpa, biocombustíveis e outros componentes importantes de uma economia de baixo carbono.
A capacidade do país de utilizar sua vasta riqueza natural de maneiras que beneficiem o planeta e preservem a biodiversidade pode estabelecer um exemplo poderoso para todo o mundo. E a boa notícia é: o Brasil está se preparando para enfrentar o momento. Tem o potencial de se tornar o primeiro país do G20 a atingir emissões líquidas zero de carbono e, ao mesmo tempo, criar novos empregos, expandir oportunidades e se tornar um player cada vez mais importante e competitivo nos setores em crescimento que moldarão a economia global nos próximos anos.
A matriz energética do Brasil já torna a produção de bens menos intensiva em carbono do que em outros países, e agora o país está buscando novas oportunidades nas indústrias do futuro. Esses planos incluem uma estratégia para descarbonizar as indústrias mais poluentes, um dos desafios climáticos mais difíceis. O Brasil está entre os maiores produtores mundiais de cimento, aço, alumínio e minério de ferro - setores essenciais para o crescimento econômico, mas que geram muitas emissões e são complexos de eletrificar, dificultando a transição para energia solar, eólica e hidrelétrica. Tecnologias inovadoras, como o hidrogênio verde, serão uma peça importante na solução desse problema e, com vento e sol fortes, o Brasil tem o potencial de ser o produtor de hidrogênio verde de menor custo do mundo.
A proteção ambiental é especialmente importante para as ambições climáticas do Brasil, uma vez que o agronegócio, o desmatamento e o uso da terra são responsáveis por mais da metade da pegada de carbono do país. O país tem um histórico sólido no que diz respeito à proteção dos recursos naturais e estabeleceu uma meta para acabar por completo com o desmatamento ilegal até 2030. Na Amazônia, o problema já foi reduzido pela metade no primeiro ano do atual governo, mostrando ao mundo que pode sim ser realizado com uma forte liderança. Em âmbito global, o fim do desmatamento, a proteção e a restauração de ecossistemas e a adaptação de práticas agropecuárias poderiam, juntos, alcançar cerca de 30% das reduções de emissões necessárias até 2030.
Enquanto acontece o encontro do G20 em São Paulo nesta semana, os demais países devem ser incentivados a seguir o exemplo do Brasil e apoiar a colaboração público-privada necessária para transformar planos em realidade. A Bloomberg e nossos parceiros estão trabalhando para fornecer esse apoio em países de todo o mundo. Para isso, paralelamente às reuniões do G20, a Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ) une forças com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, para desenvolver uma Plataforma de Transição Climática inédita mobilizando mais investimentos internacionais em apoio às metas de crescimento verde do Brasil. Por meio da plataforma, promoveremos a colaboração entre os setores público e privado para ajudar a financiar os projetos climáticos do governo.
Além disso, com base no lançamento da Rede Regional da GFANZ para a América Latina e o Caribe em outubro de 2023, o Brasil sediará o primeiro Capítulo Nacional do GFANZ na América Latina e no Caribe. Por meio da instituição, mais de 675 organizações financeiras globais se comprometeram a reduzir as emissões em seus portfólios. Como potência financeira global, o Brasil tem um papel fundamental no aproveitamento dos mercados de capitais para direcionar mais investimentos para a luta contra as mudanças climáticas no mundo.
Contando com uma forte liderança no âmbito federal, o Brasil pode liderar de baixo para cima, em todos os setores da sociedade - desde comunidades de povos originários até governos estaduais e líderes urbanos. As grandes cidades são responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa do mundo, e o Brasil é um dos países mais urbanizados: quase 90% por cento dos brasileiros vivem em cidades. Estas têm demonstrado determinação e criatividade para enfrentar a mudança climática de maneiras que melhoram a vida das pessoas. Desde os sistemas de ônibus rápidos pioneiros em Curitiba passando por novos projetos de energia renovável no Rio de Janeiro, até os investimentos em infraestrutura para bicicletas em Fortaleza e os esforços de São Paulo para conectar agricultores locais aos mercados urbanos - programas que a Bloomberg Philanthropies tem tido o prazer de apoiar.
Mais de 150 cidades brasileiras são líderes ativas no C40 Cities Climate Leadership Group e no Pacto Global de Prefeitos, fóruns nos quais as cidades estabelecem metas climáticas baseadas na ciência e compartilham melhores práticas. As cidades ajudaram o Brasil a continuar avançando em relação às mudanças climáticas durante anos de ausência de ação em âmbito federal. E agora, com o apoio e a liderança nacional, elas podem ser parceiras fundamentais enquanto o Brasil trabalha para atingir suas metas. Por meio da Coalizão para Parcerias Multiníveis de Alta Ambição, lançada na COP28, o Brasil é um dos mais de 70 países que estão encontrando novas maneiras de maximizar a ação climática trabalhando com cidades, estados e regiões no planejamento, financiamento e implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas.
Com todos esses elementos, o Brasil está pronto para mostrar ao mundo o que é possível no enfrentamento das mudanças climáticas, o maior desafio global da atualidade e construir um futuro mais brilhante e próspero para os brasileiros em todo o país.
Michael R. Bloomberg é enviado especial do Secretário-Geral da ONU para Ambição e Soluções Climáticas, fundador da Bloomberg Philanthropies e da Bloomberg L.P. e ex-prefeito da cidade de Nova York (2002-13).
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Medidas vão de aterramento de fiação elétrica até compartilhamento de equipes entre distribuidoras.
Milhões ficam sem energia com queda de árvores e chuvas fortes.
Aterramento de fiação elétrica, mapeamento de árvores, planos de contingência com a criação de protocolos de compartilhamento de equipes entre as distribuidoras de energia e a instalação de radares meteorológicos Brasil afora. Essas são algumas das exigências que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estuda a fim de lidar com os efeitos climáticos adversos nas grandes cidades, que têm deixado milhões de consumidores às escuras.
Com a frequência cada vez maior de tempestades, ventos acima da média histórica e ondas de calor constantes, especialistas defendem ainda a necessidade urgente de investimentos adicionais na distribuição de energia. Mas alertam para a capacidade de os consumidores conseguirem suportar novos aumentos na conta de luz, já que as empresas repassam o custo das melhorias. Neste ano, projeta-se uma alta média de 5,6%.
O debate ocorre em meio ao aumento de 40% no volume das reclamações dos consumidores. Segundo dados da Aneel, em 2023 foram 84.328 queixas. Para o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, os investimentos entre as concessionárias de energia, que somaram R$ 31 bilhões no ano passado, precisam ser maiores.
— Não há sinalização de carência de investimentos. O que acontece é que esses investimentos talvez precisem ser maiores — afirma Feitosa. — O ano de 2023 foi o mais quente da História. O clima está relacionado com o setor elétrico, pois dependemos do clima para nossa segurança energética. Em geração e distribuição, já lidamos com esses desafios há décadas e passamos a desenvolver soluções. Agora, temos os eventos climáticos severos no setor de distribuição.
Desde novembro, consumidores ficaram sem energia elétrica por dias em cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, entre outros. A demora por parte das concessionárias em reestabelecer o serviço levou ainda diversas prefeituras a entrarem com requerimentos na Aneel apontando falhas na prestação de serviços.
— Quando há um evento (climático) na distribuição, há destruição de rede, com desconexão de milhares de consumidores que precisam ser reconectados. E isso demanda muitos profissionais. E as distribuidoras não estavam preparadas para esse ambiente desafiador — diz Feitosa, lembrando que a Aneel multou a Enel em R$ 165 milhões pelo apagão em São Paulo no início de novembro.
Como esse cenário é cada vez mais frequente, a Aneel deu início, este mês, a uma tomada de subsídios — espécie de consulta pública no âmbito de sua superintendência. Com base nisso, vai preparar uma instrução técnica, a ser encaminhada a um relator que avaliará um conjunto de novas regulamentações, com obrigações, procedimentos, protocolos de trabalho e novos serviços para as distribuidoras, adianta Feitosa:
— Estamos preparando um conjunto de regulamentos associados ao aumento da resiliência do sistema de distribuição frente aos eventos climáticos já neste ano de 2024. Temos pressa. Mas não preciso que um novo contrato seja firmado no âmbito da renovação das concessões. A Aneel tem poder para fazer ajustes na prestação de serviços do ponto de vista da regulamentação. No Rio Grande do Sul, os projetos de postes já estão sendo dimensionados para suportar ventos acima de 100 quilômetros por hora.
Impacto nas tarifas
Dentro desse novo conjunto de regras, a ideia da Aneel é criar um plano de contingência, a ser compartilhado entre os poderes públicos e as empresas. Por isso, será preciso mapear as condições das árvores, o trajeto da rede elétrica e o tráfego, além de estabelecer regras de comunicação entre os órgãos, como Defesa Civil e Bombeiros. É estudada ainda a criação de um protocolo para compartilhamento de equipes e recursos entre as distribuidoras de energia.
Feitosa ressalta que a nova regulamentação vai apontar a necessidade de haver um sistema de detecção de eventos climáticos, com a instalação de radares meteorológicos, para melhorar a velocidade e a precisão de resposta. O diretor-geral da Aneel lembra que é preciso ainda discutir o aterramento da fiação elétrica — hoje, mais de 99% da rede no Brasil é aérea.
— Uma rede subterrânea custa cerca de dez vezes mais que uma rede aérea. Mas é necessária ainda uma discussão com as empresas de telecomunicações, por conta do compartilhamento de postes, por exemplo. Por isso, é preciso até uma conversa legislativa ou pensar uma política pública, via Ministério das Cidades. Só a Aneel não consegue fazer isso sozinha — afirma. — Mas fazer redes elétricas mais resilientes tem um custo. Temos que ser precisos, de forma a evitar uma tarifa muito elevada.
Segundo Vanderlei Martins, especialista em planejamento energético e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), uma das barreiras à adaptação das concessionárias de energia a eventos climáticos extremos é justamente como as elas vão repassar esses investimentos às tarifas. — Além dos aspectos técnicos, há a questão de como o investimento será remunerado — diz Martins. — A necessidade de investimentos contínuos em resiliência, juntamente com políticas públicas, é crítica para garantir a segurança energética e minimizar as interrupções no fornecimento de energia.
Ele ressalta que, como nem todas as distribuidoras têm capacidade de investimento, é importante desenvolver o conceito de “justiça climática”, que envolve a característica socioeconômica e a complexidade ambiental da área de atuação das concessionárias:
— Os investimentos necessários para melhorar a resiliência das redes elétricas podem ser substanciais, variando distintamente entre as regiões.
Para Jerson Kelman, ex-diretor-geral da Aneel, o sistema elétrico como um todo necessita de revisão, já que as concessionárias não estão preparadas para lidar com os atuais eventos climáticos. Ele destaca a importância de revisar os critérios nos projetos, com postes e torres de transmissão mais resistentes aos ventos, e de haver maior coordenação entre as empresas e a administração municipal sobre a poda de árvores:
— A remuneração dos investimentos das empresas do setor elétrico, como aliás de todos os serviços públicos, é via tarifas. Por isso, é preciso cautela para não exigir das concessionárias investimentos absurdos, que ultrapassam em muito a capacidade de pagamento dos consumidores, como seria, por exemplo, o aterramento de toda a rede de distribuição.
O engenheiro elétrico Roberto Pereira D’Araújo, do Instituto Ilumina, lembra, por sua vez, que a Aneel precisa incrementar o seu papel de fiscalizadora, para identificar as áreas mais arriscadas. Hoje, a Aneel conta com cerca de 100 profissionais (o que inclui conveniados regionais) para fiscalizar todo o setor, da geração à distribuição. Segundo Feitosa, seriam necessários de duas a três vezes mais.
— A concessão das distribuidoras é da União, mas o ordenamento vegetativo das ruas é tarefa das prefeituras. Portanto, isso envolverá um grande convênio a nível nacional. Essa confusão dos postes já deveria ter sido alvo de uma regulação que exigisse um planejamento de poda da vegetação em parceria com as prefeituras — afirma D’Araújo.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) está fazendo um estudo internacional para analisar e tratar os efeitos dos eventos extremos, a fim de aumentar a resiliência das redes. Segundo o presidente da entidade, Marcos Madureira, há também estudos para estruturar o apoio de equipes e equipamentos entre as distribuidoras, em uma espécie de “mutirão” para agilizar a resposta a eventos climáticos extremos.
— As redes subterrâneas não são totalmente imunes, pois podem ser impactadas por inundações. Uma alternativa mais econômica que também traz resultados é um melhor manejo das árvores que tenham potencial de cair sobre a rede elétrica. É necessário um ajustamento com os governos municipais para ter uma arborização adequada — diz Madureira.
Ana Paula Ferme, da área de Regulação Econômica na Thymos Energia, também considera que um “manejo vegetal eficaz” pode evitar interrupções de energia. Mas ela considera necessário rever o modelo de concessão, para incorporar de forma mais explícita a preparação e a resposta aos eventos climáticos. Isso poderia, diz, compensar um aumento nas tarifas:
— Ganhos em eficiência operacional e a diminuição de despesas associadas a falhas e interrupções contribuem para a sustentabilidade financeira dos investimentos, minimizando possíveis impactos sobre as tarifas.
Fonte e Imagem: O Globo
Segundo especialistas, há várias frentes de descarbonização em andamento e muitas oportunidades para o Brasil nos próximos anos.
A agenda climática parece ter entrado de vez na estratégia de negócios. Com a regulação em alguns mercados apertando o cerco contra empresas que poluem muito, desmatam e não têm um plano de descarbonização, reforçada por a uma pressão de investidores e clientes na mesma direção, muitas companhias - inclusive brasileiras - já anunciaram mudanças em suas operações.
Uma pesquisa feita pela consultoria Deloitte em 2023 com executivos C-level revelou que o assunto “Mudanças Climáticas” está entre os três focos prioritários da alta administração. O assunto também aparece na lista de prioridades dos conselhos de administração para 2024 na pesquisa anual publicada pela consultoria EY. A transição energética - como tem sido chamada a mudança de uma economia baseada em combustíveis de origem fóssil para opções renováveis e mais limpas - é onde boa parte dos esforços dos planos de descarbonização está concentrado.
E não são apenas intenções. O investimento global na transição energética de baixo carbono aumentou 17% em 2023, atingindo US$ 1,77 trilhão, de acordo com o relatório Energy Transition Investment Trends 2024, recém-publicado pela fornecedora de pesquisas BloombergNEF (BNEF). O montante é recorde e, segundo os autores do documento, demonstra a resiliência da transição para energias limpas num ano de turbulência geopolítica, taxas de juro elevadas e inflação de custos.
Contudo, especialistas da BNEF destacam que o atual nível de investimentos em tecnologias de energia limpa não é “nem de longe” suficiente para que o mundo atinja o patamar de carbono neutro até 2050. De acordo com o relatório, seria necessário triplicar esse volume para US$ 4,8 trilhões por ano entre 2024 e 2030, para chegar ao combinado no Acordo de Paris. “Só uma ação determinada por parte de quem toma decisões políticas pode desbloquear este tipo de mudança radical”, diz Albert Cheung, vice-CEO da BNEF, no documento.
O Brasil era, em 2023, a sexta maior economia do mundo em investimentos em transição energética, com US$ 34,8 bilhões aplicados, segundo a Bloomberg. Foi o país, entre os emergentes, que mais recebeu investimentos para projetos de energia sustentável - 11% do total entre 2015 e 2022, de acordo com dados do relatório de investimentos da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Mas, segundo especialistas, dadas as características únicas do país - matriz mais limpa que a média global, vocação natural para hidrogênio verde, mercado de etanol desenvolvido e alto volume de resíduos agropecuários que podem servir de insumo energético - o potencial é atrair bem mais capital nos próximos anos.
“Todos os temas de energia - renováveis, biogás, biometano, biomassa, eletrificação - estão acelerando. A energia está ficando mais barata e, com isso, as empresas estão conseguindo unir o útil ao agradável, ou seja, reduzem emissões a um custo menor de produção”, comenta Henrique Ceotto, sócio da consultoria McKinsey.
Em relatório publicado em novembro de 2022, a McKinsey mapeou três avenidas associadas à economia verde nas quais o Brasil pode assumir o protagonismo: energia renovável, energia e materiais de base biológica, e mercados de carbono. Juntas, essas avenidas representam um mercado de mais de US$ 125 bilhões - US$ 31 bilhões em energia renovável, US$ 59 bilhões nos projetos de energia e materiais de base biológica, e US$ 35 bilhões com mercados de carbono.
No caso de energias renováveis, Ceotto acredita que, com os juros da economia caindo, e ofertas mais interessantes no setor financeiro, a geração eólica e solar tende a acelerar. “Alguns bancos oferecem até kit para instalar uma mini usina solar em fazendas e telhados de casa com a condição do cliente pagar com o diferencial da conta de energia. Este tipo de produto incentiva o mercado”, diz.
Em 2023, o Brasil bateu recorde de energia limpa, com 93% vindo de fontes renováveis, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Mais da metade da energia gerada no ano passado (50 mil megawatts médios - MWm) vem de hidrelétricas, mas as usinas solares e eólicas têm acelerado o ritmo, com alta de 24% em relação a 2022, somando 13 mil MWm. Segundo projeção da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), só a energia vinda do sol deve atrair R$ 39 bilhões em novos investimentos em 2024.
Empresas de energia, como Eneva, EDP, AES, Brookfield, Cemig e outras já estão expandindo seu portfólio de renováveis, enquanto as petroleiras também buscam alternativas para diminuir sua dependência de receita de combustíveis fósseis. Só a Petrobras pretende investir US$ 5,2 bilhões em eólica e solar até 2028, como apresentou no final do ano passado.
“Dentro do universo de combustíveis fósseis, uma busca pela eficiência deve ser prioridade, com captura de carbono, uso de biocombustíveis, otimização na produção e no refino. Tudo isso é parte essencial da estratégia de sobrevida da indústria”, diz Rodrigo Sluminsky, sócio da área de Sustentabilidade Corporativa do Gaia, Silva, Gaede Advogados.
Ele lembra que, para indústrias de difícil abatimento de emissões, como mineração, siderurgia, construção civil e logística, além de soluções inovadoras, o mercado de carbono deve ser mais um dos instrumentos para reforçar a busca por eficiência. “Na COP 28, em Dubai, falou-se muito de que o mundo precisa, até 2030, triplicar os esforços em renováveis e duplicar em eficiência, ambos igualmente difíceis”, diz.
A estimativa da McKinsey é de crescimento de 47% para energias solar e eólica até 2040, um potencial de US$ 11 bilhões em receitas. Além do interesse do capital, os custos decrescentes da tecnologia e infraestrutura de geração devem ajudar. A projeção é de diminuição de 46% no custo nivelado de energia (LCOE) para geração de energia solar e 27% de redução para geração de energia eólica durante este período.
Para Rodrigo Sluminsky, sócio da área de Sustentabilidade Corporativa do Gaia, Silva, Gaede Advogados, geração de energia renovável é um pilar essencial da transição e deve ser liderado por eólica e solar – com muita folga. “Fontes alternativas adicionais como hidrogênio devem ser essenciais para o longo prazo, 2050, mas, pensando nas metas até 2030, o foco deve ser em escalar o que já existe”, comenta, citando posicionamentos da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) e da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena). Ele lembra que já é “bem difícil” passar de 40% para 77% a capacidade instalada renováveis pelo mundo até 2030, embora seja “extremamente necessário” do ponto de vista do cumprimento das metas climáticas.
“A necessidade de transição energética global vai muito além da energia renovável somente. Claro que é preciso aumentar a oferta de energia renovável, mas também é necessário, em paralelo, melhorar o uso da energia, trabalhar na eficiência energética”, comenta Sluminsky, do Gaia, Silva, Gaede Advogados. Ele cita como um dos exemplos a busca por eficiência e redução do uso de energia. Isso pode ser feito desde troca de maquinários para equipamentos mais modernos, implantação de tecnologias para gestão de perdas e controle de consumo desnecessário substituição de combustíveis renováveis para seus fornos, até repensar a forma como se faz negócio.
“A transição energética vai muito além de trocar lâmpada”, diz Sluminsky. “Vai além também da geração de energia renovável. Trata-se de integrar toda a cadeia de suprimento para o conceito amplo de eficiência energética”, comenta.
Na prática, defende, uma empresa deveria passar a observar de forma holística se as matérias-primas que utiliza, a forma com que produz, embala, transporta e entrega ao cliente, assim como o pós-venda, são as opções menos poluentes. Mas, o advogado mesmo pontua que se já é difícil para empresas descarbonizar suas operações próprias, garantir que a cadeia faça o mesmo é um grande desafio, um dos principais gargalos hoje na agenda e dá como exemplo a mobilidade elétrica.
“A expectativa é que haja, nos próximos anos, um salto enorme em eletrificação de frota, especialmente com o programa MOVER. Isso gera um enorme desafio de cadeia de suprimentos, baterias, eletropostos, mudança de cultura em oficinas etc.”, pondera Sluminsky.
O MOVER é um programa anunciado pelo governo federal no ano passado e que prevê incentivos de até R$ 19 bilhões em cinco anos para promover, entre outros objetivos, investimento em pesquisa e desenvolvimento ou produção tecnológica no país, associados à eletrificação e redução da pegada de carbono.
Energia vinda do campo
Outra forte tendência, segundo especialistas, para 2024 são os investimentos em matérias-primas de origem vegetal com potencial de gerar energia elétrica e térmica. O etanol se destaca como fonte para o crescente mercado de carros híbridos, movidos a etanol e energia elétrica, enquanto também pode servir de insumo para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF).
A estimativa da consultoria Oliver Wyman é que o aumento da produção de etanol, biodiesel, diesel renovável, combustível de aviação sustentável (SAF) e gás natural comprimido pode reduzir entre 27,4 milhões e 71,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2 eq) até 2030.
Dentre os biocombustíveis, o SAF vem se destacando por seu potencial. A Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB) e a fabricante de aviões Boeing calculam, em um levantamento recente, que o Brasil pode gerar 9 bilhões de litros, sendo 6,5 bilhões vindos de resíduos do agro, especialmente cana-de-açúcar (palha e bagaço). Resíduos madeireiros (1,9 bilhão), gordura animal (0,36 bilhão), gases de escape de processos industriais (0,23 bilhão) e óleo de cozinha usado (0,23 bilhão) completam a lista.
Alguns países signatários do Corsia, acordo da aviação civil internacional para chegar a 2050 com emissões líquidas zero, já adotaram percentuais obrigatórios de uso de SAF, misturado à querosene de aviação. No Reino Unido, por exemplo, até 2030, as companhias aéreas precisam viajar com pelo menos 10% de SAF. A meta imposta pelo Corsia é que os operadores aéreos reduzam em 1% sua pegada de carbono a cada ano, a partir de 2027, até chegar em corte de 10% em 2037. O Brasil é signatário do Corsia, mas ainda não determinou percentuais. No ano passado foi lançado um projeto de lei que cria o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV), que prevê aumento gradual da mistura de SAF ao querosene de aviação fóssil a partir de 2027.
Para o engenheiro Athos Rache Filho, consultor e empreendedor na área de energia, a grande virada de chave para o SAF e também outros biocombustíveis será na produção de 2a geração, como é chamada aquela feita a partir de resíduos.
Ele destaca a Raízen como pioneira do tipo - foi a primeira a ter, no mundo, etanol certificado pela ISCC CORSIA Plus (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), programa da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), agência da ONU dedicada a descarbonizar o setor. “A RBS analisou positivamente a utilização de biomassa como sendo a rota ideal para o Brasil e a boa notícia é que há diversas fontes de biomassa, de casca de arroz a cavaco de madeira proveniente de florestas industriais e resíduos urbanos”, afirma Rache Filho.
O consultor aponta ainda que só o Estado de São Paulo tem 170 das 400 usinas sucroalcooleiras no Brasil e é um dos maiores consumidores de combustíveis, o que torna ainda mais atrativa esta rota. “O Brasil como grande produtor agrícola se insere de forma importante neste conceito e, mais do que isso, é o maior produtor de açúcar e álcool de cana do mundo, o que resulta em um volume de biomassa de resíduo colossal”, diz.
A geração de gás a partir de lixo urbano, não reciclável, é, para ele, uma das principais oportunidades, dado que todos os municípios do país têm esse desafio com que lidar. “Só o aterro sanitário de Caieiras em São Paulo poderia produzir seguramente mais de 300 mil toneladas por ano do ‘petróleo verde’”, diz Rache Filho, se referindo a uma fala do presidente Lula na conferência do clima da ONU em dezembro passado, sobre o Brasil ser chamado, daqui a 10 anos, de “a Arábia Saudita da energia verde, da energia renovável”.
Empurrão da legislação
A política de promoção de biocombustíveis décadas atrás é vista, hoje, como uma aposta acertada e um grande diferencial competitivo do Brasil na economia verde. Porém, com a evolução da agenda de sustentabilidade, outras necessidades regulatórias são importantes para destravar investimentos, como uma taxonomia verde que coloque “os pingos nos is” do que é, de fato, um produto, um insumo, uma prática sustentável do que é parte da transição. Outra questão, ainda ligada a classificação, é sobre o uso de áreas agricultáveis para produção de energia e não alimentos. “Pelo visto, podemos esperar que a concorrência entre a produção de alimentos e a produção de combustíveis deverá ser considerada nas análises e avaliações futuras de certificação”, acredita Rache Filho. Esse debate está levando, diz, à discussão sobre qual o “tom de verde” que pode ser atribuído a combustíveis combustíveis produzidos com esses insumos, como os óleos vegetais, a exemplo do de soja.
Para Ceotto, da McKinsey, a regulação não é fonte apenas de pressão para que essas agendas andem, mas, acima de tudo, dá segurança jurídica e institucional que pode destravar investimentos. “A geração distribuída de energia solar e biomassa para caldeiras de indústrias, por exemplo, são conhecidos e regulados. Para o mercado de créditos de carbono, biogás e biometano, está mais nebuloso; o de hidrogênio verde estámais nebuloso ainda”, diz. “O setor financeiro e os investidores esperam clareza regulatória. Ou seja, quando visualizarem isso, o dinheiro vai vir.”
Apesar de ser uma rota para o longo prazo, o hidrogênio verde pode ganhar um impulso este ano, segundo o executivo, se for aprovado o framework regulatório. Está em tramitação no Congresso um projeto de lei que detalha o marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono e cria o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixo Carbono (PHBC). “Não me surpreende se for aprovado”, comenta Ceotto, citando o forte interesse de empresas e países pelo tema.
Especialistas destacam que a mensagem que o governo brasileiro tem dado é de que a descarbonização será um dos focos de políticas e incentivos. Além do Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda, o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado em dezembro de 2023, também abrange investimentos em infraestrutura de energia e transporte sustentáveis. A recém- lançada Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial que, entre outros pontos, buscará promover projetos de inovação e sustentabilidade da indústria (chamado de Mais Verde).
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Mário Menel, presidente do Fórum, vê o diálogo como fundamental na reformulação do setor e nos temas da pauta verde.
A transição energética foi incluída como tema prioritário, na versão atualizada da agenda do Fórum das Associações do Setor Elétrico. O documento entregue em janeiro ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reflete consensos mínimos em relação às medidas de reformulação do setor, no momento em que as associações estão na expectativa de retomada do diálogo com o governo.
São assuntos que na opinião do presidente do fórum, Mário Menel, tem que ser parte de uma proposta única, coesa e integral de enfrentamento e solução dos problemas do setor. “Gostaríamos de ter uma agenda mais ampla até do que uma reforma pura e simples do setor elétrico” defendeu o executivo em entrevista ao CanalEnergia Live desta quinta-feira, 15 de fevereiro.
A Agenda Fase 2.0 foi dividida em cinco grandes temas, com 28 medidas propostas. Além da transição, que inclui os projetos da pauta verde, ela trata da redução de encargos e subsídios, de alterações na governança setorial, da aceleração da abertura de mercado e da atração de investimentos.
Para Menel, o documento com as propostas deve servir, no mínimo, como um balizador das medidas de reformulação do modelo, tendo o consumidor como um ator importante. E o diálogo com o governo vai ser fundamental nesse processo.
Sem descartar a necessidade de diálogo com o Congresso Nacional, o presidente do Fase defendeu o fortalecimento do MME como interlocutor e condutor dos pleitos do setor elétrico ao Legislativo e ao próprio governo. Lembra que isso já aconteceu no passado, mas em algum momento o próprio setor inaugurou uma nova fase, que foi “bypassar” o ministério, recorrendo diretamente à Justiça ou ao Congresso.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Interligações ao SIN também contribuíram para queda no índice medido em toneladas por MWh.
O Sistema Interligado Nacional registrou em 2023, uma emissão de 38,5 kg de CO2 a cada MWh gerado. Trata-se da menor taxa desde 2012, segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com base em dados acumulados até novembro. A entrada de fontes limpas de geração de energia elétrica no SIN, o cenário hídrico bastante favorável e as ações do Ministério de Minas e Energia para reduzir a geração de energia elétrica a partir de óleo diesel contribuíram para essa baixa na emissão de CO2 em 2023, destacou o MME em comunicado.
No SIN, as UHEs representaram cerca de 70% de toda a geração verificada de energia elétrica. Foram 561.583 GWh, de janeiro a novembro de 2023, enquanto a energia eólica representou 15% do referido total, segundo os dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.
Em 2023, o Brasil expandiu a capacidade instalada de geração de energia elétrica em quase 20 GW, incluindo a geração distribuída, com destaque para a geração de fonte solar e fonte eólica, que representaram 69% e 25% do total dessa expansão.
Essas três principais fontes de geração de energia elétrica no Brasil reduzem a necessidade de geração de fonte térmica fóssil, que causa forte emissão de CO2. No entanto, observa o MME, as termelétricas continuam sendo necessárias para garantir a segurança eletroenergética do sistema.
A interligação de sistemas isolados ao SIN também teve uma contribuição para a diminuição do uso de fontes fósseis no país. Em 2023, os municípios de Parintins e Itacoatiara, no estado do Amazonas, e Juruti, no Pará, receberam linhas de transmissão que inseriram essas localidades no SIN, proporcionando qualidade e segurança do suprimento de energia elétrica para essas populações.
A interligação reduz a geração à óleo diesel e a emissão de CO2 na atmosfera. Uma das vantagens é a diminuição dos gastos com a Conta de Consumo de Combustíveis, encargo pago por todos os consumidores de energia elétrica. Em 2023, o Brasil economizou R$1,3 bilhão com CCC, que chegou ao patamar de R$ 11,6 bilhões, volume menor do que era esperado pela Aneel para o ano. O valor alcançado no ano passado também representa uma queda em comparação com montante atingido em 2022, de R$ 12,9 bilhões.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Para o presidente-executivo da associação, Charles Lenzi, o país gasta com alternativas renováveis distantes da vocação brasileira.
O Brasil utiliza aproximadamente 30% do seu potencial para instalação de hidrelétricas de médio e pequeno porte, segundo dados da Abragel (Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa). A instituição diz que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) teria identificado um potencial para geração de 23.000 MW (megawatts) através dessas instalações. O país, no entanto, conta com uma produção de 6.500 MW nesse modelo. Em entrevista ao Poder360, o presidente-executivo da Abragel, Charles Lenzi, disse que o Brasil não pode “perder o estado da arte” de projetos de geração de energia.
Para o executivo, o país se tornou referência em “energia limpa” por causa dos investimentos feitos em hidrelétricas em anos passados, mas que hoje as usinas desse tipo perdem espaço no debate público sobre a transição energética.
MODISMOS RENOVÁVEIS
O 1º ano do 3º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi marcado por uma vontade do governo em incentivar a geração de energia renovável. Contudo, Lenzi declarou que viu pouquíssimos movimentos de fomento a projetos de hidrelétricas.
Para o executivo, as fontes eólica e solar dominam o vocabulário do governo quando se fala sobre transição energética porque são discursos importados de países europeus, que não tem o mesmo potencial brasileiro para desenvolvimento de fontes hidráulicas.
Lenzi afirmou que é importante investir nesses projetos intermitentes, que trazem consigo também o desenvolvimento tecnológico, mas é ainda mais necessário que o Brasil priorize a exploração do seu potencial hidrelétrico antes de acelerar os investimentos em outras fontes. “A solução não vai ser só eólica e solar, não tem como. A gente precisa ter uma fonte que dê a sustentabilidade à nossa geração elétrica”, declarou.
POLÍTICAS PÚBLICAS
O PL (projeto de lei) 11.247 de 2018, que tem como principal objetivo regulamentar a exploração de energia eólica nas costas marítimas brasileiras, foi aprovado na Câmara em 29 de novembro de 2023 com um dispositivo que obriga a contratação de 4.900 MW de energia produzida por PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas).
Na época, esse foi um dos dispositivos apontados como “jabuti” (trecho que não têm relação com o texto original). Porém, na visão de Lenzi, esse trecho foi um dos poucos movimentos do congresso na direção de uma política pública para o desenvolvimento dessas matrizes.
Além disso, o dispositivo funciona como um ajuste do mercado e mais um avanço na transição energética, pois essa energia contratada substituiu a produzida por térmicas. O projeto agora tramita no Senado. “Esse projeto definiu uma política pública para o segmento de pequenas hidrelétricas e a gente acompanha com muita expectativa e muito otimismo que agora no Senado também seja referendado. O projeto traz a contratação de pequenas centrais em substituição a fontes de geração térmica e isso traz um benefício para o país no sentido de transição energética”, disse Lenzi.
O especialista também disse que o Congresso e o governo deveriam se debruçar na retomada de projetos de usinas hidrelétricas com reservatórios. A última usina com reservatório significativo que entrou no sistema elétrico foi a de Serra da Mesa, em 1998.
Depois o país priorizou usinas a fio d’água, que geram energia apenas com o fluxo natural do rio, sem ocorrer o armazenamento em grandes lagos. Para o executivo, os empreendimentos com reservatórios são essenciais para assegurar a segurança energética do país em meio à entrada cada vez maior de fontes intermitentes no sistema. Ele explicou que as usinas de fio d’água são mais suscetíveis a épocas de seca, o que tem provocado problemas no sistema elétrico periodicamente.
“Devemos voltar a investir em hidrelétricas com reservatório, pois isso é muito importante, não só para o setor hidrelétrico, mas para o país, para que a gente possa inclusive expandir nossa matriz usando fontes intermitentes de uma maneira robusta”, disse Lenzi.
Fonte e Imagem: Poder 360.
O ano de 2024 começa com muitas pendências no setor de energia ainda de 2023 – tanto no Legislativo quanto em agendas do Executivo e regulatória. Um relatório especial, elaborado pela equipe do JOTA PRO Poder, elenca uma série de projetos em tramitação no Congresso Nacional e analisa a expectativa de edição de medida provisória sobre a questão tarifária.
O documento enviado aos assinantes do serviço corporativo do JOTA ressalta que essa MP, anunciada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é uma das prioridades da pasta. Pelo que já foi anunciado, a ideia é remanejar R$ 350 milhões dos fundos setoriais de recuperação das bacias hidrográficas da lei de capitalização da Eletrobras para mitigar reajustes tarifários no Amapá.
No entanto, também são esperadas outras mudanças no setor sob o chapéu da modicidade tarifária. Alterações como a revisão das térmicas da Eletrobras para prever a contratação de pequenas centrais hidrelétricas estão no radar.
Além de listar as propostas no Legislativo, o relatório especial traz o ponto de vista do JOTA ao indicar as chances de avanço do projeto e de o mérito ser incluído em outro texto. Um dos PLs elencados, por exemplo, é o do marco da modernização do setor elétrico (PL 414/21), ao qual o ministério já deu sinais de que não pretende encampar o texto. O texto tem baixas chances de tramitação, mas existe a possibilidade de o tema ser incluído em outro texto.
Outro texto na pauta é o marco legal das eólicas offshore, que deve ter sua tramitação no Senado no primeiro semestre de 2024. Entre os demais projetos inclusos no relatório sobre a pauta para 2024 estão o mercado regulado de carbono, projeto Combustível do Futuro e a concessão das distribuidoras de energia.
Fonte e Imagem: JOTA.
Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), a União pretende avançar no financiamento do sistema elétrico brasileiro e continuar com os investimentos em fontes renováveis.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), disse que o governo federal quer avançar tanto na questão do financiamento do sistema elétrico brasileiro quanto nos investimentos em energia renovável, mas sem "tanto subsídio". A afirmação foi feita hoje (7) diante de uma plateia formada basicamente por investidores, em evento organizado pelo BTG Pactual.
"Queremos avançar na solução da questão do financiamento do sistema elétrico brasileiro, no seu reequilíbrio, e dar continuidade nos investimentos em energia renovável, que o Brasil lidera. É preciso que [isso] continue avançando, num novo patamar, sem tanto subsídio, mas com a vantagem competitiva que o Brasil conseguiu", defendeu.
Ele admitiu que o governo terá um 2024 mais curto por conta das eleições municipais de outubro. Diante disso, o objetivo do Executivo será "concluir a regulamentação da reforma tributária" e iniciar a "reforma de renda".
"O tempo passa rápido e nós buscaremos neste ano - quando temos um ano de apenas seis meses de intenso funcionamento do Legislativo, dada às eleições - concluir a regulamentação da reforma tributária e a reforma de renda", disse.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O setor elétrico terá que resolver questões envolvendo os sistemas isolados e das tarifas de energia sem subsídios, afirmou o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa.
“Em todas as conversas com ministro [de Minas e Energia, Alexandre Silveira,] foi falado sobre a racionalização de custos da energia elétrica em todo o país, em reduzir subsídios e em discutir tarifa de Itaipu. Nesse momento, temos a percepção que não são necessários tantos subsídios para o setor elétrico”, afirmou Feitosa durante painel do CEO Conference, evento do BTG Pactual, promovido nesta quarta-feira, 7 de fevereiro.
Segundo o diretor-geral, nos últimos anos, os subsídios destinados ao segmento somaram algo equivalente a todo faturamento do setor de distribuição em um ano. Um caminho apontado por Feitosa para reduzir os incentivos seria a alocação “eficiente” dos custos setoriais.
A visão da Casa Civil
Em outro painel, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o governo federal está procurando maneiras de avançar com as discussões do setor elétrico sem usar “tantos subsídios”. “[É uma das prioridades do governo] avançar na solução da questão do financiamento do sistema elétrico brasileiro, no seu reequilíbrio, e dar continuidades para os investimentos em energia renovável, mas sem tantos subsídios e com uma vantagem competitiva que o Brasil conseguiu”, afirmou Costa, destacando que o assunto é uma das prioridades do governo em 2024.
De acordo com o ministro, como o ano legislativo é mais curto, dadas as eleições municipais do segundo semestre, a seleção de assuntos a serem tratados nas Casas serão escolhidos “minuciosamente”.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou, em sua “Mensagem ao Congresso Nacional 2024”, que pretende avançar no "aprimoramento do marco regulatório de energia" como parte da estratégia de aumentar a competitividade do setor produtivo brasileiro por meio da regulação de "ineficiências regulatórias que oneram o ambiente de negócios". Conforme o texto, divulgado ontem, por ocasião da abertura dos trabalhos legislativos, a iniciativa, juntamente com a lei do Bem e a regulamentação dos marcos legais de cabotagem e de ferrovias apontariam para uma economia potencial de R$ 92 bilhões por ano.
Dentre os onze proposições legislativas para as quais o Governo Federal pediu o apoio de forma a promover o desenvolvimento industrial, do comércio exterior e dos serviços, e "melhorar o ambiente regulatório brasileiro", quatro estão diretamente relacionados a setor energético: Eólicas offshore (PL no 11.247/2021); Combustível do Futuro (PL no 4516/2023); Programa de Aceleração da Transição Energética (PATEN) (PL no 5174/2023) e Hidrogênio de Baixo Carbono (PLs no 2.308/2023 e no 5.816/2023).
Os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, sinalizaram que os temas relacionados à Agenda Verde estarão entre suas prioridades. No entanto, resta saber como se dará a efetiva tramitação nos projetos em meio à nova queda de braço escancarada por Lira. Apesar de dizer que nenhuma disputa política entre a Câmara e o Executivo atrapalhará os trabalhos, Lira deu um recado claros de insatisfação com o governo e cobrou respeito ao que chamou de “acordos firmados”.
Nos bastidores, o discurso foi avaliado como uma tentativa de Lira em reforçar uma “crise” para pressionar a abertura de diálogo entre o Palácio do Planalto e a Câmara, como foi feito ao longo do ano passado. O pronunciamento também foi lido como uma forma de marcar a posição de independência do Legislativo. AGE. Está marcada para esta terça-feira a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) que apreciará a proposta de Orçamento para fazer frente à nova governança que ficou definida com o Decreto 11.835/2023. O texto alterou a estrutura de da instituição, com a ampliação do número de conselheiros e a criação de uma diretoria com até seis diretores.
Conforme mostrou o Broadcast Energia, o decreto apresentou pontos polêmicos, que foram alvo de críticas de agentes do setor, especialmente porque na prática permitiu o aumento da influência do governo federal, por meio da escolha de conselheiro e do voto de Minerva. Por isso, alguns grupos setoriais se mobilizaram para tentar travar a votação.
Ainda como parte das ações necessárias para adequar a instituição ao decreto, a AGE deverá deliberar sobre a seleção e a contratação de Escritório de Advocacia para representação dos agentes na revisão do Estatuto Social. conforme Decreto 11.835/23. O documento será revisto justamente para fazer os ajustes necessários frente a nova norma. Além disso, os agentes irão apreciar a proposta de adoção da votação secreta nas futuras Assembleias Gerais, até a conclusão da revisão do Estatuto Social. Por fim, também conta na pauta a proposta de orçamento para a plataforma de Certificação de Energia, uma iniciativa defendida pelo atual conselho da CCEE, mas vista com ressalvas por alguns agentes do mercado.
Congresso.
Foi realizada ontem a sessão solene de abertura dos trabalhos no Legislativo. Em sua mensagem, leitura de mensagem a ser enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os temas e projetos considerados prioritários pelo governo para este ano.
Investimentos.
A Energisa anunciou na noite de ontem, 05, que prevê realizar investimentos de R$ 6,077 bilhões ao longo de 2024. Somente no segmento de distribuição, o volume previsto é de R$ 4,946 bilhões, sendo R$ 3,659 bilhões destinados a ativos elétricos; R$ 238,4 milhões para ativos não elétricos; e R$1,049 bilhão em obrigações especiais, com recursos oriundos de fundos setoriais ou participação financeira de cliente.
Solar.
A energia solar atingiu os 38 gigawatts (GW) de potência instalada em janeiro, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração distribuída, informou a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Em menos de um mês, a fonte adicionou mais de 1 GW adicionado no território brasileiro, disse a entidade. A geração distribuída de energia soma 26,3 GW de potência instalada. Já no segmento de geração centralizada, o Brasil possui cerca de 11,7 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte.
Combustíveis.
A queda da cotação do petróleo reduziu a defasagem do preço do diesel no mercado brasileiro em relação ao mercado internacional e fez a gasolina ficar praticamente alinhada, informou a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), com dados do fechamento de sexta-feira. Segundo a entidade, o preço do diesel nas refinarias da Petrobras está 7% mais baixo do que a parte norte-americana do Golfo do México, região usada como parâmetro para as oportunidades de importação de combustíveis. Já o preço da gasolina está alinhado com o preço internacional. Para equiparar o preço do diesel ao mercado externo a Petrobras poderia fazer uma redução de R$ 0,26 por litro.
Petróleo.
Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta nesta segunda-feira, em meio à confluência de temores por ofertadas causados pelas tensões geopolíticas com os sinais de resiliência da economia dos EUA. O cenário se sobrepôs à escalada do dólar no exterior, diante da expectativa por um Federal Reserve (Fed) mais cauteloso no processo de relaxamento monetário. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do WTI para março encerrou a sessão com ganho de 0,69% (o equivalente a US$ 0,50), a US$72,78. Na Intercontinental Exchange (ICE), o do Brent para abril subiu 0,85% (ou US$ 0,66), a US$ 77,99 por barril.
Fonte e Imagem: Estadão.
Em mensagem ao Congresso Nacional, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva pediu o apoio dos parlamentares para a melhoria do ambiente regulatório brasileiro, promovendo diversas reformas administrativas, entre elas, algumas estratégicas para o setor energético. O Congresso abriu a 2a Sessão Legislativa Ordinária da 57a Legislatura nesta segunda-feira, 5 de fevereiro, em sessão conjunta, marcando o início dos trabalhos de 2024.
Dos 11 temas listados para apoio em propostas legislativas, quatro são exclusivas para o setor: eólica offshore, Combustível do Futuro, transição energética e hidrogênio de baixo carbono. Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, reforçaram os esforços das Casas para aprovação desses projetos, considerados na Agenda Verde e para a promoção da transição energética.
Congresso retoma trabalhos com biogás, compensação do ICMS e mobilidade verde No caso das eólicas offshore, a mensagem do presidente cita o PL no 11.247/2021, apontando que a fonte tem se mostrado cada vez mais viável para a geração de energia renovável, impulsionada tanto por políticas de apoio, em resposta a preocupações ambientais, como por avanços tecnológicos. Adicionalmente, cita o potencial técnico para geração de 700 GW.
“A consolidação dessa cadeia de valor no país pode impulsionar a economia e promover a neoindustrialização. Nesse sentido, o PL eólicas offshore regulamenta a exploração desse segmento no Brasil. O projeto de lei inclui dispositivos sobre comercialização de créditos de carbono; formas de outorga e cessão de uso; licenciamento ambiental; e requisitos de promoção da indústria nacional, o que contribuirá para o próprio desenvolvimento local”, diz trecho da mensagem.
Para o Combustível do Futuro, o PL no 4516/2023, propõe o que o governo chama de “medidas inovadoras para a transformação da matriz energética de transportes no Brasil”. O projeto integra programas e políticas públicas, como o RenovaBio, o Mover e o PBE Veicular.
“Tais ações representam um passo significativo para a descarbonização e sustentabilidade no setor de transportes, alinhando o Brasil com as tendências globais de transição energética e redução de emissões poluentes”. Adicionalmente, ressalta o potencial produtivo do Brasil para combustível sustentável para aviação (Sustainable Aviation Fuels) por meio de uma grande diversidade de espécies de biomassa e resíduos agrícolas disponíveis.
Outro projeto mencionado entre os 11 que demandam apoio do Congresso está o de aceleração da transição energética (Paten), previsto no PL no 5174/2023. Além de acelerar os projetos na área, busca mitigar os impactos ambientais, concentrando-se em tecnologias inovadoras, combustíveis renováveis e geração de renováveis.
Por meio do Paten estão previstas a criação de um “fundo verde” administrado pelo BNDES para subsidiar financiamentos a taxas de juros mais baixas e a introdução de uma modalidade de transação tributária direcionada para investimentos em projetos “verdes”. Nessa mensagem, o governo ainda incluiu os PLs no 2.308/2023 e no 5.816/2023, sobre o hidrogênio de baixo carbono. No texto, os projetos são marcos para consolidar o país como protagonista na transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis.
“Essas ações refletem o compromisso do governo em criar um arcabouço normativo sólido que favoreça o desenvolvimento sustentável e a inovação na área de energias renováveis”, diz o documento.
PAC
Grande protagonista do plano de governo de Lula, o Novo PAC é destaque para as obras de infraestrutura na mensagem do presidente, com a organização de investimentos públicos e privados da ordem de R$ 1,7 trilhão.
“O programa inclui rodovias, ferrovias, plantas de geração e linhas de transmissão de energia para que a nossa economia tenha ainda mais fôlego para crescer. Mas inclui também aquilo que faz diferença imediata na vida de quem precisa: uma nova unidade de saúde, a escola, a creche, a moradia decente, o bairro urbanizado, a água em quantidade adequada mesmo durante a seca”, segue trecho do documento.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Hidrelétricas respondem pela maior parte da geração. Produção por usinas eólicas e solares aumentou 23,4%.
O Brasil bateu recorde de geração de energia limpa em 2023, com 93,1% de toda a energia gerada vindo de fontes renováveis. Os dados são da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e foram divulgados nesta sexta-feira (2).
No total, foram gerados 70,2 mil megawatts médios (MWm) no ano passado, por meio de usinas hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassa.
As hidrelétricas respondem por mais da metade da energia gerada em 2023, com 50 mil MWm – um crescimento de 1,2% em relação a 2022.
Já as usinas de geração eólica e solar somaram 13 mil MWm, o que representa uma alta de 23,8% em relação a 2022.
"O avanço foi puxado pelo cenário climatológico favorável, em especial para a produção de energia solar, e pela entrada de novas usinas no Sistema Interligado Nacional", afirma a CCEE.
As novas unidades de produção aumentaram a capacidade instalada no país em 42,6 mil MW – o equivalente a três usinas de Itaipu.
Já a geração de energia a partir da biomassa, principalmente a partir do bagaço da cana-de-açúcar, foi de 3,2 MWm – aumento de 9,6% em relação ao ano anterior.
"Nos próximos anos, a abertura do mercado livre de energia para toda a alta tensão, já operacionalizada desde janeiro, deve impulsionar ainda mais a demanda por energias renováveis", afirmou em nota o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Alexandre Ramos.
A Câmara de Comercialização também aponta para um crescimento de 63,9% na geração distribuída – quando os próprios consumidores produzem sua energia, principalmente a partir de placas solares nos telhados das casas. Esse montante é injetado na rede da distribuidora local.
De acordo com a CCEE, se não houvesse geração distribuída, o consumo residencial e de pequenas empresas em 2023 teria sido de 5,9% e não 2,5%.
Na quinta-feira (1º), a CCEE divulgou um aumento de 3,7% no consumo de energia no Brasil -- o maior dos últimos anos. As ondas de calor no ano passado são o principal motivo para a expansão da demanda.
Fonte e Imagem: Portal G1.
A greve dos servidores ambientais e a percepção de que o assunto pode demorar a ser resolvido está preocupando o setor elétrico, que teme atrasos nos projetos de infraestrutura em toda a cadeia, em especial os de linhas de transmissão e geradores eólicos.
A Associação Brasileira da Energia Eólica (Abeeólica) afirmou ao BAF que está preparando um documento endereçado ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, alertando para os riscos do prolongamento da paralisação no Ibama e no Ministério do Meio Ambiente para o andamento dos projetos eólicos.
A carta da Abeeólica acompanha o movimento de outras associações do setor, que alertaram o MME sobre o risco da falta de licenças ambientais atrasarem obras. Uma preocupação é o atraso na operação de linhas de transmissão recém-leiloadas em 15 de dezembro de 2023. Se atrasar a transmissão, há impacto para os geradores. O responsável pela área ambiental de um grande grupo com atuação no setor eólico afirmou ao BAF que com a greve “fica tudo travado” nos projetos.
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e o Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (Fmase) estão em contato com as associações setoriais para tentar estimar o número de projetos de infraestrutura no setor elétrico que serão impactados pela greve, para apoiar novas comunicações ao MME e ao MMA sobre a crise.
Fonte e Imagem: BSB Alta Frequência.
Política foi lançada em 22 de janeiro e prevê R$ 300 bilhões até 2026 com seis eixos de atuação.
A nova política industrial do Brasil, lançada na segunda quinzena de janeiro coloca o país no caminho certo para acompanhar o movimento de estímulo à neoindustrialização que é global. Essa é a avaliação da presidente executiva da Associação Brasileira da Energia Eólica e Novas
Tecnologias, Élbia Gannoum. Para ela, esse é apenas o começo de um processo que tende a ampliar os investimentos no fortalecimento da cadeia produtiva rumo à descarbonização e a uma economia verde.
Nesse sentido, diz a executiva da ABEEólica, o H2 é o principal fator. Em entrevista ao CanalEnergia Live desta quinta-feira, 1o de fevereiro, Élbia lembrou de um estudo da Mckinsey que aponta a necessidade de dobrar a capacidade de geração atual do Brasil até 2040 para atender a perspectiva de demanda pelo combustível que é considerado o substituto dos combustíveis fósseis em uma economia de baixo carbono.
“Toda política industrial passa pela energia, não podemos imaginar uma economia e reindustrialização do país sem passar pela energia e atualmente toda a indústria está pautada na energia e a base da economia e sociedade moderna”, destacou Élbia.
Para ela, o país conseguiu ‘pegar o trem’ dessa onda global de valorização da indústria verde que tem como insumo básico a energia renovável. Contudo, diz que ainda há muito o que fazer para que se torne uma realidade, pois a política são as diretrizes, são necessários agora aprimoramentos e as ações que serão desenhadas para que os seus eixos da política sejam colocados em prática.
A nova política industrial foi lançada em 22 de janeiro e promete impulsionar o desenvolvimento do país até 2033, prevendo a liberação de R$ 300 bilhões para financiamento de projetos já nos
próximos três anos.
A política estabelece metas para cada uma das cinco missões da chamada neoindustrialização,
definidas em conjunto com a iniciativa privada. Uma dessas missões (Eixo 5) trata de bioeconomia, descarbonizaçao e transição e segurança energéticas, e tem entre as prioridades a produção de bioenergia e de equipamentos para geração de energia renovável.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Os debates foram realizados nesta quarta-feira (31/1), em São Paulo, e tiveram a participação do Diretor-Geral, Sandoval Feitosa.
Teve início nesta quarta-feira, em São Paulo, a terceira edição do congresso de networking do setor de energia renovável na América Latina. Neste ano, o evento destaca a importância e a competitividade do Brasil em termos de geração renovável e transição Energética, o que o tornou uma referência regional e global.
O Diretor-Geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, abriu a conferência e destacou o crescimento da fonte solar no Brasil. Segundo Feitosa, a fonte solar foi a fonte renovável que mais cresceu, sendo que em 2022 já ultrapassou a eólica. “O ambiente é bastante favorável para que políticas públicas sejam feitas no sentido de desenvolver essa fonte. É claro que temos desafios, mas o cenário tanto no mundo como no Brasil é de fato bem promissor”, destacou.
Sob a perspectiva mundial, de acordo com Feitosa, mesmo em um ambiente conturbado pós pandemia e pós início da guerra na Ucrânia, que desmobilizou as cadeias de suprimento e elevou custos, a geração solar bateu recorde em 2022. “A geração solar cresceu 22% no mundo em 2022 e a Associação solar da Europa projeta mais crescimento para os próximos quatro anos, fruto de diversos incentivos governamentais, com destaque para os mercados da China, Europa, dos Estados Unidos e Brasil. Em nosso país, os números são expressivos graças à irradiação solar e aos incentivos que são dados às fontes renováveis”, ressaltou.
As oportunidades que o Brasil oferece em termos de energias renováveis são inquestionáveis. O próprio Banco Mundial catalogou esse gigante americano como um país que pode ser "mais rico e mais verde", dado seu potencial de geração eólica e solar, em que o autoconsumo também se destaca.
O evento termina nesta quinta-feira (01/02) e reúne lideranças nacionais e internacionais, além de representantes de empresas do setor de renováveis e agentes do setor.
No período da tarde, Feitosa participou do evento promovido pela Exame Renováveis, cujo tema foi: Energias Renováveis e abertura do mercado livre como vetores de competitividade ao país. Em sua participação no painel sobre oportunidades com a abertura do mercado de energia, Feitosa destacou que “a abertura do mercado livre representa um marco para as energias renováveis, pois as pequenas e médias empresas podem tomar a decisão e privilegiar, no momento da compra, a cadeia de produção de energias renováveis e a compra de energia de empresas que tenham boas práticas de governança”.
Quando questionado sobre o papel da ANEEL nas tratativas sobre a abertura do mercado livre, Feitosa reiterou que o mercado livre foi criado praticamente junto com a agência e que, ao longo dos anos, houve um crescimento expressivo do setor, mas ainda assim ele precisava dar um salto. “Com a abertura do mercado livre a partir de janeiro de 2024, nós demos um grande salto, mas considero que esse salto de agora vai preceder o grande salto, que é acessar o consumidor de baixa tensão. A agência, alinhada à política de governo, estabeleceu um cronograma para a abertura do mercado. Cumprindo uma diretriz do governo, a ANEEL também apresentou estudos sobre a abertura para os consumidores de baixa tensão. O Ministério de Minas e energia deve trazer essa discussão futuramente e a Agência está à disposição para fazer os ajustes necessários”, finalizou.
Participaram do painel representantes da PSR, CCEE, Cemig e Engie Brasil Energia.
Fonte e Imagem: Gov.br - ANEEL.
São três grandes grupos de problemas com propostas que estabelecem um mínimo contratual e um distanciamento de pelo menos 2 km entre a torre e edificações.
Um grupo composto majoritariamente por representantes das comunidades afetadas pela geração de energia eólica no Nordeste elaborou um documento com mais de 100 recomendações para serem adotadas de forma preventiva com o objetivo de mitigar danos e impactos da atividade. Intitulado Salvaguardas Socioambientais para Energia Renovável, o documento está disponível para download e foi lançado na quarta-feira, 31 de janeiro, em evento online. Segundo o Instituto Climainfo, é o resultado de um ano de discussões, análises e construção coletiva de medidas socioambientais de mitigação.
As salvaguardas respondem a três grandes grupos de problemas categorizados pelo estudo. O primeiro são os contratos que apresentariam grandes desequilíbrios entre empresas e pequenos proprietários ou posseiros, que arrendam suas terras para a instalação das usinas e outras estruturas relacionadas. Outro é a outorga cedida pela Aneel para geração e transmissão de energia, que, de acordo com o estudo, não inclui uma análise qualificada de componentes ambientais, sociais, etnoculturais, produtivos ou agrários. Já o licenciamento ambiental dos empreendimentos, majoritariamente estadual, tem, segundo o relatório, se mostrado ineficaz para fazer frente aos problemas enfrentados no chão e também não fornece ações adequadas de reparação.
Entre as salvaguardas propostas, o grupo sugere um conteúdo mínimo contratual para arrendamento, o estabelecimento de uma distância mínima de 2 km da torre eólica para edificações já que hoje esse limite não existe. E ainda, pede a priorização de áreas degradadas para instalação de centrais a fim de evitar mais desmatamento, estudos dirigidos à poluição sonora, incluindo de infrassons, e à luminosa para evitar o chamado “efeito estroboscópico” provocado pelas luzes intermitentes.
O documento também recomenda medidas para proteger as atividades tradicionais e a agricultura familiar, cujas políticas de fomento, argumenta o documento, passam a ser ameaçadas em certas regiões do Nordeste pela evasão rural ligada à geração de energia eólica.
Também são indicadas ações para garantir a conservação de áreas protegidas e os direitos de povos e comunidades tradicionais, principalmente o direito à consulta prévia, livre e informada prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho.
No foco está a proteção de agricultores familiares, assentados e povos e comunidades tradicionais (PCT): povos do campo, floresta e das águas, indígenas, quilombolas, extrativistas, camponês, caatingueiros, sertanejos, de fundo de pastos, ciganos, pescadores, costeiros e demais povos que no território encontram as condições para a produção de sua existência, cultura e modo de vida.
A entidade explica que cada medida proposta é fundamentada em problemas apresentados por 29 instituições participantes do processo – entre movimentos e organizações sociais, povos e populações tradicionais, ativistas socioambientais e pesquisadores da área. Aponta que a crescente expansão de renováveis tem intensificado conflitos territoriais, gerado ameaças à biodiversidade, agravado injustiças e danos socioambientais aos povos do campo, da floresta, das águas e aos seus ecossistemas.
Durante o processo de elaboração do documento, representantes das comunidades participaram de três encontros presenciais, realizados em Salvador (BA) e no Recife (PE), promovidos pelo Plano Nordeste Potência, iniciativa resultante de uma coalizão de ONGs empenhadas em fazer com que transição energética, além de levar em consideração o meio ambiente, ocorra de forma socialmente justa e inclusiva.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Governo brasileiro e a Agência Internacional de Energia vão estudar mecanismos para acelerar o processo, incluindo ajuda de outros países.
O governo brasileiro e a AIE (Agência Internacional de Energia) fecharam um acordo de cooperação para acelerar a transição energética no mundo. O plano de trabalho conjunto foi assinado nesta 4ª feira (31.jan.2024) pelo ministro de Minas e Energia,
Alexandre Silveira, e o diretor-executivo da entidade global, Fatih Birol.
O plano contempla o desenvolvimento de estudos, produção de políticas públicas e intercâmbio de bases de dados para o fortalecimento da transição energética. Inclui ainda a avaliação de mecanismos para financiar fontes como o hidrogênio verde e biocombustíveis, como a ajuda de países mais ricos.
Sediada em Paris, a AIE reúne 50 países que representam 80% do consumo mundial de energia. No evento, Birol afirmou que o Brasil será protagonista na transição energética e que poderá se desenvolver industrialmente com isso, tornando o processo justo e inclusivo. “É muito importante que os países ricos ajudem de acordo com sua responsabilidade histórica e econômica”, afirmou Birol, que destacou ainda que vários países ainda dependem da riqueza gerada pelo petróleo para financiar suas políticas e que alguns ainda sofrem com a pobreza energética.
Alexandre Silveira lembrou que a transição energética não é uma ruptura, e sim um processo gradual que deverá ser utilizado para reduzir as desigualdades no Brasil. Ele defendeu as energias renováveis e a ampliação do uso dos biocombustíveis como etanol e biodiesel.
“Com a nossa experiência, podemos ajudar as demais nações para além da transição energética, mas também para combater a pobreza energética. Vamos avançar na construção de caminhos que cumpram as metas climáticas e promovam o desenvolvimento socioeconômico do nosso país e do mundo”, disse.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Certame foi realizado em 15 de dezembro de 2023 e deve injetar R$ 21,7 bi em investimentos na rede elétrica de 5 Estados.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) confirmou nesta 3ª feira (30.jan.2024) o resultado do leilão de linhas de transmissão realizado em 15 de dezembro de 2023. O certame, feito em parceria com o Ministério de Minas e Energia, foi vencido pelas empresas State Grid, Alupar e Celeo Redes Brasil. Leia a íntegra da decisão (PDF – 224 kB).
No leilão, foram arrematadas as concessões de 4.471 km em linhas de transmissão para construção, manutenção e operação, sendo 3.007 km de novos linhões, além da ampliação para 9.840 MW (megawatts) na capacidade de conversão em subestações. Esses empreendimentos foram divididos em 3 lotes que compreendem áreas em São Paulo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais e Tocantins. Ao todo, o investimento será de R$ 21,7 bilhões.
Lote 1, incluindo os sublotes A, B, C e D (Maranhão, Tocantins e Goiás) Vencedora: State Grid, com receita anual de R$1,936 bilhão – deságio de 39,90%;
Lote 2 (Goiás, Minas Gerais e São Paulo) Vencedor: Consórcio Olympus XVI, com receita anual de R$ 239,5 milhões – deságio de 47%;
Lote 3 (Minas Gerais e São Paulo) Vencedora: Celeo Redes Brasil, com receita anual de R$ 101,2 milhões – deságio de 42,4%.
O investimento em novas linhas será bancado pelos consumidores de energia por meio das contas de luz. Além dos 72 meses para colocar os projetos de pé, as empresas vencedoras ganharam uma concessão de 30 anos para operar as estruturas, sendo remuneradas por meio das tarifas de energia.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Pela primeira vez em mais de um ano à frente do Ministério de Minas e Energia, o ministro Alexandre Silveira recebeu nesta segunda-feira, 29 de janeiro, representantes de 26 associações e entidades do setor elétrico para discutir os problemas mais importantes, e defendeu a importância do diálogo e da participação de todos nos trabalhos necessários. Agentes ouvidos pela MegaWhat viram com bons olhos a iniciativa, e relataram ter saído com otimismo do encontro, que durou cerca de duas horas.
Silveira aproveitou a ocasião para apresentar seu novo secretário-executivo, Arthur Cerqueira, cujas declarações reforçaram a percepção no mercado de ser um nome “resolvedor de problemas” – perfil considerado mais que adequado para a pasta, que abraça os segmentos de óleo e gás e mineração, além de todos os desafios do setor elétrico.
O ministro falou sobre os desafios do setor elétrico por cerca de uma hora, quando destacou a importância do diálogo com o setor, criticou desequilíbrios tarifários e pediu ajuda das associações e entidades presentes para resolver problemas causados pelos altos custos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e dos empréstimos setoriais Conta Escassez Hídrica e Conta-Covid, contraídos em nome dos consumidores das distribuidoras nos últimos anos.
"Foi praticamente um compromisso em buscar o diálogo e consenso ouvindo o mercado", disse Mário Menel, presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape) e do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase).
Menel aproveitou a ocasião para entregar nas mãos do ministro a Agenda Propositiva 2.0 do Fase, documento elaborado em 2023 baseado em cinco pilares: aprimorar a governança setorial, reduzir encargos e subsídios, acelerar a transição energética, concluir as iniciativas de abertura do mercado e atrair investimentos.
Segundo Élbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) - uma das entidades que assinou a carta do Fase entregue ao ministro -, a fala de Silveira foi muito baseada nas necessidades de retomar o diálogo, reforçar a governança e reequilibrar o setor.
"Ele disse que o setor está à beira de um abismo de desequilíbrios, e esses desequilíbrios estão causando impacto muito forte na tarifa", relatou Gannoum.
Jabutis, emendas e subsídios
Segundo relatos dos presentes, Silveira criticou subsídios e falou em alternativas para reduzir os custos embutidos na tarifa. Uma ideia apresentada no encontro envolveu securitizar os recursos que a Eletrobras desembolsará ao Tesouro, obrigação contraída na sua privatização, e usar para quitar os empréstimos Conta-Covid e Conta Escassez Hídrica. Sobre a CDE, o ministro falou em “encontrar fontes de financiamento” para conter o crescimento do encargo setorial, que deve custar quase R$ 40 bilhões em 2024.
Em relação aos subsídios, Silveira criticou as pautas específicas de cada segmento que movimentam o Congresso, e falou também sobre o Projeto de Lei 11.247/2018, que inicialmente tratava da regulamentação da geração eólica offshore, mas foi aprovado na Câmara com diversas emendas, conhecidas como “jabutis” no jargão do mundo político, por serem de assuntos não relacionados à matéria original.
As emendas, muito criticadas por especialistas, criaram subsídios e prorrogaram alguns existentes, beneficiando desde fontes renováveis até o carvão mineral.
O ministro teria dito que não iria usar o termo “jabuti”, em respeito ao processo no Congresso, que representa interesses legítimos. Silveira, contudo, criticou o texto que saiu da Câmara, e disse que é preciso ponderar o que é melhor para o setor e achar “a melhor solução possível”.
Percepção positiva
O encontro deixou uma impressão majoritariamente positiva nos seus participantes. O novo secretário-executivo se comprometeu a realizar reuniões bilaterais com cada associação, já que não houve oportunidade para manifestações individuais no encontro de hoje.
"A visão do Fase, eu diria, é de otimismo com a postura do ministro. Primeira vez que fez uma reunião assim com os agentes, transmitiu uma imagem boa, e uma perspectiva de soluções daqui para a frente", disse Menel.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, destacou que o clima da reunião foi de "agora vai".
Já a presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia (Abrage), Marisete Pereira, que foi secretária-executiva do MME no governo passado, disse que a reunião foi muito importante para o momento do setor elétrico.
"Ele abriu o ministério para diálogo e colocou os secretários à disposição das associações para trabalharmos juntos na busca de unirmos esforços para garantir a sustentabilidade do setor", afirmou.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Ex-secretaria-executiva do ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira chega à Abrage para dar força política aos pleitos das usinas.
O segmento de geração hídrica foi buscar um nome com experiência dentro e fora do setor elétrico para tentar ter mais participação nos debates setoriais. A ex-secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, assume a presidência da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) com esse objetivo.
Com 18 anos de experiência no ministério e papel fundamental na privatização da Eletrobras, onde ocupa cadeira de conselheira, Pereira encontra um setor preocupado com questões como o desperdício de água nas usinas hidrelétricas, a sobreoferta de energia causada pela entrada de usinas eólicas e solares, o excesso de subsídios, a falta de reservatórios para armazenamento, restrição para exportação de energia excedente a países vizinhos e leilões de reserva de capacidade.
No passado, a entidade era composta por empresas estatais; hoje, quase todas as associadas são empresas privadas com interesses distintos do que ocorria anteriormente. Ao Valor, Pereira diz que a reestruturação da entidade ocorre em momento em que se rediscute o papel das hidrelétricas no setor, a segurança do abastecimento e a transição energética.
“O modelo regulatório brasileiro foi estruturado com a predominância das hidrelétricas. Essas usinas representam cerca de 50% da capacidade instalada e com a expansão muito acentuada das eólicas e solares - as hidrelétricas garantiram a confiabilidade do sistema”, diz a executiva ao se referir à flexibilidade e serviços que usinas de energia prestam para garantir a estabilidade do sistema elétrico (serviços ancilares).
O pleito da entidade é que as usinas sejam remuneradas por estes serviços prestados ao setor. O Projeto de Lei 414 tratava da modernização do setor elétrico discutia o atributo das fontes. Entretanto, o MME abandonou o projeto, fato que causou decepção no setor. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, prometeu apresentar ao Congresso nova proposta de reforma do setor, mas isso ainda não aconteceu.
Silveira também abriu confronto com as geradoras hidrelétricas ao proibir que o Brasil mantivesse a exportação para Argentina e Uruguai. O envio do excedente gerado pela hidrelétricas para os países vizinhos foi a medida encontrada para diminuir o desperdício de energia das usinas no Brasil. Empresas como Eletrobras, Copel, Cemig, Engie, AES Brasil, Itaipu, entre outras, se posicionaram a favor. O ministro rebateu dizendo que seria “irresponsável” colocar em risco a segurança energética do Brasil em favor de outros países.
“Abrir novamente essas discussões com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e com o ministério é importante e vai sempre existir”, diz.
A executiva também se posiciona contra subsídios. Hoje, as fontes renováveis intermitentes, como eólica e solar, têm prioridade no despacho, uma vez que não podem ser armazenadas. Isso faz com que a geração das hidrelétricas esteja abaixo do ideal não por problemas de hidrologia, mas pela preferência das fontes não convencionais e a geração distribuída.
Caso o Congresso decida manter essas benesses dadas a alguns segmentos, Pereira defende que todos os consumidores paguem, ou seja, clientes do mercado livre e do mercado regulado.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Encontro no MME teve reações positivas de lideranças que participaram da conversa com Silveira.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, recebeu as associações do setor elétrico para uma reunião nesta segunda-feira, 29 de janeiro, com um gesto que foi interpretado por executivos presentes como indício de uma nova fase no relacionamento da pasta com os agentes de mercado. Um dos pontos reforçados pelas lideranças que participaram do encontro foi a sinalização de diálogo com as entidades, na reorganização e na definição das políticas do setor.
Em nota, o ministério destacou a ênfase dada pelo ministro ao diálogo e à convergência entre os diferentes segmentos. Ele também tratou da questão das tarifas, afirmando que as mudanças passam necessariamente pela discussão da Conta de Desenvolvimento Energético. “O Brasil é solo fértil para investimentos, mas não podemos abrir mão da segurança energética e da modicidade tarifária”, disse Silveira, segundo a assessoria do MME.
O motivo principal da reunião foi a apresentação oficial do novo secretário-executivo, Arthur Valério, que substituiu Efrain Cruz. E uma das indicações que animou os convidados foi justamente a percepção de que o substituto de Cruz deve assumir o papel de coordenar essa interlocução com os segmentos, com um modus operandi diferente do antecessor.
“Como servidor público de muitos anos, ele vai contribuir muito para que se intensifique esse diálogo com o mercado, na construção deste novo momento que o ministro está inaugurando no Ministério de Minas e Energia para o setor elétrico brasileiro,” resumiu a presidente executiva da Associação Brasileira de Empresas de Geração de Energia Elétrica, Marisete Pereira.
Segundo relatos de outros participantes, o ministro fez um balanço das ações do governo na área de energia elétrica em 2023, destacando o primeiro ano de sua gestão como um ano de ajustes, e o atual como o de implementação do que foi ajustado. Um dos temas tratados na conversa com os executivos foi a renovação das concessões das distribuidoras, com Silveira reforçando a posição favorável à renovação, em vez da relicitação das outorgas. A prorrogação dos contratos seria feita sob determinadas condições, com índices mais adequados e uma revisão das cláusulas contratuais.
Ele prometeu ouvir o setor e deu um puxão de orelha na “não convergência” entre os agentes setoriais. Recebeu do presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico, Mário Menel, a agenda de consensos mínimos que o Fase conseguiu montar, com o assinatura de 20 das 32 entidades integrantes do grupo.
Para Menel, a reunião foi proveitosa e inaugura uma fase nova de relacionamento com o Ministério de Minas e Energia. “O diálogo é necessário e interessante, e isso o ministro nos prometeu. Prometeu que o secretário executivo vai se dedicar a ouvir as demandas de cada uma das associações bilateralmente, o que eu achei excepcional. Então eu estou otimista que 2024 vai ser um ano de realizações, de diálogo profícuo com o Ministério de Minas e Energia, porque, como disse o ministro, o setor elétrico está à beira do precipício. Nós estamos numa situação de insustentabilidade e precisamos reverter isso.”
O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, Paulo Pedrosa, resumiu o encontro como muito positivo. Pedrosa disse que o ministro deu um recado de fortalecimento da equipe técnica dele, a partir do secretário, além de sinalizar a importância de o setor dialogar com a equipe. “O ministro mostrou na reunião um diagnóstico importante das dificuldades do setor. Ele chegou a usar palavras importantes, firmes sobre os problemas que o setor tem e a necessidade de avançar para corrigir alguns”, contou o executivo.
O presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, também ficou satisfeito com o resultado da reunião. Ele falou da promessa de diálogo e disse que a transição energética foi uma das prioridades apontadas pelo ministro, por ser uma grande oportunidade, inclusive, de o Brasil se posicionar do ponto de vista geopolítico no âmbito internacional.
“A visão dele é de ver o todo e decidir em cima do todo com apoio de profissionais altamente qualificados da sua equipe técnica. E, com isso nós saímos dessa reunião mais motivados para 2024 do que entramos. Então nesse sentido, pela ótica cada pessoa lá, foi uma reunião com um balanço positivo.”
Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Gannoum a sinalização de abertura de diálogo com a indústria da energia elétrica é fundamental. A executiva também mencionou o ponto em que o ministro falou da importância de fortalecer as instituições e a governança do setor, além da busca por resgatar o equilíbrio do sistema elétrico brasileiro. “Nós tivemos a oportunidade aqui, enquanto associações, de nos colocar à disposição para o diálogo para o debate, e nós precisamos, sim, promover mudanças.”
A presidente executiva da Associação Brasileira do Biogás, Renata Isfer, considerou positivo o principal recado dado na reunião, que foi a indicação de retomada do diálogo com associações.
Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, também destacou que está satisfeito com a visão do ministro de que é preciso continuar avançando numa transição energética com sustentabilidade e sem onerar o consumidor, com uma tarifa adequada e redução dos subsídios.
Mario Miranda, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Transmissão de Energia Elétrica, afirmou que o ministro reconheceu o papel da transmissão na segurança energética. E Arthur Valério a necessidade de se ter um ambiente de respeito aos contratos, segurança jurídica e estabilidade regulatória.
Alexei Vivan, presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica, reforçou a questão do diálogo, que, segundo ele, foi pouco em 2023. Um dos pontos que Vivan considerou positivo foi o posicionamento do secretário executivo, que prometeu entrar em contato para dialogar com cada associação presente.
“Em nossa opinião, o diálogo antes da tomada de decisão no SEB é muito importante, ainda mais quando se busca redução de tarifas, para evitar medidas populistas e repetir erros graves, como foi a MP 579, que desequilibrou o SEB, tem consequências drásticas até hoje ao consumidor e aos agentes do setor”, disse o executivo. Ele citou como exemplo de medidas preocupantes a proposta de alteração da governança da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, assim como o envio de uma medida provisória à Casa Civil para minimizar impactos nas tarifas de energia, sem que se conheça ou tenha sido debatido seu conteúdo.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Em países com baixos níveis de acesso à eletricidade, a implantação de PCHs demonstrou a capacidade de aliviar a carga de trabalho das mulheres e melhorar a qualidade de vida.
A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial – UNIDO (acrônimo em inglês), agência especializada da ONU dedicada a promover o desenvolvimento industrial sustentável e inclusivo em países em desenvolvimento, publicou o relatório intitulado “World Small Hydropower Development Report 2022” (Relatório Mundial de Desenvolvimento de Pequenas Centrais Hidrelétricas 2022), elaborado em conjunto com o Centro Internacional de Pequenas Centrais Hidrelétricas (ICSHP).
O relatório destaca que mais de 700 milhões de pessoas, equivalendo a 9,5% da população mundial, enfrentam a falta de acesso à eletricidade, especialmente em áreas rurais ou isoladas, intensificando consideravelmente as desigualdades sociais. Agravando essa situação, a pandemia de Covid-19 ampliou a vulnerabilidade de várias regiões e dificultou a implementação de iniciativas de sustentabilidade. Além disso, crises internacionais, como as guerras, contribuem para que empresas do setor de petróleo tenham suas ações valorizadas, enquanto observa-se uma queda nas companhias de fontes alternativas.
Porém, diante da realidade exposta, o relatório ressalta a relevância dos projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs. Quando planejados de maneira eficiente, esses projetos têm o potencial de proporcionar oportunidades significativas para o empoderamento de comunidades locais. Isso inclui grupos desfavorecidos, como mulheres, capacitando-as economicamente, contribuindo assim para o avanço em direção a uma maior igualdade e ampliação das oportunidades de
desenvolvimento.
Em países com baixos níveis de acesso à eletricidade, a implantação de PCHs demonstrou a capacidade de aliviar a carga de trabalho das mulheres e melhorar a qualidade de vida, com a introdução de aparelhos elétricos para as tarefas domésticas e aprimoramento de atividades econômicas. Conforme aponta o relatório, o ganho de tempo”, proporcionado pelo uso de utensílios elétricos, pode trazer oportunidades e diversos benefícios como estudos, geração de renda e outras atividades produtivas.
Outro dado relevante é que o desenvolvimento de PCH proporciona oportunidades de emprego no próprio empreendimento, abrangendo desde funções técnicas e administrativas, até serviços menos especializados. É fato, também, que as PCHs frequentemente estão localizadas em regiões rurais ou remotas, gerando empregos em áreas onde, normalmente, há uma escassez de oportunidades de trabalho como um todo e, particularmente, para as mulheres.
Os empregos diretos podem assumir diversas durações, sendo de curto prazo durante a construção ou de médio e longo prazos, diretamente vinculados à gestão e operação dos empreendimentos. Um exemplo destacado no estudo ocorreu na Zâmbia, onde a empresa hidrelétrica de Zengamina criou 400 empregos locais durante a construção, com 40% dessas posições ocupadas por mulheres. Em outros projetos, essa porcentagem variou entre 25% e 30%. Em todos os casos, esses projetos se mostraram como um impulsionador para a inclusão das mulheres no mercado de trabalho.
No Brasil, um exemplo recente é o projeto de energia renovável da AES, que se tornou o primeiro parque eólico a operar 100% com força de trabalho feminina, cujas profissionais foram formadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em uma parceria bem-sucedida com a empresa.
No relatório da UNIDO, o Brasil é mencionado em relação ao desenvolvimento social nas comunidades onde os empreendimentos são implantados. Os casos estudados revelaram impactos positivos, proporcionando oportunidades de emprego, aumentando o padrão na prestação de serviços, aprimorando a segurança e as condições educacionais, além de auxiliarem as comunidades a conquistarem maior autonomia, estimularam o comércio local e contribuíram consideravelmente para a melhoria da qualidade de vida.
Em relação ao aumento das oportunidades de trabalho, é relevante citar o avanço quantitativo da presença feminina de profissionais em projetos de energia renováveis na última década no Brasil. Nesse contexto, ANEEL conduziu um estudo sobre a equidade de gênero em 2023, cujos indicadores estão em fase de desenvolvimento para futura publicação. Os principais dados já estão disponíveis em vídeo, evidenciando a importância da inclusão e participação das mulheres nesse setor crucial para o desenvolvimento sustentável. Abaixo citamos alguns dados relevantes.
Apesar dos progressos na contratação de mulheres no setor elétrico, observa-se que ainda há amplo espaço para o desenvolvimento de oportunidades, visando alcançar uma participação equânime no setor. No estudo realizado pela ANEEL também foram levantadas as principais barreiras a contratação de mulheres: formação técnica: 72,12%; viés de gênero: 21,30%; sociais/históricas: 4,10%;
e não tem barreira: 2,48%.
Verificou-se que a principal barreira para a participação das mulheres no setor é a capacitação técnica. Nesse sentido, iniciativas de parcerias com instituições de ensino, como a mencionada colaboração do SENAI, representam um caminho a ser perseguido na busca pela igualdade de gênero.
É relevante destacar o crescente aumento da conscientização por parte das empresas em promover ações de inclusão e diversidade, o que contribui para a redução da desigualdade. Além disso, é necessário buscar avançar com políticas públicas que incentivem e facilitem a participação das mulheres no setor de energia como um todo, especialmente em cargos técnicos e de liderança no âmbito de energia renovável. Essas medidas são fundamentais para promover um ambiente mais equitativo e impulsionar a diversidade no setor energético.
No Brasil há ainda um grande espaço para promover o crescimento da igualdade de gênero no setor de energia, incluindo a equidade salarial e oportunidades em todas as áreas de atuação do mercado de trabalho. Esse crescimento deve levar em consideração as contribuições dos projetos renováveis, incluindo as PCHs. Ampliar a implantação e a manutenção desses projetos pode ser um catalisador significativo para o avanço dessa equidade.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Nova fase da abertura do mercado começou em janeiro de 2024 e 165 mil consumidores de média e alta tensão podem migrar para o mercado livre.
AAneel divulgou um panorama onde aponta que mais de 14,6 mil consumidores, majoritariamente empresas, já informaram às distribuidoras que vão migrar para o mercado livre de energia elétrica entre 2024 e 2025, processo conhecido como “denúncia do contrato”, segundo levantamento feito pela Abraceel.
Apenas em dezembro de 2023, mais de 1.700 novos consumidores decidiram migrar ao ambiente competitivo do mercado livre de energia, em busca de preços mais baixos, energia renovável e condições de fornecimento mais aderentes às próprias necessidades. Dos 14.623 consumidoresde energia que já decidiram migrar para o mercado livre de energia elétrica em 2024 e 2025, mais de 13,8 mil (94%) são consumidores de menor porte, com demanda menor de 500 kW, beneficiados pela Portaria 50/2022. Janeiro (2.942 consumidores) e o primeiro trimestre (5.430 consumidores) concentram boa parte do movimento de migração rumo ao mercado livre de energia.
Com a Portaria 50/2022, do Ministério de Minas e Energia, os consumidores do Grupo A, composto por aqueles que são atendidos em média e alta tensão, passaram a ter o direito de escolher o fornecedor de energia elétrica a partir de janeiro de 2024. Antes, apenas consumidores do Grupo A com demanda maior do que 500 kW, o equivalente a uma conta de luz de R$ 150 mil, estavam autorizados a migrar para o mercado livre de energia. Agora, os de menor porte, com conta acima de R$ 10 mil, passam a poder participar também do mercado livre de energia.
Segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), essa nova fase da abertura do mercado de energia elétrica brasileiro, a maior da história, é muito positiva e beneficiará milhares de empresas que passarão a economizar com a compra de energia elétrica e poderão destinar os recursos economizados para investimentos na atividade produtiva e em pessoal, o que contribuirá para a geração de empregos, a desaceleração da inflação e o aumento da produtividade da economia nacional.
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Sandoval Feitosa participou de reunião em Porto Alegre (RS) para tratar da atuação das distribuidoras diante do impacto do ciclone que afetou o serviço de energia elétrica no estado.
O diretor- geral da Agência Nacional de Energia Elétrica , Sandoval Feitosa, defendeu durante reunião em Porto Alegre (RS) uma maior integração entre as distribuidoras e o poder público, para amenizar os impactos de eventos climáticos extremos no fornecimento de energia elétrica. Feitosa disse que é preciso criar novos protocolos de comunicação entre os entes envolvidos e garantiu que a Aneel está apurando responsabilidades, para avaliar se houve falha na recomposição do serviço e no procedimento das concessionárias.
O encontro com o governador Eduardo Leite aconteceu na manhã de quarta-feira, 24 de janeiro, e teve a participação de prefeitos, de representantes da agência reguladora estadual (Agergs) e de distribuidoras, além da Secretaria de Meio Ambiente do Estado e da Defesa Civil.
A agência apresentou um balanço do trabalho de fiscalização sobre a atuação das distribuidoras na religação da energia para os consumidores afetados, em razão do ciclone do ultimo dia 16 e de outros eventos climáticos ocorridos no estado no ano passado.
Dados apresentados pela Aneel mostram que nos últimos cinco anos foram instaurados processos de fiscalização no Rio Grande do Sul, com aplicação de multas da ordem de R$ 207 milhões. Além disso, a agencia alterou recentemente as regras de compensação aos consumidores que tiverem interrupção no fornecimento de energia, aumentando os valores a
serem pagos pelas distribuidoras aos que forem mais prejudicados. De janeiro a novembro de 2023, o ressarcimento diretor ao consumidor gaúcho por falta de energia chegou a R$ 72 milhões.
O tratamento dos impactos de eventos provocados pelas mudanças climáticas nas redes de transmissão e de distribuição é um dos temas prioritários da agenda regulatória da Aneel.
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De acordo com relatório, produção recorde por fontes de baixas emissões, deverá reduzir o papel dos combustíveis fósseis no fornecimento de energia a residências e empresas.
Novo relatório da Agência Internacional de Energia denominado ‘Eletricidade 2024’ mostra que a procura global de eletricidade crescerá a um ritmo mais rápido nos próximos três anos, à medida que a transição para a energia limpa ganha velocidade e a procura adicional prevista sendo suprida por tecnologias que produzem eletricidade com baixas emissões. O relatório conclui que, embora o crescimento global da procura de eletricidade tenha diminuído para 2,2% em 2023 devido à queda no consumo de energia nas economias avançadas, a previsão é de aumento para uma média de 3,4% de 2024 a 2026. Espera-se que cerca de 85% do aumento na procura mundial de eletricidade até 2026 venha de fora das economias avançadas – principalmente China, Índia e países do Sudeste Asiático.
Porém, a produção recorde a partir de fontes de baixas emissões, deverá reduzir o papel dos combustíveis fósseis no fornecimento de energia a residências e empresas. A estimativa é que as fontes de baixas emissões representem quase metade da produção mundial de eletricidade até 2026, acima da percentagem de pouco menos de 40% em 2023.
De acordo com o relatório, as renováveis deverão representar mais de um terço da produção total de eletricidade até o início de 2025, ultrapassando o carvão. Até lá, também está previsto que a produção de energia nuclear atinja um máximo histórico a nível mundial, à medida que a produção da França aumenta, várias centrais no Japão voltam a funcionar e novos reatores niciam operações na China, Índia, Coreia e na Europa. Quando o percentual de combustíveis fósseis na produção global ficar abaixo dos 60%, será a primeira vez que esse número será inferior em 50 anos de registros da AIE.
Segundo o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, é encorajador que o rápido crescimento das energias renováveis e uma expansão constante da energia nuclear estejam juntos no caminho certo para corresponder a todo o aumento da procura global de energia durante os próximos três anos.
O relatório também conclui que o aumento da produção de eletricidade a partir de renováveis e da energia nuclear parece estar empurrando as emissões do setor para um declínio estrutural. A previsão é que as emissões globais provenientes da produção de eletricidade diminuam 2,4% em 2024, seguidas de quedas menores em 2025 e 2026. A eletricidade representou 20% do consumo final de energia em 2023, contra 18% em 2015, embora o cumprimento da metas climáticas mundiais exija que a eletrificação avance significativamente mais rápido nos próximos anos.
Os preços foram geralmente mais baixos em 2023 do que em 2022. Na Europa, diminuíram em média mais de 50% em 2023, depois de terem atingido máximos recordes em 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, os preços na Europa no ano passado ainda eram
mais do dobro dos níveis anteriores à Covid, enquanto os preços nos EUA eram cerca de 15% mais altos que em 2019. A procura de eletricidade na União Europeia diminuiu pelo segundo ano consecutivo em 2023, e a expectativa é que não volte aos níveis observados antes da crise energética global antes de 2026, no mínimo.
Por região, a África continua a ser uma situação atípica nas tendências da procura de eletricidade, segundo o relatório. Embora o consumo de energia per capita na Índia e no Sudeste Asiático tenha aumentado rapidamente, tem estado efetivamente estagnado na África há mais de três décadas.
Embora a procura de eletricidade na Europa e nos EUA tenha diminuído em 2023, muitas economias emergentes registaram um crescimento robusto que deverá continuar até 2026 em resposta ao aumento da população e à industrialização. Durante o período da perspectiva, espera-se que a China seja responsável pela maior parte do aumento global em termos de volume, mesmo que o seu crescimento econômico recue e se torne menos dependente da indústria pesada. A Índia deverá ver a demanda aumentar mais rapidamente entre as principais economias.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Secretário Nacional do Consumidor diz que Enel e Light já foram intimadas a prestar informações.
As mais de 50 concessionárias de energia elétrica do país terão que apresentar ao governo federal seus planos de contingência para eventos climáticos extremos. As notificações começarão a ser feitas na próxima semana pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Depois do caos provocado pelas interrupções de fornecimento de energia após tempestades no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, a ideia é se antecipar aos problemas e exigir das empresas que informem as estratégias para minimizar o impacto desses eventos no serviço ao consumidor.
- É uma ação preventiva, queremos saber se elas estão preparadas para a gravidade dos eventos climáticos que todos já sabem que tendem a ser cada vez mais extremos daqui para frente - diz Wadih Damous, secretário Nacional do Consumidor.
Enel e Light já foram notificadas, e ainda esta semana, a Equatorial, que presta serviço no Rio Grande do Sul, também será intimada pela Senacon a prestar informações. - No caso dessas empresas, além do plano de contingência, estão sendo exigidas respostas para os problemas relatados pelos consumidores como a demora no reestabelecimento da energia - explica Damous.
O secretário antecipa que está marcada para a próxima semana uma reunião com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para tratar do tema. A ideia, diz ele, é trabalhar em conjunto com a agência reguladora para garantir um melhor serviço para o consumidor de energia. As reclamações sobre corte de energia à Aneel cresceram 40%, de 2022 para 2023.
Em nota, a Light informou ter se reunido com Damous, e o diretor executivo do Procon Carioca, Igor Costa, para conversar sobre o serviço de distribuição de energia na Ilha do Governador. A empresa informou que não há clientes sem energia por controle de carga, na Ilha, desde o dia 19. A companhia informa que "as obras e construções de três novas linhas de distribuição de energia para atender a região estão em curso e ocorrendo conforme o previsto, o que vai aumentar a qualidade do fornecimento.
Fonte e Imagem: O Globo.
Avaliação, feita em debate promovido pelo Estadão, é que forma de enfrentar as distorções de preços existente entre o mercado livre e o regulado é permitir que todos possam migrar para o modelo livre.
A possibilidade de que todos os consumidores possam escolher seu fornecedor de energia elétrica, negociando preços e condições no chamado “mercado livre de energia”, é um debate eventualmente, resistência do governo federal. Essa é a opinião de especialistas que participaram nesta terça-feira, 23, de um debate sobre o tema promovido pelo Estadão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito críticas ao desequilíbrio de preços entre o mercado livre, no qual há essa opção de negociação (atualmente limitada a empresas com gasto médio de R$ 10 mil com energia), e o mercado regulado, onde são atendidos os consumidores residenciais e pequenos comércios pelas distribuidoras. A avaliação de membros do governo é que esse modelo acaba beneficiando consumidores mais ricos.
Para o gerente de risco e estratégia da Enel Brasil, Leonardo Sant’Anna, uma forma de enfrentar as distorções existentes entre o mercado regulado e o livre é justamente permitir que os consumidores possam migrar para o mercado livre.
“Uma antítese para essa questão é justamente permitir e dar ao consumidor o maior poder que ele tem, que é da escolha de ser um consumidor com diversos ofertantes, e isso vai trazer igualdade para o mercado, vai dirimir essas preocupações de distorções com sobrecustos”, disse.
“O governo é sensível à opinião popular, todo governo é. Então eu acredito que, independente de uma visão de mundo mais para um lado que para o outro, é uma questão pragmática a abertura de mercado, porque ela já está acontecendo”, disse o sócio e diretor da Thymos Energia, Alexandre Viana, durante o evento.
Para ele, diante da abertura que já está acontecendo neste ano - quando todos os consumidores atendidos em alta tensão foram autorizados a comprar energia elétrica no mercado livre de energia -, esse debate tende a ganhar força. Para o vice-presidente de estratégia e comunicação da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Bernardo Sicsú, o mercado livre “não é culpado” pelas distorções existentes entre o preço de energia neste ambiente de contratação frente às tarifas das distribuidoras, e o debate sobre a ampliação deste mercado é “inevitável”.
“Realmente, quando a gente olha os números, eles não mentem. As tarifas têm aumentado muito nos últimos anos, muito acima do mercado livre de energia”, admite. Ele pondera, no entanto, que isso se deve à alocação “indevida”, na visão dele, de riscos neste mercado, e cita que o presidente tem feito essas declarações na esteira do reajuste previsto para o Amapá, no qual a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calculou um aumento médio de 44,41% na conta de energia elétrica.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou, no fim do ano passado, que uma medida provisória trataria desse
tema. Mas, até o momento, a questão não avançou.
Fonte e Imagem: Estadão.
Avaliação, feita em debate promovido pelo Estadão, é que forma de enfrentar as distorções de preços existente entre o mercado livre e o regulado é permitir que todos possam migrar para o modelo livre.
A possibilidade de que todos os consumidores possam escolher seu fornecedor de energia elétrica, negociando preços e condições no chamado “mercado livre de energia”, é um debate eventualmente, resistência do governo federal. Essa é a opinião de especialistas que participaram nesta terça-feira, 23, de um debate sobre o tema promovido pelo Estadão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito críticas ao desequilíbrio de preços entre o mercado livre, no qual há essa opção de negociação (atualmente limitada a empresas com gasto médio de R$ 10 mil com energia), e o mercado regulado, onde são atendidos os consumidores residenciais e pequenos comércios pelas distribuidoras. A avaliação de membros do governo é que esse modelo acaba beneficiando consumidores mais ricos.
Para o gerente de risco e estratégia da Enel Brasil, Leonardo Sant’Anna, uma forma de enfrentar as distorções existentes entre o mercado regulado e o livre é justamente permitir que os consumidores possam migrar para o mercado livre.
“Uma antítese para essa questão é justamente permitir e dar ao consumidor o maior poder que ele tem, que é da escolha de ser um consumidor com diversos ofertantes, e isso vai trazer igualdade para o mercado, vai dirimir essas preocupações de distorções com sobrecustos”, disse.
“O governo é sensível à opinião popular, todo governo é. Então eu acredito que, independente de uma visão de mundo mais para um lado que para o outro, é uma questão pragmática a abertura de mercado, porque ela já está acontecendo”, disse o sócio e diretor da Thymos Energia, Alexandre Viana, durante o evento.
Para ele, diante da abertura que já está acontecendo neste ano - quando todos os consumidores atendidos em alta tensão foram autorizados a comprar energia elétrica no mercado livre de energia -, esse debate tende a ganhar força. Para o vice-presidente de estratégia e comunicação da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Bernardo Sicsú, o mercado livre “não é culpado” pelas distorções existentes entre o preço de energia neste ambiente de contratação frente às tarifas das distribuidoras, e o debate sobre a ampliação deste mercado é “inevitável”.
“Realmente, quando a gente olha os números, eles não mentem. As tarifas têm aumentado muito nos últimos anos, muito acima do mercado livre de energia”, admite. Ele pondera, no entanto, que isso se deve à alocação “indevida”, na visão dele, de riscos neste mercado, e cita que o presidente tem feito essas declarações na esteira do reajuste previsto para o Amapá, no qual a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calculou um aumento médio de 44,41% na conta de energia elétrica.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou, no fim do ano passado, que uma medida provisória trataria desse
tema. Mas, até o momento, a questão não avançou.
Fonte e Imagem: Estadão.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, afirmou que o órgão regulador está, junto com governos estaduais, prefeituras e governo federal, buscando integração total para enfrentar adversidades climáticas. Nos últimos vezes, eventos climáticos afetaram o fornecimento de energia elétrica em diversos Estados brasileiros.
"Neste momento, a Aneel está junto com os governos dos Estados, prefeituras e governo federal buscando adversidades climáticas, seja no estabelecimento de novos protocolos, ações emergenciais para atendimento do consumidor, como também uma preparação regulatória para os novos desafios climáticos que se apresentam", afirmou Feitosa na abertura da primeira reunião da diretoria colegiada de 2024.
Em sua fala de abertura, o diretor-geral ressaltou alguns dados registrados no setor elétrico no ano passado. Feitosa citou os leilões de transmissão realizados em 2023 e a expansão de 10,3 gigawatts (GW) na geração de energia, puxada principalmente por fontes limpas e renováveis, que somam mais de 80% do total da matriz elétrica brasileira. "Representa a maior marca anual desde o início da medição em 1997, quando a agência foi criada." E disse: "Esse desempenho, em conjunto com fiscalização e debate com a sociedade, é fundamental para enfrentamos os fenômenos climáticos registrados em diferentes partes do País e que prejudicam o atendimento aos consumidores de energia elétrica."
Feitosa ressaltou ainda a realização de leilões de transmissão nos próximos meses e a publicação da agenda regulatória da Aneel para os anos de 2024-2025, que se alicerça em ações para a transição energética e avança nas discussões sobre os impactos das mudanças climáticas e inovações tecnológicas para o setor. "O trabalho integrado da além, claro, com os consumidores, Ministério de Minas e Energia, Congresso Nacional e diversos segmentos do setor."
Fonte e Imagem: Broadcast - Estadão.
Associação informou que existem 2,3 milhões de sistemas solares fotovoltaicos no país.
A geração própria de energia solar acaba de ultrapassar a marca de 26 gigawatts (GW) de potência instalada em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos no Brasil, com mais de 3,3 milhões de unidades consumidoras atendidas pela tecnologia, informou a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Segundo mapeamento da entidade, o país possui mais de 2,3 milhões de sistemas solares fotovoltaicos instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos.
Desde 2012, foram cerca de R$ 130,7 bilhões em novos investimentos, que geraram mais de 780,1 mil empregos acumulados no período, espalhados em todas as regiões do Brasil, e representam uma arrecadação aos cofres públicos de R$ 39,2 bilhões.
Ao calcular os custos e benefícios da chamada geração distribuída, estudo recente da consultoria especializada Volt Robotics, encomendado pela Absolar, concluiu que a economia líquida na conta de luz de todos os brasileiros será de mais de R$ 84,9 bilhões até 2031.
De acordo com o estudo, os benefícios líquidos da geração distribuída equivalem a um valor médio de R$ 403,9 por megawatt-hora (MWh) na estrutura do sistema elétrico nacional, ante a uma tarifa média residencial calculada pela Agência Nacional de Energia Elétrica de R$ 729 por MWh.
O objetivo do estudo foi calcular os custos e benefícios da microgeração e da minigeração distribuída, segundo o artigo 17 da Lei nº 14.300, de 6 de janeiro de 2022, que estabeleceu o marco legal do segmento.
Para Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar, com a energia solar, o País pode, em pouco tempo, tornar a matriz elétrica brasileira ainda mais limpa e renovável.
“Embora as 3,3 milhões de unidades consumidoras abastecidas com energia solar distribuída sejam motivo de comemoração, há ainda muito espaço para crescer, já que o Brasil possui cerca de 92,4 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica no mercado cativo”, avaliou, dando como exemplo a Austrália, que por meio de políticas públicas incentivou a fonte solar, que hoje já representa 30% de toda a geração de energia daquele país.
No Brasil, a fonte solar varia de acordo com a sazonalidade e no domingo, 21, representava cerca de 10% da geração diária de energia elétrica, superando as fontes eólica e a nuclear.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Empresas chinesas são responsáveis pelos maiores projetos no Brasil nos últimos anos e avançam em usinas a partir de fontes renováveis.
O setor de energia é o carro-chefe dos investimentos chineses no Brasil, e recentes movimentações indicam que há uma nova agenda direcionando os recursos nesta década, com foco em carros elétricos e metais raros, duas variáveis que ganham importância com a
transição energética. Entre 2007 e 2022, empresas chinesas investiram US$ 71,6 bilhões no Brasil, com o setor de eletricidade absorvendo 45,5% do volume aplicado, seguido pelas áreas de extração de petróleo (30,4%), conforme os dados mais recentes do Conselho Empresarial Brasil-China.
As áreas de geração, transmissão e distribuição de eletricidade receberam US$ 32,5 bilhões do total de recursos vindos do país asiático entre 2007 e 2022. Três estatais centrais chinesas - State Grid, China Three Gorges e State Power Investment Corporation (SPIC) - foram as responsáveis pelos maiores projetos no Brasil. Recentes anúncios apontam que o setor de eletricidade continuará impulsionando os investimentos chineses por aqui.
Em dezembro, o governo federal realizou o maior leilão de transmissão de energia da história. Foram leiloados R$ 21,7 bilhões em linhas de transmissão com a licitação de 4.471 km que irão passar pelos Estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins. A grande vencedora foi a State Grid, que arrematou o maior lote já licitado em termos de previsão de investimento: o valor esperado é de R$ 18,1 bilhões.
Esse lote é composto por linhas de transmissão em ultra-alta tensão corrente contínua (UATCC), com extensão de 1.513 quilômetros e localizadas nos Estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. Ainda inclui a construção das subestações. As obras visam a aumentar a capacidade de interligação entre as regiões Nordeste e Centro-Oeste para escoamento dos excedentes de energia gerada na região Nordeste. O prazo para a conclusão do empreendimento é de 72 meses.
A tecnologia de UATCC vem sendo liderada no mundo pelos chineses, que têm investido em transmissão para escoar a energia de renováveis no país. Na década passada, a State Grid encabeçou a montagem da primeira linha do tipo, que escoa a energia da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará (11.233 MW), aos grandes centros brasileiros de consumo de energia.
O Brasil poderá ainda licitar mais uma linha de transmissão de ultratensão até 2026. O avanço das fontes renováveis variáveis, com usinas solares e eólicas, tem levado ao aumento de expansão de linhas de transmissão. No leilão de dezembro, o presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), Thiago Prado, disse que o governo estuda um novo leilão para a construção de um segundo bipolo de transmissão que escoe energia do Nordeste para o Sudeste. “Esse leilão poderia ser para 2025 ou 2026, mas está em estudo, assim como a tecnologia que pode ser empregada”, afirmou o presidente da EPE, órgão estatal de planejamento.
Em geração, as companhias estão olhando a diversificação da matriz e a abertura do mercado livre de energia. Desde janeiro, todas as indústrias ligadas à alta tensão têm a possibilidade de migrar para o mercado livre. Isso poderá fazer com que a fatia destinada ao segmento pule de 39% da carga do país para 48%, de acordo com dados das comercializadoras, o que mostra o potencial de negócios.
Com presença de dez anos no Brasil, desde 2013, a CTG iniciou investimentos no país a partir da aquisição de participação acionária em três hidrelétricas da EDP no país: Santo Antônio do Jari e Cachoeira Caldeirão, no Amapá, e São Manoel, no Mato Grosso. Em 2016, adquiriu as idrelétricas da Duke Energy, se tornando um dos principais players privados de geração.
Gradualmente, com a mudança da matriz elétrica brasileira devido ao avanço das fontes eólica e solar, a CTG também começou a investir em renováveis, buscando diversificação em um momento em que o setor elétrico começa a assistir à maior abertura de sua história. A empresa trabalha em dois grandes projetos: Complexo Eólico Serra da Palmeira, na Paraíba, com 648 MW, e o Complexo Solar Arinos, em Minas Gerais, com 410 MWp.
Com ativos que somam mais de 3 GW no Brasil, a SPIC também tem diversificado sua operação no Brasil. A companhia opera a usina hidrelétrica São Simão, na divisa de Minas Gerais e Goiás, e dois parques eólicos e detém participação no maior complexo de gás natural da América Latina, o GNA (Gás Natural Açu), localizado em São João da Barra (RJ).
Em dezembro, a empresa anunciou a conclusão de emissão de notas comerciais no montante de R$ 1,3 bilhão, recursos que serão direcionados para a conclusão dos seus primeiros parques de energia solar no Brasil: os complexos solares de Panati, na cidade de Jaguaretama (CE), e de Marangatu, em Brasileira (PI). Juntos, eles totalizam 738 MWp de capacidade instalada e representam a entrada da companhia na geração de energia de fonte solar no Brasil. Atualmente, os projetos da companhia se encontram em fase final das obras, com início das operações previsto para o primeiro semestre de 2024.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Aumento da conta do consumidor regulado, espiral da morte e problemas para até mesmo os consumidores com GD, estes são alguns dos impactos do aumento dos sistemas que pode ter consequências catastróficas, pois sem redes de distribuição não há GD.
O crescimento da geração distribuída no Brasil surpreendeu desde os céticos até os mais entusiastas. Foram tantos projetos de geração adicionados ao sistema que nem mesmo o mais preciso exercício de futurologia seria capaz de prever. Porém, o mais surpreende – que, como dizem os ingleses, no one saw it coming – são os efeitos causados pelo incremento da GD no setor elétrico brasileiro. Diferentemente do esperado, e rompendo com premissas básicas da macroeconomia, o aumento da geração de energia levou ao aumento do preço da energia para os consumidores cativos das distribuidoras de energia. Para além disso, este fenômeno vem causando severos impactos nas concessões de distribuição de energia, com sérios riscos sistêmicos que ameaçam a viabilidade do serviço público subjacente a estes módulos concessórios. O presente artigo pretende, de maneira sucinta, endereçar alguns desses riscos e os seus respectivos impactos.
A geração distribuída, também conhecida como “GD”, compreende a geração de energia no próprio local de consumo desta ou próximo a ele. Trata-se de modelo de descentralização da geração de energia, o qual emprega geradores de menor porte, por intermédio da qual o excedente de energia elétrica gerado por unidade consumidora de titularidade de um consumidor-gerador, pessoa física ou jurídica (notadamente empreendimentos que se valem da energia solar, como fonte de energia), é compensado ou creditado pela mesma unidade, no âmbito do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE).
A lógica por trás da GD é a de capilarizar a geração de energia e torná-la mais próxima do consumidor. Ou seja, permite-se a geração de energia em diversos locais distintos. Tal modalidade de geração pode ser empreendida por consumidores, os quais buscam reduzir o valor de suas tarifas, inserindo no sistema a energia por si gerada. É o caso, por exemplo, do consumidor que instala painéis fotovoltaicos no telhado de sua casa para se beneficiar da energia gerada. Uma vez produzida a energia através da geração distribuída, o consumidor-gerador se utiliza desta através do autoconsumo local, sendo que o excedente de energia gerada é injetado no sistema de distribuição. Possibilita-se, assim, que outras unidades consumidoras de titularidade do mesmo consumidor-gerador possam usufruir desta energia através da chamada geração remota e também que o consumidor-gerador se valha de créditos para a compensação de sua fatura de consumo mensal.
Por meio da Resolução Normativa nº 482/2012 da ANEEL, a Geração Distribuída tornou-se amplamente acessível à sociedade. Segundo Vitor Rhein Schirato e Felipe de Almeida Ribeiro Campos[3], a REN nº 482 “introduziu um regime especial de consumo porque possibilitou à classe de consumidores regulados dos pequenos geradores distribuídos, exclusivamente, por meio do SCEE, o abatimento no valor cobrado pela energia elétrica consumida, em sua fatura, do valor correspondente de energia elétrica gerada por suas
pequenas centrais geradoras.” Ainda, de acordo com os autores, a resolução inaugurou um “novo regime jurídico de geração de energia elétrica no Brasil, uma vez que os pequenos geradores distribuídos foram autorizados a gerar energia elétrica sem a necessidade de um título jurídico habilitante (concessão, permissão ou autorização), bastando que fizessem a solicitação de conexão da central geradora à distribuidora e cumprissem os demais requisitos regulamentares.” Desde então, percebeu-se um crescimento desenfreado desta modalidade de geração de energia. Após a publicação da Resolução supramencionada, tal normativo foi alterado em quatro oportunidades distintas, por intermédio das Resoluções Normativas da ANEEL nº 517/2012, nº 687/2015, nº 786/2017 e nº 1.000/2021. Isso se deu em razão do flagrante crescimento da GD e das novas necessidades de regulamentação e reforma das normas então vigentes.
A geração distribuída teve a sua mais recente normatização através da edição da Lei nº 14.300/2022, que entrou em vigor em 6 de janeiro de 2022. Referido diploma passou a regulamentar o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE), através do qual as unidades consumidoras com micro ou minigeração distribuída injetam energia no sistema de distribuição, fazendo jus à posterior compensação com o consumo de energia ou contabilização de crédito de energia futura. A respeito do tema, Schirato e Campos[4] pontuam que o Sistema de Compensação de Energia Elétrica ou SCEE “é o que possibilita aos consumidores do mercado regulado (que compram energia diretamente da distribuidora) com mini e/ou microgeração distribuída compensarem, em sua fatura de energia elétrica, o valor a ser pago pela quantidade de energia elétrica consumida da rede de distribuição com a quantidade de energia elétrica injetada a partir da central geradora. Dessa forma, a energia elétrica injetada na rede de distribuição é cedida a título de empréstimo gratuito à distribuidora, devendo esta compensar o consumidor-gerador com o abatimento do valor cobrado pela energia consumida da rede de distribuição no mesmo ciclo de faturamento ou nos ciclos de faturamento subsequentes.”
Ocorre que a geração distribuída vem crescendo de maneira mais acelerada do que a própria ANEEL é capaz de regular. Segundo informações do Painel de Monitoramento de Geração de Energia da ANEEL[5], no final do ano de 2017, a totalidade de usinas de GD conectadas ao Sistema Interligado Nacional (“SIN”) somava 0,24 GW de potência instalada. Ao final de 2023, a GD somou 25,9 GW de potência instalada, com 2,2 milhões de usinas conectadas ao SIN. Hoje, a capacidade instalada de geração distribuída no Brasil é superior a das usinas de Itaipu e Belo Monte juntas. A evolução da GD no Brasil pode ser melhor compreendida através do gráfico abaixo:
O aumento da geração distribuída verificado no período é de mais de dez mil por cento (10.691%), ao longo de apenas seis anos. Somente no ano de 2022, a quantidade de potência instalada de GD adicionada ao sistema foi de 8,3 GW, praticamente idêntica à potência instalada de toda a UHE Tucuruí (8,5 GW), que é a segunda maior usina geradora de energia no Brasil.
Verifica-se também uma sutil queda de potência instalada no ano de 2023 em relação ao ano de 2022. Isto se deve, possivelmente, ao fato de a Lei nº 14.300/2022 ter estabelecido, em seu art. 26, inciso II, que os novos projetos de micro e minigeração distribuída com protocolos de solicitação de acesso posteriores à data de 7 de janeiro de 2023 estarão sujeitos à redução progressiva dos subsídios tarifários, na forma prevista pelo art. 27 da referida lei. Esta circunstância gerou uma corrida desenfreada por solicitações de acesso, que levou ao cadastramento de uma quantidade de projetos de GD equivalente a duas usinas de Itaipu, no período de apenas três meses[6]. Foram protocoladas 486,6 mil solicitações de acesso de projetos de GD, totalizando 32,2 GW de potência instalada, no período de outubro de 2022 até 7 de janeiro de 2023. Todavia, mesmo com a redução de subsídios imposta pela Lei nº 14.300/2022, a quantidade de projetos de GD conectados ao sistema no ano de 2023 continuou sendo descomunal. Foram 633.420 usinas conectadas ao SIN, com potência instalada total de 7,5 GW.
O problema é que as previsões para o futuro não são de dias melhores. Há algumas semanas, o Operador Nacional do Sistema (“ONS”) divulgou o sumário executivo do Plano de Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN (“PAR-PEL”) de 2023. Neste documento, o ONS apontou que em dezembro de 2023 as fontes solar (GD e centralizada) e eólica totalizaram 64,7 GW de potência instalada, o que corresponde a 30,2% da matriz energética do país. Já a previsão para dezembro de 2027 é de que estas fontes totalizem 122,4 GW de potência instalada. Considerando que a capacidade instalada total do parque gerador nacional projetada para o ano de 2027 será de 281,5 GW, as usinas solares e eólicas representarão mais de 44% da nossa matriz energética. O grande problema reside no fato de que a previsão de carga (i.e., consumo de energia) para o ano de 2027 é de apenas 110,9 GW, ou seja, menos da metade potência instalada projetada. Teremos uma capacidade instalada de 281,5 GW para consumirmos apenas 39% de toda essa energia. É um fenômeno assombroso e sem precedente na história. Além da ocorrência de uma geração vertida de todas as fontes (i.e., energia desperdiçada), o excesso de geração não reduzirá o valor da energia do consumidor cativo. Pelo contrário, a tendência é que a sobreoferta aumente o preço da tarifa paga por consumidores comuns das distribuidoras de energia. O efeito negativo do excesso de geração de fontes incentivadas, sobre o preço da tarifa de energia, é apontado com clareza por Edvaldo Santana[7], ex-Diretor da ANEEL, em recente artigo publicado pelo jornal O Globo: “(…) o sistema elétrico tem uma condição essencial para funcionar: a geração, a cada milésimo de segundo, precisa ser igual ao consumo. Como a capacidade de gerar, atualmente, é muito maior que o consumo, usinas ficarão sem produzir ou gerar. As usinas não geram quando nem quanto querem, mas para atender a uma ordem do ONS, que equilibra instantaneamente oferta e demanda. Só que fazem contratos de venda de energia com distribuidoras e grandes consumidores. Se não gerarem, terão de comprar energia (de quem gerou) para honrar esses contratos. Essa transação pode ter custo elevadíssimo. E, como não foi a usina a causadora do problema, exigirá ressarcimento do poder concedente, que ‘distribuiu’ uma quantidade exagerada de outorgas. O consumidor pagará a conta, como pagou às hidrelétricas, eólicas e solares que ficaram impedidas de gerar.”
Fica evidente o avanço desenfreado da GD, que aumenta vertiginosamente mês a mês. Porém, deve-se ter em mente os limites do sistema de distribuição e a capacidade de absorção da energia gerada pela GD. É dizer, as investidas desordenadas dos geradores, sem a realização de uma coordenação regulatória, estão produzindo um cenário de escassez de infraestruturas que possam ser compartilhadas, sem prejuízo da segurança energética e da oneração da maior parte dos usuários do sistema de distribuição.
A problemática reside no fato de que a conexão de novos empreendimentos de geração distribuída no sistema de distribuição é responsável por uma série de repercussões nas concessões de distribuição de energia. Os impactos verificados possuem causas diversas. Todavia, em que pese decorram de causas diferentes, os seus efeitos acometem o mesmo ponto: o equilíbrio econômico-financeiro das concessões.
O primeiro impacto verificado decorre da existência de intenso subsídio concedido aos empreendimentos de geração distribuída. Inicialmente, quando publicada a Resolução Normativa nº 482/2012 da ANEEL, os projetos de GD contavam com isenção de toda a Tarifa de Energia (TE), composta pela energia em si e pelos encargos incidentes, e toda a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), composta pelos custos de transmissão do fio a e do fio b, encargos e perdas de energia. Segundo estimativa da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE), o custo deste subsídio no ano de 2023 é de aproximadamente R$ 6,8 bilhões. A projeção da associação é de que até o ano de 2045 o valor total chegue à cifra de R$ 201 bilhões. A despesa causada pelo subsídio à GD é transferida para os consumidores cativos das concessionárias de distribuição de energia. Logo, o custo da geração distribuída é absorvido pelos consumidores “comuns”, que não fazem uso desta forma de geração de energia.
O segundo impacto causado pela geração distribuída está relacionado ao custo de expansão do sistema de distribuição de energia para acomodar a crescente e descoordenada demanda por novas conexões. O problema é que o sistema de distribuição de energia é um recurso escasso, de forma que nem sempre o sistema possui capacidade para novas conexões e, sobretudo, para injeção de mais carga. Quando o
sistema se encontra saturado (em decorrência da inviabilidade técnica da absorção de novos pedidos de acesso), a distribuidora terá de realizar novos investimentos na construção de subestações de energia.
Como se sabe, recai sobre as concessionárias de distribuição de energia elétrica uma infinidade de pedidos de acesso ao sistema de distribuição. Em um cenário de limitação dos recursos e da própria escassez física do sistema, é natural que não se tenha condições de atender imediatamente a todas as solicitações formuladas por agentes de geração distribuída. Seja do ponto de vista técnico-operacional, seja do ponto de vista econômico-financeiro. O sistema de distribuição possui limitações que devem ser observadas, sob pena de colapsá-lo, inviabilizando o seu funcionamento e deixando os consumidores “no escuro”. Isso se dá pela indisponibilidade de novas subestações, essenciais à distribuição por evitar a perda excessiva de energia durante o longo percurso e permitindo a redução de tensão para o uso urbano. Assim é que, se não há subestações disponíveis ou suficientes, não é possível conceder mais acessos ao sistema, sob pena de colapsá-lo. Justamente para se evitar qualquer risco de colapso da rede de distribuição, as concessionárias de distribuição de energia têm adotado a cautela de encaminhar ofícios ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), solicitando a emissão de pareceres acerca do impacto das conexões de micro e minigeradores na rede básica de fronteira, na forma disposta pelo art. 75 da Resolução Normativa ANEEL nº 1.000/2021. De modo geral, o posicionamento técnico do ONS tem sido no sentido de apontar inúmeras restrições às solicitações de acesso, devido ao esgotamento da rede básica de fronteira, que não possui solução estrutural previamente definida. A situação não pode ter a sua interpretação divorciada da teoria das essential facilities, que teve suas bases fixadas no caso MCI Communications Corp. vs. AT&T[8], julgado pela Corte de Apelação do Sétimo Circuito da Justiça Federal dos EUA. Como sintetiza Alexandre Wagner Nester[9], em obra específica sobre o tema, a essential facility doctrine há de ser vista como “o instituto jurídico segundo o qual se assegura a determinados agentes econômicos, mediante o pagamento de um preço justo, o exercício do direito de acesso às infraestruturas e redes já estabelecidas (assim como a determinados insumos e bens), que são indispensáveis para o desenvolvimento da sua atividade econômica, cuja duplicação é inviável, e que se encontram na posse de outros agentes (normalmente em regime de monopólio natural), seus potenciais concorrentes.” Daí porque “a esse direito de acesso corresponde uma obrigação específica do detentor da infraestrutura de ceder o acesso ao terceiro, em termos não discriminatórios e razoáveis, a fim de viabilizar os objetivos e políticas de concorrência preconizados pelo Estado.”
A situação, inclusive, já foi objeto de pronunciamento judicial pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, ao julgar o Agravo de Instrumento nº 0451213-40.2023.8.13.0000. Ao decidir sobre o caso, o TJMG consignou: “É importante um dado da produção: apenas no mês de novembro de 2022 houve produção de 22 GW de energia elétrica, o equivalente à produção da Hidrelétrica de Três Gargantas, na China, a maior do mundo, e da Hidrelétrica de Santo Antônio, a 5ª do Brasil, juntas. O dado é espantoso ao se levar em consideração que a energia não consumida pelo produtor é injetada na rede e esta necessariamente deve ter condições para receber o excedente. É como querer armazenar, por exemplo, dez mil litros de água em uma caixa que tem capacidade para apenas cinco mil litros. Será necessário fazer investimento a fim de ampliar a capacidade de armazenamento, no caso da água, ou de recepção de excedente, em relação à energia elétrica.”
Para tentar conter esse cenário antagônico – em que há excedente de demanda por acesso de um lado e esgotamento físico de escoamento do sistema de outro –, a ANEEL editou as Resoluções Normativas nº1.065/2023 e nº 1.069/2023. A primeira veiculou o chamado “Dia do Perdão”, permitindo a rescisão amigável de contratos de uso do sistema de transmissão (CUST) celebrados por geradores de energia renovável. Já a segunda resolução promoveu uma reforma estrutural nas regras de acesso ao sistema de transmissão (rede básica), promovendo e instituindo: (i) substituição do mecanismo de Informação de Acesso; (ii) ordem de análise das solicitações de acesso; (iii) garantia financeira para a obtenção de Parecer de Acesso; (iv) inversão de fases de assinatura e início de execução do CUST em relação à obtenção de outorga; e (v) garantias adicionais.
Como o valor da tarifa de energia é composto majoritariamente pelos custos da prestação do serviço público de distribuição, as despesas e os investimentos a serem incorridos pelas distribuidoras precisam ser adequadamente planejados, pois impactam de maneira direta no valor da tarifa de energia a ser paga pelo consumidor final. Logo, considerando o seu relevante impacto sobre o valor da tarifa paga pelo consumidor final, os investimentos que serão realizados pelas concessionárias estão sujeitos a diversos critérios regulatórios e acompanhamento pela ANEEL, enquanto ente regulador do setor. A regulação destes investimentos se dá através do chamado Plano de Desenvolvimento da Distribuição (PDD), que é regulamentado pelo Anexo II, da Resolução Normativa ANEEL nº 956/2021, que estabelece os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (Prodist). O referido Anexo II contém o Módulo 2 do Prodist, dedicado ao “Planejamento da Expansão do Sistema de Distribuição”. O Módulo conta com quatro seções, sendo que a última (Seção 2.4) trata exclusivamente do referido PDD que “apresenta o resultado dos estudos de planejamento do sistema de distribuição, incluindo plano de expansão, plano de obras e relação de obras realizadas, que devem ser encaminhados pela Distribuidora à ANEEL em formato específico definido pela Agência.” O documento aponta, em seu item 2, o objetivo de “Estabelecer as diretrizes para o planejamento da expansão do sistema de distribuição, subsidiando a definição dos pontos de conexão das instalações dos usuários;”. Os investimentos a serem realizados pelas concessionárias de distribuição, portanto, são planejados com antecedência de 5 e 10 anos através do PDD, que é apresentado anualmente à ANEEL.
Tais impactos acometem diretamente a equação econômico-financeira das concessões de distribuição de energia elétrica. Em um primeiro momento, este impacto é suportado pelas próprias concessionárias. Ocorre que, em um segundo momento, este custo é repassado para a tarifa de energia – paga pelos consumidores que não utilizam a geração distribuída. De tempos em tempos, conforme ciclo definido no contrato de concessão celebrado entre as concessionárias de distribuição e o Poder Concedente, é realizada uma revisão tarifária, a qual, na maioria das vezes, leva ao aumento da tarifa. Tal mecanismo serve para preservar o bom funcionamento do sistema de distribuição, a qualidade do serviço e do ativo. Os contratos de concessão de distribuição de energia no Brasil adotam o modelo regulatório tarifário denominado price-cap. Este modelo é pautado pela geração de incentivos ao concessionário, pressupondo a definição de um “valor teto” para a tarifa, que será reajustada anualmente pela taxa de inflação descontada de KPIs (Key Performance Indicators) atrelados a ganho de produtividade, estabelecidos previamente. De acordo com Mario Luiz Possas, João Fagundes Pondé e Jorge Fagundes[10], tal metodologia “Compreende uma regra de reajuste por índice público de preços, acompanhada de previsão de redução de custos por aumento de produtividade, com o objetivo de estimular, de forma muito simples e transparente, a busca de aumento de eficiência microeconômica”. O objetivo principal do modelo price-cap é incentivar o aumento de produtividade, através de recompensas ao concessionário que tiver um desempenho além do benchmark (i.e., de parâmetros pré-estabelecidos pela agência reguladora). Trata-se de uma “Regulação por Incentivos”, pois as concessionárias se beneficiarão dos ganhos de produtividade. O resultado econômico, todavia, será compartilhado com os consumidores, através de um mecanismo redutor de tarifa, aplicado na chamada “Revisão Tarifária Periódica” (RTP).
Com o aumento do valor da tarifa de energia, maior será o incentivo para outros consumidores migrarem para a GD, causando, consequentemente, mais prejuízo ao sistema de distribuição e prejudicando mais ainda a receita das distribuidoras (que, por consequência, tornará a tarifa de energia ainda mais cara). Nesse sentido, Walney Christian de Medeiros Silva[11] aponta que “Segundo a EPE (2012) a análise da competitividade da geração fotovoltaica está diretamente ligada à comparação dos custos desse tipo de geração com os valores pagos pelos usuários finais às concessionárias de energia elétrica em determinada área de concessão, o que se denomina de paridade tarifária. Isso quer dizer que quanto maior for a tarifa de energia elétrica em determinada área de concessão, maior será a atratividade da microgeração solar fotovoltaica. Isso quer dizer que quanto menor forem os custos da microgeração e maior for a tarifa de energia elétrica, maior também é a quantidade de adesões a microgeração e, conforme demonstrado
acima, quanto maior a quantidade de adesões maiores os impactos para as concessionárias e para os demais usuários, que poderão ter sua tarifa de energia elétrica aumentada por conta disso.”
A situação se torna, portanto, um ciclo vicioso. Esse ciclo já foi estudado pela literatura especializada e foi intitulado de espiral da morte, tal como explica Leandro Bruno Marques[12]: “Como a disseminação da GDFV tem impacto no preço da energia elétrica, esse não é sentido pelos prossumidores ou são pouco impactados, nos casos de gerarem menos que o consumo, pois sua capacidade de geração de energia é equivalente à sua demanda média, o aumento sistêmico impacta principalmente os consumidores que não adotarem a GDFV, esse fenômeno é chamado de cost-shifting. O processo causa uma realocação dos custos, como demostrado no ciclo da espiral da morte, a entrada da GDFV reduz a receita das distribuidoras, que assumem os custos no primeiro momento, na revisão tarifária os custos são calculados e repassados na tarifa, já que os prossumidores geram sua própria energia na média, esse impacto recai pelos não adeptos da geração distribuída. Dessa forma os custos são redistribuídos de forma que há uma externalidade do consumo, transferindo os custos dos optantes pela GDFV para os não optantes.”
O tema também é endereçado por Solange David[13], ex-Vice Presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, que em sede doutrinária pontuou que “com a evolução tecnológica do setor elétrico, [a espiral da morte] pode ser caracterizada por três efeitos fundamentais: (i) no equilíbrio econômicofinanceiro das distribuidoras em razão da redução do volume de energia vendido, com consequente queda no volume da receita; (ii) no subsídio que consumidores ligados à rede pagarão com a migração de consumidores de renda mais elevada para a autogeração; e (iii) no risco de sustentabilidade das redes do sistema elétrico (inclusive com a ampliação das intermitência das renováveis), pela redução da base pagadora, geralmente de mais baixa renda, o que passa a ser uma questão de cunho social (…)”. Ainda segundo a autora, a “ampliação da presença dos recursos energéticos distribuídos (RED) – energia eólica e solar fotovoltaica – pode potencializar o efeito da ‘espiral da morte’, principalmente se houver uma dinâmica de crescimento exponencial da micro e minigeração, incentivado por políticas que favoreçam o investimento e torne a reação dos consumidores mais intensa.”
Por isso, a regulação da geração distribuída precisa ser urgentemente revista, tanto do ponto de vista dos subsídios garantidos a esta modalidade de geração quanto também das regras de acesso destes agentes ao sistema. A revisão de subsídio estabelecida pela Lei nº 14.300/2022 (arts. 17, 26 e 27) parece não ter sido suficiente para conter o avanço descoordenado deste modelo de geração. O mesmo ocorre com o problema da falta de capacidade de conexão de novos projetos de micro e minigeração distribuída. A normatização do marco legal da GD não foi capaz de equalizar a complicação causada pela escassez de infraestrutura para o atendimento da desmedida demanda por novas conexões ao sistema. O tema conta com tamanha relevância que foi endereçado pelo ONS no PAR-PEL 2023, referente ao ciclo 2024-2028, como assunto estratégico do planejamento do setor elétrico. Segundo o ONS, o cenário atual é de “crescente demanda por acesso de agentes geradores (UFV e EOL)”, porém, com “esgotamento físico da capacidade de escoamento do sistema”. O ONS ainda destaca que o atual modelo de acesso ao sistema, que adota o critério de ordem cronológica, possui duas características evidentemente negativas. A primeira é a ineficiência alocativa, pois os projetos com maior viabilidade técnico e econômica não necessariamente terão prioridade de conexão sobre aqueles com menor viabilidade. A segunda é a morosidade em si, tendo em vista que todas as solicitações de acesso precisam ser analisadas individualmente. Dentre as soluções aventadas pelo ONS, uma delas consiste na realização de “leilões por barramentos”, para eliminação das filas de acesso.
Os efeitos de eventual colapso do serviço de distribuição de energia elétrica são de proporções catastróficas. Não atingirá apenas os consumidores de baixa renda, mas sim todos os usuários do sistema de distribuição – inclusive aqueles que utilizam a GD. Isto porque mesmo que os usuários da GD não “adquiram” a energia de distribuidoras, estes utilizam o sistema de distribuição tal como qualquer outro usuário. A preservação do equilíbrio econômico-financeiro das concessões de distribuição de energia, portanto, interessa a todos. Afinal, sem distribuição de energia, não há geração distribuída.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Autores: Rafael Véras de Freitas e Felipe Henrique Braz, Sócios do Braz, Coelho, Veras, Lessa e Bueno Advogados.
Saída, comunicada à petroleira na sexta, ocorreu após o executivo ter deixado o conselho de administração da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o ministério.
O advogado Efrain Cruz renunciou ao posto de membro do conselho de administração da Petrobras na sexta-feira (19). A saída, comunicada à petroleira no mesmo dia, ocorreu após o executivo ter deixado o conselho de administração da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Ministério de Minas e Energia (MME), onde era secretárioexecutivo e foi exonerado. A informação foi publicada pelo “Estado de S.Paulo” e confirmada pelo Valor.
A saída de Cruz do ministério levantou dúvidas sobre a manutenção dele no conselho da estatal. Com as renúncias, o advogado, que foi diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) entre 2018 e 2022, voltará a atuar na iniciativa privada.
Cruz foi indicado pelo MME como conselheiro da Petrobras em março do ano passado e eleito na assembleia de acionistas realizada no mês seguinte.
Na época, ele e Pietro Mendes, atual presidente do conselho da estatal, foram considerados inelegíveis por instâncias internas de governança da Petrobras por supostos conflitos de interesse entre as funções deles no MME e as respectivas atribuições como conselheiros.
As indicações foram mantidas e ambos foram eleitos, o que não evitou um processo administrativo sancionador na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contra eles, do qual a União também é objeto. A área técnica do regulador vê infrações à lei das Estatais (lei 13.303/2016). No MME, Cruz foi substituído por Arthur Cerqueira Valerio, servidor de carreira da Advocacia-Geral da União (AGU). Valerio seria um candidato natural a ocupar a cadeira também na Petrobras, mas segundo uma fonte que acompanha as conversas o indicado ao colegiado da estatal deve ser Renato Campos Galuppo.
Galuppo, se confirmado, deve cumprir o restante do mandato até abril, quando a Assembleia Geral Ordinária (AGO da Petrobras vai eleger o novo conselho para um mandato de dois anos (2024-2026).
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Apesar de criticar impacto de parte dos incentivos aos consumidores, ministro ressaltou a relevância dos subsídios para a transição energética.
O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, afirmou em entrevista à CNN nesta quinta-feira (18) que o governo brasileiro “terá muito cuidado” na concessão de novos subsídios ao setor elétrico.
“Teremos muito cuidado quando se trata de subsídio, para que não continuemos a onerar a conta de energia do consumidor brasileiro, protegendo especialmente o consumidor cativo, que paga a conta para a distribuidora e não tem opção de ir ao mercado livre comprar energia”, disse.
Questionado sobre os subsídios já existentes, Silveira destacou que estes benefícios são garantidos por lei. Portanto, o esforço da gestão federal será voltado a enrijecer a avaliação de novos incentivos.
Apesar da crítica ao impacto de parte destes incentivos para os consumidores, o ministro ressaltou a relevância dos subsídios direcionados a parte do setor elétrico para que o Brasil fortalecesse sua transição energética.
“Foram muitos os subsídios dados no Brasil nos últimos anos, alguns importantes para ampliar eólica, solar, de biomassa, por isso nos tornamos líderes na transição. Agora, o importante é que a gente debata uma maneira de avançar na transição sem ônus para o consumidor”, disse.
Para Silveira, é necessária uma nova “estruturação” para o sistema, de modo a dirimir os impactos ao consumidor cativo. Ele pediu que Executivo, Legislativo, setor elétrico e sociedade civil sentem à mesa para debater o tema.
A fala do ministro aconteceu em meio ao Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Expansão das pequenas hidrelétricas ficou 23% abaixo do resultado de 2022 e a presidente da Abrapch pede a volta dos leilões de energia nova.
O ano de 2023, em termos de expansão do segmento de PCHs e CGHs, foi difícil. A opinião, de Alessandra Torres, presidente da Abrapch, retrata os temores da entidade quanto ao futuro da fonte dentro do espectro geral do SEB, principalmente quanto a novos projetos.
“Foi um ano muito ruim, um ano de baixas e temos muita preocupação quanto à sobrevivência do segmento de PCHs porque não estamos vendo como viabilizar esses empreendimentos”, afirmou. As estatísticas da Aneel mostram que no ano passado apenas 11 PCHs e três CGHs foram integradas ao ACL, totalizando 169,4 MW, uma queda de 23% em relação aos 220 MW do já ruim 2022.
“Ficou muito aquém do que a gente tem de potencial, do que poderíamos acrescentar ao sistema”, lamentou a executiva. E, o que é pior, a falta de leilões de energia nova no ACL, resultado da sobrecontratação das distribuidoras que ainda perdura, terá efeito negativo na expansão do segmento nos próximos anos. “Hoje, uma PCH não ainda não se viabiliza no mercado livre”, constata Torres.
O ano de 2023 começou promissor para as PCHs, com 41,9 MW liberados para operação comercial em janeiro, provenientes das PCHs Águas da Serra (22,5 MW), em Santa Catarina, e Boa Vista II (16 MW), no Paraná, além da CGH Pacífico Mascarenhas (3,4 MW), em Minas Gerais.
No final do primeiro semestre a potência liberada já somava 133 MW, mas no segundo semestre a evolução foi pequena, com acréscimo de somente mais 36,9 MW, sendo os últimos 9,8 MW representados pelas duas unidades geradoras (UGs) de 4,9 MW cada da PCH Tio Hugo, no Rio Grande do Sul, liberada no dia 30 de dezembro.
Os dados da Aneel de 2023, de certa forma, jogaram um balde de água fria sobre as expectativas de recuperação pós-pandemia acenadas com o número de 2022 que foi 85% maior do que os 119 MW de 2021. Na realidade, exceto por esse dado mais alentador de 2022, a entrada de novas PCHs/CHGs no ACL tem estado longe das expectativas desde o período áureo de 2007 a 2013, quando a média de liberações foi de 418 MW por ano, com pico de 643 MW em 2008.
Em 2023 a capacidade adicionada pelo segmento representou apenas 1,64% dos 10.324,2 de todas as fontes somados à matriz elétrica brasileira. “A nossa expectativa é que em 2024 aconteçam leilões, porque nossa fonte, diferentemente de outras, precisa de previsibilidade para estimular os investimentos, precisa da nossa cadeia produtiva”, ponderou Torres.
A presidente da Abrapch disse ainda ao EnergiaHoje que o segmento segue sofrendo com a demora nos processos de licenciamento ambiental, considerando contraditório que uma PCH, produtora de energia 100% limpa, possa levar até oito anos para ser liberada enquanto uma térmica a combustível fóssil é liberada em até seis meses.
Torres manifestou expectativa de que a escolha da ex-secretária Executiva do MME Marisete Dadald para presidir a Abrage, a entidade que congrega das grandes geradoras hidrelétricas, possa, dada a sua experiência no setor elétrico, abrir caminho para um renascimento do interesse pelas hidrelétricas.
Na sua avaliação, as hídricas seguem sendo a base mais firme para a expansão das fontes variáveis e para a transição rumo a uma matriz energética de baixo carbono. “Ainda temos um potencial enorme a ser desenvolvido”, ressaltou.
Fonte e Imagem: Brasil Energia.
País possui condições de ampliar o financiamento a projetos de geração renovável e à conversão de suas cadeias produtivas para uma economia verde.
O equilíbrio entre o homem e a natureza passou a ser alterado com a Revolução Industrial, que tem como marco a máquina a vapor de James Watt datada de fins do Século XVIII. Essa invenção abriu infinitas oportunidades de inovações tecnológicas, especialmente nos setores da indústria e dos transportes, assim como na sociedade como um todo, tendo o carvão como insumo energético predominante.
Com o advento da Segunda Revolução Industrial, contudo, o petróleo começa a ser utilizado nas novas tecnologias associadas aos motores à combustão. Esses dois insumos predominam até hoje na matriz energética mundial, juntamente com o gás natural pós-1970, sendo todos recursos energéticos não renováveis e emissores de gases de efeito estufa (GEE).
A crise do petróleo de 1973 impôs uma reestruturação do mercado mundial desta commodity, com sérios riscos à segurança energética e custos instáveis e elevados para os países importadores. Tais incertezas induziram o desenvolvimento de inovações tecnológicas, criando cadeias produtivas de gás natural, etanol, energia eólica e solar para garantir uma maior segurança energética. A partir dos anos de 1990, a questão do aquecimento global ganha relevância, reforçando a ainda mais a importância dos recursos renováveis.
Acordos internacionais, políticas públicas e programas econômicos se firmaram como instrumentos para a descarbonização das atividades de produção de bens e serviços, denominados por transição energética. Nesse contexto, a meta da ONU de neutralidade das emissões de CO2 até 2050 é, sem dúvida, o maior desafio econômico e social da história da humanidade.
As estratégias políticas para a transição energética podem ser definidas em razão de duas variáveis centrais: segurança energética e composição das matrizes energéticas e elétricas. No primeiro caso, busca-se a transição para recursos energéticos encontrados nos próprios territórios nacionais para diminuir a dependência de importação desses insumos. Já o segundo está relacionado à transição de recursos não renováveis (carvão, petróleo e gás) para renováveis (eólica, solar, hidroeletricidade, biomassa, etc). Em ambos, o Brasil detém uma vantagem comparativa singular pela grande capacidade de oferta interna de recursos renováveis.
Neste contexto geral, uma questão central se coloca: como dar sustentação financeira à transição energética no Brasil? Em razão dos imensos desafios nas cadeias produtivas, requer-se tanto a mobilização de recursos privados quanto públicos. Assim, os principais esquemas de financiamento para sustentar a transição energética são royalties de petróleo e bônus de assinatura, bancos de desenvolvimento e novos instrumentos financeiros de mercado.
Quanto ao primeiro, uma estratégia é financiar projetos de energia renovável a partir de recursos oriundos da “indústria energética velha”, em particular a indústria de petróleo e gás natural, dado que o Brasil tem um enorme potencial para a sua exploração em alto mar. Uma possibilidade seria a recriação de um Fundo Soberano (ou um fundo setorial) com uso de recursos provenientes de royalties relativos à produção mensal de petróleo e gás natural e bônus de assinatura de leilão realizado pela ANP, reservando parte desses recursos para o financiamento de programas voltados à transição energética. A título de exemplo, a estimativa do Painel Dinâmico
da ANP dos royalties de petróleo para 2023 é de R$ 54 bilhões e, se 5% fossem alocados no fundo, seriam R$ 2,7 bilhões.
Uma segunda alternativa é o uso de bancos de desenvolvimento para financiar programas de transição energética. O BNDES, o BNB e o Banco da Amazônia têm como funding, entre outros, fundos parafiscais (como o FAT para o BNDES) e fundos fiscais constitucionais administrados pelo Banco da Amazônia e pelo BNB, que permitem financiar atividades econômicas vinculadas à descarbonização com prazos mais longos e condições financeiras favoráveis.
Os bancos de desenvolvimento do país já financiam programas de sustentabilidade ambiental, incluindo energia renovável, como o FNE-Verde do BNB, o Energia Verde do Banco da Amazônia e o BNDES Finem - Meio Ambiente do BNDES. Porém, é possível ampliar ainda mais os programas voltados a projetos de transição energética, com subsídios cruzados.
A terceira opção é a utilização de instrumentos de mercado. Os “títulos verdes” - títulos de renda fixa emitidos por empresas, governos e instituições financeiras para projetos de sustentabilidade - são uma alternativa tanto para o setor privado quanto público. Para estimular a emissão desses títulos, é bem-vinda a iniciativa do Ministério da Fazenda de estabelecer uma taxonomia de finanças sustentáveis, com critérios e indicadores específicos que permitem avaliar se uma atividade contribui para a sustentabilidade ambiental.
O BNDES tem sido pioneiro na emissão de títulos verdes no país e, em 2020, emitiu R$ 1 bilhão em Letras Financeiras Verdes. Já o Tesouro Nacional obteve, em novembro de 2023, cerca de US$ 2 bilhões com títulos sustentáveis no mercado internacional, sendo um dos pilares do plano de transição ecológica do governo federal para financiar projetos de infraestrutura verde, bioeconomia e de adaptação à mudança do clima. Esse recurso, captado pelo Tesouro, deve ser aportado ao Fundo Clima, cuja concessão de crédito é gerida pelo BNDES, a taxas mais atrativas.
Adicionalmente, para inovação, o Congresso Nacional aprovou a destinação de parcela dos recursos do FAT (cerca de 1% deste) para financiamentos com custo financeiro definido pela Taxa Referencial (TR), hoje próximo de zero, mais spreads do BNDES. Estima-se recursos anuais de R$ 5 bilhões para projetos inovadores, com destaque para a agenda de transição energética.
Outro instrumento de mercado que poderia ser utilizado é o cadastramento de projetos de energia alternativa para emissão de créditos de carbono, permitindo o seu financiamento por meio do mercado de carbono, cuja regulamentação foi aprovada recentemente no Congresso Nacional, com a determinação da criação de uma governança pública para instituir um mercado oficial.
Em conclusão, o novo paradigma climático mundial impõe um enorme desafio à humanidade, que busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) à neutralidade nos próximos 25 anos. Para o Brasil, trata-se de uma oportunidade ímpar, uma vez que nossa matriz tem elevada participação de fontes renováveis e o país possui condições de ampliar o financiamento a projetos de geração renovável e
à conversão de suas cadeias produtivas para uma economia verde.
Nivalde de Castro e Luiz Fernando de Paula são professores do Instituto de Economia da UFRJ e coordenadores do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (GESEL) deste instituto.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Alexandre Silveira falou com a CNN nesta terça-feira 5no 4º Fórum Econômico Mundial.
Assunto de maior destaque no segundo dia do 54º Fórum Econômico Mundial, a transição energética gera um custo que não será repassado para a população, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
“Nós estamos equilibrando para avançar na transição energética, e isso tem um custo, mas (vamos) avançar sem elevar ônus para o povo brasileiro”, disse à CNN, nesta terça-feira (16).
A pasta, no entanto, nega planos sobre subsídios ao setor.
Eu tenho dito sempre o seguinte: todos os brasileiros já pagaram para ter uma matriz energética limpa e renovável. Nós não podemos continuar onerando o povo brasileiro”.
O ministro diz que é um desafio do setor conciliar segurança energética com tarifa menor.
“Você tem sempre que buscar esse equilíbrio para avançar nas tecnologias, mas sem trazer mais ônus para a economia brasileira, e, principalmente, protegendo a classe média e os pobres, que são consumidores regulados”, diz.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Migração para o mercado livre e benefícios a segmentos como a geração distribuída ameaçam a capacidade de pagamento.
A soma dos subsídios pagos na fatura de energia elétrica dobrou em cinco anos no Brasil. Entre 2018 e 2023, o valor acumulado por ano saltou de R$ 18,8 bilhões para R$ 37,4 bilhões. Os números são do “subsidiômetro”, ferramenta de cálculo disponibilizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O crescimento dos subsídios, a maioria como encargo da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), já despertava preocupações entre especialistas do setor.
Agora, começam a surgir alertas sobre o risco do sistema de pagamento entrar em colapso. Um dos principais encargos setoriais, destinado a financiar descontos nas contas de luz, a CDE cobre, por exemplo, a tarifa social, programas de universalização e aquisição de óleo diesel ou óleo combustível para usinas sem conexão com a rede elétrica nacional. Em 2023, o orçamento da CDE aprovado pela Aneel foi de R$ 34,99 bilhões. Ainda não há previsão sobre quando será aprovado o orçamento para este ano, mas há um valor indicado de R$ 37,17 bilhões.
Os altos subsídios têm colocado à prova a capacidade do mercado cativo — segmento tradicional de consumo constituído pelas distribuidoras — de honrar compromissos financeiros. “O problema é que, se não forem tomadas providências amplas agora, vamos ter uma megacrise até 2026 ou 2027”, ressalta Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional de Defesa dos Consumidores de Energia.
Em 2023, o maior valor de subsídio foi para aliviar o custo da operação de térmicas para consumidores dos sistemas isolados (R$ 10,3 bilhões), seguido de gastos com benefícios para fontes incentivadas (R$ 10 bilhões), geração distribuída (R$ 7,1 bilhões) e descontos para baixa renda no programa Tarifa Social (R$ 5,2 bilhões).
Os alertas feitos consideram o desequilíbrio na partilha do gasto dentro do setor e a ausência de justificativa plausível para manter alguns benefícios. Boa parte dos efeitos negativos é atribuída às regras desatualizadas, diante das transformações mais recentes no mercado, e às decisões de caráter técnico tomadas pelo Congresso.
Os mesmos especialistas convergem na opinião de que a situação pode se agravar se houver a criação de novos subsídios. No fim do ano, propostas de ampliar o alcance e duração dos estímulos econômicos para grupos do setor, com ônus adicional de quase R$ 30 bilhões por ano na conta de luz, foram incluídas no projeto do marco legal da geração eólica o offshore.
Barata, que foi diretor-geral do ONS e presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), chama atenção para o movimento de fuga de consumidores dos contratos com distribuidoras para comercializadoras de energia, no mercado livre — que permite a escolha do fornecedor. Essa mudança, graças às brechas da legislação, libera o consumidor do pagamento de encargos assumidos no mercado cativo, alguns usados para garantir a qualidade do próprio suprimento.
Em 2024, explica Barata, “praticamente todos podem ser livres”, exceto consumidores residenciais. Para ele, se a crise for confirmada, o governo não vai resolver os problemas apenas com medidas localizadas, como foi a resposta ao racionamento de 2001. Lá, foram feitos ajustes no planejamento do setor para atrair investimentos que pudessem reforçar a interligação das regiões e ampliar a contratação de térmicas, medidas necessárias para garantir a segurança do abastecimento.
Em 2023, apesar de o Congresso ter avançado nas discussões sobre a modernização do setor (PL 414/21), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), se comprometeu a apresentar uma ampla reforma do setor por meio de medida provisória (MP).
A economista Elena Landau, que capitaneou as privatizações na gestão Fernando Henrique, defende a aprovação do PL 414 e deixar os aperfeiçoamentos para depois. Para ela, o governo deveria chamar o setor para um “amplo debate”, sem ceder à tentação de redigir sozinho um novo marco legal “dentro do gabinete”. Para ela, isso ajudaria a blindar a nova lei do “projeto zumbi”, como chama as emendas parlamentares que tentam criar subsídios bilionários para bancar gasodutos custeados pela conta de luz.
Em recente artigo no portal Energia Brasil, o ex-diretor da Aneel e da Agência Nacional de Águas (ANA), Jerson Kelman, mencionou a possibilidade de o mercado de energia no Brasil enfrentar um “estouro da bolha”. Segundo ele, isso ocorre quando um setor “mal regulado” submete “artificialmente” os agentes de mercado a uma “euforia de ganhos” imediatos.
Kelman chama a atenção, por exemplo, para condição especial dos consumidores da GD, que permite gerar parte da própria energia e ganhar tanto com a redução do consumo com a distribuidora quanto com desconto ao injetar a energia excedente na rede. Ele estima que, em média, a GD conta com subsídio 14 vezes maior que uma família do Tarifa Social. Em geral, a GD reúne consumidores de classe média ou empresas capazes de pagar por um sistema de painel solar.
Procurado pelo Valor, Kelman, que foi presidente da Light e da Sabesp, reforçou sua posição. Ele destaca algumas semelhanças entre a situação do setor elétrico no Brasil com o que ocorreu no mercado americano de títulos hipotecários, que levou à crise da economia em 2008, em que alguns grupos puderam “privilegiar ganhos de curto prazo, desconsiderando os efeitos sistêmicos de médio e longo prazo”.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira, diz que pelo menos dois fatores têm onerado a tarifa no mercado regulado. Um é a sobra de energia comprada em contratos de longo prazo, alguns até 2050, que torna a energia mais cara e estimula a migração para o mercado livre. Outro é a crescente adesão à geração distribuída em condições especiais, sem arcar com parte no custo de manutenção da rede de distribuição.
“Está sobrando para as distribuidoras uma energia mais cara, que elas não conseguem realocar no mercado. Isso termina onerando o preço da própria energia dos consumidores que lá estão. É o que a gente chama de espiral da morte, porque o custo maior está ficando para um grupo de consumidores cada vez menor”, alerta Madureira.
Questionado, o Ministério de Minas e Energia informou que o “assunto dos subsídios é pauta importante para a pasta, que trabalha para conter o crescimento desses valores para os consumidores”.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Segundo Alexandre Silveira, mudanças nos governos anteriores levou a cenário em que grandes consumidores pagam menos que pobres e classe média.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse que a abertura do mercado livre de energia ocorreu de maneira açodada nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, criando uma distorção no setor elétrico em que grandes consumidores pagam por uma energia muito mais barata em relação à tarifa cobrada dos pobres e da classe média.
O mercado livre é o segmento em que o consumidor de energia pode escolher seu fornecedor e estabelecer contratos por fonte, prazo ou preço. Até o fim de 2023, ele era restrito apenas a grandes consumidores de energia com demanda acima de 500 quilowatts (kW), geralmente contas de energia que ultrapassam R$ 100 mil por mês, limitando o acesso a menos.
Ao Valor durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Silveira disse que não há intenção do governo em reverter a abertura. Sem estabelecer prazos, o dirigente frisa que a ideia é que a abertura avance também para a baixa tensão, mas é necessário antes encontrar uma solução para que exista uma justiça tarifária para os consumidores de menor renda. A nova regra é fruto da maior abertura do setor, após a Portaria 50/2022, do Ministério de Minas e Energia, divulgada no fim de 2022, mas vem sofrendo resistência do atual governo.
“Ela [a abertura de mercado livre] foi feita de forma açodada e criou uma distorção no setor elétrico brasileiros. 45% da energia no Brasil está no mercado livre, que atende a grande indústria, que soma cerca de 2 milhões de consumidores. Eles adquirem energia por um terço do mercado regulado [aquele atendido pelas distribuidoras], que são mais ou menos 85 milhões de unidades consumidoras. Entre eles, está a classe média e o pobre”, disse.
Desde de o dia 1º de janeiro, mais de 165 mil empresas conectadas à alta e média tensão (grupo A) já podem escolher o seu próprio fornecedor de energia por meio do mercado livre. Para os consumidores em baixa tensão nada muda. A maioria da população usa energia em um nível muito menor do que grandes empresas e continuarão comprando energia muito mais cara das concessionárias, o chamado Ambiente de Contratação Regulada (ACR), em que as distribuidoras fornecem energia aos consumidores e o preço é regulado.
Segundo Silveira, o mercado livre não foi o único causador das distorções que levaram ao que ele chama de “bomba de efeito retardado”, que explodiu no colo do governo. Para ele, a tarifa se tornou uma espécie de “colcha de retalhos” devido a incentivos desnecessários. “Subsídios, alguns necessários aos avanços das energias limpas e renováveis, outros nem tanto, foram dados nos últimos seis anos a alguns segmentos do setor elétrico que levaram o mercado de energia do Brasil a uma tarifa que deve ser cuidada.”
Procurada, a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) disse que os cerca de 30 mil consumidores que estão no mercado livre têm exercido o direito de escolha com muita consciência, viabilizando uma matriz cada vez mais renovável, com geração hidrelétrica na base, garantindo atributos de segurança e flexibilidade para todos. “É fundamental investigar os motivos que fazem o mercado cativo um ambiente mais caro, mas certamente a culpa não é do mercado livre”, disse Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Abraceel.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Com entrevistas exclusivas de Luiz Carlos Ciocchi, do ONS, e Edvaldo Santana, além de um artigo exclusivo de João Mello, da Thymos, esse especial traz uma análise de 2023 e o que esperar do próximo ano.
O setor elétrico entrou em 2023 acreditando que teria um ano de calmaria e avanços em pautas importantes. Mas o balanço mostra que não um, mas alguns vendavais bagunçaram um pouco as expectativas dos agentes. Um apagão, jabutis, e algumas noticias positivas marcaram esse ano. E agora, enquanto colocamos no ar mais um especial de fim de ano, o setor não colocou o chinelo para curtir o Verão. As férias estão em suspense. Há a ameaça – ou a promessa -, dependendo do seu ponto de vista, de uma Medida Provisória, para segurar as tarifas no Amapá e que pode trazer no combo mais alguns penduricalhos menos desejados.
E isso, já deixa em suspense as perspectivas para o ano que se avizinha. Nesse especial vamos através de análises colhidas pelos nossos repórteres tentar trazer um pouco de luz para o que aconteceu de mais marcante em 2023 e o que podemos esperar de 2024. O evento mais importante do ano, sem dúvida, já está se desenrolando, que é a abertura total da Alta Tensão para o mercado livre. A agitação e a empolgação dos agentes de comercialização já são visíveis por terem acesso a um público de mais de 100 mil consumidores. Conquistá-los é que será a grande questão, já que um trabalho de educação será necessário.
As distribuidoras, por outro lado, veem seu mercado se transformar a olhos vistos, em compasso de espera pelas regras definitivas das renovações das concessões, que também se iniciam ano que vem. O governo jogou um balde de água fria ao pedir a retirada da análise do processo no Tribunal de Contas da União. O ano já começa prometendo também para o segmento.
No caso da geração, eólicas e solares bateram recordes sucessivos de produção e entrada em operação de novos projetos. E nada indica que a tendência será diferente no ano que vem. Os olhares do setor estão para os preços, que precisam melhor, com a volta da demanda, e uma retomada dos leilões, principalmente, o de capacidade, muito aguardado. Em transmissão, o ano, que começou tenso, termina festivo. Dois leilões bem sucedidos e perspectiva de mais em 2024, mostram que o segmento é fundamental para assegurar a renovabilidade da nossa matriz.
Isso tudo vai estar na boca e nas palavras dos especialistas com quem conversamos. Não poderia deixar de chamar atenção de vocês, nossos assinantes, para duas entrevistas exclusivas de peso: Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, e Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel, contam aos nossos repórteres Mauricio Godoi e Sueli Montenegro, respectivamente, seus destaques deste ano e perspectivas para 2024. Quem também traz sua visão para vocês é João Carlos Mello, CEO da Thymos Energia, em uma artigo inédito e exclusivo.
Duas reportagens também abordam os principais fatos do setor. Na primeira, Henrique Faerman e Michele Rios nos contam através das nossas matérias mais lidas, o que mexeu com o setor com comentários de vários especialistas. Já nosso subeditor Mauricio Godoi mostra que o setor só pensa em uma coisa: abertura do mercado e seus desafios.
Então aproveitem o tempo desse recesso de Verão para assistirem as duas entrevistas e ouvi de Ciocchi e Santana suas sábias palavras. Ler o que Mello tem a nos contar sobre o que esperar de 2024. E nas nossas matérias conferir o que seus pares viram e pensam desse ano que passa e o que querem do ano que se avizinha.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Associações calculam que o papel poderá trazer R$ 200 bi em recursos para novos projetos.
Dezessete entidades setoriais assinaram uma carta comemorando a sanção pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva da Lei das Debêntures de Infraestrutura, após quase quatro anos de de discussões até a aprovação no Congresso Nacional e a publicação do texto. A correspondência destaca que o lançamento desse tipo de papel poderá trazer cerca de R$ 200 bilhões em recursos para novos projetos.
“Todos sabemos que há um hiato superlativo de investimentos em infraestrutura e as Debêntures de Infraestrutura surgem como mais uma alternativa de financiamento dos projetos, ao permitir a entrada neste mercado, a taxas de rentabilidade atrativas, de investidores institucionais particularmente os Fundos de Pensão, que poderão, agora, atrelar ativos e passivos de longo prazo”, afirmam as entidades.
Publicada na ultima quarta-feira, 10 de janeiro, a Lei 14.801 trata das debêntures de infraestrutura, promove alterações do marco legal das debêntures incentivadas e do Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura (FIP-IE), do Fundo de Investimento em Participação na Produção Econômica Intensiva em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (FIPPD&I) e do Fundo Incentivado de Investimento em Infraestrutura (FI-Infra).
A carta lembra que centenas de projetos de concessão e Parceria Público Privadas de infraestrutura em estruturação no país poderão ser financiados por uma combinação de recursos do BNDES, de organismos multilaterais de crédito, de captações externas, de Debêntures Incentivadas (pessoas físicas) e, agora, também por Debêntures de Infraestrutura.
Acrescenta ainda que as negociações para a aprovação do texto não foram fáceis e demandaram um intenso trabalho dos deputados João Maia, autor, e Arnaldo Jardim, relator do projeto, na articulação com o Poder Executivo e lideranças do Legislativo.
Entre as entidades signatárias da carta enviada a Lula e aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, estão o Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase), Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Associação Nacional dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) e Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate).
Também assinam Abdib ( Industrias de Base),Abcon (Água e Esgoto) além de entidades do setor de transporte, como a ABCR (Concessionárias de Rodovias), e o Sinduscom (Indústria da Construção).
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Acordos internacionais de transição energética são oportunidades para o país monetizar soluções e impulsionar o desenvolvimento, escreve Wagner Ferreira.
O Brasil fechou o ano de 2023 com dados macroeconômicos de invejar qualquer país de 1º mundo (PIB, inflação e balança comercial). Mas por qual razão muitas famílias, especialmente as mais carentes, não sentem ou enxergam esses macro dados positivos nas suas rotinas? A explicação não é simples, mas há fatos importantes que todos deveriam se atentar.
O país tem uma estrutura funcional pesada e de contornos sociais absolutamente desiguais. A maioria (60%) dos brasileiros vivem com até 1 salário mínimo de renda e mais de 70 milhões utilizam a tarifa social de energia, que deverá crescer neste ano em função dos aprimoramentos de cadastros, o que por si só já atesta o hiato social existente no Brasil.
Mas esse cenário pode mudar e temos uma vantagem única para assegurar uma melhoria estrutural para toda a sociedade. Nosso cavalo selado é a transição energética, que deverá trazer novas oportunidades de negócios para o país, movimentando trilhões de dólares pelo mundo e parte importante disso no Brasil.
Os acordos internacionais e compromissos nacionais para redução de emissão de gases de efeito estufa no combate ao preocupante aquecimento global, como estabelecido na convenção de Estocolmo e Acordo de Paris, têm acelerado as negociações.
O Brasil tem vantagem competitiva em relação ao resto do mundo, já que 90% de sua matriz elétrica é renovável e proveniente de fontes limpas. Os principais emissores no país são o desmatamento da Floresta Amazônica, o agronegócio e o setor de transportes. Como os desafios para reduzir as emissões são particulares em cada país, é fundamental que as soluções daqui sejam diferentes de outros locais, sob pena de importarmos um “remédio ESG” que não resolverá nossa dor.
No último trimestre de 2023, importantes projetos de lei ligados à pauta verde, tais como, o PL das eólicas offshore (PL 11.247 de 2018), o PL do hidrogênio verde (PL 2.308 de 2023) e o PL dos créditos de carbono (PL 2.148 de 2015) tramitaram com celeridade no Congresso Nacional e comprovaram que nossos congressistas estão empenhados em assegurar o andamento de projetos comprometidos com a transição energética sustentável.
Contudo, é preciso refletir sobre os caminhos que estão sendo delineados nesse conjunto normativo. Primeiro, quais são as medidas ambientais que temos que enfrentar para, de fato, reduzir nossas emissões, fazendo disso um ativo estratégico para a economia brasileira? Em que medida a economia verde e a neoindustrialização podem melhorar as cidades, os Estados e o país? Como garantir justiça energética à sociedade?
Temos acompanhado, nos últimos anos, um crescimento acelerado da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) por conta de subsídios a tecnologias e fontes limpas de energia em uma matriz que já é majoritariamente limpa. Os consumidores terão que arcar, neste ano, com R$ 38 bilhões que foram alocados na CDE e esse valor chegará a R$ 50 bilhões por ano já a partir de 2025, se nada for feito. É insustentável e desigual: quem vai pagar essa conta é exatamente o consumidor mais carente.
O Brasil precisa urgentemente promover políticas que reduzam rápida e verdadeiramente a desigualdade social e que melhorem a renda das classes mais vulneráveis.
Em relação à transição energética, o país deve usar essa plataforma de oportunidades para monetizar soluções e oportunidades e vendê-las para o mundo, fazendo com que essa riqueza coloque o Brasil em uma condição realmente melhor no futuro próximo. Talvez a pauta verde seja o único cavalo selado que realmente faça o Brasil mudar sua trajetória.
Fonte e Imagem: Poder 360.
A substituição inesperada do número dois do Ministério de Minas e Energia (MME), já no início do ano, pegou agentes do setor elétrico de surpresa na manhã desta quintafeira, 11. A mudança na Pasta, no entanto, não foi tão
incompreendida: já era de conhecimento no setor que havia um desgaste na relação de Efrain da Cruz, que até então ocupava o cargo, com o ministro Alexandre Silveira, e que não havia mais espaço para diálogo.
Ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Cruz foi alçado ao cargo a contragosto de Silveira, sob o patrocínio do Palácio do Planalto. Desde o início de seu mandato, o ministro pretendia indicar Bruno Eustáquio para o cargo, mas o nome foi vetado por ter ocupado cargos durante a gestão de Jair Bolsonaro. O desencontro de vontades fez com que a indicação demorasse a ser feita, e Efrain só foi nomeado como secretário-executivo em março de 2023.
A expectativa é que a ascensão de Arthur Cerqueira indique a amenização de divergências dentro da Pasta e, consequentemente, destrave assuntos técnicos mais urgentes dentro do MME. A princípio, a troca foi bem recebida por parte dos agentes do setor elétrico, apesar da pouca relação do indicado com a área. Também foi vista como uma demonstração de força por Silveira, já que o cargo será ocupado, dessa vez, por alguém de sua confiança.
Advogado da União, Cerqueira estava alocado no MME desde março do ano passado. Com perfil discreto, segundo fontes consultadas pelo Broadcast Energia, ele já atuou também na Pasta de Transportes entre 2006 e 2015 e na de Ciência, Tecnologia, Inovações e comunicações, de 2016 a 2019.
De acordo com a presidente-executiva da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), Renata Isfer, Cerqueira "sempre foi uma pessoa competente, muito séria". Para ela, "ele tem muito a contribuir dentro da Secretaria-Executiva".
Já o diretor presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, avalia que Valério "tem bons conhecimentos jurídicos e perfil conciliador, qualidades importantes para o número 2 do MME". Para o jurista, porém, "não é
incomum a saída de integrantes do Governo Federal em razão de desalinhamento político ou decisões que agradam alguns e desagradam outros".
Segundo fontes próximas ao governo, a imagem do agora ex-secretário-executivo dentro do Palácio do Planalto estava desgastada também em meio à investigação pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República, por "supostos desvios éticos". As relações políticas de Cruz, além de decisões consideradas controversas enquanto esteve na diretoria colegiada da Aneel, fizeram com que a
participação dele na Pasta fosse vista com desconfiança por analistas de mercado e agentes do setor elétrico desde o início.
Enquanto esteve no cargo, Efrain adotou uma postura contida. Evitou a imprensa, entrevistas, e participou de poucos eventos para representar o MME em ausências de Silveira. Mesmo assim, seu nome esteve envolvido em decisões polêmicas, como a aprovação pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em outubro, do despacho de termelétricas Termonorte I e II, que pertencem ao empresário Carlos Suarez, para garantir o abastecimento no norte.
No último trimestre do ano passado, os olhos do setor se voltaram à tentativa do governo de retomar a importação de energia elétrica da Venezuela. Isso porque a única empresa habilitada para a operação até o momento foi a Âmbar Energia, do Grupo J&F, que havia tido um pleito atendido por Efrain enquanto diretor da Aneel, de forma monocrática, em processo relativo a um leilão emergencial em 2022 em contrariedade à área técnica e ao edital do certame feito pela própria agência reguladora.
Outra decisão contestada durante seu mandato na agência reguladora foi a concessão de medida cautelar em favor da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), suspendendo a eficácia da resolução de 2017, que trata do financeiro do tema, por alegar "possível ilegalidade detectada" na metodologia dos cálculos. O despacho foi derrubado pela diretoria da agência dias depois, mas o tema segue em aberto até hoje na agência.
Fonte e Imagem: Broadcast - Estadão.
Ao assegurarmos maior espaço de investimentos em modernização, podemos aproveitar as potencialidades da economia verde e da transição energética.
Temos uma grande expectativa de prosperidade quando percebemos o extraordinário potencial de desenvolvimento econômico do Brasil ao falarmos sobre as oportunidades trazidas pela transição energética e pela economia verde — pauta prioritária nas falas e nas agendas do governo e do Congresso Nacional.
O setor elétrico brasileiro, pilar fundamental da soberania, da economia e para a melhoria de indicadores sociais, é um componente estratégico absolutamente transversal em todos os setores da economia e da sociedade que precisa entrar na equação das agendas climáticas.
O momento é oportuno ao debate, pois estamos vivendo consequências gravosas, cada vez mais constantes, deixadas pelas alterações climáticas. Isso exige um repensar do atual sistema e da própria tarifa aplicada, para ampliar a capacidade de investimento, atualização e resiliência da infraestrutura elétrica.
Vamos raciocinar juntos: ao longo dos anos, pressionado pela globalização, tecnologia e agendas ambientais, o setor elétrico tem sofrido mutações aceleradas. Não à toa, é urgente que haja um compromisso dos Três Poderes pela sustentabilidade dessa força motriz.
O custo da energia é uma das chaves do desenvolvimento. A segurança eletroenergética também. Um país soberano e fortalecido não pode abrir mão de sua missão na formulação e implementação de políticas que visem assegurar o adequado planejamento e funcionamento da energia elétrica em seu território.
É preciso compreender o que a transição energética impõe: geração limpa de energia, redução de emissão de gases, novos investimentos em ativos estratégicos, comercialização de certificados para o Brasil e exterior, créditos de carbono e, com isso, uma série de investimentos, oportunidades, atividades empresariais e negócios. E, obviamente, a segurança elétrica por meio de infraestrutura é fundamental para isso.
Não custa lembrar que a matriz elétrica brasileira já é majoritariamente limpa, renovável, ou seja, exemplar para o mundo, beirando os 90% de fontes limpas — o dobro da média mundial —, o que nos posiciona em uma condição mais estratégica que a da maioria dos países e nos permite escolher melhor as nossas políticas sob a óptica dos impactos positivos ao nosso desenvolvimento.
Recentemente, o Brasil tomou decisões que acabaram impactando sobremaneira a conta de luz dos brasileiros e, ainda, trazendo riscos operacionais ao funcionamento do setor. Nesse sentido, duas questões são vitais.
A primeira é a segurança que as fontes de energia (água, sol, vento, gás, carvão, nuclear, biomassa, entre outras) devem garantir ao sistema elétrico, já que naturalmente a segurança energética não advém de uma única fonte de energia, mas de um mix de fontes que asseguram energia 24 horas para a matriz.
A segunda é o custo dessa energia para o conjunto de consumidores. O ideal é que esses custos sistêmicos sejam rateados isonomicamente entre todos os usuários do serviço — o que não ocorre hoje. Em geral, o mais pobre paga pelo benefício do mais rico. Isso está errado e colabora para o colapso do sistema elétrico do ponto de vista da sua financiabilidade. O resultado? Reajustes de tarifas na ordem de 20% a 40%, por exemplo.
Um sistema elétrico muito ancorado em energia intermitente, como a eólica ou a solar, pode gerar consequências no funcionamento e na operação interligada nacional, levando a graves instabilidades e a custos excessivos. Um sistema verdadeiramente seguro entrega soberania, prosperidade, competitividade e desenvolvimento.
Há sinais emitidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que indicam risco sistêmico em função do crescimento abrupto na matriz por geração solar fora do planejamento setorial, o que tem sido objeto de uma série de iniciativas operacionais para buscar reduzir esse risco — que custam, claro, aos consumidores e, portanto, à sociedade.
É preciso, para toda e qualquer política que envolva energia, avaliar as questões relacionadas à infraestrutura, à segurança do funcionamento do sistema e ao conjunto de custos aos consumidores. Isso, a rigor, não vem sendo feito adequadamente.
Outras questões relevantes na sustentabilidade do serviço de energia elétrica brasileira são a alta carga tributária, os exagerados encargos setoriais e o furto endêmico de energia.
A tributação no setor elétrico é a primeira delas: 30% de sua conta de luz é resultado de tributação de diferentes espécies.
Objetivamente, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019 traz alguns avanços modestos, mas positivos, a esse bem essencial e pode resultar em uma eficiência tributária total na ordem de 20% de redução, considerando o atual modelo. Se isso de fato acontecer, teremos um aumento de cerca de 1% ao ano no Produto Interno Bruto (PIB) só em função dessa diminuição, conforme estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Contudo, ainda temos um conjunto de leis a serem editadas e uma transição de uma década para sentirmos na prática a efetividade da mudança.
A segunda questão principal tem relação com os encargos setoriais. Destaque para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que, crescente a cada ano, já alcança 20% da conta de luz e equivale a R$ 37 bilhões do bolso dos consumidores — valor que pode chegar a R$ 50 bilhões nos próximos dois ou três anos. A CDE afeta especialmente os mais carentes, porque quem pode migrar para o mercado livre ou instalar um painel solar tem descontos de até 100% nesses encargos.
A terceira e última questão tem relação com o furto de energia, que já soma mais de R$ 10 bilhões ao ano. Prejudica os consumidores que pagam adequadamente as suas contas e os estados que não arrecadam, também ceifa a vida de pessoas pela clandestinidade e gera consequências desastrosas para a sociedade.
O furto de energia é um problema que vai muito além do setor elétrico e tem tido pouco espaço e engajamento nas instituições que devem enfrentar e coibir esse tipo de delito.
O Judiciário tende a olhar o tema sob a ótica consumerista, as polícias normalmente não têm estrutura adequada para enfrentar esse crime, o Legislativo não discute o assunto sistemicamente, os órgãos de proteção a consumidores estão pouco engajados no dever de informá-los sobre direitos e deveres e, principalmente, é transversal a tudo: a ausência de políticas de Estado nas três dimensões do Poder.
Sem uma política pública urgente, firme e estruturada de orientação, prevenção e repressão — como se fez com a clandestinidade há uma década —, muito dificilmente teremos êxito no combate ao furto de energia no País, e esse problema vai engolir nossa segurança energética, nossa competitividade e nossa prosperidade.
Fonte e Imagem: Exame.
IEA revisa projeções para baixo devido a ritmo lento de desenvolvimento dos projetos.
A Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) revisou para baixo suas expectativas em relação ao mercado global de hidrogênio verde, produzido a partir da eletrólise com energias renováveis.
Relatório (.pdf) publicado nesta quinta (11/1) mostra que a capacidade renovável dedicada à produção hidrogênio e derivados deverá crescer em 45 GW entre 2023 e 2028, representando apenas cerca de 7% do total de empreendimentos anunciados para o período.
“Revisamos para baixo nossas previsões para todas as regiões, exceto a China”, diz a IEA.
China, Arábia Saudita e Estados Unidos respondem por mais de 75% da capacidade destinada à produção do gás de baixo carbono até 2028.
Segundo a agência, a previsão deste ano é 35% menor do que em 2022, motivada, principalmente, pelo ritmo lento na tomada de decisões finais dos projetos.
A maior revisão para baixo é para a região da América Latina, que caiu de cerca de 6 GW até 2028 para quase zero, com anúncios no Chile e Brasil demorando mais do que o esperado para avançar para as próximas etapas.
Globalmente, o Banco de Dados de Projetos de Hidrogênio da IEA mapeou mais de 360 GW de eletrolisadores previstos para entrar em operação antes de 2030 e em vários estágios de desenvolvimento. Mas, até a redação do relatório, apenas 3% (12 GW) deles haviam atingido o fechamento financeiro ou iniciado a construção.
“O desenvolvimento de projetos em vários mercados tem sido afetado por atrasos no envio de eletrolisadores devido a demoras nas encomendas de fábricas e, em alguns casos, por falhas em equipamentos. Alguns dos projetos planejados no relatório Renováveis 2022 não tiveram atualizações ao longo do último ano ou foram cancelados completamente”, diz o documento.
Além da América Latina, a previsão é menos otimista para a Ásia-Pacífico, principalmente devido à incerteza na Austrália sobre o futuro de projetos paralisados.
A IEA observa que a licença ambiental de um projeto expirou antes do fechamento financeiro, e os planos para projetos em Bell Bay foram suspensos devido à alta demanda de água e disputa por transmissão.
“A expansão da capacidade de energia renovável para a produção de hidrogênio precisa acelerar se os governos desejam cumprir suas metas de 2030. Em quase todos os mercados, o crescimento no cenário principal é insuficiente”, alerta a IEA.
Incentivo à demanda
Faltam compradores e a inflação está impactando os custos de produção. O hidrogênio verde ou de baixo carbono promete ajudar a indústria intensiva a descarbonizar seus produtos e também é um importante insumo para a produção dos combustíveis que serão usados por aviões e navios na transição energética.
Até 2050, é esperado que o frete marítimo precise de 50 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano para o fornecimento de amônia e metanol como combustível.
Só que o custo é alto. Ganhar competitividade com o fóssil, que hoje já atende a produção de fertilizantes e refino, por exemplo, é o grande desafio.
O relatório aponta que políticas de incentivos são necessárias, mas precisam dar mais atenção aos consumidores.
“O apoio governamental ainda é necessário para tornar o hidrogênio renovável e seus derivados atraentes para os usuários finais. No entanto, grande parte do apoio político existente está focado em fornecer suporte aos desenvolvedores que fornecem hidrogênio, em vez dos consumidores”, observa a IEA.
Alinhamento chinês
A China é o único mercado onde o ritmo de crescimento provavelmente atingirá as metas anunciadas, de acordo com o cenário principal da IEA.
A previsão é que a capacidade de energia renovável ultrapasse 24 GW até 2028, muito acima dos 1 GW necessários para produzir a meta de 100.000 a 200.000 toneladas/ano de hidrogênio renovável anunciada pelo governo. A maior parte desse crescimento vem de empresas estatais.
Curtas
Mineração no fundo do mar
A Noruega deu mais um passo para se tornar o primeiro país do mundo a abrir seu espaço marinho para a mineração comercial em águas profundas. Na terça (9/1), o parlamento aprovou a exploração por 80-20.
A decisão foi tomada apesar dos avisos de cientistas de que poderia ter um impacto devastador na vida marinha, e da oposição da União Europeia e do Reino Unido, que pediram uma proibição temporária da mineração em águas profundas devido a preocupações ambientais.
Embora a decisão inicialmente se aplique às águas norueguesas, ela exporá uma área maior do que a Grã-Bretanha – 280.000 km² (108.000 milhas²) – à possibilidade de mineração por empresas, que poderão solicitar licenças para extrair minerais como lítio, escândio e cobalto, relata o The Guardian.
E em reservas legais
Enquanto isso, no Brasil, a Assembleia Legislativa do Mato Grosso aprovou, esta semana, uma lei que permite o desmatamento de áreas de Reserva Legal em propriedades rurais para mineração. Há um ano, uma outra lei com a mesma autorização já havia sido sancionada, mas foi questionada na justiça e uma liminar suspendeu seus efeitos.
Do lítio ao carro elétrico
A chinesa BYD promete verticalizar toda sua produção de veículos elétricos no Brasil, desde a exploração e beneficiamento do lítio, passando pela fabricação de baterias, até a produção de ônibus e automóveis.
Diferente do resto do mundo, no Brasil, o híbrido flex a etanol também fará parte do portfólio da companhia, conta o presidente do Conselho da BYD Brasil, Alexandre Baldy, em entrevista à agência epbr. A ideia é “fazer do Brasil um hub regional na América Latina para a BYD”.
Programa de trainee
Engie, TAG e Jirau Energia abrem inscrições para o Programa de Trainee 2024 com vagas externas afirmativas para mulheres. As oportunidades estão disponíveis em todas as regiões do país e, para concorrer, é preciso se identificar com o gênero feminino e ter formação em engenharia, administração, economia ou tecnologia da informação entre dezembro/2020 e dezembro/2023. Para algumas vagas também é necessário possuir um nível de inglês intermediário.
Fonte e Imagem: epbr.
Os investimentos em novas linhas de transmissão podem atingir R$ 56,2 bilhões nos próximos anos. As estimativas estão no Programa de Expansão da Transmissão (PET) e no Plano de Expansão de Longo Prazo (PELP) relativo ao segundo semestre de 2023, conforme estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Desse total, R$ 24,7 bilhões são investimentos em ativos que serão negociados nos dois leilões de linhas de transmissão previstos para este ano, que ocorrem em março e setembro.
Os objetivos dos novos projetos são aumentar a margem de escoamento da geração renovável para os centros consumidores, melhorar o atendimento regional nos Estados, melhorar a confiabilidade no fornecimento de energia para determinadas regiões do país e trazer soluções para sobrecarga.
Ao Valor, o presidente da EPE, Thiago Prado, disse que, junto com a agência reguladora (Aneel) e o Ministério de Minas e Energia (MME), vem trabalhando a garantia de financiamento para os projetos com o BNDES, além de avaliar a capacidade do setor industrial em atender a demanda que surgirá com os novos projetos.
Só no ano passado foram contratados R$ 37,5 bilhões em projetos, que visam principalmente ampliar a capacidade de transmissão da energia eólica e solar gerada no Nordeste para os centros de consumo do Sudeste e Sul. Os certames de 2024 seguem uma lógica parecida, enquanto para o futuro o olhar do setor vai se virar mais para o Norte.
“Os investimentos estão bem distribuídos entre Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Sul, entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões entre as regiões, o que mostra que a distribuição das obras está equalizada nesta questão de demanda e oferta. Para a região Norte, encaminhamos uma proposta para o MME de um plano de trabalho dos estudos de transmissão e a ideia é avançar nas interligações de Manaus e Boa Vista para aumentar a confiabilidade”, disse.
Prado acrescenta que a implementação de um novo circuito na região Norte resultará na diminuição da geração térmica local, com a perspectiva grande de redução da tarifa. Em virtude disso, ele antecipa que, no próximo ciclo de planejamento, a região Norte deverá receber mais investimentos. Devido à sensibilidade ambiental das áreas em questão, os estudos estão sendo discutidos em colaboração com o Ibama.
O estudo contempla uma nova linha de corrente contínua de alta tensão (HVDC, na sigla em inglês) que ligará o Nordeste ao Sul. O relatório deverá ser concluído em outubro, mas a perspectiva é que o leilão seja realizado e 2025 ou 2026, segundo ele, com previsão de operar em 72 meses.
“Outro ponto é a integração de plantas de hidrogênio. São unidades muito grandes, que usando a eletrólise consomem 2 gigawatts (GW). Temos uma base de dados de projetos de hidrogênio e na região Nordeste os registros somam 30 GW”, destaca.
Apesar dos números superlativos, ele destaca que é preciso ter cautela, já que os projetos não saem do papel sem os contratos de longo prazo (PPAs, na sigla em inglês). Prado acredita que os futuros certames permanecerão aquecidos e com tendência de muita concorrência e fortes deságios.
Isso ocorre porque as concessões de transmissão são consideradas as mais seguras do setor elétrico: é um mercado totalmente regulado, em que o vencedor ganha um contrato de 30 anos indexado ao IPCA e sem risco de inadimplência. O empreendedor que conseguir antecipar as obras ganha ainda uma Receita Anual Permitida (RAP) extra.
O sócio-diretor de Energia e Infraestrutura da consultoria alemã Roland Berger, Georges Almeida, lembra que o setor aumentou cerca de 80% sua capacidade na última década com leilões que têm surpreendido pela constância, competitividade, fortes deságios e grandes “players” com capacidade de investimento. Para ele, o anúncio de mais investimentos para reforçar e aumentar a capacidade é conjunturalmente um sinal positivo, porque é indispensável no curto prazo.
Por outro lado, há ainda espaço para aumentar a redundância e caminhos alternativos em caso de falha nos pontos críticos. “Por isso, se pensarmos de maneira estrutural, achar que a construção de mais linhas de transmissão é a panaceia para trazer para zero as chances de grandes blecautes é no mínimo questionável”, afirma.
O ex-diretor da Aneel, Edvaldo Santana, diz que o setor de transmissão deve ganhar protagonismo no setor elétrico. Contudo, ele chama atenção para o Leilão de Reserva de Capacidade, um mecanismo utilizado para assegurar que haja capacidade de geração suficiente para atender a demanda dos consumidores em momentos de forte alta de consumo em pouco espaço de tempo.
“Usinas que possam agregar energia rapidamente, sobretudo nos horários entre às 14h e 18h, quando aumenta a carga e, após às 16h, quando a energia solar para de gerar. Ou seja, não para agregar energia ao sistema, mas dar segurança e confiabilidade”, explica.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Diário Oficial da União traz a exoneração do secretário-executivo da pasta, que será substituído por Arthur Valério.
Apuração em andamento.
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Efrain Pereira da Cruz, foi exonerado nesta quinta-feira (11/1) do cargo. Será substituído por Arthur Valério, que comandava a assessoria jurídica do ministério.
A exoneração pegou a indústria de energia de surpresa.
Efrain da Cruz é também representante do governo no Conselho de Administração da Petrobras.
É da cota do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e ligado aos senadores Marcos Rogério (PL/RO) e Davi Alcolumbre (União/AP).
Ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Efrain foi para o ministério em março. É ligado aos senadores Marcos Rogério (PL/RO) e Davi Alcolumbre (União/AP).
Advogado, especialista em Direito da Energia, fez carreira no setor elétrico. Seu currículo inclui experiências como diretor das Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) e da Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre).
Foi também membro consultor-titular da Comissão Especial de Energia do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e presidente da Associação de Reguladores de Energia dos Países de Língua Oficial Portuguesa (Relop).
Fonte e Imagem: epbr.
Escrevo este artigo com a cabeça fervilhando diante de tudo que aconteceu em Dubai, onde pude acompanhar uma sinalização, ainda que tímida, de redução do uso de combustíveis fósseis. Resultado esperado, uma vez que estamos no país do petróleo cujo presidente da COP é também CEO de uma petroleira e onde o petróleo é responsável pela receita de mais de 60% dos países signatários da COP. Entende-se ser este um instrumento de poder muito grande para abrir mão em uma única assinatura. Mas tivemos avanços se olharmos o histórico. Vemos que, pela primeira vez em 31 anos, saiu algo escrito sobre a transição para a redução gradativa dos combustíveis fósseis, ao mesmo tempo que houve a consagração da meta de redução do aquecimento do planeta em 1,5 C.
Como ponto positivo, tivemos uma grata surpresa logo no começo das discussões. Cinco horas após o início da conferência, ouvimos o anúncio de recursos para perdas e danos, pauta esta que ficou travada nas duas últimas edições e que agora registra a sinalização dos países desenvolvidos para enviar recursos aos países em desenvolvimento como compensação por danos causados a partir do aquecimento global. De lá para cá, as discussões giraram em torno do estoque de carbono e como reduzir emissões.
Dentro das plenárias sobre a matriz econômica global, participei de 12 painéis onde pude discorrer sobre economia de baixo carbono e o futuro da sociedade na neo economia. Este é o cenário da política industrial, cujo Brasil tem claro protagonismo, e para o qual acompanho e trabalho, para a promoção do país como provedor de soluções de energia renovável. Estamos em um país capaz de atrair investimentos, indústrias e cadeias produtivas para a produção de bens e serviços descarbonizados. Neste aspecto, avançamos bastante e ficou claro que este novo modelo está fundamentado na energia. E não só isso, o Brasil tem toda uma possibilidade de apresentar soluções baseadas na natureza, quando olhamos para a Amazonia, bioeconomia, o agronegócio. Estamos bem posicionados.
Acompanho a COP desde 2014 e fico feliz em dizer que se tratou da melhor edição. Na COP 27, o GWEC (Global Wind Energy Council) e a IRENA (Agência Internacional para as Energias Renováveis) lançaram uma aliança global para investimentos em energia eólica offshore, fonte que é entendida como uma das grandes ferramentas na luta contra o aquecimento global devido à sua gigante capacidade de geração de eletricidade com baixíssimo impacto. Hoje, um ano depois, vimos o Brasil assinar sua adesão, mostrando sua abertura para o desenvolvimento da matriz energética limpa e renovável.
Olhando especificamente do ponto de vista das energias renováveis, a COP 28 seguiu o script das demais: traçar o caminho para atingir as metas de descarbonização passa pela transição energética por meio de fontes de baixo impacto ambiental. A diferença deste ano está na jornada. Em 2022, falamos sobre a preocupação com a velocidade dessa transformação. Falávamos em estruturar políticas de energias renováveis e criar ambiente adequado para investimentos no setor.
Em 2023, chegamos à COP como a maior delegação do mundo, com 1.337 pessoas, do presidente Lula e seus ministérios às instituições governamentais, ONGs e classe empresarial. Trouxemos resultados em eficiência energética e produção de energia limpa, mostramos nosso potencial para novas tecnologias e que estamos preparados para atrair investidores ao Brasil, com o objetivo de financiar a transição energética justa.
Tivemos muitos marcos para compartilhar nessa Conferência. Chegamos ao final de 2023 com 30 GW de capacidade instalada de energia eólica. Ultrapassamos a marca de mil parques eólicos no Brasil e quase 11 mil aerogeradores em operação. Avançamos com a aprovação do marco legal do hidrogênio na Câmara, com o projeto de lei para eólica offshore e com a regulamentação para o mercado de carbono brasileiro. Estamos buscando a velocidade apontada na COP 27 como essencial para a transição e a descarbonização.
Nesta COP 28, chegamos como protagonistas. Saímos da discussão sobre como fazer e caminhamos no sentido de tornar efetiva toda a nossa potencialidade. Pensando no conceito de neoindustrialização, de transição da economia para baixo carbono e aproveitando dos recursos renováveis, não só interno, mas oferecendo ao mundo essa produção de energias renováveis como elétrica e biocombustíveis.
Volto para casa com essa missão para desenvolver ações dentro da ABEEólica e GWEC e também como integrante do grupo de trabalho para transição energética do conselhão do Lula. O objetivo é chegar à COP 30, no Brasil, ainda mais fortes e imprescindíveis nesta transformação global com a tarefa de casa já bastante avançada. Nosso trabalho é urgente! Mostramos o esforço do Congresso em aprovar medidas de incentivo ao hidrogênio verde e eólicas offshore, agora a Brasil não pode perder o ritmo. Temos que aprovar esses projetos de lei em definitivo, além de seguir com o mercado de carbono e de combustíveis do futuro. É a nossa vez, a hora é agora e 2024 teremos uma COP ainda mais favorável para o Brasil.
*Elbia Gannoum é presidente executiva da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), vice-presidente do GWEC (Conselho Global de Energia Eólica) e conselheira do CDESS (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável).
As opiniões dos autores não refletem necessariamente o pensamento da Agência iNFRA, sendo de total responsabilidade do autor as informações, juízos de valor e conceitos descritos no texto.
Fonte e Imagem: Agência Infra.
Organização defende incentivos e metas para fomentar a integração das baterias à infraestrutura de energia elétrica.
Com previsão de crescimento de 12,8% ao ano até 2040, o mercado de armazenamento de energia deve adicionar até 7,2 gigawatts (GW) de capacidade instalada e movimentar mais de US$ 12,5 bilhões no Brasil, calcula a Clean Energy Latin America (Cela).
A estimativa considera o cenário atual, sem políticas específicas para a tecnologia. No entanto, a consultoria afirma que a adição de capacidade poderia chegar a 18,5 GW no período, com incentivos e metas para fomentar a integração das baterias à infraestrutura de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
“Isso inclui, por exemplo, a definição de tarifas para serviços auxiliares e o empilhamento de receitas, o que pode contribuir significativamente para a redução dos custos de implantação dos sistemas e aumentar a atratividade financeira dos projetos”, defende Camila Ramos, CEO da Cela.
A solução de armazenamento é discutida na Aneel desde 2016, como um desdobramento de uma chamada de P&D Estratégico. Em 2022, a agência publicou um roadmap regulatório dividido em três ciclos. O primeiro deles, previsto para o primeiro semestre de 2024, e o último para 2027.
Para a Cela, é necessário celeridade na regulação para garantir oportunidades em certos modelos de negócios como os Leilões de Reserva de Capacidade.
Por enquanto, o único projeto de armazenamento em larga escala do sistema de transmissão brasileiro é da ISA Cteep, na Subestação Registro (SP), uma das responsáveis pelo abastecimento do litoral sul de São Paulo. O empreendimento foi selecionado na chamada de P&D da Aneel em 2016.
Estocar energia elétrica é essencial para controlar as variações de fontes de energia que geram de forma intermitente, como solar e eólica. Atualmente, no Brasil, essa regulação tem sido feita com os reservatórios hidrelétricos, mas o crescimento exponencial das outras renováveis cria desafios tecnológicos e operacionais.
Marco legal
Em análise publicada em novembro do ano passado, a Cela destaca dois projetos de lei em discussão no Congresso Nacional que abrem perspectivas para que as soluções de armazenamento ganhem escala: o PL 414/2021 e o PL 1224/2022.
O PL 1224/2022, por exemplo, traz as primeiras definições para a atividade, propõe a criação de um agente armazenador, estabelece diretrizes e indica os serviços que podem ser oferecidos pelos agentes de armazenamento de energia.
Autora da análise, a consultora de Energias Renováveis da Cela Ana Zornitta explica que essas definições são importantes para determinar os custos e receitas associados aos sistemas – cruciais para viabilizar as operações.
“A implementação de regulamentações, estabelecimento de metas e oferecimento de incentivos desempenham um papel crucial no desenvolvimento do setor de armazenamento de energia. Nos Estados Unidos, líder nesse setor, é possível traçar uma linha do tempo que correlaciona as decisões regulatórias e os estímulos com o aumento da capacidade instalada dos sistemas de armazenamento de energia pelo mundo”, comenta Zornitta.
Como exemplo, ela cita a Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês), sancionada pelo governo de Joe Biden em 2022, que amplia o crédito de imposto de renda (ITC) para sistemas de armazenamento de energia, mesmo quando não estivessem vinculados a fontes renováveis. Além de estender o período de elegibilidade para esses créditos até 2032.
“Essa medida proporcionou benefícios fiscais que aumentaram a viabilidade econômica dos sistemas de armazenamento”, observa.
De acordo com a especialista, a combinação de ações regulatórias e incentivos foram fundamentais para posicionar os Estados Unidos como um dos líderes globais na produção e adoção de BESS – e deve servir de inspiração a outros países.
Entre 2017 e 2022, os EUA aumentaram sua capacidade instalada de BESS de 288 MW para 4.798 MW.
IRA: EUA vivem aumento na produção nacional de elétricos e baterias
US$ 150 bi até 2030
No mundo, a meta de triplicar a capacidade renovável até 2030 para cumprir as metas do Acordo de Paris, além de incentivos em diferentes mercados na Ásia, Europa e América está impulsionando o mercado de sistemas de armazenamento de energia com baterias.
De acordo com a McKinsey, mais de US$ 5 bilhões foram investidos em BESS em 2022, quase triplicando em relação ao ano anterior. Para 2030, a previsão é que esse mercado alcance entre US$ 120 bilhões e US$ 150 bilhões – mais que o dobro do seu tamanho atual.
Do ponto de vista tecnológico, as baterias de íon de lítio dominam o mercado atualmente, mas íon de sódio começa a chamar a atenção.
Embora as baterias de sódio tenham vida útil e densidade energética menores que as de lítio, elas têm potencial de ser até 20% mais baratas e são mais seguras, aponta a McKinsey.
“Há também um argumento de sustentabilidade para as baterias de sódio, porque o impacto ambiental da mineração de lítio é alto. Tudo isso torna provável que as baterias de íon de sódio capturem uma parcela crescente do mercado de sistemas de armazenamento”, diz o relatório.
Minerais críticos precisam de política industrial no Brasil
Por falar em mineração de lítio…
Duas das principais empresas químicas de lítio da China, Chengxin Lithium Group e Yahua Industrial Group – fornecedores de hidróxido de lítio para Tesla, BYD e LG, entre outros – anunciaram um total de US$ 50 milhões para a Atlas Lithium, empresa americana que desenvolve um projeto de exploração do mineral no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
O lítio é uma das matérias-primas críticas para a fabricação de baterias.
O contrato envolve o investimento direto na Atlas Lithium (US$ 10 milhões) e acordos de compra para a Fase 1 da produção de concentrado de espodumênio para baterias da companhia (US$ 40 milhões), em troca de 80% dos ativos da Atlas Lithium.
Enquanto isso, na Alemanha, a PowerCo, empresa de fabricação de baterias para veículos elétricos da Volkswagen, confirmou na última semana a aprovação da célula de estado sólido da QuantumScape no primeiro teste de resistência. A célula de lítio-metal sólido sem ânodo alcançou mais de 1.000 ciclos de carga, mantendo mais de 95% de sua capacidade.
Curtas
Prontos para ultrapassar 1,5°C
O ano de 2023 entrou para a história como o mais quente, mas 2024 pode tomar este posto, de acordo com os cientistas. De acordo com o Met Office do Reino Unido, o ano que acaba de começar pode ser o primeiro em que o aumento da temperatura média da superfície global ultrapassa 1,5°C.
Ao The Guardian, James Hansen, ex-cientista da Nasa responsável por alertar o mundo sobre os perigos das mudanças climáticas na década de 1980, disse que o aquecimento global causado pela queima de combustíveis fósseis, amplificado pelo evento climático El Niño, que ocorre naturalmente, até maio elevará as temperaturas para até 1,7°C.
Mais nuclear na França
A ministra francesa da Transição Energética, Agnes Pannier-Runacher, disse esta semana que o país possivelmente precisará construir mais de 14 novas usinas nucleares para reduzir sua dependência de combustíveis fósseis de 60% para 40% até 2035. Atualmente, o plano de transição da França prevê a construção de seis novas usinas.
Outra COP do petróleo?
O indicado pelo Azerbaijão para presidir a conferência climática da ONU em 2024 (COP29) é Mukhtar Babayev, ministro da Ecologia e Recursos Naturais do país e, como na edição do ano passado, um nome ligado ao setor de petróleo e gás. Babayev fez carreira na Socar, a petroleira estatal do país, onde trabalhou durante mais de duas décadas.
Chamada para inovação
Startups e empresas de tecnologia com projetos disruptivos voltados para as energias renováveis e hidrogênio verde podem se inscrever na 8ª edição do Energy Starter, um programa global de inovação aberta da EDP para acelerar o desenvolvimento e implementação de soluções para a transição energética. As inscrições podem ser feitas pelo site do programa, até 28 de janeiro, por empresas do mundo todo.
Fonte e Imagem: epbr.
Desse total, R$ 24,7 bilhões são aportes em ativos que devem ser negociados nos dois leilões de linhas de transmissão previstos para este ano.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) projeta investimentos de R$ 56,2 bilhões em novas linhas de transmissão e subestações. Desse total, R$ 24,7 bilhões são investimentos em ativos que devem ser negociados nos dois leilões de linhas de transmissão previstos para este ano, de acordo com o Programa de Expansão da Transmissão/Plano de Expansão de Longo Prazo (PET/PELP), divulgado pela EPE na sexta-feira (05).
Dos R$ 56,2 bilhões a serem investidos, R$ 37,8 bilhões dizem respeito a aportes em linhas de transmissão, enquanto R$ 18,4 bilhões são relacionados a subestações. A extensão total dos projetos abordados pelos estudos da EPE é de 14,6 mil quilômetros.
Também do total previsto, R$ 30,6 bilhões envolvem projetos de escoamento da geração ou interligações e R$ 25,6 bilhões tratam de projetos para atendimento regional.
Considerando o aspecto regional, R$ 18,3 bilhões concentram-se no submercado Sudeste/Centro-Oeste, ao passo que R$ 16,9 bilhões devem ser aplicados no submercado Nordeste. O Sul deve contar com R$ 15,8 bilhões e o Norte, R$ 5,2bilhões.
O PET/PELP é divulgado pela EPE duas vezes por ano e esta edição (relativa ao segundo semestre de 2023) já considera os resultados do leilão de transmissão realizado em dezembro. O PET considera as obras para os próximos seis anos, enquanto o PELP avalia a necessidade do sistema a partir do sétimo ano.
O PET/PELP abrange apenas as obras cujos estudos já foram concluídos, mas que ainda não foram autorizadas ou licitadas.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Com a nova energia solar à frente, as energias renováveis se expandiram em velocidade vertiginosa em 2023, uma tendência que, se ampliada, ajudará a afastar a Terra dos combustíveis fósseis e a evitar o aquecimento grave e seus efeitos.
As energias limpas são atualmente algumas das menos dispendiosas, o que explica parte do crescimento. Os países também adotaram políticas de apoio às energias renováveis, em alguns casos mencionando receios de segurança energética, segundo a Agência Internacional de Energia. Esses fatores contrabalancearam as elevadas taxas de juros e os persistentes desafios na obtenção de materiais e componentes em muitos lugares.
A AIE fez uma projeção de que mais de 440 gigawatts de energia renovável seriam acrescentados em 2023, mais do que toda a capacidade energética instalada da Alemanha e da Espanha juntas.
Segue um resumo do ano em energia solar, eólica e baterias.
Mais um ano de destaque para a energia solar
China, Europa e EUA estabeleceram recordes de instalação de energia solar em um único ano, segundo a Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena).
O aumento da China superou o de todos os outros países, e ficou entre 180 e 230 gigawatts, a depender do resultado de projetos do final do ano. A Europa aumentou a capacidade em 58 gigawatts.
A energia solar é atualmente a forma mais barata de eletricidade na maioria dos países. Os preços dos painéis solares caíram impressionantes 40 a 53% na Europa entre dezembro de 2022 e novembro de 2023, e agora estão no valor mais baixo da história.
"Especialmente na Europa, a velocidade de expansão da implantação tem sido vertiginosa", diz Michael Taylor, analista sênior da Irena.
Quando os números finais de 2023 forem divulgados, espera-se que a energia solar ultrapasse em capacidade total a hidrelétrica em âmbito global, mas em termos de energia efetivamente produzida, a hidrelétrica ainda estará à frente na produção de energia limpa por algum tempo, porque opera 24h por dia.
Nos Estados Unidos, o estado da Califórnia continua a ser o principal produtor de energia solar, seguido por Texas, Carolina do Norte e Arizona.
Os incentivos estaduais e federais tiveram grande influência no crescimento da energia solar nos EUA, segundo Daniel Bresette, presidente do Instituto de Estudos Ambientais e Energéticos, uma organização sem fins lucrativos de educação e formulação de políticas.
Apesar do sucesso da energia solar em 2023, existem obstáculos. Houve escassez de transformadores, alerta Bresette, e as taxas de juros subiram.
Nos EUA, a fabricação de equipamentos para energia solar também cresceu. "Vimos o impacto da Lei de Redução da Inflação no crescimento dos investimentos (...) mais de 60 instalações de fabricação de equipamentos para energia solar foram anunciadas ao longo do ano passado", diz Abigail Ross Hopper, presidente e CEO da Associação das Indústrias de Energia Solar.
Desafios para a energia eólica
Até o final de 2023, o mundo tinha ampliado a energia eólica o suficiente para abastecer quase 80 milhões de residências, o que o tornou um ano recorde.
Assim como no caso da energia solar, a maior parte do crescimento, mais de 58 gigawatts, veio da China, segundo uma pesquisa da consultoria Wood Mackenzie. A China está a caminho de ultrapassar sua ambiciosa meta para 2030, de 1.200 gigawatts de energia solar e eólica em grande escala, cinco anos antes do previsto, caso sejam concluídos os projetos planejados, segundo a organização Global Energy Monitor.
A China foi um dos poucos mercados em crescimento este ano para energia eólica, segundo o Conselho Global de Energia Eólica. Concessão mais rápida de licenças e outras melhorias em mercados importantes como Alemanha e Índia também ajudaram a ampliar a energia eólica. Mas as instalações caíram 6% na Europa em relação ao ano anterior, segundo a Wood Mackenzie.
Desafios de curto prazo, como inflação alta, aumento das taxas de juros e do custo dos materiais de construção obrigaram algumas incorporadoras eólicas oceânicas a renegociar ou até mesmo a cancelar contratos de projetos, e algumas incorporadoras eólicas terrestres precisaram adiar projetos para 2024 ou 2025.
Os ventos econômicos desfavoráveis chegaram em um momento complicado para a nascente indústria eólica offshore dos EUA, que tenta lançar os primeiros parques eólicos offshore em escala comercial do país. As obras começaram em dois deles no ano passado. Ambos pretendem abrir as portas no começo de 2024, e um dos locais já está enviando eletricidade para a rede dos EUA. Grandes parques eólicos offshore vêm produzindo energia há trinta anos na Europa e, mais recentemente, na Ásia.
Após anos de crescimento recorde, o grupo industrial American Clean Power (ACP) previa que até o fim de 2023 menos energia eólica terrestre fosse adicionada nos Estados Unidos, suficiente para abastecer cerca de 2,7 a 3 milhões de residências. O grupo explica que as incorporadoras estão aproveitando os novos créditos fiscais aprovados no ano passado com a Lei de Redução da Inflação, mas levam anos para colocar os projetos em prática. Desde a promulgação dessa lei, foram anunciados 383 bilhões de dólares (1,87 trilhão de reais) de investimentos em energia limpa, segundo o grupo.
"Estamos falando sobre 2023 essencialmente como um ano de desempenho inferior, mas olhando de forma mais ampla, 8 a 9 gigawatts ainda é um número que entusiasma. É muita energia limpa sendo adicionada à rede", diz John Hensley, vice-presidente de pesquisa e análise da ACP.
Mundialmente, o aumento da energia eólica também foi mais lento no ano que passou. Os três principais mercados do ano ainda foram China, Estados Unidos e Alemanha para energia eólica de produção terrestre, e China, Reino Unido e Alemanha para produção offshore.
Os analistas preveem que a indústria global se recupere este ano, e disponibilize cerca de 12% mais energia eólica em todo o mundo.
Em junho, o setor comemorou ter ultrapassado 1 terawatt de energia eólica instalada mundialmente. Atingir esse marco demorou mais de 40 anos, mas o segundo terawatt pode levar menos de 7 anos, no ritmo atual da indústria.
Um grande ano para as baterias
Em meio à crescente pressão para tornar o transporte menos prejudicial ao clima, a tendência dos veículos elétricos acelerou mundialmente em 2023, com expectativa de que um quinto dos carros vendidos tenham sido elétricos, segundo a Agência Internacional de Energia. Isso significa que foi também um ano de destaque para as baterias.
Mais de 43,4 bilhões de dólares (212,4 bilhões de reais) foram gastos em fabricação e reciclagem de baterias apenas nos EUA em 2023, em grande parte graças à Lei de Redução da Inflação, segundo a Atlas Public Policy. Isso coloca os EUA em condições mais próximas às da Europa, mas ainda bem atrás da potência das baterias, a China.
Os EUA e a Europa tinham em construção no final de novembro, cada um, 38 grandes fábricas de baterias, as chamadas "gigafábricas", segundo a agência Benchmark Mineral Intelligence. A China, porém, tinha 295 em andamento.
O setor continuou a explorar diferentes meios de fabricação de baterias sem tanta dependência de materiais nocivos, assim como formas de tornar os componentes mais sustentáveis, e a indústria de reciclagem de baterias teve avanços, segundo os especialistas.
O custo das principais matérias-primas das baterias, incluindo o lítio, também caiu significativamente, segundo Evan Hartley, analista sênior da Benchmark.
"O custo das baterias está agora em uma trajetória que permitirá à maioria dos americanos comprarem um veículo elétrico", diz Paul Braun, professor de ciência dos materiais e engenharia na Universidade de Illinois.
2023 não foi uma jornada fácil. A indústria dos EUA, em especial, enfrentou vários ventos desfavoráveis. Uma enorme instalação de fabricação de baterias da Panasonic no estado do Kansas sofreu desafios energéticos. A Toyota precisa recrutar um grupo de talentos para sua unidade na Carolina do Norte. Foram encontradas violações de saúde e segurança em uma fábrica joint venture entre a General Motors Co. e a LG Energy Solution no estado de Ohio. E a lista continua.
Independentemente da região, persistem desafios em relação aos minerais, às cadeias responsáveis de suprimento, e à ampliação da infraestrutura de recarga. "Esse será o próximo item da pauta", diz John Eichberger, diretor-executivo do Instituto de Energia de Transportes.
Mas os especialistas estão otimistas de que o setor de baterias continuará a crescer em todo o mundo.
"A história das baterias nos EUA, em pequena escala, é a história das baterias mundialmente em grande escala, em 2023", diz Daan Walter, diretor da equipe de estratégia do Instituto Rocky Mountain, um grupo de pesquisa de sustentabilidade, "e como foi importante essa mudança em 2023?
Fonte e Imagem: Estadão - Broadcast.
Os leilões de transmissão têm sido realizados no Brasil com a finalidade principal de escoar o excedente de energia renovável no Nordeste do Brasil para os grandes centros consumidores do Sul e Sudeste.
A série de rodadas de leilões promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e Energia (MME) realizados na sede da B3, em São Paulo, nos setores de transmissão de energia e iluminação pública movimentaram R$ 38,4 bilhões em investimentos a serem realizados em até 72 meses, segundo dados da bolsa de valores brasileira.
Os leilões de transmissão têm sido realizados no Brasil com a finalidade principal de escoar o excedente de energia renovável no Nordeste do Brasil para os grandes centros consumidores do Sul e Sudeste, além de reforçar o Sistema Interligado Nacional (SIN).
O maior certame ocorreu em dezembro, quando foram leiloados três lotes de empreendimentos nos Estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins, com previsão de investimento de R$ 21,7 bilhões.
Em junho, foram leiloados mais nove lotes com captação de R$ 15,7 bilhões em investimento, que beneficiarão os Estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Sergipe, Rio de Janeiro e Pernambuco.
No geral, foram mais de 9 mil quilômetros de linhas de transmissão concedidas em todas as regiões do país, com cerca de 66 mil empregos a serem gerados diretamente. O deságio médio para esses dois leilões foi de 43%.
“Buscamos oferecer um ambiente de negócios que reúne bons projetos a investidores privados, agregando a transparência, credibilidade e segurança”, disse o Superintendente de Relacionamento e Governança em Licitações da B3, Guilherme Peixoto.
Nos últimos cinco anos, os descontos médios nos leilões de transmissão de energia permaneceram elevados. Nas oito licitações desde 2019, os deságios foram, em ordem cronológica, de 60,3%, 55,2%, 48,1%, 50%, 46,2%, 38%, 51% e 40,9%. O mercado tem demonstrado forte interesse no setor, resultando em leilões sucessivos com descontos significativos oferecidos pelas empresas.
Essa tendência deve continuar na próxima concorrência, agendada para março de 2024, quando serão contratados R$ 18,2 bilhões em investimentos para a construção de 6.464 km de linhas e 9.200 MVA (megavolt-amperes) em capacidade de transformação.
No setor de iluminação pública, nove projetos foram conduzidos por diversas prefeituras, o maior número desde 2020, quando ocorreram sete projetos. Estima-se que mais de 3 milhões de habitantes nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste devem ser atingidas, com investimentos totais de R$ 1 bilhão em capex e opex nos sistemas de iluminação. Os leilões realizados na B3 resultaram em deságios médios de 51%, gerando uma economia mensal de mais de R$ 5 milhões para os municípios
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Principal contribuição para o aumento veio da energia eólica, com 140 unidades inauguradas no ano passado.
Impulsionada pela energia eólica e solar, a matriz elétrica brasileira terminou 2023 com crescimento de 10.324,2 megawatts (MW), informou nesta quarta-feira, 3, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Apenas em dezembro, foram acrescidos 1,9 gigawatt (GW) à capacidade instalada do País, com a entrada em operação comercial de 51 unidades geradoras.
O acréscimo anual superou a meta de 10.302,4 MW estabelecida pela Aneel para o ano passado. Esse foi o maior incremento na matriz elétrica brasileira desde 2016, quando foram incorporados 9.527,8 MW à geração de energia.
A principal contribuição para o aumento veio da energia eólica. Com 140 unidades inauguradas no ano passado, a modalidade registrou
aumento de 4.919 MW, o equivalente a 47,65% do incremento total. Em segundo lugar, está a energia solar, cuja geração aumentou
4.070,9 MW com a entrada em operação de 104 centrais fotovoltaicas, 39,51% do acréscimo.
Completam a lista 1.214,9 MW gerados por 33 termelétricas, 158 MW de 11 novas pequenas centrais hidrelétricas e 11,4 MW de três novas centrais geradoras hidrelétricas. Ao todo, 291 empreendimentos de energia entraram em operação no ano passado em 19 estados. Os Estados com maior acréscimo foram a Bahia (2.614 MW), o Rio Grande do Norte (2.278,5 MW) e Minas Gerais (2.025,7 MW).
Capacidade total
Os dados de geração de energia são atualizados diariamente no Sistema de Informações de Geração da Aneel (Siga). Com o acréscimo em 2023, o país acumulou 199.324,5 MW de potência elétrica fiscalizada pela Aneel e deve superar a marca de 200 mil MW neste ano.
O Siga compila os dados das usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção. Segundo o sistema, 83,67% das unidades de produção de energia brasileira são consideradas renováveis. A energia hídrica corresponde a 55,19%, seguida pela eólica (14,4%), biomassa (8,43%) e solar (5,77%)./AGÊNCIA BRASIL.
Fonte e Imagem: Estadão.
A pauta verde talvez seja o único cavalo selado que realmente faça o Brasil mudar sua trajetória e perder essas oportunidades agora, pode significar não termos mais tempo para o Brasil avançar economicamente e socialmente.
Não é de hoje que a sociedade brasileira convive com injustiças e políticas públicas que, ao cabo, não entregam valor ou melhoria estrutural para a sociedade. Vejo, ainda, com muita preocupação, o Estado tendo que dividir ou acomodar, perigosamente, espaços no seu papel na função precípua de organizar, assegurar, gerar e gerir políticas públicas.
E começar o ano de 2024 com essas afirmativas não é sinônimo de desconfiança, incredulidade ou coisa que o valha. É, justamente, o contrário.
O Brasil fecha o ano de 2023 com dados macroeconômicos de invejar qualquer país de primeiro mundo (PIB, inflação, balança comercial e daí vai). E isso nos dá uma vantagem única para fazer as mudanças que precisamos, agora. Timing é tudo!
Mas por qual razão muitas famílias, especialmente as mais carentes, não sentem e enxergam esses macro dados positivos nas suas rotinas?
A explicação não é simples, mas há fatos importantes que todos nós deveríamos atentar.
O Brasil é um país de estrutura funcional pesada e de contornos sociais absolutamente desiguais. 60% dos brasileiros vivem com até 1 salário mínimo de renda e mais de 70 milhões de brasileiros e brasileiras vivem com tarifa social de energia e esse número ainda crescerá muito em função dos aprimoramentos de cadastros, o que por si só já atesta o nosso hiato social.
Mas você se pergunta nesse momento, o que esse texto tem a ver com o título do artigo? Vamos seguir por mais algumas linhas que chegaremos lá.
Acesse “transição energética Brasil” no google que você verá que aqui está o nosso cavalo selado, ou o que chamo de grande chance transformacional. Novas tecnologias e fronteiras, novas oportunidades e negócios e pelo menos US$ 1 trilhão de dólares envolvidos e o País dessa vez com uma verdadeira vantagem competitiva em relação ao resto do mundo.
Tudo isso acelerado em razão dos debates derivados de acordos internacionais e compromissos nacionais para redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) no combate ao preocupante aquecimento global, como estabelecido na convenção de Estocolmo[1] e Acordo de Paris[2].
Em termos de emissões em relação a outros países, o Brasil tem uma condição bastante invejável, pois goza de uma matriz elétrica e energética que são quase utópicas para outras economias mundiais. Temos 90% da matriz elétrica renovável e mais da metade da matriz energética é proveniente de fontes limpas. É, no mínimo, 100% melhor que a média mundial!
E não digo isso para criticar compromissos assumidos pelo Brasil para dar sua necessária contribuição ao mundo, que, de fato, tem um problema crescente de aquecimento global com aumento drástico no número de catástrofes em função dessa transição climática sentida e vivida. Mas temos deveres de casa mais urgentes e que nos colocam em alerta máximo por outros motivos.
Reitero que a condição do Brasil em termos de emissões não é gritante, sendo considerado um país de médias emissões. Diferente do que acontece, por exemplo, com China, USA e Índia, os que mais mandam GEE para a atmosfera, como revela estudo da NASA.
E aqui começo a direcionar aos pontos centrais desse artigo, voltando-me ao setor de energia e setor elétrico brasileiro, umbilicalmente ligado à pauta da transição energética, economia verde e a neoindustrialização.
Primeiro de tudo, se fizermos um clássico Pareto sobre as análises e relatórios mais completos, concluímos que no Brasil os principais emissores de GEE são:
i. desmatamento da floresta amazônica, com a movimentação de terras;
ii. O agro, com emissões na pecuária e na agricultura;
e iii. O setor de energia, com as emissões nos modais de transportes.
Os desafios para reduzir as emissões são particulares em cada país, por isso as soluções devem ser diferentes entre as nações, sob pena de importarmos soluções “ESG” que não resolvem as nossas dores.
Parece óbvio esse tipo de análise, mas não é. O processo decisório num país democrático é intenso, envolve um “N” número de interesses econômicos e setoriais, e normalmente são tomados dentro de um ambiente mais político e menos técnico, embora seja desejável um maior grau de peso a parte técnica daqui pra frente, pois o custo do erro pode ser fatal à sustentabilidade de setores e dos serviços públicos adequados e eficientes.
Muitas pautas no setor de energia e no setor elétrico são discutidas na ótica da transição energética, mas nem sempre as decisões tomadas encontram resultados satisfatórios dentro dos objetivos pretendidos.
Se temos, com base nos estudos, o maior número de emissões de GEE voltados ao desmatamento da Amazônia, à pecuária, à agricultura e aos modais de transportes, precisamos, claro, direcionar nossos esforços e compromissos na direção desses outliers, pois, de fato, são os itens que aumentam as emissões de GEE no Brasil.
A cicatriz só piora quando você não trata adequadamente a ferida. E aí que entra a nossa pauta verde, com muito empenho das lideranças e do presidente [da Câmara dos Deputados] Arthur Lira, e também alguns ministérios, ganhando tração e aprovação no último trimestre de 2023, muito em função dos compromissos e discussões oportunizadas pela COP28 realizada em Dubai.
Vale citar pelo menos 6 grandes projetos legislativos, já aprovados ou em aprovação, que buscam posicionar melhor o Brasil na chamada pauta verde.
Lei 14120/2021, que altera normas do setor elétrico, e basicamente sinaliza encerrar os incentivos financeiros no uso dos sistemas elétricos pelas usinas hidrelétricas, eólicas e solares, as chamadas fontes incentivadas;
Lei 14300/2022, que cria o sistema de compensação de energia elétrica, e basicamente incentiva os consumidores a instalarem painéis solares em suas residências e comércios;
Lei 2641/2021, que permite que as debentures de infraestrutura sejam emitidas pelas concessionárias, permissionárias e autorizadas para explorar serviços públicos;
PL das eólicas offshores – aprovado na câmara o PL 11247/18, que regulamenta o uso dessa tecnologia para maior diversificação das fontes, porém está parado no Senado pois foram incluídos vários itens sem pertinência temática na lei criando novos subsídios e descontos a outras fontes que somam mais R$ 30 bilhões por ano nas contas de luz dos brasileiros;
PL do hidrogênio verde – aprovado na câmara o PL 2308/23, que cria incentivos para hidrogênio com baixa emissão de carbono, ainda pendente de liberação no Senado Federal;
PL do crédito de carbono – aprovado na câmara o PL 2148/2015, que estabelece tetos para emissões e um mercado de venda de títulos, ainda aguardando deliberação do Senado Federal.
A ideia neste artigo não é desdobrar análises de mérito sobre os projetos citados, mas apenas alertar que a chamada pauta verde já saiu do papel no Brasil e os temas envolvidos tem alto potencial transformacional da nossa sociedade.
Contudo, a grande contribuição deste artigo é levar aos formuladores das políticas públicas, seja o Congresso Nacional, seja o Executivo, através de seus ministérios, reflexões sobre os caminhos que estão sendo delineados nesse conjunto normativo.
Algumas questões, humildemente, eu gostaria de registrar para gerar algumas considerações e ações.
Em termos econômicos, como podemos romper a inércia do nosso modesto crescimento econômico dos últimos 35 anos (desde 1988) e mudar a nossa trajetória? Em que medida a economia verde e a neoindustrialização podem melhorar as nossas cidades, estados e país? Há alguma coordenação para cumprir os interesses do Brasil ou vamos nos digladiar nos espaços e agendas?
A reforma tributária trará uma eficiência pelo lado da receita, e pelo lado da despesa? O momento não é o ideal para a desejada e necessária reforma administrativa? Em termos de segurança pública, em que medida os investimentos e resultados dessa nova economia podem dar ao Estado Brasileiro um país mais seguro, organizado e pacífico no direito de ir e vir?
Em termos de meio ambiente, quais são as medidas que temos que enfrentar para, de fato, reduzir nossas emissões, fazendo disso um ativo estratégico para a economia brasileira e mundial?
Como resolver o problema de emissão do setor de energia nos modais de transportes com a nova economia? Eletrificar amplia desigualdades? E o nosso etanol, gás e biocombustíveis? O que gera real sustentabilidade (ESG na veia)?
Se o setor elétrico já possui uma matriz elétrica de praticamente 100% renovável, é justo fazer com que os mais pobres paguem na sua conta de luz os benefícios aos mais ricos que podem instalar painéis solares em suas residências e comércios, por exemplo? A pergunta é retórica mas a legislação, infelizmente, concedeu até 2045 mais de R$ 200 bilhões em incentivos que vão parar na conta dos consumidores que não tem painel solar. O que fazer para dar mais equilíbrio e justiça energética à sociedade? Há o PL 414/2021 que traz algumas boas diretrizes para fortalecer a sustentabilidade do setor.
É justo que novas tecnologias e fontes limpas de energia, numa matriz já tão limpa e com uma conta de luz já tão cara e pressionada por subsídios e tributos, sejam financiadas pela conta de luz dos brasileiros? A CDE – Conta de Desenvolvimento Energético já custará R$ 38 bilhões em 2024 aos consumidores, e a maior parte desse custo é pago pelo consumidor atendido pela distribuidora de energia. Esse valor chegará a R$ 50 bilhões por ano já a partir de 2025, se nada for feito. Temos um prenúncio de insustentabilidade seja pela segurança energética, seja pelo custo da segurança sistêmica;
Em que medida esses projetos de lei acima podem efetivamente atender os objetivos de redução de emissões de GEE? Estamos tratando os principais ofensores em termos de emissões do Brasil? Além disso, quais são os gatilhos que devemos ter para trazer investimentos e recursos para o Brasil?
A única certeza é que o Brasil precisa urgentemente promover políticas que reduzam rápida e verdadeiramente a desigualdade social, melhore a renda das classes mais vulneráveis, invista estruturalmente em segurança, educação e saúde de qualidade, e, em relação a transição energética, que utilizemos essa plataforma de oportunidades para monetizar soluções e oportunidades ao Brasil e vendê-las para o mundo, fazendo com que essa riqueza coloque o Brasil numa condição realmente melhor no futuro próximo.
Talvez a pauta verde seja o único cavalo selado que realmente faça o Brasil mudar sua trajetória. Se perdermos essas oportunidades de agora, poderá não haver mais tempo, inclusive poderemos ter uma dura realidade econômica e social ainda nesta década.
Faço essa contribuição ao País, aos órgãos de estado e de governo, aos nossos decisores e formuladores de políticas públicas, ao Exmo Sr Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros, ao Exmo Sr Luis Roberto Barroso e ministros do Supremo Tribunal Federal, e aos Exmos Srs. Arthur Lira e Rodrigo Pacheco e todos os parlamentares brasileiros e brasileiras, que, juntos, definem o rumo do nosso país.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Os subsídios desmedidos aceleraram em demasia o crescimento da oferta, deixando-a num inquietante desequilíbrio.
Ao apagar das luzes (com o perdão da imagem) de 2023, o Operador Nacional do Sistema (ONS) publicou um ótimo relatório. Falo do Plano de Operação Elétrica de Médio Prazo, ou PAR-PEL 2023. É uma riqueza de detalhes técnicos; e de preocupações, ainda que não enfatizadas. Talvez por isso tenha passado despercebido na última semana do ano.
A notícia boa é que a inserção das fontes renováveis variáveis (FRVs), como eólica e solar, foi muito bem-sucedida. Os 38 GW atuais dessas duas fontes chegarão a mais de 100 GW em 2027. Para que você tenha uma ideia, o consumo máximo, também em 2027, será de 108 GW. Assim, em período de elevada radiação, mais de 90% do consumo no Brasil poderá ser atendido só pela solar (50%) e eólica (40%).
Um grande feito.
O problema: quando às FRVs são somadas as demais usinas (hidro, térmica etc.), o total da geração, em 2027, poderá alcançar 281 GW, tudo para suprir os 108 GW. É uma sobra cavalar, inédita em todo o mundo. Em determinados meses, a partir de 2025, esse excedente, que o ONS chama de “geração vertida de todas as fontes” (energia jogada fora) chegará a 50 GW, ou quase 50% do consumo máximo. É uma sobra que daria para atender aos países da América Latina, excluindo Argentina e México.
Mas o sistema elétrico tem uma condição essencial para funcionar: a geração, a cada milésimo de segundo, precisa ser igual ao consumo. Como a capacidade de gerar, atualmente, é muito maior que o consumo, usinas ficarão sem produzir ou gerar. As usinas não geram quando nem quanto querem, mas para atender a uma ordem do ONS, que equilibra instantaneamente oferta e demanda. Só que fazem contratos de venda de energia com distribuidoras e grandes consumidores. Se não gerarem, terão de comprar energia (de quem gerou) para honrar esses contratos.
Essa transação pode ter custo elevadíssimo. E, como não foi a usina a causadora do problema, exigirá ressarcimento do poder concedente, que “distribuiu” uma quantidade exagerada de outorgas. O consumidor pagará a conta, como pagou às hidrelétricas, eólicas e solares que ficaram impedidas de gerar.
Em 2023, já foi razoável o esforço do ONS para equilibrar oferta (excessiva) e demanda. Teve de acionar 25 GW de geração adicional para substituir a solar (no fim da tarde) e para o crescimento da carga no intervalo entre 14h e 18h. Em 2027, dado o grande aumento da participação da geração solar, o ONS terá de acionar, pela mesma razão, no mínimo 50 GW. É impossível fazer tudo isso apenas com hidrelétricas. Térmicas flexíveis precisarão ser despachadas. Se um quarto dessa geração adicional tiver custo médio de R$ 400 por MWh, a brincadeira passará de R$ 10 bilhões ao ano.
E ainda deve ser acrescentado o total de mais de R$ 110 bilhões de subsídios desnecessários, metade disso na antecipação de obras de transmissão para “escoar” a sobra. A tarifa crescerá, apesar do excesso brutal de oferta. O pequeno consumidor, sem margem de manobra, pagará bem mais.
Por que chegamos a tal estágio de mediocridade? É que a bem-sucedida inserção das FRVs não decorreu do planejamento ou de sinais econômicos adequados. Foi — e é — motivada, sobretudo, por subsídios desnecessários e arbitrados politicamente, a maioria por meio de emendas espúrias chamadas “jabutis”.
Um exemplo claro é o projeto de lei da energia eólica offshore, que trará para a conta de luz mais de R$600 bilhões.
Os subsídios desmedidos aceleraram em demasia o crescimento da oferta, deixando-a num inquietante desequilíbrio. E confirmam-se o axioma segundo o qual “em sistemas elétricos o desequilíbrio tem custos” e o corolário: “o consumidor paga a conta”.
*Edvaldo Santana, doutor em engenharia de produção e professor titular aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina, foi diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica.
Fonte e Imagem: O Globo.
Garantir fornecimento de energia dependerá de diversidade de fontes e precisão na previsão meteorológica.
Houve um tempo em que os responsáveis pelo setor de energia elétrica no Brasil concentravam a atenção no regime de chuvas. As usinas hidrelétricas eram o sustentáculo do abastecimento, tendo na retaguarda termelétricas a carvão e óleo. Esse tempo passou. Hoje, hidrelétricas respondem por metade da produção de energia, e as fontes renováveis, solar e eólica, somadas, já fornecem mais de 20%, com tendência de crescimento.
A matriz energética se mantém limpa, mas sua gestão se tornou mais complexa. A situação é agravada pela multiplicação dos eventos climáticos extremos, como tempestades e secas cada vez mais intensas. O clima passou a ser fator primordial na transição energética, afirmou ao GLOBO o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.
Diante dessa realidade, o ONS tem dado prioridade ao reforço dos 180 mil quilômetros de linhas de transmissão e ao uso de previsões meteorológicas mais precisas. A onda de calor recente foi antecipada pelos meteorologistas, levando ao aumento na produção de energia necessária para atender aos sistemas de refrigeração de Sudeste, Sul e Centro Oeste.
A rotina dos operadores do setor elétrico ficou mais intensa. A importância crescente das fontes intermitentes de energia como eólica e solar — o vento oscila, e o sol pode ser encoberto por nuvens — exige mais dos operadores. É por isso que Ciocchi destaca a importância daquilo que os técnicos chamam de “energia despachável”, disponível sob demanda para ser levada às linhas de transmissão. Na matriz brasileira, é o caso da geração hidrelétrica e da termelétrica.
Para enfrentar a nova realidade, Ciocchi defende investimentos e uma reestruturação no setor elétrico. Se a Eletrobras continuasse estatal, isso não seria possível. De acordo com a economista Clarice Ferraz, diretora do Instituto Ilumina, é essencial elaborar um plano nacional de aperfeiçoamento das redes das distribuidoras. Ela propõe que isso seja incluído na revisão das concessões das 53 empresas reguladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Elas precisam pedir a renovação da concessão 36 meses antes do término. Oito têm até o fim de 2024 para fazer isso. A Light, do Rio, e a EDP, do Espírito Santo, já renovaram. Os técnicos consideram as distribuidoras o elo mais frágil do setor. Elas estão mais vulneráveis aos choques climáticos, aos picos de consumo no calor e às oscilações na geração, com a proliferação de painéis solares conectados à rede.
Há, por fim, o lado do consumidor, que paga uma conta de luz alta, em que estão embutidos vários subsídios, além do custo de furtos e da instabilidade do sistema. Uma família com recursos para instalar placas solares recebe 14 vezes mais subsídio que uma família carente com direito à tarifa social. Tal mecanismo amplia a desigualdade. Como diz Jerson Kelman, ex-diretor da Aneel: “É preciso estancar a bola de neve formada por leis que criam subsídios custeados por quem não pode, em benefício de quem não precisa”.
Fonte e Imagem: O Globo.
Grupos como Cope e Engie trabalham para participar de certames de reserva de capacidade.
Inicialmente planejados para julho e dezembro de 2024, os leilões de reserva de capacidade já movimentam geradores e transmissores de energia, que aguardam uma definição do governo sobre as regras do certame para desengavetar projetos de expansão e a adoção de novas tecnologias, como o uso de baterias para armazenamento. No primeiro caso, nomes de peso do setor elétrico, como a Engie e a Copel esperam que o leilão gere a oportunidade de ampliação de capacidade em parte de suas hidrelétricas.
Na Engie, por exemplo, seria possível adicionar aproximadamente 922 megawatts (MW) de capacidade implantando mais turbinas em infraestrutura já existente nas usinas Jaguara, Miranda e Salto Santiago. “Depende do modelo que o governo vai adotar para fazer o leilão, mas estamos confiantes de que poderemos participar”, disse o gerente de Assuntos Regulatórios e de Mercado da companhia, Eduardo Takamori, durante teleconferência de resultados do terceiro trimestre deste ano.
Mesmo antes de uma definição do modelo que será adotado para o leilão, a empresa já faz uma modernização em Jaguara e contratou a Andritz Hydro Brazil para modernizar o ativo de 424 MW.
O acordo inclui a modernização de quatro unidades geradoras, com capacidade de 106 MW cada, geradores, turbinas, reguladores de velocidade e tensão, sistema digital de supervisão e controle, sistema de proteção e todos os sistemas auxiliares relacionados. Já na paranaense Copel, a adição de capacidade pode ocorrer na hidrelétrica Foz do Areia, que recentemente teve sua concessão renovada. Nela seria possível adicionar duas turbinas, que somam mais 872 MW. Outra usina que pode ser revitalizada para o leilão é a hidrelétrica Segredo.
Durante evento com investidores e analistas, o diretor-geral da Copel Geração e Transmissão, Moacir Carlos Bertol, afirmou que, caso as regras para o leilão permitam a participação desses empreendimentos, a empresa terá “uma oferta competitiva e com excelente taxa de retorno”.
Pátria e parceiros também tem interesse Também entre as geradoras térmicas há grande expectativa em relação ao leilão. A Arke, empresa formada pelo Pátria Investimentos, Shell, Mitsubishi, espera que o certame a permita viabilizar a construção de sua segunda termelétrica a gás natural, de 651 MW, no Porto do Açu, no Rio de Janeiro. A primeira foi inaugurada no mês passado e tem capacidade para produzir 565 MW. Segundo o presidente da companhia, Bruno Chevalier, a companhia já trabalha para obter as licenças prévias do projeto, documento necessário para disputar o certame.
No mercado, especula-se também que o leilão será uma boa oportunidade para empresas que desejam rentabilizar empreendimentos que hoje operam sem contato fixo, as chamadas térmicas merchant. Este é o caso, por exemplo, da usina Araucária, vendida pela Copel ao Grupo J&F nos últimos dias.
De acordo com uma fonte ouvida pelo Broadcast Energia e que aceitou falar sem ter o nome identificado, a perspectiva de rentabilizar o empreendimento no leilão de reserva de capacidade foi um dos principais motivos da aquisição, uma vez que ela não é conectada à malha de gasodutos do Estado e produz energia apenas quando é acionada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para auxiliar no atendimento ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Esse tipo de operação foi importante para garantir segurança energética durante a crise hídrica, em 2021, mas com a melhora no nível dos reservatórios das hidrelétricas o acionamento do empreendimento passou a ser menos provável. “É uma usina que precisava de alguém com capacidade de suportar o consumo de caixa no período em que fica sem produzir energia, e que tivesse capacidade de buscar um novo contrato fixo”.
Outra empresa que analisa potenciais negócios com o leilão de reserva de capacidade é a Delta Energia, que tem a usina William Arjona, localizada em Mato Grosso do Sul. A termelétrica é ligada ao gasoduto Brasil-Bolívia e no momento também atua como merchant, mas pode buscar uma oportunidade caso o certame permita usinas existentes.
Empresas avaliam armazenagem por baterias
Outro ponto que tem sido avaliado tanto pelo órgão regulador, quanto pelas empresas é a possibilidade de uso de baterias. Uma das interessadas nessa tecnologia é a transmissora Isa Cteep, que já possui um empreendimento neste modelo em São Paulo, e que funciona para atender à demanda de pico no litoral paulista.
Conforme o diretor-presidente da Isa Cteep, Rui Chammas, a companhia ganhou experiência com esse ativo e pode replicar o modelo, caso as regras do certame permitam. “Fizemos questão de defender para que o projeto de baterias em Registro viesse a acontecer, por existiam outras alternativas técnicas, mas a gente imaginava que ganharia muito com aquela experiência”, afirmou.
Quem também se espera oportunidades numa eventual disputa com projetos de baterias é a AES Brasil. O diretor presidente da companhia, Rogério Jorge, disse ver grande potencial para esse segmento, tendo em vista que a AES Corp, controladora norte-americana, é uma das principais desenvolvedoras globais de sistemas de armazenamento com baterias por meio da Fluence, empresa criada em parceria com a Siemens em 2018. “Isso é um diferencial competitivo para nós de know-how e de acesso à tecnologia”, disse.
Regulador vê potencial de competitividade
Do lado do governo, já houve sinalização positiva por parte da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que fez estudos sobre a adoção dessa tecnologia no leilão. As análises realizadas apontaram que essas iniciativas poderiam atender aos requisitos de capacidade e possivelmente teriam competitividade.
Contudo, a definição sobre a inserção das baterias ainda passa por desafios relacionados aos requisitos de “ciclagem” desses empreendimentos, isto é, definições relacionadas à disponibilidade e frequência para ligar e desligar esses sistemas. “Quanto mais
ciclagem, mais custo”, disse o secretário Nacional de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Gentil Nogueira de Sá
Júnior, durante evento realizado este mês.
Fonte e Imagem: Estadão.
O ano passado foi marcado por um extraordinário aumento na produção de energia solar e eólica, assim como nas baterias para carros elétricos.
O mundo adicionou energias renováveis em uma velocidade vertiginosa em 2023, uma tendência que, se amplificada, ajudará a Terra a se afastar dos combustíveis fósseis e a prevenir um aquecimento global severo e seus efeitos. A área em que houve mais avanços foi a da energia solar.
Com frequência, as energias limpas são agora as menos caras, o que explica parte do crescimento. Os países também adotaram políticas que apoiam as energias renováveis, e algumas citaram preocupações com segurança energética, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Esses fatores contrabalançaram as altas taxas de juros e os desafios persistentes para obter materiais e componentes em muitos lugares.
A AIE previu que mais de 440 GW (gigawatts) de energia renovável seriam adicionados em 2023, mais do que toda a capacidade instalada da Alemanha e Espanha juntas.
Outro ano excelente para a energia solar China, Europa e Estados Unidos estabeleceram, cada um, recordes na captação solar em um único ano, de acordo com a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, na sigla em inglês).
Os acréscimos na China foram muito maiores do que as de todos os outros países — entre 180 e 230 GW. A Europa adicionou 58 GW.
A energia solar é agora a forma mais barata de eletricidade na maioria dos países. Os preços dos painéis solares caíram entre 40% e 53% na Europa entre dezembro de 2022 e novembro de 2023, e agora estão em níveis historicamente baixos.
“Particularmente na Europa, o aumento da implementação ocorreu em uma velocidade realmente vertiginosa”, disse Michael Taylor, analista sênior da Irena.
Quando os números finais para 2023 estiverem disponíveis, espera-se que a energia solar supere a energia hidrelétrica em capacidade total em todo o mundo, mas em termos de eletricidade realmente produzida, a energia hidrelétrica continuará gerando mais energia limpa por algum tempo, pois pode produzi-la dia e noite.
Nos Estados Unidos, a Califórnia continua sendo o Estado que produz a maior quantidade de energia solar, seguida por Texas, Flórida, Carolina do Norte e Arizona.
Tanto os incentivos estaduais quanto os federais tiveram uma influência significativa no crescimento da energia solar nos Estados Unidos, disse Daniel Bresette, presidente do Instituto de Estudos Ambientais e Energéticos, uma organização educacional e sem fins lucrativos de políticas sustentáveis.
Apesar do sucesso da energia solar em 2023, existem obstáculos. Houve escassez de transformadores, mencionou Bresette, enquanto as taxas de juros aumentaram.
Nos Estados Unidos, a contrução de infraestrutura para produzir energia solar também cresceu. “Vimos o impacto da Lei de Redução da Inflação em impulsionar os investimentos [...] no último ano, mais de 60 instalações de geração de energia solar foram anunciadas”, disse Abigail Ross Hopper, presidente e CEO da Associação de Indústrias de Energia Solar.
Desafios para a energia eólica
Em 2023, a previsão é de que o mundo adicionaria energia eólica suficiente para abastecer quase 80 milhões de residências, tornando-o um ano recorde.
Assim como com a energia solar, a maior parte do crescimento — mais de 58 GW — foi adicionada na China, de acordo com uma pesquisa da Wood Mackenzie, um grupo de pesquisa e consultoria que fornece dados e análises para diferentes indústrias. O país asiático está a caminho de superar sua ambiciosa meta para 2030, de 1,2 mil GW de capacidade de energia solar e eólica em escala comercial, cinco anos antes do previsto se todos os projetos planejados forem construídos, disse o Global Energy Monitor, uma organização não governamental que cataloga projetos de energia em todo o mundo.
A China foi um dos poucos mercados em crescimento em 2023 para a energia eólica, disse o Conselho Mundial de Energia Eólica. A obtenção mais rápida de licenças e outras melhorias nos mercados-chave, como Alemanha e Índia, também ajudaram a adicionar mais energia a partir do vento. Mas o número de instalações diminuiu na Europa em 6% em comparação com o ano anterior, segundo a Wood Mackenzie.
Desafios de curto prazo, como a inflação elevada, o aumento das taxas de juros e o aumento dos custos de materiais de construção, levaram alguns desenvolvedores de energia eólica offshore a renegociar ou até mesmo cancelar contratos de projetos, e alguns desenvolvedores de energia eólica em terra firme a adiar projetos até 2024 ou 2025.
Os ventos econômicos adversos chegaram em um momento difícil para a incipiente indústria eólica offshore dos Estados Unidos, que tenta lançar os primeiros parques eólicos marítimos comerciais do país. Neste ano, foi iniciada a construção de dois deles. Ambos pretendem abrir em 2024, e um dos locais já está enviando eletricidade para a rede dos EUA. Grandes parques eólicos offshore têm produzido eletricidade por três décadas na Europa e, mais recentemente, na Ásia.
Após anos de crescimento recorde, a American Clean Power (ACP), uma associação comercial que representa fabricantes de energias renováveis, estima que menos energia eólica terrestre será adicionada nos Estados Unidos até o final do ano, o suficiente para alimentar entre 2,7 e 3 milhões de residências. O grupo diz que os desenvolvedores estão aproveitando os novos créditos fiscais aprovados em 2022 na Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês), mas são necessários anos para que os projetos se conectem à rede. Desde a aprovação da IRA, foram anunciados US$ 383 bilhões em investimentos em energias limpas, acrescentou.
“Estamos falando essencialmente que 2023 foi um ano de desempenho inferior, mas se olharmos as coisas de uma perspectiva mais ampla, 8 a 9 GW ainda é uma cifra pela qual podemos nos entusiasmar. É uma grande quantidade de nova energia limpa sendo adicionada à rede”, disse John Hensley, vice-presidente de pesquisa e análise de dados da ACP.
Em nível mundial, o desenvolvimento da energia eólica também foi mais lento no ano passado. Os três principais mercados em 2023 continuam sendo China, Estados Unidos e Alemanha para a energia eólica terrestre, e China, Reino Unido e Alemanha para a energia eólica offshore.
Os analistas preveem que a indústria global se recuperará neste ano e aumentará em quase 12% a oferta de energia eólica em todo o mundo.
Em junho, a indústria comemorou ter ultrapassado 1 TW (terawatt) de energia eólica instalada em todo o mundo. Foram necessários mais de 40 anos para atingir esse marco, mas podem ser necessários menos de sete anos para chegar ao segundo terawatt no ritmo atual da indústria.
Grande ano para as baterias
No meio de um esforço contínuo para tornar o transporte menos prejudicial ao clima, a tendência dos veículos elétricos acelerou em todo o mundo em 2023, e a estimativa era que um em cada cinco carros vendidos no ano passado fosse elétrico, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Isso também significou que foi outro ano excepcional para as baterias.
Mais de US$ 43,4 bilhões foram gastos na fabricação e reciclagem de baterias apenas nos Estados Unidos em 2023, em grande parte devido à IRA, de acordo com a Atlas Public Policy, uma consultoria que oferece ferramentas de análise e tecnologia em áreas que incluem transporte, eletrificação e política climática. Isso coloca os Estados Unidos em um campo de jogo mais equilibrado em relação à Europa, mas ainda atrás da China, o gigante na produção de baterias.
Quanto às grandes fábricas de baterias, chamadas gigafábricas, tanto os Estados Unidos quanto a Europa tinham 38 em construção, cada um, até o fim de novembro, de acordo com a Benchmark Mineral Intelligence, uma agência de informações para a cadeia de suprimentos de baterias de íon de lítio. Já a China tinha 295 em desenvolvimento.
A indústria continuou a explorar diferentes formas de fabricar baterias sem depender tanto de materiais nocivos, assim como formas de tornar os componentes mais sustentáveis, e a indústria de reciclagem de baterias avançou significativamente, segundo especialistas.
O custo das matérias-primas chave para as baterias, incluindo o lítio, também diminuiu significativamente, disse Evan Hartley, analista sênior da Benchmark.
“O custo da bateria agora está em uma trajetória em que a maioria dos americanos poderá se dar ao luxo de comprar um veículo elétrico”, disse Paul Braun, professor de ciência e engenharia de materiais da Universidade de Illinois.
O ano de 2023 não teve um percurso fácil. A indústria americana, em particular, enfrentou vários obstáculos. Uma enorme instalação de baterias da Panasonic no Kansas teve problemas de energia. A Toyota precisa reforçar sua reserva de potenciais talentos para sua fábrica na Carolina do Norte. Foram encontradas violações nas áreas de saúde e segurança em uma planta conjunta da General Motors Co. e LG Energy Solution, em Ohio. A lista continua.
Independentemente da região, persistem os obstáculos nos minerais, nas cadeias de suprimentos responsáveis e na construção de infraestrutura para carregar as baterias. “Essa será a próxima agenda”, disse John Eichberger, diretor executivo do Transportation Energy Institute, uma organização de pesquisa dedicada a estudar a energia aplicada ao transporte.
Mas os especialistas estão otimistas de que o crescimento das baterias continuará em todo o mundo.
“A história das baterias nos Estados Unidos, em pequena escala, é a história das baterias em geral em nível global em 2023”, disse Daan Walter, diretor da equipe de estratégia do Rocky Mountain Institute, um grupo de pesquisa sobre sustentabilidade, “e de como essa mudança foi transcendental em 2023”. (Tradução de Samara Leonel).
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em entrevista ao Valor, ministro disse que o governo está preparando algumas Medidas Provisórias que serão enviadas ao Congresso brasileiro nos próximos dias com vistas a reduzir a conta de energia.
O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que, nos últimos seis anos, o Poder Executivo perdeu o controle das políticas públicas no setor energético brasileiro, mas que o atual governo busca recuperar o comando. As declarações de Silveira estão relacionadas a uma série de medidas provisórias (MPs) que o governo planeja enviar ao Congresso na área de energia. Essa posição converge com o atual momento em que o Congresso brasileiro tem exercido influência no setor, resultando em impactos nas contas de energia dos brasileiros.
Em entrevista exclusiva ao Valor, Silveira disse que o governo está preparando algumas Medidas Provisórias (MPs) que serão enviadas ao Congresso brasileiro nos próximos dias com vistas a reduzir a conta de energia. Segundo o ministro, a meta é buscar equilíbrio entre a segurança energética e a modicidade tarifária.
“Nos últimos seis anos no Brasil, o Executivo perdeu a mão das políticas públicas do setor energético brasileiro. Nós estamos retomando isso. As medidas que o governo enviará ao Congresso terão esse condão de fazer políticas que façam convergência com a transição energética. Queremos avançar em eólica, solar, biomassa, mas também queremos respeitar o preço para o consumidor de energia, pois temos consciência de que a energia é uma fonte fundamental para que a gente não deprima a economia. Os dois maiores produtos que impactam a inflação são energia elétrica e combustível”, disse o dirigente.
Silveira não quis detalhar o teor das MPs, mas disse que, entre as ações, deve estar o questionamento do volume de térmicas necessárias na modalidade inflexível (geração mínima obrigatória de energia uma usina) e flexível e quanto de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) o país pode dispor, por exemplo.
“A MP vai sinalizar de forma clara para as casas legislativas qual a necessidade real de contratação de energia firme, que nos dá segurança energética”, diz.
Entre as medidas provisórias, uma delas pode ser anunciada no Amapá junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a que permitirá que parte dos recursos provenientes da privatização da Eletrobras sejam usados para minimizar o recente aumento de 44% das contas de energia elétrica do Estado.
Nos últimos dias, uma série de emendas foram incluídas no Projeto de Lei nº 11.247, de 2018, causaram forte reação no setor elétrico por conta do potencial impacto na tarifa do consumidor. Entre as inserções, destaca-sem a obrigatoriedade de contratação de energia gerada por térmicas a carvão mineral por meio de leilões de reserva, ajustes na lei de privatização da Eletrobras que determinou a compra de energia de termelétricas a gás e PCHs e da extensão de subsídios para usinas renováveis no transporte da energia.
“As emendas colocadas a este projeto serão avaliadas pelo Executivo no momento apropriado de forma extremamente rigorosa a respeitar o equilíbrio entre segurança energética e modicidade tarifária. Não faltará coragem em dizer que não concordamos com ponto A ou B”, disse.
Dentre as intervenções do Congresso no setor elétrico nos últimos anos, com repercussões diretas nas contas de energia, destacam-se iniciativas legislativas relacionadas à privatização da Eletrobras, benefícios destinados ao setor carbonífero, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e geração distribuída. Além disso, foram abordados os marcos legais referentes às energias eólicas offshore e ao hidrogênio verde, juntamente com a emenda Brasduto, entre outras medidas. É importante ressaltar que tais ações também impactam negativamente a autonomia da agência reguladora, a Aneel.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Brasil só pode ser hoje um dos grandes protagonistas da transição energética mundial porque tem hidrelétricas e seus reservatórios, além de outros recursos naturais.
Palavras que há poucos anos não se ouviam hoje ecoam como mantras no setor elétrico brasileiro: descarbonização, transição energética, economia verde, sustentabilidade, reindustrialização do Brasil, conservação ambiental, segurança energética, tarifas mais baratas, hidrogênio. Todos esses termos e vários outros caberiam em uma só palavra: hidrelétricas.
Palavra essa que foi negligenciada por 20 anos e representa a espinha dorsal da matriz elétrica e da geração renovável de energia, que oferece energia firme ao Sistema Interligado Nacional 24 horas por dia, 7 dias na semana, sem interrupção.
Energia limpa e renovável sim, que gera em horário de pico, que permite que o Brasil seja um gigante perante o mundo. Indústria 100% nacional, já consolidada, gerando renda e emprego no Brasil e não fora dele, com usinas gerando por mais de 100 anos, patrimônio do povo brasileiro. Que precisa ser mais bem compreendida, porque atravessa risco de desativação pela falta de investimentos. Fonte que é a grande bateria natural que permite que eólicas e solares estejam se desenvolvendo, pois sustenta suas intermitências, sem que receba remuneração adequada para este imprescindível serviço.
Com todo respeito ao papel das outras fontes de geração de energia, onde há complementaridade às hidrelétricas, o papel de cada uma deveria estar muito bem definido, mas ainda não está. A abundância de recursos naturais que o Brasil possui e os diversos interesses econômicos e financeiros dificultam ao brasileiro entender como funciona o setor elétrico – que de fato não é simples – e nos mostra o quanto temos que aprender ainda a lidar com aquilo que temos de mais precioso na natureza.
Ainda não sabemos lidar com a gestão da abundância e nem com a escassez dos recursos naturais, mas a “mãe natureza” chegou para nos ensinar.
As recentes tragédias climáticas estão aí para todos. E o que isso tem a ver com as hidrelétricas? As hidrelétricas, atuais e as futuras, com seus reservatórios compatíveis, podem e devem ajudar muito a armazenar parte disso e amenizar grandes volumes de chuvas. Reservatórios de hidrelétricas servem para muitos usos múltiplos importantes e essenciais além de gerar energia firme e limpa: regularizar a vazão dos rios, armazenar água ou parte dela, ajudando a amenizar desastres de enchentes nas comunidades próximas aos rios.
Vejam: o Brasil só pode ser hoje um dos grandes protagonistas da transição energética mundial porque tem hidrelétricas e seus reservatórios, além de outros recursos naturais. Tem principalmente, potenciais hidrelétricos ainda não construídos, que não podem ser desprezados ou abandonados pelo Planejamento Executivo e precisam ser viabilizados imediatamente.
As barragens/reservatórios de água são extremamente necessárias. Possibilitam, além da geração de energia elétrica limpa e firme, o aproveitamento dos escassos recursos hídricos de água doce do mundo para diversos usos que, sem as barragens/reservatórios, terminam em água salgada no mar.
Reservatórios servem para muitos usos importantes e essenciais, como abastecimento de água para os municípios, irrigação, dessedentação animal, produção de peixes, turismo, transporte hidroviário, entre outros. Nenhum país do mundo abre mão disso, não devemos abrir também.
A preferência dada na última década, pela inserção de outras fontes, resultou na atual situação da matriz elétrica, com desequilíbrio entre elas, fragilidade operativa, excesso de oferta, desestímulo aos investimentos e uma das tarifas de energia elétrica mais caras do mundo.
Hidrelétricas, com e sem reservatórios, de pequeno porte e baixo impacto ambiental, é uma fonte estratégica, confiável, renovável e precisam ser imediatamente reinseridas na matriz elétrica brasileira, pois são fundamentais para o equilíbrio da oferta e operação segura.
Novas hidrelétricas de médio e grande porte deverão ser objeto do planejamento determinativo para o médio prazo, não podem ser deixadas de lado de forma alguma, mas precisam de maior aprofundamento e planejamento, sendo também imprescindíveis.
Restam, portanto, as PCHs e CGHs, que precisam ser priorizadas imediatamente no planejamento e em futuros leilões de qualquer natureza. Deveriam ser objeto de um amplo programa de estado, de âmbito nacional, com a adoção simultânea de medidas que as viabilizem, valorizem seus atributos e externalidades, resolvam os impedimentos ambientais e corrijam as distorções atuais do mercado.
De acordo com a Aneel, existem 14.500 MW de PCHs e CGHs inventariados, em diversos estágios de desenvolvimento, muitas disponíveis para início de implantação.
Retomar os investimentos em PCHs, através de um programa de âmbito nacional como o proposto, também teria um impacto socioeconômico positivo, com reativação da indústria nacional, melhoria do IDH dos municípios, criação de empregos e investimentos de bilhões de Reais.
Tudo isso promovendo benefícios para a matriz elétrica, como sinergia com outras fontes renováveis, flexibilidade operativa, armazenamento de curto prazo, geração próxima à carga e inúmeros benefícios ambientais.
Fica também evidente a necessidade de aprimoramento da governança do Setor Elétrico Brasileiro. O MME pode ser o grande maestro direcionando a reforma do setor, gerenciando tecnicamente uma ampla revisão do SEB, coordenada com os demais órgãos de governo e com o Congresso. E que, a partir de um planejamento estratégico participativo, possa reorganizar a participação de fontes nas matrizes elétrica e energética, de forma determinativa e não apenas indicativa como é hoje, considerando as novas cargas (inclusive veículos elétricos e hidrogênio) viabilizando imediatamente os necessários investimentos em geração hidrelétrica.
Aguardamos dias melhores para o setor elétrico e para o Brasil.
Fonte e Imagem: Brasil Energia.
Licitação teve deságio médio de 40,9%, dando sequência a licitações com elevado desconto no setor; próxima rodada, em março de 2024, deve atrair disputa.
O leilão de linhas de transmissão realizado na última sexta-feira (15) superou as expectativas do governo, confirmou o forte interesse do mercado pelo segmento e consolidou uma sequência de licitações com fortes descontos oferecidos pelas empresas - tendência que deverá persistir na próxima concorrência, marcada para março de 2024.
Nos últimos cinco anos, os deságios médios oferecidos nos leilões de transmissão de energia se mantiveram em patamar elevado. Considerando as oito licitações realizadas desde 2019, os descontos, em ordem cronológica, foram de 60,3%; 55,2%; 48,1%; 50%; 46,2%; 38%; 51%; e 40,9%.
Mesmo a concorrência da última sexta-feira, em que a expectativa era de ofertas mais tímidas, teve deságio significativo. Estava claro que seria inviável a participação de muitos grupos na licitação, pelo fato de o principal lote ser um projeto intenso em capital, com demanda elevada de mão de obra e uso de uma tecnologia específica, que restringiu o número de fornecedores. O desconto médio de 40,85% superou as expectativas apontadas por bancos e especialistas e foi comemorado por autoridades do setor elétrico.
O resultado também reflete a resiliência do segmento nos últimos anos. As concessões de transmissão são consideradas as mais seguras do setor elétrico: trata-se de um mercado totalmente regulado, em que o vencedor ganha um contrato de 30 anos indexado ao IPCA, sem risco de inadimplência. O empreendedor que conseguir antecipar as obras ganha ainda uma Receita Anual Permitida (RAP) extra.
No leilão, a State Grid foi a principal vencedora. A estatal chinesa ficou com o maior lote da concorrência, que prevê R$ 18,1 bilhão de investimento para a construção de 1.468 km de linhas de transmissão em corrente contínua (HVDC, na sigla em inglês), para ampliar a capacidade de transmissão entre os Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
Além disso, o Consórcio Olympus, formado por Alupar e Mercury Investments (Perfin), saiu vencedor do lote 2, com previsão de R$ 2,59 bilhões de investimentos, para construir 1.102 km de linhas entre Goiás, Minas Gerais e São Paulo. A Celeo Redes ficou com o lote 3, que inclui investimentos de cerca de R$ 1 bilhão, para 388 km de linhas em Minas.
Em março de 2024, o setor deverá passar por nova rodada de investimentos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a minuta do edital para a construção e manutenção de quase 6.500 km de linhas de transmissão novas e seccionamentos e de 9.200 megawatts (MW) em capacidade de transformação. Dos 15 lotes propostos, 6 têm investimento previsto superior a R$ 1 bilhão. Além
disso, a agência prevê um segundo leilão do setor no ano, em setembro.
As tradicionais empresas que ficaram de fora deste leilão deverão voltar à disputa em 2024. Taesa e ISA Cteep disseram que já estudam os lotes. Eletrobras, Alupar, Cemig, entre outras, também deverão estar presentes, segundo expectativa do mercado.
“Grandes grupos não participaram deste leilão. Esperaram e, quando se trata de corrente alternada [tecnologia prevista para os lotes da próxima licitação], há muito mais empresas com capacidade de execução. Acredito que o leilão de março será bem-sucedido”, afirmou Ricardo Lavorato Tili, diretor da Aneel, em entrevista após a licitação, na sexta.
Os leilões também refletem o momento atual de forte expansão das energias renováveis e visam ampliar a capacidade de escoamento da geração do Nordeste. O novos projetos em estudo para produção de hidrogênio verde e amônia também têm sido fundamentais para a reconfiguração da transmissão do excedente de energia do Nordeste para os centros consumidores.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) disse que o objetivo será assegurar o abastecimento de energia com tarifas menores.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta 6ª feira (15.dez.2023) que o governo pretende apresentar nos próximos dias uma MP (medida provisória) com mudanças no setor elétrico brasileiro. De acordo com o ministro, as medidas vão fortalecer a transição energética e buscarão aliar segurança de abastecimento com tarifas menores.
Dentre as mudanças planejadas, uma delas será para aliviar o impacto do reajuste tarifário previsto para o Amapá, superior a 34%. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinará a MP em viagem ao Estado na próxima 2ª feira (18.nov). Não foi divulgado, no entanto, como isso será feito.
“Nós estamos preparando as medidas para que a gente tenha políticas claras que sejam necessárias para a segurança energética, até porque não podemos esquecer que há menos de 2 anos nós tivemos a beira de um colapso energético no Brasil que custou caro ao governo brasileiro, então nós temos que estar atentos ao planejamento”, disse o ministro em entrevista a jornalistas depois de participar do 2º leilão de transmissão de energia de 2023.
Silveira disse que o conteúdo da MP deve trazer diversas políticas “que sejam necessárias a segurança energética, mas que assegurem o melhor custo do consumidor”. Ele citou o exemplo de termelétricas, tipo de geração que funciona como base de segurança do sistema elétrico.
“Precisamos das térmicas, mas até quanto de térmicas precisamos? Elas têm que ser inflexíveis, só podem ser flexíveis? Todos sabem o que é uma térmica inflexível. É aquela que o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) não tem o direito de despachá-la só quando precisa de energia, porque pelo contrato ela tem o direito de despachar independente da gente estar num momento de bonança hídrica, vertendo água, como que aconteceu esse ano”, disse.
O ministro continuou: “Estamos fazendo um equilíbrio. O que que nós precisamos de energia de PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas)? Como é que nós podemos reduzir o custo da energia usando nossos ativos regulatórios? Trocando ativo regulatório por redução de preço? Estamos usando a criatividade com base no que temos”.
Sobre o caso do Amapá, Alexandre Silveira disse que a medida que será apresentada “será uma saída para tentar minimizar a incoerência” do aumento no Estado sem quebrar o contrato que dá direito de reajuste à distribuidora.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Relatório da AIE afirma que demanda subirá 1,1 milhão de barris por dia, uma desaceleração em comparação com 2023.
A AIE (Agência Internacional de Energia) afirmou nesta 5ª feira (14.dez.2023) que a demanda mundial por petróleo deve aumentar 1,1 milhão de bpd (barris por dia) em 2024. As informações constam no relatório do “Mercado Petrolífero” de dezembro de 2023, publicado nesta 5ª feira (14.dez.2023).
Para 2023, a projeção da entidade é fechar o ano com um aumento da demanda de 2,3 milhões de bpd. O relatório indica que o crescimento será mantido em 2024, mas irá desacelerar.
Segundo o documento, as evidências que indicam uma redução na procura pelo recurso estão
aumentando. A AIE afirma que a “deterioração das perspectivas macroeconômicas” resultaram na revisão para baixo da previsão de crescimento do consumo global referente ao 4º trimestre de 2023. A nova estimativa relacionada ao período reduziu a procura em quase 400 mil de barris por dia.
A Agência Internacional de Energia analisa ainda que “o sentimento do mercado de petróleo se tornou decididamente pessimista” em novembro e dezembro desse ano, mesmo depois que a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados) anunciou um novo corte na produção de petróleo para o próximo ano.
“A extensão dos cortes de produção da Opep+ até ao 1º trimestre de 2024 pouco fez para sustentar os preços do petróleo”, afirma o relatório.
A estimativa da Agência Internacional de Energia vai na linha da previsão da Opep, mas traz uma projeção mais conservadora. Na 4ª feira (13.dez), a organização manteve inalterada sua previsão de aumento da demanda mundial por petróleo em 2023 e 2024. Para o próximo ano, a expectativa é de um aumento na demanda em 2,2 milhões de barris por dia.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Serão oferecidos três empreendimentos que somam R$ 21,7 bilhões em aportes.
O leilão de linhas de transmissão de energia que ocorre nesta sexta-feira (15) deverá ter competição em todos os lotes, com disputas entre asiáticos, europeus e brasileiros, disse o diretor-geral da agência reguladora Aneel, Sandoval Feitosa.
“Haverá competição em todos os lotes, todos os participantes são de primeira linha. Temos a convicção de que será um leilão de sucesso”, disse Feitosa em conversa com jornalistas antes do certame, que começou às 10h.
A licitação marcada para esta sexta-feira é a maior já realizada no segmento de transmissão de energia em valor de investimentos previstos.
Serão oferecidos três empreendimentos que somam R$ 21,7 bilhões em aportes, com destaque para um bipolo em corrente contínua que, sozinho, deverá demandar cerca de R$ 18 bilhões em sua implantação.
O diretor-geral da Aneel ressaltou ainda que os projetos que estão sendo leiloados serão essenciais para aumentar a capacidade de escoamento da energia renovável gerada no Nordeste para os centros de consumo de energia no Sudeste.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Representantes de 198 países presentes na cúpula do clima em Dubai adotam texto histórico que marca avanço no combate às mudanças climáticas.
A COP28 aprovou o seu texto final apoiando a transição energética dos combustíveis fósseis para fontes de energia mais limpas.
A decisão foi endossada nesta quarta-feira (13) por representantes de todos os 198 países presentes na conferência do clima, marcando um avanço histórico no combate às mudanças climáticas.
O texto de balanço geral (global stocktake) convoca os países a adotar ”a transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de uma forma justa, ordenada e de forma equitativa, acelerando a ação nesta década crítica, de modo a atingir zero emissões líquidas até 2050 de acordo com a ciência”.
O documento “reconhece ainda a necessidade de reduções profundas, rápidas e sustentadas nas emissões de gases do efeito estufa em linha com trajetórias de 1,5°C”.
Essa referência é importante porque reafirma o compromisso de que os países devem trabalhar para manter o nível máximo de aquecimento global a 1,5°C, em média, em relação aos níveis pré-industriais.
Além das menções aos combustíveis fósseis, o texto insta os países a “triplicar a capacidade de energia renovável a nível mundial e duplicar a média global da taxa anual de melhorias na eficiência energética até 2030”.
O documento não fala em eliminar totalmente, ou mesmo gradualmente, o uso dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás), como queriam alguns países e boa parte da sociedade civil presente à COP.
No entanto, é preciso lembrar que até esta conferência, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (um dos maiores produtores de petróleo do mundo), a expressão “combustíveis fósseis” jamais constou dos textos oficiais das COP – realizadas há mais de 30 anos.
Os combustíveis fósseis são os maiores responsáveis pelos gases de efeito estufa, que causam as mudanças climáticas. Apesar disso, propostas formais nas COPs para a transição energética para combustíveis mais limpos sempre sofreram oposição dos grandes países produtores de petróleo.
Antes da COP28, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o cartel que tenta controlar preços e a produção do produto, pediu que os seus membros vetassem qualquer menção a combustíveis fósseis no acordo final da cúpula.
O presidente da COP28, Sultan al-Jaber, saudou o acordo climático aprovado por quase 200 países nesta quarta-feira como um “pacote histórico” de medidas que oferece um “plano robusto” para manter a meta de 1,5ºC dentro do alcance.
Reações
Cientistas e representantes de diferentes países se posicionaram com relação ao texto aprovado.
O Ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, disse que “é a primeira vez que o mundo se une em torno de um texto tão claro sobre a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis. Foi o elefante na sala, finalmente abordamos isso de frente. Este é o resultado de muitas conversas e diplomacia intensa”.
A Noruega é uma grande produtora de petróleo e gás.
O vice-líder global de clima e energia do WWF, Stephen Cornelius, considerou que a versão é melhor do que a inicial, mas ainda não atingiu o ponto desejado. “Este projeto é uma melhoria extremamente necessária em relação à última versão, que causou indignação com razão. A linguagem sobre os combustíveis fósseis melhorou muito, mas ainda não chega a exigir a eliminação total do carvão, petróleo e gás”, disse.
Andrew Deutz, diretor de Política Global e Financiamento para a Conservação da ONG The Nature Conservancy, disse que trata-se “de um passo na direção certa, mas não o salto que o mundo precisa dar para chegar a um futuro com zero emissões líquidas até 2050. Não se enganem: incluir todos os combustíveis fósseis no texto final sinaliza que os governos estão mais abertos para lidar com o elefante na sala”.
“Há dois anos, em Glasgow, os negociadores tiveram dificuldade em chegar a um acordo sobre a eliminação gradual e ininterrupta da energia a carvão. Há três anos, não diziam nada sobre combustíveis fósseis. As nossas expectativas são muito mais elevadas este ano – mas o cenário atual da mudança do clima mostra que elas realmente precisam ser altas. Precisamos acabar com nosso vício em combustíveis fósseis”, afirmou o diretor.
Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa disse que “a linguagem do ‘transition away’ até 2050 em linha com a ciência vai forçar uma revisão nos planos de expansão da exploração de petróleo que existem em inúmeros países, incluindo o Brasil. E isso é muito bom”.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Etanol e derivados atraem interesse de europeus e asiáticos.
Maior economia do Brasil, São Paulo aposta no etanol e seus subprodutos para pavimentar o caminho da transição energética e está de olho em investimentos estrangeiros, sobretudo do Oriente Médio e da China, mas também da União Europeia, para financiar projetos no estado.
Em um 2024 com o Brasil no centro das atenções por causa da presidência do G20, São Paulo quer se apresentar como um dos maiores exportadores de etanol no mundo, que busca alternativas para limpar sua matriz energética.
"Somos o maior produtor de etanol no Brasil, com 40% a 45% do total, e queremos estimular essa produção para ter uma energia mais limpa", diz à ANSA Natália Resende, secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística.
"Já fomentamos mais de R$ 17 bilhões em projetos nessa parte de energia renovável, São Paulo está muito preparado para receber investimentos", reforça Resende, lembrando que o estado, assim como o Brasil, mira atingir a neutralidade em carbono até 2050.
Amplamente utilizado em automóveis, o etanol também pode gerar diversos subprodutos úteis para a transição energética, como hidrogênio verde, biogás, biometano e combustível sustentável de aviação (SAF).
"De maneira geral, há um espaço enorme para ser investido nessa área por empresas estrangeiras, sobretudo quando se fala de duas coisas: hidrogênio verde e SAF, algo que o mundo inteiro vai precisar. Estimamos que São Paulo vai exportar SAF para Europa e Estados Unidos, que não terão oferta suficiente para suprir essa demanda", afirma à ANSA Lucas Ferraz, secretário paulista de Negócios Internacionais.
Esse tema esteve no centro de sua recente missão na COP28, em Dubai, e em Abu Dhabi, onde a delegação de São Paulo buscou investidores potencialmente interessados no tema da transição energética, como o Mubadala, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos.
"A União Europeia e os Estados Unidos são fontes consolidadas e continuarão investindo no Brasil, mas estamos atrás de novas fontes, como o Oriente Médio e a Ásia de uma maneira geral. Atrair investimentos chineses para infraestrutura é uma prioridade", ressalta o secretário.
Mas isso não quer dizer que investidores já tradicionais não estejam de olho em oportunidades no campo energético. "Tem muita procura de países europeus, embaixadores pedindo agenda com o governo, tentando entender e prospectar projetos aqui em São Paulo", conta Resende.
Recentemente, o estado apresentou na Universidade de São Paulo (USP) uma estação experimental de abastecimento de veículos com hidrogênio verde produzido a partir do etanol. O desafio agora, segundo a secretária, é ganhar escala para dar "viabilidade econômica e financeira" a projetos desse tipo. "A gente tem lançado linhas de financiamento nao só para hidrogênio verde, mas também para hidrogênio de baixo carbono", diz.
O governo paulista também está de olho em recursos estrangeiros para seu plano de privatizações, com destaque para a da Sabesp, já autorizada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), e da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), além de projetos de infraestrutura, como o trem entre São Paulo e Campinas e a ligação seca Santos-Guarujá.
"Temos já qualificados projetos que totalizam cerca de R$ 40 bilhões em investimentos", ressalta Ferraz, que ainda pretende aproveitar o aniversário de 150 anos da imigração italiana no Brasil, celebrado em 2024, para estreitar as relações com o país europeu. "Nossa ideia é, trabalhando junto com o Consulado da Itália, desenhar políticas para nos aproximarmos ainda mais", garante.
Fonte e Imagem: Terra.
A Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados discute nesta terça-feira (12) os impactos socioambientais da instalação de linhas de transmissão de energia em território indígena na região Amazônica.
A audiência será realizada no plenário 12, a partir das 15 horas, a pedido do deputado Paulo Guedes (PT-MG).
Veja quem foi convidado para participar do debate.
"A Amazônia é uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta e possui uma rica diversidade cultural, abrigando diversas comunidades indígenas", afirma Guedes.
"A instalação de linhas de transmissão nessas áreas pode trazer consequências negativas tanto para o ecossistema quanto para os povos indígenas que habitam essas regiões", alerta.
Compensação financeira
O deputado lembra que, no Maranhão, uma associação indígena obteve uma decisão judicial obrigando a Eletronorte a pagar uma compensação financeira mensal pelos impactos suportados indevidamente pelos indígenas.
Guedes acredita que a audiência é uma oportunidade para "encontrar soluções sustentáveis que respeitem os direitos dos povos tradicionais, preservem a biodiversidade e assegurem o desenvolvimento energético de forma responsável".
Fonte e Imagem: Agência Câmara de Notícias.
A sociedade é penalizada pelo elevado custo de aquisição da energia pelas empresas e pela pesada conta de luz paga pelas famílias.
Lucien Belmont, da União pela Energia, afirmou que, apesar de o Brasil gerar energia barata, a sociedade é penalizada duplamente: tanto pelo elevado custo de aquisição da energia pelas empresas, o que eleva o preço de seus produtos para o consumidor; quanto pela pesada conta de luz paga pelas famílias. Tudo isso se deve aos subsídios inexplicáveis e às políticas ineficientes vigentes no setor. O PL 11.247/18, de iniciativa do Senado e que acaba de ser aprovado na Câmara, acirrará sobremaneira estas irracionalidades, caso a Casa originadora não volte ao texto original. Em 2024, as tarifas estaduais podem aumentar em até 15%, acima da inflação prevista de 3,9%. Oxalá o nosso Conselho Federativo escute seus eleitores.
O PL 11.247 cria o marco legal das usinas eólicas offshore (em alto-mar). Hoje, há mais de 100 pedidos de instalação aguardando aprovação no IBAMA, que agregariam 180 GW em 10 anos à matriz do país. O tema é controverso por ao menos quatro razões. A primeira, porque há espaço de geração eólica onshore, que é mais barata do que a offshore. A segunda, porque há excesso de oferta no sistema, com os reservatórios alcançando volumes históricos. A terceira, porque 90% da geração de eletricidade no país provém de fontes renováveis: energia hidrelétrica (62%), eólica (12%), biomassa (8%) e solar (4,4%), tornando menos necessária a geração eólica offshore (diferentemente de países que têm matrizes “sujas”). A quarta, porque é uma alternativa tecnológica em severa crise global, com custos majorados em 40% desde 2019, por conta da inflação e dos juros mais elevados, tornando projetos inviáveis, especialmente os que não receberam subsídios para arcar com esses custos adicionais ou aqueles que, por causa de contratos feitos, não podem repassar estas despesas extras aos preços.
Conquanto dita matéria não seja consenso entre os especialistas sobre a sua pertinência e/ou urgência no Brasil e ainda que a crise internacional setorial não tenha afetado o Brasil (ainda que possa adiar projetos de empresas que aguardam as normas sobre leilão de cessão de uso de áreas no mar); o que causa maior preocupação é o comportamento dos deputados na votação na Câmara. O PL foi aprovado por 403 votos, com apenas 16 votos contra. A maioria tão expressiva se explica pelo fato de que ele acabou sendo um repositório de concessões a inúmeros pleitos difusos, acatados sem a devida transparência. Foram diversos jabutis, quase todos pinçados de 179 PLs e apensados ao PL11.247. Não houve discussão prévia. Se aceitos, essas emendas trarão mudanças no status quo legal e regulatório em temáticas que nada têm a ver com o objetivo do PL original (regular eólicas offshore), redundando em incertezas, ineficiências, custos desnecessários e irracionalidades jurídicas e econômicas para todo o setor de energia elétrica.
Se aprovados, os novos subsídios e as novas reservas de mercado resultarão em custo estimado em até R$ 40 bi por ano até 2050, cerca de 10% do custo atual total da geração de energia elétrica, que é de R$ 350 bi. Fatalmente estes dispêndios serão repassados à conta de luz do cidadão, que nem tem ideia de quantos encargos e tributos ele paga em sua tarifa mensal, como, por exemplo, a Conta de Desenvolvimento Energético, que aumentou de R$ 16 bi em 2017 para R$ 37 bi em 2024 e deve subir para R$ 42 bi em 2025. Igualmente, serão afetados os que têm seu próprio negócio em casa, para os quais a energia elétrica é um custo importante. É brincar de Robin Hood às avessas. Difícil de acreditar. Especialmente quando se trata de um país em desenvolvimento, que apresenta grave desigualdade de renda e onde 70% dos trabalhadores ganham até dois salários-mínimos.
Dentre os jabutis2, há um que merece destaque: a prorrogação de contração, de 2028 para 2050, de térmicas a carvão, com custo de R$ 5 bi/ano, a despeito de ser uma das fontes mais poluentes e geradora de gases de efeito estufa. É uma medida que coloca o Brasil na contramão da política de transição energética para fontes limpas e da descarbonização, e que expõe o país a uma situação pouco estratégica, por ser um caminho desnecessário, dadas as opções renováveis disponíveis.
Ao invés de perquirir por soluções que busquem a diminuir o custo-Brasil, de focar na satisfação do consumidor, de trazer ao debate novas políticas com fundamentação técnica, de introduzir ações públicas que imprimam maior competitividade, de apresentar estudos com transparência e de desenhar incentivos econômicos que atraiam mais investimentos privados, esses 403 deputados (quase 80%!) optaram por agradar poucos brasileiros e seus interesses particularistas. Como a literatura aponta, instituições fortes promovem crescimento econômico. Estabilidade regulatória, segurança jurídica, reguladores não capturados, legislativo representativo da maioria e livre concorrência são antídotos contra o populismo e remédios que fomentam o desenvolvimento. Todos estes requisitos, contudo, foram desconsiderados naquela deliberação.
Não por menos, a Abrace Energia (Associação dos grandes consumidores de energia), a Frente Nacional dos Consumidores de Energia, o grupo União pela Energia, a EPBR, especialistas do setor e jornalistas têm alertado acerca dos problemas técnicos, econômicos e jurídicos deste PL. Mais ainda. Quinze especialistas se manifestaram contrariamente às emendas inseridas na proposição. O Brasil, dizem eles, não precisa de subsídios para a expansão de sua matriz elétrica, pois tem potencial de gerar energia por múltiplas fontes: solar, eólica, hidráulica, biomassa, gás natural, nuclear etc., todas competitivas por seus próprios atributos.
A frase “no Brasil até o passado é incerto” – de autoria do ex-ministro Pedro Malan ou do ex-presidente do BCB Gustavo Loyola – se consolidou como um triste retrato do que ocorre no país. Afinal, é comum regras serem alteradas à revelia de análises técnicas, destruindo a tão necessária previsibilidade legal, econômica e financeira. E, pior, afetando situações já assentadas no passado.
O Brasil tem a maior reserva de água doce do mundo e potencial em oferecer energia limpa, segura, barata e diversificada, tornando o país em uma das maiores referências no setor de energia. Essa é, aliás, uma importante agenda para ajudar a reverter a desindustrialização no país. O PL11.247 deveria, destarte, se limitar ao tema proposto originalmente: regulamentar a geração de energia eólica offshore, abandonando todas as emendas que encarecem o uso da energia elétrica pelo brasileiro, que precisa da proteção do Estado sobre seus direitos difusos para não sofrer abuso de poder econômico, legal ou de lobby. Isso só pode ocorrer pela via da boa regulação ou por políticas públicas bem desenhadas; tudo liderado por um legislativo republicano.
Senadores: fiquem atentos. A sociedade está em alerta máximo. Acalentar lobbies vai de encontro ao bem-estar de 156,4 milhões de eleitores e na direção da perda de voto. Queremos um Brasil de energia e conta baratas. Não é pedir muito, né?
Fonte e Imagem: Exame.
Processo de implementação de usinas ignora impactos a populações tradicionais e à biodiversidade.
Lideranças políticas globais presentes na COP28 correm contra o tempo para chegar a um acordo de diminuição das emissões de CO2 e a eliminação, ainda que gradual, da dependência de combustíveis fósseis. Na lista de soluções para cumprir esses objetivos, está o uso das chamadas energias renováveis, como a solar e a eólica.
No entanto, os debates na conferência global têm deixado de lado um aspecto importante dessa transição, o impacto desses empreendimentos no cotidiano de centenas de comunidades. No Brasil, essas consequências já são realidade, segundo a especialista em Ciência Ambientais, Soraya Tupinambá, que atua no Instituto Terramar e na Rede Brasileira de Justiça Ambiental.
“A primeira coisa que é preciso desmistificar é que a questão da transição energética tem sido tratada como se a gente olhasse a realidade por uma luneta e visse, ao final dessa luneta, somente a emissão de CO2. Mas, fora do campo da luneta, nós temos pobreza energética, nós temos a questão da insegurança hídrica, escassez de água, fome no mundo, uma série de outros temas que estão fora do campo visual dessa chamada transição.”
Ela conversou com a equipe do Brasil de Fato que está em Dubai acompanhando a COP28. Na entrevista, a especialista relaciona as consequências de uma transição que, nas palavras dela, está mais para transação e segue a lógica do lucro, acima da real busca por sustentabilidade.
“Não somos contra as renováveis, mas assim não. Desconsiderando as populações, sem olhar para a pobreza energética, sem considerar as populações como necessárias beneficiárias da expansão de energia no nosso país. Nós estamos vendo a expansão das eólicas, mas não vimos as contas reduzirem um centavo. Muito pelo contrário. As contas encarecem porque os subsídios que são dados a essas empresas são pagos pelos usuários do sistema energético. Nós temos uma das contas mais caras do mundo e isso não é justiça.”
Confira a entrevista na íntegra a seguir, ou ouça no tocador de áudio abaixo do título desta matéria:
Brasil de Fato: As soluções apresentadas como sustentáveis para substituir o uso de combustível fóssil na geração de energia são realmente sustentáveis? Como tem sido a aplicação na prática?
Soraya Tupinambá: Temos que observar o momento que vivemos. Temos escutado na COP28, sobretudo na fala da Agência Internacional de Energia, a Irena, o que é preciso para atender as metas que estão estabelecidas, é necessário triplicar a geração de energia renovável e é preciso abandonar as fósseis. Esse é um baita desafio e coloca a questão em um outro patamar.
A primeira coisa que é preciso desmistificar é que a questão da transição energética tem sido tratada como se a gente olhasse a realidade por uma luneta e visse ao final dessa luneta somente a emissão de CO2. Mas, fora do campo da luneta, nós temos pobreza energética, nós temos a questão da insegurança hídrica, escassez de água, fome no mundo, uma série de outros temas que estão fora do campo visual dessa chamada transição.
Ou seja, há uma absolutização da emissão de CO2 para o estabelecimento do que chamam de energia limpa. Nesse sentido, ela não tem sido limpa e posso explicar o porquê. Ela tem impactado territórios. Nós temos mais de mil usinas e eu vou chamar usina, porque acho que é importante fugirmos de um glossário que procura enverdecer aquilo que é uma indústria e que agora entra em uma escala de tamanhos, dimensões e impactos multiplicados.
É preciso tratar como ela é, uma indústria que tem forte presença de multinacionais e que chega ao Brasil marcada pela dependência tecnológica. Por exemplo, a indústria eólica coloca que nacionalizou 80% das eólicas. Mas os componentes nacionalizados são os que mais demandam matéria-prima, como aço e madeira. Onde tem a inteligência e o valor agregado, isso continua na mão dessas empresas.
Os impactos são enormes, São mais de 10 mil aerogeradores nessas mais de mil usinas. É importante também superarmos uma leitura que vê impactos locais, como se esses impactos se resumissem às comunidades e não é bem assim. O que tem sido impactado são ecossistemas críticos fundamentais.
Por exemplo, campos de dunas no Nordeste brasileiro. Abaixo deles existem grandes reservatórios de água doce e eles são estratégicos para uma região que está praticamente, na sua inteireza, localizada no semiárido e que, pelas próprias mudanças climáticas, vão lidar com a escassez de água. Esses reservatórios acabam sendo comprometidos porque os campos de duna são terraplanados, são eliminados, são compactados para a construção de estradas e para a construção das usinas.
Nós temos impacto sobre áreas produtivas. As mulheres da Borborema (CE) têm feito passeatas anuais no 8 de março, denunciando a destruição dos seus territórios de agricultura. Essa é uma região produtora de alimentos e é isso que não estamos olhando. Essa produção de alimentos vai repercutir sobre os centros urbanos no Ceará.
Agora, já existe a previsão de 43 usinas para a região da Serra da Ibiapaba. Essas usinas estão sempre se localizando na costa ou em zonas de altitude, como as serras, para poder pegar os melhores ventos e proporcionar maiores taxas de lucro, maior capacidade de geração de energia elétrica. Ou seja, é um negócio.
As populações têm sido ouvidas neste processo?
Não. As populações não têm sido ouvidas nos seus territórios quando se dá a instalação. Nós temos um mecanismo que foi estabelecido pela Organização Internacional do Trabalho, a convenção 169, que fala do direito dos povos tribais e comunidades tradicionais. É o campesinato que tem sido atingido. São comunidades de fundo e fecho de pasto na Bahia, os povos do mar de todo o Nordeste brasileiro.
Há destruição de campos de dunas, problemas de saúde, porque as eólicas produzem um som que interage com os ventos e torna insuportável o sono. Pessoas deixam de dormir, se tornam dependentes de remédios, adquirem problemas de saúde mental, depressão, entre outras questões.
Ainda tem contratos de arrendamento, que são profundamente injustos. Eles têm cláusulas abusivas, como a renovação automática. Passado o tempo de vida útil dessas estruturas, que é mais ou menos 25 anos, a renovação é automática. Caso a família não aceite, ela terá que pagar multas de milhões. Não tendo como pagar, é quase uma transferência compulsória do controle das terras para as empresas.
Isso está acontecendo em larga escala no Nordeste brasileiro. É completamente injusto. Do valor é deduzida a regularização da terra, porque muitos são posseiros, não são donos. Então, a empresa paga o processo de regularização e deduz das parcelas.
Existem questões também em relação a instalação dessas usinas em alto mar?
Exatamente. Estamos ingressando em uma nova fase. As eólicas tinham de 80 a 85 metros. Agora, mesmo em terra, vão para mais de 100 metros. Isso implica em um impacto territorial, impacto no som, efeito de sombra. Há um efeito que se assemelha a uma boate, com luz e sombra a cada quatro segundos. Isso para os animais é estressante.
Tivemos a oportunidade de ir ao Chile e ver que a produção de leite caiu por conta desse efeito estroboscópico. Vimos também coisas que ainda não vemos no Brasil, mas que precisamos ter atenção. As abelhas perdem a orientação, não conseguem voltar para suas colmeias, as abelhas rainha morreram de fome, esperando as operárias voltarem. Elas não só não voltaram, como foram encontradas longe das colmeias. São animais que têm a ver com a produção de alimentos.
Isso também tem um efeito sobre a saúde das pessoas. Para autistas, esse efeito de sombra é péssimo e chega a provocar depressão nas famílias. Vimos muito isso no Chile, onde as Torres estão muito próximas da casa e isso também acontece no agreste pernambucano. Na Borborema e na Ibiapaba (CE) há impacto sobre a produção de alimentos, também no Ceará há esse efeito de sombra e luz e esses efeitos sobre a saúde da população no mar.
Nessa nova fase, como eu disse no início da entrevista, há uma previsão de triplicar a produção de energia renovável. Isso implica em grandes estruturas. Por isso vão para o mar, porque a produção é grandiosa, não tem nenhum tipo de resistência, a velocidade dos ventos é maior e são megaestruturas. Para termos ideia, as torres têm quase 400 metros e não são transportáveis por via rodoviária, somente pela mesma infraestrutura de gás e petróleo das plataformas. O que vai estar em jogo é muita coisa.
Isso implica em um consumo muito grande das áreas costeiras. Uma só empresa demandou 300 hectares no Porto do Pecém para albergar a suas torres. Hoje, no Brasil, há pedidos de 90 parques de usinas mega eólicas no mar. A maioria delas pertencem a petroleiras, as mesmas empresas que nos trouxeram até a tragédia das emergências climáticas que nós vivemos hoje e que estão aí, nos corpos dos brasileiros, nos corpos amazônicos, que vivem a seca, nos corpos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, que vivem as enchentes, os tufões, os ciclones.
Essas mesmas empresas, no afã de continuar obtendo os seus lucros, ficam com um olho no gato e o outro no peixe. Pretendem expandir as fósseis, como estamos vendo aqui na COP a OPEP dizendo aos seus associados para que não falem e não tratem da eliminação dos combustíveis fósseis, ou seja, da sua eliminação gradual ou imediata. Nessa perspectiva do lucro, as grandes petroleiras começam a investir (em renováveis).
É mais uma perspectiva corporativa do que uma preocupação com o destino da humanidade e enfrentamento às mudanças climáticas. Trata-se, muito mais, de uma transição corporativa, portanto uma transação energética, do que uma transição com vistas a garantir a sustentabilidade planetária da vida humana e dos outros seres que nos cercam e que compartilham a vida nesse planeta.
Como estão as discussões sobre os diálogos com as comunidades e os impactos na biodiversidade dessa nova geração de energia aqui na COP?
O meio corporativo e empresarial vive uma transição discursiva. Primeiro que o Brasil sempre foi renovável. Nossa matriz elétrica, desde o seu surgimento, é renovável, a partir das hidrelétricas. O que nós temos hoje é uma substituição de hidrelétricas, que vivem cada vez mais a escassez e as crises hídricas, por eólicas, numa perspectiva de segurança energética, não de transição energética.
Nós não estamos abandonando as fósseis - porque isso sim seria uma transição energética, aumentar as renováveis não convencionais, como eólica e solar, ao tempo em que reduzimos as fósseis - não é isso. Vimos que aqui na COP o presidente Lula tanto ingressou na OPEP Plus, como veio defender a expansão das renováveis. Então, essa tem sido a tônica do governo, uma estratégia contraditória.
Nós não somos contra as renováveis, mas assim não. Desconsiderando as populações, sem olhar para a pobreza energética, sem considerar as populações como necessárias beneficiárias da expansão de energia no nosso país. Nós estamos vendo a expansão das eólicas, mas não vimos as contas reduzirem um centavo. Muito pelo contrário. As contas encarecem porque os subsídios que são dados a essas empresas são pagos pelos usuários do sistema energético. Nós temos uma das contas mais caras do mundo e isso não é justiça.
É preciso falar também do racismo ambiental. Porque essas populações que estão sendo impactadas não são populações brancas dos centros urbanos, das classes privilegiadas. São populações tradicionais de pescadores, povos do mar, ribeirinhos, agricultores, sertanejos. Nada mais é do que a expressão do racismo estrutural, que destina às comunidades os impactos desse modelo de desenvolvimento que privilegia o lucro com um discurso esverdeado.
Além disso, no mar teremos as primeiras eólicas nos mares tropicais. Qual é a gravidade disso? Nós não temos noção dos impactos que vão se manifestar. Nossos mares são diferentes dos mares temperados da Europa, onde eles se instalaram primeiro. Lá não tem pesca artesanal, não tem frota artesanal. Pela legislação Internacional, cada aerogerador tem uma área de exclusão, ou seja, não pode passar nenhuma embarcação a 500 metros. Está prevista a ocupação do mar do Ceará e do Rio Grande do Norte. Como os pescadores vão passar?
Outra coisa, para reduzir custos, essas eólicas estão muito próximas da costa, totalmente fora do padrão internacional, que é cerca de 20 quilômetros. As que estão localizadas no Brasil estão a 3 quilômetros, praticamente na costa. O impacto é muito maior. Impacta a paisagem, o turismo, que tem tudo a ver com paisagens.
Como é que você vai para Jericoacoara para ver um paliteiro no mar? Ou então para a Canoa Quebrada, ou todas as praias paradisíacas do Ceará, de Pernambuco, do Rio Grande do Norte para ver esse efeito paliteiro no mar que é desenhado pelas usinas sobrepostas umas sobre as outras numa quantidade absurda?
Estamos em uma época em que todos os seres têm que ser considerados nessa teia da vida que a gente tem que afirmar. Eólica sim, mas assim não. Não com essa injustiça, não com essa desigualdade. Eu deixo esse alerta e esse convite, para olharmos mais para o mar e para os ovos do mar, para os povos tradicionais. Temos que desmistificar essa grande mentira que é esse discurso falso verde, das falsas soluções apresentadas pela transação energética de uma transição corporativa injusta e racista.
Fonte e Imagem: Bdf.
Licitações são para áreas de petróleo e gás, energia e portos; só em linhas de transmissão, a expectativa é contratar R$ 21,7 bi em investimentos.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizará nesta semana 4 grandes leilões de infraestrutura. São projetos e áreas nos setores de portos, energia elétrica e de petróleo e gás natural, sendo 2 neste último: um no modelo de concessão e outro no regime de partilha, dedicado a blocos do pré-sal.
No setor de energia elétrica, o novo leilão de linhas de transmissão promete ser o maior da história em volume de investimentos a ser contratado: R$ 21,7 bilhões, caso todos os 3 lotes sejam arrematados.
Com exceção da oferta de concessão de blocos exploratórios de petróleo, os demais não são leilões que resultam em arrecadação para o caixa do governo. Os 2 leilões de áreas de exploração de petróleo, além da licitação de terminais portuários, serão realizados na 4ª feira (13.dez.2023). Já a concorrência na área de energia será na 6ª (15.dez).
PETRÓLEO
No setor de óleo e gás, serão realizados os novos ciclos da chamada Oferta Permanente, modelo adotado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) desde 2021 depois do fracasso da 17ª Rodada de Licitações –em que só 5 de 92 blocos ofertados foram arrematados.
Como o nome diz, todas as áreas possíveis para exploração de petróleo no país ficam permanentemente em oferta. As empresas, assim, podem checar dados técnicos sobre cada bloco sem prazos definidos por edital. A medida em que as companhias demonstram interesse e apresentam garantias de oferta, é feita a sessão pública (leilão) do ciclo.
No caso das áreas em que vigora o regime de concessão, este será o 4º ciclo. Ele inclui a área com acumulação marginal (campo inativo) de Japiim e 33 setores com blocos exploratórios no pós-sal e em terra, localizados em 9 bacias: Amazonas, Espírito Santo, Paraná, Pelotas, Potiguar, Recôncavo, Santos, Sergipe-Alagoas e Tucano.
Ao todo, 21 empresas apresentaram declarações de interesse e garantias de oferta para esses setores.
Já no leilão da Oferta Permanente pelo regime de partilha, que está no seu 2º ciclo, serão ofertados 5 blocos exploratórios localizados no polígono do pré-sal. São eles: Cruzeiro do Sul, Esmeralda, Jade, Tupinambá (Bacia de Santos) e Turmalina (Bacia de Campos). Para o modelo, 6 empresas estão qualificadas e, portanto, aptas a apresentar ofertas no dia da sessão pública. A lista é formada por multinacionais do setor. São elas:
BP Energy; Chevron; QatarEnergy; Petronas; Shell e TotalEnergies.
PORTOS
Na área portuária, a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) leiloa 5 terminais em 4 portos públicos do Brasil: Maceió (AL), Rio Grande (RS), Vila do Conde (PA) e Porto Alegre (RS). A expectativa é contratar R$ 65,2 milhões em investimentos para ampliação e modernização das estruturas do tipo brownfield (empreendimentos já existentes).
Na maioria dos casos, os arrendamentos são para o prazo de 10 anos. Leia a lista dos projetos:
RIG71 – terminal de granéis sólidos vegetais (exceto soja) no Porto de Rio Grande (RS);
POA02 – terminal dedicado à navegação interior, armazenamento e cabotagem via hidrovia em Porto Alegre (RS);
POA11 – terminal de granéis sólidos vegetais ou minerais em Porto Alegre (RS);
VDC04 – terminal de granéis sólidos minerais, em especial manganês e fertilizantes, no Porto de Vila do Conde (PA);
MAC15 – terminal de granéis sólidos minerais, sobretudo sal, no Porto de Maceió (AL).
Todos os terminais serão leiloados na forma de arrendamento simplificado. Nessa modalidade, os projetos dispensam realização de audiência pública e também são desobrigados da análise de mérito pelo TCU (Tribunal de Contas da União), em razão do pequeno porte e do reduzido risco apresentado.
Vence quem ofertar o maior valor de outorga, que vai para as Companhias Docas (autoridade portuária).
ENERGIA
Na área de energia, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) realizará o 2º leilão de transmissão do ano. Serão ofertados 3 lotes que, segundo a entidade, formam o maior conjunto de empreendimentos de transmissão já licitado.
A expectativa é de R$ 21,7 bilhões em investimentos nos projetos de construção e manutenção de 4.471 km em linhas de transmissão, das quais 3.007 km são novas, e de 9.840 MW (megawatts) em capacidade de conversão nas subestações. A previsão é criar 36.000 empregos com a execução dos projetos.
Os lotes envolvem a construção de 9 empreendimentos em 5 Estados. São eles:
lote 1 – 1.513 km de linhas no Maranhão, Tocantins e Goiás;
lote 2 – 1.102 km de linhas em Goiás, Minas Gerais e São Paulo;
lote 3 – 388 km de linhas em São Paulo.
O lote 1 é o maior já ofertado. É dividido em 4 sublotes, incluindo a construção de 1.513 km de linhas de transmissão em corrente contínua e manutenção de outros 1.468 km. Só o empreendimento deve receber um investimento de R$ 18,1 bilhões –83% do previsto em todo o leilão. Por conta da complexidade, o projeto tem prazo de conclusão de 72 meses, mais longo que os habituais 60 meses.
O edital aprovado estabelece que se o lote 1 não tiver interessados, o 2 não será leiloado, uma vez que os empreendimentos estão relacionados e se conectam no município de Silvânia (GO). Este lote deve demandar R$ 2,5 bilhões em investimentos. Já o empreendimento 3 está orçado em R$ 1bilhão.
Os empreendimentos listados terão como função ampliar a capacidade da interligação entre as regiões Nordeste e Centro-Oeste para escoamento de excedentes de energia do Nordeste (caso do lote 1) e expansão das interligações regionais e da capacidade de escoamento de energia da região Norte/Nordeste, com vários projetos de geração solar e eólica.
Fonte e Imagem: Poder 360.
O Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), proposta que engloba subsídios para projetos relacionados, entre outros temas, para a expansão da produção e transmissão de energia solar fotovoltaica, eólica, biomassa e outras renováveis - como o etanol de segunda geração (E2G), bioquerosene de aviação, biodiesel, biometanol e hidrogênio verde -, está em “vias de aprovação”, segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Em discurso durante evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a economia de baixo carbono, em Dubai, o parlamentar destacou que a casa está “empenhada” na aprovação de projetos da chamada “pauta verde”.
“No cenário global contemporâneo, estarão na dianteira aqueles que estejam verdadeiramente prontos para os desafios desse novo tipo de desenvolvimento, em que se terá de conjugar o cumprimento de metas de descarbonização, a transição energética, a redução de emissões e o manejo sustentável dos recursos naturais”, afirmou o presidente da Câmara.
Paten
A iniciativa está em análise na Câmara de Deputados e pretende competir com os subsídios criados pelos Estados Unidos e pela União Europeia, por meio do Inflation Reduction Act (IRA) e do RePowerEu, respectivamente, para acelerar a implementação de seus projetos de transição energética.
Segundo o autor da proposta, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), o Paten possibilitará o uso de créditos tributários dos contribuintes para a expansão da infraestrutura e da pesquisa voltadas ao desenvolvimento sustentável, por meio da criação de dois instrumentos. Cerca de R$ 3,5 trilhões - 35% do PIB brasileiro de 2022 - em créditos tributários da União e dos contribuintes poderiam ser destinados ao programa.
Outras propostas
Lira também aproveitou para falar sobre outras duas propostas que devem ser aprovadas em breve: a regulamentação do mercado de créditos de carbono e o texto que ratifica práticas sustentáveis para a produção e destinação do lítio.
Apesar da fala de Lira, os projetos de lei não estão, até o momento, nas pautas das sessões deliberativas da Casa, que entra em recesso em 23 de dezembro de 2023 e retorna em 1° de fevereiro de 2024.
Fonte e Imagem: Megawhat.
O mega leilão de transmissão de energia do Brasil marcado para a próxima semana deve destoar dos últimos certames e atrair uma quantidade restrita de concorrentes, limitando a disputa a um pequeno grupo de empresas e investidores com fôlego financeiro e expertise tecnológica, avaliam especialistas e executivos.
A chinesa State Grid e a Eletrobras têm sido apontadas por pessoas que acompanham o leilão como as favoritas para a disputar o principal lote oferecido, um bipolo que sozinho demandará 18 bilhões de reais em investimentos.
As duas companhias estão entre as poucas que operam linhas no Brasil em corrente contínua em alta tensão (HVDC, na sigla em inglês), tecnologia exigida para o bipolo, e têm capacidade financeira para fazer frente aos elevados aportes demandados pelo projeto.
Procurada, a State Grid afirmou que "está sempre atenta às oportunidades de empreendimentos no setor de transmissão de energia", mas que não comenta ações específicas relacionadas a leilões, planos estratégicos e investimentos.
á no caso da Eletrobras, a administração já comentou publicamente sobre a intenção de participar do leilão deste mês e tem reiterado os planos da companhia em crescer na área.
A Eletrobras, maior elétrica da América Latina, foi bastante ativa no certame de junho, fazendo ofertas para todos os lotes --embora só tenha arrematado um--, e tem na transmissão um importante vetor de crescimento para investimentos estimados de até 80 bilhões de reais até 2027.
José Roberto Oliva Junior, sócio do Pinheiro Neto Advogados, lembrou ainda que vários fundos de investimentos têm se associado a operadores do setor elétrico para entrar no segmento de transmissão, um tipo de arranjo que também poderá ser visto nesse leilão.
"Tirando os chineses, acho que nenhuma empresa teria condições de arcar com esse lote sozinha", disse.
Ele avaliou ainda que, embora a Aneel tenha subdividido o bipolo em quatro sublotes para permitir que as empresas possam concorrer não só pelo projeto inteiro, mas também partes dele, a tendência é que os lances sejam mais competitivos pelo lote todo, devido a ganhos de escala.
O leilão marcado para 15 de dezembro será o maior já realizado no Brasil em volume de investimentos, com 21,7 bilhões de reais previstos a implantação dos projetos. Além do bipolo, serão oferecidos mais dois lotes, somando ao todo 4,47 mil quilômetros de linhas e subestações com capacidade de transformação de 9.840 MVA.
OUTRA TENDÊNCIA
A complexidade e especificidades dos lotes devem fazer com que esse certame quebre a tendência de elevado número de participantes nas disputas da transmissão, que nos últimos cinco anos registraram uma média de pelo menos seis proponentes para cada lote, segundo levantamento da agência reguladora Aneel.
Já anunciaram publicamente que ficarão de fora do leilão de dezembro as transmissoras ISA Cteep, que foi grande vencedora do primeiro certame do ano e está concentrada nos novos projetos de sua carteira, e a Taesa, que disse estar focada na licitação prevista para março de 2024.
Outras elétricas que costumam olhar os leilões, como Engie Brasil e Copel, também disseram que não pretendem participar, embora mantenham seus planos de crescimento na área e devam avaliar os lotes do próximo leilão.
Entre as empresas que comentaram recentemente ainda analisar a participação em dezembro, estão a Alupar e a Energisa. Uma fonte lembrou porém que, no caso da Energisa, a empresa está atrás de sócios para vender ativos de transmissão, o que pode indicar menor foco na aquisição de novos projetos no momento.
Ana Calil e Leonardo Miranda, sócios da área de Infraestrutura e Energia da TozziniFreire Advogados, disseram que não apostam em novos entrantes ou mesmo na participação de empresas não tradicionais do setor de energia que costumam aparecer nos certames, como construtoras.
"Dado o tamanho do Capex e da necessidade de preparação prévia e contratação de equipamentos... para esse (leilão) vai ser mais difícil esse cenário... e A Aneel vai ter uma avaliação bem criteriosa com quem desejar entrar nesse mercado agora", disse Calil, lembrando que o regulador aprimorou as regras do edital após ter problemas com um vencedor do último leilão.
CARACTERÍSTICAS DOS LOTES
O segundo leilão de transmissão deste ano faz parte de uma série de certames planejados pelo governo para aumentar a capacidade de escoamento de energia renovável gerada no Nordeste para os centros de carga do Sul e Sudeste.
O bipolo em corrente contínua envolve 1.513 quilômetros de linhas atravessando os Estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. Ele se conectará com mais 1.102 quilômetros de linhas do lote 2, que vai de Goiás a São Paulo. Já o lote 3 prevê 338 quilômetros de linhas da fronteira de Minas Gerais até Campinas (SP).
Renata Maciel, gerente comercial da consultoria em gestão ambiental Ambientare, aponta que os projetos não oferecem grande impacto ambiental.
"O traçado proposto pela Aneel é bastante otimizado em relação a impactos ambientais, não atravessa comunidade tradicional, unidade de conservação nem centros urbanos... Já teve um trabalho pretérito bem forte para evitar isso", disse.
Para ela, o ponto mais crítico é o social, já que haverá um pico de obras que tende a afetar as regiões por onde os projetos passam. Pelas estimativas da Aneel, serão gerados aproximadamente 37.000 empregos durante a construção dos empreendimentos.
Fonte e Imagem: UOL Notícias.
Especialistas afirmam que indústria pode se beneficiar da cadeia do hidrogênio limpo se não mirar apenas a exportação.
Com mais de 80% da eletricidade oriunda de usinas hidrelétricas, solares e eólicas, o Brasil desponta como potencial líder no avanço do hidrogênio verde - a energia renovável responde por 70% do custo de produção do H2V. Para alguns especialistas, o combustível pode dar uma dupla vantagem ao país. Por um lado, projetos de hidrogênio verde podem reduzir a sobreoferta de energia; por outro, têm o potencial de incentivar a neoindustrialização rumo a uma economia de baixo carbono.
Projeções destacadas na publicação “Hidrogênio de baixo carbono”, da FGV Energia, apontam que até 2050 a fatia do hidrogênio (H2) na matriz global poderá crescer de 2% para 5% (mais conservadora) a até 22% (mais otimista), com a ampliação sendo dominada pelo hidrogênio de baixo carbono, popularmente chamado de verde.
“O Brasil vai se beneficiar do hidrogênio verde; as questões são quando e como. A neoindustrialização verde depende de o país desenvolver a nova cadeia produtiva do hidrogênio e não se limitar a exportar energia em forma de molécula”, diz o presidente da Câmara Brasil-Alemanha e da thyssenkrupp, Paulo Alvarenga. “Há uma janela de oportunidade que se abre”, afirma a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), Elbia Ganooum.
Agentes do setor apontam que o fortalecimento da indústria verde pode contribuir para elevar a renda per capita do Nordeste - o mais promissor local para produção. O porto de Pecém (CE), que tem o porto de Roterdã (Holanda) como acionista, foi eleito pela União Europeia em 2022 o principal hub de importação de H2V pelo bloco. Um dos projetos mais avançados é o da mineradora australiana Fortescue, que pode investir US$ 5 bilhões em projeto do gás.
A indústria siderúrgica também observa o energético como forma de reduzir a pegada ambiental. Cerca de 70% do aço produzido no mundo usa o coque, cuja queima gera gás carbônico. A produção com hidrogênio, por sua vez, gera água; o oxigênio da molécula do minério de ferro combina-se com o gás num forno elétrico e vira vapor, com emissão residual de carbono. No ano passado, a ArcelorMittal anunciou a aquisição da Companhia Siderúrgica do Pecém por US$ 2,2 bilhões. Além de ampliar sua produção no Brasil, a aquisição teve na energia um de seus pilares, com a intenção de capitalizar investimentos de terceiros para formar um hub de eletricidade limpa e de H2V em Pecém.
Se o mercado externo é um ponto forte, o interno também desponta: o país deverá se tornar o maior fornecedor de grãos e carnes nas próximas décadas, mas importa mais de 80% de seus fertilizantes. O país, quarto maior consumidor de fertilizantes nitrogenados, se tornou um grande importador de amônia e fertilizantes.
Um estudo da FGV Energia destaca que o polo industrial de Camaçari (BA) tem características para se tornar o primeiro hub de hidrogênio operacional do Brasil. “Isso se deve à capacidade de destinar o uso do hidrogênio para o mercado interno - composto por diversas empresas da cadeia de valor do hidrogênio -, com destaque para a Unigel, e, por estar associado ao porto de Aratu, vislumbrar o mercado externo para o médio e longo prazo”, afirmam os pesquisadores Felipe Gonçalves, Frederico Freitas de Carvalho, João Henrique Paulino de Azevedo e Vinicius Botelho Pimenta Cantarino.
A Unigel está desenvolvendo na Bahia o primeiro projeto de H2V produzido a partir da eletrólise em escala industrial do Brasil, para produção de amônia verde. O estudo também enfatiza que o porto do Açu (RJ) tem se esforçado para a formação
de um hub capaz de atrair indústrias siderúrgicas e a produção de amônia fertilizantes por meio de uma grande oferta de hidrogênio de baixo carbono.
O desafio de revitalizar a indústria brasileira convive com outro: o de não onerar as tarifas de energia elétrica. Propostas de lei em discussão no Congresso têm como alternativas descontos dos projetos à conexão de transmissão e uso da figura do autoprodutor de energia para geração de H2V, que ficaria, por exemplo, imune a encargos. Estudo da Volt Robotics, por outro lado, aponta que subsídios poderiam encarecer esses encargos. Para 2025, a consultoria estima que a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) poderá chegar a históricos R$ 40 bilhões, volume que poderia aumentar com subsídios para hidrogênio verde que estão sendo debatidos nesse momento.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Brasil reúne condições para se tornar um dos líderes na produção de hidrogênio de baixo carbono explorando diferentes rotas para obtenção do gás, apontado por especialistas como o combustível do futuro.
Enquanto o mundo busca alternativas para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, o Brasil desponta como um dos potenciais líderes na produção de hidrogênio de baixo carbono, o hidrogênio verde. Apontado como o combustível do futuro, o gás pode ser insumo para descarbonização da siderurgia e da petroquímica, e ainda mover o transporte de cargas num futuro não tão distante. Por meio de novas rotas de produção, sua obtenção tem pegada de carbono nula e seu uso não gera poluição.
O país tem potencial para produzir até 1,8 bilhão de toneladas de hidrogênio por ano, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Um caderno lançado no fim de novembro pela FGV Energia, centro de estudos mantido pela Fundação Getulio Vargas, indica que só 245,7 milhões de toneladas dessa produção seriam economicamente viáveis hoje. A quantidade, contudo, já é quase o triplo da produção mundial de hidrogênio, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Em 2022, foram comercializadas 95 milhões de toneladas do gás, sendo que menos de 1% pode ser considerada verde - algo que tende a mudar radicalmente nos próximos anos.
Atualmente, a maior parte do hidrogênio produzido no mundo vem da reforma do gás natural de origem fóssil, que contém metano. O processo separa o hidrogênio da molécula do gás, mas gera dióxido de carbono como resíduo, o que contribui para o aquecimento global. A eletrólise, por sua vez, é o processo mais difundido para descarbonizar essa produção. Por meio dela, o gás é obtido pela separação da molécula da água, liberando oxigênio. Essa reação, por outro lado, demanda uso intensivo de energia elétrica - e é aí que o Brasil pode se diferenciar, em função de sua matriz elétrica limpa. O caderno da FGV aponta que fontes de energia solar, eólica e hidrelétrica podem ser usadas para suprir 48% das necessidades brasileiras de hidrogênio.
Já existem plantas no país produzindo H2V por meio da eletrólise sustentável. A primeira a entrar em operação fica em Itumbiara (GO) e pertence a Furnas. A fábrica foi inaugurada em 2021 e já gerou 3 toneladas de gás.
De acordo com o governo federal, mais de US$ 30 bilhões (R$ 147 bilhões) em investimentos estão programados para produção de hidrogênio no país. Quase todos esses recursos irão para projetos para obtenção do gás a partir da eletrólise justamente pelo potencial do Brasil para geração de energia por meio do vento e do sol, principalmente no Nordeste. O gás produzido nesses projetos deve abastecer a indústria local ou ser convertido em produtos para exportação até pela proximidade da região com a Europa, maior mercado consumidor. O Hub de Hidrogênio Verde do Complexo do Pecém (CE), criado em 2021, pretende enviar parte de sua produção para a Holanda, de onde ele deve ser distribuído a outros países.
Também há projetos para geração de hidrogênio por meio de outras rotas sustentáveis e, portanto, rotuladas com tonalidades de verde. Cada um deles leva em consideração diversidades ambientais e econômicas regionais, e visa explorar diferentes insumos e diferentes mercados consumidores. Em São Paulo, maior produtor de etanol do país, há um projeto para produção de H2V usando o combustível. A iniciativa é uma parceria da Universidade de São Paulo (USP) com Shell, Raízen, Toyota e Senai e envolve investimentos de R$ 50 milhões.
O projeto testa tecnologias para reformar o vapor do álcool extraindo dele o hidrogênio e gerando gás carbônico renovável, vindo da cana-de-açúcar. “Como a cana também captura carbono quando está crescendo na lavoura, o balanço final de carbono tende a ser negativo”, afirma Daniel Lopes, engenheiro mecânico e diretor comercial da Neuman & Esser Hytron, empresa que desenvolveu o reformador de etanol e que também integra o projeto paulista.
Está em processo de instalação na Cidade Universitária da USP um posto de hidrogênio produzido com etanol para abastecer veículos experimentais. Células combustíveis internas converteriam o gás em energia elétrica, que ao final moveria o veículo. Descarbonizar o transporte de cargas, segundo Lopes, é o maior objetivo desse projeto. Alguns especialistas, entretanto, afirmam que a substituição do diesel deve demorar em função de desafios para a implantação de uma rede de abastecimento de H2V.
Minas Gerais visa a produção de hidrogênio verde a partir de energia solar, hidrelétricas e usinas de biomassa para descarbonizar a indústria da mineração. Já em Estados como Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, a ideia é produzir H2V com resíduos agrícolas, a chamada biomassa, e de granjas de suínos. A decomposição desses resíduos gera metano, gás que também pode ser reformado para gerar hidrogênio, mas sem emissões adicionais de carbono pois só é liberado o que naturalmente já seria emitido pela atividade. Nesses Estados, o objetivo é que o H2V seja usado na fabricação de fertilizantes que poderiam ser aplicados em lavouras locais.
Em Toledo (PR), um projeto da Me Le Brasil Biogás visa produzir hidrogênio usando resíduos da suinocultura. A empresa luso-brasileira H2 Verde também estuda esse tipo de geração. Seu diretor, Frederico Freitas, que foi um dos autores do caderno de hidrogênio da FGV Energia, afirma que esse tipo de produção daria solução para um passivo ambiental das granjas. “É um projeto de economia circular”, diz. “O resíduo viraria hidrogênio e depois fertilizante para a plantação da soja e milho que servem como alimentos aos animais.”
Freitas e Lopes apontam que há estudos inclusive para produção de hidrogênio com esgoto urbano e lixo gerado em grandes cidades. Nesses casos, o custo da produção do gás ainda torna essas rotas inviáveis inclusive para pesquisas.
Ricardo Rüther, coordenador do Laboratório Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que inaugurou neste ano um anexo só para o estudo do H2V, ressalta que as tecnologias para produção do gás estão evoluindo rápido. Para ele, dentro de poucos anos, a fabricação do combustível se tornará barata - assim como a instalação de um painel solar numa residência ficou. “Temos todas as condições para sermos grandes no mercado de hidrogênio: energia limpa vendida num mercado organizado, uma indústria que precisa do gás, além de uma posição geográfica favorável à exportação”, afirma.
Para o pesquisador, projetos de hidrogênio combinados com geração de energia solar e eólica, inclusive em alto mar, e voltados ao abastecimento da indústria de cimento, siderúrgica, de fertilizantes e petroquímica, tendem a maturar mais rapidamente no Brasil.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), refinarias de combustíveis já consomem 74% do hidrogênio produzido no país, seja ele verde ou não. Essas indústrias devem continuar demandando gás cada vez mais sustentável para tentar atingir suas metas de descarbonização, o que facilita a viabilização de projetos de hidrogênio nas suas proximidades.
Rüther não descarta, porém, que no futuro o hidrogênio verde seja gerado na Amazônia, por diferentes tecnologias, para servir de combustível para sistemas elétricos isolados da região. Hoje, o Brasil gasta R$ 12 bilhões por ano para manter esses sistemas, atualmente abastecidos principalmente com óleo diesel, que é poluente.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Arthur Lira levou ao plenário da Câmara, na semana passada, cinco projetos de lei inseridos na chamada “pauta verde”, num esforço concentrado paralelo à COP 28, que acontece em Dubai. As proposições tratavam sobre a geração renovável de hidrogênio, a regulamentação da energia eólica em alto mar, entre outros temas. Beleza.
Protetores dos animais, no entanto, estão mobilizados para que o presidente da Casa amplie a pauta e, agora, inclua nela três projetos dedicados à causa.
O primeiro tenta vetar definitivamente os estudos, pesquisas e testes que utilizam animais para desenvolver produtos cosméticos — um abaixo-assinado com 1,6 milhão de assinaturas acompanha a proposta. O segundo, abraçado pelo Instituto Vida Livre e por 40 mil pessoas (incluindo nomes expressivos como Xuxa, Maria Bethânia e Gloria Pires), visa aumentar a pena para os crimes contra animais silvestres. O terceiro tenta inserir esses temas no currículo das escolas brasileiras.
O pedido foi repassado a Lira na semana passada por Vanessa Negrini, diretora do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais, que está sob o guarda-chuva do Ministério do Meio Ambiente.
Fonte e Imagem: O Globo.
Segundo Ludmila Nascimento, diretora de Energia e Descarbonização da Vale, o Brasil pode se beneficiar da sua matriz renovável, mas precisa focar na competitividade elétrica e atentar para os custos dos encargos.
O papel do governo na descarbonização da indústria também esteve presente na fala de João Paulo de Resende, Assessor Especial do ministro da Fazenda, que participou do painel “O hidrogênio verde na descarbonização da indústria”. Segundo ele, é preciso avançar nas aprovações em tramitação na Câmara e no Senado, considerando as peculiaridades do país.
— Já temos um projeto de instituição de um sistema brasileiro de comercialização de créditos de carbono aprovado no Senado. Além desse, temos projetos em tramitação, como o das eólicas offshore, dos combustíveis do futuro e do hidrogênio. É preciso dar segurança jurídica a quem está investindo — disse ele.
Ludmila Nascimento, Diretora de Energia e Descarbonização da Vale, destacou o potencial do Brasil para essa indústria, mas alertou: — O país tem atraído muitas empresas querendo se beneficiar desse potencial. Mas serão necessários incentivos, como um fundo específico para financiar a eletricidade renovável competitiva e um custo de financiamento de 4,5% ao ano — pontuou.
Solange Ribeiro, vice-presidente da Neoenergia, destacou que, para seguir na corrida da neoindustrialização, o Brasil precisa garantir algumas medidas: — Precisamos de um marco regulatório estável e seguro. No último painel do dia, “Desafios e oportunidades para a neoindustrialização”.
Clarissa Lins, sócia fundadora da Catavento Consultoria, apontou a transição energética como motor importante para o crescimento econômico do Brasil.
— Temos acesso a energia competitiva e renovável. Isso nos posiciona em uma nova forma de produzir bens e serviços. Com a neoindustrialização nesse novo formato, o país volta a crescer — afirmou.
Marcelo Moraes, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDESS) e presidente do Fórum do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase), ressa ltou a importância de incentivos do governo para o desenvolvimento de novas fontes de energia: — Todas as fontes que se desenvolveram no Brasil foram frutos de políticas públicas de financiamentos e incentivos. O hidrogênio precisa delas também. Já Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ressaltou a importância de acelerar a regulamentação dos processos para o Brasil avançar na agenda:
— Se conseguirmos, num curto prazo, aprovar a regulamentação dos mercados de carbono e de hidrogênio, das eólicas offshore e dos chamados combustíveis do futuro, associado à redução do desmatamento, o Brasil certamente será o grande destino de investimentos externos e internos.
Fonte e Imagem: O Globo com FMASE.
Fábrica que a companhia está construindo no país será a maior do mundo quando entrar em operação., segundo o CEO, Roberto Noronha Santos.
A Unigel segue firme em seu projeto de colocar no Brasil a maior fábrica de hidrogênio verde e de amônia verde do mundo. A empresa avalia que o país tem todas as condições para se tornar protagonista neste tema, segundo o presidente da companhia, Roberto Noronha Santos.
De acordo com o executivo, a fábrica que a Unigel está construindo em Camaçari, na Bahia, será a maior do mundo quando entrar em operação. A partida deve ocorrer em 2024, com capacidade produtiva inicial de 100 mil toneladas por ano de hidrogênio verde e 600 mil toneladas por ano de amônia verde.
Os eletrolisadores que vão equipar a unidade, disse Noronha, já estão prontos, em um porto de Tarragona, na Espanha. Enfrentando uma crise financeira, a companhia estava buscando um sócio estratégico para o projeto de H2V. “De fato, seremos os pioneiros no Brasil nessa área”, acrescentou.
Conforme Noronha, a companhia segue renegociando as condições de dívidas, uma de R$ 500 milhões em debêntures e outra de US$ 530 milhões em bônus, com vencimentos em 2027 e 2026, respectivamente. “Estamos otimistas”, afirmou.
O presidente da Unigel defendeu ainda que “a indústria química é a solução, não é o problema”, do ponto de vista da sustentabilidade. “É a que mais contribui para a redução de gases do efeito estufa. E o Brasil tem todos os elementos para ser protagonista em energia renovável e sustentabilidade”, disse Noronha, que participou do Encontro Anual da Indústria Química (Enaiq), promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Segmento de eletricidade representa apenas 20% do consumo total de energia final, mudança para as renováveis requer uma transformação completa do sistema energético e sua infraestrutura.
O investimento em energia renovável ganhou um reforço nesta segunda-feira, 4 de dezembro, durante a COP 28, em Dubai. Foram 118 países que anunciaram o seu compromisso de triplicar a capacidade de energia limpa e duplicar a capacidade de geração renovável até 2030. Apesar de ser considerado um começo positivo é avaliado que se tornará uma vitória quando converter-se em resultado.
Em nota a REN21, comunidade global que conta com acadêmicos, governos, organizações não governamentais e indústria em todos os setores das energias renováveis, destacou que este compromisso representa um passo na direção certa. No entanto, diz que os países devem ir significativamente mais longe do que os compromissos assumidos e permitir a mudança para as energias renováveis com quadros políticos e financeiros robustos que construam economias e sociedades em torno das energias renováveis.
A entidade lembra que triplicar a capacidade de energia renovável refere-se ao setor energético como um todo. O segmento de eletricidade representa apenas 20% do consumo total de energia final (embora há a projeção de que atinja 28% em 2030 e 53% em 2050). Mesmo com uma eletrificação profunda, avalia, a mudança para as energias renováveis requer uma transformação completa do sistema energético, incluindo o fornecimento de energia, calor e combustíveis, bem como a infraestrutura energética. Exige também apoiar os setores consumidores de energia para mudarem dos fósseis para as energias renováveis.
Para a entidade, os compromissos voluntários são importantes mas não suficientes num contexto marcado por crises climáticas, econômicas e políticas que requerem atenção urgente. A ação imediata deve seguir as palavras para reduzir as emissões e manter o aquecimento abaixo de 1,5oC e combater a inflação e a insegurança energética.
Para alcançar o objetivo da transição energética justa para as energias renováveis em todo o mundo é necessário financiamento, competências e requalificação adequadas e infraestruturas, que devem ser incluídas neste pacote COP, apontou a REN21.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Declaração de Alexandre Silveira vem na esteira da fala do presidente Lula sobre participação do Brasil na Opep+.
Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na COP28, indicar a participação do Brasil na Opep+, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que pretende utilizar as receitas do petróleo para financiar a produção de energia limpa no país.
“Vamos liderar países produtores de petróleo para acelerar a transição energética. Sob a liderança do presidente Lula queremos usar as receitas do petróleo para financiar energia limpa e renovável”, escreveu Silveira em rede social neste sábado (2).
O texto foi em resposta a uma mensagem publicada mais cedo pelo presidente Lula.
“O Brasil vai participar não da OPEP, mas da OPEP+. Vamos pautar a importância de superar a política de combustíveis fósseis, para que os países que ganham dinheiro com essa política possam investir na energia do futuro, a energia verde. Essa superação é uma vontade, mas o caminho até lá é um desafio”, escreveu o presidente.
Em vídeo divulgado pela assessoria do ministério de Minas e Energia, Silveira ressalta que o Brasil precisa avançar em políticas para acompanhar o que chamou de transição mundial.
“Não há como um país se sacrificar, investir, fazer com que o seu povo pague a conta por essa transição tão importante sem o mundo entender, em especial os países industrializados, a necessidade de participar de forma ativa dessa transformação. Por isso a nossa participação na Opep”, afirmou o ministro.
A Opep reúne países produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Irã e Iraque. Já a Opep+ inclui outras nações parceiras, como Rússia e Cazaquistão, mas que não têm o mesmo poder dos integrantes oficiais do grupo.
Quando a possibilidade do Brasil entrar no grupo começou a ser discutida, ambientalistas que defendem o fim do uso de combustíveis fósseis — um dos principais itens na agenda da conferência do clima da ONU — criticaram a adesão.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já tinha afirmado que não vê a participação do Brasil na Opep+, na condição de observador, como algo contraditório.
“É exatamente para levar ao debate que precisa ser enfrentado no âmbito daqueles espaços que são os grandes produtores de combustível fóssil, que é o grande responsável pelo aquecimento do planeta”, afirmou Marina na última sexta-feira (1º), durante a Conferência do Clima da ONU, em Dubai.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Outras 20 nações também se comprometeram em aumentar a geração de energia nuclear; especialistas e ativistas pressionam por ações para cortar emissões no planeta.
Um grupo de 116 países se comprometeu neste sábado durante a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP28, em Dubai, a triplicar suas capacidades para energias renováveis até 2030, e outros vinte prometeram também triplicar a geração nuclear até 2050, em um gesto já considerado histórico, mas que também foi alvo de críticas.
Os países se comprometeram a "trabalhar juntos" para aumentar as capacidades renováveis globais (energia eólica, solar, hidroelétrica, etc.) até 11.000 gigawatts (GW), em comparação com os cerca de 3.400 GW atuais. O acerto, que não tem força vinculante, considera "os diferentes pontos de partida e circunstâncias nacionais" de cada país signatário, afirmou o comunicado da presidência da conferência, ocupada pelos Emirados Árabes Unidos.
Segundo os especialistas, para alcançar a neutralidade de carbono em meados do século é imprescindível reduzir o mais rápido possível a dependência dos combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, o aceno ao incremento do uso da energia nuclear é um tema delicado há décadas, embora organismos como a Agência Internacional de Energia (AIE) insistam que ambas as opções são totalmente compatíveis.
Apesar das alegações de que o modelo é seguro, ativistas contrários à energia nuclear lembram dos duradouros impactos de acidentes nucleares de Three Mile Island (1979), Chernobyl (1986) e, mais recentemente, Fukushima (2011), que levou vários países, com a Alemanha, a suspender a operação de centrais atômicas. Contudo, fatores políticos, como a guerra na Ucrânia e seus efeitos sobre o suprimento de energia à Europa jogaram dúvidas sobre essas decisões.
Dentro do grupo de 20 países que acertaram triplicar suas capacidades de geração de energia nuclear estão o próprio Japão, que desde setembro conta com 12 reatores em operação, os EUA e a França, onde as centrais atômicas respondem por 63% da matriz energética local.
— A realidade dos fatos e as provas dizem que não é possível chegar a emissões líquidas zero em 2050 sem alguma energia nuclear — nas palavras do enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry. — Não estamos argumentando que esta será absolutamente uma alternativa radical a qualquer outra fonte de energia.
Como esperado, ativistas climáticos criticaram a iniciativa. Para Jeff Ordower, diretor para América do Norte do grupo ambientalista 350.org, o mundo "não tem tempo a perder com distrações perigosas como a energia nuclear" "Para que a energia nuclear avançada possa estar à altura de suas promessas, os responsáveis políticos deverão comprometer-se seriamente", argumentou em um recente artigo o Instituto Breakthrough, com sede na Califórnia. A última vez que o Banco Mundial financiou um projeto nuclear foi em 1959, recordou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA),Rafael Grossi, em entrevista à AFP.
A lista de signatários da declaração pró-nuclear da COP28 inclui países em desenvolvimento como a Mongólia e Marrocos, países em guerra como a Ucrânia, cujas usinas de geração de energua estão ameaçadas e até ocupadas por forças russas, e grandes produtores de combustíveis fósseis, como os Emirados Árabes Unidos.
Segundo cálculos da AIEA, 412 reatores nucleares em 31 países fornecem atualmente quase 10% da produção total de eletricidade do mundo. Isso representou o equivalente a 2.545 terawatts (TWh) em 2022. Um terawatt equivale a 1.000 gigawatts. Comparativamente, a energia nuclear é a mais rentável em termos de investimento por gigawatt gerado de qualquer fonte renovável, segundo um relatório conjunto da AIE e da AIEA de 2020.
Outro anúncio sem força legal, mas simbólico, foi feito pelo presidente colombiano Gustavo Petro de que seu país se unia ao Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis. É o primeiro país não insular que se une ao tratado, um chamado que surgiu em 2019 de um grupo de ilhas do Pacífico, Ásia e Caribe.
A Colômbia é a quarta potência petrolífera da América Latina, com produção de cerca de um milhão de barris diários e seu governo reconheceu recentemente que pretende continuar exportando essa riqueza. Já os Estados Unidos anunciaram uma contribuição de 3 bilhões de dólares (quase 15 bilhões de reais na cotação atual) ao Fundo Verde para o Clima, seu primeiro compromisso desde 2014.
Fonte e Imagem: O Globo.
Subsídio ao carvão é um erro e jabuti das térmicas a gás precisa ser investigado.
Enquanto o Brasil chega à COP28, em Dubai, com protagonismo, cheio de moral pelas mudanças implementadas em políticas que levaram à redução de desmatamento e a boas propostas para o clima, internamente o Congresso brasileiro transfigura uma agenda que deveria ser "verde" em "cinza", aprovando medidas muito ruins, que podem comprometer a imagem do país lá fora. Afinal, o mundo está de olho no que acontece aqui. A notícia dessa invasão do carvão na pauta verde foi antecipada ontem por Álvaro Gribel.
Esta semana o Congresso já havia aprovado o "PL do Veneno" que flexibiliza o uso de agrotóxicos, na contramão do que vem acontecendo mundo fora onde se ampliam os controles para garantia da saúde humana e do meio ambiente.
Mas ontem ainda foi pior. No projeto de lei que visa incentivar a exploração de energia eólica offshore (nos mares), na qual o Brasil tem um enorme potencial a ser explorado, uma agenda verde, de energia renovável, o Congresso colocou dois jabutis, ou seja, temas nada têm a ver com o assunto, em total contrassenso, aliás, com a proposta inicial.
Um deles foi o fim de preço teto para térmicas a gás, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A questão dessas térmicas longe dos pontos de oferta do gás é que elas exigirão a construção de gasoduto a ser feito pelo governo e pago por todos nós na conta de luz. Essa inclusão é fruto de um lobby , todo mundo sabe nome, endereço, CPF, CNPJ de quem está interessado nesse projeto. Então, porque que os deputados aprovaram? Tem que se esclarecer e investigar isso.
Não satisfeito com esse jabuti, os parlamentarem resolveram incluir mais um: a prorrogação de incentivos a contratação de térmicas a carvão. O carvão tem que ser é desestimulado, ter o aumento de imposto sobre essa fonte. Carvão é a fonte de energia mais suja, a maior emissora de gás de efeito estufa.
Com a aprovação desse projeto o Congresso aprofunda o subsídio para as usinas a carvão, garantindo benefício até 2050. A medida é adotada num momento em que se devia parar de usar carvão e no qual se começa a discutir a redução do uso de petróleo.
Subsídio não é uma coisa inocente. Ele vai resultar em aumento da minha conta de luz, da sua, leitor e leitora, de todos nós. Além de ser um erro, o subsídio ao carvão atrapalha as negociações que o Brasil está buscando em Dubai, porque tira a força dos nossos argumentos e dos resultados apresentados.
Fonte e Imagem: O Globo.
Anúncio será feito nesta sexta, 1o; investimento faz parte de programa que envolve ministérios, Finep e BNDES.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) vai lançar nesta sexta-feira, 1°, cinco editais do programa Mais Inovação Brasil, em um total de R$ 20,85 bilhões. O programa é uma ação do MCTI com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O objetivo é financiar projetos nas áreas da transição energética, bioeconomia, infraestrutura e mobilidade. O anúncio será feito pela ministra Luciana Santos na 28a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), que começa nesta quinta, 30, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e vai até 12 de dezembro.
O lançamento será realizado no estande da Confederação Nacional da Indústria (CNI) na COP-28. O Brasil está presente com três estandes nessa conferência: o da delegação brasileira, ao lado do pavilhão do Reino Unido e, em outro prédio, pela CNI e pelo estande do Consórcio Amazônia Legal. É a primeira vez que a CNI tem estande em uma COP.
Também na quinta, o MCTI lança a plataforma Sirene Organizacionais, ferramenta pública que vai receber os inventários de
emissões de gases de efeito estufa de organizações públicas, privadas ou do terceiro setor de todos os segmentos econômicos.
A plataforma é um módulo do Sistema de Registro Nacional de Emissões, instituído por decreto em 2017, e foi desenvolvida em
parceria com a CNI. A Sirene Organizacionais vai contribuir para a criação de um sistema nacional de Relato, Mensuração e Verificação de emissões, necessário para a implementação de um mercado regulado de carbono no Brasil.
Fonte e Imagem: Estadão
Projeto regulamenta a produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono, institui uma certificação voluntária e dá incentivos federais tributários.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (28/11) o projeto de lei do Hidrogênio (PL 2308/2023), que regulamenta a produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono, institui uma certificação voluntária e dá incentivos federais tributários. A proposta segue para o Senado.
– O projeto de lei considera hidrogênio de baixo carbono aquele que, na produção, emita até 4 kg de CO2 para cada 1 kg de hidrogênio. Com isso, abre espaço para a produção com fontes fósseis associadas à captura de carbono.
– A proposta também cria o Sistema Brasileiro de Certificação do Hidrogênio (SBCH2), para certificar, de forma voluntária, a intensidade de emissões de gases do efeito estufa na produção do hidrogênio.
– O relator Bacelar (PV/BA) retirou do texto final o pacote de subsídios que estava previsto inicialmente para produção de hidrogênio de baixo carbono, após acordo com a equipe econômica.
– Concedeu, no entanto, direito a desonerações de impostos federais sobre investimentos pelo Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (Rehidro).
– Na segunda-feira, três associações – Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), Abeeólica e Absolar – defenderam a manutenção dos estímulos no texto final.
– Segundo as entidades, a exclusão dos incentivos pode fazer com que os investimentos migrem para outros países que oferecem grandes subsídios.
O senador Laércio Oliveira (PP/SE) defendeu a revisão dos contratos de concessão das distribuidoras de gás natural estaduais, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal.
– O parlamentar tenta impedir a Mitsui de aumentar sua participação em cinco distribuidoras de gás canalizado do Nordeste para, segundo ele, impedir a concentração do mercado.
– A pressão pública sobre a companhia japonesa se segue à decisão do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), de sancionar, na semana passada, uma lei que impõe limites à participação de capital estrangeiro em empresas públicas – e que, na prática, impede a Mitsui de comprar mais ações da Cegás.
O retorno das térmicas. A tramitação do marco legal das eólicas offshore retomou a discussão sobre a contratação de termelétricas a gás natural prevista na lei de privatização da Eletrobras.
– O relatório do PL 11.247/2018, apresentado pelo deputado Zé Vitor (PL/MG), determina a instalação de 4,25 GW de térmicas e propõe mudanças no cálculo do preço-teto, para torná-las mais atrativas nos leilões. E tira da lista projetos do Rio e São Paulo.
Fonte e Imagem: epbr.
Presidente falou com empresários durante encontro na Arábia Saudita.
Em discurso a empresários brasileiros e sauditas, nesta quarta-feira (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre as oportunidades de investimento no Brasil, destacando os projetos em energias verdes. Lula está em Riade, na Arábia Saudita, primeira parada da viagem ao Oriente Médio onde também participa da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), em Dubai, nos Emirados Árabes.
“No Brasil, nós estamos levando muito a sério essa questão da energia renovável. E vocês já sabem que nossa energia elétrica é quase 90%, totalmente, renovável. O potencial do Brasil e das energias é muito grande, e nós queremos construir parceria com vocês e que sejam sócios do Brasil no desenvolvimento dessa nova matriz que o mundo precisa, que o mundo sonha e que nós podemos oferecer”, disse, no encerramento do fórum empresarial organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pelo governo saudita.
Assim como a Arábia Saudita é um dos países mais importantes na produção de petróleo e gás no mundo, Lula acredita que o Brasil pode ser um centro na produção de energias alternativas e, daqui a 10 anos, poderá ser chamado de “a Arábia Saudita da energia verde”. “É para isso que nós estamos trabalhando”, disse, reafirmando ainda o compromisso do Brasil em alcançar o desmatamento zero até 2030.
“Nós precisamos, todos, trabalhar com muita responsabilidade para descarbonizar o planeta, para que a gente possa viver de forma mais digna, com melhor qualidade de vida e sem medo de que nós estamos destruindo a casa onde moramos”, disse, alertando para ao afeitos das mudanças climáticas.
Lula defendeu que o Brasil possui uma boa base intelectual e científica-tecnológica, empresas de ponta, além de um sistema financeiro sólido, e chamou os empresários sauditas a construírem parcerias com as empresas brasileiras. “Para que as empresas brasileiras gerem desenvolvimento no Brasil, mas gerem o desenvolvimento também na Arábia Saudita. Que a gente gera emprego no Brasil, mas que gere emprego na Arábia Saudita. E que a gente possa vender ao mundo as coisas com melhor qualidade para que o mundo possa sobreviver”, disse, citando ainda parcerias nas áreas industrial e do agronegócio.
Como exemplo, Lula também citou a possibilidade de investimentos em fertilizantes, para “dar uma garantia ao mundo com a incerteza criada pela guerra da Rússia na Ucrânia”. A Rússia é um grande fornecedor de insumos, mas sofre um forte embargo econômico por causa de invasão militar na Ucrânia, o que impactou o comércio global desses produtos.
“Nós estamos falando de crescimento econômico e desenvolvimento quando parte do mundo fala em guerra”, disse Lula, defendendo ainda o diálogo para a resolução dos atuais conflitos pelo mundo. “A guerra, ela não traz nada a não ser miséria e morte”, ressaltou.
Em discurso a empresários brasileiros e sauditas, nesta quarta-feira (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre as oportunidades de investimento no Brasil, destacando os projetos em energias verdes. Lula está em Riade, na Arábia Saudita, primeira parada da viagem ao Oriente Médio onde também participa da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), em Dubai, nos Emirados Árabes.
“No Brasil, nós estamos levando muito a sério essa questão da energia renovável. E vocês já sabem que nossa energia elétrica é quase 90%, totalmente, renovável. O potencial do Brasil e das energias é muito grande, e nós queremos construir parceria com vocês e que sejam sócios do Brasil no desenvolvimento dessa nova matriz que o mundo precisa, que o mundo sonha e que nós podemos oferecer”, disse, no encerramento do fórum empresarial organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pelo governo saudita.
Assim como a Arábia Saudita é um dos países mais importantes na produção de petróleo e gás no mundo, Lula acredita que o Brasil pode ser um centro na produção de energias alternativas e, daqui a 10 anos, poderá ser chamado de “a Arábia Saudita da energia verde”. “É para isso que nós estamos trabalhando”, disse, reafirmando ainda o compromisso do Brasil em alcançar o desmatamento zero até 2030.
“Nós precisamos, todos, trabalhar com muita responsabilidade para descarbonizar o planeta, para que a gente possa viver de forma mais digna, com melhor qualidade de vida e sem medo de que nós estamos destruindo a casa onde moramos”, disse, alertando para ao afeitos das mudanças climáticas.
Lula defendeu que o Brasil possui uma boa base intelectual e científica-tecnológica, empresas de ponta, além de um sistema financeiro sólido, e chamou os empresários sauditas a construírem parcerias com as empresas brasileiras. “Para que as empresas brasileiras gerem desenvolvimento no Brasil, mas gerem o desenvolvimento também na Arábia Saudita. Que a gente gera emprego no Brasil, mas que gere emprego na Arábia Saudita. E que a gente possa vender ao mundo as coisas com melhor qualidade para que o mundo possa sobreviver”, disse, citando ainda parcerias nas áreas industrial e do agronegócio.
Como exemplo, Lula também citou a possibilidade de investimentos em fertilizantes, para “dar uma garantia ao mundo com a incerteza criada pela guerra da Rússia na Ucrânia”. A Rússia é um grande fornecedor de insumos, mas sofre um forte embargo econômico por causa de invasão militar na Ucrânia, o que impactou o comércio global desses produtos.
“Nós estamos falando de crescimento econômico e desenvolvimento quando parte do mundo fala em guerra”, disse Lula, defendendo ainda o diálogo para a resolução dos atuais conflitos pelo mundo. “A guerra, ela não traz nada a não ser miséria e morte”, ressaltou.
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
Regras darão as bases para instalação de investimentos bilionários no país.
A Câmara dos Deputados aprovou nessa terça-feira em votação simbólica projeto de lei que cria o marco legal para exploração de hidrogênio de baixo carbono no Brasil. A pedido do governo, a maioria dos incentivos tributários, regulatórios e tarifários para o setor foram excluídos da proposta, que seguiu para análise do Senado Federal.
Relator do projeto, o deputado Bacelar (PV-BA) o marco legal dará as bases para instalação de investimentos bilionários no Brasil. “Mais de 50 projetos de transição energética serão viabilizados, a maioria na região Nordeste do país”, afirmou.
Apesar do avanço da proposta, o setor privado viu com ressalvas a aprovação porque a maioria dos incentivos esperados acabou fora do projeto. O Ministério da Fazenda sustentou que não há espaço para a criação de novos incentivos tributários em meio à tentativa de zerar o déficit nas contas públicas e nem condições de repassar os gastos para os consumidores via tarifa elétrica.
Saíram do marco legal a obrigatoriedade de contratar fontes a base de hidrogênio nos leilões de geração de energia e de direcionar parte dos recursos de Itaipu para projetos deste setor. Também caíram desonerações de impostos para compra de máquinas e equipamentos.
Com isso, o principal incentivo que será criado é o Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono (Rehidro). O texto, contudo, reproduz os benefícios de um programa já existente, o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi) — e o governo já tinha prometido incluir o setor de hidrogênio via decreto.
As alternativas para financiamento dos projetos serão a emissão de debêntures, os benefícios do Reidi ou a instalação das fábricas em zonas de processamento as exportações (ZPEs), caso o objetivo seja enviar a produção para fora do país. Outra
possibilidade é o “fundo verde” do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), presente em outro projeto que deve ser votado nesta quarta-feira pela Câmara.
Presidente do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (FMASE), Marcelo Moraes afirmou que o projeto não trará investimentos na velocidade e no montante esperado pelo Brasil porque outros países, como Alemanha e Estados Unidos, estão dando recursos a fundo perdido para atrair essas empresas. “Os caras vieram com meio trilhão de dólares em incentivos e nós com um pacote conceitual”, disse. “Não sei se chega a inibir os grandes “players” porque o Brasil tem atrativos que outros lugares do mundo não têm, principalmente de energia renovável para produzir o hidrogênio verde, mas com certeza ficou mais difícil colocar os projetos em pé no curto prazo.”
A parte “conceitual”, considerada pela iniciativa privada um avanço, são as regras para precificação do carbono, para instalação das infraestruturas necessárias, certificação e a taxonomia (o sistema de classificação das diferentes formas de se obter hidrogênio). É o marco regulatório que dará as bases para a exploração deste tipo de energia.
O projeto foi o primeiro da “pauta verde” da Câmara a ser votado. Nesta quarta-feira, deve entrar em discussão o marco legal para exploração de usinas eólicas offshore (em alto-mar). O texto era mais consensual, por estabelecer regras para essa atividade, mas causou grande divergência após o parecer do deputado Zé Vitor (PL-MG) mexer com incentivos tarifários e regulatórios do setor. Ele prometeu retirar parte deles, como a alterações no mercado livre de energia (os grandes consumidores). Já o projeto que regulamenta o mercado de carbono não deve mais ser votado esta semana.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Luciana Costa indicou ainda que país pode ir além da neutralidade de carbono e ter "emissões negativas".
A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa, afirmou em entrevista à CNN nesta segunda-feira (27) que o Brasil será, até 2030, o país mais competitivo do mundo na produção de hidrogênio verde.
O Plano Nacional de Hidrogênio Verde, em documento trienal (2023 a 2025), expressa os objetivos do governo Lula para a fonte energética.
A ideia é quem até 2025 estejam disseminadas plantas piloto da fonte em todas as regiões do Brasil. Já até 2030, a ideia é de que o país seja o mais competitivo na área. Para 2035, o MME quer consolidar hubs de hidrogênio de baixo carbono pelo território.
A diretora participou de um evento na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre a matriz energética. Em sua apresentação, indicou que o Brasil pode ir além da neutralidade de carbono e ter “emissões negativas”.
Para ser considerada “carbono neutra” é necessário que o país emita e retire carbono da atmosfera em volume equivalente. Para ser negativo, a captura de carbono da deve ser superior às emissões.
Costa ainda afirmou que 50% das emissões brasileiras advém do desmatamento, e destacou números do governo Lula no combate destas atividades.
A diretora ressaltou ainda que países desenvolvidos, com emissões concentradas em processos industriais e energia elétrica, têm previsão de descarbonização mais custosa.
“Se a gente zerar o desmatamento até 2030, o Brasil já consegue cumprir o Acordo de Paris. Então a gente pode, sim, até ser carbono negativo até 2050”.
Fonte e Imagem: CNN Brasil
'Jabutis' inseridos no projeto que regulamenta a geração de energia eólica em alto-mar terão custo bilionário, segundo a Frente Nacional dos Consumidores de Energia.
A Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira o projeto de lei que estabelece o marco regulatório para a geração de energia eólica offshore (em alto-mar). O projeto, no entanto, traz uma série de "jabutis" (propostas alheias ao texto original) que foram incorporados ao texto e podem encarecer a conta de luz em até R$ 28 bilhões por ano, segundo a Frente Nacional dos Consumidores de Energia, que reúne diversas entidades no setor.
De acordo com o presidente da Frente, Luiz Eduardo Barata, ex-diretor-geral do ONS, o deputado Zé Vitor (PL-MG), relator do projeto, incorporou os chamados "jabutis" na reta final das discussões.
— O projeto veio do Senado, quando chegou na Câmara, foi até melhorado, mas na reta final foram incorporadas propostas que são um verdadeiro show de horrores para os consumidores — afirmou.
Os chamados "jabutis" são propostas que pegam carona em outros projetos de lei, que não são o objeto principal da proposta. Geralmente, são assuntos polêmicos, que acabam sendo aprovados sem discussão.
Barata diz que a medida mais cara inserida de última hora tem relação com as termelétricas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, movidas a gás, e que terão obrigatoriamente que ser contratadas pelo setor. Essas usinas foram inseridas no projeto de privatização da Eletrobras, e agora podem ficar ainda mais caras.
— A privatização da Eletrobras incluiu a obrigatoriedade de se construir térmicas a gás em regiões que não tem fornecimento de gás. Agora, esse jabuti permite que preço teto de contratação do gás seja definido pelas próprias distribuidoras de gás. Ou seja, quem vende vai definir o preço que será obrigatoriamente comprado pelos consumidores. A conta pode chegar R$ 16 bilhões — afirmou.
Além disso, explica, há R$ 8,6 bilhões em custos extra para a contratação de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), mais R$ 500 milhões para a contratação de energia eólica no Sul do país, e a contratação de térmicas a hidrogênio verde, por mais R$ 3 bilhões.
— O projeto de lei em si já nos parece sem sentido, porque a eólica offshore (no mar) custa quatro vezes o valor da eólica onshore (em terra), e ainda temos muito potencial em terra. O problema é que além disso ainda vieram os jabutis, com essa conta bilionária — disse.
Entre os assinantes da comunicação da Frente estão a Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE), a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (ABIVIDRO) e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), entre outras.
Procurado, o deputado Zé Vitor, relator do projeto, não retornou aos pedidos de entrevista.
Fonte e Imagem: O Globo.
Construído numa parceria de privados e públicos, o marco regulatório das usinas híbridas tem potencial de mudar o setor energético.
No sertão nordestino, na fronteira entre o Piauí e Pernambuco, um novo parque da Auren Energia, empresa oriunda da integração dos ativos de energia da Votorantim S.A e do CPP Investments e que atua como geradora de energias renováveis e comercializadora, que começou a operar na sexta-feira, 24, promete ser a vanguarda da energia renovável. Batizado de Sol do Piauí, ele opera durante o dia para captar energia solar e durante a noite como eólico. O conceito não é novo, mas a regulamentação, sim. Em um trabalho conjunto entre a iniciativa privada e de autarquias públicas, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o projeto, que começou a ser articulado em 2018, gerará as primeiras cargas de energia sob a nova regulação.
Ao todo, foram investidos 255 milhões de reais na estrutura. O projeto funcionará no modelo de parque associado, no qual a estrutura da nova usina solar com capacidade inicial para gerar 48,1 MegaWatts (MW) será instalada em um terreno ao lado do já existente parque eólico Ventos do Piauí I, com uma subestação de transmissão compartilhada. A energia do projeto solar irá complementar a produção do projeto eólico, cuja geração é mais intensa no período noturno por causa da característica dos ventos na região.
Antes da regulamentação, empresas instalavam parques solares e eólicos em terrenos próximos, mas não compartilhavam a mesma linha de transmissão, por falta de regras. Por isso, a grande novidade do novo projeto é utilizar a estrutura de transmissão já instalada, o que economiza recursos das empresas, além de resultar em uma complementaridade temporal entre as diferentes fontes de geração elétrica.
"Com o parque associado, diminuímos a variação de energia entregue no ponto de transmissão, porque essas fontes de energia são sazonais durante o ano", explica Henrique Barbosa, gerente de operação e manutenção de parques eólicos da Auren, enquanto dirige o carro que leva a equipe da EXAME até as instalações fotovoltaicas.
Na prática, a hibridização permite que fora das "safra dos ventos", período entre junho e setembro no qual os ventos são mais fortes na região, o parque consiga manter constante a geração de energia, pela complementação da geração solar. Além disso, empresas terão diminuição de custo pela otimização da utilização do sistema de transmissão. Por exemplo, será mais barato instalar um parque solar utilizando a mesma linha de transmissão e subestação do eólico já em funcionamento. Antes da regulamentação, a implementação era “individualista”, cada fonte tinha seu rito processual para entrar em operação.
"A combinação de fontes de energia com diferentes perfis de produção horária possibilita a otimização e utilização da capacidade ociosa do sistema de transmissão de energia. Para a matriz elétrica brasileira é muito importante e para nós, como companhia, é essencial para entregar valor para o nosso cliente. Sofremos menos com a sazonalidade", diz Barbosa enquanto o carro se próxima da instalação solar preparada para entrar em operação.
A EXAME visitou com exclusividade a operação perto do lançamento. De Araripina, cidade em Pernambuco com 85.000 habitantes, onde a maioria dos funcionários da empresa moram, foram mais de 88 km até chegar ao parque em Curral Novo, município de apenas 5.000 habitantes no Piauí. Entre pequenos vilarejos com igrejas, academias e bares, e uma longa estrada de terra, se passaram mais de uma hora.
O tempo fechado com ventos fortes e ameaça de chuva durante a visita ao parque — considerado raro para a região —, frustrou a ideia de observar a luz do sol refletindo nos painéis solares. Mas alegrou a população local, que enfrenta forte seca nos últimos meses. "Acho que essa foi uma das piores secas dos últimos 26 anos", diz Maria Juscilene Silva Lima Cardoso, de 49 anos, produtora rural com uma pequena propriedade na Serra do Inácio, a 20 minutos de carro de Curral Novo.
A instalação do parque eólico, desde 2018, provocou um impacto na região. Além da geração de empregos diretos e indiretos, a empresa buscou levar energia elétrica para as escolas dos vilarejos mais remotos, realizou melhorias em casas próximas ao parque — para diminuir os efeitos dos ruídos provocados pelas gigantes estruturas eólicas — e lançou programas de empreendedorismo e para boas práticas no campo.
Um exemplo é o restaurante Sabor Sertanejo, administrado por Eliane Delmondes, empresária e produtora local. Depois da chegada da Auren e de outras empresas do setor de energia, o negócio prosperou. Ela abriu uma nova unidade em outra região, começou participar de licitações públicas, além de fechar contratos de fornecimento de alimentação com as empresas da região.
Em contrapartida, artigos publicados pelo Observatório da Energia Eólica, rede de pesquisadores de universidades públicas de cinco estados brasileiros, alertam que, em conjunto com o avanço dos parques eólicos e solares é necessário um plano de benefícios sociais para a população que vive nos arredores dessas estruturas, uma vez que os impactos negativos passam pela emissão de ruído com consequências para a saúde humana.
"Essa obra trouxe e traz muitos benefícios para a região onde ela está instalada no estado do Piauí, que é muito pobre, mas com duas potencialidades hoje muito valorizadas: a irradiação solar e a energia dos ventos", diz Sandoval de Araújo Feitosa Neto, diretor-geral da Aneel, em entrevista exclusiva à EXAME.
Papel da Aneel e o potencial do setor
Em 2021, a Aneel aprovou a regulamentação para o funcionamento de usinas híbridas e associadas. O normativo trouxe as definições e as regras para a outorga — a permissão de operação — desses empreendimentos e para a contratação do uso dos sistemas de transmissão, além de definir a forma de tarifação dessas usinas e da aplicação dos descontos legais nas tarifas.
"A energia gerada no parque híbrido da Auren é equivalente a uma cidade de 80.000 habitantes. Apenas para entender a dimensão, esse parque poderia gerar energia elétrica para a terceira maior cidade do estado do Piauí, Picos, com 83.000 habitantes", explica o diretor-geral da Aneel.
Segundo dados técnicos do setor, o Brasil tem capacidade de produzir de 22 a 25 GigaWatts (GW) de energia eólica. A região Nordeste é responsável por 90% da produção nacional. Em 2022, o Brasil foi o terceiro país no mundo que instalou mais parques eólicos — e o sexto maior gerador de energia eólica do mundo. v No caso da energia solar fotovoltaica, em 2022, a produção representou 4,4% da matriz energética brasileira, um salto em relação à 2021, quando era de 2,5%. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que a representatividade da fonte na matriz brasileira pode saltar dos atuais 4% para até 15% até 2050 em geração centralizada.
A regulamentação que une essas duas fontes de geração de energia com potencial no Brasil, e possibilita a melhor utilização do espaço físico e economia de recursos das empresas por utilizar uma estrutura já existente, representa um avanço do Brasil no desafio da expansão desse de energias renováveis. O plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2031, lançado em 2022, destaca que as fontes eólicas e solar vão se tornar as principais matrizes enérgicas do país nos próximos anos.
Estima-se que a capacidade instalada de geração elétrica brasileira atinja o nível de renovabilidade de 83% em 2031. Hoje, é de 47,4%, segundo o Balanço Energético Nacional 2023. "Você gera mais energia elétrica em um único local, agrupando o potencial energético do Brasil. Já temos dois grandes parques em operações e esperamos avançar mais", afirma Sandoval.
A Auren foi a primeira empresa a ter aprovação da Aneel para implementação do novo modelo, além de participar do processo de estudos para a definição do marco legal dos parques híbridos. Em março deste ano, a Neoenergia utilizou a nova regra e inaugurar um parque associado. Sua estrutura é formada por 15 parques eólicos e 136 aerogeradores com capacidade instalada de 471,2 Megawatts (MW). Além disso, conta com 228.000 painéis solares com potência instalada de 149,2 megawatts-pico.
No início dos anos 2010, esse tipo de usina elétrica era utilizada apenas em regiões com sistemas pequenos, como ilhas. Porém, nos últimos anos, países como Índia, Austrália, Estados Unidos, Reino Unido e China estudaram e começaram a explorar a hibridização. Eles, inclusive, são citados nos estudos da Empresa de Pesquisa Energética para o desenvolvimento das regras brasileiras para a hibridização. A geração hibrida é vista pelos países como uma forma de cumprimento das metas de expansão de energias renováveis com melhor utilização das terras.
Fonte e Imagem: Exame.
Rascunho de documento prevê ainda compromisso pela redução do carvão e duplicação da eficiência energética.
O Brasil assinou um acordo para triplicar a energia renovável até 2030 e se afastar do uso do carvão. A informação foi divulgada pela agência Reuters nesta sexta-feira (24) e confirmada à Folha pelo Ministério de Relações Exteriores.
"O Brasil analisou e vai se associar à declaração", afirma o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, André Corrêa do Lago.
Ele ressalta que a ideia do acordo é triplicar a capacidade de geração de renováveis no mundo, como um todo. "Não dá para triplicar no Brasil", diz. Atualmente, 48% da matriz energética brasileira já vêm de fontes renováveis, número que sobe para 83% se for considerada apenas a geração de energia elétrica.
"A gente vai trabalhar com outros países em bioenergia, etanol, eólica, solar, hidrelétrica, tudo o que a gente puder", explica o embaixador. "O Brasil quer, naturalmente, participar do esforço internacional para aumentar o número de renováveis."
A assinatura brasileira se junta a um possível acordo articulado para a COP28 (conferência da ONU sobre mudanças climáticas), já apoiado por União Europeia, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos.
O Brasil é agora um dos cerca de cem países a assinar o acordo, segundo uma autoridade europeia familiarizada com o assunto.
Fontes disseram à Reuters neste mês que o objetivo é que o acordo seja oficialmente adotado pelos líderes participantes das negociações climáticas da COP28, que começam na próxima semana em Dubai, nos Emirados Árabes.
A embaixada do Brasil em Abu Dhabi afirmou em uma carta ao Ministério das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos que o país iria aderir ao acordo intitulado "Compromisso Global de Metas de Energia Renovável e Eficiência Energética".
O Brasil já tem uma participação importante no setor de energia renovável. A maior parte da eletricidade do país vem de usinas hidrelétricas, com a geração de energia solar e eólica se expandindo rapidamente.
O carvão representa pouco mais de 1% da eletricidade do Brasil, de acordo com estatísticas oficiais.
A minuta sobre energia renovável, analisada pela Reuters, compromete-se com "a redução gradual ininterrupta da energia do carvão", incluindo o fim do financiamento de novas usinas elétricas movidas a carvão.
Também inclui um compromisso de dobrar a taxa anual global de melhoria da eficiência energética para 4% ao ano até 2030.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Presidente da República disse que questão climática será uma das prioridades do Brasil durante mandato à frente do G20.
A transição energética para combater as mudanças climáticas será uma das prioridades do Brasil à frente do G20, afirmou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira (23/11), durante a reunião de instalação da Comissão Nacional do G20, em Brasília.
O país assume, a partir de 1ª de dezembro, a liderança do grupo pelo período de um ano. O G20 reúne chefes de Estado e de Governo das principais economias do mundo, para discussão de temas importantes para o planeta que tenham ligação com a cooperação econômica internacional.
“Essa transição energética se apresenta para o Brasil como a oportunidade que nós não tivemos no século XX de termos no século XXI a possibilidade de mostrarmos ao mundo que quem quiser utilizar energia verde para produzir aquilo que é necessário à humanidade. O Brasil é o porto seguro para que as pessoas possam vir aqui fazer os seus investimentos e fazer com que esse país se transforme num país definitivamente desenvolvido”, disse Lula.
De acordo com Lula, os outros temas prioritários será o combate à pobreza e a rediscussão da governança mundial.
Ao longo do mandato brasileiro, segundo o governo federal, estão previstas mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho e forças-tarefa que compõem o G20, tanto presenciais quanto virtuais, em nível técnico e ministerial, em cidades-sede das cinco regiões do Brasil.
A reunião de cúpula será realizada no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro de 2024.
Veja a íntegra do pronunciamento do presidente Lula na reunião de instalação da Comissão Nacional do G20.
Bem, primeiro, eu queria agradecer a presença de todos os ministros. E parece que falta um companheiro que não pôde vir por problemas outros, importantes. Companheiro Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados), a presença do presidente da Suprema Corte, o nosso Ministro Barroso, e a novidade, para quem achava que o Banco Central não participava de reunião, o Roberto Campos é do Banco Central, que está cumprindo aqui uma tarefa tão importante quanto a nossa de participar dos compromissos do G20. Essa reunião aqui é uma reunião de instalação da Comissão Nacional para coordenação da presidência do G20.
Eu queria lembrar os companheiros que possivelmente seja o mais importante evento internacional que o Brasil vai assumir a responsabilidade de coordenar. São as 20 maiores economias do mundo, junto com os convidados, que sempre vem mais um grupo de países. A gente vai ter aqui no Brasil uma reunião histórica para o nosso país e uma reunião que eu espero que ela possa tratar dos assuntos que são os assuntos que nós precisamos parar de fugir e tentar resolver os problemas. Um deles é a questão da desigualdade, a questão da fome e a questão da pobreza.
Não é mais humanamente explicável o mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, e a gente ter tanta gente ainda passando fome. Um outro assunto que a gente vai discutir com muita força é a questão climática, a questão da transição energética.
Essa transição energética se apresenta para o Brasil como a oportunidade que nós não tivemos no século XX de termos no século XXI a possibilidade de mostrarmos ao mundo que quem quiser utilizar energia verde para produzir aquilo que é necessário à humanidade, o Brasil é o porto seguro para que as pessoas possam vir aqui fazer os seus investimentos e fazer com que esse país se transforme num país definitivamente desenvolvido.
Um terceiro tema que nós vamos discutir é a questão da governança mundial. Quer dizer, não é possível que as instituições de Bretton Woods, do Banco Mundial, FMI e tantas outras instituições financeiras continuem funcionando como se nada estivesse acontecendo no mundo, como se estivesse tudo resolvido. Muitas vezes instituições que emprestam dinheiro não com o objetivo de salvar o país que está tomando dinheiro emprestado, mas para pagar dívida, sabe, e não para produzir um ativo produtivo, numa demonstração de que não há contribuição para salvar a vida dos países.
Nós estamos indo, nós estamos vendo o que aconteceu na Argentina, nós estamos vendo o continente africano com US$ 800 bilhões de dívida e que se não houver uma rediscussão de como fazer financiamento para os países pobres, a gente não vai ter solução. Os ricos vão continuar ricos, os pobres vão continuar pobres e quem está com fome, vai continuar com fome.
Então, nós queremos aproveitar o Brasil e fazer essa grande discussão, além do que nós vamos ter uma novidade que depois o Márcio (Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República) vai explicar, é que nós vamos fazer aqui um grande evento de participação popular. Nós vamos tentar envolver a sociedade brasileira sem nenhum veto a qualquer segmento da sociedade para participar e construir propostas, para que a gente possa terminar o G20 e ter algo concreto para que a gente possa dizer ao povo brasileiro e ao mundo que a gente vai começar a mudar.
O Lira estava me dizendo uma coisa aqui que ele pretende fazer, que é tentar fazer um encontro de mulheres, que as mulheres vão ser muito empoderadas nesse G20. É importante as companheiras mulheres que estão aqui, sabe, ter em conta. Ele está pretendendo fazer o encontro de mulheres parlamentares, o que eu acho uma coisa, porque vai ter também encontro de parlamentares. Nós não vamos deixar nenhum segmento da sociedade fora do debate do G20. E a gente vai criar aqui uma coisa importante, e hoje é importante anunciar para vocês que a gente vai, que nós estamos criando duas forças-tarefas. Uma contra a fome e a desigualdade e outra contra a mudança do clima. E também vamos lançar uma iniciativa para a bioeconomia. Haddad (Fernando Haddad, ministro da Fazenda), se prepare com a sua turma para fazer, apresentar um bom projeto. E ainda vamos instalar um grupo de trabalho sobre empoderamento das mulheres, implementando as decisões adotadas por todos nós na Cúpula de Líderes de Nova Delhi, tá?
Eu queria, ao passar a palavra para o Mauro Vieira (ministro das Relações Exteriores), dizer para vocês o seguinte: é o evento mais importante que nós estamos sediando. Eu acho que é mais importante, do ponto de vista político, do que uma Copa do Mundo. E acho que os ministros têm que ter consciência do seguinte: todo mundo vai ter muita tarefa, mas é importante vocês não esquecerem que vocês foram eleitos, indicados ministros para governar o Brasil, que, portanto, a prioridade é a função para a qual vocês foram escolhidos para ser ministros. Significa que vocês vão ter que trabalhar mais do que já estão trabalhando. Significa que vocês vão ter que se virar em dois ou em duas para que a gente possa atender às necessidades da organização do G20 e para que a gente não possa deixar a peteca cair porque, se esse primeiro ano foi o primeiro ano de reconstrução das coisas que nós tivemos que recolocar nesse Brasil, Haddad, o ano que vem é o ano de a gente colocar o pé na estrada, visitar esse país, conversar com prefeitos, conversar com governadores, conversar com deputados, conversar com senadores e, sobretudo, conversar com o povo, que tem expectativa que a gente atenda os interesses que eles estabeleceram durante o processo eleitoral.
Então, estejam atentos. É uma tarefa árdua, é a primeira vez. Nós não temos experiência, nós vamos adquirir experiência com quem já fez o G20, por isso a coordenação vai ficar muito sobre o Itamaraty e sobre a Fazenda e vai ter grupos de trabalhos específicos. E eu espero que vocês deem de vocês, como diz uma jogadora de futebol feminino ou um jogador, que vocês deem o seu melhor para que a gente possa colher o “mais melhor”. Tá? É isso.
Eu agora passo a palavra ao companheiro Mauro, nosso ministro das Relações Exteriores, para explicar um pouco o que vai acontecer. Depois vai falar o companheiro Haddad, depois vai falar o companheiro Márcio para mostrar a participação popular e depois, então, está encerrado esse evento e vamos continuar o nosso dia a dia. Mauro, com a palavra.
Fonte e Imagem: epbr.
Segmento se movimenta para frear ajuda a projetos de geração de energia renovável.
No dia de divulgação do relatório da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, ganhou força nesta quarta-feira o rumor de que o governo enviará, ao Congresso, uma medida provisória (MP) para estender o prazo de vigência de subsídios oferecidos a projetos de geração de energia renovável, entre outras fontes incentivadas.
Os dois movimentos concomitantes, segundo fontes ouvidas pelo Valor, partiram de estratégia do relator da peça orçamentária, deputado Danilo Forte (União-CE). Ele teria aproveitado o poder de barganha na negociação do relatório da LDO para avançar com a pauta que defende abertamente: incentivos a parques eólicos, em parte no Ceará.
No governo, nem Casa Civil, responsável pela análise final das MPs, nem o Ministério de Minas e Energia, órgão que propõe e executa as políticas do setor, assumiram a iniciativa de elaborar e enviar a MP ao Congresso.
Ontem, integrantes do setor davam como certo o envio da MP, inclusive com data supostamente definida. Uma entidade chegou a remarcar evento para acomodar a suposta solenidade de assinatura do texto, na manhã desta quinta-feira. A cerimônia, porém, não constava nas agendas do presidente da República e de ministros até a conclusão desta edição.
Fora os empresários da geração de energia eólica e solar, o setor elétrico em peso tem unido esforços para combater a alta carga de subsídios que oneram as contas de luz. Em declarações públicas, o próprio ministro Alexandre Silveira, manifesta apoio.
Ontem, a “Folha de S.Paulo” informou que a minuta da MP prevê a extensão do incentivo por mais 36 meses. Até o momento o texto da MP é desconhecido.
O benefício é dado com desconto de 50% no custo do “fio”, tarifas de transmissão e distribuição (Tust e Tusd). Em 2021, o estímulo já havia sido estendido por 12 meses para novos pedidos de outorga de projetos, também com 48 meses para entrar em operação comercial a partir da autorização. Houve no setor uma “corrida ao ouro”, com avalanche de pedidos na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Se a MP for confirmada, é esperada uma reação semelhante.
O “Subsidiômetro”, ferramenta de cálculo da Aneel, indica que os consumidores brasileiros pagaram neste ano R$ 8,7 bilhões em subsídios às fontes incentivadas na tarifa, entre janeiro e novembro. É a maior rubrica dentro do montante total de R$30,6 bilhões acumulados até este mês.
A Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), que se opõe à prorrogação dos subsídios, confirmou ao Valor que a MP vai gerar o impacto de R$ 6 bilhões ao ano na CDE, o fundo que reúne os encargos repassados para a conta de luz. Os efeitos seriam sentidos a partir de 2029, segundo informou a entidade.
Na terça-feira, a Frente Nacional dos Consumidores de Energia divulgou “carta aberta” dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para alertá-lo sobre os efeitos do envio da MP ao Congresso, se for confirmada.
“Essa nova iniciativa dos poderes Executivo e Legislativo representa um enorme desrespeito à totalidade dos consumidores brasileiros, já massacrados pelo volume de subsídios sempre crescentes”, disse Luiz Eduardo Barata Ferreira, presidente da Frente, em entrevista ao Valor.
A Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace) destacou que “vê com assombro” a possibilidade de prorrogação dos descontos na Tusd e Tust.
O Instituto Acende Brasil, o União pela Energia e o ex-diretor da Aneel e colunista do Valor, Edvaldo Santana, engrossaram o coro contra a MP. Santana classificou a medida como “hipocrisia elétrica” que vai aumentar a conta de luz dos brasileiros.
Procurada, a Casa Civil informou que “ainda não chegou proposta formal”. “Como ocorre com qualquer outra proposta de MP, a mesma tem origem em seu órgão setorial e será examinada a partir do momento que chegar à Casa Civil”.
(Colaboraram Renan Truffi e Raphael Di Cunto, de Brasília)
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ampliação de investimentos em projetos como hidrogênio verde e eólicas em alto-mar abre divergência no governo.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que vai "cumprir à risca" a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer do Brasil líder em transição energética no mundo. O executivo se reuniu com Lula nesta terça-feira para discutir o plano de negócios da companhia, que será apreciado pelo Conselho de Administração da empresa amanhã.
Ele, como líder desse país, afirmou que essa transição é extremamente importante e o país precisa ser líder nisso. (...) Mais uma vez, ele ratificou isso conosco e vamos cumprir à risca o que o presidente determinar, porque a Petrobras é uma empresa do Estado brasileiro, claro dentro da composição de regras de governança, satisfação à sociedade e cumprimento com os ritos. A Petrobras voltou e tem um papel importantíssimo como líder desse processo de transição energética e transformação da sociedade — disse Prates.
O presidente da Petrobras participou do evento “A neoindustrialização e a transição energética brasileira”, promovido por O GLOBO e Valor Econômico, no Rio.
O investimento em projetos de transição energética, como hidrogênio verde e eólicas em alto-mar, provocou um racha no conselho da Petrobras e divergências no governo.
Prates, porém, voltou a defender o investimento em projetos de eólicas offshore no evento. — É importante falar de projetos eólicos offshore agora? É. Eles vão acontecer amanhã? Não. Mesmo que nós estivéssemos uma lei aprovada agora e os leilões comecem ano que vem, os projetos vão levar sete anos. Mas até lá nós temos que estar no jogo. Por isso, disse ele, a empresa assinou parcerias para desenvolver esses projetos.
Segundo a colunista Malu Gaspar, os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) estão se movimentando para substituir Prates na presidência da Petrobras.
Além da insatisfação com o preço dos combustíveis — o petróleo está em queda no mercado internacional, mas a Petrobras não baixa os preços nas suas refinarias — os ministros questionam o direcionamento de recursos para projetos que só darão retorno no longo prazo.
Isso teria irritado Lula, com revelou a colunista Vera Magalhães. A preocupação governo seria destravar projetos capazes de gerar ganhos de imagem para o presidente, que gerasse novas vagas de trabalho.
Cabe à estatal uma das fatias mais volumosas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a vitrine de obras e geração de empregos do governo.
Fonte e Imagem: O Globo.
“Temos um mix de fontes energéticas e participantes muito saudáveis, aparecemos como um país pacífico e grande o suficiente para ser relevante em escala global, mas precisamos acelerar o passo na regulação e na capacidade de influir em normas globais”.
O Brasil precisa acelerar o passo na regularização e na capacidade de influir nas normas globais relacionadas à transição energética, disse nesta quarta-feira a ex-presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) Clarissa Lins.
O ambiente de tensão geopolítica é fundamental para entender a possibilidade de diferenciação do país, de acordo com a executiva, que participou do seminário “A neoindustrialização e a transição energética brasileira”, promovido pela Editora Globo, no Rio.
As dimensões continentais do Brasil incluem mercado, volume e uma base energética diversificada, competitiva e atraente, segundo ela.
“Temos um mix de fontes energéticas e participantes muito saudáveis, aparecemos como um país pacífico e grande o suficiente para ser relevante em escala global, mas precisamos acelerar o passo na regulação e na capacidade de influir em normas globais”, afirmou Lins, que é sócia-fundadora a Catavento Consultoria.
Segundo a especialista, o Brasil está praticamente uma década à frente do mundo quando se fala em matriz energética renovável. “Uma matriz energética 47% renovada é onde a média global gostaria de estar em 2035, 2036”, disse. As hidrelétricas, lembra, foram essenciais para esse posicionamento hoje.
“Também temos as alavancas necessárias para nos posicionar muito bem nessas novas fronteiras tecnológicas de baixo carbono, como hidrogênio verde (...), mas também captura de carbono. A Petrobras hoje já é o maior ator individual a deter na tecnologia de captura e armazenamento de carbonos reservatório”, disse.
“Se olharmos para o livro de desenvolvimento tecnológico que deveríamos estar em 2030, temos conseguido cobrir. Entretanto, não conseguimos fazer isso de uma maneira uniforme e em todas as frentes necessárias.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Projetos devem exigir R$ 18,2 bilhões em aportes.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (21) a minuta do edital do primeiro leilão de transmissão de energia de 2024, com projetos que deverão exigir ao todo R$ 18,2 bilhões em investimentos para sua implantação.
Marcado para 28 de março de 2024, o certame oferecerá 15 lotes de transmissão, prevendo a construção de 6,46 mil quilômetros de linhas e novas subestações com 9.200 MW em capacidade de transformação.
As instalações, distribuídas em 14 estados, visam principalmente reforçar o escoamento da energia gerada no Nordeste, diante do forte crescimento das fontes renováveis eólica e solar na região, para centros de consumo do Sudeste e Sul.
O Brasil deu início neste ano a uma bateria de grandes leilões de transmissão de energia, para expandir sua rede nacional e permitir que mais geração renovável seja incorporada à matriz sem gargalos para seu aproveitamento.
Em dezembro o país deverá realizar o maior certame da história, com recorde de aportes de 21,7 bilhões de reais para implantação dos empreendimentos.
Assim como os últimos editais aprovados pela Aneel, as regras para a concorrência trazem inovações para evitar que vençam projetos empresas sem capacidade técnica ou financeira para construí-los.
Foi incluída, por exemplo, a obrigatoriedade de que as companhias interessadas apresentem balanços com parecer de auditor independente para sua habilitação econômica.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Carta enviada ao MME aponta ilegalidades à proposta que visa reformular a Política Nacional de Direitos das Populações sobre quase 24 mil represamentos mapeados no país.
O Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (FMASE) e o Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase) enviaram uma carta ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pedindo veto integral ao Projeto de Lei no 2788/2019, que visa reformular a Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB).
O projeto,
aprovado na Câmara dos Deputados ainda em 2019, foi proposto após o desastre na barragem de rejeitos de minério de ferro da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), dependendo agora de sanção presidencial.
De acordo com o documento, a proposta inclui aspectos de ilegalidade, não fazendo distinção dos diferentes tipos de barragens, da aplicação tanto em situação de licenciamento quanto de acidente, da caracterização das Populações Atingidas por Barragens (PAB), além da criação de um Comitê Local para cada represamento abrangido pela lei. “A redação do projeto é imprecisa, subjetiva e deixa margem para diversas interpretações, o que causa enorme insegurança jurídica a qualquer investidor de projetos envolvendo construção de barramentos”, diz a carta.
O Relatório de Segurança de Barragens da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) de 2022 aponta a existência de 23.977 estruturas cadastradas no Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB). Essas estruturas estão divididas em: (i) 1.513 de usos múltiplos; 2.646 de abastecimento; 1.142 de hidrelétricas; 2.469 de irrigação; 859 de mineração; 846 industriais; 13.946 de acumulação; 46 de contenção de sedimentos; 9 de controle de cheias e 501 de outros usos.
Na avaliação do Fase e FMASE, o contexto acaba por impactar também milhares de prefeituras municipais e outros segmentos (agro, turismo, piscicultura, energia, mineração, abastecimento, saneamento). Todos correriam o risco de ter de indenizar qualquer habitante que acredite que seu imóvel foi desvalorizado em razão da existência de uma barragem, sem qualquer limitação de distância ou faixa de abrangência que justifique tal desvalorização.
Ainda de acordo com as entidades, o texto ainda apresenta claros aspectos de inconstitucionalidades na opinião das entidades.
Entre eles, a obrigação do empreendedor de criar e implementar programas específicos destinados a mitigar os impactos na área de saúde, defesa civil, saneamento ambiental, habitação e educação dos municípios afetados pela implantação e operação de barragem ou pela ocorrência de incidente ou de acidente. No caso o correto seria essa competência ao poder público.
Por fim, a carta menciona que da forma como está redigido, o art. 5o ofende claramente o art. 23 da Constituição Federal. De igual forma o artigo 7o não merece prosperar, já que o poder de aprovação, acompanhamento, fiscalização e a avaliação do Programa de Direitos das Populações Atingidas por Barragens não poderia ser de responsabilidade de um órgão colegiado, Dpois fere o disposto na Política Nacional do Meio Ambiente e na Lei Complementar no 140/2011.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Confirmação é do secretário nacional de geologia, mineração e transformação mineral do Ministério de Minas e Energia (MME), Vitor Saback.
O Ministério de Minas e Energia vai apoiar o veto presidencial de trechos do Projeto de Lei (PL) 2788/2019, que institui a Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB).
A confirmação foi dada pelo secretário nacional de geologia, mineração e transformação mineral do Ministério de Minas e Energia (MME), Vitor Saback, em entrevista ao Valor. Importante destacar que ao MME cabe apenas fazer sugestões, já que a decisão final sobre o veto cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Saback, isso foi feito no âmbito de um acordo entre a pasta e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que se comprometeu a dar o apoio ao veto de trechos do PL para viabilizar o desenvolvimento econômico e energético, e o apoio às comunidades.
“Vai ter apoio ao veto de trechos do projeto pelo Ministério de Minas e Energia (MME), e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vai apoiar em alguns pontos, que geram algum tipo de insegurança, que causem incertezas. O ministério negociou, e o MAB vai apoiar”, disse.
Os trechos sob discussão abordam a aplicabilidade das barragens dentro e fora do Plano Nacional de Segurança de Barragens. Estruturas com potencial de risco, para geração de energia, rejeitos ou uso múltiplo estão detalhadamente incluídas nos processos de licenciamento
ambiental.
Preocupações do setor elétrico
O secretário recebeu os pontos de veto de Marisete Dadald Pereira, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage). “Todos que ela passou, vamos pedir”, confirmou. “Na regulamentação, estamos tentando levar isso para novas barragens, ou seja, um regulamento da lei para frente”, acrescentou.
Esta era uma das preocupações do setor elétrico brasileiro, já que, na avaliação do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase) e Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), entidades que juntas representam 32 associações de diversos setores, a redação do PL resulta em grande insegurança jurídica, por imprevisibilidade do passado em projetos que envolvam a construção de barramentos.
O secretário destacou ainda que o ministro da Minas e Energia, Alexandre Silveira, prestigiou a segurança energética. No dia 14 de novembro, Silveira disse em uma rede social que estava satisfeito com a aprovação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB), no Senado Federal.
Depois de Brumadinho
“Foi construído, por meio de muito diálogo, um texto que fosse compatível com o desenvolvimento econômico e a segurança energética, respeitando os atingidos e garantindo o desenvolvimento social”, disse o ministro.
O projeto, que começou a tramitar após o incidente em Brumadinho, abrange não apenas barragens de mineração, mas também outras 23.977 existentes no Brasil. De acordo com o Fmase e o Fase, o PL, da forma como está, abre espaço para indenizações a qualquer habitante que alegue ter sido prejudicado pela presença de uma barragem.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
País passa a participar ativamente em debates sobre transição energética, contribuindo para superar divergências internacionais.
O Conselho Mundial de Energia (World Energy Council, ou WEC) anunciou o Brasil como seu mais novo Comitê Membro. Com a adesão, o país passa a participar ativamente em debates sobre transição energética, contribuindo para superar divergências internacionais e assegurando que as particularidades regionais sejam consideradas no cenário energético mundial.
“O Conselho Mundial de Energia valoriza as contribuições do Brasil para fazer transições energéticas mais rápidas, mais justas e de maior alcance acontecerem, e para enriquecer nossa agenda de impacto visionária e prática”, diz Angela Wilkinson, Secretária Geral e CEO do WEC.
Nelson Leite, diretor executivo do Comitê Membro Brasileiro, anuncia que uma delegação brasileira, incluindo três palestrantes, marcará presença no próximo Congresso Mundial de Energia, que acontecerá em Roterdã em abril de 2024.
Fonte e Imagem: Brasil Energia.
Levantamento mostra que redução dos custos é maior no Distrito Federal, em Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco e São Paulo.
Pequenas e médias empresas que decidirem, em 2024, migrar para o mercado livre de energia, no qual é possível fechar contrato diretamente com geradoras em vez de pagar a tarifa das distribuidoras, podem economizar até 42% na conta de luz. A conclusão é de um levantamento da Migratio Energia, comercializadora de energia elétrica no âmbito do Ambiente de Contratação Livre (ACL), uma das empresas que se prepara para a ampliação desse mercado a partir de janeiro.
Todos os consumidores de média e alta tensão, no chamado grupo A, a partir de janeiro, poderão optar pelo mercado livre, atualmente restrito a grandes consumidores, como indústrias de shoppings. A mudança vai permitir que 165 mil empresas de pequeno e médio porte possam escolher seu próprio fornecedor de eletricidade. Hoje, elas ainda estão restritas às distribuidoras regionais, cuja tarifa é estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e acrescida de encargos. Como essas tarifas são distintas, há estados onde a mudança para o mercado livre representará mais economia que em outros.
A partir de uma simulação considerando tarifas de novembro, a Migratio concluiu que os estados onde é possível obter as maiores economias são Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco e São Paulo.
Uma portaria do Ministério de Minas e Energia definiu que todos os consumidores de alta tensão no país poderão escolher de quem querem comprar energia a partir de janeiro de 2024. Por enquanto, o mercado livre é acessível apenas a negócios com demanda contratada superior a 1.000 quilowatts (kW) ou aos com demanda mínima de 500kW, desde que com uso de fontes renováveis.
Na prática, explica Hélio Lima, sócio-diretor da Migratio Energia, apenas empresas cujas faturas de energia ficavam em torno de R$ 70 mil ou mais tinham como alternativa o mercado livre. A partir do ano que vem, até mesmo estabelecimentos com contas a partir de R$ 8 mil poderão aderir. — Não é só a demanda, mas também o horário de consumo de energia que influencia no preço da conta de luz. Inclusive, há indústrias que param de funcionar no horário de ponta, entre 17h e 20h, porque não é vantajoso. Ou ainda, há algumas que usam geradores a diesel nesses intervalos. No mercado livre, isso não seria necessário — conta.
Vantagens da livre escolha
Em vez de estar sujeito a apenas um fornecedor de energia, pagando bandeiras tarifárias ao longo do ano, quem adere ao mercado livre pode fazer pesquisa de preço entre os fornecedores e negociar melhores valores para um determinado período. Os contratos variam, em geral, entre um e cinco anos e costumam ser reajustados pela inflação. Ainda assim, os clientes conseguem ter maior previsibilidade do valor que irão pagar pelo uso da energia.
Com os reservatórios das hidrelétricas abastecidos, Lima diz que o momento é interessante para contratos mais longos, diferentemente do cenário vivido em 2021, em meio à crise hídrica.
— A energia incentivada, que tem descontos maiores que 50% por ser de fonte renovável, é uma das coisas que reduz ainda mais o preço da energia. E, na Migratio, o consumidor recebe o certificado de que a energia foi adquirida de fonte renovável, que pode ser usado nas compensações das emissões de carbono da empresa — acrescenta.
Por O Globo.
Órgão adverte que período menos chuvoso no ano que vem pode mudar status e exigir medidas adicionais.
A forte onda de calor dos últimos dias encontra o Sistema Interligado Nacional (SIN) em uma posição confortável, com reservatórios em “situação bastante boa” e termelétricas que podem ser acionadas em caso de necessidade. Mas uma estação chuvosa com precipitação menor ou atrasada exigirá medidas adicionais no início de 2024, a fim de evitar o acionamento de termelétricas mais caras ao longo do ano. A avaliação é do diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.
“Dependendo de como for a estação chuvosa, discutiremos as medidas que serão tomadas no ano que vem”, disse. De acordo com ele, os níveis atuais dos reservatórios e uma estação chuvosa “normal” permitirão “que 2024 seja tranquilo”.
“Mas, se for uma estação chuvosa que chega com atraso, precisaremos logo no início do ano pensar em como administrar os recursos ao longo de 2024”, afirma.
Uma opção seria o “controle dos reservatórios de cabeceira”, a exemplo de usinas como Furnas, Jupiá e Porto Primavera. Outra seria o acionamento de “térmicas mais baratas logo no início da estação chuvosa”, para usar “as térmicas mais caras só no fim do ano, se for o caso”.
Ciocchi reconhece também que o acionamento de térmicas “sempre tem algum impacto” que eleva o preço das tarifas. “Mas ainda bem que existem as térmicas. A alternativa seria pior”, diz.
No curto prazo, ele afirma que a decisão de acionar usinas termelétricas nesta semana foi “bastante acertada”, citando os dois dias consecutivos de recorde do consumo de energia no Brasil. Na terça-feira, 14, o consumo superou pela primeira vez os 100 gigawatts.
“Não dá para negar que estamos passando por um evento diferente, extremo, intenso”, diz. “Toda essa questão climática está chamando muito a nossa atenção.” Ainda assim, o SIN permanece com “diversidade de fontes” e “robusto”, de acordo com Ciocchi.
O diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, também classifica o SIN como “robusto” e preparado para lidar com as ondas de calor no país. Ele admite, no entanto, que pode haver “problemas pontuais” em algumas regiões, especialmente na distribuição de energia em função da sobrecarga de circuitos.
“O Brasil tem plenas condições de atender o sistema elétrico com relação ao momento atual, em que pese o aumento do consumo”, diz. “Você pode ter um problema pontual em uma região ou outra, mas o sistema brasileiro é redundante. No segmento de transmissão, caso um componente falhe, uma linha ou equipamento, há sempre um equipamento substituto. Ou seja, se faltar uma linha, aquela linha não traz corte de carga.”
A onda de calor elevou, no entanto, a quantidade de energia importada pelo Brasil no início desta semana, segundo o ONS. A parcela de eletricidade vinda do exterior passou de 0,005% na semana passada para 0,46% na terça-feira. A comparação é sempre feita em relação à carga total verificada. O Brasil importou, na semana de 4 a 10 de novembro, uma média de 4 megawatts (MW) médios ao dia. Na terça, a compra externa subiu pra 416 MW médios na terça. A energia importada veio toda da Argentina. O ONS também tem redes ligando o país ao Uruguai e ao Paraguai, que não foram usadas. Já a energia gerada no lado paraguaio de Itaipu não entra na conta de importação.
Nivalde de Castro, professor do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que o aumento da importação não é sintoma de falha estrutural do setor elétrico brasileiro. “Temos, por definição, capacidade instalada muito maior do que a demanda”, diz. Mesmo assim, há relação da alta das importações com a onda de calor e o aumento do consumo, segundo ele.
Fonte: Valor Econômico e Imagem: Canal Energia.
Segundo Maurício Tolmasquim, vantagem do País se deve ao baixo custo de produção de energias renováveis.
- O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, afirmou que o hidrogênio produzido no Brasil deverá ser um dos mais baratos do mundo, devido à abundância de energias renováveis no País. Ele participou nesta segunda-feira, 13, do Fórum Internacional de Energia, em Oslo, Noruega, ao lado do presidente da companhia, Jean Paul Prates.
“Acabo de falar em evento em Oslo que a produção de hidrogênio produzido no Brasil a partir de energias renováveis pode ser mais barato que o produzido a partir de gás natural em 2030, e que ele Tolmasquim participou do painel Horizontes globais: explorando projetos internacionais em hidrogênio, que destacou parcerias e o impacto do novo combustível no cenário energético global. A discussão abrange inovações tecnológicas, implicações geopolíticas e o papel da cooperação internacional no avanço do hidrogênio como uma solução energética sustentável.
Já o presidente da Petrobras integrou a abertura do Fórum, no painel A perspectiva global, que debateu a urgência de se reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE). Ele aproveitou o evento para divulgar “os novos direcionadores estratégicos e a conjuntura brasileira em que está atuando pela Petrobras”, informou também em uma rede social.
O evento é patrocinado pela indústria energética norueguesa, organizações comerciais da indústria e pelo governo norueguês, e termina nesta terça-feira, 14.
Ainda sem um marco regulatório, mais de 70 projetos de energia eólica offshore aguardam licença do Ibama, entre eles os da Petrobras, que planeja ser a maior geradora da energia a partir dos ventos no mar no Brasil, chamada de “playmobil” por Prates, devido à grande experiência da empresa com atividades de exploração e produção no mar. A estatal já encaminhou ao Ibama dez áreas para geração total de 23 gigawatts (GW).
Fonte e Imagem: Estadão.
Proposta se aplicaria a usinas como Candiota III e Pampa Sul, que são movidas a carvão mineral.
O Ministério de Minas e Energia está propondo que usinas termelétricas que geram ininterruptamente reduzam sua produção em momentos de excedente energético.
Estima-se que o corte diminuiria custos aos consumidores e permitiria um uso mais eficiente das diferentes fontes de energia do sistema brasileiro.
A proposta faz parte de uma consulta pública aberta pela pasta nesta segunda-feira (13) para as termelétricas com contratos regulados “inflexíveis”, isto é, que estão gerando energia para o sistema grande parte do tempo, mesmo sem necessidade de acionamento pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Segundo a nota técnica do ministério, a proposta se aplicaria a usinas como Candiota III, – negociada pela Eletrobras à Âmbar – e Pampa Sul, ambas movidas a carvão mineral.
A proposta inclui ainda a térmica Mauá 3, da Eletrobras, e outro empreendimento a gás natural, da Eneva, no Maranhão.
A redução da inflexibilidade das termelétricas seria aplicada somente em momentos de excedentes energéticos como o vivido atualmente, com abundante oferta hidrelétrica após uma recuperação de reservatórios combinada à geração das renováveis eólicas e solares.
“Nessa situação (de excedente energético), e conforme interesse dos agentes termelétricos, poderão ser realizadas ofertas de redução dos recursos energéticos inflexíveis ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que avaliará a possibilidade do aceite dessas ofertas e demais condições necessárias”, explicou o ministério em comunicado.
A proposta abre “novas oportunidades de negócios aos geradores termelétricos”, afirmou a pasta, ao permitir que eles possam negociar seus combustíveis para outra destinação.
O governo ressaltou ainda que a ideia reduziria custos para os consumidores do mercado regulado, já que os custos relativos à operação das termelétricas são superiores aos das demais fontes de energia, além de também trazer benefícios ao meio ambiente em razão do maior uso de recursos renováveis.
Por ser uma política pública “inédita” e cujos efeitos merecem ser monitorados e avaliados, o governo sugeriu uma validade limitada para até 30 de junho de 2025.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
O diretor financeiro-executivo de Itaipu Binacional, André Pepitone, afirmou em entrevista à Agência iNFRA que “todo esforço está sendo feito” para manter a tarifa de Itaipu, o Cuse (Custo Unitário dos Serviços de Eletricidade), em US$ 16,71/kW, em 2024. O valor foi estabelecido em 2023 após quitação da dívida de construção da usina, que tem até 15 de dezembro para indicar o preço a ser praticado no próximo ano. O diretor-geral brasileiro, Enio Verri, disse anteriormente que o Paraguai buscava aumentar o valor nas negociações.
“A tendência é que a gente continue praticando a mesma tarifa de 2023 e, nesse cenário, isso faz com que Itaipu seja a terceira energia mais barata do Brasil”, disse Pepitone. “Todo o esforço está sendo feito nesse sentido. Chegou o grande momento de os consumidores de energia brasileiros se beneficiarem da quitação da dívida, é o que aconteceu no ano de 2023.”
Pepitone ressaltou ainda que o preço da energia produzida pela usina mantém-se abaixo da média do mix de energia das distribuidoras que compram de Itaipu, mesmo realizando investimentos socioambientais, como prevê o regulamento da companhia. Conforme a Nota Reversal 228 de 2005, os investimentos de responsabilidade socioambientais são incorporados à governança da empresa e fazem parte da tarifa de Itaipu. O documento foi aprovado pelas “altas partes” do Brasil e do Paraguai, mas não precisou passar pelo Congresso Nacional, segundo o diretor.
Ele também falou sobre a renegociação do Anexo C — parte do tratado de Itaipu que determina as regras de comercialização da energia gerada pela usina, como a forma de contratação e precificação, além da política de investimentos. Leia a seguir os principais pontos da conversa:
Agência iNFRA – Havia uma previsão de início das negociações do Anexo C entre os presidentes do Brasil e Paraguai em 26 de outubro, mas esse encontro foi cancelado. Tem alguma nova data em vista para ocorrer?
André Pepitone — No dia em que a gente esteve em audiência pública no Senado, o diretor-geral, Enio Verri, anunciou que teria esse encontro com os dois presidentes, do Brasil e do Paraguai. Isso ainda não aconteceu, e é um desejo do Paraguai que ocorra o encontro dos dois presidentes e dos dois conselhos para marcar o início das atividades do novo governo do Santiago Peña.
Mas o Palácio do Planalto e o Itamary ainda estão em tratativas para marcar esse encontro. Chegou-se de fato a cogitar aquela data, mas por questões das agendas dos presidentes, ela não se verificou. Agora estamos aguardando uma nova data.
O que o Brasil tem pensado para a renegociação, para as regras do Anexo C?
O que a gente pode dizer é que a negociação do Anexo C cabe ao Ministério das Relações Exteriores, é o Itamaraty que conduz essa negociação. Então, hoje, a pessoa responsável é o chanceler Mauro Vieira, e ele recebe o apoio das autoridades da área de energia, do setor elétrico, do ministério. E Itaipu subsidia com informações técnicas.
Durante audiência pública no Senado nesta quarta-feira (8), a auditora-chefe da AudElétrica (Unidade de Auditoria Especializada em Energia Elétrica e Nuclear) do TCU (Tribunal de Contas da União), Arlene Nascimento, disse que, a depender de como for conduzida a negociação do Anexo C, Itaipu poderá não gerar excedentes econômicos a serem destinados para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), como previsto na lei que autorizou a desestatização da Eletrobras. O senhor poderia falar um pouco mais sobre essa afirmação?
Na verdade, Itaipu é uma empresa de serviço pelo custo, é como se fosse um condomínio. Eu tenho os custos e rateio pelos condôminos, então, eu pego o custo dos funcionários, da conta de luz, da limpeza e rateio entre os apartamentos. Aqui é a mesma coisa, eu pego os custos da empresa e rateio para virar a tarifa.
O que forma a tarifa de Itaipu? Era a dívida, as despesas de exploração — que são os gastos dos serviços de eletricidade, que inclui a operação, a manutenção, o uso de administração e o tão famoso investimento em responsabilidade socioambiental.
Como a Arlene deixou muito claro no Senado, desde 2005 isso foi incorporado na governança da empresa por meio de uma nota reversal. Então, além de gerar energia, Itaipu tem que fazer investimentos nos campos da responsabilidade social e ambiental. Então, não há sobra de dinheiro.
A Lei da Eletrobras fala que, quando tiver sobra lá de recursos, tem que ser destinada para a CDE, mas não existe essa sobra, é uma conta zero. Se quiser destinar recurso para a CDE, tem que dizer quanto deve ser destinado, e aí a gente coloca na conta e arrecada dos consumidores.
Mas por que que isso estaria atrelado à negociação do Anexo C? Esse montante poderia estar previsto no acordo?
Isso é a forma de destinar os recursos, isso não é objeto do Anexo C.
Outro ponto citado na audiência foi a expectativa quanto à queda do valor do Cuse com a quitação da dívida de Itaipu. Isso foi verificado? Qual a expectativa para 2024?
Com a quitação da dívida, a tarifa Itaipu caiu 26%. A tarifa vinha estabilizada desde 2009 em US$ 22,60/kW. Em 2023, com a quitação da dívida, esse valor caiu 26% e passou a ser US$ 16,71/kW. A partir desse cenário, mesmo seguindo o seu regramento de fazer investimento socioambiental, Itaipu hoje ocupa uma nova posição no ranking de tarifas dos consumidores.
Se a gente pegar os custo médios por fonte dos leilões da CCEE [Câmara de Comercialização de Energia Elétrica], Itaipu é a terceira fonte mais barata. Hidrelétrica é a primeira, custa R$ 213 kW/h. A segunda mais barata é eólica, R$ 219 kW/h, a terceira mais barata é Itaipu, R$ 232,98 kW/h. Então você pode ver que ela é um pouco mais cara que as duas mais baratas, mas tá num patamar muito próximo, e depois disso tem uma série de fontes muito mais caras que Itaipu.
A Enel, por exemplo, absorve 14% dos cursos de Itaipu. Se a gente olhar o mix de energia da Enel São Paulo, que passou por um processo tarifário agora, o aniversário da concessão foi 4 de julho. E se você olhar os custos de energia que a distribuidora compra para atender o seu mercado, Itaipu também é a terceira mais barata, só tem mais barato que Itaipu a energia das cotas, que no mix da Enel São Paulo entrou a R$ 160 kW/h, as usinas do Madeira —Jirau e Santo Antônio — e Belo Monte, no Xingu, que entrou a R$ 171 kW/h, e depois de Itaipu, a R$ 232 kW/h. Se você pegar um mix do custo médio da Enel São Paulo é R$ 238 kW/h.
No caso da CPFL Piratininga, que passou por processo tarifário mais recente, tendo em vista que o aniversário da concessão foi agora em 23 de outubro, Itaipu entra a R$ 234 kW/h, também entra como a terceira mais barata do mix. Entra no valor abaixo do custo médio da empresa. Então, Itaipu entra favorecendo a modicidade tarifária, puxando a energia para baixo.
Outra questão que o diretor-geral Enio Verri apontou foi que o Paraguai queria negociar o valor do Cuse para cima, querendo voltar aos patamares anteriores. Itaipu tem até 15 de dezembro para estabelecer o valor para 2024. Como está esse processo de negociação? Há uma mudança de posicionamento do Paraguai?
Isso tem que ser um acordo binacional, mas todo o esforço está sendo feito para que a tarifa não aumente o patamar de 2023, US$ 16,71/kW. Isso inclusive foi dito pelo diretor-geral, Enio Verri, na audiência pública que teve no Senado.
A tendência é que a gente continue praticando a mesma tarifa de 2023 e, nesse cenário, isso faz com que Itaipu seja a terceira energia mais barata do Brasil. Nós fornecemos, por força de lei, energia para as concessionárias do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e, em todas essas concessionárias, se você pegar a média de aquisição da concessionária, o valor da energia de Itaipu entra abaixo da média de aquisição das concessionárias. Como Itaipu entra abaixo da média, entra puxando o preço para baixo. Logo, ajudando a modicidade das tarifas.
Então todo o esforço está sendo feito nesse sentido. Chegou o grande momento de os consumidores de energia brasileiros se beneficiarem da quitação da dívida. Foi o que aconteceu no ano de 2023.
Sobre os investimentos socioambientais, houve uma nota reversal que trata disso. No Senado, houve dúvida quanto a esse documento ter sido referendado pelo Congresso Nacional ou não. Como funcionou esse processo? A nota passou pelo Legislativo?
A nota reversal [a] que você está se referindo é a Nota 228 de 2005. Ela é uma interpretação do tratado chancelada pelo Paraguai e Brasil. Ela não foi aprovada pelo Congresso Nacional. Não passou pelo Senado. Foi um documento aprovado pelas altas partes.
Uma vez aprovada, ela foi incorporada na governança da empresa por meio de uma nota reversal que diz que o custo de investimento socioambiental também faz parte da tarifa de Itaipu.
E quais são os investimentos realizados hoje pela companhia?
A gente está fazendo agora duas linhas de investimentos. Uma linha é atuar para reduzir a emissão de gases que afetam a camada de ozônio, e a outra linha é atuar na região para evitar que sedimentos sejam levados pro lago de Itaipu, comprometendo a qualidade da água e o assoreamento do reservatório.
O investimento que está sendo feito agora, que está sendo chamado de Itaipu Mais que Energia, ele tem quatro linhas de atuação: saneamento, energia renovável, manejo integrado de água e solo, e obras sociais comunitárias e de infraestrutura. Isso se materializa atuando nos municípios, porque é lá que as coisas ocorrem.
Itaipu também está realizando duas obras de extrema importância que trazem modicidade tarifária. Primeiro, é um investimento na revitalização do sistema de corrente contínua da subestação de Furnas, que é a instalação que leva a energia de Itaipu para o Sudeste. Isso está sendo feito com recursos da Itaipu, e esse investimento não vai ser repassado aos consumidores brasileiros.
O outro é a atualização tecnológica da usina de Itaipu. Como é uma usina de 1974, então a gente está trocando os componentes analógicos por componentes digitais. A gente está fazendo também com recurso aqui da tarifa de Itaipu.
O que o senhor acha sobre o debate acerca da criação de um órgão binacional para fiscalização e controle externo de Itaipu, a chamada “Câmara Binacional”?
Olha, o que a gente sabe é que existe uma iniciativa do Tribunal de Contas da União, do Brasil, com o Tribunal de Contas do Paraguai para criar uma câmara binacional de contas, e que isso está tramitando no Congresso. A gente está acompanhando os acontecimentos.
Mas mesmo a gente não sendo fiscalizada pelo TCU, a gente sempre busca nas ações administrativas da empresa adotar as melhores práticas de gestão. Inclusive, a gente se espelha em diversos normativos do TCU nas nossas práticas administrativas aqui dentro, sobretudo na parte de compras. A gente segue, mesmo sem ter obrigação, mas com uma política de ter uma boa gestão, a gente sempre segue todo o regramento do TCU.
Fonte e Imagem: Agencia Infra.
Governo quer sistema brasileiro de certificação; projetos para criar marco legal já tramitam na Câmara e no Senado.
O Ministério de Minas e Energia divulgou o texto preliminar do PL (projeto de lei) que será encaminhado pelo governo ao Congresso para criar o marco legal do hidrogênio. O documento foi encaminhado na 3ª feira (7.nov.2023) ao CDESS (Conselho Econômico Social Sustentável), conhecido como Conselhão.
A minuta foi elaborada pelo Coges-PNH-2 (Comitê Gestor do Programa Nacional do Hidrogênio) e tem como foco regularizar a certificação do combustível. Cria o SBCH2 (Sistema Brasileiro de Certificação de Hidrogênio) para regulamentar o setor contabilizando a emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa) na cadeia produtiva.
Ao mesmo tempo, a proposta estabelece a políticas públicas e atribui o credenciamento de empresas certificadoras ao sistema. As produtoras nacionais teriam adesão voluntária, enquanto combustíveis importados terão como certificado os parâmetros estabelecidos no país de origem. O conselho também estabeleceu normas para a exploração e produção do hidrogênio geológico no país, atribuindo ao Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) o licenciamento ambiental. A Secretaria Executiva do CDESS irá receber contribuições até 17 de novembro.
Além do projeto de lei do governo, há duas propostas de marco do hidrogênio em análise no Congresso, uma na Câmara e outra no Senado. Ambas as Casas criaram comissões especiais para tratar do tema. Os relatórios preliminares criam subsídios para a produção.
Na Câmara, o relatório preliminar do relator da Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio, deputado Bacelar (PV-BA), cria o Rehidro (Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono), com desoneração de impostos. Os incentivos serão proporcionais à quantidade de emissões evitadas, incluindo desonerações com investimentos e despesas operacionais. Eis a íntegra do parecer (PDF – 551 kB).
Pela proposta, o pacote seria custeado principalmente por parte dos recursos da exploração do petróleo e pelo excedente econômico de Itaipu, através da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). Também contaria com doações internacionais e com recursos do Orçamento da União. O relatório também estabelece que os leilões de compra de energia, a partir de 2028, tenham contratação obrigatória de geração por meio do hidrogênio.
Em paralelo, o Senado avalia outra proposta, que está pronta para ser votada na Comissão Especial do Hidrogênio Verde. O relatório preliminar do senador Otto Alencar (PSD-BA) também cita a criação de subsídios bancados pela CDE, que iriam para a conta de luz de todos os consumidores.
TIPOS DE HIDROGÊNIO
O hidrogênio é largamente utilizado no mundo para produzir energia e pode ser obtido de variadas fontes. É considerado por muitos o combustível do futuro por ter várias aplicações no setor produtivo e auxiliar na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa.
Costuma-se usar cores para definir essa procedência:
Hidrogênio cinza ou marrom, vindo da queima de combustíveis fósseis, altamente poluentes;
hidrogênio azul, obtido por técnicas de captura de carbono; e
hidrogênio verde ou sustentável, gerado por fontes renováveis de energia.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Segundo relatório, 80% da energia gerada na região virá de fontes renováveis até 2050.
Com um mundo cada vez mais focado na transição energética, a América Latina está bem posicionada para prosperar na era da energia limpa.
Segundo o Relatório de Perspectivas Energéticas da América Latina de 2023, da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a região possui vastos recursos naturais e uma economia diversificada, o que a coloca em posição privilegiada para desempenhar um papel crucial no sistema energético global.
A América Latina já se destaca no uso de energias renováveis, com 60% da geração de eletricidade proveniente de fontes limpas. Hidroeletricidade representa 45% da produção.
Segundo o documento, a região possui potencial para expansão de bioenergia, energia solar e eólica, e minerais críticos essenciais para tecnologias de energia limpa. O continente está no caminho para aumentar a participação de fontes renováveis na geração de eletricidade, atingindo 80% em 2050, segundo a análise da IEA.
Oportunidades para o crescimento econômico
Os países latino-americanos estão vindo de uma década de crescimento econômico lento, mas políticas energéticas sólidas podem impulsionar um superávit mais robusto. Espera-se que, nos próximos dez anos, o crescimento econômico seja mais que o dobro da última década, conforme indicado no relatório da IEA.
“Entendemos que o crescimento econômico aumentará na próxima década para mais do dobro da taxa observada na última, à medida que os países reforcem os seus setores industriais e de serviços e aproveitem os vastos recursos energéticos e minerais da região, o que também aumentará a competitividade econômica dos setores com utilização intensiva de energia”, concluiu a IEA.
Para alcançar essa meta, a instituição entende que será necessário que a região adote uma série de medidas. “Será necessário a implementação de uma série de medidas. Atrair investimento estrangeiro, regulamentações claras e desburocratização então entre elas”.
Minerais
A região possui vastas reservas de minerais essenciais para a transição energética, como lítio e cobre, fundamentais para a transição global para energia limpa. Essa abundância de recursos minerais, conforme ressaltado no relatório da IEA, oferece a oportunidade de diversificar a oferta global e impulsionar o crescimento econômico.
“A receita da produção de minerais críticos totalizou cerca de US$ 100 bilhões em 2022. As exportações de cobre e lítio devem ser especialmente significativas: o cobre como um componente essencial das redes de eletricidade, que precisam ser fortalecidas e expandidas, e o lítio para impulsionar a adoção de veículos elétricos e o armazenamento de baterias”, concluiu o relatório.
Protagonismo brasileiro
O relatório cita o Brasil como uma liderança em diversas áreas da energia sustentável, entre elas destacam-se: biocombustíveis e energia hidrelétrica, solar e eólica.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
A reforma tributária tende a aumentar a conta de luz de 17 milhões de residências do país, onde moram famílias de baixa renda que hoje são beneficiadas por tarifas sociais.
A proposta de emenda à Constituição (PEC) 45/2019, que reforma o sistema de impostos sobre o consumo, foi aprovada na terça-feira (7) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e deve ser votada pelo plenário da Casa nesta quarta (8).
O texto do relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM), prevê que reduções e isenções vigentes hoje para a população de baixa renda sejam substituídas pela alíquota-padrão do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que segundo o próprio governo pode chegar a 27,5%.
A troca provocaria um acréscimo imediato ao valor pago pelos consumidores mais pobres. Em contrapartida, Braga criou um "cashback", ou seja, a devolução posterior de parte do valor pago pelo consumidor.
A ideia vem sendo criticada e considerada descolada da realidade pelo setor. Na prática, famílias que hoje não pagam pela energia ou pagam as chamadas tarifas sociais teriam um novo gasto, de imediato, em troca de um retorno apenas mais adiante.
“O cashback traz uma dificuldade porque torna um benefício que hoje é direto [tarifa social] para um benefício indireto [cashback] e pressupõe o pagamento para ter devolução", diz Wagner Ferreira, diretor Institucional e Jurídico da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
"Essa forma de equacionamento para o consumidor de baixa renda só funciona se for feita de maneira simultânea. Ou seja, na hora que faz o lançamento do tributo já é realizado o creditamento da sua isenção, para que ele não tenha a sua conta aumentada", prossegue Ferreira.
No entendimento do professor de Finanças e Controle Gerencial do Coppead/UFRJ, Rodrigo Leite, a atual proposta “é bastante ruim” e pode reverberar para além dos custos mais altos e fim dos incentivos à população pobre: “Poderia acabar incentivando os gatos ou furtos de eletricidade, porque a conta ficaria num valor proibitivo para essa população”.
Além disso, ambos alertam que a inadimplência pode subir. Ferreira acrescenta entre as consequências o corte de luz e acesso a serviços básicos que dependem de energia elétrica.
Segundo a Abradee, cerca de 20% dos consumidores de energia elétrica do país são de baixa renda e têm acesso a descontos na conta de luz, seja isenção ou redução na alíquota do ICMS. Ao todo, são 17 milhões de residências beneficiadas, onde moram cerca de 70 milhões de pessoas.
Em alguns estados do Nordeste, até 40% dos consumidores residenciais são contemplados por tarifas sociais, com direito a redução ou isenção de imposto.
“Alguns estados isentam e outros reduzem a alíquota de ICMS sobre o consumo das famílias de baixa renda, justamente por ser um consumidor vulnerável do ponto de vista socioeconômico que precisa de uma atenção especial para que tenha acesso a serviços básicos", diz Ferreira.
Na última versão de seu relatório, Braga também inseriu possibilidade de cashback de parte dos tributos pagos sobre gás de cozinha para a população de baixa renda.
Alíquota-padrão do IVA será de pelo menos 27,5%
A principal proposta da reforma tributária é simplificar a tributação brasileira, uma das mais complexas e onerosas do mundo. Para isso, está sendo proposta a criação de um novo tributo, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que unificaria cinco impostos e teria uma alíquota-padrão.
O IVA será dividido entre Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), substituirá os impostos federais (PIS, Cofins e IPI); e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), referente a taxas municipais e estaduais (ISS e ICMS).
Alguns setores ficarão de fora da alíquota-padrão do IVA. Haverá aqueles com imposto reduzido ou zerado, como a cesta básica de alimentos. Outros pagarão um "extra", o imposto seletivo, apelidado de "imposto do pecado", cuja premissa é tributar produtos tidos como nocivos ao meio ambiente e à saúde.
À medida que a lista de exceções cresce, a alíquota-padrão fica maior. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê que a alíquota padrão deve chegar a 27,5%, mas analistas econômicos calculam patamar de até 33,5%.
A situação é semelhante ao pagamento da meia-entrada. Conforme mais pessoas são incluídas no ingresso com desconto, mais caro precisa ser o valor inteiro para compensar.
A implementação do IVA será gradual. Em 2027, ocorre a extinção do PIS/Cofins e do IPI, e a criação da contribuição sobre bens e serviços e o imposto seletivo, que são federais. Entre 2029 e 2033, é a vez da transição do ICMS.
Energia elétrica escapou do "imposto seletivo", mas setor pede atenção Em seu relatório, Braga explicitou que o imposto seletivo "não incidirá sobre as exportações nem sobre as operações com energia elétrica e com telecomunicações".
Representantes da energia elétrica no país, contudo, defendem que ainda assim a cobrança da luz deveria ser diferenciada por se tratar de um bem essencial.
“Menos gasto com energia elétrica significa também maior poder de compra das famílias, que aumentam o consumo em diversas áreas, aquecendo a economia”, pontua Ferreira.
Fonte e Imagem: Gazeta do Povo.
Domínio chinês sobre indústria solar deve ampliar gap de custos nos próximos anos.
A China irá deter mais de 80% da capacidade de fabricação global de polissilício, wafer, células e módulos fotovoltaicos de 2023 a 2026, apesar das políticas de mercados como Estados Unidos, Índia e União Europeia para incentivar a indústria local, analisa a Wood Mackenzie.
De acordo com um relatório recente, a expansão do domínio chinês sobre a cadeia de suprimentos global de energia solar tende a ampliar a lacuna tecnológica e de custos.
Em 2023, o país asiático investiu mais de US$ 130 bilhões na indústria fotovoltaica. Mais de um terawatt (TW) de capacidade de wafer, célula e módulo é previsto para entrar em operação até 2024.
Com isso, a capacidade solar da China seria suficiente para atender à demanda global anual até 2032, calcula a Woodmac.
Tecnologia avançada, baixos custos e cadeia de suprimentos completa dão vantagens competitivas ao mercado chinês.
“A expansão da fabricação solar da China tem sido impulsionada por margens elevadas para o polissilício, atualizações tecnológicas e pelo desenvolvimento de fabricação local em mercados estrangeiros”, avalia Huaiyan Sun, consultor sênior da Woodmac e autor do relatório.
“A China continuará a dominar a cadeia de suprimentos global de energia solar e a ampliar a lacuna tecnológica e de custos em relação aos concorrentes”, completa.
Gap de custos
Outros mercados começaram a aumentar a fabricação local de sistemas de geração solar, após a aprovação de políticas públicas de incentivo à indústria.
EUA e Índia, por exemplo, anunciaram mais de 200 GW de capacidade planejada desde 2022, com projetos incentivados pelas Lei de Redução da Inflação (IRA) e Incentivo de Produção Vinculada (PLI), respectivamente.
Mesmo assim, a consultoria observa que esses países ainda terão um caminho a percorrer até alcançar competitividade em termos de custos em comparação com o suprimento chinês.
Segundo o relatório, um módulo fabricado na China é 50% mais barato do que o produzido na Europa e 65% mais barato do que nos Estados Unidos.
“Apesar dos consideráveis planos de expansão de módulos, os mercados estrangeiros ainda não podem eliminar sua dependência da China para wafers e células nos próximos três anos”, observa Sun.
Na fabricação de células do tipo N, mais eficientes do que as do tipo P usadas até agora, a China pretende construir mais de 1 TW de capacidade – 17 vezes o planejado pelo resto do mundo.
Em seguida vem a Índia, prevista para ultrapassar o Sudeste Asiático como a segunda maior região de produção de módulos até 2025, impulsionada pelos incentivos do PLI.
Excesso de oferta
Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a capacidade global de fabricação de equipamentos fotovoltaicos deve mais do que dobrar em 2024 – mais de 90% concentrada na China.
A agência identificou um aumento de mais de 120% de novos projetos de fabricação de energia solar fotovoltaica anunciados entre novembro de 2022 a maio de 2023, com destaque para EUA e Índia, onde o potencial de criação de cadeias de suprimentos fotovoltaicas em cada uma dessas regiões supera 20 GW de capacidade.
Mas toda essa capacidade está levando a indústria a um excesso de oferta, diz a agência.
E alguns planos de expansão começaram a ser cancelados.
De acordo com os analistas da Woodmac, as preocupações sobre o excesso de oferta no mercado se concentram principalmente em linhas de produção antigas que fabricam produtos de eficiência inferior, como células do tipo P e M6.
A demanda por células do tipo P começou a declinar em 2023, e a expectativa é que ela represente apenas 17% do suprimento até 2026.
“O excesso de oferta inegavelmente prejudicará alguns dos atuais planos de expansão. Mais de 70 GW de capacidade na China foram cancelados ou suspensos nos últimos três meses”, comenta Sun.
Curtas
Fósseis rebaixados
Grande parte da indústria de combustíveis fósseis pode estar enfrentando uma era de rebaixamento de crédito se os produtores se mostrarem muito lentos em se adaptar a um futuro com baixas emissões de carbono, de acordo com a Fitch Ratings. Empresas de petróleo e gás se destacam como os emissores mais vulneráveis em uma análise realizada pela agência de classificação de risco.
Lítio derruba primeiro-ministro português
António Costa, do Partido Socialista, renunciou ao cargo na terça (7/11), em meio a investigações sobre um suposto esquema irregular de exploração de lítio e produção de hidrogênio verde em seu governo. Costa foi alvo de uma operação de busca e apreensão do Ministério Público português em sua residência. O premiê nega envolvimento em qualquer irregularidade.
PIB nuclear
Cada R$1 bilhão em investimentos na energia nuclear no Brasil contribui para um aumento de R$ 3,1 bilhões na produção no país, com 68% desse valor concentrado no estado do Rio de Janeiro, afirma um estudo da FGV lançado nesta quarta (8). O acréscimo ao Produto Interno Bruto (PIB) chega a R$ 2 bilhões, sendo 80% desse impacto no RJ.
Onda de calor
Novembro pode ter onda de calor ainda mais intensa nos próximos dias, com as temperaturas subindo em boa parte do país, de acordo com o Climatempo. A organização chama atenção para uma nova onda de calor que pode resultar em máximas na casa dos 40ºC.
E o El Niño deve durar até abril
Segundo agência da ONU, o fenômeno se desenvolveu rapidamente em 2023 e pode atingir seu pico no primeiro semestre do ano que vem. A Organização Meteorológica Mundial alerta que eventos climáticos extremos como ondas de calor, secas, incêndios florestais e enchentes serão mais comuns em algumas regiões e podem gerar maiores impactos.
Fonte e Imagem: epbr.
Eduardo Braga também inclui GLP no sistema de cashback e mantém proposta de imposto seletivo sobre o petróleo.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta terça (7/11) o texto do relator da reforma tributária, Eduardo Braga (MDB/AM), por 20 votos a seis.
Dentre as novidades em relação às primeiras versões de seu substitutivo, Braga consentiu com a inclusão do hidrogênio verde no artigo que prevê os regimes fiscais favorecidos.
A emenda foi apresentada por Augusta Brito (PDT/CE). Em sua redação original, a emenda não prevê a extensão dos efeitos pretendidos, como alíquota diferenciada, para outros tipos de hidrogênio – apenas o “verde”.
Por outro lado, Braga rejeitou a possibilidade de concessão de vantagens para fontes renováveis nas contratações feitas pelo poder público – proposta apresentada por Efraim Filho (União/PB).
O texto consolidou também a inclusão do setor elétrico no sistema de cashback ao consumidor – mecanismo que permite a devolução do imposto pago por pessoas de baixa renda. A novidade ficou por conta da emenda de Mecias de Jesus, que incluiu o gás de cozinha (o GLP) na regra.
O regramento, contudo, será definido em lei complementar.
O texto aprovado na CCJ também manteve o imposto seletivo de até 1% sobre a na extração de óleo e gás.
Na parte da reforma que trata do setor automotivo – e prorroga os benefícios fiscais do IPI para plantas automobilísticas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste até dezembro de 2032 — Braga restringiu o benefício apenas a automóveis “descarbonizantes”, incluindo aí os híbridos flex.
A proposta é incentivar “exclusivamente a produção de veículos equipados com motor elétrico que tenha capacidade de tracionar o veículo somente com energia elétrica, permitida a associação com motor de combustão interna que utilize biocombustíveis isolada ou simultaneamente com combustíveis derivados de petróleo”.
Fonte e Imagem: epbr.
Proposta de "fundo verde", com precatórios e créditos tributários, é de autoria de Arnaldo Jardim.
Em busca de recursos para financiar projetos de transição energética, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quer criar um fundo garantidor de R$ 400 bilhões a R$ 500 bilhões com precatórios e créditos tributários para permitir financiamento a juros baixos para projetos. Ele quer impulsionar o projeto de lei proposto pelo deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), que cria o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten).
Os Estados Unidos pretendem destinar US$ 479 bilhões para projetos em transição energética e a União Europeia, 375 bilhões. Somados, os recursos correspondem a 43% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
“Não temos de onde tirar publicamente os incentivos que competidores internacionais estão dando nesse ramo”, afirmou Lira. “A ideia é que se procurem alternativas para viabilizar as obras estruturantes para o Brasil, sem estar o tempo todo aumentando imposto ou sangrando a União.”
A proposta do Paten tem dois pilares, explicou. O primeiro envolve créditos detidos por empresas contra a União, inclusive precatórios. Esses valores poderiam ser aportados em um fundo a ser administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em troca, a empresa receberia cotas do fundo, que podem ser utilizados como garantia para financiamentos na área.
O outro pilar envolve dívidas das empresas com o governo federal. Será criada a possibilidade de a empresa transacionar seus débitos e obter descontos, independentemente da análise de recuperabilidade do crédito, desde que o recurso seja aplicado em projetos na área de desenvolvimento sustentável. A transação nessas condições dependerá de uma análise de conveniência pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
O projeto foi apresentado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que ficou de submetê-lo a uma análise técnica. Haddad ainda não deu retorno, informou Lira. A proposta foi apresentada também ao colégio de líderes e a um grupo de empresários.
Para o presidente da Câmara, a falta de recursos para subsidiar projetos em transição energética é o principal entrave na análise de outras proposições voltadas para a sustentabilidade que estão em análise na casa. É o caso do combustível do futuro, hidrogênio verde, créditos de carbono, eólicas offshore.
O presidente da Câmara considera que há espaço neste fim de ano para analisar essas propostas voltadas à energia limpa, que representam um “cartão de visita” para o país. Ele acredita que a análise da reforma tributária não demandará muito tempo, pois os deputados apenas analisarão as alterações feitas pelo Senado. Outras duas pautas importantes, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa), serão analisadas na Comissão Mista de Orçamento (CMO), mas não demandarão muito tempo do plenário. Assim, há tempo para avançar na agenda da sustentabilidade.
O fundo garantidor, chamado Fundo Verde, será formado por créditos que são de responsabilidade do Tesouro Nacional. Assim, avaliou Lira, será possível obter financiamento a “juro bem abaixo do normal”, pois “a garantia é consistente.”
Numa estimativa conservadora, os R$ 400 bilhões do fundo poderiam dar suporte a investimentos de R$ 800 bilhões. O projeto, porém, fala numa alavancagem de cinco a dez vezes o valor.
Potencialmente, o fundo pode ter mais recursos. Os créditos tributários somam perto de R$ 800 bilhões e os créditos da dívida ativa da União somam R$ 2,7 trilhões, num total de R$ 3,5 trilhões.
Estados, que têm grandes volumes de créditos a pagar às empresas, poderão aderir ao fundo por meio de convênio.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Texto da reforma tributária não menciona regime especial por renda.
O novo modelo tributário, em que o pressuposto é a generalidade, isto é, ter a menor quantidade possível de exceções, faz com que a regra que está sendo pensada acabe afetando os consumidores de baixa renda. A avaliação é da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
O diretor Institucional e Jurídico da Abradee, Wagner Ferreira, diz acreditar que, caso seja confirmada uma alíquota em torno de 27%, isso significaria aumento de até 30% nas contas de energia elétrica das famílias mais humildes, porque o texto atual da reforma tributária não menciona regime especial ou redução de tributos para as classes menos favorecidas. Hoje, os consumidores de baixa renda têm isenção tributária ou redução de alíquota em relação à alíquota normal.
“Se hoje esse consumidor já tem uma redução de alíquota ou a isenção, e se na virada de modelo da reforma tributária ele vai passar a ser tratado de uma maneira comum, ele vai passar a pagar uma alíquota cheia. Isso significa ter um aumento de tributo na conta de luz dos consumidores de baixa renda”, assegurou Ferreira.
Cashback
Ferreira destaca que o Senado Federal trouxe uma sinalização de compreensão sobre a questão. “Esse consumidor de baixa renda tem que ter um tratamento diferenciado. Porque se eu for tratá-lo de maneira igual, ele vai pagar mais tributo. E pagar mais tributo em uma classe de consumidores que tem renda de até meio salário-mínimo é algo perigoso que pode, inclusive, inviabilizar serviços e acesso a itens essenciais para a vida dessas famílias. Aumentar a conta de luz em R$ 30 ou R$ 40 em uma conta de R$ 80, R$ 90 ou R$ 100 para quem ganha meio salário-mínimo é um impacto muito grande”, ponderou.
O Senado pretenderia então que o consumidor de baixa renda tenha “obrigatoriamente” uso de cashback, mecanismo ainda não regulamentado, que prevê a devolução de impostos para um determinado público, visando reduzir as desigualdades de renda. O pressuposto econômico do cashback é que a pessoa pague para depois ter devolvido o valor pago. Wagner Ferreira questionou como o consumidor de baixa renda vai pagar se não tem renda? “Se ele já foi identificado como alguém com necessidade de atendimento de uma política pública, já tem cadastro no município, já comprovou sua condição socioeconômica, para que eu vou colocar um benefício indireto como o cashback se ele pode ter o benefício direto da isenção? Não faz sentido isso”.
A Abradee defende a isenção de tributos para famílias humildes. Caso a escolha do legislador seja pelo cashback, que esse mecanismo seja simultâneo. Ou seja, no mesmo momento que o tributo é cobrado, o valor é devolvido para o consumidor de baixa renda, para que não gere efeito financeiro para ele. “Porque, se gerar efeito financeiro, ele pode ter maior risco de inadimplência, pode deixar de acessar itens essenciais para o seu orçamento familiar, e vai criar, certamente, uma questão socioeconômica dentro dos municípios”, apontou o diretor.
Direito
Nas regiões Norte e Nordeste, principalmente, 40% dos consumidores são de baixa renda, atendidos pela tarifa social. O argumento da Abradee se baseia na perspectiva de que esse novo sistema vai durar muitos anos. A entidade entende que se a intenção é reduzir desigualdades no país, isso deve ser feito da maneira mais objetiva, transparente e mais adequada. Ele argumenta que a tarifa social existe há mais de 20 anos. Por isso, não há nada que justifique a criação de um obstáculo para fazer chegar a esse consumidor um benefício a que tem direito.
Ferreira reiterou que para um consumidor de baixa renda que já está identificado, já foi cadastrado no sistema de política pública, inserido nas distribuidoras pelos municípios, sob fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) e atende a 17 milhões de lares, cerca de 70 milhões de pessoas, não faz sentido criar um item a mais para fazer chegar a ele um benefício.
O posicionamento da Abradee está sendo levado ao Congresso Nacional e também à sociedade. A entidade apresentou quatro emendas, sendo duas nesta segunda-feira (6),visando aprimorar o texto do cashback para o consumidor de energia, para que ele seja simultâneo. Junto aos congressistas, a Abradee pede sensibilidade para que haja um “olhar qualificado sobre essa questão”.
Segundo Wagner Ferreira, há um bom indicativo para uma solução. O compromisso é que nessa terça-feira (7) seja lido o novo relatório do senador Eduardo Braga, para ser votado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ) entre amanhã (7) e quarta-feira (8), de modo que o novo texto possa ir a plenário, para se consumar. A perspectiva, entretanto, é que a parte do plenário ficará para depois do feriado de 15 de novembro. O compromisso que vem sendo apresentado pelos tomadores de decisão é que a reforma tributária seja aprovada ainda em 2023.
Bem essencial
A Abradee sustenta a necessidade de que seja definido no texto da reforma tributária que a energia elétrica é bem essencial à população. Isso é importante para evitar que esse insumo sofra no futuro com novos aumentos de imposto, garante que o valor da conta ainda seja acessível à população mais carente e seja, de fato, insumo para que o país desenvolva sua economia e melhore a vida das pessoas.
Dados de 2022 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que uma redução de 10% no valor da tarifa de energia provoca aumento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) em 0,45%, ou o equivalente a cerca de R$ 40 bilhões por ano que poderiam ser gastos pelas famílias e investidos pelas empresas com outros objetivos.
Durante o seminário Tributação e Desigualdades no Sul Global: Diálogos sobre Justiça Fiscal, promovido pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e pela organização Oxfam Brasil, em setembro deste ano, o secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, afirmou que exceções instituídas pelo Congresso Nacional reduziram o espaço para a devolução parcial de tributos pagos pelos mais pobres sobre a cesta básica e outros produtos. Deixou claro, contudo, que o cashback poderá ser instituído, mesmo que em escala menor que o previsto.
“Ao optar por fazer desoneração da cesta básica e de outros produtos, o Congresso Nacional, vamos ser bem claros, reduziu o espaço para fazer o cashback. Não quer dizer que não terá. Existe a possibilidade de ter o cashback, mas ele certamente será menor do que poderia ser”, disse Appy.
Fonte e Imagem: Agencia Brasil.
O Senado deve votar nesta terça-feira (7/11) o Projeto de Lei 4915/2019 que institui a Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB).
O governo federal articula para que seja votado o texto original aprovado pela Câmara dos Deputados para não atrasar a entrada em vigor da legislação. Caso seja alterado pelo plenário do Senado, o PL tem que ser novamente analisado pelos deputados.
No Senado, ele foi modificado pela senadora Leila Barros (PDT-DF), da Comissão de Meio Ambiente. No entanto, um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andrioli, disse que ela concordou com a proposta do governo de que seja votado o texto aprovado originalmente para não atrasar mais ainda a entrada em vigor da PNAB.
De autoria do deputado federal mineiro Zé Silva (Solidariedade), a proposta foi apresentada logo após o rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, em janeiro de 2019, em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, quatro anos depois da queda de outra estrutura similar em Mariana, na região central do estado. O rompimento das duas barragens deixou 289 mortos e contaminou as bacias dos rios Paraopeba e Doce, causando prejuízos para a população de diversas cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, muitas ainda aguardando reparação. Amanhã, o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, completa oito anos.
O acordo para a votação do texto original foi construído com a participação dos ministros das Minas e Energia, Alexandre Silveira, de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e do Meio Ambiente, Marina Silva, e envolveu inclusive as representações das empresas.
Esse projeto de lei, avalia Andrioli, é fundamental para garantir a reparação em territórios atingidos por barragens. “Fechamos um acordo em torno do texto original para passar agora no Senado, garantindo a sanção do presidente Lula”, afirmou. Segundo ele, o PL vai ser votado na Comissão de Infraestrutura na manhã do dia 7/11 e de tarde no plenário. Serão apresentadas ao texto original apenas algumas emendas para melhorar a redação, atendendo a pedido das empresas.
A PNAB discrimina os direitos das populações atingidas e estabelece regras de responsabilidade social das empresas em função dos impactos provocados pela construção, operação, desativação ou rompimento de barragens como perda da capacidade produtiva e de propriedades e imóveis, assim como sua desvalorização, interrupção prolongada ou alteração da qualidade da água que prejudique o abastecimento, mudança de hábitos de populações, bem como redução de suas atividades econômicas, interrupção de acesso à áreas urbanas e comunidades rurais, entre outros problemas decorrentes das barragens para exploração de água, energia ou minério.
No entanto, ainda não há garantia de que o texto será aprovado. Ontem mesmo, o Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), entidade que reúne 18 associações brasileiras do setor elétrico, divulgou uma carta cobrando melhoria no texto, alegando que ele causa insegurança jurídica para os investidores ao não fazer distinção entre os tipos de barragens a serem abrangidas pela PNAB, pois o PL não prevê limitação de distância ou faixa de abrangência que justifique a desvalorização.
Sob risco
Segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) reunidos pela reportagem do Estado de Minas, cerca de 40 mil pessoas moram ou trabalham sob reservatórios de contenção de rejeitos e sedimentos que não comprovaram sua estabilidade estrutural neste ano em Minas Gerais. O estado tem atualmente 203 barragens, sendo que 28 delas, o que representa 14% do total, têm problemas com as Declarações de Condição de Estabilidade (DCE), que a ANM considera o documento mais importante do processo de segurança de barragens de mineração.
Iluminação-O prédio do Congresso Nacional recebe projeção especial de imagens e frases neste domingo (5) em alusão aos oito anos do rompimento da Barragem do Fundão, no município de Mariana (MG), que causou 19 mortes e provocou destruição ambiental no rio Doce e em cidades mineiras e do Espírito Santo. As projeções ocorrem das 18h às 22h, nas fachadas da Câmara dos Deputados e do Senado. O rompimento, ocorrido em 5 de novembro de 2015, despejou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, comprometendo o abastecimento de água potável à população.
Fonte e Imagem: RedeGN.
Setor de energias renováveis enfrenta dificuldades no mercado financeiro; já petrolíferas seguem ampliando seus negócios e oferecendo bom retorno aos acionistas.
Calor, seca, inundações e fome. As provas das alterações climáticas estão à nossa volta. Para que o planeta evite consequências ainda mais graves do aquecimento global, segundo a Agência Internacional de Energia, a maior autoridade mundial no tema, o consumo de petróleo, carvão e gás natural tem de ser reduzido muito mais rapidamente. Já as fontes de energia limpa, como solar e eólica, têm de se expandir a um ritmo muito mais rápido.
Mas o mercado financeiro parece não ter recebido o memorando. Pelo contrário, as ações de uma vasta gama de empresas de energia limpa têm sido esmagadas ultimamente, numa derrota que abrange praticamente todos os sectores de energia alternativa, incluindo solar, eólica e geotérmica.
Ao mesmo tempo, em vez de se libertarem do petróleo, a Exxon Mobil e a Chevron, as duas maiores empresas petrolíferas dos EUA, estão duplicando seus investimentos e anunciaram aquisições que aumentarão suas reservas.
A Exxon pretende comprar a Pioneer Natural Resources, uma importante empresa de perfuração de xisto, por US$ 59,5 bilhões. Já a Chevron planeja adquirir a Hess, uma grande empresa petrolífera integrada, por US$ 53 bilhões. Estas são enormes apostas no petróleo para os próximos anos.
Benjamin Graham, grande investidor e professor da universidade Columbia, disse uma vez: “A curto prazo, o mercado é uma máquina de votar, mas a longo prazo, é uma máquina de pesar”. Isso significa que o mercado acaba por acertar, mas, no curto prazo, é propenso a entusiasmos, julgamentos precipitados e pensamento míope. Parece ser isso que está acontecendo agora.
Centenas de bilhões estão, de fato, sendo investidos em projetos de energias renováveis, mesmo que o mercado de ações não esteja favorecendo isso neste momento. Os retornos são baixos. O iShares Global Clean Energy ETF, fundo negociado em bolsa que rastreia todo o setor, caiu mais de 30% este ano. Pior ainda, desde o início de 2021, perdeu mais de 50%.
Outros setores também estão sendo punidos. O ETF Invesco Solar caiu mais de 40% este ano e quase 60% desde 1o de janeiro de 2021. O ETF First Trust Global Wind Energy perdeu cerca de 20% este ano e cerca de 40% desde 1o de janeiro de 2021. A taxa de juros em alta aumentou os custos e moderou o entusiasmo do consumidor em muitos países, reduzindo as avaliações de ações de empresas de rápido crescimento que não estão gerando grandes lucros. As empresas de energias renováveis foram duramente afetadas.
A SolarEdge, que fornece equipamentos necessários para converter a energia dos painéis solares em energia que pode ser transmitida por meio das redes elétricas avisou, em 17 de outubro, que a procura dos seus produtos estava diminuindo. O mercado reagiu de forma dura. As ações da empresa, com sede em Israel, caíram quase 30% num só dia.
Outras empresas de energia solar seguiram a queda. A Enphase Energy, uma empresa rival de Fremont, na Califórnia, perdeu quase 40% desde então.
As empresas de energia eólica também não foram poupadas. As ações da Orsted, empresa dinamarquesa de turbinas eólicas, caíram quase 26% na última quarta-feira após ela ter anunciado que poderia ter de reduzir em até US$ 5,6 bilhões o valor dos seus projetos eólicos offshore nos Estados Unidos.
Um dos empreendimentos do grupo da Orsted, o South Fork Wind - conjunto de turbinas que está sendo instalado em Montauk Point -, está previsto para começar a enviar eletricidade para Long Island antes do final do ano. Mas a empresa cancelou dois projetos, conhecidos como Ocean Wind 1 e 2, que deveriam abastecer Nova Jersey com energia verde, e alguns dos seus projetos para Nova York e Connecticut também tiveram problemas.
Por Estadão.
Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico acredita que isso abre margem para indenizações a qualquer habitante que acredite que seu imóvel foi desvalorizado em razão da existência de uma barragem.
O Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (Fmase) apresentou na quarta-feira (1) uma carta ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na qual afirma que a proposta de uma política nacional para barragens pode trazer insegurança jurídica por não fazer distinção entre os tipos de reservatórios.
Segundo a entidade, que representa 16 associações dos segmentos de geração, transmissão, distribuição, comercialização e consumo de energia elétrica, o Projeto de Lei (PL) 2788/2019 necessita de aprimoramento por ser impreciso e deixar margem para que sejam desenvolvidas diversas interpretações sobre a construção de barramentos no país.
O PL, que trata da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB), foi aprovado na Câmara dos Deputados e tem previsão de ser votado na semana que vem no Senado Federal.
Na carta, o Fmase destaca que o PL não trata somente das barragens de mineração, mas das 23.977 barragens existentes, segundo o Relatório de Segurança de Barragens de 2022 da Agência Nacional de Águas (ANA).
Desse total, salienta o fórum de associações, 1.513 são de uso múltiplo, 2.646 são de abastecimento de água e 1.142 barragens são de hidrelétricas. Barragens de mineração totalizam 859 unidades.
Ao não fazer essa distinção, afirma o Fmase, abre-se espaço para impacto sobre milhares de prefeituras municipais e segmentos como o de agronegócio, turismo, pscicultura, energia, mineração, abastecimento e saneamento, entre outros.
Isso porque tais setores correm o risco de ter de indenizar qualquer habitante que acredite que seu imóvel foi desvalorizado em razão da existência de uma barragem, sem qualquer limitação de distância ou faixa de abrangência que justifique tal desvalorização.
O PL começou a tramitar após o acidente com a barragem de Brumadinho, em 2019, um dos maiores desastres ambientais do país, que causou 270 mortes. Antes deste acidente, houve outro relevante, o rompimento da barragem de Mariana, em 2015, que domingo completa oito anos.
No caso de acidentes como os de Mariana e Brumadinho, cujas barragens em nada se assemelham às do setor elétrico, destaca o Fmase, o tratamento também é feito com base na legislação vigente, contudo com outra vertente, inclusive com a investigação e punição dos responsáveis.
"A entidade considera a política extremamente importante para o País e busca atender as populações atingidas por acidentes ocorridos por barragens (...) Portanto, ainda que seja elogiável a intenção do presente projeto, não há que se confundir os direitos da população atingida pela implantação e operação de barramentos, com as vítimas de acidentes nessas estruturas", disse o Fmase na carta ao ministro.
Na terça-feira (31), o Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou um acordo após receber representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) para uma reunião.
Em nota após o encontro, Silveira afirmou: "O debate foi muito importante para garantir a segurança energética e o desenvolvimento econômico-social do Brasil e o respeito aos direitos dos atingidos."
O Valor apurou que o segmento não foi ouvido antes do anúncio do acordo entre o MME e o MAB para a elaboração de uma proposta de texto da política.
Procurado pela reportagem, o MME não respondeu até o momento. A ANA também foi procurada para comentar o caso, mas também não respondeu até o momento.
Gilberto Cervinski, integrante da coordenação nacional do MAB, disse que os atingidos por barragens estavam há 40 anos sem uma legislação que estabelecesse os critérios para indenização dos impactados e destacou que o PL está em tramitação há quatro anos, sem ter sido questionado por nenhuma entidade.
Afirmou também que as últimas audiências contaram com presença de representantes dos setores de energia elétrica e de mineração. E disse ainda não compreender porque o setor elétrico diz não ser ouvido.
"Não existia uma lei federal que garanta os direitos dos atingidos por barragens. Não importa se atingidos por lama ou água, é preciso ter o direito de ser ressarcido pela terra, pela perda", disse Cervinski.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Contribuições serão recebidas pela ANEEL a partir desta sexta-feira (3/11).
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) abrirá nesta sexta-feira (3/11) Tomada de Subsídios (TS_018/2023), que pretende avaliar a necessidade de eventuais comandos regulatórios específicos para garantir o disposto no artigo 27 da Lei 14.300/2022, que caracteriza a micro e minigeração distribuída (MMGD) como produção de energia elétrica para consumo próprio. A lei é considerada o marco legal da MMGD.
O objetivo é avaliar se os consumidores de uma distribuidora utilizam a energia proveniente desses empreendimentos em conformidade com as disposições legais e normativas vigentes ou se existem arranjos comerciais remodelados na forma das modalidades de geração remota que, na prática, se equivalem a uma operação de compra e venda de energia. Da mesma forma, mitigar a ocorrência de mecanismos de comercialização de energia no Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) de excedentes ou créditos de energia, em desacordo com a regulamentação vigente.
A Resolução Normativa ANEEL nº 1.059/2023 - que definiu regras para a conexão e o faturamento de centrais de GD em sistemas de distribuição - estabeleceu que é vedada a comercialização, ainda que implícita, de créditos e excedentes de energia de geração distribuída, assim como a obtenção de qualquer benefício na alocação dos créditos e excedentes de energia para outros titulares.
As contribuições à TS_018/2023 poderão ser encaminhadas até 31 de janeiro de 2024 via formulário eletrônico, disponível no link no site da ANEEL.
Fonte e Imagem: Gov.br.
A partir de 1o de janeiro de 2024, 165 mil novos clientes poderão aderir o mercado livre de energia onde poderão ter acesso a tarifas mais baratas.
O mercado brasileiro de energia elétrica está às vésperas de uma das mudanças mais importantes de sua história. A partir de 2024, passa a vigorar a Portaria 50/2022 do Ministério de Minas e Energia (MME), que autoriza qualquer consumidor ligado ao sistema de alta tensão – o chamado Grupo A – a migrar para o mercado livre. Ou seja, cerca de 165 mil clientes poderão negociar diretamente com os fornecedores de energia em busca de tarifas melhores.
Tem muita gente contando os dias. No começo de outubro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que mais de 8,7 mil consumidores habilitados já haviam sinalizado a intenção de fazer a migração – o pedido tem que ser feito com seis meses de antecedência. Esse movimento, no entanto, pode ser muito maior. Uma estimativa da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aponta que 24 mil consumidores devem deixar o mercado regulado ao longo do ano que vem.
O número de clientes em potencial, no entanto, é cerca de três vezes maior. Na regra atual, apenas consumidores cuja demanda supere os 500 quilowatts (kW) têm acesso ao mercado livre. Pelas contas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) isso permite que apenas 37 mil dos 202 mil consumidores de alta tensão se beneficiem. Do restante, 93 mil já fizeram investimentos em geração distribuída e não devem ter tanto interesse. Sobram 72 mil unidades.
Energia mais barata
Uma sondagem publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no começo deste ano mostra que mais da metade – 56% – das empresas ouvidas querem fazer a transição.
Segundo o gerente de Energia da CNI, Roberto Wagner Pereira, o principal atrativo é o preço. Como os contratos do mercado livre são bilaterais, não existe um dado preciso sobre quanto uma empresa pode abater em sua conta de luz. A estimativa da entidade é que a média do desconto fique entre 10% e 20%. Mas há casos que pode ser bem maior. “Como tem muita energia alternativa entrando no Nordeste, já tem gente falando em descontos de 40%”, aponta Pereira.
Além da competição entre os fornecedores – o Brasil conta com mais de 510 comercializadoras de energia –, o mercado livre tem outra vantagem que ajuda a explicar os preços mais baixos. De acordo com o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Rodrigo Ferreira, as distribuidoras que operam no mercado regulado precisam contratar energia por prazos muito longos. Essa foi a forma que o governo encontrou de viabilizar a expansão da geração e, sob muitos aspectos, funcionou. “O modelo de contratação de longo prazo viabilizou a expansão da geração e quase dobrou a expansão da geração”, diz.
O outro lado é que, como esses contratos costumam ser corrigidos pela inflação, no longo prazo, as tarifas do mercado regulado podem ficar acima das praticadas no mercado livre. “A indexação é perversa”, sintetiza Rodrigo.
Mas nem tudo se resume à conta. Flexibilizar as condições de fornecimento de energia de acordo com as particularidades dos clientes também oferece vantagens como explica o residente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa. “Uma empresa que tenha suas unidades industriais pode gerenciar seus contratos e produzir onde tiver a energia mais barata”, pondera.
Gestão de risco
Nada disso quer dizer que o mercado livre seja a melhor opção para todos. “O mercado livre tem riscos que o regulado não tem. Contratos de curto prazo podem ser mais baratos, mas preveem reajustes desfavoráveis. Tem que fazer a gestão de riscos e isso não é algo trivial”, alerta Pedrosa.
Cedo ou tarde, os consumidores terão de aprender a se orientar na nova paisagem. A tendência é que o mercado livre continue se expandindo até abarcar todas as 89 milhões de unidades consumidoras do Brasil.
No ano passado, o Ministério de Minas e Energia (MME) realizou consulta pública na qual previa a abertura do mercado em 2026 para clientes comerciais de baixa tensão, dois anos depois, em 2028, para clientes residenciais e rurais. A questão também está na pauta do Congresso Nacional. Em agosto, a Câmara dos Deputados instalou uma comissão especial para debater o PL 414/21, que tem como objetivo a universalização do mercado livre.
A dúvida é como fazer a transição, especialmente em como lidar com os contratos entre as distribuidoras do mercado regulado e os geradores de energia. Caso a demanda encolha muito rapidamente, as distribuidoras podem acabar com um excesso de energia em suas carteiras, o que impactaria preços.
No momento a situação parece sob controle. Estudo feito pela consultoria EY e pela Abraceel em novembro do ano passado identificou cerca de 3 gigawatt (GW) em contratos com usinas termelétricas próximos do encerramento. Esse volume quase iguala os 3,6 GW que os clientes do Grupo A poderão consomem em média e que poderão acessar no mercado livre a partir do ano que vem.
Para dar realmente certo, no entanto, a abertura tem que ser bem planejada. “A abertura não é um fim em si mesmo. Ela precisa ser um meio para tornar o mais mercado de energia mais eficiente”, conclui Paulo Pedrosa, da Abrace.
Fonte e Imagem: Estadão.
O Ministério da Fazenda se opôs à sugestão feita pelo deputado Bacelar (PV-BA) de criar um regime especial de incentivos tributários à produção de hidrogênio com baixa emissão de carbono, o que atrasou o avanço da matéria relatada pelo parlamentar na Câmara. A proposta foi incluída no primeiro parecer apresentado à Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio da Casa.
Em meio à resistência da equipe econômica, um segundo documento foi elaborado e deverá ser protocolado após reunião com técnicos do governo. A votação do relatório, prevista inicialmente para amanhã, deve ser adiada. O projeto tem foco no hidrogênio verde, uma das formas de se gerar energia de forma mais sustentável, com baixa emissão de carbono.
De acordo com Bacelar, a Fazenda resiste a esses pontos do projeto justamente por avaliar que não há como conceder benefícios fiscais no momento em que encampa um discurso de combate às isenções tributárias para atingir o déficit zero nas contas públicas no ano que vem. O relator, no entanto, rebate o argumento da equipe econômica.
“Estamos defendendo incentivos fiscais para indústria nascente, então não haverá perda (de receita), porque o governo não arrecadou nada nesta indústria. O Estado não está abrindo mão de uma receita que já tem. Indústria nova sem incentivo não instala. Se ela não instala, o Estado não arrecada, e isso vira um círculo vicioso”, afirmou o relator.
“Eu não vejo como desenvolver programa inovador com hidrogênio verde sem incentivo. No mundo todo, onde hidrogênio tem sido desenvolvido tem sido através de incentivo, mas vamos ver que outras alternativas (a Fazenda vai apresentar)”, continuou o deputado. Ele disse que as equipes técnicas vão se reunir nesta tarde para discutirem o teor do texto.
Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono”, o chamado “Rehidro”, para empresas que sejam habilitadas para a produção de hidrogênio de baixo carbono no prazo de até cinco anos da publicação da lei. As pessoas jurídicas que fazem parte do Simples Nacional não poderão participar do programa.
O texto estabelece, por exemplo, que as beneficiárias serão desoneradas em impostos federais nas importações e aquisições no mercado interno de itens e matérias-primas relacionadas à produção de hidrogênio. A água e a energia elétrica, segundo o
relatório, serão consideradas matérias-primas para a produção do hidrogênio de baixo carbono e, portanto, não serão tributadas.
O parecer determina ainda que a empresa poderá obter um crédito de 100% sobre a Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) relativa a exploração de patentes, uso de marcas, importação de serviços técnicos e remessas para o exterior a título de royalties durante os primeiros cinco anos de ingresso no programa, e de 50% após este período.
As beneficiárias que estão inseridas no regime de lucro real terão também incentivos fiscais na apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que incluem, por exemplo, depreciação integral, no próprio ano da aquisição, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, além de exclusão, em relação ao lucro líquido, dos custos e despesas com capacitação de pessoal. Pelo texto, as empresas do Rehidro também poderão emitir
debêntures incentivadas.
Fonte e Imagem: Estadão.
Brasil tem como vantagem competitiva em relação ao restante do mundo o fato de ter metade da matriz energética composta por fontes renováveis.
O Brasil pode ter um papel preponderante no processo global de transição energética e descarbonização da indústria e da mobilidade urbana. Mas para exercer esse potencial o país precisa criar condições regulatórias e econômicas para que as soluções saiam do papel, de acordo com especialistas.
De partida, o Brasil tem como vantagem competitiva em relação ao restante do mundo o fato de ter metade da matriz energética composta por fontes renováveis. No setor elétrico, 20% da matriz têm origem em fontes fósseis. Com o aumento da ocorrência de eventos climáticos extremos - caso, por exemplo, de enchentes e secas em diferentes regiões do país de forma simultânea -, cientistas e especialistas avaliam se o que está sendo feito no setor de energia brasileiro é suficiente para reduzir a pegada nacional de carbono.
Atualmente, está em curso um plano de transição ecológica, apelidado de “pacote verde”, coordenado pelo Ministério da Fazenda, que consolida ações voltadas para a formação de uma economia sustentável, muitas delas ligadas ao setor energético. Rodrigo Rollemberg, secretário de energia verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), avalia que o Brasil tem todas as condições de fazer um “novembro verde” caso o Congresso aprove este mês todos os projetos de lei em tramitação sobre energia renovável. São projetos que tratam do marco legal das eólicas offshore e de hidrogênio verde, além da regulamentação do mercado de carbono e do programa “Combustível do Futuro”, que unifica os planos de combustíveis renováveis.
“O Brasil será o grande destino de investimentos internacionais quando aprovar os projetos”, disse Rollemberg. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, salienta que o setor, um dos mais relevantes da economia nacional, tem apostado no investimentos em tecnologias verdes, como a produção de biocombustíveis (especialmente em novas rotas tecnológicas para o biodiesel), as eólicas offshore e os sistemas de captura e armazenamento de carbono, entre outras iniciativas.
“O Brasil será o grande destino de investimentos internacionais quando aprovar os projetos”, disse Rollemberg. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, salienta que o setor, um dos mais relevantes da economia nacional, tem apostado no investimentos em tecnologias verdes, como a produção de biocombustíveis (especialmente em novas rotas tecnológicas para o biodiesel), as eólicas offshore e os sistemas de captura e armazenamento de carbono, entre outras iniciativas.
O hidrogênio produzido com uso de energias renováveis ainda é considerado caro, mas já foram anunciados 50 memorandos de entendimento firmados por empresas com governos estaduais e com outras companhias, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica). Só o Ceará possui 34 memorandos firmados. Projetos-piloto ou efetivos são 16, aponta a entidade.
Sérgio Leitão, presidente do Instituto Escolhas, salienta, porém, que o país não está preparado para fazer parte de uma corrida tecnológica global pela transição energética. A falta de coordenação, de metas e de prioridade no uso de recursos impede que o Brasil assuma a vanguarda tecnológica. Essa situação pode fazer com que o Brasil consuma tecnologias de outros países, avalia.
O economista Bráulio Borges, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e da LCA Consultores, destaca que uma das potencialidades que precisam ser adequadamente pensadas e exploradas é o aproveitamento das reservas que o país tem de minerais críticos para a transição energética, como lítio, cobre, níquel e terras raras: “A agenda de transição energética e mitigação das mudanças climáticas é uma oportunidade inclusive de neoindustrialização e para o Brasil se desenvolver”, pondera. Ele acrescenta que o país “perdeu o bonde” da globalização do comércio internacional de bens, que tirou a Coreia do Sul da pobreza.
Borges afirma que o país tem um ponto de partida “muito favorável” para explorar a oportunidade da transição energética e da mitigação das mudanças climáticas. Entre as vantagens comparativas do país, cita a exportação de energia limpa e a extração de minerais críticos, além de, eventualmente, instalar o refino desses materiais no Brasil. Mas ele alerta, com base em outras “ondas” que o país perdeu no passado: “Ficamos céticos porque o Brasil nunca perde a oportunidade de perder oportunidades. Mas essa oportunidade está aí e as coisas estão acontecendo neste momento”.
Em termos globais, Borges destaca que a transição energética também se beneficiou, nos últimos anos, de um impulso involuntário dado pela geopolítica. Ele diz que a guerra entre Rússia e Ucrânia motivou uma aceleração, por parte de diversos países, da agenda de mudança da matriz energética. “Depender menos do petróleo e derivados da Rússia significa buscar outras fontes no mundo, principalmente fontes renováveis, que estão muito mais bem distribuídas no mundo do que os hidrocarbonetos”, ressalta Borges.
Ele afirma ainda que o conflito entre Israel e o Hamas, que traz embutido o risco de guerra envolvendo outros países do Oriente Médio, é mais um exemplo de questão geopolítica que pode impulsionar a transição energética. “Os países ocidentais podem querer acelerar a redução da dependência de petróleo de países do Oriente Médio”, diz economista.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Projetos para geração offshore já protocolados no Ibama somam 200 GW e estão entre as apostas de petroleiras que têm metas
de descarbonização.
Destaque em energia eólica em parques terrestres no mundo, com fator de capacidade de geração no Nordeste superior a 50%, o dobro da média mundial, o Brasil se prepara para desbravar uma nova fronteira: o potencial dos ventos marítimos. Enquanto o governo sinaliza com regulação para a área até o fim do ano, empresas se movimentam para investir nesse novo segmento no país. Já há protocolados cerca de 200 gigawats (GW) de projetos no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Um exemplo do interesse está na Petrobras, que busca ampliar sua participação em renováveis investindo em eólicas offshore. Liderar a corrida implica, para a estatal, desenvolver equipamentos mais propícios para o Brasil, o que pode elevar a eficiência dos projetos e ampliar a rentabilidade deles.
Em setembro, a Petrobras anunciou já ter solicitado o licenciamento de dez áreas marítimas para a instalação de estruturas de energia eólica com potência de 23 GW. Das dez áreas marítimas, sete ficam no Nordeste (três no Rio Grande do Norte, três no Ceará e uma no Maranhão) – as outras estão no Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Para atingir a ambição de liderar o novo segmento, a estatal firmou parceria com a WEG, fornecedora de motores elétricos, para o desenvolvimento de um aerogerador capaz de produzir 7 megawatts de energia, o maior a ser fabricado no Brasil.
“Isso marca a entrada efetiva da Petrobras no segmento de energia eólica offshore”, diz o presidente da estatal, Jean Paul Prates. Para ele, a parceria representa um marco importante para a empresa, porque aumentará seu conhecimento em tecnologia de energia eólica, além de trabalhar em um equipamento voltado ao mercado brasileiro.
O aerogerador terá 220 metros de altura do solo até a ponta da pá – equivalente à altura de seis estátuas do Cristo Redentor – e 1.830 toneladas de peso – correspondente ao peso de cerca de 1.660 carros populares ou 44 Boeings 737. A Petrobras investirá R$ 130 milhões no projeto, que já está em andamento pela WEG. O acordo abrange o desenvolvimento de tecnologias para a fabricação dos componentes do aerogerador adequados às condições eólicas do país –, bem como a construção e testes de um protótipo, com contrapartidas técnicas e comerciais para a Petrobras. A WEG prevê que o equipamento poderá ser produzido em série a partir de 2025.
A energia eólica offshore pode ser liderada pelas petroleiras em um momento em que o pré-sal ganhará destaque nessa década
no mundo. Com a exploração gradual da camada pré-sal, o Brasil se tornou um dos oito maiores produtores de petróleo do mundo. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que a produção mundial de petróleo aumentará em 5,8 milhões de barris por dia até 2028, com cerca de um quarto dessa oferta adicional vindo da América Latina e com destaque para o Brasil. As petroleiras trabalham com metas globais de descarbonização. E as eólicas offshore são uma das apostas delas.
Por Valor Econômico.
Segundo deputado, os preços aumentaram e os serviços ao consumidor pioraram.
Numa reunião com operadores do mercado financeiro, organizado pela Fatto Inteligência Política, em Brasília, o deputado João Bacelar (PL-BA) criticou duramente as distribuidoras de energia elétrica do país. Segundo ele, os preços aumentaram e os serviços ao consumidor pioraram.
Bacelar e outros parlamentares do PL estão cogitando acertar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), uma nova lei sobre concessões do setor elétrico.
Por Veja.
Segundo o petista, país tem potencial de produzir inúmeros tipos de energia sustentável e vendê-las para países ricos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 6ª feira (27.out) que o Brasil tem o potencial de ser um “berçário” para novos investimentos de economia verde –modelo econômico que visa a reduzir o impacto ambiental e promover o desenvolvimento sustentável.
De acordo com o presidente, o Brasil tem uma possiblidade que poucos países têm. Por causa da suas condições climáticas e posição geográfica, é capaz de produzir inúmeros tipos de “energia verde”, como biocombustível, eólica, solar e hidrogênio verde.
“O que é essa coisa extraordinária que o país tem? É o potencial que o Brasil tem de entrar no mundo da chamada energia verde. Ou seja, o potencial que o Brasil tem de produzir energia e vender para os países ricos que querem comprar. O Brasil se apresentará como um berçário em que vai nascer esse novo mundo dos investimentos que é a chamada economia verde”, afirmou em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
Essa não é a 1ª vez que o petista fala sobre o tema. Lula já disse que o Brasil pode ser na economia verde o que países do Oriente Médio são em relação ao petróleo. Afirmou ainda que o país é “imbatível” no tema.
Por Poder 360.
Aumento do aporte no Luz para Todos vai puxar alta da CDE; entidade teme que encargos sejam ampliados por projetos no Congresso.
A CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) deve ter um orçamento de R$ 36,6 bilhões em 2024, segundo projeção da consultoria do setor elétrico TR Soluções. Se confirmado o valor, o país baterá recorde no pagamento de subsídios na conta de luz. Em relação a 2023, a alta será de R$ 1,7 bilhão, ou 4,9%.
A conta é um encargo setorial pago pelos consumidores. Sua finalidade é conceder descontos tarifários a determinados grupos de usuários –como pessoas de baixa renda–, custear energia nos sistemas isolados e incentivar fontes de geração, como eólica e solar, além de outros subsídios.
A estimativa considera o valor aprovado para o Luz para Todos para 2024. O programa de universalização do fornecimento de energia, relançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai custar R$2,5 bilhões para a CDE no próximo ano. Em 2023, a despesa aprovada para universalização foi de R$ 1,6bilhão.
Também estão inclusos descontos e subsídios para as fontes incentivadas (solar, eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas) e para irrigação e subvenção econômica a cooperativas, que estão projetados em R$ 13,4 bilhões.
Há outros componentes, como os descontos para a geração distribuída, que crescem a cada ano com a evolução do segmento, e para o consumo de combustíveis nos sistemas isolados e não conectados ao SIN (Sistema Interligado Nacional). Este é o componente de maior peso na CDE.
De acordo com a TR Soluções, cada R$ 1 bilhão de aumento na conta setorial pode representar um impacto médio da ordem de 0,5 ponto percentual sobre as contas de luz. Atualmente, a CDE representa cerca de 17% das tarifas ao consumidor.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) deve apresentar até o final do ano a proposta final do orçamento da CDE para 2024, que será levada a consulta pública antes de ser aprovada.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem defendido que a proposta de reforma do setor elétrico, em discussão dentro do governo, equalize a questão dos subsídios. Já cogitou transferir parte das despesas para o OGU (Orçamento Geral da União), mas a falta de espaço fiscal é um desafio.
Mariana Amim, diretora de Assuntos Técnicos e Regulatórios da Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia), defende a ideia de que o governo arque com os subsídios de caráter de política social.
“O que se faz no setor elétrico é caridade com o chapéu alheio. Não é aceitável, por exemplo, subsídio para carvão mineral ou para beneficiar um tipo de energia em detrimento de outra. O desconto para baixa renda é justificável, mas também tem que vir de uma política governamental.”
DESPESA PODE AUMENTAR
Outro problema é a tentação do Congresso em incluir ou ampliar subsídios na conta. Há vários projetos em tramitação atualmente que, se aprovados, vão aumentar a despesa. Na lista estão duas propostas de marco regulatório do hidrogênio verde, uma na Câmara e outra no Senado.
O relatório preliminar da Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio da Câmara cria o Rehidro (Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono), com desoneração de vários impostos. Eis a íntegra do parecer (PDF – 551 kB).
Pela proposta, o pacote seria custeado principalmente por parte dos recursos da exploração do petróleo e pelo excedente econômico de Itaipu, por meio da CDE. Também contaria com doações internacionais e com recursos do Orçamento da União.
No Senado, há uma outra proposta que está pronta para ser votada na Comissão Especial do Hidrogênio Verde. O relatório preliminar também cita a criação de subsídios bancados pela CDE, que iriam para a conta de luz de todos os consumidores. Eis a íntegra (PDF – 199 kB).
Mariana Amim diz que ainda não é possível estimar o peso desses descontos na CDE. Mas mostra preocupação com a possível aprovação. “As discussões que temos tido com o setor de hidrogênio é que os incentivos tributários já bastariam para fomentar o desenvolvimento da produção. Mas no Congresso há uma percepção contrária”.
Por Poder 360.
O relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) apresentado nesta quarta-feira (25) para a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 45/2019, sobre a Reforma Tributária, garante que o IS (Imposto Seletivo) não incidirá sobre a energia elétrica. No entanto, não a inclui no rol de regimes específicos, com tratamento diferenciado. O texto, como estava na Câmara, não definia se o IS incidiria ou não sobre a eletricidade.
“Em função da experiência recente, entendemos que não pode haver o risco de o tributo incidir sobre a energia elétrica, caso em que prejudicará desproporcionalmente a população de baixa renda e o desenvolvimento das atividades econômicas, nem sobre os serviços de telecomunicações, pois trata-se de atividade estratégica”, diz o relatório.
O Imposto Seletivo é um mecanismo que visa desestimular o consumo de produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, e incidirá de forma monofásica sobre o bem ou serviço.
Recursos não renováveis
No entanto, o relatório prevê que haja uma alíquota de 1% do IS na extração de recursos naturais não renováveis, como minério e petróleo. Durante entrevista à imprensa, o senador afirmou que a incidência não será em toda a cadeia, apenas na extração.
Braga ainda informou que “toda e qualquer regulação e formulação [do Imposto Seletivo] será por lei complementar”. Assim como os minérios a serem tributados. Questionado se a regra valeria para insumos energéticos, como carvão, o parlamentar disse “achar que sim”, mas que o assunto deverá ser tratado também em lei complementar.
Cashback para eletricidade
O relatório prevê ainda que consumidores de baixa renda terão direito ao cashback na conta de energia elétrica. Esse mecanismo prevê a devolução de parcela da receita do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição Social sobre Bens e Serviços) aos consumidores.
“Para não desequilibrar a receita dos estados, os consumidores de baixa renda do setor elétrico terão direito à cashback na conta de energia elétrica”, afirmou Braga.
Combustíveis e lubrificantes
No setor de óleo e gás, o texto apresentado por Eduardo Braga mantém o tratamento específico no IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) para combustíveis e lubrificantes. Contudo, determina que as alíquotas tributárias desses produtos serão definidas por meio de resolução do Senado Federal, que terá função de árbitro entre os entes federativos, tendo em vista que as alíquotas serão uniformes, não por lei complementar.
Segundo o relatório, o texto aprovado na Câmara dos Deputados “determinou que as alíquotas aplicáveis aos combustíveis e lubrificantes serão uniformes em todo território nacional, mas permaneceu silente quanto à competência para fixá-las”.
Assim, “a interpretação mais apropriada é de que a lei complementar que instituirá o regime específico para esses produtos também fixará sua alíquota. No entanto, entendemos que essa previsão não é a mais conveniente, pois engessaria os ajustes necessários para atender as oscilações de preços. Como o Senado Federal já possui competência para fixação de alíquotas máximas e mínimas relativas a impostos estaduais, concluímos que esta Casa da Federação é a arena mais adequada para deliberar sobre a alíquota aplicável às operações com combustíveis e lubrificantes, respeitados os parâmetros indicados na legislação complementar”, diz o documento.
Simplificação
A fim de simplificar a tributação no país, a reforma indica a unificação de tributos em um com duas alíquotas (IVA dual), chamado de IBS. Assim, haverá uma alíquota para a União e outra para estados, municípios e Distrito Federal, além de alíquotas diferenciadas para determinados bens e serviços.
Segundo o advogado tributarista Luis Claudio Yukio Vatari, sócio do Toledo Marchetti Advogados, já era esperado que a energia ficasse de fora dos modelos diferenciados, visto que isso já teria sido “antecipado” pelos parlamentares. Como justificativa, é dito que “quanto mais tratamentos diferenciados se tem, a alíquota geral acaba subindo”.
Fim de incentivos fiscais
Contudo, o tributarista avalia que o fim previsto para os incentivos fiscais é algo que já vem desestimulando novos investimentos no setor. Especialmente na construção de novas usinas, tendo em vista que, segundo suas projeções, poderá aumentar em até 20% o investimento inicial para a construção de uma usina. “A cassação dos regimes especiais, como o Reidi [Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura] e outros, locais e estaduais, tem atentado muito contra o setor, mesmo com o período de transição”, afirmou à Agência iNFRA.
“Hoje você tem uma implantação menos onerada, mas opera pagando mais imposto. Com o fim dos incentivos e a criação dos créditos tributários, haverá a antecipação do imposto da operação para a construção. Hoje você investe menos para ter um retorno menor, agora você vai investir mais para ter um retorno, em tese, maior com o crédito tributário”, explicou. “É uma medida melhor? Eu não sei. É mais fácil fazer um investimento ou conduzir uma empresa? Eu fico na dúvida.”
Tramitação
Com a apresentação do relatório no Senado, o texto, já aprovado na Câmara dos Deputados, seguiu para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Após a leitura do texto, o presidente do colegiado, Davi Alcolumbre (União-AP), concedeu vista coletiva de 15 dias, como estava acordado entre os parlamentares.
Segundo Alcolumbre, o relatório será apreciado na CCJ em 7 de novembro, quando seguirá para o plenário da Casa. Ele informou ainda que há acordo entre os líderes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para devolver a matéria para a Câmara dos Deputados até o dia 10 de novembro.
Fonte e Imagem: Agência Infra.
Presidente da Câmara e deputado Arnaldo Jardim propõem criação de mecanismos de financiamento para projetos de transição energética.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) discutiram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quarta-feira a criação de novos mecanismos de financiamento para projetos de transição energética. Haveria um “fundo verde” gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e uma nova forma de transação tributária, condicionada a investimento em ações que diminuam os gases de efeito estufa.
O “Programa de Aceleração da Transição Energética” (Paten) teria como objetivo fomentar novas tecnologias, a produção de combustíveis renováveis, como o etanol de segunda geração e bioquerosene para aviação, ou geração de energias mais limpas, como eólica, solar e de biomassa.
A proposta é alternativa para custear projetos de energia eólica em alto-mar ou de produção de hidrogênio verde, por exemplo, ambos com marcos legais em debate no Congresso. O governo, contudo, se posicionou contra as propostas de criação de incentivos tributários para esses programas.
“É algo que teremos que negociar. Sem incentivos não há como colocar em pé a produção de hidrogênio de baixo carbono no Brasil”, disse o deputado Bacelar (PV-BA), relator do marco legal na Câmara. O projeto de lei protocolado por Jardim cria um fundo de aval a empréstimos do BNDES com taxas de juros menores para projetos sustentáveis. Ele seria formado por precatórios (dívidas judiciais) e créditos tributários de pessoas jurídicas com a União, e os credores receberiam cotas desse fundo.
Já a transação tributária teria nova modalidade que levaria em conta não a capacidade de pagamento do credor para decidir o desconto concedido nas multas e juros, mas a exigência de usar os recursos para investimentos em projetos “verdes”.
Segundo Jardim, o ministro ficou de estudar a proposta e e retornar com sugestões. “O Haddad, em princípio, simpatizou muito com o projeto porque pode diminuir a demanda por incentivos tributários”, disse.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
11º CITEENEL teve início nesta quarta (25) em São Luís do Maranhão.
A 11ª edição do Congresso de Inovação Tecnológica e Eficiência Energética do Setor Elétrico (CITEENEL 2023) reuniu especialistas e autoridades com o objetivo de fomentar a discussão e o intercâmbio de ideias sobre os Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (PDI) e Eficiência Energética (EE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Organizado pela Agência, em parceria com a distribuidora Equatorial Maranhão, o evento de três dias, teve início nesta quarta-feira (25), em São Luís (MA) e foi transmitido pelo canal da ANEEL no YouTube.
Na cerimônia de abertura, o diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, deu as boas-vindas aos participantes, seguido do governador do Estado do Maranhão, Carlos Brandão. Feitosa iniciou seu discurso, destacando o potencial do Congresso como grande canal de discussões e principal evento de inovação e eficiência energética do setor elétrico: “Já considero esse evento um sucesso por vários motivos, mas sobretudo pela motivação e entusiasmo das equipes da ANEEL e da Equatorial Maranhão envolvidas que se traduzem em mais de 1.400 inscritos, entre participantes presenciais e virtuais, o recorde do evento.”
“Vamos aproveitar esse grande canal de discussões e pensar o nosso país, as futuras gerações, o clima, a inclusão social, a diversidade, a redução das desigualdades sociais, regionais, a integração, o desenvolvimento e crescimento com justiça. Juntos, sempre podemos mais.”, declarou o diretor-geral da ANEEL.
Para o governador Carlos Brandão, “as discussões que teremos nesse congresso contribuirão, significativamente, para impulsionar o desenvolvimento e a transição energética de que tanto falamos”. Brandão também apontou os avanços do estado e sua capacidade em atrair investimentos: “O Maranhão é um estado de credibilidade e vem atraindo cada vez mais investimentos palas suas riquezas naturais e pelo seu grande potencial em produzir energias renováveis. Nós precisamos nos preparar para o futuro e contribuir cada vez mais com o desenvolvimento sustentável do nosso país”.
O evento também contou com a presença da diretora da ANEEL e relatora do CITEENEL, Agnes da Costa, dos diretores da ANEEL, Ricardo Tili, Fernando Mosna, Hélvio Guerra, da ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, do diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP), Fernando Moura, e do CEO do Grupo Equatorial Energia, Augusto Miranda.
Com sua vasta experiência na área, a ex-ministra abordou temas relevantes relacionados à inovação e eficiência energética, em palestra magna por meio da qual destacou a importância de estratégias sustentáveis no setor elétrico.
Após a palestra, a diretora Agnes da Costa agradeceu a participação da ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e falou da importância da inovação e de se discutir a atuação individual e coletiva na promoção dessa atividade. “Um dos objetivos dessa edição do CITEENEL é a gente poder olhar para o potencial do trabalho de cada um aqui presente e entender que não estamos fazendo inovação apenas por obrigação, entender que ela tem sim grande impacto no setor elétrico, no setor de energia e na economia. Coloco a ANEEL à disposição para que vocês consigam entender como estamos contribuindo para melhorar a sociedade, o nosso país e o mundo.”
O período da manhã também contemplou o Painel "Programas de PDI e EE com resultados para a Sociedade". Moderado pelo diretor da ANEEL, Ricardo Tili, o debate contou com especialistas do setor que compartilharam suas experiências e apresentaram casos de sucesso, evidenciando os benefícios dos programas para a sociedade. Na abertura do painel, Tili falou do papel central do consumidor nos projetos de PDI e EE: “A sociedade é o principal beneficiário de nossa atividade, e, portanto, a orientação de nossos projetos deve refletir suas necessidades e aspirações. Afinal, a energia elétrica é uma parte fundamental do cotidiano de todas as pessoas, e nosso papel é garantir que ela seja confiável, acessível e ecologicamente responsável.”
No período da tarde, os participantes retornaram às discussões, desta vez explorando o tema "Governança em PDI e EE no setor elétrico". Sob a mediação do diretor da ANEEL, Fernando Mosna, que pontuou em sua fala de abertura “ESG é um tema que faz parte de diversos fóruns de discussão, seja na agenda de governo, internacional ou empresarial. Hoje, nós vamos falar especificamente sobre Governança, em uma dinâmica, em que nós vamos tratar de desenvolvimento, inovação, eficiência energética e teremos a oportunidade de ouvir da ANP, dos agentes regulados e dos representantes do poder concedente como eles estão encarando situações, problemas e desafios nessas novas maneiras de entender o ambiente de negócio e o mundo em si”. Neste painel foram discutidos os principais desafios e as melhores práticas de governança relacionados aos programas de inovação e eficiência do setor elétrico.
Em seguida as atividades do congresso prosseguiram com workshops temáticos. O primeiro workshop abordou o uso da tecnologia blockchain e a certificação de descarbonização. O workshop seguinte trouxe discussões sobre ESG — sigla que vem do inglês e significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança). Já no terceiro workshop, foram apresentados os Indicadores ESG em projetos de PDI e EE, com ênfase na sustentabilidade como uma agenda estratégica e inadiável.
Para encerrar o primeiro dia do CITEENEEL, no final da tarde, ocorreu a divulgação do estudo que avalia os impactos do Programa de Eficiência Energética (PEE) da ANEEL. A apresentação foi conduzida pela secretária adjunta de Inovação e Transição Energética (STE/ANEEL), Carmen Silvia Sanches, acompanhada pelo especialista em regulação da STE/ANEEL, Carlos Eduardo Firmeza, e pela professora da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP), Amanda Schutze. O estudo apresentou análises e resultados que evidenciaram o impacto positivo do Programa de Eficiência Energética, destacando avanços e oportunidades de aprimoramento.
Com uma programação diversificada e conteúdos relevantes, o Congresso continua nos próximos dias, com uma série de painéis, palestras e atividades que visam impulsionar a inovação e a eficiência energética no setor elétrico, contribuindo para um futuro mais sustentável e tecnologicamente avançado.
Fonte e Imagem: Gov.br
Texto cria um teto com base na média da receita no período de 2012 a 2021, apurada como proporção do PIB. A alíquota será
reduzida caso exceda limite.
Em um esforço para fazer a reforma tributária avançar no Senado, o relator do texto, Eduardo Braga (MDB-AM), acolheu novas demandas setoriais e aumentou o Fundo Nacional do Desenvolvimento Regional (FNDR), um pedido dos governadores. O parecer foi visto como um avanço em relação ao que foi aprovado na Câmara dos Deputados, mas parlamentares já admitem novas mudanças e não descartam um adiamento da votação.
A meta do governo é votá-lo no Senado em novembro, para que o texto volte à Câmara e ainda seja promulgado antes do recesso. A expectativa é que em 2024 o Congresso possa se debruçar sobre as propostas de leis complementares que regulamentarão a reforma tributária do consumo.
Tendo como base a proposta aprovada na Câmara, o texto unifica ISS, ICMS, PIS, Cofins e IPI em três novos impostos: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de gestão federal; o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), gerido pelo Conselho Federativo, composto por representantes dos Estados e municípios; e um Imposto Seletivo (IS), federal, que incidirá sobre bens e serviços prejudiciais à saúde. O projeto visa acabar com a guerra fiscal, e prevê um período de transição para a adoção do novo sistema.
“Os regimes diferenciados serão submetidos a avaliação quinquenal de custo-benefício, podendo a lei fixar regime de transição para a alíquota padrão, garantidos os respectivos ajustes nas alíquotas de referência”, disse Braga, durante apresentação do texto à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Por isso mesmo, fomos bastante seletivos diante das incontáveis demandas por novas exceções. Mas não perdemos de vista os princípios que motivaram a apresentação dessa PEC 45, entre eles a necessidade de desoneração dos bens de capital, como forma de assegurar investimentos para a modernização de alguns setores, como infraestrutura e saneamento.”
Braga propôs em seu parecer a criação de uma trava para o crescimento da carga tributária sobre o consumo, a ampliação do aporte anual do governo federal no Fundo Nacional do Desenvolvimento Regional (FNDR) para R$ 60 bilhões e a restrição do número de produtos da cesta básica que terão alíquota zero.
No caso da trava à carga, o texto institui um teto de referência com base na média da receita no período de 2012 a 2021, apurada como proporção do Produto Interno Bruto (PIB). A alíquota de referência dos tributos será reduzida caso exceda esse limite. O teto para a carga tributária estaria hoje em 12,5% do PIB, informou uma fonte do governo. O ideal, do ponto de vista do Executivo, seria não ter essa limitação.
Em relação ao FNDR, cuja função é compensar Estados pelas perdas na arrecadação com as novas regras tributárias, a mudança significa um incremento de R$ 20 bilhões em relação ao texto aprovado na Câmara. A versão dos deputados estabelecia um aumento progressivo do fundo até atingir o teto de R$ 40 bilhões em 2033. Já os Estados pleiteiam um aumento entre R$ 75 bilhões e R$ 80 bilhões.
Pela proposta de Braga, o aumento extra será distribuído ao longo de dez anos. A partir de 2034, haverá um incremento de R$ 2 bilhões ao ano, até alcançar os R$ 60 bilhões anuais em 2043. Braga também inseriu uma nova proposta de divisão do fundo, com 70% dos recursos distribuídos segundo os critérios do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e 30% com base nos Estados mais populosos. Outra mudança foi transformar o conselho federativo em comitê gestor, que ficará sem a possibilidade de ter iniciativa de lei. Esse era um dos principais pontos de atrito na Casa.
O relatório prevê redução de 60% das alíquotas dos tributos incidentes sobre itens como produtos de limpeza e higiene pessoal consumidos majoritariamente por famílias de baixa renda. A alíquota reduzida beneficia, ainda, serviços de transporte coletivo de passageiros.
Braga manteve os produtos e insumos agropecuários entre os itens que terão redução da alíquota, algo que já estava previsto na versão que veio da Câmara dos Deputados e era um dos principais pleitos da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Os profissionais liberais, por sua vez, terão desconto de 30% na alíquota. A medida deve beneficiar advogados, dentistas, médicos e engenheiros.
Braga também cedeu e incluiu novos setores entre as exceções, como agências de viagem, concessão de rodovias, missões diplomáticas, serviços de saneamento e telecomunicações, que terão regimes específicos. No geral, a avaliação no governo é que o saldo do relatório é positivo, especialmente a limitação da isenção da cesta básica e a forma como parte do setor de transportes foi retirado da alíquota favorecida para um regime específico. Mas, diante das concessões, técnicos avaliam se vão atualizar o estudo que apontou para uma alíquota-padrão para a soma do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) entre 25,45% e 27%.
Uma novidade no relatório apresentado foi a possibilidade de cobrar Imposto Seletivo sobre a extração de petróleo e minérios, a uma alíquota de até 1%. O governo ainda não tem estimativa de quanto poderá ser arrecadado. Mas o fato de o Seletivo ter ficado maior do que estava na versão aprovada pela Câmara poderá contribuir para reduzir a alíquota da CBS, comentou uma fonte. A tributação será um novo custo para a Petrobras, admitiu.
Relator da reforma tributária na Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) gostou do parecer apresentado por Braga. Ao Valor, Aguinaldo ele disse que o parecer contempla quase 90% dos pontos defendidos pela maioria dos deputados e demonstrou confiança de que o texto será aprovado no Senado no início de novembro.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Segundo World Energy Outlook 2023, novas tecnologias limpas executarão papel maior que o atual.
De acordo com a última edição do World Energy Outlook 2023 da Agência Internacional de Energia, as grandes mudanças em curso hoje deverão resultar num sistema energético global consideravelmente diferente até ao final desta década, O aumento fenomenal de tecnologias de energia limpa, como a solar, a eólica, os carros eléctricos e as bombas de calor está remodelando a forma como alimentamos tudo, desde fábricas e veículos até eletrodomésticos e sistemas de aquecimento.
A última edição descreve um sistema energético em 2030 no qual as tecnologias limpas desempenham um papel significativamente maior do que hoje. Isso inclui quase dez vezes mais carros elétricos nas estradas em todo o mundo; a energia solar gera mais eletricidade do que todo o sistema energético dos EUA produz atualmente; a quota das renováveis no mix global de eletricidade aproxima-se dos 50%, acima dos cerca de 30% atuais; bombas de calor e outros sistemas de aquecimento elétrico superando as caldeiras de combustíveis fósseis em todo o mundo; e três vezes mais investimento em novos projetos eólicos offshore do que em novas centrais elétricas alimentadas a carvão e gás.
Todos esses aumentos estão baseados apenas nas atuais configurações políticas dos governos em todo o mundo. Caso os países cumpram os seus compromissos nacionais em matéria de energia e clima na íntegra, o progresso no domínio da energia limpa avançará ainda mais rapidamente. Mas ainda seriam necessárias medidas ainda mais fortes para manter vivo o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 °C.
A combinação do impulso crescente por trás das tecnologias de energia limpa e das mudanças econômicas estruturais em todo o mundo tem implicações importantes para os combustíveis fósseis, com picos na procura global de carvão, petróleo e gás natural visíveis nesta década – a primeira vez que isto acontece num cenário WEO com base nas configurações políticas atuais. Neste cenário, a percentagem de combustíveis fósseis no fornecimento global de energia, que esteve estagnada durante décadas em cerca de 80%, diminui para 73% até 2030, com as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) relacionadas com a energia a atingirem o pico em 2025.
De acordo com o Diretor Executivo da AIEA Fatih Birol, a transição para a energia limpa está acontecendo em todo o mundo e é imparável. Para ele, não é uma questão de ‘se’, é apenas uma questão de ‘quando’ – e quanto mais cedo melhor para todos. Segundo Birol, governos, empresas e investidores precisam apoiar as transições para energias limpas, em vez de impedi-las. Tendo em conta as atuais tensões e volatilidade nos mercados energéticos tradicionais, as alegações de que o petróleo e o gás representam escolhas seguras ou protegidas para o futuro energético e climático do mundo perdem a força.
O relatório propõe uma estratégia global para colocar o mundo no caminho certo até 2030, que consiste em cinco pilares principais, que também podem fornecer a base para uma conferência COP 28 sobre alterações climáticas bem-sucedida. São eles: triplicar a capacidade renovável global; duplicar a taxa de melhorias na eficiência energética; reduzir as emissões de metano provenientes de operações de combustíveis fósseis em 75%; mecanismos de financiamento inovadores e em grande escala para triplicar os investimentos em energia limpa nas economias emergentes e em desenvolvimento; e medidas para assegurar um declínio ordenado na utilização de combustíveis fósseis, incluindo o fim de novas aprovações de centrais elétricas alimentadas a carvão.
Segundo Birol, cada país precisa encontrar o seu próprio caminho, mas a cooperação internacional é crucial para acelerar as transições para energias limpas. Para ele, a velocidade a que as emissões diminuirão dependerá, em grande parte, da capacidade de financiar soluções sustentáveis para satisfazer a crescente procura de energia das economias mundiais em rápido crescimento.
O WEO 2023 destaca que os mercados de gás natural têm sido dominados por receios sobre a segurança e os picos de preços depois da Rússia ter cortado o fornecimento à Europa, e os equilíbrios do mercado permanecem precários. Mas um aumento sem precedentes de novos projetos de GNL que entrarão em funcionamento a partir de 2025 deverá adicionar mais de 250 bilhões de metros cúbicos por ano de nova capacidade até 2030, o equivalente a cerca de 45% do fornecimento global total de GNL atual.
O forte aumento da capacidade aliviará as preocupações com os preços e a oferta de gás, mas também corre o risco de criar um excesso de oferta, dado que o crescimento da procura mundial de gás abrandou consideravelmente desde a “era de ouro” de expansão dos mercados de gás durante a década de 2010. Como resultado, a Rússia terá oportunidades muito limitadas de expandir a sua base de clientes. A sua quota de gás comercializado internacionalmente, que era de 30% em 2021, deverá cair para metade até 2030.
A China, que tem uma influência descomunal nas tendências energéticas globais, está passando por uma grande mudança à medida que a sua economia abranda e sofre mudanças estruturais. O relatório prevê que a procura total de energia da China deverá atingir o pico em meados desta década, com o crescimento dinâmico contínuo da energia limpa colocando a procura de
combustíveis fósseis e as emissões do país em declínio.
O WEO deste ano também explora o potencial para um crescimento mais forte da energia solar fotovoltaica nesta década. As energias renováveis deverão contribuir com 80% da nova capacidade de produção de energia até 2030, segundo as atuais configurações políticas, sendo a energia solar, por si só, responsável por mais de metade desta expansão.
No entanto, este cenário leva em conta apenas uma fração do potencial solar, de acordo com a análise do WEO. Até ao final da década, prevê-se que o mundo tenha capacidade de produção para mais de 1.200 GW de painéis solares por ano, mas prevê-se que a implantação seja efetivamente de apenas 500 GW em 2030. Caso o mundo alcance a implantação de 800 GW fotovoltaicos até ao final da década, levaria a uma redução adicional de 20% na produção de energia a carvão na China em 2030, em comparação com um cenário baseado nas atuais configurações políticas. A produção de eletricidade a partir do carvão e do gás natural na América Latina, África, Sudeste Asiático e Médio Oriente recuaria em um quarto.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) voltou a afirmar que a Casa vem priorizando o avanço de proposições legislativas que englobem projetos sustentáveis para manter o Brasil na “dianteira dos negócios” da chamada economia verde. Entre as medidas, Lira destacou a aprovação ainda nesta semana do Projeto de Lei do Hidrogênio de baixo carbono.
“É importante criar as condições para o desenvolvimento das diversas rotas de hidrogênio, tendo em vista as variadas vocações nacionais na produção de insumos. Entre as diversas rotas possíveis, encontram-se as relacionadas à produção do
hidrogênio a partir do etanol e de seus subprodutos”, afirmou Lira durante participação da 23a Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, realizada em São Paulo.
No evento, o presidente da Câmara destacou que nesta terça-feira, 24 de outubro, a Comissão Especial da Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde da Câmara deveria votar o parecer sobre a regulamentação do combustível. No entanto, a votação foi adiada pela Comissão.
A aprovação do PL do hidrogênio pela Casa já vem sendo apontada por Arthur Lira desde setembro, quando ele sinalizou uma possível regulação do combustível voltada a sua produção a partir do etanol.
Lira citou ainda em seu discurso que a Casa deve avançar com discussões e deliberações envolvendo os biocombustíveis.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Texto muda norma da Aneel sobre tarifa de transmissão para beneficiar fontes renováveis da região, mas pesa no bolso do consumidor; será votado na 3ª.
A Comissão de Infraestrutura do Senado vai avaliar nesta 3ª feira (24.out.2023) um projeto para acabar com uma regra criada em 2022 que permitiria uma redução de até 19% nas tarifas de distribuição de energia na região Nordeste. A proposta que penaliza o consumidor tem o objetivo de beneficiar empreendimentos de fontes renováveis na região.
O PDL (Projeto de Decreto Legislativo) 365 de 2022 susta regras sobre transmissão estabelecidas criaram o chamado sinal locacional. O texto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados. No Senado, é relatado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA).
A norma vigente, que tem prazo para ser implementada até 2027, poderia reduzir as tarifas em até 2,6% na região a partir de 2027. O potencial varia de acordo com a distribuidora. No caso da Sulgipe (Sergipe), a queda acumulada poderia chegar a 19% ao longo do período de transição, aponta estudo da TR Soluções e da Marangon Consultoria & Engenharia. Eis a íntegra (PDF – 293 KB).
A metodologia privilegia empreendimentos de geração próximos das regiões de consumo, criando mais encargos para quem usa mais o sistema de transmissão. Ou seja, aumenta os custos para os empreendimentos exportadores de energia para outras regiões, principalmente no Nordeste, onde há expansão da geração eólica e solar fotovoltaica.
Para o consumidor, porém, o modelo é mais vantajoso. Resumidamente: quem usa mais a rede de transmissão, paga mais. Se há usinas hidrelétricas, térmicas, eólicas ou solares próximas desse cliente, ele pagará menos de tarifa de transmissão.
A ideia da regra criada pela Aneel era assegurar maiores encargos para quem mais onera o sistema, minimizando os custos de expansão da rede.
Atualmente, esse fator corresponde a 10% da tarifa de transmissão. Pelo cronograma, ele cresce da seguinte forma:
10% da tarifa no ciclo 2023/2024;
20% no ciclo 2024/2025;
30% no ciclo 2025/2026;
50% do ciclo 2027/2028 em diante.
De acordo com o estudo da TR, antes o consumidor nordestino pagava, em média, R$ 7,75 por kW (quilowatt) de tarifa de transmissão. Na etapa vigente atualmente, que 10% já considera o sinal locacional, o valor está em R$ 7,36/kW. E a partir de 2027, ficaria em R$ 5,85/kW.
“O aprimoramento promovido pela Aneel na metodologia locacional amplifica a sinalização econômica de forma a privilegiar o consumo de energia elétrica em pontos da rede de transmissão onde se localizam mais empreendimentos de geração. Essa sinalização econômica tende a postergar a necessidade de novos investimentos no sistema, o que, no longo prazo, contribui para a modicidade tarifária”, destaca o estudo.
Há um lobby dos geradores de energia renovável para aprovar o projeto no Senado e derrubar a norma. O argumento é de que o modelo aprovado pela Aneel vai desestimular as fontes renováveis no Nordeste.
Como a região não consome toda a energia que gera, precisa exportar para o centro de consumo, que é o Sudeste. Com a regra, o custo dessa energia ficará mais caro.
De acordo com a TR, porém, a solução adotada pela Aneel, com o estabelecimento de uma transição cuja meta é fazer com que o sinal locacional atinja apenas a metade de seu impacto real, mantém uma parcela de subsídio em favor dos geradores das regiões Norte e Nordeste.
Como mostrou o Poder360, a proposta vai impor aos consumidores do Nordeste, sobretudo os residenciais, um prejuízo de R$ 800 milhões ao ano, segundo cálculo da Frente Nacional dos Consumidores de Energia.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Em 2023, famílias pagarão R$ 119 bilhões em energia elétrica no Brasil; deste montante, aproximadamente 50% representa a fatia dos impostos.
Às vésperas de Eduardo Braga (MDB-AM) apresentar seu relatório para a reforma tributária, senadores e o setor pedem tratamento especial para energia elétrica na matéria. O relator deve divulgar uma “primeira versão” de seu texto nesta terça-feira (24).
Entre as emendas apresentadas ao texto na Casa, há ao menos oito pedidos de parlamentares para que sejam implementadas no Senado mudanças ao texto que favoreçam o setor de alguma maneira.
Uma emenda do senador Alan Rick (União-AC), por exemplo, pede a inclusão de “energia elétrica para todos os fins, inclusive com relação aos custos da atividade envolvidos na cadeia econômica”, no grupo de atividades que pagarão apenas 40% do valor do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).
À CNN, o senador afirmou que energia elétrica deve ser considerada um bem essencial, pois é necessária ao funcionamento de hospitais, residências e todos os demais setores da economia. Destacou ainda que o aumento nas tarifas de energia gera um efeito cascata nos demais setores e aumento da inflação.
“Defendo junto aos demais senadores a aprovação de uma emenda à reforma, com o objetivo de concretizar essa proposta”, disse.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia Elétrica (Abrace), o Brasil tem o maior custo residencial de energia elétrica em um ranking comparativo com outros 33 países. Em 2023, as famílias pagarão R$ 119 bilhões; deste montante, aproximadamente 50% representa a fatia dos impostos.
Economista do FGV Ibre, André Braz indica que, no Brasil, o preço da energia elétrica pressiona o bolso das famílias. “A conta de luz compromete 3,5% do orçamento familiar, e é menor do que poucas outras despesas, está no ‘top dez’ das despesas mais expressivas no orçamento”.
Para Braz, os subsídios tributários à energia elétrica são essenciais tanto para as famílias quanto para a indústria. “O setor elétrico é estratégico. Tirar subsídios causa uma sobrecarga na estrutura produtiva e no capital investido. Com os incentivos, diminui o custo dos insumos e o custo de vida, estimula a produtividade e gera empregos”, afirma.
Há ainda uma emenda, de Esperidião Amim (PP-SC), que pede para que o Imposto Seletivo (IS) — voltado a bens e serviços que prejudicam o meio ambiente e a saúde — não possa incidir sobre “operações com energia elétrica e insumos energéticos utilizados na geração de energia elétrica”.
A tese ganhou força na quinta-feira (19), quando o grupo de trabalho da reforma tributária no Senado pediu que Braga acolha essa sugestão em seu texto final. O relator sinalizou que irá acatar.
Um relatório elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a reforma tributária aponta que “não existem motivos técnicos para a manutenção de alíquotas diversas e incentivos para regimes diferenciados”.
Segundo a análise do TCU, isenções e diferenciações nos impostos sobre consumo “não são soluções efetivas como políticas públicas” e só existem até hoje “pela dificuldade política de se corrigir erros de desenho na implementação de IVA mais antigos”.
O aumento da “alíquota padrão” do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) é o principal efeito das exceções.
“Existe um custo muito elevado em termos de crescimento econômico passível de ser medido em termos monetários, pela escolha de um sistema com várias exceções e que não é o mais eficiente possível”, diz o relatório.
Setor pressiona
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) vem defendendo que a reforma tributária pode evitar o aumento de 30% na conta de luz dos brasileiros.
“Estudos mostram que a energia elétrica é o bem que gera maior impacto na qualidade de vida das pessoas, por isso trabalhamos para que a tributação sobre a energia elétrica na reforma tributária não permita excessos e não sobrecarregue a população mais humilde”, defende Marcos Madureira, presidente da Abradee.
Madureira indica que os principais articuladores da reforma, inclusive quadros do Ministério da Fazenda, o texto busca Justiça tributária, não maior arrecadação. O pedido da associação destaca que a energia elétrica precisa ser considerada como um bem essencial para as pessoas, o que não está indicado no texto atual.
Energias renováveis
Dentre as emendas apresentadas, há ao menos cinco que pedem para que a geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis pague somente 40% do IVA.
O senador Marcos Pontes (PL-SP) destaca na justificativa de sua emenda que a energia renovável é essencial para a retomada do desenvolvimento do país, bem como na pavimentação de uma transição energética. “É uma oportunidade única de o Brasil promover uma economia verde aliada à reindustrialização descarbonizada”, escreve.
Vital do Rêgo indica que o Brasil se comprometeu a reduzir a emissão de seus poluentes e neutralizar 100% das suas emissões até 2061. “Para atingir essa meta, é imediata a necessidade de fomento ao investimento em atividades como o incentivo para geração de energia renovável”, aponta.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Representantes da Câmara e do Senado avaliam projetos, enquanto governo ainda prepara sua proposta.
Grupos na Câmara dos Deputados e no Senado pretendem votar nesta semana propostas para criar um marco legal do hidrogênio de baixo carbono no Brasil (elemento que pode ser utilizado para gerar energia com menos emissão de gases de efeito estufa do que os combustíveis fósseis, por exemplo). A intenção é levar esses textos para plenário o mais rápido possível. Isso depende, contudo, de negociações com o governo, que ainda elabora seu projeto internamente.
O secretário de Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, disse na quinta-feira, 19, que o Executivo pretende concluir sua própria proposta e evitou pontuar as divergências com os relatórios do Congresso, mas listou três temas “essenciais” na visão do governo: as definições de taxonomia (o sistema de classificação das diferentes formas de obter o hidrogênio), as regras para certificação e o tratamento tributário das empresas.
O mais controverso é o incentivo tributário para o setor, admitiu Barral, por causa das repercussões fiscais, orçamentárias e possível impacto na conta de luz. “Talvez a melhor estratégia seja dividir em dois [projetos] até para não perder tempo. Colocar de pé aquilo que é um consenso, as necessidades [regulatórias], e depois tratar dos incentivos, que a gente percebeu que tem ainda uma discussão que pode ter desdobramentos”, afirmou.
Os incentivos tributários estão sob a alçada do Ministério da Fazenda, que defendeu em nota ao Valor que “não há espaço fiscal para criar subsídios neste momento”. Além disso, afirmou que “qualquer discussão futura de incentivos para o setor deve estar atrelada à industrialização das cadeias produtivas no Brasil”.
Coordenador do grupo de trabalho da Câmara, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) organizou encontro do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com 16 grandes empresas interessadas em investir no setor e destaca que há pressa da iniciativa privada na aprovação do marco regulatório. “O governo está com a ideia de ir com mais calma. Vamos pressionar para acelerar a discussão, estamos com mais senso de urgência. O Brasil está disputando a instalação de fábricas com o mundo todo”, disse.
As minutas apresentadas pelo Congresso são elogiadas pela iniciativa privada, que vê na proposta do deputado Bacelar (PV-BA) um texto mais completo, com a criação de incentivos tributários e regulatórios. O parecer foi apresentado dia 11 e a expectativa é vota-lo no grupo de trabalho na terça (24). O senador Otto Alencar (PSD-BA) divulgou minuta na quarta (18) e a comissão do Senado também tentará votar nesta semana.
“Vamos fazer algumas pequenas sugestões de ajuste, mas nada muito relevante. Não tem nada que seja significativo a ponto de fazer com que a discussão pare. Podemos inclusive aprovar assim no GT [da Câmara] e deixar os ajustes para o plenário para não atrasar”, disse o presidente do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase), Marcelo Moraes.
Há algumas diferenças entre as duas minutas. O projeto de lei da Câmara inclui a iniciativa privada no comitê gestor do programa de hidrogênio, enquanto o do Senado possui apenas representantes do Executivo. Os deputados estabelecem que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) será a responsável pelas autorizações, enquanto os senadores dividem esse poder entre a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a eletrólise (extração da água) e a ANP nos demais casos.
Mas as principais divergências estão nos incentivos propostos. A Câmara sugere um rol de iniciativas, entre elas que os leilões, a partir de 2028, tenham contratação obrigatória de energia por meio do hidrogênio e um regime especial (batizado de Rehidro) com desoneração dos impostos. A ideia é custear isso com fatia da exploração do petróleo, o excedente de Itaipu, doações internacionais e recursos do Orçamento da União. O Senado propõe estabelecer percentuais mínimos e graduais para injeção do elemento nos gasodutos e incentivos tributários, custeados pela conta de luz, parte do regime de partilha do petróleo e pelo orçamento do governo federal.
Relator da Câmara, Bacelar argumenta que não há como estimular o nascimento dessa nova indústria se não houver incentivos
tributários e regulatórios. “Os americanos estão dando um caminhão de dinheiro, R$ 200 bilhões, e criando subsídios. O que estamos evitando é passar o custo para a conta de luz”, diz.
O impacto na tarifa de energia preocupa também as empresas. O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) destacou que a minuta da Câmara avança em conceitos como a “neutralidade tecnológica e a análise do ciclo de vida para categorizar e certificar o hidrogênio”, mas que alguns pontos “demandam debate mais aprofundado com a sociedade”. “Ainda que incentivos regulatórios e fiscais sejam extremamente necessários para impulsionar novas tecnologias, o desenho deve ser cauteloso de forma a não onerar outras atividades essenciais, como o uso da água e de energia elétrica”, disse.
Presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum também opina que é preciso “deixar mais clara” a questão tributária e explicitar que, quanto menos carbono o processo de obtenção de hidrogênio gerar, mais incentivos deve receber. “O Executivo entende que novas tecnologias precisam de incentivos. O que ele tem dificuldades é com criar subsídios, que quem paga a conta é o consumidor”, diz. “O governo brasileiro não vai colocar dinheiro, porque não tem, mas precisa permitir que a indústria não pague imposto ou o Brasil vai ficar de fora da rota global e perder a maior oportunidade que já teve na vida”, afirma.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Estudo mostra que autoprodutores de energia ajudaram o Brasil a crescer em média 0,6% ao ano por mais de duas décadas.
É antiga a percepção de que o ciclo marcado pelo investimento de empresas na construção de hidrelétricas havia beneficiado regiões do Brasil com a geração de emprego e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Um novo levantamento traz números e confirma que os efeitos macroeconômicos foram maiores e mais espraiados do que se imaginava.
Estudo da consultoria Pezco Economics identificou que no período mais intenso dos investimentos em hidrelétricas, de 1995 a 2018, realizados por empresas como Vale, Petrobras, Gerdau, Alcoa e Companhia Brasileira de Alumínio, do grupo Votorantim, foram tiradas do papel 140 usinas de todos os portes.
Machadinho, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Eldorado Brasil, em Mato Grosso do Sul, Funil, em Minas Gerais, e Belo Monte, no Pará, são exemplos.
Quando uma empresa que não tem relação com a geração de energia faz esse tipo de aporte, para ter acesso a uma fração ou a toda a eletricidade da usina, ela é enquadrada na legislação como autoprodutor.
O levantamento foi feito a pedido da Abiape, a entidade que representa os investidores desse segmento.
Os autoprodutores de hidrelétricas desembolsaram naquele período R$ 112 bilhões para realizar as obras, o chamado capex, no jargão empresarial, e outros R$ 29 bilhões na operação, o opex.
Ao longo de pouco mais de duas décadas, anualmente, na média, esses empreendimentos levaram à criação de 196 mil postos de trabalho e aumentaram a massa salarial em R$ 13 bilhões, além de viabilizarem o pagamento de R$ 4 bilhões em tributos.
"O efeito total levou a uma expansão média do PIB da ordem de 0,6% ao ano, o que é muito relevante," afirma o coordenador do estudo, o economista Gabriel Fiuza, sócio e CEO da Pezco e ex-secretário-adjunto de Desenvolvimento da Infraestrutura, no Ministério da Economia de Paulo Guedes.
"Metade desse crescimento veio, grosso modo, do investimento em si, e a outra metade, do ganho de competitividade, o que levou os benefícios econômicos para outros estados além dos locais onde as usinas foram construídas."
Na prática, o segmento de autoprodução é atraente para as eletrointensivas, empresas cujos ramos de negócio demandam grande quantidade de energia no seu processo de produção.
Esse grupo assume o risco de produzir eletricidade quando tem a perspectiva de garantir suprimento de energia de forma previsível e a preço mais competitivo em relação ao mercado.
A redução do custo da energia varia muito de acordo com o setor e as características de cada hidrelétrica, mas, na média, naquele período estudado, as empresas chegaram a anunciar reduções de até 30%.
O levantamento foi feito a partir de uma matriz insumo-produto considerando tabelas do Sistema de Contas Nacionais e do IBGE (ano-base de 2018).
Foram considerados os fluxos econômicos intrarregionais e interregionais em cada um dos 26 estados e Distrito Federal, bem como a exportação e a importação de 12 setores em que os investidores mais atuavam. Entre eles estão metalurgia, mineração, óleo e gás, papel e celulose, comércio atacadista e químico.
A estimativa dos ganhos econômicos feitas no estudo considerou os efeitos diretos, indiretos e induzidos, explica Fiuza, uma vez que a redução do custo da energia reverbera em toda a cadeia de produção, e assim foi possível seguir o rastro dos efeitos econômicos.
Um exemplo. De 35% a 40% do custo de produção do alumínio é com energia. Uma redução no valor dessa matéria-prima vai repercutir nas latinhas de refrigerante da fábrica de bebidas, na esquadria de janelas na construção civil e nas chapas de metal do setor automotivo.
Desse modo, apesar de a maioria das usinas terem sido construídas no Sul e no Sudeste, com muitos benefícios para o PIB de São Paulo, o estudo identificou aumento no PIB no estado do Amazonas. A avaliação dos pesquisadores é que os ganhos da cadeia de suprimento chegam à Zona Franca de Manaus.
Houve também impacto significativo no PIB e na geração de emprego no Piauí. Usinas mobilizam trabalhadores migrantes, e a avaliação é que um número relevante de operários daquele estado participou da construção da usina de Estreito, economizou e levou o efeito da melhoria da renda para a sua cidade natal.
O setor mais beneficiado foi a indústria de transformação, mas o estudo rastreou aumento nos ganhos de inúmeros outros segmentos, como comércio, indústria de extração, serviços financeiros e imobiliários.
A autoprodução é uma opção antiga no mundo. A primeira usina hidrelétrica do Brasil, de 1883, foi construída em Diamantina (MG) pelo dono de uma mina para ajudar na extração de diamantes.
Na sequência, outros industriais investiram em pequenas hidrelétricas para reduzir o custo e agilizar a produção têxtil.
Esse grupo de investidores em hidrelétricas é chamado de autoprodutor "raiz", porque empenhou capital e virou sócio das usinas, para o bem e para o mal.
Nos últimos anos, com a crescente dificuldade de novos projetos hidrelétricos e as demandas da transição energética, a autoprodução migrou para fontes solar, eólica e biomassa, e adotou modelos mais flexíveis.
O consumidor empresarial pode ser enquadrado como autoprodutor se fizer uma parceria com uma geradora de energia —e é ela quem vai assumir a construção, a operação e a manutenção da usina. Também foi criada a alternativa de alugar ou arrendar uma geradora.
Por não assumir os mesmos riscos ou volume de investimentos anteriores, esse novo grupo é chamado no mercado de autoprodutor "nutella".
"O movimento atual é diferente do anterior porque essas empresas buscam essencialmente alternativas de descarbonização, e essas tentativas de adequar os seus negócios à transição fez com elas contribuíssem para reduzir o custo de produção das renováveis", afirma Claudio Frischtak, sócio da consultoria internacional de negócios Inter B, especializada em infraestrutura.
"Essa nova leva de investimentos está localizada em sua maioria nas regiões mais pobres. Isso não foi planejado, mas os efeitos macroeconômicos devem ser benéficos e ainda não foram medidos."
No entanto, Frischtak lembra que o modelo do setor elétrico hoje tem muitas distorções e está gerando insatisfação, o que vai demandar revisões.
A autoprodução também sofre questionamentos. Todos os modelos desse segmento são beneficiados com abatimentos de encargos setoriais, reduzindo especialmente a cobrança na transmissão, esteja a usina do lado da empresa ou em outro estado.
A autoprodução com novas energias renováveis, no entanto, conta com descontos ainda maiores. Esses descontos da autoprodução viram custo para outros usuários do sistema, e a conta é rateada entre os demais consumidores.
Muitos especialistas acreditam que seria mais adequado que o autoprodutor, quando sua usina estiver longe da fábrica, pague os custos associados a estabilidade do setor elétrico, como encargo de potência e energia de reserva, pois ele está desfrutando da segurança desse ambiente coletivo.
Outros pedem o fim da autoprodução nos casos em que a empresa não assume o risco dos projetos, mas apenas delega ou aluga empreendimentos. Medidas nesse sentido, argumentam seus defensores, seriam mais coerentes com o princípio da autoprodução e reduziriam o custo da energia.
O setor também está na expectativa de o governo rever a legislação da autoprodução e retomar a cobrança dos encargos em todas as modalidades.
A avaliação é que, cobrando mais das empresas, o governo poderia garantir descontos para outros programas ainda em gestação, sem precisar enfrentar o risco político de elevar a tarifa de energia.
O MME (Ministério de Minas e Energia), no entanto, ainda não fez nenhuma sinalização mais concreta nesse sentido.
A Abiape, entidade do setor de autoprodução, afirma que alterações no princípio elementar desse tipo de geração poderia reverter os efeitos detectados no estudo.
"O autoprodutor é um gerador, então, não é razoável que incida encargos de consumidores sobre a sua energia de autoprodução", afirma Mario Menel, presidente da associação.
"Se isso ocorrer, o aumento nos custos da produção da energia ficaria em torno de 43%, e seria repassado para o produto final, retirando a competitividade da indústria brasileira."
Fonte e Imagem: Valor econômico.
Diretor da associação de distribuidoras defende que proposta reduza desigualdades; também pede tratamento especial na reforma tributária para diminuir tarifas.
A reforma do setor elétrico prometida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa rever subsídios bancados pelos consumidores na conta de luz. É o que defende Ricardo Brandão, 49 anos, diretor de Regulação da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica). Segundo ele, para reduzir a desigualdade nas tarifas, a reestruturação tem que atacar incentivos “desnecessários”.
Em entrevista ao Poder360, Brandão cita descontos para fontes incentivadas, como eólica e solar, que já a tarifa de fio. Cita ainda o incentivo para GD (geração distribuída) que alcança 3 milhões de pessoas e já custa mais que o da Tarifa Social, que beneficia 17 milhões de pessoas.
“O foco da modernização tem que ser a redução das desigualdades. Hoje tem um conjunto muito grande de atividades que têm subsídios que são custeados pelos consumidores, que são subsídios desnecessários”, afirmou.
O executivo citou alguns casos: “As fontes renováveis, por exemplo, têm um elevado desconto, custeado por todos os outros consumidores. O tema de geração distribuída também chama atenção porque é um grupo que não paga todos os custos, do uso da rede e de encargos setoriais, que acabam sendo repassados para todos os outros consumidores”, diz.
Brandão destaca que esses incentivos fazem sentido em países com grande desafio de descarbonizar sua matriz elétrica, o que não é o caso do Brasil, que já tem 85% do seu parque gerador formado por fontes renováveis. No mundo, a média é de 28% de matriz renovável.
“Os subsídios têm que ser analisados. Individualmente alguns deles são meritórios, outros não são mais. E precisam ter foco e prazo. Subsídios não podem ser eternos. A gente tem subsídios que têm mais de 50 anos ainda na nossa conta. E outros
têm características de política pública social, e o melhor lugar para se colocar políticas sociais é no Orçamento-Geral da União, e não na conta de energia. Então é importante ter uma análise do todo e, principalmente, ter a preocupação de não criar subsídios.”
Outro desafio, segundo ele, é ter um equilíbrio entre o consumidor regulado, que é atendido pela distribuidora local, e o que migrou para o mercado livre, em que se pode comprar energia de qualquer fornecedor. Atualmente, essa opção só existe para consumidores de alta tensão. A partir de 2024, a possibilidade também será aberta para quem consome média tensão.
“O problema é que a migração hoje do consumidor regulado para o mercado livre não se dá em busca de eficiência, mas em busca de uma fuga de custos que hoje estão no mercado regulado. Esse consumidor vai para o mercado livre procurando uma energia que é mais barata, em geral de fonte renovável com desconto de 50%, e ao migrar com esse desconto, esse subsídio é pago por todos os outros consumidores”, afirma.
Esses consumidores acabam não arcando também com os custos para dar confiabilidade ao sistema elétrico. “É um conjunto de contratos que só estão na conta dos consumidores regulados, como o contrato das termelétricas, da Eletronuclear em Angra 1 e 2, o contrato de energia de Itaipu, que é uma energia cara e em dólar. São contratos que trazem confiabilidade para o sistema, especialmente nos momentos de crise, e para todos os consumidores, mas só alguns pagam”.
RENOVAÇÃO DE CONCESSÕES
Ricardo Brandão diz que a entidade avalia como positiva a proposta formulada pelo Ministério de Minas e Energia e entregue ao TCU (Tribunal de Contas da União) para prorrogação dos contratos de distribuição de energia. De 2025 a 2031, serão 20 distribuidoras que terão as concessões chegando ao fim. Todas elas foram privatizadas no governo Fernando Henrique Cardoso.
Ponderou que o modelo é seguro por beneficiar empresas com bons padrões técnicos e financeiros. “Os requisitos para a prorrogação são o atendimento de critérios de qualidade e de sustentabilidade econômico-financeira. A gente acha que isso é meritório e que, de fato, as empresas precisam ter o atendimento dos critérios de qualidade”.
Questionado sobre o caso da Light, empresa em recuperação judicial que fornece energia no Rio de Janeiro, ele disse se tratar de uma questão mais complexa pela falta de presença do Estado em várias regiões da área de concessão, devido à criminalidade.
“Ali não é uma questão de ineficiência ou gestão da empresa. Há regiões daquela área de concessão em que não existe a presença do Estado, onde os índices de perdas (furto e fraude) e de inadimplência são muito elevados. E a empresa não tem acesso àquelas áreas para fazer um adequado combate de perdas e de inadimplência.”
Diante do cenário, defende que os novos contratos de concessão tenham um “tratamento específico para áreas com severas restrições operativas”, diferenciando a regulação por incentivos de forma a reconhecer que “existem alguns bolsões na área de concessão da Light e em algumas outras áreas de concessão, em que não há presença do Estado”.
REFORMA TRIBUTÁRIA
De acordo com o diretor da Abradee, a alta carga tributária é o outro desafio a ser superado para diminuir as tarifas de energia. Defende que o setor seja incluído entre os que terão alíquota especial na reforma por ser uma atividade essencial. “Uma alíquota mais elevada para energia impacta toda a economia […]. Por isso é um elemento meritório ter um tratamento especial para o setor elétrico que reconheça a essencialidade da energia em toda a cadeia da economia. […] Com esse novo regime de tributação e uma alíquota unificada, um dos que mais vai ser penalizado, sem sombra de dúvida, é o consumidor de menor consumo, especialmente o de baixa renda”.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Gilney Bastos defende, em entrevista ao GLOBO, que, com geração local hidrelétrica, solar e eólica, Brasil pode se tornar um grande exportador dessa nova fonte energética, afirma executivo.
O Brasil tem potencial para ser um grande exportador de energia à base de hidrogênio verde, basta “não fazer nada muito errado”, afirma Gilney Bastos, presidente da White Martins no Brasil e da Linde na América do Sul. A guerra na Ucrânia deu impulso ao desenvolvimento desta nova energia, feita a partir da decomposição da molécula da água, gerando hidrogênio e liberando oxigênio no ar.
Neste processo, é preciso usar outra fonte de energia, e aí está o diferencial do Brasil, com suas hidrelétricas e a geração solar e eólica, garantindo o “verde” da equação com renováveis. Bastos diz que onde houver projeto de hidrogênio no Brasil a White Martins estará.
A fabricante de gases industriais produz os equipamentos, como o eletrolisador, e a tecnologia que viabiliza exportar o hidrogênio verde em versão líquida, cujo custo é o fator-chave para o desenvolvimento em grande escala.
Diz ainda que cabe aos países compradores, como os europeus, subsidiarem a nova solução. Na sexta-feira, dias após a entrevista ao GLOBO ter sido concedida, a União Europeia anunciou um plano de € 5,4 bilhões (cerca de R$ 29 bilhões) para financiar projetos de hidrogênio.
Qual é a participação da empresa no Brasil no setor de gases industriais?
No total é 55% em gases industriais, como oxigênio, nitrogênio e hidrogênio, que é o que é o mote do momento. Depois da fusão entre Praxair (controladora da White Martins) e Linde (multinacional fundada na Alemanha), a empresa está em mais de 100 países e tem faturamento de US$ 25 bilhões anuais. Somos uma das cinco maiores operações do mundo, com US$ 1 bilhão por ano só no Brasil, atrás somente de Estados Unidos, China, Alemanha e Inglaterra.
A empresa acaba de fazer uma parceria com o governo do Rio em hidrogênio, qual é o objetivo?
O esforço que a gente faz para manter a capital do gás industrial da América do Sul aqui no Rio é muito grande. Umas 500 vezes já me pediram para mudar para São Paulo. Aqui temos dois terços dos quatro mil funcionários da América do Sul.
O hidrogênio virou o futuro para a energia. A demanda é muito forte, principalmente de Europa e EUA. De repente, veio a guerra, que encareceu o gás natural. E como é que eu vou fazer se a Rússia fechar tudo (o fornecimento de gás)? E aí eles (os europeus) começam a voltar para o carvão e as usinas nucleares.
É um passo para trás, a curto prazo. Mas, ao mesmo tempo, foram vários passos para a frente, pois antes (a transição energética) era só a questão climática. Hoje é uma questão financeira, o gás natural ficou mais caro.
Temos a capacidade de produzir equipamentos como o eletrolisador, que transforma a água em hidrogênio. E temos a tecnologia para transformar o hidrogênio em versão líquida para metanol e amônia, de forma a facilitar a exportação. E, ao chegar no exterior, você refaz em hidrogênio (gasoso).
O Brasil tem diferenciais para atrair os investimentos?
Muito. A tecnologia do eletrolisador transforma água em hidrogênio. Mas por que não faz na Europa mesmo? Porque lá não tem sol, não tem vento (energia limpa necessária para a eletrólise) nem espaço. É inviável. Os países que hoje despontam como potenciais produtores de hidrogênio são os que têm espaço e condições, como Austrália, Arábia Saudita, Brasil, além do Chile.
E há localizações estratégicas para esta produção no Brasil?
Se você tiver energia limpa suficiente, pode colocar ao lado da demanda e da indústria local. Por isso, o Rio acabou de assinar um memorando conosco. Estamos perto do mercado do Sudeste. Uma das vantagens do Brasil sobre Austrália e Arábia Saudita é que temos um mercado local para financiar o todo. Ou então você coloca perto de um porto que vai dar a preferência para exportação.
E temos memorandos com os portos do Açu (no Rio de Janeiro) e Pecém (no Ceará). Pecém tem link direto com o Porto de Roterdã (na Holanda), que quer ser o porto de entrada da Europa em energia limpa. Temos ainda (memorandos) com os governos de Ceará e Rio Grande do Sul. São cinco ao todo.
Esses memorandos visam montar um pool de empresas para exportar hidrogênio. Eles precisam ter alguém que façao eletrolisador. E mais importante para o desenvolvimento do hidrogênio é o incentivo por parte dos países tomadores da Europa. É esses tomadores ajudarem a pagar a diferença entre o custo da energia atual e o custo da energia limpa, que vai ser gerada onde eles acharem mais competitivo. Não adianta produzir se não tiver quem compre.
Mas qual será a vocação do Brasil? Atender o mercado interno ou exportar?
Os dois. O mercado interno vai financiar o potencial de exportação. Está cheio de siderúrgica querendo fazer aço verde (a partir de energia limpa). A primeira que fizer isso vai exportar para todo mundo.
O Brasil pode se tornar uma potência de energia renovável?
Deveria. Se a gente não fizer nada muito errado, consegue. Ainda mais com o potencial hidrelétrico que a gente tem e os outros não. Fazer tudo a partir do vento e do sol é difícil. Tem que ter perseverança, porque não é um mercado que vai se consolidar da noite para o dia. Tem muita demanda lá fora. Não dá para todo ano grandes economias ficarem sempre no carvão. Ninguém quer ficar atrelado ao passado. Essa é uma questão que vem muito forte a partir dos investidores financeiros, porque eles têm mandato. Eles têm que investir 90% em empresas com ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança). Temos uma conferência trimestral na qual a empresa divulga os resultados.
Toda vez perguntam alguma coisa do Brasil. E não só pelo potencial novo do hidrogênio, mas pela importância do número aqui. Quando América do Sul vai mal, eles sabem que a empresa não vai voar. A Europa nunca vai muito bem nem muito mal. A China sempre vai bem. A variável é a América do Sul e os EUA.
E qual é a perspectiva para o ano que vem no Brasil e na América do Sul?
A gente trabalha para passar sempre uma visão otimista. A América do Sul, é dito e sabido, tem um cenário complicado. Lá fora, dizem que aqui até o passado é incerto. Então, a gente mostra a capacidade de offsetar (compensar) possíveis situações que não venham a ser positivas. E continua entregando bons resultados. E, quando isso acontece, eles abrem o cofre para a gente. Então, continuamos tendo capacidade de investir.
Aqui podemos dizer: quantos projetos tiverem, nós vamos entrar, seja de hidrogênio ou oxigênio. Qualquer projeto de energia de hidrogênio verde que envolva um eletrolisador, é algo entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões (em investimentos). E qualquer projeto maior voltado à exportação ou não, mas que envolva metanol e amônia, oscila entre US$ 100 milhões e US$ 250 milhões.
Nessas reuniões com o ‘board’ no exterior, há perguntas sobre a instabilidade política na América do Sul?
Sim. E este ano mais. Tem eleição no Brasil, além dos processos (mudanças de governo) na Colômbia, Chile. Agora, Argentina nessa situação (crise econômica e troca de ministro da Economia). É difícil para a gente. Essas notícias não ajudam muito, mas a gente entrega resultado.
O senhor falou que, no Brasil, a vantagem é a demanda local, mas a produção industrial patinou nos últimos anos. Em 2021, produzimos 13,5 milhões de toneladas por dia de oxigênio em gasoduto, coisa que a gente não chegava tinha dez anos. Este ano é complicado porque é eleitoral e, ao mesmo tempo, os bancos centrais estão tentando segurar a inflação.
O ano passado foi muito ligado à siderurgia, petroquímica, vidro e papel. Papel tem um boom espetacular no Brasil. A cada dois anos é lançada uma nova empresa de produção de papel e a gente entra com o oxigênio atrelado. Fechamos com a LD celulose, a Bracell e a Suzano. Há um pouco de demanda reprimida da pandemia.
Quais iniciativas no mundo já usam o hidrogênio verde?
No Reino Unido e no Sul da Itália há linhas de ônibus movidos a hidrogênio verde. Há carros na Califórnia (EUA). Tem muitas iniciativas isoladas e esporádicas, mas nenhuma foi descontinuada, vêm funcionando bem. Fizemos aqui uma parceria com a Toyota para o carro Mirai, com o desenvolvimento da motorização através da célula de hidrogênio.
Eles lançaram na Argentina e no Brasil. A parte de mobilidade é muito importante, também para transporte pesado, principalmente no Brasil, onde temos muitas mineradoras. Tem a indústria pesada, ônibus e trem. Mas o hidrogênio verde vai ganhar tração na geração da energia elétrica, na possibilidade de fazer países grandes, como Alemanha e França, apagarem usinas de carvão, que são um absurdo e não deveria mais existir.
Fonte e Imagem: O Globo Economia.
Cansado de levar paulada por uma herança maldita que se arrasta desde a gestão da presidente Dilma Rousseff e sendo obrigado a carregar um mecanismo de cálculo que é totalmente furado e desmoralizado, o Ministério de Minas e Energia ouviu os clamores dos agentes e já decidiu efetuar profundas mudanças no sistema de precificação da energia elétrica no Brasil.
É verdade que, ao que tudo indica, o Governo ainda não é suficientemente ousado para definir o fim dos preços formados pelos programas computacionais. Mas já existe um avanço muito importante, pois já foi tomada a decisãoi de acabar com a Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (Cpamp).
O anúncio foi feito pelo próprio MME, através de um modesto comunicado de imprensa, o qual informa que está aberta a Consulta Pública n° 157/2023 com proposta de modificação da governança institucional referente às metodologias e programas computacionais utilizados pelo setor elétrico nacional. “O estudo da proposição foi conduzido no âmbito da Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (Cpamp), sob coordenação do Ministério de Minas e Energia (MME), e apresentado com sugestão de nova Resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Segundo o MME, a proposta submetida à Consulta Pública busca simplificar os processos e dar maior agilidade e otimização na alocação de recursos humanos, indo ao encontro do interesse público e do fortalecimento setorial. “Assim, decorridos 15 anos desde a constituição da Cpamp, e com o amadurecimento das atividades desenvolvidas pelas instituições setoriais, é possível repensar as governanças vigentes, dotando-as de maior flexibilidade, descentralização e autonomia em prol de um setor elétrico moderno e participativo”, diz o comunicado.
Na parte que interessa mais aos agentes do mercado, o comunicado também salienta que “ima das propostas da CP é a realocação das competências e atividades hoje atribuídas à Cpamp – que será revogada – para um novo comitê de governança, sob regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além disso, é conferida ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) competência para avaliar e aprovar alterações no nível de aversão ao risco. Assim, fica garantida a manutenção de tema estratégico sob condução do CMSE sem o engessamento das atividades do comitê de governança que será criado. As contribuições devem ser apresentadas até o dia 03 de novembro”.
Fonte e Imagem: Paranoá Energia.
A Comissão de Meio Ambiente aprovou o projeto (PL 725/2022) do ex-senador Jean Paul Prates que disciplina o uso do hidrogênio como fonte de energia no Brasil. Pela proposta, que agora será analisada pela Comissão de Infraestrutura em votação terminativa, a ANP fica responsável por regular e fiscalizar toda a cadeia do hidrogênio no país. Outro projeto aprovado, de autoria de Jaques Wagner (PT-BA), cria o Programa Agente Jovem Ambiental, para estimular a formação de jovens agentes ambientais (PL 3097/2021).
A matéria aprovada é de autoria do ex-senador Jean Paul Prates, hoje presidente da Petrobrás, e estabelece mecanismos para o uso do hidrogênio no setor energético nacional. Também incentiva a produção do hidrogênio verde, produzido com energias renováveis, como a solar, a eólica e a hidráulica. De acordo com o projeto, a produção e a distribuição do hidrogênio passam a fazer parte das atividades do segmento econômico de abastecimento nacional de combustíveis. E a Agência Nacional do Petróleo fica responsável por regular e fiscalizar toda a cadeia do hidrogênio. O relator, Veneziano Vital do Rego, do MDB da Paraíba, elogiou a proposta, mas fez duas ressalvas ao texto original.
'' Ao invés de dispormos sobre hidrogênio sustentável, dispor sobre o hidrogênio sustentável de baixo carbono, além de reforçar a característica de uso do hidrogênio como alternativa para contribuir com as metas de redução de emissões de gás de efeito estufa. Segunda sugestão: excluir o disposto no artigo 4º do PL, de modo a aguardar estudos que consigam estabelecer marcos de misturas de hidrogênio no gás natural em que se melhor equilibrem os ganhos a serem obtidos com os impactos provocados pela mistura na infraestrutura do gás natural.''
O relatório aprovado será analisado agora pela Comissão de Infraestrutura. Os senadores aprovaram também a criação do ''Programa Agente Jovem Ambiental'', projeto de autoria de Jaques Wagner, do PT da Bahia. Duas emendas foram apresentadas pela relatora, Teresa Leitão, do PT de Pernambuco, que elogiou a proposta.
'' A proposição busca apoiar a gestão ambiental no desenvolvimento de ações voltadas à defesa do meio ambiente e de espaços especialmente protegidos, ajudar na recuperação de áreas degradadas e contribuir para a execução de projetos de educação ambiental, apoiando o desenvolvimento de atividades de educação ambiental com vistas a ampliar a consciência ambiental. Trazer isso para o âmbito da escola é muito importante. Todavia, consideramos que o programa Agente Jovem Ambiental deve ser oferecido apenas para aqueles que estejam matriculados ou que tenham concluído o ensino médio em escola pública.''
O senador Zequinha Marinho, do Podemos do Pará, criticou a destinação do programa apenas para os alunos ou egressos de escolas públicas.
'' Não deve ser só rede pública, porque você tem uma grande parcela na rede privada. Todo mundo é responsável pela questão ambiental. Por que eu educo esse camarada aqui e deixo de educar esse outro aqui? ''
O texto aprovado será analisado agora pela Comissão de Educação, em votação terminativa. A Comissão de Meio Ambiente aprovou ainda a realização de duas audiências públicas propostas pelo senador Beto Faro, do PT do Pará: a primeira, no dia 31 de outubro, com a presença do presidente do BNDES, Aluizio Mercadante, vai debater a ''Coalizão Verde'', acordo firmado na Cúpula da Amazônia por instituições financeiras dos países da região. A outra audiência pública pretende apurar denúncias de apropriação de terras públicas para práticas fraudulentas no mercado voluntário de carbono. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.
Fonte e Imagem: Rádio Senado.
Alexandre Silveira disse que proposta alia segurança de abastecimento com tarifas mais baratas; transferência de subsídios para Orçamento do governo é uma alternativa.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta 4ª feira (18.out.2023) que a proposta para reforma do setor elétrico está pronto. Sem entrar em detalhes, disse que o modelo desenhado, agora, precisa passar por testes e avaliações e, depois, pelo crivo do Planalto para ser enviado ao Congresso.
A ideia é promover uma reestruturação do setor que garanta o fornecimento de energia e custos mais baratos para o mercado regulado, que são os consumidores atendidos pela distribuidora. De acordo com o ministro, ainda não está definido o modelo, se será via projeto de lei ou medida provisória.
“Está pronto. Mas nós temos que ser muito cuidadosos com isso porque tem que ser testado pela Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], pela CCEE [Câmara de Comercialização de Energia] e avaliado pelo ONS [Operador Nacional do Sistema]“, disse o ministro depois de reunião com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o secretário da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Haitham al-Ghais.
O ministro disse que há possibilidade de transferir encargos atualmente suportados pelos consumidores de energia pelo OGU (Orçamento Geral da União), mas que essa não é a 1ª alternativa. O plano inicial é buscar soluções dentro do próprio setor energético.
“Nós estamos estruturando, para apresentar ao presidente da República e ao Congresso Nacional, uma política que vise compatibilizar segurança energética e modicidade tarifária. O Brasil tem que continuar crescendo. O Brasil tem que continuar estimulando as energias renováveis, mas esse curso não pode ir diretamente para a conta do consumidor de energia”, afirmou.
Silveira disse não ser possível que programas sociais e que não são do setor elétrico sejam embutidos diretamente na conta de luz. “Vai chegar um momento em que vai se tornar insustentável. Então, nós estamos criando uma espinha dorsal para apresentar ao governo para realmente buscar soluções que não foram enfrentadas nos últimos anos para corrigir isso”, afirmou.
CONCESSÕES
Alexandre Silveira disse que a política de renovação das concessões das distribuidoras de energia elétrica foi feita seguindo critérios técnicos, em parceria com o TCU (Tribunal de Contas da União). Ele disse não acreditar que o projeto apresentado na Câmara pelo deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) influencie o processo.
A partir de 2025, uma série de concessões de distribuição de energia chega ao final, a começar pelas empresas EDP Espírito Santo, Light e Enel Rio.
Serão 20 distribuidoras afetadas até 2031, que atendem a mais de 55 milhões de consumidores (64% do mercado regulado nacional) Essas companhias foram privatizadas na década de 1990, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e obtiveram contratos por 30 anos.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Petrobras anunciou que está de malas prontas para embarcar com força rumo à nova era do hidrogênio verde.
MARCELO COUTINHO, professor e coordenador do curso de hidrogênio verde na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Não sou eu mais sozinho que está falando isso. A própria Petrobras anunciou que está de malas prontas para embarcar com força rumo à nova era do hidrogênio verde. No limite, serão quase R$ 40 bilhões em investimento em parques eólicos offshore e H2V até 2028, mais do que o dobro do que a maior empresa brasileira terá alocado em biocombustíveis. A escolha é clara. A companhia não vai virar uma usineira de etanol, nem uma fabricante de biometano. A Petróleo Brasileiro S.A se transformará na Hidrogênio Brasileiro S.A, em sintonia com os grandes players globais.
A Agência Internacional de Energia estimou para esta década ainda o início do declínio do combustível fóssil. A demanda cairá expressivos 25% até 2030, e ainda mais nos anos seguintes, até uma queda vertiginosa de 80% em 2050, o que praticamente fechará os poços daquilo que deve entrar para a história como a causa do que quase acabou com a civilização, desorganizando todo o clima. Assim como não há dúvidas de que o capitalismo global diminuiu muito a miséria, a pobreza e a fome no mundo em termos relativos, sendo a era em que as sociedades saíram da escuridão e do atraso civilizatório, também se sabe agora que suas fontes fósseis de energia ameaçam colocar tudo a perder.
Com a progressiva redução da demanda a partir dos próximos anos, o preço do petróleo só não irá desabar de imediato porque as grandes petroleiras — a Opep, sobretudo — aumentarão a sua política de cortes de produção, tentando desesperadamente manter suas faixas rentáveis, até que nem isso mais será possível. Não se sabe ao certo quando o ponto de virada vai ocorrer, mas vai. E quando acontecer, o petróleo ficará encalhado com cada vez menos procura. Os preços do barril, então, subitamente declinarão a um nível de inviabilidade econômica, e tudo será tarde demais para quem não se preparou para isso.
Assim como a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras, a era do petróleo não acabará por falta de petróleo, mas por causa da disrupção tecnológica trazida pelas moléculas de combustíveis renováveis. A Petrobras demorou muito a entender isso, mas finalmente acordou para os fatos inexoráveis da transição energética. Um dos seus maiores movimentos será provavelmente a parceria com a Vale na produção de hidrogênio verde em Icatu do Maranhão, e seus derivados. Porém, a mineradora brasileira também tem ambições próprias nesse setor, e pode acabar decidindo mais pela independência energética para suas minas de ferro e futuras siderúrgicas do aço verde, em sociedade com outras empresas como a H² Green Steel e a SL Energias.
No rol das maiores multinacionais brasileiras que estão entrando na era do hidrogênio verde, podemos destacar ainda a Embraer, cuja parceria com a American Airlines para a fabricação de aviões movidos a hidrogênio verde — ou algum e-fuel refinado do H2V —, soma-se a outras iniciativas semelhantes das grandes companhias aéreas do mundo. Aliás, vai caindo a ficha para todos aqui e lá fora, da Stellantis à Marcopolo, que o combustível do futuro é mesmo o hidrogênio da água, zero carbono. As empresas brasileiras saem um pouco atrasadas, mas como muita vontade de superar o tempo perdido. O maior problema agora é mesmo o Congresso Nacional que até hoje não tem agendada a votação do marco legal do hidrogênio verde. Não se sabe nem qual é o texto que vai prevalecer, e de qual comissão, se do Senado ou da Câmara.
Primeiro, alguns congressistas tentaram mudar o nome do hidrogênio genuinamente verde (eletrolítico/inorgânico) para incluir outros métodos de hidrogênio que não são tão limpos assim, com falsas justificativas. Depois, multiplicaram os projetos de lei para embaralhar tudo. Agora simplesmente não avançam, protelando o desfecho das tramitações mês a mês. O governo também não se empenha para sair dessa paralisia decisória que emperra os investimentos no hidrogênio verde em maior escala. Tamanha demora legislativa reflete, de um lado, a pressão da bancada ruralista para incluir o etanol nos mesmos incentivos públicos que deve ter o H2V, mesmo todos sabendo que o etanol já foi muito beneficiado e que é uma das causas do desmatamento no país. E de outro, reflete a incapacidade dos atores políticos de entenderem o quanto o Brasil está perdendo com esse atraso.
Há 15 anos o país se desindustrializa aceleradamente. Desde de 2009, perdemos mercados industriais no exterior muito importantes e regredimos para a condição de economia agrária exportadora, que nos caracterizou do período colonial até JK. Nada contra o agronegócio. Mas o Brasil tem outras vocações, não pode se manter preso a um único setor, aprofundando sua dependência e as consequências políticas disso. O país tem tudo para ser o campeão do hidrogênio verde, uma indústria de ponta, que ocupará o centro da economia global nas próximas décadas, ligando todos os setores, como o petróleo faz, sem, no entanto, poluir. Ao contrário do petróleo extraído e do etanol que desfloresta, líder inclusive em escândalos de escravidão, é preciso fabricar o hidrogênio verde, verdadeiramente limpo e moderno. O Brasil não pode ficar refém do vandalismo climático, que tenta agora pegar carona no hidrogênio. A decisão correta da Petrobras pesa a favor do H2V, independentemente das forças contrárias e eventuais distorções legislativas.
Fonte e Imagem: Correio Braziliense.
Discussão baseada em AIR da Aneel vai tratar de alternativas de soluções e de novos modelos de negócios.
A Agência Nacional de Energia Elétrica vai abrir consulta pública para discutir a regulamentação do armazenamento de energia, incluindo usinas hidrelétricas reversíveis. O documento base da discussão é uma Análise de Impacto Regulatório (AIR) que apresenta alternativas de soluções para a inserção de sistemas de armazenamento no setor elétrico, como ferramenta para apoiar a transição energética sustentável.
A discussão sobre o tema envolve não apenas a transição para uma matriz mais limpa, mas também os desafios em relação à segurança da operação do sistema elétrico, diante da complexidade resultante da entrada maciça de fontes renováveis, como eólica e solar, e de recursos energéticos distribuídos, como micro e mini geração de energia.
Existem várias tecnologias quando se fala em armazenamento. Mas a análise de impacto, segundo a área técnica da agência, propõe a neutralidade tecnológica, sem preferência para uma ou outra tecnologia.
O documento destaca a flexibilidade operativa desse tipo de solução, capaz de “absorver o excesso de geração intermitente, deslocar demanda de ponta, assegurar maior capacidade disponível para o operador, fornecer serviços ancilares, otimizar o uso da rede, reduzir investimentos em nova capacidade de geração, transmissão e distribuição, além de auxiliar o consumidor a gerenciar sua conta de energia elétrica, melhorando a qualidade do fornecimento.”
Além disso, o armazenamento podem ser utilizado para melhorar a confiabilidade do sistema de transmissão, substituindo ou adiando a expansão convencional da rede, quando necessário.
AAneel já tinha feito uma discussão prévia do tema, por meio de processo de tomada de subsídios. E elaborou, a partir das contribuições, um “roadmap regulatório” dividido em três ciclos de discussão com duração de 18 meses cada um.
No primeiro ciclo (2022-2023), estão os debates iniciais sobre o tema, com a caracterização dos recursos disponíveis e a definição dos serviços a serem prestados. E também questões relacionadas à comercialização e possíveis ajustes para eliminar barreiras regulatórias.
No segundo (2023-2024), serão discutidas as hidrelétricas reversíveis de ciclo aberto (aquelas não conectadas a um curso d’água ou que não interfiram significativamente no regime hidrológico). E avaliada a possibilidade de desenvolvimento de Sandboxes Regulatórios, que são
experimentações em ambiente controlado, em questões como o empilhamento de receitas para dar viabilidade econômica do armazenamento e capturar mais benefícios ao sistema.
Já o terceiro inclui temas mais complexas, como Agregadores para os vários serviços, simulações nos modelos computacionais e seus impactos, além de exploração de novos modelos de negócio. Além disso, serão aprofundadas as definições sobre o empilhamento de receitas.
AAIR ficará aberta a contribuições pelo período de 60 dias, entre 19 de outubro e 16 de dezembro, por meio de formulário eletrônico específico disponível na página de Consultas Públicas da Aneel.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Governo norte-americano vê espaço para desenvolvimento de cadeias de fornecimento no país, diz Jake Levine, chief climate officer (CCO) da International Development Finance Corporation (DFC).
Há espaço para os Estados Unidos fecharem acordos com o Brasil para o desenvolvimento de cadeias de fornecimento associadas à transição energética que possam se conectar à base industrial americana, afirma Jake Levine, chief climate officer (CCO) do U.S. International Development Finance Corporation (DFC), instituição de financiamento para desenvolvimento dos EUA.
Levine participou da delegação que veio ao Brasil no começo de outubro na missão GreenTech e se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O grupo incluiu também David Thorne, assessor sênior do enviado presidencial especial dos EUA para o Clima, John Kerry; a embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley; e Jeremy Adamson, assessor sênior de clima do departamento de agricultura dos EUA.
Em entrevista à agência epbr durante a visita ao Brasil, Levine afirma que enxerga oportunidades de cooperação em temas como mineração, siderurgia, veículos, energia, combustíveis, eletrificação, aquecimento e refrigeração. O interesse ocorre no contexto do Inflation Reduction Act (IRA), pacote do governo americano de estímulo à transição energética.
“Os produtores de aço do Brasil estão refletindo sobre como tornar a produção mais verde, por exemplo. Se alguém produz aço verde no Brasil e pode exportar para os mercados que valoram o carbono na cadeia de produção, é uma enorme oportunidade econômica. Isso é perfeitamente consistente com o espírito do IRA”, afirma.
De olho na COP30
O objetivo da visita da delegação americana foi realizar uma primeira rodada de negociações e construir relacionamentos para discutir possíveis acordos a serem assinados durante a cúpula do G20, que vai ocorrer no Rio de Janeiro em 2024, e a COP30, que será sediada em Belém em 2025.
“Fizemos um excelente progresso nas discussões. Minha expectativa é que teremos esse tipo de parceria, mas essa foi a primeira rodada de conversas, para construir os relacionamentos”, diz o executivo.
Além do encontro com Haddad, a delegação americana também teve reuniões com o ministério de desenvolvimento, indústria, comércio e serviços; os governos dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, e o BNDES.
“Por muitos anos, os EUA ficaram atrás do resto do mundo nos investimentos em energias limpas e na alocação de capital coerente com aquilo que estávamos falando em termos de ambição climática. Agora, quando nos sentamos à mesa com nossos parceiros ao redor do mundo, nós podemos dizer que estamos colocando o dinheiro necessário nisso”, ressalta o CCO a respeito dos incentivos do governo Joe Biden à transição energética.
Subsídios do IRA
Levine aponta que os subsídios oferecidos pelo governo americano por meio do IRA tendem a reduzir custos de tecnologias ligadas às energias limpas, o que incentiva projetos em todo o mundo, não apenas nos EUA. Segundo o executivo, o IRA reflete a visão geral atual do governo americano para o desenvolvimento econômico global.
“Apesar da crise climática representar um enorme desafio, com enormes impactos e custos, também é uma fonte de oportunidades, porque podemos investir na nossa transição. Essa tese é central para o modo como a DFC e o governo americano, de forma mais ampla, pensam sobre o desenvolvimento econômico no exterior, em lugares como o Brasil e a América Latina, o mundo todo”, diz.
Para Levine, mesmo com os massivos incentivos nos EUA, existe espaço para que outros países também adotem políticas de estímulo aos projetos ligados à descarbonização da economia. “Esse é o tipo de corrida que queremos”, diz.
Dada a escala dos investimentos necessários para atingir as metas climáticas, o executivo acredita que não deve ocorrer uma concentração de projetos apenas nos países que oferecem incentivos. Ele ressalta que o DFC está disposto a colaborar com os países que precisarem de ajuda para atrair investimentos.
“Sabemos que os países em desenvolvimento, as economias emergentes, precisam de ajuda, e é isso que o DFC e outras instituições de financiamento do desenvolvimento e bancos multilaterais foram concebidos para fazer: ajudar os mercados que precisam de reduções de risco adicionais e estruturas financeiras combinadas”, afirma.
Interesse em minerais críticos O primeiro projeto financiado pelo DFC no Brasil ligado à transição energética foi um investimento na TechMet, empresa da área de minerais críticos. A agência americana investiu US$ 25 milhões em 2020 na companhia, que tem um projeto para a produção de níquel e cobalto para baterias no Piauí.
“Esse projeto está exatamente em linha com o que conversamos sobre ter a produção de um mineral crítico em um país que é parceiro e amigo dos EUA, que tem valores em comum conosco, e que acredita na importância de diversificar a cadeia de suprimento”, diz Levine.
O executivo destaca que o foco está no uso de métodos de mineração ambientalmente amigáveis. “Se nós podemos fazer parcerias com o Brasil para inovar em padrões ambientais e de trabalho nessa indústria, é uma vitória para o mundo todo”, destaca.
Fonte e Imagem: epbr.
O Plano da Operação Energética (PEN) 2023-2027 estima um aumento médio anual de 3,2% na carga de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN) até 2027, crescendo de 74,4 MW médios neste amo para cerca de 84,7 MW médios nos próximos quatro anos. As estimativas do planejamento foram divulgadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia (CCEE) e com a Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia.
No documento, O ONS projeta que o crescimento médio anual da demanda máxima instantânea também será da ordem de 3,2% ao ano, saindo de cerca de 99 GW em 2023 para cerca de 112 GW em 2027, e considerando a incorporação da base da micro e minigeração distribuída (MMGD) existente.
Por sua vez, a capacidade instalada no SIN deve finalizar 2027 com 242 GW, com decremento de aproximadamente 0,7 GW na capacidade instalada das termelétricas, que passam para 22,3 GW; incremento de cerca de 21,6 GW em PCHs, usinas a biomassa, eólicas e solares, perfazendo um total de 77,9 GW; e um incremento de cerca de 18 GW em MMGD, totalizando 40 GW de capacidade instalada.
Armazenamento de novembro
Em relação aos níveis de Energia Armazenada (EAR), o Operador analisou oito possíveis cenários. Na análise conjuntural é previsto que no final de novembro o subsistema Sudeste/Centro-Oeste deve registrar armazenamento acima de 65%, com volumes maiores do que os verificados em 2022.
O subsistema Nordeste deve chegar ao final do período com armazenamento acima de 50%, com volumes abaixo do verificado no ano passado. O despacho térmico fica restrito à inflexibilidade em todos os cenários e não há comprometimento no atendimento aos requisitos de potência.
2024
Para 2024, o estudo prevê que o subsistema Sudeste/Centro-Oeste pode alcançar armazenamento inferior ao verificado em 2022, sendo os cenários com período úmido predominantemente abaixo da média.
A mesma previsão é apontada para o subsistema do Nordeste. Quanto ao despacho térmico, apenas um cenário apresenta despacho acima da inflexibilidade a partir de abril de 2024. Para outubro de 2024, o ONS prevê em análise com quatro cenários de Energia Natural Afluente (ENA) menor, necessidade de despacho térmico adicional ao previsto para atendimento energético.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Esse montante representa 11% do valor total investido para energia sustentável em economias emergentes.
Nos últimos sete anos, o Brasil emergiu como líder em investimentos internacionais no setor de energias renováveis e superou outras economias em desenvolvimento. De acordo com dados do relatório de investimentos da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o Brasil recebeu 114,8 bilhões de dólares em investimentos entre 2015 e 2022.
Esse montante representa 11% do valor total investido para energia sustentável em economias emergentes.
Entre as áreas nas quais o Brasil mais recebeu investimentos estão: pesquisa e desenvolvimento, baterias para carros elétricos e agricultura sustentável. O relatório também deu destaque para projetos sustentáveis brasileiros, entre eles; projetos de energia solar e o mercado de carbono.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, 83% da matriz elétrica brasileira vem de fontes renováveis. A maior parte é produzida em usinas hidrelétricas, porém, a geração de energia eólica e solar vem ganhando destaque.
Para os especialistas, este sucesso não apenas solidifica a posição do Brasil como uma potência em energias limpas, mas também serve como um exemplo para outras nações em desenvolvimento que buscam investir em sustentabilidade.
“Temos vantagens competitivas na transição energética, na redução de emissão de CO2, que não podemos desperdiçar. Isso torna o Brasil um exemplo a ser seguido.”, afirmou Ivan Camargo, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB.
Segundo o relatório das Nações Unidas, o investimento em energia sustentável triplicou desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015. Porém, a maioria deste investimento foi enviado para países desenvolvidos. “Países em desenvolvimento precisam de mais apoio”, concluiu o documento.
Economias emergentes
Entre as demais economias emergentes os destaques são Vietnã, Chile e Índia, conforme o relatório. O Vietnã recebeu um total de 106,8 bilhões de dólares em investimentos durante o mesmo período, consolidando-se como um competidor notável no cenário global de energias limpas.
O Chile, conhecido por seu potencial solar e eólico, recebeu 84,6 bilhões de dólares. Enquanto a Índia, que frequentemente é associada a um rápido desenvolvimento industrial, recebeu 77,7 bilhões de dólares em investimentos.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Com nova regulação, Aneel busca solucionar problemas que ocorreram no passado.
O desenvolvimento tecnológico que possibilitou o incremento da geração de energia elétrica por meio de usinas eólicas e fotovoltaicas provocou uma mudança de paradigma no sistema elétrico brasileiro. Se antes o sistema embasava-se na geração de energia por meio de grandes usinas hidrelétricas e termelétricas, o que se verifica atualmente é cada vez mais a entrada das usinas eólicas e fotovoltaicas no sistema. Dados da Aneel demonstram que, em setembro de 2023, aproximadamente 19% da energia elétrica gerada no Brasil provêm de fontes eólicas e fotovoltaicas.
Além do desenvolvimento tecnológico, outro fator que possibilitou o incremento das fontes eólicas e fotovoltaicas no sistema elétrico brasileiro foi o incentivo conferido pelo Estado para a implementação dessas usinas. Nesse sentido, é importante mencionar que diversas foram as alterações legislativas realizadas no âmbito do art. 26 da Lei 9.427/1996 para prever descontos nas tarifas de uso do sistema de transmissão (TUST) e de distribuição (TUSD) para essas fontes alternativas de geração de energia elétrica. Uma das últimas modificações, e talvez uma das mais relevantes, adveio da Lei 14.120/2021, que impôs um termo final aos descontos na TUSD e na TUST para os empreendimentos eólicos e fotovoltaicos.
Com isso, com base na Resolução Normativa (REN) 876/2020, diversas companhias solicitaram autorização da Aneel para a implantação de empreendimentos eólicos e fotovoltaicos para geração de energia elétrica. Esse fenômeno ficou conhecido como a “Corrida do Ouro” e caracterizou-se por diversos pedidos de autorização para geração de energia elétrica, que viria a ser comercializada no Ambiente de Contratação Livre (ACL).
Esse cenário de ampla expansão do portfólio de geração de energia elétrica tem trazido desafios para a transmissão, que não consegue se expandir na mesma velocidade que a geração. Ademais, em alguns casos, as solicitantes mal haviam realizado estudos de viabilidade econômico-financeira do empreendimento e, ainda assim, solicitavam a anuência da Aneel para garantir os descontos na TUSD e na TUST.
Com o passar do tempo, a Aneel verificou que muitos desses empreendimentos não teriam condições de entrar em operação comercial na data prevista em suas autorizações. Com isso, a agência emitiu a REN 1.065/2023, que instituiu o chamado Dia do Perdão.
Essa norma previu um mecanismo excepcional para o tratamento das outorgas de geração, a partir da anistia (consistente na revogação da outorga de geração e na rescisão do respectivo CUST celebrado) ou da regularização (com a postergação do prazo de implantação previsto na outorga de geração).
Não obstante a criação do Dia do Perdão, a Aneel resolveu modificar algumas questões envolvendo a solicitação de outorgas de geração de energia elétrica para fontes alternativas, bem como o procedimento de acesso ao sistema de transmissão, visando, em síntese, assegurar que os compromissos assumidos nas outorgas sejam cumpridos pelos agentes e otimizar o processo de outorga de autorização dos empreendimentos.
Nesse sentido, a Aneel editou as RENs 1.069/2023 e 1.071/2023, sendo que esta última entrou em vigor em 1o de outubro e revogará a REN 876/2020. Dentre as principais alterações no que tange ao procedimento de outorga, uma das mais sensíveis é que agora as solicitantes, no momento do requerimento, já terão de demonstrar terem assinado o CUST ou o CUSD.[1]
Ademais, foi prevista na nova regulação uma alteração no Módulo 5 da REN 905/2020, que trata das Regras dos Serviços de Transmissão. Nesse sentido, a partir da vigência deste novo módulo, o CUST firmado pelas geradoras deverá prever o início de sua execução em até 36 meses da assinatura, sendo que somente poderá ser postergado uma única vez, desde que pago o encargo mensal proporcional aos meses de prorrogação.
Ressalte-se que atualmente inexiste um prazo máximo para o início da execução do CUST, bem como não há limites para sua postergação, desde que haja solicitação ao ONS até o dia 31 de março anterior ao ciclo tarifário da data originalmente contratada, e que não tenha havido investimentos na rede associados ao acesso solicitado em operação comercial.
Há de se ressaltar também que, de acordo com as novas regras previstas no Módulo 5 da REN 905/2020, o acessante, ao realizar solicitação de acesso perante o ONS, deverá apresentar garantia financeira proporcional ao período de validade do Parecer de Acesso. [2] Além disso, quando da assinatura do CUST, o solicitante deverá apresentar nova garantia financeira equivalente a três anos do valor do EUST. [3]
Embora a garantia financeira para o Parecer de Acesso seja devolvida com a apresentação das garantias referentes ao CUST, estas são novas condições para o procedimento de obtenção de autorização que, anteriormente, não eram necessárias e que, apesar de tornarem o procedimento mais rígido e seguro, acabam por aumentar o custo para os empreendimentos. Outra questão que liga um sinal de alerta quanto a esta nova regulação é o fato de que, muito embora o prazo-limite para o início da execução do CUST seja de até 36 meses da data de sua assinatura, a REN 1.071/2023 prevê que os atos autorizativos fixarão prazo- limite de 54 meses para entrada em operação comercial de todas as unidades geradoras da usina autorizada, a contar da data da publicação do ato de outorga. Assim, ocorre que o CUST pode ter sua execução iniciada mesmo sem o empreendimento estar em operação. Ademais, a ausência de maiores definições quanto às justificativas que ensejariam o deferimento da postergação do prazo de implantação do empreendimento é outro ponto que chama atenção.
Observa-se que com esta nova regulação sobre os procedimentos de outorga de geração, a Aneel busca solucionar problemas que ocorreram no passado, tentando obstar a apresentação de pedidos de outorga para empreendimentos que não possuam mínimas condições técnicas e econômico-financeiras, que acabam por gerar uma sobrecarga no sistema de transmissão, que precisa garantir o acesso a empreendimentos que, não necessariamente, entrarão em operação.
Não obstante, há de se observar se a nova regulação conseguirá conferir celeridade, clareza e segurança jurídica às solicitações de outorga, bem como se obstará eventuais discussões na esfera judicial que acabam por ser apresentadas não só pela imprevisibilidade jurídica recorrente no país, mas também por alterações no entendimento do próprio ente regulador, como se verificou quanto aos pleitos de alteração de cronograma de implantação das usinas solares e fotovoltaicas.
Ressalta-se também que será necessário verificar se as novas regras não deixarão o procedimento para obtenção de outorgas muito mais custoso, o que será um desincentivo para novos empreendimentos de geração elétrica por fontes alternativas.
[1] O Contrato de Uso do Sistema de Distribuição (CUSD) é o contrato firmado entre o acessante e a distribuidora, que estabelece os termos e condições para o uso do sistema de distribuição e os correspondentes direitos, obrigações e exigências operacionais das partes.
[2] O Parecer de Acesso é o documento emitido pelo ONS no âmbito do processo de solicitação de acesso. Contém informações e condições para a realização do acesso ao sistema de transmissão.
[3] O Encargo de Uso do Sistema de Transmissão (EUST) corresponde aos valores mensais devidos pelos usuários às concessionárias de transmissão, pela prestação dos serviços de transmissão, e ao ONS pelo pagamento dos serviços prestados, calculados em função das tarifas e dos montantes de uso do sistema de transmissão contratados.
Fonte e Imagem: Portal JOTA
Pasta de Minas e Energia lança programa nacional e quer levar projeto ao Congresso com definição de marco regulatório para uso do de combustível no país.
O Ministério de Minas e Energia (MME) prepara uma regulação para o mercado de hidrogênio verde - H2, obtido a partir da água, pela separação de hidrogênio e oxigênio pelo emprego de uma corrente elétrica. No fim de agosto, o MME lançou um plano trienal de trabalho (2023-2025) dentro do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) que inclui, entre os pontos prioritários, a
criação de um marco regulatório para o mercado de hidrogênio verde. O secretário nacional de Planejamento e Transição Energética, Thiago Barral, diz que o ministério planeja criar uma minuta sobre a regulação para encaminhar ao Congresso Nacional com contribuições após consulta pública.
“O marco regulatório para o hidrogênio de baixo carbono vai definir a agência reguladora da cadeia, trará clareza para a taxonomia da indústria do hidrogênio e irá estabelecer quem vai creditar as agências certificadoras para trazer segurança jurídica e regulatória”, diz Barral em entrevista ao Valor.
O hidrogênio verde é apontado como alternativa de baixo carbono a combustíveis fósseis. Taxonomia é o termo que designa um sistema de classificação, identificação e categorização das atividades econômicas conforme critérios ambientais.
No Congresso, há mais de um projeto de lei sobre o tema, mas nenhum contempla os principais pontos apontados por especialistas ouvidos pelo Valor. O mais citado é o PL 725/22, do ex-senador Jean-Paul Prates, atual presidente da Petrobras. Ele define o que é o H2 de baixo carbono, estabelece a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) como reguladora e define percentuais mínimos obrigatórios de volume para a inclusão do hidrogênio nos gasodutos.
O projeto, contudo, deixa pontos-chave em aberto. “A produção, transporte e distribuição desse combustível apresentam desafios complexos, exigindo uma regulamentação clara e eficaz”, diz a professora na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Glaucia Fernandes, especialista em mercado de energia e regulação. “Precisamos de normas técnicas que definam os padrões de segurança, qualidade e eficiência.”
De acordo com Fernandes, além da definição do que é hidrogênio de baixo carbono e a determinação de qual será a agência
reguladora da cadeia produtiva, a regulação deve passar pela criação de políticas econômicas e pela revisão da legislação sobre licenciamento ambiental. Hoje o licenciamento de plantas de hidrogênio ocorre na esfera estadual.
Em resposta às críticas de que o Brasil ficará atrasado ao não apostar todas as fichas na rota com zero emissão de carbono, o secretário Thiago Barral explica que o governo federal quis fugir desse debate. “A própria AIE [Agência Internacional de Energia] recomenda abandonar a linguagem de hidrogênio de cores, que só atrasa o desenvolvimento do mercado”, comentou.
O Programa Nacional de Hidrogênio foca no desenvolvimento das rotas tecnológicas associadas à produção do hidrogênio de
baixa emissão de carbono. Isso inclui produção não só a partir de fontes renováveis de energia (o chamado “hidrogênio verde”, gerado pela eletrólise a partir de fontes renováveis de energia elétrica, como solar e eólica), mas também por meio de combustíveis fósseis, com a captura, armazenamento e venda de carbono (“hidrogênio azul”).
O PNH2 prevê que os percentuais mínimos de emissões serão definidos na regulação e destaca isso como uma abordagem “pragmática” para não criar barreiras ao desenvolvimento do mercado. “O nosso foco é no hidrogênio de baixo carbono e não haverá, em hipótese alguma, o mesmo tratamento para um hidrogênio à base de gás natural. Quando falamos em ser inclusivos é no sentido de não excluir possibilidades de fazer o Brasil se tornar o país mais competitivo do mundo”, acrescenta Barral.
Diogo Lisbona, pesquisador do núcleo de estudos de Energia da Fundação Getulio Vargas (FGV), concorda que os caminhos de produção a partir de fontes fósseis com captura de carbono são importantes para ajudar a desenvolver a indústria ainda
incipiente de hidrogênio renovável. “A estratégia nacional segue a de outros países que perseguem a rota verde por meio da baixa emissão de carbono. O essencial é entender o quanto de carbono há nesse processo e minimizar as emissões.”
Além do marco regulatório, uma das ações prioritárias do plano trienal é aumentar os investimentos anuais em pesquisa, desenvolvimento e inovação em hidrogênio de baixa emissão de carbono. O valor passará de R$ 29 milhões investidos em 2020 para R$ 200 milhões por ano até 2025.
O programa também estabelece três metas temporais: até 2025, busca instalar plantas-piloto de hidrogênio de baixo carbono em todas as regiões do país, até 2030 planeja situar o Brasil como o produtor mais competitivo de hidrogênio de baixo carbono do mundo, e até 2035, quer consolidar hubs de hidrogênio de baixo carbono no Brasil.
O Porto do Pecém, formado por uma joint-venture entre o governo do Ceará, que detém 70% de participação no
empreendimento, e o porto de Roterdã, na Holanda, que detém os outros 30%, foi o primeiro hub de hidrogênio do país e também o primeiro a criar uma molécula de H2V em janeiro deste ano.
A potencial escolha da ANP como agência reguladora da cadeia do hidrogênio de baixo carbono não é unânime entre especialistas. Bruno Chedid, advogado da área de transição energética do escritório Mattos Filho, defende a ANP, uma vez que o hidrogênio tem uma cadeia semelhante à do gás, mas acredita que seria necessário criar uma área específica na agência para outorgar e validar os projetos de hidrogênio verde.
Ele observa, contudo, que a regulação vai exigir complementaridade entre outras agências reguladoras. “Escutamos comentários sobre conflito de competências, mas a cadeia produtiva do hidrogênio exige uma abordagem coordenada entre outros
reguladores, como a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico e a Agência Nacional de Energia Elétrica”, indica.
A professora da UFRJ Glaucia Fernandes acredita que atribuir à ANP ajudaria a garantir a segurança energética e a competitividade do Brasil. “A ANP já regula atualmente a produção de hidrogênio a partir de fontes fósseis, como o gás natural”, observa.
A diretora-presidente da HL Soluções Ambientais, Laiz Hérida, critica a escolha da ANP. “A questão é até que ponto o hidrogênio verde será pauta prioritária. A agência já tem uma agenda regulatória desafiadora, e, quando se coloca tudo sob um guarda-chuva bastante carbonizado, dificilmente se consegue desenhar caminhos verdes.”
O diretor institucional da Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verde (ABHAV), Felipe Moura, observa que o regulador deve contemplar todas as finalidades do hidrogênio sustentável. “Não definimos uma posição sobre a criação ou não de uma nova agência, mas temos batido na tecla de não usar o hidrogênio apenas como combustível”, diz. “Muito se fala na aplicação para transporte, o que vemos com bons olhos, porque é um vetor para a transição energética, mas não podemos ignorar outros usos, como em fertilizantes, indústria siderúrgica e refino do petróleo.”
O preço do hidrogênio renovável ainda é visto como a principal barreira para investimentos mundo afora. Enquanto o custo de
produção do hidrogênio verde americano vai de US$ 3,73 a US$ 6,50, o hidrogênio com gás natural varia de US$ 1,71 a US$ 2,18 por quilo, segundo estimativas da S&P Global Platts.
A regulação econômica, muito associada a incentivos, é um pilar para o desenvolvimento da indústria de hidrogênio com zero emissões, indica Michelle Hallack, especialista sênior no programa de assistência à gestão do setor energético no Banco Mundial. Ela afirma que há muitos tipos de incentivos e destaca as políticas associadas à emissão de carbono e à descarbonização da indústria.
“Hoje vemos que existe um gap do hidrogênio que emite CO2 para aquele que não emite, então se você precificar esse CO2, é possível reduzir a diferença”, afirma Hallack. “Não são regulações específicas de hidrogênio, mas beneficiam esse mercado também, com a vantagem de incentivar outras tecnologias e subprodutos, como amônia e aço.”
O Carbon Border Adjustment Mechanism europeu é um exemplo deste tipo de incentivo. Ele prevê um ajuste na entrada dos produtos industrializados na UE, de modo que aqueles com baixa emissão sejam mais competitivos do que aqueles com alta emissão. Nos Estados Unidos, por outro lado, um dos benefícios previstos na Lei de Redução de Inflação (IRA, na sigla em inglês) é o crédito tributário de até US$ 3 para cada quilo de hidrogênio verde.
Na avaliação da advogada Fernanda Sá Freire, sócia da área de Energia e Tributário do escritório Machado Meyer, no Brasil, já existem medidas de desoneração de investimentos no setor de energia em PIS/Cofins que poderiam ser estendidas para as plantas de hidrogênio renovável. Ela avalia ainda que poderia ser replicado o modelo da Rota 2030 - programa destinado ao setor automotivo, com redução do Imposto de Renda, do Imposto de Importação e do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) - ou da Lei de Informática.
Para Felipe Moura, da ABHAV, independentemente do desenho de regulação econômica escolhido, o importante é que as políticas de incentivo tenham início, meio e fim, de modo que possam fomentar o crescimento da indústria do hidrogênio verde, sem onerar os consumidores finais.
Sem uma lei federal específica, o licenciamento ambiental no Brasil é regido por instrumentos infralegais, como resoluções e instruções normativas. Um exemplo é a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) 237/1997, que dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental.
Com isso, o licenciamento de plantas de hidrogênio no Brasil é feito em esfera estadual - o Ibama somente opera em casos específicos, como aqueles que envolvam estruturas marítimas, o que poderia acontecer em projetos de hidrogênio cuja energia venha, no futuro, de eólicas offshore (no mar). O Ceará é o único Estado que tem uma resolução específica (Coema, no 3/2022) para o mercado de hidrogênio verde, enquanto outros Estados, como Bahia e Rio de Janeiro, colocam a atividade no hall industrial.
“Com isso, o licenciamento ambiental tem fragilidades, porque é um processo muito técnico, e sem uma legislação específica, alguns aspectos se tornam subjetivos”, afirma Laiz Hérida, da HL Soluções Ambientais, que defende a atualização da resolução do Conama e a criação de uma lei geral. Hérida avalia, contudo, que o projeto de lei para licenciamento ambiental (no 2.159/2021) que pode ser votado a qualquer momento no Senado representa um “retrocesso”.
O texto, aprovado pela Câmara dos Deputados em 2021 com base no PL 3.729/04, tem pontos polêmicos. O principal deles é a
dispensa de licenciamento para 13 tipos de empreendimentos que sejam enquadrados como “melhoramentos”. No fim de agosto, o Instituto Socioambiental (ISA) e o Observatório do Clima divulgaram uma nota técnica com propostas para reverter as ideias trazidas pelo PL.
Para Fernandes, professora da UFRJ, uma lei federal é importante na regulação do mercado de hidrogênio para evitar
discrepâncias entre os Estados. “Empresas que desejam estabelecer plantas de hidrogênio em múltiplos Estados se beneficiariam de um conjunto claro e consistente de regras”, avalia.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O atual preço da energia coloca em risco o futuro da transição energética.
Se a energia barata é boa para os consumidores, para as empresas geradoras a situação não está favorável. O cenário pode levar ao represamento de investimentos por falta de viabilidade econômica para os projetos, já que o custo marginal de expansão está maior.
O relato de executivos do setor é que uma conjunção de fatores no setor elétrico ligados aos subsídios excessivos, reservatórios cheios, sobreoferta de energia e demanda estacionada podem paralisar a expansão do setor elétrico no país.
O CEO da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, alerta que o atual preço da energia coloca em risco o futuro da transição energética, à medida que desestimula investimentos em novos projetos de geração, impactando diretamente o desmonte da
cadeia de valor.
“Por um lado, é urgente que se estabeleça estímulo à carga por meio da neoindustrialização, dada a condição que o país tem de atrair investimentos para o crescimento da indústria - especificamente de uma indústria comprometida com a sustentabilidade.
Isso ampliará a demanda por energia renovável, estabelecendo um equilíbrio econômico em longo prazo. Por outro, é necessário trazer à tona o fato de que a tarifa baixa não é refletida na fatura do consumidor, que paga uma série de subsídios que
contribuem para o desequilíbrio do mercado, gerando furos e incertezas que se acumulam e se perpetuam no setor.”
O paradoxo de energia barata e tarifa cara, à qual Sattamini se refere, se explica pelas vantagens dadas a alguns setores, que tem feito com que os consumidores migrem do mercado regulado (atendido pelas distribuidoras) para a geração distribuída. Segundo ele, a benesse é dada a consumidores de alta renda, dado o custo de instalação das placas solares, mas financiada pela fatura dos demais consumidores, muitos de baixa renda.
Se por um lado, as cadeias produtivas parecem enfrentar menos pressão à medida que os custos diminuíram e a inflação arrefeceu; por outro, desafios surgem como o baixo número de novos contratos e as taxas de juros consideravelmente elevadas. Além do temor de possível aumento dos preços das commodities.
O diretor-presidente da Nordex no Brasil, Felipe Ramalho, diz que o reduzido volume de novos contratos de fornecimento de aerogeradores em 2023 no Brasil é um indicador de que a cadeia de suprimentos local pode enfrentar um período de baixa
demanda por produção e serviços nos anos de 2024 e 2025.
Tal percepção é compartilhada pelo vice-presidente de marketing e vendas da Hitachi Energy, Glauco de Freitas. Ele acredita que 2024 deve seguir a mesma tendência de poucos contratos em energias renováveis, que não devem superar 2 GW, montante considerado baixo. Em energia solar a expectativa é contratar apenas 3 GW, em contraste com a expectativa inicial de 6 GW.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Banco tem intenção de aprovar créditos de R$ 52 bi este ano, com maior parte dos recursos voltados para energia limpa.
O BNDES pretende aprovar mais de R$ 52 bilhões para projetos de infraestrutura e transição energética neste ano. A instituição prevê desembolsos da ordem de R$ 45 a R$ 50 bilhões para o setor em 2023. A projeção é da diretora responsável pela área, Luciana Costa, que afirma que o banco tem recursos disponíveis para alavancar os projetos.
“A nossa restrição não é de funding, mas de ter projetos bem estruturados”, disse ao Valor.
Costa avalia que o banco passou por um período de “desalavancagem”, e observa que o desembolso no setor de infraestrutura somou R$ 42 bilhões em 2022. Ela defende uma maior atuação do banco de desenvolvimento em um setor que envolve incertezas e projetos de longo prazo.
“O Brasil é um país volátil e esses projetos demoram muitos anos sendo estruturados. O mercado de capitais pode fechar a janela e os bancos comerciais podem ter mais ou menos apetite dependendo da situação do mercado”, avalia.
Por isso, diz, a estratégia da nova administração foi focar em projetos com estruturação avançada para que eles sejam aprovados mais rapidamente.
A diretoria espera que a emissão de “títulos verdes”, lançados mês passado pelo Tesouro Nacional, impulsione o financiamento de projetos sustentáveis. A intenção do governo é aportar US$ 2 bilhões - cerca de R$ 10 bilhões - no Fundo Clima com a primeira emissão de título de dívida soberana sustentável do governo brasileiro.
O Fundo Clima financia empreendimentos para mitigar mudanças climáticas e é gerido pelo BNDES. A expectativa é que os novos papéis do Tesouro tenham taxas menores e que o banco possa combiná-las com a Taxa de Longo Prazo (TLP), para baratear o
crédito e estimular os projetos.
“A ideia é que a Fazenda assuma o risco cambial e repasse esses recursos apenas com custo de emissão. E a gente vai usar esse dinheiro para financiar projetos relacionados a transição energética e infraestrutura social”, explicou.
Costa participa, nesta quarta (11), de um seminário do BNDES, em parceria com a Petrobras, sobre transição energética. O banco e a petrolífera assinaram, em junho, um acordo de cooperação técnica com foco em transição energética, pesquisa, desenvolvimento científico e reindustrialização.
Assim como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, a diretora de infraestrutura do banco tem repetido que os Estados Unidos e a Europa adotaram incentivos e subsídios agressivos para financiar a transição. Para Costa, no entanto, há “menos espaço fiscal” para iniciativas semelhantes no Brasil, o que coloca a Petrobras no centro da estratégia.
“Os lucros do pré-sal e da exploração da Margem Equatorial, daqui a quatro ou cinco anos, vão ser muito relevantes para o país financiar a transição. Os lucros da Margem são absolutamente necessários”, defendeu.
O BNDES tem 7,9% das ações da Petrobras - cerca de R$ 30 bilhões - e, segundo Costa, vai apoiar financeiramente a companhia, se necessário.
Em junho, ao anunciar o acordo de cooperação, Mercadante disse que o BNDES quer aumentar os investimentos na petrolífera.
Mas o objetivo esbarra em uma regra do Banco Central que limita o valor investido na companhia pelo banco de desenvolvimento.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Edição atualizada mantem falha a performance dos equipamentos de controle de tensão como causa da perturbação.
Uma nova edição do Relatório de Análise de Perturbação (RAP) referente ao apagão de 15 de agosto confirmou o resultado anterior da minuta do RAP, que apontou que a principal causa raiz identificada foi a performance em campo dos equipamentos de controle de tensão de diversas EOLs e UFVs, no perímetro da LT Quixadá-Fortaleza II, no Ceará. Esses dispositivos das usinas deveriam compensar automaticamente a queda de tensão decorrente da abertura da LT, mas o desempenho na hora da ocorrência ficou abaixo do previsto nos modelos matemáticos fornecidos pelos agentes e usados pelo ONS.
Em nota, apontou que caso alguma divergência ainda permaneça, irá apensar as divergências ao documento final, até o dia 17 de outubro, para fins de registro. Esta é a última etapa do processo. A perturbação de agosto de 2023 causou a interrupção de parte do fornecimento de energia no Sistema Interligado Nacional e afetou diversas regiões do país ao derrubar 22 GW de carga.
Segundo o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, a análise técnica da ocorrência foi feita com o compromisso em pensar o futuro. Para ele, há a convicção de que o RAP é um documento que vai trazer importantes desdobramentos para o setor elétrico brasileiro. Estão sendo apontadas recomendações associadas à crescente transformação do setor de energia, em especial aquelas relacionadas à incorporação de fontes renováveis na matriz.
O documento traz as providências a serem tomadas pelos 122 agentes, incluindo os geradores eólicos e fotovoltaicos. Ao todo, foram centenas de apontamentos que os agentes e o Operador terão de implementar até outubro de 2024. As providências vão desde ajustes em proteções, passando por soluções para problemas na comunicação com os agentes no momento da recomposição, até a validação dos modelos matemáticos de todos os geradores eólicos e fotovoltaicos, entre outras.
No RAP também estão elencadas providências que já foram tomadas. Entre elas, está a adaptação da base de dados oficial, pelo Operador, para representar a performance dos referidos parques eólicos e fotovoltaicos tal como observada em campo durante a perturbação, de modo a utilizá-la nos estudos de caráter operativo.
Além disso, o ONS também já elaborou e disponibilizou aos agentes proprietários de usinas eólicas e fotovoltaicas, relatório contendo os requisitos técnicos de Registradores Digitais de Perturbações e para a instalação de Unidades de Medição de Fasores, assim como o guia para validação dos modelos matemáticos. Também foram implementados novos limites de intercâmbios e medidas operativas na região Nordeste, visando garantir a segurança operativa do SIN.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Transmissoras e fornecedores querem adequar regramento existente aos avanços tecnológicos.
O segmento de transmissão de energia elétrica tem se mobilizado para discutir a modernização das normas aplicáveis à atividade, considerando os avanços tecnológicos e a necessidade de maior rapidez na implantação dos empreendimentos. Um passo inicial para organizar o debate sobre a reforma normativa destinadas a desenvolver o negócio da transmissão foi dado no mês passado, quando representantes de transmissoras e de fabricantes de equipamentos realizaram o primeiro workshop para discutir essas mudanças.
O evento foi promovido pela Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica, Instituto Abrate de Energia, Engie e Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base. A associação que representa as empresas de transmissão acredita que ao promover o debate está contribuindo para que as normas sejam atualizadas e estejam em condição de responder pela velocidade da inovação e da modernização tecnológica.
“Tem norma lá com 30 anos sem revisão. Então, foi um workshop para poder convidar os agentes [a debater o tema]”, relata o diretor executivo do Instituto Abrate, Marcus Nascimento. Há regras internacionais nas quais se basear, porque a discussão não se limita ao Brasil, afirma o diretor do instituto, que tem um comitê encarregado de desenvolver esses estudos.
O presidente da Abrate, Mário Miranda, lembra, como exemplo, que o mundo inteiro está rediscutindo as normas de corrente contínua, em um processo de atualização. “Nós criamos um comitê de gestão de qualidade. Ele olha todos os projetos, todas as normas aplicáveis e todas as questões atinentes a normas de segurança da instalação e de pessoal. Segurança de trabalho”, detalha.
Ele diz que os leilões de transmissão instigam as empresas a fazerem mais rápido os empreendimentos, com a limitação de preservar a qualidade e a segurança da instalação e de pessoal.
Para Nascimento, as mudanças pelas quais o setor está passando vai acelerar tudo. Desde a parte de capacitação de pessoal até a de financiamento e a de meio ambiente, que envolvem os órgãos intervenientes do licenciamento. “O que a gente fez lá foi específico para questão das normas”, afirma ele.
Miranda destaca que as instalações de transmissão tem um nível de disponibilidade de 99,6%, que precisa ser mantido sem alterar a qualidade do serviço prestado. Esse é um ponto, mas há ainda a questão do licenciamento ambiental.
“Nós pegamos o relatório de planejamento, por exemplo, do Ibama, mostrando que com 16 funcionários se eles estão ou não preparados. Tanto que fizeram todo um planejamento alocando [a concessão de licenças] nos órgãos estaduais e agrupando projetos para poder simplificar o licenciamento. Eles têm quase 200 projetos de licença prévia de instalação, de operação, e as renovações [de licenças].”
Durante a semana, o secretário de Transição e Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, citou como uma das medidas de incentivo à produção de hidrogênio verde no país uma eventual alteração legal das normas para a transmissão de energia elétrica.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Bahia são os estados com mais capacidade instalada no ano.
O Brasil ultrapassou em setembro a marca de 7 gigawatts (GW) de capacidade instalada em 2023, terminando o mês com 7.136,5 megawatts (MW) provenientes de 208 usinas inauguradas este ano. As plantas eólicas e solares somam 89,2% da capacidade instalada no ano, com 6.366,3 MW segundo o levantamento da Agência Nacional de energia Elétrica (ANEEL).
As usinas com operação iniciada este ano estão localizadas em 18 estados de todas as regiões brasileiras. Em ordem decrescente, apresentam maiores resultados até o momento os estados de Minas Gerais (1.815, 7 MW), Rio Grande do Norte (1.778,5) e Bahia (1.775,3 MW). No recorte apenas para o mês de setembro, o Rio Grande do Norte obteve o maior salto, de 114,0 MW, e São Paulo obteve a segunda maior expansão, com 40,1 MW.
Capacidade instalada
O Brasil somou 195.718,1 MW de potência fiscalizada, de acordo com dados do Sistema de Informações de Geração da ANEEL, o SIGA, atualizado diariamente com dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção. Desse total em operação, ainda de acordo com o SIGA, 83,8% das usinas são consideradas renováveis.
A ANEEL atualiza diariamente os dados de geração do país por meio do Sistema de Informações de Geração da ANEEL, o SIGA. Ele apresenta dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção.
Outras informações sobre o acompanhamento da expansão da oferta de geração estão disponíveis em painéis interativos em www.aneel.gov.br/acompanhamento-da-expansao-da-oferta-de-geracao-de-energia-eletrica.
Esses painéis, atualizados mensalmente, mostram a previsão para a entrada de novas unidades geradoras para os próximos anos. Eles trazem ainda um histórico da expansão da geração desde a criação da ANEEL (1997). Além dos painéis, também está disponível a base de dados com informações de previsão e acompanhamento de obras dos empreendimentos outorgados para construção.
Categoria
Energia, Minerais e Combustíveis.
Fonte e Imagem: gov.br.
Aumento da fatia dedicada a subsídios e tributos faz com que energia elétrica nacional seja recordista em comprometimento da renda.
O Brasil está no topo de um ranking que mede o peso da conta de luz no bolso de consumidores locais, em comparação com 33 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Na média, o brasileiro compromete 4,54% da sua geração de riqueza anual com o pagamento da tarifa residencial. É o maior valor, bem acima do apurado para nações europeias, como Espanha (2,85%), Alemanha (1,72%) e Luxemburgo (0,35%) —país em que a energia tem o menor peso sobre renda no grupo analisado.
O resultado brasileiro também fica distante do identificado em economias emergentes, como Chile (2,65%) e Costa Rica (2,76%).
O ranking foi elaborado pela Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres). A entidade considerou as tarifas residenciais de 2022, consolidadas no serviço de dados da Agência Internacional de Energia, e o PIB per capita (Produto Interno Bruto dividido pelo número de habitantes) calculado para o mesmo ano pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
"O levantamento demonstra que precisamos rediscutir os custos no setor elétrico brasileiro, porque ele está distorcido para os consumidores locais em comparação aos de outros países quando consideramos a renda", explica o diretor de Energia da Abrace, Victor Hugo iOcca, que coordenou a organização do ranking.
O brasileiro pagou US$ 34 (R$ 176,50), em média, por 200 kwh (kilowatt-hora) no ano passado, um valor parecido ao desembolsado pelo polonês, que foi de US$ 34,39 (R$ 178,50). Ocorre que a nossa renda per capita estava na faixa de US$ 9.000 (R$ 46,7 mil), enquanto no país do leste europeu ela era o dobro, US$ 18 mil (R$ 93,4 mil), comprometendo uma fatia menor da renda, 2,26%.
Na Turquia, cujo PIB per capita é próximo ao do Brasil, na casa de US$ 10 mil (R$ 51,9 mil), a energia custou praticamente metade da brasileira, US$ 17,9 (R$ 93) e compromete 2% da renda
A equipe da Abrace lembra que o custo da tarifa sofre variação de acordo com diferentes fontes de energia. As renováveis estão entre as mais competitivas atualmente, enquanto carvão, nuclear e gás natural passaram a custar mais, além de sofrerem com o risco geopolítico. A guerra da Rússia contra a Ucrânia, por exemplo, pressionou o preço do gás.
No entanto, o que pesa, e muito, é a calibragem da política pública. Existem países que nitidamente optaram por ter energia mais barata.
Assim como ocorre no Brasil, cerca de 60% da geração do Canadá vem de hidrelétricas, seguida de outras renováveis, como eólica. No entanto, aquele mesmo montante de energia custou US$ 10 (R$ 51,91) menos que no Brasil. Foi de US$ 24 (R$ 124,6). Como a renda média anual no país é de R$ 55 mil (R$ 285,5 mil), o consumidor saiu ganhando. Apenas 0,54% da renda vai para pagamento da tarifa residencial.
Os Estados Unidos tem feito investimentos pesados em renováveis, mas a estrutura energética ainda é o inverso —quase metade da geração de eletricidade vem de térmicas movidas a combustíveis fósseis, como gás e carvão. Ainda assim, o seu custo é inferior ao do Brasil, US$ 30,25 (R$ 157). Como o PIB per capita americano é um dos maiores do mundo, US$ 76 mil (R$ 394.5 mil), apenas 0,48% é gasto com a conta de luz.
Muitos países têm optado por subsidiar novas fontes limpas de energia. É uma decisão de governo com apoio de contribuintes. A Dinamarca tem um forte programa de descarbonização e uma carga tributária elevada sob a tarifa de energia, de quase 70%. O custo tarifário é mais alto entre os países do ranking, US$ 103 (R$ 534,6).
Mas isso não é nem de longe um sacrifício financeiro num país cuja renda per capta é de US$ 66,5 mil (R$ 345.2 mil). Apenas 1,87% vai para custear a energia em casa.
"O Brasil já é destaque em energia limpa, renovável e barata, não faz sentido que tenha uma conta de luz tão alta para o nosso perfil de renda, mas ela está sendo sobrecarregada por tributos e subsídios, que já correspondem a 40% do preço final", afirma Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia.
"O ranking mostra como esse custo chega nas pessoas pela conta de luz, mas ele também está no preço de tudo que é fabricado no Brasil. O comprometimento da renda é muito maior."
Segundo projeção da entidade, os brasileiros estão pagando a mais, neste ano, cerca de R$ 10 bilhões ao mês apenas para custear tributos e subsídios. No ano, serão R$ 119 bilhões para essas duas despesas (leia a lista abaixo).
Os subsídios ampliam espaço na conta de luz principalmente por iniciativa do Congresso, onde a política é mais sensível a lobbies, mas o governo federal tem utilizado a conta de luz como uma extensão do Orçamento. Na tentativa de reverter a tendência, há um movimento entre entidades do setor para transferir parte dos custos que estão na tarifa para o Tesouro Nacional.
O consumidor de energia elétrica no Brasil mantém fundos de pesquisa e desenvolvimento, paga por subsídios a setores que já são rentáveis, como as renováveis solar e eólica, e sustenta políticas públicas, que muitas vezes não têm relação com a área de energia elétrica, como água, esgoto e saneamento (leia lista abaixo).
Em levantamento similar, mas com outras fontes, realizado com dados de 2021, o Brasil aparecia como segundo no ranking da Abrace, atrás da Colômbia. Os preços da energia registraram forte alta, após o país ter ampliado o uso de térmicas, e funcionaram como munição adicional em recentes crises políticas.
Dependente de hidrelétricas, que sofrem com variações do clima, a Colômbia tem enfrentado dificuldades para implementar os projetos de renováveis. Há cerca de um ano, propôs um pacto nacional em busca do que chamou de "tarifa justa". Mobilizou empresas e lançou um pacote de mudanças nas leis do setor e na estrutura técnica, com a promessa de reduzir os custos da energia.
Na prática, foi uma intervenção, e os resultados ainda são incertos, mas serve de exemplo sobre os riscos políticos, econômicos e regulatórios quando se perde o controle do preço da energia. O país ainda não divulgou seus indicadores de 2022 e, por isso, não consta do ranking neste ano.
Já foram produzidos inúmeros levantamentos mostrando que o brasileiro tem dificuldade de arcar com tantas despesas adicionais na tarifa de energia. A pesquisa "Opinião sobre o Setor Elétrico", realizada pelo Datafolha para Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia), no ano passado, por exemplo, identificou que 72% dos brasileiros deixam de comprar itens básicos para pagar conta de luz, e 40% disseram que já tinham deixado de pagar o boleto alguma vez naquele ano.
O QUE TEM NA CONTA DE LUZ
Os principais itens da cobrança
32,48%
é custo de energia, que neste ano está estimado em R$ 111, 4 bi
27,38%
vai para transmissão e distribuição, R$ 93,9 bi
17,00%
são tributos, que somam R$ 58,4 bi neste ano
15,92%
equivalem a encargos, muito mascarados de subsídios, que totalizam R$ 54,6 bi
3,61%
vai para perdas técnicas, R$ 12,4 bi
1,98%
cobre furto de energia, R$ 6,8 bi
1,54%
custeia a iluminação pública, R$ 5,3 bi
O QUE PESA MAIS A CONTA DE LUZ
Entre os itens que deixam a energia mais onerosa em 2023 estão:
TRIBUTOS
R$ 58,44 bi
PRINCIPAIS SUBSÍDIOS
R$ 33,42 bi
para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), sendo R$ 12 bilhões para a CCC (Conta de Consumo de Combustíveis) do sistemas isolados; R$9,28 bilhões para descontos tarifários na distribuição; R$ 5,6 bilhões para Tarifa Social para consumidores de baixa renda; R$ 2,43 bilhões. para descontos na transmissão; R$ 1,12 bilhão para o subsídio para carvão mineral nacional
R$ 12,16 bi
para Conta de Reserva, que o consumidor paga para garantir a segurança do sistema
R$ 6,8 bi
para cobrir perdas não técnicas, como furtos de energia do sistema;
R$ 5,45 bi
para o Proinfa, programa de compra de energia renovável
R$ 5,34 bi
para garantir a iluminação pública das cidades
R$ 939 milhões
para o fundo com o objetivo de promover a eficiência do setor elétrico
R$ 939 milhões
para o fundo voltado ao desenvolvimento a pesquisa do setor
R$ 244 milhões
Para ESS (Encargos do Serviço do Sistema)
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Houve forte expansão do mercado livre, enquanto o mercado regulado diminuiu para cerca de 60% do mercado global.
Oportunamente, o Ministério de Minas e Energia (MME) se propôs a apresentar, em 90 dias, um projeto de reforma do setor elétrico, o qual enfrenta múltiplos problemas. Mas, apesar da sua urgência, o exíguo prazo previsto sugere que se subestimou a dificuldade dessa tarefa. Reorganizar o setor elétrico envolve, pelo menos, três complexas e abrangentes questões, que deverão ser tratadas detalhadamente, conforme o quadro atual exige: quais são seus condicionantes e desafios, qual deverá ser sua melhor configuração e quais passos e procedimentos permitirão alcançá-la.
O setor elétrico brasileiro conta, e poderá contar, com um parque gerador predominantemente baseado em fontes renováveis. Sua localização e as variações sazonais, diárias e horárias de sua disponibilidade diferem daquelas dos seus principais mercados, o que exige extenso sistema de transmissão de energia. Por outro lado, o setor apresenta distorções na alocação de seus custos, decorrentes de subsídios que também afetam prioridades de investimento e, no momento, contribuem para que haja significativa sobra de oferta, concentração de capacidade geradora distante do maior mercado do país e significativa intermitência de geração não despachável.
Considera-se que o futuro setor deverá ser ambientalmente sustentável e oferecer a seus usuários segurança de suprimento e acessibilidade, além de equidade, ou seja, que cada consumidor seja cobrado conforme os custos incorridos para atendê-lo.
A contínua e necessária expansão do aproveitamento de fontes renováveis, notadamente as intermitentes, exigirá a presença de novos agentes e regulamentos, particularmente para as instalações de armazenamento, além de novos sistemas e critérios operacionais.
A transição para um novo modelo poderá enfrentar dificuldades de natureza estrutural, bem como entraves interpostos por interesses contrariados por novas regras. Fatos recentes destacam a importância de delimitar claramente o papel dos diversos agentes que interagem na orientação e gestão desse setor. Embora seja aparentemente consensual que caiba ao governo formular políticas e iniciativas que o Congresso avalia e traduz em forma legal, cuja regulamentação cabe à Aneel, legisladores e agentes governamentais têm interferido na aplicação de regras e critérios definidos por este regulador, mesmo quando aprovados em consulta pública.
A evolução recente do setor pode indicar algumas premissas e requisitos que poderão ser considerados no seu redesenho, tais como:
- O mercado livre alcançará a totalidade dos consumidores, talvez com exceção dos consumidores residenciais de baixa renda. Consequentemente, haverá redistribuição dos encargos atualmente arcados somente pelos consumidores do ambiente de contratação regulada. Será o caso das “bandeiras tarifárias”, e da energia de Itaipu, que terá de competir com a dos demais geradores.
- Subsídios, tais como os que transferem custos de transmissão e distribuição para o mercado regulado e levam a desconsiderar custos sistêmicos e locacionais, deverão ser eliminados. Aqueles destinados ao desenvolvimento tecnológico, mesmo de caráter temporário, não deverão ser arcados pelos consumidores. Custos da prestação dos crescentes serviços ancilares, como prover reserva girante e armazenamento, deverão ser remunerados, inclusive, pelos agentes que os causaram.
- A interdependência dos agentes do setor, predominantemente privados, e sua interação com a economia, justificarão que um órgão governamental lhes indique as prioridades para sua atuação, em vista dos recursos disponíveis, dos compromissos do país e do melhor desempenho do setor. Essa entidade, com apoio de outros órgãos federais, notadamente ONS e Aneel, deverá evitar que ocorram sobras ou déficits de oferta significativos. A antiga Comissão Nacional de Energia exerceu papel semelhante, que poderá ser assumido por uma nova versão do Conselho Nacional de Política Energética - CNPE, com apoio da EPE.
Um dos possíveis aspectos de novo modelo que, conforme observado, será a abertura geral do mercado, apresenta pelo menos duas questões: os contratos legados, ou seja, contratos de suprimento firmados pelas distribuidoras com geradores, ainda em vigor, e que agentes oferecerão garantias de prazo compatível com os prazos de financiamento necessários para viabilizar novos investimentos, particularmente em geração. Conforme a Lei 10.848/2004, esse papel cabia às distribuidoras, enquanto também comercializadoras, o que deixaria de existir. Trata-se aí de definir qual será o provedor de última instância, o que novamente remete à governança do setor.
A situação superavitária dos contratos legados, firmados pelas distribuidoras com geradores, ficou mais evidente nos últimos
anos, com a forte expansão do mercado livre, enquanto o mercado regulado diminuiu para cerca de 60% do mercado global. Mesmo que a passagem de alguns grandes consumidores para o mercado livre tenha sido prevista, o crescimento de nova oferta, eólica e solar, muito competitiva, acelerou essa migração. O mercado regulado também perdeu expressão devido à forte expansão da geração distribuída e ao baixo crescimento da economia, o que impediu a absorção de sobras.
Concluindo, a iniciativa de reestruturar o setor elétrico num momento de excepcionais alterações institucionais, com reflexos contratuais e comerciais, além de crescentes modificações em seu quadro energético e de inserção regional, com destaque para a Itaipu Binacional, e contando com tantas novas ferramentas tecnológicas, enseja a oportunidade de melhor atender seu mercado, inclusive incorporando segmentos da população ainda não atendidos.
Procedimentos sustentáveis, entre eles a eficiência energética, proporcionarão serviço seguro e acessível, necessário à transição energética. A ampla discussão da proposta resultante dessa iniciativa do MME, concebida com visão global e decisivo tratamento dos desafios inerentes, muito contribuirá para o sucesso de sua implementação.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Efrain Cruz, defendeu nesta quinta-feira, 5 de outubro, que o setor elétrico brasileiro precisa ser redesenhado para garantir sua sustentabilidade e equilíbrio.
“Costumo dizer que o setor elétrico brasileiro não foi desenhado para o modelo que estamos hoje. Ele não foi desenhado para o regime intermitente que temos e com tantas fontes. Estamos vivendo um turbilhão de mudanças e precisamos nos adaptar”, destacou Cruz em um dos painéis de evento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), promovido nesta quinta-feira, 5 de outubro.
Sem dar detalhes, em um dos painéis sobre a abertura do mercado livre de energia para consumidores de alta tensão, o secretário-executivo da pasta afirmou que o ministério tem debatido um projeto para trazer sustentabilidade ao setor para reduzir as tarifas dos consumidores brasileiros.
Recentemente, o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira, informou que um projeto de lei, que tem sido chamado de Lei Geral da Energia, deve ser enviado ao Congresso para priorizar os consumidores, readequando, por exemplo, os encargos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Sobre a abertura do mercado livre para consumidores de alta tensão, Efrain destacou que o processo deve ser gradual e sustentável para evitar prejuízos aos consumidores que permanecerem no mercado regulado.
“O consumidor do mercado regulado tem uma tarifa de R$ 700 MWh. O consumidor no ambiente de contratação livre tem uma tarifa 30% menor. Adotando a energia incentivada, o desconto chega até 42% em relação ao mercado regulado. Já em contratos de autoprodução e energia incentivada chega a 52%. Por que existe essa diferença? Onde está a justificativa para esse milagre? É isso que temos que colocar sempre na nossa cabeça, pensando em sustentabilidade do setor”, destacou o secretário.
Fonte e Imagem: MegaWhat
Embora o clima coloque em alerta as autoridades do setor, Sandoval Feitosa ressalta que as grandes hidrelétricas do país, situadas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, estão com os reservatórios cheios.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, reconhece que ainda não é possível medir a dimensão dos impactos dos eventos climáticos adversos sobre o setor. Nos últimos dias, uma das maiores hidrelétricas do país — Santo Antônio, com potência de 3,5 mil megawatts (MW), no rio Madeira (RO) — parou de gerar eletricidade em razão do baixo volume de água provocado pela estiagem severa que atinge a região Norte.
De acordo com o diretor da agência reguladora, os órgãos do setor elétrico precisam acompanhar de perto os efeitos da mudança climática sobre o país para avaliar se será preciso tomar alguma “medida excepcional”.
“Não é possível prever a extensão dos impactos desse fenômeno climático. É uma situação adversa. Diria que estruturalmente o setor estava preparado para a condição anterior”, disse o diretor da Aneel, ao Valor. “Hoje, temos uma condição diferente. O que precisa ser visto é até que ponto precisaremos de medidas excepcionais para fazer frente ao momento atual”, complementou.
Embora os eventos climáticos coloquem em alerta as autoridades do setor, Feitosa ressalta que as grandes hidrelétricas do país, situadas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, estão com os reservatórios cheios neste momento. “Estamos saindo do período seco e iniciando o perímetro úmido [chuvoso], em que não sabemos ainda o quão generoso ele será. Mas temos um nível de reservatório em torno de 67%, que consideramos confortável”, afirmou, momentos antes de participar da reunião de hoje do CMSE.
A parada das máquinas de Santo Antônio e a situação das hidrelétricas do Amapá, também afetadas pela baixa vazão dos rios do
Estado, está entre os temas a serem abordados na reunião, programada para a tarde de hoje, do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). O encontro entre as principais autoridades do setor é realizado, em caráter ordinário, sempre no início de cada mês em Brasília, na sede do Ministério de Minas e Energia.
De acordo com Feitosa, a situação da usina de Santo Antônio, envolvendo a possibilidade de acionamento de térmicas em Rondônia, é um “problema pontual” identificado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) que deve ser levado ao CMSE para que “decisões técnicas” sejam tomadas. Ele disse que o papel da Aneel, nesse caso, é opinar sobre a decisão no comitê e, depois, fiscalizar a implementação de eventuais medidas.
Intensificado o debate sobre mudanças climáticas, as autoridades brasileiras são cobradas a garantir maior incremento de fontes renováveis à matriz de geração de energia do país. O Brasil tem posição de destaque, dada a grande oferta por hidrelétricas e boom de investimento nos segmentos de geração eólica e fotovoltaica (solar) no Nordeste.
Diante dos recentes eventos climáticos adversos, o governo federal e a agência reguladora estão sendo desafiados a dar, agora, respostas mais contundentes sobre os riscos à confiabilidade do suprimento de energia.
“Temos uma situação climática muito adversa, típica dos momentos de imprevisibilidade que estamos vivendo em função do aquecimento global e outras questões de clima. Temos hoje, por exemplo, na região Norte do país uma seca e, na região Sul, enchentes”, disse Feitosa, ao citar algumas das situações enfrentadas pelo país cujos efeitos ainda não podem ser medidos.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Segundo entidades, a conta de luz pode ficar mais cara, assim como o transporte aéreo, caso a proposta seja aprovada sem alterações significativas.
Empresários de diferentes setores da economia estão preocupados que o texto da reforma tributária em tramitação no Senado seja aprovado sem modificações. A avaliação é de que há pontos sensíveis que precisam ser revistos pelos senadores antes de ir à votação. Todos entendem a necessidade de simplificação da tributação brasileira, mas cobram que haja regimes diferenciados em determinadas situações, como em energia, considerada um bem essencial pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Para a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), que representa 39 concessionárias de distribuição de energia do Brasil, um dos problemas é que a conta de luz pode subir até 30%, com penalização maior às famílias de baixa renda.
De acordo com o diretor institucional e jurídico da Abradee, Wagner Ferreira, a proposta no Senado cria espaço para o aumento de impostos ao não reconhecer a essencialidade do serviço de energia. Segundo ele, cerca de 40% dos moradores do Norte e Nordeste do Brasil têm tarifa social, que é subsidiada por política pública.
“Buscamos uma qualificação do texto para que não tenhamos o risco de aumento de tributação na conta de luz. Um dos objetivos é fechar o conceito do imposto seletivo: do jeito que veio, permite uma interpretação mais ampla, e você pode cobrar sobre as operações de energia elétrica. Isso não combina com a própria essencialidade da energia, tampouco combina com todo o regramento constitucional e legal no que diz respeito à tributação sobre bens essenciais”, explica.
Para a Abradee, os senadores precisam considerar um regime diferenciado de tributação para energia. “A gente olha a tarifa social, o mercado residencial, que fica na faixa de consumo de até 200 quilowatts ao mês. Certamente esse imposto seletivo vai trazer impacto muito negativo à economia, com custos de produção mais caros, e ao poder de compra dos brasileiros”, diz o diretor.
Conforme informações da Abradee, a cada 10% de economia na conta de luz, o Produto Interno Bruto (PIB) aumenta em 0,45% ao ano.
Ferreira acredita que o Senado teria de estabelecer um regime especial para as diferentes áreas do setor elétrico: geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia. Eles têm regimes fiscais e tributários, alíquotas e faixas de isenção próprios e variam de acordo com o estado.
“É preciso ter uma lei especial que trate dessa complexidade, porque o risco de tributação é muito alto. Dar também diretrizes que coloquem o País na vanguarda em relação à economia verde, transição energética. Os investimentos virão para o Brasil. Precisa de um sinal dentro da PEC [Proposta de Emenda à Constituição] para que tenhamos competitividade”, afirma.
A Abradee entende que o Senado está atento a essas questões, tanto que alguns parlamentares já apresentaram emendas à proposta.
Transportes
Para o advogado e professor de Direito Financeiro da Universidade de São Paulo (USP) Heleno Torres, o texto da reforma tributária tem que dar conta das especificidades – ainda que seja por meio de leis complementares – e complexidades de cada setor para que haja isonomia.
No caso do transporte, há dois regimes em questão: o de alíquota padrão e o diferenciado, cuja alíquota equivale a 40% da padrão. No entanto, o setor aéreo foi excluído da tributação diferenciada.
“Pedimos ao Senado ajustes para melhorar o texto. O setor aéreo não quer vantagem tributária ou privilégio, mas sim igualdade de tratamento com os demais modais de transporte. Precisamos achar uma alíquota média para o aéreo, avaliar com lupa a prática internacional. Nos países com o IVA [Imposto sobre Valor Agregado], o transporte internacional de carga ou de passageiros está desonerado, como exportação de serviços. Não podemos admitir a diferenciação”, alerta o advogado.
Torres lembra que alguns fatores pesam para o setor. Os aviões são objeto de arrendamento mercantil, que é caríssimo, segundo ele. O combustível necessita de um tratamento específico, enquanto peças e componentes de manutenção são custeados pelo proprietário da aeronave.
“São dois grupos que precisam ter a mesma alíquota: o arrendamento mercantil e a passagem aérea. Hoje, as passagens estão livres da incidência de impostos como ISS, PIS, Cofins e ICMS. Com o IVA, esses valores serão transferidos aos consumidores, sendo que mais da metade das passagens são compradas por pessoas físicas, e não empresas”, detalha.
O professor explica ainda que em um país continental como o Brasil, onde os transportes hidroviário, ferroviário e marítimo não são relevantes, as opções mais viáveis à população são o transporte terrestre ou aéreo.
“Se houver incidência do IVA, é como se houvesse um aumento no valor da passagem. A escolha é de natureza tributária. Só vai agravar a situação. As pessoas de menor renda, que hoje usam avião, vão deixar de usá-lo e, assim, aprofundar a elitização”, diz.
De acordo com estudo da LCA Consultores, o texto aprovado na Câmara provocaria um aumento de 315% na carga tributária sobre a aviação civil, com impacto estimado de R$ 11,5 bilhões.
“Sou favorável à reforma, ela é inovadora, reduz a burocracia, simplifica a tributação e trará melhorias e mais transparência ao ambiente de negócios. Trará mais vantagens do que o sistema atual, mas precisa reconhecer a isonomia das aéreas”, ressalta Torres.
Fonte e Imagem: Exame.
Em celebração dos 70 anos da empresa, presidente da Petrobras dá destaque à participação estatal no negócio.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, comemorou nesta 3ª feira (3.out.2023) o que chamou de papel “protagonista” no cenário de transição energética que, em sua avaliação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem dado à estatal.
Segundo Prates, depois de superar “dificuldades e ataques em anos recentes”, a estatal está pronta para novas conquistas.
“Estamos no 1º ano de uma gestão que acredita na perenidade da Petrobras e no seu papel como protagonista no desenvolvimento nacional e na transição energética […] Vamos fazer tudo isso mantendo nosso DNA, nossa cultura focada na superação dos obstáculos, no meio ambiente, na valorização da vida e das pessoas”, declarou em evento de celebração dos 70 anos de criação da Petrobras, no Rio de Janeiro.
PARTICIPAÇÃO ESTATAL
Durante o discurso, Prates também afirmou que a organização “nasceu da vontade popular, do povo na rua, clamando ‘o petróleo é nosso’”. E declarou que a presença mais forte do Estado não enfraqueceu o papel da Petrobras na economia do país e do mundo.
“Nos anos 1990, passamos por uma mudança de regulação no setor e comprovamos, ainda que muitos apontassem o contrário, que a Petrobras, com participação estatal forte, poderia atuar com competitividade e seguir líder no mercado aberto”, disse.
Prates relembrou os principais feitos da Petrobras desde o começo de suas atividades, em 1953. Destacou o início da extração de petróleo na Amazônia nos anos 2000 ao dizer que as ações foram “um exemplo de operação ambientalmente responsável”. Desde o início do ano, Prates tem defendido a exploração da matéria prima na Foz do Amazonas, apesar de parecer inicial contrário do Ibama.
COP 28
Perto do fim do discurso, Prates afirmou que as expectativas para o futuro são grandes, em especial sobre a redução de emissão de gás carbônico, vista como uma oportunidade de negócio pela empresa. O posicionamento será reforçado durante a COP28, a ser realizada em novembro e dezembro deste ano nos Emirados Árabes Unidos.
“Enxergamos os desafios das reduções de emissões de CO2 como uma oportunidade de, mais uma vez, sermos pioneiros e impulsionadores dessa nova indústria nacional. Estamos trabalhando para entregar em breve um novo planejamento estratégico indicando os pilares dessa nova fase. Pretendemos ter uma participação importante na COP28 para dizer que o Brasil voltou e que o nosso povo tem pressa”, declarou.
Por Poder 360.
Ao menos R$ 238 bilhões foram captados por empresas brasileiras desde 2015 via títulos ESG.
Mais de um terço do patrimônio administrado por investidores institucionais no mundo está comprometido com a sustentabilidade, segundo a Global Sustainable Investment Alliance (GSIA). Em 2020, havia US$ 35,3 trilhões (R$ 176 trilhões) aplicados em empresas ou títulos alinhados à agenda ESG. A cifra é 55% maior do que a de 2016 e contempla, inclusive, títulos de dívida de empresas brasileiras também comprometidas com a sustentabilidade e, por consequência, com a biodiversidade.
Segundo a Nint, ao menos R$ 238 bilhões foram captados por empresas nacionais desde 2015 via títulos ESG, em 338 operações -
95% delas com algum objetivo ambiental. “Há empresa que captou para reflorestamento. Tem quem investiu em energia renovável para reduzir emissões de carbono”, diz Guilherme Teixeira, sócio e diretor da consultoria. Ele vê nesses títulos o mais eficiente instrumento de mercado em prol da preservação.
A Ambipar, de serviços ambientais como tratamento de resíduos e reflorestamento, levantou R$ 1 bilhão em títulos sustentáveis em 2022 para expandir suas atividades. “Houve boa atratividade. Conseguimos um prazo de pagamento [das debêntures] maior que o da média”, afirma Thiago da Costa Silva, diretor financeiro e de relações com investidores do grupo.
Marcella Ungaretti, responsável por ESG na área de pesquisas da XP, ratifica a crescente busca por títulos de dívida sustentáveis.
Essas emissões caíram em 2022 por fatores externos ao mercado, mas a expectativa, diz, é de retomada. Até 2035, segundo o
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), títulos sustentáveis devem somar US$ 5,6 trilhões (R$ 29 trilhões).
O governo brasileiro deve lançar títulos soberanos vinculados a projetos de sustentabilidade. O Tesouro Nacional já divulgou o arcabouço para essas emissão, parte do Plano de Transição Ecológica tocado pelo Ministério da Fazenda. O ministro Fernando Haddad apresentou os títulos, ainda sem data para ir a mercado, a investidores em Nova York. O governo espera levantar até US$2 bilhões (R$ 10 bilhões) para controle de poluição, eficiência energética, combate à pobreza e outros projetos. Também faz parte do plano a regulamentação do mercado de créditos de carbono, outro papel vinculado a questões ambientais. Os créditos fazem parte da estratégia mundial de combate ao aquecimento global e movimentam cerca de US$ 2 bilhões (R$ 10 bilhões) por ano - mas compensam só 1% das emissões dos gases de efeito estufa.
Ungaretti, da XP, diz que há espaço para essa compensação aumentar, apesar de ressaltar que só isso não vai conter as mudanças climáticas. João Paulo Minetto, advogado especialista em mercado de capitais e sócio do Demarest, avalia que a regulamentação, cujo projeto tramita no Congresso, contribuirá para o crescimento do mercado, dando segurança a quem precisará recorrer a ele para atingir metas de sustentabilidade.
Hoje, no Brasil, a compensação de emissões é voluntária. Em agosto foi lançada a B4, plataforma que pretende ser a primeira bolsa exclusiva para crédito de carbono no país. Ela espera negociar R$ 12 bilhões em 12 meses. Também de forma voluntária, empresas podem compensar impacto ambiental com a compra de Unidades de Créditos de Sustentabilidade (UCS), desenvolvidas pela empresa Brasil Mata Viva (BMV) e que remuneram serviços ambientais prestados por agricultores. A UCS foi registrada como a primeira Cédula de Produto Rural (CPR) Verde da B3. Em novembro, a Starbucks Brasil comprometeu-se em adquirir UCSs para emitir R$ 20 milhões em títulos sustentáveis e financiar sua expansão no país.
Para Teixeira, da Nint, essa solução e outras criadas por empresas para compensar ou remunerar serviços ambientais têm uso e mercado restrito atualmente por não serem padronizadas. Carlos Takahashi, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), acrescenta que investimentos voltados à sustentabilidade no país são produtos novos e enfrentam certa resistência do investidor nacional, cujo perfil prioriza ganhos no curto prazo.
A Anbima iniciou em 2019 um processo para desenvolvimento do mercado sustentável de aplicações financeiras que inclui a produção de guias para investimento ESG e classificação de fundos. Em agosto, fundos intitulados como sustentáveis tinham 27 mil correntistas e um patrimônio líquido de R$ 10,5 bilhões. “O investidor brasileiro ainda não abriu mão de parte do seu rendimento para apoiar iniciativas sustentáveis”, pondera Minetto, do Demarest, sobre a relevância desses fundos para o mercado de investimentos no país.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), lembra ele, editou normas para definir o que são fundos sustentáveis e como empresas podem registrar compromissos ESG. A CVM espera que melhorias na classificação de investimentos atraiam capital internacional.
Por Valor Econômico.
Estamos mobilizando nossos recursos e capacidade técnica para desenvolver soluções de baixo carbono.
A Petrobras completa 70 anos com fôlego renovado e de olho no futuro. Em sintonia com as demandas da sociedade,
a companhia reposiciona seu papel como empresa integrada de energia, resgatando sua identidade nacional e
comprometida com um dos maiores desafios de sua história: liderar a transição energética justa no país. Uma
jornada que será ancorada naquilo que a Petrobras tem de mais valioso: sua capacidade técnica aliada à vocação
para inovar.
Ao longo das sete últimas décadas, a trajetória da Petrobras manteve uma ligação indissociável com o Brasil. Quando
a companhia se expande e diversifica seus negócios, gerando emprego e renda, o Brasil cresce junto. Se hoje a
empresa é líder mundial na produção em águas profundas, impulsionada pelo pré-sal, é porque soube transformar
desafios em oportunidades. Soube driblar os céticos que questionavam a viabilidade técnica e econômica daquela
nova fronteira e transformá-la num dos maiores polos de inovação da indústria.
Sem persistência, a Petrobras não teria alcançado esses resultados, sob o risco de perder a maior oportunidade de
negócios de sua história. Ousadia pela aposta estratégica que não se subordinou apenas à lógica microeconômica de
curto prazo. A companhia não se intimidou e encarou o desafio de desenvolver soluções inéditas em horizontes ainda inexplorados. Essa é a síntese da jornada de inovação da empresa.
E o futuro bate à nossa porta. Todo conhecimento acumulado em tantas décadas, que nos habilitou a operar em alto-mar, nas mais extremas condições, nos credencia a romper barreiras e a desbravar o novo. Nesse movimento, estamos mobilizando nossos recursos e capacidade técnica para desenvolver soluções de baixo carbono que ajudarão a trilhar essa jornada.
É nesse sentido que retomamos a visão de futuro da Petrobras que incorpora as profundas transformações que estão ocorrendo, agora, no Brasil, no mundo e no setor de petróleo e gás. É crucial avançar na transição energética para mitigar a crise climática.
É pensando no que o Brasil tem de melhor, respeitando a vocação energética de cada região, que desenvolveremos novos negócios em energias renováveis, como parques eólicos em alto-mar e energia solar, entre outros. Já estamos
colhendo os primeiros frutos: assumimos a posição de maiores desenvolvedores de projetos de energia eólica do país, apresentando o maior potencial de geração dessa fonte renovável. Isso porque protocolamos o pedido de licenciamento ambiental de dez áreas marítimas — no Nordeste, Sudeste e Sul — com potencial de até 23 GW.
Temos muito orgulho de tudo o que semeamos e conquistamos até aqui. Se hoje somos uma das empresas brasileiras que mais investem em projetos sociais, ambientais e culturais do país, é porque buscamos transformar nossos resultados em retorno para a sociedade. Queremos ampliar, cada vez mais, o impacto positivo da nossa
atuação para fazer a diferença na vida de mais pessoas.
Longe de se esgotar, esse compromisso se renova a cada dia. Estamos cientes de que a transição para um futuro de baixo carbono abrirá uma série de novas oportunidades e investimentos. Queremos gerar um efeito multiplicador, uma onda de inovação vigorosa e progressiva, distribuindo riquezas, sem concentrá-las.
A energia da Petrobras vem do Brasil. Isso é um privilégio, mas também nos dá uma missão: a missão de conduzir a transição energética justa, que será essencial para a sociedade, que respeitará a vocação de cada região e transformará a vida dos brasileiros. Pensando no futuro e olhando para o presente: é assim que construímos a nossa jornada de 70 anos, e é assim que seguiremos nossa caminhada nas próximas décadas.
Fonte e Imagem: O Globo.
Texto que cria a medida se encontra na Comissão do Meio Ambiente do Senado; relatório deve ser lido nesta semana.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse nesta 2ª feira (2.out.2023) que o governo quer um acordo para aprovar a urgência do PL que cria o Mercado de Carbono brasileiro. Atualmente, o texto encontra-se na Comissão do Meio Ambiente e ainda deve passar pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Caso a urgência seja aprovada, irá direto ao plenário. Segundo Randolfe, a expectativa é que a leitura do parecer da relatora, senadora Leila Barros (PDT-DF), seja feita nesta semana. O texto tem o objetivo de fomentar a redução de emissões de CO2 por meio de um sistema de comércio em que as empresas paguem pelo carbono emitido.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Estudos indicam que implantação de usinas offshore impactam baleias; órgão já negou 2 licenças por falta de comprovação de viabilidade ambiental.
Ambientalistas de todo o mundo têm mostrado preocupação com os impactos ambientais causados pelo avanço da instalação de usinas eólicas offshore (em alto mar). No Brasil, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis), que já recebeu pedido de licenciamento para 91 projetos do tipo, alerta que as técnicas de implantação das torres podem afetar os animais marinhos.
Diante das tendências globais para desvencilhar a produção de energia da emissão de carbono e migrar Turbina de geração eólica no mar: Brasil tem 91 projetos do tipo em fase de licenciamento. Nenhum ainda se viabilizou para sair do papel para as fontes renováveis, o Brasil tem sido visto como um oásis para a instalação de eólicas offshore, uma das mais potentes formas de geração de energia limpa. No entanto, essa classificação não considera os reflexos da implantação dos parques no ambiente marítimo.
De acordo com o Ibama, a instalação de aerogeradores no fundo do mar apresenta impactos significativos no ambiente marinho, devido aos métodos utilizados para fixação no solo, que podem afetar a fauna local. O órgão destaca 2 métodos: Ambos os métodos causam perturbação no ambiente marinho, podendo incomodar, desorientar ou até atingir os animais. “Essas técnicas podem afetar a fauna local, tornando essencial a implementação de planos e programas ambientais para prevenir e mitigar tais impactos”, afirmou o Ibama ao Poder360.
Esses impactos e a forma de evitá-los precisam ser detalhados pelas empresas ao órgão para a obtenção do licenciamento. Eles precisam estar descritos em 2 documentos, o Rima (Relatório de Impacto Ambiental) e o EIA (Estudo de Impacto Ambiental). São etapas obrigatórias para cada projeto. O EIA é o documento central considerado pelo Ibama na análise de viabilidade ambiental de um projeto.
Deve detalhar todos os impactos possíveis, o grau de risco e como serão evitados. Já o Rima é uma espécie de resumo em linguagem mais simples e de caráter informativo. Tem como objetivo possibilitar à população o conhecimento detalhado do empreendimento.
Dentre os mais de 90 pedidos de licenciamento de eólicas offshore apresentados ao Ibama até agora, a maioria ainda não apresentou os estudos, o que trava o processo. Só 2 apresentaram EIA e Rima ao instituto. Porém, ambos tiveram suas licenças negadas por “inadequação das informações apresentadas, o que impossibilitou a avaliação adequada da viabilidade ambiental dos mesmos”. Eis os 2 projetos:
O Ibama explicou que, tecnicamente, o termo de referência tem um prazo de validade de 2 anos. Porém, como ainda não há regulação sobre o tema ainda, é natural que as empresas esperem a aprovação do Congresso sobre o marco regulatório para prosseguirem com o desenvolvimento dos projetos.
“Os estudos devem ser entregues após a elaboração dos levantamentos de campo e formatação do EIA em si, devendo ser apresentados para o requerimento de licença prévia”, destaca o instituto.
IMPACTO PARA AS BALEIAS
Um debate que tem ganhado destaque no exterior, sobretudo nos Estados Unidos, é o impacto causado por navios de pesquisa para instalação de eólicas offshores na vida das baleias. Pesquisadores norteamericanos tem registrado um volume anormal de baleias mortas na região nordeste do país. Esses registros coincidem com a intensificação da atividade de barcos de pesquisa na área.
Em 2022, o chefe do departamento de proteção aos animais do Noaa (sigla para Administração Nacional Oceânica e Atmosférica), Sean A. Hayes, enviou uma carta ao biólogo chefe do Noaa, Brian R. Hooker, em que manifesta preocupação sobre a ação desses barcos e seus efeitos nos animais marinhos.
No documento, Hayes explica que tanto o desenvolvimento quanto a construção das torres causam disrupções no ambiente marinho. Durante o estágio de pesquisa, os barcos utilizam sonares para analisar o solo e o barulho causado no processo prejudica as baleias que utilizam a audição para se localizar.
Foram registrados casos em que os filhotes são separados das mães por causa dos sons. Essa situação causa estresse nos animais que gastam energia para tentar se encontrar. Essa situação pode até mesmo resultar na morte dos filhotes se não
forem encontrados a tempo por suas mães.
Além do barulho, Hayes também argumenta que o aumento no tráfego de navios e o ruído afetam os microorganismos na região, que servem de alimento para as baleias.
“Esses riscos ocorrem em vários estágios, incluindo construção e desenvolvimento, e incluem aumento de ruído, tráfego de navios, modificações de habitat, retiradas de água associadas a certas subestações e resulta no arrastamento de zooplâncton. Também pode ocorrer mudanças no esforço de pesca e potencial aumento do risco de emaranhamento relacionado, além de problemas oceanográficos”, escreveu Hayes.
Diante desse cenário, a organização norte-americana Save the Whales (Salvem as Baleias em inglês) escreveu uma carta para a Noaa em 11 de setembro de 2023, em que pede que as pesquisas com sonar sejam paralisadas imediatamente.
Essa manifestação surgiu depois de estudos mostrarem que as mitigações aplicadas pelas empresas para os sonares não afetarem tanto a vida marinha não são eficientes. Além disso, uma investigação apurou que o barulho feito pelos navios é mais alto do que o divulgado pelo Noaa.
“Em nossa análise, descobrimos que o Noaa simplesmente aceitou os níveis sonoros do sonar fornecidos pelos desenvolvedores eólicos sem validar independentemente esses níveis”, diz a carta.
Por Poder 360.
O setor elétrico precisa voltar a decidir suas questões e orientar o futuro do mercado, sem transferir a responsabilidade para o Congresso Nacional. A avaliação é do CEO da PSR, Luiz Augusto Barroso, durante o XI Seminário sobre Matriz e Segurança Energética Brasileira e o 16o BEP - Brazil Energy Power, realizado nesta quinta-feira, 28 de setembro, pela
Fundação Getúlio Vargas e pela Câmara de Comércio Americana (Amcham).
“Um dos problemas que temos hoje no Brasil é o setor elétrico ter transferido para o Congresso a responsabilidade de resolver seus problemas. O lugar para discutir isso é aqui, nós somos os experts”, avalia o executivo.
Barroso avalia que é o setor que precisa decidir a regulação para questões como armazenamento em baterias, carros elétricos e o papel das distribuidoras como prestadoras de serviço. “Um legislador, mesmo com a melhor das intenções, acaba criando uma intervenção. Cada intervenção é muito bem justificada e na busca do bem localizado a gente acaba criando o mal distribuído”, disse o executivo.
Apesar de reconhecer que a tecnologia avança mais rápido do que as políticas regulatórias em todo o mundo, o CEO ainda aponta que é possível acelerar alguns itens já em discussão parlamentar. “O projeto de lei (PL) 414 tem três ou quatro artigos que podem ser concebidos em outros PLs rapidinho e resolvem boa parte do problema, como por exemplo a abertura do mercado”, avalia.
Questionado pelo CEO da PSR sobre a questão da regulação, o moderador do debate, o superintendente de Pesquisa da FGV Felipe Gonçalves, concordou que o ambiente político é sujeito a “lobbies e paixões, e aqueles mais apaixonados ou que podem enviar mais flores conquistam a agenda”, avaliou. Apesar disso, Gonçalves destaca que a tecnologia desempenha um papel importante ao incentivar o debate para novas regulações.
Não são apenas as hidrelétricas e entregam flexibilidade No painel, Luiz Barroso também ponderou que não são apenas as usinas hídricas que entregam flexibilidade, já que as térmicas também podem ser despachadas conforme a necessidade. “A pergunta é: quem entrega flexibilidade ao menor custo para o consumidor? No Brasil, a hidrelétrica larga muito na frente, mas não é toda hidrelétrica que tem flexibilidade”, avaliou ele, mencionando as restrições para usos múltiplos impostas para a geração hídrica, e que vem reduzindo a disponibilidade.
A confiabilidade também é outro fator que pode ser multidimensional, já que há confiabilidade de potência, energia, disponibilidade e até mesmo de emissões. “A informação fundamental é que todo recurso contribui com flexibilidade”, concluiu.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Presidente discute questão climática e energética em leilão do setor elétrico; “impossível sermos batidos por alguém”, afirma.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta 4ª feira (27.set.2023) que o Brasil tem potencial para se tornar o país mais competitivo do planeta na produção de energia limpa e sustentável ao longo das próximas décadas. A declaração foi dada durante cerimônia de assinatura dos contratos de concessão decorrentes do primeiro Leilão de Linhas de Transmissão de 2023, realizado em junho. O leilão foi o maior da história do país, com previsão de R$ 15,7 bilhões de investimentos em mais de 6.000 km de linhas de transmissão em 6 Estados brasileiros.
O presidente Lula durante a cerimônia de assinatura de contratos de concessão do primeiro leilão de linhas de transmissão de 2023 “Não tem outro assunto discutido no mundo hoje que não seja a questão climática. E dentro da questão climática, a questão energética. E dentro da questão energética, a transição de uma energia fóssil para uma energia limpa. E, nesse aspecto, eu acho que o Brasil pode se transformar num país imbatível do ponto de vista de competitividade”, afirmou o presidente.
Lula destacou a capacidade de expansão da produção de energia em diferentes segmentos e comparou o Brasil com o papel desempenhado pela Arábia Saudita, um dos maiores produtores de petróleo do planeta.
“Num país que tem a capacidade de produção eólica, solar, hídrica, biomassa, hidrogênio verde, biodiesel, etanol, é praticamente impossível de sermos batidos por alguém. O que é importante é que a gente tenha dimensão da responsabilidade que está nas nossas mãos, de que os estados pobres do Nordeste podem ganhar com essa transição energética, assim como a região Norte", disse.
“É por isso que nós colocamos no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] o equivalente ao investimento de R$ 60 bilhões. Aquilo que a Arábia Saudita significou para o combustível fóssil no século 20 e nesse quarto do século 21, o Brasil pode significar na transição energética, da energia limpa”, completou.
LINHAS DE TRANSMISSÃO
Ao todo, o leilão das linhas de transmissão prevê 33 empreendimentos a serem construídos na Bahia, no Espírito Santo, em Minas Gerais, Pernambuco, no Rio de Janeiro e em Sergipe. O prazo para operação comercial dos empreendimentos varia de 36 a 66 meses, para concessões por 30 anos, contados a partir da celebração dos contratos.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a relevância dos investimentos, que vão reforçar, principalmente, segundo ele, as redes de transmissão da região Nordeste e do norte da região Sudeste, expandindo a capacidade do transporte de energia limpa e renovável para o Sudeste, sendo o centro de carga do país. Das 29 empresas participantes do leilão, 8 eram estrangeiras.
“Nós temos arcabouço regulatório estável, respeito aos contratos, previsibilidade e, sobretudo, estabilidade política e social. Não é à toa que hoje estamos assinando os contratos do maior leilão de transmissão já realizado. Conseguimos mais de 50% de deságio nos valores iniciais previstos, é economia de mais de R$ 1 bilhão por ano para o consumidor brasileiro, além de gerar mais de 60.000 oportunidades de empregos diretos e indiretos”, afirmou o ministro.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Causa raiz do apagão foi a inadequada estrutura de governança, que prestigia a dispersão de responsabilidades.
Você compraria um avião produzido na Venezuela ou em Cuba? Provavelmente não. Não confiaria na estrutura de certificação da aeronave. Também não adquiriria um paraquedas fabricado no Afeganistão ou na Síria. Ou você confiaria no Talibã e no ISIS, que têm no suicídio uma poderosa arma de aterrorizar?
No dia 11 de novembro de 2020, no Valor (Saliva, pólvora, apagão e lágrimas), afirmei que “o apagão do Amapá era previsível. Era também evitável. A topologia da rede exigia monitoramento constante, como um drone 24 horas a sobrevoar a subestação. Mas a função de monitorar ficou propositalmente dispersa”. E concluía: “a maior parte das fontes de ineficiência do setor elétrico decorre da estrutura de governança inadequada”. Nada mudou.
Comecei no setor elétrico em 1975. Movimentos relevantes, como a entrada em operação de uma usina e subestação (SE), ou uma simples ampliação de quaisquer ativos importantes, exigiam a presença e a aprovação dos projetistas, fabricantes e, em especial, do despacho de carga, denominação antiga do operador da rede. Só depois de todas essas etapas, conhecidas como comissionamento, a obra era autorizada a operar. Testávamos todos os equipamentos de proteção e suas interfaces. Olhávamos quase todos os fios. De onde vinham e para onde iam.
O Operador Nacional do Sistema (ONS), na preliminar do relatório de análise da perturbação (RAP), que elucida o apagão, confirmou que controladores de tensão, existentes nas eólicas e solares daquela região, tiveram desempenho muito aquém do prometido nos respectivos projetos. Eram quase “gatos”, e não “lebres”.
Era um problema de certa forma elementar. Mas será que a operação do sistema e a infraestrutura regulatória tinham a exata noção da importância dos controladores de tensão, que substituiriam, na função, equipamentos das tradicionais hidro e termelétricas? Quem olhou, testou e atestou se tais dispositivos atendiam às exigências técnicas? São preocupantes as respostas a essas duas questões.
É inacreditável que os detentores das outorgas das eólicas e solares envolvidas, responsáveis pelos equipamentos, não informaram ao ONS ou à Aneel que, por não terem sido efetivamente testados, era duvidosa a performance dos controladores de tensão.
Atualmente, pelo Procedimento de Redes, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que também aprova tal Procedimento, é quem autoriza a operação comercial de usinas, LT e SEs. Para isso, recebe do ONS um documento que informa pendências, impeditivas ou não, e recomenda ou não a operação. Mas ninguém, do operador ou da Aneel, comparece à instalação. É tudo na confiança do concessionário, que confia no fabricante, que confia em quem construiu, que confia nos montadores e segue a vida.
Tudo bem. Não tem mesmo como comparecer a milhares de obras e ativos pulverizados. Mas não é razoável confiar apenas nas especificações técnicas ou nos modelos matemáticos entregues pelas usinas e fabricantes. Ninguém certifica um avião só pela fotografia e a qualificação dos fabricantes de cada componente ou de quem o vai pilotar. Os equipamentos, sobretudo os
essenciais ou críticos, precisam ser testados, validados, certificados e monitorados.
Alguém pode perguntar: mas não é assim também no setor elétrico brasileiro? Por que não? Na prática, no apagão de 15 de agosto, é como se um avião tivesse caído porque ninguém inspecionou e validou periodicamente a maneabilidade do profundor -parte móvel, pequena, que serve para subir ou baixar o nariz do avião. A abertura da LT, insignificante em relação ao aparato de geração e transmissão na área da ocorrência, empurrou o “nariz” do setor elétrico para o solo, num verdadeiro colapso.
Contudo, pela natureza da falha, muito elementar, repito, pode-se desconfiar de outras duas causas, que não estão, nem poderiam, na preliminar do RAP. Começo com a menos provável. O ONS, tampouco a Aneel, não se deu conta que os controladores de tensão são partes integrantes do sistema elétrico de potência - como os profundores, numa aeronave, e um paraquedas de reserva, para o paraquedista.
São equipamentos principais, e não acessórios ou penduricalhos. Só essa infeliz falta de atenção explicaria porquê não foram tomados os cuidados necessários para proteger o sistema de uma perturbação que aconteceria, só não se sabia quando. E, mesmo que estivessem atentos ao caráter estratégico desses dispositivos, o que é muito provável e esperado, seria impossível identificar de quem era a responsabilidade por monitorá-los. É uma atribuição do ONS, que os atestou com base em modelos matemáticos e em parecer da própria operadora do parque? Ou é da Aneel, que fiscaliza todos os agentes e acreditou no parecer do ONS? Na governança atual, a atribuição é propositalmente difusa, como no Apagão do Amapá.
E é inacreditável que os detentores das outorgas das eólicas e solares envolvidas, responsáveis pelos equipamentos, também não informaram ao ONS ou à Aneel que, por não terem sido efetivamente testados, era duvidosa a performance dos controladores de tensão. Ninguém, até agora, mostrou uma requisição de testes nem os resultados deles.
O apagão era, assim, evitável. Testes periódicos indicariam a necessidade de ajustes ou substituição dos equipamentos inadequados. E era também previsível. Como não existia uma certificação do desempenho efetivo desses dispositivos, não era difícil identificar tamanha fragilidade e impor correções.
Do ponto de vista do que representariam os controles de tensão, o sistema, percebendo ou não, estava vulnerável. Confiava num “paraquedas talibã” ou não tinha paraquedas reserva ou não conhecia o funcionamento dos profundores. Foi ao chão.
Ainda assim, a causa raiz do apagão não foi a atuação acidental de uma lógica de proteção, muito menos os ineficazes controladores de tensão. Mas a inadequada estrutura de governança, que prestigia a dispersão de responsabilidades.
E novos apagões estão em curso? Sim, infelizmente. E em pontos bem mais evidentes e sensíveis que os controladores de tensão, que estavam longe de fazer parte da lista dos 50 pontos de atenção do sistema elétrico.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Segundo o governo, mais de seis mil quilômetros de linhas serão construídos em seis estados, com expectativa de 60 mil empregos diretos e indiretos criados.
O vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), participaram nesta quarta-feira (27) da cerimônia de assinatura dos contratos de concessão do maior leilão de transmissão de energia do país. Os contratos são relativos ao primeiro leilão de 2023, realizado em junho.
O leilão foi o maior da história do país e tem previsão de R$ 15,7 bilhões de investimentos em mais de seis mil quilômetros de linhas de transmissão em seis estados brasileiros. Segundo o governo federal, a expectativa é de que sejam criados 60 mil empregos diretos e indiretos.
Foram vendidos no leilão nove lotes, com 50,97% de deságio médio sobre as receitas anuais previstas para os agentes vencedores. Isso significa que os compradores pagaram cerca de metade do valor estimado das receitas anuais que vão obter com os empreendimentos.
Juntos, os lotes preveem a construção, operação e manutenção de 6.184 quilômetros de linhas de transmissão e subestações com capacidade de transformação de 400 megavolt-ampères (MVA).
Serão 33 empreendimentos nos seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e Sergipe.
O prazo para o início da operação comercial dos empreendimentos varia de 36 a 66 meses, para concessões por 30 anos, contados a partir da celebração dos contratos.
O governo tem lançado grandes leilões de transmissão para aumentar a capacidade de escoamento de energias renováveis, principalmente solar e eólica. Só em 2023, os dois certames devem bater recordes sucessivos de investimentos previstos.
Fonte e Imagem: G1
Produção chegou a quase 275 mil megawatts por hora, suficiente para abastecer a cidade de São Paulo por até três dias. Consumo de energia cresceu 5% no PR entre os dias 18 e 24 de setembro.
A Itaipu Binacional bateu recorde de geração de energia em 2023 para atender alta na demanda devido ao calor da última semana, de acordo com a assessoria da usina hidroelétrica. Itaipu atualmente é responsável pela produção de 8,6% da energia consumida no Brasil.
Segundo o superintendente de operação da Itaipu, Rodrigo Pimenta, a usina operou em vários momentos com a capacidade máxima. Na segunda-feira (25), por exemplo, a produção de energia chegou a quase 275 mil megawatts por hora.
Esse número foi o recorde do ano e é suficiente para abastecer a cidade de São Paulo por até três dias.
Somente no Paraná o consumo de energia elétrica cresceu 5% entre os dias 18 e 24 de setembro, em comparação as semanas anteriores do mesmo mês, de acordo com a Companhia Paranaense de Energia (Copel).
A Itaipu Binacional é líder na produção de energia, com mais de 2,9 bilhões de megawatts-hora fornecidos.
Em 1997 a usina era responsável por 25% da energia consumida no país, atualmente por 8,6%. Especialistas e a empresa atribuem essa queda à participação de novas fontes de energia no sistema brasileiro, o que tornou a usina uma espécie de “bateria”, uma reserva para momentos de emergência, como por exemplo, no apagão registrado em agosto deste ano.
Hidroelétricas são principal fonte de energia no Brasil
As hidrelétricas ainda são a principal fonte de energia do Brasil, apesar do crescimento da energia solar e eólica. Elas produzem 52% do que é consumido no país e tem capacidade de responder rápido quando sol ou vento param de gerar.
A geração é controlada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que define quais usinas devem aumentar ou diminuir a geração e para onde a produção será enviada.
Na Itaipu, quando as informações chegam, os técnicos controlam as turbinas.
"O lado do Brasil, o Operador Nacional do Sistema, ele faz uma programação. E do lado do Paraguai, a Ande [Administración Nacional de Electricidad] envia, diariamente, um programa de demanda que nós vamos atender aqui durante a execução em tempo real", afirmou Rodrigo.
Fonte e Imagem: G1.
Relatório indica que equipamentos de parques eólicos e fotovoltaicos que deveriam compensar queda de tensão tiveram mal desempenho.
Uma falha técnica em equipamentos de controle de tensão foi a causa do apagão ocorrido em 15 de agosto que afetou o fornecimento de energia elétrica em praticamente todo o país, informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Em relatório, o ONS reforça que sejam adotadas providências para evitar novas ocorrências do tipo.
Na minuta do Relatório de Análise de Perturbação (RAP) sobre o apagão, divulgada na noite de segunda-feira (26), o ONS aponta que a performance dos equipamentos de diversos parques eólicos e fotovoltaicos, no perímetro da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II, no Ceará, ficou aquém do previsto.
“Esses dispositivos das usinas deveriam compensar automaticamente a queda de tensão decorrente da abertura da linha de transmissão, porém o desempenho no momento da ocorrência ficou aquém do previsto nos modelos matemáticos fornecidos pelos agentes e testados em simulações pelo ONS”, diz o comunicado.
A prévia do relatório, que será finalizado até 17 de outubro, revela a necessidade de adoção de “centenas” de providências pelos agentes do setor, tanto geradores eólicos e solares quanto o próprio ONS, em ações que terão que ser implementadas até julho de 2024.
“As providências vão desde ajustes em proteções, passando por problemas na comunicação com os agentes no momento da recomposição, até a validação dos modelos matemáticos de todos os geradores eólicos e fotovoltaicos, entre outras”, disse o operador.
Algumas medidas já vêm sendo adotadas pelo ONS desde o apagão, como novos limites de intercâmbios de energia entre as diferentes regiões do país e medidas operativas no Nordeste, visando garantir a segurança operativa do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O apagão observado em 15 de agosto foi iniciado em uma linha de transmissão operada pela Chesf no Ceará.
Como os reguladores de tensão não funcionaram conforme esperado, o evento desencadeou restrições no fornecimento de energia elétrica em toda a rede elétrica nacional, com perda de carga da ordem de 23,4 gigawatts (GW).
O relatório final sobre a ocorrência é um dos mais importante da história do ONS e será fundamental para o aprimoramento do planejamento, operação, regulamentação e integração de novos projetos, disse em nota Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do órgão.
Em entrevista recente à Reuters, Ciocchi havia antecipado que as conclusões sobre o apagão ocorrido em agosto poderiam significar uma mudança de paradigma para o setor elétrico brasileiro.
“Com muita dedicação e experiência dos profissionais do Operador, além do compromisso que temos com a sociedade brasileira, o problema foi identificado e ações imediatas foram implementadas pelo ONS para preservar a continuidade e a segurança do atendimento à carga”, frisou Ciocchi no comunicado da véspera.
Por CNN Brasil.
A Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação da Indústria do Estado do Ceará (Fiec) assinam nesta segunda-feira, 26 de setembro, acordo de cooperação com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e com a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), com o objetivo de ampliar a produção e o uso do hidrogênio verde no país, “em especial em São Paulo e Ceará”, conforme nota da Absolar.
Com o movimento, as entidades buscam apoiar a competitividade do hidrogênio verde em toda a sua cadeia de valor, identificar o custo total e regiões atrativas para a produção do combustível e localizar hubs que otimizem custos de transporte tanto para o mercado doméstico quanto para o mercado internacional.
Outros objetivos são colaborar com políticas públicas para produção e uso do hidrogênio verde, contribuir com a atração de investimentos e com o desenvolvimento tecnológico e industrial e identificar potenciais sinergias na indústria local com a produção de eletrolisadores e demais equipamentos utilizados na produção do hidrogênio e amônia verde. Também serão estabelecidas metas para a produção e uso dos combustíveis nos estados do Ceará e São Paulo.
Participam da cerimônia o presidente da Fiesp, Josué Gomes; o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante; o presidente do Conselho de Administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk; a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum; e representantes do setor produtivo paulista e brasileiro.
Para Ronaldo Koloszuk, da Absolar, em poucos anos, o Brasil poderá produzir o hidrogênio renovável mais competitivo do mundo, desde que desenvolva políticas públicas, programas e incentivos adequados. “Por isso, o apoio do setor produtivo, em consonância com as autoridades públicas, é fundamental para a criação das rotas de produção do combustível a partir de fontes renováveis”, disse em nota.
Por MegaWhat.
Indústria investe em produção sem emissão de gases causadores do efeito estufa.
Em meio a uma corrida pela redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, a indústria siderúrgica persegue o que batizou de aço verde, produzido com pegada de carbono praticamente nula e que tem o hidrogênio verde como insumo estratégico. Esse gás combustível é produzido com água através de uma reação química iniciada com energia elétrica gerada por fontes renováveis, principalmente solar e eólica. Na siderurgia, ele pode substituir o coque, um tipo de carvão, no processo de transformação do ferro em aço.
Cerca de 70% do aço produzido no mundo usa o coque, cuja queima gera gás carbônico - 3,3 toneladas de CO2 por tonelada produzida -, que contribui com o aquecimento global. A produção com hidrogênio, por sua vez, gera água; o oxigênio da molécula do minério de ferro combina-se com o gás num forno elétrico e vira vapor, com emissão residual de carbono.
Segundo a consultoria britânica Wood Mackenzie, a indústria siderúrgica mundial precisará investir US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 6,8 trilhões) para adequar-se, até 2050, ao Acordo de Paris. Para consultoria, 90% das emissões do setor precisam ser cortadas, e o hidrogênio verde será importante para isso. A Wood Mackenzie estima que 50 toneladas do combustível serão necessárias à siderurgia por ano.
A produção do hidrogênio verde hoje é basicamente experimental, segundo Frederico Freitas, diretor da H2 Verde e pesquisador do combustível. Um complexo para produção em estruturação no Porto de Pecém (CE) deve gerar 2 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano a partir de 2030.
O complexo chamou atenção da ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo, que comprou a Companhia Siderúrgica do
Pecém (CSP), um negócio de US$ 2,2 bilhões (R$ 10,7 bilhões). “Existe um potencial significativo para descarbonizar o ativo, dada a ambição do Estado do Ceará de desenvolver um hub de hidrogênio verde de baixo custo e o enorme potencial que a região tem para a geração de energia solar e eólica”, declarou o presidente da ArcelorMittal, Aditya Mittal, em julho do ano passado, quando o acordo foi anunciado.
A companhia já conseguiu produzir aço com hidrogênio verde no Canadá e desde 2021 integra um consórcio de empresas
dedicado a cortar emissões com o uso de hidrogênio na indústria.
A Gerdau, que já produz aço emitindo menos da metade da média do setor, monitora o avanço da tecnologia, diz seu diretor
industrial, Maurício Metz. A empresa fechou acordo com uma universidade americana para analisar o uso do hidrogênio também
para substituir o gás natural no processo de fabricação do aço. O nome da universidade é mantido sob sigilo.
A Vale fechou acordo com a sueca H2 Green Steel para produzir aço com hidrogênio verde. A brasileira deve fornecer ferro a
futuros complexos industriais no país e América do Norte nos quais a H2 Green Steel pretende atuar. Já a sueca levantou € 1,5 bilhão (R$ 7,8 bilhões) para construir sua primeira fábrica, em Boden, em seu país natal. A empresa tem parceria com o conglomerado de energia Iberdrola, da Espanha, que controla a Neoenergia, que atua no Brasil.
Para o presidente da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, o Brasil tem “grande potencial” de desenvolver o aço verde devido à
matriz energética majoritariamente renovável e por ser o segundo produtor mundial de minério. Vinicius Botelho, pesquisador do Centro de Estudos de Energia da Fundação Getulio Vargas (FGV Energia), também vê o país bem posicionado, mas diz que há desafios a serem superados. “Precisamos saber se o hidrogênio terá um custo competitivo, resolver questões de armazenagem, gasodutos, etc”, listou.
Há empresas que apostam que o aço verde não será massificado por meio do hidrogênio. Tadeu Carneiro, presidente da Boston
Metal, é taxativo sobre isso. “O hidrogênio verde não será a rota predominante”, afirma.
A Boston Metal trabalha no desenvolvimento da eletrólise de óxido fundido, pela qual também produz ferro com baixas emissões. A empresa tem uma planta piloto em Woburn, nos Estados Unidos, e pretende produzir em escala industrial a partir de 2026. Ela também tem uma fábrica em Coronel Xavier Chaves (MG) para produção de ferroligas de alto valor. Recebeu US$ 6 milhões (R$ 25,3 milhões) em investimento da Vale em 2021.
Já a Aço Verde do Brasil (AVB) faz aço com biocarbono, carvão oriundo de florestas plantadas, descreve Sandro Marques Raposo, diretor de ESG e novos negócios da companhia, certificada como carbono neutra pela Société Générale de Surveillance (SGS), da Suíça. “O uso de biocarbono na siderurgia é a tecnologia de descarbonização mais consolidada e testada disponível no mercado”, diz Raposo.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Altos valores cobrados são consequência da falta de planejamento setorial, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Ilumina).
Apesar dos frequentes apagões, como o que afetou diversos bairros do Rio de Janeiro neste final de semana, o brasileiro tem de lidar com uma das contas de energia mais caras do mundo. De acordo com ranking anual da Agência Internacional de Energia (IEA), a tarifa de energia elétrica do Brasil é a quarta maior dentre 140 nações pesquisadas.
O Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Ilumina), chama atenção para o fato de que se forem retirados da lista os países que sofrem diretamente influência da guerra entre Rússia e Ucrânia, o Brasil sobe para a primeira posição.
Por aqui, os altos valores cobrados são consequência da falta de planejamento setorial. De acordo com estudo que acaba de ser divulgado pela Serasa, o país enfrenta recorde de inadimplência nas contas dos chamados serviços essenciais: 25% das dívidas pendentes são de luz, água, gás ou telefone.
Fonte e Imagem: O Globo.
Na próxima semana, entidades se reunirão para assinatura de acordo de ampliação da produção e uso de hidrogênio verde no Brasil.
No dia 26 de setembro, às 14hrs, presidentes e representantes da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), da FIEC (Federação da Indústria do Estado do Ceará) se reunirão com membros da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar) e da ABEEÓLICA (Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias) na sede da FIESP para firmar acordo que visa a ampliação da produção e do uso de hidrogênio verde (H2V) pela indústria.
Estarão presentes no evento Josué Gomes, da FIESP, Ricardo Cavalcante, da FIEC, Ronaldo Koloszuk, da ABSOLAR, Elbia Gannoum, da ABEEÓLICA, e outros representantes brasileiros do ramo. O evento tem como foco promover o progresso do mercado em todo o território nacional, mas com foco especial nos estados de São Paulo e Ceará, regiões que correspondem a grandes pólos de produção do hidrogênio verde no Brasil.
No dia 26 de setembro, às 14hrs, presidentes e representantes da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), da FIEC (Federação da Indústria do Estado do Ceará) se reunirão com membros da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar) e da ABEEÓLICA (Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias) na sede da FIESP para firmar acordo que visa a ampliação da produção e do uso de hidrogênio verde (H2V) pela indústria.
Estarão presentes no evento Josué Gomes, da FIESP, Ricardo Cavalcante, da FIEC, Ronaldo Koloszuk, da ABSOLAR, Elbia Gannoum, da ABEEÓLICA, e outros representantes brasileiros do ramo. O evento tem como foco promover o progresso do mercado em todo o território nacional, mas com foco especial nos estados de São Paulo e Ceará, regiões que correspondem a grandes pólos de produção do hidrogênio verde no Brasil.
A cooperação também visa contribuir para o apoio de políticas públicas voltadas à produção e uso do H2V e derivados. Pensando nisso, as organizações envolvidas se preocupam com a substituição do hidrogênio de origem fóssil usado atualmente – também conhecido como hidrogênio cinza – pelo hidrogênio de origem renovável, mais conhecido como hidrogênio verde. Outra preocupação é a atração de investimentos para o desenvolvimento tecnológico e industrial, companhias parceiras e a geração de empregos e renda.
“O apoio do setor produtivo, em consonância com as autoridades públicas, é fundamental para a criação das rotas de produção do combustível a partir de fontes renováveis”, diz Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da ABSOLAR. Para ele, dentro de alguns anos, o Brasil será capaz de produzir o hidrogênio renovável mais competitivo, desde que desenvolva políticas públicas, programas e incentivos adequados.
O que é o hidrogênio verde?
O hidrogênio – apesar de muito abundante – dificilmente é encontrado em sua forma elementar no planeta. A geração, por sua vez, acontece a partir de alguma matéria-prima que contenha o elemento (como água, combustíveis fósseis ou até biomassa). Já o hidrogênio verde (H2V) é obtido pela eletrólise da água, que usa corrente elétrica para quebrar a molécula da água (H2O), separando o hidrogênio (H2) do oxigênio (O).
Então, o hidrogênio extraído dessa forma pode auxiliar no alcance de metas globais de energia, sendo importantíssimo para a transição energética de baixo carbono, pois o hidrogênio verde usa fontes renováveis na sua geração. Assim, o combustível obtido não emite gases de efeito estufa (GEE) e nem gera poluição.
O H2 verde pode ser uma alternativa no armazenamento de energia eólica e solar, evitando o desperdício de eletricidade limpa, utilizar o excedente da produção para realizar a eletrólise (gerar o gás hidrogênio) e armazená-lo.
Por Exame.
Apesar da alta esperada, será possível lidar com o aumento da demanda, diz o Operador Nacional do Sistema Elétrico.
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) estima um aumento de 5,8% na carga do sistema elétrico em setembro por causa das altas temperaturas registradas em cidades brasileiras, segundo comunicado divulgado na 6ª feira (22.set.2023).
Os dados são do boletim do PMO (Programa Mensal de Operação) e traz cenários prospectivos de expansão na demanda de carga do SIN (Sistema Interligado Nacional) e em todos os subsistemas de 23 a 29 de setembro.
Previsões climáticas do MetSul dos últimos dias já mostravam que uma onda de calor atingiria todos os Estados do país no mês de setembro. As estimativas indicavam temperatura média de 40°C e possibilidade de temperatura recorde em algumas cidades.
As ondas de calor são provocadas quando um sistema de alta pressão atmosférica se instala em uma determinada região e impede a circulação de uma massa de ar quente, que fica ali, parada. O ar aprisionado, porém, continua sendo aquecido, o que provoca o aumento anormal das temperaturas nas áreas afetadas. No meio urbano, as temperaturas são ainda maiores.
Segundo o ONS, em relação ao aumento de demanda segmentada por submercados regionais, a aceleração mais expressiva é no Norte, com 10,6%. O Sudeste e o Centro-Oeste devem registrar avanço de 6,1%, enquanto a previsão é de 4,2% no Nordeste e de 3,8% no Sul.
A base de comparação que define os percentuais de aumento são os resultados do final de setembro de 2023 ante o mesmo período de 2022.
“A previsão de crescimento da carga para setembro é a maior dos últimos meses, reflexo do calor mais intenso e também de uma economia mais aquecida. Em termos de operação e atendimento da demanda seguimos preparados para atender a sociedade brasileira. O sistema é robusto, seguro e o cenário é favorável”, afirma Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS.
O relatório também traz análises sobre a EAR (Energia Armazenada). De acordo com os dados, os níveis estimados para o final de setembro continuará acima de 70% em 3 submercados. O resultado é expressivo porque, no Brasil, o período tipicamente mais seco do ano está próximo do fim.
A EAR mais elevada deve ser verificada no Sul (85,2%). As demais projeções são: Norte (73,7%), Sudeste/Centro-Oeste (72,6%) e Nordeste (67,2%).
Fonte e Imagem: Poder 360.
A energia elétrica precisa ter uma lei complementar específica no contexto da reforma tributária, mais do que a essencialidade, assim como deve ocorrer com setores como agro e combustíveis. A defesa é do diretor Institucional e Jurídico da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Wagner Ferreira.
“Se eu não tratar isso em lei complementar e deixar um comando vago, imagina a guerra fiscal que vai ter nessa cadeia do setor elétrico que é toda complexa”, disse Ferreira a jornalistas nesta quarta-feira, 20 de setembro, durante audiência pública do ciclo de debates temáticos sobre a reforma tributária, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.
Ele também avalia ser necessário assegurar que a energia não poderá ser incluída no rol do imposto seletivo, tributo que incidirá sobre produtos considerados nocivos à saúde.
“Quando você olha para o setor elétrico, a janela está aberta para você tributar o seletivo. Há sensibilidade”, reconheceu. Segundo ele, entretanto, o senador Esperidão Amin (PP-SC) já teria uma emenda para fechar o “conceito muito aberto” relacionado a energia e imposto seletivo.
Para Ferreira, caso haja dentro da cadeia alguma etapa nociva à saúde, estas questões devem ser reguladas pontualmente. “Isso tem que ser exceção. Porque a atividade da energia é essencial. Ela é soberana, mandatória”, avalia.
Além da complexidade tributária que pode surgir caso não haja lei específica para o setor de energia, Ferreira avalia que a energia elétrica deve ter tributação especial para impulsionar os investimentos, a competitividade do país e o desenvolvimento econômico.
Além disso, ele menciona a economia verde e novas fontes de energia, como hidrogênio verde e eólicas offshore, que têm fortes subsídios em países como Alemanha. “A alíquota para energia limpa na Alemanha é zero. Você pega outros países, eles têm alíquotas, todos eles abaixo de 20%. Se eu começo com 28%, perdi a competitividade”, avaliou.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Sandoval Feitosa pede a reforma na Conta de Desenvolvimento Energética, fundo setorial criado para bancar políticas públicas pagas pelos consumidores via tarifa de energia.
O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, defendeu uma ampla reforma na Conta de Desenvolvimento Energética (CDE), fundo setorial criado para bancar políticas públicas pagas pelos consumidores via tarifa de energia.
O orçamento da CDE será de R$ 34,9 bilhões em 2023, segundo dados da Aneel, e cresce ano a ano por conta dos benefícios dados muitas vezes a setores que não necessitam mais. O dirigente defende um rearranjo do encargo que se daria via Projeto de Lei no Congresso Nacional. Um ponto seria evitar que ela cresça por meio de marcos legais que definem prazos de descontos e benefícios.
Outro ponto colocado é aumentar o aporte via bônus de outorga de concessões. “Uma perspectiva da CDE é aumentar o seu aporte. A grande oportunidade são os bónus de outorga, que hoje preveem reversão integral para o Tesouro Nacional. Eu particularmente entendo que seria mais justo e poderia reduzir impacto na tarifa é que parte deste bônus venha para a CDE”, disse o executivo disse após sua participação no VII Fórum Cogen, realizado em São Paulo, nesta quarta-feira, 20 de setembro.
Hoje o valor pago para a renovação das concessões é destinado integralmente ao Tesouro Nacional. Ele lembra os casos dos bônus de outorga das usinas da Eletrobras e da Copel, que não foram revertidos e poderiam reduzir o impacto na conta de luz.
A terceira abordagem apontada por Feitosa na busca por reduzir os impactos dos subsídios na conta de luz é o reequilíbrio entre os cotistas, já que os consumidores das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul têm condições diferentes nos custos de distribuição em relação a outras regiões.
“O consumidor da região Norte do Brasil paga R$ 340 pelo custo de distribuição [de energia]. O consumidor da região Sul paga R$ 170. A condição de pagamento dos consumidores do Norte e do Nordeste são menores que as condições de pagamento das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (...). Norte e Nordeste são regiões que não foram privilegiadas pelo processo de eletrificação do país, já que as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil têm altos índices de eletrificação e têm melhores condições de desenvolvimento humano”.
Esse ciclo de tarifas altas em áreas menos favorecidas acontecem porque há lacunas de investimentos muito grandes. Os recentes aportes feitos em lugares como Piauí, Pará, Alagoas e Maranhão terão que ser pagos ao longo de 30 anos, ao contrário de outras regiões do país que já tiveram os investimentos amortizados.
O executivo diz que essa e outras ideias já estão sendo discutidas com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e com parlamentares.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Urgência da pauta climática pressiona as empresas para que mudem a maneira de fazer negócios.
A urgência da pauta climática tem pressionado as empresas para que mudem a maneira de fazer negócios. Ainda que o ritmo esteja mais lento do que os cientistas gostariam, o fato é que os riscos e as oportunidades que a descarbonização traz estão no radar de bancos, empresas e governos. O Brasil, segundo especialistas, tem uma oportunidade de ouro, dada as fontes de energia renováveis e sua biodiversidade.
“O Brasil precisa resolver o desafio da sustentabilidade para atingirmos os ODSs [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável]. Se o Brasil não conseguir, ficarei mais pessimista com o resto do mundo”, comentou John Elkington, especialista em sustentabilidade corporativa e idealizador do conceito de triple bottom line, que serviu de base para o movimento ESG.
Provas de que o jeito de fazer negócios está mudando, segundo Elkington, estão nos exemplos da montadora Ford e da química Solvay. “Se eu falasse à Ford anos atrás que ela teria hoje uma divisão de carros a combustão e outra de elétricos, eles iriam rir na minha cara, porque acreditavam que a eletrificação não iria avançar”, disse Elkington em seu painel no evento SDGs Brazil, organizado pelo Pacto Global da ONU em Nova York. Sobre a Solvay - gigante que teve € 13,4 bilhões em vendas líquidas em 2022 e que no Brasil opera com a marca Rhodia -, ele cita os investimentos relevantes em produtos menos poluentes.
Shari Friedman, diretora de clima e sustentabilidade da consultoria Eurasia, destacou que a virada de chave acontece quando as companhias percebem que a mudança pode determinar sua sobrevivência financeira. “Questões sociais e ambientais estão interconectadas com a lucratividade. Há um impacto importante das políticas climáticas no balanço das empresas”, afirmou Friedman, presente no Brazil Climate Summit, evento organizado por alunos e ex-alunos brasileiros da Universidade de Columbia.
Como exemplos de riscos, Friedman citou a maior ocorrência e intensidade de desastres naturais e as mudanças regulatórias para descarbonizar setores, como o chamado Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), lançado pela União Europeia este ano e que determina taxas extras a produtos exportados ao bloco. “Desde que a União Europeia lançou o CBAM, outros mercados passaram a se mexer. Vemos países como Japão, Reino Unido, Coreia do Sul e China mudando suas políticas para terem programas de descarbonização”. Do lado das oportunidades, ela avalia que segmentos e cadeias serão criadas para atender às novas demandas.
Rich Lesser, conselheiro global da consultoria BCG, reiterou no mesmo evento que em vários lugares do mundo seus clientes têm procurado orientação para continuar a vender para a Europa. “Eles querem participar das novas regras. Mas, para participarem, precisam ser capazes de adaptar os seus sistemas porque o contexto mudou”, disse. Para Lesser, além de reinventar negócios, as empresas têm a oportunidades de criar produtos e serviços verdes, especialmente de base tecnológica.
“Precisamos que novas tecnologias sejam escalonadas e que cheguem a custos mais baixos. Quando você reduz o custo de uma tecnologia, você reduz para o mundo”, afirmou. Para ele, o setor privado pode ter um papel crucial para fomentar o ecossistema. Neste sentido, os Estados Unidos têm feito um interessante trabalho direcionado no âmbito do Inflation Reduction Act (IRA), programa de incentivos à economia verde. Centenas de bilhões de dólares estão sendo distribuídos a setores e empresas que busquem a descarbonização.
Um exemplo muito citado durante os eventos foi a diminuição do preço das tecnologias, como a energia solar. De acordo com a consultoria Greener, entre junho de 2016 e 2022, os sistemas fotovoltaicos residenciais no Brasil tiveram queda de 44% no custo para o cliente final. E a tendência é ser cada vez mais acessível. Só o valor do polissilício, principal matéria-prima para produção de painéis solares, caiu de US$ 30,80/kg, em fevereiro, para US$ 12,62/kg na primeira semana de junho de
2023, ainda segundo a Greener.
Não à toa a adoção da tecnologia se popularizou no Brasil. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a geração distribuída de energia passou de 18 gigawatt (GW) em janeiro, para 22,2 GW de potência instalada em meados de junho, com mais de 2 milhões de sistemas instalados em todas as regiões do país. Disso, 22 GW são de fonte solar fotovoltaica.
Bruce Usher, co-diretor da Tamer Center for Social Enterprise e professor na Columbia Business School, observa que o mundo tem soluções acessíveis e que reduzem as emissões. “Só com o que já temos disponível, conseguimos reduzir em 15% as emissões em 30 a 40 anos. Parte da tecnologia para acelerar o ritmo ainda não está acessível financeiramente, mas já existe”, disse.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Segundo diretor da Abradee, texto da PEC deve diretriz que permita diferenciação.
Em audiência pública no Senado nesta quarta-feira, 20 de setembro, o diretor institucional e jurídico da Associação Brasileira de Distribuição de Energia, Wagner Ferreira, revelou que o reconhecimento por um regime tributário específico para energia pode vir por meio de lei complementar e não necessariamente no texto da Proposta de Emenda à Constituição, que tem como relator o senador Eduardo Braga (MDB- AM). O movimento seria similar ao feito pela Câmara para os setores de combustíveis e agrícola. “O que ele [Braga] precisa fazer é dar uma diretriz que energia pode ter um tratamento especial”, explica.
Ele conta que a complexidade da cadeia do setor, que envolve ainda geração, transmissão e comercialização é outro ponto que reforça essa necessidade do tratamento diferenciado, assim como a economia verde. Caso energia tenha uma alíquota base, não seria competitiva. “É preciso deixar uma diretriz ampla na PEC para que na lei complementar possa colocar que investimentos em energia terão redução tributária”, avisa.
O diretor da Abradee vê disposição no relator para a inclusão da diretriz na PEC. Para ele, o senador tem visão econômica e social. Senadores também estariam articulando emendas em prol de imposto seletivo para o setor.
Desde o início da tramitação da reforma tributária, as associações do setor estão buscando o reconhecimento como essencial para energia elétrica. Na votação da Câmara dos Deputados, não houve a inclusão, mas os agentes vem mantendo os esforços para obter êxito.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Defendendo o combate aos efeitos das mudanças climáticas e um desenvolvimento sustentável, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta terça-feira, 19 de setembro, na abertura da 78 a edição do debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), após 14 anos.
Em discurso de abertura, o presidente da República destacou que o Brasil está na vanguarda da transição energética com uma matriz energética 87% renovável, cujo crescimento é visto a cada ano, e tem “enorme potencial” no desenvolvimento do
hidrogênio verde.
“No Brasil já provamos uma vez, e vamos provar de novo, que ter um modelo ambientalmente justo e sustentável é possível. Estamos na vanguarda da transição energética. Nossa matriz já é uma das mais limpas do mundo, com 87% da nossa energia de fontes limpas e renováveis. Com o Plano de Transformação Ecológica, apostaremos na industrialização e infraestrutura sustentáveis”, disse Lula.
O Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda, tem por objetivo proporcionar mudanças estruturantes na economia e meio ambiente brasileiros, por meio da transição energética, do desenvolvimento econômico e social e de objetivos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), do governo federal.
Entre as principais medidas do plano estão: a criação do mercado regulado de carbono, a emissão de títulos soberanos sustentáveis, a criação de uma taxonomia sustentável nacional e a reformulação do fundo clima para financiar atividades que envolvem inovação tecnológica e sustentabilidade.
O presidente continuou seu discurso afirmando que a Agenda 2030, da ONU, pode se tornar um dos maiores “fracassos” da organização, uma vez que, faltando sete anos para cumprimentos das metas, os signatários ainda estão distantes das metas definidas, com cumprimento das 169 metas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em “ritmo lento”.
"Sem mobilização de recursos financeiros e tecnológicos, não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris [Agenda 2030]. A promessa de destinar US$ 100 bilhões aos países em desenvolvimento permanece apenas nisso. Uma longa promessa", afirmou.
Lula destacou ainda que o Brasil está comprometido em implementar os 17 ODS de maneira “integrada e indivisível” e voltou a repetir o discurso feito em julho deste ano, na terceira cúpula da Celac/União Europeia, que os países ricos têm responsabilidade nas mudanças climáticas, visto que cresceram baseados em um modelo com alta taxa de emissão de gases de efeito estufa, e devem investir nos países em desenvolvimento.
"Agir contra a mudança do clima implica em pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implantação do que já foi acordado. [...] Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo", frisou Lula.
O presidente brasileiro também falou sobre o combate aos crimes ambientais na Amazônia e sobre o seu protagonismo na agenda sustentável.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
EUA estão oferecendo US$ 369 bilhões em incentivos para empresas que atuam na área; capacidade fiscal do Brasil, porém, limita programa semelhante.
Tido como o país que pode ter o hidrogênio verde mais barato do mundo, o Brasil é, ao menos por ora, apenas um celeiro de projetos na área. O mesmo acontece com a indústria de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). Apesar de o País ser considerado um dos com grande potencial para explorar o produto, ainda não tem refinarias em construção. Para tirarem os projetos do papel, empresas envolvidas na transição energética têm dito em Brasília que isso só poderá ser feito se houver concessão de subsídios.
Com os países ricos, principalmente os Estados Unidos, inundando suas economias com subsídios e financiamentos para projetos relacionados à energia limpa, de fato ficou mais difícil para uma empresa instalada no Brasil ser competitiva. Apenas o governo americano está oferecendo US$ 369 bilhões (R$ 1,8 trilhão) em incentivos e financiamentos para o setor de energia limpa. Especialistas, porém, lembram que os objetivos americanos vão além de incentivar uma indústria nascente e que o Brasil não tem a mesma capacidade fiscal para fazer algo semelhante.
Por aqui, empresas ligadas ao hidrogênio verde - uma das principais apostas do mundo para reduzir as emissões de carbono - anunciaram, em agosto, a criação da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde. Entre as demandas da entidade está o barateamento da energia elétrica para a produção do hidrogênio.
“O Brasil tem hoje um excesso de energia, mas, para fazer frente aos incentivos de outros países, é preciso diminuir o custo dessa energia para os projetos de hidrogênio verde avançarem. Com o barateamento da energia, com aportes da União, devemos também criar mecanismos de demanda para o hidrogênio verde que podem ajudar a catapultar a neoindustrialização verde no Brasil”, diz o presidente da entidade, Luis Viga.
O executivo também comanda no Brasil a Fortescue, uma mineradora australiana que está investindo em hidrogênio no mundo todo e que tem um projeto de R$ 20 bilhões para o porto de Pecém, no Ceará. A Fortescue já tem um terreno alugado no complexo portuário para erguer sua usina, mas, segundo Viga, é preciso a garantia de energia elétrica barata para a obra ser iniciada.
Nos EUA, o governo anunciou a concessão de um crédito fiscal de até US$ 3 por quilo de hidrogênio. Viga afirma que, como a energia brasileira é mais barata, as empresas que querem atuar aqui não precisam de um incentivo tão relevante como o americano, mas necessitam de uma redução nos impostos que recaem sobre energia. Ele defende que sejam incentivos temporários para viabilizar as primeiras empresas do setor, que assumirão os maiores riscos.
A história se repete no segmento de biocombustíveis avançados. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) pediu ao governo federal incentivos financeiros diretos e tributários para que o setor adote o SAF e, assim, zere as emissões líquidas de carbono até 2050. Segundo a entidade, os recursos seriam destinados à pesquisa, à produção e ao consumo do combustível sustentável. A Abear também solicitou que a carga tributária do SAF seja zerada na etapa inicial da transição entre o combustível fóssil e o sustentável.
Enquanto o governo americano estabeleceu um subsídio de US$ 1,25 por galão de SAF se o combustível reduzir a emissão de gases de efeito estufa em pelo menos 50%, o brasileiro encaminhou o Projeto de Lei do Combustível do Futuro ao Congresso. O texto não estabelece nenhum subsídio, mas abre espaço para a regulamentação de incentivos.
Presidente da Be8, empresa com sede no Rio Grande do Sul que desenvolve um projeto de SAF no Paraguai, Erasmo Battistella defende incentivos financeiros para a produção de biocombustível. “Para mim, a solução ideal é linhas de financiamento e metas de descarbonização. Por exemplo: o setor aéreo tem de descarbonizar X% até 2030 através do uso de biocombustível.”
Também envolvido na transição energética, mas com uma indústria já estabelecida, o setor de mineração é outro a solicitar incentivos para acelerar a participação brasileira na economia verde. Alexandre Valadares Mello, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), afirma que isenções tributárias serão importantes para que projetos menores na área sejam concretizados.
Minerais como lítio, cobre e níquel são considerados essenciais para a redução das emissões, dados que são usados na fabricação de baterias de carros elétricos. A demanda por esses materiais deve ser mais alta do que a oferta em todo o mundo nos próximos anos, o que pressionará seus preços. O Brasil está entre os países que podem oferecer esses minerais, mas são poucas as minas já em operação.
“Inicialmente, seriam necessários incentivos fiscais para ganhos de volume. Quando se tem benefícios do governo para a instalação de novos projetos, você atrai mais investidores”, diz Mello.
Subsídios necessários
Para especialistas em energia, os subsídios podem, sim, ser necessários para viabilizar novas indústrias, como a do hidrogênio e a do SAF. Essa concessão de incentivos, porém, deve ser temporária e concedida até o setor ganhar escala e se tornar viável, com preços competitivos. “É preciso trabalhar com objetivos bem definidos. Assim que você atinge as metas, reduz ou elimina os subsídios”, diz Felipe Gonçalves, superintendente de pesquisa da FGV Energia. “Também é importante medir os resultados dessas políticas para ver se o setor ganhou competitividade. São subsídios para o setor se tornar sustentável”, acrescenta.
Gonçalves reconhece que se criou uma aversão aos subsídios no País, como se eles sempre fossem danosos. Isso em grande parte porque esses incentivos não são retirados após a consolidação da nova indústria. “Isso faz com que o setor se acomode, não ganhe produtividade e fique dependente do subsídio. A indústria automobilística é um bom exemplo disso.”
Professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico, Nivalde de Castro também afirma que subsídios podem ser necessários para indústrias nascentes, mas destaca que o Brasil não tem condições fiscais de fazer um programa de incentivo semelhante ao americano. “É um país pobre.” Castro pondera, no entanto, que a política dos EUA foi criada não só para ajudar no desenvolvimento do setor de energia limpa, mas também para reduzir a dependência da
China. “O programa americano é geopolítico e de confronto com a China. O país quer levar empresas para dentro do seu território e usa a questão energética para isso. Qualquer coisa identificada como transição energética ganha um subsídio cavalar.”
Questionado sobre os pedidos de incentivos e a limitação fiscal do País, o Ministério da Fazenda afirmou, por nota, ser “natural que as empresas tenham expectativas em relação a subsídios e desoneração, em especial tendo em vista as políticas adotadas por outros países. No entanto, qualquer medida nesse sentido deverá respeitar o equilíbrio fiscal e as metas definidas nos projetos orçamentários. Portanto, qualquer medida teria que ser compensada com indicação de redução de despesa ou aumento de receita.” Informou também que outras medidas, como misturas obrigatórias, financiamentos e políticas comerciais estão em estudo.
Fonte e Imagem: Estadão.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, lançou neste domingo, 17 de setembro, o Plano Nacional de Transição Energética justa e inclusiva. A divulgação ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos, durante o dia de Aceleração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
“A transição energética coloca o Brasil no centro desse debate. [...] Estamos fazendo o dever de casa para implementar políticas públicas que garantam um desenvolvimento pleno e sustentável. Nossa transição é norteada pelo desejo de criar um Brasil e um mundo mais humano, solidário e digno”, disse o ministro.
Sem dar detalhes sobre a iniciativa, Silveira ressaltou a necessidade de colaboração entre as nações para conceber um planeta mais sustentável e digno para as suas populações e falou sobre as ações desenvolvidas pelo governo do presidente Lula.
ODS Brasil
O evento discutiu os ODS, no qual o MME responde por dois pactos energéticos (“energy compacts”) governamentais, com compromissos voluntários em biocombustíveis e hidrogênio (H2), focados no cumprimento das metas do ODS 7, que prevê acesso universal a energias limpas.
Com foco na redução das emissões de gases de efeito estufa, o pacto energético brasileiro sobre biocombustíveis visa a redução da intensidade de carbono na matriz de transportes brasileiras em 10% até 2030. Isso equivale a 620 milhões de toneladas de carbono em dez anos, por meio da implementação dos mecanismos da política nacional de biocombustíveis (RenovaBio).
Por sua vez, o pacto energético sobre hidrogênio busca contribuir para a consolidação da economia do hidrogênio no Brasil, por meio da alocação de recursos para políticas de pesquisa, desenvolvimento e inovação. O programa também tem o objetivo de fomentar a capacitação e treinamento de pessoal e estabelecer uma plataforma digital para consolidar dados e informações sobre o setor de hidrogênio no Brasil.
COP 30
Ainda no domingo, o ministro Alexandre Silveira destacou que o Brasil chegará à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a ser realizada em 2025, em Belém, no Pará, como protagonista, discutindo, principalmente, a transição energética. “Na COP, no Brasil, seremos vigorosos em mostrar nossos programas de inclusão. Será uma grande oportunidade, de unidos, sinalizarmos para a construção de uma política onde os países mais industrializados possam estar juntos nesta pauta e trazer mais resultados para a paz, que só vai existir com a prosperidade”, finalizou Silveira.
Brasil e Cuba
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou neste sábado, 16 de setembro, com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, para uma reunião bilateral, após a Cúpula de Chefes de Estado e Governo do G77 + China, em Havana. Na ocasião, a comitiva do governo federal que acompanhava o presidente assinou acordos de cooperação, também chancelados por Lula, que devem, segundo o governo, ampliar a troca de tecnologias entre os dois países.
Na área de Ciência e Tecnologia, a principal medida assinada trata da reativação do Comitê Gestor Brasil-Cuba de Ciência, Tecnologia e Inovação. A intenção é que o comitê volte a se reunir no prazo de 60 dias para discutir cooperação científica e
tecnológica, com foco, entre outros, em biorefinarias, clima, sustentabilidade e energias renováveis.
“Nós queremos retomar não só na área do complexo industrial de saúde, mas em outras áreas mais abrangentes, como a bioeconomia. Queremos fazer uma nova reunião do comitê em 60 dias. É uma relação em que a gente aprende e aquilo que a gente tem mais expertise a gente oferece, a gente procura uma lógica de cooperação e parceria saudável, que faz com que a gente encontre soluções para o Brasil e para Cuba”, afirmou a ministra da pasta, Luciana Santos.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Enio Fonseca e Ricardo Carneiro: Leilões da Transmissão: Considerações sobre o Licenciamento Ambiental.
O licenciamento ambiental foi listado como responsável por 28,44% dos atrasos.
O 1º leilão de transmissão de energia elétrica de 2023, realizado em 30.jun.2023 pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), terminou com 7 empresas vencedoras, sendo que os nove lotes ofertados foram vendidos, com 50,97% de deságio médio sobre as Receitas Anuais Previstas para os agentes vencedores gerando uma receita de R$ 15,7 bilhões em investimentos potencialmente captados para o setor elétrico brasileiro.
Este leilão nº se configurou como o maior certame de empreendimentos de transmissão já realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e junto com aqueles que o governo realizará em dezembro de 2023 e março de 2024, tem o potencial de destravar mais de R$ 200 bilhões em investimentos em geração limpa e renovável.
Juntos, os lotes leiloados preveem a construção, operação e manutenção de 6.184 quilômetros de linhas de transmissão e subestações com capacidade de transformação de 400 megavolt-ampères (MVA).Sete dos nove lotes licitados se concentram nos estados de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. Eles visam a reforçar a rede de transmissão da Região Nordeste e do norte da Região Sudeste, de modo a expandir o transporte de elevados montantes de energia provenientes de empreendimentos de geração renovável.
Existem vários aspectos que podem explicar os deságios em leilões de transmissão, como a assimetria de informação, o fato de uma proponente já possuir negócios na região onde está sendo licitado um novo lote, a expertise da proponente no processo de licenciamento ambiental e até o modelo de negócio das empresas.
A energia elétrica é um insumo fundamental e estratégico para o desenvolvimento econômico e social e para a melhoria da qualidade de vida da população.
A fim de atender ao planejamento da expansão do setor elétrico, são realizados, ano a ano, leilões de geração e de transmissão de energia elétrica, com o objetivo de garantir a segurança energética e a modicidade tarifária.
A crescente necessidade de investimentos no setor de transmissão de energia elétrica, evidenciada nos Planos Decenais de Energia, ocorre muito em virtude da diversificação da matriz energética devida ao avanço da geração eólica e solar, bem como do aproveitamento de grandes potenciais hidrelétricos distantes dos centros de carga.
O SEB, Setor Elétrico Brasileiro passou por uma grande mudança institucional, a partir do início da década de 90, quando se iniciou uma fase de liberalização do mercado, além da desverticalização das empresas, quando as empresas passariam a atuar de forma organizacional nos três principais segmentos (geração, transmissão e distribuição).Em virtude disso, em 1995 foi promulgada a Lei 8.987/95, que estipulou as regras para licitações e concessões.
A Lei 8.987/98 e o Decreto nº 2.655/98, estabelecem que a atividade de transmissão de energia elétrica, sendo uma concessão de serviço público, será precedida de licitação, ressalvando o caso de reforços das instalações existentes que serão de responsabilidade da concessionária, mediante autorização da Aneel.
A reestruturação do setor criou novos ambientes de comercialização que promoveram o uso de leilões para a sua consolidação, principalmente por meio da promulgação das Leis 10.438/2002 e 10.604/2002. Assim, o leilão seria o mecanismo competitivo escolhido para licitar empreendimentos de geração já existentes com contratos de concessão vencidos, novos empreendimentos e as linhas de transmissão.
De acordo com o documento “Coletânea de Pós-Graduação [Governança e Controle da Regulação em infraestrutura] do Tribunal de Contas da União elaborado pelo Instituto Cerzedello Corrêa em 2019: “O segmento de transmissão é caracterizado por ser intensivo em capital (o que demanda altos investimentos), constituído de bens duráveis e com a quase totalidade dos investimentos composta por custos afundados, além de possuir economias de escala.O conjunto dessas características confere aos setores de distribuição e de transmissão de energia elétrica a peculiaridade de um monopólio natural, que, de acordo com a teoria econômica, deve ser regulado, já que um monopolista não regulado tenderá a fixar o preço mais alto que puder, dada a inelasticidade preço-demanda do bem energia elétrica.
Do ponto de vista econômico, o regulador busca que o preço médio cobrado pelo distribuidor ou transmissor de energia elétrica coincida com o custo médio de longo prazo, ou seja, que as receitas totais provenientes da venda de eletricidade, com base numa dada tarifa, se igualem aos custos totais resultantes da operação e manutenção do serviço prestado, incluindo a remuneração adequada para os investimentos realizados pela empresa regulada. Como é muito difícil para o regulador determinar os custos reais das concessionárias, são utilizados métodos econômicos e mecanismos regulatórios como forma de incentivar as empresas reguladas a melhorarem sua eficiência por meio da redução de custos. Dessa forma, no setor de transmissão é utilizada a Regulação por Receita Máxima (Revenue Cap), que é um tipo de regulação por incentivo”.
A licitação, conforme estabelecido em edital de leilão, deverá selecionar uma empresa (nacional ou estrangeira, ou ainda um fundo de investimentos), isoladamente ou reunidas em consórcio, para a prestação do serviço público de transmissão, incluindo a construção, operação e manutenção das instalações de transmissão, pela menor receita anual permitida proposta para cada lote” .Assim, a partir do Leilão 1/2015, ao considerar o cenário dos atrasos no licenciamento ambiental, a Aneel aumentou os prazos para a entrada em operação das linhas de transmissão.
Além disso, a partir do Leilão 13/ 2015, a Agência passou a separar os riscos do negócio em cláusulas específicas, identificando taxativamente os riscos de responsabilidade exclusiva do empreendedor e prevendo situação de responsabilidade compartilhada entre o concessionário e o consumidor. Ademais, houve atualização dos custos fundiários e ambientais estimados pela Aneel. Essas ações trouxeram mais previsibilidade ao setor de transmissão, o que também ajuda a explicar a maior participação de ofertantes nos leilões seguintes.
Por sua vez, o licenciamento ambiental foi colocado em prática a partir de 1975, inicialmente nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Foi estabelecido nacionalmente por meio da Lei Federal n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente e definiu os princípios e os objetivos que norteiam a gestão ambiental. Posteriormente, a Política Nacional de Meio Ambiente instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA e elaborou um conjunto de instrumentos os quais vêm sendo desenvolvidos e atualizados por meio de resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, órgão também criado pela Lei Federal n° 6.938/81 com poder para estabelecer normas e regulamentos. A consagração desta lei e de seus respectivos instrumentos deu–se com a Constituição de 1988, por meio do artigo 225, no capítulo referente à Proteção ao Meio Ambiente.
O licenciamento ambiental é o instrumento capaz de formalizar o papel proativo do empreendedor, garantindo aos detentores das licenças o reconhecimento público de que suas atividades serão realizadas com a perspectiva de promover a qualidade ambiental e sua sustentabilidade. Cabe ressaltar que o licenciamento ambiental não exime o empreendedor ou responsável pela atividade da obtenção de outras licenças legalmente exigíveis, conforme determinado na Lei n° 6.938/81, no seu artigo 10o , com a redação dada pela Lei n°7.804/89O arcabouço legal para a questão socioambiental tem hoje no Brasil, de forma geral, mais de 60 mil normas legais aplicáveis em todos os níveis de administração.
A Agência Nacional de Energia Elétrica- ANEEL, monitora permanente, através do Sistema de Gestão da Transmissão – SIGET, 515 empreendimentos de expansão da rede básica.
De acordo com o último relatório de junho de 2023, considerando todos os 88 empreendimentos classificados como atrasados, temos em média 650 dias de atraso.
O percentual de empreendimentos em andamento, com previsão em atraso varia conforme o ano estudado, e já foi, em 2013, de 83% das linhas de transmissão e em 63% das subestações de energia, e em junho de 2020 de 41,3%.O licenciamento ambiental foi listado como responsável por 28,44% dos atrasos.
Este procedimento está sempre submetido ao prazo legal do órgão licenciador, sendo o prazo mínimo aquele definido para a tipologia licenciada, observada aspectos de porte, potência e impactos, além de manifestações de órgãos intervenientes e é considerado no edital como risco do negócio, sendo de inteira responsabilidade da transmissora proponente.
A partir da Lei nº 6.938/81, o licenciamento ambiental passou a ser obrigatório em todo o território nacional. Com isso, as atividades efetivas, ou potencialmente, poluidoras não podem funcionar sem o devido licenciamento.
O processo de licenciamento é, em geral, composto por três fases para a obtenção das licenças ambientais: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação. A Licença Prévia (LP) é solicitada ainda na fase de planejamento da implantação, alteração ou ampliação da atividade ou empreendimento, e o processo de análise e emissão do auto autorizativo pode durar até 12 meses. Já a obtenção da Licença de Instalação (LI) e da de Operação ( LO) podem durar até 6 mesas cada uma delas, tendo vigência máxima de seis e de dez anos respectivamente.
O modelo de licitação de transmissão adotado no País vem sofrendo adaptações e melhorias no sentido de superar entraves identificados ao longo do tempo, em particular no item licenciamento ambiental, que vem impactando de forma severa os prazos dados pelo poder concedente para a entrada em operação das Linhas e Subestações licitadas.
Conforme mencionado anteriormente, essa situação recorrente de atrasos associados ao licenciamento, fez com que, nos últimos leilões, o poder concedente tenha ampliado de forma significativa o prazo para início da operação dessas instalações, e revistos custos em especial, os fundiários.
Outras melhorias observadas relativas ao processo de licitação com foco na questão do licenciamento ambiental merecem destaque:– O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE e o Conselho Nacional de Política Energética – CNPE, quando caracterizadas situações que comprometam a continuidade e a segurança do suprimento eletroenergético ou a necessidade de sistemas de transmissão de energia, definirão os empreendimentos estratégicos para fins de licenciamento pela União, independente de que em situações normais o procedimento seja de competência dos Órgão de Licenciamento Ambiental Estaduais. – OLAs– A definição de competências entre os entes licenciadores deixa clara as responsabilidades de quem é o órgão que deve conduzir o processo, e a padronização dos instrumentos de gerenciamento com orientações para todos os empreendedores, uma prática já adotada por vários Estados, e pelo Ibama que lançou em 2020 o Guia de Avaliação de Impacto Ambiental para Licenciamento de Linhas de Transmissão, e o Guia de Procedimentos do Licenciamento Ambiental Federal lançado em 2021. Padronização de exigências ajuda no processo de segurança técnica e jurídica.– A possibilidade já adotada em vários estados e no próprio IBAMA, observado parâmetros de enquadramento, de licenciamento mediante Relatórios Ambientais Simplificados- RAS, ou instrumentos equivalentes, e a possibilidade de licenciamento em fases concomitantes, por ex: LP e LI+LO– A existência de órgãos de acompanhamento de todo o processo de licenciamento e construção de ativos dos sistemas de transmissão é feito no âmbito da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI) PPI do ministério da Economia e na Assessoria Especial de Meio Ambiente – AESA do MME.
No entanto, quando se observam os processos de implantação de ativos do sistema de transmissão, muitas questões de natureza ambiental continuam presentes, impactando severamente o processo, como passagens das linhas por áreas protegidas, estaduais e federais, inclusive em áreas de amortecimento, reservas legais averbadas, áreas de preservação permanente, terras indígenas, quilombolas, geraizeiros, barranqueiros etc. Em muitas situações o processo negocial acaba sendo feito com diversos outros atores, além do órgão licenciador oficial, muitas vezes com o envolvimento de ONGs e Ministérios Públicos.
O custo fundiário é fator de alto risco, observado um crescente uso de alto valor agregado para os espaços territoriais, sejam urbanos com loteamentos, áreas industriais, sejam rurais com produção de alta tecnologia de produtos agrícolas e pecuários.
A enorme quantidade de ativos licitados em curtos períodos de tempo, tem criado conflitos com os gestores dos espaços territoriais, muitas vezes não equacionados de forma harmônica, apenas com o uso da DUP, Declaração de Utilidade Pública, emitida pela ANEEL.
Não obstante, o poder concedente ter disciplinado nos documentos que compõem os editais a questão do risco ambiental como de responsabilidade do empreendedor, destaca-se ainda, que os corredores de traçado que compõem o relatório R3 -que é documento constante do edital- possuem traçados sugestivos, podendo a transmissora proponente ter a liberdade para estabelecer o melhor traçado, mesmo que fique fora do corredor de referência.Todavia, alterações de traçados, novas variantes sugeridas, podem implicar na realização de novos estudos, ambientais e fundiários, novas negociações, além de se apresentarem com mais frequência, problemas associados à distâncias técnicas para circuito que convivem com traçados próximos.
Embora o processo licitatório contemple atenuantes de responsabilidade e penalidade ao empreendedor quando o órgão ambiental atrasar a emissão das licenças além dos prazos legais, do ponto de vista do plano de negócios, todo empreendedor ao bidar nos leilões, oferecendo deságios, deseja implantar seu empreendimento no menor prazo possível e auferir o rendimento de sua RAP ofertada.
Quando se fazem reflexões sobre a eficácia do modelo de licenciamento em geral, e em especial para os sistemas de transmissão, é preciso pontuar sempre que a boa qualidade dos estudos ambientais, elaborados por empresas competentes, com profissionais qualificados, e dentro de preços adequados, garante agilização na análise dos documentos técnicos.
No entanto um dos maiores gargalos no processo de licenciamento ambiental dos sistemas de transmissão, quando se analisam de forma conjunta os seguintes aspectos:– Expectativas da obtenção da licença por parte do empreendedor observado seu plano de negócios– Os prazos legais do processo de licenciamento ambiental– O relacionamento com as partes relacionadas ao processo de implantação das LTs
É, ao nosso ver, a necessidade de fortalecimento das equipes responsáveis pela análise dos Estudos, a definição de condicionantes e obrigações e a emissão das licenças.
Mesmo com a melhoria contínua dos procedimentos, observada a demanda elevada de novos empreendimentos ofertados nos leilões recentes e nos que virão, urge o fortalecimento das equipes técnicas em quase todos os órgãos estaduais e no IBAMA.O Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico-FMASE entidade que congrega cerca de 20 associações setoriais defende algumas sugestões que objetivam a melhoria dos ritos que envolvem o crescimento de nossa malha de transmissão, sob a ótica ambiental a saber:• Licitação dos empreendimentos de transmissão pelo poder concedente após obtidas as respectivas licenças prévias – LP, ambientais, como ocorre com os empreendimentos de geração, o que permitiria sensível redução de riscos associados a prazos e custos do processo.• Criação e estruturação de Balcão único Licenciamento Ambiental, com avaliação concomitante do licenciamento pelos órgãos auxiliares como Iphan, Funai, Fundação Palmares.
É através dos leilões que o governo expande e conecta a malha de transmissão do país elevando, dessa forma, seu nível de confiabilidade e reduzindo riscos de interrupção de grandes blocos de energia, e é necessário que todo o processo possa ser agilizado, beneficiando o país com um insumo essencial para todas as atividades econômicas, melhoria da qualidade de vida e arrecadação de impostos e tributos para o governo.
Enio Fonseca é Conselheiro do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, FMASE. Ricardo Carneiro é advogado especializado em direito ambiental.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ibama analisa 88 pedidos de licenciamento ambiental em áreas para instalação de parques eólicos offshore.
Diante das tendências globais para desvencilhar a produção de energia da emissão de carbono e migrar para as fontes renováveis, o Brasil tem sido visto como um oásis para a instalação de eólicas offshore (em alto mar), uma das mais potentes formas de geração de energia verde. Atualmente, o país não conta com usinas desse tipo e nem um marco regulatório para esses empreendimentos, mas estudos em andamento indicam que o Brasil pode aumentar sua capacidade eólica em 10 vezes caso decida se voltar para o mar.
Hoje, o país conta com 830 parques eólicos onshore (em terra) com uma capacidade de 22,6 gigawatts. Os estudos em andamento para a implantação de parques offshore já somam um potencial de 212 gigawatts. Até o momento, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) analisa 88 pedidos de licenciamento ambiental em regiões propicias para instalação das offshores.
O Ceará é o Estado com mais pedidos de licenciamento, são 26. O projeto mais ambicioso também está localizado no Estado. O Alpha, da Alpha Wind, fala em entregar 400 aerogeradores e uma capacidade de produzir 6 gigawatts. O 2º Estado com mais estudos é o Rio Grande do Sul (25), seguido pelo Rio Grande do Norte (13).
A empresa com mais pedidos realizados é a Petrobras. Na 4ª feira (13.set.2023), a estatal anunciou que está interessada em 10 áreas com potencial para instalação de offshores. A Petrobras também tem uma parceria com a Equinor que mira mais 6 regiões.
Apesar do otimismo aparente, a discussão em torno da construção de parques eólicos no país ligou o alerta de especialistas do setor elétrico, que entendem fazer mais sentido expandir a matriz eólica onshore. Isso porque as usinas no mar têm um custo de produção e transmissão muito superior, além de uma geração elétrica altíssima, que não se traduz na demanda brasileira.
Ao Poder360, o sócio fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Bruno Pascon, explicou que os projetos de eólicas offshore precisam produzir uma quantidade grande de energia para ser viável economicamente. Os países que contam com essas usinas –Inglaterra, Noruega e Holanda– tiveram um subsídio forte do governo no desenvolvimento desses empreendimentos, o que é uma necessidade nessas localidades que não têm a extensão territorial como a do Brasil.
“A grande questão da eólica offshore vai além do custo de transmissão. É que para ter escala econômica, são projetos que tem que ter uma capacidade instalada muito alta”, argumentou. “Para sso se viabilizar é uma quantidade de energia que, a depender do tamanho do mercado, não se justifica”, disse Pascon.
Uma desvantagem das onshores é que elas precisam ser instaladas em locais isolados para não provocar uma alta poluição sonora aos moradores. A grande maioria dos países europeus não tem espaço suficiente para desenvolver um grande sistema eólico onshore, mas esse não seria o caso do Brasil. Diante disso, Pascon avalia que é muito mais interessante para o Brasil aumentar sua infraestrutura eólica terrestre. Além de um custo de produção e transmissão mais baixo, o país está longe de ter alcançado todo seu potencial nessa modalidade e não tem necessidade se inundar o sistema brasileiro com energia mais cara.
Segundo a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), o Brasil tem uma capacidade de produzir 800 GW de energia eólica em terra. Esse número coloca o país em um patamar de só 2,8% de todo seu potencial onshore.
Por Poder 360.
Enoh Ebong, diretora da USTDA, vê país como lider no uso de energias limpas e se impressionou com nível de detalhe das demandas feitas pelas autoridades daqui.
Enoh Ebong abriu uma exceção ao Brasil. Diretora da Ustda, a agência do governo americano voltada para comércio e desenvolvimento, ela costuma ficar apenas dois ou três dias em cada país nas viagens a trabalho. No Brasil, vai permanecer uma semana inteira.
Por aqui, Ebong visitou Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Teve encontros com autoridades como a ministra Esther Dweck, da gestão e inovação, com o diretor da Aneel, Sandoval Feitosa, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e autoridades do governo e da prefeitura do Rio de Janeiro.
Ebong conversou com a EXAME durante sua passagem por São Paulo. Ela anunciou que a Ustda fará viagens técnicas para levar brasileiros para conhecerem tecnologias americanas em energia limpa e ferrovias.
Quais os objetivos de sua visita ao Brasil?
Como diretora da Ustda, estou visitando o Brasil com uma meta em mente. Quero, com base nos nossos 30 anos de parceria com o setor público e privado no Brasil, contribuir para o desenvolvimento de projetos de infraestrutura identificados como prioridades. A Ustda é a agência do governo dos EUA com uma missão dupla de avançar o desenvolvimento de infraestrutura sustentável em países parceiros como o Brasil, e ao mesmo tempo, gerar oportunidades de exportação para os EUA.
A Ustda provê fundos para estudos de viabilidade, assistência técnica e projetos-piloto, que são ferramentas críticas para atrair financiamento e lançar tecnologias inovadoras. Também financiamos parcerias entre o governo e atores privados para apoiar a infraestrutura do Brasil e as metas de desenvolvimento.
Desde nossa criação, em 1992, a Ustda financiou mais de 300 projetos de infraestrutura no Brasil, em setores que incluem energia limpa, transporte, estrutura digital e de saúde. Nosso portfólio atual consiste em atividades desenhadas para ajudar a destravar o financiamento de projetos prioritários de infraestrutura no Brasil.
Qual o peso do Brasil para as ações da Ustda hoje?
O Brasil foi o único país onde vou passar uma semana inteira. Nunca costumo ficar mais do que dois ou três dias na maioria dos países. Reconheço o Brasil como um mercado importante. É um grande país. A trajetória do nosso portfólio aqui demanda que eu passe tempo aqui para ouvir, entender e se conectar com nossos parceiros e para garantir que nosso programa está se desenvolvendo da melhor forma possível.
Neste ano, visitei muitos países, não só na América Latina, mas no Indo-Pacífico, África subsaariana, Oriente Médio, Leste Europeu. O presidente Biden tem sido bem claro que precisamos nos engajar com nossos países parceiros, e você não pode criar parceria estando em Washington o tempo todo, certo? Você tem que ir visitar os parceiros e passar tempo com eles.
Após visitar tantos países, o que viu de pontos positivos no Brasil e de coisas que o país precisa melhorar?
O Brasil está liderando em muitos caminhos. Destaco o imenso uso de energias renováveis, por conta das hidroelétricas, e vocês estão também trazendo solar e vento. É fenomenal. Vocês estão também pensando à frente nas reuniões que tive, incluindo com o Ministério do Planejamento e a Aneel. Há um grande senso de planejamento do que precisa ser feito para melhorar a infraestrutura em benefício das pessoas. Fiquei impressionada pelo nível de detalhes com que as pessoas têm trazido suas prioridades.
O Brasil está à frente em seu senso de planejamento e em entender as prioridades e necessidades. Está sendo muito específico conosco. Em termos do que mais precisa ser feito, há coisas como modernizar as redes de energia. Temos uma série de projetos focados em smart grids, para que as redes possam receber energias de novas fontes renováveis.
Nosso papel é identificar áreas onde a tecnologia pode fazer a diferença, mas não é só trazer a tecnologia. É entender como aplicar e adaptar para necessidades específicas. É trazer a expertise, mas entender que há expertise aqui também. Estamos trabalhando juntos. Não podemos vir aqui e prover expertise em um vácuo. Temos de fazer isso em parceria com a expertise que encontramos aqui no terreno. Esse é o caminho para que os projetos tenham sucesso.
Quais novas iniciativas foram fechadas durante a visita?
Nossas últimas parcerias incluem futuras visitas técnicas nos setores de energia limpa e transporte ferroviário, que levarão dezenas de representantes do setor público e privado para os Estados Unidos. Eles irão se encontrar com financiadores, fornecedores, especialistas em regulação e políticas para aprender mais sobre as últimas tecnologias dos EUA e práticas para apoiar as prioridades do Brasil.
Vamos trabalhar com nossa embaixada e nossos hosts para identificar quem serão os melhores representantes que podem tirar o máximo das viagens, tanto no setor público quanto privado. Estamos próximos do momento em que os representantes serão definidos, mas é um processo no qual queremos ter certeza de que os parceiros poderão se beneficiar da visita.
Tem mais detalhes sobre como as visitas funcionarão na prática e quando serão realizadas?
Não tenho as datas específicas agora. Mas será uma série de três visitas, ao longo do próximo ano, ano e meio, dois no máximo.
Primeiro, haverá uma visita em nossa agência, onde eu receberei os representantes. E então temos uma seleção de agências do governo dos EUA que estão envolvidas em financiamento de infraestrutura e práticas regulatórias, para a troca de informações. Depois teremos visitas às empresas americanas. Eles verão tecnologias com a visão de dentro. Vamos levá-los a diferentes cidades e empresas. Os convidados também terão a oportunidade de fazer apresentações de seus projetos para as empresas e financiadores americanos. Isso dá a oportunidade para fazer conexões, elaborar ideias e talvez desenvolver projetos para algumas delas.
Também achamos importante falar sobre compras públicas, então provavelmente teremos conversas entre os representantes [brasileiros] e especialistas em licitações, para que eles possam entender melhor técnicas como determinação de melhor valor e análise do custo de ciclo de vida.
Por que há prioridade para os setores de energia limpa e trens?
Ambos os presidentes [do Brasil e dos EUA] têm falado sobre a importância do clima e sobre energia limpa. Várias novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para tentar criar soluções para os desafios existentes. Assim, neste momento, este é um setor muito importante para nós. Somos uma agência muito orientada pelas demandas de dois grupos, um do setor público e privado dos países parceiros e outro da indústria americana, que busca parcerias para prover expertise de projetos no Brasil. Temos ouvido de forma clara: clima é importante e energia é importante. Então estamos tentando facilitar este tipo de troca de conhecimento. A demanda aqui é forte e temos companhias americanas que estão excitadas com este mercado. Então, queremos colocar os dois lados juntos.
Por Exame.
Enoh Ebong, diretora da USTDA, vê país como lider no uso de energias limpas e se impressionou com nível de detalhe das demandas feitas pelas autoridades daqui.
Enoh Ebong abriu uma exceção ao Brasil. Diretora da Ustda, a agência do governo americano voltada para comércio e desenvolvimento, ela costuma ficar apenas dois ou três dias em cada país nas viagens a trabalho. No Brasil, vai permanecer uma semana inteira.
Por aqui, Ebong visitou Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Teve encontros com autoridades como a ministra Esther Dweck, da gestão e inovação, com o diretor da Aneel, Sandoval Feitosa, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e autoridades do governo e da prefeitura do Rio de Janeiro.
Ebong conversou com a EXAME durante sua passagem por São Paulo. Ela anunciou que a Ustda fará viagens técnicas para levar brasileiros para conhecerem tecnologias americanas em energia limpa e ferrovias.
Quais os objetivos de sua visita ao Brasil?
Como diretora da Ustda, estou visitando o Brasil com uma meta em mente. Quero, com base nos nossos 30 anos de parceria com o setor público e privado no Brasil, contribuir para o desenvolvimento de projetos de infraestrutura identificados como prioridades. A Ustda é a agência do governo dos EUA com uma missão dupla de avançar o desenvolvimento de infraestrutura sustentável em países parceiros como o Brasil, e ao mesmo tempo, gerar oportunidades de exportação para os EUA.
A Ustda provê fundos para estudos de viabilidade, assistência técnica e projetos-piloto, que são ferramentas críticas para atrair financiamento e lançar tecnologias inovadoras. Também financiamos parcerias entre o governo e atores privados para apoiar a infraestrutura do Brasil e as metas de desenvolvimento.
Desde nossa criação, em 1992, a Ustda financiou mais de 300 projetos de infraestrutura no Brasil, em setores que incluem energia limpa, transporte, estrutura digital e de saúde. Nosso portfólio atual consiste em atividades desenhadas para ajudar a destravar o financiamento de projetos prioritários de infraestrutura no Brasil.
Qual o peso do Brasil para as ações da Ustda hoje?
O Brasil foi o único país onde vou passar uma semana inteira. Nunca costumo ficar mais do que dois ou três dias na maioria dos países. Reconheço o Brasil como um mercado importante. É um grande país. A trajetória do nosso portfólio aqui demanda que eu passe tempo aqui para ouvir, entender e se conectar com nossos parceiros e para garantir que nosso programa está se desenvolvendo da melhor forma possível.
Neste ano, visitei muitos países, não só na América Latina, mas no Indo-Pacífico, África subsaariana, Oriente Médio, Leste Europeu. O presidente Biden tem sido bem claro que precisamos nos engajar com nossos países parceiros, e você não pode criar parceria estando em Washington o tempo todo, certo? Você tem que ir visitar os parceiros e passar tempo com eles.
Após visitar tantos países, o que viu de pontos positivos no Brasil e de coisas que o país precisa melhorar?
O Brasil está liderando em muitos caminhos. Destaco o imenso uso de energias renováveis, por conta das hidroelétricas, e vocês estão também trazendo solar e vento. É fenomenal. Vocês estão também pensando à frente nas reuniões que tive, incluindo com o Ministério do Planejamento e a Aneel. Há um grande senso de planejamento do que precisa ser feito para melhorar a infraestrutura em benefício das pessoas. Fiquei impressionada pelo nível de detalhes com que as pessoas têm trazido suas prioridades.
O Brasil está à frente em seu senso de planejamento e em entender as prioridades e necessidades. Está sendo muito específico conosco. Em termos do que mais precisa ser feito, há coisas como modernizar as redes de energia. Temos uma série de projetos focados em smart grids, para que as redes possam receber energias de novas fontes renováveis.
Nosso papel é identificar áreas onde a tecnologia pode fazer a diferença, mas não é só trazer a tecnologia. É entender como aplicar e adaptar para necessidades específicas. É trazer a expertise, mas entender que há expertise aqui também. Estamos trabalhando juntos. Não podemos vir aqui e prover expertise em um vácuo. Temos de fazer isso em parceria com a expertise que encontramos aqui no terreno. Esse é o caminho para que os projetos tenham sucesso.
Quais novas iniciativas foram fechadas durante a visita?
Nossas últimas parcerias incluem futuras visitas técnicas nos setores de energia limpa e transporte ferroviário, que levarão dezenas de representantes do setor público e privado para os Estados Unidos. Eles irão se encontrar com financiadores, fornecedores, especialistas em regulação e políticas para aprender mais sobre as últimas tecnologias dos EUA e práticas para apoiar as prioridades do Brasil.
Vamos trabalhar com nossa embaixada e nossos hosts para identificar quem serão os melhores representantes que podem tirar o máximo das viagens, tanto no setor público quanto privado. Estamos próximos do momento em que os representantes serão definidos, mas é um processo no qual queremos ter certeza de que os parceiros poderão se beneficiar da visita.
Tem mais detalhes sobre como as visitas funcionarão na prática e quando serão realizadas?
Não tenho as datas específicas agora. Mas será uma série de três visitas, ao longo do próximo ano, ano e meio, dois no máximo.
Primeiro, haverá uma visita em nossa agência, onde eu receberei os representantes. E então temos uma seleção de agências do governo dos EUA que estão envolvidas em financiamento de infraestrutura e práticas regulatórias, para a troca de informações. Depois teremos visitas às empresas americanas. Eles verão tecnologias com a visão de dentro. Vamos levá-los a diferentes cidades e empresas. Os convidados também terão a oportunidade de fazer apresentações de seus projetos para as empresas e financiadores americanos. Isso dá a oportunidade para fazer conexões, elaborar ideias e talvez desenvolver projetos para algumas delas.
Também achamos importante falar sobre compras públicas, então provavelmente teremos conversas entre os representantes [brasileiros] e especialistas em licitações, para que eles possam entender melhor técnicas como determinação de melhor valor e análise do custo de ciclo de vida.
Por que há prioridade para os setores de energia limpa e trens?
Ambos os presidentes [do Brasil e dos EUA] têm falado sobre a importância do clima e sobre energia limpa. Várias novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para tentar criar soluções para os desafios existentes. Assim, neste momento, este é um setor muito importante para nós. Somos uma agência muito orientada pelas demandas de dois grupos, um do setor público e privado dos países parceiros e outro da indústria americana, que busca parcerias para prover expertise de projetos no Brasil. Temos ouvido de forma clara: clima é importante e energia é importante. Então estamos tentando facilitar este tipo de troca de conhecimento. A demanda aqui é forte e temos companhias americanas que estão excitadas com este mercado. Então, queremos colocar os dois lados juntos.
Por Exame.
Brasil de vocação hídrica deveria aproveitar melhor seu potencial não só para gerar energia mais firme e barata para o consumidor. A nossa matriz elétrica é 85% vinda de fontes limpas e renováveis.
A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados debateu nesta quarta-feira (13) a questão da transição energética e a importância da expansão das hidrelétricas com reservatórios, numa reunião extraordinária que contou com a presença de autoridades e especialistas do setor público e privado.
O Brasil como País de vocação hídrica deveria aproveitar melhor seu potencial não só para gerar energia mais firme e mais barata para o consumidor. A nossa matriz elétrica é 85% vinda de fontes limpas e renováveis, e a geração hidráulica responde por pouco mais de 50% deste total.
As hidrelétricas são atualmente a grande bateria natural de todo o sistema elétrico. Foram os seus reservatórios que possibilitaram que as novas renováveis como eólica e solar se expandissem dentro do Brasil e hoje se observa a participação da fonte hidráulica decaindo cada vez mais em nossa matriz. A projeção da EPE para 2050 é que a hidrelétrica fique apenas em 30% da matriz, quando num passado recente já foi de cerca de 90%.
Uma questão preocupante discutida no evento é o movimento de demonização ambiental que as hidrelétricas passam no Brasil e isso precisa ser mais bem compreendido. Já não há previsão de grandes usinas no planejamento futuro do setor, parte desta situação estaria creditada à complexidade do processo de licenciamento ambiental e de uma campanha permanente feita contra esta fonte, ignorando seus benefícios econômicos e ambientais, visto ser a fonte com menor emissão de gases efeito estufa, contribuindo para a transição energética e mudanças climáticas, dentre outros usos.
Além da importância das usinas hidrelétricas num contexto de uso múltiplo de seus reservatórios, merece destaque uma das finalidades de reservatórios de grande porte, que é o controle de cheias, tema em discussão recente com as grandes enchentes que acontecem no Sul do Brasil.
Dados do governo mostram que os municípios que possuem Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCH, possuem no seu vetor de desenvolvimento social, uma variação positiva de indicadores econômicos uma melhoria significativa, quando comparados a outros sem PCH. Nos primeiros, a renda per capta é 38% maior, o IDH-M é 19,9% maior e o índice emprego-renda é 13,6% maior.
A importância dessa audiência pública se deu nesse contexto. O muito que existe ainda no Brasil de potencial hidráulico precisa ser viabilizado, no planejamento energético governamental, pensando num futuro próximo em como manter nossa matriz elétrica de energia firme, renovável, firme e com menor pegada de carbono de todas as fontes, de maior vida útil e mais barata ao consumidor e ainda promovendo segurança hídrica, segurança energética, alimentar, com preços justos para a população.
Também os estímulos governamentais associados a incentivos e benefícios fiscais, impostos, deve ser equalizado entre todas as fontes renováveis.
Nossa matriz é diversificada, tem todas as fontes presentes, e isto é um diferencial positivo para nosso País, em momentos de transição energética, tema em que somos referência mundial.
A reunião foi uma iniciativa do deputado Geraldo Mendes, e estiveram presentes a Sra. Christiany Salgado Faria, Diretora do Departamento de Planejamento e Outorgas de Geração de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Sra. Ludimila Lima da Silva, Superintendente de Concessões, Permissões e Autorizações dos Serviços de Energia Elétrica (SCE) da Agência Nacional de Energia Elétrica, Dra. Cristiana Nepomuceno de Sousa Soares, Advogada especialista em Direito de Energia, Sr. Ênio Fonseca, Conselheiro do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico - FMASE, Sr. Charles Lenzi, Presidente Executivo da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa - ABRAGEL;. Sra. Alessandra Torres, Presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas - ABRAPCH.
Fonte e Imagem: Diário de Minas.
Dados do ONS mostram baixas relevantes na armazenagem em Furnas, Itumbiara e Três Marias e carga em alta sob pressão de El Niño.
A chegada do El Niño, trazendo calor intenso para a região central do país e pressão sobre a carga de energia, além de potencializar o período seco convencional, tem acelerado o uso do armazenamento de alguns dos principais reservatórios de hidrelétricas do país.
Apesar dos cuidados com que o ONS vem operando na preservação dessa energia hidráulica do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, os reservatórios de Furnas, Itumbiara e Três Marias perderam perto de dez pontos percentuais de volume útil no período de um mês entre 14 de agosto, véspera do apagão ainda não 100% decifrado, e 13 de setembro, conforme mostram os dados do operador.
No período, Furnas passou de 98,12%, o que era virtualmente cheio, para 89,68%, uma redução de 8,44 pontos. Itumbiara baixou de 93,37% para 81,71%, ou 11,66 pontos. E Três Marias reduziu de 83,02% para 73,56%, ou 9,46 pontos.
Furnas e Três Marias são cabeceiras das cascatas do rio Grande e do São Francisco, respectivamente, e Itumbiara é um dos mais importantes reservatórios da cascata do Paranaíba, perdendo apenas para Nova Ponte e Emborcação, nos quais se observa uma maior de preservação. No mesmo período, o primeiro foi de 78,40% para 77,30% e o segundo, de 80,63% para 79,23%.
Embora todas as projeções do ONS apontem para céu de brigadeiro no horizonte dos próximos meses, o operador sempre teve o cuidado de ressalvar que para além de janeiro de 2024 as perspectivas devem ser avaliadas à luz do desenvolvimento do próximo período molhado. O ponto de atenção é que os meteorologistas têm sido unânimes em dizer que a atual aparição de El Niño ainda está longe do seu auge de intensidade.
Neste contexto, o desejável seria que o aumento da carga estivesse sendo majoritariamente sustentado por outras fontes, mas não é exatamente o que vem ocorrendo após o apagão e a desconfiança que gerou em termos da capacidade de o sistema de transmissão e suas conexões suportarem os fluxos de renováveis na aceleração que eles vinham apresentando.
Já não se fala em recordes sucessivos de geração eólica. No dia 14/08, uma segunda-feira de carga bem-comportada (71.287 MWmed), a geração eólica contribuiu com 16.558 MWmed, ou 23,23% da geração total do SIN. No mesmo dia, a geração hídrica, incluindo Itaipu, entrou com 38.955 MWmed, ou 54,65%.
Ontem, 13/09, com a carga alcançando 79.086 MWmed e se aproximando da casa dos 80 mil MWmed só atingida até hoje no auge do verão passado (o recorde foi 80.454 MWmed no dia 10 de março), a eólica contribuiu com 13.759 MWmed, ou 17,40% do total, contra 14.490 previstos, e a hídrica entrou com 49.412 MWmed ou 62,48% do total, sempre incluindo Itaipu.
No IPDO de hoje, referente ao balanço de ontem, o ONS informa que a geração eólica no Nordeste foi inferior à prevista “devido a restrição de geração para controle de limites sistêmicos e inequações regionais”.
Informa ainda que de 00h00 a 23h29, ou seja, o dia todo, “houve restrição e limitação de geração eólica no Nordeste para controle de fluxos e inequações regionais” estabelecidas em diversas MOPs (mensagens operacionais), sendo a restrição máxima de 5.778 MW. Houve também restrição à geração solar nordestina, em volume menor (máxima de 561 MW).
Por ora, a geração térmica convencional segue relativamente estável. Na comparação das mesmas datas mencionadas acima, passou de 7.680 MWmed, ou 10,77% do total, para 7.269 MWmed (9,19%).
Fonte e Imagem: Energia Hoje.
A Petrobras protocolou no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) pedidos de estudos para dez áreas na costa brasileira, visando a implantação futura de usinas eólicas offshore, disse nesta quarta-feira, 13, o diretor-presidente da companhia, Jean Paul Prates, durante o evento Brazil Wind Power, em São Paulo.
O executivo disse também que a experiência da Petrobras na extração de óleo e gás em alto-mar pode ajudar no desenvolvimento dos projetos. As áreas onde as usinas serão implantadas, afirmou, são relativamente rasas, o que poderia dar ao Brasil vantagens em relação a outros países também em relação à manutenção das usinas. "Temos que ousar como empresa grande, não só porque é estatal, mas por ser uma empresa grande", disse.
Segundo ele, os projetos de geração eólica da estatal, especialmente em alto-mar, têm sido desenvolvidos com responsabilidade e buscando todas as instâncias de aprovação.
Prates afirmou que a estatal já "está pronta para desenvolver o seu negócio offshore", sinalizando que seria necessário apenas dar andamento aos projetos do ponto de vista operacional. O tempo necessário para a efetivação dos projetos é de cinco até oito anos, afirmou.
Ele disse que a empresa está apoiando a instalação de um dos maiores centros de pesquisa de eólicas offshore em Natal, no Rio Grande do Norte, visando a expansão neste segmento. "Petrobras torna-se, hoje, a maior empresa com pedido protocolado junto ao Ibama", comentou.
Prates destacou que a empresa planeja entrar no mercado de energia via eólicas offshore para atender o mercado "independente de como ele estará configurado". "Nós já passamos da fase da autoprodução. Isso é uma dimensão de projeto que é completamente diferente. Estamos falando aqui de realmente chegar chegando, dos maiores projetos de geração de energia offshore do Brasil, então, evidentemente que é para gerar energia para o mercado", afirmou.
Ele mitigou eventuais críticas que parte do mercado financeiro poderia fazer à volta da empresa para a geração de energia, poucos anos após vender seus últimos ativos ao FIP Pirineus, em 2021. "Quando o pré-sal foi descoberto, todo mundo disse que seria inviável. O mercado financeiro é imediatista", comentou.
O presidente da Petrobras disse que não colocaria a empresa em "negócios malucos" e destacou que, além de ganhos financeiros, os projetos devem trazer vantagens tecnológicas e conhecimento sobre a atuação nesse segmento. "Vamos fazer uma transição energética com responsabilidade. Não se pode brincar com a Petrobras e colocá-la em projeto maluco."
Projetos protocolados
O gerente executivo de energia renovável da Petrobras, Daniel Pedroso, afirmou que a estatal tem protocolado 23 GW (gigawatts) de projetos em eólicas offshore. Segundo o executivo, a empresa já realizou um trabalho em conjunto com a Equinor por mais de 14 GW no mesmo modelo de negócios.
O gerente executivo de energia renovável da Petrobras acrescentou que está avaliando locais de potencial mais avançado e com pré-avaliação para futuras instalações de eólicas offshore.
Segundo Pedroso, do ponto de vista estratégico, a Petrobras também estuda a possibilidade de instalações de aerogeradores em águas rasas. "É importante olharmos para além de águas profundas", disse o executivo.
Em relação à energia eólica onshore (em terras), o executivo apontou que o Brasil produz atualmente 29 GW de energia eólica onshore.
A Petrobras também estuda aproveitar parte da geração de energia para alimentar suas plataformas de exploração e produção, acrescentou Pedroso. Ele assinalou ainda que a estatal almeja o desenvolvimento da geração de energia na Margem Equatorial.
Aquisição de parques eólicos
O diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, acrescentou que a empresa tem planejado a realização de ações no curto, médio e longo prazos para o desenvolvimento da produção de energia elétrica a partir da matriz eólica no Brasil.
Para o curtíssimo prazo, Tolmasquim afirmou que a estatal está "analisando propostas de aquisições de parques eólicos" e que as iniciativas onshore (em terra) "podem já se transformar em realidade antes de 2025?. O executivo ressaltou, contudo, que as energias offshore estão programadas para um período mais adiante.
Ele afirmou que a empresa não investirá em projetos que não sejam rentáveis ao comentar a entrada da empresa no mercado de energia eólica offshore. "Essa fase é de estudar a área, os ventos, depois vem a fase dos custos, do capex e aí vamos avaliar a viabilidade. A Petrobras só entra em projetos quando o valor presente líquidos é positivo. A Petrobras não investirá se não for rentável, agora, a gente só vai saber isso depois que fizer os estudos", disse.
A empresa anunciou mais cedo uma parceria com a Weg para produção de um aerogerador de sete megawatts (MW) visando desenvolver expertise para equipamentos de maior porte a serem utilizados no mercado de eólicas offshore. A Petrobras investirá R$ 130 milhões, nos próximos 25 meses, no projeto que já está em andamento pela Weg.
Para a determinação da viabilidade será necessário avaliar os projetos, os custos de equipamentos e o preço da energia. "Neste momento, a gente não sabe, é um primeiro passo".
Tolmasquim afirmou que, embora a demanda seja uma preocupação que tem sido apontada por alguns grupos, a tendência é que, com a descarbonização global e adoção de iniciativas de eletrificação e potencial produção de hidrogênio verde, o consumo tende a aumentar exponencialmente. "Tem um mundo que vai demandar energia elétrica e a questão vai ser outra: de onde vamos tirar tanta energia, e não estou falando nem de carro elétrico."
Fonte e Imagem: Brodcast.
Nos últimos anos se popularizou o conceito de desenvolvimento sustentável e a necessidade de olhar sobre como estabelecer um modelo econômico mais adequado ao equilíbrio ecológico.
A primeira hidrelétrica entrou foi inaugurada em 1883 no município de Diamantina/MG, sua função era abastecer uma mineradora. Seis anos depois, também em Minas Gerais, entrou em operação a primeira grande usina hidrelétrica da América Latina. Em 1984, houve a inauguração da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que por muito tempo foi a maior usina do mundo e é considerada emblemática acerca da opção brasileira por esse tipo de matriz energética.
Nos últimos anos, em especial no período pós Rio-92, ano em que se popularizou o conceito de desenvolvimento sustentável e a necessidade de olhar sobre como estabelecer um modelo econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. Começou-se, então, a discutir os impactos socioambientais causados pelo modelo tradicional das usinas hidrelétricas e buscar novas formas de geração de energia. Foi possível acompanhar a evolução da matriz energética mundial e brasileira e perceber o crescimento das matrizes solar e eólica.
É preciso reforçar, no entanto, que nenhum tipo de matriz energética é perfeito. No caso da solar e da eólica temos o fato de que: apesar de serem renováveis, são intermitentes, sua geração depende do sol e do vento, não é possível – ainda – armazenar o “excedente”.
Por outro lado, a matriz hidrelétrica garante a previsibilidade da oferta de energia, conseguindo atender a demanda quando as demais fontes estão indisponíveis.
A emissão de gases de efeito estufa também é um grande benefício da matriz hidráulica. Pesquisas independentes informam que nos últimos 50 anos, as usinas hidrelétricas conseguiram evitar a emissão de mais de 100 bilhões de toneladas de C02 na atmosfera.
Em termos de grandeza: isso é o equivalente a 20 anos da emissão anual atual de gás carbônico pelos EUA. Destaca-se, portanto, que estamos falando de uma energia muito limpa em termos de emissão de Gases de Efeito Estufa.
Tem-se, entretanto, uma grande preocupação acerca de dos impactos socioambientais que envolvem a construção e operação de grandes usinas hidrelétricas. Como uma das estratégias para mitigá-los, foi criado um Padrão de Sustentabilidade para Energia Hidrelétricas.
A norma abrange 12 tópicos ESG considerados os mais relevantes para o setor e os divide em níveis de desempenho: práticas adequadas (requisitos mínimos) e práticas exemplares (requisitos avançados). Cada tópico possui seus próprios princípios e declarações de escopo para fornecer clareza sobre a intenção e os resultados desejados na avaliação do tópico.
A primeira usina a receber a certificação está localizada no Tajiquistão e representou um marco para que essa matriz energética seja vista como essencial para o atingimento da meta 7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da ONU (Energia Limpa e Acessível).
Fonte e Imagem: Itatiaia.
Valores no Norte e Nordeste chegam a ser o dobro do observado no Sul e Sudeste; segundo diretor da agência, ideia é parar de ter a postura de só calcular a tarifa e pensar no que pode mudar.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prepara um estudo técnico sobre as tarifas de energia no País a ser apresentado ao Ministério de Minas e Energia (MME) e ao Congresso Nacional. O estudo conterá propostas que possam favorecer a redução das distorções tarifárias e tornar as contas de luz mais “equânimes” em todo o País, informou o diretor da agência Ricardo Tili.
Em meio a um cenário de altos valores das tarifas de energia, especialmente no Norte/Nordeste, onde os valores chegam a ser o dobro do observado no Sul/Sudeste, os diretores da agência decidiram trabalhar em uma proposta com o que a Aneel entende ser “o melhor para o setor”. “A ideia é parar de ter a postura de só calcular (a tarifa) e pensar o que podemos fazer para mudar”, disse Tili, após comentar sobre as “pedradas” que a agência leva a cada vez que calcula os reajustes tarifários.
Na terça-feira, 13, a Aneel abriu consulta pública para discutir uma revisão tarifária com reajuste médio de 44% no Amapá.
Tili justificou que a Aneel apenas segue as regras e faz os cálculos. “Faz política pública quem tem voto, eu não tive voto, mas posso propor, explicar, sugerir”, disse.
O estudo é conduzido pela área técnica da Aneel e ainda deve ser encaminhado a outros diretores para receber sugestões. Tili disse que a intenção é apresentar o estudo em tempo de contribuir na discussão da Lei Geral de Energia, como vem sendo chamado o projeto de lei em gestação no MME com novas regras e com o qual o ministro Alexandre Silveira promete atacar os subsídios nas tarifas de energia.
Entre as sugestões está a revisão da lei que previa equalizar o encargo Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) até 2030. Silveira já sinalizou a intenção de mexer na CDE, mas no sentido de repassar parte das políticas públicas hoje bancadas pelo fundo para o Orçamento Geral da União. Para Tili, entre as políticas que poderiam ser repassadas estaria a tarifa social. “A gente entende que isso seria uma política pública de assistência do Estado ao consumidor e, na minha visão, isso deveria ser pago com instrumento de caixa da União e não do consumidor de energia elétrica”, disse.
Fonte e Imagem: Estadão.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, participa de evento sobre energia eólica em São Paulo.
Em evento sobre energia eólica em São Paulo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que as energias renováveis podem impulsionar o processo de reindustrialização do Brasil.
O ministro lembrou que o desenvolvimento do setor eólico no Brasil, hoje, conta com mais de 26 gigawatts (GW) de capacidade instalada em energia eólica distribuídos em mais de 900 parques eólicos, por conta das políticas de incentivo iniciadas no Programa de Incentivo a Fontes Alternativas (Proinfa).
O setor eólico no Brasil prevê que a capacidade instalada inserida no Sistema Interligado Nacional (SIN) terá recorde em 2023 em relação a 2022, que também superou o ano de 2021. Silveira acrescentou ainda que o desenvolvimento de eólica offshore — modalidade de geração de eletricidade em alto-mar — tem condições de apoiar o desenvolvimento e a produção do hidrogênio verde a fim de que o país deixe para trás a dependência de fertilizantes.
“Neste eixo, o Brasil prevê mais de R$ 600 bilhões em ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que inclui acabar com a pobreza energética (...). “Já anunciamos mais de R$ 30 bilhões em projetos de hidrogênio verde”.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Entre as ideias está a extensão de prazo para geradores que não conseguiram atender aos prazos da lei 14.120 para conectar ao SIN.
O governo federal continua com o objetivo de enviar ao Congresso Nacional um projeto que contempla uma série de novas regras para o setor elétrico. Essa ideia vem sendo chamada de lei geral da energia. Tem como meta criar novas políticas que visam reduzir a tarifa de energia no país.
Uma das formas, explicou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, passa por uma proposta que estende a autorização para aqueles investidores que tem projetos, mas não tem conexão para escoar a energia renovável. Esse projeto que estende o prazo estabelecido nas regras da lei 14.120 para investidores com a outorga para que possam ligar seus projetos ao SIN. Esse projeto deverá ser apresentado até o final de 2023.
“Não podemos deixar de reconhecer que precisamos nos adequar para ampliar o parque de energias limpas e renováveis para sermos os protagonistas de forma inclusiva”, comentou o ministro.
“Essa ideia é a de chegar àqueles investidores sérios e comprometidos em fazer os investimentos. Eles terão sim, por parte do governo todo o bom senso e trabalho para que possam ligar seus projetos. Nossa ideia é a de separa o joio do trigo, ou seja, não para aqueles que não têm condições de colocar em pé um projeto”, afirmou o ministro em entrevista após sua participação no Brazil Windpower 2023, evento realizado pelo Grupo CanalEnergia, by Informa Markets, ABEEólica e GWEC.
Outro ponto que Silveira destacou é a apresentação ao CN de um projeto de lei amplo que tem como objetivo debater a garantia de suprimento de energia associado à modicidade tarifária. Essa ideia, inclusive, foi revelada pelo próprio ministro em evento realizado em São Paulo no final de julho. Ele aproveitou para criticar o último governo, pois esse projeto seria para trazer mais clareza para o setor no ponto de vista da sinergias.
ONS
Silveira ainda comentou sobre o ONS, e disse que a entidade, que é de direito privado, precisa investir em planejamento e segurança energética. Afirmou que o operador vem atuando em um segmento que vive uma transformação importante com a expansão das fontes limpas e renováveis e que vem ocorrendo de forma rápida em todo o mundo. E que por isso, investimentos nesse sentido são importantes para a segurança do sistema.
Silveira comentou que o MME participará desse processo fornecendo subsídios e apoio ao operador no âmbito do CNPE, grupo do qual o ONS faz parte inclusive. Isso para o país se preparar da melhor forma possível para os próximos anos nesse processo de transição um solo fértil para investimentos em energias limpas.
“O momento é de modernização do sistema e é fundamental que invista em planejamento e segurança energética. É natural que nesse momento estejamos com um despacho mais conservador, mas não podemos deixar de reconhecer que precisamos nos adequar para ampliar o parque de energia limpa e renovável para que sejamos os protagonistas que o mundo espera de nós”, finalizou.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Associação afirma que ampliar subsídios à produção de energia própria elevará custo aos consumidores em R$ 1,6 bi ao ano até 2045.
Um projeto de lei que será apreciado na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado na 3ª feira (12.set.2023) vem sendo criticado pela Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica) por descumprir acordo entre associações do setor elétrico com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e com o Governo Federal, além de provocar um rombo aproximado de R$ 37,5 bilhões a ser pago pelos consumidores da rede elétrica nacional.
Trata-se do PL (Projeto de Lei) 2703 de 2022, que pretende ampliar os subsídios para quem solicitou a adesão ao sistema de geração distribuída – energia elétrica produzida no local de consumo ou próximo a ele. Atualmente, os consumidores que se manifestaram para ingressar no sistema até 7 de janeiro de 2023 não pagam o custo de transmissão e distribuição da energia até 2045. O PL quer estender esse período para quem solicitou a entrada no modelo por mais 6 meses, ou seja, até 7 de julho.
A geração distribuída funciona da seguinte forma: o excedente de quem produz sua própria energia a partir geradores próprios é jogado nas linhas de transmissão de distribuidoras. O modelo mais comum é através de painéis solares. Essas pessoas recebem por isso e não são cobrados pelas distribuidoras pelo uso das linhas. Esse uso é cobrado dos demais consumidores de energia.
Segundo a Abradee, esse movimento é uma quebra de um acordo costurado ao longo de anos por entidades do setor. A associação explica que a inserção de micro-geradores de energia no sistema nacional foi alvo de um extenso debate que resultou na lei 14.300 de 2022. O marco regulamentou que os consumidores com geração distribuída recebam 100% de desconto sobre encargos setoriais, uso da rede de transmissão e de distribuição sobre a parcela compensada.
Esse acordo veio com um preço alto para os consumidores que não aderiram ao modelo, porque o excesso de energia que entra nas redes aumenta a oferta de energia e força as distribuidoras a pagarem o custo da eletricidade e negociarem ao piso mínimo permitido em situações que há sobreoferta de energia.
Esse prejuízo é repassado aos demais consumidores. Até 2045, a Abradee projeta que esses subsídios custarão R$ 201 bilhões e o PL pode acrescentar R$ 1,6 bilhão ao ano nesse montante. Eis a íntegra do relatório (PDF – 410 kB).
“O problema dos subsídios cruzados agora cobra um preço elevadíssimo, provocando uma perversa transferência de renda entre os consumidores sem geração e aqueles que fizeram os investimentos em geração distribuída. Os subsídios cruzados e implícitos na tarifa custarão, aproximadamente, R$ 6,8 bilhões em 2023 aos consumidores sem geração”, diz a Abradee.
Ao Poder360, 0 diretor executivo de regulação da Abradee, Ricardo Brandão, explicou que ampliar o número de consumidores isentos dos custos de transmissão e distribuição pelo período estabelecido no PL 2703 de 2022 aumentará esse rombo em R$ 37,5 bilhões. Isso porque o número de pessoas com geração distribuída tem aumentado ano a ano e essa oferta extra de energia pressionará ainda mais os demais usuários do sistema elétrico.
“Enquanto um paga a transmissão e a distribuição que traz energia lá de longe das hidrelétricas, que produzem quando é de noite e esse usuário da GD não paga. Essa é a origem desses R$ 201 bilhões que serão acrescidos na tarifa do consumidor e, portanto, prorrogar isso só aumenta ainda mais esse custo”, disse Brandão.
Brandão também disse que esse benefício não se sustenta do ponto de vista social e empurra uma tarifa elétrica cada vez mais cara aos consumidores de baixa renda. O executivo afirmou que a maioria das pessoas que aderem à geração distribuída tem uma renda elevada e por isso conseguiram instalar seus equipamentos, ao passo que os demais ficam escanteados para pagar o resto da conta.
“É um impacto perverso, porque a gente viu nessa corrida que quem solicitou GD nos últimos 12 meses nessa transição são os consumidores de alta e altíssima renda. Consumidores com perfil de renda do nível A e AA. Esse consumidor não precisa desse beneficio e transfere bastante impacto na tarifa dos pequenos consumidores”, acrescentou o presidente da Abradee.
O Poder360 entrou em contato com o autor do projeto de lei, o deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP) para ouvir o outro lado deste debate e as motivações da medida, mas não teve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Além de apontar as causas do apagão de 15 agosto, o Relatório de Análise de Perturbação (RAP) pode ajudar a solucionar questões relacionadas ao planejamento energético do Brasil, contribuindo para o aprimoramento da operação, do planejamento e da implementação de novos parques e usinas. A informação é de Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), que afirmou a jornalistas que o relatório final será concluído dentro do prazo de 45 dias, até 17 de outubro.
“Estamos falando de fenômenos absolutamente elétricos. O entendimento do evento pode trazer luz para o setor elétrico, não somente do ponto de vista da operação do sistema. Por isso, eu declarei, do ponto de vista do planejamento, da operação para a implementação dos novos parques e usinas e para os fabricantes de equipamentos, que também terão que, provavelmente, adaptar os seus equipamentos”, disse Ciocchi durante entrevista na 15° edição do Fórum Latino-Americano de Smart Grid realizado nesta segunda-feira, 11 de setembro.
Segundo o diretor-geral, dados sobre o apagão já foram enviados por empresas envolvidas e estão sendo analisados pelo ONS. Até o momento, essas informações apontam para um desligamento de reguladores de velocidade em usinas próximas a linha de transmissão Quixadá–Fortaleza II, de propriedade da Chesf, no Ceará.
“O trabalho é verificar cada um daqueles reguladores de velocidade, verificar qual é a situação, seja do ponto de vista da informação, do que a gente tem, seja do ponto de vista de como esses reguladores atuaram”, frisou.
Além disso, a abertura da linha redirecionou o fluxo de energia para outras regiões, causando um ‘efeito dominó’.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Diante do cenário de mudanças climáticas e busca por uma economia de baixo carbono, a participação de fontes renováveis na matriz energética tem aumentado de maneira consistente e ininterrupta. É nesse contexto que tem crescido a quantidade de projetos de energia eólica offshore, com expectativa de aumento global do número de projetos até 2032.
Atualmente, dezenas de processos estão sob a análise do Ibama, órgão ambiental federal responsável pelo licenciamento de projetos de energia em águas marítimas. No entanto, dada a competição pelo referido espaço e os diversos aspectos ambientais envolvidos na definição de uma melhor locação, certamente será necessário o aprimoramento da regulação sobre o tema.
As áreas com potencial de geração offshore são exploradas a partir de cessão de uso, em atendimento ao Decreto Federal 10.946/2022 e à Portaria Interministerial MME/MMA 3/2022. Caso aprovado, o PL 576/2021 tem por objeto principal permitir o desenvolvimento de geração offshore por meio também de outorga, possibilitando inclusive a realização de leilões de blocos, o que trará maior segurança jurídica regulatória aos investidores.
Contudo, à semelhança do que já ocorre com os blocos de petróleo objeto de leilão, é importante que a variável ambiental seja também considerada na definição das áreas offshore para fins de exploração eólica, caso seja adotado esse modelo de licitação.
Também vale lembrar que a locação marítima para a implantação do projeto eólico offshore demandará estudo de alternativa locacional no âmbito da avaliação de impacto, a ser realizada pelo empreendedor privado durante o licenciamento ambiental.
Note-se que existem exemplos de locação marítimas de exploração de óleo e gás cujo licenciamento foi indeferido pelo Ibama (por exemplo, na margem equatorial). Neste caso, é importante atentar para a alocação tanto do risco ambiental no âmbito dos
contratos decorrentes de leilões quanto de seus efeitos jurídicos e econômicos na situação de inviabilidade ambiental por restrições inerentes à própria locação marítima, que devem ser diferentes da situação de inviabilidade de projeto causada pela ineficiência de tecnologia de controle proposta para as fases de implantação ou operação.
Dentre os pontos a serem considerados na elaboração dos projetos e avaliados durante o licenciamento, incluem-se aspectos ligados à instalação (como afugentamento de fauna em virtude dos ruídos), à operação (como risco de colisão de aves) e à introdução da infraestrutura (como a criação de ecossistema artificial, i.e., efeito de recife artificial, e riscos à navegação comercial, ao turismo e à mudança da paisagem).
Estes e outros pontos foram incluídos no Termo de Referência Padrão para Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) de Complexos Eólicos Marítimos, editado pelo Ibama em 2020, com o objetivo de garantir segurança jurídica às análises e maior proteção ambiental nos processos de licenciamento. Além dos aspectos relacionados às torres de geração propriamente ditas, o TR inclui questões ligadas à infraestrutura acessória, como cabeamento submarino, subestação, rede de transmissão e outros.
De qualquer modo, ainda há necessidade de avanço na regulamentação do uso das áreas offshore, evitando-se a sobreposição de empreendimentos, situação atualmente observada nos processos em licenciamento e a ser considerada nos novos projetos a serem submetidos à apreciação dos órgãos ambientais.
Neste sentido, um planejamento espacial marinho poderá aumentar a segurança jurídica de investimentos em empreendimentos desta natureza, compatibilizando estas atividades com normas de proteção ambiental e de segurança da navegação, e incentivando a criação e o compartilhamento de infraestruturas logísticas offshore, o que beneficiará todas as atividades econômicas desenvolvidas em ambiente marinho.
O que não se pode perder de vista é a necessidade de o aprimoramento da regulação ambiental sobre o tema caminhar de maneira conjunta à possibilidade de expansão célere dos projetos de energia offshore, à segurança jurídica dos investimentos e à minoração dos impactos que poderão decorrer da implantação das futuras estruturas.
Fonte e Imagem: Portal Jota.
Os líderes do G20 concordaram neste sábado em buscar triplicar a capacidade de energia renovável em todo o mundo até 2030 e aceitaram a necessidade de reduzir gradualmente a geração a carvão, mas não chegaram a estabelecer metas climáticas importantes.
As 20 principais economias do mundo têm tido divergências quanto aos compromissos de reduzir o uso de combustíveis fósseis, cortar as emissões de gases de efeito estufa e aumentar as metas de energia renovável.
Um desses pontos de atrito foi a proposta dos países ocidentais de triplicar a capacidade de energia renovável até 2030 e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 60% até 2035, o que teve a oposição da Rússia, China, Arábia Saudita e Índia durante as reuniões em nível de sherpa, disseram três autoridades à Reuters.
A declaração adotada pelos líderes do G20 no primeiro dia da cúpula de dois dias em Nova Délhi não mencionou o corte das emissões de gases de efeito estufa.
A declaração afirma que os países membros "buscarão e incentivarão esforços para triplicar a capacidade de energia renovável em todo o mundo (...) de acordo com as circunstâncias nacionais até 2030".
Os países membros do G20 juntos são responsáveis por mais de 80% das emissões globais e um esforço cumulativo do grupo para descarbonizar é crucial na luta global contra as mudanças climáticas.
As negociações sobre o clima na cúpula do bloco serão observadas atentamente pelo mundo antes da COP28, cúpula climática da ONU, nos Emirados Árabes Unidos no final deste ano.
O G20 concordou que as "circunstâncias nacionais" serão levadas em conta na redução gradual da "energia a carvão ininterrupta", mas não mencionou a redução do uso de petróleo bruto, sugerindo que países como a Arábia Saudita, rica em petróleo, prevaleceram durante as negociações.
Com relação à redução gradual dos combustíveis fósseis, a declaração afirma que os líderes "reconhecem a importância" de acelerar as medidas que ajudarão na transição para sistemas de energia de baixa emissão, "incluindo a aceleração dos esforços para a redução gradual da energia a carvão não consumida, de acordo com as circunstâncias nacionais".
O bloco não conseguiu chegar a um consenso durante as reuniões ministeriais anteriores sobre meio ambiente e energia. A declaração também não se compromete a atingir os compromissos de zero emissões líquidas mais rapidamente do que em 2050, algo que as nações do G7 estavam pressionando.
Em vez disso, a declaração diz: "Reiteramos nosso compromisso de atingir emissões líquidas zero de gases de efeito estufa/neutralidade de carbono até meados do século, levando em conta os últimos desenvolvimentos científicos e de acordo com as diferentes circunstâncias nacionais".
Também observou a necessidade de se providenciar financiamento sustentável e de baixo custo aos países em desenvolvimento para apoiar a transição para emissões mais baixas.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
O projeto da Lei do Mar, pronto para votação no Plenário da Câmara, apresenta algumas soluções para o problema.
Responsável pelo licenciamento dos parques eólicos instalados em alto-mar, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) defendeu a aprovação de um planejamento espacial marinho com regras claras de mitigação e redução dos impactos socioambientais. O tema foi debatido em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (5).
As eólicas offshore, como são conhecidas, só começaram a ser discutidas no instituto em 2017 e têm amparo nas recentes iniciativas de matriz energética mais diversa e menos poluente, sobretudo em tempos de mudanças climáticas. Hoje, existem cerca de 100 projetos em análise. Porém, há impactos evidentes (ruídos, sombreamento, sobreposição, etc.) sobre ecossistemas marinhos e atividades socioeconômicas, como a pesca e a exploração de petróleo.
Engenheiro ambiental, o coordenador-geral substituto de licenciamento do Ibama, Breno Bispo, citou dificuldades na conciliação dessas atividades. “Há a disputa territorial entre os próprios parques eólicos e os outros usos de exploração de petróleo, pesca artesanal, rotas de navegação, etc. E, para isso tudo, é necessário fazer um planejamento marinho que, em princípio, não é papel do Ibama. Mas, se nada for feito, esse conflito terá de ser solucionado na esfera do licenciamento ambiental, o que a gente não deseja”, ressaltou.
Lei do Mar
Doutora em ecologia marinha, a diretora do Departamento de Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente, Ana Paula Prates, afirmou que parte desse planejamento está presente no projeto da Lei do Mar (PL 6969/13), pronto para votação no Plenário da Câmara. Ela afirma que a busca de soluções urgentes para a crise climática deve inserir o tema também no Projeto de Lei 11247/18 e apensados, que buscam a regulamentação das eólicas offshore e estão em análise na Comissão de Meio Ambiente da Câmara.
“Nós estamos trabalhando na questão do planejamento espacial marinho, que a gente até está chamando de instrumento de descarbonização, mas que não está dentro do PL 11247/18”.
Ana Paula Prates informou que o governo federal busca a retomada do gerenciamento costeiro; a elaboração de políticas de conservação de ecossistemas vulneráveis, como manguezais e recifes de coral; a ampliação das unidades de conservação marinhas; e a inclusão de metas costeiras nas metas voluntárias do Brasil para a mitigação das mudanças climáticas.
Comunidades tradicionais
A audiência na Câmara foi pedida pela deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), que cobrou “transição energética com justiça climática”. “Um empreendimento que ganha o nome de energia limpa precisa, de fato, mitigar ou reduzir totalmente os impactos ambientais e sociais. Não estamos aqui contra a energia limpa, mas ela precisar ser efetivamente guardiã dos nossos biomas, povos e comunidades tradicionais”, afirmou.
Coordenadora do Laboratório de Geoprocessamento e Cartografia Social da Universidade Federal do Ceará (UFCE), a geógrafa Adryane Gorayeb ajudou a mapear 324 comunidades tradicionais de pescadores artesanais, indígenas e quilombolas ameaçadas por 23 projetos eólicos no litoral cearense.
“Os parques offshore não só estão sobre a área de pesca – de curta, média e longa duração – como também impedem a navegação, ou seja, a chegada e o retorno dos pescadores nessas áreas”, explicou.
Dirigente da Articulação Povos de Luta do Ceará, Carine Santos Silva cobrou providências. “O discurso catalogando a energia eólica offshore como fonte de energia limpa e sustentável perde o efeito quando nos deparamos com a realidade dos problemas que afetam a vida das comunidades que têm a pesca artesanal como base de sua atividade econômica, cultural e de subsistência”, alertou.
Durante a audiência, também houve críticas aos impactos socioambientais dos parques eólicos em terra firme, chamados de “onshore”. Nesse caso, o licenciamento cabe aos órgãos ambientais dos estados. O Ibama só licencia os empreendimentos em áreas limítrofes de estados, em zonas de fronteira ou por decisão judicial.
Fonte e Imagem: Agência Câmara de Notícias.
Entre as indicações inéditas estão ampliação e reforço de 48 subestações, três linhas de transmissão e um seccionamento.
O Ministério de Minas e Energia aprovou a segunda emissão do Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (POTEE) 2023 da Rede Básica e Demais Instalações. Segundo o despacho no Diário Oficial da União desta terça-feira, 5 de setembro, o Departamento de Planejamento e Outorgas de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Interligações Internacionais promoverá a divulgação da planilha eletrônica que contém a relação das instalações, descrição das ampliações, reforços e datas de necessidade, bem como a suas classificações, no sítio eletrônico do MME.
Segundo o informe, as indicações inéditas de ampliação e reforços consideram um total de 48 subestações, três linhas de transmissão e um seccionamento. Minas Gerais deverá contar com 16 intervenções, seguida por São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rio de Janeiro, Pará, Paraíba, Santa Catarina, Piauí e Tocantins.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Se o governo federal não acelerar o processo que batizou de “neoindustrialização”, o Brasil pode ter dificuldades no médio e longo prazo para aproveitar as oportunidades potenciais das tecnologias de transição energética, a começar pela do hidrogênio verde, mas também para outras demandas importantes no contexto da descarbonização, caso das baterias.
A opinião é da diretora da consultoria CELA, Marília Rabassa. Segundo ela, a alta dependência do país ao mercado externo para as principais tecnologias, sobretudo eletrolisadores para produção de hidrogênio verde e os sistemas de armazenamento de energia (BESS, na sigla em inglês), é um risco potencial que já foi demonstrado nos últimos anos em outras demandas.
“A importação de insumos é um problema quando passamos por alguma perturbação global, como foi o caso da Guerra da Ucrânia, que trouxe grande complexidade para a logística. No mercado solar, por exemplo, muita empresa teve dificuldades para seus componentes e módulos chegarem no país”, disse.
Segundo dados apresentados por Rabassa, a cadeia de fornecedores de eletrolisadores, principal tecnologia geradora de hidrogênio verde, está hoje 35% concentrada da China, 28% na Europa, 15% na América do Norte e os restantes 21% no resto do mundo.
O Brasil, apesar do recente anúncio de fábrica de geradores de H2V pela Hytron, não deve ter capacidade interna suficiente para atender a prevista demanda, alerta a diretora.
E a previsão, pelo planejamento dos fornecedores globais da solução, é o cenário de 2030 continuar o mesmo, com pouca alteração, com apenas a China descentralizando levemente a produção dos eletrolisadores, para 28%, em detrimento ao aumento da capacidade na Europa, América do Norte e
em novos países com planos mais ousados, caso da Índia.
Em sistemas de armazenamento de energia (BESS), a dependência atualmente é muito concentrada na China – assim como em várias outras tecnologias, por exemplos módulos solares, que o Brasil
importa praticamente 99% da sua demanda. De acordo com os dados mostrados pela diretora da CELA, 70% das células para baterias são produzidas na China.
Nas etapas de produção química do BESS, há casos em que a China responde por até 100% do
mercado, caso do grafite esférico, ou 95%, no magnésio; em 75% no refino do cobalto; 69% do grafite sintético; e, apenas no lítio químico, registra participação “menor”, mesmo assim de 44%, ainda com liderança global.
Criação da cadeia
Para Rabassa, esses cenários são mais do que motivos para o país procurar incentivar a cadeia de valor do hidrogênio verde, muito complexa e que seria bastante benéfica para a batizada “neoindustrialização”.
Na sua análise, para estimular a industrialização boas soluções seriam a partir de produtos com potencial de verticalização. A primeira opção seria pela cadeia de fertilizantes nitrogenados, situação
inclusive que a CELA tem participado, por meio de assessoria a projetos anunciados pela Atlas Agro.
Nesse caso, ao se passar a produzir os fertilizantes nitrogenados no país, que hoje importa 96% do seu consumo, haveria a demanda por equipamentos locais para produzir o H2V, de outros para transformá-lo em amônia e daí para usá-lo como intermediário do fertilizante, criando a cadeia produtiva e a nova indústria.
“Com isso, haveria um produto e uma nova indústria, que ainda não tem no Brasil, que por sinal consome 35 milhões de t/ano de amônia para outros fins (80% importado e de origem fóssil)”, disse. A projeção desse mercado seria de 1,6 milhão de t de H2V para fertilizantes no Brasil em 2040, produzidos por 25,9 GW em eletrolisadores instalados.
A segunda oportunidade é desenvolver os combustíveis sustentáveis no Brasil, principalmente o SAF (bioquerosene de aviação), que também pode partir da cadeia do H2V. A terceira seria produzir aço verde, já que o Brasil hoje é exportador de minério de ferro e poderia agregar muito valor a essa cadeia, atendendo a prevista alta demanda global pela alternativa de
reduzir as altas emissões da indústria do aço (5% a 7% de todas as emissões do Planeta).
Por fim, há a alternativa de construir uma cadeia de exportação do H2V e da amônia, o que por
exemplo está sendo arquitetado do Porto do Pecém, no Ceará. A previsão é que em 2040 o Brasil tenha capacidade para produzir 3,8 milhões de t de H2V para exportação, o que demandaria 61 GW em capacidade instalada de eletrolisadores.
Fonte e Imagem: Energia Hoje.
As diretrizes do Programa exigem atributos que todas as fontes renováveis apresentam. Porém, o destaque vai para as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHS).
Foi com grande expectativa que acompanhamos a publicação do Decreto 11.648 de 16 de agostode 2023 que institui o Programa de Energias da Amazônia. Bioma com 6 milhões de quilômetros quadrados (km²), fundamental para o equilíbrio da biodiversidade do planeta, mas que precisa olhar para a população que lá habita.
O Programa está focado nos Sistemas Isolados, que compreendem algumas partes dos Estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá e Mato Grosso.
Ficamos muito satisfeitos em constatar que o Programa privilegia as fontes renováveis e que todas as diretrizes e orientações desse Programa se encaixam perfeitamente naquilo que o Brasil tem de melhor em geração de energia renovável: a água, que em um Bioma mais sensível, viabiliza as Pequenas Centrais Hidrelétricas e a microgeração hídrica – PCH e CGH, já que as usinas de grande porte constituem outras variantes ambientais que precisam de
aprofundamento.
Levando em consideração que todas as fontes de geração de energia, inclusive as renováveis,
têm seu impacto ambiental, as Pequenas Centrais Hidrelétricas são empreendimentos de baixo impacto, em grande parte reversível, pois a vegetação se recompõe rapidamente, sendo a fonte mais renovável de todas e a de menor pegada de carbono, segundo o órgão Internacional do
Clima, o IPCC.
Finalmente um programa corajoso que olha para a Amazônia com aquilo que ela tem em
abundância e deve ser aproveitado: a água. Recurso tão precioso que deve ser valorizado e reconhecido em todos os seus usos múltiplos, ativos de descarbonização tão importantes em tempos de mudanças climáticas.
O programa Energias da Amazônia tem como premissa instituir ações com vistas à descarbonizar os Sistemas Isolados, visando diminuir a dependência de geração com combustíveis fósseis, o que viabiliza a expansão de geração renovável, inclusive com a implementação de leilões e autorizações de transmissão e geração, para que se promovam suprimento de qualidade nas regiões, permitindo seu desenvolvimento e sustentabilidade com qualidade de vida.
As diretrizes do Programa exigem atributos que todas as fontes renováveis apresentam. Porém, o destaque vai para as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHS).
As PCHs se encaixam perfeitamente em todas as exigência do Programa: a valorização dos recursos energéticos disponíveis na Amazônia legal, onde a água é abundante; a promoção da redução de perdas e eficiência energética – onde a PCH é a fonte renovável que oferece esses atributos com o maior fator de capacidade dentre as renováveis, promoção da estabilidade dos
sistemas de transmissão, com o equilíbrio adequado entre confiabilidade e tarifa, já que as PCHs têm mais de 100 anos de vida útil e podendo ser relicitadas pelo Governo a cada 35 anos, construindo suas próprias linhas de transmissão e evitando onerar o consumidor.
Importante frisar que a fonte hídrica promove dezenas de benefícios, tanto para o Sistema Elétrico Nacional, quanto socioambientais que nenhuma outra fonte renovável disponibiliza “na mesma proporção”, como: armazenamento, suprimento, confiabilidade, flexibilidade operativa –
geração de energia sem interrupção, pois não tem intermitência, diminuindo as chances de apagão e promovendo a estabilidade do Sistema. Além disso, reduzem as emissões dos gases estufa provocados pelo uso excessivo de combustíveis fósseis, contribuem para o controle de
cheias com regularização da vazão dos rios, lazer e irrigação no período seco. E a cereja do bolo: como as PCHs são obrigadas a fazer área de Preservação Permanente por serem um Bem da União, ainda podem ajudar a preservar e reflorestar a Amazônia, que sofre tanto com
queimadas e desmatamento.
Deve-se ressaltar ainda que, por serem um Bem da União, deve ser interesse da União incentiválas, já que as Pequenas Centrais Hidrelétricas são uma indústria 100% nacional, que geram renda e emprego no Brasil e não fora dele, o que vem ao encontro de outro Programa tão importante do Governo Lula: fomentar o programa de neoindustrialização do Brasil Competitivo com a menor pegada de carbono e a menor tarifa final ao consumidor e à sociedade brasileira, que não suporta mais pagar energia tão cara.
Soluções de geração híbrida exigidas no programa também são diretrizes inteligentes, pois a geração através da água combina com qualquer outra fonte de geração, além de promover
intensamente a participação social por meio do fomento à piscicultura nos pequenos reservatórios, gerando renda e emprego à população ribeirinha, trazendo dignidade humana, melhora da qualidade de vida e servindo de reforço e incentivo para que se perpetuem os costumes naturais e a cultura dos povos tradicionais da Região Norte do País.
Por fim, um fato preponderante para que se priorize também as Pequenas Centrais Hidrelétricas nesse Programa é o fato de que, segundo o INPE – Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, a Região Norte Amazônica é a região de menor potencial de produção de energia solar do País, o que faz essa fonte renovável perder parte da sua competitividade nesse programa. A Amazônia tem muita cobertura de nuvem e queimadas, o que reduz a incidência solar para produção de energia, aumentando a intermitência e reduzindo a eficiência dessa fonte.
E ainda que as baterias artificiais façam parte do serviço que pode ser integrado ao Programa, devem ser repensadas com cuidado, pois são equipamentos de pouca vida útil que deverão ter seu descarte pré-definido de maneira adequada e sustentável, visto não terem ainda divulgado
um plano de reciclagem desse passivo ambiental que será gerado.
A melhor bateria natural, duradoura, que promove segurança hídrica, energética e alimentar continua sendo o reservatório de água das hidrelétricas de todos os portes, patrimônio do povo brasileiro, que não deixará resíduos na natureza quando terminar sua vida útil.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Apesar do discurso ambiental, o governo trava disputa interna em relação à exploração de petróleo na "Margem Equatorial", a cerca de 500 quilômetros da foz do rio Amazonas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nessa quinta-feira (31) que seu governo quer atrair mais "dinheiro verde" para o Brasil e, além disso, tornar a matriz energética brasileira "100% limpa". Lula falou sobre o assunto em cerimônia, no Piauí, para lançamento do "novo PAC", versão repaginada do Programa de Aceleração do Crescimento.
"Queremos que venha mais dinheiro verde para cá para investir nas coisas que precisamos. Queremos mudar a matriz energética desse país. Se o mundo acha que pode fazer essa transição enérgica, o nosso país pode fazer muito mais do que qualquer país. Queremos 100% de energia limpa e trazer mais gente para colocar dinheiro nesse país", defendeu.
Embate sobre exploração de petróleo na "Margem Equatorial" Apesar do discurso ambiental do presidente, o governo Lula trava uma disputa interna em relação à exploração de petróleo na região conhecida como "Margem Equatorial", faixa litorânea localizada no Norte do país, entre os Estados do Amapá e Rio Grande do Norte.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem travando um embate com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que tem blindado o Ibama de pressões pela liberação da licença ambiental.
A Petrobras quer perfurar um poço, localizado a 175 quilômetros da costa do Amapá e a cerca de 500 quilômetros da foz do rio Amazonas, para confirmar se realmente existe petróleo que garante retorno econômico. O órgão ambiental negou o pedido de licença em maio deste ano.
Além disso, Lula disse novamente que o Brasil vai voltar a crescer. "Estamos de volta para dizer para vocês, empresários, trabalhadores, empreendedores, este país vai voltar a crescer. O Piauí vai voltar a ter investimento e nós vamos fazer todo esforço para colocar cada centavo no crescimento econômico. Não queremos crescimento econômico na mão de um só, mas sim na mão de todos que possam melhorar de vida", afirmou.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Os patamares mais baixos do preço da energia e o potencial ainda a ser explorado nas eólicas onshore reduziram o entusiasmo dos agentes sobre as eólicas offshore. “A Total avalia [as eólicas offshore] com cautela e interesse. É uma indústria emergente, não podemos confundir com óleo e gás”, disse o Country Chair da TotalEnergies no Brasil, Charles Fernandes. A declaração foi feita durante o Prumo Day, que ocorreu nesta quarta-feira, 30 de agosto.
Para a Neoenergia, a falta de regulação e a atual sobreoferta no mercado brasileiro são desafios para o desenvolvimento das eólicas em alto-mar. “Ainda não temos regulação e estamos falando de uma tecnologia que vai demorar anos para ser realidade no Brasil porque temos muito onshore ainda, uma sobreoferta enorme agora”, disse o CEO da companhia, Eduardo Capelastegui.
A regulação também foi mencionada por Fernandes, da TotalEnergies, que avalia que o arcabouço regulatório deve atrair investidores de longo prazo, “compromissados com o desenvolvimento da cadeia”.
O vice-presidente de Engenharia de Expansão da Eletrobras, Ítalo Freitas, avalia que os atuais preços baixos da energia frearam os projetos de eólica offshore, mas a pausa pode ser temporária. “A eólica offshore será inevitável a partir do momento em que a eólica onshore tiver fatores de capacidade mais reduzidos”, disse Freitas, citando fatores de capacidade das usinas offshore acima de 60%. “Mas para tudo isso tem que ter a hidráulica ali segurando o sistema. Se não tiver isso, vamos ver cada vez mais apagões como os que tivemos”, finalizou, em relação ao apagão do dia 15 de agosto.
Em relação à eólica offshore, Rodrigo Agostinho, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) destacou a necessidade de regulamentação para o segmento durante sessão na Câmara dos Deputados. Atualmente, o instituto possui 78 projetos em licenciamento, num total de 189 GW, sendo que apenas dois apresentaram estudo de impacto ambiental.
“A gente verifica muita sobreposição de empreendimentos na mesma área. E não é um projeto ao lado do outro, é um projeto em cima do outro, o que cria um problema enorme. Por isso, temos que ter que ter uma regra e estamos trabalhando junto com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, no âmbito do planejamento espacial marítimo, em estratégias para vencer esse desafio”, disse Agostinho para parlamentares. O potencial do Brasil para geração renovável, inclusive para hidrogênio verde, foi celebrado nos painéis durante o Prumo Day como uma grande vantagem para o país no contexto de transição energética. Na mesma medida, a remuneração das hidrelétricas foi tema reforçado pelos participantes.
“Não é segredo nenhum que teremos que remunerar a disponibilidade das hidrelétricas para funcionarem como bateria para modular a intermitência. Esse é um dos assuntos urgentes”, disse o diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados e ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy. Ele também classificou como prioritária a rede de distribuição.
“Tem que pensar a distribuição, a última milha do fio numa economia cada vez mais eletrificada. Se esquecer a remuneração do fio, a energia não vai chegar ao consumidor. Ter essa coerência na regulação é fundamental e urgente”, disse. “O apagão claramente está relacionado à falta de inércia do sistema, que precisa ter uma compensação e as hidrelétricas são as únicas que podem ajudar o sistema. Mas precisa redirecionar as hidrelétricas e remunerá-las para fazerem esse serviço”, disse Ítalo Freitas, da Eletrobras.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Em duas décadas, geração solar e eólica saltou de 1% para 20% da energia produzida no país, que conta com ventos fortes e grande irradiação.
Nas últimas duas décadas, uma revolução ocorreu na matriz elétrica brasileira. No início dos anos 2000, 90% da eletricidade do país era gerada por hidrelétricas, que hoje respondem por cerca de dois terços da geração. Usinas eólicas e solares, que, em 2003, mal respondiam por 1% da energia gerada, hoje representam mais de 20% da eletricidade produzida. Outro avanço foi a descentralização da geração, que há 20 anos não representava nem 1%: painéis fotovoltaicos instalados nos telhados de residências e indústrias somam 20 GW de capacidade instalada, uma vez e meia a potência da hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo.
Em dez anos, segundo a Agência Internacional para as Energias Renováveis, o custo de adoção da eólica e solar caiu 80%. No Brasil, com grande irradiação e os ventos fortes, as duas fontes estão entre as mais competitivas. Nos últimos dez anos, o sol tem sido a fonte de maior inserção na matriz. O último balanço energético de 2023 pela Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) aponta que a geração elétrica por fonte solar cresceu 80% em 2022 em relação a 2021, chegando a 30 GWh. Há dez anos, quando a Resolução 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que permitiu a mini e microgeração solar, entrou em vigor, ela chegava a ínfimos 5 GWh.
Em agosto, o país ultrapassou a marca histórica de 10 GW de potência operacional nas grandes usinas solares. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), desde 2012, o segmento trouxe mais de R$ 44 bilhões em novos investimentos. “O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta, o que abre uma enorme possibilidade de desenvolvimento de novas tecnologias sinérgicas, como o armazenamento de energia e os veículos elétricos”, diz Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da entidade.
O vento também tem reforçado sua participação na matriz elétrica, com destaque para os projetos no Nordeste, que concentra cerca de 90% da potência instalada. O Brasil hoje está em sexto lugar no ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica onshore (terra), com 26 GW. Em 2012, o país estava em 15º lugar. Com ventos contínuos e intensos, as usinas eólicas nordestinas chegam a operar em boa parte do tempo com fator de capacidade superior a 60%, o dobro da média mundial. As instalações eólicas até junho de 2023 foram de 2,3 GW, representando 44,5% das adições à matriz elétrica nacional. Segundo dados da Aneel, 153 parques eólicos estão em construção atualmente no Brasil, com potência projetada de 6 GW. “A demanda da eólica é forte no Brasil nos próximos cinco a seis anos”, diz Alexandre Negrão, presidente da Aeris, fornecedora de equipamentos para o setor.
“O Brasil tem grande potencial em fontes renováveis”, afirma o presidente da Engie Brasil, Mauricio Bähr. A empresa, que se desfez de seus projetos de térmicas recentemente no Brasil, com uma matriz 100% renovável agora, constrói 2 mil MW de energia renovável, como projetos eólicos na Bahia e no Rio Grande do Norte, com investimentos que superam R$ 10 bilhões.
Entre os eólicos, o de Santo Agostinho (RN) atinge metade da operação em agosto e deve chegar à totalidade no fim do ano, com capacidade de 434 megawatts (MW). Situado nos municípios de Lajes e Pedro Avelino (RN), Santo Agostinho, quando concluído, terá 14 parques eólicos e um total de 70 aerogeradores. “Somando com os outros projetos, uma eólica na Bahia, e o Assu Sol, também no Rio Grande do Norte, teremos 2 mil MW total de capacidade nova instalada no Brasil”, destaca.
A AES conta com 5,2 GW de capacidade instalada 100% renovável (57% advindos de eólico e solar e 43% de origem hídrica), sendo 4,2 GW operacionais e 1 GW em construção. Outros 1,7 GW estão na carteira de projetos. Muitos clientes pretendem limpar suas pegadas de carbono. A Unipar tem como objetivo alcançar 60% da demanda de energia elétrica oriunda de projetos de autoprodução renovável até 2024. Para atingir esse propósito, firmou parcerias com a AES, para a construção de dois parques eólicos, um na Bahia e outro no Rio Grande do Norte, e com a Atlas Renewable Energy, para a construção do parque solar em Minas Gerais. Juntos, os três empreendimentos têm capacidade instalada de 485 MW de energia elétrica, dos quais 149 MW médios serão para consumo nas plantas da Unipar. Essa ação está alinhada ao pilar estratégico de competitividade, porque irá garantir o acesso à energia limpa em longo prazo, com preços mais atrativos deste insumo que representa 50% dos custos de produção de cloro/soda.
Não bastasse o potencial das eólicas em terra, o Brasil ainda poderá desbravar uma nova fronteira: eólicas em alto-mar. O potencial é de 700 GW, sendo que empresas já enviaram mais de 150 GW em projetos para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Neste momento, discute-se a regulação do setor. “Há um grande potencial a ser desenvolvido pelo país e isso poderá contribuir para a reindustrialização do Brasil com o avanço do hidrogênio verde no mundo”, diz a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Élbia Gannoum.
“Há uma obsessão por descarbonização”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Vidro (Abividro), Lucien Belmonte. A Cebrace, uma joint venture entre a francesa Saint-Gobain e a japonesa NSG/Pilkington para produção de vidros planos, vai substituir parte do consumo de gás natural dos fornos da fábrica de Jacareí (SP) por biometano, gerado a partir de resíduos sólidos urbanos do Aterro Sanitário de Jambeiro, próximo à sede da usina em Jacareí (SP).
As emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas à produção e consumo de energia no Brasil caíram 5% no ano passado em comparação com 2021, mostra o Boletim Energético Nacional (BEN) elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Em 2022, a matriz energética brasileira atingiu 423 milhões de toneladas de CO2 equivalente, a maior parte vinda do setor de transportes, que emitiu 210 MtCO2eq.
Nos últimos dez anos, o setor avançou mantendo suas emissões de efeito estufa sob controle. Os dados da EPE apontam que em 2013 chegaram a 53 milhões de toneladas de dióxido de carbono, atingiram o pico em 2014, com 71 milhões, e caíram para 22 milhões de toneladas no ano passado. Em 2021, quando na crise hídrica as térmicas a gás natural chegaram a responder por 30% da geração de eletricidade do país, ficaram em 55 milhões de toneladas.
O avanço de fontes variáveis, como eólicas e solares, que dependem de fatores climáticos (vento e sol) para gerarem energia, cria discussões sobre a valoração dos atributos das fontes e dos requisitos de flexibilidade para a operação do sistema, visando à adoção do mecanismo de formação de preço por oferta, diz Romario Batista, pesquisador do FGV-Ceri.
O exemplo mais evidente está no papel das hidrelétricas e térmicas. Quando o sol para de brilhar no céu, no fim da tarde, no Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) se verifica a queda da geração solar e um aumento da carga, já que o sol passa a deixar de gerar energia. “Essa rampa de carga é como se todos os ares condicionados e chuveiros fossem ligados a todo o tempo. Nesse momento, quando os reservatórios estão cheios, se podem usar as hidrelétricas, caso não, seria preciso térmica”, diz o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi.
A ampliação de investimentos em renováveis também representará expansão da malha de transmissão, que se tornará essencial para que eólicas e solares continuem ganhando espaço na matriz. Entre 2023 e 2025, devem ser realizados pelo governo federal seis leilões, que A ampliação de investimentos em renováveis também representará expansão da malha de transmissão, que se tornará essencial para que eólicas e solares continuem ganhando espaço na matriz. Entre 2023 e 2025, devem ser realizados pelo governo federal seis leilões, que poderia fazer com que fosse licitado em 2025. Em dezembro deste ano, deverá ser realizada a maior licitação da história, com investimentos previstos de R$ 21,7 bilhões. Em março do próximo ano, um leilão com 6 mil quilômetros de linhas a serem construídas e investimentos de R$ 21 bilhões deve ser realizado.
Os investimentos bilionários nos leilões de novas linhas de interligação e o avanço das fontes renováveis têm feito grandes grupos investirem em transmissão. A Auren, que é uma geradora nascida da privatização de geração da Cesp, é uma das que analisam oportunidades em transmissão.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Empresa vê espaço para que as hidrelétricas sejam remuneradas para atuar como “baterias naturais”.
A Eletrobras defendeu nesta quarta-feira (30) a adoção de mudanças regulatórias que alterem o papel das hidrelétricas no sistema elétrico brasileiro. Dona de 35 hidrelétricas, a empresa vê espaço para que as hidrelétricas sejam remuneradas para atuar como “baterias naturais”, num modelo diferente do atual, no qual essas usinas respondem por cerca de dois terços da geração de eletricidade brasileira.
Segundo Italo Freitas, vice-presidente executivo de engenharia de expansão e comercialização da Eletrobras, o Brasil tem sido visto como um dos três países com melhores condições para produção de hidrogênio verde, por ter um sistema de transmissão robusto e que integra o país, bem como uma grande e barata produção de energia hídrica.
orém, um dos desafios para o hidrogênio verde, afirmou, é a resiliência do sistema. Freitas observou que uma das possíveis causas do apagão ocorrido no dia 15 de agosto é a falta de inércia, que em linhas gerais é um dos fenômenos elétricos que garantem o equilíbrio do sistema de transmissão.
Freitas destacou que as hidrelétricas são as únicas fontes que podem garantir a inércia do sistema, mas para isso, precisa ser remunerada por esse papel. “Isso permeia a competitividade do hidrogênio”, disse Freitas, em participação do Prumo Day 2023, realizado pela Prumo Logística.
O executivo disse também que a liberação do mercado de energia para todos os consumidores é importante, porque a demanda “precisa aparecer para todas as elétricas”.
Como a demanda está estável e os preços estão “deprimidos” por causa dos reservatórios cheios, a liberalização do mercado precisaria ocorrer mediante mudanças regulatórias importantes.
O cenário de preços baixos e demanda baixa se configura, segundo ele, por causa da “onda silenciosa” da geração distribuída, que avançou rapidamente nos últimos três anos, e pela adoção, por várias indústrias, de um modelo de autoprodução em parceria com empreendedores de energias renováveis, com prazo de contrato de 15 anos.
Freitas salientou que embora o sistema elétrico esteja com excesso de demanda, num cenário oposto, de seca por dois ou três anos, a folga desaparece e o mercado “fica em pânico” por mais eletricidade.
Já o presidente da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, também presente no Prumo Day 2023, disse que é preciso mudanças regulatórias para a abertura do mercado de energia.
Entre elas, adoção de regras que estabeleçam mais segurança na comercialização de energia, com exigência de garantias mais rígidas e comprovação de lastro (contratos) para evitar situações como quebra de “traders” que quebraram nos últimos anos por causa de choques de preço, para cima ou para baixo. “A regulação tem que ser mais exigente”, disse.
Capelastegui vê que o mercado não está pronto para a abertura total para a baixa tensão e recorda que em janeiro entra em vigor a liberação para clientes conectados em média e alta tensão com carga abaixo de 0,5 megawatt (MW).
Um dos problemas é a disparidade dos preços da energia dos contratos firmados com as distribuidoras, em média de R$ 300 por megawatt-hora (MWh) com os do mercado livre, da ordem de R$ 160/MWh.
Esse cenário faria com que as migrações tornem-se mais atrativas, o que pode desequilibrar a distribuição, que faz a gestão dos contratos de seus clientes – a compra de energia para suprir as áreas de concessão é obrigatória, com prazos que variam entre 15 e 30 anos.
Charles Fernandes, diretor-geral da TotalEnergies no Brasil, disse que a companhia está observando o mercado de eólicas offshore, mas pondera que o mercado ainda não está maduro. “Eólicas offshore ainda são emergentes. Ainda não estamos maduros em como o processo de licenciamento vai ser feito.”
Segundo Fernandes, citando estudo da WoodMackenzie, serão necessários cerca de US$ 26 bilhões em investimentos globais até 2026, excluindo a China, para que as eólicas offshore alcancem um patamar importante.
Capelastegui, da Neoenergia, diz que deve levar cerca de quatro a cinco anos para que projetos de eólicas offshore se tornem mais concretos, mas garante que existe demanda: “isso vai levar anos para se desenvolver e ainda temos muita oferta onshore. Um projeto eólico offshore leva cerca de 38 meses entre a construção e o início da operação.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Foi aberta consulta pública para debater o edital; proposta prevê 6.475 km de novas linhas com custo de R$ 20,5 bilhões.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) prepara mais um leilão de transmissão de energia elétrica. A diretoria do órgão aprovou abertura de consulta pública nesta 3ª feira (29.ago.2023) para discutir o edital da nova oferta, que deve ser realizada no início de 2024. A proposta prevê 6.475 km de novas linhas e 9.200 MVA (megavolt-amperes) em capacidade de transformação. Para isso, são estimados R$ 20,5 bilhões em investimentos.
Trata-se do 3º leilão realizado no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em junho, a Aneel realizou o 1º deles, licitando 9 lotes que somam R$ 15,7 bilhões em investimentos. O 2º teve edital aprovado no início de agosto e está marcado para 15 de dezembro, na B3, em São Paulo. Serão ofertados 3 lotes que, segundo a entidade, formam o maior conjunto de empreendimentos de transmissão já licitado, somando R$21,7 bilhões em investimentos.
Os documentos que embasam a consulta pública sobre o leilão 01/2024 apontam a oferta de 15 lotes. A maioria dos empreendimentos tem como objetivo expandir a rede básica do Nordeste para possibilitar o pleno escoamento das usinas já contratadas na região e fazer frente à expectativa de contratação de elevados montantes de energia provenientes de novos empreendimentos de geração renovável, com destaque para as usinas eólicas e solares.
Os projetos abarcam os Estados do Ceará, Piauí, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Maranhão. A expectativa é de geração de 41.000 empregos diretos e indiretos com a execução dos empreendimentos.
A consulta pública estará disponível de 1º de setembro a 16 de outubro. As contribuições serão analisadas até novembro pela Aneel, que encaminhará uma minuta final do edital para o TCU (Tribunal de Contas da União). Só depois do aval da Corte que o edital deve ser publicado, o que está previsto para o início de 2024.
A sessão pública deve ser realizada em março do próximo ano. O leilão será por deságio, ou seja, vencerá a empresa que oferecer maior desconto sobre a receita anual permitida máxima definida no edital para cada contrato.
As vencedoras do leilão terão a concessão por 30 anos das linhas. Serão responsáveis por prestar o serviço público de transmissão, o que inclui a construção, a operação e a manutenção (incluindo a gestão socioambiental e fundiária) das instalações indicadas nos lotes.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Alexandre Silveira falou sobre o apagão de 15 de agosto durante sessão na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta terça-feira (29) que os reservatórios das hidrelétricas estão no melhor nível dos últimos 11 anos.
A declaração foi dada após ser questionado sobre o apagão de 15 de agosto, durante participação na sessão na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
“O nosso problema não é geração de energia. Muito pelo contrário, nós temos energia inclusive para fornecer para a Argentina e para o Uruguai, como temos feito”, afirmou.
Segundo o ministro, a falta de energia que atingiu todos os estados e o Distrito Federal, com exceção de Roraima, se tratou de um “evento”. Ele ainda afirmou que prefere não utilizar o termo “apagão”.
“É só uma nomenclatura, mas prefiro me dirigir ao ocorrido como um evento, e não um apagão. O apagão, na verdade, passa para a população a impressão de que nós tememos qualquer risco de suprimento energético no país”, afirmou.
“Nós tivemos, na verdade, à beira de um colapso energético há menos de dois anos, o que custou ao povo brasileiro em torno de R$ 60 bilhões, porque naquele momento os nossos reservatórios, que são os pulmões do setor elétrico, estiveram em dificuldade para sustentar o setor”, relembrou Silveira.
Fonte e Imagem: CNN Brasill.
Proposta de mudanças recebeu contribuições dos agentes na Audiência Pública 13/2019.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou, nesta terça-feira (29/8) o aprimoramento de requisitos e procedimentos para obtenção de outorga de autorização para exploração de aproveitamento de potencial hidráulico com características de Pequena Central Hidrelétrica (PCH). As mudanças têm o objetivo de simplificar os processos e estimular a competitividade desta fonte de geração.
A proposta de aperfeiçoamento da Resolução Normativa nº 875/2020 foi submetida à Audiência Pública (AP13/2019), entre 11 de abril a 12 de junho de 2019, período em que recebeu contribuições de empresas e instituições do setor. O assunto também motivou a realização de um Workshop, promovido pela ANEEL em 2021.
Entre as alterações aprovadas na reunião da diretoria colegiada desta terça-feira, o prazo de vigência do Despachos de Registro de Adequabilidade do Sumário Executivo (DRS-PCH) passou para oito anos, podendo ter vigência indeterminada caso o empreendedor apresente os diplomas ambientais válidos e os mantenham vigentes; a documentação para outorga poderá ser entregue ao longo da vigência do DRS-PCH, assim como o acompanhamento da elaboração de estudos; e a garantia de fiel cumprimento para outorga não será mais exigida e sim a apresentação do CUSD/CUST (Contratos de Uso dos Sistemas de Distribuição e de Transmissão).
Fonte e Imagem: Gov.br.
Transição energética para fontes renováveis sem o devido planejamento pode tornar sistema refém do clima, escreve Adriano Pires.
Em 15 de agosto, um apagão surpreendeu todo o país e trouxe a oportunidade para que se discuta questões do setor elétrico. O
corte no fornecimento de 18.900 MW (megawatts) acometeu 25 Estados e o Distrito Federal.
Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o evento foi causado pela atuação de mecanismos de proteção sistêmicos do SIN (Sistema Interligado Nacional). A ferramenta de defesa do sistema teria sido acionada depois da abertura, sem explicação, da Linha de Transmissão Quixadá-Fortaleza 2, localizada no Ceará e de propriedade de Chesf, subsidiária Eletrobras.
O afundamento de tensão no SIN foi detectado pela primeira vez por volta de 8h26. O restabelecimento das cargas se iniciou na região Sul seguindo para o Sudeste/Centro-Oeste em cerca de 1 hora. Já os subsistemas Norte e Nordeste, a origem da falha, só foram reestabelecidos cerca de 6 horas depois da identificação do corte de carga.
Vale notar que o Sul e Sudeste/Centro-Oeste contam com fontes de geração despacháveis e de base. Já o Norte e Nordeste e pendem, em grande maioria, de renováveis, cuja intermitência pode explicar a demora na reposição desses subsistemas.
Só em 25 de agosto uma inspeção in loco possibilitou que especialistas do ONS, do MME (Ministério de Minas e Energia) e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) avaliassem detalhadamente as causas e as consequências do ocorrido. O resultado dessa avaliação será consolidado em um RAP (Relatório de Análise da Perturbação) que deve levar cerca de 30 dias para ser elaborado. No aguardo de um relato mais preciso, especialistas do setor especulam que o evento pode ser consequência de 2 fatores:
-a presença cada vez maior de fontes renováveis intermitentes no subsistema Nordeste; e
-a grande extensão das linhas de transmissão existentes.
Historicamente, o Brasil tem uma matriz elétrica majoritariamente renovável, sustentada principalmente pela geração hidroelétrica. No entanto, a geração de energia no país está passando por transformações devido ao crescimento das fontes eólica e solar fotovoltaica nos últimos anos.
Apesar da alta renovabilidade, tanto a energia eólica quanto a energia solar são altamente vulneráveis às condições climáticas. A carga produzida por essas fontes sofre oscilações em decorrência de condições fora do controle dos operadores do sistema como a hora do dia e a intensidade do vento. Essa variação, sem atuação de mecanismos estabilizadores, pode ser prejudicial à toda a cadeia, levando a interrupções repentinas no fornecimento de energia (picos e vales de geração) e, consequentemente, danos potenciais a equipamentos conectados à rede elétrica.
Além da intermitência, outro obstáculo é o fato de que geradores eólicos e solares produzem eletricidade em corrente direta, enquanto a energia é transportada pelo SIN em corrente alternada. Assim, é necessário um inversor para sincronizar tais unidades produtoras aos sistemas de distribuição e transmissão, adicionando uma etapa extra ao processo e tornando-o mais suscetível à eventuais falhas. As UHE (Usinas Hidroelétricas) e as UTE (Usinas Termoelétricas), por outro lado, produzem eletricidade diretamente em corrente alternada síncrona, podendo atuar como controladoras robustas de tensão e frequência.
Tendo em vista essas características, se torna necessário uma série de salvaguardas para que a falha de um subsistema, ou de uma determinada unidade produtora, não se propague para o restante do sistema. O SIN foi desenvolvido com a predominância de fontes de base (UHEs e UTEs), portanto, sua nova configuração demanda adaptações.
Regiões que contam com alta concentração de renováveis intermitentes sem o devido planejamento, como é o caso do subsistema Nordeste, ficam mais suscetíveis a incidentes como o ocorrido recentemente. Durante a última ocorrência do SIN, a região foi a última a ter sua energia reestabelecida, demorando mais que o dobro do Sul e do Sudeste.
O aumento da participação de fontes renováveis ainda traz desafios relacionados à localização dos centros geradores. Diferentemente de UTEs, que podem ser instaladas de acordo com decisões estratégicas, painéis solares e turbinas eólicas estão vinculados a locais condicionados ao potencial de geração, que se dá pela incidência favorável de vento ou sol. Essa característica pode resultar em distâncias extraordinárias entre o ponto de produção da energia e onde ela será consumida.
Nesse cenário, linhas de transmissão cada vez mais extensas se fazem necessárias. O resultado é uma infraestrutura mais vulnerável às intempéries do clima e o aumento dos custos de investimento e manutenção do segmento, consequentemente onerando as tarifas.
Esse problema não é algo novo para o Brasil ou exclusivo das fontes eólica e solar, e vem se agravando nos últimos anos. As UHEs, responsáveis por mais de 60% da energia elétrica gerada no país, também são condicionadas ao potencial dos recursos hídricos de uma determinada região, além das condições climáticas que determinam o regime de chuvas. O impacto dessa limitação sobre o desenvolvimento da rede de transmissão nacional fica evidente quando se olha para as usinas de grande porte mais remotas do país.
Uma decisão determinante se deu no 1º governo Lula, onde a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, determinou que só seriam construídas no Brasil usinas com reservatórios a fio d’água. Assim, essas hidrelétricas passaram a ser intermitentes pelo fato de não terem reservatórios.
A determinação, de cunho exclusivamente ambiental, acabou por deixar as UHEs dependentes dos níveis de precipitação em suas bacias. O maior exemplo é a UHE Belo Monte, que, segundo dados de sua controladora, Norte Energia, produz em média 4.571 MW, cerca de 40% de sua capacidade.
O último leilão de linhas de transmissão da Aneel, promovido no fim de junho, é um bom exemplo do impacto da expansão das renováveis sobre o planejamento de investimentos no segmento. Com o objetivo de viabilizar o escoamento da energia renovável produzida na região Nordeste para os centros de consumo no Sudeste, o certame foi o maior do seu tipo já realizado pela agência e viabilizou um volume recorde de investimentos previstos para o setor elétrico, R$ 15,7 bilhões.
Ao todo, os trechos arrematados compõem a construção, operação e manutenção de 33 empreendimentos que totalizam 6.184 km de linhas de transmissão e subestações com capacidade de transformação de 400 megavolt-ampéres. Antes de pensar em uma transição energética apressada é necessário considerar os efeitos disso sobre a infraestrutura e a segurança do fornecimento. Ainda não há certeza de que as fontes renováveis tenham relação com a última ocorrência do SIN, mas é fato que sua expansão sem um planejamento e suporte adequados traz uma série de novos desafios aos sistemas de transmissão. Sem adaptações, esse movimento
arrisca transformar o SEB (Sistema Elétrico Brasileiro) em refém do clima.
O SEB precisa de ajustes capazes de preservar sua segurança e operacionalidade frente ao processo de transição energética. A modernização do setor precisa ocorrer para trazer a compatibilização entre a evolução do parque de geração e da rede de transmissão.
Por Poder 360.
Expansão da geração própria aumenta o desafio de gerir a intermitência dos parques de energia eólica e solar.
A geração de eletricidade pelos próprios consumidores, por meio da geração distribuída (GD), alcançou 23 gigawatts (GW) de capacidade instalada em agosto, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Com o uso de painéis solares, estes consumidores reúnem 11% de toda a geração do país (210,7 GW).
O ganho de escala da própria energia supera o ritmo de crescimento das fontes renováveis do modelo de geração centralizada. Nela, grandes parques de energia eólica e solar, projetados para atender o crescimento do mercado, são conectados diretamente às linhas de transmissão.
Na GD, o consumidor interage com a rede da distribuidora local. Ao fazer a adesão, é possível reduzir — ou até zerar — o valor da conta de luz. O desconto na fatura vem da redução do consumo da energia da distribuidora e da injeção do excedente gerado pelo painel solar na rede elétrica da mesma companhia.
Com incentivo financeiro à disposição, a GD assumiu o posto de terceira maior fonte de geração do país, atrás das hidrelétricas, com 52%, e da geração eólica, com 13%. Esta expansão colocou um ingrediente a mais à complexidade para operação do sistema, que já conta com o desafio de gerir geração intermitente dos parques de energia eólica e solar.
Dentro do sistema, a geração distribuída funciona, até determinado momento, como inibidora do consumo. Mas, quando os painéis começam a gerar excedente, a injeção de carga na rede faz o consumidor atuar como uma fonte adicional de energia, que precisa de uma destinação.
Questionado na semana passada sobre como lidar com a GD no sistema, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, disse, ao Valor, que é percebida uma mudança recorrente no “perfil de carga”. “Nós precisamos calcular a carga líquida, que é a diferença entre o que está sendo consumido e o que está sendo injetado pela geração distribuída”, disse.
O atual modelo de GD ainda é criticado por parte do setor por “prejudicar” os consumidores que não fizeram adesão. “Quando tem uma casa com GD e a outra casa sem, todas usam o mesmo transformador, estão ligadas à mesma rede e se beneficiam da confiabilidade do serviço. Só que uma paga integralmente pela rede e outra não”, afirmou Ricardo Brandão, diretor de regulação da Abradee, que representa as distribuidoras de energia.
Atualmente, as distribuidoras atendem 90 milhões de unidades consumidoras no país. Deste total, 2,09 milhões de clientes aderiram à geração distribuída.
Brandão disse ainda que os encargos setoriais endereçados à conta de luz são assumidos na maior parte por quem não fez adesão. Isso inclui a despesa com sobra de energia contratada em leilões, o que tende a aumentar sempre que o consumidor da GD injeta seu excedente na rede.
O presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Guilherme Chrispim, defende que essa geração “traz muitos benefícios”, ao reduzir a “pressão sobre a rede em diversos momentos” e evita o uso de outras fontes “mais caras e poluentes”, como as térmicas.
Chrispim considera que a expansão da GD também está sendo ditada pelos “vários modelos de adesão”, que incluem a “geração compartilhada” com novos mecanismos de financiamento.
Por Valor Econômico.
Alexandre Silveira participou de painel de economia verde no Fórum Esfera Brasil.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta sexta-feira (25) que espera que o Ibama dê continuidade ao processo de licenciamento ambiental para a exploração de petróleo e gás natural na foz do Rio Amazonas, após a decisão da Advocacia-Geral da União (AGU).
“É importante que o Brasil saiba: já existe um processo de licenciamento em andamento”, disse Silveira durante painel realizado pelo Fórum Esfera Brasil.
A AGU publicou na última terça-feira (22) um parecer que concluiu que a elaboração de uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) não impede o Ibama de conceder licença ambiental para explorar petróleo e gás natural na foz do Rio Amazonas.
O parecer foi elaborado a partir de um pedido de Silveira. Ele havia solicitado um posicionamento jurídico sobre o imbróglio envolvendo a perfuração de um poço em alto-mar na chamada margem equatorial, próximo ao Amapá.
“Eu tenho absoluta convicção que, vencida a questão da discussão da AAAS, que foi vencida no parecer da AGU, agora resta ao Ibama continuar o licenciamento”, disse o ministro.
“E as condicionantes colocadas vão ter todo o apoio, eu tenho absoluta certeza, de todo o governo, para que nós possamos ter essas riquezas pra combater a desigualdade no Brasil”, concluiu.
O parecer da AGU joga pressão política sobre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que é contra a exploração na Foz do Amazonas.
Em maio, o Ibama negou um pedido de licença apresentado pela Petrobras para perfuração de um poço no bloco FZA-M-59, localizado naquela bacia marítima. Uma das principais exigências da autarquia ambiental era justamente a realização de uma AAAS pela empresa.
Silveira discordou da análise feita pelo Ibama e pediu formalmente à AGU que analisasse as normas aplicáveis ao caso.
Economia verde em debate
A declaração do ministro Alexandre Silveira foi proferida durante um painel sobre economia verde do Fórum Esfera Brasil.
Também participaram do debate o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, a CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral-Gardner e a diretora de sustentabilidade da JBS, Liège Vergili Correia.
Durante a conversa, o governador do Piauí destacou que o estado tem potencial de ter energia barata para produzir o hidrogênio verde.
“O único ponto de alerta que a gente coloca é a regulamentação disso o mais rápido possível. É urgente a regulamentação deste mercado no Brasil. Apesar disso vingar mais daqui a cinco ou 10 anos, as decisões de investimento estão sendo tomadas agora”, afirmou.
Para Fonteles, é necessário que o hidrogênio verde seja inserido nos dutos de gás natural.
“Temos que colocar, assim como existe a política do etanol na gasolina, do biodiesel dentro do diesel. Tem que ter um percentual de fertilizante verde no fertilizante consumido e do aço verde no aço consumido para a gente poder incentivar isso”, acrescentou.
Ao longo do debate, o presidente da Vale afirmou que a transição energética, na verdade, se trata de uma “revolução”.
“Esse termo ‘transição’ é um pouco diferente, no nosso caso é revolução energética”, destacou Bartolomeo.
“A gente tem uma capacidade de ancorar um desenvolvimento violento e transformar o hidrogênio verde numa velocidade ainda até mais rápida do que a solar”, disse.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Programa lançado no último dia 11 destaca o Estado como indutor da retomada econômica e da transição para uma economia descarbonizada.
A sinalização política do que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, definiu como uma virada de mesa para destravar investimentos no país foi o principal aspecto do anúncio do novo Programa de Aceleração do Crescimento feito pelo governo federal no último dia 11 de agosto. O pacote de R$ 1,7 trilhão é formado por projetos já conhecidos, por isso o recado de que o poder público estará presente para estimular e apoiar investimentos, em sua maioria privados, tornou-se necessário, na avaliação de executivos do setor elétrico.
Antes mesmo de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçar o simbolismo político da retomada do programa que se tornou uma marca de seus dois primeiros mandatos, Costa pediu ao empresários que se planejem e se organizem para apresentar sugestões ao governo, e prometeu diálogo para materializar todas as obras.
Destacou entre os pilares do programa a transversalidade e o olhar na transição ecológica e na transição energética, com foco em investimentos que tenham como objetivo a descarbonização da economia e a projeção do país no cenário internacional. O eixo que aglutina o setor energético terá R$ 540 bilhões nos próximos anos, com destaque, no setor elétrico, para fontes renováveis, como geração eólica e solar fotovoltaica.
A prioridade será para obras capazes de destravar investimentos, disse Rui Costa. “Estamos estimando, só com linhas de transmissão, mais de R$150 bilhões de obras de parque solar, de parque eólico e de projetos do agronegócio”, deu como exemplo. Outro ponto que ele destacou é que o programa é dinâmico e poderá incluir outros empreendimentos que ficaram fora desse primeiro lançamento.
Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Gannoum, o que é importante no anúncio do programa pelo presidente da República é a sinalização que ele dá ao setor privado, ao colocar o Estado como o indutor do crescimento econômico. A executiva, que representou o setor produtivo na cerimônia de lançamento do PAC, destaca que a maioria dos investimentos previstos para os próximos anos é privado.
“O que é importante? É o efeito multiplicador que esses investimentos trazem para a economia. Então, ele vai lá, faz um pacotão e sinaliza para o mercado que o governo está muito interessado. Só de ir lá na frente e falar já traz um efeito muito grande na economia, porque o mercado trabalha com expectativas.”
Outro aceno importante, na avaliação da presidente da Abeeólica, foi feito ao Congresso Nacional, mostrando que o governo está conversando com todo mundo. Élbia Gannoum considera ainda que o governo assumiu um posicionamento do país em relação à transição energética que era necessário.
O presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, também vê no PAC uma sinalização politica importante, porque ajuda a catalisar ações, políticas e incentivos, tanto no âmbito federal, quanto nos estados e municípios.
Há, ainda, um sinal econômico no gesto do governo, interpreta Sauaia. O dirigente da Absolar afirma que quando se mobilizam recursos e novas tecnologias, há uma movimentação do setor privado, mas também de financiadores públicos e privados e de investidores internacionais que busquem no Brasil oportunidades de crescimento e de investimentos.
Sauaia destaca que na parte de geração de energia a geração fotovoltaica representa 54,8% dos R$ 75,7 bilhões em investimentos previstos até 2026. São 196 empreendimentos de geração centralizada que somam 8.569 MW, no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. A maioria deles com recursos privados.
“Esses investimentos são certeza e garantia absoluta? Mais ou menos. Porque uma parte deles está em fase construção e outros em fase de licenciamento ambiental, mas tem uns que não foram iniciados.” Isso significa que o segmento terá um conjunto de desafios, que passam por questões de financiamento, de licenciamento, entre outras.
Para o executivo, ficaram lacunas a serem preenchidas no programa. Uma delas é a questão da inclusão da energia solar nos programas habitacionais, em especial no Minha Casa Minha Vida. Não há clareza em relação aos investimentos nesses programas.
Para o MCMV, estão previstos R$ 345 bilhões, dos quais R$ 316,7 bilhões vão ser investidos até 2026 na construção de quase 2,2 milhões de unidades habitacionais com recursos públicos e privados. A Absolar defende que o governo inclua a instalação de sistemas de geração fotovoltaica nesses empreendimentos.
Segundo Sauaia, isso exigiria aproximadamente R$ 10,9 bilhões em investimentos em energia limpa e renovável, com a instalação de 2,1 GW a 2,2 GW de potência adicionada. Para o executivo, essa é uma lacuna que existe não apenas nao apenas na habitação de interesse social. A distribuída em si não está incluída no PAC, mas o governo poderia lançar uma ou várias Parcerias Público Privadas para suprir sua demanda por energia elétrica, instalando sistemas em escolas, hospitais e prédios públicos.
Outro ponto que não foi tratado no programa é o hidrogênio renovável. Ficou fora também o armazenamento de energia elétrica.
Energia nuclear Mesmo com a movimentação do setor nuclear às vésperas do lançamento do novo PAC, a não inclusão de Angra 3 no programa de investimentos acabou se confirmando. O governo determinou a realização de novos estudos para definir com fica a questão da conclusão da usina, e incluiu R$ 1,89 bilhão para a modernização de Angra 1.
O que isso significa para o empreendimento? “Boa pergunta. Não tenho resposta. O que posso dizer é que a modelagem feita pelo BNDES para o Eletronuclear previa uma forma de financiamento sem recursos do Tesouro. Ela não precisaria estar no PAC,” afirma o presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, John Forman. A ideia de estar no programa era para estabelecer que a central nuclear teria prioridade.
Segundo Forman, a grande questão agora é se a Eletronuclear vai continuar o processo de retomada, ou se vai esperar o novo estudo do governo. Para o executivo, o estudo será mais uma das muitas análises de viabilidade do empreendimentos, que deve chegar à mesma conclusão de que é mais recomendável concluir Angra 3 que desmobilizar a obra, para evitar perdas maiores.
Já o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Energia Nuclear, Celso Cunha, vê um fundo de verdade no argumento do governo de que precisa complementar os estudos para que a usina entre no PAC. “Se nos olharmos o pacote do BNDES que monta a segunda etapa do financiamento da obra, ele não está concluso. Se não está concluso, não está aprovado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e não está aprovado pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) o modelo final, então, efetivamente, existem indefinições”, pondera o executivo.
Cunha lembra que há questionamentos sobre o valor da tarifa de energia da usina, mas isso pode ser contornado com medidas como o alongamento do prazo de financiamento e a redução dos custos passados, resultantes das paralisações do empreendimento.
O presidente da Abdan diz que o próprio ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ligado à Presidência da República, já declarou que várias obras, inclusive Angra 3, ainda poderão ser incluídas no PAC.
Pequenas hidrelétricas
Mesmo reconhecendo a importância de terem sido contemplados no PAC, os empreendedores em pequenas centrais hidrelétricas dizem que poderiam oferecer muito mais de uma fonte de energia limpa, pulverizada em todo o território brasileiro e com uma cadeia produtiva 100% nacional.
“Minha primeira leitura é de que foi um pontapé inicial positivo. Pelo menos incluíram as PCHs no programa. Mas o número de empreendimentos que foi colocado está muito aquém do que a fonte pode entregar”, afirma a presidente da Associação Brasileira das Pequenas Centrais Hidrelétricas e das Centrais Geradoras Hidrelétricas, Alessandra Torres. Ela afirma que os 256 MW dos 20 projetos listados não chegam perto dos projetos inventariados na Agência Nacional de Energia Elétrica.
Na opinião de Alessandra, as PCHs deveriam ser inseridas no sistema de forma proporcional à entrada de novas usinas eólicas e solares, justamente para ter a complementariedade que o sistema precisa. A Abrapch sugeriu ao governo um plano de reinserção dessas usinas no planejamento. “Acho que aquilo que foi contemplado no PAC é importante, mas são projetos que já estão em construção”, reforça o presidente executivo da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, Charles Lenzi. Ele também avalia que as PCHs poderiam contribuir muito mais para o programa, e não somente pelo impacto econômico de gerar desenvolvimento e movimentar a indústria, mas pela pulverização dos empreendimentos e pelos atributos positivos da fonte hídrica em termos de tarifa e como uma fonte firme e renovável.
A busca de sinergia entre os projetos é apontada como uma vantagem do novo Programa de Aceleração do Crescimento pelo presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica, Mário Miranda. “Isso é interessante, porque é função do governo fazer um plano aglutinador”, explica o executivo.
Miranda vê como o desafio atual da transmissão atender todo o potencial eólico e solar que o Brasil tem. Um desafio que, em sua avaliação, é também da indústria, diante do aumento da demanda por equipamentos para as novas instalações que já foram ou serão leiloadas nos próximos anos.
A inclusão dos combustíveis de baixo carbono é uma medida que conta a favor do PAC, do ponto de vista da Associação Brasileira do Biogás. AAbiogás recebeu o anúncio como uma decisão positiva, e a presidente executiva da entidade, Renata Isfer, acredita que tendo os incentivos necessários, principalmente na parte de infraestrutura, o biometano e o biogás poderão ser protagonistas na transição energética, por todo o potencial do segmento. “Acredito que isso vai fazer toda a diferença quando você vir esses investimentos em infraestrutura no setor de biogás”, disse a executiva.
O pacote de obras chama a atenção também do setor de seguros, que vê no incentivo à retomada uma oportunidade de novos negócios. O CEO da corretora de seguros e gestora de riscos Gualcor, Vinícius Fontão, observa que o setor de petróleo e gás é um mercado que estava meio descrente no últimos tempos, em razão de decisões de governo, mas agora, com o renascimento do PAC, a euforia voltou ao mundo das seguradoras.
“A gente tem a retomada de negócios que vinham há cinco ou seis anos bem tímidos”, avalia o executivo. Ele conta que as empresas estão bem posicionadas para atender os novos projetos na área de energia.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A apuração sobre as causas do apagão no Brasil que afetou 30 milhões de consumidores na terça-feira da semana passada está sendo a "mais importante da história" para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), pois pode mudar paradigmas do setor, disse à Reuters o diretor-geral do órgão, Luiz Carlos Ciocchi, apontando que os indícios são de falha técnica e que não haveria culpa do operador.
O Relatório de Análise de Perturbação (RAP), que irá indicar as verdadeiras causas do apagão que interrompeu mais de 25% da carga de energia do Brasil, deve ficar pronto em 17 de outubro.
O problema foi iniciado a partir da falha em uma linha de transmissão operada pela Chesf, que foi sucedida por uma ainda inexplicada queda de várias outras linhas, desencadeando interrupções no fornecimento de energia em todos os Estados conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
É nesse "efeito cascata", ocorrido em 600 milissegundos, que o ONS se debruça no momento.
"Não consigo ver nada que possa dizer que a culpa é do ONS... Não vejo o ONS como responsável", afirmou o diretor-geral em entrevista, ao ser questionado sobre possíveis erros de previsão do operador que pudessem ter ocasionado o problema.
"Trabalhávamos naquele dia num regime igual ao dos dias anteriores, num regime absolutamente normal, sem alterar ou mudar nada."
O clima é de expectativa para a divulgação do diagnóstico final, depois de alguns agentes do mercado de energia levantarem dúvidas sobre planejamento e programação do ONS, principalmente em relação à geração das usinas eólicas e solares no Nordeste.
O diretor-geral do órgão disse que também está ansioso pelo relatório técnico.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Segundo ministério, montante para pesquisa do Programa Nacional de Hidrogênio será quase 7 vezes maior do que em 2020.
O Ministério de Minas e Energia divulgou nesta 5ª feira (24.ago.2023) o Plano de Trabalho Trienal 2023-2025 do PNH2 (Programa Nacional do Hidrogênio). O objetivo é estipular metas e cronogramas para o incentivo do mercado de hidrogênio no país. Eis a íntegra do documento (14 MB).
Uma das ações prioritárias do plano é aumentar em quase 7 vezes os investimentos anuais em pesquisa, desenvolvimento e inovação em hidrogênio de baixa emissão de carbono. Como resultado das ações propostas no plano, o montante passará de R$ 29 milhões em 2020 para R$ 200 milhões ao ano em 2025.
Com o lançamento do plano, o governo sinaliza para o setor privado que vai ampliar o acesso a financiamento competitivo com os bancos de desenvolvimento. Essa estratégia tem como alvo viabilizar projetos em larga escala e firmar parcerias com empresas.
O documento também determina que um marco regulatório deve ser criado para dar segurança jurídica aos players que tenham interesse em investir no setor.
O plano anunciado pelo governo também estipula algumas metas para os próximos 12 anos. Segundo o documento, até 2025 o governo pretende disseminar plantas piloto de hidrogênio de baixo carbono em todas as regiões do país.
Já em 2030, o objetivo é consolidar o Brasil como o mais competitivo produtor de hidrogênio de baixo carbono no mundo. Em 2035, o plano desenha que o país será capaz de consolidar hubs (lugares que agregam diversos produtos ou serviços ao mesmo tempo, gerando mais valor para empresas) de hidrogênio no Brasil.
“Precisamos avançar no mapeamento junto à indústria e outros segmentos, como o transporte. Esse documento representa um marco no compromisso do governo com a implementação das ações que vão trazer condições de desenvolver o setor”, disse o secretário nacional de transição energética e planejamento do ministério, Thiago Barral.
Fonte e Imagem: Poder 360.
O peso cada vez maior dos subsídios pagos por meio da conta de luz inviabiliza que o Brasil possa seguir o caminho dos Estados Unidos e na Europa, onde volumes expressivos de recursos são destinados à baratear o desenvolvimento do hidrogênio de baixo carbono e novas tecnologias associadas. A vantagem competitiva do país, segundo especialistas, está no custo mais baixo da energia renovável gerada.
O assunto foi discutido durante o Lefosse Energy Day, realizado nesta quarta-feira, 23 de agosto, em São Paulo.
"O consumidor de energia no Brasil não tem mais espaço para pagar encargo, e o contribuinte não tem mais espaço também, tanto que estamos em meio à um grande e longo debate sobre a reforma tributária", disse Heloisa Esteves, diretora de Estudos do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Segundo a diretora da EPE, o Inflation Reduction Act (IRA), política dos Estados Unidos que estimula a geração renovável, incluindo o hidrogênio, ajuda a atrair os projetos para o país, mas isso não reduz o potencial desses empreendimentos no Brasil, onde a oferta de energia renovável necessária para o processo de eletrólise que produz o hidrogênio de baixo carbono é muito grande.
Um mecanismo possível para estimular o hidrogênio verde, segundo Esteves, está no crédito do BNDES. "Temos mecanismos como esquemas de tributação especial, incentivos importantes. Talvez a gente não consiga dar US$ 3 por kg de hidrogênio de subsídio, mas alguma coisa já temos a nossa disposição hoje", disse.
Para Marcel Haratz, presidente da Comerc Eficiência e vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde (ABIHV), a competitividade do hidrogênio verde brasileiro também passa por ações do governo que tragam segurança jurídica ao mercado, uma vez que os investimentos serão expressivos.
Outro caminho seria agregar valor ao potencial do hidrogênio verde de resolver o problema de curtailment dos parques renováveis do Nordeste, disse Haratz, se referindo à energia gerada e não usada para atender a demanda.
"O hidrogênio vai corrigir o problema de demanda", disse Raphael Gomes, sócio de Energia do Lefosse. Segundo ele, é "impensável" custear a produção do hidrogênio por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), mas é importante avançar
nas discussões da modernização do setor para que se tenha uma alocação correta dos custos na tarifa de energia. "Não temos espaço para aumentar a CDE, mas temos soluções estruturais. Temos que tirar o PL 414 da gaveta e fazer isso de forma estruturada", defendeu.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
O comunicado não estipula os investimentos previstos para o leilão de setembro de 2024.
O governo brasileiro marcou para setembro o segundo leilão de projetos de transmissão de energia esperado para o ano que vem, reafirmando que o primeiro certame de 2024 será em março, segundo nota do Ministério de Minas e Energia.
O comunicado não estipula os investimentos previstos para o leilão de setembro de 2024. A nota com a atualização do cronograma das licitações foi divulgada enquanto o país se prepara para o próximo leilão de transmissão, que será o maior já realizado em termos de investimentos, em dezembro de 2023, com aportes previstos em 21,7 bilhões de reais.
De acordo com o ministro Alexandre Silveira, o leilão de dezembro será essencial para o escoamento de energia elétrica produzida a partir de fontes renováveis nas regiões Norte e Nordeste. "Estamos falando de 21,7 bilhões de reais em investimentos para garantir mais segurança e qualidade no fornecimento de energia elétrica...", disse.
Já o leilão de março de 2024 deverá ter projetos avaliados em mais de 20 bilhões de reais. O primeiro leilão de transmissão do país deste ano foi realizado em junho e resultou na contratação de 15,7 bilhões de reais em investimentos.
Também para 2025 estão previstos leilões em março e setembro. "Com esta portaria, reafirmamos também o compromisso do Ministério de Minas e Energia em dar publicidade ao cronograma dos leilões, conferindo maior transparência à sociedade e aos agentes interessados em investir em nosso país", comentou o ministro.
Fonte e Imagem: Época Negócios.
Vivemos em um mundo naturalmente mais ansioso diante do desafio em se atingir uma economia mais verde, que tem em suas costas o compromisso de se tornar NetZero até 2030.
Estamos vendo países do hemisfério Norte já sofrer sérias consequências motivadas pelo aquecimento global e, por isso, é natural que os olhos do mundo se voltem para a busca de solução, muito está atrelada à geração de energia renovável.
Quando uma ocorrência como a da semana passada - que afetou praticamente todo o Brasil e gerou angústia em milhões de brasileiros - acontece, é natural que a ansiedade para entender as causas se estabeleça. Porém, é bastante precipitado também, tecer hipóteses prematuras que acusam justamente essa fonte renovável tão necessária para o planeta como um gatilho para esse apagão. Dizer que a causa pode ter sido o aumento da geração de energia eólica, mais do que precipitado, é, talvez, irresponsável.
Nosso sistema é muito robusto quando falamos em linhas de transmissão, o suficiente para atender geração e carga na região Nordeste. Não é de hoje que a energia eólica se faz presente no Sistema Interligado Nacional, o SIN. No momento da queda de fornecimento, a energia eólica era responsável por gerar 16 MW, nada de surpreendente ou novo até então. No dia 4 de julho deste ano, batemos recorde de geração. Em apenas quatro dias de julho, a produção de energia eólica registrou índices inéditos, entre eles o montante mais elevado na geração instantânea e média no SIN de 2023, com produção de 19.720 MW, representando 27,8% da demanda de carga nacional e nenhum problema aconteceu.
Em 2021, as eólicas salvaram o País de um racionamento, gerando 63,20 TWh no acumulado do ano no Nordeste e transmitindo para o Sudeste brasileiro, naquela oportunidade, havíamos registrado um crescimento de 34% em relação ao ano anterior. Já passamos por isso outras vezes e, no passado, a causa foi realmente a falta de energia, muito diferente de hoje, onde temos energia em abundância.
Mas é importante destacar também que nosso sistema é tão robusto e consistente que, em poucas horas, houve o restabelecimento. Temos um sistema muito maior e mais complexo do que o resto do mundo e, mesmo assim, fomos mais ágeis. Olhando ao redor, vemos registros interessantes. Os Estados Unidos levaram, em 2003, até quatro dias para restabelecer a energia depois de um blecaute. No mesmo ano, na Itália, o apagão durou 12 horas. O mesmo ocorreu na Índia, em 2012, quando milhões de pessoas ficaram sem energia por dois dias.
Fonte e Imagem: Estadão.
Investimento em eólica e solar não pode atender a critérios políticos e precisa ser feito sem colocar o sistema em risco.
Uma semana depois do apagão que deixou boa parte do País às escuras ainda não sabemos suas causas. O pouco que foi informado é que um erro de programação provocou a “abertura” da linha de transmissão Quixadá II/Fortaleza II, da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras. E que a “abertura” da linha levou à derrubada do sistema, num mecanismo de autoproteção.
Técnicos experientes do setor elétrico são unânimes em afirmar que apenas o mau funcionamento da linha da Eletrobras, que tem 15 anos de uso e passou por um “retrofit”, seria incapaz de provocar um problema sistêmico. Qual seria então o erro de programação que levou à “abertura” da linha? O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse que vai demorar 30 a 45 dias para descobrir.
Um dia depois do blecaute, o ONS optou pela cautela e reduziu fortemente a geração de energia solar e eólica no Nordeste. Isso porque uma das hipóteses é que o aumento da entrada desse tipo de energia, que vem sendo fortemente subsidiada, tenha provocado o problema.
É intensa a romaria de deputados do Nordeste no gabinete do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pedindo mais investimentos em energia eólica e solar na região. Na semana passada, o Banco do Nordeste (BNB) confirmou que estuda pedir capitalização ao Tesouro, porque vem recebendo pedidos de financiamento superiores a sua capacidade de empréstimo.
Parque Eólico visto da praia de Tourinhos, no município de São Miguel do Gostoso (RN). Uma das hipóteses é que energia gerada por parques solares e eólicos causaram o apagão.
O investimento em energia eólica e solar deve ser incentivado e acompanha o que vem sendo feito nos países ricos, mas não pode atender a critérios políticos e precisa ser feito sem colocar o sistema em risco. O que temos assistido no Brasil, no entanto, é a uma intensa politização do setor elétrico em várias frentes.
No apagão, não foi diferente. Ao invés de optar pela transparência, o governo tentou culpar a Eletrobras recém-privatizada. A fila foi puxada pela primeira-dama Janja da Silva, que espalhou desinformação pelas redes, e endossada pelo ministro, que chegou a fazer insinuações de sabotagem.
autarquia, para que culpasse a Eletrobras pelo apagão. Diante da resistência dos técnicos e das denúncias das pressões pela imprensa, o governo recuou. O escândalo das joias de Jair Bolsonaro também ajudou a deixar o assunto em segundo plano. Até agora sobraram especulações e pressões políticas e faltou transparência num setor que mexe com a vida de milhões de pessoas e deveria ser eminentemente técnico. A sociedade ainda espera respostas.
Fonte e Imagem: Estadão.
Usinas devem começar a operar até 2027, com produção suficiente para abastecer 66 milhões de casas por ano. Flexibilização de requisitos e fim de subsídios levaram a aumento de pedidos.
O Brasil tem 1.011 projetos de geração de energia renovável que devem começar a operar até 2027. Esses empreendimento não contam, porém, com garantia de escoamento da produção a outras localidades.
O cenário foi intensificado graças a um decreto editado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2021. O texto introduziu a possibilidade de autorizar propostas sem um parecer para conectar a usina ao sistema elétrico nacional (entenda mais abaixo).
Os empreendimentos para os próximos quatro anos somam aproximadamente 46,5 GW (gigawatts) de potência. Isso é o suficiente para iluminar 66 milhões de residências por ano, segundo cálculo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A maior parte dos pedidos é de usinas solares, no total de 37,9 GW, com previsão de começar a operar entre 2025 e 2027.
Esses projetos pediram autorização para operar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas não têm contratos de uso do sistema de transmissão ou de distribuição que garantam sua conexão à rede.
Na prática, significa que não poderão transportar a energia produzida para seus clientes em outras localidades quando entrarem em operação.
Para começar a operar, um projeto de usina precisa de:
-parecer de acesso do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que traga a possibilidade e as condições de conexão ao sistema;
-autorização da Aneel;
-e assinatura de contrato de uso do sistema de transmissão ou de distribuição, que serve como garantia de que a usina vai conseguir se conectar.
Segundo levantamento da Aneel a pedido do g1, 730 projetos foram autorizados sem parecer do ONS.
'Corrida' de projetos
No último ano, uma mudança na concessão de subsídios a usinas de energia renovável levou, segundo especialistas, a uma "corrida" para apresentar projetos à Aneel.
Segundo a regra, os benefícios à operação de usinas só poderiam ser aplicados a projetos apresentados até março de 2022. Após o prazo, os descontos passaram a ser reduzidos progressivamente, de acordo com um cronograma definido em lei.
Em uma espécie de flexibilização, em dezembro de 2021, Bolsonaro editou decreto que permitiu à Aneel deixar de exigir um documento do ONS que comprova a possibilidade de conexão da futura usina ao sistema de transmissão nacional.
Isso intensificou a chamada “corrida ao ouro” para obter as permissões de geração, principalmente de usinas de energia solar e eólica, mas sem a garantia de que poderiam escoar a energia quando começassem a operar.
Sem estar conectado, não é possível escoar a energia produzida aos consumidores em outras localidades.
Capacidade de transmissão
Segundo o diretor da Aneel Hélvio Guerra, o aumento do número de projetos de geração de energia sustentável revela um problema do sistema elétrico brasileiro.
Guerra afirma que não há capacidade para recepcionar as iniciativas na atual estrutura de transmissão nacional.
“Se por um lado temos um estoque de projetos já outorgados ou em análise na Aneel, temos também uma extensa rede de transmissão que precisa ser contratada, construída e disponibilizada para atender a toda essa geração. Entretanto, essa expansão de transmissão tem um custo, visto que suas instalações são remuneradas por sua disponibilidade”, explica.
Para aumentar a capacidade, o governo tem lançado grandes leilões de transmissão -- em que se contrata a construção das linhas e a infraestrutura necessária para o escoamento de energia. Só em 2023, os dois certames devem bater recordes sucessivos de investimentos previstos.
Ex-diretor da Aneel e professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Edvaldo Santana avalia, porém, que é um erro construir linhas de transmissão para atender aos projetos.
O especialista frisa que o crescimento econômico do Brasil e o nível atual de consumo não justificam tantos investimentos em geração e escoamento de energia.
“Pode até construir transmissão, mas vai construir para atender uma geração que não tem consumo. O consumidor vai pagar por uma transmissão, como nesses últimos leilões, e não vai consumir a energia”, completa.
De acordo com o advogado Henrique Reis, a Aneel tem entendido a falta de infraestrutura para conexão das usinas no sistema interligado nacional como um risco do empreendedor. Reis afirma que a conexão ao sistema é um direito assegurado por lei.
Suspensão de contratos
Com tantos projetos na fila, a Aneel promoveu alterações em entendimentos do processo de autorização para usinas de energia renovável.
De acordo com a advogada Bruna Correia, em um primeiro momento, as empresas começaram a apresentar pedidos para alterar o cronograma de construção dos empreendimentos.
“Os agentes começaram a entrar com pedidos de alteração do cronograma alegando diversos aspectos, muitos deles como consequência ainda da Covid-19”, diz.
Logo depois, a Aneel adotou novo procedimento para atrasos na implantação de usinas do mercado livre de energia — grande maioria dos projetos na fila. A partir da mudança, os agentes passaram a ter que comprovar justificativas para alterar o cronograma.
“Se você não tem a alteração do cronograma, não tem a postergação do início de execução do Cust [Contrato de Uso do Sistema de Transmissão], que é um custo alto para os agentes, e eles podem sofrer processos de fiscalização sobre o andamento da implantação e [virar] objeto de penalidades administrativas”, explica.
A mudança abriu outra frente de judicialização por parte dos empreendedores. Segundo a advogada, responsáveis pelos projetos começaram a mover ações na Justiça para suspender a execução dos contratos.
'Dia do perdão'
No início de julho, a diretoria da Aneel decidiu criar um “dia do perdão” para as usinas de energia renovável com contratos de uso do sistema em execução ou que iniciariam até 2026. O ONS recebeu 351 pedidos de adesão.
As usinas estão localizadas em nove estados: Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraíba e Alagoas — por ordem de quantidade de energia que seria inserida no sistema.
Como contrapartida, os empreendimentos não poderiam dar continuidade a processos judiciais para suspender a execução dos contratos. Com isso, a Aneel deve conseguir liberar cerca de 6 GW (gigawatts) no sistema de transmissão para escoar energia.
A Aneel também regularizou a situação das usinas com contratos assinados com cronograma atrasado, mas que ainda têm interesse em manter as autorizações de construção.
A agência deu prazo de 36 meses para os empreendimentos, com a ressalva de que as usinas deixem de contar com os subsídios.
“Há alguma expectativa de que a Aneel, dentro desse novo ambiente, talvez comece a mudar um pouco o entendimento e a percepção dela. Ou abra uma nova fase de consulta pública para dar tratamento a esses agentes que não foram abordados”, afirma a advogada Bruna Correia.
Henrique Reis prevê que, em um eventual segundo “dia do perdão” para os projetos sem contratos, a Aneel deve enfrentar uma discussão sobre as justificativas das usinas para os atrasos na entrada em operação.
“Por outro lado, pode haver problemas por grupo econômico. Caso haja uma entrega de um determinado volume de outorga sem implantação e sem excludente de responsabilidade, na avaliação de novos pedidos de outorga lá na frente, a Aneel pode avaliar o histórico do grupo econômico", afirma.
A depender do rigor da agência na concessão de novas outorgas para usinas, empresas que não conseguiram cumprir o cronograma de projetos anteriores podem ter dificuldade para aprovação.
A Aneel também colocou em consulta pública uma mudança nas regras de acesso à rede de transmissão, para passar a exigir a assinatura do contrato de uso do sistema de transmissão antes de autorizar a construção de uma usina.
“Entendemos que a garantia do Cust [Contrato de Uso do Sistema de Transmissão] será uma importante ferramenta para a garantia de que os agentes que assinem tais contratos estejam de fato interessados em empreender”, diz Hélvio Guerra.
Guerra defende que as duas medidas — o “dia do perdão” e a exigência dos contratos de transmissão — vão contribuir para um "melhor ambiente de negócios no setor elétrico, o que é importante não apenas para os geradores que almejam implantar seus empreendimentos, como para toda a sociedade”.
A exigência dos contratos, contudo, só deve valer para as usinas que solicitarem autorização depois que a norma for aprovada, o que não endereça a fila de projetos atual. A mudança ainda está em consulta pública, recebendo contribuições do setor.
Fonte e Imagem: O Globo.
Segundo a CNI, entrada de novos países no banco dos Brics elevaria estrutura de capital.
Empresários que viajaram a Joanesburgo, na África do Sul, para acompanhar os eventos da cúpula dos Brics nesta semana, pretendem levar à ex-presidente Dilma Rousseff, hoje no comando do banco dos Brics, um apelo para a expansão do financiamento de projetos de energia limpa no Brasil.
Segundo Ricardo Alban, presidente-eleito da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a entrada de novos países pode mudar o cenário.
Neste ano, o principal tema da cúpula, que acontece de terça (22) a quinta (24), é a expansão do bloco (hoje formado por Brasil, Rússia, Índia e África do Sul), que estuda a candidatura de países como Argentina, Arábia Saudita, Cuba e Irã.
Conhecido como banco dos Brics, o NDB (New Development Bank) que tem hoje oito membros, (Emirados Árabes Unidos, Egito e Bangladesh, além dos cinco países originais do bloco) já avançou em negociações com a gigante do petróleo Arábia Saudita para admiti-la como novo participante da instituição nos últimos meses. A Argentina também manifestou interesse em ingressar no NDB.
"No banco dos Brics, há cotas de verbas para os cinco países. Poderemos até ter uma realidade modificada com a entrada de novos países. Assim, haveria uma estrutura de capital aumentada em função de uma nova realidade. O Brasil carece de linhas de financiamento competitivas. Temos um custo alto para adquirir estes recursos no país, o que não acontece no caso da China. O Brasil não pode perder a janela de oportunidade da economia verde", diz Alban em nota.
A representação da indústria no evento acontece por meio do Cebrics (Conselho Empresarial dos Brics), que reúne mais de 20 empresas dos países do bloco, como Vale, Banco do Brasil e Embraer.
As reuniões dos membros do Cebrics na África do Sul começaram no sábado (19). Os representantes empresariais pretendem fechar um documento com recomendações dos setores privados dos países envolvidos para ser entregue aos chefes de Estado no fim do encontro.
Para a CNI, que ocupa a secretaria-executiva da seção brasileira do Cebrics, uma das prioridades em discussão pelo setor privado é o estabelecimento de um acordo multilateral de serviços aéreos. A entidade avalia que os acordos bilaterais, que disciplinam serviços aéreos entre os territórios, são restritivos.
A CNI também menciona, entre outras prioridades, a harmonização de padrões de regulação para produtos manufaturados de modo a facilitar a incorporação nas cadeias de valor. Também está prevista uma reunião do Cebrics com os pares russos para discutir possibilidades de cooperação no setor de fertilizantes e biofertilizantes.
Na reunião já realizada com os indianos, neste final de semana, ficou definida a formação de um fórum empresarial nos próximos seis meses para trocar experiências e aprendizado tecnológico em áreas como energias sustentáveis brasileiras e serviços digitais indianos.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
O apagão que afetou o fornecimento de energia elétrica em quase todo o País na terça-feira, 15, provocou um debate entre agentes do setor sobre a participação das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira e seus impactos para a operação.
O evento, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), causou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste, com abertura das interligações entre as regiões. O termo "abertura" é utilizado quando uma linha de transmissão sai de operação. Há possibilidade de mais de um evento ter resultado no problema.
Na última década, a região Nordeste tornou-se um expoente da geração via fontes renováveis, sobretudo, eólica e solar, tornando-se um exportador de energia para os centros de carga, concentrados no submercado Sudeste/Centro-Oeste.
Para se ter uma ideia, só em julho, a energia eólica foi responsável por mais de 80% da expansão da geração de energia observada no País. Dos 525,5 megawatts (MW) acrescidos, 421,2 MW vieram de 18 novas usinas eólicas, das quais sete estão localizadas no Rio Grande do Norte, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Apesar de mais limpas e mais baratas, essas fontes renováveis não são unanimidade no setor por causa de sua característica intermitente, ou seja, elas não geram o tempo todo. Soma-se a este ponto a discussão a respeito da dimensão da expansão das redes de transmissão para seu "transporte".
O que foi dito
A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), por exemplo, aproveitou o apagão de terça-feira para emitir nota a respeito da necessidade de expandir o uso do combustível.
"A ocorrência de apagões no Brasil, mais além das razões que motivaram o blecaute desta terça-feira, reforça a importância de investimento em fontes de energia constantes e resilientes que garantam a segurança energética. É o caso das termelétricas movidas a gás natural", afirmou em nota.
O sócio e fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, que também tem posicionamento a favor do desenvolvimento do mercado de gás, disse acreditar que o sistema de transmissão interligado, com linhas de transmissão "enormes", seria um problema. "Precisamos de mais segurança no sistema", escreveu em uma rede social.
A iniciativa foi criticada. Também em nota, o presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata Ferreira, disse, sem citar nominalmente os agentes, ver com "preocupação" os esforços para "defender interesses que sabiamente não fazem sentido nas condições do setor elétrico, como o aumento da participação de usinas térmicas na base da geração de energia elétrica".
"É lamentável o oportunismo de alguns que buscam privilégios e pretendem gerar caos se aproveitando do momento para incentivar o uso de energia cara, poluente e desnecessária ao sistema", completou.
A posição foi reiterada pelo presidente da Abrace Energia, associação que representa os grandes consumidores de energia, Paulo Pedrosa. "Sem conhecer as causas não se pode pegar carona nessa falha para defender todo o tipo de absurdo na forma de sobreinvestimento na transmissão e de contratação obrigatória de energia cara e desnecessária", disse numa rede social.
A posição do governo
Na entrevista coletiva realizada na terça-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu as renováveis. "O sistema tem que se aperfeiçoar e se adaptar às energias limpas e renováveis. Fato é que elas são fundamentais e imprescindíveis para a transição energética", disse.
O ex-senador destacou o papel das usinas hidrelétricas no sistema elétrico, que disse ser robusto, apesar da necessidade de aperfeiçoamentos. Entusiasta do mercado de gás natural e crítico da estratégia de reinjeção utilizada pelas petroleiras, Silveira não deu destaque à fonte na ocasião, nem relacionou o crescimento das renováveis e programa de estímulo ao mercado de gás ao apagão.
Fonte e Imagem: Portal UOL
As informações constam no Informe Preliminar de Interrupção de Energia no Sistema Interligado Nacional, primeiro documento divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) depois da ocorrência do apagão e que servirá como base para o diagnóstico final.
O que aconteceu:
Após o apagão da última terça-feira (15) que atingiu 25 estados e o Distrito Federal, o ONS informou ter reduzido carregamento das linhas de transmissão e adiado manutenções programadas como forma de garantir o fornecimento de energia.
As informações constam no Informe Preliminar de Interrupção de Energia no Sistema Interligado Nacional, primeiro documento divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) depois da ocorrência do apagão e que servirá como base para o diagnóstico final.
Linha da Eletrobras desligou antes de apagão
A Eletrobras informou que identificou o desligamento da linha de transmissão 500kV Quixadá-Fortaleza por atuação indevida do sistema de proteção milissegundos antes do apagão que atingiu 25 estados e o Distrito Federal.
A Eletrobras avaliou que o desligamento da citada linha de transmissão, de forma isolada, não seria suficiente para a abrangência e repercussão sistêmica do ocorrido.
Segundo a empresa, as redes de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN) são planejadas para que em caso de desligamento de qualquer componente, o sistema deve ser capaz de permanecer operando sem interrupção do fornecimento de energia.
Em nota, a Eletrobras avaliou "que a manutenção dessa linha de transmissão está em conformidade com as normas técnicas associadas".
A empresa assegura que continua colaborando para a identificação das causas do apagão e dos motivos que levaram aos desligamentos ocorridos no SIN, sob a coordenação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Na terça-feira, uma queda de energia atingiu todas as regiões do país. O Norte e o Nordeste foram os mais prejudicados e a normalização do sistema elétrico demorou mais nos estados dessas regiões do que nas outras partes do país.
ONS não acha causa do apagão
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que o ONS não apontou qual foi a falha que causou o apagão. Silveira esteve reunido ao longo do dia com representantes do ONS. Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que houve "erro técnico".
O ministro classificou a investigação da Polícia Federal como "extremamente necessária" após o ONS (Operador Nacional do Sistema) não encontrar as falhas técnicas que ocasionaram o apagão.
Ele também disse que pediu todo "rigor" e celeridade da PF na investigação. "Eu gostaria de compreender diferente, mas, mais do que nunca, eu acho que é extremamente necessária a participação muito ativa da Polícia Federal nesse caso, já que a ONS não teve como apontar uma falha técnica que pudesse causar um evento com a dimensão que teve a paralisação da energia no país", pontuou.
Silveira informou que foi detectado um problema no sistema da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), subsidiária da Eletrobras, em Quixadá, no Ceará. Mas ponderou que o evento sozinho não seria capaz de derrubar o sistema. "Esse evento isoladamente não causaria interrupção tão grave", disse o ministro à imprensa na porta do ministério.
A partir desse evento, considerado de pequena magnitude, segundo o governo, ocorreram outras falhas no sistema que ainda serão apuradas. "A Chesf admitiu o erro que não protegeu o sistema adequadamente nessa linha de transmissão [de Quixadá]", completou.
O ministro explicou que a Eletrobras apresentou um documento garantindo que o erro já foi corrigido no Ceará e disse que é provável que um outro apagão não volte a acontecer. "Vamos continuar atentos como sempre, mobilizados como sempre, porque é um setor extremamente sensível".
Com informações da Agência Brasil.
Fonte e Imagem: UOL.
Demora na divulgação de relatórios e explicações incompletas politizam discussão técnica, afirmam especialistas.
Demora na divulgação de relatórios e explicações incompletas deram ao apagão que afetou 25 estados e o Distrito Federal nesta terça-feira (15) contornos políticos inesperados para um tema normalmente técnico.
A falta de clareza abriu espaço para lobbies e guerra de narrativas que estão se voltando até contra o próprio ONS (Operador Nacional do Sistema).
Pelo protocolo, ele deveria ter apresentado na manhã desta quinta-feira (17) o Bise (Boletim de Interrupção do Suprimento de Energia). O documento não foi divulgado até a publicação deste texto.
O rito de divulgações já havia sido quebrado na terça. O ONS deveria ter publicado as primeiras informações até duas horas após a queda de luz dentro IPIE (Informe Preliminar de Interrupção do Suprimento de Energia). O documento veio em partes. Um texto saiu às 18h, quase 10 horas após a falha. Outra notificação saiu na quarta-feira (16).
O consolidado foi divulgado nesta quinta-feira (17) às 19h30. Nele, o ONS avisa que o RAP (Relatório de Análise da Perturbação), que é concluído em 30 dias, vai levar 45 desta vez.
O que se sabe até agora é que o chamado evento zero, que deu início ao apagão, ocorreu numa linha de transmissão entre o município de Quixadá e a capital Fortaleza. A frequência da linha caiu e o sistema de proteção falhou, disseminando a falha. Um incidente do gênero, num ponto como este, porém, não deveria deflagrar um apagão com escala nacional.
Na falta de detalhes, um ala de especialistas afirma que ainda vão descobrir que houve falha em alguma subestação, como Imperatriz (MA) ou Xingu (PA). Outro segmento, mais ligado a hidro, já cogitam que o próprio ONS pode ser parte do problema.
No mapa da produção nacional de energia elétrica, o ONS define quem gera e quanto gera. Há alguns meses, ele privilegiava as renováveis, especialmente eólicas, mesmo com os reservatórios de hidrelétricas cheios. As imagens de água sendo vertida das usinas chegaram a render lindas imagens.
É preciso destacar que a decisão é defensável pelo aspecto ambiental e financeiro, pois são fontes que aproveitam vento e sol com custos baixos. No entanto, existe um outro componente que precisa ser considerado na organização do mix de fontes. A estabilidade do sistema.
Usinas fornecem três elementos: elétrons, que chamamos de energia elétrica, mas também frequência, que deve ser de 60 hertz constante, e tensão, de 220 volts igualmente constante. O que garante essa estabilidade é o que a física chama de inércia.
Térmicas ajudam a dar estabilidade. Parques eólicos podem até ter sistemas que simulam o mesmo efeito. Mas a garantia mais firme, explicam engenheiros ouvidos pela reportagem, é fornecida principalmente pelos motores girantes das hidrelétricas.
Especialistas disseram à Folha que, ao ampliar em demasia as eólicas na composição do fornecimento nacional, o ONS pode ter reduzido a segurança do sistema. Isso explicaria como uma falha pontual numa linha tão marginal no Ceará alastrou-se e levou a um apagão de escala nacional.
Apenas a investigação detalhada poderá afirmar a responsabilidade do órgão, mas no dia seguinte ao apagão, justamente para dar mais estabilidade ao sistema, o ONS reduziu a produção de eólicas no Nordeste, bem como o envio dessa energia para o Sudeste (veja infográfico).
Procurada pela reportagem para comentar, o ONS disse que está apurando todas as possibilidades.
Os especialistas afirmam que não está em discussão reduzir o avanço das renováveis, mas encarar um debate mais organizado sobre como gerenciar o sistema elétrico nacional numa nova realidade.
Enquanto isso não ocorre, ganham força várias versões envolvendo eólicas no apagão que tratam de pane por excesso de produção, súbita falta de ventos e até queda de torres.
"Não teve problema na geração, e podia ser eólica, carvão ou nuclear que dava no mesmo", afirma Élbia Gannoum, presidente da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).
"Tem gente tentando aproveitar a situação para colocar a culpa na eólica e facilitar os projetos de lei no Congresso com jabutis para encher o país de térmicas. Isso eu não vou admitir. Acabou a brincadeira."
Para quem dissemina a ideia de sobrecarga dessa fonte, ela afirma que no dia 4 de julho a geração eólica atingiu a marca de 19 GW (giga-watts), bem mais que os 16 GW registrados no dia do apagão.
O deputado Danilo Fortes (União-CE) foi ao Ministério de Minas e Energia para entender a situação das eólicas. Defensor do setor, trouxe de volta para mesa a antiga discussão sobre falta de linhas de transmissão para escoar a produção.
"Mas mais de um ano que eu falo que precisamos ampliar o sistema", afirmou.
Os defensores de térmicas também entraram em campanha nos últimos dias. Logo após o apagão, a Abegás, associação que representa as distribuidoras de gás canalizado, disse que a ocorrência "reforça a importância de investimento em fontes de energia constantes e resilientes".
"É o caso das termelétricas movidas a gás natural", concluía o texto.
Candidato a presidir a Petrobras no governo Jair Bolsonaro (PL), o consultor Adriano Pires escreveu em uma rede social que a lição do apagão é que "não devemos abrir mão de térmicas":
"Nesse momento de transição energética é uma estupidez ficar refém da natureza com a geração eólica e solar", escreveu.
A crítica geral recai sobre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que virou o porta-voz do blecaute e politiza a discussão. Os técnicos sumiram. Na coletiva à imprensa na terça-feira, o secretário de Energia Elétrica Gentil Nogueira mal conseguiu se manifestar. A palavra não foi passada ao diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, nem ao representante do ONS.
Na maior parte do tempo, o ministro criticou a privatização da Eletrobras, alinhando o discurso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde a campanha, ele avisa que é contra a privatização. A AGU (Advocacia Geral da União) tem uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) reivindicando que a União tenha poder proporcional ao seu número de ações ordinárias.
Na quarta, Silveira conversou com jornalistas na porta do ministério para confirmar que a falha inicial ocorreu numa linha da Chesf, subsidiária da Eletrobras, mas ainda sem dar detalhes. Disse que continuariam investigando um segundo evento e que era importante manter a Polícia Federal no caso. Na sequência, Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, falou que haviam descartado um segundo evento, o que gerou mais confusão.
Foi um dia de ofensivas à Eletrobras. Antes mesmo de o ministro confirmar a propriedade da linha, a PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestou a favor da ADI do governo no STF e sugeriu que as partes tentassem negociar. Ao mesmo tempo, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou a empresa para explicar a falta de energia.
A economista Elena Landau, especialista em energia, lembra que a Eletrobras tem 23% da capacidade geradora instalada no país e cerca de 40% do total das linhas de transmissão.
Quase todos os apagões registrados na história recente do país envolveram linha de transmissão, subestação ou equipamento da empresa, só que agora ela está privatizada. Ela diz que o governo usa uma falha menor como desculpa para pressionar a companhia.
"Quem fala de apagão é técnico, mas tudo ficou misturado porque o ministro teve um péssimo comportamento na coletiva. O governo podia ter quatro assentos no conselho que o apagão seria igual, porque não tem nenhuma relação com a privatização", afirma ela.
"Eles falam que a empresa é estratégica para o setor. Estratégico na cabeça de político é obra. O problema é que o governo perdeu o controle de como usar os recursos da Eletrobras e não pode colocar os R$ 70 bilhões de investimentos privados da empresa no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]."
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
O panorama do setor elétrico brasileiro será tema do Energy TechTALKS “Desafios e oportunidades no mercado de energia: quais novos fatores impulsionam a transformação da matriz?”, que o Canal Energia e o Grupo Electra promovem no dia 23 de agosto, às 10h.
O setor elétrico brasileiro vive um momento de intensas transformações. A urgência da descarbonização das economias combinada com a busca de fontes mais competitivas pelos consumidores acentua a demanda por energia limpa, provocando alterações significativas na nossa matriz elétrica. Ao mesmo tempo, a liberação do mercado tende a dar cada vez mais espaço para o empoderamento do consumo, com a livre escolha de fornecedores, enquanto o desenvolvimento tecnológico e a digitalização garantem alternativas para aumentar a eficiência dos processos e contribuem em favor da competitividade geral do setor.
Esse panorama complexo será tema do Energy TechTALKS, que o CanalEnergia e o Grupo Electra promovem no dia 23 de agosto, às 10h, com a participação do presidente do Grupo Electra, Claudio Fabiano Alves, e do CEO da NEAL, Edvaldo Santana, e mediação da vice-presidente de Comercialização da Electra Energy, Angela Saraiva. O episódio vai tratar de assuntos como os desafios e as oportunidades da abertura do mercado para novos consumidores, as condições macroeconômicas do setor elétrico e os desafios da operação com o aumento da participação da fonte eólica e solar na nossa matriz elétrica brasileira, entre outros.
Dentre esses desafios, destaque para o crescimento exponencial da micro e minigeração distribuída no comportamento da carga líquida e na formação dos preços da energia, além da visão dos especialistas participantes sobre as tendências do segmento.
Além disso, o evento vai tratar do futuro do setor elétrico, novas tecnologias e sua contribuição com a transição energética. Nesse contexto, chamam a atenção o custo ainda elevado das baterias e a importância da definição das regras da geração eólica offshore, que tem tudo para despontar entre os grandes pilares da participação do Brasil no mercado de hidrogênio verde.
O evento será online e aberto para todos os interessados.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A sociedade brasileira precisa conhecer melhor como funciona o seu sistema elétrico, a sua matriz, que precisa ser equilibrada entre as fontes e quais são os impactos e benefícios de cada uma.
As hidrelétricas oferecem ao Sistema Elétrico Brasileiro (SEB) tudo aquilo que o setor necessita: suprimento, armazenamento, sazonalização, modulação da carga, segurança energética, flexibilidade, confiabilidade, geração de energia no horário de pico e a tarifa final mais barata ao consumidor. Hidrelétricas e seus reservatórios são questões de segurança nacional. Dizem respeito à segurança elétrica, hídrica e alimentar.
O apagão de terça-feira, 15 de agosto, ainda não tem suas causas completamente esclarecidas. Mas, independente das causas, uma constatação é certa: a segurança energética do Brasil está nas hidrelétricas, a fonte mais renovável de todas e com a menor pegada de carbono, segundo o IPCC.
Dados do ONS mostram claramente o comportamento das fontes de energia no momento do ocorrido. Houve queda abrupta das fontes intermitentes, eólica e solar, queda menor na fonte termelétrica, mas as fontes nuclear e hidrelétrica se mantiveram praticamente inalteradas, conforme mostra a figura do Operador a seguir:
Quando olhamos o comportamento das fontes, no momento de uma ocorrência sistêmica, a constatação é nítida: a hidrelétrica é a fonte renovável firme que sustenta a geração na base, sendo a mais confiável. Sua capacidade de recomposição do sistema, é o que permite a mais rápida retomada, como mostra a figura.
O ocorrido demonstra claramente que passou da hora de rever o planejamento da expansão do Sistema Elétrico Brasileiro.
Nos últimos 20 anos, o Brasil permitiu e aceitou um discurso absurdo de demonização de hidrelétricas e seus reservatórios, certamente promovido por quem tem interesses econômicos e políticos contrários. Isso atingiu inclusive as hidrelétricas de pequeno porte, que têm grande disponibilidade para implantação imediata, mas enfrentam dificuldade colossal na obtenção de suas licenças ambientais e na implantação de seus empreendimentos.
Para que se tenha ideia, atualmente, o país dispõe de 15 GW de PCHs inventariadas e que poderiam ser viabilizadas.
Segundo dados do Órgão Ambiental do Estado do Paraná, as PCHs, estão reflorestando 3 vezes mais vegetação do que aquilo que suprimem para fazer as obras, em estados onde tem Mata Atlântica e outros biomas importantes, além de inúmeros outros benefícios e mitigações socioambientais que outras fontes de geração não trazem.
Todas as fontes de geração têm impactos e benefícios, mas os impactos das renováveis só são imputados às hidrelétricas. Nosso país tem abundância de recursos energéticos renováveis, mas continua sendo um país de vocação hídrica.
Em tempos de transição energética, mudanças climáticas e futuras previsões de escassez, o sábio a se fazer é reservar água, não só para geração de energia, mas para todos os demais usos.
As hidrelétricas não só fazem a segurança energética do sistema como trazem estabilidade aos sistemas de transmissão, reduzem perdas, entregam serviços ancilares, tão importantes ao sistema de transmissão, atributos que hoje não são remunerados e que as renováveis intermitentes não oferecem. Das energias renováveis, é a fonte com indústria e expertise 100% nacional, gerando renda e emprego no Brasil e não fora dele.
O Brasil saiu da tarifa mais barata do mundo na década de 1980 onde as hidrelétricas eram 85% da matriz, para hoje ter a 2ª. Tarifa mais cara do mundo, mesmo com uma matriz das mais renováveis do planeta. Alguma coisa no planejamento foi equivocada e passou da hora de rever esse modelo.
A sociedade brasileira precisa conhecer melhor como funciona o seu Sistema Elétrico, a sua matriz, que precisa ser equilibrada entre as fontes e quais são os impactos e benefícios de cada uma. É importante fazer os reforços no sistema de transmissão com novas linhas, além do reforço do sistema de distribuição, que permita a entrada de novas PCHs, mas é imprescindível retomar um programa de expansão de novas hidrelétricas e novos reservatórios no cenário atual.
Alessandra Torres de Carvalho é presidente da Abrapch (Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas).
Fonte e Imagem: EnergiaHoje.
Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, explicou que uma malha de distribuição única também propaga falhas mais rapidamente.
O sistema interligado de transmissão e distribuição de energia elétrica brasileiro é bastante eficiente, mas a maneira como ele foi construído possui a desvantagem de propagar rapidamente eventuais falhas operacionais. A afirmação é do presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, nesta quarta-feira (16) à CNN.
A malha elétrica no Brasil é centralizada e administrada pelo Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS), uma opção histórica cuja principal vantagem é otimizar a operação, já que toda a energia produzida no país é agrupada e distribuída pelas diferentes regiões independente do local de produção.
“Podemos injetar energia nessa malha de qualquer lugar do país e ela será enviada para outras regiões”, explica.
A desvantagem é que eventuais falhas neste sistema se propagam rapidamente, justamente por causa da sua interligação.
Foi a opção pelo modelo interligado que gerou questionamentos nesta semana, depois que uma falha na rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) causou um apagão atingiu todas as regiões do país na terça-feira (15).
Na avaliação de Sales, porém, apesar da falha, o sistema elétrico brasileiro é eficaz. “Do ponto de vista técnico, temos um sistema de segurança bem razoável e adequado, e que tem sido muito eficiente conforme o modelo escolhido”, avalia.
Sales ainda ressalta que o sistema de proteção da malha funcionou adequadamente após a ocorrência que deixou várias regiões do país no escuro.
Ponto crítico
Fontes do setor elétrico apontam que a falha que provocou o apagão de ontem no deve ter ocorrido por excesso de energia eólica e solar no sistema. Já segundo fontes de dentro da Eletrobras, a linha de transmissão que teve uma sobrecarga no Ceará pertence à companhia.
Este é o ponto crítico, na opinião de Sales. O especialista reconhece que o atual modelo elétrico pode não estar preparado para receber e absorver sem quedas o aumento de carga repentino proveniente de novas fontes de produção na matriz energética, como a solar e a eólica, que oscilam ao longo do dia por dependerem de fatores ambientais.
“Hoje temos fontes renováveis, especialmente no Nordeste, que têm uma dificuldade operacional gigantesca, porque o vento pode mudar de uma hora para a outra”, explica, o que pode gerar sobrecargas.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Apagão começou a ser registrado nos sistemas do ONS exatamente às 8h31 no horário de Brasília – quando foi interrompido o tradicional aumento da carga do sistema elétrico.
A manhã desta terça-feira (15) foi marcada por um apagão que afetou todas as regiões brasileiras a partir de exatamente 8h31, segundo os registros do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). De acordo com o ONS, a ocorrência desta terça provocou a “separação elétrica” das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste.
O Ministério de Minas e Energia (MME) informou que o sistema elétrico nacional foi completamente restabelecido às 14h30, seis horas após a ocorrência, “restando ajustes pontuais a serem realizados pelas distribuidoras em algumas cidades”.
Como o apagão aconteceu?
O apagão começou a ser registrado nos sistemas do ONS exatamente às 8h31 no horário de Brasília – quando foi interrompido o tradicional aumento da carga do sistema elétrico. Em dez minutos, a carga do sistema elétrico brasileiro caiu 25,9%.
Dados que mede o SIN do ONS mostram que o Brasil registrava 73.484,7 MW às 8h30 no horário de Brasília em trajetória de alta – exatamente como acontece todas as manhãs. Mas, no minuto seguinte, às 8h31, a carga do sistema cai repentinamente cerca de 7%.
A perda de carga continua nos minutos seguintes até às 8h40, quando o sistema registra a menor carga do dia, de 54.383,7 MW.
Os dados do SIN mostram que houve, em dez minutos, perda de carga de mais de um quarto da energia do sistema. A partir das 8h41, a carga volta a subir gradativamente.
Segundo o analista de Economia da CNN Fernando Nakagawa, o Norte foi a região que mais sofreu com o apagão, com uma queda de 83,8% da carga em pouco mais de dez minutos.
O que provocou o apagão?
De acordo com o ONS, às 08h31 desta terça-feira, houve uma “ocorrência” – termo utilizado pela entidade para definir qualquer evento ou ação que leve o Sistema Interligado Nacional (SIN) a operar fora de suas condições normais.
O SIN é um sistema de grande porte que interconecta, em uma malha de transmissão, a energia elétrica gerada em usinas hidrelétricas, termelétricas e eólicas no país. O ONS é a entidade responsável por coordenar e controlar as operações do SIN.
Esse sistema é formado por quatro “subsistemas” divididos pelas regiões do Brasil: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte. O estado de Roraima é o único ainda desconectado do SIN.
Segundo o ONS, a ocorrência às 08h31 desta terça provocou a “separação elétrica” das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste.
Isso levou à “abertura das interligações entre essas regiões”. A “interligação elétrica” é como o ONS chama o conjunto de linhas de transmissão que conecta duas ou mais áreas do sistema.
Falha em Imperatriz/MA dividiu país ao meio, dizem fontes
O diretor editorial da CNN em Brasília, Daniel Rittner, apurou com técnicos do setor elétrico que a falha na interligação aconteceu em um circuito perto de Imperatriz, no Maranhão – uma falha que, na prática, dividiu o país ao meio.
No momento da ocorrência, a região Norte/Nordeste enviava grandes quantidades de energia para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste.
Com a interligação comprometida, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste não gerava energia suficiente para atender toda a demanda, então houve acionamento do chamado ERAC — Esquema Regional de Alívio de Carga.
Esse mecanismo, previsto nas operações do sistema elétrico, derruba automaticamente o fornecimento de energia em algumas localidades a fim de minimizar os efeitos da perda de energia.
E apesar dos subsistemas de Norte e Nordeste estarem “exportando” energia no momento da falha, não foi possível manter a continuidade das operações nessas regiões, porque era preciso desligar turbinas de usinas hidrelétricas para impedir uma sobrecarga no sistema, que também derrubaria as redes.
“Houve pelo menos 16 mil MW de interrupção de energia. O Operador, assim que identificou a situação, iniciou ação conjunta com os agentes para restabelecer a energia nas regiões”, disse o ONS.
Retomada das cargas afetadas
O ONS afirmou que as causas da ocorrência – ou seja, o que provocou essa falha nas interligações dos subsistemas Norte e Nordeste com o Sul e Sudeste/Centro-Oeste – ainda estão sendo apuradas.
O vice-presidente Geraldo Alckmin disse que a investigação da causa da perda de carga no sistema seria feita após a normalização completa dos locais afetados.
Alckmin afirmou que a falta de energia pode ter sido consequência de uma falha em uma subestação de transmissão de energia na cidade de Imperatriz (MA).
“Estamos com um problema em Imperatriz, no Maranhão, mas já estão debruçados sobre o problema”, sinalizou.
Seis horas após um apagão afetar todas as regiões do Brasil, a energia foi restabelecida em todo o sistema elétrico nacional na tarde desta terça-feira (15).
O Ministério de Minas e Energia (MME) disse que o sistema foi restabelecido completamente às 14h30, “restando ajustes pontuais a serem realizados pelas distribuidoras em algumas cidades”.
A situação já havia sido normalizada nos locais afetados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste ainda pela manhã.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
O Senado realiza nesta quarta-feira (16), às 14h, audiência pública interativa que terá como tema “O setor energético e o segmento do hidrogênio verde”.
O debate é promovido pela Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, presidida pelo senador Cid Gomes (PDT-CE). Instalada em abril, a comissão foi criada para avaliar, no prazo de dois anos, os programas de governo sobre o hidrogênio verde, de modo a fomentar o ganho em escala dessa tecnologia de geração de energia limpa.
Para isso, a comissão pretende ouvir especialistas por meio de audiências públicas, conhecer experiências domésticas e internacionais, bem como analisar as propostas em tramitação no Congresso Nacional com objetivo de propor a regulamentação necessária para a segurança jurídica e econômica da produção de hidrogênio verde.
Combustível limpo
De acordo com o site especializado Além da Energia, o hidrogênio como combustível pode ser de diferentes “cores”. A classificação ocorre conforme a fonte de energia usada para produzir o hidrogênio combustível. Há o hidrogênio cinza, produzido a partir de combustíveis fósseis. Quando essa produção vem de gás natural e há captura e armazenamento de carbono, vem o hidrogênio azul. Já o hidrogênio verde é aquele feito a partir da eletrólise. Porém, a energia inicial para a realização desse processo precisa vir de fontes renováveis para que o combustível se enquadre na categoria. Assim, a sua produção se dá sem a emissão de carbono. É por isso que especialistas veem este tipo de combustível como chave para um mundo mais limpo e sustentável. O uso mais conhecido do hidrogênio como combustível é nos automóveis, mas também pode ser usado na geração de energia para edifícios, entre outras.
Convidados
O debate contará com a presença, já confirmada, da especialista de Desenvolvimento Industrial do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paula Bucchianeri de Nadai; do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Henrique de Saboia; e da gerente executiva ambiental e representante da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Erica Marcos.
A comissão ainda aguarda a confirmação do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval de Araújo Feitosa Neto; e da diretora-presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (Ana), Veronica Sánchez da Cruz Rios.
A audiência pública será realizada na sala 15 da ala Alexandre Costa.
Fonte e Imagem: Agência Senado.
O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) deve deliberar nesta quarta-feira, 16 de agosto, sobre um processo referente ao comando da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que pode ter efeito em cascata em outras agências reguladoras, incluindo abreviando o mandato de Sandoval Feitosa à frente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O processo em questão, sob relatoria do ministro Walton Alencar, trata de possível irregularidade no mandato do comando da Anatel. A corte avalia a validade do mandato de Carlos Baigorri na presidência da agência, pelo fato de que ele é diretor desde 2020 e foi indicado à presidência em 2021.
Por lei, as agências reguladoras federais têm diretorias ou colegiados de cinco membros, indicados pelo governo, que também é responsável por nomear um deles para a função de diretor-geral ou presidente do órgão. O mandato de cada diretor é de cinco anos, sem possibilidade de recondução para mandato consecutivo.
Até então, contudo, havia o entendimento de que um diretor poderia ser reconduzido a diretor-geral, como aconteceu na Aneel com o antigo diretor-geral, André Pepitone, e com o atual, Sandoval Feitosa, por se tratarem de "mandatos diferentes".
O que o TCU discute é se isso pode ser feito ou se o limite de cinco anos engloba o mandato considerando diretoria colegiada e diretoria-geral. No caso em questão, de Baigorri, o mandato atual vai até 2026, mas se o limite de cinco anos for imposto ele será abreviado a 2024.
No caso da Aneel, o efeito em cascata pode abreviar o mandato de Sandoval Feitosa imediatamente. O diretor-geral ocupa um lugar no colegiado desde 2018. Seu primeiro mandato, como diretor, terminou em maio de 2022. Meses depois, em agosto, ele retornou como diretor-geral, para um mandato até 2027 - que poderá ser encerrado ainda em 2023, a depender da decisão do TCU.
Fonte e Imagem: Mega What.
Do total esperado, R$ 449,4 bilhões são para o período de 2023 a 2026 e R$90,9 bilhões após 2026.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança nesta sexta-feira, 11 de agosto, o Novo PAC, com previsão total de investimentos de R$ 1,7 trilhão. Do orçamento Geral da União são R$ 371bilhões; o das empresas estatais, R$ 343 bilhões; financiamentos, R$ 362 bilhões; e setor privado R$ 612 bilhões. Segundo o governo, o Novo PAC está organizado em medidas institucionais e em
nove Eixos de Investimento. Do montante total, R$ 1,4 trilhão devem ser aportados entre 2023 e 2026 e R$ 300 bilhões após 2026.
Ainda de acordo com a divulgação do governo, as medidas institucionais são um conjunto articulado de atos normativos de gestão e de planejamento que contribuem para a expansão sustentada de investimentos públicos e privados no Brasil. São cinco grandes grupos: Aperfeiçoamento do Ambiente Regulatório e do Licenciamento Ambiental, Expansão do Crédito e Incentivos Econômicos, Aprimoramento dos Mecanismos de Concessão e PPPs, Alinhamento ao Plano de Transição Ecológica e Planejamento, Gestão e Compras Públicas.
Entre os novos eixos de investimentos, destaque para Transição e Segurança Energética, que terá R$ 540 bilhões em investimentos. O novo eixo, afirma o governo, garante a diversidade da matriz energética, a soberania brasileira, a segurança e eficiência energética para o País crescer de forma acelerada, gerando emprego, renda e inclusão social. Do total esperado, R$ 449,4 bilhões são para o período de 2023 a 2026 e R$ 90,9 bilhões após 2026.
Nesse eixo estão inscritos áreas como geração e transmissão de energia, Luz para Todos, eficiência energética, Petróleo e Gás, pesquisa mineral e combustíveis de baixo carbono. Em geração, os aportes totais serão de R$ 75,7 bilhões. sendo R$ 75,2 bilhões para o período 2023-2026 e R$ 500 milhões pós-2026. Dos investimentos esperados, apenas a térmica nuclear terá aportes estatal de R$ 1,9 bilhão para modernização de Angra 1 e um estudo de viabilidade técnica, econômica e socioambiental de Angra 3. Os demais aportes são classificados como privado.
O destaque fica para as usinas eólicas e solares, que somam 316 projetos, com aportes previstos de R$ 63,5 bilhões. As pequenas centrais hidrelétricas somam 20 projetos com R$ 1,3 bilhão. O Novo PAC tem ainda três térmicas a gás, com R$ 6,7 bilhões previstos, duas térmicas renováveis, com R$ 2,1 bilhões, uma hidrelétrica, com R$ 200 milhões.
O segmento de transmissão tem R$ 87,8 bilhões em aportes previstos, sendo R$ 69,8 bilhões até 2026 e R$ 18 bilhões pós 2026. São ao todo 111 projetos contemplados, sendo 59 pra conclusão de obras em andamento, com R$ 31,8 bilhões, e 52 novas obras, com R$ 56 bilhões. Para o Luz para Todos, estão previstos R$ 13,6 bilhões, sendo R$ 8,3 bilhões até 2026 e R$ 5,3 bilhões pós 2026.
Os sistemas isolados receberão R$ 9,4 bilhões e a extensão de redes, R$ 4,2 bilhões. Serão atendidos quase 370 mil famílias.
Eficiência energética terá investimento de R$ 1,8 bilhão, os projetos de PPPs em implantação ou licitados de iluminação pública, somam 18 e terão R$ 1,6 bilhão. O outros R$ 200 milhões serão divididos entre as 16 PPPs em estudos e o Procel Reluz.
Petróleo e Gás terá R$ 335,1 bilhões, sendo R$ 273,8 bilhões até 2026 e R$ 61,3 bilhões pós 2026. O maior investimento de R$ 286 bilhões será em 19 projetos de desenvolvimento da produção. Combustíveis de baixo carbono terá R$ 26,1 bilhões, sendo R$ 20,2 bilhões até 2026 e R$ 5,9bilhões pós 2026. os destaques são as aréas de biorefino somando R$ 13,4 bilhões e etanol de segunda geração, com R$ 9,5 bilhões. O tópico pesquisa mineral terá R$ 307 milhões.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ministro participou no Rio de Janeiro, ao lado do presidente Lula, do lançamento do programa.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou, nesta sexta-feira (11/8), no Rio de Janeiro, ao lado do presidente Lula, do lançamento do Novo PAC, com investimentos de R$ 1,7 trilhão em todos os estados do Brasil. O Ministério de Minas e Energia terá 165 empreendimentos no programa, com um investimento total de R$ 592 bilhões.
De acordo com o ministro Alexandre Silveira, os investimentos em transição energética vão alavancar o país e melhorar cada vez mais a vida das pessoas. “É o Novo PAC. É mais investimento. É sustentabilidade. É mais desenvolvimento para o Brasil. São R$ 1,7 trilhões em investimentos e geração de emprego e renda para a nossa gente. A esperança depositada no presidente Lula já tem dado frutos e o PAC é um importante marco para trilharmos o caminho em direção a um Brasil melhor”, afirmou Silveira.
E completou: “a transição e segurança energética consistem em um dos eixos fundamentais nessa caminhada. Relançamos na semana passada, em Parintins, no Amazonas, o programa Luz para Todos e lançamos o Energias da Amazônia, o maior programa de descarbonização do planeta. Cerca de meio bilhão economizados em diesel por ano. É inclusão energética. É redução de custos. É a redução da conta de luz dos brasileiros. É a descarbonização da Amazônia”, disse o ministro.
Entre os projetos do MME que vão ser contemplados no novo programa, está o Luz para Todos, que com previsão de investimentos de mais de R$ 14 bilhões em 11 estados, buscando universalizar o atendimento em todo o país. Também serão mais de 28 mil quilômetros em novas linhas de transmissão, projetos em usinas eólicas e fotovoltaicas, além do aumento da capacidade da interligação e escoamento de excedentes de energia da região Nordeste do país e Norte de Minas Gerais.
Também se destacam os projetos de Usinas Termelétricas a Gás Natural; estudos para geração de Hidrogênio Verde; extensão da vida útil da Usina de Angra 1 e a UTN Angra 3, que será considerado o estudo de viabilidade técnica, econômica e socioambiental do projeto.
Na área de petróleo, gás e biocombustíveis estão previstos projetos como o Projeto Integrado Rota 3; implantação de Biorrefino em refinaria de Mataripe; perfuração de 3 poços exploratórios dentro da campanha exploratória da Petrobras na Margem Equatorial; Unidade de Captura e Estocagem de Carbono (gás carbônico - CCS) em reservatório subterrâneo e conclusão da Refinaria Abreu e Lima (Refinaria do Nordeste, RNEST).
Por fim, estão previstos estudos para projetos de minerais de transição energética como Uranio, Cobalto, Níquel, Quartzo, Lítio, Cério-Terras Raras, Cobre, Grafita; estudos para avaliação dos depósitos minerais (P, K, N) e de aproveitamento de rochas e rejeitos de mineração.
“E é só o começo. Unindo esforços, vamos tornar o Brasil protagonista da Transição Energética, celeiro de alimentos e de energia limpa e renovável para o mundo, que volta seu olhar novamente para o Brasil e os investimentos já estão chegando: bioenergia, hidrogênio de baixo carbono, energia eólica, solar, isso, e muito mais, irá transformar o Brasil, trazendo desenvolvimento regional e melhor qualidade de vida para brasileiras e brasileiros. E, não tenho dúvida, o presidente Lula é o homem certo, no momento certo, no lugar certo, para nos liderar em direção ao país mais próspero, mais justo, mais igual e mais digno”, disse o ministro Alexandre Silveira.
Novo PAC
Os investimentos previstos no Novo PAC com recursos do Orçamento Geral da União (OGU) somam R$ 371 bilhões; o das empresas estatais, R$ 343 bilhões; financiamentos, R$ 362 bilhões; e setor privado, R$ 612 bilhões. O Novo PAC está organizado em Medidas Institucionais e em nove Eixos de Investimento.
A forte parceria entre Governo Federal e setor privado, estados, municípios e movimentos sociais é uma das principais marcas do novo programa para gerar emprego e renda, reduzir desigualdades sociais e regionais em um esforço comum e comprometido com a transição ecológica, neoindustrialização, crescimento com inclusão social e sustentabilidade ambiental.
Fonte e Imagem: Gov.br - MME.
A sustentabilidade foi bastante mencionada durante a cerimônia de lançamento do NovoPAC, que ocorreu na última sexta-feira, 11 de agosto, no Rio de Janeiro. Inclusive, com orçamento de um “Plano de Transformação Ecológica”. que incluiria o próprio PAC, masque não foi bem detalhado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva(Meio Ambiente e Mudanças Climáticas).
Sobre o plano, Haddad mencionou que há uma “aliança estratégica” entre seu ministério eo de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, áreas que seriam normalmente vistas como adversárias. Segundo o ministro, o Plano de Transformação Ecológica deve abarcar transição energética, novas regulações que favoreçam investimentos verdes, finanças sustentáveis, economia circular, bioeconomia, adaptação à mudança do clima, ciência e tecnologia e outras áreas.
Na coletiva de imprensa, a ministra de Meio Ambiente e Transição Energética, Marina Silva, disse que o Plano de Transformação Ecológica é “vivo em vários aspectos”, como infraestrutura, agricultura e energia. “Como o Plano é um processo em movimento, nunca estará acabado”, disse a ministra.
Ela celebrou a visão integrada entre desenvolvimento e sustentabilidade, e disse que novos servidores devem ser contratados para atender à demanda do órgão.
Créditos de carbono: votação no congresso esperada em agosto
Em seu discurso na cerimônia de lançamento, Haddad também mencionou o mercado de créditos de carbono no Brasil. Em conversa com jornalistas, ele explicou que o Executivo está trabalhando com o Senado para a elaboração de um texto sobre o tema, que deve ser votado em agosto.
O que deve ocorrer em setembro ou outubro, segundo Haddad, é a primeira emissão de títulos soberanos verdes, instrumentos de dívida pública lastreados em programações orçamentárias da União destinadas ao desenvolvimento sustentável.
GD no Minha Casa, Minha Vida pode vir de contratação de parques
Em coletiva de imprensa após a cerimônia de lançamento do Novo PAC, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, declararam que a geração solar fotovoltaica em conjuntos habitacionais do projeto Minha Casa, Minha Vida são uma prioridade.
Segundo Costa, a geração distribuída poderá vir da contratação de parques solares por investimento cruzado. “O que interessa não é a placa física dentro do conjunto habitacional, e sim a redução na conta da população de baixa renda”, disse Costa. Ele adiantou que há discussão para um marco legal sobre o tema.
Barbalho Filho também informou que, após o veto presidencial, foi criado um grupo de trabalho que inclui os ministérios das Cidades, Casa Civil e de Minas e Energia para viabilizar a geração distribuída nos conjuntos habitacionais.
Elbia Ganoum como representante do setor produtivo privado
Na cerimônia de lançamento do Novo PAC, a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), Elbia Gannoum, representou o “setor produtivo privado e o conceito de desenvolvimento econômico e social sustentável”.
Em sua fala, Gannoum destacou o potencial brasileiro para bens e serviços descarbonizados e o efeito multiplicador da energia eólica. Segundo ela, os parques eólicos levaram a um crescimento de 20% região nordeste e de 21% no índice de desenvolvimento humano (IDH) na região, e cada R$ 1 investido em eólica retorna R$ 2,9para a economia.
“Nossa grande vantagem nesse momento é ser reconhecido como exemplo mundial em energia limpa”, disse Lula.
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a grande vantagem do Brasil está em sua matriz energética renovável. “Aproveitaremos essa que talvez seja a maior oportunidade histórica da nossa geração em nos tornar a grande potência sustentável do planeta e o Novo PAC certamente ajudará isso”, disse o presidente na cerimônia de abertura. Ele também mencionou os investimentos em energia renovável e as possibilidades em hidrogênio verde do país.
Fonte: MegaWhat.
Imagem: G1.
Divulgada pela ABEEólica, a informação veio à tona durante o ENGIE Day, evento que contou com diversas discussões a cerca de transição energética, sustentabilidade e economia brasileira.
Até 2040, o Brasil terá o dobro de demanda de energia que possui hoje. Resultado de estudos sobre o setor elétrico, a informação foi divulgada pela presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, que participou do ENGIE Day, evento que teve o objetivo de estimular o debate sobre transição energética, descarbonização da economia e seus impactos socioambientais.
Gannoum acredita que o país precisa investir na sua capacidade instalada – em todas as fontes renováveis. Ela afirmou que para o segmento de renováveis se desenvolver de forma concreta é fundamental a aprovação de arcabouços regulatórios que tragam segurança jurídica para atrair mais investimentos para o país, tais como projetos sobre eólicas offshore, hidrogênio verde e mercado de carbono.
Também participante do painel sobre as fronteiras da energia, Heloísa Borges, diretora de Estudos de Petróleo e Gás Natural da EPE, destacou que o Brasil tem uma grande “abundância de recursos naturais e potencial para atração de investimentos. Nossa matriz energética hoje é o que o mundo planeja para 2050”.
De acordo com Ana Meyer, desenvolvedora de negócios de Hidrogênio Verde da ENGIE, o hidrogênio é uma das grandes vocações do Brasil, pois o país tem todos os fundamentos necessários e recursos naturais competitivos. “É uma grande oportunidade para a descarbonização da indústria. Siderurgia, mineração e petroquímico são setores intensivos em consumo energético e o hidrogênio surge para descarbonizar esses
processos”, pontuou Meyer.
A ENGIE é uma companhia que tem como objetivo expandir seus projetos com viés sustentável e tem na sua operação no Brasil um benchmarking para o grupo. A empresa pretende ampliar a geração de energia renovável e criar soluções para descarbonização de indústrias e cidades. Neste cenário, as operações da empresa no Brasil terão destaque para a meta do grupo em alcançar o net zero em 2045, de acordo com o CEO da ENGIE Brasil, Maurício Bähr.
"Temos projetos de 2.000 MW em energia renovável em implantação no país, com investimentos que superam R$ 10 bilhões. Além disso, estamos ampliando a rede de gasodutos da Transportadora Associada de Gás (TAG) e vencemos leilão para mais uma linha de transmissão, de 1.000 Km, que irá levar energia do Nordeste para o Sudeste. Esses empreendimentos estão alinhados com o nosso propósito de agir para acelerar a transição energética justa”, ressaltou Bähr, durante o ENGIE Day, evento realizado na quarta-feira, dia 2 de agosto, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Indústria e eficiência energética
A redução de emissões passa ainda pela melhoria da eficiência energética, especialmente no setor industrial brasileiro, que precisa investir no aprimoramento técnico e na troca de equipamentos obsoletos, segundo Venilton Tadini, presidente da Abdib.
Nesse sentido, a ENGIE oferece soluções para ajudar clientes a descarbonizarem suas atividades. "Quando encontramos, na indústria, vários processos e equipamentos obsoletos, consumindo energia acima da média, vemos nisso ‘o começo do fim’. E aí ou fazemos alguma coisa para melhorar ou a indústria brasileira não vai ser competitiva”, disse João Pínola, diretor de Utilities da ENGIE Soluções.
Financiamento
O financiamento da transição é um ponto importante e que tem no BNDES um agente fundamental. Uma das ideias para aumentar os recursos destinados às energias renováveis é utilizar o Fundo Clima. "Temos uma janela de oportunidade para sermos uma potência em renováveis e podemos usar o Fundo Clima", enfatizou Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudanças Climáticas do BNDES, também presente no evento.
Gás Natural
Cotado como o combustível da transição energética, o gás natural recebe atenção de todos os elos do setor de energia. O caso brasileiro com recente avanço, após aprovação da Nova Lei do Gás, é visto com otimismo, porém as regulamentações estaduais merecem atenção para o mercado evoluir ainda mais. Para Gustavo Labanca, diretor-presidente da TAG, “passados dois anos e meio da Nova Lei do Gás, o país precisa da regulamentação de pontos da lei e harmonização das legislações estaduais para fomentar o segmento e consolidar a abertura, que já se traduziu em mais agentes e maior dinamismo do segmento, assim como para promover a complementaridade da geração renovável e para que o gás traga segurança energética".
Diversidade e inclusão
Outro tema debatido no evento foi a necessidade de o setor energético investir em diversidade e inclusão. Segundo Renata Spada, Head Global de Aquisição de Talentos e Diversidade, Equidade e Inclusão da ENGIE, ampliar a diversidade dos seus recursos humanos é um objetivo do grupo: “Uma das nossas metas é atingir pelo menos 40% de mulheres nos cargos gerenciais do Grupo até 2030. E temos programas de educação para que este objetivo avance”.
Já Juliana Kaiser, fundadora da Trilhas de Impacto, ressaltou a carência do número de mulheres em níveis hierárquicos mais elevados nas empresas: “Há ainda preconceito com mulheres em cargos de liderança de uma maneira geral, mas eu estou otimista. As empresas, especialmente as listadas em bolsa, terão que promover a mudança e isso vai acelerar o processo”.
Fonte e Imagem: Exame.com.
Gesto do presidente da Câmara seria uma demonstração de quem manda na agenda legislativa do setor.
Duas semanas depois de o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciar que o
governo pode substituir o PL 414 por um novo projeto de modernização do setor elétrico, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu criar uma comissão especial para analisar a matéria. O gesto foi entendido no setor como uma demonstração pública de quem manda na agenda da casa.
O ato de Lira, que até então tinha sinalizado para a votação do projeto diretamente em plenário,
sem, no entanto, pautar o tema, foi oficializado na última terça-feira, 8 de agosto. O PL 414 altera o modelo regulatório e comercial do setor elétrico e é focado na expansão do mercado livre, mas já teve temas incluídos na Lei 14.300, que criou o novo marco da micro e minigeração distribuída.
Em tese, o projeto terá uma tramitação mais rápida na comissão especial do que se tivesse de passar por várias comissões permanentes até chegar ao plenário. Para quem acompanha o Legislativo, no entanto, está claro que ele não é prioridade na pauta da Câmara.
O presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico, Mário Menel, acredita que a decisão de instalar a comissão foi um movimento para não perder espaço político, após o anúncio do ministro. Silveira considera que o projeto de lei está desidratado e não resolve todos os problemas do setor. A expectativa de Menel é que o deputado Fernando Coelho Filho (União-PE),
que tinha sido nomeado relator de plenário, continue na relatoria da comissão.
O cientista político e diretor da Dominium Consultoria, Leandro Gabiati, também considerou a atitude de Lira um movimento político, por dois motivos prováveis. Um deles é manter pautas relevantes tramitando na Câmara, e o outro sinalizar que será o Legislativo quem vai liderar a discussão do marco regulatório do setor.
No encontro de lideres de setor elétrico com o governo, foi feita uma sugestão aos executivos presentes de que fosse apresentada alguma proposta de consenso. Uma agenda nesse sentido
tinha sido elaborada pela Volt Robotics para o Fase no ano passado, para apresentação a todos os candidatos à Presidência da República.
A ideia é de que o texto seja atualizado e entregue ao governo em meados de setembro, antes do prazo de 90 dias anunciado pelo ministro, que termina no fim de outubro. Se as sugestões forem
aproveitadas em um eventual proposta para o Congresso Nacional, a discussão será acompanhada pelo setor no Legislativo.
A agenda proposta no período eleitoral não tinha uma cara de governo, explica Menel. Agora, ela está sendo aprimorada e atualizada para refletir a evolução de temas como transição energética e hidrogênio verde, e abordando com mais profundidade outras questões que não foram bem desenvolvidas na época. Além disso, é possível transformar essa agenda, criando uma espécie de guarda chuva que permita a apresentação de projetos específicos.
Há temas relevantes, como, por exemplo, aumento da carga, regras para exportação de energia,
avaliação da separação de lastro e energia e serviços ancilares.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
ABH2 defende espaço para fósseis em marco legal do hidrogênio.
O governo do Ceará se uniu nesta quarta (9/8) às associações da indústria eólica, solar e de biogás em um pacto brasileiro pelo hidrogênio verde.
A iniciativa, lançada pela Abeeólica, Absolar, Abiogás e Câmara Brasil-Alemanha (AHK) em maio mira a definição de um marco regulatório para aumentar a competitividade do combustível no Brasil e no exterior, além de marcar posição sobre as rotas de produção que devem ganhar apoio político.
O Ceará já possui 30 memorandos de entendimento com empresas interessadas em integrar o hub de hidrogênio verde no Porto de Pecém. Segundo o estado, os projetos representam investimentos de US$ 29,7 bilhões.
No Pecém, o foco é a produção a partir da eletrólise, que utiliza eletricidade renovável para separar as moléculas de H2 da água. Uma parte dos projetos em estudo no porto combinam investimentos em eólicas offshore – outro segmento pendente de definições regulatórias.
Segundo maior porto do Nordeste brasileiro, o Pecém anunciou em 2021 sua ambição de atrair investimentos para produção e fornecimento do novo energético e, de lá para cá, vem firmando acordos com o governo e empresas como AES Brasil, Fortescue, Linde, Qair, TransHydrogen Aliance, Eren do Brasil, Casa dos Ventos, Engie, EDP Renováveis e White Martins.
Foco em renováveis
A adesão do Ceará ao movimento das associações de energia renovável promete fortalecer as articulações por um marco legal que privilegie fontes renováveis.
O governador do estado Elmano de Freitas (PT) chegou a defender que a reforma tributária incluísse incentivos fiscais ao hidrogênio verde, tais como os que existem para as energias eólica e solar fotovoltaica.
“O H2V é estratégico para o país e decisivo para o desenvolvimento do Ceará. A criação de uma sensibilização política e social é importante para que o hidrogênio se torne prioridade em todo o país. Temos no hidrogênio verde um setor que pode alavancar diversos outros setores. É algo único para o Ceará”, disse Elmano nesta quarta.
Em dezembro do ano passado, a EDP Brasil produziu no estado a sua primeira molécula de hidrogênio verde.
Obtida na unidade de geração de São Gonçalo do Amarante, marcou a primeira etapa do projeto piloto no Complexo Termelétrico do Pecém (UTE Pecém). A planta conta com uma usina solar com capacidade de 3 MW e um módulo eletrolisador com capacidade de produzir 250 m3/h do gás.
Após produzir a primeira molécula, o Ceará agora quer produzir hidrogênio verde em grande escala, afirma Elmano.
Espaço para fósseis
O marco legal é discutido em diversas frentes: na Câmara, no Senado, no governo federal e nos estados, que começaram a desenhar suas próprias regulações.
Em um país com dimensões continentais e muitas opções de fonte de energia, as possibilidades de rotas para o hidrogênio são muitas e, naturalmente, todo mundo quer entrar na onda dos incentivos.
Na visão da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), a inclusão de rotas mais baratas facilitará o avanço da regulação brasileira de hidrogênio e a abertura de mercados na corrida global pela molécula.
Além de garantir um fornecimento constante de energia, visto que a disponibilidade dos recursos renováveis varia ao longo do ano.
“[Mesmo] com o potencial de geração eólica, solar e hidráulica, é importante que o Brasil tenha várias rotas porque as energias renováveis são intermitentes. Desta maneira, o Brasil terá eletricidade firme durante o ano inteiro”, explica o presidente da ABH2, Paulo Emílio Miranda.
Ele participou de audiência na Comissão Especial de Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde (CEHV) nesta terça (8/8). A comissão planeja apresentar, ao final dos trabalhos, um marco legal para o hidrogênio no Brasil.
Fonte e Imagem: epbr.
Ex-diretor da Aneel comparou falta de independência da entidade ao antigo DNAEE e disse que situação mina a confiança do investidor.
As divergências expostas pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica mostram que a autarquia vem perdendo relevância no setor e são apenas uma parte do atual momento que a agência reguladora vive. Apesar de ser natural membros não concordarem, discussões sempre ocorreram em encontros fechados e não em reuniões públicas e com transmissão via internet como a protagonizada na última terça-feira, 8 de agosto.
Na avaliação de Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel, a agência não está sabendo posicionarse diante das pressões políticas. E isso ocorre desde 2012, quando participou da MP 579. O executivo foi o entrevistado no CanalEnergia Live desta quarta-feira, 9 de agosto, para abordar a reunião realizada esta semana e que gerou polêmica com a saída de dois dos quatro diretores presentes à sessão.
“Interferências políticas são cada vez maiores na Aneel (…) a própria linguagem que é utilizada se aproxima mais da linguagem parlamentar e não de uma agência reguladora”, afirmou ele. “A continuar do jeito que está, a Aneel sendo ‘saco de pancada’ sem força nem para calcular as tarifas de distribuidoras que têm regras escritas detalhadamente, melhor voltar como um departamento do MME como era o Dnaee do que ter um fingimento de independência que existe apenas frente aos agentes (…) a agência está enfraquecida por causa de pressões vindas do Congresso”, disparou.
A afirmação veio em decorrência da cobrança do governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB),
por uma interferência parlamentar na Aneel por causa da perspectiva de aumento das tarifas da Equatorial naquele estado. Acontece que o pedido de intervenção feito despreza as responsabilidades do próprio Estado nas ações para evitar perdas por furto, e ainda há as mudanças do Congresso (PL 365) no sinal locacional. Essas questões ajudariam a reduzir as
tarifas no Norte e Nordeste não foram levadas em consideração. Isso, argumenta Santana, mostra a interferência política em questões técnicas e “sem uma resposta adequada” da agência. Essa situação, continuou ele, é vista como uma forte munição para a corrente que há no Congresso Nacional que defende a interferência nas agências reguladoras, mais notadamente o deputado federal Danilo Forte (União Brasil-CE).
Para Santana, a questão da divergência que começou com a indicação de um procurador da Anatel para a Aneel é justa, mas há mais questões envolvidas. E como consequência, no final do dia dessas verdadeiras batalhas políticas a confiança do investidor acaba sendo minada.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Durante discurso na Cúpula da Amazônia, presidente disse que “Brasil desempenhará papel central na transição energética”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira, durante seu discurso na Cúpula da Amazônia, que o Brasil deve liderar a produção de fontes de energia limpas como a solar, a biomassa, o etanol e o hidrogênio verde.
Lula ainda prometeu que no seu governo o “Brasil desempenhará papel central na transição energética”.
A declaração foi dada depois do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, dizer que o mundo ainda não pode renunciar ao combustível fóssil.
“O mundo ainda, infelizmente, não chegou ao ponto de poder renunciar à matriz energética atual, que tem o combustível fóssil como predominante”, disse o ministro ao chegar ao hotel onde a comitiva presidencial está hospedada em Belém (PA) para participar da cúpula.
O ministro se coloca como antagonista na decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que negou o pedido da Petrobras para realizar pesquisas sobre a possibilidade de exploração de petróleo e gás natural na foz do Amazonas.
Meta de desmatamento
O presidente ainda ressaltou a meta de desmatamento zero do Brasil até 2030. O país vem defendendo a inclusão no texto final da cúpula do número, que integra o seu plano de combate ao desmatamento na Amazônia.
“Estamos empenhados em reverter esse quadro. Já podemos ver resultados. Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma redução de 42,5% nos primeiros sete meses deste ano. Assumimos o compromisso de zerar o desmatamento até 2030”, disse Lula.
Segundo fontes do governo brasileiro, houve convergência no propósito de reduzir o desmatamento na região com metas intermediárias, mas os países não quiseram se comprometer com zerar o desmatamento em um prazo determinado.
Críticas ao governo Bolsonaro
No discurso, Lula voltou a criticar o ex-presidente Bolsonaro. O presidente disse que a “crise política” levou ao poder “um governo negacionista com consequências nefastas.”
“Meu antecessor abriu as portas para os ilícitos ambientais e o crime organizado. Os índices de desmatamento voltaram a crescer.Suas políticas beneficiaram apenas uma minoria que visa o lucro imediato”, comentou o chefe de estado brasileiro.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Dirigentes deixam reunião da agência para mostrar insatisfação com diretor-geral.
A disputa pela indicação do novo procurador-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) expôs desentendimento entre diretores durante reunião pública desta terça-feira. Dois deles, Fernando Luiz Mosna e Ricardo Tilli, chegaram a abandonar a agenda alegando que não haveria clima para analisar e votar os processos pautados.
A diretoria da Aneel é composta por cinco diretores, sendo um o diretor-geral, Sandoval Feitosa. A reunião começou com a presença de Feitosa, Mosna e Tili. Agnes da Costa e Hélvio Guerra, não estavam presentes no início da reunião. No entanto, poucos minutos depois, Agnes se juntou ao colegiado. A Aneel realiza reuniões públicas semanalmente, transmitidas pela internet.
A atitude assumida pelos dois diretores foi em protesto à postura do diretor-geral no processo de indicação. Inconformados, eles deixaram a reunião com 33 itens na pauta à espera de decisão, pois não havia o quórum mínimo de três diretores para votar.
O racha na diretoria foi exposto por Mosna logo no início da reunião. Ele disse que precisava esclarecer sobre o processo de indicação do novo procurador-geral. Ele ressaltou que não há qualquer ressalva à indicação de Paulo Firmeza para o posto, conforme escolha bancada por Feitosa. Firmeza já chefiou a Procuradoria Especializada da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), área equivalente à Procuradoria-Geral Federal da Aneel.
“Não discutimos o nome justamente porque esse nome não foi trazido pelo diretor-geral para que fosse avaliado, discutido pelo colegiado, para que o colegiado tivesse oportunidade de se manifestar”, afirmou Mosna.
“Esse tipo de postura do diretor-geral, para mim particularmente, faz com que não tenha condições, não tenha ambiente para ficarmos discutindo questões regulatórias, sabendo que fomos apunhalados pelas costas”, afirmou Mosna, momento antes de deixar a sala da reunião.
Tilli, logo em seguida, se manifestou dizendo que concordava “em tudo que foi dito” pelo colega de diretoria e que ainda colocaria algo “além” do que havia sido exposto. Ele se queixou de, na véspera da reunião, ter pedido para retirar de pauta um processo de sua relatoria, o que é permitido pelo regimento interno da Aneel. A solicitação foi negada pelo secretário-geral, responsável por conduzir esses procedimentos, com o aval de Feitosa.
“Isso não diz respeito só ao colegiado, diz respeito ao meu mandato. Nesse sentido, acompanho vossa excelência. Acho que não tem clima para deliberar processo nenhum hoje [ontem]”, disse Tilli, que também deixou a reunião.
A prerrogativa de indicação do procurador-geral na Aneel é do diretor-geral, que encaminha o nome ao Ministério de Minas e Energia. A palavra final é da Advocacia-Geral da União (AGU), que é de onde saem os procuradores. Quem for escolhido vai substituir o procurador Luiz Eduardo Diniz, que antecipou sua saída para atuar na iniciativa privada.
Em nota, a Aneel defendeu que “a indicação do procurador-geral e sua nomeação são competências exclusivas” dos ministros da AGU (Jorge Messias) e da Casa Civil (Rui Costa). “O assunto está sendo conduzido pelos ministros de Estado. A agência aguarda e confia na indicação da Advocacia Geral da União”, destacou.
Não é o primeiro caso de conflito entre diretores do procurador-geral. Em 2016, diretores da Aneel se dividiram quanto ao retorno de Ricardo Brandão ao posto, após fazer mestrado nos EUA. A indicação foi do então diretor-geral, Romeu Rufino. O Valor apurou, na ocasião, que três dos cinco diretores ficaram contrariados.
Porém, duas fontes que acompanham o setor observaram que nunca houve episódio que culminasse em abandono de reunião. Para uma delas, a situação é reflexo da falta de governança do setor elétrico e afeta a agência no momento em que se discute a renovação de concessões de 20 distribuidoras. O tema, salienta a fonte, é sensível demais para uma diretoria rachada.
A rusga entre os três diretores da Aneel deu munição ao deputado Danilo Forte (União-CE), que dirige críticas ao órgão regulador. Desde o ano passado, ele tenta aprovar projeto de decreto legislativo (PDL) para tornar sem efeito normas aprovadas pela agência.
Em nota, Forte classificou o episódio como “cenas lamentáveis” que envolveram "troca de ofensas públicas”. Para ele, isso coloca “em dúvida a credibilidade da autarquia” e “só reforça a necessidade de aprovação do PDL 365/22”, que torna sem efeito duas resoluções da Aneel, e partir para “uma reforma meticulosa no atual modelo das agências reguladoras”.
Procurado, Sandoval disse que não se manifestaria além do que está na nota oficial divulgada pela agência. Mosna e Tilli afirmaram que não teria comentários adicionais a fazer. Firmeza não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem até o fechamento desta edição.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Governador do Pará explica que é necessário pesquisar se há possibilidade de realizar a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
O Brasil precisa fazer transição energética, disse à CNN, nesta segunda-feira (7), o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).
Mas, em sua opinião, é de extrema importância investigar e pesquisar se é possível realizar a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Se não houver riscos ambientais, cabe ao Estado brasileiro fazer a opção de uso da matriz ou a procurar alternativas que sejam sustentáveis para à região e ao país.
“É fundamental compreendermos que o Brasil precisa fazer transição energética. Essa é uma decisão inadiável. Porém, transição energética não quer dizer: amanhã encerra uma operação se nós não temos uma outra alternativa”, afirmou Barbalho.
“Então, é um processo que deve ser muito claro de transição energética que o Brasil deve fazer buscando outras alternativas, estas, sim, renováveis, compatíveis integralmente com a lógica da preservação ambiental”, prosseguiu.
Conforme o chefe do Executivo paraense, “o que está em questão é a que a Petrobras demanda um pedido autorização para a pesquisa. Não é autorização para explorar. Neste momento, o pedido para pesquisar desrespeito a um ponto que fica a 540 quilômetros, em mar aberto, no oceano, da Foz do Amazonas”.
Barbalho ainda frisa que existem outras operações na região, com a Guiana já realizando a exploração.
“Entendo que neste momento é buscar, avaliar, por parte do órgão licenciador, o Ibama, se é possível fazer pesquisa sem riscos ambientais e sendo possível, pesquisemos”, explica.
“Pesquisando, avaliando se tem viabilidade ou não, sempre partindo da premissa de que precisa se priorizar a sustentabilidade do projeto, delega-se ao Brasil decidir ou não, se continuará com a matriz de energia fóssil de combustível fóssil ou se abdicara dessa oportunidade buscando outras alternativas que possam assegurar com que a oferta de matrizes energéticas possam ser sustentáveis na nossa região e em todo o Brasil”, prossegue.
O Pará recebe, a partir desta terça-feira (8), a Cúpula da Amazônia, que poderá ter até 15 chefes ou representantes de governos no debate de uma agenda comum para o desenvolvimento sustentável do bioma.
Parecer da AGU
A Advocacia-Geral da União (AGU) deverá concluir, nos próximos dias, um parecer com sua análise jurídica sobre o caso da exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
Alvo de discórdia entre o Ibama e políticos da região Norte, o licenciamento ambiental para pesquisas exploratórias da Petrobras foi negado por causa da exigência de uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS), que poderia levar anos e abrangeria toda a Margem Equatorial — onde estão localizadas cinco bacias marítimas, entre as quais a Foz do Amazonas.
Segundo fontes do governo ouvidas pela CNN, a tendência da AGU é opinar que esses estudos não são obrigatórios e indispensáveis para o caso.
Fonte e Imagem: CNN Brasil
Três temas estão no radar: a regulamentação do mercado de carbono, das eólicas offshore e um marco legal do hidrogênio verde.
Com a reforma tributária aprovada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), definiu que a “pauta verde” será prioridade dos deputados até o fim do ano. Três temas estão no radar: a regulamentação do mercado de carbono, das eólicas offshore e um marco legal do hidrogênio verde. A ideia é estabelecer uma pauta econômica positiva para a imagem do Congresso e que dialoga com a agenda do governo federal.
Ainda não está definido como será a tramitação de todos esses projetos. O tema do hidrogênio verde tem uma comissão especial instalada desde maio para tentar unificar os diversos projetos protocolados. O deputado Bacelar (PV-BA), que é o relator, diz que as audiências públicas ainda estão no começo e a meta é concluir o parecer até novembro. “Queremos construir um marco regulatório da transição energética com ênfase no uso de hidrogênio. Não é apenas o verde, focado em energia solar e eólica, mas também o azul e cinza, com uso de gás natural”, afirma.
O marco regulatório das eólicas offshore foi aprovado pelo Senado no ano passado e é de autoria do então senador Jean Paul Prates, hoje presidente da Petrobras. O texto estabelece regras para instalação de usinas eólicas em alto-mar, onde a força dos ventos é maior devido a falta de barreiras. A proposta está parada na Câmara, mas na quinta-feira Lira decidiu nomear o deputado Zé Vitor (PL-MG) como relator em plenário e o PL, de oposição ao atual governo, protocolou requerimento de urgência.
Segundo Zé Vitor, ainda falta decidir se o projeto vai se ater a questão das eólicas ou se tratará de energias renováveis como um todo. “Temos mais de 170 projetos apensados e, dentro disso, temos possibilidade de tratar de energia solar, biomassa, óleo e gás. Vou conversar com o presidente Lira para entender se avançamos nesta discussão mais ampla ou ficamos restritos ao tema das eólicas offshore”, afirma.
O deputado prevê apresentar seu parecer em meados de outubro, após um calendário de audiências públicas e reuniões. O presidente da Petrobras deve comparecer à Comissão de Minas e Energia da Câmara no dia 15 para falar sobre a proposta, que deve ser modificada. “A essência do projeto das offshores do Senado é boa, só que não é suficiente. O próprio setor, depois de uma análise fria, já percebeu que precisa de um texto melhor. Então não há prejuízo se ampliarmos o projeto para incorporar outras fontes de energias renováveis porque ele já voltará para o Senado, não irá direto para sanção”, explicou.
O mais incerto, por enquanto, é como se dará o debate sobre a regulamentação do mercado de carbono, que permite as empresas compensarem suas emissões de gases com efeito estufa ao comprarem créditos de outras. O texto foi debatido na legislatura passada, mas o governo de Jair Bolsonaro (PL) preferia uma regulamentação via decreto e o projeto de lei não avançou por falta de consenso no Congresso.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elaborou sua própria proposta sobre o tema, mas o núcleo político ainda avalia se enviará um projeto de lei novo ou passará o texto para a Câmara incorporar a um PL já em discussão, afirmou o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Rodrigo Rollemberg.
A segunda saída, de “pegar carona” nos debates na Câmara, poderia ampliar o apoio em torno da proposta, mas tem como entrave que a atual relatora é a deputada Carla Zambelli (PL-SP), que é da ala mais radical da oposição e que viveu uma relação conflituosa com o PT quando presidiu a Comissão de Meio Ambiente. “Ela se ofereceu a adotar as teses do governo num substitutivo a ser apresentado por ela, então isso está em negociação. Mas realmente seria uma relatora mais difícil de se dialogar”, afirmou Rollemberg.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Investimento previstos são de R$ 38 bilhões no ano e geração de 26GW.
A capacidade em geração própria de energia elétrica, também chamada de Geração Distribuída (GD), atingiu no Brasil o volume de 23 gigawatts (GW). A energia solar responde por mais de 98% do total em GD, que inclui ainda a eólica, a biomassa e outros tipos de energia. Conforme a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), o Brasil faz parte do grupo dos dez maiores produtores de energia solar do mundo. A previsão para este ano é um investimento do setor de cerca de R$ 38 bilhões e chegar até dezembro com 26GW de potência gerada.
Dados da ABGD indicam que atualmente o país já tem mais de 3 milhões de unidades consumidoras (UC’s) que utilizam a geração própria de energia. Conforme a entidade, cada UC representa uma residência, um estabelecimento comercial ou outro imóvel abastecido por micro ou mini usinas, todas elas utilizando fontes renováveis.
A extensão territorial e as condições climáticas do Brasil têm favorecido o crescimento da geração distribuída com a instalação de sistemas fotovoltaicos em residências, comércios e indústrias. Avanços tecnológicos e incentivos do poder público também têm tornado a geração distribuída cada vez mais atrativa. Essa evolução tem resultado em queda nos custos para a compra dos equipamentos, instalação e manutenção.
“Quanto maior o número de interessados, de empresas que estão no Brasil e de distribuidoras de equipamentos, isso aumentou muito o número de pessoas fazendo instalação. Isso tudo ao longo do tempo ajudou a ter um preço mais competitivo”, afirmou o presidente da ABGD, Guilherme Chrispim, em entrevista à Agência Brasil.
Conforme o professor de engenharia elétrica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Djalma Falcão, a primeira resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a GD foi em 2012, mas somente em 2016 a procura começou a aumentar, com crescimento muito rápido.nos últimos três ou quatro anos.
Redução nas contas
Além de ser um tipo de energia mais limpa e de fonte renovável, a economia é outro fator que desperta o interesse de consumidores e empreendedores e tem permitido o avanço do setor. Chrispim citou a redução de gastos que ele próprio teve em casa depois que instalou o sistema. “Antes de ter o sistema eu tinha uma fatura média mensal na faixa de R$ 800, às vezes um pouco mais nos meses de inverno, hoje a média na minha fatura é em torno de R$120. É muito!”, informou, acrescentando que em alguns estados a diferença pode ser ainda maior com a isenção de impostos sobre a energia.
“Quem determina isso é a legislação tributária de cada estado. Tem estado que cobra o ICMS sobre a energia. Minas Gerais, por exemplo, não cobra. Dá uma diferença em alguns casos em função disso, de cobranças que alguns estados isentaram. Em alguns estados você tem uma maior compensação da energia que está gerando”, destacou Chrispim.
Comunidades
Para fazer chegar a geração própria de energia elétrica a outra parcela da população, a ONG Revolusolar, criada há sete anos, desenvolve projetos em comunidades, como a da Babilônia, na zona sul do Rio. Lá, atualmente 34 famílias participam do programa, entre elas a de Bruna Santos, que é presidente da Cooperativa de energia renovável Percília e Lúcio, fundada em janeiro de 2021.
A Revolusolar instalou uma usina na comunidade e a perspectiva, segundo a presidente, é que até o fim do ano o número de usinas seja ampliado chegando a 100 famílias incluídas neste tipo de fornecimento de energia.
“Hoje nós estamos com uma usina em funcionamento, uma em homologação e três em preparo para funcionamento. Até o final de 2023 nós estaremos com quatro usinas em operação. Atualmente são 34 casas e a ideia é expandir para até o final do ano alcançar 100 famílias beneficiadas”, contou Bruna à Agência Brasil.
As 34 famílias que já participam do programa, de acordo com a presidente, foram escolhidas por meio de uma chamada realizada pela Revolusolar para a inscrição de interessados em integrar o projeto. Agora, para a ampliação de cooperados, novamente haverá uma chamada pela ONG. “Eles vão entrando na medida em que há possibilidade. Agora, com a segunda usina, vai entrar um outro grupo e vamos fazer uma nova chamada à medida em que as pessoas vão se inscrevendo e que tenha capacidade de incluí-las na usina, assim é feito”, informou Bruna.
Uma pesquisa realizada no ano passado revelou em que as pessoas incluídas no projeto estavam investindo o valor da redução nas contas. “Algumas têm revertido para alimentação, que estava complicada. As pessoas tinham que escolher entre pagar a conta de luz ou comer e agora está dando para comprarem mais comida. Tem algumas pessoas que destinam para o lazer, umas outras para comprar medicamentos. Então, as pessoas têm conseguido equilibrar o orçamento”, disse a presidente da Cooperativa.
Para Bruna, o desenvolvimento do projeto representa uma mudança para os moradores da Babilônia e a democratização da energia solar. A primeira instalação na comunidade foi em 2018 na Escolinha Tia Percilia.
O diretor executivo da Revolusolar, Eduardo Ávila, disse que o projeto é realizado em parceria com os moradores, lideranças da comunidade e parceiros técnicos de fora. Além da geração própria de energia, capacita moradores para o uso dos sistemas. “Ali foi criada a primeira cooperativa em energia solar em favelas do Brasil. Para ter autonomia e autossuficiência na comunidade também tem o programa de formação profissional de eletricistas solares para fazer a instalação e manutenção dos sistemas, além de atividades de educação e cultura com as crianças e a comunidade como um todo para participar desse processo”, revelou à reportagem.
Eduardo Ávila informou que recentemente a Revolusolar está replicando o modelo para outras comunidades como a Maré e Cidade Nova, no Rio, e para outros estados como São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, além de uma comunidade indígena no Amazonas, para fazer com que mais instituições e comunidades também recebam este benefício da revolução solar, completou.
Escolha
Para saber o sistema necessário, o primeiro passo do consumidor é contratar um instalador ou integrador, profissional que vai avaliar de acordo com a demanda de energia, qual deve ser o tamanho do sistema que será usado. Se for menor que a demanda, a diferença terá que ser suprida pela distribuidora e no lugar de crédito, o consumidor terá uma fatura a pagar. Mas o contrário pode ocorrer e instalar uma capacidade maior, caso o consumidor esteja pensando em fazer mais uso de energia no futuro. O cálculo do profissional é feito com base na média anual de consumo.
“É como um consumo qualquer, por exemplo, de água. O sistema a ser feito vai considerar o seu consumo, quantas pessoas têm na casa. Enfim, a ideia é que fique muito próximo a sua geração do consumo mensal”, concluiu o presidente da ABGD.
Até mesmo em um prédio com vários moradores o sistema pode ser instalado. Os créditos são passados aos condôminos, que neste caso, terão os CPFs registrados. O professor esclareceu que à noite, quando não é possível produzir a energia nestes sistemas pela falta de sol, o consumidor tem o fornecimento feito pelas distribuidoras. No entanto, no resto do dia pode consumir da quantidade que produz.
“É o sistema de crédito. É uma troca. Se a pessoa produzir mais do que consome ela não ganha nada porque não pode vender essa energia, agora se produzir menos do que consome tem que pagar à distribuidora”, pontuou Falcão em entrevista à Agência Brasil.
Investimento
Os custos com investimento variam conforme a quantidade necessária de energia e dos impostos cobrados pelo estado em que o sistema for instalado. Chrispim calculou que uma família de quatro pessoas, em média, dependendo da situação climática do estado, pode consumir aproximadamente 600kw/h por mês e por isso precisará de um sistema 5k ou 6k (equivalente a 6 mil watts). “Os custos diminuíram nos últimos meses, o sistema vai ficar em torno de R$18 mil”, contou, acrescentando que já tem muitos bancos, tanto públicos como privados, oferecendo linhas de financiamento para sistemas fotovoltaicos aos interessados.
Potência
Chrispim chamou atenção para a comparação com a capacidade instalada da geração distribuída com a oferecida pela Usina Hidrelétrica de Itaipu. Enquanto na geração distribuída é atualmente de 23 gigawatts, Itaipu está em 14 gigawatts. “Dá para dizer que quase todos os municípios do Brasil têm, pelo menos, uma usina de geração distribuída”, revelou, observando que geralmente a instalação é em telhados dos imóveis.
Segundo Djalma Falcão, a previsão é que em dois anos a capacidade da GD espalhada em telhados de casas e de prédios do Brasil vai superar em mais de duas vezes a da Usina de Itaipu, que é a maior do país. “É uma coisa significativa e inclusive começa a trazer preocupações para o Operador Nacional do Sistema [ONS], porque é muito mais difícil controlar essa geração espalhada do que em uma usina concentrada. O operador está tentando melhorar as suas técnicas operativas para levar em consideração esse novo tipo de geração que vem crescendo”, alertou.
Transição energética
Falcão ressaltou a importância da geração distribuída para a transição energética do Brasil. “Sem dúvida [contribui], porque a maior parte dessa geração é fotovoltaica com emissão zero, então é uma fonte renovável e aumenta ainda mais a nossa porcentagem de energia renovável no sistema elétrico. Então, ela é positiva para a transição energética”, avaliou, acrescentando que no momento a GD cresce mais do que as outras fontes renováveis, mas a tendência é que no horizonte de quatro anos se estabilize e as grandes usinas de solar e eólica avancem mais com o aumento da demanda.
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
Senador Eduardo Braga (MDB-AM) fala em transferir incentivos fiscais para os consumidores.
O relator da reforma tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), sinalizou uma mudança na tributação no setor elétrico brasileiro. Para o congressista, não há mais motivos para haver incentivos fiscais para a geração de energia das chamadas fontes limpas.
Braga afirmou na 4ª feira (2.ago.2023) que esses benefícios tributários já cumpriram a sua função de alavancar as fontes renováveis no país e que hoje a matriz energética brasileira conta com uma contribuição expressiva das fontes solar e eólica.
“[…] continuamos onerando o consumidor brasileiro e beneficiando o gerador com um subsídio cruzado que já não mais é necessário. Nós agora temos que fazer a inversão“, defendeu o relator da reforma tributária em conversa com jornalistas. “O benefício agora tem que ser para o consumidor, e não para o gerador. O benefício tarifário e a justiça social do tributo têm que ser invertidos.”
A mudança na tributação de energia ainda será discutida no Senado. O texto começa a tramitar na próxima semana, depois de ser entregue ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na 5ª feira (3.ago). No entanto, se a sinalização do relator for seguida, a medida deve afetar diretamente os custos de geração de energia renovável no país.
Desde 2015, o governo concede isenção de PIS/Cofins para a geração de energia solar sobre a parcela injetada na rede das distribuidoras. Com isso, o valor correspondente ao crédito de energia abatido na conta de luz do gerador não tem cobrança de tributos.
Além do benefício federal, atualmente todos os Estados também oferecem isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para quem gera energia renovável. Assim, quem está inserido na geração distribuída não paga imposto sobre a energia consumida que equivale a sua produção.
Também desde 2015 há isenção de impostos federais para venda e importação de aerogeradores, equipamentos usados para geração
eólica.
Como resultado dessas políticas, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), 29% da matriz energética brasileira hoje é composta pela geração eólica e solar, inclusive distribuída. Conforme o gráfico abaixo, a energia hidráulica ainda é a mais relevante no país, com 51% da matriz total.
O fim dos incentivos fiscais para a produção renovável de energia pode tornar menos atrativa a chamada microgeração distribuída, modelo em que se enquadram os consumidores com placas solares em suas residências e injetam a energia na rede das distribuidoras.
Hoje, esse consumidor tem um desconto na conta de luz proporcional à quantidade de energia que ele gerou. Por exemplo, se a fatura média for R$ 200, e a quantidade de energia produzida equivaler a R$ 150, esse consumidor/gerador paga apenas R$ 50 de luz (25% do consumido).
Com as isenções existentes, não incidem impostos federais e estaduais sobre essa parcela de R$ 150 (correspondente à energia gerada), mas só sobre os R$50 restantes.
Caso os incentivos sejam retirados, a conta de luz desses consumidores deve subir, com a incidência de tributos sobre toda a energia consumida.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Além de investimentos em transmissão e geração renovável, companhia olha para produção e transporte de hidrogênio verde no país.
A Engie acredita que a produção de hidrogênio verde pode gerar uma nova demanda de energia capaz de resolver a sobreoferta de eletricidade que existe hoje no Brasil. Além de investimentos em transmissão e geração renovável, a companhia olha para produção e transporte de hidrogênio verde no país.
Para o gerente de assuntos regulatórios e de mercado da empresa, Leandro Xavier, aproveitar a energia excedente para produção de hidrogênio é “fazer do limão uma limonada”.
Durante o evento Engie Day, nesta quarta (2/8), no Rio de Janeiro, o executivo afirmou que visão está alinhada com os anseios do governo federal.
“Hoje temos uma sobreoferta de energia renovável. Essa sobreoferta está totalmente alinhada com que o governo está almejando, que é o processo de reindustrialização do país e a questão de fomentar a indústria do hidrogênio verde”.
O Brasil tem atualmente 193 gigawatts (GW) de capacidade instalada. Além disso, há mais de 240 GW previstos em projetos aprovados e em análise, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Entre os projetos em andamento, estão três da Engie. A companhia espera investir R$ 10 bilhões até 2025 para incrementar o portfólio com mais 2 GW, em dois parques, um solar e um eólico, no Rio Grande do Norte, e uma usina eólica na Bahia.
Âncora para expansão das renováveis
Ana Meyer, desenvolvedora de negócios de hidrogênio verde da companhia, também defende que a indústria do energético pode ancorar a expansão das renováveis no Brasil.
“Uma grande oportunidade que vemos é o mercado de hidrogênio impulsionar ainda mais o desenvolvimento das energias renováveis (…) A criação de novas cargas a partir de projetos de hidrogênio, fomentando ainda mais o desenvolvimento de renováveis”, avalia.
Por ser um carregador de energia, Meyer também vê no hidrogênio verde uma opção de exportar energia renovável produzida no Brasil, seja na forma do gás, seja via derivados, como amônia e metanol.
Hoje, o portfólio da Engie no Brasil é 100% renovável, com 75 usinas entre hidrelétricas, solar e eólica, com aproximadamente 10 GW de capacidade instalada, além de 2.700 km de linhas de transmissão já em operação.
A companhia também foi uma das vencedoras do último leilão de concessão de linhas de transmissão, ao arrematar por R$ 249,3 milhões um pouco mais de mil quilômetros de linhas, que vão conectar Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, atendendo, assim, ao escoamento da energia renovável do Nordeste para o Sudeste.
Hidrogênio verde e industrialização
Além de geração e transmissão, a Engie estuda a produção de hidrogênio verde no Brasil.
A companhia já possui um memorando de entendimento para instalação de uma planta no Porto do Pecém, no Ceará, e um protocolo de intenções com a Invest Paraná, para desenvolver projetos de grande escala de produção de hidrogênio verde no estado.
Globalmente, a empresa possui trinta projetos em larga escala de hidrogênio verde, com o objetivo de chegar a 4 GW em capacidade de eletrólise até 2030.
No caso do Brasil, Meyer destaca que o país, além do potencial de ser um produtor a preço competitivo, também tem a vantagem de ser um possível grande consumidor, por conta do seu parque industrial – o maior da América Latina.
“Temos uma indústria bem consolidada com necessidade de descarbonização, e isso se torna um diferencial quando comparamos com outros países que estão se posicionando como produtores de hidrogênio internacional, como Chile e países do Oriente Médio”, avalia a executiva.
Ela conta que os projetos da Engie, no primeiro momento, olham as indústrias de siderurgia, mineração e química, como primeiros clientes para o H2, além do transporte pesado.
E que a preferência é “buscar desenvolver projetos em formato de hubs, para que consigamos otimizar o desenvolvimento do projeto, e ter diversas aplicações no local”, a exemplo do futuro hub do Pecém, no Ceará.
Transporte de hidrogênio via gasodutos
Na estratégia de longo prazo da companhia, a Transportadora Associada de Gás (TAG) – onde a Engie tem participação acionária de 65% – também estuda o transporte de hidrogênio verde, via adaptação de gasodutos.
No Brasil, ela opera uma malha de gasodutos de 3.700 quilômetros, que liga o norte do Rio de Janeiro, até o Porto do Pecém, no Ceará. Além de uma malha de Urucu a Manaus, no Amazonas, com cerca de 800 km.
“Já pensamos no futuro em preparar nossas infraestruturas para hidrogênio, biometano, biogás e outro tipo de forma de gás que poderíamos transportar na nossa infraestrutura”, Gustavo Labanca, diretor-presidente da TAG.
Globalmente, a Engie opera mais de 37 mil km de gasodutos de transporte e 200 mil km de gasodutos de distribuição. Até 2030, a companhia espera operar uma rede de 700 quilômetros dedicada a hidrogênio.
Fonte e Imagem: epbr.
Sem coordenação pelo governo, ao menos 10 projetos de lei discutem regras para fontes de energia alternativas e captura de carbono.
Contemplado com uma diretoria na Petrobras e uma secretaria no Ministério de Minas e Energia, o tema da transição energética ainda patina em termos de regulação e atratividade econômica. Há pelo menos dez projetos de lei em tramitação no Legislativo federal que visam a regulamentar o uso e a produção de hidrogênio, do biometano e da energia eólica offshore, assim como a exploração da atividade de armazenamento de dióxido de carbono (CO2) e seu posterior reaproveitamento.
“Na maioria dos setores das novas energias, da transição energética, você não tem hoje uma regulação pronta. Ainda está em discussão”, analisa o advogado Giovani Loss, que atua na área de transição energética do escritório Mattos Filho. “Alguns projetos [de lei] estão andando, e outros, não. Falta uma coordenação por parte do governo.”
Os temas relacionados à sustentabilidade, incluindo a transição energética, estão espalhados por 12 ministérios, segundo levantamento feito pelo Mattos Filho. No Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, por exemplo, há uma Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria. Já a pasta da Fazenda abriga uma Subsecretaria de Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável e outra de Política Agrícola e Negócios Agroambientais.
“O atraso na regulamentação [...] certamente pode colocar o país em desvantagem”, opina Julia Marisa Sekula, uma das autoras do livro “Brasil: Paraíso restaurável”, que trata do potencial do país num cenário mundial de redução das emissões de carbono. A regulamentação não costuma acompanhar o ritmo de inovação, acrescenta Sekula, e este é um ponto especialmente crítico quando se trata do processo de transição energética, que abrange tecnologia sofisticadas. “Não é só o ponto de regulamentar, mas regulamentar bem. E com capacidade, entendimento. E nesse ponto, quando falamos sobre essas tecnologias, o Brasil não está na mesa”, afirma ela.
No país, a exploração do biometano - por exemplo - foi regulamentada em nível federal por um decreto de 2021. No entanto, a regulação nos Estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo e São Paulo se encontra em diferentes estágios. Biometano é um biocombustível gasoso derivado da purificação do biogás, produzido a partir da decomposição de materiais orgânicos.
Dois projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional tratam da criação de uma política federal para o biogás e o biometano (2.193/ 2020) e de um programa de incentivo à produção e ao aproveitamento desses biocombustíveis (3.865/2021).
A geração de energia eólica offshore começou a ser regulamentada por meio do Decreto nº 10.946, publicado em janeiro do ano passada. “A partir do decreto, vêm sendo publicadas portarias que complementam e detalham a regulamentação. Isso ainda está em andamento”, explica Karys Prado, analista sênior da consultoria Wood Mackenzie para o mercado de energia eólica na América Latina. “Em paralelo, temos a tramitação no Congresso Nacional do PL [projeto de lei] 576”, acrescenta a especialista. Além desse, outros dois projetos de lei sobre o tema foram apresentados.
No caso da produção e uso do hidrogênio e também no da captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS, na sigla em inglês) ainda não há legislação em vigor. Pelo menos quatro projetos de lei foram apresentados para tratar de aspectos relacionados ao hidrogênio e um aborda a CCUS.
“De maneira geral, nesses quatro segmentos [biometano, eólica offshore, hidrogênio e CCUS] existem indefinições que são barreira para entrada no mercado”, sustenta Rafael Kelman, diretor-executivo da consultoria PSR, especializada na área de energia.
pesar de destacar a importância da regulamentação, o diretor-executivo da PSR destaca que muitos dos mercados abertos pelo processo de transição energética ainda não são suficientemente atraentes do ponto de vista de retorno financeiro. “Não precisamos ter pressa de fazer isso [regulamentação] enquanto o custo-benefício não for favorável [em segmentos como eólica offshore e hidrogênio]. Fizemos isso com a eólica [onshore], com a solar”, exemplifica Kelman.
No caso do mercado de biometano já existe uma lógica econômica que justifique investimentos, especialmente no setor sucroalcooleiro, destaca Kelman. O biocombustível pode substituir o diesel utilizado em colheitadeiras e caminhões.
A captura de carbono, por sua vez, precisa ser regulamentado não só no Brasil, argumenta Kelman. “Todo mundo está discutindo a regulamentação da captura de carbono no subsolo. [...] Falta regulamentação”, resume.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ministro de Relações Institucionais afirma que governo quer aprovar marco legal ainda no segundo semestre.
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), disse nesta terça (1/8) que o marco legal do mercado de carbono é “prioridade na pauta da transição ecológica” e pretende aprovar o texto ainda este ano.
O ministro indicou que a proposta do governo será apresentada via Senado, onde o debate sobre o tema está mais avançado com o PL 412/2022, relatado pela senadora Leila Barros (PDT/DF) na Comissão de Meio Ambiente (CMA).
“A prioridade do governo é aprovar, neste semestre, o novo marco regulatório do mercado de créditos de carbono. Vamos buscar impulsionar o esforço que está sendo feito pela senadora Leila”, afirmou Padilha.
O texto relatado por Barros foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no ano passado.
A intenção do governo é reunir as contribuições da indústria brasileira – alvo da regulamentação – em um texto que deverá tramitar junto com o PL do senado.
Parte dessas contribuições estão sendo negociadas pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão).
Entenda
O Brasil tenta aprovar a regulamentação antes da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), que ocorrerá em novembro, nos Emirados Árabes Unidos.
Desde 2021, o país tem tentado emplacar um marco legal a tempo de participar da conferência climática com um mercado de créditos de carbono regulado.
Desta vez, o governo se diz “otimista” em relação ao cenário político e conta com o apoio favorável da indústria. A proposta foi elaborada em parceria com o setor produtivo e segue modelo já adotado internacionalmente, conhecido como cap and trade.
Em julho, Leila Barros comentou que o avanço da proposta até a realização da cúpula era uma “certeza”.
“É uma missão que o Congresso tem como objetivo. Acabando o recesso em julho, nós já vamos trabalhar na elaboração [do projeto]. É uma certeza, um objetivo”, declarou, à agência epbr.
A proposta da indústria
O mercado de carbono é um instrumento para financiar a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE).
Na prática, o comércio regulado vai estabelecer diretrizes para a comercialização de créditos de carbono por entidades que reduzam suas emissões a níveis abaixo das metas de descarbonização estabelecidas.
Segundo a proposta da indústria brasileira, baseada em modelos internacionais, como o da União Europeia (EU ETS), as empresas que emitirem mais de 25 mil toneladas de CO2 por ano estarão sujeitas a regulamentação.
As indústrias siderúrgicas, químicas e petroquímicas, por exemplo, representam grande parte das emissões totais de GEE.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defende que, com o funcionamento do mercado regulado no Brasil, essas empresas poderão comprar e vender permissões com maior segurança jurídica, transparência e envolvimento do setor privado.
A entidade também calcula o potencial de geração de R$ 128 bilhões em receitas com o instrumento.
Fonte e Imagem: epbr.
As emissões de dióxido de carbono no Brasil se diferem de outros países devido à nossa matriz energética ser mais de 80% renovável.
Em recente palestra na Federação das Indústrias do Maranhão (FIEMA), durante o ‘Seminário de Descarbonização da Indústria e o Mercado de Crédito de Carbono’, Júlia Sagaz explicou como a regulação foi realizada em países da Europa e nos Estados Unidos.
Ela forneceu um panorama da discussão do tema no Brasil e disse que o ideal é que internamente o mercado de crédito de carbono seja um processo realizado por fases, gradual e que permita o aprendizado e a correção de rotas.
As emissões de dióxido de carbono no Brasil se diferem de outros países devido à nossa matriz energética ser mais de 80% renovável. Já as maiores emissões de CO2 no Brasil têm relação direta com o desmatamento.
Júlia Sagaz é diretora socioambiental da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (ABIAPE) e coordenadora do GT Licenciamento Ambiental e de Recursos Hídricos do Fórum do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (FMASE). O FMASE representa 17 associações do setor de energia elétrica, que vai desde a geração, transmissão, distribuição, comercialização e consumo de energia.
Devido à sua transversalidade, atualmente o Fórum é considerado um dos grandes interlocutores do setor elétrico para tratar da área de meio ambiente e tem parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ela informou que o FMASE atuou junto com a CNI durante cinco anos no Projeto PMR Brasil, que foi desenvolvido pelo Banco Mundial em conjunto com o Ministério da Fazenda para estudar qual seria a melhor forma de estabelecer uma precificação de carbono no Brasil.
O Projeto PMR Brasil tem por objetivo discutir a conveniência e a oportunidade da inclusão da precificação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no pacote de instrumentos voltados à implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) no período pós-2020.
A academia, o governo e a iniciativa privada participaram desse debate e chegou-se à conclusão de que o melhor sistema de comércio de emissões seria no estilo ‘cap and trade’ (limite e negociação), mecanismo que reduz as emissões ao menor custo possível para a economia ao mesmo tempo em que atende ao limite de emissões estabelecido pelo governo.
Júlia fez um relato sobre a experiência de países europeus, do Canadá e dos Estados Unidos na regulação do mercado de crédito de carbono.
Ela defendeu que a regulação do mercado de crédito de carbono no Brasil tenha apenas ‘uma estrutura em lei’ sem o detalhamento da regulamentação para poder ajustar possíveis distorções ao longo do processo.
Outro aspecto destacado é a importante participação do setor produtivo no processo de regulação do mercado de crédito de carbono.
Isso porque a maioria dos países, principalmente europeus, têm a maior dificuldade de reduzir suas emissões no seu processo de geração de energia. Já o Brasil tem uma matriz de energia elétrica mais de 80% renovável. Quando se fala em matriz energética no Brasil é três vezes mais limpa do que no restante dos países. Então isso diminui completamente o número de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil.
Por fim, Júlia Sagaz explicou como a crise hídrica que o Brasil viveu em 2020, que deixou os reservatórios com apenas 23% da capacidade, provocou aumento nas emissões de GEE devido ao funcionamento das termelétricas. Adicionalmente a isso, ela disse, o agro não apenas emite GEE mas também captura carbono.
Fonte e Imagem: O Imparcial.
Segundo a agência, esse será o maior certame já realizado pela Aneel em termos de valor investido. Leilão estava previsto para outubro, mas foi adiado para dezembro.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (1º) o segundo leilão de transmissão de energia de 2023, marcado para 15 de dezembro.
Estão previstos R$ 21,7 bilhões em investimentos na construção e operação de linhas de transmissão e subestações de energia, que devem entrar em operação em prazos que variam de cinco a seis anos.
Segundo a área técnica da Aneel, esse será o maior leilão já realizado pela agência em termos de investimentos previstos.
As obras serão feitas em cinco estados:
Goiás
Maranhão
Minas Gerais
Tocantins
São Paulo
O certame estava inicialmente previsto para outubro, mas foi adiado em dois meses por pedido da Aneel.
"A Aneel estava preocupada com a realização de tantos investimentos concentrados em pouquíssimo tempo. Há uma compressão natural de fornecedores, inflação de commodities, inflação de prestadores de serviços", explicou o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa.
Segundo Feitosa, havia a possibilidade de o leilão ser esvaziado por falta de competição ou de os preços serem muito altos, caso o cronograma original fosse mantido.
Os empreendimentos têm o objetivo de escoar a produção de energia renovável do Nordeste e norte de Minas Gerais para o restante do país, por meio do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Depois da aprovação nesta terça (1º), o edital do leilão será analisado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e retorna para aprovação da Aneel.
Em junho, a agência realizou o primeiro leilão de transmissão de 2023. Foram contratados R$ 15,7 bilhões em investimentos em seis estados, com a construção, operação e manutenção de 6.184 quilômetros de linhas. O certame é considerado o maior já realizado.
“Este leilão, com aqueles que faremos em dezembro e março próximos, tem o potencial de destravar mais de R$ 200 bilhões em investimentos em geração limpa e renovável no Brasil”, disse na ocasião o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Fonte e Imagem: Portal G1.
É crucial encontrar um equilíbrio que permita a continuação da migração para o mercado livre, enquanto se protege os consumidores cativos de aumentos injustos nos preços da energia.
A energia elétrica é um recurso indispensável na vida moderna, alimentando tudo, desde nossas casas e escritórios até indústrias e infraestruturas públicas. No Brasil, no entanto, o custo desse recurso vital tem sido uma fonte de preocupação crescente. O preço da eletricidade tem subido constantemente, pesando no bolso dos consumidores e afetando a economia em geral.
Segundo pesquisa efetuada pela interface CupomValido.com.br, com informações da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) sobre preços da eletricidade, o Brasil tem a segunda tarifa de energia mais cara do mundo.
Paradoxalmente, um dos principais fatores que contribuem para essa situação é a migração em massa dos consumidores para o Mercado Livre de Energia. Este é um espaço onde os consumidores, principalmente os industriais e comerciais, podem escolher de quem comprar sua eletricidade, em vez de ficarem restritos à distribuidora local. Em razão da livre escolha, a concorrência entre os geradores e comercializadores de energia faz com que o preço desse insumo.
Em 2021, o Brasil enfrentou uma crise hídrica severa que elevou os preços da energia para mais de R$1.500 por megawatt-hora (MWh). No entanto, ao longo de 2022, a situação se reverteu significativamente. O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD mínimo), um termo técnico do setor que serve como referência para contratos, especialmente no mercado livre onde os consumidores têm a liberdade de escolher seus fornecedores, caiu para o limite regulatório de R$ 69 por MWh.
Essa liberdade de escolha, embora benéfica para os consumidores que migram, tem implicações significativas para aqueles que permanecem no mercado cativo, conforme será apresentado neste artigo.
Entendendo o Mercado Livre de Energia
O Mercado Livre de Energia é um ambiente de negociação no qual os consumidores têm a liberdade de escolher seus fornecedores de energia. Este mercado foi criado com o objetivo de promover a concorrência, permitindo que os consumidores negociem diretamente com os geradores ou comercializadores de energia as condições de fornecimento, como preço, volume e prazo.
Para participar do mercado livre, os consumidores precisam atender a certos requisitos de demanda, que são estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Atualmente, o MLE é acessível para unidades que operam em alta tensão (Grupo A) e que possuem uma demanda contratada de pelo menos 500 kW. Essas unidades podem optar por fontes de energia alternativas, negociar preços e volumes de energia diretamente com os fornecedores, e redigir contratos que se adequem às suas necessidades. A migração para o Mercado Livre pode resultar em economia média de até 30% na conta de luz.
Em 2022, o governo brasileiro aprovou a formalização de regulamentos que reduzem os limites de participação no ACL, permitindo que mais consumidores tenham acesso a este mercado. A partir de 2024, qualquer unidade consumidora do Grupo A poderá migrar para o Mercado Livre, independentemente de sua demanda contratada. Isso permitirá que mais empresas contratem energia de fontes limpas, combinando economia com sustentabilidade.
Para as empresas e consumidores conectados em baixa tensão (Grupo B), a migração para o Mercado Livre será possível a partir de janeiro de 2026. No entanto, as classes residencial e rural só poderão migrar a partir de janeiro de 2028. Agora, em 2023, as empresas já podem começar a avaliar a viabilidade da migração com uma comercializadora de confiança.
A principal atração do mercado livre é a possibilidade de obter preços mais competitivos e a flexibilidade para escolher a origem da energia, seja ela de fontes renováveis ou convencionais. Além disso, os consumidores livres têm a capacidade de prever e controlar melhor seus custos de energia, já que podem negociar contratos de longo prazo com preços fixos.
No entanto, a migração para o mercado livre não é uma decisão a ser tomada de ânimo leve. Os consumidores livres assumem mais responsabilidades, como a gestão de riscos relacionados à volatilidade dos preços e à garantia de fornecimento. Além disso, eles precisam ter uma compreensão clara de suas necessidades de consumo para negociar contratos que se alinhem a essas necessidades.
Apesar desses desafios, a migração para o mercado livre tem se acelerado nos últimos anos. Isso se deve em grande parte à crescente conscientização sobre os benefícios potenciais do mercado livre, bem como às mudanças regulatórias que têm facilitado a entrada de mais consumidores neste mercado.
No entanto, essa migração tem implicações significativas para o mercado cativo e para o setor de energia como um todo, como veremos nos próximos capítulos.
O Impacto no Mercado Cativo
O mercado cativo de energia é composto por consumidores que não têm a opção de escolher seu fornecedor de energia. Geralmente, são consumidores residenciais e pequenas empresas que, por restrições regulatórias ou de consumo, não podem migrar para o mercado livre. Esses consumidores são atendidos pelas distribuidoras locais de energia, que fornecem energia a preços regulados pela Aneel.
A migração de grandes consumidores para o mercado livre tem um impacto direto no mercado cativo. Com menos consumidores para dividir os custos, uma parcela maior dos encargos setoriais e dos custos de infraestrutura recai sobre os consumidores cativos.
Um dos principais encargos setoriais é o fundo CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). Este fundo é usado para financiar várias políticas públicas no setor de energia, como subsídios para fontes de energia renováveis, programas de eletrificação rural e tarifas sociais para consumidores de baixa renda. Originalmente, esses custos eram divididos entre todos os consumidores, mas com a migração para o mercado livre, uma parcela maior desses custos está sendo transferida para os consumidores cativos.
Isso tem levado a um aumento nos preços da energia para os consumidores cativos. Além disso, a migração para o mercado livre pode resultar em uma menor previsibilidade na demanda de energia, o que pode levar a investimentos insuficientes em infraestrutura e, consequentemente, a uma menor confiabilidade no fornecimento de energia. No contexto das empresas geradoras, a diminuição dos custos representa uma questão preocupante, possuindo a capacidade de comprometer a viabilidade de projetos.
Essa situação coloca em evidência a necessidade de uma reforma no setor de energia. É crucial encontrar um equilíbrio que permita a continuação da migração para o mercado livre, enquanto se protege os consumidores cativos de aumentos injustos nos preços da energia. Nos próximos capítulos, exploraremos as implicações dessa situação para os consumidores e possíveis soluções para esse desafio.
Possíveis Soluções e Futuro do Mercado de Energia
A situação atual do mercado de energia no Brasil, com a migração de consumidores para o mercado livre e o consequente aumento dos preços para os consumidores cativos, destaca a necessidade de reformas no setor de energia. Existem várias possíveis soluções que poderiam ajudar a equilibrar os interesses de todos os consumidores.
Uma solução potencial seria a revisão da forma como os custos do fundo CDE e outros encargos setoriais são divididos entre os consumidores. Atualmente, esses custos são divididos com base no consumo de energia. No entanto, isso resulta em uma parcela desproporcional desses custos sendo suportada pelos consumidores cativos. Uma alternativa seria dividir esses custos de forma mais equitativa entre todos os consumidores, independentemente de estarem no mercado livre ou cativo.
Além disso, é crucial garantir que haja investimento suficiente em infraestrutura de energia. Isso poderia ser alcançado através de incentivos para investimentos em infraestrutura ou através de regulamentações que garantam que a demanda de energia possa ser atendida de forma confiável.
A migração para o mercado livre de energia é uma realidade. O desafio será encontrar um equilíbrio que permita a continuação da migração para o mercado livre, enquanto protege os interesses dos consumidores cativos e garante a confiabilidade do fornecimento de energia.
A tarefa não é fácil, mas é essencial para garantir um futuro energético sustentável e acessível para todos os brasileiros.
Fonte e Imagem: Energia Hoje.
Unica, Cogen e Abiogás sugerem no documento o uso de um Custo-Fator Emissões na participação dos projetos de bioeletricidade e biogás nos leilões.
As principais associações ligadas ao setor de bioenergia – Unica, Cogen e Abiogás – protocolaram nesta segunda-feira (31/07) no MME e na Aneel um ofício reivindicando a implementação de mecanismos para considerar os atributos ambientais das fontes renováveis.
A data para a entrega coincide com o último dia para recebimento de contribuições da consulta pública 020/2023, que versa sobre a regulamentação do fim dos descontos do fio para os projetos eólicos, solares e a biomassa que entraram em operação depois de 2 de março de 2022, como previsto na lei 14.120/2021, que por sua vez prevê em seu texto a intenção de valorar os atributos das fontes.
“Com base na ênfase à transição energética, prevista para ser desenhada nos próximos meses pelo novo governo, é importante avançar com a instituição efetiva de mecanismos de valoração dos atributos ambientais, de fontes renováveis como bioeletricidade e biogás, que precisa sair institucionalmente do papel”, disse ao EnergiaHoje o gerente de bioeletricidade da Unica, Zilmar de Souza.
De forma alinhada, as três associações replicaram no ofício a essência de suas contribuições à CP 020/2023, como forma de enfatizar as demandas.
Como primeiro ponto, é pedida a “definição concreta das medidas e etapas necessárias para a efetiva consideração dos benefícios ambientais no setor elétrico brasileiro”.
Em segundo lugar, o ofício sugere que, “enquanto não estiver vigente mecanismo geral para a consideração dos benefícios ambientais, deve-se considerar o benefício ambiental ao menos nos leilões regulados para fins de comparação e para subsidiar a decisão do leiloeiro quanto à contratação de determinada fonte de geração”.
As associações lembram no documento que nos leilões de energia nova e de reserva de capacidade, a fonte biomassa/biogás concorre com térmicas convencionais, sem diferenciação alguma quanto ao benefício ambiental.
Nesse caso, o ofício sugere que os reguladores passem a considerar um “Custo-Fator Emissões” na avaliação do custo/benefício.
“Considerando a Análise do Ciclo de Vida (ACV) de cada fonte, o custo das emissões (R$) por usina no contrato seria obtido multiplicando a geração esperada da usina (MWh) pelo fator de emissão (tCO2eq/MWh) e pelo preço do carbono (R$/tCO2e)”, finaliza o ofício.
Fonte e Imagem: Energia Hoje.
A entidade que representa a indústria alerta para as 56 propostas da Câmara e do Senado que aumentam os subsídios pagos pelo consumidor.
A Confederação Nacional da indústria apoia parte dos 453 projetos de lei sobre o setor elétrico que tramitam no Congresso Nacional, mas alerta para a existência de 56 propostas que aumentam os subsídios e encargos para o consumidor. A entidade destaca que os subsídios incluídos nas tarifas de energia elétrica somam R$ 35 bilhões atualmente e representam 13% do valor da conta de luz, contra 3% em 2017.
Entre os projetos que fazem parte da pauta da indústria estão o PL 414/2021 e PL 1915, que alteram o modelo comercial do setor elétrico.
As duas propostas tiveram origem na ideia de abertura do mercado e de livre escolha do fornecedor de energia elétrica, mas abrangem uma série de outros temas da chamada modernização setorial.
Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou em São Paulo que pretende apresentar em até 90 dias um novo projeto de reformulação do setor, em substituição ao PL 414. Silveira argumentou que a proposta, que já passou pelo Senado e está parada na Câmara, não soluciona todos os problemas setoriais.
Monitoramento
Dos projetos monitorados pela indústria, 415 estão na Câmara dos Deputados e 38 no Senado. O maior número de propostas (116) tem como
tema a diversificação da matriz elétrica. Existem ainda projetos que tratam da distribuição de energia (63), de descontos tarifários (56), de reajustes tarifários (31), da suspensão do serviço de energia (30), das tarifas de energia elétrica (24), da tributação (21) e de recursos hídricos (15), entre outros.
Uma das proposições que interessam os grandes consumidores industriais de energia é o PL 4.012/2021, do deputado Paulo Ganime (Novo-RJ).
Ela determina que os subsídios tarifários da Conta de Desenvolvimento Energético serão custeados pela União, por meio de provisão no
orçamento anual aprovado pelo Congresso.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Nova associação quer ampliar investimentos na área e atrair capital internacional para o setor, em crescimento no Brasil e no mundo.
Empresas gigantes de tecnologia, energia e agro, como Siemens, Eletrobras e Yara, lançaram nesta semana a Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV). Trata-se de uma iniciativa conjunta para impulsionar esse setor, que está em crescimento no Brasil e no mundo.
“Queremos colaborar com as políticas públicas. Hidrogênio verde, hoje, é uma indústria de US$ 200 bilhões. Esse é o valor que se espera investir no Brasil em 20 anos, com capital internacional”, disse à Coluna Luís Viga, gerente geral no País da Fortescue, do setor de minério de ferro, e presidente da nova Associação.
Para Alexandre Groszmann, gerente de projetos na European Energy A/S e presidente do comitê fiscal da ABIHV, é preciso dar “mais celeridade para o debate” e “sensibilizar o poder público” em torno da importância do mercado de hidrogênio verde. “O Brasil se insere numa disputa por capital estrangeiro”, afirma o executivo.
Fonte e Imagem: Estadão.
Ministro de Minas e Energia sugere criar “conselho informal” de energia para debater os problemas do setor, em um passo para rever o marco regulatório do setor elétrico.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reuniu-se com especialistas do segmento em Brasília na quarta-feira (26) para discutir soluções do que a pasta classifica como "assimetrias históricas".
A reunião resultou na criação de um “conselho informal” de energia, para debater os problemas do setor. Pode ser um passo para que o governo reveja o marco regulatório do setor elétrico. Em São Paulo, Silveira anunciou que pretende fechar uma proposta de reforma regulatória do setor elétrico em 90 dias.
O encontro reuniu nomes que atuaram em autoridades energéticas, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O ministro e toda a equipe estiveram presentes durante toda a reunião, que foi classificada como produtiva. Cada especialista teve tempo entre dez e 15 minutos para apresentar as respectivas visões sobre o estado atual do setor elétrico.
Um dos temas abordados foi o projeto de lei 414, que atualiza o marco regulatório do setor elétrico, em tramitação na Câmara dos Deputados depois de ter sido aprovado, no ano passado, pelo Senado Federal. Oficialmente, o PL 414 é visto como um projeto fruto de consenso do setor, mas nos bastidores diversos agentes criticam o projeto.
Para Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel, a reunião foi positiva e organizada para debater temas importantes do setor elétrico, com o objetivo, em busca de soluções. Jerson Kelman, ex-diretor-geral da Aneel, disse ter se surpreendido positivamente com a reunião, na qual as ponderações colocadas reforçaram a percepção de que o modelo atual, estabelecido entre 2003 e 2004, já se esgotou, diante do avanço do mercado livre e da geração distribuída.
Além de Kelman e Santana, participaram do encontro os ex-diretores-gerais do ONS Mario Santos, Hermes Chipp e Luiz Eduardo Barata, e os ex-diretores-gerais da Aneel Nelson Hubner e José Mário Abdo.
A proposta de realização de novas reuniões, com calendário de encontros futuros, de uma vez por mês, partiu do próprio Silveira naquele momento, empolgado com o ritmo das conversas, indicando aos presentes a impressão de que essa proposta não estava na pauta até então. Outros especialistas do setor podem ser convidados a serem ouvidos pelo MME.
O Valor apurou que Silveira perguntou aos especialistas se o projeto de lei resolveria os problemas do mercado de eletricidade. Ouviu um ‘não’ como resposta. Segundo Jerson Kelman, um dos problemas no setor é a atuação de forças políticas e lobbies no Congresso Nacional em busca de soluções para temas específicos, fazendo com que os parlamentares deixem de se dedicar a políticas públicas para tratar de aspectos técnicos, cuja solução se dá nas autarquias responsáveis.
Diante da constatação de que o PL 414 não deve ser a saída ideal, Silveira sinalizou que um novo projeto de marco legal deve ser colocado na mesa. Durante evento em São Paulo com empresários, analistas de mercado e representantes dos setores elétrico, o ministro disse que em até 90 dias deve ser fechada uma proposta de reformulação regulatória do setor elétrico do Brasil, que deve "proteger" e reduzir o ônus ao consumidor de energia do mercado regulado, aquele atendido pelas distribuidoras.
Falando a jornalistas, Silveira reforçou que é preciso repensar o setor, já que as oportunidades para os investidores não podem ocorrer às custas de aumentar a energia do consumidor pobre. Segundo ele, o governo vê necessidade de se repensar e renovar o equilíbrio do setor elétrico, eliminando distorções que encarem a conta de luz.
"Se o 414 for o caminho mais rápido e estiver adequado ao que está sendo formulado pelo ministério, ele é uma possibilidade. Há também possibilidade de envio de um novo projeto que contemple o conjunto desses problemas que foram diagnosticados (...). Nos próximos 90 dias queremos entregar uma proposta concluída da reformulação. O 414 resolve parte deste problema, mas não resolve o problema contextual", disse.
O segmento vive problemas considerados de difícil solução, como a sobreoferta de contratos de energia, mediante um cenário de preços baixos e consumo estável, subsídios crescentes a nichos de mercado, como a geração distribuída (GD), a renovação das concessões de distribuição e a alta carga tributária sobre o segmento. Além disso, as demandas da transição energética aumentam os itens da pauta do ministério de um governo que tem sinalizado priorizar novas tecnologias, verdes, como o hidrogênio verde – algo visto como algo promissor, mas ainda distante de se concretizar, segundo especialistas.
O ministro tem sido alvo de críticas por executivos do setor há meses. Em recente evento do setor de energia, no Rio de Janeiro, a reportagem do Valor voltou a ouvir críticas de várias pessoas sobre a atuação de Silveira, que tem centrado esforços para promover maior oferta de gás natural ao mercado, por meio de uma redução de reinjeção, pela Petrobras, de difícil execução num curto prazo, entre outros pontos.
O encontro do ministro com os especialistas ocorreu também num cenário político conturbado. O presidente Lula vem tentando encontrar espaço para acomodar partidos do Centrão no governo, especialmente o PP e o Republicanos, dois partidos que apoiaram o governo de Jair Bolsonaro, mas que buscam espaço na atual gestão. Nesta semana, Lula afirmou que o Centrão é uma entidade que "não existe".
Ainda não está claro no cenário político se o MME entraria nessa seara. Silveira é do PSD, presidido por Gilberto Kassab, que está no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), um dos expoentes do bolsonarismo. O ministro apoiou e fez campanha para Lula no ano passado, quando era senador. Sem mandato, Silveira foi indicado para o MME. Procurado, o ministério não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Falta de política para desenvolvimento do hidrogênio verde aponta que o governo brasileiro não parece ter-se dado conta do grande potencial transformador do setor.
A aptidão natural do Brasil para produção de energia limpa e renovável pode colocar o País na vanguarda do desenvolvimento do hidrogênio verde. É uma janela de oportunidades que poderá revitalizar a indústria, criar empregos e inserir o produto nacional nas cadeias globais baseadas na economia verde.
Em junho, a União Europeia anunciou investimento de 2 bilhões de euros (R$ 10,5 bilhões) para produção de hidrogênio verde no Brasil, mas a demanda por energia limpa deve atrair muito mais para cá, cerca de R$ 2,2 trilhões até 2050, pelos cálculos do Portal Solar.
Mas a falta de regulamentação de um plano nacional de desenvolvimento juridicamente seguro e de ampliação da infraestrutura necessária para obtenção e uso dessa energia pode deixar o País na rabeira, mesmo estando hoje no centro das atenções globais.
Dos 379 projetos já anunciados em todo o mundo, apenas um é no Brasil, conforme levantamento da consultoria A&M Infra. As poucas iniciativas para desenvolvimento do mercado local são capitaneadas pelos Estados, em parceria com empresas privadas.
A União Europeia há meses definiu regras para a produção de hidrogênio verde. No entanto, o governo brasileiro não parece ter-se dado conta do grande potencial transformador de um setor que poderia ter mais importância do que vem tendo a exploração do pré-sal.
O senador Cid Gomes (PDT-CE), presidente da Comissão Especial sobre Hidrogênio Verde no Senado, discorda dos técnicos que apontam atraso do País no desenvolvimento desse mercado e na criação de segurança jurídica para os investimentos.
Ele explica que, no primeiro momento, a produção se voltará para a exportação, principalmente para a União Europeia. Por isso, é preciso que o Brasil esteja alinhado com as diretrizes e certificações definidas por lá.
Há outras pendências que se sobressaem no processo de criação do marco regulatório do hidrogênio verde, como as questões tributárias e os tratamentos a serem dados às indústrias que se prontificarem a produzi-lo em escala industrial nas Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs). É preciso, também, criar o arcabouço legal para produção de energia eólica em alto-mar (offshore).
“Não há motivos para alarde. Estamos em convergência com o restante do mundo e interagimos com a vanguarda da produção”, diz o senador Cid Gomes.
O governo prepara seu plano nacional para o desenvolvimento do hidrogênio verde - o que seria o passo inicial para a regulamentação do setor. Mas é preciso planejar para além das exportações: em como garantir que a indústria local consiga captar essa revolução e transforme seus produtos intensivos (aço, vidro, cimento) em produtos verdes. E é preciso enfrentar certos desafios operacionais, como infraestrutura e capacitação de mão de obra.
Destravados os investimentos, avisa Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, será ainda preciso financiamentos para integrar as tecnologias nacionais nessa produção. “A agenda de exportação é importante, mas o que vai fomentar a geração de empregos, renda, arrecadação e desenvolvimento regional é o investimento nos elos da cadeia.”
Fonte e Imagem: Estadão.
Pasta, no entanto, não descarta aproveitar para essa função o PL 414/21, atualmente na Câmara dos Deputados.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta quinta-feira (27/7) em entrevista coletiva, em São Paulo, que a pasta avalia a possibilidade de enviar um novo texto ao Congresso Nacional com novas regras para o setor elétrico em até 90 dias.
O JOTA já havia antecipado que o ministério trabalha em uma nova matéria para enviar ao legislativo no segundo semestre. Não está descartado, porém, aproveitar para essa função o texto da modernização do setor elétrico (PL 414/21), atualmente na Câmara dos Deputados.
“Se o 414 for o caminho mais rápido e tiver adequado para o que está sendo formulado, é uma possibilidade. Mas há também possibilidade de envio de um novo projeto. O 414 resolve parte do problema, mas não as partes contextuais”, avalia.
A principal lacuna do texto que tramita na Câmara dos Deputados, de acordo com Silveira, está na falta de solução para o aumento dos encargos para o consumidor regulado com a abertura e maior acesso ao mercado livre. “Isso precisa ser feito de forma equilibrada. É essencial que proteja o consumidor regulado, separe o fio da geração”, disse o ministro.
A separação do fio da energia, que consta atualmente na última versão do PL 414, é considerada uma das prioridades do ministério no novo texto. É uma mudança recomendada pelo antigo Grupo de Modernização do Setor Elétrico e defendida por parte do setor.
O PL que moderniza o setor elétrico em tramitação na Câmara dos Deputados amplia o acesso ao mercado livre de energia para todos os consumidore – inclusive os residenciais. Nesse sistema, atualmente restrito aos grandes consumidores, como indústrias e shoppings, a energia não precisa ser comprada diretamente das distribuidoras.
Quem opta por ele, pode fechar contratos mais previsíveis com fornecedores escolhidos, sem reajustes gerais a cada ano. Apesar da possibilidade, não será obrigatório que os consumidores optem pelo novo esquema.
Portal Jota.
Alexandre Silveira afirma que governo vê necessidade de se "repensar e renovar o equilíbrio" para área energética, eliminando distorções que encareçam a conta de luz.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que em 90 dias deve ser fechada uma proposta de reformulação regulatória do setor elétrico do Brasil, que passará por “proteger” e reduzir o ônus ao consumidor de energia do mercado regulado.
Falando a jornalistas após participar de evento em São Paulo, Silveira afirmou que o governo vê necessidade de se “repensar e renovar o equilíbrio” do setor elétrico, eliminando distorções que encareçam a conta de luz, e que sua pasta já vem conversando com importantes agentes de mercado para elaborar um novo marco regulatório.
Ele comentou que uma possibilidade seria dar apoio ao projeto de lei (PL) 414, que trata do tema e está parado há vários meses no Congresso, mas ponderou que essa proposta resolveria apenas uma parte do problema do setor elétrico.
“Se o 414 for o caminho mais rápido e estiver adequado ao que está sendo formulado pelo ministério, é uma possibilidade. Há também possibilidade de envio de um novo projeto que contemple o conjunto desses problemas que foram diagnosticados”.
Entre as questões que precisam ser resolvidas, Silveira mencionou distorções criadas com a abertura do mercado livre de energia a grandes consumidores, como indústrias e grandes empresas, que, segundo ele, trouxe ônus aos consumidores que continuaram no mercado regulado, atendido pelas distribuidoras.
Silveira indicou que deverá haver revisão dos subsídios embutidos hoje na conta de luz por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), principal encargo pago pelos consumidores, cujo orçamento supera 30 bilhões de reais neste ano.
O ministro disse que seria “muito simplório” que o Tesouro assumisse esses subsídios bilionários, mas afirmou que a ideia não está descartada.
“Sem descartar a possibilidade de alguns encargos que não são do setor serem absorvidos pelo OGU, mas fundamentalmente eu acho que temos caminhos criativos para resolver isso”.
Renovação das distribuidoras
Ainda na coletiva, Silveira comentou que sua pasta está debruçada em analisar as contribuições recebidas sobre as regras para renovação dos contratos de distribuidoras de energia elétrica, e que a expectativa é de enviar ao Tribunal de Contas da União (TCU), “em 15, 20 dias”, a definição das regras para análise final.
O governo encerrou nesta semana a consulta pública sobre sua proposta para renovar as concessões de distribuição, um tema que afeta 20 empresas de grandes grupos do setor elétrico, como Enel, CPFL, Energisa e Neoenergia, responsáveis por quase 60% dos consumidores brasileiros.
A expectativa é de que os novos contratos sejam assinados até o fim deste ano. A primeira concessão a expirar é da EDP Espírito Santo.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Brasil poderá ter uma nova matriz elétrica inteira até 2040 destinada à produção do H2V.
A viabilidade do Brasil na produção do hidrogênio verde (H2V) mais competitivo do mundo o coloca em uma perspectiva bem favorável de se tornar o maior fornecedor global do combustível e da molécula para mercados europeus, asiáticos, norte-americanos, mas também para o mercado local. E mais: pode estabelecer um caminho perene de reindustrialização, possibilitando a atração de novas fábricas, mais capital estrangeiro, novas oportunidades de negócios e novas tecnologias. Este fator se deve fortemente à quantidade de recursos renováveis que o país possui para produzir eletricidade, com destaque para as fontes eólica e solar.
O hidrogênio verde tem o potencial de representar entre 12% e 22% de toda demanda de energia no planeta até 2050. Segundo estudo da consultoria Mckinsey, o Brasil poderá ter uma nova matriz elétrica inteira até 2040 destinada à produção do H2V. Isso significa um total de US$ 200 bilhões em novos investimentos no período, destinado à geração de eletricidade, novas linhas de transmissão e mais unidades fabris do combustível e de estruturas associadas, incluindo terminais portuários, dutos e armazenagem.
O país apresenta os melhores potenciais do planeta para geração de energia solar e eólica. Somadas, essas duas fontes respondem por cerca de 30% da matriz elétrica nacional, com 30 GW e 27 GW de capacidade instalada, respectivamente. E serão as fontes que responderam em maior grau em termos de oferta para os próximos 20 ou 30 anos.
Vetor energético, molécula e combustível primário, limpo e versátil, o hidrogênio verde tem o potencial de se tornar eixo estratégico na transição energética e descarbonização dos setores produtivos em geral, de diversos segmentos, inclusive em termos geopolíticos. Trata-se de um processo extremamente sustentável, que pode ser utilizado em diversas aplicações, eliminando de processos industriais - e de seus produtos - as emissões de gases de efeito estufa ou outros poluentes.
No contexto das mudanças climáticas, o hidrogênio verde apresenta-se, portanto, com uma importante tecnologia na direção da descarbonização de variados setores, tais como na indústria, como fonte de energia na forma de molécula para produção de fertilizantes e aço, para fornecer calor e energia elétrica e, mais especialmente, como matéria-prima em processos químicos, no transporte pesado, como combustível de aeronaves, navios e caminhões, além de aplicações no próprio setor elétrico, para armazenamento do combustível em baterias na geração de energia elétrica.
A indústria de cimento internacional, por exemplo, é uma das manufaturas mais poluentes, sendo responsável por 7% das emissões totais de CO2 geradas pela atividade humana no mundo. E o hidrogênio verde pode ser utilizado para reduzir significativamente suas emissões. Também será essencial no setor siderúrgico, que ocupa o primeiro lugar nas emissões de CO2 entre as indústrias pesadas no mundo, e o segundo maior consumidor de energia. E, na produção de fertilizantes nitrogenados verdes, pode reduzir em até 100% nas emissões de carbono no processo produtivo, trazendo benefícios importantes para o nosso agronegócio: segurança alimentar - uma vez que importamos 96% dos nossos fertilizantes nitrogenados, um diferencial ambiental relevante, em linha com o Acordo de Paris e com metas de net-zero, além de ser competitivo com os preços dos fertilizantes fósseis que importamos de países como a Rússia.
Embora apresente uma grande potencialidade, é fundamental o posicionamento assertivo do Brasil como um dos principais produtores do H2V, de forma sólida e rápida, tendo em vista o rápido movimento da economia global em torno do tema. Do lado da demanda, os países europeus, principalmente, estão se movimentando para encontrar soluções de descarbonização dos seus processos produtivos, buscando novas cadeias de fornecimento, o Brasil e naturalmente o principal candidato.
Do lado da oferta, na América Latina, o Chile já se adiantou, com fortes políticas para a energia renovável e para o hidrogênio. Os EUA, com o Inflaction Reduction Action (IRA), apresentaram um pacote de cerca de US$ 400 bilhões para uma política industrial a partir da energia, pagando US$ 3 por Kg de hidrogênio sob a forma de incentivos. Falta por aparato legal-regulatório que apresente as principais diretrizes para a produção do hidrogênio e a criação de mecanismos de incentivos, adaptados as condições brasileiras, uma vez que é sabido que o estado não tem recursos para fazer jus a pacotes de recursos, como ocorre nos países desenvolvidos.
Devido a sua vantagem comparativa do recurso natural e os ganhos de escala para a produção de energia renovável de forma competitiva, se faz necessária a priorização dessas fontes para produção do hidrogênio verde, uma vez que todo o racional para o crescimento desse setor é a descarbonização. Outro ponto importante é o mapeamento e estudo da competitividade da cadeia de valor do H2V, inclusive como forma de identificar oportunidades e gargalos para o Brasil no âmbito de políticas públicas e incentivos.
O mundo avança em termos de políticas, com pelo menos 36 países que já tendo definidos planos para o desenvolvimento e uso do hidrogênio verde. No Brasil, a produção do hidrogênio e da amônia verde já e uma realidade, já temos plantas inauguradas e outras a serem inauguradas e implantadas, além de vários projetos com MOUs (memorandos de entendimento) assinados, que abrangem estados no Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. O interesse dessas empresas é na produção de H2V nos portos, onde há potencial demanda por esse combustível in loco e acesso à energia renovável competitiva, além da logística disponível para exportação a outros mercados. Mas também projetos no interior do País para consumo pela indústria local.
Com o hidrogênio verde brasileiro, o País pode vivenciar um ciclo nunca visto de ampliação do setor produtivo, desta vez com alta tecnologia para a promoção desenvolvimento sustentável, social e econômico que promovam a transição energética tanto no âmbito nacional quanto em nível global. Entretanto, se faz absolutamente necessário e urgente transformar esta potencialidade em realidade, ou, do contrário, perderemos o bonde da reindustrialização.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Quantidade de energia não utilizada nos reservatórios do SIN já é quase 4 vezes superior à de todo o ano de 2022.
O volume de água utilizável para energia em 2023 é o maior desde 2000, ano de início da série histórica. Dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) indicam que, depois de um intenso período de chuvas, a quantidade de energia vertida turbinável (não utilizada) nos reservatórios do SIN (Sistema Interligado Nacional) é quase 4 vezes superior à de todo o ano de 2022.
A carga de energia do SIN verificada em junho de 2023 ficou em 71.077 MWmédios –avanço de 3,8% ante o mesmo período de 2022, segundo o ONS. No acumulado dos últimos 12 meses, o SIN registrou expansão de 2,0%.
CARGA DE ENERGIA A análise por subsistema indica que 3 deles apresentaram crescimento nas cargas em junho de 2023 comparadas com as do mesmo mês de 2022: Norte, 13,8% (7.057 MWmédios), Nordeste, 8,7% (11.921 MWmédios) e Sudeste/Centro-Oeste com 2,3% (39.918 MWmédios). A região Sul registrou retração de 0,9% (12.181 MWmédios).
No acumulado dos últimos 12 meses, todas as regiões registraram avanço: Norte (10,9%), Nordeste (2,2%), Sul (1,4%) e Sudeste/Centro-Oeste (0,9%).
Segundo o ONS, os resultados se devem a diferentes fatores. “As temperaturas amenas no Sudeste/Centro-Oeste, típicas para essa época do ano, e o menor volume de precipitação nos subsistemas Norte e Nordeste influenciaram a carga em junho”, disse o órgão. “Ainda houve influência de fatores econômicos, com a melhora de indicadores de confiança acompanhados e utilizados para auxiliar a análise do comportamento da carga”, declarou.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) prevê que as empresas estarão com sobreoferta de energia até 2025.
Os preços baixos da energia para os consumidores livres - no piso regulatório de R$ 69/MWh - provocam uma corrida por contratos mais longos, de até cinco anos. O enário é resultado de uma série de fatores, como crescimento fraco da demanda, situação hidrológica favorável e sobreoferta com a entrada de usinas eólicas e solares.
Porém, para as geradoras o quadro é motivo de preocupação e pode levar ao adiamento ou até cancelamento de projetos, afetando os fabricantes de equipamentos. Já os pequenos consumidores cativos, cada vez em menor número, têm que arcar com os custos do sistema elétrico.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Com uma caneta e três linhas de texto, os Estados poderão garantir a segurança jurídica e viabilizar todo um setor industrial.
É inquestionável a vocação do Brasil para a energia renovável, inclusive solar e eólica. Nossa natureza única, aliada à proximidade (física e cultural) a grandes países consumidores e ao zeitgeist da transição energética, abrem uma nova janela de oportunidade ao país: consolidar-se como um dos grandes fornecedores de energia limpa ao mundo.
Neste contexto, o hidrogênio verde (H2V) é a bola da vez: hidrogênio gerado a partir de uma fonte renovável de eletricidade e que pode ser transportado e armazenado (sem entrar em tecnicidades).
Mas, como sempre, nosso potencial só é equiparável à nossa habilidade em perder oportunidades. Há entraves que precisam ser removidos urgentemente, se quisermos cooptar a tempestade de investimentos que se avizinha. E já estamos ficando para trás (de novo).
Surge a nossa tributação como um dos maiores problemas. Nossa estrutura é conhecida por ser anacrônica e “exportar impostos”, péssima em termos de competitividade internacional.
Assim, longe de esgotar o tema, vimos dar nossa singela contribuição. Abordamos dois exemplos pontuais, mas de enorme importância nesta indústria, essenciais para a segurança jurídica e viabilidade econômica de projetos de longo prazo. Especialmente para as empresas que não querem depender de uma salvação incerta no Judiciário.
O primeiro exemplo é o ICMS sobre a aquisição da energia para a produção do H2V. O imposto é não cumulativo e não é cobrado em exportações, mas, em uma indústria em que os maiores insumos são água e energia, projeta-se enorme acúmulo de créditos fiscais sem que haja procedimento eficiente de uso/ressarcimento. Paga-se ao Estado para pedir o dinheiro de volta dia seguinte. O custo do fluxo de caixa para se pagar e restituir o imposto torna o projeto inviável.
Para além da mera desoneração do ICMS neste fornecimento, como já ocorre em alguns poucos Estados, uma forma de afastar este impacto seria o reconhecimento de que a indústria do H2V se enquadra no conceito de “industrialização” ou “indústria eletrointensiva” para fins da aplicação da isenção que já existe na lei nacional. Sim, o ICMS não incide na venda de energia para industrialização, mas quase nenhuma atividade se encaixa nos critérios das Fazendas estaduais.
A solução não é difícil. Em alguns Estados basta um Parecer da Secretaria da Fazenda para reconhecer o óbvio: que a eletrólise da água (processo que gera o H2V) deve ter o mesmo tratamento fiscal que outras as indústrias que usam, vejam só, a mesma eletrólise. Com uma caneta e três linhas de texto, os Estados poderão garantir a segurança jurídica e viabilizar todo um setor industrial.
O caso se presta a mostrar o quão perto pode estar a solução em um cenário de complexidade exponencial. Paliativos necessários enquanto não vem a tão sonhada reforma tributária, que, mesmo implementada, demorará anos para ser efetiva.
Outro exemplo de insegurança jurídica na cadeia das energias renováveis que fatalmente impactará o H2V é a indefinição sobre a incidência de tributos sobre o imóvel que recebe as plantas de energia eólica ou solar (em especial). Em poucas palavras: sobre imóveis urbanos, paga-se IPTU (mais caro), e, sobre imóveis rurais, paga-se ITR (mais barato). Em geral, quem define isto são os municípios, que estabelecem por lei os limites da zona urbana.
O problema é que projetos de energia envolvem naturalmente longos prazos (20 anos ou mais), e é comum a criatividade municipal na criação de zonas de expansão urbana, com pagamento de IPTU, em áreas sem nenhuma infraestrutura. Ou seja, o investidor fica “na mão” das prefeituras.
Para piorar, mesmo o ITR pode ser um problema. O imposto é progressivo e a conta sai cara se não for cumprida a “função social” da terra, mediante produção agropecuária. Mas a regra atual é omissa e permite a tributação pesada de usinas solares (sob a pecha de serem um latifúndio “improdutivo”).
A solução aqui é mais global: um marco legal em nível nacional sobre a tributação em áreas de geração de energia limpa, definindo que esta se considera uma forma de atividade rural, para fins fiscais. Seja porque em geral se situam em terras baratas fora dos centros, seja por não demandarem nenhuma infraestrutura urbana, seja em função de sua natureza “passiva” e alheias à intervenção humana (com exceção de trabalhos de manutenção), em tudo semelhante a uma “fotossíntese” artificial.
Seu enquadramento como forma de atividade rural seria suficiente para, em uma só tacada, atrair a aplicação do ITR e afastar o enquadramento como terra “improdutiva”, viabilizando financeiramente os projetos e garantindo segurança jurídica (hoje, muitos projetos sequer pensam neste risco e contam com a sorte, literalmente, para evitar cobranças). Inclusive, esta foi a solução dada pela Espanha, não por coincidência lar de uma das mais pujantes indústrias solares do mundo.
Estes, ICMS e imposto sobre propriedades, são apenas dois exemplos de entraves fiscais que atualmente restringem investimentos no setor. Há muitos outros, todos de “fácil” solução, com alguma técnica e vontade política.
Uma vez ultrapassados estes desafios, destravaremos a vocação natural do Brasil para a liderança no fornecimento de energia verde para o mundo. Outra opção é ficarmos parados. Nosso potencial é tão grande que certamente continuaremos a atrair algum investimento. Mas quem quer andar de lado?
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Alterações foram feitas na Resolução 876/2020, em Regras de Transmissão; e em Procedimentos de Rede.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) autorizou nesta terça-feira (25/7) a emissão de Resolução Normativa para alterar a Resolução Normativa nº 876/2020, com a finalidade de adequar o regulamento ao enquadramento e definição da faixa de potência para usinas associadas. Os aperfeiçoamentos aprovados incluíram alterações no Módulo 5 das Regras de Transmissão; nos submódulos 7.1 e 8.1 dos Procedimentos de Rede; e no Módulo 1 das Regras de transmissão.
A Resolução Normativa 876/2020 trata dos requisitos e procedimentos necessários à obtenção de outorga de autorização para exploração de centrais geradoras de diversas fontes de geração, que operam de forma independente ou associadas. As usinas associadas são definidas por duas ou mais instalações, com a finalidade de produção de energia elétrica com diferentes tecnologias de geração, com outorgas e medições distintas, que compartilham fisicamente contratualmente a infraestrutura de conexão e uso do sistema de transmissão.
Os ajustes foram promovidos para incorporar o entendimento da Agência, no Despacho 2382/2022, de que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deve proceder com a formalização do Contrato de Uso do Sistema de Transmissão (CUST) dos processos de associação de centrais geradoras, sem a necessidade de prévia análise da ANEEL. Aprimoramentos decorrentes foram adequados nas Regras de Transmissão e Procedimentos de Rede.
Fonte e Imagem: Gov.br.
No dia 4 de julho, a energia gerada foi suficiente para suprir toda a região e ainda exportar uma parte para o restante do país.
A produção de energia eólica no Nordeste bateu recorde. No dia 4 de julho, a energia gerada passou de 19.720 megawatts, o que corresponde a quase 30% de toda a demanda de energia do país (27,8%). Segundo o operador nacional do sistema elétrico, Jurandir Picanço, é mais que suficiente para suprir toda a região.
Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Funceme, explica como essa época, conhecida como a "temporada dos ventos fortes" no Nordeste, é ideal para atingir recordes na geração de energia eólica na região.
Impactos para a cadeia produtiva
Esse aumento na produção de energia eólica tem impactos positivos em toda a cadeia produtiva, incluindo empresas responsáveis pelos projetos e implantação de parques eólicos e fabricantes de peças para aerogeradores.
No litoral do Ceará, um parque está sendo construindo para abastecer 2 milhões de pessoas. As condições climáticas foram o principal fator pra escolha desta localização.
Também é possível observa o impacto positivo no mercado de trabalho local. Uma fabricante de pás eólicas contratou mil funcionários este ano.
Fonte e Imagem: Jornal Hoje.
Usina hidrelétrica terá roda de debates para marcar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
A primeira-dama e socióloga Janja da Silva foi convidada pela direção da Itaipu Binacional para participar do 1º Encontro de Integração de Mulheres Latino-Americanas, que acontecerá amanhã em Foz do Iguaçu.
Ela é a presença de destaque do evento e levará consigo as ministras Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Cida Gonçalves (Mulheres), além da presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros.
A presença estimada para o encontro em Itaipu, onde Janja trabalhou antes de se casar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é de 1.400 pessoas. Nesta terça-feira, 25, é celebrado o Dia da Mulher Negra Sul-americana e Caribenha.
De acordo com a usina hidrelétrica de Itaipu, o evento terá diálogos com lideranças femininas nacionais e internacionais sobre, por exemplo, a inserção das mulheres nas empresas públicas e privadas.
Durante as atividades em Foz do Iguaçu, serão anunciados compromissos da Itaipu Binacional e da Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) com foco nas mulheres.
Como mostrou a Coluna, pela manhã Janja e Lula receberam no Palácio da Alvorada as ministras do governo para assistirem juntos à estreia da seleção brasileira de futebol feminino na Copa do Mundo, neste momento em que a reforma ministerial estudada pelo Planalto pode reduzir a representação das mulheres na Esplanada.
Fonte e Imagem: Estadão.
Companhia diz que espera reconquistar o protagonismo de crescimento no setor elétrico brasileiro.
A Eletrobras detalhou nesta segunda-feira as estimativas de investimentos para o período de 2023-2027, que devem ficar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões, segundo a elétrica. A companhia acrescenta que através de aportes estratégicos espera reconquistar o protagonismo de crescimento no setor elétrico brasileiro.
Desses valores, a empresa diz que R$ 17,1 bilhões se referem a investimentos já contratados em geração e transmissão, que incluem novos ativos, além de investimentos em manutenção dos ativos existentes.
Em geração com receitas contratadas, a companhia tem expectativa de investimento de R$ 700 milhões na fase 1 do complexo eólico de Coxilha Negra. Nas fases 2 e 3, prevê um investimento de R$ 1,3 bilhão. O restante de R$ 400 milhões trata de novos projetos que poderão gerar receitas futuras.
A companhia destaca ainda que foi vencedora do lote 04/2023, no Leilão de Transmissão de 30 de junho deste ano, com um investimento da ordem de R$ 680 milhões para os próximos 24 meses.
Como contrapartida, a companhia afirma que fará jus a uma receita adicional, que irá remunerar o investimento a um retorno regulatório. Nessa linha, conta com R$ 6 bilhões de investimentos já autorizados pela Aneel, com receita adicional de R$ 840 milhões por ano.
A companhia espera ainda desembolso de caixa de cerca de R$ 600 milhões para uma série de fusões e aquisições (M&As) executadas recentemente — como Teles Pires, Baguari I, Eapsa, Retiro Baixo, Mesa, Baguari Energia — e já divulgados ao mercado.
Também foi provisionado R$ 1 bilhão em investimentos ambientais, acrescenta a elétrica, metade destinada aos programas socioambientais da Santo Antônio Energia. A Eletrobras prevê R$ 1,9 bilhão para investimentos em infraestrutura, como aquisição de imóveis e softwares.
No segmento de manutenção de geração e transmissão, a companhia estima investir R$ 4,5 bilhões. A maior parcela desse valor, de cerca de R$ 3 bilhões, deverá ser focada na modernização e repotencialização das unidades geradoras. O valor restante de R$ 1,5 bilhão é para investimentos em manutenção preventiva de ativos de geração e transmissão, o qual deve ser recorrente ao longo das concessões.
Além dos investimentos já contratados, a Eletrobras avalia alternativas adicionais de crescimento. Segundo a empresa, há 15 operações de M&A em ativos renováveis e de transmissão em análise. Ademais, a Aneel estima um total de R$ 35 bilhões de investimentos em novos leilões de transmissão em 2023 e em 2024, com “ótimas oportunidades” de crescimento em potencial.
Ainda no ciclo 2023-2027, a companhia diz que poderá adicionar até R$ 10 bilhões de investimentos em reforços do sistema de transmissão, com potencial adicional de incremento de receita anual em mais R$ 1,2 bilhão.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Registros ocorreram no Sistema Interligado Nacional (SIN) e no subsistema Nordeste, tanto no pico de geração instantânea quanto na geração média do dia.
A quinta-feira (20) desta semana foi marcada pela quebra de quatro recordes na geração de energia eólica no Brasil, segundo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Os registros ocorreram no Sistema Interligado Nacional (SIN) e no subsistema Nordeste tanto no pico de geração instantânea quanto na geração média do dia.
No SIN, a produção instantânea de energia eólica atingiu 20.211 megawatts (MW) às 5h12, o equivalente a 33,4% da demanda nacional naquele momento.
Na média do dia, a energia produzida pelos ventos resultou em 8.316 MW médios, o que corresponde a 25,6% do necessário para abastecer o país na quinta-feira.
No Nordeste, especificamente, os dados do subsistema são de que a geração eólica instantânea alcançou 18.415 MW, às 8h07 do dia 20 de julho.
A geração média, ainda na quinta-feira, chegou a 16.754 MW médios na mesma data. Isso equivale a 138% da demanda.
Ou seja, além de atender plenamente as necessidades do consumo no Nordeste, a região ainda “exportou” energia para outros subsistemas do país.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Silveira defendeu discussão equilibrada com países em desenvolvimento, em reunião de ministros do G20 na Índia.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou o compromisso do Brasil com ações concretas para o combate às mudanças climáticas e a promoção da transição energética, durante o encontro de representantes dos países do G20, na Índia. Ele participou nesta sextafeira, 21 de julho, da 14ª Reunião Ministerial de Energia Limpa e da 8ª Reunião Missionária de Inovação, que acontecem no país asiático.
Em declaração à imprensa após os eventos, o ministro disse que o Brasil vê a transição de forma bastante holística, considerando desde a possibilidade real de o país melhorar ainda mais sua matriz de energia elétrica, até contribuir com uma política de biocombustíveis que podem ser complementares na descarbonização da economia mundial.
Silveira destacou ainda que o Brasil tem destravado uma série de investimentos essenciais para a ampliação da energia limpa, especialmente a eólica e a solar. Reconheceu que o mundo continua dependente dos combustíveis fósseis para movimentar as economias e garantir a sobrevivência de suas populações, mas a transição “lato sensu” é uma realidade colocada, com as tecnologias avançando de forma muito
vigorosa na construção de um planeta sustentável e que preserva as suas reservas naturais.
“Mas é importante destacar que todo esse debate, na visão do Brasil, deve ser feito de forma equilibrada, para que os países industrializados possam compreender que esse momento pode ser muito oportuno numa ampla visão sobre a valoração, a modernização dos países que vivem em desenvolvimento, portanto, em condições menos favoráveis do ponto de vista social”, disse, destacando que todos os países estão “no mesmo barco.”
O governo, segundo o ministro, está trabalhando para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja o representante do “Sul global” nas negociações com os países desenvolvidos do Hemisfério Norte. “É mais do que justo que haja uma descarbonização ampla do planeta. E que os países que se desenvolveram por peculiaridades e também por circunstancias temporais antes dos demais sejam onerados de forma
equilibrada e justa para contribuir com os países em desenvovimento.”
Energia limpa e descarbonização Silveira anunciou em discurso na reunião com os ministros dos demais países que o Brasil vai ingressar na iniciativa Hubs Marítimos de Energia Limpa (Clean Energy Marine Hubs), uma iniciativa global que reúne entes públicos e privados da cadeia de valor da energia marítima, incluindo os setores energético, de portos, de finanças e de transporte marítimo. Ele lembrou que o país é signatário da declaração conjunta para acelerar o comércio internacional de hidrogênio.
O Brasil também vai participar das iniciativas conjuntas de Descarbonização Profunda da Indústria e Transformação da Indústria Solar, além de ações adicionais no marco da missão de inovação. Para o governo, a descarbonização a partir de investimentos em bioenergia deve impulsionar a reindustrialização do país.
Para Silveira, “a eletricidade limpa é base para a descarbonização de diversos setores ainda dependentes de combustíveis fósseis.” Ele destacou
ainda a que os cenários de neutralidade de carbono tem apontado para a tem apontado para a sinergia entre bioenergia e hidrogênio, que
podem tornar viáveis soluções de baixo carbono para o transporte aéreo, marítimo e terrestre.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
São precisas novas ações e estratégias para garantir a continuidade do sistema que oferece recurso fundamental para a economia.
O setor elétrico brasileiro tem como pilar garantir e fortalecer a autonomia e soberania nacional, a segurança, qualidade de vida e prosperidade. Ao longo dos anos, pressionado pela globalização, tecnologia e agendas ambientais, o setor tem sofrido mutações aceleradas. Agora, é urgente um compromisso dos três poderes pela sustentabilidade dessa força motriz pelo bem do nosso desenvolvimento.
A guerra entre Rússia e Ucrânia nos mostra como a segurança energética é essencial. Vários países da Europa dependem do fornecimento de gás russo. Um país soberano não pode abrir mão de formular e implementar políticas que visem assegurar o planejamento e funcionamento da energia elétrica em seu território.
A transição energética impõe mudanças que envolvem a geração limpa, redução de emissões, investimentos em ativos estratégicos na busca de um selo ESG. Mas é preciso entender esses movimentos e analisar as reais necessidades e motivações para políticas públicas.
Panorama nacional
A matriz elétrica brasileira envolve mais de 80% de fontes limpas, o dobro da média mundial, o que nos faz refletir sobre os impactos de políticas que visam estimular a geração de fontes limpas com altos subsídios. O Brasil escolheu doses excessivas de subsídios que acabam impactando sobremaneira a conta de luz e trazendo riscos operacionais ao setor. Nesse aspecto, duas questões são vitais. A sustentação e segurança que as fontes de energia – firmes e intermitentes – devem prover ao sistema. E o custo dessa energia, que deve ser rateado isonomicamente entre os usuários do serviço. Isso não ocorre hoje, e, normalmente, o mais pobre paga pelo benefício do mais rico.
Um sistema elétrico ancorado em energia intermitente pode levar a instabilidades e custos excessivos. O Operador Nacional do Sistema já indica risco de apagão em função do crescimento abrupto da fonte solar por geração distribuída fora do planejamento setorial. Além disso, há um subsídio que alcançará mais de R$ 100 bilhões ao longo dos próximos 23 anos (até 2045) na forma da lei 14.300/2022, que confere descontos na conta a quem instala painéis solares.
Como garantir a integridade do setor elétrico?
É preciso avaliar sob diversas perspectivas as políticas que afetam a operação de energia elétrica. A tributação é a primeira delas. A conta de luz é um instrumento de fácil arrecadação, que alcança quase toda a população e é vista muitas vezes como um instrumento de uso público e político para ancorar as necessidades da sociedade. Hoje, 30% da sua conta de luz é resultado de tributação. Estudos do IPEA indicam que 10% de redução na conta de luz geram um impacto positivo de 0,45% no PIB. É inadmissível, portanto, uma carga tributária alta num insumo essencial e estratégico.
Os Encargos Setoriais já custam algo como 13% da sua conta de luz, somando R$ 35 bilhões/ano, e se traduzem em políticas públicas aprovadas na lei 10.438/2002. Para referência, 10 anos atrás, custavam R$ 10 bilhões. E chegarão a R$ 50 bilhões nos próximos dois ou três anos, se nada for feito.
Outro ponto essencial é o combate ao furto de energia, crime tipificado no código penal. Os furtos somam mais de R$ 10 bilhões anuais, oneram a conta dos consumidores e as distribuidoras, além de gerar riscos de segurança à sociedade. Os furtos são um problema que vai além do setor elétrico, mas que tem tido pouco espaço e engajamento das instituições. O Judiciário tem uma tendência “consumerista”, as polícias não têm estrutura adequada frente a outras prioridades e há ausência de políticas de Estado. Sem uma política pública firme e estruturada dificilmente teremos êxito no combate ao furto de energia.
Se mantivermos o caminho atual, sem discussões sistêmicas, em pouco tempo teremos um cenário de tarifas impagáveis e um risco de descontinuidade maior de todo o sistema elétrico, que levará o nosso País a um retrocesso vital ao desenvolvimento. O funcionamento adequado do setor elétrico brasileiro é um ativo de todos, para todos, especialmente daqueles que mais precisam dele. Não dá mais para perdermos tempo. E o que fazer? É preciso colocar a sustentabilidade da energia elétrica em todos os debates estruturantes do País.
Fonte e Imagem: Exame.
Ambas as fontes tiveram seus recordes médios no SIN registrados em 4 de julho.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico registrou doze recordes na geração de energia pelas fontes eólica (cinco) e solar (sete) somente na primeira quinzena de julho. A região Nordeste foi a detentora de nove registros.
De acordo com o ONS, a mais recente é de 13 de julho, quando a produção solar instantânea no Nordeste atingiu 6.597 MW, ou o equivalente a
53,3% da demanda da região. Esta marca superou uma similar que havia sido aferida no dia anterior, 12 de julho, quando a geração solar
instantânea no mesmo subsistema chegou a 6.478 MW, 52% da demanda. Ainda na região e no mesmo dia, a fonte fotovoltaica alcançou 2.248
MW médios, equivalente a 19% da demanda.
Antes, no início do mês, a geração solar média no Nordeste impulsionou em 4 de julho, 2.060 MW médios e, em 11 de julho, 2.211 MW médios.
Quanto à geração solar instantânea, em 10 de julho, a região Nordeste havia atingido 6.469 MW, ou 51% da demanda.
O recorde de produção solar média no Sistema Interligado Nacional (SIN) ocorreu no dia 4 de julho, com 5.752 MW médios.
Geração eólica
Nessa modalidade, a chamada temporada de ventos começou no dia 3 de julho com índice inédito da geração eólica instantânea no Nordeste de 17.135 MW às 23h59 e, menos de 24 horas depois, este patamar foi superado, chegando a 18.401 MW, às 22h41 de 4 de julho, o correspondente a 149,1% da demanda da região naquele momento. O recorde na geração eólica média no Nordeste foi confirmado também em 4 de julho, com 16.453 MW médios.
No SIN, foram duas marcas, ambas também em 4 de julho, geração eólica instantânea, com 19.720 MW aferidos às 22h55, representando 27,8% da demanda do país no momento, e geração eólica média, com 17.110 MW médios.
O ONS lembra que o período de julho a setembro corresponde à estação seca nas bacias hidrográficas do Norte, Nordeste e Sudeste/CentroOeste, e ao período de intensificação dos ventos na região Nordeste, aumentando a participação desta fonte na matriz elétrica.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Pedro Rodrigues fala sobre as mudanças propostas pelo texto aprovado na Câmara e os possíveis efeitos no segmento.
O Poder360, em parceria com o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), lança nesta 6ª feira (21.jul.2023) mais um episódio do programa "Infra em 1 minuto". Em análises semanais, Pedro Rodrigues sócio da consultoria, fala sobre os principais assuntos que marcaram a semana no setor de energia.
O programa é publicado toda semana no canal do Poder360 no YouTube.
Neste 51º episódio, Pedro Rodrigues fala sobre os impactos da reforma tributária, aprovada pela Câmara dos Deputados em 6 de julho deste ano, no setor de energia. A proposta deve ser analisada pelo Senado no 2º semestre.
O sócio do CBIE destaca que os pontos mais debatidos são a inclusão da energia elétrica na lista de bens essenciais, que terão alíquota reduzida dos novos impostos, e a manutenção de programas como o Repetro, que é regime aduaneiro especial que permite a importação ou aquisição mercado interno, com suspensão de tributos federais, de matériasprimas e produtos necessários para as atividades de exploração e produção, e o Reidi (Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura).
O modelo vigente de tributação é composto por 5 tributos sobre o consumo:
1. o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados);
2. o PIS (Programa de Integração Social);
3. a Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social);
4. o ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação); e
5. o ISS (Imposto sobre Serviços)
Com a mudança, todas as alíquotas anteriores serão substituídas por um IVA (Imposto sobre o Valor Agregado) dual, dividido entre o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) também será criado um imposto Seletivo, com objetivo de sobretaxar a produção, comercialização ou importação de bens e serviços que sejam prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.
Pedro Rodrigues, entretanto, afirma que na proposta “não fica claro se regimes diferenciados de incentivos, como o Reidi e o Repetro, continuarão existindo”. Para o setor, de acordo com Rodrigues, o fim do Reidi pode impactar na busca por novos investimentos em fontes renováveis e ocasionar um aumento dos custos com a construção e operação de novos empreendimentos de geração no longo prazo. Já o Repetro é um crucial no avanço da exploração e produção de petróleo e gás no Brasil.
“A busca da simplificação tributária é legítima e necessária, mas existem muitas especificidades a serem consideradas. No caso do setor
energético, uma das principais demandas é que esses mecanismos continuem ativos. Do contrário, a reforma pode trazer prejuízos para a
indústria de energia e até afastar novos investidores”, conclui Rodrigues.
Fonte e Imagem: Poder 360.
A desaceleração econômica dos países desenvolvidos e os efeitos da crise global de energia devem pressionar a demanda mundial de energia elétrica, que deve crescer menos de 2% em 2023, abaixo do percentual de 2,3% registrado em 2022, conforme previsão do novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Publicado nesta quarta-feira, 19 de julho, o documento projeta que a demanda por eletricidade em economias como dos Estados Unidos deve cair 2% neste ano, enquanto o Japão e a União Europeia devem registrar uma queda de 3%.
Uma das regiões mais afetadas negativamente com a guerra entre Ucrânia e Rússia é a União Europeia, onde a retração profunda de consumo foi vista pela última vez em 2002. Os países que compõem o bloco europeu já tomaram, ao longo do conflito, uma série de medidas para neutralizar a volatilidade dos preços de energia, especialmente do gás, que foi mercado mais afetado pelo conflito.
Mesmo com as previsões de desaceleração na demanda global por energia, o relatório da agência internacional sugere que deve ocorrer uma expansão da demanda em muitas regiões, como, por exemplo, na China, que deve crescer a uma média anual de 5,2% nos próximos dois anos.
Impacto das renováveis
O crescimento global na implantação das fontes renováveis ajudará a atender um possível crescimento adicional na demanda global de eletricidade nos próximos anos. Segundo a IEA, em 2024, a geração renovável será responsável por um terço da demanda mundial, e, dependendo das condições climáticas, este pode se tornar o primeiro ano em que as fontes renováveis gerarão mais energia do que o carvão.
Ao mesmo tempo, o estudo aponta que a eletricidade gerada a partir de combustíveis fósseis deve diminuir nos próximos dois anos. A geração a partir de derivados do petróleo deve recuar significativamente, enquanto a geração a partir do carvão diminuirá ligeiramente em 2023 e 2024, após aumentar 1,7% em 2022, aponta a agência.
“A necessidade mundial de eletricidade deve crescer fortemente nos próximos anos. O aumento global da demanda até 2024 deve ser equivalente à cerca de três vezes o consumo atual de eletricidade da Alemanha”, afirma Keisuke Sadamori, diretor de mercados de energia e segurança da IEA.
Para a agência, este é outro sinal de que a transição energética está ocorrendo. No passado, declínios anuais na geração de energia elétrica a partir de combustíveis fósseis são raros e ocorreram principalmente após choques energéticos e financeiros, quando a demanda global de eletricidade foi deprimida.
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País poderá atrair investimentos elevados por conta de seu potencial energético renovável e de recursos minerais voltados ao combate às mudanças climáticas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em sua live semanal que o processo de transição energética pode representar a real independência do Brasil. Ele falou diretamente de Bruxelas, na Bélgica, onde participa da 3ª Cúpula Celac-União Europeia, onde ressaltou entre outros temas que a ambição mundial em torno do meio ambiente e o combate às mudanças climáticas são dois
temas que trazem uma oportunidade que ele classificou como excepcional ao país.
“O Brasil tem uma chance excepcional. Nunca antes na história do Brasil, vi tanta chance para o Brasil conquistar aliados, espaço e investimentos. Sobretudo, nessa questão da transição energética, com as energias eólica, solar, biomassa, etanol e biodiesel”, afirmou Lula.
De acordo com Lula, o hidrogênio verde é quem traz essa chance ao Brasil e que não pode ser jogada fora. “Esse é o século da verdadeira independência do Brasil”, declarou. “O país está ficando ainda mais importante para o mundo em função da clareza cada vez maior da sua relevância na questão ambiental e da transição energética”, ressaltou.
Outro aspecto que pode ajudar o país nesse processo é o discurso da União Europeia sobre estimular os países que possuem minerais e introduzirem processos de transformação desses recursos ao invés de apenas exportarem essas commodities básica. Com isso, continuou o presidente, a meta é convocar os países a investirem e financiarem essas plantas no país. Nesse contexto estão minerais que estão ligados à transição energética.
Outra questão abordada durante o programa semanal Conversa com o Presidente é sobre a Amazônia. Lula disse que antes da COP 28 o Brasil sediará uma reunião com os países com território amazônico para tomar uma decisão conjunta a ser apresentada na COP 28, no final do ano. “Não queremos fazer da Amazônia um santuário, é um território que cada um é soberano sobre ele, mas queremos compartilhar a riqueza e biodiversidade, sobretudo pesquisar como melhorar a vida da população que mora nessa região”, destacou ele que revelou ainda ter convidado a França em função da Guiana Francesa, no Norte da América do Sul e também a Indonésia, por ser um país que detém uma floresta tropical em seu território.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A Secretária de Planejamento e Transição Energética do Ministério de Minas e Energia aprovou incentivos fiscais para novos projetos solares e de reforço de transmissão em diversos estados, enquadrando-os no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi).
Em Goiás, foram autorizados no regime os projetos das UFVs Alto São Francisco I a Alto São Francisco XII, num total de 600 MW de potência instalada, localizadas em Serranópolis.
Na Bahia, as UFVs Fótons de São Claus 04 a Fótons de São Claus 06, que somam 149,7 MW, situadas em Itaguaçu da Bahia, também foram enquadradas no regime, enquanto em Minas Gerais, entrou para o regime especial de tributação a UFV São Miguel 8, com 50 MW, localizada em Buritizeiro.
Reforços
Também foi autorizado no Reidi o projeto de reforços em instalação de transmissão de energia elétrica da Chesf nas subestações de Camaçari II e Barreiras.
Furnas teve as instalações da usina de Serra da Mesa e das subestações de Gurupi, Miracema, Samambaia, Bandeirantes, Niquelandia e Barro Alto enquadradas no regime especial.
Da Eletronorte e do Sistema de Transmissão Nordeste receberam aval no regime, respectivamente, as subestações de Porto Velho e Tiangua II. A ISA Cteep também teve um dos projetos aprovados no Reidi.
No Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura ficam suspensas as contribuições de PIS/Pasep e Cofins vinculadas aos projetos nas aquisições, locações e importações de bens e serviços realizadas em um período de cinco anos.
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Serão 2 certames, os primeiros para contratação de energia em 2023. Editais estão em consulta pública para receber contribuições do setor.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) marcou nesta terça-feira (18) dois leilões de energia elétrica, que serão realizados em 1º de dezembro. As disputas vão contratar usinas existentes para fornecimento às distribuidoras.
As usinas serão contratadas por dois anos. A Aneel prevê que os empreendimentos contratados iniciem as operações em 1º de janeiro de 2024 e em 1º de janeiro de 2025.
A agência não vai fazer distinção de fonte de energia — ou seja, usinas hidrelétricas, termelétricas, eólicas e solares, por exemplo, poderão disputar o certame.
Segundo a Aneel, não haverá reajuste no preço da energia vendida nesses leilões e o “risco hidrológico” das usinas será assumido pelas empresas vencedoras.
O chamado “risco hidrológico” é um conceito para a diferença entre a energia gerada por usinas hidrelétricas e a quantidade mínima estipulada. No caso de a energia fornecida ser menor, a usina tem que pagar a diferença.
Nesta terça-feira (18), a diretoria da Aneel aprovou a realização de consulta pública para os editais dos leilões, no período de 19 de julho a 4 de setembro.
Estes serão os primeiros leilões para contratação de energia em 2023 aprovados pela Aneel.
Os certames de geração podem ser de:
energia “nova”, com contratação de projetos ou usinas já em construção;
energia “velha”, para comprar energia de usinas já construídas e cujo investimento já foi pago — geralmente, tem um custo menor para as distribuidoras.
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Proposta é bem-vinda, mas não pode reverter o progresso já alcançado na atração de investimentos e simplificação de cadeias, escreve Adriano Pires.
A reforma do sistema tributário brasileiro, uma demanda de diversas classes políticas e setores econômicos há anos, nunca esteve tão perto de ser efetivada.
A necessidade de uma reforma não é questionada. Desde 1995 existe a pressão por uma simplificação do arcabouço regulatório a fim de viabilizar a atração de investimento externo e reduzir o famigerado “risco Brasil”.
No entanto, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 45/2019, recém-aprovada pela Câmara dos Deputados e que segue para apreciação do Senado, revela divergências entre interesses políticos e a necessidade de adequação de benefícios e subsídios vigentes.
Nesse contexto, é importante dar atenção à conjuntura atual do setor energético, em especial os segmentos de eletricidade e de O&G (óleo e gás), para que as mudanças propostas pela reforma não onerem o setor e suas cadeias de valor.
O modelo vigente de tributação é composto por 5 tributos sobre o consumo:
1. o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados);
2. o PIS (Programa de Integração Social);
3. a Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social);
4. o ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação); e
5. o ISS (Imposto sobre Serviços).
Com a mudança, todas as alíquotas anteriores serão substituídas por um IVA (Imposto sobre o Valor Agregado) dual, dividido entre o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
A CBS substituirá o PIS, a Cofins e o IPI, recolhidos ao governo federal. Já o IBS agregará o ICMS, dos Estados, e o ISS, dos municípios.
Além disso, será criado um IS (Imposto Seletivo) com o objetivo de sobretaxar a produção, comercialização ou importação de bens e serviços que sejam prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.
A reforma também deve trazer mudanças expressivas no quesito cobrança. No sistema atual, há impostos que incidem sobre outros impostos em função da tributação plurifásica nas diferentes etapas das cadeias de valor. Essa distorção acaba resultando em uma tributação adicional e oculta, chamada de “resíduo tributário”. O IVA dual pretende acabar com esse “resíduo tributário” a partir da criação de um mecanismo transparente e eficiente de créditos tributários.
A fim de assegurar celeridade e segurança da ferramenta de restituição de saldos credores, a reforma traz 2 pontos cruciais.
Primeiro, o recolhimento centralizado do IBS no Conselho Federativo, de onde os créditos serão restituídos antes da distribuição da receita aos Estados e municípios.
Segundo, a determinação, mediante lei complementar, de um prazo máximo para compensação desses volumes. Dessa forma, os contribuintes seguem realizando os pagamentos de modo contínuo, mas os percentuais que antes eram derivados do efeito cumulativo dos impostos irão retornar em forma de créditos tributários.
Tendo em vista as alterações propostas, agentes do setor de energia elétrica e de O&G já manifestaram preocupações quanto aos efeitos da reforma sobre suas atividades. No setor elétrico, a principal demanda é a manutenção do status de essencialidade da energia elétrica, um enquadramento conquistado recentemente, em 2022, que limita a incidência de tributos sobre o bem ou serviço.
Já na perspectiva da indústria de O&G, a prioridade é a reformulação do Repetro, o regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural, estabelecido originalmente nos termos do artigo 458 do Decreto 6.759/2009.
O principal argumento em defesa da essencialidade da energia elétrica é o seu elevado grau de penetração em diferentes esferas da sociedade, impactando desde pequenos produtores rurais até grandes fábricas e centros urbanos.
Dado o seu impacto generalizado, um aumento ou redução da eletricidade tem reflexo em todos os setores da economia, com efeito potencializado sobre o consumo final, em especial no de famílias de baixa renda. Essa é uma questão que havia sido solucionada com a publicação da Lei Complementar 194/2022, que alterou o Código Tributário Nacional e a Lei Kandir para considerar a energia elétrica, dentre outros, como bens essenciais para fins de tributação.
No entanto, ao contrário do que esperava o setor, a energia elétrica ficou de fora da categoria de bens essenciais no texto aprovado pela Câmara. A inclusão diminuiria a cobrança do IVA sobre a eletricidade para 40% da alíquota padrão, igualando-a a bens e serviços como saúde, educação, transporte público, medicamentos, insumos agropecuários e outros.
Outro ponto importante que ainda está em aberto é a manutenção do Reidi, o Regime Especial de Incentivo para o Desenvolvimento da Infraestrutura. Diversas categorias de empreendimentos no setor elétrico se enquadram no regime, desde projetos de transmissão no curto prazo até projetos de geração de energia elétrica, tanto no ambiente regulado quanto no ambiente livre. Essas categorias se beneficiam de isenções fiscais para a obtenção dos recursos necessários para seu desenvolvimento.
No longo prazo, o fim do Reidi implicaria no encarecimento do custo de geração de energia, reduzindo a atratividade do setor dada a necessidade de maiores investimentos para construção de novos empreendimentos.
Extinguir o Reidi e outras isenções em razão da reforma impactaria sobretudo nos investimentos em fontes renováveis. Esse movimento contraria os interesses declarados pelo governo federal ao longo de sua campanha eleitoral e durante os primeiros meses de sua atuação.
A energia solar, por exemplo, recebe subsídios e isenções fiscais em função de seu valor ambiental e social. Sendo assim, uma possível reoneração dessa modalidade levaria a uma elevação dos custos de instalação e utilização de novos painéis.
Nesse sentido, o diretor da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), Carlos Avellar, defende que “o Reidi seja preservado para empreendimentos existentes” e não entre no regime especial de incentivos. “Elas [fontes renováveis] não podem ser colocadas no mesmo patamar de cigarros e bebidas”.
O Repetro, do segmento de O&G, passa por uma lógica similar ao do Reidi no setor elétrico. O regime, embora não seja uma desoneração, desempenha um papel crucial no avanço da exploração e produção de petróleo e gás no Brasil.
De acordo com projeção apresentada pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo), durante os próximos 10 anos, o Repetro deve proporcionar investimentos, empregos e arrecadação de tributos no setor, totalizando projetos no valor de US$ 180 bilhões, com geração de mais de 445 mil postos de trabalho diretos e indiretos por ano.
Ademais, a manutenção do regime está alinhada com uma pauta que está no cerne da reforma tributária, que é a desoneração dos investimentos.
Além do Repetro, também existe uma preocupação associada à possibilidade de Estados e o Distrito Federal determinarem uma contribuição sobre produtos primários produzidos em seus territórios. Isso poderia afetar a competitividade e a atratividade de investimentos na indústria de O&G, que já enfrenta uma alta carga tributária de cerca de 70%, segundo o IBP.
Nesse sentido, é importante ressaltar que o segmento é um grande arrecadador para o país, tendo pagado aproximadamente R$ 690 bilhões somente em participações governamentais para a União, Estados, municípios e Fundo Especial, de 2010 a 2022. Ou seja, ainda sem considerar a cobrança de tributos sobre o consumo, o segmento já apresenta uma contribuição expressiva para a receita de diversas competências governamentais.
Outra ressalva feita por alguns integrantes do setor de energia como um todo é a falta de esclarecimento quanto à aplicação do IS.
A princípio, o objetivo do tributo é onerar bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Porém, essa definição “aberta” dá margem para diferentes interpretações e aplicações.
Apesar do setor de energia não apresentar um volume de emissões expressivo quando comparado ao uso de terra e agropecuária no Brasil, há de se considerar o possível impacto de sobretaxar os combustíveis fósseis, seja qual for sua finalidade.
Nesse cenário, é importante oferecer garantias de que o IS não vai resultar no encarecimento de bens como a energia elétrica ou combustíveis automotivos, que possuem alto potencial inflacionário por impactarem diretamente a renda do brasileiro médio e diversas cadeias de valor da economia doméstica.
Em suma, a proposta de uma reforma tributária é sim bem-vinda quando se considera a elevada complexidade dos regimes tributários vigentes, mas ela não pode reverter o progresso já alcançado por segmentos individuais para a atração de investimentos e simplificação de suas cadeias.
No 2º semestre, o texto final da PEC será votado no Senado, onde ainda poderá passar por alterações. Em sua versão atual, tem lacunas para a elaboração de Leis Complementares que dão as especificidades do processo. Dito isso, é essencial que certos temas sejam resolvidos de imediato, proporcionando segurança e transparência aos consumidores e investidores.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Iniciativa prevê a troca de energia a óleo diesel por energia do sistema solar, com investimento de R$ 5 bilhões.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta segunda-feira (17) que o governo federal lançará, em 10 de agosto, durante um evento no Amazonas, o plano de descarbonização da Amazônia.
A princípio, a apresentação da proposta estava prevista para julho, mas a data foi alterada para contemplar a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estará no evento.
"É o maior programa do planeta de descarbonização. Vamos fazer a transição, efetivamente, do óleo diesel das [usinas] térmicas do sistema isolado, diminuindo, assim, o custo, já que hoje temos tecnologias de energia limpa que precisam ser usadas para modernizar o setor elétrico nacional", declarou Silveira após uma reunião, nesta segunda, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
No encontro, os ministros trataram também do plano nacional de transição energética. De acordo com Silveira, a iniciativa será debatida ainda neste mês pelo Conselho Nacional de Politica Energética (CNPE), que reúne 16 ministros e é o órgão de assessoramento na formulação de políticas de energia.
"[O dia] depende da agenda do presidente Lula, que fez questão de prestigiar [a próxima reunião do CNPE], um fórum estratégico para discutir temas debatidos no mundo hoje, a segurança alimentar e a energética, questões ligadas à transversalidade de descarbonizar o planeta", afirmou o ministro de Minas e Energia.
No plano, Silveira pretende monetizar a transição energética, para converter os processos em recursos financeiros para o país.
O ministro não apresentou detalhes do plano nacional de transição energética, mas destacou que pretende garantir a reindustrialização do Brasil e a segurança energética e alimentar.
"[Com a] priorização de um país com vocação de servir todo o planeta na questão da segurança de alimentos. Vamos achar instrumentos de aumentar a oferta dos fertilizantes, em especial os nitrogenados", continuou.
Outros programas
Silveira afirmou que o plano de transição vai incluir o programa Combustível do Futuro, "projeto que integra todas as políticas de descarbonização do setor de transportes, do posto até a roda. Será fundamental para o país, integrando etanol e biodiesel".
O programa Combustível do Futuro foi criado, em 2021, com o objetivo de propor medidas para aumentar o uso de combustíveis sustentáveis em todos os modos de transporte no país.
O ministro de Minas e Energia destacou, ainda, que o programa Gás para Empregar, anunciado por ele em fevereiro deste ano, pode ser lançado por meio de medida provisória ou projeto de lei, "desde que seja uma iniciativa do Executivo, a várias mãos, como tem sido, com diálogo permanente, porque é um assunto extremamente transversal".
A iniciativa Gás para Empregar pretende aumentar a competitividade do setor de gás natural, com investimentos privados, e incentivar a industrialização por meio do gás produzido no Brasil. A expectativa do governo é que o incentivo à produção nacional de gás crie emprego e renda.
A proposta prevê investimentos em unidades de fertilizantes, no processamento de gás e em rotas de escoamento e gasodutos de transportes.
Fonte e Imagem: R7.
De acordo com a entidade, desde 2012 a fonte solar já trouxe ao Brasil cerca de R$ 155,2 bilhões em novos investimentos.
O Brasil acaba de ultrapassar a marca de 32 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia em telhados, fachadas e pequenos terrenos, o equivalente a 14,7% da capacidade instalada da matriz elétrica do país, informou a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
De acordo com a entidade, desde 2012 a fonte solar já trouxe ao Brasil cerca de R$ 155,2 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 45,1 bilhões em arrecadação aos cofres públicos, e gerou mais de 960 mil empregos acumulados. Com isso, também evitou a emissão de 40,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
Segundo o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, a fonte solar é uma alavanca para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do país, em especial com a oportunidade de uso da tecnologia na habitação de interesse social, como casas populares do programa Minha Casa Minha Vida, assim como em escolas, hospitais, postos de saúde, delegacias, bibliotecas, museus, parques, entre outros.
“O crescimento da fonte solar pode acelerar ainda mais a atração de investimentos, a geração de empregos e renda e a liderança internacional do Brasil na transição energética”, comenta Sauaia.
Estudo divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Portal Solar, mostra que serão necessários investimentos de R$ 2,2 trilhões, até 2050, para descarbonizar a economia com energia solar até 2050, com a instalação de 540 GW renováveis para atender a mobilidade elétrica e a produção de hidrogênio verde.
No segmento de geração distribuída de energia, o país já possui 22,4 GW de potência instalada da fonte solar. Isso equivale a cerca de R$ 113 bilhões em investimentos, R$ 29,9 bilhões em arrecadação e mais de 672 mil empregos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões do Brasil.
A tecnologia solar é utilizada atualmente em 98,9% de todas as conexões de geração distribuída no País.
O Brasil possui cerca de 9,6 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao país cerca de R$ 42,2 bilhões em novos investimentos e mais de 288 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação aos cofres públicos que supera R$ 15,2 bilhões.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
O setor deve ganhar impulso com a eletrificação da frota de veículos e a produção de hidrogênio verde, de acordo com levantamento feito pelo Portal Solar.
A demanda extra por energia elétrica no Brasil, decorrente da eletrificação da frota de veículos e da produção de hidrogênio verde, deve movimentar o mercado nacional de energia solar em cerca de R$ 2,2 trilhões até 2050, de acordo com estudo feito pelo Portal Solar, franqueadora de projetos fotovoltaicos.
O levantamento foi feito a partir de cruzamento de dados oficiais e projeções de entidades setoriais, órgãos de governo e institutos internacionais. Os dados dizem que a energia solar deve ser protagonista nesse cenário de demanda adicional que virá nas próximas três décadas, tendo a necessidade de adicionar cerca de 540 GW em sistemas fotovoltaicos. Esse total se divide tanto entre sistemas de grande porte (centralizados), de geração própria — que, em sua maioria, são feitos a partir de pequenos terrenos e telhados (distribuídos) —, bem como de aplicações de baterias para armazenamento.
“Em razão de exigências ambientais, custos de investimentos e possibilidade de geração elétrica próxima ou junto ao local de consumo, a energia solar fotovoltaica se posiciona, portanto, como a tecnologia mais viável para atender esse crescimento de demanda”, diz o CEO do Portal Solar, Rodolfo Meyer.
Hoje a energia solar é a fonte que mais cresce no Brasil, com quase 30 GW de capacidade instalada, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por conta principalmente dos subsídios dados ao setor. Soma-se a isso a queda do preço dos painéis solares em cerca de 90% no mercado global na última década.
A sanção do marco legal da geração própria de energia, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2022, criou um senso de urgência no desenvolvimento de novos projetos nessa área no país.
O setor viveu uma “corrida pelo sol” para garantir a gratuidade da cobrança da tarifa de uso da rede das distribuidoras, a chamada Tusd. A pressa se explica porque os empreendimentos que pediram conexão à rede elétrica até 12 meses depois da sanção da nova lei continuam isentos da cobrança da Tusd até 2045. O novo marco instituiu a cobrança gradual dessa taxa, a partir de 7 de janeiro de 2023, até chegar a 29% em 2030.
O peso da eletrificação da frota, das baterias e do hidrogênio verde
O estudo aponta que a transição energética total da atual frota de veículos circulantes do Brasil traria uma demanda adicional de 403 terawatts-hora por ano (TWh/ano), um volume que se aproxima da capacidade total de geração energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) mostram que a frota de veículos elétricos do país saltou de 77 mil para 126 mil entre 2021 e 2022. A associação reporta também que, no primeiro trimestre de 2023, as vendas desses veículos cresceram 55% em relação ao mesmo período do ano passado, levando a frota para mais de 140 mil carros em circulação.
Segundo Meyer, apesar de pequeno, o mercado brasileiro tem uma curva de crescimento que se assimila à registrada em revoluções tecnológicas anteriores, como nos mercados de chips, internet, smartphones e painéis solares.
“Uma vez que todos os grandes fabricantes automotivos já estão colocando em prática a migração de suas linhas de produção para veículos elétricos, a transição da frota de veículos se torna iminente no mundo, incluindo no Brasil”, diz o executivo.
Paralelamente a isso, as tecnologias de carregamento também avançaram em ritmo acelerado. Dados da Agência Internacional de Energia (IEA), em 2022, mostram que mais de 900 mil pontos de carregamentos públicos foram instalados globalmente, aumento de 55% em relação a 2021.
Por fim, o potencial de crescimento do hidrogênio verde, ou seja, aquele produzido a partir de fontes de energia renovável, pode tornar o Brasil o maior produtor do mundo. O país reúne as condições ideais para produzir em escala a energia que faltava para pavimentar a transição para uma economia de baixo carbono, como ampla oferta de energias renováveis, custo marginal baixo e potencial de produção muito além do que o mercado interno pode absorver.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
PDL 365, que suspende regras sobre tarifa de transmissão, foi aprovado na Câmara em novembro do ano passado.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) ignorou recomendações de representantes do setor elétrico e apresentou à Comissão de Infraestrutura do Senado um relatório favorável ao Projeto de Decreto Legislativo 365, que suspende normas da Aneel sobre tarifas de transmissão. Para o parlamentar, a agência reguladora exorbitou de sua competência ao regulamentar o tema.
“Não se trata do mérito das normas a serem sustadas. O que a proposição pretende é se debruçar na inconstitucionalidade formal, por exorbitância do poder regulamentar. Por isso, entendemos que as resoluções normativas em epígrafe vão além do poder regulamentar delegado para as agências reguladoras”, justificou Alencar, em um primeiro relatório divulgado no último dia 6 de julho, após audiência pública com executivos do setor.
Um novo parecer pela aprovação da matéria foi apresentado no dia 11, segundo consta na página do Senado. Um requerimento do senador Luiz Carlos Heinze solicitou a avaliação do projeto pelas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Infraestrutura (CI). A matéria ainda vai passar pela Comissão de Constituição e Justiça. A expectativa é de que o texto seja votado no segundo semestre.
Competência
O PDL de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE) foi aprovado pela Câmara dos Deputados em novembro do ano passado, mas teve a tramitação suspensa no Senado, a pedido da equipe de transição de governo. O parlamentar cearense tem alegado que a agência avançou sobre uma competência que é do Congresso Nacional, e que a revisão dos parâmetros regulatórios aplicáveis às tarifas de transmissão desestabiliza a Tust e aumenta o custo de implantação de projetos na região Nordeste, especialmente de parques eólicos.
A Resolução Normativa 1024 prevê a substituição de uma Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (Tust ) estabilizada ao longo do período de outorga de empreendimentos de geração por tarifas flutuantes. A Resolução 1041 intensifica o sinal locacional.
As alterações na metodologia, segundo a Aneel, tem como objetivo impor maiores custos aos agentes que mais oneram o sistema, reduzindo a tarifa de transmissão para os consumidores das regiões Norte e Nordeste, que são grandes exportadores de energia para o Sul e o Sudeste.
As resoluções passaram por cinco anos de debates em duas audiências públicas promovidas pela agência. No caso do sinal locacional, a nova metodologia terá uma transição de cinco anos, com início em julho de 2023 e término em julho de 2027. O fim da estabilização da tarifa paga pelos geradores também ocorrerá de forma gradativa, e todas as estabilizações já definidas serão respeitadas, de acordo com a agência. A transição ocorrerá em três anos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Cúpula também deve render acordos para dobrar economia de energia e produção de hidrogênio até o fim da década, afirmou presidente do evento.
Durante a COP28, conferência sobre mudanças climáticas da ONU que será realizada em novembro, os países precisarão encarar o quanto estão atrasados em relação às metas e concordar com um plano para entrar no caminho certo, disse nesta quinta-feira (13) o presidente da cúpula, Sultan al-Jaber, dos Emirados Árabes.
Em discurso de apresentação do plano do país para a cúpula, a ser realizada em Dubai, Jaber afirmou que o evento também deve render metas internacionais para triplicar energia renovável, dobrar a economia de energia e a produção de hidrogênio até 2030.
"Precisamos ser brutalmente honestos sobre as lacunas que precisam ser preenchidas, as causas profundas e como chegamos aqui hoje", afirmou Jaber em reunião em Bruxelas com ministros e autoridades de países como Brasil, China, Estados Unidos e membros da União Europeia.
"Então precisamos aplicar uma resposta abrangente, voltada para o futuro e orientada para ações para abordar essas lacunas de forma prática", disse.
A COP28 será a primeira avaliação formal do progresso dos países em direção à meta do Acordo de Paris de limitar a mudança climática a 1,5°C de aquecimento. As atuais políticas e promessas dos países não atingiriam esse objetivo.
"Não podemos fazer um balanço sem sentido. Trata-se da responsabilidade de nossas atualizações anteriores, presentes e futuras", disse o ministro canadense do Clima, Steven Guilbeault, na reunião.
A avaliação na COP28, chamada de "global stocktake", aumentará a pressão sobre os principais emissores para atualizar suas ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Jaber que é chefe da Adnoc, empresa estatal de petróleo dos Emirados Árabes Unidos —fato que gerou revolta entre ambientalistas e políticos, que questionam sua disposição para tomar medidas contra combustíveis fósseis—, disse que todos os governos devem atualizar suas metas de redução de emissões até setembro, o que os Emirados Árabes Unidos fizeram no mês passado.
Jaber afirmou também que a COP28 visa estabelecer ainda um fundo prometido para compensar os países mais pobres por danos irreparáveis causados pelas mudanças climáticas.
Os países finalmente concordaram nas negociações climáticas da ONU do ano passado, na COP27, no Egito, em formar o fundo de perdas e danos, mas deixaram as decisões mais difíceis para depois, incluindo quais países deveriam pagar por ele.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Pietro Mendes, do MME, disse que é preciso apoiar um conjunto de iniciativase “empilhar incentivos” para garantir a descarbonização.
O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes, alertou em audiência pública da Frente Parlamentar Mista de Recursos Naturais e Energia que o esforço de
criação do mercado regulado de carbono, por si só, não será suficiente para fazer a transição energética. A experiência de outros países, segundo ele, mostra que será preciso ações complementares para a escarbonização da economia, além da precificação do carbono em si.
“Precisamos do mercado de carbono, mas precisamos continuar apoiando todas as outras iniciativas, porque a transição energética é um desafio muito grande. Precisamos empilhar incentivos. Isso é importante”, disse o secretário na última quarta-feira, 12 de julho. Ele lembrou que somente nos Estados Unidos foram identificadas pela Agência Internacional de Energia 106 iniciativas para apoiar a produção de energia limpa.
O pacote de iniciativas da chamada transição ecológica, anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê mais de 100 medidas a serem anunciadas a partir de agosto, uma parte delas via projeto de lei. A proposta de criação do mercado regulado de carbono, que é uma dessas ações, está “praticamente pronta” para ser discutida com o núcleo político do governo, de acordo com o Secretário de Economia Verde e Descarbonização do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Rodrigo Rollemberg, que também participou da audiência no Senado.
Além do secretário do MME, outros representantes do governo reforçaram o apoio à criação do mercado regulado de carbono no Brasil, mas também destacaram a iniciativa como parte de um conjunto amplo de ações necessárias à transição para um novo tipo de economia.
Para Pietro Mendes, é preciso manter na proposta de criação desse mercado as políticas que permitiram ao país ter uma das matrizes mais limpas do mundo. É o caso do Renovabio, que autoriza a comercialização de créditos de descarbonização emitidos pelo segmento de biocombustíveis. O secretário lembrou que o governo está na etapa final para envio ao Congresso do projeto de lei que cria o programa Combustivel do Futuro, composto por uma série de iniciativas de descarbonização do setor de transportes.
O coordenador-geral de Estrutura Produtiva e Sustentabilidade do Ministério da Fazenda, José
Pedro Bastos Neves, definiu o mercado de carbono como instrumento de uma estratégia de desenvolvimento econômico, social e ambiental. “Precisamos de vários incentivos, de vários desafios. Não só do Brasil, mas de todos os países do mundo,” disse, reforçando a fala do colega do MME.
Neves citou dois pontos fundamentais que também foram mencionados por outros participantes da discussão sobre o mercado de carbono no Senado. Um deles é a compatibilização do modelo
brasileiro com os demais sistemas de precificação do carbono ao redor do mundo, com regulação e critérios de registro e de aferição rígidos, que sejam reconhecidos pelos pares internacionais.
O segundo ponto de atenção é a criação de um sistema regulatório robusto, que realmente consiga identificar créditos de alta qualidade para evitar greenwashing. O técnico ressaltou que o mercado é um mecanismo de compensação, mas, no final das contas, o objetivo é retirar uma
quantidade enorme de carbono da atmosfera.
O subchefe da Divisão de Ação Climática do Ministério das Relações Exteriores, Bruno Carvalho Arruda, também fez duas ressalvas em relação à visão que se deve ter em relação à comercialização de créditos de carbono. Ele considera importante que o mundo perceba o mercado brasileiro como algo sustentável para reduzir gases de efeito estufa, e não fornecer ganhos de imagem para outros países.
O mercado internacional de carbono, por sua vez, não deve ser percebido como uma mina de ouro pelos agentes, embora ofereça, sim, oportunidades importantes. “Não é essa a proposta dos mercados de carbono. A proposta é que eles sejam percebidos como um instrumento, entre outros, no nosso esforço coletivo pela redução de gás de efeito estufa, que é um esforço urgente.
É um mecanismo a mais, e uma forma que se propõe inteligente de apoiar essa nossa meta [de descarbonização], que deve ser prioritária.”
A solidez da regulação foi apontada pelo diretor do Departamento de Política de Mitigação, Adaptação e Instrumentos do Ministério do Meio Ambiente, Aloisio Lopes Pereira de Melo. Ele defendeu a adoção de um padrão de boas práticas e de integridade. E também a existência de um sistema de salvaguardas e garantias de direitos aos povos e comunidades tradicionais que asseguram hoje a manutenção das florestas. Melo acredita que essa é uma dimensão importante a ser equacionada no projeto de lei, que deve criar também um arcabouço robusto.
Do lado da iniciativa privada, a posição dos convidados para a audiência na comissão também
foi de apoio ao mercado de carbono. A coordenadora de Relações Institucionais e Governamentais da Abiogás, Ludmilla Cabral, reforçou a concordância da associação com a proposta de regulação do mercado, por meio de um sistema brasileiro de comércio de emissões.
Ela observou que o biogás e biometano são os combustíveis que estão participando desse primeiro mercado regulado, que é o Renovabio, e destacou a oportunidade de contribuir para a descarbonização de outros setores econômicos, como aço, alumínio, transporte pesado e fertilizantes.
A representante da Abiogás citou como princípios da regulação de carbono boas práticas de governança e transparência e a definição e o cumprimento de metas claras e factíveis. Além disso, é necessária uma metodologia de avaliação do ciclo de vida, na verificação de emissões e
de reduções de gases de efeito estufa.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
“Entendemos que devem ser incentivadas as fontes renováveis, com esse olhar de fazer a substituição do fóssil”, afirma Tamar Roitman.
Na visão da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), possíveis incentivos do governo para a produção de hidrogênio de baixo carbono, a partir de gás natural com captura de carbono (CCS) – conhecido como hidrogênio azul – podem levar a uma manutenção da dependência dos combustíveis fósseis.
“É importante que se dê um olhar diferente entre o fóssil com CCS e o renovável. É importante que se dê um olhar específico para o renovável”, afirma Tamar Roitman, diretora executiva da entidade, em entrevista à agência epbr.
“O fóssil já teve muitos incentivos por muito tempo e, simplesmente fazer o CCS, estaríamos mantendo também a dependência do fóssil. Não fazendo efetivamente a substituição quando temos outras fontes de renováveis”, diz.
Biometano, um produto do biogás, é um substituto direto do gás natural, podendo ser misturados, como já ocorre em estados como o Ceará, pioneiro na distribuição do biocombustível. “O biometano está muito integrado com o gás natural”, explica Roitman.
Recentemente, a associação, ao lado da Abeeólica (energia eólica), Absolar (geração solar fotovoltaica) e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, fez uma lista com 17 pontos para estimular a produção do hidrogênio renovável – feito a partir de fontes renováveis, como solar, eólica e biomassa.
A proposta foi entregue ao deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), presidente da comissão especial de Transição Energética e Hidrogênio Verde, que prepara um marco legal para o hidrogênio.
A grande discussão ronda em torno da nomenclatura. Se o marco legal contemplará incentivos ao hidrogênio de baixo carbono, o que incluiria o hidrogênio azul, ou apenas ao hidrogênio renovável.
Sinalizações do governo indicam que o projeto de lei preparado pelo Ministério de Minas e Energia será voltado para o de baixo carbono.
“Entendemos que devem ser incentivadas as fontes renováveis com esse olhar de fazer a substituição do fóssil (…) O gás natural não é uma fonte renovável. Ele pode ter menos carbono quanto tem o CCS, mas o hidrogênio de gás com CCS continua sendo uma fonte fóssil”, diz Roitman.
A frente parlamentar se reuniu ontem (11/7), na Câmara dos Deputados, e debateu justamente manter em aberto o “cardápio” de rotas para produção do hidrogênio.
“Ninguém vai poder segregar procedimentos. Estamos querendo que a nova denominação [da comissão] tenha essa abrangência, com foco em hidrogênio de baixa intensidade de carbono”, disse Jardim.
Paralelamente, o governo também prepara propostas para envio ao Congresso Nacional. Políticas para o hidrogênio, bioenergia e eólicas offshore estão na agenda setorial para o segundo semestre legislativo.
Sinergias com o gás natural
A Abiogás entende que a indústria do biogás e biometano no Brasil possui muitas sinergias com o gás natural. “O biometano está muito integrado com o gás natural, inclusive mais que o hidrogênio”, explica Roitman.
Segundo ela, há uma complementaridade do biogás com o gás natural para fazer a transição energética gradual, antes do mesmo do hidrogênio.
Para a diretora, é necessário em um primeiro momento “substituir a importação de diesel por gás natural e biogás nacional”, uma vez que já são tecnologias disponíveis e competitivas para o transporte pesado.
Gás natural e biogás também podem compartilhar a mesma infraestrutura, tanto na produção do hidrogênio, como para transporte e distribuição.
“As mesmas plantas que hoje estão produzindo hidrogênio com gás podem substituir esse insumo por biometano, já que a molécula é exatamente a mesma”, pontua.
“A aplicação é exatamente a mesma, a infraestrutura de transporte e distribuição é a mesma do gás natural, poder ser injetada na rede de gasodutos”.
Caso Yara: fertilizantes verdes
O setor de fertilizantes é um dos casos em que o biogás já pode ser utilizado para descarbonização da indústria antes da chegada do hidrogênio renovável ao mercado.
“O biogás tem tudo a ver com essa pauta do fertilizante. Estamos muito empenhados em demonstrar o biometano como essa fonte para os fertilizantes de origem renovável e substituir o fertilizante sintético e importado”, defende Roitman.
O exemplo mais emblemático é o da Yara, gigante do setor de fertilizantes, que vem produzindo amônia verde, utilizando o biogás como matéria-prima.
Após dois anos de transição, a companhia afirmou que conseguiu, no suprimento para o Brasil, aderir às sanções europeias contra a Rússia e se tornar 100% independente do país, segundo informações da Folha de S. Paulo.
Por aqui, a Yara planeja substituir o gás natural fóssil por biomassa na produção de nitrogenados.
Fonte e Imagem: epbr.
Estimativa da Abdib indica alta atratividade para projetos de portos, rodovias, mobilidade, saneamento e energia.
Em leilões já anunciados até o ano que vem, o país vai demandar que os interessados em participar de projetos de transmissão de energia, rodovias, terminais portuários, mobilidade e saneamento invistam no mínimo R$ 126 bilhões. A estimativa é da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) a partir de certames com informações definidas ou em estágios mais avançados (além da realização de anúncio de intenções) -, alguns dos quais já têm editais publicados.
Além da lista (ver quadro abaixo), há outros eventos previstos para 2023 e 2024 mas que ainda não tem a definição de capex (investimentos). Também existem projetos que estão em etapa de estudos, mas com realização “dada como certa” em curto prazo, os quais valem ser destacados por seu potencial de atratividade.
São citadas as privatizações da Sabesp e da Copasa (MG) em saneamento básico. Ademais, se destravadas discussões envolvendo aeroportos, Viracopos, em Campinas (SP), Santos Dumont e Galeão, no Rio, integram a lista de ativos sob observação, destaca a Abdib.
Embora na visão de algumas fontes o mercado de infraestrutura caminhe com alguma cautela, economistas enxergam potencial aumento de interesse dos investidores em certames próximos.
Na avaliação de Cláudio Frischtak, presidente da Inter. B Consultoria Internacional de Negócios, o segmento de infraestrutura ainda precisa enxergar melhor as intenções do governo federal após ruídos e sinais de insegurança jurídica dos primeiros meses da atualgestão. Declarações do primeiro escalão sobre revisão do marco do saneamento básico e da privatização da Eletrobras, deixaram potenciais investidos temerosos com a possível mudança nas regras.
Apesar disso o cenário macroeconômico vem animando agentes. Um dos fatores para isso é a sinalização de queda da taxa Selic pelo Banco Central a partir de agosto. Outro é o andamento da primeira etapa da reforma tributária, que já passou pela Câmara e pode ser votada no Senado em agosto.
São dois elementos que, apesar de ainda não estarem concretizados, já contribuem para uma mudança de ambiente no mercado financeiro. O investidor que olha para o longo prazo tem elementos para pensar em migrar parte dos recursos em títulos atrelados à Selic para ativos de infraestrutura.
“Projetos de infraestrutura, da economia real de longo prazo, que têm risco elevado, concorrem diretamente [pela atenção do investidor] com ativos do mercado financeiro”, pontua Eric Brasil, sócio da Tendências Consultoria. “A sinalização do começo de um ciclo de queda da taxa básica de juros da economia e a aprovação de uma reforma tributária afetam as curvas de juros no longo prazo.”
A reforma tributária, se aprovada - à parte o debate que ainda ocorrerá no Senado -, derrubaria imediatamente a curva dos juros futuros devido à expectativa dos agentes em relação ao impacto das mudanças sobre a economia, explica Brasil.
Na Abdib, há leitura similar. “O apetite é muito grande”, acrescenta Roberto Guimarães, diretor do departamento de economia da entidade. A associação tem organizado workshops com participação de associados e agentes de governo e do mercado financeiro.
Guimarães diz que há um ano o cenário era mais nebuloso e havia então um movimento de “pé atrás” mais evidente. “Ali entre março e dezembro de 2022 houve um período de incertezas maior causado pela questão eleitoral, a alta taxa de juros, instabilidades internacionais e ainda o aumento do custo dos insumos”, diz. Alguns leilões foram cancelados ou tiveram “pouquíssimos participantes”.
Ainda assim, o volume de recursos que será efetivamente injetado em projetos em curso neste ano terá alta nominal de 11% em 2023 em comparação ao ano anterior, calcula a Inter.B. De acodo com a consultoria, os investimentos das vencedoras dos leilões devem alcançar R$ 204 bilhões nos primeiros cinco anos após o certame.
“Mas, o fato de [o setor] estar muito animado não elimina questões a serem observadas”, pondera o diretor da Abdib. Guimarães cita desafios relacionados à mão de obra, engenharia e preço de insumos. Ademais, o apetite por cada segmento varia conforme os riscos embutidos em cada um deles. Quanto menor o risco de implantação (engenharia, licenciamento ambiental, demanda e financiamento), mais atraente é o projeto.
Por ora, observa-se mais competição em transmissão de energia. Bom indicador do interesse do mercado, diz Frischtak, é o grau de concorrência em leilões recentes. Ele cita a disputa vista no certame de sistemas de transmissão do último 30 de junho, que atraiu R$ 15,7 bilhões em aportes. Já o leilão da rodovia Varginha-Furnas em Minas Gerais não teve disputa.
Transmissão tem menos risco, visto que a demanda por energia é firme. Não oscila mesmo com o debate relacionado à transição energética. Pelo contrário: o setor sinaliza alta de consumo com o uso de carros elétricos, lembra Brasil, da Tendências. “São projetos que consistem em botar o varal de pé. Funcionando e disponível, recebe-se receita fixa corrigida por inflação. É super previsível”, resume Marcelo Girão, head de project finance do Itaú BBA. Segundo Girão, o setor de transmissão é um dos “mais bancáveis” do mercado de capitais.
Em rodovias e saneamento o risco também “é bom”, avalia a Abdib. As rodovias ‘brownfields’ (já existentes), que precisam de ampliação, são mais atraentes, diz Guimarães. Saneamento é similar à transmissão energética: a demanda não oscila conforme a atividade econômica. O marco legal aprovado em 2020 contribuirá para atrair interessados. Isso não muda nem mesmo com os decretos apresentados pelo governo federal, em discussão no Legislativo, para rever parte das regras, mas isso pode atrasar projetos.
Já mobilidade urbana e ferrovias “estruturais” (de trechos longos) são menos atraentes pelas razões opostas: risco maior e demanda incerta. Ferrovias menores, com demanda definida, estão sob a lupa do setor privado, diz a Abdib. Ainda assim, a entidade defende a necessidade de “mitigadores de risco e participação de dinheiro público” para encorajar as empresas.
Frederico Barreto, coordenador do departamento de economia da Abdib, reitera a necessidade de ampliar o modelo das parcerias público-privadas (PPPs). O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse recentemente que o ministério trabalha em modelos para ampliar a participação do setor privado nas obras de ferrovias, hoje quase integralmente nas mãos do Estado.
Os projetos de mobilidade urbana sob gestão de Estados e municípios trazem ainda mais desafios. Contudo, há exemplos que estão dando certo. É o caso da PPP da linha 6 do metrô paulistano, dizem os Os projetos de mobilidade urbana sob gestão de Estados e municípios trazem ainda mais desafios. Contudo, há exemplos que estão dando certo. É o caso da PPP da linha 6 do metrô paulistano, dizem os economistas. “O setor público não tem capacidade sozinho e não pode ser só o privado por causa do retorno de investimento”, completa Guimarães.
A aprovação do arcabouço fiscal deverá ampliar o caixa para investimentos do governo federal, que, nessa área, enfrentou “muito problema em função do teto de gastos”, disse. Em portos, por ora, a expectativa é de que ocorram apenas leilões de terminais.
Os agentes financeiros que lidam com infraestrutura acrescentam a necessidade de fazer mudanças em modelos de financiamento diante de uma participação cada vez maior do setor privado nesses projetos.
É preciso ajustar o modelo de project finance, por exemplo, diz Edson Ogawa, head de project finance do Santander, para o molde do mercado internacional. No project finance “puro”, o caixa do projeto paga a dívida tomada e há participação de seguradoras nos estágios iniciais, disse Frishtack.
O project finance é utilizado no país, mas com variações entre os modelos. As diferenças se resumem à exigência de garantias para a tomada de recursos em diferentes etapas da construção da obra. O BNDES trabalha em mudanças no modelo, disse recentemente ao Valor a diretora de infraestrutura do banco, Luciana Costa.
O banco já trabalha em alguns projetos com o molde “puro”, e está trilhando um “processo de aprendizado” prático. A Abdib avalia que essas mudanças não ocorrerão rapidamente. “O importante é que as mudanças estão no radar do BNDES”, disse Roberto Guimarães, diretor do departamento de economia da entidade. “O banco está trabalhando muito para destravar a pauta do financiamento da infraestrutura.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Novas contratações são impulsionadas pela ampliação de investimentos na área de energia renováveis.
Companhias de energia estão ampliando quadros para incluir mais gestores ligados à produção de renováveis. De acordo com pesquisa sobre a expectativa de contratação para o próximo trimestre no Brasil, realizada pelo ManpowerGroup, de recrutamento e seleção de profissionais, o setor de energia e serviços de utilidade públicas é o que mostra a maior intenção de admissões, com 50% do total, entre nove segmentos avaliados.
Para efeito de comparação, o setor concentra mais possibilidades de trabalho do que a área de tecnologia (41%), tradicionalmente conhecida pela demanda contínua de currículos, explica Nilson Pereira, country manager do ManpowerGroup Brasil. A pesquisa ouviu 1.020 empregadores no país, entre 3 e 28 de abril.
Entre os estados com maior expectativa de contratação em todos os setores avaliados, o destaque é Minas Gerais, com 40%, antes do Rio de Janeiro (33%) e São Paulo (31%). “Isso se deve principalmente ao setor de energia renovável [no estado], que vem recebendo fortes investimentos e ampliando seleções”, afirma Pereira.
Desde o ano passado, Minas Gerais é líder em produção de energia solar no Brasil, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Segundo o estudo, feito em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o estado concentra 30,9 mil megawatts (MW) de potência para geração e consumo de energia solar, entre usinas operacionais e em construção.
“Nos últimos três anos, montamos um portfólio de renováveis por meio de parcerias e aquisições, se posicionando como empresa de energia em mercados maduros, como os de energia elétrica e etanol; e em segmentos com potencial de crescimento rápido, como o de biogás, diesel verde, combustível sustentável de aviação e eletromobilidade”, explica Aspen Andersen, vice-presidente de gente e tecnologia da Vibra Energia, com 3,3 mil funcionários.
De acordo com o executivo, a corporação fundada em 1971 como subsidiária da Petrobras e privatizada em 2019, já investiu cerca de R$ 4 bilhões em soluções na área de renováveis. Prova disso foi a recente criação de uma vice-presidência dedicada ao setor. A unidade será comandada por Clarissa Sadock, ex-CEO do grupo de energia AES Brasil, que assume a partir de agosto.
Na CPFL Renováveis, constituída pelo Grupo CPFL em 2011, foram contratados 50 profissionais, entre diretos e indiretos, somente no ano passado. A empresa de 600 funcionários (4% do total do grupo) conta com oito usinas hidrelétricas, 49 parques eólicos, 46 pequenas centrais hidrelétricas e oito unidades movidas a biomassa, além de duas termelétricas e uma usina solar, em oito estados.
“A estratégia para os próximos anos é qualificar pessoas que residam próximas aos nossos parques eólicos”, afirma Francisco Galvão, diretor de operações da CPFL Renováveis. Um dos cursos, no Rio Grande do Norte, acontece de agosto a fevereiro de 2024 e é aberto às comunidades indígenas - formará auxiliares de manutenção de sistemas elétricos para os complexos eólicos.
Especialistas em seleção de executivos afirmam que a disputa por gestores deve se acirrar nos próximos meses por conta de investimentos já empenhados em novas operações. No Rio Grande do Norte, por exemplo, o governo estadual acaba fechou um acordo com a multinacional chinesa Citic Group Corporation para a construção de uma usina de energia solar no município de Assú, a 200 quilômetros de Natal, com investimentos estimados em R$ 2,5 bilhões.
Em São Paulo, o Plano Estadual de Energia 2050, de incentivo a ações de transição energética e à redução de emissões de gases de efeito estufa, identificou em maio 21 projetos que somam R$ 16,8 bilhões em investimentos privados. Pelo menos dez estão em fase de implementação, segundo informações do governo paulista, e incluem a produção de carros que utilizam motores híbridos como alternativa à gasolina e a construção de fábricas que geram energia a partir do bagaço de cana. Empresas como Raízen e Toyota comandam algumas das ações.
No final de junho, um megaleilão entregou nove lotes de concessões para construção e manutenção de 6,1 mil quilômetros de linhas de transmissão de energia, cm seis estados. Oito empresas ou consócios programam investimentos de R$ 15,7 bilhões nos próximos anos e o certame foi considerado o maior, no nicho de transmissão, realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - deve gerar 29,3 mil empregos diretos.
A movimentação de executivos no setor é tão expressiva que provoca mudanças também entre grandes marcas de seleção de profissionais. Em março, a Fesa Group, consultoria em recursos humanos fundada em 1995, anunciou fusão com a Select Humans for Energy, que desde 2015 atua no encaminhamento de currículos para a indústria de energia. “O objetivo é reforçar a equipe no segmento”, diz Carlos Guilherme Nosé, CEO da Fesa Group.
No mesmo mês, a WorldWide Recruitment Energy, agência especializada em recrutamento no setor de energia, criada na Espanha em 2015, firmou parceria com a brasileira Energizar Consultoria, no mercado desde 2020, para identificar perfis no mercado de renováveis. O garimpo de talentos deve servir tanto para achar executivos globais para firmas locais, como indicar oportunidades para brasileiros na Europa.
De acordo com Luisa Gentil Blandy, vice-presidente e sócia da Fesa Group, os salários no segmento podem variar de acordo com o porte do empregador. “Em geral, as cadeiras na gerência têm faixa salarial de R$ 25 mil a R$ 35 mil, enquanto posições na diretoria pagam de R$ 35 mil a R$ 60 mil”, compara.
A capacitação de pessoal também está na mira das organizações. A Elgin, conhecida pela fabricação de máquinas de costura, mas que hoje produz e distribui equipamentos fotovoltaicos, treinou mais de dois mil integradores de sistemas, entre janeiro e junho.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Regulador permitirá que as outorgas de geração sejam revogadas e os contratos de transmissão sejam rescindidos.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, nesta terça (11/7), uma anistia geral a donos de projetos de geração de energias renováveis que possuem Contratos de Uso do Sistema de Transmissão (CUST), mas que nunca saíram do papel.
A Aneel permitirá que as outorgas de geração sejam revogadas e os respectivos CUSTs rescindidos, sem multas. O mecanismo excepcional estabelecido pelo regulador ficou conhecido como o “Dia do Perdão”.
A ideia é liberar capacidade no sistema de transmissão para projetos que, de fato, sejam viáveis. A agência estima que 11,78 GW em outorgas optem por aderir à medida.
Os interessados devem manifestar o interesse na rescisão até o dia 28 de julho e renunciar à judicialização do caso, quando aplicável – muitos geradores recorreram a pedidos de liminar para evitar a cobrança dos CUSTs.
Somente as empresas que estiverem em dia com o pagamento de encargos setoriais serão consideradas aptas a rescindir os contratos sem penalidades. Os geradores contratados no ambiente regulado precisarão se desfazer de seus contratos antes de aderir à medida.
Aneel também regularizará projetos atrasados A diretoria da Aneel também aprovou um mecanismo extraordinário de regularização, voltado para geradores que queiram ajustar excepcionalmente o cronograma de seus projetos.
Com isso, o prazo de implantação do empreendimento, previsto no ato de outorga, é postergado em 36 meses a contar da publicação da Resolução Normativa.
A Aneel justificou que as decisões visam a corrigir distorções e efeitos causados pela grande procura, nos últimos anos, por outorgas de geração diante da proximidade do fim dos descontos nas Tarifas de Uso dos Sistemas de Distribuição e Transmissão para usinas de fontes renováveis.
Nessa corrida por outorgas de geração antes que o benefício fosse extinto, muitos empreendedores assinaram CUSTs (uma exigência para obtenção da autorização) sem, de fato, conseguirem colocar os projetos de pé.
Fonte e Imagem: epbr.
Liquidação financeira realizada pela CCEE registrou R$ 1,05 bilhão ainda represado por conta da judicialização do risco hidrológico.
O Mercado de Curto Prazo do setor elétrico brasileiro liquidou R$ 716,8 milhões em maio de 2023, do total de R$ 1,96 bilhão contabilizado. A CCEE registrou R$ 1,05 bilhão ainda represado por conta de liminares contra o pagamento do risco hidrológico (GSF, na sigla em inglês) no ambiente de contratação livre.
Os parcelamentos, inclusive aqueles vinculados ao pagamento dos débitos abertos após a repactuação do GSF, passaram a responder por aproximadamente R$ 154,9 milhões e a inadimplência efetiva somou cerca de R$ 31,3 milhões, menos de 2% do total contabilizado.
Os agentes que possuem decisões judiciais vigentes para não participarem do rateio da inadimplência advinda das liminares de GSF perceberam adimplência próxima a 89,5%. Aqueles que seguem amparados por decisões que impõem o pagamento proporcional verificaram uma adimplência de cerca de 30,2%. Os credores que não possuem liminares receberam aproximadamente 29,1% de seus créditos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Combate ao desmatamento, eólica, solar, hidrogênio verde, biocombustíveis, marco regulatório da mineração são algumas das oportunidades elencadas pelo plano de transição ecológica em elaboração pelo Ministério da Fazenda, listou nesta segunda (10/7) o ministro Fernando Haddad (PT).
Em entrevista ao podcast O Assunto, do G1, o ministro disse que o plano pretende desburocratizar investimentos verdes e pode ser a grande marca do terceiro mandato do presidente Lula (PT).
“Eu vejo a reforma tributária, o marco fiscal e o plano de transição ecológica como o mesmo desenho de um novo Brasil”.
Na última sexta, o ministro passou mais de duas horas no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente da República, apresentando “oportunidades de transição, emprego e renda para colocar o Brasil no século 21”.
É um plano de cem ações a serem desdobradas em quatro anos e que serão entregues por ordem de importância, a partir de agosto.
O foco em uma recuperação econômica e industrial em bases sustentáveis foi uma das bandeiras de Lula na corrida presidencial.
Segue um movimento internacional. A Lei de Redução da Inflação de Joe Biden, nos Estados Unidos, em 2022, destinou centenas de bilhões para incentivar a instalação de indústrias de baixo carbono no país – um movimento que acendeu o alerta na União Europeia, que correu para lançar sua Lei da Indústria Net Zero.
Os países ricos tentam fazer frente à China, que há alguns lançou mão de pesados incentivos para alavancar a produção de insumos e tecnologias de transição, e hoje é a maior fornecedora global de painéis solares, por exemplo.
Pelo lado dos emergentes, a Índia e a Colômbia são outros exemplos de economias que estão se movendo em busca de investimentos verdes.
No caso do Brasil, o plano passa pela criação do mercado de carbono – que o governo espera aprovar ainda este ano, antes da COP28 –, reforma tributária, parcerias público-privadas e atração de capital para produtos que comprovem ser net zero.
Novas energias
Saindo do macro, há uma extensa agenda regulatória setorial para viabilizar investimentos em novas energias e tecnologias de descarbonização no Brasil.
Captura e armazenamento de carbono, hidrogênio, eólicas offshore, diesel verde, combustível sustentável de aviação são alguns exemplos.
Em entrevista à agência epbr no final de maio, Raíssa Cafure Lafranque, vice-presidente da EDF Renewables Brasil, disse que é preciso uma sinalização forte do governo para atrair investimentos na transição.
“O momento é agora”. Raíssa avalia que, enquanto para eólica offshore o potencial brasileiro já está materializado, o desenvolvimento da indústria do hidrogênio verde ainda depende de sinalizações externas, o que os países estão decidindo sobre esse mercado.
“Ainda não temos uma regulação estabelecida, nem para offshore, que precisa de uma regulação local, nem para hidrogênio verde, que precisa não só de uma política local, mas também de uma clareza maior da regulação internacional”, comenta a executiva.
Recordes de temperatura
As temperaturas globais da superfície do mar atingiram recordes em maio, junho e julho – e o aquecimento do El Niño está apenas começando – alertaram os cientistas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU nesta segunda (10/7).
“A primeira semana de julho pode ser considerada o período mais quente ou a semana mais quente já registrada”, com uma temperatura média global próxima a 17,24 °C em 7 de julho, disse Omar Baddour, chefe de monitoramento climático da OMM.
Os termômetros registraram um “pico sem precedentes” nas temperaturas da superfície do mar no Atlântico Norte, e os cientistas afirmam que “sem precedentes é o novo normal”.
Do pólo Sul ao Norte, as temperaturas estão tão altas que os níveis de gelo marinho da Antártica atingiram sua menor extensão em junho desde o início das observações de satélite.
Foram cerca de 2,6 milhões de quilômetros quadrados de gelo marinho perdido.
“A região antártica é normalmente considerada relativamente estável; é muito mais frio que o Ártico. Estamos acostumados a ver essas grandes reduções no gelo marinho no Ártico, mas não na Antártica”, destaca Michael Sparrow, chefe do Programa Mundial de Pesquisa Climática da OMM.
Além da Antártida, a agência da ONU alertou que a onda de calor marinha também afeta a distribuição da pesca e os ecossistemas oceânicos, com efeitos indiretos no clima.
“Quando você tem um ciclone tropical, tudo é afetado na costa, incluindo a pesca, mas também no interior”, disse Baddour.
“Com fortes precipitações que podem levar a vítimas, deslocamento de populações e assim por diante. Então, se dissermos que é uma mudança dramática, isso também significa uma probabilidade dramática de eventos climáticos e climáticos extremos”.
Curtas - Mercado de carbono
MPPA e MPF emitem recomendações ao Estado do Pará sobre mercado de carbono. Comunidades tradicionais alegam que estão sendo assediadas pelo mercado de carbono mediante propostas ilusórias de melhora de vida com informações apenas de benefícios apresentadas pelas empresas. O intuito é de convencê-las a assinarem contratos, “muitas vezes sem clareza de suas cláusulas, causando impactos no modo de vida tradicional local”, aponta a nota técnica.
Cúpula da Amazônia
O governo Lula se esquivou da proposta da Colômbia de interromper novos projetos de exploração de petróleo na Amazônia, e também deixou em aberto que postura adotará em agosto, nas negociações para um tratado de proteção do bioma.
Durante encontro técnico científico dos oito países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), na semana passada, o governo colombiano de Gustavo Petro também propôs que os países amazônicos zerem a exploração ilegal de minérios na região, além de acabar com o desmatamento até 2030.
Clima e guerra
O presidente dos EUA, Joe Biden, procurará aprofundar suas relações com o rei Charles da Grã-Bretanha e o primeiro-ministro Rishi Sunak em reuniões separadas, nas quais se espera que a mudança climática e a Ucrânia dominem a agenda. Biden desembarcou em Londres no final do domingo para iniciar uma viagem por três países, incluindo a cúpula da OTAN.
Eletrificação na Tailândia
A tailandesa Siam Motors está conversando com várias montadoras chinesas sobre possíveis parcerias, principalmente para veículos elétricos. Isso reflete uma mudança em andamento na Tailândia, onde os investimentos chineses no valor de US$ 1,44 bilhão desde 2020 abriram uma nova frente em um mercado historicamente dominado pelas montadoras japonesas.
Emissões do refino
A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (10/7) que investiu R$ 200 milhões para adequar as emissões das refinarias Replan, em São Paulo, e Refap, em Canoas, Rio Grande do Sul às normas do Conama. Cada refinaria recebeu cerca de R$ 100 milhões em investimentos para instalação de um novo sistema de tratamento de gases.
Sungrow inaugura nova sede em São Paulo
Com investimento avaliado em 3 milhões em estrutura e suporte ao consumidor, a multinacional, que soma filiais em diversas regiões, é a única do setor com sede no Brasil. O espaço é um reflexo do movimento de expansão da empresa, que cresceu 96% em três anos, além de aumentar seu quadro de colaboradores de 40 para 108.
Fonte e Imagem: epbr.
Segundo Haddad, serão mais de 100 ações que vão desde investimentos em infraestrutura a geração de energia limpa.
O Ministério da Fazenda apresentou na última sexta-feira,7 de julho, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que o ministro Fernando Haddad acredita ser a grande marca do terceiro mandato, que é o plano de transição ecológica. Segundo Haddad, no últimos seis meses uma equipe do ministério trabalhou nos bastidores em silêncio para mapear todas as oportunidades que o Brasil tem, com vantagens competitivas em relação ao mundo, para modernizar sua estrutura produtiva.
“Isso vale para infraestruturas, para geração de energia limpa, para atração de investimentos estrangeiros que querem produzir produtos verdes e transformar isso numa marca do Brasil, o combate ao desmatamento, eólica, solar, hidrogênio verde, biocombustível, tudo o que você imaginar. Marco regulatório da mineração…”, listou o ministro, em entrevista para o podcast O Assunto, com Natuza Nery.
Segundo Haddad, o que chamou a atenção de Lula na reunião de mais de duas horas foi o conjunto de oportunidades que estão disponíveis para promover a transição para uma economia verde, gerando empregos de ponta. Além de Haddad, estiveram no Palácio da Alvorada o secretário executivo do ministério, Dario Durigan, e seu futuro secretário-adjunto, Rafael Dubeux. De acordo com o ministro, pontos da apresentação fizeram “os olhos do presidente brilharem.”
O ministro explicou que trata-se de um plano abrangente, que vai além de tudo o que já foi divulgado, como Reforma Tributária, retorno do voto de qualidade do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e marco fiscal. São mais de 100 ações que vão se desdobrar em quatro anos, e vão desde a criação do mercado de crédito de carbono até a Reforma Tributária, que tem o imposto seletivo justamente para onerar produtos que prejudiquem o meio ambiente e a saúde pública, até a exploração de terras raras.
Uma parte das ações virão por meio de projetos de lei que serão enviados ao Congresso Nacional a partir de agosto. É o caso do PL que cria a mercado regulado de lei de carbono, que deve ser levado ao Legislativo no mês que vem. O governo pretende criar uma infraestrutura legal que desburocratize investimentos verdes.
O impacto em termos de crescimento do Produto Interno Bruto ainda não está estimado, “porque as ações vão ser validadas pelo presidente uma a uma”, disse Haddad. No processo, todos os ministérios setoriais serão ouvidos para confirmar os investimentos que vão ser necessários. A maioria deles, privado, ou com participação pública com predominância do setor privado, frisou o ministro.
Haddad citou como exemplo o último leilão de linhas de transmissão, realizado em 30 de junho, lembrando que as instalações estarão posicionadas em um lugar que vai permitir a geração de energia eólica e solar conectada ao Sistema Interligado. “Isso vai dar segurança aos investidores de que o Brasil não vai colocar limites e obstáculos à produção de energia verde.”
Ele anunciou ainda que o governo está com um roadshow programado para atrair empresas que queiram investir na indústria brasileira para produzir bens com o selo de net zero. Mesmo sem um cálculo global do impacto das medidas da transição verde, o ministro calcula que só a Reforma Tributária pode trazer um impacto é entre 0,5% e 1% ao ano de crescimento do PIB.
Se a economia cresce 2%, ela pode passar para 2,5% a 3% ao ano, somente por conta dos efeitos benéficos da reforma. “O fato é que eu vejo a Reforma Tributária, o marco fiscal, o plano de transição ecológica, como o desenho de um mesmo Brasil.”
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O setor industrial brasileiro receberá cerca de R$ 106,16 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos para estimular o desenvolvimento de áreas consideradas estratégicas para o país. O anúncio foi feito durante a 17ª Reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), responsável pela elaboração da nova política industrial brasileira, realizada nesta quinta-feira, 6 de julho.
Com o objetivo de construir uma nova política industrial, focada na inovação, sustentabilidade e inclusão social, o montante será direcionado para diversas áreas, incluindo aqueles relacionados com as novas rotas tecnológicas, mobilidade sustentável, descarbonização da economia e a ampliação de cadeias associadas à transição energética e à bioeconomia.
Divididos em grupos de trabalho, os membros do CDI irão dialogar com os segmentos da indústria para identificar entraves e desenhar estratégias e ações para impulsionar a atividade industrial nas respectivas áreas.
Os recursos serão provenientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). A maior parte do montante será concedida em linhas de crédito ou financiamentos e a fundos de apoio à inovação.
Do total a ser liberado, cerca de R$ 65,1 bilhões serão destinados prioritariamente para financiar projetos de inovação e digitalização, por meio do BNDES, tendo como base a Taxa Referencial, cujos juros serão de 1,9% ao ano.
Já a Finep vai destinar R$ 40,68 bilhões às áreas de pesquisa e desenvolvimento de projetos científicos e tecnológicos em diferentes etapas. Pela Embrapii, ainda está prevista a aplicação de R$ 38 milhões em recursos para apoiar as instituições de pesquisa tecnológica, com foco no estímulo a inovação da indústria brasileira.
Atualmente, 20 ministros estão entre os membros do CNDI, incluindo o de Minas e Energia, Alexandre Silveira, além do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e 21 conselheiros representantes da sociedade civil, entre entidades industriais e representantes de trabalhadores.
O colegiado é vinculado à Presidência da República e presidido pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
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A ideia é levantar temas de consenso entre os agentes e apresentá-los ao secretário executivo do MME, Efrain Cruz.
A falta de consenso no setor elétrico brasileiro e a série de distorções, como com aumento de subsídios, aprimoramento de governança, novas fontes e tecnologias e tarifas de energia cada vez mais altas, estão levando o segmento para um caminho de insustentabilidade. Por isso, o Fórum de Associações do Setor Elétrico (Fase) se propôs a mediar um pacto setorial junto ao Ministério de Minas e Energia (MME) para que reduza as assimetrias do setor de energia nacional.
O presidente do Fase, Mário Menel, está capitaneando essa empreitada. Segundo ele, o fórum não tem o poder de arbitrar, mas tem capacidade de mediador dos conflitos, já que congrega 27 associações do setor e pode encontrar os pontos convergentes. Segundo o executivo, a ideia é levantar temas de consenso entre os agentes e apresentá-los ao secretário executivo do MME, Efrain Cruz. Com o tema pacificado dentro da pasta, é só iniciar a implementação.
“Vamos contratar um consultor para ajudar a fazer uma pesquisa usando a inteligência artificial e ver todos os pontos em comum e identificar as convergências. A gente tem que fazer um grande pacto”, afirma Menel durante o evento ‘Mercado Livre Absolar’. “Uma ação que está sendo colocada em prática agora é a descarbonização da Amazônia através da colocação de painéis de energia solar em paralelo com a energia a óleo diesel que tem lá em vários pontos”, acrescenta.
Um dos grandes problemas, segundo o executivo, é o excesso de subsídios inseridos na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um tipo de fundo setorial bancado pelos consumidores, que dobrou nos últimos anos, passando de R$ 16 bilhões, em 2017, para R$ 32 bilhões, em 2022.
Outra distorção, segundo Menel, é a tarifa de energia, que está se tornando impagável. Isso decorre, entre outras coisas, porque muitos consumidores migram para o mercado livre ou adotam a geração distribuída pagam por uma energia mais barata, deixando os custos fixos aos outros consumidores que ficam. O fato tem sido classificado pelo setor como “espiral da morte".
A consultoria responsável deve ser a Volt Robotics. O sócio-fundador da consultoria, Donato da Silva Filho, lembra que no final de 2022 que já há uma agenda propositiva para o setor elétrico brasileiro com base em cinco temas (governança, redução de encargos e subsídios, modernização do setor, abertura de mercado e atração de investimentos) que englobam 16 propostas.
Segundo ele, a ideia é juntar isso com os princípios para Atuação Governamental no Setor Elétrico, documento resultante das discussões da Consulta Pública 32/2017, que destaca 11 princípios com aceitação plena do setor e que são válidos até hoje. Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Próximo passo será contratar uma consultoria e fazer uma atualização da agenda e ver as convergências.
O presidente executivo da Associacao Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (ABIAPE) e do Fórum das Associações do Setor Elétrico, Mário Menel, declarou na quinta-feira, 07 de julho, que o Ministério de Minas e Energia lançou um desafio para que o setor se organizasse e apresentasse um consenso para que a entidade possa acolher e consertar o caminho do segmento elétrico. “O setor não tem o poder de arbitragem, porém devemos aumentar as nossas convergências e levá-las ao MME”, disse.
O executivo destacou que o próximo passo será contratar uma consultoria e fazer uma atualização da agenda e ver as convergências. “A consultoria vai ajudar a fazer pesquisas e usar a inteligência artificial para ver todos os pontos e conseguir trabalhar e identificar quais são as nossas convergências e que ações podem operacionalizá-las”, afirmou. A decisão foi tomada em Rondônia, durante reunião do FASE, na semana passada.
Ele ainda declarou que há insustentabilidade no setor elétrico. “Vai ser impagável a nossa tarifa, pois vai ficando cada vez mais cara. Temos a obrigação de tentar ajudar e mostrar onde é que nós temos convergências o que é que a gente pode ter de convergência e assim ajudar o nosso setor”, ressaltou.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Presidente afirmou que o Brasil está à frente de países desenvolvidos na transição energética e precisa se aproveitar disso.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 5ª feira (6.jul.2023) que nenhum país pode “falar grosso” com o Brasil sobre transição energética. O petista afirmou que nações como Alemanha, EUA e França não podem criticar a condução do tema pelo Brasil.
“Esse país tem a questão transição energética que nenhum país do mundo tem sequer condições de falar grosso com a gente. Eu tenho viajado e tenho debatido. Não adianta vir a Alemanha dar palpite na questão da energia limpa do Brasil, França, Estados Unidos, não. Não deem, porque vocês não sabem. Nós temos mais do que eles aquilo que eles quiserem e temos muito mais oportunidade que eles, então nós temos que aproveitar isso”, disse durante evento no CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial).
Fonte e Imagem: Poder 360.
Diretor institucional e jurídico da associação, Wagner Ferreira, fala sobre o futuro do setor elétrico e afirma que o maior desafio é uma tarifa justa.
Para a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), que representa 39 concessionárias de distribuição de energia do Brasil, este é o momento ideal para que a reforma tributária avance. Em entrevista à Esfera Brasil, o diretor institucional e jurídico da Associação, Wagner Ferreira, defendeu um tratamento diferenciado para o setor, que é essencial para o crescimento econômico do País. “Estou representando o conjunto de atores que, de forma consensual, entenderam que a reforma tributária deveria, sim, reconhecer o conceito de essencialidade que a energia elétrica tem para a sociedade”, afirmou.
Segundo a Abradee, as distribuidoras têm um faturamento entre R$ 280 bilhões e R$ 300 bilhões ao ano e, do total, cerca de 30% é destinado ao pagamento de tributos. “O setor elétrico é um grande pagador de tributos. Na perspectiva fiscal, é um ator muito relevante”, ressaltou Ferreira.
Juntas, as distribuidoras de energia são responsáveis pelo atendimento a quase 90 milhões de unidades consumidoras, o que representa praticamente a universalização do serviço no País (99,8%). Um dos graves problemas é o furto de energia, que hoje custa R$ 8 bilhões ao ano às empresas.
O diretor falou ainda sobre a composição da tarifa, a importância da redução das alíquotas e o futuro do setor elétrico no Brasil.
A reforma tributária é vista como essencial aos negócios. A Abradee entende que a proposta é importante para o desenvolvimento econômico?
Ferreira: Em termos de relevância, o nosso setor é pujante de investimentos. A gente está falando de um setor que injeta alguma coisa entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões por ano na economia. Quando a Constituição Federal foi promulgada, estabeleceu dois pressupostos para energia elétrica que, de certa forma, têm a ver com a nossa sobrevivência enquanto nação: a soberania nacional e a soberania energética.
A guerra entre Rússia e Ucrânia deixou claro o que é depender de energia de outros países, o quanto isso é ruim para a sociedade. A energia é um bem transversal que gera um desenvolvimento econômico tremendo.
Um estudo da Fundação Getulio Vargas diz que energia é o bem que é mais sensível ao desenvolvimento econômico de uma sociedade. Energia é qualidade de vida. Na indústria, se você economizar R$ 10 mil, isso gera um produto mais competitivo, mais emprego, então tudo está ligado à energia.
Tem uma discussão jurídica no STF [Supremo Tribunal Federal], que foi julgada definitivamente em 2021, que dizia que a energia elétrica não pode ter uma tributação compatível com o bem supérfluo, como cigarro. Isso é inconstitucional. Então uma tributação alta de energia não atende à modicidade. O STF definiu que os estados reduzissem a alíquota dos 27% atuais para 18%, em média.
Também um estudo do Ipea [Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas] diz que a cada 10% de redução na conta de luz, você gera um rebatimento positivo no PIB [produto interno bruto] de 0,45% ao ano. Isso vira investimento, poupança. Se mostrou que o dinheiro economizado em energia gera riqueza.
Qual é o peso hoje da carga tributária ao consumidor de energia elétrica? De que forma isso poderia ser reduzido?
Dos 30% que as distribuidoras pagam de tributos, mais de 15% são encargos setoriais. São R$ 35 bilhões para políticas públicas, e quem vai pagar é o consumidor. Mas quem deveria pagar a rigor é o Tesouro Nacional. Essa parcela subvencionada deveria ser deduzida da base de cálculo, ser retirada da tributação.
Não podemos abandonar tudo aquilo que está previsto na Constituição Federal, que é a soberania energética, essencialidade e modicidade em relação à energia. A alíquota do setor tem que ser reduzida, diferenciada, porque é um bem transversal que gera prosperidade para o País. Se você não desenvolve, não aumenta o PIB, a arrecadação.
O setor elétrico visa à sustentabilidade da tributação na energia para que o País se desenvolva. Isso é música para as agendas que o País tem de médio prazo, que são transição energética, industrialização, novas soluções de negócios. Tudo está ligado à energia.
Se você reduz a tributação, melhora o preço final do produto, gera uma menor inflação, aumenta o poder de compra. É um ciclo virtuoso. Queremos um sinal. Agora é uma discussão mais ampla [da reforma tributária]. Sobre as alíquotas, as leis complementares virão para regular nos próximos meses.
A reforma vai ter um impacto na arrecadação dos estados. Como atender ao interesse de todos?
Agora estamos preocupados em ter o sinal da PEC [Proposta de Emenda à Constituição]. Em quanto tempo se recupera a arrecadação? Depende. Pode ser em um mês, pode ser em dois ou em três anos. O que importa é crescer, gerar mais receita. Que a gente faça isso dentro da transição.
Vamos supor que seja aplicado um IVA [Imposto sobre Valor Agregado] de 25%. Vamos colocar o setor elétrico reduzindo 1% ao ano pelos próximos cinco anos: você suaviza o impacto e dá o sinal econômico certo para o País.
Há um estudo de como vai ficar a conta de luz a partir da reforma tributária?
A gente tem estimativas, trabalha com cenários. Com PIS, Cofins e ICMS, o consumidor de energia paga na conta de luz algo em torno de 23% de tributos. Se você somar as alíquotas, é mais do que isso. [A reforma] vai tornar a tributação mais simplificada no consumo. Se a gente tiver uma alíquota base de 25% de IVA, fica próximo à neutralidade ao que se tem hoje. Se ficar abaixo disso, reduz a conta, e se ficar acima, aumenta a conta, simples assim.
Houve uma conversa do setor com o Congresso?
A gente falou com o deputado Aguinaldo Ribeiro [PP-PB], relator da reforma, três vezes nos últimos 40 dias. Houve um compromisso dele no sentido de avaliar o que nós estávamos levando, que era algo muito importante. Levamos um texto que reconhece o tratamento diferenciado sobre a energia em função da essencialidade e transversalidade para o País. A gente não quer atrapalhar e levar um problema. Entendemos que é o momento correto politicamente e juridicamente. É dar um sinal para depois a gente encontrar o modelo mais inteligente dentro da cadeia de setores do País.
Qual é o principal desafio para o setor elétrico?
É a tarifa. Se eu não tiver uma tarifa justa, eu não modernizo o parque de ativos, o sistema elétrico e o serviço. Consequentemente, eu paro no tempo. É tudo encadeado.
Hoje, 23% da tarifa é relativa a custos de distribuição de energia, 45% são tributos federal, estadual e encargos setoriais, que são as políticas públicas, outros 7% são custos com a transmissão de energia, 25% é com geração. O maior problema são os tributos. Se tirar tributos, reduziria essa conta em 45%.
A demanda por energia ainda é crescente. Qual é o futuro do setor elétrico?
O setor elétrico é essencial para a transição energética. Se você pensa em carro elétrico, casa elétrica, hidrogênio verde, certificado de carbono, isso envolve bateria. Tudo isso, de alguma forma, depende da rede. O sistema elétrico vai mudar um pouco a configuração para servir como um gerador de serviços.
O consumidor, cada vez mais, vai exigir um tipo de solução elétrica diferente. No futuro, você vai ter que pagar pelo que usou, vamos separar os custos de energia. Hoje, é uma coisa só: transmissão, distribuição e geração.
A matriz do setor elétrico no Brasil é 83% renovável. Enquanto o mundo está batendo, quando muito, nos 50%. A nossa transição começou há três décadas, com as usinas hidrelétricas. Hoje, o papel mudou: a hidrelétrica, que era uma fonte de geração de energia, vai ser uma espécie de bateria com o passar do tempo. Vai gerar energia nos momentos que não tiver sol, vento ou biomassa. A hidrelétrica vai estar ali para sustentar.
É só dar o sinal legislativo correto. A tecnologia está pronta, temos equipamentos para isso, é uma questão de viabilidade econômico-financeira. O nosso cenário eletroenergético é de geração cada vez mais limpa.
Fonte e Imagem: Exame.
O armazenamento ao final de junho foi de 86,8% no Sistema Interligado Nacional (SIN).
O mês de junho de 2023 terminou com os melhores níveis de reservatórios de hidrelétricas dos últimos 20 anos, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Os números foram apresentados nesta quarta-feira (5/7) durante a reunião mensal do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), na sede do Ministério de Minas e Energia (MME).
O armazenamento ao final de junho foi de 86,8% no Sistema Interligado Nacional (SIN), melhor valor dos últimos vinte anos. Veja como ficaram os percentuais de armazenamento dos reservatórios das hidrelétricas em cada subsistema:
Sudeste/Centro-Oeste: 86%
Sul: 88%
Nordeste: 85%
Norte: 98%
Em junho, a precipitação verificada ficou acima da média na bacia do rio Tietê e no trecho montante a UHE Foz do Areia na bacia do rio Iguaçu; enquanto nas bacias dos rios Jacuí e Uruguai, os totais de precipitação foram próximos à média. Nas demais bacias hidrográficas de interesse do SIN predominaram valores inferiores à média histórica.
Expansão e exportações
No primeiro semestre de 2023, a capacidade instalada de geração centralizada aumentou 5.175 MW. E a geração distribuída cresceu 6.080 MW.
Além disso, houve o acréscimo de mais de quatro mil quilômetros (km) de linhas de transmissão e 11.792 Megavolt-ampere (MVA) de capacidade de transformação instaladas em diversos estados brasileiros.
O ONS também destacou o recorde de geração eólica verificado no subsistema Nordeste, em 22 de junho, alcançando o valor médio diário de 14.813 MWmed, o que equivale a 125,3% da carga da região no dia, garantindo grande exportação de excedentes desse recurso para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
O ONS destacou que, em junho, houve a exportação, para a Argentina, de 276 MWm de origem hidrelétrica e de 786 MWm de origem termelétrica. Para o Uruguai, a exportação foi de 56 MWmed de origem hidrelétrica e de 300 MWmed de origem termelétrica.
Fonte e Imagem: epbr.
Grupo de trabalho anunciado nesta quarta (5/7) vai discutir apoio a áreas selecionadas pelo ministério.
O Ministério de Minas e Energia (MME) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vão criar um grupo de trabalho para discutir como alavancar a transição energética brasileira.
O GT foi anunciado após um encontro do ministro Alexandre Silveira, com o presidente da instituição fomento, Aloizio Mercadante, nesta quarta (5/7).
Segundo o MME, estão no radar o programa de Descarbonização da Amazônia, a internalização das cadeias de painéis fotovoltaicos e lítio, e o financiamento de empresas que atuem na construção de linhas de transmissão de energia elétrica.
O programa para levar painéis solares e biodiesel à Amazônia e substituir as termelétricas a óleo diesel dos sistemas isolados é uma das bandeiras de Silveira. De acordo com o ministro, até 2030, as termelétricas a óleo devem gerar somente 20% da energia consumida na região.
O MME espera movimentar R$ 10 bilhões em investimentos no programa.
Outra demanda é criar uma cadeia de suprimentos e produção de painéis fotovoltaicos e minerais críticos à transição energética, entre eles o lítio, dentro da própria região de extração no Brasil.
Em maio, MME e governo de Minas Gerais lançaram mundialmente o projeto Lithium Valley Brazil, na bolsa de valores de Nova York, Nasdaq.
A iniciativa tenta atrair investimentos internacionais para exploração do lítio no norte mineiro, que concentra a maior reserva desse mineral no Brasil.
O lítio é considerado essencial para a transição energética, uma vez que é matéria-prima de baterias para veículos elétricos e para a cadeia de geração de energias renováveis. O mineral deve ver sua demanda crescer 40 vezes nas próximas duas décadas.
Transmissão de energia
Ainda de acordo com o MME, o grupo de trabalho também vai atuar em ações de financiamento à transmissão de energia e incremento da infraestrutura de escoamento de energia renovável produzidas especialmente no norte de Minas Gerais e na região Nordeste.
O último leilão realizado na semana passada (30/6) viabilizou R$ 15,7 bilhões em investimentos de nove lotes para a construção, operação e manutenção de 6.184 quilômetros de linhas de transmissão e subestações, com capacidade de transformação de 400 megavolts-ampère (MVA).
Ao todo, 33 empreendimentos serão construídos nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe.
Fonte e Imagem: epbr.
Reestruturação do modelo tributário deve desonerar o consumo de bens e serviços essenciais e combater desigualdades.
Há décadas discute-se um modelo tributário que dê os sinais corretos para assegurar crescimento econômico e redução das desigualdades. Hoje, finalmente temos um debate de mérito maduro, um governo recém-empossado estruturando e pautando o novo arcabouço fiscal e trabalhando na execução de uma proposta consistente de reforma tributária, além de um Congresso Nacional engajado na aprovação da mesma.
Um dos segmentos fundamentais para o desenvolvimento do país é a energia elétrica. Estudos da FGV (Fundação Getulio Vargas) indicam que a energia elétrica é o bem que resulta em maior contribuição e transformação na vida das pessoas, impactando diretamente no desenvolvimento e qualidade de vida. Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que uma redução de 10% no valor da tarifa impacta diretamente no aumento do PIB (Produto Interno Bruto) em 0,45% por ano, no mínimo. Ou seja, a redução da tributação sobre o setor elétrico influi diretamente no aumento da riqueza circulando na sociedade.
Em muitos momentos, no entanto, caminhamos no sentido contrário, aumentando tarifas e ampliando as desigualdades entre os usuários de energia. Nos últimos 12 anos, os encargos sobre a conta de luz subiram 242,6% e já custam R$ 35 bilhões ao ano aos consumidores brasileiros, contribuindo para o aumento das desigualdades.
Quando se reduz e se simplifica a tributação sobre a energia elétrica, as indústrias se tornam mais competitivas, as empresas empregam e investem mais e a população aumenta seu poder de compra, ampliando o consumo e criando um círculo virtuoso e de riqueza que impacta todos os segmentos da sociedade. Além disso, a diminuição da tarifa resulta, comumente, na redução da inadimplência e do furto de energia.
O Congresso indicou que entende essa equação ao aprovar a Lei Complementar 194 de 2022, direcionando a redução da carga tributária sobre a energia elétrica, movimento que está alinhado com o recente reconhecimento pelo STF (Supremo Tribunal Federal) da essencialidade desse serviço público para a população. Da mesma forma, também no STF, julgamentos recentes definiram que os Estados aplicassem alíquotas de ICMS compatíveis com essa essencialidade, desonerando ainda mais as tarifas.
Precisamos buscar o desenvolvimento econômico e social com foco na sustentabilidade e o governo federal tem indicado que esse é o caminho que vai priorizar também no debate fiscal. Com a aprovação da reforma tributária, não há que se falar em menos dinheiro arrecadado para se investir em serviços públicos. Pelo contrário, como dizem muitos economistas, a reestruturação do modelo tributário brasileiro deve desonerar o consumo de bens e serviços essenciais, ajudando no combate à desigualdade gritante do nosso país.
A reforma tributária vai aumentar o poder de compra da população e impulsionar a competitividade dos setores produtivos, temas prioritários para quem busca o desenvolvimento do país, como setor elétrico e o segmento de distribuição de energia.
Temos nas mãos uma chance ímpar de aproveitar a confluência de interesses em nossa sociedade para dar um salto rumo ao futuro do Brasil. Não podemos perder essa oportunidade.
Fonte e Imagem: Poder 360.
A meta é ir à COP 28, em Dubai, com a questão encaminhada. Medida pode render 120 bilhões de dólares ao Brasil.
A Secretária Nacional de Mudança do Clima, Ana Toni, apontou que, em 2 semanas, estará concluída a proposta do governo federal para regular o mercado de carbono no país. O trabalho envolve o Ministério do Meio Ambiente e outras 10 pastas, incluindo a Fazenda. “Com o texto pronto, vamos definir a melhor forma de encaminhar isso ao Congresso”, explicou Toni.
A previsão é que a medida, quando vigente, gere aumento de 5% do PIB. O Brasil quer participar da COP 28 – 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da ONU, que será em Dubai, no mês de dezembro, com a questão resolvida ou, pelo menos, bem encaminhada.
US$ 120 bilhões.
É o que pode render ao Brasil, até 2030, o mercado de carbono.
O MDIC e o setor produtivo também estão envolvidos no processo. A expectativa é pelo modelo no qual os operadores / empresas que emitirem menos do que a cota limite possam vender no mercado regulado a quantidade de carbono economizada. Aqueles que superarem a cota poderão fazer a compensação com a compra da diferença no mercado regulado – ou parcialmente, no mercado voluntário.
Energia limpa para festivais de música
A Secretária Nacional de Mudanças Climáticas participou ontem do anúncio da parceria entre a empresa Neonergia e os festivais de música The Town e Rock in Rio, com foco na descarbonização dos megaeventos. Ela lembrou que o país é o 5o maior emissor de gás carbônico do mundo, e que é preciso sair desta colocação negativa no cenário mundial. O país vai sediar a COP 30, em 2025, em Belém do Pará.
A gigante do setor elétrico assumiu o compromisso de ajudar no programa de descarbonização do país com o fornecimento de energia limpa, instalação de postes de iluminação com energia solar, e ações de conscientização para o público jovem nos megaeventos. A cerimônia para selar oficialmente a parceria foi ontem no Rio de Janeiro e teve a presença também de Roberta Medina, representando os festivais Rock in Rio e The Town.
“Por cada pessoa presente nos dois festivais, a Neoenergia trocará uma lâmpada convencional por uma LED em escolas, hospitais, comunidades de baixa renda nas áreas de concessão, onde a empresa atua no Brasil”, destacou Eduardo Capelastegui, CEO da Neoenergia. Isso inclui o DF. Há 2 anos, a empresa assumiu o serviço de distribuição de energia, após vencer o leilão de privatização da CEB.
Fonte e Imagem: Correio Braziliense.
Para garantir energia barata, limpa e segura é preciso aumentar a diversificação das fontes renováveis, escrevem Luiz Eduardo Barata e José Marangon.
Apesar de todos os alertas da comunidade científica mundial, o sistema elétrico brasileiro ainda não tem uma política efetiva para enfrentar os desafios climáticos, correndo um risco de enorme repercussão econômica.
Com o aquecimento global ocorrendo a uma taxa sem precedentes – e no Brasil com mais intensidade do que no resto do mundo –, um plano para garantir a resiliência do sistema elétrico é urgente.
Mesmo tendo mais de 60% do fornecimento com origem hidrelétrica, o planejamento elétrico nacional continua se apoiando em séries históricas para dimensionar o volume esperado de chuvas e a operação dos reservatórios, o que, dadas as mudanças climáticas, significa esperar e contar com uma água que pode faltar.
A incorporação do potencial de crescimento de utilização das fontes primárias advindas do vento e sol também é falha. E por pressão política e de agentes econômicos, o país continua colocando no radar grandes hidrelétricas sem armazenamento e termelétricas desnecessárias.
Como resultado, continuaremos reféns de contratos emergenciais a preços exorbitantes em momentos de crise hídrica, como ocorrido em 2021.
Esse é o quadro geral que encontramos ao analisar as principais pesquisas e estimativas do setor, em um levantamento encomendado pelo Instituto ClimaInfo e lançado pela Coalizão Energia Limpa.
Cenário internacional
O cenário é ainda mais preocupante se considerarmos a agenda internacional.
Enquanto o mundo faz ginástica para se afastar da eletricidade fóssil e de suas oscilações de preço ao sabor da geopolítica global, o Brasil pode confortavelmente estabelecer um competitivo sistema hidro-solar-eólico.
Essa energia barata e livre de emissões seria a chave para destravar a economia e reduzir as desigualdades sociais históricas.
Não há dúvidas de que as energias renováveis continuarão crescendo no país, mas o planejamento energético necessário para garantir nossa segurança energética não virá do mercado e nem se materializará por inércia.
E como as mudanças climáticas estão se agravando, um bom planejamento deve conter estratégias claras de adaptação, com foco em resiliência a partir do mapeamento das vulnerabilidades.
Uma estratégia essencial para garantir energia barata, limpa e segura para todos os brasileiros no futuro é aumentar a diversificação das fontes de energia, mantendo o foco em novas renováveis.
Adicionalmente, convém descentralizar o sistema por meio da geração solar no local de consumo.
Transição energética justa
Novas hidrelétricas a fio d’água, principalmente no Norte e no Nordeste, devem ser reconsideradas diante dos prognósticos de alteração na média de precipitação e na intensificação da sazonalidade
É preciso fazer isso de forma a desenhar outra história de projetos energéticos para as comunidades.
Isso porque temos vários exemplos de como sistemas de energia deterioraram direitos sociais e destruíram terras inteiras.
Agora, temos a oportunidade de fazer uma transição com respeito aos territórios tradicionais, sejam eles indígenas, ribeirinhos ou quilombolas.
Não devemos extrair recursos destas regiões sem levar o progresso e a oportunidade aos seus habitantes.
Papel do gás natural
Já o espaço para energia fóssil na matriz elétrica futura do Brasil deve ser o menor possível.
A ideia muito propalada de usar o gás como uma ponte na transição energética envelheceu rápido – os europeus, que a propuseram, estão fugindo do gás e da sua instabilidade política e de preço.
Diante do anacronismo dessa concepção, o uso desse combustível atualmente estaria mais corretamente associado à regressão energética, especialmente em um país que tem sol e vento em abundância.
De forma geral, as termelétricas fósseis têm pesado na conta dos brasileiros e só devem ser consideradas de forma temporária e emergencial e em contextos específicos de crise – principalmente porque elas intensificam as mudanças climáticas, o que agrava o suprimento hídrico.
E quando a próxima seca inevitavelmente chegar, a melhor resposta para seu enfrentamento será a gestão massiva e coordenada da demanda, tanto de água, como de eletricidade, o que não foi feito em 2021.
O Brasil também precisa aumentar o investimento em reserva de potência para o curto prazo e em armazenamento de energia para enfrentar períodos de pouca precipitação e de aumento do consumo.
Em um contexto de franco crescimento solar e eólico, os próprios reservatórios podem assumir um caráter de “bateria”, a partir de uma gestão calculada que guarde a água para momentos em que há menos vento e sol.
O país precisa agir rápido e sobretudo precisa fazer direito. Com diretrizes ESG no encalço de todos os investidores, os projetos de renováveis devem observar salvaguardas socioambientais e de governança, calibrando a velocidade dessa expansão para evitar riscos de judicialização e de reputação.
O debate sobre nosso futuro energético deve ser como o fornecimento: cada vez mais descentralizado, diverso e coerente com o contexto climático em que estamos inseridos.
Fonte e Imagem: epbr.
Empresas pediam que governo mantivesse a exportação durante o ano inteiro aos países vizinhos como forma de evitar desperdício de água e aumentar receitas.
Depois da pressão feita pelas geradoras hidrelétricas para que o Brasil mantivesse a exportação para os países vizinhos, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que não vai admitir colocar em risco a segurança energética do Brasil em favor de outros países.
O envio do excedente gerado pela hidrelétricas para Argentina e Uruguai foi a medida encontrada para diminuir o desperdício de energia das usinas no Brasil. Com a baixa demanda e muita água, a maioria das usinas abriu as comportas e liberou água sem gerar, prática do setor conhecida pelo termo técnico de “vertimento turbinável”. Entretanto, no dia 11 de junho, o Brasil suspendeu o envio de energia para a Argentina e Uruguai.
Com os reservatórios acima de 80% da capacidade, as empresas pediram ao governo a manutenção da exportação, prevendo que na chegada do período chuvoso o Brasil não terá capacidade de armazenamento e haverá um novo ciclo de desperdício de água. Se posicionaram a favor Eletrobras, Copel, Cemig, Engie, AES Brasil, Itaipu, entre outras.
“Não admitiremos que nossos reservatórios, que não estão mais vertendo água, gastem uma gota sequer comprometendo a segurança energética do Brasil em favor de outro país”, disse o ministro.
Silveira lembrou que as termelétricas continuam exportando. Para ele, o país não pode ficar à mercê de fatores que não estão sob o controle e precisa manter os reservatórios brasileiros preservados, já que são usados para usos múltiplos.
“A maior parte destes reservatórios não servem só ao setor elétrico, são lagos como o de Furnas, o da Chesf e o de Três Marias de múltiplos usos, ou seja, as economias locais dependem desta água para o turismo, irrigação para produzir alimentos, alimentar a população ribeirinha, para a pesca (...). Portanto, nossa responsabilidade em primeiro lugar é com a economia nacional e segurança energética do Brasil”, afirmou.
O fato é que o Brasil tem aproveitado cada vez menos a água das hidrelétricas para geração de energia e parte significativa desse volume é jogado fora. Janeiro foi o pior mês da história em relação ao não aproveitamento de água para geração de energia, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Foram desperdiçados 9.404 megawatts-médios (MWm), montante superior a toda produção da usina de Itaipu no mesmo período. O que os especialistas temem é que isso se repita novamente.
“Especialistas disseram isso no passado [que o Brasil tem água para passar todo o período seco] e tivemos um apagão em 2001 e em 2021 estivemos à beira de um colapso de energia que custou R$ 20 bilhões ao consumidor brasileiro. Então não podemos ser irresponsáveis com o povo”, ressaltou.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ministro Alexandre Silveira disse em entrevista que vai recomendar a supressão das alterações sobre o tema, incluídas no texto da MP 1162.
O Fórum das Associações do Setor Elétrico enviou carta ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, com pedido de veto parcial ao projeto de lei de conversão (PLV14) da medida provisória que recriou o programa Minha Casa Minha Vida. Na correspondência, o Fase fala em preocupação quanto à iminência de “um colapso do sistema tarifário” e sugere a supressão dos artigos que tratam da venda de excedentes de energia elétrica produzida em sistemas de microgeração distribuída e da obrigatoriedade de compra dessa energia pelas distribuidoras.
A manifestação das entidades do setor foi entregue na quinta-feira, 29 de junho, mesma data em que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse em entrevista à CNN que pretende recomendar o veto a esses dispositivos.
Silveira destacou que a abertura de mercado ocorreu de maneira muito desequilibrada, mantendo um custo elevado para o consumidor que permaneceu no ambiente regulado. “Na nossa avaliação, obrigar as distribuidoras a adquirir essa energia pode avolumar ainda mais essa assimetria. Eu entendo que temos que corrigir as assimetrias, e não aumentá-las.” O projeto foi aprovado no Senado em 13 de junho com alterações em relação ao texto original da MP 1162, e aguarda sanção presidencial.
Na carta assinada por 21 das 29 entidades que integram o fórum setorial, o Fase afirma que o setor elétrico brasileiro “tem se deteriorado progressivamente, tornando-se cada vez mais disfuncional.” Isso resulta em uma tarifa insustentável e traz impactos como a redução da renda familiar, a perda de competitividade dos setores produtivos e o aumento do desemprego.
As associações signatárias alertam para o cenário de sobrecontratação de energia elétrica das distribuidoras e ponderam que obrigá-las a contratar mais energia sem uma análise técnica de real necessidade para o sistema e sem considerar se a contratação é a mais vantajosa vai resultar em maiores custos nas tarifas dos consumidores.
As alterações estranhas ao texto da MP mudam a Lei 14.300, conhecida como marco legal da micro e minigeração de energia, que foi aprovada após um amplo acordo entre os governo e associações do setor elétrico. Essa geração, no Brasil, é basicamente solar fotovoltaica. Segundo o Fase, a legislação existente já prevê mecanismos e modelos para que os usuários do Minha Casa Minha Vida possam se beneficiar da GD, e não faz sentido criar mais direitos e deveres que não estavam previstos na lei e vão impactar negativamente o sistema. No caso, por exemplo, da compra de excedente de energia dessas unidades consumidoras sem processo licitatório por parte do poder público, o processo não será transparente e há risco de que a venda seja feita em desacordo com a regulamentação setorial.
Além da venda de excedentes, que na legislação atual só pode ser feita por meio de chamada publica das distribuidoras, o fórum sugere o veto ao dispositivo que determina redução de pelo menos 50% no valor mínimo faturável aplicável aos participantes do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Pelas regras atuais, essa redução deve ser de até 50% em relação ao valor mínimo faturável dos demais consumidores de energia, conforme regulação da Aneel.
Por Canal Energia.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou os próximos dois leilões de linhas de transmissão de energia em 15 de dezembro deste ano e março de 2024, segundo o diretor-geral, Sandoval Feitosa Neto.
As datas foram postergadas para haver um maior espaçamento entre as licitações, disse ele. “O sucesso deste leilão explica em parte a razão pela qual espaçamos", afirmou, em referência ao certame realizado nesta sexta-feira. "Temos um conjunto de obras que chega a R$ 60 bilhões, com capacidade de execução desafiadora, do ponto de vista de fornecedores, mão de obra, há órgãos estatais que precisam analisar questões como a de meio ambiente. Isso poderia redundar em lotes vazios ou lotes com baixa competitividade, porque agentes teriam que escolher. E também para não redundar em atrasos. Acho que foi sensata a postergação de leilões.”
A concorrência que seria realizada em outubro foi adiada para dezembro, e a que seria em dezembro ficou para março de 2024.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em entrevista exclusiva à CNN na noite desta quinta-feira (29), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, antecipou que recomendará veto presidencial à emenda que o Congresso Nacional incluiu na medida provisória (MP) do Minha Casa, Minha Vida.
É a primeira vez que o ministro menciona a questão, que tem gerado grande expectativa no mercado.
O veto dos artigos aprovados na MP, que preveem a instalação de painéis fotovoltaicos nas unidades habitacionais do projeto, tinha sido solicitado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo a agência, o impacto estimado seria de R$ 1 bilhão na conta de luz dos brasileiros.
“Existe uma grande assimetria do setor elétrico. Diversos fatores, dentre eles a abertura do mercado – não que eu seja contra – aconteceram de forma desequilibrada, causando no consumidor regular um impacto de tarifa muito grande”, disse o ministro.
Silveira afirmou ainda que é preciso corrigir as assimetrias, e não aumentá-las. “Temos que ser muito cuidadosos para que a gente enfrente os problemas até agora criados”, destacou.
O prazo para sanção presidencial, com eventuais vetos, é dia 17 de julho.
A medida provisória trata originalmente da recriação do Minha Casa, Minha Vida, e foi editada pelo presidente Lula. O texto inclui mecanismos para aumentar a geração e distribuída de energia, feita em sua maioria por painéis solares.
A MP prevê ainda a compra compulsória do excedente de energia gerado pelas unidades, além de um desconto nos valores cobrados aos contemplados.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Empresas que arrematarem as concessões ficarão responsáveis por construir, operar e manter as linhas de transmissão de energia, que somam um total de 6.184 quilômetros e subestações com capacidade de transformação de 400 MVA.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realiza nesta sexta-feira (30), o leilão de nove lotes de empreendimentos que devem movimentar cerca de R$ 15,7 bilhões em investimentos. As empresas que arrematarem as concessões ficarão responsáveis por construir, operar e manter as linhas, que somam um total de 6.184 quilômetros e subestações com capacidade de transformação de 400 MVA. O certame vai ocorrer às 10h, na sede da B3, em São Paulo.
As companhias vencedoras terão prazos de 36 a 66 meses, para concessões por 30 anos, contados a partir da celebração dos contratos. A Aneel prevê que os contratos de concessão gerem cerca de 29.300 empregos durante a fase de construção dos empreendimentos.
Os lotes estão localizados em sete Estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe.
O lote de maior extensão e que deve gerar mais empregos é o de número 2, que corta os estados da Bahia e Minas Gerais em um percurso de 1.614 quilômetros. Ele tem a finalidade de expandir a capacidade de transmissão da Área Sul da Região Nordeste e Norte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo para fazer frente à expectativa de contratação de elevados montantes de energia provenientes de empreendimentos de geração renovável na região, com destaque para as usinas eólicas e solares.
A disputa dos lances se dará pelo valor global da Receita Anual Permitida (RAP máxima) a ser paga aos empreendedores que é de aproximadamente R$ 2,6 bilhões. Se a diferença entre a menor proposta e demais for superior a 5%, vence o proponente da menor. Se a diferença for menor ou igual a 5% ou se houver empate entre as menores ofertas, será aberta etapa a viva-voz com rodadas de lances obrigatoriamente inferiores aos da menor proposta.
Os participantes deverão aportar garantia de proposta no valor de 1% do investimento estimado pela Aneel, com prazo de validade igual ou superior a 120 dias contados da data de realização do leilão, e renovável por mais 60 dias.
Já para a assinatura do contrato de concessão, o proponente vencedor deverá apresentar a garantia de cumprimento em substituição à garantia anterior, correspondente a 5%, 7,5% ou 10% do valor do investimento previsto, conforme deságio oferecido no leilão.
Fonte e Imagem: Valor econômico.
Com recursos naturais, a região se destaca em projetos de energias renováveis; oferta de crédito do Banco do Nordeste estimula transição energética.
O Brasil registra um crescimento surpreendente na produção de energias renováveis. Desde 2011, a geração de energia por turbinas eólicas aumentou, em média, 40% ao ano e a potência de geração solar no país teve alta anual de 112%, segundo dados do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene). Combinadas, as duas fontes contribuíram para uma redução de 29% nas emissões de CO2 no período. O Nordeste tem um papel de destaque na geração dessas energias limpas, com a produção, por exemplo, de 84% da energia eólica do país.
Com recursos naturais, como os ventos constantes e a intensa incidência de sol, a região tem atraído investimentos, com a participação do Banco do Nordeste (BNB), que aplicou, nos últimos cinco anos, R$ 30 bilhões em crédito para energias enováveis. As linhas de financiamento do BNB atendem desde grandes projetos, como as usinas de energia solar e eólica, até a geração solar por pessoas físicas e pequenos produtores rurais.
A linha FNE Sol financia todos os componentes e a instalação de sistemas de micro e minigeração de energia elétrica fotovoltaica, eólica, de biomassa ou pequenas centrais hidroelétricas, com juros atrativos e prazos de pagamento que vão de 8 a 24 anos.
Entre os grandes projetos financiados pelo BNB está o Complexo Eólico e Solar de Serrote, localizado no município de Trairi, no Ceará. Construído em três etapas pela empresa de origem francesa Qair, o complexo conta com 78 aerogeradores e capacidade total para produzir 430 MW de energia limpa.
"O setor de infraestrutura no Brasil não seria o que é hoje se não fossem os financiamentos de bancos de fomento, como o Banco do Nordeste", afirma Luiza Alyne Menezes, CFO da Qair Brasil. "Esses financiamentos são essenciais para subsidiar investimentos em energias limpas, especialmente em áreas que não seriam naturalmente escolhidas pelos investidores."
Do investimento total de aproximadamente R$ 2 bilhões do Complexo de Serrote, cerca de R$ 1,2 bilhão foram financiados pelo Banco do Nordeste e R$ 800 milhões vieram de recursos próprios da Qair, empresa que atua em 21 países e que construiu também a fazenda solar de Afonso Bezerra, no Rio Grande do Norte, com financiamento de R$ 300 milhões do BNB e capacidade produtiva de 159,6 MW. Com a participação do Nordeste, o Brasil ultrapassou, no início deste ano, a marca de 29 GW de potência instalada de fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), que calcula em 13% a participação da energia solar na matriz elétrica do país.
"O Nordeste tem se consolidado como o mais importante hub de energias renováveis do Brasil e tem um potencial de crescimento futuro ainda muito grande. A região tem todas as condições de ser o motor da descarbonização da economia brasileira e um grande centro mundial de produção de hidrogênio verde. O BNB já é um dos grandes atores do financiamento dessa transição energética do país e vai se consolidar cada vez mais como o banco de energia limpa", afirma Aldemir Freire, diretor de Planejamento do BNB.
Fonte e imagem: Portal UOL.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou nesta quarta-feira no Diário Oficial da União (DOU) decreto que trata sobre a qualificação de empreendimentos públicos federais do setor de energia elétrica no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República.
Segundo decreto, ficam qualificados, no âmbito do PPI os seguintes empreendimentos públicos federais do setor de energia elétrica: leilões de Transmissão de Energia Elétrica; e leilões de Geração de Energia Elétrica.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Consumo de eletricidade no Brasil poderá crescer 3,4% anuais entre 2022 e 2032, puxado por comércio e residências.
O consumo de energia elétrica poderá crescer 3,4% anuais entre 2022 e 2032, segundo o cenário referência do Plano Decenal 2032, versão preliminar elaborada pela Empresa de Pesquisas Energética (EPE). A maior expansão deve ser do comércio (4,3%), e a menor, na indústria (2,8%). Nas residências, o consumo deve subir 3,2%. Com maior dinamismo da economia na segunda metade da década, o consumo médio por unidade consumidora alcançaria 197 kWh/mês ao fim do período decenal no cenário de referência, cerca de 20% superior ao registrado em 2022.
Além de planejar o atendimento ao mercado interno, o Brasil poderá ter o desafio de atender a demanda internacional, uma vez que o hidrogênio verde abre a possibilidade de o país se tornar exportador da tecnologia, baseada em fontes renováveis. “A eletrificação da frota no Brasil e o hidrogênio verde fazem com que o planejamento tenha de ser mais amplo e se vejam outras demandas”, diz a diretora do Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura (FGV-Ceri), Joisa Dutra.
Para atender essa alta, o país deve continuar diversificando a matriz de energia elétrica, com o avanço de fontes eólicas e solares, e investir em transmissão. Em 2001, quando enfrentou o maior racionamento de sua história, 90% da eletricidade do Brasil era oriunda de hidrelétricas, e o sistema não era interligado como hoje. Atualmente, as hidrelétricas respondem por 63% da energia elétrica. Eólicas e solares, incipientes há duas décadas, respondem por mais de 20%.
“Isso amplia a importância de analisar os atributos de cada fonte porque a complexidade de operação cresce”, diz o presidente da consultoria PSR, Luiz Augusto Barroso. A água acumulada em reservatórios de hidrelétricas pode funcionar como bateria do sistema, o que não está precificado hoje.
Parte da expansão dos próximos dez anos será com base em energia solar e descentralizada. A EPE estima que a capacidade instalada da geração distribuída (GD) solar possa chegar a 33 GW em 2031. A PSR prevê 41 GW, número que pode ser conservador. Há dificuldade em estimativas em razão dos reflexos do marco regulatório da GD solar, que deu descontos na conexão para projetos protocolados até 7 de janeiro. Segundo as distribuidoras, entre outubro e janeiro, o número de pedidos superou 35 GW. Não se sabe quantos projetos sairão do papel, mas a demanda mostra o avanço. “A GD solar, hoje com 20 GW de capacidade instalada, pode terminar o ano com 25 GW”, afirma Bárbara Rubim, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Solar (Absolar).
No banco Fator, o financiamento ao segmento lidera as intenções de projetos hoje; em 2022, o destaque era para saneamento e rodovias. A instituição tem uma fila de R$ 1 bilhão em projetos que poderão ser financiados via Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), diz o diretor Ewerton Henriques. A expectativa é que uma portaria do governo autorize projetos de GD solar a serem financiados via debêntures de infraestrutura, isentas de Imposto de Renda para investidores, o que poderá fazer o crédito migrar dos CRIs para esses papéis.
Em eólicas, o governo começa a discutir a regulação de empreendimentos em alto-mar, as eólicas offshore, que poderão contribuir para projetos de hidrogênio verde. A tecnologia desperta a atenção da Petrobras, que busca reduzir sua pegada de carbono. O diretor de transição energética e sustentabilidade da petroleira, Maurício Tolmasquim, diz que a estatal está em conversas com empresas estrangeiras sobre investimentos conjuntos em hidrogênio e energia eólica dentro e fora do país.
“A matriz brasileira precisa ser vista de maneira global porque há tecnologias como o hidrogênio verde que abrem oportunidades no exterior”, diz Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira da Indústria Eólica (Abeeólica).
O potencial de eólicas offshore no Brasil estaria em 700 GW. Hoje, há mais de 150 GW em projetos em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas para que eles saiam do papel seria preciso aprovar um projeto de lei que autorizasse a exploração desses projetos em alto-mar em áreas que pertencem à União. A necessidade de lei ampliaria a segurança jurídica em um segmento de investimentos vultosos. Apenas o estudo de potencial de um projeto pode representar mais de R$ 500 milhões em investimentos.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Expansão das fontes variáveis expõe necessidade de reforçar as linhas de transmissão e aperfeiçoar o sistema de preços.
Nas últimas duas décadas, houve uma transformação da matriz de energia elétrica no Brasil, com a diversificação de fontes e o avanço das fontes eólicas e solar. Se no início dos anos 2000, com cerca de 70 de gigawatt (GW) de capacidade, o país tinha 90% da eletricidade gerada por hidrelétricas e o sol e o vento não respondiam nem por 1% da geração, o presente e o futuro apontam em outra direção. As eólicas somam 26 GW de potência, que correspondem a 13% da eletricidade do país. Já a solar totaliza 30 GW de capacidade, com 21 GW em Geração Distribuída (GD) solar, 14% da geração nacional. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
O crescimento irá continuar, o que poderá também posicionar o país na liderança do hidrogênio verde (H2V). Até 2029, a capacidade instalada de projetos movidos pela força dos ventos deve somar 50 GW. Em GD solar, a consultoria PSR estima que em 2033 o setor poderá chegar a 41 GW. O avanço dessas fontes variáveis, que dependem de condições climáticas, também expõe a necessidade de reforçar as linhas de transmissão e aperfeiçoar o sistema de preços do setor elétrico, com a análise da precificação dos atributos das fontes.
O avanço das duas fontes está ligado à queda no preço das tecnologias. Em dez anos, segundo a Agência Internacional para as Energias Renováveis, o custo de adoção da eólica e solar caiu 80%. No Brasil, com grande irradiação e os ventos fortes, as duas estão entre as mais competitivas. O fator de competitividade das eólicas no Nordeste, por conta dos ventos alísios, é superior a 50%, o dobro da média mundial. No sol, há uma particularidade. “Na energia solar, especificamente, temos uma característica especial dessa tecnologia, sendo possível ter investimentos em sistemas de pequeno, médio e grande porte”, diz o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.
Algumas empresas começaram a combinar projetos solar com eólico, o que no jargão do setor se chama de empreendimentos híbridos. “O grande benefício das usinas híbridas é a otimização do uso da rede de transmissão. Essa sinergia de fontes diversas com a mesma estrutura para escoamento de energia é uma premissa dos projetos da Voltalia. Dos 7 GW em desenvolvimento, 20% são projetos híbridos”, diz Robert Klein, presidente da Voltalia. O investimento nas duas fontes renováveis também desperta a atenção no H2V, que pode ser produzido no Brasil só com fontes limpas. A Voltalia assinou memorandos de entendimento para estudos sobre projetos de hidrogênio verde no Rio Grande do Norte e no Ceará.
Não bastasse o potencial das eólicas em terra, o Brasil ainda poderá desbravar uma nova fronteira: eólicas em alto mar. O potencial é de 700 GW, sendo que empresas já enviaram mais de 150 GW em projetos para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Nesse momento, discute-se a regulação do setor. “Isso poderá contribuir para a reindustrialização do país, com o avanço do hidrogênio verde no mundo”, diz a presidente Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum.
O Brasil tem grande competitividade. Estudo da BloombergNEF projeta o país como um dos únicos capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por kg até 2030. Um dos impulsionadores do mercado é a União Europeia (UE), com destaque para a Alemanha, que pretende realizar no segundo semestre um leilão de contratação do energético. A ideia do governo alemão é contratar € 900 milhões em acordos de dez anos de hidrogênio verde a ser importado de países que não sejam do bloco e nem da Associação Europeia de Livre Comércio.
A tecnologia não movimenta apenas o setor elétrico. Ano passado, a ArcelornMittal anunciou a aquisição da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) por US$ 2,2 bilhões. Além de ampliar sua produção no Brasil, a aquisição teve na energia um de seus pilares, com a intenção de “capitalizar o significativo investimento planejado de terceiros para formar um hub de eletricidade limpa e de hidrogênio verde em Pecém, localizado entre os municípios de Caucaia (CE) e São Gonçalo do Amarante (CE), a 60 km de Fortaleza.
A ArcelorMittal está de olho no hub de Hidrogênio Verde de Pecém, parceria entre o Complexo Pecém e a Linde, que almeja produzir até 5 GW de energia renovável e 900 kt/a de hidrogênio verde em diversas ases. A primeira fase, que a parceria espera estar concluída ao longo dos próximos cinco anos, tem como objetivo a construção de 100 MW a 150 MW de capacidade de energia renovável.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
São 22 mil megawatts (MW) de potência instalada, pouco mais de 4% da capacidade total do parque gerador brasileiro.
Em franca expansão, a energia solar ultrapassou a marca de dois milhões de sistemas fotovoltaicos instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos no país.
Com isso, o segmento chega ao patamar de 22 mil megawatts (MW) de potência instalada em residências, comércios, indústrias, prédios públicos e propriedades rurais — o que corresponde a pouco mais de 4% da capacidade total do parque gerador brasileiro.
Os números fazem parte de um mapeamento divulgado nesta terça-feira (27) pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Na avaliação da entidade, o crescimento da energia fotovoltaica reforça o processo de transição energética no Brasil. Desde 2012, foram investidos R$ 111 bilhões no segmento, segundo a Absolar.
Os estados que lideram a capacidade instalada são Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.
De acordo com Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da entidade, o ritmo de crescimento da energia solar poderia ser ainda maior, mas é dificultado pelas altas taxas de juros.
“O atual patamar da taxa de juros no Brasil, em 13,75%, inibe a aceleração desse desenvolvimento, pois a prestação do financiamento do sistema solar se torna pesada dentro do orçamento familiar”, diz Koloszuk.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Governo lançará plano de descarbonização da Amazônia em julho. São previstos investimentos de R$ 5 bilhões.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta segunda-feira (26) que o programa de descarbonização da Amazônia vai reduzir a energia gerada por termelétricas a óleo diesel consumida na região para 40% até 2026.
De acordo com Alexandre Silveira, até 2030, as termelétricas a óleo devem gerar somente 20% da energia consumida na região amazônica.
De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil tem mais de 200 sistemas isolados, que não estão conectados ao sistema nacional de energia elétrica.
Esses locais são supridos em sua maioria por usinas que queimam óleo diesel para gerar energia. Esse tipo de geração é mais caro e poluente do que o de hidroelétricas, por exemplo.
O custo de compra do combustível para suprimento desses sistemas é subsidiado e está embutido na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), paga por todos os consumidores.
A Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que custeia os combustíveis usados nos sistemas isolados, soma aproximadamente R$ 3,8 bilhões até o mês de junho. A previsão para o ano todo é de cerca de R$ 12 bilhões. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Com previsão de lançamento em julho, o programa de descarbonização pretende substituir essas usinas por painéis solares e biodiesel, de acordo com o ministro. O projeto deve movimentar R$ 5 bilhões em investimentos.
Fonte e Imagem: O Globo.
Só na 6ª feira (30.jun), serão licitados R$ 16 bilhões; até março do próximo ano, a estimativa é de R$ 62 bilhões.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta 2ª feira (26.jun.2023) que o Brasil tem características para ser líder da transição energética global. Nesse sentido, na 6ª feira (30.jun.2023), será realizado o maior leilão de linhas de transmissão da história do país.
Segundo Silveira, serão leiloados R$ 60 bilhões em linhas de transmissão até março de 2024. Só nesta semana, serão R$ 16 bilhões.
Em julho, o Ministério de Minas e Energia vai inaugurar 4 projetos na Amazônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). São eles:
Linha de transmissão que liga as cidades de Manaus a Parintins, ambas no Estado do Amazonas;
Transição da energia a óleo diesel para solar ou biodiesel.
Em 2030, 80% da energia usada na Amazônia será limpa. Segundo Silveira, esse será o “maior programa de descarbonização do planeta”;
Interligação entre Manaus e Boa Vista (RR);
Retomada do recebimento de energia da Venezuela.
Também de acordo com o ministro, a energia não será usada só em Roraima como era antes. Com a interligação de Manaus a Boa Vista, poderá circular para mais regiões do país.
Fonte e Imagem: Poder 360
Transição é um processo, uma jornada que tem o tempo como referencial. Pode ser lenta, rápida, levar décadas.
O mundo todo está discutindo o chamado processo de transição energética focado na descarbonização das matrizes energéticas, tendo sido pauta relevante da COP-27, o evento mais importante e o maior já realizado sobre o tema das mudanças climáticas, realizado em novembro de 2022 no Egito.
O termo “Net Zero“ (Neutralidade de carbono) foi aprovado por mais de 100 países na COP 26, em Glasgow e é cada vez mais usado para descrever um compromisso mais amplo e abrangente com a descarbonização e a ação climática, indo além da neutralidade de carbono.
O relatório “Transição Net Zero” elaborado pela consultoria americana McKinsey, em 2022, aponta que: “o custo global para realizar a transição para uma matriz energética limpa até 2050 é de 275 trilhões de dólares, ou 9,2 trilhões de dólares anuais.
O cálculo estima que os setores ligados à alta emissão de gás carbônico, responsáveis por aproximadamente 20% do PIB mundial, seriam profundamente afetados e 185 milhões de empregos diretos e indireto em todo o mundo seriam perdidos, principalmente de setores ligados a combustíveis fósseis, como indústrias de carvão, petróleo e gás. Por outro lado, cerca de 200 milhões de postos de trabalho seriam criados em setores relacionados à energia limpa, o que proporcionaria um saldo de 15 milhões de empregos criados”.
Antes de mais nada é preciso colocar todos na mesma página, trazendo os conceitos, mostrando os objetivos, o que está envolvido e os impactos para a sociedade.
Transição é um processo, uma jornada que tem o tempo como referencial. Pode ser lenta, rápida, levar décadas. É um processo de adaptação que impacta a vida das pessoas. A transição energética envolve mudanças de modelos de produção e consumo da energia.
É uma mudança que envolve a redução das emissões de gases de efeito estufa. Uma mudança fruto de uma jornada tecnológica, que envolve o manejo do carbono, buscando a emissão zero. Essa jornada envolve a mudança de modelos econômicos e, principalmente, as pessoas, desde a mudança de hábitos até o seu emprego e salário. Portanto, a transição energética tem que ter foco nas pessoas e não somente nos processos.
Um conceito defendido por instituições financeiras, públicas e movimentos ambientais de descarbonizar todas as atividades econômicas, leva a entender que é para acabar com a indústria dos combustíveis fósseis, o que acaba virando um preconceito contra essas fontes.
Os combustíveis fósseis não geram apenas energia, e sim milhares de produtos utilizados na agricultura, na indústria química, alimentícia, farmacêutica e tantos outros usos.
No fim de 2022, a UE, e vários estados americanos proibiram novas vendas de carros movidos a gasolina a partir de 2035. Além do elevado custo destes veículos, sua alimentação por fontes de energia não renováveis, trazem balanços de emissão desfavoráveis, e a destinação das baterias pode trazer impactos ambientais.
Existem muitos equipamentos como colheitadeiras, caminhões, máquinas de processamento que utilizam combustíveis fósseis e cuja substituição feita de forma abrupta podem esbarrar nos mesmos custos elevados, em aspectos tecnológicos, e no aumento do custo de vida.
Ora não se acaba com as notícias ruins matando o mensageiro.
Como o objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa então devemos desenvolver tecnologia para reduzir as emissões que os combustíveis fósseis produzem. Portanto, o conceito correto para a palavra descarbonizar é reduzir as emissões das fontes fósseis sem acabar com elas.
Outro conceito frequente na mídia é que para descarbonizar deve-se usar exclusivamente as fontes renováveis. A geração por fontes renováveis eólica e solar não emitem gases de efeito estufa, mas ao analisar o ciclo de vida das emissões desde a fabricação dos equipamentos até seu descarte, vemos que também ocorrem emissões. Por exemplo, para que um megawatt de geração eólica possa ocorrer é necessário cerca de 10 vezes mais aço que um megawatt de uma usina a carvão.
Esse processo deve considerar ainda, junto com o incremento das fontes de geração renováveis, o uso dos fósseis com captura de carbono e a energia nuclear que não emite CO2.
Outro conceito que deve ficar claro é o de que a Transição Justa representa a mudança de modelo econômico de um mundo de alto carbono para um mundo de baixo carbono sem destruir valor econômico e social. É aquela que atende ao objetivo ambiental de reduzir as emissões de gases efeito estufa sem destruir o valor econômico e social. O setor energético cresceu 2,34 vezes de 1973 a 2018 e é maior fonte de emissões de gases de efeito estufa do mundo.
Os combustíveis fósseis estão no centro da discussão, pois cerca de 80% da energia do mundo tem origem no petróleo, gás e carvão. É preciso aumentar a eficiência energética respeitando ainda os valores da sustentabilidade, do ESG e das ODS da ONU, em especial a de nº 7, que preconiza: “Assegurar até 2030, em caráter universal, energia barata, confiável e sustentável”.
Recente relatório da IEA – Agência Internacional de Energia, demonstra que será impossível eliminar totalmente as fontes geradoras térmicas, importantes para se manter a estabilidade do sistema elétrico e energético mundial, reforçando o raciocínio de que o foco deve ser a redução de suas emissões. Existe uma forte recomendação de vários organismos e instituições internacionais para que os programas de descarbonização sejam feitos sobre a matriz elétrica. Isso é válido e necessário para a América do Norte, Europa e Ásia.
O Brasil tem uma base de geração de energia elétrica sustentável e diversificada, com espaço para todas as fontes. É o que nos dá uma grande vantagem competitiva, econômica e ambiental em relação a outros países, garantindo nossa segurança energética. Cerca de 80% de nossa matriz de geração elétrica é feita por fontes renováveis. Entender os conceitos que tratam da descarbonização é fundamental para saber o que devemos fazer. Infelizmente, a falta dessa compreensão pode acabar por fazer com que todos paguem o preço desta mistura de conceitos ou pré-conceitos.
Enio Fonseca é Conselheiro do FMASE (Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor
Elétrico), foi Superintendente do IBAMA e Superintendente Gestão Ambiental da CEMIG.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Regulação é prioridade dentro do “Plano de Transição Ecológica”, previsto para ser lançado em agosto.
O governo trabalha para que o mercado regulado de carbono no Brasil - uma das prioridades dentro do chamado “Plano de Transição Ecológica”, previsto para ser lançado em agosto - entre em funcionamento a partir de 2025, apurou o Valor. Ou seja, na segunda metade do governo Lula começaria a obrigação para as empresas reguladas de reduzir ou compensar as suas emissões de dióxido de carbono.
O prazo será necessário por três motivos: primeiro, porque precisa ser aprovado no Congresso um projeto de lei criando e regulamentando esse mercado. Depois, haverá um conjunto de atos infralegais detalhando a operacionalização desse mercado. Por último, haverá uma transição de um ano para que as empresas possam se adaptar às regras que serão estabelecidas.
No momento, o governo está na primeira fase. Uma minuta de projeto de lei ficou pronta, mas agora passa pela avaliação jurídica dos ministérios envolvidos, em especial da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e do Meio Ambiente.
Segundo apurou o Valor, estão sendo finalizados aspectos tributários envolvidos aos títulos de carbono. Por exemplo, como será feita a tributação. Outra discussão é o tratamento contábil, ou seja, se os créditos serão considerados ativos intangíveis ou mobiliários, o que interfere no apetite dos bancos pelo mercado, devido às regras de Basileia. A Receita Federal tem participado dessas discussões.
Também está sendo finalizado pelo governo como será feita a transação dos créditos. Apesar de o martelo ainda não ter sido batido, o Valor apurou que a tendência é que a B3 fique com esse trabalho, pois já atua com Créditos de Descarbonização (CBios), que fazem parte da política do RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis).
Depois de concluído, o projeto de lei poderá ser enviado ao Congresso ou apresentado como substitutivo a textos em tramitação. Essa será uma decisão política, ainda não tomada. O objetivo é aprovar o projeto até novembro, antes da COP28, em Dubai.
Em linhas gerais, a ideia do governo é que sejam reguladas as instalações que emitam acima de 25 mil toneladas de dióxido de carbono por ano, o que incluirá, principalmente, grandes indústrias (o agronegócio deve fica fora, com exceção dos frigoríficos). Serão essas empresas que terão de reduzir ou compensar suas emissões. Instalações que emitam entre 10 mil toneladas e 25 mil toneladas por ano terão de prestar informações para que o governo possa fazer o acompanhamento das emissões, mas não terão a obrigação de reduzir.
A regulação será feita no modelo de “cap-and-trade”. Por esse formato, haverá uma autoridade competente, que definirá um limite máximo de emissões de gases de efeito estufa para as instalações reguladas. A distribuição será feita em formato de cotas. As empresas que emitirem menos do que as suas cotas poderão vender no mercado regulado a quantidade economizada. Quem superar a cota estipulada deverá fazer a compensação, que pode ser uma mudança no seu processo industrial para emitir menos dióxido de carbono ou compra de crédito no mercado regulado ou voluntário.
As regras para essa operacionalização do mercado, inclusive os limites de emissão por instalação, serão feitas de maneira infralegal. Técnicos do governo entendem que é preciso que haja uma flexibilidade, o que não seria possível colocando em lei.
Além da autoridade competente - que poderá ser uma nova agência reguladora ou um órgão já existente -, haverá um Conselho Interministerial de Mudanças Climáticas, que ficará responsável pela gestão do mercado de carbono. Será esse conselho quem vai deve definir as metas globais de redução.
A ideia é que o conselho funcione num modelo semelhante ao adotado atualmente com o Conselho Nacional de Política Energética (CPNE), com o programa RenovaBio. O CNPE define as metas compulsórias anuais de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa para a comercialização de combustíveis, enquanto uma agência reguladora, no caso a ANP, desdobra as metas às empresas reguladas, no caso as distribuidoras, considerando a participação de cada um no mercado.
Após a conclusão da parte infralegal, fontes que acompanham a discussão afirmam que haverá o prazo de um ano para adaptação das empresas reguladas. Por isso, o planejamento do governo é que a obrigação de compensar ou reduzir a emissão de dióxido de carbono por parte das empresas reguladas entre em vigor a partir de 2025.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Benefícios estão tornando conta inviável. Modernização das redes será inevitável.
A retirada de subsídios que acabam por onerar a conta dos consumidores foi apontada como prioridade por executivos do setor durante do Fórum de CEOs do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico realizada na última quinta-feira, 22 de junho, no Rio de Janeiro (RJ).
O vicepresidente de regulação da Energisa, Fernando Cezar Maia, defendeu a necessidade de uma retirada de subsídios que não se justificam mais, deixando apenas os que fazem sentido, como tarifa social e sistemas isolados. “Existem subsídios no setor que estão pesando muito e são desnecessários, temos que achar uma fórmula para reduzir e eliminar”, definiu Maia.
A necessidade de modernização das redes de distribuição, tornando-as mais inteligentes, também foi lembrada por ele. Segundo Maia, esse movimento é irreversível de maneira que seja possível lidar com os novos recursos e tecnologias. Apesar dessa inexorabilidade, o executivo do grupo que tem foco na distribuição das regiões Norte e Centro-Oeste alerta que a realidade dos consumidores de regiões mais afastadas dos grandes centros é diferentes. As queixas sobre a qualidade da energia são grandes, o que demanda grandes investimentos das concessionárias.
Ele citou o projeto na cidade de Marechal Taumaturgo, no Acre, onde foi desenvolvido um sistema sustentável para abastecer uma vila de 240 casas. O sistema é suprido por energia 98% solar e 2% de biodiesel. “Está operando há quase dois anos e teve uma única interrupção. Extremamente confiável”, avisa. A intenção é expandir a experiência para outros sistemas isolados. O executivo revelou ainda que o Grupo terá um olhar especial para o biogás após a compra da distribuidora ES Gás, no Espírito Santo.
A retirada de benesses e prol do consumidor também foi destacada pela CEO da Neoenergia, Solange Ribeiro, que acredita que a melhor forma de descarbonizar a economia é a eletrificação. Para ela, a tarifa de energia está ficando ‘inacessível’, definindo os subsídios como maior gargalo. Para ela, o desafio do setor elétrico não é ser totalmente verde, mas sim trazer outros segmentos da economia, como o de transportes e o químico, para esse movimento de descarbonização. A executiva frisou ainda o pioneirismo da Neoenergia nos green bonds, quando realizou uma da primeiras emissões.
Outro executivo que participou do painel, Wilson Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras, que acredita que o desafio a ser vencido é o da eficiência, uma vez que o mundo moderno não vai permitir ‘puxadinhos’ de subsídios considerados por ele injustos, como os da GD, com os mais pobres sendo prejudicados.
Enquanto o painel era realizado, foi feita uma enquete eletrônica entre os participantes do Enase sobre qual deverá, em um primeiro momento, ser o principal ponto de desenvolvimento da transição energética no país. O aumento da digitalização e a aplicação das novas tecnologias aos negócios venceu, com 33%. Mas a segunda colocada, o aumento da rede de transmissão para acelerar a integração das renováveis, causou debate.
O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, fez uma defesa dessa necessidade de expansão, lembrando que sem LTs, não haverá transição energética, enquanto Ferreira Junior, revelava a importância do Linhão Manaus- Boa Vista, que vai reduzir os dispêndios da conta de consumo de combustível.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A geração distribuída de energia pode atingir até 26 gigawatts (GW) de capacidade instalada no Brasil em 2023, o que representaria um crescimento de 41,7% frente à potência registrada ao final do ano passado, segundo projeção divulgada nesta quinta-feira pela Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD).
No início de junho, a tecnologia alcançou 21,68 GW de potência, considerando usinas de todas as fontes, como solar e biomassa, o suficiente para atender o consumo de cerca de 20% da população brasileira.
Responsável por impulsionar a fonte solar no Brasil, a modalidade de geração distribuída engloba desde telhados solares em residências até pequenas usinas, de até 5 megawatts (MW), para abastecer o consumo de empresas.
O segmento passou a crescer de forma acelerada no país por uma série de fatores, como benefícios tarifários que acabam sendo subsidiados na conta de luz de outros consumidores.
Segundo a ABGD, a expansão da geração distribuída deve somar investimentos de mais de 38 bilhões de reais ao longo deste ano.
"Estes números só comprovam esta tendência de buscar fontes de energia eficientes e dos consumidores brasileiros se tornarem, ao mesmo tempo, produtores autossuficientes de energia renovável", afirma o presidente da associação, Guilherme Chrispim.
Embora grande parte dos sistemas de geração distribuídos estejam instalados em residências, empresas também podem fazer uso da tecnologia, com seu consumo atendido a partir de usinas dedicadas ou compartilhadas.
Com isso, a geração distribuída vem despontando como uma "concorrente" do mercado livre de energia, ambiente no qual grandes e médias empresas ligadas em alta tensão negociam a contratação de energia diretamente com fornecedores, garantindo economia de preços em relação aos praticados pelas distribuidoras no mercado cativo.
Segundo estudo divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta semana, a geração distribuída deve reduzir o potencial de novos consumidores em alta tensão que poderão migrar ao mercado livre a partir de 2024, quando as exigências técnicas para a adesão serão modificadas.
Das 165 mil unidades consumidoras que estariam aptas a migrar ao "ACL" em 2024, a CCEE calcula que 93 mil já se beneficiariam da micro e minigeração distribuída, reduzindo a viabilidade econômica da mudança. Sobrariam, portanto, 72 mil unidades com potencial para aderir ao segmento livre a partir de janeiro do ano que vem.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Diretor da Aneel reforça explicações sobre críticas a lobbies no Congresso Hélvio Guerra foi ouvido em audiência conjunta das comissões de Minas e Energia e de Fiscalização e Controle da Câmara.
Convidado para explicar declarações sobre uma suposta atuação de parlamentares em favor de lobbies setoriais, o diretor da Aneel Hélvio Guerra reforçou um pedido de desculpas que já havia encaminhado por escrito às comissões de Minas e Energia e de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Em audiência conjunta das duas comissões na última quarta-feira, 21 de junho, Guerra foi confrontado pelo deputado Danilo Forte, autor do requerimento de audiência e de um projeto de decreto legislativo que suspende normas da agência reguladora sobre tarifa de transmissão e sinal locacional.
“É triste, mais uma vez, nos depararmos com a desfaçatez com que o Congresso Nacional e os representantes do povo brasileiro são tratados em eventos públicos e com funcionários públicos”, disse o deputado cearense. Danilo Forte, que também tentou incluir uma emenda à medida provisória de reformulação dos ministérios para reduzir o poder dos órgãos de regulação, reconheceu que é contrário ao que classificou como “excesso de autonomia das agências reguladoras”. “Isso faz com que muitas vezes um diretor, de forma displicente, possa inclusive atacar a base principal da democracia que é o Congresso Nacional, materializada nos seus representantes”, acusou.
Um pouco antes da fala do parlamentar, o diretor da Aneel leu uma carta na qual reconhecia que os deputados tinham razão ao se sentirem ofendidos em razão das palavras que ele utilizou em 29 de março, durante o evento Agenda Setorial. Guerra repetiu que palavras isoladas do seu discurso, que soaram “ofensivas e injustificadas”, foram retiradas de contexto e publicadas por um veículo de imprensa.
Explicou que sua intenção era relembrar a audiência do evento, composta principalmente por agentes do setor elétrico, que muitas matérias referentes ao setor em discussão nas Congresso resultam da atuação legitima de associações ou de empresas. Esses atores defendem pautas muitas vezes desconsiderando o conjunto dos agentes e o conjunto dos consumidores e, em que pese ser atuação legitima, deixam de considerar também o papel técnico da Aneel.
“Ao assim me pronunciar naquele evento utilizei a palavra lobbies, mas não em sentido pejorativo, como pode ter transparecido. Essa manifestação não era em sentido de crítica ao Congresso Nacional, até porque eu não teria, e nem tenho, motivo algum para fazê-lo”, justificou.
No requerimento de audiência publica, os deputados reproduziram uma fala na qual o diretor teria dito: “Nós sabemos que aquilo que está no Congresso possivelmente o deputado que apresentou o PDL, ou os deputados que apresentaram o PDL, possivelmente não sabem nada de setor elétrico. Mas eles foram movidos por um lobby e nós sabemos quem é o lobby.” O PDL é o Projeto de Decreto Legislativo 365, de autoria do deputado cearense, que está parado no Senado.
Na audiência, Danilo Forte reforçou suas criticas às resoluções da Aneel que revisaram as regras em relação às tarifas de uso do sistema de transmissão, acabando com a chamada Tust estabilizada e adotando o sinal locacional, regras que ele tentou revogar ao apresentar a proposta.
O parlamentar também tentou justificar seu posicionamento apontando uma suposta disputa pela transição energética, que coloca de um lado o setor do gás e, do outro, as fontes renováveis. Ele disse que há “uma armação muito grande no pais inteiro para o gás ser a fonte da transição energética” e questionou a posição da Aneel em relação a isso, considerando a atualização da regras de transmissão.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O diretor-geral da Agência explicou que os subsídios não cortam custos, mas os realocam em outros segmentos do mercado de energia.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, voltou a defender nesta quarta-feira (21) a redução de subsídios no setor elétrico, que encarecem as contas de luz. Segundo ele, as tarifas atuais são pesadas com os subsídios, que retiram eficiência da economia.
Em participação no Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), Feitosa explicou que os subsídios não cortam custos, mas os realocam em outros segmentos do mercado de energia. O impacto recai sobre os consumidores.
No momento em que o governo tem planos de reindustrialização do pais, a Aneel entende que é preciso um “freio de arrumação” no setor elétrico, pois do contrário, o custo será pago pelas gerações futuras. O diretor-geral destacou que há indústrias cujo custo com energia elétrica corresponde a algo entre 30% e 40% do custo total de produção.
Diferente de outros segmentos, cujos subsídios são repassados ao Tesouro Nacional, como políticas públicas, no setor elétrico, os benefícios setoriais são bancados pelos consumidores de energia. Alguns são consenso no setor de que são importantes, como a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE). No entanto, outros subsídios, como os concedidos para a micro e minigeração distribuída e para fontes renováveis, além da irrigação e para a geração a carvão mineral, já poderiam ser reduzidos.
Feitosa destacou que o Brasil foi um dos primeiros países a promover a transição energética, na década de 1970, com a criação do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), ensinando o mundo a aproveitar o uso de energias limpas. Só que a transição energética, avalia, não deve ser feita “a qualquer custo, a qualquer preço”. Ele salientou que o país possui 86% da matriz energética renovável, mas que manter esse patamar elevado tem um preço a ser pago.
“Não dá para fazer transição energética sem olhar desigualdades regionais”, disse Feitosa. Ele disse ver de modo positivo a proposta do Ministério de Minas e Energia (MME) de criar um programa nacional de transição energética.
Feitosa também defendeu uma nova modelagem da tarifa de energia, uma vez que o atual modelo faz com que o país tenha uma “tarifa burra”, sem capturar benefícios que se verificam ao longo dos dias.
Por Valor Econômico.
Ministro de Minas e Energia diz que a medida terá como principal objetivo acabar com as assimetrias do sistema atual.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta 4ª feira
(21.jun.2023) que planeja propor um marco regulatório para o setor
elétrico brasileiro. Segundo ele, o objetivo da medida é corrigir as
distorções do sistema atual.
“Iremos propor um grande marco para o setor, com o objetivo de reduzir
as assimetrias para todos os consumidores. Conclamo a todas e a todos
para juntos garantirmos o fortalecimento do setor elétrico brasileiro”,
afirmou o ministro em vídeo para abertura do 20º Enase (Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico).
Durante sua breve participação, Silveira enfatizou os resultados positivos
na economia brasileira como o aumento do PIB (Produto Interno Bruto)
no 1º trimestre, acima das expectativas do mercado, a elevação da nota
de crédito do Brasil concedida pela S&P e a queda do dólar na última
semana.
O ministro finalizou sua análise da conjuntura econômica com uma crítica ao BC (Banco Central). Na visão de Silveira, o país já apresenta condições para diminuição da Selic e que a manutenção da taxa de juros em um patamar elevado só prejudica setores estratégicos do país.
“Esse cenário cria um ambiente ainda mais favorável para reduzir a taxa básica de juros, ainda, infelizmente, em patamares muito elevados, o que prejudica principalmente as pequenas e médias empresas e indústrias”, disse Silveira.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Autoridades do setor entendem que o processo é irreversível, mas que precisamos de ações para ajudar o país a desenvolver todo o seu potencial renovável.
A transição energética está no foco das atenções do setor elétrico do futuro. Estimular as novas tecnologias, buscar sustentabilidade ambiental e econômica, descarbonizar a economia e combater a pobreza energética estão entre os pontos com terreno a ser preparado no país. Esse foi o tom do painel de abertura do Enase 2023, realizado nesta quarta-feira, 21 de junho, no Rio de Janeiro.
Contudo, esse caminho está permeado de muitas ações e demandas que são necessárias diante do momento pelo qual o país passa. Há desafios para o planejador, regulador, operador e até mesmo para a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Nesse sentido, disse a presidente interina da EPE, Angela Livino, estão a internalização das novas disruptivas como a eólica offshore e armazenamento em baterias e ao mesmo tempo não se pode deixar de lado o que já existe no setor em operação.
“Há muitos desafios, mas também, muitas oportunidades pelo Brasil por sua posição privilegiada em termos de renovabilidade da matriz. Isso atrai investimentos e estimula soluções aderentes com uma economia de baixo carbono”, destacou em sua participação.
O diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, destacou por sua vez que é importante refletir o papel do setor dentro da sociedade em um momento em que todos falam de transição energética justa. Ainda mais quando olhamos a matriz com 84% da nossa energia produzida e consumida com origem em fontes renováveis.
Ciocchi destacou que quando se fala em transição energética, falamos em descarbonização e incluiu um outro ponto que começa a ser incluído nos discursos do setor de forma mais recorrente, a equidade social. “A pergunta é o que o setor pode fazer junto aos setores da economia para a transição energética?”, questionou. “Creio que esse é nosso desafio, fazer a integração com outros segmentos da economia. A nossa atenção deve ser o que podemos fazer e como atuar e ajudar os demais setores a buscar essa transição energética”, pontuou.
O próprio ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enviou um vídeo gravado para a abertura do Enase no qual destacou as ações nesse sentido. Ele relacionou nesse processo de transição o combate à pobreza energética. E para direcionar os trabalhos destacou o lançamento, em julho, do programa de descarbonização da Amazônia com R$ 5 bilhões em
investimentos para retirar a geração a diesel de mais de 200 localidades de sistemas isolados que formam a CCC na Conta de Desenvolvimento Energético.
Silveira destacou ainda que o governo busca criar um novo marco para o setor com a meta de reduzis as assimetrias para o novo consumidor e o fortalecimento do setor elétrico. “Vamos nos unir num grande acordo e corrigir as distorções no setor elétrico para garantir a segurança jurídica e atrair novos investimentos em negócios sustentáveis e assim traremos desenvolvimento”, discursou.
Ciocchi, do ONS, comparou a situação do Brasil com a Europa nesse processo de descarbonização. Por lá, lembrou ele, os países estão substituindo as fontes como o carvão. Por aqui o desafio é o de aumentar a demanda porque as nossas fontes já são renováveis em nível elevado. “Como é que nós vamos desativar ativos se temos cerca de 90% renovável?”, salientou.
Pelo lado do regulador, o diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, Sandoval Feitosa, afirmou que o Brasil está ensinando o mundo como fazer transição energética. Ele ressaltou que pelo lado da autarquia o tema está presente em diversos itens da agenda regulatória ordinária sobre a qual a Aneel trabalha.
Em termos de regulação e tecnologia um outro tema da agenda onde investimentos foram feitos e pagos pelo consumidor brasileiro foi em um programa de P&D estratégico de armazenamento em baterias em uma ação que trouxe as bases para a regulação. Tivemos como consequência um projeto de transmissão em São Paulo pela ISA Cteep com arranjo regulatório da EPE, MME e Aneel, então as agendas estão na mesa”, exemplificou Feitosa.
O tema subsídios também foi abordado pelo diretor. Defendeu o combate à inserção desses custos porque esses valores não são desconto e sim realocação de valores que alguém paga, geralmente, o elo mais fraco que é o consumidor de energia. “O desafio é avançar com um setor cada vez mais transparente, equilibrado e justo”, apontou.
Por sua vez, Alexandre Ramos, presidente do Conselho da CCEE, recém-empossado destacou que a transição energética não é apenas do setor elétrico e sim da economia como um todo. “A CCEE trabalhará para auxiliar a sociedade para promover a transição energética e não é retórica, esse é o compromisso com a ONU no Pacto Global pra combater as alterações
climáticas com energia acessível à sociedade brasileira”, finalizou.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Fórum pedirá agilidade na votação de projeto e veto presidencial a artigos que trazem custos aos consumidores.
O presidente do Fórum de Associações do Setor Elétrico, Mario Menel, revelou durante painel no Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico nesta quarta-feira, 21 de junho, no Rio de Janeiro (RJ), que duas cartas com posicionamentos deverão ser entregues a autoridades. Uma carta será endereçada ao presidente da Câmara dos Deputados Artur Lira (PP-AL), pedindo a aceleração do projeto de Lei 414, que moderniza o setor e traz segurança para a abertura de mercado. O PL já foi aprovado no Senado, mas está parado na Câmara.
A segunda carta será endereçada à Casa Civil e fala sobre o texto final da lei do Programa Minha Casa Minha Vida, aprovado pelo Senado na última semana. A lei institui a compra compulsória da energia gerada por sistemas de geração distribuída nas habitações contempladas pelo Programa. Segundo Menel, o texto traz um ônus grande, porque aumenta subsídios. A intenção do Fase é conseguir o veto da Presidência da República aos artigos relacionados ou que seja definida uma outra fonte que não seja o setor elétrico.
Cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica estimam que isso vai acarretar custos de R$ 1 bilhão para o consumidor. Segundo o presidente do Fase, o programa habitacional é totalmente meritório, mas esse mecanismo trará ônus para o consumidor. “Não foi feita uma análise de impacto econômico dessa lei. Estamos nos posicionando contra”, avisa.
Durante o evento, a convergência em prol do que une o setor foi lembrada. Menel ressaltou a CP 32, que tinha 11 princípios com aceitação plena do setor e que são válidos até hoje. “Ali está a base do que nos une e separa”, aponta. No próximo dia 28, o fórum iniciará discussões sobre algum tipo de pacto. Para Menel, o pacto só se caracteriza se houver algum tipo de cessão pelos
envolvidos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Secretario do MME lembrou durante encontro com líderes do Fase e do Fmase que o Brasil é um país híbrido.
O secretário de Planejamento e Transição Energética do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, defendeu durante encontro com agentes do setor que a diversidade da matriz elétrica deve ser aproveitada no processo de transição e no desenvolvimento do país.
Segundo Barral, o Brasil tem a oportunidade de trazer para a ampliação do setor elétrico a combinação da diversidade e da riqueza das diferentes fontes de geração. “O Brasil é o país do híbrido. É isso o que faz a nossa matriz ser competitiva. Eu acho que nós temos que aproveitar isso”, disse na última terça-feira, 20 de junho, durante café da manhã organizado pelo Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase) e pelo Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase).
Além do secretário, participaram do encontro o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, Sandoval Feitosa; parlamentares como o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP); e o presidente do Fase, Mário Menel.
Barral também destacou a importância do debate sobre a transição energética, mas alertou que nada vai acontecer “por gravidade”, e que é preciso definir que instrumentos serão estabelecidos para desenvolver o potencial da indústria do país.
Para o presidente do Fmase, Marcelo Moraes, não há momento melhor que o atual para se falar sobre a transição energética. Ele lembrou que há um cenário favorável de geração de energia e de engajamento dos três poderes para discutir o sistema elétrico brasileiro e as tendências mundiais de descarbonização.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O Brasil está mapeando oportunidades de fortalecer sua cadeia fornecedora do setor de energias renováveis, em um passo que visa estimular a reindustrialização nacional e também projetar o país como protagonista na transição energética mundial, disse à Reuters um secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Os trabalhos, que fazem parte da proposta de uma nova política industrial do país, vão ao encontro de demandas da indústria, que vê a possibilidade de o Brasil se tornar um "hub" exportador de tecnologia para a transição energética, e ao mesmo tempo reduzir sua dependência de importações, segundo executivos consultados.
A fonte solar fotovoltaica, que cresce rapidamente no país, é um dos principais focos do eixo "energia e descarbonização" do plano em gestação, disse Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento Industrial.
Segundo ele, o governo está estudando toda a cadeia solar para identificar oportunidades, tanto no upstream, como fabricação de módulos e inversores solares, quanto no downstream, como serviços de engenharia e operação e manutenção.
"O grande desafio agora é avaliar onde o Brasil tem capacidade já construída e que pode ser fortalecida, adensada, e onde pode entrar, principalmente fazendo parcerias tecnológicas com países que já têm alguma expertise, principalmente no desenvolvimento de peças e componentes para energia solar", afirmou Moreira, em conversa com a Reuters.
O Brasil tem fabricação local de parte dos equipamentos utilizados na geração de energia solar, que já alcançou o posto de segunda maior fonte da matriz elétrica nacional, mas os painéis -- principal componente dos sistemas -- são majoritariamente importados da China.
A China domina o mercado mundial de módulos solares, situação que já suscitou alertas da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) e levou Europa e Estados Unidos a montarem planos para incentivar fabricação própria e reduzir a dependência de importações.
O Brasil pode seguir nessa mesma direção, a depender do que for definido na política industrial. Empresas como a italiana Enel estão expandindo sua produção de módulos solares mundialmente e já indicaram interesse em trazer fábrica ao Brasil, caso as condições para produção se mostrem favoráveis. Um passo importante já foi dado com a reedição do Padis, programa de incentivo fiscal a semicondutores. Em março, o governo emitiu decreto incluindo no Padis peças e equipamentos usados na fabricação de painéis solares, garantindo redução de impostos sobre matérias-primas como chapas e tiras de cobre e vidro temperado.
Moreira ressaltou que, no caso de desenvolvimento de novas tecnologias, a proximidade de relações do Brasil com a China é um diferencial e lembrou que, na última visita do presidente Lula ao país, foram assinados vários memorandos para parcerias com empresas e entidades chinesas.
EÓLICA
Além da solar, também serão discutidas iniciativas para incentivar a cadeia de suprimento de energia eólica, já consolidada localmente, e do hidrogênio verde, que tem atraído o interesse da União Europeia em investimentos no país.
Segundo Moreira, a proposta de nova política industrial brasileira, que contará com sete "missões", envolvendo áreas como agroindústria, saúde e moradia, deverá ser lançada até dezembro.
"Estamos trabalhando, tentando acelerar tudo, para que seja entregue antes desse prazo. Porque estamos falando de política industrial, exige um prazo de maturação de investimentos razoável".
O tema está sendo discutido no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), vinculado à presidência da República, composto por representantes dos 20 ministérios, além do BNDES, e mais 21 conselheiros representantes da sociedade civil.
VISÃO DA INDÚSTRIA
As diretrizes da nova política industrial são aguardadas ansiosamente por fabricantes e agentes do setor de energia, que enxergam, assim como o governo, uma janela de oportunidade para o Brasil se projetar mundialmente na agenda de sustentabilidade e descarbonização.
A Aeris, que hoje fabrica pás para geração eólica, vem estudando a diversificação dos negócios para materiais compostos da transição energética -- isto é, soluções que permitam a substituição de metálicos por materiais mais leves na indústria automotiva, aeronáutica e outras, visando reduzir o consumo de energia.
Para o diretor de Planejamento da Aeris, Bruno Lolli, é importante que o governo incentive essa indústria com linhas de financiamento dedicadas e "algum grau de protecionismo", com regras de conteúdo local.
"É bem pouco provável que outro país da América Latina atinja a escala que conseguimos atingir no Brasil. Se o governo ajudar a gente a nascer com esses produtos, em pouco tempo a gente ganha volume e escala suficiente para abastecer a América Latina", avaliou Lolli.
Na visão do vice-presidente sênior da Siemens Energy para a América Latina, André Clark, o Brasil tem a oportunidade de se projetar em energia como fez no passado com a indústria aeronáutica, em uma política que incentivou o desenvolvimento de produtos altamente tecnológicos e que colocou a Embraer entre as principais fabricantes de aeronaves do mundo.
Clark ressaltou, porém, a importância de que essa reindustrialização venha atrelada à reforma tributária.
"Qualquer política industrial nasce frágil, ela depende de o investimento acontecer e os mercados comprarem. Não pode nascer uma planta frágil no mundo adverso dos nossos impostos e de 'framing' dos gastos públicos", ponderou.
Já a associação de energia solar Absolar aponta que será necessário garantir demanda para que fabricantes, como os de módulos solares, realmente decidam se instalar no Brasil.
"O governo pode usar o poder de compra do Estado para comprar produtos fotovoltaicos feitos no Brasil, para colocar energia solar em prédios públicos, escolas, hospitais", notou o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.
Segundo ele, o governo poderia, por exemplo, conceder algum tipo de incentivo a quem adquirir equipamentos de procedência nacional em programas como o Minha Casa, Minha Vida e aqueles voltados à universalização de energia e a soluções de descarbonização na Amazônia.
Fonte e Imagem: UOL.
A escravização, além de execrável, atrasou a chegada da Revolução Industrial ao Brasil. A Indústria 4.0 - com inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvens - também está muito avançado fora daqui.
Mas o Brasil tem todas as condições de liderar a economia verde, sustentável, se os consumidores adotarem o consumo consciente.O Brasil tem, em seu favor, além da imensa área geográfica, riquezas naturais e a Amazônia, fontes renováveis que respondem por mais de 90% da energia gerada no país.
O crescimento das energias eólica e solar nos últimos ano, consequentemente, abre caminho para a bioeconomia. Que depende de planejamento e de investimentos com esse foco, na descarbonização do segmento de energia e das grandes indústrias, e na formação de mão de obra para atividades de tecnologia verde, dentre outras providências, como está no Relatório "A Maratona Amazônica: Brasil pode liderar economia de baixo carbono da Amazônia para o mundo", desenvolvido pela Systemiq Brasil com parceiros diversos, inclusive comunidades originárias.
Por que é tão importante a participação do consumidor?
Pelo fato de ser quem compra produtos e serviços que podem, ou não, ser derivados de processos sustentáveis. Ao dar preferência a produtos fabricados com sustentabilidade, o consumidor se somará aos compradores de outros países, que já exigem o respeito ao meio ambiente, por exemplo, do agronegócio brasileiro.
Além disso, práticas simples, como captar, armazenar e reaproveitar água da chuva; separar o lixo reciclável; evitar o uso do automóvel particular quando houver bom serviço público de transporte contribuem para um ecossistema mais favorável à economia verde.
Criar um ambiente em que consumo e produção sejam sustentáveis pode levar ao Brasil, desta vez, a liderar a mais nova tendência: a bioeconomia.
Finalmente, podemos ser protagonistas, e não retardatários.
Fonte e Imagem: Estadão.
Presidente afirma que o país é exemplo mundial em transição energética e promete mais investimentos em fontes renováveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 2ª feira (19.jun.2023), em sua live semanal, que os demais países precisam se espelhar na transição energética brasileira. Segundo o chefe do Executivo, o Brasil está muito mais avançado na utilização de fontesrenováveis em sua matriz energética do que o restante do planeta e espera se consolidar como uma referência global nas discussões sobre o tema.
“Ninguém tem o direito de dar palpite ao Brasil sobre energia. Da nossa energia elétrica, 87% da nossa energia é renovável. O mundo tem 27%. Da nossa matriz energética como um todo envolvendo combustível, 50% da matriz energética brasileira é limpa e renovável. O restante do mundo só tem 15%.
Lula também prometeu que os investimentos em fontes renováveis serão intensificado durante seu mandato. O presidente afirmou que planeja investir em geração de energia eólica, solar, de biomassa e especialmente em hidrogênio verde. Este último faz parte de um projeto que Lula deseja consolidar no país.
Segundo o petista, o mundo necessita de um país capaz de exportar o produto globalmente e o Brasil tem totais condições de cumprir esse papel devido à sua capacidade natural e aos conhecimentos adquiridos com o avanço de sua matriz energética. “Então pelo amor de deus ao invés de criticar o Brasil se espelhe no Brasil, porque agora nós vamos fazer muito mais.
Nós vamos investir muito em eólica, vamos investir em energia solar, vamos continuar investindo em biomassa, e agora vamos investir muito em hidrogênio verde”, afirmou.
Fonte e Imagem: Poder 360.
O país tem hoje sobra que poderia ser exportada para os vizinhos da América do Sul, mas faltam linhas de transmissão.
Um levantamento feito pela Comissão de Integração Energética Regional (Cier), a pedido do Valor, mostrou que o Brasil poderia ampliar a exportação de energia limpa e renovável para os países que fazem fronteira e ajudar na descarbonização da matriz elétrica da América do Sul.
Segundo os dados dos relatórios da Cier, há uma potencial oferta de energia a custos competitivos gerada no Brasil que poderia substituir, pelo menos em parte, a eletricidade de termelétricas convencionais - mais caras e poluentes - gerada nos países vizinhos da ordem de 201 milhões de megawatt-hora (MWh) por ano em seu valor máximo. Em termos comparativos, o volume equivale a um terço do consumo anual do Brasil.
Os cinco países com maior potencial de absorver a energia brasileira são Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Venezuela. Por outro lado, países com um bom potencial de intercâmbio, como o Peru, sequer tem uma interconexão com o Brasil. Venezuela e Bolívia, por exemplo, têm grandes reservas de petróleo e gás a preços muito baratos e podem não se interessar. Já o Paraguai não tem um grande mercado consumidor, possui 50% da usina de Itaipu (140 GW) e já vende o excedente para o Brasil.
O vice-presidente do Cier, Celso Torino, defende que as autoridades do sistema elétrico brasileiro reflitam sobre essa oportunidade, já que ampliar o intercâmbio ajudaria os vizinhos nas respectivas agendas de redução das emissões, traria divisas ao Brasil e reduziria os impactos nas tarifas dos consumidores brasileiros.
O fato é que essa energia não poderia ser despachada imediatamente hoje. Limitações dos sistemas elétricos dos países, sistemas isolados, geração mínima obrigatória de termelétricas e necessidade de estabilidade do sistema elétrico de cada nação são alguns exemplos das barreiras.
Outra dificuldade é que a atual legislação dos países não permite um contrato firme, ou seja, a interrupção de fornecimento pode acontecer a qualquer momento, o que desestimula empresas a investirem em infraestrutura sem a garantia de remuneração do capital investido.
A consultoria PSR, porém, acredita que isso pode mudar com a criação de demanda firme em contratos de suprimento, que seria um mercado entre os países adicional aos intercâmbios ocasionais.
Torino sugere a criação de novas conexões ou interligações mais robustas que permitam que haja maior fluxo de energia entre os países, considerando as sazonalidades como o inverno argentino, o verão brasileiro, as variações hidrológicas, as intermitências das eólicas e fotovoltaicas. Não é difícil visualizar, na visão dele, possibilidades reais de que essa energia flua ora no sentido Brasil-vizinhos, ora no sentido contrário.
“Proposições como investimentos em linhas de transmissão nas fronteiras, que chamamos de ‘pontes elétricas’ e avanço numa regulação que viabilize um mercado comum de energia regional não são novas, mas acreditamos que a América do Sul está num momento oportuno para que haja passos largos para a efetiva integração energética”, avalia Torino.
As principais geradoras já se manifestaram para que o Brasil mantenha o ano todo o intercâmbio energético regional, mas não foram atendidas. No dia 11 de junho, o país interrompeu a exportação para Argentina e Uruguai, fato que frustrou a expectativa de Eletrobras, Engie, Copel, Cemig, entre outras.
Para o CEO da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, o país reúne condições únicas para assumir o papel de liderança na integração e transição energética da América Latina. Os reservatórios continuam cheios e as previsões de um inverno com boas precipitações nas bacias do Sul e do Sudeste nos colocam em condição favorável para a exportação comercial.
“Diante do cenário de sobreoferta, trata-se de uma solução racional que abre oportunidades relevantes para o setor, sem acarretar riscos ao sistema elétrico, além de atender a necessidade de mercados vizinhos que enfrentam problemas de oferta de energia e preços mais altos”, disse o executivo.
Os tomadores de decisão do setor parecem ignorar isso, já que hoje só as termelétrica podem exportar. O ministério de Minas e Energia (MME) também autorizou a Eletrobras a importar e exportar energia. A pasta disse que é prioridade do governo fortalecer as parcerias com os vizinhos, mas os agentes falam que falta aprimoramento regulatório para que todas as fontes tenham oportunidade.
O ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana, avalia que é oportuno o setor elétrico corrigir algumas distorções. “Se há uma enorme sobra de energia, porque não tratar o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai como um mercado elétrico? Acaba a sobra. Só na Argentina há uma demanda reprimida que é maior que o consumo do Sul do Brasil”, frisa Santana.
A Tradener é a única comercializadora que faz as transações com os agentes do Brasil e repassa energia para a Camesa e UTE, estatais da Argentina e Uruguai, respectivamente. Mesmo se beneficiando pela sobreoferta no Brasil, ela acredita que investir em infraestrutura para mandar mais energia não é a solução, já que os vizinhos não querem construir estações conversoras, pois custam caro e deixam os países dependentes de energia do Brasil. “É a mesma coisa do gás da Rússia, em que um único país fornece para quase todos os outros”, diz Walfrido Avila, CEO.
“O Brasil consome cerca de 73 mil MW médios. Está sobrando cerca de 20 mil MW médios de energia garantida. Nossa capacidade de exportação é de 2 mil MW médios. Continuar a exportação não é a solução para o desperdício. O que podemos fazer é incentivar o consumo interno com uma tarifa melhor”, acrescenta.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Benefícios para a geração distribuída aumentam a conta dos demais consumidores e diminuem a competitividade do setor produtivo.
Entre 2023 e 2045, quase 400 bilhões de reais de pagamento extra na conta dos consumidores de energia. Esse é o resultado do impacto direto dos subsídios aplicados sobre as tarifas do setor, especialmente os já concedidos à geração distribuída (GD) e, caso o projeto de lei nº 1.292/23 seja aprovado – sozinho, ele vai somar 93 bilhões de reais, quase um terço do total.
O valor adicional é diluído na conta cada consumidor, pessoa física ou jurídica, ao longo dos anos, tendo grande impacto na capacidade de consumo das famílias e no custo operacional das empresas. Mas tem grande impacto na capacidade de consumo das famílias e na resiliência das empresas. “A energia representa uma parcela importante do Custo Brasil, e a política de subsídios, que se estende por décadas e agora pode ser ampliada para a geração distribuída por meio do projeto de lei, agrava esse cenário”, argumenta Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
O PL é o exemplo mais recente dessa política, que impacta a população mesmo que ela nem sempre perceba, segundo Madureira. “O projeto pretende estender ainda mais o prazo de subsídios concedidos à geração distribuída, contrariando a recentíssima Lei nº 14.300/22, também conhecida como Marco Legal da GD, implementada em janeiro de 2023”, afirma. Definidos em 2012 para durar sete anos, enquanto a infraestrutura de GD era fortalecida, os subsídios, caso o projeto avance, agora seriam estendidos por prazo indeterminado, beneficiando cerca de 3% dos consumidores do país, que têm condições de investir em geração por painéis solares.
Décadas de subsídios
Para o presidente da Abradee, as distribuidoras, que são a linha de frente do complexo ecossistema de energia elétrica do país, entendem que o propósito dos subsídios dados à geração distribuída já não cumpre mais sua função e, portanto, eles são desnecessários para a sociedade, já que os custos dessa tecnologia tiveram reduções de cerca de 50% nos últimos anos.
“Existem subsídios que já duram décadas e permanecem sendo renovados. Parecem não ter fim. O resultado é uma transferência de renda perversa, em que os consumidores pagam pelo benefício de produtores de energia, como no caso da GD, formada majoritariamente por investidores de painéis solares”, ele argumenta.
Por isso, diante do crescimento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) nos últimos anos, com a explosão de subsídios do setor elétrico, a Abradee se posiciona de forma contrária ao PL nº 1.292/2023.
“Precisamos de uma legislação equilibrada e que trate de forma isonômica os consumidores de um insumo tão importante, e não de mais leis que protejam financeiramente setores que não precisam desses incentivos para desenvolver suas atividades às custas do orçamento do consumidor comum.” Em outras palavras, finaliza Madureira, “alguns subsídios alocados no setor elétrico são danosos para a sociedade e ineficientes para a economia”.
Fonte e Imagem: Veja.
Mercado de comercialização de energia tem intensificado esforços nos últimos meses para conquistar pequenos clientes ligados em alta tensão que, a partir de 2024, passarão a estar aptos a comprar energia livremente.
Comercializadoras têm se beneficiado do cenário de preços persistentemente baixos da energia elétrica para atrair consumidores de pequeno porte para o mercado livre, com propostas de migração mais atrativas e que garantem descontos de até 35% em relação aos valores praticados no mercado regulado, disseram empresas do setor à Reuters.
O mercado de comercialização de energia tem intensificado esforços nos últimos meses para conquistar pequenos clientes ligados em alta tensão que, a partir de 2024, passarão a estar aptos a comprar energia livremente, desvinculando-se comercialmente das distribuidoras de energia. A ideia das comercializadoras é engajar já os consumidores nesse processo para partir de uma base maior quando a nova regra valer.
Em geral, são pequenas e médias empresas de comércios e serviços, como padarias e hotéis, que têm pouco conhecimento sobre o setor de energia e para os quais a economia de preços é um chamariz importante na migração ao mercado livre.
Com o preço spot da energia no piso desde o ano passado em função das condições hidrológicas favoráveis, executivos de comercializadoras relatam que têm conseguido garantir descontos que variam de 20% até 35% em relação ao que os consumidores pagam hoje na conta de luz das distribuidoras.
“Você têm vários motivos para que um pequeno e médio empresário tome a decisão (de migrar agora), porque ele terá um custo de energia muito baixo para o médio prazo. Em 20 anos que estou no setor, nunca vi contratos sendo feitos aos valores de hoje”, afirmou co-CEO e fundador da comercializadora Ecom Energia, Márcio Sant’Anna.
Segundo ele, a economia em relação ao mercado regulado varia de acordo com a tarifa de cada distribuidora, mas há casos em que ela chega a 35%. “O que é muito representativo, estamos falando de um terço da conta que ele (o pequeno consumidor) deixa de pagar.”
Para Henrique Campos, COO da comercializadora Bolt, os consumidores que decidirem migrar agora poderão “surfar uma onda” de preços baixos que pode não permanecer por muito tempo, dada a volatilidade característica dos preços no mercado de energia.
“(Os preços baixos) têm ajudado muito o negócio varejista… Se o preço der uma embicada nos próximos dois anos, ainda tem margem, mas começa a diminuir, não vai ter tanto apetite quanto agora”.
A comercializadora da Auren Energia, empresa controlada pelo Votorantim e CPPIB, tem visto grande interesse dos pequenos negócios em aproveitar o momento, e já tem feito um trabalho de “educação e planejamento” sobre o mercado para evitar sustos por parte dos clientes no futuro, caso a tendência de preços mude bruscamente.
“O desafio vai ser na renovação (dos contratos de energia) dessa turma. Quando renovarem daqui 4, 5 anos, que patamar vão estar os preços no mercado livre? E como explicar para o cliente que tem menos conhecimento que a realidade de mercado agora é outra?”, explicou Raul Cadena, CCO da Auren Energia.
A Auren não divulga números de sua carteira de clientes de pequeno porte, mas prevê que o mercado “varejista” ainda será relativamente pequeno para a empresa nos próximos cinco anos, representando cerca de 10% da carteira. A comercializadora é hoje uma das maiores do país, negociando cerca de 3 GW gigawatts (MW) médios junto a grandes consumidores, sobretudo industriais.
“Mas em termos de margem, passará a ser mais relevante, a gente espera que talvez 40% da margem possa vir desse mercado. O desafio para essa margem virar resultado é ter custo de aquisição do cliente baixo e custo de atendimento baixo”, acrescenta Cadena.
Esforço comercial
As comercializadoras têm adotado diferentes estratégias para acessar os novos clientes potenciais, que na grande maioria das vezes não sabem que poderiam economizar na conta de luz ao aderir ao mercado livre.
Na Auren, uma das apostas é a participação em feiras e eventos de setores como o alimentício. Além de divulgar a marca, a empresa busca se aproximar de clientes potenciais e apresentar serviços adicionais que podem ser contratados, como telemetria (medição de consumo) e a garantia de fornecimento de energia 100% renovável através dos certificados I-RECs.
A Ecom Energia está aumentando sua capilaridade em todo o país com a seleção e treinamento de mil agentes autônomos. A ideia é que esses profissionais atraiam novos clientes para os serviços da Ecom, ganhando uma renda extra a cada contrato fechado.
Já a Bolt traçou uma estratégia que usa a geração distribuída solar como impulsionadora dos negócios para o mercado livre no futuro. A comercializadora criou uma subsidiária, a Bow-e, que oferece energia solar por assinatura a clientes da baixa tensão, como residências, que hoje ainda não estão aptos a comprar energia livremente.
A ideia é “acostumar” o pequeno cliente sobre seu poder de escolha na contratação de energia, para no futuro poder oferecer também oportunidades no mercado livre.
“Quando o mercado livre abrir (totalmente), já tenho uma base grande de clientes para a fazer a migração para o ACL, fica muito mais fácil”, explica Campos, da Bolt.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Risco de racionamento energético, por alguns anos, poderá ser bem menor que na última década.
No final de 1999, o Brasil “bateu na trave” de uma crise energética. Na Região Sudeste/Centro-Oeste, as chuvas se iniciam no verão e vão até abril e depois os meses secos vão até novembro. Os sistemas são concebidos para que os reservatórios não fiquem nem quase vazios nem quase cheios. Naquele ano, os reservatórios estavam em nível crítico, mas, como depois choveu, a crise foi evitada.
Um ano depois, o problema se repetiu, mas, como na sequência tivemos um verão seco, chegamos a março de 2001 sob risco de que Rio e São Paulo ficassem sem luz. Assim, a restrição energética foi inevitável e o governo foi obrigado a adotar um racionamento “soviético”, pelo qual as pessoas tiveram que “ajustar o seu consumo ou ajustar o seu consumo”, reduzindo a demanda de energia para sobreviver em “tempos de guerra”.
Há alguns anos, voltamos em um par de ocasiões a enfrentar o risco de falta de suprimento de energia no País, evitado com uma combinação de baixo crescimento do PIB, uso adequado das bandeiras tarifárias e a posterior ajuda de São Pedro.
Quais são as perspectivas para o governo atual durante 2023-2026? Para entender isso, consideremos a média mensal de ocupação dos reservatórios para a Região Sudeste/Centro-Oeste, que é a mais importante para a economia do País, média essa calculada para 1997-2022. Os números são: janeiro, 50%; fevereiro, 58%; março, 64%; abril, 66%; maio, 65%; junho, 62%; julho, 58%; agosto, 51%; setembro, 45%; outubro, 39%; novembro, 37%; e dezembro, 41%.
Na média dessas duas décadas e meia, tivemos 53% de ocupação anual. No ano 2000, antes do racionamento, ela foi de 39% e, no fatídico 2001, caiu a 28%. Nos últimos dez anos, em geral tivemos índices pluviométricos fracos no Brasil. Em 2015, a média anual dos reservatórios da região foi de 30% e, em 2021, foi ainda menor que em 2001 (apenas 26%). A boa nova é que a situação mudou para muito melhor recentemente: enquanto em janeiro de 2022 a ocupação dos reservatórios foi de apenas 84% da média mensal do mês de janeiro de 1997 até 2022, em dezembro já foi de 129% da média do citado mês de 1997 a 2022 e, em maio de 2023, o nível foi de 132% da média mensal do mês de maio do citado período. Nesse mesmo mês, tivemos o melhor nível de ocupação dos reservatórios para maio desde 2011. Isso quer dizer que, com um pouco de sorte, o risco de racionamento energético, por alguns anos, poderá ser bem menor que na última década. É uma boa notícia para o País.
Fonte e Imagem: Estadão.
Como um condomínio que perde moradores e precisa ratear as despesas entre menos gente, o mercado brasileiro regulado de energia elétrica segue encolhendo e deixando a conta de luz cada vez mais cara para os pequenos comércios e indústrias e os clientes residenciais das concessionárias.
“Se continuar assim, o sistema vai explodir”, prevê um executivo do setor, enquanto outro endossa o diagnóstico e classifica o modelo atual como "espiral da morte”.
No Brasil, coexistem dois mercados de energia. Cerca de 88 milhões de unidades consumidoras ainda estão no chamado mercado cativo, ou regulado, em que não têm opção senão comprar energia de uma distribuidora local. Em sua maioria são clientes do chamado Grupo B, de baixa tensão.
Do outro lado, no mercado livre, já estão 30 mil pessoas jurídicas, grandes consumidores da indústria e comércio, que não são obrigados a manter contrato exclusivo com nenhuma concessionária, e podem comprar energia de quem oferece o melhor preço. É o Grupo A, de alta tensão, que totaliza 205 mil unidades consumidoras.
No ano passado, 30 mil consumidores desse grupo economizaram R$ 40 bilhões nas compras em ambiente livre, em comparação com o que gastariam se estivessem no cativo.
Conta do subsídio energético já chega a R$ 36 bilhões
Incentivos e descontos para quem adquire energia de fontes renováveis como eólica, solar, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa aceleram ainda mais a debandada do mercado regulado. Esses descontos hoje estão na casa de R$ 8,5 bilhões por ano e são pagos em maior parte pelos consumidores cativos (os que permanecem no “condomínio”) por meio da Conta de Desenvolvimento Energético, que já alcança R$ 36 bilhões anuais.
"Quando opta por sair do mercado regulado, e passa a comprar dessas fontes incentivadas, o consumidor tem um desconto na tarifa de uso do sistema elétrico de transmissão e distribuição. Esse custo vai hoje para a conta CDE. Além da diferença no preço, ainda tem um incentivo para quem migra e deixa o custo no mercado", diz Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
“É o que a gente chama de "espiral da morte". Toda vez que alguém sai, vai deixar mais caro para quem fica e vai aumentando essa saída”, sublinha. E os penduricalhos na conta do condomínio só aumentam. Madureira cita como exemplo mais recente a Medida Provisória que recriou o Programa Minha Casa, Minha Vida.
"É algo que pode até parecer bom, uma compulsoriedade de comprar sobras de energia de sistemas solares do programa Minha Casa, Minha Vida. Mas se eles não consumirem tudo, o sistema terá que pagar R$ 400 o megawatt-hora, que é o valor de referência. No entanto, como eu não necessito essa energia no sistema elétrico, ela vai sobrar e será comercializada a R$ 70 o megawatt-hora. E essa diferença vai onerar os consumidores que estão no mercado regulado", enfatiza o presidente da Abradee. "São medidas como essa que aumentam o desequilíbrio. Toda vez que se faz um tratamento diferenciado, você está penalizando os demais".
Fuga do mercado cativo pode se acentuar em breve
Seria como tentar conter vazamento numa caixa d’água? “Diria que hoje já está parecendo mais uma peneira mesmo. A quantidade de benefícios onerando o consumidor é muito grande. Somos favoráveis à abertura de mercado, à geração distribuída e outras, mas somos contrários que alguém tenha que pagar mais, que seja penalizado para que outro tenha um benefício”, completa Madureira.
A partir de 1.º de janeiro de 2024 um novo contingente de 106 mil unidades consumidoras de média e alta tensão (o restante do Grupo A) estará igualmente habilitado a comprar energia no mercado livre, ao entrar em vigor a portaria 50/2022 do Ministério das Minas e Energia (MME).
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que 56% das indústrias que estão no mercado cativo têm interesse em migrar para o mercado livre a partir de 2024.
Segundo a consultoria Greener, a conta de luz no mercado livre costuma ficar entre 20% e 30% mais barata. “Contudo, não se espera uma debandada geral desses 106 mil consumidores, até por falta de acesso à informação. E também por desconhecimento, por medo, já que o mercado de energia é volátil e você precisa estar muito bem assessorado por uma comercializadora”, pondera Heloísa Burin, analista da Greener.
As comercializadoras de energia se multiplicaram no país – atualmente já são quase 600 cadastradas – e tentam “abrir os olhos” dos empresários para a oportunidade de pagar menos, pulando fora do mercado regulado.
O executivo Claudio Ribeiro, presidente da 2W Ecobank, diz se sentir como um capitão do Bope, o Batalhão de Operações Policiais Especiais. “Digo que sou líder do Bope porque meu papel é liberar refém. Tirar você do jugo da distribuidora. Digo aos empresários: você pode ser livre, e vai continuar saindo energia no mesmo cabo na tua empresa. Mas vai pagar mais barato, por uma energia renovável e sem precisar investir nada”, enfatiza.
Para empresário, sistema atual está prestes a "explodir"
A empresa comandada por Ribeiro busca agressivamente trazer clientes para o mercado livre: atualmente, apenas 31,5% dos já habilitados pelas regras toparam migrar. Ribeiro viaja o país procurando mostrar aos empresários que é possível migrar e economizar, sem precisar investir.
“O sistema como está hoje vai explodir. O grande já está no mercado livre e o pequeno logo virá. A distribuidora está ficando cada vez com qualidade pior de negócio, e consegue investir cada vez menos. Vai piorar a saúde financeira, ficando a tarifa cada vez mais cara. O último que ficar vai pagar a conta de quem saiu antes”, diz Ribeiro.
Em menos de três anos, ele já conseguiu uma carteira de R$ 1 bilhão para sua comercializadora de energia. A 2W aposta ainda em geração própria, e está investindo R$ 2 bilhões para levantar duas usinas eólicas no Nordeste.
A abertura do mercado de energia no Brasil está atrasada há mais de uma década. Em Portugal todo consumidor, mesmo os residenciais, podem escolher de quem comprar energia há 15 anos. Na Inglaterra, a liberdade de escolha já é realidade há 25 anos. Por aqui, a liberalização do Grupo B, de baixa tensão, só deve chegar em 2026 (pequenos comércios e indústrias) e em 2028 (residências), e deve ser antecedida de consulta pública e regulamentação legal.
Abertura não pode ser um "big bang", diz ex-ONS
Outro sintoma desse cenário de "salve-se quem puder" do mercado cativo seria a corrida dos consumidores de baixa tensão para a microgeração, implantando telhados solares nas residências e comércio, e para a compra de energia da geração distribuída das chamadas "fazendinhas solares".
Para Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia e ex-diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a abertura total do mercado é inevitável, como já aconteceu há vários anos nas telecomunicações.
“Mas não pode ser um big bang, de uma hora para outra liberar para todo mundo. Tem que ser feito de forma escalonada, para que não provoque um baque tão grande para os consumidores e também para os provedores. Poderíamos ter avançado na liberação para o consumidor numa velocidade maior do que se fez. A perspectiva é de que nos próximos isso aconteça, mas de uma forma muito bem pensada e planejada, sob o risco de criar problemas maiores”, sublinha Barata.
O atual marco regulatório do sistema elétrico brasileiro, incluindo a criação do mercado livre, foi construído em 1998, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Depois o marco sofreu mudanças em 2004, no governo Lula (PT), e mais tarde na gestão de Dilma Rousseff (PT).
A questão é que, quando foi desenhado, o modelo não considerava um mercado livre respondendo por 40% da energia comercializada, como hoje. E abordava principalmente as fontes hidrelétrica e térmica. Atualmente, contudo as fontes eólica e solar já superam a contribuição das termelétricas.
“Também não se falava em geração distribuída quando o marco foi estabelecido. Essas mudanças tornam imprescindível a revisão de todo esse arcabouço”, afirma o ex-diretor do ONS.
Momento é de debate de mudanças no setor elétrico
Na prática, em curto prazo serão tomadas várias medidas que devem impactar o funcionamento do mercado do sistema elétrico brasileiro. Desde a reforma tributária, que poderia diminuir o peso dos impostos na tarifa, até a definição dos parâmetros de renovação dos contratos de 21 distribuidoras de energia do país que vencem até 2030, como a Enel São Paulo, CPFL, Light e Escelsa.
Em agosto, começa a renegociação do Anexo C do tratado de Itaipu Binacional, que obrigava que fosse destinada ao Brasil toda a energia excedente não utilizada pelo Paraguai. Tudo isso, agora, deverá ser renegociado.
“A mídia tem um papel fundamental de colocar esses assuntos em manchetes, chamando atenção da sociedade para um problema fundamental, que é o custo da energia. O legislativo e o executivo têm essa responsabilidade, mas sobretudo a sociedade precisa se sensibilizar para fazer pressão e colocar o assunto na pauta de discussão do país”, conclui Barata.
Para a Abradee, é preciso estabelecer mecanismos que não permitam que se continue a acrescentar custos para um mercado, em benefício de outro. O caminho mais adiantado para isso seria o projeto de lei (PL) 414, que aguarda apreciação na Câmara dos Deputados.
O projeto prevê a abertura total do mercado em 42 meses, a partir de sua promulgação, sendo que os pequenos consumidores (abaixo de 500 kW) terão de comprar energia por meio de um comercializador varejista, que os representará junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
“Ele não resolve problemas passados, mas pelo menos cria condições para evitar que esse problema continue crescendo”, diz Madureira, da Abradee.
Marcelo Loureiro, membro do Conselho de Administração da CCEE, observa que um dos desafios do setor é a gestão dos contratos legados pelas distribuidoras, ou seja, o que fazer com o custo da energia contratada obrigatoriamente, mas que não está sendo utilizada devido à migração dos clientes.
"Existem ações no sentido de evitar novos legados, inclusive constantes no PL 414. Há uma outra ação, refletida no citado PL, que consiste em, no caso de a revitalização da gestão do portifólio pelas distribuidoras não ser suficiente, o custo legado recairia a todos os consumidores, não somente os cativos. Outra ação poderia ser limitar a velocidade da abertura do mercado. Claro, estas duas últimas ações são impopulares entre os consumidores que são ou que desejam ser livres, de modo que entendemos que ações no sentido da gestão do portfólio das distribuidoras devem ser endereçadas o quanto antes", conclui Loureiro.
Fonte e Imagem: Gazeta do Povo.
O pilar de desenvolvimento, crescimento e competitividade do Programa Nacional do Hidrogênio terá uma descrição mais direta sobre a política industrial do país, seguindo uma sugestão de Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que participou da reunião da Frente Parlamentar de Recursos Naturais e Energia nesta quarta-feira, 14 de junho, no Senado Federal.
De acordo com o Rollemberg, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem recebido visitas de empresários que disseram que não precisam de subsídio para desenvolver a produção de hidrogênio de baixo carbono no país, mas sim, de uma regulamentação clara e que dê segurança jurídica para fazer investimentos grandes e de longo prazo.
O secretário do MDIC ainda ressaltou que o hidrogênio é importante para o processo de neoindustrialização do país.
“Entendo que uma das preocupações fundamentais é que a gente não produza hidrogênio como commodities para serem exportadas, mas que possa ser utilizado como insumo importante, atraindo a cadeia de suprimento e a indústria intensiva em energia”, disse Rollemberg.
Também presente na reunião, o secretário de Planejamento e Transição Energética, Thiago Barral, que é coordenador do comitê gestor do programa, afirmou que espera aprovar o plano de ação do Programa Nacional do Hidrogênio ainda em julho.
Segundo o secretário, o resultado da consulta pública do plano trienal do hidrogênio já foi catalogado em seis frentes, distribuídas entre os coordenadores das câmaras técnicas, que agora vão incorporar as contribuições e seguir com a aprovação do plano de ação ainda em julho.
“Tenho certeza de que esse trabalho e esse plano de ação ocorrerão de forma síncrona com o Congresso, para não esperar o final desse plano para fazer entregas, e sim acelerar esse ganho de maturidade”, disse Barral.
Das 656 contribuições recebidas pela consulta, 134 trataram da abertura e crescimento do mercado com competitividade, 132 do planejamento energético, 110 do fortalecimento das bases científicas e tecnológicas, 95 de arcabouço legal, regulatório e normativo, e 68 de capacitação de recursos humanos. O restante abordou questões catalogadas como “geral”.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Contribuições serão aceitas por meio do aplicativo Microsoft Forms até 31 de julho.
A diretoria da Aneel definiu a abertura da Consulta Pública 20/2023 para colher subsídios e informações adicionais para a revisão da Resolução Normativa nº 1.031/2022 e dos módulos de Regras de Comercialização que versam sobre o término dos descontos na tarifa de uso dos sistemas de distribuição e transmissão para fontes de geração incentivadas. As contribuições serão aceitas por meio do aplicativo Microsoft Forms, entre 16 de junho e 31 de julho.
Conforme o texto da Lei n° 14.120/2021, o desconto só é devido após a superação cumulativa dos dois requisitos dispostos: a solicitação da outorga até 2 de março do ano passado e a entrada em operação de todas as unidades geradoras até 48 meses após a outorga (ou após o ato de alteração de característica técnica, no caso de ampliação).
Na prática o segundo ponto funciona como uma “condição suspensiva” prevista na lei, e somente após a sua verificação o desconto passa a ser aplicado. Assim a usina inicia sua operação com uma expectativa de direito ao desconto, com essa dinâmica não se aplicando ao caso específico dos empreendimentos hidrelétricos com potência instalada menor ou igual a 30 MW.
A consulta está inserida em um contexto da criação de uma rota para o fim dos subsídios (especificamente dos descontos na TUST e TUSD),
correlacionada à política pública de redução da CDE e alívio da pressão tarifária aos consumidores. Pelo texto, a lei concede a estes
empreendimento um prazo adicional de cinco anos para obter 50% de desconto, assim como outros cinco anos adicionais para obter 25% de
desconto, cabendo interpretação a respeito de qual seria o marco de referência de contagem desses períodos adicionais.
Entre os pontos em discussão estão a manutenção do desconto para as centrais geradoras de capacidade reduzida, menor ou igual a 5 MW ou
para alteração de características técnicas que visam redução ou ampliação de potência instalada, além da da transferência a terceiros no caso de empreendimentos e do período total pelo qual perdurará a possibilidade de obter descontos no caso de hidrelétricas com potência instalada menor ou igual a 30 MW.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Relator da matéria na Câmara dos Deputados disse que passado o momento de estabilização e de votação de projetos prioritários, o PL de modernização do setor pode começar a andar na casa.
O deputado federal Fernando Coelho Filho (União-PE) considera que o PL 414, que estabelece as bases da modernização do setor elétrico está maduro para ser votado. Ele não indicou uma perspectiva de data para que a matéria possa ir à votação, mas disse que agora, depois de temas como a MP da organização do governo e o encaminhamento de outros temas mais urgentes, o projeto possa avançar na Câmara.
“Eu diria que estamos no período de entender as intenções do governo que tem pautas mais urgentes como do arcabouço fiscal e depois podemos entrar para votar esses outros temas como o PL 414. Houve a montagem da base do governo e a votação de projetos pertinentes da partida de todo governo, agora vamos avançar não apenas no 414 mas outros projetos importantes para o país”, comentou ele em evento realizado nesta terça-feira, 13 de junho, em Brasília, para discutir a modernização do setor.
Participaram ainda desse debate o diretor geral da Aneel, Sandoval Feitosa, e o presidente da Abradee, Marcos Madureira. Em comum acordo
está a necessidade de que o setor elétrico possa ser modernizado e com a preocupação de não se transferir custos adicionais para os
consumidores de energia que ficam no mercado regulado.
“Não dá para ser contra a modernização do setor”, destacou Feitosa. “Importante é que pensemos na justiça e igualdade, um sistema moderno com tarifa moderna com incentivos para que se use a rede de forma mais equilibrada e econômica (…) minha convicção é de que devemos abrir o mercado, mas sem subsídios para ninguém e onde os custos devem ser divididos para todos os usuários para que seja justa”, acrescentou ele que criticou a concessão de subsídios dados pelo Congresso Nacional.
Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, que participou de forma virtual concorda que apesar do discurso que temos no Congresso, praticamente todos os movimentos que têm sido dados pela casa foram na direção de aumentar custos de energia para os consumidores, principalmente de projetos que saíram da Câmara dos Deputados, como a ampliação dos subsídios para a GD.
Feitosa lembra que o consumidor não vê os benefícios da energia barata do Brasil, principalmente a eólica e a solar, justamente porque há subsídios incidindo sobre a tarifa paga.
O relator do PL, o deputado federal Coelho Filho, lembrou que a CDE era um encargo de R$ 1 bilhão quando foi criado e que seria assumido pelo governo. Hoje essa realidade está na ordem de R$ 35 bilhões e são cobrados do consumidor, pois a conta ficou pesada, disse ele criticando a colocação de subsídios na CDE pelos seus pares de Câmara.
“O discurso vai na direção de defender a redução da conta mas o que vemos são atitudes em outra direção”, criticou.
Mas, disse o relator os contratos deverão ser cumpridos com o PL 414 fazendo referência a questões como a segurança do sistema. Essa
segurança, continuou ele, envolve a infraestrutura de transmissão e as usinas que atuam como backup e precisam ser pagas, mesmo que haja a
liberdade de consumidores em optarem por escolher a energia de fontes renováveis, as mais baratas no país atualmente.
Barata destacou que apesar do PL 414 ser importante é pouco para a modernização do setor e chegar à redução da tarifa como tem se
discutido. Para ele, não dá para imaginar um setor elétrico moderno sem pensar em rever todo o arcabouço regulatório, e isso envolve não
apenas a abertura de mercado, mas também o papel do consumidor que passou a ter mais protagonismo das decisões com a GD e o advento
das mudanças climáticas.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Empresas intensivas em carbono investem em energia renovável para gerar menos poluição, se adequar a novas legislações que podem vir e se diferenciar no mercado internacional.
Empresas intensivas em carbono têm adotado a mudança de suas fontes de energia - elétrica e térmica - para fontes renováveis - com um olhar estratégico triplo. Ao mesmo tempo em que atendem às pressões cada vez maiores da sociedade, investidores e outros stakeholders, se antecipam a novas legislações que podem vir e conseguem se diferenciar no mercado internacional.
Ter uma matriz energética 48% vinda de fontes renováveis — como carvão vegetal, hidráulica, derivados de cana, eólica e solar —, enquanto a média global é de 15%, é uma vantagem para a indústria brasileira, especialmente a eletrointensiva, como de cimento, aço e químicos, que pode se diferenciar perante seus pares internacionais na jornada de descarbonização.
Para Carlos Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, empresas que estão investindo em fazer melhor gestão de insumos e principalmente descarbonizando portfólio de produtos e serviços poderão ter um diferencial competitivo importante lá na frente. “Temos alguns dos produtos menos poluentes do mundo”, diz.
Ele lembra que, em um momento em que a União Europeia já anunciou restrições para entrada de produtos intensivos em carbono na região (o chamado CBAM, mecanismo de taxação de carbono aduaneiro), o potencial do Brasil é grande. Sem contar as próprias discussões sobre o mercado nacional de carbono regulado, que pode trazer restrições às indústrias. “O Brasil tem condições de oferecer os produtos com menor pegada de carbono no mundo, e com qualidade e preço. É um diferencial competitivo, apesar de muitas pessoas não enxergarem por esse ângulo a exigência da União Europeia com o CBAM ”, aponta.
O aço vendido pela Gerdau, por exemplo, emite 0,89 tonelada de gás carbônico equivalente (tCO2e) por tonelada de produto. A média global é de 1,91 tCO2e por tonelada de aço. No caso do cimento da Votorantim Cimentos, são 579 quilos de CO2e, bem abaixo dos 633 kg CO2/t de cimento) na média global. Outra empresa do grupo Votorantim, a produtora de alumínio CBA, conseguiu chegar a uma emissão cinco vezes menor na etapa eletrointensiva (a mais poluente): emite 2,56 tCO2e para cada tonelada de alumínio líquido produzida, ante 12,8 tCO2e da prática internacional.
Para chegar a esses números, a principal estratégia das indústrias intensivas em carbono é eficiência energética combinada com troca de combustível fóssil por fontes menos poluentes. A Gerdau investiu em 2022 R$ 640 milhões em uma série de ações para melhorar sua eficiência energética nas fábricas e aumentar o volume de ativos florestais usados como biomassa nos fornos, entre outros. A meta é chegar até 2031 com 0,83 tCO2e por tonelada de aço. A siderurgia responde, sozinha, por cerca de 6,5% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em nível mundial.
“Construímos curvas marginais de abatimento de carbono nas operações, que serve como um mapa para nos direcionar às iniciativas que reduzem prazos de efeito estufa curta médio e longo pratos e dizer qual o retorno delas – de impacto ambiental e financeiro”, diz Cenira Nunes, gerente-geral de Meio Ambiente da Gerdau.
A executiva explica que a empresa também aposta em aumentar a proporção de aço reciclado no portfólio. Hoje, 71% do aço produzido pela empresa vem da sucata ferrosa — no mundo, a média é de 30%. “Somos a maior recicladora do produto na América Latina, com 11 milhões de toneladas de sucata usadas anualmente. Isso é significativo porque 1 tonelada de sucata reciclada evita emissão de 1,5 tonelada de CO2 na rota tradicional de produção”, explica a executiva.
Dos 29% de produção a partir de matéria-prima ‘virgem’, 5 pontos percentuais já são transformados com uso de carvão vegetal de plantações próprias de eucalipto da Gerdau. O uso do “biocoke” na fábrica de Ouro Branco (MG) lhe rendeu, inclusive, um prêmio
internacional de inovação em 2021 da World Steel Association. Só em 2021 foram 21 mil toneladas de biomassa incorporadas na produção do coque, suficiente para evitar a emissão de 57 mil tCO2e. O maior desafio agora, diz Nunes, está nos 24% restantes.
“Estamos estudando outros resíduos do agro para produção de coque, como café, bagaço de cana e milho”, conta. Mas há obstáculos menos controláveis, como a falta de aço para ser reciclado e tecnologias que possibilitem maior uso de alternativas de energias e captura e armazenamento de carbono.
A Votorantim Cimentos (VC) começou sua jornada de substituição de fontes de coque de petróleo em 1991. Só o processo de transformação de minerais naturais em clínquer, a base do cimento, é responsável por cerca de dois terços da geração de CO2 de uma fábrica do tipo. “Fazemos todo o possível para utilizar outros materiais para aportar energia. Usamos casca de arroz e resto da produção da colheita do algodão no Sul no Brasil, resíduos urbanos e pneus em São Paulo, e até caroço de açaí no Pará”, diz Álvaro Lorenz, diretor global de Sustentabilidade e Relações Institucionais da empresa.
O caroço do açaí já é 62% do combustível usado na conversão para clínquer na planta de Primavera (PA). Isso significa 109 milhões de quilos de combustível fóssil por ano substituídos. O “lixo” sólido urbano é outra frente de geração de energia. O plano da VC é investir R$ 977 milhões nos próximos cinco anos para ampliar globalmente a capacidade de gerenciamento de resíduos das fábricas. No Brasil, 31,3% do combustível vêm de 1,3 milhão de tonelada de biomassas e resíduos. O objetivo é atingir 53% de substituição térmica até 2030 – em 2022, o índice ficou em 26,5% na média de suas 29 operações. Desde 2019, a divisão que cuida de coprocessamento de resíduos, a Verdera, já atua como um negócio independente, inclusive com outros clientes.
Sozinho, o cimento emite 8% do CO2e no mundo. Outra indústria também bastante poluente e quem vem sendo pressionada a mudar é a química, com 7% das emissões de GEE. Por isso, boa parte dos R$ 1,4 bilhão em investimentos previstos em ESG pela Unipar, fabricante de produtos químicos como cloro, soda cáustica e PVC, deve ir para energia. A empresa quer chegar a 60% de energia de fonte renovável até 2025 nas unidades no Brasil e na Argentina. A expectativa é reduzir em 30% as emissões de CO2 das operações até 2030.
A empresa conta com três parcerias que somam investimento de R$ 2 bilhões, sendo uma com a Atlas Energy, projeto de energia solar instalada em Pirapora (MG), e outras duas com a AES, que envolvem a construção de dois parques eólicos, em Tucano (BA) e em Cajuína (RN). Juntas, as joint-ventures produzem 485 megawatts (MW) por ano, sendo 149 MW de utilização da Unipar.
Além disso, investe na geração de hidrogênio verde que será usado como insumo na produção de ácido clorídrico em Santo André (SP). Na produção de ácido clorídrico, o cloro e do hidrogênio precisam ser queimados, o que geralmente é feito com combustíveis fósseis. A companhia estabeleceu na meta de ter 80% do ácido clorídrico fabricado a partir de hidrogênio verde. A estratégia é reduzir custos com compra de energia e ganhar competitividade no exterior.
O grande questionamento de alguns especialistas, porém, na estratégia de descarbonização pela troca de fontes de energia da indústria é que são raras as empresas que já consideram neste cálculo o escopo 3, ou seja, o quanto sua cadeia de fornecedores e clientes está gerando de emissões, com transporte, consumo e lixo, por exemplo.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Presidente da Hitachi Energy no Brasil diz que país pode liderar transição energética global se mantiver investimentos no setor.
O presidente da Hitachi Energy no Brasil, José Roberto Paiva, 67 anos, avalia que o país vai dobrar sua quantidade de energia limpa até a década de 30. Segundo o executivo, o Brasil já é uma referencia global em transição energética, mas que para atingir essa expectativa é preciso intensificar os investimentos na diversificação de sua matriz, com destaque para projetos em eólicas offshore e hidrogênio verde. Ao Poder360, Paiva afirmou que a multinacional de tecnologia japonesa trabalha com uma perspectiva bastante positiva para o país nos próximos anos. de novas fronteiras energéticas da Petrobras e trabalha para expandir sua estrutura de produção de transformadores no país.
Futuras parcerias com a Petrobras Em março de 2023, a Hitachi Energy fechou o maior acordo de sua história para fornecer equipamentos para o desenvolvimento de um parque eólico offshore no litoral da Holanda. Segundo Paiva, a empresa acompanha o desenvolvimento de projetos similares na costa brasileira.
“É uma área de interesse para nós. Estamos acompanhando o que está acontecendo no offshore do Brasil, mas ainda temos uma perspectiva de que as primeiras offshores vão acontecer no final desta década”, disse o executivo.
A Petrobras, por sua vez, possui um acordo de cooperação com a Equinor para análise de até 7 projetos de geração de energia eólica offshore no litoral do país. Na visão de Paiva, é um caminho natural a companhia japonesa e a estatal brasileira firmarem parcerias nesse setor.
“Vamos ser parceiros da Petrobras no futuro, como somos parceiros de diversos investidores que estão investindo no Nordeste em solar e eólica”, afirmou Paiva.
Eletrificação de veículos
Segundo Paiva, um caminho que o Brasil precisa perseguir para atingir as expectativas de aumentar sua capacidade energética é o da eletrificação de veículos automotivos, marítimos e aéreos. Esse é um setor que, na avaliação do executivo, ainda precisa ser priorizado dentro das políticas energéticas governamentais.
Nesse sentido, Paiva sugere a exploração do hidrogênio verde no território nacional, pois o combustível terá um papel fundamental na produção de veículos modernos e menos poluentes.
“Nós estamos falando daquilo que é possível eletrificar diretamente, por exemplo, a questão dos navios, dos aviões. O hidrogênio verde vai fazer parte da produção desses navios e aviões para o futuro”, afirmou.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Texto precisa ser aprovado pelo Senado até o dia 14 para não perder validade.
A Câmara dos Deputados aprovou na última semana a Medida Provisória 1.162/2023, que reformulou o Programa Minha Casa Minha Vida. A MP perde a vigência no dia 14 de junho e ainda precisa ser votada pelo Senado. O texto autorizado é um substitutivo do relator, deputado Marangoni (União-SP), que introduziu mudanças no texto original.
Conforme era esperado e a Agência CanalEnergia já havia adiantado, foram inseridos pontos referentes a geração distribuída e acesso à energia elétrica no imóvel financiado, que havia motivado emendas.
Serão passíveis de compor o valor do investimento e o custeio da operação a execução de obras de infraestrutura como as de instalação de
equipamentos de energia fotovoltaica ou geração de energia elétrica a partir das modalidades alcançadas pela Lei nº 14.300/2022. O Fundo de
Arrendamento Residencial e o Fundo de Desenvolvimento Social poderão financiar a instalação de geradores de energia renovável aos
beneficiários do programa.
As distribuidoras serão obrigadas a comprar o excedente de energia das unidades consumidoras que são beneficiadas de programas habitacionais dos governos federal, estadual e municipal. O valor mínimo faturável aplicável aos participantes do Sistema de Compensação de Energia, inscritos no Cadastro Único, deve ter uma redução de no mínimo 50% em relação ao mínimo faturável aplicável aos demais consumidores equivalentes, conforme regulação da Aneel. Será permitido a unidade comercializar o excedente com órgãos públicos desde que seja beneficiada por programa social.
A MP também disciplinou o acesso à energia nas unidades financiadas pelo programa. Na construção subsidiada de novas casa em áreas urbanas, a distribuidora deverá fornecer a infraestrutura de rede e instalações elétricas até a porta das edificações.
A Agência Nacional de Energia Elétrica fixará regras para permitir que o empreendedor imobiliário invista nessas redes de modo a antecipar o atendimento obrigatório pela concessionária, o que deve implicar em ressarcimento. Caso a Aneel não considere a rede como de interesse apenas do empreendedor, não haverá ressarcimento.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Baterias de lítio permitem captar luz do sol e substituir o uso de diesel.
Com 8,2 milhões de hectares irrigados, o Brasil caminha para dar mais um passo rumo à sustentabilidade ao poder substituir motores à diesel por fontes limpas de energia, como o lítio, para rodar os sistemas de pivô central, o mais utilizado na irrigação de grandes áreas com monocultura de grãos.
A possibilidade foi apresentada durante a Bahia Farm Show pela Bauer do Brasil e Micropower. A tecnologia promete reduzir em até 80% o uso do combustível fóssil, evitando até 150 toneladas de CO² ao ano emitidas com irrigação. Além disso, se mostra como um recurso importante na irrigação que, em algumas regiões, é fundamental para viabilizar a produção.
De acordo com o CO-CEO da Bauer do Brasil, Rodrigo Parada, a proposta da empresa foi desenvolver uma solução de irrigação que abranja todo o processo, incluindo a disponibilidade de energia, desde a aquisição dos equipamentos até o funcionamento do sistema de irrigação.
“Permitimos hoje que uma fazenda opere em locais sem disponibilidade de rede elétrica, sem depender diretamente de recursos externos e que possa aumentar a produtividade com um custo baixo ao produtor rural", explica o executivo.
“A grande sacada com a energia solar é o incremento da bateria, onde se pode gerenciar a energia de tal maneira que, em alguns casos, nem precisa do diesel”, explica o engenheiro comercial da Micropower, Eugênio Gorgulho.
Investimento
Apesar de custar quatro vezes mais do que os sistemas à diesel, a economia com o combustível gerada pelo uso da energia solar, segundo a empresa, permite ter um retorno sobre o valor investido em até três anos.
“Com o diesel a R$ 7, em três anos usando o combustível, você vai gastar a mesma coisa que o investimento na bateria de energia solar, só que com e ela roda três anos ainda”, detalha Gorgulho. Ele vê o oeste baiano como uma “cereja do bolo” do mercado de energia solar no Brasil.
“Essa região é a mais ensolarada do Brasil, com maior índice de insolação. Luis Eduardo Magalhães chega a ter duas vezes mais sol que Joinville, então, uma placa solar instalada aqui gera duas vezes mais energia do que uma placa instalada na cidade catarinense", reitera.
Gorgulho cita casos de fazendas da região baiana que já utilizam placas solares, o que facilita a migração de motores à diesel para baterias de energia solar. De acordo com o engenheiro, a instalação deste modelo mais sustentável pode levar até três meses, enquanto o prazo da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) é de três anos.
Com 10,4 mil mega watt de potência instalada, a Bahia é hoje o terceiro estado no Brasil em geração centralizada de energia solar, quando é produzida em larga escala para posterior distribuição. Já na geração distribuída, em que é instalada em residências e estabelecimentos para uso próprio com envio do excedente para rede de distribuição, o estado é o oitavo no país, com 684,5 mega watts instalados.
“Para nós, hoje, Luís Eduardo Magalhães é o maior mercado do Brasil. A cidade é o foco da era solar e da irrigação. Todo mundo hoje enxerga o oeste da Bahia, Sul do Maranhão, Tocantins e Piauí como a cereja do bolo da energia e todo mundo virá para cá. Estamos nos antecipando com a bateria e apostamos para daqui uns anos que seja comum para todos os sistemas de irrigação, eliminando o diesel”, completa Gorgulho.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica, há 139 GW previstos de novas ofertas até 2029, equivalente a 70% da atual capacidade de geração.
O forte crescimento da capacidade de geração de energia que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos é muito superior que o aumento da demanda. Um dos fatores é o baixo crescimento da economia do país no período. Isso criou um cenário de sobreoferta de eletricidade que já está preocupa investidores e agentes do setor.
O país tem hoje 193 gigawatts (GW) de capacidade instalada. Além disso, há mais de 139 GW previstos em projetos até 2029, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Com tanta energia disponível, os preços no mercado de curto prazo caíram a ponto de inviabilizar o custo marginal de expansão e algumas empresas já estão revendo seus planos de negócio.
Em evento do setor no começo do mês, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, chegou a propor uma pausa no crescimento da oferta. Se por um lado, o excesso de energia trouxe para grandes consumidores industriais o tão esperado “choque de energia barata”; por outro, está deixando a conta de luz do consumidor atendido pelas distribuidoras cada vez mais alta.
O paradoxo se explica por conta dos subsídios dados a determinados setores, que tem feito com que os consumidores migrem do mercado regulado (aquele atendido pelas distribuidoras) para o mercado livre (onde é possível pode escolher de quem comprar) deixando os custos de segurança e expansão do sistema aos clientes comuns.
Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), as empresas concessionárias estão com sobra de energia contratada até 2025 em razão da perda de clientes. Soma-se a isso outro fator: a expansão da geração distribuída - principalmente a partir de pequenos sistemas fotovoltaicos de geração própria em telhados, fachadas e pequenos terrenos - tem corroído o mercado das distribuidoras.
Em alguns casos, essa energia nova se tornou mais barata que a existente, deslocando-a comercialmente e contribuindo para o aumento da oferta total. É um problema decorrente do excesso de entrada de renováveis intermitentes, que têm preferência no despacho porque não tem como ser armazenada. O CEO da Engie, Eduardo Sattamini, reclama deste brutal excesso de oferta e faz um alerta.
“O excesso de oferta é danoso ao ambiente de investimentos do setor elétrico brasileiro. Nos próximos meses, muitos dos projetos que estavam sendo desenvolvidos e alguns até com início de construção programado e com o contrato de transmissão do sistema feito serão cancelados”, prevê o executivo.
O ex-diretor da Aneel, Edvaldo Santana, diz que a oferta de hoje é para um consumo que só acontecerá em 2031. Nas palavras dele, isso provoca uma um tipo de “canibalismo” no setor de oferta maior do que a demanda, custo de geração caindo e tarifa aumentando.
“A grande indústria que tiver a chance de comprar energia está ganhando. Nunca o segmento do mercado livre pagou tão pouco por um contrato de energia como agora (...). Por outro lado, o excesso de subsídios está levando a uma sobreoferta, que vai significar uma queda de preços no mercado livre e a frustração de investimentos”, resume Santana.
A agência do setor está propondo em consulta pública o chamado “dia do perdão” para geradores de energia renovável. A corrida ao ouro para obtenção de outorgas por causa do fim de descontos nas tarifas levou ao acúmulo de contratos de transmissão, porém a forte queda nos preços de energia diminuiu a viabilidade econômica de alguns projetos. A ideia seria evitar judicialização e liberar margem de escoamento de energia no sistema de transmissão.
Por parte das fabricantes, o diretor-presidente da Nordex, Felipe Ramalho, acredita que o que está criando sobreoferta de energia são os reservatórios das hidrelétricas que estão com os maiores volumes da última década. Ele espera que 2023 apresente contratações pontuais de turbinas eólicas, por clientes que tenham projetos com alto nível de maturidade, com licenças já obtidas e conexão garantida.
“Por conta disso e dos juros nas alturas, pode haver uma desaceleração na venda de turbinas eólicas no curto prazo, pois os fabricantes de turbinas eólicas dependem de clientes que vendem energia ao mercado, e se o preço da energia está muito baixo e os juros altos, as taxas de retorno dos nossos clientes ficam menos atrativas no curto prazo e os investidores postergam a decisão de investir.”
O presidente da consultoria PSR, Luiz Barroso, faz uma reflexão preocupante de que futuramente pode entrar nova oferta de energia de forma compulsória, como os 8 GW de térmicas a gás previstas na privatização da Eletrobras, e a usina nuclear de Angra 3, o que pode tornar este momento ainda mais severo.
“Uma alternativa para atenuar o cenário de sobreoferta, pelo lado da oferta, seria a redução imediata dos subsídios e de qualquer obrigação de compra compulsória de energia sem necessidade de demanda. Pelo lado da demanda, a opção de curto prazo seria aumentar a exportação de energia a países vizinhos e buscar aumento de consumo local em segmentos que se beneficiem imediatamente de energia barata, como os setores alimentício e comercial”, diz.
Pensando no médio e longo prazos, Barroso sugere um processo de reindustrialização do Brasil para aumentar a base de consumo, com o crescimento da eletrificação da economia, incluindo transporte e novos produtos energéticos - que são eletrointensivos - como a produção de hidrogênio, em especial o verde, a partir da eletrólise.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Grupo será responsável por deliberar os procedimentos necessários para a preparação da infraestrutura e logística da COP-30.
O presidente da república, Luis Inácio Lula da Silva, assinou um decreto para a criação de um conselho nacional para a 30ª Conferência das
Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), que será realizada em Belém, no Pará, em 2025.
O grupo será composto por titulares da Casa Civil da Presidência da República, Ministério das Cidades, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Ministério do Planejamento e Orçamento e Ministério das Relações Exteriores.
O conselho será responsável por acompanhar as etapas de indicação e de confirmação da cidade sede junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e promover a interlocução com os órgãos e as entidades federais, estaduais, distritais e municipais. Além de aprovar o plano de atividades para a realização da COP30 e deliberar sobre os procedimentos necessários para a preparação da infraestrutura e da logística da COP-30.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Salto na geração de renováveis em 2022 reforça entrada global na era da energia limpa.
Este ano pode marcar uma virada na matriz energética global em direção a uma energia mais limpa. Os crescentes investimentos em energia eólica e solar elevaram a participação combinada destas fontes para 13% na geração de eletricidade consumida pelos países do G-20, comparado a 5% em 2015, ano em que foi assinado o Acordo de Paris.
No mesmo período, a fatia do carvão caiu de 43% para 39%. É o que revela a quarta edição anual da Global Electricity Review, um relatório produzido pelo “think tank” de energia Ember. As participações de outras fontes de energia elétrica permaneceram praticamente estáveis, com flutuações de apenas um ou dois pontos percentuais.
O estudo analisa 78 países, que respondem por 93% do consumo global de eletricidade, aprofundando na análise dos dez maiores emissores de dióxido de carbono (CO2), que respondem por mais de 80% das emissões globais.
O setor energético é apontado como o que mais precisa ser “limpo” de fontes de origem fóssil para atingir o objetivo de estancar o aquecimento global em 1,5ºC até 2100 por meio de medidas para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), como o CO2. Este foi o compromisso firmado por 192 países no Acordo de Paris.
De lá para cá, a participação da energia solar na eletricidade global quadruplicou. Passou de 1,1% em 2015 para 4,5% em 2022. O peso da eólica mais que dobrou no mesmo período, de 3,5% para 7,6%. Em 2022, a geração solar aumentou em 24%, tornando-se a fonte de eletricidade que mais cresce há 18 anos, enquanto a geração eólica avança 17%.
A descarbonização do setor elétrico, que já estava em andamento, ganhou um impulso com o crescimento recorde da eólica e solar. O aumento da participação destas fontes limpas e renováveis resultou indiretamente na queda da intensidade de carbono da geração global de eletricidade para 436 gCO2/kWh (medida da quantidade de CO2 que se produz para geração de um quilowatt-hora) em 2022. É a eletricidade mais limpa de todos os tempos, segundo o estudo.
A Ember inclui a energia nuclear entre as fontes limpas, o que tem sido motivo de polêmica. Mas se somadas, renováveis e nucleares elevam a participação das fontes limpas a 39% da eletricidade global, também recorde. “É o início do fim da era fóssil. Estamos entrando na era da energia limpa”, diz, a analista sênior da Ember, Malgorzata Wiatros-Motyka.
Ao analisar os dados da Ember, a cientista Ana Flavia Nogueira é mais cautelosa. “Esse é o momento da transição energética”. Ela é diretora do Center for Innovation on New Energies (Cine) e pesquisadora da Unicamp na área de química na aplicação de nanomateriais para a conversão de energia solar.
“O mundo percebeu que não dá mais para a gente gerar energia só queimando combustível fóssil”, aponta Nogueira. O declínio na geração de combustíveis fósseis é o esperado, destacou ela, ponderando que, por outro lado, as energias renováveis ainda não conseguem mover indústrias importantes como aviação e navegação.
Conforme o relatório da Ember, entre os países do G-20, o progresso em direção à energia eólica e solar é misto. A liderança está na União Europeia, que gerou 22% de sua eletricidade a partir destas fontes em 2022. Na América Latina, Uruguai (36%), Chile (28%), Brasil (15%) e Argentina (12%) estão na média global ou pouco acima.
Com uma matriz majoritariamente limpa, proveniente (80%) de hidrelétrica e biomassa, o Brasil está bem posicionado no cenário de descarbonização energética em relação à maioria dos signatários do Acordo de Paris. Estatísticas da Agência Internacional de Energia (IEA) indicam que em 2021 a geração eólica representava cerca de 15% do total de renováveis no país, enquanto a solar, 2,8%.
Tanto a geração eólica como a solar têm crescido em ritmo acelerado, com potencial para ampliação ainda maior nos próximos anos, diz Talita Porto, vice-presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). “O mercado eólico, por ser um pouco mais maduro, já conta com uma indústria nacional e uma cadeia de suprimentos muito bem estruturada e, portanto, é natural que ganhe novas usinas com maior rapidez, aumentando a capacidade instalada da fonte e, naturalmente, a produção de energia”, afirma.
Segundo Porto, a tecnologia solar fotovoltaica é mais recente e começou a se consolidar na segunda metade da década passada. “Mesmo seguindo um ritmo de expansão surpreendente, ainda não tem o mesmo tamanho dos demais segmentos de geração”, diz ela, apontando para o potencial de crescimento desse mercado.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Presidente do Fase também alertou para necessidade de modernização do modelo.
De acordo com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Efrain Cruz, o momento atual é considerado o ideal para que o agentes do setor reflitam sobre as diretrizes que o setor vai tomar para as próximas gerações. Segundo ele, a garantia de suprimento para os próximos anos e a carga estabilizada torna o ambiente confortável para o debate. “Esse é o momento de um grande acordo no setor. Precisamos que todos reflitam o caminhos que estamos trilhando, como se dará o setor nos próximos anos”, explica Cruz, que participou de forma virtual da abertura do Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, no Rio de Janeiro (RJ), nesta quinta-feira, 01 de junho.
Segundo o secretário, hoje existem assimetrias no setor, com subsídios eternizados que distorcem o modelo tarifário, além de fortes penetrações de energias renováveis e geração distribuída, que acabaram trazendo grandes desafios para a gestão, regulação e operação do setor. Esse acordo faria com que alguns tivessem que abrir mão de algo em prol do setor. Ainda de acordo com Cruz, um crescimento econômico de 3% a 4% demandaria uma expansão de 5 a 7 GW por ano. “Isso traria uma retomada do nosso setor sob o ponto de vista da expansão da geração”.
O programa ‘Gás para empregar’ também foi citado por ele. A política quer contribuir para a reindustrialização do país. O secretário-executivo almeja um preço de gás mais competitivo, saindo dos atuais US$ 14 para em torno de US$ 6 a US$ 8, de forma que a indústria não tenha que importar seus insumos.
A modernização do setor não foi um pedido apenas do Efrain Cruz, O presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico, Mario Menel, lembrou que o PL 414, que moderniza o setor, corre o risco de ficar ultrapassado. “Precisamos de um novo rearranjo do setor”, comenta. Menel frisou que o atual modelo já tem 19 anos, o que pede uma reestruturação. Apesar dessa demora na atualização e os problemas enfrentados, o setor elétrico ainda atrai significativos investimentos.
Ele recordou dois momentos anteriores de novos regramentos. O primeiro, o do Reseb, quando uma consultoria independente foi contratada e os agentes puderam fazer um grande debate. Já o segundo – que culminou no modelo atual – foi mais restritivo porém aproveitou o que havia de bom no modelo anterior e acrescentou novas regras que vigoram até hoje. “Seja qual for o modelo, precisamos reestruturar o setor elétrico”, adverte. Ainda segundo Menel, a transição energética já foi feita pelo setor elétrico, cabendo o que ele pode fazer por outros setores nessa seara, como na mobilidade.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Investimentos para atender grandes consumidores pressionam conta de luz de clientes comuns.
O crescimento da capacidade de geração de energia para atender grandes consumidores se tornou um problema para o setor elétrico brasileiro e autoridades já falam em encontrar maneiras para interromper o fluxo de novos investimentos.
Com a demanda estagnada pela desaceleração econômica, os novos projetos entram no sistema para competir com energia velha, o que levou a um cenário de sobreoferta de eletricidade no país, que onera ainda mais a conta de luz.
Segundo estimativa da consultoria PSR, o excedente de oferta no mercado regulado gira hoje em torno de 27% e deve bater 30% em 2025. O cenário reflete tanto razões conjunturais, como o elevado nível dos reservatórios, quanto estruturais, como o aumento da oferta de renováveis.
O tema foi citado como uma das principais preocupações do setor no Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, no Rio de Janeiro. O diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, chegou a propor pausar o crescimento da oferta.
A explosão de investimentos em renováveis para grandes consumidores responde ao elevado custo da energia no mercado regulado, aquele atendido pelas distribuidoras. É incentivada também por subsídios a consumidores que optem por essas fontes de suprimento.
O presidente da Abradee (Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica), Marcos Madureira, diz que o processo gera um círculo vicioso: quanto mais consumidores deixam o mercado regulado, mais cara fica a energia para quem fica, levando mais empresas a cogitar sair.
"Quando um consumidor vai para o mercado livre, deixa a conta para quem fica", afirma. A situação se agrava em um momento de reservatórios cheios e preços baixos da energia, porque as distribuidoras são obrigadas a vender a sobra no mercado livre.
Isto é, energia que o consumidor comprou, em média, a R$ 260 por MWh acaba sendo negociada com prejuízo, a R$ 69 por MWh, preço mínimo do mercado livre, vigente atualmente.
Além disso e dos subsídios na transmissão, o consumidor comum ainda paga os custos da expansão do sistema de transmissão para transportar a produção das novas usinas renováveis construídas para atender ao mercado livre.
"A expansão da transmissão não está sendo feita para atender a demanda, mas para viabilizar esses novos projetos de geração", diz Madureira. Projetos hidrelétricos também perdem competitividade, por não conseguirem concorrer com os R$ 140 por MWh das novas fontes renováveis, acrescenta.
O secretário-executivo do MME (Ministério de Minas e Energia), Efrain Cruz, fez um apelo aos agentes do setor que debatam um "grande acordo" para reduzir essas assimetrias, que vêm encarecendo as tarifas, principalmente dos clientes que não têm condições de sair das distribuidoras.
"Não podemos deixar as assimetrias do setor elétrico recaírem sobre os mais carentes", afirmou. "Não podemos ter distorções que façam com que os mais pobres paguem mais do que aqueles que realmente podem."
Ele questionou que grandes empresas beneficiadas pelos subsídios usem as renováveis para passar uma imagem de sustentáveis e adequadas às regras de ESG, enquanto contribuem para distorcer o mercado. "Precisamos que todos reflitam o caminho que estamos trilhando."
Sandoval afirmou que a Aneel não tem muitos elementos para mudar o cenário, já que subsídios foram aprovados pelo Congresso e que os contratos das distribuidoras têm que ser cumpridos, e pediu maior atenção de governo e Congresso ao tema. "A Aneel cumpre a lei."
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
O economista-chefe frisou, no entanto, que para tirar partido desse cenário econômico positivo é necessário manter agências reguladoras independentes.
O Brasil está no “melhor dos mundos” no que diz respeito às oportunidades abertas no setor energético, conjugando possibilidades de crescimento tanto no segmento petrolífero como no de energias renováveis, afirmou o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida. Em participação por vídeo no Fórum Brasileiro Líderes em Energia, realizado num hotel da zona sul do Rio, Mansueto destacou um cenário “muito positivo” para o futuro do setor.
“Ao contrário de vários países, o Brasil vai ter nos próximos anos um crescimento muito forte do que a gente chama de energia antiga, que é a energia ligada ao petróleo, de todo o investimento que a gente fez no pré-sal ao longo dos últimos 12 anos. A curva de produção de petróleo no Brasil vai aumentar”, afirmou o ex-secretário do Tesouro Nacional. “E a gente vai ter um crescimento muito forte da energia limpa, da energia renovável, eólica e solar. Então a gente está no melhor dos mundos”.
Mansueto afirmou que, além dos investidores internacionais do segmento de renováveis, todas as grandes petroleiras que passam por um processo de transição energética “estão olhando para o Brasil”. O economista-chefe frisou, no entanto, que para tirar partido desse cenário econômico positivo é necessário manter agências reguladoras independentes.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Levantamento da EPE constata que PCHs chegam a ter mais que o dobro da produção por área inundada que as grandes UHEs mais produtivas.
Os estudos da EPE referentes a PCHs e CGHs, publicados esta semana no Caderno de Tecnologias de Geração, mostram que mais de um quarto das PCHs cadastradas nos quatro últimos leilões de energia nova (desde 2018) possuem um índice de produção, representado pela relação entre a capacidade instalada e a área do reservatório (MW/km2), superior a 25 MW/km2.
De acordo com o trabalho, o índice de produção das usinas pequenas “em muitos casos é superior a diversas UHEs consideradas de alto índice [de produção]”. O texto dá como exemplos as UHEs Itaipu, cujo índice é de 10,4 MW/km2, Teles Pires (13,5 MW/km2), Foz do Areia (10,9 MW/km2) e Ferreira Gomes (14,2 MW/km2). Ainda segundo o estudo, os projetos de PCH/CGH cadastrados nos leilões a partir de 2017 possuem áreas inundadas por seus reservatórios inferiores a 15 km2.
As informações referentes aos índices de produção são apenas uma pequena parte do levantamento histórico que o trabalho apresenta sobre as tecnologias de geração das hidrelétricas e das demais fontes. Em relação às turbinas utilizadas nas PCHs/CGHs, o estudo constata que a maioria usa os tipos Francis ou Kaplan.
O trabalho constata que as turbinas desses projetos estudados apresentam rendimento nominal entre 90% e 94%, sendo que nas turbinas Francis horizontais simples há uma concentração em 92%, chegando a 93% nos projetos mais recentes.
Nas turbinas tipo Francis Dupla, o estudo constata que há também um aparente aumento do rendimento nos projetos mais novos, com a ressalva de que a amostra é muito pequena. Já para as turbinas Kaplan, a constatação foi de rendimentos entre 92% e 93%, sem evidência de variação em relação ao ano de cadastramento.
Entre os tipos de barragens, predominam entre as PCHs as de terra/enrocamento e as de concreto convencional/terra, com altura máxima de 55 metros e comprimento da crista de até 1.500 metros. Já nas CGHs, as barragens são predominantemente de concreto convencional, com altura máxima inferior a 20 metros e comprimento da crista abaixo de 200 metros.
Entre as PCHs, o fator de capacidade, representado pela relação entre a garantia física e a potência instalada, fica, em média, próximo a 55%, dentro dos limites preconizados pelas Diretrizes para Estudos e Projetos de PCHs e próximo à maioria das hidrelétricas do SIN. Mas entre as CGHs há casos em que o fator de capacidade passa de 90%.
O estudo constatou ainda que entre as CGHs, muitas têm capacidade instalada no limite para dispensa de autorização da Aneel (5 MW), o que pode significar uma intencional motorização abaixo das possibilidades das afluências. Exceções seriam os casos de usinas no limite de CGHs por aproveitarem uma vazão remanescente ou um trecho de vazão reduzida constante, proveniente de outra usina.
Segundo o caderno da EPE, o potencial de PCHs brasileiro é atualmente de 14 GW, ressalvando que “possivelmente, nem todo esse potencial terá viabilidade técnica, econômica e ambiental para ser implementado”.
Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina são os estados com maior potencial, sendo que na região Sul as pequenas hidrelétricas apresentam a característica de registrarem as maiores vazões médias entre maio e novembro, o que significa uma complementariedade em relação às demais hidrelétricas do SIN.
Fonte e Imagem: Energia Hoje.
Hoje, 80% de todos os projetos em desenvolvimento são destinados à geração de energia limpa.
Estamos vivendo um momento especial para a matriz energética brasileira. O país bateu recorde histórico de exploração e produção de petróleo, no início de 2023, o que gerou um crescimento exponencial na demanda de serviços e conservação, não apenas nas plataformas de petróleo, como também na área de refino, com unidades privatizadas e mistas, onde há grandes oportunidades nas paradas de manutenção de plataformas de petróleo, bem como em flotéis (embarcação acoplada às plataformas para assistência aos colaboradores).
Em relação ao segmento de energia elétrica, a demanda é ainda maior, pois o país vem recebendo muitos investimentos para o desenvolvimento de sua matriz energética, especialmente no campo das energias limpas e renováveis. Segundo a Aneel, 80% de todos os projetos em desenvolvimento são destinados à geração limpa. Isso representa uma virada sem precedentes na matriz energética brasileira.
De acordo com o IPCC, sigla que representa o Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas, as maiores causas do aumento exponencial dos níveis de gases com efeito estufa na atmosfera são, além da queima de combustíveis fósseis, as alterações ao nível da utilização dos solos e das florestas, bem como os processos industriais. Com isso, os níveis de dióxido de carbono (CO2) aumentaram 47,3% e atingiram médias anuais de 410 partes por milhão. O metano (CH4) atingiu uma média de 1866 partes por mil milhões, até 157,8%.
A dependência dos combustíveis fósseis está na origem das alterações climáticas: em 2019, o carvão, o petróleo e o gás contribuíram para mais de 80% de todas as emissões de CO2 relacionadas com a atividade humana. Certamente, os altos investimentos em geração de energia solar promovem enorme oportunidade para as empresas atuarem na descarbonização e, consequentemente, na transição para a energia limpa. O mercado é muito promissor, com mais de 35% de energia eólica e 28% de fotovoltaica. Ano passado, o país registrou expansão de mais de 8 mil MW em sua matriz energética. A energia eólica e solar podem proporcionar mais de um terço dos cortes de emissões necessários até 2030 para limitar o aquecimento global a 1,5 graus.
Os mercados de crédito de carbono também permitem que empresas, organizações e indivíduos compensem as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) a partir da aquisição de créditos gerados por projetos de redução de emissões e/ou de captura de carbono.
A ideia por trás deles é transferir o custo social das emissões para os agentes emissores, ajudando a conter o aquecimento global e as mudanças climáticas. Há dois tipos de mercado de carbono: o regulado (preço definido pelo órgão regulador), e o voluntário (preço negociado em contrato, por projeto).
Apenas em 2022, o país gerou 89% de sua eletricidade a partir de fontes limpas, o que inclui 63% de energia hidrelétrica, 12% de energia eólica e 3% de energia solar. Os combustíveis fósseis foram responsáveis por 11% da geração do Brasil, sendo a maior parte em gás (7%). Os dados são da quarta edição anual da Global Electricity Review. Fato é que o Brasil tem potencial para liderar a corrida global pela matriz energética limpa.
Uma significativa transformação tecnológica está em curso e importantes empresas e novos empreendedores em setores de equipamentos de geração, mineração, metalurgia e automotivo, entre outros, vêm aproveitando as oportunidades e investindo pesadamente em P&D e novos projetos.
As baterias e células de combustível de hidrogênio estão no centro da transição energética, pois são necessárias para estabilizar a corrente elétrica produzida por meio de fontes solar e eólica, além de acumuladores de energia para locomoção de veículos. Exigem, juntamente com novos equipamentos de geração de energia, o emprego de minerais como lítio, grafite, cobalto, níquel, manganês, elementos de terras raras e cobre.
O Brasil possui importantes reservas desses minerais: lítio 8%; grafite 27%; cobalto, ainda pouco representativo; níquel 15%; manganês 18%; terras raras 20%; cobre: o Brasil é o 10º produtor, mas as reservas são pouco expressivas. Esse cenário deve ser considerado nas análises sobre novas oportunidades e novos negócios nos setores de energia e mineração.
A viabilização do uso do hidrogênio como energético, dentre outros desafios, depende de sua produção com baixa emissão de carbono, uma vez que é derivado de elementos como a água e o metano, maior componente do gás natural. A produção ocorre por meio da eletrólise da água, que requer uma fonte de eletricidade limpa, como solar e eólica. É o chamado hidrogênio verde.
A região Nordeste do Brasil possui potencial para esse tipo de geração, com capacidade de exportação para o mercado europeu, o que daria uma vantagem competitiva ao país nesse tipo de produção. No entanto, ainda são necessários investimentos tecnológicos para viabilizar uma produção em larga escala.
Outra via de produção é derivada da reforma do gás natural, que respondeu por mais de 80% de todo o hidrogênio produzido no mundo em 2020. Como esse processo emite CO2, precisa estar atrelado ao uso de CCUS - Carbon capture, utilisation and storage, que, em português, podemos traduzir para captura, utilização e armazenamento de carbono, garantindo a produção do hidrogênio com baixos níveis de emissão e a custos competitivos. Essa via é estratégica, pois permite escala ao uso do hidrogênio como energético e, consequentemente, promove a transição para uma economia de baixo carbono. As enormes reservas de gás natural do pré-sal favorecem que o Brasil também seja um grande produtor de hidrogênio a partir dessa rota.
Por fim, é importante ressaltar que o padrão de emissões brasileiro é muito diferente do cenário global. Na média mundial, 80% das emissões vêm do setor de energia. Como o Brasil possui uma matriz energética bastante limpa, o setor é responsável por apenas 19% das emissões. Assim, a chance de potencializar inúmeras oportunidades competitivas que impulsionem o mercado de energia limpa e renovável no Brasil são imensas e podem posicionar o país como um dos principais atores no enfrentamento do aquecimento global.
Ricardo Moreira é CEO da Manserv Industrial, formado em Ciências Jurídicas, MBA em Administração de Negócios (Ohio) e especialista em Agile Transformation pela Harvard Business School.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Projeto será precedido por marco legal.
Em congresso nesta quarta-feira (31), o secretário de Planejamento e Transição Energética do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, garantiu que o governo está comprometido com um plano trienal de ações para o uso de hidrogênio verde na transição energética.
“Vamos, obviamente, começar com uma proposta de aprimoramento e implementação de um marco legal do hidrogênio de baixo carbono. Isso é fundamental para dar segurança jurídica e um norte para os investimentos”, disse o secretário, em participação por vídeo no 3º Congresso Brasileiro de Hidrogênio, Transição Energética, Descarbonização e Reindustrialização, em Maricá, no Rio de Janeiro.
O secretário explica que o plano também prevê a mobilização de recursos em pesquisa e desenvolvimento para o hidrogênio.
Transição energética
A Política Nacional de Transição Energética do governo federal inclui o Programa Nacional de Hidrogênio como uma peça importante em compromissos como a busca por acelerar o alcance de tecnologias de baixo carbono. Esta transição prevê a passagem do uso de energias fósseis para o uso de energias sustentáveis, ou descarbonizadas.
O secretário detalhou que a política está baseada em dois eixos. Um é a transformação setorial, que inclui a descarbonização da indústria de óleo e gás. O outro é o ambiente favorável, que pretende reunir instrumentos setoriais e transversais, fundamentais na criação das condições para ocorrerem os investimentos e a redução dos custos das novas tecnologias de baixo carbono.
“Aí estamos falando desde o aprimoramento do planejamento dos instrumentos de diálogo e transparência, estrutura tributária, acesso a financiamento de baixo custo, a cooperação internacional, questões como aprimoramento de marcos legais e regulatórios para o hidrogênio, os combustíveis e o mercado de baixo carbono”, explicou.
Competitividade
Segundo o secretário, mais de 40% das reduções das emissões de carbono na produção e uso de energia ainda dependem de energias e tecnologias ou modelos de negócios que não estão maduros ou competitivos.
“Nós precisamos preparar este terreno e é aí que recai a importância do Programa Nacional de Hidrogênio, que tem governança inclusiva com um comitê gestor de ampla participação da academia e dos ministérios, uma estrutura com seis eixos que vão cobrir desde desenvolvimento tecnológico, formação profissional, planejamento, estrutura legal e regulatória, desenvolvimento de mercado, cooperação internacional e contando com estruturas de câmaras técnicas lideradas pelos mais diversos ministérios para que possamos dar um olhar transversal, bastante abrangente e holístico para as oportunidades de baixo carbono”.
Desafio
O secretário destacou, no entanto, que há desafios que precisam ser superados, como identificar os setores de potenciais consumidores do hidrogênio de baixo carbono e incorporar o prêmio de qualidade ambiental do produto brasileiro na cadeia de valor. “Eu diria que esse é um dos grandes desafios que temos, que é precificar e conseguir que esse hidrogênio possa ser internalizado nas cadeias de valor. O Brasil tem o potencial de ofertante, mas precisamos conseguir as pontes com segmentos que vão demandar o hidrogênio e precificar a qualidade ambiental do produto brasileiro”, pontuou.
Hidrogênio
O hidrogênio é um elemento químico que pode ser usado como combustível. Sua obtenção é feita de várias formas, entre elas por transformação de combustíveis fósseis, com extração do hidrogênio e liberação de gás carbônico na atmosfera, ou de forma limpa, por eletrólise da água, com a separação de hidrogênio e oxigênio, e por biomassa, com extração do hidrogênio e transformação do carbono em produto sólido.
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
Sandoval Feitosa, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), afirmou nesta terça-feira, 30, que o Brasil tem “uma “sobra” gigantesca de energia. Ele ainda citou o potencial do País para novas tecnologias, como a exploração das eólicas offshore. Contudo, defendeu que o crescimento deve ser eficiente, com uma legislação que não preveja subsídios.
“Estamos num momento hoje com uma oferta estrutural e conjuntural de energia. Está sobrando energia no País, estou falando em um contexto mais amplo, é claro que em alguns locais pode haver algum problema, mas temos uma sobreoferta gigantesca”, disse em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado. “O que temos que fazer é permitir que Brasil cresça.”
Segundo dados apresentados pelo diretor, o País tem hoje 180 gigawatts (GW) de capacidade instalada. Além disso, há mais de 240 GW previstos em projetos aprovados e em análise pela agência.
“Temos uma capacidade de projetos maior do que nossa capacidade instalada. Isso sem falar de outros projetos hidrelétricos que podem ser viabilizados, sem falar da exploração eólica offshore. Então esse é o ambiente que nós temos. Temos um bom problema pela frente. O bom problema é fazer uma legislação que permita o crescimento eficiente, sem subsídios”, disse.
Em meio a duras críticas de senadores presentes na Comissão, que questionam a agência reguladora sobre os valores pagos pelos consumidores, Feitosa afirmou que a Aneel é a autoridade tarifária do setor elétrico brasileiro. Contudo, reforçou que a agência apenas segue as diretrizes postas em leis e em políticas do governo federal.
“É a Aneel que define tarifas. No momento em que falei que não tem discricionariedade é que, uma vez que o Congresso insere um custo por lei, sou obrigado a colocar na tarifa. Quando o MME [Ministério de Minas e Energia], por meio da Empresa de Pesquisa Energética, define pela contratação de linhas de transmissão, sou obrigado a fazer o leilão e aquele custo sou obrigado a lançar na tarifa”, exemplificou.
Feitosa repetiu que a agência reguladora está à disposição dos parlamentares para formular os cálculos possíveis para que possam ser encontradas soluções para as distorções nas contas de luz e custos embutidos. “Não temos nenhum interesse em aplicar tarifas mais altas para nenhum lugar do País.”
Fonte e Imagem: Estadão.
Novidade da 20ª edição é um segundo palco com conteúdos específicos como H2 verde, gás natural e mobilidade elétrica.
A 20ª edição do principal evento político-regulatório do setor elétrico acontecerá nos dias 21 e 22 de junho no Hotel Windson Oceânico,
localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Com o tema central “construindo caminhos para o futuro do setor elétrico brasileiro”, o
encontro promovido pelo Grupo CanalEnergia/Informa Markets reunirá as principais autoridades no assunto para tratar dos desafios e
oportunidades no curto, médio e longo prazo. As inscrições estão abertas e podem ser efetuadas no site do evento, onde consta toda
programação, que está 90% definida.
O evento se consolida no formato híbrido, trazendo experiências aos participantes nos ambientes físico e digital simultaneamente, dividido em dois dias. Além dos painéis da Plenária, uma novidade neste ano será um segundo ambiente, o Arena Enase, que trará conteúdos exclusivos para ampliar a discussão de temas específicos e relevantes para o mercado, como nos casos do hidrogênio verde, gás natural e mobilidade elétrica. Entre os debatedores estão lideranças da Eneva, Atlas Renewable Energy, Comgás, Lactec e Ágora Comercializadora.
Programação
A abertura do Enase 2023 trará uma visão geral de alguns subtemas da transição energética sob ponto de vista de nomes como Sandoval Feitosa, da Aneel, Luiz Carlos Ciocchi, do ONS, Alexandre Ramos, da CCEE e Angela Livino, da EPE. Já na parte da tarde haverá debate entre as associações do setor Abraceel, Abiape/Fase, ABCE, ABDIB e Apine sobre os rumos do mercado, com nomes já consagrados do evento como Rodrigo Ferreira, Mario Menel, Alexei Vivian, Guilherme Velho e Max Xavier Lins.
Ainda está prevista uma palestra sobre Net Zero com o líder de energia da consultoria PwC, Adriano Correia, seguido por um debate entre
ABEEólica, Absolar, ABRAPCH, Abragel e Abraget, nas figuras de Elbia Gannoum, Rodrigo Sauaia, Alessandra Torres, Charles Lenzi e Xisto
Vieira. Depois, um painel comemorativo dos 20 anos do evento encerra o primeiro dia, tendo como convidados Luiz Barroso, fundador da PSR, Jerson Kelman, Ex-diretor geral da ANA e Aneel, Joisa Dutra Saraiva, diretora na FGV/CERI, Edvaldo Santana, da Neal Consultoria, e Leontina Pinto, diretora executiva de Pesquisa e Desenvolvimento na consultoria Engenho.
O dia 22 começa com o tradicional Fórum de CEOs, com as presenças de Wilson Ferreira Jr, da Eletrobras, Mauricio Tolmasquim, diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, além de Solange Ribeiro, vice-presidente da Neoenergia, e Fernando Cezar Maia, vice-presidente de Regulação do Grupo Energisa. Ao final da manhã o tema será a renovação das concessões, com uma palestra do presidente da Thymos Energia, João Carlos Melo, e posterior discussão entre o presidente da Abradee, Marcos Madureira, presidente da Abrage, Flavio Neiva, e o diretor de Assuntos Econômico e Financeiros da Abrate, Tiago Aragão Soares.
Na parte da tarde haverá uma apresentação do sócio da Excelência Energética, Érico de Brito, abordando o novo mercado livre de energia com a abertura da Alta Tensão. O debate posterior será entre líderes de associações como Abrace, Anace, ABGD e Abaque: Paulo Pedrosa, Carlos Faria, Carlos Evangelista e Carlos Brandão. A última palestra será “atingindo as metas do carbono neutro e garantindo a segurança do sistema”, de Rafael Kelman, da PSR, seguida pelo debate entre a ABCM, Abdan, Abren e Cogen, nas presenças confirmadas de Fernando Luiz Zancan, Celso Cunha, Yuri Schmitke e Newton Duarte.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Segundo levantamento, tecnologia está presente em 5.527 municípios e representa R$ 29,3 bi em arrecadação aos cofres públicos.
A energia solar ultrapassou a marca de 21 GW (gigawatts) de potência de geração de energia distribuída, segundo mapeamento da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), o que representa 9,4% da matriz elétrica do país.
A energia distribuída é aquela referente a instalações feitas pelo próprio consumidor em residências, comércios, produções rurais, prédios públicos e pequenos terrenos no Brasil.
Pelo mapeamento, a tecnologia solar fotovoltaica já está presente em 5.527 municípios e em todos os Estados brasileiros, sendo que os líderes em potência instalada são, respectivamente: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
No total, o Brasil tem mais de 1,9 milhão de sistemas fotovoltaicos conectados à rede. Foram cerca de R$ 105,8 bilhões em novos investimentos, que representam R$ 29,3 bilhões arrecadados pelos cofres públicos.
“A fonte solar é uma alavanca para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do País. Em especial, temos uma imensa oportunidade de uso da tecnologia em programas sociais, como casas populares do programa Minha Casa Minha Vida, na universalização do acesso à energia elétrica pelo programa Luz para Todos, bem como no seu uso em prédios públicos”, afirmou o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia.
Fonte e Imagem: Poder 360.
De acordo com ONS, geração hidráulica, eólica e solar somadas responderam por 91,4% da energia gerada entre janeiro e abril.
A geração hidráulica, eólica e solar respondeu por 91,4%, na média, da energia elétrica distribuída pelo Sistema Interligado Nacional (SIN), entre os meses de janeiro e abril, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A maior parte da carga foi atendida pelas hidrelétricas, que responderam por cerca de 77,2% da geração do período, em média. Eólica atendeu a 11,5% da demanda, solar 2,7%.
Por mês, as renováveis responderam por 91% da distribuição no SIN em janeiro, 92,6% em fevereiro, 92,4% em março e tiveram uma ligeira queda para 89,4% em abril.
Segundo o ONS, os números atestam que o Brasil tem uma capacidade elevada de geração de energia limpa, se comparado com outros países.
“O sistema elétrico brasileiro já é sustentado por fontes renováveis que também oferecem segurança energética, isto é, conseguem atender plenamente às demandas de carga e potência”, diz o operador.
A participação de geração das fontes renováveis entre janeiro e abril de 2023 foi superior à mediana do mesmo período de 2022 (87,8%).
Entre os motivos para o alto aproveitamento dos recursos renováveis, o ONS lista a ampliação do número de usinas, o crescimento das fontes renováveis, notadamente eólica e solar, assim como os bons resultados de Energia Armazenada (EAR) no período úmido de 2022/2023.
Energia Armazenada
Em abril de 2023, a energia armazenada, ou seja, a capacidade de gerar eletricidade pela força das águas, no Sudeste e Centro-Oeste registrou 86,2%, o melhor resultado para o mês de abril desde 2011 (87,8%). O avanço ante o abril de 2022 foi de 19,7 p.p. (66,5%).
As indicações de EAR no Sudeste e Centro-Oeste para o final de outubro de 2023 estão entre 73,4%, no cenário inferior, e 88%, no superior, de acordo com o ONS.
O órgão avalia que, mesmo que se confirme a estimativa mais baixa, será a melhor EAR para o subsistema ao final do mês de outubro em toda a série histórica, iniciada em 2000.
O SIN apresenta uma projeção similar, com a possibilidade de atingir o patamar mais alto de EAR ao final de outubro do histórico, com as perspectivas variando entre 70,4% e 81,6%.
2,4 GW renováveis no 1º trimestre
A matriz elétrica brasileira fechou o primeiro trimestre de 2023 com expansão de 2,7 gigawatts (GW) de capacidade instalada, o dobro do crescimento verificado no mesmo período de 2022, de 1,3 GW.
Os dados divulgados nesta quinta (5/4), pela Aneel, mostram que a expansão ocorreu com a entrada em operação comercial de 82 novas usinas até 31 de março.
Dessas, 44 são eólicas (1.485 MW), 23 solares fotovoltaicas (920,2 MW), 10 termelétricas (278,1 MW), quatro pequenas centrais hidrelétricas (59,8 MW) e uma central geradora hidrelétrica de capacidade reduzida (3,4 MW).
Juntas, solar e eólica representam 87,6% da capacidade instalada no ano.
Considerando apenas o mês de março, 28 usinas adicionaram 708,4 MW à matriz.
Cerca de 338,5 MW vindos de 17 parques eólicos e mais 340,3 MW de instalações solares fotovoltaicas.
De acordo com a Aneel, as usinas que começaram a operar este ano estão distribuídas em 13 estados de quatro regiões brasileiras.
Por estado, Minas Gerais lidera nas instalações, com 827,7 MW, seguido pelo Rio Grande do Norte (666,4 MW), Bahia (501,6 MW) e Piauí (276,4 MW).
No total, o Brasil somou 191.323,9 MW de potência fiscalizada até 31 de março, com 83,6% das usinas consideradas renováveis.
Fonte e Imagem: Por epbr.
Dado é do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), divulgados nesta sexta-feira (26), revelam que, no período de janeiro a abril deste ano, as demandas de carga do Sistema Interligado Nacional (SIN) foram atendidas prioritariamente por fontes renováveis. A geração hidráulica, eólica e solar somada respondeu por 91,4%, na média, da energia elétrica distribuída pelo SIN à população brasileira. O número superou o resultado médio apurado para o mesmo período do ano passado, da ordem de 87,8%.
Os percentuais foram de 91% em janeiro, 92,6% em fevereiro e 92,4% em março. Em abril, essas três fontes somadas registraram 89,4%. O percentual por fonte indica que, entre os meses de janeiro a abril, a média atingiu 77,2% para a geração hidráulica, 11,5% para eólica e 2,7% para a geração solar.
De acordo com o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, os números atestam que o Brasil tem capacidade elevada de geração de energia limpa, em comparação com outros países. “O sistema elétrico brasileiro já é sustentado por fontes renováveis que também oferecem segurança energética, isto é, conseguem atender plenamente às demandas de carga e potência.”
O diretor-geral destacou que os resultados são reflexo não só do bom aproveitamento de recursos, “como também da ampliação do número de usinas, o crescimento das fontes renováveis, notadamente eólica e solar, assim como os bons resultados de Energia Armazenada (EAR) aferidos no período úmido de 2022/2023".
Os dados divulgados mostram, ainda, que, em abril deste ano, a Energia Armazenada (EAR), ou seja, a capacidade de gerar eletricidade pela força das águas, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, registrou 86,2%, superando em 19,7 pontos percentuais o resultado de igual período do ano passado (66,5%). Esse foi o melhor resultado para o mês desde 2011 (87,8%).
As indicações de EAR no Sudeste/Centro-Oeste para o final de outubro de 2023 estão entre 73,4%, no cenário inferior, e 88%, no superior. O ONS esclareceu que, mesmo que se confirme a estimativa mais baixa, será a melhor EAR para o subsistema ao final do mês de outubro em toda a série histórica, iniciada em 2000. O SIN apresenta projeção similar, com a possibilidade de atingimento do patamar mais alto de EAR ao final de outubro, com perspectivas variando entre 70,4% e 81,6%.
O diretor-geral destacou que os resultados são reflexo não só do bom aproveitamento de recursos, “como também da ampliação do número de usinas, o crescimento das fontes renováveis, notadamente eólica e solar, assim como os bons resultados de Energia Armazenada (EAR) aferidos no período úmido de 2022/2023".
Os dados divulgados mostram, ainda, que, em abril deste ano, a Energia Armazenada (EAR), ou seja, a capacidade de gerar eletricidade pela força das águas, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, registrou 86,2%, superando em 19,7 pontos percentuais o resultado de igual período do ano passado (66,5%). Esse foi o melhor resultado para o mês desde 2011 (87,8%).
As indicações de EAR no Sudeste/Centro-Oeste para o final de outubro de 2023 estão entre 73,4%, no cenário inferior, e 88%, no superior. O ONS esclareceu que, mesmo que se confirme a estimativa mais baixa, será a melhor EAR para o subsistema ao final do mês de outubro em toda a série histórica, iniciada em 2000. O SIN apresenta projeção similar, com a possibilidade de atingimento do patamar mais alto de EAR ao final de outubro, com perspectivas variando entre 70,4% e 81,6%.
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
Economia verde, biodiversidade, matriz energética limpa e biogás ganham destaque no país, com incentivos governamentais e avanços tecnológicos.
O Brasil mostra-se como um país promissor no cenário atual, apresentando características únicas que o posicionam de maneira competitiva no mercado internacional. Essa vantagem é potencializada pela busca por uma economia verde e de baixo carbono, na qual o país demonstra grande potencial de crescimento. Com a maior biodiversidade do mundo, vasta disponibilidade de biomassa e uma matriz energética mais limpa que a maioria dos países, o Brasil possui os recursos necessários para assumir a liderança nessa nova economia.
O governo atual, liderado pelo presidente Lula, tem se empenhado no combate ao desmatamento e na luta contra as mudanças climáticas. O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin reitera a importância da neoindustrialização para promover o desenvolvimento industrial, gerar empregos qualificados e desenvolver regionalmente, com inclusão social. A economia verde é um dos pilares fundamentais dessa abordagem, baseada na biodiversidade, disponibilidade de biomassa e matriz energética limpa.
Recentemente, o presidente Lula assinou o decreto que qualifica a Fundação Universitas de Estudos Amazônicos, uma parceria entre a Universidade Estadual do Amazonas e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo. Essa organização será responsável pela gestão do CBA, Centro de Bionegócios da Amazônia, que visa transformar a biodiversidade em riqueza para o país e benefício às comunidades locais.
A reativação do Fundo Amazônia e a queda de 68% no desmatamento da floresta amazônica em abril, em relação ao mesmo período de 2022, trazem esperança e alento às comunidades indígenas, extrativistas e ribeirinhas. O setor energético também apresenta avanços significativos, com a crescente participação de fontes eólicas e solares na matriz elétrica brasileira e o potencial extraordinário do biogás e biometano.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ampliou a mistura de biodiesel renovável no diesel fóssil de 10% para 12%, com previsão de atingir 15% nos próximos três anos. A produção de etanol de primeira e segunda geração, cogeração de energia elétrica e biogás a partir da vinhaça também estão em ascensão. Além disso, a matriz renovável brasileira possui potencial para produzir hidrogênio sustentável, considerado o combustível do futuro.
Para aproveitar ao máximo essas oportunidades, é fundamental aprovar uma lei que regulamente o mercado de carbono e transformar em lei o projeto que tramita na Câmara para regulamentar as eólicas offshore. Com a união de todos os envolvidos, o Brasil pode se tornar um líder global na economia verde e de baixo carbono, gerando emprego e riqueza para o país.
Fonte e Imagem: Estado de Minas.
Objetivo é apresentar um diagnóstico do atual mecanismo de formação de preço e direcionar os tomadores de decisão sobre as possibilidades de evolução na metodologia de cálculo.
Na busca por maior eficiência na formação de preços da energia, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a consultoria PSR firmaram um contrato de 30 meses, com o apoio de um conjunto de empresas e especialistas nacionais e internacionais, para desenvolvimento de um Estudo sobre a Formação de Preço de Energia Elétrica de Curto Prazo.
A iniciativa integra o Projeto Meta II, estabelecido pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e o Ministério de Minas e Energia (MME). O objetivo é apresentar um diagnóstico do atual mecanismo de formação de preço e direcionar os tomadores de decisão sobre as possibilidades de evolução na metodologia de cálculo do preço.
Ao Valor, a conselheira e vice-presidente da CCEE, Talita Porto, e o presidente da PSR, Luiz Barroso, contam que há anos o setor debate a metodologia de preço no Brasil e, agora, tem um esforço dedicado para analisar a melhor estratégia.
“Pretendemos fazer um diagnóstico do atual mecanismo de formação de preço, indicando quais seriam os avanços necessários para aprimorar a eficiência operativa (...). Queremos entender melhor quais seriam as vantagens e desvantagens do modelo por oferta no contexto do setor elétrico brasileiro. Nossa visão é de que esse movimento que estamos fazendo será um marco importante para o mercado, que vai ajudar o Ministério de Minas e Energia (MME) a colocar em prática ações que possam garantir mais segurança e dinamismo para os agentes, investidores e, consequentemente, o consumidor brasileiro”, diz Porto.
Barroso acrescenta que na eventual adoção do mecanismo de formação de preço por oferta, o projeto deve indicar detalhadamente o melhor arranjo para o mercado brasileiro, inclusive com a indicação das adequações necessárias ao arranjo do ambiente comercial, regulatório e quais seriam as melhores práticas empresariais”, afirma Barroso.
O Projeto Meta II decorre de acordo de empréstimo do MME com o Bird, num montante aproximado de US$ 38 milhões em investimentos, dos quais R$ 33 milhões são destinados à CCEE, para este e outros três projetos.
A pesquisa sobre a formação de preço de energia elétrica de curto prazo receberá R$ 11,7 milhões. Os outros três projetos ainda estão em processo de concorrência pública.
O modelo de precificação da energia no mercado de curto prazo (PLD, na sigla do setor) é utilizado como referência para as liquidações financeiras de agentes com energia consumida além do que foi contratado ou por usinas que não fecharam negócios com distribuidoras ou no mercado livre.
Esses modelos utilizam como dados de entrada as previsões, para cada semana, da hidrologia, da quantidade de geração térmica e da carga de energia, bem como verificam os dados das semanas anteriores. Por causa das discrepâncias entre previsões e a apuração dos dados reais, o PLD tende a ser volátil, o que pode trazer impactos financeiros para quem estiver exposto a esse preço.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Com a chegada do inverno na Argentina e a crise hídrica no Uruguai, empresas veem a oportunidade de evitar desperdício de água e aumentar receitas.
As chuvas do começo do ano impulsionaram a exportação de energia excedente das hidrelétricas brasileiras para a Argentina e para o Uruguai. Além de contribuir para a segurança energética dos países vizinhos, o Brasil conseguiu trazer divisas que ajudam na modicidade tarifária.
Agora as principais empresas geradoras querem que o país mantenha, pelo resto do ano, a exportação de energia. A avaliação é que as águas do verão no Brasil podem salvar o inverno argentino e resolver a crise hídrica uruguaia sem comprometer a segurança energética nacional, já que o cenário interno é de baixa demanda, sobreoferta de energia e a falta de reservatórios para armazenamento.
Nos últimos meses, o Brasil bateu recorde de água jogada fora em diversas hidrelétricas que praticaram o vertimento turbinável, uma forma técnica de dizer que a usina está liberando água sem gerar energia. O desperdício aconteceu em Belo Monte, Jirau, Santo Antônio, Itaipu, Tucuruí, Furnas, São Simão, entre outras. Até maio, o vertimento médio foi de 13,5 megawatt-médios (MWm), que em equivalências energéticas é maior do que o consumo do Nordeste.
O CEO da Copel, Daniel Slaviero, considera inadmissível o desperdício de recursos naturais. Segundo o executivo, a perspectiva de reservatórios cheios continua pelos próximos 18 a 24 meses e a exportação ao longo do ano refletiria em melhora do risco hidrológico e em receita. “Em última instância, isso diminui tarifa, reduz o custo do sistema para o consumidor brasileiro e reforça o papel do Brasil de liderança regional.”
As projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é que os reservatórios vão encerrar maio acima de 80%, o maior volume desde o início da série histórica iniciada em 2000. Com tanta água, o país pode viver novamente o contexto de desperdício. Para o CEO da Engie, Eduardo Sattamini, o envio de energia aos países que fazem fronteira seria a solução para reduzir o excesso de oferta que está pressionando os preços para baixo.
“Se continuarmos reservando água, no ano que vem vamos ter vertimento em grandes volumes (...). A possibilidade de envio de energia para os vizinhos também libera o gás da Argentina para ser exportado para o Chile, que está sofrendo com a redução das cargas de GNL”, diz o executivo.
Além de Copel e Engie, a Eletrobras, a Cemig, a Itaipu e a AES Brasil também disseram ser favoráveis a mais integração energética no Cone Sul. Juntas, as empresas respondem por mais de 37% de toda capacidade de geração de energia do Brasil - considerando apenas o potencial hidrelétrico. Algumas já tentaram maior interlocução com o Ministério de Minas e Energia (MME), mas reclamam da falta de interação da pasta com o mercado.
O presidente da consultoria PSR, Luíz Barroso, lembra que a situação de suprimento da Argentina está defasada com térmicas indisponíveis ou paradas para manutenção. O gigantesco empreendimento Vaca Muerta, na Patagônia, pode mudar isso e poderá até exportar ao Brasil, Chile e Bolívia, que tem produção decrescente.
Até lá, Barroso vê a possibilidade de o Brasil criar uma demanda firme em contratos de suprimento, que seria um mercado adicional aos intercâmbios ocasionais.
O problema é que as interconexões conversoras de Melo (que leva energia para o Uruguai) e de Garabi I e II (que levam energia para Argentina) são limitadas e podem enviar apenas 2,7 GW e as atuais diretrizes para exportação de energia permitem que termelétricas, que não estão sendo utilizadas, enviem energia durante o ano todo.
Como não terá despacho térmico em 2023, o caminho mais rentável para as companhias que atuam neste segmento é exportar, desde que abram mão da receita fixa dos contratos. O diretor financeiro e de relações com investidores da Eneva, Marcelo Habibe, diz que enviou energia para os argentinos nos últimos meses e deve aproveitar para exportar em breve.
“Apesar de os reservatórios estarem cheios, eles pararam de verter, então essa demanda de 2GW da Argentina deve ser ocupada pelas térmicas brasileiras (...). A Petrobras exporta uns 500 MW. A [usina de] carvão é algo próximo de 500 MW. Então sobra pouco mais de 1 GW para a gente”, prevê Habibe.
Para as geradoras hidrelétricas, neste processo competitivo, o Brasil deveria considerar os atributos ambientais e econômicos. Já Barroso diz que o direito à exportação deveria ser aberto a todas as fontes.
A Eletrobras talvez seja uma das mais interessadas. A empresa tem 35 hidrelétricas que somam 40,6 GW de capacidade instalada. O presidente da empresa, Wilson Ferreira Jr., vê como uma maneira de remunerar esses empreendimentos, além de gerar arrecadação para Estados e municípios no Brasil.
“O fortalecimento da integração energética com os países vizinhos por meio de aprimoramentos nos mecanismos de exportação, que permitam sua ampliação e previsibilidade, ampliará os benefícios, sendo importante forma de otimização dos recursos energéticos brasileiros”, frisa.
Procurado, o ONS evitou se posicionar sobre a manutenção da exportação de energia aos países vizinhos. O órgão disse, no entanto, que os recursos hídricos armazenados devem ser, prioritariamente, preservados tanto para o atendimento dos usos múltiplos da água, como para a garantia de geração de energia no futuro. “A continuidade de transações de exportação de energia depende da dinâmica de mercado e não pode afetar o consumo nacional”.
O MME disse que é prioridade do governo Lula fortalecer as parcerias com países vizinhos e que trabalha em ações para aumentar a integração energética entre os países. A pasta disse ainda que, junto com as demais instituições setoriais, avalia o estabelecimento de diretrizes para exportação de energia elétrica a partir de fontes renováveis não-hidrelétricas.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Proposta foi considerara inconstitucional e não entrou no texto apresentado e lido nesta terça-feira, 23. Tema deverá ser votado na tarde desta quarta-feira, 24 de maio.
O relatório da MPV 1154/2023, que trata da organização dos órgãos do governo deverá ser votado nesta quarta-feira, 24 de maio, pela Comissão Mista que avalia o tema. A emenda número 54 do deputado federal Danilo Forte (União-CE) não foi incluída no texto por ser considerada inconstitucional. A emenda apresentada tinha como objetivo a criação de um Conselho, vinculado aos Ministérios e agências reguladoras, para deliberação de atividades normativas o que na prática era considerado interferência do executivo nos poderes das agências reguladoras.
Segundo o relator na Comissão Mista, o deputado federal Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), “embora louvável a iniciativa, o texto da emenda não guarda relação com a matéria tratada pela Medida Provisória, nem busca solucionar os mesmos problemas jurídicos, sociais, econômico.
visados pela MPV, sendo, portanto, inconstitucional, conforme entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal na ADI nº 5.127. Razão pela qual sugerimos a rejeição de tal emenda”.
Na emenda constava que as decisões inerentes à atividade de contencioso administrativo da Agência Nacional de Energia Elétrica serão de competência exclusiva de órgão administrativo julgador independente no qual se garanta o duplo grau de jurisdição e o direito à ampla defesa e contraditório. Esse mesmo texto foi apresentado a todas as demais agências reguladoras.
Em sua justificativa, Forte, que tem apresentado diversas proposições nos últimos anos que vão contra determinações da Aneel como o projeto que visava cancelar reajustes tarifários de distribuidoras de energia, argumentou que o modelo proposto possibilitaria “maior interação entre os componentes, de modo a discriminar funções reguladoras e julgadoras, com maior transparência, responsabilidade e participação democrática”.
E que “para regular, deslegalizar e editar atos normativos infralegais, ou seja, toda a atividade normativa terá que haver a interação entre
representantes do Ministério, das Agências, dos setores regulados da atividade econômica, da academia e dos consumidores, garantindo o
controle e a vigilância de um poder sobre o outro em relação ao cumprimento dos deveres constitucionais”.
O parlamentar cearense foi o autor do requerimento à Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados no mês passado, para que o
diretor da Aneel Hélvio Guerra fosse à CME prestar esclarecimentos sobre declarações dadas durante o Agenda Setoria 2023, evento do
CanalEnergia, by Informa Markets, sobre os lobbies defendidos por parlamentares.
Guerra disse na ocasião: “Nós sabemos que aquilo que está no Congresso possivelmente o deputado que apresentou o PDL, ou os deputados que apresentaram o PDL, possivelmente não sabem nada de setor elétrico. Mas eles foram movidos por um lobby e nós sabemos quem é o lobby.” Para o parlamentar as afirmações são inaceitáveis.
O comentário era relacionado ao Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 365, de autoria do próprio Danilo Forte, que suspende resoluções da agência sobre sinal locacional e tarifa de transmissão.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Foram concluídos, nas últimas semanas, dois importantes julgamentos para o setor elétrico perante o STF: o da ação direta de inconstitucionalidade (ADI) 7.319 e o da arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 979, ambas ajuizadas pela Abragel.
A ADI 7.319 foi ajuizada com o objetivo de declarar inconstitucional a Lei nº 11.865/2022 do estado do Mato Grosso, que, sob pretexto do exercício da competência concorrente para legislar sobre meio ambiente, proibia a construção de usinas hidrelétricas (UHEs) e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em toda a extensão do Rio Cuiabá, independentemente de qualquer tipo de análise técnica.
Por maioria de votos (8 x 2), o Supremo Tribunal Federal acatou o pedido da Abragel, declarando a inconstitucionalidade da Lei nº 11.865/2022 do estado do Mato Grosso. O entendimento que prevaleceu foi o de que a lei em questão é formalmente inconstitucional, por usurpação da competência privativa da União para legislar sobre energia elétrica e consequente violação aos artigos 20, III e VIII; 21, XII, "b"; 22, IV; e 176 da Constituição Federal de 1988.
Por sua vez, a ADPF 979 foi ajuizada com o objetivo de declarar inconstitucional a Lei nº 6.766/2022 do município de Cuiabá, que também proíbe a construção de UHEs e PCHs em toda a extensão do Rio Cuiabá compreendida no território do município.
O STF, também por expressiva maioria (8 x 2), reconheceu que a lei municipal, ao proibir a construção de UHEs e PCHs, além de também dispor sobre matéria de competência privativa da União, tal como reconhecido na ADI 7.319, acabou por avocar indevidamente a capacidade de concessão de licenças do Poder Executivo Federal, que fica impossibilitado de deliberar sobre as questões ambientais e hidrelétricas no curso do Rio Cuiabá, de domínio da União.
O entendimento do STF consagrado na ADI 7.319 e na ADPF 979 não é novidade. Em outras ocasiões, como nas ADIs 7.076, 6.998, 7.337 e 2.337, o Supremo já havia consignado o entendimento de que estados e municípios que editam leis relacionadas a energia elétrica e águas invadem a competência privativa da União para legislar sobre esta matéria.
Contudo, até o julgamento da ADI 7.319 e da ADPF 979 não havia deliberação específica sobre a inconstitucionalidade de eventual lei estadual ou municipal que, expressamente, proibisse empreendimentos hidrelétricos sob pretexto da competência concorrente para proteção ao meio ambiente. Por esse motivo, o caso ganhou forte relevância na mídia nacional, tornando-se uma excelente oportunidade para esclarecer: 1) o motivo pelo qual a competência para legislar sobre energia elétrica no Brasil é da União, não cabendo nenhuma forma de concorrência entre entes estatais neste caso; e 2) algumas distorções a respeito da fonte hídrica que foram trazidas à mídia e acabam por confundir e ludibriar a sociedade em geral.
Primeiramente, existe uma razão econômica setorial para que o Constituinte tenha consagrado a competência legislativa privativa da União para legislar sobre energia elétrica.
No Sistema Interligado Nacional (SIN), como o próprio nome indica, existe "a interconexão dos sistemas elétricos, por meio da malha de transmissão, propicia a transferência de energia entre subsistemas, permite a obtenção de ganhos sinérgicos e explora a diversidade entre os regimes hidrológicos das bacias. A integração dos recursos de geração e transmissão permite o atendimento ao mercado com segurança e economicidade" [1].
Significa dizer que a geração de energia produzida no Mato Grosso, por exemplo, pode abastecer a população do Nordeste, justamente porque o sistema é interconectado. Essa lógica está intrinsecamente ligada ao pacto federativo selado em nossa Constituição Federal [2] [3].
Por essa razão, o setor elétrico deve ter políticas públicas unificadas, coordenadas e de âmbito nacional, cabendo ao órgão da administração pública federal direta, Ministério de Minas e Energia (MME), a formulação de políticas nacionais de aproveitamento dos recursos hídricos e das demais fontes para fins de geração de energia elétrica [4] e à autarquia Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) [5] [6] a implementação de políticas e diretrizes do governo federal para a exploração da geração de energia elétrica e o aproveitamento dos potenciais hidráulicos, especificamente, a autorização dos aproveitamentos hidrelétricos [7].
Considerando esse contexto setorial, o constituinte intencionalmente indicou, em seu artigo 22, inciso IV, que compete privativamente à União legislar sobre energia elétrica e, em dispositivo posterior (artigo 24), previu a competência concorrente para legislar sobre o meio ambiente.
Ora, se, a pretexto da competência concorrente para legislar sobre meio ambiente, fosse possível legislar sobre energia elétrica, haveria um esvaziamento da competência privativa da União do artigo 22, IV. Seria como se o dispositivo não existisse. Isso provocaria também o afastamento do federalismo centrípeto que sempre caracterizou a República brasileira [8], assim como o já mencionado pacto federativo.
Por essa razão, o STF interpretou a Constituição Federal no sentido de que, para fins do exercício da competência concorrente para legislar sobre proteção ao meio ambiente, estados e/ou municípios não podem invadir a competência privativa da União, disposta no artigo 22, IV, da Constituição, e legislar sobre energia elétrica.
A propósito, caso o STF assim não compreendesse, "poderia ser gerado precedente para que outros estados editem leis que restrinjam o aproveitamento de potenciais hidráulicos. Essa medida tem o potencial de diminuir a competitividade no segmento de geração de energia elétrica com afetação nos custos da energia elétrica, bem como na confiabilidade da operação do sistema elétrico" [9]. Esse entendimento, conforme julgado pelo STF, estende-se aos municípios.
Para além da inconstitucionalidade formal apontada, ainda que a Lei local para impedir a exploração de energia hidrelétrica pudesse ter justificativa na competência concorrente do estado para legislar sobre a proteção do meio ambiente, é fundamental esclarecer, com base em elementos técnicos, imprecisões trazidas sobre a fonte ao longo do julgamento da ADI e da ADPF, sem embasamento algum. A realidade sobre a fonte hidráulica é a seguinte: 1) são fontes limpas e renováveis e seguras; 2) são verdadeiras aliadas aos objetivos do Brasil em prol da transição energética; e 3) possuem baixa emissão de gases de efeito estufa, apenas para citar os principais pontos.
A começar, a geração por meio da fonte hídrica é essencial para o Brasil, conforme informações indicadas pela própria Aneel e trazidas aos autos da ADI 7.319 pela Abragel [10]: "Fontes hídricas são essenciais para garantir o suprimento de energia firme e a confiabilidade do sistema elétrico brasileiro, sendo um importante diferencial do nosso país. Trata-se de um potencial energético renovável, cujo custo marginal de produção é nulo. Em realidade, no contexto brasileiro, a geração hidrelétrica é a fonte de energia que, no âmbito da operação em tempo real, modula o balanço energético do sistema em face das incertezas que invariavelmente permanecem entre o processo de programação e a operação em tempo real (desvios de carga, de afluências hidrológicas, de geração eólica e solar, de disponibilidade de equipamentos), provendo-lhe os principais serviços de confiabilidade".
Acerca dos impactos ambientais, a fonte hídrica é a única fonte de geração limpa e renovável capaz de suprir a intermitência das fontes solar e eólica ao mesmo tempo que garante a confiabilidade ao SIN. Significa dizer que a melhor maneira de garantir a expansão das demais fontes renováveis alternativas é por meio da concomitante expansão da geração hidrelétrica, com capacidade de armazenamento e fazendo o papel de verdadeiras baterias do sistema elétrico, porém, limpas e renováveis.
Em recente relatório da International Renewable Energy Agency (Irena) [11], é destacado o relevante papel que as hidrelétricas representam no desafio mundial de atingir as metas climáticas definidas pelo Acordo de Paris. O relatório destaca a necessidade de dobrar a capacidade instalada desta fonte até 2050 e de que governos, instituições de financiamento e estruturas regulatórias devem trabalhar em conjunto para viabilizar projetos e investimentos. Isso além de promover o reconhecimento pelo mercado do alto valor desta fonte, no que diz respeito à prestação de serviços ancilares, gestão da água e benefícios socioeconômicos.
Agrega-se ainda o fato de que as hídricas são responsáveis pela geração de energia elétrica com os menores índices de emissões de CO2, de acordo com Estudo da EPE [12]. Segundo esse estudo, todas as fontes renováveis emitem menos gases de efeito estufa em comparação às fontes convencionais. Mesmo quando comparada apenas às fontes renováveis, a hídrica é a menor emissora de CO2, considerando toda a cadeia produtiva (da fabricação até o descarte). Some-se a isso a sua vida útil, de mais de cem anos em operação e a reversibilidade ao patrimônio da União de todos os ativos.
Ademais, as barragens do Setor Elétrico são sabidamente seguras [13], pois são estruturais e não são alteradas desde o início da operação e ao longo de sua utilização. Principalmente por isso não se confundem com as barragens de mineração, que são constantemente alteradas ao longo da vida útil.
Especificamente sobre as PCHs, estudos da consultoria empresarial A.T. Kearney [14] concluem que a fonte agrega na construção e na constituição de áreas de preservação permanentes (APPs) no seu entorno, protegendo não apenas o lago, mas afluentes e até nascentes. Ainda, há pesquisas que apontam [15] a melhoria significativa dos indicadores socioeconômicos em municípios com PCHs.
A realidade é que a fonte hídrica também é aliada da proteção ambiental, das metas de descarbonização e da transição energética, fazendo-se imprescindível afastar inverdades e preconceitos a seu respeito, que acabam atrasando o desenvolvimento sustentável do país.
Não bastasse tudo o que foi acima exposto, cabe acrescentar ainda que a competência concorrente para legislar sobre meio ambiente não autoriza o Poder Legislativo a ignorar as atribuições do poder executivo, por meio dos órgãos do Sisnama, da realização da avaliação caso a caso dos impactos ambientais de empreendimentos, o que se dá no âmbito do processo de licenciamento ambiental, instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente.
Há de se lembrar também que a licença ambiental para empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de impacto ao meio ambiente dependerá de prévio estudo de impacto ambiental, como, por exemplo, EIA/RIMA ou RAS, garantida a realização de audiências públicas, nos moldes previstos na Resolução Conama nº 09/1987.
Ou seja, os julgamentos da ADI 7.319 e da ADP 979 são de extrema relevância, não apenas para reforçar a competência privativa da União para legislar sobre energia elétrica, como, também, para reconhecer a competência dos órgãos do Sisnama para a avaliação de impactos ambientais, por meio do licenciamento ambiental, e, ainda, para desmistificar a realidade sobre a fonte hídrica.
Assim, considerando o entendimento exposto na ADI e na ADPF, aguarda-se que estados e municípios sigam o entendimento do STF, cujo efeito é erga omnes, evitando insegurança jurídica e novas judicializações.
Fonte e Imagem: Conjur.
Se ampliar a produção de energia nas hidrelétricas já existentes, o Brasil terá energia "barata e abundante" e poderá reduzir a conta de luz. É o que diz Adriana Waltrick, CEO no Brasil da empresa de energia de origem chinesa SPIC (State Power Investment Corporation), em entrevista ao UOL Líderes.
O que ela disse:
Hidrelétricas podem baratear a conta de luz. Questionada sobre como o Brasil poderia baratear a conta de luz para o consumidor, Waltrick defendeu ampliar o uso das hidrelétricas. A executiva cita um cálculo segundo o qual é possível aumentar a geração de energia em até 11 gigawatts sem construir novas usinas, apenas usando o potencial já disponível hoje. Ela cita o exemplo da usina de São Simão, que é operada pela SPIC. Segundo Waltrick, São SImão tem capacidade para receber duas novas turbinas sem necessidade de novas obras.
Subsídios do setor elétrico precisam ser revistos.
A CEO da SPIC defende também os subsídios do setor elétrico sejam revistos. O objetivo com isso é permitir que haja uma remuneração extra às hidrelétricas por serviços de apoio à segurança do sistema elétrico, sem que seja necessário aumentar a cobrança ao consumidor final. Na sua avaliação, a energia solar por exemplo, não precisa mais de subsídios.
Energia eólica em alto mar ainda é cara.
Waltrick falou sobre a possibilidade de geração de energia eólica em alto mar (offshore) - recentemente, a Petrobras anunciou planos de estudar o tema. Segundo a executiva, os ventos em alto mar são muito bons, mas há um custo maior na instalação das turbinas e na transmissão da energia. Para ela, essa ainda é uma modalidade cara, mas que deve ser estudada.
Mudanças na Eletrobras devem passar pelo Congresso.
Questionada sobre como vê a possibilidade de revisão da privatização da Eletrobras, Waltrick diz que o processo foi aprovado pelo Congresso, e então se houver alguma mudança ela precisaria passar novamente pelo Congresso.
Discriminação de gênero e equiparação salarial.
A executiva comentou sobre sua experiência como mulher liderando uma empresa em um setor majoritariamente masculino. Ela diz já sentiu discriminação, mas continuou sua trajetória. Também defendeu a lei de equiparação salarial entre homens e mulheres.
Fonte e Imagem: Portal UOL Líderes.
Associações ligadas ao setor elétrico lançaram uma carta contra o Projeto de Lei 1.292/2023, que visa alterar trechos do Marco Legal da geração distribuída, instituído pela Lei n° 14.300/2022. Segundo as seis entidades, a medida, que tramita em caráter de urgência, na Câmara dos Deputados, se aprovada, pode aumentar em R$ 93 bilhões, entre 2023 e 2045, a conta dos subsídios pagos pelos consumidores de energia elétrica.
São signatárias da carta a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Associação Brasileira de energia Eólica (Abeoólica), Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine) e a Frente Nacional dos Consumidores de Energia.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), contudo, questiona os cálculos apresentados, e aponta que o crescimento da modalidade deve acarretar mais de R$ 86,2 bilhões em benefícios sistêmicos no setor elétrico até 2031.
Aumento dos subsídios
Considerando as regras atuais, a Abradee estima que os subsídios à MMGD devem somar, em termos nominais, R$ 297 bilhões entre 2023 e 2045. Caso o PL 1.292/2023 seja aprovado como foi proposto, a conta pode superar R$ 390 bilhões até 2045, segundo a associação, por meio da criação de novos subsídios aos usuários que recebem créditos dos pequenos sistemas de geração de energia.
Entre as alterações do marco legal, a proposta estende o prazo em que pode ser protocolada a solicitação de acesso para MMGD nas mesmas condições aplicadas as instalações já existentes na data de publicação da Lei 14.300, bem como promove ajustes referentes ao aproveitamento dos créditos de energia e ao ressarcimento de custos de transporte.
Pelos cálculos das associações, os subsídios de geração distribuída devem impactar a tarifa dos consumidores em cerca de R$ 5,4 bilhões, sendo R$ 4 bilhões de forma direta no custo das distribuidoras e R$ 1,4 bilhão na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), alta de 1,6% na tarifa, em 2023.
Além disso, as entidades entendem que a micro e minigeração distribuída já é competitiva e não depende de subsídios para a manutenção do seu crescimento. Ainda no documento, as associações destacam que o PL 1.292/2023 propõe alterações que aumentam a complexidade operacional, incentivam a comercialização dos créditos gerados, distorcendo a lógica da MMGD.
Aumento dos subsídios
Considerando as regras atuais, a Abradee estima que os subsídios à MMGD devem somar, em termos nominais, R$ 297 bilhões entre 2023 e 2045. Caso o PL 1.292/2023 seja aprovado como foi proposto, a conta pode superar R$ 390 bilhões até 2045, segundo a associação, por meio da criação de novos subsídios aos usuários que recebem créditos dos pequenos sistemas de geração de energia.
Entre as alterações do marco legal, a proposta estende o prazo em que pode ser protocolada a solicitação de acesso para MMGD nas mesmas condições aplicadas as instalações já existentes na data de publicação da Lei 14.300, bem como promove ajustes referentes ao aproveitamento dos créditos de energia e ao ressarcimento de custos de transporte.
Pelos cálculos das associações, os subsídios de geração distribuída devem impactar a tarifa dos consumidores em cerca de R$ 5,4 bilhões, sendo R$ 4 bilhões de forma direta no custo das distribuidoras e R$ 1,4 bilhão na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), alta de 1,6% na tarifa, em 2023.
Além disso, as entidades entendem que a micro e minigeração distribuída já é competitiva e não depende de subsídios para a manutenção do seu crescimento. Ainda no documento, as associações destacam que o PL 1.292/2023 propõe alterações que aumentam a complexidade operacional, incentivam a comercialização dos créditos gerados, distorcendo a lógica da MMGD.
Fonte e Imagem: MegaWhats.
Entidade vê mais pobres ganharem com renovação de concessões de distribuidoras e abertura de mercado para todos.
O consumidor médio de energia pode ter uma perspectiva real de economia nas contas de luz e o governo pode promover a justiça social desejada, caso realize a renovação das concessões de forma combinada com a abertura do mercado de energia para todos. A conclusão é de estudo realizado pela Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel). A entidade avalia que há uma oportunidade única de promover ganhos aos consumidores e redesenhar o segmento de energia elétrica com a abertura total do mercado em paralelo à renovação dos contratos das distribuidoras. Há uma relação direta entre os temas, avalia a entidade.
Para a Abraceel, a regulação sempre privilegiou diversos segmentos da cadeia de produção do setor elétrico e o momento em que o setor discute as condições para renovar as concessões é ideal para inverter essa lógica.
Atualmente, apenas as grandes empresas consumidoras podem migrar para o mercado livre para se beneficiar da economia de energia, enquanto consumidores residenciais de maior poder aquisitivo têm liberdade para gerar sua própria energia, com aquisição de centrais de micro e minigeração.
“Não podemos pensar que, no Brasil, o mais pobre é apenas o cidadão atendido pela tarifa social. Hoje, nós temos um Brasil esquecido gigante, com quase 73 milhões de consumidores, sendo pelo menos metade disso das classes C e D”, afirmou o presidente-executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira. Segundo ele, a inversão da lógica de beneficiar o setor produtivo faz sentido quando o governo federal, nos primeiros 120 dias de governo, tem apontado diretrizes para atender os mais pobres com as diversas políticas públicas que estão sendo trabalhadas.
Uma nova onda de renovação de concessões está em curso, afetando 20 distribuidoras que foram privatizadas em meados da década de 1990. As diretrizes para a renovação das concessões deveriam ter sido divulgadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em julho do ano passado, mas elas ainda não foram estabelecidas. “É fundamental agora deixar claro nos novos contratos que haverá a quebra do monopólio privado na venda de energia para o consumidor final de baixa tensão”, disse Ferreira.
A liberalização do mercado de energia veio ocorrendo paulatinamente desde 2018, com a redução progressiva dos limites para a migração para o ambiente livre - em que o consumidor pode escolher o fornecedor da energia. Neste ano, o piso para migração é de 0,5 megawatt (MW), para clientes conectados em alta tensão. A partir do ano que vem, qualquer cliente em alta tensão abaixo de 0,5 MW pode aderir ao mercado livre. Para a baixa tensão, a expectativa do mercado é que a liberalização seja concretizada a partir de 2026.
Para a Abraceel, as contrapartidas sociais que foram colocadas recentemente na mesa pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, podem envolver a fixação, pelo MME, da data prevista para a abertura do mercado para a baixa tensão e a definição de metas de modernização do parque de medidores de energia, sem ônus para os consumidores. “Não concluiremos a transição energética com medidores do século passado”, disse Ferreira.
Também envolvem a criação do que é chamado “open energy”, que é o compartilhamento dos dados dos consumidores de energia que hoje estão disponíveis com as distribuidoras de energia. Ferreira ressalta que é necessário, durante o processo, dar um tratamento mais adequado aos dados do consumo de energia, que pertencem ao consumidor. É um conceito semelhante ao chamado “open finance”, que permite compartilhamento de dados de clientes entre as instituições financeiras.
“Dados são a riqueza desse século, são estratégicos em mercados competitivos”, disse Ferreira. Outro estudo foi divulgado pela Abraceel, na semana passada, em Brasília, denominado “Portabilidade da conta de luz: impacto social e papel na transição energética justa”. O trabalho analisou os impactos sociais da portabilidade da conta de luz e concluiu que a abertura do mercado de energia elétrica pode beneficiar os mais de 89 milhões de consumidores de baixa tensão com economia anual de R$ 35,8 bilhões.
Esse benefício seria democratizado entre todas as classes sociais alcançando inclusive parte dos consumidores de baixa renda com acesso à tarifa social e as famílias de classe média que não têm o acesso à micro e minigeração distribuída, caracterizada pela instalação de painéis solares.
Os R$ 35,8 bilhões corresponderiam a uma economia média de 19% na conta de luz, a preços de 2022, de acordo com o estudo da Abraceel. Caso fossem considerados os preços praticados no mercado livre em 2023, mais baixos do que no ano passado, a redução média nas contas de luz seria de 23%. Entre os consumidores de baixa renda, a portabilidade da conta de luz poderia resultar numa economia adicional entre 7,5% e 10% para essa classe de consumidores, hoje atendidos pela tarifa social. “Já quase que universalizamos o acesso a energia elétrica no Brasil, precisamos agora permitir que o cidadão use essa energia a preços menores e decrescentes”, disse.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Preocupação é com afastamento de temas importantes do MME, comparecimento a eventos não prioritários e idas frequentes a MG.
A recuperação judicial da Light, aceita pela Justiça na segunda-feira (15), trouxe mais um item à agenda de trabalho do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que já se apresenta longa, com vários temas que demandam articulação e conversas com agentes do mercado. Mas os sinais concretos são de que a pauta que Silveira quer seguir é diferente da que vem sendo apresentada a ele.
Na sexta-feira (12), dia em que a Light pediu a recuperação judicial da holding, Silveira participou da inauguração de uma usina de etanol em Goiás, ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Agentes do setor elétrico notam a agenda diferente de Silveira, ao passo que os problemas se acumulam. Silveira tem feito declarações sobre a privatização da Eletrobras e a atuação da Petrobras, em linha com seu chefe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao mesmo tempo que tem deixado de lado temas relevantes do setor.
Procurados, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o ministro Alexandre Silveira não responderam aos questionamentos.
O caso da Light é ilustrativo da situação. Silveira havia se manifestado, uma semana antes, sobre a renovação da concessão da distribuidora, diante das dificuldades que a companhia atravessa. Mas quando a recuperação judicial foi divulgada pela Light, o MME não emitiu nenhuma nota a respeito do tema.
Vinte empresas terão os contratos de concessão chegando ao fim a partir de 2026 e as companhias precisam comunicar com antecedência de três anos o interesse em renová-las. Silveira disse recentemente que as concessionárias que pretendam assinar novos contratos terão que apresentar “contrapartidas sociais”, sem detalhar o que isso significa.
A Abradee, associação que representa o setor, já deixou claro que a renovação onerosa não faz sentido porque as distribuidoras fazem investimentos contínuos na rede elétrica, em busca de maior eficiência operacional.
O MME é responsável por definir as diretrizes para a renovação de concessões, o que ainda não aconteceu, dificultando as empresas a tomarem decisão sobre se continuam ou não com as respectivas áreas de concessão.
No caso da Light, o MME deveria atuar bem de perto, afirmam analistas do setor, porque a distribuidora firma contratos de compra de energia elétrica em leilões públicos, com duração de 30 anos, e uma recuperação judicial pode causar um “efeito cascata” no setor. Além disso, uma distribuidora atua como caixa de arrecadação do setor elétrico, repassando para empresas de transmissão, geração e mesmo para o próprio governo, as receitas de uso do fio, impostos e encargos setoriais.
Além disso, há uma corrente na Light que defende a busca da renovação das concessões em bases sustentáveis, com adoção de medidas que evitem onerar mais o consumidor, ao mesmo tempo que impede que as receitas sejam drenadas pelo furto de energia, que se perpetua por décadas.
Outra questão que exige uma atuação mais próxima do ministro é a governança do setor elétrico. Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o planejamento da operação do sistema elétrico questionou aspectos da governança do setor, envolvendo os trabalhos do MME, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O tema foi levantado inicialmente pelo jornalista Mauricio Corrêa, em seu site, “Paranoá Energia”. Em resumo, o relatório trata da formação do preço de liquidação das diferenças (PLD), utilizado como referência para o setor elétrico, por modelos matemáticos calculados em computadores de grande capacidade de processamento. É um assunto técnico, mas o ministro Benjamin Zymler, do TCU, deu vários “recados” ao MME em seu relatório.
“Governança pública é mais do que alocar adequadamente competências e atribuições aos diversos agentes, pois envolve o estabelecimento de estratégias de gestão e de rotinas de controle, de modo a oferecer, com eficiência, serviços aos cidadãos”, diz trecho do relatório de Zymler, que reforçou no documento que “uma boa governança do setor público deve possuir formas de garantir também a transparência e accountability, com o fim de criar incentivos para uma gestão alinhada com o interesse público, com objetivos, indicadores e metas claramente definidos.”
Dias atrás, o ministro Alexandre Silveira disse em participação numa audiência pública na Câmara dos Deputados que a Petrobras “boicota” a expansão da oferta de gás e o escoamento do insumo no país. Fontes com quem a reportagem conversou afirmam que embora exageradas, a afirmação de Silveira não estaria de todo errada, pois a Petrobras ainda tem um papel dominante no mercado de gás, apesar da abertura do mercado.
As fontes questionam o porquê de se incentivar o mercado de fertilizantes, uma vez que toda a indústria quer gás natural mais barato.
Uma das fontes afirma que o interesse do ministro é ajudar na instalação de uma fábrica de fertilizantes em Uberaba (MG), o que elevaria o “cacife” político dele na região, de olho no potencial eleitoral de um investimento elevado em um produto do qual o Brasil é quase totalmente dependente.
A percepção é que Silveira tem buscado pautas que beneficiam sua imagem política, sem olhar para aspectos relevantes da pasta.
Uma fonte destacou que na semana passada o ministro não esteve presente no Seminário de Gás, promovido pelo Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), no Rio. O evento contou com a participação de mais de 700 pessoas e havia executivos da Petrobras, como o diretor de transição energética e sustentabilidade, Mauricio Tolmasquim, e de empresas privadas de óleo e gás. Também havia um diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Mas o ministro não só não esteve como também não enviou representante.
Outro fato que causou estranhamento no mercado foi quando o presidente Lula foi à China e a Abu Dhabi, em abril. Silveira não integrou a comitiva e, segundo o MME, o ministro havia pedido para não participar da viagem. No entanto, no mesmo momento em que o presidente rumava ao país asiático, Silveira foi visto assistindo uma partida de futebol do Atlético Mineiro. “Inauguração da nova casa do Galo”, disse Silveira em uma rede social, enquanto Lula estava na China fechando parcerias com empresas do setor de energia.
A agenda do ministro tem sido recorrente em Minas Gerais. Foi em Uberaba onde ele anunciou elevação do percentual de etanol na gasolina para 30%. Em abril, esteve num evento da Associação das Mineradoras de Ferro do Brasil (AMF) em Belo Horizonte sobre a mineração do futuro.
O distanciamento do ministro também se dá com a imprensa: no mesmo dia que a Light anunciou o pedido de recuperação judicial, jornalistas que acompanham o setor solicitaram um posicionamento de Silveira sobre o tema e questionaram sua agenda para o dia. A inauguração da usina de etanol não estava na agenda do ministro, algo previsto pela Lei de Acesso à Informação (LAI).
É obrigação das autoridades informar os compromissos diários, com antecedência. Um decreto de 2021, o 10.889, estabelece regras para a publicação da agenda pública de compromissos, sendo obrigatório publicar informações de agendas de compromissos públicos.
Por Valor Econômico.
Deputado afirma que texto apenas corrige brechas deixadas por uma resolução normativa da Aneel e resguarda marco legal sancionado em 2022.
Um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados pode elevar em R$ 93 bilhões a conta dos subsídios pagos por consumidores de energia elétrica em suas tarifas, segundo cálculos de cinco associações do setor que se opõem à proposta.
Protocolado pelo deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), o PL 1292/23 trata de incentivos à geração distribuída, quando a energia é produzida pelos próprios consumidores, normalmente por meio de painéis fotovoltaicos.
O projeto já teve urgência aprovada e pode ser votado, a qualquer momento, no plenário da Câmara. Andrada argumenta que o texto apenas corrige brechas deixadas por uma resolução normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e resguarda o espírito do marco legal da geração distribuída, sancionado em janeiro de 2022.
Um conjunto de cinco associações do setor, no entanto, diverge das alegações e sustenta que a conta será arcada por todos os consumidores — geralmente mais pobres — sem acesso a painéis solares para geração própria.
A tese das associações é que os subsídios à geração distribuída, com o projeto de lei, passarão de R$ 297 bilhões para R$ 390 bilhões até 2045. Essas subvenções, que serão crescentes ao longo do tempo, alcançam R$ 5,4 bilhões só em 2023.
“A micro e minigeração distribuída já é competitiva e não depende de subsídios para a manutenção de seu crescimento. A insistência em ampliar esses benefícios é prejudicial para o país e para os brasileiros”, diz a nota conjunta.
O texto é assinado por Abrace (associação dos grandes consumidores industriais de energia), Abraceel (comercializadores de energia elétrica), Abeeólica (energia eólica), Abradee (distribuidoras) e Apine (produtores independentes).
Tem o endosso ainda da Frente Nacional dos Consumidores de Energia. “O Projeto de Lei propõe alterações que aumentam a complexidade operacional, incentivam a comercialização dos créditos gerados, distorcendo a lógica da MMGD, sobrepõem-se aos termos do acordo setorial que originou a Lei 14.300/22 e acentuam as diferenças entre consumidores com e sem Micro ou Minigeração Distribuída”, afirmam as entidades.
Procurada, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) rebate a tese levantada pelas demais entidades. “O próprio autor do PL 1292/2023, afirmou, durante Audiência Pública da Comissão de Minas e Energia realizada ontem (17/05) no Congresso Nacional, que tais ajustes textuais não guardam nenhuma relação com eventuais aumentos de subsídios, justamente por se tratarem de correções pontuais na redação da Lei 14300/2022, o marco legal da geração distribuída, sobre aplicações específicas previstas na lei, decorrentes da regulamentação feita, com sete meses de atraso, pela Aneel em fevereiro deste ano”, diz a nota.
De acordo com o deputado Lafayatte de Andrada, a Aneel “exorbitou suas funções ao contrariar dispositivos na lei” e “acarretou sérios prejuízos aos pequenos empreendimentos de geração de energia solar”.
Ele diz que o PL 1292/23 não traz novos benefícios e nem repassa custos adicionais aos consumidores, mas somente corrigia uma “regulamentação equivocada” da agência reguladora, que teria desvirtuado o marco legal.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Pesquisa afirma que parques eólicos e solares representam 12% e 3% da matriz energética do país.
A crescente produção de energias eólica para gerar eletricidade ao menor nível em uma década, de acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira (18). A vasta rede de energia elétrica no Brasil utilizou 4,9% de combustíveis fósseis em fevereiro deste ano, resultado que ficou abaixo de 5% pela primeira vez em um mês desde julho de 2012, afirma em sua análise o centro de estudos Ember, que promove o uso de energia limpa.
No primeiro trimestre do ano, as fontes poluentes geraram 5,4% da energia elétrica, contra 10% no mesmo período de 2022.
Como resultado, as emissões de CO2 do setor caíram 29% no mesmo período, apesar do aumento na geração de energia elétrica. Os parques eólicos e solares, que representam apenas 12% e 3%, respectivamente, da matriz energética do Brasil, tornaram possível a redução das fontes poluentes. O país tem uma enorme rede hidrelétrica. As boas condições dos reservatórios, graças às fortes chuvas, ajudam a manter as fontes fósseis sob controle.
Com 63% da matriz energética, a rede hidrelétrica "continua sendo a espinha dorsal do sistema", declarou à AFP o autor do estudo, Matt Ewen.
Na última década, no entanto, as hidrelétricas perderam desempenho, caindo de 59% em 2011 para 38% em 2021, e não aumentaram a geração de energia elétrica, enquanto a demanda continuou crescendo.
Do outro lado, a geração de energia por turbinas eólicas aumentou 36% desde 2011 e a solar 26%. Combinadas, as duas foram responsáveis por 73% do crescimento da demanda desde então.
O desenvolvimento das energias eólica e solar será crucial se o Brasil deseja tomar distância dos combustíveis fósseis no futuro, disse Ewen.
As fontes renováveis terão um papel importante no futuro mix de geração de energia, em conjunto com a hidrelétrica. No entanto, terão que crescer muito para atender às futuras demandas futuras do país, acrescentou.
O Brasil, que assumirá a presidência do G20 em 2024, tem o maior percentual de energia elétrica limpa do grupo, de acordo com outra análise do centro de estudos Ember, que tem sede no Reino Unido.
Em 2022, o país gerou 89% de sua energia elétrica de fontes limpas. A participação dos combustíveis fósseis atingiu 11%, principalmente gás.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu o governo em janeiro, prometeu aumentar o percentual de energia limpa e retomar a liderança do país na questão climática, após quatro anos de negacionismo científico durante o governo de Jair Bolsonaro.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Em razão de sua dimensão continental e particularidades regionais, o Brasil apresenta um enorme potencial para a produção de hidrogênio verde, gerado a partir de fontes renováveis e com o aproveitamento de biomassa e a instalação de parques de energia eólica e solar, entre outras.
A avaliação é dos especialistas que participaram nesta quarta-feira (17) de audiência pública na Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, presidida pelo senador Cid Gomes (PDT-CE).
Instalada em abril, a comissão foi criada para debater, no prazo de dois anos, políticas públicas sobre hidrogênio verde, de modo a fomentar o ganho em escala dessa tecnologia de geração de energia limpa e avaliar políticas públicas que fomentem a tecnologia do combustível, gerado por energia renovável ou por energia de baixo carbono.
Nesta sexta-feira (19), a comissão fará visita técnica a Pernambuco, onde conhecerá a experiência desenvolvida no Porto de Suape para produção de hidrogênio verde. Na quarta-feira da próxima semana, a comissão volta a se reunir em Brasília com representantes de governos estaduais que já contam com projetos nesse setor.
Mercado interno
Ao longo do debate, Cid Gomes apontou a importância estratégica no desenvolvimento do hidrogênio verde e defendeu o aprimoramento de pesquisas no setor.
— A gente tem que pensar objetivamente no mercado interno. O mercado externo será garantidor dos investimentos iniciais. Em sete anos, a União Europeia terá 55% da matriz energética local de origem renovável e, em 2050, terá 100%. Para atingir essas metas, irão importar hidrogênio verde. O Brasil tem um mercado potencial, e o desenvolvimento das tecnologias vai contribuir muito mais rápido do que a gente imagina. O hidrogênio, ao longo desses próximos anos, evoluirá. O hidrogênio é componente da água, é o gás que mais facilmente se une a outro. O que tem que fazer para torná-lo puro envolve diversos processos — afirmou.
O senador Fernando Dueire (MDB-PE), por sua vez, defendeu o fortalecimento de bases tecnológicas como forma de favorecer a eficiência com diminuição de custos, além da formação de capital humano especializado, planejamento energético e cooperação internacional em favor do hidrogênio verde.
Capacidade de produção
Chefe geral da Embrapa Agroenergia, o professor Alexandre Alonso Alves destacou que várias iniciativas têm surgido na Região Nordeste para a produção de hidrogênio verde. Ele destacou ainda que todas as regiões brasileiras possuem capacidade instalada de produção de biogás, cujos resíduos podem ser usados como um vetor para a geração do “combustível do futuro” e ainda para a produção de fertilizantes.
— Ou seja, produção de fertilizantes a partir do biogás, a partir do resíduo do próprio setor agrícola. O Brasil importa mais de 85% de fertilizante para a produção agrícola. O Brasil tem quantidade fabulosa de biomassa de origem florestal que, eventualmente, pode ser utilizada para produção de combustíveis sintéticos e hidrogênio verde — afirmou.
Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Thiago Lopes ressaltou que o Brasil tem potencial para produzir ampla gama de hidrogênios, mas, particularmente, contribuir com alguns tipos de combustíveis que são especiais, sobretudo em termos de valor. Ele também defendeu a retenção de cérebros no Brasil e a formação de capital humano especializado para o desenvolvimento do hidrogênio verde.
— Temos também a peculiaridade de poder contribuir com emissões negativas de carbono a partir do etanol. O etanol tem condições de descarbonizar, reduzir as emissões na ponta, aliado a emissões negativas na produção. O Brasil tem potencial para desempenhar um papel geopolítico mundial significativo, pagando uma dívida histórica que temos, com as emissões de gás de efeito estufa. Isso nos traz uma condição muito única em termos de país e de mundo. E podemos produzir hidrogênio verde, temos muita energia disponível. O desenvolvimento econômico e social que o petróleo trouxe é inegável, mas isso começa a mudar. O que temos de oportunidade é significativo — afirmou.
O professor Paulo Emílio de Miranda, do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe/UFRJ, destacou que existe compatibilidade total entre o veículo a hidrogênio e a motorização elétrica, o que reforça a importância futura do combustível.
— O hidrogênio já é produzido, armazenado, transportado e utilizado em larga escala. São mais de 100 milhões de toneladas por ano, e o Brasil contribui com cerca de 1% disso atualmente. Esse hidrogênio produzido hoje é utilizado majoritariamente no mesmo local. Em 2050, o mundo deverá produzir cerca de 540 milhões de toneladas de hidrogênio, e 75% desse volume será mercantil, produzido num lugar e consumido em outra localidade. O hidrogênio vai permitir o acoplamento de setores energéticos que hoje são estanques; tanto vai poder ser utilizado onde hoje são utilizados combustíveis convencionais como no setor que hoje usa eletricidade. Então haverá interconexão entre setores que vai incentivar o desenvolvimento da cadeia de valor do hidrogênio no Brasil e no mundo — afirmou.
Combustíveis sintéticos
Coordenador-geral de Tecnologias Setoriais da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec) e representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o engenheiro agrônomo Rafael Silva destacou o lançamento pelo governo, em 2007, do plano de ação em favor do hidrogênio verde, assim como de chamadas públicas mais recentes para o desenvolvimento desse combustível e de combustíveis sintéticos.
— O programa nacional de hidrogênio verde tem o objetivo de fortalecer a indústria. A atuação do ministério é na coordenação e fortalecimento de bases científicas e tecnológicas — afirmou.
O pró-reitor da Universidade Federal do Ceará, engenheiro civil Augusto Teixeira de Albuquerque, detalhou projeto desenvolvido no Porto de Pecém, que abriga um parque tecnológico destinado à produção de hidrogênio verde:
— O tema do hidrogênio verde por vezes é tratado por certo ceticismo, pois tudo que envolve risco tecnológico envolve pioneirismo. Hoje os Estados Unidos e a China dominam quase todo o segmento. Ficou muito claro que a contribuição do hidrogênio verde na transição energética é muito promissora, mas, para ser efetivada essa tecnologia, ainda é necessário [esforço], e a comunidade brasileira está preparada para esse desafio.
“Estoque de eletricidade”
O diretor técnico da Braspell Bioenergia, Afonso Bertucci, defendeu investimentos para a produção de hidrogênio verde.
— Temos que aumentar o plantio florestal de forma que leve renda ao campo para garantir suprimento de energia. Temos que fazer agora a parceria com produtores rurais para produção de hidrogênio, o plantio integrado com atividade agrícola e pecuária. Temos que achar solução economicamente viável para o produtor ganhar dinheiro. [O hidrogênio verde] favorece a mineração, a siderúrgica. O hidrogênio tem vantagem, basicamente é um estoque de eletricidade, da mesma forma que a floresta é uma bateria. Temos que valorizar o mercado interno. O Brasil tem a chance de dar o salto — afirmou.
Representante da Petrobras, Alex Sandro Gasparetto afirmou que as iniciativas desenvolvidas no centro de pesquisa da empresa buscam a produção de hidrogênio sustentável. A Petrobras, segundo ele, é hoje a maior produtora e consumidora de hidrogênio classificado como cinza (produzido a partir de gás natural). Os segmentos priorizados no plano de negócios para o período 2023-2027 incluem energia eólica offshore, hidrogênio, captura de carbono e biorefino.
Membro do Comitê de Relações Institucionais e Governamentais do Conselho Federal de Química, Alexandre Vaz Castro disse que a pauta do hidrogênio verde envolve não só a comunidade científica e o desenvolvimento tecnológico, mas também a sociedade, “a sobrevivência do nosso modo de vida, porque o novo ordenamento mundial nos traz um conceito de sustentabilidade totalmente urgente”. Ele também defendeu a formação de capital humano em Química como forma de adequar a sociedade aos novos tempos.
— Temos um desafio muito grande, o capital humano, busca de novas matrizes energéticas, com redução ou emissão negativa de efeito estufa. E capital humano não se produz mais, ainda mais na área de química. A química faz parte dos principais processos tecnológicos e de preservação do modo de vida. Infelizmente, ainda vivemos a desinformação, que não entende o papel da química nesse contexto, a possibilidade de expandir o capital humano nos próximos 20 anos. Hidrogênio é química, química pura — concluiu.
Fonte e Imagem: Senado Notícias.
Estudo do Cebds mostra que empresas com operações globais veem país com boa possibilidade de ajudar na redução das emissões.
Empresas de diferentes setores com operações globais têm percebido o Brasil como um país com oportunidades para o atendimento de metas de redução de emissões e investimento em fontes renováveis de energia. Esse cenário considera o uso de tecnologias já empregadas no país, como solar e eólica em terra, e outras ainda em estudo, caso da eólica no mar. É o que mostra levantamento feito pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds). O trabalho constata, porém, que a maior dúvida paira hoje sobre a sustentabilidade dos investimos a longo prazo.
O documento, elaborado pelo Cebds, engloba entrevistas com membros de 22 empresas que apontam o interesse em buscar maior eficiência operacional como forma de reduzir emissões de escopo 1, aquelas ligadas diretamente às operações das companhias. As empresas da amostra olham também para o consumo de energia elétrica produzida 100% a partir de fontes renováveis e que se relaciona ao escopo 2, que inclui a compra de eletricidade. Mas talvez o caso mais desafiador esteja na redução de emissões do escopo 3, que se vincula à cadeia de fornecedores e requer o cumprimento de requisitos de boas práticas socioambientais por toda a cadeia de valor.
Viviane Romeiro, diretora de clima, energia e finanças sustentáveis do Cebds, listou exemplos de soluções que podem ser adotadas de forma imediata por empresas: a compra ou a auto-produção de energia renovável; a gestão da demanda; ações de eficiência energética tanto para o uso de energia como em outros processos industriais; e o uso de biocombustíveis nos transportes.
“Reduzir as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção e consumo de energia é um dos grandes desafios da transição para uma economia de baixo carbono”, disse Romeiro.
O Cebds nota que empresas do setor elétrico, como Eletrobras, Elera, Norte Energia, Energisa e Neoenergia, vêm investindo em projetos de energia renovável. Mais recentemente companhias com origem no setor de óleo e/ou gás natural passaram a investir em projetos de energia renovável, com o objetivo de se transformarem em empresas integradas de energia, como Shell e Eneva.
Entre as principais barreiras à redução das emissões, o estudo do Cebds indica a necessidade de uma regulação própria para viabilizar o início de alguns mercados, como o caso das eólicas em mar, e o avanço de outros.
“O desafio para o futuro é como manter a matriz elétrica renovável no longo prazo, considerando o crescimento da demanda, com expansão da eletrificação dos transportes, maior uso de eletricidade na indústria e a produção de hidrogênio. O que o estudo mostrou é que é possível ter forte expansão da oferta de energia elétrica a partir de renováveis para atender às novas demandas”, diz Romeiro.
Segundo ela, ao traçar planos de geração e transmissão, é importante que o poder público considere as peculiaridades e sinergias entre as fontes, as novas tecnologias, os reforços que o sistema necessita e a evolução da demanda. “Além disso, o poder público pode contribuir com o processo através da modernização das regulamentações do setor elétrico”, afirma.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Montante é capaz de abastecer quase 20% de toda a população brasileira.
Na última sexta-feira, 12 de maio, o Brasil alcançou a marca de 21 GW de capacidade em geração própria de energia elétrica, também chamada de Geração Distribuída. Com essa potência, a GD pode abastecer aproximadamente 10,5 milhões de residências, ou 42 milhões de pessoas – o equivalente a quase 20% de toda a população brasileira.
De acordo com Guilherme Chrispim, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída, destaca também a contribuição da modalidade em relação às questões socioambientais, uma vez que se trata de uma energia limpa e renovável, presente em quase todas as cidades brasileiras. A energia solar representa atualmente 98,7% do total em GD. Em relação à potência total da energia solar no Brasil, a geração distribuída é responsável por 21 GW dos 29 GW totais, ou 72%.
Entre os consumidores beneficiados pela GD, quase metade (49,9%) dos projetos é do grupo residencial, seguido pelo consumo comercial
(27,5%), rural (14,6%) e industrial (7%). Atualmente, a geração própria de energia conta com 1,9 milhão de usinas de microgeração e minigeração
distribuídas pelo País e 2,5 milhões de unidades consumidoras que utilizam a GD no País. Cada unidade representa uma casa, um
estabelecimento comercial ou outro imóvel abastecido por micro ou mini usinas, todas utilizando fontes renováveis.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Em meio ao debate sobre situação da Eletrobras, o ministro Alexandre Silveira afirmou que governo Lula garantirá segurança jurídica para investimentos no setor.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta segunda-feira, 15, que está claro para o governo que setores como eletricidade e óleo e gás dependem "quase na totalidade" do investimento privado e que o Planalto trabalhará para garantir segurança jurídica a investidores.
Silveira afirmou também que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "nunca escondeu de ninguém" sua contrariedade sobre privatizações de "setores estratégicos" e sobre a situação da Eletrobras, mas afirmou que o debate atual não é sobre uma reestatização da estatal.
Em meio à ação do governo no Supremo Tribunal Federal sobre a participação do governo no controle da Eletrobras, privatizada no ano passado, Silveira afirmou que o Planalto respeitará contratos e que todos os questionamentos têm sido feitos dentro da legalidade.
"É óbvio que tanto setor elétrico, óleo e gás, dependem quase na totalidade do seu investimento privado", disse Silveira, ao participar de evento do Esfera Brasil nesta tarde. "Todos têm que saber o que pensa o governo, para que possam fazer seu planejamento", completou o ministro.
Não há reestatização da Eletrobras, diz Silveira.
Questionado sobre se a ação legal sobre a participação do governo na gestão da Eletrobras como acionista não poderia afugentar investidores, Silveira afirmou que o governo não está debatendo uma reestatização da estatal.
"Esse assunto não está em pauta", disse Silveira.
"Era primeiro um debate interno no governo. Na minha visão, foi vencido quando o governo decidiu um segundo caminho, de ter uma participação efetiva", disse. "E eu discordo de que, com isso, o governo tenha pretensão de se tornar controlador da empresa de novo."
O governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para ampliar seu poder de decisão no Conselho da Eletrobras. Embora tenha 40% das ações, o governo é limitado a 10% do poder de voto, pelo modelo de "corporation" no qual a empresa foi privatizada.
Transição energética
Ao falar sobre as prioridades do governo no setor energético, o ministro afirmou ainda que a transição energética é oportunidade para que o Brasil seja protagonista e receba investimentos.
"Tenho recebido o mundo inteiro no meu gabinete", disse, afirmando que há pedido de encontros de mais de 50 embaixadores.
Para o ministro, a transição energética "é uma corrida de 100 metros". "Nós não podemos perder essa oportunidade", disse. "Temos que sinalizar de forma clara, com segurança e planejamento, na formulação de políticas."
Fonte e Imagem: Exame.
Segundo Alexandre Silveira, é preciso resolver questões como assimetria de preços antes de pensar em aproveitar oportunidades de investimentos no setor; ministro também afirmou que não é prevista a reestatização da Eletrobras.
m seminário nesta segunda-feira na capital paulista, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que, antes de pensar em aproveitar oportunidades de investimentos no setor elétrico, o país precisa “resolver problemas mais imediatos para que a gente possa dar passos adiante”.
“Tenho recebido no meu gabinete o mundo inteiro. Hoje de manhã olhei a agenda e vi lá 59 pedidos de embaixadores para poder falar em especial sobre esse tema [transição energética].[...] E não podemos perder oportunidades”, disse. “Mas antes tem problemas mais imediatos a serem resolvidos para dar passos adiante.”
O ministro destacou “problemas que não podem esperar” e entre eles citou a assimetria de preços e a conta da escassez hídrica.
No setor de energia, ele destacou as distribuidoras. “Foram todas praticamente concedidas, menos a Celesc, em Santa Catarina, a Copel no Paraná e a Cemig, em Minas”, lembrou. As outras foram concedidas e “vistas como patinnho feio do setor energético”.
As distribuidoras contudo são o setor “mais caro” ao governo federal, já que aquele tem que a relação direta com o produtivo e os consumidores de uma forma geral.
Eletrobras
Questionado sobre os movimentos do governo federal em relação à Eletrobras, o ministro afirmou que, em um primeiro momento, não se prevê a reestatização da Eletrobras.
“O ajuizamento de uma ação por parte do governo para questionar os direitos políticos da União, ou a participação proporcional da União no conselho da Eletrobras, não é [postura] contraditória. [...] É público que o presidente da República é crítico à privatização de empresas estratégicas e há coerência na postura [do governo].”
Ele reiterou que havia um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que fosse feito estudo a respeito de uma possível reestatização da companhia. “Mas, depois de muito debate, chegou-se à conclusão de que, num primeiro momento, era mais adequado estabelecer direitos políticos da União”, disse o ministro.
Silveira reiterou que o governo tem 43% das ações, e o modelo atual da empresa possibilita ao governo ter um candidato “numa chapa inscrita para poder ter no máximo um representante no conselho”, ou até nenhum. “O que o governo questiona é uma proporcionalidade de participação.”
Adriano Pires, diretor do Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), disse, contudo, que o movimento por parte do governo de buscar ganhar mais poder na administração da companhia acaba “assustando o investidor”, que aportou recursos na companhia pensando em administração privada.
Petrobras
Silveira disse que “ninguém” [referindo-se ao governo federal] vai negar respeito à governança interna e à natureza jurídica da Petrobras.
Contudo, seguiu, não faltará “firmeza e coragem para o governo federal assumir uma posição que nem sempre fica muito clara”. “O acionista sabe que o poder controlador da Petrobras é o governo”, seguiu.
A companhia divulgou ontem que estuda uma nova política de preços para a gasolina e o diesel.
Durante o encontro, agentes de mercado defenderam que a fórmula da paridade de importação (PPI) não deve ser abandonada. “Existe em todo o mundo para quem importa e exporta commodities”, disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura. “Mas também acho legítimo o governo se preocupar em não passar a volatilidade dos preços ao consumidor, sobretudo com efeitos de uma guerra. Mas advogo que esta é uma questão de política pública”, disse Pires.
Silveira reiterou que o governo “pode delinear uma política de preços”, mas “não pode intervir” na decisão da Petrobras. Ele disse, contudo, que vê a questão da PPI como uma “abstração”. "Eu não achei em lugar nenhum, em atas do conselho, na ANP, alguma referência à PPI”.
Na visão do governo, continuou, a Petrobras tem um papel constitucional do qual se afastou. “Está claro na lei de estatais a sua função social [da Petrobras], como uma empresa indutora de crescimento nacional”.
O plano é voltar à busca por autossuficiência em refino de gasolina e diesel para depender menos do contexto externo e ampliar a segurança energética e alimentar do país. O movimento estratégico não negará respeito à governança interna e tampouco à natureza jurídica de capital aberto da empresa.
Em meio às discussões, Silveira fez um apelo aos investidores, para que “se aprofundem no que o governo está dizendo” e observem como está agindo, “na prática”, em relação à segurança jurídica e respeito a contratos – fatores que não serão deixados de lado, garantiu.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Global Electricity Review mostra que fontes eólica e solar vem causando a redução na participação do carvão.
De acordo com a quarta edição anual da Global Electricity Review, publicada nesta segunda-feira, 15 de maio, a energia eólica e a solar reduziram a participação da energia a carvão nos países do G20 desde o Acordo de Paris. O relatório foi produzido pelo think tank Ember.
Apesar do aumento na participação, a transformação ainda não está ocorrendo com rapidez suficiente para a meta do Acordo de Paris de manter o aquecimento global bem abaixo de 1,5°C. O Brasil tem a maior parcela de eletricidade limpa do G20. Em 2022, o país gerou 89% de
sua eletricidade a partir de fontes limpas, o que inclui 63% de energia hidrelétrica, 12% de energia eólica e 3% de energia solar. Os combustíveis fósseis foram responsáveis por 11% da geração do Brasil em 2022, sendo a maior parte deles gás (7%).
Os dados revelam que, nos países do G20, as energias eólica e solar atingiram uma participação combinada de 13% da eletricidade em 2022,
em comparação com 5% em 2015, quando o Acordo foi firmado. Nesse período, a participação da energia eólica dobrou e a participação da energia solar quadruplicou. Como resultado, a energia a carvão caiu de 43% da eletricidade do G20, em 2015, para 39%, em 2022. As
participações de outras fontes de eletricidade permaneceram praticamente estáveis, com flutuações de apenas 1 a 2 pontos percentuais.
De acordo com Malgorzata Wiatros-Motyka, analista sênior da Ember, trocar a energia a carvão por eólica e solar é a coisa mais próxima que temos de uma bala de prata para o clima. Para ele, a energia solar e a eólica não apenas reduzem as emissões rapidamente, mas também diminuem os custos da eletricidade e reduzem a poluição prejudicial à saúde. No G20, o progresso em direção à energia eólica e solar é misto.
Os líderes são a Alemanha (32%), o Reino Unido (29%) e a Austrália (25%). ATurquia, o Brasil, os EUA e a China têm se mantido consistentemente acima da média global. Na parte inferior da lista estão a Rússia, a Indonésia e a Arábia Saudita, com quase zero de energia eólica e solar em seu mix. Treze países do G20 ainda terão mais da metade de sua eletricidade proveniente de combustíveis fósseis em 2022. A Arábia Saudita se destaca com quase 100% de sua eletricidade proveniente de petróleo e gás. AÁfrica do Sul (86%), a Indonésia (82%) e a Índia (77%) são os próximos países mais dependentes da geração fóssil — predominantemente carvão.
Entre as economias avançadas no G20, que deveriam ter como meta a eliminação progressiva do carvão até 2030, houve uma redução na geração de carvão de 42% em termos absolutos, de 2.624 TWh em 2015 para 1.855 TWh em 2022. Um declínio mais rápido na energia a carvão no G20 foi alcançado pelo Reino Unido, que reduziu sua geração de carvão em 93% desde a assinatura do acordo, caindo de 23% em 2015 para apenas 2% em 2022.
A Itália reduziu pela metade sua energia a carvão no mesmo período, enquanto os EUA e Alemanha reduziram a energia a carvão em um terço. Até mesmo a Austrália, dependente do carvão, reduziu sua parcela de energia a carvão de 64% em 2015 para 47% em 2022. O Japão se destaca por ainda não ter reduzido sua parcela de energia a carvão, que continua sendo cerca de um terço de sua eletricidade.
O crescimento da geração eólica e solar tem sido um fator fundamental para o sucesso desses países da OCDE na redução da energia a carvão. O Reino Unido e a Alemanha têm as maiores participações de energia eólica, com 25% e 22% em 2022, enquanto a Austrália e o Japão estão no topo do G20 0 em termos de participação de energia solar, com 13% e 10% em 2022.
Embora a participação do G20 na geração de energia a carvão tenha diminuído desde o Acordo de Paris, a geração absoluta de energia a carvão aumentou à medida que os países recorrem ao carvão para atender à crescente demanda. Em 2015, os países do G20 geraram 8.565 TWh de eletricidade a carvão, aumentando em 11% para 9.475 TWh em 2022.
Esse aumento está concentrado em apenas cinco países: China (+34%, +1374 TWh), Índia (+35%, +357 TWh), Indonésia (+52%, +65 TWh), Rússia (+31%, +47 TWh) e Turquia (+50%, +37 TWh). Entre esses países, China e Índia conseguiram reduzir a participação percentual do carvão nesse período, pois se concentraram em aumentar a energia eólica e solar para atender à crescente demanda.
A China gerou 70% de sua eletricidade a partir do carvão em 2015, reduzindo-a para 61% em 2022. A Índia obteve um declínio menor, de 76% da eletricidade gerada por carvão em 2015 para 74% em 2022. No entanto, a Indonésia, a Rússia e a Turquia viram sua parcela de energia a carvão aumentar. Há sinais de que esses países estão se aproximando do “pico” de emissões de carvão, pois a energia limpa está perto de crescer com rapidez suficiente para atender a todo o crescimento da demanda.
Na China, as energias eólica e solar atenderam a 69% do crescimento da demanda de eletricidade em 2022, enquanto todas as fontes limpas atenderam a 77%. Mais da metade do aumento da demanda de eletricidade na Ásia (52%) foi atendida com eletricidade limpa entre 2015 e 2022 — o dobro dos 26% alcançados nos sete anos anteriores. O pico das emissões é o primeiro passo; a rapidez com que a redução gradual dos combustíveis fósseis ocorrerá dependerá das ações tomadas pelos governos para acelerar a implantação de energia eólica e solar.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O hidrogênio renovável é uma das grandes apostas da transição energética, por ser obtido a partir de fontes renováveis e com baixa emissão de carbono. O Paraná passa a contar com uma série de medidas que criam uma política integrada de fomento à produção, pesquisa e uso do hidrogênio renovável no estado.
O pacote foi anunciado pelo governador Ratinho Junior durante o 1º Fórum de Hidrogênio Renovável (H2) do Paraná , realizado na última quarta-feira (3). “Temos plenas condições de liderar este processo e ser um grande fornecedor de energia para Europa e outros países. O hidrogênio utiliza como matéria- prima a água, que temos em abundância no Paraná”, destacou o governador.
Água e energia são os componentes essenciais para a produção do hidrogênio renovável. Neste contexto, o vice-presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (Abrapch), Ademar Cury, destaca que as usinas podem ser grandes aliadas dos novos projetos. “As PCHs e CGHs poderiam auxiliar nesta produção. Energia limpa para produzir hidrogênio verde. É uma nova alternativa que pode ajudar a resolver a crise energética mundial. Vai levar algum tempo para o hidrogênio renovável ser produzido de forma massiva, mas é o caminho do futuro”, destaca Ademar Cury.
Abrapch na produção de hidrogênio renovável
O hidrogênio é obtido a partir da separação das moléculas de hidrogênio e oxigênio da água, processo chamado de eletrólise. Mas para ser considerado renovável, também deve ser produzido por meio de fontes renováveis de energia, como as usinas solares, eólicas e hidrelétricas dos diferentes portes.
Segundo o presidente do Conselho Administrativo da Abrapch, Pedro Dias, as PCHs e CGHs têm todas as condições para entrar neste novo ciclo, agora é uma questão de analisar custo-benefício. “A Abrapch começa a analisar a possibilidade com os seus associados de, fazendo uma análise econômica e levando em consideração os incentivos anunciados no Paraná, vislumbrar a possibilidade de não só ser o apoio às fontes renováveis no contexto da manutenção da rede, mas também gerar diretamente hidrogênio”, destacou Pedro Dias.
Dias lembrou ainda que as hidrelétricas devem ser a fonte de energia de segurança deste novo modelo de hidrogênio. “Estas usinas produzem energia a todo momento e deve dar o apoio às eólicas e solares , que são intermitentes. Este apoio hoje é feito pelas usinas termelétricas. As PCHs e CGHs podem manter o sistema de produção de hidrogênio verde, enquanto as fontes intermitentes podem transformar o hidrogênio na sua bateria.”
PCHs no Paraná
O Paraná é um dos estados que mais licenciou Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidráulicas (CGHs). Em apenas três anos foram emitidas 127 licenças ambientais para construção de 33 empreendimentos que representam investimentos de R$2 bilhões. “Isso faz com que o Paraná continue sendo um estado sustentável na geração de energia, através de PCHS”, destacou o governador Ratinho Junior.
O Paraná garantiu um ganho ambiental de 228% em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e em plantio de espécies nativas com a instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH), empreendimentos que variam entre 0 e 30 megawatts (MW) de potência instalada. Entre os anos de 2014 e 2022, 89 projetos de pequenas usinas receberam o licenciamento do Instituto Água e Terra (IAT) – órgão ambiental do Paraná. Para a instalação de todos estes empreendimentos se fez necessária a supressão florestal de 951 hectares, sendo autorizado o estritamente necessário para a instalação da usina e da casa de força. No entanto, o órgão ambiental garantiu a recomposição florestal por parte dos empreendedores de 3.119 hectares, quase 3,5 vezes mais do que o volume suprimido.
Pacote de Medidas
Dentro do pacote de medidas, anunciado pelo Governo do Estado, estão a criação do Programa de Energia Verde no Paraná; a desoneração tributária da cadeia produtiva do insumo; linhas de crédito para fomentar investimentos no setor; a resolução que cria o Descomplica H2R, estabelecendo critérios mais simples para licenciamento ambiental para a produção do combustível; e a sanção da lei que cria a Política Estadual do Hidrogênio Renovável, aprovado pelos deputados na Assembleia Legislativa.
Fonte e Imagem: ABRAPCH.
Gerente da CNI, Davi Bomtempo, disse nesta quinta (11/5) que a aposta na produção do hidrogênio arco-íris pode garantir competitividade no mercado.
Para o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo, o Brasil deve apostar em todas as rotas tecnológicas para a produção do hidrogênio (H2) no país.
“O Brasil tem várias rotas tecnológicas e a ideia é que a gente possa trabalhar todas elas”, garantiu. “A gente não pode escolher uma [só] rota”, acrescentou.
Segundo o gerente da CNI, é preciso considerar a demanda e a oferta do mercado e observar quais soluções e recursos o país pode ofertar no momento, visando a competitividade.
“Temos que entender qual é a demanda do mercado e examinar o que o Brasil pode oferecer […] Precisamos casar a oferta e a demanda, há várias oportunidades de desenvolvimento”, disse.
Outros países têm optado por desenvolver a rota da produção por eletrólise, o hidrogênio verde propriamente dito, a partir da geração com fontes renováveis.
No Brasil, o planejamento para suprir a demanda de H2 de baixa emissão de carbono inclui o azul (gás natural com captura de carbono) e soluções a partir de bioenergia, como o biogás. Discussão ocorre por meio do Plano Nacional de Hidrogênio (PNH2).
A abordagem é conhecida como hidrogênio arco-íris, uma analogia às cores que representam as diversas rotas de produção do combustível, além do hidrogênio verde (eletrólise).
Bomtempo explicou que o diferencial comparativo do país é ter uma matriz energética limpa, biodiversidade, disponibilidade hídrica, além do potencial de produção de biocombustíveis.
“A grande questão é como iremos transformar as vantagens que o Brasil tem em competitividade”, reiterou.
Foco na agenda internacional
Mariana Espécie, diretora do Departamento de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME) comentou que a cooperação internacional para o H2 está na pauta do ministério.
“O Brasil está mais visível internacionalmente, inclusive pela possibilidade de rotas que pode explorar. […] É só um começo de um longo trabalho pela frente”, disse.
A diretora afirmou que a pasta quer viabilizar todas as rotas possíveis para a produção do combustível, diante do mercado internacional, para atender os critérios de competitividade.
“Na nossa leitura, o Brasil possui uma infinidade de possibilidades em relação à indústria do hidrogênio, o que envolve várias rotas tecnológicas. O nosso objetivo é endereçar todas as frentes possíveis para o Brasil em termos de competitividade, inclusive no mercado internacional”.
O MME e a CNI participaram nesta quinta (11/5) do painel Utilização do hidrogênio sustentável na indústria brasileira, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), da Câmara dos Deputados.
Panorama brasileiro
O Brasil conta com dezenas de anúncios de projetos para a geração de hidrogênio verde, com investimentos que giram em torno de mais de US$ 20 bilhões, segundo dados da EPE.
O hidrogênio verde também tem sido assunto de grande interesse e discussão tanto no governo quanto no Congresso Nacional.
Além da instalação da Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde (CEHV), no Senado, tramita o PL 725/22, que prevê incentivo e viabilização do uso do hidrogênio como fonte energética; e o PLS 1878/22, que propõe a criação de uma política para regular a sua produção.
Fonte e Imagem: epbr.
Consumidores livres, que podem escolher o fornecedor e negociar preços, consumiram 26.959 MW médios.
Dados do Boletim da Energia Livre, publicado pela Abraceel, apontou que o consumo de eletricidade no mercado livre de energia, ambiente onde fornecedores e consumidores negociam livremente preços, prazos e outras condições de contratação, cresceu 10,7% nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro de 2023, quando atingiu 26.959 MW médios. Esse volume seria suficiente para abastecer todas as residências e todos os comércios no país em uma hipotética situação em que todos tivessem o direito de escolher o fornecedor.
O boletim mostra o panorama mensal atualizado do mercado livre de energia no Brasil com base nos indicadores mais recentes divulgados por diversas instituições e consultorias. Em termos de unidades consumidoras, o mercado livre de energia cresceu 17% nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, acumulando 4.609 novas unidades consumidoras no período. Com isso, o ambiente de contratação livre passou a somar 32.142 unidades consumidoras, agrupadas em 11.265 consumidores. Cada unidade consumidora equivale a um medidor de energia.
De acordo com a Abraceel, em fevereiro de 2023, o custo da energia, que é um dos componentes da tarifa elétrica, foi de R$ 278/MWh no mercado regulado e de R$ 100/MWh do mercado livre, uma diferença de 64%. O boletim destacou ainda que o mercado livre se consolidou como indutor das energias renováveis, absorvendo 92% da energia gerada por usinas a biomassa, 57% por PCH, 47% por eólicas e 53% por solares centralizadas. Com isso, o mercado livre absorveu 53% da geração de energia consolidada de fontes renováveis incentivadas, aumento de 41% nos últimos 12 meses.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Prevaleceu o entendimento de que a norma estadual não tem competência para tratar da matéria.
O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade de lei do Estado de Mato Grosso que proibiu a construção de Usinas Hidrelétricas (UHE) e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) em toda a extensão do rio Cuiabá. Por maioria dos votos, no julgamento virtual finalizado em dia 8/5, a Corte julgou procedente pedido apresentado na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7319 pela Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel).
Competência da União
No voto que prevaleceu no julgamento, o ministro Gilmar Mendes explicou que compete privativamente à União legislar sobre águas e energia (artigo 22, inciso IV, da Constituição Federal). Além disso, a outorga e a utilização de recursos hídricos para geração de energia elétrica estão subordinadas ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, instituído pela Lei federal 9.433/1997, e a outorga é de competência do Poder Executivo federal quando envolver recurso de domínio da União. No caso, o rio Cuiabá é classificado como “massa de água de domínio federal ” e é gerido pela Agência Nacional de Águas (ANA).
Segundo Mendes, a Lei estadual 11.865/2022 ocupou um espaço normativo que pertence à agência reguladora, que detém capacidade técnica e legal para definir as condições para aproveitamentos hidrelétricos dos reservatórios do rio Cuiabá. Com isso, assumiu indevidamente a capacidade de concessão de licenças do Poder Executivo federal, que fica impossibilitado de deliberar sobre as questões ambientais e hidrelétricas no curso do rio.
Seguiram esse posicionamento os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, André Mendonça, Luiz Fux, Nunes Marques e Luís Roberto Barros e a ministra Cármen Lúcia.
Divergência
Ficaram vencidos o ministro Edson Fachin (relator) e a ministra Rosa Weber, que entenderam que a norma é constitucional e exerceu, de forma legítima, sua competência concorrente para promover a proteção ao meio ambiente estadual, levando em conta as peculiaridades regionais.
Processo relacionado: ADI 7319
Fonte e Imagem: Ponta Porã Informa.
Entre ações conjuntas do Pacto Brasileiro pelo Hidrogênio Renovável, assinado por Abeeólica, Absolar, Abiogás e AHK Rio, estão atividades e projetos técnicos e institucionais, incluindo estudos, seminários e road shows.
Quatro associações brasileiras que representam empresas que atuam no setor de energia renovável se uniram para trabalhar em conjunto na pauta do hidrogênio verde. Assinaram oficialmente um acordo de cooperação na última sexta (5) a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a Associação Brasileira do Biogás (ABIOGÁS) e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio). O acordo foi chamado de Pacto Brasileiro pelo Hidrogênio Renovável.
O hidrogênio renovável ou verde é o produto do processo de hidrólise da água feito a partir de energia limpa (solar, eólica e biogás, por exemplo). Segundo estudo recente produzido pela consultoria BCG e publicado pelo Prática ESG, a atividade demandará, no mundo, entre US$ 6 trilhões a US$ 12 trilhões entre 2025 e 2050 para atender a demanda de governos e companhias que se comprometem com a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
O valor, que consta no estudo Building the Green Hydrogen Economy, se refere ao dinheiro necessário para construção de infraestrutura de produção (o processo é chamado de hidrólise e exige uma alta carga de energia elétrica), armazenamento e transporte.
Hoje, a demanda por hidrogênio é baixa, de 94 milhões de toneladas em 2021, e a maior parte é produzida a partir de fontes fósseis, geralmente gás natural, de acordo com o relatório. A estimativa é que a demanda até 2050 seja de cerca de 350 milhões a 530 milhões de toneladas por ano.
Entre as ações do Pacto está a participação das entidades nas discussões sobre o arcabouço regulatório para o mercado de hidrogênio verde, o desenvolvimento das formas de aplicação da tecnologia nos diversos setores econômicos, e disseminar as oportunidades de hidrogênio renovável aos seus associados e à sociedade brasileira, entre outras.
Para isso, a proposta é ter grupos de trabalho para discussão, participar de comissões técnicas, participar de e promover eventos debates, seminários, palestras e “road shows”, publicar estudos, estimular o investimento na área, e outras ações e projetos técnicos que identifiquem como necessários.
“Vetor energético e combustível primário, limpo e versátil, o hidrogênio renovável tem potencial para se tornar eixo estratégico na transição energética e descarbonização dos setores produtivos, de diversos segmentos. Além de sustentável, pode ser utilizado em diversas aplicações, reduzindo drasticamente as emissões de gases de efeito estufa de setores de difícil descarbonização, tais como: fertilizantes nitrogenados, mineração, siderurgia, produção de metanol, de aço, transporte aéreo, marítimo e terrestre de veículos pesados, entre outros”, destacam as entidades no material de divulgação do Pacto à imprensa.
A aposta é a do Brasil ter um potencial grande de produção por já ter um setor de energia renovável desenvolvido. Segundo estudo da consultoria Mckinsey, o País poderá instalar uma nova matriz elétrica inteira até 2040, destinada à produção do H2R, trazendo cerca de R$ 1 trilhão em novos investimentos no período. Estes investimentos serão destinados à geração de eletricidade, novas linhas de transmissão e mais unidades fabris do combustível limpo e de estruturas associadas, incluindo terminais portuários, dutos e armazenagem.
Com isso, indústrias que usam como fonte de aquecimento o hidrogênio verde podem também sair na frente na competição mundial por produtos menos poluentes, uma vez que boa parte das emissões vêm da queima de combustíveis fósseis na produção industrial. Além disso, os representantes das entidades comentam que o país pode se tornar um líder global na produção, consumo e exportação do combustível limpo em si, mas que, de acordo com Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar, é necessário desenvolver políticas públicas, programas e incentivos adequados, como o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), do Governo Federal, para esse potencial do país ser destravado.
Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica lembra ainda que já há projetos estratégicos em andamento, como planta piloto de hidrogênio verde no Complexo do Pecém, inaugurada em janeiro deste ano pela EDP Brasil e o primeiro projeto em escala industrial no país que está sendo desenvolvido pela UNIGEL e deve ter a primeira fase em operação comercial no final deste ano.
Outro exemplo é o trabalho que a GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), empresa especializada em projetos de cooperação técnica e desenvolvimento sustentável, já desenvolve desde 2021, em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME). Chamado de H2Brasil, ele prevê investimentos totais de 34 milhões de euros para apoiar a expansão do mercado de hidrogênio, que inclui montagem de laboratórios em universidades, incentivo à pesquisa, entre outras iniciativas.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
EOL Serra do Seridó III inicia operação comercial de 5,5 MW.
A Agência Nacional de Energia Elétrica liberou para início da operação em teste, a partir de 6 de maio, a UG2 da EOL Tucano II com 6,2 MW de capacidade instalada; a UG2, EOL Serra do Seridó II, com 5,5 MW; as UG4 e UG12, da EOL Ventos de Santa Leia 2 e 13, que juntas somam 8,8 MW; e a UG1, da UFV Coopermaçã, com 0,6 MW. Juntos, para operação em teste, foram liberados 21,1 MW de de capacidade instalada.
Para a operação comercial, a Aneel autorizou a UG2, da EOL Serra do Seridó III, com 5,5 MW, no estado da Paraíba.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Alexandre Silveira afirmou ter recebido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a diretriz de transformar o Nordeste no maior celeiro de energia limpa e renovável do mundo.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta sexta-feira (5), que leilões programados para 2023 e 2024 devem contratar mais de R$ 56 bilhões em investimentos para transmissão de energia.
Desse total, cerca de R$ 30 bilhões são para infraestruturas instaladas no território do Nordeste, e o restante, em outras regiões, também servirão para escoar a energia produzida nos Estados nordestinos.
“Os leilões vão acontecer e trarão mais de R$ 56 bilhões em investimentos para transmissão da energia do Nordeste”, disse Silveira, durante o encontro sobre energias renováveis do Consórcio dos Governadores do Nordeste, realizado no Centro de Eventos do Ceará (CEC).
Aos governadores, o ministro disse ter recebido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a diretriz de transformar o Nordeste no maior celeiro de energia limpa e renovável do mundo.
“Trabalhamos para viabilizar a instalação desse potencial incrível de 30 Gigawatts de geração renovável”, disse.
Segundo ele, isso deverá destravar mais de R$ 120 bilhões em investimentos privados na área de geração de energia renovável.
O governo e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já previam fazer neste ano dois leilões de transmissão. Um deles, previsto para junho, deve contratar R$ 15,8 bilhões em investimentos e já teve a minuta de edital aprovada pelo órgão regulador.
O segundo certame deverá acontecer no dia 31 de outubro, com expectativa de levantar R$ 19,7 bilhões em investimentos.
Custos
“Nesse primeiro semestre, serão leiloados R$ 16 bilhões. Mais R$ 20 bilhões até o final de 2023, e outros R$ 20 bilhões estão programados para o ano que vem“, disse Silveira, indicando que um terceiro certame deve ocorrer apenas em 2024.
“Vamos trabalhar juntos, também, para que, em um futuro próximo, possamos consumir essa energia aqui mesmo, na região Nordeste, abrindo mais indústrias, produzindo hidrogênio verde, gerando mais empregos e renda para o povo nordestino”, afirmou ainda o ministro, segundo quem os investimentos em transmissão vão viabilizar o ingresso de energia renovável no sistema nacional e diminuir os custos para os consumidores.
“Vamos viabilizar novas usinas renováveis, com tarifa justa, segurança energética, responsabilidade ambiental e geração de emprego decente e renda, melhorando a qualidade de vida da nossa gente”, disse.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Em encontro do Consórcio dos Governadores do Nordeste, Alexandre Silveira afirmou que sua pasta trabalha para viabilizar a instalação de 30 gigawatts (GW) de usinas de energia renovável na região.
Os leilões de transmissão de energia elétrica previstos para 2024 devem envolver investimentos de R$ 20 bilhões, afirmou nesta sexta-feira (5) o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Em encontro sobre energias renováveis do Consórcio dos Governadores do Nordeste, Silveira afirmou que sua pasta trabalha para viabilizar a instalação de 30 gigawatts (GW) de usinas de energia renovável na região, que deverão destravar cerca de R$ 120 bilhões em investimentos do setor privado.
“Vamos transformar o Nordeste no celeiro de energia limpa e renovável do Brasil”, disse o ministro.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Energia produzida nesses anos seria suficiente para atender o planeta todo por 42 dias.
Nesta sexta-feira, 05 de maio, a Itaipu Binacional completa 39 anos do início de produção de energia limpa e renovável. São mais de 2,9 bilhões de megawatts-hora (MWh) acumulados desde o giro da primeira unidade geradora, em 1984. A energia é suficiente para atender o planeta todo por 42 dias; o Brasil, por 5 anos e 11 meses; o Estado de São Paulo, por 22 anos; o Paraguai, por 146 anos.
Com 20 unidades geradoras e potência instalada de 14 mil MW, a Itaipu registrou em 2016 a marca anual de 103,09 milhões de MWh, a maior de sua história. Mesmo com geração menor nos últimos anos, devido à estiagem que atingiu a Bacia do Paraná, a usina fechou 2021 com 66,3 milhões de MWh e 2022 com 69,8 milhões de MWh. Só este ano, a usina produziu, de janeiro até 30 de abril, quase 28 milhões de megawatts-hora (MWh), 39% a mais do que os 19,9 milhões de MWh registrados no mesmo período do ano passado.
A produção acumulada em 2023, quando comparada à das maiores usinas brasileiras, é equivalente a 1,3 vez à de Belo Monte (21.279.769 MWh) em 2022; 2,2 vezes a geração de Tucuruí (12.751.870 MWh) no mesmo ano, e 2,3 vezes a soma da produção das usinas de Santo Antônio e Jirau (11.966.898 MWh), em 2022.
No primeiro trimestre de 2023, a participação de Itaipu no mercado nacional foi de 9,5%. A usina atendeu também 90,1% do consumo paraguaio. Segundo o diretor-geral brasileiro, Enio Verri, esses números mostram a importância da usina para os dois sócios do empreendimento. Ele ainda destacou que o Brasil ainda precisa muito de Itaipu, para atender a um consumo crescente de eletricidade.
Ao Paraguai, Itaipu, ainda de acordo com Verri, é fundamental para o presente e garantia de desenvolvimento e progresso nos anos futuros, com a perspectiva de atrair cada vez mais empresas, pela oferta de energia elétrica barata e abundante.
Para manter a continuidade do alto desempenho da usina, Itaipu deu início à atualização tecnológica, que contempla a substituição de todos os cabos de força e controle e dos sistemas do controle centralizado, das unidades geradoras, da subestação isolada a gás, dos serviços auxiliares, do vertedouro e de medição e faturamento.
Isso é necessário, conforme a gerente executiva do Comitê Gestor do Plano de Atualização Tecnológica, Renata de Biasi Ribeiro Tufaile, devido à importância de utilizar tecnologias digitais mais atuais nos sistemas e equipamentos elétricos e eletrônicos. Também será modernizada a Subestação da Margem Direita, que conecta Itaipu ao sistema elétrico paraguaio e ao sistema de corrente contínua de Furnas, que transmite parte da energia de Itaipu ao Brasil.
Mas não será necessário substituir os equipamentos principais, como os geradores, as turbinas, os transformadores elevadores de alta tensão, bem como as comportas da tomada d’água e do vertedouro. O Plano de Atualização Tecnológica começou a ser executado em 2022 e há uma série de atividades programadas para 2023.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Contribuições para programa elaborado pelo governo e Fundos de Investimento Climático serão aceitas até 12 de maio.
O Ministério da Fazenda abriu consulta pública para análise de sugestões sobre o Plano de Investimento do Programa de Integração de Energia Renovável elaborado pelos Fundos de Investimento Climático (Climate Investment Funds – CIFs) junto ao governo. Os interessados podem enviar suas contribuições até o dia 12 de maio, por meio do e-mail consulta.cif.rei@economia.gov.br, do Ministério da Fazenda.
A consulta é aberta a todos da sociedade civil e visa garantir um processo inclusivo e colaborativo para elaboração do programa lançado em 2021 pelos CIFs, com o intuito de apoiar países em desenvolvimento a ampliarem a participação da geração renovável nas matrizes energéticas. O apoio passa pela assistência técnica até o financiamento de baixo custo para tecnologias e modelos de negócios.
O processo de elaboração também contará com o apoio de bancos multilaterais de desenvolvimento, prevendo consultas às partes interessadas, além de depender do aval do conselho de administração dos CIFs. Atualmente fazem parte do Programa a Colômbia, Fiji, Quênia, Mali e Ucrânia. Brasil, Costa Rica, Índia, Indonésia e Turquia são países prioritários a serem contemplados na próxima fase.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Empresa avançou ainda na construção de projetos solares.
O bom regime de chuvas e a regularidade de ventos ajudam a explicar o desempenho da Auren Energia, companhia que nasceu após a reorganização societária dos ativos do grupo Votorantim e do fundo canadense CPP Investiments. A empresa reverteu um cenário de prejuízo no primeiro trimestre de 2022 para lucro de R$ 230 milhões no mesmo período de 2023.
No primeiro trimestre de 2022, a empresa incorreu em diversas despesas por conta do novo arranjo societário do lançamento da Auren, como a contratação de consultorias, formação da nova empresa, entre outros, que impactaram os resultados.
O CEO da empresa, Fabio Zanfelice, e o vice-presidente Financeiro e de Novos Negócios, Mário Antônio Bertoncini, explicam que por conta do regime de chuvas intenso no período chuvoso e respectiva melhora na vazão da usina de Porto Primavera, a geração nas usinas hidrelétricas da empresa subiu 17,5% em relação ao ano passado.
Se por um lado o cenário hidrológico jogou os preços de curto prazo para patamares abaixo do custo marginal de expansão, por outro, Bertoncini destaca que o balanço energético da companhia está praticamente todo fechado desde o ano passado e não há sobras significativas de energia para ser vendida neste período de exposição. “Continuamos com nosso balanço energético equacionado para os próximos três anos de 95%”, diz.
Já a geração eólica aumentou 18% em bases comparáveis, em função do melhor recurso eólico no período e da normalização da geração no parque Ventos do Araripe III, que sofria com problemas em transformadores.
Entre os projetos de expansão, a empresa teve o primeiro desembolso de R$ 180 milhões do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para os projetos Sol de Jaíba e Sol do Piauí, que estão dentro do cronograma e devem entrar em operação total em 2024. O período foi marcado ainda pela aprovação em assembleia do pagamento de dividendos de R$ 1,5 bilhão.
Zanfelice conta ainda que a empresa teve um resultado positivo na Justiça ratificando um acordo judicial na esfera cível na controlada Cesp com pescadores. A decisão fará com que a empresa reduza significativamente o contencioso passivo provável.
“Tivemos uma decisão importante do tribunal de primeira instância homologando um acordo judicial de uma ação de pescadores que vai fazer com que a gente reduza o contencioso passivo provável da companhia. Considerando as mesmas bases do fim do ano para maio, o contencioso provável a ser reduzido é de R$ 1,186 bilhão para R$ 1,016 bilhão, ou seja, são R$ 170 milhões de redução”, diz.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Brasil pode expandir a economia e combater as mudanças climáticas com investimentos relativamente modestos em agricultura, combate ao desmatamento, energia, cidades e sistemas de transporte.
O Brasil se encontra em posição favorável para enfrentar as mudanças climáticas com sucesso, de acordo com o Relatório sobre Clima e Desenvolvimento para o Brasil (CCDR, na sigla em inglês), divulgado ontem pelo Banco Mundial. Ainda conforme o estudo, o país pode se tornar uma potência global de energia limpa, salvar a Amazônia e, ao mesmo tempo, proporcionar uma vida melhor à população.
O relatório avalia que o Brasil pode expandir a economia e combater as mudanças climáticas com investimentos relativamente modestos em agricultura, combate ao desmatamento, energia, cidades e sistemas de transporte. Um fator que colabora para o cenário é a posição privilegiada do país em termos de acesso a energias renováveis, já que 80% da matriz energética é de fontes renováveis, enquanto a média mundial está entre 15% e 27%.
"Em primeiro lugar, o Brasil deve aproveitar sua vantagem em energia renovável para se tornar uma potência de energia, e, em segundo lugar, implementar um plano para proteger a Amazônia para as pessoas que vivem lá e para o próprio país", disse Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil.
Zutt acrescentou que o caminho para se tornar uma potência de energia limpa não custaria ao país mais do que os planos atuais de expansão do uso de combustíveis fósseis, porque os gastos iniciais mais altos seriam totalmente compensadas pela economia subsequente.
Stephane Hallegate, consultor sênior de Mudanças Climáticas do Banco Mundial e co-autor do relatório, afirmou que, em comparação com outros países, os custos econômicos e as necessidades de investimento no Brasil estão entre as mais baixas.
Ainda assim, ele enfatizou a importância do combate ao desmatamento. "Como uma economia baseada em energia renovável, o Brasil está bem posicionado para competir no crescente mercado global de bens e serviços verdes. Mas, para ser verde, o Brasil também precisa reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, que hoje ainda estão entre as 10 maiores do mundo, não porque usa combustíveis sujos, mas porque continua cortando florestas para produzir madeira", disse Zutt.
No relatório, o CCDR destaca os caminhos que o Brasil pode seguir para ter êxito no combate às mudanças climáticas. Entre as principais recomendações estão cumprir a promessa de zerar o desmatamento ilegal até 2028; fortalecer a agricultura inteligente em termos de clima; realizar intervenções em toda a economia; acelerar reformas; promover o manejo de terra e usos sustentáveis; melhorar a eficiência energética; investir em soluções baseadas na natureza; e capitalizar as vantagens do país em energia renovável.
Fonte e Imagem: Correio Braziliense.
Ministro de Minas e Energia afirmou que governo pode pautar correção de distorções na tarifa no PL de modernização do setor.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a abertura do mercado de energia elétrica causou “desequilíbrio” ao setor, com concentração de custos no mercado cativo –obrigado a comprar energia da distribuidora local. Silveira fez a declaração na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados nesta 4ª feira (3.mai.2023). Segundo o ministro, a expansão das fontes renováveis tem beneficiado os grandes consumidores de energia, que compram no mercado livre com menos encargos.
“Vai ter que passar por um debate nas casas legislativas a questão do reequilíbrio do setor elétrico, que, ao mesmo tempo que é uma oportunidade, [também] cria distorções, que é a questão da transição energética. Uma constatação que pude fazer [é] de que a abertura do mercado tinha que ser mais criteriosa para ser mais justa”, afirmou.
Silveira disse que o governo vai propor um “reequilíbrio” do setor ao se referir à correção de distorções na tarifa de energia. De acordo com ele, a proposta pode ser discutida junto ao PL (projeto de lei) 414 de 2021, que trata da modernização do setor e da abertura a todos os consumidores, inclusive residenciais.
“O PL 414, que pode ser realmente um projeto de solução dessas distorções, vai ter a contribuição do ministério propondo questões objetivas para que a gente busque a solução de equilíbrio do setor elétrico, que na minha opinião é talvez um dos maiores problemas que encontramos”, afirmou.
O projeto foi aprovado pelo Senado em 2021. Em setembro de 2022, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que pautaria o texto depois do 2º turno das eleições, mas a proposta não voltou ao plenário.
Hoje, os maiores encargos na CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), paga por todos os consumidores, são o custo de combustíveis dos sistemas isolados e os descontos no fio –nas tarifas de transmissão e distribuição de energia.
Para o ministro, os encargos na conta de luz viraram uma “colcha de retalhos”, que poderia desembocar “num colapso da tarifa de energia”.
Fonte e Imagem: Poder 360.
O mercado livre de energia do Brasil registrou salto de 30% em novas unidades consumidoras no primeiro trimestre, mantendo o ímpeto de crescimento antes da aguardada abertura para um universo maior de consumidores a partir de 2024, quando as taxas de migração devem acelerar, disse à Reuters a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Entre janeiro e março deste ano, foram registrados na CCEE 1,4 mil novos pontos de consumo, fazendo com que o chamado "ACL" alcançasse um total de 32 mil consumidores habilitados a negociar livremente a compra de energia junto a qualquer fornecedor, comercializador ou gerador.
O ritmo de expansão vem se mostrando "constante e sustentado" mesmo que a grande maioria dos consumidores qualificados a aderir ao mercado livre, como grandes indústrias e shoppings, já tenha migrado, observou Rui Altieri, que deixou na semana passada o conselho da CCEE após oito anos no cargo.
Ele apontou que no início de seu mandato, em 2015, o número de pontos de consumo ligados ao ACL somava quase 3,9 mil, tendo multiplicado mais de oito vezes desde então.
Esse "boom" é explicado por uma combinação de fatores, como os melhores preços oferecidos em relação ao mercado regulado, atendido pelas distribuidoras, a criação de novos produtos para os consumidores do ACL, e a expansão da contratação de usinas renováveis para consumo desse mercado.
Atualmente, o ACL responde por quase 40% demanda nacional de energia elétrica, mesmo englobando um volume muito menor de consumidores frente aos mais de 88 milhões do mercado cativo, que engloba principalmente residências e pequenas empresas.
"Nossa grande expectativa é quando superarmos a barreira dos 500 kilowatts dos consumidores de alta tensão a partir de janeiro de 2024, via (comercializador) varejista. Aí esperamos um crescimento bem mais intenso", disse Altieri.
Uma portaria editada no ano passado deu impulso à liberalização do mercado de energia a todos os consumidores conectados em alta tensão. Na prática, isso significa que cerca de 100 mil novos consumidores de menor porte, como padarias e outros pequenos comércios, estarão aptos a migrar ao ACL, o que se espera ocorra a partir de 2024.
A CCEE não tem projeções para o ritmo futuro de migração, uma vez que o processo não é compulsório, mas aposta em uma aceleração das taxas. Esse aumento das migrações poderá ser perceptível já em janeiro, visto que os consumidores que querem aderir o ACL no primeiro mês de 2024 precisam avisar as distribuidoras seis meses antes.
O "cardápio de opções" oferecido pelas empresas será crucial para atrair novos clientes, avaliou Altieri, apontando que há diferentes perfis de consumidores: aqueles que optam por comprar energia por prazos longos, para não se preocupar, e outros que preferem aproveitar oportunidades momentâneas do mercado, como baixas de preços, em contratos mais curtos.
Ele ressaltou ainda que a economia de custos não é o único atrativo da migração ao mercado livre, já que hoje valoriza-se também o apelo social e ambiental de uma contratação direta.
"Quero comprar energia que venha de uma fonte renovável, que fique por exemplo no Nordeste, porque quero desenvolver socialmente aquela região. O mercado livre dá essa opção", exemplificou.
Grande parte das novas migrações deverão ocorrer sob comercializadores "varejistas", que atuam junto a pequenos consumidores de energia e assumem a representação deles junto à CCEE.
Esse mercado varejista é relativamente novo no Brasil e vem atraindo grandes grupos do setor elétrico, como Engie, AES e Cemig, e também empresas independentes do segmento de comercialização. Segundo a CCEE, o número de varejistas deve praticamente dobrar em 2023, chegando a 100 empresas habilitadas a operar pela CCEE.
ABERTURA TOTAL
Altieri apontou que a abertura de mercado precisará avançar nos próximos anos para abarcar todos os consumidores de energia do país, em um processo que deverá ser "neutro" para ambos os mercados, sem beneficiar o ACL e deixar ônus ao mercado cativo.
Pela proposta da CCEE, a abertura do ACL à baixa tensão se iniciaria em 2026 para algumas classes, com residências e consumidores rurais podendo migrar a partir de 2028.
O governo anterior chegou a realizar uma consulta pública sobre o tema, mas ainda não há cronograma definitivo para a abertura de mercado após 2024.
Para o ex-presidente do conselho da CCEE, o Brasil está preparado para avançar no processo de liberalização sem desbalancear o mercado das distribuidoras. Mas ele aponta que algumas questões devem ser observadas, como o portfólio de "contratos legados" - aqueles resultantes de leilões passados para contratação de energia e que continuarão a ser pagos pelos consumidores que quiserem ficar no mercado cativo.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
O deputado Danilo Forte (União-CE) criticou Alexandre Silveira por ser contra a proposta.
A proposta de criação de conselhos dentro dos ministérios para fiscalizarem o trabalho das agências reguladoras faz polêmica dentro do próprio governo. O projeto, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE), deve constar no relatório da Medida Provisória da reestruturação ministerial, do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que será apresentado nos próximos dias.
O projeto até encontrou simpatia dentro de alguns setores do governo, mas não em todos. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou ser contra a proposta. “Sou absolutamente contra. Acho que as agências têm que ser fortalecidas”, disse, em evento nesta semana. A isso, o autor do projeto respondeu. “Não sei onde ele viu isso [enfraquecimento das agênciasreguladoras]. Ao contrário, queremos fortalecê-las e agir em defesa do consumidor”, afirmou Forte em entrevista a VEJA.
O deputado lembra que o governo defende investimentos em fontes de energia renováveis, mas todas as últimas resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foram em sentindo oposto. Isso também estaria na mira dos ‘conselhos fiscalizadores’, que teriam poderes até de condenação caso constatados atos de improbidade. “O ministro talvez não tenha aprofundado o conhecimento necessário sobre o que está sendo discutido ou não tenha tido a sensibilidade de ver que as contradições na pasta dele estão muito grandes”, disparou.
Todos os reajustes depois de junho do ano passado foram acima da inflação, lembra o deputado. A diretoria da Aneel aprovou no início deste ano um reajuste médio de 7% na tarifa de energia cobrada dos clientes da Light, distribuidora que atende cerca de 4 milhões de unidades consumidoras no Rio de Janeiro. “Cabe uma lupa, um aprofundamento, com relação ao que está sendo feito. Ao consumidor, queremos um serviço de qualidade e barato”, disse. “O que a gente procura é dar essa proteção ao consumidor e à família brasileira, sufocada com custo dos preços administrados e aumento de impostos”, completou.
Além de Silveira, a medida também não encontra fãs nas entidades de classe. As farmacêuticas assinaram uma nota conjunta em defesa das agências reguladoras do setor, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “A emenda, se aprovada, desencadeará enorme desestabilização do mercado de saúde no país e colocará em risco a população brasileira”, afirmaram em nota.
Reginaldo Arcuri, presidente do Grupo FarmaBrasil, entidade que assina a nota, acredita que, além de uma alteração nas agências reguladoras, o importante é dar condições para que elas possam atuar. “O governo deve abrir concurso de parte das vagas que foram abertas por causas naturais. Não podemos conviver com uma sangria de quadros”, disse. “Você tem que ter condição para que os sistemas de informática sejam sempre eficientes. O da Anvisa hoje é muito ruim”, lamentou.
Fonte e Imagem: Veja.
Previsão é do MME, que integra o esforço conjunto do governo para reduzir dependência de combustível fóssil no fornecimento de eletricidade da região.
O governo federal deve lançar nos próximos dias um novo programa de descarbonização da Amazônia Legal, região onde existem 211 localidades que ainda não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e são atendidas principalmente por usinas isoladas movidas a óleo diesel.
O programa será conduzido pela Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento, que objetiva a entrega de energia limpa e renovável, principalmente solar, a comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas, incluindo as terras Indígena Yanomami.
Cerca de 2,7 milhões de pessoas são atendidas por sistemas isolados. Em alguns locais, o tempo de abastecimento com energia elétrica não passa de quatro horas. Ironicamente esta região responde por quase um quarto da capacidade instalada de geração de eletricidade do país, que é exportada para os grandes centros consumidores.
A ilha de Fernando de Noronha (PE) também faz parte do sistema isolado, mas vai ficar de fora do programa. O governo ainda não tem uma data certa de quando será o lançamento oficial, mas a proposta é que a geração de energia fóssil nestas localidades seja substituída gradativamente por fontes renováveis.
A tentativa de tirar milhões de brasileiros da pobreza energética não é nova e outros governos tentaram projetos parecidos, mas esbarraram na dificuldade logística de longas distâncias a serem percorridas pelas linhas de transmissão na floresta Amazônica, passando por áreas protegidas pela legislação ambiental. Iniciativas parecidas tiveram também como barreira os próprios governadores e distribuidores que perderam com arrecadação de ICMS e venda de óleo.
Soma-se que o baixo consumo de energia nas regiões habitadas principalmente por populações ribeirinhas e indígenas limita a viabilidade econômica de grupos privados a investirem na região.
O ministro Alexandre Silveira (PSD-MG) disse que a pasta está detalhando os investimentos necessários, conforme o ritmo e o nível de redução da geração a diesel e as soluções mais competitivas e viáveis. Segundo Silveira, alguns números preliminares indicam que serão requeridos investimentos da ordem de pelo menos R$ 5 bilhões, dos quais R$ 3 bilhões já foram garantidos para reduzir a geração a diesel na região.
“A partir deste programa, atuaremos nesses sistemas isolados e regiões remotas localizadas nela, em diferentes dimensões e setores. A ação do MME será visando reduzir o consumo de combustíveis fósseis na geração de energia elétrica e consequentemente, os custos e as emissões diretas de gases de efeito estufa”, afirma.
Se o programa vingar e ganhar escala, vai ser bom para o bolso de todos os brasileiros, pois o diesel usado nas usinas é subsidiado pela Conta de Consumo de Combustível (CCC), uma espécie de fundo setorial embutido na tarifa dos consumidores, que em 2022 custou R$ 13,2 bilhões, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A região amazônica vive uma incoerência energética há décadas: ao passo que os olhos do mundo estão voltados para a questão da sustentabilidade, o local tem atualmente um dos maiores parques de geração a diesel do planeta.
Universalizar o acesso à energia elétrica em uma área de dimensão continental é um objetivo bastante desafiador. Especialistas do setor elétrico acreditam que um programa sério de descarbonização da Amazônia Legal deveria envolver o fim da operação destas plantas a diesel com o incremento de projetos fotovoltaicos associados a sistemas de armazenamento.
“A transição energética na Amazônia passa obrigatoriamente pelo o descomissionamento dos sistemas isolados e usinas a combustíveis fósseis, mas deve endereçar a inclusão energética em comunidades isoladas e remotas ainda sem acesso à energia elétrica. Nesse sentido, recomenda-se o uso de sistemas fotovoltaicos com baterias, por uma questão de custo e escala, acompanhado de um arcabouço político para definir a logística reversa desses componentes ao final de sua vida útil”, recomenda o coordenador de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), Ricardo Baitelo.
Entre as capitais, Boa Vista (RR) é a única que ainda é atendida por sistema isolado. O Linhão de Tucuruí, que liga Manaus a Boa Vista, é promessa de diversos governos, mas a magnitude e o desafio deste trajeto podem ser medidos pelos mais de 720 quilômetros entre as duas cidades. Além disso, o empreendimento esbarra na questão indigena, já que parte do trajeto corta a reserva Waimiri Atroari.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Para ex-diretor da Aneel, custo dos investimentos em queda torna incentivos mais caros e só beneficiam gerador e consumidor com acesso ao mercado livre.
Os subsídios que incentivaram a construção de parques eólicos e a instalação de painéis de energia solar nos últimos anos se tornaram desnecessários com a queda acelerada dos custos dos investimentos nas fontes de energia renovável, diz Edvaldo Santana, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Para ele, os benefícios encarecem as tarifas pagas por consumidores cativos das distribuidoras e só favorecem consumidores com acesso ao mercado livre de energia, além dos geradores. Consultor de empresas e colunista do Valor, Santana acha que a redução dos subsídios e uma liberalização maior do mercado fariam bem ao setor.
Valor: Os reservatórios das hidrelétricas estão cheios e a oferta de outras fontes de energia cresceu, mas nossas tarifas continuam entre as mais altas do mundo. Por quê?
Edvaldo Santana: É provável que, mesmo se chover pouco, os reservatórios não esvaziem como na seca de 2021, porque os novos parques eólicos e os painéis solares vão gerar muita energia. O custo adicional para atender um aumento da demanda será praticamente nulo. Os custos das novas fontes estão caindo e o investimento em boa parte das usinas já está pago.
As tarifas continuam elevadas para os consumidores cativos das distribuidoras por causa dos subsídios. Mesmo que o custo adicional de geração seja zero, o consumidor terá que pagar mais por causa dos subsídios criados para incentivar as novas fontes renováveis. Para os grandes consumidores que acessam o mercado livre, os preços vão continuar afundando.
É uma grande falha do nosso sistema. Quando a seca esvaziou os reservatórios, o custo marginal de geração aumentou e os consumidores cativos foram chamados a pagar a conta. Eles ainda estão pagando pela crise passada e não se beneficiam da redução recente dos custos de geração como os que têm acesso ao mercado livre. O regulamento é muito cruel. Eu diria que hoje mais de 20% do valor pago pelo consumidor cativo corresponde a esses fatores.
Valor: O que poderia ser revisto?
Santana: Até o governo Fernando Henrique Cardoso, o consumidor cativo era obrigado a contratar da distribuidora 80% do seu consumo e podia contratar os demais 20% no mercado livre. No governo Lula, obrigou-se o consumidor a contratar 105%. Foi importante para expandir a capacidade instalada, mas criou esse problema. Agora há sobra de energia e o consumidor cativo continua contratando mais do que precisa, mas não pelo custo atual, muito mais baixo.
Valor: O senhor tem apontado a expansão de fontes renováveis de energia como responsável pela introdução de um grau de incerteza maior no sistema. Qual o risco?
Santana: O avanço da energia eólica e da energia solar foi muito importante, mas nos trouxe também um problema de confiabilidade, porque grande parte da oferta agora vem de fontes intermitentes, ou que variam muito. As turbinas de energia eólica só geram energia quando há vento, e os painéis de energia solar só produzem durante algumas horas do dia, quando há sol.
De um dia para o outro, é possível prever com alguma precisão a quantidade de vento e radiação solar com que se poderá contar, mas se mudar o tempo, ou ocorrer um imprevisto, e eles não puderem gerar energia, a única fonte que pode substituir isso rapidamente é a hidrelétrica. Mesmo com o sistema interligado, isso pode causar apagões em algumas regiões.
À medida que a oferta eólica e solar crescer, será preciso discutir quanto as hidrelétricas vão ganhar para assegurar a confiabilidade do sistema. Porque é um serviço que elas já estão prestando, praticamente de graça, e elas precisam ser remuneradas, como as termelétricas quando são acionadas.
Valor: Outros não poderiam cumprir esse papel?
Santana: Hoje, só as hidrelétricas podem responder a esse problema com a rapidez necessária para evitar apagões. Se esse serviço de confiabilidade for regulamentado, é possível que outros investidores tenham interesse no negócio. Tem o gás do pré-sal que alguém poderia pensar em usar para esse fim também. Uma regulamentação bem feita permitiria criar as condições necessárias para que essas alternativas aparecessem.
Com a capacidade instalada que temos hoje, o recurso escasso é a potência. É aquele cara que pode ligar na hora que for necessário para atender determinadas ocorrências, ou numa crise. Mais adiante, baterias para armazenar energia eólica e solar poderão garantir isso. Por enquanto, temos sorte, porque temos uma bateria enorme, os reservatórios das hidrelétricas.
Valor: Em que estágio está o desenvolvimento dessas baterias?
Santana: Temos alguma coisa na Austrália, na Coreia do Sul e nos Estados Unidos, mas muito pouco. Sabe-se como construir essas baterias, mas não se sabe ao certo por quanto tempo elas durarão. A partir de 2040, mais de 60% da oferta de energia elétrica no Brasil será gerada por fontes eólicas e solares, incluindo nessa conta a geração distribuída, ou seja, os painéis instalados pelos próprios consumidores nos telhados de suas casas. Poucos países vão alcançar esse volume tão rapidamente. Isso vai ser um problemaço, e falta pouco tempo.
Valor: Por que o senhor diz que os subsídios não são mais necessários para viabilizar investimentos no desenvolvimento dessas fontes?
Santana: Porque os custos estão despencando. O custo para investir num parque eólico hoje é metade do que era há quinze anos. O subsídio era importante para incentivar a expansão dessas fontes, mas hoje não é mais. O mesmo está acontecendo com a energia solar. Houve ganhos de escala enormes na fabricação de painéis e ganhos de aprendizado dos instaladores.
Os subsídios hoje estão gerando lucros extraordinários para as empresas que investiram nessas fontes. Nada contra os lucros. Fui um defensor dos incentivos no início, mas a permanência dos subsídios hoje tem mais a ver com a pressão que os grupos de interesse fazem no Congresso. A Aneel já compreendeu que os subsídios não são mais necessários.
Se eles deixaram de ser necessários para os investimentos na expansão dessas fontes, sua manutenção significa que as tarifas estão aumentando desnecessariamente, para cobrir os subsídios. A lei estabeleceu um cronograma de redução gradual, mas isso acabou gerando uma corrida de investidores para aproveitar os subsídios antes que sejam eliminados.
Isso gera muita desigualdade também, porque o subsídio não beneficia só o gerador da energia. O consumidor do mercado livre, que compra a energia produzida por essas fontes, tem redução nas taxas pagas pela transmissão e pela distribuição da eletricidade. O consumidor cativo, sem acesso ao mercado livre, não recebe nenhum desses benefícios.
Valor: Esses novos projetos serão viáveis?
Santana: Se todos que correram para entrar na fila e estão à espera da aprovação da Aneel fossem aprovados e executados, seria como dobrar a capacidade instalada hoje no Brasil, somadas todas as fontes. É muita coisa. Claro que muitos desses projetos não serão bem-sucedidos, mas, se metade der certo, significará quase 100 gigawatts de potência instalada.
Por isso acho que será inviável, até porque os projetos que forem aprovados pela Aneel terão que entrar em operação em cinco anos. Não há dinheiro para investir em tudo isso ao mesmo tempo. Ainda assim, uma boa parte vai acabar acontecendo, cerca de 50 gigawatts.
O ideal seria que todos pudessem negociar no mercado a energia que consomem, inclusive os consumidores residenciais, de baixa tensão. A rigor, o mercado livre abriu para eles com a geração distribuída. Se você instalar um painel no telhado, deixará de comprar da distribuidora. O que falta é regulamentar o excedente, para que você possa vendê-lo no mercado livre.
Hoje, as sobras são injetadas na rede. A cada cinco anos, a distribuidora faz um acerto de contas com o consumidor. Se ainda sobrar, ele perde essa energia. Como ela foi distribuída quando foi gerada, alguém utilizou. Mas o ganho que o consumidor poderia ter obtido se perde. O mais natural seria reduzir o subsídio e permitir ao consumidor vender no mercado livre.
Valor: Os contratos das distribuidoras privatizadas na década de 1990 vencerão em breve. O que esperar da renovação das concessões?
Santana: Não nos preparamos para essa situação e agora ninguém sabe o que fazer. O contrato da Light, no Rio de Janeiro, vence daqui a menos de três anos. O ministro [de Minas e Energia, Alexandre Silveira] disse outro dia que haverá renovação e ela não será onerosa. Ou seja, ninguém vai pagar pela nova concessão. Será mesmo a melhor solução? Tenho dúvidas.
A Light foi privatizada em 1996, por um valor relativamente baixo, e um dos motivos é que havia muito furto de energia na área que seria de sua responsabilidade. De lá para cá, o furto só aumentou. Então vamos favorecer a empresa que não conseguiu resolver o problema? Acho que o governo se precipitou. É preciso fazer audiências públicas e discutir isso melhor.
Acho que a renovação não precisa ser onerosa, como regra geral, até porque isso levaria a um repasse de custos que aumentaria as tarifas lá na frente, o que não faria sentido. Mas a empresa que fracassou na administração da concessão não deveria ter uma segunda chance. E temos vários casos assim. Basta ver os indicadores de avaliação de desempenho da Aneel.
A regra geral é abrir uma nova licitação para as concessões que vencerem, mas a lei permite também a renovação automática. Se é isso mesmo que o governo quer fazer, é preciso dizer claramente em que condições isso deve ocorrer. O risco é o novo governo querer interferir. Pode empurrar com a barriga e federalizar a concessão vencida se nada for resolvido a tempo.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Nove convidados que integrarão o Conselho de Desenvolvimento do governo estiveram com o presidente na China e na Europa.
Integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, chamado de Conselhão, acompanharam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China e à Europa nos últimos 2 meses. Eles participaram principalmente dos encontros empresariais realizados nas viagens, mas também estiveram presentes em eventos da agenda oficial.
Na viagem a Portugal e à Espanha, integraram o grupo:
Marcelo Moraes – presidente do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico;
Rosilda Prates – presidente da P&D Brasil, associação das empresas de desenvolvimento tecnológico e inovação;
Maria da Glória Guimarães – presidente da holding Ayo Group.
Também participaram da delegação a secretária-executiva adjunta do conselhão, Raimunda Monteiro, e a assessora, Tatiana Vasconcelos.
O grupo participou do Fórum Empresarial Portugal-Brasil, realizado na cidade de Matosinhos, de reuniões com conselhos empresariais portugueses e espanhóis, e de um encontro na Universidade de Lisboa. Também acompanharam a entrega do Prêmio Camões ao cantor e escritor Chico Buarque.
Para a viagem à China, 2 grupos acabaram sendo formados por causa do adiamento da ida de Lula ao país asiático em duas semanas. Em março, quando o presidente deveria ter viajado inicialmente, os seguintes empresários estiveram em Pequim para participar de seminário empresarial:
Marcos Molina, CEO da Marfrig;
Ingrid Barth, presidente da Associação Brasileira de Startups;
Atílio Rulli, vice-presidente de Relações Públicas da Huawei para a América Latina;
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores);
Francisco Gomes Neto, diretor-presidente da Embraer.
Duas semanas depois, já em abril, acompanharam a viagem de Lula:
Atílio Rulli, vice-presidente de Relações Públicas da Huawei para a América Latina;
José Garcia Neto, do setor de mobilidade urbana.
O governo quer que integrantes do Conselhão continuem acompanhando as viagens internacionais de Lula para participarem de encontros empresariais e de agendas oficiais. O objetivo é aproveitar a oportunidade de novos negócios para os setores produtivos brasileiros e levar experiências nacionais a outros países.
A 1ª reunião do conselho, que terá 270 integrantes, será realizada em 4 de maio, no Palácio do Planalto. Lula participará do encontro.
Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a secretaria recebeu mais de 1.000 pedidos de pessoas interessadas em participar do Conselhão.
“Vamos fazer uma engenharia de como vamos incorporando as pessoas, pensar em um rodízio, mecanismos de colóquio, outras formas de participação”, disse ao participar de um evento paralelo do órgão realizado no Palácio do Planalto na 4ª feira (26.abr.2023).
Fonte e Imagem: Poder 360.
Barateamento de equipamentos foltovoltaicos e maior oferta de financiamento aquecem negócios no segmento.
A geração distribuída (GD) é o grande motor da ampliação da produção de energia solar no Brasil. A possibilidade de gerar energia elétrica no próprio local de consumo, ou próximo a ele, fez surgir mais de 1,7 milhão de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica nos últimos cinco anos, saltando de uma potência instalada de 190 megawatts (MW) em 2017 para 18.077 MW até fevereiro deste ano. O segmento residencial responde hoje por 49,3% da potência instalada, seguido por comércio e serviços, com 28,3%, e pelos usuários rurais, com 14,7%.
Entre os fatores que explicam o “boom”, estão a oscilação dos preços da energia elétrica nos Estados, o barateamento dos módulos e de outros componentes do sistema fotovoltaicos, a ampliação dos financiamentos e, por fim, a criação de um marco regulatório para a geração distribuída, por meio da Lei nº 14.300/2022, que pôs fim às inseguranças jurídicas e tarifárias em relação à produção de energia descentralizada.
O primeiro impulso para a GD veio com a Resolução Normativa nº 482/2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que passou por aperfeiçoamentos que culminaram no novo marco regulatório. Com regras mais claras, os negócios envolvendo a geração de energia solar ficaram mais atraentes, com novas empresas entrando no mercado. É o caso da Ultragaz, tradicional distribuidora de gás liquefeito de petróleo (GLP), que investiu R$ 63 milhões na aquisição da startup Stella Energia, em 2022, criando a unidade Ultragaz Energia Inteligente.
O novo negócio conecta usinas geradoras de energia solar a clientes residenciais e empresas por meio de uma plataforma de assinatura de créditos de energia on-line, onde não é necessário que o cliente instale painéis solares em sua casa ou empresa. A assinatura pode ser contratada por meio do aplicativo da Ultragaz e, a partir da contratação, o usuário passa a receber duas faturas de energia: a da distribuidora local, com os encargos e taxas obrigatórios, e o boleto da Ultragaz, com os créditos de energia. Segundo Ricardo Colpo, diretor de energia da Ultragaz, a economia para o consumidor final depende da região e da bandeira tarifária, mas pode chegar a 20% ante uma conta de luz convencional. Não há custo de adesão, necessidade de investimento em infraestrutura nem fidelidade.
Para ele, a aposta da empresa na geração distribuída por assinatura é pelo potencial de mercado da modalidade, pois existem poucas empresas de grande porte no segmento, que é pulverizado e dominado por startups. “Esse é um mercado que tende a mais que dobrar nos próximos anos, impulsionado pelo crescimento da geração de energia solar. Estamos conectados aos maiores geradores do Brasil e podemos ser um grande viabilizador da expansão da venda de energia por assinatura, dada a força de acesso aos clientes.” Com uma base de 11 mil clientes, o serviço está disponível em Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e desde o fim de 2022 foram transacionados 80 megawatts-pico (MWp).
A democratização do acesso a sistemas de geração de energia fotovoltaica está ocorrendo no Brasil em razão do barateamento da tecnologia – em média, os módulos fotovoltaicos, que representam 70% do custo total, tiveram seus preços reduzidos em 90% na última década – e pela ampliação do acesso a financiamentos. A fintech Meu Financiamento Solar, especializada em crédito para projetos de energia solar, nasceu em 2017 dentro do banco BV e registrou crescimento de 163% nos últimos três anos. No período, viabilizou a instalação de tecnologias de geração solar fotovoltaica em 130 mil unidades fotovoltaicas em todo o país, em um modelo de negócio que atende todos os elos da cadeia – instaladores, integradores, distribuidores de equipamentos fotovoltaicos e o consumidor final.
A maior parte dos sistemas de geração solar viabilizados pela fintech está concentrada nas classes média e média baixa, com 35% dos financiamentos destinados aos consumidores com renda até R$ 5 mil e 39% entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, com um tíquete médio de RS 33 mil. Os financiamentos começam em R$ 5 mil para pessoa física e podem alcançar até R$ 3 milhões para pessoa jurídica. Há uma linha específica para condomínios residenciais. O número mínimo de parcelas é 12 e o máximo 96.
Segundo Carolina Reis, diretora-executiva da Meu Financiamento Solar, a energia solar é um investimento resiliente à alta taxa de juros, porque permite retorno médio entre três e cinco anos e blinda os consumidores das oscilações no preço da tarifa de energia, aliviando o orçamento das famílias. “Na maior parte dos casos, a parcela do financiamento do sistema fotovoltaico é inferior à conta de luz anteriormente paga. E por ser um bem com vida útil longa, vai proporcionar economia por muitos anos.”
As perspectivas futuras da GD, em um cenário que inclui a eletrificação da frota de automóveis e a instalação de postos de recarga a energia solar, também anima os empreendedores do segmento.
A Blue Sol Energia Solar, franqueadora com sede em Ribeirão Preto (SP) que atua no desenvolvimento de projetos e instalações de sistemas fotovoltaicos e capacitação de empreendedores do ramo, está lançando novos produtos, apostando na consolidação da GD. A divisão Blue Sol Mob, lançada neste ano pela empresa, é focada na comercialização e instalação de carregadores para veículos elétricos com potência entre 7,4 kW a 22 kW. “Vemos um potencial imenso de aproximar o setor de mobilidade e a geração distribuída. A energia solar fotovoltaica será o posto de gasolina do carro elétrico”, diz José Renato Colaferro, sócio e diretor-executivo da Blue Sol. Outra aposta é na expansão de microfranquias para trabalhar em casa (home based, no jargão do setor) com investimento máximo de R$ 10 mil. Com essa estratégia, o plano é dobrar o número de franqueados até o fim do ano – atualmente são 300 em operação. A empresa faturou R$ 170 milhões em 2022 e planeja fechar este ano com um crescimento da ordem de 30%.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Mesmo com avanço de projetos de geração eólica e solar, especialistas enxergam potencial para instalação de PCHs.
Responsáveis há décadas pelo perfil sustentável da matriz energética brasileira, as hidrelétricas têm perdido espaço, nos últimos anos, para projetos de geração eólica e solar, que demandam menos investimentos, entram em operação em prazo muito mais curto e – por isso mesmo – oferecem as menores tarifas para o consumidor.
Isso não significa, porém, que as usinas que geram eletricidade pela força das águas estejam prestes a perder o posto de principal fonte de energia do país. Muito ao contrário, asseguram especialistas. “As hidrelétricas vão continuar exercendo esse papel por muito tempo, talvez para sempre. Até para permitir a expansão das eólicas e solares, que são geradoras intermitentes, porque só funcionam quando há vento ou sol”, afirma Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel).
As eólicas e solares também podem socorrer as hidrelétricas em caso de seca severa, como ocorreu em 2021, embora nesses casos ainda com um alcance limitado, o que obriga o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a acionar também as termelétricas, de operação muito mais cara, além de poluidoras, para dar conta de abastecer o país inteiro. “O nível dos reservatórios têm ficado abaixo da média nos anos recentes, provavelmente por causa das mudanças climáticas, o que indica a necessidade de construirmos novas usinas. Hoje, os reservatórios estão cheios, mas não sabemos até quando permanecerão assim”, afirma Lenzi, cuja entidade defende a implantação das chamadas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com capacidade de gerar entre 5 MW e 30 MW, e as CGHs, centrais ainda menores que geram até 5 MW.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as hidrelétricas responderam por 73% da geração média de energia em 2022, graças à boa situação dos reservatórios, enquanto os parques eólicos contribuíram com 13% do fornecimento, as termelétricas com 12% (englobando os diversos combustíveis usados, como gás natural, biomassa, diesel e fissão nuclear) e as usinas solares com 2%. Já no quadro referente à capacidade instalada das diversas fontes geradoras, o predomínio das hidrelétricas – que já foi de cerca de 85% duas décadas atrás – caiu para 56% em dezembro do ano passado.
Com as fortes chuvas deste verão e início de outono, a Aneel prevê que os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste deverão atingir no fim de abril um volume útil acima de 85%, o maior dos últimos 12 anos, indicando outra temporada de bom aproveitamento das hidrelétricas.
Essa perspectiva positiva estimulou o diretor-geral da agência reguladora, Sandoval Feitosa, a enviar um ofício ao Banco Central relatando a alta probabilidade de manutenção da bandeira verde – que garante as menores tarifas aos consumidores em geral – até o fim do ano, contrariando o prognóstico de bandeira amarela feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição, em 28 de março.
De acordo com o comunicado da Aneel, o risco de mudança para bandeira amarela ou vermelha ao longo de 2023 é “menor do que 2%”, o que sinaliza um aumento de 5,6% nas tarifas das distribuidoras de energia, praticamente a metade dos 10,2% estimados pelo Copom. É um argumento a mais para ajudar o governo na queda de braço com o Banco Central pela redução da taxa básica de juros de 13,75%.
Para Talita Porto, vice-presidente do conselho de administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entidade que facilita a negociação entre geradores e grandes consumidores no mercado livre de energia, a diversidade de fontes é um atributo importante da matriz brasileira.
“Cada tecnologia para geração de energia elétrica tem suas qualidades e beneficia o país de alguma forma, garantindo um fornecimento mais seguro, mais barato ou mais flexível. Essa complementaridade nos ajuda a enfrentar situações climáticas adversas, como a escassez hídrica de 2021, e é uma característica rara no mundo”, destaca.
No mercado livre, assim como no mercado regulado, o fornecimento contínuo de energia é assegurado por uma base de usinas que podem ser acionadas em momentos de maiores dificuldades para a geração. Os custos dessa segurança, incluindo a cesta de tarifas mais altas e os investimentos em novas linhas de transmissão, são compartilhados por todos os consumidores. “Quem mora perto de uma hidrelétrica no Norte também paga pela implantação da transmissão de uma eólica do Nordeste para o Sudeste”, exemplifica Charles Lenzi, da Abragel. Vale dizer que o mesmo ocorre com quem mora ao lado de uma eólica nordestina e contribui para o linhão de Belo Monte para o Sudeste.
Mais polêmicos do que essa cobrança universalizada são os incentivos do governo para a ampliação das usinas eólicas e solares no país, afirma Lenzi, referindo-se à recente isenção de impostos de importação, IPI e IPI/Cofins de painéis solares, medida anunciada pelo governo em 29 de março e válida até o fim de 2026. “Não há sentido favorecer ainda mais esse segmento, enquanto os operadores de hidrelétricas pagam todos os impostos e contratam mão de obra nacional. Em vez de criar empregos aqui, o governo está criando na China”, reclama.
A facilidade com que projetos solares e eólicos conseguem financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é outro ponto de queixa dos fornecedores de energia hidráulica – o banco anunciou, logo no início da nova gestão, a liberação de R$ 3,5 bilhões para a construção de dois complexos eólicos e um solar, na Bahia e em Minas Gerais, que envolvem investimentos de R$ 10,6 bilhões.
“Gostaríamos de contar com a mesma boa vontade para as 110 PCHs e CGHs que estão em construção ou aguardando licenciamento, bem como para as outras 594 pequenas usinas até 50 MW em fase de registro na Aneel”, ecoa Alessandra de Carvalho, CEO da Associação Brasileira das Pequenas Centrais Elétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (Abrapch). Nos últimos cinco anos, 117 dessas geradoras de pequeno porte entraram em operação no Brasil, acrescentando 938 MW de capacidade instalada no sistema, com investimentos de R$ 7,9 bilhões. “Mas poderiam ser muito mais. Nosso potencial para investimentos em pequenas centrais elétricas é da ordem de R$131 bilhões”, ressalta.
A presidente da Abrapch cita ainda como vantagem das hidrelétricas de pequeno porte – que são geralmente construídas com capital privado – o fato de serem entregues ao patrimônio da União depois de 30 anos de uso, quando ainda têm pela frente uma vida útil de mais 70 anos, em média. Atualmente, as 1.046 PCHs e CGHs em operação no país geram 5.560 MW (ou 5,5 GW), uma fração pequena da capacidade instalada de 206 GW, estimada pela Aneel.
Lenzi admite que os impactos ambientais produzidos por grandes projetos de hidrelétricas, principalmente na região Norte, podem ter contribuído para uma certa demonização do segmento de hidroeletricidade, que acabou reforçada com a ascensão das eólicas e solares. Segundo ele, as pequenas centrais hidrelétricas causam mais impactos positivos do que negativos na natureza. “Elas criam áreas de proteção ambiental, protegem as nascentes e seus reservatórios também complementam o fornecimento de água para uso humano e irrigação”, defende. Ele lembra ainda que, enquanto muitos países já esgotaram seus recursos hídricos para a produção de energia, o Brasil explorou até agora menos da metade do seu potencial.
Diogo Lisbona, pesquisador do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da Fundação Getulio Vargas (FGV CERI), pondera que a valorização da energia eólica e solar em detrimento da hidroeletricidade tem a ver não só com a geração mais barata, mas também por fazer parte de um movimento mundial pela descarbonização. “Essas novas fontes de energia melhoraram ainda mais a matriz brasileira, mas causaram uma certa depreciação das hidrelétricas, por mais que estas continuem sendo fundamentais no sistema pela capacidade de estocar água e de regular a geração rapidamente”, afirma.
O fato, segundo Lisbona, é que essas três fontes renováveis usam os argumentos que têm à mão na disputa por mais espaço no mercado de energia. “Cada uma delas está em busca de reserva de mercado. O segmento das hidrelétricas tem razão ao reclamar dos incentivos para solares e eólicas, mas também conseguiu emplacar um ‘jabuti’ que prevê a contratação de pequenas centrais na privatização da Eletrobras. Já os empreendedores de usinas solares, que reforçam o tempo todo a sustentabilidade de seus projetos, não divulgam os planos para o descarte dos painéis fotovoltaicos, que têm uma vida útil de apenas 15 anos. O que vão fazer com esse lixo eletrônico?”, questiona.
Hoje há energia de sobra no sistema, principalmente gerada por hidrelétricas, com representantes desse segmento estimando que 20% do potencial das usinas está deixando de ser produzido. “Mas quando o país atingir um crescimento de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB), vai precisar acrescentar 6 GW por ano. As pequenas centrais podem atender essa demanda futura, mas precisam ser viabilizadas hoje”, destaca Lenzi.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Construção de usinas cria empregos e leva desenvolvimento econômico a pequenos municípios do interior.
Garantir expansão da infraestrutura e serviços em todas as áreas de concessão e, ao mesmo tempo, promover a economia de baixo carbono tem sido um desafio constante para as empresas de telecomunicações na última década. Os caminhos para reduzir custos e aumentar o consumo de energia limpa passam pela geração distribuída e pela compra via mercado livre de energia elétrica. Desta forma, o setor de telecom diminui, ano a ano, a dependência da aquisição de certificados, os I-Recs (international renewable energy certificates), para garantir consumo de energia totalmente renovável.
A partir do projeto de geração distribuída (GD), em curso desde 2017, a Claro evitou emitir 500 mil toneladas de CO2. Com 84 usinas em funcionamento, o projeto Energia da Claro prevê a instalação de mais 19 até o fim de 2023, em todas as regiões do país. A maioria é alimentada por energia solar (69%), seguida de biogás (16%).
Um dos parceiros da Claro no projeto de GD é a RZK, que mantém uma usina de biogás em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A planta abastece cerca de três mil unidades da Claro, como torres de telefonia. Hamilton Silva, diretor de infraestrutura da Claro, observa que a geração distribuída permite um equilíbrio melhor da qualidade da energia fornecida, por evitar as grandes linhas de transmissão. Com o equilíbrio no fornecimento da energia elétrica, que favorece regiões mais distantes dos grandes centros urbanos, consequentemente melhora a qualidade dos serviços de telecomunicações.
“Em Santa Catarina, uma das usinas de geração distribuída conseguiu levar solução energética de baixo impacto ambiental para agricultura familiar de pequeno porte. A usina foi construída com arquitetura alemã, integrada com a cultura local”, diz Silva.
Até o fim de 2023, a Vivo pretende ter 85 usinas do projeto de geração distribuída. O projeto, iniciado em 2018, tem 52 usinas em operação. Construídas com investimento de parceiros, em contratos de longo prazo (20 anos), as usinas utilizam energia solar (61%) e o restante está dividido entre recursos hídricos (27%) e biogás (12%).
“Além de trabalharmos com energia 100% renovável e termos o benefício de uma tarifa menor, a construção das usinas do projeto de geração distribuída cria empregos, levando desenvolvimento econômico a municípios muito pequenos”, diz Caio Guimarães, diretor de patrimônio da Vivo.
Segundo Guimarães, o consumo de energia da Vivo é totalmente oriundo de fontes renováveis desde 2018, e a meta da empresa agora é diminuir a dependência dos I-Recs. “Ao fim de 2023, teremos 80% de fonte renovável interna e 20% oriunda de certificados.”
Daniel Hermeto, VP da Oi e diretor de suporte ao negócio, diz que a combinação de aquisição de energia via mercado livre e por projetos de geração distribuída garantiu redução de custos. “Chegamos a um modelo bastante interessante e eficiente para efetivamente reduzir consumo e custo da energia adquirida”, diz Hermeto.
A Oi pretende concluir 37 usinas até o fim de 2023, sendo a maioria de fonte solar, com participação também de fonte eólica e biomassa. A empresa é parceira de uma usina de biomassa localizada em Seropédica, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
Na TIM, os projetos de geração distribuída e compra envolvendo mercado livre também são prioritários para alcançar a totalidade do consumo de energia sustentável. O projeto de GD tem 64 usinas, com a meta de expansão para 100.
Bruno Mutzenbecher Gentil, VP de recursos corporativos da TIM, destaca o projeto inaugurado em Pipa (RN) em fevereiro de 2022, onde a companhia instalou uma antena movida a energia eólica. Diferentemente das torres eólicas tradicionais, as pás são posicionais na vertical, no topo de um poste metálico para reduzir ruídos e diminuir o impacto visual.
“Levamos serviços para áreas mais isoladas com 100% de energia renovável”, diz Gentil.
A Um Telecom, empresa pernambucana de telecomunicações e soluções em infraestrutura de TI, investiu na geração de energia em São Caetano, no agreste de Pernambuco. A geração corresponde a 80% da demanda da Um Telecom em todas as suas unidades. “A produção de energia limpa é mais um ponto de atenção, quando nos referimos à sustent\abilidade”, diz Rui Gomes, CEO da Um Telecom.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Presidente do Fmase vai representar o setor elétrico no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável.
O presidente do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase), Marcelo Moraes, vai integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), um nova versão do antigo “Conselhão” do primeiro governo Lula. O grupo composto por representantes de diferentes segmentos da sociedade e empresários continuará sendo um órgão de assessoramento do presidente da República na formulação de políticas e diretrizes, agora incluindo a parte de sustentabilidade.
A participação no CDESS é vista pelo executivo como um oportunidade de estabelecer uma conexão entre o setor elétrico e o governo. Moraes destaca a proximidade com a Presidência da República, em um grupo no qual ele vai poder contribuir com sugestões para um setor que é importante para o desenvolvimento do país.
O decreto de recriação do antigo Conselho de Desenvolvimento Economico e Social, que tinha sido desativado no governo Bolsonaro, prevê a instalação de comissões temáticas e grupos de trabalho destinados ao estudo e à elaboração de propostas sobre temas específicos.
Seus integrantes poderão também apreciar propostas de políticas públicas, de reformas estruturais e de desenvolvimento econômico social sustentável apresentadas pelo presidente.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Valor é decorrente de aumento das chamadas Despesas de Exploração e, do total, 86% serão pagos por consumidores brasileiros, pois o Paraguai não consome toda energia a que tem direito.
No ano em que se comemora os 50 anos do Tratado Bilateral que permitiu a construção da hidrelétrica de Itaipu, os consumidores de Brasil e Paraguai vão pagar um adicional de US$ 459,1 milhões (R$ 2,3 bilhões) na conta de luz por causa do aumento das Despesas de Exploração, resultado de um acordo entre os representantes dos dois países realizado dia 17 deste mês.
Do total, 86% serão pagos pelos brasileiros, uma vez que o Paraguai não consome toda energia a que tem direito e por regra do Tratado, o Brasil contrata a parcela que sobra. O valor é referente a nova tarifa de Itaipu - US$ 16,71 -, que elevou as Despesas de Exploração de pouco mais de US$ 1 bilhão em 2022 para US$ 1,51 bilhão em 2023, ou seja, uma diferença de quase um terço a mais.
Até 2021, as despesas de exploração se mantinham estáveis (ver gráfico acima). Porém acordo da tarifa realizado no ano passado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) representou um aumento de cerca de US$ 257 milhões na conta de exploração e parte dos recursos foi usado para financiar parcerias de interesse regional, como uma espécie de braço de obras do governo estadual, comandado pelo seu aliado Ratinho Jr (PSD).
Com o acordo que acaba de ser feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as despesas de exploração dobraram em dois anos. Os gastos para manter a usina (Custos de Serviço de Eletricidade - Cuse, no jargão do setor) é formada por um tripé que inclui a dívida para a construção, pagamento de royalties e Despesas de Exploração.
Entretanto, no final de fevereiro, Itaipu pagou a última parcela e quitou a dívida histórica da construção da hidrelétrica, que representava cerca de 60% dos custos da usina. Como o Tratado estabelece que Itaipu não pode ter lucro, a expectativa era que a eliminação da dívida reduziria a tarifa de repasse da energia para as concessionárias e, dessa forma, provocasse redução na conta dos consumidores, cerca de 130 milhões de brasileiros.
No entanto, parte do valor deve ser usado para bancar programas socioambientais e obras (incluídas no custo de exploração), anulando em grande a redução da tarifa em razão do fim da dívida.
Por ser uma usina binacional, para cada dólar gasto no país, obrigatoriamente outro dólar é destinado ao Paraguai. Como a maior parte da receita é gerada com a venda de energia no Brasil, na prática são os brasileiros que pagam por obras no Paraguai e no Paraná.
A tarifa de Itaipu deve ser negociada anualmente, com base nas regras de cálculo do Cuse definidas pelo Anexo C do Tratado, com a nova negociação, a tarifa vigente vai injetar US$ 400 milhões no país vizinho pago pelos brasileiros para investimentos, além de todos os royalties que os países já recebem.
Segundo o diretor-geral paraguaio, Manuel María Cáceres, uma quantidade significativa deste valor adicional será utilizada para apoiar as obras necessárias para os investimentos no sistema elétrico paraguaio. “São cerca de US$ 250 milhões que serão destinados à Ande [estatal paraguaia] para obras consideradas prioritárias”.
Especialistas avaliam que essa foi uma derrota na queda de braço com o Paraguai, que sempre demonstrou insatisfação com a tarifa, alegando que o valor da energia que exporta para o Brasil é baixo.
O anúncio da nova tarifa se deu às vésperas das eleições presidenciais no Paraguai, previstas para 30 deste mês. As vantagens obtidas pelo país devem ainda favorecer o candidato governista, Santiago Peña, do Partido Colorado, de direita.
As concessões ao Paraguai complicam as negociações do Anexo C, que fixa as bases financeiras da usina, deixando o Brasil com poucas opções para corrigir distorções do Tratado. Há ainda questionamento se o acordo será enviado à apreciação do Congresso Nacional.
Em entrevista ao Valor, o diretor-geral da Itaipu, Enio Verri, disse que disse que da maneira como foi construída a proposta do governo Lula, a modicidade tarifária não é a prioridade e parte dos recursos serão alocados em projetos sociais.
“A questão da escolha de modicidade tarifária ou de investimentos em políticas sociais está ligada a uma análise da conjuntura. Neste momento, com o resultado do governo passado, temos que ajustar a crise social que vivemos. Pode ser que daqui 2 ou 3 anos nossa prioridade seja a modicidade tarifária”.
Entidades ligadas aos consumidores dizem que as obras são financiadas como uma espécie de encargo setorial bancado por todos os brasileiros, porém só os paranaenses e paraguaios se beneficiam. Observa-se que o Oeste do Paraná é uma região voltada ao agronegócio e considerada rica, de modo que não precisaria tanto de políticas sociais. Verri quer agora estender o uso dos recursos para todo o Estado.
O dirigente lembra que o governo Bolsonaro havia fixado unilateralmente uma tarifa de serviços de eletricidade de US$ 12,67 por kw sem conversar com os paraguaios e que provavelmente o Brasil não conseguiria manter o valor.
Entretanto, a Frente Nacional dos Consumidores de Energia diz que a tarifa de Itaipu poderia ser um terço menor do que foi aprovada se ela tivesse um custo real próximo daquelas usinas antigas já amortizadas, como a hidrelétrica Três Irmãos.
O valor de US$ 459,1 milhões que vai entrar na conta de Itaipu não sofre nenhuma fiscalização externa, pois, pelo Tratado, a usina não se subordina a nenhuma legislação dos países, ou seja, a empresa gasta o valor como bem entender.
A divulgação causou reação também das distribuidoras de energia. O presidente da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira, lembra que a contratação de energia no mercado regulado assume os custos pela energia de Itaipu, que traz segurança ao Sistema Interligado Nacional (SIN), mas têm o custo maior. “É um peso que fica para o mercado regulado e são as distribuidoras que levam este custo ao consumidor”, diz.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, durante reunião ordinária nesta terça-feira, 25 de abril, a publicação de uma resolução normativa para aprimorar as regras dos serviços ancilares prestados por agentes no Sistema Interligado Nacional (SIN).
O debate marcou o fechamento da consulta pública 83, de 2021, e prevê regras para questões como serviços prestados por agentes para complementar a manutenção da reserva de potência operativa, suporte de reativos por eólicas e fotovoltaicas e hidrelétricas.
A regra também prevê o planejamento de novos serviços ancilares que poderão ser prestados, com o crescimento da participação de fontes renováveis intermitentes na matriz, especialmente eólica e solar.
Em seu voto, o diretor Hélvio Guerra, relator do processo, destacou que o crescimento dessas fontes tem trazido novos desafios ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), demandado a considerar requisitos distintos para a rápida variação da potencia ao longo do dia.
A resolução vai prever a possibilidade do ONS realizar testes em um ambiente regulatório experimental, os chamados "sandboxes regulatórios", para evoluir no tema dos serviços ancilares de forma mais ágil e moderna.
O ONS poderá propor à Aneel uma modalidade de serviço ancilar, e a agência vai colocar o tema em discussão por meio de consulta pública, para que todos possam participar e contribuir.
Nas propostas, o operador deverá especificar as condições atuais e futuras do sistema, qual o problema de operação será tratado, os recursos disponíveis ou possíveis de contratação, os produtos que visam suprir as necessidades apontadas, parâmetros técnicos, e prazos para os testes, além das demais medidas que forem necessárias para sua implementação.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
O setor de energia elétrica defende que seja respeitado o caráter da essencialidade do insumo na Reforma Tributária. Caso esse princípio não seja acatado, pode haver um aumento da carga tributária sobre a eletricidade, segundo a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica).
Duas matérias centrais são discutidas no grupo de trabalho criado na Câmara dos Deputados sobre a Reforma Tributária: a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 45 e a PEC 110. As duas têm em comum a ideia de um imposto unificado para o país, o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que substituiria impostos federais (PIS, Cofins e IPI) e também impostos estaduais e municipais, como o ICMS e o ISS.
Contudo, há sinalização da incidência de um imposto seletivo em alguns setores específicos e, com isso, o receio de que a energia elétrica esteja incluída nesse rol. O imposto seletivo é um tributo que visa induzir comportamentos e estaria vinculado a produtos de sejam prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcóolicas. No caso da energia, poderia incidir na energia não renovável, de acordo com eventuais interpretações.
Wagner Ferreira, diretor jurídico da Abradee, afirmou à Agência iNFRA que houve sinalização do governo de que “a energia elétrica terá respeitado seu caráter essencialíssimo à reindustrialização e crescimento do país”.
Segundo ele, a ideia de simplificar a tributação e agregar segurança jurídica é vista positivamente pelo segmento, mas é preciso aguardar a apresentação do novo relatório a ser entregue pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) nos próximos meses.
“Estamos trabalhando e acreditando numa proposta que coloque o desenvolvimento do país em primeiro lugar, e, para isso, uma carga tributária reduzida sobre a energia elétrica é fundamental, pois está mais que fundamentado que qualquer redução na conta de luz gera maior investimento, consumo ou renda para as pessoas e empresas”, disse Ferreira.
Em evento promovido pela associação das distribuidoras em meados de abril, o deputado Aguinaldo Ribeiro, relator da reforma, enfatizou que se preocupará em apresentar um texto que não prejudique nenhum setor. “A gente tem que ter cuidado sobre como fazer isso para que determinado setor não seja penalizado do ponto de vista do preço”, ressaltou Ribeiro na ocasião.
O coordenador do GT (Grupo de Trabalho) da Reforma Tributária, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), também presente ao evento, avaliou que “não cabe imposto seletivo no setor de energia”, por ser um dos setores mais limpos do país.
Para o parlamentar, o sistema tributário atual, que segue a lógica de “cobrar imposto sobre imposto”, faz com que o Brasil, que “produz talvez a energia mais barata do mundo”, entregue ao consumidor “uma das energias mais caras”.
Contribuições do segmento à reforma
Segundo Wagner Ferreira, as distribuidoras podem contribuir com o Congresso e com o governo também do ponto de vista das políticas públicas referentes a sustentabilidade.
“Centenas de milhares de projetos são realizados continuamente em linha com a responsabilidade socioambiental, ESG e outras ações para as comunidades e população atendida [pelas distribuidoras], contribuindo diretamente com o desenvolvimento sustentável de cada área de concessão”, comentou.
Ainda, caso a alíquota a ser estabelecida para a energia elétrica respeite o critério de essencialidade estabelecido pela Lei Complementar 194, o diretor jurídico avalia que o setor atrairá mais investimentos para o país. “Acreditamos que a proposta do governo dará um sinal adequado ao desenvolvimento das pessoas e da sociedade.”
Fonte e Imagem: Agência Infra.
Para executivo, energia limpa e gás natural são grandes oportunidades do país, mas ainda falta ampliar a competição para desenvolver o mercado e viabilizar altos investimentos.
A exemplo de outras grandes petroleiras, a Shell vem ampliando seus investimentos em fontes renováveis de energia. Após criar um braço somente para soluções além do petróleo, em 2021, a gigante anglo-holandesa elegeu o Brasil como uma das regiões prioritárias no mundo.
Em entrevista ao GLOBO, Christian Iturri, presidente da Shell Energy Brasil, diz que a carteira de projetos da unidade soma 4GW em projetos solares e estão em curso planos que envolvem um potencial de geração de outros 17GW de eólica offshore, com aerogeradores no mar. É quase metade de toda a capacidade eólica atual do país. Dinheiro não falta: em 2022, a multinacional reservou US$ 7,7 bilhões para projetos de redução de emissões de carbono, que incluem os de gás natural.
Maior produtora de gás no Brasil depois da Petrobras, a Shell não descarta investir em dutos submarinos para ampliar a capacidade de escoamento do gás do pré-sal, mas Iturri pondera que ainda falta achar uma forma de fechar as contas dos investimentos nesse setor.
A Shell Energy Brasil foi criada em 2021, com promessas de investimentos de R$ 3 bilhões. Como estão esses projetos?
Temos iniciativas como o desenvolvimento de plantas de energia solar e eólica. Em Minas Gerais, temos um projeto em análise com capacidade de 750MW, o que seria um dos quatro maiores projetos solares do país. Há outros em andamento, como na Bahia e na Paraíba. Temos quase 4GW em projetos solares. E agora estamos internamente disputando com outros países onde a Shell Energy atua para aprová-los. É uma corrida.
Em Minas, essa decisão será tomada em meados deste ano. Temos de apresentar um projeto que precisa estar entre os melhores do mundo. É assim a comparação. O Brasil é uma das quatro áreas prioritárias para o segmento de renováveis da Shell, além de EUA, noroeste da Europa e Austrália.
Além da solar, quais as outras apostas da empresa aqui?
Há um potencial enorme no Brasil em renováveis que ainda precisa ser desenvolvido, como solar e eólico. São duas fontes que estão na frente. Apesar de ainda precisar finalizar o marco regulatório para a energia eólica offshore (no mar), há um potencial muito grande. Por isso, entramos com pedido de licenciamento de 17GB de eólica offshore (em Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul).
Na eólica offshore, você pode ter uma planta maior em relação ao onshore (em terra). A dimensão é maior, pois não há limitações. Mas o custo tem que descer um pouco mais e ser competitivo em relação à terra. Achamos que em alguns anos vamos chegar lá.
A Shell anunciou recentemente acordo com a Eletrobras para desenvolver projetos de eólica ‘offshore’. E com a Petrobras?
Estamos abertos a parcerias não só com Petrobras, com outras empresas também. Não posso dar detalhes, mas efetivamente estamos abertos.
Temos visto investimentos em hidrogênio verde e em baterias para armazenar energia solar e eólica. A Shell olha para isso?
Há outras fontes que são necessárias. O mundo vai precisar de baterias e de hidrogênio. Estamos convencidos de que isso será parte da matriz energética do mundo inteiro. Estamos olhando o hidrogênio verde em nível global. Vamos investir no maior parque de hidrogênio da Europa, na Holanda. No Brasil, estamos, na área de pesquisa, desenvolvendo uma planta pequena para estudar essas novas tecnologias.
Em 2022, investimos R$ 600 milhões em pesquisa e desenvolvimento. É o primeiro passo. Hoje o Brasil não precisa de hidrogênio. Mas tem um potencial muito grande, e no futuro vai precisar. Estamos fazendo os estudos para ser parte disso.
A Shell Energy também tem investido muito no gás natural. Mas o mercado ainda é limitado no Brasil. Quais os desafios?
A abertura do mercado de gás natural aconteceu em 2022, estamos dando os primeiros passos. Ainda está engatinhando como um bebê. Mas pela primeira vez o consumidor de gás natural passa a ter a possibilidade de escolher um fornecedor de acordo com suas necessidades. O preço é tema de expectativas. Só vou ganhar cliente se oferecer algo mais competitivo que a Petrobras.
A realidade é que você tem muito custo fixo dentro da cadeia do gás, como o gasoduto que vai do mar até a planta de processamento em terra, o tratamento desse gás, o transporte nas redes TAG e NTS, além das companhias de distribuição. Todos esses custos fixos são independentes do preço da molécula. O preço teve uma redução, mas há muito custo fixo. E a única maneira de melhorar esse custo fixo é ter um mercado maior.
Como ter um mercado maior?
Precisa efetivamente de maior abertura para trazer mais dinamismo ao mercado, de forma a gerar mais concorrência e permitir redução nos preços. Os ativos têm que ter maior utilização. Não é simplesmente vender o ativo, que deixa de ser da companhia X e passa para a Y. A maior utilização vai reduzir o preço unitário para todos. Se nós temos uma política de incrementar a produção de gás, também significa maior utilização dos ativos. Isso será uma vantagem para todo mundo.
Em qual parte da cadeia do gás é preciso mais competição para reduzir os preços?
Na área de transporte, você só vai ter sempre um gasoduto. Não precisa ter dois quando um está subutilizado. Precisamos de mais competição ao longo da cadeia, mais especificamente na área das comercializadoras, com mais atores, pois é isso que dá mais dinamismo ao mercado. Temos abertura do mercado, mas poucos vendedores e compradores. Passamos de um quase monopólio para um mercado muito limitado. Há travas regulatórias. Você tem o regulador federal e os reguladores estaduais. Cada vez que você tem uma diferença entre a regulamentação de um estado para outro, você tem uma trava. A harmonização das regras facilitaria muito o crescimento do mercado interno.
A Shell analisa investir na construção de gasodutos para trazer o gás do mar para a terra?
Estamos constantemente olhando todos os investimentos necessários dentro da cadeia de que precisamos para comercializar nossos hidrocarbonetos. Olhamos a Rota 4. Tem as rotas 4A, 4B, 4C. Há muitos projetos, mas ainda não conseguimos destravar o problema do custo tão alto. É um desafio muito grande fazer um gasoduto de offshore para onshore por conta da profundidade de 2 mil metros e das especificações especiais.
O desafio do produtor de gás offshore é o custo da infraestrutura. E hoje temos as rotas 1 e 2, além da 3, que está em construção. E não há mais capacidade. Então, para aumentar o uso do gás, vai precisar de uma nova rota. E ela tem que ter um custo que permita que a venda do gás dê um retorno razoável ao produtor. É aí que temos um desafio, que não é único para a Shell, e sim para todos os produtores. Não temos nesse momento achado a solução para poder fazer esse investimento de uma maneira rentável.
Enquanto essa rota nova não sai, em quais projetos a Shell aposta no mercado de gás?
Somos parceiros da Petrobras, que é operadora da maioria de nossos campos. Acordamos um plano de investimentos com ela. Não é simplesmente uma decisão da Shell. E tentamos maximizar a produção tanto de petróleo como de gás de acordo com a infraestrutura existente.
E qual é o plano de investimento?
Somos comercializadores. Queremos ser uma das dez maiores comercializadoras do mercado, tanto de gás como de eletricidade. Em gás, já somos o maior depois da Petrobras. E nossa expectativa em eletricidade é ter um crescimento rápido, junto com o nosso crescimento em renovável. E aproveitar o potencial de crescimento do mercado livre.
Além de empresas, a Shell teria planos de entrar em (eletricidade) residencial quando o mercado estiver aberto?
Se, no futuro, tiver possibilidade, vamos olhar. Não é uma coisa que seria nova para a Shell. Fazemos isso em outros mercados, como Inglaterra, Holanda e EUA. Mas nosso foco nesse momento são os consumidores industriais.
Fonte e Imagem: O Globo.
Geradores hidrelétricos já pensam em reivindicar a cobertura dos impactos das renováveis e de térmicas da lei da Eletrobras.
Geradores já se preparam para reivindicar em um futuro próximo o ressarcimento dos custos do deslocamento hidrelétrico provocado pela geração eólica e solar e pela entrada, mais à frente, das térmicas a gás da Lei da Eletrobras. Seria uma nova batalha do GSF, mas não necessariamente com essa sigla. Para o consultor e ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Edvaldo Santana, a cobertura do deslocamento por inflexibilidade pode entrar como uma emenda em qualquer medida provisória antes de 2024.
“Eu mesmo já fui consultado sobre isso”, revelou Santana, durante café da manhã da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica com consultores e assessores legislativos. Na avaliação do consultor, ninguém está reclamando por enquanto porque o Preço de Liquidação das Diferenças está baixo, mas tudo pode mudar quando esse tipo de situação começar a acontecer com o PLD elevado.
Mesmo com bastante água nos reservatórios, a expectativa é de que pelo menos até 2030 as hidrelétricas sejam substituídas durante parte do dia pelas novas renováveis e tenham que verter essa água, mesmo no período seco. O mesmo pode acontecer com as térmicas inflexíveis com contratação compulsória estabelecida na Lei 14.182 de 2022.
Os 8 mil MW previstos na legislação que autorizou a privatização da Eletrobras significam 5,6 mil MW médios gerados ao longo do ano, considerando a inflexibilidade de 70%. Um montante de energia que corresponde a quase 10% do total das hidrelétricas do Mecanismo de Realocação de Energia e que vai deslocar ainda mais essas usinas, com mais água desperdiçada, alertou Santana.
Atualmente, o consumidor já paga o deslocamento pela geração termelétrica fora da ordem de mérito. O fato de que esse custo é repassado parece ter sido a única razão de nenhuma empresa hidrelétrica ter questionado a emenda que impôs a contratação de térmicas em leilões regulados.
“O Congresso operou o sistema. Tem que operar 70% do tempo. Nem as hidrelétricas, quando tem bastante água, operam 70% do tempo. Eu também nao sei se o congressista se deu conta disso. Que foi uma interferencia importante e tecnicamente inadequada (…) porque fez uma coisa que nem a hidrelétrica opera desse jeito. Só a nuclear opera desse jeito”, disse Santana.
O ex-diretor da Aneel considera difícil reverter uma medida como essa, mas aconselha que em decisões futuras de importância para o setor elétrico a Câmara dos Deputados e o Senado ouçam quem entende do assunto e realizem análises de impacto, utilizando, inclusive, o trabalho dos consultores legislativos das duas casas.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A reunião contou com a presença de nove países - Bélgica, França, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Luxemburgo, Irlanda, Noruega e Reino Unido -, que assinaram uma declaração conjunta no término da discussão.
O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, anunciou nesta segunda-feira (24), durante a cúpula de Ostende, que "o Mar do Norte será o maior centro de energia verde do mundo".
A reunião contou com a presença de nove países - Bélgica, França, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Luxemburgo, Irlanda, Noruega e Reino Unido -, que assinaram uma declaração conjunta no término da discussão.
"Em resposta à agressão da Rússia contra a Ucrânia e às tentativas de chantagem energética contra a UE, vamos acelerar os esforços para reduzir o consumo de combustíveis fósseis e a dependência de importações, vamos promover as energia renováveis e garantir a resiliência da infraestrutura offshore", diz o premiê belga.
Antes da reunião, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, já havia dito que o Mar do Norte poderia se "tornar um lugar para gerar muita energia e representar um grande centro interconectado além das fronteiras nacionais".
De acordo com o alemão, "em um prazo muito curto, o Mar do Norte será um local muito mais importante para a produção de energia do que já é hoje".
Durante coletiva de imprensa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçou que o ano foi "de uma grave crise energética desencadeada pela guerra na Rússia, mas juntos conseguimos nos livrar de nossa dependência dos combustíveis fósseis russos e nos diversificamos de Moscou recorrendo a parceiros confiáveis".
"Os cidadãos da UE reduziram o consumo de energia em 20%, mas o mais importante é que temos investido massivamente nas energias renováveis", concluiu ela.
O grupo tem como objetivo aumentar a produção de energia eólica offshore no Mar do Norte, transformando a zona marítima na maior central elétrica do mundo. A meta é passar dos atuais 30GW para 300 GW até 2050.
Fonte e Imagem: Época Negócios.
A Comissão de Minas e Energia da Câmara aprovou requerimentos de deputados para que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Hélvio Guerra fossem convidados a comparecer para prestar esclarecimentos aos congressistas.
Comando da Eletronuclear
O deputado Julio Lopes (PP-RJ) pediu que o ministro fosse convidado para prestar esclarecimentos sobre a indicação de Raul Lycurgo Leite para a presidência da Eletronuclear.
A indicação do advogado, que foi presidente da Taesa entre 2017 e 2020, e antes disso tinha sido diretor Jurídico da Cemig desde 2015, foi mal recebida por membros da Frente Parlamentar de Energia Nuclear, que apontaram falta de experiência do executivo no setor.
Está agendada para 3 de maio, às 9h, a sessão que vai receber o ministro de Minas e Energia.
Também foram atendidos, com a convocação, os requerimentos apresentados pelos deputados Joaquim Passarinho (PL-PA) e Evair Vieira de Melo (PP-ES), que solicitaram que o Silveira seja convidado a falar sobre os programas prioritários da pasta, além das regras de integridade e políticas antissuborno.
Aneel X Lobby
Já o convite a Hélvio Guerra atendeu uma solicitação do deputado Danilo Forte (União-CE) para que ele esclareça críticas feitas aos lobbies do Congresso durante participação no evento Agenda Setorial, do Canal Energia, em 29 de março.
No evento citado no requerimento, o diretor da Aneel defendeu a atuação independente e técnica da agência reguladora, e criticou iniciativas que tentam anular decisões da autarquia.
Uma das críticas do diretor foi voltada ao Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 365, de autoria de Forte, que propõe a revogação de duas resoluções da Aneel que mudaram o sinal locacional das tarifas de uso do sistema de transmissão (Tust) e distribuição (Tusd), sob argumento de que a mudança gera instabilidade e insegurança jurídica no setor. O processo que resultou nas resoluções foi relatado por Guerra na Aneel, ao longo de três fases de consulta pública, que somaram 220 dias.
No requerimento para que o diretor da Aneel seja convidado, Forte afirmou que a Aneel "aprovou a toque de caixa" a resolução em questão, contrariando emendas aprovadas pela Câmara na Medida Provisória 1.118/2022 - que caducou sem ser transformada em lei. Segundo o deputado, a regra contraria a "decisão soberana dessa Câmara dos Deputados, representante de mais de 213 milhões de brasileiros".
No evento de 29 de março, também foram feitas críticas à emenda 54, também de autoria de Forte, proposta na MP 1.154/2023, que prevê a transferência da competência normativa das agências reguladoras federais para conselhos temáticos, formados pelo governo, empresas, academias e consumidores.
O requerimento assinado por Forte aponta ainda que o diretor da Aneel, no evento, criticou a falta de conhecimento do Congresso sobre o funcionamento do setor elétrico.
“Nós sabemos que aquilo que está no Congresso possivelmente o deputado que apresentou o PDL, ou os deputados que apresentaram o PDL, possivelmente não sabem nada de setor elétrico. Mas eles foram movidos por um lobby e nós sabemos quem é o lobby”, disse Hélvio Guerra na ocasião, e o trecho foi destacado no requerimento do deputado.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Um correto sinal de preços é essencial para o desenvolvimento de soluções flexíveis de consumo.
A transição energética da matriz elétrica brasileira vem se consolidando com a impressionante expansão de tecnologias de geração de energia renovável variável. A geração distribuída já soma mais de 19 GW de capacidade instalada, composta em sua quase totalidade pela fonte solar, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que representa um aumento de 440% nos últimos três anos. E a evolução da capacidade instalada de recursos distribuídos não deve estagnar tão cedo: projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indica a marca de 37 GW em 2032. Similarmente, a expansão de usinas eólicas e fotovoltaicas de grande porte, especialmente no mercado livre de energia, tem apresentado números cada vez mais expressivos.
Esses dados apontam para uma expansão do setor elétrico que não é mais coordenada por uma instituição central, mas decidida livremente pelos agentes. Acrescenta-se a esse contexto ainda o Projeto de Lei 414/21, que aborda a abertura completa do mercado livre, capaz de oxigenar ainda mais tal expansão.
Mais do que a expansão da geração, tudo indica que a solução passe pelas linhas de transmissão
Essas novas condições têm implicações importantes para a operação do setor elétrico: durante as horas de sol, o abastecimento de energia será provido principalmente por usinas fotovoltaicas, e o preço de energia deverá ser baixo. Já quando anoitecer, outras tecnologias deverão atender a demanda e, dependendo de qual for acionada, o preço poderá subir rapidamente, especialmente ao final da tarde, no horário de transição. As rampas de tomada e alívio de carga - quando há grandes variações no despacho das usinas - se tornarão cada vez mais acentuadas, demandando maior flexibilidade operativa dos ativos do sistema, que incluem os ativos de geração, as cargas, as redes de transmissão e os sistemas de armazenamento de energia.
Historicamente, essa flexibilidade para os momentos de grandes variações de carga ou de saída de usinas tem sido garantida principalmente por hidrelétricas. Esse tipo de recurso pode recuperar em parte o fôlego de investimentos nos próximos anos, tendo em vista a perspectiva anunciada pelo atual governo, durante o período de transição, de desenvolvimento de 98 projetos de menor porte (somando 12 GW), que estariam distantes de áreas mais sensíveis como terras indígenas e unidades de conservação.
Já se usarmos como parâmetro o último plano decenal da EPE, publicado no início de 2022, a fonte hídrica terá aumento de aproximadamente 8 GW ao longo da próxima década, por meio da expansão de pequenas centrais hidrelétricas e da repotenciação de usinas existentes. De qualquer forma, as restrições ambientais aplicadas a esse tipo de projeto combinadas ao custo relativamente baixo de outras fontes tendem a limitar o potencial de expansão da capacidade dos reservatórios.
Outra opção mais tradicional para os momentos de grande variação no setor são as usinas termelétricas, especialmente aquelas movidas a gás natural, por serem altamente flexíveis em ciclo simples, mas a expansão do setor com base em combustíveis fósseis pode destoar da determinação de eventuais metas de descarbonização dos sistemas elétricos.
Tudo indica que, mais do que a expansão da geração, a solução passe pelas linhas de transmissão. Na realidade, o uso das redes para elevar a flexibilidade do sistema já vem ocorrendo, por meio da programação de ociosidade de blocos de capacidade para que atuem no intercâmbio de energia em momentos de maior necessidade. Esse tipo de operação tende a aumentar, mas pode ser insuficiente nos horários em que houver demanda simultânea por flexibilidade em todas as regiões do país.
Nesse contexto, se por um lado o custo médio do mercado spot deverá cair com a expansão das fontes renováveis, que possuem custo marginal muito baixo, o oposto é vislumbrado para os custos com a rede de transmissão, que tiveram majoração de 64% no planejamento para o quinquênio até 2027 contra o montante previsto para o período de cinco anos que termina em 2026.
Os passos nessa direção já estão sendo colocados em prática: em outubro será realizado o maior leilão de transmissão do sistema elétrico brasileiro até o momento, segundo informações da Aneel, cujo objetivo principal é o escoamento de energia renovável existente nas regiões Nordeste e norte do Sudeste e Centro-Oeste e que deve movimentar R$ 19,7 bilhões em investimentos. Vale destacar, ainda, que essa tendência é global, segundo estimativas da consultoria BloombergNEF.
Em paralelo, um correto sinal de preços é essencial para o desenvolvimento de soluções de flexibilidade pelo lado do consumo e por meio de tecnologias de armazenamento. As elevadas taxas de rampa de carga ao final do dia poderiam, a princípio, levar a uma precificação ainda mais responsiva da carga no horário de ponta. Essa precificação poderia ser efetiva para o deslocamento do consumo para horários de custo mais baixo, caso seja percebida pelo consumidor em tempo real. Adicionalmente, o processo de arbitragem de preços - por meio do qual agentes obtêm a energia a valores baixos para vendê-la a preços altos nos momentos de maior demanda - possui um grande potencial para ajudar na integração de recursos de armazenamento, como já vem ocorrendo no sistema elétrico da California (Caiso).
Uma correta sinalização do preço necessita de bons dados de entrada no mercado. Os agentes precisam contar, na véspera, com representações precisas das restrições operacionais das usinas hidroelétricas e térmicas (unit commitment), uma melhor previsão de consumo e de limites de preço adequados (uma vez que preços mínimos elevados e preços máximos baixos reduzem o potencial de arbitragem e os incentivos para o deslocamento do consumo). Ainda, o desenvolvimento de um mercado intradiário, por meio do qual poderia ser realizado o ajuste fino da operação em relação à programação do dia anterior, aumentaria as possibilidades de integração dos recursos flexíveis.
Por fim, essa discussão abre a possiblidade de se revisitar o modelo de precificação e aquisição dos serviços ancilares (como a manutenção da frequência da rede), que são essenciais para o funcionamento do sistema elétrico e que hoje são prestados principalmente pelas hidrelétricas.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Especialista destaca potencial do país para instalação da nova tecnologia, mas que deve saber valorizar passe com empresas estrangeiras.
O ministro Fernando Haddad se encontrou nesta semana com representantes da Equinor, comercializadora de energia norueguesa. Entre Especialista destaca potencial do país para instalação da nova tecnologia, mas que deve saber valorizar passe com empresas estrangeiras.
O ministro Fernando Haddad se encontrou nesta semana com representantes da Equinor, comercializadora de energia norueguesa. Entre outros assuntos, o ministro da Fazenda tratou sobre instalação de turbinas eólicas na costa brasileira, no que vem sendo chamado de geração de energia eólica offshore. A Petrobras estima um investimento de 70 bilhões de dólares caso todas as áreas do acordo com a empresa de energia norueguesa Equinor sejam desenvolvidas. “Esperamos logo, logo ter hidrogênio como companheiro do gás natural na matriz energética brasileira”, afirmou nesta semana Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, em evento na Fiesp.
A energia eólica onshore no Brasil, aquela com geração de energia produzida em terra firme, ocupa 13% da matriz elétrica atual, com capacidade instalada de 25 GW. O país é o terceiro do mundo que mais investe em eólica onshore e o sexto em capacidade instalada.
A instalação de um parque eólico no mar brasileiro é positiva, mas recebe ressalvas. A economista e professora do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Virginia Parente, lembra que a tecnologia ainda está percorrendo uma curva de aprendizado. “O Brasil precisa ter parcimônia e saber valorizar seu passe nas negociações relacionadas a eólicas offshores, sobretudo com empresas estrangeiras”, disse em entrevista à VEJA.
A tecnologia ainda não está plenamente madura. Segundo a professora, o país tem escala para oferecer às empresas estrangeiras e isso deve ser usado nas conversas com interessados. São mais de 200 milhões de habitantes e mais de 7 mil km de litoral. “Maior parte dos países que estão desenvolvendo isso tem uma população pequena e uma demanda relativamente pequena por energia”, disse. A instalação de parques eólicos no mar já existe na Europa. E majoritariamente por lá. “Quando você instala algo que não está maduro, o equipamento vai melhorando, com tecnologias diferentes. Então, quando chegar ao seu país, você tem a melhor tecnologia possível e preços mais competitivos”, afirmou. É como se o Brasil fosse usado como laboratório. “Não interessa para o Brasil cristalizar uma grande capacidade instalada, ficar com ela por algumas décadas, sem que ela seja da melhor tecnologia”, prosseguiu a professora.
A expectativa da Petrobras é de viabilizar sete parques eólicos na costa brasileira. O projeto faz parte da agenda de diversificação da matriz energética da estatal brasileira. A produção do projeto está estimada para ter início daqui a seis a dez anos. A fase de estudos vai durar até 2028. “Temos que colocar essas variáveis para que seja positivo ao país”, destacou a especialista. “É importante que os países aproveitem suas capacidade naturais de gerar energia. Se o Brasil tem bons ventos, deve aproveitar isso, mas não quer dizer que deve ir com muita sede ao pote e cristalizar um naco muito grande do parque eólico com uma tecnologia que não será a melhor possível”, completou.
Fonte e Imagem: Veja.
Documento está sendo pensado para proteger áreas de comunidades tradicionais e territórios quilombolas.
Diversos órgãos decidiram formar um grupo de trabalho para elaboração de um protocolo de consulta livre, prévia e informada para emissão de licenças ambientais para os empreendimentos de energias renováveis (usinas eólicas e solares) construídos na Paraíba. Uma reunião foi realizada na sede do Ministério Público Federal (MPF) em João Pessoa e o protocolo está sendo pensado para proteger as áreas de comunidades tradicionais e territórios quilombolas dos inúmeros danos e risco de danos que são ocasionados pelos empreendimentos.
Na próxima semana, o grupo vai discutir o protocolo de consulta a ser observado pelos órgãos de controle quando da emissão das licenças, à luz do regramento normativo que tutela as comunidades tradicionais, especialmente o tratado OIT 169, Constituição Federal e Decreto 6.040, de 2007. De acordo com o Ministério Público Federal, a produção de energia renovável não pode significar impacto excessivo para agricultores familiares, quilombolas e comunidades tradicionais do Semiárido nordestino, gerando situação em que estes ficam com os impactos negativos e o restante da sociedade fica com as benesses dos empreendimentos.
Participaram da reunião pelo MPF os procuradores da República José Godoy Bezerra de Sousa e Anderson Danillo Pereira Lima. Outros órgãos representados no encontro foram: Ministério Público da Paraíba (MPPB), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Assembleia Legislativa (ALPB), Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública da Paraíba (DPPB), Centro de Ação Cultural (Centrac), Coordenação Estadual das Comunidades Negras e Quilombolas da Paraíba (Cecneq-PB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O governo está preparando medidas amplas para fomentar energias limpas e renováveis, incluindo um projeto de lei "do combustível do futuro", a fim de integrar os programas de biocombustíveis, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante entrevista concedida na manhã desta quarta-feira, 19 de abril, à CNN.
"Acho que vamos criar o maior programa do planeta de energia limpa e renovável", disse o ministro, ressaltando que o Brasil tem os elementos necessários para isso, como dimensão territorial, preço da terra, insolação, e ventos no Nordeste.
Segundo ele, o hidrogênio verde será um passo à frente nesse sentido, com potencial de ajudar a reindustrialização do país ser integrada à descarbonização das atividades econômicas.
Em relação à política de preços da Petrobras, Silveira disse que a governança da companhia, uma sociedade de economia mista e com capital aberto, listada inclusive na Bolsa de Nova York, será respeitada. "Mas vamos a clareza de que vamos valorizar o conteúdo local, a modernização das refinarias, para que possamos continuar não só a exportar petróleo cru, mas também nos tornarmos autossuficientes no refino de gasolina e, no médio prazo, também no diesel".
Para Silveira, o Brasil não pode "ficar à mercê do cartel da Opep", que reduz a produção quando os preços internacionais do petróleo chegam aos US$ 80 o barril para voltar a aumentar os preços.
O papel social da Petrobras, segundo o ministro, será reforçado. "Nós precisamos que ela cumpra seu papel social, o recado foi bem dado e espero que os resultados sejam promissores para atender o melhor custo/benefício dos consumidores brasileiros", afirmou.
O programa de vendas de ativos da Petrobras, conduzido pelos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, foi criticado pelo ministro, que chamou de "grave erro, para não dizer um ataque à soberania nacional". Ele afirmou que o projeto do governo atual, de Luiz Inácio Lula da Silva, busca uma Petrobras "competitiva, rentável, e cumprindo sem papel social". "O governo anterior queria desmontar a empresa, para que num segundo mandato, que não aconteceu, ela fosse vendida, assim como a Eletrobras", afirmou.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Enio Verri defende que usina binacional mantenha recursos para investir em sua missão socioambiental.
O ano de 2023 é um marco para a usina binacional de Itaipu. A dívida para a sua construção foi quitada em fevereiro, o tratado que uniu Brasil e Paraguai como sócios no empreendimento completa 50 anos neste mês, e será possível renegociar os termos financeiros que podem redefinir a estrutura para arrecadar e gastar os recursos.
Antes mesmo dessa revisão diplomática bilateral, o novo diretor-geral de Itaipu, Enio Verri, já anuncia mudanças no lado de cá da fronteira.
A era das grandes obras no Paraná com recursos da usina, diz ele, está com os dias contados. Foram pontes, estradas, pista de aeroporto. No entanto, um número bem maior de municípios vai receber recursos para implementar projetos socioambientais com a marca do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Itaipu foi quase que uma secretaria de obras do governo do estado. Vamos manter os compromissos firmados pela gestão passada, mas não vamos começar novas obras", diz Verri, em entrevista à Folha.
"Pretendemos ampliar o conceito de território de Itaipu, casado com políticas do governo federal. Claro que não precisamos fazer investimentos em Londrina, Maringá, Cascavel, cidades mais ricas. Mas as cidades menores, com o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] mais baixo, serão atendidas", afirma.
Essa meta de colocar a estatal de energia a serviço de uma missão socioambiental, no entanto, tende a frustrar a expectativa de uma conta de luz mais barata —ambição de gerações de gestores da usina e do setor de energia no Brasil. As negociações da tarifa em 2022 e 2023 já sinalizam a tendência de garantir recursos extras, o que é defendida por Verri.
"No meu entender, Itaipu deveria mater o modelo atual, lembrando que parte do modelo implica em garantir retornos, não na forma de lucros, mas de outros benefícios, como investimentos em projetos de inovação e políticas públicas socioambientais", diz.
Como foi a negociação da tarifa de Itaipu deste ano? A gestão anterior deixou tarifa em US$ 12 e vocês fecharam em US$ 16. A tarifa não era US$ 12.
Provisoriamente, foi fixado e aplicado esse valor. Era provisório e unilateral. O governo não consultou o sócio paraguaio. Foi uma decisão até desrespeitosa, porque o Paraguai tem 50% de Itaipu.
Também causou um déficit na empresa. Algumas distribuidoras —parece que foram duas— já estavam praticando os US$ 12,67 (cerca de R$ 62,65 por kilowatt). Para cobrir o buraco, agora que fechamos a tarifa US$ 16,71 (R$ 79,11). O impacto no nosso fluxo de caixa ficará entre US$ 150 milhões (R$ 745 milhões) e US$ 160 milhões (R$ 794 milhões).
No ano de 2022 aconteceu o mesmo. Aplicaram um valor provisório de US$ 18,97, que durou até agosto, quando a tarifa foi fechada em US$ 20,75, mas cobriram a diferença para o ano todo. A direção passada teve de tirar de Itaipu US$ 220 milhões para cobrir essa outra decisão unilateral.
A tarifa de Itaipu deve cobrir apenas o custo para a usina funcionar. A maior conta sempre foi a dívida para construir a usina. A dívida foi quitada em fevereiro. Um estudo da gestão passada apontou que, sem a dívida, a tarifa ficaria entre US$ 10 e US$ 11. Na ponta do lápis, qual é o valor? Pelo cálculo que foi feito, em torno de US$ 12,67 o kW [kilowatts], mas pela lógica do Brasil. Isso levaria a uma redução maior do preço da energia. Mas o Paraguai queria manter os US$ 20. Foi preciso muita negociação para chegarmos a US$ 16,71.
Voltemos ao ano 2022. O Brasil não conseguiu manter a tarifa provisória de US$ 18, mas, segundo especialistas, era o valor correto. Ao aceitar os US$ 20, foi criado um extra de cerca de US$ 300 milhões, que são usados principalmente em obras públicas. Neste ano, ocorreu o mesmo —vai sobrar recursos que podem ser usados em obras públicas. A sua gestão vai manter essa dinâmica? Sim, mas com uma diferença. Nos últimos quatro anos, a capacidade de investimento de Itaipu no estado do Paraná foi concentrada na área da infraestrutura. Itaipu foi quase que uma secretaria de obras do governo do estado. Vamos manter os compromissos e as obras firmados pela gestão passada, mas não vamos começar novas obras.
Na nossa gestão, esses recursos serão usados na missão de Itaipu —e qual é a missão de Itaipu? Além de produzir energia limpa e de qualidade, é desenvolver políticas ambientais, sociais e na área de infraestrutura.
Queremos terminar a Unila, por exemplo. A Universidade Federal da Integração Latino-Americana está paralisada. Vamos trabalhar com outras iniciativas, como a organização da agricultura familiar e da pesca, políticas de reciclagem, de gênero, sociais, que visam a geração de emprego e renda, marcas do governo federal.
Empresários do Paraná afirmam que o sr. pretende reestruturar a divisão dos recursos. Isso é verdade? Pretendemos ampliar o conceito de território de Itaipu, casado com políticas do governo federal.
Com o fim do pagamento da dívida, Itaipu passa a ter um caráter estratégico no Paraná. Ela mantém uma dívida ambiental e social. Tem pago isso através de royalties e investimentos no oeste do estado. Mas hoje ela pode ajudar o Paraná inteiro. Claro que não precisamos fazer investimentos em Londrina, Maringá, Cascavel, cidades mais ricas. Mas as cidades menores, com o IDH mais baixo, serão atendidas.
O sr. deve saber que a política baseada nesses projetos socioambientais é chamada por alguns de 'pague dois e leva um', não? Não. Por quê?
Tudo é dividido entre os sócios de Itaipu, inclusive o dinheiro desses projetos. Cada dólar usado no Brasil em um projeto socioambiental representa outro dólar destinado ao Paraguai para uma missão socioambiental deles. No entanto, como 85% da energia de Itaipu é consumida pelos brasileiros, quem paga a maior parte dos projetos é o Brasil. Isso é justo com os brasileiros? São duas coisas aqui. O Paraguai não consome energia que é dele e, pelo tratado, só pode vender para o Brasil. O Brasil, por sua vez, precisa dessa energia. O importante dessa sua pergunta é que ela esclarece a briga pelo preço da tarifa. Nós queremos uma tarifa cada vez mais barata porque consumimos mais, e o Paraguai quer uma tarifa cada vez mais cara porque vende quase tudo para cá.
Isso deve durar mais uns dez anos, quando o Paraguai vai consumir toda a sua energia elétrica. Aí eu tenho impressão que ele vai querer baixar a tarifa.
A questão do investimento socioambiental não é bem assim como você falou. A divisão dos recursos é meio a meio, mas a política de investimento que nós fazemos não é exatamente igual. Não há nenhum compromisso do Paraguai em fazer política de inclusão social como nós queremos fazer no Brasil.
Mas quem está pagando a maior parte são os brasileiros, me refiro a isso. A tarifa é cobrada na conta de luz de todos os consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste. Dados indicam que até 110 milhões de pessoas pagam por essa energia, quase 50% da população. Mas compramos porque precisamos.
O que estou dizendo é que maioria não tem acesso a esses benefícios socioambientais. Isso não é transferência de renda até socialmente injusta? Esse é um debate que está começando. Era mais injusto quando só atendia o oeste do Paraná, uma região de 56 ou 54 municípios, a depender da análise. O debate agora é ampliar isso.
Mas você tem razão. Quem pagou a conta de Itaipu foi o povo brasileiro. Itaipu é um bem nacional. Entretanto, os investimentos no Paraná se refletem em outras áreas. Por exemplo, quando Itaipu investe para terminar a Unila, o Ministério da Educação não vai tirar dinheiro do orçamento da educação para ela e, consequentemente, vai sobrar esse recurso para investir no resto do país.
No caso da universidade, podemos dar outro exemplo. Existem milhões de brasileiros vivendo em comunidades carentes nas região, sem acesso a um estudo superior, que vão pagar a universidade no Paraná pela conta de luz. Sim. O debate sobre isso já começou. Alguns ministros já chamaram a atenção para isso.
Tem um outro dado. A redução no valor da tarifa que conseguimos representa uma queda de 1 ponto percentual no valor da energia no país.
Em 26 de abril, o tratado de Itaipu completa 50 anos. Paga a dívida e decidida a eleição no Paraguai, será possível renegociar o Anexo C, que trata justamente das questões financeiras. O Brasil já sabe o que pretende reivindicar? Temos grupos técnicos, inclusive no Ministério das Relações Exteriores, estudando o Anexo C e preparando o material. No Paraguai, sabemos que o debate é mais aquecido e que discutem isso há três, quatro anos. Tem até frente parlamentar. A discussão entre chanceleres dos dois países deve começar a partir de agosto.
O rumo das negociações será afetado por quem sair vitorioso na eleição. Vou dar um exemplo.
Se vencer um candidato mais liberal, ele vai preferir fornecer energia elétrica para o Estado brasileiro ou vai querer vender no mercado livre? O Paraguai vai querer uma tarifa mais cara para continuar fazendo investimentos no Estado, além de fornecer energia, ou, por conta do seu crescimento econômico, que está sendo constante, vai achar melhor baixar o preço e melhorar sua competitividade no mundo?
O que é importante é a gente refletir que Itaipu só conseguiu sobreviver 50 anos por causa de um profundo diálogo. A gente briga, sofre com ruídos, temos problemas de interesses, nossos países são díspares em vários sentidos, mas o respeito mútuo nos permitiu chegar até onde estamos.
Itaipu não gera lucro. Cobra o valor necessário apenas para se manter. Na sua opinião, qual seria o modelo mais apropriado? No meu entender, Itaipu deveria mater o modelo atual, lembrando que parte do modelo implica em garantir retornos, não na forma de lucros, mas de outros benefícios, como investimentos em projetos de inovação e políticas públicas socioambientais.
Defendo esse papel. O papel de uma empresa estatal, que não gera lucro, mas seja um instrumento de motivação do desenvolvimento econômico e social.
Nessa perspectiva, não estaria no escopo, pelo menos no curto prazo, uma redução no custo e, por consequência, na tarifa, até porque seria preciso garantir recursos extras. Sim, precisaria.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Plano refere-se àqueles de regularização de UHEs e os interessados têm 20 dias para enviar sua contribuição.
O Ministério de Minas e Energia abriu Consulta Pública para tratar do relatório de Estruturação de Ações e Construção de Indicadores Globais do Plano de Recuperação dos Reservatórios de Regularização de Usinas Hidrelétricas do País (PRR). A medida veio publicada na edição desta terça-feira, 18 de abril, do Diário Oficial da União na Portaria nº 728.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A exportação de energia produzida por hidrelétricas para Argentina e Uruguai deve levantar cerca de R$ 500 milhões em recursos para o Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) entre janeiro e abril deste ano, segundo o presidente do conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri.
Lançado em outubro do ano passado, o procedimento competitivo de exportação de vertimento turbinável começou a funcionar em janeiro deste ano, a fim de exportar para Argentina e Uruguai o excedente da produção das hidrelétricas - que, devido à carga baixa e o bom nível dos reservatórios, acabam não usando toda o potencial de geração de energia elétrica para atendimento dos consumidores brasileiros.
Em evento com a imprensa na manhã desta segunda-feira, 17 de abril, Rui Altieri afirmou que entre janeiro e março já foram levantados mais de R$ 340 milhões em recursos da exportação de energia para Argentina e Uruguai, alocados de forma proporcional às garantias físicas de todas as usinas do MRE. Foram 553 MW médios em janeiro, 1.487 MW médios em fevereiro e 1.451 MW médios em março.
"Em abril, estimamos que chegue a R$ 150 milhões, dando aí quase os R$ 500 milhões", explicou Altieri. Segundo ele, outra vantagem do mecanismo tem sido a redução do GSF, que foi reduzido em 1,1 ponto percentual (p.p.) em janeiro, 2,7 p.p. em fevereiro e 2,6 p.p. em março.
A partir de maio, a exportação deve acabar pelo fim do período chuvoso no Brasil, encerrando a fase do ano de excesso de água nos reservatórios das hidrelétricas. O momento será ainda uma oportunidade para que o mecanismo seja aperfeiçoado para os próximos anos. "Tem tempo para melhorar a competição", disse.
Durante a apresentação, na qual Altieri fez um balanço das iniciativas da CCEE no último ano, ele lembrou que ainda há mais de R$ 900 milhões travados no mercado de curto prazo de energia por liminares referentes ao GSF, agora quase todas elas de autoria de donos de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e centrais de geração hidrelétrica (CGHs).
"Quem não tem liminar recebe só de 20% a 25% na média no mercado de curto prazo, uma receita que não é desprezível. Nos preocupa porque não tem sinalização clara de solução", afirmou, se referindo aos agentes credores sem liminar para ter prioridade na fila do recebimento nas liquidações.
Segundo Altieri, a atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da União no caso do GSF deve agora seguir uma estratégia semelhante da que norteou o caso do PLD mínimo, que teve uma liminar concedida em fevereiro e derrubada na semana passada por um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O problema, segundo ele, é que mesmo se a União for bem sucedida e conseguir derrubar as liminares das PCHs e CGHs, é preciso haver uma negociação pois essas usinas não necessariamente terão os valores necessários para pagar o que devem em termos de exposição passada ao GSF.
A sobrecontratação das distribuidoras é outro motivo de preocupação na CCEE. As estimativas da entidade apontam que em 2023 a sobra de energia, em média, será de 8,5%, contra 11,3% no ano passado. Em 2024, a sobrecontratação deve se aproximar do nível regulatório, atingindo 5,8%, e apenas em 2025 que a CCEE enxerga a contratação das distribuidoras em 98,9% da demanda estimada.
A redução das sobras não se dará pelo aumento do consumo no mercado cativo, mas sim pela descontratação de 6,4 GW médios em termelétricas até 2027, combinada à descotização de 6,6 GW médios em usinas da Eletrobras. Nessas contas, é considerada uma projeção estável para a carga atendida por geração distribuída nos próximos anos, já que o governo entende não ser possível ainda prever como a GD vai avançar no país.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Demora na composição da equipe, falta de pessoal, estatais ainda sem indicações e pouco diálogo com agentes marcaram o período.
Passados os 100 dias de governo, a percepção do setor de energia é que pouco foi feito. Demora na composição da equipe, falta de pessoal, estatais ainda sem indicações e pouco diálogo com agentes marcaram o período. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assumiu o cargo prometendo concentrar esforços para modernizar o parque de geração, investir em tecnologia disruptivas, transição energética e redução dos custos ao consumidor, mas neste período prevaleceu o jogo político de espera. A expectativa era que a equipe fosse montada ao longo de janeiro, mas as primeiras nomeações saíram no mês seguinte.
A maioria das estatais subordinada ao MME segue sem comando ou sob a gestão de quadros do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), Eletronuclear e Indústrias Nucleares do Brasil (INB) não têm nomes dos titulares definidos. O ministro precisa decidir quem indicará para a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Não faltaram críticas veladas de associações que reclamam da dificuldade em acessar o governo para apresentar pautas e que Silveira dá mais atenção a agendas no seu Estado, Minas Gerais, do que a pautas setoriais.
“Ele é ministro de Minas e Energia, mas Minas não significa Minas Gerais. Porque ele vive lá, entregando carro de polícia, casa, discutindo estrada com o [Antonio] Anastasia. Acho que ele quer ser governador de Minas”, afirmou um agente do setor. Dirigentes de empresas e associações relataram que Silveira assumiu a pasta dizendo que a única coisa que sabia de energia era que se “enfiasse o dedo na tomada levaria um choque”. A falta de conhecimento do ministro com o universo da energia ficou mais aparente quando confundiu o conceito da moda, hidrogênio verde, com oxigênio verde, em discurso na posse do novo diretor-geral de Itaipu, Enio Verri.
Se falta habilidade no setor de energia, no campo político Silveira tem se revelado um estrategista. Ele passou mais de dois meses sem secretário-executivo, travando uma queda-de-braço com a Casa Civil por Bruno Eustáquio, até que o impasse foi resolvido com a nomeação de Efrain Cruz, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ligado ao Centrão. Silveira ainda se declarou livre para nomear Eustáquio para outro cargo que ele queira ocupar na pasta.
Processo parecido aconteceu na hidrelétrica de Itaipu Binacional, que teve recente nomeação e posse dos novos diretores da companhia, mas deixou aberta a vaga da diretoria financeira. O Valor noticiou com exclusividade que após ter sido exonerado há menos de duas semanas, André Pepitone da Nóbrega será reconduzido ao posto sob o argumento de que tem credenciais para o cargo. “A composição política que nos ajudou a ganhar as eleições e agora nos ajuda nos votos na Câmara e no Senado é também quem participa do governo. O Pepitone é resultado desta composição. E claro, ele tem seus méritos próprios e competência técnica”, disse Enio Verri.
Outra indicação que gerou polêmica foi a de Raul Lycurgo Leite para presidência da Eletronuclear. Membros da Frente Parlamentar de Energia Nuclear apontaram a falta de experiência do executivo no setor e o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, destacou a necessidade de nomes com capacidade de articulação para destravar questões legais, principalmente sobre Angra 3. O nome de Leite deve passar por votação em assembleia na ENBPar no dia 27 de abril.
Na avaliação do diretor da Dominium Consultoria Política, Leandro Gabiati, a demora na indicação de cargos não foi uma situação vivida só no MME, mas que tomou conta na Esplanada inteira. “Havia uma expectativa de que a transição fosse feita de forma rápida, considerando a experiência do presidente Lula, e de gestão do PT, mas toda essa negociação em torno de cargos, de construção de uma coalizão de governo acabou prejudicando essa etapa de indicação de cargos de segundo nível.”
Uma executiva do setor nota que a escolha de Cruz para a secretaria-executiva do MME por Silveira pode ter como efeito colateral a maior dificuldade para a renovação de concessões de distribuição e transmissão de energia, que têm início em 2026, mas que precisam ser tratadas ainda neste ano, já que as concessionárias têm que anunciar interesse na renovação 36 meses antes do fim dos contratos.
Em paralelo, o segmento espera a votação do PL 414, que atualiza o marco regulatório do setor de energia elétrica. Nele, há propostas de mudanças na comercialização de energia, o que afeta diretamente a distribuição.
Em nota, o MME disse: “O tom dos primeiros 100 dias foi de diálogo com todos os agentes dos setores e de união de forças para aumentar a competitividade, combater a pobreza energética, fortalecer a segurança do nosso sistema, reduzir custos, sempre pensando no consumidor final”. Em relação às nomeações, a pasta disse que todas foram feitas de forma gradual, conforme foi observado também em outras pastas do executivo, considerando a responsabilidade e o papel do ministério para os setores de energia, mineração, petróleo, gás e biocombustíveis.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Preço de Liquidação das Diferenças (PLD mínimo) é calculado com base na Tarifa de Energia de Otimização (TEO) de Itaipu referente a custos de operação e manutenção da usina e pagamento pelo uso dos recursos hídricos.
A recente disputa jurídica acerca do piso do preço de referência da energia elétrica para 2023, conhecido como Preço de Liquidação das Diferenças (PLD mínimo), no jargão do setor, está dividindo opiniões e pode trazer implicações a todo o mercado de energia, segundo especialistas.
Nesta briga, de um lado, estão grandes consumidores e industriais que sempre reivindicaram o choque de energia barata e comercializadoras de energia. De outro, empresas geradoras hídricas que no curto prazo viram os preços derreterem com impactos diretos nos balanços.
O PLD mínimo é calculado com base na Tarifa de Energia de Otimização (TEO) de Itaipu referente a custos de operação e manutenção da usina e pagamento pelo uso dos recursos hídricos, que é fixada em dólar. A polêmica começou após uma ação judicial impetrada pela comercializadora Enercore que obriga a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a desconsiderar TEO Itaipu do PLD mínimo, já que a TEO não corresponde aos custos de operação das demais hidrelétricas.
A geração hidrelétrica responde por cerca de dois terços do total produzido no país. O PLD hoje vigora em base horária e é calculado por modelos matemáticos que consideram como parâmetros a vazão dos rios e o consumo de energia, entre outras variáveis. O PLD Mínimo está em R$ 69,04 por MWh, mas na ação, a comercializadora estipula um valor de R$ 15,05 por MWh.
Por motivos econômicos, o PLD possui limites inferior e superior, cujos valores são calculados no fim de cada ano pela Aneel. Como o regime hidrológico foi bastante favorável e os reservatórios estão cheios, o valor da energia está sendo calculado com base no valor mais baixo.
No dia 10 de abril, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com um processo para barrar a ação da Enercore, destacando que ela provoca reflexos em todo o Mercado de Curto Prazo (MCP), visto que as relações jurídicas ocorridas na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) são multilaterais.
Entre os pontos, a AGU destaca que se a situação perdurasse durante um ano, por exemplo, a cobrança adicional de Encargo de Energia de Reserva (EER) dos consumidores seria superior a R$ 1 bilhão.
O advogado André Edelstein, sócio do Edelstein Advogados, destaca que a União tenta mostrar os diversos impactos a que ficaria exposta em decorrência da procedência da ação, bem como sua repercussão aos demais agentes de mercado. Nesse aspecto, ele lembra que o artigo 20 da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro impõe o dever de as decisões judiciais não se aterem a valores jurídicos abstratos, devendo serem consideradas suas consequências práticas.
Soma-se que a usina de Itaipu carrega consigo questões que extrapolam o campo interno, com impactos para o cenário externo, principalmente na relação Brasil e Paraguai. O advogado Rômulo Mariani, do escritório RGMA Resolução de Disputas, avalia que a União deve derrubar esta medida.
“A intervenção da União dá mais peso à discussão. Além de apontar potenciais impactos às tratativas com o Paraguai para revisão do Anexo C do acordo [referente ao Tratado de Itaipu], ela reforça que os efeitos dessa liminar se espalham pelo mercado, pois o que deixa de ser pago por força da liminar é repassado aos demais agentes que fazem uso do mercado de curto prazo”, diz.
O ex-diretor técnico da Itaipu e membro do comitê de energia da Academia Nacional de Engenharia, Celso Torino, entende que a mudança na regra no curto prazo pode ter implicações diretas nos 130 milhões de consumidores que usam a energia de Itaipu. Segundo ele, a mudança precisa ser cautelosa e gradativa para que os impactos sejam reduzidos.
“Entendo que tem que ser um PLD mínimo que vale para todos e ter a TEO como referência faz sentido. Por outro lado, talvez seja relevante discutir qual a melhor regra para o PLD mínimo com a cautela devida numa eventual alteração, face aos possíveis impactos disso no setor, inclusive nos consumidores cotistas da Itaipu”.
O presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata, assim como a Abrace, associação que representa os grandes consumidores livres de energia, entendem que esse é um tema que deve ser tratado tecnicamente e a judicialização pode trazer consequências severas.
“O que mais preocupa os consumidores é que a busca intensa ao judiciário para resolver problemas individuais do setor elétrico traz insegurança e acaba prejudicando o setor e, consequentemente, quem paga a conta, os consumidores. Esse caso é mais uma evidência de que precisamos avançar no reforço da governança e da modernização do setor", diz Barata.
Em nota, a Abrace disse que considera o tema relevante e tem atuado para que os decisores do setor elétrico promovam mudanças buscando um sinal de preço efetivo, que reflita a realidade da operação do sistema elétrico, permitindo que o setor seja menos disfuncional e com mais previsibilidade para os agentes.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Danilo Forte propõe que a CME convide Hélvio Guerra para explicar declarações feitas durante o evento Agenda Setorial.
Em mais um capítulo da guerra aberta contra a Aneel, o deputado Danilo Forte (União-CE) apresentou requerimento à Comissão de Minas e Energia da Câmara propondo que o diretor Hélvio Guerra seja convidado a prestar esclarecimentos por criticar lobbies defendidos por parlamentares. As declarações foram feitas durante o evento Agenda Setorial, do Grupo CanalEnergia, e irritaram deputados, que ameaçaram acionar judicialmente o diretor da agência reguladora.
Guerra disse na ocasião: “Nós sabemos que aquilo que está no Congresso possivelmente o deputado que apresentou o PDL, ou os deputados que apresentaram o PDL, possivelmente não sabem nada de setor elétrico. Mas eles foram movidos por um lobby e nós sabemos quem é o lobby.” Para o parlamentar as afirmações são inaceitáveis.
O comentário era relacionado ao Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 365, de autoria do próprio Danilo Forte, que suspende resoluções da agência sobre sinal locacional e tarifa de transmissão. A proposta já foi aprovada na Câmara e está no Senado.
A atitude do parlamentar em relação às criticas repercutiu mal entre executivos do setor elétrico. Alguns deles, que participaram de um evento da Abdib, em Brasília, consideraram que o deputado pegou pesado com o diretor da agência.
Na ultima terça-feira, 11 de abril, o plenário da Câmara aprovou o regime de urgência do PDL 65/23, do deputado Beto Pereira (PSDB-MS), que suspende parte da regulamentação do marco legal da micro e minigeração distribuída (lei 14.300/2022), também relatada por Hélvio Guerra. A resolução que trata do tema foi rediscutida antes de ser aprovada, mas parte do segmento de GD não ficou satisfeita com o resultado.
“Esse diretor da Aneel é digno de reprovação. Este tema foi objeto de discussão na reunião de líderes e estamos avaliando as providências jurídicas cabíveis”, disse durante a sessão de terça o 1º vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Conhecido por questionar processos tarifários e decisões regulatórias da Aneel, Forte chamou atenção nas últimas semana por propor o “jabuti” das agências reguladoras. A emenda à Medida Provisória 1.157, que reorganiza os ministérios e órgãos da Presidência da República, transfere para comitês o poder de regular de 11 autarquias federais.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Relatório da britânica Ember aponta redução do despacho térmico como maior causadora da redução.
Relatório lançado pelo think tank britânico Ember na última quarta-feira, 12 de abril, revelou que o Brasil viveu a maior queda absoluta do mundo nas emissões do setor elétrico em 2022. De acordo com a análise, o mix elétrico brasileiro emitiu 69 milhões de toneladas de CO2 no ano passado, queda de 34% ou de 36 MtCO2 em relação a 2021, quando a emissão ficou em 105 milhões de toneladas. Apenas a Ucrânia, que está sob ataque russo, viu declínio percentual comparável, de 38%, com a segunda maior redução nas emissões, de 14 MtCO2.
De acordo com a análise, a queda no Brasil veio em decorrência da diminuição do uso de UTEs, em função do aumento, de um ano para o outro, da geração hidrelétrica em 18%, indo a 65 TWh. A hidroeletricidade, com 363 TWh, estava em seu nível mais baixo desde 2015, e com a volta das chuvas em 2022, foi ao nível mais alto desde 2011, registrando 428 TWh.
Outro fator que contribuiu para a queda de emissões no ano passado foi o crescimento de 12% da geração eólica e 30% da solar. As duas fontes permitiram uma substituição da energia fóssil, principalmente do gás, com recuou de 46%. De acordo com o pesquisador do Instituto ClimaInfo, Shigueo Watanabe Jr, há um efeito sanfona das emissões do setor elétrico brasileiro: a maior queda do mundo em 2022 precedida por uma das maiores altas em 2021.
O pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente e do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, Felipe Barcellos e Silva, avalia que para superar essa gangorra, que pode acontecer novamente no futuro, é preciso priorizar de maneira assertiva quais fontes complementarão a hidreletricidade.
Globalmente, a energia somada de eólica e solar atingiu um recorde de 12% da eletricidade em 2022, contra 10% em 2021. Em toda a América do Sul, Uruguai, com 36% e Chile, com 28%, têm as maiores cotas de energia eólica e solar. Mais de 60 países geram atualmente mais de 10% de sua eletricidade a partir do vento e do sol, incluindo o Brasil (15%) e a Argentina (12%). A solar foi a fonte que mais cresceu no mundo pelo 18° ano seguido, aumentando 24% de um ano para outro e adicionando eletricidade suficiente para abastecer toda a África do Sul. A geração eólica aumentou 17% em 2022, o suficiente para energizar quase todo o Reino Unido.
A Ember estima que o ano passado pode ter sido o “pico” das emissões de eletricidade e o último ano de crescimento da energia fóssil, com a eletricidade renovável atendendo a todo o crescimento da demanda em 2023. Haveria uma pequena queda de 0,3% na geração de eletricidade fóssil este ano, com quedas maiores nos anos seguintes, à medida que a implantação de renováveis for acelerada.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ministro da Casa Civil, Rui Costa, destacou a prioridade para novos leilões de linhas para acabar com o gargalo de eólicas e solares.
O ministro chefe de Casa Civil, Rui Costa, anunciou que vai discutir com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e também com a Aneel, o destravamento de investimentos na área de energia, destacando como marco importante dessa discussão a liberação de leilões de transmissão.
“Nós temos muitos projetos hoje. Não só projetos de energia solar, energia eólica, mas projetos híbridos. E feitos não apenas para leilões públicos, mas para o mercado livre de energia, que não podem ser viabilizados porque não tem linha de transmissão,” disse nesta quarta-feira, 12 de abril, após participar do Fórum da Abdib.
Segundo o ministro, a estimativa é de que 15% da energia solar e eólica gerada hoje não esteja conseguindo chegar ao consumidor por falta de infraestrutura de escoamento. Costa destacou que além de fazer chegar a energia renovável ao centro de consumo, barateando o custo da energia para o consumidor, vai ser possível dar viabilidade a muitos projetos que estão licenciados para atendimento ao ambiente livre.
A interação com o MME também será no sentido de buscar soluções mais eficazes para que as novas concessões contratadas em leilões possam ter equilíbrio e custos mais baixos.
Novo PAC
O governo pretende lançar até o final de maio o novo plano de investimentos nos moldes do antigo Programa de Aceleração do Crescimento dos mandatos anteriores do governo do PT. A proposta atual, no entanto, deve ser menos lastreada no orçamento da União, agregando dessa vez mas recursos privados, por meio de concessões e Parcerias Público Privadas, disse o ministro.
A ideia também é onerar menos as PPPs de áreas como saúde, educação e mobilidade urbana. Ainda sobre as parcerias, o ministro disse que está negociando com o Ministério da Fazenda as condições para a criação de um fundo garantidor que vai alavancar os projetos, e prometeu celeridade nesse tipo de contratação.
“Queremos lançar essa ideia da garantia conjuntamente com o novo plano de investimento. Porque no antigo PAC o investimento era o orçamento geral da união, somado ao orçamento de estados e municípios. “Dadas as limitações orçamentárias tanto da União quanto dos estados e municípios, nos vamos agregar uma quantidade consistente de recursos através de concessões e de PPPs. Com isso, nós podemos antecipar muitos projetos, muitos investimentos, porque a PPP começa a ser paga a partir da efetivação do serviço.”
Na reunião ministerial com o balanço dos 100 dias de governo, o presidente Lula já tinha anunciado para o mês que vem a definição da carteira de obras do novo programa, a partir de informações levantadas pelos ministérios e também fornecidas por estados e municípios. O governo fala em cerca de 16 mil obras paralisadas no país.
A Casa civil iniciou uma serie de reuniões com agências reguladoras para discutir a situação das concessões, começando com as da área de transporte, onde há muitos casos de inadimplência no cumprimento dos contratos e judicialização.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Para Wilson Ferreira Júnior, os incentivos são válidos para dar um impulso inicial a determinados setores, mas depois precisam ser revistos.
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, defendeu nesta quarta-feira (12) a necessidade de impor limite aos subsídios oferecidos às fontes renováveis. Para ele, os incentivos são válidos para dar um impulso inicial a determinados setores, mas depois precisam ser revistos.
“É uma coisa que começa, mas que, infelizmente, a gente não consegue se livrar dele”, disse o executivo ao participar do “Abdib Fórum 2023”, evento promovido pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).
O incentivo à geração própria de energia, por meio de painéis solares, foi apontado como exemplo. Ferreira Júnior afirmou que os subsídios, como o da chamada geração distribuída (GD) acabam gerando soluções muitas vezes “equivocadas”. Ele explicou que quem pode investir nos equipamentos é subsidiado pelos consumidores que não têm a mesma condição de renda, o que classificou como uma “jabuticaba brasileira”.
O executivo da Eletrobras afirmou que o subsídio à GD impõe um custo anual de R$ 5,4 bilhões aos demais consumidores. Ele ressaltou que, de modo geral, as fontes renováveis, que incluem eólica, hidrelétricas e biomassa, “não têm nenhuma necessidade de serem subsidiadas”.
Ferreira Júnior aproveitou a participação no evento para defender o modelo de privatização da Eletrobras. Para ele, toda “mais-valia” gerada a partir da capitalização por meio de emissão de novas ações está sendo repartida com pagamentos da companhia à União e aos consumidores, resultado de uma decisão do governo de “onde alocar” os recursos.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Comissão mista da MP 1154 elegeu Davi Alcolumbre para a presidência e vai oficializar Inaldo Bulhões como relator.
O senador Davi Alcolumbre (União-AP) será o presidente e o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) o relator da comissão mista da Medida Provisória 1.154/2023, que trata da reorganização da Esplanada dos Ministérios. A MP tem chamado a atenção de diferentes setores econômicos e de organizações da sociedade civil não por alterar o número de órgãos no atual governo, mas em razão de uma emenda que retira o poder de decisão das agências reguladoras.
Alcolumbre foi eleito nesta terça-feira, 11 de abril, na reunião de instalação da comissão mista, que vai analisar a matéria. A sessão foi suspensa em seguida, porque ainda não havia acordo em relação ao relator, e será retomada na tarde de quarta-feira, 12, para o anúncio formal do nome de Bulhões. A escolha do parlamentar, que é líder do MDB na Câmara dos Deputados, foi antecipada pelo senador.
Bulhões pode incluir ou rejeitar as emendas propostas pelos parlamentares no projeto de conversão da MP, especialmente aquelas que são alheias ao texto original. É o caso do “jabuti” das agências, que atinge diretamente a autonomia de 11 autarquias federais de setores como energia (Aneel e ANP), telecomunicações (Anatel), vigilância sanitária (Anvisa), transportes (ANTT e Antaq), planos de saúde (ANS) e audiovisual (Ancine).
A emenda estabelece que a edição de atos normativos, mesmo nos setores regulados, será exercida por meio de conselhos ligados aos ministérios setoriais e secretarias, que atuarão nas funções de regulação, deslegalização e edição de atos normativos infralegais. Esses conselhos serão compostos por representantes do governo, da agência reguladora, dos setores regulados da atividade econômica, da academia e dos consumidores, aprovados pelo Congresso Nacional.
A proposta também determina que decisões inerentes à atividade de contencioso administrativo das agências reguladoras passarão a ser de competência exclusiva de um órgão julgador independente.
A manifestação mais recente de rejeição ao jabuti das agências reguladoras foi divulgada hoje por um conjunto de 45 entidades de diferentes áreas, entre elas associações do setor elétrico, como mostra matéria da Agência Canal Energia.
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Carta assinada por entidades alerta para as consequências da emenda à MP 1154 que retira a palavra final de 11 autarquias federais em assuntos regulatórios.
Entidades da sociedade civil e associações setoriais divulgaram um novo manifesto alertando para o risco de interferência política e redução da autonomia das agências reguladoras, contida em proposta de emenda à Medida Provisória 1.154/23. A carta foi divulgada nesta terça-feira, 11 de abril, na mesma data em que a comissão mista da MP que reorganiza a Esplanada dos Ministérios será instalada no Senado.
A carta assinada por 45 organizações de diversos setores chama a atenção para os impactos da proposta do deputado Danilo Forte (União/CE), que prevê a criação de conselhos compostos por representantes do Legislativo, do governo e da sociedade civil para dividir funções de regulação, deslegalização e edição de atos normativos que são de competência exclusiva dos órgãos reguladores federais. Esses conselhos também também teriam a palavra final em decisões inerentes à atividade de contencioso administrativo das agências.
Não é a primeira vez que diferentes representações setoriais criticam a emenda do parlamentar. O documento de hoje considera a proposta gravíssima e afirma que ela vai na contramão da tendência internacional de consolidação de marcos regulatórios; representa uma afronta à regulação em vigor e ameaça a sustentabilidade da prestação dos serviços regulados. Além disso, compromete a captação de investimentos nacionais e internacionais.
A mudança pode afetar as 11 agências federais de setores relevantes da economia, que são consideradas fundamentais na construção da confiança dos investidores, segundo o manifesto. São autarquias representam os setores de água, energia elétrica, aviação civil, planos de saúde, telecomunicações, transportes terrestres e aquaviários, vigilância sanitária, cinema (audiovisual), petróleo, gás e biocombustíveis e mineração.
As associações ressaltam ainda a qualidade do quadro técnico das agências, lembram que elas estão sujeitas à ampla fiscalização do Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas da União, e do Poder Judiciário, quando acionado. E que a tomada de decisão, especialmente a aprovação de normas, é feita após a realização de consultas e audiências públicas e, muitas, a partir de estudo de impacto regulatório.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Um manifesto, assinado por 45 associações, foi divulgado contra a emenda da Medida Provisória 1.154/2023, que prevê a transferência da competência normativa das agências reguladoras federais para conselhos temáticos, formado pelo governo, empresas, academias e consumidores. O texto será analisado por uma comissão mista do Senado em 1°de junho.
Segundo o documento, as agências reguladoras representam cerca da metade de toda riqueza produzida no país, sendo fundamentais para a “construção da confiança” dos investidores brasileiros e estrangeiros, que decidem aportar recursos nos segmentos.
Para as 45 associações, a proposta é “gravíssima” e vai na contramão da tendência internacional em favor da consolidação de marcos regulatórios sem ingerência política, além de representar uma “afronta” ao processo regulatório em vigor e uma real ameaça à sustentabilidade da prestação dos serviços regulados e comprometer a captação de investimentos nacionais e internacionais.
Atualmente, há 11 agências reguladoras federais, que são instituições do estado e não de governos, entre elas estão: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Agência Nacional de Mineração (ANM).
Entre as associações que assinaram o manifesto estão: Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB); Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON); Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate); Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos (Abeda); Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás); Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) Associação Brasileira de Agências Reguladoras(Abar); Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (Abaque); Associação Brasileira de Biogás (Abiogás); Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE); Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica); Associação Brasileira de Energia Nuclear – (Aben); e a Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel);
Também são signatárias da carta: a Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget); Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch); Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren); Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM); Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape); Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine); Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen); Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace); Associação Nacional dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace); Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase); Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (FMASE); Frente Nacional dos Consumidores de Energia; Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP); Instituto Pólis; e o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidora de GLP (Sindigás).
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Em balanço dos 100 dias de governo, presidente anunciou a contratação de mais energia eólica e solar, casada com a ampliação da rede de transmissão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou durante a cerimônia de balanço dos 100 dias de governo que a transição energética será acelerada. O governo, segundo Lula, vai lançar editais para contratação de energia solar e eólica em montantes equivalentes à capacidade de geração das maiores usinas hidrelétricas do país, além de leilões de transmissão que irão tornar ainda mais rápida e atrativa a implantação desses parques de energia limpa.
“E não perderemos a oportunidade de nos tornarmos uma potência global do hidrogênio verde”, completou em discurso nesta segunda-feira, 10 de abril. Lula também reforçou o papel da Petrobras na transição, anunciando que a empresa vai financiar a pesquisa de novos combustíveis renováveis, além de retomar o papel de protagonista nos investimentos, ampliando a frota de navios da subsidiária Transpetro e gerando emprego nos estaleiros nacionais.
A transição energética é um dos seis eixos do programa de investimentos estratégicos em infraestrutura, que deve funcionar nos moldes do antigo Programa de Aceleração do Crescimento e baseado também na experiência do programa de concessões. Os outros eixos são transportes, infraestrutura social, inclusão digital e conectividade, infraestrutura urbana e água para todos.
Uma das preocupações em relação à expansão da geração de fontes renováveis é que ela venha acompanhada da ampliação simultânea da capacidade de escoamento dessa energia. “Nós temos casos em que a energia estava sendo produzida e a gente não tinha linha de transmissão. Eu poderia lembrar, se não me falha a memória, [as hidrelétricas do rio] Madeira, Santo Antônio e Jirau, em que a gente tinha que fazer uma linha de transmissão para Araraquara, em São Paulo. E, na execução dos projetos, teve tanto problema, teve tanto empecilho, que ficaram prontas as duas hidrelétricas e a gente não tinha a rede de transmissão ainda pronta pra trazer [essa energia]”, disse Lula, acrescentando que isso não pode acontecer no atual mandato.
Lula frisou que sempre considerou a Petrobras mais do que uma empresa de petróleo. Destacou o papel da estatal como companhia de energia e disse que, historicamente, a Petrobras foi a empresa que mais investiu em pesquisa e inovação no país, a exemplo da descoberta do pré-sal, que foi resultado de bilhões em investimentos.
De acordo com o presidente, o país retomou nos primeiros três meses a capacidade de planejamento de longo prazo, que será traduzido em um grande programa que trará de volta o papel do setor público como indutor do investimento estratégico em infraestrutura. A proposta prevê a retomada de obras paradas e acelerar as que estão em ritmo lento, além de selecionar novos investimentos de caráter estratégico em todo o país.
O governo recebeu uma lista de obras prioritárias dos governos estaduais, e os ministérios estão identificando outros investimentos estruturantes, para fechar uma lista definitiva que será divulgada no início de maio. Além dos empreendimentos contemplados no programa, também serão definidos os mecanismos de financiamento para que eles saiam rapidamente do papel.
“Articularemos ainda com mais eficiência os investimentos públicos e privados e os financiamentos dos bancos oficiais em uma mesma direção: a do desenvolvimento com inclusão social e sensibilidade ambiental,” disse Lula. Ele destacou ainda que a mudança para um economia de baixo carbono será tratada como estratégia de desenvolvimento do país, e a estrutura produtiva nacional passará por uma reindustrialização verde e digital.
Prometeu que o Brasil vai voltar a ser referência mundial de sustentabilidade e enfrentamento das mudanças climáticas, além de cumprir as metas de redução das emissões com o desmatamento zero até 2030 na Amazônia e o combate ao desmatamento nos demais biomas. Ações voltadas para a mitigação das mudanças do clima também serão adotadas nos centros urbanos, com ações de redução de carbono na mobilidade e na construção civil.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O Brasil precisa “urgentemente de um programa nacional de industrialização verde”, diz a presidente da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias), Elbia Gannoum. Em entrevista à Agência iNFRA, a executiva explicou que esse arcabouço regulatório seria conduzido por três leis prioritárias, a serem aprovadas pelo Congresso Nacional: de offshore, de hidrogênio e do Mercado de Carbono.
O pacote industrial verde incentivaria os investidores em commodities sustentáveis, como o aço verde, e também daria os sinais adequados para os projetos em hidrogênio e amônia. E isso poderia dar um salto na demanda energética brasileira, que hoje cresce lentamente e não incentiva de forma abrangente a construção de novos projetos de energia.
“Não é lógica de setor elétrico tampouco de setor energético. É lógica industrial, é lógica de PIB de país, de você atrair capital e trazer crescimento econômico”, diz Elbia.
“Com o arcabouço Industrial adequado, você tira a economia brasileira dessa trajetória normal e insatisfatória para uma trajetória excepcional e satisfatória. O Brasil tem que parar de esperar o PIB crescer para aumentar a demanda de energia. O Brasil tem que investir em energia porque energia traz efeito multiplicador, traz PIB e traz emprego”, completa ela. Leia a seguir os principais trechos da conversa:
Agência iNFRA: Como você vê o setor energético hoje no Brasil e as perspectivas de expansão?
Elbia Gannoum – A nossa matriz elétrica e energética não é uma matriz brasileira, ela é uma matriz global.
Por causa da questão das mudanças climáticas e da transição energética, o mundo agora vai consumir muito mais recursos renováveis para chegar com os objetivos de Net Zero [neutralidade de carbono] em 2050. Países como o Brasil, que são muito ricos em recursos naturais, podem ser importantes protagonistas nesse processo porque têm recurso farto e competitivo.
Só que tem um ponto que a gente precisa observar: potencialidade é uma coisa e outra coisa é efetividade.Tem que monetizar esta riqueza. A gente não pode perder tempo nesse processo porque existem acontecimentos geopolíticos que estão acelerando essa discussão e estão fazendo com que os países se posicionem rapidamente.
O que então o Brasil pode fazer para se posicionar e avançar nesse mercado de energias renováveis?
O Brasil tem que fazer imediatamente novo arcabouço industrial, assim como o governo apresentou o novo arcabouço fiscal. O novo arcabouço industrial não vai precisar de dinheiro do bolso do Brasil, ele vai precisar criar um direcionamento, uma política industrial para essa tão sonhada reindustrialização e para a industrialização verde.
A gente precisa se posicionar porque o dinheiro está rodando, as Big Oils estão se transformando em Big Energies, e ele tem que vir para o Brasil. E esses investidores querem vir para cá, o Brasil é o segundo ou terceiro país que eles querem investir, o Brasil está na top list.
Só que eles não vão chegar aqui e investir sem ter um arcabouço legal, e tem muita coisa no setor de renováveis que precisa ser resolvida, como por exemplo hidrogênio limpo, não mais hidrogênio verde, e também de eólica offshore.
Para essas empresas investirem, a gente tem que ter uma base regulatória. O Brasil tem que mostrar empenho, é muito importante que o país faça um pacote industrial, um arcabouço de política industrial.
Como poderia ser esse arcabouço industrial?
Poderia ser um programa nacional de industrialização verde. Ele teria algumas leis que o governo, o presidente Lula, assinaria e mandaria para o Congresso como prioritárias: PL [projeto de lei] de offshore, PL de hidrogênio e PL do Mercado de Carbono.
Esse pacote viabilizaria offshore junto com hidrogênio, isso seria uma solução para deslanchar o setor energético?
Primeiro, é muito importante você ter a compreensão que a matriz brasileira é de soluções energéticas, e não mais energia elétrica, setor elétrico. Esse mundinho fechado e indefectível acabou. É preciso compreender que a matriz de soluções energéticas brasileira tem agora um alcance global. É a visão estratégica de país.
Quando você coloca a matriz energética brasileira num patamar global, a demanda do país não é só a demanda interna, é a demanda externa. Esse é o primeiro ponto. Depois, você tem que separar os mundos do curtíssimo prazo, do curto, médio e longo prazo. Você precisa olhar nessa lógica de quatro tempos.
No curtíssimo prazo e no curto, não se vê espaço para crescimento do setor elétrico, porque tem uma sobra absurda de oferta. No curtíssimo e no curto prazo talvez não tenha esse espaço, mas na medida que você começa a se distanciar no tempo, você começa a perceber mudanças.
Hoje, essa oferta que a gente já tem de onshore com solar, sem nenhum fator de aceleração desse processo, ficaria do jeito que estava crescendo, entre quatro e cinco gigawatts por ano.
A lógica estratégica é que não se tenha mais um crescimento ‘business as usual’, é ter um crescimento induzido por uma política industrial adequada. Essa política Industrial daria sinais para que o mercado interno brasileiro já no curto e médio prazo. Assim, já viriam a contratar energias renováveis para fazer essa transição energética.
Quem seriam os interessados nesses contratos no curto e médio prazo?
Principalmente os produtores de commodities que vão vender aço verde ou vender minerais verdes. Lá fora, o mundo quer comprar minerais verdes. O Brasil é um grande exportador de commodities de alimentos e também de minerais e a substituição de curto prazo dessa fonte de energia que eles utilizam por essas fontes renováveis, e também pela amônia verde – que pode ser produzida a partir de 2025.
Em 2025, 2026 e 2027 o Brasil tem uma série de eletrolisadores entrando em operação para a produção de amônia verde e, a partir de 2027, o país tem uma série de possibilidades da entrada de eletrolisadores para produzir amônia verde e hidrogênio limpo para exportação, pensando mais no final da década.
Quando você coloca esse fator induzido da indústria, você transforma esse crescimento natural da indústria de energia brasileira num crescimento excepcional.
Mas como o país poderia fazer essa indução?
Com o tal arcabouço de política industrial. Se você já der os sinais adequados para os investidores que estão investindo em hidrogênio e amônia, por exemplo, se tiver uma regulação para isso, você recebe investimentos.
E isso não é lógica de setor elétrico tampouco de setor energético. É lógica industrial, é lógica de PIB de país, de você atrair capital e trazer crescimento econômico.
Numa lógica de médio prazo, com arcabouço Industrial adequado, você tira a economia brasileira dessa trajetória normal e insatisfatória para uma trajetória excepcional e satisfatória. O Brasil tem que parar de esperar o PIB crescer para aumentar a demanda de energia. O Brasil tem que investir em energia porque energia traz efeito multiplicador, traz PIB e traz emprego.
Eu tenho um dado concreto da eólica. A cada R$ 1 que você investe em eólica numa determinada região, ela devolve R$ 2,9 para o PIB. Então, é você realmente mudar o olhar e trazer um olhar global e também estratégico não pensando em setor elétrico ou setor energético, mas pensando numa lógica de países e de indústria.
O projeto de lei de carbono precisaria destravar o mercado de carbono brasileiro?
Sim, muito. Precisa imediatamente. O Brasil precisa ter a regulação do mercado de carbono e ele precisa disso há muito tempo. Então já está passando da hora.
Como você vê o carro elétrico nessa política industrial, você vê ele participando ele entrando nessa política?
Sim, você tem os fatores indutores dessa expansão via soluções energéticas. E aí você tem a substituição da matriz. A matriz energética hoje é 48% renovável, então tem 52% para renovar. Nesses 52% tem processos produtivos, principalmente do agrobusiness e da indústria de commodities minerais, por exemplo, e o outro é combustível, é o uso do petróleo.
A eletrificação é uma alternativa para o Brasil, só que de novo a gente volta para as características regionais. Como o Brasil tem etanol e biodiesel, talvez a solução do Brasil seja uma solução híbrida em que você usa biocombustíveis e bateria. Além disso, do lado do biogás, você pode substituir muitos processos, de por exemplo os ônibus urbanos.
Como vislumbrar a contratação de eólicas offshore, que é três vezes mais cara? Essa contratação seria para o mercado brasileiro ou é totalmente para exportação?
Não, não é totalmente para exportação e não tem nenhuma vinculação com hidrogênio, como muita gente faz, é um falso problema. O hidrogênio será o fator que vai trazer um salto na demanda de energia elétrica no Brasil.
Estudos mostram que de 2030 a 2050 nós vamos precisar de mais 180 gigawatts de potência, nós vamos precisar de mais um Brasil para dar conta desse hidrogênio a mais. O que que é interessante, nessa perspectiva, é que não existe relação de causa e efeito de offshore com hidrogênio. Nós vamos precisar de muita energia nos próximos anos.
Agora, a outra coisa que é importante notar é que a offshore hoje custa X, só que com tempo, o custo dela vai caindo como aconteceu com as onshore e como aconteceu com a solar. Se eu quiser fazer offshore hoje, terei máquina rodando em 2030. Até lá o custo da offshore caiu, a demanda por energia aumentou drasticamente por causa do hidrogênio e aí eu consegui pegar toda essa sobra de energia e diluir toda essa sobra, consumir essa sobra e ainda precisar de mais energia.
Você acha que o hidrogênio verde será uma realidade no Brasil antes da offshore. Como você enxerga isso?
Sim, eu concordo, com toda a certeza do mundo. Por isso que eu falei que não existe relação de causa e efeito com o hidrogênio, é uma bobagem as pessoas quererem juntar essas duas coisas. A gente já tem uma planta de hidrogênio que começou a produzir no final do ano passado, no final deste ano tem outra planta entrando em operação, em 2025 tem mais planta entrando em operação.
E, como eu falei, se eu decidir fazer hoje offshore, eu vou ter o primeiro projeto rodando em 2030. Hidrogênio eu já tenho rodando hoje, já tem para rodar ano que vem ano que vem. Hidrogênio não é uma coisa que vai acontecer no Brasil, já aconteceu.
A grande questão é se o país quer entender esta oportunidade e acelerar esse processo e transformar isso em PIB, pegar esse dinheiro que está voando e trazer para cá. Eu só dependo de ter um ambiente regulatório favorável ao investimento, que o investidor se sinta seguro com aquela legislação, para investir.
O deputado Danilo Forte (União-CE) disse esperar que a decisão da ANEEL sobre sinal locacional seja revertida. Como você vê essa questão aí no segmento de eólicas? Qual o impacto disso? Se não for revista, como é que fica?
Quando você tá falando de política Industrial, você tá falando de política que vai trazer crescimento e desenvolvimento econômico social. Essa decisão da ANEEL é contrária a isso, ela é anticíclica, ela é uma antipolítica industrial, porque ela coloca essa cobrança do sinal locacional que não faz o menor sentido numa matriz que é altamente renovável.
Os recursos estão onde eles estão, então, o sol não tem culpa dele ser melhor no norte de Minas e tampouco o vento de ser melhor em Xique-xique na Bahia. Você tem que pegar o vento de lá e trazer esse vento o povo brasileiro, o povo brasileiro tem direito a esse vento, não é só quem mora ali debaixo do aerogerador que tem direito a esse vento.
A ANEEL tomou uma decisão completamente contrária porque lá em 2004 quando o decreto foi feito, que fundamenta essa decisão, naquela época, a gente só enxergava duas fontes de energia no país: hidrelétrica e térmica, e o sinal locacional fazia sentido para térmica. Agora, a expansão não vai se dar por térmica, vai se dar por recursos naturais, e aí não faz sentido você colocar o sinal locacional. Assim você distorce a política industrial e você distorce a política de desenvolvimento econômico social.
Fonte e Imagem: Portal da Infra.
Situação difere da vivenciada em 2021, quando o país passou por sua pior crise hídrica na região das hidrelétricas em cerca de 90 anos.
Após 12 anos, o reservatório da Usina Hidrelétrica Furnas alcançou nesta quinta-feira (6) a marca de 100% do volume de armazenamento, beneficiado por boas chuvas nos últimos meses, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) citados pelo Ministério de Minas e Energia em nota.
A situação difere da vivenciada em 2021, quando o país passou por sua pior crise hídrica na região das hidrelétricas em cerca de 90 anos. Naquele ano, o nível de Furnas caiu abaixo de 20%.
A hidrelétrica possui importância estratégica no Sistema Elétrico Nacional. Com potência instalada de 1.216 MW, representa 17,12% da capacidade de armazenamento de energia no Subsistema Sudeste/Centro-Oeste.
Além disso, seu reservatório permite a regularização do Rio Grande e contribui para a produção de energia em todas as usinas à jusante na bacia, até a Usina Hidrelétrica Itaipu, otimizando a operação em toda bacia do rio Paraná, explicou o ministério.
Além da geração de energia renovável, o lago de Furnas contribui com as atividades do ecoturismo.
“O Lago de Furnas é patrimônio do Brasil, mas, em especial, das mineiras e dos mineiros desta região. O lago cheio representa emprego e renda no ecoturismo, na piscicultura e em outras atividades fundamentais”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em nota.
A barragem está localizada no curso médio do rio Grande, entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, em Minas Gerais, e seu reservatório banha 34 cidades mineiras, com volume total de 22,95 bilhões m³.
Em janeiro deste ano o vertedouro da Usina de Furnas foi aberto pela primeira vez em 10 anos. Apesar disso, segundo dados da ONS, o reservatório não alcançava sua capacidade máxima desde o dia 13 de março de 2011.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
As usinas eólicas e solares representam, juntas, 87,6% da expansão da capacidade instalada no primeiro trimestre de 2023. Somadas as fontes superaram 2,4 GW e nova potência, dos 2.746,5 MW de crescimento da matriz.
A expansão de janeiro a março também é o dobro dos 1.367 MW verificados no mesmo período de 2022. Até 31 de março, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) registrou a entrada em operação comercial de 82 usinas, sendo 44 eólicas (1.485 MW), 23 solares fotovoltaicas (920,2 MW), dez termelétricas (278,1 MW), quatro PCHs (59,8 MW) e uma CGH de 3,4 MW.
Janeiro foi o mês com o maior acréscimo da capacidade de geração de energia com 1.280,2 MW, seguido por fevereiro, com 757,9 MW, e março, com 708,4 MW. No último mês do trimestre, a expansão esteve concentrada em 28 usinas, sendo 17 eólicas (338,5 MW), oito solares fotovoltaicas (340,3 MW), duas PCHs (21,3 MW) e uma termelétrica (8,3 MW).
As usinas com operação iniciada este ano estão localizadas em 13 estados de quatro regiões brasileiras. Em ordem decrescente, apresentam maiores resultados os estados de Minas Gerais (827,7 MW), Rio Grande do Norte (666,4), Bahia (501,6 MW) e Piauí (276,4 MW).
No recorte apenas para o mês de março, Minas Gerais obteve o maior salto, com 333,7 MW provenientes da entrada em operação das usinas solares fotovoltaicas da Vale.
No total, o Brasil acumulada 191.323,9 MW de potência fiscalizada até 31 de março, de acordo com dados do Sistema de Informações de Geração da Aneel, o SIGA, atualizado diariamente com dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção. Desse total em operação, ainda de acordo com o SIGA, 83,6% das usinas são consideradas renováveis.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Pesquisa foi realizada por grupos do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, da UFABC e por instituto chinês.
Embora seja uma fonte de energia renovável que não emite carbono quando é utilizada, o hidrogênio, na maioria dos casos, não pode ser considerado um combustível “verde”, pois os métodos usados para produzi-lo são emissores de gases do efeito estufa.
Uma das tecnologias usadas para gerar hidrogênio verde a baixo custo é a fotoeletrólise da água, que utiliza uma fonte de energia limpa –como a luz solar, por exemplo–, para gerar eletricidade e dividir a molécula de água. O processo é realizado em fotoeletrolisadores de polos negativos e positivos que absorvem a luz e a transformam em cargas. As cargas oxidam e reduzem a molécula da água, criando oxigênio e hidrogênio.
Contudo, a tecnologia ainda não é competitiva, porque um dos principais desafios para torná-la viável a nível comercial é encontrar um material que atue de forma eficiente como fotoanodo, transformando a energia da luz em elétrons capazes de oxidar a água.
Para superar o desafio científico, uma equipe de pesquisadores do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), da UFABC (Universidade Federal do ABC) e do instituto chinês International Research Center for Renewable Energy desenvolveu uma estratégia para otimizar um dos materiais mais empregados como fotoanodo: a hematita, um óxido de ferro muito abundante na Terra. O avanço levou a um aumento de 50% na eficiência do fotoeletrolisador.
O trabalho foi descrito em artigo e na capa de um volume especial, dedicado a materiais para a área de energia, do periódico Journal of the American Ceramic Society.
Para chegar ao resultado, os pesquisadores focaram a atenção nas interfaces em que ocorriam as maiores perdas de elétrons: entre a hematita e seu substrato, entre os grãos dela e entre o mineral e a água.
Os autores modificaram a hematita com elementos também abundantes, como nióbio e alumínio, por meio de um processo de fabricação simples, capaz de manipular todas essas interfaces.
O fotoanodo otimizado gerou uma corrente elétrica 6,7 vezes maior do que o fotoanodo de hematita convencional. “Acreditamos que essa pesquisa foi um grande passo em direção ao desenvolvimento dos primeiros protótipos nacionais para produção de hidrogênio verde via fotoeletrólise”, diz Flavio Leandro de Souza, que liderou o trabalho.
Souza é professor da UFABC, coordenador do programa de hidrogênio verde do CNPEM e pesquisador do Cine (Centro de Inovação em Novas Energias), um Centro de Pesquisa em Engenharia constituído por Fapesp e Shell, que reúne grupos de pesquisa de várias instituições.
“O grande desafio foi controlar as interfaces para garantir que a energia da luz absorvida pelo material seja utilizada para promover as reações químicas que culminam na geração do hidrogênio”, diz Souza. “Essas interfaces impediam ou dificultavam que as cargas alcançassem a superfície do material em contato com a água”, completa.
De acordo com ele, os fotoanodos de ferro modificados ainda apresentam limitações que fazem necessária a aplicação de tensão elétrica externa no sistema para complementar a corrente gerada a partir da luz. Entretanto, para manter o caráter “verde” do hidrogênio, é possível utilizar energia fotovoltaica ou eólica ou, ainda, integrar concentradores de luz solar ao fotoeletrolisador.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Níveis estão acima de 80% em todas as regiões do País; usina de Goiás exportou energia para Argentina e Uruguai.
Os reservatórios das usinas hidrelétricas fecharam o mês de março com 85,3% de sua capacidade de armazenamento, os melhores níveis do Sistema Interligado Nacional (SIN) registrados na última década. A situação é bem distante do que aconteceu em 2021, quando o Brasil enfrentou uma grave escassez e precisou adotar medidas emergenciais para garantir o suprimento de energia.
Foram verificados armazenamentos equivalentes de 83,1%, 82,9%, 91,4% e 97,7% nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente, no mês passado, informou o Ministério de Minas e Energia (MME).
O levantamento foi apresentado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) durante reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) nesta quarta-feira. O colegiado, presidido pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é responsável por acompanhar e avaliar permanentemente o fornecimento do serviço à população.
No dia 25 de março, a Usina Hidrelétrica Serra da Mesa, em Goiás, registrou o maior valor de armazenamento já observado desde 2012. Este cenário proporcionou um melhor aproveitamento dos excedentes hidrelétricos, permitindo, ainda, a exportação de energia elétrica de forma comercial para a Argentina, de 1.138 MWmédios, e Uruguai, de 482 MWmédios.
A pasta ressaltou que a exportação não prejudicou a segurança energética nacional, bem como os serviços oferecidos aos consumidores brasileiros. “Além desses montantes, a partir de 12 de março, a exportação também foi proveniente de usinas termelétricas que não estavam sendo utilizadas para atendimento ao SIN, agregando mais 269 MWmédios para a Argentina.”
“Sobre a redução das chuvas, o colegiado informou que já houve o encerramento da política de operação em condição de cheia nas bacias dos rios São Francisco e Grande, com redução das defluências. Além disso, foi destacado a verificação do encerramento de excedentes hidrelétricos nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul, permanecendo apenas no Norte”, informou o MME.
O ONS informou ainda que a Agência Norte-Americana dos Oceanos e Atmosfera (NOAA) decretou, em março, o fim do fenômeno La Niña. Há indicativo de que o fenômeno El Niño se estabeleça no segundo semestre de 2023, o que normalmente aumenta a precipitação na região Sul.
Também foram apresentados os dados da 1ª Revisão Quadrimestral das Previsões de Carga para o Planejamento Anual da Operação Energética 2023-2027, realizado em março. “Para 2023, o crescimento previsto é de 2,6% na carga, sem considerar a micro e minigeração distribuída (MMGD). No estudo, a expectativa de crescimento do PIB em 2023 foi revisada de 0,7% para 1,0%.”
Fonte e Imagem: Estadão.
A eólica já responde hoje por 20% da geração de energia que o país precisa.
O Brasil registra, até fevereiro deste ano, 890 parques eólicos instalados em 12 estados brasileiros. Eles somam 25,04 gigawatts (GW) de capacidade instalada em operação comercial, que beneficiam 108,7 milhões de habitantes.
Desse total, 85% estão na Região Nordeste. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), até 2028 o Brasil terá 44,78 GW de capacidade instalada desse tipo de energia, cuja participação na matriz nacional atinge, atualmente, 13,2%. A eólica já responde hoje por 20% da geração de energia que o país precisa.
No ano passado, o setor bateu recorde de 4 GW instalados e, para este ano, a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum, espera atingir novo recorde, superando esse número.
“Encerrando 2023, estaremos com 29 GW de capacidade instalada. Essa é a nossa previsão em termos de potência, e isso é superior a R$ 28 bilhões, porque cada gigawatt de eólica instalada é da ordem de R$ 7 bilhões”, disse.
Outro levantamento feito pela entidade mostra o desenvolvimento econômico-social gerado pela energia eólica. No Nordeste, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) das cidades onde os parques eólicos chegaram cresceu 21%, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) cresceu também 20% “por causa da chegada dos parques”. Outro dado significativo é que a cada real investido em energia eólica são devolvidos R$ 2,9 para a economia.
Ranking
O Brasil ocupa a sexta posição no ranking mundial em capacidade instalada de energia eólica. Segundo Elbia, agora fica mais desafiador para o país ultrapassar essa marca e se aproximar dos dois primeiros colocados, que são a China e os Estados Unidos. Ela considera difícil alcançar a China, por exemplo, que “cresce quase o Brasil por ano em investimento em energia”.
De 2011 a 2020, foram feitos investimentos no setor eólico de US$ 35,8 bilhões. Esses recursos movimentaram na economia brasileira em R$ 321 bilhões, dos quais R$ 110,5 bilhões foram investimentos diretos na construção de parques eólicos. Segundo a Abeeólica, para cada megawatt instalado, são criados 10,7 empregos. No período de 2011 a 2020, foram gerados quase 190 mil empregos no setor.
Dos 890 parques instalados no país, 130 projetos tiveram financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde 2005, totalizando 18.654 MW. Os financiamentos concedidos pelo banco alcançaram R$ 52,170 bilhões, informou a instituição. Foram investidos pelas empresas no período R$ 94,4 bilhões.
Eólicas offshore
A presidente da Abeeólica informou que, em relação à instalação de parques eólicos offshore (no mar), está sendo preparada estrutura regulatória no Brasil que permita a realização de estudos e projetos.
“Depois desse aparato regulatório, a gente vai ter leilão de cessão e, após isso, vamos começar a fazer, efetivamente, os projetos. Para este ano, pretendemos ter a regulação toda terminada para fazer os primeiros leilões de cessão do uso do mar. É parecido com o setor de petróleo, onde há leilões de áreas”, explicou.
Ela explicou que, ao contrário de usinas eólicas onshore (em terra), que têm características de vento com destaque na Região Nordeste, nos parques offshore, a presença desse tipo de vento ocorre em todo o litoral brasileiro. O fator determinante é a infraestrutura, porque usinas offshore dependem muito de porto e indústria, principalmente. “São portos maiores que vão abrigar a fabricação das pás, das torres e das naceles eólicas”. As naceles são compartimentos instalados no alto das torres que abrigam todo o mecanismo do gerador.
Estudo divulgado em janeiro deste ano pela Abeeólica identificou o Complexo do Pecém, no Ceará; o Porto do Açu, no estado do Rio de Janeiro; e o Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, como os principais do país para infraestrutura dos parques offshore.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Reservatórios das usinas hidrelétricas devem encerrar o período de chuvas "com alto grau de armazenamento" e a hipótese de mudança para bandeira amarela ou vermelha é inferior a 2%, diz a agência.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) enviou ofício ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em que contesta previsões da autoridade monetária e traça um cenário de manutenção da bandeira verde nas contas de luz até o fim deste ano.
A possibilidade de um adicional tarifário em 2023, segundo a agência, está praticamente descartada. De acordo com a Aneel, os reservatórios das usinas hidrelétricas devem encerrar o período de chuvas “com alto grau de armazenamento” e a hipótese de mudança para bandeira amarela ou vermelha é inferior a 2% — ou seja, quase inexistente.
Quando essas bandeiras são acionadas, o consumidor paga um acréscimo de R$ 2,98 a R$ 9,79 a cada 100 kilowatts-hora (kWh). O mecanismo é um incentivo ao consumo mais racional de energia e uma sinalização para que as usinas térmicas — movidas a combustíveis fósseis e mais caras — sejam ligadas para poupar água dos reservatórios.
O aviso foi dado pelo diretor-geral da agência reguladora, Sandoval Feitosa, em ofício obtido pela CNN. Ele cita um parágrafo da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada no dia 28 de março, com explicações sobre a decisão de manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
Na ata, o BC afirma que suas projeções de inflação para 2023 e para 2024 consideram o acionamento da bandeira amarela em dezembro de cada ano. A instituição prevê que os preços administrados (como combustíveis e energia elétrica) vão subir 10,2% neste ano e 5,3% no próximo.
“A Aneel constantemente atualiza suas projeções de acionamento das bandeiras tarifárias e, com os dados até aqui realizados, se considera bastante improvável o acionamento da bandeira amarela no ano de 2023, com grande probabilidade de a bandeira permanecer verde até dezembro”, disse Feitosa na comunicação com o BC.
Em seguida, o ofício — data de 30 de março — expõe uma tabela que indica mais de 98% de chances de manutenção da bandeira verde no restante do ano. “O resultado exibido revela uma conjuntura favorável para a produção de energia do país, com oferta abundante de recursos de origem hidráulica”, acrescentou.
À CNN, Feitosa informou que a Aneel prevê reajuste médio de 5,6% nas tarifas das distribuidoras de energia. “O custo de geração será menor neste ano”, disse o diretor-geral. Ele preferiu não fazer projeções para 2024.
Procurado pela CNN, o BC não se pronunciou até o momento. Estimativas recentes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste devem chegar ao fim de abril, quando se encerra oficialmente o período de chuvas, com o maior nível de armazenamento dos últimos 12 anos.
Em 2021, quando o país enfrentou uma grave crise hídrica e precisou ligar praticamente todas as usinas térmicas para evitar um racionamento de energia, o volume útil das represas estava em menos da metade disso no fim de abril. Na mesma época de 2022, o volume útil havia aumentado para 66,5%.
Agora, segundo projeções divulgadas pelo ONS na semana passada, vão atingir 85,7%. O reservatório de Serra da Mesa (GO), inaugurado no rio Tocantins em 1998, nunca esteve tão cheio.
Em janeiro, pela primeira vez em mais de uma década, a hidrelétrica de Furnas (MG) abriu suas comportas para controlar o nível de água. O BC tem sido duramente criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros do governo e setores do PT pela decisão de não cortar a taxa básica de juros.
A próxima reunião do Copom ocorre nos dias 2 e 3 de maio.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Organização anunciou corte na produção diária de petróleo de maio até o fim de 2023.
O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta segunda-feira, 3, que o Brasil não pode mais ficar “refém” de decisões arbitrárias da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Silveira defendeu que o Brasil ocupe seu papel estratégico para reduzir o poder de influência de grandes produtores no mercado internacional.
A declaração acontece logo após a Opep confirmar nesta segunda-feira que alguns de seus integrantes reduzirão sua oferta em 1,16 milhão de barris por dia a partir de maio e até o fim de 2023.
“O Brasil não pode mais ficar refém das decisões arbitrárias da Opep de limitar a produção de petróleo. Devemos ocupar o papel estratégico que cabe ao nosso país, reduzindo o poder desses grandes produtores de influenciar, com tanta força, o mercado internacional”, escreveu em publicação no Twitter.
O ministro disse que o Brasil poderá aumentar, nos próximos anos, a produção de petróleo com a exploração de novas fronteiras, incluindo a Margem Equatorial. Silveira também ressaltou que o governo também trabalha para proteger a população da volatilidade dos preços internacionais.
“É prioridade para o governo do presidente Lula investir na modernização e ampliação do nosso parque de refino e fomentar ainda mais a utilização de biocombustíveis. Com isso, vamos diminuir drasticamente a dependência internacional dos derivados de petróleo”, afirmou.
Fonte e Imagem: Estadão.
Atualmente, a Eletronorte (subsidiária da Eletrobras) possui 49% de participação na SPE e a Alupar, 51%.
A Eletrobras e a Alupar firmaram acordo que prevê compra da participação da ex-estatal de energia no chamado Linhão de Roraima. As empresas firmaram acordo de acionistas na Sociedade de Propósito Específico (SPE) Transnorte Energia (TNE), que detém a concessão da linha de transmissão 500 kV, Circuito Duplo, Manaus-Boa Vista.
Segundo a Eletrobras, o acordo prevê o aumento progressivo da participação da Eletronorte (subsidiária da ex-estatal) na SPE nos próximos anos, “observadas as anuências que se fizerem necessárias, com uma opção de compra do empreendimento após sua entrada em operação”. Atualmente, a Eletronorte possui 49% de participação na SPE e a Alupar, 51%.
O linhão de Roraima foi leiloado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2011, mas a implantação ficou travada por muitos anos por causa de restrições ambientais. Parte da linha atravessaria terras indígenas. Em outubro do ano passado, foi firmado acordo judicial para viabilizar a construção da linha, que possui 715 quilômetros de extensão.
A linha de transmissão conectará Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) – é o único Estado que ainda se encontra fora da rede de transmissão de energia elétrica.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em entrevista exclusiva, o secretário fala do desafio de amadurecer as novas tecnologias da próxima década e da avaliação criteriosa sobre eventuais incentivos.
O governo vai priorizar o crescimento da energia limpa, segura e sustentável ao longo da década, não apenas na matriz elétrica, mas no setor energético como um todo, para sustentar o crescimento da demanda. A diretriz foi anunciada pelo secretário de Planejamento e Transição Energética do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, em entrevista à Agência CanalEnergia.
Paralelo a isso, afirma Barral, o planejamento terá que enfrentar o desafio de amadurecer novas tecnologias e modelos de negócio, que na década seguinte possam entregar uma descarbonização que vá além do que a eólica, a solar, as hidrelétricas e a biomassa já entregam hoje.
O objetivo é avançar em marcos legais e políticas estruturantes, como o Programa Nacional de Hidrogênio e outras políticas para descarbonização. Sem se furtar a discutir eventuais incentivos temporários às novas fontes, um ponto que não é descartado, mas que ainda precisa passar por uma avaliação criteriosa, para garantir racionalidade e evitar impactos tarifários ao consumidor de energia.
“Existem novas fronteiras para o desenvolvimento das energias limpas, e para isso e necessário um direcionamento claro dos recursos de pesquisa, desenvolvimento, inovação, e também dos marcos legais e regulatórios para acolher essas novas tecnologias”, explica o secretário. Trechos da conversa com Thiago Barral também estão na reportagem especial Governo busca diálogo para transição, mas não escapa de polêmica com uso de fósseis.
Confira a íntegra da entrevista:
Agência CanalEnergia: O governo já sinalizou que a questão do meio ambiente deve ser tratada de uma forma transversal, envolvendo não apenas o MMA, mas várias outras pastas, como o MME, por exemplo. Essa interlocução já está acontecendo?
Thiago Barral: O presidente Lula deixou muito claro que a questão climática é uma prioridade na administração dele. E, nesse sentido, o ministro Alexandre Silveira nos encomendou toda uma orientação de pauta para que possamos fazer jus a essa orientação do presidente Lula. Nesse sentido, o primeiro passo que nós estamos seguindo nessa orientação do ministro Silveira foi exatamente buscar a interlocução com os diversos ministérios. Não só o Meio Ambiente, mas, por exemplo, a gente já teve contato com o Ministério da Fazenda, Casa Civil, com o próprio Ministério do Meio Ambiente. A gente tem conversado com o Itamarati, com o MDIC, exatamente para estabelecer as conexões com as pessoas que vão estar na linha de frente, dado que a transição energética é um tema que tem muitos elementos transversais.
E essa interlocução do Ministério de Minas e Energia com os demais ministérios é fundamental para a gente ter essa coordenação. Então, a gente tem feito esse esforço de estabelecer essa rede e esse compartilhamento de prioridades dentro de cada uma das pastas com o enfoque da transição.
Agência CanalEnergia: E vocês já chegaram a aprofundar alguma coisa?
Thiago Barral: Vou te dar um exemplo: ontem mesmo [quarta-feira, 29 de março] tive reunião com Ana Toni, que é a secretária nacional de Mudança do Clima [do Ministério do Meio Ambiente]. E aí, obviamente, nessas reuniões o que a gente passa primeiro é uma visão sobre como cada pasta estava enxergando as prioridades. De forma que a gente possa trabalhar conjuntamente nessas prioridades comuns.
A outra esfera de coordenação que já foi inaugurada também para a transição energética é o Conselho Nacional de Política Energética. Tivemos a primeira reunião do ano do CNPE, que é um conselho presidido pelo ministro, mas que contou com a presença do presidente Lula e de vários outros ministros. E foi realmente uma reunião muito produtiva, porque a gente teve oportunidade de receber orientações, discutir entre os vários ministros e alinhar um pouco a pauta do gás natural e da transição energética.
Inclusive, tivemos a oportunidade de apresentar a governança do Programa Nacional do Hidrogênio e discutir um pouco sobre isso. Então, nesse momento de início do governo, essa articulação por meio dessas interações e compartilhamento das prioridades com os diversos ministérios que tem a contribuir para a transição. E também essa agenda junto ao Conselho Nacional de Política Energética, e obviamente que nós vamos preparar uma série de outras pautas para o CNPE.
Agência CanalEnergia: Nessa questão da expansão especificamente, pensando nas metas que o Brasil tem que cumprir em 2050 de net zero. Lógico que o setor energético vai ter um papel e o setor de energia elétrica também, embora não sejam os grandes emissores no Brasil, especificamente. Tem alguma orientação em relação ao tipo de contribuição que o setor pode dar nesse esforço de neutralizar as emissões?
Thiago Barral: Tem várias mensagens importantes aqui. Primeiro a gente vai ter a COP 28 e vai ser um momento importante em que o governo brasileiro vai atualizar a sua posição em relação às metas e as trajetórias que o Brasil se propõe a cumprir na redução das emissões. Obviamente que o destaque hoje no perfil das emissões no Brasil não é energia. Pelo contrário, energia é o destaque positivo. No caso do setor elétrico, ano passado foi, salvo engano, 87% de renovabilidade, e a matriz energética como um todo quase 50% de renovabilidade, o que é realmente um diferencial.
Agora, existem dois processos que correm paralelos. Você tem os investimentos em fontes de energia limpa para sustentar o crescimento da demanda, mas também tem outro processo paralelo que é seguinte: a gente tem o desafio de amadurecer novas tecnologias e modelos de negócio que precisam passar por esse amadurecimento, para que na próxima década, por exemplo, possam entregar uma descarbonização que vá além daquilo que a eólica, a solar, as hidrelétricas e a biomassa já entregam hoje. Existem novas fronteiras para o desenvolvimento das energias limpas, e, para isso, é necessário um direcionamento claro dos recursos de pesquisa, desenvolvimento, inovação, e também dos marcos legais e regulatórios para acolher essas novas tecnologias.
Então, o ministro Alexandre Silveira tem colocado essa prioridade para que a gente busque priorizar a energia limpa, segura, sustentável nos nosso planos de expansão. Não só elétrica, mas de toda a energia. Lembrando que a energia elétrica representa cerca 20% da energia suprida no país. Os outros 80% se dão pela queima de combustíveis, por exemplo, nos carros, nos caminhões, nas usinas, nas turbinas dos aviões, nas caldeiras das indústrias.
Mas, tentando recapitular a pergunta, a gente tem esse planejamento para manter e até ampliar essa renovabilidade, a limpeza da nossa matriz energética na sustentação. Substituir algumas fontes de energia com alta pegada de carbono por outras mais limpas. Então, por exemplo, a geração a diesel na Amazonia nós temos uma ambição de transformar com sistemas solares, substituindo diesel por energias renováveis. Isso é uma prioridade absoluta do ministro Silveira, e estamos trabalhando com prioridade máxima nessa agenda. E obviamente que a gente vai ter que trabalhar o próprio papel do gás natural nessa descarbonização.
O fato é que eu acho que essa década é uma década em que a gente tem muito potencial de energia limpa para desenvolver, mas a gente tem também que preparar o terreno para as próximas duas, três décadas, para que tenha a disposição as novas tecnologias e modelos de negócios. Eólica offshore, hidrogênio de baixo carbono, os novos combustíveis renováveis e essa captura de carbono, e assim por diante.
Agência CanalEnergia: Já seria uma segunda etapa.
Thiago Barral: É uma segunda etapa, mas que exige uma ação imediata, porque essas coisas têm um longo tempo de maturação.
Agência CanalEnergia: E o que muda no planejamento setorial com essa ênfase na transição? Mantém-se o que tem hoje, faz-se uma simples atualização do PDE, do PNE, ou isso altera substancialmente?
Thiago Barral: Aquilo que está funcionando a gente vai, obviamente, aproveitar. Mas tem algumas mudanças importantes. Acho que o mais importante nesse novo contexto é o que eu comentava na sua primeira pergunta, que é o desafio de integração. A gente vai ter que integrar as políticas de desenvolvimento industrial, as políticas climáticas com a política energética. Essa visão integrada acho que é algo que vai ser realmente o grande diferencial desse novo contexto. E por isso todo aquele esforço de aproximação com as demais pastas, com o setor privado, com os diversos atores que certamente contribuirão.
Mas tem alguns aspectos em particular que são eixos que vão marcar muito esse novo momento. A transição energética da Amazônia é algo, como eu falei, prioridade absoluta. É uma oportunidade de reduzir o consumo de fósseis, de diesel. Reduzir a conta de encargos da CCC e melhorar a qualidade do suprimento para as populações que estão atendidas nos sistemas isolados. Isso é algo que eu acho que vai ser uma grande mudança, uma grande transformação no nosso setor energético.
Também temos uma outra transformação muito importante, que é a na expansão da infraestrutura de transmissão. Nós estamos colocando importantes leilões de transmissão que vão viabilizar um novo horizonte de integração de fontes renováveis na nossa matriz. Isso é fundamental. Nós sabemos como custa ao país quando tem gargalo de transmissão. Então, o nosso compromisso é realmente preparar o Brasil, o sistema de transmissão brasileiro, para ter capacidade de integrar grandes montantes de geração renovável, principalmente eólica e solar, mas também as pequenas centrais hidrelétricas e a biomassa.
E queremos avançar também em série de outros marcos legais e políticas estruturantes, que vão ajudar a contribuir. Fortalecer programas como o Programa Nacional de Hidrogênio e outras políticas para descarbonização.
Agência Canal Energia: Você acha que o governo não está um pouco atrasado na regulamentação da offshore e do hidrogênio?
Thiago Barral: Não. Discordo. Há muito a se fazer, mas o Brasil tem excelentes fundamentos. Então, eu diria assim: o Brasil tem um potencial enorme, tem fundamentos e tem todas as condições de trazer essas novas tecnologias de uma maneira competitiva e de uma maneira com estabilidade e previsibilidade em termos legal e regulatório. Esse é o compromisso do ministro Silveira.
Ou seja, quando a gente fala da energia eólica offshore, do hidrogênio, o que se busca nesse momento é, primeiro, uma visão de longo prazo, e não algo de curtíssimo prazo. Não adianta fazer um movimento que depois não permita a gente ter essa continuidade, esse desenvolvimento consolidado.
E, para isso, tem uma série de ações que a gente está implementando, de definição de critérios, metodologias. Por exemplo, definição quando você tem diversos interessados em aproveitar uma mesma área de eólica offshore. Nós estamos avançando e priorizando na implementação dessa regulamentação para dar essa segurança jurídica a esses empreendimentos. Isso antecede, obviamente, as grandes decisões de investimento.
No caso do hidrogênio, nós estamos também avançando com essa estrutura do Programa Nacional do Hidrogênio. Como eu dizia, o Brasil tem sólidos fundamentos, porque a gente está trabalhando junto com o MEC (Ministério da Educação), na parte de formação profissional, junto com o MCTI (Ministério da Ciência e Tecnologia) nos aspectos dos programas de pesquisa e desenvolvimento. Enfim, temos buscado todas essas articulações. Com a Secretaria de Portos. Justamente para garantir essa consistência geral dos arcabouços legais e regulatórios.
Então, eu diria que o potencial do Brasil para essas novas tecnologias é gigantesco. O Brasil certamente será um player muito competitivo. E nós estamos fazendo o dever de casa, que é colocar as peças no lugar. Os investimentos serão um consequência natural dessas ações.
Agência CanalEnergia: Na Europa e nos Estados Unidos existe uma movimentação no sentido de se ter incentivos. Na questão do hidrogênio pelo menos. Aqui, a gente tem uma situação fiscal que limita renúncias.
Thiago Barral: O Brasil não dispõe de US$ 400 bilhões para subsidiar como, por exemplo, o Inflation Reduction Act dos Estados Unidos.
Agência CanalEnergia: Esse tipo de discussão está sendo feita aqui no ministério? Pode haver algum tipo de incentivo temporário?
Thiago Barral: Ela está acontecendo, mas qualquer decisão em relação a incentivos temporários ainda vai passar por uma avaliação criteriosa. Justamente para garantir esse equilíbrio, essa racionalidade, para que isso não gere um impacto na modicidade tarifaria para o consumidor de energia.
A gente tem que equilibrar a sustentabilidade, a segurança energética, mas também o custo da energia para o consumidor. Por isso, essa preocupação do ministro muito forte de que a gente avalie com bastante critério qualquer tipo de decisão nesse sentido. Obviamente, sempre estaremos abertos à discussão e à reflexão, mas hoje eu diria que a agenda do ministério está muito focada nas ações efetivamente estruturantes. Aquilo que são as bases.
Também, porque ter incentivos temporários sem ter os fundamentos num ambiente bem estruturado a gente acaba não tendo a efetividade que se busca. Isso significa colocar de pé e com bastante solidez o plano de ação do Programa Nacional do Hidrogênio, avançar no detalhamento das regras para a questão da eólica offshore.
Eu acho que vai ser natural que haja aí, em determinados momentos, decisões sobre incentivos temporários ou não, a depender da capacidade de suportar esses custos, e a perspectiva de que eles, de fato, entreguem o resultado que se busca. Há bastante cuidado, critério nesse debate.
Agência CanalEnergia: Nessa discussão vocês também estão considerando o mercado de carbono?
Thiago Barral: O mercado de carbono é algo que certamente será pauta de discussão e é mais uma vez um tema que exige muita coordenação entre os setores abrangidos. O setor energético já tem um instrumento que não é o mercado de carbono, mas que são certificados de descarbonização da Política Nacional de Biocombustíveis- Renovabio, que é uma experiência interessante. E eu acho que é um caminho natural que a gente avance nesse debate do mercado de carbono. Mas é necessário revisitar algumas decisões que foram encaminhadas no passado e trazê-las para esse novo momento, que reflita, de fato, o compromisso do Brasil com a descarbonização.
Significa que vai ser muito importante a gente fazer a discussão do mercado regulado de carbono, e não apenas do mercado voluntario. Mas essa é uma discussão com a qual o Ministério de Minas e Energia vai contribuir. Vai ser necessário equilibrar também da mesma forma o custo para a sociedade brasileira e a nossa capacidade de entregar essa descarbonização de forma competitiva.
Isso, é importante que se diga, é uma agenda também muito forte do presidente Lula, que é a agenda da reindustrialização. E a reindustrialização com base em preceitos de uma economia verde. Por isso, essa agenda do setor de energia e do mercado de carbono dialogam muito, tanto com a agenda climática, quanto com a agenda da reindustrialização.
Agência CanalEnergia: Falando nessa questão da reindustrialização, o gás tem sido visto como um vetor da reindustrialização do país. Tem até esse novo programa do gás que vai ser lançado, que já está em estudo. Eu conversei com o pessoal do setor ambiental, e eles tem preocupação com relação a isso, porque discordam da visão de que o gás é o combustível da transição e acham que tem outra saída que não seja usar o insumo para produzir energia termelétrica.
Thiago Barral: É importante destacar que a ênfase nesse momento do [Programa] Gás para Empregar é o gás para a indústria. Onde você, na verdade, vai estar sustentando a geração de empregos, o crescimento, o desenvolvimento econômico e social por meio do setor industrial, que é o setor que tem emprego de qualidade. Ao mesmo tempo, então, sustentando esse desenvolvimento de que o Brasil não pode abrir mão, mas com um combustível que tem uma pegada de carbono menor do que suas alternativas usuais – o carvão, o diesel, o óleo combustível, o coque.
Então, o gás natural, de fato, nesse processo de transição, ele tem um papel a contribuir. E quando nós, mais uma vez, buscamos as alternativas ao gás natural hoje, não é trivial, porque essas soluções mais de fronteira são muito caras e não se viabilizariam nesse processo de reindustrialização por si só. Por outro lado, o gás natural permite sustentar essa retomada da indústria com uma pegada de carbono menor do que seria sem o gás.
Então, embora o gás seja um combustível fóssil, ele nos permite crescer com uma pegada de carbono menor do que sem o gás. Isso é muito importante. O enfoque está na indústria. É claro que o gás natural também tem um papel no setor elétrico hoje, mas o grande foco do Gás para Empregar é o gás para a indústria, onde ele tem um valor realmente muito grande. No setor elétrico a gente tem um perfil de consumo muito diferente da Industria. Tem características próprias, de sazonalidade, de variação de ano para ano. Então, esse gás exige uma flexibilidade de suprimento maior.
Mas eu acho que é um novo momento. O gás não para entrar no lugar das fonte renováveis, mas para ajudar as fontes renováveis e substituir outros fósseis mais caros. Esse certamente não é o nosso destino final. Mas nós precisamos desenvolver nossa economia, gerar emprego, nessa trajetória de transição. Esse papel do gás natural de fato tem esse papel de apoio à transição.
Agência CanalEnergia: Pode ser que no meio dessa trajetória se ache alguma outra tecnologia que possa…
Thiago Barral: Inclusive da captura de carbono, que tem avançado no mundo alguns projetos e o Brasil tem um potencial também. Então, a questão é que é muito difícil, do ponto de vista estratégico, justificar, abrir mão do gás natural, porque isso penalizaria demais a sociedade brasileira.
Agência CanalEnergia: Essa questão da interação com o Congresso. Vão ter medidas infralegais, mas para você montar esse arcabouço, para ter maior segurança, sustentação, digamos assim, vai precisar aprovar projeto de lei. Por exemplo, a questão do carbono já está lá…
Thiago Barral: A própria eólica offshore.
Agência CanalEnergia: E aí nesse caso, além da discussão técnica, vocês vão ter a discussão política.
Thiago Barral: O ministro Alexandre Silveira veio do Senado e tem muita experiência política. E eu tenho certeza de que ele vai nos ajudar a articular muito, a negociar e, de uma forma bem construtiva, transformar essas pautas prioritárias para o país em agendas que o Congresso certamente vai colaborar. E a experiência política do ministro está a serviço desse esforço.
Agência CanalEnergia: Pode haver uma adequação no planejamento? Pensar no PDE, por exemplo, todo ano já tem algum tipo de atualização, não é isso?
Thiago Barral: Exatamente. Nós estamos iniciando o ciclo do Plano Decenal 2033 agora e, obviamente, esse novo ciclo vai incorporar a visão e as novas políticas que estão sendo anunciadas. É o exemplo do Gás para Empregar. Acho que o plano decenal tem esse papel: dar visibilidade a esses cenários de implementação de políticas, para evidenciar os impactos que essas políticas podem trazer em termos de custo, em termos de demanda, de crescimento da oferta. A gente está iniciando com esse dever de casa que o ministro Silveira colocou para a gente de forma muito clara: que o próximo ciclo do plano decenal incorpore esses novos elementos.
Agência CanalEnergia: Teve aquele contato com a delegação alemã que veio tratar do hidrogênio. A impressão é que teve um contato preliminar, e as definições virão depois também. A partir do momento que tiver algum tipo de regra definida de como vai funcionar isso.
Thiago Barral: Esse não é um debate só do Brasil. A Europa também está discutindo o que hidrogênio verde, o que não é verde. Uma discussão longa.
Agência CanalEnergia: Dado o cenário geopolítico que a gente tem hoje, está na cabeça dos europeus, que sofreram mais com a guerra da Rússia e da Ucrânia, e certamente na cabeça dos americanos, a questão da segurança energética. Pode ser que em algum momento haja alguma atitude protecionista? Como vocês veem a possibilidade de, em um cenário futuro, a gente estar discutindo na OMC possíveis ações antidumping?
Thiago Barral: Certamente que o suprimento energético é um fator determinante para o desenvolvimento econômico, o comércio internacional. Então, a energia tem um papel essencial nas relações internacionais. O que é importante, no caso do Brasil, é que esse potencial que nós temos na questão do hidrogênio de baixo carbono, de geração de energia renovável, que isso seja um instrumento de desenvolvimento nosso, e não apenas um mero produto de exportação primário.
A nossa estratégia, a nossa visão, é como essa indústria pode alavancar o desenvolvimento do país e a reindustrialização. Sem prejuízo, obviamente, de o Brasil ser até exportador. Exportador, por exemplo, de combustíveis sustentáveis de aviação, de hidrogênio ou de amônia de baixo carbono. O Brasil tem a condição de ser superavitário em energia e inclusive contribuir para a segurança energética no mundo. Exportar sustentabilidade, sem que a gente perca o objetivo que isso traga desenvolvimento para o país. Essa é a mensagem que o presidente Lula e o ministro tem sempre colocado.
Acho que aqueles que tem interesse em comprar é absolutamente legitimo que façam suas ofertas, e o custo associado. Não temos absolutamente nada a nos opor a que esse excedente dessa potencial espetacular que o Brasil tem possa contribuir para a segurança energética e sustentabilidade e outros países.
Não há nenhum tipo de objeção ao Brasil ser um exportador de energia limpa. Mas há uma atenção para que essa riqueza nossa se traduze em desenvolvimento e reindustrialização. As duas coisas pode andar de mãos dadas. Uma coisa não exclui a outra.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O planejamento da expansão deve manter o crescimento das renováveis como prioritários, mas uso do gás é tratado como um elemento essencial na mudança de chave.
Uma boa interlocução entre os diferentes órgãos do governo será fundamental para definir a trilha que o país vai seguir na busca pela neutralidade das emissões de gases de efeito estufa em 2050. No setor elétrico, o planejamento de expansão da geração de energia deve manter a trajetória de crescimento das fontes renováveis na matriz, mas ainda apostando no uso intensivo do gás natural.
O anúncio de medidas de incentivo ao uso do gás natural, após a reunião do Conselho Nacional de Política Energética em meados de março, foi bem recebido pela indústria e segmentos do setor elétrico. Mas despertou reações de representantes de entidades ambientalistas, que veem a decisão como um retrocesso.
No Ministério de Minas e Energia, a orientação é de que os temas da transição envolvam não apenas o Ministério do Meio Ambiente, mas diversas pastas que tenham interesses no assunto. A ideia é estabelecer as conexões com as pessoas que vão estar na linha de frente da discussão, dado que a transição energética é um tema que tem muitos elementos transversais, explica o secretário de Planejamento e Transição Energética do MME, Thiago Barral.
“A gente tem feito esse esforço de estabelecer essa rede e esse compartilhamento de prioridades dentro de cada uma das pastas, com o enfoque da transição”, disse o secretário à Agência CanalEnergia.
A prioridade é energia limpa, segura e sustentável nos planos de expansão.
Thiago Barral, do MME
Segundo Barral, há dois processos paralelos. Um deles são os investimentos em fontes de energia limpa para sustentar o crescimento da demanda, e o outro o desafio de amadurecer novas tecnologias e modelos de negócio, para que na década de 2040, por exemplo, elas possam entregar uma descarbonização que vá além daquilo que a eólica, a solar, as hidrelétricas e a biomassa já entregam hoje. “Existem novas fronteiras para o desenvolvimento das energias limpas, e para isso e necessário um direcionamento claro dos recursos de pesquisa, desenvolvimento, inovação, e também dos marcos legais e regulatórios para acolher essas novas tecnologias.”
A prioridade é energia limpa, segura e sustentável nos planos de expansão. Não só elétrica, mas de toda a energia, afirma Barral. E o planejamento deve trabalhar para manter e até ampliar a renovabilidade e a limpeza da matriz energética, substituindo, por exemplo, fontes de energia com alta pegada de carbono por outras mais limpas, como o diesel das térmicas na Amazônia por energia fotovoltaica. Além disso, tem também o papel do gás natural na descarbonização.
A matriz elétrica brasileira tem mais de 85% de participação de fontes renováveis, e mesmo com a escassez hídrica de 2021 ainda ficou no patamar bastante elevado de 78%, quando a média mundial é 27%, lembra o Diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da Empresa de Pesquisa Energética, Giovani Machado.
A EPE projeta crescimento no acesso e no uso da eletricidade, não apenas porque o consumo brasileiro per capita é relativamente baixo na comparação com outros países, mas porque uma das características da transição energética é a eletrificação, explica o diretor. Ela inclui o acesso da população a equipamentos elétricos e eletrônicos e a eletrificação direta de processos, equipamentos e veículos na indústria e no setor de transportes.
“Esses processos contribuirão para o alcance da neutralidade climática do Brasil em 2050, visto a alta participação de renováveis na matriz elétrica nacional. Importante destacar que a geração nuclear e a geração termelétrica a combustíveis fósseis com abatimento de carbono (em particular, com CCUS – captura, armazenamento ou uso de carbono) e/ou em co-queima com renováveis também podem ter papel nesse processo a fim de assegurar a confiabilidade do sistema elétrico com maior participação de renováveis variáveis”, explica Machado.
Há espaço para crescer, uma vez que a eletricidade no Brasil responde por cerca de 20% do uso final de energia. No cenário desafio da expansão do Plano Nacional de Energia 2050, o consumo será quase três vezes o atual.
Uma das possibilidades é de que termelétricas a gás natural existentes possam no futuro substituir total ou parcialmente o combustível por biometano, e se essas plantas utilizarem CCUS, a substituição geraria emissões negativas. O setor pode ainda vender créditos de carbono para que atividades de difícil abatimento possam compensar suas emissões de gases de efeito estufa.
Fósseis
Para os ambientalistas, o uso de combustível fóssil, como o gás natural, ainda que como um elemento de transição, é justamente o ponto em que o governo se afasta das expectativas geradas pelos compromissos climáticos do país. O físico e especialista em mudanças climáticas e energia, Shigueo Watanabe Jr, destaca que apesar da mudança de governo, o MME não tem por hábito mudar a direção, mantendo nas áreas de petróleo e de eletricidade agendas que operam independentemente de quem ocupa a cadeira no momento.
O especialista do ClimaInfo é um dos críticos da expansão das termelétricas a gás, que, segundo ele, tem crescido ao longo do tempo de forma mais acelerada do que outras fontes do ponto de vista do planejamento. Um movimento incompatível com qualquer meta climática que se queira alcançar, afirma. “A gente está vendo com grande, grande preocupação, porque o MME e este governo, os sinais que eles estão dando vão na direção contrária dos compromissos climáticos que o pais assumiu.”
Watanabe critica a estratégia de usar o setor elétrico como âncora para a entrada de gás natural liquefeito importado, para viabilizar uma rede de terminais de gaseificação espalhados pela costa brasileira, e lembra que isso vem acontecendo há anos. Agora o fluxo está mudando um pouco, por conta dos planos da Petrobras de entrar pesado na exploração da margem equatorial brasileira, que é a costa que vai do Amapá ao Ceará. Um sinal no sentido contrário ao que o mundo está esperando, diz.
Sinais do governo vão na direção contrária dos compromissos climáticos.
Shigueo Watanabe, do ClimaInfo
O papel da estatal é visto no governo como estratégico na transição energética, o que inclui a área de combustíveis fósseis e de geração de energia limpa, com investimentos em eólica offshore, por exemplo.
E se a política em direção aos fósseis não vai mudar, sugere Watanabe, que pelo menos o governo use os recursos, mas assuma o compromisso de reduzir pela metade o que se produz hoje em petróleo em 2050, além de não abrir mais nenhum novo campo de exploração a partir de 2030. “Qualquer coisa nesse sentido pelo menos é um sinal na direção certa. E a gente quer provocar esse pessoal para pelo menos assumir esse tipo de compromisso, que eu acho que é fundamental.”
Ricardo Baitelo, que é gerente de Projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), vê uma maior possibilidade de interação entre as diferentes secretarias e ministérios do governo atual, além de uma abertura maior para absorver as preocupações da sociedade civil e dos movimentos de base.
O que está vislumbrado no planejamento, tanto no PDE quando no PNE, não deve mudar tanto nos próximos 20 anos. Deve ter, por um lado, um crescimento grande de energia eólica e solar, o que vai trazer uma boa contribuição para as metas de neutralidade na área de energia. Mas o empenho do governo será mesmo no controle do desmatamento e na redução das emissões do setor agropecuário, que são os mais impactam, no caso brasileiro.
Baitelo destaca, no entanto, a preocupação com a exploração de petróleo e gás, diante dos planos da Petrobras de ampliar a produção, atingindo, no caso do óleo, o patamar de 5 milhões de barris por dia. Há, além disso, a intenção do governo de fortalecer a indústria do gás, e o lobby no Congresso Nacional para o financiamento pelo consumidor da construção de gasodutos para as térmicas da Lei da Eletrobras.
“São dois movimentos controversos. A gente vê o próprio Lula anunciando de um lado subsídios, mais desoneração para a cadeia solar. Quando a eólica começou foi no governo dele, em 2008/2010, e ele quer fazer a mesma coisa, quer dar esse apoio à solar e isso vai na linha do discurso do governo de ser o campeão do clima, de reduzir as emissões, de ser o protagonista. Mas, por outro lado, a gente sente que essas emissões do petróleo, seja para exportação ou para uso nacional, e do gás que vai servir a termelétricas, a gente tem a impressão que talvez o governo pense em esconder essas emissões atrás da redução de emissões de outros setores. O desmatamento, que tem uma contribuição muito maior para o Brasil”, afirma Baitelo.
Desoneração da cadeia solar e uso do gás são movimentos controversos.
Ricardo Baitelo, do Iema
Para a Amanda Ohara, coordenadora da iniciativa Energia e Amazônia, do Instituto Clima e Sociedade, o principal desafio que o país tem pela frente em relação ao setor elétrico é a questão dos licenciamentos ambientais do empreendimentos de geração, para garantir que os projetos que vão entrar não tenham impacto socioambiental local muito elevado. Ela aponta a necessidade de contratação de novos profissionais para repor o quadro de pessoal do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, eliminando o gargalo de capacidade humana para lidar com esses processos que existe hoje na autarquia.
Do ponto de vista de clima, reforça a especialista, o setor elétrico é um trunfo que o Brasil tem, devido à composição de sua matriz. “A gente tem reservatórios que podem operar como baterias. Então a gente consegue operar usinas eólicas e solar… porque a gente tem essa flexibilidade aí nos reservatórios”, explica a coordenadora do ICS, que defende uma adequada remuneração aos geradores pelos serviços que as fontes trazem para o sistema.
“É simbólico e é sinérgico para a redução de custos de eletricidade no Brasil atuar na transição energética, retirando as fontes fosseis e investindo nas renováveis”, afirma Ohara. Ela avalia que a contratação de térmicas inflexíveis como as previstas na lei da privatização da Eletrobras, para ancorar o desenvolvimento do mercado de gás, pode prejudicar o consumidor. E que a reindustrialização do país pode ser feita com base em energias limpas.
Expansão
Há consenso que a expansão do setor deve ser feita principalmente com fontes renováveis. No Brasil, alinham-se nesse sentido dois incentivos que são essenciais na transição energética, na visão do presidente da PSR, Luiz Augusto Barroso: a energia mais limpa é também a mais barata. Essa combinação dá um diferencial ao país e pode ajudar na certificação perante os consumidores que compram essa energia em outros países de que ela é limpa.
“Qual é a ameaça aqui? A ameaça é a construção mandatória de fontes emissoras que não são competitivas, como as térmicas da Eletrobras. Essa construção pode sujar a matriz brasileira, e ao sujar a matriz brasileira a gente não atende mais esses requisitos de certificação de energia limpa que os consumidores, sobretudo os europeus, tanto gostam e valorizam”, alerta o executivo.
Diferencial do país pode ajudar na certificação de energia limpa perante os consumidores que compram essa energia em outros países
Luiz Barroso, da PSR
Barroso vê o risco de um efeito cruzado nas sinalizações em direção às energias fósseis, que pode impedir o Brasil de se qualificar nos mecanismos de certificação de energia nos mercados compradores, sobretudo na União Europeia.
Em relação à transversalidade da expansão, ele insiste que o Brasil vai precisar de uma boa governança das ações ligadas à participação do Brasil para gestão do risco climático global. Lembra ainda que a questão da economia verde envolve mais uma dúzia de órgãos da Esplanada dos Ministérios, o que vai exigir uma boa coordenação.
O presidente do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico, Marcelo Moraes, pontua que a transição energética global é diferente da brasileira. Ele destaca que o setor já contribui há cem anos para a redução da emissões de carbono no país, e em razão dessa composição diferenciada da matriz, ela deve ser feita a partir de requisitos específicos e de forma a atender aos interesses locais.
“Em 2022, 92% da energia gerada no Brasil foi proveniente de fontes renováveis. Isso não tem paralelo nenhum no mundo. Dito isso, a nossa transição energética deve ser feita, mas dentro de parâmetros e a uma velocidade que atendam os interesses do país, dos agentes do setor e, principalmente, dos consumidores de energia.”
É impossível abrir mão do uso do gás na transição.
Marcelo Moraes, presidente do Fmase
Na opinião do executivo do Fmase, o Brasil não precisa partir para tecnologias novas ou caras de imediato, porque não temos necessidade urgente de limpar a matriz. Por isso, esse processo pode ser feito de forma paulatina. É o caso, por exemplo, do hidrogênio.
Moraes considera impossível abrir mão do uso do gas na transição, porque entende que para o avanço das renováveis intermitentes será necessário um backup, que pode ser hidrelétrica, térmica, ou a combinação de ambas as fontes.
Para o coordenador do fórum, o próprio secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, demonstrou abertura para tratar do tema. “Senti o MMA bem aberto para discussão e ele falou que a interlocução com o MME vai se dar também em intensidade e bom tom.”
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Projeto da Casa dos Ventos no Rio Grande do Norte tem capacidade instalada de 202,5 MW.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve anunciar nesta segunda-feira (3) a aprovação de financiamentos de R$ 907 milhões para a Casa dos Ventos.
Os recursos devem ser destinados à implantação de quatro parques eólicos no Rio Grande do Norte. São os Ventos de Santa Luzia 11, 12 e 13 e o Ventos de Santo Antônio 1.
Ainda segundo banco, os empreendimentos formam o Complexo Eólico Umari, nos municípios de Monte das Gameleiras, São José do Campestre e Serra de São Bento, com capacidade instalada total de 202,5 MW.
Os financiamentos equivalem a quase 70% dos investimentos previstos, de R$ 1,315 bilhão, e a maior parte vai para aerogeradores, obras civis e sistema de transmissão, com início das operações previsto para agosto de 2024.
Conforme as estimativas do projeto, a geração de energia resultante poderá atender cerca de 500 mil domicílios.
Em nota, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirma que as aprovações de financiamento do banco para usinas eólicas correspondem a 75% da capacidade instalada da fonte no país, e para as solares, essa parcela é de 38%.
Fonte: Folha de São Paulo.
Imagem: Portal do RN.
Para especialistas, panorama atual é positivo para a operação do sistema e deixa o Operador em uma situação de conforto no período de estiagem.
Os reservatórios de usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que constituem a grande caixa d’água do sistema interligado nacional, devem encerrar a temporada de chuvas com o maior nível de armazenamento em 12 anos.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as represas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste vão atingir 85,7% de sua capacidade máxima no dia 30 de de abril, momento em termina oficialmente o período úmido. Novas estimativas do ONS foram divulgadas na sexta-feira (31).
Em 2021, quando o país enfrentou uma grave crise hídrica e precisou ligar praticamente todas as suas usinas térmicas para evitar um racionamento de energia, o volume útil dos reservatórios estava em menos da metade disso no fim de abril. Na mesma época do ano passado, o índice estava em 66,5%.
Com a fartura de chuvas nos últimos meses, algumas hidrelétricas estão com o maior nível de armazenamento da história. O reservatório de Serra da Mesa (GO), que foi inaugurado no rio Tocantins em 1998, nunca esteve tão alto. No sábado (1), ele chegou a 79,3% da capacidade máxima.
Em janeiro, pela primeira vez em mais de uma década, a hidrelétrica de Furnas (MG) abriu suas comportas para controlar o nível de água. A represa está praticamente cheia.
No Nordeste, o quadro dos principais reservatórios é igualmente confortável. A usina de Sobradinho (BA), no rio São Francisco, alcançou quase 95% do volume útil neste fim de semana — bem diferente do que se viu em um passado recente. Em 2015, com a escassez de chuvas, ela ficou perto de entrar no volume morto.
Para especialistas, o panorama atual é positivo para a operação do sistema e deixa o ONS em uma situação de conforto no período de estiagem, que vai de maio a outubro na maior parte do país.
A conjuntura favorável, no entanto, pode mascarar algumas preocupações. Um relatório do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), coordenado pelo economista Adriano Pires, mostra que a capacidade de armazenamento nas hidrelétricas para atender à demanda de energia no sistema interligado diminuiu pela metade desde o começo do século.
Os cálculos do CBIE indicam que em 2001, com todos os reservatórios cheios, as hidrelétricas conseguiriam suprir o abastecimento do país por exatos 7,0 meses. Hoje, com as represas plenas de água, o armazenamento é suficiente para gerar energia aos consumidores nacionais por apenas 3,6 meses.
Nas últimas duas décadas, as maiores hidrelétricas que saíram do papel foram construídas sem grandes reservatórios, por restrições ambientais. Elas são chamadas de usinas a fio d’água, por aproveitarem a alta vazão dos rios nos períodos de chuvas, mas sem a capacidade de armazenar volumes significativos durante a estiagem. É o caso dos projetos de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO), e de Belo Monte, no rio Xingu (PA).
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal de planejamento vinculada ao Ministério de Minas e Energia, 80 de cada 100 megawatts (MW) em nova capacidade de geração contratada nos próximos dez anos virão de fonte eólica ou solar.
Para o CBIE, tudo isso tem tornado o sistema elétrico brasileiro “altamente dependente de variáveis climáticas exógenas como hidrologia, velocidade dos ventos e níveis de irradiação solar”.
Adriano Pires defende a ideia de que, para reduzir a dependência de fontes renováveis e intermitentes, o Brasil precisa apostar mais fortemente em usinas térmicas — preferencialmente a gás natural, o menos poluente dos combustíveis fósseis. Na avaliação dele, isso garantirá confiabilidade e segurança ao sistema.
Fonte e Imagem: CNN Brasil
R$ 13,7 bilhões foram destinados aos empreendimentos de grande porte, cerca de R$ 11,9 bilhões aplicados em telhados e R$ 9,3 bilhões em usinas para geração remota.
Mesmo com a escalada de juros no Brasil a partir do segundo semestre do ano passado, o volume de financiamento para a geração de energia solar, tanto em usinas de grande porte quanto em pequenos sistemas fotovoltaicos de geração própria em telhados, fachadas e pequenos terrenos, superou a marca de R$ 35,1 bilhões em 2022, alta de 79% ante os R$ 19,6 bilhões verificados em 2021.
Os dados são de um levantamento da consultoria Clean Energy Latin America (Cela) feito com instituições financeiras públicas, privadas, cooperativas de crédito, e fintechs que promovem o fomento da geração de eletricidade com a tecnologia fotovoltaica.
O crédito para as usinas de grande porte (geração centralizada) saltou 105% no último ano, com R$ 13,7 bilhões destinados aos empreendimentos, contra os R$ 6,7 bilhões em 2021. Já o aporte para sistemas de geração própria de energia solar em telhados (geração distribuída-GD) cresceu 34% em 2022, com R$ 11,9 bilhões aplicados no ano, enquanto as usinas solares remotas de geração distribuída (geração compartilhada e autoconsumo remoto) tiveram disponíveis R$ 9,3 bilhões, incremento de 134% em comparação com os R$ 4 bilhões em 2021.
Este é o quarto ano consecutivo que o Brasil bate recorde de créditos ao setor. A diretora e fundadora da Cela, Camila Ramos, explica que os investimentos têm crescido mesmo com a atual conjuntura de custo de capital maior em 2022 comparado com 2021, por conta do aumento das taxas de juros.
O que explica o volume de financiamento é o elevado crescimento de novas instalações de energia solar, que em 2022 bateu a marca de 23,5 gigawatts (GW) de potência operacional.
Este impulso se deve principalmente aos subsídios que têm atraído empresas do setor. Para sistemas de geração própria, a sanção da Lei 14.300 do marco legal da geração distribuída criou uma corrida no desenvolvimento de pequenos projetos para garantir a gratuidade da tarifa de uso da rede das distribuidoras, já que os empreendimentos que pediram conexão à rede elétrica até 6 de janeiro de 2023 estarão isentos da cobrança da tarifa até 2045.
Já a energia solar de grande porte foi puxada pelos contratos no mercado livre e a corrida para colocar os projetos de pé e manter o benefício de desconto de 50% da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (Tusd). Ramos acredita que estes projetos podem manter o fôlego de novos financiamentos, já que o desconto de tarifa continua.
“Além dos incentivos ao setor, o que tem impulsionado o financiamento são os aumentos da tarifa de energia elétrica, a abertura do mercado livre de energia, a competitividade das fontes renováveis, mesmo com o aumento do capex e dos juros, e o tema ESG nas empresas”, analisa Ramos.
Para pequenos sistemas fotovoltaicos de telhado, em 2022 os consumidores trocaram a conta de luz pela parcela do financiamento. Entretanto, pode haver uma redução dos financiamentos em 2023, já que os novos projetos não terão mais isenção total pelo uso da rede das distribuidoras.
No caso da GD remota, as empresas que obtiveram o parecer de acesso à rede das distribuidoras têm um ano para concluir os projetos, por isso ainda podem buscar financiamento. O movimento de M&As com investidores comprando empresas do setor pode ser outra via de financiamento.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
São Paulo, 29/03/2023 - O potencial do Brasil para desenvolvimento de um mercado de hidrogênio verde - gerado via energia limpa, sobretudo, eólica e solar - e o anúncio de medidas de incentivo ao segmento em outros países fez com que empresas do setor elétrico e a indústria considerassem inadequados os prazos propostos no Plano de Trabalho Trienal do Programa Nacional do Hidrogênio (2023-2025), do governo federal.
Em consulta pública realizada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), agentes cobraram mais celeridade do Executivo federal. O plano foi elaborado por membros de ministérios do governo Bolsonaro com participação de agências reguladoras e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), à época presidida por Thiago Barral que, agora, é secretário de Planejamento e Transição Energética do MME.
Para a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), os "prazos contidos no atual Plano Trienal precisam ser revistos e muitas ações adiantadas para conclusão já neste ano de 2023, com vistas a acelerarmos as medidas concretas" tanto para atração de investimentos internacionais e quanto para viabilizar a produção local do hidrogênio verde.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) se manifestou na mesma linha. "Os prazos instituídos no Programa Nacional do Hidrogênio para definição de políticas, realização de estudos e atualização do arcabouço regulatório para o hidrogênio são dilatados e poderiam melhor refletir a urgência do tema e estrategicamente posicionar o Brasil como um dos principais players liderando a transição energética global", pontuou.
O texto do governo sugere, por exemplo, que a proposta geral de certificação e sua governança institucional sejam feitas em 24 meses contados a partir da aprovação no plano trienal no conselho responsável pelo programa. A Absolar, por sua vez, pede que o período seja reduzido pela metade, para 12 meses.
O entendimento foi pontuado também pela indústria. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pediu "celeridade aos prazos adotados" no programa e chamou de "longos" os prazos para estudos a respeito da cadeia produtiva do insumo e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
Regulação e mercado de carbono
Para além dos prazos de atividades do programa, foi pontuada ainda a necessidade de agir para que haja uma regulamentação para o segmento. A Voltalia afirmou que "o Brasil ainda está atrasado em algumas frentes de trabalho, como por exemplo, o arcabouço regulatório, que faz com que ainda não se tenha uma segurança jurídica para o desenvolvimento do H2V [hidrogênio verde] no País".
Outros agentes sugerem ainda que outra regulamentação - a do mercado de créditos de carbono - seja considerada como uma ação para o desenvolvimento do segmento de hidrogênio sustentável no País diante dos altos preços ainda associados a sua produção.
É o que propõe a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), por exemplo. "É imprescindível que se estabeleça juntamente com ele [o mercado de hidrogênio] um mercado de carbono regulado no país, para que os projetos em hidrogênio de baixo carbono possam ser viabilizados sem a necessidade de incorporação de subsídios para impulsionar esses projetos", afirmou.
A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), por sua vez, pontuou que "a ausência de regulamentação acerca de créditos de carbono não ajuda a viabilizar projetos de desenvolvimento da produção de H2 sustentável no Brasil".
Senado concentra discussões
As proposições com mais destaque sobre ambos os temas estão no Senado. No último dia 14, a Casa criou uma comissão especial para debater políticas públicas sobre hidrogênio verde.
Está também sob a análise dos senadores, o Projeto de Lei (PL) 725, de 2022, que estabelece parâmetros de incentivo para o uso do hidrogênio sustentável no País, de autoria do ex-senador Jean Paul Prates, que agora preside a Petrobrás.
Também está na Casa Alta o PL 412/2022 que regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE) de gases associados ao efeito estufa.
Fonte: Estadão:
Imagem: Revista RPAnews.
(Aneel) no próximo dia 6 para propor o que chama de "limpeza de base" para possibilitar a realização do leilão de margem de escoamento.
O certame está no cronograma que o governo anterior publicou no fim do ano passado e visa resolver a fila de projetos de usinas de geração, sobretudo eólica e solar, inchada pela corrida para solicitar outorgas até março de 2022, quando terminam os subsídios para estas fontes.
"Há pelo menos sete gigawatts que não vão entrar [em operação] e estão ocupando transmissão, então vamos propor uma coisa muito parecida com o que aconteceu em 2017 do leilão de descontratação, um leilão reverso", declarou a jornalistas durante o "Encontro de Negócios" da associação, realizado em São Paulo. O mecanismo tem sido chamado por parte dos agentes de "dia do perdão".
Como o Broadcast Energia mostrou, a iniciativa é uma demanda das empresas de geração diante das mudanças do cenário macroeconômico no último ano. A executiva disse que, nas condições atuais, "não tem margem agora para fazer leilão". Para ela, o objetivo do novo governo deve ser pensar no desenho do procedimento competitivo de modo que seja eficiente.
Fonte: Estadão.
Imagem: EBC.
País ficou atrás apenas da China e Estados Unidos, em novas instalações.
Mesmo com o fraco desempenho da economia brasileira, a indústria eólica brasileira bateu recorde de instalações em terra (Onshore) pelo segundo ano em 2022, registrando mais de 4 gigawatts (GW), atrás apenas da China e Estados Unidos, em novas instalações. Em 2021 foram 3,5 GW. Os dados fazem parte do Global Wind Energy Council (GWEC) que foi divulgado nesta segunda-feira (27) durante o Encontro de Negócios ESG, promovido pela da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica).
O documento mostra que o mundo soma mais de 841 GW de potência instalada, sendo que o Brasil se manteve na sexta posição no ranking de capacidade total instalada de energia eólica onshore com 3% da potência instalada, atrás de China (40%), Estados Unidos (17), Alemanha (7%), Índia (5%) e Espanha (4%).
A CEO da Abeeólica e vice-presidente do conselho da GWEC, Elbia Gannoum, lembra que o mercado enfrenta dificuldades. Ela lembra que os EUA e Europa promoveram pacotes econômicos bilionários para estimular essa indústria. Entretanto, o Brasil deve seguir outro caminho para promover uma conjuntura mais adequada para o setor.
“O governo não precisa colocar a mão no bolso para fazer uma política industrial energética. Só precisa criar um ambiente amigável para atrair investimentos. E isso precisa ser feito com aparatos regulatórios”, diz.
A GWEC espera que 26,5 GW de energia eólica onshore sejam adicionados na América Latina em 2023-2027, com o Brasil contribuindo com 60% (16 GW). No mundo, a estimativa é uma adição de 680 GW até 2027, ou 136 GW por ano — uma taxa de crescimento anual de 15%. O temor do setor é a desarticulação das cadeias produtivas, já que a demanda tem crescido mais rápido que a capacidade para atender este mercado.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Conjuntura do setor levou valores praticados no mercado a patamar próximo do mínimo regulatório e pode se manter nesse nível até final de 2024.
O ano era 2019, primeiro ano de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O então ministro da Economia, Paulo Guedes, que então era chamado de Posto Ipiranga, soltou uma das suas mais famosas frases. “Daqui a dois anos viveremos um choque de energia barata”. Ele se referia a uma queda nos valores do gás natural que reduziria o preço no país em um patamar de até 46% no ano de 2021.
Bom, depois disso é mais do que conhecido que esse famoso impacto não chegou. No setor elétrico, ao contrário, o Brasil passou por sua mais pesada crise hídrica. Como consequência foi criada a bandeira de escassez hídrica, que cobrava R$14,20 a cada 100 kWh consumidos por conta das térmicas que geravam em grandes volumes com CVUs que chegavam a R$ 2,5 mil por MWh.
Mas, o cenário inverteu ao longo de 2022 e o PLD, que acaba sendo o preço de referência para contratos no mercado, está no piso regulatório. E a tendência é de que esse patamar se mantenha por um bom tempo. Agora com o final do período úmido os reservatórios no SIN estão em um nível que não se via desde 2011, o La Niña foi embora e a tendência é de El Niño, que reforça a força dos ventos no Nordeste e, consequentemente, deveremos ver o aumento da geração eólica nessa região.
Além disso, este ano promete ser o de maior expansão em geração centralizada desde que a Agência Nacional de Energia Elétrica começou a medir o crescimento da capacidade do setor. Para completar a ‘tempestade perfeita’ a carga não dá sinais de expansão como estava projetado quando houve a contratação para 2023.
Colocando todos esses ingredientes juntos na receita a avaliação geral é de que, depois de quatro anos, finalmente o Brasil tem o seu prometido ‘choque de energia barata’. Contudo, é uma situação dada pela conjuntura do mercado. Essa condição, inclusive, sem muita dificuldade, poderá ter uma duração mais longa, podendo se estender até pelo menos o segundo semestre de 2024.
Se por um lado parece ser uma situação auspiciosa para os consumidores de energia que encontram nesse momento condições vantajosas para a contratação no mercado livre, do outro lado, para os geradores a situação não está favorável. Podendo levar ao represamento de investimentos por não encontrar viabilidade econômica para os projetos.
O diagnóstico desse momento pode ter como fonte a fotografia da curva forward de preços da energia do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia. Segundo dados da BBCE, atualmente os produtos estão precificados até 2026 em um patamar que mal passa de R$ 100 /MWh para o produto Sudeste/Centro- Oeste na modalidade convencional, o mais negociado. Já a Energia Incentivada no mesmo submercado está em R$ 131/MWh para o mesmo período.
O diretor comercial da BBCE, Rafael Carneiro, explica que desde o ano passado a plataforma vem notando uma mudança de comportamento dos agentes. Os prazos negociados têm se alongado ante o que sempre foi o histórico na empresa. Isso por conta da busca por volatilidade de valores, que é onde as comercializadoras conseguem rentabilidade.
“Historicamente os contratos eram de vencimento de mais curto prazo, no chamado intra-ano, de até seis meses, mas como não temos visto quase volatilidade de preços, as negociações alongaram estão mais concentradas em contratos com vencimento superior a 12 meses”, revela. “O volume de contratos com essa característica quase dobrou, em fevereiro e já representa 56,8% do volume com vencimento a partir de 2024”, aponta.
Para se ter uma base de comparação, a participação desses contratos acima de um ano era de 13% em 2020, passou a 19% em 2021 e chegou a 32% em 2022. Já com vencimento de até seis meses segue o caminho inverso: representavam 69%, 62% e agora 43%, nos mesmos anos.
Temos visto o alongamento do prazo dos contratos, os acordos com mais de 12 meses são maioria e vêm aumentando a participação sobre o total negociado, isso mostra que os agentes estão em busca de volatilidade mais à frente porque o valor deste ano não deverá ter variação.
“Quando olhamos para os contratos fechados dois anos atrás, em março de 2021, para vencimento em 2024, falávamos de preços na energia Convencional no SE/CO na faixa de R$ 157/MWh. No ano passado esse mesmo contrato era negociado a R$ 188/MWh, aumento de 19%. Mas agora está em R$ 78/MWh, uma inversão já que o natural é quanto mais próximo do vencimento mais alto o valor. A queda em dois anos foi de 50%”, calcula.
Apesar desse momento, o executivo relata que o giro na plataforma ainda não foi influenciado pelos preços no mercado livre. Em janeiro ficou em 4,25 vezes, ou seja, um mesmo MWh foi negociado mais de quatro vezes. No ano de 2022 esse índice era de 3,9 vezes. Mas ele admite que em 2023 a tendência é de desaceleração desse indicador que tradicionalmente ficou entre 4 a 5 vezes.
Pedro Moro, especialista de Estudos de Mercado e Preços de Energia da Thymos Energia, afirma que as simulações feitas pela consultoria mostram que até 2024 os valores deverão ficar no piso. Sair desse patamar será difícil. Em sua análise é necessário um período muito ruim de meteorologia e que seja prolongado para que haja essa alteração da curva. “Nossas simulações apontam para a probabilidade de que apenas em 2025 começaremos a ver o PLD subir um pouco”, indica.
Simulações apontam para a probabilidade de que apenas em 2025 é que começaremos a ver o PLD subir um pouco e sair do piso regulatório.
Mas, o Brasil não chegou à toa nessa situação, a carga de hoje é influenciada ainda pelas retrações de 2015 e 2016, e mais recentemente pela pandemia de covid-19 que também reduziu as perspectivas de carga. Ele lembra que o setor foi planejado para 2023 alguns anos atrás e que nesse período o consumo não se confirmou ao volume esperado e levou à sobreoferta de energia que é calculada hoje em dia em 19%. Esse fator ganhou um reforço com a expansão da MMGD decorrente da lei 14.300, principalmente em 2022 e 2023.
Mercado e a tempestade perfeita
Diante de todos os pontos já citados o destaque mesmo fica para os reservatórios, segundo explica o sócio administrador da Comercializadora Ágora Energia, José Antônio Sorge. Para ele, é justamente o atual nível de armazenamento que está em cerca de 85% no SIN, patamar que não se via desde 2011, tomando como base dados do ONS.
Por isso, ressalta ele, os estudos que a comercializadora roda não mostram uma perspectiva próxima de reversão dos preços. “Teríamos que ver uma situação de seca extrema semelhante à pior série que é a de 2021 e aumento da carga para que algo diferente aconteça, mas, mesmo assim, passariam de R$ 100 para R$ 200/MWh. Em nosso cenário de crise extrema vemos que é muito pouco provável a mudança”, conta.
Contudo, reforça que essa é a fotografia do momento. Olhando para daqui a 12 meses, destaca Sorge, nada impede que tenhamos uma situação reversa. Mas para isso é necessária a ‘tempestade perfeita inversa’ para chegarmos a essa condição. Ele define que, por enquanto, o momento é de tranquilidade para o consumidor, ainda mais em um momento no qual o volume de migrações aumenta com a proximidade da abertura para toda a alta tensão, a partir de janeiro de 2024. Esses consumidores têm encontrado bons negócios no ACL.
Situação pode mudar daqui a 12 meses, mas para isso acontecer seria necessária a tempestade perfeita inversa para vermos os preços subirem.
A avaliação de outra comercializadora é de que a conjuntura pela qual o país passa é de difícil reversão, reforçando a perspectiva de manutenção por um período mais longo desse nível de preços mais baixos.
De acordo com Ricardo Matos, diretor de Estratégia da Simple Energy, a questão climática com a chegada do El Niño e seu impacto com mais geração eólica no Nordeste, associado ao nível elevado de reservatórios trazem essa visão. Além disso, o executivo lembra que a economia não tem apresentado o crescimento esperado, consequentemente, a demanda não sobe.
Nesse sentido, a questão da meteorologia, que tanto influencia o comportamento do mercado – seja para melhor ou pior – dá sinais de normalidade em 2023. De acordo com o meteorologista Pedro Regotto, da Climatempo, o outono, que começou oficialmente nesta semana, deverá ser mais quente do que foi em 2022. As quedas de temperatura serão menores. Os reservatórios começam a recuar, um comportamento normal para essa época do ano.
O destaque fica mesmo para o final do La Niña, oficializado pelo NOAA há cerca de 10 dias. Para o restante do ano a perspectiva é de que o fenômeno climático evolua até chegar ao El Niño no início do inverno, mas ainda é necessário o acoplamento entre atmosfera e oceano para termos sua caracterização, o que deve acontecer na primavera.
“Tivemos um verão muito bom em afluências no SIN e agora já começamos a ver o período seco se formando. Para o resto do ano a previsão de precipitações não é um ruim. A tendência da primavera é de retorno das chuvas e com o El Niño estabelecido traz condições mais chuvosas no Sul ao longo da primavera e do verão de 2023 para 2024 ao contrário do Norte e Nordeste, comportamento que faz parte desta gangorra climática. Isso reforça as perspectivas de geração eólica que nos últimos três anos foi prejudicada por conta do La Niña”, diz Regotto.
Voltando à Simple Energy, Matos afirma que “quando olhamos o comparativo ao que foi projetado e o crescimento da carga vemos aumento das sobras de energia. Enquanto o consumo aumenta 1,8 GW a oferta considerando apenas a geração centralizada é de 3,8 GW. Essa não é uma situação apenas conjuntural, é estrutural também”.
Por isso, continua ele, ao olhar os parâmetros, considera difícil ocorrer o descolamento dos preços do piso até o próximo ano. Ele cita ainda que na equação de expansão da capacidade não está considerada a micro e minigeração distribuída, que tem ocupado um importante espaço na matriz brasileira.
O lado positivo desse momento está para o consumidor, que pode aproveitar o momento e ter na energia um diferencial competitivo. Do lado dos geradores pode ocorrer dificuldades em viabilizar projetos com os preços atuais.
O lado positivo de toda essa situação, corrobora ele, está para o lado do consumidor que pode encontrar contratos a preços mais baixos. Isso ajuda na melhoria da competitividade da indústria nacional podendo ser um diferencial na formação de custos quando se compara a um mundo onde os preços estão mais elevados. Para o gerador, acrescenta ele, essa situação traz mais pressão ao ponto de vermos desaceleração nos investimentos.
Outra consequência que vem sendo notada no mercado é a redução no volume de contratos de curto prazo porque a exposição nesse momento não é mais uma ameaça quando comparado a um passado nem tão distante assim. Essa constatação foi externada por Érico Mello, sócio fundador da Stima Energia.
“A retração dos valores de contratos vem sendo notada desde outubro do ano passado e consequentemente temos redução da volatilidade. Quando falamos para 2024 e 2025, existe a questão da modelagem da MMGD para a formação de preços que ocorrerá e a depender do cenário impactaria na casa de R$ 100 por MWh. Era uma pressão de redução de preços que já era esperada e então tivemos a chuva toda que acontece e reforçou a previsão de redução de valores no mercado futuro”, afirma.
Gabriel Apoena de Oliveira, gerente de Inteligência de Mercado da Electra Energy, comenta que a tendência do preço de energia para 2024, por sua vez, também deve seguir o comportamento deste ano, visto a condição energética atual favorável. Além disso, alguns assuntos de caráter regulatório devem ser definidos nos próximos meses, por exemplo, a continuidade da discussão iniciada com a tomada de subsídio Aneel 009/2021, a respeito da mudança de critério da consideração das usinas que não comercializaram energia no Ambiente de Contratação Regulado (ACR). E ainda, a entrada da expansão da MMGD nos modelos de formação de preços, que podem aumentar ainda mais a oferta de energia.
“Quando falamos para 2024 e 2025, existe a questão da modelagem da MMGD para a formação de preços que ocorrerá e a depender do cenário impactaria na casa de R$ 100 por MWh. Era uma pressão de redução de preços que já era esperada e então tivemos a chuva toda que acontece e reforçou a previsão de redução de valores no mercado futuro”, Érico Mello, da Stima Energia.
Tradicionalmente, o item nível de reservatório impacta nos preços do mercado por até dois anos à frente. Outra sócia da Stima, Daniela Alcaro, reforça que na verdade o custo da energia seria zero atualmente, pois o Custo Marginal de Operação apontado pelo modelo Newave está nesse ponto há alguns meses. “Mesmo que não tenhamos condições excelentes no ano, de qualquer forma temos um bom colchão que são os reservatórios atuais”, define ela que faz parte do conselho de administração da Abraceel.
De acordo com a Stima, as simulações feitas apontam que os preços devem se manter em patamar reduzido até 2024, mesmo considerando precipitações ruins ao longo do ano. Mas destaca que as incertezas regulatórias podem inverter esse cenário. Mello lembra ainda que o ideal não é a ocorrência de nenhum extremo, mas sim um sistema em equilíbrio, citando também o risco de projetos não saírem do papel por dificuldades de viabilização dos empreendimentos.
Essa percepção é compartilhada pelo CEO da 2W Ecobank (ex-2W Energia), Cláudio Ribeiro, o executivo afirma que preços no piso dificultam a realização de investimentos, ainda mais com dólar elevado e taxa básica de juros em 13,75% aumentando o custo do financiamento.
Investimento da empresa em seu terceiro ativo de geração poderá ser postergado diante do cenário econômico atual e a existência de energia mais barata no ACL.
Outro fator desse momento no Brasil é a disponibilidade de energia que a privatização da Eletrobras vem colocando para o mercado livre. Por ser de natureza hídrica é mais barata que o investimento em novas fontes renováveis. Ou seja, em um mercado com alta liquidez a margem acaba sendo maior se uma comercializadora busca energia no mercado o que representa uma outra janela de oportunidade no país.
A empresa que apresentou recentemente uma mudança em seu perfil de atuação tem um parque em operação Anemus Wind e outro em construção que deverá ficar pronto até meados de 2023, Kairós. Juntos, diz Ribeiro, somam cerca de 400 MW e a perspectiva é de que a companhia tenha até 1 GW no futuro. Contudo, o aporte no terceiro ativo pode ser postergado pela conjunção de todos os fatores citados.
“Em 2023 nosso foco é a estratégia comercial, a próxima usina poderá ser postergada um pouco até que as condições melhorem”, diz. E isso, não é apenas a avaliação da 2W faz parte da natureza do negócio para empresas com atuação pelo menos em geração e comercialização de energia que podem encontrar contratos com valores mais interessantes no mercado.
Essa desaceleração de investimentos em novas capacidades tem chegado até mesmo à indústria. Um sintoma é visto na fonte eólica, que vive pressão de dois lados. Um deles é o aumento dos custos para a fabricação dos equipamentos e do outro investidores precisando de valores mais baixos porque a energia está em custo mais reduzido.
Sandro Yamamoto, diretor técnico da ABEEólica, classifica essa conjuntura como desafiadora. Ele explica que por mais que foram viabilizados novos projetos no ano passado a competição foi grande entre as fabricantes. Contudo, diz que a capacidade de produção da indústria eólica no Brasil está em bem dimensionada à demanda do país, está na casa de 5 GW ao ano.
Élbia Gannoum, presidente executiva da entidade, destaca que essa é uma indústria complexa e que, diferentemente de outras, não consegue ter flexibilidade em sua produção. Por isso, as variações acabam sendo da natureza do setor.
“Até 2017 a indústria contratava 2 GW ao ano e nessa época era possível expandir a 3 GW. A partir de 2018 dobrou o volume de contratação com um forte movimento do ACL, chegamos a até 4 GW ao ano. A indústria teve que crescer rapidamente, mas, mesmo assim, tivemos situação que as fabricantes não tinham como entregar mais equipamentos tanto que abriu espaço para a importação de equipamentos. Então temos esse paradoxo, cresceu muito, como nunca, e de repente estamos vendo indústria indo embora do país ou reduzindo a produção por conta da demanda atual”, conclui a executiva que acredita em uma saída dessa curva de baixa com a redução da taxa básica de juros da economia, retomada da demanda por energia e consequentemente novos contratos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Cadeia de suprimentos não cresce na mesma velocidade para atender demanda, diz Ben Backwell, presidente do conselho mundial do setor.
Para que metas de descarbonização possam ser atingidas, países ricos e em desenvolvimento devem colocar em prática, imediatamente, planos de ação que evitem problemas na cadeia de suprimentos. Esse movimento busca evitar a paralisia na implantação de projetos de energia eólica no mundo nos próximos anos. Brasil, China, Estados Unidos e Europa, entre outras regiões, avançam de forma rápida na instalação de eólicas como parte dos esforços para zerar emissões de carbono.
O movimento, porém, pode esbarrar na capacidade da indústria de fornecer componentes para novas usinas. EUA e Europa, em particular, devem enfrentar gargalos no suprimento de aerogeradores e insumos já em 2025.
Essa é a conclusão do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), que lança nesta segunda-feira nova edição do Global Wind Report, em São Paulo.
O documento prevê instalações recordes de eólicas terrestres (onshore) e marinhas (offshore) nos próximos anos. O GWEC, que representa mais de 1.500 empresas e instituições em mais de 80 países, estima adição de 680 gigawatts (GW) até 2027, ou 136 GW por ano - uma taxa de crescimento anual de 15%. Além disso, 2023 deve ser o primeiro ano em que a nova capacidade instalada eólica deve totalizar acima da marca de 100 GW.
O ano passado foi o terceiro melhor da indústria, com acréscimo global de 78 GW elevando a potência total eólica instalada no mundo para 906 GW, o que representa crescimento anual médio da ordem de 9%. Quase 69 GW são de eólicas onshore, sendo que 47% desse montante foi instalado na China. O mundo contabilizou ainda cerca de 9 GW de novas usinas offshore.
De acordo com o presidente do GWEC, o britânico Ben Backwell, o mundo levou 30 anos para atingir 1 terawatt (TW) de capacidade eólica instalada, marca prevista para ser alcançada em junho, mas deve levar menos de dez anos para dobrar a capacidade.
O risco de gargalo para a indústria eólica ganha relevância diante da recente aprovação da Lei de Redução da Inflação (IRE, na sigla em inglês) nos EUA, maior ambição das metas europeias de carbono zero e aceleração do crescimento da fonte na China e em países em desenvolvimento.
O que explica a expansão mais vertiginosa da fonte eólica são dois fatores: custo mais competitivo frente às fontes fósseis e políticas de governo para incentivo às renováveis, explicou Backwell.
“O que a gente vê é um aumento das metas, a maioria dos governos está tomando medidas para acelerar [a instalação de] renováveis”, observou ele, salientou, porém, que a era de preços baixos da energia eólica ficou para trás. Os custos cresceram, até em razão da inflação mundial, puxada por insumos usados na indústria, como aço e cobre. “Somos mais caros do que há três anos, mas somos mais competitivos do que os fósseis”, destacou o executivo.
O Brasil, na visão dele, possui potencial “fabuloso” para a geração eólica, com uma cadeia industrial instalada e ventos de boa qualidade, sobretudo no Nordeste, onde estão os maiores potenciais. Os ventos sopram na mesma direção, o que proporciona baixa turbulência.
Esse perfil de vento, que pode ser representado na figura de um secador de cabelo, traz como consequência altos fatores de capacidade. Esse é um conceito que define a relação entre a potência da máquina e a energia assegurada por ela.
O cenário verificado em terra repete-se no mar, abrindo espaço para a exploração da energia eólica offshore também de olho na produção de hidrogênio verde. O insumo exige grande quantidade de energia e os projetos no Nordeste estão próximos de portos, o que facilita a exportação.
Backwell disse que o país tem emitido sinais positivos sobre a expansão das renováveis diante da prioridade dada pelo governo para a transição energética. Um exemplo foi o recente acordo firmado pela Petrobras com a Equinor para desenvolver projetos eólicos offhore que somam 14,5 GW - pouco mais que a potência da hidrelétrica de Itaipu.
Para ele, o Brasil pode se posicionar como um dos grandes parques industriais eólicos offshore, beneficiando a economia do país. “Quando se fala em reindustrialização do país, essa é uma alternativa viável”, afirmou. Ainda não existe, porém, uma lei que regule a operação da energia eólica offshore no Brasil.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Avaliação é do diretor-geral da Siemens Energy no Brasil, André Clark; empresa hibernou fábrica na Bahia por “falta pontual de demanda”.
O excedente de energia renovável deve postergar os investimentos em novos projetos eólicos nos próximos. A avaliação é do diretor-geral da Siemens Energy no Brasil, André Clark, em entrevista ao Poder360.
Na última semana, a Siemens Gamesa, controlada da Siemens Energy, anunciou a hibernação de uma fábrica de equipamentos eólicos em Camaçari (BA). Segundo Clark, a fábrica funcionará até julho e deve ser paralisada por 8 meses “por uma falta pontual de demanda”.
Segundo Clark, alguns motivos explicam o cenário de excedente de energia:
aumento da oferta de energia solar;
maior disponibilidade da solar distribuída –energia gerada pelos próprios consumidores, cujo excedente é injetado na rede de distribuição; e
as chuvas, que favorecem a geração hidrelétrica.
O executivo afirma que o cenário deve perdurar de 12 a 18 meses. “A indústria eólica é uma indústria de cadeia de valor integrada. Quando um parque eólico é vendido, já se vende a cadeia toda –as torres, as pás, os aerogeradores –, numa logística bastante específica e configurada para o Brasil. Esse excesso de demanda faz com que os projetos de afastem no tempo, também um pouco pela alta nos juros, fazendo com a demanda se vá”, declarou.
Segundo Clark, apesar do cenário no curto prazo, o mercado brasileiro continua atrativo. “Só que tem bastante energia renovável, toda ela vendida no mercado livre, portanto há aí uma pergunta no ar: quando o mercado de eólica retorna?”, declarou.
HIDROGÊNIO VERDE
De acordo com o executivo, a Siemens está analisando “quase uma dezena de projetos pelo Brasil todo”. Um deles é a construção de uma fábrica em Camaçari (BA), em parceria com a Quinto Energy, anunciado em novembro de 2022.
Segundo Clark, os projetos têm duas “ondas”:
a 1ª é o consumo do hidrogênio verde pela indústria, visando à descarbonização; e
a 2ª é exportação, quase que exclusiva, do combustível.
“A 1ª [onda] deve ser usada para descarbonizar produtos difíceis de se descarbonizar e que o Brasil é rico. Aqui eu incluo as pelotas de ferro, que são exportadas, e o aço e mesmo a produção de fertilizantes”, afirmou.
Na 2ª onda, seriam construídas fábricas de hidrogênio com maior escala de produção. “São os projetos que chamamos de escala de gigawatts [de energia renovável], com infraestrutura para transformar o hidrogênio verde em amônia para exportação”, declarou.
Embora não haja consenso, o sistema de cores é usado no mercado para indicar a origem do hidrogênio. O combustível pode ser obtido por diversas rotas, seja a partir do gás natural, do carvão mineral ou de biocombustíveis, como o biometano.
Quando é obtido por meio de energias renováveis em um processo chamado de eletrólise da água, atribui-se a cor verde. A energia é usada para realizar a separação dos átomos de hidrogênio da água – de H2O para H2.
Assista (25min09s):
Leia trechos da entrevista:
INVESTIMENTO NO BRASIL
[A indústria do hidrogênio] É algo que está fervilhante e o Brasil está no centro das atenções desse jogo. […] O Brasil é um país democrático, realizou eleições com sucesso, com estabilidade contratual e tantas outras características que, no mundo das energias, se tornaram vitais para a escolha de parceiros estratégicos.”
PROGRAMA NACIONAL DO HIDROGÊNIO
“[É] extremamente positivo. Foi a 1ª discussão estruturada sobre a economia do hidrogênio no Brasil. O país conta com um conjunto muito amplo de opções. O governo na época se mostrou aberto às opções mais eficientes do ponto de vista econômico. Se por um lado, isso deixa opções abertas, por outro perde foco. […] Importante lembrar que, à época desse estudo, o mercado internacional de hidrogênio verde era menos que incipiente, era apenas uma ideia. Ele começa a existir há poucos meses, na verdade.”
LEILÕES DE HIDROGÊNIO
“Esses primeiros leilões são relativamente pequenos, mas testes. São experimentos importantes. O preço da energia e a logística são os 2 fatores mais importantes nesse momento. […] A América Latina, com destaque para o Brasil e o Nordeste brasileiro, está singularmente posicionada a atender essas demandas europeias. Contudo, é papel da Europa abrir outras opções, como o norte da Europa e a África subsaariana. São áreas de interesse geopolítico porque se abastece a Europa com dutos a partir dessas regiões […] O Brasil precisa deixar sua posição clara, robusta e competitiva, vide o Chile que saiu na frente e se posicionou como futuro abastecedor de hidrogênio verde de larga escala, principalmente para mundo oriental.”
GÁS NATURAL
É o combustível de transição na transição energética. No Brasil, duas características fundamentais vão acontecer. A 1ª é o uso do gás natural como energia de backup, porque o gás está disponível nas maiores cidades litorâneas, portanto perto dos grandes centros de consumo. […] A 2ª é que o Brasil desenvolve polos competitivos de gás em regiões com alto potencial de se desenvolver energias renováveis, principalmente no Nordeste.”
Fonte e Imagem: Poder 360,
Empreendimento está instalado na Paraíba.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quarta-feira (22), da inauguração do Complexo Renovável Neoenergia, no município de Santa Luzia, interior da Paraíba. Segundo o governo, esse é o primeiro complexo associado de geração de energia renovável no Brasil que integra a geração de energias eólica e solar fotovoltaica.
Em seu discurso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou a intenção do governo em aumentar a participação de energia limpa no parque de geração do país. Além disso, para ele, os empreendimentos nesse setor podem ser indutores da industrialização na Região Nordeste.
“É geração de emprego e renda para nossas irmãs e irmãos nordestinos, é um símbolo do aproveitamento sustentável dos recursos naturais do país. Um complexo que soube unir geração eólica com geração solar tão abundantes no nosso querido Nordeste, um verdadeiro protagonismo do Brasil na transição energética”, disse Silveira. “O sol e o vento serão os maiores indutores do desenvolvimento do Nordeste brasileiro, por meio da geração de energia limpa e renovável”, completou.
Com um investimento de cerca de R$ 3 bilhões, o projeto da Neoenergia destaca-se pela ação simultânea entre os parques eólico e solar, com o uso da mesma subestação e das linhas de transmissão. O modelo objetiva otimizar o uso da rede de transmissão em função da complementaridade das fontes de energia.
O empreendimento se estende por uma área de 8,7 mil hectares nos municípios paraibanos de Santa Luzia, Areia de Baraúnas, São José de Sabugi e São Mamede. Cerca de 250 famílias da região foram beneficiadas com o arrendamento de terras para a instalação dos aerogeradores e painéis fotovoltaicos. A energia gerada pelo complexo é de 0,6 gigawatts, suficiente para abastecer 1,3 milhão de residências por ano.
Em nota, a Presidência da República destacou o avanço da capacidade do Brasil na geração de energia limpa. “Ao fim de 2006, ano anterior ao lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) [de investimentos em infraestrutura], a capacidade instalada de usinas eólicas era de 237 megawatts. Em 2014, a potência instalada chegou a 3.106 megawatts”, informou.
Fonte: Agência Brasil.
Imagem: Época
Dados da Absolar apontam que o país encerrou 2022 com 24 GW de potência solar e foi destaque de crescimento no ranking internacional da IRENA.
O Brasil entrou, pela primeira vez, na lista dos dez países com maior potência instalada acumulada da fonte solar fotovoltaica. Esses dados são da apuração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), com base em dados da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA). O País encerrou 2022 com 24 GW de potência operacional solar e assumiu a oitava colocação no ranking internacional.
De acordo com a Absolar, os dados consideram a somatória das grandes usinas solares com os sistemas de geração própria solar de pequeno e médio portes, em telhados e fachadas de edifícios e também em pequenos terrenos, com base na potência total acumulada ao final de 2022. Segundo o mapeamento, a oitava colocação do Brasil é fruto dos cerca de 10 GW adicionados no ano de 2022. Com isso, apenas no ano passado, o setor solar atraiu mais de R$ 45,7 bilhões de novos investimentos, crescimento de 64% em relação aos valores financeiros acumulados até o final de 2021 no País.
Ao analisar a capacidade instalada acumulada da tecnologia solar entre 2021 e 2022, o Brasil subiu cinco posições no ranking mundial da fonte fotovoltaica no período, saindo da 13ª colocação em 2021 para a oitava em 2022. O ranking é liderado pela China (392 GW), seguida pelos Estados Unidos (111 GW), Japão (78,8 GW), Alemanha (66,5 GW) e Índia (62,8 GW).
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O objetivo é escoar boa parte da produção de energias renováveis no Nordeste para os mercados consumidores do Sul e Sudeste.
Durante o lançamento do Complexo Renovável Neoenergia, na cidade de Santa Luzia, nesta quarta-feira (22) no sertão da Paraíba, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a pasta vai ajudar viabilizar o maior programa de transmissão de energia no Nordeste. Em 2023, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê que o Brasil deve movimentar investimentos na ordem de R$ 50 bilhões em leilões de transmissão de energia elétrica.
O objetivo é escoar boa parte da produção de energias renováveis no Nordeste para os mercados consumidores do Sul e Sudeste. Hoje, o grande gargalo do setor é o segmento de transmissão. O primeiro certame está marado para junho.
Silveira lembrou que o Programa de Incentivo a Fontes Alternativas (Proinfa), lançado em 2002, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve o objetivo de aumentar a participação de fontes renováveis, como Pequenas Centrais Hidrelétricas, eólicas e térmicas a biomassa na produção de energia elétrica.
Agora, ele pretende desenvolver o setor de transmissão para enviar essa energia a outras partes do Brasil.
“O Proinfa foi o motor capaz de impulsionar o desenvolvimento do setor eólico (...). O sol e o vento serão os indutores do desenvolvimento econômico e social do Nordeste. Agora vamos realizar o maior programa de transmissão de energia no Nordeste, com investimentos de R$ 50 bilhões”.
O repórter viajou a convite da Neoenergia
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Lula se elegeu com o discurso de diminuição do consumo de combustíveis fósseis, mas não apresentou propostas, segundo o presidente da Aneel.
Paraíba – O presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, declarou ao Metrópoles que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não apresentou nenhum proposta para realizar a transição energética no país. O atual chefe do Executivo declarou durante a campanha eleitoral que a sua gestão iria reduzir o consumo de combustíveis fósseis e cumprir com a agenda ambiental.
“O tema transição energética é um tema muito transverso, é um tema que ele transcende o Ministério de Minas e Energia. Então, essa decisão tem que ser tomada, tem que ser uma política de governo associada, a Aneel tem algumas ações nesse sentido”, declarou o presidente da Aneel.
Durante a campanha eleitoral, o então candidato Lula defendeu a diminuição do consumo de combustíveis fósseis para adotar a transição energética como uma política de governo e contribuir para redução de emissões de gases de efeito estufa.
Entretanto, apesar de grandes promessas, o presidente da Aneel destacou que ainda aguarda uma política concreta por parte do governo federal. “Estamos aguardando as diretrizes do governo, nas suas altas partes”, destacou Feitosa ao Metrópoles.
O presidente da Aneel participa do lançamento do complexo de energia associada na Paraíba. O empreendimento da Neoenergia recebeu um financiamento de aproximadamente R$ 3,5 bilhões e ocupa os municípios de Santa Luzia, Areia de Baraúnas, São José de Sabugi e São Mamede.
Transição energética
Em coletiva de imprensa, o secretário de energia elétrica de Minas e Energia, Gentil Nogueira, declarou que há estudos para a transição energética no governo federal. Apesar disso, ainda não há nenhum projeto concreto ou apresentação de medidas.
“Algumas questões já estão sendo coordenadas [sobre transição energética], o ministro Alexandre Silveira teve reuniões com a Alemanha nas últimas semanas, nós temos uma pauta de conseguir o hidrogênio verde na transição energética, por exemplo”, afirmou Nogueira.
Além disso, o secretário destacou também a importância dos próximos leilões para a distribuição de energia oriundas do Nordeste e do Norte de Minas Gerais.
“Temos também questões já pautadas com relação aos leilões de transmissão que são importantes para o processo de transição energética. Esses leilões que serão realizados neste ano de 2023 e são fundamentais para o escoamento da energia eólica e solar do Nordeste, Norte, Norte de Minas, tudo isso já estão sendo discutido e são questões relevante”, disse o secretário de energia elétrica aos jornalistas durante o lançamento do complexo da Neoenergia.
Fonte e Imagem: Metrópoles.
Entre 2021 e 2022, o Brasil subiu cinco posições no ranking mundial, saindo da 13ª colocação em 2021 para a oitava em 2022, com 24 gigawatts de potência de energia solar.
O Brasil entrou, pela primeira vez, na lista dos dez países com maior potência instalada acumulada da fonte solar fotovoltaica. O país encerrou 2022 com 24 gigawatts (GW) de potência operacional solar. Com esse resultado, o País assumiu a oitava colocação no ranking internacional.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), os dados consideram a somatória das grandes usinas solares e de sistemas de geração própria solar de pequeno e médio portes, instalados em telhados e fachadas de edifícios, por exemplo, além de pequenos terrenos. O balanço leva em conta a potência total acumulada ao final de 2022.
De acordo com a Absolar, a oitava colocação do Brasil deve-se ao fato de que 10 GW de potência foram adicionados em 2022. No ano passado, o setor solar atraiu mais de R$ 45,7 bilhões de novos investimentos, um crescimento de 64% em relação aos investimentos realizado no setor em 2021.
Ao analisar a capacidade instalada acumulada da tecnologia solar entre 2021 e 2022, o Brasil subiu cinco posições no ranking mundial, saindo da 13ª colocação em 2021 para a oitava em 2022. O ranking é liderado pela China (392 GW), seguida pelos Estados Unidos (111 GW), Japão (78,8 GW), Alemanha (66,5 GW), Índia (62,8 GW), Austrália (26,7 GW), Itália (25 GW), Brasil (24 GW), Holanda (22,5 GW) e Coreia do Sul (20,9 GW).
A fonte solar passou a ser a segunda maior na matriz elétrica nacional em janeiro deste ano. Hoje soma 26 GW em operação no Brasil, responsáveis por mais de R$ 128,5 bilhões em investimentos e mais de 783,7 mil empregos acumulados desde 2012.
“Além de competitiva e acessível, a energia solar é rápida de instalar e ajuda a aliviar o bolso dos consumidores, reduzindo em até 90% seus gastos com energia elétrica”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk.
Fonte e Imagem: Estadão.
Novas modalidades de exportação de energia elétrica envolvendo renováveis estão em estudo, segundo o Secretário de Energia Elétrica do Mistério de Minas e Energia (MME), Gentil Nogueira. De acordo com dados preliminares da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o Brasil exportou cerca de 1.086 MW de energia elétrica para a Argentina e 353 MW médios para o Uruguai, em fevereiro deste ano, totalizando 1500 MW médios, o suficiente para fornecer energia por um ano e meio para todas as residências do estado de Tocantins.
“Novas modalidades estão em estudo, tendo em vista que temos uma das matrizes mais renováveis do mundo e, com as exportações, vamos conseguir ampliar a utilização da energia excedente no nosso país e aproveitar mais as infraestruturas existentes, reduzindo custos para o consumidor final”, disse Nogueira, em nota.
Em comunicado, o MME informou que os 353 MW exportados para o Uruguai responderam por cerca de 30% do consumo de energia elétrica do país. O volume representa um crescimento de 142% em relação a janeiro de 2023, com base em dados da CCEE.
A exportação comercial de energia elétrica pelo Brasil aos países vizinhos foi viabilizada pela primeira vez em janeiro de 2023, por meio da Portaria Normativa n°49, de 22 de setembro de 2022, que tem validade até 31 de dezembro de 2026.
O texto estabelece a exportação, sem devolução, das hidrelétricas despachadas centralizadamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), disponíveis para atendimento ao Sistema Interligado Nacional (SIN), e cuja geração seja transmissível e não alocável na carga do sistema.
Além da portaria nº 49/2022, vigoram as portarias nº 339/2018, que trata de importação comercial de energia elétrica pelo Brasil, e nº 418/2019, que fala sobre exportação comercial de energia elétrica a partir do Brasil, proveniente de usinas termelétricas.
Todas as portarias de exportação comercial de energia elétrica a partir do Brasil se dá a partir de excedentes energéticos que não seriam aproveitados pelo país e, portanto, não afeta a segurança energética brasileira.
De acordo com o MME, a tendência é que se amplie ainda mais essa integração entre os países. “Seguindo as diretrizes do presidente Lula, o MME vai trabalhar para aumentar essa integração energética entre os países, unindo forças no processo de transição energética, possibilitando investimentos, reduzindo custos e fortalecendo o setor elétrico, em benefício dos consumidores brasileiros e dos países vizinhos”, afirma o ministro de minas e energia, Alexandre Silveira.
Veja também:
- Engie é autorizada a exportar geração hidrelétrica excedente.
- MME autoriza duas comercializadoras brasileiras a importarem e exportarem energia elétrica interruptível para a Argentina e para o Uruguai.
- BTG Pactual entra para a lista de autorizados para importação e exportação de energia.
- Oito empresas são autorizadas a importarem e exportarem energia com a Argentina e o Uruguai.
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Entidades dão voto de confiança a novo número 2 do MME, apesar de vozes dissonantes no setor em decorrência de decisões polêmicas quando na Aneel.
Apesar das ressalvas do mercado e das críticas de bastidores à nomeação de Efrain Cruz para a Secretaria-Executiva do Ministério de Minas e Energia, as associações do setor elétrico adotaram oficialmente um postura pragmática, destacando o destravamento da agenda do MME. Oficializado no cargo nesta segunda-feira, 20 de março, o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica colecionou episódios polêmicos durante sua passagem pela autarquia, e mesmo com o conhecimento técnico adquirido no período de 2018 a 2022, é visto como uma indicação de perfil político.
Um desses episódios foi a decisão monocrática, depois rediscutida e mantida pelo colegiado da Aneel, que permitia transferir para a UTE Cuiabá as obrigações das quatro térmicas emergenciais da Âmbar Energia, do grupo J&F. Extra oficialmente, agentes do setor apontam supostas ligações do secretário com grupos econômicos, mas a avaliação é de que o mercado, apesar de ter reagido negativamente à nomeação, vive do relacionamento com o secretário-executivo do MME, e que é preciso manter o diálogo.
Posicionamento
A Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia Elétrica parabenizou o novo secretário e disse que está à disposição para contribuir tecnicamente com o avanço de uma agenda voltada ao consumidor de energia elétrica.
“A nomeação de Efrain dá seguimento à estrutura técnica que vem sendo montada pelo ministro Alexandre Silveira. Com ampla experiência no setor, o novo secretário-executivo vem somar com a equipe já nomeada e certamente irá liderar um trabalho de priorização da agenda necessária do setor elétrico, que demanda importantes reformas e modernização, amplamente conhecidas pelo novo secretário”, disse o presidente-executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira.
A formação completa da equipe do MME depois de um longo impasse em torno do nome que seria o braço direito do ministro é vista com otimismo pela Associação Brasileira de Energia Eólica. “Temos uma agenda relevante de país para tratar, sendo energias renováveis um dos principais fatores de retomada do crescimento econômico. Estamos ansiosos para apresentar esta agenda ao ministro e sua equipe”, disse a presidente executiva da Abeeólica, Élbia Gannoum.
O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, Paulo Pedrosa, também considera importante o MME ter todo o seu time definido. “O novo secretário tem um desafio extraordinário de apoiar o Ministro na modernização do setor elétrico e de gás natural, ao mesmo tempo em que posiciona o Brasil na liderança nas discussões sobre a transição energética. Ele e o Ministro vão contar com o apoio de todo o setor”, frisou Pedrosa.
Na avaliação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica a nomeação de Cruz é positiva, considerando a ampla experiência que ele tem no setor elétrico. A entidade destaca que o novo secretário deve levar para a pasta uma bagagem significativa do tempo em que foi diretor da agência reguladora, o que vai ser fundamental para dar continuidade ao desenvolvimento do setor elétrico, diante do atual cenário de transição.
Para o presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico e da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia, Mário Menel, os quatro anos de mandato na Aneel dão suporte para que o novo secretário-executivo coordene as ações do setor elétrico, movimentando uma agenda que tem ficado paralisada. Ele vai contar, para isso, com dois técnicos de alto nível que foram nomeados para o segundo escalão do MME: Thiago Barral, secretário de Planejamento e Transição Energética, e Gentil Nogueira Júnior, secretário de Energia Elétrica.
A escolha de alguém com conhecimento do setor elétrico é um fato positivo, na opinião do presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica, Alexei Vivan. Tem que se considerar, além disso, que a definição do nome que vai coordenador as demais secretarias, pode destravar uma agenda que não tem caminhado. “Já não era sem tempo a indicação”, disse Vivan, que não vê eventuais decisões polêmicas do ex-diretor da Aneel de forma negativa.
O executivo defende a retomada de temas importantes como o PL 414, que está na Câmara dos Deputados e deve ser reavaliado pelo governo. Ele acredita que Efrain Cruz tem habilidade política para conduzir essa pauta.
Com posições combativas e bastante críticas aos segmentos econômicos que tem procurado, via Congresso Nacional, estender benefícios que pesam cada vez mais na conta de luz, a Frente Nacional dos Consumidores de Energia Elétrica pretende cobrar do novo secretário um posicionamento favorável a quem paga por esses subsídios.
“Nós tivemos a oportunidade de conversar durante a fase de transição e percebemos um alinhamento muito grande do governo com os consumidores de energia elétrica. Nossa expectativa e que essa equipe siga o que foi definido e que cumpra tudo aquilo que foi discutido durante a fase de transição”, disse o presidente da frente, Luiz Eduardo Barata.
O grupo formado por entidades como Abrace, Anace, Instituto Clima e Sociedade, ClimaInfo, Instituto Pólis e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor tem entre as reivindicações o cancelamento da contratação obrigatória de térmicas prevista na Lei da Eletrobras. Outros pontos que devem sem levados a Efrain Cruz são a proposta de transferência dos subsídios da Conta de Desenvolvimento Energético para o Tesouro Nacional e a atuação do governo para impedir a aprovação no Senado das propostas que revogam resoluções da Aneel sobre transmissão e do projeto que prorrogam o prazo para acesso aos benefícios da micro e minigeração distribuída.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Durante a posse do novo diretor-geral da usina de Itaipu Binacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o não aproveitamento da água da hidrelétrica e reacendeu o debate sobre os desafios da geração hidrelétrica no Brasil.
Ao chegar de helicóptero em Foz do Iguaçu (PR), Lula observou as comportas da megausina abertas e comentou sobre o vertimento turbinável, uma forma técnica de dizer que a hidrelétrica está liberando água sem gerar energia. “Quando vejo Itaipu vertendo água fico imaginando quantos dólares estamos perdendo”, disse o petista.
O problema em Itaipu se reflete nas principais hidrelétricas do Brasil, que ano após ano têm aproveitado cada vez menos a água para geração de energia e parte significativa desse volume é jogado fora. As comportas da Hidrelétrica de Furnas foram abertas após 11 anos. As usinas de Jirau e Santo Antônio, do Rio Madeira, operam abaixo da capacidade e estão jogando água por conta de um incêndio no linhão que está limitando o escoamento da produção.
Da mesma forma, as usinas de Belo Monte, Tucuruí, São Simão, as das bacias do Rio São Francisco, entre outras, abriram as comportas sem gerar energia. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no primeiro bimestre, as hidrelétricas deixaram de gerar 17,9 milhões Megawatt-hora (MWh). Em equivalências energéticas, o montante é maior que o consumo médio de toda a região Sul ou Nordeste do país no mesmo período.
De fato, o regime hidrológico tem sido favorável neste período chuvoso, mas está dentro da média da última década. Além disso, o fraco crescimento da demanda associado à sobreoferta de energia causada pela entrada de usinas eólicas e solares, falta de reservatórios para armazenamento; e a restrição para exportação de energia excedente a países vizinhos são alguns dos fatores que ajudam a entender o cenário.
“Quem sabe, num futuro próximo, a gente estará produzindo hidrogênio verde dessa água de Itaipu e a gente estará ganhando dinheiro nas duas pontas. E vai ser melhor para o Paraguai, e muito melhor para o Brasil”, completou Lula.
Especialistas avaliam que o Brasil não sabe lidar nem com a escassez nem com a abundância de energia no sistema, já que em 2021, o país passou pela pior crise hídrica dos últimos 91 anos e dois anos depois está desejando a água escorrer pelo ralo. Ao passo que o Uruguai vive uma grande seca, o Brasil joga água fora, pois a interconexão de Garabi, na fronteira com a Argentina, consegue exportar apenas 2200 MW médios.
”O Brasil está percebendo as oportunidades da efetiva integração energética na América Latina. A regulação está cada vez mais flexível para exportar e importar. Os números mostram que os resultados ainda são tímidos, que precisamos acelerar os investimentos bilaterais nas interligações com linhas e conversoras”, diz o vice-presidente da Comissão de Integração Energética Regional (CIER), Celso Torino.
Há bastante tempo, o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana, vem chamando atenção sobre a sobreoferta de energia. Além dele, o CEO da Engie, Maurício Bähr, alertou que o país precisa encontrar alternativas para uso racional de energia de hidrelétricas.
Em entrevista exclusiva ao Valor, o diretor-geral de Itaipu, Enio Verri, lembrou que não há demanda suficiente no Brasil por conta do fraco crescimento da economia, que ainda persiste no país. Ele concorda que há uma precariedade na integração energética no cone Sul, que limita a exportação do excedente a outros países.
“Se a usina tem capacidade de produzir, mas está vertendo é porque não estou sendo demandada (...). O presidente Lula insistiu muito na integração e a integração energética está dentro desta política maior de integração. Conversei com o Felix Sosa, da Ande [estatal paraguaia que controla Itaipu] e ele colocou o desafio de conversarmos mais sobre essa integração energética”, diz Verri.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Embora milhares de empregos estejam sendo criados, é preciso garantir que existam pessoas preparadas para assumir essas posições.
Um relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), produzido em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), classificou o Brasil como o quinto país que mais gera empregos em energia renovável. Segundo o levantamento, foram cerca de 115 mil posições abertas entre 2020 e 2021.
Uma das empresas responsáveis por disponibilizar vagas na área é a dinamarquesa Vestas, que tem escritórios em 88 países e produz turbinas de energia eólica. Kerstin Knapp, vice-presidente executiva de pessoas e cultura da companhia, conta que a organização lançou recentemente o seu primeiro programa de estágio na América Latina, no qual os participantes passam por um rodízio em diferentes áreas. “No Brasil, estamos trazendo pessoas diretamente da universidade para que elas possam ter sua primeira experiência profissional e testar para onde querem ir”, explica.
Ela acredita que treinar os profissionais para que eles possam trabalhar com transição energética é responsabilidade das empresas do setor, mas considera essa apenas uma parte da equação. “Se observarmos tudo o que está acontecendo na indústria de energias renováveis, veremos que precisamos de muita força de trabalho. Mas também necessitamos da ajuda do setor público para preparar pessoas”, afirma.
Knapp lembra que, embora milhares de empregos estejam sendo criados, também é preciso garantir que existam pessoas querendo assumir essas posições, e que elas estejam prontas para isso. “Há uma enorme necessidade de educação em todos os níveis”, enfatiza.
“Para atendermos ao Acordo de Paris até 2030, precisaremos de 10 milhões de empregos adicionais. Mas a pergunta é: 'de onde podemos tirar essas pessoas?'. Hoje, sabemos que não temos mão de obra suficiente”, alerta.
Uma das alternativas apontadas pela executiva é a requalificação de pessoas que trabalham com óleo e gás. “A indústria de petróleo é madura e investiu muito nas pessoas, então conseguimos ótimos talentos lá. E muitos deles querem fazer algo de bom agora”, revela.
Mas, quais seriam as habilidades essenciais para quem gostaria de iniciar uma carreira na área de energias renováveis? “É preciso ter competências técnicas, é claro, mas, antes de tudo, entender o impacto que esse setor tem na economia, ser realmente apaixonado pelo que faz e ter vontade de aprender”, destaca Knapp. Apesar disso, ela diz que o interesse pelo meio ambiente não é algo que realmente precise buscar ao recrutar talentos. “As novas gerações querem trabalhar em empresas com propósito, de qualquer forma.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A Terra bate recordes de temperatura, mas as ondas de calor, as tempestades e as terríveis inundações agravadas pela mudança climática podem ser apenas um preâmbulo do futuro que os combustíveis fósseis preparam para o mundo.
Esse é o resultado, à primeira vista, da leitura das 10.000 páginas de relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC, na sigla em inglês).
O IPCC, do qual fazem parte centenas de cientistas do mundo inteiro, debate esta semana que síntese deve entregar aos líderes políticos de quase 200 países presentes em sua reunião em Interlaken, na Suíça.
Trata-se do resumo de seu sexto ciclo de avaliações científicas, que se estendeu por nove anos.
Confira abaixo as principais conclusões dos relatórios publicados pelo IPCC desde 2018.
Energias fósseis
Qualquer solução passa por "reduções rápidas, profundas e, na maioria dos casos, imediatas dos gases de efeito estufa em todos os setores", incluindo a indústria, a agricultura, a energia e as cidades, adverte o IPCC.
As centrais térmicas que não estão equipadas com uma tecnologia capaz de capturar CO2 devem reduzir suas emissões entre 70% e 90% nos próximos oito anos.
Até 2050, o mundo deve ser neutro em carbono, o que significa absorver as emissões residuais na atmosfera.
A boa notícia é que as alternativas aos hidrocarbonetos caíram de preço. Entre 2010 e 2019, o custo unitário da energia solar caiu 85%, e o da energia eólica, 55%.
Limite de 1,5°C, ou de 2°C?
O Acordo de Paris de 2015 estabeleceu como objetivo limitar o aumento da temperatura média do planeta a menos de 2°C, idealmente 1,5°C, em relação a meados do século XIX.
Desde 2018, o IPCC insiste em que apenas a meta mais ambiciosa de 1,5°C pode salvar o mundo de uma grave crise climática. Isso implica adotar "mudanças sem precedentes e em todos os aspectos da sociedade".
De agora até 2030, as emissões de gases de efeito de estufa deverão diminuir 43% em comparação aos níveis de 2019. E até 84% até 2050. Elas continuam, no entanto, subindo, e esse 1,5°C será inevitavelmente ultrapassado.
Cada décimo de grau conta.
Com +1,5°C, 14% das espécies terrestres estarão ameaçadas de extinção.
Com +2°C, 99% dos recifes de coral em águas temperadas — que abrigam cerca de 25% da vida marinha - morrerão sufocados, e os aquicultivos, como moluscos e piscicultura, também sofrerão as consequências.
Os relatórios do IPCC destacam o perigo dos "pontos críticos", ou seja, os limites de temperatura dos quais não há retorno e que provocam mudanças irreversíveis.
É o caso, por exemplo, das margens da Amazônia, onde a floresta tropical já foi transformada em savana. Nas regiões nórdicas, na Groenlândia e na parte oeste da Antártica, um aquecimento entre 1,5°C e 2°C pode provocar o derretimento do permafrost, a camada congelada que cobre milhões de km2 de terra que retém CO2 e metano.
E o derretimento das calotas polares de água doce pode causar um aumento do nível dos oceanos em até uma dezena de metros, ao longo dos séculos, também de forma irreversível.
"Atlas do sofrimento"
O relatório do IPCC 2022 sobre o impacto do aquecimento foi descrito pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, como um "atlas do sofrimento humano". Entre 3,3-3,6 bilhões de pessoas são "muito vulneráveis" a esses efeitos, em particular diante das ondas de calor, das secas, assim como dos mosquitos, vetores de transmissão de doenças.
Até 2050, muitas megacidades costeiras e pequenos Estados insulares sofrerão, a cada ano, catástrofes climáticas até então excepcionais.
Ecossistemas em perigo
Por enquanto, são as florestas, as plantas e o solo que contribuem para aliviar a conta do clima. Essas regiões florestais ao redor do mundo, e particularmente a Amazônia, contribuem para absorver cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa causadas pela atividade humana.
A exploração excessiva desses recursos madeireiros envia CO2, metano (CH4) e óxido de nitrogênio para a atmosfera. E a agricultura consome 70% das reservas de água doce disponíveis.
Os oceanos também contribuem para o alívio, com a absorção de 25% do CO2 produzido pelo homem, e mais de 90% do excesso de calor provocado pelos gases de efeito estufa.
Isso tem um custo, porém: os mares se acidificaram, e o aquecimento da água na superfície aumentou a força e o alcance das tempestades tropicais.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
A razão da queda está ligado à baixa nos preços da energia de curto prazo, aumento nas taxas de juros e elevação do custo de investimentos de implantação de projetos nos empreendimentos de geração de grande porte com as fontes renováveis.
Um estudo feito pela consultoria Clean Energy Latin America (Cela) mostrou que o volume de energia contratada no mercado livre de energia no Brasil em 2022 caiu 30% na comparação com o montante negociado no ano anterior.
A razão da queda nos contratos firmados está ligado à queda nos preços da energia de curto prazo (preço de liquidação das diferenças, no jargão do setor), aumento nas taxas de juros e elevação do custo de investimentos de implantação de projetos nos empreendimentos de geração de grande porte (centralizada) com as fontes renováveis, o que retraiu a contratação de energia no longo prazo.
Ao Valor, a CEO da Cela, Camila Ramos, explica que o salto de 15 PPAs (“Power Purchase Agreement”, na tradução para o inglês) assinados em 2021 para 22 PPAs em 2022 equivalem a 516 megawatts médios (MWmédios) contratados, enquanto que em 2021 foram 723 MWmédios.
Segundo a executiva, nota-se que no último ano, houve uma maior aposta no mercado livre de projetos de autoprodução de energia (modalidade em que os consumidores passam a deter uma participação acionária nos empreendimentos), que viabilizou os PPAs ao longo de 2022.
“Percebemos, no último ano, uma maior aposta no mercado livre de projetos de autoprodução de energia, modalidade que viabilizou os PPAs ao longo de 2022, inclusive em nova modalidade de autoprodução com arrendamento de usinas pela primeira vez”, afirma Ramos.
Por outro lado, o número de contratos entre consumidores e geradores de energia renovável que comercializam no mercado livre subiu de 15 PPAs assinados em 2021 para 22 celebrados em 2022.
“Um ponto interessante que o estudo observou foi o perfil destes PPAs é que, além de a maioria serem puxados por autoprodução, o tamanho médio dos contratos diminuiu. Foram mais PPAs em 2022, porém menos energia. Ou seja, estes contratos estão capturando clientes com um perfil de consumo diferente do que nos PPAs anteriores”, analisa.
A proposta do estudo, que ouviu entre janeiro e março de 2023 as principais empresas geradoras de renováveis com informações de contratos de longo prazo, é trazer um panorama do segmento de PPAs de solar e eólica no Ambiente de Contratação Livre (ACL).
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
GT ficará sob o guarda-chuva da secretaria de planejamento e transição energética do Ministério de Minas e Energia.
Governo pode criar grupo de trabalho interministerial (GT) para desenvolver mercado de hidrogênio verde. A criação contou com o apoio do vice-presidente da República e ministro do desenvolvimento, indústria, comércio e serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o secretário de hidrogênio verde, Frederico Freitas e o presidente do Instituto Nacional de Energia Limpa (INEL), Heber Galarce que se reuniram para debater uma agenda para o setor.
O GT ficará sob o guarda-chuva da secretaria de planejamento e transição energética do Ministério de Minas e Energia, coordenada pelo secretário Thiago Barral. Participaram também das agendas, o presidente da Frente Parlamentar de Energia Limpa e Sustentável, deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), o deputado Rubens Otoni (PT-GO) e o deputado estadual de Minas Gerais, Gil Pereira, além de representantes de empresas do setor privado que farão parte do GT e que compõem a Secretaria de Hidrogênio Verde do INEL (SHV).
O objetivo do colegiado criado é ampliar o debate, ajudar o governo com subsídios para a tomada de decisões sobre as melhores estratégias para desenvolver o mercado de hidrogênio verde no Brasil. O Secretário de Hidrogênio Verde do INEL, Frederico Freitas disse que os encontros com líderes do Governo Federal ligados ao setor de energia serviram também para elencar pontos de atenção e potenciais aceleradores de investimentos no Brasil voltados para desenvolvimento do hidrogênio verde e construir uma agenda positiva e ativa, com a participação do setor de energia limpa, em prol deste novo mercado, em franca ascensão no mundo.
Nas reuniões com os ministros, Freitas apresentou os trabalhos da secretaria de hidrogênio verde, com ações que buscam a convergência setorial e hoje contam com participação de empresas nacionais e internacionais de grande porte. Somente os projetos das empresas que integram o grupo de trabalho do INEL para hidrogênio verde demandarão números expressivos, como mais de 15 GW de novas usinas de energias renováveis; mais de 8 milhões de módulos fotovoltaicos instalados; mais de 1.500 aerogeradores eólicos; mais de 60 TWh por ano de produção de energia elétrica; e mais de 1.200 Km de novas linhas de transmissão.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que vê com bons olhos a criação do GT com participação do INEL e principais players do setor e que o trabalho conjunto poderá dar rápidas respostas sobre desenvolvimento do H2V no Brasil. Já o vice-presidente da República e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin destacou o potencial do Brasil para esse mercado e ressaltou que é uma agenda prioritária do Governo. Alckmin lembrou que o MDIC criou uma secretaria específica para descarbonização e bioeconomia. Para ele, o trabalho do GT, com as duas pastas e a aliança com setor privado, por meio do INEL, será importante para aproveitamento do potencial brasileiro em hidrogênio verde.
Segundo o presidente do INEL, Heber Galarce, a atuação do instituto junto ao novo Governo visa fomentar uma construção conjunta de incentivos com os ministérios para a viabilização do mercado de hidrogênio. Galarce lembra que a análise da SHV aponta que, para alcançar esse objetivo, é preciso uma infraestrutura elétrica robusta, resiliente e com custos competitivos, capaz de prover altíssimas capacidades energéticas para produção de hidrogênio verde. É necessário infraestrutura para o escoamento da produção, como Redes de Gasodutos, domínio tecnológico para a produção nacional de equipamentos e uma política industrial que impulsione a produção de equipamentos no Brasil, além de investir na indústria da sustentabilidade brasileira.
Para ele, é fundamental o desenvolvimento do hidrogênio sustentável no país. Isso depende de medidas estruturantes entre as quais a elaboração de uma política industrial que impulsione a produção de equipamentos e a prestação de serviços com incentivos ao financiamento para descarbonizar setores e segmentos potencialmente competitivos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Certame é maior desse segmento já realizado pela agência reguladora.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estima que o segundo leilão de transmissão deste ano, previsto para 31 de outubro, deve envolver R$ 19,7 bilhões em investimentos. O certame é o maior desse segmento já realizado pela agência reguladora.
A proposta de minuta do edital foi apresentada nesta terça (14) e passará agora por consulta pública nesta sexta-feira e em 2 de maio. Após essa fase, o documento deve ser submetido a análise do Tribunal de Contas da União (TCU).
No total, devem ser construídos 4.471 quilômetros de linhas de transmissão (além de uma nova subestação), que passarão pelos estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins. Pelas regras do leilão, as concessões foram divididas em três lotes.
O grande destaque da rodada deverá ser o lote 1, que trata de um bipolo em corrente contínua de 800 kV para aumentar a interligação entre Nordeste e Centro-Oeste e o escoamento de excedentes de energia do Nordeste, sobretudo eólica e solar.
O empreendimento envolve R$ 15,8 bilhões em investimentos, o equivalente a 81% do montante total previsto para o leilão.
Entre as novidades previstas na minuta do edital, está a introdução de prazo máximo de 72 meses para entrega das obras do lote 1.
Segundo a Aneel, a novidade considera o porte da obra, a capacidade de mercado de fabricantes para os equipamentos necessários e a extensão da linha de transmissão.
O edital prevê ainda que, caso o lote 1 não tenha interessados, o lote 2 não poderá ser ofertado. Contudo, não há impeditivos para a oferta do lote 3, por reforçar a transmissão no interior de São Paulo.
Pelo cronograma da Aneel, o edital deve ser publicado até 27 de setembro, com a realização do leilão em outubro.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu nesta terça-feira, 14 de março, a liberação de subsídios governamentais para incentivar novas fontes, que ainda não possuem viabilidade econômica e para transição energética. O discurso ocorreu após a votação dos novos diretores da Frente Parlamentar de Recurso Naturais e Energia (FPRNE), que antes era presidida por Prates.
“A integração energética e principalmente a transição energética tem um tempo. Cada segmento tem um tempo, mas todos querem existir daqui a trinta anos. Todos: até os de carvão, petróleo e gás, que seriam a era a superar. Esses setores também têm os seus espaços e têm feito esforços para se descarbonizar ao máximo possível. E os setores novos, por muitas vezes, precisaram e continuarão precisando de políticas públicas, de leis fortes, de ajudas governamentais e, porque não dizer, de subvenções e subsídios", afirmou Prates.
O ex-senador afirmou que vai consolidar uma “nova Petrobras” voltada para a transição energética. Entretanto, salientou que o foco principal da estatal segue sendo a exploração do pré-sal e a descarbonização gradual da operação.
“Cada [empresa] vai fazer uma transição diferente, mas todos querem existir daqui a trinta anos. Até os [setores de] carvão, petróleo e gás, que dizem que seria uma era a superar, também têm seu espaço e têm feito seus esforços”, afirmou.
Eleição FPRNE
A bancada será comandada pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e na vice-presidência, o deputado Zé Vitor (PL-MG) e o senador Fernando Dueire (MDB-PE). No evento, Rêgo afirmou que a meta da Frente Parlamentar será buscar soluções conjuntas para destravar o setor, acelerar o desenvolvimento nacional, reduzir os custos ao consumidor, além de aperfeiçoar o arcabouço legal para ajudar na expansão das fontes renováveis.
Ainda compõem como vice-presidência de bancadas temáticas: deputado Luiz Fernando Faria (PSD-MG), combustíveis e biocombustíveis; deputado Washington Quaquá (PT-RJ), fontes fósseis; senador Esperidião Amim (PP-SC), minerais energéticos; deputado Carlos Zarattini (PT-SP), infraestrutura energética; deputado Bohn Gass (PT-RS), fontes renováveis; senador Carlos Portinho (PL-RJ), transição energética; deputado Carlos Veras (PT-PE), desenvolvimento social; senador Fabiano Contarato (PT-ES), meio ambiente e sustentabilidade; deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), assuntos tributários.
A Frente Parlamentar de Recursos Naturais e Energia foi criada em 2021 pelo ex-senador Jean Paul Prates (PT-RN), que renunciou ao mandato para assumir a presidência da Petrobras. Atualmente, a FPRNE é composta de 21 senadores e 38 deputados.
“Essa frente nasceu de dissidências – em um momento especificamente agudo, que foi a MP da Eletrobras –, em que houve uma diáspora de interesses, com segmentos em disputa, cada um puxando para um lado, inclusive várias frentes se sobrepondo. E a gente disse: vamos fazer, então, a frente das frentes onde todos se encontram para brigar, mas brigar dentro do ambiente protegido”, disse Prates.
Prioridades
Entre as propostas prioritárias para este ano está o Projeto de Lei 11.247/18, que autoriza a implantação de parque eólicos, de até 5 MW, e solares, de até 1 MW, no mar. As plataformas poderão ser instaladas no mar territorial (até 22 quilômetros da costa) e na zona econômica exclusiva (até 370 quilômetros) sob domínio da União.
O texto já foi aprovado no Senado e está em análise na Comissão de Meio Ambiente da Câmara, juntamente com outros 164 projetos de lei. A relatoria deve ficar com o deputado Zé Vitor (PL-MG), eleito vice-presidente da FPRNE.
Outros dois temas que devem ser alvo de debate entre os parlamentares é a Medida Provisória que retomou de forma parcial a cobrança de impostos federais sobre a gasolina e o etanol e o imposto sobre exportação de petróleo cru, com alíquota de 9,2%.
Fonte e Imagem: MegaWhat
O Brasil e a Alemanha firmaram um documento que reafirma parcerias estratégicas entre os dois países. Os ministros de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, e da Economia e Ação Climática da Alemanha, Robert Habeck, destacaram que a iniciativa fortalecerá a transição energética, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.
Silveira sugeriu ao colega alemão a contratação de hidrogênio de baixo carbono produzido no Brasil, de forma a colaborar para a instalação de plantas industriais no país, o que ajudaria no fortalecimento do Programa Nacional do Hidrogênio que, segundo ele, é uma prioridade do governo brasileiro.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia informa que a ideia “é fazer um leilão no Brasil, com garantia de contratação pelo governo alemão, para o desenvolvimento do programa de hidrogênio de baixo carbono tanto para o governo brasileiro, quanto para o alemão”.
Silveira explica que a parceria “vai ajudar a avançar a ainda mais a matriz energética limpa do Brasil”, e que o desafio da pasta será o de “conciliar esta política de governo com o desenvolvimento econômico para geração de oportunidades para o povo brasileiro de forma a combater as desigualdades, ainda muito latentes na nossa sociedade”.
O ministro brasileiro acrescentou que o país tem “potencial para ser protagonista nessa pauta”, uma vez que tem escala de mercado, recursos energéticos diversificados e abundantes, “além de um setor energético com elevada matriz de fontes renováveis”.
“Nossas energias limpas - solar, eólica e hidráulica – vêm se desenvolvendo de forma exponencial. Há uma tendência de termos um grande superavit de energia no Brasil, que pode ser conciliado com os interesses da Alemanha em relação ao hidrogênio verde”, disse Silveira, na nota.
O ministro da Alemanha elogiou o potencial brasileiro para a produção de energias renováveis e disse que já há, em seu país, “setores interessados em investir na produção de hidrogênio de baixo carbono”.
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
Texto instituiu de forma permanente o Protocolo de Gerenciamento de Crise e o Comitê de Gerenciamento de Crise, por meio de portaria no Diário Oficial da União.
O Ministério de Minas e Energia publicou na edição do Diário Oficial da União desta terça-feira, 14 de março, a criação de duas novas figuras que se referem à segurança do setor energético no país. Por meio da Portaria Normativa no. 61, instituiu o Protocolo Geral de Segurança e de Gerenciamento de situações Crises de Ativos de Infraestrutura de Energia Elétrica, Mineração, Petróleo e seus derivados, Gás Natural e Biocombustíveis (PGC), para o gerenciamento de crises decorrentes de incidentes que comprometam a integridade ou disponibilidade dos serviços.
E ainda, o Comitê de Gerenciamento de Crise (CGC) que terá por função acompanhar e propor ações estratégicas de execução dos planos de resposta a emergências e planos de gerenciamento de riscos pelas vinculadas e suas reguladas, em infraestrutura de energia elétrica, mineração, petróleo e seus derivados, gás natural e biocombustíveis, recomendar ações estratégicas adicionais para a atividade de cada um dos órgãos e entidades envolvidos, entre outras.
De acordo com o texto publicado, o PGC define as ações preventivas e responsivas a serem adotadas quando se constatar iminência ou efetiva incidência de situações que prejudiquem a integridade ou disponibilidade desses ativos de infraestrutura. Esse protocolo será utilizado pelos órgãos e empresas vinculados ao MME. Apesar dessa nova figura, o protocolo tem caráter subsidiário e isso não afasta processos de tratamento a incidentes e respostas de segurança adotados pelos responsáveis dos ativos de infraestrutura e procedimentos ou atos normativos vigentes nas entidades vinculadas ao MME.
A Portaria estabelece que em até noventa dias, o CGC deverá elaborar protocolo específico, contendo detalhamento aos processos previstos no PGC. O Comitê é formado por 10 membros, sendo eles o secretário executivo do MME (que será o presidente do grupo, quando foi escolhido no atual governo), secretários do MME e diretores gerais das agências de regulação relacionadas aos setores de atuação.
A depender da gravidade do evento, aponta a portaria, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República poderá ser convidado para acompanhamento ou dispor de orientações gerais quanto às políticas nacionais vigentes sobre o assunto e ações externas à governança institucional do Ministério de Minas e Energia.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Empreendedores que pretendem investir na construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) – de 1 a 30 MW/H – no Estado do Paraná não dependerão mais da aprovação da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) para emissão de licença ambiental para construção destes projetos.
O Supremo Tribunal Federal, por unanimidade de votos, desproveu os embargos de declaração opostos pela ALEP contra acórdão que julgou procedente os pedidos formulados na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) referentes ao art. 209 da Constituição do Estado do Paraná. Apesar do julgamento ter sido concluído no dia 17 de fevereiro de 2023, a certificação do trânsito em julgado ocorreu apenas no último dia 10 de março. A medida retira a inconstitucional exigência de que, para emissão de licença ambiental para a construção de centrais hidrelétricas, dependeria da aprovação da Assembleia Legislativa estadual.
O Voto do Ministro relator, Luís Roberto Barroso, informa que “Não há erro, obscuridade, contradição ou omissão no acórdão questionado, o que afasta a presença dos pressupostos de embargabilidade.”, diz trecho do documento.
INICIATIVA
A iniciativa partiu das Associações representativas do setor das PCHs e CGHs : e Associação Brasileira de PCHs e CGHs – (ABRAPCH) e Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa – (ABRAGEL), tendo como objetivo pôr fim à inconstitucionalidade e retirar burocracias desnecessárias e alheias ao processo para construção de pequenas usinas no país – que pode levar entre 10 e 15 anos em muitos estados.
O presidente da ABRAGEL, Charles Lenzi, explica que condicionar licença ambiental para a construção de centrais hidrelétricas à autorização da ALEP – ou seja, ao Legislativo Estadual – implica em clara violação ao princípio da separação de poderes, dado que compete ao Poder Executivo a emissão de licenças ambientais, bem como há evidente usurpação de competência do Estado para legislar sobre matéria relativa a energia elétrica – cuja competência é privativa da União.
“O resultado desta ADI proporcionará maior eficiência ao processo de licenciamento ambiental, evitando a interferência inconstitucional e indevida do poder Legislativo sobre licenças ambientais, cuja competência é do Poder Executivo. Além disso, reforça-se o comando constitucional de que somente a União pode legislar sobre energia elétrica ”, garantiu Lenzi.
A ação foi movida pela ABRAGEL, tendo como autores os advogados Lucas Schwinden Dallamico e Gabriela dos Anjos Ferraz.
De acordo com a presidente da ABRAPCH, Alessandra Torres de Carvalho, há 33 anos havia a obrigatoriedade de, após a obtenção da licença ambiental, os projetos para construção de PCHs e CGHs passarem pela aprovação da Assembleia Legislativa.
“O Paraná, apesar de ser um estado exemplo no que se refere ao licenciamento ambiental de PCHs e CGHs, ainda era o único do país em que a legislação exigia a aprovação dos deputados, contrariando a prerrogativa de que é atribuição da União legislar sobre o setor de geração de energia”, explica a presidente da ABRAPCH, Alessandra Torres de Carvalho.
Já a Diretora de Assuntos Ambientais da ABRAPCH, Gleyse Gulin, destacou a importância da decisão para a viabilização das PCHs e CGHs no Estado.
“O Paraná possui um dos mais ricos potenciais hídricos do país. As PCHs e CGHs são empreendimentos de pequeno e médio porte, em sua grande maioria de baixo impacto ambiental, fundamentais para a transição energética e descarbonização do Estado. Esta medida contribuirá para viabilizar empreendimentos já cadastrados na Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e que aguardam licenciamento”, finalizou Gleyse.
Fonte e Imagem: ABRAPCH.
Para as hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste a previsão é de um volume de 84,5% ao fim do mês, maior volume desde 2007.
Os reservatórios das usinas hidrelétricas da região Norte podem chegar ao fim de março com 100% de volume de água, o mais alto para esse mês desde o início da série histórica. A estimativa consta na atualização semanal do boletim mensal de operação do Operado Nacional do Sistema Elétrico (ONS), divulgada hoje.
Para as hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste a previsão é de um volume de 84,5% ao fim do mês. Caso se confirme, esse será o maior volume na região no mês de março desde 2007. Para as hidrelétricas do Nordeste, a estimativa é chegar ao dia 31 de março com 88,6% de capacidade, enquanto o percentual previsto para as usinas do Sul para a mesma data é de 85,5%.
Já do lado do consumo de energia, o ONS prevê queda no mês. A estimativa é que a demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN) fique em 74.673 megawatts médios (MWm) em março, redução de 0,5% em relação a igual mês no ano passado.
No Sudeste/Centro-Oeste, a estimativa é de um consumo de 43.258 MWm no mês, retração de 3,2% na comparação anual, enquanto para o Sul a projeção é de 13.018 MWm, queda de 0,6%.
Entretanto, as demais regiões devem ter aumento de carga. Para o Nordeste, a carga prevista é de 11.790 MWm, aumento de 1,9%. No Norte, o consumo de energia em março deve ficar em 6.607 MWm, alta de 15,5%.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Cifras fazem parte do plano do Ministério de Minas e Energia (MME) para a infraestrutura.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta sexta-feira que o governo federal vai contratar, até o final do ano, R$ 9 bilhões em linhas de transmissão. Segundo ele, as cifras fazem parte do plano do Ministério de Minas e Energia (MME) para a infraestrutura.
“Hoje, o ministro de Minas e Energia falou aqui da assinatura de contrato com novas linhas de transmissão na ordem de R$ 3 bilhões prontos para assinar. Até o mês de julho, ele cita algo em torno de mais R$ 9 bi em novas linhas de transmissão no país. Isso se faz absolutamente necessário porque o Brasil hoje virou referência internacional em energia renovável”, disse. “Um leilão será publicado para que, até o fim do ano, a gente contrate mais R$ 9 bi em linhas de transmissão”, complementou.
O assunto foi discutido durante reunião ministerial entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a equipe econômica e ministros da área de infraestrutura, realizada hoje no Palácio do Planalto. Isso porque o governo dividiu os ministérios em três grupos. Os outros dois grupos — área social e produtiva — serão ouvidos pela cúpula do Palácio do Planalto nos próximos dias.
Recentemente, a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou edital de contratação de novas linhas de transmissão e aumento da capacidade de sub-estações de energia com previsão de investimento de R$ 15,8 bilhões. A sessão pública do leilão está marcada para 30 de junho deste ano. O edital deve ser publicado no dia 31 de maio, após liberação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Ao todo, o certame reúne nove lotes com obras e instalação de novos equipamentos em sete Estados (BA, ES, MG, PE, RJ, SE e SP). Se confirmada a contratação, a rede básica de transmissão do país contará com mais 6.184 quilômetros e 400 megavolt-amperes (MVA) em capacidade de transformação em sub-estação de energia.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Secretaria de Planejamento e Transição Energética, aprovou incentivos fiscais para projetos geração e de reforços e melhorias de transmissão de energia elétrica, enquadrando-os no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi).
A adesão ao regime suspende as contribuições de PIS/Pasep e Cofins vinculadas ao projeto por um período de cinco anos. Já a aprovação como prioritário concede isenção de imposto de renda nas debêntures emitidas no âmbito do projeto.
O enquadramento foi concedido para as UFVs Lins 05 a Lins 08, somando 400 MW de capacidade instalada, que tiveram a sua energia comercializada pela Panorama Geração de Energia no leilão de energia nova A-5, de setembro de 2021.
Os projetos tiveram alteradas as características técnicas e de cronograma de obras, com previsão de operação comercial em 2026. Inicialmente, as usinas estavam previstas com uma capacidade de 5 MW cada, e para serem instaladas nos estado no Rio Grande do Norte, mas a localização foi alterada para São Paulo e depois para o município de Cristino Castro, no estado do Piauí.
Nesta semana, a pasta já havia autorizado o regime de incentivos para as UFVs Lins 1 a Lins 4, num total de 305 MW.
Da mesma empresa, foram enquadradas no regime as UFVs Panorama 1 a Panorama 3, somando 300 MW, no município de Ribeiro Gonçalves, no estado do Piauí. As usinas também passaram por processo de alteração de características técnicas e localização, e tiveram sua energia comercializada no A-5 de 2021.
Ainda foi enquadrada no Reidi a UFV Cumaru Solar 02, da Enel Green Power, com 43 MW, na cidade de Pedra Grande, estado do Rio Grande do Norte.
Transmissão
Para a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), a pasta considerou como prioritários investimentos em reforços de transmissão envolvendo 12 projetos nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará e Pernambuco.
As portarias foram publicadas na edição desta sexta-feira, 10 de março, do Diário Oficial da União.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Tarifa residencial teve redução média de 20%.
A redução de impostos e o maior volume de chuvas, fatores que impactam diretamente na produção de energia mais barata no país, levaram a um alívio no bolso dos consumidores de energia em 2022.
Dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) apontam que a tarifa residencial teve uma redução média de 20%, considerando preços até outubro ante uma variação do IPCA (inflação) de 4,7% no mesmo período.
Após os brasileiros amargarem os impactos da grave crise hídrica nas contas de luz em 2021, uma série de fatores contribuiu para atenuar as tarifas no ano passado, entre os quais a Abraceel destaca a redução da carga tributária e a melhora no cenário hidrológico.
Com os reservatórios cheios, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mantém a bandeira verde, ou seja, sem cobrança adicional nas contas, desde abril do ano passado.
Antes, por causa da dificuldade para gerar energia, estava vigente a chamada bandeira escassez hídrica, que representava custo de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh).
Tributação
Medidas discutidas no Congresso também trouxeram alívio. A pressão dos parlamentares para conter os altos reajustes das tarifas em ano eleitoral resultou na aprovação de uma lei que previa a devolução integral dos créditos de PIS/Cofins aos consumidores, o que já vinha sendo feito pela agência reguladora.
Também foi aprovada pelo Congresso uma lei que reduz a alíquota de ICMS, imposto estadual, aplicado sobre o serviço de energia.
No entanto, de acordo com o estudo, sem a desoneração tributária e a manutenção da bandeira verde, a tarifa residencial teria não uma redução, mas uma elevação de 9% em 2022 e aumento de 131% entre 2015 e 2022, mais que o dobro da inflação do período, de 58%.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Valores foram revelados no Caderno do PDE 2032 que trata desse assunto, e não considera ainda os quase R$ 40 bi em potencial investimento pelo final da vida útil regulatória de equipamentos em operação.
Os investimentos em transmissão de energia no PDE 2032 poderão variar entre R$ 64,7 bilhões a até R$ 185,9 bilhões, considerando os três cenários analisados no estudo. O volume intermediário, nomeado de Referência, somaria R$ 158,3 bilhões. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, que publicou o caderno de transmissão do PDE 2032, a diferença entre os cenários consiste nas instalações ainda sem outorga que somam valores de aportes de R$ 121,9 bilhões. E ainda, esse montante não contempla os investimentos potenciais associados aos ativos em final de vida útil.
“O cenário de referência considera cerca de 77% das obras sem outorga representadas no cenário otimista. Cabe destacar que esse cenário foi estabelecido a partir de análises elétricas que poderão ser atualizadas durante o ano de 2023”, aponta a EPE.
A EPE lembra que o conjunto de obras recomendadas pelos estudos já publicados somam aproximadamente R$ 50 bilhões de investimentos necessários, envolvendo cerca de 15 mil km de novas linhas de transmissão (expansão de aproximadamente 8% da extensão total de linhas de transmissão previstas para dez/2022) e 16 novas subestações. Essas obras deverão entrar em operação no período 2028 e 2029, a depender da programação de leilões de transmissão para os próximos anos.
Esses ativos planejados estão em linha com a estimativa apontada pela EPE de que haja uma expansão de 34 GW com pareceres de acesso até 2025 entre as fontes eólica e solar. Esse volume é representado por 19 GW em operação, 6 GW contratados em leilões e há mais 9 GW com parecer de acesso e CUST assinado no mercado livre. E para o pós 2025 estão os maiores montantes de expansão das fontes de geração que devem liderar a geração na década. Os números são de até 38 GW em nova capacidade em 2033 que alcançam 72 GW em capacidade instalada no Cenário Superior. No Cenário de Referência os volumes são menores, estão em 23 GW de expansão somando mais 57 GW em potência instalada ao final do horizonte do estudo.
A EPE indica no caderno que o LCOE médio (taxa de desconto de 8%) de usinas eólicas ou solares, mais presentes no Norte/Nordeste, acrescidos dos custos nivelados da expansão da transmissão (de cerca de R$ 15/MWh) ainda se apresentam competitivos quando comparados com os LCOE médios de usinas a biomassa, termelétricas a gás natural ou PCH, mais comuns no Sudeste/Centro-Oeste.
E argumenta que os investimentos necessários para a expansão do sistema propiciarão um fornecimento de energia elétrica mais competitiva ao SIN, ao proporcionar o acesso de novos empreendimentos de geração de energia, de baixo custo, à rede elétrica.
Sobre as interligações, a previsão do primeiro linhão que poderá ser em corrente contínua é para o segundo semestre de 2023, saindo de uma região entre o centro do Rio Grande do Norte a até o sul do Ceará. Sua chegada engloba uma área mais ampla que vai desde o norte de Santa Catarina até o centro sul de Minas Gerais, incluindo quase o estado de São Paulo todo. Já para um segundo bipolo a perspectiva de capacidade de exportação de energia do Nordeste aumentará 173%, para 30 mil MW quando comparado aos atuais 11 mil MW de janeiro de 2022. Somando a capacidade do Norte para o Sul do país essa exportação dos dois submercados para onde está a carga no país chegará até 34 mil MW.
Os ativos em final de vida útil podem somar aportes de R$ R$ 37,6 bilhões nos próximos 10 anos e mais R$ 18,3 bilhões no horizonte a partir de 2033 e estão relacionados ao final da vida útil regulatória dos equipamentos. “Um desafio a ser enfrentado pelo planejamento da transmissão consiste no envelhecimento do sistema de transmissão brasileiro, realidade que tende a se tornar mais crítica nos próximos anos. Há que assegurar a substituição racional da infraestrutura do sistema elétrico em fim de vida útil de modo que a malha de transmissão possa operar com os níveis de confiabilidade e qualidade exigidos pela sociedade”, finaliza o planejador.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Investimentos na fonte ultrapassam R$ 128,5 bilhões desde 2012, aponta Absolar.
O Brasil ultrapassou a marca de 26 GW de potência instalada na fonte solar, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria em telhados, fachadas e pequenos terrenos, equivalente a 11,6% da matriz elétrica nacional. Os dados integram o último boletim da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), apontando que a tecnologia fotovoltaica trouxe cerca de R$ 128,5 bilhões em novos investimentos ao país desde 2012.
Segundo o mapeamento da entidade, a arrecadação junto aos cofres públicos durante o período é superior a R$ 39,4 bilhões, com a geração de mais de 783,7 mil empregos acumulados e evitando a emissão de 34,5 milhões de toneladas de CO2 ligadas a produção de eletricidade.
Em um ano a energia solar cresceu aproximadamente 83%, saltando de 14,2 GW para 26 GW. Desde julho do ano passado, a fonte tem evoluído, em média, 1 GW por mês (julho: 16,4 GW, agosto: 17,5 GW, setembro: 18,6 GW, outubro: 21,1 GW, novembro: 22 GW, dezembro: 23 GW, janeiro: 24 GW, fevereiro de 2023: 25 GW e março deste ano: 26 GW).
No segmento de geração própria são 18,1 GW de capacidade, equivalente a cerca de R$ 92,1 bilhões em investimentos, R$ 27,4 bilhões em arrecadação e mais de 540 mil empregos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões do Brasil. A tecnologia solar é utilizada atualmente em 99,9 % de todas as conexões da modalidade, liderando com folga o segmento.
Já na geração centralizada são cerca de 7,9 GW de potência em usinas de grande porte. Desde 2012, esses empreendimentos, geralmente em solo, trouxeram ao país cerca de R$ 37 bilhões em novos aportes e mais de 238,2 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação aos cofres públicos que supera R$ 12 bilhões.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
“O esforço coletivo é vital para enfrentarmos o desafio climático — não existe uma solução única para todos", disse o CEO, em evento do setor, em Houston.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a estatal seguirá contribuindo para a segurança energética do Brasil com a produção de óleo e gás, cujos ganhos poderão financiar a transição energética e a ampliação do uso das energias renováveis. Segundo ele, o processo de descarbonização já possibilita uma transição gradual no uso das fontes.
Prates, que participou de painel na CERAWeek, em Houston (EUA), também destacou que a Petrobras pretende investir em energias renováveis, como eólica offshore e hidrogênio, além da captura, uso e armazenamento geológico de CO2 (CCUS, na sigla em inglês).
O presidente lembrou que a Petrobras bateu recorde em CCUS em 2022, alcançando a marca de 10,6 milhões de toneladas reinjetadas (equivalente a 5,8 bilhões de m3 de CO2). Para efeito de comparação, essa parcela corresponde a cerca de 25% do total de CO2 injetado pela indústria global no ano passado, de acordo com o Global CCS Institute.
Prates também se reuniu com representantes da Oil and Gas Climate Initiative (OGCI), grupo formado pelas maiores empresas do setor de óleo e gás para conduzir ações em resposta às mudanças climáticas. No início da semana, o presidente já havia participado do encontro de CEOs da OGCI, que reuniu os líderes das empresas que compõem a organização.
Na reunião, com a CEO da OGCI, Pratima Rangarajan, e com o chairman da entidade, Bob Dudley, foi destacada a importância das parcerias para atingir metas do Acordo de Paris e a redução de emissões para limitar o aumento da temperatura global.
“O esforço coletivo é vital para enfrentarmos o desafio climático — não existe uma solução única para todos. A Petrobras, como empresa membro da OGCI, também acredita que trabalhando em conjunto com outras empresas, temos a expertise, a escala e o alcance necessários para darmos uma contribuição essencial para a transição energética, liderando o esforço coletivo da indústria em áreas importantes como energias renováveis, biocombustíveis, hidrogênio, metano e CCUS", afirmou Prates.
Juntas, as 12 empresas que formam a OGCI, incluindo “majors” como Equinor, Shell, CNPC, Total e outras, são responsáveis por mais de 30% da produção mundial de óleo e gás e se comprometem a investir mais de US$ 1 bilhão em dez anos em tecnologias e iniciativas para reduzir emissões de gases do efeito estufa.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Maior parte do valor, R$ 29,6 bi, será arcada pelos consumidores através de encargos incluídos na conta de luz. Orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético foi aprovado nesta terça.
Maior parte do valor, R$ 29,6 bi, será arcada pelos consumidores através de encargos incluídos na conta de luz. Orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético foi aprovado nesta terça.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (7) um orçamento de R$ 34,986 bilhões para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em 2023.
A CDE é um fundo usado para bancar subsídios concedidos pelo governo e pelo Congresso através do setor de energia (veja detalhes mais abaixo nesta reportagem).
Segundo a Aneel, os R$ 34,986 bilhões são necessários para bancar os benefícios e as políticas públicas concedidas via setor elétrico neste ano.
A maior parte do valor – R$ 29,572 bilhões – será bancada pelos consumidores de energia em 2023, por meio de dois encargos incluídos nas contas de luz:
CDE-Uso, rateado entre todos os consumidores (livres e cativos), e
CDE-GD, rateado entre os consumidores cativos (atendidos pelas distribuidoras) e destinado a cobrir somente o subsídio à geração distribuída.
O restante do valor do orçamento da CDE será arrecadado por meio de outras receitas, entre as quais, aporte da Eletrobras privatizada, multas, recursos de programas de pesquisa, desenvolvimento e eficiência energética e dinheiro em caixa na conta da CDE.
Para onde vai o dinheiro?
Ainda de acordo com orçamento aprovado pela Aneel, a principal despesa que a CDE vai custear em 2023 será a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), no valor de R$ 12 bilhões.
A CCC é subsídio para a produção de energia termelétrica em regiões não interligadas ao sistema elétrico nacional.
Em seguida, aparecem os descontos tarifários na distribuição de energia, que vão custar R$ 9,3 bilhões neste ano.
A terceira maior despesa é a tarifa social de energia, que concede desconto na conta de luz às famílias de baixa renda. Essa despesa está estimada em R$ 5,6 bilhões.
Há, ainda, diversos outros subsídios que são bancados via CDE (veja ao fim desta reportagem) e que fazem a conta chegar a quase R$ 35 bilhões em 2023.
Críticas
Os diretores da Aneel criticaram o alto valor dos subsídios previstos para este ano. Eles defenderam que parte desses subsídios precisa ser revista pelo Congresso e pelo governo e parte custeada pelo Tesouro Nacional, e não pelo consumidor de energia.
"Alguns subsídios são extremamente importantes, baixa renda é indiscutível. A CCC também importa porque os consumidores não são culpados por estarem no sistema isolados e não teriam a menor condição de pagar conta de energia se eles não tivessem o subsídio da CCC", afirmou diretor Hélvio Guerra.
"Por outro lado, temos hoje fontes que são beneficiadas e não precisam mais de subsídios", completou Guerra, referindo-se às fontes renováveis de energia que também são subsidiadas via CDE.
O diretor lembrou que "nada ou quase nada que está aqui [no orçamento da CDE] foi colocado pela Aneel, pela regulação. Tudo vem de lei", destacando que cabe à Aneel somente aprovar o orçamento da CDE e fiscalizar a aplicação dos recursos.
CDE
A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) é um fundo setorial criado para custear diversas políticas públicas através setor elétrico brasileiro, como:
universalização do serviço de energia elétrica em todo o território nacional;
concessão de descontos tarifários a diversos usuários do serviço: baixa renda; rural; irrigante; serviço público de água, esgoto e saneamento;
geração e consumo de energia de fonte incentivadas, etc.;
descontos na tarifa em sistemas elétricos isolados;
subsídios para produção de energia termelétrica nos sistemas isolados; e
subsídios ao carvão mineral nacional;
subvenção a cooperativas e pequenas concessionárias do setor de energia;
subsídio à geração distribuída.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Perspectiva é de que o país bata o recorde de expansão em 2023, liderado pelas fontes eólica e solar.
O Sistema Interligado Nacional iniciou o mês de março ultrapassando um marco importante, o de 190 GW em capacidade de geração que é fiscalizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Segundo balanço da autarquia, até a última segunda-feira, 6 de março, eram 23,4 mil unidades geradoras com um total de 190,79 GW, sendo 103,2 GW, ou 53,58% do total, de UHEs, outros 46,15 GW, cerca de 24,7%, em termelétricas e mais 24,92 GW de usinas eólicas, representando 13,12% do total, no terceiro lugar. Ainda de acordo com a Aneel, 83,44% da geração de energia do país é considerada renovável.
Em nota, a agência destacou que houve acréscimo de mais de 2 GW na nossa matriz nos dois primeiros meses do ano e que isso ratifica o recorde previsto para a expansão da geração este ano. A geração eólica respondia sozinha, até o final do mês passado por 1,14 GW acrescido à capacidade de geração este ano. As usinas solares fotovoltaicas somaram 580 MW de ampliação da matriz no mesmo período, e as termelétricas tiveram uma ampliação de 269,7 MW.
Considerando em fevereiro foram 753,8 MW por meio de 26 usinas, sendo estas 14 eólicas com 274 MW seis térmicas com 263,3 MW e seis solares fotovoltaicas que somam 216 MW.
Por região nesse ano, o Rio Grande do Norte esta à frente, com expansão de 579,6 MW no bimestre. Logo atrás vem Minas Gerais, com 494,0 MW e a Bahia, com 347,9 MW, fecha o pódio dos maiores aumentos de capacidade. Se considerado apenas o mês de fevereiro, a Bahia apresentou o maior crescimento, com novos 184,1 MW em operação, provenientes de usinas eólicas.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A capacidade instalada da geração solar atingiu 26 gigawatts (GW) no fim de fevereiro, ultrapassando a da fonte eólica, que responde pela potência de 25 GW.
A capacidade instalada da geração solar atingiu 26 gigawatts (GW) no fim de fevereiro, informou o Ministério de Minas e Energia. Recentemente, o segmento de geração ultrapassou a da fonte eólica, que responde pela potência de 25 GW.
Grande parte da capacidade instalada alcançada pela geração solar se deve à produção própria de energia pelos consumidores com painéis instalados em telhados de casas, prédios, estacionamentos, propriedades rurais, na modalidade geração distribuída (GD). Segundo o ministério, somente o segmento de GD cresceu quase um gigawatt nos dois primeiros meses do ano, totalizando 18 GW de potência instalada.
Com essa expansão, a energia solar fotovoltaica se consolida como a segunda maior fonte de geração do país, atrás apenas da geração hidrelétrica. O ministério ressalta que, apesar de a fonte solar ter ultrapassado a eólica em capacidade instalada, a eólica ainda entrega um maior volume de eletricidade do que a fotovoltaica.
“É o futuro da nossa geração no rumo da inovação, da ampliação das fontes renováveis, mostrando, mais uma vez, que a matriz energética brasileira está na vanguarda mundial da sustentabilidade”, afirmou o ministro Alexandre Silveira, em nota divulgada pelo ministério.
De acordo com o MME, as fontes eólica e solar são responsáveis por cerca de 25% da oferta total de energia elétrica do Brasil, que alcançou 205 GW ao final de 2022. De acordo com a pasta, dados preliminares, referentes ao ano passado, indicam que a geração por fonte renovável representou mais de 85% da energia elétrica ofertada no país, combinação de hidrelétricas, geração a biomassa, solar e eólica.
O governo reconhece que a expansão dos painéis solares vinculados à GD “é reflexo de políticas públicas de incentivo às fontes de energia renováveis e da micro e mini geração distribuída”. O ministério cita os marcos legais que garantem os atuais subsídios oferecidos ao setor, a Lei 13.203/15 e a Lei 14.300/22.
O ministério lembra ainda que a Lei 14.300, chamada de marco legal da GD, provocou uma “corrida” dos consumidores no início do ano para assegurar o enquadramento no grupo beneficiado com maior parcela de subsídio, por meio da isenção de parcela da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) até 2045.
De acordo com o ministério, a expectativa é que “esse cenário evolua”. “Estudos do Plano Decenal de Expansão de Energia 2032, publicados pelo MME e Empresa de Pesquisa Energética (EPE), projetam que a geração distribuída deve seguir em forte crescimento nos próximos anos. Isso exigirá que continuemos aprimorando a regulação e as políticas para o setor elétrico, de forma que esse crescimento possa contribuir para a oferta de energia limpa, ser cada vez mais inclusivo, e se reverter em benefícios para todos”, afirma, o secretário de Planejamento e Transição Energética do ministério, Thiago Barral, em nota. Ele é ex-presidente da EPE.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A disputa judicial em relação à definição do PLD (Preço de Liquidação de Diferenças) mínimo ganhou mais um capítulo. Na quinta-feira passada (2) decisão do juiz Diego Câmara, da 17ª Vara Federal do SJDF, apontou que a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) comprove o efetivo cumprimento da ação da comercializadora Enercore em até 72 horas, sob pena de multa de R$ 50 mil. A decisão está neste link.
Grosso modo, a ação da empresa aponta que o PLD mínimo desde janeiro já deveria estar em cerca de R$ 15, mas, “por indevida utilização da TEO (Tarifa de Otimização) de Itaipu para sua fixação, foi ilegitimamente fixado em R$ 69,04/MWh”. A ANEEL é a responsável pela metodologia e, na sexta-feira (3), estava avaliando a sua defesa.
A CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) também foi comunicada sobre o teor da ordem judicial e informou que “se manifestará nos autos do processo”. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) é outro órgão do setor que acompanha de perto a discussão.
A Enercore pede em sua ação a ANEEL calcule o valor mínimo do referido PLD levando em conta os custos de operação e manutenção das usinas hidrelétricas nacionais, bem como os relativos à compensação financeira pelo uso dos recursos hídricos e royalties, e não os custos em dólar da usina binacional.
Vácuo regulatório
Na decisão da semana passada, o juiz Diego Câmara não pondera qual o cálculo ao PLD mínimo a ser aplicado: se zero, se é a TEO (Tarifa de Otimização) ou outra metodologia.
Apenas proferiu que não pode ser TEO (Tarifa de Otimização) de Itaipu. Esse “vácuo” cria várias perguntas: 1) a ANEEL irá defender a TEO Itaipu como critério?; 2) ANEEL e CCEE irão abrir a discussão de uma nova metodologia a partir de agora com previsão de novas ações?; 3) é razoável que se acerte uma nova metodologia em 2024? O PLD Horário, por exemplo, levou 20 anos sendo discutido, como lembram fontes do setor.
Mudança em 2024?
A estratégia de defesa da agência reguladora ainda é desconhecida, mas especialistas apontam que deverá ser baseada em não alterar o PLD mínimo nesse ano para não ter de retroagir. Mudanças para 2023 implicariam em alterações em centenas de contratos firmados. A estratégia seria limitar o impacto a uma empresa (Enercore), mas isso não impede que haja uma enxurrada de liminares depois. A ideia então seria usar esse ano para discutir as mudanças que poderiam entrar em vigor a partir de 2024.
Ação coletiva
Na semana passada também foi indeferido pedido de tutela de urgência em outra ação judicial que pleiteou a desvinculação entre o PLDmin e TEO (Tarifa de Otimização) de Itaipu. Com a briga judicial ganhando corpo, cresce a discussão nos bastidores entre algumas comercializadoras de ingressar com uma ação coletiva em relação ao assunto.
Em carta para o diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, no fim do mês passado, A Abraceel (Associação Brasileira das Comercializadoras de Energia Elétrica) destacou que o tema ganhou especial relevância com os recentes processos judiciais envolvendo o assunto e precisa ser encaminhado com urgência.
“(…)gostaríamos de solicitar o encaminhamento do assunto ainda no primeiro semestre de 2023, dado os prazos para a realização de ampla discussão pública, análise das contribuições e a devida antecedência para implementação das novas regras. Ressaltamos que apesar de tal tema não constar na Agenda Regulatória 2023-2024, sua importância é vital para o setor de energia elétrica, em razão de seus efeitos sobre todo o mercado, razão pela qual se torna urgente a distribuição do processo e abertura de consulta pública para aperfeiçoamento da regulamentação.”
Análise do banco UBS de 16 de fevereiro aponta que a decisão, se implementada, teria impactos significativos no mercado, sendo que a queda nos preços de referência do mercado livre poderia ser de 78%, com impacto principalmente sobre a Eletrobras, que a partir desse ano sofre os efeitos da descotização permitida pela aprovação de sua capitalização. Cerca de 8 GW médios de energia da empresa, a partir de janeiro de 2023, à razão de 20% a partir desse ano e até 2027, serão liberados ao mercado livre.
Outro impacto poderá ser sobre novos projetos, segundo o banco, que já estão sofrendo por conta da hidrologia em alta e sobreoferta de projetos.
Fonte e Imagem: Portal da Infra.
Modalidade de assinatura de energia vem crescendo entre consumidores comerciais e residenciais; de 2020 até o mês passado, potência contratada no modelo dobrou.
O aumento da produção de energia solar, que já é a segunda maior fonte do País, atrás da hidrelétrica, está ampliando o acesso à energia mais limpa e mais barata para quem não quer ou não pode investir na instalação de placas fotovoltaicas no telhado ou em área própria para isso.
Por meio de assinatura, uma espécie de aluguel de créditos de energia, é possível conseguir desconto médio na conta de luz de 10% a 20%, dependendo do contrato.
A modalidade de assinatura ou compartilhamento de energia é feita por meio de cooperativas criadas por empresas que fazem a intermediação entre a usina produtora e o consumidor de baixa tensão, como residências e pequenos comércios e indústrias. É como se o consumidor alugasse uma fração da energia gerada pela usina, mas recebe sua cota em crédito que será abatido da conta enviada pela concessionária.
”Essa energia é vendida tipicamente para consumidores que não podem ir para o mercado livre de energia e ficam presos na tarifa da distribuidora”, afirma Rodrigo Gelli, diretor técnica da PSR, consultoria internacional na área de tecnologia e serviços nos setores de energia elétrica e gás natural.
Segundo Gelli, como as tarifas de energia estão caras, essa alternativa é atraente para o consumidor. Para ele, todos os envolvidos, usinas, empresas de intermediação e consumidores têm ganho econômico no processo. “Só perde quem não tem (a assinatura).” É um modelo simples de aderir, parecido ao sistema de acesso aos canais de streamings.
Embora ainda represente minúscula fatia dos 18 gigawatts (GW) de potência instalada em geração distribuída com fonte solar, a tendência é de rápido crescimento da energia por assinatura. De 2020 até o mês passado, a potência instalada de energia contratada por assinatura mais que dobrou, passando de 39,2 MW para 95,5 MW, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
O número de unidades consumidoras que aderiram à modalidade cresceu 3,5 vezes, para 11.619. Atraídas pela oportunidade de negócios, a quantidade de fazendas para atender a demanda de assinaturas cresceu ainda mais, de 861 em 2020 para 3.889 em fevereiro.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou o modelo compartilhado em 2015 e, desde então, já era possível adquirir créditos. Mas só em janeiro passado entrou em vigor a Lei 14.300, que trouxe segurança jurídica ao investidor.
Conta mais baixa e sem bandeira tarifária
O engenheiro Arlindo de Goes Moreira pagava mensalmente entre R$ 380 e R$ 400 na fatura da energia elétrica do apartamento onde vive com a esposa em Praia Grande, na Baixada Santista. Em períodos de bandeira vermelha, quando o preço aumenta por causa da escassez de chuvas, a conta chegava a R$ 500.
Defensor da energia alternativa, Moreira se incomodava por não ter local para instalar painéis solares até conhecer o programa de assinatura, há um ano. Desde então, fez contrato com a empresa Sun Mobi – uma das pioneiras na oferta desse serviço – e hoje recebe créditos equivalentes a 300 quilowatts hora (kWh).
Em sua última conta, ele pagou R$ 333 em energia, sendo R$ 198 pela assinatura e R$ 135 para a CPFL, a concessionária local. Há meses em que a fatura da CPFL é de R$ 90, informa Moreira. Só fica mais cara quando a filha, o genro e a neta passam alguns dias na residência.
Ele recebeu também da empresa um sensor que é acoplado ao relógio de luz e acompanha online o consumo da casa. Com isso, é possível controlar os gastos diários. Por exemplo, a pessoa sabe quanto custou o banho de chuveiro e pode encurtar o tempo da próxima vez.
“Outra grande vantagem é não ser mais afetado quando a bandeira tarifária é acionada pelo governo, que era um custo alto”, afirma Moreira, que dá aulas em duas universidades e reforça aos alunos a necessidade da geração sustentável. Em breve, o prédio em que reside receberá placas solares para gerar a energia dos elevadores e das luzes do condomínio.
Novos investimentos
As fazendas que geram a energia são intermediadas por empresas que criam cooperativas ou consórcios e oferecem créditos ao consumidor por meio de plataformas digitais. Algumas dessas empresas tem suas próprias fazendas, como a Sun Mobi.
Com início de operações em 2017, a Sun Mobi tem duas usinas de geração fotovoltaica de 5,4 MW. Instaladas em Porto Feliz e Araçoiaba da Serra, elas atendem 300 unidades consumidoras de 27 cidades do interior de São Paulo e da Baixada Santista. Uma terceira usina entrará em operação em setembro em Taubaté com capacidade similar e vai atender consumidores de outras 28 cidades do interior paulista.
O projeto recebeu R$ 23 milhões em investimento. “A geração compartilhada acelerou e tem democratizado o acesso à uma energia limpa e mais barata, sem a necessidade de investimentos em painéis fotovoltaicos”, diz Alexandre Bueno, sócio-diretor da Sun Mobi.
Segundo ele, a estimativa é de que 75% das edificações do Brasil não têm condições de instalar placas solares, seja por insuficiência de áreas, telhados pequenos, falta de irradiação ou custos elevados. Seus cooperados pagam uma mensalidade para usufruir do serviço de assinatura acordo com seu consumo. “Há uma vantagem econômica média de 10% na fatura da energia comum”.
Somos o ‘Uber’ da energia; juntamos pequenos produtores que geram crédito excedente com consumidores residenciais e comerciais e oferecemos energia solar a preço acessível”
Ele explica que o mecanismo é de compensação de energia elétrica: a fazenda solar gera na ponta uma energia que está sendo consumida localmente pela rede, e o assinante recebe os créditos equivalentes ao seu consumo.
A Genyx Solar Power, empresa com sede em Minas Gerais que opera há 11 anos na distribuição de equipamentos fotovoltaicos criou, em 2020, a divisão WeGen, em parceria com startup Smartben, que já atuava no segmento. Por isso, a WeGen praticamente nasceu com 2,7 mil clientes e previsão de conquistar mais 10 mil em seis meses.
“Somos o ‘Uber’ da energia; juntamos pequenos produtores que geram créditos excedentes com consumidores residenciais e comerciais e oferecemos energia a preços acessíveis”, afirma Lucas Freitas, CEO da Genyx.
No ano passado, Freitas adquiriu uma pequena usina de 75 kWt, um investimento de R$ 500 mil que, segundo ele, dá um retorno mensal de R$ 9,5 mil, “mais do que renderia se estivesse em uma aplicação financeira no banco”, diz. O grupo tem também um banco digital, em parceira com o BV, para financiar seus clientes.
Grandes empresas também estão participando do negócio de geração compartilhada. A Claro tem um projeto piloto de energia por assinatura voltada aos seus clientes pessoa física e pequenas e médias empresas (PME) em Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. A operadora de telefonia já atuava com cerca de 80 usinas próprias que atendem a demanda da própria empresa na modalidade de geração distribuída.
Após um período de testes em 2022 com uso de energia renovável em suas próprias operações, a também operadora Oi decidiu iniciar neste ano a oferta de créditos de energia por assinatura para sua base de clientes.
A empresa começou por Belo Horizonte (MG), mas negocia com diversos operadores para ampliar a oferta ao longo do ano para pelo menos mais dez capitais. A energia que dá lastro aos créditos é gerada por várias usinas parceiras, informa o gerente de Novos Negócios de Energia da Oi, Bernardo Stefan.
“É uma nova linha de produtos e de receita da companhia”, diz Stefan. “O projeto nasceu da área dedicada a encontrar novas verticais de crescimento, e energia foi uma das escolhidas como prioridade e já começa a dar resultados.”
O ganho vem da remuneração que a usina paga pela intermediação da empresa com o cliente final, como no marketplace. A Oi também começa a atuar com oferta de energia de fontes renováveis para o mercado livre, de alta tensão, para clientes corporativos.
No ano passado, a Ultragaz também adquiriu uma startup de energia solar, chamada Stella, que opera no sistema de marketplace e conecta consumidores residenciais com usinas geradoras.
Setor bancários é outro que também está vendo oportunidades no mercado de energia sustentável. O C6 Bank tem parceria com a Prana, startup que opera com fornecedores de energia solar e arrenda as usinas fornecedoras dos créditos aos consumidores, todos pessoas jurídicas.
O C6 oferece aos seus clientes PJ descontos de 15% a 30% do valor pago no consumo de energia da rede. O benefício cai diretamente na conta do cliente em forma de cash back, explica Ernesto Milanese Filho, sócio fundador da Prana, “O cliente deixa de pagar mais de uma conta por ano, é uma redução de despesa efetiva.”
A Prana nasceu em meio à pandemia, em 2020, mas já opera em nível nacional. A empresa também tem entre seus clientes a rede de lavanderias OMO, da Unilever, e algumas lojas da locadora Unidas. Milanese não divulga com quantas usinas tem parceria, assim como o C6 não informa o número de clientes atualmente beneficiados pelos descontos.
Fonte e Imagem: Estadão.
Plenário Virtual confirma liminar do ministro Luiz Fux que amplia base de cálculo do imposto estadual.
O Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu aos Estados e ao Distrito Federal uma arrecadação de bilhões de reais em julgamento virtual que terminou na sexta-feira. Os ministros confirmaram liminar para a inclusão das tarifas correspondentes ao custo de transmissão (TUST) e de distribuição (TUSD) de energia elétrica na base de cálculo do ICMS.
A liminar foi concedida pelo ministro Luiz Fux. Ele atendeu pedido dos governos estaduais e suspendeu dispositivo da Lei Complementar nº 194, editada no ano passado, que exclui essas tarifas da cobrança de ICMS.
Fux levou em conta, para antecipar a decisão, o impacto da exclusão aos cofres públicos. “A estimativa é de que, a cada seis meses, os Estados deixem de arrecadar, aproximadamente, R$ 16 bilhões”, disse.
O que preocupa os advogados, no entanto, é o fato de o ministro ter entrado no “mérito” das cobranças. Logo no começo da decisão, Fux cita uma discussão anterior e mais ampla - pendente de julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) - que poderá ser afetada a depender do caminho escolhido pelo STF.
Os ministros daquela Corte vão julgar, em recurso repetitivo - com efeito vinculante para todos os contribuintes - qual é a base de cálculo adequada do ICMS na tributação da energia elétrica: o valor da energia efetivamente consumida ou o valor da operação, o que incluiria a TUST e TUSD.
Ao fundamentar a sua decisão, Fux se posiciona sobre esse ponto. “O uso do termo operações remete não apenas ao consumo efetivo, mas toda a infraestrutura utilizada para que este consumo venha a se realizar, isto é, o sistema de transmissão de energia”, diz.
Há preocupação de advogados de que, com o aval dos ministros à liminar de Fux - tratando da cobrança em si, e não somente da constitucionalidade ou não da Lei Complementar nº 194 -, fique esvaziada a discussão no STJ.
“A liminar do ministro Fux preocupa, porque o STF está se contradizendo com seu posicionamento anterior, de 2017, que entendia a discussão do TUST e TUSD no ICMS da energia elétrica como infraconstitucional”, diz o advogado Octávio Alves, do escritório Vinhas e Redenschi. “Há risco de o STJ entender que o STF já decidiu contra o contribuinte.”
Porém, o advogado espera que o Supremo, posteriormente, no mérito, entenda que a discussão é infraconstitucional. “A liminar referendada possui uma maior consideração na urgência dos Estados em ter um aumento de arrecadação com o ICMS neste momento, não entrando de forma aprofundada no mérito da discussão.”
Essa questão é importante porque a LC nº 194 modificou a Lei Kandir (LC nº 87, de 1996). Deixou expresso que os valores de TUST e TUSD não integram a base de cálculo do ICMS.
Antes dessa alteração, não havia nada expresso sobre o assunto, nem pela exclusão nem pela inclusão. Por isso, a briga entre Estados e contribuintes vem de longa data.
Se o trecho da LC nº 194 deixar de existir, portanto, toda essa discussão sobre a base de cálculo do ICMS volta à tona.
Os contribuintes defendem que o imposto incide somente sobre o valor da mercadoria - no caso, a energia elétrica - e não sobre todos os valores envolvidos na operação. Já para os Estados, o ICMS tem de ser cobrado sobre o valor da operação, com todos os custos embutidos.
Segundo Igor Mauler Santiago, sócio-fundador do Mauler Advogados, a liminar permite aos Estados que não tenham alterado a sua legislação após a lei complementar que sigam cobrando o ICMS sobre a TUST-TUSD. Mas para os que tiverem excluído essa hipótese, acrescenta, será preciso alterar a norma e respeitar a anterioridade, voltando a exigir apenas em 2024.
Para Julia Ferreira Cossi Barbosa, advogada no escritório Finocchio & Ustra Advogados, novamente os contribuintes estão sendo prejudicados. “Na prática, aqueles contribuintes que não possuem liminar para manter referida exclusão, sentirão um aumento imediato na conta de energia elétrica”, afirma.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ministros analisaram liminar de Fux que atendeu pedido de estados; o argumento é que eles perderiam R$ 16 bi por semestre em arrecadação.
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para manter a inclusão de tarifas de energia elétrica na base de cálculo do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nesta quinta-feira (2). O relator, ministro Luiz Fux, havia suspendido, em fevereiro deste ano, o trecho da lei que alterou a cobrança do imposto no ano passado.
Na prática, a decisão permite que os estados voltem a cobrar as tarifas correspondentes aos custos de transmissão e distribuição de energia elétrica — chamadas de Tust e Tusd — além de encargos setoriais vinculados às operações do setor.
A ação é resultado da movimentação de estados, que argumentam que o trecho da lei em questão, aprovada no Congresso Nacional em fevereiro de 2022, representaria uma queda de arrecadação. O cálculo é que a redução seria de cerca de R$ 16 bilhões por semestre.
Para Fux, isso “poderá repercutir na arrecadação dos municípios, uma vez que a Constituição Federal determina que 25% da receita arrecadada com ICMS pelos Estados deve ser repassada aos municípios”.
Segundo Fux, a União, por meio da lei sancionada no ano passado, pode “ter exorbitado seu poder constitucional, imiscuindo-se na maneira pela qual os Estados exercem sua competência tributária relativamente ao ICMS”.
O STF está analisando a decisão monocrática de Fux em plenário virtual desde a última sexta-feira (24). Os ministros Nunes Marques, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Dias Toffoli acompanharam o relator.
Já Gilmar Mendes seguiu a maioria, mas com ressalvas. Ele apresenta como ressalva o fato do assunto ser complexo e pede que a discussão seja feita por meio de “julgamento de mérito” da ação.
O único ministro divergente, até o momento, é André Mendonça. Em seu voto, o ministro afirma divergir parcialmente do relator por conta do fundamento utilizado. Mendonça propõe que a suspensão do trecho da lei “vigore até o encerramento do grupo de trabalho” criado para o assunto.
Ainda faltam votar a presidente do STF, ministra Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Roberto Barroso. O plenário virtual vai até a noite desta sexta-feira (3). Na modalidade não há a leitura individual de voto, apenas o registro no sistema. Se houver pedido de destaque, o julgamento vai para o plenário físico.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Uma mensagem de convocação para um “Eclipse Day” no dia 7 de março, solicitando que todos os geradores de painéis fotovoltaicos desliguem suas usinas solares por quatro horas, das 11h30 às 15h30, tem causado inquietação e interrogações no setor elétrico.
O texto começou a circular pelas redes sociais na noite de segunda-feira (27). Sem autoria conhecida, a mensagem fez autoridades do setor elétrico, como o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), buscarem mais informações com a indústria solar.
Ao tomar conhecimento do movimento, a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) divulgou uma carta na qual nega participação na ação, que classifica como de baixa relevância para contribuir para o desenvolvimento sustentável e a boa governança do setor elétrico brasileiro.
A associação recomendou que os geradores “não adiram a ação e mantenham seus sistemas de geração em funcionamento”. De acordo com a Absolar, o desligamento em massa de qualquer potência relevante pode trazer inúmeros prejuízos à operação do sistema elétrico, aos consumidores e às instituições.
Punição
Para o ex-diretor-geral da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e ex-diretor-presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Jerson Kelman, as usinas solares que desligarem no horário proposto na convocação deveriam ser punidas pela ANEEL e ser desconectadas do grid pelo ONS sempre que houvesse vertimento turbinável das hidrelétricas.
Para outro especialista, o episódio cria várias interrogações. “Essa pulverização da GD [geração distribuída] solar pode deixar a segurança do sistema vulnerável a pessoas que usam fake news como argumento. E agora?”, questiona-se.
Mudanças na operação do sistema
A convocação, falsa ou não, também enseja reflexões sobre a complexidade crescente da operação do sistema e da urgência de aperfeiçoamentos regulatórios, evidenciada por exemplo pela crise hídrica de 2021. O avanço de fontes variáveis e descentralizadas coincide com os efeitos cada vez mais intensos das mudanças climáticas, ora com estiagens severas, ora com chuvas abundantes.
A necessidade de um mercado de flexibilidade, de atendimento de ponta, assim como a valoração de atributos das fontes, como as hidrelétricas, que servem também como baterias de armazenamento, tornam-se ainda mais urgentes.
Em artigo nesta semana, o ex-diretor da ANEEL Edvaldo Santana aponta que, em 2030, ou antes, “a descentralização da oferta por meio da GD terá alguns efeitos indesejáveis, mas esperados. A coordenação central do sistema, hoje exercida pelo Operador Nacional do Sistema, será responsável por não mais que 20% da oferta total”.
Santana destaca que essa mudança de paradigma exigirá um novo olhar além da operação. “É uma modificação importante de rotina, em especial na atual sistemática de operação do sistema e de formação de preços e tarifas, que exigirá uma saída para os bilionários custos afundados de ativos que podem não ter mais uso econômico.”
Fonte e Imagem: Agência Infra.
Profissionais da energia estão priorizando energia segura no trilema, seguida por energia limpa e em terceiro lugar por energia a preços acessíveis.
Uma pesquisa da DNV apontou que as preocupações com a segurança superam a energética limpa e a energia a preços acessíveis na lista de prioridades para empresas de todo o mundo, com o ramo a dizer que o sistema não resolverá o trilema energético na próxima década.
Ao que tudo indica, a segurança energética colocará em segundo plano os setores de petróleo e gás no próximo ano. Os maiores nomes em energias renováveis estão mantendo seu foco em energia limpa, enquanto as prioridades de consumidores de energia industrial contrastam com seus fornecedores e parceiros por priorizarem energia acessível e a preços módicos.
De acordo com a pesquisa, apenas 39% dos profissionais do ramo energético têm a confiança de poder cumprir as metas de descarbonização e clima, todavia o ritmo da transição energética é o que mais impulsiona a confiança entre os profissionais do ramo energético para o próximo ano. A maioria acredita que a transição energética está acelerando.
Segundo a DNV, resolver o trilema energético – fornecer energia segura, limpa e a preços acessíveis – é visto pelo ramo energético como uma meta de longo prazo. Poucos no ramo (17%) acreditam que a transição fornecerá energia segura, limpa e a preços acessíveis na próxima década para todas as partes do sistema energético no seu país. A maioria (41%) considera que isto poderá ser alcançado daqui a 10 ou 20 anos, enquanto um grupo considerável (32%) acredita que este resultado crucial da transição energética só será atingido depois de iniciado o ano de 2040. Há um consenso quanto a este horizonte em várias regiões. Apenas os profissionais do ramo energético na América do Norte são mais conservadores quanto ao momento em que ocorrerá.
Aproximadamente 80% dos profissionais do setor de renováveis creem que preocupações com a segurança energética acarretarão investimentos em renováveis no próximo ano, enquanto a maioria (61%) proveniente de várias áreas do ramo energético alega que suas empresas podem ser mais lucrativas se melhorarem a sustentabilidade.
Diferentemente disso, um ano recorde de contrastes para o ramo de petróleo e gás redefiniu o que significa ter lucros aceitáveis para o setor. Em 2022, 52% dos executivos das áreas de petróleo e gás disseram que suas organizações teriam lucros aceitáveis se a média do preço do petróleo chegasse a uma média de 40 a 50 dólares americanos por barril. Para o próximo ano, apenas 39% têm a mesma impressão. Metade dos inquiridos dos ramos do petróleo e gás (53%) diz que suas organizações incrementarão os investimentos em gás em 2023, aumentado 8 pontos percentuais de ano a ano. Cerca de 43% dos ramos de petróleo e gás antecipam maiores investimentos no petróleo, subindo 9 pontos percentuais. Empresas de petróleo e gás estão retardando sua transição para áreas fora dos negócios principais de hidrocarbonetos e são reservadas quanto ao seu foco em descarbonização em comparação com 2022.
Em 2023, o ramo energético como um todo antecipa maiores investimentos em fontes de energia limpa e seus vetores. Metade dos profissionais do ramo energético antecipa investimentos em hidrogênio de baixo carbono/amônia (52%). Há proporções semelhantes nas áreas eólica (49%) e solar (46%). A expectativa de mais de um terço é que se invista mais em captura e armazenamento de carbono. Em tecnologias capacitadoras, 6 em cada 10 afirmam que suas organizações estão aumentando os investimentos em eficiência energética e digitalização. Metade do ramo está investindo em tecnologias de armazenamento de energia.
A pesquisa da DNV encontra sinais de que as barreiras poderiam retardar o ritmo da transição energética no próximo ano, mas tais barreiras tendem a ser rompidas à medida que as sociedades sentem cada vez mais os efeitos das crises climática e energética e gargalos se agudizam ao não permitirem avanço. Praticamente todos no setor energético concordam em que se deve investir mais na rede, enquanto somente um quinto no setor de renováveis diz ser suficiente a capacidade de transmissão para permitir a expansão de renováveis.
Três quartos do ramo energético dizem que problemas com a cadeia de fornecimento estão diminuindo o ritmo da transição, enquanto menos da metade no ramo (44%) antecipa uma melhora significativa na disponibilidade dos serviços em 2023. Para o setor de renováveis, falta de políticas/de apoio governamental e problemas com permissões/licenças são as maiores barreiras para o crescimento, e a maioria avassaladora (88%) diz que acelerar as permissões e licenças é indispensável para cumprir as metas climáticas.
Aproximadamente 40% das empresas energéticas globalmente estão tendo cada vez mais dificuldades em garantir financiamentos a preços razoáveis para seus projetos. Regionalmente, organizações na América do Norte e Europa têm mais facilidade em conseguir financiamentos. Por setor, quase metade das empresas energéticas (47%) e 62% dos consumidores de energia industrial estão tendo cada vez mais dificuldade em assegurar financiamentos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Residências, comércio e indústria puxam resultado no mês, enquanto mercado livre computa crescimento de 4,1%.
O consumo nacional de energia elétrica atingiu 42.837 GWh em janeiro, crescendo 0,6% em comparação com mesmo mês de 2022, informa o boletim mensal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A classe residencial (1,8%) puxou a alta, seguida pelas classes comercial (1,4%) e industrial (1,2%). No acumulado em 12 meses a demanda por eletricidade registrou 508.954 GWh, avanço de 1,4% em comparação ao período imediatamente anterior.
Com 14.942 GWh, a classe industrial expandiu seu consumo após a retração em dezembro. A região Nordeste (16,3%) liderou o índice, seguida por Norte (7%) e Centro-Oeste (2,9%), enquanto Sul e Sudeste retraíram em 2,5% e 2,3%. Seis dos dez setores mais eletrointensivos se destacaram, como Metalurgia (6,5%), puxado pela cadeia do alumínio primário no Maranhão e no Pará. Contudo, a queda na produção siderúrgica nacional atenuou a forte alta do consumo de energia elétrica no segmento.
Também se destacaram a extração de minerais metálicos 8,2%), com Minas Gerais e Espírito Santo respondendo por mais da metade da expansão; e a fabricação de produtos alimentícios (4%), onde as altas nas exportações, principalmente de aves e açúcares e melaços, podem ter contribuído para o resultado.
Por outro lado, as maiores quedas ficaram com a fabricação de produtos minerais não-metálicos (5,5%); de produtos químicos 1,9%) e têxteis (5,2%). Paradas de manutenção, férias coletivas, níveis elevados de estoque, além da própria dinâmica dos mercados de seus produtos, podem ter contribuído para a queda no consumo de eletricidade nestes setores segundo a EPE.
Nas residências impactos verificados pelo clima um pouco mais seco em relação ao mesmo mês de 2022. As tarifas de energia também estavam mais baixas em relação a janeiro de 2022, o que pode ter contribuído também para o crescimento da demanda, já que no ano passado a bandeira tarifária era de escassez hídrica e agora é verde.
Na análise regional, Nordeste (4,4%), Norte (3,2%), Sudeste (1,7%) foram as regiões que contribuíram na classe, enquanto o Sul ficou estável e o Centro-Oeste apresentou retração marginal de 0,4%. Entre os estados, Maranhão (11,7%), Alagoas (10,1%), Pará (9,8%), Roraima (8,2%), Paraíba (7,8%), Tocantins (6,7%), Amapá (6,2%), Minas Gerais e Espírito Santo (5,9%, ambos) lideram a expansão.
Em contrapartida apresentaram queda no consumo o Amazonas (9,6%), Mato Grosso do Sul (8,8%), Rio Grande do Norte (4,7%), Rio de Janeiro (4%), Santa Catarina (2,7%), Mato Grosso (1,7%), Distrito Federal (0,7%), Rondônia (0,6%) e Paraná (0,1%). Para os Estados de Santa Catarina e Distrito Federal, se fosse considerado o ajuste pelo ciclo de faturamento das distribuidoras de energia elétrica locais, o consumo de eletricidade teria crescido 2,0% e 2,6%, respectivamente.
Nos comércios o bom desempenho do setor de serviços e, em menor grau, das vendas do varejo, continuam motivando a expansão do ramo. As regiões Norte (6%), Sudeste (2,1%) e Sul (0,9%) impactaram no resultado da classe. Por outro lado, Centro-Oeste (1,6%) e Nordeste (0,1%) apresentaram retração. Entre os estados, destaque para crescimento em Roraima (11,7%), Pará e Alagoas (8,7%, ambos). Já entre as reduções constam o Maranhão (7,2%), Mato do Grosso do Sul (6,1%) e Mato Grosso (5,1%).
Por fim, quanto ao ambiente de contratação, o boletim da EPE aponta que o mercado livre computou incremento de 4,1% na demanda durante o mês, enquanto o consumo cativo das distribuidoras de energia elétrica recuou 1,6%.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Entre 17 usinas contratadas pelo Procedimento de Contratação Simplificado, apenas uma entrou em operação dentro do prazo; agência também analisa questionamentos contra decisão de suspender contratos com maior descumprimento de prazo.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) retomou nesta terça-feira (28) o julgamento de recursos administrativos relacionados aos atrasos de usinas contratadas emergencialmente no auge da crise hídrica de 2021 — consumidores poderiam enfrentar racionamento de energia se não voltasse a chover no ano seguinte. Boa parte dos projetos atrasaram e alguns têm custo de geração elevado que foi admitido pelo Procedimento de Contratação Simplificado (PCS).
O primeiro caso de atraso envolve a térmica Viana 1, com potência de 37 megawatts (MW), do grupo Linhares. O pedido de reconsideração foi negado pela diretoria da Aneel. No recurso, a empresa questiona a multa no valor de R$ 5,99 milhões pelos 74 dias de atraso na entrada em operação comercial. A sanção foi aplicada pela Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração (SFG).
A decisão foi tomada logo no índio da reunião da diretoria da Aneel, em votação do bloco de processos com relatórios disponibilizados antes da reunião. O caso da usina Viana 1 foi relatado pelo diretor da Aneel Fernando Luiz Mosna. “Entendo que não há argumentos técnicos ou jurídicos que justifiquem a alteração da decisão de aplicação de multa editalícia exarada pela SFG”, informou o relator, na análise aprovada nesta manhã.
O grupo Linhares também possui outras duas usinas na modalidade de PCS: Lorm (36 MW de potência) e Povoação 1 (75 MW). Todas elas, incluindo a Viana 1, já estão em operação.
Entre 17 usinas contratadas pelo PCS, apenas a Termelétrica Fenix, do grupo de mesmo nome, entrou em operação dentro do prazo, no dia 1° de maio de 2022. Além de julgar recursos contra aplicação de multa, a diretoria da agência também analisa questionamentos contra a decisão de suspender contratos com maior descumprimento de prazo.
O PCS é criticado por contratar usinas com alto custo de geração. Parte dos projetos que correm o risco de ter o contrato suspenso pode onerar as contas de luz em mais de R$ 30 bilhões nos próximos anos, conforme cálculo de entidades do setor elétrico que representam o segmento de consumo.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Na comparação com dezembro de 2022, a carga cresceu 3,2%, enquanto no acumulado dos últimos 12 meses a elevação foi de 0,3%.
A carga de energia (consumo mais perdas) no país em janeiro apresentou uma queda de 1,3% em relação ao apurado em igual mês em 2021, ao fechar em 71.290 megawatts (MW) médios, informou nesta terça-feira (28) o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Na comparação com dezembro de 2022, a carga cresceu 3,2%, enquanto no acumulado dos últimos 12 meses a elevação foi de 0,3%.
"A ocorrência de temperaturas abaixo da média, observada nas primeiras semanas do mês e a continuidade da trajetória negativa das atividades econômicas, iniciada ao final do ano passado e disseminada entre os setores e segmentos (...) impactaram negativamente na dinâmica da carga, ocasionando uma variação negativa em relação ao mesmo mês do ano anterior", disse o ONS em comunicado.
No submercado Sudeste/Centro-Oeste, a carga recuou 2,5% em janeiro na comparação anual, ao totalizar 40.455 MW médios. Frente a dezembro do ano passado, a carga avançou 3,6%, ao passo que no acumulado 12 meses encerrados em janeiro a alta foi de 0,4%.
O submercado Sul teve queda de 5,7% na carga de energia em janeiro, com 12.996 MW médios. A carga avançou 4,1% no Sul na comparação com o mês anterior, mas caiu 1,0% no acumulado dos 12 meses findos em janeiro.
Nordeste e Norte tiveram alta de, respectivamente, 2,4% (para 11.513 MW médios) e 10,7% (6.327 MW médios) em janeiro ante igual mês em 2021. A carga avançou, respectivamente, 1,9% e 0,7% quando comparada com o apurado em dezembro. Frente ao acumulado dos últimos 12 meses, a carga no Nordeste caiu 0,8% e no Norte avançou 4,1%.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Volume de módulos fotovoltaicos para atender a geração solar ultrapassou os 17 GW no ano passado.
Um estudo realizado pela Greener mostrou que o volume de módulos fotovoltaicos (FV) demandados pelo mercado brasileiro para atender a geração solar ultrapassou os 17 GW em 2022, viabilizando investimentos superiores a R$ 64 bilhões, tanto para geração distribuída (GD) quanto para geração centralizada (GC), um crescimento de 73% em relação ao mesmo período do ano anterior, que registrou 10,3 GW.
O estudo GD do mercado solar também mostrou que as mudanças nas regras de geração distribuída, que passaram a vigorar em janeiro deste ano, trouxeram leve queda na atratividade dos sistemas FV residenciais e comerciais. No entanto, para 60% dos integradores, a expectativa para 2023 é de que as empresas vendam acima de 100 kWp. Segundo o diretor da Greener, Marcio Takata, a geração solar própria continua sendo um investimento rentável e vantajoso para o consumidor final.
No ano passado, o volume importado [MWp] de módulos fotovoltaicos representou investimentos acima de R$ 64 bilhões para GD e usinas solares de grande porte. O preço dos sistemas FV para o consumidor final teve queda média de 12% no período. A diminuição dos custos dos módulos e o elevado nível de estoque de equipamentos no atacado foram fatores que contribuíram para essa redução.
Contudo, mesmo com o forte crescimento do setor e da redução no preço dos sistemas FV, 2022 mostrou queda na participação do financiamento bancário, responsável por 22% das vendas efetuadas no período, frente a 57% em 2021. Esse resultado decorreu da alta da taxa de juros e do cenário de incertezas políticas e regulatórias. E os juros altos foram citados como o maior desafio enfrentado por empresas do setor (26%) em 2022, seguidos pelo aumento da concorrência (21%), reflexo do fluxo de novas empresas integradoras no mercado, e da aprovação de crédito por parte dos bancos (15%).
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Restituição é consequência da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins e soma R$ 60 bilhões.
A decisão da Abradee, associação que representa as distribuidoras de energia elétrica, de entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o artigo 1º da lei nº 14.385/2022, que determina a devolução dos valores de indébitos tributários do PIS e da Cofins, causou indignação entre agentes que representam os consumidores, que agora avaliam medidas judiciais. A restituição é consequência da exclusão do ICMS de suas bases de cálculo e deve ser feita aos usuários pela via tarifária. A ação inclui pedido de medida cautelar.
A lei foi sancionada em junho de 2022 e estabelece a devolução do ICMS incluído na base de cálculo do PIS e da Cofins. Isso está sendo feito por meio de aumentos menores nas revisões das tarifas de energia elétrica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio de créditos tributários, que são utilizados para compensar o pagamento de tributos federais recorrentes.
O montante desta bitributação totalizou R$ 60 bilhões, sendo que deste total, R$ 27,6 bilhões já foram devolvidos ao consumidor. Segundo a Aneel, os valores foram repassados ao Fisco e agora viraram créditos tributários a serem utilizados pelas distribuidoras para compensar o pagamento de tributos federais correntes.
O autor da lei, o deputado Fábio Garcia (União Brasil-MT), afirma que as distribuidoras são obrigadas a repassar 100% do crédito tributário ao consumidor como um abatimento na conta de luz. Por sua vez, as concessionárias afirmam que está havendo a expropriação do patrimônio das companhias de energia elétrica.
“Como é que podem ter um patrimônio se não investiram R$ 1 sequer para o patrimônio”, indaga o parlamentar. “É um enriquecimento ilícito sem causa das distribuidoras que beira má-fé (...). Vou recorrer à Advocacia-Geral da União (AGU) e à Procuradoria do Congresso Nacional do Senado Federal para ser parte da ação”, acrescenta.
A Abrace, associação que representa os grandes consumidores industriais, também se posicionou contra e avalia medidas judiciais. Ao Valor, o presidente da Frente Nacional dos Consumidores, Luiz Eduardo Barata, se diz surpreso com a ação das distribuidoras. Segundo ele, a lei aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado deu segurança jurídica para que fosse devolvido aos consumidores de energia algo que foi pago exclusivamente por eles.
“Impedir a devolução desses créditos, que somam R$ 60 bilhões, que foram pagos indevidamente pelos consumidores, terá como efeito o aumento das tarifas de todos os brasileiros", afirma Barata, da Frente Nacional dos Consumidores.
O diretor-presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, diz que se foram recolhidos indevidamente, esses impostos devem ser devolvidos a quem arcou com o pagamento, ou seja, os consumidores de energia. Ele reconhece que as concessionárias desempenharam um papel fundamental na recuperação dos valores, uma vez que entraram na Justiça para buscar os créditos, “mas não se pode esquecer que fizeram isso por livre e espontânea vontade e que os custos que tiveram com advogados durante todos esses anos foram devidamente repassados às tarifas de energia.”
O coordenador de energia do Instituto Pólis, que representa consumidores de baixa renda, diz não fazer sentido as distribuidoras quererem parte do benefício, uma vez que os impostos a mais foram integralmente pagos pelos consumidores. “Fica parecendo a pessoa que encontra uma carteira no meio da rua e exige uma recompensa para devolvê-la”.
Por outro lado, o presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia (ABCE), Alexei Vivan, coloca um contraponto. Ele diz que a ação da Abradee está focada no respeito à coisa julgada. Ou seja, ao que foi decidido em caráter final pelo judiciário. Segundo ele, a lei 14385/22 viola diversos princípios constitucionais, como a isonomia entre contribuintes, propriedade e segurança jurídica ao determinar a devolução de créditos tributários que foram judicialmente reconhecidos como de propriedade da distribuidora de energia.
“O problema é que a Aneel está calculando as tarifas das distribuidoras para que essa devolução ocorra dando por líquido e certo o valor do crédito calculado pelas distribuidoras e por elas compensado. Porém, esse crédito ainda pode ser contestado pela Receita Federal. Se o valor do crédito compensado for alterado, a distribuidora não terá como reaver essa diferença. Ademais, a lei também não considera as despesas e investimentos que a distribuidora fez com estudos, pareceres, advogados, custas processuais, etc, para ter esse direito reconhecido”.
A ação da Abradee tem sido fortemente criticada por alguns agentes do setor elétrico, já que a associação está atuando em duas frentes no STF. De um lado, eles trabalham pela redução do ICMS na conta de luz, como proposto no ano passado pela Lei Complementar 194, mas por outro discordam do artigo 1º da lei nº 14.385, que determina a devolução dos valores de indébitos tributários do PIS e da Cofins restituídos como consequência da exclusão do ICMS de suas bases de cálculo.
Procurada, a Abradee não quis se manifestar.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Plenário Virtual vai confirmar ou revogar liminar que permitiu a volta de cobrança pelos Estados.
O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu, nesta sexta-feira, um julgamento de impacto bilionário para os Estados. Os ministros vão dizer se concordam ou não com a decisão de Luiz Fux que permitiu a volta da cobrança de ICMS sobre as tarifas correspondentes ao custo de transmissão (TUST) e de distribuição (TUSD) de energia elétrica.
Essas tarifas compõem o valor das contas de luz residenciais, comerciais e industriais. Estão discriminadas, inclusive, nas faturas recebidas pelos consumidores.
Se excluídas da base de cálculo do ICMS, paga-se menos imposto aos Estados. Se contabilizadas, por outro lado, paga-se mais e, segundo especialistas, pode fazer com que a energia elétrica fique mais cara.
Liminar favorável aos Estados
A decisão que está em análise na Corte foi proferida em caráter liminar no dia 10 deste mês. O ministro Fux atendeu pedido dos Estados, para cobrar o ICMS, e encaminhou o caso para que se tenha uma decisão plenária.
Esse julgamento está ocorrendo no Plenário Virtual. Foi aberto nesta sexta-feira e os ministros poderão emitir os seus votos até o dia 3 de março — a data prevista para a conclusão. Eles podem confirmar ou revogar a liminar.
Um dos principais motivos para Fux ter atendido o pedido dos Estados e concedido a liminar que permitiu a volta da cobrança foi o impacto aos cofres públicos.
"A estimativa é de que, a cada seis meses, os Estados deixem de arrecadar, aproximadamente, R$ 16 bilhões, o que também poderá repercutir na arrecadação dos municípios, uma vez que a Constituição Federal determina que 25% da receita arrecadada com ICMS pelos Estados deve ser repassada aos municípios", disse.
Discussão jurídica
Essa discussão envolve a Lei Complementar (LC) nº 194, de junho de 2022. Essa norma modificou a Lei Kandir (LC nº 87, de 1996), deixando expresso que os valores de TUST e TUSD não integram a base de cálculo do ICMS.
Antes, a Lei Kandir era vaga — não falava em exclusão nem inclusão —, e contribuintes e Estados tinham interpretações diferentes. Há muita discussão sobre essas cobranças na Justiça. As ações envolvem, principalmente, atacadistas, indústrias e associações de hotéis, que consomem bastante energia elétrica em suas atividades.
Essa discussão — anterior à LC nº 194 — está pendente de decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Corte vai julgar, em recurso repetitivo — com efeito vinculante para todos os contribuintes — qual é a base de cálculo adequada do ICMS na tributação da energia elétrica: o valor da energia efetivamente consumida ou o valor da operação, o que incluiria a TUST e TUSD.
Advogados têm receio, inclusive, de que a decisão a ser proferida agora pelo STF, a depender de como for redigida, possa influenciar o julgamento no STJ.
ICMS dos combustíveis
A LC nº 194 — que está no centro da discussão no STF — surgiu no contexto do aumento do preço dos combustíveis no ano passado. Determinou a aplicação do ICMS pelo piso (17% ou 18%) sobre bens e serviços relacionados a combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. Essa limitação está relacionada à essencialidade dos itens.
Em dezembro, o STF homologou um acordo entre Estados, Distrito Federal e União sobre o ICMS dos combustíveis. Em relação à energia elétrica, ficou acertado que seria instituído um grupo de trabalho para discutir, dentre outros pontos, a incidência de ICMS sobre as tarifas de transmissão e distribuição.
A União, no entanto, não se opôs a uma eventual medida cautelar sobre esse ponto especificamente. Os Estados, então, protocolaram o pedido. Na Corte, essa discussão ocorre por meio da ADI 7195.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Os investimentos globais em tecnologias de transição energética atingiram US$ 1,3 trilhão no ano passado, alta de 19% em relação a 2021.
Entretanto, mesmo com a alta nos aportes, o montante representa menos de 40% das aplicações médias necessárias para atingir as metas do Acordo de Paris e da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. As informações são do relatório conjunto da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) e da Iniciativa de Política Climática (CPI).
Lançado nesta semana, o documento pontua que o investimento em soluções renováveis fora do sistema elétrico ficaram abaixo dos US$ 2,3 bilhões necessários anualmente no setor.
“O caminho para o net zero só pode acontecer com uma transição energética justa e equitativa. Embora nossos números mostrem que houve níveis recordes de investimento em energias renováveis no ano passado, uma maior escala é extremamente necessária para evitar mudanças climáticas perigosas, principalmente nos países em desenvolvimento”, diz Barbara Buchner, diretora Administrativa Global da CPI.
O relatório ainda destaca que os aportes têm se concentrado apenas em tecnologias e em usos específicos. Em 2020, apenas a energia solar fotovoltaica atraiu 43% dos investimentos globais em renováveis, seguida pela energia eólica onshore e offshore com 35% e 12% de participação, respectivamente.
Para a Irena, as aplicações financeiras devem fluir para tecnologias novas, bem como para outros setores além da eletricidade, como de aquecimento, resfriamento e integração de sistemas, o que deve ajudar na transição energética.
Em relação aos empréstimos, a agência aponta que países em desenvolvimento precisam de financiamentos públicos. Uma das soluções sugeridas no relatório é a colaboração internacional para o aumento dos fluxos financeiros do Norte ao Sul Global.
“Para que a transição energética melhore vidas e meios de subsistência, governos e parceiros de desenvolvimento precisam garantir um fluxo de financiamento mais equitativo, reconhecendo os diferentes contextos e necessidades”, diz o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera.
A entidade também acredita que para concretizar a transição energética é necessário o redirecionamento de US$ 0,7 trilhão por ano de investimento destinado aos combustíveis fósseis para tecnologias relacionadas à transição. Além dos investimentos, a agência pede uma eliminação gradual dos subsídios aos ativos fósseis.
Fonte e Imagem: MegaWhats.
Em 2021, o total importado foi de 10,3 GW, indicando investimentos de aproximadamente R$ 45 bilhões.
Um estudo feito pela consultoria Greener mostrou que o volume de módulos fotovoltaicos importados pelo mercado brasileiro em 2022 para atender o segmento de geração de energia solar de consumidores finais, de residências e comércios em instalações em telhados até investidores de grandes usinas solares, bateu os 17,8 gigawatts (GW) de potência. Este montante deve movimentar investimentos de R$ 64 bilhões, sendo 80% já realizados ano passado e o restante a ser concluído no ano de 2023.
A pesquisa foi feita com 3.475 empresas durante o período de dezembro de 2022 a janeiro de 2023. Os módulos representam de 38% a 50% do preço final de um sistema solar, sendo um importante componente a ser analisado para a precificação de mercado. Entretanto, outros elementos, como estruturas de fixação, variação de preço das commodities de cobre e alumínio e custos de construção das usinas também compõem a cadeia de valor.
Em 2021, o total importado foi de 10,3 GW, indicando investimentos de aproximadamente R$ 45 bilhões. Um dos fatores que ajudam a entender o forte crescimento é que os preços dos sistemas fotovoltaicos tiveram queda média de 12% em 2022 por conta da diminuição dos custos dos módulos e elevado nível de estoque de equipamentos no atacado.
Outro motivo que levou ao crescimento do setor foi o marco legal da geração própria (geração distribuída), que criou uma espécie de “corrida pelo sol”, pois garantiu a gratuidade, até 2045, no uso da rede das distribuidoras, a chamada Tusd, para empreendimentos que pediram conexão à rede elétrica até 6 de janeiro de 2023. Agora as mudanças das regras de geração distribuída que entraram em vigência em a partir do dia 7 de janeiro de 2023 trarão queda na atratividade dos sistemas.
Ao Valor, o diretor da Greener, Marcio Takata, diz que embora o início da regra de transição estabeleça o pagamento gradual da Tusd, que é a parcela que remunera a rede das distribuidoras de energia, os sistemas solares continuam atrativos ao consumidor final a depender do modelo de negócio dado o impacto limitado no retorno do investimento para sistemas de geração local.
“As mudanças das regras de geração distribuída que entraram em vigência em janeiro de 2023 trazem leve queda na atratividade dos sistemas fotovoltaicos residenciais e comerciais. Apesar disso, geração solar própria continua sendo investimento rentável e vantajoso a esse consumidor final “, afirma.
Por outro lado, Takata explica que a escalada de juros que o Brasil passa foi responsável pela queda na participação do financiamento dos sistemas, apoiando 22% das vendas efetuadas frente a 57% em 2021.
“A elevada taxa de juros durante o ano de 2022 provocou a queda da participação do financiamento nas vendas de sistemas fotovoltaicos. Frente a este cenário, as empresas integradoras buscaram flexibilizar as condições de pagamento por meio de maior desconto em pagamentos à vista ou estendendo o número de parcelas”, frisa.
Outro ponto importante que o executivo destaca é a ampliação da cadeia, com entrada de 10,3 mil novas empresas integradoras atuando no setor de geração distribuída nos últimos 12 meses.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Depois de avanços percebidos pela SPIC Brasil em gestão e treinamento de pessoal na operação da UHE São Simão (MG/GO, 1.710 MW) os projetos desenvolvidos pelas startups AQS Tecnologia e Sense + ficarão em breve disponíveis ao mercado. As partes assinaram um contrato com a geradora de origem chinesa há pouco mais de um ano, no âmbito do programa de P&D da Aneel para o desenvolvimento de soluções inéditas ao setor elétrico.
A AQS Tecnologia foi uma das vencedoras do desafio de inovação aberta em 2020 com um projeto de UHE Virtual, ferramenta que permite treinamentos práticos e predição de manobras através de ambiente virtual de uma hidrelétrica. A solução permite a realização de procedimentos que seriam complicados de realizar no ambiente real, num recurso parecido com um simulador de voo para treinamento de pilotos.
Segundo a geradora, a ferramenta traz uma experiência de treinamento ao possibilitar o acionamento e o desligamento virtual de máquinas, sendo importante não apenas para a operação da usina, mas para a startup e para o próprio setor, que agora dispõe de mais um recurso. Para a AQS Tecnologia, o grande benefício é encontrar novos clientes para o produto testado por mais de um ano na UHE.
Óculos Inteligentes
Outro projeto em andamento com apoio da SPIC Brasil é tocado pela Sense+ e tem como base o conceito imersivo e de realidade estendida, com aplicação de óculos inteligentes para redução de riscos de acidentes operacionais. A solução abrange diferentes tecnologias e aumenta a percepção do ambiente a partir de objetos digitais.
A tecnologia desenvolvida, explica a empresa, permite a colaboração remota na usina. Munido dos óculos de realidade virtual, o técnico, in loco, consegue manter suas mãos livres e ao mesmo tempo transmitir as imagens do equipamento que está sendo trabalhado. Assim é possível resolver um problema com um especialista da máquina que irá acompanhar o processo mesmo a distância, através de videochamada.
A interação entre a realidade e o virtual é possível porque a planta de São Simão, que atualmente está passando por um processo de modernização, foi toda digitalizada através do sistema Building Information Modeling (BIM). Todos os equipamentos estão disponíveis em modelos 3D que possibilitam as visualizações virtuais de todas as áreas do complexo.
Novos projetos
A geradora possui ainda um projeto de inovação que utiliza big data e inteligência artificial, com base de informações em séries históricas dos sensores da usina para antever ocorrências de falhas. A iniciativa está no meio do seu desenvolvimento com outra startup, a Solution, e tem resultados promissores para que o sistema consiga prever um possível defeito antes que ele aconteça.
Este ano a empresa lançou o seu segundo desafio para ampliar ainda mais o ambiente de inovação na operação da UHE São Simão e trazer novos serviços para o mercado de energia como um todo. Podem participar startups, empresas de base tecnológica, centros de pesquisa e universidades. O aporte para quatro projetos dentro dos temas de Operação, Modernização e Patrimônio. será de R$ 6 milhões.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O consumo de energia elétrica no Brasil se manteve estável em janeiro na comparação com igual período de 2022, revertendo a trajetória de queda observada nos dois meses anteriores, segundo dados prévios divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta quarta-feira.
O mercado livre, no qual indústria e grandes empresas contratam seu fornecimento de energia, mostrou leve recuperação no primeiro mês de 2023, ajudando a evitar uma queda do consumo nacional. A demanda do segmento cresceu 1,8% no comparativo anual, puxada principalmente pelos setores de extração de minerais metálicos (10%) e metalurgia e produtos de metal (6%).
Já o mercado regulado, que atende residências e pequenas empresas, seguiu pelo terceiro mês consecutivo em queda, desta vez com uma leve redução de 0,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo a CCEE, a retração no ambiente regulado, que responde por mais de 60% do consumo nacional de energia, está associada principalmente ao crescimento da geração distribuída, ou seja, painéis solares instalados em residências e empresas, que diminuem a demanda do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Pelos cálculos da instituição, excluindo o efeito da geração distribuída, o consumo de energia no ambiente regulado teria crescido 2,0% na comparação com janeiro do ano passado.
Atualmente, a geração distribuída de energia soma 17 gigawatts (GW) de potência no Brasil, tendo se tornado a principal propulsora da fonte solar no país.
GERAÇÃO DE ENERGIA
Em janeiro as hidrelétricas mantiveram papel de destaque no fornecimento de energia, com produção de 54.873 megawatts médios, volume 4,5% maior na comparação com o mesmo período do ano passado. Consequentemente, as termelétricas reduziram sua geração em quase 45%, a cerca de 6.000 megawatts médios, enquanto a fonte solar produziu 70% mais eletricidade e a eólica avançou perto de 40%.
A CCEE destacou ainda que o período favorável para geração de energia elétrica permitiu ao Brasil exportar 1.133 megawatts médios para a Argentina em janeiro. Foi realizada a primeira exportação comercial de eletricidade ao país vizinho a partir de excedentes hidrelétricos, após o armazenamento das usinas terminarem o mês nas melhores condições dos últimos 11 anos.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
A EDP Renováveis, quarta maior produtora de energia eólica e solar do mundo, inaugurou na semana passada seu maior complexo eólico da empresa a nível global, no estado do Rio Grande do Norte.
Com 580 MW de capacidade instalada e 138 turbinas eólicas, o complexo foi instalado no Estado onde a empresa já tinha uma presença e passa a ter agora mais de 800 MW instalados, além de mais de 300 MW em construção.
Este novo complexo inclui os parques eólicos Monte Verde I-VI, Boqueirão I-II e Jerusalém I-VI que, juntos, têm a capacidade de produzir cerca de 3 mil GWh/ano, energia suficiente para abastecer uma cidade com mais de 1,5 milhões de habitantes. Dessa maneira, será evitada a emissão de mais de um milhão de toneladas de CO2 por ano. Conheça os detalhes dos complexos que formam este parque eólico:
Monte Verde I-VI
O Complexo Eólico Monte Verde I-VI é o maior da EDP Renováveis em operação e em todos os 28 mercados da companhia. Também é o 14º maior em operação no Brasil e o 2º maior no estado do Rio Grande do Norte.
Começou a ser construído em abril de 2021, possui 319,2 MW de capacidade instalada e é composto por seis parques. No período de um ano de operação, o complexo evitará a emissão de mais de 600 mil toneladas de CO2, diz a empresa.
Localizado nos municípios de Lajes e Pedro Avelino no estado do Rio Grande do Norte, o projeto contou com a construção de 48 km de estrada e gerou mais de 1.300 postos de trabalho. A capacidade de geração, por ano, é de 1.723.969 MWh, o equivalente ao abastecimento de uma cidade com aproximadamente 910 mil habitantes ou por volta de 314 mil residências.
Boqueirão I-II
O Complexo Eólico Boqueirão I-II começou a ser construído em junho de 2021, possui 79 MW de capacidade instalada e é composto por dois parques. No período de um ano de operação, o complexo evitará a emissão de 305 mil toneladas de CO2.
Localizado nos municípios de Lajes e Caiçara do Rio do Vento no estado do Rio Grande do Norte, o projeto contou com a construção de 29 km de estrada e gerou mais de 1.000 postos de trabalho. A capacidade de geração, por ano, é de 875.220 MWh, o equivalente ao abastecimento de uma cidade com aproximadamente 462 mil habitantes ou por volta de 159 mil residências.
Jerusalém I-VI
O Complexo Eólico Jerusalém I-VI começou a ser construído em janeiro de 2021, possui 180.6 MW de capacidade instalada e é composto por seis parques. No período de um ano de operação, o complexo evitará a emissão de 150 mil toneladas de CO2.
Localizado nos municípios de Lajes e Pedra Preta no estado do Rio Grande do Norte, o projeto contou com a construção de 26 km de estrada e gerou mais de 1.000 postos de trabalho. A capacidade de geração, por ano, é de 431.246 MWh, o equivalente ao abastecimento de uma cidade com aproximadamente 228 mil habitantes ou por volta de 79 mil residências.
Fonte e Imagem: Isto É Dinheiro.
Para a Frente Nacional dos Consumidores de Energia, a análise do STF ao incluir as tarifas no tributo teria de ser feita de forma ampla e não só considerar a redução de arrecadação dos Estados, mas também a situação dos consumidores.
A Frente Nacional dos Consumidores de Energia avalia que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de incluir as tarifas de uso dos sistemas de distribuição e transmissão (Tusd e Tust) na base de cálculo do ICMS desperta insegurança jurídica, uma vez que ela contraria precedentes contrários do próprio STF e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Segundo o presidente da instituição, Luiz Eduardo Barata, a Lei Complementar 194/22, que estabeleceu a retirada da Tust e Tusd do cálculo do ICMS havia corrigido a distorção que havia com a cobrança do imposto sobre serviços que não são caracterizados como mercadoria – consequentemente, não deveriam compor a base de cálculo do tributo.
Para ele, a análise tem de ser feita de forma ampla e de modo a não só considerar a redução de arrecadação dos Estados, mas também a situação dos consumidores, cujas tarifas de energia estão entre as mais elevadas do mundo.
"A diminuição da arrecadação não justifica, por si só, a manutenção dos serviços de transmissão e distribuição bem como os encargos setoriais na base de cálculo do ICMS", disse Barata.
Na visão do executivo, as decisões judiciais deveriam considerar também as razões dos pagadores de impostos, não só os argumentos do lado dos arrecadadores. Além disso, a não incidência do imposto teria potencial de aumentar a arrecadação.
"“Com a conta de luz mais baixa, sobraria mais dinheiro para os consumidores gastarem com outros bens e serviços. No mínimo, isso poderia manter a arrecadação dos estados”, afirmou Barata.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Deputado afirma que a intenção é criar instância superior para fiscalizar a atuação dos órgãos.
A Emenda 54, como ficou conhecida a proposta de criação de conselhos temáticos para fiscalização do trabalho das agências reguladoras, não tem o objetivo de enfraquecer as instituições, afirmou o deputado federal Danilo Forte (União Brasil-CE) ao Valor.
Autor da emenda anexada ao projeto de lei de conversão da Medida Provisória 1.154/2023, que autoriza a reorganização do Poder Executivo, Forte disse que a intenção é de criar uma instância superior para fiscalizar a atuação das agências, como acontece atualmente no Poder Judiciário, com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Ministério Público, com o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que verificam o trabalho das instituições sem retirar autonomia delas.
A proposta prevê a criação de conselhos temáticos ligados aos ministérios aos quais as agências reguladoras estão vinculadas. Por exemplo, o conselho que fiscalizaria a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estaria ligado ao Ministério de Minas e Energia.
A medida, caso seja aprovada, afetará 11 agências reguladoras. Os conselhos seriam compostos por representantes do Poder Legislativo, Executivo e da sociedade civil (como consumidores, academia e empresas), cujas indicações partiriam das comissões ligadas às áreas de atuação das agências, no Congresso. Mantendo-se o exemplo da Aneel, a composição do conselho temático teria aprovação das indicações pela Comissão de Minas e Energia da Câmara.
Forte negou que a intenção seja retirar o papel regulador das agências. “O conselho não tem papel de regulação nem de ser um revisor”, salientou. Ele rejeita que a proposta seja considerada um “jabuti”, jargão político para classificar uma emenda incluída em projetos de lei cujos temas não tenham relação entre si. Segundo ele, a criação dos conselhos tem relação direta com a proposta de reestruturação administrativa proposta na MP. Ao mesmo tempo, afirmou que a emenda foi apresentada dentro do prazo regimental e com espaço para discussões.
“Jabuti foi a proposta das térmicas”, salientou, em referência à implantação de 8 gigawatts (GW) de térmicas a gás em regiões de infraestrutura de dutos, no âmbito da privatização da Eletrobras, na qual ele votou contra, mas “foi voto vencido”.
Para o parlamentar, em vários momentos há sobreposição dos papéis das reguladoras. Ele citou casos como o de decisões de agências que contrariaram leis em vigor ou de decisões monocráticas de diretores, na direção oposta a tomada pelo colegiado daquela mesma autarquia. O conselho, neste caso, verificaria a validade das decisões. “A ideia é impedir a cooptação por parte do empresariado, para beneficiar o consumidor”, disse.
Forte ressaltou que foi relator da Lei Geral das Agências (13.848/2019) e da Lei das Estatais (13.303/2016) e entende o papel das agências, mas quer evitar excessos por parte delas. “Não tenho interesse em criar confronto, e sim o de fortalecer o papel das agências”, completou.
A emenda gerou reações de entidades representativas de empresas de diversos setores, como energia elétrica, petróleo e gás, farmacêutico e de telecom. Associações alegam que a Lei das Agências estabelece que o controle externo delas caberá ao Congresso, com apoio do Tribunal de Contas da União (TCU) e que a criação dos conselhos implica risco regulatório e ameaça à independência e autonomia das agências. Forte disse ter ficado surpreso com a reação das associações, que divulgaram manifestos e notas contra a inclusão da proposta na MP.
Reiterando que não pretende reduzir o papel das agências reguladoras, Forte citou como exemplo a regulamentação, pela Aneel, da Lei 14.300/2021, que criou o marco legal da geração distribuída, cujo teor da resolução recém-aprovada seguiu na direção oposta do que foi estabelecido na lei.
Outro exemplo foi a aprovação de uma metodologia de cálculo das tarifas de uso de sistemas de transmissão (Tust) e de distribuição (Tusd), que considera o volume de energia injetada na rede e a localização das usinas (o chamado sinal locacional). A decisão da Aneel eleva o custo para as usinas localizadas no Nordeste, que exportam energia para o restante do país, especialmente eólicas e solares.
Segundo Forte, essa medida não precisaria ser adotada porque o Congresso estava avaliando projeto de lei com a mesma finalidade. Além disso, a medida poderia retirar investimentos em renováveis. No ano passado, Forte apresentou um projeto de decreto legislativo no qual propunha sustar as duas resoluções da Aneel que aperfeiçoava cobranças de Tust e Tusd.
O deputado destacou que o Rio Grande do Norte, por exemplo, tem perspectiva de triplicar a capacidade instalada renovável, de 6 GW para 18 GW, mas com a regra da Aneel há empresários que avaliam rever a pretensão de investir no Estado diante da perspectiva de aumento de custos.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Certame reúne nove lotes com obras e instalação de novos equipamentos em sete Estados e o edital deve ser publicado no dia 31 de maio.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (14) o edital de contratação de novas linhas de transmissão e aumento da capacidade de subestações de energia com previsão de investimento de R$ 15,8 bilhões.
A sessão pública do leilão está marcada para 30 de junho deste ano. O edital deve ser publicado no dia 31 de maio, após liberação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Ao todo, o certame reúne nove lotes com obras e instalação de novos equipamentos em sete Estados (BA, ES, MG, PE, RJ, SE e SP). Se confirmada a contratação, a rede básica de transmissão do país contará com mais 6.184 quilômetros e 400 megavolt-amperes (MVA) em capacidade de transformação em subestação de energia.
As novas instalações deverão entrar em operação no prazo de 36 a 66 dias, contados a partir da contratação. A assinatura dos contratos está prevista para 29 de setembro.
Entre os destaques do certame, em valor de investimento, está o Lote 1. O empreendimento prevê aporte de R$ 3,6 bilhões na expansão de 1.116 quilômetros de rede nos Estados da Bahia e Minas Gerais. O prazo de execução da obra é de 66 meses e remuneração máxima, que pode cair a depender da disputa no leilão, de R$ 515 milhões por ano.
Outro destaque é o Lote 2, também nos Estados da Bahia e Minas Gerais. O projeto contará com investimento de R$ 4,34 bilhões em linha de 1.614 quilômetros de extensão. A receita máxima que constará no edital é de R$ 709 milhões, que também pode cair se mais de um lance for apresentado por investidores interessados.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Emenda à MP1.154 transfere aprovação de normas a conselhos ligados a ministérios e secretarias do governo federal.
Entidades de diferentes setores produtivos tem reagido à proposta do deputado Danilo Forte (União-CE) que retira poder das 11 agências reguladoras federais, ao reduzir o espaço de atuação dessas autarquias. O parlamentar apresentou emenda ao projeto de conversão da Medida Provisória 1.154, determinando que a edição de atos normativos, mesmo nos setores regulados, será feita por conselhos ligados aos ministérios e secretarias que atuarão nas funções de regulação, “deslegalização” e edição de atos normativos.
A MP publicada em 1º de fevereiro estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios, de acordo com a nova configuração da Esplanada definida pelo governo.
Pela proposta do deputado, os conselhos que assumiriam o papel de instância reguladora seriam compostos por representantes do ministério setorial, da agência, dos setores regulados, da academia e dos consumidores. A emenda altera as leis de criação da Aneel, Anatel, ANA, Anac, Antaq, ANTT,Anvisa, ANS, ANM e Ancine, determinando ainda que as decisões inerentes à atividade de contencioso administrativo serão de competência exclusiva de um órgão julgador independente, no qual se garanta o duplo grau de jurisdição e o direito à ampla defesa e ao contraditório.
Para a Associação Brasileira de Agências Reguladoras, a emenda cria um modelo de regulação sem equivalente no mundo e representa alto risco regulatório à infraestrutura do país. A entidade que reúne 68 instituições alertou em nota que a mudança transfere a regulação dos contratos de concessão de órgãos permanentes de Estado para conselhos ligados a governo, facilitando a captura dessas instituições.
“O texto da emenda desidrata o atual modelo regulatório, pois praticamente anula a função das agências reguladoras na sua principal atividade, a de regular”, alertou o presidente da Abar, Vinícius Fuzeira Benevides. O executivo também acredita que a pode haver comprometimento da relação do Brasil com organismos internacionais, de financiamento, fomento, cooperação e desenvolvimento econômico, que exigem agências autônomas.
Durante a semana, entidades que representam as empresas atuantes nos mercados regulados de rodovias, aeroportos, portos, ferrovias, telecomunicações e saneamento básico divulgaram nota pública com manifestação contrária à propostas de alteração legal. O documento tem como signatárias ABCR, ABR, ABTP, ANTF, Conexis, TelComp, Associação NEO, Abcon/Sindcon e Asfamas.
A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado também criticou o enfraquecimento do papel das agências. Para a entidade, a mudança pode afugentar investimentos. “A Abegás se alinha a dezenas de associações e entidades da sociedade civil, na expectativa de que o Congresso Nacional não leve adiante esse retrocesso,” disse em nota.
A associação lembrou que o arcabouço legal do órgãos de regulação tem funcionado bem e preservado o necessário equilíbrio nas relações econômicas, dando segurança jurídica aos investimentos. “Tal modelo [sugerido pelo deputado] é inaceitável, justamente porque enfraquece um modelo com reguladores fortes e independentes.”
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica reforçou a rejeição à proposta. \Em nota, a Abinee afirmou que, desde que foram criadas, as agências aperfeiçoaram sua atuação, ganharam maior independência e criaram um legado de conhecimento técnico necessário à manutenção do ambiente produtivo e regulatório e à atração de novos investimentos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Companhias de energia que operam hidrelétricas vão pleitear ao novo governo brasileiro um aumento na remuneração de serviços que as usinas passaram a prestar ao sistema elétrico, a fim de permitir novos investimentos nas plantas, além de uma retomada de projetos para a construção de novas hidrelétricas de médio porte no país, disseram à Reuters executivos do setor nesta segunda-feira.
As propostas, que ainda não foram entregues formalmente, fazem parte de um conjunto de medidas elaboradas para valorizar a principal fonte de geração do Brasil, correspondendo a cerca de 60% da matriz elétrica, e vista como essencial para garantir a estabilidade do fornecimento de energia diante do crescimento das fontes eólica e solar, que têm geração variável ao longo do dia.
Uma das principais demandas é que as hidrelétricas passem a ser remuneradas adequadamente pelos chamados "serviços ancilares" (de apoio à segurança do sistema elétrico) e, com isso, possam investir em modernização e aumento da potência das usinas existentes, muitas das quais já superam os 30 anos de vida.
Com regras que incentivem esses investimentos, o parque de hidrelétricas do Brasil, de cerca de 100 gigawatts (GW) de potência, poderia aumentar de 5% a 20%, segundo estudos da International Hydropower Association (IHA), entidade que está participando das discussões junto às empresas do segmento.
"As hidrelétricas são baterias gigantes e possibilitam o controle da frequência. Em termos elétricos, é o que mantém o Brasil sem apagões... porque as hidrelétricas proporcionam carga contínua de base... é invisível, mas vale muito para a continuidade do fornecimento", afirmou Adriana Waltrick, CEO da SPIC Brasil, subsidiária da gigante chinesa State Power Investment Corporation.
No dia a dia, as usinas têm de fazer manobras com as máquinas, para parar ou reiniciar rapidamente, a depender da oferta de energia que o operador do sistema ONS tem à disposição no momento --e que tem variado mais com a inserção de mais usinas eólicas e solares, cuja geração não é controlável.
Segundo a executiva da SPIC, há um custo de oportunidade que não está sendo remunerado adequadamente pela tarifa recebida pelos geradores hoje, que leva em conta a entrega da energia pactuada em contrato.
Sem incentivos, os geradores não investem na chamada "repotenciação", ou aumento da potência das máquinas.
"O gerador acaba parando a usina para fazer reforma obrigatória, mas não faz um investimento que poderia levar a um ganho de garantia física (quanto de energia a usina pode comercializar) para o setor e para ele", disse Gil Maranhão, diretor de Responsabilidade Social Corporativa e Comunicação da Engie Brasil.
O tema tem sido levantado ainda por outros grandes geradores, como a Eletrobras, que também defende uma modernização da regulação dos serviços ancilares.
NOVAS HIDRELÉTRICAS
Os geradores também vão propor que o Brasil abandone uma "autocensura" imposta na construção de novas hidrelétricas, que deixaram de ser avaliadas após projetos polêmicos do ponto de vista social e ambiental, como Belo Monte, e em um contexto de avanço tecnológico de fontes de implementação mais simples.
Segundo Maranhão, da Engie, não está na pauta o retorno de grandes empreendimentos hidrelétricos, com grandes áreas de alagamento para reservatório e deslocamento de população.
"O que nós defendemos é construção de hidrelétricas médias, que são palatáveis para empresas privadas, mais fáceis de lidar com desafios socioambientais, não estão na Amazônia, mas espalhadas no Brasil inteiro, e com um tamanho de reservatório que gere esses atributos, essa flexibilidade (ao sistema)."
O último grande empreendimento hidrelétrico inaugurado no Brasil foi Belo Monte, cuja última máquina entrou em operação em 2019. Desde então o país não tem desenvolvido novas oportunidades na fonte. Há alguns projetos parados, com estudos pendentes e sem decisão de construção.
Para Cláudio Trejger, presidente da divisão de Hydro da GE Renewable Energy na América Latina, o país está num "bom momento" para retomar a construção de novas hidrelétricas, respeitando as diretrizes dos órgãos competentes.
"Além disso, temos tecnologias avançadas para a modernização e atualização de usinas já existentes, o que permite otimizar as operações e aproveitar ao máximo o recurso hídrico que temos disponível", avalia.
Já o presidente da IHA, Roger Gill, destacou o potencial das hidrelétricas no contexto da transição energética, dizendo enxergar uma "grande oportunidade" de preencher o buraco deixado pelos fontes mais poluentes, como o carvão, a um baixo custo e em um curto espaço de tempo.
"Estamos prontos para ajudar o governo a aproveitar ao máximo esta oportunidade enquanto desenvolvemos a capacidade para um sistema elétrico limpo, verde, moderno e acessível a longo prazo, incluindo energia hidrelétrica sustentável”, disse Gill.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Segundo dados da ONS, na quinta-feira (9), país produziu 6.044 MW de geração instantânea, o patamar mais elevado atingido pelo Sistema Interligado Nacional.
O Brasil atingiu na quinta-feira (9) o recorde do país na geração de energia solar fotovoltaica.
Segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), obtidos pela CNN Brasil, o país atingiu a marca de 6.044 MW de geração instantânea, o patamar mais elevado atingido pelo SIN (Sistema Interligado Nacional).
O volume gerado representa 7,8% da demanda do SIN e foi registrado às 10h28. Em dezembro, a fonte solar representava cerca de 3,6% do total da energia gerada, 6,6 GW. A projeção para dezembro de 2026 é que chegue a 6,7%, um total de 13,9 GW.
Hoje, o pico de consumo da energia elétrica no país tem ocorrido no final da manhã e início da tarde, o que levou a gestão de Jair Bolsonaro a decidir não retomar o horário de verão no país.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, cogita retomá-lo, sobretudo diante dos pedidos de setores econômicos como o hoteleiro e alimentício, que costumam lucrar mais com a extensão do período da manhã.
Além disso, especialistas em segurança pública dizem que o horário de verão também costuma diminuir os índices de criminalidade em grandes centros urbanos, já que o horário de fim de expediente ocorre ainda à luz do dia, o que intimidaria a atuação de grupos criminosos.
A decisão sobre a volta do horário de verão, no entanto, só deve ser tomada no segundo semestre deste ano.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Boletim Mensal de Energia mostra aumento na renovabilidade das matrizes elétrica e energéticas.
Dados do Boletim Mensal de Energia do Ministério de Minas referentes a novembro de 2022 mostram que a oferta de energia hídrica cresceu 16% na comparação com 2021, causado pela melhora dos índices pluviométricos. O boletim também aponta para uma forte queda na geração térmica a carvão mineral e a gás natural no ano, de mais de 50% em cada.
De acordo com o boletim do MME, o crescimento da geração hidráulica indica uma melhora na renovabilidade das matrizes energética e elétrica, além de uma diminuição nas perdas energéticas relacionadas, que são maiores na geração termelétrica, fazendo com que o Consumo Final Energético esteja com crescimento previsto de cerca de 2%. A estimativa é que a matriz elétrica em 2022 tenha sido 87% composta por renováveis, acima dos 78,1% de 2012. Já na matriz energética em 2022, a expectativa é de 47,4% de renováveis, superando os 44,7% de 2021.
Na geração, a previsão é de consolidação com a disparada de mais de 78% da solar e do sólido crescimento de mais de 13% da eólica, assim como os mais de 16% da hidráulica. A subida da geração solar está relacionada com o aumento da capacidade instalada de GD, alcançando mais de 16 GW no final do ano de 2022, diante do encerramento do prazo para manter-se isenções até 2045 definido pelo Marco Legal da GD A geração solar centralizada também apresenta crescimento relevante, atingindo mais de 7 GW de potência instalada.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Questões não podem ser decididas sem forte embasamento técnico, no plenário da Câmara dos Deputados no curso de reunião que dura algumas horas.
Ao que tudo indica, está se tornando moda na Câmara dos Deputados a introdução de “jabutis” na aprovação de projetos de lei (PLs). O que tem ocorrido é que, na etapa final de votação de um PL – longamente discutido nas várias comissões da Câmara –, o relator introduz modificações importantes não discutidas anteriormente e que são votadas imediatamente, sem a análise necessária. Muitas vezes, essas modificações têm pouco que ver com o projeto de lei original, caracterizando um verdadeiro “desvio de finalidade”.
Um dos exemplos mais conhecidos desse procedimento ocorreu na aprovação da medida provisória (MP) que permitiu a privatização da Eletrobras. Foi incluída na MP a instalação de oito usinas térmicas que deverão gerar 2,5 milhões de quilowatts na Região Norte, 2,5 milhões no Centro-Oeste e 1 milhão no Nordeste – regiões onde notoriamente não existe gás –, além de 2 milhões no Sudeste. O governo deverá instalar ainda gasodutos para suprir as necessidades dessas usinas (32 milhões de m3 por dia). Custo total estimado: R$ 368 bilhões.
Outro e mais recente destes “jabutis” acaba de ser adicionado ao Projeto de Lei n.º 2.703/22, votado pela Câmara dos Deputados em 6 de dezembro. O PL original estendia os prazos de inscrição que beneficiariam a micro e a mini geração distribuída, sobretudo usinas solares, isentando-as até 2045 de pagar pelo uso das linhas de transmissão e distribuição da energia elétrica excedente injetada no sistema.
Na sessão em que o projeto de lei foi votado, o relator estendeu esse benefício às pequenas centrais hidrelétricas de até 30 mil quilowatts. Além disso, determinou que, dos 2,5 milhões de quilowatts de usinas destinados ao Centro-Oeste na lei de “desestatização” da Eletrobras, 1,5 milhão de quilowatts seria gerado por pequenas centrais hidrelétricas de até 50 mil quilowatts.
Na prática, esse “jabuti” corrige o “jabuti” anterior. O primeiro dos “jabutis” descritos acima resultou da pressão dos setores interessados em usar gás natural. O segundo, dos grupos que produzem energia solar com subsídios. Mas, por outro lado, recolocou em termos corretos a necessidade urgente de valorizar o papel da energia hidrelétrica do País, levando em conta os aspectos ambientais.
O que ocorreu na Câmara dos Deputados, nos dois casos, demonstra claramente a ausência do Ministério de Minas e Energia do processo decisório numa questão técnica em que sua participação é essencial.
O sistema energético nacional – sobretudo na área de eletricidade – é integrado, isto é, existe uma rede nacional de linhas de transmissão na qual é lançada a eletricidade gerada em centenas de usinas e distribuída aos consumidores de todo o País. Nem os Estados Unidos têm uma rede integrada como o Brasil, o que garante a segurança energética em todo o País. Se Itaipu deixar de gerar, a eletricidade de outras usinas será redirecionada de forma a evitar um “apagão”. Tal sistema exige planejamento, mesmo que as inúmeras usinas existentes sejam privadas, e a expansão do sistema de geração não pode ser feita a mercê de interesses de lobbies.
O Brasil é um dos poucos países do mundo com um imenso potencial hidrelétrico do qual apenas metade está sendo aproveitada. A expansão do sistema implicaria a construção de algumas grandes usinas na Amazônia e de um grande número de centrais hidrelétricas menores nas demais regiões do País.
Essa expansão tem sido seriamente prejudicada por oposição de alguns grupos mal informados que acreditam, erroneamente, que usinas hidrelétricas dão origem a impactos ambientais e sociais insolúveis.
A experiência da construção de cerca de 50 mil usinas hidrelétricas de grande porte no mundo todo, desde o século 19, é de que os impactos podem ser reais na região onde as usinas são construídas (situadas em geral em zonas rurais de baixa densidade populacional). Por outro lado, a eletricidade gerada beneficia populações cerca de 100 vezes maiores que vivem nas cidades a centenas de quilômetros de distância.
As novas energias renováveis (solar e eólica) podem ser excelentes por serem renováveis e não poluentes, mas são intermitentes: não geram eletricidade à noite ou quando os ventos não sopram. Um sistema com alta participação dessas renováveis só funciona bem em conjunto com reservatórios de energia. Baterias são caras e só podem fornecer energia por algumas horas. As usinas hidrelétricas, com amplos reservatórios de água, desempenham esse papel com perfeição, com a capacidade de gerar eletricidade por longos períodos usando a água de reservatórios. Usinas térmicas (queimando combustível fóssil) e energia nuclear também podem fazê-lo.
Essas questões não podem ser decididas sem forte embasamento técnico. Só aprofundados estudos permitem a tomada de decisões, e custos sociais e ambientais devem ser balanceados com os benefícios para a sociedade. Isso não se pode decidir no plenário da Câmara dos Deputados no curso de reunião que dura algumas horas.
É essencial que o governo reassuma o papel proativo no planejamento energético nacional que teve no passado. Sem isso, continuaremos a tomar decisões ao sabor de lobbies que não levam em conta os interesses nacionais de longo prazo.
Fonte e Imagem: Estadão.
Entrega de gás nacional pela estatal apresentou queda de 18,6% no ano.
A geração de energia elétrica pela Petrobras ficou em 859 MW med em 2022, mostrando um recuo de 75% em relação a 2021. No quarto trimestre do ano passado, a geração de 658 MW med significou uma variação negativa de 81,3% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Ao observar a geração do terceiro trimestre, houve um aumento de 41% em virtude da volta à operação da UTE TermoRio em outubro, após parada programada. De acordo com a Petrobras, a queda na geração veio em função da recuperação dos reservatórios.
Em 2022, houve redução de 16% do volume de disponibilidade em leilão, devido ao fim de contratos no quarto trimestre de 2021 e do desinvestimento de UTEs Arempebe, Bahia 1 e Muricy, movidas a óleo, também em 2021. Em 2022, a Petrobras assinou os contratos do primeiro leilão de reserva de capacidade do país, referente a 2.207 MW de potência. Os contratos representam a recontratação de 41% da capacidade do parque gerador e com previsão de início em julho de 2026.
A entrega de gás nacional pela estatal no ano passado chegou a 35 milhões de m³/dia, valor 18,6% menor que em 2021. No quarto trimestre de 2022, a entrega ficou em 34 milhões de m³/dia, recuo de 22,7% na comparação com igual período de 2021. O menor volume de gás entregue pela Petrobras no ano também foi causado pela redução de contratos de compra com produtores parceiros e de desinvestimentos em produção própria concluídos. Com o fim dos contratos, os produtores passaram a comercializar o gás diretamente com as distribuidoras e consumidores livres. Ainda em 2022 houve redução de 15% na importação de gás boliviano e 74% no volume de GNL regaseificado, justificado pelo menor despacho termelétrico.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Projeto que tramita desde o ano passado contém os pontos de atenção que a entidade avaliou após conhecer a primeira versão da NT da Aneel.
O setor ligado à geração distribuída não ficou totalmente satisfeito com o resultado da regulamentação dada pela Agência Nacional de Energia Elétrica às leis 14.300 e 14.120 na reunião de diretoria da última terça-feira, 07 de fevereiro. Há questões que são consideradas por agentes do setor como equivocadas e que precisam ser corrigidas como a cobrança de demanda na baixa tensão e optante B dos consumidores. Considerando essa insatisfação, na visão da Absolar, o PL 2703, que está no Senado, ganhou mais relevância do que apenas estender o prazo para consumidores aderirem à modalidade com o desconto previsto na lei que instituiu o marco regulatório do segmento.
Tanto é assim que a Associação Brasileira de Energia Solar já retomou as conversas quanto ao PL que foi aprovado no ano passado na Câmara dos Deputados. A perspectiva da entidade é de que a matéria possa avançar ainda no primeiro semestre deste ano, disse a vice presidente de geração distribuída da entidade, Bárbara Rubim. “O PL 2703 estava dividido em duas partes, uma era a que estabelecia o prazo e a correção dos pontos que a primeira versão da nota técnica da Aneel já indicava, e estava como pontos de atenção que tínhamos. Esses temas fazem parte do projeto de lei e agora esse PL é prioritário ser aprovado no Senado para essas questões”, comentou a executiva depois de participar do Energyear, evento realizado em São Paulo, nesta quarta-feira, 08. “Ao invés do PL 2703 perder relevância, ele foi para o outro lado, ganhou mais importância para o setor de GD”, confirmou.
Rubim esclareceu que a entidade iniciou as conversas no Senado e o primeiro passo a ser aguardado é a nomeação de um novo relator, uma vez que o anterior era Carlos Fávaro, atual ministro de Agricultura do governo Lula. Para ela, esse pode ser um fator positivo uma vez que o agro é um segmento que se beneficia da GD. “É bastante impactado pelas mudanças colocadas pela Aneel”, acrescentou. A Absolar espera que não haja mudança na tramitação do projeto no Senado, que este continue para ir a Plenário e não passe para análise em comissões da casa. Assim, a aprovação seria possível de ocorrer neste semestre. Se aprovado seria convertido em lei e enviado à Aneel para regulamentação.
A agência reguladora, conta Bárbara, teria que assim, alterar a regulação estabelecida ontem uma vez que conflita diretamente com o que foi determinado na última reunião de diretoria. Em linhas gerais, a representante da Absolar destaca que houve avanços com a regulamentação realizada na terça-feira. Hoje o setor pode considerar o ‘copo meio cheio’ ante o que tinha no anteriormente. “Óbvio que não era a regulação que queríamos, mas dificilmente se consegue tudo”, admitiu.
Ela contou que da forma que estava sendo delineada a regulamentação havia o risco de o payback de sistemas de geração distribuída passar de atuais 5 anos para 10 a até 12 anos. Contudo, a retirada da cobrança em duplicidade do custo de disponibilidade e da chamada TUSD Fio B, que é o encargo sobre o uso da rede, essa ameaça foi afastada e o prazo ficou equacionado no que era antes.
Segundo a Absolar, dos comandos trazidos pela Lei, falta ainda o cálculo dos benefícios líquidos da GD ao setor. E ainda, cobra a questão da fiscalização das distribuidoras em relação ao cumprimento dos prazo e nas obrigações previstas em lei e na regulamentação, bem como as questões concorrenciais para garantir o equilíbrio do mercado para os pequenos empreendedores solares poderem competir com os grandes grupos econômicos do setor.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Alexandre Silveira afirmou na reunião do CMSE que está aberto a propostas para melhorar acesso à energia e reduzir custos.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou em sua primeira reunião à frente do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico que a situação confortável dos reservatórios das hidrelétricas é uma oportunidade para reforçar a segurança energética e trabalhar pela modicidade tarifária. Silveira avisou que está aberto a propostas das instituições setoriais vinculadas ao ministério, das empresas públicas e de representantes do setor privado, com ideias e soluções para melhorar o acesso e reduzir os custos da energia elétrica.
“Esta estabilidade hídrica é uma ótima oportunidade para sermos criativos e unirmos forças para conciliar a segurança energética e a modicidade tarifária e, assim, avançarmos ainda mais o setor e, principalmente, a nossa economia. Qualquer alcance de modicidade tarifária significa automaticamente mais oportunidades”, disse o ministro, segundo nota divulgada por sua assessoria.
Dados apresentados pelo Operador Nacional do Setor Elétrico no encontro do CMSE desta quarta-feira, 8 de fevereiro, mostram que os níveis de armazenamento no país estão entre 69,8% e 89,3%, dependendo da região.
O desempenho é o melhor desde 2012, com cheias nas bacias do Rio São Francisco e do Rio Grande. O cenário favorável tem permitido a exportação comercial de energia para Argentina e Uruguai.
Miséria energética
Silveira também afirmou que é preciso combater a “miséria energética”, um termo que vem sendo usado para destacar a falta de acesso à energia pelas parcelas menos favorecidas da população.
Para o ministro, este é um esforço que vai exigir atuação conjunta, além de ser uma prioridade do presidente Luis Inácio Lula da Silva. Ele pediu que o setor trabalhe em políticas e ações sociais de inclusão energética e disse que “a única forma sustentável e sólida de construir um país justo e solidário é por meio da criação de empregos.” “E o setor elétrico é a principal mola propulsora dessa geração de oportunidades,” completou.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O governo publicou nesta quinta-feira no Diário Oficial da União a nomeação de três secretários para o Ministério de Minas e Energia, os primeiros a compor o segundo escalão da pasta que segue ainda sem um nome para a secretaria-executiva.
Para a secretaria de Energia Elétrica, foi nomeado Gentil Nogueira, que ocupava o cargo de superintendente de Fiscalização dos Serviços de Geração na agência reguladora Aneel.
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Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) desde 2019, foi nomeado como secretário de Planejamento e Transição Energética.
Já Pietro Mendes ficou com a secretária de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Mendes é servidor de carreira da agência reguladora ANP e chegou a ocupar o cargo de secretário adjunto dessa mesma secretaria no governo de Jair Bolsonaro.
As nomeações vêm para preencher um quadro de segundo escalão que até então estava vago, após dezenas de exonerações em cargos com capacidade decisória na pasta comandada por Alexandre Silveira. A situação inquietava o setor de energia, que aguarda definições e avanços em agendas importantes, como abertura do mercado livre de energia e política de combustíveis.
Em nota, a associação de comercializadores de energia Abraceel disse que os indicados são reconhecidos por seu profissionalismo, de modo que as nomeações sinalizam "um corpo técnico... altamente qualificado e com posicionamento alinhado ao avanço de pautas fundamentais para o setor".
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Norma regula a cobrança do custo de transporte e conexão dos empreendimentos de geração distribuída.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou, nesta 3ª feira (7.fev.2023), a regulamentação do Marco Legal da Geração Distribuída. A norma define regras como a cobrança do custo de transporte de energia e conexão das usinas.
Geração distribuída é a geração de energia pelos próprios consumidores, principalmente a partir de painéis solares, cujo excedente é injetado diretamente na rede de distribuição.
A consulta pública recebeu 829 contribuições. O principal ponto de contenda entre a agência, as distribuidoras e os empreendimentos de geração distribuída é a cobrança do custo de disponibilidade e do chamado fio B -o custo de transporte de energia no sistema de distribuição.
O custo de disponibilidade é uma taxa mínima cobrada pelas distribuidoras pelo serviço prestado aos consumidores. Já o chamado fio B é uma taxa dentro da TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição) cobrada pelos serviços de manutenção da rede. No caso da geração distribuída, a taxa é cobrada quando há injeção do excedente da energia gerada pelo consumidor na rede de distribuição.
Segundo os representantes da geração distribuída, a regra da Aneel institui uma “tripla cobrança” pelas distribuidoras, via custo de disponibilidade, fio B e TUSDg.
Para a Aneel, não há tripla cobrança. “São 3 serviços diferentes. Aqui, está se usando a rede de 3 formas diferentes”, afirmou o especialista em regulação da Aneel, Davi Rabelo.
O diretor Hélvio Guerra atendeu a um pedido da Absolar para que a resolução seja clara em não permitir uma cobrança dupla, do fio B e TUSDg mais o custo de disponibilidade. Segundo a associação, isso poderia consumir os créditos de energia daqueles com empreendimentos de geração distribuída e implicaria no pagamento do custo de disponibilidade.
Segundo a área técnica da Aneel, caso a soma do fio B e da TUSDg seja menor que a disponibilidade, o empreendimento deve pagar a soma das duas taxas e também a diferença entre esse montante e o custo de disponibilidade. Ou seja, a disponibilidade seria o teto da cobrança.
“O impacto prático é elevar o tempo de retorno do investimento desse consumidor [de baixa tensão] dos atuais 5 anos e 6 meses, em média, para cerca de 10 a 12 anos”, afirmou a vice-presidente de Geração Distribuída da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), Bárbara Rubim.
O diretor Hélvio Guerra, relator do processo, também dispensou contribuições que pretendiam suspender a cobrança, para os consumidores em baixa tensão, da TUSDg -tarifa que remunera o uso da rede de distribuição pela geração distribuída.
Guerra também entendeu que a nova regra de faturamento deve incidir sobre os empreendimentos já operacionais no momento de publicação da norma.
“Somente haveria retroatividade se os faturamentos realizados antes da vigência da nova regra fossem refeitos considerando-a, o que, evidentemente, não é o caso”, disse. Eis a íntegra do voto (591 KB).
A diretora Agnes da Costa acrescentou à regulação a determinação de que a agência estude, no prazo de 6 meses, formas de coibir ou desincentivar eventual uso da geração distribuída para além do consumo próprio de energia. Agnes afirmou que essa já é uma determinação prevista em lei, mas que deveria ser regulamentada pela Aneel.
A norma entrará em vigor na data de sua publicação. As distribuidoras terão até 1º de julho de 2023 para implementarem mudanças previstas na regulação.
O Marco Legal da Geração Distribuída estabeleceu uma redução gradual nos descontos dados à geração distribuída na tarifa de uso do sistema de distribuição de energia elétrica. O marco também determinou que os subsídios passem a ser compensados na CDE –paga pelos consumidores de energia. Hoje, os descontos estão implícitos na composição tarifária da conta de luz.
Os empreendimentos de geração distribuída que já estavam conectados na rede de distribuição na data de sanção da lei, em 6 de janeiro de 2023, têm direito aos subsídios até 2045. Depois desse prazo, quem fizer os pedidos de conexão terão redução gradativa na aplicação dos descontos. O repasse será de 15% em 2023 até 100% em 2029. Segundo a Aneel, em 2023, os subsídios à geração distribuída devem custar R$ 5,4 bilhões.
Em 6 de dezembro de 2022, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que estende, em 6 meses, o prazo para os empreendimentos contarem com os subsídios integrais. O texto tramita no Senado e pode alterar outros pontos do Marco Legal.
Segundo a vice-presidente da Absolar, o texto em tramitação pretende “deixar explícito na própria lei que essa cobrança de TUSDg para o consumidor de baixa tensão e acumulação do custo de disponibilidade não são possíveis”. Na prática, uma eventual alteração legal invalidaria a regra da Aneel.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Em 2022, uma lei determinou a retirada do imposto estadual sobre as tarifas; Estados alegam perda bilionária.
Governadores pediram aos ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, em reuniões realizadas no Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta terça-feira, 7, uma nova rodada de discussões sobre a retirada do ICMS sobre a parcela das tarifas de transmissão e distribuição de energia.
“Esperamos que a decisão de retirada dessas taxas seja considerada inconstitucional. Estamos pedindo que ele novamente chame os interessados para esse debate para a gente buscar essa recomposição de receitas, porque nós perdemos muito com as decisões tomadas ano passado, sem nenhum debate com os governos estaduais”, disse o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, a jornalistas após a reunião.
Em 2022, uma lei determinou a retirada do imposto estadual sobre as tarifas de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica (Tust) e a de Uso do Sistema de Distribuição (Tusd). Os Estados alegam perda bilionária e questionam a medida na Justiça.
Casagrande destacou que o objetivo da reunião foi a busca por conciliação. O governador lembrou que o ministro Gilmar, no ano passado, já firmou acordo para recomposição da receita dos Estados com acerto de uma taxa fixa do diesel. “Teremos a partir de abril taxa fixa”, disse.
Além de Casagrande, outros oito governadores participaram das reuniões: Rafael Fonteles (PI), Wilson Lima (AM), Ronaldo Caiado (GO), Carlos Brandão (MA), Eduardo Leite (RS), Tarcísio de Freitas (SP), Wanderlei Barbosa (TO) e Celina Leão (DF).
Fonte e Imagem: Estadão.
Em 2022, o número de instalações conectadas à rede e unidades consumidoras recebedoras ultrapassou a casa de um milhão.
A geração solar fotovoltaica é uma tecnologia que tem se mostrado cada vez mais eficiente e acessível e com isso segue em plena evolução no Brasil. E para o CEO da Greener, Marcio Takata, o novo governo está tendo um forte posicionamento sobre a transição energética e geração de energia e vê isso como um ponto positivo para o setor.
Segundo ele, com a criação da secretaria nacional de transição energética, o Ministério de Minas e Energia (MME) sinaliza que trará um olhar específico para a descarbonização. A geração solar fotovoltaica tem papel fundamental nesse objetivo e a tendência é que continue atraindo investimentos, que dependem da previsibilidade que será trazida pela completa regulação. Outras fontes também devem estar no radar, tais como eólicas offshore e hidrogênio verde.
Takata também destacou durante um webinar realizado nesta terça-feira, 07 de fevereiro, que o Projeto de Lei (PL) nº 414/2021, que propõe a expansão do mercado livre de energia no Brasil, aguarda o retorno da tramitação da Câmara dos Deputados , porém de forma paralela, a Portaria nº 50/2022 do MME definiu que a partir de 2024 os consumidores de alta tensão poderão ser enquadrados no Ambiente de Contratação Livre (ACL). Espera-se que 106 mil novas unidades consumidoras migrem para o ACL. A proposta no Ministério discutida na Consulta Pública nº137/2022 é que o consumidor comercial e industrial de baixa tensão tenha acesso ao ACL a partir de 2026 e o residencial a partir de 2028.
E com a evolução dos projetos de geração, o acesso à rede de transmissão também merece um ponto de atenção, segundo o executivo. O Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado Nacional (PAR/PEL) do ONS prevê R$ 60,7 bilhões em investimentos, com foco principalmente nos estados da Bahia e Minas Gerais. O MME também vem estruturando leilão de margem de escoamento com o objetivo de otimizar o acesso à transmissão e o escoamento de geração.
De acordo com o CEO da Grenner, os números em 2022 fizeram com que a fonte ganhasse destaque ao se tornar a segunda maior participante da matriz elétrica brasileira. Houve um crescimento de 71% nos volumes de módulos em 2022 frente a 2021. “Ano passado apresentou uma importante evolução. É um mercado com desenvolvimento importante”, disse. O número de instalações conectadas à rede e unidades consumidoras recebedoras de crédito também evoluiu em 2022, ultrapassando a casa do um milhão.
E o volume adicionado e acumulado conectado à rede acrescentou 7,1 GW. Com isso, a potência adicionada em 2022 representa cerca de 43% do total de potência acumulada desde 2012 em GD no Brasil. Tanaka afirmou que depois de dois anos de elevação nos preços dos sistemas fotovoltaicos, em 2022 os preços reduziram e esse é um fator importante e uma tendência que deverá ser mantida em 2023. O sistema FV residencial acumulou uma redução de 44% entre junho de 2016 e 2022.
Em 2022, houve uma redução das vendas dos sistemas fotovoltaicos financiadas no Brasil, atingindo os 54%, ante os 57% de 2021. Já com relação aos status das usinas de grande porte de GD, foram mapeadas 1,2GW de usinas em operação, 1,1 GW em construção e 3,8GW em desenvolvimento.
O executivo finalizou dizendo que as tarifas de energia deverão se manter elevadas em 2023 e o executivo afirmou que isso deverá influenciar positivamente a viabilização dos projetos do GD aqui no Brasil.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Representantes do setor afirmam que cobrança de taxas pode onerar quem produz a própria energia ou quem contrata os serviços de fazendas solares. Vice-presidente da Absolar lembra, ainda, que as medidas em análise pela agência são retroativas.
Empresas que produzem energia solar criticam as mudanças que podem ser votadas nesta terça-feira (7/2) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na regulamentação da micro e minigeração de energia. Segundo representantes do setor, as alterações vão aumentar o ônus sobre os consumidores, criando uma cobrança tripla de taxas para quem optar por produzir a própria energia ou contratar os serviços de fazendas solares.
As mudanças são o primeiro item na pauta da reunião de diretores da Aneel. A expectativa de empresas do setor é de que pelo menos dois itens da regulamentação proposta pela agência sejam revistos, de modo a reduzir a taxa sobre os consumidores. A avaliação é que, se as mudanças forem feitas, o tempo de retorno previsto para o investimento em energia solar no Brasil dobre, levando a um retrocesso de quase uma década.
Segundo a vice-presidente de geração distribuída da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), Bárbara Rubin, um dos pontos de preocupação é que a proposta da Aneel acumula o pagamento da tarifa chamada Fio B, referente ao uso da infraestrutura de distribuição de energia das concessionárias, com o pagamento da taxa mínima de energia elétrica.
“Isso impacta muito, financeiramente, o projeto. Vamos sair de um payback de cinco anos para cerca de 9, dez anos, aos moldes financeiros que a gente via lá em 2014. É um enriquecimento sem causa por parte da distribuidora”, argumentou Bárbara ao Correio. Segundo a vice-presidente, o Fio B já cumpre a função de remunerar a concessionária pelo uso da infraestrutura.
O segundo ponto é que a proposta da Aneel pode mudar a cobrança sobre o consumidor de baixa tensão. Atualmente, tais consumidores pagam pela energia apenas de forma volumétrica, ou seja, proporcional à quantidade de energia consumida no período. A Agência prevê, porém, que os consumidores de baixa tensão que produzam ou comprem energia solar paguem ainda uma parcela fixa.
“Essa proposta acaba sendo uma forma de a Aneel revisitar a estrutura tarifária da baixa tensão, em um processo que não foi chamado para isso. Segundo, acaba tendo mais uma cobrança ao consumidor de baixa tensão. A proposta da Aneel implica uma tripla oneração, sobretudo para o microgerador”, observa Bárbara.
Insegurança
A vice-presidente da Absolar ressalta ainda que essas medidas são retroativas e afetam as pessoas que decidiram investir na produção de energia nos últimos anos. Dessa forma, as mudanças geram insegurança jurídica e vão contra a proposta do marco legal, que é de incentivar o setor. Caso a regulamentação seja aprovada, a Absolar, além de outras entidades e empresas no setor, devem combater a decisão na Justiça.
“Isso coloca o Brasil na contramão de um movimento mundial de estímulo à energia limpa. Vai ser mais uma frente de judicialização do setor elétrico, algumas propostas são uma afronta ao texto da lei. Hoje a energia solar é a segunda maior fonte de energia que a gente tem em capacidade instalada no país, e dois terços de toda a energia solar vem da geração própria de energia, de telhado, que a gente tem de forma descentralizada”, afirma Bárbara. Ela argumenta ainda que a falta de incentivo para o setor solar mantém o país dependente de fontes poluentes, como as termelétricas, e vulnerável à escassez hídrica.
Segundo dados da Aneel, o Brasil tem 23,8 mil MW de potência instalada em energia solar, o que representa 11,2% da capacidade do país. A Absolar estima ainda que, em 2023, o setor fotovoltaico vai gerar 300 mil novos empregos, com um investimento estimado em R$ 50 bilhões. A mudança regulatória, porém, pode desestimular esse cenário.
Uma prévia das alterações foi divulgada pela Aneel em 26 de janeiro, por meio de uma nota técnica. As medidas seriam votadas na última reunião da diretoria, em 31 de janeiro, mas o relator da proposta, o diretor Hélvio Neves Guerra, decidiu adiar em uma semana a decisão. Desde então, representantes do setor vêm conversando com a diretoria para tentar alterar a proposta. “Na última semana, a gente se reuniu com quase todos os diretores da agência, sobre a implicação que essas propostas podem ter. Eles têm se mostrado receptivos ao diálogo”, explica Bárbara.
A proposta original, presente na nota técnica, continha cinco pontos preocupantes para o setor de geração de energia solar. Dois já foram alterados. A expectativa, segundo a vice-presidente da Absolar, é de que as duas mudanças que aumentam a oneração dos consumidores também sejam alteradas.
Procurada, a Aneel declarou que a reunião da diretoria desta terça-feira pode ser acompanhada no site ou nas redes sociais da agência.
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Fonte e Imagem: Correio Braziliense.
Conheça como é composta a conta de luz e as causas do alto custo dos valores praticados no Brasil.
Empresas e pessoas físicas têm a mesma sensação sobre o custo da energia elétrica: está alto demais. Mas por que isso acontece? O primeiro passo para avaliar esse quadro é entender como a conta de energia é composta: Geração (31%), Transmissão (8%) e Distribuição (23%), cada um desses com um agente responsável, além dos encargos e tributos que resultam nos demais 38%. “Nos últimos anos, as maiores elevações têm ocorrido nos custos de Geração e nos encargos e tributos”, avalia Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
Entenda a composição das tarifas da conta de energia.
O aumento dos custos de Geração para os consumidores do mercado regulado decorre de diferentes fatores. Um deles é o chamado “lastro térmico”, causado por contratos mais caros, que ajudam a assegurar a sustentação do sistema elétrico - é o caso, por exemplo, das termelétricas. Esses custos são cobertos apenas pelo mercado regulado - ou seja, pelos consumidores das distribuidoras, que também têm bancado as bandeiras tarifárias.
Outro fator é a sobrecontratação involuntária das distribuidoras de energia, decorrente do crescimento da Geração Distribuída (especialmente por meio das placas solares fotovoltaicas) e do aumento da migração de consumidores para o mercado livre de energia. “Os consumidores que aderem a essas opções acabam deixando para os demais os custos das contratações e lastros já firmados pelas distribuidoras nos leilões regulados, em que são obrigadas a contratar um volume de energia”, explica Madureira. A lógica é a mesma de qualquer tipo de condomínio: quanto menos pagantes, maior a parcela de cada um.
Os custos vêm, dessa forma, sendo pressionados pelo atual modelo dos leilões regulados. Quando as distribuidoras se veem obrigadas a comprar fontes de energia que não necessariamente são as mais competitivas naquele momento, e por prazos muito longos, isso traz inevitáveis implicações financeiras para os consumidores.
Elevação da tarifa por comparativo dos componentes
Soma-se a todos esses fatores o aumento da parcela de encargos setoriais e tributos. Um exemplo é a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que saltou de R$ 6 bilhões para R$ 32 bilhões no período entre 2010 e 2022. Trata-se de um fundo para financiar políticas públicas - e que abriga, por exemplo, a Tarifa Social a consumidores de baixa renda e subsídios a produtores rurais e às energias renováveis.
Em 2022, o reajuste da CDE foi de 34,2% em relação ao ano anterior. Entre as principais causas desse aumento tão significativo, estão os descontos de distribuição e transmissão às fontes incentivadas, a ampliação da Tarifa Social, os subsídios ao carvão mineral e o aumento da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que ajuda a amortizar os custos elevados da energia de sistemas isolados, como na Região Norte.
“Uma parcela desses subsídios e outros incentivos já completam 50 anos de existência. Incentivos que se perpetuam por tanto tempo certamente precisam ser reavaliados”, diz Madureira. Para o presidente da Abradee, independentemente do mérito sobre a permanência ou não de cada um desses subsídios, o custo deveria ficar a cargo do Tesouro Nacional, como política pública de Estado, e não embutido nas contas de luz dos consumidores regulados.
Qual o caminho para a redução das tarifas no Brasil?
A Abradee considera que o tratamento diferenciado para determinadas modalidades de consumidores tem causado uma balança desigual, que gera transferência de renda de consumidores de menor renda para os de maior renda. Por isso, a instituição defende que os custos sejam divididos por todos os mercados de forma isonômica. “Temos buscado, ao longo dos anos, um setor elétrico que beneficie a todos os consumidores brasileiros de forma justa, equilibrada e transparente”, observa Madureira.
Para Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores, formada por instituições que defendem os interesses dos consumidores de energia elétrica, do clima e da sociedade em geral, “o Brasil tem totais condições de ter uma conta de energia elétrica das mais baratas do mundo”. Ele reforça que o custo se mantém alto por ser em grande parte formado por encargos e tributos. “A redução dos custos deverá vir da intensificação da instalação das fontes mais baratas, garantida a segurança do sistema elétrico, da eliminação dos encargos, mantendo-se os subsídios sociais, mas sob a responsabilidade do Tesouro e revendo-se os tributos no âmbito de uma reforma tributária”, avalia Barata.
Para Rosimeire Cecília da Costa, presidente da Associação Nacional de Conselhos de Consumidores de Energia Elétrica (Conacen), o caminho também está na desoneração da tarifa de energia elétrica. “Nossa missão, como representantes dos consumidores, é levar essa bandeira ao Congresso Nacional.” Ela ressalta que poucos consumidores têm a noção de que grande parte dos valores pagos na fatura diz respeito a impostos e encargos do Setor Elétrico Brasileiro. “Sem esses componentes, a conta não seria alta, considerando-se a complexidade da entrega de energia a mais de 99,7% da população brasileira num território tão vasto como o nosso.”
Fonte e Imagem: Estadão.
Foram quase 62 mil megawatts médios por mês em 2022.
A geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis no ano passado alcançou a marca de 92%. O resultado, divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), na última quarta-feira (1°), mostra que a participação das usinas hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassa no total de energia gerado pelo Sistema Interligado Nacional (SIN) foi a maior dos últimos 10 anos. No total, em 2022, foram gerados quase 62 mil megawatts médios por mês de energia.
Segundo a CCEE, o resultado se deu, entre outros fatores, a um cenário hídrico climático mais favorável, que contribuiu para a recuperação dos reservatórios de água e da expansão das usinas movidas pelo vento e pelo sol.
No ano passado, as usinas hidrelétricas responderam por 73,6% do total gerado (45.613 MW médio). As eólicas por 14,6% (9.066 MW médio). Já as demais fontes, como biomassa, pequenas centrais elétricas (PCH), solar e as centrais geradoras hidrelétricas (CGH) foram responsáveis por 11,8% (7.291 MW médio).
Com relação à geração hidráulica, as chuvas de 2022 contribuíram para um aumento de 17,1% na produção das hidrelétricas, para 48 mil MW médios.
Os estados que apresentaram o maior crescimento na produção de energia hidráulica em 2022 foram: Mato Grosso com aumento de 44 MW médio, São Paulo (219 MW médio), Tocantins (51 MW médio), Pará (599 MW médio), Goiás (194 MW médio ), Sergipe (176 MW médio), Rio Grande do Sul (366 MW médio), Paraná (1.728 MW médio), Minas Gerais (1.178 MW médio), Santa Catarina (545 MW médio) e Alagoas (484 MW médio).
“A reversão do cenário crítico de 2021 deixa o país em uma situação muito mais confortável para 2023. Hoje a capacidade instalada desta fonte é de 116.332 MW”, informou a CCEE.
Já a geração solar centralizada foi o maior destaque. Este tipo de fonte teve o maior aumento de geração em 2022, de 64,3% na comparação com o ano anterior. Ao todo foram produzidos mais de 1,4 mil MW médios.
Fazendas solares
De acordo com a CCEE, a chegada de 88 novas fazendas solares ao SIN fez com que o segmento alcançasse 4% de representatividade na matriz nacional.
Os estados do Rio Grande do Norte (178 MW médio), da Bahia (666 MW médio) e do Piauí (340 MW médio) forma os que apresentaram aumento na geração por fonte eólica.
A geração eólica cresceu 12,6% no comparativo anual, fornecendo à rede elétrica mais de 9 mil megawatts médios. Atualmente, o país conta com 891 parques eólicos, que juntos somam mais de 25 mil megawatts de capacidade instalada.
A produção de energia a partir da biomassa, que tem como principal matéria-prima o bagaço da cana-de-açúcar, registrou um leve aumento de 0,3%. Com isso, este tipo de fonte entregou ao sistema quase 3 mil MW médios em 2022. Atualmente existem 321 usinas deste tipo, com capacidade instalada total de 14.927 MW.
Fontes não renováveis
Em relação à geração por fontes não renováveis foi de 5.373 MW médio, a maior participação foi por fonte térmica a gás, com 45,0% (2.419 MW médio), seguidp de fonte nuclear com 28,3% (1.522 MW médio), carvão mineral com 12,8% (690 MW médio) e as demais fontes (térmica, GNL, óleo, gás/óleo, importação e reação exotérmica) com 13,8% (743 MW médio).
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
O crescimento expressivo da capacidade de geração de energia elétrica renovável e chuvas abundantes, que vêm permitindo a recuperação dos reservatórios de usinas hidrelétricas desde o ano passado, estão pressionado os preços da energia no mercado livre no Brasil, com quedas que superam 50% frente aos patamares negociados no ano anterior, desafiando as elétricas que atuam na área de geração.
Empresas e especialistas apontam que o cenário de baixa dos preços ocorre em horizontes de curto prazo --influenciado sobretudo pela hidrologia-- e também de médio e longo prazos, quando pesa mais a perspectiva de sobreoferta de energia, com potência quase três vezes maior do que o consumo esperado em 2031.
Isso tem afetado todas as geradoras, tanto aquelas que comercializam energia existente de seu portfólio, como a Eletrobras, quanto as que tentam tirar novas usinas do papel por meio de contratos de longo prazo. Do lado da maior parte dos consumidores, que tem energia fornecida pelo mercado regulado, o efeito não é imediato já que as distribuidoras seguem outra lógica para compra de energia, os reajustes de tarifas são anuais, e o impacto é minimizado por influência de encargos e altos tributos.
Nas negociações de curto prazo do mercado livre, envolvendo contratos futuros para um ou dois anos à frente, a trajetória de preços tem sido "anômala", aponta Rafael Carneiro, diretor comercial da BBCE, plataforma eletrônica de comercialização de energia.
Segundo dados da BBCE, a energia convencional --sem desconto em tarifas, como a das hidrelétricas-- para o ano de 2024 foi negociada a 85,45 reais por megawatt-hora no último mês, valor 45,7% abaixo do registrado em março de 2021 (mês que marca o fim do período úmido) e 54,5% inferior ao de março de 2022.
Já para 2025, o preço passou de 165,00 reais em janeiro do ano passado para 101,50 reais no último mês, conforme contratos registrados na BBCE.
"A tendência natural é que, à medida que se aproxime o ano de fornecimento, os preços vão subindo, esse é o normal. Mas exatamente em função dessa anomalia de 2022, por conta das chuvas, ocorreu o contrário", explica Carneiro.
Os reservatórios de hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, considerado a "caixa d'água" do país, encerraram janeiro com quase 70% da capacidade, no melhor nível para o mês desde 2012. Para este mês, a previsão do órgão é que as chuvas superem a média histórica em todos os subsistemas.
O cenário se reflete também no mercado spot de energia, com o "PLD" (referência de preços) se mantendo no piso regulatório de quase 70 reais/megawatt-hora no começo de 2023 e expectativa de que permaneça dessa forma ao longo do ano.
Essa baixa de preços tem efeito importante sobre as geradoras hídricas e coloca uma pressão adicional especialmente sobre a Eletrobras, que a partir deste ano passa a ter volumes expressivos de energia para vender livremente no mercado, sem ter uma expertise forte nesse tipo de negociação.
"Essa energia que nós temos, nós pagamos um valor muito mais alto (na renovação dos contratos na privatização), na casa de 230 reais (por megawatt-hora). Se fôssemos vender hoje, íamos vender a 60, 70 reais. Então você tem que ter uma estratégia de compor produtos de mais longo prazo para que você possa aumentar o preço médio dessa energia", disse o CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, em evento nesta semana.
SOBREOFERTA DE ENERGIA
No médio e longo prazo, porém, os preços também vêm mostrando uma tendência de baixa, principalmente em razão da perspectiva de forte crescimento de capacidade instalada de geração nos próximos anos, aliada a uma evolução fraca da demanda por energia.
No último plano decenal, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estimou um crescimento 75 GW de potência no Brasil até 2031, com o parque gerador atingindo 275 GW, considerando também usinas de geração distribuída e de autoprodução.
No mesmo período, a EPE estima que a carga de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) passe de cerca de 70 GW médios para 97,2 GW médios em 2031.
Só em 2023 o governo brasileiro projeta um recorde na ampliação da capacidade de geração de energia centralizada, com um incremento de 10,3 gigawatts (GW), sendo mais de 90% desse total em usinas das fontes eólica e solar.
A sobreoferta mais a longo prazo é marcada por empreendimentos cuja decisão de construção não está necessariamente ancorada em uma necessidade real do sistema elétrico brasileiro, como os 8 GW de termelétricas previstos na lei da Eletrobras e a usina nuclear de Angra 3, aponta Luiz Augusto Barroso, presidente da consultoria PSR.
"O ONS tem muita capacidade à sua disposição e isso aí, na nossa visão, tem o potencial para jogar os preços para baixo nessa década", afirma, ponderando que tendências de preços são difíceis de se prever e dependem da entrada em operação ou não dessa oferta prevista.
Segundo ele, os preços de contratos de energia para os próximos três anos estão chegando na casa de 100 reais/megawatt-hora, ante cerca de 150 reais vistos há um ano. Num horizonte de mais longo prazo, para o final da década, os patamares caíram de 170 para 135 reais.
Barroso observa, no entanto, que as empresas podem capturar prêmios em cima desses valores, a depender da capacidade de seus times de comercialização. Além disso, do ponto de vista dos consumidores, o custo final da energia não reflete necessariamente valores mais baixos devido a outros valores a serem pagos, como encargos e tributos.
NOVOS EMPREENDIMENTOS
Ao mesmo tempo em que o cenário de sobreoferta joga os preços para baixo e reduz as margens das empresas, os geradores são impactados por um aumento de custos para desenvolver novos projetos, em virtude de maior custo de capital e de preços mais altos de equipamentos.
Esse descasamento dificulta a viabilização de projetos "greenfield" (do zero) com retornos adequados.
Kamila Zonatto, head de Novos Negócios na consultoria Thymos Energia, avalia que o cenário para "greenfield" deve continuar desafiador nos próximos anos. Segundo ela, o que ainda tem viabilizado a assinatura de alguns negócios é o modelo de autoprodução, que confere isenção de encargos ao consumidor.
O vice-presidente comercial da AES Brasil, Rogério Jorge, avalia que o ano de 2022 foi desafiador para tirar novos projetos do papel, mas que o cenário está mudando e 2023 "não deve ser tão difícil".
Ele afirma que há vários fatores que apontam para a necessidade de contratação de mais energia e que "não estão precificados" no cenário atual, como a tendência de eletrificação da economia e os compromissos de sustentabilidade de empresas e indústrias, que impulsionam novos negócios de energia renovável.
Fonte: Portal UOL
Imagem: ABRAPCH.
O crescimento expressivo da capacidade de geração de energia elétrica renovável e chuvas abundantes, que vêm permitindo a recuperação dos reservatórios de usinas hidrelétricas desde o ano passado, estão pressionado os preços da energia no mercado livre no Brasil, com quedas que superam 50% frente aos patamares negociados no ano anterior, desafiando as elétricas que atuam na área de geração.
Empresas e especialistas apontam que o cenário de baixa dos preços ocorre em horizontes de curto prazo --influenciado sobretudo pela hidrologia-- e também de médio e longo prazos, quando pesa mais a perspectiva de sobreoferta de energia, com potência quase três vezes maior do que o consumo esperado em 2031.
Isso tem afetado todas as geradoras, tanto aquelas que comercializam energia existente de seu portfólio, como a Eletrobras, quanto as que tentam tirar novas usinas do papel por meio de contratos de longo prazo. Do lado da maior parte dos consumidores, que tem energia fornecida pelo mercado regulado, o efeito não é imediato já que as distribuidoras seguem outra lógica para compra de energia, os reajustes de tarifas são anuais, e o impacto é minimizado por influência de encargos e altos tributos.
Nas negociações de curto prazo do mercado livre, envolvendo contratos futuros para um ou dois anos à frente, a trajetória de preços tem sido "anômala", aponta Rafael Carneiro, diretor comercial da BBCE, plataforma eletrônica de comercialização de energia.
Segundo dados da BBCE, a energia convencional --sem desconto em tarifas, como a das hidrelétricas-- para o ano de 2024 foi negociada a 85,45 reais por megawatt-hora no último mês, valor 45,7% abaixo do registrado em março de 2021 (mês que marca o fim do período úmido) e 54,5% inferior ao de março de 2022.
Já para 2025, o preço passou de 165,00 reais em janeiro do ano passado para 101,50 reais no último mês, conforme contratos registrados na BBCE.
"A tendência natural é que, à medida que se aproxime o ano de fornecimento, os preços vão subindo, esse é o normal. Mas exatamente em função dessa anomalia de 2022, por conta das chuvas, ocorreu o contrário", explica Carneiro.
Os reservatórios de hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, considerado a "caixa d'água" do país, encerraram janeiro com quase 70% da capacidade, no melhor nível para o mês desde 2012. Para este mês, a previsão do órgão é que as chuvas superem a média histórica em todos os subsistemas.
O cenário se reflete também no mercado spot de energia, com o "PLD" (referência de preços) se mantendo no piso regulatório de quase 70 reais/megawatt-hora no começo de 2023 e expectativa de que permaneça dessa forma ao longo do ano.
Essa baixa de preços tem efeito importante sobre as geradoras hídricas e coloca uma pressão adicional especialmente sobre a Eletrobras, que a partir deste ano passa a ter volumes expressivos de energia para vender livremente no mercado, sem ter uma expertise forte nesse tipo de negociação.
"Essa energia que nós temos, nós pagamos um valor muito mais alto (na renovação dos contratos na privatização), na casa de 230 reais (por megawatt-hora). Se fôssemos vender hoje, íamos vender a 60, 70 reais. Então você tem que ter uma estratégia de compor produtos de mais longo prazo para que você possa aumentar o preço médio dessa energia", disse o CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, em evento nesta semana.
SOBREOFERTA DE ENERGIA
No médio e longo prazo, porém, os preços também vêm mostrando uma tendência de baixa, principalmente em razão da perspectiva de forte crescimento de capacidade instalada de geração nos próximos anos, aliada a uma evolução fraca da demanda por energia.
No último plano decenal, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estimou um crescimento 75 GW de potência no Brasil até 2031, com o parque gerador atingindo 275 GW, considerando também usinas de geração distribuída e de autoprodução.
No mesmo período, a EPE estima que a carga de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) passe de cerca de 70 GW médios para 97,2 GW médios em 2031.
Só em 2023 o governo brasileiro projeta um recorde na ampliação da capacidade de geração de energia centralizada, com um incremento de 10,3 gigawatts (GW), sendo mais de 90% desse total em usinas das fontes eólica e solar.
A sobreoferta mais a longo prazo é marcada por empreendimentos cuja decisão de construção não está necessariamente ancorada em uma necessidade real do sistema elétrico brasileiro, como os 8 GW de termelétricas previstos na lei da Eletrobras e a usina nuclear de Angra 3, aponta Luiz Augusto Barroso, presidente da consultoria PSR.
"O ONS tem muita capacidade à sua disposição e isso aí, na nossa visão, tem o potencial para jogar os preços para baixo nessa década", afirma, ponderando que tendências de preços são difíceis de se prever e dependem da entrada em operação ou não dessa oferta prevista.
Segundo ele, os preços de contratos de energia para os próximos três anos estão chegando na casa de 100 reais/megawatt-hora, ante cerca de 150 reais vistos há um ano. Num horizonte de mais longo prazo, para o final da década, os patamares caíram de 170 para 135 reais.
Barroso observa, no entanto, que as empresas podem capturar prêmios em cima desses valores, a depender da capacidade de seus times de comercialização. Além disso, do ponto de vista dos consumidores, o custo final da energia não reflete necessariamente valores mais baixos devido a outros valores a serem pagos, como encargos e tributos.
NOVOS EMPREENDIMENTOS
Ao mesmo tempo em que o cenário de sobreoferta joga os preços para baixo e reduz as margens das empresas, os geradores são impactados por um aumento de custos para desenvolver novos projetos, em virtude de maior custo de capital e de preços mais altos de equipamentos.
Esse descasamento dificulta a viabilização de projetos "greenfield" (do zero) com retornos adequados.
Kamila Zonatto, head de Novos Negócios na consultoria Thymos Energia, avalia que o cenário para "greenfield" deve continuar desafiador nos próximos anos. Segundo ela, o que ainda tem viabilizado a assinatura de alguns negócios é o modelo de autoprodução, que confere isenção de encargos ao consumidor.
O vice-presidente comercial da AES Brasil, Rogério Jorge, avalia que o ano de 2022 foi desafiador para tirar novos projetos do papel, mas que o cenário está mudando e 2023 "não deve ser tão difícil".
Ele afirma que há vários fatores que apontam para a necessidade de contratação de mais energia e que "não estão precificados" no cenário atual, como a tendência de eletrificação da economia e os compromissos de sustentabilidade de empresas e indústrias, que impulsionam novos negócios de energia renovável.
Fonte: Portal UOL
Imagem: ABRAPCH.
Acompanhado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), o novo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou que reindustrialização do Brasil é prioridade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sendo a economia verde um dos caminhos a serem seguidos pela União. Mercadante tomará posse como presidente do banco de fomento na próxima segunda-feira, 6 de fevereiro, às 10h.
“O BNDES ajudaria com recursos. Temos várias linhas de financiamento que já trabalham com muitas dessas empresas. Hoje já temos uma carteira muito forte na parte de energia eólica. O Brasil já está produzindo aerogeradores e outros equipamentos. O esforço agora será a energia solar fotovoltaica. Queremos fazer mais e fazer especialmente para micro e pequena empresa”, afirmou Mercadante, durante discurso na Federação Brasileira de Bancos (Febraban) na última terça-feira, 31 de janeiro.
Sobre o potencial do hidrogênio verde no Brasil, o presidente do BNDES disse que o país deve ser um dos principais players mundiais do setor.
“Mas nós temos que ter um carro que gere energia junto com essas fontes sustentáveis e renováveis, não só ônibus e caminhões. Essa agenda da economia verde é muito promissora para a reindustrialização do Brasil”, acrescentou.
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O deputado federal e ex-ministro de Minas e Energia Fernando Coelho Filho (União-PE) deve ser reconduzido à relatoria do projeto de lei 414/2021, que trata da modernização e abertura do mercado de energia. Coelho Filho deixou a relatoria na última terça-feira, 31 de janeiro, quando a comissão especial criada para analisar o texto foi desfeita. A expectativa é que, na nova legislatura, iniciada ontem, 1º de fevereiro, o deputado seja reconduzido à relatoria do projeto.
O sistema da Câmara dos Deputados informou nesta quinta-feira, 2 de fevereiro, que “o relator, deputado Fernando Coelho Filho, deixou de ser membro da comissão”. A informação surpreendeu alguns agentes do setor elétrico.
A MegaWhat apurou, porém, que as comissões que não são permanentes, como o caso da comissão especial do PL 414, são automaticamente desfeitas ao fim do período legislativo. Com o início de um novo período, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), precisa reestabelecer as comissões especiais. Nesse caso, os deputados reeleitos seriam reconduzidos para as comissões. No caso dos deputados que não foram reeleitos, a vaga na comissão seria destinada ao partido, que determinaria o novo nome para ocupa-la.
Outro cenário apurado pela MegaWhat seria o de retomar a tramitação do PL 414 sem a necessidade de uma comissão especial.
Reforma
O PL 414, visto como uma espécie de reforma do setor elétrico, é o principal projeto em tramitação na Câmara. Para uma fonte do setor, sua tramitação neste ano dependerá “substancialmente” do entendimento que o novo ministério de Minas e Energia terá sobre o assunto.
Já o presidente da RAD Energia, empresa de assessoria em relações governamentais e regulação, e ex-presidente da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, um ponto favorável ao PL 414 foi o fato de o texto não ter recebido algum tipo de veto por parte da equipe de transição de governo.
Ele lembra que o PL 414 está na pauta prioritária da Abraceel, do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abidb) e da Frente Parlamentar do Brasil Competitivo, liderada pelo excelente deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP).
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Segundo a Greener, no entanto, o novo cenário aponta para um aumento no tempo de retorno.
A energia solar fotovoltaica gerada em telhados, fachadas e pequenos terrenos continuará competitiva, mesmo com a retirada gradual dos subsídios, segundo estimativa feita pela consultoria Greener. Entretanto, o novo cenário aponta para um aumento no tempo de retorno.
O marco legal da geração própria (geração distribuída) gerou uma espécie de “corrida pelo sol”, pois garantiu a gratuidade, até 2045, no uso da rede das distribuidoras, a chamada Tusd, para empreendimentos que pediram conexão à rede elétrica até 6 de janeiro de 2023. Por conta desta corrida, nos últimos cinco meses, o segmento colocou em operação mais de 1 gigawatt (GW) por mês.
A partir de agora, a lei prevê a cobrança gradual pelo uso da rede até chegar a 29% em 2030. As mudanças fizeram o setor dar um salto, com 67,4% de crescimento na capacidade instalada em 2022 frente ao ano anterior.
Com as novas regras para a compensação da energia injetada na rede de distribuição pelos sistemas de micro e minigeração distribuída (MMGD), alguns componentes, a depender da modalidade e porte do empreendimento de geração, deixarão de ser compensados de forma gradativa ao longo dos próximos anos.
Segundo a consultoria, no caso de uma residência com a intenção de instalar um sistema fotovoltaico com sistemas de 4 quilowatt de potência de pico (kWp) e com o custo de instalação de R$ 4,88/Wp, os cenários projetados apontam um pequeno aumento médio do payback (tempo de retorno de um investimento) de 15% nos sistemas atendidos pela Cemig, Elektro e Coelba. Já para um sistema comercial de 50 kWp e custo de instalação de R$ 3,88/Wp, o que se observa é também um aumento no payback, porém, de forma menos significativa, com aumento médio de 13%.
“A diferença não é significativa a ponto de inviabilizá-los. Gerar a própria energia elétrica por meio desses sistemas e reduzir as despesas com as contas de luz ainda se mostra um tipo de investimento de alta rentabilidade e baixo risco, frente a outros tipos no mercado de capitais, tais como renda fixa, com baixos riscos, mas também com menores rendimentos”, diz o estudo.
A previsão da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) é injetar cerca de 8 GW de capacidade no sistema em 2023. Se a estimativa da entidade se confirmar, será pelo terceiro ano consecutivo o segmento que mais incrementa potência ao sistema. Atualmente, são cerca de 17 GW distribuídos em mais de 2 milhões de unidades geradoras.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ainda não foi batido o martelo sobre os cinco nomes que vão representar a União no colegiado.
A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, é mais um nome cotado para integrar a chapa do governo no conselho de administração da Petrobras, dizem duas fontes a par do assunto. Ainda não foi batido o martelo sobre os cinco nomes que vão representar a União no colegiado ao lado do presidente da estatal, Jean Paul Prates. Mas o governo já tem uma “shortlist”. Além de Gannoum, também constam dessa lista a professora da UFRJ e a ambientalista Suzana Kahn, os empresários Josué Gomes e Eduardo Moreira, além do pesquisador do Ineep William Nozaki.
Corre por fora a ex-diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, que conta com o apoio de uma ala do PT. Como há cinco vagas em aberto, pelo menos um dos nomes teria de deixar a lista para acomodar Chambriard, caso ela seja confirmada.
O Broadcast apurou que Josué Gomes, atual presidente da Fiesp, é nome do agrado de Lula, mas sofre resistência dentro do partido do presidente. Ao mesmo tempo, William Nozaki estaria acertado para ocupar um cargo no BNDES e também poderia deixar a lista. Por ora os dois ainda seguem cotados.
Se nomes forem aprovados, representação feminina pode ser recorde Caso Gannoum, Kahn e Chambriard sejam indicadas e aprovadas ao conselho de administração da Petrobras, haverá representação feminina recorde na alta administração da estatal. Elas seriam acompanhadas da representante dos funcionários, Rosângela Buzanelli, que tem mandato até 2024.
O conselho da Petrobras tem 11 membros, cuja distribuição, na atual formação, respeita a seguinte proporção: seis indicados pelo governo, quatro indicados por acionistas minoritários e o último pelos funcionários. Destes, dois conselheiros minoritários e o representante dos empregados têm mandato e os demais são eleitos pelo mecanismo do voto múltiplo, que implica renovação ou recondução obrigatória de todos eles a cada renúncia ou assembleia de acionistas.
Na segunda-feira (30), no Rio de Janeiro, Prates disse a jornalistas que os nomes ao conselho de administração serão enviados à companhia pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e que ainda estava fechando a lista de oito diretores executivos. Todos esses nomes têm de ser avalizados pela governança interna, pelo Comitê de Pessoas do Conselho de Administração e pelo pleno do colegiado, para depois serem confirmados pelo conjunto dos acionistas em assembleia.
Gannoum tem larga experiência no setor de energia Elbia Gannoum é presidente da Abeeólica. Economista de formação, é doutora pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e atua como especialista em Regulação e Mercados de Energia Elétrica há 25 anos. Foi membro da diretoria da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) entre 2006 e 2011, economista-chefe do MME entre 2003 e 2006, coordenadora de Política Institucional do Ministério da Fazenda entre 2001 e 2002 e, antes, assessora de assuntos econômicos no MME e na Aneel.
Fonte e Imagem: Estadão.
92% do total de eletricidade produzida no Brasil veio de hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassa.
O Brasil atingiu recorde de geração de energia a partir de fontes renováveis em 2022. 92% de toda eletricidade no Sistema Interligado Nacional (SIN) veio de usinas hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassa, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Este é o maior percentual dos últimos dez anos - desde que a matriz deixou de ser praticamente hídrica - e acontece no ano seguinte da pior crise hídrica em 91 anos, em que o Brasil quase enfrentou novo racionamento por falta de água nos reservatórios. O fantasma do racionamento passou, mas o intenso acionamento de termelétricas fez com que o país herdasse uma dívida bilionária de longo prazo, por conta das ações de enfrentamento.
Superada a crise hídrica, o levantamento dos dados de 2022 mostra que dos 67,3 mil megawatts médios (MWm) produzidos no ano, quase 62 mil MWm foram gerados a partir de fontes de renováveis, reflexo direto do cenário hídrico climático mais favorável, que contribuiu para a recuperação dos reservatórios de água, e da expansão das usinas movidas pelo vento e pelo sol.
De acordo com o presidente do conselho de administração da CCEE, Rui Altieri, este é o resultado de uma matriz energética diversificada, característica que coloca o Brasil à frente de quase todos os outros países do mundo.
“Tivemos uma hidrologia favorável com chuvas nos reservatórios das hidrelétricas e a geração eólica permitiu uma boa safra dos ventos. Além disso, o Brasil expandiu a capacidade de geração renovável e tivemos a entrada em operação de novas linhas de transmissão que aumentaram a exportação da energia até os pontos de consumo. Tudo isso permitiu que o país chegasse a este patamar”, explica.
De fato, o ano de 2022 foi pujante na ampliação da matriz elétrica, com destaque para o aumento da oferta de energia de fontes renováveis, com expansão superior a 8,2 gigawatts (GW) - a segunda maior registrada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), atrás dos 9,5 GW alcançados em 2016. Já na transmissão, mais de 9,2 mil quilômetros de linhas entraram em operação.
Além do ganho ambiental, Altieri acrescenta que isso traz oportunidades em novos mercados, como o de créditos de carbono e de hidrogênio renovável. Ele avalia que o Brasil hoje está mais preparado para futuras crises.
O executivo entende que todas as fontes devem ter espaço na matriz, para melhor aproveitamento, mas os dados da Aneel apontam que eólica e solar vão puxar a expansão. Em 2023, está previsto entrar em operação 9,45 GW. Do total, 8,7 GW são só de eólica e solar.
Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o Brasil busca ser exemplo para o mundo na geração de energia limpa. “Seguindo a diretriz estabelecida pelo presidente Lula, trabalhamos para, nos próximos anos, contribuir mais na preservação do planeta por meio do aproveitamento de fontes renováveis, não somente na geração de energia elétrica, mas na nossa matriz energética”, frisa.
Em termos de capacidade instalada, o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, lembra que o Brasil sempre foi referência em energias renováveis, já que 83% da matriz elétrica é formada por hidrelétricas, eólicas, solares e térmicas movidas à biomassa.
“Nos últimos anos, vemos um protagonismo muito forte das fontes eólica e solar. Em 2022, a Aneel liberou para operação comercial 8,2 GW de novas usinas, dos quais 68% foram das duas fontes. Isso sem contar o fenômeno da micro e minigeração distribuída que em 2022 trouxe 7,3 GW de potência, quase toda ela solar.”
Neste contexto, Feitosa condiciona um horizonte positivo do setor elétrico ao fim de benefícios desnecessários. “Para o futuro, o prognóstico é o mesmo. O Brasil tem tudo para continuar sendo o país da energia segura, limpa e, se eliminarmos os subsídios, barata”.
O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, acrescenta que a situação mostra que o Brasil tem o potencial que o país precisa em relação à transição energética e reforça a liderança em um campo internacional estratégico que busca a descarbonização.
“O Brasil está quase três décadas à frente da Europa e do mundo que quer chegar a 2050 com 85% ou 90% de energia elétrica renovável. Isso é um vetor de competitividade imenso e temos que nos aproveitar dessa vantagem competitiva formulando uma política de reindustrialização (...), já que a competição entre os países vai se dar pela pegada de carbono entre os produtos”, diz.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Diretor-geral da Agência assegura esforços para avanços ordenados e dentro dos prazos estipulados, enquanto Mario Menel defendeu a autoprodução, órgão permanentes e possibilidade de novas hidrelétricas no país.
O órgão regulador do setor elétrico está atento aos possíveis avanços no projeto de modernização do setor (PL 414) e no crescimento da geração distribuída em 2023. Durante o webinar que marcou o lançamento do evento Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, nessa terça-feira, o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, disse que a partir da agenda regulatória já aprovada é possível redirecionar as equipes e esforços para que a abertura de mercado se dê dentro do prazo estipulado.
“Temos as nossas preocupações de não trazer mais custos ao consumidor e a tendência de redução dos preços, de olho também nos riscos e efeitos da guerra e que expuseram algumas comercializadoras a energia de gás, com problemas de default”, comentou o diretor.
Feitosa também ressaltou que a agência está se preparando para proporcionar segurança e sustentabilidade dos negócios de distribuição e geração, que aconteça com a concorrência franca, aberta e justa, referindo-se ao incremento da GD. “O desafio vai ser equilibrar os prazos”, disse ele em um momento no qual a diretoria da autarquia debatia em reunião semanal as regras para a compensação da GD, tema que saiu de pauta do encontro.
Sobre desoneração tarifária e transição energética, ele afirmou que as discussões dos assuntos extrapolam a pasta do Ministério de Minas e Energia e que ambas são pautas de país, no sentido de que precisam ser abraçadas pelos governantes.
“Em algumas experiências internacionais verificamos que há inclusive uma pasta ou órgão interministerial exclusivo para discutir transição energética e redução de custos na energia com respeito ao meio ambiente como questões não conflitantes, sendo possível fazer a transição e a modernização do setor sem custos excessivos”, analisou.
Avanços regulatórios
Também presente no evento, o presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), Mario Menel, lembrou que teve três reuniões com o líder de energia na transição do governo, Maurício Tolmasquim, que se mostrou totalmente favorável com 90% da agenda do Fase em relação ao PL 414, naturalmente, pedindo algumas precauções.
“Eu disse a ele que todos nós temos ressalvas mas temos boas indicações, como os estudos da Abraceel com o auxílio de consultorias renomadas no país e que são um belo começo para fazer a abertura com segurança”, revelou o dirigente.
No tema de autoprodução, Menel salientou a necessidade de uma discussão mais aprofundada, uma vez que a modalidade por equiparação não foi uma vontade da indústria. Essa questão foi imposta pelo sistema financeiro e o poder regulador, que não permitia uma concessão ser dada a um consórcio, lembrando do último caso ser a usina de Machadinho, localizada na divisa do RS e SC.
“Na hora que se cria uma SPE se tem uma dissociação de CNPJ e o que vemos hoje são arranjos societários em que não há investimentos em autoprodução e a apropriação dos benefícios dessa modalidade”, avalia, ressaltando que o autoprodutor “raiz” é uma forma de dar competitividade a uma indústria que passou de 25% para quase 10% na participação do PIB e que tem na energia um dos fatores que pode ajudar a melhorar essa situação.
Os casos recentes de sabotagens em linhas de transmissão não ficaram de fora da análise do executivo, assim como um caso de garimpo embaixo da LT de Belo Monte. Menel lembrou que o Fase enviou uma carta ao governo pedindo a permanência do grupo que foi coordenado pela Aneel e com participação do MME, ONS e que se comunicava rapidamente com os órgãos de segurança pública no caso dessas eventuais ocorrências. “Da mesma forma a Creg deveria ficar latente mas permanente para eventual atuação”, adicionou ele, referindo-se ao órgão de atenção à crise hídrica em 2021.
Por fim, Menel defendeu o benefício que novas hidrelétricas no país, citando o projeto Tabajaras (400 MW), trariam como no caso dos serviços ancilares, que precisam ser ajustados. Segundo sua análise, é necessário olhar as compensações possíveis, citando como exemplo a UHE Santa Isabel (1 GW), que teve a área onde seria construída totalmente devastada, com prejuízos econômicos e ambientais onde poderia estar gerando energia.
“Em Carajás a reserva que ficou com a Vale está verde e a do governo está devastada. Minha mensagem é que não se abandone a fonte hidrelétrica pois ela permite a base de uma expansão das fontes intermitentes”, concluiu o representante do Fase, mencionando possibilidades de avanços tecnológicos para UHEs com quedas de sete metros.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Decisão tomada durante a reunião da agência reflete a necessidade de uma análise mais profunda das contribuições sobre o tema.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiou nesta terça-feira (31) a votação da regulamentação da lei nº 14.300, que estabeleceu um marco legal para a micro e minigeração distribuída de energia, com a retirada do processo de pauta pelo relator, diretor Hélvio Guerra.
Segundo Guerra, a decisão tomada durante a reunião da agência reflete a necessidade de uma análise mais profunda das contribuições sobre o tema.
Cerca de 20 agentes, entre empresas e associações, sobretudo do mercado de energia solar, apresentaram oralmente suas visões sobre a proposta de regulamentação na reunião desta terça-feira.
“Aquilo que for possível de ser revisto no meu voto, eu farei”, disse o diretor, acrescentando que sua intenção é pautar o processo na próxima terça-feira, quando o colegiado da Aneel volta a se reunir.
Estão em discussão, agora, regras que tratam da cobrança do custo de transporte de energia para a geração distribuída, da apresentação de garantia de fiel cumprimento para conexão das usinas, entre outros conceitos.
A geração distribuída de energia se caracteriza por pequenos empreendimentos de geração, de até 5 megawatts (MW) de potência, instalados no próprio local de consumo ou próximo a ele. A modalidade compreende, por exemplo, telhados solares em residências ou pequenas usinas para abastecer o consumo de empresas.
A regulamentação do marco legal da chamada “GD” vem mobilizando diversos agentes do setor elétrico, especialmente do mercado solar e distribuidoras de energia, uma vez que o segmento passou a crescer de forma ainda mais acelerada em 2022, com uma corrida dos consumidores para garantir a manutenção de benefícios tarifários após a promulgação do mercado regulatório.
Embora viesse cobrando nos últimos meses mais rapidez da Aneel na regulamentação da lei, a associação de energia solar Absolar considerou “acertada e positiva” a decisão de se postergar a votação por mais uma semana.
“A sensação é, de fato, que a decisão trouxe mais espaço para que haja diálogo construtivo e para que a gente possa construir melhor entendimento em relação aos pontos críticos do texto”, disse o presidente executivo da entidade, Rodrigo Sauaia, em áudio distribuído à imprensa.
O atraso na regulamentação do marco legal foi um dos motivos que levou a Absolar e outras associações do segmento a defenderem, no fim do ano passado, uma extensão dos prazos legais dos incentivos à tecnologia, em uma discussão que abriu um embate com as distribuidoras de energia.
A “GD” se tornou a principal propulsora da fonte solar no Brasil, chegando a 16 GW de potência ao final de 2022, segundo dados da Absolar.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Ministros reforçaram potencial do pais como fornecedor de energia renovavel, no dia em que a Alemanha anunciou R$ 1,1 bi em recursos para o Brasil.
Em compromissos diferentes nesta segunda-feira, 30 de janeiro, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Meio Ambiente, Marina Silva, reforçaram a oportunidade que o Brasil terá nos próximos anos de se transformar no grande fornecedor de energia limpa para outros países do mundo. Para Haddad, este pode ser o caminho para a reindustrialização do país, enquanto Marina acredita tanto na possibilidade de exportar energia para a Europa, em função do potencial de produção de hidrogênio verde, quanto atrair investimentos de empresas europeias.
“O mundo inteiro está em busca de energia limpa. As indústrias estão escolhendo o local para se instalar com base em energia limpa. E o Brasil é o país que está mais bem posicionado para produzir hidrogênio verde, energia eólica, solar e biomassa. Tudo o que está disponível tecnologicamente nós estamos com vantagem competitiva, e isso pode ser um forte componente de atração de investimentos estrangeiros para o Brasil e de reindustrialização do capital nacional, se tomarmos algumas medidas centrais para pensar o reposicionamento da indústria na nossa economia”, disse o ministro durante reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Em entrevista coletiva após reunião com a ministra alemã da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento, Svenja Schulze, Marina Silva destacou a importância das parcerias com os europeus. No caso da Alemanha, haverá um reforço de 203 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão) do país europeu para ações socioambientais no Brasil.
“O Brasil está fazendo um esforço muito grande pra ampliar a cooperação de base tecnológica também. Acordo de cooperação técnico e científico para que possamos acelerar ainda mais a possibilidade de o Brasil ser um grande fornecedor de energia para a Europa, em função do potencial que temos de produção de hidrogênio verde. Mas, também, a busca de parceria com empresas alemãs, empresas europeias, para que possamos ter investimentos no Brasil nessa agenda”, disse Marina.
Svenja Schulze reforçou a agenda conjunta dos dois países, inclusive no setor energético, no que ela classificou como um apoio mútuo. “O Brasil realmente pode ser uma nação líder na área de hidrogênio verde.”
O pacote anunciado hoje pelas duas ministras para os próximos 100 dias prevê 35 milhões de euros para o Fundo Amazônia, que tem como gestor o BNDES e 31 milhões de euros para um fundo de apoio aos estados amazônicos, em projetos de proteção e uso sustentável das florestas, alinhados com o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia. O PPCDAM será atualizado pelo governo federal, segundo o Ministério do Meio Ambiente.
Estão incluídos ainda 29,5 milhões de euros para um fundo garantidor de eficiência energética para pequenas e médias empresas, via BNDES, e 80 milhões de euros em empréstimos com juros reduzidos a agricultores, voltado para o reflorestamento, por meio do Banco do Brasil.
Outros 13,1 milhões de euros são para a recuperação de áreas degradadas, com apoio a pequenos agricultores; 9 milhões de euros vão apoiar cadeias de abastecimento sustentáveis (dois projetos da agência alemã GIZ com o Ministério da Agricultura e IFAD); 5,37 milhões de euros irão para o fomento de energias renováveis na indústria e no setor de transportes (consultoria da GIZ com o Ministério de Minas e Energia).
Segundo Schulz, a ideia e fazer rapidamente cooperação, com um programa imediato já para os primeiros 100 dias. Mas este seria o primeiro pacote, já que a Alemanha pretende fazer novas negociações anualmente.
A ministra Marina Silva anunciou que os recursos do Fundo Amazônia estão sendo direcionados neste primeiro momento a questões emergenciais, como a situação de saúde, o grave problema de fome e a segurança do povo Yanomami, em um primeiro passo para a desintrusão (retirada) de garimpeiros ilegais da terra indígena.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Desde quinta-feira passada, dia 26, quando foi divulgada pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), a minuta da resolução que deve estabelecer novas regras de GD (geração distribuída) solar e deve ser votada pela diretoria da agência nesta terça-feira, dia 31, o setor tem se reunido para discutir os impactos.
A avaliação é de que, se aprovada como está, a regulação poderá criar uma judicialização intensa. Chegou-se inclusive a discutir se faria ou não sentido negociar a retirada de pauta do item da reunião da ANEEL. A tendência da agência é manter a votação, segundo apurações.
Na semana passada, a agência divulgou a NT (Nota Técnica) 002/2023, que analisa as mais de 800 contribuições recebidas durante a consulta pública de regulação da Lei 14.300, que em janeiro de 2022 sancionou o novo marco regulatório da GD solar. A NT também incorporou, em anexo, minuta da resolução que deve regular pontos da Lei 14.300.
Obras na rede
O principal ponto de crítica é o entendimento da ANEEL de que obras na rede não são pendência que justifique o atraso para início de injeção de energia do empreendimento de geração distribuída solar. Isso teria impacto principalmente para os projetos que foram entregues até 7 de janeiro, quando havia subsídio integral na conexão da rede pela Lei 14.300.
“Se algum investidor que fez o projeto até 7 de janeiro receber um parecer de acesso com uma obra de 13 meses, ele já perdeu o direito adquirido, porque pela lei a injeção deve se iniciar em 12 meses, e a obra extrapolaria esse prazo. Como essa obra, a ser executada pela distribuidora, não é uma pendência que suspende o prazo do acessante?”, questiona um advogado. Para o setor, isso pode acirrar a queda de braço com o segmento de distribuição.
Isso coincide com outra questão: na corrida de subsídios da GD solar, apenas em dezembro foram mais de 100 mil pedidos de conexão à rede para distribuidoras; em sete dias de dezembro, foram mais de 50 mil. Já haveria mais de mil notificações extrajudiciais de empreendedores de problemas com distribuidoras que não atenderam os pedidos. “Isso poderá reforçar essa judicialização”, diz um consultor.
Baixa tensão
Entre outros principais pontos de discórdia está a previsão de cobrança de demanda aos consumidores do grupo B (baixa tensão). A redação proposta aponta a cobrança aos consumidores que tiverem medidores capazes de calcular o consumo e demanda de maneira bidirecional. Para o setor, isso faria com que a estrutura tarifária da baixa tensão se assemelhasse à da alta tensão, reduzindo incentivos. “Erra-se a dose do remédio e essa mudança teria de passar por uma consulta”, diz um empresário.
Geração compartilhada
Outro ponto de preocupação se refere aos consumidores com geração compartilhada, como uma fazenda solar que gera eletricidade para diversos consumidores que podem por exemplos estar reunidos sob um clube de assinatura. A mudança de clientes nessa modalidade só poderia ser feita em 180 dias. “Em todos os outros, pode-se fazer qualquer alteração de ingressante ou de quem vai sair em 30 dias, mas aqui se estipula um período maior, o que desincentiva esse modelo que estava crescendo”, diz o empresário.
Fonte e Imagem: Agência Infra.
O consumo de energia elétrica no mercado livre de energia brasileiro aumentou 7,2%em 2022, alcançando uma demanda de 24.496 MW médios. Os dados preliminares da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostram o crescimento do segmento na comparação com o ano anterior, que já representa 36,4% de todo o consumo nacional.
Entre os 15 setores que contratam energia no mercado livre e que são monitorados pela Câmara, 13 registraram aumento no consumo, com destaque para: serviços (16,2%), saneamento (12,7%) e o setor de madeira, papel e celulose (12,7%), impulsionado pela ampliação da produção para suprir a demanda global por matériaprima brasileira.
Entre as áreas que tiveram maior declínio estão os minerais não-metálicos (-9,1%) e têxteis (-3,8%), afetados pelos juros altos e a inflação acumulada, além de escassez de matéria-prima, aponta a CCEE.
Já no mercado regulado, a carga foi de 42.769 MW médios, queda de 1,4% no comparativo anual. Para a CCEE, três fatores explicam a retração: a migração de consumidores para o mercado livre de energia, a disseminação dos painéis solares e a influência de temperaturas mais baixas que as registradas em 2021, o que reduz o uso de aparelhos de ar-condicionado.
Demanda de energia elétrica do Brasil
A demanda brasileira por energia elétrica aumentou 1,5% no último ano, na comparação com o ano anterior, alcançando uma demanda de 67.275 MW médios.
“Voltamos a ver crescimento no mercado energético, o que é uma boa notícia, mas o ritmo ainda é menor do que aquele que nós considerávamos a média histórica do setor. Para isso, porém, será necessária uma recuperação mais rápida da atividade econômica”, afirma Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE.
Entre os estados, o Maranhão teve a maior alta, com variação de 13,5%, seguido por Rondônia (10,4%) e Mato Grosso (6,4%). Além da influência do mercado livre, e o fator climático, com temperaturas acima das registradas em 2021, que impulsionou o consumo no ambiente regulado, com maior uso dos equipamentos de refrigeração.
O cenário inverso, com mais chuva e temperaturas mínimas abaixo da média, especialmente no segundo semestre, levou ã retração em boa parte do Nordeste, com destaque para Paraíba (-2,2%), Piauí (-4,2%) e Rio Grande do Norte (-4,7%).
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Aneel recebeu 829 contribuições à consulta publica que tratou do tema. Há outros aspectos do marco legal ainda em discussão.
A Agência Nacional de Energia Elétrica incluiu na pauta da reunião da próxima terça-feira, 31 de janeiro, a regulamentação de dispositivos legais aplicáveis à micro e minigeração distribuída, encerrando um consulta publica que recebeu 829 contribuições. O processo trata de aspectos da Lei 14300 (marco legal da GD) relacionados ao sistema de compensação de energia elétrica, mas também da Lei nº 14.120 que trata da aplicação de recursos de eficiência energética na instalação de sistemas de geração distribuída em prédios públicos.
Está prevista a publicação de resolução normativa com o aprimoramento das regras de conexão e faturamento de centrais de microgeração e minigeração e do sistema de compensação, e alterações nas Resoluções Normativas n° 920 (procedimentos de distribuição) e 1.000 (fornecimento de energia elétrica).
Será aprovada ainda resolução homologatória com o modelo de formulário para o orçamento de conexão dos sistemas de MMGD e os valores de referência do investimento em centrais de minigeração.
O custo de investimento considerado no calculo da garantia de fiel cumprimento a ser aportada por central de minigeração distribuída será de R$4 mil/kW para empreendimento solar fotovoltaico (incluindo flutuante); de R$ 5 mil central geradora hidrelétrica (CGH); de R$4,5 mil para eólica e de R$4 mil para todos os tipos de térmica, incluindo cogeração qualificada.
Além das questões técnicas e de faturamento associados ao sistema de compensação da energia injetada na rede por sistemas de GD, há ainda outros temas em discussão na Aneel, relacionados ao marco legal da micro e miniGD.
Um deles é regulamentação dos artigos da Lei 14.300 que tratam da sobre contratação involuntária e da venda de excedentes. A agência lançou ainda uma consulta publica para tratar dos aspectos econômicos, em especial as novas obrigações embutidas na Conta de Desenvolvimento Energético, e do impacto nos processos tarifários das novas regras de faturamento dos participantes do sistema de compensação.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Entidade do setor elétrico prepara documento com 21 propostas para estimular o seguimento e quer barrar incentivos de termelétricas.
Estudo inédito do Instituto Acende Brasil faz um diagnóstico do setor elétrico e aponta os principais desafios, principalmente, para a questão da transição energética, que é uma prioridade entre as maiores economias globais. Logo, incentivar usinas caras e poluentes, como as movidas a carvão não faz o menor sentido, de acordo com o documento, pois o alerta das mudanças climáticas sobre a urgência para a redução das emissões de carbono tem feito governos e empresas olharem, finalmente, com mais afinco para essa questão.
E, nesse sentido, o presidente do instituto, Claudio Sales, destaca que existe uma oportunidade para o atual governo liderar a estratégia de transição energética, e, com isso, o Ministério de Minas e Energia (MME) tem a oportunidade de liderar, de forma ativa, o setor, facilitando as transformações necessárias, a fim de conter a ação de agentes oportunistas que andaram ocupando "espaços vazios" deixados pelo governo anterior.
Um deles, de acordo com Sales em entrevista ao Correio, é a retirada dos jabutis incluídos na medida provisória de privatização da Eletrobras, prorrogando subsídios para termelétricas a carvão, que é poluente e cara, na contramão da evolução para transição para a energia verde. "Esse tipo de dispositivo só vai encarecer o custo da energia para os brasileiros", reforça o especialista.
No relatório de 56 páginas, a entidade aponta que o sucesso da política energética para o setor elétrico no horizonte do próximo mandato presidencial será determinado, em grande parte, pela forma como serão tratados três grandes fenômenos: a condução da transição energética para uma economia de baixa emissão de gases efeito estufa; o controle da inflação em um cenário de baixo crescimento mundial; e a adaptação do setor elétrico para o novo contexto marcado pela nova matriz energética, novas tecnologias e novos agentes.
"Toda vez que consideramos um tema mais complexo do nosso setor, publicamos um paper específico. Este é o 28º e busca, numa linguagem mais compreensível, mostrar os desafios do novo governo nos próximos quatro anos para conseguir avanços no setor elétrico", explica o especialista.
Em relação aos três desafios apontados no documento, Sales destaca que eles estão interligados, pois a transição energética para uma economia de baixa emissão de gases de efeito estufa tem como condição básica uma redução no custo da energia propriamente dita. E, nesse sentido, os jabutis incluídos na Lei de Desestatização da Eletrobras que vão na contramão desse princípio voltado para o barateamento dos custos e de incentivo à transição energética.
Na avaliação de Sales, uma revisão dessa lei será importante para reduzir o custo do capital por meio da redução do risco setorial. "A governança setorial tem sofrido seguidas ameaças e intervenções advindas do Legislativo. Algumas dessas iniciativas vingaram e outras, não. Independentemente do resultado, a ameaça oriunda dessas iniciativas tem o potencial de espantar investidores, ocasionando a elevação dos custos de captação de recursos", destaca o documento do Acende Brasil.
Reforma tributária
Aliás, eliminar subsídios para outorgas de geração de termelétricas a carvão mineral e encurtar o prazo do programa de estímulos à construção dessas usinas mais poluentes, assim como substituí-las por fontes de energia limpa, que não emitem gases de efeito estufa, cujos contratos expiram nos próximos anos, estão entre as 21 propostas do estudo.
A entidade também defende uma reforma tributária que simplifique a tarifação e a torne mais eficiente, reduzindo os custos de conformidade das atividades produtivas, além de assegurar que as rendas auferidas de concessões sejam direcionadas para reduzir os encargos e as tarifas de transporte de energia.
Vale lembrar que, de acordo com dados levantados pelo Acende Brasil, em parceria com a PricewaterhouseCoopers (PwC), a carga tributária do setor é superior à média nacional e chega a 46% para 45 empresas do setor elétrico pesquisadas. No ano-calendário de 2021, o peso dos tributos consolidados somaram 35,6% e dos encargos setoriais, 10,4%. O volume arrecadado entre 2020 e 2021, passou de R$ 95 bilhões para R$ 106,1%, alta de 11,7%.
"A reforma tributária é uma das preocupações do setor elétrico e pode garantir ganhos de eficiência para o setor", destaca Sales. Ele reforça que os avanços ocorridos precisam ser preservados, como o do Projeto de Lei 2.646/2020, sobre debêntures de infraestrutura, em tramitação no Congresso. A proposta pode ajudar a garantir uma forma mais barata de financiamento das empresas do que junto aos bancos. "É importante criar condições para viabilizar investimentos na modernização das redes de transmissão e distribuição", frisa, citando mais uma das 21 propostas.
Fonte e Imagem: Correio Braziliense.
Atualmente, são cerca de 17 GW distribuídos em mais de 2 milhões de unidades geradoras, formadas em maioria por pequenos consumidores que podem gerar a própria energia.
A energia solar a partir de pequenos sistemas fotovoltaicos de geração própria em telhados, fachadas e pequenos terrenos deve se manter competitiva, mesmo com retirada gradual dos subsídios, e injetar cerca de 8 GW de capacidade ao sistema em 2023, segundo previsão da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD).
Se a estimativa da entidade se confirmar, será pelo terceiro ano consecutivo o segmento que mais incrementa potência ao sistema. Atualmente, são cerca de 17 GW distribuídos em mais de 2 milhões de unidades geradoras, formadas em maioria por pequenos consumidores que podem gerar a própria energia.
Os executivos da entidade afirmam que 2022 foi o melhor da história. O que explica a expansão é que o setor viveu uma “corrida ao sol” com a sanção do marco legal da geração própria (geração distribuída). Isso criou um senso de urgência no desenvolvimento de projetos, pois garantiu a gratuidade, até 2045, no uso da rede das distribuidoras, a chamada Tusd, para empreendimentos que pediram conexão à rede elétrica até 6 de janeiro de 2023.
Por conta desta corrida, nos últimos cinco meses, o segmento colocou em operação mais de 1 GW por mês. De janeiro a novembro de 2022, cerca de 16,9 GW de equipamentos solares saíram da China para o Brasil.
A partir de agora, a lei prevê a cobrança gradual pelo uso da rede até chegar a 29% em 2030. As mudanças fizeram o setor dar um salto, com 67,4% de crescimento na capacidade instalada em 2022 frente ao ano anterior. Apesar de cenários apontarem leve aumento no tempo de retorno, a modalidade ainda se mostra rentável.
“Fechamos 2022 com 7,5 GW de potência incrementada e acredito que em 2023 podemos acrescentar mais 8 GW, totalizando no final do ano com 25 GW. Há uma série de pareceres de acesso que foram solicitados e serão implantados", diz o presidente-executivo da associação, Guilherme Chrispim.
Segundo o executivo, o pagamento pelo uso da rede não inviabiliza os projetos, mas reduz a taxa interna de retorno aos empresários. A isenção das tarifas de distribuição para a geração distribuída foi uma maneira de estimular o crescimento do setor no país, mas tornou-se alvo de polêmica, deixando de lados opostos distribuidores e geradores de energia.
Segundo a entidade, as concessionárias criaram dificuldades aos consumidores que tentam protocolar o pedido de acesso à geração própria de energia renovável no país. Além disso, o setor também acusa a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de não regulamentar a regra.
O embate é um dos motivos para o setor solar tentar no Congresso prorrogar por mais seis meses a janela para o benefício por meio do Projeto de Lei 2703/22. O PL foi aprovado na Câmara, mas não foi votado no Senado.
A conselheira da ABGD, Zilda Costa, lembra que o projeto inicial sofreu emendas que incluíram pequenas centrais hidrelétricas (PCH) como geração distribuída. A emenda altera ainda a lei da privatização da Eletrobras e obriga a contratação de 1.500 MW de PCHs de até 50 MW por 20 anos no Centro-Oeste.
“A gente vê com quase absoluta certeza que o senado vai reprovar o PL 2703, e o que pode acontecer é ele ser aprovado com ressalvas, expandindo [o benefício da] DG por seis meses, mas retirando a cláusula de hídricas (...). Projeto de lei para retroagir tem que ser transformado em lei complementar. Sendo aprovado, ele pode retroagir o benefício para o dia 7 de janeiro de 2023”, explica Costa.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Tribunal constatou que contratação prevista na lei não tem respaldo técnico e pode trazer riscos ao planejamento setorial e prejuízos aos consumidores de energia.
O Tribunal de Contas da União decidiu nesta quarta-feira (25) recomendar ao Ministério de Minas e Energia que avalie a possibilidade jurídica de não contratar parte das usinas termelétricas movidas a gás natural. A contratação foi imposta pela lei que autorizou a privatização da Eletrobras.
A contratação de 8 gigawatts de energia gerada por novas usinas térmicas a gás natural, a serem construídas em regiões específicas do interior do país, foi uma exigência imposta pelo Congresso para aprovar a lei que permitiu que a Eletrobras fosse privatizada.
A área técnica do tribunal concluiu que essa contratação, apesar de prevista em lei, não tem respaldo técnico e se choca com diversas outras leis que regem a administração pública e o setor elétrico brasileiro.
Além disso, se levada adiante, pode trazer riscos ao planejamento setorial e prejuízos aos consumidores de energia e à competitividade do setor.
A Empresa de Pesquisa Energética, estatal responsável pelo planejamento do setor elétrico, por exemplo, constatou a necessidade de contratar apenas 2 dos 8 GW impostos pela lei da Eletrobras.
"Contratar térmicas a gás de 6 mil megawatts é um pouco fora da real necessidade, e isso onera a conta dos consumidores, sem estudos técnicos que mostrem a real necessidade", afirmou o ministro Benjamin Zymler, relator do processo.
Porém, como destacou o próprio ministro, não cabe à Corte de Contas fazer o controle de constitucionalidade de uma lei.
Por isso, o tribunal decidiu apenas recomendar que o MME avalie a possibilidade jurídica de não fazer a contratação dessas térmicas, "sob o risco de contratar energia de reserva de forma ineficiente e antieconômica, onerando desproporcionalmente o consumidor e reduzindo a competitividade do país".
Possível inconstitucionalidade
Na avaliação do TCU, a contratação imposta pelo Congresso fere os seguintes valores e princípios estabelecidos na Constituição e em outras leis:
planejamento setorial e a eficiência;
modicidade tarifária;
proteção aos interesses do consumidor no tocante às políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia;
proteção dos interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos; e promoção da livre concorrência.
"Com todas as vênias, o Poder Legislativo acabou adentrando um terreno técnico que incumbe ao MME, à Aneel a ideia de regulação do setor de energia elétrica", resumiu Zymler.
O TCU também decidiu enviar cópia do processo para que o Ministério Público Federal avalie a possibilidade de entrar com uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.
Entenda
Durante a tramitação da proposta que autorizou a privatização da Eletrobras, o Congresso Nacional incluiu no texto a necessidade de contratação de 8 GW de energia gerada por novas térmicas a gás natural. Foi uma contrapartida exigida pelos parlamentares, em especial pela bancada do "gás".
No setor elétrico, as usinas que serão contratadas por imposição do Congresso ficaram conhecidas como "térmicas jabutis". O termo "jabuti" é usado no jargão político quando é incluído em um projeto um item estranho ao texto original.
Associações de consumidores contestam a necessidade de contratação desses 8 GW. Primeiro, porque afirmam que o planejamento de longo prazo do setor não aponta a necessidade dessa geração adicional.
Segundo, porque a energia gerada pelas térmicas é mais cara e poluente que as demais fontes – será o consumidor que vai pagar a conta, através de um encargo incluído na fatura de energia.
Terceiro, as térmicas terão de ser construídas em regiões onde atualmente não há escoamento de gás natural. Portanto, toda a infraestrutura terá de ser construída – e essa conta também pode acabar sendo bancada pelo consumidor de energia.
No ano passado, o governo realizou um leilão para contratar parte dos 8 GW previstos na lei.
Nesse leilão, foram contratados 729,25 megawatts de energia que serão oferecidos por três usinas, a serem construídas na região Norte. O início do fornecimento será em 31 de dezembro de 2026 e o prazo de contrato será de 15 anos.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Comercialização no mercado livre das fontes eólica, solar centralizada, biomassa e PCHs cresceu 33,3% ou 2,4 GW na comparação anual.
O mercado livre de energia já absorve 61% de toda a produção de usinas de geração de energia renovável especial, incluindo eólica, solar centralizada, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH) no país. De acordo com o último boletim da Abraceel, a marca foi alcançada em novembro e a tendência daqui para frente é de alta. Há 12 meses, essa fatia era de 50%.
O destaque da associação fica para o movimento crescente de comercialização vindos das fontes solar centralizada e eólica, que angariaram 57% e 48% respectivamente da geração no ambiente no mês, contra 35% e 42% na comparação anual. Além de ter absorvido grande parte da produção das UFVs e EOLs, o ambiente livre também foi também destino de 97% da energia gerada por usinas a biomassa e 58% por PCHs.
A importância do mercado livre de energia para comercializar a produção desses empreendimentos cresceu ao longo dos últimos 12 meses. Entre novembro de 2021 e de 2022, o ACL absorveu 33,3% a mais da geração renovável do país (9,4 GW médios agora contra 7,0 GW médios antes), considerando a produção total dessas fontes.
Nesse período, o relatório aponta que a produção das plantas fotovoltaicas centralizadas para consumidores livres cresceu 140,4%. No caso da geração vinda dos aerogeradores, o crescimento foi de 16,9%.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Projeções realizadas pela consultoria McKinsey mostram que o Brasil é uma das grandes apostas quando o assunto é energia verde.
Os mercados de energia renovável, energia e materiais de base biológica e mercados de carbono devem movimentar mais de US$ 124 bilhões no Brasil até 2040. Para o hidrogênio verde, as estimativas para o país são de US$ 20 bilhões.
As projeções, realizadas pela consultoria McKinsey, mostram que o Brasil é uma das grandes apostas quando o assunto é energia verde. O país possui fontes de energia renovável em abundância, como hidrelétrica, biomassa, eólica e solar.
Além disso, especialistas acreditam que o país poderá ser um importante aliado na produção do hidrogênio verde, já apelidado de combustível do futuro.
Metas
Até 2030, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Entre eles, está a meta de assegurar o acesso universal, livre e a preços acessíveis de energia renovável.
”Se pensarmos de uma maneira mais ampla, temos essa tendência de descarbonização da economia global. Na minha avaliação, podemos até discutir a velocidade com que ela vai acontecer, mas é uma tendência irreversível”, disse João Guillaumon, sócio da McKinsey.
No mercado de hidrogênio verde, a empresa química Unigel já saiu na frente: a companhia investiu R$ 120 milhões na primeira fábrica brasileira do insumo.
”Esse investimento foi a porta de entrada para um universo que se revelou muito maior, então a amônia verde derivou da discussão do hidrogênio verde, que hoje é uma das principais apostas deste século para a Nova Era da energia. Uma energia sem carbono”, destacou Luiz Felipe Fustaino, diretor de relações com investidores da Unigel.
Na COP-27, os países participantes definiram a criação de um fundo de perdas e danos, para a destinação de dinheiro para eventos como elevação do nível do mar e tempestades graves.
Desafios
Porém, um fator importante foi deixado de lado: quais países serão os contribuintes. Um fator muito importante que ficou dessa COP é: quem vai pagar a conta? Porque o evento terminou com a criação de um fundo internacional para auxílio dos países mais afetados com as mudanças climáticas, só que o fundo existe no papel.
O importante é que tenha recursos, e que este fundo efetivamente receba recursos para que não fique só uma decisão burocrática”, disse Pedro Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP.
Com o interesse crescente pela agenda ESG, também cresce a disponibilidade de opções para os investidores interessados no tema.
”O Brasil é muito bem servido por empresas de capital aberto, com fontes limpas e renováveis. Então aquelas que operam com energia sujas, são mais exceção do que a regra. Na realidade, a regra é exatamente você ter empresas que são muito mais expostas a fontes renováveis, como por exemplo, a energia hidrelétrica, a eólica, solar, do que energias tidas como sujas”, pontuou Vitor Souza, analista do setor elétrico e de saneamento da Genial Investimentos.
O CNN Soft Business vai ao ar todo domingo, às 23h15, com apresentação de Phelipe Siani e Fernando Nakagawa. Você pode conferir pela TV e também pelo YouTube.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Pasta atribui ao processo de transição a presença de servidores sem vínculo direto.
Com dificuldades de montar um time técnico de segundo escalão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem contato com a ajuda informal da ex-secretária executiva da pasta Marisete Pereira. Apesar de ser considerada muito técnica e com bastante prestígio no setor de energia, a executiva não possui vínculo institucional com a pasta.
Quem também tem colaborado com o ministro é Bruno Eustáquio, também apontado como nome técnico, mas que tem encontrado resistência no Planalto. Ambos têm sido vistos em reuniões e estão despachando de dentro do ministério. Fontes em condição de anonimato têm relatado que a situação tem causado desconforto pelo possível conflito de interesses.
Em nota, a pasta informou que por conta do processo de transição, “alguns servidores públicos têm colaborado voluntariamente nesse processo em apoio ao Ministério de Minas e Energia”.
Entretanto, Marisete foi exonerada do cargo em junho de 2022 e atualmente faz parte do conselho de administração da Eletrobras e é membro do comitê de Governança e Sustentabilidade da companhia. A executiva também atuou no processo de privatização da Eletrobras.
Eustáquio também trabalhou no processo de privatização da Eletrobras e ocupou cargos importantes no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele sempre foi dado como o nome mais cotado para assumir o posto de secretário-executivo, mas conta com forte oposição do PT pela ligação com o governo anterior. Fontes apontam que ele teria sido vetado pela Casa Civil, mas que o ministro Silveira ainda insiste no nome.
Em nota, a Eletrobras disse que todos os membros do conselho estão sujeitos às obrigações e vedações previstas na Lei das Sociedades Anônimas (LSA), tais como a vedação de intervir em operações em que tenha interesse conflitante com a companhia e a obrigação de manter reserva sobre os negócios da companhia. A empresa disse ainda que possui uma política de Administração de Conflitos de Interesses que visa estabelecer diretrizes para a prevenção, identificação, declaração de situações que possam configurar conflitos de interesses, e orientar a todos os colaboradores da Eletrobras, inclusive seus administradores, sobre como proceder em tais casos.
Questionada se a empresa vê conflito de interesse em ter uma executiva do setor privado atuando no governo, a empresa não respondeu.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) foi autorizada a não realizar o desligamento de agentes que tiveram o ajuste de contrato e comprovado a sua regularização bilateral no prazo de três dias úteis da comunicação – para casos pretéritos – ou da divulgação dos resultados da efetivação de contratos, sem prejuízo dos efeitos dos demais efeitos de ajuste de contratos para o agente que não tenha aportado integralmente as garantias financeiras e para as contrapartes.
A decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) concede parcial provimento ao pedido de medida cautelar da CCEE até que a agência delibere sobre aprimoramento regulatório, que teria causado descompasso entre a regra de desligamento (dada pela Resolução Normativa nº 1.014/22), vinculada a de ajuste de contratos (da Resolução Normativa nº 957/2021).
O pedido da CCEE teve origem em casos em que o ajuste de contratos decorre por erro operacional não intencional no fluxo de aporte de garantias financeiras, e que não têm tratamento específico na regulação vigente.
Dessa forma, o que se esperava ser um aprimoramento das regras, com o início do processo de desligamento do agente no primeiro ajuste de contratos, e não mais em três ou quatro liquidações, se mostrou como medida excessiva, e sem atingir o objetivo de melhorar a segurança no mercado.
Como esse tratamento deve demandar tempo, que conta com a avaliação pela agência e instauração de consulta pública, conforme cita o diretor Hélvio Guerra em seu voto, a cautelar evita o “dado o potencial crescente de casos de desligamento em razão do primeiro ajuste de contratos”.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
A marca foi alcançada em novembro; há 12 meses, essa fatia era de 50%.
O Ambiente de Contratação Livre de Energia (ACL), meio em que os fornecedores e consumidores negociam livremente, já absorve 61% de toda a produção de usinas de geração de energia renovável, incluindo eólica, solar de grande porte, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH), segundo dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
A marca foi alcançada em novembro. Há 12 meses, essa fatia era de 50%. Hoje, o mercado livre responde por 37% do consumo de eletricidade do país. O mercado livre de energia foi destino de 57% de toda a produção de energia solar centralizada e de 48% da geração eólica em outubro novembro de 2022, contra 35% e 42% respectivamente há um ano.
Os dados fazem parte da última edição do Boletim da Energia Livre, publicação da Abraceel que mostra o panorama mensal atualizado do mercado livre de energia no Brasil. Além de ter absorvido grande parte da produção das usinas solares e eólicas, o mercado livre de energia foi também destino de 97% da energia gerada por usinas a biomassa e 58% por por pequenas PCH.
O movimento de migração de consumidores segue em tendência de alta e deve se acentuar nos próximos anos, já que o setor elétrico vai passar por transformações que devem mudar a forma como a maioria dos brasileiros compra energia elétrica. Atualmente, somente grandes consumidores de energia podem escolher o fornecedor e os aspectos do fornecimento, como prazos, fonte energética e outras flexibilidades e serviços associados. Eles correspondem a 0,03% de todos os consumidores de energia no Brasil.
A proposta do governo é que todos os consumidores atendidos em alta tensão (acima de 500 kw) possam optar pela compra de energia elétrica de qualquer supridor a partir de 1º janeiro de 2024. Aproximadamente 106 mil consumidores teriam a alternativa de aderir à livre comercialização neste primeiro momento.
A questão financeira é o motivo da migração. O custo da energia, um dos componentes da tarifa elétrica, foi de R$ 277/MWh no mercado regulado, em média, contra R$ 135/MWh do mercado livre em dezembro de 2022, uma diferença de 51%.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Bruno Eustáquio é 1 dos 3 nomes indicados para a Secretaria Executiva; prazo para análise termina na 3ª (24.jan) à tarde.
O Ministério de Minas e Energia aguarda a análise, pela Casa Civil, de 3 nomes para a Secretaria Executiva da pasta. É uma etapa burocrática do processo de indicação, cujo prazo de resposta se encerra na 3ª feira (24.jan.2023) à tarde. O Poder360 apurou que Bruno Eustáquio é 1 dos indicados.
Eustáquio sofre forte oposição dos sindicados e de integrantes do PT por sua atuação no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi adjunto na pasta durante a gestão de Bento Albuquerque e secretário Executivo do Ministério de Infraestrutura de Marcelo Sampaio.
Ele é próximo de Marisete Pereira, ex-secretária Executiva de Minas e Energia e hoje integrante do Conselho de Administração da Eletrobras. Os 2 trabalharam no processo de privatização da estatal.
Os outros 2 indicados para a Secretaria Executiva são mantidos em sigilo pela pasta. Dos 3 cotados, 2 são do Ministério de Minas e Energia. Eustáquio é concursado como analista de infraestrutura do Ministério do Planejamento.
Embora os outros 2 nomes não sejam confirmados nos bastidores, são cotados os ex-diretores da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) Efrain Cruz e André Pepitone.
Diretor da agência até agosto de 2022, Cruz foi o relator dos processos que permitiram a “substituição” de 4 usinas da Âmbar Energia, vencedoras do Leilão Emergencial de 2021, pela termelétrica Mário Covas. A decisão da diretoria colegiada foi por unanimidade.
A Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres) criticou a decisão da Aneel por considerar a solução ruim para os consumidores. Na ocasião, Efrain afirmou que a medida apresentaria maior economia ao consumidor, uma vez que a receita fixa da termelétrica seria menor que a média ponderada das outras 4.
O Poder360 apurou que estão quase certos os nomes de Thiago Barral e Gentil Nogueira de Sá para as secretarias de Transição Energética e de Energia Elétrica, nessa ordem. Barral é presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), indicado em fevereiro de 2019, e Nogueira é superintendente de Fiscalização dos Serviços de Geração da Aneel.
Depois de mais de 20 dias de sua posse no Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira ainda não nomeou nenhum secretário.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Passou da hora de os grandes consumidores atuarem para o bem comum: o fim dos subsídios.
Quem tem alguma noção da teoria dos números, foco de estudos de virtuosos como Pascal e Fermat, conhece a série de Fibonacci. Fibonacci, contração para filho de Bonacio, pai de Leonardo Pisano, formulou a série em 1202. É uma sequência que, olhada do terceiro número, o seguinte é sempre a soma dos dois anteriores (1, 1, 2, 3, 5,..., 89, 144, 233). Tal sequência cresce rapidamente, de modo que seu centésimo número é da ordem dos 354 quintilhões.
A página de abertura do Fórum Mundial Econômico de Davos, versão 2023, tem alguns dados acerca das dez maiores economias. A décima, a Itália, tem um PIB de US$ 2 trilhões. Os Estados Unidos, o mais rico, o PIB é superior a US$ 25 trilhões. Os cinco maiores têm mais que 50% de toda riqueza, e 25 países, do total de 182, detêm 84% de tudo que é produzido. Detalhe: das nações que compõem o Brics, só o Brasil e a África do Sul não estão entre as dez maiores economias do mundo. Não por acaso os dois estão nos continentes de mais desigualdade, qualquer que seja o ponto de vista.
Passou da hora de os grandes consumidores atuarem para o bem comum: o fim dos subsídios
Talvez por esse vergonhoso resultado, 200 multimilionários divulgaram carta em que se dispõem a pagar mais impostos. Na carta, afirmam: “Nos primeiros dois anos da pandemia os dez homens mais ricos dobraram suas riquezas, ao passo que 99% das pessoas viram sua renda cair”.
Mas trato de outro tipo de desigualdade, a elétrica, que, paradoxalmente, tende a agravar-se com a diversificação da matriz e com a geração distribuída (GD), principal e mais promissora transformação do setor elétrico nos últimos 15 anos. A GD ficou conhecida depois do crescimento vertiginoso do uso de painéis fotovoltaicos nos tetos das residências. Os consumidores passaram a ser também produtores de energia - ou prosumer.
Em quase todo o mundo a instalação desses painéis é subsidiada. E a fórmula é a mesma, com pequenas variações: fazer os demais consumidores assumirem parte dos investimentos de quem quis e poderia fazê-los. Como só há radiação solar em 10 horas de um dia, nas 14 restantes o prosumer recebe energia da distribuidora, como eu e você, mas não paga ao utilizar a rede. Como a concessionária precisa receber pelo que gastou, o consumidor “sem painel” paga pelo prosumer.
Mas os painéis trazem enormes benefícios para a sociedade, como diminuir perdas e postergar obras de geração, sem contar o uso de energia limpa. O problema é de alocação, isto é, quem deve, se é que deve pagar pelo subsídio, e se ele é ainda fator crítico.
Jurerê Internacional, no norte da ilha, é uma área chic de Florianópolis. Lá há um local ainda mais chic, o Amoraeville, um cantinho com belas residências. Um ótimo espaço para caminhadas, onde há uma boa pista cercada por um bosque bem preservado. Um pedacinho da Mata Atlântica. De um bloco de 65 casas, nesse trajeto, onde vivem cerca de 260 pessoas, houve um aumento considerável da quantidade de painéis fotovoltaicos. Algo entre 30 e 35 dos imóveis já os têm.
Não é difícil entender o porquê. A tarifa da Celesc, distribuidora de Santa Catarina, é das menores do Brasil. E, comparada com o Nordeste, a radiação em Florianópolis é bem modesta. Isso tornaria relativamente longo o prazo de retorno do investimento, inviabilizando-o.
Sucede que o subsídio diminuirá para quem empreender a partir de 2023. Isso soou como estímulo à proliferação de painéis já em 2022. Mais: de 2023 em diante os consumidores de todo Brasil pagarão pelo subsídio à GD, embora ela aconteça mais numa que noutra região. A tarifa da Celesc, por exemplo, crescerá com a montagem de painéis no Rio Grande do Sul, em São Paulo ou no Pará.
Isso impulsionou o catarinense, sergipano, paulista etc. a acelerarem a construção de sua fotovoltaica. Pagar ou receber o subsídio determinou a conduta de free rider (carona) ou passageiro clandestino, que é a disputa escancarada de interesses individuais, em detrimento do interesse de terceiros. E nem lembram mais que a premissa era minimizar a emissão dos gases de efeito estufa.
Veja o contraste, a desigualdade elétrica. No centro de Florianópolis fica o Morro do Mocotó, onde moram 25 mil pessoas das classes D e E, várias abaixo do limite da pobreza. Tem uma vista maravilhosa para as baías Sul e Norte. O acesso principal é a 200 metros da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça. Lá não há painéis fotovoltaicos. Nem eólicas. São essas pessoas, exceto as que possuem direito à tarifa social, que subsidiam a solar do Amoreaville, Alphaville e do Morumbi, que podem até zerar a conta de luz.
Fato semelhante, com volume muito maior de subsídios, acontece com o desconto de 50% no uso da rede para quem adquire energia de fontes renováveis. Só os grandes usuários do mercado livre aproveitam esse benefício, mas a conta, acima de R$ 25 bilhões em 2026, é repartida com o consumidor cativo, inclusive do Morro do Mocotó.
E a perspectiva é que a GD, em 2030, ultrapasse de 60 GW, numa proporção em linha com a série de Fibonacci, o que elevará os custos para os demais consumidores, também como em Fibonacci.
É a típica, e inescapável, tragédia dos bens comuns. A corrida individual por vantagens, racionalmente ou não, agirá contra os interesses dos demais consumidores, com aumento de tarifas, e esgotará o bem comum, no caso, o montante finito de recursos para patrocinar os subsídios.
Como não se espera quaisquer mudanças nessa (evitável) corrida desenfreada por subvenções, ainda que desnecessárias, resta contar com iniciativas como a dos 200 muito ricos. Passou da hora de o grande consumidor e o “Amoreaville” atuarem para o bem comum - o fim dos subsídios. A má notícia: não há brasileiros na lista de voluntários comprometidos com o pagamento de mais impostos.
A partir de abril, a plataforma “Papodeenergia”, sem fins lucrativos, monitorará contrastes elétricos tais como os apontados neste artigo.
Fonte: valor Econômico.
Imagem: Estadão.
Estudo da alemã Roland Berger indica que país pode alcançar receita anual de R$ 150 bilhões a partir de 2050; empresas começam a tirar projetos do papel.
Um estudo internacional feito pela consultoria alemã Roland Berger mostrou que o Brasil pode se tornar o maior produtor de hidrogênio verde do mundo e alcançar uma receita anual de R$ 150 bilhões a partir de 2050, dos quais R$ 100 bilhões serão provenientes das exportações.
O país reúne as condições ideais para produzir em escala a energia que faltava para pavimentar a transição para uma economia de baixo carbono, como ampla oferta de energias renováveis, custo marginal baixo e potencial de produção muito além do que o mercado interno pode absorver. E para alcançar as metas globais de descarbonização, o consumo de hidrogênio terá de aumentar seis vezes nos próximos 30 anos, especialmente em usos industriais e mobilidade.
O partner head de Energia da consultoria Roland Berger Brasil e um dos autores do estudo “Oportunidade de hidrogênio verde no Brasil”, Jorge Pereira da Costa, explica que essa demanda deve colocar o Brasil como protagonista no contexto de transição energética.
Ele afirma que o hidrogênio verde é apontado como uma grande commodity tornando-se o petróleo do futuro. Terá um papel fundamental no desenvolvimento econômico global, pois será empregado na mobilidade de veículos, aeronaves, propulsão para embarcações navais, geração de eletricidade e aquecimento das casas, edifícios, caminhões, trens, ônibus, entre outras aplicações.
“O mercado internacional de hidrogênio verde é um mercado emergente a nível global, mas que começa a ser estruturado pela definição de um marco regulatório também global”, diz.
A pesquisa prevê a oportunidade de o hidrogênio verde representar investimentos no Brasil da ordem de R$ 600 bilhões em 25 anos para que o país tenha capacidade de eletrolisadores necessários para a produção de hidrogênio. Neste contexto, empresas começam a acordar para o tema.
Entre os importantes anúncios, a Thyssenkrupp fechou contrato com a Unigel para fornecer tecnologia e planta de eletrólise à unidade no Polo Industrial de Camaçari (BA). A fase 1 do projeto prevê US$ 120 milhões e deve ficar pronta no final deste ano.
Em estágios menos avançados, outras companhias estudam a viabilidade de plantas nos portos de Pecém, Açu, Suape e Aratu. A AES Brasil e Fortescue assinaram pré-contrato com Complexo de Pecém. Na mesma rota foram Comerc, Casa dos Ventos e TotalEnergies.
Entretanto, foi o Chile que saiu na frente na América Latina com o projeto da Siemens Energy com a Porsche para a produção de combustíveis sintéticos e neutros em carbono utilizando o hidrogênio feito a partir de energia eólica.
A guerra na Ucrânia está acelerando a diversificação de fontes energéticas na Europa e o leilão de hidrogênio que a Alemanha pode destravar mais aportes. A EDP inaugurou a primeira planta-piloto operacional do Brasil e quer participar do certame; já a White Martins produziu o primeiro hidrogênio verde (H2V) certificado da América do Sul, em Pernambuco.
O desafio é dar escala e viabilidade econômica. Para ganhar vantagem nos mercados globais, o hidrogênio no país terá de cair o custo ara US$ 2 o quilo até 2025. Os players são competitivos em geração renovável, mas os custos de transmissão e distribuição precisam cair. Costa aponta ainda que o apoio estatal em políticas de isenções de governos e encargos setoriais será um pilar fundamental.
“O Brasil tem que criar condições para a redução dos riscos dos projetos de investimento no país, nomeadamente regular o mercado interno, taxar com as emissões de carbono, particularmente das indústrias mais consumidoras de hidrogênio e/ou conceder incentivos financeiros, fiscais ou outros para reduzir os preços de produção e apoiar os agentes produtores instalados no país na participação de certames internacionais de compra de hidrogênio verde e/ou de produtos verdes utilizados para o seu transporte”.
Por ser uma indústria nascente, o pesquisador diz que o mercado de hidrogênio verde é um emergente a nível global, mas que começa a ser estruturado pela definição de um marco regulatório também global. “O Brasil precisa continuar ativo na definição desse marco regulatório, particularmente quanto aos mecanismos e critérios de certificação”, finaliza.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A capacidade de geração centralizada do país deve ser ampliada em 10,3 GW em 2023, por meio de 298 usinas, estima o Ministério de Minas e Energia.
Segundo a pasta, essa será a maior expansão anual da capacidade instalada no Brasil desde que foi iniciado o monitoramento, em 1997. Para geração distribuída, não foi informada projeção, mas o MME disse que espera "relevante crescimento" depois do desempenho expressivo do último ano.
As usinas eólicas e solares devem representar mais de 92% da geração centralizada adicionada neste ano. Entre os estados, os destaques são Bahia, com 3.124 MW, Rio Grande do Norte, com 2.788 MW, e Minas Gerais, com 1.853 MW.
Das novas usinas eólicas e solares, 28% estarão contratadas no mercado regulado, e o restante será destinado ao mercado livre.
"Esse é um cenário altamente positivo para o Brasil, que continua liderando a busca mundial pela preservação do planeta com a geração de energia limpa, pois o nosso crescimento está baseado principalmente nas fontes renováveis. Acredito que nos próximos anos essa expansão será ainda maior", afirmou, em nota, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
A capacidade centralizada de geração adicionada em 2022 chegou a 8.243 MW de potência, sendo 83%, ou 6.879 MW, a partir de fontes renováveis como eólica, solar, biomassa e hídricas.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Frans Timmermans chega ao Brasil para conhecer planos de combate ao desmatamento do governo Lula e ampliar a cooperação.
O hidrogênio renovável será um componente essencial da futura indústria limpa”, diz Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia e quem lidera a União Europeia nas negociações internacionais de clima. Setores da indústria química, siderurgia ou caminhões de longa distância não podem se tornar elétricos e precisam de um condutor de energia. É aí que entra o hidrogênio. “É a estrela do rock da transição energética”, diz o holandês que conduz o Green Deal europeu, a estratégia de descarbonização do continente.
Timmermans, que viveu em São Paulo quando o pai era cônsul da Holanda na cidade, chegou hoje ao Brasil. Terá encontros bilaterais com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança Climática), Silvio Almeida (Direitos Humanos), Sonia Guajajara (dos Povos Indígenas) e Maria Laura da Rocha, secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores. Encontrará representantes da indústria, da sociedade civil e embaixadores dos Estados-Membros da União Europeia.
“Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil”, diz o holandês. Na terça (24/1), viaja para Belém, candidata a hospedar a COP 30, a conferência do clima da ONU de 2025. Depois segue à Colômbia e ao México.
Na agenda da visita ao Brasil, Timmermans quer ouvir como o novo governo pretende combater o desmatamento e discutir pontos fundamentais para a próxima rodada climática, a COP 28, em dezembro, nos Emirados Árabes Unidos. A UE defende ponto controverso, como a ampliação da base de doadores climáticos, mais além dos países ricos e industrializados. Também acha fundamental que os países revejam seus compromissos climáticos e sejam muito mais ambiciosos.
Ele lembra que os países do G-20 são responsáveis por 80% das emissões e “devem melhorar seus compromissos climáticos”.
A pauta ambiental hoje é uma pauta econômica e isso fica claro nos últimos movimentos da União Europeia, que costuma estar na vanguarda do tema e finaliza duas legislações que afetam o Brasil — a que quer brecar a importação de commodities vinculadas ao desmatamento e a que irá adotar um mecanismo de ajuste de fronteira de carbono. As regulamentações têm sido vistas com ansiedade por países em desenvolvimento.
“A crise climática é uma crise global, e não podemos resolvê-la empurrando as emissões para outros lugares”, diz. “O que está impulsionando o desmatamento? É a demanda de mercados como a UE por commodities como cacau, café, óleo de palma, carne bovina e soja”, segue. “Esta nova lei estará nos responsabilizando por nossos próprios padrões de consumo".
Sobre o mecanismo de fronteira que taxará carbono de produtos, ele diz que não é punitivo nem protecionista. “Fizemos nosso melhor para concebê-lo de forma a respeitar as regras comerciais globais”, diz. O sistema se concentra em cimento, ferro e aço, alumínio, fertilizantes, eletricidade e hidrogênio e será introduzido nos próximos anos.
Na visita ao Brasil, o alto funcionário da Comissão Europeia, o braço executivo do bloco, irá discutir como ampliar a cooperação com o Brasil no governo Lula. O acordo União Europeia-Mercosul também estará em foco. “O acordo entre a UE e o Mercosul é de grande importância geoestratégica e econômica, e benéfico para ambas as partes. Também pode ajudar a promover a transição verde em nossos mercados. Um dos obstáculos para sua adoção final diz respeito ao desmatamento, e é uma prioridade para a Comissão Europeia tratar disso.”
Antes de partir ao Brasil, Timmermans concedeu uma entrevista exclusiva ao Valor, por escrito. A íntegra será publicada na edição impressa do jornal amanhã (23/1), além do site.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Até então cotados para o cargo, André Pepitone e Bruno Eustáquio devem ter seus nomes vetados por terem tido ligação com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Depois de uma demissão em massa de assessores e ocupantes de cargos comissionados do Ministério de Minas Energia (MME) e diante da dificuldade do ministro Alexandre Silveira de emplacar o secretário-executivo, o nome do presidente do conselho de administração da CCEE, Rui Altieri, surgiu como uma opção mais palatável entre integrantes do governo próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmaram ao Valor fontes a par do tema.
Altieri é engenheiro eletricista e tem décadas de experiência no setor elétrico. Antes de se tornar presidente do conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), atuou como superintendente na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e como gestor na Centrais Elétricas do Pará (Celpa). Se ele for mesmo indicado, teria que renunciar ao atual cargo. O mandato de Altieri se encerra em abril de 2023.
O MME terá que indicar o sucessor de Altieri no CCEE, caso realmente Silveira decida acatar a indicação para a secretaria-executiva. É o MME quem indica o presidente do conselho, com aprovação dos demais agentes na assembleia geral.
O ex-diretor-geral da Aneel André Pepitone, atual diretor financeiro de Itaipu Binacional, compunha a lista de possíveis nomes, mas o Valor apurou que ele foi cortado da indicação pela ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Pessoas próximas relatam que Pepitone teria jogado a toalha e voltado a Foz do Iguaçu (PR) desapontado com a situação.
Outro nome que tem passado por fritura pública é de Bruno Eustáquio, que também deve ser vetado por conta da “desbolsonarização” que o novo governo vem promovendo. O ministro tem preferência por Eustáquio, que foi secretário-executivo adjunto do ministério e secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura na gestão de Bolsonaro. Apesar de ser considerado nome técnico, o currículo não foi bem recebido no governo, já que era homem que transitava no alto escalão bolsonarista.
A falta de quadro tem gerado desgaste no setor, já que até o momento não há diretor de planejamento, diretor de monitoramento do setor elétrico nem diretor de exploração de óleo e gás. Esse seria um dos motivos da demora da pasta em dar uma resposta mais contundente às tentativas de sabotagem a redes de transmissão.
Para chefe de gabinete do ministro, o nome de Maurício Renato de Souza é o mais cotado para ocupar o cargo. Ele é assessor parlamentar e já trabalhou com Silveira.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Durante Fórum Social Mundial, ministro faz acenos para meio ambiente e energia limpa.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou na última quarta-feira, 18 de janeiro, durante painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o potencial para geração de energia limpa da América Latina, podendo se tornar um polo global. Para Haddad, o clima na região dá as condições para a produção de usinas hidrelétricas, solares, eólicas e de hidrogênio verde.
De acordo com o ministro, as reformas econômicas no Brasil caminham junto com os objetivos de sustentabilidade e o modelo de economia defendido é o da retomada do crescimento com sustentabilidade fiscal, ambiental e justiça social. Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, faz parte da delegação brasileira na Suíça, o que reforçou o foco ambiental do governo. Para o ex-prefeito de São Paulo, a integração entre os países latino-americanos é necessária para o desenvolvimento e vai demandar acordos estruturais e econômicos, com ações que potencializem as vantagens competitivas na área das fontes limpas.
Não foi a primeira vez que o titular da Fazenda do governo Lula abordou a temática da energia renovável. Dias antes, após encontro com o presidente do BID, Ilan Goldfajn, Haddad já havia dito que o banco se ofereceu para financiar projetos dessa categoria no Brasil. Não foram citados valores, mas foi enfatizado que pelas cifras envolvidas nos projetos, o crédito não seria baixo.
Ainda durante a posse, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante seu discurso no Congresso Nacional já havia citado a transição energética por três vezes, dando a indicação de que o governo deverá atuar nesse sentido. Logo depois foi a vez do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, quando de sua posse no MME anunciar a criação da Secretaria de Transição Energética, contudo, até o momento, sem a indicação de que quem chefiará esse segmento, assim como todas as demais secretarias.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Dados são do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Os reservatórios das usinas hidrelétricas em todas as regiões do Brasil têm previsão de chegar ao final de janeiro com um volume de água acima de 60% da capacidade, segundo a atualização semanal do boletim mensal do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), divulgada hoje.
O subsistema Sudeste/Centro-Oeste deve encerrar o mês com capacidade de 69%. Caso a projeção se confirme, esse será o maior nível para o mês de janeiro nessas regiões em 11 anos. Já os reservatórios no Sul devem chegar ao fim de janeiro com um nível de água de 86,6% da capacidade, percentual que deve ser de 71% para o Nordeste e 98,4% para o Norte.
O boletim também diz que a demanda por energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) deve cair este mês. Segundo a previsão mais atualizada do ONS, o SIN deve ter uma carga de 71.212 megawatts médios (MWm) em janeiro, queda de 1,4% na comparação com igual mês em 2022.
A estimativa reflete a perspectiva de que o Sudeste/Centro-Oeste tenha um consumo de energia de 40.321 MWm no primeiro mês de 2023, redução de 2,8% na comparação anual, além de uma queda de 5,6% na carga do Sul, que deve registrar carga de 13.003 MWm no mês.
Para o Norte, a previsão é de um consumo de 6.381 MWm, aumento de 11,6% em relação a janeiro de 2022, enquanto para o Nordeste a estimativa é de 11.507 MWm, alta de 2,3%.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Para agentes, ponto principal é como os investimentos serão bancados pelas empresas.
O setor elétrico defende a criação de um gabinete permanente para prevenção de ataques a linhas de transmissão, diante da complexidade para se monitorar uma rede em alta tensão com 175 mil quilômetros de extensão. A ideia foi sugerida pelo Fórum de Associações do Setor Elétrico (Fase) e encampada pelo diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, como uma saída viável para monitorar e proteger a malha de transmissão do país. Em reunião realizada na segunda-feira (16), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a modernização da segurança das torres, com aquisição de equipamentos de monitoramento como câmeras e drones e os agentes do setor propuser.
Como transmissoras não têm poder de polícia, o gabinete permitiria o envolvimento de órgãos de segurança e mesmo de outros ministérios, como o da Justiça, avaliam agentes. O ponto principal é como os investimentos serão bancados pelas empresas. Em linhas gerais, informou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a prestação do serviço de transmissão de eletricidade é remunerada por meio de uma receita fixa, a Receita Anual Permitida (RAP), que inclui investimentos e custos de operação e manutenção (O&M). Segundo a agência, em condições normais, as transmissoras apresentam nos leilões as ofertas para arrematar os ativos, a partir de um preço-teto, decrescente.
A RAP oferecida como lance é precificada considerando riscos associados ao serviço, inclusive queda de torres por intempéries e vandalismo. A Aneel destacou que os custos na prestação do serviço são de responsabilidade das transmissoras. Só que os ataques contra torres de transmissão, na última semana, foram impossíveis de serem previstos por qualquer empresa, segundo o presidente do Fase, Mario Menel. Para ele, os ataques devem ser classificados como sabotagem e não como vandalismo, como os casos vêm sendo tratados. Vandalismo, afirmou, é fazer pichações em instalações de transmissão, por exemplo. Quando acontecem atos como os sete ataques registrados até o momento, a definição ideal, segundo Menel, é a de que houve sabotagem, já que existiu um objetivo específico: interromper o fornecimento de energia em determinada região.
Segundo Mário Miranda, presidente da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), as empresas estão preparadas para atender ocorrências nas redes com equipes de inspeção, inclusive com planos de atuação contra queimadas, além de ações de educação e orientação da população que vive no entorno dessas estruturas. A Engie, por exemplo, afirmou que “se mantém alerta e com estratégias definidas para mitigação de riscos, como o monitoramento frequente de ativos vulneráveis a ataques, e pronta-resposta, com alinhamento constante entre equipes de operação e manutenção visando o pronto atendimento em caso de emergência”.
A Isa Cteep, que teve uma das linhas como alvo de ataques, afirmou que todas as informações sobre “atos provocados por terceiros contra os ativos da companhia estão sendo diretamente reportados aos órgãos reguladores do setor elétrico” e que contribui com as autoridades nas investigações.
Antonio Salles Neto, Superintendente de O&M da Sterlite Power Brasil, destacou que a empresa alterou a rotina de vistorias ao longo das linhas, intensificando as fiscalizações. A ideia é identificar mudanças nas configurações das torres, o que inclui rápida definição do local do evento, conferência e preparação dos componentes sobressalentes e ferramental. Também é considerada a disponibilidade de prestadores de serviços nas regiões para acesso imediato das equipes quando acionadas em casos de emergência. “O que nos afetou bastante foi a intensidade e a escalada de ataques e agressões a essas torres de transmissão. E não tem como fazer plano prévio para ataques de insensatez”, disse Miranda, da Abrate.
Alexei Vivan, sócio do Schmidt Valois Advogados, diretor presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE) e vice-presidente do Sindicato da Indústria de Energia do Estado de São Paulo (SindiEnergia), explicou que quaisquer investimentos extraordinários, que não foram previstos ou calculados para compor a RAP, têm de ser considerados como adicionais. Neste caso, avalia, a tendência é que as empresas solicitem à Aneel uma análise do caso e a reguladora pode ou não acatar o pedido. “A RAP contempla reforços e melhorias já previstas”, afirmou.
Vivan destacou que em casos fortuitos, quando não se consegue apurar os responsáveis pelos prejuízos, os custos são rateados pelos agentes que estão conectados às redes de transmissão (geradoras, distribuidoras e eventuais consumidores livres). As distribuidoras podem repassar tais custos às tarifas em reajustes ou revisões tarifárias periódicas, o que levaria o ônus aos consumidores, de forma indireta. “Tudo leva a crer que foi caso fortuito”, disse Vivan.
O Ministério Público Federal vai investigar possíveis relações entre os sete ataques a torres e os atos golpistas que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Estudo destaca a importância de estabelecer políticas públicas para promover a fonte que buscar viabilizar seus primeiros projetos no Brasil.
A energia eólica offshore tem se mostrado uma opção cada vez mais viável para geração ao redor do mundo e está relacionada a diversos benefícios socioambientais e econômicos. De acordo com o estudo da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), em parceria com a Coppe/UFRJ e Essenz Soluções, a indústria precisa ser preparada para o significante crescimento desse mercado nas três próximas décadas. E com isso é essencial estabelecer políticas públicas para promover essa modalidade e sua cadeia de valor no longo prazo.
O estudo lembra que o investimento nesse tipo de empreendimento é intensivo em capital, com isso sua contribuição para a economia é maior em todos os cenários do que a contribuição para o emprego. Em 2050, o valor adicionado em relação ao PIB varia de 0,1% até 0,22% em diferentes cenários.
Diante disso, os projetos apresentam duas características marcantes que acabam por influenciar suas modalidades de financiamento. A fase de estudos e de elaboração do projeto, bem como sua implantação. O setor elétrico brasileiro apresenta histórico exitoso no financiamento de projetos. E embora inexistam diretrizes específicas para o financiamento de projetos eólicos offshore no Brasil, o arcabouço brasileiro é favorável.
A nota técnica apresentada pelo estudo mostra que a formação de linhas específicas para o setor é desejável e pertinente. Além de sua complexidade, seus potenciais benefícios justificam um tratamento específico com vistas a viabilizar esta tecnologia no Brasil.
A nota mostra que apesar da aprovação do projeto de lei ´que está em discussão no Congresso Nacional ser o mecanismo mais seguro para estabelecer um marco regulatório para o setor, o caminho escolhido por meio da publicação de um decreto e suas portarias complementares foi bem recebido para a efetivação dos investimentos nesta nova atividade no país. Ao que tudo indica, a base regulatória já foi suficiente para trazer a confiança e a sinalização adequada aos agentes para promover o inicio do desenvolvimento da fonte eólica offshore e de sua cadeia de valor.
Empregos
E essa fonte tem potencial para criação de 72 a 163 mil empregos em 2050. Os requisitos variam ao longo da cadeia de valor, existe uma concentração de força de trabalho em fabricação e compras (59%), mas o setor de O&M (24%), instalação e conexão à rede (11%) também geram boa parte das posições. O estudo apontou que o Brasil tem a oportunidade de ajudar a aumentar a representatividade feminina no segmento eólico offshore em crescimento e alcançar uma melhor equidade de gênero no mercado de trabalho. Diante deste cenário, será gerado em média 11 até 34 empregos por MW em cada ano no Brasil, dependendo do cenário analisado.
Emissões
Ainda segundo o estudo a fonte eólica offshore ajudará a evitar emissões de gases de efeito estufa, no SIN ficaram em torno de 7 a 12 MtCO2 até 2050. Já em relação a uma expansão com termelétrica a gás ciclo combinado as emissões evitadas ficariam em torno de 30 a 50 MtCO2 nesse mesmo período.
Os dados apresentados apontam para uma redução de emissões na indústria de óleo e gás, pois há possibilidade de turbinas eólicas flutuantes gerarem energia para plataformas de petróleo, como sistema alternativo de produção de energia. E a redução do uso de combustíveis fósseis nas plataformas para a produção de eletricidade auxilia na diminuição da pegada de carbono desta atividade econômica.
Outro destaque é a aplicação da aquicultura em parques eólicos offshore já instalados, uma atividade já aplicada em outros países, como Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, entre outros. E o turismo nesses parques já é uma realidade na Dinamarca, Bélgica, Suécia e Reino Unido. O estudo mostra que isso pode trazer vários benefícios econômicos, educacionais e sociais.
Além disso, a fonte vinda do mar no Brasil possui vantagem graças à indústria siderúrgica, pois o país é conhecido por fabricar placas de aço carbono de alta qualidade como produtos semiacabados. Bruna Silveira, pesquisadora da Coppe/UFRJ, destacou que uma única torre eólica pode conter 45 chapas de aço laminadas individualmente, de modo que os fabricantes precisarão ter a capacidade (equipamento e espaço) de dobrar chapas grandes para criar peças de grande diâmetro que serão unidas e soldadas para criar as seções das torres. E com isso, as peças demandariam um número maior de pontos de solda do que as tradicionais peças utilizadas no desenvolvimento de parques internacionais.
O estudo ainda apontou que a transição energética irá aumentar também a demanda global por minerais. Cobre e terras raras em 40% até 2040, e ainda, níquel e cobalto em 70% e lítio em quase 90%. Com isso, a energia eólica offshore é a fonte que possui a maior demanda por minerais quando comparada a outras fontes.
Bruna ainda destacou que que nenhuma indústria brasileira, pela falta de histórico de plantas offshore, possui tão amplo desenvolvimento. “Também é verdade que a atual inexistência de parques eólicos offshore no Brasil oferece uma oportunidade para muitos novos participantes entrarem na cadeia de suprimentos”, analisou.
Fonte e Energia: Canal Energia.
A primeira molécula de hidrogênio verde no Ceará foi produzida na última quinta-feira (15). O feito faz parte das operações da EDP Brasil em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, integrando o Complexo Termelétrico do Pecém (UTE Pecém).
A planta de hidrogênio verde (Pecém H2V) da EDP é um projeto de pesquisa e desenvolvimento da UTE Pecém, cujo lançamento oficial será realizado em janeiro de 2023. Ao todo, foram investidos R$ 42 milhões, e a unidade é a primeira no Estado.
“Elegemos o complexo de Pecém para abrigar nossa primeira planta de hidrogênio verde no Brasil porque reconhecemos que o Ceará reúne características estratégicas para protagonizar o processo de introdução do hidrogênio verde no País, seja por seu excepcional potencial solar e eólico – fundamental para a produção do gás –, seja por sua localização e excelente oferta de infraestrutura para o escoamento desse produto ao mercado internacional”, disse João Marques da Cruz, CEO da EDP Brasil.
Fonte e Imagem: Diário do Nordeste.
Apesar dos numerosos benefícios das fontes solar e eólica, elas não são isentas de questionamentos sobre impacto ambiental.
Dentre os principais benefícios da popularização de energia renovável, o menor impacto ambiental é o mais relevante, a começar pela menor poluição do ar e por não alagar florestas, como acontece nos projetos hidrelétricos.
Além disso, a geração ocorre principalmente no Nordeste e norte de Minas Gerais, em regiões mais afastadas dos grandes centros, com menor desenvolvimento socioeconômico e oportunidades de trabalho. Muitas empresas investem em capacitação de mão de obra local e em infraestrutura escolar e de saúde para a população.
Apesar dos numerosos benefícios das fontes solar e eólica, elas não são isentas de questionamentos. A instalação dos aerogeradores em dunas, por exemplo, pode alterar a morfologia do local e até mesmo a fauna, na medida em que as pás das hélices são um risco às aves. As torres no mar são outro fator de preocupação de ambientalistas. Já a implementação de uma usina solar pode impactar o ecossistema local e o solo, em razão da terraplanagem necessária para instalação e do sombreamento causado pelas placas.
Elbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), explica que há um conjunto de regras que mitigam possíveis prejuízos. "O princípio básico é de que toda atividade econômica causa impacto; a questão é quanto. Também é preciso olhar a pegada de carbono na cadeia produtiva como um todo." Como a energia eólica ainda é relativamente nova no Brasil, diz, o aparato regulatório ambiental foi construído seguindo estudos preventivos de impacto. Um parque eólico onshore, pela regra vigente, não pode ser instalado em uma rota migratória de pássaros ou morcegos, por exemplo.
Já os empreendimentos no mar, embora ainda não tenham sido instalados no país, deverão seguir um conjunto de regras, tais como realizar modelagem computacional de ruídos no ambiente subaquático e apresentar ao órgão a previsão de luminosidade artificial dos aerogeradores.
Para André Moura, professor da FGV, benefícios superam desvantagens, mesmo considerando a poluição dos navios que trazem equipamentos ao Brasil. “A tendência é ter navios movidos a energia limpa, como o hidrogênio verde.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Com instalação de câmeras e uso de drones, objetivo é evitar pane nos 175 mil quilômetros de linhas de transmissão; ocorrências já foram confirmadas em três Estados.
O governo federal decidiu montar uma força-tarefa para conter a onda de atos de vandalismo contra as linhas de transmissão de energia do País, com o intuito claro de causar blecautes. Nas duas primeiras semanas de janeiro, três Estados – Rondônia, Paraná e São Paulo – foram alvos de atos criminosos que tentaram interromper o abastecimento da população.
Os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam três ações em Rondônia, duas no Paraná, e duas em São Paulo. Ao todo, foram derrubadas quatro torres até o momento, sendo três em Rondônia e uma no Paraná. Houve ainda a confirmação de 12 torres danificadas: quatro no Paraná, duas em São Paulo e seis em Rondônia.
Nesta terça-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teve encontro com representantes do setor elétrico, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, para definir novas medidas de prevenção e de punição pelos responsáveis pelos ataques ao Sistema Interligado Nacional (SIN), rede que conecta todos os Estados do Brasil – com exceção de Roraima, que ainda não está plugada na rede nacional.
O encontro também teve a participação de membros da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), da Aneel e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O ministro disse que não é possível afirmar que os recentes ataques a torres de transmissão de energia têm motivação política e estão ligados aos ataques registrados em Brasília no último dia 8. Segundo ele, a Polícia Federal está conduzindo inquéritos sobre as ocorrências contra as instalações do setor elétrico e sinalizou que haverá um aperfeiçoamento para reforçar a segurança.
“Não podemos fazer essa afirmação”, disse o ministro ao ser questionado se houve identificação de motivação política aos ataques.
Fiscalização
A extensão da rede dificulta o trabalho de fiscalização. Hoje, o SIN soma 175.013 quilômetros, considerando toda a malha conectada e suas diferentes tensões. A situação é de alerta porque, dependendo da localização onde um ato de vandalismo ocorra, há risco de pane em uma área central de abastecimento, podendo comprometer, temporariamente, grandes regiões ou diversos Estados ao mesmo tempo.
As ações definidas para ampliar a fiscalização incluem inspeções especiais nas linhas, principalmente nas travessias de rodovias e de ferrovias, instalação de câmeras de monitoramento e fortalecimento de parcerias com o Ministério da Justiça e as Polícias Militares, Rodoviárias Estadual e Federal para reforçar o patrulhamento nessas localidades.
“A reunião serviu para discutirmos questões fundamentais para modernização da segurança do Sistema Interligado Nacional. Há uma vontade muito grande de todos os players do sistema, com implantação de videomonitoramento, de vigilância via drone e outros instrumentos muito modernos que temos no mundo hoje”, disse o ministro do MME, Alexandre Silveira, após o encontro com as demais autoridades.
Segundo o ministro, a Polícia Federal já está com inquéritos em andamento envolvendo os atos de vandalismo. “Esse trabalho está sendo desenvolvido para que a gente possa virar a página desses ataques, que não se justificam, e poder continuar discutindo pautas importantes, como a modernização do sistema elétrico, a transição energética, modicidade tarifárias, questões tão fundamentais e de prioridade para o País e para o presidente Lula”, afirmou o ministro.
Ao Estadão, o interventor no Distrito Federal, Ricardo Cappelli, declarou que todo Distrito Federal também passará por um novo modelo de fiscalização e que vai tratar do assunto com a concessionária de transmissão. “Vou me reunir hoje com a Neoenergia para tratar sobre a segurança das torres no DF”, disse.
O MME informou que, desde 8 de janeiro, realiza ações para combater e monitorar o ataque às estruturas do sistema nacional. Essas medidas incluem o encaminhamento de ofícios para as transmissoras, a Abrate e governos de São Paulo, de Rondônia e do Paraná, para adoção de medidas preventivas de inspeção, de reforço na segurança das instalações e de investigação dos casos.
Até o momento, segundo a Aneel, não houve nenhuma situação que tenha causado o desabastecimento de energia à população. (COM BROAD).
Fonte e Imagem: Estadão.
Entidade que representa empresas do setor diz que matéria de energia é de competência privativa da União.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare inconstitucional uma lei mineira que permite ao governo do estado conceder isenção da tarifa de energia elétrica a vítimas de enchente.
A norma contestada é a Lei 23.797/2021, que prevê a possibilidade de a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) isentar totalmente consumidores residenciais, industriais e comerciais atingidos por inundações nos municípios do estado.
O benefício vale para os três meses seguintes ao período em que forem registradas “enchentes de grande proporção”. Nesses casos, as vítimas devem procurar a empresa para a realização de um cadastro e obter a isenção. Cabe a ela a fiscalização dos imóveis isentos.
Segundo a Abradee, não é competência de Minas Gerais, ou de qualquer estado, legislar em matéria de energia, mas da União. Da mesma forma, também não lhe cumpriria estabelecer regras sobre as tarifas, devido à questão ser reservada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A entidade afirmou ainda que, embora o estado seja o acionista controlador, ele interferiu no contrato firmado entre a empresa e a União, criando obrigações e custos sem qualquer contraprestação, o que poderia gerar uma desestabilização do equilíbrio econômico-financeiro da relação contratual.
“Outra conclusão não é possível senão a de que os artigos ora impugnados interferem indevidamente na regulamentação dos serviços de energia elétrica concedidos pela União Federal e na relação contratual estabelecida entre esse ente e a Cemig,” acarretando “grave desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão firmado entre a concessionária e o real Poder Público concedente, causado por ente (estado de Minas Gerais) que sequer integra a relação negocial”.
Um pedido semelhante já foi apreciado pela Corte. No ano passado, a Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) questionou a constitucionalidade de dois artigos da mesma lei que davam isenção das tarifas de água e esgoto a consumidores para vítimas de enchente em Minas Gerais.
Os argumentos foram basicamente os mesmos, extrapolação da competência constitucional e perigo de desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão.
No mérito, o STF disse não ser possível a alteração, por lei estadual, das condições estipuladas em contrato de concessão de distribuição de água. “Ao prever isenções de tarifas, ainda que por períodos determinados, a norma ora impugnada estaria interferindo nos contratos de concessão entre o poder concedente e a empresa concessionária (…), alterando condições que impactam na equação econômico-financeira contratual,” votou o relator, ministro Alexandre de Moraes, na ADI 6.912. Ele foi seguido por unanimidade.
A Corte voltará a enfrentar o assunto, agora na ADI 7.337, de autoria da Abradee, e de relatoria também de Moraes.
Fonte e Imagem: Portal Jota.
Associações enviaram uma carta à Aneel após casos de sabotagem que estão ocorrendo desde a invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília.
O Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), que reúne 27 associações, defendeu nesta sexta-feira que seja adotada uma “solução estruturada e perene” pelas autoridades públicas “visando à rápida atuação na segurança pública para o combate a quaisquer atos de sabotagem”.
A carta, endereçada ao diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, é uma resposta do fórum à onda de ataques criminosos para derrubar linhas de transmissão e interromper o fornecimento de energia no país. Os casos de sabotagem ocorrem desde a invasão e a depredação das sedes dos Três Poderes por bolsonaristas radicais no último domingo, em Brasília.
A sugestão feita pela Fase prevê que a nova estrutura de governança no setor seja coordenada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com a finalidade “assegurar a proteção da infraestrutura de serviço público federal”. Os serviços de geração, transmissão e distribuição de energia são oferecidos por contratos de concessão.
A carta propõe que a instância de monitoramento de risco seja integrada por representações do setor e tenha articulação com órgãos de segurança pública para “prevenir e combater tais ataques”.
No documento, o Fase cumprimenta o governo pela iniciativa de criação do “Gabinete de Acompanhamento da Situação do Sistema Elétrico Brasileiro”, com participação do MME, do Operador Nacional do Sistema (ONS) e da Aneel. Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Setor se aproxima de um estágio em que retornos sobre o capital de um negócio bastante regulado passam a ser compatíveis com os custos de capital.
Pelo segundo ano consecutivo, a rentabilidade do setor elétrico ficou positiva, segundo o estudo Valor Econômico Agregado (EVA), feito em parceria entre a KMPG e o Instituto Acende Brasil. O resultado global das 47 companhias de geração, transmissão e distribuição pesquisadas foi de R$ 24,3 bilhões.
O indicador é visto como o mais adequado para medir a rentabilidade em um setor intensivo em capital. Ao Valor, os autores do estudo apontam que o setor se aproxima de um estágio em que retornos sobre o capital de um setor altamente regulado - que é o caso do setor elétrico - passam a ser compatíveis com os custos de capital.
Eles destacam ainda que essa é uma tendência bem-vinda no campo regulatório, mas que precisa ser monitorada nos próximos anos em benefício da atração de investimentos de longo prazo. O cálculo do EVA envolve o retorno sobre o capital investido (ROIC) e o custo de capital (WACC) utilizando-se as taxas estimadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O diretor executivo do Instituto Acende Brasil, Eduardo Müller Monteiro, explica que a quinta edição requereu a análise com o cenário com inflação efetiva, já que no ano de 2021 houve desvio significativo entre a inflação projetada e a inflação efetiva do ano. Segundo ele, este desvio impacta o cálculo do EVA porque parte-se do WACC real definido pela Aneel e a inflação projetada para o ano para se obter o custo do capital nominal, que é então contraposto ao retorno sobre capital investido para se obter o EVA.
“No cenário usando o cálculo da inflação projetada, o EVA evoluiu positivamente de R$ 1,8 bilhões em 2020 para R$ 24,3 bilhões em 2021. Já no cenário com ajuste do impacto da inflação efetiva, o EVA evoluiu de R$ 4,3 bilhões negativos em 2020 para R$ 13,7 bilhões negativos em 2021”, diz Monteiro.
O sócio de corporate finance da KPMG, Paulo Guilherme Coimbra, ressalta que na prática, os EVAs de 2020 e 2021 deixam de ser positivos e passam a ser negativos quando se considera a inflação efetiva, e não a inflação projetada, para o cálculo. Ou seja, O ROIC e o EVA são positivos em 2021, mas o retorno do capital investido é explicado deste aumento na inflação no período, que foi de 10,06%.
O executivo aponta que a inversão desta trajetória começa em 2018 para 2019, quando a rentabilidade negativa caiu de R$ 20 bilhões para R$ 10,6 bilhões. Como nem todas as taxas de remuneração (WACC) são ajustadas anualmente, a melhoria gradual - que continuou em 2020 - pode ser reflexo da maturação de índices que preveem retorno mais adequado ao investimento.
O estudo considera informações de 29 distribuidoras de energia, dez geradoras, quatro empresas de geração e transmissão. Importante destacar que as análises traçam um cenário que exclui a Eletrobras e empresas subsidiárias. Nesse caso, a rentabilidade cai para R$ 8,9 bilhões no ano passado e a destruição de valor medida pelo EVA é de R$ 13,78 bilhões no período 2017-2021, o que demonstra que a empresa ainda enfrenta mais dificuldades do que seus pares privados em um ambiente competitivo.
“Como a regulação vai funcionar terá o impacto no ciclo subsequente. Mesmo sendo positivo o resultado sem a Eletrobras, o resultado somatório ainda é negativo para o setor, considerando desde 2017. Para a Eletrobras, o resultado também é negativo no montante maior”, explica a gerente sênior da KPMG, Larissa Ferreira.
Ela destaca que na amostra sem a Eletrobras, há alguns agentes públicos, como Cemig, Copel e Celesc. Coimbra acrescenta a importância de se observar a partir de então a Eletrobras agora privatizada no modelo de corporação se terá uma visão mais próxima de mercado e com níveis de investimentos.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Encontro reuniu ministros de Minas e Energia, Justiça e Segurança Pública e a direção da Polícia Federal.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reuniu-se com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Augusto Passos Rodrigues, para discutir as ações de combate a atos de vandalismo a torres de transmissão de energia, como os que ocorreram na semana passada.
Silveira deve ser reunir amanhã com representantes de empresas do setor, da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para analisar medidas preventivas nas instalações.
O MME enviou ofício para as principais transmissoras do país e para a Abrate para efetuarem medidas preventivas de inspeção e de reforço na segurança das instalações, inclusive de monitoramento eletrônico, e para adotarem planos de contingência para restabelecimento célere dos equipamentos danificados.
O MME afirmou que criou um grupo de trabalho conjunto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de Mineração (ANM) e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para monitorar a situação no país.
Entre domingo (8) e quinta-feira (12), quatro ataques a linhas de transmissão foram registrados no país: um no Paraná, dois em Rondônia e um em São Paulo. Em nenhum dos casos o fornecimento de energia foi afetado.
Além dos ataques a torres de transmissão, houve tentativas, sem sucesso, de impedir a saída de caminhões-tanque de refinarias. As ações ocorreram na esteira dos atos de vandalismo executados por bolsonaristas radicais em Brasília, que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ministério de Minas e Energia informou que o elevado abastecimento decorre da recuperação dos níveis dos principais reservatórios, que superam 60% de armazenamento neste mês.
Com chuvas acima da média em algumas áreas do Brasil em janeiro, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas estão se elevando rapidamente, o que tem resultado na abertura das comportas das usinas, disse o Ministério de Minas e Energia neste sábado (14).
A abertura dos vertedouros das usinas hidrelétricas é necessária dentro dos planos de controle de cheias, mas também quando há redução da demanda de energia, como é o caso esperado para janeiro, explicou o ministério.
Nos últimos dias, houve início de vertimento nas usinas do rio Madeira, no complexo Belo Monte, e nas bacias do rio São Francisco e do Rio do Grande, segundo nota do ministério.
O Ministério disse que algumas áreas do País registram chuvas acima da média ao longo do mês. “Isso vem fazendo com que os níveis dos reservatórios se elevem rapidamente, sendo necessário acionar planos de controle de cheias e vertimento em muitas bacias”, afirmou a pasta na nota. A medida é necessária para garantir a segurança das barragens e em virtude da menor demanda de energia em algumas regiões em meio a temperaturas mais amenas.
Conforme o Ministério, citando previsão do Operador Nacional do Sistema (ONS), até o fim de janeiro deverá haver “afluência alta” (acima de 80%) em todas as regiões do País.
“Superada a pior escassez hídrica da história, usinas hidrelétricas em várias regiões do país começaram a abrir suas comportas desde a última semana”, disse o ministério, referindo-se à seca de 2021.
“O vertimento excepcional ocorre em decorrência de uma recuperação significativa dos níveis dos principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN). Os reservatórios já superam 60% de armazenamento neste mês de janeiro”, pontuou o comunicado.
Para os próximos dias é esperado o início do vertimento na Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará.
Na usina de Itaipu Binacional, as comportas da calha esquerda foram abertas neste sábado, com vazão de 1.400 (m³/s), disse o ministério, acrescentando que a previsão de vertimento é de dez dias, mas a programação pode ser alterada.
As hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, onde estão as usinas com os maiores lagos, devem chegar ao final de janeiro com 67% da capacidade, segundo o ONS.
Menor demanda
Na véspera, o ONS voltou a reduzir sua projeção de carga de energia para janeiro, diante da menor demanda por eletricidade.
A expectativa agora é de recuo de 2,2% no primeiro mês de 2023 no comparativo anual, contra queda de 0,8% esperada na semana passada.
De acordo com o ONS, “temperaturas mais amenas em janeiro nas capitais do Sudeste, Centro-Oeste e do Sul, ante a mediana de temperaturas neste momento do verão” é um dos fatores que podem explicar a redução da demanda por energia nessas regiões.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Construção de usinas acelera e o setor se prepara para explorar uma nova fronteira: a instalação de aerogeradores no mar em busca de melhor aproveitamento dos ventos.
Com a rápida popularização das placas fotovoltaicas, a energia solar superou a eólica em capacidade instalada no fim do ano passado e se tornou a segunda principal fonte da matriz elétrica brasileira, atrás das hidrelétricas. Mas os ventos seguem entre as principais apostas das empresas para aumentar a geração de energia limpa no Brasil. A construção de usinas eólicas acelera e o setor se prepara para explorar uma nova fronteira: a instalação de aerogeradores no mar em busca de melhor aproveitamento dos ventos.
Cerca de 25 empresas, algumas delas gigantes globais de energia, estão por trás de 70 pedidos de licenciamento para usinas eólicas offshore, que são caracterizadas pela geração no mar. Juntos, esses projetos marítimos somam uma capacidade de geração de 176 gigawatts (GW), o que equivale a quase todo o parque elétrico brasileiro atual, incluindo hidrelétricas de vários portes, energia solar, térmica e nuclear.
— É um Brasil inteiro novo em termos de energia — diz Gustavo Moraes, coordenador de Gestão de Geração da Trinity Energias Renováveis, consultoria especializada em projetos de geração e gestão de compra de grandes consumidores de energia.
O Brasil tem hoje em terra (onshore) 875 eólicas em operação e outras 163 em construção. Outras 315 estão em fase de projeto. Na comparação com as offshores, o investimento é mais baixo, as áreas de instalação costumam ser arrendadas e o tempo médio de construção é de quatro anos. No mar, a instalação leva pelo menos sete anos.
Mesmo diante do enorme potencial que o Brasil ainda tem em terra firme, empresas como a anglo-holandesa Shell, a francesa Total Energy, a japonesa Shizen, a portuguesa EDP (Portugal), a norueguesa Equinor, a espanhola Neoenergia e a brasileira Cemig têm projetos de geração eólica offshore. Algumas empresas são atraídas pelo potencial do negócio, mas muitas delas são gigantes de óleo e gás, que querem aderir à transição energética, e têm ampla experiência atuando em oceanos.
Durante a transição, no fim do ano passado, o grupo técnico da área de energia apontado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a Petrobras volte a investir em energias renováveis. O senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado por Lula para assumir a estatal, fez parte do grupo. Em parceria com a Equinor, a estatal já estuda um parque offshore em Aracatu, na Bacia de Campos, a 20 quilômetros da costa fluminense.
Diferencial marítimo
Moraes explica que a principal vantagem dos parques marítimos está na velocidade e qualidade dos ventos. No mar, os ventos são mais constantes e não encontram barreiras como construções e montanhas para mover as pás e gerar energia elétrica. Segundo Trinity, a eficiência da geração é 15% maior que em solo. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, cita percentual ainda maior, de 50%.
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— Temos excelentes ventos no Nordeste e no Sul do país, mas os ventos no mar têm vantagem. Não sofrem interferência de relevos e a constância e direção são melhor aproveitadas — diz o especialista.
Para mover aerogeradores de uma torre eólica no mar, os ventos devem ter velocidade de 7 metros por segundo ou mais. Segundo Moraes, os melhores locais na costa brasileira para isso estão no Nordeste, entre Paraíba e Ceará, no extremo sul do Rio Grande do Sul e em trechos do litoral do Rio e do Espírito Santo.
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O ex-presidente da Eletrobras Altino Ventura, integrante da Academia Nacional de Engenharia e um dos maiores especialistas em energia do país, observa que a eólica ganha impulso com a necessidade global de se combater o aquecimento global, o que estimula mais pesquisa e desenvolvimento de fontes de energia sem emissão de carbono. Nesse processo, o custo de instalação no mar caiu pela metade nos últimos dez anos. Uma das inovações foi construir torres mais altas para aproveitar melhor as correntes de vento, o que fez com que as estruturas ficassem mais robustas para comportar geradores mais potentes.
Faltam regras ambientais
Se o investimento offshore é maior que o das usinas eólicas em terra, a maior capacidade de geração indica também lucros superiores para as empresas, dizem os defensores dessa tecnologia para explicar o interesse crescente das empresas. Outra vantagem em relação às onshores é que, no mar, o barulho de movimentação das hélices não incomodará seres humanos, geralmente comunidades muito próximas aos parques. Se instaladas muito perto da costa e avistadas, no entanto, o visual pode incomodar o setor de turismo.
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— O Brasil tem uma vantagem enorme em relação ao resto do mundo em energia renovável e, agora, chegou a vez da eólica — diz Ventura. — Se o país souber fazer e tiver disciplina, vamos liderar a transição energética mundial.
Apesar do alto potencial, o licenciamento ambiental das torres em alto mar ainda carece de regras. A EPE sugere cuidados em relação a áreas de proteção ambiental e possíveis efeitos negativos sobre animais marinhos, espécies de hábitos costeiros, endêmicas e ameaçadas de extinção. Outro cuidado deve ser com as rotas migratórias de aves. Deverão ser avaliados ainda possíveis conflitos com áreas de pesca, rotas de embarcações e exploração de petróleo e gás.
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Avanço acelerado
A instalação de eólicas no mar vai depender de concessão de áreas pela União. Elas devem ser postas em leilão, como campos de exploração de petróleo. O governo Jair Bolsonaro autorizou eólicas offshore em janeiro do ano passado. Estabeleceu dois tipos de concessão: um de áreas demarcadas e outro de espaços independentes, quando o empreendedor pesquisa e sugere onde instalar. Os 70 projetos que aguardam licenciamento atualmente se encaixam na segunda opção.
Em outubro, foi criado um portal que serve como balcão único para que projetos sejam apresentados a vários órgãos governamentais. Se todos os parques offshore com pedidos de licenciamento saírem do papel, a costa brasileira receberá 12.059 torres.
Em 2023: pressão inflacionária deve vir de preços administrados, como energia e combustíveis.
A energia eólica representa hoje 12,4% da matriz elétrica brasileira. A EPE estima que essa participação possa chegar a até 42% em 2050. A fatia das hidrelétricas, que hoje supera 50%, tende a cair para 22%. A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) estima em 500 GW o potencial das eólicas em terra — cerca de 20 vezes a produção atual. A EPE estima potencial de 697 GW para a geração eólica offshore em áreas marítimas com profundidades de até 50 metros.
— O processo de investimento está em seu início. As empresas têm grande interesse em energia renovável — diz Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica, que aposta na liderança do Brasil na transição energética mundial.
Aerogeradores instalados no mar já fazem parte da paisagem na Europa desde os anos 1990. Altino Ventura explica que as eólicas offshore são mais estratégicas na Europa porque os países têm menos áreas em terra disponíveis e costas menores. Segundo ele, no Brasil há ventos favoráveis o ano todo, em terra e no mar, sem variação muito relevante entre as estações do ano. No inverno europeu, venta bem menos.
Fonte e Imagem: O Globo.
O plano de trabalho trienal do hidrogênio está em discussão dentro de consulta que termina no final de janeiro. Considerando as premissas colocadas, especialistas destacam que o país deve começar pela substituição do hidrogênio a partir do combustível fóssil e incluir um prazo para a neutralidade total das emissões de carbono.
O debate foi promovido pela Agência EPBR, no Antessala, na manhã desta quintafeira, 12 de janeiro. Eduardo Tobias, coordenador da força-tarefa da Absolar para hidrogênio verde, participou do debate e apontou que um plano de hidrogênio só é justificado se o objetivo for neutralidade de carbono.
Dessa forma, a associação entende que a oportunidade de mercado não está sendo explorada em sua totalidade, uma vez que a premissa atual prevê a produção do hidrogênio e derivados a partir de fontes fósseis.
“O que o cliente quer é um hidrogênio verde, renovável - expandindo um pouco mais o conceito para trazer a biomassa que faz sentido no nosso país - e não o hidrogênio cinza, ou do carvão com captura de carbono”, disse Tobias.
Segundo o executivo, o ponto de partida do planejamento deve ser a definição de metas de consumo para a substituição do hidrogênio fóssil, que representaria 2,3% das emissões globais de gás carbônico.
“Vamos começar do mais fácil, que é substituir o mercado e o consumo que já existe, essa é a primeira fronteira”, disse Eduardo Tobias.
Camilo Adas, presidente do conselho do SAE Brasil, concorda com esse primeiro passo que deve ser dado pelo país, mas aponta que a discussão ainda não está estruturada ou na velocidade ideal.
“Ainda tem que montar parque fabril, infraestrutura, tem até que fazer processo de treinamento para que especialistas tenham habilidade adequada para tratar dessa área de conhecimento, que queira ou não, nesse volume que está atingindo é nova. Poucos laboratórios, poucos institutos de pesquisa no Brasil que de fato têm conhecimento nessa tecnologia”, disse Adas.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
O Brasil pode ser um importante ator na revolução de energias renováveis já em curso nas economias centrais. Esta é a opinião de Matt Gray, CEO do think-tank britânico TransitionZero. Ele destacou que este foi um dos temas de cooperação abordados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Conferência do Clima, a COP27, realizada em novembro no Egito.
"O Brasil é abençoado com ricos recursos energéticos renováveis, incluindo um forte potencial solar e fortes fluxos eólicos estáveis ao longo da sua imensa costa atlântica que complementam a produção sazonal de energia hidrelétrica", afirma o pesquisador. "O discurso de Lula na COP27 sinaliza oportunidades promissoras de investimento e cooperação entre o Brasil e a Europa, particularmente para a energia solar e eólica."
Por outro lado, se o país continuar aumentando sua dependência de termelétricas a gás, como ocorreu nos anos Bolsonaro, o analista diz que os custos para a geração elétrica tendem a subir, com o cenário de mais competição por este insumo em 2023.
"No Brasil, o gás e as energias renováveis competem por uma parte do crescimento previsto no consumo de energia e nas lacunas na produção hidrelétrica. Sem uma transição rápida e planejada para energias renováveis, como a solar e eólica, o Brasil continuará a depender de importações de GNL incertas e dispendiosas", diz Gray.
"Como é provável que o mercado de GNL se mantenha extremamente apertado nos próximos 3-4 anos, o Brasil será forçado a competir com a Europa e a Ásia para atrair cargas para o Atlântico Sul. Isto significa que o gás será um meio dispendioso de satisfazer o aumento incremental de energia em comparação com as energias renováveis."
Gray ressalta que mesmo com a guerra russa impulsionando novos projetos de gás em todo o mundo, o crescimento das energias renováveis não foi contido, como mostram os números da Agência Internacional de Energia.
"O crescimento da revolução das energias renováveis está bem e verdadeiramente em curso na Europa. Só este ano, os países da UE concordaram com um aumento de 25% na capacidade das energias renováveis, elevando a sua ambição para 69% de eletricidade renovável até 2030 (anteriormente 63%)", conclui Grey.
MAIS CARVÃO
A substituição dos combustíveis fósseis por energia renovável é indispensável para frear a crise climática, já que são esses combustíveis os responsáveis pelo maior volume de emissões de gases que aquecem o planeta. O relatório anual da AIE (Agência Internacional de Energia) mostra que a crise gerada pela guerra russa aumentou o uso do carvão, a forma mais poluente de gerar eletricidade. Segundo o documento, o carvão pode continuar nos mesmos níveis de uso de 2022 se não houver esforços adicionais para acelerar a transição energética nos próximos anos.
SEGURANÇA ENERGÉTICA
Por outro lado, a mesma crise de energia que aumentou a procura por fontes obsoletas, como o carvão, fez crescer a busca por fontes renováveis modernas que diminuem a dependência do mercado externo, como a solar e eólica. Segundo a AIE, as renováveis cresceram 30% a mais do que a própria agência previu para 2022 por causa da guerra. Essas fontes agora respondem por 90% da expansão elétrica esperada para os próximos cinco anos no mundo, e até 2025 ultrapassarão o carvão como principal fonte de eletricidade.
Já a IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável) mostra em seu relatório anual que o total de investimentos em renováveis precisa crescer ainda muito mais para estar em linha com os objetivos do Acordo de Paris. Segundo o relatório, para que o mundo tenha a chance de manter o aquecimento abaixo de 1,5C até 2050, 90% da eletricidade global terá que vir de fontes renováveis até essa data. A agência alerta que esse cenário depende também de um planejamento de alto nível em todos os países para garantir matérias-primas vitais e capacitação dos recursos humanos necessários.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Bruno Eustáquio deve ser nomeado em breve para o cargo de secretário-executivo no Ministério de Minas e Energia, disseram fontes. A publicação no Diário Oficial da União pode sair ainda nesta semana.
Eustáquio é ex-secretário-executivo adjunto de Minas e Energia, e ex-secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura. Formado pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), do estado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é servidor com carreira na área de infraestrutura, com passagem por vários ministérios e Presidência da República, em vários governos.
A escolha do ministro para o cargo já vinha sendo ventilada nos bastidores há alguns dias, e o nome tem o apoio do setor. Deve ser bem recebido pelo mercado, se oficializado, disseram os agentes consultados. Mas tem recebido críticas de sindicalistas e integrantes de alas mais à esquerda do PT.
Outras secretarias
O ministro Silveira também já teria se decidido por outros dois nomes para o MME: o presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Thiago Barral, para a Secretaria de Planejamento Energético; e o superintendente da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), Gentil Nogueira de Sá, para a Secretaria de Energia Elétrica.
Esses dois cargos exigem um perfil mais técnico. Barral e Gentil cumprem os requisitos e também deverão agradar ao setor, segundo executivos consultados pela Agência iNFRA.
Vaga na EPE
Já a EPE está sem indicação para o seu comando. Cogitava-se, anteriormente, que o coordenador da área de energia do gabinete de transição, Maurício Tolmasquim, assumiria a estatal de planejamento. Tolmasquim foi o primeiro presidente da empresa, assim que ela foi criada, em 2005, no primeiro mandato de Lula. E ficou por 11 anos no cargo, até 2016.
Agora, diz-se que o professor Maurício não retornará à EPE, mas deverá assumir uma outra função no governo. Não disseram qual seria.
Pressões políticas
Existe pressão política para que ocorram indicações não-técnicas para o segundo escalão do Ministério de Minas e Energia, como o ex-deputado federal Marcelo Ramos, do Amazonas. O PSD, partido do ministro, gostaria de acomodar Ramos, que defendeu pautas do setor elétrico na Câmara e está sem mandato, já que não conseguiu a reeleição.
Mas Silveira tem dito a interlocutores que precisa de um secretariado técnico, uma vez que ele próprio não possui intimidade com os setores de energia e mineração.
Fonte e Imagem: Portal da Infra.
Riscos são maiores, demandando medidas adicionais de proteção para uma malha de 175 mil quilômetros de extensão.
A continuidade do fornecimento de energia mesmo com queda de torres de transmissão causadas por vandalismo atesta a alta robustez do sistema elétrico nacional, na avaliação de especialistas ouvidos pelo Valor. Quedas e danos em torres de três linhas de transmissão no Paraná e em Rondônia, sendo duas delas capazes de transportar grandes volumes de eletricidade, interromperam o fluxo de energia, sem causar blecautes. No entanto, os riscos elevaram-se, demandando medidas adicionais de proteção.
O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, avalia que os órgãos do setor elétrico, como o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Ministério de Minas e Energia (MME) e as próprias empresas têm condições de suportar atos de sabotagem e terrorismo por causa da qualificação técnica que apresentam. Segundo Castro, com a criação do gabinete de crise, a atenção será redobrada.
“Obviamente isso desperta uma preocupação grande sobre a sociedade, já que eventualmente se uma destas linhas de transmissão for interrompida em algum horário de alta demanda pode gerar um efeito em cascata e causar um apagão em cidades, Estados e regiões, criando problemas de ordem múltiplas não só de atividade econômica, mas de hospitais”, diz Castro.
O fato de os ataques às linhas de transmissão não terem interrompido o fornecimento de energia elétrica no país evidencia as vantagens do Sistema Interligado Nacional (SIN), na visão do diretor do Instituto Ilumina, Roberto D’Araújo. Ele lembra, entretanto, que o sistema está preparado para lidar com imprevistos menores, como ventanias fortes e raios, que são comuns nessa época do ano. “O sistema tem uma sensibilidade a esses problemas. Quando uma torre cai, ele muda o despacho para que essa linha seja cortada e use outra”, disse D’Araújo.
O restabelecimento das atividades nas linhas de transmissão danificadas deve ser prioridade, para voltar a garantir a redundância do sistema elétrico, na visão do presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales. Para ele, o sistema de transmissão mostrou que é seguro, pois não houve impactos no fornecimento de energia. “Essas três ocorrências graves atestaram essa segurança. Um sistema eficiente, como é o brasileiro, tem diferentes graus de redundância”, afirma. Sales destacou que essa redundância existe para a proteção em situações não previstas, mas quando ela está sendo utilizada, o sistema fica mais vulnerável. “Se houver panes de qualquer natureza, é evidente que o risco aumentou”, salientou.
Os custos para lidar com as ocorrências dos últimos dias vão recair sobre os consumidores, que vão pagar pelo uso de outras linhas, e sobre os operadores desses empreendimentos, que vão precisar restabelecer o funcionamento dos projetos, disse o presidente da consultoria PSR e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso. “Tradicionalmente, projetos de geração e transmissão falham por razões como temperaturas maiores, raios, indisponibilidade de combustíveis, mas agora existem novos elementos que podem causar perturbações”, afirma.
A situação mostra que pode ser necessário incluir a resiliência a eventos como ataques cibernéticos e terroristas ao custo de planejamento do sistema elétrico nacional, avalia. “O sistema elétrico brasileiro é flexível, ou seja, há distintos caminhos para atender a demanda. Mas fazer um planejamento para suportar toda e qualquer contingência que possa ocorrer torna esse planejamento mais caro”, afirmou Barroso, lembrando que isso já ocorre em outros países da América Latina, como Colômbia e El Salvador.
O SIN é composto por uma malha que soma cerca de 175 mil quilômetros de extensão de linhas em alta tensão, que escoam boa parte da energia de usinas para consumidores da maior parte do país. A capacidade instalada total de geração do Brasil no fim de 2022 era de 188,9 gigawatts (GW), segundo dados da Aneel; sendo dois terços de hidrelétricas. O sistema elétrico é dividido em quatro submercados: Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste, Sul e Norte. As linhas de transmissão transferem energia entre Estados e mesmo entre regiões e essa configuração permite enviar energia excedente de regiões do país para outras que eventualmente estejam sob déficit. Apenas alguns sistemas isolados, como regiões remotas no Norte do país, a ilha de Fernando de Noronha.
O ONS é responsável por administrar a geração e transmissão. Situações como queda de torres e sobrecarga na rede, por exemplo, podem demandar ações do ONS como cortes pontuais no fornecimento, remanejamento da eletricidade para outras linhas ou mesmo acionamento de termelétricas.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Programa vai além do previsto no marco legal da micro e minigeração distribuída. Expansão do acesso seria feita sem novos custos para CDE.
A criação de um programa que possibilite o acesso de consumidores vulneráveis ao sistemas de geração distribuída, especialmente a energia solar fotovoltaica, é uma das medidas emergenciais recomendadas pela equipe de transição ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. A política pública deverá contemplar, prioritariamente, escolas públicas e postos de saúde, consumidores de baixa renda, imóveis populares do Programa Minha Casa Minha Vida, favelas e cortiços, populações tradicionais, agricultura familiar, população atingida por barragens e assentamentos de reforma agrária.
A proposta incluída no relatório final do grupo técnico de Minas e Energia prevê a aplicação de recursos nesse processo, sem a criação de novos custos para a Conta de Desenvolvimento Energético.
A Lei 14.300, conhecida como marco legal da micro e minigeração distribuída, instituiu o Programa de Energia Renovável Social (PERS), uma política voltada aos consumidores residenciais de baixa renda. Os recursos financeiros para sua viabilização viriam do Programa de Eficiência Energética do setor elétrico e de fontes complementares. Ou, ainda, de parcela de Outras Receitas das atividades exercidas pelas distribuidoras convertida para a modicidade tarifária nos processos de revisão tarifária.
A proposta prevista para ser implementada nos primeiros 100 dias de governo atinge um público que vai além desse subgrupo. A avaliação da equipe de transição é que tanto a lei quanto as resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica que tratam do ordenamento regulatório e dos modelos de negócio da geração distribuída “não possibilitam a participação de uma grande parcela de consumidores desprovida de recursos técnicos e financeiros.” Já o programa vai proporcionar redução do custo da energia elétrica para os consumidores beneficiados.
Outras medidas
Muitos dos pontos indicados no relatório que a Agência CanalEnergia teve acesso foram apontados pelo coordenador do grupo de transição em energia, Maurício Tolmasquim, que disse no início de dezembro de 2022 que havia um rombo de R$ 500 bilhões no setor elétrico. Nessa oportnidade ele classificou o cenário como assutador e que esse custo ficou como herança para os próximos governos. Iniciando uma verdadeira disputa de narrativas que foram rebatidas pelo MME do governo passado.
Entre as ações emergenciais do MME estão ainda um programa para aumentar a oferta de matérias primas minerais relevantes para a indústria de geração de energia de baixo carbono. Insumos como como lítio, cobre, cobalto, níquel, vanádio, entre outros, são considerados estratégicos com a expansão da indústria de alta tecnologia no mundo, devido à transição da matriz energética.
O governo também pretende rever em 60 dias o Plano Estratégico da Petrobras, para para um realinhamento da companhia às diretrizes do novo governo. A criação de um fundo de estabilização de preços dos combustíveis, previsto no PL 1472/2021, é considerada uma ferramenta importante na contenção dos impactos econômicos das elevações súbitas do preço do barril.
O projeto relatado pelo então senador e presidente indicado da Petrobras, Jean Paul Prates, já passou pelo Senado e está na Câmara dos Deputados. O prazo previsto para implementação da medida é de 90 dias.
No relatório há vários “pontos de alerta” a serem observados no setor elétrico. Entre eles, questões relativas à privatização da Eletrobras, como a perda, por parte da União, da possibilidade de influenciar os rumos da companhia, mesmo ainda sendo seu maior acionista. O documento defende instrumentos para mitigar as consequências negativas da privatização da empresa sobre as tarifas do setor elétrico, em consequência da retirada de usinas da antiga estatal do regime de cotas. Alerta ainda para a concentração de poder de mercado em uma empresa privada.
Também são apontados como causa de impacto negativo sobre as tarifas a contratação de termelétricas a gás e de pequenas centrais hidrelétricas, além da renovação dos contratos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia. Todas essas medidas estão previstas na lei que autorizou a privatização da Eletrobras.
São apontados ainda outros riscos tarifários a serem observados pelo ministério, como a contratação de termelétricas emergenciais durante a crise hídrica no ano passado. O PL 2703/22, que amplia o prazo dos subsídios à GD, e o PDL 365/2022, que revoga resoluções da Aneel sobre tarifas de transmissão, também devem resultar em aumento na conta de energia dos consumidores. As duas propostas já foram aprovadas na Câmara dos Deputados e estão no Senado.
Existe ainda preocupação com o “programa de transição energética justa”, que amplia subsídios à indústria do carbonífera do sul do país; além de disputas judiciais, como a que questiona o não cadastramento, no leilão de capacidade de 2021, de térmicas fósseis com custos elevados.
Fonte e imagem: Canal Energia.
Ideia surgiu no grupo de transição. Mas quaisquer mudanças terão de passar pelo Conselho de Administração da estatal.
O novo governo estuda criar uma diretoria na Petrobras, com foco em transição energética. A sugestão partiu do grupo de transição e agradou à nova administração, de acordo com fontes.
Nas últimas semanas, diversos integrantes do governo e representantes do grupo de transição vêm ressaltando a necessidade de a Petrobras voltar a investir em fontes de energia renovável, área que foi abandonada pela estatal para se dedicar ao pré-sal.
A diretoria de Transição Energética já existe em outras petrolíferas, como a britânica BP, destacou o relatório do grupo de transição. Outra alternativa seria dividir a área de Refino e Gás em duas diretorias: uma de Refino e Petroquímica e outra de Gás, que poderia incluir áreas de energia e fontes renováveis, inspirada na petroleira francesa Total. Parte do governo também defende essa ideia.
Segundo uma fonte a par dos estudos, faria mais sentido desenvolver uma área com foco na transição energética, já que que a empresa hoje não atua na área. Outra fonte lembrou que, atualmente, a Petrobras estuda apenas a viabilidade de alternativas como hidrogênio verde e plantas eólicas em alto-mar.
Os presidentes da Petrobras desde o primeiro governo Lula.
O novo governo considera o organograma da empresa muito focado em exploração e produção de petróleo.
Nomes técnicos
Atualmente, a diretoria da estatal tem nove posições: o presidente e oito diretores executivos. Mas as mudanças devem levar dois meses, a princípio, já que o nome de Jean Paul Prates, indicado para o comando da estatal, ainda está em análise na Casa Civil. Na estatal, o rito de aprovação pode levar de duas semanas a pouco mais de um mês.
Mudanças na diretoria têm de passar pelo crivo do Conselho de Administração, para o qual o governo Lula terá novas indicações, de fora da empresa. Uma fonte ligada ao alto comando da estatal criticou a ideia de criar mais diretorias na estatal, o que chamou de “construção de narrativa”.
Segundo fontes, os nomes para as diretorias ainda estão sendo definidos. Um dos cotados revelou ao GLOBO que o convite ainda não foi feito de forma oficial.
Nos bastidores, há muitas indicações sendo feitas ao comando do PT, como ex-executivos da Petrobras e nomes que já comandaram órgãos do setor em gestões anteriores.
Além do alinhamento político ao novo governo, o que é considerado normal, dizem as fontes, a preferência é por nomes técnicos e ligados ao setor de óleo e gás, com experiência e conhecimento do setor. Mas a busca do governo inclui ainda critérios como o foco no desenvolvimento de novas fontes de energia renovável e o estabelecimento de uma nova política de preços para a estatal.
Preço da gasolina sobe
Essas discussões ocorrem em um momento de alta nos preços dos combustíveis. O preço médio do litro da gasolina subiu de R$ 4,96 para R$ 5,12 na primeira semana do ano, um avanço de 3,22%, mostrou levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Isso depois de os preços recuarem por cinco semanas seguidas.
Segundo a ANP, o preço máximo foi encontrado em São Paulo: R$ 7,79 o litro, maior patamar desde setembro de 2022, quando o valor médio ficou em R$ 5,17.
O diesel também subiu, de R$ 6,25 para R$ 6,41 por litro, em média, alta de 2,56%.
Na quarta-feira, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pediu um inquérito para apurar possíveis irregularidades na alta de preços dos combustíveis.
Fonte e Imagem: O Globo.
A energia elétrica é signo de prosperidade e segurança para qualquer país. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 foi categórica ao asseverar que a geração de energia e sua operação devem ser planejadas e entregues à nação brasileira com segurança, qualidade e isonomia. Para isso, determinou que a União deve assegurar o permanente funcionamento do serviço de energia elétrica aos brasileiros.
Por essa razão, o planejamento do setor elétrico e sua operação foram cedidos à União Federal, para que esta, a partir de uma estrutura e governança estabelecida legalmente, com responsabilidades (leis e resoluções) e atores (ONS, EPE, Aneel, CCEE e outros organismos de funcionamento) possam garantir à sociedade a disponibilidade plena desse bem tão vital ao desenvolvimento de uma sociedade: a energia.
Coube, portanto, à União regular e assegurar a contínua disponibilidade da energia elétrica, o que é feito por um conjunto de leis e de regulações setoriais organizadas por uma operação estruturada a partir de responsabilidades que envolvem estudos, planejamento, estruturação e execução, performando um núcleo desse serviço concedido, para a entrega da energia elétrica a todos os brasileiros, dentro de um ambiente previsível e seguro.
Essa 1ª conclusão explica e fundamenta o motivo pelo qual municípios e Estados não devem e não podem legislar em matéria de energia elétrica, sob pena de colocar em risco o funcionamento e a continuidade do serviço de energia elétrica, pois qualquer fissura ou alteração nessa estrutura complexa e organizada pode significar um desequilíbrio e um risco à continuidade do serviço público em condições justas e isonômicas ao conjunto de brasileiros.
A despeito de um acerto absoluto da Constituição brasileira quanto à proteção da soberania nacional e independência nesse insumo tão vital que é a energia (note as consequências severas da guerra entre Rússia e Ucrânia no que toca aos efeitos da dependência de energia elétrica de alguns países da Europa mais diretamente), duas questões, principalmente, têm trazido riscos à segurança e funcionamento adequado do setor elétrico brasileiro. A 1ª delas tem um caráter institucional e 2ª tem relação com o tratamento das inovações tecnológicas dentro do setor.
Indo direto ao ponto aqui nesse artigo. A 1ª questão, o caráter institucional, tem uma relação direta com a formulação de leis e de políticas públicas que afetam o funcionamento do setor elétrico. Fica cada vez mais claro que agentes setoriais representativos de seus segmentos específicos têm movimentado suas pautas de interesse na busca de seus objetivos específicos, o que é legítimo e importante. Porém, é fundamental que a representação do poder concedente (a União), a partir de sua estrutura e governança, se faça presente, intensamente, nas discussões setoriais para que prevaleçam medidas que mirem a sustentabilidade do setor elétrico.
Entende-se aqui como sustentabilidade a segurança do serviço de energia elétrica a todos os brasileiros no curto, médio e longo prazos com isonomia de tratamento aos usuários a preços justos e competitivos. Em outras palavras, cabe à União garantir energia elétrica acessível a todos os brasileiros.
A 2ª questão tem relação com inovação tecnológica e como essa inovação se integra ao setor elétrico –normalmente ela é muito veloz e não há uma avaliação dos impactos das inovações na sustentabilidade.
Notem, por exemplo, os subsídios tarifários concedidos às fontes incentivadas de energia elétrica e a quem instala painéis solares. Aqui temos casos mais comuns de como as inovações tecnológicas têm se ancorado no setor elétrico. Essas inovações têm gozado de descontos na tarifa de energia, e esses descontos viram encargos setoriais na CDE para que os outros consumidores paguem, fazendo com que haja uma espécie de transferência de renda invertida e injusta. Basta verificar que a CDE, a chamada Conta de Desenvolvimento Energético, já alcança R$ 35 bilhões por ano. Em breve, em função de subsídios dessa natureza, chegará a R$ 50 bilhões de reais em menos de 4 anos, se nada for feito.
O desafio da sustentabilidade no setor elétrico, portanto, passa por uma adequada governança nas discussões, com a presença do poder concedente mirando a segurança do serviço público de energia elétrica para todos e na tarifa cada vez mais justa e isonômica aos usuários do serviço.
A partir de dedicados estudos, já está claro que algumas medidas são vitais para a sustentabilidade do setor elétrico nos próximos 4 anos:
separar imediatamente os serviços de distribuição e de comercialização regulada, abrindo tudo em duas atividades, uma de comercialização regulada e outra de infraestrutura e distribuição, e aplicar uma tarifa multipartes onde cada usuário pague isonomicamente pelo seu uso do sistema elétrico, como já estabelecido no PL 414/2021;
impedir novos subsídios e revisar os atuais para aliviar a conta de luz dos brasileiros, como já estabelecido pelo TCU;
atuação contundente dos órgãos (Judiciário, Legislativo e Executivo) contra o furto de energia;
reduzir a tributação total sobre a energia elétrica, levando que em conta que a energia é um bem primário, de primeira necessidade, que produz maior prosperidade para a vida das pessoas e dos negócios.
Ao finalizar, destaco que inicia bem o novo ministério de Minas e Energia, na posição expressada pelo ministro Alexandre Silveira, na ocasião da cerimônia de posse, ao estabelecer que a modicidade tarifária é um pilar fundamental na sustentabilidade do setor elétrico. O desafio pela sustentabilidade do serviço de energia elétrica deve ser uma missão de todos nós que atuamos no setor elétrico, para que, juntos, possamos garantir uma energia segura, de qualidade e a preços justos a todos os brasileiros, TODOS.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Consumidores tem até esta sexta-feira (6) para pedir acesso à energia solar com isenção.
Às vésperas de uma importante mudança regulatória que afetará seus negócios, o setor de energia solar distribuída enfrenta embates com as distribuidoras para enquadrar seus projetos nas regras atuais, ao mesmo tempo em que tenta negociar alternativas junto ao novo governo e parlamentares para estender o prazo legal dos incentivos à tecnologia.
Termina na sexta-feira (6) o prazo estabelecido pelo marco regulatório da micro e minigeração de energia para que consumidores entrem com pedidos junto às distribuidoras de energia para conectar seus pequenos projetos --como telhados e fachadas solares— e garantir isenção de taxas cobradas na conta de luz.
Pelas regras atuais, usuários de pequenos sistemas de geração solar não pagam pelo uso da rede de distribuição, o chamado "fio-b". A partir de 7 de janeiro, haverá cobrança de 15% do fio-b para novos projetos, percentual que aumentará progressivamente a cada ano até chegar à cobrança integral em 2029.
Bárbara Rubim, vice-presidente da associação Absolar, afirma que consumidores e empresas têm enfrentado dificuldades para garantir a habilitação online de seus projetos nos últimos meses, e que o problema se acentuou nas últimas semanas.
"Toda semana tem relato de site de distribuidora que fica mais de 48 horas fora do ar... Nos parece uma coincidência estranha que nas últimas duas semanas a gente tenha mais de 10 distribuidoras com problemas no site, num período tão crítico", disse, citando concessionárias das regiões Sudeste e Nordeste.
A associação das distribuidoras Abradee nega a afirmação, dizendo que não tem informação de sites que tenham ficado fora do ar, mas apresentado apenas instabilidade.
Ricardo Brandão, diretor de regulação da Abradee, ressaltou ainda que a busca por conexões de geração distribuída teve um crescimento exponencial nos últimos anos, saltando de pouco mais de 220 mil em 2020 para 690 mil no ano passado.
"[As distribuidoras] Tiveram necessidade de reforço das equipes e sites, mas a quantidade de conexões efetivadas —não apenas pedidos— mostra que os esforços da distribuidoras em atender tem sido muito bem sucedido".
MUDANÇAS DAS REGRAS E ALTERNATIVAS
As mudanças nas regras para projetos de geração distribuída ocorrem após uma década de vigência da regulamentação anterior, da reguladora Aneel, que estabeleceu incentivos para que a tecnologia pudesse se desenvolver no país.
Com o salto da potência instalada desses projetos no Brasil, principalmente a partir de 2018, iniciou-se um debate mais forte sobre revisão das regras, uma vez que implicam custos adicionais a serem pagos pelos demais consumidores que não possuem seus próprios sistemas de geração.
Segundo o setor solar, a necessidade de extensão dos prazos da lei 14.300 é uma "questão de justiça", já que a regulamentação do marco regulatório pela Aneel está atrasada.
"Não é justo que o acordo (com governo e outros agentes do setor elétrico) que se converteu na lei tenha que valer para impor o ônus ao consumidor e não tenha a mesma força para impor obrigações para Aneel e distribuidoras", afirmou Rubim.
Uma das possibilidades defendidas pela Absolar para prorrogar o prazo que acaba nesta semana seria a publicação de uma medida provisória pelo governo. No entanto, segundo a vice-presidente da entidade, o governo Lula ainda deu retorno formal sobre a viabilidade da proposta.
Nesse sentido, a associação continuará a trabalhar pela aprovação do projeto de lei 2703/2022, que chegou a ser aprovado na Câmara no fim do ano passado. A avaliação é que o texto, mesmo aprovado após o fim do prazo, poderia prever uma retroatividade para garantir o direito adquirido de projetos de geração distribuída.
SOLAR EM ALTA
O debate sobre subsídios à solar reacende em um momento em que a fonte se tornou a segunda maior da matriz elétrica do Brasil, com 23,9 GW (gigawatts) de potência instalada, superando a eólica.
A geração distribuída tem sido a principal propulsora do crescimento da fonte nos últimos anos, com várias classes de consumidores, de empresas a residências, buscando alternativas para reduzir sua conta de luz em meio a tarifas mais altas e aumento dos encargos.
No final do ano passado, a Califórnia, um dos lugares mais conhecidos pelos incentivos à energia solar, decidiu reduzir os créditos pagos a usuários de geração distribuída, dizendo que a mudança seria mais justa para os contribuintes de baixa renda e ainda manteria uma indústria solar saudável.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Expectativa de reservatórios cheios ao fim da estação chuvosa aponta para conta de luz menos pressionada este ano.
Os preços da energia elétrica tendem a se manter comportados em 2023, com reservatórios de hidrelétricas com alto nível de armazenamento. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) projeta que o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) médio de 2023 deve ficar no piso regulatório de R$ 69,04 por megawatt-hora (MWh), segundo quatro dos cinco cenários previstos pela instituição. O quinto cenário prevê média de R$ 76,08/MWh neste ano. Vazão de rios e níveis de reservatórios são os principais indicadores do cálculo do PLD, também calculado pela CCEE.
Em 2022, o PLD, preço de referência do setor elétrico, girou a maior parte do ano no piso regulatório, que era de R$ 55,70/MWh. A média do PLD no ano passado foi de R$ 58,99/MWh nos submercados Sudeste/Centro-Oeste e Sul. Nordeste e Norte registraram médias ligeiramente inferiores, respectivamente, de R$ 58,51/MWh e R$ 58,39/MWh. Depois da maior crise hídrica da história do país, em 2021, o ano passado foi chuvoso, o que permitiu uma operação mais tranquila. Porém, se as chuvas forem mais escassas, será preciso acionar térmicas, boa parte a gás natural, algo preocupante no momento em que os preços internacionais do insumo estão altos.
A TR Soluções projeta elevação média de 0,13% nas tarifas residenciais em 2023, contra 10,9% em 2022
O quadro dá tranquilidade para que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se envolva nas questões sobre a tarifa de energia, uma vez que no discurso de posse ele destacou a modicidade tarifária como uma das prioridades da sua gestão. O gerente de Inteligência de Mercado da Electra Energy, Gabriel de Oliveira, afirmou que neste período úmido, que vai de dezembro a abril, o nível dos reservatórios do submercado Sudeste/Centro-Oeste, que responde por mais de 70% da energia armazenada do país, é o maior verificado nos últimos dez anos. Ele também estima que o PLD se mantenha no piso regulatório, que é estabelecido anualmente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“De qualquer forma, o regime de chuvas do restante do período úmido, sobretudo entre os meses de janeiro a março, são cruciais para confirmar essa tendência de preços baixos de energia ao longo de 2023”, disse Oliveira. No mercado livre, as projeções também apontam para preços menos salgados. Boletim mais recente da consultoria Dcide, divulgado na última semana de 2022, aponta que contratos de energia convencional, como a gerada por hidrelétricas e térmicas, que vigoram entre janeiro e março têm preços médios de R$ 70,03/MWh.
Os contratos de energia incentivada com o mesmo prazo têm média de preço de R$ 97,41 por MWh. A energia incentivada é a gerada por usinas renováveis que contam com desconto no uso de sistemas de distribuição, como eólicas e solares. Contratos de longo prazo, com duração média de quatro anos, têm preço médio para energia convencional de R$ 129,80 por MWh ou R$ 157,74 por MWh, para energia incentivada.
A TR Soluções projeta elevação média de 0,13% nas tarifas residenciais em 2023, considerando nesse cenário de estabilidade os efeitos do fim do pagamento da dívida da usina de Itaipu, entre outros fatores. No ano passado, a variação média das tarifas residenciais foi de 10,9%. “Caso a tarifa da usina binacional seja mantida no patamar de 2022, deve ser observado incremento de cerca de quatro pontos percentuais na projeção tarifária para 2023”, diz Helder Souza, diretor de regulação da TR Soluções.
A expectativa de um baixo reajuste médio se baseia em pontos como a perspectiva de reversão de créditos estimados de PIS/Cofins nos processos tarifários de 2023, que totalizam R$ 13,6 bilhões, correspondendo a um alívio médio de 6,3% nas contas. Outro fator é o do efeito médio do aporte de R$ 5 bilhões pela Eletrobras na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um dos principais encargos setoriais, voltado a subsídios. Essa parcela, cujo aporte foi previsto na privatização da Eletrobras, não foi reconhecida nas tarifas deste ano, o que deve ocorrer em 2023.
Mas para a baixa renda, 2023 não deve ser um ano fácil, na avaliação do coordenador de Energia do Instituto Pólis, Cláuber Leite, que vê uma “herança maldita” para esse grupo de consumidores. Prorrogação de subsídios para energia fóssil e empréstimos a distribuidoras, entre outros pontos, serão custos que vão onerar tais consumidores. O Pólis defende a adoção de uma tarifação progressiva nas contas de luz. É uma metodologia em que são associados valores crescentes por quilowatt-hora (kWh) segundo a faixa de consumo. “Esse tipo de mecanismo de tarifa progressiva favorece a justiça energética, além de estimular um consumo mais consciente de energia entre os consumidores das classes média e alta.
As chuvas abundantes refletem no chamado risco hidrológico, conhecido pela sigla GSF, que deve se situar entre 106,7% em abril e 67% em setembro, segundo projeções da Ampere Consultoria. Os percentuais indicam uma melhora significativa no primeiro semestre, na comparação com os valores registrados em 2022, por causa dos reservatórios mais cheios e da ausência da geração térmica fora de mérito de custo econômico, como visto em 2021.
Em situações normais, a geração térmica é determinada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), quando há necessidade de poupar água nos reservatórios. A geração obedece ao critério do menor custo do combustível mas, em situações extremas, esse critério pode ser abandonado e térmicas mais caras, porém em melhores condições de atender à necessidade de operação, podem ser acionadas pelo ONS.
Embora as perspectivas sejam de preços mais contidos em 2023, a escalada de custos da energia ainda é um ponto de atenção. Carlos Faria, diretor-presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), destacou que embora o Congresso Nacional em diversas ocasiões tenha manifestado preocupação com o tema, os encargos setoriais - principais culpados pelo custo excessivo - têm sido cada vez mais elevados justamente por causa de mudanças determinadas pelo Poder Legislativo.
Além do maior custo, o Congresso acaba ocupando papéis que são da Aneel e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o que ameaça a governança do setor, afirmou Faria. “Caso seja mantido o ritmo de criação de novos subsídios e de aumento dos existentes, o setor de energia pode chegar numa situação insustentável, em que os consumidores fiquem sem condições de pagar as contas”, disse.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Entidade reconhece crescimento do mercado acima das projeções feitas pelo modelo 4MD e busca discutir as limitações e possíveis aprimoramentos com agentes e a sociedade.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) elaborou uma nota técnica para discutir algumas das limitações, possíveis aprimoramentos, e apresentar sensibilidades nos resultados a partir da alteração de alguns parâmetros diante das projeções feitas pelo modelo 4MD quanto à geração distribuída. O volume de inserção de novas conexões está ultrapassando a quantidade que era esperada. Atualmente são mais de 14 GW instalados nessas modalidades no país e a previsão é de agregar mais 37 GW até 2032.
Segundo a entidade, essa discrepância está relacionada com diferenças de premissas regulatórias adotadas. Um dos casos é que estava prevista a revisão da REN Aneel nº 482 em 2019, incorporada no 4MD, mas que acabou não se concretizando. Se considerava também a entrada de uma tarifa binômia para consumidores de baixa tensão. Ainda assim parte do desvio observado se justifica por premissas técnicas e de mercado adotadas, além da própria estrutura do modelo.
Para iniciar a discussão sobre os aprimoramentos necessários, foi elaborado um gráfico que compara o número verificado de adotantes em relação ao mercado potencial calculado pelo modelo. Conforme ilustra a Figura 3, o número de adotantes, especialmente na classe comercial, já se aproxima (ou ultrapassa) o mercado potencial no ano de 2022. Portanto, essa é uma evidência que o mercado potencial está subestimado para essa classe.
Segundo explicação da EPE, a nota técnica aponta que para os segmentos comerciais, grande parte das distribuidoras estão em 2022 em um momento de saturação da curva S. Ou seja, o pico de difusão anual já teria passado, entrando agora o mercado numa fase de saturação, em que um crescimento do número de adotantes seria possível basicamente através do aumento do mercado potencial (novas unidades consumidoras ou através da redução do payback). Assim conclui que as curvas bastante inclinadas podem ser um indício adicional de que o mercado potencial, especialmente comercial, esteja subestimado.
A partir da exposição de alguns pontos mais sensíveis na visão dos desenvolvedores, a área técnica da EPE identificou alguns questionamentos no intuito de receber contribuições da sociedade para o padrão desenvolvido em 2015 e que ano que vem deve ser incorporado nos programas de formação de preços do setor elétrico brasileiro. Adicionalmente a publicação cita pedidos de agentes do setor para maior granularidade aos resultados, como mais classes de consumo, e a inclusão de outras tecnologias, como baterias. Contribuições da sociedade podem ser feitas através do e-mail contato.4md@epe.gov.br, até 10 de fevereiro.
O documento propõe a revisão de alguns elementos relacionados a análise do mercado potencial por classes; o fator comercial a adotar, rogando algum dado de mercado que possa ser utilizado como proxy para essa escolha; sensibilidade do payback e métricas financeiras; parâmetros de imitação e inovação, no sentido de quais limites superiores poderiam ser utilizados; e a taxa de crescimento, em como modelar a migração para o mercado livre e a evolução de nicho para a MMGD no Brasil.
Outros pontos abordados são os fatores de diferenciação de autoconsumo e aptidão do fator local, questionando se há sugestão de metodologia para distinguir potenciais consumidores remotos e locais para unidades não residenciais, assim como qual a premissa de evolução da potência média é mais adequada para ser incorporada no 4MD.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Divulgado nesta terça-feira (3), o Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado Nacional para o horizonte de 2023 a 2027 traz uma série de alertas para o setor elétrico nesses próximos cinco anos. Nas entrelinhas, destaca-se a importância de uma governança setorial mais coordenada e regulação adaptada aos novos tempos diante dos desafios que o avanço das fontes variáveis e a dinâmica mais veloz do mercado livre trazem.
Um primeiro ponto é a necessidade de alterar a dinâmica dos leilões de contratação de energia, buscando criar um novo paradigma: uma vez que o acesso à rede de conexão é limitado e o número de projetos muito grande, é preciso estruturar leilões de margem de escoamento. O critério de fila não pode mais existir por poder criar ainda mais incerteza. Um dado no estudo aponta nessa direção: os leilões de transmissão que licitaram novas linhas em junho para reforçar o intercâmbio principalmente no norte de Minas Gerais entrarão em 2027 com sua capacidade esgotada. A solução de transmissão para 2027 era viabilizar 10 GW. Até 2026, já se conta com 11 GW de CUST (Contratos de Uso do Sistema de Transmissão) assinados.
O acesso escasso à rede pode ser visto em outro dado. A capacidade instalada da matriz elétrica brasileira deverá atingir 208,4 GW ao final de 2026, ante os 186 GW atuais, com 44 GW de eólicas e solares. No entanto, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) alerta que, contabilizados CUSTs assinados e pareceres de acesso válidos ou em avaliação, a capacidade chegaria em 2027 a 260 GW, com quase 100 GW de eólicas e solares. Isso mostra o impacto da corrida de ouro das renováveis, após a promulgação, em 2021, da Lei 14.120, que garantiu subsídios às renováveis até março de 2022.
Há outro dado importante a ser analisado. O ONS estima R$ 60,7 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos, montante 154% superior ao previsto no período anterior (apenas Minas Gerais e Bahia têm R$ 27 bilhões em investimentos previstos). Desse total, R$ 55,7 bilhões são referentes a novas obras indicadas para o ciclo 2023/2027. Grande parte da necessidade de investimento na rede de transmissão vem da expansão da geração eólica e solar na região Nordeste e em Minas Gerais.
Esses números indicam um desafio que terá de ser superado em breve: a valoração dos atributos de cada uma das fontes. Pistas nesse sentido podem ser dadas neste ano ainda. Sobre esse ponto os empresários de renováveis estão à espera da regulação final da Lei 14.300, que instituiu o marco da geração distribuída solar.
Na legislação, estabeleceu-se que o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) teria seis meses para fixar as diretrizes para valoração dos custos e dos benefícios da microgeração e minigeração distribuída, enquanto a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) teria 18 meses para os cálculos. Na reunião extraordinária de novembro do CNPE, o assunto estava na pauta, mas foi retirado. Na de dezembro, nem foi incluído. Já a CP (Consulta Pública) 51 da ANEEL sobre o assunto teve suas contribuições encerradas em dezembro.
Outro destaque se refere à necessidade de padronização de inversores no setor solar. Uma casa com painel fotovoltaico pode injetar energia na rede, mas, se houver uma alteração de frequência, a residência passa a consumir, mas não injetar. Se isso ocorre em uma cascata, milhares de casas terão o mesmo problema. Na Europa, dois blecautes ocorreram por causa disso. Para minimizar esse ponto, começou-se a discutir com o segmento de GD (geração distribuída) solar e o Inmetro a padronização dos inversores. Em março, o Inmetro lançou a Portaria 140 de padronização.
Fabricantes estão trabalhando para que as próximas gerações de equipamentos venham com os softwares necessários para correção de eventuais problemas. Empresários de energia solar ainda têm dúvidas se só a atualização de software será necessária. Há outro ponto: não há mensuração de forma centralizada sobre quantos estariam já adaptados, ou seja, a realização de um levantamento geral será essencial.
Em um dos cenários contemplados pelo ONS em relação aos limites das interligações inter-regionais, aponta-se que “com o aumento significativo de geração solar no norte de Minas Gerais, os ganhos auferidos na interligação Nordeste-Sudeste só serão possíveis com uma limitação na geração solar em Minas Gerais. Fica estabelecida uma concorrência entre estas gerações do Nordeste e Minas Gerais”.
A corrida por investir em Minas Gerais tem sido intensa. O leilão de transmissão de junho passado teve como intenção criar escoamento para 11 GW de potencial de geração, mas análises de acesso já apontam esgotamento do sistema licitado que irá operar em 2027, “dado o montante atual de geração de 9,4 GW com contrato assinado e em operação, além de 7,2 GW de pareceres de acesso emitidos e 5,6 GW com solicitação de acesso em andamento. Em função do montante de geração em questão, foram indicadas várias ressalvas nos documentos de acesso emitidos”, aponta o documento na página 45.
Fonte e Imagem: Portal da Infra.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tomou providências para a mudança gradual das regras para Mini e Microgeração Distribuída (MMGD), de acordo com o previsto na Lei 14.300, de janeiro do ano passado. Nesta terça-feira, 3 de janeiro, foi publicada uma resolução homologatória com os percentuais de redução que as distribuidoras deverão aplicar a partir de 8 de janeiro.
A lei em questão, conhecida como Marco Legal da GD, garantiu que as conexões existentes ou solicitadas até 7 de janeiro deste ano contarão com as regras atuais, com a totalidade de compensação dos créditos, até o fim de 2045. Já as conexões solicitadas a partir de 8 de janeiro vão pagar uma parcela dos custos correspondentes de uso da rede de distribuição. A partir de 2023, o percentual será de 15%, subindo para 30% no ano seguinte, até chegar a totalidade do custo da rede a partir de 2029.
O Marco Legal da GD foi o resultado de um grande debate entre todo o setor, e garantiu que os detentores de sistemas de geração, que atualmente não pagam os custos do uso da rede de distribuição, começarão a contribuir gradualmente a partir deste ano, reduzindo o subsídio implícito na tarifa.
A mudança quase foi adiada, depois que a Câmara aprovou, a toque de caixa, o Projeto de Lei 2.703/2022, postergando por seis meses o prazo para colicitação de acesso sem que sejam aplicadas as novas regras. Segundo entidades relacionadas ao setor de geração distribuída, a postergação era necessária pois as distribuidoras não estão cumprindo os prazos da lei para permitir os novos acessos.
Houve intensa oposição contra a lei, devido ao aumento dos custos que seriam gerados aos consumidores. A Aneel estimou que a lei teria impacto de R$ 13 bilhões a R$ 25 bilhões, entre 2023 e 2045. Considerando outros itens do texto aprovado na Câmara, como o enquadramento de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) como geração distribuída e a criação de uma demanda para hidrelétricas de até 50 MW no Centro-Oeste, o impacto subiria para R$ 125 bilhões, de acordo com a agência reguladora.
Depois que o Congresso entrou em recesso sem que o Senado apreciasse o texto, a Associação Brasileira da Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) solicitou que a Aneel tomasse as providências sobre esses problemas e outros eventuais "desafios e barreiras que os empreendedores e consumidores possam encontrar junto às distribuidoras até 6 de janeiro de 2023, de modo a evitar uma nova onda de judicialização no setor elétrico".
Fonte e Imagem: MegaWhat.
MP e decreto criaram incerteza no setor, que tem recebido investimentos privados.
O presidente Lula deve corrigir medidas publicadas na primeira semana do governo e que causaram uma confusão no setor de saneamento, ao retirar parcialmente atribuições da Agência Nacional de Águas para regular o assunto. As mudanças feitas, consideradas como erros materiais pelo governo, causou insegurança no setor, que começou a atrair investimentos privados após o novo marco legal da área.
Um trecho da medida provisória (MP) de reorganização do Executivo alterou a lei que criou a ANA, retirando a menção a ‘saneamento’ do nome da agência e transferindo-a do Ministério de Desenvolvimento Regional para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
A MP também removeu da lei o trecho que dizia que cabe à ANA instituir “normas de referência” para a regulação do setor — que havia sido incluído na lei em 2020 pelo Marco Legal do Saneamento.
Essas mudanças causaram incerteza no mercado. Os artigos da Lei do Saneamento que dão competência para a ANA regular o setor continuam em vigor.
Foi um equívoco o que saiu no Diário Oficial e que se deve voltar atrás sobre o que saiu no Diário. Recebi essa informação de integrantes da Casa Civil informando que vai ser corrigido o que saiu — disse à GloboNews o secretário-executivo do Ministério da Fazenda Gabriel Galípolo.
A mesma informação foi confirmada pela secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.
— Tá errônea na medida privativa. O certo era ter mantido na ANA (como reguladora do tema) porque nós vamos fazer uma discussão sobre o marco do saneamento com o setor privado, com as empresas estaduais de saneamento e com todo o setor para verificar que ajustes o modelo precisa — afirma.
A confusão da MP foi ampliada por outro decreto que o governo publicou na segunda-feira: o que trata da estrutura do Ministério das Cidades. O decreto diz que a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, vinculada à pasta, seria responsável por instituir as normas do setor de saneamento.
Dentro do governo, as situações foram atribuídas a equívocos materiais e, por isso, devem ser corrigidas.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse na segunda-feira no programa Roda Viva, na TV Cultura, que o governo pode fazer alterações nos decretos que regulamentaram o marco legal, mas que eventuais mudanças a um diálogo prévio com o setor.
— A lei que foi votada no Congresso teve uma mediação com os governadores. Mas, por exemplo, os decretos que vieram depois, na nossa opinião, descaracterizam boa parte da lei e impediram boa parte dos investimentos que poderiam estar acontecendo no Brasil. Nós vamos precisar fazer revisão principalmente nos decretos, mas nada será feito ser um diálogo com o setor privado, com os estados, para que essas alterações possam liberar investimentos públicos e privados — disse.
Fonte e Imagem: O Globo.
O novo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou a criação de uma Secretaria de Transição Energética, que desenvolverá políticas de desenvolvimento e fomento de energia limpa. Na cerimônia de transmissão de cargo, na tarde de hoje (2), Silveira também defendeu medidas para que o consumidor seja preservado da volatilidade do preço de combustíveis.
Senador não-reeleito pelo PSD de Minas Gerais, que deixará o mandato em fevereiro, Silveira disse que não esquecerá as tragédias de Brumadinho e Mariana, que afetaram bacias hidrográficas no estado. Ele também prometeu ampliar o Programa Luz para Todos.
“Nossos recursos precisam ser explorados de forma oportuna, sustentável e racional, de modo que gerem em nosso povo e futuras gerações os melhores resultados possíveis”, disse Silveira.
Preço de combustíveis
Em relação ao preço dos combustíveis, o novo ministro disse ser necessário desenhar uma política de preços que preserve a competitividade das empresas petrolíferas. No entanto, ele declarou que essa política deverá preservar o consumidor de flutuações bruscas de preço no mercado internacional.
Em tese, o governo pode interferir na política de preços por dois meios: interferência direta nos preços da Petrobras, o que exigiria mudança na Lei das Estatais, ou a criação de um fundo que estabilize os preços ao consumidor. Os preços para a companhia flutuariam livremente, com o fundo arrecadando recursos em momentos de baixa na cotação do petróleo e consumindo recursos para amortecer os preços na bomba quando a matéria-prima encarecesse.
Silveira também prometeu apoio da Petrobras para que o país amplie o número de refinarias e modernize o parque existente para reduzir a dependência da importação de combustíveis.
A declaração foi feita diante do novo presidente da estatal, Jean Paul Prates, que estava na cerimônia. Apesar da suficiência do petróleo na camada pré-sal, o Brasil precisa exportar petróleo pesado, que é refinado no exterior e importado como combustível, por falta de refinarias no país.
Perfil
Anunciado no cargo no fim da semana passada, Silveira era suplente do ex-senador Antonio Anastasia, que deixou a cadeira para virar ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Ele disputou a reeleição, mas perdeu. No último mês, foi relator, no Senado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição.
Ministro de Minas e Energia no governo anterior, o almirante Bento Albuquerque compareceu à cerimônia. Já o ministro mais recente, Adolfo Sachsida, não esteve presente. Membros do PSD dividiram a mesa com Alexandre Silveira, como o senador Otto Alencar (PSD-BA), e a nova ministra do Turismo, Daniela Waguinho. O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, também compôs a mesa.
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
A avaliação de empresas é que o MMA não tem a experiência necessária para lidar com regulação econômica e concessões e PPPs, que são um modelo em expansão no setor de água e esgoto.
O governo federal transferiu a Agência Nacional de Águas (ANA) do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) para o Meio Ambiente (MMA). Esta pasta também assumirá a responsabilidade do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). As mudanças, feitas pela Medida Provisória nº 1.154, de 1º de janeiro, provocaram um alerta no setor de água e esgoto.
A mudança foi mal vista pelo setor privado, segundo uma fonte. A avaliação de empresas é que o MMA não tem a experiência necessária para lidar com regulação econômica e concessões e PPPs, que são um modelo em expansão no setor de água e esgoto.
Porém, uma das principais preocupações do setor privado, que é a manutenção do papel da ANA como reguladora federal do saneamento, segue em aberto, na leitura de parte do mercado.
A nova lei do saneamento, de 2020, atribuiu à ANA o papel de elaborar normas de referência ao saneamento básico, ou seja, diretrizes a serem seguidas por todos os órgãos subnacionais. Para o setor privado, este foi um dos principais ganhos da nova legislação, por dar mais segurança jurídica e padronização às regras municipais e estaduais pelo país.
Parte da equipe de transição do novo governo defendeu e recomendou a transferência dessa função da ANA para dentro do Ministério das Cidades.
Esse posicionamento aparece na MP e nos decretos publicados neste início de governo. O texto da medida provisória rebatizou a agência, retirando o “Saneamento Básico” do nome da ANA. Além disso, o decreto que regulamenta a estrutura do Ministério da Cidades traz, entre as atribuições da pasta, a edição das normas de referência para o saneamento.
No entanto, a MP também manteve vigentes diversos outros artigos da lei que ainda atribuem à ANA o papel de órgão regulador no saneamento básico.
"A única coisa que aconteceu foi a mudança para o MMA, mas quem fez isso pegou um texto antigo que não cita as normas de referência. No efeito prático, as competências de fazer normas do saneamento continuam na ANA, inclusive porque estão previstas em diversos outros artigos da lei, que não foram alterados", afirma o advogado Wladimir Ribeiro, sócio do Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques.
Ou seja, por ora nada mudou, avalia outra fonte, do setor privado, que pediu anonimato. A dúvida no setor é se isso se deu por intenção deliberada da equipe ou por um erro na redação do texto da MP.
Já na avaliação de Renato Kloss, sócio do Vella Pugliese Buosi Guidoni, a percepção é que, por mais que ainda haja artigos a serem excluídos, a mudança da MP já sinaliza o caminho do novo governo e traz um esvaziamento da ANA. "Minha interpretação é que a agência está saindo do setor de saneamento, ainda que seja preciso aguardar novas normas para concluir o processo", diz ele.
Para uma fonte, o conteúdo da MP ainda será alvo de muita discussão no Congresso e deverá ter muitas emendas, porém, o que o episódio revela de mais problemático é que o novo governo parece estar perdido sobre suas políticas de saneamento básico. "A verdade é que estamos ainda colhendo migalhas para entender a posição da nova gestão, porque não ficou claro qual é o posicionamento para o setor”, diz Kloss.
Procurados, as pastas do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Regional não se pronunciaram. Os órgãos estão em transição e as nomeações ainda estão em curso.
Conforme revelou o Valor durante o período de transição, a ANA era objeto de disputa entre três grupos técnicos justamente por causa do Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH) e de mudanças promovidas pelo novo Marco Legal do Saneamento.
No caso do Ministério da Integração, a intenção era ter mais influência em relação a investimentos para combater a escassez hídrica e recuperação de bacias hidrográficas nas regiões Nordeste e Norte. Já em relação ao Ministério das Cidades, o interesse estava ligado principalmente ao impulso que o novo governo deve dar para o setor em grandes centros urbanos. Segundo fontes do novo governo, mesmo sem a agência vinculada às suas estruturas, buscou-se garantir a essas pastas os instrumentos necessários para a formulação e execução das políticas setoriais. (Colaborou Fernando Exman, de Brasília).
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Boletim Mensal de Energia de outubro de 2022 publicado na tarde desta sexta-feira pelo Ministério de Minas e Energia aponta que o crescimento da energia renovável se manteve durante o ano. Houve aumento da geração de energia por fonte hidráulica, solar e eólica. A oferta de energia hidráulica nacional, avançou mais de 16% na comparação com 2021. O aumento é decorrente da melhora dos índices pluviométricos deste ano que, aliados às estratégias adotadas na gestão da escassez hídrica de 2021, possibilitaram maiores níveis de armazenamento dos reservatórios e melhor gestão dos recursos hídricos.
Na geração solar e eólica, a previsão é de um aumento de mais de 70% e 12%, respectivamente. A expansão da geração solar está relacionado com o aumento previsto de mais de 80% da capacidade instalada de geração distribuída em 2022. O percentual representa um avanço de mais de 8 GW. A capacidade instalada dessa fonte na modalidade centralizada também teve forte crescimento, aumentando mais de 50% no ano, podendo alcançar mais de 7 GW. Foi verificada ainda uma forte queda na geração térmica a carvão mineral e a gás natural no ano, de mais de 50% em cada uma.
Houve também uma perspectiva de melhora na renovabilidade das matrizes energética e elétrica. O boletim estima que 47,3% da matriz energética será composta por fontes renováveis. Em 2021, esse percentual era de 44,7%. Na matriz elétrica, essa participação agora é de mais de 86%, contra os 78,1% de 2021.
Todas as três tarifas (residencial, comercial e industrial) também apresentaram queda em relação ao mesmo mês do ano anterior, pelo quarto mês consecutivo. As quedas foram de 20,6% para o setor residencial, de 19,5% para o setor comercial e de 20,3% para o setor industrial.
No entanto, no acumulado dos meses, em comparação aos de 2021, o sinal é invertido, houve aumento para os três setores de 1,9%, 5,4% e 5,9% respectivamente. O Consumo Final Energético está previsto crescer mais de 2%. Já a Oferta Interna de Energia poderá recuar 0,4%, devido a uma menor geração das usinas termelétricas, que possuem maiores perdas energéticas relacionadas.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A micro e minigeração distribuída (MMGD) deve agregar 37 GW ao sistema elétrico brasileiro em dez anos, com os painéis fotovoltaicos mantendo-se como a principal fonte desse segmento, respondendo por cerca de 97% de toda expansão. Os dados integram um novo caderno do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2032), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para detalhar as premissas e critérios utilizados e os resultados obtidos para os requisitos de energia e potência.
Segundo a publicação, o crescimento médio anual da carga do Sistema Interligado Nacional (SIN), sem abatimento da MMGD, é de cerca de 2.650 MW médios, numa taxa também mediana de 3,1% ao ano e demanda máxima de 3,2% no horizonte decenal. A projeção final de 92.541 MW médios é menor que a indicada no ciclo anterior em todo o período de estudo, mesmo considerando a contribuição da MMGD no atendimento.
A análise da EPE consiste em um cenário com configuração inicial, sem expansão indicativa, para avaliação de necessidades do SIN e, consequente, quantificação dos requisitos conformes os critérios de suprimento. Nesse caso são retirados de operação até 2032 cerca de 13 GW provenientes de termelétricas em final de vigência do benefício da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), do Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT), de CCEAR e as usinas que não apresentam nenhum tipo de contrato e encontram-se com potência disponível maior do que zero no PMO de maio desse ano.
Através do Caso Base, a simulação no modelo matemático de despacho hidrotérmico Newave admite 2 mil cenários hidrológicos, permitindo a análise operativa do sistema composto apenas pelo parque existente e contratado. São avaliados dois critérios de risco, ambos utilizando o indicador estatístico CVaR, caracterizado pela média dos valores mais extremos de uma curva de distribuição acumulada, até um determinado nível de risco.
Além disso, o estudo revisa as representação das restrições operativas das usinas hidrelétricas e incorpora importantes avanços metodológicos, como o uso da carga líquida em todo o processo de cálculo para embasar a decisão dos recursos despacháveis, seguindo o contínuo processo de aprimoramento do setor, que vive em constante transformação.
Entre os benefícios do novo recurso está a melhor representação das fontes, em especial as renováveis variáveis, os efeitos da massiva penetração da MMGD, preservação da diferença de profundidade dos patamares resultantes para a decisão de despacho das centralizadas e maior profundidade de ponta ao considerar a carga coincidente de cada subsistema durante a carga máxima instantânea do SIN.
A Consulta Pública 137, que tratava da redução dos limites de carga para contratação de energia no mercado livre por parte dos consumidores da baixa tensão mostrou que mais de 94% dos agentes são favoráveis à medida. A CP recebeu contribuições entre 3 de outubro e 3 de novembro de 2022 e o relatório das está disponível no site do MME.
Segundo o MME, 53 agentes de todos os segmentos do setor enviaram contribuições. Dentre outros assuntos, a consulta abordou temas como gestão do portfólio das distribuidoras, criação da figura do Supridor de Última Instância(SUI), agregação de dados de medição, tratamento de contratos legados e leilões de energia. E na análise feita, o resultado mostrou que a abertura do mercado continua sendo uma medida inevitável e imprescindível para a modernização do setor. Enviaram contribuições associações do setor, como ABEEólica, Abraceel, Abimaq, Abrace, Abradee, Abragel, Abraget, entre outras, além de empresas como Cemig, Kroma Energia, Landis+Gyr, Neoenergia, CPFL e Energisa.
Cerca de 22% dos agentes a favor sugeriram condições à abertura, devendo acontecer após o tratamento de temas como a criação de encargos e regulamentações pela agência reguladora. Um agente condicionou a abertura à troca dos medidores, com o argumento de que só assim seria possível obter os efeitos desejados. Outro defendeu que a Aneel deveria regulamentar a suspensão de fornecimento de inadimplente antes da abertura.
Sobre o SUI, a Abradee não vê o papel sendo desempenhado pela distribuidora, uma vez que ela tem a prerrogativa de aceitar o retorno de um consumidor ao mercado cativo em até 5 anos. Mais de 20% das contribuições defenderam que essa figura pode ser assumida por outro agente de mercado, além da distribuidora. Já para a consultoria Thymos Energia deve ter um caráter de emergência e não de alternativa para inadimplentes.
Em relação aos legados, cinco contribuições foram no sentido de que esses contratos devem ser mantidos. A EDP sugeriu que os contratos sejam reunidos em um único agente centralizador, que pode ser a CCEE. Uma parte desses acordos poderia ser distribuído aos comercializadores varejistas ao preço médio dos contratos das distribuidoras. Outra sugestão da EDP foi direcionar os mais caros para o SUI, tendo em vista que se pressupõe uma tarifa mais cara para o fornecimento de energia por tal agente.
A Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura sugeriu a possibilidade de cessão desses contratos para as comercializadoras varejistas ou até mesmo para outras distribuidoras. Segundo a Infracoop, há dificuldades no gerenciamento do portfólio das permissionárias, já que muitas delas tem só um contrato de fornecimento de longo prazo.
Antes dessa divulgação a Abraceel apresentou um levantamento sobre as contribuições apresentadas à CP 137 onde chega à mesma conclusão do MME quanto à posição do mercado ser favorável à abertura. Fonte e Imagem: Canal Energia.
O governo regulamentou dispositivos da Lei 12.334, definindo diretrizes para a fiscalização e a atuação dos órgãos federais responsáveis pela Política Nacional de Segurança de Barragens. O Decreto 11.310, que trata do tema, institui ainda o Comitê Interministerial de Segurança de Barragens e altera o Decreto 10.000, de 2019, que trata do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. O texto veio no Diário Oficial da União desta terça-feira, 27 de dezembro.
A norma propõe, por exemplo, o monitoramento de ações de segurança para o controle de barragens de diferentes usos. Deixa a critério do órgão fiscalizador definir normas para o enquadramento de barragens de categoria de risco alto, conforme disposto na lei.
Também organiza a atuação dos órgãos federais envolvidos. A governança da política de segurança de barragens é composta por 14 órgãos e entidades, entre eles a Casa Civil da Presidência da República, ministérios como o de Minas e Energia e de Meio Ambiente e agências reguladoras como Aneel (energia elétrica) e ANA (águas e saneamento).
Barragens apenas para acumulação de água terão políticas de segurança definidas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Já as políticas públicas relacionadas à segurança de barragens para fins de aproveitamento hidrelétrico e de mineração ficarão por conta do MME.
O documento normativo também trata da exigência de caução, seguro, fiança ou outras garantias para as barragens de geração de energia elétrica, prioritariamente para barragens em alerta. Outro ponto regulamentado pelo decreto é o compartilhamento de informações entre os órgãos fiscalizadores sobre ocorrências envolvendo barragens.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O Ministério de Minas e Energia precisa de um ministro politicamente forte, afirma o presidente da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (ABIAPE) e do Fórum das Associações do Setor Elétrico (FASE), Mário Luiz Menel da Cunha, ao comentar as perspectivas do setor elétrico a partir da posse do novo governo. “Um ministro forte politicamente que seja o condutor dos anseios do setor, inclusive junto ao parlamento”, acrescentou.
Do jeito que o setor elétrico se encontra, observa, o eixo formado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Operador Nacional do Sistema ( O N S) passou para o Congresso Nacional que assumiu partes importantes do planejamento, da regulação e da operação.
Interferência do Congresso
“ Hoje o Congresso Nacional interfere, indevidamente, na realidade do setor ao confundir política pública com regulação”, diz Menel e exemplifica: “O Congresso envolveu-se no planejamento e na operação quando estabeleceu na Lei de capitalização da Eletrobras, localização e regime de operação – grau de inflexibilidade – de usinas termelétricas . Na hora em que diz não para o reajuste de cerca de 25% para as tarifas do Ceará, assume o papel de regulador. E também quando anula duas decisões da Aneel, uma sobre o sinal locacional e outra sobre a postergação de prazos para entrada em operação de usinas não despacháveis”, completa.
Perspectivas não são boas
“É preciso uma liderança forte para imprimir um freio de arrumação nesse setor porque as perspectivas não são boas a continuar a ingerência do parlamento”, defende.
Ao referir-se às medidas iniciais a serem adotadas pelo novo governo no setor, Menel cita a necessidade de um estudo sobre a capacidade da geração como prioridade, na medida em que passado o período da pandemia, a expectativa é de uma retomada do nível de atividades.
“ Hoje temos uma sobra estrutural de energia e cerca de 200 GW de pedidos de outorga de geração na Aneel, mas existe claramente um gargalo na transmissão”, indica.
Atualmente, assinala, se instalam usinas eólicas e solares em um ano e meio, dois anos, mas uma linha de transmissão demora mais de quatro anos. “Há um descompasso entre os prazos o que representa grande desafio para o planejamento setorial. Por isso, uma tendência seria implantar um planejamento específico para as linhas de transmissão no nordeste, em razão do crescimento dessas fontes de energia, o que simplificaria as conexões para as subestações coletoras”.
Tarifa para todos
O segundo ponto que vai exigir toda a atenção do novo governo, segundo Menel, é a busca de uma tarifa que possa ser paga pela sociedade brasileira como um todo “Em 2024, o Brasil vai contar com 22 milhões de brasileiros com tarifa social, 10% da população total, ao custo de R$ 12 bilhões anuais. É preciso dar um jeito nisso”, assinala.
Hoje a energia no Brasil é gerada com baixo custo, entre R$ 120,00 e R$110,00 o MW/h, mas o da energia elétrica é alto devido a encargos sobre as tarifas. “É preciso rever esses tributos e encargos de uma forma que se possa reduzir o preço da tarifa. O orçamento da CDE em 2023 será de R$ 33, 4 bilhões, o que será bancado em sua maior parte pelos consumidores por meio de encargos na conta de luz. É preciso separar o que é política pública e retirar da conta de luz. É preciso que todos paguem como contribuintes e não somente o consumidor de energia, porque o insumo entra na base de formação de preços de produtos e serviços. Hoje, de R$ 100,00 de uma conta, R$ 46,00 são de encargos e tributos”.
Entre outros ajustes necessários, Menel aponta sobre a necessidade de novo modelo comercial, diante das mudanças climáticas, o que implicará a operação de reservatórios mais cheios e no pagamento da reserva de água. ”Hoje, se uma usina não gera o proprietário sofre prejuízo com o GSF. Por isso, precisamos mudar o modelo comercial”, observa.
Valorização das hidrelétricas
Em relação a uma provável valorização das hidrelétricas pelo novo governo, Menel cita que entidades internacionais vêm defendendo como inovação a energia hidrelétrica focada em aumentar a flexibilidade da geração de energia para atender o avanço das renováveis intermitentes.
“Pelas informações que obtivemos, o novo governo projeta 98 usinas hidrelétricas, perfazendo um total de 12 GW, a uma média de 120 MW/usina, perfeitamente viáveis do ponto de vista ambiental, que garantiria robustez operacional para o sistema elétrico, mesmo operado com uma grande quantidade de usinas provenientes de fontes não despacháveis Trata-se de um avanço, sem dúvida”.
Fonte e Imagem: Portal Modal.
Hoje, as PCHs ocupam apenas 3% da capacidade instalada na matriz elétrica brasileira, segundo dados da Aneel, totalizando 5,6 GW de potência distribuídos em 540 usinas.
Diante das dificuldades ambientais de se implantar novas usinas hidrelétricas no Brasil, o setor busca caminhos alternativos para viabilizar novos empreendimentos de pequeno porte e se mobiliza para aprovar no Senado o projeto de incluir Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) de até 30 MW como minigeração distribuída e alterar a lei da privatização da Eletrobras, obrigando a contratação de 1.500 MW de PCHs de até 50 MW por 20 anos no Centro-Oeste.
A proposta faz parte de uma emenda no Projeto de Lei 2703/22 do deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP), que prorroga os subsídios aos sistemas de geração distribuída (GD). De imediato causou a reação no setor elétrico, já que a medida foi incluída a toque de caixa, sem debate com a sociedade. Além disso, cria uma reserva de mercado ao segmento.
A Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch) e a Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel) entendem como positiva a mudança e dizem que a contratação de energia gerada por pequenas hidrelétricas, em 2023, trará economia de R$ 13 bilhões ao consumidor.
“Se analisarmos os preços médios praticados nos últimos leilões de energia, no qual o preço teto do leilão de energia nova (A-5) para PCHs foi de R$ 352/MWh, enquanto os preços-tetos dos leilões de térmicas da Eletrobras foram de R$ 444/MWh, teremos uma economia de mais de R$ 13 bilhões”, diz a presidente da Abrapch, Alessandra Torres.
A Abrapch afirma que a troca de termelétricas do Centro-Oeste por pequenas hidrelétricas visa oferecer as mesmas oportunidades para as diferentes fontes, já que, segundo a entidade, entre os anos de 2015 e 2022 foram contratados, por meio dos leilões de energia, 11.480 MW de capacidade instalada de fontes renováveis, sendo destes 46% de fonte eólica, 26% de fonte solar, 16% de biomassa e 13% de centrais hidrelétricas de pequeno porte.
O motivo é que as PCHs não têm sido competitivas nos leilões, e a previsão do Plano Decenal de Expansão (PDE) é que as hidrelétricas percam espaço na matriz elétrica nos próximos anos, já que o planejamento energético do país prevê que a expansão se dará principalmente por energia solar, eólica e usinas térmicas a gás natural. Hoje, as PCHs ocupam apenas 3% da capacidade instalada na matriz elétrica brasileira, segundo dados da Aneel, totalizando 5,6 GW de potência distribuídos em 540 usinas.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) rebate os dados e diz que o projeto pode trazer um custo extra de R$ 138 bilhões na conta de luz dos consumidores. Além disso, se o projeto passar, coloca em xeque o planejamento da expansão do setor elétrico, que hoje é de incumbência da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE).
O presidente da entidade, Charles Lenzi, diz que a inclusão de usinas até 30 MW no conceito de GD tem como objetivo simplesmente nivelar o campo de jogo, pois “não faz sentido falar de limite de potência para centrais solares, pois a implantação pode ser feita em módulos de qualquer tamanho. A tão propalada neutralidade tecnológica para as fontes só poderá ser exercida se todos tiverem as mesmas oportunidades”, acrescenta.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Subsídios pagos pelo consumidor passariam a compor o orçamento anual. A alternativa seria estabelecer limite de gastos para a conta.
A Frente Nacional dos Consumidores de Energia vai apresentar ao próximo ministro de Minas e Energia uma proposta de transferência gradual dos subsídios da Conta de Desenvolvimento Energético para o Tesouro Nacional. A ideia é retirar 20% ao ano do custo da CDE até zerar as despesas, que passarão a integrar o orçamento da União. A conta dá menos de R$ 6,6 bilhões por ano, e a estimativa é que a retirada total dos subsídios da conta de luz ao final de cinco anos pode reduzir a tarifa média Brasil em, no mínimo, 10%.
O grupo formado por associações de consumidores e outras organizações da sociedade civil sugere como alternativa à transferência dos custos para o contribuinte a fixação de um limite de gastos para a conta. Se em determinado ano as despesas forem maiores que a receita, haveria uma redução no valor dos subsídios naquele exercício.
A sugestão foi apresentada informalmente ao coordenador do grupo técnico de transição para a área de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim. O grupo pretende aguardar a posse do novo governo em janeiro para levá-la ao futuro ministro e, em seguida, ao Congresso Nacional.
O orçamento proposto pela Agência Nacional de Energia Elétrica para a conta setorial no ano que vem é de R$ 33,4 bilhões. Desse total, quase R$ 29 bilhões serão pagos por todos os consumidores, e mais R$ 702 milhões para cobertura do novo encargo da micro e minigeração distribuída apenas pelos que estão no mercado regulado.
“Entendemos que é uma proposta justa. Perfeitamente ajustada no orçamento da União”, disse o presidente da Frente, Luiz Eduardo Barata, em entrevista nesta sexta-feira, 16 de dezembro. Para o executivo, primeiro é preciso definir o que pode e o que não pode ser subsidiado, e em seguida quem deve suportar essas despesas. Em sua opinião, o custo deve ser assumido pela União e, por tabela, pelo contribuinte, e não pelo consumidor.
“Estamos absolutamente sintonizados com a equipe de transição e vamos levar a proposta para o novo governo. Esperar o presidente eleito indicar o ministro de Minas e Energia”, disse Barata.
O diretor de Energia Elétrica da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, Victor Iocca, explicou que o objetivo principal é transferir o orçamento global da CDE para a União. Já existe, no entanto, uma proposta de ir enxugando algumas rubricas de custo, inspirada na redução gradual dos subsídios ao consumidor rural e à irrigação, iniciada em 2019.
A retirada dos descontos tarifários à atividade agrícola começou há cinco anos e está quase sendo concluída, destacou Iocca. Ele acredita que é possível reduzir, por exemplo, a Conta de Consumo de Combustíveis, que representa um terço das despesas da CDE.
Outro subsídio que preocupa os consumidores são os descontos nas tarifas de uso da rede de transmissão e de distribuição para fontes incentivadas. Eles vão atingir R$ 9,8 bilhões em 2023, com aumento de 54% em relação a 2022, e, provavelmente, devem ocupar a posição de maior rubrica do fundo setorial em 2024.
Um beneficio que praticamente dobrou nos últimos dois anos é a tarifa social de energia elétrica. Iocca lembra que os descontos concedidos às famílias de baixa renda são uma política pública, e não política do setor de energia.
“Um dos objetivos de que a CDE vá para o orçamento é que é muito importante que o Congresso passe a ser o grande debatedor dessa receita também”, ponderou o executivo da Abrace.
É possível que a proposta dos consumidores acabe embarcando em algum projeto de conteúdo semelhante que já esteja em tramitação no Legislativo. Um desses projetos, de autoria do deputado Luis Miranda (Republicanos-DF), foi aprovado esta semana na Comissão de Minas e Energia da Câmara. Existe pelo menos mais um PL sobre CDE, de autoria do deputado Paulo Ganime (Novo-RJ).
Para o coordenador da frente de consumidores, é preciso mudanças estruturais no setor elétrico para reduzir a conta de energia. Barata observa que a equipe de transição do novo governo e o a maioria dos agentes do mercado considera urgente a revisão do modelo comercial do setor, porque as condições de partida do modelo foram completamente alteradas.
O tradicional modelo hidrotérmico do passado mudou, e na configuração atual da matriz as hidrelétricas reduziram sua participação (ainda majoritária), enquanto renováveis como eólica e solar ocuparam um espaço na base do sistema.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Cadernos com estudos mostram que baixa tensão enfrentaria dificuldades no horizonte, mas poderia competir com geração diesel na ponta.
A viabilização econômica das baterias na próxima década poderá não ser tão simples. O caderno “Micro e Minigeração Distribuída & Baterias”, lançado pelo Ministério de Minas e Energia em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética na última quinta-feira, 15 de dezembro, sinaliza essa possibilidade. O caderno possui estudos do Plano Decenal de Expansão de Energia 2032. Em um dos cenários previstos, com gestão de consumo com Tarifa Branca, o preço teria que cair muito além do praticado para que o investimento seja viável economicamente. Foram lançados ainda pelo MME cadernos sobre Premissas Econômicas e Demográficas e Demanda de Eletricidade.
Os consumidores da baixa tensão já podem desde 2018 ter preços diferenciados com a tarifa branca, enquanto as baterias podem ser usadas para levar o consumo para fora da ponta. Quanto maior a distância entre as tarifas, maior a atratividade. A diferença entre a Tarifa de Ponta e Fora Ponta na Tarifa Branca é menor do que a diferença nas Tarifas do Grupo A. Segundo esse cenário, com o preço atual de R$ 4.000/kWh, a aplicação é inviável economicamente para todos os consumidores simulados e em todas as distribuidoras. Já com preço de R$ 2.000/kWh, as baterias ficam viáveis nas pequenas distribuidoras, com o valor presente líquido positivo.
Já uma outra aplicação, partindo da gestão de consumo com Tarifa A4 – Verde – destinada a consumidores da alta tensão, com a opção das tarifas horo-sazonais, se diferenciando o horário de ponta e o fora dela – há a viabilidade econômica em uma década de uso de baterias para clientes com alto fator de carga na ponta. Foram identificados cerca de até 9 GW de geradores a diesel usados para evitar o consumo no horário de ponta.
Um outro cenário analisado foi o da gestão de consumo com Tarifa A4 – Verde, mas comparada com a geração a diesel. O preço do combustível subiu nos últimos anos e acabou tirando a competitividade dessa geração. Com os custos em R$ 2.000/kWh, conseguiriam se equiparar com os motores. Além disso, particularidades, como a questão ambiental e a logística de obtenção do diesel pesam a favor das baterias, deixando a sua equação financeira possível.
Em uma terceira aplicação, que aborda o aumento do autoconsumo da micro GD, não é identificada viabilidade econômica para o investimento em baterias no horizonte decenal. As mudanças na Lei 14.300, que trazem reduções no desconto da GD, não permitem viabilidade. Segundo o estudo, a diferença entre a tarifa de consumo e a remuneração pela injeção na rede continuou sendo baixa, fazendo com que os equipamentos não sejam vantajosos. De acordo com o estudo, variações de consumo e geração tornam a otimização difícil, uma vez que pode haver muita geração e pouco consumo, trazendo complexidade.
Ainda de acordo com o estudo do PDE lançado pelo MME, em 2029, quando a energia injetada na rede tiver seu valor elaborado a partir de um cálculo que envolve custos e benefícios, pode haver algum tipo de mudança de cenário. Quanto menor a remuneração pela energia injetada da GD, maior será a viabilidade das baterias.
Na parte de Micro e Minigeração Distribuída, os estudos deixam claro que a década vai registrar um grande crescimento da MMGD no Brasil, mas as alterações nos descontos previstos em lei trazem incerteza à confirmação do incremento.
No caderno de “Premissas Econômicas e Demográficas”, os estudos analisam as evoluções esperadas na economia, assim como a dinâmica dos setores econômicos ao longo da próxima década. No caderno “Demanda de Eletricidade”, os estudos consideraram a perspectiva de evolução até 2032 de consumo na rede por classes, além do panorama de autoprodução, perdas de energia, entre outros aspectos da demanda.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalia que o Projeto de Lei nº 2.703/2022, de autoria do deputado Celso Russomanno (Republicanos – SP), que aguarda tramitação na pauta do Senado Federal, pode resultar num impacto de até R$ 125 bilhões entre 2023 e 2045. Caso o texto seja aprovado na forma que saiu da Câmara dos Deputados, trará novos custos para a tarifa de energia elétrica.
Além de alterar a Lei 14.300/2022, conhecida como Marco Legal da GD, prorrogando por seis meses o prazo para que projetos de geração distribuída peçam conexão à rede dentro das regras atuais, o PL inclui o enquadramento de PCHs na categoria e cria uma demanda para hidrelétricas de 50 MW no Centro-Oeste.
Para a agência reguladora, apenas essa extensão do prazo da Lei 14.300 atribuirá aos consumidores um custo adicional entre R$ 13 bilhões a R$ 25 bilhões, de 2023 e 2045. Levando em conta os outros pontos do projeto, a autarquia estima um impacto total de até R$ 125 bilhões entre 2023 e 2045.
“As alterações defendidas pelo setor de geração distribuída descumprem a lei aprovada pelo Congresso Nacional e adicionam custos excessivos nas tarifas, inclusive para as famílias de menor poder aquisitivo, ao intensificarem os subsídios a um segmento que já é altamente competitivo”, afirma a Aneel.
Como base para essa análise, a agência reguladora considerou os 590 mil pedidos de conexão, totalizando mais de 5,7 GW de potência instalada na modalidade GD no Brasil desde a publicação da Lei 14.300, em janeiro deste ano. O número representa um aumento de 20% nas conexões e de 10% na potência instalada verificada em 2021.
Além disso, a Aneel afirmou que o problema de acesso desses sistemas de GD à rede de distribuição não é estrutural, mas conjuntural e decorrente da corrida de interessados em atender o prazo do marco legal para garantir os benefícios tarifários, visto que as reclamações diminuíram consideravelmente desde o início deste ano.
No entendimento da agência, “o excesso de benefícios e a possibilidade de se aumentar o rol de beneficiários do Sistema de Compensação de Energia, conforme proposta do PL 2.703/2022, distorce os incentivos para que a expansão de geração ocorra ao menor custo para a sociedade”.
Isso se deve à grande competitividade dos sistemas de GD atualmente, de forma que esse protagonismo, combinado com a ampliação dos subsídios, elevará as tarifas dos consumidores, tornando a energia inserida na rede mais custosa do que a adquirida de hidrelétricas, eólicas e solares, reduzindo a competitividade dessas fontes e prejudicando o desenvolvimento de regiões com elevado potencial.
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A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Ministério de Minas e Energia (MME) apresentaram nesta quinta-feira, 15 de dezembro, o Painel de Dados sobre Hidrogênio constante no Plano de Trabalho Trienal 2023-2025 do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2). Segundo Thiago Barral, presidente da EPE, o programa focará na transição energética, mas por enquanto, não considera abordar metas sólidas.
“Há nas políticas públicas estabelecimento de metas, como capacidade instalada, mas muitas vezes sem a solidez de fatores, que vão viabilizar aquelas metas. O PNH2 foi construído para não cair nessa armadilha e vai evoluir para atender as transformações do ambiente em que ele se insere”, disse Barral.
O executivo também destacou que o programa não está baseado em subsídios do governo, mas que tem investimentos de P&D de iniciativas estabelecidas, de qualificação e formação profissional em universidades parceiras, desenvolvimento de estudo de aprimoramento de marcos regulatórios e esforços de cooperação internacional.
Sobre a cooperação internacional, Renato Godinho, chefe da divisão de Energia Renovável do Ministério das Relações Exteriores (MRE), contou que o plano vai focar no desenvolvimento do mercado de exportação e certificações, em estímulos de formação profissional e prospecção de recursos financeiros de investidores internacionais, que tenham interessem em contribuir para desenvolvimento da cadeia de hidrogênio no Brasil.
“A cooperação internacional terá que ser feita como uma troca, compartilhar nossas experiências e ouvir as experiências deles, sempre com a visão de entender quais as potencialidades do país, quais nossas características, procurar entrar no que vai dar certo para evitar possíveis erros”, disse Godinho.
Já Samira Campos, coordenadora-geral de Eficiência Energética do MME, informou que o plano estudará os possíveis usos do hidrogênio em conjunto com fontes renováveis e não renováveis para verificar sua aplicabilidade no setor elétrico, mas também no mercado industrial, nos centros urbano, em edificações e os possíveis impactos socioambientais.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Expectativa é de que o certame atraia os grandes grupos do setor e apresente forte deságio.
O leilão de transmissão de energia que será realizado nesta sexta-feira (16), às 10h, na sede da B3, em São Paulo, deve ser marcado pela presença dos tradicionais grupos, ampla concorrência e forte deságio. Promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os seis lotes preveem a construção e manutenção de quase 710 quilômetros de linhas de transmissão e subestações, com investimentos na ordem de R$ 3,51 bilhões.
O grande interesse se dá porque o segmento de transmissão é considerado o mais seguro do setor elétrico, totalmente regulado e o vencedor terá um contrato de 30 anos. Empresas como Isa Cteep, Energisa, Sterlite, Engie, CPFL, entre outras, já confirmaram a participação.
A infraestrutura vai atender os Estados do Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo. A expectativa é que 5.800 empregos sejam criados no período de construção dos empreendimentos, que varia de 42 a 60 meses.
Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, o certame deve negociar todos os lotes com os tradicionais deságios que caracterizam o segmento de transmissão.
“É o segmento mais bem estruturado e com uma demanda futura muito grande. É organizado e a Aneel atua corretamente diferenciando os lotes. Então não teremos lotes vazios e teremos deságio. Além disso, as empresas vencedoras terão uma remuneração estável e previsível”, afirma.
A head de Energia Renovável e Regulação da consultoria Thymos, Mayra Guimarães, acrescenta que as obras que serão licitadas têm como objetivo trazer mais segurança e confiabilidade ao Sistema Nacional. A executiva acredita que esse certame siga a mesma tendência dos últimos leilões de transmissão, ou seja, alta competitividade com todos os lotes negociados em deságios médios de 40% a 50%. “Além disso, esperamos como perfil de participantes empresas robustas e financeiramente bem estruturadas”, avalia.
O valor global da Receita Anual Permitida de referência (RAP máxima) a ser paga aos empreendedores é de R$ 604 milhões. Vence quem apresentar a menor RAP em reais por ano.
Os lotes 3 e 5 chamam mais atenção pelo porte dos investimentos: quase R$ 2,3 bilhões. O maior deles é o 3, que corta Maranhão e Pará com 351 quilômetros. Já os lotes 5 e 6 apresentam particularidades por trazerem como objeto a revitalização e a manutenção de empreendimentos existentes para a ampliação da vida útil.
O que pode causar tensão é o risco de judicialização do lote 6. A sócia da área de Energia e Recursos Naturais do Demarest Advogados, Rosi Costa Barros, lembra que a Aneel retirou do contrato a subestação da Isa Cteep e entende que deve ser leiloado.
“No entendimento da Aneel, o ativo deve ser parte do leilão a ocorrer nesta sexta-feira e ser excluído da concessão da Isa Cteep. A empresa tem questionado a inclusão do ativo no lote 6, portanto, a manutenção desse ativo no leilão pode sofrer judicialização”, diz Barros.
Procurada, a empresa não quis comentar. Hoje o Brasil tem 175 mil quilômetros de linhas de transmissão, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Mesmo assim, o segmento ainda sofre com gargalos para escoar a produção de energia eólica e solar, principalmente do Nordeste.
O diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, afirma que o leilão foi desenhado com base em estudos de planejamento da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) e em análises do ONS, considerando as condições de operação previstas para o Sistema Interligado.
“A maior parte dos empreendimentos listados para esse leilão tem por objetivo ampliar a capacidade de transmissão para fazer frente ao crescimento de carga e reduzir algumas das restrições existentes. São obras que visam resolver problemas localizados e permitir atender o consumidor com segurança”, diz. “Destaca-se o item 6 por se tratar da licitação da concessão de instalações que integram a interligação internacional entre o Brasil e a Argentina, incluindo compromisso de revitalização necessária.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Fórum das Associações do Setor Elétrico (FASE), composto por 27 entidades setoriais, encaminhou uma carta ao diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se manifestando contra a proposta para o equacionamento do risco hidrológico (GSF, no jargão setorial), apresentada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
De acordo com o documento, a proposta afeta o ambiente regulatório e o sinal de investimentos no País. "Isso produz sinal regulatório perverso que, inevitavelmente, resultará em aumento de preços da energia elétrica em razão da maior percepção de riscos pelos agentes", diz trecho do documento.
A principal crítica é centrada na proposta de redistribuição, que envolve a atribuição do passivo vigente inclusive para agentes que optaram por se manter isentos a qualquer resultado decorrente da liquidação multilateral. O Fase destaca também que já houve uma tentativa anterior, em 2017, de instituir um rateio desse custo, mas que foi rejeitado por 88% das contribuições oferecidas naquela época.
"Assim, embora tal passivo e as possibilidades de sua repactuação tenham se alterado substancialmente nesses últimos cinco anos, os fundamentos da proposta da CCEE permanecem os mesmos, sem argumentos minimamente consistentes, não merecendo prosperar".
Fonte e Imagem: Broadcast Estadão.
A Vestas é fornecedora de equipamentos para os parques eólicos da Casa dos Ventos e agora passa a ser consumidora da energia produzida com os mesmos geradores.
Com meta de descarbonizar sua produção, a fabricante dinamarquesa de aerogeradores Vestas fechou um contrato com a Casa dos Ventos para fornecimento de energia renovável para 100% da sua produção de turbinas eólicas no Brasil nos anos de 2023 e 2024. O valor do contrato e o volume de energia que será fornecido não foram divulgados.
A Vestas é fornecedora de equipamentos para os parques eólicos da Casa dos Ventos e agora passa a ser consumidora da energia produzida com os mesmos geradores. Ao Valor, o diretor de novos negócios da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, afirma que a parceria é importante ao negócio da empresa em prol de uma economia circular e ampliando a questão da sustentabilidade, além de fortalecer o braço de comercialização, com contratos que somam mais de R$ 7,5 bilhões em energia negociada até 2025.
“Temos observado uma procura cada vez maior das empresas de diversos setores por energia eólica e solar motivada pelos valores competitivos, mas também pelas metas de descarbonização. No caso da indústria de equipamentos, não é diferente. Desde que a Casa dos Ventos abriu sua comercializadora, aumentamos nossas opções de contratos e produtos para os clientes, desenhamos um contrato atendendo as necessidades e especificidade da Vestas”, diz Araripe.
Do lado da Vestas, a empresa se comprometeu recentemente em não usar compensações de carbono para ajudar a alcançar a neutralidade de carbono até 2030 e por isso precisa de energia limpa para suprir suas operações.
“A parceria entre as duas empresas já dura cinco anos com o fornecimento de mais de 1,7 GW em equipamentos para os complexos eólicos da Casa dos Ventos. Agora estende-se para o fluxo circular: a Vestas, além de fabricar, instalar e manter os aerogeradores, passa a consumir diretamente a energia gerada, fechando um ciclo virtuoso em prol do objetivo comum: a sustentabilidade”, diz o head de sustentabilidade para a América Latina da Vestas, Jonathan Colombo.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Matéria entra na pauta do Senado e poderá ser avaliada nesta quarta-feira, 14 de dezembro.
O Movimento Energia Justa divulgou uma carta aberta na qual tenta demover os parlamentares do Senado Federal quanto ao PL 2703 aprovado na Câmara dos Deputados. Em letras garrafais a comunicação dos agentes aponta que se aprovado o projeto o setor elétrico terá um custo adicional de R$ 138 bilhões aos consumidores. Assinam a carta a Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Apine, Abraceel, Abradee e Abiape.
As entidades apontam no texto enviado que o custo bilionário é estimado até 2045, cálculo esse efetuado pela Abradee. Argumentam que não há razão econômica, social ou ambiental que ampare a proposta de ampliação de subsídios para uma modalidade que já prosperou, superando as suas próprias projeções de crescimento, graças aos benefícios já concedidos até o momento.
E que prorrogar o prazo para a GD representa uma transferência de renda em que o consumidor que não possui o sistema de geração própria é que pagará esse subsídio concedido. E mais, apontam para a quebra de acordo assinado entre os agentes do setor elétrico, Aneel e Ministério de Minas e Energia, que deu origem à Lei 14.300/22, em vigor desde janeiro.
“Com argumento falacioso de que há atraso por parte da ANEEL na regulamentação da referida Lei, os defensores dos subsídios às avessas preferem esquecer que a própria lei prevê prazo de 18 meses para que a Agência estabeleça os cálculos da valoração dos benefícios, o que confere prazo até 06.07.2023”, acusa a Frente.
O PL 2703 foi aprovado na Câmara dos Deputados em 6 de dezembro com alteração de 12 para seis meses de prorrogação do prazo para acesso aos subsídios para novos sistemas de micro e minigeração e manteve no texto benefícios a PCHs na lei 14.182, que permitiu a privatização da Eletrobras. A matéria está na pauta da sessão desta quarta-feira, 14 de dezembro, no Senado Federal. Caso aprovada nessa casa os interessados terão até 7 de junho de 2023 para acessar a GD com os subsídios estabelecidos na lei 14.300.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Apenas em projetos já outorgados, região receberá R$ 398 bilhões para geração solar e eólica.
A transição mundial para uma matriz de energia limpa poderá alçar o Nordeste a um novo patamar de desenvolvimento econômico. Considerando apenas os 66 GW em projetos já outorgados, a região mais pobre do Brasil deve receber investimentos de cerca de R$ 250 bilhões em parques eólicos de R$ 148 bilhões em usinas solares. A injeção de recursos poderá dinamizar a atividade industrial, que historicamente se desenvolveu menos na região, estabelecendo uma ponte para a economia de baixo carbono e serviços a ela associados.
Apesar da acirrada política de incentivos fiscais implementada por todos os Estados nas últimas décadas, o Nordeste, com 30% da população do Brasil, só responde por 13% do PIB industrial. “A região tem se preocupado com economia do conhecimento, da tecnologia da informação, mas também tem que continuar o processo de industrialização. É preciso recuperar o passivo do século passado, sem deixar que a agenda desse século fique para trás”, afirma Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco e presidente do Consórcio Nordeste.
Estudo da FGV-IBRE indicou que cada R$ 1 investido em um parque eólico se transforma em R$ 2,9 no PIB após 10 a 14 meses, e a cada 1 MW instalado, 10,7 empregos são criados. Os valores consideram impactos diretos, indiretos e induzidos pelo efeito multiplicador dos empreendimentos.
Mais desenvolvida no Brasil, a cadeia de fornecedores para parques eólicos já é uma realidade. Como resultado de uma política de conteúdo local, mais de 80% das turbinas eólicas instaladas no país são fabricadas internamente, segundo Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
No segmento solar, há espaço para crescer. Nos parques nacionais, uma fatia residual das placas solares, feitas de silício cristalino, são produzidas no Brasil. “Competir com China hoje é inviável. A dominância é global”, diz Helton Chagas Mendes, superintendente de supervisão de rede de agências do Banco do Nordeste.
Adriana Waltrick, presidente da SPIC Brasil, afirma que o Nordeste tem as condições logísticas para comprar de qualquer lugar do mundo, mas o crescimento da demanda local poderá atrair indústrias de placas solares para a região. Com ambição de rapidamente figurar entre os três maiores produtores de energia renovável do país, a SPIC, que tem capital chinês, está investindo R$ 6,5 bilhões em parques solares e eólicos no Nordeste. Os empreendimentos somarão mais de 1 GW à capacidade instalada atual da empresa no Brasil, de 3 GW.
Segundo Ricardo Barros, vice-presidente de geração centralizada da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltáica (Abslar), a matriz solar é hoje a mais a mais competitiva no Brasil. No momento com apenas 7 GW instalados, o setor deve, no melhor cenário, alcançar 46 GW de potência até 2030. Metade dos 75 GW já outorgados no país estão no Nordeste. “É acelerado, mas não é ‘wishful thinking’”, diz.
O bom momento do setor está ligado à melhora da segurança para os investidores, depois que o gargalo da ausência de linhas de transmissão foi equacionado. Hoje, antes de receber outorga, os projetos eólicos precisam garantir a disponibilidade das linhas. A partir de 2018, o BNB passou a financiar também os projetos de transmissão, além da geração e distribuição, na região.
Os investimentos previstos podem ser muito maiores se forem implementados os parques eólicos no mar, também chamados de eólicas offshore. O modelo, que já se provou financeiramente viável, precisa ser regulado. A expectativa é que o Ministério de Minas e Energia defina as regras em 2023. Se isso ocorrer, as primeiras offshores podem começar a operar no fim da década.
O salto na capacidade instalada de energia limpa é crucial para viabilizar a operação de usinas de hidrogênio verde (H2V) na região. Produzido exclusivamente por fontes renováveis, o combustível é uma das principais apostas para a transição energética e pode permitir ao Nordeste exportar energia para a Europa.
Dezenas de multinacionais já firmaram acordo com governos do Ceará, Pernambuco e Bahia para estudar a viabilidade de plantas de H2V nas proximidades portuárias desses Estados. Somente no Ceará, há 24 projetos sendo analisados tanto por empresas do ramo de energia quanto por companhias tradicionais em setores que precisam limpar sua cadeia de emissões de carbono para cumprir protocolos internacionais.
A multinacional francesa Qair, que tem 500 MW em eólicas já em operação no Brasil e outros projetos em construção, precisará de mais 8 GW de capacidade eólica e solar apenas para abastecer duas plantas de H2V em fase de estudo, em Pecém (CE) e Suape (PE). Seu plano de investimentos é de R$ 97 bilhões até 2035.
Ao deslanchar a atividade industrial e novos serviços associados à transição energética, o Nordeste poderá reduzir a histórica discrepância de renda da sua população em relação ao restante do país. A região tem renda domiciliar per capita equivalente a apenas de 60% da média nacional - e metade da renda per capita do Sul e Sudeste, segundo o IBGE. Como resultado, o Nordeste tem 21% da sua população em situação de insegurança alimentar grave, segundo a Rede Penssan.
A reversão desse quadro passa também pelo crescimento de setores que são vocações naturais da economia regional, como o turismo, que se recupera após os anos mais críticos da pandemia. Com litoral de praias paradisíacas, o Nordeste tem sete das dez cidades mais procuradas pelos turistas no Brasil, segundo sondagem do Ministério do Turismo com agências e operadores de turismo. Além das capitais Salvador, Fortaleza, Recife, Natal e Maceió, a região está no ranking ainda com Porto Seguro (BA) e Ipojuca (PE), que abriga o balneário de Porto de Galinhas.
Outra vertente de crescimento é a produção de grãos no Maranhão, Piauí e Bahia. Considerando também o Tocantins, a região conhecida como Matopiba, se fosse um país, seria o quinto maior produtor de soja do mundo, com 18 milhões de toneladas na safra 2020/2021. Nos últimos 20 anos, a produção de soja no Matopiba cresceu a uma velocidade de 2,5 vezes a média nacional, enquanto cultivo do milho avançou quase o dobro.
Nas proximidades da bacia do Rio São Francisco, o polo agroindustrial de fruticultura tornou-se um oásis de riqueza em pleno semiárido nordestino. No ano passado, as exportações de frutas do Nordeste alcançaram US$ 695 milhões - ou cerca de R$ 3,6 bilhões - segundo dados da Abrafrutas. A pujança do setor colocou a cidade de Petrolina (PE) entre as que mais geram emprego no país.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Entidade fez levantamento a partir de 55 contribuições à consulta pública do MME sobre abertura total do mercado livre.
Não há no setor elétrico oposição frontal à abertura do mercado livre de energia para consumidores conectados em baixa tensão. Essa é a conclusão de um levantamento feito pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) a partir das 55 contribuições à consulta pública 137/2022 do Ministério de Minas e Energia (MME) sobre a abertura total do mercado livre em dois momentos: 2026 e 2028.
Pela proposta do ministério, consumidores comerciais e industriais poderiam migrar já a partir de 2026. Clientes residenciais e rurais passariam a não ter mais restrições para migração a partir de 2028.
Do total de agentes que contribuíram para a consulta encerrada no início de novembro, 53 participantes (96%) concordaram com a abertura total do mercado, dos quais 15 (26% dos que emitiram opinião) concordaram com o movimento apontando ressalvas. Nas duas contribuições restantes, os participantes não se manifestaram sobre o tema.
Além disso, o que é considerado como o principal entrave à abertura de mercado, a sobrecontratação contratual das distribuidoras não será um problema, na visão dos agentes: das 55 contribuições, apenas 19 agentes (35%) consideram que esse é um tema a ser tratado quando for realizada a abertura da baixa tensão, dos quais 13 (68%) indicaram que o assunto não demanda medidas profiláticas antecedentes e apenas seis (32%) apontaram o contrário, ou seja, que é preciso adoção de medidas prévias para amenizar impactos da sobrecontratação de energia.
Entre os que defendem a adoção de medidas antes de se liberar o mercado, há quem veja risco da sobrecontratação se dar em algumas distribuidoras, mesmo que não haja tendência de sobrecontratação geral. Pelas regras do setor, as distribuidoras são obrigadas a contratar energia em leilões para atender a 100% do consumo de suas respectivas áreas de concessão, com tolerância de 5% a mais. Contratos que correspondem a acima de 105% da demanda não podem ser repassados às tarifas de energia, exceto em caso de sobra involuntária.
Outro dado do levantamento da Abraceel indica que 30 dos 55 participantes da consulta pública (55%) opinaram espontaneamente sobre a criação de um encargo para ratear entre todos os consumidores os eventuais custos dessa sobrecontratação. Dessa parcela, 13 (43%) apoiaram a instituição do encargo, enquanto 17 (57%) foram contrários.
Hoje consumidores conectados em alta tensão com carga mínima de 1 megawatt (MW) podem migrar para o mercado livre. A partir de 1º de janeiro de 2023, consumidores com carga mínima de 0,5 MW em alta tensão podem optar pela migração. Portaria recente do MME estabelece que, a partir de 2024, qualquer consumidor com carga abaixo de 0,5 MW, em alta tensão, pode migrar de mercado.
Para o presidente-executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira, a abertura do mercado de energia para todos os consumidores é um ponto pacífico no setor elétrico, bastando apenas a decisão política. “Alguém precisa assinar o papel, seja o Congresso Nacional ou o governo federal”, disse.
Um tema surgido espontaneamente na consulta pública, de acordo com o levantamento da Abraceel, é o eventual impacto sobre as contas de luz caso consumidores em baixa tensão possam migrar para o mercado livre com o direito de adquirir energia por meio de fontes renováveis, o que permite descontos na tarifa de distribuição, algo que se verifica entre os consumidores de energia em alta tensão.
Desde março deste ano, novos empreendimentos renováveis não têm mais direito a desconto no uso de sistemas de distribuição e transmissão. Usinas com pedido de outorga concedidos até março passado possuem direito, que valem até o fim da autorização concedida pela Aneel.
Das 55 contribuições entregues ao MME, 25 agentes citaram o tema (45%), dos quais 8 (32%) assinalaram que isso não representa um problema para a abertura do mercado e 17 (68%) indicaram o contrário, que o subsídio corresponde, sim, a um problema setorial.
Ferreira salienta que a entidade não defende a concessão de subsídios. Se o mercado de energia elétrica for liberado para o consumidor de baixa tensão, e esse mesmo consumidor tiver o mesmo incentivo para comprar energia renovável, como aquele conectado em alta tensão, o resultado será um custo diretamente relacionado ao benefício tarifário, avalia Ferreira. “Mas, e os benefícios que esse mesmo consumidor terá ao comprar energia até 40% mais barata do que ele compra hoje? Não deveríamos considerar essa economia e calcular o benefício líquido?”, questiona. Estudo recente realizado pela EY para a Abraceel indica que se houver uma abertura completa em janeiro de 2026 resultaria em economia de 18% nas contas de luz.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Maior inserção de fontes renováveis variáveis na matriz elétrica deverá contribuir para o aumento da tecnologia.
Os recursos de armazenamento de energia elétrica, em suas variadas formas, possuem diversas aplicações e são capazes de prestar múltiplos serviços para o setor elétrico. E, para os próximos anos, é esperado que a demanda por esse tipo de tecnologia aumente, especialmente com a maior inserção de fontes renováveis variáveis na matriz elétrica.
De acordo com o conselheiro da Absolar, Markus Vlasits, a demanda por esse tipo de tecnologia deverá aumentar nos próximos anos. “Contudo, barreiras regulatórias, tributárias e a ausência de monetização adequada dos benefícios e serviço dificultam o desenvolvimento da tecnologia no Brasil. A questão do armazenamento é um tema que está em franca expansão no mundo. É uma nova tecnologia e olhando os mercados, principalmente dos EUA, vemos aplicações chaves. É precisa estar na frente do medidor”, disse o executivo durante o encontro anual da Absolar.
Quando cita que é preciso estar na frente do medidor, ele afirma que é necessária uma otimização de redes de transmissão e distribuição e ter uma reserva de capacidade. “Além disso, são importantes os serviços ancilares e as operações no mercado de curto prazo”, afirmou.
Segundo o executivo, os recursos de armazenamento na geração, para gestão de MUST, ainda não possuem viabilidade econômica, porém, na forma de VPP e para reserva de capacidade possuem viabilidade, mas necessitam de ajustes regulatório relevantes.
Ele ainda destacou um estudo em que 70% das empresas entrevistadas manifestaram interesse nos leilões de reserva de capacidade. “As empresas entrevistadas enfatizaram que sistemas de armazenamento possuem atributos técnicos relevantes e seriam competitivos, tendo em vista os atuais níveis de remuneração pagos a geradores termoelétricos”, afirmou Vlasits.
Para o VP de negócios, marketing & inovação da Unicoba, Marcelo Rodrigues, o armazenamento tem cada vez mais espaço. “A nossa matriz é renovável e temos muito orgulho disso. Tem um potencial na Amazônia enorme”, destacou. Cerca de 990 mil pessoas vivem sem energia elétrica na região amazônica.
Ele acredita que o armazenamento trará os principais desafios para impulsionar as baterias no Brasil. “Vai conseguir viabilizar a participação de sistemas de armazenamento nos leilões de reserva de capacidade e oportunidades de prestação de serviços ancilares”.
O executivo alertou que há uma discrepância entre a tributação de sistemas de armazenamento de energia a bateria (SAEB) nacionais e importadas e turbinas para geração de energia.
Por outro lado, o gerente de assuntos estratégicos e regulatórios da You.On Energia, Alino Sato, destacou que as oportunidades de negócios vem da China. “Mais de 80% das baterias estão naquela região”, destacou. Ele afirmou que frente aos grandes países, o Brasil tem apresentado um bom sinal nesse sentido, mas haverá muitas mudanças pela frente.
Já o executivo de relações institucionais e governamentais da WEG, Wagner Setti, destacou que existem no mercado várias tecnologias de armazenamento de energia, como: Eletroquímicas, Eletromagnéticas, Termodinâmicas e Mecânicas. “Vai ter espaço para todos”, afirmou.
Dentre as tendências para armazenamento, Setti declarou que as baterias de lítio devem dominar o mercado no curto e médio prazo. “Outras formas de armazenamento devem ganhar espaço no médio e longo prazo, como o fluxo e hidrogênio. Não deve existir uma tecnologia campeã, a melhor está relacionada à escala do projeto e aplicação”, explicou. Para finalizar, ele ainda afirmou que a forte integração com renovável deve permitir a penetração em novos mercados.
Fonte e Imagem: Canal Enenrgia.
Pesquisa da PwC e do Instituto Acende Brasil aponta que decisões políticas do Legislativo encarecem serviço.
Estudo realizado pela consultoria PwC e pelo instituto Acende Brasil aponta que, de cada R$ 100 que o consumidor brasileiro paga em sua conta de luz, R$ 46 são usados para bancar 11 encargos do setor elétrico e oito tributos federais, estaduais e municipais.
A lista de cobranças é, hoje, um dos principais fatores a puxar para cima o custo da energia que poderá crescer ainda mais nos próximos anos, devido a uma série de decisões políticas que foram empurradas sobre o setor pelo Congresso Nacional.
O levantamento se baseou em dados de 45 empresas do setor elétrico brasileiro, as quais representam cerca de 70% do mercado das geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia.
As informações consolidadas apontam que os tributos e encargos setoriais recolhidos apenas por estas empresas analisadas chegaram, em 2021, a nada menos que R$ 106,1 bilhões, contra R$ 95 bilhões recolhidos em 2020. Isso representa 46% receita bruta operacional das empresas, que chegou a R$ 230,7 bilhões.
Na prática, o cenário mostra que quase metade das contas não remuneram os próprios agentes do setor, mas é usada para outros fins, muitas vezes sem qualquer relação com o setor elétrico. Em 2020, essa participação chegou a ser de 49,1%. A queda no índice deve-se, em linhas gerais, a uma ligeira redução da quota de rateio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que funciona como um guarda-chuva de subsídios ao setor elétrico.
Quando as cobranças são observadas de forma segregada, a carga consolidada de tributos em 2021 chegou a 35,6% da conta, enquanto os encargos setoriais representaram 10,4% da receita bruta operacional das empresas do setor.
“Quando comparado ao ambiente de pandemia de 2020, o ano de 2021 foi marcado pela retomada da economia e por um período de preocupações acerca do abastecimento de energia para o setor produtivo do País. Apesar disso, notamos uma relativa estabilidade na participação dos tributos na cadeia de energia”, disse Vandré Pereira, sócio da PwC.
“É preciso destacar queda na arrecadação e na participação do encargo com a CDE, fruto de uma nova fonte de receita de recursos com Pesquisa e Desenvolvimento, que foi superior ao incremento de despesas, trazendo algum alívio no cômputo geral da carga estimada para o setor de energia.”
Em relação ao cenário previsto para este ano, há uma expectativa de que o peso dos tributos tenha alguma redução, após a decisão que entrou em vigor em julho, estabelecendo o teto de 17% para cobrança de ICMS em todos os Estados.
Segundo Mauricio Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e integrante do governo de transição de Luiz Inácio Lula da Silva, há expectativa de rever o peso de tributos e encargos a partir do próximo ano.
“O setor tem que chegar a um pacto, um acordo para resolver as questões em diálogo, porque o que acontece hoje é que cada setor e agente tenta obter algo para si, tenta passar uma emenda uma lei e quem paga a conta é o consumidor. Vai chegar o momento em que essa conta vai ficar impagável, estamos chegando a esse ponto. Vai acabar todo setor sendo afetado. Temos que buscar um pacto junto com o Congresso também”, disse ele ao Estadão.
Tolmasquim reconhece que, apesar da vontade política, a decisão depende de uma negociação direta com o Congresso. “Não é uma questão fácil e que possa se resolver numa canetada. São questões que dependem de uma negociação com o Congresso.”
O especialista diz que há subsídios pagos por todos os consumidores que “são necessários e legítimos”, mas que outros precisam ser reavaliados. Tolmasquim cita exemplos. “O carvão é um desses casos. Tem que se pensar se a gente deve continuar a subsidiar carvão. Talvez seja mais interessante ter um subsídio para redirecionar as atividades econômicas dos lugares que vivem disso, do que do próprio carvão”, comentou Tolmasquim.
Segundo o membro do grupo de transição, a solução não passa por postergar indefinidamente o funcionamento de usinas térmicas a carvão, mas de criar mecanismos para mudar essa fonte. “O problema maior que temos hoje é que o consumidor subsidia essas tarifas. Ações que deveriam pagas pelo Tesouro Nacional são pagas pelo consumidor de energia.”
Tolmasquim cita ainda o exemplo de uma taxa que subsidia a irrigação, por exemplo. “Acho legítimo que se coloque no orçamento um apoio à irrigação, mas não que todo consumidor tenha que pagar por isso. É a dona do salão de cabelereiro que está pagando, o comerciante, não está correto.”
A equipe de transição fez um levantamento do impacto financeiro de medidas tomadas pelo governo Bolsonaro sobre todo o setor elétrico, com consequências diretas na conta de luz do consumidor. A estimativa do relatório aponta para um rombo de R$ 500 bilhões nos próximos anos, ultrapassando a gestão petista, que vai até dezembro de 2026. Procurado pelo Estadão, o atual governo não quis comentar o assunto.
Fonte e Imagem: Estadão.
Consumidor ganha tempo para aderir à modalidade e usufruir do benefício. Caso seja aprovada, a medida deve aquecer mais o mercado, que é crescente.
A Câmara dos Deputados aprovou, na última semana, o projeto de lei que prorroga por seis meses o prazo para o subsídio para as pessoas físicas instalarem painéis solares, deixando de pagar às distribuidoras. O consumidor ganha mais tempo para instalação de microgeradores (especialmente em residências) e minigeradores (usinas maiores do que 75 quilowatts (kW) que atendem perfil de médio para grande consumidor). A isenção, que é reduzida de maneira gradual, vai até 2045.
A proposta é criticada pelas distribuidoras, que deixam de arrecadar e alegam que se trata de subsídio de custo elevado, que beneficia a população com maior poder aquisitivo. Na Câmara, a aprovação se deu por 260 votos contra 83, o que leva o texto agora para apreciação no Senado Federal. O projeto original era de autoria do deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP), mas o texto final foi o substitutivo do relator, deputado Beto Pereira (PSDB-MS). Conforme ele, a isenção engloba as pequenas centrais hidrelétricas com geração de até 30MW no conceito de minigeração, permitindo o usufruto da isenção da taxa de fio (TUSD B).
O projeto modifica o Marco Legal da Geração Distribuída, sancionado em janeiro de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). A lei previa prazos e compromissos para cada uma das partes, entre eles, o máximo de até 180 dias, contados da data de publicação, para sua integral regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e implementação pelas concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica. No entanto, a agência reguladora teria se omitido do cumprimento dos prazos, o que justifica a votação da proposta para a correção dos desvios na aplicação da lei.
"O principal benefício é restituir um prazo da lei para permitir que as pessoas possam protocolar os seus projetos e se beneficiar da regra atual. Quando a lei foi aprovada, houve grande preocupação que não virasse a chave do dia para a noite nas regras. Também previa seis meses para a Aneel e as distribuidoras passarem a adotar as novas regras previstas na lei. Mas acontece que a Aneel ainda não regulamentou", explica o coordenador do Grupo de Trabalho de Geração Distribuída da Absolar, Guilherme Susteras.
Expansão
Segundo cálculos da Aneel, os subsídios devem somar R$ 5,4 bilhões para os consumidores em 2023. Já quem compra os painéis vê vantagem na redução da conta de energia de R$ 600 a R$ 700 para R$ 90, aproximadamente. O estímulo tem alavancado o mercado.
"Caso seja sancionado, o projeto deve estimular ainda mais o desenvolvimento do mercado de geração própria, exatamente por essa possibilidade de todos os consumidores de terem um prazo adicional para a instalação. Mas eu acho que o ponto-chave aqui é que essa aprovação é necessária por uma questão de justiça. A gente não pode permitir que se descumpra uma lei federal sem que nada aconteça", defende a vice-presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Bárbara Rubim.
Suposto benefício
Para Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, que atua como um observatório do setor de energia no país, o projeto é "absurdo". "Prejudica e muito o consumidor. Esse suposto benefício é o que vem sendo enganosamente propagado", aponta. "O subsídio que foi dado compensa a integralidade da sua conta de luz. Então, se você produz 30% da sua energia, você compensa 30% da conta de luz inteira, que tem vários custos fixos, como os de geração, mas também de transmissão, distribuição, encargos e tributos. Isso significa que os demais custos continuarão incidindo, mas quem produz a energia não vai pagar por isso. Quem irá pagar serão os outros consumidores", detalha o presidente.
A queda dos custos de instalação de painéis de geração de energia solar, alavancada pelo crescimento do setor no mundo todo, combinada com a aprovação do subsídio, fez com que houvesse um crescimento vertiginoso na adesão dos consumidores. O retrato do mês de novembro é um exemplo disso: conforme levantamento da franqueadora Portal Solar, os recursos aplicados nos projetos em residências, comércios, indústrias e propriedades rurais — ou seja, de micro e minigeração — tiveram um crescimento de R$ 76,6 bilhões, registrados até o final de outubro, para R$ 82,9 bilhões na metade de novembro. O salto na expansão corresponde a 8,2% em cerca de 20 dias.
Por conta desses fatores, para Sales, o aumento do prazo tem, ainda, um intuito mercadológico. "Alguns empresários, investidores ou empreendedores veem a chance de ter um retorno extraordinário. E estão lutando com todas as forças que têm, do meu ponto de vista, de uma maneira perversa com relação ao consumidor e a sociedade brasileira para manter e até expandir o retorno que ele consegue ter nesse tipo de investimento, que deixa uma conta gigante para os consumidores", afirma.
Fonte e Imagem: Correio Braziliense.
O coordenador executivo do grupo técnico de Minas e Energia do governo de transição, Mauricio Tolmasquim, afirmou que a equipe irá tentar barrar a votação do projeto de lei que prorroga o prazo para concessão de subsídios para consumidores que geram a própria energia, a chamada geração distribuída, no Senado.
O custo pelo uso dos sistemas de transmissão e distribuição que não é pago por quem tem os sistemas de geração distribuída é rateado entre os demais consumidores de energia elétrica. Segundo cálculos da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o PL aprovado teria um impacto de R$ 138 bilhões na tarifa até 2045.
O texto aprovado pela Câmara adia por seis meses o prazo para que novos projetos de GD tenham direito aos descontos. A proposta altera o marco legal da microgeração e minigeração, sancionado em janeiro deste ano pelo presidente Jair Bolsonaro após uma longa discussão.
O marco determinou que apenas os projetos que protocolarem solicitação de acesso nas distribuidoras até 6 de janeiro seguiriam isentos do pagamento pelo uso do fio e de encargos até 2045. Já para quem fizer a solicitação de instalação após essa data, a lei prevê uma cobrança gradual, até que passem a arcar com todos os encargos.
O setor solar e de geração distribuída alega que a postergação seria uma "questão de justiça", porque a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não regulamentou a lei no tempo previsto de 180 dias, o que estaria prejudicando consumidores interessados em executar projetos antes do início da cobrança.
A proposta aprovada na Câmara também concede, por uma emenda, o mesmo benefício dos sistemas de GD para quem construir pequenas centrais hidrelétricas (PCH) de até 30 megawatts (MW).
Fonte e Imagem: Portal UOL.
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, reuniu o mercado nesta quinta-feira, 8 de dezembro, para apresentar os resultados da iniciativa Mercado Minas e Energia, com as notas técnicas, minutas de portaria e encaminhamentos ao Congresso Nacional, de temas pertinentes às áreas de energia elétrica, mineração, e petróleo e gás natural.
Durante seu discurso, no qual ressaltou que a pasta cumpriu o combinado, deixando um legado para o próximo governo, a equipe de transição de Minas e Energia do governo eleito também estava ao vivo abrindo os números do seu diagnóstico feito no setor.
“Que ninguém diga que não está pronto, que teve terra arrasada. Que ninguém diga que está recebendo uma herança maldita, porque esse governo está deixando uma herança bendita para o próximo. Seja no lado fiscal e econômico, no lado de energia, mineração, petróleo e gás natural, ou na agenda de agricultura. Escolha qualquer uma. O próximo governo vai ser o mais sortudo da história”, disse o ministro Adolfo
Sachsida que no próximo dia 11 completa sete meses à frente da pasta.
Quase simultaneamente ao discurso, Maurício Tolmasquim, coordenador-executivo do grupo de trabalho da equipe de transição de Minas e Energia, entrava ao vivo com os demais membros de sua equipe para dizer que o cenário era diferente.
“Esse governo deixa uma herança ruim e que terá que ser paga pelo consumidor de energia elétrica. Tentamos somar todo esse custo que vai ficar para o consumidor pagar nos próximos anos, e chegamos a cerca de R$ 500 bilhões se nós trouxermos tudo para hoje, em termos nominais”, falou Tolmasquim, que é nome cotado para assumir a pasta de Minas e Energia do próximo governo.
A origem dos impactos para a soma apresentada pelo GT decorre, principalmente, do empréstimo às distribuidoras de energia elétrica durante o período de isolamento social da pandemia de covid-19 e da escassez hídrica, refletidas em R$ 23 bilhões para a Conta-Covid e em R$ 6,5 bilhões para a Conta Escassez Hídrica.
No caso da contratação de termelétricas do Procedimento Competitivo Simplificado (PCS), chamado de leilão emergencial e realizado em outubro de 2021, a conta repassa o montante de R$ 39 bilhões. Segundo Tolmasquim, para essa questão, o grupo quer “fazer algumas ações para ver se esse valor pode ser reduzido”.
No cálculo dos R$ 500 bilhões, a equipe de transição da pasta ainda inclui R$ 368 bilhões das “famosas consequências das emendas do projeto de lei de privatização da Eletrobras” para a contratação compulsória de usinas a gás natural e da reserva de mercado para as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), de R$ 55 bilhões.
Tolmasquim ainda afirmou que essa dívida deve acompanhar os próximos governos, ressaltando que o ministro que assumir terá de executar “todas as ações possíveis para reduzir as contas nos próximos anos”, mas que ainda existe espaço para negociação.
"É uma questão muito grave, pois o custo de gerar energia é muito barato. Porque nossas fontes são baratas, temos bons recursos naturais, agora a tarifa que o consumidor paga é exorbitante, uma das mais caras do mundo. O que estamos vendo agora é mais pressão sobre as tarifas ao consumidor e temos de agir para evitar isso", completou.
Além dos custos, Tolmasquim ainda falou de questões ligadas ao Estado, de suas autarquias e entidades setoriais. "A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que faz o planejamento setorial, perdeu praticamente todo o seu pessoal, também a PPSA que faz a gestão dos recursos de petróleo da União e temos a questão de alguns decretos que 'abriram um pouco a porteira' para a mineração ilegal e isso vai ser explorado aqui".
O senador Jean Paul Prates (PT-RN), coordenador do subgrupo de petróleo, gás natural e biocombustíveis do GT, também fez críticas aos orçamentos destinados às agências reguladoras, como a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Pré-sal Petróleo (PPSA) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
“[Elas] vivem em estado calamitosos em termos de finanças, e isso puxa do orçamento público sem contribuir. São órgãos que geram para o orçamento público receita bilionária, mas estão com dificuldade para pagar salário de funcionários neste mês de dezembro, por exemplo. A EPE faz todo planejamento, não só do setor de petróleo, e teve um terço do seu staff reduzido”, concluiu.
Sobre a Petrobras, Prates avaliou que a estatal vive um “futuro nebuloso”, já que virou uma empresa que só distribui dividendos, faz desinvestimentos e não faz parceria com empresas grandes e de “qualidade”. O senador afirmou que a estatal movimentava 13% do PIB, em 2014, caindo para 7,6% em 2022 “Nós temos alguns pontos de alerta e encaminhamos uma solicitação expressa, para que não seja retomado um projeto ou outro, mas para que seja realizada uma reanálise dos processos de desinvestimento que já foram iniciados. Antes que façam especulação sobre isso, toda administração nova precisa saber o que está acontecendo”, disse o senador.
Durante os quatro anos de governo do presidente Jair Bolsonaro, a pasta foi comandada, em sua maior parte do tempo, pelo Almirante Bento Albuquerque. Em maio, Adolfo Sachsida assumiu o cargo.
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O portal EPBR informa que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) marcou a continuidade da regulação das eólicas offshore para o 1º semestre de 2024. A nova agenda regulatória foi aprovada ontem (06/12).
Por decisão do governo federal, a Aneel é a principal responsável pela contratação das áreas marítimas para geração de energia. De acordo com a reportagem, regras para o hidrogênio verde ficam para depois. A agência entendeu que faltam diretrizes políticas para avançar nesse tema.
BNDES contratará fundo para promoção da eficiência energética O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a provou acontratação do FIP GEF Climate Solutions, que alcançará cerca de R$ 1 bilhão de capital comprometido para empresas vocacionadas com a eficiência na utilização de energia e outros recursos. A mitigação dos efeitos associados a mudanças climáticas é um tema estratégico para o sistema BNDES, em aspectos ligados ao compromisso socioambiental e ao desenvolvimento do mercado de capitais.
Por meio de seu braço de participações, a BNDESPAR, o Banco terá participação de até 15% da cota do fundo, o que representa R$ 150 milhões. O projeto foi acolhido na modalidade consulta prévia, com a observação de critérios como percentual máximo de participação e de subscrição de capital, além de análise do histórico do gestor.
Com essa iniciativa será possível a ampliação do volume de recursos internacionais na economia brasileira, já que sua entrada alavancará recursos de outros investidores. O Fundo terá como gestor a GEF Brasil Investimentos Ltda. Sediada em São Paulo, a companhia é vinculada à GEF Capital Patners, gestora global com foco em soluções climáticas que possui atividade também nos Estados Unidos e Índia.
A maior parte do Capital Subscrito inicial do FIP GEF Climate provém de investidores estrangeiros, dentre eles a European Investment Bank (“EIB”) e a Proparco (vinculado à Agence Française de Développement – AfD), com recursos somados de US$ 65 milhões. As informações são do BNDES e estão disponíveis no site do banco.
Eneva vê potencial em projetos de energia para ligar a Amazônia ao SIN
O diretor de Relações Externas na Eneva, Damian Papolo, condenou nesta quartafeira (07/12) a contradição vivida pela Amazônia, que ao mesmo tempo exporta energia, mas vive em “situação energética deplorável”. A empresa, que é a maior operadora privada de gás natural no país, vê potencial em negócios que possam garantir a integração da Amazônia ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que concentra o sistema de produção e transmissão de energia elétrica no país, segundo o executivo.
“Parte do problema aqui é que precisamos começar a entender o problema energético do ponto de vista amazônico. Não adianta ter a Amazônia exportando energia para o resto do país e ter eles mesmos sendo supridos com um sistema precário”, disse Pappolo, sinalizando o potencial de negócios, ao participar do BNDES Day, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Centro do Rio.
“Um dos grandes projetos que podemos vislumbrar do ponto de vista privado e industrial é poder substituir o diesel nos sistemas isolados da Amazônia por gás natural na sua forma liquefeita, utilizando a grande infraestrutura natural que a região oferece, que são as hidrovias”, afirmou. (Valor Econômico).
Enauta registra queda na produção em novembro, para média de 17,8 mil barris por dia.
Em comunicado ao mercado, a Enauta informou que sua produção total atingiu 533,9 mil barris de óleo equivalente (boe), ou produção média diária de 17,8 mil boe, no mês de novembro, em volume incluindo óleo e gás.
Em outubro, a média total havia sido de 20,3 mil boe. Em 2022 como um todo, a média é de 16,3 mil boe, de acordo com a Enauta. A empresa opera apenas um ativo produtor, o campo de Atlanta, na Bacia de Campos, e tem participação de 45% na área de Manati, na Bacia de Camamu. A produção diária da Enauta em Atlanta alcançou 12,9 mil boe em novembro, de 14,7 mil boe em outubro, e em Manati atingiu 4,9 mil boe, depois de reportar 5,6 mil boe no mês anterior. (Valor Econômico)
“Estamos vivendo uma revolução na área de energia”, diz presidente da Vale O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, afirmou hoje que o mundo vai produzir este ano 11 milhões de carros elétricos e ressaltou que está em curso uma “revolução” energética global. O executivo participa do Vale Day, na Bolsa de Valores de Nova York.
Bartolomeo ressaltou que a eletrificação de veículos beneficia mineradoras capazes de produzir os metais utilizados em baterias elétricas, como níquel e cobre. Nesse sentido, o executivo indicou que o valor de mercado das mineradoras pode estar subavaliado. Ele frisou que as grandes mineradoras do mundo têm valor de mercado de US$ 670 bilhões, enquanto a Tesla, fabricante de veículos elétricos, tem, sozinha,
valor de mercado semelhante, de US$ 570 bilhões. (Valor Econômico).
PANORAMA DA MÍDIA
O Valor Econômico informa que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve começar a anunciar no dia 13 de dezembro os futuros ministros de seu governo. A estratégia entre seus articuladores políticos é que o MDB tenha dois ministérios, o PSD um mais robusto e o União Brasil uma pasta e uma estatal. Segundo fontes da reportagem, Lula ainda não começou a negociar esses espaços, o que só fará após a diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na segundafeira (12/12), às 14h.
Fonte e Imagem: MegaWhats.
Associação projetou ainda que, em 2023, a fonte renovável deverá gerar mais de 300 mil novos empregos.
O parque gerador brasileiro da fonte solar fotovoltaica deve crescer 10 gigawatts (GW) em 2023, ou 42,4% ante a potência solar estimada para o fechamento de 2022, alcançando mais de 34 GW, segundo estimativas divulgadas pela associação setorial Absolar nesta quarta-feira (7).
Dos 34 GW, a entidade estima que 21,6 GW serão provenientes de pequenos e médios sistemas solares instalados pelos consumidores nas residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos. Essas instalações, classificadas como “geração distribuída”, devem somar 23,87 GW ao final deste ano.
A potência restante, de 12,4 GW, estará concentrada nas grandes usinas solares, ou “geração centralizada”, que deve fechar 2022 com 7,77 GW.
A Absolar projetou ainda que, em 2023, a fonte renovável deverá gerar mais de 300 mil novos empregos, e os novos investimentos no setor poderão ultrapassar a cifra de 50 bilhões de reais.
Segundo a Absolar, as projeções foram feitas com base em um cenário conservador, considerando fatores macroeconômicos, mudanças de governos federal e estaduais, efeitos de políticas energéticas e possíveis consequências da modernização do setor elétrico, entre outros.
“Projetamos um crescimento consistente da energia solar em 2023, impulsionado pelos aumentos na conta de luz e pelos benefícios proporcionados pela fonte a todos os consumidores brasileiros”, disse Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da Absolar, em nota.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Projeto de lei que trata sobre isenção a energia solar teve mudanças para beneficiar pequenas hidrelétricas.
A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (6), uma proposta que prorroga por mais seis meses a entrada em vigência do Marco Legal da Geração Distribuída e pode causar aumento na conta de energia, além de incluir um "jabuti mutante" com potenciais impactos ambientais.
A proposta original previa a prorrogação por 12 meses. Após pressão de parlamentares de oposição, o relator Beto Pereira (PSDB-MS) alterou a proposta e reduziu esse prazo pela metade. O texto agora vai ao Senado Federal.
Segundo a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), mesmo com a concessão feita pelo relator, o impacto da medida aprovada é de R$ 118 bilhões até 2045.
Somente com a prorrogação da entrada em vigência do novo marco regulatório traz um impacto de R$ 39 bilhões.
"A manutenção e ampliação de subsídios para uma categoria que não necessita disso, porque já é altamente rentável, vem em detrimento da população de menor renda", afirmou o presidente da Abradee, Marcos Madureira.
"Traz custos elevados a serem pagos pela população brasileira em benefício de uma categoria", completou.
O projeto inicialmente tratava apenas da isenção concedida à chamada geração distribuída —majoritariamente, energia gerada por painéis solares.
Mas ao projeto foi acrescido um jabuti que determina que térmicas a gás sejam substituídas por PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e estende o direito a isenção da geração distribuída para esses projetos híbridos.
Jabuti é o jargão para definir um trecho sem relação com a proposta original de um projeto de lei, como é este caso.
A mudança nessa proposta é considerada tão drástica que está sendo qualificada de "jabuti mutante", explica Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia. A entidade vem reunindo esforços para deter o avanço da conta luz em iniciativas como essa no Congresso.
Durante a tramitação da privatização da Eletrobras, os congressistas inseriram no projeto a obrigatoriedade de se construir 8.000 MW (megawatts) de térmicas a gás. Essas térmicas ficaram conhecidas como jabutis da Eletrobras.
Desse total, 2.500 MW teriam de ser instaladas no Centro Oeste.
A proposta do deputado Beto Pereira, dizem os especialistas, é um novo jabuti para mudar o velho. Converte 1.500 MW de térmicas do Centro Oeste em centrais hidrelétricas de menos porte, como 30 MW. Esses novos projetos, além de não pagarem pelo uso do fio, ficariam isentos dos demais subsídios previsto para o segmento de GD, que em parte hoje são pagos por esse tipo de empreendimento.
Essas alterações trazem um impacto adicional ao projeto de R$ 79 bilhões, diz a Abradee
A proposta também é vista como um risco ambiental. Como cada PCH teria no máximo 30 MW, seria necessário espalhar milhares de pequenos projetos pelo Centro Oeste, onde estão reservas ambientais importantes, com o pantanal.
"Nós já éramos contra a mudança original desse PL, que amplia o prazo do subsídio, pois se trata de uma injustiça social cobrar do mais pobre um benefícios que favorece o consumidor mais rico", diz Barata.
Já a Abrapch (Associação Brasileira de PCHs e CGhs) defende a medida e diz que a inclusão das PCH resultará, na verdade, em uma economia de R$ 13 bilhões ao país.
"Tal afirmação justifica-se a partir de uma análise dos preços médios praticados nos últimos leilões de energia, onde o preço teto do leilão de energia nova (A-5) para PCHs foi de R$ 352/MWh, enquanto os preços-tetos dos leilões de térmicas da Eletrobras foram de R$ 444/MWh, resultando em uma economia de mais de R$ 13 bilhões", afirmou a presidente da entidade, Alessandra Torres de Carvalho, por meio de uma nota.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo,
Texto concede benefício também a PCHs, com impacto bilionário para conta de energia.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, por 260 votos a 83, projeto de lei que adia por seis meses o prazo para concessão de subsídios para consumidores que instalarem placas de energia solar. Além disso, foi concedido o mesmo benefício para quem construir pequenas centrais hidrelétricas (PCH) de até 30 MW.
A proposta elevará a conta de luz dos demais consumidores em R$ 118 bilhões até 2045, segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). O texto segue para análise do Senado Federal.
O projeto ainda obriga o governo federal a contratar 1.500 MW de pequenas centrais hidrelétricas de até 50MW na região Centro-Oeste. Essa contratação era parte dos “jabutis” incluídos por parlamentares em troca da aprovação da privatização da Eletrobras. Na época, exigiu-se a contratação de 2.500 MW de térmicas a gás, mas agora parte dessa energia poderá ser contratada por meio de PCHs. Os contratos precisam ser fechados pelo governo até 2023.
A proposta foi criticada pelo PT, partido que comandará o governo federal a partir de janeiro. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que o projeto onera aqueles que não tem condição de pagar a instalação de placas de energia solar. “Queremos energia limpa, queremos energia renovável, mas queremos energia barata”, afirmou. “Precisamos organizar nossa matriz energética e esse projeto não ajuda em relação a isso”, criticou.
Parte dos deputados reclamou que o prazo para acabar em 7 de janeiro de 2023 a concessão do subsídio para a instalação de microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica foi fruto de um acordo para aprovar o marco legal do setor no ano passado e que houve um ano para os consumidores aderissem.
Relator da proposta, o deputado Beto Pereira (PSDB-MS) rebateu que o acordo foi descumprido pelo governo porque o Conselho Nacional de Política Energética não estabeleceu nos seis meses exigidos pela lei as diretrizes para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calcular o valor dos benefícios da energia solar.
“Trazer esse debate novamente à Casa é uma necessidade, tendo em vista o descumprimento da lei por parte do governo”, disse.
Além disso, o relator criou esse subsídio para quem construir, nos próximos dois anos, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) de até 30 MW. A proposta, segundo a Abradee, R$ 56 bilhões para os demais consumidores até 2045, que terão que arcar com os custos desse incentivo. "Para não perderem a alta margem de lucro obtida por tais subsídios, as empresas que investem na Geração Distribuída não se conformam em seguir o que foi acordado por elas mesmas durante a construção do Marco Legal", protestou a Abradee em nota.
Os petistas tentaram barrar a aprovação, mas tiveram o apoio apenas de Psol, Novo e PCdoB e foram derrotados por um acordo entre os demais partidos. O governo Jair Bolsonaro não se manifestou sobre o adiamento do subsídio para a geração de energia solar, mas defendeu a exclusão do artigo que estende o benefício para as PCHs. O PL, partido do presidente.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A nova diretora da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agnes Maria de Aragão da Costa, tomou posse nesta segunda-feira, 5 de dezembro, pautando seu discurso nos pontos de confiança que devem existir entre o regulador, entidades setoriais, mercado e poder público.
“Muito me assusta quando um grupo de agentes, ou grupos de interesse, quando ficam descontentes com esse processo enorme, longo e participativo, recorrem aos outros poderes para tentarem fazer valer os seus interesses individuais”, disse a nova diretora, depois de destacar a transparência e participação pública nos processos de deliberação de normas pela agência.
Agnes da Costa ainda destacou a legitimidade dos pleitos, mas que isso não é bom para o setor, sendo contrário aos nossos objetivos e à lógica do mercado, demonstrando, assim, a primazia do interesse individual sobre o coletivo.
No último mês, dois projetos discutidos pela Câmara dos Deputados foram criticados pelos diretores da Aneel. Entre eles, a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 365/2022, de autoria do deputado federal Danilo Forte (União-CE), suspendendo duas resoluções que mudaram o sinal locacional das tarifas de uso dos sistemas de transmissão (Tust) e distribuição (Tusd).
Além do projeto aprovado, a Câmara ainda pautou o Projeto de Lei (PL) 2.703/2022, de autoria do deputado Celso Russomano (Republicanos-SP), que propõe o adiamento por 12 meses do período em que novos usuários de sistema de geração distribuída podem solicitar sua conexão à distribuidora e obter os benefícios atuais concedidos no âmbito da Lei 14.300/2022, o marco legal da GD.
Para o primeiro, a expectativa da a Frente Nacional dos Consumidores (FNC) aponta um impacto de 2,4% no custo de energia para os consumidores do Nordeste e de 1% para os consumidores da região Norte. Para o segundo, a expectativa da Aneel é de R$ 25 bilhões nas contas de energia nos próximos anos, sendo apenas em 2023, R$ 1,4 bilhão a mais no orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético.
Colaboração
Sobre a mesma pauta de confiança, destacou a colaboração da agência com os outros poderes, levando as melhores informações e fundamentações para que possam reconhecer o que está em jogo a cada alteração legal e cada decisão judicial para o setor elétrico e para os brasileiros.
“A gente tem que confiar na regulação e tem que confiar nessa instituição [Aneel]”, disse a diretora ressaltando também a confiança no corpo técnico de servidores da instituição.
Outro ponto destacado é que com tantas pautas em discussão e expansão do setor não se pode ter receio em falar de maximização dos lucros. A confiança também foi ressaltada na construção de um setor elétrico melhor para o futuro, o qual, segundo a diretora, já chegou.
“As transformações vem ocorrendo numa velocidade sem precedentes, então a gente não pode deixar que urgências do dia a dia façam com que a gente pare de enxergar o que é realmente importante”, falou Agnes Aragão da Costa.
Entre o que realmente pode ser considerado como importante, está a inteligência de trabalhar as novas tecnologias, a descarbonização e a transição energética, criando as melhores soluções para o benefício da sociedade.
“Esse momento da transição energética é muito sensível para o mundo e temos tudo para fazer isso bonito no Brasil com tantos recursos energéticos. O investidor quer investir, então cabe a nós como setor público mostrar o Norte e o caminho muito fértil para buscar soluções e construir esse futuro mais descarbonizado e mais justo”, concluiu a nova diretora.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Valores que serão aplicados a partir de janeiro somam 35.675,7 MW médios, uma redução de 3,54% em relação aos montantes atuais.
O Ministério de Minas e Energia publicou portaria com os novos valores de garantia física das usinas hidrelétricas, válidos a partir de 1° de janeiro de 2023. O montante somado é de 35.675,7 MW médios, com redução de 3,54% (1.261,3 MW médios) em relação aos valores atuais.
A revisão abrangeu 120 das 150 usinas despachadas centralizadamente pelo Operador Nacional do Sistema. Elas representam 80% desse parque hidrelétrico.
O Ministério de Minas e Energia recebeu as declarações da Taxa Equivalente de Indisponibilidade Forçada (Teif) e da Indisponibilidade Programada (IP) de 82 dos 87 empreendimentos que poderiam fazê-lo.
Parte das UHEs que passaram por revisão ordinária de garantia física este ano não tinha enviado as informações de Teif e IP ao MME. O ministério revogou uma primeira portaria com os valores da revisão e estabeleceu prazo ate 22 de novembro para que os geradores apresentassem os comprovantes de envio. Veja a Portaria 709, do MME.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Pelo menos duas empresas estão dispostas a pagar pelo acesso à rede elétrica e a assegurar logística nos portos, garantindo ao Governo terem capacidade de instalar parques fora do âmbito do leilão
O Governo mantém-se otimista quanto à concretização do leilão eólico offshore, garantindo já ter recebido propostas de interesse de várias empresas a nível nacional e internacional. “Já fomos contactados por muitas empresas”, afirmou João Galamba.
A iniciativa, que prevê instalar parques de energia eólica no alto mar com até 10 gigawatts (GW) de capacidade, deverá arrancar já em 2023 e, de acordo com o Secretário de Estado da Energia, existem pelo menos duas empresas que apresentaram propostas para a instalação de parques fora do âmbito do leilão. Estas empresas, revela, estão disponíveis para pagar pelo acesso à rede elétrica e assegurar a logística que é necessária relativamente aos portos, posteriormente.
“Fomos surpreendidos com algumas empresas, nomeadamente duas, que querem avançar sem leilão porque avançam sem necessidade de qualquer tarifa nem nenhum mecanismo de apoio”, revelou João Galamba, sem identificar as empresas, acrescentando que estas entidades querem “pagar elas próprias a rede [elétrica] e assegurar a logística necessária dos portos”, disse esta segunda-feira, durante a sua intervenção no EVEx Lisboa, na Universidade Nova.
Atualmente, Portugal conta com um modelo centralizado e de desenvolvimento da rede, estando o operador da rede de transporte de energia, a REN, responsável pela construção da ligação elétrica, tal como acontece com os projetos de energia eólica instalados em terra.
“Se houver projetos que dão uma garantia financeira de que fazem isso [fazer um acordo direto com a REN e pagando por tudo], então não faz sentido pedir para esperarem pelo leilão. Da mesma maneira que se algum produtor disser à REN ou à E-REDES que paga a rede [elétrica], a não ser que haja concorrência, esses projetos, na medida das possibilidades, avançam”, garantiu Galamba.
Desde que o Governo anunciou a realização de leilões para o eólico offshore em 2023, várias empresas admitiram o seu interesse em participar, nomeadamente, a alemã BayWa r.e, a Ocean Winds (um consórcio da EDP e da francesa Engie), a dinamarquesa Orsted, a joint venture irlandesa e espanhola Iberblue Wind, a Iberdrola e a TotalEnergies.
Governo garante já ter aprovado 70 projetos de comunidades de energia
O secretário de Estado da Energia garante que foram aprovados 70 projetos de comunidades de energia, reconhecendo que as entidades públicas e operadores de rede têm que ser reforçados para dar resposta ao volume de pedidos que têm chegado.
“Continuamos a apoiar o autoconsumo coletivo e as comunidades de energias renováveis”, começou por garantir durante a sua intervenção no Evex Lisboa, esta terça-feira, na Universidade Nova. “Foram aprovados cerca de 70 pedidos pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG)”, disse, esclarecendo que as restantes ainda estão a ser analisadas pela E-REDES.
“A transformação ao nível das comunidades e da produção descentralizada coloca enormes desafios sobre todas as entidades públicas e o Governo é o primeiro a reconhecer que a DGEG e a Agência Portuguesa para o Ambiente têm que ser reforçadas porque não foram dimensionadas para isto”, admitiu, acrescentando que o mesmo acontece com a E-REDES e a Redes Energéticas Nacionais (REN).
João Galamba aproveitou o momento para deixar claro que nenhuma das entidades foi “dimensionada para esta realidade” e frisou que o Executivo e o Ministério do qual integra são “compreensivos” com as dificuldades sentidas. “Estamos a trabalhar com o TSO na resolução destes problemas“, garante.
Em causa está uma notícia avançada pelo Público, no passado sábado, 26 de novembro, em que o próprio Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) informava o jornal de que apenas três projetos de comunidades de energia tinham sido licenciados pelas entidades responsáveis, indicando que cerca de 170 se encontravam ainda em processo de análise.
Fonte e Imagem: CNN Portugal.
A Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel) aponta que a troca de termelétricas - estabelecida pela lei de privatização da Eletrobras - por pequenas centrais hidrelétrica (PCHs), emenda proposta no Projeto de Lei n° 2.703, de autoria do deputado Celso Russomano (Repuplicanos-SP), resultará em uma economia entre R$ 8 bilhões a R$ 13 bilhões para o consumidor.
O projeto, pautado para a sessão da Câmara desta sexta-feira, 2 de dezembro, passou por alterações preliminares, com ampliação dos tipos de projetos que podem ser enquadrados na categoria de geração distribuída, incluindo pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) de até 30 MW de potência, e a troca de termelétricas ‘jabutis’ do Centro-Oeste por hidrelétricas.
“Basta comparar os preços-teto dos leilões de térmicas da Eletrobras (R$ 444/MWh) e do leilão de energia nova A-5 (R$ 352/MWh para PCHs) e demonstrar que o consumidor final pagará menos pela energia. [...] Se a comparação for feita considerando os preços médios praticados nestes certames, a economia seria de mais de R$ 13 bilhões”, diz a entidade, em nota.
Pelos cálculos da Abragel, considerando o histórico de entrada em operação de PCHs nos últimos anos, mesmo com o aumento da potência, o montante dos novos projetos não chegaria a 1% da capacidade instalada da fonte em geração distribuída, já que, atualmente, as pequenas hidrelétricas representam apenas 0,5% dos empreendimentos em GD, enquanto usinas fotovoltaicas são responsáveis por 97% desses sistemas.
Para a associação, a inclusão de PCHS de até 30 MW na GD busca “equalizar” as diferentes tecnologias, pois uma competição entre as diferentes fontes só será possível se tiverem as mesmas oportunidades. Fonte e Imagem: MegaWhat.
Proposta prevê isentar donos de centenas de pequenas hidrelétricas do pagamento de encargos e custos com linhas de transmissão. Conta teria de ser bancada por todos os demais consumidores de energia do País.
Uma nova emenda, incluída a toque de caixa em um projeto de lei que tramita na Câmara, propõe isentar donos de centenas de pequenas hidrelétricas do pagamento de encargos e custos com linhas de transmissão. Essa conta, no entanto, teria de ser bancada por todos os demais consumidores de energia do País.
A proposta foi incluída nesta quarta-feira, 30, no projeto de lei (PL) 2703/2022, de autoria do deputado Celso Russomanno (Republicanos/SP), prevê que consumidores de energia elétricas que instalam placas de painel solar e passam a gerar a própria energia deixem de pagar contas de transmissão e distribuição porque, teoricamente, não usariam mais essas estruturas externas.
Pela emenda, esse “benefício” também deve ser dado para empresários que instalarem suas “pequenas centrais hidrelétricas”, as chamadas PCHs, voltadas para consumo próprio. Para tentar viabilizar a medida, a emenda mexe no que está previsto na lei da privatização da Eletrobras, que prevê a construção de 8 mil megawatts (MW) de geração por usinas térmicas a gás em determinadas regiões do País, áreas que não possuem gás.
A ideia do deputado Beto Pereira (PSDB-MS) é que a cota de usinas térmicas previstas para a região Centro-Oeste, de 2,5 mil MW de usinas térmicas, seja convertida agora em 1,5 mil MW de pequenas hidrelétricas, mantendo apenas 1 mil MW de projetos para térmicas.
Para especialistas do setor, trata-se de uma forma de garantir vantagens para empresários locais, como donos de fazendas e empresas que têm condições de construir essas estruturas em rios locais, repassando custos para os demais consumidores de todo o País. Há apreensão no Congresso, porque parlamentares se mobilizam para aprovar ainda nesta quarta-feira o projeto de lei que carrega este novo “jabuti”.
“No apagar das luzes do governo, o Congresso decide fazer o planejamento do setor elétrico. Somos totalmente contrários ao projeto, ainda mais agora com uma emenda jabuti que aumenta mais o custo para o consumidor e amplia uma reserva de mercado, além de programar a oferta de energia sem que haja demanda”, diz Luiz Eduardo Barata, presidente da frente Nacional dos consumidores de Energia.
Segundo Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), “o projeto cria um enorme desequilíbrio no setor elétrico” e aumenta ainda mais o custo da energia para os consumidores. “Essa não é uma discussão sobre sustentabilidade ou energia renovável, é um debate sobre planejamento do setor e o mais pobre pagando pelo mais rico”, comentou.
Energia solar
Como mostrou reportagem do Estadão na semana passada, o PL 2703/2022 prevê que consumidores de energia que instalam placas de painel solar e passam a gerar a própria energia deixem de pagar contas de transmissão e distribuição, porque, teoricamente, não usariam mais essas estruturas externas.
Ocorre que, na prática, todos utilizam essas redes em algum momento do dia, já que estão conectadas às redes de distribuição e não são abastecidos 100% do tempo ou integralmente pela energia solar que produzem. Ainda assim, a lei isenta esses consumidores de qualquer tipo de cobrança por transmissão e distribuição – o que, consequentemente, faz com que todos os demais consumidores, principalmente aqueles que não têm condições de instalar seus sistemas próprios, banquem a conta de transmissão e distribuição.
O que se pretende fazer agora é que este mesmo benefício seja dado aos empresários que construírem novas centrais hidrelétricas para uso próprio.
Pela lei atual, nº 14.300, cada consumidor que instalar um sistema próprio de microgeração pode pedir a isenção das cobranças até janeiro de 2023, mantendo esse benefício até 2045. O que o novo projeto de lei faz é dobrar esse prazo de adesão, para 6 janeiro de 2024. Pela lei atual, nº 14.300, cada consumidor que instalar um sistema próprio de microgeração pode pedir a isenção das cobranças até janeiro de 2023, mantendo esse benefício até 2045. O que o novo projeto faz é dobrar esse prazo de adesão, para 6 janeiro de 2024.
Fonte e Imagem: Estadão.
O coordenador do GT (grupo de trabalho) de energia da equipe de transição, professor Maurício Tolmasquim, disse não ser favorável à votação de nenhum projeto de lei na Câmara dos Deputados, ou no Senado Federal, sobre o setor de energia nestes últimos dias do governo de Jair Bolsonaro.
Segundo Tolmasquim, em relação à matéria mais estrutural, como a reformulação do modelo, o objetivo é que fique para 2023. Já sobre os projetos mais pontuais, como o que prorroga prazo para subsídios para solar imediatamente; e o que derruba uma decisão da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) para cobrança de transmissão, o posicionamento do coordenador do GT de energia é totalmente contrário.
PL de abertura do mercado
A respeito de um dos temas mais discutidos ao longo do ano, o PL 414/2021, que propõe a abertura do mercado de energia e a modernização do setor, o coordenador de energia da equipe de transição disse que é preciso que haja uma postergação da votação, cuja expectativa era para o fim deste ano.
O Ministério de Minas e Energia recomendou alguns pontos ao relator, deputado Fernando Coelho Filho (União-PE), e uma versão mais recente está em elaboração.
“Não tem como apoiar sem saber o conteúdo, e o mais prudente seria assumir o novo ministro. Portanto, o ideal seria que essa votação ficasse para 2023”, disse. Ele frisou, porém, que não é contrário à abertura do mercado em si: “Não somos contra. A gente considera importante a abertura”, disse, em entrevista à Agência iNFRA.
GD solar
Já em relação ao PL 2.703/2022, que posterga em 12 meses o prazo para que microgeradores solares possam obter o subsídio do uso da rede, o professor é totalmente contra o seu conteúdo.
“Não somos favoráveis à aprovação do 2.703”, afirmou. Para ele, a energia solar continuará bastante competitiva, e não são necessários mais subsídios a ela.
“Na lei [14.300, de Geração Distribuída], o período de transição é muito longo [para que os subsídios caiam]. Não é necessário estender o prazo em 12 meses para que a fonte continue atrativa e a crescer. Isso não terá impacto no crescimento da fonte solar. É claro que existem argumentos dos dois lados, mas já houve uma discussão a respeito e é uma questão que não dá para abrir.”
Transmissão
Outro projeto, o PDL (Projeto de Decreto Legislativo) 365/2022, que derruba uma decisão da ANEEL sobre a cobrança da TUST (tarifa de transmissão), o sinal locacional, onde os geradores mais longe dos centros de consumo passam a pagar mais caro pelo uso do fio, Tolmasquim também disse ser contrário à sua votação. O PDL já foi aprovado pelos deputados e está no Senado.
O especialista em energia afirmou que a aprovação desse texto “colocaria em risco a autonomia e a independência das agências e é um sinal ruim para os investidores”.
“Essa medida ficou mais de 400 dias de consulta pública com os agentes, e no fim do rito foi aprovada a resolução”, pontuou.
Para Tolmasquim, assim como no caso da fonte solar, a energia eólica continua competitiva, mesmo com a mudança na TUST. “Fora que não é justo com a população do Nordeste, que, tendo a energia eólica lá, está pagando mais caro. Essa decisão da ANEEL vai corrigir essa distorção. E do ponto de vista de sinal econômico, é o correto: quem está mais longe, paga mais”, completou.
Fonte e Imagem: Agência Infra.
Projeto de lei 414 de 2021 deve ficar para 2023; ministério se comprometeu a não publicar portaria que abre o mercado.
O grupo técnico de Minas e Energia quer segurar a tramitação do projeto de lei 414 de 2021, que expande o mercado livre de energia a todos os consumidores. A ideia é discutir o texto em 2023, já no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tendo em mãos o relatório do deputado federal Fernando Coelho Filho (União-PE). A sugestão consta no relatório produzido pelo grupo da transição.
Segundo o integrante do grupo e diretor da Aesel (Associação dos Engenheiros e Técnicos da Eletrobras), Ikaro Chaves, a equipe ainda não teve acesso ao relatório do deputado. A avaliação é que o texto precisa passar pelos técnicos do Ministério de Minas e Energia do novo governo.
“Não achamos razoável a discussão da reformulação total do mercado elétrico brasileiro, porque é isso que propõe inicialmente o 414, faltando 30 dias para terminar o governo”, disse Chaves ao Poder360. Segundo ele, não há juízo de valor sobre o projeto.
O texto tramita no Congresso desde 2016. Em agosto, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que pautaria o projeto depois das eleições. Fez a promessa depois de a abertura parar em uma medida provisória sobre desoneração de combustíveis relatada pelo deputado Danilo Forte (União-CE).
O governo de Jair Bolsonaro (PL) se antecipou ao PL 414 e lançou duas consultas públicas para abrir o mercado livre de energia a todos os consumidores em alta e baixa tensão. A 1ª portaria foi publicada em 28 de setembro. A 2ª ainda aguarda definição pelo Ministério de Minas e Energia.
Chaves disse ao Poder360 que o ministério se comprometeu a não publicar a portaria que abre o mercado para todos os consumidores, inclusive residenciais e rurais.
SINAL LOCACIONAL DAS TARIFAS
O relatório do grupo técnico é contrário à aprovação do PDL (projeto de decreto legislativo) nº 365 de 2022, que susta as novas regras da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para o sistema de transmissão. De autoria do deputado Danilo Forte, o texto foi aprovado na Câmara em 9 novembro e ainda será analisado pelo Senado.
A proposta aguarda a inclusão do requerimento do senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) na ordem do dia, que solicita a discussão do texto na CI (Comissão de Infraestrutura). Para esta semana, contudo, não há sessão deliberativa agendada.
O projeto propõe a revogação de uma norma da Aneel que altera as regras do sinal locacional –usado para definir as tarifas de uso do sistema de transmissão de energia. Na prática, o sinal faz com que as usinas mais distantes, que mais oneram o sistema, paguem mais.
Segundo a Aneel, o antigo cálculo do sinal locacional estava dando distorção porque considerava só os submercados de energia –Norte, Nordeste, Sudeste/Centro-Oeste e Sul. A mudança visou a dar conta da relação de “exportação” e “importação” de energia entre os submercados.
O impacto da mudança é que os empreendimentos de energia renovável no Nordeste, por exemplo, pagarão mais pelo custo de transmissão, uma vez que exportam energia. No sentido inverso, os consumidores do Norte e Nordeste, por estarem próximos dos centros de produção, terão suas tarifas reduzidas em 2,4% e 0,8%, nessa ordem, segundo a Aneel.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Fontes eólica e solar já são quase um quarto da oferta de geração elétrica no Brasil e planos indicam forte expansão no médio prazo.
A geração de energia não é a principal fonte de emissão de gases de efeito-estufa no Brasil, mas ainda assim há espaço no país para o crescimento das fontes renováveis. Na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneeel) existem projetos para dobrar a capacidade instalada de geração eólica, que hoje contribui com 12% da matriz brasileira. A energia solar, quinta fonte menos de uma década atrás, já é a terceira e representa 10,2%, considerando-se a geração distribuída ou de pequenos consumidores. O cenário otimista traçado pelos representantes dos setores e pela agência reguladora depende de financiamento e resolução de gargalos para armazenar a energia proveniente dessas fontes.
“Apetite do investidor não falta no Brasil, mas é preciso criar a infraestrutura de transmissão para escoar a produção da energia solar”, afirma Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Há dez anos, o Brasil tinha apenas sete megawatts de capacidade instalada de energia solar. Cinco anos depois, o número saltou para 13.948 megawatts, impulsionado pela regulamentação, em 2012, da geração distribuída. Agora, são 21.349 megawatts de capacidade instalada, segundo a Aneel e a Absolar.
Com base no crescimento do setor no país, a Bloomberg New Energy Finance, projetou, no ano passado, que até 2040 a energia solar será líder da matriz energética brasileira. O mesmo cenário otimista sopra para a energia gerada pelos ventos. “O potencial do Brasil é infinito, mas há uma lentidão no processo de desenvolvimento da capacidade de geração no país”, diz Elbia Gannoun, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
A regulamentação é um dos entraves apontados. O baixo desempenho da economia também atrapalha. Para compensar os pacotes de energia renovável lançados na Europa e na América do Norte, os participantes do mercado local, diante da menor disponibilidade de recursos governamentais, apostam no incentivo ao investimento estrangeiro em projetos no Brasil.
A matriz elétrica brasileira, de pouco mais de 202 mil MW, é liderada pelos recursos hídricos, que geram 109,74 MW ou 52% do total. Além das energias eólica e fotovoltaica, que somam mais de 21%, o gás natural responde por outros 8%, a biomassa e o biogás por 7,9% e energia nuclear por 0,9%. Petróleo e outros fósseis representam 4,3%, enquanto o carvão mineral fica com 1,7% e a importação com 3,9%.
Os especialistas apontam que a transição energética implica oportunidades, mas também riscos. O Brasil teve sucesso em combustíveis fósseis, com o pré-sal, quando o mundo já se preparava para abandoná-los. “A transição energética tem que ser um desafio para a sociedade. Custa dinheiro e tem impactos”, diz José Maria Ferreira Jardim da Silveira, professor da Universidade de Campinas e integrante do projeto Economia da Inovação Energética e Transição do Sistema, financiado pelo UK Aid, do governo inglês, que reúne especialistas da Universidade de Exeter, da Inglaterra, da Sant’Anna School of Advanced Studies, da Itália.
Um mau exemplo pode ser o próprio etanol. O combustível é renovável, mas o corte da cana é feito por tratores a diesel, o que amplia a pegada de carbono. O desafio é desenvolver colheitadeiras movidas a biometano. O mesmo dilema se aplica à expansão das fontes solar e eólica. O sistema elétrico é interligado, mas é preciso sistemas de distribuição que deem sustentabilidade à rede para levar a energia dos locais em que a fonte é abundante, como no Nordeste, para as regiões carentes, como o Sudeste.
O problema de armazenamento, apontam, é mais para o futuro. Como de 30% a 40% da energia solar é distribuída, não há preocupação de intermitência. Já para o caso de fazendas solares, o armazenamento é importante. “A necessidade de armazenamento para acompanhar o crescimento das outras fontes renováveis deve começar em 2030”, diz Elbia Gannoun, da Abeeólica. “O armazenamento tem um papel fundamental, mas, assim como os componentes para uma célula solar, as baterias vem tendo queda no preço e vão tornar o mercado mais competitivo”, afirma Ronaldo Koloszuk, da Absolar.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em debate virtual realizado nesta segunda-feira, 28 de novembro, as entidades representantes da área de geração de energia solar e geração distribuída (GD), manifestaram apoio ao projeto de lei 2.703/2022 que prevê a postergação por 12 meses do prazo para solicitação de acesso na distribuidora de energia, sem que sejam aplicadas as novas regras tarifárias previstas na lei 14.300/2022, o marco legal da GD, sancionado no início deste ano.
Para o presidente do conselho da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Carlos Evangelista, o adiamento do prazo é uma forma de justiça energética para os consumidores, que podem sofrer com uma conta mais alta em 2023.
“Nada mais justo que postergar o prazo. [...]. Esse projeto de lei, do deputado Celso Russomano, não está nascendo da comissão das indústrias, ela vem da comissão de defesa do consumidor, que está sendo prejudicado”, afirmou Evangelista.
Relembrando os acontecimentos geopolíticos e o debate sobre a segurança energética global, o presidente da ABGD, Guilherme Crispim, sugeriu para o novo governo do presidente eleito Luíz Inácio Lula da Silva, olhe para a segurança energética como olha para o programa minha casa, minha vida.
Pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o coordenador Guilherme Susteras, lembrou que no momento que foi instituído o marco legal, as entidades questionaram o prazo para o cumprimento da lei, o qual foi assegurado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelas distribuidoras que seria cumprido.
“Nós falamos que iria ser pouco tempo para regulamentar [180 dias]. Lembro da superintendência da Aneel dizendo ‘não, fique tranquilo, se tem um prazo na lei vamos cumprir’. Não foi por falta de aviso. Existem dois motivos que justificam esse atraso: ou a Aneel e as distribuidoras foram pegas de surpresa, ou na época eles já sabiam que não iriam conseguir cumprir o prazo. Tenho certeza de que todos que estavam na mesa estavam acreditando que isso seria cumprido”, disse Susteras.
Fonte e Imagem: MegaWhat
Lobby de empresas e associações tentam alterar valores que serão pagos pelo consumidor de energia para atender seus interesses setoriais.
Nesta terça-feira (6) o Congresso Nacional deve decidir sobre dois projetos que podem onerar a conta de luz. O primeiro trata da redefinição do custo de transmissão para geradores de energia. O segundo, da postergação por 12 meses de subsídio dado à geração de energia própria (geração distribuída).
No primeiro caso, geradores se dividem sobre a redefinição nos custos de transmissão, conhecida pelo jargão “sinal locacional”. A mudança na metodologia foi aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e prevê maiores encargos para os agentes que mais onerem o sistema de transmissão, no caso os do Nordeste. Isto porque os centros consumidores estão principalmente no Sudeste e a energia produzida no Norte e Nordeste precisa percorrer milhares de quilômetros de linhas.
O relator do processo, Hélvio Guerra, disse em reunião da Aneel que vinha sofrendo pressão de empresas e associações por conta da decisão. A reação forte veio no Congresso. O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 365/2022, passou pela Câmara e suspendeu a decisão da Aneel. Agora ele está em tramitação no Senado.
A Abrace, associação dos grandes consumidores de energia, e a Frente Nacional dos Consumidores, avaliam que se o Congresso suspender a decisão do órgão regulador, pode haver judicialização. Por parte das empresas, a Engie e a Copel classificam a iniciativa como ingerência do Congresso em temas técnicos.
“Essa interferência é um sinal ruim que o Poder Legislativo dá às agências reguladoras, é um fator de insegurança jurídica. Uma incongruência do parlamento, que ao mesmo tempo que reclama das tarifas é o maior gerador de fatos que geram distorções no custo da energia”, diz o presidente da Copel, Daniel Slaviero.
Em defesa do projeto, a desenvolvedora de projetos eólicos Casa dos Ventos, diz que não tem relação direta com a agenda política, mas acompanha o assunto e sabe que os parlamentares do Nordeste estão mobilizados para trazer esse tema para um debate na sociedade, “porque haverá impacto na economia da região e também na expansão da geração com fontes renováveis".
A presidente da Abeeólica, associação do setor, Elbia Gannoum, acrescenta que a mudança da metodologia prejudica a geração de energia renovável no Nordeste, dá um sinal para investimentos no Sudeste. “Isso significa encher o Brasil de térmicas em tempos de mudanças climáticas”,
O presidente da Engie contesta. Segundo Eduardo Sattamini, essas fontes continuarão sendo as mais competitivas do país mesmo com a nova regra, mantendo-as em lugar de destaque na expansão do sistema.
O ex-diretor da Aneel, Tiago de Barros, é um crítico da atuação da agência reguladora neste ponto e entende que é preciso encarar com naturalidade esse tipo de disputa no Legislativo que suste algum ato do Executivo e da Aneel.
“Temos uma série de projetos desenvolvidos para o Nordeste que depende da viabilidade. Há ainda um aspecto político: o sinal locacional afeta o desenvolvimento regional, então é, sim, algo que tem que ser discutido no Congresso. E me parece que a competência não deveria ser da Aneel, mas, sim, do Ministério de Minas e Energia”, diz Barros.
No mesmo dia, a Câmara vota a postergação por mais 12 meses de subsídios para a geração distribuída (geração própria), que beneficia principalmente a fonte solar. A Aneel calcula em R$ 5,4 bilhões o incremento na conta de luz do consumidor no ano que vem.
A sanção do marco legal da geração distribuída, pelo presidente Jair Bolsonaro, em janeiro, garante gratuidade da cobrança da tarifa de uso da rede das distribuidoras, a chamada Tusd, até 2045. Os empreendimentos que pedirem conexão até 6 de janeiro de 2023 vão continuar isentos da cobrança da Tusd por 22 anos.
Entretanto, o setor se articula para prorrogar a janela para o benefício por mais um ano por meio do Projeto de Lei 2703/22 do deputado Celso Russomano (Republicanos-SP). A Abradee, associação das distribuidoras de energia, critica a mudança no recém-criado marco legal, visto que ele é objeto de amplas discussões entre agentes do setor elétrico, parlamentares, entidades de defesa do consumidor e agência reguladora.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Bandeira verde está em vigor para todos os consumidores desde 16 de abril.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou nesta sexta-feira (25) que manterá a bandeira verde acionada em dezembro para todos os consumidores conectados ao setor elétrico nacional. Com a decisão, as contas de luz seguem sem cobrança adicional.
A bandeira verde está em vigor para todos os consumidores desde 16 de abril. De acordo com a agência, o patamar reflete o nível dos reservatórios das hidrelétricas, devido ao período de chuvas.
“Com a chegada do período chuvoso, melhoram os níveis dos reservatórios e as condições de geração das usinas hidrelétricas, as quais possuem um custo mais baixo. Dessa forma, não é necessário acionar empreendimentos com energia mais cara, como é o caso das usinas termelétricas”, diz a nota.
Bandeiras tarifárias
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 para indicar os custos da geração de energia no país aos consumidores e atenuar os impactos nos orçamentos das distribuidoras de energia.
Antes, o custo da energia em momentos de mais dificuldade para geração era repassado às tarifas apenas no reajuste anual de cada empresa, com incidência de juros. No modelo atual, os recursos são cobrados e repassados às distribuidoras mensalmente por meio da “conta Bandeiras”.
A bandeira verde, quando não há cobrança adicional, significa que o custo para produzir energia está baixo. Já as bandeiras amarela e vermelha 1 e 2 representam um aumento no custo da geração e a necessidade de acionamento de térmicas, o que está ligado principalmente ao volume dos reservatórios.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Corremos o risco de ver aprovado o PL 2.703/22, que pede mais 12 meses de subsídios para a geração distribuída. A principal fonte beneficiada será a energia solar. De lobby em lobby, vão empurrando para os consumidores do mercado regulado benefícios dispensáveis e regressivos.
Começou com a enganosa propaganda de “taxar o sol”. Ninguém defendia qualquer tipo de tributo sobre energia solar, só que incentivos não eram mais necessários. As fontes solar e eólica no Brasil são eficientes, têm alto fator de produtividade. O retorno dos investimentos realizados é bom e rápido.
Como são fontes intermitentes, precisam de baterias para garantir segurança a todo sistema elétrico. Essa função pode ser assumida tanto pelas usinas térmicas a gás quanto pelas hidrelétricas, que não são remuneradas por esse serviço prestado. Por isso, uma nova regra tarifária, que leve em consideração os atributos de cada fonte, deveria estar em discussão. Custos e benefícios contabilizados, sem espaço para subsídios desnecessários e distorcivos.
A questão crucial nessa má alocação de incentivos e, portanto, de recursos está na regressividade embutida. Quem mais se beneficia são os grandes consumidores, que podem se desligar de suas distribuidoras locais e escolher novos fornecedores de energia no mercado livre (ACL). A migração para o ACL vem se acelerando nos últimos anos, tanto pela maior flexibilização das regras quanto – e diria, principalmente – pela diferença dos custos entre o ambiente livre e o regulado (ACR).
Sobra para os consumidores cativos o ônus de compensar – através de aumentos tarifários – a perda de receita das distribuidoras. A diferença entre as tarifas nos dois ambientes vem se ampliando, e as contas de luz, subindo.
A Câmara vem propondo projetos que atropelam a agência reguladora (a Aneel) e o planejamento setorial. A ampliação do mercado livre, a liberdade do consumidor em escolher seu fornecedor é o futuro do setor. Exige planejamento e coordenação, funções a serem retomadas pelo Executivo.
Um país com a abundância de fontes como o nosso não pode fazer uma transição energética cara e iníqua. Ela deve ser benéfica para todos.
A equipe de transição na área de energia, mesmo com nomes do passado, tem a tarefa de trazer o futuro com eles. Uma matriz que, além de limpa, seja justa e eficiente. Tem muito trabalho pela frente.
Fonte e Imagem: Estadão.
Iniciativa de dar celeridade a uma demanda que já se arrastava há anos é algo muito bom, mas vem de forma equivocada.
Ao longo da nossa vida, quantas vezes ouvimos dizer que o caminho mais fácil e simples nem sempre é o melhor? Essas frases de lugar-comum por vezes trazem uma carga de experiências que se consolidam em um saber popular genuíno. Trazemos esta reflexão hoje para abordar o cenário atual do setor elétrico brasileiro, que vivencia importantes processos de transição, como a ampliação da abertura do mercado de energia e o crescimento da Geração Distribuída de Energia, que tem se dado, majoritariamente, por meio dos painéis solares. Também há em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei 414/2021, sobre a modernização do setor elétrico.
Nosso foco aqui é abordar a questão sob uma ótica mais ampla, focada não só em determinado segmento de consumidores de energia, mas em todos, sejam eles do ambiente regulado (atendidos pelas distribuidoras de energia), do ambiente livre (atendidos pelas comercializadoras no mercado livre) ou os que geram a própria energia, chamados prosumidores, em especial por meio da Geração Distribuída (GD).
Ao trazermos nosso olhar sob a perspectiva de buscar um setor elétrico que beneficie a todos os consumidores brasileiros de forma justa, equilibrada e transparente, verificamos que, com um sistema elétrico tão robusto e tão complexo, não podemos nos debruçar sobre medidas que muitas vezes representam “atalhos” ao caminho da transição. Um exemplo importante é o direcionamento apresentado à ampliação da abertura do mercado livre para consumidores de alta e baixa tensão, por meio de medida infralegal proposta pelo Ministério de Minas e Energia a partir das recentes consultas públicas.
A iniciativa de dar celeridade a uma demanda que já se arrastava há anos é algo muito bom, mas vem de forma equivocada e não como o caminho certo, que realmente conduza ao benefício que se propõe. Parece mais um atalho que não leva ao destino que todos almejam. Ampliar o mercado livre sem antes corrigir o arcabouço regulatório do setor elétrico, equilibrando custos e proporcionando uma balança justa de benefícios a todos os consumidores, certamente não é o caminho certo. Da forma como se está proposto, corremos o risco de um custo extra da ordem de R$ 116 bilhões entre os anos de 2026 e 2040. Desse valor, R$ 73 bilhões recairão exclusivamente sobre o consumidor do mercado regulado, o consumidor comum. Isso não é justo e nos trará mais um problema de transferência de renda a ser sanado.
Ao abordar a problemática da transferência de renda por meio da conta de luz, é preciso destacar os subsídios presentes na tarifa, como os que seguem bancando lucros excessivos do segmento de empresas investidoras na Geração Distribuída de Energia, especialmente por meio dos painéis fotovoltaicos. Recentemente, um novo “atalho” foi proposto no Congresso Nacional, atropelando o próprio Marco Legal da GD, recém-criado pela Lei 14.300, e que sequer começou a efetivar a redução gradual dos subsídios, que se inicia em janeiro de 2023.
O Projeto de Lei 2.703/2022, apresentado na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, busca ampliar o prazo para garantir os descontos nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição para quem instala unidades de micro e minigeração distribuída. Não se pode ignorar que tal proposta irá custar, pelo menos, R$ 3,5 bilhões por ano, a mais, aos consumidores comuns, que não geram a própria energia, inclusive aqueles de baixa renda.
Pode ser um caminho mais fácil para os investidores em GD empurrar a adequação à nova lei, mas não para os demais brasileiros. É o que muitos do setor consideram a perpetuar a “espiral da morte”. Não é justo para os demais consumidores, e tampouco sustentável sob o ponto de vista de mercado, prolongar subsídios a segmentos competitivos para que se obtenha margens de lucro acima da média em comparação a qualquer tipo de negócio.
Enquanto buscarmos medidas pontuais que não considerem o setor elétrico como um todo e o desenvolvimento comum, enquanto cada segmento buscar “o seu caminho mais fácil”, teremos um sistema que perpetua os benefícios de uns em detrimento de outros, mantendo a transferência injusta de renda e a desigualdade. Por fim, não estaremos percorrendo um caminho único rumo à modernização do setor elétrico brasileiro. Teremos cada segmento em um verdadeiro labirinto de Creta, sempre com o Minotauro grego à espreita. Hoje, o caminho estrutural que se mostra para todos de forma mais justa é o PL 414/2021 em seu texto atual, sem novos dispositivos que possam prejudicar os consumidores./ PRESIDENTE DA ABRADEE.
Fonte e Imagem: Estadão.
Corrida por instalação de sistemas fotovoltaicos se deve em grande parte à proximidade do fim dos subsídios para esses investimentos.
RIO - O Brasil ultrapassou em novembro uma nova marca histórica na capacidade instalada de geração de energia solar, alcançando 22 gigawatts (GW) com a soma da capacidade das usinas de grande porte aos sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Essa capacidade equivale a 10,8% da matriz elétrica do País - ou duas usinas de Belo Monte, no Pará.
Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), de janeiro ao início de novembro deste ano, a energia solar cresceu 59,4%, saltando de 13,8 GW para 22 GW. A expectativa é de que em breve a fonte ultrapasse a capacidade instalada da energia eólica, atualmente em 23,2 GW, passando assim à segunda posição na matriz elétrica brasileira.
Essa corrida para a instalação de novos sistemas se deve em grande parte à legislação que concede subsídios para a energia solar. Pela regra em vigor, consumidores que encaminharem seus projetos até o próximo mês de janeiro garantem a isenção dos encargos relativos ao uso da rede de distribuição de energia até 2045. Para quem solicitar a aprovação dos projetos depois de janeiro, esses encargos começam a ser cobrados, de forma escalonada, já em 2023, atingindo 100% da cobrança em 2029.
Um projeto de lei que tramita na Câmara Federal, porém, estende esse prazo de solicitação de novos projetos para janeiro de 2024. O projeto pode ser votado ainda nesta quarta-feira, 23.
De acordo com a Absolar, desde 2012 a fonte solar já trouxe ao Brasil R$ 114,2 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 35,7 bilhões em arrecadação aos cofres públicos, e gerou mais de 660 mil empregos acumulados. Com isso, também evitou a emissão de 30,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade. Segundo o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, o crescimento da fonte fortalece a sustentabilidade e a competitividade dos setores produtivos brasileiros.
“Finalmente, o Brasil acordou para a energia solar e seus benefícios, cujo crescimento acelerado colocará, em breve, a fonte fotovoltaica na segunda posição da matriz elétrica nacional”, afirmou, ressaltando que a fonte ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do País, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população.
Fonte e Imagem: Estadão.
Distribuidoras falam em pedalada no marco legal recém aprovado. Segmento solar acusa empresas e Aneel de descumprir prazos da lei.
A polêmica que marcou a discussão sobre o fim dos descontos à micro e minigeração distribuída não foi superada pela legislação que trata do tema. É o que mostra o novo projeto de lei que amplia em 12 meses o prazo para acesso aos subsídios à GD até 2045 e que pode, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, adicionar R$ 25 bilhões às tarifas de todos os consumidores entre 2023 e 2045.
O PL 2703 altera de janeiro de 2023 para janeiro de 2024 o prazo para a solicitação de novas conexões à rede de distribuição, preservando os consumidores que implantarem novos sistemas fotovoltaicos da aplicação de regras tarifárias menos vantajosas que as atuais. O projeto tramita em regime de urgência e foi incluído na sessão da Câmara dos Deputados desta quarta-feira, 23 de novembro, mas acabou não sendo votado.
A Aneel considera a proposta do deputado Celso Russomano uma afronta à Lei 14.300. Já a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica classifica o projeto como uma tentativa de “pedalada” no chamado marco legal da geração distribuída e diz que a mudança “pode ser um problema para o próximo governo, que terá de entregar a conta aos consumidores.”
O projeto tem o apoio do segmento solar fotovoltaico, que acusa a Aneel de descumprir o prazo de até 180 dias para regulamentação da lei, e as distribuidoras de dificultarem o acesso de quem deseja instalar novos sistemas de geração. Russomano também afirma que as empresas de distribuição tem criado embaraços ao crescimento da GD, pois tem interesse em explorar o negócio “aproveitando-se indevidamente de sua posição assimetricamente vantajosa em relação aos consumidores.”
As acusações mútuas tem reacendido o clima nada amistoso que marcou os debates sobre o assunto nos últimos anos. A Aneel prevê que os consumidores que não têm GD deverão pagar no ano que vem R$ 5,4 bilhões em subsídios para sustentar os que tem poder aquisitivo para investir em geração própria. Pelos dados da agência existem cerca de 1,4 milhão de sistemas de MMGD que beneficiam mais de 1,8 milhão de unidades consumidoras. O crescimento esperado da potência instalada é de mais de 30% em 2023.
Discussão
Em nota divulgada hoje, a Abradee destacou que a modalidade passou por “amplas e acaloradas discussões entre agentes do setor elétrico, parlamentares, entidades de defesa do consumidor e agência reguladora”, que resultaram na Lei 14.300. Um acordo que, segundo a entidade, estaria sendo quebrado pelos empreendedores que investem em GD.
“Para não perderem a alta margem de lucro obtida por tais subsídios, as empresas que investem no setor não se conformam em seguir o que foi acordado por elas mesmas durante a construção do Marco Legal”, acusa a entidade. Em carta aos deputados, as distribuidoras dizem que aprovação do PL 2703 custará mais R$ 80,5 bilhões na conta de luz dos consumidores comuns até 2045, com custo de R$ 3,5 bilhões por ano na Conta de Desenvolvimento Energético.
A Absolar também explicou em nota que o projeto é uma restituição dos prazos para o cumprimento das regras previstas, medida que considera fundamental para corrigir os desvios e garantir a aplicação da lei. O presidente executivo da entidade, Rodrigo Sauaia, afirma que Aneel e as distribuidoras não tem cumprido os prazos previstos na legislação, o que causa prejuízos ao consumidores interessados em gerar energia.
A regulamentação do marco legal teria que ser feita pela agência em até seis meses contados a partir de janeiro desse ano, o que não foi feito até o momento, diz o executivo.
A associação também questiona os custos calculados pela Aneel dos descontos à GD, afirmando que eles são incompletos, pois desconsideram os benefícios econômicos, sociais e ambientais do uso da energia solar em telhados e pequenos terrenos. E acusa o órgão regulador de não ser transparente ao falar no valor a ser pago.
Um estudo encomendado pela Absolar à consultoria Volt Robotics estima que o crescimento dos sistemas de geração solar distribuída deverá deve trazer mais de R$ 86,2 bilhões em benefícios sistêmicos ao setor elétrico e à sociedade na próxima década. O que pode reduzir em 5,6% a conta de luz de todos os consumidores até 2031, de acordo com a entidade.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ideia é que secretaria faça parte do Ministério de Minas e Energia (MME).
A equipe de transição do governo eleito, de Luiz Inácio Lula da Silva, deverá analisar uma proposta de criação da Secretaria de Energias Renováveis (SER) no âmbito do Ministério de Minas e Energia (MME).
A intenção é reunir todas as fontes de energia renovável em uma única secretaria, que ficaria responsável por elaborar e acompanhar as políticas públicas integradas para o desenvolvimento e expansão do segmento de olho na transição energética demandada atualmente no mundo.
Hoje, essas políticas estão dispersas na estrutura do MME, disse uma fonte a par do assunto, com temas tratados nas secretarias de Planejamento Energético (SPE) e de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (SPG). Temas como o biogás, por exemplo, usado para geração de energia elétrica e para mover motores de veículos, fica dividido dentro do ministério.
A SER teria três departamentos: de Energias da Natureza, com coordenação-geral para energia eólica e solar, de Bioenergia, com coordenações para biodiesel e etanol, e de Novas Fontes Renováveis e Eficiência Energética.
"Essa é justamente uma das barreiras em que a transição energética emperra. Uma barreira burocrática", disse a fonte, que vai apresentar a proposta de criação da SER ao governo eleito. "Para quem é do setor de energia, nada disso é novidade. Mesmo assim, as políticas públicas para destravar o imenso potencial das nossas energias renováveis caminham em descompasso com a urgente necessidade de mitigar as mudanças climáticas".
A criação da secretaria poderia dar uma sinalização clara, contínua e estável do Estado para o mercado sobre o papel estratégico das energias renováveis, garantindo previsibilidade para investimentos.
A proposta considera a estrutura atual do MME com o aproveitamento de cargos e o "mínimo" de aquisição de novas funções. A sugestão é que sejam remanejados 20 cargos da SPE e SPG e sejam criados outros dois.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Estudo da Absolar mostra que a fonte solar cresceu quase 60% desde janeiro no Brasil.
A energia solar ultrapassou 22 gigawatts (GW) de potência instalada, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Isto equivalente a 10,8 % da matriz elétrica do País.
Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), de janeiro até a metade de novembro deste ano, a energia solar cresceu 59,4%, saltando de 13,8 GW para 22 GW. Nos últimos 150 dias, o ritmo de crescimento tem sido de praticamente um GW por mês, o que coloca a fonte na terceira posição da matriz elétrica brasileira.
De acordo com a entidade, desde 2012 a fonte solar já trouxe ao Brasil cerca de R$ 114,2 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 35,7 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 660 mil empregos acumulados. Com isso, também evitou a emissão de 30,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
- Finalmente, o Brasil acordou para a energia solar e seus benefícios, cujo crescimento acelerado colocará, em breve, a fonte fotovoltaica na segunda posição da matriz elétrica nacional. A fonte ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do País, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população - afirma Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar.
Fonte e Imagem: O Globo.
Análise da última versão do texto deve empurrar a aprovação da matéria para 2023.
O grupo técnico que vai fazer a transição do setor de energia do futuro governo Lula pretende negociar com o Congresso Nacional para segurar a votação do PL 414, até uma analise da versão mais recente do texto do deputado Fernando Coelho Filho (União-PE). Um eventual pedido nesse sentido já era esperado pelo setor, mas pode frustrar quem ainda apostava em um acordo de última hora para aprovação da proposta.
“Nós vamos negociar com o Congresso. Parece que houve um conjunto de ações encaminhado pelo ministério para esse PL. Então, seria importante nós termos um tempo para poder analisar a última versão, porque a gente tem conhecimento das versões anteriores”, informou o coordenador, do GT, Maurício Tolmasquim, na saída de reunião com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.
A proposta que altera o modelo comercial do setor elétrico já passou pelo Senado e tramita na Câmara, onde depende da aprovação da urgência para ser pautado em plenário. O texto final estava em negociação pelo MME, e ainda havia alguma esperança no setor de que a proposta pudesse ser pautada ainda em novembro.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Deputados se articulam para votar ainda neste ano um projeto de lei (PL 2703/22) que estende até 2024 o incentivo atual para a produção própria de energia renovável, em geral solar. O texto altera o marco legal da microgeração e minigeração de energia (lei 14.300/22) ao prorrogar por um ano o prazo para o consumidor solicitar acesso à rede de distribuição sem perder os atuais subsídios nas tarifas. Pela regra atual, o prazo se encerra em 6 de janeiro de 2023.
O texto está em fase de análise em comissões na Câmara, mas já há um requerimento de urgência protocolado que, se aprovado, acelera a aprovação.
Hoje quem investe em geração própria, por meio de um painel solar, por exemplo, e solicita a ligação com a rede de distribuição para ter energia à noite, paga somente pela energia extra que recebe e está isento das tarifas de distribuição, transmissão e encargos setoriais até 2045, apesar de receber energia das geradoras, distribuída e transmitida. Caso não estivesse conectado à rede de energia, o consumidor que produz a própria energia teria que ter uma bateria para ter luz à noite.
O problema é que esse custo de transmissão e distribuição não pago por quem produz a própria energia é dividido entre os demais consumidores de energia elétrica, maioria dos brasileiros, elevando, ao longo dos anos, as contas de quem não pode investir na geração própria. Os subsídios para energias renováveis entraram em vigor há dez anos, em 2012, para viabilizar e estimular os investimentos dos consumidores na geração própria, o que no longo prazo interessa ao país por diversificar a matriz energética e ampliar a participação das fontes renováveis. A ideia, no entanto, era que fossem revistos para não gerar desequilíbrios no sistema. Para 2023, esses subsídios para a geração distribuída (GD) serão de R$ 5,4 bilhões, sendo que R$ 1,4 bilhão irão para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético).
Distribuidoras e associações de consumidores alertam para os efeitos colaterais pouco debatidos, caso o texto seja aprovado. O modelo, segundo estimativas das associações, deixará mais caras as contas de luz para os que não investiram na produção própria (e portanto os consumidores de menor renda), além de ser um risco para a sustentabilidade dos sistemas de transmissão e distribuição da energia no país no médio prazo. Para a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), o custo extra caso o PL seja aprovado será de R$ 37 bilhões entre 2023 e 2045 (em Valor Presente Líquido), ou R$ 80,5 bilhões quando considerados os juros.
A justificativa dos que defendem prorrogar o prazo para entrar no sistema subsidiado é que o marco legal da microgeração e minigeração de energia previa uma regulamentação pela Aneel que não ocorreu deixando um vácuo regulatório e causando atrasos nas novas conexões pelas distribuidoras.
Esse ponto é rebatido pelas distribuidoras, que dizem que as reclamações relacionadas às instalações de GD representam mensalmente menos de 0,2% do total de usuários de GD. Em carta entregue aos Congressistas com manifestação contrária ao projeto, as distribuidoras apoiam a energia limpa, mas sem a prorrogação dos subsídios.
"As distribuidoras são viabilizadoras da energia solar ou qualquer outra fonte de energia limpa e renovável através de suas redes e, junto com os consumidores, lutam contra subsídios incoerentes e desnecessários. Por que, na prática, quando concedidos, esses descontos são custeados por todos os consumidores. É importante ressaltar que cerca de 14,5% da tarifa de energia elétrica é composta de encargos e subsídios como esses que estão agora sendo propostos no PL 2703".
Fonte e Imagem: Portal UOL.
O grupo de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para o Ministério de Minas e Energia (MME) terá a sua primeira reunião com o atual chefe da pasta, Adolfo Sachsida, na manhã desta terça-feira, 22 de novembro. O encontro está previsto para às 9h30.
Segundo contou o coordenador-executivo do grupo, professor Maurício Tolmasquim, à MegaWhat, a reunião marca a discussão inicial do processo de transição na pasta. Tolmasquim será acompanhado dos três relatores do grupo: Nelson Hübner, Jean Paul Prates e Giles Azevedo.
Conforme eleição na última sexta-feira, 18 de novembro, em reunião de forma remota, foi deliberada a criação de três grupos temáticos que deverão, antes de 30 de novembro, enviar relatório preliminar de suas áreas.
Jean Paul Prates ficou com a relatoria da área de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, enquanto Nelson Hübner com a do grupo de Energia Elétrica, e Giles Azevedo por Mineração Os subgrupos já iniciaram o processo de coleta e análise de informações para subsidiar os trabalhos.
A próxima reunião do grupo de transição também está prevista para acontecer amanhã, às 11h30, na sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
Fonte e Imagem: MegaWhat.
A Agência Nacional de Energia Elétrica havia aprovado uma mudança no cálculo das tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição, que logo foi sustada por deputados.
A aprovação na Câmara dos Deputados de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que susta uma mudança no cálculo das tarifas de uso dos sistemas de transmissão (Tust) e de distribuição (Tusd) feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é considerada por agentes do setor como mais um sinal de interferência na autonomia da agência e de fragilidade na governança do setor elétrico.
Conhecida pelo jargão “sinal locacional”, a metodologia foi aprovada em setembro pela Aneel, depois de realizar três consultas públicas com os agentes do setor elétrico. No entanto, a iniciativa da Aneel gerou uma reação rápida pelo Congresso Nacional. O PDL 365/2022, que susta a decisão da Aneel, foi aprovado na Câmara dos Deputados e segue para tramitação no Senado Federal.
Em linhas gerais, o sinal locacional significa que pontos de rede com maior concentração de usinas terão tarifas maiores para a geração, enquanto pontos com mais concentração de consumidores terão mais custo nas tarifas de consumo. Antes, a metodologia de cálculo das tarifas de transmissão, na prática, estabelecia a cobrança de um valor estável, corrigido pela inflação a cada ano, independentemente da quantidade de energia injetada na rede.
Logo, a consequência natural da decisão será a redução na Tusd e Tust para os consumidores no Norte e no Nordeste e aumento do encargo para os consumidores do Sudeste e do Sul. Do lado da geração, usinas eólicas e solares localizadas no Nordeste e hidrelétricas instaladas no Norte, regiões que hoje são exportadoras de eletricidade, passariam a pagar mais pela transmissão.
O PDL é de autoria do deputado Danilo Forte (União Brasil-CE). Na justificativa do projeto, o parlamentar alegou que a atuação da Aneel representou grave afronta ao Poder Legislativo, já que a agência alterou o sinal locacional enquanto os senadores apreciavam uma medida provisória (MP) que tratava do mesmo tema. Essa MP, porporém, caducou e perdeu a validade em setembro.
“Há uma compreensão da necessidade de uma harmonia sobre o que pensa o Executivo, o que pensam as agências reguladoras, e as decisões recentes do Ministério de Minas e Energia (MME). A reindustrialização do Nordeste depende da energia limpa”, disse Forte.
Na avaliação da Frente Nacional de Consumidores de Energia, o tema é de competência da Aneel e não deve ser tratado pelo Congresso Nacional sem o devido debate com a sociedade brasileira. A entidade havia pedido, sem sucesso, para que o tema não fosse pautado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, e espera que o Senado reveja a posição.
A entidade afirma que uma eventual aprovação do PDL significaria um custo adicional de R$ 778 milhões no uso da Rede Básica pelos consumidores de energia, ao desfazer a proposta da Aneel. “Chamamos a atenção que o projeto em discussão trará aumento na conta de luz dos consumidores do Nordeste, aumentando ainda mais o custo de vida justamente num momento em que os brasileiros estão endividados e com seus orçamentos estrangulados”, disse a Frente Nacional, em comunicado.
Na mesma linha, a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) avalia que o PDL produzirá instabilidade e insegurança jurídica para o setor elétrico.
“A proposta de intervenção em um tema exclusivamente técnico e regulatório, e que foi amplamente debatido com todo setor elétrico e seus usuários, produzirá efeitos negativos no mercado de energia”, disse a Abrace.
Outra entidade, a Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), disse que a medida representa uma ameaça à entidade e foi tomada sem o devido diálogo.
“Nossa expectativa é de que o Senado seja mais cuidadoso em relação ao assunto e não promova mais esse aumento na conta de luz dos brasileiros”, destaca Carlos Faria, presidente da Anace.
Para o presidente da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, a Aneel aprimorou as regras de cálculo das tarifas de transmissão de forma serena, sempre se pautando pelo diálogo com todo o setor, com busca de consensos. O executivo diz não ver o risco de inviabilizar a implantação de usinas eólicas e solares no Nordeste, argumento utilizado contra a nova metodologia – pelo contrário: as fontes continuarão a ser as mais competitivas do país mesmo com as novas regras.
Sattamini, que preside uma empresa que possui ativos eólicos e solares no Nordeste e detém concessões de linhas de transmissão, avalia que a interferência política em temas regulatórios pode gerar considerável insegurança jurídica e elevar o risco do setor elétrico. Além disso, afirmou, caso o PDL prospere, será em vão todo o esforço dos estudos técnicos que embasaram a evolução proposta e implementada pela Aneel.
“Como se já não bastasse ser tecnicamente bastante adequada, ao colocar mais custos para as regiões do país que estão com o sistema de transmissão mais estrangulado, a regra ainda promoverá um incentivo às economias das regiões Norte e Nordeste. Estima-se que os consumidores do Nordeste deixarão de pagar quase R$ 1 bilhão por ano, em relação ao que paga hoje, quando a regra entrar em vigor”, afirmou Sattamini.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Grupo de transição de governo teve a primeira reunião na sexta-feira; Maurício Tolmasquim é hoje professor titular da Coppe/UFRJ
O Grupo de Trabalho de Minas e Energia se reuniu pela primeira vez na sexta-feira, 18, e elegeu como coordenador executivo o ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, atualmente professor titular da Coppe/UFRJ. Também foram criados três subgrupos e respectivos relatores.
“A reunião foi feita de forma remota e deliberou pela criação de três subgrupos temáticos, que deverão, antes do dia 30 de novembro, enviar o relatório preliminar de suas respectivas alçadas”, informou o GT Minas e Energia.
Para o relator do segmento de energia elétrica foi escolhido o ex-diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner. Para a área de petróleo e gás o relator será o senador Jean-Paul Prates, cotado para a presidência da Petrobras. Já para a área de mineração a relatoria ficou com Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete da ex-presidente Dilma Rousseff.
Rodrigo Leão, coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Inep), ficará responsável pela consolidação dos relatórios dos subgrupos num relatório final do GT.
“A partir desse momento, os subgrupos já iniciaram o processo de coleta e análise de informações para subsidiar os trabalhos. Além disso, a próxima reunião ficou marcada para o próximo dia 22 (de novembro) na sede do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em Brasília”, disse o GT em nota.
Fonte e Imagem: Estadão.
Com marcos legais em andamento e portarias que dão os primeiros passos para que empreendedores vislumbrem o país com um novo porto de investimentos, o país soma quase 170 GW de capacidade instalada de projetos de geração de energia eólica offshore com pedido de licenciamento no Ibama.
Mas não são apenas os investidores da indústria eólica que estão otimistas com a evolução da fonte no país, conforme o Panorama Naval do Rio de Janeiro de 2022, divulgado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) nesta quarta-feira, 16 de novembro.
Segundo o estudo, o aumento do número de parques eólicos offshore no Brasil tem despertado a atenção dos estaleiros nacionais, e estima, num horizonte de cinco anos, que o segmento esteja aquecido e demandando novas oportunidades para a indústria naval brasileira, principalmente para as instalações eólicas próximas aos estados onde os estaleiros estão localizados.
“Nossa avaliação é que haverá grandes oportunidades para diversificação das atividades dos estaleiros, que nos últimos anos sofreram com a escassez de grandes
construções e hoje ainda estão muito dependentes de serviços de reparos e, em vários casos, de movimentação de cargas de terceiros nas operações, para as quais suas instalações não foram concebidas originalmente”, diz trecho do Panorama Naval Além disso, o país já conta com uma cadeia produtiva para a geração onshore bem estabelecida e que teria capacidade de adaptação para manufatura dos equipamentos offshore. Outro ponto, seria a expertise e a infraestrutura desenvolvidas pelo setor petrolífero nacional para atuar tanto em águas rasas quanto em águas profundas, que capacitam o Brasil para participar do rápido crescimento esperado para esse novo mercado.
Não por acaso, Shell, Equinor e a TotalEnergies lideram as solicitações de licenciamento junto ao Ibama entre as companhias de óleo e gás, com participação de 10,1%, 8,5% e 5,3% do total, respectivamente.
“As principais empresas de óleo e gás mundiais estão posicionadas com bons diferenciais para gerenciar todos os desafios logísticos, técnicos e de recrutamento de pessoal capacitado para o desenvolvimento dos parques eólicos offshore, em função de diversas semelhanças entre os dois setores”, aponta análise da Firjan.
No caso do transporte marítimo, construtores internacionais de navios, empresas de engenharia e estaleiros de classe mundial estão desenvolvendo novos projetos para embarcações voltadas para as particularidades das eólicas offshore que poderão carregar, transportar, elevar e instalar as mais recentes fundações de turbinas.
E essas tecnologias estão sendo desenvolvidas, em alguns casos, por empresas tradicionais de serviços e afretamento do mercado de óleo e gás offshore, assim como por empresas com grande experiência no mercado marítimo e de shipping.
Da mesma forma como para as embarcações, de acordo com o estudo, plataformas flutuantes da indústria de óleo e gás podem ser adaptadas sem grandes complexidades, aproveitando-se suas estruturas e fixando-as ao fundo do mar, obtendo-se então uma ótima estabilidade para a turbina instalada no topside da plataforma.
Adicionalmente, há a possibilidade de as estruturas serem montadas em terra para depois serem rebocadas para o alto-mar, tornando a operação mais eficiente e segura. A complexidade do transporte das turbinas e hélices é mais intensa nos trechos terrestres, mas também está presente na logística marítima.
Transição energética
As perspectivas de acentuação da demanda para a indústria naval mundial também apresentam cenário muito promissor, considerando a tendência de um aumento significativo do tráfego marítimo de carga global, que pode triplicar nos próximos 30 anos, associada à transição energética, com uma consequente expansão do modal marítimo relacionado ao setor de energia.
A liderança mundial da indústria naval nesse segmento deve incrementar o protagonismo dos países asiáticos, como China, Japão e Coreia do Sul. No entanto, o Brasil também se apresenta como grande alternativa para geração de fontes renováveis, dadas as suas condições geopolíticas e geográficas, que favorecem principalmente a geração de fonte eólica e solar.
“É justamente a disponibilidade dessas novas tecnologias que vem permitindo explorar novos ambientes com segurança, como é o caso do marítimo. As novas
embarcações, que devem ser concebidas para atender às recentes demandas de energia, devem proporcionar condições de transporte seguro de fontes de energias mais limpas, como por exemplo, o gás natural liquefeito ou o hidrogênio verde, nas suas diversas formas possíveis”.
O estudo da Firjan também destaca que tão importante quanto o seu transporte é o impacto dessas energias na propulsão e armazenamento delas a bordo, que serão empregadas nas novas embarcações.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
A abertura total do mercado de energia é positiva, mas tem de ser acompanhada de diversas medidas para que não sejam agravadas distorções existentes entre os dois ambientes de contratação: o livre e o mercado cativo das distribuidoras.
Há preocupação de que, em caso de não aprovação das medidas legais necessárias, a liberalização pode não só agravar as atuais distorções entre os dois ambientes de contratação de energia, como ainda incorrer em elevados custos aos consumidores em ambos os mercados na forma de uma forte elevação da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), em função de uma desnecessária ampliação do valor dos subsídios a fontes incentivadas.
“Assim, sugere-se que no próprio texto da portaria sua entrada em vigor seja condicionada à resolução de tais problemas”, defende a SAE (Secretaria de Acompanhamento Econômico) do Ministério da Economia em sua contribuição à Consulta Pública 137/2022, que trata da abertura total do mercado em 2028.
Na análise da secretaria, o mercado cativo apresenta preços em média muito superiores ao mercado livre, que não tem incorrido em boa parte dos custos do sistema. “Se é razoável que uma parte do diferencial se deve à maior eficiência em virtude da concorrência e condições de contratação distintas (por exemplo, boa parte do mercado livre contrata no curto prazo, se sujeitando a risco de substancial elevação súbita de preços), uma parte da diferença se deve a imputação de custos, explícitos e implícitos, ao mercado cativo que não se aplicam ao mercado livre.”
Em relação à sobrecontratação de energia nas distribuidoras (à medida em que os consumidores migrassem), a SAE do Ministério da Economia ainda defende que seria “desejável” que o Ministério de Minas e Energia se manifestasse quanto aos seguintes pontos: “(a) se cabem medidas adicionais para redução da probabilidade de sobrecontratação ou redução de seu custo e se estas necessitam ou não de alteração legal; e (b) o que ocorrerá em caso de sobrecontratação decorrente da medida”.
Para a secretaria do Ministério da Economia, o ponto mais preocupante da proposta é a possibilidade de uma forte elevação nos custos da subvenção às fontes incentivadas pela CDE. “O problema é que os custos do fio por MWh da rede de baixa tensão são muito mais elevados que os da rede da alta tensão. Como o subsídio se dá partir do custo do fio, o valor da subvenção passa a ser bem maior por MWh quando utilizada por consumidor de baixa tensão”, destaca o documento.
Isso preocupa porque, se a minuta de portaria for publicada antes de alteração legal que impeça ou limite o subsídio sobre o fio para a baixa tensão, pode ser “criada (ou alegada) uma expectativa quanto à manutenção do mesmo, em particular quanto a investimentos em curso. Isso pode levar a uma judicialização da matéria exigindo a manutenção dos subsídios para usinas que aleguem que tenham realizado investimentos sob esta premissa”.
“Outra possibilidade, talvez mais provável, é que mesmo não prosperando eventual demanda judicial nesse sentido, ocorra forte pressão no Congresso Nacional para que o subsídio para a baixa tensão seja mantido utilizando esta argumentação de que investimentos foram realizados sob tal premissa a partir da publicação da Portaria com o cronograma de abertura da baixa tensão.”
A secretaria cita matéria da Agência iNFRA que informa que, caso o subsídio à geração de fontes incentivadas aplique-se também aos usuários de baixa tensão, há estimativas de que os custos adicionais em subsídios custeados pela CDE seriam de R$ 125 bilhões de 2026 a 2050.
Em conclusão, a secretaria se diz favorável à abertura, “desde que a entrada em vigor da ampliação do mercado livre tenha sua entrada em vigor condicionada no texto da Portaria a que os itens (i) e (ii) abaixo sejam ambos cumpridos:
Opção A: não ocorra elevação tarifária do mercado cativo em decorrência da medida, seja por efeitos diretos ocorridos (sobrecontratação) ou indiretos estimados;
Opção B: sejam adotadas medidas complementares legais ou infralegais que evitem tal elevação tarifária, em particular por meio de criação de encargo de sobrecontratação a ser custeado pelos consumidores que desejam migrar e garantia que novos custos indiretos não serão imputados ao mercado cativo e não ao mercado livre.”
Fonte e Imagem: Agência Infra.
Para diretor do órgão, Brasil possui uma vantagem competitiva em relação a outros países.
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, avalia que a pauta da segurança no suprimento de energia tornou-se tão relevante no mundo como as discussões sobre a descarbonização e a transição energética. E nesse aspecto, analisa, o país possui uma vantagem competitiva em relação a outros que a partir deste ano passaram a buscar redução da dependência de insumos de outras nações.
Enquanto a Europa expôs a alta necessidade do gás para suprir suas respectiva necessidades, afirmou Ciocchi, grande parte oriunda da Rússia, o Brasil possui uma vasta oferta de recursos naturais e energéticos que coloca o país na dianteira em relação a outros países e abre espaço para uma colaboração mais ampla no debate.
Segundo ele, falar em transição sem citar a segurança no fornecimento não faz mais sentido desde que teve início o conflito entre Rússia e Ucrânia. “As sociedades querem energia mais limpa, mais verde e mais segura.”
O executivo está no Egito, acompanhando debates da Conferência do Clima (COP27). É a primeira vez que o ONS participa de uma Conferência do Clima da ONU. O objetivo é entender o que as sociedades no mundo desejam e o que pensam a respeito de descarbonização e transição energética.
Esse diálogo se faz necessário porque o ONS, como a maior parte dos operadores de sistemas elétricos no mundo, foi forjado no modelo de comando e controle, em que o foco é ligar e desligar máquinas; “abrir ou fechar” a passagem de energia pelas linhas de transmissão. O quadro muda com a entrada de renováveis cuja operação depende da ocorrência do sol e do vento, fatores que fogem ao controle do operador.
“A gente não pode ligar o sol nem o vento e temos que trabalhar com isso. Este é o nosso grande desafio e nós estamos nos capacitando cada vez mais”, afirmou Ciocchi. O desafio da operação das renováveis se soma ao maior uso de térmicas a gás natural, cujo combustível é tido por parte da comunidade energética como um dos principais elementos da transição energética e visto como saída para suportar a geração renovável.
Para Ciocchi, o país poderia avançar na discussão sobre como a energia nuclear deveria se encaixar na matriz energética e na operação do sistema, bem como na necessidade de retomada de construção de hidrelétricas com reservatórios.
De acordo com Ciocchi, a situação energética do Brasil encontra-se muito tranquila neste início de período úmido, “muito mais confortável do que se verificava em igual momento em 2021”. As chuvas, destacou, estão com intensidade abaixo da média histórica, porém ainda assim num volume muito bom. Além das chuvas, o que favoreceu o alto armazenamento nas hidrelétricas foi um trabalho intenso de gestão de reservatórios realizado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e o ONS, com preservação das águas nas cabeceiras dos rios. “Mesmo o pior cenário na estação chuvosa será melhor do que tivemos no ano passado”, disse Ciocchi.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Para indicado, será oportunidade de avaliar situação do setor e questões emergenciais.
O Grupo de Trabalho da transição para a área de Minas e Energia nomeado nesta quarta-feira, 16 de novembro, pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), deverá avaliar a situação atual da pasta e reunir informações que serão entregues à coordenação geral da transição. De acordo com Maurício Tolmasquim, um dos nomeados, ainda será marcado um encontro com os integrantes para a definição da atuação. O ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética contou que já teve uma rápida conversa com membros da equipe. “O grupo será uma oportunidade para tomar mais pé da situação do setor energético, olhar as questões emergenciais e eventualmente interagir com o governo atual em ações que estejam fazendo e que vão impactar o novo mandato”, conta Tolmasquim, que participou do Nuclear Legacy, no Rio de Janeiro (RJ).
O GT seguirá um guia de atuação comum a todos os demais GTs nomeados. Ainda de acordo com Tolmasquim, como o grupo ainda não se reuniu, não está definido um encontro com a atual gestão do Ministério de Minas e Energia. Mas ele ressaltou que não há objeções e se mostrou receptivo ao diálogo. As funções dentro do GT ainda não estão definidas, o que será traçado após essa primeira reunião.
Na formação do grupo, há membros que já atuaram em governos de Lula e do PT, mas Tolmasquim reforçou que também vê na composição um caráter de amplitude, com pessoas que representem variadas áreas. A transição tem selecionado nomes ligados a campanha de Lula, mas também tem inserido nomes de matizes diferentes, como o dos economistas Pérsio Arida e André Lara Resende.
O GT de Minas e Energia será composto por: Anderson Adauto, David Barcelar, Fernando Ferro, Giles Azevedo, Guto Quintela, Ícaro Chaves, Jean Paul Prates, Magda Chambriard, Mauricio Tomasquin, Nelson Hubner, Robson Sebastião Formica e William Nozak.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O mundo enfrenta uma crise energética que levou vários países a adotarem medidas de emergência, com políticas de redução de consumo e busca de novos parceiros estratégicos. Nesta terça-feira (15), quando o assunto é tema de discussões na COP27, em Sharm el-Sheikh, e na reunião de cúpula do G20, em Bali, a redação brasileira da RFI aborda em reportagens especiais a questão das energias renováveis e o papel do Brasil nesse contexto.
O mundo enfrenta uma crise energética que levou vários países a adotarem medidas de emergência, com políticas de redução de consumo e busca de novos parceiros estratégicos. Nesta terça-feira (15), quando o assunto é tema de discussões na COP27, em Sharm el-Sheikh, e na reunião de cúpula do G20, em Bali, a redação brasileira da RFI aborda em reportagens especiais a questão das energias renováveis e o papel do Brasil nesse contexto.
Ventos estáveis e intensos. Sol durante o ano inteiro. Enquanto outros países precisam gerenciar a escassez de recursos naturais limpos, o desafio do Brasil é aproveitar a sua abundância de matéria-prima para produção de energia renovável.
"O Brasil é sem dúvida uma Arábia Saudita das renováveis", compara Camila Ramos, consultora e diretora da CELA (Clean Energy Latin America). Isso explica, em parte, o sucesso dos projetos de energia eólica e solar no país nos últimos anos, analisa a consultora. "Não só para produzir energias renováveis, seja eólica e solar, suficiente para abastecer toda a demanda do setor elétrico brasileiro se a gente quisesse, e de qualidade. E a gente também tem o potencial para exportar essa energia", acrescenta a especialista, ouvida pela RFI Brasil.
Quando falamos em produção de energia a partir do vento, o Brasil conta com 827 parques eólicos e uma potência instalada de 22,5 GW, o que representa 12,1% da matriz elétrica brasileira. É o suficiente para abastecer 36,2 milhões de residências por mês, de acordo com dados da ABEEólica, a Associação Brasileira de Energia Eólica.
Mas o potencial é ainda maior, estimado em 700 GW só em terra, sem falar nas novas oportunidades que estão surgindo na exploração offshore, em alto mar, ainda iniciante.
Já quando falamos de energia solar, condições climáticas favoráveis permitiram que o Brasil ultrapassasse a marca histórica 21,1 gigawatts (GW) de potência instalada de fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Isso equivale a 10,5 % da matriz elétrica do país, de acordo com dados da Absolar, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica.
Os cinco estados com maior geração desse tipo de energia, em 2021, foram: Rio Grande do Norte (21,23 TWh), Bahia (21,15 TWh), Piauí (9,10 TWh), Ceará (7,91 TWh) e Rio Grande do Sul (5,63 TWh).
Enquanto o mundo luta contra as mudanças climáticas, a produção de energia a partir de painéis solares evitou emissões na atmosfera equivalentes a mais de 28,7 milhões de toneladas de CO2 (gás carbônico), ou a emissão anual de 28 milhões de carros de passeio. Para base de comparação, a cidade de São Paulo tem uma frota de cerca de 19 milhões de automóveis desse tipo.
Novos empregos
Desde 2012, a fonte solar já trouxe ao Brasil cerca de R$ 103 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 27,2 bilhões em arrecadação aos cofres públicos, gerando mais de 600 mil empregos.
Carlos Rittl, especialista em política internacional da Rain Forest Foundation da Noruega, analisa como esses dois setores se tornaram atrativos ao longo do tempo. "O que aconteceu foi que a energia solar se expandiu naturalmente porque os preços foram caindo, os equipamentos foram se tornando mais eficientes e acabou se tornando economicamente viável para muita gente, para empresas, para famílias, mesmo sem a gente ter as melhores políticas", destaca.
As condições climáticas do Brasil são um grande atrativo para investimentos no setor. "Eu resido na Alemanha, um dos países com a maior capacidade instalada de energia solar. O melhor lugar de incidência de sol na Alemanha é pelo menos 30% pior do que o pior lugar no Brasil, onde o Brasil tem menos incidência de energia solar, que são áreas de Santa Catarina, onde você tem muita cobertura de nuvens. Então o Brasil pode expandir muito mais", compara Rittl.
Ele lembra que nos momentos de crise econômica recente, a energia eólica foi um setor que gerou empregos e retorno para o investimento. "Quando tivemos recessão econômica em 2015, 2016 e 2017, a energia eólica continuou se expandindo, os investidores continuaram aumentando a geração de energia dessa fonte e foi um setor que gerou muitos empregos no momento em que a nossa economia estava se encolhendo", observa.
Maior geradora independente de eletricidade do mundo, com 104 GW de capacidade instalada, a francesa Engie tem como meta sair das operações de carvão até 2027 e descarbonizar totalmente as atividades até 2045. E o Brasil faz parte dos planos companhia, presente no país desde 1996, e onde o faturamento chegou a RS 13,5 bilhões, no ano passado.
A Engie do Brasil explora 5 conjuntos eólicos, 4 usinas solares, além de 12 hidrelétricas e 3 usinas de biomassa, sendo líder no setor de energia renovável no Brasil, com 10 GW de capacidade instalada de fontes renováveis, em 77 plantas operadas pela companhia.
"Com relação à energia solar, esse é um boom que está acontecendo no Brasil, porque como não há barreira tecnológica, não precisa ser uma grande empresa e com expertise, um grupo de engenheiros experiente pode fazer, contanto que tenha capital. Houve uma proliferação muito grande de novos projetos no país todo", explica Gil Maranhão, diretor de Comunicação e Sustentabilidade da companhia. O executivo cita outra vantagem dos projetos solares. "Uma vez que são projetos que podem ocupar um espaço mais reduzido, eles podem estar próximos dos centros de carga, dos centros de consumo, e têm custos reduzidos de transmissão", completa.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Evolução rápida de tecnologias traz atenção com desempenho de equipamentos.
A viabilidade de muitos projetos do setor elétrico, muitas vezes passa pelo seu seguro. Segundo a Allianz Global Corporate & Specialty, a complexidade dos projetos pede grande capacidade técnica e de investimentos para serem implementados, o que pode levar a uma procura por um seguro específico. Produtos para energia verde ainda enfrentam alguns desafios, como a rapidez do desenvolvimento tecnológico, além de viabilidades financeiras e logísticas, que precisam ser contempladas.
De acordo com Patricia Marzullo, diretora de Energia & Construção para América Latina na AGCS, as fontes renováveis ainda representam um desafio para as seguradoras. Para exemplificar isso, ela cita o caso da energia eólica, que traz preocupações com relação à evolução da potência dos aerogeradores, além dos riscos intrínsecos da construção e operação dos parques eólicos.
Dados apresentados pela AGCS, nos últimos 20 meses, apontam que a operação de resseguro América Latina entrou, somente na região, em onze novos projetos de parques eólicos, oito estão com modelos diferentes de turbinas e cinco possuem novas tecnologias, consideradas protótipos, que ainda não possuem experiência em operação. Nos últimos 10 anos, a potência das máquinas onshore triplicou, passando de 2 MW para 6 MW, podendo o conjunto ter altura de mais de 250 metros.
Entre os pontos que merecem atenção estão a preocupação com a reposição de equipamentos e planos de contingência, o que evita a parada do parque ou a diminuição na entrega de energia; planos de drenagem e fundações; exposição a riscos da natureza, principalmente nesta era de significativas mudanças climáticas; e o ambiente extremamente adverso como o marinho, sujeito a correntes marítimas, ventos e tempestades, para os parques eólicos offshore.
Segundo a diretora, tem se verificado no mercado que a substituição de um transformador de alta potência, peça crítica para os parques eólicos, pode demorar de 20 a 24 meses e com isso impossibilitar o escoamento de sua energia para a rede. Contudo, a AGCS também destaca o desenvolvimento de outras novas tecnologias, como o caso do hidrogênio verde, que está sendo considerado o “óleo verde do século 21”. Internacionalmente, a tecnologia tem recebido investimentos, mas também está sendo um desafio para as seguradoras e resseguradoras, que estão buscando soluções de cobertura, uma vez que compreende riscos de produção, armazenamento e transporte.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Especialistas avaliam que país tem potencial para liderar a produção.
O Brasil tem pressa em começar a produzir hidrogênio verde e energia elétrica a partir dos aerogeradores que serão instalados no mar (eólicas offshore). O assunto foi debatido hoje (10) durante o painel Infraestrutura de Apoio à Transição Energética, no pavilhão brasileiro montado na COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egito.
"Precisamos acelerar [o processo de implantação de empreendimentos de energia limpa] porque todos países querem liderar esse processo. Muitos países têm condições de liderar, mas talvez o Brasil seja o país que reúne as melhores condições para liderar [esse segmento]", disse a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum.
Ela se referia, em especial, às pretensões brasileiras de produzir hidrogênio verde a partir da energia eólica gerada pelas offshore, que são os aerogeradores instalados no mar.
De acordo com a assessora especial do Ministério do Meio Ambiente (MMA) Roberta Cox, que também participou do debate, as ações do governo, no sentido de desburocratizar as autorizações para a instalação desses empreendimentos, têm avançado de maneira satisfatória, com a publicação de portarias que regulamentaram o decreto de cessão de uso de áreas marinhas.
“Uma das portarias, inclusive, criou o PUG-offshore, que é o Portal Único para Gestão do Uso de Áreas Offshore para Geração de Energia. Até então, no processo de cessão do uso de áreas marinhas, empreendedor e ministério tinham de passar por nove órgãos para terem a autorização. Agora fazemos isso em apenas um balcão único, a exemplo de outros países. O PUG dispara tudo para os outros órgãos”, explicou a representante do Ministério do Meio Ambiente.
Na avaliação da presidente da ABEEólica, “do lado das offshore estamos caminhando muito bem”, com a regulamentação estabelecida a partir das publicações do decreto e das portarias que tratam do assunto. “Agora vamos trabalhar fortemente para termos o primeiro leilão de seção de uso do mar, o que deve acontecer no ano que vem. Daí, o MMA poderá, enfim, fazer o licenciamento ambiental dos parques eólicos”, disse Elbia.
Segundo ela, os projetos visando a produção de hidrogênio verde também estão sendo encaminhados. A denominação hidrogênio verde ocorre quando a eletricidade usada na eletrólise da água, visando a extração do hidrogênio, vem de fontes de energia renováveis como eólica, fotovoltaica e hidrelétrica. Pode também ser obtido por hidroeletricidade e por biomassa de rejeito.
Ceará
A previsão é de que o Ceará venha a se tornar o principal produtor desse combustível, tendo como hub uma usina no Porto do Pecém. Segundo o coordenador de Energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Joaquim Rolim, que também participou da reunião, “no Ceará deveremos ter ainda este ano a primeira molécula de hidrogênio verde sendo produzida pelo projeto piloto no Complexo do Pecem”.
“Inclusive o Senai já está fazendo capacitações sobre o tema de hidrogênio verde. Ano passado, tivemos um curso com mais de 5 mil inscritos. Estamos muito otimistas. Não podemos desperdiçar essa oportunidade”, disse.
Elbia Gannoum explicou que eólicas, offshore e hidrogênio verde têm relação entre si, “mas são interdependentes”, uma vez que o país tem à sua disposição outras fontes renováveis não danosas ao meio ambiente, o que torna este combustível ainda mais atraente para os investidores.
“O Brasil precisa entender essa oportunidade e ver esses investimentos como fator fundamental para o crescimento do país. Com energias renováveis, vamos gerar emprego, renda; vamos investir em tecnologia e capacitação, além de fazer pesquisas em desenvolvimento e inovação. É um pacote de beneficio de externalidades positivas que temos para atrair investimentos. Não podemos perder nenhum minuto para fazer com que o país realmente aproveite essa oportunidade”, defendeu.
Combustível do futuro
Considerado o combustível do futuro, o hidrogênio verde tem despertado interesse cada vez maior no exterior por seu consumo e produção não serem prejudiciais ao meio ambiente.
Para ter o selo verde é fundamental que o hidrogênio seja produzido e transportado sem o uso de combustíveis fósseis ou de outros processos prejudiciais ao meio ambiente. Sua produção requer o uso de muita energia, em especial para retirar, por hidrólise, o hidrogênio que é encontrado na água.
O interesse por esse combustível é crescente devido ao risco de segurança energética pelo qual passa o continente europeu, em meio ao cenário de guerra entre Rússia e Ucrânia. Boa parte dos países europeus depende do gás exportado pela Rússia.
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
O governo federal está se preparando para lançar nas próximas semanas as bases de um novo leilão do setor elétrico, que ajudará a filtrar o estoque de projetos de geração de energia renovável que se formou no último ano, após empreendedores correrem contra o tempo para garantir descontos em tarifas de distribuição e transmissão.
A licitação em novo formato, que deverá ocorrer em 2023, prevê colocar geradores para competir pela conexão de suas usinas ao sistema de transmissão de energia elétrica, informou o Ministério de Minas e Energia (MME), à agência de notícias Reuters.
A ideia é selecionar os projetos que efetivamente serão construídos entre os quase 200 gigawatts (GW) de potência que aguardam outorga. Esses empreendimentos, que "no papel" dobram a capacidade de geração do país, foram impulsionados pelos descontos tarifários que elevam a sua competitividade.
O ministério disse que trabalha na abertura de uma consulta pública sobre o assunto nas próximas semanas, com previsão de publicação de uma portaria para o final do ano. "O tema tem sido tratado com prioridade no ministério. A elaboração da portaria visa estabelecer um critério de competição que proporcione maior eficácia e eficiência na alocação dos recursos de transmissão, cujo acesso tem se caracterizado como um recurso escasso", conforme explicou a pasta, em nota. (portal Investing.com – com informações da agência de notícias Reuters).
Lula diz que Petrobras não será ‘fatiada’ e que BB não será privatizado
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (10/11) que a Petrobras não será "fatiada" e que o Banco do Brasil não será privatizado em seu futuro governo, assim como a Caixa Econômica Federal. Nos últimos anos, a Petrobras vem tocando um programa de venda de ativos como subsidiárias e
campos maduros.
“Quero dizer para vocês que as empresas públicas brasileiras serão respeitadas. A Petrobras não vai ser fatiada, quero dizer que o Banco do Brasil não vai ser
privatizado, assim como a Caixa Econômica e o BNDES, o BNB (Banco do Nordeste) e o Basa (Banco da Amazônia) voltarão ser bancos de investimento, inclusive para pequenos e médios empreendedores”, afirmou.
Lula deu a declaração ao discursar em um encontro com parlamentares aliados no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde funciona a transição de
governo. Esta foi a primeira visita de Lula ao local. (O Globo)
ONS autoriza operação comercial de trecho de linha de transmissão da Taesa e Isa Cteep no Paraná
A Taesa e a Isa Cteep anunciaram nesta quinta-feira (10/11) que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) emitiu o termo de liberação para a concessão Interligação Elétrica Ivaí. No total, a concessão possui uma receita anual permitida de R$ 398,5 milhões para o ciclo de 2022 e 2023, com extensão de 593 quilômetros, tensões de 230 kV e 525 kV, interligando cinco subestações.
Quando concluída em sua totalidade, a Ivaí interligará 41 municípios do estado do
Paraná, adicionando mais de 2.600 MVA de potência à região, o suficiente para abastecer aproximadamente um milhão de residências. (Valor Econômico).
ONS registra 24 recordes de geração solar em setembro
A geração solar registrou 24 recordes de geração no mês de setembro, conforme indica o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). As marcas mais recentes
foram confirmadas entre os dias 27 e 29 de setembro. (Portal Solar)
Eletrobras tem prejuízo no 3º trimestre
A recém-privatizada Eletrobras registrou prejuízo líquido de R$ 88 mil no terceiro trimestre de 2022, ante um lucro de R$ 990 milhões de julho a setembro de 2021, segundo relatório publicado ontem (09/11).
De acordo com a companhia, o resultado do terceiro trimestre deste ano foi impactado negativamente por fatores como a deflação do IPCA (-0,37%) e do IGPM
(-1,43%) sobre a receita de transmissão; amortização dos novos ativos de geração e despesas financeiras das obrigações junto à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e projetos especiais; provisão para crédito de liquidação duvidosa em relação à Amazonas Energia e contingências com destaque para a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), uma das subsidiárias da Eletrobras. (Folha de S. Paulo)
PANORAMA DA MÍDIA
O índice de preços ao consumidor de outubro, dos Estados Unidos, deu aos investidores o sinal de que eles estavam esperando sobre algum esfriamento na elevação de preços. Os quatro principais recortes do dado vieram abaixo das expectativas, com três deles desacelerando. Conforme apresentado pelo Departamento de Trabalho americano, o índice de outubro avançou 0,4% em outubro, no mesmo ritmo que o avanço de setembro. A expectativa dos economistas consultados pelo “The Wall Street Journal”, porém, era de avanço de 0,6%. (Valor Econômico).
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Em carta ao todos os deputados, a entidade alerta para o custo adicional da proposta que amplia em 12 meses o prazo previsto na Lei 14.300.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica pediu em carta a todos os deputados a rejeição do PL 2.703/2022. A proposta amplia em 12 meses o prazo previsto na Lei 14.300 para garantir os descontos nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição a quem instalar unidades de micro e minigeração distribuída.
Na correspondência enviada nesta quinta-feira, 10 de novembro, a Abradee alerta para a inclusão de novos custos na conta dos demais consumidores com a prorrogação de prazos prevista na proposta que tramita na Câmara dos Deputados. A estimativa da entidade é de que os subsídios concedidos a proprietários de sistemas de geração própria de energia serão responsáveis por um custo extra de R$ 80,5 bilhões para todos os consumidores até 2045.
Há um requerimento com pedido de urgência protocolado pelo deputado Domingos Neto (PSD-CE). O documento tem a assinatura de vários líderes partidários e, caso seja aprovado, o PL poderá ser incluído na pauta do plenário a qualquer momento, sem passar por comissões permanentes que teriam de analisar a matéria.
A Abradee contesta o que chama de “argumento falacioso” de que as distribuidoras não estariam cumprindo o prazo estabelecido em lei para a realização das conexões de GD, o que estaria lesando o consumidor. Afirma que de outubro de 2021 a setembro de 2022, o número de reclamações mensais relacionadas às instalações de micro e miniGD representam menos de 0,2% do total de usuários desses sistemas.
Também questiona as alegações de que haveria uma demora da Agência Nacional de Energia Elétrica na regulamentação da lei, destacando que há três consultas publicas abertas pelo órgão regulador.
Para as distribuidoras, o aumento exponencial da geração solar distribuída é a prova de que não há necessidade de prorrogar o período de transição. As conexões diárias de novos sistemas de geração aumentaram de 622 em 2020 para 1.848 em 2022, ano que os próprios representantes do segmento consideram o melhor já registrado em todos os tempos para a fonte.
“Se a GD está crescendo tanto e tão rápido, (acima de todas as expectativas e projeções) cabe a pergunta: será que ela precisa de mais incentivo? Será que todos os consumidores sem GD têm que ter a sua conta de luz aumentada apenas para ampliar os benefícios para os usuários de GD?” pergunta a Abradee.
O que diz a proposta
O PL de autoria do deputado Celso Russomano (Republicanos-SP) estabelece prazo adicional de um ano para a solicitação de acesso à rede da distribuidora, sem que sejam aplicadas novas regras tarifárias menos vantajosas às unidades de micro e minigeração distribuída de energia elétrica. Ele altera a lei que instituiu o marco da micro e minigeração distribuída.
A legislação da GD estabelece um período de transição, garantindo os descontos na tarifa fio para solicitações de acesso à distribuidora que forem feitas até 12 meses após a publicação da lei, contados a partir de 6 de janeiro desse ano. Também prevê o beneficio para quem entrar após os 12 primeiros meses de vigência da lei, com o pagamento escalonado da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD fio B) até o fim do desconto.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Missão de Sebrae e Ministério do Meio Ambiente está levando 40 pequenos negócios brasileiros à COP27, a conferência do clima da ONU, no Egito.
Eles vão apresentar soluções contra efeitos do aquecimento global em painéis realizados no evento. O foco está em projetos que trazem ferramentas que colaboram para enfrentar a crise energética global.
— O produto brasileiro tem uma das menores pegadas de carbono, o que atrai investimentos em operações no nosso território — diz Carlos Melles, presidente do Sebrae. — Vamos romper fronteiras e mostrar, por exemplo, uma agroindústria resiliente com pequenos negócios competitivos a partir da visão da energia como fator de desenvolvimento econômico.
Entre os temas que serão abordados em painéis organizados pelo Sebrae estão estratégias e fontes de financiamento das energias limpas no Brasil e descarbonização nas cadeias produtivas nas indústrias.
Fonte e Imagem: O Globo.
Ambiente de contratação livre superou novamente marca de 10 GW médios de comercialização de renováveis.
Dados da Abraceel mostram que a produção das fontes renováveis incentivadas – solar centralizada, eólica, pequenas centrais hidrelétricas e a biomassa – bateu recorde em agosto de 2022, ultrapassando pela primeira vez a barreira dos 20 GW médios, atingindo 20,6 GW médios.
A maior parte dessa produção, 11,1 GW médios, precisamente 54%, foi direcionada ao mercado livre de energia, ambiente de contratação onde fornecedores e consumidores podem negociar livremente as condições do fornecimento. As duas marcas foram as maiores já alcançadas no histórico do setor elétrico.
De acordo com a Abraceel, a produção de energia por fontes renováveis incentivadas e a comercialização desta no mercado livre mantêm uma relação de simbiose bastante estreita. O crescimento na geração elétrica por tais fontes tem sido acompanhado pela expansão da comercialização da produção no mercado livre de energia, que se consolida cada vez mais como principal ambiente comercial para escoar a energia renovável.
Diante deste cenário, o mercado livre de energia absorve 54% da geração das fontes renováveis incentivadas realizada em agosto de 2022. Individualmente, o ambiente de contratação livre foi destino de 70% da energia gerada por usinas a biomassa, 62% das PCHs, 47% das eólicas e 45% das solares centralizadas.
Ainda segundo a Abraceel, a economia na compra da energia elétrica continua sendo um diferencial relevante. O desconto no preço da energia para os consumidores no mercado livre chegou a 44% em setembro de 2022, fruto da diferença entre a tarifa média das distribuidoras (R$ 279/MWh) e o preço de longo prazo do mercado livre (R$ 156/MWh).
De acordo com a Abraceel, do total de unidades consumidoras no mercado livre de energia atualmente (29.661), 4.387 migraram nos últimos 12 meses. Já a quantidade de unidades consumidoras no ambiente de contratação livre cresceu 17% em 12 meses, confirmando um movimento de forte expansão.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Marcelo Guaranys substituiu o ministro da Economia, Paulo Guedes, que estava previsto inicialmente para participar do evento.
O secretário executivo do ministério da Economia, Marcelo Guaranys, destacou o papel do Brasil na produção de energia sustentável no mundo.
A fala foi feita nesta terça-feira (8), em participação no painel sobre mercado de capitais e ativos ambientais, do Ministério do Meio Ambiente, na COP 27.
Marcelo Guaranys substituiu o ministro da Economia, Paulo Guedes, que estava previsto inicialmente para participar do evento.
Durante a participação, Guaranys ressaltou a importância da parceria entre os ministérios da Economia e do Meio Ambiente, principalmente na área do mercado de títulos de captação de carbono.
“Precisamos dar para todos aqueles que protegem, que tem política de sustentabilidade o direito de propriedade, para que eles possam pegar esses programas de proteção e até comercializar para aqueles que precisam fazer compensação ambiental, possam usar esses títulos. Damos aqueles que protegem um incentivo para que se proteja ainda mais, melhorando nossas compensações.”, disse Guaranys.
O secretário executivo finalizou a participação apontando a importância dos investimentos ambientais, para o desenvolvimento social do Brasil.
Segundo ele, as pautas econômicas e ambientais são totalmente compatíveis, e promovem a política ESG nessas pautas no governo federal.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Conteúdo será atualizado semestralmente pelo órgão do governo federal.
O Ministério de Minas e Energia aprovou o painel do Plano Nacional de Energia 2050. O despacho foi publicado no Diário Oficial da União de segunda-feira, 7 de novembro. O objetivo é o de promover o gerenciamento e disseminação do plano de ação e monitoramento das ações estruturais em âmbito Federal que endereçam a implementação da estratégia de longo prazo do Governo em relação à expansão do setor de energia. E ainda, diz o texto, garantindo transparência à sociedade e facilitando o acompanhamento dos efeitos e desdobramentos dessas ações.
A Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético coordenará e dará sequência ao processo de aperfeiçoamento das metodologias, dos critérios e dos procedimentos adotados para a atualização das informações disponibilizadas, em articulação com as demais Secretarias do Ministério de Minas e Energia e com a Empresa de Pesquisa Energética. O painel estará disponível na página do MME e será atualizado semestralmente.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Diretora do Ministério de Minas e Energia Marina Rossi afirma que o país deve se tornar porto seguro para investidores.
O Brasil não só deve assumir a vanguarda na produção de energia verde, como caminha para se tornar um porto seguro para investidores, podendo se tornar um exportador de energia limpa. Essa é a opinião de Marina Rossi, diretora de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME) sobre um dos assuntos que devem ser destaque durante a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022 (COP-27), que começa neste domingo, no balneário de Sharm El Sheikh, no Egito, com enorme expectativa sobre o papel do Brasil sobre temas fundamentais como a transição energética e a construção de um futuro baseado em energia verde.
Segundo ela, o potencial de produção de energia eólica fora da costa, por exemplo, pode transformar o Brasil em um exportador de energia limpa. "Existe um grande potencial de geração a ser utilizado na produção de hidrogênio para exportação. Assim, como o Brasil tem um destacado papel na produção global de alimentos, podemos nos tornar também um grande exportador de energia limpa", afirma.
A exploração da energia eólica fora da costa está em fase de regulamentação. "Nossa prioridade é prezar pela segurança desse investimento, para que ele seja efetivo em promover o crescimento econômico, sempre com regras claras e segurança jurídica, sem abrir mão da celeridade e desburocratização."
Em entrevista exclusiva à Bússola, Marina falou ainda sobre segurança energética, os desafios para neutralizar emissões na geração de energia produzida a partir de combustíveis fósseis.
Bússola: O Brasil vem sendo visto cada vez mais como uma liderança no debate sobre a transição energética no mundo. Mas a condução dessa transição pressupõe aumentar a presença de fontes de energia limpa, mantendo a segurança energética e a estabilidade do sistema industrial, no estágio em que se encontra hoje. Como essa equação se fecha?
Marina Rossi: O Brasil é protagonista na transição energética mundial. Nossas matrizes estão entre as mais limpas do planeta. Para se ter uma ideia, esperamos que, ao final de 2022, quase 47% de nossa energia e 85% de nossa oferta de energia elétrica sejam decorrentes de fontes renováveis. Esses percentuais são três vezes maiores que a média mundial.
Tal panorama foi pavimentado pelo uso de recursos hídricos abundantes do país, aliado aos incentivos para a diversificação das fontes. Esse patamar também foi fortalecido pela interligação das diversas regiões brasileiras, para garantir uma maior segurança energética, uma vez que nossa matriz – predominantemente hidráulica – sempre foi impactada pelos efeitos climáticos. Além disso, desde a década de 70, o Brasil se esforça para reduzir a dependência de derivados de petróleo no setor de transportes, tendo sido pioneiro na criação de políticas para utilização de biocombustíveis, a custos competitivos.
Como todo esse processo foi sendo construído de maneira estruturada, o Brasil conseguiu alcançar uma dependência cada vez menor de importações de petróleo e derivados, além de atingir altos níveis de segurança energética. Com isso, o país tem caminhado para uma expansão acentuada do mercado livre, no qual a oferta de fontes renováveis é predominante. Para tratar da segurança sistêmica, principalmente considerando a variabilidade das fontes renováveis, foram desenvolvidos leilões de reserva de capacidade em 2021.
Em conjunto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e participantes do setor, o Ministério de Minas e Energia (MME) está trabalhando para desenvolver o mercado de capacidade, permitindo que os agentes também contribuam para necessidade sistêmica de potência e de energia.
Bússola: Existe ainda um desafio de neutralizar as emissões na geração de energia a partir de combustíveis fósseis. O que vem sendo feito de forma concreta nesse sentido?
Marina Rossi: O país já possui frentes de neutralização das emissões em atividades. Exemplos relevantes disso são os Créditos de Descarbonização (CBIOs), gerados no âmbito do Programa Renovabio. A instituição do programa foi um passo importante e o MME está sempre buscando aprimorá-lo. Outro avanço foi a publicação do Decreto n° 11.705/2022, que dá mais um passo para estruturação de um mercado de crédito de carbono.
Além disso, é sempre importante destacar que a manutenção de um perfil renovável na matriz elétrica já é uma grande conquista do Brasil em termos de neutralidade de carbono, visto que atualmente o País já emite 33% menos que o bloco da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e 37% menos que o mundo, em termos do uso de energia.
Tudo isso já considerando o panorama de 2021, quando tivemos aumento da geração termelétrica devido à maior escassez hídrica da história. Para além disso, cabe ressaltar que, enquanto em diversos países a geração elétrica é responsável pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa (GEE), no Brasil ela corresponde a apenas 16,5% do total. E, mesmo em um contexto favorável e privilegiado, temos intensificado as ações nos setores carbonointensivos, garantindo a construção de um mercado de carbono, ao mesmo tempo que possuímos uma matriz elétrica extremamente renovável.
Bússola: O Brasil também tem um enorme potencial para geração de energia eólica offshore, uma fonte que vem sendo bastante explorada por países como a China, por exemplo, líder hoje na produção de energia gerada pelo vento em alto mar. Existe uma expectativa de que, com a publicação do Decreto 10.946/2022, em fase de regulamentação, haja avanços já em 2023. Quais são os desafios para essa implementação no Brasil?
Marina Rossi: Após a publicação do Decreto nº 10.946/2022, o MME publicou duas portarias sobre a geração de energia fora da costa, as offshore. A primeira foi a nº 52/2022, com as diretrizes complementares ao Decreto. A segunda foi a interministerial MMA/MME nº 3/2022, criada para o desenvolvimento do portal único de gestão das áreas e das solicitações em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e demais instituições envolvidas.
Um dos principais desafios é desenhar um arcabouço regulatório organizado, aderente às necessidades e particularidades desse porte de empreendimento, evitando a existência de entraves para a adequação da estrutura portuária e na cadeia de suprimentos. Acreditamos que será um desafio absorver a energia a ser gerada, considerando a expansão prevista da carga e a expansão da oferta de outras fontes renováveis competitivas no país. Nesse sentido, existe um grande potencial de geração a ser utilizado na produção de hidrogênio para exportação. Assim, como o Brasil tem um destacado papel na produção global de alimentos, podemos nos tornar também um grande exportador de energia limpa.
Com o avanço da regulação, será possível que os empreendedores desenvolvam estudos que mostrem características mais detalhadas da geração de energia offshore no mar brasileiro. Dessa forma, podem ser identificados quais são os atributos dessa fonte e de que forma podem contribuir para a oferta de energia e para a segurança sistêmica. Esse setor deverá gerar atratividade ao investimento privado, com capital nacional e internacional. A nossa prioridade é prezar pela segurança desse investimento, para que ele seja efetivo em promover o crescimento econômico, sempre com regras claras e segurança jurídica, sem abrir mão da celeridade e desburocratização.
Bússola: Um dos focos da COP27, que começa na próxima semana, é a energia verde, tema de um dos pavilhões que o Brasil vai apresentar na conferência. Existe, nesse sentido, uma oportunidade para que o país seja considerado como foco para investimento externo nesse cenário?
Marina Rossi: O trabalho do MME se traduz na construção de consensos entre as diversas entidades participantes do setor energético visando à consolidação do Brasil como um porto seguro de investimentos, garantindo que o país esteja na vanguarda do setor de energia verde.
Recentemente, criamos o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), com os primeiros passos na geração e promoção do hidrogênio de baixo carbono como vetor energético no país. Esse programa representa uma grande oportunidade para investir e participar do desenho de mercado numa das nações mais promissoras do mundo. O Brasil, além de ter uma matriz altamente renovável, essencial para a produção de hidrogênio de baixo carbono, detém expressivos recursos ainda não explorados, incluindo potenciais de geração fotovoltaica e eólica, tanto onshore quanto offshore.
A geração distribuída (GD) nacional, majoritariamente fotovoltaica, tem crescido a níveis elevados, com tendência de aumento de mais de 80% para este ano, garantindo um ambiente sólido para investidores.
Além disso, recentemente regulamentamos o Decreto n° 10.946/2022, referente ao aproveitamento dos recursos naturais para geração de energia elétrica em ambiente offshore. Diversas empresas têm sinalizado interesse no potencial do Brasil, garantindo que as medidas adotadas sejam o início de mais um protagonismo brasileiro na questão energética.
Dessa forma, esperamos atrair cada vez mais investimentos em energia verde, contribuindo para o fortalecimento de ações de mitigação de mudanças climáticas e garantindo acesso à energia limpa, segura e barata aos brasileiros.
Fonte e Imagem: Exame.
Empreendedores da área de geração de energia solar manifestaram apoio ao projeto de lei 2.703/2022 que prevê a postergação por 12 meses do prazo para solicitação de acesso na distribuidora de energia, por parte de consumidores que adotaram sistema de geração distribuída (GD), sem que sejam aplicadas as novas regras tarifárias previstas na lei 14.300/2022, o marco legal da GD, sancionado no início deste ano.
“Além de continuarem descumprindo, sistematicamente, o prazo regulatório de milhares de pedidos de conexão de geração distribuída feitos pelos consumidores desde o início de 2022, as concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica têm deixado de aplicar dispositivos da referida lei [14.300/2022] que sequer dependem de regulamentação, prejudicando imensamente os usuários desse serviço público imprescindível para a sociedade moderna e cada vez mais digital”, afirmam entidades ligadas à indústria de energia solar em carta aberta de apoio ao PL 2.703/2022, de autoria do deputado federal Celso Russomano (RepublicanosSP).
“Diante [...] do reiterado descumprimento, pelo regulador e pelas concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica, do acordo firmado entre as partes na construção deste marco legal, tornou-se imprescindível a adequação da Lei nº 14.300/2022, em defesa da justiça, do equilíbrio e da coerência, de modo a proporcionar a necessária previsibilidade, estabilidade, segurança jurídica e segurança regulatória da geração distribuída renovável no Brasil”, acrescentam as entidades.
O documento é assinado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGDE), Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Movimento Solar Livre e Sebrae
Sinal locacional
Ainda com relação à Câmara dos Deputados, foi incluído na pauta de votação do plenário desta segunda-feira, 7 de novembro, o projeto de decreto legislativo 365/2022, de autoria do deputado federal Danilo Forte (União-CE) e que susta resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre as mudanças no sinal locacional das tarifas de uso do sistema de transmissão (Tust).
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Brasil já responde por 10% dos empregos em projetos de energia renovável no mundo e vai acelerar ritmo de abertura de postos, dizem especialistas.
Ronaldo Ribeiro de Freitas Filho, 34 anos, sempre gostou de energia renovável. Técnico em eletrotécnica e engenheiro, ele tinha 23 anos quando decidiu migrar para área de “emprego verde”. E, por iniciativa própria, foi atrás de qualificação. A oportunidade surgiu ao entrar no grupo Enel em 2011, multinacional italiana de geração e de distribuição de eletricidade e gás. A empresa sinalizava a entrada no segmento com a fundação, em 2008, da Enel Green Power, que gerencia e desenvolve atividades de produção de energia a partir de fontes renováveis.
Com passar dos anos, a companhia ofereceu oportunidades de especialização nessa área, e Freitas Filho aproveitou para aprimorar formação: “Fui alinhando tanto oportunidades que a Enel me deu quanto as que eu busquei por mim mesmo”, conta.
Hoje ele é gerente do Centro de Operações da Enel Green Power no Brasil, e cursa MBA pela universidade Politecnico di Milano, na Itália, em programa de qualificação oferecido pela companhia: “Temos no mercado opções para buscar [qualificação]”, afirma. “Mas meu sentimento é que parcerias poderiam ser mais exploradas.”
O sentimento é compartilhado por estudiosos em geração de energia renováveis. Eles afirmam que o Brasil tem potencial de gerar pelo menos mais 2 milhões de empregos em projetos de energia renovável nos próximos cinco anos. Seria quase duas vezes o número de vagas atuais no setor, de 1,2 milhão de trabalhadores diretos e indiretos na atividade. O problema é que não há oferta suficiente de treinamento para qualificar tal volume de novos trabalhadores.
O Brasil, que responde por 10% dos empregos “verdes” no mundo, sobretudo via geração hidrelétrica e biocombustíveis, vai acelerar o ritmo de abertura de vagas em renováveis, dizem especialistas. A fatia do país no setor no mundo é calculada pela Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena na sigla em inglês). O movimento de expansão será mais direcionado para fontes solar e eólica. A previsão dos técnicos se baseia em empreendimentos contratados em leilões.
Há insuficiência de formação técnica para novos entrantes de mercado de trabalho do setor, segundo o Instituto ClimaInfo, organização sem fins lucrativos voltada para estudos sobre mudanças climáticas, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), e a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica). As entidades defendem parcerias entre governo, empresas e universidades para elevar a qualificação em renováveis. Isso impediria possível “gargalo” futuro na expansão do mercado de trabalho do setor.
O engenheiro Aurélio Souza, conselheiro do Instituto ClimaInfo, participou da elaboração do documento “Plano Nordeste Potência”, lançado este ano por Centro Brasil no Clima, Fundo Casa Socioambiental, Grupo Ambientalista da Bahia e Instituto ClimaInfo. O estudo tem projeções de geração de energia e de vagas na região Nordeste, via empreendimentos “verdes”. É esse levantamento que projeta a criação de mais 2 milhões de empregos em cinco anos.
Os cálculos levam em conta outorgas concedidas de 66 gigawatts (GW), sendo mais de 90% de fontes solar e eólica. O percentual elevado se explica uma vez que fontes a base de biocombustíveis e hidrelétricas estão consolidadas. Cria-se, assim, espaço maior de crescimento nessas duas outras matrizes energéticas. Um gigawatt equivale a 1.000 megawatts.
“Cada megawatt instalado gera 30 posições de trabalho de solar por ano; com eólica, 15 posições ao ano”, diz Souza.
As estimativas de emprego se referem ao Nordeste, onde se concentram os projetos eólicos. O recorte demonstra que o ritmo de abertura de vagas pode até ser maior se forem acrescentados empreendimentos de outras regiões. “Hoje temos qualificação atrasada considerando a demanda.”
Pedro Drumond, coordenador da Absolar e especialista em gestão de pessoas do setor de renováveis, disse que, nos últimos dez anos, cresceu a oferta de graduação e pós-graduação ligadas à energia, bem como cursos de montadores de painéis solares, nos setores público e privado. “A mão de obra ainda não está qualificada da forma que precisamos”, afirmou o integrante da associação que reúne empresas de toda a cadeia de valor do setor solar fotovoltaico com operações no Brasil. Drumond sugeriu mais parcerias entre empresas e universidades para atender à necessidade de maior e melhor qualificação. Empresas vêm treinando o próprio pessoal, mas a iniciativa não seria suficiente, diz.
A Blue Sol Energia Solar, de Ribeirão Preto (SP), há 13 anos no setor fotovoltaico, foi uma delas. José Renato Colaferro, sócio-fundador, diz que foram treinados mais de 18 mil alunos na chamada “Universidade Blue Sol” da empresa, lançada em 2017. Colaferro diz não ser tarefa fácil treinar profissional para o setor solar. Exige formação em três pilares: conhecimento regulatório do setor elétrico, entendimento do mercado, incluindo fornecedores e custo de produção; e preparação técnica sobre painéis solares.
Para qualificar tal trabalhador, é preciso mais investimento em formação, diz Colaferro. Um profissional qualificado não se forma da noite para o dia, notou. No setor eólico, existem trabalhadores qualificados no mercado, para atender à demanda, acrescentou Elbia Gannoum, presidente-executiva da Abeeólica, instituição que reúne empresas da indústria eólica, incluindo fábricas de aerogeradores, de pás eólicas, operadoras de parques eólicos, investidores e diversos fornecedores da cadeia produtiva. “Hoje não temos gargalo [de falta de profissional]” afirmou. “Mas não é suficiente para demanda futura”, admitiu. “A cada um real investido no setor eólico se gera 1,9 emprego na cadeia produtiva.
A executiva tem realizado reuniões com players de mercado e conversado com instituições de pesquisa e de formação de profissionais para ampliar cursos e capacitações. Há “cases” de sucesso, como o curso de Engenharia de Energias Renováveis na Universidade Federal do Ceará, conta Gannoum. Ela reconheceu, porém, que é preciso ampliar mais oferta. “O que acontece hoje é que, quem quer entrar no setor de renováveis, busca formação. Faz cursos, vai se adaptando”, disse. “O que estou vendo é uma adaptação. Mas não se tem ação coordenada para focar nisso [em qualificar profissional].”
Até outubro de 2022, a energia solar tinha potência instalada de 21 GW, entre geração centralizada (grandes usinas) e geração distribuída (micro e minicentrais), e gerou 630 mil empregos, segundo a Absolar. Nas contas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), somente a geração centralizada solar deve chegar a 10,3 GW em 2026. Já eólica tem 24 GWs de capacidade instalada, de acordo com a Abeeólica. Segundo a associação, com os contratos fechados até o momento a previsão é atingir quase 40 GW até 2026.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ainda há divergências sobre o cronograma de liberalização e dúvidas sobre medidas necessárias para efetivar a transição.
Associações do setor elétrico, entidades empresariais e grandes companhias se manifestaram a favor da proposta feita pelo governo Jair Bolsonaro de abrir totalmente o mercado de energia nos próximos anos. No entanto, ainda há divergências sobre o cronograma de liberalização e dúvidas sobre medidas necessárias para efetivar essa transição.
Isso é o que pode se extrair das contribuições já divulgadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) no âmbito da consulta pública nº 137. O ministério fez uma proposta de acabar com restrições para que consumidores - incluindo residenciais e o comércio de pequeno porte - migrem para o mercado livre. Assim, eles deixam de ser consumidores “cativos” das distribuidoras em suas áreas de concessão e poderão escolher livremente seus fornecedores. A data sugerida para essa abertura é janeiro de 2026, para clientes de baixa tensão não residenciais e não rurais, e janeiro de 2028, para residenciais e rurais.
Diante das travas impostas ao PL 414, projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados com o objetivo de modernizar e liberalizar o setor elétrico, o MME lançou a consulta pública para discutir a possibilidade de promover a abertura em caráter infralegal. A base para isso é a Lei 9.074, de 1995, que já foi usada pelo ministério como sustentação para a liberalização total do mercado para consumidores de alta tensão - indústrias e o grande comércio.
A Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) apoiou a iniciativa do MME, mas fez uma ponderação. Para a entidade, o mercado pode ser totalmente aberto em 2026 - sem a necessidade de segregar os tipos de consumidores e ter duas datas diferentes para a liberalização.
“Quanto mais se adia a abertura para valer do mercado, mais se empurra o consumidor para saídas informais, que driblam os custos do mercado cativo”, diz o presidente da associação, Rodrigo Ferreira. Ele cita, por exemplo, o avanço da micro e da minigeração distribuída. A produção de energia elétrica por painéis fotovoltaicos instalados nos telhados das residências tem sido uma medida cada vez mais procurada.
Ferreira lembra que, nos dois leilões para contratação de energia no mercado cativo ocorridos neste ano (em maio e outubro), o valor médio do megawatt-hora ficou respectivamente em R$ 253 e R$ 237. Na mesma data do último leilão, o fornecimento de energia no longo prazo estava sendo negociado no BBCE - uma das principais plataformas do mercado livre - por R$ 155. “Na prática, se toda a demanda atendida no último leilão tivesse sido contratada no BBCE, haveria uma economia de R$ 2,5 bilhões em 20 anos [a duração dos contratos]”, diz Ferreira.
A Delta Energia, uma das maiores comercializadoras do mercado, sugeriu a abertura total em 2024 - sem diferenciação entre consumidores. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP) endossou o cronograma proposto pelo MME, mas frisou a importância de que a liberalização seja precedida de algumas regulamentações necessárias para não desorganizar o mercado.
Já a Cemig acredita que, além das normas para proporcionar uma “transição segura” entre os regimes e incentivar o “comportamento adequado” dos agentes, a melhor data para a abertura a todos os consumidores é 2028.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: Poder 360.
Desde 2018, painéis fotovoltaicos octuplicaram e já correspondem a 10% da eletricidade brasileira.
A rápida expansão da energia solar no Brasil tem surtido efeitos benéficos para a economia e a preservação do meio ambiente. Desde 2018, a potência instalada aumentou oito vezes, chegando a 20 gigawatts em outubro — à frente de gás, biomassa, carvão e energia nuclear. Cerca de 10% da matriz elétrica brasileira depende hoje do sol, e há, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, potencial para crescer muito mais. A previsão é que em pouco tempo a geração solar ultrapasse a eólica e fique atrás apenas da hídrica.
Uma das explicações é que ser verde é lucrativo. O dínamo da recente transformação são os brasileiros que fizeram contas e concluíram que painéis fotovoltaicos nos telhados de suas casas ou empresas representam economia. A queda na conta de luz é imediata. O tempo para recuperar o capital investido depende de fatores como incidência de sol no local e número de placas, mas é razoável falar em cinco anos. É como se toda a energia gerada depois desse prazo fosse grátis. A extensão da vantagem depende dos equipamentos, que costumam ter garantia bem maior.
O Brasil fez bem ao criar regras para incentivar a geração limpa. Quando há sol, a energia gerada abastece a residência ou a empresa, e o excedente é lançado na rede elétrica. Em momentos de pouco ou nenhum sol, a energia volta para ser consumida.
A Lei 14.300 prevê que quem já gera energia solar ou passar a gerar até o início de janeiro poderá continuar a usar gratuitamente a rede elétrica como uma espécie de bateria até 2045. Os consumidores que investirem em placas fotovoltaicas depois desse prazo pagarão uma tarifa. Mesmo com a mudança, continuará valendo a pena, mas a vantagem será menor. É esse incentivo extra que alimenta as previsões de crescimento vigoroso até o final do ano.
Com o agravamento do aquecimento global, a matriz elétrica limpa deverá se tornar uma das forças do Brasil para atrair investimentos no setor industrial. Como a demanda por eletricidade não para de aumentar e a maior parte dos rios já foi explorada, a participação das hidrelétricas é decrescente. Cairá de 61% do total para 48% em 2031, segundo estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Por sorte, o país conta com vastas áreas propícias à geração solar e eólica, que, juntas, deverão chegar a 30% em nove anos.
A diversificação das fontes também reduz a vulnerabilidade do sistema de geração. Com mais painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas, será possível gerenciar melhor os reservatórios de água das hidrelétricas. As demais fontes de energia — o gás, inclusive — também continuarão a ter papel relevante para manter a segurança da rede e reduzir o risco de apagões. Mas sol e vento é que garantirão o carimbo de sustentável à nossa matriz energética.
Fonte e Imagem: O Globo.
Consumidor tem menos de 100 dias para ter isenção de taxa de utilização.
Um crescimento acima de 50% em pouco mais de seis meses não é exatamente um resultado ruim, mas é considerado frustrante por quem esperava mais do que dobrar o volume de negócios. Para distribuidores e instaladores de equipamentos de energia solar no Brasil, a expectativa era viver, em 2022, uma espécie de corrida do ouro pelos sistemas.
Ao fim do terceiro e penúltimo trimestre do ano, o quadro se desenhando é mais modesto.
Além do que o setor considera ser a grande vantagem do sistema —o uso de fonte gratuita e abundante no Brasil, o sol—, há o calendário: instalações registradas a partir de 7 janeiro de 2023 passarão a pagar uma taxa pelo uso da rede de distribuição.
Para quem já tem um sistema de geração de energia local e para aqueles que fizerem o pedido de acesso até o dia 6 de janeiro de 2023, essa taxa, chamada de Tusd B (tarifa de uso dos sistemas de distribuição), ou fio B, ficará isenta até 2045.
A alta de juros e a elevação do endividamento são vistos como dois fatores que contribuíram para o crescimento abaixo das projeções.
O financiamento dos sistemas de energia solar são considerados fundamentais, uma vez que eles têm um custo inicial elevado, entre R$ 16,6 mil e R$ 22 mil, segundo simulações do Portal Solar para um sistema residencial que substitua um gasto mensal de R$ 500 com a conta de luz.
Com juros maiores (a Selic está em 13,75% ao ano), o crédito fica mais caro. Ao mesmo tempo, o aumento do endividamento eleva o risco e reduz as condições de as famílias acessarem as linhas.
Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), diz que houve aumento na procura nos últimos 30 a 60 dias, melhorando as expectativas para o encerramento de 2022. "Todo o mercado esperava um ano inteiro muito acelerado e errou neste sentido", diz.
De janeiro a agosto, a média de crescimento mensal, em megawatt, está 57,2% maior do que o mesmo período do ano passado. A potência acumulada está em 12,7 gigawatts. Um ano antes, estava em 7,4 gigawatts, um crescimento de 71%.
A projeção feita pelo setor em janeiro, porém, era acumular 25 gigawatts até dezembro, considerando toda geração solar (a centralizada e a distribuída). Somente na distribuída (que é a dos telhados), a expectativa é chegar a 17 gigawatts.
SELIC EM ALTA E ELEIÇÕES AFETAM RESULTADOS, AFIRMAM EMPRESAS
Rodolfo Meyer, do Portal Solar, acredita que o ano eleitoral também afetou a decisão sobre investimentos. Depois de um primeiro trimestre que indicava aceleração, a guerra da Ucrânia, a antecipação da campanha eleitoral e a elevação da Selic foram freios relevantes.
Por isso, aposta em uma alta de pedidos em novembro e dezembro, com os quadros eleitorais já definidos. "Parece que está esquentando. E claro que 57% de crescimento não é mal."
Na WIN Solar, que distribui equipamentos solares, a diretora Camila Nascimento contabiliza, no primeiro semestre, resultado superior a todo o ano passado. "Infelizmente, pelo aumento da Selic, houve queda no interesse pelo financiamento. Se não tivesse ocorrido isso, teria havido corrida maior."
Enquanto em 2021 os preços dos equipamentos preocupavam o setor, neste ano há estabilidade. Os fretes marítimos, que passavam de US$ 10 mil (cerca de R$ 54 mil) há dois meses, já recuaram para o patamar de US$ 5.000 (cerca de R$ 27 mil).
O setor também está isento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e, com isso, fica dispensado de pagar ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços). Praticamente todas as partes do sistema fotovoltaico são importadas —e quase tudo vem da China.
SISTEMA AINDA SERÁ VANTAJOSO APÓS 6 DE JANEIRO
O início da cobrança pelo uso da rede de distribuição foi previsto pelo marco legal da geração distribuída, a lei nº 14.300, publicada no Diário Oficial da União no dia 7 de janeiro de 2022. A regra diz que solicitações de acesso nos 12 meses seguintes à publicação da lei manteriam a isenção da taxa pelo uso do fio até 2045.
Depois que o sistema para geração de energia solar é comprado, o consumidor, em geral por meio do integrador contratado para o serviço, solicita à distribuidora de energia o acesso à rede. Para usufruir da isenção da Tusd B, é necessário ter o protocolo desse pedido registrado até o dia 6, mesmo que o sistema não esteja instalado ainda.
Rodolfo Meyer, do Portal Solar, e Ronaldo Koloszuk, da Absolar, defendem que a geração distribuída continuará vantajosa, mesmo com o início da cobrança. A Tusd B corresponde a um percentual médio de de 28% da tarifa convencional.
A partir do ano que vem, a cobrança será escalonada até chegar à integralidade (os cerca de 28% da tarifa convencional) em 2029. Koloszuk diz que o impacto médio deve ser de 4% a cada ano. Com isso, a energia excedente que vai para a rede distribuidora passa a gerar um abatimento menor, pois haverá a cobrança do fio.
"Deixa de ser atrativa? Não, especialmente se você comparar com qualquer aplicação bancária", afirma Koloszuk. Para Meyer, a inflação da energia elétrica convencional também joga a favor do sistema de geração solar.
"Em sete anos, a cobrança vai ser de aproximadamente 4,2% ao ano para quem não tiver o benefício [da isenção por mais tempo]. A inflação está acima disso. Se você comparar com uma inflação da energia de 5% ano ainda valeria a pena", afirma. Ele defende também que a cada ano os sistemas ficam mais eficazes e, com isso, mais baratos.
Atualmente, a energia elétrica residencial acumula queda de preço (recuo de 12,86% em 12 meses até agosto, segundo o IPCA), após uma combinação de fatores conjunturais, sazonais e políticos. O nível dos reservatórios subiu a partir do fim do primeiro trimestre do ano e a bandeira de escassez hídrica, que cobrava R$ 14,20 por cada 100 kWh (quilowatts-hora) desde setembro do ano passado, foi encerrada.
Em junho, uma lei também definiu a devolução do ICMS sobre o PIS/Cofins na conta de luz que deve resultar em ajustes menores pelas concessionárias.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
O Ministério de Minas e Energia (MME) prevê a realização de um leilão de transmissão extraordinário no segundo semestre de 2023 para licitação de 2.375 km de novas linhas de transmissão 500 kV em corrente alternada que vão escoar energia nas regiões Norte e Nordeste. A pasta informou que já encaminhou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) diversos relatórios técnicos, que devem auxiliar as licitações de instalações de transmissão no país.
De acordo com o MME, a expansão do sistema de transmissão recomendada pelo estudo demandará investimentos na ordem de R$ 22,6 bilhões, sendo R$ 18,5 bilhões para obras do horizonte determinativo. Para a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético (SPE), “esse é um desafio, tendo em vista que em 2023 já estão previstas licitações que somam cerca de R$ 50 bilhões”.
Chamado de “Estudo de expansão das interligações regionais – Parte II: Expansão da capacidade de exportação da região Norte/Nordeste”, o levantamento conta com detalhamento técnico da alternativa de referência, análise socioambiental e estimativa de custos fundiários das obras, e a recomendação das novas instalações pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Também foram sugeridas duas novas subestações de rede básica, bem como a implantação de um bipolo em corrente contínua, em cerca de 800 kV, com extensão aproximada de 1.468 km e capacidade de 5 GW. O objetivo é o de integrar a subestação Graça Aranha, no Maranhão, à subestação Silvânia, em Goiás”.
A Aneel deverá iniciar os processos do leilão de transmissão para esses empreendimentos, incluindo etapas de consulta pública e avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU). O estudo indica as linhas de transmissão Graça Aranha – Silvânia, Presidente Dutra – Teresina, Silvânia – Nova Ponte 3, Nova Ponte 3 – Ribeirão Preto, Marimbondo 2 – Campinas e as SEs Graça Aranha e Silvânia.
O cronograma de realização de leilões, previsto na portaria nº 33/2021, deverá ser revisado ainda em dezembro de 2022.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
A conclusão da disputa eleitoral, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para mais um mandato como presidente, tende a abrir espaço para a aguardada votação, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei 414/2021, que trata da modernização do setor elétrico. Pelo menos essa era a sinalização inicial de parlamentares e a expectativa de parte do mercado. No entanto, tendo em vista movimentações para a inclusão de jabutis e o novo jogo de forças após as eleições, outras possibilidades vêm sendo aventadas por agentes do setor.
Em agosto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu que o texto, que determina a abertura gradual do mercado livre a todos os consumidores, seria pautado no plenário da Casa em outubro. No entanto, até o momento, não há sinal firme sobre uma data. Nos bastidores, a sinalização é que a matéria poderia ser pautada na segunda quinzena de novembro. Sem uma resolução sobre o tema no Congresso, o governo abriu consulta pública para uma proposta de cronograma para a abertura.
Apesar de prazos divergentes na consulta e no PL 414/2021, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse ao Broadcast Energia que o texto era uma das prioridades da pasta após as eleições. O governo tem trabalhado em conjunto com o Congresso na construção de uma proposta convergente. Segundo apurou a reportagem, a pedido do relator do PL, Fernando Coelho Filho (União-PE), o Ministério de Minas e Energia (MME) apresentou sugestões ao texto, no sentido de simplificar alguns dos dispositivos.
Um dos pontos encaminhados é justamente sobre o cronograma. A pasta propõe abrir o mercado livre para consumidores residenciais a partir de 2028, e para o comercial e o industrial de baixa tensão a partir de 2026. Enquanto isso, o texto aprovado pelo Senado estabelece que a abertura para todos em até três anos e meio a partir do início da vigência do texto. A sugestão é igualar os prazos.
Expectativa
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee), Marcos Madureira, disse trabalhar com a expectativa de que o PL 414/2021 seja votado em novembro, o que está alinhado com o que vem sendo indicado por parlamentares. "A gente acredita que está bastante maduro", disse.
Já o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, afirmou aguardar o desenrolar das atividades legislativas neste restante de 2022, com o novo jogo de poder que se estabelece. "Ainda é um pouco cedo pra dizer como vai ser o comportamento tanto do governo atual como do Congresso atual - que tem uma parcela de cerca de 50% dos parlamentares que não foram reeleitos, diante disso eles ainda vão tentar deixar legados nesse prazo curto até fim do ano", disse.
Sauaia disse que tanto Lira quanto o relator Coelho Filho indicaram a votação do PL após as eleições, mas que agora é preciso revalidar e atualizar o posicionamento das lideranças do Legislativo. "Vimos domingo sinalização de pontes e, como o próprio Arthur Lira disse de 'abaixar as armas', precisamos ver como vai ser agora a postura do Congresso Nacional com relação a projetos de lei e o eventual alinhamento de ações e aprovações com a nova gestão que planeja início dos trabalhos a partir de janeiro", afirmou.
O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, disse "torcer muito para que o PL 414/2021 seja aprovado até o fim do ano". Segundo ele, o texto é "a largada necessária, na direção certa, para o processo de transição". O PL foi originado a partir das contribuições dadas pelos agentes do setor em uma ampla consulta pública, realizada durante a gestão de Michel Temer. "Esse texto amplamente foi aceito, por isso é importante que avance", disse.
Jabutis
No entanto, Sales afirmou que existe uma "ameaça pendente": o risco de inclusão de jabutis - jargão do legislativo para a inclusão de matérias alheias ao tema do PL. "O Brasil tem de virar essa página, não é possível, o custo disso para a sociedade é gigantesco", disse.
De acordo com ele, a possibilidade de inclusão de jabutis, de interesse de determinados grupos de pressão, fez com que o PL 414/2021 não tenha sido aprovado nos últimos meses. "É necessário que avance, mas se é pra enfiar esses jabutis, melhor esperar e deixar cair a ficha pra que se faça direito, porque não dá mais para ficar fazendo conta do desastre que se causa com esse tipo de coisa", disse.
Segundo fontes, entre os jabutis que grupos tentam incluir estaria um velho conhecido do setor, que já esteve presente em outros textos do setor elétrico, sem êxito até agora: a criação de um fundo para bancar a rede de gasodutos, conhecido como Brasduto.
A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, por sua vez, sugeriu a possibilidade de novo tratamento ao tema. Para ela, o texto foi desidratado, com parte de seu conteúdo sendo tratado em outros textos e portarias, por isso, talvez não faça sentido seguir com o PL. "Uma nova proposta pode tratar das questões dos contratos legados e, eventualmente, a separação de lastro e energia, que entendo ser discutido melhor antes de seguir em frente", disse.
A visão de Gannoum parece ressoar entre membros da equipe de Lula. Fonte próxima às discussões sobre o setor elétrico no novo governo afirmou que, embora haja interesse e motivação da futura gestão petista pela agenda da abertura de mercado e modernização, a tendência é de desenvolvimento de um novo texto, possivelmente uma medida provisória, associada a portarias para o que não for necessário de encaminhamento legislativo. "O entendimento que seria melhor começar de novo, com uma versão limpa”, disse a fonte, que pediu para não ser identificada.
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Declaração aconteceu logo após o processo ser retirado de pauta mais uma vez por conta da ausência do ministro Aroldo Cedraz.
A demora para concluir o julgamento da contratação de usinas térmicas no leilão emergencial realizado no ano passado não interfere na busca de uma solução para atenuar os efeitos delas nas tarifas, algo em torno de 5%, disse nesta terça-feira, 1º, o relator do processo no Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Benjamin Zymler.
A declaração aconteceu logo após o processo ser retirado de pauta mais uma vez, devido à ausência do ministro Aroldo Cedraz, que apresentou um pedido de vista (mais tempo de análise) em agosto. A análise foi remarcada para a próxima sessão.
do Tribunal de Contas da União. O ministro Benjamin Zymler
“Apesar de ainda não termos a possibilidade de relatar o processo sobre a contratação simplificada, o ministro [Adolfo Sachsida, de Minas e Energia] já me visitou algumas vezes e está em plena atuação, dentro do limite de sua discricionariedade, procurando atuar”, disse. Inclusive, segundo ele, já incorreu em ações no sentido de tentar anular muitas das contratações de térmicas com preços altíssimos, já de certa forma antecipando uma solução do tribunal.
Na semana passada, o Ministério de Minas e Energia (MME) propôs a rescisão dos contratos e abriu consulta pública sobre o tema. De acordo com a pasta, a medida evita o pagamento de até R$ 39 bilhões, reduzindo em até 4,5% as tarifas em todo o País pelos próximos três anos.
O certame foi uma das medidas adotadas devido à crise hídrica que o País enfrentou no ano passado. No total, foram contratadas 17 térmicas com intuito de garantir o fornecimento de energia, mas a maioria não entrou em funcionamento no cronograma. O edital previa que as usinas deveriam funcionar a partir de 1º de maio, mas permitia prorrogar o prazo até agosto.
Fonte e Imagem: Estadão.
Expectativa é de que pautas estruturantes sejam tratadas com a equipe de transição do novo governo.
Com a definição do quadro eleitoral, executivos do setor elétrico ainda acreditam na possibilidade de aprovação em 2022 do PL 414. Contam, para isso, não apenas a disposição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, mas também com a boa recepção dos responsáveis pelo programa de energia do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, ao projeto que altera o modelo comercial do setor. Especialmente de Maurício Tolmasquim, velho conhecido das gestões anteriores dos governos do PT.
A expectativa não se limita, porém, apenas ao projeto de modernização setorial, mas também, à possibilidade de diálogo com os responsáveis pelo programa de energia do futuro governo, durante a transição dos próximos dois meses.
O relator do PL na Câmara, Fernando Coelho Filho, indicou a representantes de entidades que havia uma sinalização do presidente da casa de que o projeto de lei poderia ser pautado na segunda quinzena de novembro. Apesar do otimismo, a tarefa deve enfrentar desafios, porque o calendário é apertado e existe uma série de eventos que concorrem politicamente com a proposta, alerta Leandro Gabiati, diretor da Dominium Consultoria.
O consultor e cientista político acredita que PL 414 pode avançar, mas isso depende de um acordo de Arthur Lira com o governo atual e com governo que está chegando. O novo governo pode, inclusive, querer analisar o texto e votar até dezembro, ou deixar para 2023.
Para Gabiati, há espaço para dialogo, mas como a Câmara não terá mais a sessão que votaria a urgência essa semana, fica mais difícil incluir a discussão na pauta. Nas semanas seguintes tem a votação do orçamento da União, a sucessão da Mesa da Câmara, a composição de blocos partidários e a Copa do Mundo.
“Eu tive contato com as equipes de energia do Lula em duas oportunidades. Tanto na transição energética quanto na parte de energia com um todo, e as ideias do Fase foram muito bem recebidas, inclusive a abertura do mercado”, relatou o presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico, Mário Menel. Tolmasquim se disse favorável à abertura, com algumas condições prévias que também são defendidas pelo grupo de entidades do setor.
A primeira impressão do executivo, que também representa os autoprodutores de energia por meio da Abiape, é de que as coisas não devem se alterar muito com a mudança de governo, pelo menos em questões básicas. Otimista, ele prevê que o PL414 não terá maior dificuldade de aprovação, porque é um projeto apartidário, que vem sendo discutido há muito tempo. Já em relação à transição de governo, Menel acredita que o setor deve ser chamado para conversar pela equipe do presidente eleito.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Marcos Madureira, também disse que a expectativa é de que o PL seja votado, porque tem uma série de pontos relacionados ao processo de abertura do mercado que precisam estar dentro do marco legal. A Abradee foi uma das associações que entregaram propostas às equipes dos candidatos antes do primeiro turno da disputa presidencial.
O presidente executivo da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia, Rodrigo Ferreira, entende o PL 414 como um pauta do Legislativo, na qual o Executivo pode opinar. Ele acredita que ela pode evoluir, pois o relator tem trabalhado muito para que o texto possa ser pautado.
“Otimista, sim. Com certeza. Tivemos diálogo com a candidatura de Lula durante as eleições. Conversamos com representantes do Instituto Perseu Abramo (ligado ao PT) e com Tolmasquim por mais de uma vez. Não há nenhuma quebra de expectativa em relação a isso, e acredito que vamos continuar conversando, não mais com a candidatura, mas com a equipe de transição”, disse o executivo.
Ferreira também vê a abertura de mercado como um tema apartidário e disse que é importante que ela ocorra, porque hoje há uma distorção muito grande. Uma parte muito pequena dos consumidores tem acesso ao ambiente livre, e outra parcela também pequena pode investir em sistemas de geração distribuída, enquanto a maior parte da população está presa a um mercado ineficiente, que contrata energia acima do valor praticado no ACL.
Mário Miranda, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia, avalia que “agora é hora de dar mais corpo, mais substância aos temas”, na discussão com o novo governo. Em relação ao PL 414, ele destaca que a proposta tem pontos que interessam a sociedade brasileira, “sem cor ideológica.”
No segmento de transmissão há um grande desafio, que é cada vez mais conectar a grande quantidade de empreendimentos de geração eólica no Nordeste e solar no norte de Minas Gerais. Para isso, está previsto um leilão no ano que vem de projetos de transmissão com investimentos previstos de R$ 50 bilhões. “É um valor extremamente elevado. Nunca nos deparamos com um desafio como esse leilão.”
O segundo ponto que vai exigir muito das empresas é a modernização da rede existente. Um trabalho que as transmissoras já começaram a fazer, utilizando a receita da Rede Básica dos Sistemas Existentes – RBSE.
Para a Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, é fundamental que o novo governo estabeleça um forte diálogo com os agentes do setor. “É importante continuarmos avançando na modernização e aperfeiçoamento do setor elétrico e na sua estabilidade jurídica e regulatória de forma a estruturar um ambiente de negócios que seja capaz de atrair investimentos para a expansão de nossa infraestrutura de geração, transmissão e distribuição de energia, que são drivers fundamentais para sustentar o crescimento econômico do país”, disse a entidade em nota.
A Abragel cobrou políticas públicas para a fonte hídrica, especialmente as centrais hidrelétricas de pequeno porte. E defendeu fortalecimento da posição do Brasil no cenário de descarbonização, com o planejamento de longo prazo sendo usado como uma ferramenta importante para a manutenção de uma matriz elétrica limpa e renovável.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ministério diz estar preocupado com os reflexos das metas sobre os preços dos combustíveis.
Um dia depois das eleições e a menos de uma semana do início da COP-27, no Egito, o Ministério de Minas e Energia (MME) propôs uma meta de descarbonização dos transportes para 2023 menor que a vigente deste ano.
A Pasta apresentou uma meta de 35,45 milhões de toneladas de carbono de emissões mitigadas, 1,4% abaixo do objetivo traçado para 2022, que é de 35,98 milhões de toneladas de emissões evitadas.
As metas fazem parte do RenovaBio e têm que ser cumpridas pelas distribuidoras de combustíveis com a compra de Créditos de Descarbonização (CBios) dos produtores de biocombustíveis. Cada CBio equivale à mitigação de uma tonelada de carbono.
Desde 2019, quando o RenovaBio começou a funcionar, é a primeira vez que o governo propõe reduzir a meta de um ano para outro. A medida vai na contramão da proposta inicial do programa, de ampliar gradativamente a redução de emissões e ampliar a participação dos biocombustíveis na matriz.
A meta proposta para 2023 também ficou 16,3% abaixo do centro do intervalo que havia sido indicada em 2021 para o próximo ano, que era de 42,35 milhões de toneladas de carbono mitigadas. A proposta se aproxima do piso da banda, que era de 33,85 milhões de toneladas de carbono. O topo da meta era 50,85 milhões de toneladas.Todo ano, além da meta de descarbonização do ano seguinte, o governo sinaliza as metas do próximo decênio, com uma faixa com valores mínimos e máximos. Para a próxima década, o MME não alterou as bandas, e acrescentou a meta para 2032, de 99,22 milhões de toneladas - com piso de 90,79 milhões de toneladas e teto de 107,72 milhões de toneladas de carbono.
A preocupação apresentada pelo governo é com o impacto das metas sobre os preços na cadeia. Em nota técnica, o MME calculou que a meta legará um impacto de cerca de R$ 0,03 sobre o litro da gasolina e do diesel no próximo ano.
Segundo a Pasta, se a proposta fosse a do centro da banda indicada anteriormente, o litro da gasolina vendido aos motoristas seria R$ 0,021 ainda mais caro. Já o diesel ficaria marginalmente mais caro (R$ 0,002 o litro acima do impacto da proposta atual).A Pasta adotou como premissa a perspectiva de que a mistura do biodiesel ao diesel continuará em 10%, ignorando o plano do Programa Nacional de Biodiesel de elevar a mistura a 15% até 2023. O MME também considera que haverá um “pequeno acréscimo” na produção de etanol, similar ao deste ano.O ministério estimou que serão gerados 35,4 milhões de CBios em 2023. Com mais 4,8 milhões de CBios que o MME estima que deverão “sobrar” de 2022, a oferta total chegaria a 40,3 milhões.Agentes que participam desse mercado já esperavam alguma redução da meta para 2023. Para o segmento distribuidor, a relação entre oferta e demanda ainda é justa. Para uma fonte do ramo, a meta é “desafiadora, mas factível”. A preocupação é se alguma distribuidora comprar mais CBios do que sua obrigação.Já os produtores de biocombustíveis manifestaram indignação. Para a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), a redução proposta para a meta é um “retrocesso”.“Esse desmonte desincentiva a ampliação da produção de biocombustíveis e a busca de melhoria de processos no sentido de garantir a ampliação da geração de CBios, além de tornar mais distante o processo de transição para uma matriz energética mais limpa”, afirmou a Aprobio, em nota.
No curto prazo, poderá haver uma redução da demanda por CBios, diz Bruno Cordeiro, analista de energia da StoneX. “Na nossa visão, a medida vem como tentativa de frear os preços no curto prazo”.
A proposta será submetida a consulta pública, que ficará aberta até 14 de novembro. Depois, o Comitê RenovaBio, encaminhará a recomendação ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). (Colaborou Rafael Walendorff)
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
MME pretende fazer a rescisão amigável para quem cumpriu as regras do PCS e a revogação com penalidades para os vencedores inadimplentes.
A proposta de rescisão apresentada pelo Ministério de Minas e Energia para os contratos das usinas vencedoras do Procedimento Competitivo Simplificado agradou as associações que representam grandes consumidores de energia. Elas são favoráveis à negociação proposta para quem está em dia com os compromissos, visando a uma solução amigável, e à revogação seguida da aplicação de penalidades para quem descumpriu as regras da contratação emergencial realizada no ano passado.
Na visão da Abrace, a questão do PCS começa a ser resolvida com a proposta do governo. “A Aneel definiu as empresas que descumpriram as obrigações do edital e do contrato. Agora, deverão pagar as penalidades devidas, sem pesar na conta dos consumidores. A portaria do MME parece estar tratando de um segundo bloco: o grupo de empresas que entrou, mas parece não ter a intenção de continuar cumprindo os contratos. Num terceiro momento, se entende que se tratará da renegociação preservando os direitos dos contratados e desonerando os consumidores”, disse o presidente executivo da entidade, Paulo Pedrosa.
A Anace declarou em nota que apoia a proposta do Ministério de Minas e Energia de buscar a rescisão amigável dos contratos de empresas adimplentes vencedoras do certame. A associação pretende reforçar em contribuição à consulta pública que essa é uma alternativa importante para reduzir o impacto do processo no custo da energia para os consumidores, tendo em vista que a contratação não é necessária para o sistema.
A entidade considera fundamental reconhecer que as vencedoras que não cumpriram as determinações contratuais devem ter seus contratos rescindidos por inadimplência, com a cobrança das penalidades estabelecidas nas regras do PCS.
Para a Tradener, que negociou energia da UTE Barra Bonita no certame, a medida proposta na consulta pública está alinhada às ações do ministério no sentido de manter a segurança jurídica e regulatória do setor e garantir energia limpa, segura e barata para todos. A usina está em operação comercial, e a empresa ainda aguarda o julgamento pela Aneel do pedido de excludente de responsabilidade por atraso na implantação.
“Esperamos que essas questões sejam resolvidas da melhor maneira possível e tragam um crescimento e uma evolução para o sistema elétrico do nosso país”, afirmou o presidente da comercializadora, Walfrido Ávila.
O executivo informou, por meio de sua assessoria, que está acompanhando o assunto com atenção e aguarda os resultados da consulta pública para uma avaliação mais aprofundada. Mas também diz que é importante acompanhar os desdobramentos dos processos dentro da Aneel. A agência reguladora ainda está avaliando pedidos de excludente de responsabilidade de vários empreendedores por atraso na implantação das usinas.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Baixa demanda do certame frustra planos da fonte, que ainda sofre com entraves no licenciamento e busca reconhecimento como fonte renovável.
Tradicionais no setor elétrico e consolidadas no mercado, as Pequenas Centrais Hidrelétricas tiveram no último leilão A-5 uma boa oportunidade para viabilizar mais empreendimento. Uma emenda no Projeto de Lei que permitiu a privatização da Eletrobras fazia com que metade da demanda do certame fosse oriunda da fonte e também de CGHs. Mas ao término da licitação realizada no fim de setembro, a baixa demanda resultou na contratação de 175,5 MW em 12 usinas, o que de certa forma acabou frustrando os planos dos agentes.
O sentimento de frustração vem devido ao leilão A-4, realizado em maio. Nessa disputa, fora do âmbito do PL da Eletrobras, foram viabilizadas 189,75 MW de potência de PCHs e CGHs em 18 empreendimentos e 84,1 MW médios ao preço médio de R$ 281,65 por MWh, com deságio de 10,5% frente o preço inicial de R$ 315/MWh.
Na ocasião, a demanda reduzida já era esperada pelos agentes do setor. Apenas Cemig (MG) e a Equatorial Pará compraram energia. De acordo com Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, a expectativa é que com a retomada do crescimento econômico nos próximos anos, as projeções das distribuidoras melhorem e mesmo com fatores como a abertura de mercado e o enfraquecimento do mercado regulado, sejam possíveis leilões com maior pujança na contratação. “Acredito que nos próximos tenhamos uma demanda um pouco maior, mas bem superior ao que foi registrado neste leilão”, explica.
Charles Lenzi, da Abragel: expectativa melhor para os próximos leilões
A decepção com o resultado também chegou na Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas. Para a presidente Alessandra Torres de Carvalho, o resultado ficou aquém do esperado na comparação com o leilão A-4 e nesse ritmo de contratação, não será possível o alcance da meta de 3,3 GW da fonte até 2031, conforme previsto no Plano Decenal de Expansão. “É um pouco preocupante essa situação toda. A gente tem esperança de melhorar, mas até agora efetivamente não vislumbra isso”, avisa.
Grandes players do setor como CPFL, Copel, Atiaia, Statkraft, Omega e Cemig possuem PCHs nos seus ativos. Por outro lado, alguns grupos fizeram o movimento contrário e venderam as suas usinas, como a EDP, que em 2018 as negociou com a Statkraft a Neoenergia, em 2016, que vendeu para a Contour Global. Para Lenzi, essas negociações foram ocasionais, uma vez que outros grandes players do setor, estatais e privados, mantiveram seus investimentos através de PCHs.
Nos últimos anos, as fontes eólicas e solar se caracterizaram por conseguirem se desprender das indefinições do mercado regulado e viabilizarem empreendimentos no mercado livre. As PCHs não estão conseguindo acompanhar esse movimento no mesmo ritmo. Apesar da usina hídrica também ser considerada uma fonte limpa e ter vantagens como a proximidade da carga e não necessitar de grandes investimentos em transmissão, a disputa tem sido inglória.
Não considerar esses e outros atributos, aliado à altos custos e um viés de PLD baixo, faz com que os projetos de PCHs tenham dificuldade e as novas usinas não sejam direcionadas para o mercado livre e sim para o regulado. “O que tem hoje para as PCH é o leilão”, diz Cristiano Tessaro, CEO da Camerge. Para ele, a falta de uma tecnologia disruptiva que traga alterações significativas nos equipamentos, como acontece com eólicas e o esgotamento dos melhores locais para aproveitamentos hidrelétricos também aparecem como entraves para a fonte. A Camerge é uma das maiores gestoras de PCHs e CGHs do Brasil. Tessaro ressalta que a conjuntura tem feito com que o que deveria ser um momento de celebração para a fonte, por ter a contratação em um leilão assegurada, está se refletindo em momento de atenção, já que o objeto não está sendo alcançado.
Cristiano Tessaro, da Camerge:só restam leilões para PCHs.
Maior vencedora do leilão A-5, a Atiaia Renováveis vendeu 25% da energia do certame, com as UHE Estrela (48,4 MW) e da PCH Taboca (29,7 MW), em Goiás. No A-4, a empresa já havia viabilizado a PCH Fundaõzinho ( MS – 22 MW). Rodrigo Assunção, CEO da empresa, vê uma diferença de capex que penaliza as PCHs. O capex dessas usinas está muito centrado na construção. Segundo ele, a inflação dos itens que formam a cesta da construção civil subiu muito ao longo dos anos, em especial
após a pandemia, com destaque para cimento e aço. No contraponto, embora eólicas e solares também tenham registrado aumento no seu capex, ele ficou direcionado nos equipamentos.
“Implantar projetos novos de PCHs para o mercado livre não tem se mostrado viável em função desse movimento”, explica.
O executivo também acredita ser necessária uma revisão do Mecanismo de Realocação de Energia, de maneira que as PCHs não sejam penalizadas e consigam competir de forma adequada no mercado livre. Na busca por mostrar os benefícios da fonte, a PCH Bandeirantes (MS – 28 MW) recebeu do Instituto Totum a certificação REC Brazil, por atender os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. Outra PCH da Atiaia, a Porto das Pedras já havia obtido a certificação, mas ao atingir 11 ODS.
Rodrigo Assunção, da Atiaia Renováveis: alta no capex de construção atrapalha PCHs.
Com oito PCHs em operação, a nona usina da Atiaia deve entrar em operação nos próximos dias. Para 2023, a meta é iniciar a construção das usinas viabilizadas nos certames desse ano, devendo alcançar pelo menos 12 empreendimentos até 2028.
O CEO da Tradener, Walfrido Ávila, também vê os custos de construção das PCHs muito mais altos que os de outras fontes. Para Ávila, há uma concorrência desleal interna entre as PCHs e as outras fontes, uma vez que os custos de mão de obra e construção são superiores, além de uma alta carga de impostos. Para o executivo, o momento de baixa demanda e poucos projetos deveria ser usado para ajustar pontos que poderiam oxigenar o mercado.
O executivo acredita que a retirada de todos os impostos de construção poderia trazer competitividade para as PCHs. Ele lembra que a medida poderia viabilizar projetos parados que não iriam à frente. O executivo, um dos pioneiros no mercado livre, acredita que pensar a PCH organizadamente traz benefícios para quem desenvolve e para quem investe. Ávila é mais um a ressaltar as vantagens que PCHs e CGHs trazem, como a estabilização dos sistemas próximos e uma cadeia industrial nacional.
PCH Bandeirantes, da Atiaia: primeira a conseguir certificado de ODS da ONU
Outro ponto que tem tirado o sono dos agentes é o licenciamento ambiental, considerado o grande gargalo. Segundo o presidente da Abragel, há cerca de 9.000 MW ou 600 em usinas, mas ainda sem o aval final, reduzindo o número de projetos que poderiam disputar os leilões de energia. “Na medida que a gente consiga ter uma celeridade maior no licenciamento, certamente vamos conseguir colocar um rol maior de projetos habilitados a participar dos leilões”, pontua Lenzi. Rodrigo Assunção, da Atiaia, não quer menos rigor nas normas ambientais, mas pede mais celeridade ao processo de maneira que não se cause desequilíbrio na comparação com as outras fontes. Há projetos que levam até dez anos para obter o licenciamento.
“É importante que se cobre dos players responsabilidade ambiental, mas que também se cobre dos agentes públicos mais celeridade no processo de análise, aprovando os que são bem desenvolvidos e reprovando os que não são”, aponta o executivo. A falta de uma uniformização nacional no licenciamento dos estados é um entrave. Cada unidade da federação adota um padrão para licenciamento e mesmos nos estados há diferenciações entre os projetos.
Para Roberto Correa, presidente da Cogecom, não houve avanço nos últimos anos, com a burocracia se fortalecendo. Por demandar estudos ambientais em diferentes áreas, o processo acaba ficando mais complexo e demorado. Segundo Corrêa, o gerador é o principal interessado na preservação do entorno da usina, uma vez que desmatamentos ou desequilíbrios podem interferir no fluxo do rio e na produção de energia. “A gente precisa desmistificar esse paradigma de que as PCHs tem Impacto
negativo no meio ambiente”, avisa.
Roberto Correa, da Cogecom:sem avanços no licenciamento nos últimos anos.
Levantamento do Instituto Ambiental do Paraná citado pela AbraPCH mostra que as PCHs reflorestam três vezes mais que a vegetação suprimida prevista em lei. A associação solicitou para a Agência Nacional de Energia Elétrica a celebração de acordos de cooperação com órgãos similares de outros estados para que os benefícios sejam aferidos.
Apesar de ter “pequena” no nome, as PCHs não conseguiram perante o público se diferenciar dos grandes projetos hidrelétricos quanto a percepção dos impactos ambientais. A falsa impressão tem feito com que a fonte muitas vezes não seja definida como limpa e acabe preterida pelas fontes eólica e solar. Para Cristiano Tessaro, da Camerge, há uma identificação mais fácil dessas tecnologias, que aliada a um forte aspecto cultural do passado por erros de UHEs acabaram por tirar das PCHs o carimbo de renováveis no imaginário do público. “A PCH sofre um pouco do ranço das grandes hidrelétricas, existe um aspecto do passado que na cabeça das pessoas a PCH não é tão renovável quanto uma solar e uma eólica são”, comenta.
O CEO da Atiaia lamenta a falha de comunicação de mercado que levou a essa percepção das PCHs, enfatizando que o impacto de uma PCH não pode ser comparado com o de uma grande UHE. Ele destaca que o trabalho não é fácil, mas que muitas vezes no mercado livre é possível fazer com que um cliente compre um produto de eólica ou solar que ofereça complementaridade com as PCHs.
“Com o esforço do dia a dia temos boas chances de mostrar ao mercado que a PCH é tão renovável quanto as demais fontes e que pode trazer do ponto de vista ambiental, até mais benefícios que as outras”, aponta.
Como remédio para viabilizar usinas, a presidente da AbraPCH propõe aumentar para 7 GW o montante de PCHs e CGHs do PDE. Segundo ela, o sistema vai precisar desse volume, uma vez que a geração distribuída só tende a aumentar nos próximos anos. A aposta é que a fonte seja capaz de coibir a variabilidade da GD fotovoltaica. O sistema não vai suportar tanta intermitência. Nós somos parte da solução”, adverte. A associação também pretende apresentar um plano de reinserção da fonte, instigando o governo a criar um leilão de reserva para PCHs.
Alessandra Torres de Carvalho, da AbraPCH: fonte é parte da solução para conter intermitência.
Alessandra lembra que as usinas precisam de previsibilidade, uma vez que não são construídas em menos de 36 meses. A previsibilidade poderia vir através do certame de reserva, que levaria em consideração os atributos da fonte.
O Projeto de Lei 414, que moderniza o setor, é acompanhado de perto. Lenzi, da Abragel, elogia o PL, mas alerta que questões estruturais do setor elétrico devem ser avaliadas, de forma a garantir mudanças de forma concatenada e que todas as fontes saiam fortalecidas. O projeto traz desafios para as PCHs, uma vez que a abertura de mercado deve reduzir o tamanho dos leilões regulados, mecanismo por onde as PCHs têm se viabilizado. “A abertura me parece adequada, mas sim é uma ameaça importante para as PCHs e até por siso se torna mais urgente que se discuta e corrijam distorções”, pontua o CEO da Atiaia Renováveis.
Cristiano Tessaro, da Camerge, também pede mais discussões regulatórias. Com foco no futuro, ele vê revoluções que vão abrir espaço para todas as fontes e espera que os atributos das PCHs sejam reconhecidos quando a busca por energia limpa aumentar. A Camerge busca ser mais digital nos próximos anos e se expandir para além da região Sul do país.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Foram contratadas 17 usinas ao custo de R$ 39 bilhões; a maioria não ficou pronta a tempo. Ministério de Minas e Energia abriu consulta pública nesta quinta-feira (27).
O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu nesta quinta-feira (27) uma consulta pública para propor a rescisão dos contratos das usinas vencedoras de um leilão emergencial de energia realizado no ano passado pelo governo.
O leilão ocorreu em outubro de 2021, quando o país enfrentou uma crise energética devido à falta de chuvas. Foram contratadas 17 usinas, sendo 14 termelétricas a gás natural.
O objetivo era que as usinas vencedoras entrassem em funcionamento neste ano, garantindo a segurança energética do país, e fornecessem energia até 2025. Porém, a maioria das usinas não ficou pronta a tempo.
Além disso, como o leilão foi feito às pressas, o valor final da contratação – R$ 39 bilhões a serem pagos pelos consumidores de energia até 2025 – foi considerado elevado por especialistas na época.
Por exemplo, 14 usinas termelétricas a gás natural foram contratadas por R$ 1.599,57 o megawatt-hora (MWh), em média -- preço sete vezes maior que a média de leilões tradicionais.
Como se trata ainda de uma proposta, a rescisão dos constratos ainda não está em vigor. A consulta pública vai até 28 de novembro.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a solução busca "reduzir custos com a geração de energia elétrica, respeitando as regras do PCS [o leilão emergencial] e preservando o fornecimento de energia elétrica".
A pasta afirma que a rescisão dos contratos já vinha sendo solicitada por alguns geradores e por entidades de defesa do consumidor junto à Aneel e ao MME.
Neste ano, com os reservatórios de água dentro da normalidade, especialistas afirmaram que a contratação feita à época foi cara e desnecessária.
Consulta pública
Diante desse cenário, o Ministério de Minas e Energia propôs nesta quinta-feira autorizar a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a rescindir, sem custos, os contratos das usinas que entraram em operação dentro do prazo limite definido nos contratos e que estão adimplentes com suas obrigações.
De acordo com a proposta, as usinas que concordarem com a rescisão amigável terão 30 dias, após a publicação da portaria, para apresentar à Aneel o termo de aceitação.
Já para as usinas que não entraram em operação dentro do prazo, a previsão é de rescisão contratos por inadimplência, com a consequente cobrança de multa.
Há um processo em tramitação no Tribunal de Contas da União (TCU) que trata sobre o tema e com a abertura da consulta pública o governo se antecipa à decisão do TCU.
Além disso, o ministro Benjamin Zymler, do TCU, tem apontado a necessidade da análise de alternativas para a redução dos custos do leilão emergencial, citando entre elas a rescisão contratual.
"A solução submetida à sociedade busca atender ao interesse público, na medida em que oportuniza a redução dos custos e das tarifas de energia elétrica, respeitando os contratos firmados e preservando a segurança jurídica e regulatória do processo licitatório", diz o MME em nota.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Certame busca resolver a fila de mais de 3.000 projetos eólicos e solares que estão sem garantia de acesso à rede de transmissão.
O Ministério de Minas e Energia pretende realizar o leilão de margem de escoamento de energia no 1º semestre de 2023, informou nesta 5ª feira (27.out.2022). A pasta vai abrir uma consulta pública, na próxima 4ª feira (3.nov), com as diretrizes do certame.
O leilão é inédito no Brasil e busca resolver a fila de mais de 3.000 projetos de usinas eólicas e solares que estão sem garantia de acesso à rede de transmissão.
Os empreendimentos iniciaram o processo de solicitação de outorga na agência até 8 de março de 2022 para aproveitar os descontos de 50% a 100% na TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição) e TUST (Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão), como determina a lei 14.120 de março de 2021. Os subsídios são compensados pela CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), paga pelos consumidores.
Para fazer o pedido de outorga na Aneel, o empreendedor precisava apresentar um documento de informação de acesso que viabiliza a conexão da usina ao sistema interligado. Mas um decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou a suspensão da exigência para o início do processo de outorga dessas usinas.
Isso causou a fila de mais de 3.000 projetos em análise pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que estão sem garantia de que conseguirão escoar a energia.
Contudo, o próprio decreto apresentou uma solução: a Aneel poderia realizar um procedimento competitivo para contratação, pelas usinas geradoras, de margem de escoamento de energia no sistema de transmissão.
Batizado de Procedimento Competitivo de Margem (PCM) deve “estimular a conexão dos geradores de energia em pontos do SIN [Sistema Interligado Nacional] que possuem capacidade remanescente de transmissão de energia elétrica”, afirmou o ministério.
Depois da consulta pública, a pasta deve publicar as diretrizes e outra portaria com as regras do certame. Em seguida, a Aneel vai apresentar o cronograma para realização do PCM.
Fonte e Imagem: Poder 360.
O XXVIII Simpósio Jurídico da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), realizado entre os dias 26 e 27 de outubro, discutiu a expansão do mercado livre de energia e a modernização do setor elétrico, reforçando a necessidade da manutenção de um equilíbrio entre os ambientes livre e regulado.
Durante o evento, participantes abordaram a questão do Projeto de Lei nº 414/2021, que está em tramitação na Câmara dos Deputados, e classificaram como frágil a estratégia de abrir o mercado por meio de um decreto. Representantes do governo, por outro lado, defenderam a movimentação, afirmando que havia segurança jurídica para iniciar o processo por meios infralegais e que o PL 414 é um consenso no setor.
Para Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), a abertura do mercado deve ser feita por meio do PL 4141, mas o processo deve ser equilibrado e justo. "É preciso evitar mais questões relacionadas à judicialização do setor elétrico. As medidas do PL 414/2021 precisam ser aprovadas antes da abertura do mercado, evitando mais custos aos consumidores", disse Madureira.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Até 2028, quando termina o subsídio, consumidor vai pagar mais de R$ 35 bi.
Os subsídios para bancar a chamada geração distribuída, aquela gerada por produtores de menor porte —como residências ou escritórios—, geralmente perto do local de consumo, vão passar de R$ 5,4 bilhões na conta de luz no ano que vem. A projeção é da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Apesar de a geração distribuídas incluir diferentes modalidades de projetos e de fontes, a mais relevante é a fotovoltaica ou solar. O cálculo da agência inclui dois custos diferentes.
Serão cerca de R$ 4 bilhões em subsídios para projetos antigos e para os que serão cadastrados até 6 de janeiro de 2023. Esse custo vai ser incorporado para sempre na tarifa de energia.
A conta inclui ainda a estimativa preliminar de um adicional de R$ 1,4 bilhão para os projetos que devem ser apresentados em 2023 após 6 de janeiro. Esses valores serão repassados para CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), um item da conta de luz.
O valor final tende a ser maior, uma vez que se tratam de projeções e não consideram a variação do IPCA, o índice oficial de inflação. A PSR, empresa especialista em energia, por exemplo, projeta que os valores da geração distribuída repassados à CDE em 2023 podem ficar acima de R$ 2 bilhões.
Até 2028, quando termina o prazo de validade desse subsídio, serão mais de R$ 35 bilhões na conta de luz, pelas estimativas da consultoria.
"Esse é um subsídio pesado", afirma a consultora Ângela Gomes, que acompanha o tema na PSR.
PREÇO POR NÃO TAXAR O SOL
O subsídio bilionário para a energia solar é resultado da campanha contra "taxar o sol", que ficou muito popular e sensibilizou até o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na prática, no entanto, "não taxar o sol" empurrou para os consumidores a despesa do gerador pelo uso do fio na rede da distribuição. Tecnicamente, trata-se do uso do chamado Fio B, uma parte da Tusd (Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição).
A geração distribuída solar é utilizada principalmente por famílias de alta renda, capazes de arcar com a instalação dos sistemas, bem como por grandes redes de supermercado, de varejo e até bancos.
"O subsídio para a energia solar é um mais socialmente injustos do país", diz o consultor de energia Ricardo Lima. "O consumidor ligado à distribuidora, que não tem condições financeiras ter um sistema fotovoltaico, paga na sua conta de luz pelos custos que seriam dos mais ricos e das empresas."
As novas regras para os subsídios constam de lei 14.300, sancionada no começo do ano e batizada de novo marco legal da microgeração e minigeração distribuída.
Pela regra de transição, projetos apresentados ainda em 2022 puderam ter isenção total. Projetos referentes a 2023 terão de pagar 15% do fio, e a diferença, os 75%, vai para conta de luz.
O percentual pago pelo gerador vai subir progressivamente: 30% (a partir de 2024), 45% (2025), 60% (2026), 75% (2027) e 90% (2028). Sendo assim, a tendência dos investidores e tentar cadastrar os projetos nos primeiros anos, para garantir um custo menor com o Fio B.
O valor que cai na conta de luz varia de acordo com o número de projetos instalados na área de cada distribuidora. Ou seja, a conta é maior nos estados ou regiões onde há mais projetos de geração distribuída.
SOLAR PARA OS MAIS POBRES
A Aneel também estabeleceu que começa nesta quinta-feira (27) e vai até 12 de dezembro o processo de audiência pública para regulamentar o marco legal da geração distribuidora. Nesse período, será possível apresentar sugestões para aprimorar a lei.
O Instituto Polis, associado a outras entidades de caráter social, vai aproveitar a rodada de discussões para tentar melhorar o acesso do consumidor de baixa renda à energia solar, via Programa de Energia Renovável, que liberar recursos para a instalação de sistemas.
Segundo Clauber Leite, coordenador de energia do Instituto Pólis, a lei restringiu o acesso para os mais pobres. Dentro do programa, o consumidor de baixa renda só pode instalar sistemas limitados ao seu auto consumo, sem geração de excedente.
"Tem muito espaço para a instalação de sistemas em moradias populares, e isso precisa ser aproveitado", diz Leite. "Vamos propor a liberação para o melhor aproveitamento de todo o potencial nessas áreas, ampliando o acesso das camadas mais vulneráveis."
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
O Ministério de Minas e Energia trabalha para entregar em 10 de novembro um pacote de projetos de lei e medidas que visam atrair investimentos privados ao país nas áreas de mineração, petróleo e energia elétrica, disse a pasta à Reuters após ser questionada.
Há alguns meses, o ministro Adolfo Sachsida havia dito que o ministério trabalhava no pacote de medidas que seriam publicadas em novembro, independentemente do resultado das eleições presidenciais no próximo domingo.
Resultado da chamada Iniciativa Mercado Minas e Energia (IMME), as medidas incluem temas como o regime de contratação de áreas do pré-sal, a abertura do mercado livre de energia e a criação de instrumentos de mercado para financiar a pesquisa mineral e a lavra.
As propostas de Sachsida, que assumiu a liderança no ministério em maio, poderão guiar a agenda do governo federal para esses setores caso Jair Bolsonaro seja reeleito. No cenário em que o atual presidente perca nas urnas, as medidas poderiam ser levadas adiante pelo Congresso ou pelo novo governo, se houver interesse.
"São Projetos de Lei que propõem ações para o desenvolvimento e o fortalecimento dos setores de energia elétrica, mineração, petróleo, gás e biocombustíveis", disse o ministério.
"Todos visam a reduzir a burocracia, a ineficiência alocativa e o contencioso jurídico, com medidas que estimulem ou aperfeiçoem a regulamentação e fiscalização dos setores de energia e mineração."
Uma eventual privatização da Petrobras, tema que foi levantado por Bolsonaro, não está contemplado na IMME. No entanto, há expectativas do lado do mercado de que a ideia ganhe força em um eventual segundo mandato.
Em agosto, Bolsonaro autorizou Sachsida a tratar de uma eventual privatização da Petrobras em 2023, no caso de reeleição.
Questionado sobre o que tem sido feito neste sentido, o ministério disse à Reuters que "a Petrobras foi qualificada no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) para estudos e ações necessárias que ajudarão na avaliação da desestatização da empresa".
Todos os projetos do IMME, segundo o ministério, foram elaborados após uma série de reuniões temáticas com órgãos e entidades públicas e privadas.
PROPOSTAS
Dentre as propostas em fase mais avançada, o ministério apontou a norma que viabiliza a abertura de mercado para consumidores de energia elétrica, de baixa e alta tensão.
"Até o dia 1º de novembro, diversas contribuições estão sendo coletadas por meio da consulta pública nº 137/2022. Elas contribuirão para nortear nossa proposta de abertura de mercado para os consumidores", afirmou.
O ministério também destacou a publicação em setembro da Portaria MME nº 50/2022, que permite aos consumidores do mercado de alta tensão comprar energia elétrica de qualquer supridor, viabilizando cerca de 106 mil novas unidades consumidoras a migrar para o mercado livre.
A pasta quer também apresentar propostas para reduzir encargos e subsídios do setor elétrico.
Já dentro do planejamento e desenvolvimento energético, o ministério estuda normas para modernizar o acesso de consumidores livres e autoprodutores à rede básica, aumentar a eficiência no suprimento dos sistemas isolados e remotos, além de incrementar a renovabilidade da matriz, com foco em neutralidade tecnológica e segurança energética.
Na área de petróleo, gás e biocombustíveis, o ministério pontuou que há propostas de melhoria do ambiente de negócios do mercado de combustíveis, de adequações para simplificar a tributação e a negociação do gás natural e o regime de contratação para exploração de óleo e gás no pré-sal.
No setor de mineração, há propostas para aumentar a produtividade de áreas outorgadas para pesquisa e lavra, reduzir bloqueios e restrições territoriais, criar instrumentos de mercado para financiar a pesquisa mineral e a lavra, bem como aumentar e disponibilizar conhecimento geológico.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Contratos dos leilões serão negociados na modalidade por quantidade de energia elétrica, para energia proveniente de qualquer fonte.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (25) o edital dos leilões A-1 e A-2 de 2022, voltados para contratação de energia de usinas já existentes com início de suprimento em 2023 e 2024.
Os certames estão previstos para ocorrer no dia 2 dezembro.
Os contratos dos leilões serão negociados na modalidade por quantidade de energia elétrica, para energia proveniente de qualquer fonte.
O suprimento será feito entre 1º de janeiro de 2023 e 31 de dezembro de 2024 para o leilão A-1.
Já para o leilão A-2 será entre 1º de janeiro de 2024 e 31 de dezembro de 2025.
Segundo a agência, as regras dos leilões são semelhantes aos modelos adotados nos últimos certames para contratação de energia nova.
Durante a consulta pública, a agência adotou algumas das sugestões de modificações. Entre elas, um ajuste na redação para deixar mais claro situações em que as empresas ficam vedadas a participar do leilão.
Também houve sugestão de alteração no trecho que trata da devolução da garantia de proposta, para que, em caso de revogação ou anulação do leilão, ocorresse em até dez dias úteis.
A proposta foi aprovada parcialmente, para constar que as garantias do leilão estarão disponíveis para serem retiradas, no prazo de até cinco dias úteis.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Subsídios à micro e minigeração chegarão a R$ 5,4 bi no ano que vem.
As regras de alocação de custos estabelecidas no marco legal da micro e minigeração distribuída terão impacto de R$ 1,4 bilhão no orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético em 2023. Pelas estimativas da Agência Nacional de Energia Elétrica, os consumidores devem custear no ano que vem R$ 5,4 bilhões em subsídios aos sistemas de GD, por meio da CDE. Beneficiários da Tarifa Social de Energia serão os únicos isentos.
Consumidores livres e clientes cativos de grandes distribuidoras pagarão R$4 bilhões em benefícios já embutidos na estrutura tarifária para sistemas de geração existentes. O restante do valor previsto será bancado por todos os consumidores do ambiente regulado, por meio de um novo encargo setorial (CDE GD).
Além de garantir R$ 1,3 bilhão em subsídios para os proprietários de novos sistemas (entrantes), a CDE GD também terá recursos para sistemas existentes (R$100 milhões), que serão custeados por consumidores de distribuidoras com carga inferior a 700GWh/ano.
Os cálculos constam da proposta da Aneel de regulamentação dos aspectos econômicos da Lei 14.300/2002. O documento, que ficará em consulta pública de 27 de outubro a 2 de dezembro, trata dos impactos na CDE e do rebatimento nos processos tarifários das novas regras de faturamento do sistema de compensação de energia. A agência não fez, no entanto, uma estimativa em relação à tarifa.
A lei sancionada no início do ano estabelece um período de transição até 2045, mantendo o benefício para sistemas de micro e mini GD já conectados ou com pedido de conexão protocolado na distribuidora, nos 12 meses que serão finalizados em 6 de janeiro do ano que vem.
Os novos consumidores que solicitarem acesso entre o 13º e o 18º mês após a publicação da lei terão direito ao beneficio na tarifa fio, com redução gradual dos subsídios até o final de 2030. Já os que entrarem com pedido de acesso após o 18º mês a partir da vigência da legislação terão direito até o final de 2028.
De acordo com a Aneel, a legislação não traz custos novos, uma vez que eles já estão na tarifa, e sim uma mudança na forma de custeio. Ainda assim, os diretores da agência demonstraram preocupação com os impactos da migração de consumidores para o mercado livre e da adesão acelerada à micro e minigeração de energia.
O diretor Ricardo Tili alertou para o crescimento exponencial da GD, especialmente dos sistemas fotovoltaicos. E manifestou preocupação com os impactos do novo encargo da conta setorial. “É um componente perverso, porque vai aumentar de forma rápida o custo da CDE”, disse, lembrando que o último que vai conseguir migrar é o consumidor que consome menos, que é o da baixa tensão.
Helvio Guerra sugeriu que a Aneel explique de forma clara ao consumidor quais são os custos que ele está pagando e porque. “A Aneel é apenas a emissária e vai estar aparecendo como sendo a grande responsável pelo aumento de tarifa. É importante deixar claro para o consumidor que muitos dos aumentos que entram na tarifa estão na lei”, disse o diretor.
O diretor-geral, Sandoval Feitosa, destacou que a tarifa não é a causa, mas a consequência das escolhas que tem sido feitas por quem formula as políticas públicas. Já com sinais evidentes do governo e do Congresso Nacional em relação à abertura de mercado, uma vez que haja incentivo para migração ao ambiente livre e adesão à GD, a tarifa do consumidor cativo se elevará, previu Feitosa. Ele considera que esse é um processo inevitável.
Além do aspecto econômico, outros pontos do marco legal da MMGD estão em discussão na Aneel. Um deles são os aspectos técnicos e de faturamento associados ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica. O outro é a regulamentação dos artigos da lei que tratam da sobrecontratação involuntária e da venda de excedentes.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Empresa italiana pretende anunciar uma nova planta híbrida grande porte no ano que vem.
Além de vento, o Nordeste tem bastante sol, o que permite a geração de mais de uma fonte de energia no mesmo local e a otimização da infraestrutura já construída. Por isso, a Enel Green Power pretende anunciar uma nova planta híbrida de grande porte em 2023.
A empresa tem experiência neste tipo de empreendimento, pois administra um projeto Fontes, em Tacaratu, na Região do São Francisco de Pernambuco. Sem dar detalhes, o responsável pela empresa no Brasil, Bruno Riga, revela que está é uma meta da empresa no curto prazo no Nordeste. “No próximo anos anunciar a primeira planta híbrida que vamos construir em grande escala”, diz.
O modelo de parque associado, onde a estrutura de uma usina pode ser instalada no mesmo local onde existente outra permite o uso de uma subestação de transmissão compartilhada. A energia do projeto solar complementa a produção do projeto eólico cuja geração é mais intensa no período noturno devido a característica dos ventos.
Segundo Riga, a combinação de fontes de energia com diferentes perfis de produção horária possibilita a otimização e utilização da capacidade ociosa do sistema de transmissão e permite a criação de um tipo mais estável de produção. Uma nova planta solar da Enel no terreno do complexo eólico Lagoa dos Ventos, custaria 25% menos.
O presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, acrescenta que a empresa ganha em competitividade, já que pode colocar mais volume de energia a disposição do sistema com um capex mais baixo.
“Não precisa de grande investimento. É otimizar a infraestrutura existente para ter uma energia mais competitiva”, diz o executivo.
Se por um lado, a hibridização é algo para hoje, o hidrogênio verde é algo para amanhã. A fonte que pode pavimentar a transição energética para uma economia de baixo carbono encontra boas condições no Brasil, mas o caminho é longo e os custos atuais ainda muito altos. “Acreditamos que num prazo de menos de dez anos vamos chegar a uma situação de competitividade com recursos fósseis”, prevê Cotugno.
O que é certo é que a Enel descarta a possibilidade de entrar no mercado de eólicas offshore (no mar). Mesmo com o anúncio do governo em publicar portarias com a regulamentação deste tipo de geração, o mercado cobra mais informações sobre regras para cessão de áreas do espelho d’água.
Para Nicola, além de gerar energia limpa e renovável, é preciso que esta energia seja também acessível. “Construir uma usina no mar tem que ter um porquê. É mais complicado e custa mais. Falta terra no Brasil (...). No Brasil não merece uma escolha diferente. Se eu acho rentável para o cliente para o sistema brasileiro uma usina no mar, a resposta é não”, afirma.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A Câmara dos Deputados deve votar o PL 414/2021, que prevê a modernização do setor elétrico e a abertura do mercado de eletricidade, em novembro, possivelmente na segunda quinzena. Os deputados Danilo Forte (União-CE) e Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) disseram à Agência iNFRA que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), comprometeu-se com a votação do projeto no próximo mês.
O relator da proposta, deputado Fernando Coelho Filho (União-PE), terá férias até o dia 15 de novembro, então o texto deve ser apreciado após essa data.
Brasduto
A emenda que discute a construção do Brasduto, apelido dado pelo setor para uma malha de gasodutos que serviriam para atender à demanda de termelétricas, deve entrar em discussão para votação, mas sem garantias de que estará no parecer do relator. Pode ser votada à parte, no plenário. “Tudo pode ser discutido”, afirmou o deputado Lafayette de Andrada.
O assunto é considerado sensível no governo, uma vez que a fonte de recursos para financiamento da malha de gasodutos seria a PPSA, estatal que está em processo de privatização.
Os ministérios de Minas e Energia e Economia não apoiam a medida, mas as chances de que o PL 414 passe na Câmara dos Deputados sem esse item são baixas.
O dispositivo que prevê o financiamento do Brasduto pode contaminar recebíveis da empresa no processo de privatização da PPSA, que tem um projeto de lei determinando a sua desestatização em tramitação no Legislativo. A emenda do Brasduto já foi responsável por travar o PL 414 na Câmara.
Volta das negociações
A votação do PL voltou a ser articulada por deputados atuantes da área de energia após o fim do primeiro turno das eleições. Negociações e reuniões sobre o tema na Câmara e no Ministério de Minas e Energia têm se intensificado recentemente.
A espinha dorsal do PL de modernização é a abertura do mercado de energia, defendida pelo Ministério de Minas e Energia por meio da Portaria 50/2022, mas que, segundo agentes do setor, pode possuir fragilidade jurídica.
A pasta determinou, por meio da Portaria 50, que o Grupo A possa escolher o seu fornecedor a partir de janeiro de 2024. Para a baixa tensão (residências), a liberalização poderia ser feita a partir de 2026, segundo portaria ainda em consulta pública.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), havia se comprometido na sessão da Câmara do dia 31 de agosto a pautar o PL 414 ainda em outubro, mas o avanço do projeto não ocorreu.
A afirmação de Lira foi feita durante a votação dos destaques da Medida Provisória 1.118 (que perdeu sua validade) depois que o deputado Danilo Forte (União-CE) reclamou que o projeto tramita há dois anos sem ser votado.
“O 414, eu lhe prometo, que vem para a pauta com texto ou sem texto em outubro”, disse Arthur Lira na ocasião.
Fonte e Imagem: Agência Infra.
Reajuste médio somente para os clientes residenciais está em 11,35% neste ano, segundo a Aneel. Consultorias projetam que, no ano que vem, reajuste deve ser a metade ou até menos.
Após pesar no bolso dos consumidores neste ano, com altas que chegaram a dois dígitos, o reajuste da conta de luz deve ser menor em 2023. A previsão é de especialistas e consultorias do setor elétrico, que fizeram as projeções a pedido do g1.
O preço da energia é composto por uma série de fatores, e para 2023 há previsão de alta em parte desses custos, assim como fatores para amenizar o impacto das faturas. Com isso, as estimativas apontam para um reajuste final de um dígito em 2023 – ou seja, abaixo dos 10%.
A Thymos Energia estima que a média dos reajustes tarifários em 2023, considerando os clientes em alta e baixa tensão, será de 4,8%.
A PSR tem estimativa similar: a empresa projeta alta real (descontando a inflação) de 0,6%, sem considerar impostos. Se for considerada uma inflação em torno de 5%, como indicam as projeções do mercado financeiro, a conta seria reajustada em cerca de 5,6%.
Quando considerados somente os clientes conectados em baixa tensão – é o caso das faturas residenciais –, o impacto pode ser ainda menor. A TR Soluções projeta que as tarifas fiquem praticamente estáveis em 2023, com uma redução média de 0,2%.
As projeções são uma média para as mais de 50 distribuidoras que atendem o mercado regulado de energia. Por isso, é possível que uma distribuidora tenha reajustes maiores ou menores que os citados.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é a responsável por calcular o reajuste da tarifa de energia, levando em conta os custos, os encargos, os efeitos financeiros e as medidas mitigadoras. A agência ainda não concluiu as simulações sobre o cenário tarifário de 2023.
Em 2022, reajuste chegou a dois dígitos
Neste ano, a tarifa de energia pesou no bolso dos consumidores. Segundo dados da Aneel, o reajuste médio somente para os clientes residenciais está em 11,35%. Em pelo menos nove distribuidoras, o reajuste foi igual ou superior a 20%.
Reajuste médio da conta de luz de consumidores residenciais
Victor Iocca, diretor de energia elétrica da Abrace, associação que representa os grandes consumidores de energia, explica que em 2022 o consumidor teve de pagar parte dos elevados custos para geração de energia em 2021, quando o Brasil foi afetado por uma crise hídrica.
“2021 foi um ano de crise hídrica, para gerar energia foi muito caro. A gente ficou vários meses com usinas termelétricas ligadas, que custaram R$ 26 bilhões a mais, e boa parte desse valor entrou na tarifa dos [consumidores] cativos [atendidos por distribuidoras] em 2022. Agora não tem mais esse custo bilionário para 2023”, afirma Iocca.
A disparada da conta de luz neste ano fez com que o Congresso, com o apoio do governo, aprovasse medidas que pudessem reduzir a conta de luz imediatamente, caso da lei que determinou a devolução de tributos pagos a mais por consumidores de energia no passado e o estabelecimento de um teto de 18% para a alíquota do ICMS (imposto estadual) que incide sobre a tarifa de energia elétrica.
Cenário para 2023 é positivo
Se em 2022 o reajuste da conta de luz foi um problema, para 2023 o cenário é positivo.
"As perspectivas para evolução da tarifa de energia elétrica no ano de 2023 são muito positivas para o consumidor", avalia o professor Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Castro cita dois principais fatores:
os reservatórios das usinas hidrelétricas estão em níveis elevados, acima da média dos últimos anos. Com isso, diferentemente do que aconteceu em 2021, o país não vai precisar acionar muitas usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes.
O aumento da geração eólica e solar, que também são fontes mais baratas de energia quando comparadas às térmicas e às hidrelétricas.
"Água, vento e sol é de graça, enquanto o gás da térmica é muito caro, ainda mais com a crise da Ucrânia", diz Castro. "Então, não há expectativa de um tarifaço para o ano que vem", resume.
Outro ponto positivo para o consumidor de energia é a continuidade da devolução de tributos pagos a mais no passado. Essa devolução é feita no processo de reajuste tarifário das distribuidoras, de forma a amenizar os demais custos que poderiam jogar a tarifa para cima.
Segundo a Aneel, cerca de R$ 22 bilhões de créditos tributários já foram revertidos aos consumidores nos processos tarifários das distribuidoras dos anos de 2020, 2021 e 2022. Há, ainda, R$ 39 bilhões para serem revertidos ao longo dos próximos anos, conforme esses créditos são habilitados junto à Receita Federal.
“A Aneel, cumprindo seu papel, seguirá revertendo em benefício dos consumidores os créditos de PIS/Cofins até que a totalidade deles, hoje estimada em R$ 61 bilhões, seja considerada nos processos tarifários”, afirmou o diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa.
Além disso, lembra o professor Nivalde de Castro, os estados continuarão cobrando, no máximo, 18% de ICMS sobre a tarifa de energia. Antes, o imposto chegava a até 30%, dependendo do estado, onerando os consumidores.
Os estados e as distribuidoras de energia ainda precisam retirar da base de cálculo do ICMS alguns componentes da tarifa de energia, medida prevista em lei e que, se implementada, pode reduzir ainda mais o peso da conta de luz no ano que vem.
Incertezas para os próximos anos.
Apesar dos diversos fatores que vão atenuar os custos que compõem a tarifa, Victor Iocca, diretor de energia elétrica da Abrace, diz que os consumidores precisam ficar vigilantes, pois há incerteza em relação aos próximos anos.
“Em 2023, teremos diversos itens conseguindo segurar a tarifa final ao consumidor, mas isso não quer dizer que vai acontecer em 2024, 2025”, afirma.
“A gente não pode baixar a guarda, porque existem diversos custos na tarifa que estão aumentando e que podem estar sendo maquiados”, completa.
Ele cita, por exemplo, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um encargo setorial que o consumidor de energia paga para bancar subsídios a alguns setores e consumidores. O custo total da CDE foi de R$ 32 bilhões em 2022 e a Abrace projeta que pode chegar a R$ 36 bilhões no ano que vem.
Lista
Confira, abaixo, quais são os principais fatores que devem influenciar o reajuste da conta de luz em 2023:
Fatores que vão pesar:
Início do pagamento da conta de Escassez Hídrica, um empréstimo feito ao setor no ano passado, e continuidade do pagamento da Conta-Covid, empréstimo feito durante a pandemia;
Aumento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um encargo setorial que o consumidor de energia paga para bancar subsídios a alguns setores e consumidores;
Aumento das tarifas de transmissão, principalmente para os consumidores ligados a distribuidoras cujos processos tarifários se dão no primeiro semestre.
Fatores que vão atenuar:
Redução do custo da geração de energia, devido a perspectiva de menor uso das usinas termelétricas e maior uso da geração hidrelétrica, eólica e solar;
Continuidade da devolução de tributos pagos a mais pelos consumidores de energia no passado. A TR Soluções estima que, em 2023, R$ 13,6 bilhões em créditos tributários serão revertidos aos consumidores de energia, o que corresponde a um alívio médio de 6,3%;
A Eletrobras terá de aportar cerca de R$ 575 milhões na CDE ano que vem, de forma a atenuar o custo desse encargo setorial ao consumidor. Porém, o efeito médio para o consumidor deverá corresponder a um aporte maior, segundo a TR Soluções. Parcela dos R$ 5 bilhões aportados neste ano relativa às distribuidoras com processos tarifários realizados até o início de maio não foi reconhecida nas tarifas de 2022 e, portanto, deverá ser considerada nos processos tarifários de 2023. Os recursos da Eletrobras na CDE devem representar um alívio médio de 1,5%, segundo cálculos da TR Soluções.
Redução da tarifa de Itaipu, devido ao fim do pagamento da dívida feita para construção da usina;
Manutenção do teto de 18% para a alíquota de ICMS que incide sobre a tarifa de energia, além da possibilidade da implementação da mudança na base de cálculo do imposto estadual para retirar alguns componentes tarifários.
Fonte e Imagem: Portal G1.
O novo leilão em estudo pelo governo para destravar o estoque de projetos de geração eólica e solar fotovoltaica com pedidos de registro de outorga tem o objetivo de viabilizar a infraestrutura de transmissão de energia para os projetos maduros e com real possibilidade de construção, garantindo segurança energética para o atendimento da demanda do país no futuro, afirmou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral, nesta quinta-feira, 20 de outubro.
De acordo com reportagem da agência de notícias Reuters, o Ministério de Minas e Energia (MME) pretende colocar em consulta pública nas próximas semanas a proposta para a realização de um leilão para viabilizar a construção de parte dos projetos que aguardam outorga neste momento. No leilão, previsto para ocorrer em 2023, os empreendimentos competirão pelo acesso ao sistema de transmissão do país.
“Há hoje uma infraestrutura de transmissão existente e planejada. E a lógica desse leilão, diante de tantos atores pleiteando acesso a esse sistema [de transmissão], é alocar de forma eficiente para priorizar os projetos que têm maior solidez, que estão em estágio mais avançado”, explicou Barral, após participar de painel no Brazil Windpower, principal evento da indústria eólica brasileira, promovido conjuntamente pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), o Canal Energia e o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês).
“O Brasil vai precisar de energia para crescer. E essas fontes vão ser fundamentais para a segurança energética. E não podemos nos dar ao luxo de pagar pelo custo de não ter a transmissão", completou o presidente da EPE.
Questionado sobre os critérios de seleção dos projetos no leilão, Barral explicou que essa questão e o próprio desenho do leilão ainda estão em discussão. Segundo ele, o tema tem sido discutido pelo MME, com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Redução de até 10% virá de aprimoramento de marcos regulatórios e ineficiências, afirma o ministro de Minas e Energia.
A redução de até 10% na conta de luz prometida pelo ministro Adolfo Sachsida no início do mês será alcançada “sem canetada”. A declaração foi feita a jornalistas nesta 5ª feira (20.out.2022), no evento Brasil Export.
Segundo o ministro de Minas e Energia, o desconto será sentido em 2023 e virá da melhoria de marcos legais e diminuição de “ineficiências alocativas”.
“Podem ficar tranquilos que não haverá nenhuma canetada. Ao melhorar marcos legais e diminuirmos ineficiências alocativas, teremos espaço para redução, que poderá ser feita já a partir do ano que vem, em até 10% nas contas de luz”, declarou.
Sachsida não detalhou quais serão os marcos legais modificados ou ineficiências solucionadas. Disse que só vai anunciar as medidas depois do 2º turno, em 30 de outubro, porque o “ambiente eleitoral está muito extremo”.
Apesar da promessa, a conta de luz de 2023 terá mais encargos e a tendência é de aumento. Começa no próximo ano o pagamento da conta escassez hídrica –aumento na tarifa para arcar com os custos de acionamento de termelétricas durante a crise hidroenergética de 2021.
Além disso, o preço do combustível usado nas termelétricas, que está relacionado à cotação no mercado internacional. É o caso do óleo combustível e do gás natural.
A CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), paga por todos os consumidores, também terá um aporte menor da Eletrobras em 2023. Os depósitos da Eletrobras foram antecipados durante o processo de privatização para aliviar os aumentos na conta de luz em 2022. Neste ano, o aporte foi de R$ 5 bilhões. Em 2023, o valor diminui para R$ 500 milhões.
Em julho, Sachsida recebeu associações dos setores de mineração e energia. O ministrou reafirmou, nesta 5ª feira (20.out), que vai apresentar 10 projetos de lei no dia 10 de novembro, “para que, no próximo governo, seja ele qual for, você tenha um aprimoramento nos marcos de energia e mineração no Brasil”.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Inserção recorde de fontes renováveis e veículos elétricos impediram aumento mais acentuado como no ano passado, afirma relatório.
Apesar das preocupações com os efeitos da atual crise energética, as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) vindas da queima de combustíveis fósseis devem crescer pouco menos de 1% este ano, apenas uma pequena fração do aumento verificado no ano passado, afirma o mais recente levantamento da Agência Internacional de Energia (AIE). A previsão vem após uma considerável expansão das energias renováveis e dos veículos elétricos pelo mundo e que impedem um aumento mais acentuado.
A análise dos dados mostra que as emissões estão a caminho de aumentar em cerca de 300 milhões de toneladas para 33,8 bilhões de toneladas nesse ano – uma evolução muito menor do que o salto de quase 2 bilhões de toneladas em 2021, resultado da rápida recuperação global da crise econômica desencadeada pela pandemia. O incremento de 2022 é impulsionado pela geração de energia e pelo setor de aviação, à medida que as viagens aéreas se recuperam das baixas ocasionadas pela Covid.
O lançamento de CO2 na atmosfera este ano seria muito maior – mais do que triplicaria para chegar perto de 1 bilhão de toneladas – não fosse pelas grandes implantações de fontes renováveis e a eletrificação dos transportes. As tendências globais energéticas também foram afetadas este ano pelos impactos da guerra da Rússia na economia mundial, que reduziram significativamente as expectativas de crescimento econômico, sobretudo na Europa.
O resultado combinado é que a intensidade de carbono do suprimento energético mundial deve melhorar ligeiramente nesse ano, retomando uma tendência de anos de recuperação consistente e interrompida no ano passado. A melhoria esperada agora contrasta com o que aconteceu após a crise financeira global de 2008, que notou fortes deteriorações na intensidade das emissões por vários anos após o choque econômico inicial.
“As emissões estão crescendo muito menos rapidamente este ano do que algumas pessoas temiam, e as ações políticas dos governos estão impulsionando mudanças estruturais reais na economia energética. Essas mudanças devem acelerar graças aos principais planos de política de energia limpa que avançaram em todo o mundo nos últimos meses,” comentou o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.
Eólica, solar, carvão
As fontes fotovoltaica e eólica lideram a expansão da geração global de eletricidade renovável em 2022 em mais de 700 TWh, maior incremento anual já registrado. Sem esse número, as emissões globais de CO2 ficariam em mais de 600 milhões de toneladas maiores este ano.
A rápida implantação dos projetos está caminhando para responder por dois terços do crescimento na geração limpa. Apesar da situação desafiadora que as hidrelétricas enfrentam em várias regiões devido às secas, a produção global das turbinas hidráulicas aumentaram ano a ano, contribuindo com mais de um quinto do crescimento esperado.
Apesar desses movimentos, a pesquisa prevê que o carvão apresente o próximo maior crescimento, já que alguns países voltam ao uso de carvão em resposta a elevação dos preços do gás natural. No total, as emissões da geração de energia a carvão devem crescer mais de 200 milhões de toneladas, ou 2%, este ano, lideradas por aumentos na Ásia.
Já a União Europeia está no caminho da redução neste ano, apesar do aumento das emissões carboníferas. Espera-se que o aumento no uso do combustível fóssil seja temporário, com um forte fluxo de novos projetos renováveis previstos para adicionar cerca de 50 GW de capacidade em 2023.
Na China, as emissões devem permanecer praticamente estáveis este ano, refletindo a mistura de diferentes forças em ação, incluindo crescimento econômico mais fraco, impactos da seca na energia hidrelétrica e grandes implantações das renováveis complementares.
Além dos desafios para as UHEs em algumas regiões, o fornecimento de eletricidade de baixa emissão mundial sofreu um revés devido a uma série de interrupções nas usinas nucleares, que devem reduzir a produção global de energia nuclear em mais de 80 TWh. Isso se deve em grande parte ao fato de mais da metade da frota de reatores nucleares da França estar offline durante parte do ano.
Demanda por petróleo cresce
Segundo a AIE, essa queda contribuiu para um maior uso de carvão e petróleo e espera-se que o uso mundial de gás natural diminua após a invasão da Ucrânia pela Rússia, resultando em uma diminuição nas emissões de CO2 de cerca de 40 milhões de toneladas em 2022.
Por sua vez a demanda por petróleo pode crescer mais do que qualquer outro combustível fóssil em 2022, com as emissões relacionadas subindo em cerca de 180 milhões de toneladas. O impulsionamento acontece em grande parte pelo setor de transporte, à medida que as restrições de viagem foram levantadas e os padrões de deslocamento e viagens pré-pandemia foram retomados.
A publicação indica ainda a perspectiva de que a aviação contribua com cerca de três quartos do aumento das emissões do uso do óleo, principalmente devido ao aumento das viagens aéreas internacionais. No entanto, as emissões do segmento ainda são apenas cerca de 80% de seus níveis pré-pandemia.
Outro fator apontado pelo estudo é que a incerteza nos mercados globais de gás natural continuará a moldar muitas das principais tendências energéticas para o resto deste ano e em 2023. No entanto, sinais promissores de mudanças estruturais duradouras na intensidade de CO2 da energia global são evidentes neste ano – e devem ser reforçados por apoios governamentais ao investimento em energia limpa.
Entre os planos, a Agência Internacional destaca a Lei de Redução da Inflação dos Estados Unidos, bem como em iniciativas de descarbonização, como o pacote Fit for 55 da União Europeia e o plano Green Transformation (GX) do Japão, além de metas ambiciosas de energia limpa na China e na Índia.
Ademais, a AIE afirmou que os efeitos das políticas recentes sobre a segurança energética e as tendências de emissões globais serão explorados em profundidade pelo World Energy Outlook 2022 da IEA, que será lançado em 27 de outubro.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ministro de Jair Bolsonaro prometeu reduzir em até 10% as contas de luz no país.
Apesar da promessa de reduzir em até 10% as contas de luz no país, o governo Bolsonaro teme uma decisão do STF que em breve pode gerar o efeito inverso: aumentar a tarifa. A promessa foi feita no último dia 7 pelo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, enquanto Jair Bolsonaro faz campanha pela reeleição.
“Vamos deixar o suspense no ar”, disse Sachsida, alegando que a redução na conta seria uma consequência da solução de dois itens: ineficiências do setor elétrico e má alocação de recursos.
Em um processo no STF, o governo alegou que a população pode ter de pagar R$ 720 milhões à usina Uruguaiana, o que resultará em contas de luz mais caras. A Uruguaiana foi contratada de forma emergencial e não entregou toda a energia no prazo previsto em contrato.
No último dia 27, a Advocacia-Geral da União (AGU) escreveu: “O imediato pagamento de mais de R$ 720 milhões à empresa contratada representará interferência num complexo sistema regulatório, resultando ainda no aumento do preço pago pelo fornecimento de energia elétrica, a ser repartido por toda a população”. O caso está pronto para ser decido pela relatora, a ministra Rosa Weber, presidente do Supremo.
Fonte e Imagem: Portal Metrópoles.
A energia solar acaba de ultrapassar a marca de 14 gigawatts (GW) de potência instalada em residências, comércios, indústrias, produtores rurais e prédios públicos no Brasil, a chamada geração distribuída (GD). Com a nova marca, a GD supera a usina hidrelétrica binacional de Itaipu, segunda maior hidrelétrica do mundo e a maior das Américas, informou a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar) ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Para o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, apesar de ainda não ter acabado, 2022 já é o melhor ano da energia solar já registrado no Brasil na última década. A geração própria de energia solar seguirá crescendo a passos largos e deverá praticamente dobrar sua potência operacional instalada, avalia o executivo. "Do final de 2021 para outubro deste ano, a geração própria (GD) de energia solar saltou de 8,4 GW para 14 GW de potência instalada, um crescimento 66,7%, enquanto os investimentos saltaram neste período de R$ 42,4 bilhões para R$ 76,7 bilhões, um aumento de 80,9%", informa.
Na análise de Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar, o crescimento acelerado dos sistemas fotovoltaicos em residências e pequenos negócios está ligado a fatores como o alto custo da energia elétrica no País, o barateamento dos preços do sistema solar e o período de transição previsto na lei, que garante até 2045 a manutenção das regras atuais aos consumidores que instalarem um sistema solar no telhado até janeiro de 2023.
80 dias
Os consumidores brasileiros que pretendem instalar sistemas de energia solar em residências e empresas têm menos de 80 dias para solicitar o sistema fotovoltaico antes das mudanças de regras aprovadas pelo Congresso Nacional.
Pela Lei nº 14.300/2022, publicada no início deste ano, há um período de transição que garante até 2045 a manutenção das regras atuais aos consumidores que solicitarem o parecer de acesso de sistemas de geração própria de solar até o final de 6 de janeiro de 2023.
De acordo com a entidade, o País possui atualmente mais de 1,3 milhão de sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede. Desde 2012, foram mais de R$ 76,7 bilhões em novos investimentos, que geraram mais de 420 mil empregos acumulados no período, espalhados em todas as regiões do Brasil, e uma arrecadação de R$ 17,9 bilhões.
Segundo a Absolar, a tecnologia solar fotovoltaica já está presente em 5.509 municípios e em todos os Estados brasileiros, sendo que os estados líderes em potência instalada são, respectivamente: Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina.
A fonte lidera com folga o segmento de geração distribuída, com mais de 99,9% das instalações do País. Em número de sistemas instalados, os consumidores residenciais estão no topo da lista, com 78,8% das conexões. Em seguida, aparecem os pequenos negócios dos setores de comércio e serviços (11,4%), consumidores rurais (7,9%), indústrias (1,7%), poder público (0,3%) e outros tipos, como serviços públicos (0,02%) e iluminação pública (0,005%).
Em potência instalada, os consumidores residenciais lideram o uso da energia solar, com 48,4% da potência instalada no País, seguidos de perto pelos pequenos negócios dos setores de comércio e serviços (29,8%), consumidores rurais (13,9%), indústrias (6,8%), poder público (1,1%) e outros tipos, como serviços públicos (0,1%) e iluminação pública (0,01%).
Fonte e Imagem: Estadão.
Para a Agência Internacional de Energias Renováveis, seria necessário, até 2030, investimento de cerca de US$ 5,7 trilhões para atingir esses objetivos.
O presidente da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), Francesco La Camara, disse que o mundo precisa triplicar as instalações em energias renováveis para manter o aquecimento global a 1,5 graus em relação aos níveis pré-industriais. Com isso, seria possível evitar os efeitos mais nefastos das mudanças climáticas. O dirigente apresentou sua projeção durante o Brazil WindPower, principal evento do setor elétrico voltado para energia eólica.
Segundo La Camara, apesar dos avanços ocorridos nos últimos anos, as medidas ainda são insuficientes. Até 2030, o mundo precisa desembolsar cerca de US$ 5,7 trilhões para atingir tais objetivos. Especificamente no setor eólico, a meta é ainda mais ambiciosa: será necessário quadruplicar as instalações para ajudar o mundo a zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa.
Sem dar detalhes, La Camara anunciou ainda que fará uma aliança global para a energia offshore (no mar) para apresentar na COP27, marcada para novembro no Egito. Neste contexto, o Brasil e a América Latina podem se tornar protagonistas deste momento de transição energética mundial.
A capacidade dos mercados da América Latina absorverem todo o potencial de geração de energia que têm é muito baixa, o que coloca a região como um grande hub de exportação de renováveis.
A presidente executiva da Abeeólica, associação que representa o setor eólico, Elbia Gannoum, diz que o problema agora é o crescimento econômico e as demandas para abertura de novos mercados. “O desafio que temos é de mercado. O Brasil não tem mercado suficiente para a quantidade de projetos à disposição”, diz.
Ela diz ainda que o Brasil poderia contribuir mais ativamente na agenda de descarbonização global com a possibilidade de exportação de energia via hidrogênio verde — gerado por energia renovável e que pode ser estocado e transportado.
“Temos que olhar para a matriz energética. Nossa matriz elétrica vai bem, com 83% de energias renováveis, mas a matriz energética precisa avançar. Até para atender as indústrias que querem descarbonizar sua produção. No médio prazo, temos a possibilidade do hidrogênio verde”.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O aumento de tarifas liberado pela Aneel envolveu as concessionárias de energia CPFL Piratininga, EDP São Paulo e Enel GO.
Mesmo recorrendo a medidas para conter a alta de tarifas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não consegue evitar a aprovação de índices de reajustes de dois dígitos. Ontem, a diretoria da agência liberou o aumento da conta de luz para mais três concessionárias. Os índices médios de alta ficaram entre 7,22% e 14,72%, com elevação superior a 20% para alguns segmentos da indústria.
As tarifas da distribuidora Companhia Piratininga de Força e Luz (CPFL Piratininga) serão reajustadas, em média, em 14,72% a partir do próximo domingo. A alta na fatura vai alcançar 1,8 milhão de clientes da companhia de 27 municípios de São Paulo, incluindo Santos.
Os consumidores conectados na rede de alta tensão da CPFL Piratininga, como indústria e shoppings, ficarão com as tarifas ainda mais caras, com a alta de 24,16%, enquanto a conta de luz dos consumidores residenciais e de pequenos comércios (baixa tensão) será elevada em 9,60%. A diferença entre os índices de reajustes aplicados às classes de consumo de baixa e alta tensão é explicada pela forma como é feito o rateio dos encargos setoriais repassados para as contas de luz de cada grupo de consumo.
De acordo com a Aneel, as medidas adotadas para atenuar o aumento das tarifas da CPFL Piratininga evitaram a alta adicional de 14,72% - percentual idêntico ao do índice médio, mas aplicado com sinal investido. Isso inclui o corte de 8,52% pelo uso do crédito tributário da retirada do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins e o corte de 2,55% garantido pelo repasse de recursos da Eletrobras para a conta de encargos do setor (CDE), previsto na privatização da estatal.
No caso da EDP São Paulo Distribuição de Energia, a Aneel aprovou o reajuste médio de 8,05%, sendo 20,04% para a indústria e os grandes estabelecimentos e apenas 2,35% para os clientes residenciais e comércio de pequeno porte, a partir de domingo. A distribuidora atende a 1,8 milhão de clientes em 28 municípios de São Paulo, nas regiões do Alto Tietê e Vale do Paraíba.
Durante a reunião da diretoria, o comando da Aneel informou que o esforço para conter o tarifaço neste ano neutralizou 19,12% de alta na conta de luz da EDP São Paulo. Somente de crédito tributário relacionado à vitória do setor na Justiça, que garantiu a retirada do ICMS PIS/Cofins, houve o alívio de 15,29% no custo da energia nos próximos 12 meses calculado para clientes da concessionária.
O terceiro reajuste aprovado ontem foi para a Enel Distribuição Goiás (Enel GO). A Aneel liberou o aumento médio de 7,22% para 3,28 milhões de unidades de consumo do Estado de Goiás.
Os consumidores goianos que pertencem à classe de alta tensão terão alta de 10,84%. Já os pequenos consumidores contarão com a alta de 5,81% nas contas de luz a partir do próximo sábado.
Os efeitos das medidas adotadas pelo governo e pela Aneel para conter a explosão tarifária em Goiás evitaram a elevação adicional de 13,31%. Entre as medidas está o corte de 8,92% do crédito tributário de PIS/Cofins, 2,65% vindos dos recursos repassados pela Eletrobras por meio do processo de privatização da estatal. Só de aumento de encargos a Enel GO contou com acréscimo de 5,63% neste ano.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Agência também negou recurso apresentado pela Âmbar Energia e, com isso, empresa pode ter seus contratos rescindidos, o que geraria uma 'economia' de R$ 20 bi pro consumidor de energia.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu nesta terça-feira (18) revogar a medida que permitiu à empresa Âmbar Energia, do grupo J&F, substituir quatro usinas novas vencedoras de um leilão emergencial de energia, realizado no ano passado, pela usina termelétrica Cuiabá (Mário Covas), em operação há mais de 20 anos.
O leilão aconteceu em outubro do ano passado quando o país enfrentou uma crise energética devido à falta de chuvas. Foram contratadas, ao todo, 17 usinas, que deveriam ter entrado em funcionamento até 1º de maio, prazo não cumprido por 16 delas. Entre as usinas contratadas, estão as quatro da Âmbar Energia.
Em uma decisão muito contestada à época, a Aneel acatou o pedido da Âmbar para fornecer energia ao sistema elétrico nacional por meio da usina termelétrica Cuiabá, enquanto as quatro usinas contratadas no leilão não ficavam prontas.
As críticas existiram porque o edital estabelecia a contratação de energia gerada por novas usinas, justamente para tentar aumentar a oferta de termelétricas no país, não permitindo a substituição por usinas antigas. Entidades alegaram favorecimento indevido à Âmbar Energia.
Nesta terça-feira, a agência voltou ao tema e decidiu revogar a substituição, pois a troca estava condicionada à conclusão e entrada em operação até 1º de agosto das quatro usinas em construção.
Como isso não aconteceu, a diretoria, por 3 votos a 1, revogou a medida que autorizou a substituição. Cabe recurso da decisão.
Recurso negado
A diretoria da Aneel também negou, por unanimidade, o recurso apresentado pela Âmbar para o atraso na implantação das quatro usinas.
A empresa alegou três motivos para o atraso na entrega das usinas: greve da Receita Federal que atrasou liberações na alfândega; lockdown na China que atrasou a fabricação e entrega dos equipamentos; e demora para conseguir o licenciamento ambiental. Nenhum dos três motivos foi aceito pelos diretores.
Com isso, será dado prosseguimento aos processos de aplicação de multas por descumprimento contratual e será aberto processo para propor a cassação das outorgas e a rescisão dos contratos das usinas.
A Âmbar Energia terá ainda de devolver parte dos valores recebidos pela geração da usina Mário Covas. O cálculo será feito pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Possível economia de R$ 20 bilhões
Segundo cálculos da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abarace), caso os contratos das usinas da Âmbar sejam realmente rescindidos, a economia estimada será de R$ 20 bilhões, valor que seria pago de maio deste ano até dezembro de 2025 caso as usinas tivessem entrado em operação no prazo.
Paulo Pedrosa, presidente da Abrace, avalia que a decisão desta terça da agência foi correta, pois se cumpriu o que está no edital, evitando um custo que, na sua visão, seria desnecessário pro consumidor de energia. "Muitas vezes o consumidor pagou caro pela segurança jurídica no setor elétrico. Dessa vez, que esse princípio veio em favor do consumidor, ele não poderia ser ignorado", afirmou Pedrosa.
O leilão emergencial contratou, entre as 17 usinas, 14 termelétricas a gás natural ao preço de R$ 1.599,57 o megawatt-hora (MWh), em média -- preço sete vezes maior que a média de leilões tradicionais.
O valor, à época, foi justificado devido ao prazo apertado - menos de um ano - para as usinas entrarem em operação. Também era um momento de crise energética, em que o custo de geração de energia estava mais elevado.
Neste ano, com os reservatórios de água dentro da normalidade, especialistas avaliam que a contratação feita à época foi cara e desnecessária.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Empresas defendem que governos devem quadruplicar instalações nesta década para atingir meta do clima.
Diante da falta de ambição dos governos em ações mais contundentes no combate a mudanças climáticas, o setor eólico está traçando planos para a COP27, marcada para novembro no Egito, com o objetivo de tentar quadruplicar as instalações eólicas no mundo.
Recentemente, o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) lançou manifesto apontando os desafios e oportunidades do setor. A mensagem principal é que sem acelerar as ações para aumentar a energia eólica e renovável nesta década, o mundo não atingirá a meta global de zerar as emissões líquidas até 2050.
A tarefa dos empresários não será fácil: convencer os líderes do mundo em acelerar os planos para a fonte, enfrentar uma crise global das cadeias produtivas e abrir mão de subsídios.
Ao Valor, o chairman do GWEC e vice-presidente Sênior Global de Marketing, Comunicação, Sustentabilidade da Vestas, Morten Dyrholm, conta que apesar dos significativos avanços ocorridos nos últimos anos, ainda é pouco para manter o mundo na rota de combate ao aquecimento global e atingir a meta.
“Agora precisamos de escala. Não é nem uma questão financeira, pois existe muito dinheiro disponível para investir em renováveis. Isso requer decisão política, que será discutida na próxima COP e nos anos seguintes”, afirma.
O executivo vem ao Brasil para o Brazil Windpower, principal evento do setor que ocorre nesta semana, e conta que parte do trabalho tem sido convencer os governos a acelerar investimentos em energia eólica em terra e no mar. “Isso tem sido uma jornada lenta. 80% do mundo depende de combustíveis fósseis se você olhar o mix de energia”, diz. “Contudo, nos últimos seis meses, desde a invasão da Ucrânia, a independência energética está na agenda. Temos visto uma enorme corrida de novos níveis de ambições para aumentar drasticamente as renováveis, dos EUA, Europa, de solar e eólica, seja ‘onshore’ ou ‘offshore’.”
O Brasil é o sexto no ranking mundial de energia eólica em terra, somando 22 gigawatts (GW) de capacidade instalada, atrás de China, EUA, Alemanha, Índia e Espanha. Na última COP, em 2021 na Escócia, o país teve atuação apagada e o presidente Jair Bolsonaro (PL) não foi ao encontro.
A ausência do chefe de Estado brasileiro no evento do clima fez com que governadores e empresários assumissem o protagonismo numa tentativa de apresentar ao mundo as boas ações do Brasil.
Morten avalia que o país é um caso em que os investidores têm confiança para investir. Porém, a decisão da americana GE Renewable Energy de suspender a produção de novas turbinas eólicas no Brasil levantou o temor de uma possível escassez de máquinas e aumentos de preços no setor.
O grande desafio do executivo é convencer os líderes negacionistas a abandonarem os combustíveis fósseis e se abrirem para a força dos ventos. Na lista estão Daniel Ortega, na Nicarágua; López Obrador, do México; e o ditador Alexander Lukashenko, de Belaru. Por aqui, o governo brasileiro diz que estimula a fonte, mas subsidia o carvão e projetos no mar aguardam regulamentação da União.
“Teremos reuniões cara a cara para propor soluções específicas. Nós da indústria temos o conhecimento do que está acontecendo. Isso os legisladores muitas vezes não têm”, frisa.
Se o mundo migra para uma energia de custo marginal zero e não faltam recursos nem tecnologia específica para tanto, a pressão inflacionária e o desarranjo das cadeias de suprimento faz a balança pender para o lado oposto. O executivo reconhece que os fabricantes de turbinas e fornecedores de matérias-primas estão sofrendo, o que, segundo ele, se deve a falta de clareza no pipeline de projetos.
Acelerar o incremento de capacidade instalada passaria pela simplificação do licenciamento dos projetos. “É algo que precisamos fazer: diminuir o tempo de permissão, reduzir o tempo de aprovação de um projeto. A boa notícia é que é algo fácil de fazer. Temos a tecnologia, o dinheiro, não precisamos de subsídios, o que precisamos é arrumar as barreiras que estão no nosso caminho”, afirma.
A questão é que flexibilizar o processo de licenciamento costuma ser complicado. Já sobre os incentivos, falta combinar com o setor brasileiro. A fonte cresceu tendo o Estado como o indutor de uma política energética baseada em subsídios. Tanto que a Abeeólica, associação que representa o setor, tentou prorrogar por 24 meses os subsídios a projetos de energias renováveis com desconto nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
É preciso que os Poderes permitam que cada ator exerça o seu papel.
As agências reguladoras foram criadas no Brasil a partir de 1995. Era um contexto de transformação que levava o Estado a assumir a missão de regular e fiscalizar relevantes setores de serviços prestados à população. Criadas como autarquias, elas pertencem à estrutura da administração indireta e são dotadas de lei de autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Mas são instituições de Estado, não de governo.
O contexto da época preconizava a redução do “tamanho do Estado” a partir do Programa Nacional de Desestatização. A regulação estatal de setores privatizados estava entre as premissas do programa. A ideia era fomentar o livre mercado, mas manter algum nível de regulação.
O governo federal criou diversas agências para promover o ambiente de negócios e organizar os mais variados setores. Essa seria uma forma de assegurar equilíbrio entre a qualidade e o custo justo do serviço, proporcionando retorno dos investimentos aos acionistas.
Ocorre que as agências reguladoras vêm sofrendo um processo penoso e gradual de perda de independência. Esse movimento recente é concomitante ao processo de enfraquecimento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). E justamente a EPE, que historicamente é responsável por planejar o setor de energia e pensar os caminhos que devem ser seguidos em busca da autonomia energética do Brasil. Só assim é possível tornar nosso país uma referência mundial na geração de energia limpa, segura e barata.
É preciso considerar o papel do Executivo e do Legislativo na discussão dos processos que definem a política energética. A participação dos Poderes na condução e na tomada dos rumos do setor é muito importante para garantir uma legislação atual e a segurança jurídica na regulação aplicada que norteia a fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). É preciso que os Poderes permitam que cada ator exerça o seu papel. Assim o processo regulatório segue o seu curso e mostra o caminho técnico adequado, para depois seguir os trâmites nos outros campos. Com esse equilíbrio e a devida separação dos papéis, os interesses dos agentes também seriam respeitados e refletidos na política pública.
Somente uma agência reguladora livre das amarras políticas, transparente e propositiva de debates públicos e plurais pode viabilizar a tomada de decisões certamente benéficas para o setor elétrico e para o país.
Lamentavelmente andamos vários passos para trás nos últimos anos. Agora é o momento de união e esforço mútuo, que possam levar o setor energético para as veredas do crescimento, com ações transparentes respaldadas por argumentos técnicos e visão de mercado.
Somente assim conseguiremos retomar o caminho da mudança e explorar o enorme potencial brasileiro para gerar energia limpa, barata, segura e sustentável.
Fonte e Imagem: O Globo.
Um grupo de 21 distribuidoras de energia do país possui contrato de concessão com vencimento nos próximos dez anos. Desse total, 11 contratos – alguns de empresas de grande porte, como Light, Enel RJ e CPFL – vencerão antes de 2028, prazo proposto pelo governo para a abertura total do mercado de energia.
A proximidade do fim do prazo dessas concessões e da abertura integral do mercado de energia elétrica do país aumenta a necessidade de discutir o processo de renovação dos contratos e de inovações e aperfeiçoamentos regulatórios no mercado de energia, principalmente no segmento de distribuição de energia, segundo especialistas ouvidos pela MegaWhat.
“A renovação dos contratos de concessão das distribuidoras vai ter que abarcar um novo modelo. Nesse cenário, como ficarão os contratos das distribuidoras, os encargos, a relação com a base de clientes?”, afirmou o consultor e presidente da comissão especial de energia elétrica da OAB/RJ, Fábio Amorim.
“Minha preocupação é o ‘timing’. Caso contrário, será necessário um ajuste fino, trocar o pneu com o carro em movimento”, completou o especialista.
Na lista das distribuidoras, a EDP Espírito Santo, que tem vencimento de contrato mais próximo (07/2025), já manifestou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o interesse em renovar o contrato por mais 30 anos. Em seguida, as distribuidoras com prazo de vencimento de contrato mais próximo são light (junho/2006) e Enel RJ (12/2026).
Para Amorim, a renovação da concessão das distribuidoras deverá ser precedida por uma inovação regulatória no mercado de energia elétrica. O consultor integra o time de especialistas brasileiros que discute o tema no âmbito da Associação de Distribuidores de Energia Elétrica da América Latina (Adelat).
Mercado sustentável
Criada este ano e reunindo empresas como Enel, EDP, Light e Neoenergia, entre outras, que atendem cerca de 70 milhões de clientes na região, a Adelat vai lançar no fim do ano um paper para subsidiar formuladores de políticas públicas na definição de medidas necessárias para garantir a qualidade da infraestrutura de energia no novo cenário do mercado no Brasil, Chile, Argentina, Peru e Colômbia.
Segundo Aniella Descalzi, diretora de Inovação e Estratégia da Adelat, o objetivo do documento é indicar os principais desafios e listar recomendações para o desenho de um mercado sustentável que maximize o valor para a sociedade, considerando as especificidades da região. Em outras palavras, explica a especialista, não adianta tentar reproduzir modelos aplicados na Europa em países da América do Sul, que possuem realidades muito distintas.
“O setor elétrico está passando por muitas mudanças. É preciso discutir a distribuição do futuro. A transição energética não ocorre só na geração”, afirma Descalzi. “Nosso objetivo é dar subsídios aos formuladores de políticas públicas em muito alto nível”, completou ela.
O paper vai trazer sugestões de aperfeiçoamentos regulatórios para melhorar a qualidade do serviço de distribuição e a resiliência; potencializar a transformação e sustentabilidade da rede, incentivando a incorporação de novos serviços e tecnologias; e permitir a eficiência econômica do sistema elétrico, separando as atividades de distribuição de comercialização.
O paper é fruto de uma série de discussões conduzidas ao longo deste ano pela Adelat, com especialistas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru.
Isonomia
Na opinião de Wagner Ferreira, diretor Institucional e Jurídico da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), para garantir o funcionamento adequado do sistema elétrico brasileiro, no âmbito da modernização, é preciso garantir isonomia entre os usuários no pagamento dos custos do sistema elétrico. A visão do especialista foi colocada em dois artigos publicados na MegaWhat, em fevereiro deste ano e podem ser obtidos nos links a seguir: parte 1 e parte 2
Mercado maduro
Na opinião de Mário Menel, presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), a proposta colocada em consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia e que prevê a abertura total do mercado a partir de 2028 é positiva e estabelece um prazo para que todas as medidas regulatórias.
“A [proposta de] portaria está de acordo com as crenças da associação. Somos favoráveis à abertura do mercado”, disse Menel, à MegaWhat. “Nosso mercado está maduro”.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
O leilão de energia A-5, realizado nesta sexta-feira, repetiu o histórico de baixa contratação de novos projetos de geração para atendimento do mercado regulado, que vem diminuindo de tamanho nos últimos anos com mais consumidores buscando alternativas como o mercado livre de energia ou a geração distribuída.
Ao todo, o certame negociou 176,8 megawatts (MW) médios de energia, a um preço médio de 237,48 reais por megawatt-hora, representando um deságio médio de 26,38%.
Conquistaram contratos no leilão 22 empreendimentos, que somam 557,45 MW de potência e cerca de 2,95 bilhões de reais em investimentos.
Do total de projetos, 12 são pequenas hidrelétricas, que venderam energia suficiente para fazer frente à obrigatoriedade de contratação de 50% da demanda do leilão nessa fonte, conforme a lei 14.182, que autorizou a privatização da Eletrobras.
A potência contratada ficou novamente muito abaixo da oferta. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) havia cadastrado para o certame cerca de 83.000 MW, distribuídos em 2.044 projetos.
A assessora especial de assuntos econômicos do Ministério de Minas e Energia, Renata Rosada da Silva, avaliou que a recente portaria do governo que abriu o mercado livre para mais consumidores não deve ter impactado a demanda das distribuidoras para este leilão.
Em coletiva de imprensa após o certame, ela disse ainda que a pasta está avaliando mudanças nos leilões de energia, relacionadas à forma dos certames e a menores prazos para os contratos.
PERFIL DOS PROJETOS E COMPRADORES
Além dos 12 empreendimentos hídricos, também venceram contratos no certame três projetos da fonte eólica, quatro usinas solares fotovoltaicas, duas térmicas movidas a biomassa de bagaço de cana e uma térmica de aproveitamento de resíduos sólidos urbanos.
Não houve negociação para projetos movidos a carvão mineral ou a biogás.
Em relação aos deságios por fonte, o maior foi registrado para a biomassa, com 40,06%. As fontes solar e eólica obtiveram descontos de 38,78% e 26,90%, respectivamente, frente aos preços máximos estipulados.
Segundo o diretor de estudos de energia elétrica da EPE, Erik Rego, o fato de os deságios para solar e eólica terem diminuído em relação aos leilões anteriores não indica necessariamente uma tendência de todo o mercado, uma vez que a negociação de contratos para esses empreendimentos foi muito baixa.
Os projetos que venderam energia no leilão deverão iniciar o suprimento em 1º de janeiro de 2027, com prazos contratuais variando de 15 a 20 anos, a depender da fonte.
Do lado comprador, a Cemig foi a principal compradora do leilão, responsável por 82% da energia adquirida. A Celpa, distribuidora do Pará controlada pela Equatorial Energia, comprou os 18% restantes da energia negociada no certame.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
O leilão A-5 realizado nesta sexta-feira, 14 de outubro, cumpriu a diretriz do Ministério de Minas e Energia (MME) de viabilizar a compra de energia "mais barata, segura e limpa", disse Renata Rosada da Silva, assessora especial de Assuntos Econômicos da pasta, durante entrevista coletiva concedida após a conclusão do certame.
"A estratégia foi direcionar para fontes mais competitivas que poderiam trazer preço menor, e foi um sucesso. Conseguimos deságios muito bons frente aos preços-teto, inclusive valores para eólica e solar inferiores ao Pmix das distribuidoras", disse a especialista.
Questionada se haverá alguma mudança na duração dos contratos negociados nos leilões, considerando as incertezas que as distribuidoras têm na previsão de demanda, Rosada da Silva disse que essa é uma questão em avaliação. "Estamos e com certeza vamos chegar na melhor solução", disse.
O certame contratou 176,8 MW médios, ao preço médio de R$ 237,48/MWh, deságio de 26,38% em relação ao preço máximo do certame. O investimento previsto nas 22 usinas contratadas soma R$ 2,9 bilhões. As únicas distribuidoras compradoras foram a Celpa e a Cemig, com 31,75 MW médios e 145 MW médios, respectivamente.
Em atendimento à Lei 14.182/2022, metade da energia contratada no leilão, 87,3 MW médios, veio de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e centrais de geração hidrelétrica (CGHs), cuja potência total soma 175,5 MW.
Para Rosada, a consulta pública aberta pelo MME para discutir a abertura total do mercado livre de energia em 2028 não deve ter afetado a demanda do leilão de hoje. "Já temos um histórico de demandas mais baixas, as distribuidoras já contam com a abertura do mercado", disse ela.
"Destacamos, inclusive, a importância de um cronograma de abertura com a máxima antecedência, para que as distribuidoras possam trabalhar os portfólios", completou.
n Fonte e Imagem: MegaWhat.
A votação do PL (Projeto de Lei) 414/2021, que trata sobre a modernização do setor elétrico, voltou a ser negociada por deputados atuantes da área após o fim do primeiro turno das eleições. Segundo parlamentares entrevistados pela Agência iNFRA, há a expectativa de que o parecer deva ser apresentado nas próximas duas semanas pelo deputado relator do projeto e ex-ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (União-PE), que foi reeleito para um novo mandato de 2023 até 2027 na Câmara.
A espinha dorsal do PL de modernização é a abertura do mercado de energia, defendida pelo MME (Ministério de Minas e Energia) por meio da Portaria 50/2022, mas que possui fragilidade jurídica. O MME quer a abertura de todo o mercado consumidor de alta tensão a partir de janeiro de 2026. Para a baixa tensão (residências), a liberalização poderia ser feita a partir de 2028, segundo portaria em consulta pública.
O ideal, no entanto, seria garantir esse cronograma por meio de lei, uma vez que nova portaria ministerial publicada em Diário Oficial seria o suficiente para desfazer todo o processo. Uma mudança de governo, por exemplo, poderia trazer essa insegurança jurídica.
Outros dispositivos que são articulados como emendas por segmentos do setor como o Brasduto, apelido dado para o fundo de financiamento de uma rede de gasodutos; além de trechos da MP (Medida Provisória) 1.118/2022, como a questão do sinal locacional e estabilização da TUST, a tarifa de transmissão, podem ser apresentados ao PL 414, conforme apurou a Agência iNFRA.
Tempo exíguo
O deputado Fernando Coelho deve entrar de férias entre os dias 2 e 15 de novembro, disseram fontes, o que deve apertar o prazo para a votação do projeto. Com isso, outros deputados ligados ao setor de energia elétrica seguem em negociação para que a votação ocorra no período mais curto de tempo possível.
“Estou otimista de que faremos a votação do PL 414 logo depois do segundo turno das eleições. Há um grande consenso já construído, inclusive com entidades do setor. Os principais deputados que atuam no segmento também estão muito próximos daquilo que deverá ser a proposta e da linha que está sendo levada pelo relator”, afirmou o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), que atua no setor de energia e também foi reeleito para um novo mandato de quatro anos.
Segundo ele, questões como o Brasduto devem ser discutidas para entrar no PL, mas de uma forma mais equilibrada. “Isso deve vir de uma forma mais acordada, com uma forma de financiamento. Foi isso que ficaram de apresentar. Já espero que, na próxima semana, o relator apresente uma proposta neste sentido”, disse o deputado.
O Brasduto é o apelido dado à medida que prevê recursos para financiar a construção de uma malha de gasodutos para atender às usinas termelétricas. A ideia da emenda proposta para o PL 414 é que a PPSA (Pré-Sal Petróleo), estatal responsável pela comercialização da parte da União do pré-sal, seja a responsável pelos recursos.
Ministério da Economia não aprova.
Apesar disso, a emenda não é aprovada pelo Ministério da Economia. A pasta acredita que o dispositivo pode contaminar recebíveis da empresa no processo de privatização da PPSA, que tem um projeto de lei determinando a sua desestatização em tramitação no Legislativo. A emenda do Brasduto já foi responsável por travar o PL 414 na Câmara.
A apresentação do relatório nas próximas duas semanas é uma ação considerada necessária por parte dos deputados para que o PL 414 não seja atrasado em uma eventual discussão no plenário. O relator deve divulgar um relatório mais “enxuto”, conforme apurou a Agência iNFRA.
Novamente no plenário
Há a expectativa de que o projeto saia da comissão especial e vá para apreciação diretamente em plenário via regime de urgência. Dessa forma, o parecer seria mais enxuto e menos polêmico, mais fácil de ser aprovado, e as emendas seriam apreciadas separadamente, como destaques de plenário.
Segundo Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) – que também faz parte do grupo de deputados atuantes no setor elétrico que conquistou a reeleição – a expectativa é que o projeto “provavelmente seja votado em novembro”.
Emendas da MP 1.118
O deputado Danilo Forte (União-CE), outro reeleito com mandato até 2027, que foi relator da polêmica MP 1.118, diz que pretende levar os mesmos temas para a discussão no PL 414. Danilo Forte incluiu na medida provisória emendas que tratavam do sinal locacional e da estabilização da cobrança da TUST, a tarifa de transmissão, e de mais 24 meses para a entrada em operação de fontes renováveis na “corrida de ouro”.
Segundo Forte, se por acaso os líderes da Câmara acharem necessário, esses assuntos podem ser tratados via projeto de decreto legislativo, em separado. Os dispositivos foram introduzidos pelo deputado cearense na MP 1.118, aprovada pela Câmara, mas que caducou no Senado.
“Com certeza posso levar esse assunto para o PL 414, inclusive eu já tenho as emendas no projeto. Tenho conversado com o relator sobre essa matéria e há uma disposição muito grande para trazer esses temas ao plenário. Se for pertinente para o PL 414, então vamos discutir isso lá. Se for pertinente por meio do projeto de decreto legislativo, então discutiremos também”, afirmou.
Segundo ele, o Congresso Nacional deve ser o responsável pela formulação de políticas públicas do setor, e não a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). “A agência está bem abaixo do poder deliberativo do Poder Legislativo. Precisamos nos impor para não deixar esse espaço ser ocupado por órgãos auxiliares”, disse.
As emendas defendidas pelo deputado vão contra a decisão da ANEEL do dia 20 de setembro. Na ocasião, a agência aprovou que empreendimentos são cobrados na TUST pelo uso da rede elétrica a partir da distância e não apenas pelo volume de energia.
Para o deputado, o relator do PL 414 tem consciência da importância do tema para o Congresso Nacional e que as emendas antes apresentadas na MP 1.118 são importantes para o desenvolvimento do Nordeste e para a ampliação da energia renovável no país. “Com o sol e o vento é incalculável o potencial do Nordeste de gerar energia limpa”, disse o deputado.
Sobre o PL 414, Forte afirmou que o país está 15 anos atrasado para a abertura do mercado. “Essa medida é a mais urgente que precisamos votar. Acredito que podemos iniciar essa discussão até o fim de outubro”, concluiu.
Fonte e Imagem: Portal da Infra.
Setor enviou carta aberta á reunião dos ministros de Finanças e de Bancos Centrais dos países do G20 apontando a necessidade e os benefícios que a geração de energia pode trazer ao mundo melhorando as questões energética e climática.
A indústria eólica global redigiu uma carta por ocasião da Reunião dos Ministros das Finanças e Governadores dos Bancos Centrais do G20 em Washington onde defendem que o investimento em energias renováveis podem tirar o mundo da atual crise energética e mudanças climáticas.
A carta aberta foi divulgada nesta terça-feira, 11 de outubro, e aponta que a solução das crises e a forma de evitar outras semelhantes no futuro, bem como proteger as pessoas e o planeta, passa pela cooperação e uma mudança urgente do sistema energético atual para um mais limpo e seguro baseado nas renováveis.
O grupo sinaliza que o atual cenário de fornecimento de energia, preços de commodities em alta, conflito geopolítico, inflação crescente e eventos ligados às mudanças climáticas, como seca, incêndios florestais e inundações, apenas destacaram a necessidade de uma forte ação internacional coletiva para garantir o crescimento econômico global, estabilidade e prosperidade.
Lembrou ainda que “o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas deixou claro que é ‘agora ou nunca’ se levamos a sério a limitação do aquecimento global a 1,5°C. As ações necessárias são drásticas, exigindo que as emissões globais de gases de efeito estufa atinjam o pico antes de 2025 e diminuam pela metade até 2030. A boa notícia é que temos as ferramentas, tecnologia e know-how para realizar uma redução substancial no uso de combustíveis fósseis e uma rápida expansão de energias renováveis apoiando os princípios de proteção do meio ambiente e da natureza”, destaca na mensagem.
Outro ponto positivo dessas ações é que estas também podem reforçar o sistema energético global para reduzir a exposição à volatilidade dos preços e à dependência das importações ligadas aos combustíveis fósseis. Argumenta que um crescente corpo de evidências mostra que a mudança para energia renovável resultará em enormes economias líquidas para a economia global, apoiando uma transição energética justa e equitativa e um futuro habitável para todos.
“A energia eólica é uma das tecnologias de energia mais competitivas, maduras, ilimitadas e rapidamente implantáveis que temos hoje. É de origem local, por isso é bom para a segurança energética. E da Europa à Ásia, a energia renovável oferece energia cada vez mais estável para manter as luzes acesas e apoiar o crescimento econômico e a descarbonização”, afirmam os signatários.
E reforça o histórico de segurança e inovação no setor de energia, criando turbinas eólicas cada vez mais eficientes, bem como uma força de trabalho global de 1,4 milhão de pessoas. O ganho de escala reduziu os custos da energia eólica, a ponto de os custos médios globais para novos projetos eólicos onshore serem cerca de 40% menores do que para novos projetos de energia a carvão ou a gás.
Lembra que a maior parte dos países que integram o G20 já exploram a fonte eólica e que há muito mais por vir com a geração offshore. E que no ritmo atual de crescimento, estamos no caminho certo para atingir menos de dois terços da capacidade eólica global necessária até 2030 para um caminho zero líquido e compatível com Paris.
Por isso, na carta aberta aponta para nove áreas de ações urgentes para reverter o atual cenário. Entre essas estão a ampliação da ambição e maiores volumes de energia eólica como parte de um mix de energia sustentável, agilizar com urgência os esquemas de licenciamento para projetos de energia renovável em escala de rede para acelerar a implantação da fonte, comprometer-se com planos de ação para construir rapidamente redes elétricas para integração de energia renovável e descarbonização intersetorial, evoluir os mercados de energia para enviar sinais de investimento significativos em linha com segurança energética e metas líquidas zero.
Assinam a carta, 20 presidentes de entidades, empresas e associações que atuam em diversos países. A representante brasileira é a presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum. E há ainda, Ben Backwell do GWEC, Ignacio Galán, CEO da Iberdrola, Jochen Eickholt, CEO da Siemens Gamesa, Miguel Setas, da EDP. A carta aberta original, em inglês, pode ser acessada em sua íntegra por meio deste link.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Certame A-5 será realizado nesta sexta-feira (14) com expectativa de baixa contratação.
O leilão de energia que será realizado nesta sexta-feira (14) pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve resultar em baixa contratação. A persistente crise econômica, o crescimento da geração própria de energia e a migração de consumidores para o mercado livre são o tripé da expectativa do mercado sobre o leilão A-5, como é conhecido o certame, cujas novas usinas que firmarem contratos com distribuidoras devem estar em operação comercial a partir de 2027.
No certame serão negociados contratos com prazos de 15 e 20 anos, dependendo da fonte de energia. Porém, apesar da enorme oferta, especialistas entendem que o decrescente mercado das distribuidoras deve levar a poucos contratos. A própria Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee) avalia que este e leilões futuros não devem apresentar mais grandes volumes contratados como no passado.
Marcos Madureira, presidente da Abradee, inclusive defende que se estabeleçam medidas que flexibilizem a contratação - hoje, elas são obrigadas a contratar 100% da energia para atender a suas respectivas áreas de concessão.
Porém, com uma geração distribuída que soma quase 14 gigawatts (GW) de capacidade instalada, a maioria de painéis solares instalados pelos próprios consumidores, e com incentivos para a migração para o mercado livre (descontos no uso da transmissão e distribuição), tornou-se difícil evitar que as distribuidoras fiquem sobrecontratadas.
Pelas regras do setor, as distribuidoras podem comprar 5% a mais da energia necessária para atender a seus mercados e repassar os custos para as tarifas. Acima deste percentual, as distribuidoras arcam com o prejuízo, exceto em casos de sobrecontratação involuntária, o que se vê com geração distribuída e as migrações para o mercado livre.
Soma-se a esse cenário a obrigação de se destinar, no mínimo, 50% da demanda declarada pelas distribuidoras à contratação de pequenas centrais hidrelétricas (PCH), com potência de até 50 megawatts (MW), medida estabelecida na lei da privatização da Eletrobras. Para Madureira, esse aspecto cria um tratamento desigual para a bem-vinda fonte hidrelétrica e custos a mais para os consumidores. Além disso, mesmo com a oferta obrigatória da energia das PCHs, as distribuidoras não podem contratar acima dos seus próprios mercados, pontuou.
Outro adicional de incerteza sobre o certame é a recente decisão do Ministério de Minas e Energia (MME) de ampliar o acesso ao mercado livre a mais 100 mil consumidores conectados em alta tensão a partir de 2024. O MME também colocou em consulta pública a abertura para a baixa tensão a partir de 2026, o que, de acordo com o diretor técnico da PSR Consultoria, Rodrigo Gelli, deve fazer com que as distribuidoras percam mercado.
Na visão de Gelli, as distribuidoras tiveram de fazer declarações de demanda antes da portaria que ampliava o mercado livre, sem nenhum instrumento legal de apoio. “No fim do dia, se as empresas errarem muito e tiverem problema de exposição na contratação, a Aneel pode cobrá-las”, disse.
O diretor da PSR ressaltou que leilão A-6, com entrega de energia a partir de 2028, foi cancelado com a alegação de que não tinha demanda, mas o A-5 foi mantido. “Então a expectativa é que a demanda seja baixa”, acrescentou Gelli. Porém, Madureira, da Abradee, salienta que mesmo com perspectiva de baixa demanda, alguma distribuidora pode ter necessidade de fazer algum ajuste no portfólio.
A consultora da PSR, Angela Magalhães, avalia que com a decisão do MME de abrir o mercado, seria necessário parar a negociação de novos contratos de energia de longo prazo, evitando a criação de um legado de custos que fica para as distribuidoras quando seu cliente troca sua rede pelo mercado livre.
“O leilão é para 2027; imagine como a notícia de possibilidade de abertura de baixa tensão para 2026 traz uma incerteza enorme para o leilão A-5”, questiona Magalhães. Para este cenário de migração, a PSR estima que o impacto, sobre a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), de permitir que consumidores de baixa tensão sejam beneficiados pelo desconto na Tusd tenha valor presente líquido de R$ 125 bilhões de 2026 a 2050.
Outro ponto é a baixa concorrência e deságios baixos. O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, acredita que dos 83 GW de projetos cadastrados, menos de 5% devem ser contratados. Segundo ele, o volume de projetos não expressa necessariamente uma intenção de agentes de vender no mercado regulado, mas o interesse de qualificarem suas usinas para negociar energia no mercado livre.
“Ao cadastrar os projetos, eles são analisados pela EPE e recebem uma avaliação de consistência do governo. A partir disso, o empreendedor vai buscar vender esta energia no mercado livre por meio de contratos bilaterais (...). Isso induz uma tendência de crescimento do mercado livre e reduz o mercado cativo”, explica Castro.
Para a Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), a decisão de inserir a contratação de energia de térmicas a biogás junto com o carvão traz prejuízos, porque não valoriza os atributos ambientais e prejudica a contratação das usinas a biogás. Além disso, a entidade destaca que o biogás possui mais similaridades com o gás natural e, por isso, faria mais sentido que fosse precificada conforme esta fonte.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Adolfo Sachsida antecipou na Voz do Brasil que governo anunciará medidas no início de novembro.
Analistas da área de energia dos maiores bancos tiveram um início de semana mais tenso que o normal. Profissionais das principais casas de análises foram a campo logo cedo nesta segunda-feira (10) para tentar entender quais medidas o governo Jair Bolsonaro (PL) vai anunciar após as eleições para reduzir a conta de luz.
O mercado financeiro ligou o sinal de alerta depois de o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, sinalizar as mudanças em sua participação no programa A Voz do Brasil na sexta-feira (7). Sachsida afirmou que no dia 10 de novembro anunciaria medidas com potencial para reduzir em 10% a tarifa de energia elétrica. O segundo turno ocorre em 30 de outubro.
"Quero anunciar que o Brasil continuará tendo novas reduções de [valor da] energia. Ela vai ficar mais barata, seguindo as quedas que já tivemos neste ano. Nos próximos meses, vamos anunciar medidas que vão reduzir as tarifas de energia em até 10%, já a partir do ano que vem" disse, sem dar detalhes e afirmando manteria o "suspense no ar".
A sinalização foi interpretada como risco de populismo, explicaram analistas ouvidos pela Folha, com a condição de não terem os nomes citados.
Os analistas levaram em consideração que o governo Bolsonaro adotou várias medidas consideradas populistas e voltadas a melhorar o desempenho do presidente em sua campanha pela reeleição. Entre elas está instituir um estado de emergência para contornar a lei eleitoral e abrir caminho à elevação do valor do Auxílio Brasil e liberação de benefícios a caminhoneiros e taxistas.
A fala do ministro relembrou o mercado financeiro do anúncio de redução da conta de luz realizado no final de 2012 pela então presidente Dilma Rousseff (PT). Ratificado em 2013, o corte de 18% para consumidores residenciais e de 32% para empresas foi acompanhado por uma reformulação no setor elétrico. O pacote incluiu a renovação antecipada de concessões de algumas distribuidoras, por meio da MP 579, jogando para anos futuros um passivo bilionário que acabou elevando a conta de luz lá na frente.
Nas palavras de um experiente analista, cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça e o mercado tenta entender as alternativas disponíveis para o governo.
É sabido que a atual gestão não concorda, por exemplo, com a transferência de subsídios, que hoje oneram a conta de luz, para o Tesouro Nacional, uma alternativa defendida por inúmeros agentes do setor elétrico. A CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), onde estão os subsídios, chegou a R$ 32 bilhões neste ano e segue em tendência de alta.
Um caminho para a redução da tarifa em 2023 é garantir que a quitação da dívida de Itaipu seja revertida em benefício dos consumidores de energia.
A dívida da usina binacional, de 2021 para 2022, já caiu de US$ 2 bilhões para US$ 1,4 bilhão e será quitada até março do ano que vem. Sem essa despesa financeira, os custos de Itaipu vão despencar, permitindo a redução do valor de sua tarifa.
O Brasil entende que o tratado deixa claro que essa redução é automática. Quem acompanha o setor, no entanto, lembra que será preciso negociar com os paraguaios, que tendem a endurecer a discussão, como ficou demonstrado na negociação do corte tarifário em 2022.
Neste ano, o Brasil perdeu uma queda de braço com o Paraguai e não conseguiu transferir toda a redução do custo da dívida para conta de luz. Parte dos recursos liberados foi transferido para o custo de exploração da usina. Com essa medida, pela primeira vez na história, o custo de exploração chegou a US$ 1 bilhão.
Os recursos nessa rubrica também podem ser utilizados em obras, como a construção de pontes e rodovias, um procedimento que interessa politicamente aos governos de ambos os lados da fronteira. A redução da tarifa, por sua vez, beneficia mais o Brasil. São os brasileiros que pagam por quase 90% da energia gerada por Itaipu.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Modalidade é operacionalizada pelo ONS e CCEE em substituição à troca de energia que era feita anteriormente, tem períodicidade diária e é restrita a volumes de água que não seriam aproveitados nas UHEs.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e o Operador Nacional do Sistema Elétrico iniciaram um novo procedimento competitivo para exportação da chamada Energia Vertida Turbinável (EVT). Essa modalidade substitui a antiga transação que tratava de exportação ou importação de energia apenas pelo volume envolvido, sem monetização do insumo. Na prática agora o país pode comercializar as sobras de energia.
O novo mecanismo passou a ser permitido com a publicação da Portaria nº 49/2022, do Ministério de Minas e Energia (MME) e possibilitará a negociação diária do excedente de geração de energia de usinas hidrelétricas que integram o Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), volume esse gerado pela água em excesso nos reservatórios.
De acordo com as regras estabelecidas, a negociação não deve afetar a segurança do fornecimento de energia para o mercado interno. Em comunicado, o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri Silva, destaca que a transação será feita se houver oferta no Brasil e dependerá única e exclusivamente de um cenário hidrológico favorável, com o vertimento das usinas, como o próprio nome do mecanismo diz, e de uma demanda do país vizinho.
O executivo também destaca que a nova operação é uma forma de angariar recursos para o setor e otimizar o uso de recursos hídricos. Em sua avaliação, essa é uma alternativa rentável para o uso da água que seria vertida, com o retorno financeiro obtido na venda podendo ser convertido em benefícios para o sistema elétrico.
De acordo com a CCEE e o ONS, os recursos obtidos nas operações serão direcionados para o MRE. Dessa forma, a nova operação pode permitir abatimento nos custos operacionais das hidrelétricas participantes e consequentemente, a médio prazo, redução nos encargos arrecadados na tarifa dos consumidores.
Já pelo lado do ONS, a nova forma de negociação permite gerar recursos para o setor e representa uma iniciativa que demonstra aperfeiçoamento dos processos. Isso porque a energia produzida pelas hidrelétricas, que não poderia ser alocada na carga do SIN e tão pouco armazenada caracterizam um excedente energético que poderá ter um tratamento econômico-comercial e estruturação em um ambiente de mercado.
A operação da EVT será diária e restrita aos agentes comercializadores associados à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica com perfil cadastrado para exportação. Durante o procedimento competitivo, os lances para compra da energia remanescente com origem nas usinas do MRE respeitarão um preço mínimo, que é calculado pela CCEE considerando a média ponderada do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) de cada submercado na proporção da Garantia Física Sazonalizada do MRE de cada submercado. Além disso, é adicionado um benefício percentual mínimo ao processo que, atualmente, é de 10%.
Em um segundo momento, as ofertas serão submetidas à análise do ONS, que observará critérios como a demanda no país vizinho, a capacidade de transmissão pelas conversoras e da rede de transmissão do SIN, o montante disponível de energia vertida turbinável não alocável no SIN e os montantes e valores vencedores do procedimento competitivo.
Após liberação conjunta, pelo ONS e CCEE, será realizada a confirmação aos vencedores, com a repetição do ciclo no dia seguinte.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Aneel ainda não concluiu os cálculos, mas prevê pressões de custos para o consumidor.
A Agência Nacional de Energia Elétrica não concluiu os estudos e as simulações sobre o cenário tarifário do ano que vem, mas já prevê um efeito do repasse antecipado de alguns recursos que ajudaram a amortecer as tarifas em 2022. Haverá impacto também da alta dos combustíveis e dos empréstimos contraídos em 2021 e 2022 para diluir despesas que teriam de ser pagas ao setor.
A autarquia vinha usando parcela dos créditos tributários disponíveis de PIS e Confins nos processos tarifários, mas foi obrigada por lei a repassar integralmente os recursos. Teve casos de distribuidoras com reajuste negativo, quando o ideal seria ter feito, no mínimo, o repasse da inflação. “Nós temos situações, por exemplo, no estado de Minas Gerais, que são três anos sem reajuste. Isso tudo tem impacto”, disse o diretor-geral da autarquia, Sandoval Feitosa.
Outro ponto que preocupa a agência é a questão da Conta de Desenvolvimento Energético, que recebeu esse ano uma antecipação de R$ 5 bilhões da Eletrobras. No ano que vem, o valor resultante da privatização da empresa será reduzido a R$ 500 milhões.
Em 2023, começa o pagamento do financiamento da conta escassez hídrica e tem a continuidade da amortização da conta covid, que começou a ser paga esse ano. Há, ainda, o custo da transmissão, cujas contratações tem sido bastante intensas, e o da compra de energia.
Embora esteja em situação mais confortável que os países europeus em relação aos impactos do conflito na Ucrânia, o Brasil continuará pressionado pelo preços dos combustíveis. Feitosa lembrou em café da manhã com jornalistas na última sexta-feira, 07 de outubro, que entre 20% e 30% da conta de energia é para remunerar as usinas térmicas, que tiveram o custo elevado devido ao alinhamento aos preços internacionais. “O preço do gás e do óleo tem sofrido pressão bastante na Europa, e isso se repete aqui.”
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Sandoval de Araújo Feitosa Neto diz que ônus precisa ser dividido. Ministério de Minas e Energia propôs que até 2028 todos consumidores de energia possam escolher o seu fornecedor.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval de Araújo Feitosa Neto, afirmou nesta sexta-feira (7) que os consumidores mais frágeis, em geral os pequenos consumidores residenciais, não podem ficar com o ônus da abertura total do mercado livre de energia, proposto pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
O chamado "mercado livre" de energia permite que os consumidores possam escolher o próprio fornecedor de energia elétrica. Atualmente, somente indústrias e grandes empresas têm esse direito.
Consumidores residenciais e pequenas e médias empresas são atendidos pelas distribuidoras da sua região. É o chamado "mercado cativo" ou "mercado regulado".
No mercado cativo, as tarifas são reguladas. Já no mercado livre, o consumidor negocia diretamente com o fornecedor o preço e as condições de venda de energia.
O governo propôs, por meio de consulta pública publicada em setembro, que:
pequenos negócios conectados em baixa tensão vão poder escolher o fornecedor de energia a partir de 1º de janeiro de 2026;
consumidores residenciais e rurais vão poder escolher o fornecedor de energia a partir de 1º de janeiro de 2028.
Pontos a serem resolvidos
A preocupação manifestada pelo diretor-geral da Aneel é com relação aos consumidores que ficarão no mercado cativo, mesmo após a abertura do mercado livre, pois não teriam acesso à informação ou não veriam vantagens em fazer a migração.
"Nem todos os consumidores vão conseguir aderir ao mercado livre, vai ficar uma quantidade de consumidores, normalmente aqueles consumidores mais frágeis, aqueles consumidores que não têm acesso à informação, aqueles consumidores que talvez não sejam interessantes para o mercado [livre] e que vão ficar no mercado regulado. Esse mercado regulado não pode ficar com o ônus da abertura, então esse é um ponto que nós vamos defender e conversar com o ministério e o Legislativo no seu devido momento", afirmou Feitosa Neto.
Há uma série de custos que são pagos somente pelos consumidores do mercado cativo. Ou seja, com um número cada vez maior de consumidores migrando para o mercado livre, o custo arcado pelos consumidores cativos fica ainda mais pesado individualmente.
Existe, também, a questão dos chamados "contratos legados". As distribuidoras de energia têm contratos de compra de energia de longo prazo e, com a migração dos consumidores, pode haver uma sobrecontratação, que resultaria num encargo para o consumidor.
Outras questões também preocupam o setor, como a separação entre as atividades de distribuição e comercialização de energia e quem vai arcar com o custo da manutenção da confiabilidade do sistema, feita através da contratação de potência das usinas termelétricas.
Custo
O diretor-geral da Aneel defendeu a necessidade de aprovação de leis que enderecem essas questões, de forma que o custo seja dividido com todos os consumidores, livres e cativos. "Há a necessidade de um arcabouço legislativo, há necessidade de framework regulatório bastante intenso para que isso aconteça de forma a ser justa."
Ele também disse que a abertura do mercado livre é um caminho sem volta, mas que defende que seja feita com "justiça", dividindo custos.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Expectativa da Aneel era a inclusão de mais de 11 milhões de famílias, número que não deve ser alcançado, segundo o diretor-geral da agência. Cadastro automático entrou em vigor em janeiro deste ano.
A tarifa social de energia – programa que dá desconto na conta de luz de famílias de baixa renda – ganhou cerca de 2 milhões de beneficiários ao longo deste ano, quando entrou em vigor o cadastro automático.
O número é inferior à projeção inicial da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela administração do programa, que imaginava a inclusão de mais de 11 milhões de famílias.
Os números foram divulgados nesta sexta-feira (7) pelo diretor-geral da Aneel, Sandoval de Araújo Feitosa Neto.
"O levantamento da Aneel, quando aprovou a resolução [do cadastro automático], era que mais de 11 milhões de famílias poderiam ser incluídas, sendo que apenas em 2022 já foram incluídas 2 milhões de famílias", afirmou Feitosa Neto.
"Então, teoricamente, nós teríamos ainda um mercado potencial de 9 milhões, apesar que se entende que será difícil alcançar toda essa quantidade, uma vez que nem todo número de inscrição social tem uma unidade consumidora associada", completou.
Dados
Dados da Aneel mostram que, em dezembro de 2021, quando o cadastro automático ainda não estava em vigor, o número de beneficiários da tarifa social era de 12,7 milhões.
O pico de cadastros ao longo deste ano de 2022 foi registrado agora agosto (último dados disponível), com 14,8 milhões de unidades consumidores. Desde março, o número varia entre 14,1 milhões e 14,8 milhões.
Como funciona
A tarifa social de energia é um programa que dá desconto na conta de luz de famílias de baixa renda. O desconto é dado de acordo com o consumo mensal de cada família e varia de 10% a 65%, até o limite de consumo de 220 quilowatts-hora (kWh) por mês.
A exceção são as famílias indígenas e quilombolas inscritas no Cadastro Único, que têm desconto de 100% até o limite de consumo de 50 kWh/mês.
Até 2021, as famílias que tinham direito à tarifa social tinham que entrar em contato com a distribuidora para pleitear seu direito. Lei aprovada no ano passado e regulamentada pela Aneel instituiu que o cadastro deve ser feito automaticamente pelas distribuidoras de energia a partir de janeiro deste ano.
Têm direito à inclusão no cadastro automático:
inscritos no Cadastro Único, com renda familiar mensal per capita menor ou igual a meio salário mínimo nacional;
idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência, que recebam o Benefício de Prestação Continuada; e
excepcionalmente, família inscrita no CadÚnico e com renda mensal de até três salários mínimos, que tenha entre seus membros portador de doença ou patologia cujo tratamento ou procedimento médico pertinente requeira o uso continuado de aparelhos, equipamentos ou instrumentos que, para o seu funcionamento.
Motivos para não inclusão
A Aneel explica que a concessão automática pode não ocorrer por diversos motivos, mas o principal é a conta de energia não estar no nome de alguém da família inscrita no Cadastro Único (CadÚnico).
Pelas regras do programa, a inscrição automática é feita associando-se o cadastro da família no CadÚnico ou no Benefício de Prestação Continuada (BPC), administrados pelo Ministério da Cidadania, ao cadastro da unidade consumidora mantido pelas empresas distribuidoras de energia elétrica, o que normalmente é realizado pelo número do CPF.
Se nenhum membro da família inscrita no CadÚnico ou no BPC for titular da unidade consumidora de energia, a concessão automática fica comprometida porque a distribuidora não consegue localizar o beneficiário pelo CPF.
Além desse, há outros motivos que impedem o cadastro automático, de acordo com a Aneel:
moradia em habitações coletivas, a exemplo de idosos que recebem o BPC e moram em asilos;
família que se habilita pelo CadÚnico e pelo BPC, mas que somente poderá receber um único benefício;
família com endereço desatualizado no CadÚnico e que não é encontrada;
família que não possui energia elétrica no domicílio; e
família que possui energia elétrica de forma irregular, sem contrato com a distribuidora local.
Fonte e Imagem: Portal G1
Sandoval Feitosa diz que a agência está preocupada com os efeitos da migração em massa para o mercado livre se não houver uma discussão mais aprofundada.
A maior abertura do mercado de energia, definida em portaria pelo Ministério de Minas e Energia (MME) no fim de setembro, não chegou a ser discutida com integrantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), conforme informou o diretor-geral do órgão regulador, Sandoval Feitosa. “A portaria não foi discutida com a Aneel. Então, a Aneel não sabia”, afirmou, ao ser questionado por jornalistas nesta sexta-feira (07).
A ampliação do acesso ao mercado livre, que vai permitir que um maior número de consumidores escolha o fornecedor de energia (portabilidade da conta de luz), se arrasta no Congresso já há alguns anos. Atualmente, a abertura do mercado está prevista no projeto de modernização do setor elétrico (PL 414/21), já aprovado pelo Senado e em discussão na Câmara.
No dia 28 de setembro, o ministério publicou a Portaria 50/22 que garante o acesso ao mercado livre a toda a classe de consumidores de alta tensão a partir de 2024. Hoje, somente indústrias ou estabelecimentos de grande porte têm acesso ao mercado mais competitivo — o restante é atendido pelas distribuidoras (mercado regulado).
Dois dias após a publicação da portaria, o MME abriu consulta pública para debater a abertura ainda maior do mercado, garantindo acesso aos consumidores residenciais a partir de 2028.
Feitosa disse, durante café com jornalistas, que aportaria foi compreendida pela Aneel como um “farol”, que apenas representa “um ponto” onde se quer chegar. Segundo ele, existe uma preocupação da agência com os efeitos da migração em massa para o mercado livre se não houver uma discussão mais aprofundada sobre a divisão justa de despesas entre os dois segmentos ou desafio de garantir o atendimento a grupos de consumo que não atraem o interesse do setor.
O diretor da Aneel afirmou que, a rigor, “não há propostas” concretas sobre a abertura do mercado que dão conta dos desafios que o setor irá enfrentar. Para ele, existem apenas “insights” sobre o processo de abertura que não permitiram ainda uma análise mais dedicada da agência.
Esta declaração de Feitosa foi dada após mencionar cálculos que especialistas começaram a fazer sobre a proposta do ministério. O próprio diretor da Aneel citou a conta de R$ 125 bilhões que, entre 2026 a 2050, poderá cair no colo dos consumidores que permanecerem no mercado regulado. O cálculo foi feito pela PSR, uma das consultorias especializadas mais respeitadas do setor, e divulgado hoje pelo portal “Agência iNFRA”.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, tem reunião prevista nesta quinta-feira, 6 de outubro, com representantes da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). O encontro, na sede da pasta, em Brasília, acontecerá uma semana após a publicação da portaria que prevê a abertura total do mercado de energia atendido na alta tensão e a abertura da consulta pública para discutir a proposta de abertura integral do mercado de energia.
“É fundamental que exista a abertura do mercado. É uma evolução, uma modernização, do setor elétrico. O fato que precisa ser visto é que existem arcabouços legais contratuais no setor elétrico que não estão aderentes a esse movimento de abertura de mercado”, disse o presidente da Abradee, Marcos Madureira, na última semana.
Entre os pontos que ainda precisam ser equacionados antes de ocorrer uma abertura maior do mercado, na visão do executivo, estão os contratos legados das distribuidoras e os subsídios que provocam um desequilíbrio entre os mercados cativo e livre.
“Toda a contratação de energia que permitiu que se instalasse um parque gerador no Brasil foi fundamentalmente em função de contratos de longo prazo feitos pelas distribuidoras para o mercado regulado. E não há mecanismo adequado para permitir uma gestão melhor desse portfólio de contratos que as distribuidoras têm. Então, se há uma redução do mercado ,isso termina gerando custo de sobrecontratação de todos os consumidores que permanecem no mercado regulado”, explicou Madureira.
Já o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mario Menel, disse apoiar a abertura total do mercado de energia, conforme previsto na proposta do ministério colocada em consulta pública. “A [proposta de] portaria está de acordo com as crenças da associação. Somos favoráveis à abertura do mercado”, disse Menel, à MegaWhat. “Nosso mercado está maduro”.
Segundo ele, a proposta é interessante ao estipular prazos para a abertura, por exemplo permitindo que consumidores residenciais escolham livremente seu fornecedor de energia a partir de 2028. A definição do prazo, contou Menel, permite e estimula que os pontos necessários para a abertura sejam discutidos e resolvidos antes da abertura de fato.
Para Aniella Descalzi, diretora de Inovação e Estratégia da Associação de Distribuidores de Energia Elétrica da América Latina (Adelat), a abertura do mercado
é apenas um aspecto de uma questão muito mais ampla e que precisa ser resolvida, envolvendo a infraestrutura de distribuição e a separação entre a comercialização e a distribuição. A entidade está trabalhando na elaboração de um paper para ser entregue até o fim do ano a formuladores de políticas públicas, com sugestões de aperfeiçoamento regulatório para viabilizar um mercado sustentável de energia.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Portaria Nº 692 foi publicada nesta quinta-feira, 06 de outubro, no Diário Oficial da União.
O Ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, publicou nesta quinta-feira, 06 de outubro, no Diário Oficial da União, a Portaria Nº 692, onde delega competência ao Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME nas seguintes finalidades:
I – Aprovar enquadramento de projeto de obras de infraestrutura para geração, cogeração, transmissão e distribuição de energia elétrica ao Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura – REIDI;
II – Aprovar projeto de investimento considerado prioritário na área de infraestrutura de energia;
III – autorizar importação e exportação de energia elétrica;
IV – outorgar concessão e autorização para geração de energia elétrica;
V – outorgar prorrogação de prazo de concessão e de autorização para geração, transmissão e distribuição de energia elétrica;
VI – definir garantia física de energia e de potência de empreendimento de geração;
VII – autorizar acesso exclusivo a um consumidor livre ou autoprodutor;
VIII – autorizar alterações de capacidade instalada bem como as que envolvam mudança de combustível das Usinas Termelétricas despachadas centralizadamente com Custo Variável Unitário – CVU não nulo, após outorgadas pelo Ministério de Minas e Energia, em decorrência de terem comercializado energia em Leilões de Energia Nova, de Fontes Alternativas ou de Reserva, desde que mantido o prazo contratual de entrega de energia;
IX – aprovar abertura e encerramento de Consultas Públicas.
De acordo com a publicação, a presente delegação de competência poderá ser exercida pelo Secretário-Adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Energético, nos casos de afastamentos ou impedimentos regulamentares da autoridade delegada. A Consultoria Jurídica Junto ao MME deverá prestar o apoio necessário à Secretaria, bem como suporte jurídico para subsidiar o exercício das competências delegadas.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Diretor de armazenamento de energia da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) destaca possibilidades.
A próxima safra de grãos pode ser recorde, mas também tende a ser a mais cara da história. Fatores econômicos em um mundo pós-pandemia e reflexos da guerra da Rússia na Ucrânia aumentaram os custos da produção, principalmente quando se fala em insumos e fertilizantes. Nesse sentido, o produtor brasileiro precisa ser criativo para economizar o que pode dentro e fora da porteira. Algumas soluções inovadoras vão ao encontro do uso otimizado da energia dentro da fazenda.
Justamente com foco nesses temas, Sorocaba, cidade do interior de São Paulo, recebeu a quarta edição do “Energy Storage Brazil”. O evento, que termina nesta quarta-feira (5), abriu espaço para painéis e palestras sobre armazenamento de energia e bateria, produção de hidrogênio verde e mobilidade elétrica.
Energia renovável no agro
Diretor de armazenamento de energia da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Peter Salles Geib explica avalia que há “diversas” possibilidade de fazer com que novas fontes de energia ajudem a impulsionar o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro. No trabalho de irrigação, a presença da energia solar tende, inclusive, a reduzir custos, explica o especialista.
“Quando você insere uma fonte mais barata, como é a solar, e insere fontes de armazenamento de energia, a produção é otimizada” — Peter Salles Geib.
“O custo de operação de geradores a diesel pode inviabilizar a eletrificação dos pivôs de irrigação”, afirmou Salles Geib ao participar do telejornal ‘Mercado & Companhia’ desta quarta-feira (5). “Quando você insere uma fonte mais barata, como é a solar, e insere fontes de armazenamento de energia, a produção é otimizada”, prosseguiu o executivo da ABGD.
Fonte e Imagem: Canal Rural.
CEO da 2W Energia, Claudio Ribeiro, destaca características naturais do país como importante fator para que geração de energia aqui seja mais barata do que na Europa.
Com uma crise energética sem precedentes na Europa, o Brasil se coloca como um grande fornecedor para o bloco, que luta para reduzir sua dependência do gás russo, em meio a ameaças de interrupção do fornecimento, a menos de dois meses para o inverno europeu.
A conclusão é do CEO da 2W Energia, Claudio Ribeiro. “O mundo vem se questionando até que ponto os países podem ficar tão dependente de países instáveis para sustentação de energia, não só em relação ao gás russo, mas também a países do oriente médio”, disse à CNN nesta terça-feira (4).
Nesse cenário, Ribeiro destaca as características naturais do Brasil como importante fator para que a geração de energia aqui seja mais barata do que na Europa.
“O Brasil tem uma oportunidade pelas suas características. Os recursos naturais, como sol e vento, na Europa não são como aqui. Lá você precisa investir quase o dobro ou triplo para obter a mesma energia”, diz.
A alerta feito em relatório recente da Agência Internacional de Energia diz que os países europeus vão precisar reduzir em 13% o consumo de energia no inverno para evitar uma escassez. Para enfrentar essa situação, a UE já preencheu suas reservas de gás acima dos 80%. No entanto, caso a Rússia corte fornecimento ao bloco, essa reserva precisará subir para 90%, calcula a agência.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Onze distribuidoras de energia vão apresentar projetos-pilotos para “sandboxes” tarifários.
Onze distribuidoras se candidataram a participar da primeira chamada pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para apresentação de projetos-pilotos do programa conhecido como “sandboxes” tarifários. Segundo Davi Antunes Lima, superintendente de gestão tarifária da Aneel, participam da iniciativa Enel, Light, EDP São Paulo, Copel, Elektro, Cemig, Equatorial, Amazonas Energia, Roraima Energia, CPFL Energia e Energisa, algumas com mais de um projeto.
“Sandboxes” são mecanismos que permitem experimentos em pequena escala de inovações ainda não previstas na regulação de determinados setores. Em caso de sucesso, os órgãos reguladores podem emitir normas que passam a inserir a inovação bem-sucedida nas regras. No caso do setor de energia, os “sandboxes” tarifários vão permitir a implementação pelas distribuidoras, junto com instituições acadêmicas e de pesquisa, de projetos-pilotos para a aplicação e estudos de novas modalidades tarifárias. Ao fim dos estudos, os resultados são compartilhados publicamente.
Lima explicou que os projetos serão analisados por um comitê gestor da agência e, caso aprovados, as distribuidoras poderão seguir com as experimentações. O superintendente participou de seminário virtual realizado pelo Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da FGV (FGV Ceri).
Lima destacou que, após os projetos, a Aneel terá como desafios aprimorar a regulação para adequar as modalidades tarifárias desenvolvidas pelas empresas sem ir de encontro às atuais regras. Como exemplo, Lima citou os contratos de concessão, que precisarão de ajustes em pontos que tenham relação com o cálculo das tarifas.
Os “sandboxes” tarifários abrem espaço para a criação de modalidades que permitam, por exemplo, o consumo de energia em momentos diferentes do dia ou de um determinado período, permitindo redução do custo ou melhoria no uso da rede.
Lima ressaltou que o Brasil possui várias distribuidoras com diferenças muito grandes entre si, dado o fato de o Brasil ser país com dimensões continentais, como nos casos do Amazonas ou do Pará, Estados cujas distribuidoras atendem a vastas áreas territoriais, mas com baixa concentração de consumidores, ao mesmo tempo que a cidade de São Paulo possui uma densidade demográfica elevada.
“A gente precisa aperfeiçoar a cobrança das tarifas, especialmente para os consumidores de baixa tensão”, disse Lima.
Atualmente, as contas de luz são compostas pelos custos de geração e transmissão, o uso dos sistemas de distribuição, encargos e impostos. O valor cobrado por quilowatt-hora (kWh) ou megawatt-hora (MWh) é fixo, independentemente do momento em que a energia foi consumida.
A Aneel estabeleceu uma modalidade alternativa para a cobrança dos consumidores. A tarifa branca permite que uma pessoa possa modular seu respectivo consumo de energia ao longo do dia, uma vez que o custo da energia é variável em função dos horários de maior demanda. Segundo Lima, apenas 0,11% dos consumidores de energia do país optaram pela tarifa branca. “A gente julga que é um universo de consumidores muito pequeno, frente aos 85 milhões de unidades consumidoras no país.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em meio à portaria que liberou a abertura do mercado livre para toda a alta tensão, e da consulta pública para a abertura da baixa tensão, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, prometeu a votação do PL 414 ainda em outubro, entre o primeiro e segundo turno das eleições.
No entanto, a Associação Brasileira das Comercializadoras de Energia Elétrica (Abraceel) levanta como ponto de atenção que dos 32 parlamentares que compõem a comissão especial criada para analisar o projeto, 15 não foram reeleitos no dia 2 de outubro.
Então claro que os deputados têm mandatos até o fim do ano e a comissão tem vida e pode funcionar, mas é um ponto de atenção porque aqueles que não se elegeram podem perder o estímulo, e enfim, tem uma série de questões relacionadas a participação deles nesse processo”, contou Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da associação durante evento do CanalEnergia.
Via infralegal, ou por meio do PL 414 "estacionado" na Câmara, Ferreira aponta que ambas as opções para a abertura do mercado “funcionam perfeitamente”, mas que o projeto de lei prevê mecanismos importantes que resolvem parte dos problemas que a migração do mercado regulado para o livre pode ter, como os contratos legados.
Para Edvaldo Santana, diretor-executivo da Neal, a abertura por meio da portaria funciona, mas continua fazendo com que o mercado de energia cresça de forma desequilibrada. " Portaria não e o instrumento adequado para algo que vai criar um encargo no futuro. Aumena o risco, aumenta custo, e matém a coisa crescendo de forma desequilibrada", disse Santana.
Considerando uma migração entre 3,6 GW médios e 4 GW médios em 2024, Edvaldo Santana aponta que mesmo com a expectativa de que a migração não aconteça ao mesmo tempo, caso ela se dê de forma mais rápida, é preciso considerar que 60% do montante está concentrado em dez distribuidoras, que terão
um impacto maior que a média apresentada em estudos.
No caso das distribuidoras de energia, o pedido é para que instrumentos sejam viabilizados, de forma a não elevar ainda mais a expectativa de sobrecontratação de energia, seja pelo aumento da parcela de micro e minigeração de energia no sistema, ou pela energia contratada em leilões de energia e que não configurou em demanda em razão do crescimento da economia.
“A gente entende que nos próximos dois anos, a sobrecontratação será de algo em torno de R$ 2,73 bilhões de impacto. São aqueles contratos que as distribuidoras
têm e não vão ser colocados para o mercado por valores superiores ao PLD, e esse custo termina indo para o consumidor, com a sobrecontratação involuntária”, explicou Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee).
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Setor elogia mudança na legislação para que empresas sejam levadas a pesquisar fontes renováveis de energia.
A expectativa é que o Brasil tenha uma regulação para projetos de geração de energia eólica no mar (offshore) em novembro, disse a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum. “Existe uma fala do ministério [de Minas e Energia] de que isso estaria pronto para a COP27 [conferência climática da ONU] e começaríamos 2023 com essa regulação”, disse.
Em seminário sobre o tema na Agência Nacional do Petróleo (ANP) na manhã de ontem, o responsável pelo desenvolvimento de negócios de eólicas offshore da Repsol, José Partida, reforçou a expectativa: “Temos a esperança de ter uma regulação no Brasil até o fim do ano”, disse.
Em setembro, o Ministério de Minas e Energia (MME) abriu duas consultas públicas sobre as regulações para a cessão de áreas para geração eólica no mar e a criação de um portal único para a geração de energia marítima.
Ontem, a assessora técnica do departamento de planejamento estratégico do MME, Karina Sousa, afirmou que o ministério segue recebendo contribuições para aprimorar as regulações.
A presidente da Abeeólica destacou que a publicação de um decreto com as regulações deve atender aos investidores que pretendem iniciar projetos nesse segmento no país. “Os investidores entendem que o decreto é o caminho regulatório. Um projeto de lei toma muito mais tempo, até pela questão das eleições”, disse.
Em paralelo, a ANP trabalha em um “roadmap” (itinerário) sobre instrumentos regulatórios e políticas públicas para o processo de transformação das empresas de petróleo e gás em companhias de energia, no contexto da transição para uma economia de baixo carbono. A diretora da agência, Symone Araújo, disse que a publicação do documento também deve ocorrer até o fim deste ano.
Gannoum disse também que as empresas de petróleo e gás têm buscado investir em renováveis. “Essas empresas têm não apenas capital, mas recursos humanos e conhecimento que podem trazer para o setor de renováveis.”
Recentemente, a ANP passou a permitir que recursos dos investimentos obrigatórios das empresas de petróleo e gás em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) sejam direcionados para projetos de transição energética, incluindo eólicas offshore. Pela legislação atual, as empresas que operam campos de petróleo e gás natural de grande volume de produção no país precisam investir 1% da receita bruta da produção dessas áreas em P,D&I.
De acordo com o coordenador do programa tecnológico da Petrobras, André Bello, a possibilidade de usar recursos de pesquisa do setor de petróleo para estudar os projetos de eólicas no mar é importante. Ele citou um projeto que a Petrobras está desenvolvendo no Rio Grande do Sul que envolve o uso de boias para medir a velocidade dos ventos. “Precisamos estudar e entender um pouco mais os tipos de solo, a logística e os períodos da maré, por exemplo”, disse, em relação às eólicas offshore.
Para a gerente do programa tecnológico da Shell, Camila Brandão, a modificação no regulamento da ANP para os investimentos em pesquisa foi um grande marco. “Na Shell, a abordagem em relação a esse tema [eólicas offshore] tem sido buscar os pilares da tecnologia que vão dar o suporte para o desenvolvimento dessa indústria. Esses pilares são a redução de custos, a melhora na eficiência, o desenvolvimento da cadeia de fornecedores nacional e a sustentabilidade relacionada aos materiais e ao descomissionamento”, disse.
Segundo Gannoum, o Brasil tem 169 gigawatts (GW) de projetos de eólicas marítimas com pedidos de termos de referência para iniciar licenciamento ambiental. Nas estimativas do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), o mundo terá 2 terawatts de capacidade instalada dessa fonte até 2050. “As empresas de petróleo e gás têm um papel importante nisso. Temos visto um aumento recorde de investimentos dessas companhia, que já chegam a direcionar 8,7% dos investimentos totais para indústrias de baixo carbono”, disse o presidente do conselho, Ben Backwell.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Passado o impacto da guerra, renováveis devem ganhar espaço como opção para reduzir a dependência energética dos países.
A guerra na Ucrânia, dizem especialistas no setor de óleo e gás, mostrou o tamanho da dependência que os países europeus têm da Rússia no abastecimento de combustíveis fósseis. Se de um lado essa situação despertou a necessidade de busca por fontes alternativas de energia, por outro, deixou claro que a prioridade é garantir o abastecimento.
Para Walter De Vitto, analista de petróleo e gás da consultoria Tendências, o conflito entre Rússia e Ucrânia e as consequentes sanções atrapalharam, no curto prazo, o ritmo da transição energética. “A guerra trouxe um senso de prioridade para a garantia de suprimento energético em detrimento de aspectos ambientais”, destaca.
“Mas há, entretanto, um efeito de longo prazo derivado do conflito, relativo à segurança energética, que reforça a necessidade de diversificação das matrizes e redução da dependência externa dos países”, observa o analista. Segundo Vitto, está crescendo a percepção de que os investimentos em fontes alternativas, além de contribuir para o menor impacto ambiental, podem aumentar a independência dos países em relação à necessidade externa de energia.
E esse aspecto deve dar novo fôlego às energias alternativas e ao processo de transição energética no médio prazo, “uma vez superado o período crítico no curto prazo”, avalia. E, considerando o grande potencial eólico, solar, hídrico e de produção de biomassa, o Brasil, ressalta Vitto, certamente é foco de interesse de “petroleiras internacionais interessadas em diversificar suas atividades”.
Justamente por ver o futuro das empresas de óleo e gás passando pela diversificação rumo a fontes renováveis de energia, Vitto entende que a Petrobras erra ao abandonar as energias renováveis. A estatal brasileira, focada na exploração e produção do pré-sal, não incluiu as renováveis no seu plano estratégico para 2022-2026. “Há um claro trade-off entre resultados de curto prazo e o longo prazo. A maximização do lucro no curto não deve ocorrer em detrimento da sustentabilidade das atividades no futuro”, ressalta o analista.
Pedro Souza, líder de óleo e gás da BIP consultoria, observa que as operadoras, principalmente dos Estados Unidos e da própria Rússia - países com grandes volumes de petróleo e gás -, se aproveitam das elevações do preço do barril durante o conflito no Leste Europeu para aumentar os investimentos em combustíveis fósseis.
A guerra, ressalta Souza, mostrou o quanto os países europeus precisam de combustíveis fósseis da Rússia (cerca de 25% de petróleo e 40% do gás) e isso os levou ampliar investimentos na diversificação de suas matrizes, especialmente em fontes limpas e renováveis. No entanto, ele diz que a aceleração do uso de energias renováveis, no curto prazo, depende da maturação dos investimentos no segmento. “Ainda é difícil prever por quanto tempo os combustíveis fósseis serão a principal fonte energética global”, diz ele.
Para Souza, o que chama a atenção na atual transição energética é que não há uma única energia claramente predominante no futuro e a perda de espaço do petróleo deve variar no tempo de acordo com cada região e com os interesses geopolíticos dos países. O gás natural, diz, costuma ser visto como o combustível que estabelecerá a “ponte” entre a redução do uso do petróleo e a expansão da utilização de energias mais limpas. “As petroleiras que operam no Brasil têm gradualmente intensificado sua atuação na cadeia de gás natural nos últimos anos”, diz.
Além de apostar na diversificação do portfólio, ampliando investimentos em renováveis, o setor adota outras estratégias visando a descarbonização da economia. O sócio da consultoria KPMG, Anderson Dutra, lembra que algumas petroleiras investem em tecnologias de captura de carbono, se posicionando como mantenedoras da sustentação fóssil da matriz. Sustentação que, diz ele, ainda será importante na próxima década.
“Atualmente, por exemplo, o Brasil é referência na produção de petróleo e gás, com metade das emissões quando comparadas com outros países do mundo”, destaca o consultor. Ele lembra, porém, que o setor de energia, como um todo, contribui com 20% das emissões. “Não é o principal vilão, como muitos pensam”, afirma.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Setor debate expansão das renováveis e quais fontes permitirão despacho imediato.
A matriz elétrica brasileira se transformou nas últimas duas décadas. Em junho de 2001, quando o Brasil iniciou o maior racionamento de energia de sua história com a intenção de reduzir 20% do consumo para poupar água dos reservatórios, as hidrelétricas respondiam por 90% da geração de eletricidade do país, com complemento de usinas térmicas. Hoje, elas representam 60%. O sistema, que era hidrotérmico, passou por uma revolução tecnológica, que barateou equipamentos destinados a usinas eólicas em 30% nos últimos dez anos, e solares, com 80% de queda em uma década.
A geração distribuída solar, instalada hoje por mais de 1 milhão de brasileiros em suas residências e pequenas indústrias, já responde por 10% do consumo entre 10 horas da manhã e o meio-dia e já soma 14 GW (superior à capacidade da usina hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do planeta).
As eólicas já são a segunda principal fonte de eletricidade do país, que hoje tem uma matriz diversificada. Tem havido aumento da oferta de geração nas regiões Norte e Nordeste. No entanto, o maior centro de carga do sistema continua sendo a região Sudeste. “A fonte hidrelétrica deverá sofrer uma redução de cerca de 10% até o final da década, que será complementada por outras fontes renováveis”, aponta Erik Rego, diretor de energia elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O avanço das fontes renováveis, como eólicas e solares, traz um desafio para o Operador Nacional do Sistema (ONS), que controla toda a operação e define as usinas que entram para suprir a demanda do momento - ou seja, o “despacho” das usinas. No jargão do setor elétrico, essas novas usinas não são ‘despacháveis’, ou seja, sua oferta não está disponível o tempo todo, por dependerem de fatores climáticos, como bons ventos ou a luz solar.
Isso gerou um debate no setor elétrico sobre como se dará a expansão das renováveis e quais serão as fontes que permitirão despacho imediato. As usinas termelétricas a gás natural se inserem nesse quesito, o que leva os agentes agora a questionar qual o papel do gás nas novas configurações da matriz elétrica e como serão contratadas essas térmicas em um momento em que se discute a abertura total do mercado. Hoje, essas usinas são contratadas por leilões de longo prazo no mercado regulado.
Todas essas questões são amplificadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, cujos efeitos sobre o mercado de gás natural e gás natural liquefeito (GNL) deverão perdurar por toda esta década, em razão da dependência estrutural de países europeus do gás russo. Em 2021, o fornecimento de gás russo respondeu por 40% do consumo energético da União Europeia. Isso deverá pressionar as cotações internacionais do insumo ainda por muito tempo e tornar importação de novos volumes mais complexa.
Para Emmanuel Delfosse, CEO da EDF Norte Fluminense, a redução gradual nos últimos anos da importação do gás natural da Bolívia, que, sem investimentos novos desde 2006 tem reduzido sua produção, incrementou significativamente a dependência do Brasil pelo GNL para acompanhar o despacho das térmicas.
“A produção do gás natural vai aumentar, com novas descobertas de reservas que podem suplementar (se não superar) a redução de oferta da Bolívia e a dependência do GNL. O desenvolvimento da infraestrutura nacional de gás natural depende de uma sinalização do planejamento sobre qual caminho queremos percorrer: geração termelétrica flexível ou geração termelétrica inflexível”, destaca.
Delfosse afirma que o despacho das térmicas ficou 25% acima do previsto nos últimos dez a quinze anos. “Na última década, a segurança elétrica e energética do setor elétrico brasileiro foi garantida pela geração hídrica e, nos momentos de escassez, pelas termelétricas. Logo, as térmicas a gás natural são uma resposta”, ressalta Delfosse. A expansão das térmicas hoje tem sido com base em leilões no mercado regulado.
A abertura total do mercado de energia, como proposto em portaria do governo federal da última sexta-feira, cria dúvidas. “A abertura de mercado e a potencial extinção dos leilões certamente desafia a contratação das térmicas. As térmicas terão que demonstrar sua atratividade com modelos de negócios que mesclarão maiores receitas de contratos com consumidores livres somadas com aqueles de leilões sistêmicos e serviços para o sistema, como flexibilidade e resiliência”, diz o presidente da PSR, Luiz Barroso.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Sistema de bandeiras tarifárias sinaliza custo da geração de energia. Desde 16 de abril, está em vigor a bandeira verde, que não gera taxa extra para consumidores.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou nesta sexta-feira (30) que a conta de luz permanece sem cobrança extra em outubro.
A agência manteve acionada por mais um mês a bandeira tarifária verde, que não acrescenta custos aos consumidores com base no consumo mensal de energia. A bandeira verde está em vigor desde 16 de abril.
"Isso significa que as condições de geração de energia no País estão boas, sem necessidade de acionar usinas que geram energia mais cara", informou a agência.
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel para sinalizar o custo da geração de energia. No final de todo mês, a agência decide a cor da bandeira para o mês seguinte.
Quando o custo da produção de energia aumenta, por exemplo, por conta do acionamento de usinas térmicas (mais poluentes e mais caras), a Aneel pode acionar as bandeiras amarela, vermelha patamar 1 ou 2 — que representam custo extra ao consumidor.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível dos reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, responsáveis por 70% da capacidade de produção de energia no país, está em 51,18% – nível considerado "satisfatório" para o período, segundo avaliação da Aneel.
Em outubro de 2021, o armazenamento chegou a 18,23%, menor nível registrado para o mês desde 2018.
Diante da crise hídrica do ano passado, o governo implementou a bandeira escassez hídrica, que vigorou entre setembro de 2021 e 16 de abril deste ano. Nesse intervalo, ela representou um custo adicional de R$ 14,20 para cada 100 kW/h consumidos no mês.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Medida é conhecida como 'mercado livre' de energia. Atualmente, somente indústrias e grandes empresas podem escolher fornecedor.
O Ministério de Minas e Energia abriu nesta sexta-feira (30) uma consulta pública para que consumidores residenciais possam escolher o próprio fornecedor de energia elétrica.
A medida é conhecida como "mercado livre" de energia. Atualmente, somente indústrias e grandes empresas podem escolher o próprio fornecedor.
Pelas regras atuais, pequenos negócios e consumidores residenciais são atendidos pelas distribuidoras de energia da região onde estão localizados. É o chamado "mercado cativo" de energia.
Pela proposta do governo colocada em consulta:
pequenos negócios conectados em baixa tensão vão poder escolher o fornecedor de energia a partir de 1º de janeiro de 2026;
consumidores residenciais e rurais vão poder escolher o fornecedor de energia a partir de 1º de janeiro de 2028.
A proposta do governo ficará em consulta pública até 1º de novembro.
Objetivo é negociar preço
Para especialistas na área, a vantagem do chamado "mercado livre" para os consumidores de energia é poder negociar diretamente com o fornecedor o preço e as condições de venda. Os consumidores do "mercado cativo" não têm esse poder de negociação.
"A proposta traz maior liberdade de escolha também para os consumidores de baixa tensão, incluindo os residenciais, comerciais e industriais. O resultado esperado pelo MME é a ampliação da competitividade do setor, ao permitir o acesso a outros fornecedores além das distribuidoras de energia elétrica, que atuam por meio de tarifa regulada", diz o Ministério de Minas e Energia em nota.
Caso aprovada a proposta, os consumidores residenciais e pequenos negócios terão que ser representados por um agente varejista para poder comprar energia de qualquer fornecedor.
'Necessidade de regulamentação'
Em nota, o Ministério de Minas e Energia reconhece que alguns temas ainda carecem de regulamentação e aprimoramentos, mas diz que haverá tempo hábil para isso.
"O MME acredita que a definição das datas para a abertura total do mercado orientará os próximos passos dessa importante evolução do setor elétrico brasileiro. Nesse sentido, a proposta de portaria submetida à consulta pública define cronograma compatível com a necessidade de regulamentação, de forma que haja tempo hábil para discussão e preenchimento das lacunas regulatórias e dos aprimoramentos necessários", diz o governo.
Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee), afirma que as distribuidoras são favoráveis à abertura de mercado, mas que questões precisam ser endereçadas até lá para que o consumidor que ficar no "mercado cativo" não seja prejudicado.
"O fato que precisa ser visto é que existem arcabouços legais e contratuais no setor elétrico que não estão aderentes a esse movimento de abertura de mercado", afirma. Ele cita como exemplos os contratos de longo prazo que as distribuidoras têm com geradores de energia.
"Não existem mecanismos adequados pra permitir uma gestão melhor desse portfólio que as distribuidoras têm. Então, se há uma redução do mercado, isso termina trazendo custo de sobrecontratação para os consumidores que permanecem no mercado regulado [atendido pelas distribuidoras]", explica Madureira.
Outros custos que também precisam ser equalizados, diz Madureira, são os subsídios às fontes renováveis de energia e a contratação de usinas termelétricas que dão confiabilidade ao sistema.
Alta tensão
Na quarta-feira (28), o governo federal publicou uma portaria que autoriza todos os consumidores conectados em alta tensão a escolher os próprios fornecedores de energia a partir de 1º de janeiro de 2024.
Os consumidores em alta tensão são aqueles conectados à rede elétrica em tensão igual ou superior a 2,3 kilovolts (kV).
São, geralmente, indústrias e empresas de grande e médio porte, em que a conta de luz média é superior a R$ 10 mil mensais, de acordo com estimativas da Associação Brasileiros dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
Pelas regras em vigor, somente grandes empresas e indústrias têm acesso ao mercado livre de energia. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), cerca de 106 mil novas unidades poderão migrar para o "mercado livre" a partir de 2024.
Fonte e Imagem: Portal G1.
O Ministério de Minas e Energia abriu nesta sexta-feira uma consulta pública sobre um plano de abertura total do mercado livre de energia elétrica a partir de 2028.
A proposta do governo permite que todos os consumidores do país, inclusive os ligados em baixa tensão como residências, comprem energia elétrica diretamente de qualquer fornecedor --gerador, comercializador ou distribuidora.
O avanço na agenda de liberalização de mercado vem dois dias após o governo ter publicado uma portaria autorizando que todos os consumidores conectados em alta tensão possam aderir ao mercado livre de energia a partir de 2024, o que foi considerado uma conquista por grande parte do setor elétrico.
Pelos termos da minuta de portaria colocada agora em discussão, a migração de consumidores residenciais para o chamado "ambiente de contratação livre" (ACL) estaria permitida a partir de 2028. Já para consumidores comerciais e industriais ainda não habilitados pelas regras atuais, o cronograma se inicia em 2026.
A proposta mantém a segregação entre os segmentos de "atacado" e "varejo" do setor elétrico --isto é, os consumidores da baixa tensão que decidirem acessar o mercado livre deverão ser representados por agente varejista perante a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Em nota, o Ministério de Minas e Energia disse esperar com a medida maior competitividade do setor, o que tende a proporcionar "preços mais interessantes".
"O MME reconhece que alguns temas ainda carecem de regulamentação e aprimoramentos, sendo os principais: regulamentação do supridor de última instância e do agregador de medição, revisão dos mecanismos de gestão de portfólio e descontratação das distribuidoras, aprimoramentos à comercialização varejista e separação das atividades de fio e energia", acrescentou.
A consulta pública permanecerá aberta para recebimento de contribuições até 1º de novembro.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
O 28 de setembro entrará para a história do mercado livre de energia elétrica por marcar a maior abertura da história do segmento. Depois de 23 anos da primeira migração, a Portaria 50/2022 abre a partir de janeiro de 2024 toda a alta tensão, tornando 106 mil unidades elegíveis de se tornarem consumidores livres. Hoje o mercado livre tem 11 mil consumidores livres em pouco mais de 27 mil unidades consumidoras e responde por cerca de 35% da carga.
A medida pressiona o setor a estabelecer mecanismos infralegais para receber esses novos entrantes sem vácuos regulatórios, poderá impulsionar o avanço da Eletrobras no mercado livre e também enseja reflexões sobre o aperfeiçoamento de regras de segurança do mercado, que movimentará mais consumidores, mais dinheiro e mais empresas negociando energia. E pressiona sobre a eventual abertura para a baixa tensão, que está sendo feita a princípio pelo Projeto de Lei 414/2021, de modernização do setor.
Comercializador varejista
O governo instituiu que os consumidores com carga menor que 500 kW obrigatoriamente sejam representados por um comercializador varejista perante a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). Rui Altieri, presidente do Conselho da CCEE, diz que a decisão do ministério foi positiva e que agora essa categoria precisa se fortalecer para atender a grande demanda que virá.
“A figura do comercializador varejista foi criada para intermediar a negociação, gerenciar os riscos inerentes ao segmento livre e tornar o ambiente mais atrativo para os consumidores de menor porte, que não têm familiaridade com a dinâmica do setor elétrico”, disse.
Alguns pontos da regulação do comercializador varejista e do supridor de última instância terão de ser fortalecidos, segundo especialistas.
Medidas infralegais
A abertura da alta tensão pressiona o setor para estabelecer mecanismos infralegais necessários para receber esses novos entrantes. “O aprimoramento ou a criação de mecanismos como a representação varejista, o supridor de última instância e tratamento dos contratos legados passam a ter prioridade “zero” e terão de ser urgentemente endereçadas”, diz Bruno Crispim, counsel de Energia do Lefosse.
Para Fabiano Brito, sócio do Mattos Filho, poderia ser feito um detalhamento melhor sobre as atividades varejistas para os consumidores menores de alta tensão, por exemplo, com um acompanhamento mais de perto da atuação dos varejistas pela CCEE. “Se um varejista tiver dificuldades financeiras, seria bom já termos um procedimento estabelecido para identificação e repartição dos clientes, para diminuir a insegurança.”
A abertura exigiria também criar mais flexibilidade para as distribuidoras gerenciarem seus contratos, segundo um analista. Hoje há o Mecanismo Competitivo de Descontratação, instituído pela Lei 14.120, mas ainda sem regulação pelo poder concedente e agência reguladora.
Regras de segurança do mercado
Com mais consumidores livres, mais empresas negociando energia, cresce também a discussão sobre o aperfeiçoamento de regras de segurança do mercado, um tema que se arrasta, pelo menos, desde 2019, quando duas comercializadoras quebraram e provocaram um rombo de R$ 200 milhões.
Uma das reflexões é sobre a importância de chamada prévia de margem, um tema que provoca ruídos no setor e está longe de ser unanimidade. “Esse é um tema muito importante, não se pode jogar ficha sem dinheiro. O comercializador pode tomar posição e não ter lastro e deixará o cliente na mão. Isso está ligado à figura do supridor de última instância à inadimplência sob o varejista”, diz o vice-presidente da AES Brasil, Rogério Jorge.
Eletrobras pode ser uma das vencedoras
A abertura da alta tensão coincide com a descotização das usinas hidrelétricas da Eletrobras, que, nos próximos cinco anos, descontratará cerca de 6,5 GW médios do portfólio das distribuidoras. O mercado de alta tensão abaixo de 500 kW possuiria consumo próximo a 3,9 GW médios e cerca de 106 mil unidades consumidoras.
Essa descotização daria conforto à abertura e poderá contribuir para o avanço da Eletrobras no mercado livre. Hoje a geradora, detentora do maior parque hidrelétrico do país, não está entre as dez maiores comercializadoras do país. A energia descotizada e limpa abre oportunidades em um momento em que energia renovável e livre ganharão mais apelo. “Isso ajuda, sim, a Eletrobras, por reduzir risco de volume, mas não o de preço, pois tem muita oferta entrando também”, avalia um empresário.
Padronização dos critérios da migração
Para evitar gargalos, a ampliação do mercado livre exigirá padronização de requisitos da migração para o ambiente livre, diz o vice-presidente da AES Brasil, Rogério Jorge. Hoje a empresa atende 44 clientes e 500 unidades consumidoras em sua comercializadora varejista.
O Brasil tem 64 distribuidoras e as exigências são diferentes em cada uma. “Algumas distribuidoras exigem padrões técnicos diferenciados e com alto custo para adequação, como instalar ar-condicionado nas cabines, onerando o consumidor em investimento aproximado entre R$ 15 mil a R$ 30 mil. Outras distribuidoras alegam que a denúncia do contrato só pode ser feita depois de assinado o contrato com a comercializadora”, diz.
GD solar x mercado livre
Para Rogério Jorge, da AES, a alta tensão deverá ser atendida pelo mercado livre, enquanto a baixa tensão (cuja regulação é feita pelo Projeto de Lei 414/2021, em tramitação na Câmara dos Deputados) deverá ter boa parte de sua demanda com a geração distribuída solar.
O ex-diretor da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) Edvaldo Santana concorda. “Na prática, a baixa tensão já foi para o mercado livre desde que a ANEEL permitiu a GD (geração distribuída) remota. Ou seja, a baixa tensão, sem qualquer discussão de contratos legados, outro biombo para repassar custos, já está liberada. E com subsídios para quem migra”, observa.
E a baixa tensão?
A abertura da alta tensão também coloca em evidência os próximos passos para a abertura total do setor elétrico. Para isso, será preciso desatar alguns nós. Um é o mais delicado (por não existir consenso sobre ele no mercado) e se refere aos custos dos contratos legados.
O modelo atual, sancionado em 2004, é baseado na contratação de energia pelas distribuidoras em leilões anuais, em que os geradores ofertam energia em contratos de longo prazo, que valem de 25 a 35 anos, o que também contribui para financiar os projetos. São os chamados contratos legados. Abrir todo o mercado implica resolver os contratos legados e redefinir o papel das distribuidoras, por exemplo com a separação entre fio e energia. Outro seria evitar a criação de novos contratos legados com longa duração.
Histórico
A primeira migração do mercado livre se deu em novembro de 1999, quando uma unidade de Cubatão da Carbocloro substituiu seu contrato com a distribuidora local por um contrato firmado com uma comercializadora. Foram seis meses de negociação envolvendo viagens entre São Paulo, Cubatão, Brasília e Curitiba, sede da comercializadora Tradener e da Copel, concessionária que poderia fornecer energia à empresa de soda-cloro.
A negociação foi concluída em 17 de novembro de 1999, quando a Carbocloro anunciou que tinha fechado acordo de cinco anos para fornecer 55 MW no horário de ponta e 92 MW no restante do dia com a paranaense Copel, que expandia suas fronteiras e forneceria energia para a unidade da empresa em Cubatão. Poucos dias depois, o segundo contrato do mercado livre no Brasil foi assinado: a Volkswagen passou a comprar 18 MW da Copel por cinco anos para sua unidade de Taubaté, em São Paulo.
Os acordos deixaram algumas distribuidoras preocupadas em perder mercado, o que levou agentes a questionarem a decisão na ANEEL. A liberação do consumidor não foi automática nem pacífica. “Instaurou-se um processo de mediação administrativa na ANEEL, que, sem obter consenso entre os envolvidos, remeteu a decisão para uma reunião conjunta dos agentes, diretor-ouvidor e o diretor-geral. Nesse dia, houve a decisão histórica a favor do mercado livre”, relembrou o primeiro diretor-geral da agência reguladora, José Mario Miranda Abdo, em entrevista ao livro de 20 anos do mercado livre, editado pela CCEE.
Fonte e Imagem: Portal da Infra.
Manifestação ocorreu após a publicação da Portaria 50/22, do Ministério de Minas e Energia, que estabeleceu as condições de abertura do mercado livre em 2024 para consumidores com carga inferior a 500 quilowatts (kW).
Definida nesta quarta-feira (28) a abertura do mercado livre de energia a todos os consumidores de alta tensão a partir de 2024, os comercializadores consideram que a medida do governo “abre caminho” para garantir o direito à portabilidade da conta de luz (escolha do fornecedor de energia) a todos os segmentos de consumo, incluindo residências e pequenos comércios, em 2026.
A manifestação foi feita pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), após a publicação da Portaria 50/22, do Ministério de Minas e Energia, que estabeleceu as condições de abertura do mercado livre em 2024 para consumidores com carga inferior a 500 quilowatts (kW). Em nota, a entidade informou que a posição das comercializadoras está embasada em “amplos estudos técnicos”.
Com a publicação da portaria, na edição de hoje do “Diário Oficial da União”, o Ministério de Minas e Energia informou que “cerca de 106 mil novas unidades consumidoras estarão aptas a migrar para o mercado livre” em 2024.
A Abraceel informou que o público beneficiado tem faturas mensais superiores a R$ 10 mil. Até agora, o processo de abertura do mercado, previsto na legislação desde 1995, atendeu a apenas 0,03% dos consumidores, que representam indústria ou estabelecimentos de grande porte. A associação ressalta, porém, que este pequeno grupo responde atualmente por 38% do consumo de energia elétrica no país.
Até o início do atual período eleitoral, a grande expectativa dos comercializadores de energia, que operam na compra e na venda de eletricidade, era com a proposta de abertura do mercado livre contida no projeto de modernização do setor elétrico (PL 414/21). O texto chegou a ser apontado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), no início do ano, como uma das matérias prioritárias a serem aprovadas até o fim de 2022.
Apesar de uma portaria ministerial poder ser facilmente modificada ou revogada pelo governo, a Abraceel ressalta que o modelo de abertura adotado pelo Ministério de Minas e Energia conta com amplo apoio do setor. Para a entidade, é possível “endereçar hipotéticos episódios de sobrecontratação com segurança jurídica e respeito aos contratos”.
Em nota, o presidente-executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira, afirmou que a portaria do ministério “é uma decisão histórica”. Segundo ele, quem está no mercado livre pode buscar preços entre 30% e 40% menores do que a tarifa cobrada pelas distribuidoras no chamado mercado cativo. O segmento defende que isso ocorre ao mesmo tempo em que 70% dos investimentos na expansão da oferta de energia, em grande parte de fonte renovável, vêm de investidores do mercado livre.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Ministério de Minas e Energia publicou nesta quarta-feira (28) uma portaria permitindo que todos os consumidores conectados em alta tensão possam aderir ao mercado livre de energia elétrica, no maior avanço desde 1995 para a liberalização de um mercado hoje restrito principalmente a grandes e médias empresas.
Com a medida, vista com cautela por distribuidoras que devem perder clientes, aproximadamente 106 mil novas unidades consumidoras poderão ingressar no chamado mercado "ACL".
Nesse ambiente de contratação livre, no qual consumidores negociam preços e condições de compra de energia junto a um supridor, eles podem obter economias de até 40% sobre os valores praticados no mercado cativo, atendido pelas distribuidoras.
Esse grupo de consumidores beneficiados, que poderão migrar a partir de 1º de janeiro de 2024, é composto principalmente por empresas com faturas mensais de energia superiores a R$ 10 mil, segundo a Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia).
Em nota, a entidade comemorou a medida, classificando-a como a maior abertura de mercado promovida desde 1995, quando a Lei 9074 deu os primeiros passos para a criação do ACL.
Pelos dados da Abraceel, atualmente o mercado livre de energia atende quase 30 mil consumidores, o que equivale a 0,03% dos quase 89 milhões de consumidores do Brasil. São basicamente empresas de grande porte, que demandam grandes volumes de eletricidade –por isso, o ACL responde por 38% do consumo nacional de energia elétrica.
A Abraceel calcula que, se todos os 106 mil consumidores decidirem migrar, o mercado livre poderá atingir 48% do consumo de energia no Brasil nos próximos anos.
O presidente da entidade, Rodrigo Ferreira, afirma que a portaria desta quarta-feira confirma expectativas criadas com a proposta que foi colocada em consulta pública em julho deste ano.
"É o passo mais ousado até então para a tão urgente e necessária reforma estrutural do setor de energia, que coloca o consumidor como protagonista, livre para decidir seus próprios rumos e capaz de se beneficiar de uma energia mais barata e competitiva", disse, em nota.
IMPACTOS ÀS DISTRIBUIDORAS
A abertura do mercado livre a um novo universo de consumidores tende a reduzir ainda mais o mercado das distribuidoras de energia elétrica, que já vem diminuindo de tamanho nos últimos anos com o fluxo de migrações ao ACL e com o avanço da geração distribuída de energia.
Em nota, o governo disse que estudos e projeções de mercado realizados apontam que a abertura para a alta tensão não provocará impactos aos consumidores do mercado cativo.
Já a Abraceel afirmou que suas análises "demonstram haver condições de endereçar hipotéticos episódios de sobrecontratação [das distribuidoras] com segurança jurídica e respeito aos contratos". Também reforçou que a abertura "reduz custos e subsídios inclusive para os consumidores cativos".
Durante consulta pública sobre o tema, a Abradee, associação que representa as distribuidoras, disse que a abertura de mercado para consumidores de média e alta tensão seria "precipitada", devendo ocorrer somente após a aprovação de medidas que impeçam o aumento de custos aos consumidores que permanecerão no mercado cativo.
"Nesse sentido, a sobrecontratação resultante dos contratos legados e da migração de consumidores nessa nova janela que propõe o MME, trará, em 2024, R$ 5,5 bilhões de custos adicionais para os consumidores regulados remanescentes", disse a Abradee, em documento entregue na consulta pública.
O governo ainda não iniciou o processo de abertura de mercado a todos os consumidores do país, mas já indicou sua expectativa de fazê-lo em breve.
"O próximo passo, de abertura total do mercado, permitirá o acesso de todos os consumidores de energia elétrica ao mercado livre. Em breve o tema será discutido em consulta pública específica para tratamento dos consumidores de baixa tensão", disse o governo nesta quarta-feira.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Proposta estava prevista para ser analisada na segunda-feira, mas o presidente do Senado cancelou sessão deliberativa.
O Congresso Nacional deixou caducar a medida provisória que anulava, até o fim deste ano, créditos tributários para empresas que compram combustível para uso próprio, como empresas de transporte e caminhoneiros. A MP tinha até esta terça-feira para ser apreciada pelo Senado, mas, como não houve votação, o texto perdeu seus efeitos.
A proposta estava prevista para ser analisada na segunda-feira, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acabou optando por cancelar a sessão deliberativa. Nos bastidores, a cúpula da Casa reconhece que a maioria dos senadores não via necessidade na aprovação.
A MP já havia passado pela Câmara devido a um acordo entre o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e o relator Danilo Forte (União-CE). O texto também previa uma modernização do setor elétrico ao instituir a abertura de mercado de livre de energia a todos os consumidores no prazo de 42 meses a partir de sua sanção.
Por fim, a proposta suspendia até o fim do ano que adquirentes finais pudessem recorrer a créditos de PIS e Cofins em operações de comercialização de combustíveis. No texto encaminhado ao Congresso, o governo alegou que o direito ao creditamento estabeleceu uma insegurança jurídica, pois a compra de produtos vendidos com alíquota zero não acarreta direito a crédito tributário.
Após um vai-e-vem nas negociações na Câmara, o relator acatou um pedido do deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) e deu aval para que fosse retirado do texto o trecho que permitiria aos consumidores especiais a compra de energia de qualquer gerador a partir de 2023. Com isso, um destaque do Republicanos que retirava a questão do mercado livre foi aprovado na Câmara com a concordância do próprio relator.
“A MP traz um dispositivo que penso que é necessário reavaliar. Na prática, ele está instituindo, a partir de 2023, o mercado livre de energia, que é algo que devemos tentar chegar e percorrer, pois é salutar, mas precisamos tomar um conjunto de providências para organizar o setor”, argumentou Lafayette ao defender a aprovação do destaque. “Está tramitando na casa o PLP 414, que trata da abertura para o mercado livre. Ele precisa ser discutido, pois aborda várias providências necessárias. O parágrafo que aborda isso na MP não trata de providências necessárias”, completou.
Em nota encaminhada à imprensa, Danilo Forte disse que enxerga “com muita preocupação” a perda de validade da MP, que, na visão dele, “foi alvo de um desproporcional ataque de segmentos que buscam proteger reservas de mercado e evitar o desenvolvimento das energias renováveis”.
De acordo com o deputado, além do desenvolvimento regional, o aumento dos custos de transmissão para energia renováveis representa um duro baque no combate às mudanças climáticas e à redução das emissões de carbono em nossa matriz energética. Segundo ele, a ideia é retomar este debate logo após as eleições. "Trata-se de uma importante política pública, com amplos impactos na sociedade. Por isso, qualquer mudança relativa ao sinal locacional deve ser conduzida pelo Executivo e o Legislativo, com transparência e participação de todos os agentes", concluiu.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Os primeiros passos rumo à geração eólica offshore no Brasil começam ser dados em 2023, com perspectiva de um primeiro leilão de cessão do uso do mar no primeiro semestre do ano que vem, disse à Reuters a presidente da Associação Brasileira da Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, nesta terça-feira.
Ela estima que o Brasil tem um potencial de 700 gigawatts para a fonte, sendo que já há projetos que somam 169 gigawatts para geração de energia no mar.
O Brasil já tem um marco regulatório ambiental e aguarda a regulamentação do decreto publicado em janeiro sobre marco contratual.
"Hoje já são 169 gigawatts na gaveta com pedido licenciamento no Ibama", disse ela à Reuters, durante a Rio Oil & Gas.
Isso se compara com uma capacidade instalada total no Brasil, de todas as fontes de energia elétrica, de cerca de 190 gigawatts de energia.
"Estamos falando de um novo Brasil só de geração eólica offshore. Nosso potencial é enorme", acrescentou.
Segundo ela, "até fim da década devemos ter um parque offshore rodando".
Até lá, aparecem no horizonte como desafios para o desenvolvimento da geração eólica no mar a infraestrutura submarina (cabos), adaptação de portos, estímulo à cadeia de fornecimento, entre outros.
O Brasil tem uma potência instalada de energia eólica em terra de 23 gigawatts, com fortes crescimentos nos últimos anos.
Estudos apontam que de 2015 a 2020 a energia eólica em terra teve uma queda de custos de 60% e a offshore, de 50%. A previsão é de que ao longo de cinco anos os custos caiam mais 40%.
A energia eólica representa hoje aproximadamente 12% da matriz nacional, mas no auge da crise hídrica em 2021 chegou a alcançar 20% da demanda.
A previsão é de expansão anual da geração da energia a partir do vento de ao menos 3 gigawatts/ano nos próximos dez anos, podendo alcançar 5 gigawatts anuais a partir de 2024/2025.
Os investimentos para esse acréscimo na oferta variam de 21 bilhões de dólares ao ano a 35 bilhões de dólares por ano, no caso de a previsão de capacidade mais alta ser alcançada.
Segundo a executiva, os investimentos em hidrogênio verde no Brasil, cuja principal fonte é a energia do vento, devem impulsionar o crescimento da geração eólica nos próximos anos.
"O Brasil será um importante player global de produção de hidrogênio verde e vamos precisar de uma quantidade maior de energia para atender esse hidrogênio verde", destacou ela.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Com a decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, medida perde a validade nesta terça-feira, 27.
Contrárias às alterações feitas na Medida Provisória 1118, a Abrace (grandes consumidores industriais) e a Abradee (distribuidoras de energia elétrica) comemoraram o cancelamento da sessão deliberativa do Senado que votaria a matéria nesta segunda-feira, 26 de setembro. Com a decisão anunciada pelo presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a MP deve “caducar” nesta terça-feira, 27, quando o texto perde a validade.
“A solução adotada pelo Senado foi a melhor possível. Resolveu os problemas, evitando constrangimentos desnecessários. Mas os consumidores não têm tempo para comemorar. Estamos de olho no PL 414”, disse o presidente executivo da Abrace, Paulo Pedrosa.
O diretor de Regulação da Abradee, Ricardo Brandão, também considerou positiva a não aprovação do projeto de conversão da MP com as alterações incluídas pelo artigo 3º, por serem propostas que impactavam a tarifa. “E nesse momento em que a gente busca cada vez mais uma agenda de desoneração, a gente entende que a proposta estava na contramão dessa agenda”, justificou o advogado. A associação fala em impacto tarifário de 4%.
O texto original da MP alterava a Lei Complementar 192, suspendendo o o aproveitamento de créditos tributários pelos adquirentes finais de combustíveis para uso próprio, como empresas de transporte e caminhoneiros autônomos. A lei estabelece alíquota zero de PIS e Cofins para combustíveis até 31 de dezembro desse ano.
A versão aprovada em agosto pela Câmara dos Deputados incluiu, no entanto, emendas que foram criticadas e levaram a um racha entre associações do setor elétrico. Uma delas prorroga por 24 meses o prazo para a conclusão de projetos de fontes renováveis com direito a desconto nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição.
As outras preveem a aplicação do sinal locacional e a manutenção de tarifas de transmissão congeladas ao longo do período das outorgas de geração, com correção pelo Índice de Atualização da Transmissão (IAT).
A Abradee e a Abrace calcularam que a inclusão das emendas traria um custo adicional entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões para o consumidor. A Abeeólica e a Absolar defenderam as medidas.
A entidade que representa as usinas eólicas afirma que o país corre o risco de ver reduzidos os R$ 60 bilhões em investimentos previstos no segmento, se prevalecer a metodologia de sinal locacional aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica na semana passada. Procurada, a Aneel não comentou a decisão do Senado até o fechamento da edição.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Estudo da GWO e do GWEC aponta que quase 30.000 novos técnicos sejam contratados em escala global a cada ano.
O crescimento da capacidade eólica onshore e offshore está gerando uma demanda por mão de obra qualificada, revela um novo relatório divulgado por duas entidades do setor. Os números da Global Wind Organization (GWO) e do Global Wind Energy Council (GWEC) mostram que serão necessários 569 mil técnicos para construir e manter uma frota eólica global onshore e offshore que aumentará em 67% até 2026.
Com o rápido crescimento da capacidade de energia eólica no centro dos planos mundiais de atingir Net Zero até 2050, as entidades reafirmam que é vital que os governos adotem políticas que apoiem essa força de trabalho em expansão. “Nova capacidade, redes modernas e uma transição justa exigem uma força de trabalho forte e sustentável em sua base. Essa mão de obra qualificada e moderna será uma grande recompensa para os países que estão avançando em seus planos de transição energética”, apontam.
De acordo com o relatório espera-se que quase 30.000 novos técnicos sejam contratados em escala global a cada ano. Esse estudo, intitulado Global Wind Workforce Outlook 2022-2026, disponível para download em inglês, destaca uma necessidade urgente de um crescimento mais rápido na segurança padrão do setor e na capacidade de treinamento técnico para atender às lacunas previstas no fornecimento de trabalhadores.
Com 119 mil técnicos eólicos com um certificado de treinamento da GWO padrão do setor válido até o final de 2021, o relatório demonstra uma oportunidade substancial para até 450 mil técnicos concluírem o treinamento técnico e de segurança durante os próximos cinco anos.
Essa é a terceira edição do estudo. Entre as descobertas, baseadas nos resultados do modelo de previsão da força de trabalho da GWO e nas previsões globais do mercado eólico da GWEC, estão: o número de técnicos que precisarão de treinamento aumentará 33% de 426.700 em 2021 para 568.800 em 2026; o aumento médio é de 28.400 por ano até 2026, taxa de crescimento anual composta de 36% (CAGR); as previsões da GWO indicam que serão necessários 142.100 novos recrutas nos próximos cinco anos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Texto seria votado pelos senadores nesta segunda, mas sessão foi desmarcada; MP 'caduca' nesta terça. Proposta original tratava de créditos tributários, mas deputados incluíram outros temas.
Um acordo firmado entre líderes partidários no Senado, com o apoio do governo Jair Bolsonaro, deve resultar na perda de validade de uma medida provisória que, se aprovada em definitivo, poderia gerar aumento na conta de luz dos brasileiros.
Uma sessão do Senado chegou a ser convocada para esta segunda para votar a MP – último passo para que o texto se tornasse definitivo. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cancelou a convocação e, com isso, a medida deve "caducar" (perder efeito) nesta terça (27).
Medidas provisórias têm força de lei assim que são publicadas pelo Executivo, mas o Congresso precisa analisar e validar a proposta para que as regras passem a vigorar em definitivo.
A MP enviada originalmente pelo governo anulava, até o fim do ano, créditos tributários concedidos a companhias que compram combustível para exercer suas atividades, caso das empresas de transporte.
Durante a tramitação na Câmara, no entanto, deputados incluíram uma série de mudanças em regras do setor elétrico. Na prática, as alterações poderiam aumentar as tarifas de energia para os consumidores.
Para a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), o impacto criado pela MP chegaria a R$ 10 bilhões anuais, dividido por todos os consumidores, considerando as mudanças e os impostos decorrentes.
A Abrace calculou ainda que as mudanças impulsionariam alta na conta de luz com uma variação de 1,45% (Rio Grande do Sul) a 5,67% (Alagoas).
Governo defendeu não votar MP
O líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), se posicionou contra a MP – que poderia gerar desgaste para o Planalto há menos de uma semana da eleição.
Após reunião entre os líderes partidários neste domingo (25), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acatou o pedido de Portinho e cancelou a sessão.
Senadores estudam a possibilidade de editar um decreto legislativo para preservar pontos da MP relacionados à compra de combustíveis, excluída a parte do setor elétrico.
Após o anúncio, o relator da matéria na Câmara, deputado Danilo Forte (União-CE), protestou. "Enxergo com muita preocupação a perda de validade da Medida Provisória 1.118/22, que foi alvo de um desproporcional ataque de segmentos que buscam proteger reservas de mercado e evitar o desenvolvimento das energias renováveis", disse.
"Dessa forma, a insensata decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica na última semana pode eliminar cerca de R$ 60 bilhões em investimentos previstos para o Nordeste nos próximos anos, impactando a geração de renda e empregos na região. Além do desenvolvimento regional, o aumento dos custos de transmissão para energia renováveis, conforme definido pela agência reguladora, representa um duro baque no combate às mudanças climáticas e à redução das emissões de carbono em nossa matriz energética", continuou.
Uma das mudanças sugeridas pelo parlamentar alterava o cálculo dos custos de transporte de energia. Para especialistas, na prática, esses custos beneficiariam diretamente agentes do Nordeste – que teriam incentivo para, por exemplo, gerar energia eólica e transportar para o restante do Brasil.
Os custos, porém, mostram que esse transporte sairia mais caro do que outras formas de energia geradas nas próprias localidades e que a medida não compensaria.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Fontes vão representar mais de 90% da expansão prevista. Preço menor, avanço do mercado livre e compromisso com a agenda ESG explicam o crescimento dos investimentos.
Em 2023, mais de 90% do aumento previsto da geração de energia no Brasil virão de fontes solar e eólica, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Juntas, elas vão responder por 10,97 gigawatts (GW) de um total estimado em 12,14 gigawatts.
Um conjunto de fatores puxa a expansão, contam especialistas. Além da entrega de potência contratada em leilões passados, a demanda por energia mais barata e limpa impulsiona o avanço e atrai o interesse de grupos estrangeiros.
Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), diz que a tendência é manter esse ritmo e saltar a reboque da transição energética:
— A tendência é seguir nesse nível alto até 2027 ou 2028, e depois ir subindo com a ascensão das commodities verdes. Eólica e solar são fontes que responderão pela oferta energética do país, ainda mais com a entrada de veículos elétricos e do hidrogênio verde.
Em 2022 essas fontes devem abocanhar dois terços da nova potência operada, com 3,73 GW de 5,65 GW ao todo. De um ano para o outro, a potência adicionada por parques eólicos vai crescer 2,3 vezes, com mais 4,58 GW. Já em usinas fotovoltaicas, o acréscimo será 3,5 vezes maior que neste 2022, com 6,38 GW.
Para executivos do setor, o cenário político e o ambiente regulatório no Brasil, mesmo neste ano de eleições, não representam risco a essa trajetória de expansão. Ao contrário, sobretudo após a guerra na Ucrânia. É que, comparativamente a outros países com potencial em renováveis, o cenário é mais favorável no Brasil.
‘Brasil precisa crescer’
Jovanio Santos, head de Assuntos Estratégicos da Thymos Energia, calcula que, considerando projetos outorgados pela Aneel, essas fontes poderiam bater R$ 318 bilhões em investimentos até 2027.
— Do total, R$ 70 bilhões têm chance maior de saírem do papel por serem mais viáveis, estarem em construção, com grande possibilidade de conexão ao SIN (Sistema Integrado Nacional). Teve uma “corrida do ouro” este ano em solar porque a partir de 2023 acaba o desconto na tarifa de uso do sistema de distribuição.
Ele alerta para a economia:
— O Brasil precisa voltar a crescer de forma contínua para ter demanda energética puxando a expansão da matriz.
Ainda assim, pelas condições naturais para solar e eólica, destaca Elbia, o país se tornou destino atrativo e competitivo para investimento de empresas mundiais do setor.
Aurélien Maudonnet, CEO da Helexia Brasil, subsidiária da francesa Voltalia e que atua em eficiência energética, diz que os projetos no Brasil tendem a ser mais rentáveis ante a Europa por haver mais espaço e disponibilidade de fontes.
— Do lado econômico, o setor de energia renovável é estruturado e cresce fortemente. A capacidade de solar foi de 13 gigawatts para 19 gigawatts este ano. Depende pouco de quem chega ao poder.
A Enel Green Power (EGP), da italiana Enel, é líder em eólico e solar no Brasil. Em 2021, iniciou a operação de quatro empreendimentos, somando 1 gigawatt de capacidade instalada, incluindo o parque eólico Lagoa dos Ventos (PI), o maior sul-americano e o maior de toda a Enel.
Ano passado, a EGP investiu R$ 4,5 bilhões em eólica e solar no país. De 2022 a 2024, a Enel Américas prevê adicionar 3,5 gigawatts em capacidade renovável na América Latina, sendo 2 gigawatts no Brasil, com US$ 2,2 bilhões em investimento.
Preço menor impulsiona demanda por solar e eólica
A transição energética e o uso de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) como balizadores para precificação e investimento são outros fatores de destaque no tabuleiro em que avançam fontes solar e eólica, embora o financeiro seja apontado como o maior trampolim para a demanda.
Ao todo, o Brasil tem 22 gigawatts de potência instalada no setor eólico, ou 12% do total no país, com 812 parques. A previsão da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) é saltar para 37,09 gigawatts até 2026.
— Empresas de energia estão incluindo renováveis em seus portfólios. A demanda é crescente pela transição energética e a oportunidade econômica. Mas a indústria quer reduzir custo. O ESG é importante, mas fator secundário. O principal é preço. Felizmente, além do benefício econômico, a solar tem o ambiental — diz Rodrigo Sauaia, CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Mais em conta que a térmica
Ele destaca que a energia solar pode custar um décimo do preço de uma termelétrica em uso emergencial. No leilão de contratação de energia da Aneel do tipo A-4 (que contrata projetos para quatro anos depois) realizado em maio, o preço do megawatt/hora para solar foi de R$ 178,24; para eólica, de R$ 179,30/MWh. Para pequenas centrais hidrelétricas, R$ 281,65/MWh e das termelétricas, R$ 314,93 MW/h.
Outro motor de aceleração da oferta é a demanda do mercado livre — em que consumidores, principalmente empresas, podem comprar energia diretamente de geradoras, em alternativa ao mercado regulado que atua via distribuidoras. O mercado livre já responde por 38% do consumo do país.
Da nova potência em operação este ano, mais da metade (55,6%) estará no mercado livre. Em 2023, essa fatia vai subir para 78,6% do previsto.
Para Clarice Ferraz, diretora do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), a aceleração de projetos tem a ver ainda com o perfil de novos agentes nesse mercado, como bancos e pequenas comercializadoras de energia, que miram resultado mais rápido.
Aurélien Maudonnet, CEO da Helexia Brasil, diz que pesa a desvalorização cambial:
— Os investidores estão buscando projetos. Nunca recebi tanta ligação de fundos de investimento e bancos. Há uma obrigação aos acionistas por pressão dos consumidores.
A Helexia planeja investir R$ 500 milhões em projetos de energia solar distribuída nos próximos anos. A subsidiária no Brasil já tem cem megawatts em projetos de solar (em geração distribuída) a serem executados. Além disso, prevê mais 300 megawatts para os próximos anos.
Maudonnet cita um acordo recente para produzir ao todo 87 megawatts de energia solar com o objetivo de abastecer parte das unidades da Vivo, do grupo Telefônica, no Brasil.
— Em doze anos, a capacidade solar instalada (com projetos na França) foi de 84 megawatts. E a Helexia assinou com a Vivo um projeto solar para 87 megawatts. Em um contrato no Brasil você iguala a capacidade instalada acumulada na França. Esse efeito de escala não pode ser subestimado.
Clarice alerta haver um paradoxo nesse cenário:
— O setor elétrico tem de ser planejado como um todo para garantir operação se não houver vento ou sol, sobretudo no Nordeste. Tínhamos uma ótima condição nessa complementação pelo estoque regulador de reservatórios de hidrelétricas da Eletrobras. Com a privatização, isso fica na mão de um único agente — diz ela. — Outra coisa é que as térmicas estão passando na frente no uso das linhas de transmissão. Então, além da alta de preço, vamos na direção oposta de descarbonizar a matriz.
Daniel Gallo, CEO da brasileira Renova Energia, com perto de 7 gigawatts em capacidade, sendo 80% em eólica, frisa a força do mercado livre:
— O mercado livre puxa o avanço porque passou a ser boa alternativa para quem quer luz mais barata e sustentável. Muitas empresas querem estar nele, incluindo grandes como a Ambev. Há esforço de descarbonização da produção no centro do ESG.
Geração própria avança
Vista como um player promissor em renováveis no país há mais de uma década, a Renova entrou em recuperação judicial em 2019. Em reestruturação, concluiu o Complexo Eólico Alto Sertão III Fase A (com 437,4 MW de capacidade), na Bahia; vendeu ativos e mexeu no controle, com o desembarque da Cemig e a entrada de um fundo da Angra Partners. A dívida atual é inferior a R$ 1 bilhão, um terço da que levou ao pedido de proteção à Justiça.
— O foco é crescer e sair da recuperação até o segundo trimestre de 2023 — diz Gallo.
O setor solar bateu 6,1 gigawatts em usinas de grande porte. E deve chegar a 7,7 GW até o fim do ano, desempenho recorde, diz a Absolar. Contando a geração própria, em telhados, fachadas e terrenos de pequenos negócios, empresas e residências, o total já alcança 19 gigawatts, diz Sauaia:
— A partir de 2020, a geração própria ultrapassou a potência instalada das grandes usinas. Hoje, soma dois terços da energia solar no país.
Fonte e Imagem: O Globo
A presidência do Senado informou às lideranças partidárias neste domingo (25) à noite que não haverá sessão semipresencial nesta segunda-feira (26). O presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), agendou a próxima sessão para 4 de outubro. A mudança cancela a apreciação da MP (medida provisória) 1.118, que estava prevista para esta segunda. A MP caduca na terça-feira (27).
Inicialmente, a MP tratava de questões ligadas ao setor de combustíveis. Anulava o uso de créditos tributários de contribuições sociais dos empreendimentos que compram combustíveis para a sua atividade-fim, como empresas de aviação e de ônibus. No entanto, ela recebeu na Câmara duas emendas alheias a esse tema, popularmente conhecidas como jabutis. Ambas alteram regras do setor de energia elétrica.
Uma mudança cria um novo subsídio, estimado em R$ 8 bilhões. Se aprovado, elevaria a conta de luz de todos os brasileiros. O aumento iria variar de 1,45% a 5,67%, segundo estimativa da Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres).
A outra alteração prorroga por dois anos o prazo para a entrada em operação de projetos de energia limpa com direito a subsídio. Inicialmente, quem conseguiu a outorga com benefício teria quatro anos para concluir o projeto. O prazo foi estendido para seis anos na proposta que chegou ao Senado. Com isso, cerca de R$ 10 bilhões em custos para o consumidor, que iriam caducar, poderão ser prorrogados.
O Congresso tem sido pró-ativo na criação de subsídios, que favorecem as empresas, mas prejudicam o consumidor. As alterações feitas na Câmara atenderam pedido de empresas do setor eólico na região Norte e Nordeste, que terão aumento de custos com mudanças nas regras de cobrança na transmissão de energia.
Entidades de defesa dos consumidores realizaram inúmeros contatos no Senado nos últimos 20 dias para explicar como as mudanças na Câmara iriam impactar a conta de luz. A expectativa era retirar os jabutis do texto ou convencer a Casa a não votar a MP.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em um ano, houve aumento de 700 mil novos vagas. Número crescente de países cria empregos no setor.
De acordo com o relatório “Energias Renováveis e Empregos: A Revisão Anual de 2022”, o emprego em nível mundial no setor das energias renováveis atingiu os 12,7 milhões em 2021, um aumento de 700 mil novos empregos em um ano, apesar dos efeitos prolongados da Covid-19 e da crise energética crescente. O relatório publicado pela International Renewable Energy Agency em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho, durante o Global Clean Energy Action Forum em Pittsburgh.
O relatório mostra que um número crescente de países está criando empregos no setor das energias renováveis. Quase dois terços desses empregos se encontram na Ásia. Somente a China representa 42% do total global, seguida pela UE e o Brasil, com 10% cada e os EUA e a Índia com 7% cada.
Além disso, o tamanho do mercado doméstico é identificado como um dos principais fatores que influenciam a geração de emprego no setor das energias renováveis, em conjunto com os custos de mão de obra e outros. A energia solar foi identificada como o setor de crescimento mais rápido. Em 2021, ela gerou 4,3 milhões de empregos, mais de um terço da mão-de-obra global atual no setor das energias renováveis.
De acordo com Francesco La Camera, Diretor-Geral da Irena, os empregos no setor das energias renováveis permanecem resilientes e já se revelaram como um motor confiável de geração de emprego. Ele aconselha aos governos em todo mundo que implementem políticas industriais que incentivem a expansão de empregos decentes no setor das energias renováveis a nível nacional. Para ele, encorajar uma cadeia de abastecimentos nacional não só irá criar oportunidades de negócio e novos empregos para as pessoas e comunidades locais, mas também sustenta a confiabilidade das cadeias de abastecimentos e contribui para uma maior segurança energética em geral.
O Diretor-Geral da OIT, Guy Ryder, afirmou que além dos números, existe um foco crescente na qualidade dos empregos e nas condições laborais no setor das energias renováveis, para se garantir uma empregabilidade decente e produtiva. Segundo ele, a quota crescente de empregos femininos indica que políticas e treinamento dedicados podem aprimorar significativamente a participação das mulheres em cargos no setor das energias renováveis, a inclusão e, basicamente, alcançar uma transição justa para todos. Incentivo os governos, os trabalhadores e as organizações dos empregadores a permanecerem firmemente engajados em uma transição energética sustentável, que é indispensável para o futuro do trabalho.”
O relato destaca desenvolvimentos regionais e nacionais. Os países do Sudeste Asiático estão se tornando importantes centros de fabricação de energia solar fotovoltaica e produtores de biocombustível. A China é o fabricante e instalador proeminente de painéis solares fotovoltaicos e está criando um número crescente de empregos no setor eólico offshore. A Índia acrescentou mais de 10 Gigawatts de energia solar fotovoltaica, gerando muitos empregos relacionados a sua instalação, mas permanece fortemente dependente de painéis importados.
A Europa, que representa agora aproximadamente 40% da produção eólica industrial em todo mundo e é o exportador mais importante de equipamentos do setor, está tentando reconstituir sua indústria de fabricação solar fotovoltaica. O papel da África ainda é limitado, mas o relatório destaca que existem oportunidade de emprego crescentes no setor das energias renováveis descentralizadas, especialmente, para apoiar o comércio, a agricultura e outras atividades econômicas locais.
No continente americano, o México é o principal fornecedor de pás para os aerogeradores. O Brasil permanece como o empregador principal no setor dos biocombustíveis, mas está também criando muitos empregos nas instalações eólicas e solares fotovoltaicas. Os EUA estão começando a construir uma base doméstica industrial para o florescente setor da energia eólica offshore. O relato destaca que a expansão das energias renováveis deve ser apoiada através de pacotes de políticas holísticos, incluindo treinamento para os trabalhadores, para garantir que os empregos sejam decentes, de alta qualidade, bem pagos e diversificados, na busca de uma transição justa.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Capacidade global de fabricação de eletrolisadores é de 8 GW por ano, mas pode passar de 60 GW nesse período.
O impulso para a expansão do hidrogênio de baixas emissões continua em meio à crise global de energia. A expectativa é de que a fabricação de eletrolisadores cresça fortemente com projetos-piloto sendo anunciados em novos mercados, como o de aço e transporte. Segundo relatório Global Hydrogen Review, disponível para download em inglês, da Agência Internacional de Energia, publicado nesta quinta-feira, 22 de setembro, apesar disso essas áreas continuam sendo uma pequena parte do cenário geral do insumo, destacando a necessidade de maior apoio político. Há diversos anúncios de projetos e de capacidade de produção de eletrolisadores, que podem levar a até 290 GW em capacidade instalada.
De acordo com o relatório, os desenvolvimentos que podem apoiar a transição para energia limpa incluem um aumento esperado de seis vezes até 2025 na capacidade global de fabricação de eletrolisadores, necessários para produzir hidrogênio de baixa emissão a partir de fontes renováveis. Segundo apurou a agência, a produção de hidrogênio de baixa emissão em todo o mundo em 2021 foi inferior a 1 milhão de toneladas – com praticamente toda ela proveniente de plantas que usam combustíveis fósseis com captura, utilização e armazenamento de carbono.
Enquanto isso, a demanda geral de hidrogênio em todo o mundo atingiu 94 milhões de toneladas em 2021, superando a alta anual anterior de 91 milhões de toneladas alcançada em 2019. Quase todo o aumento no ano passado foi atendido pelo insumo produzido a partir de combustíveis fósseis sem captura de carbono. E enquanto a demanda por novas aplicações aumentou 60% em 2021, o crescimento foi de uma base tão baixa que subiu para apenas 40.000 toneladas.
Na análise da AIE, o hidrogênio e os combustíveis derivados podem contribuir tanto para as ambições climáticas quanto para a segurança energética se forem produzidos de forma limpa e implantados com sabedoria em setores como a indústria pesada e o transporte de longa distância, onde podem reduzir as emissões e substituir os combustíveis fósseis. E mais, com a crise energética global aumentando o interesse em hidrogênio de baixa emissão, o pipeline de projetos continua se expandindo, embora apenas uma pequena parte destes esteja em construção.
O relatório apresenta uma série de recomendações de políticas para construir as estruturas e criar a demanda necessária para incentivar o investimento em hidrogênio de baixa emissão, inclusive nos eletrolisadores e tecnologias de captura de carbono necessárias para produzi-lo.
Levando em conta as configurações de políticas atuais dos governos, o novo relatório estima que a demanda global de hidrogênio deve atingir 115 milhões de toneladas até 2030. Se os governos cumprirem totalmente suas promessas climáticas atuais, esse número poderá subir para 130 milhões de toneladas, com mais de um quarto dele sendo atendido por hidrogênio de baixa emissão. Uma quantidade semelhante de demanda global seria para novas aplicações nesse cenário.
Os anúncios de novos projetos siderúrgicos estão crescendo rapidamente apenas um ano após o início da produção da primeira planta piloto para o uso de hidrogênio puro na redução direta de ferro. A primeira frota de trens movidos a células a combustível começou a operar na Alemanha, e também há mais de 100 projetos piloto para uso e derivados no transporte marítimo. No setor de energia, projetos anunciados usando hidrogênio e amônia acumulam quase 3,5 gigawatts de capacidade potencial até 2030.
Com isso, se todos os projetos atualmente em andamento se concretizarem, a produção de hidrogênio de baixa emissão poderá chegar a 16 milhões a 24 milhões de toneladas por ano até 2030, com mais da metade vindo de eletrolisadores movidos a energia renovável. A conclusão de todos os projetos em andamento pode resultar na capacidade mundial de produzir hidrogênio por meio desses equipamentos subindo para até 290 GW em 2030, em comparação com 0,5 GW em 2021.
O relatório sugere que, com base nos preços atuais, o hidrogênio renovável já pode competir com o hidrogênio de combustíveis fósseis em regiões que possuem bons recursos renováveis. Hoje, a capacidade global de fabricação de eletrolisadores é de 8 GW por ano, mas, com base nos anúncios da indústria, pode exceder 60 GW por ano até 2030.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Dados apresentados na reunião de setembro do CMSE apontam panorama mais positivo do que nos anos anteriores.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou os cenários para atendimento da demanda de energia nos próximos seis meses. Pelas projeções, o principal subsistema do País, o Sudeste/Centro-Oeste, responsável por acumular 70% da água, deverá chegar ao final de fevereiro de 2023 com níveis entre 45,3% e 72,6% nos cenários conservador e favorável, respectivamente. Em fevereiro de 2021, um momento crítico, os reservatórios estavam com o nível médio de 29,5%.
Nos demais subsistemas, as estimativas para o final de fevereiro de 2023 também apontam para um cenário semelhante. O subsistema Nordeste, responsável por acumular 18% da água, deve atingir níveis entre 76,2% e 80%, superiores ao aferido em fevereiro de 2021 (52,2%) e similares àquele de fevereiro de 2022 (81,7%). No Sul, as projeções apontam níveis entre 40% e 42% em fevereiro de 2023, perspectiva mais favorável ao patamar registrado ao final de fevereiro de 2022 (28,3%). Por fim, a estimativa para o subsistema Norte para o mesmo período aponta para níveis entre 73,8% e 96,5%, uma estabilidade, no cenário mais favorável, em relação a fevereiro de 2022 (97,8%) e superior a fevereiro de 2021 (52,2%).
Os estudos conduzidos pelo ONS apontam as seguintes projeções para a Energia Natural Afluente (ENA) em fevereiro de 2023 considerando, respectivamente, os cenários menos e mais otimista em cada um dos subsistemas: 76% da MLT e 96% da MLT no Sudeste/Centro-Oeste; 44% da MLT e 66% da MLT no Sul; 76% da MLT e 110% da MLT no Nordeste; e 100% da MLT e 157% da MLT no Norte. No que diz respeito ao Sistema Interligado Nacional (SIN), a previsão do mesmo índice para fevereiro de 2023 é de 75% da MLT no cenário mais desfavorável e de 102% da MLT em condições mais otimistas.
Segundo o Operador, as projeções para o final de fevereiro de 2023 indicam o pleno atendimento de energia e de potência, ou seja, há recursos suficientes para atender todo o consumo previsto. As perspectivas de ENA para o período setembro-fevereiro no cenário menos favorável foram reduzidas em cerca de 2,6 GWmed em relação ao cenário da reunião do CMSE de agosto. Considerando a hipótese mais otimista, a redução projetada é de 1,9 GWmed ante a estimativa anterior.
Durante a reunião do CMSE, o ONS também apresentou possíveis ações que poderão ser adotadas com o objetivo de garantir o suprimento de energia nos dias de eleição, como previsto na Resolução nº 1/2005 do CMSE, que determina que o Operador deverá propor iniciativas de segurança a fim de garantir o suprimento em eventos de grande relevância. O ONS divulgará em breve o Plano de Comunicação sobre Operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) durante as Eleições 2022.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Documento defende atuação forte de governos para baratear e acelerar transição energética.
Economistas e especialistas em política energética consideram que o investimento e a regulamentação estatal são fundamentais para reduzir rapidamente o custo das tecnologias limpas e da transição energética.
A conclusão faz parte do documento "Dez princípios para a formulação de políticas na transição energética: lições da experiência", lançado nesta quinta-feira (22).
O Brasil é citado em dois estudos de caso: os incentivos governamentais para energia eólica, responsável por 12% da matriz energética do país, e para energia solar fotovoltaica.
A publicação é parte do projeto Economia da Inovação Energética e Transição do Sistema (EEIST, na sigla em inglês), parceria entre instituições de pesquisa na Europa, Brasil, China e Índia, financiada pelo governo do Reino Unido e pela Children's Investment Fund Foundation.
No Brasil, participam Unicamp (Universidade de Campinas), UNB (Universidade de Brasília) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Também estão no projeto as universidades de Cambridge e Oxford (Reino Unido).
"O relatório tenta apontar em que momentos o Estado poderia ser como agente orientador desse processo, direcionando o setor privado, a trajetória tecnológica dos diversos países em favor de tecnologias sustentáveis e limpas", afirma Andrea Cabello, da UNB, uma das responsáveis pelo documento.
Ela afirma que a maior parte dos países enfrenta muita dificuldade para fazer essa transição da maneira adequada. Esse não é o caso do Brasil, um dos países com a matriz energética mais limpa, mas que ainda pode avançar, por exemplo, na adoção de tecnologias eólicas e fotovoltaicas e mecanismos de geração distribuída.
Para os responsáveis pelo trabalho, políticas públicas podem levar a um crescimento tecnológico mais rápido e mais barato, do hidrogênio verde ao aço líquido zero, para reduzir as emissões e impulsionar as economias envolvidas.
O relatório faz uma análise da política energética global nas três últimas décadas e aponta experiências de sucesso, como energia eólica e energia solar fotovoltaica.
Para eles, os governos devem ir além de apenas fornecer um campo onde as tecnologias são deixadas para competir entre si. Devem usar investimento, impostos e regulamentação para acelerar a inovação e a redução de custos em tecnologias limpas, afirmam.
Com isso, espera-se que seja possível atrair investimentos privados, acelerar a inovação, criar empregos e reduzir os custos na transição de combustíveis fósseis para energia limpa.
A avaliação é que os sucessos da energia eólica, da energia solar fotovoltaica e dos veículos elétricos foram impulsionados por governos que identificaram e apoiaram diretamente essas tecnologias.
O relatório também mostra como o apoio direcionado a tecnologias que a análise econômica da época não recomendava acelerou a redução de custos e o crescimento econômico.
A energia solar fotovoltaica, por exemplo, foi inicialmente criticada pelos economistas devido ao seu alto custo, mas subsídios e outras políticas aplicadas por países como Alemanha e China tornaram a energia solar fotovoltaica a fonte mais barata da história.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou ontem novas regras para cálculo das tarifas pelo uso dos sistemas de transmissão e distribuição de energia. A metodologia intensifica o uso do chamado "sinal locacional", o que significa que todas as dimensões do uso da rede serão consideradas, como a distância da usina até o consumidor e não apenas o volume de energia.
A expectativa é que as novas regras ajudem a aliviar as contas de luz de consumidores brasileiros, especialmente no Norte e Nordeste do País. De acordo com dados da Aneel, a nova metodologia deve promover um alívio médio de 2,4% nas tarifas de energia dos consumidores do Nordeste e de 0,8% para os da região Norte, reduzindo o pagamento pelo uso da rede de transmissão em aproximadamente R$ 1,23 bilhão por ano. Por outro lado, as geradoras dessas regiões acabariam tendo um custo maior. Os efeitos, no entanto, não serão imediatos, já que a regra aprovada hoje prevê um período de transição ao longo de cinco ciclos tarifários, a partir de 2023 até 2028.
A medida desagradou geradores renováveis. O diretor da Associação Brasileira (Absolar), Carlos Dornellas, salientou que proposta feita não guarda relação com trabalhos anteriores da própria agência, inclusive envolvendo universidades e projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Ele explicou que a medida deve afetar de maneira relevante os geradores fotovoltaicos localizados no Nordeste e Norte de Minas Gerais. "Defendíamos uma transição mais suave, começando em 2024/2025, com período de seis anos, para que todos possam acomodar um impacto tão significativo para o gerador já instalado", disse. A entidade também defendia uma estabilização das tarifas de transmissão e distribuição (Tust e Tusd), apenas com correção pela inflação, ao longo o período de outorga, de forma a garantir a previsibilidade de custos.
Leilão. A três meses do leilão de transmissão que será realizado em dezembro pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), empresas do setor e fornecedores já negociam os preços que devem se refletir no certame.
Na Hitachi Energy, uma das principais fornecedoras de transformadores e equipamentos para o setor, as conversas com as transmissoras estão a todo vapor, e a companhia espera ter seus produtos em pelo menos cinco dos seis lotes que serão licitados.
A Sterlite Power Brasil também afirmou, ao Broadcast Energia, que está estudando lotes, não só do leilão de dezembro, como também os que serão ofertados no ano que vem, quando a previsão é de que empreendimentos de grande porte irão a mercado. o principal executivo da empresa, Amitabh Prasad, comentou que o cenário atual está mais difícil para os negócios, tendo em vista os preços em alta de materiais e equipamentos, o que exige ainda mais planejamento. "Tem de se planejar com antecedência, planejar bem e usar soluções muito otimizadas, para ganhar os projetos de maneira rentável, isso fazemos em todas as situações, mas tem sido um mercado difícil, porque os preços estão altos pela inflação, câmbio, preços de commodities; tudo está subindo", explicou.
Petróleo No mercado de petróleo, as atenções continuam voltadas para a crise na Europa e para as divulgações de dados e informações previstas para hoje nos EUA. É o caso da pesquisa semanal do Departamento de Energia (DoE) sobre estoques de petróleo e derivados dos EUA e decisão de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Os contratos futuros do petróleo subiam na manhã de hoje revertendo perdas de ontem, após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciar mobilização militar parcial no país em função da guerra na Ucrânia. Na sessão de ontem, o WTI para novembro caiu 1,66% , a US$ 83,94 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para o mesmo mês recuou 1,5%, a US$ 90,62 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
Nuclear O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama)concedeu a Licença de Instalação para a Usina Termonuclear Angra 3, com 1.405 megawatts (MW) de potência, localizada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A licença tem validade de seis anos, contados a partir de 25 de agosto de 2022.
Internacional O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu um aumento na taxação de empresas de energia fóssil e alertou para os crescentes problemas e desafios para a comunidade global, que podem terminar em escassez de alimentos no ano que vem e desastre climático a longo prazo. As declarações foram feitas na 77ª Assembleia Geral da entidade.
Fonte e Imagem: Estadão.
Para a instalação das PCHs, foi necessária a supressão florestal de 951 hectares. Entretanto, os empreendedores garantiram a recomposição florestal de 3.119 hectares.
Um levantamento feito pelo Instituto Água e Terra (IAT), órgão ambiental do Estado do Paraná, mostrou que a instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH) mais que triplicaram a recomposição florestal em Áreas de Preservação Permanente (APPs) entre 2014 e 2022.
Neste recorte temporal, o IAT licenciou 89 projetos de pequenas hidrelétricas que vão até 30 megawatts (MW) de potência instalada, totalizando 714,45 MW de projetos em instalação e operação, além de outros projetos de licença prévia. Para a instalação das usinas, foi necessária a supressão florestal de 951 hectares. Entretanto, os empreendedores garantiram a recomposição florestal de 3.119 hectares, o que garantiu um aumento de 228% em APPs e em plantio de espécies nativas.
Ao Valor, o diretor-presidente do IAT, Volnei Bisognin, afirma que a supressão vegetal no bioma da Mata Atlântica foi muito restringida no país e é autorizada, segundo ele, somente para projetos de interesse social e com declaração de utilidade pública.
As Áreas de Preservação Permanente de lagos constituídos por hidrelétricas têm uma fórmula de cálculo (...). Pela Lei da Mata Atlântica, toda vez que há uma supressão de estágio médio ou avançado, é obrigatório a recomposição da área florestal de um por um e no Estado do Paraná e em muitas ocasiões nós conseguimos uma compensação maior”, frisa Bisognin.
O executivo explica que até 2010 poucas hidrelétricas foram licenciadas no Paraná por conta da falta de uma legislação específica sobre o assunto e os licenciamentos começaram efetivamente quatro anos depois, por isso o recorde de oito anos e não de uma década para o levantamento.
“Estas áreas com cobertura florestal funcionam como esponja, mantendo o lençol freático e aumentando o nível da água e é muito bom para os empreendimentos que tenham uma cobertura florestal”, acrescenta.
Dados da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch) apontam que o Paraná, ao lado de Goiás, foi o estado que mais licenciou pequenas usinas nos últimos quatro anos com um aumento de 37% no número de empreendimentos instalados. Por outro lado, a presidente da entidade, Alessandra Torres, diz que o setor vem sofrendo um movimento de demonização de hidrelétricas principalmente com o Ministério Público, que vem impedindo o desenvolvimento do segmento.
A dirigente afirma que em alguns estados o licenciamento de uma pequena usina leva até dez anos para ser concluído. Hoje, são cerca de 1.150 usinas em operação no país. Só no Paraná são 110 usinas entre PCHs e CGHs, totalizando 547,33 MW.
“Conseguimos constatar que as PCHs reflorestam três vezes mais do que aquilo que elas suprimem de vegetação florestal (...). Por lei, as hidrelétricas são a única fonte que é obrigada a fazer área de APP de 30 a 100 metros”, afirma Torres.
Para a executiva, a crise hídrica do ano passado deixou evidente a necessidade de novas pequenas hidrelétricas e, principalmente, novos reservatórios para o abastecimento da população e a geração de energia.
“A carbonização do nosso setor elétrico cresceu muito nos últimos anos, segundo dados do IPCC [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas], a gente carbonizou em 700% a nossa matriz no Brasil. E isso se deve a entrada de grandes intermitências de eólica e solar e térmicas na base para cobrir essa intermitência”, afirma.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Texto deveria tratar apenas de tributos de combustíveis, mas estranhamente legisla sobre o setor elétrico.
processo legislativo deve seguir a lógica constitucional e guardar o adequado respeito aos princípios que norteiam a formação dos atos. Um processo legislativo adequado deve ser transparente, democrático e sobretudo irradiado dos princípios que regem o bom ato público.
A legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência são princípios basilares e consagrados da administração pública. Estes, sistematicamente, permeiam todos os atos derivados daqueles que desejam assumir o desafiador papel público, como ensinam as lições indeléveis do direito administrativo brasileiro ancorado nos melhores preceitos constitucionais.
Trazendo esses princípios (expressos na sigla “Limpe”) para a formação das leis brasileiras, é compreensível que a formação de leis do país precisa, sob pena de seu fracasso, observar os mandamentos do direito constitucional e administrativo.
Na prática, o processo legislativo deve ser claro, organizado, moral, democrático, transparente, participado, publicizado e eficiente na busca da implementação das políticas desejadas. Isso, por meio dos políticos, a partir da voz e das necessidades do povo, configuração maior da nossa sociedade.
Por óbvio, um projeto de lei pressupõe adequada organização e discussão. Quando entendemos esse plexo normativo na formação das leis do país fica mais fácil compreender o adequado caminhar de um projeto legislativo.
Há vários ritos e tratamentos a depender do tipo de medida. Se nascem do Executivo ou do Legislativo pouco importa. Os princípios da Limpe devem estar lá, atendidos, sob pena de vício de forma e de resultado duvidoso. Um processo legislativo mal construído deixa cicatrizes, o que é péssimo para o desenvolvimento da sociedade, pois depende fundamentalmente da crença de empresários, acionistas, investidores e financiadores. São esses que fazem, definitivamente, a roda girar.
Não nos enganemos, o que dá segurança de longo prazo ao país é a retidão, o rigor no tratamento das leis, a segurança jurídica, o respeito aos contratos e as leis. Portanto, uma lei nova ao entrar no mundo jurídico sem observar esse conjunto de princípios, sinaliza à sociedade deficiências e fissuras que denotam absoluta insegurança e um sentimento negativo quanto ao rumo do país. Essa indicação resulta em efeitos colaterais severos, como redução de investimentos, desemprego, violência e outras mazelas.
Explico. A medida é de iniciativa do Executivo que tratou de créditos tributários no setor de combustíveis. Contudo, para votar a MP no plenário da Câmara a partir de um acordo entre os líderes, o relator da matéria, surpreendentemente, apresentou e disponibilizou um texto substitutivo às 21 horas de 30 de agosto pautando, na sequência, para votação as 9h da manhã de 31 de agosto, como 1º item da pauta. Ou seja, um novo texto de lei com alterações ultra relevantes sem qualquer possibilidade de discussão, apresentado de forma repentina e sem permitir o debate.
Não é só isso. A boa forma e a lei impõem que as alterações num determinado projeto legislativo devem ter aderência e serem pertinentes com os objetivos relacionados à medida legislativa em formação. É óbvio que não se pode prever ou adivinhar que um texto que trate, por exemplo, de medidas de segurança no trabalho remoto, venha a incluir texto com incentivos econômicos a veículos elétricos. São coisas diferentes e que exigem discussões e atores diferentes.
Sem essa coerência, fere-se a capacidade de discussão, participação, especialização, qualificação do debate, criando, ao final, uma lei opaca, vazia e que não reflete a participação daqueles que deveriam participar.
E o que isso tem a ver com a MP 1.118/22? Tudo.
Como visto, a MP tratava de questões tributárias ao setor de combustíveis. Porém, as novas inclusões feitas no relatório substitutivo eram todas de discussões centrais do setor elétrico.
Mais uma vez. Só poucas horas antes da votação alguns agentes do setor elétrico tomaram conhecimento que um relatório substitutivo contendo itens do setor foi apresentado em uma MP que tratava de créditos tributários ao setor de combustíveis e que seria levado ao plenário da Câmara para votação urgente.
Uma situação extravagante. Os agentes do setor elétrico, a partir de suas associações e representações, destinatários dos efeitos e consequências do texto inserido, sequer formularam ou participaram daquela construção legislativa.
É nesse ponto que entra em cena o chamado jabuti, texto estranho ou alienígena, que se integra, como um toque de mágica ou uma mudança abrupta de 180 graus na direção dos ventos, a determinado projeto de lei. Normalmente, ocorre em um contexto desintegrado e sem qualquer relação com a temática inicial do projeto de lei.
O jabuti da MP 1.118 (que vale repetir: trata de créditos tributários no setor de combustível) incluiu: 1) a prorrogação de prazo para que usinas renováveis de fontes incentivadas continuem com descontos tarifários –recentemente definidos e descontinuados na lei 14.120/2021; 2) a qualificação do sinal locacional para que haja alteração no custo da tarifa de acordo com a posição das usinas.
O que isso tem a ver com a MP do crédito tributário de combustível? É questão tributária? É sobre combustível? Por mais que nos esforcemos para compreender, a resposta é não.
Esses 2 itens foram rapidamente calculados pelo órgão regulador do setor elétrico e pelos agentes setoriais resultando num impacto nos custos do setor elétrico na ordem de R$ 10 bilhões/ano, cujo destinatário final do custo é o consumidor de energia. O mesmo que outrora reconheceu como acertada a postura do plenário da Câmara e do Senado Federal na redução da alíquota de ICMS nas contas de energia elétrica. Agora, assustado e repentinamente enganado, enxerga a outra mão tomando de volta e colocando mais um par de custos sobre a sua conta de luz.
Não é por outra razão que a Frente Parlamentar dos Consumidores de Energia que congrega todos os tipos de consumidores de energia elétrica assumiu atitude veementemente contra o jabuti da MP 1.118.
Da mesma forma, o Fórum de Associações do Setor Elétrico, que reúne todas as associações do setor elétrico (geradores, transmissores, distribuidores, comercializadores e consumidores) também se declarou contrário ao texto estranho embutido na MP 1.118.
Por onde se olha, vê-se um movimento transparente, com razões claras e fundamentadas, com publicidade, no sentido contrário do jabuti da MP 1.118. No sentido contrário, não se vê, não se entende, não se qualifica tecnicamente, e não se observa de onde vêm os ventos que sopram esse jabuti para cima da medida.
Não se pode esquecer que qualquer desconto ou subsídio concedido a uma classe ou segmento serão custeados por todos os consumidores mediante inclusão na CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), presente na sua conta de luz. Taxa essa que aumentou mais de 430% nos últimos 10 anos, representando hoje 15% da conta de luz mensal dos consumidores.
A sociedade e os consumidores brasileiros não aguentam mais serem chamados para assumir riscos e pagar contas que não solicitou, nem contratou. A medida, agora, tramita no Senado Federal, sob a relatoria do senador Acir Gurgacz (PDT). Da forma como chegou no Senado, desconfigurada e com itens sem qualquer pertinência temática, precisa ser corrigida para que o processo legislativo dê o correto sinal à sociedade, na linha das disposições legais existentes e manifestações repetidas do STF.
Nada é mais forte do que a força da democracia, da retidão e correção. Não é possível imaginar que a democracia sucumba a interesse individual, estranho ao processo, em um movimento absolutamente precário e cheio de vícios de forma e de legitimidade. Portanto, pela coerência, pela segurança jurídica e respeito às leis, se aguarda que o Senado cumpra seu papel e retire o jabuti da MP 1.118/22.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Se obtido de forma ‘limpa’, produto pode substituir fontes fósseis e colaborar na busca global por menos emissões.
De um fiorde na Escandinávia a uma praia no Nordeste brasileiro projetos para estudar a viabilidade de produção de hidrogênio verde se proliferaram no mundo, na esteira da busca por novas fontes que garantam o suprimento de energia ao mesmo tempo em que ajudem a reduzir emissões na transição para uma economia de baixo carbono. Na Europa, as atenções se voltaram ao hidrogênio depois que a guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia reduziram a oferta de petróleo e gás. Na corrida para suprir essa nova demanda, o Brasil se tornou candidato natural a concorrer para produzir o hidrogênio verde pelo alto índice de energias renováveis que tem na matriz elétrica.
Levantamento da consultoria Rystad Energy mostra que as intenções de projetos de hidrogênio verde anunciados até o momento no Brasil somam 1,8 milhões de toneladas de capacidade de produção, o décimo maior volume do mundo e o segundo maior da América Latina, atrás apenas do Chile. O país com a maior capacidade de projetos anunciados até hoje é a Autrália.
O hidrogênio é um dos principais concorrentes a substituir o petróleo e os combustíveis fósseis em setores de difícil abatimento de emissões de carbono, como transporte e siderurgia. Com possibilidade de ser usado tanto na forma líquida quanto gasosa, o hidrogênio é obtido por meio do uso de intensivo de energia elétrica para separar os átomos que compõem a molécula de água. Nesse processo, chamado eletrólise, obtém-se o próprio hidrogênio e o oxigênio, usados como insumo energético em diversas indústrias.
No caso do hidrogênio verde, o combustível é sustentável, pois os insumos usados para produzi-lo são a própria água e a energia elétrica, que, neste caso, é obtida a partir de fontes renováveis. O barateamento das energias renováveis, sobretudo eólica e solar, nos últimos anos tornou a produção do hidrogênio verde viável, embora ainda seja mais cara do que por outros métodos. A eletrólise também pode ocorrer por meio do uso da energia do gás natural, o que resulta no hidrogênio cinza, ou da energia a carvão, que é o hidrogênio preto, por exemplo.
O hidrogênio pode ser usado como combustível para substituir derivados do petróleo, assim como pode ser aplicado em termelétricas que operam a carvão, para reduzir emissões. Entretanto, o chefe de pesquisa em hidrogênio da Rystad Energy, Minh Le, diz que hoje o mundo corre o risco de focar no abastecimento do mercado com hidrogênio em um momento em que a demanda por esse combustível ainda é incipiente.
Este ano, ao anunciar o plano para reduzir a dependência energética da Rússia, a União Europeia estabeleceu a meta de alcançar um suprimento de 20 milhões de toneladas de hidrogênio por ano até 2030, dos quais metade deve ser produzida no continente, e o restante, importado. O bloco vai estabelecer metas de uso desse combustível por setores específicos, além de prover financiamento adicional de € 200 milhões para pesquisa nesse segmento. O plano também visa a combater as mudanças climáticas.
Para atingir as metas, as empresas europeias colocaram na mesa criatividade e colaboração. Os projetos têm se multiplicado, muitas vezes graças à interação de setores distintos. “Uma das coisas que aprendemos é que, se quisermos ter segurança energética, vamos precisar diversificar as fontes”, afirmou o primeiro ministro da Bélgica, Alexander De Croon, no Offshore Northern Seas (ONS), maior simpósio de energia da Europa, no fim de agosto.
Na ocasião, o primeiro ministro da Noruega, Jonas Støre, disse que o país está “completamente comprometido” em criar cadeias de valor para o hidrogênio. O país conduz, por exemplo, um dos projetos de pesquisa que envolve a produção e estocagem de hidrogênio em um fiorde. O projeto do consórcio Hadanger Hydrogen Hub estuda a viabilidade de instalar torres de geração eólica marítima no fiorde na região de Odda.
A ideia do grupo é usar a energia elétrica obtida nas turbinas eólicas para gerar hidrogênio e estocá-lo em baterias submarinas. Desse modo, o hidrogênio das baterias ajudaria a garantir a segurança do suprimento da fonte renovável, que é intermitente, ou seja, não consegue gerar a todo momento pois depende das condições do vento. A água para o processo vai ser reaproveitada das usinas hidrelétricas que operam nas quedas d’água na região.
O projeto também resolve outro problema: devido à presença de geração hidrelétrica desde o começo do século passado, a região de Odda atraiu indústrias de uso intensivo de energia, sobretudo siderúrgicas, que usam carvão e gás como insumos. Com a substituição desses combustíveis fósseis pelo hidrogênio verde, as emissões nas indústrias da região podem cair em 80%.
O consórcio que desenvolve o projeto, previsto para começar a operar em 2029, tem colaboração da siderúrgica Tizir, da companhia de geração renovável Statkfrat, da companhia química e de mineração Fluorsid e das empresas de peças submarinas para a indústria de petróleo e gás TechnipFMC e Odda Technology. “Queremos aproveitar nossas competências submarinas para construir uma nova cadeia de valor”, afirma o sócio da Odda Technology Ingvald Torbla.
De acordo com executivo, o empreendimento tem potencial para fornecer oito vezes mais energia do que o projeto de baterias da Tesla na Austrália, uma das maiores iniciativas de armazenamento de energia em operação no mundo hoje. No caso do Brasil, uma série de empresas de energia assinaram memorandos de entendimento neste ano para começar a estudar a viabilidade da produção de hidrogênio verde no país e os primeiros projetos devem começar a operar na segunda metade da atual década.
A Shell, por exemplo, planeja colocar em operação, em 2025, projeto de pesquisa e desenvolvimento para produção de planta-piloto com capacidade de 10 megawatts (MW), no Porto do Açu, no norte fluminense. O projeto é desenvolvido em parceria com a Prumo, operadora do porto, que também assinou neste mês um memorando de entendimento com a EDF Renewables para estudar a viabilidade de construir eólicas marítimas para a possível produção futura de hidrogênio na região.
No Nordeste, o Porto de Pecém, no Ceará, assinou contratos com a EDP e com a Engie para projetos-piloto. A iniciativa parte da ambição do porto de se tornar um “hub” (concentrador) para esse setor no país. O Porto de Suape, em Pernambuco, também tem parcerias com a Neoenergia e com a Qair Brasil para estudar projetos na área.
Portos e regiões costeiras são propícios a esse tipo de projeto, pois também permitem a futura exportação do hidrogênio. A exportação exige, porém, combinar o hidrogênio ao nitrogênio e transformá-lo em amônia, produto que é amplamente transportado por navios no mundo, pois é usado na produção de fertilizantes. A Yara, uma das maiores produtoras de fertilizantes do mundo, opera 12 navios de transporte de amônia.
“Para longas distâncias, é melhor transportar o hidrogênio no formato da amônia. O custo para produzir essa amônia verde deve cair, principalmente agora, com os preços de gás e energia tão altos na Europa. Vai haver um incentivo aos renováveis. É um ganho de escala. Quando essas plantas começarem a ser construídas, o custo vai cair”, diz a vice-presidente de projetos e tecnologias da Yara, Lise Winther.
Um dos desafios no mundo para o crescimento desse setor é a regulação, ainda em desenvolvimento. No Brasil ainda não está claro se o setor ficará sob a competência da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) ou da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) instituiu, no começo de agosto, o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), que vai debater a regulação do setor, além de identificar oportunidades para a abertura e crescimento desse mercado no país.
“Incentivos adequados, simples e inteligentes serão a chave para o país. Também uma meta clara e detalhada e um esquema de apoio potencial para investidores estrangeiros em termos de permissão e realização de negócios. Um mercado doméstico para hidrogênio limpo também ajudará a impulsionar a economia”, afirma Le, da Rystad.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Prevista para ser votada nesta quinta-feira (22) no Senado, a medida provisória que disciplina a utilização de créditos tributários sobre os combustíveis (MP 1.118/2022) pode gerar impacto de até 5,67% nas contas de energia, caso o texto seja aprovado com alterações inseridas pela Câmara dos Deputados.
Os cálculos foram feitos pela da Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres). O percentual muda de acordo com a região do consumidor de energia. O consumidor de Alagoas terá o maior impacto, de 5,67%, e o do Rio Grande do Sul o menor, de 1,45%. Em São Paulo o impacto será de cerca de 3% e no Rio de Janeiro de 4,26%.
A inclusão dos jabutis colocou senadores, deputados, todo o setor elétrico, incluindo a agência reguladora (Aneel) em rota de colisão. Para reduzir danos, a liderança do governo no Senado trabalha para retirar as emendas estranhas ao texto e aprovar a medida provisória sem as alterações, contrariando a decisão da Câmara. Mas, se o requerimento para retirada das emendas não for aprovado, o líder Carlos Portinho (PL-RJ) irá defender o veto da medida que já foi aprovada pela Câmara.
A discussão toda cria uma saia justa entre senadores e entre os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), caso haja discrepância nas decisões das duas casas.
Os jabutis da discórdia estão no artigo terceiro ao PLC 25/2022, que não estava no texto original da medida provisória. Ele tem três pontos:
1) Ampliação em 24 meses do subsídio para fontes incentivadas (energia eólica e solar). O impacto desse subsídio é calculado em R$ 8,5 bi por ano pelas contas da Associação das Distribuidoras (Abradee), de R$ 4,5 bi pelas contas da Aneel e de R$ 8 bi pelas estimativas da Abrace.
2) Congelamento da tarifa de transmissão (TUST) ao longo da outorga, em geral 30 anos. Em nove anos, até 2031, os geradores deixariam de pagar R$ 4,6 bilhões, segundo estimativas da Abradee.
3) Sinal locacional da TUST. O parecer determina que a aplicação do sinal locacional nas tarifas de energia elétrica, pela Aneel deverá considerar diretrizes do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Ontem a Aneel alterou a metodologia locacional, que faz com que alguns paguem mais ou menos do que hoje. A alteração foi vista como uma afronta à decisão do legislativo pelo relator da MP 1811 na Câmara, Danilo Forte (UB-CE). O deputado também discorda dos cálculos que apontam para os impactos negativos das alterações na MP feitas sob a sua relatoria na Câmara. "A MP 1.118/22 foi aprovada na Câmara diante de um amplo acordo entre parlamentares, mas passou a ser alvo de lobbies que querem manter o mercado livre exclusivo para os grandes consumidores e as distribuidoras tradicionais - em que pese discutirmos essa abertura há mais de uma década. Também é publicamente notório que não há consenso sobre suposto aumento de tarifas provocado pelo texto".
Desde 2004, a lei estabeleceu que a tarifa de transmissão seja locacional (por distância), em oposição à tarifa selo (por quantidade de energia). As mudanças na metodologia locacional têm o objetivo de corrigir distorções. Consumidores que ficam perto das geradoras devem ser beneficiados, mas geradoras que vendem energia para regiões mais distantes (como, por exemplo, energia eólica produzida no Nordeste e vendida para o Sudeste) devem ser prejudicadas pelas novas regras.
Fonte e Imagem: Portal UOL
Governo cancelou três dos cinco leilões previstos para o último quadrimestre. Associações ligadas ao setor consideram que medida antecipou a necessidade de repensar modelo de contratação de energia.
O cancelamento, pelo governo, de três leilões de energia previstos para o último quadrimestre deste ano dividiu o setor elétrico. Alguns representantes consideram a decisão acertada, enquanto outros apresentaram pontos de divergência.
Associações de consumidores, de geradores e de distribuidoras de energia consultadas pelo g1 consideraram que a medida antecipou a necessidade de repensar o modelo de contratação de energia.
Os cancelamentos foram oficializados na última quarta-feira (14) em portaria publicada no “Diário Oficial da União” (DOU). Não serão mais realizados neste ano:
Leilão de Energia Nova A-6: aconteceria em setembro e iria contratar novos empreendimentos eólicos, fotovoltaicos, termelétricos e hidrelétricos para fornecimento de energia a partir de 2028;
Leilão para Suprimento aos Sistemas Isolados: atenderia aos chamados sistemas isolados (regiões do país que não estão interligadas ao sistema elétrico nacional, como Roraima); o certame estava marcado até então para outubro;
Leilão para Contratação de Reserva de Capacidade na forma de potência: contrataria usinas não intermitentes, como as termelétricas, para garantir a segurança do fornecimento de energia elétrica em momentos críticos das hidrelétricas. O leilão aconteceria em novembro.
No caso do último, o governo ainda pretende retomar o leilão, mas em outro formato. Já os dois primeiros foram cancelados definitivamente.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia diz que cancelou o leilão de Energia Nova A-6 “em virtude da ausência de declaração de necessidade de compra de energia elétrica por parte das distribuidoras de energia [que seriam responsáveis por comprar a energia ofertada no leilão]". Ou seja, as distribuidoras não se mostraram interessada em adquirir o produto.
Já o certame para os sistemas isolados foi cancelado, segundo o MME, porque o déficit de energia nessas regiões é pequeno e pode ser compensado, a princípio, por medidas de redução de perdas.
Com relação ao leilão para contratar energia na forma de potência, o ministério diz que a suspensão foi necessária para revisão das regras do certame. O objetivo, segundo a pasta, é pautar o leilão pela neutralidade tecnológica, ou seja, sem reserva de mercado para determinadas fontes.
O que diz o setor:
Os cancelamentos dividiram o setor elétrico. Representantes das distribuidoras de energia, dos consumidores e das usinas eólicas consideraram as decisões acertadas, enquanto as associações de usinas termelétricas e fotovoltaicas apresentaram pontos de divergência.
A associação de usinas hidrelétricas também foi consultada pelo g1, mas não se manifestou.
A favor:
Luiz Barata, porta-voz da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, considerou as decisões pertinente. Segundo ele, o país não precisa comprar energia nova neste momento.
Barata disse ainda que lamenta que um outro leilão, para contratação de usinas termelétricas imposto pela privatização da Eletrobras, marcado para 30 de setembro, não tenha sido cancelado também. “Esse leilão da Eletrobras é custoso e desnecessário.”, afirmou.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira, também se manifestou a favor dos cancelamentos. De acordo com Madureira, como as distribuidoras já têm energia contratada de longo prazo, não existe previsão de contratações futuras em grandes volumes.
Com relação ao leilão de reserva de capacidade, o presidente da Abradee disse que o adiamento foi correto, para o governo poder equilibrar os custos entre mercado regulado (atendido pelas distribuidoras) e livre (quem compra energia direto do fornecedor).
A CEO da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, disse, em nota, que também compreende o cenário que levou o governo a cancelar o Leilão de Energia Nova A-6.
“Foi uma decisão acertada considerando-se a baixíssima demanda prevista ou, no caso, a ausência de declaração das distribuidoras”, afirmou.
Elbia também classificou como pertinente a decisão de cancelar o Leilão para Contratação de Reserva de Capacidade para que o governo tenha tempo de concluir estudos que tendem a permitir que outras fontes de energia participem.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Márcio Trannin, afirmou que o cancelamento de leilões de energia nunca é bom. No entanto, para ele, os motivos do governo para os cancelamentos são compreensíveis diante dos fatores de incerteza sobre a demanda futura do setor elétrico e a abertura do mercado livre de energia.
Contra:
Por outro lado, o presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), Xisto Vieira Filho, classificou como equivocada a decisão do governo de cancelar o leilão de reserva de capacidade.
Segundo ele, o setor foi pego de surpresa e o país precisa contratar 5 mil MW de potência para garantir a segurança do fornecimento de eletricidade.
“Quando você vai para um leilão, você se prepara três a quatro meses antes, contrata estudos, escritórios de advocacia, especialista para fazer a conta de custo. Gasta um dinheiro enorme”, explica, alertando que decisões como essa podem afugentar investidores.
Outros fatores
Especialistas consultados pelo g1 veem outros fatores, além dos apresentados pelo governo, que levaram ao cancelamento dos leilões:
sobrecontratação das distribuidoras de energia elétrica. Ou seja, as distribuidoras têm contratos em curso nos quais compram mais energia do que conseguem vender. Por causa disso, atualmente, as distribuidoras estão buscando contratos mais curtos.
possibilidade de abertura do mercado livre de energia para todos os clientes conectados em alta tensão e também em baixa tensão, o que vai diminuir ainda mais a necessidade de leilões, que visam atender o mercado regulado (clientes de distribuidoras);
crescimento da geração distribuída, ou seja, de quem gera a própria energia que consome.
Esses fatores também têm antecipado a discussão sobre a necessidade de repensar o modelo de contratação de energia, segundo alguns dos especialistas consultados.
Novo formato de leilões
Em evento em São Paulo no mesmo dia da portaria que cancelou os leilões, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, confirmou que o governo está estudando mudanças na estrutura dos leilões de energia.
Na ocasião, Sachsida defendeu a chamada “neutralidade tecnológica”, sem dar detalhes sobre seus planos. Apenas disse que a ideia é "diminuir o poder de Brasília" na escolha das fontes de geração de energia que são contratadas, além de buscar fontes “limpas, seguras e baratas”.
Neutralidade tecnológica é o nome dado à contratação sem reserva de mercado. Ou seja, permitindo que as fontes de geração de energia compitam entre si. Atualmente, os leilões são direcionados de acordo com a demanda das distribuidoras ou decisão do governo.
Luiz Barata, da Frente Nacional dos Consumidores, concorda com a ideia de leilões sem reserva de mercado, mas disse que a competição não pode ser só por preço. Ele defende olhar também para os atributos de cada fonte, já que as usinas eólicas, solares, termelétricas e hidrelétricas têm, cada uma, vantagens e desvantagens para o setor.
Marcos Madureira, da Abradee, tem a mesma visão. "Eu não posso ter uma fonte que, eventualmente, tenha custo menor, mas que não traz um atributo de capacidade competindo com outra fonte que traz mais atributos. É importante que mais fontes participem dos leilões, mas não podemos esquecer da confiabilidade do sistema.”
Normalmente, usinas termelétricas e hidrelétricas com reservatório trazem mais confiabilidade ao sistema. No caso das térmicas, elas ainda podem ser acionadas mais rapidamente, o que é ideal em tempos de crise energética ou de picos de demanda. Já as usinas eólicas e solares dependem do clima, porém são mais baratas e limpas.
O presidente da associação que representa as térmicas, Xisto Vieira Filho demonstra preocupação com a ideia de um leilão de capacidade pautado pela “neutralidade tecnológica”. “Tem que fazer os leilões de acordo com os tributos de cada tipo de fonte”, defende.
“Você tem que satisfazer três pontos [num leilão]: preço; meio ambiente; e segurança [energética].Não pode a turma que planeja o sistema elétrico fazer leilão pautado somente do ponto de vista ambiental, sem olhar para a segurança do sistema”, completa Viera Filho.
Redução dos leilões
Márcio Trannin, vice-presidente da Absolar, pondera que, devido à abertura do mercado livre de energia (em discussão pelo governo e pelo Congresso), cada vez mais, os leilões de energia vão perder protagonismo.
“A nossa expectativa, com a liberalização de mercado, é que você tenha um mercado livre cada vez mais pujante. Significa dizer que o leilão vai perder protagonismo na expansão de qualquer tecnologia. Quem vai determinar a expansão de cada tecnologia a partir da liberalização é o mercado livre.”
Fonte e Imagem: Fonte e Imagem: Portal G1.
Medida provisória caduca em 27 de setembro e, só em MG, pode representar reajuste de 4%.
A MP (Medida Provisória) 1118/2022 impôs aos senadores uma saia justa às vésperas das eleições. A proposta, que caduca no dia 27 de setembro, pode impactar na conta de luz nos estados, e os parlamentares tentam se esquivar do prejuízo político tão próximo ao primeiro turno.
Em Minas Gerais, estado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), o impacto pode chegar a 4%. Já em Alagoas, berço do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), o reajuste pode chegar a 6% segundo estimativas de associações de consumidores de energia. Em São Paulo, a 3%.
Os líderes marcaram reunião para a próxima quinta-feira (22) para encontrar uma solução para o problema. "Nós todos estamos trabalhando no sentido de tirar [os jabutis]. Os líderes precisam fechar questão, têm que aceitar", explica o relator da MP, senador Acir Gurgacz (PDT-RO). É possível que um texto já seja apreciado neste dia.
A saia justa foi criada por dois jabutis incluídos na Câmara dos Deputados. Um deles trata da proporcionalidade dos custos com o transporte da energia, tornando mais cara aquela produzida mais distante do local de consumo. O outro prorroga subsídios para energia renovável e acrescentaria R$ 8 bilhões à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Os quatro principais candidatos à Presidência da República defendem a abertura do mercado de energia conforme o PL 414/2021, que trata sobre a modernização do setor, e dizem buscar uma abertura equilibrada, sem sobrecarregar o segmento regulado.
A Agência iNFRA entrevistou os coordenadores da área de energia dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (Maurício Tolmasquim), Simone Tebet (Jerson Kelman), Ciro Gomes (Daniel Keller) e utilizou os posicionamentos já defendidos pelo atual governo do presidente Jair Bolsonaro (Adolfo Sachsida).
Leia a seguir os principais pontos da área de energia de cada presidenciável sobre esse e outros assuntos do setor:
Lula (PT)
Atual líder nas pesquisas de intenção de voto, a campanha do ex-presidente Lula defende a abertura total do mercado, mas com três condições específicas para não causar um “desequilíbrio” , explica Maurício Tolmasquim, coordenador do setor na campanha petista.
O primeiro ponto defendido é a separação do fio e da comercialização de energia, ou seja, separar a atividade de gestão da rede, que inclui a construção, operação e manutenção das linhas, da atividade de comercialização regulada, que compreende a compra e venda de energia.
O segundo aspecto defendido é sobre o tratamento dos contratos legados. “As distribuidoras fazem contratos de longo prazo e é importante que a saída dos consumidores do ambiente regulado tenha o custo repartido entre todos os consumidores, tanto do mercado regulado como do livre”, disse Tolmasquim.
A terceira condição é a criação de supridores de última instância para garantir o fornecimento de energia. “Eventualmente, esses supridores poderiam ser as distribuidoras locais, que já são reguladas. Observamos na Inglaterra e no Texas que houve problema com vários comercializadores em momentos específicos de aumento de preço. Alguns chegaram a quebrar, então é preciso ter uma distribuidora que permita acolher esses consumidores em caso de necessidade”, afirmou.
Sobre a possibilidade de abertura de mercado por meio de portaria, conforme é discutido na CP (Consulta Pública) 131/2022, Tolmasquim afirma que não há preferência sobre qual comando legal seja feito, desde que as pré-condições mencionadas sejam atendidas. “Não é falta de instrumento legal para abrir o mercado, mas discutir essas questões essenciais de abertura”, disse o coordenador.
Tolmasquim afirmou que o prazo para a abertura do mercado não é o ponto mais importante a ser discutido no momento. “O importante é ter as condições para fazer uma abertura segura. Mas percebo que hoje no setor não há oposição para atender esses requisitos mencionados, que inclusive já estão no projeto de lei”, disse.
Simone Tebet (MDB)
O consultor de energia da campanha da candidata, Jerson Kelman, afirma que o programa de Tebet defende a abertura de mercado por meio do PL 414/2021, mas que não apoia “jabutis” no texto. A campanha não defende, por exemplo, a emenda conhecida por executivos do setor como “Brasduto”. Esse dispositivo prevê recursos para subsidiar a construção de uma malha de gasodutos para atender a termelétricas.
“O Brasduto, ao nosso ver, não considera os interesses dos consumidores de todo o Brasil. Acreditamos que o Congresso deve decidir em termos de política pública, mas olhando o conjunto de necessidades da sociedade, e não cedendo ao lobby mais influente”, disse Kelman.
Ele acrescenta que “cada etapa da abertura do mercado deve ser feita concomitante com outras medidas para distribuir de forma mais justa o custo do serviço de eletricidade”. Segundo ele, é preciso que “todos paguem corretamente pelo uso da infraestrutura e pela segurança de suprimento, o que não acontece hoje”.
Essas medidas já são discutidas no PL de modernização do setor, e o objetivo, segundo Kelman, é distribuir mais “equanimemente” o custo do serviço de eletricidade entre os consumidores e agentes do setor.
A campanha de Tebet não defende que a abertura de mercado seja feita por meio de portaria. A análise é que o assunto deve ser decidido pelo Congresso, pois deve ser discutido em diferentes dimensões e aspectos do setor de energia. “Tentar mexer em uma só dimensão teria implicações no mercado cativo. Devemos discutir qual o efeito das mudanças no regulado. É preciso ter essa preocupação para não causar uma espiral da morte”, afirmou Kelman.
Sobre o prazo para a abertura do mercado de baixa tensão, a visão da campanha é que não faz sentido discutir datas para abertura de forma desgarrada do cronograma de implementação de outras medidas previstas no PL 414/2021. “Por isso, o assunto não deveria ser fatiado em portarias e sim resolvido de forma sistêmica por meio da aprovação do projeto de lei”, concluiu Kelman.
Ciro Gomes (PDT)
A campanha de Ciro Gomes apoia a abertura de mercado por meio do PL 414/2021 e defende que a expansão não deve ser feita por meio de portaria. Isso porque, segundo Daniel Keller, coordenador da campanha no setor de energia, o projeto de lei já está maduro e com a discussão mais transparente e clara para todos os entes do setor.
“A nossa preocupação, e que deve ser bem discutida no projeto de lei, é em relação ao ônus financeiro dos consumidores alocados no cativo a partir do momento que houver um aumento na migração. Quem pode sentir esse impacto também é o consumidor de classe média baixa, que não deve migrar tão cedo e não tem tantos benefícios na tarifa. Esse consumidor não pode pagar essa conta”, afirmou Keller.
Segundo ele, um dos pilares da campanha de Ciro Gomes é reduzir o valor da tarifa de energia em uma média de 25%. “O mercado livre é um dos pilares para auxiliar nesta redução da tarifa”, afirmou.
Sobre o prazo de abertura do mercado para a baixa tensão, Keller diz que 1º de janeiro de 2024, conforme já foi defendido, pode não ser adequado a depender de quando o PL será aprovado e dos ajustes que o texto terá. Em tese, com a aprovação rápida do projeto, a campanha enxerga que 2026 seja uma boa data.
“A questão é termos muita cautela na abertura. A nossa visão é que deve haver muita discussão entre os entes e transparência no debate”, concluiu o coordenador.
Jair Bolsonaro (PL)
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, já afirmou em eventos públicos do setor que a prioridade da pasta é o preço da tarifa para o consumidor. Dentro dessa missão, a abertura de mercado é analisada como um movimento positivo pelo ministério.
No dia 26 de julho, o governo propôs a maior abertura do mercado livre de energia desde sua criação. A proposta da consulta pública, encerrada em agosto, prevê a discussão de minuta de portaria que estabelece que todos os consumidores atendidos em alta tensão possam optar pela compra de energia elétrica de qualquer supridor a partir de 1º janeiro de 2024.
Em entrevista à Jovem Pan no dia 1º de agosto, Sachsida afirmou ao ser questionado sobre o mercado livre que o “PL 414/21 é uma aposta nossa [do ministério] que é possível ser aprovado até o final do ano”.
Ele acrescentou na entrevista que, enquanto aguarda a aprovação do projeto de lei, o governo trabalha na consulta pública. “O norte do ministério é a energia livre e mercado livre para todo o brasileiro. Vamos chegar lá.” O ministro também havia afirmado na ocasião que solicitou à sua equipe técnica a elaboração de uma consulta pública para baixa tensão.
Fonte e Imagem: Portal de Infra.
A entrada em operação de novas usinas eólicas contribui para o aumento da produção de energia a cada ano. País já tem 66 projetos de complexos eólicos offshore com a instalação das torres no mar, onde o vento é mais intenso e não encontra barreiras.
O Nordeste vive uma temporada de ventos fortes e consegue produzir energia a um preço mais em conta do que outras formas de geração do setor elétrico.
Movidos pela chamada safra dos ventos, os aerogeradores instalados no Nordeste estão em plena potência. É o período do segundo semestre onde se colhem recordes de geração de energia.
Em agosto, num único dia, a energia média gerada - 13.380 mwa - foi suficiente para suprir toda a região e ainda exportar uma parte para o restante do país.
"Esse fator é muito importante, porque a energia eólica gera muito no período em que as hidrelétricas estão gerando menos, o que contribui para que a gente tenha muita segurança no sistema em termos de abastecimento, e que a energia chegue para o consumidor a preços mais competitivos", explica Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica.
A entrada em operação de novas usinas eólicas contribui para o aumento da produção de energia a cada ano. Uma que fica em Fortim, litoral do Ceará, tem capacidade suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes.
A maior parte da geração entra no sistema que abastece o país. Agora, parte dela vai para o chamado mercado livre, que dá às empresas que consomem muito a possibilidade de contratar energia direto de uma usina de geração.
“É um mercado que, ao longo do tempo, pode chegar ao consumidor residencial. Isso já é uma realidade há muito tempo na Escandinávia - na Suécia, Noruega, Dinamarca. O consumidor escolhe se ele vai comprar da sua concessionária local ou se ele vai fazer algum contrato com outra fonte de geração", conta Francisco Arteiro, diretor de operações de Furnas.
"Vai poder escolher, por exemplo, uma energia mais limpa: energia eólica, energia solar. Vai poder negociar descontos. Hoje, para os consumidores de grande porte, este desconto pode chegar à casa dos 20%", afirma Joaquim Rolim, coordenador de energia da Fiec-CE.
Enquanto a possibilidade de vender a energia gerada diretamente para os consumidores incentiva os investimentos no setor, o país já tem 66 projetos de complexos eólicos offshore com a instalação das torres no mar, onde o vento é mais intenso e não encontra barreiras.
Os projetos estão na fase de licenciamento ambiental em oito estados, principalmente no Rio Grande do Sul e no Ceará.
Na Europa, esta já é uma realidade. Por aqui, ainda é preciso regulamentar o uso do mar para instalação dos complexos, mas a expectativa é que os primeiros empreendimentos estejam concluídos e gerando energia em oito anos.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Agentes do setor elétrico receberam com surpresa o cancelamento do Leilão para Contratação de Reserva de Capacidade previsto para o fim de 2022 e se dividiram sobre a decisão do governo. O cancelamento foi anunciado pelo MME (Ministério de Minas e Energia) na última quarta-feira (14), junto com outros dois leilões previstos para este ano.
Parte do mercado defende a não realização deste certame, e concordaram com o MME, mas outros players analisaram que a decisão da pasta foi negativa. Por outro lado, houve consenso do setor de que o Leilão de Energia Nova A-6, também cancelado, não deve acontecer, já que há uma falta de demanda no setor para esse tipo de contratação. O MME também suspendeu o leilão para Suprimento aos Sistemas Isolados.
“O cancelamento do leilão A-6 não causou surpresa por causa da falta de demanda, e o dos sistemas isolados também não necessita urgência, mas o cancelamento do leilão ordinário de reserva de capacidade, antes previsto para dezembro, causou surpresa”, afirmou João Carlos Mello, CEO da Thymos.
Para Mello, mesmo com a contratação prevista em lei dos 8 GW de térmicas a gás, é preciso que ocorram leilões ordinários de reserva de capacidade para fazer frente à descontratação de térmicas obsoletas e caras a óleo diesel e combustível a partir de 2025. A compra compulsória dos 8 GW está prevista na lei que permitiu a desestatização da Eletrobras (Lei 14.182/2021).
Neutralidade tecnológica
Outros agentes do mercado analisaram que o cancelamento do leilão de reserva de capacidade foi positivo porque vai permitir que o Ministério de Minas e Energia avance nos estudos para que seja possível a participação das renováveis com sistema de armazenamento, o chamado leilão com neutralidade tecnológica.
A visão é que, caso se mantivesse o leilão, haveria o risco de serem contratadas somente termelétricas. Com o leilão contemplando a neutralidade de tecnologias, há espaço para viabilizar eólicas híbridas e/ou com sistemas de armazenamento.
O MME justificou o cancelamento do Leilão para Contratação de Reserva de Capacidade justamente para a elaboração de estudos que viabilizem um certame pautado pela neutralidade tecnológica.
Para a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), o cancelamento do leilão A-6 é negativo, e a não realização do leilão de reserva de capacidade foi uma surpresa para o setor.
“Nenhum cancelamento é bom. O leilão é uma forma da fonte se expandir. Participar de leilões é importante, é sempre uma briga que temos na Absolar de se fazer presente nos leilões e garantir que a regra nos inclua”, afirmou Márcio Trannin, vice-presidente da Absolar.
Segundo ele, “cancelar leilão não é uma boa”, mas a associação entende que “existe incerteza para daqui a seis anos pelas distribuidoras de como estará a demanda”.
O cancelamento também foi visto como negativo pela Abragel (Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa). Segundo Charles Lenzi, presidente-executivo da associação, o cancelamento reflete “a incerteza e a instabilidade criadas pelas discussões da maior abertura do mercado e a dificuldade de definir uma previsão de demanda com maior acuracidade”.
“Isso, combinado com uma provável baixa demanda para o leilão A-5, sinaliza a importância de tratarmos de maneira mais eficaz os mecanismos que garantam a expansão da geração, em especial para as fontes não intermitentes, como é o caso das centrais hidrelétricas”, concluiu.
Cancelamento positivo
Já a Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) defendeu o cancelamento de todos os certames devido ao cenário de baixa demanda. A associação também afirmou que o setor eólico tem mais de 550 projetos eólicos, somando mais de 20 GW, prontos para irem a leilão.
“A associação também entende como correta a decisão de cancelar o Leilão para Contratação de Reserva de Capacidade para que se tenha tempo de concluir estudos que estão em elaboração para viabilizar um certame pautado pela neutralidade tecnológica. Importante esclarecer que a ‘neutralidade tecnológica’ é uma pauta defendida pela Abeeólica, que entende esse critério como uma evolução necessária para os leilões”, afirmou a presidente da associação, Elbia Gannoum.
Tarifas
Para o CEO da PSR, Luiz Augusto Barroso, “contratar oferta sem precisar de oferta somente aumenta a tarifa”. O executivo compara: “Por exemplo, esse foi o mesmo racional do traumático cancelamento do leilão de reserva de 2016”.
Barroso explica que, no caso do Leilão de Reserva de Capacidade, “possivelmente a necessidade de demanda também é nula, em função do alto volume já contatado neste mesmo leilão realizado em 2021 e da realização dos leilões das térmicas de setembro, que também contribuem para fornecer potência”. Nesse caso, diz ele, faz sentido dar um passo para trás para melhor desenhar o que o sistema precisa, para depois ver a fonte – ou portfólio de fontes – que possam atender esse requisito.
“Obviamente que cancelar leilão frusta expectativas, mas o sistema físico tem mudado muito, a geração distribuída tem crescido, por exemplo, e as decisões difíceis estão aí para serem tomadas. Essa tem sido uma tendência em outros países também”, disse Barroso.
PCHs: reformulação
Para o setor de PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), o cancelamento representa uma maior oportunidade de incluir na matriz o certame de reserva de capacidade, ação defendida pela Abrapch, associação que representa o setor, como forma de expansão da matriz.
Segundo Ademar Cury, vice-presidente da Abrapch, a reformulação do leilão de reserva de capacidade, com a inclusão de PCH, é essencial para que o setor possa cumprir com os 2.000 MW de energia dessa fonte prevista na Lei 14.182/2021, que permitiu a capitalização da Eletrobras.
“São 2.000 MW, sendo garantidos 50% da demanda dos leilões A-5 e A-6 a serem realizados até 2026. Só que este mecanismo de leilões regulados deverá desaparecer por falta de demanda das distribuidoras pela abertura do mercado e pela geração distribuída. Por isso, estamos defendendo incluir PCHs nos leilões de reserva. Veja que os 8.000 MW previstos para térmicas na lei de capitalização da Eletrobras não dependem de mercado das distribuidoras, pois serão leilões de reserva”, afirmou.
Segundo ele, o primeiro leilão de reserva de capacidade dos 8 GW de térmicas previstos na lei de capitalização da Eletrobras, marcado para outubro, também deveria ser adiado para que outras fontes pudessem ser incorporadas após os estudos do Ministério de Minas e Energia.
Distribuidoras
De acordo com Marcos Madureira, presidente da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia), os leilões de reserva de capacidade devem ter um maior equilíbrio entre os mercados. Para ele, não pode haver uma concentração no mercado regulado. As distribuidoras são as compradoras da energia dos leilões.
Segundo Madureira, a decisão do ministério pode ser positiva se os estudos da pasta para a neutralidade tecnológica do certame representarem um maior equilíbrio no leilão. “O mercado regulado tem assumido a totalidade do ônus da contratação dessas energias mais caras, mas que também são as mais importantes para a matriz. É necessário um maior equilíbrio entre os mercados”, afirmou.
Fonte e Imagem: Portal da Infra.
As mulheres representam apenas 32% da força de trabalho global de energia renovável, e somente 21% da força de trabalho eólica.
Uma pesquisa divulgada pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) mostrou que embora as mulheres representem quase metade da população mundial, a igualdade de gênero ainda é um grande desafio. O estudo apontou que as mulheres ainda são frequentemente ignoradas, desvalorizadas ou não remuneradas, limitando sua capacidade de serem participantes dinâmicos na economia e na sociedade. E no setor de energia, as mulheres estão significativamente subrepresentadas, representando menos de um quarto da força de trabalho total de energia e um terço do setor de energia renovável.
De acordo com a Irena, as mulheres representam apenas 32% da força de trabalho global de energia renovável, e somente 21% da força de trabalho eólica. E quando se trata de papéis em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (CTEM), esses números são ainda menores: 28% e 14%, respectivamente. A análise da IRENA também conclui que as mulheres são mais propensas a serem empregadas em cargos não-técnicos, administrativos e de relações públicas com salários mais baixos do que em cargos técnicos, gerenciais ou de formulação de políticas públicas.
“Embora isso demonstre que as mulheres têm maior presença no trabalho com fontes de energia renovável do que no setor de energia como um todo, e em petróleo e gás, confirma que elas permanecem sub-representadas, ou seja, as políticas públicas ainda são insipientes para o setor”, disse a diretora da H2energy e membro do conselho deliberativo da ABGD, Zilda Costa.
Políticas públicas precisam ajudar a aumentar a participação das mulheres na força de trabalho.
Zilda Costa, diretora da H2energy e membro do conselho deliberativo da ABGD.
Zilda acredita que as políticas públicas precisam ajudar a aumentar a participação das mulheres na força de trabalho. “Porém, quando falamos de infraestrutura e energia, precisamos ter uma dimensão maior do debate com a diversidade de gênero e inclusão social”, ressaltou.
Ela ainda declarou que haverá oportunidade no setor de renováveis, no Brasil, bem como no mundo todo. “As mulheres precisam se preparar para ocupar uma parte destas vagas. A previsão da transição energética mundial publicada pela Irena prevê que o setor das energias renováveis pode empregar 43 milhões de pessoas até 2050. Cerca de 32% desta mão de obra será de mulheres. E o trabalho da Irena e da ILO verifica que se ganharão mais postos de trabalho através da transição energética do que se perderão. Os desafios globais para que as mulheres ocupem estas vagas, incluem, mas não se limitam, à busca por legislação de igualdade salarial, acesso a programas de educação e treinamento, inclusive cursos de nível superior, estágios e bolsas, e políticas públicas para acomodar as
responsabilidades de prestação de cuidados no lar que possa proporcionar um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, como, por exemplo, a licença maternidade”, explicou Zilda.
Já um estudo realizado pela FESA Executive Search apontou que o gênero masculino ainda corresponde à grande parte de executivos de alta gestão na área de energia. O estudo considerou empresas nos setores de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia, mapeando um total de 238 profissionais.
O levantamento da FESA mostra que apenas 19% dos cargos são exercidos por mulheres, sendo que apenas 6% atuam nas posições de negócios, como CEO ou líder das áreas de Operações, Manutenção, Novos Negócios ou Engenharia / Construção. Se forem consideradas posições de apoio ao negócio, como nas áreas Jurídico/Regulatório, RH, financeiro ou Comunicação, o número de mulheres chega a 13%.
Ainda de acordo com o estudo feito pela empresa, o segmento de distribuição é o mais inclusivo, com 31% de mulheres na gestão. Em seguida aparece a geração de energia, com 23%, enquanto os setores de transmissão e de comercialização apresentam apenas 13% e 12% de mulheres no C-level, respectivamente.
“Vivemos em um momento em que a presença da mulher no setor de energia ainda não é natural e, embora o preconceito de gênero seja mais sutil que antigamente, ele ainda se faz presente e faz com que as mulheres tenham que trabalhar muito mais que os homens para provar sua capacidade e conquistar seu espaço e respeito como profissional”, disse a head de renováveis e assuntos regulatórios da Thymos Energia, Mayra Guimarães.
Uma vez que a presença da mulher no setor de energia ainda é tímida, algumas mulheres podem não encontrar tantos exemplos para encorajá-las.
Mayra Guimarães, head de renováveis e assuntosregulatórios da Thymos Energia
Ela acredita que a falta de políticas de inclusão torna mais difícil o acesso das mulheres ao setor, mantendo ainda reduzida a participação feminina e sua representatividade. “Uma vez que a presença da mulher no setor de energia ainda é tímida, algumas mulheres podem não encontrar tantos exemplos para encorajá-las. As políticas de inclusão e diversidade de gênero foram e continuam sendo necessárias para que a sociedade se acostume a ver mulheres como líderes de projetos, no chão de fábrica/obra ou gerenciando grandes equipes – ocupando espaços e cargos reconhecidos como masculinos. Mas, não posso deixar de destacar que, na minha opinião, o mundo corporativo é um reflexo da sociedade em que vivemos. A sociedade ainda reserva à mulher espaços delimitados e setores relacionados a estereótipos como o cuidado e a educação. É necessário modificar esse pensamento, evitando estereótipos de gênero desde o núcleo familiar e a educação básica – como a clássica divisão de atividades ditas como adequadas para meninos e meninas”, ressaltou Mayra.
Já para a sócia-fundadora da Stima Energia, Daniela Fusco Alcaro, o setor de energia é diverso, emprega pessoas de diferentes competências, desde engenheiras que trabalham em usinas até mulheres que são responsáveis por acompanhar questões regulatórias. “Acredito que os desafios são diferentes conforme as posições distintas, mas, no geral, nosso desafio é desconstruir o machismo subliminar e mostrar que temos a mesma capacidade intelectual, mesmo conhecimento e igual
aptidão para liderança que os homens; e também que conseguimos conciliar a nossa vida pessoal e profissional de forma saudável”, explicou.
Acho que o caminho também é promover a troca de experiências entre mulheres líderes.
Daniela Fusco Alcaro,sócia-fundadora da Stima Energia
A executiva ainda destaca que para serem mais valorizadas, as mulheres, principalmente as mais experientes, ou seja, em cargos sêniores, devem ampliar o espaço de profissionais femininas nas organizações em que atuam e reforçar a importância delas nas companhias, acolhendo cada vez mais as questões estritamente femininas. “Por exemplo, na Stima Energia, deixo claro para as colaboradoras que ninguém deve se sentir mal por engravidar, pois é um momento maravilhoso e deve ser celebrado. Acho que o caminho também é promover a troca de experiências entre mulheres líderes, para que possam dividir com todas as profissionais do setor as suas conquistas, suas decisões ao longo da vida, suas escolhas para lidar com os desafios e as questões específicas femininas”, disse.
Segundo Daniela, as mulheres que tiverem profissões que envolvem conhecimento em novas tecnologias e geração de fontes renováveis saíram na frente nesse mercado. “O mundo está cada vez mais focado em reduzir emissão de carbono na atmosfera e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Acredito que as profissionais que seguirem este caminho estarão se preparando para o futuro e para as melhores oportunidades”, ressaltou.
Maternidade e profissão
Uma pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (Mesol), Câmara de Indústria e Comércio Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio), Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e o Ministério de Minas e Energia (MME) mostrou que é expressiva a quantidade de mulheres que deixam ou perdem o trabalho no Brasil quando se tornam mães. A maternidade é uma realidade para 36,7% das participantes da pesquisa, resultado que pode ter sido influenciado pelo fato de o estudo ter alcançado um público mais jovem, e pela tendência de aumento de idade das mulheres que se tornam mães no Brasil. A maioria das mães do setor têm entre 36 e 45 anos (46,7%) e até dois filhos (86%). É expressiva a quantidade de filhos/as com 3 a 7 anos (32,6%), e com mais de 18 anos (30,4%). Ainda, mais da metade das mães afirmam terem enfrentado barreiras profissionais por serem ou para se tornarem mães.
“Como historicamente o mundo do trabalho sempre foi dominado por homens, é muito desafiador para a mulher no ambiente corporativo, mas atrelo muito mais ao fato de termos que conciliar as demais responsabilidades naturais que envolvem a nossa vida, como cuidar da casa, da educação e integridade dos filhos, auxiliar o marido e os cuidados com os pais, irmãos, sobrinhos etc., do que o fato de se ter ambientes dominados por homens”, disse a diretora da WIN Solar e coordenadora estadual da Absolar no Rio de Janeiro, Camila Nascimento.
Quanto aos homens, elessão nossos parceiros. Precisamossomar forças e não militar contra eles.
Camila Nascimento, diretora da WIN Solar
Segundo a executiva, cada um tem sua história. “E na minha visão é extremamente difícil conseguir conciliar tudo que temos para fazer se decidirmos fazer com qualidade, mas é super possível. Eu amo trabalhar, amo ser executiva, estudar e crescer profissionalmente. E não seria feliz se eu deixasse de fazer essas coisas todas que gosto. E não seria uma boa mãe porque eu não estaria realizando tudo por completo. Então eu tenho regras e métodos para conciliar. Dedico tempo de qualidade para minha família quando estou com eles, leio, estudo e vou à academia quando tenho tempos livres como quando a bebê dorme e o marido está assistindo a um futebol”, ressaltou.
Camila acredita ser necessário organizar muito bem o tempo, fazer bem-feito as coisas para evitar o retrabalho, prestar atenção no que as pessoas falam para executar o mais rápido possível da maneira correta, não deixar para a amanhã o que se pode fazer hoje e ser seleta nas escolhas do que deve ou não participar, não dizer “sim” para tudo só para agradar as pessoas e estabelecer prioridades.
“E quanto aos homens, eles são nossos parceiros. Precisamos somar forças e não militar contra eles. Temos habilidades incríveis que eles têm menos e vice-versa. E para isso, há chances de nós, mulheres, crescermos ainda mais (pois já vencemos muitas barreiras) e juntos formarmos um mundo melhor. Acredito que para isso temos que continuar nos dedicando como fazemos, tendo foco e uma boa postura profissional e uma respeitosa apresentação pessoal para que a gente conquiste nossos espaços com seriedade e talento”, explicou.
Já a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Gannoum, destaca que ninguém disse para a mulher que ela tem que desacelerar a carreira para casar e ter filhos. “Mas o subconsciente dela diz que ela não vai conseguir fazer as duas coisas ao mesmo tempo e precisamos entender que é possível sim. Na Escandinávia, por exemplo, eles tem uma cultura muito distinta com relação à maternidade e carreira. Lá tudo é muito igual, o homem tem a mesma função da mulher.
Acho que precisamos vencer essa barreira cultural da sociedade latina”, ressaltou. Ela acredita que é muito desafiador, mas é preciso tentar um equilíbrio.
Se você abrir os números hoje do setor elétrico vai perceber um número muito pequeno ainda de mulheres no setor. Contudo, eu não sinto preconceito da chegada da mulher.
Élbia Gannoum, presidente da ABEEólica
A executiva ainda destacou que essa pauta da mulher no segmento de energia ficou mais forte nos últimos três anos. “Se você abrir os números hoje do setor elétrico vai perceber um número muito pequeno ainda de mulheres no setor. Contudo, eu não sinto preconceito da chegada da mulher, eu sinto muito pelo contrário, hoje as empresas estão fazendo um esforço e eu percebo que os homens também estão fazendo muito esforço para trazer as mulheres para esse segmento e deixa-las se sentirem à vontade”, afirmou.
“Eu tenho participado bastante de debates de gênero e vejo que melhorou muito de uns cinco anos para cá. E vou além, acho que a pandemia nos trouxe muita reflexão e percebo que muitas barreiras estão sendo vencidas”, explicou Élbia.
Discriminação
Segundo pesquisa da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (Mesol) de 2019, 64% das profissionais do setor já ouviram comentários sexistas e 49% já sofreram discriminação no ambiente de trabalho por ser mulher.
A violência de gênero é um desafio a ser superado também no setor de energia solar: 57% das respondentes já sofreram algum tipo de violência, com destaque para a psicológica, que representa 47,4% do total de situações. Além disso, 71,7% já foram discriminadas em seu ambiente de trabalho, com destaque para a discriminação baseada em questões de gênero. A maior parte das que passaram por situações de discriminação, assédio ou outras formas de violência as percebeu (65,8%), mas não se sentiu segura o suficiente para denunciar ou para fazer uma reclamação formal. Apesar desse contexto, 41% das organizações do setor não possuem políticas ou ações voltadas para o combate à violência de gênero.
O estudo ainda mostrou que em relação à educação, quase metade das mulheres (42,6%) tem pelo menos ensino superior e 50,2% têm algum tipo de especialização ou pós-graduação (mestrado, doutorado ou pós-doutorado). Essa elevada representação de alta escolaridade pode ser justificada pela grande participação de mulheres brancas respondentes. Quase metade das participantes da pesquisa ocupam cargos de liderança, 49%. Contudo, dentre as que ocupam cargos de diretoria, 20,3%, a grande maioria (84,3%) é dona da própria empresa, e uma menor quantidade é composta por funcionárias (celetistas: 11,8%).
Para a coordenadora da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (Rede MESOL), Aline Pan, é desmotivador e cruel, pois precisamos a todo instante provar nossas competências profissionais e intelectuais. “A falta de credibilidade é muito maior para as mulheres e a interpretação das ações também. Precisamos eliminar o preconceito e o machismo para promover um ambiente de respeito e com isso manter as mulheres no setor”, disse.
A falta de credibilidade é muito maior para as mulheres. Precisamos eliminar o preconceito e o machismo para promover um ambiente de respeito.
Aline Pan, coordenadora da Rede MESOL
Segundo ela, o Instituto Global McKinsey apontou que US$ 12 trilhões podem ser adicionados ao PIB global até 2025 com o avanço da igualdade das mulheres nos postos de trabalho. “Pois, se as mulheres, que representam metade da população mundial em idade ativa, não atingirem seu potencial econômico completo, a economia global sofrerá. Se tivermos um setor de energia solar mais diversos, construiremos um segmento mais eficiente, lucrativo e que aproveita todo o seu potencial de crescimento e inovação. Além disso, estaremos em consonância com a busca de uma transição energética efetiva, que contemple todas as formas de diversificação e sustentabilidade”, explicou.
“Precisamos de políticas públicas direcionadas ao gênero para que a mudança ocorra de forma urgente e é o que necessita a transição energética. Num dos estudos que realizamos, as mulheres reclamaram que precisam de apoio. E observando isso, acho muito importante as mulheres buscarem uma rede de apoio e acreditar no seu potencial”, elucidou.
Hoje temos uma equivalência para competir e igual para igual com os homens.
Tamar Roitman, gerente executiva da ABiogás
Para finalizar, a gerente executiva da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), Tamar Roitman, vê nas mulheres algumas características que são vantajosas. “Temos a vantagem de conseguir fazer uma comunicação mais clara, conciliações e temos um olhar mais brando em determinadas situações. Hoje temos uma equivalência para competir e igual para igual com os homens”, finalizou.
Fonte: Canal Energia
Imagem: Canal Energia.
Fórum das Associações alerta presidente do Senado para artigo que aumenta prazo de subsídios e altera alocação racional dos custos de transmissão.
Em carta enviada ao presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD -MG), o Fórum das Associações do Setor Elétrico pediu a exclusão do art. 3º do Projeto de conversão da Medida Provisória 1.118, que trata da incidência de ICMS em combustíveis. O artigo estabelece prazo adicional de 24 meses para entrada em operação de projetos renováveis beneficiados com descontos nas tarifas de transmissão e distribuição, além de determinar o uso do sinal locacional para a tarifa de transmissão, congelando a Tust durante o período de outorga de empreendimentos de geração.
O Fase considera o artigo um ‘jabuti’, alheio ao tema original e por conta disso, deveria ser retirado do texto final. Segundo o Fórum, com a exclusão do artigo, fica possível a alocação racional dos custos de transmissão, como a lei atual já prevê. A alocação racional traria mais competitividade para as indústrias estabelecidas e mais atratividade para que novos consumidores industriais se instalem no Nordeste, trazendo empregos e desenvolvimento para região. Do contrário, as desigualdades regionais serão ampliadas.
A carta, assinada pelo presidente do fórum Mario Menel, salienta que o substitutivo que incluiu o artigo no Projeto foi apresentado em 30 de agosto e em menos de 24 horas, teve seu texto aprovado. “Aprovar tais matérias através de um processo tão expedito é bastante temerário, pelo pouco tempo que os parlamentares tiveram para avaliar os efeitos dessas medidas. Além disso, a inclusão é aspecto contraditório em relação ao objeto da MP que é o de reduzir custos para os consumidores”, adverte a carta.
O Fórum, que é integrado por 27 associações que representam todos os elos da cadeia de valor do Setor Elétrico Brasileiro, ainda pondera na carta que o tema da alocação racional dos custos de transmissão está em discussão técnica desde 2018 na Agência Nacional de Energia Elétrica. “São mais de três anos de avaliações, por intermédio de uma instrução processual que incluiu três consultas públicas de participação da sociedade. Foram quase 100 documentos encaminhados
pelos diversos agentes do mercado, sendo todas as contribuições avaliadas pela Aneel”, diz a carta enviada a Pacheco.
A exclusão do artigo 3 do PL também evita a extensão de subsídios para as fontes eólica e solar, que já se mostram sem as benesses. A carta lembra ainda que a Lei 14.120/2021 estabeleceu uma carência para retirada dos subsídios, definindo que só seriam mantidos para novas outorgas solicitadas até março de 2022, desde que tivessem toda sua capacidade outorgada entrando em operação em até 48 meses a contar da outorga. O ‘jabuti’ inserido na MP aumenta o prazo de 48 para 72 meses, o que de acordo com o Fase faz com que muito mais projetos consigam entrar em operação a tempo de receber subsídios sem necessidade.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Segundo Adolfo Sachsida, o Brasil tem energia barata, mas uma conta muito cara.
Em encontro com empresários em São Paulo, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, atacou os subsídios que ano a ano vem elevando a conta de luz do consumidor brasileiro. Segundo ele, o Brasil tem energia barata, mas uma conta muito cara.
No entendimento de Sachsida, a situação de uma conta de luz que pesa tanto no bolso dos brasileiros deriva de subsídios e protecionismo a determinados grupos e setores em detrimento dos mais pobres. Ele enfatizou que uma solução via mercado é mais viável.
“A CDE [Conta de Desenvolvimento Energético] começou com R$ 8 bilhões e já está com R$ 32 bilhões e vão entrar mais R$ 8 bilhões”, disse o ministro em referência às emendas feitas na Medida Provisória 1.118 que prevê a prorrogação de 24 meses de benefícios a projetos renováveis.
“Subsídio não é o caminho, a solução se dá via mercados que são mais eficientes e esse é o Norte que procuraremos manter. Vou trabalhar nesse sentido”, prometeu. Para ele, é melhor deixar para o mercado decidir qual a prioridade do setor.
Ele lembrou ainda que os subsídios, como os da geração distribuída (GD) ou geração própria, têm onerado os mais pobres em favorecimento a quem pode pagar por sistemas de geração própria, numa espécie de transferência de renda injusta e prejudicial aos mais pobres. Sachsida defende que o mercado livre de energia em que o consumidor pode escolher a fonte de energia que quer usar é o caminho que o Brasil deve seguir.
“Hoje, pessoas de alta renda têm conseguido acesso a GD sendo subsidiados pela população de baixa renda. Será que está correto isso? Então eu faço uma provocação: não vamos taxar o sol dos mais pobres. O sol dos mais pobres tem nome: mercado livre”, afirmou o ministro em referência às compensações de parte da tarifa de energia elétrica concedidas a quem produz a própria energia.
O presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Guilherme Chrispim, discorda da análise do ministro. Ao Valor, o executivo disse que a geração distribuída é o modelo de produção energética mais democrático do Brasil.
“Prova disso é que, atualmente, cerca de 80% da potência instalada dessa modalidade são provenientes da microgeração, ou seja, dos pequenos sistemas de geração, que possuem em média 5 kW. Esse sistema é acessível e há linhas de financiamento que possibilitam a adesão de toda a população. Além de contratar um sistema de energia limpa e renovável, o consumidor passa a ter uma energia mais barata do que a contratação comum”.
Já o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, avalia que a fala do ministro é incompleta e incorreta e o que foi dito não confere com os números da GD em relação aos benefícios ao setor elétrico.
“Divulgamos uma análise mostrando que o que acontece é justamente o contrário, a geração distribuída ajuda a reduzir a conta de todos os brasileiro inclusive dos mais pobres e dos que não têm geração distribuída. Até 2031, a DG vai ajudar a reduzir a conta de todos os brasileiros em 5,6%, mais de R$ 86 bilhões em redução de custos no setor elétrico, sem contar o ganho ambiental”, rebate Sauaia.
A Abeeólica, associação que representa o setor de energia eólica, não quis se pronunciar.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A pauta da energia deve continuar dominando a Câmara dos Deputados após o primeiro turno das eleições. Além da análise do marco legal da energia eólica e solar em alto-mar, a Casa pode finalizar a votação do PL 414/2021, o novo marco do setor elétrico. O texto prevê o acesso gradual ao mercado livre de energia elétrica para todos os consumidores brasileiros, inclusive para os de baixa tensão (pequenos negócios e residências), que hoje só têm acesso ao mercado cativo, ou ACR (Ambiente de Contratação Regulada).
Na prática, isso significa que, se o marco for aprovado como está (o texto ainda está sendo discutido e há propostas de alterações), em alguns anos, o consumidor residencial não precisará mais comprar energia da distribuidora da sua região, mas poderá negociar diretamente com as empresas que comercializam a energia das geradoras, exatamente como os grandes consumidores de energia (grandes empresas e indústrias) fazem hoje. A distribuição da energia, no entanto, continuará a cargo das distribuidoras. Ou seja, a luz chegará na casa do consumidor pela mesma rede que chega hoje (o chamado fio), mas poderá ser comprada de geradoras de forma livre. Em uma analogia simples, é como acontece com a telefonia celular. O consumidor pode escolher entre as empresas que comercializam o serviço e usar o mais barato. Com a diferença que para energia, continua usando a mesma rede de distribuição.
O projeto já foi aprovado no Senado (PLS 232/2016) em fevereiro de 2021. Na Câmara, o texto está na Comissão Especial, presidida pelo deputado Cacá Leão (PP-BA), com relatoria de Fernando Coelho Filho (UB-PE).
O que atrasou a tramitação foi a movimentação nos bastidores para a inclusão de um jabuti destinando R$ 100 bilhões do pré-sal (que iriam para o Tesouro), para a construção de gasodutos.
Embora esse jabuti tenha sido retirado, há outras 104 emendas (propostas de alteração) ao texto na comissão especial que ainda serão discutidas.
Com apoio de grande parte dos parlamentares, o projeto é acompanhado de perto pelas distribuidoras e grandes consumidores. Tanto as distribuidoras quanto os grandes consumidores apoiam o conceito da abertura, mas temem emendas de última hora que desconfigurem a proposta e defendem calibragem no texto para haja equilíbrio no mercado livre ampliado.
Com o projeto andando de lado desde maio, o deputado Danilo Forte (UB-CE) tentou, no final de agosto, incluir na MP 1.118/22 (de tributação de combustíveis), da qual foi relator, um dispositivo para garantir o mercado livre para consumidores com carga maior ou igual a 500 kW.
O trecho foi retirado da MP, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) se comprometeu publicamente com a análise do PL 414/21 ainda em outubro.
Em junho, havia expectativa que o 414 fosse votado em plenário e não passasse por comissão especial. Com a comissão instalada, a próxima etapa é a apresentação do relatório do deputado Fernando Coelho Filho.
O texto do PL 414 prevê a abertura progressiva do mercado livre, reduzindo as cargas mínimas de consumo, para que consumidores menores possam se tornar elegíveis à adesão.
A expectativa é que com a abertura gradual, toda a população possa aderir ao novo modelo a partir de 2026. Em paralelo, no Executivo, o Ministério de Minas e Energia abriu para consulta pública a minuta de uma portaria para abertura do mercado livre, que, se editada, permitirá que chegue a 48% do mercado nacional de energia (hoje em 36%).
Mais uma sinalização de que há apoio para a abertura do mercado livre tanto no Executivo quanto no Legislativo.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Ministro da Economia disse que a OCDE "está reconhecendo" a política ambiental brasileira e destacou que os europeus estão em conversa com o país e demostraram interesse em investir na região Nordeste.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, reiterou nesta quarta-feira (14) que, na sua análise, o país será uma potência na economia verde. Segundo Guedes, o Brasil tem a energia renovável mais barata do mundo, mas é preciso reduzir a carga tributária.
“Temos que reduzir impostos, o frete e entrar para a OCDE que faz essas exigências. O Brasil vai ser um dos protagonistas dessa transição da economia cinza para a verde”, afirmou durante palestra na Associação na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
Ao responder perguntas de empresários, ele citou conversas sobre a política ambiental com a secretária de Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, e com o secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann. Segundo o ministro, o Brasil é a maior fronteira de investimentos aberta no mundo.
“A própria OCDE está reconhecendo nossa política ambiental. Os europeus conversaram conosco. O secretário-geral da OCDE, acabamos virando amigos pessoais, e disse que temos que ter protagonismo da economia verde”, afirmou.
O ministro afirmou que o país vai dobrar a produção de energia eólica, que atualmente representa 10%, disse que europeus demonstraram interesse em investir na região Nordeste na próxima década.
“Na verdade, [os europeus] dizem para nós que querem colocar recursos no Nordeste nos próximos 10-15 anos. E estamos prontos para receber esses investimentos.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou no “Diário Oficial da União” desta quarta-feira (14) uma portaria cancelando o leilão de reserva de capacidade e o leilão para compra de energia a sistemas isolados.
O governo federal cancelou a realização de mais dois leilões de energia elétrica previstos para este ano. Com a medida, o governo ainda prevê a realização de outros dois certames, um deles com previsão de baixa compra de energia pelas distribuidoras.
O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou no “Diário Oficial da União” desta quarta-feira (14) uma portaria cancelando o leilão de reserva de capacidade e o leilão para compra de energia a sistemas isolados.
“A medida representa, portanto, economia administrativa e aumento da efetividade de iniciativas públicas, além da melhoria contínua dos processos e planejamentos que envolvem contratações suportadas pelos agentes que compõem o setor elétrico brasileiro”, disse o MME, em comunicado.
O MME já havia informado, em agosto, que cancelaria outro leilão, o de energia nova A-6, alegando ausência de demanda por parte das distribuidoras. A baixa atividade econômica, a migração de consumidores para o mercado livre e a instalação de sistemas de micro e minigeração distribuída elevaram o nível de contratação de energia para além dos limites regulatórios (105% dos respectivos mercados).
O leilão A-6, cujo cancelamento foi oficializado hoje pelo MME, aconteceria na sexta-feira (16). Esse leilão visa à compra de energia de novos projetos com início de operação comercial em 2028, e, agora, deve ficar para 2023.
Já o leilão A-5 (para entrega de energia a partir de 2027) que também seria na sexta-feira foi adiado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o dia 14 de outubro, devido a inconsistências nos sistemas que fazem o gerenciamento do certame.
A sobrecontratação acima do teto estabelecido pela legislação impede o repasse do custo da energia extra para as tarifas, exceto em caso de sobra involuntária (como aconteceu em 2020, quando o consumo de energia despencou por causa das restrições sanitárias contra a covid-19, algo alheio ao planejamento das distribuidoras).
No caso do leilão de reserva de capacidade, o MME alegou que está elaborando em conjunto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estudos para viabilizar uma licitação que permita a concorrência entre as fontes de energia e permita a contratação de soluções de armazenamento.
O leilão de reserva de capacidade (ou leilão de potência, como vem sendo chamado no setor elétrico) é considerado como uma evolução do atual modelo de contratação, focado na garantia física (energia que tem a comercialização assegurada pelas usinas). Nesse novo modelo, o governo remunera as geradoras pela capacidade de produzir eletricidade — ou seja, baseada na potência instalada — o que, segundo especialistas, reflete melhor a oferta de energia e permite uma remuneração mais previsível às usinas.
Esse leilão aconteceria em novembro — esse certame é diferente do leilão de térmicas “jabutis” a gás natural previstas na lei 14.182/2021, da privatização da Eletrobras, que está previsto para o dia 30 de setembro e que está mantido.
Já o leilão de sistemas isolados, que aconteceria em outubro, não será realizado porque os déficits de suprimento de energia levantados pela EPE não foram suficientes para que a licitação fosse necessária.
“Assim, nesses sistemas, o MME irá priorizar ações que promovam, a priori, a redução de perdas, possibilitando o atendimento, por compensação, do montante de energia proveniente dos pequenos déficits previstos”, disse o MME, em comunicado.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Senador Carlos Portinho defendeu a remoção do artigo 3º do texto, que incluiu medidas do setor elétrico.
O líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), solicitou ao presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) a retirada das emendas do setor elétrico incluídas pela Câmara dos Deputados no projeto de conversão da Medida Provisória 1.118. No requerimento, Portinho cita entendimento do Supremo Tribunal Federal e pede que seja removido o artigo 3º do texto, por se tratar de matéria estranha à MP.
O dispositivo estabelece prazo adicional de 24 meses para entrada em operação de projetos de fontes renováveis, beneficiados com descontos nas tarifas de transmissão (Tust) e de distribuição (Tusd). Também determina o uso do sinal locacional para a tarifa de transmissão, com congelamento da Tust durante o período de outorga de empreendimentos de geração.
“Ocorre que estas alterações inseridas no texto de última hora não foram debatidas pelo setor. A ampliação de subsídios aos empreendimentos de geração acarretará em um aumento exponencial na Conta de Desenvolvimento Energético” justificou o senador.
Portinho citou cálculo Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, que estima em R$ 8,5 bilhões por ano o custo dessas alterações para o consumidor, sem considerar os tributos. A entidade enviou carta a todos senadores, na última quinta-feira, 8 de setembro, na qual defende a retirada das emendas e afirma que é possível evitar um aumento de R$ 9 bilhões por ano, com impacto em torno de 4% na conta de energia dos consumidores.
Desse total, R$ 8,5 bilhões estariam relacionados aos subsídios concedidos às renováveis, dentro das tarifas de uso da rede, e R$ 500 milhões com a aplicação do sinal locacional e manutenção de tarifas de transmissão estabilizadas ao longo do tempo.
O substitutivo à MP, que tratava originalmente de créditos tributários vinculados à comercialização de combustíveis, foi aprovado pelos deputados em 31 de agosto. No Senado, ele está sendo relatado pelo senador Acir Gurgacz (PDT-RO), e a expectativa é de possa ser votado no próximo dia 20, uma semana antes de perder a validade, em 27 de setembro. Se for alterado, o texto volta para análise da Câmara, o que aumenta o risco de que a MP perca a eficácia antes de encerrada a tramitação.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Valor pago pelos consumidores é mais de dez vezes superior ao bancado pelos geradores. Conclusões da Aneel sobre o acordo serão encaminhadas ao Ministério de Minas e Energia.
O acordo fechado pelo governo e pelas usinas hidrelétricas em 2015 que repassou o chamado "risco hidrológico" aos consumidores atendidos pelas distribuidoras de energia já custou R$ 36 bilhões a mais na conta de luz. O número foi divulgado nesta terça-feira (13) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O risco hidrológico é o nome dado ao risco de as usinas hidrelétricas do país não conseguirem gerar a energia contratada por fatores externos, como em momentos de escassez hídrica.
Quando a produção fica aquém do esperado, há um déficit na geração de energia hídrica, que é coberto pela contratação de energia mais cara no mercado para compensar a menor produção. O custo do déficit na geração de energia hídrica era pago integralmente pelas usinas até 2015, mas uma repactuação feita naquele ano dividiu o custo com o consumidor.
Segundo a Aneel, de 2016 a 2021, enquanto os geradores pagaram R$ 2,53 bilhões, os consumidores assumiram o pagamento de R$ 36,03 bilhões a título de repasse de risco hidrológico. Os valores foram atualizados pela inflação.
O diretor da Aneel Hélvio Guerra chamou a atenção para a conta assumida pelos consumidores. "Conclui-se que até o presente momento há um desequilíbrio enorme entre as despesas assumidas pelos geradores e consumidores com a repactuação [o acordo] do risco hidrológico. O valor pago pelos consumidores é mais de 10 vezes superior ao pago pelos geradores", escreveu Guerra.
A área técnica da agência destacou, ainda, que os acordos referentes ao risco hidrológico terão impacto sobre os consumidores de energia até o ano de 2050.
Como a questão está prevista em lei, editada em 2015, o direto Guerra afirmou que "não há o que a ANeel possa desenvolver sobre o tema".
Contudo, tendo em vista as cifras envolvidas, as conclusões serão encaminhadas ao Ministério de Minas e Energia, responsável pela definição da política setorial, para "conhecimento e avaliação de eventuais providências".
Fonte e Imagem: Portal G1.
Pregão tinha sido suspenso após agência reguladora apontar inconsistências no Sistema de Gerenciamento de Leilões e, agora, está previsto para o dia 14 de outubro.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou nesta terça-feira (13) que o leilão de energia A-5 foi remarcado para o dia 14 de outubro.
O pregão estava previsto para a próxima sexta (16), mas foi suspenso na última semana depois que a comissão técnica apontou inconsistências no programa de leilões. Segundo a agência, o sistema já foi normalizado.
O leilão prevê a contratação de novos empreendimentos de geração de energia, com início de fornecimento a partir de 2027.
De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável por investigar a inconsistência encontrada no Sistema de Gerenciamento de Leilões, o problema ocorreu por conta de uma atualização no próprio sistema - realizada onze dias antes da Comissão Especial de Licitação da Aneel suspender o leilão.
Segundo a entidade, a atualização malsucedida fez com que informações do leilão, relacionadas à fase 'Inscrições e Aporte de Garantia de Proposta', ficassem expostas.
Na segunda (12), a CCEE informou à Aneel que a situação já estava normalizada. "As equipes internas da CCEE identificaram a alteração causadora do incidente e aplicaram todas as medidas necessárias para normalização do sistema", disse em ofício.
A partir da investigação da CCEE, a Aneel decidiu invalidar a primeira fase do leilão "por considerar que as inconsistências permitiram o acesso a informações sensíveis à competitividade do Certame e a necessidade de sanear os vícios identificados”.
Os interessados em participar do pregão deverão se inscrever novamente, entre os dias 3 e 4 de outubro.
Com o leilão A-5 marcado para 14 de outubro, a Aneel vai realizar apenas uma concorrência em setembro. O pregão será voltado à contratação de novas usinas termelétricas movidas a gás natural, previsto para 30 de setembro.
Esse leilão é "imposto" pela lei que autorizou a privatização da Eletrobras, com o objetivo de levar térmicas para regiões do país em que ainda não há infraestrutura.
Sobre o leilão A-5
Pelas regras do leilão, poderá ser contratada energia a ser geradas por novas usinas:
hidrelétricas, incluindo as de pequeno porte; solares fotovoltaicas; e termelétricas a biomassa, a resíduos sólidos urbanos, a carvão mineral nacional, a biogás e a gás natural.
Serão negociados contratos de compra de energia em duas modalidades: quantidade, sendo prazo de fornecimento de 20 anos para hidrelétricas e de 15 anos para usinas eólicas e solares; e disponibilidade, sendo destinado à contratação de térmicas, com prazo de suprimento de 20 anos. Em todos os casos, o início do fornecimento é em 1º de janeiro de 2027.
O edital também prevê a reserva de 50% da demanda para contratação de hidrelétricas de até 50 MW, conforme determina a lei que autorizou a privatização da Eletrobras.
Fonte e Imagem: Portal G1.
A possibilidade de os geradores alterarem os produtos escolhidos no passado na repactuação do risco hidrológico será encaminhada ao Ministério de Minas e Energia (MME), responsável pela definição da política setorial. A decisão da diretoria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça-feira, 13 de setembro, considerou o resultado da audiência pública nº 36/2018 e as restrições previstas na lei nº 13.203/2015, quanto à diferença e correção monetária dos valores.
Conforme os cálculos apresentados no voto do diretor Hélvio Guerra, relator do processo, de 2016 a 2021, enquanto os geradores assumiram o pagamento de R$
2,53 bilhões relativamente ao prêmio, os consumidores assumiram R$ 36,03 bilhões a título de repasse de risco hidrológico.
“Há necessidade de rediscussão e avaliação da política pública”, disse o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa. “De forma geral, uma boa prática seria não fixar parâmetros tão rígidos em lei”, completou o diretor, lembrando que existem eventuais dinâmicas da sociedade que podem se mostrar não razoáveis no futuro.
O texto em lei estabeleceu que o valor do prêmio da transferência integral, incluindo o resultado da energia secundária, referente à contratação no Ambiente de Contratação Regulado (ACR), seria de R$ 9,50/MWh atualizado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor também foi atribuído em resolução normativa para o produto SP100, e a partir dele, foram calculados outros valores de prêmio de risco, de forma que quanto maior o risco tomado pelo gerador, menor o valor do prêmio a ser pago por ele ao consumidor.
Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) e limites vigentes do Preço da Liquidação das Diferenças (PLD) nesse período, a agência verificou que, para um mesmo produto escolhido, poderia haver diferentes prêmios, a depender da data em que o gerador protocola o pedido de transferência do risco hidrológico.
Durante a audiência pública nº 36/18, a Aneel recebeu 21 contribuições de nove instituições, que trataram, em especial, da diferença de valores do prêmio a ser pago pelo gerador. Em seu voto, o diretor Hélvio Guerra destacou que “não faz sentido regulatório existir um prêmio de risco para o gerador que repactua pela primeira vez e outro prêmio para àquele que deseja alterar o produto, quando se analisa a mesma classe e o mesmo fator”.
Além disso, as áreas técnicas da agência destacaram que “a abordagem proposta pelos agentes e associações para o cálculo do prêmio pressupõe que a contrapartida pela parcela de risco já assumida pelo consumidor não seja reavaliada ... não é razoável permitir que o gerador reavalie o risco hidrológico repactuado e não reavaliar o risco assumido pelo consumidor”.
Com um “desequilíbrio enorme” verificado entre as despesas assumidas pelos geradores e consumidores com a repactuação do risco hidrológico, a diretoria da Aneel manteve os dispositivos da resolução normativa nº 1.009/2022 e encaminhou a Análise de Resultado Regulatório (ARR) realizada por suas áreas técnicas para conhecimento do MME e avaliação de eventuais providências.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Portarias sobre enquadramento no regime e debêntures incentivadas devem passar por consulta pública.
O Ministério de Minas e Energia deve abrir consulta pública com as regras de enquadramento dos projetos de minigeração distribuída no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi) e a aprovação desses empreendimentos como prioritários, para fins de emissão de debêntures incentivadas. Em nota, o ministério informou que já iniciou as discussões com a Agência Nacional de Energia Elétrica em busca das melhores soluções para a edição das portarias.
O acesso aos benefícios está previsto na Lei nº 14.300. Ele chegou a ser vetado pelo governo, mas foi restabelecido pelo Congresso Nacional. Cabe ao MME regulamentar os dispositivos legais.
Com a adesão ao Reidi, os projetos de mini GD ficarão isentos de PIS/Pasep e Cofins, na aquisição, locação e importação de bens e serviços realizadas no período de cinco anos, a partir da habilitação do titular do empreendimento na Receita Federal.
Na classificação do projeto como prioritário, para fins de captação de recursos via debentures de infraestrutura, o incentivo está na isenção do imposto de renda aos compradores desses papéis.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Associação do setor preparou conjunto de propostas para levar aos candidatos.
A Abradee (associação que representa as distribuidoras de energia) preparou seu documento para entregar às equipes econômicas dos presidenciáveis com as propostas do setor e um pedido de desoneração de tarifas.
Na lista, o setor defende modernização e abertura do mercado livre de energia, segurança jurídica e redução dos encargos e subsídios.
Marcos Madureira, presidente da Abradee, se reuniu com Maurício Tolmasquim, líder do setor de energia da campanha do ex-presidente Lula (PT), além do economista Daniel Keller, da equipe de Ciro Gomes (PDT) e Elena Landau, de Simone Tebet (MDB).
Desonerar as tarifas, reduzindo tributos como o ICMS, defende a Abradee, deve ampliar o acesso dos consumidores, além de diminuir os índices de inadimplência e furto de energia.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Entidade fala em aumento de R$ 9 bi por ano para os consumidores, com impacto de 4% na conta de energia.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica enviou carta aos senadores no último dia 8 de setembro, solicitando a retirada das emendas do setor elétrico que foram inseridas pela Câmara na Medida Provisória 1118. A entidade afirma que é possível evitar um aumento de R$ 9 bilhões por ano, com impacto em torno de 4% na conta de energia dos consumidores.
O projeto de conversão da MP, que tratava originalmente de créditos tributários na área de combustíveis, foi aprovado pelos deputados em 31 de agosto. Da Câmara seguiu para o Senado, onde a expectativa é de possa ser votado no próximo dia 20, uma semana antes de perder a validade, em 27 de setembro.
Pelos cálculos da Abradee, a ampliação do prazo para a conclusão de projetos de fontes renováveis com direito a desconto nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição vai impactar as tarifas em cerca de R$ 8,5 bilhões/ano. Esse prazo passaria de 48 meses após a emissão da outorga para 72 meses, beneficiando empreendedores que não conseguiriam concluir as usinas a tempo e perderiam o direito ao subsídio.
Já as emendas que determinam a aplicação do sinal locacional e mantém as tarifas de transmissão estabilizadas ao longo do período das outorgas de geração custariam mais R$ 500 milhões aos consumidores. Essas medidas, segundo a associação, também podem colocar em risco a expansão e a manutenção da malha de transmissão no país.
“Não há mágica. Quando concedidos, os descontos são custeados por todos os consumidores mediante inclusão na Conta de Desenvolvimento Energético – CDE, presente na conta de luz e que aumentou mais de 430% nos últimos dez anos, passando para R$ 32 bilhões em 2022”, argumentou a Abradee, destacando que cerca de 16% da tarifa é composta de encargos e subsídios.
A carta pondera ainda que o Congresso Nacional deu um passo importante esse ano para reduzir a conta de luz, ao aprovar a Lei Complementar 194, limitando as alíquotas do ICMS sobre energia elétrica. Aprovar o texto da Câmara contraria, portanto, os esforços do próprio Legislativo.
Outro ponto levantado pela entidade é que temas como a alocação de custos do setor estão inseridos no PL 414, que trata da modernização do setor elétrico. O projeto já passou pelo Senado e tramita na Câmara dos Deputados.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Centralização dos processos em um balcão único agrada o setor.
A abertura de duas consultas públicas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para regular a cessão de áreas para geração de energia eólica no mar (offshore) e criar um portal único para gerir projetos de geração de energia marítima foram considerados passos importantes para destravar investimentos nesse segmento no país, segundo especialistas.
No caso da eólica offshore, a proposta prevê que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai ser responsável por realizar os leilões para a cessão do uso das áreas para a instalação dos projetos. Os contratos de cessão terão prazo máximo inicial de dez anos e o cálculo do valor a ser pago pelo uso das áreas vai ser definido após estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
De acordo com a portaria, o prosseguimento dos pedidos de licenciamento ambiental federal somente poderá ocorrer depois da assinatura dos contratos. Ao todo, segundo cálculos da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), projetos que somam 170 gigawatts (GW) de capacidade instalada já tiveram os pedidos de licenciamento protocolados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).
Já a proposta de criação do Portal Único para Gestão do Uso de Áreas Offshore para Geração de Energia (PUG-offshore) visa centralizar a gestão das áreas cedidas para a geração de energia no mar. Por meio do portal, os investidores vão apresentar requerimentos e documentos, além de acompanhar a tramitação dos processos.
A Abeeólica disse que a abertura das consultas públicas foi um “passo importante” e elogiou a iniciativa da criação do portal único. “Trará dinamismo, organização e vai permitir um acompanhamento transparente do complexo processo de instalação de uma eólica offshore. Ter a segurança de informações organizadas de forma concentrada num único portal vai dar mais segurança para todo o processo”, afirmou em nota.
A associação afirmou ainda que detalhamentos técnicos e regulatórios serão “imprescindíveis” para dar segurança aos investidores.
Para o sócio do Campos Mello Advogados na área de energia Marcelo Frazão, centralizar os processos num balcão único vai trazer simplificação, modernização e transparência, além de ajudar a definir as competências das diferentes entidades governamentais envolvidas nos processos de cessão. “A simplificação e celeridade do processo de análise de viabilidade é um fator fundamental para atrair investimentos”, aponta.
A sócia de energia do Machado Meyer Advogados Ana Karina Souza ressalta que pontos importantes ainda serão regulados posteriormente, como o limite das áreas. “A portaria dá linhas gerais em relação a algumas temáticas, mas atribui à Aneel grande parte da autoridade para assinar os contratos de cessão de uso, regulamentar e realizar os processos de de licitação”, diz.
As consultas públicas ficarão abertas por 30 dias. O início das consultas foi publicado no Diário Oficial da União de sexta-feira e segue o cronograma do MME de implementar as normas para geração offshore até dezembro, conforme um decreto do governo federal.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A pauta ambiental será um acelerador da economia, com novos padrões de competitividade.
Esta coluna será a primeira de outras que terão a intenção de sugerir caminhos para o Brasil se reencontrar com o crescimento de forma sustentável, consistente e duradoura. Vamos iniciar com a abordagem da economia verde, um dos pilares para a construção dessa nova perspectiva.
A luta contra as mudanças climáticas se fortalece conforme os fenômenos da falta de chuvas e do aquecimento se agravam e se espalham por todo o planeta. O movimento é hoje um modelo de negócios com a adesão crescente de empresas, instituições multilaterais, governos e classe política.
Isso significa que a promoção do meio ambiente é um novo fator de crescimento econômico, na medida em que se capacita a gerar riqueza, empregos e investimentos. Pelo seu espírito de fazer o bem, inspira empreendedorismo e inovação.
A economia verde já é o futuro. Os Estados Unidos, a maior economia do mundo, que recentemente transformou em lei o Inflation Reduction Act, são uma referência poderosa. É uma lei que contém vários dispositivos para reduzir a inflação. O mais importante é a estratégia de baixar custos com investimentos em energia limpa, por meio de um colossal orçamento de US$ 369 bilhões. São recursos para a nova matriz energética, dentro dos propósitos de combate às mudanças climáticas. Boa parte do dinheiro será usado no incentivo à aquisição de veículos que não utilizem combustíveis fósseis, na modificação dos sistemas de energia das residências e em financiamento à produção de equipamentos para a redução do efeito estufa. O objetivo é a produção de energia mais barata e mais limpa.
O modelo mexe com toda a base da economia daquele país, e busca o crescimento sustentado.
Para o Brasil, esse novo enfoque dos EUA terá poder transformador, pois a pauta ambiental será um acelerador da economia, com novos padrões de eficiência e competitividade.
Há demandas em diferentes setores econômicos, que vão da troca da matriz energética até os investimentos para a preservação dos ativos florestais do País. A tecnologia será fundamental para apontar soluções ao correto aproveitamento dos recursos hídricos e das florestas.
Os EUA esperam que a mudança da matriz energética estimule a criação de companhias e empregos, com impactos diretos na indústria de fundos de investimento e ativos sustentáveis.
As possibilidades crescem à medida que o respeito ao meio ambiente e à sustentabilidade se torna um princípio orientador para pessoas, investidores e empresas. Nesse universo, por sua biodiversidade e clima, o Brasil tem uma oportunidade única.
Fonte e Imagem: Estadão.
Em carta entregue às equipes dos candidatos à Presidência, o Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase), que reúne uma série de associações do setor elétrico, pediu que haja maior valorização da fonte hidrelétrica e integração entre os órgãos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos e o setor elétrico.
"A hidroeletricidade é a fonte renovável mais flexível de que dispomos atualmente. Seria impossível toda essa expansão das fontes eólica e solar sem a presença da geração hidráulica existente. Essa combinação é o pilar para a manutenção de uma matriz elétrica de baixo carbono", disse o presidente do Fórum, Marcelo Moraes.
O grupo solicita ainda o que chama de "tratamento adequado" para que as fontes eólica e solar continuem tendo crescimento. Pede também atenção ao potencial da eólica offshore, do hidrogênio verde e ao reforço da infraestrutura de transmissão para atender os aumentos da geração.
Projetos de lei
Em nota, o Fórum informa ainda apoio a projetos de lei em tramitação. O primeiro citado é o PL 414/2021, que trata, principalmente, da abertura de mercado. "Devemos cuidar da adequada sustentabilidade e modernização do setor, boa parte tratada no PL 414/2021, que reflete uma visão consolidada do setor elétrico e precisa ser aprovado prioritariamente na Câmara dos Deputados", declarou Moraes.
A entidade defendeu também a criação de um mercado regulado de carbono, conforme proposto no PL 2158/2015, e também o PL 2.159/2021, sobre licenciamento ambiental.
Fonte e Imagem: Estadão.
Comissão Especial de Licitações e CCEE identificaram inconsistência no Sistema de Gerenciamento de Leilões e estão investigando as causas e efeitos.
A Comissão Especial de Licitação da Agência Nacional de Energia Elétrica suspendeu o A-5. Em um curto comunicado a decisão foi informada na noite de ontem, 8 de agosto. “A fase de Inscrições e Aporte de Garantia de Proposta, para participação no Leilão nº 4/2022-ANEEL (LEN A-5), está suspensa, tendo em vista a identificação de inconsistência no Sistema de Gerenciamento de Leilões – SGL. Em consequência, também se encontra suspensa a sessão do Certame, prevista para 16/09/2022”, diz o comunicado.
Segundo essa comunicação aos agentes, a comissão e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, que é a entidade que operacionaliza o certame estão investigando as causas e os efeitos da ocorrência. Ainda não há data para a realização do certame que não foi cancelado, diferentemente do A-6 que ocorreria no mesmo dia. O novo cronograma de atividades do Leilão será comunicado via Fato Relevante.
O certame teria Custo Marginal de Referência de R$ 614,00/MWh e preços iniciais para usinas sem outorga e com outorga sem contrato de R$ 352,00/MWh para hidrelétrica; R$ 280,00/MWh para eólica e solar; R$ 353,00/MWh para biomassa; R$ 614,00/MWh para projetos a partir da recuperação energética de resíduos sólidos urbanos (RSU) e R$ 350/MWh para carvão mineral.
Para empreendimentos com outorga e com contratos, o preço de referência era de R$ 194,96/MWh para hidrelétrica; R$ 279,26/MWh para pequenas centrais hidrelétricas e centrais geradoras hidrelétricas; R$ 212,37/MWh para eólica; R$ 280,00/MWh para solar e R$ 303,72/MWh para biomassa. Já o preço de referência para RSU ficou em R$ 603,56/MWh.
O A-5, agora suspenso, é direcionado à contratação de energia de empreendimentos de geração de fonte hidrelétrica, eólica, solar fotovoltaica e termelétrica a biomassa, a resíduos sólidos urbanos, a carvão mineral nacional, a biogás e a gás natural. O início de suprimento, se fosse mantida sua realização no dia 16 de setembro, se daria em 1º de janeiro de 2027.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Mudar período crítico para 2021 a 2020 aumentaria em 67% o impacto para os agentes no setor elétrico com a revisão ordinária de 2022.
A revisão ordinária de garantia física de usinas hidrelétricas operadas centralizadamente que é alvo da Consulta Pública nº 132 do Ministério de Minas e Energia poderia ser feita usando somente os modelos computacionais atuais. Essa é a avaliação da consultoria PSR que abordou o tema em sua publicação mensal Energy Report, na edição de Agosto. Com os dados atuais é possível calcular a participação de cada usina por meio de um cálculo utilizando o Newave e Decomp.
Atualmente, diz a consultoria, a metodologia oficial de cálculo das GFs não atende a nenhum dos requisitos necessários que são: 1-ser eficiente e minimizar os custos aos consumidores, 2-ser preciso, a soma das garantias deve ser igual à demanda crítica e 3-ser justa, onde cada gerador individual deve refletir sua participação na confiabilidade.
Lembra que a soma das GF excede a demanda crítica, que é a máxima demanda média que poderia ser suprida atendendo os critérios de planejamento para confiabilidade do suprimento. Isso é visto, aponta a PSR, no que é chamado lastro de papel.
Ainda sobre esse processo, outra alteração que é sinalizada por uma importante parcela das contribuições enviadas à consulta, a mudança no período crítico, essa não é bem vista. Na avaliação da PSR há um risco de a situação que já não é boa, piorar caso mude o chamado período crítico, o pior período seco que é considerado para a geração de UHEs.
“A razão é que o uso do período crítico no cálculo das garantias físicas não possui nenhum respaldo metodológico”, diz a consultoria em sua publicação. Sendo assim, qualquer mudança levaria a impacto aleatório.
Isso porque ainda não se sabe se esse momento está encerrado ou se ainda está em construção no histórico de vazões no país. Um dos pontos que ainda devem ser avaliados é que o país não possui uniformidade entre os períodos seco e úmidos em todo o seu território, devido à dimensão, o que pode colocar UHEs com mais garantia do que outras a depender da região e do momento escolhido como é feito atualmente.
Na análise da consultoria, os impactos para o setor seriam mais pesados caso se implemente essa alteração. Ao considerar o período crítico atual que é o de 1949 a 1956 e usando o deck de dados da CP aplicando o cálculo de renda spot individual de cada usina dividido pela equivalente receita do chamado bloco hidráulico e a desagregação desse de acordo com a participação de cada UHE no histórico.
O resultado de estudo de caso sem considerar que há uma limitação de redução de até 5% por revisão para o atual período crítico aponta diferenças que vão desde uma redução de quase 30% a até elevação de mais de 45% ante os valores atuais. A questão, diz Celso Dall’Orto, consultor da PSR, é que a regra não impõe restrição para aumento, somente para redução da garantia. Isso resultaria em aumento do lastro de papel.
Nesse estudo de caso a diferença entre as garantias calculadas pela metodologia considerada correta e que é baseada na receita spot e que considera a metodologia incorreta de rateio do bloco hidráulico pela energia firme de cada usina é significativa. O custo total desse resultado para os agentes devido às alocações distorcidas seria de R$ 5,1 bilhões.
Contudo, a alteração do período crítico para o período de 2012 a 2020 que não tem, segundo a análise da PSR, nenhum respaldo metodológico, aponta aumento de 64,7% no montante financeiro. Alcançaria R$ 8,4 bilhões por ano. Nesse caso a diferença entre as GF seria de cerca de 50% de redução a até alta de 60%.
Apesar de o país ter passado por um período crítico no ano passado ainda não se sabe se está terminado. Tanto que os dados que são utilizados ainda referem-se a 2020 e não contemplam 2021 que foi o pior ano nesses 92 anos de histórico. E mais, apesar de não se ter essa mesma situação em 2022, a proximidade com o período ainda não deixa claro se esta criticidade foi ultrapassada. Então, por esse motivo a alteração ainda não se mostra adequada para a revisão ordinária que está em curso.
Na publicação, a PSR aponta que desagregar, ou fazer a proporção de cada usina de acordo com seu peso no chamado bloco hidráulico é um método que não possui respaldo conceitual e consiste em uma falha metodológica. Alterar o período crítico agora só agravaria substancialmente suas consequências.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Mudar período crítico para 2021 a 2020 aumentaria em 67% o impacto para os agentes no setor elétrico com a revisão ordinária de 2022.
A revisão ordinária de garantia física de usinas hidrelétricas operadas centralizadamente que é alvo da Consulta Pública nº 132 do Ministério de Minas e Energia poderia ser feita usando somente os modelos computacionais atuais. Essa é a avaliação da consultoria PSR que abordou o tema em sua publicação mensal Energy Report, na edição de Agosto. Com os dados atuais é possível calcular a participação de cada usina por meio de um cálculo utilizando o Newave e Decomp.
Atualmente, diz a consultoria, a metodologia oficial de cálculo das GFs não atende a nenhum dos requisitos necessários que são: 1-ser eficiente e minimizar os custos aos consumidores, 2-ser preciso, a soma das garantias deve ser igual à demanda crítica e 3-ser justa, onde cada gerador individual deve refletir sua participação na confiabilidade.
Lembra que a soma das GF excede a demanda crítica, que é a máxima demanda média que poderia ser suprida atendendo os critérios de planejamento para confiabilidade do suprimento. Isso é visto, aponta a PSR, no que é chamado lastro de papel.
Ainda sobre esse processo, outra alteração que é sinalizada por uma importante parcela das contribuições enviadas à consulta, a mudança no período crítico, essa não é bem vista. Na avaliação da PSR há um risco de a situação que já não é boa, piorar caso mude o chamado período crítico, o pior período seco que é considerado para a geração de UHEs.
“A razão é que o uso do período crítico no cálculo das garantias físicas não possui nenhum respaldo metodológico”, diz a consultoria em sua publicação. Sendo assim, qualquer mudança levaria a impacto aleatório.
Isso porque ainda não se sabe se esse momento está encerrado ou se ainda está em construção no histórico de vazões no país. Um dos pontos que ainda devem ser avaliados é que o país não possui uniformidade entre os períodos seco e úmidos em todo o seu território, devido à dimensão, o que pode colocar UHEs com mais garantia do que outras a depender da região e do momento escolhido como é feito atualmente.
Na análise da consultoria, os impactos para o setor seriam mais pesados caso se implemente essa alteração. Ao considerar o período crítico atual que é o de 1949 a 1956 e usando o deck de dados da CP aplicando o cálculo de renda spot individual de cada usina dividido pela equivalente receita do chamado bloco hidráulico e a desagregação desse de acordo com a participação de cada UHE no histórico.
O resultado de estudo de caso sem considerar que há uma limitação de redução de até 5% por revisão para o atual período crítico aponta diferenças que vão desde uma redução de quase 30% a até elevação de mais de 45% ante os valores atuais. A questão, diz Celso Dall’Orto, consultor da PSR, é que a regra não impõe restrição para aumento, somente para redução da garantia. Isso resultaria em aumento do lastro de papel.
Nesse estudo de caso a diferença entre as garantias calculadas pela metodologia considerada correta e que é baseada na receita spot e que considera a metodologia incorreta de rateio do bloco hidráulico pela energia firme de cada usina é significativa. O custo total desse resultado para os agentes devido às alocações distorcidas seria de R$ 5,1 bilhões.
Contudo, a alteração do período crítico para o período de 2012 a 2020 que não tem, segundo a análise da PSR, nenhum respaldo metodológico, aponta aumento de 64,7% no montante financeiro. Alcançaria R$ 8,4 bilhões por ano. Nesse caso a diferença entre as GF seria de cerca de 50% de redução a até alta de 60%.
Apesar de o país ter passado por um período crítico no ano passado ainda não se sabe se está terminado. Tanto que os dados que são utilizados ainda referem-se a 2020 e não contemplam 2021 que foi o pior ano nesses 92 anos de histórico. E mais, apesar de não se ter essa mesma situação em 2022, a proximidade com o período ainda não deixa claro se esta criticidade foi ultrapassada. Então, por esse motivo a alteração ainda não se mostra adequada para a revisão ordinária que está em curso.
Na publicação, a PSR aponta que desagregar, ou fazer a proporção de cada usina de acordo com seu peso no chamado bloco hidráulico é um método que não possui respaldo conceitual e consiste em uma falha metodológica. Alterar o período crítico agora só agravaria substancialmente suas consequências.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Problema não é só o volume de subsídios no setor. É desigual a forma de reparti-lo entre os pagantes.
Em certo dia da primeira semana de setembro de 1962 chegou eletricidade na casa de meus pais. A casa ficava a 15 minutos, a pé, do palácio onde despachava o governador e a 300 metros de onde ele morava. Sei que é difícil você compreender a angústia de uma criança negra que, sem luz elétrica, nasceu e viveu a poucos metros da classe média alta. Um pesado cinturão da pobreza o separava.
É do que lembro quando penso no 7 de setembro, Dia da Independência. Com nove anos, vi ali uma porta para sair da miséria. Precisava abri-la. Eu teria a noite para estudar e estudar. Foi o que representou uma das três lâmpadas da casa, pendurada no quarto que eu dividia com meus irmãos mais velhos.
Problema não é só o volume de subsídios no setor. É desigual a forma de reparti-lo entre os pagantes.
Recebi um ótimo trabalho do Instituto Pólis. Trata da desigualdade do serviço de energia na cidade de São Paulo. O quadro era esperado. Comprova que renda e raça influenciam a qualidade do serviço. Os setores onde falta energia com maior frequência e duração estão em regiões de renda mais baixa, de população negra e com elevado percentual de mulheres responsáveis pelo domicílio.
É visível a linha separatória. No distrito da Vila Andrade, que concentra população de maiores rendas, as interrupções duram, em média, nove horas/ano. Na favela de Paraisópolis, no mesmo distrito, a duração é de 41 horas. E a frequência é também muito desigual. São 40 interrupções/ano na favela, contra 15 nas demais áreas do distrito. Experimente ficar 11 minutos por dia sem eletricidade. Um (real) pesadelo.
A crise energética na Europa traz diferentes lições. A mais imediata é que a dependência de uma ou outra fonte fragiliza a segurança do fornecimento. Em lugar de priorizar mais ainda a transição energética, os europeus optaram pelas facilidades da importação do gás russo. Sairá muito caro. Não combinaram com os russos, diria o saudoso Garrincha.
No Brasil, a oferta de eletricidade é ainda muito dependente da hidreletricidade, deixando-a vulnerável. Seguir a trajetória de acelerar a diversificação da matriz, sobretudo com a chegada das eólicas offshore, é o caminho. E com inteligência para aproveitar a flexibilidade das hidrelétricas e do gás natural.
Mas sem os desnecessários subsídios. O segmento de renováveis, com o virtuosismo do capital privado, que fez a aposta certa em 2002, já possui economias de aprendizado e de escopo suficientes para ratear parte desses resultados com os usuários, que pagaram muito pelas incertezas do pioneirismo.
Um dia depois do outro o setor elétrico fica atordoado por decisões que se aproximam de asneiras. Em virtude de uma lei de março de 2021, os investidores interessados nos subsídios para implantação das fontes renováveis tinham 48 meses para pôr seus projetos de pé. Tais subsídios correspondiam a uma botija de R$ 12 bilhões, que se somariam aos R$ 11 bilhões vigentes em 2022.
A coisa foi logo denominada de uma (estúpida) corrida ao ouro. Porém, e lá vem novamente Garrincha, não combinaram com o regulador nem com o governo. A supermaratona transformou-se numa tortuosa corrida de obstáculos. Só os mais aptos chegariam à reta final, como os peixes que, para reproduzir, sobem íngremes corredeiras. Dos milhares de projetos protocolados, menos de 40% seriam bem-sucedidos. O que era R$ 12 bilhões seria reduzido à metade. A tarifa aumentaria 3%, e não mais 6%.
Eis que, por meio de um “jabuti” especial, com método próprio para saltar obstáculos, o que era 48 é agora 72 meses. Por ironia, o relator da proposta, que eleva sim a tarifa, é do grupo de deputados que, quando a conta de luz do Ceará subiu 25%, propôs um decreto-legislativo para impedir o aumento.
E o problema não é só no volume dos subsídios. É desigual a forma de reparti-lo entre os pagantes. Atualmente, num resultado positivo, 75% da expansão do parque gerador decorrem das fontes renováveis e de seus contratos no ambiente livre (ACL). Por causa disso, a tarifa é de 20 a 25% menor que a dos demais consumidores. O ACL se beneficia dos subsídios para tais fontes. Sucede que 70% desses subsídios são pagos pelos consumidores presos às distribuidoras, o que desequilibra o jogo.
O governo propôs acelerar a migração dos pequenos consumidores para o ACL. Inesperadamente, a entidade que representa os grandes consumidores, todos livres, sugeriu o contrário, ou seja, postergar por mais dois anos o calendário de migração. Quer retardar para 2026 o início do rateio da botija bilionária de subsídios.
Há outro jabuti ainda mais caro. Nos países da Europa, a geração com eólicas não é tão eficiente. Essa fonte gera energia entre 30 e 38% do tempo, quando no Nordeste brasileiro esse número ultrapassa de 50%. Nas diferentes regiões do Brasil há vento em condições bem melhores que na Europa, mas a preferência é pelo Nordeste.
Uma das razões é o transporte da energia. O regulador tentou corrigir a distorção. O nome técnico da parafernália é sinal locacional, uma forma de indicar o melhor local para construir uma usina. Ex.: no Nordeste, a oferta de eletricidade é mais que o dobro da demanda. Assim, quanto maior o excedente maior será a necessidade de linhas de transmissão para escoá-lo.
Se o sinal locacional fosse eficaz, as usinas, mesmo eólicas, seriam construídas também no Sudeste, que é importador. Há um trade-off entre eficiência de geração e custo de transmissão. Bilionárias despesas com o transporte de energia seriam evitadas. Prevaleceu a costumeira irracionalidade, alavancada pelo arrogante conhecimento técnico do legislador.
Há outra corrida estúpida no Congresso. Um mesmo grupo de parlamentares se reveza na imposição de jabutis - para eólica, solar, termelétrica, hidrelétrica, nuclear e grandes consumidores -, cuja estratégia é o simplório “agora é sua vez”. É o retrato do oportunismo regulatório.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Consultoria jurídica da pasta diz que decisão é afronta a diretrizes e arcabouço jurídico do setor.
O MME (Ministério de Minas e Energia) entrou oficialmente no debate sobre as térmicas atrasadas que haviam sido contratadas por meio de PCS (Procedimento Competitivo Simplificado). Em ofício enviado à Aneel (Agência de Energia Elétrica), a pasta defende o cancelamento dos contratos das unidades que não entraram em operação no prazo estipulado.
O MME também contesta o uso da unidade Mário Covas no lugar de quatro usinas da Âmbar Energia que foram vencedoras nesse mesmo certame e atrasaram.
O ofício é assinado pelo ministro do MME, Adolfo Sachsida, e foi enviado ao novo diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa. No tabuleiro do setor de energia, o ministério faz as regras do jogo, cabendo à agência aplicar e policiar o seu cumprimento. No caso em questão, houve o entendimento de que a Aneel desconsiderou diretrizes da pasta.
A Agência ainda avalia o destino das térmicas que não entraram no prazo previsto. Os controladores apresentaram justificativas, com o uso de um instrumento chamado excludente de responsabilidade.
A diretoria da Aneel havia acatado pedido da Âmbar Energia e autorizado, em reunião de 12 de julho, o uso da térmica Mario Covas no lugar de quatro de suas usinas do PCS.
O ofício do MME, com 40 páginas, traz avaliações técnicas e jurídicas sobre o PCS. Em vários trechos, apresenta considerações contra o pleito da Âmbar. A nota conclui que a decisão da agência em favor da empresa não apenas avança na competência do ministério como também é baseada em premissas que contrariam as regras do leilão.
O documento ainda inclui em anexo um parecer da consultoria jurídica da pasta, reforçando que houve "clara inadequação jurídica da decisão" da Aneel. "A decisão afronta não apenas as diretrizes do Ministério de Minas e Energia, mas o arcabouço jurídico", diz o texto.
A Âmbar é o braço para o setor de energia da J&F —grupo que também controla a JBS, empresa global do setor de carnes.
Procurada pela reportagem, a empresa não respondeu até a publicação deste texto.
O PCS previu a oferta de novas térmicas, que deveriam ser construídas para operarem como seguro contra apagões. O leilão foi realizado em outubro de 2021 e as unidades deveriam iniciar a operação em 1º de maio. Em caso de atraso, pagariam multa e teriam de entrar em operação até 31 de julho. Caso contrário, teriam os contratos rescindidos a partir de 1º de agosto.
As 17 usinas, três de energia limpa e 14 a gás, custariam R$ 39 bilhões aos consumidores brasileiros nesses quase três anos e meio que deveriam operar. No entanto, a conclusão dos projetos atrasou. Em 31 de julho, prazo final para serem acionadas, 11 não tinham entrado em operação, incluindo nesse grupo as quatro da Âmbar, segundo levantamento da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
A Âmbar passou o primeiro semestre insistindo com a Aneel para que as quatro usinas do PCS, que equivalem a praticamente metade do custo total (quase R$ 18 bilhões), fossem substituídas pela térmica de Cuiabá.
A área técnica da agência deu dois pareceres contrários ao pedido e entidades do setor apresentaram justificativas para impedir a mudança. Mas o relator do processo da Âmbar na agência, o ex-diretor Efrain Pereira da Cruz, defendeu a empresa —posição referendada por mais dois diretores da agência.
O ministério contesta o argumento do relator de que trocar quatro usinas novas por uma antiga "atendia ao interesse público". Segundo o ministério, o interesse público está em cumprir contratos na integralidade: preços, prazos, características do objeto contratado, e até mesmo revogação de outorgas, caso as condições para tanto ocorram.
"Além disso, é preciso levar também em consideração a segurança jurídica de uma decisão que ignora as bases legais de uma contratação", diz o ministério.
"Reforço que o interesse público está no cumprimento das regras e contratos, preservando a credibilidade do setor elétrico brasileiro e a atração de investimentos", afirma o documento assinado por Sachsida.
A Aneel confirmou à Folha o recebimento do ofício do MME. Em nota, destacou que os casos ainda estão em análise. "Foram interpostos recursos à decisão, e os mesmos ainda se encontram em avaliação pela Agência, portanto o processo ainda não foi concluído", diz o texto.
A Aneel reforçou ainda que a decisão em favor da Âmbar inclui uma cláusula de eficácia. Para fazer a troca e usar a térmica de Cuiabá, deveria concluir os empreendimentos até o dia 30 de julho, o que não foi cumprido pela empresa.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
A energia elétrica acumulou uma alta de 114% em 2021, segundo dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), e a tendência é de piora do cenário. Para 2022, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) projeta um aumento de mais 21%.
Já a tarifa de energia residencial do brasileiro deve fechar o ano de 2022 com alta média de 9,8%, segundo previsão da TR Soluções, empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia. No primeiro semestre do ano, 20 distribuidoras passaram por reajustes tarifários homologados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com uma média de 13,57%.
Entretanto, há ainda outras 33 concessionárias que vão passar pelo processo de revisão tarifária e devem observar uma alta média de 5,6%, menos da metade do reajuste médio do semestre.
A redução dos percentuais se deve principalmente ao fato de que a maior parte dos custos da crise hídrica do ano passado já foram repassados às tarifas das concessionárias cujos processos tarifários se dão na segunda metade do ano.
PCHS e CGHS podem ser a solução
Diante dessa realidade, duas modalidades de geração de energia têm chamado a atenção do mercado. Conhecidas como PCHs e CGHs, as Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas estão se apresentando como alternativas sustentáveis e baratas.
Um dos motivos para o ânimo do mercado é que as usinas hidrelétricas, por terem sua tarifa indexada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), oferecem uma alternativa muito mais econômica do que as termelétricas, por exemplo, que têm seus valores diretamente vinculados ao preço do barril de petróleo no exterior.
Fonte e Imagem: Portal Connected Smart Cities.
Além dos contratos legados de geração, é preciso rever subsídios às fontes renováveis, diz CBIE em relatório.
O CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) publicou um relatório, nesta 2ª feira (5.set.2022), com 3 temas prioritários para a expansão do mercado livre de energia elétrica. Segundo a consultoria, uma “abertura sustentável” deve equalizar os custos entre consumidores livres e cativos. Eis a íntegra (1 MB).
Segundo o CBIE, 3 temas precisam ser considerados para definição do cronograma e análise dos impactos da abertura:
mercado regulado: Deve continuar. A abertura do ambiente de contratação livre seria, portanto, voluntária. Isso porque as distribuidoras continuarão cobrindo os consumidores que não migrarem;
Contratos legados: É preciso criar encargos para equacionar os custos dos contratos de longo prazo para fornecimento de energia elétrica, que devem pressionar a conta de luz para os consumidores que continuarem no mercado cativo. Os custos do sistema de energia também devem ser rateados;
Subsídios às renováveis: Segundo o CBIE, os incentivos a fontes renováveis de energia representam 34,5% da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), paga pelos consumidores cativos. O aumento dessa participação e a redução do mercado cativo devem aumentar a conta.
O Congresso discute 2 projetos de lei para permitir que todos os consumidores possam contratar um comercializador de energia da mesma forma que contratam operadoras de telefonia, por exemplo. O mais adiantado e aceito pelo setor é o PL 414. Na 5ª feira (31.ago), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu pautá-lo depois das eleições.
Uma portaria do Ministério de Minas e Energia também está em discussão. A norma visa a abrir o mercado para todos os consumidores de alta tensão.
O 414 de 2021, também conhecido como PL da modernização do setor elétrico, prevê a criação de um encargo de R$ 2,95 por MWh pago por todos os consumidores, livre e cativos, para pagar os contratos legados. Já o PL 1.917 de 2015 levaria a encargo de R$ 4,75 por MWh para o mercado regulado.
Hoje, as fontes renováveis são incentivadas. Contam com descontos de 50% a 100% nos sistemas de transmissão e distribuição, que fazem o transporte da energia gerada. Esses descontos são compensados por pagamentos mensais feitos por todos os consumidores do país à CDE.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Abraceel vê risco zero de sobra de energia para distribuidoras e baixo repasse de custos de migrações a clientes.
A Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel) avalia que a abertura do mercado para os consumidores conectados em alta tensão com demanda inferior a 0,5 megawatt (MW) em alta tensão não deve trazer impactos às contas de luz dos consumidores cativos — aqueles cuja energia é comprada pelas distribuidoras. Pelo contrário, a liberação para adesão deste grupo remanescente ao mercado livre (em que se pode escolher o fornecedor da energia) pode até reduzir encargos e subsídios, avalia a entidade.
Uma das preocupações de parte do mercado é com eventual sobrecontratação de energia por parte das distribuidoras. Pela legislação do setor, as distribuidoras devem contratar energia em leilões para atender a 100% do consumo dos clientes. É permitida uma compra excedente de 5%, cujos custos são repassados para as tarifas.
As distribuidoras, porém, não podem repassar para as contas de luz os custos da energia comprada acima da margem de 5%, exceto quando há exposição involuntária, situações fora do controle das distribuidoras que as deixam com sobras contratuais.
De acordo com o presidente da Abraceel, Rodrigo Ferreira, não há risco de sobrecontratação porque a partir do ano que vem as hidrelétricas da Eletrobras serão descotizadas — ou seja, a energia dessas usinas não será mais rateada entre as distribuidoras —, o que totaliza cerca de 6.500 megawatts (MW) médios. Essa energia pode ser negociada pela ex-estatal no mercado livre. Além disso, contratos de energia de térmicas a óleo combustível e a diesel com as distribuidoras também terminam a partir do ano que vem, sem perspectiva de recontratação, liberando mais 2.500 MW.
Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), 106 mil unidades consumidoras conectadas em alta tensão possuem demanda abaixo de 0,5 MW e consumo associado estimado em 3.600 MW médios. Ferreira destaca que, se todos os consumidores que poderiam migrar optassem por instalar sistemas de micro e minigeração distribuída, como painéis solares, haveria um custo adicional da ordem de R$ 15,30 por megawatt-hora (MWh) nas contas de luz dos clientes das distribuidoras. Já a migração para o mercado livre traria um ônus de R$ 2,80/MWh.
Isso porque, ao instalar os painéis solares, os consumidores deixam de pagar as Tarifas de Uso dos Sistemas de Distribuição (Tusd), que é o custo do fio, e a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), encargo que financia várias iniciativas do setor elétrico, cuja cobrança é proporcional ao consumo. Além disso, ao instalar os minigeradores, o consumidor deixa de usar a rede, causando sobrecontratação involuntária à distribuidora, cujo custo é repassado para a conta de luz. “Isso é uma abertura equilibrada, que gera valor para todos. Para quem migra e para quem permanece cativo”, disse Ferreira.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Estados que comprovarem perdas de arrecadação podem repassar descontos de ICMS só após indenização da União.
A redução adicional de R$ 10 bilhões na conta de luz dos brasileiros, que poderia ser um dos trunfos da campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), não deve chegar às faturas de 22 estados brasileiros antes da eleição.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que a redução pode ser feita apenas depois que os governos estaduais forem indenizados pelo governo por perdas de arrecadação. Uma vez recebida a compensação, o desconto seria repassado na conta de luz do mês seguinte.
Caso os descontos do ICMS —que foi unificado em 17%— fossem aplicados integralmente, como prevê a nova legislação, a conta de luz dos assinantes residenciais e empresariais desses 22 estados sofreria uma redução de 7,38%, segundo cálculos da Abrace (Associação dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres).
Para a indústria, base de associados da entidade, esse desconto seria menor —5,8%. No total, isso representaria algo em torno de R$ 10 bilhões em descontos.
ENTENDA A REDUÇÃO DE IMPOSTO NA CONTA DE LUZ
A lei unificou o ICMS de combustíveis e serviços essenciais para todos os entes federativos. No caso da energia elétrica, passou a ser cobrado ICMS de 17%.
Além disso, isentou da cobrança desse imposto os encargos setoriais de geração, distribuição e transmissão, e determinou compensação financeira em caso de perdas superiores a 5% da arrecadação anterior (com ICMS mais elevado do que 17%).
Argumentando que perderiam receita, 22 estados foram ao STF pedir compensação antecipada dessa parcela do custo que compõe a conta de luz. Técnicos das secretarias de Fazenda afirmam que a lei não deixou claro se, no caso dos encargos, a compensação por parte da União deveria ocorrer antes ou depois do repasse do desconto para as contas de luz.
Ao menos três estados —AC MG e RN— já obtiveram decisão favorável do ministro Gilmar Mendes, relator das ações que tramitam no Supremo questionando a alíquota de ICMS no setor e pleiteando a antecipação automática.
Em seus despachos, o ministro Gilmar Mendes permitiu a compensação antecipada no que "excederem a 5%, calculadas mês a mês, com base no mesmo período do ano anterior e com correção monetária (pelo IPCA-E), sem a cobrança de quaisquer encargos moratórios daí decorrentes".
O ministro também vetou a inclusão do estado em quaisquer cadastros de inadimplência. Decidiu ainda impedir a "alteração ou reclassificação de rating [nota de crédito] da Capacidade de Pagamento (Capag), base para avaliação para que o estado possa tomar empréstimos no mercado.
Embora todos os entes federativos apliquem a nova alíquota de ICMS sobre a tarifa de energia, somente cinco deles –MG, ES, SP, PR e RS– estão isentando automaticamente os encargos setoriais. Esse grupo concentra mais da metade da arrecadação. Os demais recorreram ao STF.
Nos autos, eles afirmam que os estados já perderam dinheiro demais com os descontos de ICMS nas tarifas que, em alguns estados, chegava a 32%.
Para eles, não houve mecanismos eficazes de compensação para essas perdas. Além disso, afirmam que a lei que criou o teto do imposto estadual inclui um gatilho que permite aos estados abater dívidas com a União, caso as medidas levem a uma queda maior que 5% na arrecadação total com o ICMS.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Plano do governo prevê novos combustíveis no programa.
O Ministério de Minas e Energia apresentou na última semana um plano que prevê inserir no RenovaBio novos combustíveis na estratégia de descarbonização dos transportes e até outros ativos ambientais que não os relacionados a combustíveis renováveis, o que na prática vai reduzir o papel que os bicombustíveis têm no programa. Ao mesmo tempo, o ministério vai transferir o ônus do custo do carbono, que hoje recai sobre as distribuidoras, para os fornecedores de combustíveis fósseis - no caso atual, principalmente a Petrobras.
Antecipadas ao setor privado em reunião na última quinta-feira, as mudanças devem integrar uma sugestão de medida provisória. O governo pediu que as entidades que representam os setores envolvidos deem um parecer sobre as propostas já nesta segunda.
O plano de mudança surge após pressão das distribuidoras, sobretudo as regionais, que se queixam da incerteza da oferta de Créditos de Descarbonização (CBios) - que equivalem a 1 tonelada de carbono que deixa de ser emitida - e do custo do programa. As reclamações ganharam corpo em junho, quando o preço dos CBios disparou, saindo de cerca de R$ 100 para mais de R$ 200. Segundo especialistas, as distribuidoras regionais têm mais dificuldade de repassar o valor dos CBios aos combustíveis fósseis, o que diminuía suas margens, que já são apertadas.
Na parte da oferta de créditos, o ministério quer incluir entre os combustíveis capazes de emitir CBios os fósseis processados junto com biocombustíveis. Hoje, a Petrobras é a única refinaria que possui patente de um combustível do tipo, o HBio, diesel com 5% de origem renovável (vegetal ou gordura). Na mudança, a fatia de 5% seria a emissora de CBio.
A Pasta quer incluir também os combustíveis sintéticos (ou “e-combustíveis”), que podem ser obtidos do processamento de carvão vegetal, biomassa, biogás, água e até do gás carbônico. A tecnologia ainda está em fase de desenvolvimento em grandes petroleiras e empresas de energia.
Produtores e importadores desses “novos” combustíveis ainda teriam um bônus de 20% sobre sua nota de eficiência energético-ambiental, que é o que determina quantos CBios cada produtor pode emitir. A lei do RenovaBio já prevê esse bônus para produtores de biocombustíveis com emissão negativa de carbono em seu ciclo de vida.
O Ministério de Minas e Energia quer ainda que os mandatos também possam ser cumpridos com a aquisição de outros ativos ambientais não relacionados a combustíveis, como créditos de carbono em geral e Cédulas de Produtor Rural (CPRs) Verde - instrumentos de garantia de crédito ligados à conservação e recuperação de vegetações nativas.
Para especialistas, essas alterações mudariam a estrutura do programa, já que incluiriam novos elementos de oferta de ativos. Isso faria com que o RenovaBio deixasse de ser um programa voltado apenas ao estímulo dos biocombustíveis como estratégia de descarbonização dos transportes.
Em proposta relacionada à demanda, o ministério quer desobrigar as distribuidoras da compra de CBios e de outros ativos ambientais, passando esse mandato às refinarias e importadores de combustíveis fósseis. A justificativa da Pasta é que a mudança reduziria os preços ao consumidor final. Não há consenso no mercado, porém, sobre o impacto do valor.
Essa mudança retira o ônus que hoje recai sobre as três maiores distribuidoras (Vibra, Raízen e Ipiranga), que respondem por cerca de dois terços do mandato de CBios, e sobre as cerca de cem distribuidoras médias e pequenas em operação. A responsabilidade passa a ser da Petrobras e dos compradores de refinarias da estatal, como o fundo árabe Mubadala e a distribuidora Atem, além de importadores de fósseis, que dependem da paridade de preços de importação para atuar no Brasil.
Na prática, as mudanças propostas pelo Ministério de Minas e Energia colocam a Petrobras nos dois lados do mercado: como emissora de CBios, por meio de seu HBio, e como principal compradora dos créditos, com mais de 50% das obrigações.
O ministério planeja ainda mudanças na forma de comercialização dos CBios. A Pasta acatou demanda das distribuidoras e pretende estipular um prazo para a venda dos CBios após a escrituração. Segundo a proposta, a medida evitaria manipulação de mercado ao inibir a retenção da oferta por parte dos produtores. Também se pretende colocar o mercado de CBios sob supervisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O Valor apurou que alguns itens do plano estavam em um “cardápio de propostas” que Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Vibra e Ipiranga apresentaram ao ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, em 12 de julho. Uma delas é o prazo de venda de CBios.
Diretora de downstream do IBP, Valéria Lima defendeu que estabelecer esse prazo cria uma “simetria de obrigações” em relação à parte que é obrigada a comprar os ativos a cada ano. Ela disse que vê “como bastante positiva” a atitude do governo de adotar o que considera como “melhorias no programa”.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Novas regras para o setor de energia incluídas às pressas em uma medida provisória aprovada na quarta-feira pela Câmara dos Deputados viraram alvo de críticas de associações e executivos de elétricas, que veem nos "jabutis" uma pressão de alta nos custos aos consumidores num momento em que setor, governo e o próprio Congresso buscam reduzir as tarifas de energia.
Agora, movimentos que reúnem representantes do setor elétrico, de indústrias e consumidores, como o União Pela Energia e a Frente Nacional dos Consumidores, correm para mobilizar o Senado a retirar essas propostas do texto, que ainda precisa ser apreciado pela Casa.
A MP 1118, que anula a utilização de créditos tributários por empresas que compram combustível para uso próprio, acabou sendo aprovada por deputados na véspera com medidas alheias ao seu teor, incluídas de última hora no parecer do relator, deputado Danilo Forte (União-CE).
As propostas que mais incomodaram agentes do setor elétrico foram a ampliação do prazo para entrada em operação de novos projetos de geração renovável, que buscam garantir descontos nas tarifas de transmissão e distribuição, e a aplicação de um "sinal locacional" nas tarifas de transmissão.
No caso do maior prazo dado a empreendedores, a avaliação de críticos é de que o benefício é injustificado e gerará um custo adicional que será pago por todos os consumidores através da conta de luz.
A Abrace, associação que representa grandes consumidores de energia elétrica e gás, calcula um subsídio extra de 8 bilhões de reais por ano em razão dos dois anos a mais que geradores terão para colocar suas usinas em atividade e garantir benefícios que foram extintos com a lei 14.120/2021.
O presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, rejeita o argumento de que os empreendedores poderiam precisar de mais tempo para seus projetos por causa de distúrbios na cadeia de suprimentos dos equipamentos. "Esse risco é parte do jogo, se eles têm um prazo e perdem... Temos que entender que vão ter ganhadores e perdedores", disse.
Ele afirma ainda que a entidade, por meio da União pela Energia, e a Frente Nacional dos Consumidores de Energia vão buscar reverter no Senado as medidas que "violentam" o ambiente regulatório do setor elétrico.
Não foi possível falar imediatamente com o deputado Forte, que chegou a modificar várias vezes seu parecer ante de levá-lo ao plenário. Ele havia incluído um imposto de exportação de petróleo e um cronograma para maior uso de biodiesel, itens que ficaram de fora do texto final aprovado.
Mais críticas
Para o presidente da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, a "interferência política" dos deputados em temas regulatórios pode gerar "considerável insegurança jurídica" e elevar o risco do setor elétrico.
"O texto aprovado altera o racional das tarifas de transmissão, rasgando a lógica econômica e de uso do sistema —definidos há décadas. Como efeito do artigo terceiro, teremos uma conta ainda mais alta para o consumidor de energia. Além disso, alonga subsídios —desnecessários— por mais alguns anos em detrimento da competitividade da indústria e dos consumidores", disse Sattamini, em nota.
O Instituto Acende Brasil também criticou a ação dos parlamentares e lembrou que o tema do sinal locacional na tarifa de transmissão é técnico e já está sendo discutido em consulta pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
"Apresentar, propor e aprovar artigos de lei em cerca de 24 horas significa abandonar de vez o princípio da boa governança legislativa: zero transparência, zero previsibilidade", afirmou o Acende Brasil, em nota.
Subsídios em alta
As contas de luz têm sido pressionadas nos últimos anos por uma série de fatores, sendo um deles o aumento dos encargos setoriais como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial que provê recursos para o custeio de várias políticas públicas e subsídios.
O orçamento da CDE chegou a 32,1 bilhões de reais neste ano, 34,2% superior ao de 2021, impulsionado principalmente pela ampliação do programa Tarifa Social, pelo aumento de subsídios às fontes renováveis de energia e por maiores custos na Conta de Consumo de Combustíveis (CCC).
Na semana passada, diretores da Aneel também defenderam uma "revisão estrutural" das tarifas de energia elétrica, observando que em 2023 os valores deverão ser pressionados por novos fatores e não contarão com ações que foram importantes mitigadores neste ano, como os 5 bilhões de reais da privatização da Eletrobras aportados na CDE.
Fonte e Imagem: UOL
Novo prazo foi incluído na reta final de votação de uma MP que tratava de impostos sobre combustíveis.
A decisão da Câmara dos Deputados de estender, por 24 meses, o prazo para entrada em operação de projetos de fontes renováveis com descontos nas tarifas de transmissão (Tust) e distribuição (Tusd) colocou em campos opostos agentes do setor elétrico.
Os que são contra argumentam que a MP tramita há meses no Congresso e trata de questões relativas a impostos sobre combustíveis, mas, em menos de 24 horas, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) incluiu pontos para alterar regras do setor elétrico. Por se tratar de um item estranho ao texto original da Medida Provisória nº 1.118, a manobra foi classificada pelos agentes como “jabuti”.
Nos cálculos da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), os subsídios podem custar cerca de R$ 8 bilhões a serem pagos pelo consumidor brasileiro na conta de luz.
Parte dos temas estão inseridos no PL 414 que já tramita no Congresso, sem, no entanto, ser pautada sua votação.
“Aumentaram em dois anos o prazo que o gerador tem para concluir sua obra. Estimamos que eles conseguirão trazer mais 10 mil megawatts (MW) de projetos subsidiados para o sistema e o custo adicional ao sistema será de R$ 8 bilhões por ano, o que dobra o subsídio que já existe hoje (...). Os consumidores brasileiros também passaram por uma crise global enorme. E não devem pagar pela proteção de setores econômicos sujeitos ao risco do mercado”, disse o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa.
O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, avalia que o Congresso perde credibilidade ao assumir medidas de cunho não técnico e sem discussão. Segundo ele, apresentar, propor e aprovar artigos de lei em cerca de 24 horas significa abandonar de vez o princípio da boa governança legislativa
“Fica demonstrada a leviandade de como o tema é tratado. A boa governança das questões legislativas está de lado. Em uma canetada de um PL passa a ser definido como lei (...). O Congresso se torna palco de favorecimento de grupos de pressão”, diz Sales.
Já os defensores da extensão dos prazos avaliam que o recente contexto de pandemia, guerra e volatilidade dos preços atrapalhou os empreendimentos em andamento, por isso seria razoável uma readequação dos prazos.
No entendimento da Abeeólica e Absolar, associações que representam os setores de energia eólica e solar, respectivamente, a medida equilibra o desarranjo conjuntural.
“Pegamos uma crise global enorme, com a retomada pós-pandemia com pressão de preços e custos das principais commodities subindo. Isso trouxe um problema sério na entrega da cadeia produtiva. Muitos projetos já faziam jus ao desconto e só estão postergando o prazo para a entrega porque já têm a outorga e a garantia paga”, afirma a presidente-executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum.
O presidente-executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, discorda dos números da Abrace. Segundo ele, não se deve banalizar a palavra “jabuti”, pois o legislativo está “arrumando a casa” e é algo diferente do que aconteceu com a MP da Eletrobras. Ele acrescenta ainda que quanto mais eólicas e solares entrarem na matriz, mais os reservatórios das hidrelétricas serão poupados e menor será a necessidade de despacho termelétrico.
“É difícil dizer que isso vai encarecer a conta de luz do consumidor quando a gente não tem a visibilidade de um outro modelo que será implementado para valorar o atributo ambiental e que vai representar um valor financeiro a ser arcado no âmbito do setor”, diz. “A expansão de quais fontes ajudariam o Brasil a reduzir custos, se não a solar e eólica, que são as mais baratas”, indaga Sauaia.
A Abradee, associação que representa as distribuidoras de energia elétrica, disse ter sido surpreendida pela inclusão na MP de temas relacionados ao setor elétrico sem que tenha existido uma discussão com todos os interessados e classificou como “retrocesso”.
“A maior parte desses temas estão inseridos no PL 414 que já tramita há algum tempo no Congresso, sem, no entanto, ser pautada sua votação, e este instrumento sim tem sido objeto de discussões e consensos entre os diversos segmentos impactados”, informou em nota a entidade.
O presidente da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, diz temer por mudanças significativas no teor do texto original da Medida Provisória 1.118/22. Para ele, a interferência política em temas regulatórios pode gerar considerável insegurança jurídica e elevar o risco do setor elétrico.
“Apesar de alguns ‘jabutis’ terem caído antes da votação, os que permaneceram têm relevante impacto, criando ainda mais subsídios e nova ingerência no setor elétrico. O texto aprovado altera o racional das tarifas de transmissão, rasgando a lógica econômica e de uso do sistema - definidos há décadas. Como efeito do artigo terceiro, teremos uma conta ainda mais alta para o consumidor de energia. Além disso, alonga subsídios por mais alguns anos em detrimento da competitividade da indústria e dos consumidores”, analisa.
Outro ponto foi a mudança na metodologia de aplicação do sinal locacional. O tema compete à agência reguladora do setor, a Aneel, e está em processo de terceira fase de consulta pública nº 39/2021. O entendimento de fontes ouvidas pela reportagem é que a medida atropela um rito técnico do órgão competente.
O Valor noticiou que a Abeeólica entrou na Justiça com uma liminar para barrar a mudança de metodologia do cálculo por discordar da decisão da Aneel que pede a nulidade do item que trata da estabilização para algumas usinas, já que isso afeta diretamente a geração eólica no Nordeste, que terá de pagar mais para servir o consumo no Sudeste caso a regra mude.
Após o aval dos deputados, a MP segue para apreciação do Senado, o que deve ocorrer no fim do mês de setembro.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Mudanças poderão trazer incertezas e é preciso levar em consideração a proteção dos contratos.
O Projeto de Lei 414/2021, que discute a portabilidade da conta de luz e moderniza o marco regulatório do setor elétrico para ampliar o mercado livre, ainda traz muitas dúvidas ao setor. E a autoprodução traz desafios e oportunidades aos consumidores. Segundo o sócio-diretor da Thymos Energia, Alexandre Viana, desde março tem observado que os consumidores de autoprodução tem acelerado o processo de contratação. “Foi até engraçado, um ciclo em 2020 e 2021 muito forte de autoprodução, depois deu uma parada e agora o PL 414/21 deu uma acelerada nos processos”, disse.
Contudo, Viana foi bem claro e disse que é preciso ter regras mais rígidas. “Precisamos de regras mais rígidas para evoluir o mercado, pois a gente não acredita que o processo de autoprodução vá acabar totalmente”, explicou.
Ele ainda declarou que não há perspectiva positiva que os encargos vão reduzir, mesmo com alguns caindo como o Proinfa. “Temos observado que os encargos no Brasil tem subido de forma crescente, ou seja, a energia ficou mais cara de um modo geral em nível global, mas ainda observamos que é vantajoso fazer o processo de autoprodução no Brasil e digo isso fazendo uma análise bastante conservadora prevendo um contrato entre 15 e 20 anos”, ressaltou Viana, durante o Lefosse Energy Day, realizado na quarta-feira, 31 de agosto.
Já para o presidente do conselho de administração do Grupo Unipar, Bruno Uchino, a PL 414 é inegável e importante para o setor. “Ela deveria ser tratada como prioridade no Congresso. Especificamente a autoprodução no PL trouxe muita capacidade para o setor e ocupou um espaço de maneira positiva. O setor elétrico continuará numa posição sólida”, disse. Segundo Bruno, as mudanças que podem ocorrer no cenário regulatório podem trazer incertezas, porém ele acredita que os projetos já contratados vão respeitar a dinâmica do que já foi contratado. “Virá um PL numa versão revista e terá um período de transição”, ressaltou.
A diretora jurídica da Casa dos Ventos, Elisa Pascoal, acredita ser importante confiar que a lei vai levar em consideração a proteção dos contratos. “Nos resta acreditar nas ações e no respeito aos contratos que foram firmados de acordo com a lei. Confiamos que vai ter uma regra de transição razoável e que respeitará as ações já realizadas”, disse. Ela ainda declarou que já tem explicado aos clientes o que esta acontecendo e percebe que a maior não tem um time de energia acompanhando esse tema.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Projeto que altera o modelo comercial do setor elétrico já passou pelo Senado, e aguarda votação na Câmara.
O presidente da Câmara do Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou nesta quarta-feira, 31 de agosto, que vai pautar em outubro o PL 414. “O [PL] 414 eu lhe prometo que ele vem pra pauta com texto ou sem texto em outubro”, disse ao deputado Danilo Forte (União-CE) durante a sessão deliberativa que aprovou hoje a Medida Provisória 1118.
A MP alterava originalmente a Lei Complementar 192, que trata do ICMS sobre combustíveis, para retirar a possibilidade de apropriação de créditos de PIS e Cofins vinculados à comercialização de óleo diesel, gás liquefeito de petróleo e querosene de aviação, quando se tratar de adquirente final desses produtos. Mas acabou recebendo emendas que tratam do setor elétrico.
O PL 414, que trata da reforma do modelo comercial do setor elétrico, já passou pelo Senado como PLS 232, e está parado na Câmara. O próprio setor elétrico já via com pessimismo a possibilidade de aprovação da matéria esse ano.
O projeto trata de temas como liberação do acesso ao mercado livre, separação lastro e energia e separação das atividades de distribuição e de comercialização reguladas, entre outros temas.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Prazo ampliado foi incluído em Medida Provisória que trata de outro tema: créditos tributários de combustíveis. Empresas reclamam de ‘jabutis’ da MP.
A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira uma medida provisória (MP) que estende de 48 para 72 meses o prazo para entrada em operação de usinas de geração eólica e solar com direito a desconto nas tarifas de transmissão. Segundo representantes do setor elétrico, essa mudança pode elevar o preço da energia para os consumidores.
A extensão do prazo foi incluída em uma MP que trata de outro assunto: a anulação de créditos tributários na compra de combustível para determinadas empresas. Esse tipo de manobra legislativa é chamada de "jabuti" no Congresso.
Segundo Pedro Rodrigues, diretor-executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o período de 48 meses foi pensado para incentivar a energia renovável, mas sua extensão traz um custo a mais.
— Vamos dizer que você construiu um parque eólico no Nordeste. A lei dizia que você tinha um prazo de 48 meses para se beneficiar de um desconto na tarifa de transmissão. Ou seja, a partir do momento da outorga do seu projeto, tem 48 meses para a linha de transmissão chegar e conseguir fazer a conexão. Se essa linha de transmissão não chegar, eu perco meu desconto e esse prazo de 48 meses foi estendido para 72 meses — exemplificou Rodrigues.
A Abrace (associação de grandes consumidores de energia) estima um custo extra de R$ 8 bilhões por ano para os consumidores, que sobe a R$ 10 bilhões e forem considerados os impostos.
— Se aumentou em dois anos o prazo para o gerador concluir a sua obra. Muitos geradores que não iam conseguir concluir, vão conseguir agora. A gente estima que esses geradores que serão beneficiados conseguirão trazer mais 10 mil megawatts de projetos para o sistema. E o custo disso adicional ao sistema será da ordem de R$ 8 bilhões por ano. Esse movimento faria dobrar o subsídio, que já é de R$ 8 bilhões — disse Paulo Pedrosa, diretor-executivo da Abrace.
Essa previsão foi incluída pelo deputado Danilo Forte (União-CE) em um MP que anula créditos tributários para empresas que compram combustível para uso próprio.
Pela diferença entre o tema original da MP e a mudança feita pelo relator, representantes do setor estão criticando o que chamam de “jabuti”, termo usado para descrever medidas que são incluídas em projetos no Congresso que não são relacionados ao intuito original do texto.
Empresas terão que dar informações à Aneel
A MP foi aprovada na Câmara e ainda passará por análise no Senado. A extensão do prazo vai depender das garantias adicionais a serem apresentadas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), disse que o tema não deveria ter sido tratado nessa MP. Para ele, traz desequilíbrio para os agentes do mercado e ônus para os consumidores.
Madureira explica que o texto aprovado muda regras para a geração e outorga de geração. Dessa forma, o gerador vai ter que pagar o mesmo preço durante todo o período, não importando as modificações ou investimentos feitos.
— Nós sabemos que são feitas modificações, melhorias nesse período de outorga nos investimentos de transmissão, isso significará que esses custos não serão cobertos por esse gerador, vão ficar para novos geradores que vão entrar e para os consumidores — afirmou.
Os retrocessos no Brasil em 2022
Está em tramitação no Congresso o PLP 414, que trata da modernização do setor elétrico, mas o texto não avança há meses.
Sem debate
Paulo Pedrosa, afirmou que a proposta foi aprovada sem discussões.
— Em pouquíssimas horas surgiu uma proposta que cria custos para os consumidores sem nenhum número, sem nenhuma justificativa, sem nenhuma discussão. Isso traz um benefício para alguns geradores, que terão um subsídio que os consumidores todos pagam. É surpreendente que isso aconteça em 15 horas, sem ninguém ser ouvido — afirmou.
'Surpresa geral'
Em nota, o Instituto Acende Brasil disse que o relator incluiu no texto os trechos que tratavam do setor elétrico para "surpresa geral" e sem prévia discussão.
"Apresentar, propor e aprovar artigos de lei em cerca de 24 horas, significa abandonar de vez o princípio da boa governança legislativa: zero transparência, zero previsibilidade. Não há dúvida de que, quando isso acontece, são os consumidores ou a sociedade como um todo, que assumem o risco de um novo custo", ressalta.
Em nota, o deputado Danilo Forte disse que a MP avança na garantia de investimentos em energia limpa e renovável no Nordeste.
“A MP garante que o Nordeste continue atraindo investimentos em energia solar e eólica”, disse.
Fonte e Imagem: O Globo.
Além de papel e celulose e energias renováveis, que concentravam as transações, agora há adesão de novas áreas como logística, agronegócio e saneamento.
O Brasil começa a despontar como um mercado promissor para os chamados financiamentos sustentáveis – títulos verdes, sociais, vinculados à sustentabilidade e de transição –, instrumentos de dívida emitidos por empresas, governos ou entidades, que são comercializados para atrair investimentos para projetos ligados a práticas ESG.
O volume de operações emitidas no país com rótulo sustentável atingiu R$ 86,10 bilhões em 2021, com 120 operações, ante R$ 29,37 bilhões em 2020 e 42 transações. Em 2022, foram mapeadas 45 transações até agosto, com R$ 36,97 bilhões. Desde 2015, data da primeira operação, esse mercado movimentou R$ 177 bilhões com 236 operações, segundo a consultoria Natural Inteligente (NINT).
A despeito do crescimento considerável, as operações ESG no Brasil são uma pequena fatia do mercado global, que deve alcançar US$ 1,5 trilhão em 2022, ante US$ 1 trilhão em 2021, segundo a Environmental Finance. “A questão climática tem evoluído nas discussões mundiais, com os consumidores mais engajados e os fundos de investimentos passando a privilegiar as empresas mais empenhadas na proteção socioambiental”, diz o diretor-executivo de sustentabilidade, cidadania financeira, relações com o consumidor e autorregulação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Amaury Oliva.
Se até 2020 essas operações eram concentradas em poucos setores, como os de papel e celulose e energias renováveis, houve adesão de novos segmentos, como os de transportes e logística, agronegócio, saneamento, biocombustíveis e cosméticos, entre outros. “É um mercado que possui uma demanda maior que a oferta e, por isso, há maiores chances de atrair mais investidores e diversificar a carteira”, afirma a analista do programa de infraestrutura para Brasil e América Latina do Climate Bonds Initiative, Júlia Ambrosano.
Um das operações que começam a ganhar mais espaço são os chamados instrumentos vinculados a metas de sustentabilidade (Sustainability-Linked Bonds), os SLBs, procurados pelo fato de não exigirem um direcionamento dos recursos para investimentos em projetos específicos, mas sim a metas de indicadores, como a diminuição das emissões de carbono, redução do consumo de matérias-primas e crescimento dos indicadores de diversidade.
A Natura Cosméticos, em maio de 2021, realizou uma emissão de US$ 1 bilhão em títulos vinculados a duas metas de sustentabilidade: reduzir em 13% a intensidade das emissões de gases de efeito estufa e atingir 25% de uso de plástico reciclado pós-consumo em embalagens de produtos plásticos até 2026.
Segundo a CFO da Natura &Co América Latina, Silvia Vilas Boas, a demanda pelos papéis superou a oferta em quatro vezes, e o objetivo da operação foi mostrar ser possível alinhar metas financeiras e de sustentabilidade. “Acreditamos que esse tipo de captação tende a crescer. O setor financeiro e a comunidade empresarial vêm percebendo que têm desafios em comum e que podem construir negócios atrelados a causas socioambientais, promovendo assim uma agenda mais ampla pelo desenvolvimento sustentável.”
O Grupo Boticário, em 2020, emitiu um SLB de R$ 1 bilhão. A meta, até 2025, é migrar para fontes renováveis todo o consumo de energia elétrica das fábricas e centros de distribuição, além de reciclar, reutilizar ou coprocessar 100% dos resíduos gerados nos processos produtivos. “As taxas de juros caem dez pontos-base a cada ano, conforme a evolução no cumprimento da meta”, diz o diretor de tesouraria, Pedro Andrade.
Em volume, o setor de papel e celulose lidera as operações, com 27%, seguido pelo financeiro (16,2%) e o de energia (13,5%). A primeira operação sustentável da Suzano, em 2016, teve a intenção exclusiva de gerar ganho de reputação, lembra o diretor- executivo de finanças e de relações com investidores, Marcelo Bacci. Seis anos e seis transações depois, os objetivos mudaram. A reputação continua sendo levada em conta, mas outros dois fatores entraram em jogo: obter vantagens financeiras e mobilizar a equipe para bater metas sustentáveis.
A Suzano lançou em 2020 duas emissões de títulos de dívida no valor total de US$ 1,25 bilhão, no modelo SLBs. Caso a meta de redução de emissão de gases de efeito estufa seja cumprida, haverá ganho de US$ 31,25 milhões; caso o resultado não seja batido, um ajuste de 0,25% na taxa de juros desta dívida, gerando uma penalidade de US$ 15,62 milhões, aplicada a partir de 2026.
“Mas o investidor quer que a empresa bata essa meta. Ele busca investimentos de impacto, a penalidade é só um incentivo”, diz. As sete operações com rótulo ESG da companhia somam US$ 6 bilhões. Além da redução das emissões de carbono, as outras metas escolhidas pela empresa nas demais operações SLB, que somam US$ 1,5 bilhão, foram a redução do consumo de água nas operações industriais e o aumento do número de mulheres em cargos de liderança. Intensiva em capital, a Suzano tem 40% de sua dívida, que soma entre US$ 14 bilhões e US$ 15 bilhões, atrelada a financiamentos sustentáveis.
A B3 registrou a emissão de 19 instrumentos com a certificação ambiental ou social (ou ambas) em 2019, número que subiu para 24 em 2020 e saltou para 76 no ano passado. Em 2022, até o mês de julho, foram 31 emissões. “É uma maneira de investir com propósito, para além do desejo de rentabilidade”, afirma o gerente de produtos de balcão na B3, Leonardo Betanho.
O BTG Pactual, entre 2016 e 2022, distribuiu US$ 10,9 bilhões em operações emitidas com rótulo sustentável no Brasil, dos quais US$ 6,3 bilhões somente em 2021, ano recorde para o banco de investimentos. Para a head da área de investimentos sustentáveis e de impacto da instituição, Patrícia Genelhú, a demanda vem aumentando na esteira da tendência global dos investidores de incluir em seus portfólios operações que levam em conta aspectos sociais, ambientais e de governança (ESG). “E as empresas precisam fazer essa sinalização institucional para que sejam percebidas como sólidas dentro dessa agenda de sustentabilidade.”
Segundo ela, os títulos sustentáveis tradicionais, como os green bonds (emissões verdes), seguem bem sólidos e não perderam espaço, mas as operações com viés mais inovador têm conquistado terreno, como os SLBs, por conta da flexibilidade em permitir que o recurso possa ser usado conforme a necessidade. No mercado como um todo, em volume, os títulos verdes lideram com 71,8% das operações, seguidos pelos sustentáveis (18,2%), de transição (5,4%) e sociais (4,5%), segundo a NINT.
O Santander viabilizou R$ 51,6 bilhões em negócios sustentáveis em 2021, mais 93% ante 2020. Nos últimos três anos, esse volume cresceu quase quatro vezes. O responsável pela área de green finance do banco, Alex Zanardo Sciacio, aponta que uma das tendências de mercado é atuar em parceria com os clientes nas cadeias de suprimentos. “É uma grande oportunidade, apoiar nossos clientes para auxiliar na descarbonização dos seus fornecedores.” O banco, que inaugurou sua atuação no Brasil na área de operações com rotulagem ESG em meados de 2020, com o financiamento verde de R$ 180 milhões para a FS Bioenergia, produtora de etanol de milho, destaca o crescimento da demanda nos mercados de energias renováveis (solar e eólica) e de saneamento, que ganhou impulso após a aprovação do novo marco regulatório, que viabilizou novas concessões e investimentos.
A Aegea Saneamento levantou US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,4 bilhões) no mercado de capitais internacional, em abril deste ano, em uma emissão de bonds no formato SLB. A empresa firmou três compromissos até 2030: redução do consumo de energia em 15%, aumento de 32% para 45% de mulheres em posições de liderança e aumento de 17% para 27% de pessoas negras ocupando cargos de liderança. Caso não bata essas metas, haverá um aumento na taxa de juros de 25 Basis Points (bps) em dólar. “As metas com nossos investidores vão além das metas dos contratos e, se não alcançadas, produzirão impactos financeiros”, ressalta o diretor-presidente da companhia, Radamés Casseb.
A head de negócios ESG do Itaú BBA, Luiza Vasconcellos, conta que, historicamente, a interlocução com os clientes era focada na área financeira, mas que o diálogo migrou também para os departamentos de sustentabilidade, novos negócios e operações. Na visão do banco, o tema ESG, mais especificamente de finanças sustentáveis, será em breve uma regra. “O crescimento acelerado do mercado brasileiro nos últimos anos mostrou nossa evolução na incorporação de aspectos ESG aos negócios. Por mais que ainda não seja possível verificar uma vantagem de preço nessas transações, sabemos que investidores tendem a ter um viés positivo para elas.”
O Itaú BBA estreou com uma emissão ESG em 2016. No ano passado, foram mais de 32 operações no mercado local, com volume de R$ 9,9 bilhões, e dez operações no mercado internacional, totalizando US$ 795 milhões. Em 2022, até julho, o banco registrou 14 operações no mercado local (R$ 5,66 bilhões) e cinco no internacional (US$ 430 milhões).
O Bradesco observa uma procura crescente dos clientes por financiamentos verdes, atrelados a entregas e benefícios ambientais, principalmente relacionados a temáticas de energia renovável, eficiência energética e redução de emissões. Em 2021, estabeleceu a meta de direcionar R$ 250 bilhões, até 2025, para negócios de impacto positivo, gerando benefícios socioambientais por meio de crédito corporativo, títulos no mercado de capitais e das soluções financeiras socioambientais do seu portfólio. Até junho de 2020, o banco atingiu 52% desse objetivo, ou seja, R$ 129 bilhões em negócios sustentáveis, com destaque para a contribuição do crescimento de mais de três vezes na originação de greens e socials bonds. “Nossa expectativa é que este mercado continue crescendo e ampliando a diversidade de temas relacionados à agenda ambiental, como, por exemplo, mercado de carbono, agricultura de baixo carbono, hidrogênio verde, gestão de resíduos e efluentes”, diz Marcelo Pasquini, head de sustentabilidade.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A demanda no mercado livre, onde o consumidor escolhe o fornecedor, avançou 5,7%; no mercado regulado, onde a gestão da energia dos consumidores fica a cargo das distribuidoras, cresceu 1,9%.
O consumo de energia no país cresceu 3,3% na primeira quinzena de agosto, em relação a igual período do ano passado, ao verificar, respectivamente, demanda de 63.519 megawatts (MW) médios ante 61.513 MW médios, de acordo com dados prévios da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A demanda no mercado livre, onde os consumidores podem escolher o fornecedor de energia, avançou 5,7% nos primeiros 15 dias deste mês, para 23.218 MW médios, enquanto no mercado regulado, onde a gestão da energia dos consumidores fica a cargo das distribuidoras, o consumo cresceu 1,9%, para 40.300 MW médios.
Expurgando-se as migrações nos últimos 12 meses, a demanda no mercado livre teria expansão de 3,3% e a do mercado regulado, de 3,2%.
Além disso, se não existisse no sistema a modalidade de micro e minigeração distribuída (MMGD), que reduz a demanda de rede, haveria uma elevação de 3,9% no volume de energia pelo mercado regulado.
O Estado com maior queda percentual no consumo de energia em agosto foi o Rio Grande do Norte, com 9% de queda. Já os estados que tiveram o maior crescimento percentual foram Amazonas e Mato Grosso, ambos com taxa de 11%.
Os segmentos de mercado com maior taxa de crescimento na primeira metade de agosto foram os de Madeira, Papel e Celulose e de Serviços, respectivamente, com 17,4% e 17,2%.
Na geração, o país verificou alta de 3,8%, passando de 64.142 MW médios produzidos na primeira metade de agosto de 2021 para 66.561 MW médios.
A geração hidráulica cresceu 38,6% na comparação anual, para 44.218 MW médios, enquanto a geração termelétrica recuou 54,8%, para 9.476 MW médios – ambos os resultados reflexo da crise hídrica que ocorreu no ano passado e que não se repetiu em 2022.
A geração eólica avançou 9,5% na primeira metade do mês, para 11.408 MW médios, enquanto a solar fotovoltaica saltou 69,3%, para 1.459 MW médios, ainda de acordo com a prévia da CCEE.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Operação cumpre 28 mandados de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal.
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (30), a Operação Skotos, que seria a terceira fase da Operação Black Flag. A ação investiga os crimes de falsificação e utilização de documentos, lavagem de dinheiro e associação criminosa e fraude em procedimento licitatório junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Segundo a PF, estão sendo cumpridos 28 mandados de busca e apreensão expedidos pela Primeira Vara Federal de Campinas, em cinco estados: São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Pernambuco, Tocantins e no Distrito Federal.
A ação acontece nas cidades de Campinas, Bragança Paulista, Valinhos, Indaiatuba, Itatiba, Sumaré, São Paulo e Vargem Grande Paulista, no estado de São Paulo; em Juazeiro do Norte, Fortaleza e Eusébio, no Ceará; na capital fluminense e no Recife (PE); em Palmas e Araguaína, no Tocantins, e em Brasília (DF).
A CNN entrou em contato com a Aneel, que respondeu em nota conduzir os leilões de energia de forma pública e transparente. “Os Editais passam pelo processo de Consulta Pública e estão em constante aperfeiçoamento para assegurar segurança jurídica, maior competição e a participação de agentes que tenham condições financeiras e operacionais de implementar os projetos licitados”, diz trecho da nota (leia a íntegra abaixo).
De acordo com as investigações, após análise do material obtido a partir das buscas, a PF descobriu que os investigados agiram durante os últimos dez anos. Agora, eles atuavam no ramo de exploração de energia fotovoltaica, através de empresas de fachada, em processos de licitação para concessão de parques para instalação de usinas de energia solar.
Os leilões vencidos e depois comercializados, geraram cerca de R$ 150 milhões, sendo que grande parte do dinheiro arrecadado foi direcionado para empresas de fachada, que teriam adquirido em bens de luxo aproximadamente cerca de R$ 47 milhões.
Na operação de hoje, a PF conta com apoio da Receita Federal e do Ministério Público Federal. A primeira fase da Operação Black Flag ocorreu em 2021, quando um grupo de Campinas, no interior de São Paula, usava empresas de fachada e “laranjas” para movimentar recursos de crimes financeiros e sonegação de imposto.
“Skotos” vem do grego e significa trevas, e se refere às fraudes nos leilões voltados ao setor de energia fotovoltaica e ao complexo sistema de falsidade para esconder os crimes e ganhos ilegais da organização criminosa.
Nota da Aneel sobre a Operação Skotos
A ANEEL conduz os leilões de energia de forma pública e transparente. Os Editais passam pelo processo de Consulta Pública e estão em constante aperfeiçoamento para assegurar segurança jurídica, maior competição e a participação de agentes que tenham condições financeiras e operacionais de implementar os projetos licitados. A ANEEL está à disposição para, caso necessário, colaborar com as investigações e prestar os esclarecimentos que se façam necessários para que eventuais fraudes realizadas pelos agentes sejam identificadas e devidamente punidas.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Pelas contas do ONS, o país terá um aumento de 22,1 gigawatts de capacidade instalada entre o fim de 2021 e o fim de 2026, passando de 173,8 GW para 195,9 GW, respectivamente.
Usinas eólicas e solares vão responder por mais da metade da capacidade instalada adicional ao Sistema Interligado Nacional (SIN) até 2026, de acordo com cálculos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O operador lançou hoje o Plano da Operação Energética (PEN 2022) horizonte 2022-2026, que projeta as condições de atendimento energético no período.
Pelas contas do ONS, o país terá um aumento de 22,1 gigawatts (GW) de capacidade instalada entre o fim de 2021 e o fim de 2026, passando de 173,8 GW para 195,9 GW, respectivamente.
Desse total, 13,6 GW virão de eólicas e solares nesses cinco anos, de acordo com o ONS. Eólicas vão adicionar 7,9 GW e solares, 5,7 GW – ambas vão corresponder a uma participação de quase 20% na matriz de energia elétrica.
Ainda como a principal fonte de energia, a hidráulica, que reúne grandes e pequenas usinas hidrelétricas, deve perder participação no mix elétrico, avançando apenas 0,2 GW em cinco anos, vendo sua taxa cair de 58,6% no fim do ano passado para 52,1% no fim de 2026.
As térmicas a gás natural, carvão e usinas nucleares devem crescer dos 25,3 GW em dezembro de 2021, para 31,1 GW no fim de 2026 – elevando a participação na matriz de eletricidade de 14,6% para 15,9%.
A biomassa cresce no período (de 14,4 GW para 16,2 GW), mas a participação no mix se mantém em 8,3%.
Os dados não consideram ainda as centrais de micro e minigeração distribuída (MMGD), modalidade que envolve unidades com potência de até 5 megawatts (MW). Até junho, a MMGD possuía potência instalada de mais de 11 GW e a previsão é de que sejam adicionados cerca de 10 GW até 2026.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Paraná deve ganhar mais do que a metade do número de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) existentes em seu território em apenas cinco anos, somando 21 empreendimentos a mais deste tipo ao grupo de 39 existentes até o ano de 2027. Os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que nove empreendimentos, que englobam 19 obras, são atualmente considerados em andamento. Outros 12, que envolvem 29 obras, ainda não foram iniciados.
As PCHs são como usinas capazes de gerar potência entre 5 megawatts (MW) e 30 MW, maior do que a produzida pelas Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), que geram até 5 MW. Somadas, as potências produzidas por esses dois tipos de empreendimentos no Paraná geram apenas 3% do montante total no estado. Porém, juntas, PCHs e CGHs representam 98% de toda a potência produzida entre as formas menos dispendiosas de se obter energia no Paraná (532 MW), um universo que conta ainda com usinas eólicas e fotovoltaicas. O grosso da produção ainda é feito pelas grandes hidrelétricas e termelétricas, quase 17 mil MW.
PCHs mais potentes em construção
Dos empreendimentos que estão em andamento no Paraná, a São Luís, cujo proprietário é a Tito Produtora de Energia Elétrica, apresenta três obras de 10 MW cada, perfazendo 30 MW de potência, e está prevista para entrar em operação em maio de 2025, nos municípios de Clevelândia e Honório Serpa.
Em segundo lugar, as duas PCHs da Confluência Energia S/A, localizadas em Prudentópolis e no Turvo, gerarão juntas mais de 27 MW, tendo prevista operação para julho de 2023. Os nove empreendimentos de PCHs com construção em andamento e que envolvem 19 obras associadas, devem adicionar 117 MW ao sistema. Quando todas as estruturas previstas para 2027 estiverem em operação, serão mais 280 MW.
De julho do ano passado até este momento, sete novas PCHs incrementaram o sistema, sendo quatro delas liberadas para operar neste ano: Foz do Estrela, Dois Saltos, Taguá e Invernadinha.
No Paraná, hoje há, em operação, 39 PCHs e 72 CGHs, que somam 547 MW outorgados, termo que diz respeito ao potencial de geração de energia permitido pelo órgão ambiental ao empreendimento no ato do licenciamento. As PCHs em operação têm potência de 454 MW outorgada e 439 MW fiscalizada, enquanto as CGHs têm 92,5 MW outorgada e fiscalizada.
Potencial de geração e entraves no crescimento
Segundo dados mais recentes da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH) a partir de informações da Aneel, o Paraná teria potencial para a construção de 162 PCHs ou CGHs, com cerca de 1,7 mil MW de energia inexplorada ainda no estado, que poderiam significar R$ 12 bilhões em investimentos e 100 mil empregos diretos gerados.
O estado, segundo a associação, tem sido um dos que mais avançou no licenciamento ambiental de pequenas usinas, com 191 documentos emitidos pelo Instituto Água e Terra (IAT) – vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, entre Licença Prévia (LP), de Instalação (LI) e de Operação (LO), para mais de 60 empreendimentos.
Apesar dessa agilidade, a presidente da ABRAPCH, Alessandra Torres, diz que o licenciamento ambiental segue sendo um grande entrave para o desenvolvimento do setor. “Junto com a cultura de demonização de hidrelétricas e seus reservatórios”, afirma ela, que cita como um diferencial importante, em relação a outras fontes renováveis, a energia hídrica ser uma energia firme, que pode e deve complementar as energias produzidas de origem eólica e solar, que sofrem com a intermitência. “As Pequenas Centrais hidrelétricas estão próximas aos centros de consumo e podem ser também o pulmão da Geração distribuída”, diz Alessandra.
Walfrido Ávila, presidente da Tradener Comercializadora de Energia e empresário na área de PCHs e CGHs, diz que mesmo com incentivos como descontos nas tarifas de uso de transmissão, com possibilidade de venda fora do local de geração e com mercado para a energia produzida, o preço que a energia gerada em PCHs chega ao mercado impede que o setor avance ainda mais. “Some-se a isso que o setor elétrico ainda é muito punitivo para o gerador, as regras mudam, encargos são cobrados de uns e não de outros; e que muitas vezes falta entendimento a todos os participantes da cadeia, o que complica a comercialização”, diz.
Ele explica que as PCHs têm como desvantagem em relação a outras geradoras o fato de que têm de pagar “todos os impostos possíveis e imagináveis”, visto que tudo é feito no Brasil, ao contrário dos sistemas solares e eólicos, que são equipamentos importados. “Isso acaba sendo uma injustiça que o Brasil comete contra si próprio. Além disso, as usinas eólicas e solares são dos investidores, que detêm sua propriedade, enquanto as PCHs não são do investidor, mas sim da União, a quem é devolvida após o fim da concessão. Ou seja, os impostos que ela cobra durante a construção são impostos tomados de uma coisa que é dela mesma”, afirma Ávila.
Segundo ele, o Brasil faz de 6 a 8 PCHs anualmente, um número muito pequeno, visto que o o país conseguiria construir de 100 a 150 PCHs por ano. “Isso movimentaria a indústria, daria empregos e geraria ainda mais impostos à União”, diz ele, assinalando que o Brasil tem capacidade de fazer mais mil PCHs, o que equivaleria a uma Itaipu em produção.
Ganhos desse tipo de usina
As vantagens relacionadas às PCHs e CGHs são, além do incentivo à economia e os empregos que cria, a geração próxima à carga, redução de perdas, menores investimentos em transmissão e o desenvolvimento de tecnologia 100% nacional. “Além disso, os prazos de implantação são menores e e essas estruturas são capazes de regular as vazões dos rios, o que auxilia na irrigação e abastecimento humano nos setores agropecuário e de saneamento básico”, diz a presidente da ABRAPCH, Alessandra Torres.
Recentemente, o Paraná mostrou sua força nessa área e revelou ter a maior representatividade do país em energia adquirida de PCHs e CGHs, no leilão A-4, promovido em fins maio pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CEE) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para atendimento das distribuidoras no mercado regulado.
O certame resultou na negociação de 251 (MW-m) a um preço médio de R$ 258,16/MWh. Deste total, 107 megawatt-médio (MW-m) de energia deverão ser geradas por 14 PCHs e 4 CGHs, até 2026. Isso representa 42% do total de energia comercializada naquele leilão.
Entre as PCHs e CGHs que tiveram a sua energia adquirida, seis delas, ou um terço do total está no Paraná. As PCHs e CGH do Paraná comercializaram juntas a energia de 78,5 (MW). São elas: PCH Cavernoso III, com a aquisição de 6,48 (MW), localizada entre os municípios de Candói e Virmond; PCH Cavernoso IV, com a aquisição de 6 (MW), localizada entre Catangalo e Candói; CGH Cavernoso VIII, vendeu 4,99 (MW) e fica na divisa entre Guarapuava e Goioxim; PCH Córrego Fundo, que está localizada entre os municípios de Colorado, Paranacity e Paranapoema comercializou 10 (MW); PCH Paredinha, no Turvo, comercializou 21 (MW) e já a PCH Tito, que fica entre Clevelândia e Honório Serpa comercializou 30 (MW).
Brasil tem capacidade para triplicar energia desse tipo
O Brasil tem potencial para expandir a sua capacidade de geração de energia renovável proveniente de PCHs em até 13,7 mil MW – um aumento de cerca de 300% - com menor impacto ao meio ambiente, se comparado a outras fontes, segundo a ABRAPCH.
Ao todo, são 1.150 usinas em operação no país, com a possibilidade de instalação de outras 1.250, sem contar com o potencial existente no bioma amazônico, que totaliza uma centena de novos possíveis projetos.
Fonte e Imagem: Gazeta do Povo.
Proposta do MME prevê o fim das restrições em 2024 para migração de consumidores em alta tensão, com carga abaixo de 500 kW.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica defendeu em contribuição à consulta pública sobre abertura de mercado que o calendário proposto pelo Ministério de Minas e Energia seja definido após a aprovação do PL 414. O argumento da Abradee é que sem medidas de alteração do modelo atual, a migração de um novo conjunto de consumidores para o ambiente livre a partir de 2024 vai deixar mais uma conta a ser paga para os que permanecerem no mercado regulado.
Na proposta, o MME sugere o fim das restrições em 2024 para a entrada no ACL de todos os consumidores regulados com demanda inferior a 500kW, que sejam atendidos em alta tensão. A exigência mínima da carga hoje é de 1.000 kW, valor que será reduzido para 500 kW em 2023.
“Do jeito como está hoje, e enquanto a modernização regulatória não chega, a migração dos consumidores do mercado regulado para o livre implica uma transferência de custos de um para o outro. Ou seja, esta ampliação da abertura do mercado, que atinge consumidores de grande porte atendidos em alta tensão, tornase mais um movimento que aumenta a tarifa dos consumidores regulados, especialmente o consumidor de baixa tensão residencial e comercial. O que entendemos ser profundamente injusto”, disse o presidente da entidade, Marcos Madureira, em nota divulgada nesta sexta-feira, 26 de agosto.
Na visão da Abradee, será necessário dar tratamento aos contratos de longo prazo, chamados de contratos legados; distribuir de forma equilibrada os custos da confiabilidade e da segurança do sistema entre os dois mercados; reduzir os subsídios existentes; separar as atividades de distribuição e comercialização, exercidas atualmente pelas distribuidoras; e aprimorar os mecanismos de gestão do portfólio de contratos de energia dessas empresas.
Esses pontos são tratados no projeto de reforma do modelo comercial do setor elétrico, que já passou pelo Senado e está na Câmara dos Deputados. O único
problema é que em ano de campanha eleitoral não há previsão para que ele seja votado.
Madureira lembrou que, na saída para o ambiente livre, consumidores do mercado cativo deixam para trás custos setoriais que sustentam a confiabilidade do sistema, como contratos de energia de longo prazo e contratos de energia firme, como de termelétricas, por exemplo.
A isso se soma a obrigatoriedade de contratação pelas distribuidoras de energia de um mix de fontes, que não necessariamente é a mais barata. É o caso dos contratos de cotas das usinas de Angra, de Itaipu e de hidrelétricas com concessões renovadas nos termos da Lei 12.783/2013, além de usinas térmicas.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou nesta sexta-feira, 26, que manterá a bandeira verde acionada em setembro para todos os consumidores conectados ao sistema elétrico nacional. Com a decisão, as contas de luz seguem sem cobrança adicional pelo quinto mês consecutivo.
"Essa sinalização reflete boas condições de geração de energia elétrica sem cobrança adicional nas contas de luz, mesmo considerando previsão de crescimento do consumo de energia no País", afirmou a agência em nota.
A bandeira verde está em vigor desde 16 de abril. De setembro de 2021 a 15 de abril, os consumidores pagaram um adicional de R$ 14,20 por 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos, referente à bandeira escassez hídrica. O patamar foi criado para bancar os custos de medidas adotadas devido à grave escassez nos reservatórios.
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 para indicar os custos da geração de energia no País aos consumidores e atenuar os impacto nos orçamentos das distribuidoras de energia.
Antes, o custo da energia em momentos de mais dificuldade para geração era repassado às tarifas apenas no reajuste anual de cada empresa, com incidência de juros. No modelo atual, os recursos são cobrados e repassados às distribuidoras mensalmente por meio da "conta Bandeiras".
A bandeira verde, quando não há cobrança adicional, significa que o custo para produzir energia está baixo. Já as bandeiras amarela e vermelha 1 e 2 representam um aumento no custo da geração e a necessidade de acionamento de térmicas, o que está ligado principalmente ao volume dos reservatórios.
Fonte e Imagem: Estadão.
O consumo nacional de energia elétrica aumentou 3,3% na primeira metade de agosto ante igual período de 2021, refletindo uma maior demanda de setores como serviços e madeira, papel e celulose, além de temperaturas mais elevadas em grande parte do país, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
O levantamento aponta que o mercado livre, no qual indústrias e grandes empresas contratam sua energia, registrou alta de 5,7% no consumo na comparação anual.
Já o mercado regulado, que atende consumidores residenciais e pequenas empresas, o consumo subiu perto de 2% no período.
CCEE aponta que a migração de consumidores entre mercados e o crescimento da geração distribuída de energia têm reduzido a demanda de energia do mercado cativo.
Excluindo as migrações de consumidores nos últimos 12 meses, o volume de energia consumida no mercado livre teria crescido 3,3%, enquanto o regulado registraria ampliação de 3,2%.
Já se for desconsiderado o efeito da geração distribuída, o volume demandado no mercado cativo teria alta de 3,9%.
CHUVA FAVORECE GERAÇÃO HÍDRICA
Chuvas acima da média histórica registradas na região Sul e em parte do Sudeste durante os primeiros quinze dias deste mês contribuíram para um aumento de 38,6% na geração das usinas hidrelétricas, apontou a CCEE.
Como consequência, a produção pelas termelétricas recuou 54,8% no comparativo anual.
Já a produção da fonte eólica aumentou 9,5% no período, enquanto a geração centralizada solar cresceu quase 69,3%.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Adriano Correia, sócio da PwC, defende urgência na regulamentação de temas que tornarão o pais protagonista na economia verde.
Reavaliar os subsídios do setor elétrico e regulamentar com rapidez temas fundamentais para o protagonismo do país na economia verde serão prioridades para o próximo governo, na avaliação do sócio da PwC Brasil Adriano Correia. E quando se trata de regulamentação, os pontos que se sobressaem como os mais urgentes são mercado de carbono e eólica offshore.
Para o executivo, muitas coisas fogem do controle do governo, mas há outras agendas em que é possível trabalhar, como a redução dos encargos pagos pelo consumidor de energia elétrica para bancar políticas direcionadas a segmentos específicos.
“Quando a gente olha para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) e a evolução nos últimos anos, a gente fica preocupado com o que vai acontecer nos próximos anos e até onde vai conseguir aguentar”, afirma Correa. Os custos da conta setorial chegaram a R$ 32 bilhões em 2022, e a tendência é de aumento nos próximos anos. Não à toa, o tema está no programa dos principais candidatos à Presidência da República.
O governo já publicou decretos sobre mercado de carbono e a exploração de energia em alto mar, mas os dois temas ainda carecem de uma regulamentação que dê maior clareza aos investidores. No caso da eólica offshore, são projetos que demandam tempo e que precisam sair o quanto antes do papel, avalia Correia.
Há uma quantidade já expressiva de empreendimentos com pedido de licenciamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, mas muitos deles, segundo o órgão ambiental, tem sobreposições. A aposta de investidores do setor é de que os primeiros projetos da fonte deverão ser concluídos apenas no fim da década.
“Se a gente perder esse timing de fazer os investimentos, talvez não consiga aproveitar o momento que o mundo está passando, principalmente em termos de transição energética”, avalia o consultor da PwC.
No mercado, todos sabem o que fazer para reduzir o impacto do seu negócio. As opções passam por eletrificação, hidrogênio verde e mais investimentos nas fontes eólica e solar. “Mas eu tenho visto que o pessoal tem uma dificuldade enorme em como fazer. Como tirar do papel os projetos é que eu acho que tem sido o maior desafio para o empresário hoje. E aí a gente está falando de investimentos relevantes, em infraestrutura essencialmente, investimentos de longo prazo que precisam ser feitos com urgência e a pessoa não pode errar.”
Quando se avalia o setor elétrico, até pela complexidade das questões envolvidas, as decisões devem ser sempre técnicas, pensando, primeiro, na segurança energética do país. O executivo vê uma evolução importante em relação a isso nos últimos anos, mas alerta que é preciso também otimizar o custo do setor.
“A gente precisa recuperar esses dois elementos, o custo e segurança. E a gente tem obviamente condições para fazer isso, se pensar na capacidade que o Brasil tem para fazer projetos com energia barata.” E em cenário no qual as energias renováveis despontam como uma aposta certa, o gás tem papel importante como combustível da transição.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Montante pode viabilizar investimentos superiores a R$ 35 bilhões em todo o ciclo de projeto e representa uma capacidade instalada de aproximadamente 8 gigawatts-pico, diz consultoria.
Uma pesquisa feita com cerca de 1.600 empresas ligadas ao setor de energia fotovoltaica mostrou que no primeiro semestre de 2022 a importação de equipamentos solares para atender os mercados de geração distribuída (geração própria) e geração centralizada (grandes usinas solares) teve um crescimento de 100% na comparação com o ano de 2021.
O montante pode viabilizar investimentos superiores a R$ 35 bilhões em todo o ciclo de projeto e representa uma capacidade instalada de aproximadamente 8 gigawatts-pico (GWp). Os dados foram divulgados pela Greener, consultoria especializada em estudos sobre o mercado de energia solar, durante a Intersolar South America.
“Tivemos uma forte aceleração dos volumes no primeiro semestre tivemos crescimento superior a 100% de equipamentos que chegaram ao Brasil, sobretudo módulos fotovoltaicos, o que indica um investimento superior a R$ 35 bilhões, sendo o principal indutor deste crescimento a geração distribuída”, disse em entrevista ao Valor o diretor da Greener, Marcio Takata.
Outro ponto relevante do estudo foi uma leve baixa nos preços. O último levantamento, divulgado com exclusividade pelo Valor, apontava uma alta de 8% no preço de placas solares pelo custo do frete, alta das commodities e câmbio.
Agora os preços de sistemas fotovoltaicos arrefeceram 4,3% para o consumidor final por conta de fretes um pouco mais baratos, oscilação negativa do câmbio, crescente concorrência no mercado nacional e aumento de empresas distribuidoras de equipamentos, reflexo do crescimento do setor.
“Hoje o Brasil está entre os principais mercados mundiais, fato que não era há 3 anos e isso traz uma concorrência na fabricação e na distribuição. Hoje são mais de 200 empresas distribuidoras no Brasil. Há pouco tempo eram no máximo 20 empresas”, diz.
O retorno sobre o investimento também apresentou redução e está em 4 anos. Um sistema residencial médio no Brasil custa em média R$ 19,5 mil para 4 kWp, há um ano atrás era de R$ 20,6 mil. A redução dos descontos para instalações de geração distribuída a partir de 2023 deve mudar este cenário, já que o setor prevê uma “corrida pelo sol” neste ano para garantir a gratuidade da cobrança da tarifa de uso da rede das distribuidoras, a chamada Tusd, até 2045.
O que puxou o crescimento foi a mudança nas regras para a geração solar associado ao crescente interesse do consumidor de energia em reduzir os custos com energia. “Isso mostra que a GD é uma solução competitiva para o consumidor embora haja essa queda da tarifa por conta da redução do tributo estadual [ICMS]”, avalia o executivo.
Por outro lado, a alta dos juros segurou um pouco os financiamentos. Cerca de 54% das vendas foram financiadas, ante 57% da pesquisa anterior. A aposta de Takata é que mesmo diante da pressão das cadeias produtivas, o setor solar deve continuar com crescimento forte nos próximos anos.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Projeto de Lei 1709/22 promove ajustes no marco legal da microgeração e minigeração de energia elétrica distribuída. A proposta em análise na Câmara dos Deputados pretende conferir clareza a trechos da Lei 14.300/22, explicou a autor, deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).
Microgeradores ofertam até 75 kW de energia de fontes renováveis (fotovoltaica, eólica, biomassa e outros) com instalações em telhados, terrenos, condomínios e sítios. Já os minigeradores são aqueles que oferecem mais de 75 kW até 5 MW, mas a partir de 2045 o limite cairá para 3 MW, nessa definição, para a fonte solar.
O marco legal instituiu transição para a cobrança de encargos e tarifas de uso dos sistemas de distribuição de energia elétrica. Até 2045, os micro e minigeradores já existentes pagarão os componentes da tarifa somente sobre a diferença, se positiva, entre o que consomem e o que colocam na rede de energia elétrica.
Mudanças na lei
Pela lei, haverá um prazo de sete a nove anos para o pagamento dos encargos de distribuição (transporte) para aquele que iniciar a geração a partir de 2023. Esses pagamentos decorrem da remuneração dos ativos do serviço de distribuição, da depreciação dos equipamentos da rede e dos custos de operação e manutenção.
Entre outros pontos, a proposta em análise altera trecho da Lei 14.300/22 pelo qual apenas os minigeradores serão responsáveis pelo ressarcimento dos custos de distribuição. Com a mudança, esses encargos recairão indistintamente sobre micro e minigeradores, desde que respeitadas todas as regras de transição.
“As alterações visam consolidar a interpretação dos dispositivos sob a perspectiva do espírito da lei”, afirmou Lafayette de Andrada. Durante a análise da lei no Plenário, Andrada lembrou que houve amplo acordo em favor do parecer apresentado.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Defesa do Consumidor; de Minas e Energia; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Fonte e Imagem: Câmara dos Deputados.
Diretor-geral da Aneel lembrou que há uma conta a ser paga e as pressões de custos continuarão nos próximos anos.
O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, defendeu diante dos demais integrantes do colegiado que se discuta a redução estrutural das tarifas de energia elétrica. Ao comentar a situação da distribuidora Equatorial Maranhão, que no ano que vem deverá estar com a concessão bastante pressionada, Feitosa destacou que há uma conta a ser paga pelos consumidores do Brasil nos próximos anos, e ela não será pequena.
Entre os itens que compõem esse custo estão o empréstimo contratado para dar liquidez ao setor durante a pandemia de Covid em 2020 e o da crise hídrica de 2021. Por conta do conflito da Rússia com a Ucrânia, houve ainda uma escalada dos preços dos combustíveis fósseis, afetando o custo das usinas termelétricas.
E, com o fim do repasse às tarifas dos créditos tributários resultantes da retirada do ICMS da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins, é esperado um efeito rebote muito grande nas tarifas nos anos seguintes. Esses valores, que foram pagos pelos consumidores, estão sendo devolvidos nos processos tarifários das distribuidoras.
A limitação da alíquota do ICMS prevista na Lei Complementar 194 não afeta diretamente a tarifa, mas contribui para reduzir o valor final a ser pago pelo consumidor, lembrou o diretor, que elogiou a iniciativa do Congresso Nacional. Ele repetiu uma fala do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, de que pagar 30% de tributo na conta de luz não parece adequado.
“O próximo movimento que a gente espera é uma rediscussão sobre os subsídios da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético)”, disse o diretor, citando também o uso de eventual excedente econômico de Itaipu para a modicidade tarifária, a partir da rediscussão das cláusulas comerciais do tratado da usina em 2023.
O dirigente já tinha defendido a necessidade de discutir o tratamento aos subsídios e a criação de fontes de receita para a conta setorial, assim como sobre Itaipu, ao tomar posse na semana passada. Ele reconheceu que esse debate depende do formulador de políticas, papel que cabe ao governo ou ao Congresso Nacional.
O diretor Hélvio Guerra reforçou que é preciso deixar claro para a sociedade quais são os custos que impactam as tarifas e discutir a redução estrutural com o Executivo e o Legislativo. ‘É necessário que a gente faça uma revisão da estrutura tarifária do setor elétrico.”
Fernando Mosna também afirmou durante a reunião desta terça-feira, 23 de agosto, que considera muito acertado priorizar o estudo da estrutura tarifária para a baixa tensão. O comentário foi feito na discussão sobre a chamada pública para os projetos de sandboxes tarifários. Segundo Mosna, além da oportunidade de verificar como essa questão vai se desenvolver, o experimento também servirá como uma antessala para a abertura do mercado na baixa tensão.
Ricardo Tili sugeriu que se discuta maior flexibilidade na aplicação de componentes financeiros positivos ou negativos nos processos tarifários. Ele acredita que o ideal seria não repassar esses componentes de uma só vez quando os valores fossem elevados, permitindo que eles sejam diluídos “para dar uma tarifa mais flat.”
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Certame prevê a contratação de 2 GW de térmicas da lei de Eletrobras, a um custo anual de R$ 4,7 bilhões.
A Frente Nacional dos Consumidores de Energia encaminhou carta aberta ao ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, pedindo o cancelamento do leilão de capacidade para contratação de energia de reserva. O certame programado para 30 de setembro vai contratar de forma compulsória 2 GW de termelétricas a gás natural, previstas na lei da Eletrobras, a um custo anual estimado em R$ 4,7 bilhões.
A correspondência assinada pelas oito entidades que compõem o fórum foi entregue a Sachsida nesta quarta-feira, 10 de agosto. O grupo, instalado oficialmente hoje, em cerimônia na Câmara dos Deputados, defende o adiamento do certame para um segundo momento, para discutir com o Legislativo a revisão da Lei 14.182.
“Nesse meio tempo, nossa proposta é rever as condições apresentadas acima e, principalmente, rediscutir a legislação, de modo a ajustá-la, no Congresso Nacional. O objetivo é que ela realmente reflita, no que diz respeito à contratação de energia, as reais necessidades do setor elétrico brasileiro e não represente custos inadequados aos consumidores de energia”, afirmam as entidades que assinam a correspondência.
O fórum de consumidores é composto por Conacen (Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica), Abividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro), Abrace (Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto ClimaInfo, Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e Instituto Pólis.
A contratação de 8 GW em térmicas inflexíveis a gás em regiões onde não há disponibilidade do insumo ou infraestrutura de gasodutos foi um dos jabutis negociados com o governo pela base aliada, para garantir a aprovação do projeto que autorizou a privatização da estatal.
“Nós entendemos que esse leilão é legal. O que a gente pretende com o cancelamento é ganhar tempo para voltar ao parlamento e sensibilizar o parlamento de que a contratação de 8GW é prejudicial para os consumidores”, explicou o presidente da Frente, Luiz Eduardo Barata.
Os pontos mais urgentes da agenda do grupo são as térmicas emergenciais contratadas no ano passado, por meio do Procedimento Competitivo Simplificado, e o próximo leilão de capacidade, na forma de energia de reserva. Um segundo leilão de capacidade para contratação de potência está previsto para o fim do ano.
Embora o alvo seja o adiamento do primeiro desses certames, o fórum cita estudo elaborado pela consultoria PSR sobre a real necessidade de contratação de potência para o Sistema Interligado Nacional. A conclusão é que no horizonte de 2026 a 2029 não haverá demanda no SIN para contratar potência, e, apenas em 2030, no caso mais crítico analisado, haveria necessidade adicional de 500 MW médios.
O Plano Decenal de Energia 2031 também conclui que será necessária contratação extraordinária somente a partir de 2027, e com com térmicas flexíveis, ao contrário do que está definido pela Lei 14.182.
A decisão do governo de não constituir lastro contratual para as usinas no certame do mês que vem deverá ter impactos no GSF das hidrelétricas existentes, que dificilmente poderão ser mitigados no futuro, aponta a carta, frisando que essa decisão teria sido tomada com base em estudo da Empresa de Pesquisa Energética que não foi submetido à consulta pública.
“O fato é que, antes de obrigar os consumidores a suportarem os custos de uma energia sem lastro, seria imprescindível concluir o recálculo das garantias físicas das hidrelétricas em andamento, utilizando as melhores informações possíveis, como a atualização dos usos consuntivos, novas versões dos modelos computacionais e a isonomia nos limites superior e inferior na revisão individual de cada usina. Além das considerações acima, lembramos que o leilão é decorrente de obrigação de construção de térmicas na Região Norte, onde ainda haverá necessidade de implantação de estruturas adicionais de transmissão e de transporte de gás natural”, afirmam as entidades.
Elas argumentam ainda que a ausência de infraestrutura e a insegurança em relação à construção das térmicas representam uma grande ameaça de que, mesmo construídas, elas não tenham condições de operar. E destacam impactos ambientais dos empreendimentos, como o aumento de emissões de gases de efeito estufa pelo segmento de energia elétrica.
Manifesto
O manifesto de criação do Fórum dos consumidores define como missão do grupo contribuir para a reforma do setor elétrico, com a busca redução estrutural do custo da energia para os consumidores, a liberdade de escolha de fornecedores, a alocação justa dos custos e a sustentabilidade na geração de energia.
O documento afirma que “uma série de más escolhas políticas para o setor elétrico tem contribuído para o agravamento” das distorções existentes, que resultam em mais privilégios e subsídios para uns e em aumento de custos para todos. Entre essas escolhas estariam as usinas previstas na lei da capitalização da Eletrobras e as do PCS, que devem custar mais de R$ 39 bilhões aos consumidores.
O grupo defende a adoção de “ações emergenciais e imediatas” no sentido de conter os retrocessos, antes mesmo da reforma do setor elétrico. Entre essas medidas estão o cumprimento dos contratos das térmicas emergenciais, com renegociação dos que forem capazes de cumprir o edital; a retirada alterações legislativas que obrigam a sociedade a contratar mais fontes fósseis e a não realização do leilão das térmicas previsto para o segundo semestre de 2022.
Racionalização dos encargos incidentes nas tarifas finais e sua transferência para o Orçamento da União, redução dos dos gastos da Conta de Desenvolvimento Energético e dos tributos e aprovação do PL 414 também fazem parte da agenda.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
MME deverá submeter à Consulta Pública relatório de metas e indicadores globais do plano que tem duração de 10 anos.
O governo federal publicou despacho da Presidência da República no qual aprova o anexo do Plano para Recuperação de Reservatórios (PRR). Esse plano foi aprovado pelo CNPE em 11 de julho pela Resolução nº 8 do Conselho Nacional de Política Energética e faz parte da lei nº 14.182, que permitiu a privatização da Eletrobras.
O PRR é também conhecido como um dos Jabutis inseridos no Congresso Nacional nessa legislação. O período é de 10 anos e alcança hidrelétricas de Furnas, a Bacia do São Francisco, Paranaíba e o programa de navegabilidade do Madeira.
No despacho dessa quarta-feira, 10 de agosto, o texto estabelece que o Ministério de Minas e Energia coordenará o PRR e contará com a participação do Ministério do Desenvolvimento Regional, da Empresa de Pesquisa Energética e do Operador Nacional do Sistema Elétrico para as seguintes ações do PRR:
– elaborar metas e indicadores globais do PRR;
– acompanhar a implementação do PRR por meio das metas e indicadores globais; e
– apresentar o tema ao CNPE, anualmente ou sempre que solicitado pelo Conselho.
Ao MME compete a submissão à Consulta Pública do relatório de metas e indicadores globais do PRR, para posterior apreciação do CNPE.
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Interessados terão 45 dias para enviar contribuição via documento e aplicativo MS Forms.
A Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou abertura de Consulta Pública com vistas a colher subsídios e informações adicionais para o aprimoramento dos requisitos e procedimentos necessários à obtenção de outorga de autorização, nos termos da Resolução Normativa nº 876/2020.
O recebimento das contribuições se dará por intercâmbio documental e pelo aplicativo MS Forms por 45 dias. O diretor relator Efrain Cruz destacou que esse assunto é bastante importante uma vez que vem se verificando pedidos de outorgas de projetos eólica e solar.
Segundo ele, as garantias oneram o ambiente de investimentos no Brasil, ainda mais para os novos projetos cujo cálculo apresentado pelo relator, levará a apenas 8% do volume de energia ‘terá espaço no mercado’. E ainda apontou que as garantias eram um instrumento que procurava proteger os bens públicos que os investidores utilizavam. E ainda defendeu que PCHs e CGHs também deveria ter esse dispositivo retirado de suas exigências. Apesar desse posicionamento reconhece que cada caso pode ser avaliado individualmente.
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Associações do setor elétrico indicam rota para baixar as tarifas.
Em um documento com 16 propostas encaminhado aos presidenciáveis e suas campanhas, a Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase) argumenta que é viável diminuir as contas de luz de R$ 50 bilhões a R$ 80 bilhões por ano, com queda de até 30% nas tarifas de energia. Para isso, sugere ao próximo governo um roteiro abrangente, que passa por reorganização de subsídios, livre escolha do fornecedor de eletricidade por consumidores residenciais, deslocamento do consumo de horários de maior sobrecarga para momentos em que há ociosidade nos sistemas.
Em 2012, antes da tentativa mal-sucedida de diminuir as contas de luz pela MP 579, a tarifa residencial média era de R$ 362,15 por megawatt-hora. Em 2021, o valor subiu para R$ 622,60. Houve um aumento de 75% - 12 pontos percentuais acima do IPCA acumulado, já desconsiderando o plano de Dilma Rousseff no meio do caminho. O enfrentamento de crises hídricas têm produzido uma fatura elevada. A última custou R$ 28 bilhões, além de ter deixado um conjunto de térmicas emergenciais, que atrasaram e não geram nada.
Associações do setor elétrico indicam rota para baixar as tarifas
O setor elétrico é um dos mais pulverizados da economia. Tem dezenas de interesses diferentes, às vezes contraditórios entre si, como se vê na queda de braço em cada medida provisória ou projeto de lei tramitando no Congresso. A felicidade de um agente pode ser a desgraça de outro. Um mesmo segmento, como o de geração de energia, abriga uma dúzia de entidades empresariais. As divergências com frequência giram em torno de três ou quatro frases em um ato legislativo. O que só mostra como as propostas reunidas no documento, endossadas por 20 das 27 associações integrantes do Fase, refletem um consenso básico no setor. Essa agenda propositiva, construída com o suporte da consultoria Volt Robotics, foi dividida em cinco grandes questões prioritárias.
1) Aprimorar a governança: Aneel, ONS, EPE e CCEE são os órgãos responsáveis por gerir, fiscalizar e planejar o sistema elétrico brasileiro. Nessa sopa de letrinhas, porém, a função exata de cada um nem sempre fica clara. O blecaute de 2020 no Amapá, quando o Estado ficou quatro dias no escuro e três semanas com rodízio no fornecimento, provocou um jogo de empurra entre várias autoridades. Durou meses a responsabilização pelo caos.
O episódio ilustra, segundo avaliação do fórum, como o excesso de atribuições dadas para cada órgão atrapalha a governança. Na Aneel, são 16 objetivos estratégicos e pelo menos 70 indicadores para medir o funcionamento da agência. A EPE tem 11 objetivos e 34 indicadores. No ONS, são mais seis e 33 respectivamente.
Ao analisar a experiência internacional, o fórum notou diferenças. Na Austrália, o operador de mercado tem um plano estratégico focado em apenas quatro prioridades. A Califórnia estabelece três prioridades, com oito ações para fazer com que o trabalho tenha resultados alinhados.
2) Reorganizar encargos: o orçamento anual de subsídios no setor elétrico aumentou de R$ 16 bilhões em 2017 para R$ 30,7 bilhões em 2022. Eles são acumulados dentro da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e rateados nas tarifas dos consumidores. Se nada for feito, esse valor subirá ainda mais. Por exemplo: a tarifa social abrange 12 milhões de residências e tem custo de R$ 5,7 bilhões. Uma lei de 2021 definiu cadastramento automático, no programa, dos lares de baixa renda. Estima-se que, em cinco anos, o número de residências beneficiadas irá para 22 milhões. O desembolso saltará para R$ 10,7 bilhões.
O documento sugere que, por tratar-se de uma política pública, o custo seja assumido pelo Tesouro e explicitado no Orçamento da União. O texto também aponta a necessidade de um olhar mais atento para subvenções aos combustíveis que abastecem usinas térmicas em sistemas isolados na região Norte. Essas subvenções são justas e evitam uma conta de luz proibitiva, mas representam um terço do valor total da CDE. Acelerar a geração de energia renovável (como a solar) onde viável, desligando geradores a diesel e reduzindo o consumo de combustíveis fósseis, é mais uma recomendação na lista.
3) Modernizar o mercado: o fórum pede a estruturação de um programa nacional para que sejam instalados, em um prazo de quatro a oito anos, “medidores inteligentes” em pelo menos 80% das unidades consumidoras no país. Esses equipamentos conseguem fazer a medição do consumo em intervalos curtos, de 15 minutos a uma hora, o que permite diferenciar a tarifa cobrada em horários de pico e horários com redes ociosas.
Conectados à internet, esses medidores fornecem, para as empresas de energia e para os clientes finais, informações em tempo real sobre o consumo. Abre-se caminho para a oferta de aplicativos que viabilizam até mesmo remuneração para quem economiza eletricidade na hora-pico (durante o verão, costuma ser o início da tarde, com o ar-condicionado a todo vapor) e prefere momentos de baixa. Nos EUA, chega a haver bônus para os consumidores - “save energy, get paid”. Para o sistema, pode sair mais barato do que acionar uma térmica e atender todos na mesma hora.
4) Acelerar a abertura: o Brasil é hoje um dos poucos países que ainda não oferece livre escolha do fornecedor de energia pelos consumidores. Essa possibilidade é dada só para a indústria ou o grande comércio, como shopping centers. O projeto de lei que liberaliza o mercado travou na Câmara. O Ministério de Minas e Energia ensaia uma medida infralegal para a abertura, mas isso não cria segurança para os agentes. A concorrência na oferta pode forçar queda de preços, inclusive com novos produtos. No Reino Unido, há empresas que vendem energia muito barata, por exemplo, para carregamento de carros elétricos durante a madrugada.
5) Atrair investimentos: há 32,5 mil megawatts (MW) de usinas hidrelétricas e 33,7 mil km de linhas de transmissão em atividade há mais de 30 anos. A vida útil de todos esses ativos ainda pode ser longa, mas em grande parte dependerá dos investimentos que devem ser feitos. Para isso, o fórum pede melhor estrutura nos órgãos ambientais, maior segurança jurídica, revisão de incentivos.
“A maioria das propostas é absolutamente factível”, diz Mário Menel, presidente do Fase, decano no comando das associações e um dos nomes mais respeitados no setor elétrico. Ouvi-lo não fará mal.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em evento do Acende Brasil, representantes de Lula, Ciro e Tebet discutiram temas da agenda ESG.
O coordenador da área de energia do programa do PT, Maurício Tolmasquim, anunciou que a prioridade do partido é o desenvolvimento dos projetos de 98 hidrelétricas de menor porte, que representam 12 GW de potência instalada e não impactam áreas mais sensíveis, como terras indígenas e unidades de conservação.
Tolmasquim, que comanda as discussões no Instituto Perseu Abramo de propostas para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a regulamentação do artigo 231 da Constituição, que trata da demarcação de terras indígenas. Ele acredita que ela abre uma janela para o diálogo, considerando que existem projetos de geração e transmissão de energia elétrica que podem interferir direta ou indiretamente nesses territórios.
Existem atualmente estudos de viabilidade de 59 GW de hidrelétricas, sendo que 77% desse potencial estão ou em terras indígenas, ou em unidades de conservação, ou ainda em unidades de uso sustentável. O que sobra são projetos que representam menos de um terço dessa potência.
Mas ainda existe todo um potencial de diversificação da matriz, e as demais fontes renováveis estão fora das áreas com maior impacto do ponto de vista ambiental, social e no que diz respeito à questão indígena, disse o professor da UFRJ.
O economista e assessor de Infraestrutura da campanha de Ciro Gomes, Daniel Keller, também é favorável à discussão do tema. Keller pontua que é preciso completar o processo de demarcação, mas ouvindo os povos indígenas. Para o economista e defensor da construção de novas hidrelétricas com reservatórios, é necessário sempre muito cuidado, ouvindo as pessoas que tem que ser ouvidas.
Os representantes dos candidatos do PDT e do PT participaram nesta terça-feira, 9 de agosto, de debate sobre temas da agenda ESG, ao lado da economista Karina Bugarin, que representou a candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet. O evento promovido pelo Instituto Acende Brasil tratou de questões socioambientais, diversidade e inclusão, redução de emissões e energias renováveis, entre outros assuntos.
Ibama
Um dos que uniu os representantes dos três candidatos foi a defesa do fortalecimento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, descartando, no entanto, uma eventual transformação do órgão em agência reguladora.
“A gente é bastante favorável às agências reguladoras. É muito mais fácil você alocar uma agência num contrato de concessão, numa autorização. Quando a gente passa a discutir uma entidade que vai estar no limiar entre executar o contrato de concessão e aplicar a politica pública, é mais difícil”, disse Keller.
Karina Bugarin afirmou que é importante ter a separação das competências dos órgãos. “O Ibama não deve ser agência reguladora”, afirmou, lembrando que o órgão ambiental tem papel de fiscalização e monitoramento. Para a economista, e preciso trazer a agenda ESG para dentro do governo, para dar transparência na tomada das decisões e promover a integração das agendas social e ambiental.
Destacando que se tratava de uma opinião pessoal, Tolmasquim reforçou que Ibama tem uma característica dupla de regulação e de execução. “Como conciliar isso, não é muito claro. Teria que se pensar, como agência reguladora, como ele teria que fazer o norteamento.”
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Para nove em cada entrevistados, a conta de energia está pesando mais no bolso que há cinco anos.
Os gastos dos brasileiros com energia elétrica e combustível já ocupam a segunda colocação em um ranking que mostra o nível de preocupação dos consumidores em relação às contas que mais pesam no orçamento doméstico. Pagar a conta de energia e combustível é um dos maiores desafios dos brasileiros, segundo pesquisa inédita da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace) com o instituto Ipespe, antecipada ao GLOBO.
Esse gasto, de acordo com o levantamento, perde apenas para a alimentação. Para 94% dos entrevistados, os preços dos produtos relacionados ao setor energético estão impactando mais o orçamento neste início de semestre, na comparação ao início do ano. Além disso, para nove em cada dez entrevistados, a conta de energia está pesando mais no bolso agora do que há 5 anos. Esta é a primeira vez que uma pesquisa avalia a percepção dos brasileiros em relação a temas do setor de energia.
E a conta de luz mereceu críticas e a desconfiança da maioria. Para 47% dos entrevistados, o preço da conta é ruim ou péssimo. E 60% dos consumidores admitiram desconhecer o que está sendo lançado na conta, embora acreditem que impostos e encargos façam parte dessa equação. Um outro estudo publicado recentemente pela Abrace mostrou que a energia representa 23,1% do preço final da cesta básica, considerando ainda pescados, laticínios e farináceos.
Impostos como vilão Para os que responderam que a conta de energia esta? muito cara ou cara, o principal motivo são os impostos, encargos e taxas embutidos. A falta de gerenciamento dos reservatórios de água e o domínio do setor por poucas empresas também são fatores citados pelos consumidores, mais ainda que a falta de concorrência e escassez de chuvas. A afirmação com maior nível de conhecimento entre os consumidores de energia e? a de que “o Brasil tem muito vento, sol e rios, e por isso deveria ter a energia mais limpa e barata do mundo”.
Em segundo lugar em conhecimento esta? a frase “a energia e? cara porque mais da metade do custo são impostos, taxas, encargos e subsídios”, também com elevado grau de concordância. O preço da energia elétrica e dos combustíveis, como gasolina e diesel, foi uma das maiores preocupações do Congresso e do governo Jair Bolsonaro neste ano, às vésperas da eleição.
Foram aprovadas medidas que limitam a cobrança de impostos estaduais e promovem outras mudanças pontuais no regramento dos setores para tentar segurar os preços neste ano. Os invisíveis do Auxílio Brasil Esse movimento do governo, porém, parece não ter sido sentido pela população. Segundo a pesquisa, 66% das pessoas acreditam que as opiniões e necessidades da população com relação a? energia elétrica não são levadas em consideração nas decisões sobre esse setor.
A pesquisa também avaliou a percepção dos brasileiros em relação às questões de sustentabilidade e energia limpa. Sete em cada dez entrevistados concordam que com a afirmação de que proteção do meio ambiente deve ser priorizada, mesmo correndo o risco de limitar a quantidade de suprimentos de energia — como petróleo, gás e carvão, nuclear — que o Brasil produz.
Por outro lado, 60% dos entrevistados não aceitariam pagar mais caro para usar uma energia mais limpa e sustentável. Ou seja, as pessoas estão, nesse momento, se preocupando mais com o custo da energia, e não se ela e? limpa ou poluente.
A pesquisa ouviu 2.000 entrevistados entre os dias 22 de junho e 10 de julho de 2022.
Fonte e Imagem: O Globo.
Usinas que entraram em operação em 2022 já somam 3.124 MW.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou que o crescimento na matriz elétrica brasileira verificado no mês de julho foi de 708,78 megawatts. Desse total, quase a metade (47%) é decorrente da entrada em operação comercial de usinas solares fotovoltaicas, com total de 330,51 MW. As usinas eólicas que começaram a operar comercialmente em julho totalizam 184,12 MW; as termelétricas, 145,85 MW; as hidrelétricas, 47,3 MW; e uma central geradora hidrelétrica registrou a entrada de 1 MW.
De acordo com a Aneel, a expansão verificada em 2022, até julho, foi de 3.124 MW, com novos empreendimentos em 16 estados das cinco regiões brasileiras. Os estados com maior expansão na capacidade de geração elétrica são, em ordem decrescente, Bahia (556,02 MW), Rio Grande do Norte (521,14 MW) e Minas Gerais (456,05 MW).
Capacidade instalada
De acordo com o sistema de informações de geração da Aneel (SIGA), a potência total instalada no Brasil foi de 184.140,5 MW até o mês de julho. Desse total em operação, 83,13% das usinas são impulsionadas por fontes consideradas sustentáveis, com baixa emissão de gases do efeito estufa.
Além disso, aproximadamente 47% da capacidade instalada do mês provém de usinas solares fotovoltaicas e espera-se a entrada em operação de mais de 24 GW dessa fonte ainda em 2022.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O Brasil acaba de atingir a marca de 17 gigawatts (GW) de potência instalada de energia solar, uma fonte que desde fevereiro deste ano tem crescido 1 gigawatt por mês, informou a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar) nesta sexta-feira, 5.
Entre sistemas de grande porte e instalações em telhados, fachadas e pequenos terrenos, a chamada geração distribuída (GD), a energia solar corresponde a 8,4% da matriz elétrica do País, ficando atrás apenas das usinas hidrelétricas e eólicas, sendo hoje a terceira principal fonte de geração de energia elétrica do Brasil.
Somadas as capacidades instaladas das grandes usinas e da geração própria de energia, a fonte solar ocupa o terceiro lugar na matriz elétrica brasileira, à frente das termelétricas movidas a gás natural e biomassa.
Segundo a Absolar, desde 2012 já foram investidos R$ 90,5 bilhões no setor, gerando R$ 24,6 bilhões em arrecadação para o governo e mais de 514 mil empregos. Isso também evitou a emissão de 25,5 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade, informa a entidade.
"A fonte (solar) ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do País, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população", avalia o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.
Ele destaca que as usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores.
O Brasil possui aproximadamente 5,3 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte. No segmento de geração própria de energia (GD), são mais de 11,9 GW de potência instalada da fonte solar. A tecnologia solar é utilizada atualmente em 98% de todas as conexões de geração própria no País, liderando com folga o segmento.
Fonte e Imagem: Estadão.
Projetos devem permitir ao ONS dar mais transparência e visibilidade aos serviços, permitindo a redução de custos e aumento dos benefícios à sociedade.
Ministério de Minas e Energia e o Operador Nacional do Sistema Elétrico firmaram um convênio para investimentos de R$ 31,6 milhões no âmbito do Projeto de Assistência Técnica aos Setores de Energia e Mineral – Projeto Meta. O objetivo do projeto é contribuir para ampliar e consolidar avanços nos setores de energia e mineração, dando apoio à competitividade e crescimento econômico sustentável do País, assim como à modernização institucional desses setores. O montante deve ser aplicado em três projetos estruturantes para o setor de energia elétrica até 2025.
Segundo o MME, os resultados dos trabalhos permitirão ao ONS dar mais transparência e visibilidade aos serviços entregues à sociedade, aos agentes e às instituições do setor de energia, permitindo atuar de forma mais objetiva na busca de redução de custos e aumento dos benefícios.
De acordo com o ministério, o primeiro projeto avaliará a evolução do Sistema Interligado Nacional (SIN) e a performance do ONS, contemplando aspectos como confiabilidade, resiliência, flexibilidade, sustentabilidade, acessibilidade e segurança. Em outro projeto estruturante previsto no convênio, serão verificadas as possíveis influências das mudanças climáticas nos regimes de vazão, de precipitação e de outras variáveis meteorológicas, com impacto no SIN.
Também serão pesquisadas alterações nos padrões atmosféricos e possíveis influências. Além disso, será possível a construção de cenários de vazão, que servirão de subsídios para estudos de atendimento, de forma mais econômica, considerando tanto critérios da operação quanto da expansão das linhas de transmissão.
E como último projeto, o crescente aumento da geração por fontes renováveis acarreta desafios ao planejamento da expansão, operação e comercialização de energia. A produção fotovoltaica, que já se constitui na terceira maior fonte no Brasil, possui incertezas associadas a fatores meteorológicos, causando inevitáveis desvios de previsão, o que traz ao ONS a necessidade de prever maior reserva de potência para atender as variações de carga. Tais circunstâncias aumentam o custo de operação, consequentemente, gerando mais encargos, refletindo em um possível custo maior ao consumidor.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O evento abordará os desafios que as mulheres enfrentam no ambiente de trabalho no segmento de energia, além de debater opções para o futuro do setor.
A Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) irá promover o 1º Congresso Brasileiro das Mulheres da Energia. O evento será realizado em 22 de agosto, no Hotel Renaissance, em São Paulo. O congresso contará com 37 palestrantes, todas mulheres, divididas em seis painéis organizados com temas atuais do setor de energia, desde as novas oportunidades aos entraves do segmento no País.
Os debates também abordarão sobre o futuro das mulheres e os desafios globais para igualdade de direitos e oportunidades no setor. “Queremos derrubar paredes invisíveis, verdadeiros tabus, e consolidar a participação das mulheres que já atuam no setor, além de atrair novas profissionais para empresas, órgãos regulatórios e entidades do setor. O Congresso faz parte de um trabalho institucional amplo e de longo prazo da Associação”, explica Zilda Costa, diretora de Regulação da ABGD.
A Associação informou que entre as palestrantes confirmadas estão as diretoras da ABGD Zilda Costa (H2Energy), Joiris Manoela (Energês), Raquel Rocha e Lúcia Abadia. Outras participantes confirmadas são Fernanda Calandrino (diretora da Huawei Brasil), Raquel Zhou (diretora da Chint Power LATAM), Alessandra Torres (presidente da ABRAPCH), Aline Pan (diretora da Rede Mesol), Tamar Roitman (gerente executiva da Abiogás) e Elbia Gannoum (CEO da Abeeólica), além de representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ministério de Minas e Energia (MME), Senai e GIZ, entre outras entidades importantes.
A organização do evento tem o apoio da Abiogás (Associação Brasileiro do Biogás), ABRAPCH (Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas), Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit).
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Estimativa é do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, que se realizou nesta 4ª feira (3.ago.2022)
A manutenção do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) 2023 é que as energias hidrelétricas são demanda de potência de energia elétrica e que os armazenamentos dos reservatórios das elétricas continuam em patamares mais elevados do que os selecionados este ano e em 2021. A informação divulgada em reunião do comitê nesta reunião4ªfeira.
Para os anos de 2024 a 2026, uma estimativa do CMSE é que haja todo atendimento aos critérios de disponibilidade de energia ”.
O comitê nacional é responsável por acompanhar e avaliar a segurança do fornecimento de energia elétrica em todo o território.
A CCEE (CCEE de Comercialização de Energia Elétrica), que também compõe o colegiado, comunicado a arrecadação de R$ 42 milhões de comercialização de energia elétrica em julho para Argentina e Uruguai estão sendo utilizados pelos térmicos que não estão sendo utilizados para atendimento do SIN (Sistema Interligado Nacional).
Segundo o Ministério da Minas e Energia, o valor arrecadado será destinado à “compensação da Conta Centralizadora dos Recursos de Bandeiras Tarifárias. Dessa maneira, foi evidenciada a contribuição relevante da iniciativa brasileira, que traz benefícios diretos ao consumidor de energia elétrica” , divulgado.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Após a abertura de consulta pública para a alta tensão, Sachsida disse que consulta para viabilizar a abertura ao mercado de baixa tensão deverá ser lançada em breve.
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou em entrevista concedida à Jovem Pan na noite da última segunda-feira, 01 de agosto, que o MME em breve deverá lançar uma nova consulta pública para abertura de mercado à baixa tensão. Apesar de o governo sinalizar que lançará essa iniciativa, o chefe da pasta afirma ser favorável ao PL 414 que está no Congresso Nacional, que estabelece um marco regulatório sólido para o setor como um todo e afirma que a posição do governo é favorável à abertura do mercado a todos.
Sachsida afirmou ainda que até o final desse governo o MME deverá entregar 10 projetos de lei para a equipe de transição de um próximo governo, “seja ele quem for”. A meta com esses projetos é o de melhorar os marcos legais da energia. “Entre eles os penduricalhos da CDE”, comentou.
Em geral, o ministro afirmou que o foco está no consumidor de energia brasileiro, ressaltou as redução de tributos no setor de atuação do MME como um todo. “O consumidor vem primeiro, chega de pagar energia cara. Estamos melhorando os marcos legais e ainda vamos melhorar a segurança jurídica, temos respeito a contratos e precisamos atrair energia limpa segura e barata ao consumidor”, discursou.
Inclusive, ressaltou que sua posição é de respeito aos contratos e que esse posicionamento continua. Com esse conceito, disse que é contra as usinas do PCS que atrasaram a sua operação comercial. “Se as usinas entraram dentro do prazo, ok vamos respeitar os acordos. Se não entraram, é quebra de contrato”, sentenciou.
Ele afirmou ainda que já falou com a Aneel e que a posição do governo é a de cumprir o contrato tanto de um lado quando para o outro e que não mudará de opinião. Esse respeito, acrescentou, vale para as térmicas incluídas na lei 14.182 que viabilizou a privatização da Eletrobras.
Sobre as novas tecnologias Sachsida afirmou que prefere a mais competitiva entre elas, sem distinção. Defende que o hidrogênio de baixo carbono no Brasil deverá ser bastante competitivo. E voltou a bater na tecla de que os marcos legais sólidos devem ser o atrativo de investimentos para o Brasil. “Temos vantagens nessas duas fontes e precisamos de dar segurança nesse investimentos. Nos próximos meses teremos definições sólidas sobre isso”, sinalizou o ministro.
Sachsida ainda comentou que a solução do linhão de Manaus-Boa Vista deverá ser vista em breve. E ainda, afirmou que a questão do preço do gás natural no Brasil terá em novembro uma resposta mais estrutural do governo federal, sem especificar qual deverá ser essa potencial alteração a ser implantada.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Dos 55 processos em curso, só dois apresentaram EIA/Rima; ambos foram rejeitados.
A sinalização do governo federal em estabelecer diretrizes para projetos eólicos em alto-mar (offshore) foi o gatilho para que empresas e investidores entrassem com mais vontade no segmento. Segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), hoje são 55 processos por licenças ambientais que estão em análise, que somam 133 gigawatt (GW). Há um ano, eram apenas 23.
Entretanto, até o momento somente duas empresas apresentaram Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima). Ambos foram rejeitados por estarem em desacordo com o Termo de Referência (TR) Padrão. Os demais projetos estão em fase inicial e o órgão aguarda os planos de trabalho dos empreendedores.
O receio é que a demora de estudos sobre a viabilidade possa atrasar o desenvolvimento do setor. Por lei, o Ibama tem prazo que varia de 6 a 12 meses para analisar um EIA/Rima após apresentação pelos empreendedores. Este estudo pode levar de 12 a 36 meses para a sua elaboração desde a fase de planejamento.
De acordo com o órgão, cerca de 90% dos atrasos no andamento dos processos de licenciamento ambiental estão relacionados à qualidade dos estudos ambientais, que não trazem informações suficientes para atestar a viabilidade do projeto.
A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) acredita que a primeira contratação de projetos poderá ser feita em 2023 a partir de um leilão de reserva. Contudo, isso depende de uma definição mais clara do governo sobre as regras de cessão de uso do espelho d’água, que deve sair até dezembro deste ano, se tudo correr bem.
A dirigente da associação, Elbia Gannoum, lembra que o aumento dos pedidos de licenciamento ocorreu a partir do momento em que se começou a falar da regulação da cessão de uso, no decreto nº 10.946, dando mais segurança de mercado.
“Os agentes identificaram áreas potenciais e entraram com o processo no Ibama para garantir lugar na fila. Porém não existe claramente uma regra de como vai ser essa cessão de uso”, explica a executiva.
O presidente do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), Ben Backwell, entende que é de vital importância para o setor que uma estrutura regulatória e legal seja definida e implementada. “Isso fornecerá uma visão de longo prazo e demonstrará uma rota viável para o mercado. Isso dará à indústria e aos investidores a certeza de que eles precisam fazer os enormes investimentos necessários”.
Grandes do setor, como Neoenergia, têm interesse. O tema tem atraído atenção até de petroleiras como a Shell e a Equinor. também novas empresas no Brasil, como a Ocean Winds, joint venture entre a EDP Renováveis e a Engie, com a vantagem de que ela já tem experiência em mar aberto.
Só que o Ibama sinalizou que não vai conceder nenhuma licença antes que a regra seja estabelecida. Neste contexto, o que resta às empresas é aguardar.
“Fazer estudo no mar é muito caro e as empresas que entraram com pedido de licenciamento tem um lugar na fila, mas elas não vão se aprofundar e gastar dinheiro se não têm a titularidade da cessão de uso”, diz Gannoum.
A diretora executiva do Instituto Internacional Arayara, Nicole Oliveira, vê como uma nova fronteira energética para ampliar a capacidade de geração em fontes renováveis, mas cobra seriedade e rigor nos estudos de impacto ambiental e protagonismo social na tomada de decisões, por se tratar de uma tecnologia nova para o país.
“Diferente das plantas de geração onshore [em terra], cujos impactos ambientais são, de certa forma, mais facilmente administráveis, as eólicas marítimas demandam um cuidado maior por ser um ambiente extremamente sensível, riquíssimo em biodiversidade, que já vem sendo ameaçada pelas mudanças climáticas.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) está trabalhando em uma forma de aprimorar a fotoeletrólise.
O hidrogênio verde pode contribuir muito com a descarbonização das matrizes energéticas, mas sua aplicação em escala industrial ainda esbarra no alto custo. O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), instalado em Campinas (SP), está trabalhando em uma forma de aprimorar a fotoeletrólise - técnica usada para quebrar as moléculas da água e obter o H2. E chegou a um resultado promissor. Agora, a ideia é criar um protótipo de “reator solar”.
Os pesquisadores do CNPEM combinaram germânio e hematita (óxido de ferro) para obter uma corrente elétrica maior com fotoeletrólise. Eles conseguiram dobrar seu próprio resultado, de 2019, e bater o recorde latino-americano, com 3,2 miliamperes por centímetro quadrado, o que também é considerado um dos melhores resultados mundiais.
Os dados do trabalho foram publicados na revista científica “Journal of Materials Chemistry A” após revisão por pares. “O que fizemos foi melhorar um processo já conhecido, usando um material abundante no mundo inteiro para absorver luz do sol e quebrar a molécula da água”, resume Edson Leite, pesquisador do CNPEM. O ferro do qual é feita a hematita é o quarto material mais abundante no mundo.
Para ser considerada competitiva comercialmente, a fotoeletrólise precisa obter 10 miliamperes. Leite diz que a hematita tem potencial para chegar a 13 miliamperes, se vencidos alguns “desafios científicos”. Pesquisadores sul-coreanos mantêm a liderança, com 6 miliamperes gerados “em um experimento difícil de ser reproduzido”, segundo Flávio Souza, que integra a equipe de pesquisadores de Leite.
A ciência não se faz do dia para a noite, e mesmo que o resultado do CNPEM ainda não seja o ideal, é um avanço importante, principalmente porque abre avenidas de conhecimento para outras pesquisas. “Existe uma discussão sobre custo que impede o desenvolvimento de um protótipo industrial, mesmo que a eficiência, ainda considerada baixa, já permita isso. É um material eficiente, e não precisaríamos começar do zero de novo se o implementarmos assim. Seria possível trabalhar em paralelo”, explicou Leite.
Os pesquisadores acreditam que deve levar pelo menos quatro anos para extrair todo o potencial da hematita. “É um material menos complexo, mas estável e abundante no mundo inteiro”, diz Souza. A equipe liderada por Edson Leite não descarta, no futuro, combiná-lo a outros materiais para tentar avançar mais rapidamente.
A facilidade para produzir hidrogênio verde também pode beneficiar o agronegócio, porque dele é produzida a amônia verde, base dos fertilizantes nitrogenados. Souza esclarece que a intenção não é exatamente esta, mas teria um impacto relevante no setor agrícola.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
País a fazer retroceder a agenda ambiental para desfazer os crimes e conter na Amazônia.
O Brasil está numa situação dramática nas ameaças ao meio ambiente e aos povos indígenas que o novo governo de Bolsonaro — em um caso de destruição tão amplo. A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva tem falado, nos seus discursos, em “buscar e atualizou a agenda ambiental perdida”, num paralelo com a agenda perdida na economia que foi defendida por economistas em 2002. Ontem se soube que cresceram em 8 % de alertas de incêndio na Amazônia em julho. O primeiro semestre foi o pior em sete anos em alertas de desmatamento.
A conversa que ocorrerá em breve entre Lula, ex-presidente e candidato com grande favoritismo, e ex-ministra Marina com chances eleitorais em São Paulo, será mais promissora se passar por essa agenda. Tudo piorou muito no governo Bolsonaro. O plano que tem sido aplicado, com a ajuda da bancada ruralista no Congresso, é de desmonte integral da construção institucional feita no governo Lula. Não há muito trabalho para fazer o Executivo e um trabalho enorme, onde não há muito trabalho para fazer o Congresso. Hoje, tramitam projetos chamados, por muitos motivos, “pacote da destruição”. Marina aparece em pesquisas em segundo lugar, na frente de vários candidatos bolsonaristas, para uma cadeira na Câmara dos Deputados. E tem sido sondada também para compor a chapa de Fernando Haddad. Seja como for,
O ex-presidente ea ex-ministra executaram juntos a melhor política ambiental que o país já teve. O cair da Amazônia para a prevenção do desmatamento (PPCDDA) foi um ataque direto e bem feito de controle ao problema, e foi isso que levou ao desmatamento a anos27,77 mil2 em 2004 até 4 ,57 mil km2 em 2012.
Agora será muito mais difícil. Ibama, ICMbio e Funai são órgãos sob ataque desde o primeiro dia do governo Bolsonaro e já vinham se enfraquecendo antes. Para se ter ideia, os indígenas da etnia Awá Guajá denunciaram ontem que o novo coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental, Elton Henrique Sá de Magalhães, mandou destruir um local que havia sido construído pelos indígenas, com a ajuda da Funai, anos atrás, para as grandes reuniões. Tudo isso porque os Wwá que voltasse a coordenadora foi exonerada sem motivo e sem explicação.
No fim de semana, o jornalista americano “The Washington Post” trouxe na primeira página uma enorme reportagem do Terrence McCoy sobre o semana em São Félix do Xingu, no Pará, com destaque para o conluio entre os florestas e o poder político. Sobre o prefeito João Cleber Torres, o jornal diz “ele era chamado de desmatador e matador. Agora é chamado de prefeito.”
Eu entrevistei o prefeito na minha ida a São Felix do Xingu para fazer o documentário Amazônia na Encruzilhada. Quando se perguntou sobre o fato de ele ser acusado de ocupação de terra pública, ele disse que desde a chegada de Pedro Álvares Cabral tudo aqui é terra pública. O ambientalista conhecido na região como Zé do Lago, com sua mulher e enteada, foram mortos em terras reclamadas pelo irmão do prefeito. A investigação não foi concluída. Em São Felix, pude sentir como o país regrediu em termos ambientais em todos os sentidos. Minha equipe e eu viajamos por milhas dentro da unidade de conservação Triunfo do equipamento de proteção, X denunciando os restos de ilegalidade sem proteção familiar e vendo os restos de proteção ilegal sem proteção familiar e vendendo os restos de proteção ilegal sem proteção familiar e vendendo os restos de proteção ilegal sem proteção familiar e vendo que eram protegidos da estrada.
A unidade de conservação é estadual, mas como me foi criada a coordenadora das unidades de conservação do estado do Pará, Socorro Almeida, foi criada na época da morte da irmã Dorothy. momento, em toda aquela região da Terra do Meio, foram criados exatamente reservas para impedir o avanço do crime. E esta é a única resposta possível. Quando o crime ataca, o governo tem de mostrar a sua força.
Hoje, crimes se espalham pela Amazônia, como se viu nos bárbaros assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, e o governador se encolhe.
Esta é uma decisão à hora para o Brasil e quem vai a Amazônia sente isso ao pisar aquele. Um novo governo que não será a continuação do atual muito terá essa agenda perdida ambientalmente e terá que trabalhar. Todo o cuidado é pouco neste fim de governo e fim de legislatura.
Fonte e Imagem: O Globo.
Entre as medidas que devem amortecer a conta de luz, apenas a lei que limita a alíquota do ICMS e isenta tarifa fio e encargos é vista como um solução estrutural.
Três novas medidas de desoneração tarifária previstas para 2022 tem o mérito de amortecer a conta de luz, mas em apenas uma delas o efeito é estrutural, por limitar a alíquota do ICMS e alterar a base de cálculo do tributo, na visão de especialistas do setor elétrico. Outras despesas continuarão a pressionar o setor nos próximos anos, caso dos subsídios, da contratação compulsória de usinas prevista na lei da Eletrobras, da compra de energia de térmicas emergenciais e do pagamento dos empréstimos da Conta Covid e da Conta Escassez Hídrica.
A primeira dessas medidas é a devolução ao consumidor de créditos de PIS e Cofins, que já vinha sendo feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica, mas foi turbinada esse ano com a aprovação da Lei 14.385.
A segunda, a antecipação de R$ 5 bilhões da Eletrobras à Conta de Desenvolvimento Energético, e a última a aprovação da Lei Complementar 194, que limitou a cobrança do ICMS, antes na casa do 25% em média, à alíquota padrão entre 17% e 18%.
A Aneel calcula em 5% a redução média proporcionada pelo uso dos créditos tributários, em 2,3% com o aporte da Eletrobras e em 12,7% (ao ano) o efeito da alteração no ICMS.
A Lei 194 também altera a base de cálculo do tributo estadual, ao incluir as tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição e os encargos setoriais entre as operações isentas de ICMS. Uma questão que ainda terá de ser tratada pelas secretarias de Fazenda estadual, lembra a diretora-geral substituta da Aneel, Camila Bomfim.
“A gente tem esclarecido que essa matéria é uma matéria tributária, que depende de regulamentação das secretarias de Fazenda estaduais. O que a gente tem feito é mostrar, nas reuniões públicas, uma estimativa de impacto que, para a média Brasil, é uma redução em torno de 12% na fatura final do consumidor”, explicou Camila à Agência CanalEnergia.
A diretora-geral disse que a autarquia tem trabalhado muito para subsidiar o Conselho Nacional de Política Fazendária, com informações que permitam uniformidade no entendimento do fisco estadual em relação à forma de aplicação da lei. O texto, frisou, não trata apenas da redução da alíquota, mas também da alteração da base de cálculo, que a princípio não deveria incidir nas parcelas de transmissão e distribuição e nos encargos do setor.
Para o mercado, no entanto, a própria agência reguladora terá o papel de sinalizar aos estados sobre quais componentes da conta podem ser tributados. É o que pensa, por exemplo, o diretor Regulatório e Jurídico da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Wagner Ferreira.
O advogado defendeu em evento da Associação Nacional dos Consumidores de Energia Elétrica que a Aneel discuta a implementação da isenção prevista na lei complementar com o Confaz.
Em sua avaliação, cabe à agência reguladora sinalizar ao fisco o que é transmissão, distribuição e encargos setoriais. “O que fica fora disso, tributa”, concluiu o representante da Abradee.
Pelos cálculos da entidade que representa as distribuidoras, o conjunto de efeitos da lei 194 dá algo em torno de R$ 40 milhões em termos de redução de tributos. “Nosso percentual de redução é maior que o da Aneel. A Aneel chegou a um percentual de 12% e a gente a 14%. Então, a gente tem que correr atrás.”
Ferreira destacou que os encargos setoriais e a tributação representam 37,4% da conta de energia, sendo que os encargos quase triplicaram nos últimos 12 anos. Ele calcula que o orçamento da CDE, hoje em R$ 34 bilhões, pode chegar a R$ 50 bilhões. Uma parte é paga pelo mercado cativo, outra pelo mercado livre.
Alguns estados, entraram com ação no Supremo Tribunal Federal contra a lei do ICMS, aparentemente buscando postergar sua aplicação. Isso porque, o STF fixou o entendimento de que energia é um bem essencial, e limitou o ICMS à alíquota padrão das demais operações estaduais.
Ao modular os efeitos da decisão, os ministros atenderam, no entanto, um pedido dos governadores, e determinaram que a aplicação vale a partir de 2024. “Olho vivo nisso. Acho que uma petição dos consumidores ajuda os ministros a se posicionarem”, aconselhou Ferreira.
Angela Gomes, consultora da PSR, entende que o trecho da lei que trata da isenção da tarifa fio e dos encargos do setor elétrico não é autoaplicável. Precisaria, então, de um detalhamento maior, porque cada subgrupo tarifário tem pesos diferentes na alíquota, sendo a participação na alta tensão bem maior que na baixa tensão.
“Pelo que eu vi com as distribuidoras, elas tem dúvida sobre como fazer [o cálculo]. E a Aneel pode fazer isso, por meio de uma regulamentação” , disse a consultora, lembrando que isso foi feito no passado quando a cobrança de PIS e Cofins no setor passou do regime não cumulativo para o cumulativo.
Independentemente do que os estados vão fazer, a agência pode definir o que vai entrar na base de calculo do imposto. “Existe um tecnicismo por traz que exige conhecimento da aplicação tarifária”, afirma Angela Gomes.
Para a consultora, a questão dos encargos ainda não tem nenhuma solução estrutural a caminho. Ela prevê que os subsídios às renováveis vão crescer bastante antes de começar a estabilizar. O encargo de energia de reserva também terá crescimento exponencial, com a contratação obrigatória dos 8 GW de térmicas a gás previstas na lei da Eletrobras e das usinas emergenciais contratadas no ano passado, por meio de procedimento competitivo simplificado. O impacto projetado é de R$50/MWh.
“Fora o tema da redução da base de calculo do ICMS, o resto é cenário de aumento [de custo]. Agora, tem algumas coisas que podem acontecer de bom, que é o fim do serviço da dívida de Itaipu. Mas aí focado no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.”
Na linha de outras avaliações, o ex-diretor da Aneel e consultor Edvaldo Santana lembra que a devolução de créditos e a antecipação da CDE são ações conjunturais e de efeito temporário. Já a redução do ICMS tem impacto apenas sobre a classe média, que paga alíquota maior que o limite estabelecido na lei. Santana explica que quem consome abaixo de 200 kWh, já tem alíquota inferior ao teto estabelecido na lei, enquanto o consumidor de baixa renda não paga ICMS.
Ele aponta para a trajetória dos custos setoriais. Dos R$ 32 bilhões em despesas da CDE desse ano, R$ 13 bilhões são descontos para fontes renováveis. Com as autorizações para projetos solar e eólicos que participaram da “corrida do ouro” pelo desconto de 50% na tarifa de uso da rede, o que é R$13 bilhões vai passar para R$ 25 bilhões até 2025.
A isso se soma o custo de contratação de termelétricas inflexíveis e do pagamento dos empréstimos para mitigar os impactos da pandemia em 2020 e da crise hídrica no ano passado.
Também para o coordenador de Energia do Instituto Pólis, Clauber Leite, todas as ações que estão sendo tomadas são medidas de conjuntura. “Há muito o que pode ser feito. Politicas muitas vezes abandonadas, como de eficiência energética, tem que ser tratadas de forma estrutural e não só em época de crise”, exemplifica, citando ainda a necessidade de maior incremento de energia renovável, com fontes mais baratas para que não seja necessário subsidiar gasodutos onde não existe infraestrutura de escoamento de gás, ou usinas a carvão com subsídios até 2040.
Leite vê uma pressão muito grande por subsídios dentro do Congresso Nacional. “São lobbies poderosos que conseguem convencer parlamentares a colocar esses jabutis, que, no final das contas, a gente é que paga”, destaca. Para o especialista, é preciso expor quais são os parlamentares que atendem a esse tipo de interesse, ao tomar decisões que acabam prejudicando a sua base de eleitores. “Energia representa um impacto importante no orçamento das famílias”, lembra.
O advogado tributarista Andre Edelstein avalia que a redução perene na tarifa virá mesmo com a lei complementar que limita a alíquota do ICMS e reconhece a não incidência do tributo estadual sobre tarifas de uso e encargos. A lei explicita a questão, mas como é genérica pode haver dúvidas das distribuidoras quanto à sua aplicação, afirma.
A devolução dos créditos bilionários de PIS e Cofins terá impacto no curto prazo, mas não é uma coisa que vai acontecer todos os anos. Da mesma forma, o aporte de recursos da privatização da Eletrobras vai impactar mais os processos tarifários de 2022, mas será diluído ao longo da concessão da empresa.
O advogado Luís Semeghini de Souza, da Stocche Forbes, também aponta para a natureza precária do efeito das medidas, exceto a que altera de forma estrutural o ICMS. Na avaliação de Semeghini, elas são, de um lado, necessárias, dado a escalada dos preços de energia elétrica e combustíveis, mas também tem um componente de uso político em ano eleitoral.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
País precisa construir modelo de desenvolvimento amplo e inclusivo que valoriza a diversidade sociocultural e ecológica.
O Brasil é um dos maiores países do mundo, banhado pelo Oceano Atlântico, com um litoral de quase 7.500 km e ampla diversidade de fauna e flora. No país, existe uma grande variedade de florestas, com quase 500 milhões de hectares, que correspondem a 60% do território brasileiro. Em número de espécies de animais, o Brasil tem a maior biodiversidade do planeta. Quase 1/4 de todos os peixes de água doce do mundo estão nos rios brasileiros, assim como 16% das aves e 12% dos animais.
Na essência, somos um país rico em flora, fauna, recursos minerais, solo agriculturável e pessoas.
Com toda essa orientações grandiosas, também somos um país diversificado em classes sociais, raças, religiões e sexuais. Essa população diversa é quem constrói nosso PIB de USD 1,6 trilhão, o 12º maior do planeta.
Entretanto, a dimensão continental, a riqueza natural, a quantidade e a diversidade dos grandes desafios sociais, ambientais e a governança para o Brasil, e isso não é diferente para o setor elétrico.
É certo que não existe outra possibilidade de desenvolvimento que não seja ambientalmente correta, socialmente justa e racional. Em outras palavras, é cada vez mais evidente que não há espaço para o desenvolvimento econômico sem a preservação do meio ambiente, uma garantia aos direitos humanos e respeito aos princípios de governança.
Adoção de práticas ESG é para os negócios e para a gestão pública do país. Qualquer ação em direção o significado de concorrência, represálias comerciais e criação ao mercado nacional, afetando a perda de empregos, a renda dos trabalhadores e a arrecadação dos governos.
O mundo está em transformação para uma economia verde, inclusiva e atenta aos direitos humanos. O Brasil, por suas características físico-geográficas e sociais, surge como uma das nações com maior potencial para liderar essa agenda – e dela se beneficiar. Para isto, é fundamental construir um modelo amplo e inclusivo que valorize nossa diversidade sociocultural e ecológica.
Este mesmo modelo deve ser proposto para as dimensões ESG atreladas ao setor elétrico.
A construção deste modelo deve ser feita a partir de estudos robustos e sustentados no diálogo e na formação de consensos entre órgãos de órgãos e setores empresariais. Essa não pode ser uma agenda partidária, mas de Estado e de toda a sociedade brasileira.
O desafio é encontrar uma solução que concilie o desenvolvimento, benefícios ambientais com o menor custo social, e respeito aos princípios de governança corporativa.
A fim de compartilhar nossa visão sobre o mundo ESG aplicado ao setor em 9 de agosto de 2022 reuniremos em Brasília os representantes dos candidatos ao presidente da República, para o evento “O setor elétrico e a agenda ESG: Propostas elétricas para os candidatos à Presidência da República”. O evento será gratuito, mas as vagas são limitadas.
O encontro terá como objetivo: 1) Discute os desafios de ESG para o setor elétrico brasileiro nos próximos anos; 2) Identificar e concorrer propostas que contribuam para preservar os recursos naturais, aprimorando o relacionamento com as comunidades corporativas e para o setor elétrico; 3) Apontar os desafios relacionados à implantação do setor elétrico e debatedor sobre como eles podem tornar vetores de preservação ambiental, desenvolvimento da sociedade e respeito à governança; 4) Debatedor de propostas de projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional que fazem parte da pauta ESG atrelada ao setor elétrico.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Ministro disse que a limitação da alíquota pela Lei Complementar 194 terá “efeito gigantesco” na geração e empregos e vai viabilizar negócios.
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou durante a entrega do Premio Abradee que a queda nos preços da energia elétrica e dos combustíveis com a fixação em lei do teto do ICMS para esses serviços é apenas “a ponta do iceberg.” Segundo o ministro, o projeto que resultou na Lei Complementar 194 foi uma da maiores contribuições estruturais do Congresso Nacional à sociedade brasileira.
“Abaixar o preço do combustível é só uma consequência. Meu amigo, você cobrar 30% de ICMS sobre energia, sobre combustível, isso simplesmente destrói parte significativa da atividade econômica”, afirmou na abertura do evento, realizado nesta quinta-feira, 28 de julho, na Confederação Nacional da Indústria.
A lei sancionada em junho limita a cobrança do ICMS sobre energia elétrica, combustíveis, comunicações e transporte urbano à alíquota padrão das operações tributadas pelos estados, que varia entre 17% e 18%. A legislação reforça o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que considerou energia e telecomunicações serviços essenciais, para efeito de incidência do ICMS. Ao modular a decisão, o STF decidiu, no entanto, que ela teria efeito a partir de 2024.
Segundo Sachsida, a medida vai ter um impacto gigantesco na geração de empregos e na competitividade brasileira, além de dar viabilidade a negócios que eram economicamente inviáveis. O ministro destacou que a inflação no Brasil vai terminar o ano em 7,5%, abaixo da inflação da Alemanha, Estados Unidos e do Reino Unido.
Sachsida pediu a contribuição da Abradee em um dos dez projetos de lei que ele pretende entregar para o próximo governo em novembro, após as eleições. A proposta, disse, é incluir o roubo e o furto de fios de energia elétrica como crime, como já é feito com o roubo de combustível.
Também defendeu que mineração, energia, óleo e gás tem que caminhar juntos anunciando que está tentando formar equipes mistas para mesclar experiências no ministério, dentro das discussões da iniciativa Mercado Minas e Energia.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Iniciativa Mercado Minas e Energia busca reduzir burocracia, ineficiência alocativa e contencioso jurídico com medidas que aperfeiçoem a regulamentação.
Serviços ancilares, redução de encargos e subsídios, papel ativo do novo consumidor e a eficiência no suprimento dos sistemas isolados e remotos. Esses foram alguns dos desafios e propostas apresentadas pelo Ministério de Minas e Energia na última quarta-feira, 27 de julho, durante a abertura da Iniciativa Mercado Minas e Energia (IMME). O evento, que acontece até sexta-feira no auditório subsolo do MME, tem o propósito de discutir políticas públicas que melhorem os marcos legais do setor elétrico brasileiro, assim como de mineração, petróleo, gás e biocombustíveis.
No primeiro dia, o ministro Adolfo Sachsida falou sobre a importância dos projeto de lei que pretende entregar para o próximo governo, buscando reduzir a burocracia, ineficiência alocativa e o contencioso jurídico, com medidas que estimulem ou aperfeiçoem a regulamentação e fiscalização. Outros objetivos são aumentar a produtividade e o investimento privado no país.
As secretarias da pasta apresentaram temas e desafios que, “se estudados e enfrentados”, possuem um potencial transformador para o Brasil. O secretário-executivo do MME, Hailton Madureira, ressaltou a importância do desenvolvimento dos serviços ancilares como um meio de prover soluções de mercado para inserção de novas tecnologias e serviços prestados ao Sistema Interligado Nacional (SIN), como tecnologias de armazenamento.
O principal desafio nesse tema específico seria a oportunidade de remunerar de forma isonômica a prestação desse serviço, numa visão de mercado, rogando pela efetivação de quatro pilares: equilíbrio, competitividade, isonomia e transparência.
Sobre a redução na Conta Consumo de Combustíveis (CCC), encargo pago por todas as concessionárias de distribuição e de transmissão de energia para subsidiar custos anuais de geração em áreas ainda não integradas ao SIN, uma solução estrutural apontada é a efetivação da linha de transmissão que irá interligar Manaus a Boa Vista.
Já a secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético abordou os desafios da expansão eletroenergética, aprimoramento no desenho dos leilões de geração e transmissão, a eficiência no suprimento dos sistemas isolados e remotos e o futuro da matriz eletroenergética.
“É preciso aperfeiçoar o desenho da atual política energética e acelerar o ingresso de projetos de eficiência energética, além de incrementar a renovabilidade da matriz, focando em neutralidade tecnológica e segurança energética”, destacou o secretário José Guilherme de Lara.
Quanto a petróleo, gás natural e biocombustíveis, foram abordados temas como melhoria do ambiente de negócios no downstream, aperfeiçoamento no mercado de CBIOs, adequações tributárias para negociação de gás natural no ponto virtual e o regime de contratação para exploração e produção de petróleo e gás natural no Pré-Sal.
Durante o evento, o Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, ressaltou as energias renováveis e os biocombustíveis, com foco no hidrogênio verde, sendo as principais frentes para a redução de emissões de carbono. Já Paulo Guedes, da Economia, e Paulo Alvim, da Ciência, Tecnologia e Inovações, abordaram a transição energética como essencial para o desenvolvimento de novos modelos de negócios, atração de investimentos e adequação dos marcos regulatórios às inovações tecnológicas em curso no setor.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O mercado livre se consolidou como o principal motor da expansão do sistema elétrico brasileiro. Em torno de 83% dos 45 gigawatts (GW) de projetos de novas usinas se destinam a essa modalidade de contratação de energia, em que o consumidor pode escolher o fornecedor, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em 2019, eram apenas 34%. O ambiente de contratação livre (ACL) é impulsionado por vantagens competitivas, pela flexibilidade nas condições de fornecimento e pela demanda por fontes renováveis. Contudo, restrições regulatórias ainda dificultam a sua ampliação para o varejo.
Entre junho de 2021 e junho deste ano, os setores que mais aumentaram o consumo de energia livre foram o de serviços (34,2%) e o de madeira, papel e celulose (20%), informa a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). Com um volume anual de R$ 162 bilhões em negócios, o ACL responde por um terço da energia consumida no país, mas abrange apenas 10 mil empresas, pois a regra em vigor só permite a migração a consumidores com um mínimo de 500 quilowatts (kW) de demanda contratada, algo como R$ 100 mil mensais na conta de energia.
As empresas comercializadoras têm expectativa de ampliação do acesso ao ACL a partir da mudança do marco regulatório do setor em tramitação na Câmara dos Deputados. O Projeto de Lei 414/2021 prevê a portabilidade da conta de luz e um prazo de 42 meses, contado a partir da promulgação da lei, para que a possibilidade de escolher o fornecedor de energia chegue a todos os consumidores.
Com pouco mais de um ano de atuação no varejo, a 2W Energia já fechou R$ 1 bilhão em vendas para pequenas e médias empresas no mercado livre, valendo-se de uma rede de 1,5 mil representantes em todos os Estados. Os contratos têm prazo médio de 7,4 anos de duração. Na avaliação de seu presidente, Claudio Ribeiro, a abertura do mercado será benéfica, ao permitir a queda de tarifas por meio da competição. Outra vantagem será o oferecimento de produtos inovadores, a exemplo do que já ocorre em outros países.
Em 2021, a Neoenergia, holding do grupo espanhol Iberdrola, vendeu 11 terawatts/hora (TWh) a participantes do mercado livre, energia correspondente ao consumo anual do Estado do Ceará. “Nossa estratégia de crescimento passa pelos contratos de longo prazo (PPA na sigla em inglês), que dão estabilidade de custos ao cliente e garantia de receita ao vendedor”, diz o diretor de negócios liberalizados, Hugo Nunes.
No início de julho a empresa fechou contrato com a Ambev para fornecimento de 55 MW médios a partir de fonte eólica entre 2024 e 2033. A parceria envolve a emissão de certificados de energia renovável (I-Rec, em inglês), que garantem a rastreabilidade da geração a partir de fonte limpa. Outro contrato de longo prazo com a Âmbar, braço de energia do grupo J&F, prevê o fornecimento de energia gerada por dois complexos eólicos do Nordeste a partir de 2023, pelo prazo de dez anos.
A EDP fechou contrato de 12 anos com a Arcos Dorados, franquia do McDonald’s na América Latina e Caribe, para construir duas usinas solares em Rio Parnaíba (MG) e uma em Cotia (SP). Com investimento de R$ 28,3 milhões, o projeto vai gerar 11,7 mil megawatts/hora anuais para atender a demanda de 28 restaurantes e sete quiosques. Toda a energia receberá a certificação I-Rec. A iniciativa reforça a estratégia de atuação ESG (governança ambiental, social e corporativa, na sigla em inglês) da Arcos Dorados, que pretende reduzir em 36% as emissões de gases de efeito-estufa de sua operação direta até 2030.
Um contrato firmado em fevereiro pela empresa de energia e combustíveis Raízen com a rede de academias Smart Fit prevê a geração distribuída de energia renovável para 85 unidades da rede em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. Durante o prazo de vigência, até 2024, as empresas estimam que a comercialização de 49 GWh de energia representará uma economia de R$ 5,2 milhões.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Meta seria alcançada até 2030, segundo pesquisa realizada pela consultoria Bain com 1 mil executivos de 125 grandes empresas da área em todo o mundo.
Vitrine do processo de transição energética, o setor de energia vê a própria descarbonização como prioridade máxima. Pesquisa realizada pela consultoria Bain & Company com mil executivos globais do setor de energia e recursos naturais mostrou que 88% deles disseram ser fundamental para suas organizações reduzir as emissões dos escopos 1 (que envolve a própria operação da companhia) e 2 (com fontes de energia usadas, como elétrica).
Os dirigentes pertencem aos quadros de 125 das principais organizações do setor, sendo 20 brasileiras, que foram alvo do levantamento e atuam nas áreas de óleo e gás, utilities (energia elétrica e saneamento) e energias renováveis, mineração, agronegócio e químicos.
Na visão dos executivos, as empresas que dirigem conseguirão reduzir as emissões de CO² em 28% até 2030. Ao mesmo tempo, 96% esperam que o setor siga avançando em direção ao net zero (zerar as emissões) até 2030, mas os dirigentes acreditam que o mundo só conseguirá alcançar net zero (fim das emissões de GEE) em 2057.
Os dados do levantamento estão compilados no segundo relatório anual de Energia e Recursos Naturais da companhia. Como parte do estudo, a Bain também analisou a alocação de recursos das 125 companhias e verificou que, em vários segmentos, elas têm destinado 23% de seu capital para novos empreendimentos, principalmente para atender à transição energética. Esse percentual era de 16% em 2020.
A consultoria também apurou para onde esse dinheiro está indo. De acordo com o levantamento, as concessionárias de serviços públicos têm investido na geração de energia renovável e na exploração de novos negócios em serviços e sistemas distribuídos, enquanto companhias de petróleo e gás estão se concentram em energias renováveis, captura de carbono, hidrogênio e combustíveis de baixo carbono.
Ao mesmo tempo, as companhias de produtos químicos se voltam para ações em circularidade e produtos de base biológica, enquanto as mineradoras investem em recursos necessários à descarbonização como lítio, cobalto, níquel, cobre e atém quartzo de alta pureza, segundo Carlos Libera, sócio e responsável pelo setor automotive da Bain.
Por fim, o agronegócio direciona investimentos em proteínas alternativas e plataformas digitais para apoiar a rastreabilidade da cadeia de suprimentos de alimentos.
-Essas novas áreas são direcionadas para eventualmente proporcionar a substituição do core business da empresa - afirma Libera.
De acordo com ele, a pesquisa ainda mostra que as companhias estão agindo independentemente da legislação, mas também aponta que, em algumas regiões, como nas Américas, a insegurança jurídica retarda sim as ações dos executivos.
Eólica offshore
A jornada rumo à descarbonização ganhou um novo impulso com a guerra entre Rússia e Ucrânia, segundo Marcos Ganut, sócio-diretor e líder da área de Infraestrutura e Investimentos de Capital da consultoria Alvarez & Marsal.
Nessa busca, ele destaca os esforços para a produção de hidrogênio verde e as discussões envolvendo geração eólica em alto mar, ou offshore. Para ele, o principal obstáculo hoje para a instalação de um parque eólico no oceano é o custo.
-Ativos como usinas eólicas e solares, e mesmo de térmicas a gás, têm uma complexidade construtiva menor, um licenciamento ambiental menor do que geração eólica offshore e, consequentemente, um tamanho de cheque menor - afirma, acrescentando:
-Porque, no fim das contas, o que vamos assistir aqui é a uma competição por dinheiro, pois ainda existem ativos de potencial elevado [em terra] que podem atrair capital mais barato para essa construção.
O que pode fazer a diferença nesse cálculo é o hidrogênio verde, pois o Brasil pode se tornar um exportador do produto. Neste caso, a eólica offshore passaria a ser fundamental, segundo o consultor.
Ele lembra que a geração de energia para suprir uma planta de hidrogênio verde não precisa estar conectada a uma linha de transmissão e que esse tipo de negócio precisa ser instalado em locais onde há o maior potencial de geração de energia, água e espaço para fazer a transformação da água em hidrogênio.
Há necessidade de elevada quantidade de eletricidade para fazer a eletrólise, operação que separa a molécula de água em oxigênio e hidrogênio, e a geração offshore tem maior capacidade de geração. A localização de uma planta próxima ao mar também facilitaria a exportação de hidrogênio verde pela rota marítima, tornando-se logisticamente interessante.
Aquecimento solar
A transformação energética, no entanto, não é exclusiva do mundo corporativo, mas também passa pelas residências, ainda que em uma escala muito menor.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Térmica (Abrasol), com o acréscimo de 1,81 milhões de metros quadrados de coletores solares para aquecimento instalados em 2021, o Brasil atingiu a marca de 21 milhões m² em funcionamento, representando um crescimento de 28% sobre o ano anterior. No mundo, o aumento foi de 3%. Segundo a entidade, o setor emprega 42 mil pessoas no país.
O presidente da Abrasol, Luiz Antonio dos Santos Pinto, diz que o segmento residencial responde por 76% do mercado, enquanto comércio, hotéis e restaurantes representam 20% e a indústria, apenas 4%. No mundo, o Brasil ocupa a quinta colocação, em termos de m² instalados, superado por Alemanha, Turquia, China e Índia. Mas fica em 31º lugar quando se considera a relação entre o total instalado e a população.
Atualmente, somente 5% a 6% dos domicílios brasileiros têm aquecedor solar instalado, de acordo com a Abrasol.
- Os chuveiros elétricos respondem por 7% de toda energia elétrica consumida no país -, diz Pinto.
Os números dão uma ideia do potencial de crescimento do setor, que faturou entre R$ 600 milhões a R$ 700 milhões no ano passado e, no entanto, está com 55% de sua capacidade ociosa.
- O programa Minha Casa Minha Vida (sic) [atual Casa Verde e Amarela] diminuiu muito [os novos projetos] - diz, referindo-se ao impacto causado na contratação de aquecedores, pois os imóveis do programa eram entregues com o equipamento.
E cobra uma política de estímulo ao setor, lembrando que o crescimento de 28% do Brasil em 2021, só foi superado pelos 83% de aumento da Itália, que contou com estímulo governamental, por meio de financiamento para a aquisição dos equipamentos.
Fonte e Imagem: O Globo.
Aeronave representa uma mudança de paradigma nas atividades de monitoramento, com foco na redução de grandes impactos ambientais.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por meio da Diretoria de Licenciamento Ambiental (Dilic), utilizou, pela primeira vez, aeronave não-tripulada (drone) para monitorar linhas de transmissão de energia elétrica de empreendimentos licenciados. A ação ocorreu nos dias 13 e 14 de julho em regiões que cortam os estados de Sergipe e Alagoas.
Além de reduzir tempo e custo, o monitoramento realizado com esse tipo de aeronave permite detectar com eficiência áreas de supressão de vegetação e condições de acesso às torres, bem como prevenir impactos ambientais que venham a ser causados pela operação de grandes empreendimentos e, ainda, acompanhar o cumprimento de condicionantes ambientais durante a instalação e operação de LT’s.
O drone usado comporta uma câmera de alta resolução - que garante a captação de imagens com qualidade, e pode sobrevoar a uma longa distância, alcançando locais onde não é possível chegar por vias terrestres.
A partir das imagens captadas, os analistas podem elaborar relatórios e apontar eventuais correções ambientais que devem ser feitas pelos empreendedores. Dessa forma, o Instituto assegura que as vistorias tenham melhores resultados, a fim de reduzir grandes impactos ambientais.
A implementação de uso de aeronaves remotamente pilotadas nas atividades da Diretoria de Licenciamento Ambiental é fruto de parceria com o Centro de Operações Aéreas, que coordena tecnicamente a implementação dessa tecnologia nas atividades finalísticas da Autarquia.
Fonte e Imagem: Gov.br
Depois de arrematar lote 7, companhia analisa oportunidades nos próximos leilões e M&A's dê olho na pressão sobre a cadeia de fornecedores e possível escassez de mão de obra qualificada no futuro.
Após arrematar o lote 7 do último leilão de transmissão, que prevê a ampliação de uma subestação no Pará, a Engie Brasil já analisa os projetos que potencialmente farão parte dos próximos certames. “Estamos avaliando a estratégia de participação e potenciais parcerias, como a deste último leilão nos Lotes 1, 2 e 3”, disse à Agência CanalEnergia o diretor-presidente e de Relações com Investidores da companhia, Eduardo Sattamini.
O executivo afirmou que a experiência adquirida nos últimos anos com participação em licitações, processos de M&As e na implantação das iniciativas próprias no segmento traz uma expectativa muito positiva para as próximas competições, no final do ano e em 2023.
“Vemos com bons olhos os avanços que a Aneel tem conseguido estabelecer para o setor, no entanto a alta competitividade vista pode trazer alguns riscos na execução dos projetos pois premissas bastante agressivas foram assumidas em relação ao cronograma de implantação e ao CAPEX”, avalia Sattamini.
Projetos
O último lote arrematado pela empresa encontra sinergia com o Projeto Novo Estado, com 1.800 km de linhas em 500 kV entre o Pará e Tocantins, além de uma nova subestação e a expansão de outras três. Ao fim do primeiro trimestre desse ano, a implantação atingiu 92,6% de avanço geral.
“Considerando essa sinergia vimos uma oportunidade de otimizar esforços através da experiência de implantação e O&M que já temos na região, com as contratações relativas à ao Lote 7 estão em andamento”, informa. Já o Sistema de Transmissão Gralha Azul, no Paraná, que iniciou a operação comercial em 2021, admite 1.000 km entre 525 e 230 kV, cinco novas subestações e ampliação de outras cinco existentes.
O investimento total na implantação de Gralha Azul é de cerca de R$ 2 bilhões. Por sua vez Novo Estado, incluindo o custo de aquisição do projeto, chega a aproximadamente R$ 3,6 bilhões. Ademais as atividades iniciais do Lote 7 terão um aporte estimado de R$ 100 milhões.
Desafios
Para Eduardo Sattamini a perspectiva de crescimento do setor de transmissão nos próximos anos trará grande pressão sobre a capacidade de entrega dos fornecedores (serviços, materiais e equipamentos). Situação agravada pela crise econômica mundial que trouxe grande volatilidade para a cadeia de suprimentos. Outro ponto de atenção é a provável escassez de mão de obra capacitada, que poderá gerar riscos adicionais em relação à saúde e segurança durante a fase de implantação.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Em conversa exclusiva com o Prática ESG, o indiano Vimal Kapur comenta que o potencial do Brasil para a produção de combustível 'verdes', inclusive para aviação, é invejado no mundo.
Outros países tentam alcançar liderança do Brasil em energias renováveis, diz CEO da Honeywell PMT Vimal Kapur, CEO da Honeywell PMT: Brasil está sendo observado de perto por outros países em relação à geração de energias renováveis Divulgação.
Reconhecido como líder em geração de energias renováveis pela Organizações das Nações Unidas (ONU), o Brasil está sendo observado de perto por outros países em relação a esse tema, avalia o Vimal Kapur, CEO da Honeywell Materiais de Performance e Tecnologias (PMT), empresa que foca no desenvolvimento de materiais avançados, em tecnologias de processamento, soluções de automação e softwares para indústrias.
Executivo americano de origem indiana, Kapur esteve no Brasil este mês para participar, em São Paulo, do evento Fórum Net Zero, promovido por sua companhia em parceria com a Amcham-SP, e o executivo falou com exclusividade ao Prática ESG.
-Muitos países e economias que não tem essa vantagem energética estão tentando entender e alcançar o Brasil, que tem uma presença muito boa no segmento. Mas acreditamos que o Brasil continuará na liderança de combustíveis renováveis muito porque todos os biocombustíveis foram criados no país- afirmou o executivo.
Povos indígenas correm riscos com a pandemia da Covid-19 Sebastião Salgado foi o único fotógrafo a realizar um trabalho nas aldeias Korubo de recente contato, no Vale do Javari, Amazônia.
Presente no Brasil desde os anos 1950, a Honeywell fornece várias soluções para o setor de petróleo e gás, colaborando na produção de biocombustíveis, captura de carbono, softwares que permitem conservação energética, baterias de fluxo, entre outros incrementos. No país, a Petrobras é o maior cliente da companhia no segmento de PMT, que também atende empresas como Braskem e ECB Group.
Por ser um grande produtor de etanol, o Brasil pode ser também estandarte na produção de combustível de aviação sustentável [SAF, na sigla em inglês]. O país teria potencial para produzir 9 bilhões de litros de biocombustíveis de aviação por ano, de acordo com um levantamento realizado no ano passado pela Roundtable on Sustainable Biomaterials, organização suíça que impulsiona o desenvolvimento sustentável. Por isso, de acordo com Kapur, o país tem as condições necessárias para aproveitar esse movimento:
-Acreditamos que a próxima onda será dos novos tipos de combustíveis sustentáveis como SAF, entre outros. Vemos a possibilidade de converter etanol para combustível de aviação, por exemplo, e o Brasil só tende a crescer nesse segmento.
No ano passado, a Honeywell assinou um contrato com o ECB Group para uma biorrefinaria que deve ser inaugurada em 2024, no Paraguai, e utilizar as soluções tecnológicas da multinacional para a conversão de óleo vegetal em SAF e diesel verde. A planta terá produção estimada de 20 mil barris por dia.
-Na América Latina, nosso maior desafio é a adoção das nossas tecnologias porque já temos muita tecnologia disponível, mas precisamos entender como elas podem impactar e criar projetos que as utilizem- disse Kapur.
Até 2035, a empresa pretende neutralizar em nível global suas emissões de carbono, abarcando os escopos 1 e 2, referente a emissões de gases de efeito estufa próprios e de fontes de energia utilizada pela empresa.
Para levar o projeto de descarbonização também ao escopo 3, que se refere às emissões da cadeia de fornecimento, a Honeywell pretende intensificar investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Kapur sinaliza a necessidade de ampliação dos aportes.
-Estamos muito cientes de que os nossos investimentos em P&D [pesquisa e desenvolvimento], que irão ampliar nosso esforço de descarbonização, precisam aumentar - afirmou o executivo.
Atualmente, mais de 60% dos investimentos de P&D da companhia em nível global já utilizam critérios ESG para o desenvolvimento de novas soluções, que envolvem tanto a medição interna de emissões, como também a criação de produtos mais sustentáveis.
Em fevereiro, a companhia anunciou uma parceria com a AstraZeneca para a criação de um inalador para asma, mais conhecidas popularmente como “bombinhas”, que emite menos gases do efeito estufa. A maioria dos inaladores utiliza hidrofluorcarbonetos (HFC), que contribuem para o aquecimento global. Na tecnologia desenvolvida em conjunto com a Honeywell, que utiliza hidrofluorolefina (HFO), o potencial de aquecimento global é quase zero.
A utilização de HFO nas bombinhas e em outros produtos como espuma acústica, aparelhos de ar-condicionado e utensílios de higiene pessoal que usam aerossol podem evitar a liberação potencial de 250 milhões de toneladas de emissões de CO2 equivalente na atmosfera, segundo a Honeywell.
Para Kapur, processos de descarbonização não podem depender apenas do uso de matrizes renováveis de energia, mas de um conjunto de soluções, que envolvem pesquisa e inovação:
-Não existe uma solução mágica simplesmente porque temos fontes renováveis de energia. Claro, é uma grande parte da solução, mas nós precisamos reconhecer outros meios de captura de carbono.
Fonte e Imagem: O Globo.
GT promovido pelo banco, Fórum Econômico Mundial e EPE propõe soluções para investimentos estratégicos no setor elétrico brasileiro, como também financiamento da GD e acesso à energia limpa para sistemas isolados.
A modernização de hidrelétricas poderia resultar em 4,7 GW de energia adicional ao sistema elétrico brasileiro. A estimativa do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID) é uma das principais propostas que derivam de um trabalho feito nos últimos oito meses em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética e o Fórum Econômico Mundial (WEF), que criaram um grupo de trabalho para identificar as oportunidades de aportes estratégicos em energia sustentável no Brasil.
O levantamento levou em consideração a participação de 50 partes interessadas entre os setores público e privado, com a concepção de ações que poderão servir de base para futuras iniciativas de política, planejamento e regulação.
O documento intitulado Mobilizing Investment for Clean Energy in Brazil Country Deep Dive apresenta três áreas prioritárias: financiamento para Geração Distribuída, acesso à energia limpa pelos sistemas isolados e a já referida modernização das UHEs, que segundo o BID requereria US$ 15 bilhões em investimentos nos próximos oito anos. Ao mesmo tempo, traria a redução de 57 milhões de toneladas de CO2, por conta do deslocamento de térmicas a gás natural.
“Com grandes e muitas hidrelétricas brasileiras em operação há mais de 30 anos, modernizar a infraestrutura existente apresentaria vantagens como aumentar a produção de energia, eficiência, disponibilidade, segurança e capacidade de reserva, além de reduzir interrupções não planejadas e os impactos socioambientais negativos”, refere o estudo.
Hoje o país possui cerca de 110 GW de capacidade instalada hidrelétrica e um adicional de 30 MW de armazenamento bombeado para suprir o sistema energético. A ideia é propor uma coleção de mudanças regulatórias necessárias para remover barreiras a comercialização de novos serviços nesses ativos pós-modernização, reforma ou repotenciação, aumentando assim o apetite do operador da planta e do investidor para realizar ou financiar as obras.
Entre elas estão incluir as UHES nos leilões de reserva; esclarecer os conceitos de “Ampliação” e “Melhorias” utilizadas em contratos de concessão; Alocar garantia física decorrente de melhorias e expansão para descarte gratuito do gerador; prorrogação do prazo de concessão em até 20 anos para amortizar os aportes e uma remuneração adequada para a prestação de serviços auxiliares e o atributo “flexibilidade” fornecidos ao sistema.
A análise do contexto brasileiro indica que os principais riscos que afetam a modernização dessa infraestrutura são design de mercado e riscos regulatórios, assim como os riscos climáticos tais como inundações, secas e chuvas extremas. Já a aceitação social e riscos de reputação foram classificados como de baixo impacto para os projetos de modernização.
Geração Distribuída precisará de US$ 36,6 bilhões
Além das hidrelétricas, o estudo também aponta diretrizes para o desenvolvimento das renováveis complementares, sobretudo para o escalonamento da Geração Distribuída solar, que precisará de US$ 36,6 bilhões em investimentos até 2030. O objetivo é apoiar desenvolvedores, bancos e financiadores de ações enquanto se acelera a padronização e dimensionamento das boas práticas existentes nos modelos de financiamento bem-sucedidos.
“Esse é um mercado relativamente jovem no Brasil e que se beneficiaria desse arcabouço para melhorar a confiança e a familiaridade dos investidores nos diversos tipos de projetos que a modalidade oferece”, diz o levantamento. O assunto ficará à cargo do Grupo de Trabalho Financeiro da Absolar, do Laboratório de Inovação Financeira e a FEBRABAN.
Sistemas Isolados
Por fim o documento propõe a criação de uma plataforma para produtores independentes de energia (IPPs) existentes (pós-leilão) para encontrar desenvolvedores, suporte técnico, de marketing e financeiro para integrar as energias renováveis e criar modelos de geração híbrida em sistemas isolados. A solução deverá ser perseguida pela EPE, com o objetivo de alcançar um projeto piloto até 2023, incentivando o desenho de linhas de crédito específicas para projetos nesses ambientes.
Atualmente são 257 regiões não integradas e com capacidade de 1.218 MW na Amazônia, sendo mais de 90% desta capacidade à base de diesel, que não se justifica nem do ponto de vista econômico. Para resolver a questão o Ministério de Minas e Energia estima que cerca de US$ 1,9 bilhão em investimentos seriam necessários nos próximos seis a oito anos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Norma que vai vigorar a partir de janeiro de 2023, substituindo a resolução conjunta nº3, tem como uma das principais alterações a atribuição à ANA da fiscalização do uso de recursos hídricos por usinas até 5 MW.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou resolução conjunta com a Agência Nacional de Águas e Saneamento atualizando as condições e os procedimentos para a instalação, operação e manutenção de estações hidrológicas por empreendimentos hidrelétricos, e o acompanhamento do assoreamento dos reservatórios.
A norma que vai vigorar a partir de janeiro de 2023, substituindo a resolução conjunta nº3, tem como uma das principais alterações a atribuição à ANA da fiscalização do uso de recursos hídricos por usinas até 5 MW. Desde 1995 esses empreendimentos estão dispensados de outorga por parte do setor elétrico e podem operar com registro simplificado na Aneel.
Com a revogação do ato de outorga, o gerador também fica livre para desativar as estações de monitoramento hidrométrico nas bacias associadas aos empreendimentos.
Segundo a Aneel, em consequência da mudança da Lei nº 9.074, aproximadamente 25% das usinas hidrelétricas desse porte que já realizavam o monitoramento hidrológico desativaram suas estações. O número pode alcançar, no entanto, 40%, reduzindo significativamente os pontos de coleta de dados.
Duas outras mudanças na norma são consideradas importantes pelas agências reguladoras. Uma delas promove melhorias no processo de atualização e elaboração das curvas Cota x Área x Volume para acompanhamento do assoreamento dos reservatórios.
Outra altera o número de estações hidrológicas a serem instaladas por cada usina de porte reduzido em relação à área de drenagem incremental. Há também outras flexibilizações aplicáveis a esses empreendimentos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Estratégia para garantir transição segura vem no contexto de ondas de calor no mundo e tem cinco pontos de ação.
O Global Wind Energy Council divulgou um plano de ação para formuladores de políticas orientarem uma saída para as atuais crises de energia e mudanças climáticas. O plano de cinco pontos aborda a necessidade de restaurar a ordem nos mercados de energia, cumprindo metas climáticas e criando uma transição energética segura e estável.
O plano vem no contexto de temperaturas recordes e estresse econômico em todo o mundo, impulsionado por crises. Uma onda de calor causou milhares de mortes na Espanha e em Portugal, enquanto a seca e os incêndios florestais afetaram a França, Itália, Grécia, Croácia, Turquia e Marrocos este ano. Altas temperaturas históricas estão atingindo o Reino Unido e os EUA. A Índia experimentou uma série de ondas de calor nos últimos meses e a China sofreu seu junho mais quente já registrado este ano. Enquanto isso, a crise de energia contribuiu para uma crise econômica, agitação civil maciça e instabilidade política no Sri Lanka.
Segundo o GWEC, esses eventos estão conectados e são sintomáticos de uma transição de energia desordenada e volátil. É destacada a necessidade de ação urgente para acelerar a implantação de energia renovável para aliviar a dor econômica, reduzir os custos de energia e nos colocar em um caminho líquido zero. A energia eólica pode ser ampliada rapidamente nos próximos anos para oferecer soluções para a volatilidade dos preços de energia, a insegurança energética e a dependência de combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que se constrói uma transição energética segura no médio e longo prazo.
O primeiro ponto do plano de ação é agilizar urgentemente a permissão para produzir um grande aumento na capacidade eólica nos próximos três anos e construir um pipeline de projeto compatível com zero líquido.
O segundo é implementar um plano de ação de acesso à rede para conectar grandes volumes de energia renovável. O terceiro é a introdução de mecanismos simplificados para aquisição e preços de energia limpa para liberar investimentos rapidamente. O quarto é bloquear a geração baseada em combustível fóssil em grande escala.
O quinto e último é o compromisso para firmar planos e marcos de transição energética para permitir que a indústria de energias renováveis planeje o desenvolvimento saudável da cadeia de suprimentos.
De acordo com o CEO do GWEC, Ben Backwell, o mundo está enfrentando crises gêmeas de segurança energética e acessibilidade, por um lado, e a ameaça de acelerar o aquecimento global, por outro. Segundo ele, é preciso fazer uma mudança decisiva para longe dos combustíveis fósseis, em vez de prolongar a dependência deles. A solução deve ser liderada por energias renováveis, que podem fornecer eletricidade limpa e confiável para cidadãos e empresas usando os recursos naturais ilimitados do vento e do sol. ar mais limpo e maior segurança hídrica.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Assunto foi tema de artigo de aluno do CTC /PUC-Rio premiado no SNPTEE e P&D busca mapeamento de locais.
As chamadas hidrelétricas reversíveis ainda não existem no Brasil, mas o tema já está recebendo atenção do setor. Artigo escrito pelo aluno do Mestrado em Metrologia do CTC/PUC-Rio Gabriel Cosentino, foi premiado na última edição do SNPTEE e mostra que as reversíveis podem ser uma importante fonte de benefícios para regiões com demanda de água e energia, criando empregos, melhoria de vida e valorização econômica dos locais que receberem as plantas. O artigo trata dos desafios regulatórios para a inserção no Brasil.
Esse tipo de usina complexa é responsável por mais de 90% do armazenamento de energia no mundo. A reversível proporciona um aumento no nível de potência em sistemas maiores, ao contrário das baterias, que hoje estão restritas aos sistemas menores e distribuídos. O deslanche desse tipo de UHE esbarra na remuneração dos serviços ancilares, que atingem não só o armazenamento hídrico, mas também alcança o de baterias. Essa hídrica é vista como uma UHE ‘ruim’, por ser mais ineficiente que as tradicionais. Porém a sua capacidade de atuar no armazenamento como bateria supera a ineficiência.
O artigo identifica que esse tipo de usina pode contribuir com o sistema através de serviços de flexibilidade, reserva operativa, auto restabelecimento e controle de frequência. A sugestão é que a regulação crie produtos capazes de fazer a remuneração para as reversíveis, como leilões de capacidade e multiatributos, além de mercados de capacidade e de flexibilidade. Esse último, elaborado após a publicação do artigo, seria capaz de permitir a introdução de novos serviços, inclusive os ancilares. O professor Rodrigo Calili, orientador do artigo, salienta a relevância da reserva operativa. “Esse é um atributo importante e que hoje a gente precisa remunerar de alguma forma”, avisa.
No leilão de capacidade com a participação de sistemas de armazenamento, a inflexibilidade ficaria limitada a 10%. Os empreendedores consideraria o armazenamento para aumentar a inflexibilidade, com a tendência de projetos híbridos de renováveis intermitentes com baterias e UHEs reversíveis. Já o leilão multiatributo avalia os serviços ancilares como atributos e baseia-se em estudos prévios sobre serviços remuneráveis para sistemas de armazenamento e UHEs reversíveis.
Para o mercado livre, o mercado de capacidade aparece como boa opção. O ONS, com o ministério ou regulador, determinaria o preço da capacidade. Em um cenário futuro, quando o mercado estivesse mais maduro, um mecanismo de remuneração seria proposto com obrigações de capacidade descentralizada, em que os fornecedores são obrigados a contratar capacidade suficiente para atender com segurança. Já em um outro cenário ainda mais futurista, com o mercado mais aberto no Brasil, poderia ser adotado uma remuneração de capacidade com base no mercado, com grande abrangência e baseada no preço.
Já o mercado de flexibilidade, teria bastante adequação a abertura de mercado prevista no PL 414, como a entrega de serviços ponto a ponto (P2P), como blockchain. Calili ainda vê esse cenário distante, mas identifica que o ambiente permite a introdução de novos serviços e os ancilares, como entrega de capacidade. “Você vende potência e capacidade”, explica. As opções foram enviadas a mais de uma dezena de especialistas e a partir das respostas será montada uma proposta de análise de impacto regulatório para essas usinas. Segundo Calili, o resultado deverá direcionar para o pagamento dos serviços ancilares.
O autor do artigo, Guilherme Cosentino, reforçou a questão da remuneração dos serviços ancilares. Segundo ele, dos sete que são reconhecidos pela agência reguladora, apenas um serviço é remunerado, o de suportes reativos, com uma remuneração muito baixa. Há serviços que podem ser remunerados em prol do desenvolvimento das reversíveis. “Essas usinas podem gerar uma gama de serviços novos também, além dos que são reconhecidos”, observa.
Um projeto de P&D analisando as UHEs reversíveis está em curso. Tarcísio de Castro, coordenador da área de estudos ambientais da PSR, conta que o projeto desenvolve uma ferramenta que busca os locais apropriados. O modelo busca na região escolhida o escoamento da transmissão, o local sob o ponto de vista técnico e econômica, além da queda. “Quanto maior a queda menor custo do empreendimento” explica. CTG Brasil, EDF, Elera e Light estão envolvidas. O custo dessa modalidade de geração é alto, assim como o de uma hidrelétrica tradicional, porém se mostra imbatível do ponto de vista de escala e com remuneração adequada, tem resultado tão satisfatório quanto o de uma tradicional.
Segundo ele, há muitas possibilidades de UHEs reversíveis no país, reunindo condições topográficas e um sistema de transmissão organizado, com pontos de conexões próximos. A Serra do Mar (RJ) e Sobradinho (PE) aparecem como possibilidades. “Não vejo dificuldade técnica, econômica ou ambiental. A gente tem muitas possibilidades no Brasil de instalar reversível”, comenta. Castro vê essas usinas como necessárias, carentes de criação de uma regulação adequada nos próximos anos.
As atenções não estão restritas ao setor elétrico. Cogita-se que o Banco Mundial, que não vinha financiando projetos dessa categoria, já estaria disposto a rever a decisão. A Empresa de Pesquisa Energética também vem demonstrando disposição em avançar com os estudos. Pelo lado das empresas, o interesse também aparece. Há falta de literatura sobre as usinas, o que facilitaria as adequações para o modelo brasileiro.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Uma nova visão econômica deve facilitar o acesso dos menos favorecidos e corrigir políticas públicas equivocadas.
Sol forte, bons ventos, biomassa abundante e mão de obra qualificada, entre outros atributos, colocam o Brasil em condições favoráveis para se tornar uma potência energética. Contudo, o país tem ainda diversos obstáculos a superar, como as políticas públicas erráticas, a desigualdade social, o corte de recursos para pesquisa e a pouca participação das comunidades na tomada de decisões. Esta constatação foi um consenso entre especialistas dos campos empresarial, acadêmico e de organizações não-governamentais que, na sexta (15), debateram os rumos para uma transição energética justa durante a Glocal Experience.
“Precisamos de uma nova visão econômica que promova mudanças intencionais, para que as pessoas desfavorecidas ao longo da história não fiquem para trás no acesso à energia”, defende o diretor executivo da Revolusolar, Eduardo Ávila. No ano passado, a ONG criou a primeira cooperativa de energia solar em favela no país, envolvendo 34 famílias das comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro. “Estamos sistematizando a experiência com projetos-piloto dos últimos seis anos pra propor aos candidatos a cargos eletivos a inclusão, nas políticas públicas, de técnicas de geração solar em comunidades”, relata o economista.
A diretora executiva do Instituto Internacional Arayara, Nicole Oliveira, faz críticas à concessão de subsídios públicos aos combustíveis fósseis. “O governo tem um plano de construção de 70 novas termelétricas a gás, que geram energia muito mais cara”, argumenta. “Outra problema é que o combustível, gás de xisto, será importado dos Estados Unidos, onde é extraído por fraturamento hidráulico (‘fracking’), que apresenta grandes riscos ambientais.” Ela também defende a importância de ampliação dos investimentos em eficiência energética, que poderiam reduzir o consumo em 40% sem a necessidade de novas obras.
“Existe a possibilidade de fazer negócios, e bons negócios, de maneira sustentável”, diz Francisco Scroffa, responsável pela operação brasileira da Enel. A multinacional italiana de energia tem um plano de descarbonização das atividades que prevê o fechamento de todas as suas usinas de carvão até 2027 e emissões zero até 2040. Para isso, coloca entre as prioridades a eletrificação do transporte e as soluções para cidades inteligentes.
A Enel é líder mundial em iluminação pública, área em que as novas tecnologias resultam na economia de até 50% de energia. No Brasil, a companhia está iniciando um projeto em Angra dos Reis (RJ). “Há consenso sobre a necessidade de avançar em direção à energia renovável, mas temos visão de portfólio, para atender as necessidades de diferentes tipos de consumidores”, informa Scroffa. Segundo ele, “há todo um cardápio de ações de curto, médio e longo prazo que precisam ser encaminhadas com um olhar integrado”.
A presidente do Comitê Científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, Suzana Kahn, alerta para os riscos da redução drástica de investimentos públicos em ciência, tecnologia e inovação. “Esses recursos são fundamentais para que o país avance na exploração de fontes renováveis e se torne soberano”, diz. “Faltam planejamento e determinação para que a gente se torne um grande produtor e se industrialize pra atender essa cadeia”. Para a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a perda de talentos é preocupante: “Temos excelentes centros de pesquisa, mas a pessoa passa por anos de formação e acaba deixando o país porque não tem emprego aqui”.
“A transição precisa ser muito bem planejada, tanto para o setor de óleo e gás quanto para os veículos”, comenta o diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Sandro Yamamoto. “Estamos levando o conhecimento sobre a exploração eólica offshore [em alto mar] à indústria de óleo e gás para chamar a atenção dos prestadores de serviços e fabricantes de peças e componentes”, conta. “Temos um trabalho de longo prazo: identificar quais são as necessidades da eólica offshore e a sinergia existente com as empresas do Brasil.”
Na avaliação do gerente de inovação e sustentabilidade da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio), Ansgar Pinkowski, é papel dos governos criar incentivos para que a transição energética faça sentido economicamente.
Ele lembra que o Brasil tem muito a contribuir com a Alemanha na área energética. Por questões climáticas e geográficas, o país europeu não tem energia renovável suficiente para gerar hidrogênio verde, e já começa a olhar com quais países poderá se alinhar no futuro.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Decisão tomada no Congresso Nacional permite que empreendedores possam obter benefícios com a redução de capex e ter usinas flutuantes em locais onde há infraestrutura disponível e geração mais eficiente.
A derrubada dos vetos presidenciais na Lei no. 14.300, o marco legal da geração distribuída, foi comemorada pelas associações que representam esse segmento do setor elétrico, a ABGD e a Absolar. A percepção é de que essa ação do Congresso Nacional ajudará a acelerar os investimentos na fonte solar no país com a redução de custo de capex e ampliação das áreas potenciais de aportes.
Segundo o presidente executivo da ABGD, Guilherme Chrispim, a derrubada dos vetos era esperada uma vez que a lei, quando ainda era o PL 5829, foi construída em consenso com as entidades envolvidas no segmento. A avaliação era a de que não fazia sentido proibir os dois itens barrados.
“Para esse ano não vejo que vá mudar o que está programado, mas para os próximos sim. Estamos rumando ao final do ano e os projetos maiores que são alcançados pelas medidas demoram mais tempo para saírem do papel”, afirmou Crispim em entrevista ao CanalEnergia Live desta sexta-feira, 15 de julho. “A possibilidade de enquadramento ao Reidi ajuda na redução do capex e o outro veto derrubado amplia o uso do espaço onde há estrutura de transmissão, muitas vezes ociosa e gera mais eficiência”, acrescentou.
A possibilidade de enquadramento ao Reidi, relata o executivo da ABGD, leva a uma redução de cerca de 9% referentes ao capex por se tratar de incentivo no PIS e Cofins no que se refere à aquisição de equipamentos e máquinas para o setor. No outro retira a barreira de ter mais de uma ‘ilha’ de geração distribuída. Da forma que estava redigida a lei, era permitido apenas uma usina de até 5 MW em um mesmo reservatório. E essas centrais flutuantes encontram um ambiente ideal, pois trazem benefícios técnicos e ambientais por evitarem evaporação de água de reservatório, bem como estarem em um local com menos sujeira e temperatura mais baixa o que aumenta a geração de energia dos paineis.
Na avaliação de Bárbara Rubim, vice-presidente de Geração Distribuída da Absolar, essa medida traz mais um estímulo ao mercado brasileiro e deve acelerar os investimentos em energia solar no país. “Na prática, o enquadramento da geração própria de energia renovável como projeto de infraestrutura, também permite o acesso à financiamento mais competitivo pelo mercado, reduzindo o preço da energia aos consumidores”, apontou a executiva em nota à imprensa.
Nesse mesmo comunicado, Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da entidade aponta que a derrubada dos vetos é essencial para manter o ritmo de crescimento e de investimentos em novas usinas da fonte no Brasil.
Segundo estimativas da ABGD, a perspectiva para a geração distribuída no país é de fechar o ano de 2022 com 15 GW de potência instalada. Atualmente, de acordo com dados da Aneel, são 11,8 GW em potência instalada de todas as fontes nessa modalidade de geração com 1,1 milhão de sistemas em 5.490 municípios do país.
“Somente neste ano deveremos alcançar 7 GW. Estamos com cerca de 12 GW e acreditamos que será viável os outros 3 GW ao longo desse segundo semestre, que é o período que a expansão acelera. Agora depende das distribuidoras liberaram com maior agilidade e não ficarem na operação tartaruga e a Aneel tem que atuar como deve nesses casos”, alfinetou o presidente da ABGD.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Piora nas projeções está associada a alta da inflação global e impactos da guerra, além do aumento do risco fiscal no cenário interno, afirma consultoria.
A piora nas projeções econômicas de longo prazo deve reduzir o ritmo de crescimento da demanda por energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN). A perspectiva apresentada pela Ampere Consultoria é de que a carga desacelere para 3,2% em 2023 e 3% em 2024, contra as previsões de 3,8% e 3,2% apresentadas na última edição do Plano da Operação Energética (PEN) do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em abril.
“Na prática significa uma redução de aproximadamente 640 MW médios no ano que vem e de 800 MW médios em 2024”, explica o diretor da Ampere Consultoria, André de Oliveira. Segundo ele, a piora nas projeções está associada principalmente ao cenário macroeconômico internacional, derivado da alta da inflação global e dos impactos da guerra na Ucrânia, além do aumento do risco fiscal no cenário interno.
Em médio e longo prazo o comportamento da carga é associado principalmente ao ritmo de crescimento da economia, com uma taxa de elasticidade de 1,2% a 1,5%. Nesse sentido destaca que o estudo pressupõe que o ritmo de crescimento econômico deva desacelerar de 1,9% para 1% em 2023, e de 2,3% para 2% em 2024.
Nos dois anos seguintes, a perspectiva é que o crescimento da economia se mantenha em 2,5%, da mesma forma que não são previstas mudanças na taxa de alta da carga projetada para 2025 e 2026, atualmente estimada em 3,3%.
A Ampere considera como premissas de suas projeções as previsões e análises econômicas do Banco Central (relatório Focus), dos bancos privados Bradesco, Itaú e Santander, do grupo de pesquisa econômica da FGV/IBRE, além de referências internacionais como o FMI, Banco Mundial e OCDE.
Já no curto prazo as projeções indicam redução de cerca 180 MW médios neste ano em relação à última previsão. Associada a questões conjunturais, a variação é marginal e se concentra principalmente nos subsistemas Sul e Nordeste. Os desvios devem influenciar o ritmo de crescimento apontado no último PEN, reduzindo-o de 1,8% para 1,5% no ano.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Construção de usinas foi incluída na privatização da Eletrobras; grupo também vai questionar benefício à Âmbar.
Um grupo de entidades que representa consumidores prepara a formação do que chama de frente ampla de defesa de quem paga a conta de luz no setor de energia elétrica. Oficialmente, a frente deve ser lançada no início de agosto, mas as entidades já estão dando início a algumas iniciativas que buscam defender o consumidor contra custos extras que consideram injustificados.
Segundo Luiz Eduardo Barata, consultor do iCS (Instituto Clima e Sociedade), essa nova frente já elegeu três bandeiras. Inicialmente, as entidades vão atuar pela via administrativa em diferentes órgãos, mas não descartam no limite discutir as diferentes questões na Justiça.
A primeira iniciativa é deter o processo que leva à construção de 8 GW (gigawatts) de térmicas a gás previstas na lei que permitiu a privatização da Eletrobras. Isso inclui suspender o primeiro leilão desses projetos, já marcado para setembro.
As entidades prearam correspondência para solicitar a suspensão ao MME (Ministério de Minas e Energia).
Apelidadas de "térmicas jabutis", por terem sido inseridas no projeto a revelia da proposta original, elas devem ser construídas onde não há gás e longes dos centros consumidores, com os custos sendo repassados à conta de luz.
Essa característica geográfica exige a construção de redes de dutos para levar o gás e de linhas de transmissão para tirar a energia, que também tendem a gerar custos adicionais para o cidadão, sem uma justificativa razoável, avalia Barata.
"Esses 8 GW não saíram de nenhum projeto, a EPE [Empresa de Pesquisa Energética, responsável pelo planejamento do setor] nunca apontou a sua necessidade", diz Barata. "E ninguém perguntou para os consumidores se eles queriam pagar por isso."
Como o lobby no atual Congresso foi forte em favo dessas térmicas, as entidades avaliam que podem conseguir reverter esse custo após a eleição, com a renovação de parte da composição do parlamento.
Também devem participar da frente Abvidro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro), Abrace (Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia), Instituto ClimaInfo, Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Instituto Pólis e Conacen (Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica).
A outra ação conjunta das entidades, que também já está em curso, é pressionar a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a tomar medidas mais enérgicas em relação às térmicas do PCS (Procedimento Competitivo Simplificado).
Esse leilão, realizado em outubro do ano passado, liberou a construção de 17 usinas, 14 a gás, para funcionarem como seguro apagão em caso de seca nas hidrelétricas. Pelas projeções, a sua operação custaria um adicional de R$ 39 bilhões na conta de luz entre 1º de maio deste ano em final de 2025.
O primeiro passo, diz Barata, é recorrer à Aneel para derrubar a decisão que beneficiou a Âmbar Energia. Com quatro térmicas atrasadas, que respondem por metade da despesa, a empresa conseguiu autorização para vender energia de outra usina, a térmica Mário Covas, em Cuiabá (MT), enquanto termina as obras.
As entidades entendem que a decisão prejudica o consumidor, criando uma conta alta e desnecessária, além de ferir o edital do leilão.
Ao mesmo tempo, vão pedir rigor no trato com as demais térmicas. "Precisa ficar claro que quem não entrar até 31 de julho está fora", diz Barata. "E os que entrarem, no nosso entendimento, paga multa se entrar atrasado, e recebe recebe parcela fixa. O sistema não precisa agora dessa geração, nem pagar por isso."
O terceiro ponto de ação, de longo prazo, é promover uma revisão no arcabouço regulatório que possa modernizar o setor e permitir a redução dos custos de energia. Nesse contexto, o projeto de lei 414 que tramita na Câmara, e não deve mais avançar neste ano, é visto como um começo.
Uma das questões é rever a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). Dentro dela agora estão uma série de subsídios que, avaliam as entidades, precisam ser revistos, como irrigação para o agronegócio e incentivo a energias renováveis que já são economicamente viáveis. O crescimento desses itens ocorre há alguns anos, mas se acentuou recentemente por força do lobby.
Os gastos com encargos passaram de R$ 16 bilhões em 2017, um valor já considerado elevado, para R$ 24 bilhões em 2021. Neste ano, está em R$ 32 bilhões.
"Precisamos separar o que é decisão política e o que política pública", Mariana Amim, diretora da Anace.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Foi mantido o enquadramento no Reidi e a classificação de projetos flutuantes como MMGD.
O Congresso Nacional derrubou os dois vetos presidenciais a dispositivos da Lei 14.300, que institui o marco legal da micro e minigeração distribuída. Um desses dispositivos autoriza a inclusão de projetos no Regime Especial de Incentivos ao Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi) e o outro permite classificar como micro ou minigeradores unidades flutuantes de geração fotovoltaica instaladas sobre reservatórios de hidrelétricas, represas e lagos naturais e artificiais.
Os vetos foram rejeitados em sessão conjunta nesta quinta-feira, 14 de julho, após acordo de lideranças. O texto resultante do Projeto de Lei 5.829 vai agora para promulgação.
O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (PL-TO), anunciou durante a sessão que o Executivo deve editar medida provisória dando maior clareza ao tema, para que não se dê margem a um eventual aumento do custo da energia ou à falta de condições de execução desses pontos.
PLP 18
Deputados e senadores também restabeleceram itens do veto ao Projeto de Lei Complementar 18/22, que trata da compensação pela União de perdas dos estados com a limitação do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo à alíquota padrão (17% ou 18%, dependendo do estado).
Foi adiada a votação de pontos do PLP que determinam o uso do repasse dessa compensação para manter as aplicações mínimas em saúde e educação, como prevê a Constituição Federal. Eles serão votados como destaque.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Custo da energia eólica onshore baixou em 15%, eólica offshore 13% e a solar fotovoltaica 13% em 2021.
Relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) mostra que os custos das energias renováveis continuaram baixando em 2021, enquanto os desafios das cadeias de fornecimento e o aumento do preço das matérias-primas ainda têm de mostrar seu impacto total nos custos dos projetos. O custo da energia eólica onshore baixou em 15%, eólica offshore em 13% e a solar fotovoltaica em 13% em comparação com 2020.
Além disso, o Renewable Power Generation Costs in 2021 aponta que quase dois terços ou 163 gigawatts (GW) da energia renovável instalada em 2021 teve custos menores que a opção a carvão mais barata do G20. Com isso, a IRENA estima que, dados os atuais altos preços dos combustíveis fósseis, a energia renovável adicionada em 2021 economiza cerca de US$ 55 bilhões dos custos globais de geração de energia em 2022.
Acelerando a transição de acordo com o limite de aquecimento de 1,5°C e as metas do Acordo de Paris, as energias renováveis de custo competitivo desempenham papel critico no enfrentamento das atuais emergências energéticas e climáticas. O relatório confirma que a energia solar e eólica, com seus prazos relativamente curtos de projeto, representam planos vitais nos esforços dos países para reduzir rapidamente e, eventualmente, eliminar os combustíveis fósseis e limitar os danos macroeconômicos que causam na busca de zero emissões líquidas.
O diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera, acredita que as energias renováveis são de longe a forma mais barata de energia atualmente. “2022 é um exemplo gritante de quão economicamente viável a nova geração de energia renovável se tornou. A energia renovável libera as economias da volatilidade de preços e importações de combustíveis fósseis, reduz os custos de energia e aumenta a resiliência do mercado – ainda mais se a atual crise de energia continuar”, disse.
Ele ainda afirmou que embora uma resposta temporária à crise possa ser necessária na situação atual, desculpas para suavizar as metas climáticas não serão válidas a médio e longo prazo. “A situação de hoje é um lembrete devastador de que as energias renováveis e a economia de energia são o futuro. Com a COP27 no Egito e a COP28 nos Emirados Árabes Unidos chegando, as energias renováveis fornecem aos governos energia acessível para se alinhar com as zero emissões líquidas e transformar suas promessas climáticas em ações concretas com benefícios reais para as pessoas no terreno”, acrescentou.
Os dados de custos da IRENA revelam que os investimentos em energias renováveis continuam rendendo grandes dividendos em 2022. Em países não pertencentes à OCDE, os 109 GW de adições de energia renovável em 2021 que custam menos do que a nova opção mais barata de combustível fóssil, reduzirão os custos em, pelo menos, US$ 5,7 bilhões anualmente nos próximos 25-30 anos.
Entretanto, os altos preços do carvão e do gás fóssil em 2021 e 2022 também deteriorarão profundamente a competitividade dos combustíveis fósseis e tornarão a energia solar e eólica ainda mais atraentes. Com um aumento sem precedentes nos preços do gás fóssil na Europa, por exemplo, a nova geração de gás fóssil na Europa se tornará cada vez mais antieconômica ao longo de sua vida, aumentando o risco de ativos ociosos.
O exemplo europeu mostra que os custos de combustível e CO2 para usinas de gás existentes podem ser, em média, quatro a seis vezes mais elevados em 2022 do que o custo vitalício de uma nova energia solar fotovoltaica e eólica onshore comissionada em 2021. Entre janeiro e maio de 2022, a geração de energia solar e eólica pode ter economizado na Europa importações de combustíveis fósseis na ordem de US$ 50 bilhões, predominantemente gás fóssil.
Por fim, os dados da IRENA sugerem que nem todos os aumentos de custos de materiais foram repassados ainda aos preços de equipamentos e custos de projetos. Se os custos dos materiais continuarem elevados, as pressões de preços em 2022 serão mais pronunciadas. Entretanto, os aumentos podem ser ofuscados pelos ganhos gerais das energias renováveis de custo competitivo em comparação com os preços mais altos dos combustíveis fósseis.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Certame será realizado em 16 de setembro e contratará 50% da demanda declarada pelas distribuidoras para as PCHs conforme lei 14.182, que viabilizou a privatização da Eletrobras.
O Ministério de Minas e Energia publicou na edição desta quarta-feira, 13 de julho, do Diário Oficial da União, a Portaria Normativa no. 47 com a Sistemática dos Leilões de Energia Nova A-5 e A-6 deste ano. O leilão está marcado para o dia 16 de setembro de 2022 e acontecerão em sequência, conforme a Portaria Normativa nº 41/GM/MME. Os leilões negociarão CCEARs por disponibilidade e quantidade por 15 e 20 anos. No A-5 o início de fornecimento se dará em de janeiro de 2027. Um ano depois inicia o prazo para o A-6.
No primeiro disputarão contratos de 20 anos CGHs, PCHs e UHEs com potência igual ou inferior a 50 MW, bem como suas ampliações. Já na modalidade por quantidade, com prazo de suprimento de 15 anos, entram na disputa empreendimentos eólicos e ampliações, projetos solares fotovoltaicos e ampliações. No produto disponibilidade, com prazo de suprimento também de 20 anos, podem participar a fonte recuperação energética de resíduos sólidos urbanos, térmica a biomassa e térmica a carvão mineral nacional e a biogás.
No A-6 a diferença é que sai a solar e entra a térmica a gás natural em ciclo aberto, ciclo combinado e ampliação de empreendimentos existentes, inclusive, por meio de fechamento do ciclo térmico.
Vale lembrar que esse será o primeiro leilão em que as PCHs entram nas cotas colocadas na Lei 14.182/2021. Segundo as regras desse certame, 50% da demanda das distribuidoras obrigatoriamente será atendida pela fonte.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a criação do Plano de Recuperação dos Reservatórios de Regularização de Usinas Hidrelétricas do País (PRR). Os detalhes do plano, com metas e indicadores globais de monitoramento, serão colocados em consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia em até 210 dias. A resolução ainda precisa ser aprovada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Segundo comunicado do Ministério de Minas e Energia, uma das metas prevê a recuperação gradual dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras. O plano vai contribuir para a estruturação de ações, algumas já em andamento, que considerem tanto o suprimento energético nacional quanto a preservação dos usos múltiplos da água.
A MegaWhat tinha antecipado que esse seria o tema da reunião extraordinária do CNPE dessa segunda-feira, 11 de julho. A medida é uma exigência da Lei 14.182 de 2021, que tratou da privatização da Eletrobras e da contratação compulsória de termelétricas a gás natural.
A resolução é o resultado de um grupo de trabalho criado pelo CNPE em abril deste ano para elaboração de um plano para viabilizar a recuperação dos reservatórios de regularização integrantes do Sistema Interligado Nacional (SIN) em até 10 anos. Integraram o grupo representantes dos ministérios de Minas e Energia e do Desenvolvimento Regional, além da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A implementação do plano contemplará o desenvolvimento de ações por parte de diversas instituições competentes, com acompanhamento coordenado pelo MME e com participação do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), EPE e ONS. O CNPE apreciará, anualmente, o andamento dos trabalhos.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Raphael Vasques defendeu que as biomassas e o biogás “unem o útil ao agradável” pois são fontes sustentáveis e mais firmes que a eólica ou solar, que dependem de armazenamento para otimizar suas produções.
Uma maior inserção das biomassas e do biogás para atender as necessidades da demanda energética nacional. A opinião do coordenador de Inteligência de Mercado da Safira Energia, Raphael Alves Vasques, foi expressa em um webinar promovido pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única) no final de junho. Na ocasião, o executivo afirmou que o setor elétrico brasileiro precisa de um crescimento que vá além de eólica e solar, reforçando a questão da intermitência.
“As biomassas e o biogás unem o útil ao agradável pois são fontes sustentáveis e conseguimos manter um controle maior sobre elas”, comentou, ressaltando que alguns países que diversificaram suas matrizes energéticas só com aerogeradores e painéis fotovoltaicos tiveram problemas para gerar quando não houve vento ou sol suficientes.
Uma solução para armazenar a energia gerada pelas fontes tradicionais da transição energética seria o uso de baterias. No entanto, Vasques lembra que essa tecnologia apresenta um custo ainda considerado elevado, além de ter seu uso no Brasil ainda em estado incipiente.
Nos Estados Unidos, onde sistemas de armazenamento estão mais desenvolvidos, Vasques conta que o custo poderia atingir algo em torno de US$ 3,8 mil por KW. Já no Brasil ainda há dificuldades com importação dos equipamentos, cujo valor poderia ficar mais elevado com a incidência de impostos. “Por isso o uso em solo brasileiro ainda fica restrito a casos considerados extremos, de alto custo na ponta ou quando há interrupções frequentes no fornecimento energético”, completou.
Outro fator que evidencia a necessidade de desenvolver melhor a matriz energética, segundo o executivo, é o esperado aumento na frota de veículos elétricos. Ele explicou que a energia proveniente determinará se há uso de energia limpa ou não. Com uma frota elétrica de 10% de carros elétricos, prevista para ocorrer até 2030, a demanda ganharia um acréscimo de 9.400 GWh. “Isso significaria investimentos de aproximadamente R$ 20 bilhões só para suprir essa demanda extra”, disse.
Além disso, um ponto que merece atenção para o especialista da Safira Energia é a votação do projeto de lei 414, que prevê a abertura do mercado livre de energia elétrica. Caso aprovado e o ambiente de contratação livre vire uma realidade, há tendência de migração a partir do mercado cativo. Daí a necessidade de suprir também esta demanda.
Preços
Sobre as discussões no mercado quanto a viabilidade das usinas nucleares como alternativa, Raphael acrescentou que o alto custo envolvido na construção desses empreendimentos não compensa o preço final a curto prazo. “Somente a longo prazo o consumidor poderia ter um preço mais competitivo”, indica.
O executivo da Safira também ressaltou que os preços da energia para 2023 podem ser menores, uma vez que o período úmido registrou boas chuvas, inclusive com precipitações fora do comum na região sul do país. Assim os reservatórios das hidrelétricas estão bem abastecidos e indica que o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) deve permanecer baixo.
Outros destaques do webinar foram a apresentação de alguns dados, como as biomassas exportando 20 mil GW em bagaço de cana e mais 3 mil de licor negro para o sistema elétrico no ano que passou, com a produção de algo em torno de 55 TWh de energia. A diferença estaria autoconsumo ou de usinas que não injetam energia para o sistema elétrico.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Não tem mais discussão: o aquecimento da Terra é influenciado por nós, humanos, e nossas ações no planeta. Basta dar uma olhadinha no último relatório do IPCC. "A maior parte dessa ação é justamente a queima de combustíveis", afirma Amanda Ohara, coordenadora do portfólio de energia do Instituto Clima e Sociedade (iCS). Nos Estados Unidos, o líder de emissões mundiais, 82,4% das emissões históricas vêm dos combustíveis fósseis, segundo levantamento da Carbon Brief.
Há países tentando diminuir nosso impacto no aquecimento, no entanto. Com a eleição de Gustavo Petro para presidente, em junho, a Colômbia abraçou o combate às mudanças climáticas e a pauta da transição para fontes de energia renováveis. Para Ricardo Baitelo, especialista em política energética e coordenador de projetos do Instituto Energia e Meio Ambiente (IEMA), a notícia é muito boa, mas ainda é cedo para dizer como isto vai influenciar os outros países da região.
E o Brasil?
O momento atual é muito positivo para a transição energética, avalia Ricardo. "O mundo já tem muito claro que esta é a forma de enfrentar a crise climática", aponta. Ao mesmo tempo, a pandemia de covid-19 abriu uma porta para que a recuperação econômica mundial fosse verde, e muitos países já têm planos concretos para isso.
Fonte e Imagem: UOL.
Em uma escala que vai de 0 a 100%, a América Latina obteve 22% no Índice de prontidão de transição energética, segundo pesquisa realizada pela Siemens Energy em parceria com a Roland Berger. O levantamento aconteceu entre 8 e 20 de junho, durante a conferência “Latin America Energy Week 2022”, e contou com 530 participantes, entre executivos e representantes governamentais do setor de energia na região.
De acordo com a pesquisa, a maioria dos países da América Latina possui uma “vantagem competitiva natural” graças às suas fontes de energia eólica, solar e hidrogênio verde, permitindo custos de geração altamente competitivos e um potencial econômico para os países da região.
Entretanto, mesmo com uma “base sólida”, os executivos apontaram que para se tornar uma potência mundial é preciso uma implementação sistemática e urgente das prioridades energéticas nos países. Além disso, o envolvimento do governo na definição dos modelos de energia, implementação de regulamentação, infraestrutura e segurança são os principais pontos para ocorrer uma mudança no cenário atual.
César Norton, presidente da HIF Global Chile, afirmou que existe um consenso na comunidade sobre as “imensas” oportunidades da América Latina, mas que é preciso condições ideias para exportar para outras regiões. “Precisamos ter clareza sobre as regulamentações para podermos fazer tais investimentos”, afirmou.
Segundo o levantamento, os executivos reconhecem que houve um progresso em geração de energia, porém a capacidade instalada de fontes renováveis ainda deixa espaço para uma implementação mais ampla no futuro.
Para ocorrer uma mudança no cenário, os participantes elegeram, como passo inicial, a expansão das fontes renováveis para alcançar as metas climáticas de zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. Outras soluções foram a implementação de armazenamento de energia, descarbonização da indústria e a resiliência dos sistemas de energia.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Executivos do setor acreditam no potencial, mas destacam a necessidade de um arcabouço regulatório mais robusto a fim de dar melhor direcionamento aos investimentos.
Um estudo feito pela Siemens Energy e a consultoria Roland Berger, com cerca de 530 executivos formuladores de políticas e representantes governamentais do setor de energia na América Latina apontando as prioridades energéticas predefinidas, mostrou que a região tem uma grande oportunidade de se tornar potência global em energias renováveis.
No topo das prioridades está acelerar a expansão das energias renováveis para alcançar as metas climáticas de zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. Isto porque a tecnologia já é bem avançada, os custos são cada vez mais competitivos e a maioria dos países possui fontes de energia eólica e solar abundantes e de alta qualidade, fatos que contribuem para desenvolver um papel central de exportador de energia verde, particularmente o hidrogênio.
Entretanto há um longo caminho pela frente. O relatório agrupou as respostas dos especialistas para 12 principais prioridades, ou seja, a prontidão. Em uma escala que vai de 0 a 100%, a América Latina obteve 22% no Índice de Prontidão. Isso indica que, embora a região tenha uma base sólida para ampliar sua influência na transição energética global, precisará criar melhores condições adequadas para isso, alcançando maior integração regional e priorizando as exportações de energia limpa.
A pesquisa foi desenvolvida na segunda Latin America Energy Week, organizada pela Siemens Energy.
Em entrevista exclusiva ao Valor, o vice-presidente sênior para o hub América Latina da Siemens Energy, André Clark, explica que o desenvolvimento regional ainda é elementar e que todo este potencial precisa de um arcabouço regulatório mais robusto a fim de dar melhor direcionamento aos investimentos.
“A América Latina apresenta grande potencial. Já começou a seguir, mas o caminho é muito longo. Muita coisa precisa ser posta em prática, como a regulação em especial e uma política de expansão de renováveis”, diz o executivo.
Os dados mostram que os tomadores de decisão reconhecem que houve importante progresso em geração de energia, mas a capacidade instalada para energia solar e eólica ainda deixa espaço para uma implementação mais ampla no futuro.
“É quase unânime que há muita oportunidade para a América Latina jogar este jogo da transição energética global. Todos os especialistas, governos e empresas concordam, mas olhando mais a fundo para entender em que estágio estamos, percebemos que há uma heterogeneidade de país para país a começar de como é regulado o mercado”, explica Clark.
Neste contexto, apesar de a América Latina contribuir pouco para as mudanças climáticas, apenas 5% das emissões globais de CO2 em 2020, as emissões cresceram cerca de 20% entre 2005 e 2019, impulsionadas pela expansão econômica e aumento da demanda de energia, o que revela uma contradição regional no tabuleiro de mudanças climáticas.
O executivo entende isso como uma grande oportunidade de negócios para as empresas, já que a região pode reduzir sua pegada climática e oferecer projetos de energia limpa que o mundo quer investir. Clark reconhece, todavia, que tais discrepâncias dificultam o avanço da região, mas o tema da segurança energética é algo sensível entre os governos.
“O mundo quer investir em renováveis, energia verde e transição energética. Somos bons nesse negócio, mas estamos começando em termos de reformar nossos mercados e as agências reguladoras. O Brasil mesmo, um grande expoente da região, tem uma reforma muito potente no congresso”, diz o executivo se referindo ao Projeto de Lei 414, que prevê a modernização do setor elétrico.
O sócio diretor da Roland Berger, Jorge Pereira da Costa, converge nesta ideia de há uma grande oportunidade colocada. O dirigente explica que a capacidade dos mercados internos latinoamericanos absorverem todo o potencial de geração de energia que têm é muito baixa, o que coloca a região como um grande hub de exportação de renováveis.
“A América latina tem condições muito particulares, favoráveis e com custos muito competitivos para energias renováveis, particularmente no Brasil, Chile e costa leste do pacífico. O problema que se coloca aqui é que à medida que se adota estas energias, você tem problemas de estabilidade elétrica da rede (...). Só vamos resolver este problema do ponto de vista de geração através do armazenamento de energia”, afirma.
Esta união entre soluções energéticas apontada por Costa também foi captada no estudo, que ressalta a importância da integração das energias renováveis com soluções de armazenamento e baterias, além da necessidade de descarbonização e ganhos de eficiência energética no setor industrial.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
De acordo com Aneel, junho teve incremento de 165,6 MW na matriz elétrica.
O Brasil obteve um incremento de 165,6 MW na matriz elétrica em junho, de acordo com os cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica. Desse total, 87,6 MW provêm de usinas eólicas, 49,6 MW de geração solar fotovoltaica e 28,4 MW de termelétricas. A expansão no primeiro semestre de 2022 foi de 2.328 MW, com novos empreendimentos em 13 estados de quatro regiões brasileiras. Os estados com maior acréscimo verificado são, em ordem decrescente, Rio Grande do Norte (521,14 MW), Bahia (491,80 MW) e Paraná (311,90 MW).
A potência total instalada no Brasil, até junho, é de 183.593,3 MW de acordo com dados do Sistema de Informações de Geração da Aneel, atualizado diariamente com dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção. Do que está em operação, 55,52% vem das hidrelétricas; 25,21%, vem da fonte térmica; 11,82% são oriundos de eólicas; 3,05% de PCHs; 2,87% de usinas solares; 1,07% de energia nuclear e 0,45% de CGHs. Desse total em operação, 83,14% das usinas são impulsionadas por fontes consideradas sustentáveis, com baixa emissão de gases do efeito estufa.
Já do que está em construção, 34,01% do total é de eólicas, 28,47% de termelétricas, 27,08% de solares fotovoltaicas e 2,37% de PCHs.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Joaquim Leite foi confrontado com números que indicam que país gastou menos da metade dos recursos para a prevenção de incêndios e fiscalização.
O deputado Elias Vaz (PSB-GO) questionou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, sobre a aplicação dos recursos da pasta previstos no orçamento deste ano para a proteção das florestas no país.
Durante audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara nesta quarta, Vaz confrontou o auxiliar de Jair Bolsonaro com números do SIOP que apontam para aplicação de apenas 15,8% dos recursos previstos para o combate aos incêndios florestais e 18% para a fiscalização ambiental neste ano.
“Já passou a metade do ano, o correto seria ter no mínimo 50% do orçamento aplicado. Vocês estão esperando gastar isso quando? Depois que começar o incêndio?”, questionou.
O deputado também lembrou o assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira e o aumento da violência na região da Amazônia. “Naquela região, há pessoas praticando atos criminosos e quem se contrapõe a isso é ameaçado e corre risco. Os criminosos se empoderam pela ausência do Estado de fiscalizar e aplicar as leis de proteção ambiental”, disse.
Fonte e Imagem: Veja.
Objetivo é “induzir e descentralizar o setor produtivo” para contagem de carbono, diz presidente do banco.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) trabalha para que em 2023 todos os empréstimos da instituição financeira mostrem qual a “contabilidade de carbono” do projeto para o qual irão os recursos. A afirmação foi feita nesta terça-feira pelo presidente do banco, Gustavo Montezano.
“Um objetivo que a gente tem para cumprir no ano que vem, não sabemos ainda se ao longo do primeiro ou do segundo semestre, é que 100% dos financiamentos do BNDES tenham vinculados a necessidade de que o cliente informe a contabilidade do carbono”, disse em audiência pública realizada pelas comissões de Finanças e Tributação e de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
A audiência conjunta tinha como objetivo tratar de fundos de investimento e créditos de carbono.
De acordo com ele, “se a gente for financiar uma fábrica, uma rodovia, para cada um desses financiamentos” o cliente precisará informar “todo o impacto de emissões” do projeto. Segundo Montezano, o objetivo é “induzir e descentralizar o setor produtivo para que a gente conte carbono”.
“O que temos dito para os nossos clientes é: se você não está contando o seu carbono hoje, está deixando dinheiro na mesa, justamente porque fazer isso aqui deixará claro que o Brasil é uma potência climática para o mundo”, afirmou. “Muitas das discussões que temos hoje, de que o setor A é ofensivo ou de que o setor B é inofensivo, acontecem porque essas estimativas são feitas com dados muito macro.”
Para este segundo semestre, o BNDES planeja realizar chamada pública de compra de R$ 50 milhões em créditos de carbono a fim de que a instituição exerça papel de “formador e indutor desse mercado no Brasil”.
Na metade inicial de 2022, o banco fez uma primeira compra no “valor simbólico” de R$ 10 milhões, a fim de entender melhor como funcionam questões como precificação e lançamento contábil do ativo.
Segundo Montezano, a criação desse mercado é “algo em desenvolvimento no mundo inteiro” que tem como principal desafio o “conhecimento”. Nesse sentido, ele alertou para os riscos de o Brasil simplesmente “importar soluções” de outros países.
“Soluções que a gente eventualmente encontre no hemisfério Norte podem ser não interessantes para o Brasil, justamente porque têm o posicionamento de países consumidores ou compradores do carbono, enquanto nós seremos naturalmente grandes vendedores do carbono. Ao importar soluções comerciais de países que estão do outro lado da mesa, a gente pode desfavorecer o Brasil”, disse.
“Por outro lado, ao nos unirmos com outros países que são grandes produtores de energia limpa e [donos de] grande capital natural, podemos formar mercados e consensos que trabalhem em um posicionamento de exportação dessa commodity do clima.”
Na audiência, Montezano afirmou que os investimentos no Floresta Viva já alcançam quase R$ 1 bilhão em aproximadamente nove meses, enquanto a expectativa inicial era que os investimentos somassem R$ 500 milhões em dois anos. O Floresta Viva é um programa implantado pelo BNDES no ano passado com o objetivo de, em parceria com empresas privadas, restaurar floras nativas.
Fone e Imagem: Valor Econômico.
Entendimento é de que foi violada competência privativa da União ao estabelecer que assembleia legislativa precisaria avalizar projeto.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou dispositivo da Constituição do Estado do Paraná que condiciona a construção de centrais hidrelétricas e termelétricas à realização de projeto técnico de impacto ambiental e à aprovação da Assembleia Legislativa. Na sessão virtual concluída em 24 de junho o colegiado julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7076, proposta pela Abragel.
O voto do relator, ministro Luís Roberto Barroso, foi seguido por todos os ministros no sentido de invalidar o artigo 209 da Constituição Estadual. Ele explicou que, no julgamento da ADI 6898, também de sua relatoria, a Corte declarou a inconstitucionalidade do dispositivo na redação conferida pela Emenda Constitucional estadual 37/2016, mas, por consequência, restaurou a vigência de sua redação original, que agora é objeto de questionamento nos autos.
Barroso lembrou que, naquela ocasião, o Tribunal declarou a inconstitucionalidade das regras da Constituição Estadual que tratavam de resíduos nucleares e impunham condições para a construção das centrais e para perfuração de poços para a extração de gás xisto, sob o fundamento de violação à competência privativa da União para explorar esses serviços e legislar a seu respeito. “Apenas a lei federal pode dispor sobre questões envolvendo águas, energia, recursos minerais e atividades nucleares”, ressaltou.
Ao aplicar à ADI 7076 o mesmo entendimento, o relator destacou que a redação original do dispositivo da Constituição paranaense, que condiciona a construção das centrais à realização de projeto de impacto ambiental e à aprovação da Assembleia Legislativa daquele estado violou a competência privativa da União para legislar sobre essas atividades.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Mas fato é que as distribuidoras cumprem papel que vai além de simplesmente entregar a energia no varejo.
Até que a energia elétrica chegue até os consumidores, ela percorre robusta cadeia produtiva que começa com a geração (com as diversas fontes que o Brasil possui), passando pela transmissão, até a distribuição, o elo final com os clientes. Assim, as tarifas de energia elétrica são compostas por custos necessários para financiar toda essa cadeia de fornecimento. Dados de 2021 evidenciam que a geração de energia representa 36% da conta de luz, enquanto as transmissoras e as distribuidoras são responsáveis por 7% e 20% dos custos do setor, respectivamente. Complementam o preço da energia os encargos e tributos, que perfazem 37%.
Embora não seja o tema central desse artigo, nota-se que a desoneração das tarifas de energia elétrica torna-se fundamental para a sustentabilidade do setor em médio e longo prazos. Não soa razoável que a maior parcela da fatura seja destinada a encargos e tributos presentes na tarifa. Há iniciativas no legislativo com essa finalidade, como o PLP 18/2022, mas que têm que avançar para uma agenda propositiva efetiva para os próximos anos.
Mas fato é que as distribuidoras cumprem papel que vai além de simplesmente entregar a energia no varejo. São esses agentes que sustentam o fluxo financeiro do setor, afinal, as concessionárias de distribuição fazem a interface com os usuários de energia elétrica, arrecadando, por meio das faturas, todo o montante necessário para financiar a operação do sistema.
Cumpre destacar que, segundo a dinâmica atual do setor elétrico, os grandes riscos são alocados nas distribuidoras de energia elétrica. Por exemplo, pode-se citar que a remuneração é garantida aos geradores de energia mesmo que haja alterações conjunturais de inadimplência por parte dos usuários. Quem suporta esse déficit arrecadatório são as distribuidoras de energia. As transmissoras não percebem oscilações de receitas caso o mercado se altere, uma vez que seus contratos de concessão são do tipo revenue cap (ou receita teto), enquanto as distribuidoras ficam com o ônus/bônus de movimentações de mercado, dado que seus contratos são do tipo price cap (ou preço teto).
Os furtos de energia, ou perdas não técnicas, são outro exemplo de ônus que impactam as distribuidoras de energia elétrica, mas que não chegam aos demais agentes do setor. Ou seja, os custos relativos aos furtos de energia – em especial em áreas de concessão mais complexas – ficam exclusivamente com os acionistas das empresas de distribuição de energia.
Também é importante esclarecer que, em momentos de crise, são as distribuidoras de energia elétrica que garantem que o setor se mantenha equilibrado, cumprindo o papel de agente arrecadador para os segmentos de geração e transmissão, recolhendo encargos e tributos, mesmo sem os recebimentos dos recursos junto ao mercado consumidor. Exemplos recentes foram as medidas tomadas no enfrentamento à Pandemia da Covid-19 e na crise hídrica de 2021.
Ainda é importante destacar que as distribuidoras de energia elétrica atuam sob forte regulação. A Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, por meio de diversos regulamentos, estimula os agentes à busca contínua pela eficiência, por meio de modelos que emulam concorrência entre as concessionárias. De tal sorte que as empresas têm que aportar investimentos considerados prudentes e custos operacionais eficientes para que a concessão se sustente em médio e longo prazos.
Não bastasse a complexidade na qual a distribuidora de energia está inserida, o cenário presente e futuro não poupa desafios. Inicialmente, é importante lembrarmos que vivemos em um ambiente de abertura de mercado, com cronograma já estabelecido até 2023 por meio da Portaria nº 465/19 do Ministério de Minas e Energia (MME).
O problema é que, quando clientes do mercado regulado de uma distribuidora migram para o mercado livre em larga escala, a concessionária tende a ficar sobrecontratada, o que pode fazer com que o custo da energia no mercado regulado fique ainda mais elevada. Assim, mecanismos de redistribuição desses custos entre o ACR e ACL, como previstos no PL 414, são muito importantes.
Soma-se à abertura de mercado o fato de o mundo estar observando uma nova onda de reestruturação no setor elétrico, condicionada pela chegada da chamada transição energética. Esta ampla transformação é caracterizada pela atuação de um conjunto de fatores interconectados que se retroalimentam.
É o caso da difusão dos Recursos Energéticos Distribuídos – REDs, que podem ser entendidos como quaisquer recursos capazes de prestar serviços de energia localizados no sistema de distribuição. Há vários exemplos de REDs.
O mais conhecido e difundido no Brasil é a Geração Distribuída (GD), na qual pequenas unidades geradoras são conectadas de forma pulverizada nos sistemas de distribuição. Segundo dados da ANEEL, em junho de 2022 a GD já representa 11,2, GW de potência instalada, cerca de 6% da toda potência instalada no Brasil, contabilizando-se pouco mais de 1 milhão de unidades consumidoras. A imensa maioria da energia gerada é por meio da fonte solar, com painéis fotovoltaicos.
Outro RED que já é uma realidade no setor elétrico nacional são os veículos elétricos, movidos inteira ou parcialmente pela energia armazenada em baterias internas recarregáveis, cuja propulsão é realizada por meio de motores elétricos. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no acumulado de janeiro a maio de 2022 foram vendidos 16.354 veículos eletrificados, um crescimento de 54% em relação aos cinco primeiros meses de 2021.
Resposta da Demanda (RD) é outro RED muito relevante para a eficiência do consumo de energia. RD são mecanismos utilizados para gerenciar o consumo dos clientes em resposta às condições de oferta, como por exemplo, a redução ou deslocamento do consumo de energia em momentos críticos através de pagamentos ou em resposta a preços de mercado.
Há também RED um pouco menos difundidos, mas com enorme potencial de afetar o sistema tal qual conhecemos hoje em dia. Por exemplo, pode-se citar o armazenamento distribuído, que são sistemas de armazenamento, tipicamente de pequena escala, conectados na rede de distribuição com propósito de utilizar a energia armazenada em momento posterior.
Por fim, pode-se citar REDs mais disruptivos, mas que estarão presentes no grid do sistema num horizonte de médio prazo.
É o caso das microrredes, que é um sistema elétrico inteligente de pequeno porte com cargas e RED, com capacidade de operar ilhado ou conectado à rede de distribuição. Outro caso possível são as usinas virtuais, que podem ser caracterizadas como um conjunto de RED despachados remotamente por centros de controle, de forma a oferecer serviços de resposta da demanda ao operador da rede e maximizar a receita auferida.
Vislumbramos, portanto, um futuro com disseminação de oferta de energia descentralizada e ambientalmente sustentável baseada em fontes renováveis, com destaque para geração solar, eólica e até mesmo energia nuclear de pequenas centrais.
E como não citar a questão da digitalização e crescente conectividade de consumidores/equipamentos/empresas, proporcionada pela expansão de redes e medição inteligentes (smart grids e smart meters) capazes de elevar enormemente a eficiência e a qualidade do serviço aos consumidores finais?
Podemos esperar, no horizonte à vista, um maior protagonismo do consumidor final, que busca a redução dos gastos com energia e ganhos com eficiência energética, através do uso de utensílios/equipamentos inteligentes (domotics) interconectados através da internet, de sistemas de resposta da demanda e de ferramentas de inteligência de dados (data mining).
É importante observar que essas questões alterarão profundamente a forma de funcionamento do sistema de distribuição de energia elétrica, trazendo inversões e flutuações de fluxos de potência nunca verificados. São desafios técnicos que o segmento tem enfrentado e reagido de forma satisfatória.
Esse é o cenário que se apresenta ao segmento de distribuição, que tem sido resiliente na busca de inserção de tecnologias que permitam fazer melhor com menos custos, além de se inserir em todas as discussões travadas para minimizar os aumentos dos custos de energia elétrica para o mercado regulado.
Mas para que esse cenário seja sustentável, é preciso repensar muitos conceitos e formas de atuação, com uma visão de um novo ambiente de negócios focado em oferecer alternativas de serviços aos diversos agentes, sejam geradores, consumidores, comercializadores etc. Nosso compromisso é de oferecer soluções para permitir que todo o novo cenário tecnológico possa se implantar de forma eficiente e sustentável.
Marcos Madureira é presidente da Associação Brasileira de Energia Elétrica – ABRADEE. Lindemberg Reis é gerente de Planejamento e Inteligência de Mercado da Associação Brasileira de Energia Elétrica – ABRADEE.
Fonte: Canal Energia.
Imagem: Focus.jor.
Eólicas, solares e armazenamento registraram aumentos nos custos de até 14%, impactados por problemas na cadeia de suprimentos.
Análise da Bloomberg New Energy Finance mostra que o custo de novas eólicas onshore aumentou 7% ano a ano, e a energia solar saltou 14%. O custo nivelado de referência global da eletricidade, ou LCOE, recuou temporariamente para o patamar de 2019. Os aumentos estão ligados a aumentos no custo de materiais, frete, combustível e mão de obra. Segundo a BNEF, mesmo assim as energias renováveis continuam a ser a fonte mais barata de nova energia em larga escala em países que compreendem dois terços da população mundial e nove décimos da geração de eletricidade.
De acordo com a análise da BNEF, as estimativas para o LCOE global para energia solar fotovoltaica e eólica onshore aumentaram para US$ 45/ MWh e US$ 46/ MWh , respectivamente, no primeiro semestre de 2022. Apesar de perder algum terreno, ainda marca redução e 86% e 46% desde 2010. Os benchmarks globais ocultam uma série de estimativas em nível de país que variam de acordo com a maturidade do mercado, disponibilidade de recursos, características do projeto, condições locais de financiamento e custos trabalhistas. Os projetos de energia renovável mais baratos no primeiro semestre de 2022 conseguiram atingir um LCOE de US$ 19/MWh, como nos melhores parques eólicos terrestres do Brasil, e US$ 21/MWh para rastreamento de parques fotovoltaicos no Chile, e US$ 57/MWh para a energia eólica offshore na Dinamarca. Com a exclusão dos custos de transmissão offshore, a última estimativa cai para US$ 43/MWh.
Apesar dos aumentos temporários dos custos das energias renováveis, a lacuna para a geração de energia com combustível fóssil continua a aumentar devido ao aumento ainda mais rápido dos preços dos combustíveis e do carbono. Os novos projetos eólicos e solares onshore são agora cerca de 40% mais baixos do que as referências globais da BNEF para novas energias a carvão e a gás. O último custou US$ 74 e US$ 81 por MWh, respectivamente.
Embora a demanda por tecnologias de baixo carbono no setor de energia tenha se recuperado fortemente no segundo semestre de 2021, a oferta tem lutado para acompanhar. As cadeias de suprimentos globais foram enfraquecidas por adiamentos de investimentos, demissões de funcionários, aposentadoria antecipada de ativos e bloqueios. Os fluxos comerciais foram interrompidos por desafios em logística e transporte, barreiras comerciais e uma religação de relacionamentos após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
O setor de armazenamento de baterias é sensível à volatilidade dos preços das commodities. O benchmark de bateria pela divisão dos custos totais está em US$ 153/MWh hoje, subindo 8,4% em comparação com o primeiro semestre de 2021. Os preços do carbonato de lítio, um dos principais insumos para as baterias de lítio-ferro-fosfato, aumentaram 379% no ano passado. A cobertura de materiais para projetos comissionados no primeiro semestre do ano está atrasando o impacto do aumento dos custos de materiais.
De acordo com Amar Vasdev, coautor do relatório da BNEF, os aumentos de custos marcam uma fase difícil para as energias renováveis, mas não um ponto de inflexão. Segundo ele, é visto um retorno às trajetórias de declínio de custos de tecnologia de longo prazo, à medida que a demanda continua forte, as pressões da cadeia de suprimentos diminuem e a capacidade de produção, principalmente na China, volta a funcionar.
Para David Hostert, chefe global de economia e modelagem da BNEF, as tecnologias de baixo carbono podem ser isoladas de uma desaceleração econômica, mas não estão isoladas. Ele conta que há também o risco de que as economias menos desenvolvidas sejam afetadas desproporcionalmente por aumentos de preços. Antes da COP 27 no Egito em novembro, deve ser dada uma atenção extra a esses mercados, já que será crucial garantir que eles não fiquem para trás e percam um tempo valioso na corrida para o net zero.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Biomassa florestal tem alto fator capacidade, que passa de 80%.
Um dos maiores investimentos privados em andamento no Brasil, o “Projeto Cerrado”, vai gerar energia renovável com biomassa florestal a partir de junho de 2024 na região Centro-Oeste. A Suzano está construindo uma nova fábrica em Ribas do Rio Pardo (MS), com capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano. Orçado em R$ 19 bilhões - incluindo a logística ferroviária -, o empreendimento deve criar 2,5 mil empregos e exportar em torno de 180 MW médios ao sistema elétrico nacional.
“Essa vai ser a planta de celulose mais moderna do mundo, livre de combustível fóssil e com muita tecnologia da indústria 4.0”, conta o gerente executivo de energia da Suzano, Paulo Squariz. “Nossa potência instalada, que hoje é de 1,3 GW, vai passar a 1,7 GW”. Ele acrescenta que, em busca da descarbonização total, a empresa tem como meta aumentar em 50% a geração de energia renovável até 2030.
Uma das vantagens do uso da biomassa florestal é a inexistência de entressafra, explica o executivo. A atividade tem um ciclo ininterrupto de 15 meses, com exceção da manutenção programada de dez a 15 dias. Outra vantagem comparativa é seu alto fator capacidade, isto é, o quanto de energia é gerado em relação à capacidade instalada. Enquanto na fonte eólica esse fator fica entre 50% e 55% no Brasil - considerado excelente - e na fotovoltaica, entre 25% a 30%, na biomassa florestal ele passa dos 80%.
A Auren Energia tem projetos com fontes renováveis que somam 1,9 GW de capacidade instalada, suficiente para abastecer 8,2 milhões de residências. A empresa está investindo R$ 2 bilhões para expandir sua atuação no Nordeste, com dois complexos eólicos que devem entrar em atividade no início de 2023. Para o mesmo ano está prevista a inauguração da usina Sol do Piauí, com de 68,7 MW. Primeiro projeto fotovoltaico híbrido do Brasil aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ela vai funcionar ao lado do já existente parque eólico Ventos do Piauí I, com uma subestação de transmissão compartilhada.
“A hibridização acelera a diversificação da matriz energética brasileira”, assinala a vice-presidente de operações da empresa, Márcia Cunha.
Todos os nossos projetos já nascem hibridizados”. A executiva informa que a Auren tem atuado muito no mercado livre, em franco crescimento, e está avaliando a energia solar distribuída, considerada extremamente atrativa.
Em Piracicaba (SP), a Raízen Geo Biogás está construindo sua segunda fábrica de biogás, dedicada à produção de gás natural renovável (biometano). Com inauguração prevista para 2023, a planta de R$ 300 milhões vai usar como insumos a vinhaça e a torta de filtro, resíduos da produção de açúcar e etanol pelo bioparque Costa Pinto. Sua capacidade de produção anual de 26 milhões de m3 foi comercializada para a Yara Brasil Fertilizantes e para a Volkswagen do Brasil em contratos de longo prazo.
Nos próximos dez anos, a Raízen planeja construir unidades de produção de biogás em todas as 35 usinas sucroalcooleiras no país. A empresa firmou um acordo com a Petrobras para fazer a avaliação conjunta de potenciais negócios envolvendo produção, compra e venda de biometano.
A parceria prevê estudos para o desenvolvimento de soluções de logística de entrega do combustível renovável, que viabilize seu uso nas operações de refino da Petrobras.
O presidente do grupo Comerc Energia, Andre Dorf, informou que a empresa investirá cerca de R$ 6 bilhões na construção de diversas usinas solares para elevar sua participação no ramo. Entre elas, as usinas de Castilho (SP), o maior empreendimento fotovoltaico do Estado, e Hélio Valgas (MG).
A Engie Brasil Energia anunciou a compra dos direitos de desenvolvimento do projeto Serra do Assuruá, em Gentio de Ouro, noroeste da Bahia, por R$ 265 milhões. Com capacidade instalada de 880 MW, o conjunto de 24 parques eólicos será construído a 160 km dos conjuntos eólicos já existentes Campo Largo e Umburanas. A carteira de projetos de geração renovável da empresa totaliza mais de 3 GW.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Marco regulatório foi anunciado em janeiro, mas 130 GW em projetos já foram apresentados ao Ibama.
Em dezembro de 2009, quando o governo federal realizou um leilão de reserva de contratação de energia eólica, muitos olharam com desdém a nova fonte que começava a ganhar espaço na matriz. Pouco mais de uma década depois, a fonte se tornou a segunda da matriz elétrica, com mais de 21 GW instalados e cerca de 12% da energia gerada no país. Em 6 de agosto de 2021, em plena crise hídrica, 99% da geração do Nordeste foi provida pelas usinas eólicas. O fator de capacidade no Brasil está em 40%, acima dos 34% da média mundial, mas em vários momentos no Nordeste ele chega perto de 60%.
Todos esses números se referem a projetos terrestres, boa parte deles implementados no litoral das regiões Nordeste e Sul. A força dos ventos na matriz brasileira poderá soprar ainda mais por conta de uma tecnologia ainda incipiente no país: as usinas eólicas offshore (alto-mar). “A eólica offshore desponta como uma nova alternativa de geração, que inclusive deverá viabilizar a produção de hidrogênio verde no Brasil e fazer com que o país ganhe destaque nessa área", diz Elbia Gannoum, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica).
De acordo com a WoodMac, os custos de produção da energia eólica offshore já caíram 50% entre 2015 e 2020 e devem se tornar cada vez mais competitivos. Segundo dados da Agência Internacional para as Energias Renováveis, com ventos mais regulares, os projetos offshore têm observado em diferentes regiões fator de capacidade médio de 41%, superiores aos projetos em terra com 36% de média.
Com um potencial estimado em 700 GW de capacidade, esse segmento teve seu primeiro marco regulatório anunciado em janeiro, com a divulgação do decreto nº 10.946, em vigência desde 15 de junho. Agora o governo federal trabalha em uma portaria para detalhar as regras, enquanto no Congresso um projeto de lei busca criar o ordenamento jurídico chancelado pelos parlamentares. A primeira contratação de projetos poderá ser feita em 2023 a partir de um leilão de reserva.
Os movimentos já têm feito mais de 130 GW de projetos chegarem ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Estamos trabalhando com sugestões recebidas com os agentes para reforçar o quadro regulatório”, disse a assessora técnica do departamento de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, Karina Souza. “Essa é uma tecnologia que estamos de olho, mas ela ainda leva um certo tempo, as eólicas em terra têm uma competitividade grande no Brasil”, analisa Bernardo Sacic, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da AES Brasil.
Boa parte dos investimentos deve ser impulsionada a partir do fim da década e início da próxima. Isso tem atraído grandes petroleiras como a Shell e novas empresas no Brasil como a Ocean Winds, joint venture entre a EDP Renováveis e a Engie, que lançou recentemente no Brasil a OW Brasil. A empresa já começou a licenciar cinco novos projetos eólicos offshore com uma capacidade total de 15 GW nos estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A OW está buscando autorizações para a licença ambiental para os seguintes projetos: Vento Tupi (1 GW), Maral (2 GW), Ventos do Atlântico (5 GW), Tramandaí offshore (700 MW), e Ventos do Sul (6,5 GW).
“Em um primeiro momento vai ser mais caro no Brasil, porque não temos cadeia de fornecimento. Vamos precisar de escala para nos tornar competitivos”, afirma o diretor de desenvolvimento de novos negócios da Ocean Winds (OW), José Partida.
O desenvolvimento das eólicas offshore poderá ocorrer ao longo da costa brasileira, do Sul ao Nordeste. Uma diferença com as usinas em terra é que o Sudeste também terá papel relevante, uma vez que as petroleiras que exploram óleo na bacia de Santos e Campos e do Espírito Santo poderão desenvolver projetos eólicos marítimos. Muitas dessas empresas têm metas de redução de emissão de poluentes globais. Também empresas que já mantêm parques no Nordeste poderão se interessar em investir no Sudeste, para ter exposição a ventos diferentes.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ministro explicou na Comissão de Defesa do Consumidor que redução da tarifa ocorrerá com o aporte da Eletrobras, devolução de créditos tributários e limitação do ICMS. Mudança na metodologia dos leilões é citada.
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 28 de junho, que as medidas que têm sido tomadas pelo governo no setor elétrico e quanto aos combustíveis trarão reduções significativas de preços, citando que a conta de luz e a gasolina deverão cair em média, 19,49% e 21%.
Sachsida explicou aos parlamentares da Comissão de Defesa do Consumidor que a redução da tarifa de energia ocorrerá com o aporte de R$ 5 bilhões da Eletrobras, a devolução de créditos tributários aos consumidores e a limitação em 17% do ICMS cobrado sobre o serviço pelos estados, criticando na ocasião os governadores que judicializaram o caso e não acataram a lei. “É inaceitável cobrar 30% de imposto sobre energia elétrica e acredito que estamos dando a resposta correta também nos combustíveis, reduzindo tributos”, resumiu.
O ministro fez uma apresentação inicial com diversos slides em PowerPoint, reconhecendo o Congresso Nacional como o “mais reformista da história” e que os desafios atuais para a pasta recaem na governança e estabilidade regulatória e jurídica. Disse enxergar oportunidades para o Brasil como um “porto seguro de investimentos”, sobretudo com a reorganização da economia no contexto de guerra, podendo atrair o capital que sai da Rússia.
Questionado por um deputado sobre qual seria a estratégia para baixar a fatura de luz dos brasileiros sem ser pelo PL 1280/2022, Sachsida disse que essa é a grande pergunta que todos os agentes da cadeia do setor estão fazendo. Por ora ele ressalta que o MME agregou ao time mais dois profissionais que irão aperfeiçoar a metodologia dos leilões de energia, sem entrar em detalhes, dizendo apenas que os certames precisam levar a ganhos de produtividade e redução de tarifas ao consumidor.
“Vale a pena quando se chega trazer ideias novas. A ideia é ter melhores marcos legais, o PL 414 da modernização, honrar contratos, ter previsibilidade e fazer leilões melhores, explorando hidrogênio”, pontuou.
Privatizações
Quanto aos processos de privatização da Eletrobras e Petrobras, o ministro disse respeitar todas as opiniões divergentes, mas entende que a capitalização gera um fator de competição que só trará benefícios ao consumidor, comparando com um caso emblemático em 1998. “Vai acontecer na Eletrobras a mesma coisa que aconteceu com a Telebrás, os preços vão cair e a qualidade do serviço vai aumentar”, garantiu, discordando de uma fala recente da Aneel trazida por um dos deputados.
Sachsida voltou a criticar a política de preços da Petrobras e reafirmou que o governo federal não tem poder para intervir na estatal, mesmo reconhecendo que foi o ex-presidente Michel Temer que mudou a Política de Paridade Internacional (PPI) após a deposição de Dilma Rousseff em 2016. Também ressaltou que o presidente Bolsonaro ainda não definiu sua opinião sobre a privatização da petroleira.
Ao comentar os motivos para troca na presidência da estatal, o ministro reiterou que o grande desafio da companhia atualmente é de gestão e que escolheu Caio Paes de Andrade pelo sucesso que teve “no mercado mais difícil no mundo”, que é a Tecnologia da Informação. “Essa pegada de TI, gestão e competição vai fazer muito bem a Petrobras”, complementa.
Em relação a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Petrobras, em discussão na Câmara, o ministro de Minas e Energia também avaliou que, mesmo acreditando que o colegiado teria foco mais político do que técnico, apoiará a comissão caso ela seja instalada.
Ademais Sachsida destacou a necessidade de melhoria em marcos legais do setor como o mercado livre de energia elétrica e disse estar dispendendo mais recursos ao setor de mineração, enxergando potenciais para o país se tornar referência como Canadá e Austrália na atividade de mineração sustentável e com preocupações ambientais presentes.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ideias do setor, que incluem a regulamentação do mercado de carbono, serão entregues nesta quarta em evento em Brasília.
Apelidado de "mãe de todas as boiadas" pela bancada ambientalista do Congresso, o projeto de lei geral do licenciamento ambiental baseia uma das propostas da CNI (Confederação Nacional da Indústria) para os candidatos à Presidência da República.
O texto em tramitação no Senado dispensa a maior parte dos empreendimentos de licença, avaliação e vistoria.
A agenda se tornou uma das prioridades da indústria, que levará 21 propostas aos presidenciáveis em um evento nesta quarta-feira (29) em Brasília.
Uma vista aérea mostra o desmatamento próximo a uma floresta na fronteira entre a Amazônia e o Cerrado em Nova Xavantina, estado de Mato Grosso, Brasil em 28 de julho de 2021.
"A ênfase que estamos dando ao licenciamento corre junto com a maturidade da temática, na qual a gente trabalha há 17 anos dentro do Congresso Nacional. Então, foi amplamente discutido e já começa a casar também com a urgência, a importância, o custo Brasil, com questões ambientais e outras variáveis para que você possa botar na agenda do dia", afirmou à Folha Davi Bomtempo, gerente-executivo de sustentabilidade da CNI.
A agenda ambiental —que em 2010 aparecia apenas nas páginas finais do documento entregue pelo setor aos presidenciáveis— atualmente é tema de 2 das 21 propostas da CNI, trazendo as recomendações de regulamentação do mercado de carbono e de revisão do licenciamento ambiental.
O nível de alteração proposto para as normas ambientais também aumentou. Nas eleições de 2010, o setor apontava a necessidade de haver mais agilidade e eficiência para encurtar o tempo de emissão de licenças, pedia clareza entre funções de órgãos federais e estaduais e ainda o reconhecimento de empresas com diferenciais em políticas ambientais.
Nas eleições de 2014, a proposta da CNI dizia que "é importante que a União compatibilize minimamente algumas regras e procedimentos para evitar a competição ambiental nefasta entre estados e municípios".
Já em 2018, a CNI passou a pedir que a obtenção da licença não seja condicionada à obtenção de pareceres de outros órgãos que não o licenciador. O setor também já pedia a aprovação da lei geral do licenciamento com urgência.
Neste ano, a indústria traz uma proposta de 50 páginas sobre o licenciamento ambiental, incluindo um quadro que compara as recomendações da CNI às soluções do projeto de lei, revelando como as propostas implicam a simplificação dos processos.
A proposta "fortalecer as equipes das agências licenciadoras e das autoridades envolvidas" é alinhada, segundo o documento da CNI, ao trecho do projeto de lei que "garante o caráter não vinculante das manifestações das autoridades envolvidas, de modo a não obstar o andamento do processo administrativo".
Já a menção do setor à "avaliação dos impactos ambientais do empreendimento ou atividade de forma concentrada" se alinha ao trecho do projeto de lei que "simplifica procedimentos de licenciamento ambiental para determinados setores, a exemplo de empreendimentos lineares, agricultura e saneamento".
"No mundo real e não das narrativas, o que a CNI tem defendido nos últimos anos no Congresso Nacional, em conjunto com a Frente Parlamentar da Agropecuária, é o esvaziamento da avaliação de impactos ambientais, bem como a automatização inconsequente da maior parte dos processos via fast track [via rápida]", afirma a ex-presidente do Ibama e especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo.
"Ignoram completamente o fato de que o Supremo Tribunal Federal já rechaçou tal possibilidade para empreendimentos com risco ambiental em julgamento recente", continua.
Questionado sobre o risco da redução das normas de licenciamento resultar em mais acidentes como os de barragens das mineradoras Vale e Samarco, em Minas Gerais, Bomtempo respondeu que outros instrumentos devem compor a solução ambiental. Ele cita como exemplo a regularização fundiária, o zoneamento ecológico-econômico, a avaliação ambiental estratégica e o pagamento por serviços ambientais.
"Mudar de modelo conceitual da política ambiental, com ênfase em processos indutivos, via estímulos e incentivos" é um dos itens da proposta da CNI para revisão do licenciamento ambiental.
"O que não dá para trabalhar hoje é com 7.000 atos normativos e federais. Muita gente fala em 25 mil nas três esferas. Já ouvi falar até de 50 mil atos normativos. Isso afugenta qualquer empresa, qualquer investidor que tenha o anseio de instalar uma planta aqui no Brasil", afirma Bomtempo.
Questionada sobre o número de normas ambientais, Araújo respondeu que os números citados pela CNI são "irreais".
"Normas contabilizadas como? Nunca demonstrarão como trabalham essa contabilidade criativa. Política ambiental tem componentes regulatórios fortes em qualquer país do mundo", diz Araújo.
A proposta da indústria também traz um capítulo sobre a economia de baixo carbono, apontando oportunidades para o setor em bioeconomia (que aproveita recursos da biodiversidade contribuindo para a conservação ambiental) e da economia circular (que reduz a demanda por matéria-prima e a geração de resíduos, a partir de reciclagem e redesenho de produtos).
A principal recomendação do capítulo é a regulamentação de um mercado de carbono. Com a definição de regras pelo governo federal, as empresas devem ter mais segurança jurídica para negociar os créditos de carbono —espécie de "licença para poluir", em que atores com altas emissões de gases-estufa podem adquirir créditos gerados por quem, em compensação, reduz a quantidade desses gases lançados na atmosfera.
"A indústria se posiciona do lado das soluções especialmente ao defender a consolidação de um mercado de carbono regulado, em contraposição à iniciativa do governo federal de avançar na regulação de mercados voluntários, de menor integridade climática", diz Gustavo Pinheiro, coordenador do portfólio de economia de baixo carbono do ICS (Instituto Clima e Sociedade).
"É sintoma de que a Indústria brasileira reconhece a agenda de sustentabilidade como fator de competitividade e se posiciona como parte da solução aos desafios impostos pela crise climática", avalia Pinheiro.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
As contas de luz mais caras neste ano levaram a procura por sistemas de geração própria de energia explodir, e os integradores já começam a enfrentar dificuldades para atender os pedidos por novas instalações, disse ao Broadcast Energia o presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Guilherme Chrispim.
Embora o setor comemore a demanda crescente pela modalidade, a entidade vê com cautela a capacidade de adicionar os 8 gigawatts (GW) em potência instalada almejados para este ano. Hoje, o setor tem 10,9 GW em operação no País, quase o mesmo montante que a hidrelétrica de Belo Monte, a maior usina 100% brasileira.
Conexão na rede das distribuidoras é um das dificuldades
Outra dificuldade do setor é a conexão na rede das distribuidoras de energia. Segundo Chrispim, há ao menos 370 megawatts (MW) em projetos que estão finalizados e aguardam parecer da concessionária local para serem ligados. No fim do ano passado, eram aproximadamente 240 MW.
Segundo ele, além da alta nas contas de luz – que neste ano sobem em média 18% em todo o País -, há um efeito manada: quando vizinho coloca placas solares no telhado, “o outro vê e quer colocar também”. Desse modo, nem mesmo a alta nos preços de equipamentos e das taxas de juros têm travado a procura.
Mudança iminente nas regras acelera instalações
Outro fator para a aceleração das instalações de sistemas de geração própria é a iminente mudança nas regras, com o início de uma transição na qual será cobrada parte da chamada “tarifa-fio”, para remunerar o serviço prestado pela distribuidora de energia aos microgeradores. Para Chrispim, os sistemas que forem instalados nos primeiros anos do período de transição praticamente não sentirão impacto no prazo de retorno do investimento, enquanto a taxa interna de retorno (TIR) ainda seguirá atrativa, embora caia de 24% ao ano para cerca de 18%. Por isso, ele vislumbra que seria possível ao segmento observar um crescimento, em capacidade instalada, da ordem de 7 GW em 2023.
Os consumidores têm prazo para concluir seus sistemas de geração própria, a partir da autorização inicial de instalação – de 12 meses no caso de sistemas fotovoltaicos e de 30 meses para outras fontes (biomassa, biogás e centrais de geração hidrelétrica – CGHs). Com isso, haverá uma inércia de expansão pós alteração das regras.
Fonte e Imagem: Estadão.
Reunidos na Alemanha, dirigentes dos países mais ricos do mundo concordaram em reduzir a dependência dos combustíveis fósseis de forma mais rápida.
Os líderes do G-7, grupo dos países mais ricos do mundo, reunidos nesta segunda-feira na cidade de Elmau, na Alemanha, concordaram em trabalhar juntos para acelerar uma transição "limpa e justa" no setor de energia, almejando a neutralidade no clima, mas também garantindo a segurança dele.
Em comunicado, o G-7 diz que as autoridades reconheceram as "imensas oportunidades" para desenvolvimento social e econômico nessa transição, além de reafirmar o compromisso com o Acordo de Paris e o Pacto Climático de Glasgow, para limitar a alta na temperatura global abaixo de 2° Celsius e inclusive almejando que essa alta seja limitada a 1,5° Celsius acima dos níveis pré-industriais.
Os líderes se comprometeram a trabalhar para acelerar a descarbonização das economias, tendo como alvo emissões líquidas zero, além de garantir acesso a benefícios e oportunidades de desenvolvimento com custo razoável e sustentáveis no setor de energia e para garantir benefícios socioeconômicos e oportunidades de desenvolvimento, em linha com a Agenda 2030.
As autoridades concordaram em avaliar opções para reduzir as emissões de carbono no mix de energia e acelerar a transição da dependência de combustíveis fósseis, bem como por uma expansão rápida das fontes de energia limpa e renovável. Isso inclui reduzir o uso do carvão, enquanto se aumenta a parcela das energias renováveis no mix energético, diz o comunicado.
A nota informa ainda que os líderes do G7 reforçaram seu compromisso de trabalhar com a Argentina para atingir a neutralidade climática até 2050. O país sul-americano está na cúpula do G-7 como convidado.
Fonte e Imagem: Estadão.
Combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e o transporte coletivo são considerados bens e serviços essenciais e indispensáveis.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei complementar nº 194, que estabelece que combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e o transporte coletivo são considerados bens e serviços essenciais e indispensáveis e que não podem ser tratados como supérfluos. E com isso não podem ter alíquotas do imposto estadual maiores do que 17%.
Com isso, fica alterada a Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), e a Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996 (Lei Kandir), que passa a considerar bens e serviços essenciais os relativos aos combustíveis, à energia elétrica, às comunicações e ao transporte coletivo, e as Leis Complementares nºs 192, de 11 de março de 2022, e 159, de 19 de maio de 2017. A alteração foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União de quinta-feira, 23 de junho.
Entre os vetos do presidente, consta algumas formas de compensação financeira de estados e municípios para que haja garantia da União. Além disso, ele vetou a opção que permitia a apropriação da parcela da União, por estados e municípios, relativa à Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
Fonte e Imagem: Canal Energia
Avanço das renováveis não despacháveis traz a necessidade do Brasil ter mais reserva girante, fonte hídrica é a que responde mais rapidamente a essa necessidade.
As principais fontes intermitentes de geração de energia no país, a solar e a eólica, já ultrapassaram a potência instalada de referência no país que é da UHE Itaipu, que tem 14 GW somando suas 20 unidades de geração. E a tendência é que a fonte hídrica continue perdendo participação na matriz elétrica nacional ao ponto de chegar a um momento em que a água poderá ser colocada como a fonte responsável pela segurança do sistema.
Segundo o diretor técnico brasileiro da Itaipu Binacional, David Krug, o fato de as usinas hidrelétricas fornecerem reserva girante e poder iniciar rapidamente a geração de energia quando solicitada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, coloca essa modalidade como a mais interessante para o futuro do sistema.
O executivo participou do CanalEnergia Live desta quinta-feira, 23 de junho, e na entrevista concedida comentou que o leilão de reserva de capacidade é uma das oportunidades que a fonte pode ter. Ele lembra que o fato de termos as fontes renováveis não despacháveis na expansão abre essa possibilidade de o Brasil ter uma matriz limpa mais ampla, inclusive com as hídricas assumindo o papel de ser a bateria do SIN.
“Ser o fornecedor de potência deveria estar no modelo de negócios de todas as grandes UHEs. Em Itaipu não é diferente, mas isso no nosso caso é mais para o futuro, o atual papel da usina é mais restrito por causa do Tratado de Itaipu”, comentou ele.
Essa avaliação de que a fonte hídrica pode ser a fornecedora de lastro no sistema deve-se ao fato de que nenhuma das outras possui a capacidade de rampa como as usinas hidrelétricas. Em sua avaliação, quando há a necessidade de fornecer energia quando solicitado é a mais rápida a injetar energia no sistema.
“Se houver redução da geração, que pode ocorrer quando não se tem o controle das fontes, o suprimento pode ser atendido de forma rápida por qualquer tipo de UHE”, avaliou. “A depender da situação, nenhuma outra oferece suporte de forma tão rápida e continuada”, acrescentou. Por isso, acredita que o PL 414 ajudará a reforçar esse papel das UHEs com o avanço das demais fontes.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
As contribuições dos interessados para o aprimoramento da proposta serão recebidas pelo MME pelos próximos 10 dias.
Ministério de Minas e Energia abriu consulta pública para a “Proposta Conceitual das Diretrizes para Valoração dos Custos e Benefícios da Microgeração e da Minigeração Distribuída”. A publicação veio na edição desta quinta-feira, 23 de junho, do Diário Oficial da União por meio da Portaria no. 655/GM/MME, de 20 de junho de 2022.
As contribuições dos interessados para o aprimoramento da proposta serão recebidas pelo Ministério de Minas e Energia, por meio do Portal do MME, pelo prazo de dez dias, contados a partir de hoje.
Confira a proposta conceitual das diretrizes para valoração dos custos e benefícios da microgeração e da minigeração distribuída:
a) Considerar os efeitos relativos à necessidade de expansão da distribuição; da transmissão; da geração centralizada nos aspectos de energia e potência; e, dos serviços ancilares de que trata o § 10 do art.1º da Lei nº 10.848, de 15 de março de 2004;
b) Considerar os efeitos relativos à necessidade de implantação de melhorias, reforços e substituição de equipamentos nas instalações de transmissão;
c) Considerar os efeitos relativos às perdas nas redes elétricas de transmissão e de distribuição;
d) Considerar os efeitos relativos ao valor locacional no que diz respeito ao ponto de conexão à rede de transmissão ou distribuição;
e) Considerar os efeitos relativos ao valor decorrente da sazonalidade e da variabilidade de consumo e de injeção de energia elétrica na rede ao longo do dia;
f) Contemplar as diferenças de efeitos entre as modalidades de autoconsumo local e remoto;
g) Considerar os efeitos de exposição contratual involuntária decorrente de eventual sobrecontratação de energia elétrica das concessionárias e permissionárias de distribuição em decorrência da opção de seus consumidores pelo regime de MMGD;
h) Considerar os efeitos nos Encargos Setoriais e nas tarifas atribuídas aos demais consumidores;
i) Garantir que não haja duplicidade na incorporação e valoração dos custos e dos benefícios;
j) Primar pela eficiência, baixa complexidade, economicidade, reprodutibilidade e objetividade dos critérios e metodologias; e
k) Garantir transparência, publicidade e divulgação dos custos e dos benefícios sistêmicos da MMGD, incluindo informações relativas aos efeitos nos Encargos Setoriais e às tarifas atribuídas aos demais consumidores.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
AIE espera que os gastos com energia limpa ultrapassem US$ 1,4 trilhão este ano, mas valor é insuficiente para que o mundo alcance emissões líquidas zero de carbono nas próximas três décadas.
Investimentos em energia renovável, eficiência energética e veículos elétricos devem representar a maior parte dos gastos com energia este ano, mas ainda não serão suficientes para que o mundo alcance emissões líquidas zero de carbono nas próximas três décadas, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).
A AIE espera que os gastos com energia limpa ultrapassem US$ 1,4 trilhão este ano, representando quase três quartos do investimento total, de acordo com um relatório publicado na quarta-feira. A taxa média de crescimento anual acelerou para 12% desde 2020, contra 2% nos cinco anos seguintes ao acordo climático de Paris de 2015.
“O aumento é bom, mas não forte o suficiente para nos tirar da forte crise de energia que temos e nos preparar para um futuro climático melhor”, disse o diretor-executivo da IEA Fatih Birol em entrevista coletiva.
Também está “bem aquém do que é necessário para atingir as metas climáticas internacionais”, disse a agência com sede em Paris. “Sem um aumento maciço nos gastos com eficiência, eletrificação e fornecimento de baixo carbono, a crescente demanda global por serviços de energia simplesmente não será atendida de maneira sustentável”.
Os investimentos gerais em todas as formas de energia, incluindo combustíveis fósseis, nos últimos anos, foram muito baixos, alimentando a atual crise global, disse a AIE. A invasão da Ucrânia pela Rússia e seu impacto no fornecimento e nos preços de petróleo e gás simplesmente “adicionou outra camada de expectativa e incerteza ao quadro”.
Embora o investimento total em energia deva aumentar 8% este ano, metade desse aumento será consumido por custos crescentes ligados a pressões na cadeia de suprimentos, escassez de mão de obra especializada e preços mais altos de materiais de construção como aço e cimento. A energia limpa também será afetada por custos mais altos, com painéis solares e turbinas eólicas subindo cerca de 10% a 20% em relação aos níveis de 2020, disse a AIE.
O relatório também mostrou que quase todo o crescimento do investimento em energia limpa veio de economias avançadas e da China. “No resto do mundo, os investimentos em energia limpa estão mais ou menos estáveis desde 2015”, disse Birol.
A China continuou a liderar os investimentos verdes, com gastos de US$ 380 bilhões no ano passado. A União Europeia ficou em segundo lugar, com US$ 260 bilhões, e os EUA em terceiro com US$ 215 bilhões, segundo a AIE.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) olha para o Brasil como parte da solução de sustentabilidade do mundo e da segurança energética na Europa, disse nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, em defesa da adesão do país ao chamado grupo dos países ricos.
Em evento promovido pelo governo brasileiro e a OCDE, o ministro afirmou que a prioridade de acessar o organismo internacional não existia em governos anteriores e é um fato do governo Jair Bolsonaro.
Na avaliação do ministro, a entrada do Brasil é importante para a OCDE porque o país, segundo ele, é uma grande democracia liberal e uma potência verde.
Há duas semanas, a OCDE aprovou o roteiro de acessão do Brasil, em mais uma etapa do processo de avaliação para o país aderir ao grupo. Agora, será feito o exame das políticas do país, quando o Brasil mostrará iniciativas adotadas em convergência às diretrizes e recomendações do grupo.
Falando no mesmo evento em Brasília, o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, afirmou que o Brasil já está em conformidade com 121 de um total de 229 instrumentos legais exigidos pela entidade.
Segundo Cormann, no processo de acessão, o Brasil deve se focar em quatro áreas chaves: melhorar a eficiência dos seus gastos públicos, com o fortalecimento do arcabouço fiscal de longo prazo; aperfeiçoar os arranjos regulatórios, buscando reduzir tarifas e outras barreiras; buscar mais equidade na educação, aumentando acesso à educação infantil e à capacitação profissional e a área ambiental.
"Os especialistas da OCDE buscarão identificar evidências de que as políticas e práticas do país em matéria de meio ambiente e mudança climática atendem aos elevados padrões da OCDE e que seus recursos naturais estejam bem preservados", afirmou Cormann.
Fonte e Imagem: Reuters.
Mercado regulado de créditos de carbono já movimenta mais de US$ 80 bilhões em todo o mundo e Brasil ainda patina na criação de regras, dizem especialistas convidados para o Summit ESG Estadão.
O mercado de crédito de carbono tem um potencial gigantesco nos próximos anos e diversos especialistas apontam que o crescimento da área pode ser superior a 15 vezes até 2030. Diante de tamanha oportunidade, o Brasil pode se tornar um dos protagonistas no setor, mas precisa alinhar regras e regulações para criar um ambiente de negócios seguro para empresas que atuam por aqui e também estrangeiras – discussão que ainda caminha a passos lentos no País, apesar de alguns avanços.
Essa foi a opinião dos participantes do painel “A regulação do mercado nacional de carbono”, durante o Summit ESG Estadão, que teve a presença de Guido Penido, consultor do Banco Mundial, Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Plínio Ribeiro, presidente da Biofílica Ambipar, e de Ronaldo Seroa da Motta, professor de economia ambiental da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Carbono
De acordo com Marina, do CEBDS, é importante que as regras sejam criadas o mais rápido possível e em discussão com todos os setores da economia. A demora para acessar o mercado regulado faz com que o Brasil perca oportunidades bilionárias.
Para se ter uma base de comparação, enquanto o mercado de crédito de carbono voluntário movimenta cerca de US$ 1 bilhão no mundo, o regulado (com o avanço da criação de regras em diversos países desenvolvidos, principalmente) ultrapassa os US$ 80 bilhões – e que chegam a movimentar mais de US$ 800 bilhões ao se levar em conta o mercado secundário.
“Precisamos formatar uma proposta para termos um mercado regulado e que isso avance no Legislativo para trazer segurança jurídica ao mercado”, diz Marina.
No mês passado, o governo federal publicou um decreto para regulamentar as regras do mercado de baixo carbono no País. O documento coloca os Ministério do Meio Ambiente e da Economia como os responsáveis pela proposição de metas para redução de emissões, mas que os setores envolvidos terão seis meses a partir da data da publicação para propor planos próprios. Apesar de ser um avanço, os participantes pedem que essa discussão ultrapasse outros poderes para que não fique a mercê de futuras canetadas do Executivo.
Mudança
Segundo Ribeiro, da Biofílica Ambipar, há uma mudança acontecendo dentro das próprias empresas para que haja uma aceleração da regulamentação. Isso, no entanto, não está acontecendo somente pela responsabilidade social e ambiental de parte delas, mas sim porque muitas estão enxergando que não irão conseguir acessar o mercado internacional caso não cumpra com uma série de medidas ligadas a diminuição das emissões de carbono.
“Não dá mais para esperar ou vamos pagar essa conta na hora de exportar”, diz Ribeiro.
Por isso, para Ribeiro, professor da UERJ, é importante saber quais serão as metas que os setores vão se colocar após o fim do prazo do decreto e que existe uma urgência para que elas sejam as mais detalhadas possíveis. Ele também lembra que as metas estipuladas no Acordo de Paris devem trazer um grande avanço para o mercado em todo o planeta.
“Os países signatários deverão ter que ajustar as suas regras ao do Acordo de Paris, o que deve gerar um grande avanço também na questão da transparência”, disse Ribeiro.
Oportunidade
Para Penido, do Banco Mundial, o Brasil tem diversas vantagens comparativas em relação a maior parte dos outros países do mundo: matriz energética mais limpa, alto potencial para aumentar a geração de energia solar e eólica, além do País ter a maior extensão de floresta tropical em todo o mundo. Com isso, se conseguir aproveitar as oportunidades, Penido acredita que o Brasil terá um cenário extremamente favorável para atrair investimentos em níveis bem maiores do que em outros mercados.
“O Brasil tem o maior potencial internacional para créditos de carbono em todo o mundo. Por isso, a regulamentação não pode ser por decreto: tem que passar por todos os ritos democráticos e tem que ser o primeiro passo de uma caminhada”, afirma o consultor do Banco Mundial.
Fonte e Imagem: Estadão.
Para Sachsida, privatização tornará mercado de energia mais forte nos próximos anos.
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, classificou a capitalização da Eletrobras como a ‘mais democrática e verde’ da história brasileira, durante audiência pública na Câmara dos Deputados realizada nesta terça-feira, 21 de junho. Sachsida destacou a participação de mais de 300 mil brasileiros na operação e dos próprios funcionários da estatal, além do plantio de mais de um bilhão de mudas de árvores nas revitalizações das bacias hidrográficas. “É um modelo a ser seguido” afirmou. Pessoas físicas podiam participar da capitalização com até metade do valor do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
Sachsida disse ainda não ter dúvida que assim como aconteceu na privatização do sistema Telebras, no final do século passado, em alguns anos o mercado de energia estará mais forte e competitivo. “Teremos um mercado de energia cada vez mais sólido, com mais investimentos e segurança para a população brasileira’, avisa. Ao ser questionado sobre os níveis dos reservatórios, o ministro disse que o risco energético estava bem abaixo do apresentado no ano passado, mas que o monitoramento se mantinha contínuo.
Na apresentação inicial aos parlamentares. Sachsida citou rapidamente ao PL 414, que moderniza o setor elétrico, pedindo apoio para aprovação do congresso, tornando o país capaz de receber mais investimentos internacionais. Sachsida também revelou que devido a pandemia, houve atraso nos programa de universalização de energia e mais luz para a Amazônia. Em breve será assinado um decreto prorrogando os programas para 2026 e 2030, respectivamente.
Ao fim da audiência o ministro também reforçou a disposição do MME e do Ministério do Meio Ambiente em prol do hidrogênio verde. Segundo ele, uma quebra de paradigma no setor de combustíveis está próxima, causada pelo energético e que acabará impactando no setor petrolífero. “Vamos nos beneficiar dessa riqueza [petróleo] enquanto ela ainda tem valor Já vem uma tecnologia inovadora como o H2 verde, o MME está muito atento a essas fontes alternativas de energia”, concluiu.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
"Brasil tem costa com ventos constantes, sem tempestade. Isso possibilita geração de energia eólica offshore, 100% limpa, uma das mais baratas do mundo", afirma ministro do Meio Ambiente.
Em entrevista à CNN, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, falou sobre as oportunidades de investimento em tecnologias sustentáveis de geração de energia no país.
“O Brasil tem uma oportunidade que surge da eólica offshore (no mar), pelo volume de produção de energia eólica offshore que pode ser feita no Brasil. O Brasil tem uma característica natural que é uma costa com ventos constantes, mas sem tempestade. Isso dá a ele a possiblidade de geração de energia eólica offshore, 100% limpa, uma das mais baratas do mundo”, disse.
“Essa energia pode ser transformada em hidrogênio, que é o combustível do futuro e assim ser exportada, através do hidrogênio para países como Alemanha, que nesse momento precisa substituir sua energia”, completou.
O ministro avalia que o investimento na área permitirá reduzir os custos da geração de energia no país.
“Nós já temos um recorde de energia eólica onshore, em terra, de 21 gigawatts, e solar, de 14 gigawatts. A solar é um belo exemplo de que você pode gerar sua própria energia de maneira descentralizada, reduzindo o custo dessa energia”, disse Leite.
“São essas tecnologias novas e eu acho que essa oportunidade, quando a gente fala de eólica offshore, são 200 bilhões de dólares de investimento. Isso com certeza reduzirá o custo dessa energia para conseguir fazer com que a energia no Brasil fique mais barata”, completou.
Leite defendeu a busca por soluções que sejam lucrativas e, ao mesmo tempo, benéficas para o meio ambiente.
“Hidrogênio verde você vai ter uma possibilidade de utilizar um combustível 100% limpo, também tem que chegar no ponto de ser mais barato que o combustível fóssil. Temos que achar soluções climáticas lucrativas para os empreendedores, para as pessoas e para a natureza. Essa é a fórmula correta de criar uma nova economia verde global, neutra em emissões até 2050?, disse.
O ministro afirmou, ainda, a necessidade de aceleração na área. “Esse é um desafio que nós temos que acelerar. Hoje, é mais barato utilizar biometano do que o óleo diesel. Essa substituição é importante, onde você reduz o custo para a população”, disse.
“É assim que nós vamos fazer com que aconteça uma nova economia verde de forma global e transformar também a qualidade de vida das pessoas, as duas coisas têm que acontecer ao mesmo tempo”, concluiu.
O que é o hidrogênio verde?
O gás hidrogênio é visto como uma alternativa eficiente, tendo um grande potencial energético e aplicação em setores cuja descarbonização não passa por outras fontes de energia renovável, como a eólica e a solar.
Hoje, o gás ainda é produzido usando principalmente fontes de energia não renováveis e poluentes, mas há possibilidade de expansão do uso de fontes renováveis nessa produção, gerando o chamado hidrogênio verde.
Esse tipo de hidrogênio é considerado a “energia do futuro”, com potencial de uso em diversas áreas, do transporte à indústria. Para especialistas, os custos elevados ainda impedem a disseminação, mas isso deve se reverter nos próximos anos, e o Brasil possui condições para se beneficiar dessa nova tendência.
O hidrogênio é o elemento químico mais abundante na natureza, mas é também um dos mais reativos. Isso significa que é difícil encontrá-lo sozinho, e o mais comum é que ele componha outras substâncias, como uma série de gases e a água, a forma mais encontrada.
No caso do hidrogênio verde, as moléculas de água são separadas, a partir de um processo chamado eletrólise. Nela, uma corrente elétrica passa pela água e separa os átomos de hidrogênio e oxigênio, resultando na formação dos dois gases.
O hidrogênio verde apresenta algumas vantagens. Primeiro, pode ser usado em setores onde a aplicação de outras energias renováveis não resolveriam toda a necessidade de reduzir emissões. Segundo, não é intermitente ou dependente do clima, como as fontes eólica, solar e hídrica. Além disso, a sua produção pode usar o excedente gerado por essas fontes, que hoje não possui uso.
Como funciona a energia eólica offshore
A energia eólica usa os ventos para geração de energia. Além da presença de turbinas em terra, é possível colocá-las também no mar, caracterizando a energia eólica offshore.
Essa forma de energia é mais disseminada na Europa e na Ásia, mas começa a dar seus primeiros passos no Brasil, com pedidos de autorização para parques eólicos no mar e um decreto do governo federal permitindo esse tipo de geração.
A principal distinção entre a eólica onshore e a eólica offshore é o local em que a turbina com pás ficará instalada – em terra ou no mar. Segundo Segen Estefen, professor da UFRJ, a energia eólica offshore se tornou um “próximo passo” conforme o tamanho das turbinas foi aumentando, assim como o potencial de geração.
Em terra, a capacidade máxima de geração das turbinas chega a 5,6 megawatts (MW). Em mar, há projetos apontado uma capacidade de quase o dobro, 12 MW, e alguns testes chegam a 15 MW.
“Quando cresce muito a potência da turbina, paralelemente tem que aumentar os tamanhos das pás, que atingem hoje envergaduras de até 100 metros, e precisam ter estruturas tendo que suportar pás nesse comprimento. Isso fica inviável para transporte em terra, por transporte rodoviário ou ferroviário”, diz.
A alternativa, então, é instalar a turbina em áreas mais amplas e de transporte mais simples, como o oceano. A partir daí, o princípio é o mesmo, as pás giram com o vento e movem um rotor, que então gera a energia.
Outra vantagem da eólica offshore, afirma Estefen, é que os ventos no mar encontram obstáculos menores. “Não tem montanhas, por exemplo, que barram a ação dos ventos, então, normalmente as condições são de maior intensidade e constância na atuação dos ventos”.
No mundo, já existem hoje parques eólicos offshore na Europa e na Ásia, em geral até um limite oceânico de 80 metros de profundida. Nelas, as turbinas são instaladas com pilares que vão até o fundo do mar.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Na linha de frente das negociações, Marcelo Guaranys diz que lei do país é forte, mas há dificuldade para implementá-la.
Os recordes de desmatamento na Amazônia, a expansão do garimpo em terras indígenas e o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira são uma amostra do quão desafiador será para o Brasil atingir compromissos ambientais assumidos em negociações internacionais.
O avanço da criminalidade na floresta amazônica e em outros biomas contrasta com as 21 metas verdes firmadas pelo país para pleitear o ingresso na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), um dos principais objetivos do ministro Paulo Guedes (Economia). O plano inclui banir o desmatamento até 2030 e zerar a emissão de gases estufa até 2050.
O roteiro para entrar no "clube dos ricos", com uma lista de tarefas nessa e em outras áreas, foi aceito pela instituição durante reuniões em Paris neste mês. A partir de agora, o Brasil entra em um período de aprimoramento das políticas públicas enquanto tem o desempenho avaliado pela instituição até que a admissão seja aceita –o que ainda pode levar pelo menos dois anos.
O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, que atua na linha de frente do processo de negociação, cita as áreas tributária e ambiental como os temas mais desafiadores para o Brasil durante o processo.
"Vai ter [pressão na área ambiental], porque vai ser uma pauta muito importante para o mundo e para os países europeus em geral", afirma Guaranys à Folha. "Vai ter um peso grande a gente demonstrar como a gente faz nossa legislação e como implementa", diz.
Para ele, a tarefa passa também por uma necessidade de aprimorar a comunicação sobre o que já é feito e aprofundar as discussões do que precisa ser melhorado. "Nossa legislação ambiental é forte e muito protetiva e gera desincentivo ao desmatamento. A discussão é ‘estamos implementando?’", diz. "Temos dificuldade na implementação porque temos um território muito grande", afirma.
Exemplo disso é que a legislação brasileira dá ao indígena a exclusividade do usufruto da terra demarcada —mas, na prática, é frequente a exploração econômica dessas áreas por parte de invasores interessados em atividades como o garimpo ou a pesca.
Para Guaranys, um limitador para o avanço no tema é a escassez de recursos públicos para fiscalização, o que demandaria uma rediscussão sobre as prioridades do país na distribuição de recursos do Orçamento —o que deveria envolver também Câmara e Senado.
"Eu queria ter capacidade infinita de despesas de acordo com as minhas demandas, mas nenhum país pode ter isso", afirma. "É isso que o ministro cobra tanto das discussões com o Congresso, priorizem o que se deve fazer. Se é tão importante a gente ter política de sustentabilidade, então vamos priorizar isso", diz.
Governo e Congresso destinaram ao orçamento do Ministério do Meio Ambiente em 2022 uma verba discricionária (que inclui o custeio operacional e os investimentos) de R$ 3,2 bilhões, enquanto reservaram R$ 16,5 bilhões para as chamadas emendas de relator –usadas pelos parlamentares para irrigar seus redutos eleitorais por meio de projetos de menor eficiência e com baixa transparência na prestação de contas.
Guaranys afirma, no entanto, que a discussão não é apenas orçamentária. Segundo ele, é possível articular formas de tornar a fiscalização mais eficaz usando menos recursos públicos, sobretudo com uso de tecnologia.
"Na Receita, por exemplo, tem um programa para reduzir o custo de fiscalização. Se o contribuinte está sempre em conformidade, eu diminuo o quanto preciso fiscalizar. Se está me dando trabalho, vou para cima dele", exemplifica.
O próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) boicota os esforços de fiscalização ambiental previstos em lei. Desde 2019, ele desautoriza operações que queimam equipamentos como tratores –medida prevista para evitar que as máquinas voltem a ser usadas (visto que a apreensão delas em meio à mata é de difícil execução).
Guedes, por sua vez, já afirmou que o Brasil é um "pequeno transgressor" na área e defende que outros países paguem pela preservação ambiental em território nacional. "O Brasil não é o cara que polui o mundo. É um pequeno transgressor, um pequeno poluidor", afirmou o ministro em março, às vésperas de uma reunião com a OCDE. "De vez em quando tem uma floresta que queima aqui e ali", disse Guedes.
Além dos desafios na área ambiental, o processo de entrada do Brasil na OCDE coincide com o período eleitoral. As pesquisas de intenção de voto mostram Bolsonaro em segundo lugar, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial.
O ex-chanceler Celso Amorim, principal assessor do pré-candidato para assuntos internacionais, disse à Folha em janeiro que "não há grandes benefícios em ser membro da OCDE", em um primeiro indício de que o processo de adesão poderia cair na fila de prioridades em caso de uma vitória petista nas urnas. "Essa coisa desse 'pseudo-selo' de qualidade já era", afirmou Amorim.
Já o Ministério da Economia vê na proximidade com a OCDE uma chance preciosa de troca de informações e de alinhamento de políticas entre os países-membros com o objetivo de alavancar o crescimento, contribuir para o desenvolvimento e buscar soluções de políticas públicas.
Para Guaranys, um servidor de carreira que já ocupou cargos de alto escalão em diferentes governos —ele foi diretor-presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) na gestão Dilma Rousseff (PT) e atuou na Casa Civil de Michel Temer (MDB)—, a entrada na OCDE deve ser tratada como uma política de Estado.
"O processo de adesão vai ser mais rápido quanto maior a vontade política de se fazer andar. [Mas] entendemos que isso é algo que todo mundo quer, em qualquer situação. Qualquer governo quer continuar melhorando o país", afirma.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Estudos mostram que ações não conseguem capturar a mesma quantidade do gás emitido que se propõem a mitigar.
Os programas de compensação de carbono tornaram-se onipresentes. Você provavelmente já os viu como opções para marcar em reservas de voos: "Clique aqui para fazer upgrade para um assento premium"; "Clique aqui para cancelar suas emissões de gases de efeito estufa".
É uma proposta atraente –a promessa de que, por uma pequena quantia de dinheiro, você pode cuidar de seus negócios sem culpa climática. Mas, se parece bom demais para ser verdade, é porque, pelo menos por enquanto, é mesmo.
O The New York Times pediu aos leitores nesta primavera que enviassem suas questões sobre a mudança climática, e vários perguntaram sobre compensações de carbono. Como elas funcionam? Elas funcionam ou "é apenas dinheiro pela culpa?", como perguntou um leitor?
A ideia de compensações de carbono, às vezes chamadas de créditos de carbono ou créditos climáticos, é simples. Sabemos que a atividade humana produz dezenas de bilhões de toneladas de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa todos os anos. Também sabemos que é possível remover ou sequestrar carbono da atmosfera, por exemplo, plantando árvores.
As compensações buscam compensar, por exemplo, as emissões dos aviões financiando reduções de emissões ou remoção de carbono em outro lugar, como florestas.
Alguns especialistas as veem como uma ferramenta essencial para limitar os danos ambientais, pelo menos no curto e médio prazo, até que o mundo possa fazer uma transição completa para as energias renováveis.
Os cientistas estão certos de que o mundo precisa atingir emissões líquidas zero –o ponto em que paramos de expelir gases de efeito estufa ou neutralizamos totalmente os gases que produzimos– até 2050 para evitar os piores efeitos da mudança climática, e "é virtualmente impossível chegar a zero" sem compensações, segundo Bruce Usher, professor da Columbia Business School e ex-CEO do EcoSecurities Group, que desenvolveu projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento.
Mas isso não significa que as compensações funcionem hoje, e o conselho de Usher dificilmente é um endosso. "Se você quer porque está de acordo com seus valores, claro, você deve comprar créditos de carbono", disse ele. "Mas não tenha a ilusão de que, para cada crédito que você comprar, obterá 100% de redução de emissões na mesma proporção."
Em um estudo de 2016, a Comissão da UE concluiu que 85% dos projetos examinados provavelmente não alcançariam suas reivindicações de redução. E uma pesquisa da ProPublica de 2019 descobriu que, de forma esmagadora, os projetos de preservação florestal "não compensaram a quantidade de poluição que deveriam, ou trouxeram ganhos que foram rapidamente revertidos ou que não puderam ser medidos com precisão."
Os maiores problemas são estruturais, relacionados a algo chamado adicionalidade.
Esse é o jargão técnico para um conceito simples: uma compensação de carbono precisa financiar reduções que não teriam acontecido de outra forma. Se você paga a alguém para preservar um bosque, mas ele nunca pretendeu cortá-lo, então você não está compensando suas emissões. E é difícil estabelecer os fatos nesses casos com o nível de confiança necessário para que os programas de compensação funcionem.
Embora as atividades individuais tenham custos ambientais, e voar seja um dos mais caros, a mudança climática é predominantemente impulsionada pelas ações da indústria de combustíveis fósseis.
E a grande maioria das compensações de carbono é comprada por corporações, incluindo as próprias empresas de combustíveis fósseis, com a premissa de que podem atingir as metas de emissão "zero líquido" sem mudar fundamentalmente a forma como operam.
Por enquanto, a melhor coisa que um indivíduo pode fazer continua sendo o que sempre foi: tentar emitir menos.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Redução de custos e da dívida da usina levariam tarifa de 2022 a US$ 18,97 enquanto o Paraguai quer manter o valor nos atuais US$ 22,60/kW por mês.
Os estudos técnicos que subsidiarão o Ministério de Relações Exteriores na negociação do Anexo C da Itaipu Binacional já foram entregues. Mas as rodadas para definir o futuro da UHE Itaipu (Brasil/Paraguai, 14.000 MW) após agosto de 2023 ainda não foram negociadas. Antes desse momento é necessário que se defina a tarifa de 2022. Há hoje um impasse com o país vizinho que deseja manter a tarifa em US$ 22,60/kW por mês enquanto o Brasil defende a redução a US$ 18,97/kW por mês seguindo o que rege o tratado que data de 1973.
O diretor geral brasileiro de Itaipu, almirante Anatalício Risden Júnior, recebeu a Agência CanalEnergia, e falou sobre o atual momento da usina que está prestes a ver uma importante mudança. O primeiro ponto é a proximidade da data estabelecida em 1973 para o acordo comercial regido no Anexo C. O segundo é o maior processo de modernização tecnológica pelo qual a usina passará desde o início de sua operação comercial, cujo contrato de US$ 649 milhões foi assinado em 23 de maio.
Tarifa 2022
Segundo Risden Júnior, o Brasil defende que o Tratado de Itaipu seja cumprido e o Paraguai não quer alteração no valor. Por isso, a tarifa de 2022 ainda não foi definida – e consequentemente as negociações da revisão do Anexo C não foram iniciadas. A negociação, vale lembrar, é feita entre os chanceleres de ambos os países e não estão no âmbito da usina nem do Ministério de Minas e Energia que ajudam nesse processo.
O executivo era diretor financeiro até o início desse ano, quando assumiu o cargo de diretor geral e foi alçado à condição de negociador da tarifa com a contraparte paraguaia. Risden Júnior destaca que houve uma amortização importante da dívida em 2021, em cerca de US$ 600 milhões. Ao mesmo tempo, sinalizou, nos últimos três anos foi colocada em prática uma política de redução de custos que culminou em despesas em mais de US$ 100 milhões a menor.
“Com a redução de custos e de dívida temos a nossa proposta que é a de uma tarifa de US$ 18,97. Queremos apenas cumprir o que diz o tratado”, Anatalício Risden Junior, de Itaipu Binacional.
“Essa política de redução de custos dentro da empresa foi muito forte, saímos de algo na casa de US$ 900 milhões para US$ 796 milhões justamente preparando a empresa para o futuro”, indica. “Com a redução de custos e de dívida temos a nossa proposta que é a de uma tarifa de US$ 18,97. Queremos apenas cumprir o que diz o tratado”, defende.
Ele explica que, em linhas gerais, a planilha financeira de Itaipu é formada por quatro grandes frentes. A primeira é a dívida, que termina em março de 2023. A segunda trata dos encargos da dívida. O terceiro é o custo conhecido como PMSO, relacionado ao dia a dia da operação da usina. E o quarto refere-se à conta gráfica que varia de acordo com a produção de energia e a receita da geradora.
Nessa linha, explicou o diretor geral, o valor de US$ 22,60/kW por mês que o Paraguai quer manter para 2022 decorre da não redução de custos pelo sócio. “No ano passado fizemos um esforço para ajudar na contenção da tarifa junto à Aneel e participamos com US$ 62 milhões, o Paraguai também queria mas não teve redução de custos, para isso querem compensar com a tarifa mais alta. Mas a nossa posição é clara, de redução de custos preparando para 2023”, pontua.
Para continuar nessa linha descendente, conta o almirante, a parte brasileira de Itaipu Binacional passará a aplicar o Orçamento Base Zero a partir de janeiro de 2023. O trabalho para a implementação desse instrumento está em andamento na geradora.
Modernização
Em 2 de maio a Itaipu Binacional assinou o contrato para a maior atualização tecnológica em seus cerca de 40 anos de operação. O valor desse acordo é de US$ 649 milhões junto ao consórcio vencedor da concorrência internacional. Os trabalhos foram iniciados 21 dias depois.
A modernização compreende a avaliação e substituição de equipamentos e sistemas de supervisão, controle, proteção, monitoramento, medição e suas respectivas interfaces com os processos de geração, subestações, vertedouro, os equipamentos auxiliares da barragem e da casa de força.
No entanto, em paralelo a essa questão está como será alocado o valor do contrato que será dividido entre os sócios. Risden Júnior disse que o Paraguai defende que o valor seja coberto fora da tarifa atual como custo da empresa. Enquanto isso, a posição brasileira é de que o valor seja absorvido pela tarifa ao consumidor.
“Temos um fundo de reserva que fizemos para pagar a dívida que absorve o pico dos valores desses investimentos para manter a tarifa e não elevar o valor. Montamos uma estrutura financeira para algo entre 5 e 10 anos e estudamos a melhor maneira, se eu deixo todo esse valor e elevo a tarifa, lá na frente não conseguimos reduzir o valor ao consumidor”, avalia.
Outros Investimentos
Com a proximidade da conclusão de um extenso programa de obras executadas na região, o diretor geral aponta que os investimentos deverão continuar a serem executados.
Ele conta que não são apenas aportes em obras como a segunda ponte entre o Paraguai e o Brasil ou a modernização do aeroporto. Lembra do aporte de cerca de R$ 1 bilhão feito na modernização da transmissão em Furnas. Cita novamente o valor para ajudar a conter os reajustes tarifários decorrentes da crise hídrica de 2021. Esse movimento, diz, é derivado das sobras de valores da economia e redução de custos que vem sendo feito em Itaipu.
“Fizemos a revisão de 240 contratos e economia com pessoal e gestão, essas ações viabilizaram tudo e agora que trouxemos o custo para baixo. A empresa tem essas sobras que permitem continuar a fazer projetos, mas com o orçamento base zero vamos ter espaço, desde que se prove que o projeto é bom e a sobra permita o aporte”, destaca.
Outro destaque que o executivo ressalta é o plano de longo prazo que está sendo implementado na usina. Risden Júnior aponta que esse planejamento vem sendo trabalhado e será deixado em documentos pensando no futuro da usina, citando que esse norte pode ser aplicado em diferentes cenários em um período de 5, 10 ou até 20 anos.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Já é a segunda vez em menos de uma semana que órgão responsável por monitoramento de dados ambientais é relegado em iniciativas do governo.
O governo Bolsonaro lança nesta quarta-feira, por meio do Ibama, uma plataforma de análise de monitoramento geoespacial para integrar informações ambientais.
Chamada de ‘Projeto Pamgia’, a iniciativa pretende unir dados da Amazônia e demais biomas a fim de “trazer mais celeridade ao processo ecossistêmico e transparência para a sociedade”. A plataforma será viabilizada pela Imagem Geosistemas.
De acordo com o instituto, as informações serão usadas para subsidiar ações de planejamento, prevenção e combate a crimes ambientais.
A nova empreitada, no entanto, não tem a participação do Inpe — o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais –, que tem como atribuições principais justamente as áreas pretendidas pelo Pamgia: sensoriamento remoto, processamento de imagens digitais e desenvolvimento de pesquisas ambientais.
Na última semana, outra iniciativa também na área ambiental deixou o Inpe de fora. O governo federal criou uma Câmara Consultiva Temática “para qualificar os dados de desmatamento e incêndios florestais” com representantes apenas dos ministérios do Meio Ambiente, Agricultura, Economia, Defesa e Justiça.
O atual diretor do instituto, Clézio de Nardin, enviou um ofício ao governo questionando a exclusão, afirmando entender ser “pertinente” a participação dos pesquisadores na análise dos dados produzida por eles.
Não é a primeira vez no governo Bolsonaro que o Inpe é alvo de ataques. Em 2019, Ricardo Galvão foi exonerado do comando do órgão por divulgar dados de desmatamento.
Não é de se estranhar, portanto, que dados “negativos” sobre o avanço do desmatamento, por exemplo, sejam vistos como um incômodo para o governo federal, sobretudo em ano de eleições.
Fonte e Imagem: Veja.
Aumento da demanda por energia em todo mundo, usos múltiplos da água e mudança no regime de chuvas colocam stress em sistemas altamente dependentes da água.
Em tempos de mudanças climáticas, aumento da demanda por energia e seus usos múltiplos está aceso o alerta quanto à necessidade de cuidar do recurso para alimentar até mesmo a produção de outras fontes de geração como a biomassa. Esse foi o principal ponto levantado durante o segundo dia do Simpósio Global de Soluções Sustentáveis de Água e Energia, realizado pela Itaipu Binacional, dessa vez, em sua sede na margem direita.
Dados apresentados em diversos estudos de casos registram um aumento da demanda por energia ao passo que a transição energética avança. Ao mesmo tempo há queda no volume de chuvas ao longo dos últimos 20 anos, fenômeno semelhante ao que ocorre no Brasil e que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica detalhou em evento sobre formação de preços, realizado em maio, em São Paulo.
Essa informação foi compartilhada pelo diretor do escritório regional para as Américas da Organização Meteorológica Mundial, Julian Baez. Ele lembra que no ano passado foram registrados aumento do consumo de energia de forma concomitante à redução da geração hidroelétrica. Um dos motivos, além da falta de chuvas é a necessidade do uso do recurso para consumo humano.
O chefe da Divisão de Energia e Meio Ambiente da Agência Internacional de Energia, Tom Howes, ressaltou que as mudanças climáticas colocam stress em sistemas de energia de países que mais dependem da fonte hídrica. Ele reforça o fato de que os investimentos devem ser feitos com foco em estabelecer um sistema mais resiliente às alterações climáticas.
Em sua avaliação, um sistema com mais capacidade de suportar essas intempéries fornece uma solução de custo mais efetivo para a segurança energética. Outro ponto destacado é que permite o acesso universal a energia mesmo em países vulneráveis. E ainda, permite a transição a um sistema com energia limpa.
Pascual Fernández, CEO da estatal Canal Isabel II de Madri (Espanha), reforça que a mudança climática é uma realidade naquela localidade. Apontou que o volume de chuvas recuaram 20% nos últimos 20 anos e ao mesmo tempo a população aumentou na casa de 6%. Consequentemente, houve aumento da demanda por água e por energia. Tanto é assim, explicou ele no evento, que a empresa está trabalhando para aumentar sua capacidade de geração de energia.
“Esperamos ter em 2030 100% da energia para nossas atividades, atualmente estamos em 87% com 107 MW. O objetivo é o de alcançar diferentes tecnologias, passando desde a geração distribuída solar fotovoltaica a até eficiência energética para economizar 7%”, destacou ele durante sua participação no simpósio realizado pela Itaipu Binacional e a Undesa, braço da ONU passa assuntos econômicos e sociais.
Aliás a questão da proteção dos recursos hídricos deve ser o objetivo de políticas públicas com uma abrangência holística do assim sem um foco específico. Essa é a avaliação de Nora Paéz, chefe do departamento de Adaptação às Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente do Paraguai. Ela destacou em sua intervenção que o aumento da temperatura é um fator a mais que eleva o consumo de água em diversas atividades da economia, seja a agrícola, industrial ou das pessoas.
Um exemplo que foi apresentado veio do Brasil, com a fabricante Boticário e sua atuação em um rio próximo à região metropolitana de Curitiba. Segundo Maria de Lourdes Nunes, da Fundação que leva o nome da marca de perfumes, investir em ações para recuperação desses cursos de água são fundamentais e trazem retorno financeiro. No caso apresentado, o resultado ficou ganhos de R$ 2,56 para cada R$ 1 aportado.
“A nossa principal conclusão é a de que todos ganham e os benefícios são para todos. Se a natureza é conservada isso garanta que haja água de qualidade para todos”, definiu a executiva brasileira.
A ameaça da mudança do ciclo de chuvas acaba afetando diretamente outros países que dependem desse fenômeno para a produção indireta de energia. É o caso da Guatemala. Segundo Alex Guerra, diretor do Instituto de Pesquisa em Mudança Climática do país centro americano, por lá a geração a biomassa apresenta um potencial de atender 15% da demanda por energia.
“As chuvas são as responsáveis por cerca de 70% do volume de água que é utilizado para a produção de biomassa no meu país. Se houver secas mais severas a produção recua e aí é necessário geração por meio de carvão”, relatou ele. “Ou seja, quanto mais se preservar e houver a disponibilidade hídrica, mais limpa fica a geração de energia, e evitamos a emissão de gases de efeito estufa, entramos em um verdadeiro ciclo virtuoso”, concluiu.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
No momento em que o parlamento debate medidas para redução da tarifa no curto prazo, o PL 414 tem o condão de proporcionar uma redução estruturada dos preços da energia elétrica.
Iniciamos o ano de 2022 com boas expectativas para aprovação, ainda no primeiro semestre, do Projeto de Lei 414/2021, que discute a portabilidade da conta de luz e moderniza o marco regulatório do setor elétrico para ampliar o mercado livre. Mas o tempo está passando e ainda não temos uma definição concreta de quando a Câmara dos Deputados encerrará os debates e o marco regulatório terá início.
Apesar disso, aguardar a aprovação do PL não é motivo para o mercado ficar parado. Estamos falando da modernização do setor, algo urgente para toda a sociedade. Hoje, apenas os grandes clientes têm acesso ao mercado livre, modalidade na qual consumidor e fornecedor negociam entre si condições para a contratação da energia. Dessa maneira, em média, os grandes consumidores podem reduzir os custos em cerca de 30%.
Estamos acompanhando os investimentos feitos no mercado atualmente e sabemos que essa concorrência é vital para que a transformação no setor elétrico seja profunda, principalmente após a aprovação do PL. Milhares de empresas e residências terão a oportunidade de escolher de quem comprar a energia. Continuarão sendo atendidos normalmente pela rede elétrica da concessionária distribuidora, mas o consumidor poderá escolher de qual fornecedor deseja comprar o insumo. A competição entre os fornecedores pressionará para baixo os preços. O cliente, então, deixa de ser “cativo” de uma companhia, mas a energia continua chegando normalmente, pelos mesmos fios.
No momento em que o parlamento debate medidas para redução da tarifa no curto prazo, o PL 414 tem o condão de proporcionar uma redução estruturada dos preços da energia elétrica. O projeto visa a abertura progressiva do mercado livre a unidades que demandam cargas menores, reduzindo as cargas mínimas de consumo para que assim os consumidores possam se tornar elegíveis à adesão, até que alcance o segmento de baixa tensão, em que estão a maioria dos brasileiros. A expectativa é que toda a população possa aderir a partir de 2026.
Sabemos que passou da hora de o consumidor brasileiro de energia elétrica ter liberdade de escolha. “O País já tem mecanismos bem estruturados para oferecer aos consumidores a opção de escolha entre fornecedores de energia elétrica, reduzindo assim os custos para toda a cadeia produtiva e, principalmente para o bolso do consumidor”, destaca Luiz Fernando Leone Vianna, presidente da Delta Geração.
O interesse e a entrada de novos clientes no mercado livre vêm crescendo exponencialmente. De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), apenas em 2020 houve um crescimento de 19% nas adesões. Já os investimentos devem chegar a soma de R$ 100 bilhões até 2024, apontam projeções.
“A iniciativa do Legislativo em discutir os projetos, analisando os tratamentos e prazos para a abertura do mercado é excepcional e necessária para colocar o Brasil no mesmo patamar de evolução de mercados mais desenvolvidos, como Estados Unidos e Canadá, países europeus e alguns dos nossos vizinhos sul-americanos”, diz Vianna.
Assim, o setor energético estará no caminho certo, com o melhor tratamento às necessidades do mercado e buscando garantir um crescimento sustentável, sem judicialização e focado em políticas que preparem o Brasil para a transição energética que está em curso.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Demanda por projetos, políticas públicas e custos de certificação foram apontados como pontos a serem suplantados.
O hidrogênio verde, considerado o combustível da transição energética, deverá enfrentar ainda alguns desafios até deslanchar no Brasil e conquistar o seu espaço. Políticas, perspectivas, projetos e custos sobre o assunto suscitam curiosidade e dúvidas no setor. Camila Ramos, Sócia Diretora da Clean Energy Latin America, mostrou em apresentação durante painel no Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico na última quarta-feira, 8 de junho, que o mercado de H2 verde deve atingir entre 400 e 800 milhões de toneladas por ano em 2050, o que vai representar entre 12% e 22% da demanda total de energia no mundo. Ainda de acordo com ela, cálculo da Agência Internacional de Energia espera que o preço do quilo do h2 verde custa entre € 3,40 a € 5, enquanto o custo do cinza estaria em € 1,5 por quilo. A estimativa é que até 2030 os preços se encontrem.
Levantamento da Bloomberg indica que o Brasil já tem potencial para produzir o H2 verde mais barato do mundo. O custo nivelado ficaria entre US$ 1,7 a US$ 3 o quilo. Em 2030, esse custo cairia para US$ 1 o quilo. Segundo Camila Ramos, o Nordeste brasileiro tem o potencial para oferecer mais de 107 GW de projetos eólicos e solares para produção de hidrogênio verde até 2030.”‘O Brasil tem tudo para ser líder e abraçar esse desafio”, observa.
Ela apresentou ainda estimativas que indicam que o hidrogênio verde será capaz de suprir 14% de toda a demanda energética dos Estados Unidos até 2050. Na União Europeia, que em 2050 quer ter uma economia net zero, o hidrogênio deverá responder por 24% da demanda de energia. Dentro os grandes projetos que já foram anunciados, estão o de HyDeal Ambition, no Oeste da Europa, de 67 GW, o de Aqua Ventus, na Alemanha, com 10 GW, e o de NortH2, na Holanda, também, com 10 GW. Na América do Sul, o projeto Base 1, no Rio Grande do Norte, com 2 GW, e no Chile, o H2 Magallanes, aparecem na lista. Austrália, Japão e China também estão na lista.
Para a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias, Elbia Gannoum, o potencial de atração de investimentos por conta do hidrogênio verde é enorme. Porém ela considera que há muitos projetos de fontes renováveis autorizados, mas com baixa demanda para viabilizá-los. “Nosso problema é gestão do excesso e oferta, temos que ter competência para fazer a gestão da abundância”, avisa. Segundo ela, a associação está de olho nas novas tecnologias como a do H2 verde, porque elas acabam por trazer mercado para a fonte eólica. Ela pediu ainda um olhar sobre o deslocamento da curva de demanda, em um novo patamar para atender a demanda do energético verde que o mundo necessita.
Venilton Tadini, presidente executivo da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base, salientou a importância do H2 verde para o futuro. De acordo com ele, o movimento de transição energética foi acelerado por eventos com a COP, a pandemia e a Guerra da Ucrânia. Ele considerou importante que já se estude as cadeias de produção do hidrogênio para acelerar a eficiência do custo da produção e das condições de armazenagem e transporte do energético. “A estrutura que temos hoje é cara para transportar o H2 Verde e pode pôr em risco a própria viabilidade do projeto, principalmente se destinado a exportação”, avisa.
O executivo da Abdib vê o Brasil como exportador, mas desde que se prepare de modo adequado, com políticas públicas que permitam a inovação no segmento. Ele sugeriu uma política industrial para o setor, mas com a dosagem certa para propiciar o desenvolvimento em ritmo adequado, ao contrário do que aconteceu em setores como as telecomunicações e o petróleo da camada pré-sal. “O Brasil oscila em desvarios de ou excesso de proteção ou falta de entendimento do que é desenvolvimento em novos segmentos com papel de indução do estado em novos segmentos”, explica.
Um grupo de trabalho da Associação Brasileira de Energia Solar e Fotovoltaica contratou um estudo estratégico para mapear os gargalos que as novas tecnologias, como o hidrogênio verde, passarão para ser implantadas no país. Segundo o presidente executivo da associação, Rodrigo Sauaia, caso pontos básicos como segurança jurídica e o custo dos eletrolisadores a preço de mercado não estiverem equacionados, o potencial não será revertido em benefícios.
Assim como a presidente da ABEEólica, ele também pediu demanda, mas também pleiteou o acesso a crédito e políticas pública adequadas que permitam que o mercado esteja confiante para investir na tecnologia. “Se não tem demanda, não adianta ter política pública, porque não vai ter para quem vender o seu produto, seja hidrogênio, amônia ou outros que podem ser produzidos através dele”, comenta. Sauaia também citou os memorandos de entendimento que vem sendo assinados pelos estados. Ceará, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte e Piauí são alguns deles.
Carlos Brandão, presidente da Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade da Energia, classificou o H2 verde como uma indústria de transformação e não de exploração como óleo e gás, mas que será muito competitiva e com taxas de retornos menores. Ele chamou atenção para o custo da certificação do hidrogênio verde. “Isso vai ser uma trava, vai custar muito dinheiro para a gente. Estamos muito atrasados”, aponta. Outro custo alertado foi o dos eletrolisadores, que hoje são na sua maioria produzidos na China.
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Especialistas dizem que só 17% dos 180 GW de projetos que correram para aproveitar subsídios devem se concretizar.
Os 3.065 projetos de usinas de geração eólica e solar que conseguiram iniciar o processo de solicitação de outorga na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) até 8 de março de 2022 para aproveitar os descontos nas tarifas de transmissão e de distribuição de energia totalizam cerca de 180 GW, o equivalente a outra matriz elétrica brasileira. Especialistas avaliam que só cerca de 30 GW, ou seja, 17% devem conseguir operar.
Dos empreendimentos que protocolaram o pedido a tempo de fazer jus aos descontos, 2.724 são usinas solares (88,8%) e 296 são eólicas (11,2%). Os maiores entraves para esses projetos funcionarem são a grande chance de não conseguirem acesso aos sistemas de transmissão e distribuição e uma demanda insuficiente.
Em média, usinas eólicas e solares são concluídas de 2 a 3 anos. Já os projetos de linhas de transmissão precisam de 4 anos para poder dar início à operação. Além disso, como as usinas precisam começar a produzir em até 4 anos (48 meses) a partir da concessão da outorga – o que deve resultar nos anos de 2026 ou 2027 -, a grande oferta de energia que será injetada no Sistema Interligado Nacional não deve encontrar compradores para a sua totalidade.
“A gente pode ter um cenário intenso e desafiador do ponto de vista de regulação. Nós vamos ter uma série de projetos de geração de energia renovável que pode ser que não consigam se conectar. Ou se conseguirem se conectar, não conseguirem escoar a energia“, disse o advogado Fábio Izidoro, especialista em direito regulatório.
A grande quantidade de projetos foi motivada principalmente pelo decreto 10.893, do presidente Jair Bolsonaro, de dezembro de 2021, que determinou que a Aneel, excepcionalmente, deixasse de exigir o documento de informação de acesso, uma das etapas obrigatórias para uma usina conseguir se conectar à rede de transmissão.
Cabe ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), depois de análise, fornecê-lo ao empreendedor, para que prossiga com o processo na Aneel.
O decreto de dezembro é decorrente da lei 14.120, sancionada por Bolsonaro em março de 2021, que fixou um prazo de 12 meses para os empreendedores pedirem a outorga e ainda terem direito aos descontos de 50% a 100% na TUST (Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão) e na TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição).
Esses descontos são compensados por pagamentos mensais feitos por todos os consumidores do país à CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que reúne diversos encargos do setor elétrico.
O engenheiro de sistemas de potência Rômulo Ristow diz que, com o prazo de 12 meses, a corrida de empreendedores gerou um colapso no Operador.
“O prazo era muito curto. E aí veio o decreto, que disse ‘para esse caso específico, vamos aceitar outorga sem informação de acesso’. Então, esses empreendedores só têm o DRO (Despacho de Requerimento de Operação), obtido com a Aneel. Esse documento não significa compromisso nenhum, não vale nada em termos físicos“, disse Rômulo.
Segundo Rômulo, o compromisso com o setor elétrico está na outorga. Como ela será concedida sem a informação de acesso, o risco para os empreendedores na penúltima fase do processo, de obtenção do parecer de acesso pelo ONS – que permite a operação da usina -, será muito maior.
“Por que existe informação de acesso? Para mitigar riscos [de a usina não conseguir escoar a energia]. É uma pré-avaliação. O que vai ser feito diante disso tudo? Ninguém sabe ainda. Quando você obtém uma outorga, não é pegar e largar depois. Você tem datas para cumprir, está sujeito a multas, etc. Você tem garantia [de fiel cumprimento do contrato] executada se descumprir. Há várias obrigações“, disse Rômulo.
IMPACTOS FINANCEIROS E JURÍDICOS
Fábio Izidoro diz que há diferentes consequências possíveis se os empreendedores não conseguirem escoar a energia.
“Se tiver previsão de conexão e o sistema de transmissão não conseguiu ter capacidade de escoar a energia que estou gerando, a gente entra no que chamamos de ‘constrained-off’. O sistema vai ter que pagar por aquela energia que foi gerada e que não foi escoada. Ou seja, a gente vai ter que pagar isso para o gerador. Já o parque gerador que não tiver parecer de acesso ou previsão de estar conectado, a situação, do ponto de vista regulatório, é mais tranquila. Mas para o investidor, ela é mais complicada“, disse Fábio.
Prevendo a possibilidade de não haver disponibilidade de conexão para todas as empresas que requisitarem, o decreto estabeleceu que a Aneel poderá fazer um procedimento competitivo para contratação de margem de escoamento. Seria a 1ª vez que o Brasil realizaria uma competição desse tipo. Na prática, é uma disputa por pontos de conexão no sistema de transmissão ou distribuição. Para Rômulo Ristow, se for bem feita, a competição será uma saída para o problema.
“No evento do início do ano [para discutir o assunto], com a presença da Aneel e do MME, falaram que a disputa poderia ser para quem der mais dinheiro, quem pagar uma garantia de fiel cumprimento maior. O empreendedor pagaria e, se realmente implantar o projeto, o dinheiro volta para ele“, disse o engenheiro.
Outra possibilidade, segundo o especialista, seria a ordenação de uma “fila” por meio da análise de determinados atributos dos projetos, como potência, localização.
“E quanto a quem conseguir a outorga e mesmo assim ficar de fora, não tem tratamento jurídico para isso. Porque, por outro lado, o risco estava explícito“, disse Rômulo.
Para Fábio, ao conceder a outorga, a Aneel admite que fez todas as avaliações do ponto de vista técnico e governamental.
“Se não tem linhas de transmissão suficientes, isso é um problema do poder concedente, não do investidor. O investidor fez o que cabia a ele. Licenciamento ambiental, construir o parque gerador etc. Esse player pode judicializar o tema“, disse o advogado.
Em março e abril, a Aneel manteve aberta uma consulta pública sobre a regulamentação do decreto 10.893. Em 5 de abril, a agência informou ao Poder360 que, concluída a consulta, trabalharia na análise das contribuições recebidas, que seriam encaminhadas para aprovação da diretoria colegiada.
Só depois da publicação da regulamentação, disse a agência, poderá dar tratamento aos casos abrangidos pelo decreto. Na 6ª feira (10.jun.2022), o Poder360 questionou a agência se já havia conclusões da consulta pública, se havia previsão para a publicação da regulamentação do decreto e quantos dos 3.065 projetos já tinham sido analisados. Não houve resposta até a conclusão desta reportagem. O espaço continua aberto.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Governo espera que projeto seja aprovado na Câmara até julho, mas nem toda indústria compartilha entusiasmo.
O projeto de lei 414/202, que atualiza o atual marco regulatório do setor elétrico, deve ser aprovado antes do recesso parlamentar, em julho, na avaliação do governo, o que suscita esperanças em parte do segmento. Outra parcela não tem a mesma visão e entende que o tema foi para as “calendas”, sem a menor perspectiva de que a proposta seja aprovada ainda neste ano. “A preocupação é com os cem primeiros dias do próximo governo”, disse um executivo do setor ao Valor sob anonimato.
Há ainda quem veja também uma ação nos bastidores para enterrar o novo marco legal, que tem como principal iniciativa a abertura do mercado livre para a baixa tensão, como consumidores residenciais.
Em participação no 19º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), semana passada, a secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia (MME), Marisete Pereira, disse que a pasta está otimista com a aprovação do PL antes do recesso. “Devemos ter novidades na semana que vem [esta semana]”, afirmou na abertura do evento.
No encontro, presidentes de empresas do setor também viram espaço para a aprovação do projeto de lei, apesar do calendário eleitoral. “Um mercado livre, com tarifas diversificadas e novos recursos integrados será sem dúvida de grande benefício para os clientes”, disse o presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno.
Também presente às discussões, o presidente da 2W Energia, Claudio Ribeiro, disse que a aprovação do PL 414/2021 é importante para atrair investimentos para o país e ajudar a reduzir desigualdades sociais: “Ainda acho que há espaço para o projeto ser votado neste ano, talvez nas próximas semanas ou na janela pós-eleições. O problema é que estamos em um ano eleitoral e as vezes se usa esses instrumentos para fazer demagogia, mas temos parlamentares sérios olhando a questão”, afirmou.
Executivos do setor destacaram também a necessidade se rediscutir as tarifas do setor elétrico. “A pressão que temos hoje de tarifas elevadas é fruto de subsídios, impostos elevados e de decisões não técnicas que tivemos, além da expansão não eficiente do setor”, disse o presidente da distribuidora CPFL Energia, Gustavo Estrella.
Marisete Pereira, do MME, disse que uma das premissas do novo marco legal é a alocação de custos e riscos, expressão que pode ser traduzida como o compartilhamento dos custos com todos os agentes. Há quem tenha a leitura de que ela cumpriu seu papel, como governo, de “manter a chama acesa”. Por outro lado, a fala de Marisete não seria uma visão otimista, mas uma certeza. O PL 414 está sob tramitação em uma comissão especial, em caráter terminativo. Significa que após a aprovação segue para o Senado, casa de origem, para manutenção ou exclusão das alterações feitas pelos deputados.
Essa comissão tem como presidente o deputado Cacá Leão (Progressistas-BA) e como relator o deputado Fernando Coelho Filho (União Brasil-PE), ex-ministro de Minas e Energia. Ele foi o relator do PL quando a matéria chegou à Câmara. A comissão tem cinco sessões plenárias para receber emendas e está prevista a realização de esforço concentrado pelos parlamentares, o que resultaria na conclusão da análise nesta ou na próxima semana.
Há a possibilidade de o tema ser votado no plenário, caso a oposição decida pela iniciativa. É algo que depende do PT, que tem número de deputados igual ou superior a 10% do total de 513 parlamentares. Ainda assim, haveria tempo para votação porque o presidente da Câmara, Arthur Lira, poderia pautar o tema com urgência. O recesso parlamentar tem início em 18 de julho e vai até 1º de agosto.
No centro do debate está uma suposta emenda “jabuti” que cria o Brasduto, programa de financiamento de novos gasodutos que levariam o gás natural para as usinas térmicas previstas pela Lei da Eletrobras, de implantação compulsória, progressivamente até 2030, com 8 gigawatts (GW) de capacidade instalada.
Fontes ouvidas pelo Valor disseram que o envio do PL para esta comissão especial não significa a paralisia das discussões. Depois de muitas negociações, Coelho entregou às associações uma versão preliminar de seu relatório, antes do Carnaval. No entanto, reportagens que circularam na imprensa provocaram reações de Arthur Lira, segundo pessoas que participam dos debates sobre o tema. De acordo com uma das reportagens, de “O Estado de S. Paulo”, o “jabuti” do Brasduto, que criaria um fundo de R$ 100 bilhões para os gasodutos, seria considerado prioritário para Lira e para o Centrão. A emenda foi apelidada de “Centrãoduto”.
Até então Lira havia se comprometido com Coelho que pautaria o tema para tramitar com urgência. Com a repercussão do tema, a suposta inclusão da emenda ficou comprometida. Assim, a comissão teria que chancelar ou enterrar de vez o Brasduto. Porém, o Valor apurou que essa emenda nunca existiu no relatório de Coelho.
“Ele olhou nos olhos de cada um [presidente de associações setoriais] e disse que se comprometeu a não aprovar emenda que colocasse o duto no colo do consumidor”, disse uma das fontes, que falou sob a condição de anonimato dada a sensibilidade do tema.
Essa comissão foi a forma que Lira encontrou para se resguardar, dando à matéria o rito normal na casa e abrindo espaço para que as emendas sejam apresentadas - e tornadas públicas, deixando espaço para que as digitais do autor do “jabuti” apareçam, se for o caso.
Inúmeras mudanças aconteceram durante a tramitação do PL. O início da trajetória do “PL da modernização do setor elétrico” se deu em 2016, como PL 232. Depois de inúmeros debates, só no ano passado o PL foi aprovado e seguiu para a Câmara.
Nesse meio tempo, o projeto de lei, que era chamado de “PL da portabilidade da conta de luz”, porque previa a redução dos limites para a migração ao mercado livre para a baixa tensão, se tornou o caminho para viabilizar a chamada modernização do setor elétrico. Sempre foi consenso no mercado que o atual marco regulatório, de 2004, precisava mudar.
Em todos esses debates sobre a modernização do setor elétrico, surgiram várias emendas, como o suposto “jabuti”. A emenda do Brasduto poder ter sido utilizada como anteparo de interesses contrários à abertura do mercado livre.
Em 2017, só podiam migrar para o mercado livre consumidores com carga mínima de 3 megawatts (MW), mas desde 2019 esses valores vêm sendo reduzidos anualmente em 0,5 MW. Hoje o piso de migração é de 1 MW. Em paralelo, consumidores com carga de 0,5 MW podem migrar para o mercado livre desde que a energia seja adquirida de usinas eólicas, solares, à biomassa ou de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), renováveis que foram denominadas fontes incentivadas. Para estimular a construção dessas usinas, o marco legal atual prevê a concessão de descontos (subsidiados) no uso de sistemas de transmissão ou de distribuição.
Esse aumento do mercado livre, hoje de 35% do consumo de energia, somado à economia tíbia há vários anos, entre outros fatores, fez com que as distribuidoras tivessem baixa necessidade de contratação de energia para os próximos anos, deixando evidente o esgotamento do modelo em que a expansão da oferta é baseada no planejamento do consumo feito pelas distribuidoras e na energia assegurada das usinas.
Ao PL 414 pretendia corrigir essa distorção, separando o lastro (a potência da usina) dos contratos de energia. Em linhas gerais, a ideia é que todos os consumidores de energia remunerem as usinas pela potência adicionada ao sistema. Além disso, como as distribuidoras ficariam sobrecontratadas com uma potencial migração em massa, o PL previa um compartilhamento dos custos desse excedente com todos os consumidores, inclusive os que já estão no mercado livre, o que poderia elevar custos para empresas que têm a eletricidade como principal insumo nos respectivos processos produtivos.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Propostas para baixar conta de luz geram insegurança jurídica, diz associação.
Associações do setor elétrico pedem redução dos subsídios pagos na conta de luz e criticam ameaças de intervenção nas tarifas pelo Congresso, que chegou a debater a suspensão de reajustes por meio de decreto legislativo.
Em documento endereçado aos candidatos à presidência da República, o Fase (Fórum de Associações do Setor Elétrico) elencou entre as prioridades do setor a redução dos encargos setoriais cobrados na conta de luz para bancar subsídios.
Neste ano, o principal desses encargos, a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) custará aos consumidores R$ 30,2 bilhões, segundo orçamento aprovado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Essa conta banca subsídios a energias renováveis, a consumidores de baixa renda e a geração de energia e sistemas isolados do Norte do país. São beneficiados ainda a geração de energia a carvão mineral e investimentos em eletrificação rural.
"Os encargos distorcem os preços e mascaram o verdadeiro valor da energia: alguns pagam barato por um bem caro, e muitos pagam caro por um bem que deveria ser barato", alega o Fase. "Encargo significa, em última análise, transferência de renda sem transparência."
A associação cita ainda encargo conhecido como ESS (Encargos de Serviços do Sistema), que é cobrado para bancar o uso de termelétricas e custou R$ 26,2 bilhões em 2021.
"O Fase entende ser urgente priorizar a redução dos encargos, colocando os benefícios sistêmicos dessa resolução acima dos interesses individuais e específicos que sustentaram suas criações, normalmente em lei", diz o fórum, que reúne 20 associações de empresas e consumidores de energia.
Em evento que reuniu representantes do setor no Rio, a diretora-geral substituta da Aneel, Camila Bomfim, disse que a redução dos subsídios é uma das prioridades da agência, mas o setor reclama que o Congresso tem dificultado essa missão com a aprovação de novos benefícios em leis.
Um deles foi a obrigação de contratação de energia térmica incluída na lei de privatização da Eletrobras, que vai onerar a conta de luz mesmo em períodos de chuvas, já que essas usinas podem ter elevado índice de inflexibilidade.
A atuação do Congresso sobre o setor é grande motivo de preocupação, frisou o presidente da ABCE (Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica), Alexei Vivan. Para ele, iniciativas como o decreto legislativo que previa a suspensão dos reajustes em 2022 criam insegurança jurídica.
"São questões eleitoreiras que no curto prazo podem representar redução no preço da energia, mas não se sustentam no longo prazo", afirmou o executivo, que avalia que a atuação do Congresso é facilitada por um "vácuo" deixado pela falta de atuação do Executivo em temas de sua competência.
"O poder não admite vácuo", disse, defendendo a retomada do protagonismo do Ministério de Minas e Energia e da Aneel nas questões do setor elétrico.
A própria relação entre os diversos segmentos do setor foi apontada no evento como um dos fatores de pressão nas tarifas, ao permitir que lobbies ganhem força para apoiar novos subsídios que vão encarecer a conta de luz, como ocorreu na MP da Eletrobras.
"A maioria dos cérebros aqui não está buscando a eficiência do setor", afirmou o presidente da Abrace (Associação Brasileira dos Consumidores de Energia), Paulo Pedrosa, para quem cada grupo tem trabalhado de forma separada para garantir benefícios.
"Nos próximos anos precisamos trabalhar para desmontar esse movimento, para 'desjabutizar' o setor elétrico", completou, referindo-se aos chamados "jabutis", artigos incluídos por lobbies em leis geralmente sem qualquer relação com o tema.
O setor, porém, considera acertado o adiamento da análise do reajuste tarifário da Cemig, distribuidora que atende Minas Gerais, prorrogada nesta terça (7) pela Aneel à espera da conclusão de processos que podem reduzir o percentual de aumento.
A diretora-geral substituta da agência explicou que o objetivo é aguardar a privatização da Eletrobras e a sanção do projeto aprovado pelo Congresso que garante a devolução de PIS Cofins às distribuidoras de eletricidade.
Os dois processos representarão injeção de recursos no setor, reduzindo a necessidade de reajustes. A Cemig, diz Bomfim, é uma das empresas com maior volume de PIS/Cofins a receber. Ela frisou, porém, que o reajuste não pode demorar muito, já que a empresa tem contas a pagar.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
O Ministério de Minas e Energia (MME) espera que o projeto de lei que trata da modernização do setor elétrico (PL 414/2021) avance na Câmara dos Deputados antes do recesso parlamentar, em 17 de julho, afirmou a secretaria-executiva da pasta, Marisete Pereira, nesta quarta-feira, 8 de junho.
“Estamos otimistas que o PL 414 prospere […] Ele [o relator do projeto, o deputado Fernando Coelho Filho (União-PE)] está otimista de que ele consiga encaminhar a conclusão do projeto antes do recesso parlamentar. Acredito que na semana que vem tenhamos novidade sobre isso”, disse Pereira, durante painel no Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase), no Rio.
A secretária contou que, em paralelo à tramitação do PL 414, o MME vai lançar uma consulta pública, junto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), para colher contribuições ao processo de abertura do mercado de energia elétrica brasileiro.
“Estruturamos uma consulta pública que vai de encontro ao PL 414”, completou Pereira.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Texto indica mudança de postura do governo, mas depende de outras regulações; veja seis principais problemas.
Em maio, o governo federal publicou um decreto com as bases para a criação de um mercado de carbono no Brasil. Numa única página, o texto trata de um sistema que vem pautando a discussão climática no mundo todo, mas deixa lacunas sobre sua execução.
Na avaliação de especialistas ouvidos pela Folha, a medida indica que o assunto finalmente entrou na agenda do Executivo, e serve como um pontapé inicial para o país desenhar seu modelo de precificação de carbono. Contudo, diversos pontos permanecem em aberto, principalmente em relação aos prazos e à obrigação de setores reduzirem suas emissões.
Uma das poucas certezas é que o Brasil ainda não tem um mercado de carbono regulado —a exemplo do que acontece na Europa, China, Nova Zelândia e Cazaquistão.
O decreto apenas estabelece os procedimentos para a elaboração de planos setoriais de mitigação e institui o Sinare (Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa), que deve funcionar como uma central para registros de emissões, reduções, compensações e transações de créditos.
O texto também fixa a governança dos sistemas —dividida entre Ministério da Economia e Ministério do Meio Ambiente— e apresenta a definição de ativos como crédito de carbono e crédito de metano.
Fora isso, especialistas dizem que a medida chega com atraso, não esclarece prazos para os cortes de emissões, rivaliza com um projeto de lei em debate no Congresso e promove insegurança jurídica. Veja alguns dos principais problemas do decreto.
1) NÃO INSTITUI UM MERCADO DE CARBONO REGULADO
Para Gustavo Pinheiro, coordenador da área de economia de baixo carbono do ICS (Instituto Clima e Sociedade), o decreto é ineficaz. Segundo ele, trata-se de uma regulação voluntária, pois não gera nenhuma obrigação de redução de emissões.
Limitar a quantidade de gases de efeito estufa dentro da economia é um dos pontos centrais num mercado de carbono regulado. Nesse modelo —conhecido como "cap and trade"— o governo estabelece um teto para determinados setores e concede licenças para emissões.
É como se as empresas tivessem um "orçamento". Para poluir acima da cota, é preciso comprar mais permissões, que são vendidas por companhias que conseguiram cortar seus gases de efeito estufa. Trata-se de uma obrigação legal.
Segundo Guarany Osório, professor e pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV/Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas), a medida anunciada pelo governo federal não versa sobre nada disso.
"[O decreto] entra no campo do mercado voluntário, porque quem gera crédito não será obrigado a gerar, e quem compra não é obrigado a comprar", afirma.
Para o professor, a resolução é positiva do ponto de vista do debate público, pois eleva o tema na agenda de discussão. "Me parece que o Executivo se posiciona de forma a indicar que esse tema é importante e que mudança do clima é uma realidade", diz. "Olhando com a régua bem baixa, pelo menos temos um decreto", acrescenta.
MERCADO DE CARBONO
O que é?
É um instrumento de precificação de carbono para promover a redução das emissões de gases de efeito estufa em setores econômicos. Também é conhecido como sistema de comércio de emissões (ou ETS, na sigla em inglês).
Como funciona para o governo?
O governo limita a quantidade de gases de efeito estufa que determinados setores econômicos podem emitir e concede permissões de poluição para as empresas.
Como funciona para os negócios?
As companhias recebem um “orçamento” com a quantidade de carbono que podem liberar. Para poluir acima da cota, é preciso comprar mais licenças, que são vendidas pelas organizações que conseguiram cortar suas emissões.
Onde acontece?
A negociação ocorre em um mercado, similar a uma Bolsa de Valores, e o valor das licenças pode ser definido pelo órgão regulador ou pela lei da oferta e procura. Na Europa, por exemplo, a tonelada de CO2 gira em torno de 80 euros.
Por que funciona?
Ao limitar o volume de gases de efeito estufa e autorizar que as empresas comercializem licenças entre si, o governo cria um sistema de pressão e incentivo para que setores econômicos adotem tecnologias mais limpas.
2) NÃO RESTRINGE EMISSÕES EM SETORES ECONÔMICOS
Em carta publicada no dia 26 de maio, o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) criticou diversos pontos do texto. O grupo reúne algumas das maiores empresas do país, como Vale, Petrobras, JBS e Itaú, e defende a regulamentação de um mercado de carbono.
"O decreto tem muitas questões em aberto, inclusive prazos, e não deixa clara a participação mandatória dos setores econômicos que serão regulados pelo mercado ou se haverá consequências para o descumprimento das metas. São lacunas que implicam desafios e incertezas para a execução efetiva de um mercado regulado", diz a carta.
O ato do Executivo prevê a elaboração dos planos setoriais de mitigação, que terão metas gradativas de redução de emissões, considerando as especificidades de cada setor. As metas também precisarão observar a NDC brasileira (compromisso climático no âmbito do Acordo de Paris).
No entanto, não há detalhes sobre como funcionarão essas metas gradativas. De acordo com o texto, os setores poderão apresentar propostas para as curvas de redução de emissões num prazo de 180 dias —prorrogável por mais 180 dias.
Segundo Osório, o decreto não impõe obrigatoriedade para nenhum segmento econômico. Apenas estabelece medidas voluntárias, por enquanto.
Renata Amaral, advogada do escritório Trench Rossi Watanabe, também diz ter muitas dúvidas sobre como isso vai funcionar. Na avaliação dela, cada setor vai estabelecer sua curva de redução, parâmetro que provavelmente será usado pelo governo para definir as metas setoriais.
No entanto, a advogada não vê problema no fato de as metas serem voluntárias. "Os próprios setores vêm sentindo a necessidade de ter uma regulamentação mais forte para que possam colocar seus produtos no mercado. Eles vão precisar de metas de redução de emissões para vender, por exemplo, para a Europa", afirma.
Um dos desafios, porém, será enfrentar as diferenças entre as empresas. Segundo ela, é comum que players de um mesmo setor apresentem diferentes graus de maturidade na área ambiental.
É o que também pensa Ronaldo Seroa da Motta, professor da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Para ele, dividir a meta acertada entre as companhias de um mesmo setor pode significar um processo de difícil convergência.
"Isso é um jogo de soma zero. A tendência é ser igual taxa de condomínio, ou seja, o valor que todo mundo pode pagar. É o que chamamos de limite inferior", diz.
3) NÃO ESCLARECE PRAZOS PARA AS METAS DE REDUÇÃO
Outro problema do decreto, na visão dos especialistas, é a falta de prazos. Osório, da FGV, diz que não há um cronograma claro —à exceção dos 360 dias para os setores enviarem sugestões sobre suas curvas de emissões.
A percepção é a mesma de Seroa da Motta. "O Brasil precisa de um mercado de carbono, só que o governo veio com um sistema que tem uma complexidade muito grande e que está pouco esclarecida no texto. Não coloca nenhuma obrigatoriedade, nenhum prazo e não detalha em nada o seu funcionamento. Quer dizer: outros decretos terão que ser emitidos para dar conta disso", afirma.
4) RIVALIZA COM PL SOBRE MERCADO DE CARBONO
A criação de um mercado regulado de carbono no modelo cap and trade —que é defendido pelos especialistas e por boa parte do setor privado— vem sendo discutida desde o ano passado no Congresso Nacional.
Inicialmente proposto pelo deputado Marcelo Ramos (PSD-AM), o projeto de lei 528/2021 está apensado a outro de teor semelhante. Havia, inclusive, a expectativa de que o PL fosse votado em novembro de 2021, durante a COP26, como forma de sinalizar um comprometimento do Brasil com o esforço climático global —o que não aconteceu.
Durante meses, a matéria ficou aguardando parecer da deputada relatora Carla Zambelli (PSL-SP), que só concluiu a apreciação no dia 19 de maio —mesmo dia da publicação do decreto.
Segundo Renata Amaral, do escritório Trench Rossi Watanabe, uma parte do empresariado considerava que a melhor opção para o governo seria fortalecer a tramitação do projeto no Congresso.
"O PL estabelece o que é mais comum em outros países em termos de um mercado de cap and trade, onde há efetivamente uma meta estabelecida pelo governo e, a partir disso, um comércio das permissões para determinados setores", diz.
A matéria no Legislativo também traz sanções para o caso de descumprimento dessas metas, algo que o decreto não prevê.
"Em outros países existe um elemento mais forte de o governo estabelecer uma meta obrigatória e a partir daí alavancar um mercado baseado nas permissões dadas aos setores regulados. Esse é um racional que, pelo menos por enquanto, não estamos seguindo", acrescenta Amaral.
Além de o projeto de lei abordar detalhes que não estão contemplados no decreto, ele também foi submetido a maior escrutínio. Seroa da Motta lembra que a matéria teve colaborações da CEBDS, CNI (Confederação Nacional da Indústria), Febraban e Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), além de especialistas e organizações da sociedade civil.
"O PL tem uma estrutura de princípios e diretrizes, uma governança muito bem determinada, critérios de decisão claros... Isso tudo foi abandonado porque se diria, com razão, que é um projeto que precisa ficar no mínimo um ano sendo discutido no Congresso. Mas o governo queria pressa, porque agora ele é ambientalista", diz, em tom de ironia.
5) PROMOVE INSEGURANÇA JURÍDICA
Outra crítica feita pelos especialistas diz respeito à força jurídica da medida. "Muitos investidores sentem a insegurança de basear suas decisões em um decreto, que é algo que pode ser alterado a qualquer momento pelo Poder Executivo, ainda mais num momento de eventual transição de governos e discussão em torno da polarização", afirma a advogada do Trench Rossi Watanabe.
O raciocínio é acompanhado por Seroa da Motta. Na visão dele, trata-se de um formato que está menos sujeito a consultas públicas, acordos entre partidos e pressão da sociedade civil.
"Ninguém vai investir em projetos de redução, porque não se sabe se esse mercado, de uma hora para outra, pode mudar totalmente de regras. O decreto é um ato normativo que tem fragilidade jurídica, que gera incerteza", diz.
As críticas feitas pelo CEBDS são ainda mais duras. Segundo a organização, o marco regulatório não possui a previsibilidade e estabilidade necessárias para incentivar investimentos de longo prazo e pode, inclusive, inibir as ações que já estão sendo feitas pelo setor produtivo.
6) CHEGA COM ATRASO
Além das críticas ao formato, Guarany Osório, da FGV, diz que a medida está atrasada. Considerando que o Brasil já havia atualizado suas metas climáticas em 2020, um decreto de uma página para estabelecer planos setoriais chega com, pelo menos, dois anos de demora.
"Em teoria, espera-se que, ao entrar na nova vigência de um compromisso, tenha-se os instrumentos para implementar aquilo que foi prometido", diz.
A lentidão do governo em lidar com o tema prejudicou, inclusive, uma parceria com o Banco Mundial para implementar o mercado de carbono.
Conforme a Folha revelou no ano passado, o governo federal tinha em mãos, desde o final de 2020, um estudo detalhando por que era desejável criar um mercado de carbono no país. No entanto, o projeto não avançou, e o país perdeu apoio estratégico do banco.
A fase seria a etapa posterior do PMR (parceria para preparação de mercado), programa do Banco Mundial que o Brasil começou a participar em 2016 e cujo objetivo era ajudar países a adotarem iniciativas para mitigar a crise do clima.
Seroa da Motta atuou como consultor do PMR e disse que o decreto publicado pelo governo passa uma borracha em tudo que o programa sugeriu.
"Para um governo que tinha uma plataforma não-ambientalista, negacionista, a medida é um grande avanço. Claro que esse avanço não aconteceu por uma conversão em massa do governo, foi porque houve uma pressão muito grande do setor produtivo e da cadeia global de negócios exigindo isso Brasil, além da necessidade de entrar na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico)", afirma.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
A lista de princípios centrais para avaliação técnica nos diferentes comitês da entidade é longa, e incorpora novas recomendações aprovadas mais recentemente pela entidade.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avaliará as práticas e políticas do Brasil em temas que vão de confiança nas instituições a desmatamento nas negociações a partir de agora para a entrada do país nessa organização.
O Valor apurou que o “roadmap”, ou itinerário com os termos, condições e processo de acessão do país, já recebeu o sinal verde do conselho de representantes da OCDE, e agora será aprovado formalmente pelos ministros dos 38 países-membros na quinta-feira em Paris.
A estrutura do trajeto é idêntica para os cinco candidatos a sócios – além do Brasil, Peru, Bulgária, Croácia e Romênia. A Argentina teve o convite congelado, depois que o governo de Alberto Fernández não se comprometeu com os valores da entidade nas condições que os atuais sócios queriam.
A lista de princípios centrais para avaliação técnica nos diferentes comitês da OCDE é longa, e incorpora novas recomendações aprovadas mais recentemente pela entidade.
Um tema novo pelo qual o Brasil e os outros quatro candidatos vão ser avaliados, na área de governança, é sobre a confiança das pessoas em relação a suas instituições.
Para a OCDE, a confiança é a base de legitimidade das instituições públicas e de um sistema democrático em funcionamento, e crucial para manter a participação política e a coesão social.
A confiança é importante para o sucesso de uma ampla gama de políticas públicas que dependem de respostas comportamentais do público, como o respeito dos regulamentos e do sistema tributário. No longo prazo, a confiança é considerada necessária para enfrentar desafios sociais como as mudanças climáticas, o envelhecimento da população e a automatização do trabalho.
Na área de governança, o exame focará ainda temas como estrutura dos governos, incluindo separação dos poderes, e integridade do setor público, incluindo aplicação de princípios de alto padrão de comportamento nas instituições públicas.
Sem surpresas, é a questão ambiental que toma mais espaço no “roadmap” do Brasil e dos outros candidatos. Suas políticas e práticas vão ser comparadas às melhores práticas da OCDE. Na verdade, os comitês de política ambiental e de químicos tem 40% das recomendações da entidade. Assim, os candidatos vão ser examinados com base em pelo menos 20 itens na área ambiental, proporcionalmente o maior número.
No caso do Brasil, a questão toma maior dimensão até pela desconfiança com que o governo de Jair Bolsonaro é visto na área ambiental. O mapa menciona a questão do desmatamento em relação a meio ambiente e à produção agrícola, segundo uma fonte.
A OCDE quer saber o que acontece no país candidato em linha com o compromisso assumido em Glasgow, no ano passado, de “trabalhar coletivamente para deter e reverter a perda de florestas e a degradação das terras até 2030”.
O Comitê de Política Ambiental vai examinar também como o Brasil aplica o princípio de que o poluidor, e não subsídio governamental, paga pela prevenção e pelo controle de medidas contra a poluição. Também avaliará se políticas setoriais levam em conta a necessidade de internalizar a melhora na área ambiental. No Comitê de Agricultura, uma questão é se as políticas do setor contribuem para sustentabilidade e melhora do desempenho ambiental e do “crescimento verde”.
Na discussão sobre o “roadmap” para o Brasil, a França mostrou-se particularmente ativa nos temas ambiental e agrícola, sem porém bloquear a negociação.
No Comitê de Assuntos Fiscais, será examinada a eliminação de dupla taxação sobre renda e capital, adotando modelo de convenção da OCDE. Na área financeira, a questão de blockchain também entrará na avaliação, por exemplo.
Os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Ciro Nogueira, estarão na OCDE na quinta-feira durante a aprovação do “roadmap”.
De 20 a 24 de junho, uma missão técnica da OCDE, chamada de “kick off mission”, participará do Fórum Brasil/OCDE com representantes do governo brasileiro, para das negociações para o país se enquadrar em normas da entidade.
Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE, será recebido por Bolsonaro no dia 22 em Brasília, marcando simbolicamente o lançamento concreto do processo de acessão do país à entidade.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ampliar frotas de elétricos é essencial para reduzir dependência.
A guerra na Ucrânia cria uma inflexão da política energética mundial, com países buscando assegurar independência em relação ao gás russo, enquanto tentam reduzir sua pegada de carbono, sob o contexto do Acordo de Paris. Segundo especialistas, embora a transição energética esteja acelerada no planeta, não significa que a dependência dos combustíveis fósseis será extinta em um passe de mágica. Eles ainda terão papel predominante na economia por, pelo menos, duas décadas.
A frota global de veículos elétricos tem batido recordes anuais de vendas e poderá superar 25 milhões de unidades até o fim do ano, segundo estimativas de mercado, mas esse número ainda é muito pequeno: menos de 5% da frota total mundial.
Investir na mobilidade elétrica e ampliar a frota de ônibus elétricos serão passos essenciais para que a dependência de combustíveis fósseis seja diminuída. “Muito se fala do hidrogênio verde, mas os ônibus ainda não consomem hidrogênio verde, os aviões não são abastecidos por ele, então existe um grande desafio pela frente”, diz o presidente da consultoria PSR, Luiz Barroso.
Há duas semanas, a União Europeia lançou um programa com foco na redução da dependência da Rússia. A iniciativa consiste em três pilares: aumento do uso de renováveis de 40% para 45%, mais eficiência energética e aceleração da adoção do hidrogênio verde. Só a Alemanha gasta cerca de € 2 bilhões em importações de gás, carvão e óleo dos russos.
“Três meses depois do início da invasão, o conflito traz uma nova postura dos europeus, que buscarão reduzir sua dependência da Rússia”, afirma Ana Paula Tostes, senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Apesar da postura, reduzir a dependência do gás não é algo feito rapidamente e em passe de mágica. Exige mudança de matriz e nova infraestrutura. Na Alemanha, cerca de 40% do gás vem da Rússia.
Relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), das Nações Unidas, divulgado este ano, mostra que 2025 é o limite para que a média anual global das emissões de gases do efeito-estufa atinja seu ponto de inflexão e passe a cair. Ficar dentro da meta significa que nos próximos três anos as emissões precisam passar a cair de forma sustentada e chegar a 2030 com uma redução de 43% em relação a 2019. O contexto atual mostra um desafio crescente no curto prazo.
Nos próximos meses, na Europa, a dependência de derivados de petróleo pode aumentar em razão do conflito entre Ucrânia e Rússia. Para elevar estoques de gás e se precaver contra o inverno que se inicia em dezembro, muitos países europeus estão elevando o uso de diesel. Isso cria oportunidades para o Brasil, muitas filiais de empresas europeias poderão aumentar investimentos no país, cuja matriz elétrica tem 83% de índice de renovabilidade, bem acima dos 29% registrados na média internacional.
Para a presidente da Associação Brasileira da Energia Eólica, Elbia Gannoum, fundos internacionais de grande porte como BlackRock têm indicado que seu foco são investimentos na agenda ESG, um sinal de que as mudanças climáticas ascenderam na agenda mundial. Com tecnologia de renováveis mais acessível e barata, investidores olhando mais a fundo a sustentabilidade e o contexto internacional, a transição se acelera com o conflito atual.
“Países estão buscando uma retomada econômica com investimentos verdes, exemplo maior nos Estados Unidos. Alemanha e Inglaterra também indicam a mesma trajetória. A invasão russa na Ucrânia foi a pá de cal nessa discussão. Faltava uma governança global para uma decisão global para que a transição fosse acelerada”, diz.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Apesar de o desenvolvimento de usinas eólicas e solares ter ficado mais caro, setor de renováveis deve seguir crescendo.
O desenvolvimento de usinas eólicas e solares ficou mais caro no Brasil. Essa realidade resulta do aumento dos preços de componentes usados na geração de energia renovável que, por sua vez, é reflexo dos impactos na cadeia logística global de commodities como resultado da guerra na Ucrânia. O cenário, no entanto, não deve frear o ritmo de crescimento dos setores, dizem especialistas. A recuperação do consumo depois da retração na pandemia e o conflito na Europa levaram a fortes aumentos nos preços de insumos usados na fabricação de peças usadas na geração renovável, caso do silício das placas solares fotovoltaicas e do aço das torres eólicas.
O vice-presidente de geração centralizada da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Ricardo Barros, afirma que as commodities com maior impacto no segmento de geração solar são silício, aço e cobre. “O aço usado no Brasil é de produção nacional, então o país está bem posicionado em relação a outras economias. Monitoramos também impactos [da guerra] na cadeia logística, que podem gerar riscos ou oportunidades na importação de equipamentos, em especial os módulos, que vêm principalmente da China”, diz.
A distribuidora de sistemas fotovoltaicos Win Solar, do grupo All Nations, por exemplo, tem buscado manter um estoque de produtos. De acordo com a diretora comercial da empresa, Camilla Nascimento, havia a expectativa de uma redução nos preços dos equipamentos este ano depois dos aumentos durante as restrições na pandemia em 2020 e 2021. Com a guerra, no entanto, isso não ocorreu. “Geralmente repassamos aumentos de preços dos novos produtos importados e mantemos os preços do que está no estoque. O receio é a questão logística, de uma eventual falta de produtos para importação para o Brasil, porque a Europa vai demandar mais da China. Estamos buscando nos manter bem abastecidos”, afirma.
A 2W Energia foca na geração eólica e vê a fonte como mais competitiva e consolidada que a solar. A empresa tem dois parques eólicos em construção, Anemus (138,6 megawatts) e Kairós (261 megawatts), com investimentos previstos em R$ 2,1 bilhões. “O custo da eólica ainda é melhor e a cadeia de produção, mais consolidada”, diz o chefe de investimentos da empresa, Walter Tatoni.
A AES Brasil segue no mesmo caminho. A CEO da companhia, Clarissa Sadock, disse em evento neste ano que o plano de negócio visa a diversificação do portfólio em energias renováveis de fontes não hídricas, mas que a prioridade no momento são os projetos eólicos, que estão com o custo mais baixo. “Hoje vemos a eólica mais competitiva, com um preço 30% mais barato do que a solar. Nestes dois anos de pandemia, o preço do frete aumentou absurdamente e vimos as commodities subindo de forma geral. As commodities dos aerogeradores [de turbinas eólicas] subiram 70%, enquanto a commodity do setor solar mais do que quadruplicou”, afirma.
A vantagem competitiva do setor eólico é um pouco maior pelo nível de nacionalização dos equipamentos, que hoje é de 80%, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Já o segmento fotovoltaico sente maior pressão das cadeias produtivas porque praticamente todos os equipamentos são fabricados na China.
Uma pesquisa da consultoria Greener divulgada no começo do ano mostrou que o preço de placas solares estava mais alto mesmo antes da guerra. Em janeiro de 2021, o custo havia subido 8% em relação a igual mês no ano anterior, puxado pelo aumento do frete e das commodities, além do câmbio. A nova realidade mudou a estrutura de custos do setor e tornou os investimentos mais variáveis.
A presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, ressalta que o efeito da alta de custos de componentes é geral e não afeta apenas a geração de energia. “A despeito de a régua de preços estar em outro patamar, outras fontes de energia também tiveram aumentos. A pressão das commodities afeta todos os setores da economia. Mesmo com essa pressão de custos, as energias verdes ainda vão continuar competitivas”, diz.
Especialistas dizem que a alta nos preços de combustíveis fósseis, acelerada pela guerra, tende a incentivar a adoção de fontes renováveis: “O maior risco é que, caso a guerra se prolongue, as elevações de preços dos combustíveis fósseis deixem de ser conjunturais para se tornarem estruturais, já que tais variações drásticas impactam profundamente a fabricação de bens, a oferta de serviços e o transporte de mercadorias e de pessoas, entre outras áreas”, afirma Giorgio Seigne, presidente da You.On, empresa de armazenamento de energia.
Gannoum, da Abeeólica, acrescenta que a situação da guerra colocou em xeque a velocidade da transição energética, mas que despertou também em diversos países a urgência de acelerar a adoção de novas fontes de energia. Na Europa, o incentivo a projetos renováveis tem surgido como alternativa para reduzir a dependência de combustíveis fósseis da Rússia.
“No curtíssimo prazo não há como aumentar a oferta de renováveis, vamos ter que usar combustíveis fósseis. Mas a médio e longo prazos, os países decidiram acelerar a transição energética. Diversos países fizeram pacotes de economia verde nos últimos anos, o que, por si só, cria uma pressão por demanda. Os preços tendem, com isso, a se equilibrar em um nível mais alto”, afirma a executiva.
Os fabricantes do setor também sentem os efeitos do novo contexto de custos. A Siemens Energy informou que vai buscar regionalizar os fornecedores, diminuindo a dependência de grandes transportes, como contêineres. A fabricante de equipamentos eólicos Vestas passou a buscar fornecedores locais no Brasil, depois de atrasos em entregas no ano passado. A WEG reforçou estoques estratégicos de matéria-prima.
“Ao longo de 2021 reforçamos os estoques estratégicos. Obviamente, isso teve um preço, que foi carregar o capital de giro na linha de estoques além da necessidade, mas nos dá certo conforto neste momento de incertezas”, explicou o diretor financeiro da WEG, André Rodrigues.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Ruralistas defendem “adequações”, mas enfrentam oposição dos ambientalistas.
Dez anos após a aprovação do Código Florestal, e com o ambiente político favorável, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pretende iniciar debates para tentar modificar pontos sensíveis da lei. Lideranças ruralistas defendem “adequações” na legislação, tida como a mais rigorosa do mundo, para que o país aproveite a crescente demanda mundial por alimentos.
A FPA garante que só proporá mudanças com base científica, mas ambientalistas alertam que qualquer flexibilização será encarada como um afrouxamento e colocará em risco áreas sensíveis, as exportações de produtos brasileiros e a já arranhada imagem do país no exterior.
Os ambientalistas querem evitar “retrocessos” e a ampliação de “anistias” a crimes ambientais. Sem avanços na validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e com o Brasil ainda longe de iniciar a fase de regularização dos imóveis rurais, eles reforçam que é hora de cumprir e implementar a lei, e não de alterá-la.
“Embora a lei ainda seja muito atual, pode avançar, e muito. Começaremos a rediscussão do Código Florestal em um momento em que Brasil se constitui como um player que precisa de uma estrutura para atender à necessidade mundial por alimentos ”, afirmou recentemente o ex-presidente da FPA, deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), em entrevista.
Pontos sensíveis, como o tratamento reservado à Mata Atlântica - que tem uma lei específica - dentro do Código Florestal e as delimitações da Amazônia deverão entrar em pauta. Vários temas já são tratados em projetos de lei em tramitação na Câmara e no Senado. “Temos que discutir para desmistificar que a Amazônia Legal é limite de bioma, de comportamento ambiental de uma região para preservação de fauna e flora. Não é”, disse Moreira.
Outro lado
Os ambientalistas dizem que a medida pode regularizar o desmatamento de milhões de hectares e retirar a necessidade de restauração de outros milhões de hectares em Mato Grosso, por exemplo. “Estamos precisando cuidar das leis que a gente tem, aplicá-las e parar de inventar confusão que afastam a atenção e criam descuidos”, afirmou ao Valor Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama).
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, pondera que ainda falta segurança jurídica para a legislação ambiental brasileira, que foi questionada por anos no Supremo Tribunal Federal (STF). “O Código Florestal tem que ser implementado completamente na forma que foi criado, e a insegurança atrapalha”, observou Leite em reunião da FPA.
Alceu Moreira citou também a intenção de alterar as regras sobre a exploração de áreas de preservação permanente (APPs). Segundo ele, “preconceitos ideológicos” impedem o uso sustentável dessas áreas por produtores - para o represamento de água em açudes, por exemplo. “Tivemos secas no Rio Grande do Sul e em vários lugares, mas é proibido fazer açude e barramento de água em APP. Quando seca tudo, o que fica da flora do terreno liquidado pela seca?”, questionou.
Suely Araújo lembra que o Código Florestal já prevê as hipóteses de intervenção nas APPs (como uso de utilidade pública e baixo impacto ambiental), mas que elas precisam ser analisadas e licenciadas pelo órgão responsável. “Dá para fazer muita coisa, é falso o discurso de que as APPs são intangíveis”, afirmou ela.
Mata Atlântica
A principal preocupação, porém, é com o tratamento da Mata Atlântica, bioma que tem lei específica com uma “camada a mais de regras” para a proteção de remanescentes florestais em diferentes estágios. “Não temos nem 12% de vegetação remanescente, é o bioma mais degradado. É inadmissível tentar flexibilizar a lei como estão tentando fazer. É um esforço criminoso de tentar acabar com aquele bioma”, apontou Suely. “Se aplicarmos a lei da Mata Atlântica na íntegra, um Estado como o Espírito Santo acaba”, rebateu o deputado Alceu Moreira.
O parlamentar ressalta que a rediscussão da lei ambiental respeitará argumentos e comprovações científicas. Mas ele diz que o momento político permite dar outros passos não alcançados há dez anos - quando, em sua opinião, “existiam verdades estabelecidas em narrativas que não permitiram que se fizessem avanços maiores na legislação, pois isso feria o discurso predominante”. O governo Bolsonaro tem sido alvo de duras críticas na área ambiental, entre outros razões porque o desmatamento voltou a crescer aceleradamente na Amazônia.
Mas, na visão de Moreira, o Brasil apenas deixou de ser reativo e de fazer um discurso de vitimização para o mundo na área ambiental. Seguindo o mantra de que o país é uma potência agroambiental e diante de medidas pontuais ao redor do mundo na contramão da cartilha ambientalmente correta - como a permissão para cultivo em áreas preservadas nos Estados Unidos e na Europa -, a bancada ruralista fala em “restabelecer a verdade” sobre a produção nacional. “Qualquer lei ambiental que pode ser aplicada universalmente no mundo inteiro serve ao Brasil”, disse o parlamentar.
Não é o que pensa a ex-presidente do Ibama Suely Araújo. Para ela, as constantes tentativas de alterar a lei dão sinais ruins de que as regras nunca serão cumpridas no país, o que estimula ilícitos. “Ambientalistas e ruralistas têm que se comprometer com o que foi compactuado na época de aprovação do Código Florestal”, afirmou. “A impressão que dá é que quem está sendo afetado na sua atividade econômica não quer que as leis sejam aplicadas”.
Para a especialista, a principal mudança proporcionada pelo Código Florestal foi a possibilidade de regularização ambiental das propriedades, o que não começou a ocorrer por atrasos na validação do CAR. Ela diz que há uma “inação” por parte dos Estados e que o comando federal, por meio do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), precisa ser efetivo.
O lado bom, segundo Suely Araújo, é o uso dos registros para a fiscalização de irregularidades. “Vi de perto, no Ibama, que a fiscalização teve um ganho grande mesmo com cadastros declaratórios, pois já é um começo de identificação”.
Nesta semana, o diretor do SFB, Pedro Corrêa Neto, disse que o governo vai elaborar um plano até outubro com prazos e indicadores claros sobre os itens que faltam ser implementados do Código Florestal. “Nosso desafio é demonstrar que temos potencial de crescimento, mas que vamos cuidar do meio ambiente. ”, afirmou o presidente da FPA, deputado Sérgio Souza (MDB-PR).
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Proposta obriga distribuidoras a devolverem cerca de R$ 48 bilhões em créditos tributários.
O Senado aprovou ontem projeto que prevê que distribuidoras de energia repassem integralmente créditos tributários referentes à incidência indevida do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na conta de luz paga pelos consumidores.
Se a proposta, que vai à Câmara, for confirmada, cerca de R$ 48 bilhões em créditos já habilitados e passíveis de compensação teriam de ser utilizados imediatamente para a redução do valor da conta de energia. O texto foi aprovado pelos senadores de forma simbólica e rapidamente, em votação extrapauta.
Após mais de 15 anos de cobrança, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
No caso do setor elétrico, a decisão gerou um credito tributário de R$ 60 bilhões em favor das distribuidoras (que ingressaram com ação) junto à União, pois foram elas que atuaram como repassadoras deste imposto. A Aneel alega que R$ 13 bilhões de créditos já têm sido utilizados para redução de tarifa. A decisão dos senadores é criar um horizonte mais claro quanto à devolução desses créditos tributários, com garantia de devolução de 100% dos créditos ao consumidor.
“Não há dúvidas quanto ao fato de que o consumidor deve ser o beneficiário final desses créditos. Afinal, foi o consumidor que pagou a contribuição para o PIS/Pasep e para a Cofins em valor maior do que aquele que deveria ter sido cobrado”, alegou o relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM). “Estamos, aqui, fazendo justiça ao consumidor de energia do país, ao cidadão que pagou indevidamente, por mais de 15 ou 20 anos uma bitributação. Estamos devolvendo com justiça esses valores pagos a mais a esse trabalhador, de forma regrada, organizada e rápida”, completou Braga.
A proposta é de autoria dos senadores Fabio Garcia (União Brasil-MT) e Wellington Fagundes (PL-MT), que ressaltaram a necessidade de que esses créditos sejam repassados o quanto antes para as tarifas de energia elétrica, a fim de mitigar os elevados reajustes que têm ocorrido em 2022. “A medida, inclusive, permitirá que os consumidores coloquem suas contas em dia, o que reduzirá a inadimplência junto às distribuidoras e que já foi por elas apontada como causa de desequilíbrio econômico-financeiro de seus contratos”, apontaram os autores do projeto.
A proposta prevê ainda que as distribuidoras possam antecipar o aproveitamento dos créditos, o que seria feito mediante acordo entre a Aneel e as distribuidoras de energia. Isso porque, na visão dos senadores, estas lucraram com o aumento da inflação, e portanto teriam capacidade de realizar a antecipação.
A articulação no Congresso Nacional é para que os deputados também aprovem rapidamente a medida, possivelmente sem alterações, para que o projeto possa seguir nos próximos dias para sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: Extra Online.
Deputado Cacá Leão vai liderar comissão que vai discutir o projeto do novo modelo do setor elétrico.
A comissão especial que vai analisar o PL 414 foi instalada nesta quarta-feira, 1º de junho, com a eleição do deputado Cacá Leão (PP-BA) para a presidência. O parlamentar, que estava ausente da sessão, recebeu o voto de nove dos dez integrantes que registraram presença na sessão.
Um dos presentes era o deputado Fernando Coelho Filho (União-PE), que tinha sido designado relator antes da decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de determinar a instalação da comissão, em vez de votar a urgência da matéria para a aprovação direta em plenário. Coelho filho deverá ser mantido na relatoria.
O deputado Paulo Ganime (Novo-RJ) lamentou a decisão de Lira e lembrou que o projeto de reforma do modelo comercial do setor elétrico poderia estar sendo apreciado pelo plenário, pois tem assinaturas e apoio suficientes para isso. Ele disse que outras medidas que também não passaram por comissões especificas estão sendo votadas.
“Fica o lamento de que essa comissão tenha sido criada e que essa matéria não tenha ido diretamente ao voto no plenário , como diversas outras que tangem ao mercado de elétrico. Essa aqui é uma mudança estruturante”, reforçou Ganime.
Segundo o parlamentar, estudos comprovam que as medidas tratadas no projeto de lei podem reduzir o preço da energia elétrica de forma bastante razoável e o impacto inflacionário nos preços de produtos e serviços. “E a gente está aqui protelando essa votação.”
Ganime defendeu que a matéria não seja usada como subterfúgio para inclusão de propostas prejudiciais ao povo, e pediu o apoio dos demais parlamentares da comissão ao relator da matéria, para evitar que isso aconteça. “Sei que essa não é a intenção do deputado Fernando, que já se comprometeu em vários pronunciamentos a preservar o objeto principal do texto, sem inclusão dos famosos jabutis, Brasduto ou qualquer outro tema que possa ser prejudicial para a população, e que atenda interesses específicos. Mas é claro que ele sozinho não consegue garantir isso. Por isso, é importante a participação de todos que tem interesse em melhorar a vida das pessoas aqui.”
O grupo será formado por 18 titulares, e não 17, como tinha sido informado no portal da Câmara, com o mesmo número de suplentes designados. Caberá ao presidente eleito marcar a data da próxima reunião.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Redução da conta de luz para cada consumidor vai depender do volume de eletricidade gasto mensalmente, do tipo de uso (residencial, comércio ou rural) e do Estado.
O projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados para cortar o ICMS sobre combustíveis e energia elétrica terá impactos muito díspares na conta de luz. A redução para cada consumidor vai depender do volume de eletricidade gasto mensalmente, do tipo de uso (residencial, comércio ou rural) e do Estado onde cada um está. Em alguns casos, só as residências com maiores gastos - e, portanto, onde estão famílias mais ricas - serão beneficiadas. Em 13 das 27 unidades da federação, os produtores rurais não devem sentir impacto da mudança por já pagarem hoje alíquotas menores do imposto.
O projeto classifica combustíveis, energia elétrica, transporte coletivo e comunicações como serviços essenciais, o que proíbe os governos locais de cobrarem alíquota de ICMS superior à geral, que varia de 17% a 18%, dependendo de cada Estado (veja tabela ao lado). Hoje, esses serviços são tratados como supérfluos e, por isso, a alíquota pode ser maior - e chega a até 34%.
Autor do projeto, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) disse que a estimativa do Ministério de Minas e Energia é que o projeto reduza em cerca de 12% as tarifas de energia. Nas contas do Instituto Acende Brasil, o ICMS equivale, em média, a 21,3% da conta. “Se o projeto for adiante, estabelecendo cobrança de 17%, na média haveria diminuição de 4,3% na conta de luz. Mas isso é a média. O impacto individual para cada grupo será bem diferente porque cada Estado tem sua política e alíquotas por grupo”, disse o presidente do instituto, Claudio Sales.
Levantamento do Valor com base em dados do parecer do deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) ao projeto, de portal mantido pelo Confaz com as alíquotas do ICMS e dos sites das distribuidoras de energia mostra que, de fato, o impacto pode nem ser sentido por muitos dos consumidores, principalmente por aqueles com gasto menor de eletricidade em sua residência, além de parte da indústria e dos produtores rurais.
São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Sergipe e Mato Grosso do Sul já taxam a indústria na alíquota padrão de seus Estados e, portanto, não haverá redução. Em Alagoas, o corte no ICMS será de 18% para 17%, praticamente insignificante. Outros governos estaduais, contudo, precisarão diminuir bastante o imposto para esse setor: Pernambuco, por exemplo, deverá cortar de 27% para 18% o ICMS e Santa Catarina, de 25% para 17%.
Os maiores cortes de impostos devem ocorrer em Estados que já estão, justamente, com dificuldades financeiras, como Minas Gerais (que cobra 30% do consumidor residencial e 25% da indústria, comércio e serviços), Rio de Janeiro (que taxa em 31% o consumidor com gasto acima de 301 Kwh) e Goiás (29%). Os secretários da Fazenda vem reclamando que a perda de arrecadação com o ICMS deve ficar entre R$ 65 bilhões e R$ 81 bilhões para todos, o que comprometeria a prestação de serviços públicos para a população. Também haverá corte significativo na Bahia, Alagoas, Ceará, Paraná e Paraíba.
Estado mais populoso do país e onde estão algumas das maiores empresas, São Paulo não verá mudança muito significativa já cobra a alíquota padrão da indústria, comércio e serviços, de 18%. Os produtores rurais também não sentirão efeito: são isentos de ICMS até gastos de mil quilowatt-hora (Kwh) e, acima disso, pagam 12%. Para os consumidores residenciais, só aqueles com consumo maior de eletricidade, acima de 200 kwh por mês, serão beneficiados, ao ver a alíquota cortada de 25% para 18%. Quem consome menos já paga 12%.
Esse diferimento na tarifa residencial (quem gasta mais tem alíquota maior) ocorre em 14 dos 27 Estados, com valores diferentes em cada um. O projeto, nesses casos, deve acabar por beneficiar famílias de renda maior ou maior número de pessoas.
Para contornar isso, os deputados adotaram duas medidas. A primeira, determinar no projeto que as alíquotas de combustíveis, energia e gás natural não poderão ser majoradas após esses serviços serem classificados como essenciais. Isso, segundo um técnico, ocorreu para evitar que os governos locais acabassem com alíquotas menores para determinados grupos para compensar a perda de receita.
Outra medida é aprovar projetos complementares para reduzir a conta de luz mesmo para os grupos que não tiverem mudança na alíquota do ICMS. Dentro desse projeto, já foi incluída proibição de cobrança do imposto sobre as taxas de transmissão, distribuição e encargos setoriais de energia. Também será votado projeto para vedar o ICMS sobre as bandeiras tarifárias e agilizar o uso de créditos tributários.
O texto ainda precisa ser aprovado pelo Senado. O relator, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), apresentará parecer já na próxima semana com “aprimoramentos” e disse que os secretários de Fazenda devem apesentar de seis a oito sugestões, como mudar o gatilho para que a União seja obrigada a compensar os Estados por perda de receita, mas que o projeto será votado “o quanto antes”.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Para que o setor privado prospere neste processo, são fundamentais avanços na regulação e ação pública.
O mundo passa por uma série de desafios que se sobrepõem: uma crise ambiental já em fase de emergência climática, um aumento da desigualdade e retrocessos sociais, riscos geopolíticos em meio a um retrocesso do multilateralismo, uma pandemia inacabada e novas possíveis crises sanitárias, uma tendência de reversão da globalização que pode se tornar irreversível nos próximos anos.
Estes desafios continuarão a provocar inseguranças e a aumentar a pressão por transições forçadas. Neste contexto, promover o desenvolvimento requererá entender a direção dos ventos, saber quando se deve remar a favor ou contra a maré, desenhar e implementar estratégias envolvendo distintos atores. Esta coluna pretende refletir sobre estes temas. Este primeiro texto, assinado com Roberto Alvarez, diretor do GFCC, trata sobre um inadiável tema: a transição energética.
Há um horizonte enorme para inovação em energia e é nisso que a Europa, os Estados Unidos, a China, o Japão e outros apostam. A energia do futuro será limpa (descarbonizada), em grande parte gerada de forma distribuída e digital – isto é, habilitada pelo uso de tecnologias digitais para o controle e ajuste da demanda e oferta em tempo real nos sistemas de geração, distribuição e transmissão. A cidade do futuro será elétrica, assim como a mobilidade urbana e nacional. As matrizes energéticas serão mais plurais, combinando diferentes fontes de geração. No médio e longo prazo devemos esperar avanços até mesmo na fusão nuclear, a fonte sustentável definitiva.
Poucos países podem beneficiar-se desta transição como o Brasil. Nas últimas décadas no país, expandiu-se rapidamente a geração solar e eólica – aproveitando-se de um avanço da tecnologia para além das expectativas de muitos observadores qualificados. Em 2022, a capacidade de geração eólica chegou a 21 GW de potência instalada, enquanto a solar atingiu a marca de 14 GW, igualando a usina de Itaipu.
Com uma matriz energética sustentável, uma larga experiência com energias limpas e uma história de empreendedorismo no setor, “esverdear” ainda mais e modernizar a matriz energética pode ser parte fundamental para um novo eixo de crescimento, de geração de emprego, e desenvolvimento para a economia brasileira.
O Brasil principalmente pode e deve combinar transição energética com inovação – aliás, só poderá ter sucesso na primeira se avançar na segunda –, aproveitando os novos modelos descentralizados e digitais para energia que estão surgindo. E deve ousar na produção de novos combustíveis – como por exemplo o biogás, que já está crescendo muito no país, e o hidrogênio verde, que apresenta enorme potencial para a exportação –, especialmente depois que a invasão russa à Ucrânia ampliou o desejo, sobretudo na Europa, de aumentar sua segurança geopolítica sem reverter o esforço de descarbonização.
Para isso, o país precisa ter estratégia, planejar, desenvolver tecnologias, promover, agregar projetos, e transformá-los em parte de um programa articulado de desenvolvimento – conectando ciência e tecnologia, diplomacia econômica, inserção internacional, formação da força de trabalho, avanços na regulação e assim por diante. Precisará atacar simultaneamente dois grandes gargalos: a geração de pipelines de projetos de empreendimentos de energia e a promoção da inovação em tecnologias e modelos de negócios.
No passado, as estatais predominaram no desenvolvimento de tecnologia e soluções para energia no Brasil. Este é um novo momento. O país tem empreendedores e empresas resilientes que podem levar adiante uma nova fase de desenvolvimento do setor, com mais empreendimentos voltados para o futuro, de forma conectada com o mundo.
Paradoxalmente, para que o setor privado brasileiro prospere neste processo, são fundamentais avanços na regulação e na ação pública. Há que se reconhecer que, no primeiro caso, esses avanços foram promovidos, por exemplo, com a Resolução Normativa 482/2012 da Aneel que regulamentou a geração distribuída, permitindo a criação de novos mercados e o surgimento de novos empreendimentos focados em energias renováveis.
Mas há mais por fazer, como o aprimoramento e expansão da tarifa branca, habilitando a tarifação horária no futuro, que pode deslanchar uma nova era de inovação, dar mais liberdade aos consumidores e produtores, criar mercados e apontar para a digitalização da energia.
É especialmente importante evitar retrocessos, com escolhas que não obedecem a racionalidade econômica – como por exemplo a lei recente que mantém os incentivos à compra e geração de energia a partir do carvão. Evidente que o Estado deve atentar para o desenvolvimento e o futuro das economias locais – principal justificativa para a lei. Essa preocupação deveria, contudo, ser voltada para a construção de futuro, com foco na inovação, na transição dessas economias, no desenvolvimento de novas competências e na requalificação da força de trabalho.
Ainda é preciso aprimorar outro tipo de ação pública, voltada a mobilizar os empreendedores, nacionais e estrangeiros. E ela requer uma nova “conversa”, superando a verdadeira obsessão em atar as mãos do Estado. Parte dela se associa ao financiamento dos investimentos necessários. Aqui há desafios antigos e, mais especialmente, novos.
Por exemplo, investimentos no setor de energia historicamente se ligam à criação ou expansão de ativos capital-intensivos, com altos custos afundados (sunk costs) e de longo prazo de maturação dos investimentos e de retorno. A estes “velhos” desafios se somam os de financiar o setor de energia do futuro. Nele, grande parte dos investimentos necessários estão associados a projetos de menor escala, mas com enorme potencial de inovação e criação de empregos verdes. É o caso dos investimentos associados à energia limpa decentralizada, mas também nas áreas de digitação e conectividade, e inovação em tecnologias e processos.
Mesmo em países com sistemas financeiros sofisticados e integrados, é escassa a oferta de financiamento com prazos e custos apropriados. Os instrumentos de política, como os bancos públicos, e especialmente os de desenvolvimento, podem ajudar muito, como um estudo recente demonstra. Mesmo em economias desenvolvidas, estes bancos apoiam a originação e agregação de projetos em pipelines, e criam pontes para a captação de capital especializado, no mercado nacional e internacional. Mas também ajudam desenvolvendo instrumentos e mercados, pilotando modelos, e acelerando o crescimento do setor de finanças verdes. É preciso que tenham a capacidade (e o mandato) para entrar rápido quando as oportunidades se oferecerem e – o que é importantíssimo! – saírem quando os agentes e mercados privados começarem a suprir estas necessidades.
São em momentos de crises globais que muitos projetos individuais e nacionais foram lançados, e deles advieram caminhos de prosperidade depois admirados. Foi o caso dos Estados Unidos no começo do século passado, da Europa e do Japão no pós-Segunda Guerra, das novas economias emergentes asiáticas nos turbulentos anos 1980 e 1990. O Brasil já perdeu muitas oportunidades, mas agora tem mais uma chance de redefinir sua estratégia de crescimento e investimentos, e deslanchar um novo modelo de desenvolvimento. Em um momento de crise social e econômica sem precedentes, esta redefinição nunca foi tão imprescindível e urgente. Será preciso fazer escolhas. Escolher o futuro frente ao passado deveria estar no topo da lista.
Fonte e Imagem: Portal Jota.
O presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira (PP-AL), criou uma Comissão Especial para proferir um parecer sobre o Projeto de Lei 414/2021, que trata da modernização do setor elétrico.
A decisão de Lira contraria as expectativas do mercado, que esperava que o PL tramitasse em regime de urgência no plenário, uma vez que o relatório do deputado Fernando Coelho Filho (União-PE) está pronto e circulando há meses.
Segundo fontes ouvidas pela MegaWhat, o acerto que havia entre o governo e Lira para a votação do PL 414 foi prejudicado pelas notícias que circularam recentemente sobre a inclusão de emendas com bilhões de reais em subsídios para construção de gasodutos no país, o chamado Brasduto.
A Comissão Especial será composta por 17 membros titulares e mais 17 suplentes, sendo ainda necessária a indicação das lideranças partidárias dos membros.
O PL contemplava, entre várias questões, a abertura do mercado livre de energia para vários consumidores. A medida é tida como fundamental para garantir os planos de crescimento da Eletrobras no longo prazo. O processo de privatização da companhia passa pela descontratação da sua energia hoje alocada no regime de cotas, pela qual ela recebe uma receita apenas para operação e manutenção dos ativos.
Uma vez que as hidrelétricas da Eletrobras estejam "descotizadas", a companhia terá liberdade para fazer contratos mais atrativos para venda dessa energia. Para isso, é importante a abertura do mercado livre, que permitirá demanda para essa energia descontratada.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Abrace também quer que agência anule todo o leilão emergencial, que contratou energia a preços acima da média.
A Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres) recorreu nesta 2ª feira (30.mai.2022) à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para que a agência revogue a decisão que permitiu que 4 usinas vencedoras do leilão emergencial de outubro fossem substituídas temporariamente por uma já existente. Eis a íntegra (445 KB) do recurso.
Em 17 de maio, o diretor Efrain Cruz, relator do pedido da Âmbar Energia, permitiu a produção pela termelétrica Mário Covas no lugar das usinas Edlux X, EPP II, EPP IV e Rio de Janeiro I até que entrem em operação. A Âmbar adquiriu as 4 usinas contratadas no leilão no início de maio. As UTEs eram da EPP (Evolution Power Partners), que não conseguiu avançar com os processos de licenciamento.
No recurso apresentado à Aneel, a Abrace afirma que não se sustenta o argumento do relator de existência de “interesse público” para ser concedida a substituição.
Diz que o custo de despacho das usinas contratadas por meio do Procedimento Competitivo Simplificado é extremamente elevado.
De fato, o Poder360 mostrou que o preço médio das usinas a gás natural, por exemplo, é 7 vezes a média dos leilões dos 10 anos anteriores.
“Não há que se justificar o repasse de custos da operação das termelétricas ora em questão para os consumidores sob a alegação de interesse público, uma vez que não mais se encontra justificativa para a entrada em operação das UTE’s”, disse a Abrace, no pedido à Aneel.
A associação afirma, ainda, que o leilão foi realizado por uma determinação da antiga CREG (Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética), grupo interministerial criado em junho de 2021 pelo governo federal para definir as ações de enfrentamento da crise hídrica.
A decisão do leilão se deu pelas circunstâncias extremamente difíceis de produção de energia em que se encontrava o Sistema Interligado Nacional. Essa situação mudou depois do grande volume de chuvas sobre os reservatórios durante o período úmido.
“Importante dizer que, ainda que houvesse necessidade dos despachos térmicos nos períodos compreendidos como crise hídrica, onde houve baixas nos reservatórios de água, não se vislumbra no presente momento circunstâncias que se aproximem de tal cenário e que justifiquem se passar por cima de todas as regras que embasaram a realização do PCS“, disse a Abrace, no recurso.
O Poder360 apurou que a Aneel deve tomar uma decisão sobre o caso ainda esta semana. A substituição autorizada pela agência também está na mira do TCU.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Mercado tem potencial para movimentar US$ 200 bilhões em 20 anos.
O Brasil pode se tornar uma potência em hidrogênio verde, um mercado que poderá movimentar US$ 200 bilhões em 20 anos, segundo estudo da McKinsey. Com vento, sol, recursos hídricos, o país tem a possibilidade de produzir energia renovável 24 horas por dia, sete dias da semana. Como o Brasil possui uma matriz energética composta por cerca de 85% de energia renovável, principalmente hidrelétrica, mas com presença crescente de energia eólica, solar e de biomassa, e um sistema interligado robusto de transmissão, pode, segundo especialistas, ter o custo mais competitivo do mundo. “A guerra entre Ucrânia e Rússia acelera a transição, enquanto os países e empresas buscam descarbonizar suas atividades”, diz André Clark, vice-presidente sênior para o hub América Latina da Siemens Energy e diretor geral da Siemens Energy Brasil.
Clark enxerga duas ondas de expansão do hidrogênio verde. A primeira, de curto e médio prazo, já está em andamento. São indústrias químicas, siderúrgicas e mineradoras que têm projetos para modernizar seu processo e reduzir a emissão. Fabricação de uma pelota de minério de ferro sem carvão, um combustível de aviação mais verde, refinarias já existentes que passam por modernização para usarem hidrogênio verde, caso por exemplo, da Colômbia.
A segunda onda seria voltada a grandes projetos e poderia inclusive contemplar a expansão da geração eólica offshore (alto-mar), aproveitando a geração desses parques e já fazendo a transformação do hidrogênio no oceano. “Hoje estamos na primeira onda, e vejo pelo menos cinco a sete projetos de boa qualidade no Brasil, até 2025, cada com R$ 1 bilhão em investimento”, afirma.
Clark não revela o projeto, nem os investidores, mas tem a expectativa de fechar o primeiro contrato ainda neste ano de um empreendimento que poderia movimentar R$ 1 bilhão em investimentos. “Há muita procura e o Brasil tem ativos que podem ser modernizados sob essa ótica”, aponta. Na Bahia, segundo ele, as refinarias do Polo de Camaçari, com mais de 40 anos, são exemplos de plantas que poderiam passar por modernização.
Hoje os dois grandes desafios para o hidrogênio verde são custo e transporte. O processo, a partir da eletrólise de água (que inclusive pode ser do mar) com o uso de energia gerada por fontes renováveis, é considerado caro, estimado em US$ 6 por quilo. Mas, segundo estudo da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), o custo atual do hidrogênio verde pode cair para US$ 1 a US$ 2 por quilo na década de 2030. O Brasil estaria entre os países mais competitivos do mundo: segundo o estudo da McKinsey, o custo brasileiro ficaria ao redor de US$ 1,50 por quilo em 2030, alinhado às melhores localizações dos EUA, Austrália, Espanha e Arábia Saudita.
“A União Europeia acabou de lançar um programa para reduzir o uso de gás russo e o hidrogênio verde é um dos pilares. Vai haver produção local e importação, o grande desafio será tirar do papel”, diz Luiz Augusto Barroso, presidente da consultoria PSR. Outro entrave é seu transporte, que pode ser feito de três principais formas: como gás (comprimido), liquefeito ou através de um outro produto químico, como amônia ou metanol. A questão da logística será fundamental para que o Brasil seja competitivo. A exportação poderá ser facilitada por navios, por isso o interesse de portos brasileiros.
Maior empresa global na produção de gases industriais e engenharia, a Linde é representada na América do Sul pela White Martins, que tem sido procurada por portos brasileiros. Já foram firmados três memorandos de entendimento, com o porto de Açu (RJ), com o governo do Rio Grande do Sul e com o porto de Pecém. Em breve, deve ser assinado um quarto memorando. “Os portos têm interesse em ter empresas com conhecimento na cadeia de produção. Vemos muito interesse de investidores em formar associações para diluição de riscos em uma tecnologia nova”, afirma o presidente da White Martins, Gilney Bastos. Ele também vislumbra os primeiros contratos fechados até 2025. “Estamos conversando com indústrias de alimentos, siderúrgicas, petroquímicas”, afirma.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: Diário do Nordeste.
Produto biomassa é o que teve menor deságio, de 0,02% ante o preço inicial.
O leilão de energia nova A-4 de 2022 terminou com pouco mais de uma hora de duração. Foram negociados 237,5 MW médios, confirmando a expectativa de baixa demanda. Foram 29 projetos com menos de 1 GW de nova capacidade viabilizada e 190 MW em potência injetada no certame ao preço médio de R$ 258,16/MWh deságio global de 9,36%.
De acordo com dados do leilão realizado pela CCEE o investimento previsto no certame é de R$ 7 bilhões. O montante de energia negociado ficou em 37,6 milhões de MWh e o valor dos contratos de R$ 9,7 bilhões.
Foram 189,75 MW em potência viabilizada de PCHs e CGHs em 18 empreendimentos e 84,1 MW médios ao preço médio de R$ 281,65 por MWh, desconto de 10,5% ante o preço inicial de R$ 315/MWh.
As fontes eólica e solar que concorreram no mesmo produto viabilizaram nove projetos somando 349,15 MW. Foram 4 projetos eólicos, dois na Paraíba e dois na Bahia. O restante foi solar, todos em Pernambuco. O deságio desse produto foi o maior com 20,5%, quando comparado ao preço inicial de R$ 225/MWh. No produto biomassa que teve um desconto de R$ 0,07 no preço inicial de R$ 315/MWh com duas usinas e potência de 409 MW.
Apenas três empresas declararam demanda, a Cemig que foi a maior compradora com pouco mais de 15 milhões de MWh, depois a Light com 12,3 milhões de MWh e depois a Coelba com 10,2 milhões de MWh.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Documento propõe um acréscimo de 3.300 megawatts de PCHs.
A Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (ABRAPCH) defende um incremento de 100%, até 2031, na produção de energia proveniente de pequenas usinas. São 3.700 megawatts (MW) a mais do que o que está sendo proposto no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE – 2031) – estudo divulgado recentemente e que é elaborado anualmente pela EPE, com o apoio das equipes do Ministério de Minas e Energia.
O documento propõe um acréscimo de 3.300 megawatts de PCHs – sendo 500 megawatts em construção e o acréscimo de novos 800 megawatts até 2026, além de 400 megawatts anuais a partir de 2027. Nestes quantitativos estão incluídos os 2.000 megawatts previstos na Lei 14.182 de capitalização da Eletrobras, a serem contratados em futuros leilões A-5 e A-6.
Já a ABRAPCH sugere a implantação de 7.000 novos megawatts de energia proveniente de PCHs, que estariam sendo gerados até 2031, obedecendo um cronograma compatível com os empreendimentos já em construção e os prazos para desenvolvimento dos novos projetos.
Ao todo, seriam 300 megawatts em 2023, outros 400 megawatts em 2024, 500 megawatts em 2025, para 2026 mais 800 megawatts e 1.000 megawatts anuais a partir de 2027. A Associação também defende que se viabilize como prioridade, no menor espaço de tempo possível, os 2.000 megawatts da Lei 14.182, incluídos neste total.
Este acréscimo proposto viria de empreendimentos já outorgados, que aguardam licenciamento ambiental para início da obra, e de projetos registrados e aceitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
De acordo com a presidente da Abrapch, Alessandra Torres, a crise hídrica ocorrida nos anos de 2020 e 2021 deixou clara a necessidade de novas hidrelétricas e, principalmente, novos reservatórios para o abastecimento da população e a geração de energia limpa no Brasil.
“A crise hídrica gerou reflexões sobre todos os processos do setor, desde a operação de curto prazo até o planejamento da expansão de médio e longo prazo. Os investimentos em pequenas hidrelétricas são fundamentais para a redução das tarifas e eliminação de futuras bandeiras tarifárias, em períodos de seca como a que vivemos nos últimos dois anos”, reforça Alessandra.
Segundo ela, a nova gestão da ABRAPCH buscará nos próximos anos a conscientização dos órgãos gestores e de planejamento do setor elétrico brasileiro para que, tendo em vista a inviabilidade de novas usinas e reservatórios de grande porte em um futuro próximo, que sejam implantados os potenciais disponíveis de pequenas usinas, em âmbito nacional.
Para a Associação é fundamental atender a demanda pela geração de energia de fonte hídrica, com distribuição de investimentos e empregos pelo país, trazendo os benefícios ambientais, sociais, econômicos e energéticos que as PCHs representam. “Vamos reforçar a pauta da necessidade de uma maior isonomia tributária e de incentivos em relação às outras fontes, para a viabilização comercial dos projetos disponíveis”, afirma a presidente.
Cenário Nacional
O Brasil tem potencial para expandir a sua capacidade de geração de energia renovável proveniente de Pequenas Centrais Hidrelétricas em até 13.700 megawatts — aumento em aproximadamente quase 300% – com menor impacto ao meio ambiente, se comparado a outras fontes.
Isso porque, atualmente, as PCHs e CGHs somam juntas 6.350 megawatts de potência instalada, com a possibilidade de chegar a aproximadamente 20.000 megawatts com os projetos já inventariados, segundo a Abrapch. Ao todo, são 1.150 usinas em operação no país, com a possibilidade de instalação de outras 1.250, sem contar com o potencial existente no bioma amazônico, que totaliza uma centena de novos possíveis projetos.
O vice-presidente da ABRAPCH, Ademar Cury salienta que o próprio PDE 2031 faz referência ao potencial inexplorado das PCHs e reconhece seus diversos benefícios para a matriz elétrica brasileira.
“No entanto, muito mais precisa ser feito, pois a fonte representa a melhor solução possível para resolver o problema do desequilíbrio estrutural das diversas fontes disponíveis para ampliação da oferta de energia na próxima década. Nossas contribuições neste sentido deverão se estender a outros órgãos de governança do setor elétrico”, afirma Ademar Cury.
Entre as vantagens das PCHs e CGhs estão sustentabilidade, segurança, geração próxima à carga, redução de perdas, menores investimentos em transmissão, tecnologia 100% nacional, desenvolvimento científico/tecnológico, menores prazos de implantação, geração de empregos e capacidade de regularização das vazões dos rios, irrigação e abastecimento humano nos setores agropecuário e de saneamento básico.
Fonte e Imagem: Full Energy.
Proposta em análise na Câmara pretende modificar regras para cobrança da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental.
A incidência da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) foi questionada em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (26). O valor é cobrado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em ações de controle e fiscalização de atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais.
O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), autor de projeto de lei (PL 10273/18) que limita as possibilidades de cobrança da taxa, afirmou considerar a cobrança injusta por não concordar com a forma de cálculo. Segundo ele, não se trata de acabar com a TCFA. "Nós estamos querendo que ela seja cobrada daquilo que tem potencial poluidor. Não tem lógica você ter uma oficina dentro de uma revenda de carro, onde só tem um cantinho que lida com óleo, e o faturamento da loja de carros ser cobrada essa taxa", argumentou.
A proposta de Goergen é que a taxa incida somente sobre atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais que estejam submetidas a procedimento de licenciamento ou autorização ambiental de competência da União.
O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes, James Thorp, defendeu ainda que o potencial poluidor de cada atividade seja definido de forma mais equilibrada na legislação. Para ele, é preciso separar os agentes que atuam no mercado de modo a retratar a realidade, considerando o grau e o potencial de poluição de cada atividade.
"Há necessidade de atualização das faixas de enquadramento de protocolo. A situação atual criou enorme injustiça e está ficando insustentável para o empresário com consequências sociais negativas para toda a sociedade, porque vai acabar gerando desemprego", afirmou.
Critérios
O coordenador de cobrança da Diretoria de Planejamento do Ibama, Roberto Freire de Souza, explicou que o instituto não é responsável por definir os critérios de aplicação da taxa, e garantiu que a cobrança é feita de acordo com o previsto na lei. “A gente, na verdade, está cumprindo a lei. Não é da competência do Ibama se pronunciar no sentido de se é justo ou não o recolhimento dessa taxa no valor e como é cobrada”, disse.
Segundo a coordenadora-geral de qualidade ambiental do Instituto, Rosângela Muniz, a taxa financia toda a atividade de controle e fiscalização do órgão no País. Ela acrescentou que a TCFA está na base da legislação que define a política ambiental brasileira. “Não adianta mudar a lei sem mudar toda a estrutura normativa de controle ambiental sobre determinadas atividades. Essas atividades não estão ali na lei do nada. O legislador não tirou isso do chapéu”.
O projeto que altera a cobrança de Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental aguarda para ser votado na Comissão de Meio Ambiente. O relator da proposta, deputado Nilto Tatto (PT-SP), já apresentou relatório preliminar em que se manifesta contrariamente ao texto.
Fonte e Imagem: Câmara dos Deputados.
No A-5, foram 1.345 projetos cadastrados em 55.822 MW, enquanto no A-6 foram 722 que somam 56.134 MW.
A Empresa de Pesquisa Energética conclui o cadastramento dos empreendimentos para participação nos Leilões de Energia Nova A-5 e A-6 de 2022. De acordo com a EPE, considerando os dois Leilões, foram cadastrados mais de 2 mil projetos, totalizando cerca de 115 GW de oferta. No leilão A-5, foram cadastrados 2.044 projetos que somam 83.005 MW. Já no leilão A-6 foram 722 com potência reunida de 56.134 MW. De acordo com a EPE, Mais de 61% dos projetos cadastrados optaram por aproveitar a documentação de leilões anteriores. A opção dispensa o envio de documentos pelos agentes e reduz o volume de dados avaliados pelo corpo da EPE.
No certame A-5, a fonte solar lidera, com 1.345 projetos cadastrados em 55.822 MW. Em seguida vem a eólica, com 574 usinas e 23.156 MW. As PCHs somam 1.516 MW em 91 empreendimentos, enquanto o biogás e carvão tem 1.328 MW em seis usinas cadastradas. As projetos a biomassa cadastradas no A-5 somam 1 GW em 18. As térmicas movidas a resíduos sólidos urbanos, que tem um produto específico, terão 180 MW divididos em dez empreendimentos. Por estado, a Bahia tem 23% da potência dos projetos cadastrados. Minas Gerais vem em segundo, com 19% e destaque para as solares.
No leilão A-6, o gás natural vem com 31.689 MW e 51 usinas cadastradas. As eólicas disputarão o leilão com 545 projetos em 21.590 MW. Os hídricos reúnem 99 usinas e 1.675 MW, enquanto a biomassa vem com 18 plantas e 1 GW. As nove UTEs de RSU aptos ao leilão somam 176 MW. O Rio de Janeiro lidera por estado, com 29% da potência cadastrada, devido aos projetos a gás natural. A Bahia ficou em segundo, com 19%.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
CCEE considera que há um desequilíbrio no modelo uma vez que o nível de armazenamento em UHEs tem uma participação de apenas 13% para a definição do valor.
Um estudo apresentado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica apontou que diminuir o tempo considerado no histórico de afluências não resolve a questão da volatilidade de preços. A conclusão foi apresentada durante o Fórum Formação de Preços, realizado nesta quarta-feira, 25 de maio, em São Paulo. Agora a entidade deverá debruçar-se sobre o que pode ser a causa da volatilidade, uma vez que o período histórico de 91 anos não é considerado como o culpado pela variação ante a realidade da operação.
Uma das teorias que podem ser consideradas é justamente o que vem se falando no setor há algum tempo, há um desequilíbrio no modelo computacional. Essa situação pode estar localizada justamente nos pesos que cada um dos itens do Fluxo de Custo Futuro possuem. Segundo o estudo, a hidrologia responde por 51% da variação dos valores ao passo que o armazenamento apenas 13% quando o assunto é comportamento dos preços. A carga é responsável por cerca de 10%, a disponibilidade 11,5%, expansão 1,6% e outros fatores por 11,6%.
De acordo com Rodrigo Sacchi, gerente de preços da CCEE, o próximo passo da entidade é de desenvolver estudos nesse sentido, de investigar se o desequilíbrio realmente está nesse ponto, se é necessário diminuir o gap entre o peso da hidrologia futura ante o nível de armazenamento de água em reservatórios.
“O que identificamos é que não faz sentido reduzir o histórico de vazões, apesar da volatilidade de preços da energia”, definiu ele. “Uma das preocupações que temos é entender se essa diferença entre a previsão de hidrologia e o que temos de água armazenada precisa ser reduzida ou se está adequada, precisa ficar claro diante dessa incerteza que temos”, acrescentou.
Segundo dados apresentados no evento realizado, o histórico de vazões de 20 anos apresenta PLD menor apesar dos eventos climáticos mais recorrentes de seca. E isso é explicado pelo local onde as chuvas caem, pela correlação entre seca no NE e sobre de água no Sul e Norte e a geração a fio d’água, que acaba sendo compulsória.
Segundo Sacchi, os estudos deverão começar em breve e não há um prazo para ser terminado. O assunto já esteve no foco da Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (CPAMP), mas não faz mais parte, neste momento, do escopo de atividades do grupo. Esse será um estudo que a própria CCEE desenvolverá para ter o entendimento sobre esse assunto.
“Em tese a hidrologia e o armazenamento deveriam ter o mesmo peso e hoje não tem, aparentemente há um desbalanço, essa é a conclusão com base nos levantamentos que temos até agora, mas precisamos olhar os modelos e como as afluências estão consideradas”, acrescentou ele.
Donato Filho, CEO da Volt Robotics, responsável pelo estudo comentou ainda que o modelo atual é ruim. Um reflexo está na não observância dos resultados apresentados, por exemplo, na crise hídrica, quando tínhamos térmicas de mais de R$ 2 mil por MWh sendo despachadas enquanto o modelo apontava preços de R$ 200. E isso tem como consequência a geração de encargos que todos os consumidores devem pagar, além de ser uma sinalização errada aos consumidores. Isso, diz ele, traz ineficiência ao setor como um todo.
“Ainda não entendemos o porquê do armazenamento valendo tão pouco, o Brasil é um país geologicamente antigo e por isso não tem grandes quedas. Então, com usinas com quedas pequenas como temos, se o reservatório esvazia, o modelo deveria se desesperar se caísse o nível de armazenamento. O modelo não captura o valor do reservatório, ainda precisamos investigar porque isso acontece”, comentou o executivo. “Por isso temos vivido essa verdadeira gangorra no patamar de preços”, finalizou.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ministro fala em evento internacional horas após representante americano para o clima falar que Brasil é "país crítico" e pedir fim do desmatamento da Amazônia.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira que o Brasil está destinado a ser um gigante da energia “limpa e barata” e afirmou que conversou com europeus para possíveis investimentos no país. O ministro participou de evento que discutia a dívida global no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
— Quinze por cento da nossa energia são eólica e solar e vamos dobrar isso, 65% são de hidrelétrica. Praticamente 80% são energia limpa. Quem vai produzir hidrogênio limpo para a Europa? Porque eles não podem depender do gás natural russo. Nós somos os candidatos, então quem quer produzir energia eólica vem para o Brasil — disse Guedes durante o painel.
A fala de Guedes ocorreu poucas horas após o enviado especial do governo americano para o clima, John Kerry, ter dito também em Davos que os Estados Unidos "estão trabalhando muito de perto" com o Brasil sobre a Amazônia". Ele disse que o Brasil é um "país crítico" na questão climática e que é crucial barrar o desmatamento da Amazônia.
Homem corta a carcaça de um tubarão-baleia com motosserra antes de enterrar os restos mortais. O animal ameaçado de extinção foi encontrado morto na praia de Kincie Salido na vila de Nagari Salido, Indonésia — Foto: NAHNU MASBUN / AFP
O ministro aproveitou a oportunidade para defender a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). Guedes relatou que conversou com representantes de países como Bélgica e França e, argumentando que eles barram a entrada do Brasil por serem protecionistas na agricultura, disse que eles deveriam aceitar antes de se tornarem “irrelevantes” para o país.
— Eu conversei com eles, eu disse que eles precisam nos aceitar antes de se tornarem irrelevantes para a gente. Nós costumávamos ter uma balança comercial de US$ 2 bilhões com a França e de US$ 2 bilhões com a China no começo do século. Agora, nós trocamos US$ 120 bilhões com a China e US$ 7 bilhões com a França, é irrelevante pra gente — relatou o ministro.
O ministro ainda disse que a Europa poderia ficar “isolada” se não se integrasse com outras regiões do mundo, como a América Latina.
— Eu falei para os europeus: vocês perderam a Rússia e agora vocês estão perdendo a América Latina. Vocês ficarão sozinhos se não entenderem que devemos integrar os que ficaram para trás. Nós ficamos para trás, mas agora vamos crescer no eixo de energia verde, digital e segurança alimentar — afirmou. Fonte: O Globo.
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Certame acontece no dia 30 e vai movimentar investimentos de R$ 15,3 bilhões.
A Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou em reunião realizada nesta terça-feira, 24 de maio, o edital do leilão de transmissão 01/2022, que será realizado no próximo dia 30 de junho. O certame que será o maior da história da Aneel, deve movimentar R$ 15,3 bilhões em investimentos. A previsão é que o edital seja publicado na sexta-feira, 27 de maio.
Os 13 lotes que serão licitados estão localizados em 13 estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Sergipe. São 5.425 quilômetros de LTs novas em 29 linhas, nove subestações novas e quatro equipamentos de compensação síncrona. Desses 13 lotes, são 8 novos e 5 oriundos de caducidade. O prazo para execução vai de 42 a 60 meses.
A expectativa é que sejam gerados mais de 30 mil empregos. O destaque do leilão vai para os lotes 1, 2 e 3, localizados em Minas Gerais, que vão demandar cerca de R$ 12 bilhões ou 80% dos investimentos do certame. Esses lotes vão aumentar o escoamento de nova geração e se interligar com a região Nordeste. Outro destaque é o lote 4, que vai aumentar a confiabilidade no estado do Amapá. Como modificações aparece a inclusão de um dispositivo que leva em consideração os lotes vencidos em leilões realizados nos últimos 18 meses, de modo a aferida a capacidade financeira das empresas. Outra alteração é o ressarcimento do custo dos estudos também deve ser feito antes da assinatura do contrato de concessão e como condição para assinatura.
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Empreendimentos do A-4 são qualificados no PPI e a resolução do conselho para a desestatização da PPSA são publicados no Diário Oficial da União.
O governo publicou duas medidas que incluem projetos no Programa de Parceiras e Investimentos e estão relacionados ao setor energético. O primeiro é o decreto no. 11.078 e o segundo a resolução CPPI no. 227 que vieram na edição desta terça-feira, 24 de maio, do Diário Oficial da União.
O decreto inclui os projetos e os empreendimentos públicos federais do setor de energia elétrica vinculados ao Leilão de Energia Nova A-4, a ser realizado em 2022 na próxima sexta-feira, 27 de maio, no programa.
Já a resolução trata da qualificação da PPSA no PPI com o objetivo de avaliar a desestatização da empresa e dos ativos sob sua gestão. Essa inclusão foi uma das duas primeiras medidas do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida e que ele havia citado em seu pronunciamento no dia em que foi empossado pelo presidente da República.
De acordo com a resolução, a PPSA poderá elaborar, mediante contratação de consultoria técnica especializada, os estudos que subsidiarão a avaliação.
Já o CPPI ficará com a responsabilidade de aprovar a manifestação do Comitê Interministerial que será formado para avaliar os estudos sobre o processo de desestatização. O Comitê será formado por três representantes do MME e do Ministério da Economia e terão reuniões a cada 15 dias. O prazo para conclusão dos trabalhos do Comitê Interministerial será de trinta dias, contado da data da conclusão dos estudos sobre esse processo.
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Conclusão é de estudo do Ipea, que destaca a ausência de liberdade de escolha para o pequeno consumidor no Brasil.
Estudo comparativo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas mostra que o Brasil ainda tem um longo caminho para aproximar seus indicadores de liberalização de mercado aos dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. A comparação foi feita especificamente entre os mercados de energia elétrica, mas a conclusão é de que a diferença no setor de gás é ainda maior.
Iniciativas legais em curso no Congresso Nacional, como o PL 414 podem, no entanto, reduzir a distância e aproximar o setor elétrico brasileiro dos padrões da OCDE, ao dar maior liberdade ao pequeno consumidor, destaca a nota técnica divulgada nesta terça-feira, 24 de maio. Uma apresentação dos principais pontos foi feita pelo diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do órgão, Nilo Saccaro, durante evento do Ipea sobre a reformulação do modelo do setor.
“A incorporação dessa classe de consumidor ao mercado livre de energia permitirá, potencialmente, uma maior escolha e flexibilidade nos contratos negociados com as empresas comercializadoras, podendo até dar maior previsibilidade na evolução das tarifas futuras. Poderá ocorrer a portabilidade da conta de luz entre as distribuidoras, com o provável efeito de redução na tarifa”, afirma o documento produzido pela pesquisadora Maria Bernadete Sarmiento Gutierrez. Ele destaca que o Brasil tem uma das tarifas de energia elétrica mais elevadas do mundo, o que gera efeitos negativos sobre a competitividade das empresas e a renda real dos consumidores.
No estudo, são avaliados os processos de liberalização ocorridos no âmbito da OCDE e no Brasil, considerando a facilidade de acesso ao mercado de eletricidade e o nível de propriedade pública. A comparação é feita a partir de indicadores de regulação do mercado de produtos (PMR, na sigla em inglês).
Dados referentes ao PMR mostram que o valor médio do setor de energia para os países da organização é de 1,41, o que indica alto grau de liberalização. No Brasil esse valor é de 2,53, quase o dobro da média da OCDE indicando um menor grau de abertura do mercado local.
Nos cinco melhores países em valores PMR, que são Reino Unido, Alemanha, Portugal, Austrália e República Tcheca, o valor médio está em 0,44, e na Espanha, sexto colocado, o valor é de 0,73. Enquanto no setor elétrico brasileiro o PMR é 42% superior à média dos países da OCDE, no de gás natural essa discrepância chega a 122% em média.
O mercado do Reino Unido é o mais liberal, com PMR de valor zero, em um mercado sem a presença de empresas estatais e totalmente desverticalizado. Na Alemanha e na Suécia existem estatais com expressiva participação de mercado nos segmentos geração e distribuição, e na Espanha o Estado tem um pequena participação no segmento de transmissão. O Brasil, que também tem empresas do setor controladas pela União ou pelos estados, é o único país nesse grupo onde a venda de participações acionárias depende de prévia autorização legal do Congresso.
Em todos os cinco países transmissão e distribuição são atividades reguladas, sendo que o Brasil, diferentemente dos demais, se diferencia pela ausência de liberdade de escolha do fornecedor para pequenos consumidores residenciais e comerciais, cujas tarifas estão sujeitas à regulação.
Tarifas flutuando livremente, de acordo com o mercado, existem mesmo em países com forte presença estatal, como a Suécia, onde o Estado tem quase 100% no segmento de geração. E Alemanha, onde há participação estatal importante nos segmentos de geração e de comercialização.
No estudo, a pesquisadora destaca que a liberalização da contratação pode contribuir para a redução dos custos finais de energia elétrica no Brasil, “desde que o marco regulatório conduza a uma concorrência efetiva entre agentes comercializadores e geradores.” “Espera-se que isso ocorra em um contexto de tarifas de transporte reguladas de forma justa pela Aneel e em um marco de governança aprimorado pelas novas circunstâncias.”
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A Agência Internacional de Energia (AIE) fez um alerta neste mês, prevendo que a energia solar e eólica se encaminham a “perder ímpeto no próximo ano”.
O aumento no custo das matérias-primas ameaça as esperanças de que a energia eólica permaneça sendo uma alternativa mais barata à gerada por combustíveis fósseis, segundo alerta do chefe da Siemens Energy.
A fonte de energia renovável vai “ficar mais cara e precisa refletir a volatilidade do mercado”, disse Christian Bruch, destacando que as previsões de queda no preço da energia eólica são anteriores à crise na cadeia de suprimentos que atinge o setor.
“Se o petróleo permanecer a US$ 100 [por barril], então, tudo bem, acho que isso te dá espaço de manobra suficiente”, disse Bruch. “Mas não se esqueçam de que suposição há dois anos [...] era a de que a energia eólica marítima em 2030 provavelmente teria a metade do preço em comparação a 2021 ou 2020”, acrescentou. “Essa é uma lógica [financeira] que não se mantém quando seus custos com materiais dobram.”
Os preços da energia eólica vêm subindo desde 2019, afetados pelos problemas nas cadeias de suprimento e pelos custos das matérias-primas, que vêm sacudindo o setor.
A perspectiva mais sombria traçada por Bruch chega depois de a Siemens Energy ter anunciado no sábado uma oferta de 4 bilhões de euros, há muito aguardada, para comprar os 33% que ainda não detém na Siemens Gamesa, maior fabricante de turbinas eólicas marítimas do mundo.
As ações da Siemens Gamesa, que tem divulgado sucessivos alertas sobre os lucros, subiam 6% nesta segunda-feira, cotadas a 17,79 euros, pouco abaixo dos 18,05 euros oferecidos pela Siemens Energy.
A Siemens Gamesa, da mesma forma que concorrentes como a Vestas e a Nordex, tem sofrido com os fortes aumentos nos preços das terras-raras, do aço e do cobre usados nas turbinas, custos que frequentemente não consegue repassar aos clientes porque seus contratos de longo prazo foram assinados quando a cotações das commodities estavam mais baixas.
A Siemens Gamesa também tem alternado diferentes executivos-chefes para tentar lidar com problemas operacionais, como atrasos na produção e instalação de seu novo modelo de plataformas terrestres, chamado 5.x, o que obrigou a Siemens Energy a dar baixa contábil de cerca de 800 milhões de euros em sua participação.
Comprar o restante da Siemens Gamesa dará à Siemens Energy mais controle sobre a empresa em dificuldades, disse Bruch, ressaltando que levará pelo menos até meados da década para que a fabricante de turbinas comece a ter lucros constantes.
O mercado de energia eólica está em “frangalhos no momento”, disse, prevendo que poderia haver “mais consolidação na indústria”.
A Agência Internacional de Energia (AIE) fez um alerta neste mês, prevendo que a energia solar e eólica se encaminham a “perder ímpeto no próximo ano”, depois de uma fase de forte expansão, destacando que problemas de logística e na cadeia de suprimentos estão limitando o setor.
Por sua vez, Bruch enfatizou que no longo prazo “não há solução sem a [energia] eólica”.
“A questão é se vai dobrar até 2030 ou se vai quadruplicar até 2030”, disse, embora advertindo que o setor eólico precisa “encontrar um modelo de negócios que reflita, por um lado, a volatilidade da cadeia de suprimentos, e, por outro lado, permita que empresas como a nossa [...] ganhem dinheiro o suficiente para também investir em pesquisa e desenvolvimento” para turbinas maiores.
Isso exigiria que os clientes da Siemens Gamessa dividissem uma parte maior do risco, segundo Bruch.
A oferta da Siemens Energy pela Siemens Gamesa representa ágio de cerca de 8% em relação à cotação de fechamento da sexta-feira. A Siemens Energia fechará o capital da Gamesa se a aquisição – subscrita integralmente pelo Bank of America e pelo JPMorgan Chase – for bem-sucedida, de acordo com a empresa.
A Siemens Energy financiará até 2,5 bilhões de euros da transação com ações e o restante com uma combinação de dinheiro do caixa e da emissão de títulos de dívida. A empresa espera concluir a transação na segunda metade do ano.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: Money Times.
A guerra na Ucrânia tornou a transição para a energia limpa um imperativo para garantir a segurança energética, disse o presidente da conferência climática das Nações Unidas do ano passado ao “Nikkei Asia”, pedindo aos países que cumpram suas promessas de reduzir os gases de efeito estufa.
Em resposta à guerra, os governos estão percebendo "que no fim das contas, se você quiser garantir a segurança energética, a segurança energética doméstica, a maneira de fazer isso é acelerar a transição para energia limpa", disse Sharma em entrevista na Suíça, onde participou da conferência anual de Davos patrocinada pelo Fórum Econômico Mundial.
Sharma, que atua como ministro do gabinete britânico, foi presidente da 26ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática da ONU (COP26) em Glasgow, Escócia.
As partes da COP26 se comprometeram a limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A redução gradual da chamada geração de energia a carvão ininterrupta é crucial para atingir esse objetivo.
Mas o cenário global de energia foi derrubado pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Os preços do petróleo dispararam e as economias ocidentais passaram a proibir as importações de carvão russo como parte de amplas sanções.
"Em termos de clima, compreensivelmente, não está nas primeiras páginas dos jornais agora", disse Sharma. "Também sabemos que a ameaça crônica da mudança climática está conosco – e estará conosco nas próximas décadas", disse ele.
Os Estados Unidos e o Reino Unido decidiram proibir as importações de petróleo e gás natural russos. A União Europeia também está adotando a proibição, parcial e gradualmente.
Especialistas acreditam que, para compensar o déficit, a dependência de combustíveis fósseis aumentará, pelo menos no curto prazo.
A ONU sedia a conferência climática COP27 no Egito no terceiro trimestre. Lá, os participantes precisarão fortalecer os compromissos de redução de emissões para 2030, disse Sharma.
“Precisamos garantir que esses compromissos e os programas de trabalho que foram iniciados na COP26 comecem a mostrar algum progresso”, disse ele. “Precisamos ver esses planos revisados de redução de gases de efeito estufa de 2030 NDC [Contribuição Nacional Determinada] sendo apresentados na COP27”.
Para atingir a meta de 1,5 graus Celsius, as emissões globais de dióxido de carbono precisarão ser cortadas em 45% dos níveis de 2010 até 2030. O compromisso atual do NDC do Japão é reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 46% dos níveis fiscais de 2013 até o ano fiscal de 2030.
Na preparação para a cúpula do Grupo dos Sete (G7) em junho, em Berlim, os membros ocidentais estão se unindo em torno do objetivo de eliminar o carvão das redes elétricas durante a década de 2030. O Japão é o único país a apresentar resistência a assinar tal compromisso.
Sharma não criticou Tóquio diretamente, mas disse que "todos os países se comprometeram a reduzir gradualmente o carvão" na COP26. Sharma também tocou no discurso que o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, fez em Londres no início deste mês.
Kishida "falou muito claramente sobre a aceleração das energias renováveis e limpas, incluindo a nuclear", disse Sharma, que falou de estar "encorajado" pelas palavras do líder japonês.
"Tenho certeza de que parte da discussão na COP27 também se concentrará em questões de segurança energética, segurança alimentar, que é segurança hídrica", disse ele.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: BBC.
Documento institui plataforma de registro e certificação de créditos, que poderão ser usados por agentes econômicos para comercialização ou compensação.
O governo publicou em edição extra do Diário Oficial da União o Decreto 11.075, que regulamenta o mercado de crédito para carbono e metano no país. O documento estabelece procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas e institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare).
O decreto institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões, por meio do qual serão executados os planos setoriais, com utilização e transação de créditos certificados pelo Sinare. A plataforma digital administrada pelo Ministério do Meio Ambiente vai funcionar como uma “central única de registro de emissões, remoções, reduções e compensações de gases de efeito estufa e de atos de comércio, de transferências, de transações e de aposentadoria de créditos certificados de redução de emissões.”
As regras de registro dos projetos, iniciativas e programas de geração de crédito certificado para comercialização ou compensação de emissões de gases de efeito estufa, o padrão de certificação, o credenciamento de certificadoras e centrais de custódia, a implementação, a operacionalização e a gestão do Sinare serão regulamentados em ato conjunto dos ministros do MMA e da Economia.
Os planos setoriais poderão ser propostos pelo Meio Ambiente, da Economia e por ministérios setoriais com o de Minas e Energia. Eles terão metas gradativas de redução de emissões resultantes da ação humana e remoções por sumidouros de gases de efeito estufa. As propostas serão aprovadas pelo Comitê Interministerial sobre a Mudança do Clima e o Crescimento Verde, instituído também por decreto no ano passado.
As metas tem que ser “mensuráveis e verificáveis”, considerando as características de cada setor. O objetivo de longo prazo é atingir a neutralidade das emissões, conforme compromisso assumido pelo Brasil no Acordo de Paris.
O cumprimento será monitorado por meio da apresentação de inventário de gases de efeito estufa periódico pelos agentes setoriais. Os planos poderão definir tratamento diferenciado, considerando critérios como categoria determinada de empresas e propriedades rurais, faturamento, níveis de emissão, características do setor econômico e região de localização do empreendimento.
Setores de infraestrutura poderão apresentar em 180 dias, prorrogáveis por igual período, propostas para o estabelecimento de curvas de redução de emissões de gases de efeito estufa, considerado o objetivo de neutralidade climática estabelecido pelo país. A regra diz respeito às atividades de geração e distribuição de energia elétrica; de transporte público urbano e interestadual de cargas e de passageiros; às indústrias de transformação, de bens de consumo duráveis, de químicas fina e de base e de papel e celulose; à mineração, à construção civil; aos serviços de saúde e à agropecuária.
Também poderá ser feito pelo Sinare, sem a necessidade de geração de créditos, o registro de pegadas de carbono de produtos, processos e atividades; carbono de vegetação nativa; carbono no solo; carbono azul e unidade de estoque de carbono.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Governador de MS aponta que a demanda estadual para a ampliação da fonte solar e hidráulica deve ser atendida.
O Tribunal de Contas da União (TCU) deu aval à privatização das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras), e a estatal agora corre contra o tempo para terminar o processo ainda neste primeiro semestre. De acordo com o governo de Mato Grosso do Sul, a desestatização pode ajudar no crescimento das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e energia solar.
No ano passado, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) pediu em agenda que houvesse um estímulo à geração de energia limpa incluída na proposta de privatização.
“[O pedido] é sobre PCHs e geração solar, aumentar as energias renováveis. E a informação é de que está contemplada, a empresa ganhadora vai ter como prioridade esses investimentos que foram elencados em audiência pública pelos estados brasileiros”, disse Azambuja em agenda na manhã de ontem (19).
Na mesma agenda, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, disse que a ação será positiva para o Brasil como um todo.
“A gente acredita que tem de privatizar a Eletrobras, porque para o Brasil crescer nós precisamos melhorar o sistema de distribuição de energia elétrica, e com a privatização isso vai acontecer”.
De acordo com o doutor em Economia Michel Constantino, o que os primeiros relatórios mostram é que a empresa pública não consegue realizar os investimentos necessários para tornar o País competitivo e com energia limpa.
“A privatização vai amarrar investimentos para melhorar esse cenário e, assim, permitir uma nova matriz energética que some energia eólica, energia de hidrogênio verde e redução do uso de combustíveis fósseis, como preveem os países mais aptos ao meio ambiente”, analisa o economista.
PROCESSO
A Eletrobras é a maior companhia do setor de energia elétrica do Brasil. Apesar de ser uma sociedade de economia mista e de capital aberto, a empresa é estatal porque o governo brasileiro é dono da maior parte.
A desestatização será realizada por meio do aumento de capital da empresa. Novas ações da companhia serão lançadas na Bolsa de Valores, reduzindo a participação do governo federal, para, no máximo, 45% – atualmente, a União detém cerca de 60% do capital.
Para concluir o processo, o governo terá de seguir alguns trâmites burocráticos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Securities and Exchange Commission (SEC) para que a oferta de ações seja concluído.
Conforme avaliação do mercado, a desestatização deve movimentar R$ 67 bilhões ao longo dos próximos anos, dos quais R$ 25,3 bilhões vão direto para o caixa do governo.
IMPACTO
De acordo com a análise do mercado uma possível redução na conta de luz seria pequena e temporária, e somente nos primeiros anos, de no máximo 3%. Outras vertentes falam em aumento na conta de luz para o consumidor.
“O efeito da desestabilização de uma empresa nacional é igual para todo o País”, aponta o doutor em Economia Michel Constantino.
“Seja Mato Grosso do Sul, Acre ou Rio Grande do Sul, teremos impacto. Afirmar que teremos aumento da conta de luz pela desestabilização é bem prematuro e irresponsável, mas não podemos também afirmar que vai cair o valor”.
“Para avaliar o impacto nos preços, vai depender da forma que será realizado o processo, seja de distribuição, estrutura de mercado e competição”, avalia Constantino.
A Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch) explica que a lei que estabelece a desestatização da Eletrobras estipula a contratação mínima de 50% da demanda da energia declarada pelas distribuidoras nos leilões A-5 e A-6, proveniente de centrais hidrelétricas de 50 megawatts (MW), até atingir 2.000 MW.
Ao alcançar os 2.000 MW, o porcentual reduz para 40% da demanda declarada nos leilões A-5 e A-6 realizados até 2026.
Com isso, o segmento tem a perspectiva de aumentar o número de PCHs e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) em 30% para atender o consumo, se a diretriz for respeitada.
Segundo Paulo Arbex, presidente da Abrapch, “as PCHs foram esquecidas nos últimos leilões realizados em detrimento da contratação de térmicas fósseis caras e poluentes”.
O executivo comenta ainda que o Brasil corre o risco de dispensar energia renovável e de melhor preço para consumir carvão, em virtude das estratégias mal planejadas de se optar por termelétricas, por isso defende a desestatização da Eletrobras.
CONTRÁRIOS
Quatro ações judiciais contra a privatização da Eletrobras foram ajuizadas na quarta-feira (18) em justiças federais de estados do Nordeste (Alagoas, Bahia e Paraíba) e no Supremo Tribunal federal (STF), conforme informações do Correio Braziliense.
As ações foram impetradas por parlamentares do Partido dos Trabalhadores e dirigentes sindicais, representados pela Advocacia Garcez, com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
As ações contra a venda da Eletrobras questionam e contestam questões relativas a impactos tarifários, transparência de informações e contratos de concessão.
O mandado de segurança impetrado no STF argumenta que o Ministério de Minas e Energia (MME) não cumpriu devidamente determinações relativas à publicidade dos processos.
SAIBA
O governo espera concluir o processo de privatização no fim do primeiro ou início do segundo semestre, porque acredita que os investidores ainda terão interesse nos papéis da companhia. Depois disso, a preocupação é que a incerteza com a eleição presidencial deste ano tire o apetite dos investidores.
Eventos externos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a alta dos juros nos EUA, também podem reduzir o interesse dos investidores.
Fonte: Correio do Estado do MS.
Imagem: ABRAPCH.
A possibilidade de se concretizar uma parceria entre Brasil e Estados Unidos na pauta ambiental acontece depois de o governo Jair Bolsonaro (PL) ter sido alvo de críticas internacionais na condução da agenda no país.
A portas fechadas, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, se reuniu no início da noite desta quinta-feira (19) com John Kerry, enviado especial dos Estados Unidos para questões climáticas, durante o Congresso Mercado Global de Carbono, no Rio de Janeiro. Segundo relatos à CNN de quem acompanhou a conversa por teleconferência, Kerry e Leite trataram da ampliação de um acordo de cooperação e investimento em energias renováveis –metano, hidrogênio verde e energia eólica– entre Brasil e EUA.
Kerry se referiu a Leite como “my friend” algumas vezes e os dois fecharam um encontro na Estocolmo+50, em julho, para avançar nos termos desse acordo. A ideia é que os ministérios da Economia e de Minas e Energia também participem das discussões.
A reunião desta quinta-feira acontece no momento às vésperas da publicação de um decreto que vai dar início ao mercado de carbono e de metano no Brasil. Leite, que tem reiterado o compromisso do país com ações concretas para reduzir emissões de carbono e com o desenvolvimento de uma nova economia verde, lançou, em março, o Programa Nacional de Redução de Emissões de Metano (Metano Zero), cujo o foco são resíduos orgânicos dos setores de suínos, aves, laticínios, cana-de-açúcar e aterros sanitários.
A possibilidade de se concretizar uma parceria entre Brasil e Estados Unidos na pauta ambiental acontece depois de o governo Jair Bolsonaro (PL) ter sido alvo de uma série de críticas internacionais na condução da agenda no país.
Fonte: CNN Brasil.
Imagem: Poliarquia.
Executivos acreditam em potencial do hidrogênio verde no Brasil, porém cadeias de fornecimento deverão estar preparadas.
Debate sobre o hidrogênio verde e o seu papel na matriz energética apontou novamente o Brasil como exportador líder nesse segmento. Durante o Congresso Mercado Global de Carbono, realizado no Rio de Janeiro, Agnes Maria da Costa, Chefe da Assessoria Especial em Assuntos Regulatórios do Ministério de Minas e Energia, declarou que temos que ter atenção para certificar o hidrogênio e sermos exportadores. “A nossa meta é descarbonizar e usar os vetores energéticos da melhor forma possível”, disse.
Agnes ainda destacou que o Brasil tem muitos caminhos viáveis para seguir e que o Ministério do Meio Ambiente tem sido bastante atuante nisso e que está no bom caminho.
Paulo Alvarenga, executivo da Thyssenkrupp, afirmou que o Brasil pode contribuir muito com esse mercado e ser um player de hidrogênio verde. “Nós vemos uma grande alavanca de crescimento e podemos reposicionar o Brasil num cenário global, porém o desafio será grande para as cadeias de fornecimento, pois elas não estão preparadas”, ressaltou. Ele ainda revelou que a companhia pretende substituir o carvão por hidrogênio verde em sua planta até 2030.
Já Marcus Silva, representante da Air Products, destacou a questão da segurança. “O processo de criar infraestrutura para o hidrogênio verde requer investimentos altos e os investidores precisar ter segurança fiscal e regulatória. Os agentes precisam se sentir seguros para investir no Brasil”, explicou. Ele ainda explicou que a segurança tem que vir de uma política de estado, como o Chile tem feito.
Para finalizar, Sandra Barba, Desenvolvimento BD Brasil Enel Green Power, acredita que o Brasil tem muitas oportunidades em renováveis e ela acredita que o hidrogênio verde irá impulsionar as renováveis.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A UE reconheceu que vai aumentar em 5% o uso do carvão nos próximos anos cinco a dez anos, enquanto tenta substituir a importação de energia da Rússia.
A Comissão Europeia deu sinal verde ontem para que os países da União Europeia (UE) queimem mais carvão ao longo da próxima década, enquanto tentam se livrar do petróleo e gás russos. Ao mesmo tempo anunciou um plano de investimentos de mais de € 300 bilhões para melhorar a eficiência energética e acelerar a transição para fontes renováveis.
O carvão é o combustível mais intensivo em carbono, mesmo assim a Comissão Europeia disse que a UE usará 5% mais que o esperado nos próximos cinco a dez anos, enquanto o bloco tenta substituir as importações de energia da Rússia.
Mais energia nuclear também será usada, disse uma autoridade graduada da Comissão Europeia, enquanto a UE anunciava seus planos para reforçar sua infraestrutura energética e se tornar menos dependente de Moscou. O REPowerEU, de € 300 bilhões, prevê € 10 bilhões em investimentos para a criação de estruturas para gás natural, € 2 bilhões para infraestrutura de petróleo e o restante será usado para energias renováveis.
A insistência da UE de que precisa acabar com o uso do petróleo e gás russos é uma das maiores consequências para o bloco da invasão da Ucrânia pela Rússia. A Comissão quer eliminar os laços com a energia russa até 2027, tanto para privar o presidente Vladimir Putin de receitas, como para ter mais liberdade para agir contra Moscou.
Mas o provável aumento do uso de carvão mostra as consequências de curto prazo para a agenda verdade da UE, embora a Comissão insista que mesmo assim atingirá sua meta de corte nas emissões em 55% dos níveis de 1990 até 2030.
O carvão deverá produzir anualmente, pelos próximos cinco a dez anos, outros 100 terawatts/hora de energia, mais ou menos o consumo de eletricidade da Bélgica. A energia nuclear, que produz pouco carbono mas é impopular entre os ambientalistas por causa dos resíduos gerados, deverá produzir outros 44 terawatts/hora por ano.
Perguntado se o plano REPowerEU é compatível com o “green deal” da UE para descarbonizar a economia, Frans Timmermans, comissário responsável por sua implementação, respondeu: “Não temos escolha”.
Timmermans acrescentou que a Comissão deverá proteger o dinheiro dos contribuintes não investindo nos combustíveis fósseis, que serão eliminados gradualmente. Oleodutos e as infraestruturas de gás financiados pelo REPowerEU são capazes de se adaptar para transportar gases que não emitem carbono, como o hidrogênio e a amônia gerados por fontes renováveis, acrescentou ele.
A dependência do gás russo já caiu de 40% no ano passado para 26%, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A combinação de medidas de eficiência, grandes investimentos em energia eólica e solar e compras de gás de outros países como os EUA, tem como objetivo zerar o fornecimento russo até 2027.
Os governos terão que afrouxar as regras para permitir a construção mais rápida de projetos de geração de energia eólica e solar. “Se não encurtarmos os procedimentos, jamais chegaremos aos níveis de energia renovável de que precisamos”, disse Timmermans.
A Comissão irritou grupos conservacionistas ao propor vender€ 20 bilhões em licenças de emissão de carbono excedentes, o que permitiria a liberação de 250 milhões de toneladas de CO2 sob o esquema de comércio de emissões.
“O plano da Comissão para acelerar a transferência da UE para as soluções de energia limpa, como eficiência energética, energia eólica e solar, é muito bem-vindo”, disse Ester Asin, diretora para a Europa do WWF. “Mas financiar isso vendendo licenças para poluir é um equívoco, assim com construir mais infraestrutura de gás fóssil ou depender do aumento do uso de biomassa. Isso apenas prolongará nossa dependência das importações de combustíveis fósseis e ameaçará as metas para o clima.”
Fonte: Valor Econômico.
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Decreto deverá ser pulicado ainda hoje e trará elementos inovadores e modernos.
O Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou nesta quarta-feira, 18 de maio, que foi criada a regulamentação do mercado de crédito de carbono. “Aguardando há mais de 12 anos, o ministro Paulo Guedes e eu criamos hoje o mercado regulado de crédito de carbono. O decreto deverá ser pulicado ainda hoje e trará elementos inovadores e modernos. Todas essas novidades representam um importante avanço na formação de instrumentos econômicos que possibilitam a monetização de ativos ambientais e a exportação do produto”, disse Leite durante o Congresso de Mercado de Carbono Global que ocorre no Rio de Janeiro.
De acordo com o Ministro do Meio Ambiente, o Governo vem fazendo história ao avançar na direção dessa regulamentação. “O Brasil será o maior fornecedor mundial de crédito, pois ele tem uma vocação para a geração de crédito de alta qualidade”, ressaltou. Com o decreto será possível registrar a pegada de carbono de processos e atividades o carbono de vegetação nativa.
“É uma oportunidade de investimento para um futuro mais verde. O Brasil tem uma matriz energética e renovável muito importante. Nós vamos ser um país exportador e vamos gerar um crescimento econômico e empregos para todos os brasileiros além de energia e combustível verde para exportação, tudo isso em parceria com o setor privado e grandes empreendedores”, explicou o Ministro do Meio Ambiente.
E finalizou dizendo que hoje o Brasil é visto como fornecedor de energia e vê uma oportunidade de exportar energia limpa para a Europa. “Ajudaremos a transição global para uma economia verde e seremos a segurança verde para o mundo”.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Seis ministros já votaram para derrubar norma do Conselho Nacional do Meio Ambiente, editada ainda na gestão de Salles, em setembro de 2020, sobre limites de Áreas de Preservação Permanente e ‘licenciamento de empreendimentos de irrigação’; efeitos da Resolução nº 500 já estavam suspensos por decisão do próprio STF.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal já formou maioria para derrubar uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que revogou normas sobre limites de Áreas de Preservação Permanente e ‘licenciamento de empreendimentos de irrigação’. Os efeitos da resolução – editada em 2020, na gestão do então ministro Ricardo Salles – já estavam suspensos por decisão dada pela relatora, ministra Rosa Weber, e chancelada pelo colegiado do STF.
Os ministros da Corte máxima analisam o caso em julgamento virtual que tem previsão para terminar na sexta-feira, 20. A discussão foi retomada após o ministro Dias Toffoli, que havia pedido vista (mais tempo para análise), devolver os autos do processo.
Até o momento, os ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes acompanharam o voto de Rosa Weber, para declarar inconstitucional a Resolução nº 500, de 28 de setembro de 2020, do Conama. Restam votar os ministros Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Kassio Nunes Marques e André Mendonça.
A ação analisada pelo Supremo foi impetrada pelo PSB contra norma que revogou três resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente, uma sobre o ‘licenciamento de empreendimentos de irrigação’, outra sobre ‘parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno’ e uma terceira acerca dos ‘parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente’.
Ao analisar o caso, Rosa Weber considerou que a revogação das normas, ‘operacionais fixadoras de parâmetros mensuráveis’, sem que houvesse a substituição ou atualização dos textos, compromete não apenas o cumprimento da legislação ambiental, mas também a observância de compromissos internacionais.
“Afirma-se válida a inferência no sentido de que a Resolução nº 500, de 28 de setembro de 2020, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) , ao revogar as Resoluções nºs 284/2001, 302/2002 e 303/2002, vulnera princípios basilares da Constituição Federal, sonega proteção adequada e suficiente ao direito fundamental ao meio ambiente equilibrado nela assegurado e promove desalinho, quando não o rompimento, em relação a compromissos internacionais de caráter supralegal assumidos pelo Brasil e que moldam o conteúdo desses direitos”, ponderou a ministra seu voto.
Rosa ponderou que uma das resoluções revogadas pelo ato do Conama ‘sinaliza para a dispensa de licenciamento para empreendimentos de irrigação, mesmo quando potencialmente causadores de modificações ambientais significativas’.
“Tal situação, além de configurar efetivo descumprimento, pelo Poder Público, do seu dever de atuar no sentido de preservar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico dos ecossistemas, sugere estado de anomia regulatória, a evidenciar graves e imediatos riscos para a preservação dos recursos hídricos, em prejuízo da qualidade de vida das presentes e futuras gerações”, escreveu a ministra.
Já sobre as resoluções que tratavam das Áreas de Preservação Permanente, a vice-presidente do STF rebateu alegação do Ministério do Meio Ambiente de que as normas não são amparadas pelo novo Código Florestal.
Rosa ressaltou que a ‘simples revogação da norma parece conduzir a intoleráveis anomia e descontrole regulatório, situação incompatível com a ordem constitucional em matéria de proteção adequada do meio ambiente’. Para a ministra, a revogação da normativa caracteriza ‘verdadeiro retrocesso relativamente à satisfação do dever de proteger e preservar o equilíbrio do meio ambiente’.
Segundo a ministra, a revogação das resoluções implica em ‘agravamento da situação de inadimplência do Brasil para com suas obrigações constitucionais e convencionais de tutela adequada e efetiva do meio ambiente’.
“A supressão de marcos regulatórios ambientais, procedimento que não se confunde com a sua atualização e ajustes necessários , configura quadro normativo de retrocesso no campo da proteção e defesa do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e, consequentemente, dos direitos fundamentais à vida e à saúde, a ponto de provocar a impressão da ocorrência de efetivo desmonte da estrutura estatal de prevenção e reparação dos danos à integridade do patrimônio ambiental comum”, frisou a magistrada.
Fonte e Imagem: Estadão.
Jean Paul Prates afirmou que privatização da Eletrobras é arrecadatória e deve aumentar tarifas de energia.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) afirmou, nesta 3ª feira (17. mai.2022), que o Brasil está vivendo um momento que vai exigir uma revisão estrutural do setor elétrico. Durante evento sobre o projeto de lei 414/2021, que prevê a abertura do mercado livre de energia, Jean Paul afirmou também que a privatização da Eletrobras tende a aumentar as tarifas de energia.
“A gente está discutindo, ao mesmo tempo, uma privatização sem nenhuma análise mais profunda, mais estrutural. É uma coisa meramente arrecadatória, extremamente perigosa para o Brasil. Difícil de reverter. Porém, não impossível“, disse.
A afirmação de possível aumento das tarifas de energia se deve à chamada descotização de 22 usinas hidrelétricas da Eletrobras. Essas usinas já tiveram os seus investimentos amortizados e vendem a energia abaixo dos preços de mercado. Quando concluída a capitalização da companhia, elas poderão vender esse volume de energia a preço de mercado, inclusive para o mercado livre.
Para o senador, as iniciativas que têm surgido para tentar reverter os aumentos nas tarifas –como o projeto de decreto legislativo na Câmara e a discussão sobre o uso de créditos tributários do PIS/Cofins– são consequência das diversas anomalias que fazem parte da formação das tarifas de energia.
“O país está simplesmente deixando tudo acontecer solto. E o setor de energia tem que ter acompanhamento e planejamento, a nosso ver, estatais. Isso acaba desencadeando nas distribuidoras, que são o último elo da cadeia, e acabam sendo penalizadas por judicializações, por suspensões“, disse o senador.
O PL 414/2021 tem previsão de ser votado na Câmara na próxima semana. Como a versão mais recente do texto teve alterações, terá que voltar para o Senado depois de ser aprovado pelos deputados.
A análise da privatização da Eletrobras deve ser retomada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) na 4ª feira (18.mai).
ANEEL
O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e os parlamentares com quem divide um gabinete compartilhado, os deputados federais Felipe Rigoni (UNIÃO-ES) e Tabata Amaral (PSB-SP) e o deputado estadual Renan Ferreirinha (PSD-RJ), enviaram nesta 3ª feira (17.mai) um ofício à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) pedindo esclarecimentos sobre o aumento nas tarifas de energia, acima da inflação, em diferentes Estados. Eis a íntegra do ofício (172 KB).
O documento questiona como a agência analisou o impacto dos reajustes, qual a metodologia utilizada para aprová-los e se há possibilidade de reconsiderar os aumentos já autorizados em alguns Estados.
Os congressistas também pedem previsões detalhadas sobre os reajustes em São Paulo e Espírito Santo, além de explicações sobre o incremento do valor cobrado em Sergipe e como tem sido realizada a fiscalização das denúncias contra a Enel no Rio de Janeiro.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico define novas obrigações para os empreendedores das barragens fiscalizadas pela instituição.
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) publicou no Diário Oficial da União na última sexta-feira, 13 de maio, a Resolução nº 121/2022, documento que altera a Resolução nº 236/2017 e se aplica às barragens fiscalizadas pela ANA quanto à segurança, que são aquelas para usos múltiplos de águas em rios de domínio da União – interestaduais – e que não são usadas para geração de energia hidrelétrica.
Além disso, a Resolução ANA nº 121/2022 complementa a Resolução nº 236/2017 com o detalhamento necessário para as Inspeções de Segurança Regular (ISR) e Especial (ISE) dos empreendimentos fiscalizados pela Agência, a Revisão Periódica de Segurança de Barragem (RPSB), o Plano de Ação de Emergência (PAE) e o Plano de Segurança da Barragem (PSB). Esses elementos constam da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB).
Segundo a nova resolução, o Plano de Segurança da Barragem só será considerado completo quando seu conteúdo estiver de acordo com o Anexo II da Resolução nº 121/2022. Além disso, o PSB deverá estar disponível no local da barragem e deverá ser encaminhado pelo empreendedor – responsável pela barragem – para a ANA e inserido no Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB).
A ANA somente vai considerar o Plano de Ação de Emergência implementado quando houver a instalação do sistema de monitoramento e controle de estabilidade da barragem integrada aos procedimentos de emergência. Outros requisitos para o PAE são: a integração de sistema sonoro em situação emergencial na zona que poderá ser impactada pela barragem, a sinalização de rotas de fuga e pontos de encontro para a população possivelmente impactada, realização de programas de treinamento e divulgação para comunidades potencialmente afetadas e articulação de procedimentos de emergência com órgãos da defesa civil atuantes junto a esse tipo de comunidade.
Conforme a Resolução nº 121/2022, a ISR das barragens deverá ser realizada pelo responsável pela estrutura pelo menos uma vez por ano. Desse documento deverão constar tanto o nível de perigo das anomalias encontradas quanto o nível de perigo global das barragens, que podem ser progressivamente determinados em relação aos riscos à estrutura: normal, atenção, alerta ou emergência. O novo documento da Agência também define que os empreendedores deverão realizar Inspeção de Segurança Especial (ISE) após eventos extremos, como cheias extraordinárias, tremores de terra e secas prolongadas.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O superintendente Davi Antunes Lima sugeriu em audiência sobre o reajuste da Enel CE o aproveitamento de créditos de PIS e Cofins e a redução dos subsídios.
O superintendente de Gestão Tarifaria da Agência Nacional de Energia Elétrica, Davi Antunes Lima, sugeriu em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados uma redução temporária do ICMS incidente sobre a fatura de energia elétrica. A flexibilização da alíquota do imposto pelos estados foi apresentada como uma das medidas de mitigação do custo das tarifas, que pode reduzir a fatura em até 5%, segundo estimativa da Aneel.
Outra proposta da Aneel para a redução da tarifa é o aproveitamento integral dos créditos de PIS e da Cofins para amortecimento dos reajustes das distribuidoras. O tema está em consulta pública, e a agência defende que 100% dos recursos que foram pagos indevidamente pelo consumidor devem ser revertidos para a modicidade tarifária. Lima lembrou que uma parte dos créditos já habilitados pela Receita Federal foram usados nos processos tarifários, mas ainda tem R$48 bilhões que podem ser aproveitados.
A terceira medida sugerida pelo superintendente é a redução de subsídios tarifários que estão dentro da Conta de Desenvolvimento Energético. Com o crescimento desse subsídios, o orçamento da CDE passou de R$ 23,9 bilhões em 2021 para R$32,3 bilhões em 2022, um aumento de 35%.
Entre as despesas que mais cresceram estão a da Conta de Consumo de Combustíveis, que aumentou R$ 4,7 bilhões, a Tarifa Social de Energia Elétrica, que cresceu R$ 2,7 bilhões, e os descontos na distribuição e na transmissão para empreendimentos de fonte incentivada, com teve aumento de R$ 1,9 bilhão. “A gente não vê nenhum sinal de redução de subsídios”, afirmou o superintendente.
Lima comparou a CDE desse ano com o custo total da rede básica de transmissão, que é de R$ 35,2 bilhões, para uma malha de 173 mil km de linhas. O servidor da Aneel foi uma convidados da audiência pública que discute nesta quinta-feira, 12 de junho, o reajuste tarifário da Enel Ceará.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Danilo Fortes (União-CE) disse que a mudança é preocupante e vai contra a pauta de energia limpa.
O deputado federal Danilo Forte (União Brasil-CE), presidente da FER (Frente Parlamentar de Energia Renovável) na Câmara dos Deputados HAMILTON FERRARI.
O deputado Danilo Forte (União-CE), presidente da Frente Parlamentar das Energias Renováveis, criticou a troca feita no Ministério de Minas e Energia. Segundo ele, a saída de Bento Albuquerque beneficia o oligopólio que vai contra a pauta de energia limpa.
A mudança no comando do órgão foi publicada na manhã desta 4ª feira (11.mai.2022) no Diário Oficial da União. Bento Albuquerque não é mais ministro. Deixa a vaga para o economista Adolfo Sachsida, da equipe de Paulo Guedes (Economia). Danilo Forte afirmou, porém, que não conhece o novo ministro.
Para o congressista, o país vive momento crítico com a retomada da inflação alta e do encarecimento dos combustíveis e energia. Forte disse que Bento estava “sintonizado” com o setor e tinha diálogo e abertura para tratar de energias renováveis. Leia a íntegra da nota (17 KB).
O deputado afirmou que é “preocupante” a ameaça de transferir a “poupança popular para grupos privados, oligopólios” que, segundo ele, “tomaram conta do mercado de energia a gás”. Forte disse que a prática é um “desrespeito” e “retrocesso” em relação à descarbonização.
“Nós temos uma oportunidade ímpar de tomarmos uma decisão de o Brasil poder caminhar com a geração de energia descentralizada, democrática, com distribuição de renda e investimentos, sem precisar do poder público. O Brasil tem uma fronteira enorme para ocupar esse espaço, e ser um dos países mais independentes do mundo, com autonomia e soberania sobre o preço da energia”, declarou.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Documento foi divulgado em café da manhã no restaurante do Senado.
Um grupo formado por associações, movimentos empresariais e parlamentares lançaram um manifesto em defesa da modernização do setor elétrico, destacando a importância e a necessidade de aprovação urgente do PL 414. O documento foi divulgado nesta quarta-feira, 11 de maio, em café da manhã no restaurante do Senado.
O texto ressalta que “o consumidor é o centro da tomada de decisão em quase todos os setores da economia”, citando setores como telefonia, transporte, alimentação e bancário, cujo avanço tecnológico fez com que o consumidor assumisse um papel mais ativo, com mais poder e autonomia na tomada de decisões.
“No setor elétrico, essa realidade ainda está distante. Enquanto os consumidores de vários países concentram na palma da mão suas escolhas energéticas, utilizando variados recursos tecnológicos para economizar e até gerar riquezas com a gestão da energia, o Brasil segue com um modelo atrasado e ineficiente, que contribui para uma conta de luz cada vez mais cara”, afirmam as entidades.
O projeto de lei que altera o modelo comercial do setor elétrico foi aprovado no Senado como PLS 232, e tramita atualmente na Câmara dos Deputados, onde depende da aprovação da urgência para ser votado rapidamente em plenário. As associações ressaltam que o projeto tem “caráter suprapartidário e supragovernamental” , com foco no direito de escolha do fornecedor de energia e na melhor alocação de custos e riscos do sistema.
O encontro no Senado foi promovido pela Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, com o apoio do Movimento Brasil Competitivo, da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia e da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres.
Além dessas entidades, assinam o documento as associações das indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), do Plástico (Abiplast) e Têxtil e de Confecção (Abit); Movimento pela Liberdade de Escolha do Consumidor, Ranking dos Políticos, Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes, União pela Energia e Unidos pelo Brasil.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ministro de Minas e Energia anunciou como prioritários o PL 414, de modernização do setor elétrico, e o PL 3178, que altera o regime de partilha do setor de petróleo.
O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, declarou na noite desta quarta-feira, 11 de maio, que a prioridade do governo é acelerar o processo de capitalização da Eletrobras. Sachsida também anunciou que seu primeiro ato como ministro será propor ao ministro de Economia, Paulo Guedes, a inclusão da Pré-sal Petróleo SA (PPSA) no Programa Nacional de Desestatização e que sejam retomados os estudos para a privatização da Petrobras.
Sachsida foi nomeado para substituir o ministro Bento Albuquerque, demitido pelo presidente na esteira das polêmicas sobre o aumento dos combustíveis.
“Existe hoje uma prioridade, uma urgência no Ministério de Minas e Energia que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Nós precisamos dar prosseguimento ao processo de capitalização da Eletrobras”, afirmou ex-assessor de Guedes para assuntos estratégicos.
O processo de aumento de capital que vai levar à perda de controle da União sobre a estatal está prevista em lei, mas a modelagem depende ainda de aprovação do Tribunal de Contas da União. No caso da Petrobras, a venda da empresa depende de autorização do Poder Legislativo.
O ministro listou entre as prioridades da pauta legislativa do governo o PL 414, que altera o modelo comercial do setor elétrico, e o PL 3178, que prevê a mudança do regime de partilha para o de concessão no setor de Petróleo. “Na agenda econômica, o Congresso Nacional é um grande parceiro do governo federal. Tenho certeza de que em parceria com lideranças da Câmara e do Senado, vamos conseguir aprovar projetos estruturais”, afirmou.
Adolfo Sachsida disse que tem uma meta e um norte muito simples, apoiados 100% pelo presidente. Segundo ele, o Brasil precisa ser um porto seguro para investimentos, e para isso é necessária a aprovação de medidas estruturais, já que as conjunturais tem pouco efeito e por tempo limitado.
“Temos que investir na economia pelo lado da oferta”, explicou, acrescentando que isso vai atrair cada vez mais capital privado para o Brasil. Lembrou que nesse momento de desafios geopolíticos importantes há um realinhamento mundial dos investimentos, que estão migrando de destinos arriscados, Rússia e China, para “democracias amigas.”
Nesse contexto, é preciso tomar medidas para assegurar que o Brasil será um destino seguro para esses recursos. Os países que não aproveitarem o atual momento perderão décadas em investimento, reforçou. “Se nós perdermos essa onda, nós estaremos atrapalhando o desenvolvimento brasileiro por décadas.”
Além das propostas do setor de energia que estão no Congresso, ele citou o Mais Garantias Brasil, composto por uma série de iniciativas de legislação. Disse que, em seu conjunto, essas medidas tem impacto trilionário no mercado de capitais, de credito e de seguros no país.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O almirante Bento Albuquerque não é mais o ministro de Minas e Energia. Decreto publicado na edição desta quarta-feira, 11 de maio, no Diário Oficial da União, trouxe a exoneração do cargo dele, segundo justificativa oficial, a pedido. Em seu lugar foi nomeado Adolfo Sachsida, que atuava como chefe da Secretaria Especial de Assuntos Econômicos do Ministério da Economia.
O novo chefe do MME é doutor em Economia pela Universidade de Brasília com pós doutorado na Universidade do Alabama, nos Estados Unidos e já lecionou na Universidade do Texas. Além disso, é advogado.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Documento mostra que a geração distribuída nos empreendimentos cresceu quase 80% em 2021 na comparação com o ano anterior.
A Micro e a Minigeração Distribuída e o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) foram regulados em abril de 2012, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por meio da Resolução Normativa nº 482/2012. Ao longo desses últimos 10 anos, muitos foram os desafios para a implantação de projetos em todo o País e muitas foram as lições aprendidas. De olho nesse mercado, a equipe de Energia do Demarest Advogados lançou o Manual da Micro e Minigeração Distribuída, que traz uma análise didática do Marco Legal da GD (Geração Distribuída).
“A ideia do manual surgiu da percepção de uma demanda crescente pelo esclarecimento de dúvidas acerca de alguns temas trazidos na Lei nº 14.300, em especial sobre as regras do período de transição até quando seriam aplicadas as regras atuais, prazos para implementação de empreendimentos, limite de potência das unidades geradoras para fins de classificação como micro ou minigeração distribuída. O que nos levou a organizar o material de uma forma destacada por temas, expondo as questões de uma maneira mais didática para os interessados em desenvolver projetos de micro e minigeração distribuída”, disse a sócia da área de Energia e Recursos Naturais do Demarest, Rosi Costa Barros.
A Lei nº 14.300, de 6 de janeiro de 2022, endereçou diversas dessas questões trazendo algumas alternativas e soluções, como a determinação para que a ANEEL crie um formulário com o rol exaustivo de documentos e informações necessárias para o pedido de parecer de acesso. “Atualmente há uma insegurança quanto aos limites das exigências feitas pelas distribuidoras e muitas reclamações dos agentes. Há uma maior liberdade para a estruturação da geração compartilhada, criação da possibilidade de transferência de titularidade das unidades consumidoras para a titularidade da unidade que detém a micro ou minigeração distribuída”, falou Rosi.
O objetivo do Manual da Micro e Minigeração Distribuído é explicar o cenário atual da GD, micro e minigeração distribuída, as principais características das centrais geradoras em GD, as modalidades de geração própria – autoconsumo, as novidades da geração compartilhada, os principais destaques do novo marco legal da GD para distribuidoras, além da outorga de autorização, pela Aneel, para usinas fotovoltaicas.
Além disso, o manual mostra, por exemplo, que existem aproximadamente 806 mil unidades de geração distribuída, localizadas em mais de 5 mil municípios, segundo dados da ANEEL atualizados até janeiro de 2022. A maior parte – quase a totalidade – dos empreendimentos é de fonte solar, mas compreende também outras fontes, como termelétricas, eólicas e hidráulicas. O crescimento da GD nos empreendimentos também chama a atenção, o aumento foi de quase 80% na comparação do ano de 2021 em relação a 2020.
Vale lembrar que antes da edição do Marco Legal da GD, a geração compartilhada era viável somente por meio da reunião de consumidores em consórcio ou cooperativa. De acordo com as novas regras, é permitida a reunião de consumidores também por meio de condomínio ou qualquer forma de associação civil com o propósito de compartilhar a micro ou a minigeração distribuída. Isso amplia o leque de possibilidades de estruturação dos projetos.
De acordo com Rosi, alguns temas da Lei nº 14.300 precisam de regulamentação (a exemplo, das regras de apresentação de garantia de fiel cumprimento) e sua aplicação precisa ser coadunada com outras regulamentações do setor, como a Resolução Normativa ANEEL 1.000/2021 (condições gerais de fornecimento da Distribuidora). “Assim, a ideia de fazer um manual no formato e-book foi para viabilizar a sua atualização regularmente, na medida em que sejam editadas as regulamentações, possibilitando que o usuário tenha sempre em mãos um material atualizado”, explicou.
O manual conta com todos os itens tratados na Lei de uma forma organizada pelos temas de relevância e por interesse de agentes. Ao longo da edição das regras pertinentes à GD, que esperamos que sejam publicadas até julho deste ano, conforme estabelece a Lei, faremos a sua atualização, organizando a regulamentação pelos seus devidos temas.
“Estruturamos o material de uma forma em que os temas trazidos na nova lei fiquem em destaque e separados conforme o interesse específico do agente. A ideia também foi trazer os temas já esclarecendo algumas dúvidas que nos foram apresentadas por alguns clientes quando a edição estava sendo feita”, disse a executiva.
Otimismo
Ainda dentro do período de transição, com prazo máximo de fruição das regras atuais até 2045 (com escalonamentos para casos específicos), o Demarest vê a GD com grande otimismo.
“A Lei nº 14.300 endereçou algumas questões que traziam certa insegurança na implementação de projetos em larga escala. Além disso, a Lei trouxe ainda a possibilidade de uma maior liberdade na estruturação de projetos, cuja reunião de cargas (unidades consumidoras) não mais está limitada à cooperativa ou ao consórcio. Claro que os cenários de projetos de GD devem ser sempre objeto de avaliação ao longo dos anos, considerando as regras de transição e a abertura de mercado prevista para um futuro próximo”, exemplificou a sócia da Demarest.
Para finalizar, Rosi afirma que considerando que as regras de transição da Lei nº 14.300 estabelecem que as regras de compensação de energia hoje vigentes serão asseguradas somente para aqueles que solicitem parecer de acesso até 6 janeiro de 2023, há atualmente uma corrida para a obtenção de pareceres de acesso e para a implementação de projetos de GD. “A expectativa agora fica em relação à adequação de regulamentos, normas e procedimentos que devem ser regulados pela ANEEL até julho deste ano. Até o momento, não há nenhuma consulta pública aberta na ANEEL para essa regulamentação”.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Segundo ministro, Brasil faz parte da solução para evitar mudanças climáticas no mundo.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta 2ª feira (9.mai.2022) que o Brasil precisa receber dinheiro pela preservação do meio ambiente.
Em evento em Brasília, Guedes falou que está elaborando 3 acordos com a OCDE nesse sentido, como a estimulação da produção sustentável, maior tributação sobre produtos poluentes e uma forma de ganhar para preservar a fauna e a flora.
Na visão de Guedes, o mundo enfrentará 3 grandes desafios, e o Brasil faz parte da solução. São eles:
• segurança energética
• segurança alimentar
• mudanças climáticas
GUERRA NA UCRÂNIA
Guedes disse que o conflito com a Rússia e a Ucrânia ajudaram a provocar uma ruptura na produção e fornecimento de suprimentos. “É o momento da reconfiguração das cadeias produtivas globais”, afirmou.
Segundo o ministro, a facilidade logística será uma característica cada vez mais relevante na hora de fazer acordos. Não adianta ter o suprimento muito longe, diante da possibilidade de bloqueios por riscos geopolíticos, disse.
“Então, os semicondutores que são produzidos na Ásia precisam estar mais perto”, declarou. Deu como outro exemplo a necessidade de produção a energética estar em países geopoliticamente confiáveis. A Europa, atualmente, está refém do petróleo e gás russo.
Para o ministro, o Brasil está perto de várias nações e é confiável.
COMIDA CARA
Guedes disse que a guerra na Ucrânia e a pandemia fizeram os alimentos mais caros em todo o planeta e, por desonestidade intelectual, colocam toda a culpa no governo Jair Bolsonaro. “Esse pessimismo sobre o futuro brasileiro não cabe”.
INVESTIMENTOS
Guedes disse que o país tem R$ 860 bilhões já contratados de investimentos para os próximos 10 anos, e está chegando a quase 20% do PIB de investimento por ano.
Para ele, o país não consegue mais fazer esses investimentos em obras, ferrovias e portos, por exemplo, com o Orçamento próprio. Afirmou que o modelo de investimento público afundou, poluiu o ambiente de negócios e exauriu-se em corrupção.
“Nós estamos lentamente recuperando a capacidade de investimento.”
REFORMA TRIBUTÁRIA
Guedes defendeu a realização de uma reforma tributária mais enxuta para atrair investimentos. Citou o texto que altera as regras do Imposto de Renda, aprovado na Câmara e travado no Senado por falta de consenso.
Guedes quer também reduzir os impostos sobre a indústria, o IPI. De acordo com ele, o país tem todas as matérias-primas, como o minério de ferro, mas compra chapa de aço de fora porque produzir aqui é muito caro.
“O IPI é um imposto contra a indústria brasileira”, afirmou.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Para especialistas e CEOs presentes no Brazil Summit 2022, país tem potencial para se tornar um dos maiores negociadores dessa área.
O Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores negociadores do mercado de carbono e precisa viabilizar esse ambiente o mais rápido possível, avaliaram especialistas e CEOs presentes no Brazil Summit 2022, organizado pelo “Financial Times”, com parceria de mídia do Valor. "Não temos mais tempo e a hora é agora", disse o presidente do BNDES, Gustavo Montezano.
Segundo ele, o mercado de carbono será uma vantagem competitiva para as empresas no país. “Um mercado de carbono regulado, transparente e mensurável é uma vantagem competitiva para as companhias no Brasil.”
Conforme o executivo, ainda faltam resolver pontos importantes como padronização, sistemas de medição de impactos e outras questões. “Quanto mais conseguirmos medir [os impactos] mais negociável serão [os créditos de carbono gerados pelos setores].”
O presidente do BNDES vê a instituição em uma posição importante na viabilização desse ambiente: “O banco pode atuar como um indutor desse mercado”.
O CEO da Suzano, Walter Schalka, ponderou que achar uma forma de financiar a descarbonização das economias globalmente é um fator crítico. “O setor financeiro não vai fazer isso sem um incentivo e a única maneira é ter um mercado de carbono regulado."
Conforme Schalka, o Brasil tem um conjunto sem igual de ativos naturais e possibilidade de realizar o chamado sequestro de carbono, ou seja, processos para excluir gás carbônico da atmosfera e transformá-lo em oxigênio. “Temos milhões de hectares de floresta protegidas que poderiam ser classificadas como florestas nativas a fim de aumentar o sequestro de carbono.”
O país ainda pode investir na regeneração de áreas degradadas. “O Brasil tem uma grande oportunidade de usar isso como base para o crescimento”, disse Schalka. No mercado de carbono, os países podem negociar o que realizaram a mais em termos de descarbonização como créditos para empresas e outras economias poderem usar para atingir metas definidas nos acordos sobre mudanças climáticas.
“Acho que temos uma grande oportunidade, porque é muito simples. Precisamos reduzir nossas emissões no mundo. Não é uma competição, temos um bilhão de pessoas que precisam enfrentar as mudanças climáticas no mundo, então precisamos trabalhar juntos. Mas não estamos vendo muito trabalho sendo feito, apenas ambição de preservação. Por isso, precisamos capturar carbono.”
O CEO da Suzano usou o desmatamento ilegal na Amazônia para explicar como o mercado de carbono pode ajudar a reduzir a atividade ilegal. “Temos muitas pessoas trabalhando na desflorestamento ilegal por causa do problema social. Podemos vender US$ 10 bilhões por ano vender em créditos de carbono no mercado internacional e isso pode ajudar a resolver os problemas sociais na floresta e incentivar a preservação.”
O ex-ministro da Fazenda e atual diretor de estratégia econômica e de relações com o mercado do banco Safra, Joaquim Levy, lembrou que no mundo ainda não há tecnologia tão eficiente para o sequestro de carbono quando o reflorestamento. “Temos essa tecnologia, as áreas e pessoas, podemos ser líderes globais nos próximos cinco anos no sequestro de carbono.”
Para a CEO do UBS no Brasil Sylvia Coutinho, “vemos um tremendo potencial no mercado de carbono”. Na visão da executiva, “o Brasil é um dos países com um dos maiores conjuntos de ativos naturais do mundo e monetizar isso é importante [para incentivar a preservação]”. A executiva citou ainda a capacidade do país de geração de energia renovável e implementar novos mercados de comércio de energia, como o chamado hidrogênio verde, ou seja, o gás produzido com uso de eletricidade de fontes renováveis e, portanto, sem emissão de gás carbônico.
Ela explicou que as próprias empresas começam a perceber o potencial de monetização dos próprios ativos sustentáveis. “Há alguns anos, nós [UBS] tínhamos de correr atrás dos clientes para convencê-los de que era vantajoso incluir metas sustentáveis nas emissões [de dívida]. Agora são eles que correm atrás de nós para realizar operação com títulos ligados a métricas de sustentabilidade.”
O vice-presidente sênior da Siemens Energia Brasil, André Clark, ressaltou que o investimento em energias solar e eólica no mundo todo representam uma oportunidade de o Brasil ampliar sua presença na cadeia global de valor para esse setor. O Brasil poderia fazer o processamento de materiais utilizados na fabricação de equipamentos para a produção de energia limpa no próprio país, pontuou.
Segundo ele, “a China faz 80% do processamento desses minerais e o Brasil, como fonte de muitas desses materiais, deveria pensar estrategicamente junto com os parceiros industriais”. O Brasil acrescentou a CEO da BRK Ambiental, Teresa Vernaglia, “pode ter papel-chave no mundo e melhorar a qualidade do clima”.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: Senado Federal.
Certame marcado para 30 de setembro será o primeiro para contratação obrigatória de térmicas, prevista na Lei da Eletrobras.
O Ministério de Minas e Energia abriu consulta pública de 15 dias com as diretrizes do Leilão de Reserva de Capacidade na forma de energia. O certame está previsto para 30 de setembro, e será o primeiro voltado para a contratação obrigatória de termelétricas a gás natural, prevista na lei de privatização da Eletrobras.
O governo pretende contratar 2 GW em energia de reserva de empreendimentos que não entrarem em operação comercial até a data de publicação do edital. Metade desse valor será de projetos na Região Norte, para início de suprimento em 31 de dezembro de 2026, e a outra metade no Nordeste, com entrega da energia a partir de 31 de dezembro de 2027. Os contratos terão duração de 15 anos.
O preço de referência será o preço-teto para geração a gás do leilão “A-6”, de 2019, atualizado pela Empresa de Pesquisa Energética. Poderão participar usinas com Custo Variável Unitário de até R$ 450,00/MWh e com inflexibilidade média anual de geração de 70%.
O prazo para cadastramento e entrega de documentos na EPE vai até as 12h do dia 8 de junho. Terão preferência empreendimentos da Região Norte que utilizarem gás natural produzido na Amazônia Legal, e os do Nordeste com suprimento de gás extraído no Brasil.
No Nordeste, serão contratadas térmicas apenas no Piauí e no Maranhão. No Norte, serão aceitas ofertas de projetos para capitais e regiões metropolitanas dos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Tocantins, Acre e Rondônia.
A Lei 14.182/2021, que autoriza a privatização da Eletrobras, prevê a contratação de 8GW de térmicas e de 2 GW de hidrelétricas até 50 MW. As UTEs entrarão em leilões de reserva, enquanto as pequenas hidrelétricas participarão dos certames de energia nova A-5 e A-6.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Projeto apresentado é alvo de críticas por parte da Aneel e de associações que alertam para a elevação de risco caso a medida seja aprovada.
O projeto de decreto legislativo (PDL) 94/22, que teve sua urgência aprovada na Câmara dos Deputados, foi alvo de crítica por parte do Fórum das Associações do Setor Elétrico. As 27 entidades que fazem parte do grupo endossaram uma carta enviada ao presidente da câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), em defesa do setor e das regras. Para a entidade qualquer ação no sentido de sustar os aumentos, objetivo do projeto, é considerada temerária pois pode trazer insegurança jurídica em um setor que é reconhecido como sólido.
A carta foi lida durante o Seminário Internacional “O Futuro do Consumidor de Energia Elétrica” pelo presidente executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira. Ele destacou que a aprovação dessa manifestação foi unânime e feita em tempo recorde por todos os membros do Fase. Ferreira também reforçou que a solução para o problema está na figura do PL 414, que é de relatoria do deputado federal Fernando Coelho Filho (União-PE).
O diretor da Aneel Efrain Cruz criticou os parlamentares que propuseram essa alteração. Ele lembrou que a Aneel tem uma função discricionária e que a autarquia cumpre a lei. E ainda reforçou o fato de que o PL da modernização está no próprio Congresso Nacional, protege contratos no regramento vigente. Ele ainda criticou o populismo da medida em ano eleitoral.
O deputado Danilo Fortes (União-CE), membro da Comissão de Minas e Energia na Câmara, afirmou que a meta do Congresso é a de dialogar. Essa é uma ação que, segundo ele, não foi encontrada nos questionamentos realizados anteriormente, inclusive com a distribuidora de energia de seu estado, a Enel Ceará. E afirmou que na audiência convocada para a semana que vem a meta é de pedir esclarecimento para as partes convocadas.
Segundo o parlamentar, a meta não é a de quebrar contratos já estabelecidos e criar insegurança jurídica no país. Ele disse que os acordos precisam ser cumpridos, mas defendeu que podem ser revisados, uma vez que a conjuntura econômica não é mais a mesma de quando foram fechados com o poder concedente.
“Não queremos a quebra de contrato e sim que haja espaço de diálogo porque a conjuntura depois de 34 anos de concessão possa ser revista. O direito do consumidor é claro e permite que possa ser questionado um contrato. Temos excedente de energia no estado e estamos pagando térmica de 2000 que é do mesmo grupo econômico da distribuidora o que não pode ocorrer”, disse o parlamentar, mostrando um certo desconhecimento das regras do setor ao comentar sobre a geração de energia do Ceará, que na verdade, é injetada no Sistema Interligado Nacional, e ao dizer que é a população do estado quem paga uma térmica localizada na região.
Segundo Fortes, há ‘gorduras’ na conta que podem ser cortadas, e que tudo depende de diálogo entre as partes. Ele aproveitou para cobrar mais transparência nas contas que levaram ao aumento dizendo que a distribuidora negou-se por duas vezes a apresentar as planilhas de cálculo nas audiências públicas realizadas.
Enquanto o deputado era entrevistado após sua participação na abertura do seminário da Aneel, realizado em São Paulo, o presidente do grupo Energisa, Ricardo Botelho, estava por perto e com interesse em ouvir o que o parlamentar afirmava a jornalistas. A Energisa é uma empresa que possui 11 concessões de distribuição em todas as regiões do país.
O interesse do executivo é justificado afinal, como lembrou Fortes, a medida do PDL não ficaria restrita apenas à Enel Ceará, mas a todas as concessionárias no país. O pedido de urgência ao PDL foi aprovado por 410 votos a favor e somente 11 contrários.
Contudo, o diretor Sandoval Feitosa destacou que não há espaço para mitigar os efeitos das pressões tarifárias aos consumidores como feito em anos anteriores. Ele considera que discutir as tarifas é uma atitude nobre e que compete ao Congresso sim, mas que agir na tarifa é uma medida complexa. E ainda avalia que a forma como a discussão está sendo conduzida é um problema, pois precisa ser pautada pelo diálogo.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Com três anos seguidos de crise Sandoval Feitosa diz que todas as ferramentas que o regulador tinha já foram usadas.
O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Sandoval Feitosa, disse que a agência está à disposição para discutir e apresentar os dados aos parlamentares sobre as tarifas de energia. Ele afirmou que vê com naturalidade a discussão sobre os aumentos, mas avalia que não há espaço para mitigar os efeitos das pressões tarifárias aos consumidores como feito em anos anteriores.
De acordo com o futuro diretor geral da Aneel, o fato de estarmos em ano eleitoral não interfere nos questionamentos do legislativo acerca dos reajustes que estão sendo aplicados neste ano e que estão na casa de dois dígitos. No caso da Enel Ceará, de 24,99%.
Feitosa lembrou que esse é o terceiro ano seguido que o país tem que enfrentar uma crise que afeta diretamente o custo da energia no país. “Em 2019 tivemos a pandemia de covid-19, depois a crise hídrica com a maior seca de nossa história e agora esse conflito na Europa que exerce uma forte pressão tarifária”, destacou. “Não vemos com as ferramentas atuais que será possível realizar ajustes”, acrescentou.
Ele avaliou que o país foi um dos menos afetados pela crise tarifária no mundo. Citou que os efeitos do reperfilamento do pagamento das indenizações da RBSE, da conta covid e conta de escassez hídrica atenuaram os efeitos. Agora o portfólio de opções para minimizar o efeito da conta foi reduzido e o governo optou por não oferecer auxílio em virtude das questões fiscais.
Um ponto que poderia ser implementado é a tributária, com redução de alíquotas de ICMS que podem chegar a 34%. Mas essa é uma questão que cada governo estadual deve avaliar.
Feitosa disse que propostas para mudar esse cenário devem ser tomadas a partir do governo federal ou do Congresso Nacional. Reforçou o fato de que a Aneel é o órgão regulador e que cumpre as regras estabelecidas.
Segundo ele, o aporte de R$ 5 bilhões do processo de capitalização da Eletrobras à CDE e a única ferramenta atual que pode ajudar a reduzir a conta para o consumidor final neste momento. Outra forma está no PL 414 com a divisão do pagamento do bônus de outorga. A proposta atual é de 50% para o Tesouro Nacional e a outra metade para a CDE. Segundo ele, esse índice poderia ser, eventualmente, alterado para ajudar mais ainda.
Fonte e Imagem: Canal Energia
A proposta busca destravar a extensão a Roraima do Linhão de Tucuruí, integrando o Estado ao Sistema Interligado Nacional; o Estado é o único que não está conectado ao sistema nacional.
O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (4), por 60 votos a quatro, um projeto de lei que declara a passagem de linhas de transmissão de energia elétrica por terras indígenas como "de relevante interesse público da União". A proposta foi apresentada pelo senador Chico Rodrigues (União-RR) e busca destravar a extensão a Roraima do Linhão de Tucuruí, integrando o Estado ao Sistema Interligado Nacional. A linha atravessaria as terras do povo Waimiri Atroari, na divisa entre Roraima e Amazonas.
O texto segue agora para a Câmara dos Deputados. Roraima é o único Estado que não está conectado ao sistema nacional, e vinha sendo alimentado pela energia produzida na hidrelétrica de Guri, na Venezuela. Porém, o país vizinho cortou o fornecimento em 2019.
No Senado, a proposta recebeu relatório do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). Segundo ele, serão instaladas 250 torres de transmissão de energia ao longo de 700 quilômetros, entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR). De acordo com o texto aprovado, a declaração de relevante interesse público de que trata o projeto terá de ser feita, necessariamente, por decreto do presidente da República.
Indenização a povos indígenas
Apesar disso, foi incluído um dispositivo no texto que determina que as comunidades indígenas afetadas tenham que ser ouvidas previamente à implantação do empreendimento.
"É assegurada indenização pela restrição do usufruto de terras indígenas às comunidades indígenas afetadas, sem prejuízo das demais compensações previstas em lei", complementa o projeto.
O assunto tem sido acompanhado de perto pelo governo Jair Bolsonaro, que se comprometeu a desembolsar R$ 90 milhões a título de indenização a comunidades indígenas afetadas pela obra do linhão. Ontem, um decreto sobre a compensação foi publicado no “Diário Oficial da União”. O texto, no entanto, não cita valores.
No acordo previsto pela União e o governo de Roraima, o consórcio liderado pela Transnorte, responsável pelo empreendimento, desembolsaria mais R$ 33 milhões como forma de compensação aos povos originários da região. Consultada antes da publicação do decreto presidencial, a Transnorte afirmou que se pronunciaria depois de ver o texto.
A decisão do Executivo em indenizar os indígenas ocorre pouco mais quatro meses após a Justiça do Amazonas ter determinado que os trabalhos só poderiam avançar mediante a compensação pedida pelos índios da etnia Waimiri Atroari.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Enquanto o mundo diminui emissões de carbono e afasta-se de produções fósseis, Brasil prevê aumento de 75%...
O Brasil nunca perde a oportunidade de perder uma oportunidade”, disse o economista e diplomata Roberto Campos. A frase é perfeitamente aplicável ao processo de modernização em curso no setor elétrico. A transição para um ambiente com menos subsídios e de práticas mais racionais não está sendo feita da forma mais assertiva. Algumas medidas devem ser repensadas, sob o risco de, caso não mudemos de rumo, resultarem em prêmios para fontes mais poluentes e ineficientes.
Em 2020, o governo editou a Medida Provisória 998, convertida na Lei 14.120/2021. Entre outras providências, o texto determinou o fim das ações incentivadas para as fontes renováveis. Houve consenso em relação a essa mudança: os próprios agentes dos setores eólico e solar reconheceram a competitividade que as respectivas fontes conquistaram nos últimos anos e entenderam que o fim do incentivo contribuiria para a racionalização dos subsídios e seria um ato de respeito ao consumidor.
Entretanto, a partir daí, apenas essas fontes renováveis foram sacrificadas em prol da suposta modernização do setor. A MP 1031/2021, que viabiliza a privatização da Eletrobras, recebeu uma série de emendas sem relação com a desestatização, popularmente apelidadas de “jabutis”. Na contramão da medida adotada pela MP 998, há entre os acréscimos a determinação de contratação compulsória de térmicas a gás natural em regiões de pouca oferta deste combustível e que exportam pouca eletricidade. Essa emenda tem duplo impacto negativo para o país. A princípio criando um custo bilionário para o setor e consequentemente, para os consumidores. Ainda há os prejuízos ambientais ao incentivar o aumento da produção fóssil.
Além do caso do combustível fóssil citado (gás natural), observam-se movimentos legislativos recorrentes a beneficiar térmicas a óleo e a carvão. Como resultado, no início de 2022 foi editada lei postergando os incentivos de produção termelétrica a carvão mineral até 2040.
A produção eólica, por sua vez, concentrada predominantemente no Nordeste, está arcando com grande parte do ônus dessa modernização às avessas do setor elétrico. É importante ressaltar que os geradores eólicos apoiaram o fim dos incentivos sob a condição de avanço do setor para um ambiente de menos subsídios e maior competição em bases econômicas, com o estímulo aos mais eficientes. A intenção era nobre, mas o que se viu desde então tem colocado o setor em outro rumo.
Enquanto o mundo corre para diminuir a dependência dos combustíveis fósseis o mais rápido possível –seja para evitar os nocivos efeitos ambientais que eles acarretam ou para fugir de seus efeitos geopolíticos, como o aumento de preços em função do dólar ou de guerras e outros conflitos armados, como o que vemos na Europa atualmente–, o Brasil corre no sentido oposto, aumentando sua dependência desses combustíveis fósseis enquanto desincentiva o uso das fontes renováveis de energia.
Isso fica evidente ao se observar o Plano Decenal de Expansão de Energia de 2031 da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), atualmente em consulta pública, quando se compara o cenário eficiente ao cenário de referência (com as ineficiências supracitadas). Verifica-se um sobrecusto de R$ 53 bilhões e um aumento de emissão de carbono da ordem de 75%. Ou seja, estamos pagando prêmio para carbonizar a matriz elétrica. Totalmente na contramão do mundo.
Assim, tem que haver ao menos um alento às renováveis, aliviando a transição imposta para que mais projetos possam se concretizar de fato. Isto porque os efeitos da covid-19 na economia e o desmantelamento da logística global, o aumento cambial e o custo de capital mais elevado, causaram um aumento expressivo no custo dos equipamentos, que impedem projetos outrora viáveis de saírem do papel.
É preciso jogar luz, ainda, sobre o fato de que esse movimento não prejudica só a produção eólica e as solares centralizadas, mas lesará fortemente os investimentos no país. Em especial no Nordeste, que perderá investimentos bilionários, tão importantes para a movimentação da economia da região e a redução das desigualdades. Um processo de modernização do setor não pode ser ancorado no sacrifício de alguns e no benefício de outros, sob pena de atingirmos de morte os princípios da isonomia, da livre concorrência e iniciativa, bem como de estarmos repetindo erros do passado.
Dessa forma, a revisão da divisão de benefícios e sacrifícios se impõe. Um país abençoado por recursos naturais, renováveis, disponíveis e aproveitáveis, não precisa de muito para ser bem-sucedido, desde que não se inviabilize o que dá certo no país. Repensar a quem e de quem estão sendo dados e retirados incentivos, de forma a estabelecer um justo equilíbrio, é um dever do Congresso com a sociedade brasileira e com o futuro deste país.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Esses reservatórios têm papel fundamental para assegurar o abastecimento para consumo humano e animal, produção agropecuária, transporte, indústria e geração de energia elétrica, com reconhecidos benefícios ambientais para os ecossistemas.
A utilização de grandes reservatórios de acumulação de água para a geração hidrelétrica, e também para outros usos múltiplos, é uma preocupação constante do FMASE, que congrega 19 associações setoriais do Setor Elétrico Brasileiro, e tem se debruçado nos últimos anos em levar essa discussão a toda a sociedade brasileira e autoridades competentes.
O tema de reservação de água (intimamente ligado ao seus diferentes usos e consumos) é complexo, com grande interface com inúmeros setores públicos, econômicos, e praticamente todos segmentos sociais, podendo ser dimensionado à luz da escassez hídrica registrada no país entre 2020 e 2021, fato observado também nos últimos anos, onde se observaram questões relativas aos regimes hidrológicos, com predominância de precipitações inferiores aos valores médios históricos. A partir dessa situação, recorrente, já se justifica a necessidade de ações governamentais, feitas com a participação de todos os atores da sociedade para se discutir a ampliação e recuperação dos reservatórios de usinas hidrelétricas do País, de forma a garantir a devida segurança no atendimento aos consumidores brasileiros de energia elétrica e demais usuários da água.
O Governo Federal, aprovou no dia 26 de abril a resolução nº 2 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que instituiu um grupo de trabalho para elaborar um plano de recuperação dos reservatórios de usinas hidrelétricas do país. O grupo será coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e terá representantes também do Ministério do Desenvolvimento Regional, Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O plano é para a recuperação dos reservatórios ao longo de até 10 anos e segue a Lei n. 14.182, de 12 de julho de 2021, que determinou que o Executivo elabore um programa decenal nesse sentido, e o documento obedecerá diretrizes como a priorização o consumo humano e animal; garantia da segurança energética do Sistema Interligado Nacional; segurança de usos múltiplos da água; curva de armazenamento de cada reservatório de acumulação a ser definida anualmente e flexibilização da curva de armazenamento dos reservatórios em condições de escassez definida pela ANA, em articulação com o ONS.
Entendemos, porém, que a retomada da construção de novos reservatórios de água deve ser um aspecto estratégico a ser considerado por toda a sociedade brasileiro e pelos órgãos e instituições públicas e privadas a ser colocado em pauta prioritária nas discussões que serão feitas também nesse grupo.
Durante o 8º Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília em 2018, o FMASE, com o apoio da ABRAGEL e ABRAPCH coordenou uma mesa de discussão com especialistas, e que elaborou o documento “Reservatórios, uma questão de segurança hídrica” que foi aprovado oficialmente no evento e contém uma proposta atual, com robustos subsídios e profunda análise técnica e política, com foco de retomada da construção de reservatórios de água com significativa capacidade de acumulação, destinados ao uso múltiplo.
Esses reservatórios têm papel fundamental para assegurar o abastecimento para consumo humano e animal, produção agropecuária, transporte, indústria e geração de energia elétrica, com reconhecidos benefícios ambientais para os ecossistemas.
Os dados de gestão das águas nos últimos anos mostram que existem situações em que a disponibilidade hídrica natural, verificadas nas vazões disponíveis, não tem sido suficiente para suprir as demandas regionais, havendo então, dentre outras importantes iniciativas complementares a serem implementadas, a necessidade de aumentar essa disponibilidade pelo aproveitamento do potencial de regularização de vazão nos cursos d’água, através da construção de reservatórios de acumulação.
A construção dos reservatórios se faz necessária para acumular água nos períodos de maior pluviosidade e para transferir esse estoque ao longo do tempo, suprindo a demanda em períodos de menor chuva, garantindo a segurança hídrica regional. Segundo o conceito dado pela UN-Water, segurança hídrica é “a capacidade de uma população de: assegurar o acesso à água em quantidade adequada e de qualidade aceitável para a vida (subsistência) sustentável, o bem-estar humano e o desenvolvimento socioeconômico; garantir a proteção contra a poluição e os desastres relacionados com a água, e a preservação de ecossistemas, em um clima de paz e estabilidade política”.
No 2º Fórum Mundial da Água em 2000, foi emitida uma declaração afirmando que segurança hídrica “significa garantir que ecossistemas de água doce, costeira e outros relacionados sejam protegidos e melhorados; que o desenvolvimento sustentável e a estabilidade política sejam promovidos; que cada pessoa tenha acesso à água potável suficiente a um custo acessível para levar uma vida saudável e produtiva, e que a população vulnerável seja protegida contra os riscos relacionados à água”. Tal Declaração também listou sete desafios principais à consecução da segurança hídrica: satisfação das necessidades básicas; garantia do abastecimento de alimentos; proteção aos ecossistemas; compartilhamento de recursos hídricos; gerenciamento de riscos; valorização da água; e controle racional da água.
Esses desafios, apresentados mais de vinte anos atrás, continuam atuais, e os gestores públicos ou do terceiro setor, de recursos hídricos, observadas suas diferentes utilizações, necessitam rever a questão da retomada dos reservatórios de acumulação. Esse é o remédio certo para se aproveitar os períodos climáticos favoráveis para acumular água para os períodos desfavoráveis. Essa prudente ação também se apresenta como paliativo frente às mudanças climáticas observadas em todo o planeta. Em se tratando apenas de geração de energia, o volume de armazenamento dos reservatórios que abastecem as hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional tem uma capacidade nominal em torno de 4 meses de geração.
Situação bem delicada para os consumidores, posto que a fonte hídrica, além de ser renovável, representa cerca de 60% de nossa matriz elétrica, e que além disso, por sua característica firme, contribui para instalação de outras fontes renováveis intermitentes, como as energias eólica e solar, ajudando assim a manter uma matriz nacional limpa, observada a política de modicidade tarifária.
Como efeito positivo para toda a sociedade, a construção de reservatórios permite que as outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sejam concedidas a um maior número de usuários, garantindo assim a multiplicidade de usos das águas. Nesse sentido, é muito importante que as decisões a serem tomadas por todos os atores sociais interessados nesse tema, levem em consideração a importância do uso múltiplo da água, observando as necessidades de todos os setores que a utilizam, bem como sua importância para o meio ambiente levando em contas as prioridades de uso como o abastecimento humano e dos animais, sem esquecer que a geração de energia é considerada de utilidade pública.
A necessidade do planejamento na efetiva retomada da construção de barragens de elevada capacidade precisa estar assegurada em políticas pragmáticas, gestão eficaz, arcabouço jurídico forte, sistemas de engenharia confiáveis, usos múltiplos e conscientização sobre os riscos existentes. Tudo isso incorporados em um Plano Nacional de Segurança Hídrica, capaz de minimizar eventos de cheias e de secas.
E tudo isso com o cumprimento fiel da legislação ambiental e o envolvimento efetivo do governo, entidades representativas setoriais e da sociedade civil nas discussões.
Entendemos que a retomada da política de reservação de água é perfeitamente possível e urgente para evitar a ampliação da situação de escassez hídrica declarada de forma crescente nas bacias hidrográficas brasileiras. São os reservatórios que podem garantir a segurança nos eventos climáticos de escassez, garantir a navegação, o turismo, a produção de energia, a água para indústria e irrigação, produção de alimentos e, principalmente, o abastecimento humano e de animais.
Trata-se, com certeza, de iniciativa alinhada com a “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, que contém um conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), dentre os quais se destacam a eficiência na gestão dos recursos naturais, a mitigação e adaptação às mudanças climáticas e resiliência a desastres.
Enio Fonseca é Vice Presidente do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico- FMASE
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Regra da Aneel que trata da ocupação do solo será discutida em consulta pública até 2 de junho.
A Agência Nacional de Energia Elétrica está propondo a delimitação de uma área no entorno de subestações da Rede Básica, para disciplinar a ocupação do solo e evitar o “ilhamento” dessas instalações por outros projetos do setor elétrico. A Área de Desenvolvimento da Subestação (ADS) seria equivalente a um círculo com raio de 2 km, a partir do centro geométrico da instalação.
O ilhamento ocorre quando outros empreendimentos são construídos muito próximos à subestação, provocando o cercamento. Esse tipo de situação, segundo a Aneel, dificulta a expansão eficiente da rede básica, limita a margem e a antecipação de investimentos.
Ele tem acontecido com mais frequência em razão da expansão de projetos fotovoltaicos. A agência reguladora aponta que a alta taxa de insolação e o custo fundiário baixo no Nordeste pode fazer com que o problema cresça rapidamente se nada for feito.
A proposta é não permitir a construção de centrais de geração dentro da ADS. A Aneel sugere que o próprio gerador apresente uma auto declaração de que a usina está sendo instalada em conformidade com a área definida para a subestação.
A criação da ADS seria aplicada a subestações de transmissão com licença prévia ou equivalente, emitida após a entrada em vigência do novo regulamento da Aneel. Como regra geral, todas as novas subestações teriam uma área de exclusão associada, exceto nos casos de dispensa definidos no planejamento pela Empresa de Pesquisa Energética.
A nova resolução também prevê regras para o traçado de linhas de transmissão dentro da área da subestação. Uma possibilidade é o uso de circuito duplo, e a outra que o traçado das linhas (incluindo Rede Básica, Demais Instalações de Transmissão ou linhas de interesse restrito de determinado empreendimento) seja aprovado previamente. Para a agência, a melhor solução seria que as transmissoras fizessem essa aprovação como requisito do CCT (Contrato de Conexão de Transmissão) e CCI (Contrato de Compartilhamento de Instalações).
A norma também estabelece que as transmissoras deverão observar a existência de centrais geradoras no momento da instalação de subestações licitadas. Geradores e transmissoras deverão comunicar à agência casos em que não for observada a área de exclusão.
O diretor Sandoval Feitosa destacou na reunião da Aneel desta terça-feira, 3 de maio, que a discussão sobre o problema é importante não apenas para a rede básica, mas igualmente para subestações de distribuição, que são acessadas por empreendimentos renováveis.
“Temos grandes subestações de distribuição em 138 kV, e esse processo pode estar ocorrendo de forma muito mais acelerada que nas subestações de transmissão. Seria importante incluir essas instalações na norma”, sugeriu o Feitosa. A proposta que trata do aprimoramento das regras de uso fundiário ficará em consulta pública de 4 de maio a 2 de junho.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Estratégia no período úmido restringiu vazões das principais barragens para proporcionar retorno a patamares que aumentam a segurança hídrica das bacias dos rios Grande, Paranaíba, São Francisco e Tocantins.
Iniciado em 1º de dezembro de 2021, o Plano de Contingência para a Recuperação de Reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) elaborado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) chegou ao fim de sua vigência no último sábado, 30 de abril. Os lagos de Três Marias (MG), Sobradinho (BA), Itumbiara (GO/MG), Furnas (MG) e Marechal Mascarenhas de Moraes (MG) superaram o patamar de 70% de seu volume útil, com as barragens contribuindo para a produção de energia nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste.
Somente nas bacias dos rios Tocantins e São Francisco foram observadas afluências acima da média. Na bacia do Velho Chico as medidas adotadas e vazões possibilitaram que o maior reservatório nordestino, Sobradinho, atingisse sua capacidade máxima, chegando a 99,85% de seu volume útil em 30 de abril. Nas demais bacias foram observadas afluências próximas às médias, o que demonstra a importância das medidas implementadas no plano de contingência.
Serra da Mesa (GO) e Emborcação (GO/MG) ficaram com armazenamento de 64,8% e 68% respectivamente, sendo que Serra da Mesa, no rio Tocantins, é o maior reservatório do Brasil e um dos maiores do mundo e teve seu armazenamento quase triplicado no período úmido. Já em Emborcação, no rio Paranaíba, os níveis saltaram de menos de 15% – o menor percentual entre os reservatórios citados – para quase 70% entre dezembro e abril.
Entre essas sete hidrelétricas que contaram com as medidas operativas do plano, em cinco o armazenamento hídrico em 30 de abril foi o maior nos últimos dez anos para essa data: Serra da Mesa, Sobradinho, Emborcação, Itumbiara e Furnas. Somente em Três Marias, que tem liberado mais água para evitar a mortandade de peixes, e Marechal Mascarenhas de Moraes, com grande oscilação pela sua menor capacidade de retenção, atingiram o segundo maior volume útil dos últimos dez anos.
Em Serra da Mesa a vazão de aproximadamente 65% no fim do período chuvoso não ocorria desde agosto de 2012. Já Furnas, no rio Grande, opera com 85%, o que não acontecia desde abril de 2012. Ainda considerando os últimos dez anos na variação dos volumes desses sete reservatórios, os ganhos de armazenamento variaram entre 41 e 66 pontos percentuais – melhor condição da última década – durante a vigência e determinações específicas da ANA.
Nas usinas de Jupiá e Porto Primavera, que operam a fio d’água no rio Paraná, na divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, a redução das vazões liberadas buscou diminuir a demanda por escoamento dos reservatórios acima deles, principalmente das bacias dos rios Grande e Paranaíba.
O Plano de Contingência foi elaborado com base em estudos e simulações realizados pela ANA, considerando a possibilidade da repetição de anos desfavoráveis em termos de chuvas no contexto da crise hidroenergética de 2021. Também foram consideradas as discussões com partes interessadas no tema, promovidas pela Agência, assim como as normas e restrições existentes quanto aos usos da água e aspectos ambientais.
Assim o regulador definiu as vazões máximas que poderiam ser liberadas durante o período úmido pelos principais reservatórios do setor, escolhidos por sua posição de cabeceira nas bacias, por estarem com baixos volumes armazenados no fim do ano passado, além da importância para segurança hídrica das bacias contempladas ou pela existência de conflitos com outros usos da água diferentes da geração hidrelétrica.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Projeto busca destravar Linhão de Tucuruí, que ligaria Roraima ao Sistema Nacional de Energia, mas é criticado por lideranças comunitárias.
O Senado deve votar hoje um projeto que autoriza a passagem de linhas de transmissão de energia elétrica por terras indígenas. De autoria do senador Chico Rodrigues (União Brasil-RR), a proposta busca destravar casos como o do Linhão de Tucuruí, que ligará Roraima ao Sistema Nacional de Energia, mas que passa por dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari.
O projeto classifica as linhas de transmissão como “relevante interesse público da União”. Dessa forma, a sua instalação em terras indígenas passaria a ser permitida. Isso porque a Constituição prevê que o uso dessas áreas reservadas só é autorizado se houver interesse público do país, desde que as comunidades afetadas sejam ouvidas.
Defendido pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), o leilão para a construção do Linhão foi feito em 2011, ainda durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). A obra, porém, não foi levada adiante. A responsável pelo empreendimento é a concessionária Transnorte Energia.
A justificativa para o empreendimento é o isolamento de Roraima do Sistema Nacional de Energia. Hoje, o estado depende do fornecimento de energia da Venezuela, que é intermitente e que sofre com apagões frequentes.
Para ligar Roraima ao fornecimento de energia nacional, é necessário construir o chamado Linhão de Tucuruí, uma linha de transmissão com 250 torres e extensão de 715 km. O percurso vai de Manaus, no Amazonas, até Boa Vista, capital roraimense. Para isso, porém, é preciso atravessar 122 km da Terra Indígena Waimiri-Atroari, onde vivem 2,6 mil indígenas — entre eles, há a presença de povos isolados.
De acordo com o Conselho Indígena de Roraima (CIR), as comunidades da área reservada não foram ouvidas para a construção do Linhão de Tucuruí. A entidade argumenta que não consultar os indígenas que vivem na terra que será impactada fere a Constituição e a Convenção 169 da Organização Internacional de Trabalho (OIT).
A convenção prevê que, “antes de se empreender ou autorizar qualquer programa de prospecção ou exploração dos recursos existentes nas suas terras”, os governos devem consultar as comunidades afetadas “a fim de se determinar se os interesses desses povos seriam prejudicados, e em que medida”.
— As comunidades devem participar do debate para discutir as medidas de compensação, mitigação e indenização dos impactos, alguns deles irreversíveis —, diz Ivo Cípio Aureliano, assessor jurídico do CIR.
Entre os impactos causados pela construção do linhão, Aureliano cita a restrição do uso da terra — de acordo com o advogado, cada torre de alta voltagem ocuparia uma área de 50m² —, o que dificultaria atividades como a pesca e caça, essenciais paras as comunidades da região.
No ano passado, o governo Bolsonaro conseguiu o aval da Funai e do Ibama para levar a obra adiante. O empreendimento, porém, enfrenta questionamentos na Justiça. Em um dos processos, a Justiça Federal do Amazonas condicionou a obra ao pagamento de R$ 133 milhões ao povo Waimiri Atroari como compensação pelo impacto.
A decisão foi emitida em dezembro do ano passado, mas foi anulada em fevereiro devido a um outro processo que ainda aguarda julgamento.
Mudanças do relator
Para conseguir a aprovação do projeto, o relator da proposta no Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), pediu mudanças no texto para deixar mais clara a necessidade de ouvir as comunidades afetadas e garantir a indenização pelos impactos. Na nova redação, a projeto prevê que a implementação do empreendimento só poderá ser feita após a consulta às comunidades indígenas. A declaração de interesse público das linhas de transmissão de energia, porém, ainda precisará ser regulamentada pelo presidente da República, assim como serão feitos os cálculos para a indenização.
Fonte e Imagem: O Globo
Fase divulga carta em que defende as linhas gerais do projeto e que monitora ações que tentarão desvirtuar a proposta de modernização do setor elétrico brasileiro.
O deputado federal Fernando Coelho Filho (União-PE) disse que deverá terminar o texto do substitutivo do PL 414/2021 ao final desta semana. Segundo o parlamentar, que participou de live de um programa de TV, na quarta-feira, 27 de abril, agora é esperado que seja pautada a votação de urgência pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) para que o texto seja apresentado.
O parlamentar destacou que deverá ocorrer ajustes ao longo das discussões no Plenário, o que já é esperado, mas afirmou que o projeto possui uma direção já determinada e o trabalho é de manter esse caminho evitando a alteração desta direção ao longo da tramitação. “A direção está dada é clara e tem apoio do setor elétrico”, afirmou.
Segundo ele, é possível que até o final do primeiro semestre o projeto que trata da modernização do setor elétrico possa ser aprovado, esperando a sanção do presidente da República.
Em carta ao deputado, o Fórum das Associações do Setor Elétrico destacou que defende o projeto de modernização do setor elétrico, que faz parte da agenda legislativa prioritária do Governo Federal para 2022. E que está confiante de que o novo substitutivo venha a contemplar os aprimoramentos propostos pelas entidades signatárias da carta.
Na opinião da entidade, as propostas resultariam em um “texto mais equilibrado e em sintonia com os anseios da sociedade e dos setores produtivos e merece ser aprovada para o bem da economia e, consequentemente, dos brasileiros”, diz.
O Fase alerta que está atento aos movimentos “que possam desvirtuar a proposta e não renunciaremos a nos posicionar e trazer para os debates os mais diversos segmentos da sociedade brasileira. A maior contribuição que o setor elétrico pode dar ao Brasil é promover investimentos eficientes, entregar energia barata e limpa a todos os consumidores”, aponta.
E mais, acrescenta que o projeto é uma oportunidade essencial para a economia brasileira. Até porque, o país tem os atributos para ser o país da energia elétrica barata, limpa e segura, pois dispõe de: potencial hidrelétrico, vento e sol o ano todo, reservas de urânio, disponibilidade de recuperação energética de resíduos, de biomassa e biogás, de áreas disponíveis para projetos sustentáveis e inovadores, além da complementariedade entre suas fontes energéticas.
“Transformar essa enorme vantagem comparativa em realidade só depende de vontade política e transparência, para que o debate seja aberto à sociedade, para que possamos definir juntos o caminho que queremos seguir no campo energético, oferecendo um mercado isonômico para os consumidores de energia elétrica”, afirma o Fase. Até o fechamento desta reportagem, a votação da urgência do PL 414/2021 na Câmara não havia sido publicada.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Certame será o primeiro a aplicar as regras de reserva de mercado para hídrica estabelecidas na Lei 12.182, que autorizou a capitalização da Eletrobras.
O Ministério de Minas e Energia abriu consulta pública sobre a minuta de Portaria contendo a sistemática para a realização dos leilões de energia nova A-5 e A-6 de 2022. A publicação veio na edição desta sexta-feira, 29 de abril, do Diário Oficial da União por meio da Portaria no. 645/GM/MME, de 27 de abril de 2022.
De acordo com a minuta, realização do A-5 deverá anteceder a realização do A-6 e que a eventual compra frustrada no primeiro certame não será contratada no seguinte. A perspectiva é que os certames sejam realizados em 16 de setembro de 2022, sendo composto por duas fases já conhecidas do setor.
Em relação às fontes serão dois produtos. No A-5 entram produtos por disponibilidade biomassa, termelétrica e resíduo sólido urbano. Já em quantidade disputam as fontes eólica, hídrica e solar. Já no A-6 somente a solar não participará mediante estabelecimento de parâmetros específicos que constam da minuta.
Esses serão os primeiros leilões em que a passam a valer as regras estabelecidas na lei 14.182, do PL da Eletrobras, onde a reserva de mercado para a hídrica será aplicada. São 50% da demanda declarada destinados para essa fonte em usinas de até 50 MW.
Os interessados em enviar suas contribuições têm 10 dias a contar de hoje para participar. A CP pode ser acessada via portal para esse fim específico no site do MME.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ministros analisaram ação do PSB; Cármen Lúcia, relatora do caso, foi acompanhada pelos demais magistrados da Corte.
O STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu nesta 5ª feira (28.abr.2022), por 10 votos a 0, o licenciamento ambiental automático dado a empresas que podem oferecer riscos ao meio ambiente.
A Corte analisou uma ação do PSB contra lei que dispensa a necessidade de análise das concessões a empresas enquadradas na categoria de risco ambiental médio.
Venceu o voto da ministra Cármen Lúcia, relatora do caso. Ela foi acompanhada por André Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Luiz Fux. Dias Toffoli não participou do julgamento.
De acordo com a relatora, a lei que autoriza licenciamentos automáticos “ofende normas constitucionais de proteção ao meio ambiente, em especial o princípio da precaução ambiental”. A norma veio de uma medida provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
Cármen também criticou o que considerou uma simplificação das licenças ambientais. Também disse que a medida faz com que as empresas só sejam fiscalizadas depois de receberem o licenciamento.
“É que o alvará de funcionamento e as licenças então serão emitidas sem análise humana possibilitando que aquelas licenças sejam concedidas e fiscalizadas somente após a liberação da atividade”, afirmou.
O julgamento faz parte da chamada “pauta verde”, conjunto de 7 ações ambientais que foram pautadas e começaram a ser analisadas em sequência pelo Supremo em 30 de março. No último caso apreciado, o Tribunal restabeleceu a participação da sociedade civil no FNMA (Fundo Nacional do Meio Ambiente), derrubando trecho de um decreto de Bolsonaro.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Mandato no operador começará em 17 de maio para um período de quatro anos, Elisa assume diretoria de Assuntos Corporativos e Vieira deixa o MME para ser diretor de Operação.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico tem dois novos diretores. Foram eleitos para iniciar mandato a partir de 17 de maio a atual diretora da Aneel, Elisa Bastos, na diretoria de Assuntos Corporativos. O segundo é o atual secretário de energia elétrica do MME, Christiano Vieira, para a diretoria de Operação. Ambos com mandato de quatro anos.
Segundo o ONS, os nomes foram eleitos por unanimidade pelos membros associados que participaram da assembleia da entidade. Os dois eleitos cumprirão mandato no quadriênio 2022-2026.
Elisa Bastos será a primeira mulher a compor a diretoria do ONS, a nova diretora de Assuntos Corporativos é Doutora em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Faculdade de Engenharia Mecânica pela Unicamp. Atuou na Assessoria Especial de Assuntos Econômicos do Ministério de Minas e Energia (MME) e na Companhia Energética de Goiás. Ela substituirá Jaconias de Aguiar que assumiu a diretoria do ONS em maio de 2018.
Já Christiano Vieira, eleito para ser o diretor de Operação do ONS, possui mais de 18 anos dedicados à regulação do setor elétrico. Ele é mestre em Economia e tem MBA em Gestão em Empresas de Energia Elétrica. Com atuação focada nos segmentos de geração e comercialização de energia elétrica, participou da implementação dos principais aspectos do atual modelo do setor elétrico. Ele assumirá a cadeira que é de Sinval Gama, que também assumiu a diretoria do ONS em maio de 2018.
Com isso, a partir de maio, a diretoria do ONS terá a seguinte composição: Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral; Marcelo Prais, diretor de TI, Relacionamento com Agentes e Assuntos Regulatórios; Alexandre Nunes Zucarato, diretor de Planejamento; Elisa Bastos, diretora de Assuntos Corporativos; e Christiano Vieira como diretor de Operação.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Empresário Fabio Schiochet (União-SC) está em seu primeiro mandato na casa e substituí Edio Lopes (PL-RR).
Com 27 votos o deputado Fabio Schiochet (União-SC) foi eleito nesta quarta-feira, 27 de abril, presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Ele substitui o deputado Edio Lopes (PL-RR) no cargo, para um mandato de um ano. Para as três vice-presidências foram eleitos os deputados Celso Sabino (União-PA) (1º), Filipe Barros (PL-PR) (2º) e Carlos Henrique Gaguim (União-TO) (3º).
Segundo a Agência Câmara de Notícias, Schiochet afirmou que o ritmo de trabalho será acelerado e que vai ouvir todos os parlamentares. “Muitas pessoas têm a ideia de que em ano de eleição o Congresso para e trabalha em marcha lenta. Daremos um tom com muita agilidade, trataremos dos assuntos mais importantes dessa Casa”, disse.
Empresário, natural de Jaraguá do Sul (SC), está no seu primeiro mandato na Câmara em 33 anos de vida. Foi eleito pelo PSL, partido que se fundiu ao DEM neste ano, formando a União Brasil. Na casa comandou a Secretaria de Comunicação Social entre 2019-2020. Também foi titular de comissões como Meio Ambiente, e Viação e Transportes, além de também integrar o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
A Comissão de Minas e Energia debate e vota propostas sobre políticas mineral e energética, regulação dos dois setores, fontes convencionais e alternativas de energia, e comercialização de recursos energéticos, entre outros assuntos da área.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Imprescindíveis para garantir atendimento ao Sistema Interligado Nacional (SIN) durante a crise de 2021, as usinas térmicas cobraram um alto preço, que pesará no bolso dos consumidores por alguns anos, embora tenham se provado importantes para assegurar o suprimento de energia. Por isso, a perspectiva de contratação de mais 8 gigawatts (GW) termelétricos e a possibilidade de recontratação de usinas ineficientes a óleo diesel e óleo combustível preocupam agentes do setor elétrico.
Ao longo de 2021, por conta do baixo nível dos reservatórios, todo o parque térmico nacional foi solicitado a gerar energia. A operação dessas usinas foi responsável por agregar 20 pontos porcentuais nos reservatórios das hidrelétricas, segundo o presidente do conselho de administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri. Sem essa ajuda, disse, o volume de energia armazenada nas hidrelétricas do SIN teria chegado a 5% no ano passado, tornando a operação do sistema impossível. O racionamento seria inevitável.
Por outro lado, essa produção termelétrica por segurança energética custou R$ 24 bilhões, somente entre outubro de 2020 a novembro de 2021, montante que está sendo repassado para as tarifas - parte no atual ciclo tarifário, parte nos ciclos que virão, já que um empréstimo financeiro ao setor resultará em um pagamento diferido desse custo, em prestações. "Com esse valor, acredito que a Aneel terá que divulgar índices de reajustes anuais na casa de dois dígitos", comentou, durante evento realizado nesta segunda-feira.
O diretor-presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, avaliou que os comandos dados pelos órgãos de governo para enfrentamento da crise, como o acionamento das térmicas mais caras, foi correto e gerou um custo menor do que seria o do racionamento, mas salientou que "cabe agora ao planejamento tomar as medidas para que não volte a acontecer" a mesma coisa, tão elevado custo.
Altieri defende que o setor precisa aproveitar a aproximação do fim dos contratos de termelétricas caras a óleo diesel e combustível, até 2026, para renovar o parque térmico e contratar usinas mais eficientes. "Fala-se no Legislativo em obrigação de recontratar essas usinas, mas seria um custo muito alto para consumidor", disse, rechaçando declarações de que essas usinas possuem custo fixo baixo e só operam em momentos pontuais. "O legado comercial ficará por de muito tempo", completou.
Para ele, é preciso atuar com foco na redução do custo de geração, o que passa pela diversificação da matriz e pelo desenvolvimento do mercado de capacidade, aproveitando a "janela de oportunidade contratual".
O presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Rodrigo Ferreira, também mostrou preocupação com a possibilidade de renovação do prazo de contratação dessas usinas e com o modelo de contratação os 8 GW de térmicas inflexíveis, conforme previsto na lei que permitiu a privatização da Eletrobras.
O diretor de Estudos de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), Erik Rego, explicou que a instituição está trabalhando para identificar a necessidade de contratação de energia de reserva, de maneira a acomodar essa contratação definida em lei, evitando, assim, que essa energia seja colocada no sistema por meio de cotas. "A cotização só aumenta os legados", disse.
Fonte e Imagem: Estadão.
Objetivo é garantir a devida segurança no atendimento aos consumidores brasileiros.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, aprovou resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que institui um grupo de trabalho que elaborará um plano de recuperação dos reservatórios de usinas hidrelétricas do país. A aprovação está em decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (26).
O plano é para a recuperação dos reservatórios ao longo de até 10 anos e segue a Lei n. 14.182, de 12 de julho de 2021, que determinou que o Executivo elabore um programa decenal nesse sentido.
O grupo será coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e terá representantes também do Ministério do Desenvolvimento Regional, Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência da República lembrou a escassez hídrica registrada no país entre 2020 e 2021. “As questões relativas aos regimes hidrológicos vivenciados, com predominância de precipitações inferiores aos valores médios históricos, têm potencializado a necessidade de se elaborar plano para viabilizar a recuperação dos reservatórios de usinas hidrelétricas do país, de forma a garantir a devida segurança no atendimento aos consumidores brasileiros de energia elétrica e demais usuários da água”, afirmou.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Uma das entidades que contribuíram com dados técnicos para o relator do PL 414-2021, em tramitação no Congresso Nacional, a Abrapch acredita que o atual momento é crucial para o setor no Brasil. Para Alessandra Torres de Carvalho, presidente da entidade, o texto da nova lei precisa corrigir uma falha do sistema elétrico brasileiro ao reconhecer e precificar os atributos das PCHs, o que resultaria em uma maior transparência na competição e formação de preços.
Entre os principais diferenciais da fonte hídrica, ela cita a confiabilidade, os benefícios de seus reservatórios, tanto ao sistema elétrico como para a sociedade, além da flexibilidade na geração de energia e velocidade de despacho em horário de maior consumo e necessidade.
Ao avaliar a questão da competitividade das PCHs em comparação a outras fontes, a executiva afirma que não se leva em consideração a maior vida útil dessas usinas. “Temos hidrelétricas no país há mais de 130 anos, gerando energia limpa, renovável e econômica. Que outra fonte entrega isso?”, indaga.
Desequilíbrio
Além disso, segundo Alessandra, estamos falando da única fonte que reverte seus bens à União ao final da concessão e ainda é passível de relicitação de parte do governo. “Hoje se compara as PCHs a outras fontes intermitentes, de menor vida útil, que podem ser mais em conta no preço inicial, mas que não têm os diferenciais das hidrelétricas”.
A presidente executiva da Abrapch agrega ainda outro fator de desequilíbrio do sistema “As hidráulicas pagam uma carga tributária entre 30 a 50% superior às eólicas e solares, que por sua vez têm conteúdo importado de 20% a 80%, enquanto as hidrelétricas tem toda a sua cadeia produtiva 100% nacional e ainda com característica de micro, pequenas e medias empresas”.
Centro de carga
Outro ponto que deveria ser considerado é que a alocação de custos de rede desproporcional ao uso acaba sendo transferido para as PCHs e CGHs, acrescenta. “A maior parte das PCHs em operação no país está localizada no centro de carga, enquanto que as de outras fontes estão longe da carga e transferem seus custos para as que estão próximas, o que elimina uma vantagem competitiva das centrais hidrelétricas”.
PLD
Alessandra também defende a necessidade urgente de revisão de cálculo de PLD. “O fato é que com PLD máximo, os compradores do mercado livre de energia não pagam o custo real das térmicas, o que dificulta a competição em razão de “subsídio” indireto às fontes intermitentes”, completa.
Quanto à redução do custo das PCHs – argumento que é utilizado para justificar a maior competitividade da eólica e solar nos leilões de energia e no mercado livre- a executiva lembra que estas estão inseridas em ambiente de commodities (aço, cobre, cimento e outros) e dependem da taxa cambial. “ Hoje, o câmbio está menos impactante, mas por muito tempo encareceu o custo das PChs. Ademais, as outras fontes têm isenções de impostos sobre insumos que as PCHs não têm”.
APPs
Sobre a questão ambiental, a executiva lembra que os estudos relacionados com os impactos dos empreendimentos em seu meio “são muito mais abrangentes que de outras fontes, as quais cumprem exigências limitadas a suas instalações.”
“Sempre é bom lembrar que as fontes hidrelétricas são obrigadas a investir em APPs (Áreas de Preservação Permanente), que podem variar de 30m a 100m no entorno do rio. Além disso, somos obrigados a investir em estudos complexos para a obtenção de licenciamento, o que se constitui em outro entrave ao setor”.
Entre suas metas à frente da Abrapch, Alessandra pretende contribuir efetivamente nas discussões técnicas para inserir mais PCHs e CGHs na matriz, a fim de demonstrar que esses empreendimentos podem ser parte da solução para um setor elétrico mais equilibrado e com melhores tarifas de energia.
Ela também pretende resgatar e ampliar o mercado de usinas hidrelétricas até 50 MW com o objetivo de assegurar maior reservação de água para a geração de energia e outros usos. Nesse sentido, foi criado o Conselho Nacional de Fomento à Hidroeletricidade (CENAHIDRO), o qual deve reunir o setor em torno de uma campanha nacional com o objetivo de ampliar os debates e diretrizes de políticas públicas para essa fonte de energia, dada a vocação hídrica do país e de seu potencial ainda a ser explorado.
Fonte e Imagem: Revista Modal
O Brasil tem potencial para desenvolver um enorme potencial de geração eólica offshore e se tornar um exportador de hidrogênio verde, ajudando as economias globais a atingirem as metas de redução de emissões de gases causadores de efeito estufa, disse Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente, ao participar de evento realizado pela 2W Energia.
Segundo o ministro, dados do Ibama apontam que o país tem potencial de mais de 1.700 GW em eólica offshore, sendo 700 GW de "alta atratividade" - o montante equivale a 50 vezes a potência total da hidrelétrica de Itaipu, que tem 14 GW e é fundamental para atendimento da carga do país.
"Estamos desenvolvendo um plano para desenvolver isso", disse o ministro, que relatou ter discutido esse potencial em reunião com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) junto do ministro da Economia, Paulo Guedes, na última semana. "O Brasil tem, sim, a possibilidade de ser a segurança energética do mundo", completou.
Mercado de carbono
Além do hidrogênio verde, que poderá ser produzido a partir da eólica offshore, e de outras fontes renováveis, o Brasil também deve se tornar um exportador de créditos de carbono, créditos florestais e créditos de carbono.
"Nenhum país do mundo tem a característica que o Brasil tem para gerar e exportar energia. Os países que tenham a possibilidade de gerar com renováveis vão usar para si, mas o Brasil já tem 84% da matriz limpa, então temos a possibilidade única de exportar para uma Europa que está buscando segurança energética", disse Leite.
O avanço do mercado de crédito de carbono deve acontecer ainda em maio, segundo o ministro. "Estamos desenhando uma plataforma que será uma central única de registros", disse a jornalistas. Essa central única vai conter os registros de emissões brasileiras, e deve ser lançada ainda em maio pelo Ministério da Economia, que lidera a iniciativa.
Em paralelo, há um projeto de lei em tramitação no Congresso que trata do mercado de crédito de carbono. "São coisas separadas, preciso da plataforma porque precisamos de uma central de registro único", disse o ministro. Fonte e Imagem: MegaWhat.
O Brasil tem enorme potencial para desempenhar o papel de protagonista no mercado de negócios na área ambiental. O impulso para o desenvolvimento desse mercado está nas políticas públicas, formuladas tanto no âmbito da União, Estados e municípios, que já começam a fomentar a realização de negócios nessa área.
A Lei 14.119, aprovada em 2021, instituiu a Política Nacional do Pagamento por serviços Ambientais (PSA). Por meio dessa legislação, foram criados mecanismos de incentivos e premiações - financeiros e não financeiros - para compensar atividades individuais ou coletivas que favoreçam a manutenção, a recuperação ou a melhoria de serviços voltados para os vários ecossistemas existentes no país.
Em março, o Ministério do Meio Ambiente lançou o Programa Nacional de Redução de Metano de Resíduos Orgânicos (Metano Zero), arcabouço de incentivos formulados a partir da Lei 14.119. O PSA é instrumento que pode facilitar a implantação, pelo setor privado, da chamada agenda global ESG (sigla em inglês para governança corporativa, social e ambiental).
ESG é um movimento internacional, cuja abordagem é avaliar até que ponto empresas trabalham em prol de objetivos sociais que vão além do objetivo de maximizar lucros para seus acionistas. Trata-se de agenda ampla, que não focaliza somente a inadiável questão ambiental, mas também outro impostergável mazela da maioria das sociedades, a necessidade de redução das desigualdades sociais.
O pano de fundo do PSA e de outras políticas oficiais na área ambiental é a adesão do Brasil ao esforço global celebrado na COP26, ao lado de cerca de uma centena de países, para a redução em 30%, até 2030, das emissões de gás metano. O parâmetro é o volume de emissões feito em 2020. O esforço está em convergência com a necessidade de as economias se desenvolverem de forma sustentável, com base na cooperação internacional de financiamento, incentivos, desoneração, capacitação, desenvolvimento, transferência e difusão de novas tecnologias e de processos.
No Brasil, há enorme espaço para o desenvolvimento de “negócios verdes” a partir de dois vetores: o aproveitamento energético e o uso, como combustível na forma de biogás e biometano, de resíduos ou produtos orgânicos. O destaque está nos resíduos sólidos urbanos e agrícolas, provenientes, por exemplo, de aterros sanitários, da produção de cana-de-açúcar e de atividades como a suinocultura e a avicultura.
Estima-se que o Brasil tem capacidade para aproveitar cerca de 120 milhões de metros cúbicos de biometano por dia, a partir da exploração de resíduos orgânicos. Trata-se de volume maior que o da produção diária de gás explorada atualmente na camada pré-sal. É, também, é quatro vezes maior que o gás ofertado pelo gasoduto Brasil-Bolívia. Este potencial energético já vem sendo chamado por especialistas de “Pré-Sal Verde”.
No Congresso Nacional, são examinadas outras propostas para estimular negócios na área ambiental. Uma delas cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (PL 2148/15). Outro propõe a certificação de créditos de carbono para empreendimentos de geração de energia por fontes alternativas (PL 290/20). Para dar agilidade à tramitação desses projetos, a Câmara dos Deputados criou comissão especial para examinar o conjunto de proposições voltadas para o fomento ao desenvolvimento do mercado de carbono.
Ainda na linha “Who cares Wins” (ganha quem se importa) outro Programa de PSA recém-lançado pela cidade de São Paulo promove a implementação da Agenda 2030, possibilitando aos cidadãos que conservem ou que venham a recuperar suas propriedades rurais que sejam remunerados pelo Fundo Especial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Fema), que já conta com verba de R$ 2,7 milhões para recompensa das transações.
Nessa mesma linha de atuação, o governo do Estado de São Paulo baixou neste ano decreto que cria o Programa Refloresta-SP. Seu objetivo é fomentar a delimitação, demarcação e recuperação de matas ciliares e de outros tipos de fragmentos florestais no Estado. A expectativa, em São Paulo, é recuperar 1,5 milhão de hectares de vegetação nativa até 2050, com foco em áreas que não são de restauração obrigatória e não se encontram ocupadas por atividades econômicas.
Para além dos efeitos de mitigação das mudanças climáticas, da conservação da biodiversidade, da ampliação da cobertura natural de baixo índice de vegetação nativa e de melhorias na área de recursos hídricos, as iniciativas têm potencial para gerar efeitos positivos no estímulo à bioeconomia, à geração de emprego e renda, ao desenvolvimento econômico e social sustentável.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: UDOP.
Decisão beneficia três hidrelétricas e 25 PCHs, que tiveram o recálculo da compensação do GSF reconhecido pela agência.
Três usinas hidrelétricas e 25 pequenas centrais hidrelétricas participantes do Mecanismo de Realocação de Energia tiveram os prazos de outorga estendidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica. A decisão é um reflexo do reconhecimento pela Aneel do direito desses geradores ao recálculo da compensação relativa do GSF, em decisão tomada no último dia 5 de abril, com base no que prevê a legislação.
As hidrelétricas beneficiadas são Engenheiro José Luiz Muller de Godoy Pereira (Foz do Rio Claro), com 1.953 dias; Santo Antônio do Jari, com 301 dias; e Ferreira Gomes, com 584 dias. No caso das PCHs, o deslocamento da outorga varia de um dia a 1.419 dias.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Apesar dessa visão a estimativa da audiência é de que o texto deverá passar por importantes mudanças.
A proposta atual para o PL 414 que é conhecida pelo setor elétrico foi apresentada pelo relator deputado federal Fernando Coelho Filho (União-PE) ainda no fim de fevereiro. Mas a percepção da audiência do Workshop PSR/CanalEnergia é que o projeto deverá passar por importantes mudanças antes de ser aprovado na Câmara dos Deputados. Essa opção foi marcada por quase 59% dos presentes em uma pesquisa eletrônica realizada durante o evento. A questão que fica é o que significa importantes mudanças, destacou o CEO da PSR, Luiz Barroso.
Enquanto não se sabe qual será o conteúdo que sairá do Congresso a avaliação da consultoria é de que o PL 414 tal qual é conhecido tem como principal característica a diminuição da pressão da tarifa para os pequenos consumidores. Isso porque esses passam a ter uma nova opção de suprimento ao mesmo tempo que trata de atribuir alívio na carga de subsídios que são concedidos no atual modelo do setor elétrico.
Na avaliação de Monique Riscado, consultora de Assuntos Regulatórios da PSR, o projeto dá tratamento aos legados e trata da separação entre as atividades de distribuição e de comercialização de energia, aumentando assim a sustentabilidade das concessionárias que tem como principal responsabilidade as redes.
Em sua participação no tradicional workshop ela apontou que a flexibilização da lei 14.120 que permitiu a chamada ‘corrida do ouro’ traz aumento do mercado e no curto prazo, dentro dos 48 meses para a migração, traz oportunidades. A separação de lastro e energia pode ser uma fonte de receitas para térmicas e UHEs em relação a essas outras fontes que estão disputando o fio. E cria desafios para a GD que tem aumento de concorrentes.
José Rosenblatt, consultor especial para Assuntos Regulatórios, destacou que em um ano a lei, se passar deverá estar no foco de ações para sua regulamentação. Mas ressalta que a lei é uma legislação para o médio prazo, em um cenário normal, para a partir de 2025 começar a mostrar seus efeitos que devem perdurar por muitos anos.
Ângela Gomes, consultora especial para Assuntos Regulatórios, também destacou que o cerne do atual texto do PL 414 está na redução de subsídios. Lembra que temas como a separação de lastro e energia e formação de preços fazem parte da espinha dorsal da CP 33, elaborada em 2016 e que é a base do PL da modernização.
A executiva lembra que uma questão no que se refere aos contratos legados é o valor do contrato. Quanto maior o preço considerado menor o encargo de sobrecontratação a ser repassado aos consumidores. Ela lembra que sem o PL e com a abertura do mercado, o custo ficaria cada vez maior a ser pago por menos consumidores. “O encargo de sobrecontratação poderia explodir”, alerta. “Nas nossas contas pode ser de até R$ 160/MWh, mas quando trazemos o PL 414 e dividimos o valor por todos os consumidores baixa para algo entre R$ 10 a R$ 14/MWh. Mas por traz disso a premissa sobre qual é o preço de venda é o ‘x da questão'”, finalizou.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Usinas contratadas no leilão emergencial para lidar com a crise hídrica em 2021 vão ter um custo de R$ 14 bilhões por mês até 2025, mas poderiam custar menos, diz o presidente do conselho de administração da Câmara.
O Brasil deveria ter aguardado para contratar as usinas termelétricas que venceram o leilão emergencial em 2021, afirmou o presidente do conselho da administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri.
“Quando contratamos essa energia estávamos na fronteira do período úmido. Se tivéssemos esperado um pouco mais, a situação seria diferente tanto em preço quanto em volume”, disse Altieri, no evento Agenda Setorial, nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro.
Altieri lembrou que as usinas contratadas no leilão emergencial para lidar com a crise hídrica em 2021 vão ter um custo de R$ 14 bilhões por mês até 2025.
As usinas estão contratadas a partir de maio de 2022. Altieri disse que acredita que nem todos os projetos vão conseguir iniciar a operação no prazo previsto inicialmente.
No ano passado, o Brasil enfrentou a pior estiagem em nove décadas, o que afetou os reservatórios das hidrelétricas e levou a necessidade de um maior uso de termelétricas. A contratação emergencial de usinas para operar de 2022 a 2025 visou auxiliar na recuperação dos reservatórios.
“A crise hídrica já passou, a geração está tranquila, mas o custo vai perdurar”, disse Altieri.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Governança do setor deveria ser intensificada para execução das agendas.
Durante o painel de abertura do Agenda Setorial 2022, promovido pelo Grupo CanalEnergia /Informa Markets nesta segunda-feira, 18 de abril, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Hélvio Guerra, revelou que o maior desafio da agência hoje é alocar ao consumidor os custos e riscos de forma equilibrada. “É fazer a energia chegar até o consumidor e ele possa pagar”, afirma.
Guerra conta que há uma necessidade de mais governança adequada no setor elétrico, de maneira que ela possa pavimentar a execução das agendas. Para ele, é a governança que envolve as relações entre os vários agentes e atores e que há uma impressão que ela funciona bem, o que não ocorre. O diretor ressaltou que em muitas vezes uma boa comunicação é mais efetiva que a técnica de um marco regulatório. “A comunicação é essencial para que a gente possa ter uma boa performance no setor”.
Na agenda da agência para a distribuição, o aumento da satisfação do consumidor com o serviço prestado é um dos pontos em destaque. Nos últimos anos, o consumidor de energia tem sido penalizado com sucessivos aumentos, decorrentes de fatores externos, como a pandemia com a conta covid ou o déficit hidrológico. Segundo o diretor, deve ser mostrado ao consumidor porque aquele valor está sendo cobrado e o que está sendo feito para reduzir o valor. A qualidade do serviço através da melhora dos índices como DEC e FEC foi outro ponto destacado pelo diretor para melhorar o contentamento dos clientes das concessionárias. “A satisfação do consumidor aumenta quando tem isso melhorado”, aponta.
Leilão – A agência ainda não definiu qual será a solução para os contratos viabilizados por térmicas movidas a óleo no leilão de dezembro do ano passado. Em março, o Superior Tribunal de Justiça derrubou a liminar que garantiu a participação dos empreendimentos no certame. Segundo Guerra, pela regra é possível chamar os que deram lances imediatamente maiores, mas teriam que ajustar esse valor ao do lance vencedor para fechar o contrato. Outra possibilidade aventada é a da realização de um novo certame. “Ainda não decidimos esse ponto”, avisa.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Documento sai 12 anos após lei que cria política nacional; bioenergia a partir do material descartado, formalização de catadores e incentivo à reciclagem são diretrizes.
O governo federal publicou na quarta-feira, 13, no Diário Oficial da União, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), que prevê acabar com os lixões e aterros controlados nos próximos dois anos – ainda há cerca de 3 mil unidades desse tipo no País. Ainda conforme o documento, a meta até 2040 será reciclar ou recuperar 48,1% dos resíduos sólidos urbanos. Hoje, pouco mais de 2% passa por reaproveitamento.
Esse plano era esperado desde 2010, quando foi instituída por lei a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O Planares representa a estratégia de longo prazo para colocar a política em prática. Além de diagnóstico, o Planares traz metas, projetos e ações para as próximas duas décadas. O documento deve ser atualizada a cada quatro anos.
Lixo
Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite diz que o Planares fortalece a relação do governo com o setor privado. Ele destaca, em nota, a publicação traz “mais segurança jurídica e previsibilidade para o investidor desenvolver infraestrutura física e logística para melhorar a gestão de resíduos sólidos no País, como reciclagem, reutilização e transformação de tudo isso em uma atividade verde relevante para o Brasil”.
O Brasil gera 217 mil toneladas de resíduo sólido urbano ao dia. – 79 milhões de toneladas por ano. A taxa de descartes secos que, no lugar de irem parar no solo, são recuperados para reciclagem é de pouco mais de 2% da massa total. Para orgânicos, que são quase metade do lixo, é de 0,2%. A decomposição do lixo orgânico é fonte de emissão do metano, gás de efeito estufa.
Tentativas de encerrar lixões são antigas e outras metas foram descumpridas. Leis dos anos 1980 e 1990 já falavam da obrigação de descarte ambientalmente correto com previsão de sanções penais e administrativas.
Em 2010, a Política de Resíduos Sólidos previa acabar com os locais de descarte irregular em quatro anos. O Marco Legal do Saneamento Básico, de 2020, prorrogou esse prazo em capitais e regiões metropolitanas para 2021, e em cidades com menos de 50 mil moradores, para 2024. Mais de 61% das cidades faziam descarte inadequado do lixo em 2010. Em 2019, essa proporção caiu para 56%.
Demora
Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Silva Filho diz que a espera de mais de uma década atrapalhou. “O país acabou estagnado”, critica. “Quando não tínhamos esse plano, ficávamos no abstrato. Não tinha como cobrar, exigir e monitorar.” Para ele, soluções neste setor devem ser conjuntas e envolver prefeituras, governos estaduais e União.
Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Pedro Côrtes avalia que a meta de extinguir lixões em 2024 não é “alcançável” para pequenos municípios que carecem de recursos e estrutura. “Em 2010, se previa formar consórcios entre pequenos municípios para a construção de aterros sanitários, prevendo uma gestão conjunta de resíduos urbanos. Esse tema pouco evoluiu em 12 anos”, destaca.
Reciclagem e verba
Para bater a meta de quase metade dos resíduos reaproveitados, o Planares prevê recuperar 20% de recicláveis secos e 13,5% da fração orgânica. Para o último, a ideia é que todos o municípios tenham iniciativa de valorização do resíduo, “como coleta seletiva de orgânicos, compostagem e digestão anaeróbia (processo de degradação da matéria por microrganismos, que produz biogás e digestato, com características fertilizantes) em escala piloto ou comercial”.
Será preciso ainda aumentar o aproveitamento energético por meio do biogás e do tratamento térmico. A ideia é de que, em 20 anos, mais de 60% do biogás de aterros sanitários e de digestão anaeróbia vire eletricidade. Com isso, há potencial de abastecer 9,5 milhões de lares. Quase 15% dos resíduos devem ser destinados a locais com tecnologia térmica para virar energia.
Outro foco é a sustentabilidade financeira. A diretriz é que toda cidade tenha alguma forma de cobrança pelo serviço. A ideia é assegurar também que 72,6% da população tenha acesso à coleta seletiva até 2040. Hoje, essa taxa é de 31,5% em municípios com menos de 30 mil habitantes.
O documento reconhece o papel de associações de catadores e dos autônomos. Mas destaca que só 3,7% das prefeituras têm contrato formalizado com esses trabalhadores. Para reduzir a insegurança e a vulnerabilidade da categoria, é proposta 95% de formalização de contratos com cooperativas e associações de catadores nos municípios onde atuam até 2040.
O governo também deu aval ao Programa Recicla+, que cria o Certificado de Crédito de Reciclagem. Esse título comprova a restituição da massa de produtos que podem ser reaproveitados no ciclo produtivo (logística reversa). Com o programa, o governo estima investimento potencial de R$ 14 bilhões ao ano.
O certificado pode ser adquirido pelas empresas para comprovar o cumprimento das metas de logística reversa. Reciclar parte dos produtos é obrigação legal para fabricantes, importadoras, distribuidoras e comerciantes de vários itens, como agrotóxicos e eletrônicos. Os operadores do programa podem ser cooperativas de catadores, agentes de reciclagem, titulares dos serviços públicos de limpeza urbana, consórcios, empresas e microempreendedores (MEI).
Também foi lançada a nova versão do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR+). Por meio de mapas 3D, painéis e relatórios, ele reúne dados sobre a gestão do lixo no País.
Foco na tecnologia e na valorização de catadores
Metas: Uma das metas é eliminar os lixões nos próximos dois anos e reciclar ou recuperar 48,1% dos resíduos sólidos urbanos até 2040. A previsão é recuperar 20% dos recicláveis secos e 13,5% da fração orgânica.
Estratégias: Entre as propostas para reaproveitar o lixo, estão o incentivo à coleta seletiva e à reciclagem, a reutilização, a produção energética com base em matéria orgânica e também a compostagem.
Sustentabilidade: Cobrar pelo serviço na área de limpeza urbana é uma das recomendações para garantir a sustentabilidade financeira do município. Formalizar contratos com catadores autônomos e associações é outra diretriz para aumentar o destino correto do lixo e reduzir a vulnerabilidade da categoria.
Fonte e Imagem: Estadão.
O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou nesta segunda-feira, 18 de abril, as diretrizes para realização dos leilões de compra de energia elétrica provenientes de novos empreendimentos de geração de energia A-5 e A-6. Os certames ocorrerão sequencialmente em 16 de setembro.
As declarações de necessidade das distribuidoras deverão ser apresentadas entre 20 e 29 de julho de 2022, devendo considerar o atendimento à totalidade do mercado, com início de suprimento de energia elétrica a partir de 1º de janeiro de 2027 e 1º de janeiro de 2028, respectivamente para os leilões A-5 e A-6. Além disso, uma vez apresentadas, serão consideradas irrevogáveis e irretratáveis e servirão para posterior celebração dos respectivos CCEARs.
Para o leilão A-5, serão negociados Contratos de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEARs) na modalidade por quantidade, com prazo de suprimento de 20 anos para CGHs, PCHs, UHE, com potência igual ou inferior a 50 MW; e ampliação dessas usinas hídricas existentes com potência igual ou inferior a 50 MW.
Ainda na modalidade por quantidade, mas com prazo de suprimento de 15 anos, para empreendimentos eólicos e solares fotovoltaicos e suas ampliações;
Já na modalidade por disponibilidade, com prazo de suprimento de 20 anos, serão negociados CCEARs dos empreendimentos de recuperação energética de resíduos sólidos urbanos, termelétricos a biomassa; e a carvão mineral nacional e a biogás.
Os mesmos CCEARs estão previstos para o leilão A-6, com a diferença da inclusão, na modalidade por disponibilidade de energia elétrica, com prazo de suprimento de 20 anos, as termelétricas a gás natural, em ciclo aberto, ciclo combinado e ampliação de empreendimentos existentes, inclusive, por meio de fechamento do ciclo térmico.
Em ambos os certames, os CCEARs para empreendimento termelétrico a partir de biomassa e biogás também serão diferenciados por CVU igual a zero ou diferente de zero. Além disso, deverão ser negociados, no mínimo, 30% da energia habilitada dos empreendimentos de geração previstos nos certames.
Habilitação
Os empreendedores que pretenderem propor a inclusão de projetos de empreendimentos deverão requerer o cadastramento e a habilitação técnica dos projetos à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e demais documentos até às 12 horas de 11 maio de 2022.
Para as termelétricas a gás natural os dados necessários para análise da viabilidade do fornecimento de gás natural ao empreendimento devem ser protocolados na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também até 11 de maio de 2022.
Os empreendedores cujos projetos sejam de fontes eólica, solar fotovoltaica, hidrelétrica e termelétrica a biomassa que tenham sido cadastrados junto à EPE para fins de Habilitação Técnica e participação no leilão de energia nova A-4, de 2022, poderão requerer o cadastramento dos empreendimentos, estando dispensados da reapresentação de documentos, desde que mantidos inalterados os parâmetros, as características técnicas e demais informações dos referidos projetos, sendo obrigatório o registro desta opção no AEGE no momento da inscrição do empreendimento, oportunidade na qual deverão declarar a validade de toda e qualquer documentação apresentada.
Os parâmetros e preços que formam a parcela do Custo Variável Unitário (CVU), a Receita Fixa vinculada ao custo do combustível (RFcomb) e a inflexibilidade operativa, sob responsabilidade dos empreendedores, deverão ser informados até às 12h de 29 de junho de 2022.
Não serão habilitados tecnicamente pela EPE empreendimentos de geração não termelétricos cujo Custo Variável Unitário (CVU) seja superior a zero; com CVU diferente de zero, cuja razão entre o valor da Receita Fixa Vinculada ao Custo do Combustível na Geração Inflexível Anual - Rfcomb0 e a Energia Associada à Geração Inflexível Anual, seja superior a R$ 300/MWh; termelétricos com CVU diferente de zero, cujo CVU, seja superior R$ 450/MWh para empreendimentos a gás natural; e R$ 300/MWh para usinas a partir de biomassa, biogás e carvão mineral nacional.
O mesmo vale para hidrelétricas com capacidade instalada inferior a 1 MW; não hidrelétricas com capacidade instalada inferior a 5 MW; e cujo Barramento Candidato, tenha capacidade remanescente para escoamento de geração inferior à respectiva potência injetada; empreendimentos vencedores do Leilão de Reserva de Capacidade, de 2021; e termelétricos de recuperação energética de resíduo sólido urbano cujo CVU seja diferente de zero.
Termelétricas com CVU não nulo poderão competir sem restrição de limite de inflexibilidade operativa, sendo permitida a apresentação da declaração de inflexibilidade considerando valores mensais de inflexibilidade sazonal. Usinas a gás natural liquefeito também poderão ser habilitadas com despacho antecipado de dois meses.
No caso de CGH, o CCEAR conterá cláusula estabelecendo hipótese de rescisão caso o empreendimento seja afetado por aproveitamento ótimo do curso d'água que comprometa o atendimento aos lotes de energia contratados no leilão.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Serão 8 GW em térmicas em quatro regiões do país e outros 2 GW em usinas hídricas de até 50 MW que terão 50% da demanda declarada em leilões A-5 e A-6.
O governo federal publicou o Decreto 11.042 ,que regulamenta a contratação das usinas colocadas na lei 14.182, que trata da privatização da Eletrobras. O texto veio na edição desta quarta-feira, 13 de abril, do Diário Oficial da União.
Essas usinas são mais conhecidas como os ‘Jabutis do PL da Eletrobras’, assim chamados quando foram inseridos no projeto quando este tramitava no Congresso Nacional e somam 10 GW que devem ser incluídos na expansão do setor nos próximos anos.
De acordo com o decreto, são duas as modalidades contempladas: leilões de reserva de capacidade, no caso dos empreendimentos termelétricos, e leilões de energia nova A-5 e A-6, no caso dos empreendimentos hidrelétricos de até 50 MW.
Na hipótese de os estudos para a inserção das usinas não indicarem a necessidade de contratação de energia de reserva para o cumprimento dos critérios gerais de garantia de suprimento estabelecidos pelo CNPE, a contratação será feita como lastro e pago por todos os consumidores, incluindo os livres.
A obrigatoriedade de contratação térmica a gás é constituída por 8 GW, sendo 1 GW no Nordeste, 2,5 GW no Norte e volume igual no Centro-Oeste, além de 2 GW no Sudeste. No Centro-Oeste a origem do gás pode ser qualquer uma. No Norte, Nordeste e Sudeste a preferência à contratação de empreendimentos termelétricos que utilizem como combustível o gás natural nacional.
O volume deverá ser totalmente contratado até 2026 para que o início de suprimento seja escalonado de 2026 até 2030. Já o preço máximo a ser praticado nos leilões será o preço-teto para geração a gás natural estabelecido no leilão de energia nova a-6, de 2019 atualizados quando do leilão.
Para as usinas que utilizam a fonte hídrica são 2 GW a serem contratados para projetos de até 50 MW de potência instalada nos leilões de energia nova. De início estão reservados 50% da demanda declarada pelas distribuidoras para os certamos que serão destinadas a esse produto. Após a contratação desse volume, o percentual será reduzido para 40% da demanda nos leilões realizados até 31 de dezembro de 2026.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Em janeiro, país foi convidado a integrar o chamado "clube dos ricos".
Nesta terça, três meses após o Brasil ter sido convidado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a integrar o grupo, as organizações Anistia Internacional Brasil, Human Rights Watch, Transparência Internacional-Brasil e WWF-Brasil enviaram uma carta ao secretário geral da OCDE com alertas sobre desmontes promovidos pelo atual governo que afetam o fortalecimento da democracia, o combate à corrupção, a transparência, os direitos humanos e o meio ambiente.
Para as entidades, uma possível adesão brasileira à OCDE pode passar a mensagem de que a organização não está atenta aos retrocessos recentes que ocorrem no país.
— Esta carta é mais um esforço de colocar o país num rumo coerente com a ciência e com os países que se preocupam com um futuro sustentável e climaticamente justo — afirmou Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil, que destacou o retrocesso legislativo, a paralisação de fiscalização e a redução de orçamento no que tange a política ambiental brasileira.
A carta reconhece que a inclusão do Brasil em órgãos multilaterais, com o OCDE, pode ser positiva para o país, pois incentiva a adoção de boas práticas em diversas áreas de políticas públicas e o fortalecimento do Estado de Direito. No entanto, as organizações pleitearam uma reunião com o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann.
O objetivo é garantir a "ampla e efetiva participação da sociedade civil" no processo de adesão ao bloco, com estipulação de metas e planos de ação a serem cumpridos.
— A população está tendo seus direitos violados dia após dia. O processo de entrada do Brasil na OCDE pode contribuir para que Estados nacionais através de seus representantes contribuam para que o país possa retomar seus compromissos e deveres em relação aos direitos humanos — disse Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil.
Diretor executivo da Transparência Internacional - Brasil, Bruno Brandão, disse que situações graves no país precisam ser avaliadas com independência.
— É fundamental garantir máxima transparência e participação social no processo de adesão do Brasil à OCDE, garantindo que o interesse público predomine sobre o interesse do governo por um troféu político.
Brasil pediu para entrar na OCDE em 2017.
A carta-convite da OCDE para o governo brasileiro foi oficialmente enviada dia 25 de janeiro, após aprovação, por unanimidade, dos embaixadores dos 37 países que fazem parte do grupo. O processo de adesão é longo, e estima-se que seja concluído em cerca de três anos. Criada em 1961, a OCDE é conhecida como o "clube dos ricos", mas também conta com economias emergentes latinas, como Colômbia e México. A entrada do Brasil foi solicitada em 2017, ainda sob o governo de Michel Temer.
Fonte e Imagem: O Globo.
PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, fica com agricultura; oposição mantém cultura e direitos humanos.
O grupo de parlamentares mais próximo ao presidente Jair Bolsonaro perdeu o comando da Comissão de Constituição e Justiça, a principal da Câmara, e pode ficar de fora também do Meio Ambiente, área que migrou para o PP após a definição dos colegiados para este ano.
As principais comissões foram definidas em conversas realizadas na noite de segunda-feira (11) entre o presidente Arthur Lira (PP-AL) e líderes partidários. Nesta terça (12), os partidos negociaram trocas entre si.
A principal dúvida existente dizia respeito ao comando da CCJ, que, no ano passado, foi comandada pela bolsonarista Bia Kicis (PL-DF). A indicação da deputada fez parte de um acordo costurado por Lira com bolsonaristas que pertenciam ao PSL —partido que se uniu ao DEM para formar o União Brasil.
A negociação envolveu Lira, o então presidente do PSL, Luciano Bivar (PE) —que manteve o comando da União Brasil—, Bia Kicis e o também bolsonarista Vitor Hugo (GO), que foi eleito líder do PSL no ano passado.
Na CCJ, Bia Kicis tentou pautar projetos que limitavam a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) e outros caros à base bolsonarista, como um que prevê que educação domiciliar não configura crime de abandono intelectual.
A escolha das comissões é determinada conforme o tamanho das bancadas após a eleição, em conta que também considera blocos parlamentares. A regra da proporcionalidade é mantida durante toda a legislatura. De acordo com o regimento, o PSL teria direito de reivindicar a primeira pedida, que costuma ser a CCJ, considerada a comissão mais importante da Câmara.
Por isso, mesmo após o PL de Jair Bolsonaro inflar com a janela partidária e se tornar a maior bancada da Câmara neste ano, o direito de escolher primeiro a comissão foi assegurado ao União Brasil. Nos bastidores, Vitor Hugo tentou articular para manter o comando da CCJ, apesar de ter migrado para o partido de Valdemar Costa Neto. A justificativa era de que o acordo feito por Lira também incluía 2022.
No início de fevereiro o próprio presidente da Câmara defendeu a tese. "Acordos feitos no ano passado devem ser cumpridos, se depender de mim. No PSL antigo, o acordo claro era que uma parte do partido, a ala mais bivarista, ficou com a mesa e a ouvidoria, e a parte mais bolsonarista ficou com a liderança e as comissões."
No entanto, prevaleceu o entendimento do regimento. Com isso, União Brasil comandará a CCJ. Dois nomes são apontados como potenciais indicados do partido à Presidência: Arthur Maia (BA), relator da reforma administrativa na comissão especial, e Juscelino Filho (MA), que já comandou o conselho de ética.
Líder da União na Câmara, Elmar Nascimento (BA) disse que ainda está tentando fazer um consenso entre os dois. "Cada um tem seus argumentos, são dois grandes quadros que vão representar bem o nosso partido", afirmou.
Nesta terça, Lira disse que a maioria das comissões seria mantida conforme as decisões dos partidos no ano passado. "A CCJ é do União Brasil. Eu fiz um apelo para o líder Elmar [Nascimento] que procure honrar o compromisso que nós fizemos na Mesa Diretora", disse.
"O grande problema regimental é que muitos integrantes do PSL migraram para o PL e aí, numa questão regimental, eu não controlo as fusões que aconteceram e nem os deputados que permaneceram na União", continuou. "Como houve a fusão do PSL com a União, lógico, regimentalmente o União teria direito às três primeiras pedidas. Nós mantivemos as pedidas do ano passado para manter os acordos que nós fizemos numa proposta bienal lá na eleição da Mesa Diretora e nós vamos persegui-la."
A comissão do meio ambiente, que era presidida pela bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), também mudou de mãos e passou para o PP, partido de Lira. O deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) disse esperar que o próximo presidente do colegiado tenha a responsabilidade de entender a relevância do tema. "Já passou da hora de a Câmara levar o tema da sustentabilidade a sério", afirmou.
Já a Agricultura, que era comandada por Aline Sleutjes (PROS-PR), passou para o controle do PL, que ainda não indicou nome.
A comissão de Educação se manteve com a União Brasil. Dois nomes são cotados para comandar o colegiado: o do deputado Kim Kataguiri (SP) e o do Delegado Pablo (AM). A União também ficou com Minas e Energia, que estava com o PL em 2021, e com a Comissão de Legislação Participativa.
A oposição manteve algumas comissões que consideram importante, como Cultura, Direitos Humanos e Minorias e a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público.
A ideia é encerrar a discussão sobre os nomes que vão comandar cada colegiado nesta semana para começar a instalar as comissões na próxima. Isso porque os próprios partidos consideram que os colegiados só devem funcionar plenamente em maio e junho, já que, no segundo semestre, as atenções se voltam às eleições.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Juntas, solar e eólica contribuíram com 88% para a participação da nova capacidade renovável no ano.
Dados divulgados pela Agência Internacional de Energia Renovável mostram que a energia renovável continuou a crescer e ganhar impulso, apesar das incertezas globais. Até o final de 2021, a capacidade global de geração renovável totalizou 3.064 GW, aumentando o estoque de energia renovável em 9,1%.
Embora a energia hidrelétrica represente a maior parte da capacidade total global de geração renovável com 1.230 GW, as estatísticas de capacidade renovável da Irena 2022 mostram que a energia solar e eólica continuaram a dominar a nova capacidade de geração. Juntas, ambas as tecnologias contribuíram com 88% para a participação de toda a nova capacidade renovável em 2021. A capacidade solar liderou com um aumento de 19%, seguida pela energia eólica, que aumentou sua capacidade de geração em 13%.
De acordo com o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera, o progresso contínuo é outro testemunho da resiliência das energias renováveis. Para ele, o forte desempenho no ano passado representa mais oportunidades para os países colherem os múltiplos benefícios socioeconômicos das energias renováveis. No entanto, apesar da tendência global encorajadora, o novo World Energy Transitions Outlook mostra que a transição energética está longe de ser rápida ou ampla o suficiente para evitar as terríveis consequências das mudanças climáticas.
Cerca de 60% da nova capacidade em 2021 foi adicionada na Ásia, resultando em um total de 1,46 TW de capacidade renovável até 2021. A China foi o maior contribuinte, adicionando 121 GW ao continente. A Europa e a América do Norte – lideradas pelos EUA – ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, com a primeira somando 39 GW e a segunda 38 GW. A capacidade de energia renovável cresceu 3,9% na África e 3,3% na América Central e no Caribe. Apesar de representar um crescimento estável, o ritmo em ambas as regiões é muito mais lento do que a média global, indicando a necessidade de uma cooperação internacional mais forte para otimizar os mercados de eletricidade e impulsionar investimentos maciços nessas regiões.
A expansão eólica continuou a um ritmo mais baixo em 2021 em relação a 2020, com mais 93 GW em comparação com os 111 GW no ano anterior. Na bioenergia, a expansão da capacidade líquida aumentou em 2021, com a adição de 10,3 GW contra 9,1 GW em 2020. A capacidade geotérmica teve um crescimento excepcional em 2021, com 1,6 GW adicionados e capacidade fora da rede cresceu 4%, indo a 466 MW em 2021 para atingir 11,2 GW.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Agência abriu consulta pública para revisão de valores; chance de bandeira verde em todo o ano de 2022 é de mais de 97%.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) abrirá uma consulta pública na 5ª feira (14.abr.2022) sobre a revisão dos valores das bandeiras tarifárias. Trata-se de um procedimento de praxe, realizado anualmente pela agência. A medida, a princípio, não deve impactar os consumidores neste ano porque, segundo a agência, um estudo do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) indica que as chances de a bandeira verde (sem tarifa extra) permanecer em vigor até dezembro são mais de 97%.
Eis os valores atuais e os novos, propostos pela agência, a cada 100kWh: Bandeira verde – zero (sem mudanças) Bandeira amarela – de R$ 1,874 para R$ 2,927 (aumento de 56,2%) Bandeira vermelha – patamar 1: de R$ 3,971 para R$ 6,237 (aumento de 57,1%) Bandeira vermelha – patamar 2: de R$ 9,492 para R$ 9,33 (redução de 1,7%).
Em nota, a Aneel disse que os reajustes se devem a diversos fatores, como o aumento dos custos de combustíveis para a geração térmica e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 10,06% de 2021. Já a redução na bandeira vermelha patamar 2 foi proposta em função de um retorno da agência à metodologia tradicional, pela qual os cálculos consideram que a tarifa deve cobrir 95% dos eventos históricos conhecidos em vez de 100%, como ocorreu no 2º semestre de 2021. O sistema de bandeiras tarifárias existe no país desde 2015. Serve, basicamente, para alertar os consumidores sobre o dos custos da geração de energia, em função do acionamento de usinas termelétricas para suprir deficiências da geração hídrica, que corresponde a mais de 60% da matriz energética brasileira.
A bandeira em vigor atualmente é a “escassez hídrica”, criada excepcionalmente no ano passado, no valor de R$ 14,20/100kWh. A tarifa extra ficaria em vigor até o dia 30 de abril, mas no dia 6 o presidente Jair Bolsonaro antecipou o fim da cobrança para o dia 15, alegando que o grande volume de chuvas do período úmido, até março, reverteu a situação crítica nos reservatórios das usinas hidrelétricas.
A projeção do ONS, de a bandeira verde permanecer até dezembro, se deve à melhora dos volumes dos reservatórios , que apresentam os melhores níveis desde 2012, tanto no subsistema Sudeste/Centro-Oeste quanto em todo o Sistema Interligado Nacional.
Fonte e Imagem: Poder 360.
À CNN Rádio, Carlos Bocuhy afirmou que só haverá correção de rumos com aumento da fiscalização para coibir a criminalidade.
O novo recorde de alertas de desmatamento na Amazônia Legal registrado neste primeiro trimestre de 2022 é “preocupante”, segundo a avaliação de Carlos Bocuhy, que é o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam). Em entrevista à CNN Rádio, ele criticou o “processo contínuo de degradação ambiental”, que já vem de anos, e a falta de políticas públicas para reverter a situação.
Segundo o especialista, há três fatores acontecendo ao mesmo tempo que favorecem o desmatamento: “alteração do sistema normativo que retirou a incidência das multas para coibir crime ambiental, o segundo é o depauperamento do sistema de fiscalização do Ibama e o não funcionamento do Conselho Nacional da Amazônia Legal, que hoje é constituído por representantes dos ministérios, sem envolver estados e municípios.”
Este quadro faz com que as “condições para contenção da criminalidade venham piorando, isso significa que temos incidência maior de desmatamento e batendo recordes e pior, é uma situação de limite da destruição pelo chamado ‘tipping point’, ou ponto do não-retorno.”
O crescimento de 64,19% do desmatamento neste trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com Bocuhy, “demonstra que estamos numa situação de perda de controle, de grilagem, num processo de desmatamento para agricultura e mineração.” Para que haja correção do rumo, Bocuhy é categórico: é preciso fiscalização.
“É necessário ter as pessoas no momento ou antes que o crime aconteça, depende também de estados e municípios, que propõem plano de ação emergencial para contenção da criminalidade, mas o governo federal tem sido omisso para implementar mecanismos de controle contra o desmatamento.”
Carlos Bocuhy fez um alerta de que “o ritmo de devastação na Amazônia não pode continuar sem consequências para o ecossistema.”
Ele cita que a floresta pode perder a sua capacidade de absorver o carbono, e que ela pode entrar na “fase de falência”: “Ela perde a capacidade de ter vida, é grande a urgência.” Essa ultrapassagem do ponto de não-retorno significaria “perda de vida em todo o continente, seria um desastre.”
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Salto no preço do gás na Europa tornou o combustível alternativo do futuro competitivo em temos de custo cerca de uma década antes do previsto.
O esforço da Europa para cortar sua dependência do gás natural russo está gerando bilhões de dólares em novos compromissos para a construção de um mercado para o hidrogênio feito com baixo uso de carbono.
Um salto de quase 450% no preço do gás na Europa em um ano tornou o combustível alternativo do futuro competitivo em termos de custos cerca de uma década antes do previsto, de acordo com a BloombergNEF.
Agora, fundos de investimento estão se juntando a governos e empresas do setor elétrico com planos ambiciosos para tornar o hidrogênio um substituto viável para os combustíveis fósseis em fábricas, transporte e aquecimento.
“É uma espécie de ponto de inflexão”, disse Phil Caldwell, diretor executivo da Ceres Power Holdings uma empresa de tecnologia de hidrogênio com sede no Reino Unido. “Você verá esse capital chegando em grande escala agora. Não há como voltar atrás.”
A Rússia ficou relegada ao ostracismo no cenário mundial por invadir a Ucrânia, mas alguns de seus críticos mais severos ainda precisam de seu petróleo e gás para manter suas economias funcionando. A Europa está acelerando os esforços para quebrar essa dependência.
O grupo Fortescue Metals planeja um projeto de US$ 50 bilhões para a cadeia de abastecimento de hidrogênio com a gigante alemã de energia E.On. A Scatec da Noruega está construindo uma planta de produção de US$ 5 bilhões. E o fundo de investimento Hy24 está destinando US$ 1,6 bilhão para infraestrutura.
A importância do hidrogênio já estava crescendo, principalmente por causa de seus benefícios climáticos, mas a guerra ampliou o interesse dos investidores ao destacar a necessidade de segurança energética, disse o bilionário fundador da Fortescue, Andrew Forrest, em entrevista.
“Isso acelerou os fluxos de dinheiro”, disse Forrest em Londres. “Depois que os tanques cruzaram a fronteira, não há mais aquela consciência em ação na mente das pessoas. É uma necessidade física e fiscal.”
Cerca de 93% dos produtores, usuários e investidores de hidrogênio que participaram de uma mesa redonda da BNEF mês passado disseram esperar que a guerra impulsione o desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde. O apoio à produção doméstica e às importações de fontes confiáveis será fundamental, disseram os participantes.
Há muito tempo o hidrogênio verde tem sido mais caro de produzir do que o tipo tradicional, que é feito de gás natural em um processo que libera dióxido de carbono na atmosfera. Isso está começando a mudar. Os analistas da BNEF calculam que o hidrogênio verde, feito por máquinas chamadas eletrolisadores movidas a energia eólica e solar, seriam hoje competitivos em termos de custos com o produto baseado em combustível fóssil.
“Sem dúvida, a viabilidade do hidrogênio renovável melhorou significativamente”, disse Martin Neubert, diretor comercial da Orsted, que planeja produzir hidrogênio verde para a gigante do transporte marítimo A.P. Moller-Maersk. A Orsted é a maior desenvolvedora de parques eólicos marítimos do mundo.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Pesquisadores alertam que devastação na Amazônia Legal foi 69% maior do que a média anual registrada desde 2012 Bruno Kelly/Amazonia Real | Wikimedia Commons.
Pesquisadores dizem que aumento do desmatamento afeta áreas de conservação, que deveriam funcionar como “escudo” contra a devastaçãoPODER36009.abr.2022 (sábado) - 6h00.
Sob constantes pressões, as terras indígenas (TI) na Amazônia têm registrado uma aceleração das taxas de desmatamento nos últimos anos. Algumas delas, como a TI Apyterewa, no Pará, são especialmente afetadas, ameaçando as metas internacionais assumidas pelo Brasil de combate à derrubada da floresta e mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Para proteger as fronteiras amazônicas que restam preservadas, é necessário a aplicação de ações efetivas baseadas na legislação ambiental.
Esse alerta está na carta Proteja as Terras Indígenas da Amazônia, publicada na revista Science. O texto é assinado pelos pesquisadores Guilherme Augusto Verola Mataveli, da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e Gabriel de Oliveira, da University of South Alabama (Estados Unidos).
Na mesma edição, divulgada em 21 de janeiro, 2 cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) – Lucas Ferrante e o biólogo Philip Fearnside – escrevem sobre os riscos da mineração e os povos indígenas no país.
“O Brasil conta com boas leis ambientais que no papel têm potencial para diminuir e inibir o desmatamento. Porém, a grande questão é forçar o cumprimento dessas leis. É o 1º passo, que deve ser associado a outros de longo prazo, como a promoção da educação ambiental, a valorização da floresta em pé que promova a geração de renda às comunidades na Amazônia e a retomada e fortalecimento de ações previstas no PPCDAm. No passado, elas já se mostraram efetivas”, afirma à Agência FAPESP Mataveli, bolsista de pós-doutorado da FAPESP.
O chamado PPCDAm é o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, concebido em 2003 com o objetivo de reduzir de forma contínua a devastação e criar condições de transição para um modelo de desenvolvimento sustentável da região. No entanto, a 4ª fase do projeto, que iria até 2020, foi desidratada e interrompida. Recentemente, em Glasgow, durante a Conferência do Clima (COP-26), o governo federal anunciou o compromisso de o Brasil zerar o desmatamento ilegal até 2028.
Na carta, os pesquisadores chamam de “aumento dramático” o recrudescimento das taxas de desmatamento da Amazônia Legal brasileira desde 2019. Em 2021, chegou ao patamar mais alto nos últimos 15 anos, ficando em 13.235 quilômetros quadrados (km2) desmatados em 12 meses (entre agosto de 2020 e julho de 2021). Isso corresponde a uma área um pouco menor do que a Irlanda do Norte, país com 14.130 km2.
Também foi 69% maior do que a média anual registrada desde 2012, de acordo com dados do Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes), do Inpe. Reconhecido internacionalmente, o Prodes é considerado a ferramenta mais precisa para estimar as taxas anuais de desmatamento na Amazônia, com o monitoramento por corte raso, realizado com a mesma metodologia desde 1988.
Na revista científica, os pesquisadores citam que o aumento do desmatamento afeta ainda áreas de conservação, incluindo terras indígenas, que deveriam funcionar como uma espécie de “escudo” contra a devastação. Nas TIs, a taxa média anual de desmatamento nos últimos 3 anos ficou 80,9% acima da média anual verificada desde 2012, atingindo 419 km2.
Localizada no município de São Félix do Xingu (PA), a TI Apyterewa concentrou 20,7% de toda a área desmatada em terras indígenas em 2021. A TI já havia perdido 200 km2 de floresta entre 2016 e 2019, vendo a área devastada passar de 362 km2 (o que representava 4,7% de toda a extensão demarcada) para 570 km2 (7,4%).
Esse avanço resultou em um crescimento das emissões de gases poluentes, principalmente derivados de queimadas, como apontado em artigo publicado em 2020 na revista Forests, do qual participaram Mataveli e Oliveira.
“Ao estudarmos os dados de satélite, identificamos que a conversão de floresta é principalmente para pastagem e agricultura. Mas localizamos alguns pontos de mineração dentro da TI. Em relação às emissões de gases poluentes, encontramos aumento naquele período, mas não continuou no mesmo ritmo, já que o desmatamento nem sempre ocorre com o emprego do fogo”, afirma Mataveli, integrante de um Projeto Temático vinculado ao Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), cujo pesquisador principal é Luiz Eduardo Oliveira e Cruz de Aragão, também do Inpe.
LEGISLAÇÃO
No texto assinado na Science, os pesquisadores relatam que “nenhuma ação efetiva” foi tomada para deter invasores da TI Apyterewa, do povo parakanã, depois do alerta feito no artigo publicado na Forests em 2020. A TI teve sua área de demarcação administrativa homologada pelo governo federal em 2007. Deste momento em diante, houve ações tramitando na Justiça questionando o decreto sob a alegação, entre outros motivos, de que à época não houve ampla defesa e contraditório de não indígenas.
Em 9 de março de 2022, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) indeferiu, por unanimidade, o pedido do município de São Félix do Xingu de anulação da homologação. Em nota divulgada em 2021, a Prefeitura de São Félix afirmava, entre outros pontos, que mais de uma década antes da demarcação residiam na área de 4.000 a 5.000 colonos não índios, que deveriam permanecer no local.
Em outro estudo publicado por um grupo do qual Mataveli fez parte, e que contou com a participação do pesquisador do Inpe Gilberto Câmara, os cientistas apontaram entre os resultados os riscos para territórios indígenas vindos de especulação imobiliária, além de um processo de descaracterização, com florestas primárias convertidas em pastagens e aumento de emissão de material particulado fino associado a incêndios. Nesse trabalho, publicado na Land Use Policy, o foco foi a terra indígena Ituna/Itatá, em Altamira (PA).
“A conservação das terras indígenas é primordial para honrar os compromissos legais do Brasil, manter a estabilidade ambiental da Amazônia, combater as mudanças climáticas e garantir o bem-estar das pessoas. A existência de leis para preservar as florestas remanescentes da Amazônia e os direitos dos povos tradicionais não é suficiente. Ações efetivas de aplicação da lei são necessárias para proteger as últimas fronteiras intactas e preservadas da Amazônia”, concluem os pesquisadores na Science.
Procurada por meio da assessoria de imprensa para se manifestar sobre o artigo publicado na revista científica, a Fundação Nacional do Índio (Funai) não se manifestou até a publicação deste texto. No início do ano, em balanço disponível em seu site, a Funai informou que investiu cerca de R$ 34 milhões em ações de fiscalização em TIs no país em 2021 e que abriu a contratação de pessoal temporário para atuar em barreiras sanitárias e postos de controle de acesso.
Em 31 de março de 2022, relatório divulgado pelo Instituto de Recursos Mundiais (WRI, na sigla em inglês) e pelo Climate Focus aponta os povos indígenas como uma espécie de “salvadores silenciosos” das florestas.
E diz que Brasil, Colômbia, México e Peru não conseguirão cumprir suas metas climáticas para 2030 se não protegerem as TIs. Isso porque, nos 4 países, as áreas protegidas por indígenas capturam quase 1 milhão de toneladas de CO2 por dia, mais que o dobro por hectare se comparado a áreas não indígenas.
Fonte e Imagem: Poder 360.
O Supremo está julgando aquela série de sete ações contra o governo federal, chamada de Pauta Verde, por vários erros da condução da política ambiental que resultaram em aumento de desmatamento.
O julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 760 foi suspenso, pois o ministro André Mendonça pediu vistas, o que é regimental. A questão é que ele fez umas alegações sem sentido de quem quer mesmo é protelar o julgamento, se possível engavetá-lo. Disse que a regularização fundiária é o grande problema da Amazônia. Isso é uma outra discussão. A regularização fundiária tem solução dentro das leis existentes do país. O governo Bolsonaro tem usado o tema como impedimento central para qualquer política de combate ao crime ambiental.
Mendonça veio do governo Bolsonaro e não pode ser defensor do governo Bolsonaro. Há claros conflitos de interesse, ele julga decisões das quais participou. O pedido de vistas como manobra protelatória para impedir o julgamento não pode ser aceito pelo Supremo. O ministro Luiz Fux, na sua autoridade de formulador da pauta, deve exigir que Mendonça cumpra o tempo regulamentar e que não leve as ações para a gaveta.
A ministra Cármen Lúcia tem feito votos muito bem fundamentados mostrando que o governo vem sabotando todo o tipo de política de proteção da Amazônia e descumprindo a Constituição. Ou através da retirada de representantes da sociedade civil em conselhos ou como o desmonte da política que derrubou o desmatamento de 2004 em diante.
O procurador geral da República Augusto Aras tem se comportado de forma lamentável. Ele tem defendido o governo e não os interesses coletivos de proteção da Amazônia, ou os princípios da Constituição. Ontem, ele aproveitou o início do julgamento da Pauta Verde e fez uma divulgação de uma fake news sobre o trabalho de Ongs na Amazônia.
Este julgamento mostra exatamente como os órgãos vão sendo capturados por uma ideologia que os impede de cumprir o dever constitucional dado a cada órgão. Essa “cupinização” da democracia, da qual falou a ministra Cármen.
Também no tema ambiental vale comentar o relatório da Meta, controladora do Facebook e do Instagram, que informou que derrubou uma rede de perfis falsos que coordenaram a disseminação de desinformação sobre a Amazônia. De acordo com a empresa, os perfis falsos eram mantidos por militares.
A boa notícia neste caso é que o próprio Exército divulgou que estes perfis falsos não são ligados institucionalmente à Força. E que o regimento prevê punição severa para quem usa o nome do Exército e para militares da ativa que postam fora do que determina as regras da representação oficial.
Fonte e Imagem: O Globo.
País entrou no mapa internacional da segurança energética, defende ministro da Economia.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem, em evento no Banco do Brasil, que o Brasil, em vez de ser um problema para o meio ambiente, é, hoje, a solução da segurança energética e a segurança alimentar do mundo. É assim que “o país está sendo percebido lá fora”, disse Guedes, que esteve em Paris e Madri, na semana passada, para encontros na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), clube dos países ricos em que o brasil tenta ter assento, e para reuniões com representantes do setor privado.
O tema central dos debates, segundo ele, foi sobre as mudanças climáticas. E foi exatamente nesse contexto que o país começou a ser percebido como a segurança energética do mundo, graças, assinalou Guedes, às intervenções feitas pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, desde então mais conhecido como “Juca Verde”, contou o ministro da Economia. “Entramos no mapa da segurança energética”, adiantou ele.
Bolsonaro: “Mudei. Era estatizante e votava com a esquerda”.
O ministro, que pela manhã esteve em um debate no TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a privatização da Eletrobras, estimou em cerca de R$ 100 bilhões o total de recursos mobilizados pela abertura do capital da empresa, que deixará de ser uma empresa controlada pela União para ser uma companhia privada.
Serão, segundo ele, cerca de R$ 30 bilhões de modicidade tarifária, uns R$ 26 bilhões para engordar o caixa do Tesouro Nacional - recursos que deverão ser aplicados em saúde e educação. E outros R$ 5 bilhões serão investidos em energia nuclear, disse o ministro, sem completar o total dos recursos.
Guedes reafirmou a intenção do presidente Jair Bolsonaro de reduzir em 18% a conta de luz dos brasileiros a partir do próximo mês. Isso decorre do fim da bandeira de escassez hídrica a partir do dia 16, “sem canetadas”, garantiu ele, em referência à gestão da então presidente Dilma Rousseff que, quando do pacote de medidas na área de energia, editado em 2012, acabou deixando as empresas em grave situação financeira e a conta de luz, que deveria ter tido um corte de 20%, acabou mais cara no final das contas.
O presidente Jair Bolsonaro, que também estava presente no evento do Banco do Brasil, a certa altura da sua intervenção, confessou: “Eu mudei. Eu era estatizante. Lá atrás eu votava com a esquerda”, disse ele, referindo-se aos tempos em que era deputado federal. “Em pouco tempo a gente vê qual é o caminho certo.”
O presidente prosseguiu na sua reflexão. “Sem liberdade não se vai a lugar nenhum” e parabenizou os parlamentares que na quarta-feira não votaram pela urgência na tramitação do projeto das fake news. “Quem abre mão de um pouco de liberdade para ter mais segurança acaba não tendo nem liberdade nem segurança”, filosofou Bolsonaro.
Ao tecer elogios à gestão do presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, que ontem anunciou dois novos programas de financiamentos da instituição - um na área de preservação ambiental em que a área preservada é objeto de garantia dos empréstimos; e outro de antecipação para os caminhoneiros das receitas do frete -, Bolsonaro disse: “Queria deixar bem claro uma coisa: as pessoas só podem ter iniciativas se tiverem liberdade. Não tinha como dar certo no passado, quando os cargos eram loteados. Por que hoje as instituições não estão mais nas páginas dos jornais por causa de escândalos?”. A essa pergunta ele respondeu que costuma escolher os nomes para ocupar postos de comando por suas qualidades e não fez menção ao acordo com o centrão, que pressupõe ocupar cargos relevantes na administração pública.
Apostas do BB
O BB inovou ao anunciar, ontem, a emissão da CPR (Cédula de Produto Rural) Preservação, em que a área preservada lastreia o financiamento.
Já o Antecipa Frete é uma linha de crédito mais barata, que cobra uma taxa de juros de 1,79% ao mês e tem como garantia recebíveis de fretes.
“O certificado verde é o certificado de preservação pelos serviços ambientais. Isso é tão inovador que nós estamos discutindo com a OCDE como terceiro pilar, a grande política de conservação de florestas do mundo”, disse o ministro da Economia. Os dois primeiros pilares seriam a segurança energética e alimentar que o Brasil oferta. Os produtores rurais e os caminhoneiros são parte da base eleitoral de Bolsonaro.
Guedes, ao fim do seu pronunciamento, comentou que enquanto alguns países da América Latina optaram por trilhar o caminho da pobreza. “nos estamos fazendo a viagem no caminho da prosperidade”.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Se o posicionamento for seguido pela corte, STF pode começar a atuar como uma espécie de “legislador” em matéria ambiental.
A ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), reconheceu nesta 4ª feira (6.abr.2022) que há um “estado de coisas inconstitucional” na política ambiental brasileira quanto ao desmatamento da Amazônia.
Se o posicionamento for seguido pelos demais integrantes da Corte, o STF pode começar a atuar como uma espécie de legislador em matéria ambiental, determinando a formalização de políticas públicas, sugerindo modificações legislativas e fiscalizando a atuação do poder público.
A Corte começou a analisar na última semana duas ações que questionam a política ambiental do governo Jair Bolsonaro (PL). Uma delas pede para a União cumprir as metas climáticas assumidas internacionalmente pelo Brasil. A outra pede a responsabilização do governo federal por supostas omissões no combate ao desmatamento da Amazônia.
Foram ajuizadas por Rede, PSB, PV, PT, Psol e PC do B e PDT. Há ainda outras 5 ações envolvendo o meio ambiente que também serão julgadas.
Cármen Lúcia, relatora das ações em julgamento, deu um voto longo, de 159 páginas, que durou duas sessões. Ela abordou diversos assuntos, como a falta de pessoal para fiscalizar queimadas e desmatamentos e falhas para executar o orçamento ambiental. Depois do voto, a análise foi suspensa por um pedido de vista (mais tempo para decidir) de André Mendonça. Não há previsão para a análise ser retomada.
“Não compete a este STF a escolha da política ambiental mais apropriada. Mas compete a este STF —é seu dever— assegurar o cumprimento da ordem constitucional com a observância do princípio constitucional da prevenção para a preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado e a proibição ao retrocesso ambiental, de direitos fundamentais e ao retrocesso democrático”, afirmou Cármen.
Eis a íntegra da decisão (841 KB).
“Impõe-se ao Judiciário o dever de prestar a jurisdição constitucional ambiental, assegurando a efetividade das normas constitucionais de proteção ao meio ambiente.O princípio da separação dos poderes não é biombo para o descumprimento da Constituição da República, sob pena de esvaziar a efetividade dos direitos fundamentais”, prosseguiu.
Além de declara o estado de coisas inconstitucional, a magistrada mandou a União e órgãos competentes, como o Ibama, formularem um plano para fiscalizar e controlar as atividades de proteção à Floresta Amazônica e resguardar povos indígenas.
Eis tudo o que foi determinado pela ministra:
que União, Ibama, ICMBio, Funai e outras entidades federais indicadas pelo governo federal formulem e apresentem um plano de execução especificando providencias de fiscalização e controle das atividades para proteção ambiental da Amazônia; resguardando direitos indígenas e de povos habitantes de áreas protegidas; e que as entidades combatam crimes contra o ecossistema;
que União apresente plano específico de fortalecimento do Ibama, ICMBIO e Funai, garantindo o orçamento das entidades e a liberação de valores do Fundo da Amazônia;
Que a União, Ibama, ICMBioo e Funai apresente relatório. mensal do resultado das medidas adotadas para atender as ordens dadas pelo STF.
CUPINIZAÇÃO
De acordo com a ministra, o Brasil sofre de um quadro de “cupinização institucional”. A metáfora foi usada para dizer que as instituições ambientais estão sendo corroídas de dentro para fora.
“O que são esses cupins? O cupim do autoritarismo, o cupim do populismo, o cupim dos interesses pessoais, da ineficiência administrativa. Tudo isso ajuda a construir um quadro que faz com que não se tenha cumprimento objetivo garantido”, afirmou.
Cármen também disse temer que o país vire uma “caquistocracia”, em que o sistema de governo é liderado pelas pessoas menos qualificadas.
“Você tem a democracia, que é o governo dos melhores e a caquistocracia: os piores governando e os piores administrando. Não se quer que o mundo, depois de ter andado tanto, tenha visualizações de erosões democráticas com derivações na destruição também em terras e florestas, porque isso é um desastre não ambiental, mas humanitário. Um desastre para a humanidade. Queremos que os melhores estejam nos cargos públicos”, disse.
Em março, Caetano Veloso visitou o gabinete de Cármen Lúcia com um grupo formado por artistas e militantes. Pediram para que a Corte priorizasse o julgamento de ações ambientais e de defesa das populações indígenas. Também estavam presentes no encontro os ministros Alexandre de Moraes, Roberto Barroso e Rosa Weber.
ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL
O estado de coisas inconstitucional ocorre quando é verificado um quadro de violações generalizadas de direitos fundamentais; quando essas violações são causadas por incapacidade de autoridades públicas; e quando o Judiciário entende que precisa intervir.
O conceito surgiu na Corte Constitucional da Colômbia, tribunal colombiano que é equivalente ao Supremo Tribunal Federal brasileiro.
Essa não é a 1ª vez que o STF reconhece haver estado de coisas inconstitucional sobre um tema. Em 2015, o tribunal fez o mesmo quanto ao sistema penitenciário brasileiro.
A medida permitiu, por exemplo, que a Corte determinasse, antes mesmo que isso constasse em lei, que o Judiciário fizesse audiências de custódia antes de manter prisões em flagrante. Também proibiu o contingenciamento do Fundo Penitenciário.
OUTRAS AÇÕES
Outras 5 ações contra a política ambiental do governo estão na agenda da Corte. Elas começam a ser julgadas na 5ª feira (7.abr.2022). Dentre elas, 4 estão sob a relatoria de Cármen Lúcia. A última tem Rosa Weber como relatora.
Eis os temas das ações:
ADPF 651: Rede pede derrubada de decreto que retira a sociedade civil do conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente;
ADPF 735: PV questiona decreto presidencial que diminui a autonomia do Ibama para fiscalizar crimes ambientais;
ADO 59: PSB pede a retomada do Fundo da Amazônia e o repasse de recursos a projetos de combate ao desmatamento já aprovados;
ADI 6148: PGR questiona resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) sobre padrões de qualidade do ar;
ADI 6808: PSB questiona medida provisória que permite licença ambiental automática a empresas e limita a solicitação de informações adicionais por órgãos de licenciamento.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Maioria contou com o apoio unânime dos integrantes da Comissão de Serviços de Infraestrutura e nomes seguem para avaliação do plenário.
A Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou nesta quarta-feira (6) mais oito indicações do governo Jair Bolsonaro para os comandos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A maioria contou com o apoio unânime dos integrantes da comissão, 19 votos a favor. Os nomes seguem, agora, para votação no plenário.
Entre os quatro indicados para a Aneel, Hélvio Neves Guerra deverá ser reconduzido ao cargo que já ocupa como diretor. Engenheiro eletricista, ele trabalhou por 18 anos antes de ascender ao comando da agência e atuou junto ao Ministério de Minas e Energia já na gestão do ministro Bento Albuquerque.
A comissão também deu aval à indicação de Fernando Luiz Mosna Ferreira da Silva que assumirá a vaga de Efrain Pereira da Cruz, atual diretor da Aneel. Advogado da carreira de procurador federal da Advocacia Geral da União (AGU) desde 2012, ele foi cedido ao Senado em 2019 e atualmente é assessor do senador Marcos Rogério (PL-RO).
A diretoria da Aneel deverá receber a economista Agnes Maria de Aragão da Costa, que há 17 anos atua junto ao Ministério de Minas e Energia. Ela deve assumir a cadeira de Elisa Bastos Silva, que permanece no cargo até 2 de dezembro. Com mestrado em energia e especialização em políticas públicas, Agnes registra, no currículo, passagens pelos conselhos de administração e fiscal de diferentes companhias do setor elétrico e atualmente é integrante do conselho fiscal da Petrobras.
A comissão aprovou ainda o nome do advogado Ricardo Lavorato Tili para o lugar de Sandoval de Araújo Feitosa Neto, diretor da Aneel que assumirá o posto de diretor-geral. Tili atuou como advogado entre 1999 a 2007. Depois de passar por diferentes cargos em empresas de energia, ele atualmente está no posto de diretor de regulação e comercialização da Eletronorte, subsidiária do grupo Eletrobras.
Para a diretoria da ANP, os integrantes da comissão aprovaram a recondução da engenheira química com doutorado em ecologia e manejo de recursos naturais Symone Christine de Santana Araújo. Antes de chegar à agência, ela chefiou, por mais de dez anos, o Departamento de Gás Natural do Ministério de Minas e Energia, representando o governo nas recentes discussões sobre o marco legal do segmento.
Deve também assumir o cargo diretor da ANP, o atual secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Fernando Wandscheer de Moura Alves, no lugar de Dirceu Cardoso Amorelli Junior. Com graduação em Relações Internacionais e mestrado em Direito, iniciou sua carreira profissional no Ministério da Defesa, em 2004, como assistente de cooperação técnica. Desde 2019, ocupa diferentes posições no governo Jair Bolsonaro, tais como a de secretário executivo adjunto da Casa Civil, secretário de articulação e parcerias do Ministério da Cidadania, secretário de modernização institucional da Secretaria Geral da Presidência da República, até chegar ao atual cargo na pasta de Meio Ambiente.
O auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Daniel Maia Vieira teve sua indicação aprovada na comissão para o lugar do diretor da ANP José Cesário Cecchi. Graduado em Relações Internacionais e Direito, exerceu o cargo de analista de finanças e controle da Controladoria-Geral da União (CGU) entre 2006 e 2008. No tribunal, ele chegou a comandar a unidade técnica responsável pela análise de leilões e processos de desestatização no setor energético, além de atuar como assessor nos gabinetes dos ministros da corte.
Outro nome aprovado para o comando da ANP foi o do servidor de carreira da agência Claudio Jorge Martins de Souza. Graduado em geologia e mestre em geociência, deverá assumir a vaga de Felipe Kury. Ele passou a integrar o órgão regulador em 2005 e passou a atuar como superintendente de dados técnicos em 2017. Atualmente, exerce a função de diretor substituto.
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Indicado passou por sabatina na Comissão de Infraestrutura, mas ainda terá de ser confirmado pelo plenário.
A Comissão de Infraestrutura do Senado aprovou por 19 votos e uma abstenção a indicação de Sandoval Feitosa para a Diretoria-Geral da Agência Nacional de Energia Elétrica. A nomeação para o cargo ainda terá de ser confirmada pelo plenário do Senado.
Caso seja aprovado, Feitosa vai substituir André Pepitone, cujo mandato termina em 13 de agosto. Servidor concursado da Aneel, ele ocupa atualmente uma das vagas na diretoria colegiada da autarquia.
O diretor foi sabatinado pela comissão nesta terça-feira, 5 de abril, ao lado de outros sete candidatos a vagas nas agências reguladoras de Telecomunicações (Anatel), Transportes (ANTT) e Mineração (ANM). A convocação da sabatina no dia seguinte ao encaminhamento dos nomes ao Senado pelo Palácio do Planalto provocou polêmica durante a reunião.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) considerou uma temeridade a votação em 24 horas de 16 nomes encaminhados pelo governo, apontando o risco de incluir no quadro das agências pessoas desconhecidas, que ficarão “indemissiveis” pelos próximos quatro anos.
“Ponho em dúvida aqui qualidade dos relatórios. Não sei nem quem são os relatores”, disse o parlamentar, que defendeu a aprovação de profissionais já reconhecidos nos setores para os quais eles foram indicados. Prates também protestou pelo uso do esforço concentrado pelo governo para passar indicações políticas. “O que percebi é que houve uma sangria desatada para incluir no esforço. Sabe-se lá o que aconteceu nas últimas 24 horas, que indicações estão vindo para cá.”
“Ontem, por volta de 20 horas, nós recebemos uma ‘gleba’ de indicados. O que gerou uma dificuldade, inclusive para mim, que estava ainda em Santa Catarina”, disse o presidente da comissão, senador Dario Berger (MDB-SC). “É muito triste para o presidente de uma comissão que as 20h recebe 16 nomes para uma sabatina. Está muito em cima da hora mesmo”, admitiu.
A solução encontrada por Berger foi a divisão do grupo de pretendentes em dois blocos. Um parte foi sabatinada hoje e os restantes passarão pela avaliação dos senadores nesta quarta-feira, 6 da abril. O senador lembrou que o esforço concentrado estava marcado há várias semanas, e que não poderia deixar de submeter à aprovação indicações urgentes com as da Anatel, por exemplo, que precisa estar com a diretoria completa por causa da implantação do 5G.
O parlamentar petista disse que há prazo regimental para apreciação de nomes indicados pelo governo. O senador Esperidiao Amin (PP-SC) mencionou o art 383 do regimento interno do Senado.
Desafios
Durante a sabatina, Sandoval Feitosa destacou que sua carreira profissional foi toda construída no setor elétrico, onde começou como eletricista. A trajetória inclui passagens por empresas como Chesf e Cemar (atual Equatorial Maranhão).
Servidor concursado da Aneel, onde está há quase 18 anos, o futuro diretor-geral destacou como o grande desafio dos próximos anos o processo de modernização do setor elétrico, especialmente a abertura de mercado para os 84 milhões de consumidores do segmento de baixa tensão. O tema faz parte da proposta do novo modelo comercial do setor, que já passou pelo Senado como PLS 232 e está na Câmara dos Deputados como PL 414.
Fonte e Imagem: Canal Energia
País ainda não tem usinas eólicas em alto mar, mas licenciamento no Ibama de parques offshore ultrapassou os 106 GW; Abeeólica projeta que primeiros leilões ocorram em 2023.
Relatório divulgado nessa segunda-feira (4) pelo Global Wind Energy Council (GWEC) mostrou que o Brasil subiu uma posição no ranking mundial de energia eólica onshore (em terra) e já é o sexto país com mais eólicas no planeta, totalizando 21,5 gigawatts (GW) de capacidade instalada. No topo do ranking, estão China (310,6 GW), Estados Unidos (134,3 GW), Alemanha (56,8 GW), Índia (40 GW) e Espanha (28,3 GW).
Denominado Global Wind Report 2022, o documento traça um mapa da indústria eólica no mundo e mostrou que o segmento teve o segundo melhor ano em 2021, com quase 93,6 GW de capacidade adicionada globalmente, 1,8% menor do que o crescimento de 2020. Agora a capacidade total acumulada de energia eólica é de 837 GW.
Apesar do forte avanço no período, o levantamento aponta que o crescimento precisa quadruplicar até o fim da década se o mundo quiser permanecer na rota de combate ao aquecimento global e de zerar emissões líquidas de gases do efeito estufa até 2050.
“A indústria eólica continua a se desenvolver e performar, mas alavancar o crescimento ao nível necessário para zerar as emissões líquidas dos gases de efeito estufa e alcançar a segurança energética exigirá uma abordagem nova e mais proativa para a formulação de políticas em todo o mundo”, diz presidente do GWEC, Ben Backwell.
Segundo o executivo, alavancar o crescimento ao nível necessário para zerar as emissões líquidas dos gases de efeito estufa e alcançar a segurança energética exigirá uma abordagem nova e mais proativa para a formulação de políticas em todo o mundo.
Neste contexto, o Brasil se destaca como o terceiro país no mundo que mais instalou eólicas, repetindo o ano de 2020, e ficando atrás apenas de China e Estados Unidos. A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, avalia que a fonte vem crescendo de forma sustentada e eficiente na matriz elétrica brasileira.
É uma indústria que tem atuado de forma muito eficiente ao longo dos próximos anos e que tem alcançado resultados cada vez melhores, com um crescimento não apenas no mercado regulado, mas com forte expansão no mercado livre. Estamos agora com 21,5 GW e 795 parques eólicos. Já são mais de 9 mil aerogeradores em operação e somos a segunda fonte da matriz elétrica. Considerando o que já temos em contratos assinados, vamos chegar a 2026 com pelo menos 36 GW”, prevê.
Já o segmento offshore (em alto mar) teve o melhor ano na história com 21,1 GW comissionados. Isso representa três vezes mais do que no ano anterior. O ano gigantesco de instalações offshore da China foi responsável por 80% deste crescimento, ajudando-a a ultrapassar o Reino Unido como o maior mercado eólico offshore do mundo em instalações cumulativas.
O Brasil ainda não tem usinas eólicas operando em alto mar, porém o licenciamento no Ibama de parques eólicos offshore no Brasil ultrapassou os 106 GW. A Abeeólica projeta que em 2023 possam acontecer os primeiros leilões.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Planeta precisa cortar 43% das liberações de gases estufa em relação aos níveis de 2019; preservação de florestas e políticas de incentivo à energia renovável são caminhos apontados por cientistas.
Novo relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), das Nações Unidas, divulgado nesta segunda-feira, 4, mostra que 2025 é o limite para que a média anual global das emissões de gases do efeito estufa atinja seu ponto de inflexão e passe a cair. Segundo os cientistas do grupo, medidas como incentivar energias renováveis, novas tecnologias e preservar florestas para retirar da atmosfera o carbono resultante da queima de combustíveis fósseis serão cruciais.
Para se ter uma ideia do tamanho do desafio: entre 2010 e 2019, essa média anual de emissões atingiu seus níveis mais altos da história. Manter a mesma rota coloca a meta de limitar o aumento de temperatura a 1,5ºC fora de alcance. Ficar dentro da meta signfica que nos próximos três anos as emissões precisam passar a cair de forma sustentada e chegar a 2030 com uma redução de 43% em relação a 2019.
Desmatamento Amazônia
Mesmo se a meta considerada for limitar o aumento a 2ºC, 2025 continua sendo a data-limite, com redução de um quarto do volume de emissões ante os patamares de 2019.
Ao mesmo tempo, as emissões de metano também precisam ser reduzidas em cerca de um terço. Ainda que essa receita seja seguida, é quase certo, diz o IPCC, que esse limite de temperatura (1,5ºC) será ultrapassado temporariamente, retornando a nível mais baixo até o final do século. Ou seja: o relatório deixa claro que a hora de investir em mudanças drásticas e sustentáveis é agora.
O documento aponta também, no entanto, que é possível passarmos raspando pelos desafios de manter o planeta mais seguro para a vida humana. Apesar dos recordes de emissões da década passada, o ritmo de crescimento foi mais baixo em relação às décadas anteriores. E, segundo o relatório do IPCC, há evidências crescentes de ações climáticas que já surtem efeitos positivos.
Desde 2010, houve reduções sustentadas de até 85% nos custos de energia solar e eólica energia e baterias, por exemplo. Um número crescente de políticas públicas e legislações mais refinadas melhorou a eficiência energética, reduziu as taxas de desmatamento e acelerou a implantação de energia renovável.
“Uma das coisas que fica clara neste relatório é que limitar o aumento da temperatura a 1,5°C exigirá, ao mesmo tempo, reduzir as emissões e remover o carbono que já está na atmosfera. Isso demonstra a urgência em que estamos”, diz Carolina Genin, diretora de Clima do WRI Brasil.
Para limitar o aquecimento global, diz o documento, será necessário enfrentar uma grande transição no setor de energia, deixando para trás o consumo de combustíveis fósseis, aumento da eletrificação das frotas e desenvolvimento e melhoria da eficiência energética de combustíveis alternativos, como o hidrogênio.
“O relatório ajuda a reforçar que não há cenário de 1,5°C sem a Amazônia. Para o Brasil, desenvolver soluções tecnológicas para retirar CO2 da atmosfera é algo caro e não faria sentido, pois temos as florestas, a melhor alternativa natural e de baixo custo para a captura e armazenamento de carbono”, diz Carolina.
Para Laurence Tubiana, CEO da European Climate Foundation (ECF), o relatório do IPCC deixa claro que a maneira mais rápida de os governos garantirem a segurança energética é cortar custos e investir em energia limpa, deixando de lado os combustíveis fósseis. “Novas infraestruturas de gás, petróleo e carvão não apenas aumentarão os severos custos climáticos que já enfrentamos, mas também alimentarão a temível espiral geopolítica dos combustíveis fósseis, que tantas vezes têm sido associadas à tensão, conflito e volatilidade macroeconômica”, afirma.
Além de apontar a saída com o uso e desenvolvimento de tecnologias energéticas, o relatório do IPCC aponta que o setor financeiro tem um papel importante nesse processo. Embora os fluxos financeiros sejam hoje de três a seis vezes menores do que o necessário para impulsionar esse desenvolvimento, há capital e liquidez suficientes para fechar essas lacunas. Para isso, no entanto, o setor financeiro precisa de demonstrações claras de comprometimento de governos e da comunidade internacional em manter o aumento da temperatura abaixo do 1,5ºC.
Os fluxos financeiros totais anuais para mitigação e adaptação às mudanças climáticas aumentaram em até 60% entre 2013/14 e 2019/20, mas o crescimento médio desacelerou desde 2018. Além disso, esses fluxos são desiguais e se desenvolveram de forma heterogênea entre regiões do globo e os setores econômicos. O cenário é ainda pior quando se constata que os financiamentos públicos e privados de empreendimentos que utilizam combustíveis fósseis ainda são maiores do que para a adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Conforme o relatório Lacunas de Produção, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), de 2021, até aquele ano, os governos do G20 investiram mais de US$ 230 bilhões em medidas relacionadas ao combate à pandemia de covid-19 em setores responsáveis pela produção e consumo de combustíveis fósseis. No mesmo período, o valor investido em energia limpa foi de cerca de US$ 150 bilhões.
Na última semana, por exemplo, o presidente da COP-26 (Conferência Mundial do Clima), Alok Sharma, se reuniu com representantes de bancos, empresas, Estados e municípios, em São Paulo. Na pauta, o crescimento de uma aliança para a descarbonização dos serviços financeiros, iniciativa lançada mundialmente em 2021 e que tem hoje mais de 450 empresas com ativos de mais de US$ 130 trilhões.
Questionado sobre a expectativa em relação ao Brasil em ano eleitoral, Sharma diz esperar que o País confirme em atos os compromissos assumidos em Glasgow, seja qual for o resultado da disputa à Presidência.
Chuvas Petrópolis
Alta no desmatamento motiva pressão contra o Brasil
AX No Brasil, o desmatamento é a principal causa de emissões de gases de efeito estufa. Na COP-26, o País se comprometeu a cortar em 50% suas emissões até 2030, tendo como base o volume de 2005. O objetivo superou o que havia sido apresentado na NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) poucos dias antes do início da cúpula. Ainda assim, a posição frustrou expectativas por ter só igualado a meta assumida em 2015. Na gestão Jair Bolsonaro, o Brasil bate recordes sucessivos de desmatamento.
“Já estamos vendo os impactos climáticos generalizados causados por uma elevação de apenas 1,1°C na temperatura média do planeta acima dos níveis pré-industriais, inclusive no Brasil, onde recentemente centenas de pessoas perderam suas vidas por causa de eventos extremos”, afirma Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.
Em Petrópolis (RJ), por exemplo, um temporal recorde matou 234 pessoas de uma vez em fevereiro, a maior tragédia do tipo na cidade. Especialistas afirmam que eventos climáticos extremos serão cada vez mais frequentes com o avanço do aquecimento global.
O relatório recebeu mais de 60 mil comentários de revisores especializados e de representantes de governos. Mais de 59 mil artigos científicos são mencionados no documento final aprovado por 278 autores. A aprovação do relatório final, que deveria ser concluído durante o final de semana, se estendeu mais do que o planejado. O documento só foi validado por todos os pares na manhã desta segunda-feira, 4.
Fonte e Imagem: Estadão.
A ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia sinalizou nesta quinta-feira (31/3) que aceitará duas ações que contestam a atuação da gestão Jair Bolsonaro (PL) no combate ao desmatamento da Amazônia, considerando inconstitucionais as medidas que o governo adotou ou deixou de adotar sobre o assunto. Cármen, que é relatora do caso, retomará o seu voto na sessão da próxima quarta (6/4).
Na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 760, os partidos PSB, Rede Sustentabilidade, PDT, PT, Psol, PCdoB e PV pedem que a corte determine à União e aos órgãos e às entidades federais competentes que executem, de maneira efetiva, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).
Já na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 54 a Rede Sustentabilidade alega omissão inconstitucional do presidente Jair Bolsonaro e do Ministério do Meio Ambiente em coibir o avanço do desmatamento na Amazônia.
Cármen Lúcia afirmou que a atuação do Estado e dos cidadãos em relação ao meio ambiente deve ser pautada pelos princípios da dignidade, da ética, da solidariedade e da eficiência. Dessa maneira, não se pode usar ou abusar de bens que não promovam a preservação do meio ambiente. Também é preciso considerar que "somos todos integrantes da mesma família humana" e devemos conversar a natureza para as futuras gerações, declarou a magistrada. O Estado tem o dever de preservar o meio ambiente, não sendo aceita uma atuação ineficiente quanto a essa obrigação.
A relatora destacou que o Brasil é signatário de diversos tratados e normas internacionais pelos quais é obrigado a cumprir metas ambientais. Portanto, tem a responsabilidade de perseguir tais objetivos. "Não se pode retroceder em matéria de direitos humanos, perdendo o que gerações lutaram para conquistar", disse Cármen.
"É comprovado cientificamente que más condições climáticas afetam a saúde e a vida digna de pessoas, que colocam em risco a vida no planeta pelo superaquecimento. Por isso, a cooperação internacional é imprescindível", avaliou, citando o princípio da proibição do retrocesso.
A preservação do meio ambiente é dever do Estado, estabelecido pela Constituição. Portanto, não há margem de discricionariedade nem do Executivo nem do legislador, ressaltou a ministra. Segundo ela, o poder púbico deve atuar para evitar danos, conforme o princípio da prevenção.
Alfinetada em Guedes
"A atuação redutora da proteção ambiental nem sempre é flagrante, podendo ser maquiada pela reestruturação de órgãos ambientais, sem deixar estampado seu agir ilegítimo", alertou Cármen Lúcia. A magistrada classificou esse movimento de desmonte sutil do sistema de proteção ambiental de "cupinização".
Além disso, a ministra criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes. No último fim de semana, ele afirmou que o "Brasil é apenas um pequeno transgressor ambiental". "É um transgressor confesso", disse Cármen.
Aumento do desmatamento
Cármen Lúcia citou diversos dados que demonstram o aumento do desmatamento da Amazônia desde 2015 e, especialmente, 2018. De acordo com ela, houve uma mudança no modus operandi do governo desde então, atingindo áreas de preservação e terras indígenas.
Por isso, a Amazônia está próxima ao ponto de não retorno, o qual, se ultrapassado, não pode ser revertido, mencionou a ministra. Nesse caso, haveria a savanização da Amazônia, que ficaria semelhante ao cerrado.
Políticas legítimas
Em sustentação oral, o procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que a atuação do governo Bolsonaro em relação o desmatamento na Amazônia não viola a Constituição. Também não há omissão que desrespeite a Carta Magna, segundo Aras.
"Questões sobre o meio ambiente possibilitam diversas respostas legítimas, cabendo aos Poderes a escolha das políticas públicas que melhor se aproximam para o enfrentamento delas", disse Aras, declarando que o Judiciário não pode substituir o Executivo ou o Legislativo na seleção de tais medidas.
Fonte e Imagem: Conjur
Decreto desta quarta (30), porém, não restabelece as 96 cadeiras existente no conselho do meio ambiente antes de corte feito por Bolsonaro, em 2019, e que foi questionado no Supremo.
O governo federal publicou no “Diário Oficial da União” nesta quarta-feira (30) um decreto do presidente Jair Bolsonaro que altera o número de vagas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O decreto estabelece que os conselheiros passarão de 23 para 36.
Apesar do aumento, o número de vagas ainda é inferior às 96 existentes antes da reestruturação do Conama feita pelo presidente Jair Bolsonaro em maio de 2019. A medida afetou especialmente a participação da sociedade civil no conselho.
O Conama é o principal órgão consultivo do Ministério do Meio Ambiente. O colegiado é responsável por estabelecer critérios para licenciamento ambiental e normas para o controle e a manutenção da qualidade do meio ambiente.
A publicação do decreto nesta quarta, ampliando as vagas no conselho, ocorre em meio à análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de uma ação que questiona a reestruturação do órgão feita por Bolsonaro em 2019, quando ele reduziu de 96 para 23 o número de conselheiros titulares.
No ano passado, a ministra Rosa Weber, do STF, suspendeu o decreto que cortou número de integrantes do Conama e reduziu a participação da sociedade civil no colegiado.
Em março deste ano, ela votou para anular o decreto, porém o julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Nunes Marques.
A publicação do decreto também ocorre no dia em que está marcado para ocorrer no Supremo o julgamento de uma série de ações relacionadas a políticas ambientais do governo, entre elas uma que cobra a retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia e outra que sugere a retomada de resolução do Conama que dispõe sobre padrões de qualidade do ar.
A ação que trata do corte de vagas no conselho do Conama, porém, não foi pautada para a sessão desta quarta.
A composição do Conama
Sociedade civil: antes da reformulação, a sociedade civil contava com 22 assentos no Conama. Em 2019, Bolsonaro reduziu para quatro. O novo decreto eleva para oito o número de vagas para entidades ambientalistas;
Empresas: o novo decreto eleva de dois para cinco as cadeiras destinadas ao setor privado (entidades empresariais);
Governos estaduais: o novo decreto eleva de cinco para nove as vagas destinadas a representantes de governos.
Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não informou até o momento se a alteração no Conama tem relação com o julgamento no STF.
A Secretaria-Geral da Presidência informou que, com o decreto, o governo deseja "possibilitar que os processos decisórios primem pela eficiência, densidade e qualidade das decisões acerca das políticas públicas na área de meio ambiente".
Conforme o decreto publicado nesta quarta-feira, o Conama ficou com a seguinte composição:
ministro do Meio Ambiente (presidente do conselho)
secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente
presidente do Ibama
representantes da Casa Civil, Secretaria de Governo e ministérios da Economia, Infraestrutura, Agricultura, Minas e Energia e Desenvolvimento Regional
nove representantes de governos estaduais
dois representantes de prefeituras de capitais
oito representantes de entidades ambientalistas da sociedade civil
cinco representantes do setor privado (confederações nacionais da Indústria, do Comércio, de Serviços, da Agricultura e do Transporte)
presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
Fonte e Imagem: G1.
Corte começa a analisar nesta quarta-feira sete ações contra a política ambiental do governo federal. Julgamento é aguardado pelo setores ligados à preservação ambiental.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) devem impor uma nova derrota ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quarta-feira, 30, quando a Corte analisará sete ações contra a política ambiental do governo. Um interlocutor dos magistrados ouvido pelo Estadão afirmou que há uma tendência favorável à derrubada de medidas da atual gestão, sobretudo decretos editados pelo chefe do Executivo, como o que excluiu a participação da sociedade civil no conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA).
O julgamento desta quarta é aguardado por diversos setores ligados à causa da preservação ambiental por representar uma oportunidade de reverter políticas do governo e exigir de Bolsonaro medidas de combate à devastação do meio ambiente. Nas últimas semanas, os ministros do Supremo foram procurados por artistas e ex-ministros do Meio Ambiente. Os encontros foram marcados por entregas de cartas públicas às autoridades, em que destacam o papel do STF "em proteger o País da devastação ambiental e guiá-lo rumo à integração entre ecologia e economia".
No início do mês, uma comitiva de dezenas de artistas liderados pelo músico Caetano Veloso se reuniu no gabinete da ministra Cármen Lúcia, às vésperas de uma manifestação organizada em frente ao Congresso contra projetos pautados pela Câmara com o objetivo de autorizar o garimpo em terras indígenas, a grilagem de terras públicas, o licenciamento ambiental e a definição de um marco temporal para ocupação dos territórios nacionais por povos indígenas. Além da ministra Cármen, que relata seis das sete ações pautadas nesta quarta, participaram do encontro os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber, que é relatora de uma das ações.
Cinco das sete ações pautadas serão julgadas conjuntamente (veja mais detalhes abaixo). Uma das principais demandas que será analisada pelos ministros foi apresentada pelos principais partidos de oposição do governo com representação no Congresso, que pedem ao Supremo uma medida cautelar contra supostos "atos omissivos e comissivos perpetrados pela União, incluindo-se o Ministério do Meio Ambiente, e por entidades administrativas federais”, como o Ibama, o ICMBio e a Funai.
Conheça as setes ações que serão julgadas:
ADPF 760: Tida por especialistas como a ação mais importante por sua abrangência. Proposta pelo PSB, pede ao Supremo que reconheça e desfaça medidas do governo contra a execução do plano efetivo de preservação ao desmatamento na Amazônia.
ADPF 735: Pede a derrubada de um decreto e uma portaria do Ministério da Defesa, que teriam retirado a autonomia do Ibama como agente de fiscalização, repassando a função de coordenar a Operação Verde Brasil 2 aos militares na pasta da Defesa. Ação proposta pelo PV.
ADPF 651: Pede a derrubada de decreto que excluiu a participação civil no conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente. Ação proposta pela Rede Sustentabilidade.
ADO 59: Pede ao Supremo que reconheça omissão do governo em relação à paralisação do Fundo Amazônia e do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima) ao deixar de executar R$ 1,5 bilhão destinados a projetos de preservação da Amazônia Legal. Decisão pode obrigar a União a adotar medidas. Ação proposta por PSB, PSOL, PT e Rede.
ADO 54: Pede ao Supremo que reconheça a omissão do presidente da República e do ministro do Meio Ambiente em coibir o avanço do desmatamento na Amazônia. Ação proposta pela Rede Sustentabilidade.
ADI 6148: Pede ao Supremo que declare inconstitucional uma resolução do Conama que não teria regulamentado de forma minimamente eficaz e adequada os padrões de qualidade do ar, “deixando desprotegidos os direitos fundamentais à informação ambiental, ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, à saúde e, consequentemente, à vida”. Ação proposta pela Procuradoria-Geral da República.
ADI 6808: Pede ao Supremo que declare inconstitucional a medida provisória que alterou a lei sobre a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), podendo permitir concessão automática de alvará de funcionamento para empresas enquadradas em atividade de grau de risco médio. Ação proposta pelo PSB.
No documento encaminhado ao Supremo, as legendas PT, PSB, PDT, PSOL, PV, Rede e PCdoB argumentam que a floresta amazônica enfrenta "acelerado processo de desmatamento predatório, que já eliminou 19% de sua cobertura florestal original", podendo se aproximar de um "ponto de não retorno", em que são previstas "mudanças irreversíveis, com irremediáveis perdas aos serviços ecossistêmicos". Para os partidos, a crise ambiental no País foi agravada de forma sem precedentes pelo governo Bolsonaro, que provocaria "violação massiva e generalizada de direitos fundamentais".
Outras duas ações apresentadas por parte das siglas de oposição pedem que o Supremo reconheça omissão do presidente em não dar andamento ao funcionamento sistemático do Fundo Amazônia. Segundo os partidos, "a União está deixando de disponibilizar R$ 1,5 bilhões, já em conta, que legalmente devem ser desempenhados para financiar projetos de preservação na Amazônia Legal".
Em resposta às acusações, a União alega “que não há como se afirmar ter havido inércia do presidente”. Nos autos, o Ministério do Meio Ambiente disse que os partidos não citaram "qual a medida concreta que sana a suposta omissão inconstitucional”, tendo, portanto, apenas apresentado um pedido “genérico” de providências.
"Não há qualquer medida administrativa a ser adotada pelo Ministério do Meio ambiente para o reativar o funcionamento do Fundo Amazônia e que permita a captação de recursos, pois o fundo é gerido pelo BNDES, também responsável pela captação de recursos, que depende, necessariamente, da vontade e voluntariedade dos doadores, não havendo, acrescente-se, qualquer mandamento constitucional ou infraconstitucional a determinar repasse de recursos do Ministério do Meio Ambiente para o Fundo Amazônia", argumentou a pauta.
Fonte e Imagem: Estadão.
Para o veterano do setor, transição energética já avança e o País tem muito a ganhar.
Numa longa carreira dedicada ao setor de energia, que incluiu cargos de direção na Cesp, na CPFL e Eletrobras, Wilson Ferreira Junior juntou experiência para assumir na área privada, em 2021, a Vibra Energia, “herdeira” da BR Distribuidora. Num ano difícil, em que uma forte seca se somou a intensas queimadas – em grande parte ilegais – na Amazônia e no Pantanal, esse engenheiro formado no Mackenzie viveu um período de intensa transição, mas se sente otimista. Os eventos climáticos, adverte, “estão levando a uma consciência ambiental muito maior, não só entre governos, mas entre empresas e pessoas”.
Nesse contexto, diz ele, o Brasil tem um bom horizonte pela frente: 85% de sua energia elétrica é renovável, um índice muito acima dos 24% de média mundial. E, graças às decisões aprovadas na COP-26, terá ótimas condições para acumular créditos de carbono e vendê-los no mercado internacional. “A transição energética vai ocorrer. E o ponto fundamental é que vamos ser o maior gerador de créditos de carbono do planeta”.
Ele vê com bons olhos a indicação de Adriano Pires para presidência da Petrobras. “Sou fã dele há 30 anos. Na área de óleo e gás, ele é uma unanimidade. Ele tem competência para dar seguimento à criação de um fundo de estabilização dos preços dos derivados de petróleo.” A seguir, trechos da entrevista.
Wilson Ferreira Júnior
Começo com um tema que preocupou muita gente no final do ano passado: vai faltar energia?
De jeito nenhum. Vivemos em 2021 o ano mais seco da História e nele não tivemos qualquer problema. O Brasil é hoje um País diferente daquele que viveu um trauma lá atrás, em 2001, quando houve racionamento. Naquela época, 95% da energia era gerada por hidrelétricas e só 5% por outras fontes. Hoje, mais de 20% da geração do País é termoelétrica. A hidrelétrica dá algo como 63%. E temos energia térmica a gás natural, óleo combustível e óleo diesel. E o restante, que é o que mais está crescendo, são a energia eólica e a solar.
Você dedicou quase toda sua vida ao setor de energia, foi presidir a Eletrobras, colocando-a em ritmo de privatização. E por fim aceitou pegar a ex-estatal BR Distribuidora, que agora se chama Vibra. Carreira movimentada, não?
Aceitei convite do presidente Temer em um momento muito crítico para a Eletrobras. Demos uma contribuição importante, acho que ela agora está próxima da privatização – mas isso só é possível porque saltamos de um valor de R$ 9 bilhões para R$ 60 ou 70 bilhões e ela reduziu seu quadro à metade. A dívida líquida caiu de 9 vezes para uma vez a geração anual de caixa.
Quando você saiu da Eletrobras houve rumores do tipo “saiu porque o governo não ia privatizar...” Sua saída inesperada influenciou?
Aceitei ficar na Eletrobras no governo Bolsonaro porque os ministros Paulo Guedes e Bento Albuquerque colocaram como prioridade as privatizações. Estou feliz por ter contribuído para chegar a esse ponto e também porque agora estou ligado a esse tema climático, a tal transição energética. Esses eventos climáticos extremos estão levando a uma consciência ambiental muito maior, não só entre governos, também entre empresas e pessoas. A transição energética vai ocorrer, já está ocorrendo, e o caso brasileiro é particular, viu?
Particular em que sentido?
Porque o mundo emite muito gás de efeito estufa para produzir energia elétrica. E no Brasil quase 85% da nossa geração de energia elétrica é renovável. A média mundial é 22%. Quer dizer, nós somos 3 a 4 vezes mais renováveis e não poluentes do que os demais países. E a segunda fonte importante é a do transporte. O mundo consome muito diesel e por aqui estamos criando uma plataforma multienergia. Queremos apoiar uma transição energética relevante, criando uma plataforma para aumentar o crescimento desse combustível. E estamos desenvolvendo uma parceria para extrair o gás metano, o biometano, a partir de vinhaça de cana-de-açúcar.
O Brasil tem uma imagem ruim lá fora, em relação ao meio ambiente. Estados Unidos e Rússia são responsáveis por 50% de todo o gás estufa, o Brasil só por 3%. O que acontece?
Nós tivemos uma infelicidade grande, no ano passado, que foi muito seco. Houve muitas queimadas, algumas espontâneas, muitas outras não, no Pantanal, na Amazônia. A queimada ilegal tem de ser ferozmente combatida. A Amazônia é do tamanho da Europa, não é simples fazer isso. Nossa má fama está ligada a todo esse....
...desmatamento ilegal.
Sim, e à nossa incapacidade de gerenciar e mitigar isso. Mas tivemos avanços na COP-26, com a regulamentação do Artigo 6, que trata dos créditos de carbono. O ponto fundamental é que vamos ser o maior gerador de créditos de carbono do planeta, seja pelo potencial – a captura de carbono das nossas florestas –, seja por sermos um dos países que mais crescem na geração renovável: eólica, solar, na produção de biocombustíveis. Enfim, temos uma vantagem potencial. Naturalmente, também precisaremos de articulação entre governo, empresas e academia. A Vibra está entrando de cabeça na geração renovável.
Fonte e Imagem: Estadão.
Alok Sharma fala que países que buscam “segurança energética doméstica” devem estar em posição de controlar os preços.
O presidente da COP26, Alok Sharma, disse que a crise energética intensificada pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia deve impulsionar a implementação de energias limpas.
Sharma esteve na 2ª feira (28.mar.2022) em São Paulo, onde participou de evento da Gfanz, nome da Aliança de Glasgow pela Descarbonização dos Serviços Financeiros. Na saída, disse a repórteres que os países entenderam que, se quiserem “ter segurança energética doméstica”, devem estar em posição de controlar os preços.
“Então o jeito de agir é com energias renováveis locais”, declarou. “Eu acho que o que veremos é aceleração de energia limpa, que é um elemento-chave para se chegar à neutralidade de emissões em qualquer economia.”
Parcela significativa da produção mundial gás natural e petróleo vem da Rússia. Como parte das sanções impostas ao Kremlin, os Estados Unidos anunciaram, em 8 de março, a proibição da importação dos insumos do país.
A Europa não pôde fazer o mesmo. O continente tem forte dependência do petróleo e gás russos. A Comissão Europeia, braço executivo da UE (União Europeia), lançou em 8 de março um plano para ser independente dos combustíveis fosseis da Rússia até 2030 e acelerar a transição para a energia renovável.
Com a guerra, os preços das commodities subiram e diversos países europeus realizaram protestos pela alta de energia, diesel e gasolina. Para amenizar a situação, governos estão cortando impostos e criando subsídios.
À curto prazo, há a possibilidade de a Europa aumentar o uso do carvão, mais poluente que o gás natural, para compensar a redução da importação russa.
Segundo Sharma, o ideal é manter as metas climáticas estabelecidas na COP26, em novembro de 2021: manter o aumento da temperatura média global em 1,5ºC e alcançar a neutralidade carbônica em 2050.
BRASILEm entrevista ao jornal Valor Econômico publicada em 21 de março, Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do BEI (Banco Europeu de Investimento), disse que o Brasil pode ter um papel relevante na transição energética mundial, em especial com o hidrogênio verde.
“No prazo mais curto, o Brasil e a América Latina são áreas econômicas para as quais a Europa tem olhado pouco”, declarou. “Eu acho que essa guerra, se há algo que ela nos mostra, é que temos que diversificar nossas fontes de abastecimento.”
Félix disse que os países devem acelerar a transição energética e, neste contexto, “existe uma oportunidade também para o Brasil se integrar mais nas cadeias de produção globais”. Segundo ele, o país “pode ser um ‘player’ importante no hidrogênio verde, pode exportar”.
O vice-presidente do BEI falou ainda da capacidade brasileira de extrair petróleo, que vai “continuar sendo utilizado ao longo dos próximos anos”.
Fonte e Imagem: Poder 360.
O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu para consulta pública para discutir a metodologia, as premissas, a base de dados e os critérios a serem empregados na revisão ordinária dos montantes de garantia física de energia das usinas hidrelétricas despachadas centralizadamente no Sistema Interligado Nacional (SIN). A revisão deverá ser realizada ao longo deste ano, para início de vigência em janeiro de 2023.
O Relatório "Revisão Ordinária de Garantia Física de Energia das Usinas Hidrelétricas - UHEs Despachadas Centralizadamente no Sistema Interligado Nacional - SIN" e a Nota Técnica nº 34/2022/DPE/SPE, que apresentam as informações detalhadas, estão disponíveis no Portal de Consultas Públicas, na página do Ministério de Minas e Energia na internet.
Fonte e Imagem: Estadão.
O relatório da ANEEL aponta que o IDH de municípios que passam a produzir energia por PCHs ou CGHs aumentaram em cerca de 19,9% o seu IDH, se comparado com cidades do mesmo porte que não detém estes empreendimentos. Os dados foram apresentados na V Conferência Nacional de PCHs e CGHs, organizado pela Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), e que reuniu mais de 900 participantes em Curitiba, nos dias 23 e 24 de março.
"Além disso, o Coeficiente de Desigualdades destes municípios é 10% menor, a renda per capta 38,6% maior e os moradores dessas regiões possuem 13,6% mais emprego e renda", afirmou, Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel).
Para que se tenha ideia, na Conferência Global pelo Clima de 2021 (COP26), foi assinado um acordo entre 77 países para que, até 2040, sejam extintas todas as formas de energia poluentes e aconteça a expansão de energia limpa. “Temos que tomar decisões agora para garantir suprimento de energia limpa”, reforçou Lenzi. Eler aposta no investimento em PCHs e CGHs para cumprir esse objetivo.
Segundo o especialista, usinas hidrelétricas de até 50 megawatts geram menor impacto ambiental e possuem ativo que é revertido para União após 100 anos. O presidente da Abragel também destaca que as PCHs geram energia não intermitente, garantindo estabilidade na entrega para a população.
PCH Libera Maria, em Bituruna.
As Pequenas Centrais Hidrelétricas podem ficar próximas aos grandes centros urbanos, o que reduz as perdas de energia e barateiam o custo.
Destaque mundial - O Brasil tem se destacado no segmento de geração de energia distribuída, tornando-se um dos principais atores do segmento no mundo. A afirmação foi feita pelo presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Guilherme Chrispim.
A geração de energia distribuída é aquela gerada no local de consumo ou próximo a ele, renovável e que traz benefícios aos consumidores. Dois exemplos dessa modalidade são as Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidráulicas.
Se em 2017 foram gerados apenas 200 megas de potência pelas GDs, em 2021 o número saltou para 9 gigas. “Muito provavelmente agora em 2022, a nossa expectativa é que coloquemos mais de 8 gigas de potência. Se pudéssemos fazer parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), seria isso que estaríamos entregando”, relatou o presidente da AGBD. “O Brasil é um dos principais países de geração distribuída do mundo. Se a gente desconsiderar a China, é bem possível que o Brasil se torne o país com mais fonte distribuída do mundo”, declarou.
Em janeiro foi sancionada pelo governo federal a Lei 14.300/2022, que criou o marco legal da GD, que regulamenta a administração e exploração da demanda por instalação de projetos. A lei foi comemorada pelo setor, que vê a proteção ambiental como uma das grandes beneficiadas. “O Brasil tem um potencial enorme de geração. Eu acho que temos que utilizar todas as possibilidades de energia limpa que temos”, afirmou Chrispim.
Plano Nacional de PCHs - O primeiro painel desta quinta-feira (24) também contou com a presença do presidente da Tradener, que atua no ramo de distribuição de energia, Walfrido Avila. O empresário é autor do Plano Nacional de Pequenas Centrais Hidrelétricas, que tem como meta a construção de 100 novas PCHs por ano e a construção de uma usina semelhante a de Itaipu no interior do Brasil. A expectativa é de geração de mais de um milhão de empregos.
Para o empresário, o investimento em PCH e CGH pode ser um caminho para melhor atender a população e proteger o meio ambiente. Porém, para que o plano seja implementado, é necessário a desburocratização do processo de licenciamento ambiental, segundo Walfrido. “Se nós não mudarmos todo nosso processo de licenciamento ambiental, não vamos conseguir implementar 100 novas PCHs por ano”, alertou. Redução dos impostos, facilidade de financiamento, diminuição dos encargos ambientais e melhoria da infraestrutura de engenharia, são outros passos necessários para a implementação do Plano Nacional de Pequenas Centrais Hidrelétricas.
Dentre os obstáculos para os empreendedores do setor, está a análise de viabilidade ambiental que, rotineiramente, acontece somente após o início das obras. Isso ocasiona no risco de embargo das construções mesmo após o investimento de recursos por parte dos empresários. Carlos Eduardo Cabral Carvalho, superintendente de concessões e autorizações de geração da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), disse no evento que está trabalhando para aprovar uma nova resolução para diminuir esse risco por parte do investidor. “A ideia é a discussão prévia da viabilidade ambiental, já na fase de inventário”, explicou Carlos Eduardo.
A perenidade das usinas hidrelétricas de pequeno porte é o que tem garantido energia em diversas regiões do país. “O nosso setor hoje, de fato, é carregado por nossas usinas hidrelétricas que foram construídas no passado”, disse Rafael Fernandes Pereira, diretor de contratos da GeoEnergy. Para o empresário, isso mostra o quanto esse investimento traz resultados perenes para a população e, através da abertura do mercado e desburocratização ambiental, pode se tornar grande ator de acesso à energia elétrica barata e limpa em todo país.
Fonte: Bem Paraná.
Imagem: Mirian Gasparin.
Atualmente, as PCHs e CGHs somam juntas 5.560 megawatts (MW) de energia gerada, com a possibilidade de chegar a 19.328 megawatts, segundo dados da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch).
O Brasil possui recursos para oferecer energia limpa e renovável, com baixa emissão de carbono, se utilizar o potencial disponível de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras de Hidráulica (CGH). Atualmente, as PCHs e CGHs somam juntas 5.560 megawatts (MW) de energia gerada, com a possibilidade de chegar a 19.328 megawatts, segundo dados da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch).
A provocação é do presidente da Abrapch, Paulo Arbex, para quem a modernização do setor elétrico brasileiro (SEB) é prioridade no debate sobre energia elétrica. “Este é o desafio da nova década, como levar a termo a necessária modernização do SEB, pós-pandemia, aliado ao crescimento das fontes renováveis, a necessidade de viabilização das PCHs no mercado, a ampliação do mercado livre, entre outros aspectos”, afirma Arbex.
Ao todo, são 1.046 usinas em operação no país, com a possibilidade de instalação de outras 2.013, sem contar com o potencial existente no bioma amazônico, que totaliza outros 108 projetos. De acordo com a Abrapch, cada 1 MW gerado representa mais ou menos mil residências atendidas com energia gerada ao transformar a força da água em energia elétrica.
“Seria a melhor maneira de baratear as tarifas de energia elétrica brasileira. (A ideia seria) Interromper a contratação de térmicas a custos exorbitantes e substituí-las por uma combinação de renováveis (hidrelétricas, biomassa, eólicas e solares) que, além de ter um custo direto muito mais barato, não carregam com si o enorme custo ambiental dos combustíveis fósseis”, explica Arbex.
Atualmente, o potencial da geração de energia não é totalmente aproveitado. “Temos 15.000MW de PCHs aprovadas na Aneel (Agência Nacional de Energia), aguardando licenciamento ambiental e contratação a tarifas factíveis para serem construídas. Acreditamos que a mais barata destas usinas se viabilize a R$250/MWh e a mais cara a R$380/MWh. É uma fração do que se tem pago para as fósseis. Além das inúmeras vantagens apontadas acima, tem também a vantagem da reversibilidade das usinas após uma renovação”, afirma o especialista.
Durante palestra nesta tarde, por vídeo, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, destacou o potencial energético do país e defendeu políticas de geração de energia limpa.
"O Brasil está trilhando dois caminhos pela descarbonização da matriz energética. Primeiro, criando condições de acelerar o investimento em energias sustentáveis e, no segundo aspecto, orientando investimentos em pesquisa e qualificação para fortalecer o surgimento de novas tecnologias e negócios com capacitação de pessoas e incentivo de mais atores que possam agregar nessa discussão que é contínua", diz Albuquerque.
Dados atuais
Com base em relatórios da Agência Nacional de Energia (Aneel), a Abrapch informa que, apenas na região Sul, existem atualmente 407 PCHs e CGHs em operação, com potencial para outros 828 projetos.
Já na região Sudeste existem 348 pequenas usinas em operação e a possibilidade de instalação de outras 512. No Centro-Oeste estão 182 pequenas usinas geradoras de energia, com potencial para outras 561. No Nordeste estão operando 50 PCHs ou CGHs e 114 locais seriam aptos para instalação. Já na região Norte do país estão em operação 59 usinas, com potencial para outras 108, com baixo impacto ambiental.
Conferência
O tema é debatido na 5ª Conferência Nacional de PCHs e CGHs, evento que reunirá autoridades do setor elétrico brasileiro, especialistas e investidores na área de energias renováveis. O evento é realizado pela Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), hoje e amanhã, em Curitiba.
Entre os palestrantes estão nomes como o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas de Energia, Paulo César Magalhães Domingues; o deputado federal e relator do novo Código Brasileiro de Energia, Lafayette de Andrada; o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Efrain Pereira da Cruz; e o presidente do BID Energy, Leandro Parizotto.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Fernando Coelho Filho disse que quer evitar pressões por mais alterações no texto.
O relator do PL 414 na Câmara dos Deputados, Fernando Coelho Filho (União-PE), disse que pretende sugerir ao presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), que submeta ao plenário a urgência do projeto apenas quando tiver no horizonte a possibilidade de votar também o mérito da matéria. A ideia é evitar que o texto fique sujeito a demandas e a pressões, uma vez que a versão final do parecer deve ser divulgada no site da Câmara após a votação da urgência.
“Acho que no começo de abril, se a gente conseguir votar a urgência, na sequência a gente vota também o mérito. A gente circulou entre as associações e com o governo uma versão logo antes do carnaval. Evidente que tem aprimoramentos a serem feitos, mas aí no comecinho, depois do dia 2 [de abril], a gente circula uma versão final, que deve ser o que vai levar a voto”, explicou na terça-feira, 22 de março, na saída de evento promovido pela Abraceel e pela Clarke Energia, no Salão Negro da Câmara.
Na avaliação do relator, o texto está bem redondo, há muitas pressões e são muitos os temas, mas o essencial está alinhado. Coelho Filho tem conversado com o governo sobre temas que o Executivo entende que talvez precise de uma melhor atenção e que podem passar por adequações, mas na essência, disse, é basicamente o que está colocado.
Ele pretende manter o prazo de 42 meses, estabelecido na proposta do Senado para a abertura total do acesso ao mercado livre, lembrando que o texto do antigo PLS 232 deve retornar à casa original em razão das mudanças que serão feitas na Câmara.
O cronograma que já tinha sido anunciado pelo relator foi reforçado pelo deputado Marcelo Ramos (PSD-AM), que é vice-presidente da Câmara. Ramos afirmou durante o encontro da Abraceel que as próximas duas semanas na casa já estão comprometidas com a votação de outras matérias. Entre elas uma proposta de emenda constitucional, que tem votação em dois turnos. Ele disse ter certeza de que o PL da modernização será votado pelo plenário em abril.
A tramitação do PL 414 na Câmara coincide com a chegada do PL 1917 ao Senado. Embora um pouco mais antigo, o projeto da portabilidade da conta de luz só conseguiu ser aprovado pelos deputados em dezembro do ano passado. A presidente da comissão especial que tratou do tema, Jaqueline Cassol, destacou a sensação de dever cumprido, mesmo defendendo que as duas propostas deveriam ter sido consolidadas em um único texto na casa.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Para que se tenha sucesso na transição energética, é fundamental começar a agir agora na construção dos devidos marcos legais.
Conceitualmente, transição energética justa é mudar o modelo de produção e de consumo de energia de um modelo de altas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) para um de baixa emissão. Isso passa pela transformação de uma cadeia produtiva a partir da utilização de tecnologias existentes e/ou em desenvolvimento que emitam menos gases como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). Com a mudança do modelo, preservam-se os empregos e a economia das regiões afetadas pela alteração dos processos produtivos. É o que está sendo buscado pelo setor carbonífero, que produz energia elétrica firme e barata para o Brasil e é responsável por gerar empregos e diversos benefícios socioeconômicos ao País.
Conforme acordado na Conferência do Clima de Paris em 2015, efetiva-se a busca de um mundo de baixo carbono com o desenvolvimento de novos processos produtivos, neutralizando as emissões de GEEs geradas na combustão ou gaseificação de combustíveis fósseis ou biomassa e nos processos de fabricação de produtos que emitem gases de efeito estufa (siderurgia e cimento) e que dependem das fontes fósseis. Além disso, com a produção de eletricidade por meio de fontes que não emitam gases de efeito estufa (solar, eólica, nuclear, hidráulica) e com a alteração das tecnologias dos modais de transporte. E pode-se, também, mudar o padrão de consumo visando a usar menos energia e a aumentar a eficiência energética dos processos.
Para efetivar o processo de transição energética justa, é necessário construir um Plano de Transição Energética Justa, que analise a economia da região, o impacto socioeconômico da implantação das novas tecnologias em substituição às antigas e, assim, proponha soluções para que sejam mantidos os empregos com o mesmo nível de renda e a movimentação da economia.
Trata-se da realidade que foi alcançada com a Lei n.º 14.299/22, destinada à cadeia carbonífera de Santa Catarina e sancionada no mês de janeiro de 2022. A legislação coloca o Brasil como o primeiro país a definir um arcabouço legal específico para um segmento visando a promover a transição energética rumo a um futuro de baixo carbono.
O próximo passo será a construção efetiva deste planejamento, que deve ser discutido com todas as partes interessadas (setores produtivos, empregados, municípios, Estado e comunidade). Mas é necessário ir além de Santa Catarina. Deve-se construir um marco legal, federal e estadual, destinado também a contemplar os demais polos produtivos brasileiros, em especial no Rio Grande do Sul e no Paraná.
Esse processo é necessário para que as regiões produtivas organizem a implementação do Plano de Transição Energética Justa, alocando recursos financeiros, facilitando a implantação de novas indústrias e a requalificação, o treinamento e a alocação de mão de obra, criando ecossistemas de inovação, estabelecendo programas de desenvolvimento tecnológico e a implantação de processos de baixo carbono.
A implementação de um Plano de Transição Energética Justa, com a construção de uma nova economia de baixo carbono, pode levar mais de duas décadas, dependendo do bom gerenciamento do plano. Por isso, para que se tenha sucesso na transição energética, é fundamental começar a agir agora na construção dos devidos marcos legais com perspectivas viáveis de implementação, para que se possa dar o tempo necessário à implementação do novo modelo de baixo carbono na indústria carbonífera.
Há, ainda, outro fato. O processo de transição energética justa deve ser iniciado imediatamente, para que o compromisso brasileiro firmado na Conferência do Clima em Glasgow (COP-26), de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa em 2050, possa ser efetivado, realizando a mudança de modelo econômico de forma serena, planejada e inclusiva.
No caso do carvão mineral, primeiramente elaborou-se um marco legal nos Legislativos federal e dos Estados produtores de carvão mineral, visando a manter o atual parque produtor de carvão até 2050. Agora, deve-se elaborar o Plano de Transição Energética Justa que guiará o processo. Esse plano deve considerar as ações já em andamento realizadas pela indústria carbonífera. Entre os exemplos dessas ações já iniciadas estão o desenvolvimento de tecnologias de Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCUS, na sigla em inglês), a criação de ecossistemas de inovação, o desenvolvimento de novos produtos da indústria do carvão e outros projetos.
Assim como ocorreu na revolução industrial, em que a indústria do carvão liderou o progresso industrial que nos trouxe até aqui, temos, agora, a oportunidade de viver uma nova revolução, aproveitando uma fonte de energia firme e eficiente, mas desta vez sem impactos de emissão de CO2. Trata-se de um processo de mudança alinhada com o que se espera de um país responsável e que olha para o bem-estar de seu povo.
Fonte e Imagem: Estadão.
Em 2021, a captação das empresas ficou acima de R$ 60 bilhões mais que o dobro do ano anterior, segundo dados da B3.
Para alcançar melhores condições de financiamento, o setor elétrico vem buscando novos meios de alavancagem para seus projetos de crescimento - novos ou expansões -, seja por meio de debêntures, fundos de investimento, certificados de recebíveis imobiliários, títulos externos ou por emissão de ações em aberturar de capital.
Segundo dados da B3, só em 2021, o setor de energia captou mais de R$ 60 bilhões no mercado de capitais por meio dos instrumentos de dívida, representando 16% do total emitido (R$ 363 bilhões). O setor é o segundo com maior número de empresas listadas, atrás apenas do setor financeiro, respondendo por 13% das 461 empresas com ações na bolsa.
O montante de recursos é quase o dobro do emitido pelo setor em 2020, de R$ 31 bilhões, porém muito abaixo do valor que alcançou em 2019, de R$ 111 bilhões. O gerente de Produtos de Balcão na B3, Leonardo Betanho, explica que em 2019 o mercado estava aquecido para emissão de dívida, mas no ano seguinte sofreu o impacto da pandemia. Em 2021 mostrou uma recuperação.O executivo diz que houve uma expansão no volume de emissões do mercado de capitais como um todo em 2021. “No ano passado, o total das emissões distribuídas pela B3 atingiu R$ 363 bilhões, comparado com R$ 195 bilhões em 2020 e R$ 283 bilhões em 2019”.Betanho acrescenta que, nos últimos anos, o mercado brasileiro tem sido bastante funcional para empresas que querem captar recursos por meio de seus IPOs ou ofertas subsequentes (FOs). Contudo, ele pondera que em momentos de maior incerteza, operações sejam interrompidas ou adiadas até que haja uma melhora nas condições de mercado.
Por outro lado, o atual contexto econômico tem feito algumas empresas seguirem em rota contrária, como a Focus Energia, que fechou capital e foi recentemente incorporada pela Eneva. No atual cenário de juros em elevação e pressão na cadeia de suprimentos, o custo de capital vem encarecendo os contratos assinados. Neste contexto, as debêntures surgem como alternativas aos tradicionais bancos de fomento.A Engie recentemente obteve financiamento inédito de R$ 65 milhões para a Parceria Público-Privada (PPP) de Iluminação Pública de Uberlândia (MG) por meio de debêntures incentivadas de infraestrutura. A empresa prevê que a estrutura contratual permite deter um interesse do mercado para este tipo de projeto com um custo competitivo, já que os debenturistas têm incentivo fiscal.
A 2W Energia também acessou o mercado de capitais para emissão de uma debênture verde de longo prazo para um projeto “greenfield” (novo), sem ter vendido energia pelo mesmo prazo para cobertura da emissão.
“Preferimos acessar o mercado de capitais através da debênture em julho, no valor de R$ 475 milhões para estruturarmos o projeto eólico Anemus (138,6 MW), no Rio Grande do Norte, executá-lo, avançar em nosso plano de negócios, no qual hoje já temos 1.400 consultores de energia acessando o mercado B to B para médias empresas, vendendo o mercado livre e energia de nossa usina”, afirmou o CEO da companhia, Claudio Ribeiro.
No mesmo ano, a empresa elétrica acessou o mercado através de uma debênture conversível emitida pela 2W Energia no valor de R$ 400 milhões para a estruturação do projeto eólico Kairós (261 MW), no Ceará.
Segundo o presidente do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE), Carlos Ratto, o ativo energia cada vez mais vem atraindo interesses por parte de bancos e fundos e o mercado de derivativos é um bom ambiente.
Em 2021, a BBCE negociou 207 mil gigawatts-hora (GWh), alta de 13% em relação ao ano anterior, em 66 mil operações, aumento de 13% na relação anual. “Apesar de um ano com a crise hídrica, além de uma crise de crédito com comercializadoras com problemas, o ano foi positivo com um volume de negociações histórico que reflete o amadurecimento do mercado”, afirma.
Ratto trabalha com a projeção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de aumento da demanda por energia de 2,4% em relação ao ano de 2021 e com isso o volume de negociações cresça na mesma proporção.
“Há várias pontes entre o setor elétrico e o setor financeiro. A possibilidade de financiamentos em moeda estrangeira. Outra ponte são os derivativos com a possibilidade do mercado financeiro entrar no mercado de energia sem necessariamente abrir uma comercializadora ou sem negociar energia física”.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: Canal Energia.
O Congresso Nacional deve analisar nesta quinta-feira, 17, os vetos da Lei 14.300/2022, que institui o marco legal da microgeração e minigeração distribuída. A Presidência da República vetou dois dispositivos da lei: um sobre as chamadas usinas solares flutuantes e outro que garantiria benefícios fiscais e financeiros ao setor de geração distribuída (GD).
Há grande expectativa entre os agentes do setor elétrico, particularmente no segmento solar, de que um deles seja derrubado, o veto ao artigo 28, que permitiria o enquadramento dos projetos de minigeracão distribuída como projetos de infraestrutura de geração de energia. Isso facilitaria a financiabilidade dos sistemas de GD, atraindo mais recursos para o segmento e permitindo também a redução de custos dos empreendimentos.
Na prática, o texto, favoreceria o acesso a três grupos de incentivos, incluindo o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi), que suspende PIS/Cofins sobre a compra de equipamentos; as emissões de debêntures incentivadas, que permitem captação de recursos mais baratos por reduzir a carga fiscal sobre o titular do papel; e os Fundos de Investimento em Participações - Infraestrutura (FIP-IE), que proporcionam investimento de equity em projetos de infraestrutura em alguns setores, incluindo energia.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) encaminhou nessa semana uma nota técnica aos parlamentares em defesa da retirada do veto. "Derrubar esse veto é essencial para manter o ritmo de crescimento e de investimentos em energia solar no País, ratificando o enquadramento da geração própria renovável como projetos infraestrutura. Isso permite o acesso a financiamento mais competitivo pelo mercado, reduzindo o preço da energia aos consumidores", defende o presidente executivo da entidade, Rodrigo Sauaia.
Entre as justificativas do veto, o governo alegou custos extras e desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal. "Na prática, não haveria aumento de renúncia fiscal do governo, dado que a medida já era prevista pelo Decreto 10.387/2020, que estabeleceu benefícios para os projetos de infraestrutura", alega Sauaia, que também destaca que o texto aprovado no Congresso foi alvo de acordo estabelecido entre os agentes setor elétrico, o governo federal e os parlamentares.
O sócio do Cescon Barrieu Advogados para a área de energia Rafael Baleroni, explica que, para a emissão de debêntures e Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) incentivados, o projeto precisa ter outorga, autorização que não é necessária para sistemas de GD, e nota técnica e decisões do Ministério de Minas e Energia (MME) impediram o enquadramento de micro e miniusinas como prioritárias.
Já no caso do Reidi, a lei permite seu uso em obras de infraestrutura de geração, transmissão e distribuição no setor de energia, e os projetos de GD são considerados unidades consumidoras, por isso um parecer da Advocacia Geral da União (AGU), seguido pelo MME, entendeu não ser possível seu enquadramento.
Por fim, no caso dos FIP-IE, Baleroni comenta que não existiu até agora decisão formal contrária à inclusão de projetos de geração distribuída e há fundos que investem no segmento, mas há um grau de incerteza.
"A lei veio justamente para mudar o cenário, especialmente nos casos das debêntures e FIDCs incentivados e no Reidi, e garantir enquadramento, e também elimina dúvidas sobre o FIP-IE", diz o advogado.
Na visão do especialista, o veto pode cair, dada a pressão dos agentes setoriais e o fato de que houve a participação do Executivo na redação final do texto. No entanto, ele admite que o argumento governamental de pressão orçamentária pode pesar contra a derrubada, justamente num momento em que se discute a necessidade de apoio ao setor de combustíveis, tendo em vista o impacto da alta de preços no País. "Essa é a grande interrogação a respeito; a pressão por gasto publico na forma de algum tipo de subsidio a combustíveis fósseis tem aumentado, e qualquer coisa que utilize orçamento público pode competir com necessidade de mais recursos públicos pra combustíveis fósseis", disse.
Impulso
Caso o veto aos benefícios seja efetivamente derrubado pelo Congresso, os especialistas esperam que projetos rapidamente busquem se beneficiar. Segundo um operador do mercado de capitais, que falou com a reportagem na condição de anonimato, projetos de geração distribuída atualmente possuem dificuldade para estruturar financiamento e, mesmo quando isso é possível, o custo é mais elevado em relação aos grandes projetos de geração centralizada. "Eles pagam mais juros para serem financiados e existe um gap de financiamento disponível para o setor de GD", diz. "Tratar geração distribuída como incentivada ajuda a reduzir o custo de captação desses projetos e pode aumentar o numero de projetos que conseguirão sair do papel".
Para ele, seria justo equiparar os projetos de GD à geração centralizada de energia. "Não faz sentido ter incentivo tributário para usinas de larga escala, mais fáceis de financiar e que obtêm financiamento em condições mais favoráveis e não haver para GD, que é mais difícil(de obter crédito)", defende.
Usina Flutuante
O outro veto governamental ao marco regulatório de GD, referente às usinas flutuantes, deve se manter, na visão dos advogados do Cescon Barrieu. O artigo 11 permitiria que usinas flutuantes de qualquer tamanho fossem enquadradas como geração distribuída, numa exceção aos parâmetros do segmento, que hoje estabelecem ser usinas de mini ou microgeração empreendimentos com até 5 megawatts (MW).
O sócio de Cescon Barrieu, líder da área de energia, Alexandre Leite, explica que a manutenção ao veto relativo a usinas flutuantes estaria em acordo com a regulação vigente, na qual geração distribuída está circunscrita a projetos menores e para consumo próprio. "Existe uma expectativa de que esse veto possivelmente será mantido, tendo em vista que tal exceção poderia levar, no limite, à construção de usinas razoavelmente grandes em dissonância com a regulação aplicável a projetos do mesmo porte", afirma.
Fonte: Estadão
Imagem: Canal Energia.
Banco investe em projeto-piloto que pode alcançar até R$ 300 milhões em dois anos.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai comprar créditos de carbono pela primeira vez. A instituição abre, hoje, uma chamada pública para aquisição de até R$ 10 milhões desses certificados de sequestro ou redução de gases do efeito estufa por empresas ou projetos ambientais. O diretor de participações, mercado de capitais e crédito indireto do BNDES, Bruno Laskowsky, define a investida como o "projeto-piloto" de um programa mais consistente que vai envolver chamadas de R$ 100 milhões a R$ 300 milhões nos próximos dois anos.
Thank you for watchingOs créditos visados pelo BNDES são exclusivamente do mercado voluntário, no qual os agentes não têm teto de emissões nem são regulados por uma agência ou governo nacional, como na União Europeia. Globalmente, esse mercado voluntário ultrapassou US$ 1 bilhão em ativos em 2021 e, no Brasil, é dominado por projetos ligados à preservação de biomas e reflorestamento. As empresas compram esses títulos de forma voluntária para compensar emissões de difícil eliminação na cadeia produtiva. Também investem em créditos de carbono como estratégia empresarial e para ter acesso a linhas de financiamento “verdes”, pautadas por critérios ambientais.
Nessa primeira aquisição de R$ 10 milhões do BNDES, Laskowsky afirma que o foco são créditos gerados pelos chamados projetos "de desmatamento evitado" (preservação) e de reflorestamento, além de eficiência energética ligada à captura e reaproveitamento do metano, gás do efeito-estufa mais nocivo que os gases de carbono, embora emitido em menor quantidade na atmosfera.
O BNDES informou que não há estimativa de preço médio para os créditos a serem comprados, o que vai depender das propostas. “O preço é uma das variáveis, [com peso] de 20% na avaliação, mas o mais importante é a qualidade e a capacidade de geração de créditos dos projetos", diz o diretor do BNDES. Hoje, segundo especialistas, os preços dos créditos voluntários variam de US$ 5 a US$ 15 por tonelada, enquanto os do mercado regulado superam US$ 50 por tonelada. Nesse mercado um crédito equivale a uma tonelada. O BNDES informou, também, que o impacto da iniciativa em toneladas de carbono equivalentes, o que de fato impacta a natureza, vai depender dos projetos selecionados.“A transição para a economia de baixo carbono vai ser nominada nesses créditos. A expectativa é que esse mercado [voluntário] ultrapasse os US$ 100 bilhões entre 2030 e 2050, com o compromisso dos países com a descarbonização. Nosso movimento é pequeno, mas é o sinal inequívoco de que o BNDES entrou no jogo. A gente inicia o processo de transição para essa ‘moeda carbono’”, diz Lakowsky. Além disso, diz o diretor, a entrada do banco sinaliza ao mercado bom nível de governança e inaugura parâmetros a serem seguidos na seleção dos créditos comprados por outras empresas.
Empresas ou consórcios com experiência comprovada dentro ou fora do Brasil podem apresentar propostas para vender créditos existentes desde 2017, com entrega imediata (mercado à vista), ou para entrega futura até 2027 (mercado a termo). Os créditos devem ser atestados por empresas certificadoras indicadas pelo BNDES nos padrões Verified Carbon Standard (VCS) ou Gold Standard (GS). Além desses, de forma adicional, também contam certificações que contemplem aspectos climáticos, sociais, de biodiversidade ou sustentabilidade.
Uma mesma empresa poderá vender créditos relacionados a no máximo dois projetos ambientais no valor máximo de R$ 2 milhões. Segundo Laskowsky, não há regras de regionalização para os projetos selecionados, mas a Amazônia está no centro da estratégia do BNDES.
Postulantes têm até o dia 25 de março para obter esclarecimentos junto à BNDESPar, braço de participações acionárias do banco. Propostas podem ser enviadas até 11 de abril, portanto em prazo inferior a um mês. As melhores propostas serão pré-selecionadas para uma apresentação à banca de seleção do banco na primeira semana de maio. Todo o processo deverá estar concluído até junho.
Fonte: Valor Econômico
Imagem: Istoé.
Primeiro o presidente da Câmara precisa definir um cronograma de urgência para o projeto e depois o substitutivo será apresentado oficialmente, Senado precisará reavaliar o texto.
O PL 414/2021, que trata da modernização do setor elétrico, deverá ser votado em plenário na Câmara dos Deputados até o início de abril. Essa perspectiva de cronograma foi revelada pelo relator do projeto, o deputado Fernando Coelho Filho (União/PE). Ele está esperando a definição do cronograma na Casa e a votação da urgência do projeto para oficializar o relatório.
Segundo o deputado, essa definição ainda depende do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) para colocar essa urgência em pauta. “O projeto não passará por Comissão Especial, mas sim será por votação direta em Plenário. Primeiro temos que votar a urgência e aí o substitutivo será publicado oficialmente”, afirmou ele em transmissão via internet para o lançamento de um Manifesto de apoio ao PL 414. “A urgência será aprovada ainda no mês de março e até o início de abril o projeto poderá ser devolvido ao Senado”, acrescentou.
Coelho Filho, que já ocupou o cargo de ministro de Minas e Energia, lembrou que o relatório preliminar apresentado na sexta-feira antes do carnaval está aberto a propostas e ideias. E disse que, naturalmente, terá que retornar ao Senado, onde tramitou com o número PLS 232, porque há questões que já foram tratadas em outras leis como a da Eletrobras e a 14.300, que estabeleceu o marco legal da GD e foram retirados do PL relatado por ele, mas que constavam do PLS.
Com esse retorno ao Senado a perspectiva é de que o projeto de modernização seja votado até final de maio por lá. O relator poderá ser o mesmo, o senador Marcos Rogério ou outro a ser escolhido. Segundo o deputado, esse prazo é importante para que a tramitação seja concluída antes do processo eleitoral que temos no país no segundo semestre. Pois neste ano há uma dinâmica diferenciada por conta das questões partidárias, por exemplo. Coelho Filho disse ainda que tem procurado apoio do governo ao projeto e que já conversou com o MME, que reforçou a sua aprovação ao texto.
Mas antes de apresentar o texto final, o deputado admite que o relatório deverá passar por mudanças nesse processo de reuniões para ouvir demandas seja de agentes e associações. Contudo, disse que a meta é a de não resultar em criação de mais custos ao consumidor, lembrando o nível da CDE em 2022 que está na ordem de R$ 30 bilhões.
Destacou ainda entre os temas importantes a abertura do mercado a todos os consumidores e a questão os serviços ancilares das hidrelétricas, entre outros pontos. Mas disse que as premissas básicas deverão se manter.
Em sua avaliação, apesar de estar aberto, é evidente que ele e a sua equipe está atenta aos impactos ao setor. Tanto que na CP33 lançada quando ele estava à frente do MME, os agentes entenderam que dificilmente todos os lados seriam 100% atendidos em sua demanda.
O presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, que foi o secretário executivo quando Coelho Filho esteve à frente do MME, destacou, em sua participação, que o PL deverá se firmar contra a pressão de movimentos que entre outros pontos visam aumentar os subsídios a térmicas com a recontratação das usinas caras cujos contratos vencem em breve. E ainda, a perspectivas novos custos na CDE para gasodutos.
“Esses custos deveriam ser pagos na estrutura do segmento de gás não no setor elétrico, criando subsídios adicionais”, pontuou o dirigente setorial.
O presidente executivo da Anace, Carlos Faria, citou por sua vez que para os consumidores a transferência de custos é uma das maiores preocupações. Por isso, defende os dois primeiros itens do manifesto lançado, que trata da separação de fio e energia e da atividade de comercialização e de distribuição da energia.
Coelho Filho finalizou ao dizer que “continua a olhar atentamente para que o PL tenha lógica e que não caia no colo do consumidor. Mas há limites do que dá para atender ou não”.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Entidades apontam sete pontos que representam avanços importantes para que a modernização do setor realmente avance para a redução de custos.
Um manifesto assinado por seis entidades que representam consumidores de energia foi divulgado nesta segunda-feira, 14 de março. O texto apoia o PL 414/2021 que trata da modernização do setor elétrico brasileiro. Para as organizações signatárias, o projeto precisa de urgência e aprovação. E defendem que é fundamental que sejam preservadas as diretrizes colocadas a que se propõe e que são indicadas no texto do parecer do relator, deputado Fernando Coelho Filho (UNIÃO/PE). Assinam o documento a Abrace, Anace, Conacen, Instituto Clima e Sociedade, União pela Energia e o Idec.
“A energia cara impacta os brasileiros diretamente, via contas de luz, e indiretamente, pois encarece os produtos e serviços consumidos. Por trás dos valores elevados está um setor elétrico que, há décadas, acumula distorções e ineficiências que inviabilizam os benefícios que a oferta de energia limpa e competitiva poderia proporcionar ao país”, destaca o manifesto.
Na análise das entidades há sete pontos que representam avanços importantes para que a modernização do setor contribua em favor da necessária redução dos custos da energia.
Entre eles está o aumento da transparência dos preços e tarifas, com a restrição dos encargos pagos pelos consumidores e melhores condições de previsibilidade dos custos finais. A distribuição e alocação correta de custos e riscos do sistema, por meio da separação de lastro e energia. E de carona, a separação das atividades de distribuição e da comercialização de energia.
São relacionados ainda, a não-extensão do desconto no fio disponível para os consumidores especiais a todos os consumidores de baixa tensão que instalem autogeração. Destinação de recursos de outorgas de hidrelétricas para a modicidade tarifária por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). E ainda, a garantia de aplicação de 0,5% das tarifas em projetos de eficiência energética, além da preservação dos direitos das famílias em condições de vulnerabilidade econômica e social no que se refere ao acesso à energia, que precisam ser garantidos e ampliados pelas políticas públicas e regras do setor de energia.
As entidades estão preocupadas em manter diálogo com o Parlamento e o Poder Executivo em favor da preservação desses pontos e, ao mesmo tempo, tentar evitar a inclusão de emendas que comprometam a sustentabilidade e a competitividade da energia. Ou seja, a inclusão dos famosos jabutis que possam direcionar interesses específicos “em troca do aumento de custos para todos os brasileiros”.
Para encerrar, as entidades apontam que o Brasil pode liderar o movimento global de redução de emissões a partir da oferta de energia limpa e barata, fazendo isso por meio de uma estratégia de desenvolvimento nacional e de aumento da competitividade global dos produtos brasileiros. E defende que “os benefícios dessa estratégia não podem ser comprometidos por interesses localizados, seja da cadeia de energia ou de outros segmentos, e devem ser estendidos a toda a sociedade, proporcionando energia mais barata para todos”.
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Mais que uma nova forma de geração de energia, a expansão de usinas eólicas e solares flutuantes são uma alternativa para navegar contra a crise hídrica que assola o País, abrindo as portas para um futuro de maior segurança e eficiência energética, aliado ao objetivo global de reduzir as mudanças climáticas através da adoção de fontes renováveis e de menor impacto ambiental.
Atualmente, muito se ouve falar da geração de energia offshore, ou seja, em alto-mar, lagos, reservatórios ou outras áreas costeiras. Isso decorre das grandes expectativas e esperanças que se colocam para que o Brasil consiga incluir e ampliar cada vez mais, dentre suas matrizes energéticas, usinas solares e eólicas “flutuantes”, a fim de competir, em níveis tecnológicos e de responsabilidade ambiental, com mercados estrangeiros, como o europeu, onde essa modalidade se concentra em maior número.
Com a semelhante tecnologia utilizada nas plataformas de petróleo offshore, como a do pré-sal, a geração em alto-mar revela-se de grandes benefícios e desafios, já que, por um lado, apresenta ganhos de eficiência energética, considerando a maior constância e intensidade dos ventos, somada à redução de perda por sombreamento e potencial proximidade de centros de consumo, porém, por outro, possui altos custos de manutenção e controle, além de impactos na vida aquática local.
Em que pese os obstáculos, variados estudos demonstram que o Brasil com cerca de 8 mil quilômetros de costa, possui um potencial imenso para que essa moderna tecnologia de energia renovável seja uma das maiores do mundo, fato este que impulsiona na busca em acomodar a tendência offshore, ainda que de forma ainda tímida.
Daniel H. R. Valle, advogado
Considerando que além de um corpo aquático vasto, o território brasileiro detém diversos reservatórios de hidrelétricas, os investimentos iniciais se voltaram à instalação de usinas solares fotovoltaicas “flutuantes” sobre os espelhos d’água em represas de hidrelétricas, como a de Sobradinho, na Bahia, que abriga a maior usina solar flutuante das Américas.
Já no que tange a geração eólica, a modalidade offshore ainda não é uma realidade nos mares brasileiros, apesar de o Brasil estar dentre os maiores países produtores de energia eólica em nível global e com enorme potencial de geração eólica em seu litoral, rios e lagos.
Todavia, esse cenário está prestes a mudar.
Recentemente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou a chamada “hibridização dos sistemas de energia” – combinação de mais de uma tecnologia de geração, como por exemplo a energia solar à hídrica –, através da Resolução Normativa nº. 954/2021, que entrou em vigor em 3 de janeiro de 2022, estabelecendo as regras de utilização das instalações de distribuição e/ou transmissão para escoamento de energia compartilhada, quais são os agentes beneficiados, o tratamento dos benefícios tarifários das fontes, os contratos e procedimentos a serem observados.
Essa regulamentação da hibridização dos sistemas de energia dará maior impulso às usinas solares flutuantes, passando a serem mais conhecidas e visadas pelos empreendedores e investidores, já que podem ser uma solução para as eventuais ociosidades das usinas hidrelétricas, que enfrentam baixa nos reservatórios e geram temerosas crises hídricas.
Rafael Janiques, advogado
Mesmo antes dessa regulamentação, a Aneel já buscava o desenvolvimento dessa hibridização de sistemas solar e hídrico, por meio dos projetos do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), nas Usinas Hidrelétricas de Sobradinho, Porto Primavera, Aimorés e Itumbiara, e na PCH Santa Marta.
Esse crescimento não é uma mera suposição. Pesquisadores da Michigan State University recentemente publicaram um estudo comprovando que a associação das hidrelétricas à geração solar flutuante pode aumentar em mais de 17,3% a capacidade de geração de energia brasileira.
E não para por aí: a complementariedade da fonte hídrica por meio da fonte eólica também se mostra uma possibilidade satisfatória, sobretudo levando-se em conta que os diversos projetos de usinas eólicas offshore tendem a começar a sair do papel, dada a recente publicação do Decreto nº. 10.946/2022, pelo governo federal, que entra em vigor apenas em 15 de junho de 2022, o qual estabelece as regras básicas que definem a exploração do potencial eólico offshore na costa brasileira.
Finalmente, um dos grandes entraves com relação à ausência de segurança jurídica para implantação de projetos de geração eólica em alto-mar parece ter sido eliminado, dando força aos planos de expansão de energia elaborados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que incluem a fonte eólica offshore como geradora de 16 GW (gigawatts) até 2050, além de ser uma opção viável na produção de hidrogênio verde, que está cada vez mais sendo almejado para substituição do gás natural.
Ana Beatriz Dias Sousa, advogada
Os benefícios das usinas eólicas offshore são inegáveis: ventos mais fortes e mais constantes, o que amplia o fator de capacidade de usinas eólicas no mar e atenua a intermitência de geração de eletricidade a partir de ventos; ausência de limitações em termos de utilização dos solos e dos diversos impactos visuais; ausência de impactos sonoros (ao menos para os seres-humanos); ausência de obstáculos geográficos, como montanhas; ausência de rugosidade das turbinas do mar, fazendo com que não seja necessário turbinas tão altas quanto de usinas onshore etc [1].
Veja-se, portanto, que, mais que uma nova forma de geração de energia, a expansão de usinas eólicas e solares flutuantes são uma alternativa para navegar contra a crise hídrica que assola o País, abrindo as portas para um futuro de maior segurança e eficiência energética, aliado ao objetivo global de reduzir as mudanças climáticas através da adoção de fontes renováveis e de menor impacto ambiental.
NOTA:
[1] “Geração de eletricidade a partir de usinas eólicas offshore: premissas a serem consideradas”. In: Thiago Carvalho Borges; Tiago V. Zanella; André de Paiva Toledo; Leonardo de Camargo Subtil; Orlindo Francisco Borges. (Org.). Direito do mar: Reflexões, tendências e perspectivas. Belo Horizonte: D’Placido, 2017, p. 295ss
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Ação contesta lei que prorroga até 2040 os subsídios para o carvão mineral para a geração de energia elétrica.
Três partidos deram entrada em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, contra a lei federal 14.299, que prorroga até 2040 os subsídios ao carvão mineral para a geração de energia elétrica.
Na ação contra a lei editada em janeiro, Psol, Rede e PSB afirmam que, ao garantir financiamento público ao mais poluente dos combustíveis fósseis na geração de energia, o governo distorce o conceito de "transição energética justa", ignorando a necessidade de haver abatimento de carbono na geração nacional e contribuindo para a emissão de grande volume de gases de efeito estufa.
Usina Jorge Lacerda
Segundo as legendas, a lei beneficia o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, conjunto de usinas na cidade de Capivari de Baixo, em Santa Catarina.
A ação é apoiada pelo Observatório do Clima e pelo Observatório do Carvão Mineral, o Instituto Arayara entrou como “amicus curiae” dos partidos no STF.
“Precisamos de uma transição energética justa que considere todo conjunto da sociedade, diversas formas de geração de energia e não manter o subsídio para o carvão continuar comprometendo a nossa sustentabilidade, prejudicando a saúde da nossa população e transformando o nosso país num pária internacional”, afirma o presidente do PSB, Carlos Siqueira.
André Maimoni, assessor jurídico do Psol, diz que o setor de geração de energia não pode mais se basear em medidas ecologicamente injustificáveis, que degradam o meio ambiente e que prejudicam a saúde das populações. “Daí a necessidade de intervenção judicial do Supremo para que vede o estímulo do uso do carvão, que está sendo subvencionado com dinheiro público para gerar energia poluente", diz.
O porta-voz da Rede Sustentabilidade, Wesley Diogenes, afirmou que a decisão de prorrogar até pelo menos 2040 a utilização do carvão e de termelétricas “institucionaliza uma política socioambiental catastrófica e é cúmplice das mudanças climáticas”.
No lugar de pensar uma estratégia de transição energética justa, disse Diogenes, que foque na capacitação de pessoas e geração de empregos por meio de fontes sustentáveis de energia, “a política adotada insiste em uma tecnologia obsoleta, que conhecidamente causa inúmeros prejuízos aos consumidores, ao meio ambiente e a saúde pública”.
A reportagem questionou o Ministério de Minas e Energia sobre o assunto. Não houve resposta até a publicação deste texto.
“Esta ação vem no sentido de estancar a torneira de subsídios para uma fonte de energia que tem trazido prejuízos para o planeta, para as pessoas, para o Estado e para a economia”, disse o diretor do Instituto Arayara, Juliano Bueno de Araújo.
Geração de energia a carvão
O complexo Jorge Lacerda, que tem oito termelétricas, torna Capivari de Baixo, um município de apenas 25 mil habitantes, o maior emissor de gases de efeito estufa por metro quadrado do Brasil.
A ação questiona ainda a comprovada ineficiência do subsídio ao carvão ao longo do tempo. De acordo com análise feita pelo Tribunal de Contas da União em 2019, o incentivo vai em sentido contrário à tendência de abandono da matriz energética fóssil, criando uma grande distorção na concorrência do setor energético, além de ter sérios problemas de transparência.
A ADI aponta que a lei ainda viola normas internacionais, como o Acordo de Paris, e o regime jurídico de proteção ao meio ambiente. A prorrogação de autorização e a garantia de contratação direta de energia elétrica gerada pelo Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, na modalidade de energia de reserva, viola também o princípio da impessoalidade, disposto na Constituição Federal.
“O Brasil, que não precisa de carvão, está dando uma sobrevida inexplicável a esse combustível, daí a impugnação da nova lei”, diz Nauê Pinheiro de Azevedo, assessor jurídico do Observatório do Clima.
Plano de R$ 20 bilhões em 10 anos
O plano do governo Bolsonaro de renovar o atual parque de usinas térmicas de carvão mineral do País, fonte reconhecida como uma das mais poluentes da matriz elétrica, prevê a injeção de R$ 20 bilhões nessas operações nos próximos dez anos.
A questão é saber de onde sairá o dinheiro para financiar um negócio que tem encolhido em todo o mundo devido à urgência na redução de emissões de gases de efeito estufa. O BNDES, principal banco estatal de apoio e financiamento ao setor elétrico, está fora dessa aposta, diz que só apoia energia limpa e que, até segunda ordem, não pretende colocar nenhum centavo naquele que é um dos principais programas energéticos do governo federal.
A última usina a carvão mineral financiada pelo BNDES, ou seja, com recurso público, foi em 2015. No ano seguinte, o banco resolveu vetar repasses para esse tipo de projeto. Neste ano, o posicionamento foi formalmente definido pela diretoria do banco, para apostar em projetos menos poluentes de geração de energia.
Nos últimos cinco anos, o BNDES firmou contratos de R$ 27 bilhões em financiamentos a projetos de geração com fontes hídricas, solares, eólicas e de biomassa. Outros 12 projetos de térmicas a gás receberam R$ 7,7 bilhões no mesmo período.
Hoje, 100% da estrutura de geração a carvão no País está limitada a sete usinas (uma no Paraná, duas no Rio Grande do Sul e quatro em Santa Catarina). Juntas, essas usinas somam uma capacidade instalada de 1.572 megawatts médios, energia suficiente para abastecer boa parte da Região Sul.
Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima, diz que a Lei 14.299 apresenta diversas inconstitucionalidades, porque contraria o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o direito à saúde consagrados na Constituição, ao privilegiar um tipo de geração altamente impactante do ponto de vista da geração de gases de efeito estufa.
“Ao conceder subvenção por meio da garantia de compra da energia advinda de térmicas movidas a carvão mineral, coloca todos para pagar benefício que na prática será direcionado a grupo específico detentor de empreendimento em Santa Catarina. Tem vício de iniciativa, uma vez que lei que inclui a criação de órgão público não pode ser apresentada por parlamentares”, diz Araújo.
A especialista alerta ainda sobre “evidente fragilidade” jurídica. “É uma afronta à lei do bom senso: não faz nenhum sentido qualificar esse absurdo como Programa de Transição Energética Justa. O senso de justiça passou longe da referida lei.”
Fonte e Imagem: Estadão.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) confirmou nessa quarta-feira (9) que o sistema mantém “condições favoráveis” de atendimento ao país, corroboradas pelas chuvas verificadas no início deste ano.
“O armazenamento do SIN [Sistema Interligado Nacional] já alcançou patamar superior às projeções apresentadas anteriormente ao Comitê, com valor de 63,6% em 8 de março de 2022”, informou o colegiado, em nota divulgada pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Em fevereiro, o armazenamento do SIN ficou entre 7,3 e 1,8 pontos percentuais acima do previsto, para o pior e o melhor cenários, respectivamente, em relação ao mês anterior. A previsão para o fim de março é 68,2% do nível máximo da capacidade do SIN.
De acordo com o CMSE, que reúne as principais autoridades do setor, o ritmo de recuperação de reservatórios reforça a “assertividade das medidas adotadas até então, inclusive quanto às diretrizes recentes para o desligamento de termelétricas mais caras despachadas fora da ordem de mérito”.
Durante a reunião mensal, na sede do MME, os integrantes do CMSE comunicaram a antecipação do retorno da navegabilidade de embarcações na Hidrovia Tietê-Paraná, prevista para ocorrer a partir de meados de março. A medida será possível, informou, por ação do setor coordenada com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).O Sul é a única região do país que ainda enfrenta “condições mais adversas” em razão do baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Com isso, o comitê manterá as “diretrizes adicionais” definidas em reuniões anteriores para garantir o atendimento à região.
O país permanecerá até abril no típico período de chuvas que abastecem os maiores reservatórios, localizados no subsistema Sudeste/Centro-Oeste — regiões que enfrentaram no ano passado a pior escassez hídrica dos últimos 91 anos. O CMSE avalia que até o fim do período de estiagem, em agosto de 2022, estará garantido o “pleno atendimento tanto em termos de energia quanto de potência em todo o período, sem que haja necessidade de uso da reserva operativa”.Ao final de fevereiro, os reservatórios alcançaram 58,0%, 28,1%, 81,8% e 97,7% da capacidade máxima nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente. A previsão para o fim de março nesses subsistemas é de 63,3%, 33,0%, 93,1% e 94,7%, respectivamente.
Fonte: Valor econômico.
Imagem: O Globo.
Parlamentares afirmam que o PL 'apresenta problemas evidentes de inconstitucionalidade e injuridicidade'.
Um grupo de oito deputados de vários partidos apresentou na tarde desta terça-feira, 8, um pedido ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para que suspenda a tramitação do Projeto de Lei 191, de 2020, do Poder Executivo.
O requerimento é assinado por Joenia Wapichana (Rede/RR), André Figueiredo (PDT/CE), Reginaldo Lopes (PT/MG), Alencar Santana Braga (PT/SP), Renildo Calheiros (PCdoB/PE), Sâmia Bomfim (PSOL/SP), Bira do Pindaré (PSB/MA) e Wolney Queiroz (PDT/PE).
No documento, os parlamentares afirmam que o PL “apresenta problemas evidentes de inconstitucionalidade e injuridicidade, como o disposto no art. 37 e afronta o Regimento Interno da Câmara”. Os deputados afirmam que a proposta do Executivo desconsiderou a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, do qual o Brasil é signatário, com relação à consulta tornada obrigatória pela referida Convenção, portanto, que não abrange apenas os processos administrativos decorrentes da legislação, incluem também as “medidas legislativas”.
Grupo de oito deputados de vários partidos apresentou um pedido ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para que suspenda a tramitação do Projeto de Lei 191, de 2020. Foto: Tiago Queiroz/ Estadão.
“Não houve consulta formal às comunidades indígenas ou seus representantes para a elaboração do PL nº 191/2020, conflitando com os compromissos internacionais firmados pelo Brasil. Igualmente, não se considerou o artigo 19 da Declaração das Nações Unidas para os Direitos dos Povos Indígenas”, alegam.
O líder do governo na Casa, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse que, nesta quarta-feira, 9, pretende concluir a consulta a lideranças partidárias sobre seu requerimento de urgência para votar o projeto de lei diretamente no plenário. Se conseguir aprovação de líderes que reúnam bancadas superiores à metade da casa, ou seja, 257 deputados, o texto já poderia seguir imediatamente ao plenário.
O Ministério de Minas e Energia, que é o autor do projeto de lei, foi questionado sobre o teor da reportagem, mas não se manifestou até o momento. Na semana passada, por meio de nota, a pasta declarou que o objetivo do PL é “corrigir uma lacuna” da Constituição Federal. “O Projeto de Lei 191/2020 foi resultado de uma construção dedicada a corrigir uma lacuna que persiste desde 1988, quando a sociedade brasileira aprovou a Constituição Federal (CF), que recepcionou a possibilidade de aproveitamento dos recursos minerais em terras indígenas'', declarou. O projeto também tem o apoio da bancada ruralista, uma das maiores do Congresso Nacional.
Fonte e Imagem: Estadão.
Concessionária Norte Energia possui registro na CVM, o que a obriga a prestar esclarecimentos ao mercado.
O Instituto Socioambiental (ISA) enviou uma reclamação à Comissão de Valores Imobiliários (CVM), apontando irregularidades na divulgação de informações sobre a hidrelétrica Belo Monte nas comunicações a investidores feitas pela Norte Energia.
Desde setembro de 2020, a concessionária da usina possui registro na CVM, o que a obriga a prestar esclarecimentos ao mercado e estar sujeita ao seu regime informacional.
Belo Monte
O ISA afirma que as informações compartilhadas “a respeito do processo de licenciamento ambiental e, em especial, a respeito do hidrograma da usina hidrelétrica de Belo Monte, omitem informações relevantes, como decisões administrativas e judiciais diretamente relacionadas ao tema”.
O hidrograma diz respeito ao controle da vazão de água que a concessionária aplica sobre o Rio Xingu, onde as barragens de Belo Monte foram erguidas, na região de Altamira e Vitória do Xingu, no Pará.
Segundo o Instituto Socioambiental, decisões judiciais emitidas pela Justiça Federal do Distrito Federal e o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) que ratificaram decisões do Ibama sobre alteração do hidrograma aplicado na gestão da usina foram omitidas pela Norte Energia, em comunicações ao mercado em dezembro de 2020 e janeiro de 2021.
Na reclamação, o ISA aponta que foram comunicadas “informações inconsistentes, contraditórias e omissas a respeito da diferenciação entre fatos e interpretações próprias da companhia, o que pode induzir erroneamente a avaliação do mercado a respeito dos potenciais riscos relacionados à companhia e a questões socioambientais de seu principal empreendimento”.
A definição do hidrograma é assunto controverso, porque a restrição de água feita pela usina impacta cerca de 100 km de rio, na chamada Volta Grande do Xingu, onde vivem milhares de ribeirinhos e indígenas e que dependem do rio para sobreviver.
O desvio das águas já causou danos graves ao ecossistema local e, segundo o ISA, há pelo menos cinco anos não ocorre a piracema na área. O Ibama, responsável pelo licenciamento ambiental, reconhece a insuficiência do hidrograma de consenso para a mitigação dos impactos em pareceres técnicos desde 2019 e pediu estudos complementares à Norte Energia, em 2021, quando celebraram um termo de compromisso para aplicação de outra regra, o “hidrograma de consenso B”, durante 2021. Esse termo venceu em 31 de janeiro de 2022, e o Ibama deve emitir novo parecer técnico sobre a efetividade do hidrograma a partir da análise dos estudos complementares.
Questionada pela reportagem sobre o assunto, a Norte Energia não se manifestou. Não há um prazo específico para resposta da CVM à organização. Caso seja constatada alguma irregularidade, a área técnica da CVM poderá tomar três caminhos: enviar ofícios de alerta para correção, se cabível, das irregularidades apontadas; instaurar processo administrativo sancionador; ou instaurar inquérito administrativo.
Se os processos administrativos apurarem violações à lei e às regras editadas pela CVM, pode ser realizada acusação por parte da área técnica, que será julgada, assim como as defesas, pelo colegiado da CVM. As decisões condenatórias do colegiado da CVM são passíveis de recurso junto ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN).
As sanções administrativas, no caso de condenação, podem ser advertência, multa, inabilitação temporária para o exercício de cargos de administrador, atividades mobiliárias no mercado financeiro, suspensão da autorização ou registro para o exercício das atividades no mercado de valores mobiliários, dentre outras.
Em qualquer fase anterior ao julgamento pelo Colegiado, a CVM pode celebrar termo de compromisso com o acusado, que deverá cessar a prática ilícita e corrigir as irregularidades constatadas.
Fonte e Imagem: Estadão.
Fontes solar e eólica atendem à agenda ambiental, mas não trazem segurança ao Sistema Interligado Nacional.
O crescimento acentuado das fontes renováveis de energia tem imposto ao sistema elétrico brasileiro vários desafios. Entre os principais estão segurança energética, custos com subsídios prolongados e sobrecarga no sistema de transmissão. Contribui para aprofundar esse cenário a abertura total do mercado livre, prevista para 2026, que deve expandir ainda mais os investimentos em projetos solares e eólicos.
A forte expansão das usinas eólicas e solares no Brasil, principalmente desde 2017, se explica pelo menor custo da energia e pela chamada agenda ESG (do inglês Environmental, Social, and Governance – ambiental, social e de governança), que se tornou prioridade para a maioria dos investidores.
Essas fontes são menos poluentes porque sua geração de energia não emite gases de efeito estufa nos mesmos níveis das fontes fósseis, por exemplo.
Esses empreendimentos têm ganhado participação cada vez maior tanto na venda por leilões – que visam ao atendimento aos consumidores cativos, atendidos pelas distribuidoras – quanto na venda para o mercado livre, em que os contratos entre fornecedores e consumidores são negociados livremente.
O 1º leilão de energia com participação de projetos solares foi o A-3, em 2013. Mas foi só no ano seguinte, no leilão de energia de reserva 08/2014, que houve os primeiros vencedores. Os 31 empreendimentos que ganharam a disputa teriam que fornecer energia a partir de 2017.
Dados do mapa interativo da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre os resultados dos leilões de expansão de geração mostram que, desde o leilão A-3, em 2013, a soma da potência referente aos empreendimentos solares e eólicos vencedores dos leilões, e em operação, foi quase o triplo da potência de empreendimentos a gás.
Eis os dados:
O gás natural é a fonte menos poluente entre os combustíveis fósseis e que traz maior segurança ao sistema elétrico. Essa segurança se refere à capacidade de uma usina fornecer energia ao SIN (Sistema Interligado Nacional) sempre que requisitada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Como as fontes eólica e solar dependem de sol e vento para fornecerem energia, são chamadas de intermitentes. Embora sejam importantes para a expansão da geração, não contribuem no quesito segurança nos momentos de pico quando outras fontes (como a hídrica) forem insuficientes.
O PDE 2031 (Plano Decenal de Energia 2031), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética, confirma a mudança de entendimento do setor elétrico brasileiro em relação à priorização não só da geração, mas da potência. Contribuiu para essa conclusão a escassez hídrica de 2021, quando o Brasil teve que recorrer, às pressas, a termelétricas mais caras, descontratadas, para fazer frente às restrições hidráulicas.
O plano diz que a previsão para o suprimento de potência está “em conformidade com a nova realidade do sistema”. Essa nova realidade ficou mais evidente com a inédita presença desse quesito em um leilão, em 2021. Realizado em dezembro, o Leilão de Reserva de Capacidade resultou na contratação de 4,6 GW de potência de 17 usinas termelétricas que terão que fornecer energia a partir de julho de 2026 sempre que o ONS solicitar.
Mas o avanço dos empreendimentos de fontes renováveis nos leilões dificilmente vai perder força. Para se ter uma ideia do apetite do mercado no caso da energia solar, no 1º leilão com participação dessa fonte, em 2013, houve 109 projetos cadastrados, totalizando 2,7 GW de potência instalada. Para o leilão de maio deste ano, há 1.263 cadastrados, com 51,8 GW de potência.
SUBSÍDIOS IMPULSIONARAM RENOVÁVEIS
As fontes renováveis ganharam maior impulso nos leilões depois que um desconto de 50% nas tarifas de transmissão e de distribuição foi instituído por meio da lei 13.203/2015, que concedeu o benefício para energia de fontes renováveis vendidas em leilões a partir de 2016.
O direito a este desconto continuou em vigor para todos os empreendimentos que solicitaram outorga até 2 de março, prazo determinado pela Lei 14120/2021.
No caso da GD (Geração Distribuída) – ou seja, em que um consumidor que tenha um sistema fotovoltaico produz energia para si próprio e injeta o excedente na rede -, existe um desconto de 100% na tarifa de distribuição, conhecida como “tarifa do fio B”.
Com o advento da Lei 14.300/2022, conhecida como Marco da Geração Distribuída, esse desconto vai deixar de existir, mas daqui a muitos anos. Vai permanecer até 2045 para todos os consumidores que solicitarem acesso à distribuidora até 1 ano depois da publicação da lei, ou seja, até 6 de janeiro de 2023. Os consumidores que pedirem depois disso terão que pagar, mas de forma escalonada, começando com 15% em 2023 e chegando a 100% em 2029.
Tanto os subsídios para a energia renovável oriunda de leilões quanto os para GD são pagos pelos consumidores, por meio de encargos nas tarifas de energia. Só entre 2017 e 2019 (ano mais recente com dados disponíveis), os custos referentes a esses 2 tipos totalizaram R$ 9,2 bilhões.
O resultado desses benefícios foi o crescimento significativo principalmente da fonte solar. Dados da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) mostram o avanço tanto da geração centralizada quanto distribuída nos últimos 5 anos:
Rodrigo Saboia, presidente da Absolar, afirma que a legislação tributária não beneficia mais a indústria solar do que outras.
“Os inversores [aparelhos que transferem a energia gerada pelas placas fotovoltaicas para a rede elétrica], por exemplo, ainda pagam ICMS, PIS/Cofins e IPI. No caso de energia eólica, os inversores não pagam IPI e nem ICMS”, disse Saboia.
Ele diz que quem mais tem impulsionado o setor não são os investidores, mas os próprios consumidores, que buscam energia mais barata.
“O que tem de diferente nas fontes renováveis é que algumas instituições financeiras decidiram que não vão mais financiar determinadas fontes, como o carvão. Então, isso ajuda os empreendimentos sustentáveis”, afirmou Saboia.
Para Talita Porto, vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), as fontes renováveis tendem a continuar ampliando sua participação na matriz elétrica porque há potencial para exploração de eólicas e solares, além da competitividade financeira.
“No caso das usinas solares, a consolidação da cadeia produtiva pode tornar os custos mais vantajosos. A expectativa de contratação depende de outros fatores, não apenas dos investidores deste segmento. A economia é um fator fundamental, pois ela influencia diretamente na demanda por energia”, disse Talita.
MERCADO LIVRE: ABERTURA TOTAL PRÓXIMA
A abertura do mercado livre de energia caminha para ser aprovada pela Câmara dos Deputados ainda neste mês de março, por meio do Projeto de lei 414/2021. A proposta, já aprovada pelo Senado, prevê a abertura total em 2026, mas já em 2024 para todos os clientes de alta tensão que ainda estão no ambiente regulado, ou seja, são atendidos pelas distribuidoras.
Rodrigo Ferreira, presidente da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia), afirma que a priorização das fontes renováveis deve tomar cada vez mais espaço entre os consumidores por diversas razões, de econômicas a ambientais.
“O mercado livre tende a ser comprador de energias renováveis e mais baratas. Óbvio. Todo consumidor que tem liberdade prefere comprar o mesmo produto de forma mais sustentável e mais barata. E a energia mais barata é a renovável. Então, a expansão que acontece via mercado livre se dá através da geração de energia renovável”, disse Rodrigo.
Mas reconhece que essas fontes não atendem ao quesito segurança do setor elétrico. Rodrigo afirma que isso pode ser vencido por meio da combinação com as chamadas “fontes firmes”.
“Existe uma discussão envolvendo a segurança energética do sistema. Um sistema elétrico só com energia renovável não é seguro o suficiente para os momentos em que temos falta de chuva, falta de vento etc. Então, é preciso incorporar a esses sistemas geração termelétrica flexível”, disse Rodrigo.
Alexei Vivan, presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), faz avaliação semelhante. Ele afirma que, mesmo com o fim dos subsídios, as fontes renováveis continuarão sendo mais baratas que as térmicas. Mas cabe ao governo solucionar os problemas inerentes a isso.
“Uma das críticas que a gente faz, na ABCE, não é ao crescimento das fontes, mas ao preparo que o sistema elétrico tem que ter, que o ONS tem que ter. O grande problema do sistema elétrico brasileiro não é a geração de energia, que a gente tem sobra. O nosso problema são os momentos de pico, em que há excesso de consumo. Nesses momentos, a gente precisa ter lastro, ou seja, segurança na geração”, disse Alexei.
Em relação à sobrecarga das linhas de transmissão pelas fontes renováveis, o Poder360 mostrou que esse cenário deve permanecer nos próximos 10 anos, como consta do PDE 2031, o que vai exigir forte expansão da infraestrutura de transmissão.
Segundo a Aneel, no leilão de transmissão que será realizado em junho deste ano, dos R$ 15,3 bilhões de investimentos previstos, R$ 12,08 bilhões (79%) se concentrarão em Minas Gerais, para escoamento da energia gerada por fontes renováveis. O Estado é o líder em usinas solares outorgadas tanto para o mercado livre quanto regulado. São 12,6 GW de potência instalada, 1/3 de todo o país, de 36,3 GW.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Já há consenso entre especialistas de que o ritmo de mudança para a energia limpa precisa quadruplicar durante a próxima década.
A transição energética talvez seja o tema envolvendo sustentabilidade mais debatido neste momento, diante da urgência em combater o aquecimento global. E o Brasil tem tudo para liderar esse movimento, seja pela Natureza ou pela tecnologia que já temos. É preciso vontade política e econômica, e em 2022 temos a oportunidade de aproveitar o ano eleitoral para cobrar dos presidenciáveis planos de transição energética nacionais e efetivos.
A ciência mostrou que os combustíveis fósseis são os maiores responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa. Por isso, alguns acordos importantes foram fechados para redução ou fim completo de investimentos neste segmento, como o que envolveu 34 países durante a COP26, em novembro passado, quando também foi constituído o Conselho de Transição Energética.
Neste processo também temos que enxergar a energia nuclear e as usinas hidrelétricas com alagamento na discussão, pois elas são capazes de ajudar na transição. No entanto, há riscos, sobretudo humanitário, que precisam ser debatidos, já que um acidente pode causar danos irreparáveis à sociedade e, no caso dessas usinas hidrelétricas, impactos no ecossistema.
São ações e intenções importantes que servem de guia, mas é preciso agir e acelerar, e muito. Já há consenso entre especialistas de que o ritmo da transição global para a energia limpa precisa quadruplicar pelo menos durante a próxima década.
O confronto entre Rússia e Ucrânia é outro sinal dessa urgência, que trouxe à tona a dependência de importantes nações, como a Alemanha, grande consumidora de gás natural e que agora deverá avaliar soluções de energia limpa, como a eólica, em seu próprio território.
No Brasil, temos a vantagem de dominar a tecnologia do etanol, combustível que, se não resolve totalmente os problemas ambientais nesta seara, traz alívio e ajuda para uma transição profunda mais à frente. Além do etanol de cana-de-açúcar, é possível valer-se também do de milho com integração de aproveitamento da produção de ração animal, com grandes oportunidades no Brasil.
Claro que há interesses econômicos e ambientais de todos os lados, mas o importante — e mais urgente — é olhar para o futuro a longo prazo, e definitivamente escolher as ações que vão preservar o meio ambiente, a vida, junto com a atividade econômica.
Também pela Natureza, nosso país tem a oportunidade única de puxar essa transição. Além de potencial hídrico para gerar energia elétrica, temos sol praticamente o ano todo e muito vento, em especial na Região Nordeste.
Energia solar e eólica são extremamente limpas. Mas estamos perdendo vocação, justamente via Natureza. Ou no mal que estamos fazendo a ela. E parto do cenário macro para chegar especificamente a nós.
Sustentabilidade: O risco do 'greenwashing' no mercado de crédito de carbono: faltam regras claras no Brasil.
Segundo dados da Our World in Data, site de dados produzidos com pesquisadores da Universidade de Oxford, o setor de energia (elétrica, térmica e transporte) responde por 73,2% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, seguido por Agricultura e Uso da Terra e Floresta, com 18,4%. Bem mais atrás, vêm Indústria e Perdas, com 5,2% e 3,2%.
E somente desmatamento responde por 2,2% das emissões globais. Destaco esse dado para mostrar que, no Brasil, a situação é oposta e que nossa transição energética não depende apenas de mudanças de matrizes de combustíveis e afins.
Aqui, o desmatamento ilegal foi responsável por cerca de metade das emissões, segundo dados oficiais de 2020, sobretudo com o que está sendo feito na Amazônia. Segundo o Imazon, naquele ano, foram destruídos quase 11 mil quilômetros da floresta amazônica, subindo a 13,2 mil quilômetros no ano seguinte, e esperados mais de 15 mil quilômetros agora em 2022.
Se combatermos o desflorestamento, já estaremos dando largos passos para reduzir nossas emissões. Isso envolve combate a ações ilegais nos nossos biomas, com atuação policial e de inteligência, vontade política e econômica, inclusive via financiamentos que possam envolver atividades para eliminação da ilegalidade em toda a cadeia.
As eleições brasileiras são uma oportunidade única para acelerarmos nossa transição, por isso é imprescindível que os candidatos à Presidência e suas equipes já estejam trabalhando neste assunto e elevem a qualidade do debate, trazendo soluções para que todos nós possamos fazer a melhor escolha.
*Cristiano Teixeira é embaixador pelo Clima da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, membro do Business Leaders da COP26 e CEO da Klabin.
Fonte e Imagem: O Globo.
Documento continua falho em apresentar soluções e segurança para suprimento de energia elétrica do país.
O Plano Decenal de Expansão de Energia de 2031 (PDE 2031) é o documento elaborado anualmente pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) com o objetivo de indicar as perspectivas de expansão do setor de energia no horizonte de 10 anos sob a ótica do governo.
A versão de 2031 trouxe alguns aprimoramentos, com destaque para:
a introdução de metodologia de restrições operativas –dado que o país enfrenta uma sequência de períodos com volume de chuvas (do jargão setorial “energia natural afluente”) abaixo da média histórica com consequências para o planejamento e operação do sistema elétrico brasileiro;
análise comparativa de TIR (Taxas Internas de Retorno) de diferentes fontes para MMGD (Micro e Mini Geração Distribuída);
uma análise de sensibilidade de maior produção de gás natural onshore pela extensão da vida dos campos e maior fator de recuperação;
um capítulo sobre o hidrogênio.
A despeito do preciso diagnóstico dos desafios do setor energético, o PDE 2031 continua falho em apresentar soluções que possam assegurar a confiabilidade e segurança do suprimento de energia elétrica. Mantém um foco exacerbado no componente E (de ambiental) da sigla ESG em detrimento ao S de social, sem uma análise mais aprofundada do impacto para custos sistêmicos de maior penetração das fontes renováveis.
Isso acaba reduzindo a reserva girante do sistema, aumentando a dependência de variáveis exógenas no suprimento de energia, a volatilidade dos preços de curto prazo e consequentemente as tarifas de eletricidade para o consumidor final.
Antes de apresentar as principais divergências em relação ao PDE 2031, destacaríamos a ausência de um viés energético para a matriz brasileira e, particularmente, para as vocações naturais do país, principalmente no segmento de bioenergia. Sem entrar no mérito da importância da introdução de geração eólica offshore ou mesmo o hidrogênio, a busca de soluções baseadas na natureza e exemplos de economia circular para contribuir ao processo de descarbonização precisa ser contextualizada de maneira locacional.
A natureza do hemisfério sul não é a mesma do hemisfério norte. A disponibilidade de terras para construção de eólicas e usinas solares onshore em países emergentes não é a mesma do que em países desenvolvidos. Importar rotas de transição energética sem respeitar as vocações naturais do país – que nesse caso são muito abrangentes em termos de fontes primárias de energia no Brasil – pode levar a maiores custos de transição e maior desigualdade de renda para a população.
PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS CÁLCULO DO CUSTO MARGINAL DE EXPANSÃO – Chama a atenção a ausência de comentários sobre revisão de taxa de desconto utilizadas nos modelos, mesmo com o expressivo aumento da taxa Selic de 2,0% (janeiro de 2021) para 10,75% (fevereiro de 2022). As premissas de capex para construção de novas usinas eólicas e solares onshore não parecem refletir:
o efeito da pandemia e os gargalos na cadeia logística global com impactos nos custos de fretes e disponibilidade de materiais (exemplo vidro para painéis solares); o efeito de maior expansão global de renováveis para a cadeia de suprimentos / commodities impactando no balanço de oferta e demanda (exemplo cobre, alumínio, aço, polisilício);
o gradual repasse de maiores custos de mão de obra vide processo de realocação de cadeias de produção para próprios países (versus maiores níveis de outsourcing) e escassez de mão de obra que tem contribuído para o processo inflacionário de economias desenvolvidas.
RODADA LIVRE VS. CENÁRIO DE REFERÊNCIA- Não é correta a afirmação de que a expansão livre acarretaria menores custos de investimento e de operação quando comparada à expansão de referência. Pelo contrário, a expansão livre exacerbaria os riscos de atendimento da demanda com maior parcela de fontes renováveis e dependência do clima. Também aumentaria a volatilidade de preços devido à intermitência das renováveis e prevalência de termelétricas totalmente flexíveis com contratos de curto prazo e maiores custos de transmissão devido aos baixos fatores de carga quando comparado a plantas despacháveis com fatores de geração entre 75% e 92%.
Do ponto de vista do risco de operação do sistema, a configuração livre ainda amplia o risco de descasamento no prazo de construção de linhas de transmissão em relação a usinas eólicas e solares, além de não aproximarem a geração de energia da carga, o que possibilitaria menores custos para assegurar a confiabilidade do sistema e menores perdas de operação.
EFEITO POSITIVO DA INTRODUÇÃO DE MAIOR PARCELA DE FONTES DESPACHÁVEIS – O efeito da introdução de 9,4 GW de nova capacidade despachável no PDE 2031 vs. PDE 2030, fruto principalmente dos 8,0 GW previstos pela lei 14.182/21, viabilizam a monetização do gás natural associado do pré-sal. Ainda contribui tanto para o aumento da confiabilidade do suprimento quanto para a redução das tarifas dos consumidores finais. Essa redução é oriunda principalmentepelo menor volume de investimento em linhas de transmissão em relação ao cenário de expansão livre;
menor despacho fora da ordem de mérito dada a previsão de inflexibilidade mínima de 70% da oferta a gás natural – que atende às necessidades de monetização do gás do pré-sal; menores CVU (custos com combustíveis) em função da substituição de usinas despacháveis a óleo diesel e óleo combustível com custos de despacho entre R$1.400 e R$2.600/MWh por usinas a gás natural com preços-teto de R$370-420/MWh; menores custos operativos do sistema devido à aproximação da geração à carga, dado o aspecto locacional das termelétricas a gás natural.
NECESSIDADE DE RECALIBRAR MODELOS DE PLANEJAMENTO E OPERAÇÃO – Embora reconheçamos os menores custos atrelados a retrofit e/ou repotenciação de usinas, a sinalização do modelo de que os custos marginais de expansão ficariam entre R$52,66/MWh e R$90,38/MWh (ou US$10,13 a US$17,38/MWh) na expansão indicativa do PDE 2031 vs. R$106,0/MWh e R$187/MWh (ou US$21,63 a US$38,16/MWh) no PDE 2030 evidencia a necessidade de recalibrar os modelos de planejamento e operação do sistema elétrico brasileiro.
PAPEL EXACERBADO DE FONTES INTERMITENTES NA EXPANSÃO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA – maior quantidade de sistemas distribuídos com mais de 90% de fontes intermitentes (solar) versus o condomínio centralizado que é o Sistema Interligado Nacional, resulta em maiores custos com planejamento e operação de rede e maior a preocupação em assegurar a segurança do abastecimento sem interrupções, sobrecargas, desligamentos involuntários. Assim como na expansão centralizada, a expansão da distribuída também se beneficiaria significativamente se contemplasse um maior equilíbrio entre oferta intermitente e oferta despachável, em particular considerando uma expansão mais significativa do biogás.
DESCOMPASSO ENTRE INVESTIMENTOS EM TRANSMISSÃO E GASODUTOS – o PDE ainda carece de uma análise aprofundada sobre a possibilidade de diferimento de investimentos em transmissão por intermédio da compensação da expansão de renováveis intermitentes com plantas despacháveis com maior fator de geração e com instalação próxima a centros de carga.Em função de impactos das adversidades climáticas nas redes áreas de transmissão, estudos devem ser realizados com o objetivo de aprofundar do ponto de vista técnico e operacional a necessidade de investimentos em enterramento de redes para reduzir a influência de intempéries climáticas e aumentar a qualidade, bem como uma visão holística entre investimentos de expansão de malha subterrânea de transmissão malha de gasodutos.
É notória a discrepância no volume de investimentos projetados para linhas de transmissão em relação a gasodutos. O PDE 2031 projeta somente 221km de novos gasodutos de transporte até 2031, o que levaria a rede atual de 9.409km para 9.630km ao final do decênio. Essa expansão corresponde a 0,7% da previsão de aumento em linhas de transmissão no mesmo período. Em relação ao volume de investimentos, conforme capítulo 7, a previsão é de R$8,87bn divididos em 4 projetos vs. R$100,7bn no caso de linhas e subestações de transmissão.
FRUSTRAÇÕES DE RECEITA COM REINJEÇÃO E PARCELA DE IMPORTAÇÃO DE GNL NO PLANEJAMENTO – A diminuição dos níveis de reinjeção nos principais campos produtores na bacia offshore (Tupi, Búzios e Sapinhoá) levaria o patamar de reinjeção médio a 30-35% 45,5% reportado em 2021, resultando em incrementos de 14,0 a 20,7MM m³/dia na produção líquida de GN com eliminação de gargalos de escoamento e processamento.
A possibilidade de maior produção nacional para atender a demanda de gás doméstica possibilitaria uma redução no volume de importação de GNL e/ou gás natural da Bolívia e impactos duplamente positivos para arrecadação de receitas: (a) o menor volume de reinjeção com a solução do gargalo de escoamento e processamento implicaria receitas adicionais para governo entre R$5-8bn anuais referentes a royalties e participações especiais, e (b) maior parcela de produção doméstica em detrimento a importações levaria a impacto positivo na balança comercial brasileira.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Projeção é do Centro de Liderança Pública (CLP) e baseada em projeto discutido na Câmara.
A estruturação do mercado de carbono no Brasil tem o potencial de reduzir 25% das emissões do país até 2029. A projeção consta em nota técnica do Centro de Liderança Pública (CLP) baseada no projeto (PL 528/21) discutido na Câmara dos Deputados.
A previsão do CLP considera a aprovação do PL ainda neste ano, com efeitos sobre setores como indústria, agronegócio e preservação de florestas. Já nos dois primeiros anos, a entidade estima o corte de 3% na emissão de CO2.
Um corte semelhante nas emissões de poluentes foi observado na Europa. O continente já conta, há mais de uma década, com um comércio de emissões de carbono (EU-ETS, na sigla em inglês). Lá, a imposição de regra provocou uma corrida a tecnologias de baixo carbono, com aumento de 9,1% de patentes de inovação em sustentabilidade.
O diretor-presidente do CLP, Tadeu Barros, avalia que o ambiente de negociação de ativos ambientais impacta imediatamente setores com facilidade de cortar emissões. Depois, quando as obrigações começam a valer, outros setores mais poluentes começam a dar maior ganho de escala ao mercado de carbono.
Para Barros, já há a compreensão de que a agenda de mudanças climáticas veio para ficar. Ele avalia que mesmo eventos inesperados, como a invasão da Ucrânia pelas tropas russas, agem no sentido de acelerar a migração para a economia de baixo carbono, em vez de interromper as transformações em curso.
“Estamos num período de guerra em que o preço do petróleo está lá em cima. Este é mais um incentivo para mudar nossa matriz energética”, disse Barros ao Valor, se referindo à dependência por combustíveis fósseis. “A guerra é uma variável que pode se refletir no mercado de carbono”, completou.
A ideia de um mercado global de carbono surgiu nas negociações do Acordo de Paris, em 2015. O artigo 6 do tratado internacional prevê que a negociação de créditos pode ajudar a cumprir as metas de emissão de gases de efeito estufa até 2030 - o Brasil ficou de cortar 43%.
No ano passado, o governo brasileiro se comprometeu, na Conferência do Clima (COP26), a estruturar o mercado nacional de carbono. Foi quando o PL 528/21 teve um novo impulso na Câmara passando a tramitar em regime de urgência. A proposta poderá ser aprovada no plenário, sem passar por novos debates em cinco comissões temáticas, e ainda precisará ser votada no Senado.
O projeto de criação do mercado de carbono foi proposto pelo deputado Marcelo Ramos (PSD-AM). O texto foi apensado a outros quatro projetos que tratam da redução de impostos para produtos da economia verde, da criação de plano de neutralização de carbono pela administração pública e compensação ambiental para empreendimentos.
A versão atual foi elaborada pela presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, Carla Zambelli (União-SP). Ela acolheu pontos defendidos pelo setor empresarial, que participou na discussão sobre o tema na COP26 e foi representado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
“É importante destacar que o Brasil precisa aprovar com urgência um mercado regulado de carbono nacional e que ele tenha critérios que estimulem uma economia verde, de baixo carbono, alinhado à melhor experiência internacional”, disse a gerente de clima e finanças sustentáveis do CEBDS, Natalia Renteria.
No relatório, Zambelli defende a adoção do “mercado regulado” de carbono no Brasil formado por empresas dos setores que emitem gases de efeito estufa. Estes passam a ter limite de emissão calculado por tonelada de CO2.
Hoje, a adesão é voluntária, e continuará sendo para setores não poluentes. A deputada deixou livre das obrigações as micro e pequenas empresas, “atividades agropecuárias e florestais” e empreendimentos mantidos no interior de propriedades rurais.
Fonte: Valor Econômico
Imagem: UDOP.
Ano eleitoral dificulta a arregimentação de quórum, mas a frente parlamentar quer colocar o assunto em pauta.
O ano eleitoral dificulta a arregimentação de quórum, mas a Frente Parlamentar de Energias Renováveis, presidida pelo deputado Danilo Forte (PSDB-CE), vê na crise energética mundial desencadeada pela guerra na Ucrânia uma janela para a reação do Congresso. Esta janela tanto pode dar impulso à agenda do presidente Jair Bolsonaro, que retomou a ofensiva pela exploração de terras indígenas, quanto pode conter os danos provocados sobre a transição da matriz energética pela MP que liberou a privatização da Eletrobras e pela lei aprovada em dezembro do ano passado prorrogando os subsídios para a energia a carvão.
O interesse redobrado da União Europeia pelo hidrogênio verde deve aumentar a investida sobre Estados como o Ceará, líder na produção de energia eólica. Segundo Forte, já há empresas alemães, finlandesas e dinamarquesas financiando pesquisa e prospectando oportunidades no Estado desde antes da guerra, com empresas brasileiras como a Servitec, Casa dos Ventos e Kroma Energia, em parceria com o governo do Estado e a Universidade Federal do Ceará.
O hidrogênio verde é um gás transportado em forma liquefeita a partir da adição da amônia. Sua produção depende de fontes limpas de energia, das quais o Nordeste hoje tem produção que excede o consumo da região. O foco dos investidores estrangeiros é a energia eólica. Aquela produzida a partir de torres fixadas em terra (“onshore”) tem, segundo Forte, um custo de R$ 123 o megawatt. Sua expansão para o mar (“offshore”), que ainda tem um custo superior (R$ 600 o megawatt), depende de uma lei que a normatize. Há dois projetos em tramitação, um de autoria de Forte e outro do senador Jean Paulo Prates (PT-RN), que diferem nas prerrogativas conferidas ao uso da área da marinha em mar aberto.
A exploração de energias alternativas no Ceará já gerou 14,6 mil novos empregos em mais de 500 empresas para técnicos formados no Instituto Técnico Federal. A melhoria no IDH (índice de desenvolvimento humano) dos municípios que abrigam projetos do setor, segundo Forte, chega a 20%.
Ainda que mais cara que a energia eólica produzida em terra, aquela produzida por torres no mar ainda é metade do preço daquela prevista, por exemplo, no mais recente leilão promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no apagar das luzes de 2021.
O leilão destinado à compra de reserva de energia se deu quando a crise hídrica já havia sido superada, o que não justificaria o preço pago para o megawatt das térmicas a óleo (R$ 1,3 mil). A participação das térmicas, vetada em razão dos compromissos assumidos pelo governo brasileiro na COP26, foi garantida pela primeira instância da Justiça Federal em Brasília.
Fontes do Ministério das Minas e Energia, porém, informaram que a homologação deste leilão foi suspensa.
A Frente Parlamentar de Energia Sustentável ainda vê brechas para contestar, no Judiciário, a obrigação, prevista na lei que aprovou a privatização da Eletrobras, de o Estado comprar o excedente de energia produzida pelas usinas térmicas além daquela que prorrogou, até 2036, o subsídio para o polo carbonífero de Santa Catarina.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Com a alta do petróleo, como resultado da guerra, as fontes renováveis, como solar e eólica, tendem a ficar economicamente mais competitivas.
O conflito entre Rússia e Ucrânia pode acelerar o processo de transição energética rumo a uma geração de energia mais baseada em fontes renováveis, na visão de especialistas ouvidos pelo Valor.
Com a alta do petróleo, como resultado da guerra, as fontes renováveis, como solar e eólica, tendem a ficar economicamente mais competitivas. Existe também uma necessidade dos países da Europa Ocidental de reduzir a dependência energética da Rússia.
Para Energisa: Biogás e biometano são novas apostas para mercado de energia limpa
Mas a guerra na Ucrânia também pode representar um risco, a curto prazo, para a continuidade da expansão das fontes de energia mais limpas. O conflito trouxe o receio de uma interrupção no fornecimento de petróleo e gás russos.
Se essa eventual suspensão no suprimento se confirmar, especialistas dizem que a substituição do óleo e gás se dará pelo uso do carvão, que tem previsão de ser gradualmente abandonado, e também pela energia nuclear, que é considerada “limpa”, embora não renovável.
Redução de emissões
Nesse cenário, pode ocorrer na Europa um aumento no uso do carvão, mais poluente, dizem técnicos do setor.
Os especialistas acreditam, porém, que, mesmo com os impactos da guerra sobre a indústria global de energia, os países europeus devem manter os compromissos assumidos no âmbito dos acordos da Organização das Nações Unidas (ONU) em termos de reduções das emissões de gases poluentes até 2050.
Na opinião do economista Jim O’Neill, pai do acrônimo Bric, a crise na Ucrânia vai ser uma perturbação para a transição energética e forçará muitos países, em especial a Alemanha, a repensarem sua estratégia na área de energia.
A Alemanha, como outros países europeus, depende em boa medida do gás natural exportado pela Rússia.
Maurício Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, concorda com O’Neill de que a Alemanha, a curto prazo, poderá sofrer “soluços” para avançar mais na transição energética, mas acredita que as metas europeias de descarbonização não vão mudar.
Alemanha deve pôr fim à geração a carvão
Tolmasquim lembra que a Alemanha tem o compromisso de acabar com a geração a carvão até 2030, além de fechar as três últimas usinas nucleares neste ano.
— Eventualmente, podem prorrogar o fechamento das usinas nucleares, decisão tomada em 2011, depois de Fukushima. No curto prazo eles [a Europa] têm um problema dessa dependência grande do gás russo — diz Tolmasquim.
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Ele acrescenta:
— Mas, a médio prazo, a transição vai ser fortalecida porque existe uma intenção muito forte. São duas prioridades centrais na política energética: a descarbonização e a segurança. E as fontes renováveis atendem um pouco aos dois quesitos.
O sócio da área de energias e recursos naturais da KPMG, Anderson Dutra, acredita que no Brasil o cenário de alta nos preços do petróleo e gás pode favorecer o aumento da produção em campos de petróleo e gás maduros, que foram comparados da Petrobras por petroleiras menores nos últimos anos.
— Quando a lucratividade aumenta, esse mercado fica ainda mais viável — diz.
Dutra lembra também que o cenário internacional favorece a captação de recursos para novos investimentos por parte dessas petroleiras menores.
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Edmar Almeida, professor do Instituto de Energia da PUC-Rio, vê uma tendência de aceleração no processo de transição energética e discorda de um possível incentivo para o aumento da produção de petróleo.
Segundo ele, desde meados da década passada não há uma relação direta entre aumento de cotações do barril e crescimento dos investimentos.
Para Almeida, além das metas ambientais traçadas, haverá um forte vetor econômico para a aceleração da transição energética:
— No curto e médio prazos, o conflito tende a aumentar o preço da energia fóssil, o que torna o investimento em energia renovável mais rentável.
Transição energética já está desenhada
Para o diretor de ESG e mudanças climáticas na consultoria Resultante ESG, Lauro Marins, a transição energética de alguma forma já estava desenhada e o conflito pode acelerar a agenda. Mas ele também alerta para riscos de curto prazo no processo.
— Num curto espaço de tempo, há preocupações sobre a manutenção da energia termelétrica na Europa [devido a riscos no suprimento de gás]. A procura por carvão cresceu em janeiro — afirma Marins.
Já a Wood Mackenzie destaca que, a médio e longo prazos, a guerra na Ucrânia poderá causar uma mudança fundamental nas relações comerciais de energia no mundo, em especial com a Europa Ocidental.
A consultoria acredita que haverá uma mudança na relação de dependência dos europeus para a Rússia, por meio da aposta no mercado global de GNL e nas energias renováveis e nuclear.
Sustentabilidade: O risco do 'greenwashing' no mercado de crédito de carbono: faltam regras claras no Brasil
O diretor de gás natural da Associação dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Adrianno Lorenzon, aponta que a alta nos preços do gás no mercado internacional pode levar alguns consumidores a buscarem outras fontes de energia.
— Caso o barril venha a romper a barreira dos US$ 120, por exemplo, isso poderia inviabilizar a utilização do gás natural em certas indústrias, algumas poderiam pensar em substituí-lo —diz.
Por outro lado, argumenta, o cenário também pode favorecer a produção nacional de gás.
Para o analista sênior de óleo e gás da Bloomberg Intelligence, Fernando Valle, a crise energética que afeta a Europa desde o segundo semestre de 2021 mostra que as renováveis ainda não estão prontas para serem o grande motor da matriz energética.
Ele acredita que a guerra na Ucrânia tende a colocar em pauta a necessidade da diversificação da matriz europeia.
Fonte e Imagem: O Globo.
Crise energética mundial desencadeada pelo conflito entre os países pode, por exemplo, conter os danos provocados sobre a transição da matriz energética pela MP que privatizou a Eletrobras.
O ano eleitoral dificulta a arregimentação de quórum, mas a Frente Parlamentar de Energias Renováveis, presidida pelo deputado Danilo Forte (PSDB-CE), vê na crise energética mundial desencadeada pela guerra na Ucrânia uma janela para a reação do Congresso. Esta janela tanto pode dar impulso à agenda do presidente Jair Bolsonaro, que retomou a ofensiva pela exploração de terras indígenas, quanto conter os danos provocados sobre a transição da matriz energética pela MP que privatizou a Eletrobras e pela lei aprovada em dezembro do ano passado prorrogando os subsídios para a energia a carvão.
O interesse redobrado da União Europeia pelo hidrogênio verde deve aumentar a investida sobre Estados como o Ceará, líder na produção de energia eólica. Segundo Forte, já há empresas alemães, finlandesas e dinamarquesas financiando pesquisa e prospectando oportunidades no Estado desde antes da guerra, junto com empresas brasileiras como a Servitec, Casa dos Ventos e Kroma Energia, em parceria com o governo do Estado e a Universidade Federal do Ceará.
O hidrogênio verde é um gás transportado em forma liquefeita a partir da adição da amônia. Sua produção depende de fontes limpas de energia, das quais o Nordeste hoje tem produção que excede o consumo da região. O foco dos investidores estrangeiros é a energia eólica. Aquela produzida a partir de torres fixadas em terra (“onshore”) tem, segundo Forte, um custo de R$ 123 o megawatt. Sua expansão para o mar (“offshore”), que ainda tem um custo superior (R$ 600 o megawatt) depende de uma lei que a normatize. Há dois projetos em tramitação, um de autoria de Forte e outro do senador Jean Paulo Prates (PT-RN), que diferem nas prerrogativas conferidas ao uso da área da marinha em mar aberto.
A exploração de energias alternativas no Ceará já gerou 14,6 mil novos empregos em mais de 500 empresas para técnicos formados no Instituto Técnico Federal. A melhoria no IDH dos municípios que abrigam projetos do setor, segundo Forte, chega a 20%.
Ainda que mais cara que a energia eólica produzida em terra, aquela produzida por torres no mar ainda é metade do preço daquela prevista, por exemplo, no último leilão promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica no apagar das luzes de 2021. O leilão destinado a compra de reserva de energia já se deu quando a crise hídrica havia sido superada, o que não justificaria o preço pago para o megawatt das térmicas a óleo (R$ 1,3 mil). A participação das térmicas, vetada em função dos compromissos assumidos pelo governo brasileiro na COP-26, foi garantida pela primeira instância da justiça federal em Brasília. Fontes do Ministério das Minas e Energia, porém, informaram que a homologação deste leilão foi suspensa.
A Frente Parlamentar de Energia Sustentável ainda vê brechas para contestar, no Judiciário, a obrigação, prevista na lei que aprovou a privatização da Eletrobras, de o Estado comprar o excedente de energia produzida pelas térmicas além daquela que prorrogou, até 2036, o subsídio para o pólo carbonífero de Santa Catarina.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Análise inicial é de que o texto trata de questões importantes, mas substitutivo deverá passar por mudanças em sua tramitação na Câmara dos Deputados.
O substitutivo do PL 414/2021, que tem o deputado federal – e ex-ministro de Minas e Energia – Fernando Coelho Filho (DEM-PE) como relator na Câmara dos Deputados, teve reações distintas pelo setor. O texto apresenta diversas alterações em relação à proposta aprovada no Senado como PLS 232/2016. Contudo, a avaliação é de que ambos estão próximos, e a aposta é de correções de rumo no processo de recebimento de emendas parlamentares, na fase de tramitação.
Quando consultado, o texto não constava ainda do processo no site da Câmara dos Deputados. Isso porque o relatório ao qual a Agência CanalEnergia teve acesso ainda no final da tarde de sexta-feira, 25 de fevereiro, seria a primeira versão do parecer do deputado. Segundo uma análise da Dominium Consultoria, a expectativa era a de que os parlamentares analisassem a matéria durante o feriado de carnaval e pudessem apresentar sugestões nesta semana.
Após essa etapa é que o relatório poderia ser publicado, e assim, oficializado. A Dominium reforça, porém, que a ação de acatar ou não as sugestões estão a critério do relator. A matéria, cita a consultoria, poderia ser colocada em votação já na segunda semana de março. O PL 414 é um dos projetos que estão na lista de prioridades do governo federal para este ano.
Dentre algumas das principais diferenças entre a proposta do Senado e o parecer de Coelho Filho estão a inclusão da previsão de separação das atividades de comercialização e de distribuição de energia, a redução do prazo de apresentação do plano para a extinção dos requisitos mínimos de acesso ao mercado livre de 42 para 24 meses. E ainda, a redução de 42 meses para 36 meses para a representação de cargas inferiores a 500 kW por meio de comercializadores varejistas junto à CCEE.
Um dos pontos que levaram a reação veio na autoprodução. De acordo com o presidente da Abiape, Mário Menel, o substitutivo contraria a expectativa deste segmento, refletido no PLS 232. Em sua análise, a restrição do autoprodutor na apuração de consumo líquido a partir de 30 MW vai na contramão do que previa o texto que saiu do Senado, que garantia segurança jurídica e estabilidade de regras para a continuidade da expansão dessa figura no país.
“O texto da CP 33 representava a segurança para os autoprodutores que tinham investido R$ 100 bilhões no setor elétrico. Esse relatório contraria a expectativa de expansão e restringe o autoprodutor por equiparação, vale lembrar que o governo incentivou a participação dessa figura em SPEs”, afirmou Menel. “O relatório ainda será alvo de discussões e emendas e espera-se que realmente tenham bom senso e prevaleça o dispositivo que recupera as características do texto original, sendo o autoprodutor o elemento de expansão do sistema e da defesa da indústria brasileira contra os elevados custos que incidem sobre a tarifa de energia elétrica”, acrescentou.
O presidente executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira, lembrou que a redação final do relatório trata de assuntos importantes como a segurança e a formação de preços. Para ele, representa um avanço significativo para a modernização do setor. Já para o setor que representa, de comercialização de energia, avalia que o prazo de 42 meses para a abertura do mercado, corrobora a visão do Senado.
Nesse sentido acredita ser um bom caminho, considerando inclusive que o relator do PL 414 é ex ministro e conhece de perto o setor elétrico. Além disso, lembrou que o senador Marcos Rogerio, relator no Senado, é também um parlamentar com envolvimento relevante.
“A Abraceel acredita inclusive que esse cronograma [de 42 meses] poderia ser antecipado em seis meses e, sobretudo, para indústrias e comércios de maior porte que ainda não são livres, a abertura poderia acontecer já em janeiro de 2024. Vamos trabalhar nessa proposta e mostrar a viabilidade disso”, disse Ferreira.
A avaliação de Paulo Pedrosa, presidente da Abrace, é de que o texto, em suas palavras, “parece bem mais equilibrado do que as últimas propostas para o setor”. Para ele há sinalizações importantes quanto a melhoria do sinal de preço, por exemplo, que aponta sendo este o maior problema do setor. Outro elogio vai para o avanço na separação de lastro e energia e para uma melhor cobrança do encargo, bem como enfrenta alguns dos problemas históricos do setor.
Contudo, Pedrosa alerta que o texto prorroga subsídios. “Vamos procurar participar dos debates que começarão agora e contribuir para melhorar o que está bom e conter a tradicional pressão para aumentar o custo da energia”, disse ele.
Alexei Vivan, presidente da ABCE, ressaltou por sua vez que a entidade ainda avalia com mais profundidade o relatório, mas que em uma análise superficial identificou várias questões importantes e que deveriam estar implementadas. Por isso defendeu que é necessário que se agilize as discussões e tramitação do PL.
“O texto traz um tratamento importante das distribuidoras por conta da redução de seu mercado quando trata dos legados e como as empresas deverão lidar com as sobras”, analisou. “De maneira geral é um texto amplo e relevante e que precisa tramitar o mais rápido possível. Estamos otimistas com esse relatório”, acrescentou.
Em nota a Abiogás afirmou ser favorável à abertura de mercado e à modernização do setor elétrico. E que na avaliação da entidade esse projeto deve estar voltado a acelerar o mercado livre, uma medida importante. Mas ressalta que deve-se atentar para o princípio da capacidade de renovação e inserção de novas fontes no setor, com base incentivos corretos, transitórios e que considerem os estágios diferentes de maturidade das fontes.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Absolar calcula que o país tem 4,7 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte e no segmento de geração própria, são 9,3 GW.
O Brasil atingiu a capacidade instalada de 14 gigawatts (GW) de geração distribuída de energia solar, incluindo usinas de grande porte e a geração distribuída, modalidade na qual o consumidor gera a própria energia com a instalação de placas fotovoltaicas em telhados, fachadas e pequenos terrenos de residências, comércios, indústrias, produtores rurais, prédios públicos. O dado é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Essa capacidade é superior à potência total da Hidrelétrica Binacional de Itaipu, também de 14 GW. Segundo a Absolar, a fonte solar também já ultrapassou a potência instalada de termelétricas movidas a petróleo e outros combustíveis fósseis na matriz elétrica brasileira. A energia fotovoltaica, entretanto, é intermitente, ou seja, depende da radiação solar, que não é constante, para produzir energia elétrica.
Ao todo, de acordo com a Absolar, o Brasil tem 4,7 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte, o equivalente a 2,4% da matriz elétrica nacional. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 25,1 bilhões em novos investimentos e mais de 142 mil empregos acumulados, além de uma arrecadação de R$ 7,9 bilhões aos cofres públicos. Há empreendimentos em operação em dezenove Estados brasileiros e um portfólio de 31,6 GW outorgados para desenvolvimento.
No segmento de geração própria de energia, são 9,3 GW de potência instalada da fonte solar. Isso equivale a mais de R$ 49,5 bilhões em investimentos, R$ 11,0 bilhões em arrecadação e cerca de 278 mil empregos acumulados desde 2012.
“A fonte solar ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do país, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população”, diz o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.
De acordo com a entidade, a fonte solar já ajudou a o país a evita a emissão de 18 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade desde 2012.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
A principal fonte geradora do país – mais de 65% da energia brasileira é gerada por fontes hidráulicas – pode trazer novas gerações em prazos curtos se o governo implantar regras federais para o setor. Quem defende essa posição é o atual presidente do conselho da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH), Pedro Dias, um especialista em projetos ambientais do país. Ele diz que “enquanto o Brasil ficar preso a regras fragmentadas por estados os investidores não conseguem definir uma ação de mercado que de fato traga novas gerações para o país em um prazo de tempo de acordo com a demanda na nação”. Para o especialista esse guarda-chuva federal – que está em votação – vai trazer segurança jurídica e regras únicas extremamente necessárias para que os processos de produção andem mais rápido num país com a dimensão do Brasil.
A ABRAPCH calcula que no longo prazo, o Brasil tem potencial para construir 213 novas CGHs e capacidade de gerar 846 MW, e 1.048 PCHs com capacidade geradora de 13.750 MW de energia. Esse mercado está pronto para crescer 30% nos próximos 3 anos sobre o parque gerador instalado atualmente, ou seja, de 6.256MW (5.440MW de PCHs e 816MW de CGHs) para 8.132MW.
Isso equivale a 1.877MW de novas usinas, investimento de mais de R$15 bilhões, geração de mais de 150.000 empregos e atendimento ao consumo de mais de 4,5 milhões de residências.
Dias define o caminho para chegar a esses números com 3 apontamentos: o primeiro é a resolução dos entraves que travam a aprovação ambiental, encarecem artificialmente as PCHs e CGHs e as limita a volumes irrisórios para contratação em leilões regulados; o segundo o nivelamento da carga fiscal da cadeia produtiva das pequenas hidrelétricas, que não desfrutam dos R$124 bilhões de isenções dadas atualmente para a indústria do petróleo, e é de 38% a 55% superior às das cadeias produtivas das eólicas e solares, que tem conteúdo importado entre 20% e 80% (as PCHs e CGHs são 100% nacionais); e o terceiro a correta valoração dos atributos das PCHs e CGHs.
No país, estão em construção 30 PCHs e 5 CGHs, com 24.439 e 1.336 novos empregos respectivamente. As PCHs estão recebendo investimento de R$ 3,2 bilhões e vão atender 1.018.293 residências com geração de 407 MW de energia. No caso das CGHs o investimento é de R$ 116,9 milhões.
Fonte e Imagem: IPESI Digital.
Principal ponto é promover a abertura do mercado livre, hoje restrito a indústrias e ao grande comércio, como shopping centers e hipermercados.
Em reta final de análise na Câmara, o novo texto do projeto de modernização do setor elétrico (PL 414/21) manterá um prazo de 42 meses para que todos os consumidores possam escolher livremente seus fornecedores de energia e facilitará a renovação antecipada das concessões de usinas hidrelétricas perto de expirar.
O projeto tramita desde 2016, já foi aprovado pelo Senado e está prestes a finalmente avançar na Câmara. O deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE), ex-ministro de Minas e Energia no governo Michel Temer, pretende apresentar um relatório preliminar nesta sexta-feira. A ideia é votar um requerimento de urgência e, logo em seguida, o mérito do PL 414/ 21 depois da semana de Carnaval.
O principal ponto do projeto é promover a abertura do mercado livre, hoje restrito a indústrias e ao grande comércio, como shopping centers e hipermercados. A ideia é fazer com que todos os consumidores, incluindo residências, possam escolher de quem compram a energia - a portabilidade da conta de luz.
O Valor apurou que Coelho Filho pretende manter boa parte do texto votado no Senado. O projeto estabelece a abertura total do mercado livre no prazo de três anos e meio (ou 42 meses).
O governo tenta emplacar a portabilidade da conta de luz como pauta positiva e que poderá ser usada, durante a campanha eleitoral, como uma das realizações do mandato de Jair Bolsonaro. Até agora, o setor elétrico gerou mais desgaste do que benefício à imagem do presidente. Houve explosão de tarifas com forte impacto sobre a inflação, o blecaute no Amapá em 2019 e a crise hídrica, que quase levou o país a atravessar novo racionamento.
A proposta, no entanto, vem mobilizando diversos lobbies. Segundo fontes, Coelho Filho tem recebido pedidos de associações empresariais e parlamentares para estender subsídios e diversos contratos incentivados. No limite, isso poderia desvirtuar o caráter de modernização da nova lei.
Um dos apelos é pela ampliação do prazo para participar do programa de incentivos a fontes renováveis, que acabará agora em março. O fim do benefício aos novos projetos provocou uma corrida para obter outorgas de usinas fotovoltaicas (solares) e eólicas.
O incentivo aos projetos de energia renovável oferece desconto de 50% na chamada “tarifa-fio”, pelo uso das redes de transmissão e distribuição. Foi considerado essencial no desenvolvimento das fontes incentivas, no início dos anos 2000, mas passou a custar bilhões de reais por ano em um momento em que elas já conseguem caminhar com as próprias pernas, sem subvenções.
Donos de usinas térmicas, com geração de energia mais cara e a partir da queima de óleo diesel, tentam emplacar a renovação dos contratos que têm vencimento até 2026. Eles queriam mais 15 ou 20 anos. A maior possibilidade, contudo, é um período adicional de cinco a dez anos, tendo como contrapartidas a mudança do contrato para reserva de capacidade, com custo fixo reduzido, e a conversão das térmicas para gás natural, tornando-as mais eficientes.
Um ponto praticamente certo no relatório é a definição de um cronograma mais claro para renovar antecipadamente concessões de hidrelétricas e geradores que atuam como produtores independentes ou autoprodutores. A possibilidade de prorrogação das concessões, por 30 anos, já consta da Lei 12.783/13. Quando faltam 36 meses para o fim do contrato, a atual concessionária pode pedir formalmente ao Ministério de Minas e Energia uma renovação. O problema é que o governo hoje demora para dizer se aceita ou não - e em quais termos.
O novo texto poderá permitir que esses pedidos sejam feitos antes e dar um cronograma mais claro para as respostas. Será fixado um valor de outorga para o novo contrato. Metade do pagamento irá para o Tesouro Nacional e outra metade ficará na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), o fundo que banca os subsídios do setor elétrico e é rateado entre todos os consumidores por um encargo nas tarifas.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) sinalizou nesta semana, em evento com empresários, que a proposta modernização do setor elétrico é uma das pautas prioritárias do Congresso para melhorar o ambiente de negócios.
Há pressão, ainda, por outras duas emendas no texto que será votado na Câmara. Diante das resistências do relator Coelho Filho em incluí-las no parecer, elas podem diretamente no plenário, por sugestão de algum deputado.
Uma é a extensão, de 2027 para 2035, dos subsídios à compra de carvão mineral para térmicas que usam esse tipo de insumo. Outra é para o financiamento de gasodutos por meio dos recursos da CDE. A lei que abriu caminho à privatização da Eletrobras exigiu a contratação de 8 mil megawatts de usinas movidas a gás natural - quase a totalidade em localidades onde hoje o combustível não chega. A dúvida é como bancar os dutos para chegar até lá.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Partido acusa o TCU de omissão e pede que o Supremo determine a analise pela corte de irregularidades apontadas pela Câmara dos Deputados.
O Partido dos Trabalhadores protocolou mandado de segurança coletivo no Supremo Tribunal Federal. O objetivo é o de suspender os trâmites de privatização da Eletrobras até que o Tribunal de Contas da União analise irregularidades apontadas pela Câmara dos Deputados. No pedido encaminhado ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, o PT aponta omissão do TCU no atendimento aos dois pedidos de fiscalização feitos pelo deputado Áureo Ribeiro e enviados à corte pela Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.
Na ação o partido afirma terem sido “identificadas diversas incongruências nos estudos técnicos realizados pelo Ministério de Minas e Energia para valoração e métrica da produção energética da empresa e consequente avaliação de preço de mercado para desestatização.”
Uma das propostas de fiscalização apresentadas ao TCU (o PFC 55) pede a apuração de eventuais irregularidades na Consulta Pública 48/2021, da Agência Nacional de Energia Elétrica. O processo tratou da minuta dos novos contratos de concessão das hidrelétricas da Eletrobrás, incluindo as que estão em regime de cotas. Todas terão novas outorgas de 30 anos, na modalidade de Produção Independente de Energia, que permite a livre comercialização da energia no mercado.
Segundo a ação, o processo não observou formalidades exigidas, como a Análise de Impacto Regulatório. Além disso, a Aneel apresentou uma minuta de documento “extremamente genérica, vaga e omissa” para discussão, e estabeleceu período de contribuições de 20 dias, em vez dos 45 dias que normalmente são estabelecidos nesses processos.
Teriam sido identificadas ainda 12 questões que ficaram sem definição pela agência e pelo Poder Concedente e que impactariam diretamente na elaboração do contrato de concessão. São elas: garantia física, descotização, receita anual de geração, obrigação de aportes anuais, ausência de termo aditivo às minutas de contratos dos empreendimentos não alcançados pela lei nº 14.182 ( que autoriza a privatização), outorgas de uso da água, falta de definição do instrumento contratual que considere as particularidades da UHE Itumbiara, falta de respaldo técnico da Procuradoria Federal da Aneel, estudos que indiquem o risco hidrológico da operação, inclusão da UHE Curuá-Una entre as usinas que terão a garantia física definida para o novo contrato, renovação de outorga de UHE Tucuruí sob o regime de cotas e renovação de outorga de Mascarenhas De Moraes sob o regime de cotas.
Apesar do pedido, vale ressaltar que estas duas últimas usinas não operam no sistema de cotas proposto na MP 579/2012 que foi convertida na lei 12.783/2013.
O segundo pedido de fiscalização (PFC n. 56) trata da investigação de eventuais irregularidades na metodologia e nos estudos utilizados pelo Ministério de Minas e Energia para reduzir em 7,34% as garantias físicas vigentes das hidrelétricas da estatal. O valor total da energia dos empreendimentos que está disponível para contratação passou de 13.373,0 MWmed para 12.390,8 Mwmed.
As garantias físicas foram publicadas na Portaria nº 544, do MME. Para o PT , há uma “patente falta de transparência no procedimento de valoração da produção da Eletrobras e precificação de mercado” o que traz “incerteza e insegurança jurídica ao processo de desestatização e iminente risco de prejuízo ao erário público.”(sic)
A proposta também questionou a precificação das novas outorgas, definida inicialmente na Resolução nº 15/2021 do Conselho Nacional de Política Energética e alterada pela Resolução CNPE nº 30/2021 em dezembro do ano passado. O valor foi revisto após sugestões de ajustes feitos pelo TCU.
A corte de contas aprovou este mês a parte da análise da privatização que trata do valor adicionado às concessões (VAC) da Eletrobras. O VAC de R$ 67 bilhões foi, no entanto, questionado pelo ministro Vital do Rego, que apresentou um novo cálculo de R$ 130 bilhões.
O virtual candidato do PT à presidência da República, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, questionou nos últimos dias os cálculos feitos pela Eletrobras. O partido tem alertado que pretende reverter o processo de privatização, em caso de vitória nas eleições do final do ano.
Para o advogado Urias Martiniano Neto, “a ação judicial não vai impedir a desestatização. Mas ela pode atrapalhar caso seja proferida uma decisão liminar favorável”. Em sua avaliação “é remota a possibilidade dessa decisão ser concedida. Principalmente, porque ela ganha um viés politico, pela apuração aqui feita na documentação, numa análise preliminar”, afirmou o advogado.
Fonte: Canal Energia.
Imagem: Exame.
Estudo da entidade tem como base três pilares considerados centrais nesse processo.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica apresentou ao Ministério de Minas e Energia um estudo com propostas para a modernização do setor. Esse trabalho foi realizado nos últimos meses pela entidade juntamente com as consultorias PSR, Sigla Sul e i4 Economic Regulation. Segundo a associação, a iniciativa pretende apontar os direcionamentos regulatórios e de mercado do setor.
A reunião que marcou essa entrega dos resultados deste trabalho ocorreu nesta quarta-feira, 23 de fevereiro. Além do presidente da Abradee, Marcos Madureira e do diretor de Regulação, Ricardo Brandão, estavam presentes pelo MME, o secretário de Energia Elétrica Christiano Vieira, e demais membros da pasta.
O estudo de modernização, descreve a Abradee, envolve três pilares centrais do processo de modernização do setor elétrico brasileiro. O primeiro é a abertura do mercado livre, tratando da gestão dos contratos legados. O segundo versa sobre a separação de fio e energia, com a distinção entre as atividades de distribuição e comercialização regulada. Já o terceiro é sobre a inserção dos Recursos Energéticos Distribuídos, tratando de aspectos além da ampliação da GD.
De acordo com a entidade, nos próximos dias, ela anunciará o evento de lançamento com mais detalhes desse projeto. A Abradee defende que a modernização do setor elétrico é urgente e inevitável, não apenas para garantir sua sustentabilidade, mas abrir caminho para a inovação e maior eficiência, atraindo mais investimentos ao país em benefício dos consumidores.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Cada R$ 1,00 investido num parque eólico tem impacto de R$ 2,9 sobre o Produto Interno Bruto (PIB), após a faixa entre 10 e 14 meses, considerando todos os efeitos, mostra estudo elaborado pelo pesquisador associado do FGV-Ibre e economista-sênior da LCA Consultores Bráulio Borges, a pedido da Associação Brasileira de Energia Eólica.(Abeeólica).
"O objetivo do estudo foi quantificar os impactos diretos e indiretos dos investimentos em energia eólica para o PIB, para os empregos e também para a redução de emissão de CO2", informou a Abeeólica em nota.
No caso do impacto do PIB, o estudo partiu do valor investido de 2011 a 2020, de R$ 110,5 bilhões na construção de parques eólicos.
"Por meio de metodologia que calcula efeitos multiplicadores de diferentes tipos de investimentos, chegamos ao valor de mais R$ 210,5 bilhões referentes a efeitos indiretos e induzidos, num total de R$ 321 bilhões. Isso significa que cada R$ 1,00 investido num parque eólico tem impacto de R$ 2,9 sobre o PIB, após 10 a 14 meses, considerando todos os efeitos”, explicou Borges.
No mesmo período, a energia eólica gerou 196 mil empregos ou 10,7 empregos por megawatt (MW) instalado na fase de construção dos parques, em uma estimativa conservadora. O estudo também aponta uma média de 0,6 empregos por MW instalado para operação e manutenção.
“Este é um número que permite a realização de alguns cenários para o futuro próximo, uma vez que o setor tem um bom mapeamento de quanto será instalado nos próximos anos.”, disse o pesquisador.
De acordo com a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, a energia eólica tem no momento quase 5 gigawatts (GW) em construção no Brasil, que envolvem 50 mil trabalhadores, além de mais 15 mil trabalhando em operação e manutenção.
“Internacionalmente, trabalhamos com valores que vão de 10 a 15 postos de trabalho por MW. Com esse valor de 10,7 estamos num cenário razoavelmente conservador de estimativa, e agora queremos refinar estes dados para termos um cenário ainda mais detalhado do que geramos de empregos pelo País", informou a executiva.
O terceiro impacto positivo apurado pelo estudo se refere à contribuição para a redução de emissões de gases efeito estufa (GEE), que para o período de 2016 até 2024 projeta evitar emissões estimadas em até R$ 70 bilhões.
“Importante explicar o conceito de “Custo Social do Carbono”, que tenta quantificar, em termos monetários, os custos econômicos associados às emissões de gases do efeito estufa (como o próprio dióxido de carbono, o metano, os CFCs, dentre outros)", destacou Borges.
Para estimar o Custo Social do Carbono são construídos diversos cenários prospectivos para o PIB dos países, considerando distintos cenários de temperatura e seus impactos sobre a atividade econômica. As diferenças entre tais cenários são trazidas a valor presente e isso gera a estimativa de Custo Social do Carbono, geralmente apresentada em US$ por tonelada de CO2 equivalente.
"Desse modo, as emissões evitadas pelo setor eólico em valores monetários podem ser entendidas diretamente: foi evitada uma redução do PIB futuro brasileiro e mundial em algo entre R$ 60 e R$ 70 bilhões", detalhou.
A energia eólica tem 21 GW instalados no Brasil, o suficiente para abastecer de energia elétrica 28,8 milhões de pessoas. Ao todo, são 777 parques eólicos em 12 Estados. Em oito anos, o País passou de 15º a 7º no ranking internacional de geração eólica.
Fonte: Estadão
Imagem: Metrópoles.
Modalidade foi regulamentada em janeiro. Requerimentos somam 80 GW, quatro vezes a capacidade atual de geração a partir do vento no país.
Regulamentada no fim de janeiro, a energia eólica com geradores instalados no meio do mar (chamada de offshore) tem potencial de aumentar os investimentos no setor e ampliar a geração de energia sustentável no país.
Considerada a “nova fronteira” da geração de eletricidade, essa tecnologia está em expansão na Europa e na Ásia e começou a dar seus primeiros passos no Brasil, com pedidos de autorização para parques eólicos no mar.
Até agora, o Ibama já recebeu 36 pedidos de licenciamento ambiental para a exploração em diversas áreas, nos estados de Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
A expectativa é que as primeiras áreas sejam autorizadas neste ano. No total, os pedidos somam 80 gigawatts (GW) de energia, o que dá a dimensão do potencial dessa vertente.
Para comparação, toda a capacidade instalada de geração de energia do país hoje soma 173 GW, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Desse total, 20 GW são de parques eólicos em solo, já conhecidos em todo o país.
Não é só falta de chuva: Entenda como o Brasil ficou, de novo, à beira de um racionamento.
O governo prepara agora o primeiro leilão para o uso de áreas no mar com potencial de instalação dos aerogeradores. Empresas interessadas em estudar as regiões terão direito às áreas e, depois, podem obter a outorga dos empreendimentos de geração de energia.
Entenda como é a geração de energia no mar
O secretário adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Marcello Cabral, diz que o governo trabalha para que esse leilão seja realizado no início do próximo ano:
— A nossa previsão é fazer o leilão do uso do espaço no ano que vem, logo no começo. A gente está eliminando aventureiros no processo. Queremos interessados que vão executar o projeto até o final. Isso é um dos pontos fortes que a regulamentação do MME vai trazer.
Pás de até 100 metros
Para especialistas e agentes do setor, o potencial do Brasil é único, mas há desafios pela frente. Segen Estefen, coordenador do laboratório de tecnologia submarina da Coppe/UFRJ, diz que a energia eólica offshore se tornou um “próximo passo” conforme o tamanho das turbinas foi aumentando, assim como o potencial de geração.
Em terra, a capacidade máxima de geração das turbinas chega a 5,6 megawatts (MW). Em mar, há projetos que apontam uma capacidade de quase o dobro, de 12 MW, e alguns testes chegam a 15 MW.
Solução: Com alta no preço da energia, empresas contratam 'personal organizer' para reduzir conta de luz.
Com a potência maior, é preciso aumentar os tamanhos das pás, que atingem hoje envergaduras de até 100 metros, tamanho inviável para transporte em terra.
A alternativa, então, é instalar a turbina em áreas mais amplas e de transporte mais simples, como o oceano. A partir daí, o princípio é o mesmo: as pás giram com o vento e movem um rotor, que então gera a energia.
Outra vantagem da eólica offshore, afirma Estefen, é que os ventos no mar encontram obstáculos menores, pois não há morros e cidades próximas.
Hoje, em geral, os parques no oceano em outros países vão até um limite de 80 metros de profundidade. As torres que sustentam os aerogeradores são instaladas com pilares que vão até o fundo do mar.
Em águas mais profundas, é necessário usar estruturas flutuantes, semelhantes às de plataformas de petróleo, mas a maioria ainda está em fase de testes.
— Estamos assistindo hoje uma movimentação intensa no mundo inteiro para que a descarbonização da geração elétrica em parte se dê pela energia eólica offshore — disse o professor da UFRJ.
Um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) aponta que o Brasil teria um potencial de geração de 700 GW pela eólica offshore, considerando apenas até 50 metros de profundidade. Com marcas maiores, o potencial também cresce. Esse número não considera, porém os outros usos do mar que precisam ser respeitados, como transporte, lazer e exploração de petróleo.
Viabilidade também depende da economia
Embora haja esse potencial, a efetividade dos investimentos vai ser muito menor, afirma Elbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Hoje, essa tecnologia ainda é mais cara que as eólicas no solo. Mas a tendência é de redução de preços, na medida em que os geradores se tornam mais populares na Europa.
— O potencial eólico, tanto onshore quanto offshore, olhando para a necessidade do Brasil, é praticamente infinito, e nós temos um desejo de investimentos muito grande. Agora, o quanto isso vai se tornar realidade, vai depender de uma série de fatores, inclusive da economia do Brasil — afirma.
Fonte e Imagem: O Globo.
Federação afirma que a culpa não é das distribuidoras, mas pede que Aneel divulgue cálculos para contratação de empréstimos para cobrir custos da crise hídrica.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pediu que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apresente os cálculos da contratação de empréstimos em bancos para cobrir os custos da crise hídrica. Para a entidade, “há algo muito errado com o modelo regulatório do setor elétrico”. A solicitação foi feita por meio da consulta pública realizada entre 4 e 13 de fevereiro. O novo empréstimo às distribuidoras de energia elétrica pode chegar a até R$ 10,8 bilhões.
Segundo a federação, a severa crise hídrica em 2021, combinada com a falta de planejamento setorial e a adoção de medidas extremamente caras, deixou “mais uma conta bilionária a ser paga pelos consumidores”.
A Fiesp diz que a culpa não é das distribuidoras, visto que estas arcam com responsabilidades financeiras. Entretanto, afirma que “há algo muito errado com o modelo regulatório do setor elétrico” e as decisões tomadas aumentam consideravelmente o custo para as atividades produtivas. Para a federação, não importa se há sobra de oferta ou escassez, o resultado é sempre o mesmo: um descasamento no fluxo de pagamentos que precisa ser artificialmente coberto por empréstimos bancários.
“Solicitamos, assim, que a Aneel divulgue os cálculos que sustentam a vantajosidade da contratação dos empréstimos bancários, sob pena de incorrer contra a modicidade das tarifas e da competitividade da indústria”, diz o documento.
A Fiesp pede ainda que a Aneel solicite às distribuidoras os custos reais incorridos por cada uma, naquilo que já foi realizado, como Programa de Redução Voluntária da Demanda (RVD), saldo atualizado da Conta Bandeiras, importação e futuro dispêndio com geração emergencial. “Os valores não deverão ser automaticamente aprovados pela Aneel, mas devem servir de baliza para aperfeiçoamento dos limites de captação aprovados pela Agência”, acrescenta.
A federação pede que a Aneel considere o cenário de geração por segurança energética aprovado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) em reunião anterior à publicação da resolução normativa e utilize o cenário de geração “zero” por segurança energética nos subsistemas Nordeste e Norte.
O socorro financeiro foi autorizado pelo governo em dezembro do ano passado, por meio de uma medida provisória (MP) regulamentada por decreto do presidente Jair Bolsonaro (PL). Cabe à agência reguladora analisar a contribuição recebida e definir se acata ou não os pedidos.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Parques exclusivos para a produção de hidrogênio vão criar um mercado adicional ao de eletricidade para consumo geral.
Investidores da fonte eólica que tradicionalmente aplicariam recursos na geração de eletricidade para o consumidor estão se preparando para projetos que serão usados exclusivamente na produção de hidrogênio verde. A modalidade offshore pode sair na frente, projetando empreendimentos que devem começar a operar entre cinco e sete anos, mas há um esforço da Associação Brasileira de Energia Eólica para que os parques em terra também explorem um mercado que, segundo estudo do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) pode agregar à economia brasileira US$ 8 bilhões, com projetos que poderiam ser implantados entre 2022 e 2026.
Há, porém, o efeito multiplicador disso, explica a presidente executiva da Abeeólica, Élbia Gannoun. Ela lembra que cada real injetado na economia traz de volta outros três, porque aquele investimento vai gerar emprego e renda, e pessoas vão consumir. “Os investimentos em geral tem essa característica”, diz a economista.
“Como já temos muita oferta de energia renovável – 100 GW de eólica, 100GW de solar -, energia à beça que não tem mercado para tudo isso, nós estamos olhando o hidrogênio como um importante mercado para nossa energia renovável. Tanto a solar e a onshore, quando a eólica offshore”, afirma.
A produção de hidrogênio vai exigir novas plantas, porque as usinas existentes hoje e as em construção já estão contratadas para atender o mercado consumidor, acrescenta a executiva. O relatório do GWEC calcula um potencial de 20 GW com essa finalidade nos próximos cinco anos no Brasil, Índia, México, Filipinas e África do Sul.
Para fazer esse “choque de onda verde”, lembra Élbia, o investidor tem que sair do BAU (business as usual). Apenas no Brasil, é possível criar 575 mil empregos nos próximos anos, segundo o GWEC. Essa projeção leva em conta que para cada 1 MW instalado são criados 11 postos de trabalho permanente.
A presidente da Abeeólica diz que esse movimento já está acontecendo na eólica offshore, que foi regulamentada por decreto no ano passado. O governo também publicou as diretrizes da Política Nacional do Hidrogênio.
O documento do GWEC destaca a importância de uma sinalização regulatória nas ações de recuperação verde, cobrando “compromissos politicos” dos países. Élbia ressalva, no entanto, que a ideia não é cobrar incentivo ou qualquer tipo de subsídio, mas uma estrutura que dê o sinal para investimentos privados, como foi feito com o decreto da offshore.
O mesmo se aplica ao licenciamento ambiental dos empreendimentos, diz a executiva. Ele reconhece que o Brasil está entre os países que tem um aparato regulatório mais estável.
A aposta em vários países do mundo é de que produção de hidrogênio verde vai deslanchar até o final da década. Isso exige que o setor comece a se organizar agora, finaliza a executiva.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
China volta ao ponto de partida e encara um revés provisório nas mudanças de paradigma de sua economia.
Os acionistas da Eletrobras, holding que controla o capital das estatais federais de energia, se reúne amanhã, em assembleia-geral, para deliberar sobre a privatização da companhia. Tudo indica que, depois de quase seis anos, quando a iniciativa foi lançada pelo governo do presidente Michel Temer, a maior empresa de energia do Brasil deixará de ser controlada, nos próximos meses, pelo Estado.
Na última quarta-feira, por seis votos a um, os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovaram os estudos técnicos do Ministério das Minas e Energia para a desestatização da companhia, fundada em 1962 como estatal, em meio à polarização política provocada pela Guerra Fria. Embora aliado dos Estados Unidos na Segunda Guerra e adepto da democracia e do capitalismo, o Brasil vivia internamente, no início da década de 1960, sob forte pressão de setores da classe média para estatizar empresas, principalmente, as prestadoras de serviços públicos.
Na ocasião, eram fortes ainda os ecos da maior mobilização popular ocorrida até então: a campanha, de notório viés anti-americano, "o petróleo é nosso ", de 1953, que resultou na nacionalização das reservas de petróleo e na fundação, no ano seguinte, da Petrobras, detentora de monopólio que se estendeu até 1998, quando o Congresso Nacional, aprovou emenda à Constituição extinguindo-o.
Os custos desse monopólio para o Brasil são visíveis. Em que pese o reconhecido desenvolvimento da estatal como expert na exploração de óleo em águas profundas, a ausência de competidores para a Petrobras durante décadas atrasou o aumento da eficiência da economia brasileira, que ainda hoje paga pelas consequências do modelo estatal.
No caso da Eletrobras, o ambiente, hoje, não lembra nem de longe a concentração de mercado que ainda beneficia a Petrobras e prejudica o país. Há atores privados operando em todos os segmentos do setor, com exceção da geração de energia nuclear. Isto significa que não faz mais sentido manter a companhia sob comando estatal porque a tendência é que, presa às regras de controle do Estado, não consiga competir com os concorrentes e, assim, além de não prestar bons serviços à população e às empresas, perca continuamente valor, o que no fim também é prejudicial aos interesses da maioria dos brasileiros, dado o elevado investimento feito pelo Tesouro na empresa ao longo de 60 anos.
O corporativismo de parte dos funcionários, o patrimonialismo (dos empregados e de fatias da classe política e do empresariado) e a visão ideológica (na maioria dos casos, usada para defender interesses escusos) impuseram obstáculos à privatização da Eletrobras desde 2016, quando o governo tomou a decisão de colocar esse tema na agenda. Em decisão monocrática _ uma distorção institucional que afronta o arcabouço democrático brasileiro _, um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que, doravante, toda privatização tivesse que ser aprovada por lei. Ora, já havia lei consolidada sobre o assunto, seguida por todos os governos eleitos desde 1989, e esta exigia apenas que o presidente da República, por meio de decreto, ordenasse a inclusão da estatal no Programa Nacional de Desestatização, sendo que este foi instituído por legislação específica.
A novidade do caso Eletrobras é que todos os obstáculos, inclusive, o último, de caráter quixotesco, protagonizado por ministro do TCU, foram superados de maneira institucional e, portanto, democrática _ o que significa dizer que a não privatização é que poderá ser qualificada de ato ilegítimo, uma vez que o Congresso aprovou lei para a venda da estatal e o TCU chancelou os estudos técnicos para viabilizar a desestatização.
O ato quixotesco coube ao ministro Vital do Rêgo, do TCU. Recorrendo a algo inexistente na avaliação de ativos para fins de privatização _ o valor da potência das hidrelétricas _, o ministro, designado relator dos estudos técnicos, calculou que o erário perderá R$ 34 bilhões se vender a holding nas condições propostas. Logo, tratou como "falha" algo incalculável, uma vez que não existe mercado para mesurar o "ativo" ao qual se refere.
No Brasil e alhures, define-se, não apenas no setor público mas também no privado, o preço de um serviço de utilidade pública, como energia e telecomunicação, com base na projeção do fluxo de caixa descontado (isto é, referente ao período de concessão, estimada a inflação). Evidentemente, esta é uma conta complexa que, por isso mesmo, está sujeita à reavaliação ao longo do prazo de concessão. O ministro conseguiu holofotes para sua tentativa canhestra de impedir a venda da Eletrobras, mas não o apoio dos colegas, o que mostra que o Brasil, apesar dos problemas, avança institucionalmente.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Conselho Estadual do Meio Ambienta (Conema) estabeleceu prazo de até 90 dias para estudar a proposição apresentada pelo Idema.
O Governo do Rio Grande do Norte apresentou uma proposta para que novos projetos eólicos com porte acima de 150 megawatts (MW) a serem licenciados no estado apresentem estudos e relatórios de impacto ambiental, o EIA-RIMA. A apresentação foi feita nesta quarta-feira (15) ao Conselho Estadual do Meio Ambienta (Conema).
Até setembro de 2021, os projetos desse tipo no estado precisavam apenas de um relatório mais simplificado, seguindo uma lei estadual sobre o tema, mas o procedimento foi alterado após uma recomendação da Procuradoria Geral do Estado (PGE) para que o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) seguisse a legislação federal relacionada às exigências aos empreendimentos ligados ao setor de energia, no caso de parques acima de 10 megawatts.
A mudança no procedimento gerou repercussão negativa dos órgãos que representam os empresários, como a Federação das Indústrias do RN e principalmente de empresas que querem aproveitar descontos oferecidos pelo governo federal na Tarifa de Uso da Transmissão do Sistema (TUST), com prazo no final em março.
De acordo com os representantes, como a elaboração dos estudos mais complexos demanda mais trabalho, as empresas não conseguiriam se adequar a tempo. Para se ter ideia, alguns estudos e relatórios de impacto ambiental chegam a conter 700 páginas. Algumas empresas buscaram a Justiça com pedido de liminar para poder receber o licenciamento com os critérios anteriores.
A mudança que aconteceu após a recomendação da PGE divide opiniões dentro do próprio governo estadual. A nova proposta do Idema deverá ser analisada em até 90 dias pelo Conema. Um grupo de trabalho foi criado para discutir os pontos apresentados.
O conselho ainda aprovou um requerimento de moção que será enviada à Procuradoria Geral do Estado para que o órgão suspenda a recomendação feita ao Idema pelo menos até a atualização da lei estadual, discutida no conselho.
O grupo de trabalho que vai trabalhar sobre as nova medidas propostas foi formado com nove representações. Durante o período de 60 dias, o Conselho estará aberto para receber contribuições das diferentes representações.
O diretor-geral do Idema, Leon Aguiar, sugeriu uma Audiência Pública após 30 dias para que as análises possam ser feitas com diversos aspectos e colocações vindos de diversos setores da sociedade. Ele comentou que o órgão passou os últimos meses fazendo um levantamento das características dos empreendimentos do campo de energias ao longo dos anos e, também, as demandas do setor de renováveis atuante no RN.
“Temos um inquestionável potencial eólico disponível no território potiguar e precisamos trabalhar com segurança jurídica para continuarmos atraindo investimentos para o Estado. Então, tentamos trazer objetividade ao documento que atenda às dúvidas no licenciamento nessa área. Fizemos todo um detalhamento das discussões nas análises processuais, para então podermos elaborar a proposição com o máximo de subsídios possível e apontar às áreas sensíveis, que requerem a conservação ambiental”, disse.
Segundo o representante da Fiern no Conema, Roberto Serquiz, o pedido de suspensão da recomendação da PGE foi um posicionamento no sentido de "salvar essas empresas que estão dependendo de liminares".
Sobre a proposta apresentada pelo Idema, ele considera que cada ponto será apresentado. “Há um prazo razoável, o grupo é representativo, o setor produtivo está representado e deverá sugerir aspectos para parametrizar com os demais estados da região que tem avançado nesse setor, sempre observando as peculiaridades do Rio Grande do Norte”, destacou Roberto Serquiz.
O Conema possui 22 conselheiros de diferentes secretarias, entidades e representantes da sociedade civil. O grupo é presidido pelo secretário estadual de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, João Maria Cavalcanti.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Em entrevista à Bússola, Marcelo Ramos afirma que o PL estabelece regras para a certificação e o comércio dos créditos dando segurança jurídica.
Amazônia: dono da maior biodiversidade do planeta, o Brasil só tem a ganhar com a sustentabilidade.
A inclusão do projeto que regulamenta o mercado de carbono no Brasil na portaria do governo que relaciona as 45 propostas legislativas prioritárias do ano animou o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD-AM), autor da proposta. O projeto de lei nº 528/21 já foi aprovado pelas comissões especiais da Câmara e chegou a ser pautado no fim do ano passado, mas acabou não sendo analisado. Tem o apoio dos 15 governadores que integram a Coalizão de Governadores pelo Clima, lideranças políticas e empresariais.
O deputado Marcelo Ramos salienta que o projeto estabelece regras para a certificação e o comércio dos créditos, hoje negociados apenas de forma voluntária no Brasil, dando maior segurança jurídica a países e empresas que precisam compensar suas emissões.
“O Brasil e a Amazônia possuem o maior ativo ambiental do mundo, a floresta em pé, mas pouco se beneficia por não termos regras para o mercado de carbono, que somente em 2019 movimentou R$ 45 bilhões. E, para garantir que as populações tradicionais sejam beneficiadas, incluímos um mecanismo que direciona parte dos recursos para a redução da pobreza na região”, defende Ramos em entrevista à Bússola.
Marcelo Ramos: O Brasil e o Amazonas possuem o maior ativo ambiental do mundo, a floresta em pé, mas nada recebe em créditos por não estar inserido no Mercado de Carbono. Uma das formas de combater os efeitos climáticos que já se apresentam na forma do aquecimento global, enchentes e secas severas, é através do mecanismo do sequestro de carbono, que neutraliza os gases de efeito estufa. As florestas primárias conservadas são as que mais sequestram os gases tóxicos da atmosfera.
Uma vez regulamentado, o mercado de carbono brasileiro passa a oferecer segurança jurídica aos países que investem no mercado internacional, pois a maioria não tem como compensar internamente suas emissões de carbono. Com os serviços ambientais prestados pelas nossas florestas monetizados, confrontamos a tese de que somente a mata derrubada pode gerar riquezas e damos um passo importante para reduzir a pobreza das populações tradicionais.
Se aprovado, o que vai mudar na prática e como vai ajudar o desenvolvimento sustentável da região amazônica?
Um dos grandes desafios da proteção da floresta é a criação de mecanismos de geração de riqueza e renda para as populações tradicionais das áreas protegidas. A monetização de nossos ativos florestais, com mecanismos que garantem a reversão de parte da venda desses ativos para a população que ocupa a área, será eficiente para isso.
Tem alguma previsão de data para aprovação da proposta de regulação do mercado de carbono? O senhor arriscaria um placar para a votação do projeto em plenário?
Diante da inclusão da matéria na pauta prioritária do governo e do grande acordo que existe em torno do texto da deputada Carla Zambelli, acredito que irá a votação ainda neste primeiro semestre. A vitória chegará perto da unanimidade. Salvo o Partido Novo, que ainda trabalhamos pelo convencimento, acredito que todos os demais partidos encaminharão a favor da matéria.
Em que medida o decreto do presidente Bolsonaro que incentiva o garimpo artesanal pode alimentar ainda mais o garimpo ilegal na Amazônia?
Por princípio, não sou contra a exploração mineral na Amazônia. Podemos escolher seguir fingindo que essa mineração não existe e que o Estado brasileiro é capaz de reprimir, ou podemos regulamentar de uma forma eficiente garantindo mitigação de impactos, compensação de danos, geração de emprego e recolhimento de tributos. Prefiro o segundo caminho. Acontece que o governo atual confunde regulamentação com permissividade aos crimes ambientais e afrouxamento das salvaguardas ambientais, aí não dá pra concordar.
O projeto de criação do Bioma Amazônico será apresentado quando? Está pronto?
O projeto de lei do Bioma Amazônico se baseia em alguns pilares e um dos primeiros é estabelecer que um percentual de recursos de pesquisa e desenvolvimento da Lei de Informática seja obrigatoriamente revertido para financiar projetos de pesquisa na área de bioeconomia amazônica. Apresentaremos o projeto em março. Já temos uma minuta e estamos fazendo algumas consultas para que o texto chegue com o máximo de convergência possível ao Congresso.
Fonte e Imagem: Portal Exame.
Região Nordeste tem participação predominante de propostas com as fontes renováveis.
Os projetos de geração de energia solar e eólica representam 95% dos cadastros no Leilão de Energia Nova A-4 (LEN), do ministério de Minas e Energia, que irá ocorrer em maio deste ano. No total, 75.250 MW foram cadastrado, sendo 73.256 MW dessas fontes.
Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o LEN de 2022 bateu recorde de inscrição de projetos e de potência oferecida.
O leilão, como sugere o nome, busca projetos que daqui a quatro anos irão integrar o parque do setor elétrico nacional. Os polos de geração fotovoltaica e eólica terão contratos de até 15 anos com o ministério de Minas e Energia.
A região Nordeste apresenta os maiores quantitativos de projetos e potência cadastrados para o Leilão e representa cerca de 70% do total, com predominante participação das fontes eólica e solar.
As termelétricas se situam principalmente nos estados do Centro-Oeste e Sudeste, mas representam apenas 1,3% da potência oferecida, e os projetos hidrelétricos são maioria nas regiões Sul e Centro-Oeste.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS), a expectativa da evolução da capacidade instalada para dezembro de 2026 é que as gerações eólicas passem de 11,8% do sistema para 13,7%.
Já a energia fotovoltaica deve representar 4,9%, frente aos 2,6% que ocupa atualmente.
O professor do Instituto Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), Mauricio Tolmasquin, explica que as fontes de energia eólica e solar, além de renováveis, normalmente têm o maior número de propostas por serem mais acessíveis.
“Tanto um investidor de grande porte, como um investidor menor podem propor. Além disso, essas fontes geralmente têm um licenciamento ambiental mais fácil do que as térmicas e hídricas, e os preços têm sido muito competitivos. Como estão ficando mais baratas nos últimos leilões, atraem muito interesse”, explica.
Dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR) mostram que, de 2013 a 2019, o preço dessa fonte em leilões de energia passou de R$ 103,00 para R$ 17,62. Nos leilões praticados no ano passado, o custo da energia solar variou entre R$ 20,33 e R$ 30,90.
Segundo Tolmasquin, que também é ex-presidente da EPE, a redução no custo foi nítida, mas a pandemia da Covid-19 afetou a cadeia de suprimentos do setor.
“O preço caiu muito certamente, mas, nos últimos dois anos, houve uma subida por conta da crise na cadeia de suprimentos devido a pandemia. As células dos painéis são importadas, então a fotovoltaica é mais suscetível a essa variação de preço. Isso não acontece com a eólica, já que cerca de 80% da produção do material é nacional”, aponta o pesquisador.
Esse é a primeira vez em que as duas fontes de energia irão disputar juntas um mesmo leilão. Para Tolmasquin, esse é um movimento interessante, que irá mostrar como cada energia se comporta competitivamente.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Relatório feito pela consultoria Oliver Wyman e pelo Conselho Mundial de Energia mostrou que o país ocupa o 26º lugar no ranking de segurança e equidade energética e sustentabilidade ambiental dentre 101 nações.
Um relatório feito pela consultoria Oliver Wyman e pelo Conselho Mundial de Energia (WEC, na sigla em inglês) denominado World Energy Trilemma Index mostrou que o Brasil ocupa o 26º lugar no ranking mundial de segurança e equidade energética e sustentabilidade ambiental dentre 101 nações da América Latina e Caribe, América do Norte, Europa, Ásia e África. No topo da lista estão Suécia, Suíça e Dinamarca, nas três primeiras posições, respectivamente.
Apesar de o Brasil ter passado por uma das piores crises hídricas dos últimos 91 anos e quase viver um contexto de racionamento, no item “segurança energética” o Brasil está entre os dez primeiros da lista, na sexta posição. O país é o único fora da Europa e não membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a ficar entre os dez primeiros do ranking.
O índice avalia a dependência dos países das importações de energia, a diversidade de recursos locais para geração de energia e o armazenamento de energia. O documento destaca que o Brasil tem um sistema energético diversificado com uma rede substancialmente descarbonizada com a geração de energia por meio de usinas hidrelétricas. Entretanto, os frequentes períodos de secas são os riscos para o sistema energético do país em épocas críticas de estiagens, como o que aconteceu em 2021.
Sustentabilidade
No item “sustentabilidade ambiental”, o Brasil ocupa também a sexta posição entre os dez países mais bem colocados por conta de uma matriz diversificada, fontes renováveis como eólicas, solares e outras formas de geração de energia de baixa emissão de carbono.
“A redução da intensidade energética pode ajudar os países ainda a descarbonizar sua matriz energética. No entanto, garantir uma descarbonização inclusiva que não deixe comunidades para trás será essencial para humanizar a transição energética”, destaca a pesquisa.
Equidade
O Brasil vai mal no item “equidade energética”, que mede a capacidade de fornecer acesso universal e energia confiável para uso doméstico e comercial e inclui países produtores com baixos custos de energia para os consumidores — ficando, assim, fora do ranking da categoria, que mostra apenas os dez melhores.
Qatar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos encabeçam a lista dos dez melhores desempenhos para a dimensão; todas são nações pequenas e ricas com alto PIB e baixos preços de energia por meio de subsídios e/ou recursos energéticos significativos de fácil extração.
América Latina
Em relação à América Latina, o Uruguai é o país mais bem colocado na classificação geral, que considera os três indicadores, ocupando o 13º lugar. A implantação de energias renováveis continua a acompanhar o aumento da demanda de energia à medida que a demanda de petróleo e gás diminuiu na região.
Entretanto, para alguns países, a dependência das exportações de petróleo continua a ser uma questão importante. As pontuações de equidade energética melhoraram em toda a região, principalmente por meio de subsídios, mas a falta de estruturas regulatórias abrangentes, incerteza econômica e estabilidade política continuam a dificultar a transição energética equilibrada.
O trilema energético é uma ferramenta criada pelo WEC para avaliar a capacidade de um país em promover a energia sustentável por meio das três dimensões.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
De acordo com Elisa Bastos, ponto recebeu bastante atenção durante processo de regulamentação que culminou com a publicação da norma em novembro de 2021.
Regulamentadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica no fim de novembro do ano passado, as usinas híbridas despertam cada vez mais o interesse do mercado. Em entrevista ao CanalEnergia Live nesta terça-feira, 8 de fevereiro, a diretora da Aneel Elisa Bastos revelou que o custo da transmissão foi um dos pontos de grande debate durante a elaboração das regras.
De acordo com ela, um dos maiores objetivos era permitir a hibridização de modo a otimizar recursos. “Esse tipo de usina pode aproveitar a complementaridade para melhor usar a capacidade de rede”, explica.
Em sua análise, as híbridas podem contratar a capacidade da rede em volume menor do que a soma das potências instaladas das usinas desde que o valor obedeça a uma faixa estabelecida. “A ideia é que haja o aproveitamento da complementaridade das tecnologias para reduzir a ociosidade e otimizar e postergar os investimentos”, afirma.
Elisa Bastos dá como exemplo a associação entre usinas eólicas e solares, em que cada uma tem o ápice da sua geração em uma parte do dia e que na soma da geração cada uma das fontes pode ocupar uma parte da linha de transmissão em horário alternado à outra. Essa conjugação pode ocorrer predominantemente em locais onde a eólica gera mais à noite, como no interior do país, enquanto durante o dia há alta incidência de raios solares, proporcionando maior geração solar fotovoltaica.
Ainda de acordo com ela, essa forma de contratação foi formulada para evitar os efeitos redistributivos, impedindo a transferência dos custos da rede para os usuários. “A regulamentação tratou isso de forma clara para evitar esse efeito”, comenta.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Decreto nº 10.946 corrobora práticas de sustentabilidade e ESG, cada vez mais adotadas por variadas empresas.
Atualmente, no Brasil, toda a geração de eletricidade renovável oriunda de fontes eólicas é decorrente de usinas terrestres (onshore), não havendo, até o momento, usinas marítimas (offshore) operantes - em que pese, segundo dados do IBAMA, existam em análise projetos de parques eólicos offshore com aproximadamente 46 gigawatts de potência, distribuídos por cerca de 23 projetos a serem desenvolvidos em diversos Estados brasileiros.
Há que se ressaltar também o potencial ainda adormecido de exploração do mercado de hidrogênio verde, incipiente no Brasil, o qual poderá aproveitar a energia eólica offshore para fins do processo de eletrólise (utilização da eletricidade para decompor a água em oxigênio e hidrogênio), o que poderia contribuir para um aumento maior dessa matriz no Brasil.
Endereçando a lacuna regulatória existente para usinas marítimas, o governo federal editou, em 25 de janeiro de 2022, o Decreto nº 10.946/2022, o qual entrará em vigor em 15 de junho de 2022 e regulamenta a cessão de uso de espaços físicos e o aproveitamento dos recursos naturais para geração de energia elétrica a partir de empreendimentos eólicos offshore.
Decreto nº 10.946 corrobora práticas de sustentabilidade e ESG, cada vez mais adotadas por variadas empresas.
A norma regulamenta que a autorização do direito de uso de bens da União em espaços físicos localizados em águas interiores, no mar territorial e o aproveitamento dos recursos naturais na zona econômica exclusiva e na plataforma continental para geração de energia elétrica offshore será autorizada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), mediante celebração de contrato de cessão de uso onerosa de bem público, observados certos dispositivos legais.
Neste sentido, a cessão de uso - que será onerosa quando tiver por finalidade a exploração de central geradora de energia elétrica offshore e gratuita quando tiver por finalidade a realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico - se dará por meio de: (i) cessão planejada, a qual consiste na oferta de prismas previamente delimitados pelo MME a eventuais interessados, mediante processo de licitação; ou (ii) cessão independente, a qual envolve a cessão de prismas requeridos por iniciativa dos interessados em explorá-los - após ser obtida a cessão de uso, deverão ser conduzidos pelo empreendedor os estudos necessários para identificação do potencial energético offshore, observados critérios e prazos a serem definidos em ato específico do MME.
Com relação à outorga para exploração do serviço de geração de energia elétrica, esta deverá ser requerida à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) quando da conclusão dos estudos para identificação do potencial de geração, sendo que, de acordo com o decreto, o MME poderá ainda delegar à Aneel as competências para firmar os contratos de cessão de uso e para realizar os atos necessários à sua formalização.
Assim, a regulamentação é muito bem recebida pelo mercado, eis que corrobora práticas de sustentabilidade e ESG, cada vez mais adotadas por empresas de diversos setores da economia brasileira na busca de reduzir os impactos ambientais decorrentes de sua atividade produtiva por meio do consumo de fontes de energia renovável.
Nesta linha, diversas empresas consumidoras de elevadas quantidades de energia elétrica vêm buscando alternativas que estejam alinhadas com suas metas de sustentabilidade e têm optado por modelos como, por exemplo, contratação de energia no mercado livre e a autoprodução de energia elétrica - modalidade em que a empresa consumidora de energia terá direito a determinados descontos nas tarifas e encargos setoriais incidentes sobre a energia efetivamente produzida por suas usinas e consumida exclusivamente por suas atividades produtivas - a qual poderá também ser aplicada para projetos eólicos offshore.
Superada a lacuna regulatória, outro grande desafio que deverá ser enfrentado pelos empreendedores para a implementação de eólicas offshore no território nacional está associado aos elevados custos para estudos de desenvolvimento, construção e operação de projetos desta natureza, haja vista as suas características especificas e a alta tecnologia dos equipamentos necessários para a fundação e instalação de torres eólicas em ambientes marinhos (atualmente sem produção nacional).
Portanto, vem em boa hora a promulgação do Marco Legal do Mercado de Câmbio (Lei nº 14.286/2021), - que entrará em vigor um ano após sua publicação - prevendo expressamente a indexação em moeda estrangeira de contratos firmados entre exportadores e empresas que exploram projetos em diferentes setores de infraestrutura por meio de concessão, permissão, autorização ou arrendamento.
Embora determinados aspectos da referida lei estejam sujeitos a regulamentação posterior pelo Banco Central do Brasil (inclusive, eventualmente, a definição de exportadores para os fins acima indicados), fato é que se traduz em grande potencial de impacto positivo ao financiamento de longo prazo para projetos de infraestrutura, como os eólicas offshore, haja vista ser essa uma demanda de longa data do mercado e que terá a capacidade de ampliar substancialmente as alternativas de funding em moeda estrangeira ao permitir um endereçamento mais claro do risco de desvalorização cambial comumente presente nesse tipo de operação - inobstante o mercado de energia já venha implementando estruturas jurídicas sofisticadas que abordam, do ponto de vista legal e contratual, tais riscos com base na regulamentação vigente.
Thiago Vallandro Flores e Rodrigo Murussi são, respectivamente, sócio coordenador e associado pleno da área de Financiamento de Projetos no Dias Carneiro Advogados.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
Os diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) teceram duras críticas aos empreendedores que buscam outorga de projetos de geração renovável, mas que não terão condições de colocar as usinas em operação. Na reunião ordinária desta terça-feira, 8 de fevereiro, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, estimou que, dos 3.000 projetos renováveis com outorga, apenas cerca de 100 terão condições de gerar energia.
Segundo os diretores da Aneel, esses 3 mil projetos estão em 180 GW em outorgas concedidas à geração eólica e solar fotovoltaica, em meio à "corrida do ouro" dos empreendedores que buscam garantir o desconto pelo uso da rede para fontes incentivadas.
"Temos que atuar para evitar a reserva de uso da rede, que impede que outros projetos com outorga possam entrar", criticou Pepitone. Isso porque, segundo ele, a grande maioria desses empreendimentos outorgados não vai conseguir entrar em operação comercial, e há outros que seriam viabilizados se houvesse espaço para escoamento da energia na rede de transmissão.
O diretor Efrain Cruz classificou os 180 GW em outorgas como "loucura" no contexto do "afã do desconto do fio", principalmente porque não se tem garantia de que haverá demanda para essa energia, nem mesmo escoamento na rede.
Cruz lembrou ainda que, a despeito da corrida dos projetos renováveis, a Lei 14.182/2021, que trata da privatização da Eletrobras, trouxe a obrigação legal de contratação de 8 GW em termelétricas e mais 2 GW em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) nos próximos anos, energia que também vai exigir investimentos em transmissão.
Alteração de cronograma
A discussão veio à tona durante a votação de um pedido de alteração de cronograma de implantação de dois projetos solares fotovoltaicos de titularidade da empresa Quinturaré Energia, localizados em Pernambuco. Inicialmente, os parques Dourado 1 a 10, com 400 MW de potência, e Surubim 1 a 15, com 600 MW, entrariam em operação em 1º de janeiro deste ano.
A Quinturaré Energia propôs que o prazo de início da operação comercial fosse transferido para 31 de dezembro deste ano, e as áreas técnicas da Aneel recomendaram o indeferimento da mudança, por não estar caracterizada a excludente de responsabilidade. Em novembro, contudo, a companhia informou ter vendido o projeto para a empresa italiana Ludoil.
Diante da mudança de controlador, o diretor Helvio Guerra, relator do processo, pediu que as empresas apresentassem elementos que comprovassem o compromisso firme da Ludoil na implantação das usinas, assim como o aporte de cerca de R$ 200 milhões em garantia de fiel cumprimento. A Ludoil terá 120 dias a partir de hoje para aportar os recursos, que representam 5% do investimento estimado nos projetos, para que o novo cronograma seja válido.
Além disso, a nova dona dos projetos terá que pagar os encargos de uso dos sistemas de transmissão (Eust) da sua vigência até a data de início de operação comercial do novo cronograma, prevista para 1º de outubro de 2024. Esses encargos são somar R$ 150 milhões.
Segundo o diretor Hélvio Guerra, a aprovação da alteração do cronograma foi possível por causa da mudança de controlador dos ativos, e também porque os empreendimentos já tinham assinado o Contrato de Uso do Sistema de Transmissão (Cust) e obtido as licenças ambientais necessárias.
Os diretores discutiram ainda dar uma orientação procedimental às áreas técnicas para que só considerem pedidos de alteração de cronograma de projetos que tenham Cust assinada e licenças ambientais. "Em função do cenário que vivemos, só assim conseguiremos trazer razoabilidade", disse Pepitone.
"Estamos passando por um momento atípico, o mercado está criando isso de forma desnecessária. O regulador tem que reagir com uma regulação forte", disse Efrain, que completou que, com uma regulação "flexível", o mercado não reagiu bem à "liberdade" dada.
A fiscalização da Aneel é outro ponto importante para ajudar a resolver a situação. Segundo Pepitone, a área está em uma campanha , e é necessário reforçar a mensagem. "Se não começou a obra, revoga a outorga. Não podemos é ficar convivendo com esse tipo de situação sem tomar providências, precisamos ordenar o mercado", disse o diretor-geral.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Cálculo feito pela Thymos com base na tarifa de 2021 considera o valor limite de cerca de R$ 11 bilhões, que ainda depende de definição.
Um cálculo feito pela Thymos Energia considerando a tarifa média de 2021 mostra que se o novo empréstimo ao setor elétrico ficar próximo ao teto estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica, de R$11 bilhões, o alívio na tarifa em 2022 ficará em torno de 5,5%. Essa redução cairia mais ou menos pela metade se for liberada uma única tranche de R$ 5,6 bilhões.
Os números preliminares da operação de crédito, que está sendo negociada com um pool de bancos, foram apresentados na semana passada pela Aneel. A autarquia abriu consulta pública entre 4 e 13 de fevereiro com a proposta de regulamentação do empréstimo destinado ao enfrentamento dos impactos financeiros adicionais da escassez hídrica no setor elétrico.
A expectativa das distribuidoras é de que o prazo reduzido da consulta permita a liberação do financiamento ainda este mês. A agência estima que serão necessários R$ 5,6 bilhões para cobertura do déficit na arrecadação da Conta Bandeiras, do custo da importação de energia, do bônus a ser pago pela redução do consumo no ambiente regulado e dos diferimentos (postergação de pagamentos) nos processos tarifários anteriores ao empréstimo.
Não está descartada, no entanto, um segunda parcela do empréstimo no valor de R$ 5,2 bilhões para a cobertura de custos com receita fixa das térmicas contratadas no ano passado, por meio de Procedimento Competitivo Simplificado.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Marcos Madureira, lembrou que o valor final do empréstimo, que está sendo proposto para o setor, será definido de acordo com o cenário de despacho térmico até o mês de abril.
Madureira explica que a projeção feita anteriormente, de um valor que poderia chegar até 15 bilhões, considerava um cenário anterior do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. A indicação foi revertida no último encontro para um menor uso de termelétricas, em primeiro momento ao limite de custo de R$ 1 mil/ MWh e no mais recente, R$ 600/MWh, fator que deverá reduzir o custo.
A segunda tranche, que cobriria despesas com as termelétricas contratadas no leilão simplificado do ano passado, já partir de maio desse ano, vai depender de como vão evoluir os custos à frente, lembra Madureira. O executivo acrescenta que não há como prever agora se será necessária.
A gerente de Regulação e Tarifas da Thymos, Ana Carolina Ferreira da Silva, avalia que a tendência é de que o financiamento tenha um custo maior. Se o valor final ficar mesmo em R$ 11 bilhões, é possível que o período de pagamento do empréstimo seja estendido, para diluir o impacto na tarifa.
A decisão sobre a eventual contratação de uma segunda parcela vai depender das projeções de custo que forem feitas, considerando as condições hidrológicas. No final, a conta que terá de ser feita é se vale a pena jogar na tarifa o custo das térmicas contratadas no PCS ou usar o empréstimo para pagar esse custo mais à frente.
Ela reforça que a contratação dessa energia de reserva vai ter impacto. Contudo, ainda não dá para dizer a dimensão: se muito alto ou se poderá ser absorvido nos processos tarifários desse ano pelo consumidor.
Para o novo coordenador do Programa de Energia e Sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Anton Schwyter, há uma preocupação com relação a esse tipo de empréstimo porque não se leva em conta a capacidade de pagamento dos consumidores. “As tarifas de energia elétrica estão crescendo mais que a inflação. O que dá um efeito retroalimentador, porque a inflação acaba subindo pelo aumento da energia elétrica.”
Outro aspecto destacado é que esse custo extra aumenta a inadimplência entre os mais pobres e a dificuldade do próprio acesso à energia elétrica. Um terceiro ponto versa sobre a necessidade de se pensar em medidas de incentivo à redução de consumo, para evitar que períodos de crise hídrica, cada vez mais frequentes, acabem criando um custo desnecessário.
Schwyter afirma que o consumo caiu na pandemia e já se tinha fortes sinais de problemas de escassez hídrica. Isso poderia ter sido amenizado com um melhor planejamento. Mais uma vez, diz o técnico, optou-se por um mecanismo de um certo alivio no fluxo de caixa, porque não entra imediatamente na tarifa, mas a conta vai chegar em algum momento, com impacto bem maior para quem ganha salário mínimo.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O mundo prioriza segurança de suprimento.
O mercado global de energia apresentou dois marcos no ano de 2021: a retomada da demanda energética junto à crise de oferta das fontes fósseis e o discurso de mudanças climáticas reforçado principalmente durante a COP26, em Glasgow, na Escócia.
A elevação dos preços das commodities energéticas, principalmente a partir do segundo semestre de 2021, mostra o quanto a economia mundial ainda recorre às fontes tradicionais, como petróleo e gás natural, e torna seus olhos mesmo para a fonte nuclear, refletida pelas altas nos preços do urânio.
Conforme dados do Investing.com, foram observados os seguintes movimentos para os preços máximos atingidos até o final do ano com referência ao preço de fechamento médio no mês de julho de 2021: o barril de petróleo (Brent) passou de US$ 74 e atingiu a máxima de US$ 86 (+16%); o Japan Korea Marker (Platts JKM), referência para o gás natural, foi de US$ 13 para US$ 49/MMBTU (+276%); e o urânio escalou de US$ 32 para US$ 43 (+34%) para cada 250 libras da commodity, seguindo a agregação de contratos futuros da Chicago Mercantile Exchange (CME). Embora correções de preço tenham ocorrido em relação aos patamares máximos atingidos, o viés de alta permaneceu até a primeira quinzena de janeiro.
Fundo ICLN pode ser um rastreador global do progresso de se conciliar crescimento com pegada de carbono
Embora não haja uma commodity representativa da energia solar e eólica, o sentimento do mercado sobre essas renováveis emergentes pode ser verificado por outro instrumento financeiro, aqui sugerido: o iShares Global Clean Energy ETF (ICLN). O ICLN é um Exchange Traded Fund (ETF) listado na bolsa da Nasdaq, com cerca de US$ 5 bilhões de capitalização de mercado, cujo objetivo é refletir a performance do setor de energia limpa no mundo.
O fundo, criado em 2008, possui atualmente uma regionalização do capital, dividida em 50% nos EUA, 37 % na Europa, 10% na Ásia-Pacífico, 2% na América Latina e 1% na África e Oriente Médio. As 10 maiores empresas dentro da capitalização do ETF compõem cerca de 50% do fundo, com atividades nos segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, incluindo a produção de equipamentos com representatividade da fonte eólica e solar. Assim, em analogia ao ETF BOVA11 na bolsa brasileira, que busca atrair cotistas interessados em se expor ao índice Ibovespa e ao crescimento do mercado de capital aberto do país, o ICLN é um índice em potencial do setor de energia renovável no mundo.
A comparação de um ETF com commodities (petróleo, gás ou urânio) tem limitações, por se tratarem de classes de ativos diferentes. Simplificadamente, o primeiro trata-se de um agregado de empresas que performam economicamente (tem a meta de gerar caixa, valor, atrair investidores e recursos). São selecionadas semestralmente para compor o ETF pelo gestor, dentro de regras baseadas em um índice composto por ações globais do setor de energia limpa em termo de impactos ambientais, sociais e de governança. Já as commodities, respondem por si só, conforme a demanda e oferta do mercado pelo insumo básico.
Contudo, a aceleração ou desaceleração dos preços de ambas as classes no tempo é uma proposta de se interpretar a perspectiva de mercado sobre as fontes renováveis frente às fontes tradicionais, principalmente quando se carece de um preço para o sol ou vento.
Ao se observar a evolução desse ETF em 2021, houve uma desvalorização de US$ 33 a US$ 22 (-33%) no primeiro trimestre, seguido de estagnação das fontes renováveis (entre US$ 20 e US$ 25 de março a dezembro), durante a escalada citada das fontes tradicionais, mesmo no calor do discurso da COP26. Não obstante, vale ressaltar que o ICLN cresceu significativamente de US$ 8 a US$ 33 (+312%) em 2020, com maior força que a recuperação de 143% do preço do barril de petróleo (US$ 23 a US$ 56) após o choque de demanda provocado pela crise sanitária. Dessa maneira, as empresas representativas das fontes renováveis apresentaram crescimento significativo durante a retomada econômica. A evolução desses indicadores desde 2017 pode ser verificada na elaboração realizada pelo Instituto de Energia da PUC-Rio (www.iepuc.puc-rio.br/).
O mundo continua dependente do petróleo e fontes tradicionais, conforme os preços se mostram no passado e presente. Enquanto elas forem essenciais para a cadeia produtiva vigente, os eventos de recuperação econômica serão contrastados pela briga de oferta e demanda por esses insumos de matéria-prima ou energia. As renováveis vêm ganhando espaço, mas, enquanto houver dificuldades de gestão da intermitência, provavelmente o mundo continuará a priorizar as fontes que tragam segurança de suprimento, seja petróleo, gás ou mesmo urânio.
O discurso e a vontade de descarbonização das nações, pelo menos, se mostraram descorrelacionados da perspectiva do mercado em 2021. Mudanças no perfil das curvas no futuro podem demonstrar a retomada da atratividade dos empreendimentos e o progresso das políticas energéticas e ambientais. Uma eventual retomada de longo prazo do ICLN, frente principalmente ao petróleo, pode ser um rastreador global do progresso de se conciliar crescimento econômico-social com a pegada de carbono.
Outros ou novos ETFs com objetivos similares ao ICLN, mas restritos a ações em continentes ou regiões específicas, ou mesmo a segmentos de fontes de energia, poderiam contribuir para atrair investimentos e verificar a percepção do mercado localmente. O Brasil poderia se valer dessa proposta, através de um produto financeiro que incluísse suas principais empresas no setor de energia, transmissão e distribuição. É importante destacar que contamos com 3 das 4 empresas do continente no ICLN (as brasileiras Cemig, Eletrobras e Copel e a filial continental da Enel baseada no Chile), embora a participação das três empresas brasileiras juntas seja de 1,8% dentro da capitalização.
Um ETF brasileiro, sendo gerido dinamicamente conforme o sucesso de atuação e a transição energética realizados pelas companhias de capital aberto, poderia medir a performance do país ou da América Latina neste tema, frente ao restante do mundo.
Eloi F. y Fernández, Florian Pradelle e Sergio L. P. Castiñeiras Filho são do Instituto de Energia da PUC-Rio (IEPUC). Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Consultoria aponta que há um grande número de assuntos importantes e urgentes a serem discutidos em meio ao início da corrida eleitoral deste ano.
A agenda de assuntos que o setor elétrico tem a resolver que são classificados como importantes e urgentes, ou ambos ao mesmo tempo é extensa. A tendência é de que por conta das eleições no país as soluções para esse leque abrangente de questões dificilmente serão executadas. Segundo a consultoria PSR, essa situação indica que devem ser buscadas soluções, mesmo que sejam provisórias e simplificadas, sob pena de termos um setor elétrico com regras cada vez mais distantes da realidade do sistema, fazendo com ele seja uma fonte constante de crises e de emergências.
Essa avaliação consta da mais recente edição da publicação Energy Report, de janeiro. Segundo a consultoria, os assuntos elencados poderiam constituir o núcleo de uma agenda setorial para 2022.
“Praticamente todos podem ser qualificados como ‘modernização’, se entendermos este termo em um sentido mais amplo, indo além da simples reformulação do modelo comercial”, aponta a PSR. “Necessitamos, portanto, de uma agenda que resolva de forma pragmática nossas questões mais urgentes e importantes, desfazendo a certeza de que certos temas continuarão sendo adiados para o próximo ano, e permitindo uma evolução minimamente segura, eficiente e sustentável de nosso sistema elétrico”, afirma a consultoria.
Haja fôlego
E o leque é realmente extenso, a reportagem citará apenas alguns dos itens apontados e que já estão no noticiário do dia a dia. Inclusive, a PSR relata que os temas são os de sempre, lembrando que há discussões que datam da CP 33. Há assuntos que estão na pauta do setor desde 2017 como a reforma – ou modernização – do modelo comercial, classificado como alicerce da abertura de mercado. E ainda, a aderência dos modelos de operação do sistema e preços da energia à operação real do sistema e outros.
Na agenda legislativa estão os PLs de modernização, ambos na Câmara dos Deputados e que não avançaram naquela casa. Apesar disso, a PSR lembra que em 2021 essa agenda mudou, pois foram aprovados a privatização da Eletrobras com o que chamou de ‘reorientação da expansão da geração, na forma de licitação de empreendimentos a gás natural com indicações de localização e de participação compulsória de pequenas usinas centrais hidroelétricas em leilões de energia nova’. E ainda, a contratação compulsória da UTE Jorge Lacerda. Nesse ambiente, afirma a PSR, é necessário que o processo de modernização avance por conta da evolução do mercado.
Por sua vez, a agenda no MME a consultoria indica que “é essencial que o ministério e demais instituições do setor avancem nas medidas que possam ser adotadas de forma infralegal, e estejam preparados para que a transição para um novo modelo do setor seja implementada de forma ordenada”. Lembra da aprovação da lei 14.120 com o final da concessão de subsídio no uso do fio para usinas de fontes incentivadas. E ainda, do recente decreto 10.946 para a eólica offshore e da lei 14.300, o marco legal da geração distribuída. Mas cita que uma ação importante é a que trata das emissões de gases de efeito estufa, alvo da CP 118/2022.
Na esfera regulatória, destaque para o encerramento da Consulta Pública n° 62/2020, sobre o cálculo de Custos Operacionais Regulatórios, um item de bastante impacto sobre o resultado Ebitda das concessionárias. E ainda, há a previsão de discussões sobre a gestão dos contratos de distribuidoras, que se arrasta desde 2016, estudos associados aos Sandboxes Tarifários, que regulamentado pode ajudar a ordenar a abertura de mercado. Em geração, está prevista a discussão sobre despachos e estabelecimento de critérios para limitação e regulamentação do constrained-off, entre outros pontos referentes à transmissão e a assuntos como Resposta da Demanda, segurança do mercado e bandeiras tarifárias.
Na lista da PSR ainda constam entre os temas os leilões compulsórios de 8 GW de térmicas e de usinas hídricas que somam mais 2 GW, colocados na lei de privatização da Eletrobras, bem como a própria operação que visa vender o controla da estatal. E ainda, a revisão das garantias físicas das usinas hidrelétricas e a segurança de suprimento. Muito em linha com eventos como as mudanças climáticas e outros eventos mais previsíveis como o vencimento do Anexo C de Itaipu em 2023 e o que será feito dessa energia.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A lei que criou a Política Nacional de Mudança do Clima, em 2009, previu o desenvolvimento do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), um mecanismo de compensação financeira para quem instituísse projetos de redução ou remoção dos chamados gases do efeito estufa.
Agora, está pronto para ser votado no Plenário da Câmara, em regime de urgência, um projeto (PL 528/21) que propõe a regulamentação desse mercado. O incentivo econômico à conservação e proteção do meio ambiente se traduz em títulos, os créditos de carbono, que podem ser comprados ou vendidos. Cada crédito corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2).
A proposta, do deputado Marcelo Ramos, cria um Sistema Nacional de Registro, que vai concentrar informações sobre os projetos de remoção ou redução de gases e sobre as transações nacionais e internacionais com os créditos de carbono que têm origem no Brasil.
Também serão estabelecidos os parâmetros para a definição dos valores dos créditos de carbono, a partir de padrões de certificação. O projeto determina ainda a criação de um órgão que vai administrar o sistema de registro e propor metas de compensação ambiental que estejam de acordo com os tratados internacionais de combate às mudanças climáticas.
Nova versão
Uma nova versão do texto foi feita na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara, propondo a adesão voluntária aos programas de compensação ambiental nos primeiros dois anos. A partir daí, haveria uma fase até a adesão obrigatória. A implantação deste programa nacional obrigatório ficaria a cargo do Ministério da Economia, que teria um prazo de até cinco anos a partir da aprovação da lei.
O deputado Marcelo Ramos está otimista em relação à votação da proposta.
“Nós estamos trabalhando muito com os líderes e com o presidente Arthur Lira na perspectiva da aprovação do 528, da regulamentação do mercado brasileiro de carbono e eu acredito, sinceramente, que é muito possível a aprovação dessa matéria ainda nesse primeiro semestre de 2022”", observou.
Junto com o projeto que regulamenta o mercado brasileiro de carbono estão sendo examinados outras propostas, como a que cria um Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (PL 2148/15) e a que prevê a certificação de créditos de carbono para empreendimentos de geração de energia por fontes alternativas (PL 290/20). Por isso, foi aprovada a criação de uma comissão especial para examinar o conjunto de proposições, o que não impede a votação em Plenário.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Medidas estão sendo discutidas entre ministérios; responsabilidades podem ser passadas para os estados.
O governo federal estuda mudanças no processo de licenciamento ambiental no Brasil que podem retirar do Ibama uma série de atribuições, que seriam repassadas para órgãos estaduais. A medida pode afetar a liberação de alvarás para obras em todo o país.
A informação foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e confirmada pelo GLOBO. Segundo o documento obtido pelo jornal, obras de portos, hidrovias, acessos rodoviários, ramais ferroviários e de terminais de carga não dependeriam mais do licenciamento ambiental do Ibama.
Atualmente, o Ibama realiza a inspeção e liberação de licenciamentos ambientais em todo o país. Desde o início do seu governo, o presidente Jair Bolsonaro ataca o que enxerga como excesso de burocracia por parte do Ibama. Em diversas ocasiões, Bolsonaro reclamou das multas aplicadas pelo órgão e pela dificuldade na liberação de obras de infraestrutura em todo o país.
As discussões envolvem, além do Ibama, os ministérios da Economia, do Meio Ambiente e de Minas e Energia.
O processo de discussão ainda não foi finalizado e o texto segue sendo costurado pelos técnicos da pasta. O início dos debates entre as pastas ocorreu ainda no ano passado, quando um ofício do Ministério da Economia sugeriu mudanças para o Ministério do Meio Ambiente após pedidos da iniciativa privada.
Na ocasião, o Ministério da Economia fez uma série de sugestões ao Ministério do Meio Ambiente, levando a críticas de especialistas em relação às sugestões da pasta. Em nota publicada à época, entidades ligadas ao meio ambiente reagiram, na última quinta-feira, chamando as medidas de “pacote antiambiental”. Afirmaram que a lista encaminhada ao MMA denota “desconhecimento e descaso” em relação à legislação em vigor.
Fonte e Imagem: O Globo.
Uma pesquisa global da PwC com presidentes de companhias mostrou que as mudanças climáticas preocupam mais os executivos do setor de energia do que líderes de companhias de outros segmentos. Ao todo, 52% dos entrevistados que atuam na área de energia apontaram as alterações do clima como uma ameaça que pode afetar negativamente as empresas no próximo ano, enquanto essa é uma preocupação de 33% dos executivos no índice global.
Os resultados fazem parte da 25ª edição da Pesquisa Anual Global da PwC com presidentes de empresas. A pesquisa ouviu mais de 4.400 executivos, em 89 países. Cerca de 4% dos entrevistados atua em companhias brasileiras.
O sócio e líder da indústria de energia da PwC Brasil, Ronaldo Valiño, destaca que entre os líderes de companhias brasileiras, houve uma preocupação ainda maior do que a média global com os riscos associados às mudanças do clima.
“Talvez isso ocorra por causa da crise hídrica. Em 2021, a economia brasileira teve um aumento de custos com a questão hídrica. É um tema que não acabou com a virada do ano”, disse Valiño.
No ano passado o Brasil viveu a pior estiagem em 91 anos, o que afetou a geração de eletricidade nas hidrelétricas e levou a necessidade de acionamento de usinas térmicas, mais caras.
Outras ameaças que preocupam os líderes de empresas são os riscos cibernéticos, apontados por 52% dos executivos do setor de energia como uma ameaça, e os riscos à saúde dos empregados, questão citada por 39% dos entrevistados. Segundo Valiño, executivos brasileiros também mostraram uma crescente preocupação com a questão da desigualdade social.
Ele lembrou que atualmente a agenda dos CEOs passou a incluir mais temas ligados a questões de médio a longo prazo do que no passado.
“O lucro, o resultado, o dividendo, não deixam de ser uma preocupação, mas não é são mais o único objetivo, é preciso ter uma agenda mais robusta, que envolve satisfação do cliente, funcionários, digitalização, a preocupação ambiental e do clima. Vemos maior preocupação com temas operacionais e questões que impactam a empresa a longo prazo, como qualidade de vida, saúde, proteção dos empregados”, afirma.
Nesse sentido, segundo Valiño, líderes brasileiros do setor de energia também demonstraram maior atenção ao cliente final, dada a tendência de abertura do mercado livre de energia elétrica, com a possibilidade de que os consumidores possam escolher os próprios fornecedores de eletricidade.
Globalmente, a pesquisa também mostrou que os CEOs do setor de energia são mais otimistas do que a média total em relação ao crescimento da economia mundial. Ao todo, 89% dos líderes da área de energia esperam crescimento global e 4% acreditam em estabilidade, enquanto a média geral com executivos de outros setores aponta que 80% acreditam no crescimento da economia mundial e outros 9% preveem estabilidade.
“Os CEOs de empresas de energia estão um pouco mais otimistas do que a média global. Talvez seja porque toda a matriz de energia está sendo revista, isso traz um otimismo para novos investimentos e negócios”, comenta Valiño.
Fonte: Valor Econômico
Imagem: Jornal da USP.
O enquadramento de projetos de energia elétrica no REIDI em 2021 foi o maior desde 2013. O REIDI incentiva projetos de infraestrutura de longo prazo.
O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou, em 2021, por meio da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético (SPE), 427 projetos de energia elétrica no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI), sendo 340 projetos de geração e 87 projetos de transmissão. Esses projetos totalizam R$ 72,11 bilhões em investimentos.
O enquadramento de projetos de energia elétrica no REIDI em 2021 foi o maior desde 2013, superando o recorde anterior de 2020, com 374 projetos enquadrados e investimentos de R$ 53,907 bilhões.
O REIDI é uma política pública que busca incentivar diretamente as empresas que tenham projetos aprovados para implantação de obras de infraestrutura nos setores de transportes, portos, energia, saneamento básico e irrigação, pois esses investimentos exigem prazos mais longos de implantação e funcionamento.
O enquadramento desses projetos no REIDI beneficia toda a sociedade, por promover a modicidade de tarifas e preços de energia elétrica, contribuindo com o desenvolvimento econômico e social do país.
Essa política suspende a contribuição para o Programa de Integração Social, o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) nas aquisições, locações e importações de bens e nos serviços, vinculadas ao projeto de infraestrutura aprovado, realizadas no período de cinco anos contados da data da habilitação de pessoa jurídica, titular do projeto, na Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Nesses enquadramentos estão os projetos de geração de energia elétrica no Ambiente de Contratação Regulado e no Ambiente de Contratação Livre. Também estão incluídos projetos de transmissão de energia elétrica oriundos de leilões ou de reforços e melhorias autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Fonte e Imagem: MME
Cálculo considera gasto com medidas emergenciais para evitar apagões e com o programa racionamento compulsório do consumo à população.
A crise hídrica de 2021 custou R$ 28 bilhões ao país, informou ontem a secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, ao participar de evento do Credit Suisse. Segundo ele, o cálculo considerando o custo de medidas emergenciais para evitar o pior: apagões (cortes de carga no sistema) e programa racionamento compulsório do consumo à população, como em 2001 e 2002.
“Como usamos todos os recursos disponíveis, isso se traduziu no aumento do preço da energia”, disse a secretária por videoconferência. Ela destacou que o “apagão” de 2001, como ficou conhecida a crise energética no fim do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique, custou R$ 126 bilhões ao país, com impacto negativo de 3 pontos percentuais sobre o PIB.
“Se não confiávamos nos nossos instrumentos, imagine o ônus que a gente ia enfrentar”, pontuou a secretária no “2022 Latin America Investment Conference”. A técnica do governo, que atua no ministério desde a gestão do governo do PT, reconheceu que o custo da crise hídrica gerou déficits que ainda estão sendo “carregados” pelas distribuidoras. A solução para isso, segundo ela, virá do empréstimo bilionário com bancos públicos e privados.
Ontem, a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indicou que a operação de crédito de socorro ao setor poderá chegar a R$ 10,8 bilhões. O colegiado aprovou, em reunião extraordinária, a consulta pública, com o prazo de dez dias, para discutir as bases da negociação do empréstimo com os bancos.
A agência sinalizou que poderão ser liberadas duas tranches, a primeira de R$ 5,6 bilhões e a segunda de R$ 5,2 bilhões.
A operação de crédito foi proposta pelo governo por meio da Medida Provisória 1.078/21, já regulamenta por decreto. Os recursos serão usados para cobrir despesas com da crise hídrica e, ao mesmo tempo, atenuar o aumento das contas de luz neste ano. Este efeito tarifário será diluído nos anos seguintes, a partir de 2023, no prazo de amortização.
Durante a reunião da diretoria, o segmento de distribuição de energia registrou que amargava em janeiro um déficit de R$ 20 bilhões no caixa. “São despesas que não integram o negócio das distribuidoras que funcionam apenas como arrecadadoras de recursos, em relação a estes itens”, disse o diretor regulatório da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) e ex-procurador geral da Aneel, Ricardo Brandão.
A primeira parte do empréstimo cobrirá o saldo negativo das bandeiras tarifárias que não arrecadaram o suficiente (R$ 1,5 bilhão), o custo do bônus aos consumidores que economizaram energia (R$ 1,7 bilhão), a postergação cobranças pelas distribuidoras (R$ 1,6 bilhão) e a importação de energia (R$ 800 milhões).
A segunda tranche, de R$ 5,2 bilhões, deverá pagar o custo da contratação emergencial de energia, por meio do procedimento simplificado (o PCS), na parcela que recai sobre o consumidor das distribuidoras. Ontem, Marisete informou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já negocia as condições do empréstimo com um pool de bancos públicos e privados.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Apenas termelétricas com valor de até R$ 600 por megawatt-hora serão utilizadas; comitê também reduziu a quantidade de energia que poderá ser contratada das usinas.
Com a melhora nos reservatórios, o governo decidiu impor novos limites na geração de termelétricas e na importação de energia. Ao longo do ano passado, todas as usinas, até mesmo as mais caras, foram usadas para atender a demanda e evitar falhas no fornecimento de energia. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, as mudanças na política de operação do setor devem se traduzir na redução dos custos percebidos pelos consumidores, que enfrentaram sucessivos aumentos na conta de luz nos últimos meses.
As mudanças foram definidas em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) nesta quarta-feira, 2. O colegiado é vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME) e presidido pelo ministro Bento Albuquerque.
A partir de agora, só poderão ser contratadas termelétricas com Custo Variável Unitário (CVU) de até R$ 600 por megawatt-hora (MWh). Em janeiro o governo já havia reduzido o valor das térmicas que poderiam ser acionadas até R$ 1.000/MWh. O CVU corresponde ao custo da operação das usinas térmicas quando são chamadas para gerar energia. O cenário é bem distante do que foi visto em 2021, quando usinas com CVU superior a R$ 2.000/MWh foram ligadas para garantir o abastecimento.
O CMSE também voltou a reduzir a quantidade de energia que poderá ser contratada de térmicas e importada de países vizinhos. A partir de agora, o montante não poderá ultrapassar 10 mil megawatts médios (MWmédios). Em dezembro, a geração de energia por esta fonte e a importação de países vizinhos já haviam sido restritas a 15 mil megawatts médios.
“Diante dos resultados apresentados, considerando a continuidade da recuperação dos armazenamentos de relevantes reservatórios de usinas hidrelétricas, o atendimento aos usos múltiplos da água e as incertezas intrínsecas associadas à evolução da estação chuvosa em 2022, o CMSE manifestou-se pela redução da intensidade das medidas excepcionais para o atendimento à carga e a garantia do atendimento em 2022, cuja aplicação continuará a ser reavaliada periodicamente, em reuniões técnicas”, esclareceu a pasta em nota divulgada após a reunião.
Durante a reunião, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que em janeiro houve uma melhora na quantidade de água que chega aos reservatórios, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste - considerada a “caixa d’água” do sistema elétrico. De acordo com os dados, a carga do Sistema Interligado Nacional (SIN) apresentou uma variação de 2,1% em relação ao mês anterior e uma queda de 0,7% se comparada a janeiro de 2021.
“Nesse contexto e com o plano de recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas, o volume do reservatório equivalente do SIN atingiu 49,4% ao final do mês de janeiro, 5,1 p.p. acima do previsto na reunião do CMSE de janeiro”, informou a pasta citando o reservatório de Furnas, localizado em Minas Gerais. Segundo o governo, a melhora nas condições permitiu o pleno uso da água para outras atividades além da geração de energia elétrica, como o turismo.
Além disso, foi indicada uma melhora na perspectiva de Energia Natural Afluente (ENA), que representa a quantidade de água recebida pelas usinas hidrelétricas que pode ser transformada em energia. “Para fevereiro de 2022, há a expectativa de um acréscimo de 4,5% na carga de energia elétrica em relação a janeiro de 2022. Já o armazenamento do SIN ao final de fevereiro deve se situar entre 55,2% e 60,6%, acima dos 38,3% verificados ao final de fevereiro de 2021.”
Fonte: Estadão.
Imagem: CNN Brasil.
Agência de classificação de risco avalia que peso e relevância das empresas para as finanças dos governos da região são os pontos mais importantes.
A agência de classificação de risco Fitch Ratings avalia que políticas energéticas da América Latina são vulneráveis ??a uma maior influência da política ao ponto de afetar as tendências de crédito em todo o setor. A análise toma como pano de fundo as mudanças propostas pelo novo presidente do Peru e possíveis trocas de liderança após as eleições presidenciais deste ano na Colômbia e aqui no Brasil.
Esse peso da atuação política sobre o setor energético deve-se à relevância financeira que os royalties e impostos desse segmento tem para a receita geral dos governos na região. No Brasil, a Fitch estima que a Petrobras pagará cerca de US$ 65 bilhões a US$ 70 bilhões em dividendos entre 2022 e 2026, metade dos quais iria para o governo.
Segundo a Fitch, as mudanças regulatórias que afetam negativamente as operações das empresas e o fluxo de caixa devem ser mitigadas pelos altos preços do petróleo que impulsionaram a produção em 2021 e pelos melhores balanços das companhias.
No Brasil, aponta a agência, a política energética está se tornando uma parte fundamental da retórica da campanha que antecede as eleições de outubro, com o ex-presidente e potencial candidato Luiz Inácio Lula da Silva indicando que fará mudanças nas políticas de preços da Petrobras.
E acrescenta que as mudanças afetariam a Petrobras que tem rating BB–/Negativo. Os ratings e Perspectivas da empresa refletem sua vinculação soberana, já que a Perspectiva do Rating do Brasil é Negativa. Além disso, o Perfil de Crédito Autônomo (SCP) da Petrobras de ‘bbb’ reflete sua forte estrutura de capital, produção crescente e dívida em declínio.
“A interferência política pode afetar adversamente a geração de fluxo de caixa da empresa e a SCP”, aponta a Fitch.
Em geral, a agência afirmou esperar que a alavancagem do setor “permaneça bastante estável em 2022, apesar do aumento do risco político, após cair em 2021, uma vez que a dívida permanece relativamente estável e o fluxo de caixa é suportado pelo aumento da produção de petróleo e preços que excedem os custos médios de ciclo completo para a carteira de USD 38 por barril de óleo equivalente”.
E ainda que as empresas na América Latina estão preparadas para realizar fluxos de caixa saudáveis, ao aplicar o preço do petróleo Brent assumido pela Fitch de US$ 70/barril em 2022, US$ 60/barril em 2023 e, em seguida, uma média anual de longo prazo de US$ 53/barril.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Em um ano de recorde de desmatamento na Amazônia e pressão internacional para conter a destruição da floresta, o governo Jair Bolsonaro (PL) usou somente 41% do orçamento disponível para fiscalização —e as multas chegaram ao menor nível em duas décadas.
Os dados fazem parte do relatório "A Conta Chegou", do Observatório do Clima, rede com dezenas de organizações da sociedade civil, lançado na manhã desta terça-feira (1º). O documento analisa e relembra a política ambiental no ano de 2021 sob Bolsonaro.
Com um orçamento disponível de R$ 219,4 milhões para uso em ações de fiscalização, somente R$ 88,9 milhões haviam sido usados até o fim de 2021, segundo o Observatório do Clima. O restante foi reservado para gastos ao longo de 2022.
"Isso indica que o planejamento feito pelo Ibama para realizar operações em todo o país não foi cumprido integralmente. Nos três anos anteriores à gestão Bolsonaro, a liquidação do orçamento destinado à fiscalização variou de 86% a 92%", explica a entidade.
O documento também aponta que, durante a cúpula do clima convocada, em abril do ano passado, por Joe Biden, presidente dos EUA, Bolsonaro, já pressionado pelos consecutivos anos de aumento e taxas elevadas de desmate, comprometeu-se a ampliar os recursos de fiscalização ambiental.
Em seguida, porém, o presidente cortou verbas para o Ministério do Meio Ambiente, depois recompostas por um projeto de lei.
Enquanto isso, o desmatamento na Amazônia alcançou o maior registro desde 2006. Foram derrubados mais de 13 mil km² de floresta, aumento de cerca de 22% em relação a 2020. Em 2006, o valor era superior a 14 mil km².
Os dados são calculados pelo programa Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), sempre de agosto de um ano até julho do ano seguinte.
Apesar dos aumentos constantes na destruição, somente 2.534 autos de infração foram aplicados de agosto de 2020 a julho de 2021 (mesmo período em que o desmatamento é calculado), uma redução de 40% em comparação ao mesmo período do ano anterior ao governo Bolsonaro, aponta o Observatório.
"Paramos de ter grandes problemas com a questão ambiental. Em especial no tocante à multa", afirmou Bolsonaro, em 17 de janeiro, durante um evento do agronegócio.
Ainda sobre o desmatamento, a entidade destaca o avanço da destruição da floresta no estado do Amazonas.
"A Amazônia está entregue ao crime e não há motivos para achar que os criminosos agirão com temperança em 2022, ano eleitoral. Isso é particularmente problemático nos territórios indígenas, alvos preferenciais do Presidente da República", afirma o Observatório do Clima.
No relatório, a entidade afirma ainda que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), "fez as bombas socioambientais avançarem".
Segundo o Observatório, projetos problemáticos só não avançaram por mobilização da sociedade civil e da oposição. "Em 2022 será preciso muito mais atenção sobre o Congresso", completa o documento.
O Observatório do Clima cita como digno de atenção o PL (projeto de lei) 3.729, que altera o licenciamento ambiental. Ele foi aprovado na Câmara, em 2021, e está para ser votado no Senado. Também cita o PL 2.633, visto pela entidade como uma anistia à grilagem.
Para o grupo, uma prévia do que pode acontecer em 2022 foi a aprovação em dezembro. no Congresso, da flexibilização das regras de proteção de margens de rios em áreas urbanas, ato criticado por especialistas. O projeto foi sancionado pelo presidente.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Um estudo realizado pela consultoria americana McKinsey aponta que o custo global para realizar a transição para uma matriz energética limpa até 2050 é de 275 trilhões de dólares, ou 9,2 trilhões de dólares anuais. O relatório “Transição Net Zero” avaliou os setores que produzem 85% das emissões totais de gases de efeito estufa de 69 países, incluindo o Brasil, e é considerado pelos especialistas do tema o estudo mais completo realizado até hoje.
“Não investir esses 9 trilhões de dólares pode ter um custo de três a quatro vezes maior para a nossa sociedade lidar com o aumento dos eventos climáticos extremos causados pelo aquecimento do planeta. As pessoas falam que a transição custa caro, mas não fazê-la é mais caro ainda”, diz Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
O montante a ser investido seria direcionado para sistemas de energia e ocupação do solo, de maneira que abrangesse setores como a indústria, mobilidade, construções, agricultura, silvicultura e outros usos do solo, além de resíduos. Em relação ao que já é investido hoje, o aumento seria de 3,5 trilhões de dólares por ano. Ainda que a transição fosse realizada, o seu efeito sobre as mudanças climáticas seria apenas o de estabilizar o aumento da temperatura do planeta em 1,5ºC, considerado inevitável diante dos atuais níveis de emissões de gases de efeito estufa.
Brasil
No relatório, o Brasil foi colocado no grupo de países que realizam um uso intensivo da terra, ao lado da Argentina, Bolívia, Chila, Colônia, Costa Rica e Equador, nos quais a agricultura e o setor florestal representam mais de 5% do PIB, mais de 10% dos empregos e mais de 5% do estoque de capital.
De acordo com o documento, para a transição energética ocorrer nessas nações seria necessário equilibrar o uso do solo com a proteção da floresta por meio de apoio a comunidades que dependem destes meios para subsistir. Além disso, o potencial dos recursos naturais de países como o Brasil permitem um maior desenvolvimento de fontes de energia renovável, maior disponibilidade de minerais importantes para a produção de energia limpa e de projetos ligados a manejo e reconstrução de florestas que geram créditos de carbono e contribuem para a neutralização do uso de combustíveis fósseis.
Mudança no mercado de trabalho
O cálculo estima que os setores ligados à alta emissão de gás carbônico, responsáveis por aproximadamente 20% do PIB mundial, seriam profundamente afetados e 185 milhões de empregos diretos e indiretos em todo o mundo seriam perdidos, principalmente de setores ligados a combustíveis fósseis, como indústrias de carvão, petróleo e gás. Por outro lado, cerca de 200 milhões de postos de trabalho seriam criados em setores relacionados à energia limpa, o que proporcionaria um saldo de 15 milhões de empregos criados.
Fonte e Imagem: Veja
Ministro ressaltou o crescimento das energias solar e eólica e que, nos últimos três anos, receberam investimentos de R$ 30 bilhões.
O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, se mostrou otimista quanto à segurança do setor elétrico em 2022 em função das chuvas ocorridas em janeiro e das medidas adotadas pelos agentes do setor ao longo de 2021. Em entrevista ao programa Brasil em Pauta, da TV Brasil, o ministro destacou que os níveis de armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas em dezembro de 2021 foram 8% melhores que em 2020.
O ministro abordou sobre os mais diversos temas que envolvem as ações do Ministério de Minas e Energia (MME). Bento Albuquerque falou sobre o desafio da maior crise hídrica dos últimos 90 anos no País, sobre a participação do Brasil na Cúpula sobre Mudanças Climáticas, em Glasgow, Escócia, o crescimento das energias solar e eólica, a elevação do preço dos combustíveis, os leilões de petróleo e gás realizados e sobre o Plano de Expansão Decenal de Energia (PDE) de 2031, entre outros assuntos.
Questionado sobre a bandeira de escassez hídrica, o ministro acredita que ela não será mais necessária a partir de abril próximo. Sobre o preço dos combustíveis, garantiu que o governo vem mantendo diálogos permanentes com diversos setores, com o Congresso Nacional, inclusive, em busca de mecanismos para que o preço não venha a afetar as atividades socioeconômicas do País, principalmente os mais vulneráveis.
Em relação à Cúpula sobre Mudanças Climáticas em Glasgow, na Escócia, Bento Albuquerque lembrou que o Brasil é uma referência mundial. “O que a maioria dos países quer alcançar em 2050, nós já somos hoje. Saímos de lá com novos parceiros e estabelecemos cooperação com diversos países e agentes internacionais”, completou.
Na entrevista, Bento Albuquerque ressaltou o crescimento da energia solar e da energia eólica, no Nordeste principalmente. Esses segmentos receberam investimentos da ordem de R$ 30 bilhões, nos últimos 3 anos, com expectativa de que até 2030 serão investidos de R$ 95 a 100 bilhões.
“O planejamento é fundamental para a segurança energética de qualquer país. O nosso Plano de Expansão Decenal de Energia (PDE) de 2031 está em consulta pública, aberta à participação da sociedade, que pode conhecer o que estamos planejando. Todos poderão dar a sua contribuição com vistas à tão relevante segurança do nosso sistema energético brasileiro”, destacou o ministro.
Segundo Albuquerque, a viagem oficial do Presidente Jair Bolsonaro à Rússia, neste mês de fevereiro, uma das maiores potências de petróleo e gás natural do mundo, está trazendo otimismo e perspectivas de grandes avanços para os dois países.
Fonte e Imagem: Por MME
PL 528/2021, em tramitação na Câmara, é mais recente tentativa de regulamentar o mercado de carbono brasileiro.
Com as regras do mercado de carbono ainda em construção, seja no plano internacional no âmbito das Conferências do Clima (COPs), seja no Brasil, não há um entendimento fechado sobre a natureza jurídica do crédito de carbono e sua governança. De qualquer forma, podemos adiantar alguns pontos e nossa opinião sobre o tema.
Em 2009, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) manifestou-se a respeito e, naquela época, concluiu que o crédito de carbono não seria um valor mobiliário a ser submetido ao seu regime (decisão do Colegiado, de 7 de julho de 2009).
Apesar disso, no final do mesmo ano, foi publicada a Lei 12.187/2009, que instituiu a Política Nacional de Mudanças Climáticas e dispôs que o mercado de carbono brasileiro formal seria operacionalizado em “bolsas de mercadorias e futuros, bolsas de valores e entidades de balcão organizado, autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), onde se daria a negociação de títulos mobiliários representativos de emissões de gases de efeito estufa evitadas certificadas” (artigo 9º).
Em paralelo, tramitavam os Projetos de Lei 594/2007 e 33/2008, que tentaram consolidar o crédito de carbono como valor mobiliário, submetendo-os ao regulamento da CVM, mas estes foram arquivados em 2014 e 2015, sob o principal argumento de que esse regime resultaria em custos adicionais desnecessários para o mercado de carbono.
De lá para cá, muito se tem discutido, sendo a bola da vez o PL 528/2021, que novamente tenta regulamentar o mercado de carbono brasileiro formal.
O projeto, de autoria do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), pretende alterar o artigo 9º da Política Nacional (transcrito acima), prevendo um novo Sistema Nacional de Registro de Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SNRI-GEE) com a função de registrar os projetos de crédito de carbono e assegurar a credibilidade das transações com estes ativos; e este SNRI-GEE seria administrado pelo novo Instituto Nacional de Registro de Dados Climáticos (INRDC) e fiscalizado/regulado pelo Ministério da Economia.
Nesta linha, o conceito de crédito de carbono trazido pelo projeto de lei é apenas de “título de direito sobre bem intangível, incorpóreo, transacionável, fungível e representativo de redução ou remoção de uma tonelada de carbono equivalente” (artigo 2º, II).
Em tese, o PL 528/2021 está tramitando em regime de urgência desde novembro do ano passado, mas sem novidades até agora. Sabemos apenas que há uma resistência do Ministério do Meio Ambiente e da presidência do Banco Central quanto ao regime proposto e que também se discute a possibilidade de o órgão regulador ser a própria pasta do Meio Ambiente ou uma agência reguladora a ser criada. Também não podemos descartar uma futura nova posição da CVM a respeito do tema, o que poderia mudar esse cenário.
Visto isso, nosso entendimento é de que, por ora, o crédito de carbono é um ativo não regulado por uma governança formal, mas, ainda assim, já transacionável entre partes no mercado voluntário – mercado este que tem se aperfeiçoado e crescido também no Brasil com inúmeros entes elaborando projetos e parcerias para geração de crédito de carbono, pensando, inclusive, no futuro mercado.
Fonte: Portal Jota.
Imagem: Jornal Cruzeiro do Sul.
O Congresso Nacional retoma suas atividades nesta semana, com uma agenda cheia de pautas para votação voltadas para o setor de energia. A MegaWhat elencou os principais destaques, utilizando informações das Agências Câmara e Senado Notícias, para os projetos que integram a agenda do Congresso na volta do recesso.
Medidas provisórias:
Com prazo de votação até maio, a MP 1078/21 estabelece as condições para um novo empréstimo para o setor elétrico cobrir os prejuízos com crise hídrica. O empréstimo foi regulamentado pelo decreto 10.939, publicado em 14 de janeiro, instituindo a criação da “Conta Escassez Hídrica”, com o objetivo de cobrir o déficit da Conta Bandeiras.
A medida ainda será analisada agora pelos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Segundo o Executivo, a MP pode atenuar a queda de arrecadação das distribuidoras com as tarifas de energia elétrica e o aumento das despesas com a geração de energia pelas usinas.
Outra medida, a MP 1066/21, também trouxe estímulos ao setor, mas pode não ser votada porque, na prática, já surtiu efeitos na publicação. O texto permitiu que o recolhimento do PIS/Pasep, da Cofins e de contribuições previdenciárias referentes aos meses de agosto, setembro e outubro fosse feito apenas em dezembro, sem multa por atraso.
Já a MP 1069/21, que trata da comercialização de combustíveis por revendedor varejista, com prazo de vigência até 20 de fevereiro, pode não ser votada a tempo. Trechos da medida foram incorporados à MP 1063/21 já transformada na Lei 14.292/22, que autorizou postos de combustíveis a comprar álcool combustível (etanol hidratado) diretamente de produtores e importadores.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), criticou em janeiro deste ano o posicionamento de governadores que cobraram soluções para segurar a alta do preço dos combustíveis. Ele reforçou que a Casa aprovou, um projeto que estabelece valor fixo para a cobrança de ICMS sobre combustíveis (Projeto de Lei Complementar 11/20).
Marco legal da GD
O presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou em 7 de janeiro, com vetos, a Lei 14.300, que estabelece o marco legal da microgeração e minigeração distribuída. Com isso, os vetos serão analisados pelo Congresso Nacional, em sessão a ser marcada. Para serem derrubados, são necessários pelos menos 257 votos de deputados e 41 votos de senadores.
Modernização do setor
No Senado Federal, está na pauta a aprovação do projeto de lei 1917/2015, sobre a abertura do mercado livre de energia num prazo de seis anos. O texto foi aprovado em caráter conclusivo pela Comissão Especial de Portabilidade da Conta de Luz da Câmara dos Deputados.
Em sentido inverso, a Câmara dos Deputados tem em sua pauta o PL 414/2021, que também trata da abertura do mercado de energia, porém de forma mais ampla e com muitas outras questões relativas à modernização do setor. O texto já foi aprovado no Senado, mas ainda precisa ser apreciado pelos deputados. Com a aprovação do PL 1.917/2015, há uma probabilidade de que este avance mais rapidamente do que o PL 414/2021.
Também na pauta:
Tramita no Senado Federal o projeto de lei 5.325/2019, que limita a inclusão das despesas não técnicas na conta de energia elétrica. O texto, do senador Zequinha Marinho (PSC-PA), já recebeu parecer favorável do relator, senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR).
Tanto o autor, quanto o relator, avaliam que o consumidor não pode ser penalizado por possíveis desvios de energia. Se aprovado comissão e não houver recurso para o plenário, a proposta seguirá direto para a análise da Câmara dos Deputados.
Atualmente, esses custos que são decorrentes de furtos de energia ou erros nos processos de medição e faturamento representam, em média, 2,9% das receitas das distribuidoras. Na região Norte, esse percentual chega a 10,7%.
A Comissão de Infraestrutura também tem em sua pauta a votação do PLS 302/2018, que estabelece estímulos para a produção de biogás, biometano e energia elétrica a partir do aproveitamento de resíduos sólidos em aterros sanitários. O relator, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), já apresentou parecer favorável à matéria, de autoria do ex-senador Hélio José.
O projeto altera a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos para incluir a elaboração e a execução de projetos de aterros sanitários que contemplem a geração de energia elétrica entre as iniciativas que podem ser atendidas por medidas indutoras e linhas de financiamento do poder público. Além disso, permite que empresas dedicadas a gerar energia a partir do aproveitamento dos resíduos sólidos em aterros sanitários possam receber incentivos fiscais, financeiros ou creditícios da União, do estado ou do município.
Relatado pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), o PLP 275/2019 que regula a passagem de linhas de transmissão de energia elétrica por terras indígenas já foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos (CDH) e, se aprovado na CI, seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Outros dois projetos que serão apreciados pelo Senado Federal já possuem parecer de rejeição pelos seus relatores: o PLS 277/2015, que permite a geração de energia elétrica pelas concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviço público de distribuição de energia, e o PLS 310/2018, que prevê que empresas de energia elétrica ou telecomunicações que compartilham postes ou dutos com outras companhias devem ser obrigadas a pagar por isso às prefeituras do local onde operam.
Fonte e Imagem: MegaWhat.
Apesar de obstáculos no caminho, transição para economia de “carbono zero” é vantajosa, indica consultoria.
O processo de descarbonização da economia global deve custar, até 2050, aproximadamente US$ 275 trilhões, o que representaria, em média US$ 9,2 trilhões por ano, segundo um estudo da consultoria McKinsey que o Valor teve acesso e será divulgado hoje. Isso exigiria um aumento de US$ 3,5 trilhões em comparação aos valores investidos atualmente a cada ano em todo o mundo.
O custo é alto, segundo aponta o relatório, e não há garantia de que será possível evitar impactos significativos das mudanças climáticas mesmo que todos os compromissos firmados pelas nações sejam cumpridos. Contudo, existe a percepção de que a transição já se tornou inevitável e o Brasil pode ser um dos grandes beneficiados.
“A descarbonização se tornou uma realidade. Não tem um ser relevante que não está fazendo os seus planos ou que já não assumiu compromissos. E hoje já há incentivos financeiros para tal”, disse o sócio e líder de sustentabilidade da McKinsey no Brasil, Henrique Ceotto. Ele cita o incipiente mercado de precificação de carbono, mais avançado em lugares como a Califórnia, nos EUA, e na Europa, os compromissos assumidos por nações economicamente influentes como a China e o perfil dos consumidores.
“Entre as gerações mais velhas, a chance de boicotarem uma marca em razão de temas ambientais é relativamente baixa, menos de 30%. Mas, se você perguntar a mesma coisa para um millennial, esse número sobe para 75%. São as pessoas que já estão com 30 anos e durante a próxima década serão a grande máquina de consumo do mundo”, afirma Ceotto.
O relatório da McKinsey indica que é improvável que se consiga evitar que a temperatura do planeta fique controlada em apenas 1,5°C acima do período pré-industrial, mas Ceotto destaca que é plausível chegar à neutralidade do carbono até 2050 e estabilizar o clima. Países como Brasil e Índia, por exemplo, devem se dedicar à agenda inclusive por proteção, já que estarão expostos a um calor que pode impedir até mesmo a atividade produtiva a céu aberto em boa parte do ano, caso os piores cenários não sejam evitados.
O estudo, que avaliou os impactos da transição para uma economia “carbono zero” em 69 países, estima que o processo deve destruir aproximadamente 185 milhões de postos de trabalho. Produtores de combustíveis fósseis serão os mais impactados. A consultoria projeta que o uso de carvão para energia estará praticamente extinto em 2050 e os volumes de petróleo e gás diminuirão entre 55% e 70% até lá. Os custos de energia devem aumentar num primeiro momento, antes de caírem em meio à consolidação das fontes renováveis.
Por outro lado, a transição deve gerar 200 milhões de empregos globalmente, segundo o estudo, deixando um saldo positivo de 15 milhões de empregos.
Ceotto comenta que é difícil saber se o processo, que representa uma transformação na importância dos recursos naturais que movimentam o mundo, será colaborativo e pacífico ou se será competitivo e exploratório. Porém, destaca que as sinalizações, vindas principalmente das Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COPs), fazem acreditar que os líderes mundiais estão dispostos a conduzir a descarbonização com negociações cooperativas.
Nesse sentido, Brasil e países como Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia e Equador devem ser naturalmente beneficiados. “A América Latina tem um potencial gigantesco porque já temos uma participação importante de produção de energia limpa”, declarou o líder de sustentabilidade da McKinsey.
Já países mais pobres, como os da África subsaariana, e os dependentes de combustíveis fósseis estão mais expostos. Entre os países desenvolvidos, o relatório aponta que os efeitos podem ser desiguais. No Estados Unidos, por exemplo, Estados como a Califórnia se beneficiam, mas há ao menos 44 condados (“countys”) no país onde as principais atividades econômicas estão baseadas na extração e refino de combustíveis fósseis e fabricação de automóveis.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Ibama analisa 36 processos com proposta de instalação de aerogeradores espalhados pelo litoral do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Ceará.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) identificou mais de 80 gigawatts (GW) de projetos de geração de energia eólica offshore (alto-mar) que estão em processo de licenciamento ambiental.
Neste novo balanço, o órgão elaborou um mapa que aponta a localização dos projetos na costa brasileira. No total, o Ibama analisa 36 processos com proposta de instalação de aerogeradores espalhados pelo litoral do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Ceará.
Segundo dados do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), no final de 2020, o mundo somava 35,3 GW em operação. O total de projetos no Ibama é mais do que duas vezes maior.
No último levantamento, feito em agosto de 2021, o órgão identificou 23 projetos que totalizaram 46 GW. O salto de projetos aconteceu em janeiro de 2022 e reflete a expectativa do mercado sobre o decreto 10.946/2022 do governo federal com as principais diretrizes para os projetos eólicos.
Na analise da presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, a quantidade de projetos de eólica offshore em análise no Ibama reflete o interesse do investidor e o potencial que o Brasil tem com os ventos marítimos.
“Importante mencionar ainda que o recente decreto oferece uma base de segurança para que mais investidores comecem a apresentar seus projetos. Além disso, nosso histórico de sucesso da eólica onshore [terrestre] é um ponto importante, porque é um reflexo da nossa sólida indústria, da nossa capacidade de debate técnico, regras claras e também opções de financiamento", diz Gannoum.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Setor espera crescimento ainda maior em 2022, com R$ 50 bilhões injetados na economia brasileira e 350 mil novos postos de trabalho.
O Brasil ultrapassou a marca de 1 milhão de consumidores com a própria geração de energia de fonte solar.
Mesmo com a marca inédita, o setor espera um crescimento ainda maior esse ano, com a possibilidade de injetar R$ 50 bilhões na economia do país e gerar 350 mil postos de trabalho.
“Esperamos que 2022 seja o melhor ano para a energia solar no Brasil. Isso porque as tarifas continuam subindo, o custo da tecnologia está caindo e existe uma janela de oportunidade de um ano para as pessoas instalarem seus sistemas e garantirem a aplicação da regra vigente até 2045”, afirmou Guilherme Susteras, coordenador da Absolar – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovotaica.
Vale ressaltar que o prazo de 2045 consta em uma lei sancionada no começo de janeiro pelo presidente Bolsonaro, que constitui o Marco Legal da micro e minigeração de energia, modalidades que permitem ao consumidor produzir a própria fonte de energia a partir de fontes renováveis.
No entanto, apesar do crescimento, a energia solar ainda está bem distante de outros tipos produzidos no Brasil. O total de 1 milhão de consumidores com energia própria do sol representa apenas 1% de todos os consumidores de energia elétrica no país.
“Apesar do crescimento recente nos últimos anos, nós ainda temos muito a conquistar, tendo em vista que, sozinha, em tese, a geração solar poderia suprir todas as demandas em termos de geração de energia elétrica no país”, disse Pedro Côrtes, professor do Instituto Energia Ambiente da USP.
No Brasil, o setor público é um dos que menos investe em energia solar, com apenas 0,3%, segundo dados da Absolar.
O uso dessa fonte na iluminação pública é ainda menor, representando 0,01%. O consumo também é considerado pequeno na indústria, com 2,1%.
Já entre os produtores rurais, o percentual sobre para 7,6%, e quase dobra ao considerar os setores de comércio e serviços, que representam 13,4%.
No topo da lista, as residências estão como as maiores produtoras desse tipo de energia, com 76,6%.
O alto custo da energia elétrica no país e a vontade de consumir uma energia mais limpa são os principais fatores apontados para que cada vez mais telhados ganhem a cobertura de painéis solares, afirmou a associação do setor.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
No começo da década passada, com o boom da energia eólica, existiam gargalos para escoar a energia gerada no Nordeste para trazer ao Sudeste, por conta do descompasso do tempo de construção de um parque eólico e de uma linha de transmissão, assim como acontece com a energia solar. No entanto, o que temos visto recentemente parece não ser um gargalo como se via no passado, mas sim um problema conjuntural em meio à crise de escassez hídrica, que, segundo analistas consultados pelo Broadcast Energia, pode ser resolvido com um planejamento concomitante entre a geração renovável e a transmissão.
No caso da energia eólica, a forte expansão teve início em 2010 e 2011, após o primeiro leilão competitivo do segmento, realizado em 2009. Em 2011, começaram a ser inauguradas as usinas resultantes desse certame. De lá para cá, as eólicas vêm participando de forma regular dos leilões do governo, com contratações por ano de cerca de 2 gigawatts (GW) até 2017. A partir de 2018, passou-se a viabilizar cerca de 3,5 GW a 4 GW, sendo que 75% disso para o mercado livre.
"A expansão da geração renovável se deu fortemente a partir desses anos e a expansão da transmissão tem que acompanhar. Tivemos um gargalo em 2012 e 2013, uma vez que os parques são implementados em no máximo dois anos e, às vezes, a transmissão leva de três a quatro anos, principalmente por conta do atraso nas licenças ambientais", explicou a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum.
Segundo ela, o período mais difícil para a fonte foi em 2013, quando quase 1 GW estava pronto para entrar e não tinha linha de transmissão. "Isso trouxe um choque de realidade para a cadeia e tivemos que mudar a regulação e a metodologia, com a transmissão passando a ser licitada com antecedência".
Hoje, para um parque eólico entrar num leilão, precisa primeiro do parecer de acesso do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e ter uma certificação de que haverá uma linha de transmissão. "Porém, como a geração é uma coisa que entra muito rápido, temos que observar tempo todo se a transmissão está acompanhando. Falar sempre com a EPE [Empresa de Pesquisa Energética] e ficar interagindo para que a transmissão acompanhe a geração. Isso tem evoluído muito nesse processo. Isso fez com o que o setor não tivesse mais o gargalo visto no passado", diz Gannoum.
A presidente da ABEEólica disse que a restrição recente foi causada por uma geração maior das eólicas para levar energia para o Sudeste, embora para isso a estrada tenha ficado um pouco engarrafada. "Trouxemos muita energia, mas o ONS teve que flexibilizar alguns critérios de segurança, sem colocar o sistema em risco, para trazer mais energia para cá [Sudeste]. Essa é uma das razões do Brasil não ter chegado ao racionamento. Não tivemos uma restrição de transmissão de uma conjuntura errada do passado. Foi uma conjuntura de operar o sistema de forma não ortodoxa para confortar o sistema".
Já a energia solar teve uma ascensão meteórica nos últimos anos, após mudanças na regulação, barateamento de alguns equipamentos e a associação à geração distribuída (GD). Para o conselheiro da Absolar Ricardo Barros, há uma preocupação para o escoamento da energia para o Sudeste, já que existem usinas que não estão produzindo toda a sua capacidade por essa circunstância.
"Nos últimos meses e anos, o ONS tem chamado essas usinas a reduzir a geração porque a linha está com gargalo e não tem sistema suficiente para colocar a energia no mercado. E é especialmente para a exportação do Nordeste para o Sudeste. Esse gargalo está impactando a geração, principalmente no curto prazo", analisa Barros.
O conselheiro da Absolar ressalta que, se tem dificuldade para escoar essa energia hoje, imagine para a expansão das usinas. "É verdade que a EPE e o ONS têm feito estudos para garantir a expansão na região, mas tem sido tímida. Isso já foi feito no passado e as usinas cresceram mais do que o planejamento. Essa situação afugenta os investimentos. São empresas multinacionais vendo isso. Onde tiver melhor ambiente de negócios é para onde vai o dinheiro. Por isso, temos preocupação com o gargalo dos projetos existentes e os planejados", disse.
Para atender à entrada em operação de parques eólicos e solares até 2025 será necessário fazer uma expansão exponencial na Transmissão. Foto: JF Diório/Estadão.
Recentemente, o ONS divulgou um estudo onde demonstra que para atender à entrada em operação de parques eólicos e solares até 2025 precisa fazer uma expansão exponencial. Até lá, serão 36 GW de potência de geração eólica e solar que estarão inseridas no sistema. O próprio Operador reconhece que, levando em consideração todos os pedidos do sistema, o montante de renovável não seria de 36 GW, mas sim de 52 GW. Essa correria se dá provavelmente porque os empreendedores não querem perder os descontos nas Tarifas de Uso dos Sistemas de Transmissão (TUST) e de Distribuição (TUSD), que se encerram em março próximo.
"É preciso pensar juntos, não encontrar culpado, o ponto é que hoje já tem problema. Existem diferentes camadas de expansão para resolver o hoje, depois para atender o incremento de potência e atingir o potencial adicional que pode chegar a 60 GW", afirma o conselheiro da Absolar.
Por outro lado, o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), Mário Miranda, disse que o planejamento do passado era com base nas hidrelétricas que demoravam muito tempo para serem implantadas e o empreendedor da transmissão tinha tempo para colocar o projeto em pé, mas com a eólica e a solar esses prazos caíram muito.
"Há uma necessidade do planejamento da transmissão. Temos falado com a EPE de antecipar e colocar linhas para fazer face ao grande potencial que existe na região [Nordeste]", diz Miranda.
De acordo com o presidente da Abrate, o ideal seria uma interligação plena do Nordeste com o Sudeste, uma espécie de intercâmbio de energia que interaja com o Brasil e, dessa maneira, toda a energia pode ser transportada para o consumidor com o melhor sinal econômico.
O que diz o outro lado
A EPE, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (EPE), responsável pelo planejamento do setor elétrico, afirmou que vem continuamente avaliando as necessidades de expansão do Sistema Interligado Nacional (SIN) de modo a viabilizar a integração e o escoamento de geração das diversas fontes energéticas.
Dentro desse contexto, a entidade afirma que os estudos já emitidos recomendaram reforços, atualmente em fase de implantação, que farão a capacidade de exportação total da região Norte e Nordeste praticamente dobrar até o ano 2026, quando comparada aos valores vigentes no início da década, alcançando um limite aproximado de 17,2 GW.
Para o órgão, os gargalos de transmissão discutidos nos últimos anos são conjunturais e ocorreram, principalmente, em função do atraso na entrada em operação de importantes obras de transmissão, anteriormente planejadas, em decorrência de processos de caducidade de contratos de concessão.
"Tais gargalos, que tendem a se concentrar em cenários de elevada disponibilidade de geração hidráulica na região Norte, coincidentes com excedentes de geração eólica e fotovoltaica na região Nordeste, serão minimizados, até o ano 2023, com a entrada em operação da rede planejada", diz a EPE.
A entidade afirma ainda que quando todos esses estudos estiverem finalizados, a capacidade de intercâmbio entre as regiões Norte e Nordeste e Sudeste e Centro-Oeste aumentará significativamente, passando de 17,2 GW, previsto para o ano de 2026, para aproximadamente 30 GW, viabilizando, assim, o escoamento de geração de cerca de 57 GW de geração renovável.
O relatório mais recente divulgado pela EPE aponta que o escoamento de energia da região Nordeste, Área Sul, prevê a expansão de 6,6 mil quilômetros de linhas de transmissão em 500 quilovolt (kV) e quatro novas subestações da rede básica, com um investimento total de R$ 18,2 bilhões. Estima-se que as obras recomendadas a partir desses novos estudos sejam licitadas nos leilões de transmissão a serem realizados em 2023, devendo entrar em operação até o ano de 2028.
Indagada sobre a necessidade de aumentar o número de leilões de transmissão realizados anualmente pelo governo, que normalmente são dois, a EPE explicou que considerando todos os prazos envolvidos, são necessários cerca de 11 meses para a execução dos processos para a realização do certame, entre eles a condução dos processo pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o controle externo efetuado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o que dificulta a execução de mais do que dois leilões do segmento ao ano.
O ONS, por sua vez, explicou que, além do planejamento feito pelos órgãos responsáveis pela expansão do sistema, são feitas ações visando identificar medidas operativas, como a implantação de Sistemas Especiais de Proteção (SEP) e a otimização de controles de geradores e outros equipamentos, com o objetivo de maximizar a transferência energética entre subsistemas nas condições presentes da rede, preservando a segurança da operação do SIN.
Além disso, o Planejamento Anual da Operação Energética 2022 a 2026, divulgado em dezembro passado, estima o investimento de R$ 23,9 bilhões a ser realizado na transmissão até 2026. "Além do conjunto indicado no PAR/PEL 2022-2026, o ONS acompanha de perto estudos que estão sendo conduzidos pela EPE e que deverão resultar em reforços adicionais no SIN voltados a aumentar a capacidade de transferência energética entre subsistemas", diz a nota.
Fonte e Imagem: Estadão
Albuquerque reconheceu em Rondônia que a conta está cara, mas lembrou que medidas adicionais para baixar o custo estão tramitando no Congresso.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta quinta-feira, 27 de janeiro, que o governo está trabalhando para baixar o custo da energia elétrica em todo o país. Segundo Albuquerque, apesar de caro, o insumo teve variação um pouco abaixo da inflação nos últimos três anos, enquanto nos três anos anteriores o custo aumentou o dobro dos índices inflacionários.
“Medidas adicionais estão em tramitação no Congresso Nacional para que a gente tenha não só um serviço de qualidade, mas também um custo que não afete a atividade socioeconômica”, disse após participar em Rondônia da cerimônia de celebração do novo marco legal do gás natural no estado. O ministro lembrou que agora em janeiro os consumidores que conseguiram reduzir entre 10% e 20% seu consumo de energia entre setembro e dezembro do ano passado vão receber R$ 2,4 bilhões em bônus a serem descontados da conta de luz.
Ele classificou o programa de redução voluntária da demanda no mercado regulado como “exitoso”, por resultar em uma economia de R$9,6 bilhões em energia não gerada, principalmente de usinas termelétricas. E garantiu que os consumidores não devem se preocupar com a devolução, porque o valor do crédito a ser pago está registrado tanto nas distribuidoras quanto na Aneel.
Monopólio
Durante o anúncio da nova legislação que abre o mercado local de gás, o ministro destacou o impacto da queda do monopólio da Petrobras para o setor. E também a aprovação no Congresso da nova Lei do Gás, que trouxe investimentos de outros players. “Esse novo marco legal de gás propiciou que novas empresas, novos agentes participassem do processo. Até o ano passado era só Petrobras. Hoje, temos sete empresas.”
A estatal tinha descoberto há 20 anos o gás de Azulão, no Amazonas, mas por falta de recursos para investimentos nunca conseguiu produzir, disse Albuquerque. Com a abertura do mercado, o campo está sendo explorado pela Eneva, que vai levar o insumo para a térmica Jaguatirica II, em Boa Vista (RR).
O mesmo vai acontecer com o potencial da bacia do Solimões e do Amazonas, dessa vez beneficiando Rondônia, previu o ministro. Ele destacou que não é mera expectativa, por existe mesmo gás na região, e acrescentou que com a nova regulação do gás no estado foi criado um ambiente de negócios favorável a investimentos, o que tem atraído empresas.
O discurso foi reforçado pelo governador de Rondônia, Marcos Rocha, que prevê a vinda de novas indústrias. Rocha disse que já existem mais de 26 mil empresas instaladas e a expectativa e de que cheguem novos empreendimentos com a liberação do mercado de gás.
Fonte: Canal Energia
Imagem: CPE
Maior parte está no Nordeste, solar soma mais de 50 GW enquanto a eólica vem em seguida 21 GW, ao total são mais de 75 GW.
A Empresa de Pesquisa Energética informou que foram cadastrados 1.894 projetos para o Leilão de Energia Nova A-4 de 2022, agendado para ser realizado em 27 de maio. Ao total são 75.250 MW sendo que a maior parte ou 51.824 MW em 1.263 empreendimentos solares. A fonte eólica vem a seguir com 21.432 MW em 542 projetos. As fontes hídrica e térmica a biomassa somaram cerca de 2 GW em quase 90 empreendimentos.
Em seu informativo sobre o cadastramento a EPE destaca que pela primeira vez os projetos eólicos e solar fotovoltaicos disputarão o certame em um mesmo produto trazendo maior competição e beneficiando o consumidor. Nesse caso o contrato é para 15 anos e das térmicas e das usinas de fonte hídrica de 20 anos. Tirando as térmicas que disputarão contratos por disponibilidade os demais são por quantidade.
A região Nordeste apresenta os maiores quantitativos de projetos e potência cadastrados para o leilão com cerca de 70% dos projetos por conta da predominância da participação das fontes eólica e solar. As termelétricas se situam principalmente nos estados do Centro-Oeste e Sudeste, e os projetos hidrelétricos nas regiões Sul e Centro-Oeste.
Por estado, a Bahia concentra 28% dos projetos, seguida de Minas Gerais com 16%, Rio Grande do Norte com 13%, Piauí com 11%, Ceará com 8% e os demais somam os 24% restantes. De acordo com o cronograma do LEN-A-4, a EPE deverá emitir as habilitações técnicas no dia 12 de maio.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A orientação da poupança para as novas áreas é uma forma de diminuir o custo de uma transição inevitável.
27/01/2022 05h00 Atualizado há 3 horas O preço da energia foi um fator importante para o salto da inflação em 2021. No Brasil, o Banco Central explicou na sua carta aberta que gasolina, gás de cozinha e etanol responderam por 30% da variação do IPCA do ano. Nos EUA, a energia teve um aumento de 29%, correspondendo a um quinto do aumento do CPI. O aumento do diesel entrou de forma indireta na inflação, e.g., pelo custo do frete.
O preço do petróleo reflete a oferta e demanda, inclusive níveis de estoque. Isso é comum para as commodities negociadas globalmente. Os atuais preços altos do milho e soja também refletem o surto de crescimento na demanda global na esteira de mudanças de consumo na China e do impulso fiscal nas economias avançadas, com erosão de estoques.
A orientação da poupança para as novas áreas é uma forma de diminuir o custo de uma transição inevitável.
A flutuação de preços é uma forma de regulação dos mercados. Vale notar que o único período em que o consumo de petróleo estagnou nos últimos 55 anos foi quando o preço da commodity deu um salto persistente na década de 1970 e a intensidade do seu uso no PIB era bem mais alta que agora. Preços altos estimularam um PIB menos intenso em óleo e a diversificação da oferta, por exemplo, pela exploração off-shore. E o que isso significa hoje?
A ampliação da oferta no curto prazo depende principalmente do uso da capacidade ociosa na Opep. A produção de ”shale oil” nos EUA pode crescer rápido, mas ela só é lucrativa com o barril acima de US$ 50-60. Com a maior disciplina do setor, o receio do preço do petróleo cair tem freado um pouco a expansão. Grandes investimentos em outras bacias são demorados e enfrentam a incerteza de que há amplas reservas de petróleo de baixo custo de exploração fora do mercado, não só na Arábia Saudita, mas na Venezuela e Irã, que podem derrubar os preços no médio prazo.
Talvez mais importante, a produção de petróleo é uma atividade de risco, e o apetite ao risco do capital de longo prazo hoje não é tão grande, talvez por razões demográficas. A atonia dos investimentos em petróleo pode estar assim mais ligada a questões financeiras do que a razões ideológicas ou de mandatos de governo. De todo modo, é natural o preço do petróleo subir na medida em que for preciso buscar jazidas em lugares física ou politicamente mais difíceis ou menos produtivos. Pode-se, portanto, esperar um aumento gradual do preço dessa energia, mesmo abstraindo a internalização dos custos imputados ao aquecimento global ou o poder de mercado de alguns produtores.
O súbito abandono dos combustíveis fósseis também pode ter custo? As energias renováveis em países como o Brasil já são geralmente mais baratas do que aquela gerada com combustíveis fósseis. Mas a rápida recuperação das economias em 2020-21 renova a discussão sobre “limites de velocidade”1, a qual aponta que, além do nível de capacidade utilizada, também a velocidade do crescimento é importante para a subida de preços. Ou seja, o impacto da transição energética na inflação e no emprego vai depender do ritmo e sinalização dessa transição, dando tempo e clareza para as empresas se adaptarem e investirem em novas tecnologias.
Apesar de vento e sol serem recursos “inesgotáveis”, e o baixo risco dos parques eólicos e solares os tornarem atraentes para investidores de renda fixa, baixando seus custos de financiamento, essas energias dependem de metais para a construção de painéis solares, bobinas de geradores eólicos, e baterias. Como o FMI tem sublinhado, se a demanda por esses materiais crescer muito rápido, as novas energias ficarão mais caras2. Aí também, a inovação tecnológica pode ser deflacionária, explicando o apoio de Elon Musk e outros ao investimento em baterias baseadas no abundante ferro em lugar dos mais escassos níquel ou cobalto, cuja oferta é concentrada em poucos países. Mais fornecedores e menos volatilidade nas matérias primas reforçam o perfil de baixo risco do setor, barateando a transição energética.
O impacto inflacionário da transição energética depende, portanto, de múltiplos fatores e tecnologias. O transporte pessoal pode ilustrar esse ponto, senão em termos pedestres, pelo menos bem diretos. No Brasil, por exemplo, veículos elétricos híbridos em série (SHEV) talvez possam oferecer uma transição sem grandes choques de preço. Nesses veículos, que não precisam se abastecer na rede elétrica, a tração é garantida por um motor elétrico cuja bateria é alimentada por um gerador de combustão interna e pela recuperação de energia na frenagem, com grande ganho de eficiência.
Assim, se um litro de etanol permitir rodar 16 km na cidade, ao invés de 9 km, os índices de preço irão capturar esse efeito deflacionário. Além disso, esse tipo de carro pode ser barato, porque um gerador é mais simples que um motor de tração, dispensando ainda a caixa de transmissão, e componentes como o motor elétrico, inversor, controles eletrônicos e a própria bateria, que nesse caso pode ser pequena, são relativamente baratos.
O setor financeiro está atento a essas possibilidades. Os bancos no Brasil já estão oferecendo produtos de investimento em mercados regulados de carbono e em empresas globais de energia renovável, respondendo ao interesse das pessoas físicas e às possibilidades de valorização desses ativos. Também tem crescido o investimento em parques solares, e o apoio à medição do carbono no solo e outras tecnologias para tornar a agricultura brasileira ainda mais competitiva e integrada à ampliação da cobertura vegetal nativa ou recuperada.
A orientação da poupança para essas novas áreas é uma forma de diminuir o custo de uma transição considerada inevitável, e de repartir os seus ganhos com o maior número de pessoas possível.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Meta é aumentar potência instalada atual em 40% até 2030; país tem mais de 500 projetos homologados.
O Ministério de Minas e Energia prevê uma expansão de 2,6 GW de energia proveniente das Pequenas Centrais Hidrelétricas até 2030. O montante equivale a quase 1/4 da capacidade da usina de Belo Monte, no Pará.
A meta significa aumentar a atual potência instalada dessa fonte em 40%. Hoje, o país possui 6,6 GW e, se o plano do governo se concretizar, chegará a 8,9 GW em 2030.
Para ser considerada uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica), o empreendimento precisa ter entre 5 MW e 50 MW de potência. Segundo o ministério, existem, hoje, mais de 500 projetos homologados na Aneel.
De acordo com a Abrapch (Associação Brasileira de PCHs e CGHs), os projetos homologados equivalem a cerca de 15 GW de potência. Os 5 Estados mais promissores para os futuros empreendimentos são Goiás, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Santa Catarina.
Segundo Paulo Arbex, presidente da entidade, a principal expectativa do setor, para este ano, é que os leilões resultem na contratação de energia das PCHs. No leilão A-5 do ano passado, o governo federal driblou a Lei da privatização da Eletrobras e não ofertou energia dessa fonte. Pela lei, os leilões A-5 e A-6 deverão destinar, no mínimo, 50% da demanda declarada pelas distribuidoras à contratação de PCHs.
O Poder360 apurou que o MME se comprometeu, com representantes do setor, a não repetir o erro nos leilões deste ano, em que estão previstos o A-4, em maio, e A-5 e A-6, em agosto.
“A percepção generalizada do setor é que foi feito, ao longo de anos, um trabalho sujo, de difamação, travamento da continuidade das hidrelétricas, por interesses econômicos de grupos do petróleo. O Brasil é a maior potência hídrica do planeta“, disse Paulo.
Além da maior oferta de energia em si, a expansão dessa fonte também é importante para o Brasil cumprir a meta de 50% de redução de emissões de gases de efeito estufa até 2030, anunciada na COP26. De olho nessa geração, a comercializadora de energia Tradener tem investido em PCHs. Segundo Ricardo Aquino, diretor de novos negócios da empresa, o principal objetivo é dar maior confiabilidade aos clientes, indo além da venda de energia ao agregar empreendimentos geradores.
“Como a gente concorre com geradores na venda de energia, muitos falam ‘cuidado com as comercializadoras porque elas não têm geração’. Temos parte da energia no mercado regulado e parte no mercado livre”, conta Ricardo.
A empresa possui 2 PCHs operando: uma em Santa Catarina, com 9,6 MW de potência, e outra em Goiás, com 15,8MW. O empreendimento goiano, localizado no rio São Bartolomeu, atende 100% ao mercado regulado.
O rio São Bartolomeu terá, ainda, mais 3 PCHs da comercializadora: 2 estão em construção desde o ano passado, com 26MW de potência no total. E a terceira tem obras previstas para março e terá 16 MW de capacidade instalada.
Segundo Ricardo, as fontes solar e eólica são as principais concorrentes das PCHs, por vários fatores. Entre eles, estão os investimentos iniciais necessários, os preços competitivos de energia e também o processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos.
“Para as pequenas centrais hidrelétricas, a burocracia e o nível de exigência dos órgãos ambientais são absurdos. Essas usinas do rio São Bartolomeu, por exemplo, tiveram o processo de licenciamento foi iniciado em 2007. E estamos em 2021. As áreas alagadas são muito pequenas. A PCH praticamente não tira água do rio. Ela turbina a água e a devolve ao rio. Então, o impacto é muito pequeno”, disse Ricardo.
A previsão da Tradener é que as 2 usinas em construção comecem a gerar energia no segundo semestre deste ano. A quarta usina, cuja construção começa em março, está prevista para começar a gerar até dezembro de 2023.
O QUE DIZ O MME
Em relação às contratações nos próximos leilões, o Ministério de Minas e Energia informou, em nota, que os montantes dependem da demanda pelas distribuidoras de energia elétrica. “Cada distribuidora deve considerar em seu planejamento aspectos como: crescimento econômico, abertura do mercado, crescimento da geração distribuída e seu portfólio de contratos vigentes, entre outros fatores, para projetar o atendimento ao seu respectivo mercado”, disse o ministério.
O ministério disse também que reafirma e reconhece a importância da fonte hidrelétrica na matriz elétrica brasileira, sobretudo de PCHs e CGHs (01 até 5 MW), e que “segue trabalhando junto aos demais órgãos e instituições governamentais para contribuir com a viabilização de projetos hidrelétricos que são fundamentais para garantir o suprimento eletroenergético de forma segura e sustentável”.
Fonte e Imagem: Poder 360.
O IAT (Instituto Água e Terra), órgão ambiental do estado do Paraná, acaba de divulgar a pedido da revista Modal um levantamento sobre as emissões de licenças ambientas específico para Centrais de Geração Hidrelétricas (CGHs) e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) nos dois últimos anos.
No ano passado foram emitidas sete Licenças de Instalação (LIs), em um total de 54,55 MW, correspondentes a R$ 327, 3 milhões, em comparação a 13 de 2020, equivalentes a 43,67 MW, em um total de R$ 262,020 milhões.
Já em relação às Licenças de Operação (LOs), em 2021 foram emitidas sete, equivalente a 57,35 MW, perfazendo R$ 344,1 milhões em investimentos. Em 2020 foram emitidas três, em um total de 8 MW e R$ 48 milhões em investimentos.
Everton Luiz da Costa Souza, titular do IAT (Instituto Água e Terra), com sede em Curitiba, disse à MODAL que ainda não é possível avaliar os pedidos de licenciamento em análise devido a atual fase de migração para o Sistema de Gestão Ambiental.
O SGA é o sistema digital para requerimentos das licenças ambientais utilizado pelo IAT. É configurado de forma a emitir boletos e identificar os pagamentos das taxas ambientais e solicitar todos os documentos pertinentes de acordo com o tipo/porte do empreendimento, eliminando a rotina de confecção e emissão de ofício ao requerente.
A plataforma permite em tempo real, maior interação externa-órgão ambiental e o requerente na solicitação de complementações de estudos/documentos e interna entre os técnicos do Instituto.
O sistema é único, ou seja, o requerimento e a emissão da licença ocorre nele próprio. Assim, exclui-se a necessidade de cadastro do processo de licenciamento em outro sistema auxiliar para emissão da licença ambiental, explica Souza.
“No que depende do órgão ambiental, com o SGA é possível eliminar etapas que consomem tempo dos técnicos que estão analisando o processo. Dessa forma, economiza-se mão de obra especializada que poderá ser direcionada para analise de outros processos de licenciamento”.
Em operação desde 2015, com empreendimentos industriais, comércio e serviço, aterros sanitários, imobiliários, avicultura, bovinocultura e postos de combustíveis, recentemente teve a inclusão dos empreendimentos hidrelétricos, fotovoltaicos, eólicos e transmissão de energia, que eram licenciados pelo sistema E-Protocolo.
Criado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), em parceria com a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná, o SGA foi pioneiro no Brasil e serviu de modelo para outros estados e inclusive para o órgão ambiental federal, que a partir do final de 2020 passou a emitir licenças ambientais totalmente digitais pela plataforma SisG-LAF.
PCH Cavernoso IV , 6 MW – SPE Vale do Cavernoso Geração
CGH Bitur, 0,75 MW – SPE Construnível
PCH Cavernoso III, 6,50 MW – SPE Cavernoso III Energia
PCH São Luís, 30 MW- SPE Tito Produtora
CGH Tapera, 4,50 MW- SPE Rio Tapera
CGH Ouro Verde. 5,00 MW- SPE Ouro Verde
CGH Beltrame, 1,80 MW- SPE Neli Marin Beltrame
Fonte e Imagem: Revista Modal.
Evento na sede da hidrelétrica nasce da parceria entre a binacional e o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU. Data ainda será confirmada.
A hidrelétrica de Itaipu irá sediar a primeira Conferência Global sobre Água e Energia em 2022. O projeto foi anunciado na última quinta-feira, 20 de janeiro, durante a 5ª Reunião do Conselho Consultivo da parceria entre a binacional e o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (Undesa). Por conta dos protocolos de enfrentamento da covid e suas variantes, a data do evento ainda está por ser confirmada.
A reunião contou com a participação dos diretores gerais da Itaipu, general João Francisco Ferreira (Brasil) e Manuel María Cáceres Cardozo (Paraguai); dos embaixadores de ambos os países junto à ONU, Ronaldo Costa Filho e Julio César Arriola Ramírez; e representantes das diversas instituições que fazem parte da iniciativa.
A parceria teve início em 2018, a partir de um plano trabalho de quatro anos. Apesar das limitações impostas pela pandemia, diversas metas foram atingidas, como a criação da Rede Global de Soluções Sustentáveis em Água e Energia, que atualmente conta com 29 membros de todos os continentes. Outras citadas por Itaipu foram a plataforma para a disseminação de boas práticas e produção de estudos de caso, relatórios e realização de seminários presenciais e webinars abordando diversos temas ligados a objetivos da ONU.
Em função da pandemia a realização da conferência não foi possível, com as instituições decidindo por estender a parceria em 2022 para a promoção do evento e de outras ações inicialmente previstas. A Conferência Global contará a participação de cerca de 300 pessoas de instituições de todo o mundo que trabalham com água e energia. A programação deverá incluir visitas de campo a projetos desenvolvidos por Itaipu nas margens brasileira e paraguaia.
Fonte e Imagem: canal Energia.
Boa hidrologia do começo do ano motivou pedido para alteração no despacho, mas uso do GNL impede redução imediata.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico informou que nesta terça-feira, 25 de janeiro, que em 13 de janeiro de 2022, enviou Carta Nº 0087/2022 à Agência Nacional de Energia Elétrica, formalizando que estava em negociação com a UTE Porto de Sergipe, desde o início de janeiro, para possibilitar a redução do despacho da usina, tendo em vista as afluências favoráveis que estavam sendo observadas nas bacias hidrográficas localizadas nas regiões Norte e Nordeste. Após a concordância da Aneel, desde o dia 14 de janeiro a geração da UTE Porto de Sergipe foi reduzida em cerca de 500 MW, passando a 1.030 MW, o equivalente a uma redução aproximada de 30% de sua capacidade total.
O ONS destacou que a termelétrica usa Gás Natural Liquefeito, cujo despacho é definido com 60 dias de antecedência. Assim, de acordo com o operador, não é possível reduzir de imediato o despacho, já que a compra do combustível é feita de forma antecipada. Por essa razão o ONS deu início a negociações, visando encontrar uma forma de reduzir a geração da UTE Porto de Sergipe resultando em redução de custos para o consumidor brasileiro. A Aneel respondeu concordando com as análises e as propostas feitas e sinalizando que estava de acordo com a proposta apresentada. A iniciativa é parte do compromisso do ONS em fazer a gestão correta dos recursos existentes e prezar pela transparência na sua atuação.
O ONS ressaltou ainda que o acionamento da UTE Porto de Sergipe foi aprovado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico como uma das medidas para o enfrentamento da escassez hídrica do período 2020-2021. Devido ao prazo de 60 dias para o despacho de usinas a GNL, a geração em janeiro de 2022 foi definida em novembro de 2021, quando ainda havia um cenário incerto com relação às chuvas. Neste sentido, a usina vinha sendo acionada em sua capacidade plena de 1.500 MW, com interrupção programada para 4 de março.
Pela sua localização, a UTE Porto de Sergipe concorre com as usinas hidrelétricas, termelétricas, eólicas e fotovoltaicas localizadas no Norte e Nordeste pela capacidade de transferência energética dessas regiões para o Sul, Sudeste e Centro-oeste. Nesse início de 2022, as precipitações verificadas no Norte e Nordeste ficaram muito acima da média, resultando em afluências bastante elevadas, especialmente nos rios Xingu, Tocantins e São Francisco, fato que, juntamente com a geração eólica e fotovoltaica do Nordeste, provocou o esgotamento da capacidade de intercâmbio entre os subsistemas. Com a redução do despacho de UTE Porto de Sergipe, nos momentos em que essa capacidade estaria sendo atingida, abre-se espaço para maior aproveitamento das demais fontes, de menor custo ao consumidor.
Fonte: Canal Energia.
Imagem: Expressão Sergipana.
Apesar do avanço na desburocratização de licenciamentos, promovido por órgãos ambientais de alguns estados, sobretudo do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Goiás, Paulo Arbex, presidente da Abrapch, sustenta que ainda permanece uma morosidade muito grande nos processos em prejuízo da geração hídrica e de reservatórios. Acrescenta que as normativas de licenciamento ambiental no Brasil estão “defasadas e enviesadas e no sentido contrário ao necessário para uma verdadeira proteção e recuperação ambiental”. GEE
Para Arbex, o regramento atual, ao exigir compensações e uma série de ônus muito superiores aos verdadeiros impactos ambientais das pequenas hidrelétricas (PCHs e CGHs), produz uma espécie de “dumping ambiental”, se comparadas a atividades causadoras dos gases de efeito estuda (GEE). “Isto é”, diz Arbex, “penaliza desnecessariamente e inibe as hidrelétricas 100% renováveis e 100% nacionais e estimula a indústria dos combustíveis fósseis”.
Para o empresário, uma das premissas básicas em licenciamento ambiental é a de que cada atividade seja chamada a compensar seus respectivos impactos ambientais. Além disso, o processo de licenciamento deve ser “racional, claro e descomplicado, sem a exigência de inúmeros estudos acadêmicos e preciosismos caros, desnecessários e de benefícios mínimos e duvidosos”.
Tempo de licenciamento
“Uma vez que o empreendedor entrega estudos elaborados por profissionais gabaritados de alto nível da área ambiental e que põem suas ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica) e suas carreiras em risco ao assinar um estudo, os órgãos ambientais poderiam restringir o uso do tempo de seus profissionais para a verificar se o projeto cumpre as exigências e isto não deveria levar mais que 120 dias”.
Ele lembra que a Aneel resolveu atrasos crônicos do passado na aprovação das outorgas de usina exatamente desta forma. “Foi quando perceberam que seus técnicos estavam duplicando desnecessariamente os trabalhos feitos pelos projetistas. A partir do momento em que os técnicos da Agência passaram a se dedicar seu tempo apenas à verificação da adequação dos projetos as normas vigentes, os trabalhos começaram a fluir melhor”.
Incentivo à carbonização do setor elétrico
Arbex acredita que a verdadeira sustentabilidade somente será alcançada no país com mais hidrelétricas, parques e APPs. “Lutamos por um Brasil com mais hidrelétricas, mais lagos de uso múltiplo e mais APPs que possam ser usados também pelo agro em períodos de estiagem, pelas empresas de saneamento, pela população local e pelos pescadores que poderão produzir mais 10 toneladas/ano em cada hectare de lago”.
“Não podemos continuar com um regramento de licenciamento que incentiva a carbonização de nosso setor elétrico e impõe a energia de fontes fósseis a custos proibitivos para os nossos consumidores, em especial para os mais humildes”, conclui.
Fonte e Imagem: Revista Modal.
A segurança de Barragens fiscalizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) será o tema de audiência pública virtual a ser promovida pela ANEEL na próxima quinta-feira (27/01). O início está agendado para as 10h, com transmissão pelo canal da Agência no YouTube (https://www.youtube.com/user/aneel). Os interessados em fazer exposição durante a audiência devem encaminhar os seus vídeos até 12h de quarta-feira (26/01), conforme orientações indicadas na seção "Documentos disponibilizados" em AP032/2021 no site da Agência.
A audiência será a oportunidade de discutir com a sociedade o aprimoramento da proposta de revisão da Resolução Normativa nº 696/2015, responsável por estabelecer critérios e ações de segurança de barragens inspecionadas pela Agência, em função de alteração da Lei nº 12.334/2010, que trata da Política Nacional de Segurança de Barragens.
O novo arcabouço legal motivou, assim, a reavaliação da norma da ANEEL. Nele, termos e novos conceitos foram aprimorados e introduzidos sobre o assunto. O acréscimo de atividades e a ênfase em responsabilidades, além de outros aspectos importantes relacionados à segurança de barragem, também demandaram a revisão da Resolução Normativa da Agência.
A Audiência Pública 032/2021 está vinculada à Consulta pública 082/2021. As contribuições à consulta poderão ser enviadas até o dia 14 de fevereiro, para o e-mail: cp082_2021@aneel.gov.br. As demais informações sobre o processo serão publicadas na página da ANEEL na internet (www.aneel.gov.br/consultas-publicas), no espaço da Consulta Pública nº 082/2021.
Fonte: ANEEL.
Imagem: Canal Energia.
Belo Monte, Tucuruí, e Sobradinho estão produzindo menos que a capacidade por limitações nas linhas de transmissão usadas por usinas térmicas.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pediu formalmente para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduzir a geração de energia por termelétricas, mais cara, diante da constatação de que grandes hidrelétricas estão jogando água fora sem produzir energia.
Responsáveis por 20% da capacidade de geração hidrelétrica no país, as usinas Belo Monte e Tucuruí, no Pará, e Sobradinho, na Bahia, literalmente jogam água fora por conta dos limites de escoamento de produção de eletricidade no Norte/Nordeste para o centro-sul do país — enquanto o ONS privilegia a geração por termelétricas.
Ofício de superintendentes da Aneel ao qual o GLOBO teve acesso confirma que há um cenário de “excepcionalidade frente ao vertimento turbinável já praticado desde início de janeiro” nas hidrelétricas do Pará e na Bahia, situação que deve se repetir em mais hidrelétricas da cascata do Rio São Francisco (na qual se inserem Sobradinho e outras usinas do Velho Chico, como Xingó e Paulo Afonso).
Vertimento turbinável é a forma técnica de dizer que uma hidrelétrica está jogando água rio abaixo sem passar pelas turbinas e, portanto, sem gerar energia.
Aumento de custos
No documento da Aneel, os técnicos dizem que há uma “concorrência dessa geração hidráulica com o despacho termelétrico antecipado” de uma termelétrica de Sergipe e que isso gera custos para os consumidores. Por isso, a Aneel defende a redução da geração de energia da termelétrica para reduzir o impacto para os consumidores.
A termelétrica Porto Sergipe tira espaço das hidrelétricas nas linhas de transmissão. Ela custa R$ 12,6 milhões por dia, R$ 378 milhões por mês. A cifra é paga por todos os consumidores nas contas de luz, numa evidência das limitações que perduram na infraestrutura e na gestão do sistema elétrico, como mostrou ontem o GLOBO.
Por isso, a Aneel pede a redução da geração dessa termelétrica e que isso não seja compensado por outras usinas desse tipo no Sudeste do país.
“De modo a assegurar a redução de custos indicada, é indispensável que o ONS garanta que não haverá, dentro dos limites estabelecidos pelo CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), uma geração termelétrica por garantia energética no subsistema Sul e Sudeste/Centro-Oeste com vistas a compensar a redução esperada na UTE Porto do Sergipe”, afirma o ofício da Aneel.
A agência reguladora destaca que essa prática “caracterizaria aumento de custos para os consumidores, indo de encontro ao objetivo pretendido com a redução de geração solicitada”.
Fonte e Imagem: O Globo.
Previsão da EPE para 2031 aponta avanço de setores em que consumidor gera sua própria energia.
As usinas hidrelétricas vão passar a ser responsáveis por menos de metade da oferta de eletricidade brasileira até 2031, segundo o relatório do plano decenal de energia (PDE) elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O plano entrou em consulta pública ontem. A fonte hidrelétrica, que respondia por 58% da matriz elétrica do país em 2021, representar 45% ao fim do período. O percentual é pouco mais da metade da participação no começo do século, quando a fonte hídrica representava 83% da capacidade instalada do país.
O PDE é um plano elaborado pela EPE com a indicação das perspectivas de expansão do setor de energia ao longo de uma década. Segundo a estatal de planejamento, um dos principais objetivos ao longo da elaboração da última edição foi incorporar as lições aprendidas com a crise hídrica que o Brasil viveu no ano passado. Em 2021, o país passou pela pior estiagem em 91 anos, o que afetou os reservatórios das hidrelétricas e gerou incertezas sobre o suprimento de energia.
A EPE estima que outras fontes renováveis devem ganhar espaço. A previsão é que a participação da geração solar cresça de 2% ao fim de 2021 para 4% em 2031, enquanto a eólica deve passar de 10% para 11% no período. Já a autoprodução de energia e a geração distribuída renovável, modalidades na qual o consumidor gera sua própria energia principalmente por meio da instalação de placas fotovoltaicas, deve sair de uma participação de 8% para 17% na matriz em dez anos.
Há também previsão de expansão da participação da energia nuclear na matriz elétrica, de 1% para 2% do total, devido à entrada em operação da usina de Angra 3 (RJ) e à previsão de uma nova termelétrica nuclear no plano, conforme antecipado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ao fim do ano passado. Com a entrada em operação das duas novas usinas, a expectativa é que a capacidade de geração nuclear brasileira cresça do atual 1,9 GW para 4,39 GW até 2031.
De acordo com as estimativas do plano, o Brasil vai alcançar uma capacidade de geração de energia de 275 gigawatts (GW) em 2031, frente aos 200 GW ao fim de 2021. A expansão da geração elétrica vai ser necessária para fazer frente ao crescimento da demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN), que deve chegar a 97,2 gigawatts médios (GWm), frente aos 69,69 GWm de 2021.
O segmento de energia elétrica deve receber R$ 528 bilhões na década, com destaque para a expansão do parque de geração centralizada de energia, que deve demandar R$ 292 bilhões. A área de transmissão de energia prevê investimentos totais de R$ 100,7 bilhões, sendo R$ 51,8 bilhões referentes a empreendimentos outorgados.
Ao todo, a estimativa é que o setor de energia vai demandar investimentos da ordem de R$ 3,25 trilhões entre 2021 e 2031, dos quais a maior parte vai para o segmento de petróleo e gás, que deve absorver R$ 2,66 trilhões no período.
Com a abertura do setor a investimentos privados, o mercado de gás deve atrair R$ 117,63 bilhões em investimentos em gasodutos de transporte e escoamento, além de terminais de regaseificação e unidades de processamento. A previsão é que produção de petróleo chegue a 4 milhões de barris por dia até 2028, patamar que deve ser mantido até 2031. O pico de produção de gás natural também é esperado para 2028, próximo de 195 milhões de m3 por dia.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Na esteira do esforço de relações públicas de empresários que querem se afastar da pecha de negligentes climáticos, um projeto pioneiro de investimento privado na conservação e restauro de florestas nativas da mata atlântica está ganhando sobrevida no Sul do Brasil, no Paraná.
Seu lançamento ocorreu há duas décadas, bem antes de a agenda ambiental entrar na lista de prioridades no mundo dos negócios com a incorporação de termos como ESG (sigla em inglês para designar boas práticas ambientais, sociais e de governança). Em 1999, três multinacionais decidiram aportar US$ 18 milhões (R$ 102 milhões, sem considerar a correção da inflação) em um projeto de manutenção de mata nativa no litoral norte daquele estado.
Motivadas pelo tratado internacional de redução de gases que causam o efeito estufa, assinado dois anos antes em Kyoto, no Japão, American Electric Power, Chevron e General Motors decidiram compensar no Brasil suas emissões de CO2 (dióxido de carbono). Na época, já miravam o incipiente mercado de crédito de carbono.
Sem a participação dos Estados Unidos e com problemas regulatórios no comércio de crédito de carbono entre países, o Protocolo de Kyoto virou letra morta. Só recentemente, graças a acordos firmados na COP26, a conferência do clima realizada em 2021 na Escócia, a proposta coloca em marcha no Japão tem chances de avançar.
Centro de visitantes da reserva Florestal Guaricica, no Paraná, mantida pela SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) - Karime Xavier/Folhapress.
Lá atrás, porém, frustradas, as companhias desistiram de incorporar as reservas naturais paranaenses aos seus programas de compensação.
No entanto, as multinacionais mantiveram o investimento no parque, gerido pela SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem). O fundo permite até hoje a manutenção de 19 mil hectares de mata atlântica distribuídos em três reservas naturais nos municípios de Guaraqueçaba e Antonina.
Constituídas por meio da compra de fazendas outrora destinadas à criação de búfalos, as reservas Papagaio-de-cara-roxa, Guaricica e das Águas podem estocar ao longo de 40 anos (tempo inicial estimado para o projeto) cerca de 4 milhões de toneladas de CO2 retiradas da atmosfera por meio da fotossíntese de suas árvores e solo.
O volume equivale a aproximadamente à metade do gás carbônico gerado anualmente por Curitiba, capital do estado.
O valor remanescente do fundo é suficiente para os próximos cinco anos, aproximadamente, de gestão dos três parques. A expectativa de captação de novos recursos para manutenção e expansão das reservas, porém, ganha impulso com o amadurecimento, nos últimos anos, do mercado de VERs (sigla em inglês para Reduções Voluntárias de Emissões), segundo Clóvis Borges, diretor-executivo da SPVS.
Esse comércio voluntário, criado de forma paralela e em meio aos tropeços do mercado regulado entre países signatários do Pratado de Kyoto, permite que empresas neutralizem suas emissões e negociem entre si sumidouros de carbono excedentes.
"O que eu tenho recebido de contato com empresas é quase uma corrida", diz Borges. "Há uma perturbação no mercado em relação às cobranças [por neutralização de carbono nas cadeias de suprimentos de grandes empresas]. O posicionamento ambiental estratégico tem a ver com ganhar ou perder uma concorrência", afirma.
Reservas Naturais da Mata Atlântica
A incorporadora Altma é um exemplo de empresa que vê oportunidades nesse novo posicionamento. Investiu R$ 300 mil na conservação, por cinco anos, de uma porção de 50 mil metros quadrados da Reserva Natural das Águas, em Antonina.
Para tomar a decisão, a Altma considerou a boa recepção dos moradores do primeiro edifício de apartamentos residenciais de Curitiba com emissões de CO2 totalmente neutralizadas do país.
Suficiente para compensar 2.600 toneladas de dióxido de carbono produzidas pela obra, incluindo a extração de matérias-primas e transporte dos materiais, o aporte acelerou as vendas do empreendimento.
Quatro meses após o lançamento, 65% das 32 unidades foram vendidas. "Esperávamos estar com 20% de vendas", afirma Gabriel Falavina, diretor de desenvolvimento imobiliário da Altma.
"Nos surpreendemos com o mercado de clientes que valorizam isso. A gente já consegue identificar um nicho que, no processo de compra do imóvel, não olha só localização, metragem e preço, mas também se o projeto corresponde aos seus valores", diz Falavina.
No caso das reservas da SPVS, novos contratos de compensação são viáveis porque as multinacionais que viabilizaram o projeto abriram mão de reivindicar os créditos gerados pela floresta.
Outros cerca de 20 mil hectares de propriedades rurais no entorno têm potencial de aquisição para a conversão em áreas de preservação e reflorestamento.
A sobrevivência do ecossistema local, porém, precisa de mais espaço e investimento. Depende da multiplicação de projetos semelhantes na área conhecida como Grande Reserva Mata Atlântica. Com mais de 2 milhões de hectares em uma faixa litorânea de floresta entre os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, a Grande Reserva é o último remanescente contínuo do bioma.
Esse é o tamanho do potencial para a geração de negócios que envolvem a neutralização e a emissão de créditos de carbono e promoção de diversificados negócios e serviços ambientais nesse trecho de mata atlântica, afirma Borges.
Movimentos semelhantes em outras partes do país são observados por ativistas como uma oportunidade para que o bioma seja vitrine para a atuação do setor corporativo no combate ao aquecimento global.
Nessa direção, a pressão gerada pela emergência climática sobre empresas de diversos portes e segmentos começa a se refletir em números.
Entre 2019 e 2021, o programa voluntário de reflorestamento da SOS Mata Atlântica avançou 79% em áreas de plantio de mudas, que passaram de 119 para 213 hectares por ano.
Ainda sem fazer frente ao ímpeto desmatador, o projeto também serve de termômetro para medir a temperatura dos investimentos privados para conservação do bioma, cujos fragmentos se estendem por 17 estados que concentram 70% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
Construtora avança com desmate na Riviera de São Lourenço, SP, após aval da Justiça.
Com os holofotes do mundo corporativo direcionados à questão do clima, a floresta que está no quintal das maiores metrópoles brasileiras possui potencial para projetos ambientais valiosos para o empresariado porque está ao alcance dos olhos de clientes, fornecedores e funcionários, segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor de conhecimento da SOS Mata Atlântica.
"É natural que as empresas queiram neutralizar suas emissões mais perto do seus negócios, dos seus clientes. Isso realmente está acontecendo em uma velocidade maior", afirma Guedes.
O engajamento empresarial impulsionado pela pauta climática mostra força até mesmo fora dos segmentos mais visados pela opinião pública, como o agronegócio e grandes conglomerados industriais.
Após uma campanha de doação de mudas destinadas ao reflorestamento para funcionários no primeiro semestre, posteriormente estendida a clientes, a empresa do ramo de coberturas de lona e aço Tópico Galpões verificou sinais de fortalecimento na relação com o seu público.
Entre alguns clientes, o brinde verde virou vantagem competitiva. Duas grandes empresas dos setores de mineração e industrial, que têm metas de neutralização, quiseram conhecer o projeto para uma pesquisa de mercado sobre práticas sustentáveis nas suas respectivas cadeias produtivas.
"Para essas empresas, foi uma surpresa ver uma iniciativa que colabora com seus programas de neutralização vir de baixo para cima, partindo de uma empresa de médio porte como a nossa", diz Arthur Lavieri, presidente da Tópico.
Os primeiros cinco meses do projeto resultaram no plantio de 2.360 brotos de espécies nativas da mata atlântica, que reflorestaram mais de 14 mil metros quadrados de área —dois campos de futebol— no entorno de reservatórios do Sistema Cantareira, na Grande São Paulo.
Para 2022, a empresa planeja a neutralização das suas emissões através do plantio de mais 4.000 mudas certificadas, produção de energia solar por meio de películas fotovoltaicas instaladas nas lonas que revestem galpões que ela fabrica e aluga e pela contratação de transportadores que deem preferência à utilização de biocombustíveis.
Apesar de animadores, os projetos voluntários de conservação são parte de uma caminhada em que, para cada passo à frente, dão-se dois para trás.
O Atlas da SOS Mata Atlântica, que compila dados da fundação e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, apontou a perda de 13 mil hectares de florestas nativas do bioma entre 2019 e 2020. São 130 quilômetros quadrados de desflorestamento que, para comparação, equivalem a mais da metade (60%) da área de Recife (PE).
No período reportado no relatório, o desmatamento dobrou em 10 dos 17 estados abrangidos pelo bioma.
"A mata atlântica tem potencial para grandes projetos de reflorestamento. Somente para cumprir o Código Florestal, seria necessário restaurar 5 milhões de hectares. Isso é maior do que o estado do Rio de Janeiro", diz Guedes, da SOS Mata Atlântica.
"Isso é apenas para recuperar florestas nas beiras de rios, que fixam carbono, mas não geram uma economia de produtos florestais. Podemos ter mais 10 milhões de hectares para gerar negócios. O potencial é enorme, mas os projetos ainda são pequenos."
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), são mais de 9 mil aerogeradores em operação em 777 parques eólicos distribuídos por 12 Estados.
O Brasil atingiu a marca de 21 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte eólica. São mais de 9 mil aerogeradores em operação em 777 parques eólicos distribuídos em 12 Estados do Brasil.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), há mais de 532 MW que já estão em operação de testes e devem entrar em operação comercial nas próximas semanas.
A energia eólica é a segunda fonte mais utilizada no Brasil para a geração de energia elétrica, com 11,5% de presença na matriz elétrica brasileira, atrás apenas das hidrelétricas. A previsão da associação que representa o setor é o Brasil chegar a mais de 33 GW de capacidade eólica instalada em 2026.
Os dados sobre geração de energia mais recentes são de 2020 e mostram que as eólicas geraram, naquele ano, 57 TWh de energia, o que, na média mensal, seria suficiente para abastecer 28,8 milhões de residências por mês, o que significa uma população de cerca de 86,4 milhões de pessoas.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Relatório da Wood Mackenzie aponta que recuperação ocorreria na segunda metade do século, países com base renovável estariam em vantagem.
Uma pesquisa da Wood Mackenzie aponta que o mundo possui as ferramentas para limitar o aquecimento global ao nível de 1,5°C fechado no Acordo de Paris. Contudo, nesse processo há implicações econômicas até 2050 com queda de 2% na previsão de Produto Interno Bruto global para esse período, mas afirma que poderá recuperar-se até o final do século.
O relatório No Pain, No Gain: The economic consequences of accelerating the energy transition, aponta que algumas economias sentirão os efeitos mais do que outras. Aquelas menos desenvolvidas e de baixa renda terão um peso “desproporcionalmente alto durante a transição”, destaca a consultoria.
Por outro lado, as economias que já estão mais próximas das metas de neutralidade terão um impacto econômico menor no período analisado. Nações que apresentam forte propensão a investir em novas tecnologias podem até se beneficiar até 2050. Essa é uma das conclusões da Wood Mac.
Em um caso-base a economia global deve dobrar de tamanho em termos reais, passando de US$ 85,6 trilhões para US$ 169 trilhões até 2050. Com o cenário para evitar o aumento da temperatura média, o PIB global anual atinge US$ 165 trilhões em 2050. A perda acumulada será de US$ 75 trilhões entre 2022 e 2050, equivalente a 2,1% da produção econômica total no período.
Apesar dessa previsão, a consultoria aponta que em 2035 é alcançado um ponto de virada com o PIB global superando o cenário base. Esse seria o ponto de início da convergência.
Sobre os mais impactados com a transição energética a Wood Mac aponta que as economias com alta penetração de energia renovável na geração de energia e redes elétricas avançadas estão bem posicionadas para um futuro de baixo carbono. No sentido oposto, alerta que as economias exportadoras de hidrocarbonetos e intensivas em carbono sofrerão as maiores perdas de produção econômica.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
'Dor será recompensada no longo prazo', afirma economista-chefe da Wood Mackenzie.
A transição para a energia limpa, necessária para evitar que a temperatura suba rapidamente, pode reduzir em 2% o PIB (Produto Interno Bruto) global até 2050, mas pode ser recuperável antes do final do século, disse um relatório da consultoria de recursos naturais Wood Mackenzie nesta quinta-feira (20).
Embora os investimentos em tecnologias como parques solares, eólicos e baterias avançadas gerem empregos, a transição também deve causar perda de empregos e receitas fiscais na produção de combustíveis fósseis, disse o relatório intitulado "Sem dor, sem ganho: as consequências econômicas da aceleração da transição energética".
"Não é de forma alguma uma maneira de dizer que não devemos buscar a transição ou retardá-la", disse Peter Martin, economista-chefe da WoodMac. "Essa dor no curto prazo será recompensada no longo prazo."
Os benefícios de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius, conforme exigido pelas Nações Unidas, podem elevar o PIB global em 1,6% em 2050, segundo o relatório. Mas as ações necessárias para estimular a transição para evitar que as temperaturas ultrapassem esse nível podem cortar 3,6% do PIB em 2050, resultando em um impacto de 2%, de acordo com o documento.
Os impactos não serão sentidos de maneira uniforme. A China sentirá cerca de 27% do impacto econômico acumulado de 75 trilhões de dólares no PIB global até 2050, seguida por Estados Unidos, com cerca de 12%, Europa com 11% e Índia, cerca de 7%.
Economias ricas com mercados de capitais profundos que já possuem grandes investimentos em tecnologias de transição energética, ou uma propensão a investir em novas tecnologias, estarão melhor posicionadas.
Os benefícios econômicos da transição energética devem começar a aparecer depois de 2035 e a produção econômica perdida seria eventualmente recuperada antes do final do século, segundo o relatório.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
Em relatório enviado ao governo, órgão cobra ‘clareza’ na definição de novo socorro, que pode alcançar os R$ 15 bilhões, e questiona se empréstimo é a melhor forma de evitar um tarifaço neste ano.
A autorização para mais um empréstimo em um ano eleitoral, somado a outras despesas, tem o risco de acarretar aumentos “expressivos” nas contas de luz nos próximos anos, ainda que impeça um tarifaço com efeitos imediatos, segundo alerta do Tribunal de Contas da União (TCU). Para os técnicos do órgão de fiscalização, o governo deve demonstrar o motivo de adotar a medida novamente e comprovar que a alternativa é, de fato, melhor do que permitir reajustes tarifários extras para as distribuidoras, que atendem ao consumidor final.
No relatório enviado ao governo, obtido pelo Estadão/Broadcast, o TCU cobra "clareza" e "objetividade" do governo na condução da política tarifária, menciona "estudos prévios deficientes" que não indicam os dados completos do impacto do financiamento na inflação ou analisam ações alternativas para equacionar os problemas financeiros das concessionárias. Ainda, que o Ministério de Minas e Energia (MME) sequer se dedicou a investigar as causas estruturais e conjunturais que levaram a mais uma crise.
“De alguma maneira começa-se a formar um acúmulo de aumentos tarifários já em razão de processos tarifários anteriores, Conta Covid e decisões tomadas durante a crise hidroenergética”, diz o relatório. "Há o risco de o consumidor, nos anos vindouros, estar sujeito a aumentos tarifários expressivos, em razão de efeitos cumulativos de decisões tomadas no passado, como pagamento da Conta-Covid e dessa nova operação de crédito, associada aos regulares reajustes/revisões tarifários.”
Para os técnicos da corte de contas, a opção pelo empréstimo, se adotada, deve ser baseada em “estudos, evidências e análises estruturadas para que as alternativas possam ser julgadas de maneira objetiva, sendo possível, assim, verificar se a política adotada representou a alternativa mais vantajosa para tratar o problema, frente a alternativas de solução.”
“Não houve estimativa prévia dos impactos tarifários ao consumidor das medidas para enfrentamento da crise. Ademais, a MP 1.078/2021, autorizando operação de crédito financeiro ao SEB [Setor Elétrico Brasileiro], que poderá aliviar reajustes tarifários em 2022, postergando-os para os anos seguintes, foi baseada em estudos prévios deficientes. Por fim, identificou-se que não houve investigação das causas estruturais e conjunturais que concorreram para a crise hidroenergética”, diz o relatório.
A operação financeira, que deve alcançar até R$ 15 bilhões, foi autorizada via Medida Provisória (MP) e visa evitar um “tarifaço” em 2022. A estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é que o financiamento, se for deste valor, poderá reduzir o reajuste médio projetado para este ano de 21% para 9,14%. Os custos desse empréstimo, no entanto, serão integralmente repassados às contas de luz ao longo dos próximos anos, com incidência de juros. À taxa básica, atualmente em 9,25% ao ano, devem ser acrescidas outras taxas cobradas por um sindicato de bancos liderado pelo BNDES.
Para o TCU, o governo deveria realizar um estudo para analisar a vantagem da nova operação de crédito diante da possibilidade de resolver as condições financeiras das distribuidoras por outros meios. O relatório cita as revisões extraordinárias das tarifas, já previstas nas regras do setor elétrico. Os pedidos ainda teriam que ser analisados pela agência reguladora, mas não implicariam na incidência de juros elevados.
Histórico
É a quarta vez que o governo recorre a operações financeiras para conter reajustes elevados nas contas de luz ou para socorrer as empresas de distribuição. A última foi em 2020, quando o empréstimo foi autorizado para minimizar os efeitos da pandemia de covid-19 sobre o setor - essa operação, inclusive, já está sendo paga por meio de repasses adicionais às contas de luz. Em 2001, quando houve um racionamento de energia, o Executivo inaugurou o uso desse expediente para permitir o pagamento de débitos das distribuidoras de forma imediata. Em 2014, foi usado para conter o repasse de gastos com termelétricas e do aumento de subsídios e descontos para grupos de interesse, mas nem assim conseguiu impedir um aumento de 50% em 2015.
Embora o novo socorro financeiro já esteja previsto na MP, ainda será necessária a edição de um decreto presidencial. Depois, a Aneel terá que regulamentá-lo, o que envolve prazo para receber contribuições de agentes do setor elétrico e da sociedade. O TCU se antecipou a esse processo e adotou um tom de cautela a respeito da necessidade da operação e das suas consequências.
O órgão fiscalizador expressou o temor de que o consumidor tenha uma tarifa "blindada", que não represente o custo real da geração de energia e afaste o sinal econômico para o consumidor, que, no entanto, sofrerá os impactos financeiros do consumo realizado durante a crise hídrica nos próximos anos. Embora as chuvas registradas desde outubro tenham melhorado a situação dos reservatórios, ainda é preciso aguardar o fim do período úmido, em abril, para fazer uma avaliação segura sobre as condições de abastecimento. Por isso, o TCU cobrou da Aneel que defina mecanismos para sinalizar o preço real da energia para os consumidores.
Bandeiras
O governo também terá que elaborar uma metodologia a ser aplicada caso seja necessário estabelecer uma nova bandeira tarifária. A determinação é referente à autorização, por meio da MP, para que o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), presidido pelo ministro Bento Albuquerque, estabeleça “bandeira tarifária extraordinária para cobertura de custos excepcionais decorrentes de situação de escassez hídrica”.
No ano passado, o governo estabeleceu uma cobrança adicional mais cara que deve valer até abril. A “bandeira escassez hídrica” representa uma cobrança adicional de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh). Diferentemente do sistema de bandeiras coordenado pela Aneel, o governo não divulgou a metodologia que levou à definição do valor dessa taxa. À época, o Estadão/Broadcast mostrou que a área técnica da Aneel apontava uma necessidade de elevar a bandeira a quase R$ 25 por 100 kWh, mas a equipe econômica interveio e pediu um número menor para conter impactos inflacionários.
Veja o que está em jogo com o novo empréstimo:
• R$ 15 bi é o valor estimado no mercado para o novo socorro financeiro às empresas do setor de energia. Será usado para bancar despesas como o maior acionamento das usinas térmicas.
• 9,14% é o porcentual médio estimado para reajuste nas tarifas de energia elétrica, caso o governo libere mesmo um financiamento de R$ 15 bilhões para as empresas do setor
• R$ 14,20 é quanto o consumidor paga hoje de taxa extra a cada 100 quilowatts-hora (kWh) de energia, de acordo com a bandeira tarifária ‘escassez hídrica’, que vai valer pelo menos até abril
Fonte: Estadão
Imagem: Jornal de Brasília.
Reajuste médio das tarifas dos brasileiros, inicialmente estimado em 21%, pode cair para 9,14%, a depender do valor do empréstimo.
O presidente Jair Bolsonaro assinou o decreto que regulamenta o socorro bilionário ao setor elétrico para evitar um “tarifaço” em 2022, ano de eleições presidenciais. A operação financeira foi autorizada por meio de uma Medida Provisória (MP) editada em dezembro do ano passado. Conforme mostrou o Estadão/Broadcast, o reajuste médio das tarifas dos brasileiros, inicialmente estimado em 21%, pode cair para 9,14%, a depender do valor do empréstimo.
Apesar de evitar que a conta de luz tenha um aumento elevado neste ano, os consumidores irão pagar nos próximos anos por meio de encargo na conta de luz, com a incidência de juros. Os recursos vão bancar as medidas emergenciais que reduziram o risco de apagões no País ou até mesmo de um racionamento de energia, como acionamento de usinas termelétricas, até mesmo as mais caras.
Energia
Torre de energia elétrica Itaipu binacional; governo tenta evitar forte aumento na energia em ano eleitoral Foto: Alexandre Marchetti.
O documento será publicado na edição do Diário Oficial da União desta sexta-feira, 14, de acordo com a Secretaria-Geral da Presidência da República. A nota publicada na noite desta quinta-feira, 13, entretanto, não detalha os valores exatos do empréstimo, nem o prazo de pagamento, mas a previsão é que a operação fique em torno de R$ 15 bilhões, como vem sendo aventado nos últimos meses.
Embora os trâmites tenham avançado com a edição do decreto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) terá que regulamentá-lo. O processo envolve prazo para receber contribuições de agentes do setor elétrico e da sociedade, por isso, não há previsão de quando o financiamento será concedido às distribuidoras. A expectativa das empresas é que seja liberado em fevereiro, frente às condições financeiras complicadas que estão operando.
De acordo com a nota, o decreto “prevê a criação e gestão da Conta Escassez Hídrica, pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)”. A conta receberá os recursos da operação financeira reguladas pela Aneel que, em seguida, serão repassados às distribuidoras, que funcionam como um "caixa" do setor elétrico. As empresas que solicitarem o socorro deverão comprovar os custos adicionais.
“Espera-se com o novo decreto garantir a higidez de todo o sistema elétrico, de forma a permitir a célere injeção de recursos nas distribuidoras e, ao mesmo tempo, possibilitar que o repasse aos consumidores dos custos adicionais observados na geração de energia elétrica se faça de forma suave e diluída no tempo”, diz a nota.
A Secretaria-Geral ressaltou que a Medida Provisória determina a criação de um encargo para evitar que consumidores hoje atendidos pelas distribuidoras não paguem pelo empréstimo caso migrem para o mercado livre. Hoje, apenas grandes empresas operam neste modelo. Mas, a abertura total em alguns anos vem sendo analisada por órgãos do setor e no Congresso Nacional.
O novo socorro financeiro tem como pano de fundo a decisão do governo de estabelecer um valor de bandeira tarifária insuficiente para suportar os custos das medidas decorrentes da escassez hídrica. Mesmo com o início das chuvas em alguns locais do País, que melhoraram as condições dos reservatórios nas últimas semanas, especialistas afirmam que a conta de luz dos consumidores não deve ser reduzida neste ano.
Fonte: Estadão
Imagem: MSN.com
O Instituto Água e Terra (IAT) emitiu pela primeira vez na história a Declaração de Inexigibilidade de Licença Ambiental (Dila) através do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). O licenciamento emitido de forma online faz parte do Paraná Energia Sustentável, programa criado pela Secretaria estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) em maio do ano passado.
O documento foi emitido de maneira virtual para a instalação de uma usina fotovoltaica para abastecer um barracão de frango no município de Tapira, no Noroeste do estado. Antes esse processo era feito de forma manual e demorava até 15 dias para liberação. Para fazer a solicitação, basta acessar este link.
A Dila é emitida de acordo com a Resolução Sedest nº 11/2021, para licenciamento de empreendimentos UFV instalados em unidades domiciliares e/ou pluridomiciliares, unidades industriais, comerciais, agropecuários, entre outros, inferior ou igual a 1,5 hectare e em local coberto por rede pública de energia.
Para diminuir a burocracia na emissão sem danos ao meio ambiente, foram criadas sete Resoluções, cada uma com especificações próprias para cada tipo de ativo e que evitam ao usuário ter de passar por todo o processo que um licenciamento de uma grande potência exige, caso das hidrelétricas e outros.
As fontes são divididas em eólica (Resolução 07/2021), biodigestores com aproveitamento de biogás (Resolução 08/2021), potencial hidráulico (Resolução 09/2021), por meio de caldeiras geradoras de vapor utilizando biomassa (Resolução 10/2021), solar (Resolução 11/2021), sistemas de distribuição e transporte de gás canalizado (Resolução 12/2021) e sistemas de transmissão, distribuição e subestação de energia (Resolução 13/2021).
SGA
O Sistema de Gestão Ambiental permite aos usuários a requisição de licenças pela internet e consultas relacionadas ao processo. A ferramenta foi desenvolvida em 2014 pelo então Instituto Ambiental do Paraná (IAP), em parceria com a Celepar.
Em 2021 passou por melhorias como a inclusão da emissão automática de notas fiscais, que antes passavam por uma análise técnica. Desde o lançamento do Paraná Energia Sustentável, o IAT emitiu 166 licenças para instalação de energia fotovoltaica.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Novo decreto possibilita o desenvolvimento sustentável, mantendo a norma entre as mais protetivas do mundo.
O Governo Federal publicou, nessa quarta-feira (12/01), o decreto N° 10.935, que disciplina a proteção de cavidades naturais subterrâneas. O texto assegura que a exploração só pode ocorrer desde que haja proteção equivalente, chegando a exigir a compensação em dobro.
A nova legislação mantém a necessidade de licenciamento prévio de todos os empreendimentos e a proibição de supressão de cavidades com material de destacada relevância histórico-cultural e religiosa.
As possibilidades de compensação ambiental para empreendimentos que afetem cavidades de grau de proteção alta são ampliadas, de forma a permitir uma aplicação mais eficaz dos recursos destinados à preservação ambiental.
O decreto cria a possibilidade de investimentos em projetos estruturantes fundamentais, geradores de emprego e renda, como rodovias, ferrovias, mineradoras, linhas de transmissão e energias renováveis, garantindo, ao mesmo tempo, a proteção das cavidades.
O objetivo do Governo Federal é trazer segurança jurídica para ambientes favoráveis ao desenvolvimento econômico, mantendo a preservação do meio ambiente por meio de uma legislação considerada entre as mais protetivas do mundo.
Fonte: MME
Imagem: ICMBio.
Consciência sobre os desafios ambientais tem levado a mudanças significativas no mercado de crédito e de subscrição de riscos.
Um tema deve dominar o Fórum Econômico Mundial neste ano: o risco do fracasso em lidar com as mudanças climáticas. A conclusão faz parte do Global Risk Report 2022, o novo relatório de riscos globais que norteia as discussões realizadas na cidade suíça de Davos, onde acontecerá o encontro entre 17 e 21 de janeiro.
A pesquisa é feita com mais de mil líderes mundiais que representam empresas, governos e organizações globais, em uma parceria entre Zurich Insurance Group, Marsh McLennan, Universidade de Oxford, Universidade de Singapura e Universidade da Pensilvânia. As questões climáticas lideram o ranking de maiores preocupações nos três horizontes de tempo do levantamento. No curto prazo, em um horizonte entre zero e dois anos, os entrevistados colocaram no topo dos temores o clima extremo. E tanto para o médio prazo, em um intervalo entre dois a cinco anos, e no longo, de cinco a dez anos, os líderes globais apontaram o fracasso nas ações para evitar as mudanças climáticas como maior risco a ser enfrentado pela humanidade.
"Apesar de o risco de curto prazo que se materializou ter sido o da pandemia, o risco que os entrevistados consideram como principal ameaça de médio e longo prazos é o climático", afirma o CEO da Zurich no Brasil, Edson Franco. "E para isso não tem vacina."
Na visão do executivo, "a questão colocada claramente no relatório é que, se demorarmos a agir, podemos ultrapassar o ponto de não retorno e não haverá mobilização suficiente para desfazer o dano que já foi feito". Conforme o CEO da Marsh Brasil e Chairman da Marsh & McLennan Companies Brasil, Eugenio Paschoal, "há uma preocupação clara dos líderes globais com o risco de uma transição climática desordenada".
Essa consciência sobre os desafios ambientais têm levado a mudanças significativas no mercado de crédito e de subscrição de riscos. Segundo Franco, da Zurich, "as seguradoras globais, por exemplo, começam a colocar critérios como responsabilidade das empresas ao lidar com sua própria matriz de ações ambientais e sociais" para subscrever um risco. "A matriz de sustentabilidade denota a qualidade do risco que nós estamos subscrevendo", complementa. Para o CEO da Zurich, "a gente pode começar a ver países e empresas que demoraram muito a agir sofrer determinado riscos de sanções, pressões ou até dificuldade de acesso a crédito".
O risco climático aparece em quarto lugar entre as preocupações dos 287 líderes empresariais brasileiros entrevistados para o relatório. De acordo com Paschoal, da Marsh, o grupo de líderes nacionais indicou como principal preocupação o risco de prolongamento da estagnação econômica do país. Em segundo lugar, surge o desemprego e crises de sustento da própria população. Em terceiro está a desigualdade digital.
Na quinta posição entre os principais riscos vistos pelos empresários brasileiro na pesquisa global aparece a geopolítica dos recursos estratégicos, ou seja, o uso de acesso a recursos como ferramenta de negociação entre os países do mundo.
Além dos riscos climáticos, os entrevistados do Global Risk Report 2022 apontam riscos sociais impulsionados pela pandemia entre os principais problemas a serem enfrentados. Em uma visão de curto prazo, a "erosão da coesão social", as "crises de subsistência" e a "deterioração da saúde mental" estão entre os tópicos que pioraram mais desde o início da crise sanitária.
Conforme o relatório, 60% das lideranças entrevistadas também acreditam que em questões relacionadas à “migração e refugiados” esforços de colaboração internacional têm falhado. "As barreiras à migração ordenada podem ter graves consequências globais, como desencadear ou agravar crises humanitárias, aumentar a polarização da sociedade e ampliar as lacunas no mercado de trabalho", aponta o documento.
Os riscos cibernéticos também surgem entre os principais temores atuais. As “falhas de segurança cibernética” estão entre os dez principais riscos que mais se agravaram desde o início da pandemia. Desde o início da pandemia, ataques de malware aumentaram 358%, enquanto os ataques de ransomware aumentaram 435%.
O risco de uma recuperação global desigual em consequência da pandemia é citado entre os maiores desafios. De acordo com o levantamento, a pandemia e suas consequências econômicas e sociais vão continuar a representar ameaça crítica para o mundo e para as empresas.
A desigualdade no avanço da vacinação também terá graves consequências, pois pode agravar a recuperação econômica de muitos países. O documento aponta que países mais pobres, onde vivem um décimo da população mundial, receberam até dezembro de 2021, apenas 6% de toda oferta global de vacinas, segundo dados da Airfinity.
Um novo risco que entra na lista neste ano é o da corrida espacial. Na nova edição do relatório, os entrevistados indicam a expansão dessa atividade, que pode levar ao aumento das tensões geopolíticas, além de impactos ambientais desconhecidos.
“A grande lição do relatório é que todos os riscos estão conectados”, afirma o CEO da Zurich. “Riscos pandêmico, ambiental e de recuperação econômica e social todos estão interligados e, da mesma forma, temos de ter uma abordagem cooperativa unindo países e sociedade civil para enfrentá-los”, conclui Franco.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O Brasil é o segundo país com a tarifa de energia mais cara do mundo, segundo análise da Agência Internacional de Energia (IEA) baseada em números de 2018. O bolso do brasileiro só não dói mais do que o do alemão, que lidera o levantamento (confira mais abaixo).
Para Roberto D' Araujo, diretor do Instituto Ilumina — ONG que discute o setor elétrico brasileiro —, o país pode chegar ao topo do ranking, caso o sistema atual se mantenha. "Não dá para entender por que o Brasil, um país continental, todo ensolarado, tem 2,5% de usinas solares", critica.
Uma das principais causas para essa alta tarifa energética é a presença de usinas termelétricas - produção pela queima de combustíveis fósseis -, que têm um custo de construção e manutenção elevado. De acordo com dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), há 3229 usinas desse tipo no Brasil, o que representa 24,66%. As hidrelétricas, produção de energia por rios ou represas, são maioria no país, com 56,71%.
D'Araujo explica que as termelétricas funcionam como um "seguro" para não faltar energia no país, já que não dependem de chuvas, por exemplo. Porém, na avaliação do diretor do Instituto Ilumina, o poder público não age para diminuir essa dependência e investir em usinas fotovoltaicas (solares) ou eólicas (produção pela energia cinética do vento). Essa última representa 11,48% da produção energética brasileira.
Produção de carvão
A fala do diretor do Instituto Ilumina sobre o país priorizar as usinas termelétricas vai ao encontro das decisões do presidente Jair Bolsonaro (PL) e Congresso. Foi sancionada no último dia 5 a lei que renova a política de apoio à produção de carvão do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (CTJL), em Santa Catarina, autorizando seu funcionamento por mais 15 anos.
Apesar da renovação, a nova lei cria a PTJ (Política de Transição Justa), voltada à energia limpa e redução de poluentes. Também estabelece um programa de transição energética (TEJ) para zerar as emissões de carbono até 2050.
A nova lei garante ainda uma promessa do governo de um contrato de compra de energia de reserva da usina, definindo uma receita fixa suficiente para cobrir os custos da geração.
1º - Alemanha
2º - Brasil
3º - Itália
4º - Turquia
5º - Singapura
6º - Indonésia
7º - Japão
8º - Índia
9º - Reino Unido
10º - África do Sul.
Fonte e Imagem: Portal UOL.
Perspectiva é de chegar a pelo menos 7 GW por conta dos incentivos que estão vigentes para a modalidade e que serão modificados a partir de 2023.
A lei 14.300 deverá proporcionar uma verdadeira explosão no mercado de geração distribuída em 2022. A previsão da Associação Brasileira de Geração Distribuída é de que o país veja a capacidade instalada praticamente dobrar nos próximos 12 meses. De um total de cerca de 8,8 GW que a Agência Nacional de Energia Elétrica registra atualmente, o segmento deverá fechar o ano com algo próximo a 15 GW. Essa é a projeção do presidente executivo da entidade, Guilherme Chrispim, o entrevistado no CanalEnergia Live desta segunda-feira, 10 de janeiro.
O executivo afirma que esse movimento é esperado justamente por conta dos interessados em aproveitar a atual legislação e seu período de transição na busca de maximizar o retorno do investimento. Essa verdadeira corrida vem antes da alteração da forma de compensação, tema que gerou bastante discussão e acusações nos últimos dois anos. Contudo, Chrispim elogia a lei que, segundo ele, traz a esperada segurança para os investimentos, mesmo no pós 2022.
“Teremos crescimento em 2022 por conta dos interessados nessa geração, para que sejam aproveitadas as oportunidades dadas pela Lei. Mas seguiremos em crescimento nos anos seguintes, seja 2023, 2024 e além, será em ritmo menor por conta da taxa de retorno menor, mas seguirá em expansão”, aponta ele.
Contudo, o executivo lembra que não se pode deixar de considerar que apesar da mudança na compensação, não se pode deixar de ressaltar que a tarifa de energia no mercado regulado seguirá em tendência de alta. Além dos momentos como o atual em que componentes adicionais deverão ser incorporados, os contratos com as distribuidoras são indexados ao IPCA e que por isso seguirão se elevando com o tempo. Esse fator ajuda a balancear a alteração na remuneração de sistemas de GD.
Em linhas gerais, o presidente da ABGD considera, apesar de vetos e da Lei ser o texto possível de se chegar, um avanço para o país. Ajuda, por exemplo, a facilitar o acesso à rede das distribuidoras, já que agora as concessionárias têm a obrigação de indicar todas as pendências em um projeto de uma vez só. Anteriormente, diz ele, se houvesse mais pontos o projeto ‘ia e voltava’ todas as vezes, o que dificultava o atendimento de prazos que a Aneel estabelece em regras.
Mas, ele também considera que deve existir pontos que o próprio setor de geração distribuída precisa melhorar. Ele diz que a entidade está aberta e quer conversar sobre esses pontos com Aneel e as distribuidoras.
A entrevista está disponível em nosso perfil no LinkedIn que pode ser acessado aqui. E ainda, em breve no TV CanalEnergia, nossa página no YouTube. Aproveite, cadastre-se e ative as notificações para ser informado de todas as nossas atualizações.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Associação destaca segurança jurídica e regras de transição mais suaves da legislação brasileira.
A legislação que cria o novo marco da micro e minigeração distribuída vai trazer segurança jurídica e acelerar os investimentos em novos projetos pelo território nacional, na avaliação do presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia. A Lei 14.300 foi sancionada e publicada pelo governo nesta sexta-feira, 7 de janeiro, após um processo de discussão com idas e vindas até a definição do texto final.
A quase totalidade dos empreendimentos do país enquadrados nessa classificação são de fonte solar. Sauaia disse em nota divulgada pela associação que a geração própria de energia fotovoltaica é uma das melhores alternativas para fugir das bandeiras tarifárias nesse período de escassez hídrica.
A lei mantém as regras atuais de compensação da energia injetada na rede até 2045 para os pioneiros e para novos pedidos feitos nos próximos 12 meses. Para quem instalar sistemas após os 12 meses iniciais está previsto um período de transição, com o pagamento escalonado da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD fio B), até atingir a tarifa total, em 2028.
O Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional de Energia Elétrica terão 18 meses para estabelecer as diretrizes e a valoração dos custos e benefícios da geração distribuída, após o período de transição. A vice-presidente de geração distribuída da Absolar, Bárbara Rubim, afirmou que com as novas regras o Brasil fica bem posicionado no apoio à geração própria, na comparação com outros países. A executiva deu exemplos das legislações da Califórnia e de Nevada, nos Estados Unidos, para mostrar que a lei brasileira é mais favorável que a desses estados.
O mesmo acontece na comparação com a Holanda, uma vez que o Brasil terá uma transição mais gradual que a do país europeu, mantendo atratividade maior, completou a executiva.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O texto final da Lei 14.300, que institui o marco legal da micro e minigeração distribuída, foi aprovada em 16 de dezembro na Câmara dos Deputados.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou com dois vetos a Lei 14.300, que institui o marco legal da micro e minigeração distribuída. O texto foi aprovado em 16 de dezembro do ano passado na Câmara dos Deputados, após analise das alterações feitas pelo Senado.
Foram vetados dispositivos da lei considerados inconstitucionais e que contrariam o interesse público. Um deles permitia a divisão de usinas fotovoltaicas flutuantes em centrais geradoras de porte menor para enquadramento nos limites de potência de micro ou minigeração. É uma medida que, segundo o governo, distorce o modelo setorial e traz custos adicionais aos consumidores, da ordem de R$ 7 bilhões.
Esses empreendimentos são de porte maior e eram os únicos, inclusive, para os quais a lei permitia a divisão em projetos menores. Foi um dos acréscimos feitos pelo Senado à proposta originária da Câmara, e o único mantido pelos deputados.
Também foi vetado um parágrafo que determinava que os empreendimentos de minigeração distribuída seriam considerados projetos de infraestrutura de geração de energia elétrica, para permitir o enquadramento no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi).
O dispositivo estabelecido que essas centrais geradoras seriam reconhecidos como projetos prioritários, com benefícios ambientais e sociais relevantes. O governo ponderou, no entanto, que os benefícios fiscais do Reidi “foram desenhados para projetos de infraestrutura que tendem a proporcionar aumento de produtividade da economia significativamente maiores do que aqueles proporcionados pelos minigeradores de energia.”
Além disso, o dispositivo contraria a constituição e a legislação existente porque amplia a renúncia fiscal do regime sem estimativa prévia de impacto orçamentário-financeiro. Também desrespeita a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2021, que prevê que propostas legislativas que concedam, renovem ou ampliem benefícios tributários deverão conter cláusula de vigência de no máximo cinco anos.
O marco legal da GD mantém as regras atuais do sistema de compensação da energia gerada por sistemas de geração até 2045 para os pioneiros e para aqueles que solicitarem acesso à distribuidora até 12 meses após a publicação da lei. Para quem entrar após esses 12 meses a lei prevê um período de transição, como o aumento gradual do valor a ser pago na tarifa de uso do sistema de distribuição, até alcançar a tarifa cheia ao longo do tempo.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
País tem milhões de hectares de terras reflorestáveis; reflorestamento é a forma mais efetiva de sequestrar carbono.
O Brasil tem potencial para liderar o mercado emergente de sequestro de carbono atmosférico – fundamental para que seja atingida a meta de empurrar o aquecimento global para um patamar abaixo de 1,5 a 2,0 graus Celsius em comparação com o período pré-industrial.
Para isso, o país dispõe de uma formidável reserva de 50 milhões de hectares de terras reflorestáveis, com potencial de regeneração natural espontânea ou de regeneração natural assistida. E o reflorestamento é, de longe, a forma mais efetiva de sequestrar carbono da atmosfera.
A consideração foi feita na palestra “Oportunidades de empreendedorismo com restauração ecológica, mercado de carbono e soluções baseadas na natureza”, apresentada por Renato Crouzeilles, durante o webinário “Serviços Ecossistêmicos”, o 3º e último do Ciclo BIOTA Empreendedorismo, promovido pelo Programa BIOTA-FAPESP (Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade), realizado em 30 de novembro de 2021.
Crouzeilles é professor no Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), pesquisador afiliado ao IIS (Instituto Internacional para Sustentabilidade) e diretor executivo do International Institute for Sustainability Australia.
Sua palestra teve como foco o potencial econômico das soluções ambientais, especialmente no mercado de sequestro de carbono. “O mercado voluntário de sequestro de carbono deve crescer até 15 vezes de 2020 a 2030. E, até 2050, entre 7 e 13 gigatoneladas do carbono deverão ser sequestradas anualmente, para compensar as emissões, e atingir a meta de Net Zero”, disse. A expressão “Net Zero” designa a neutralidade de carbono, condição em que todas as emissões remanescentes são compensadas por sequestros.
Segundo o pesquisador, o preço do carbono sequestrado ainda é muito baixo, mas em mercados regulados como o europeu a tonelada de carbono sequestrado já alcança o valor de 69 euros. “A demanda já é grande e tende a aumentar, o preço também, e a oferta ainda é baixa e de baixa qualidade”, afirmou.
Crouzeilles informou que a qualidade da oferta de sequestro de carbono é aferida a partir de três critérios. O primeiro é o da “durabilidade”, isto é, por quanto tempo o sequestro poderá ser mantido. O segundo critério é o da “adicionalidade”, que só se aplica quando o reflorestamento atende estritamente ao objetivo do sequestro de carbono. Uma floresta reconstruída para extração de madeira não pode ser apresentada como uma adição que só se tornou possível devido ao financiamento obtido no mercado de carbono. O terceiro critério, finalmente, é que não haja “vazamento”, isto é, que o reflorestamento em determinada área não implique desmatamento em outra.
“O Brasil apresenta uma das maiores oportunidades para reflorestamento em larga escala e a baixo custo visando remover CO2 da atmosfera”, enfatizou o pesquisador. E listou quatro vantagens do país: alto potencial de sequestro de carbono; baixo custo para o reflorestamento; grande quantidade de área disponível; alto potencial para regeneração natural assistida.
Em vez de fechar os olhos diante de uma política obtusa de desmatamento e predação dos recursos naturais, os agentes econômicos brasileiros deveriam enxergar a preservação e a reconstrução das florestas como um dos maiores e potencialmente mais lucrativos patrimônios do país.
“Devido às condições climáticas, a Amazônia e a Mata Atlântica estão entre os melhores locais do mundo para o sequestro de carbono. E, principalmente na Amazônia, o custo de oportunidade para isso é baixo”, comentou Crouzeilles.
O “custo de oportunidade”, ele explicou, é o montante de dinheiro que o proprietário rural deixa de ganhar ao redirecionar parte de sua área da atividade agropecuária para o reflorestamento. Em lugares distantes da fronteira de expansão do agronegócio, esse redirecionamento pode ser uma opção bastante vantajosa do ponto de vista econômico, para não falar de suas virtudes ambientais.
Crouzeilles disse que grandes corporações, como a Microsoft, a Apple, a Amazon e outras, estão bastante engajadas na política de carbono neutro até 2050. E que a Microsoft, em especial, não apenas quer zerar seu balanço de emissões, como também apagar toda a “pegada de carbono” deixada ao longo de sua história.
De acordo com o pesquisador, o mercado de sequestro de carbono é altamente promissor para o Brasil. Mas é preciso agir logo, e com alta velocidade, porque 2030 está logo ali e a meta de reduzir o aquecimento global abaixo de 1,5 a 2,0 graus Celsius continua longe de ser alcançada. Na opinião de Crouzeilles, apenas empresas de tipo startup têm flexibilidade e agilidade suficiente para ocupar esse espaço.
SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS
O webinário teve como objetivo debater o potencial dos serviços ecossistêmicos para a sustentabilidade. “O nosso objetivo é dialogar com diferentes públicos e com segmentos mais amplos da sociedade”, afirmou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, que participou da abertura do encontro.
Na segunda parte do webinário, uma mesa-redonda virtual reuniu profissionais que já atuam economicamente no ramo de serviços ecossistêmicos. Participaram Paulo Groke, diretor do instituto Ecofuturo, mantido pela empresa Suzano, e Marcelo Gomes da Silva Pereira, gerente de meio ambiente florestal da Suzano; Isabel Duarte Coutinho, diretora e pesquisadora da Natcrom Soluções Sustentáveis; e Andresa Berretta, gerente da Apis Flora.
Groke citou o exemplo do Parque das Neblinas, uma reserva ambiental da Suzano gerida pelo Instituto Ecofuturo. Dispondo de 7.000 hectares, com mata atlântica em diferentes estágios de recuperação, o parque abriga atividades de manejo e restauração florestal, ecoturismo, educação ambiental, pesquisa científica e participação comunitária.
Pereira apresentou os objetivos da Suzano no campo das soluções baseadas na natureza. A empresa, que é a maior produtora global de celulose de eucalipto, possui uma área florestal de 2,3 milhões de hectares, dos quais quase 1 milhão de hectares vêm sendo conservados como reserva nativa. A expectativa, segundo o gerente, é valorizar e monetizar esse patrimônio natural, incorporando os serviços ecossistêmicos ao portfólio da companhia.
Transitando da grande empresa para a startup, o webinário seguiu com a apresentação de Isabel Coutinho, que descreveu as atividades da NatCrom, com apoio do PIPE (Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) da FAPESP e abrigada atualmente na incubadora de empresas da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Araraquara.
Baseada no conceito de economia circular, que transforma resíduos em recursos, a NatCrom produz extratos botânicos e fitoquímicos a partir de descartes da agroindústria, aproveitando especificamente os rejeitos na cadeia produtiva da manga para fabricar biopolímeros.
Na última apresentação, Andresa Berretta falou da AgroBee, startup também apoiada pelo Programa PIPE/FAPESP. Mais de 70% dos cultivos agrícolas dependem de polinização realizada por abelhas. E a AgroBee conecta apicultores com agricultores que necessitam de abelhas para a polinização de suas lavouras. A conexão é feita por meio de um aplicativo digital com várias funcionalidades. Daí a empresa ter sido apelidada, midiaticamente, de “uber das abelhas” (Para mais informações acesse aqui ).
Entre os resultados, Berretta citou um aumento de 17% na produção média por hectare em plantações de café arábica que passaram a utilizar esse serviço ecossistêmico durante as semanas da florada.
O webinário “Serviços Ecossistêmicos” foi apresentado por Jean Paul Metzger, professor titular de ecologia da Universidade de São Paulo e membro do Comitê de Coordenação do Programa BIOTA-FAPESP. A mesa-redonda teve coordenação de Carlos Alfredo Joly, principal mentor do Programa BIOTA-FAPESP e recentemente contemplado com o título de Professor Emérito pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Fonte: Poder 360
Imagem: InfoEscola
Nova lei beneficia o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, maior térmica a carvão do Brasil, por meio de contrato de energia de reserva.
Entidades empresariais ligadas ao setor elétrico lamentaram a sanção do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao projeto de lei 712/19 que prorroga por 15 anos, a partir 2025, a contratação da energia gerada por termelétricas movidas a carvão mineral em Santa Catarina. A nova lei beneficia o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (CTJL), maior térmica a carvão do Brasil, por meio de contrato de energia de reserva até 2040.
O posicionamento parte da associação dos grandes consumidores de energia (Abrace), Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) e Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), que são contrários à obrigação da contratação de térmicas a carvão.
A Abrace estima que o custo extra e anual repassado aos consumidores será de R$ 2,24 bilhões. Para o gerente de Energia Elétrica da associação, Victor Iocca, o Brasil deveria “começar o ano avançando no propósito da modernização do setor, com investimentos em energias sustentáveis, com respeito ao meio ambiente, competitividade e iniciativas que permitam um valor de energia mais justo aos consumidores”.
O Presidente da Abradee, Marcos Madureira, se posiciona contra os subsídios que impactam os custos da energia elétrica e que oneram o consumidor brasileiro. “Nosso entendimento é que aqueles subsídios que sejam realmente necessários devem ser cobertos com recursos do orçamento do Estado e não pagos pelos consumidores de energia elétrica”, disse.
Já a ABGD discorda do prazo de 15 anos. No entendimento da entidade, a transição energética, com abandono de combustíveis fósseis, é uma rota inevitável e prazos superiores a cinco anos para interromper subsídios em favor de fontes poluentes não deveriam mais ter espaço nas políticas macro e regionais de planejamento da matriz energética.
“Para a questão do Complexo Jorge Lacerda e demais casos semelhantes, a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) defende a elaboração de programas específicos para que, por meio da transferência escalonada de incentivos, seja possível levar investimentos e empregos da indústria do carvão para novos negócios em fontes limpas e renováveis de energia”, afirma Guilherme Chrispim, presidente da ABGD.
A lei prevê que até 2025 essas usinas permanecerão recebendo subsídios por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Depois disso, as usinas têm garantia legal de contratação da energia gerada até 2040.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Apesar da seca em 2021, a geração anual da hidrelétrica de Itaipu demonstra que a usina segue sendo vital para a segurança energética do Brasil e do Paraguai. No ano que passou, ela gerou 66.369 GWh, que abasteceram 8,4% do consumo brasileiro de eletricidade e 85,6% do paraguaio. O valor é o menor dos últimos anos. Em 2020, a geração de energia chegou a 76.382 GWh e em 2019, ficou em 79.445 GWh. O total gerado pela usina brasileiro-paraguaia seria suficiente para abastecer cerca de 36 milhões de residências e equivale aproximadamente à produção das duas maiores hidrelétricas totalmente brasileiras somadas: enquanto Tucuruí registrou 33 milhões de MWh, Belo Monte produziu 31 milhões de MWh.
Para o diretor-geral brasileiro da Itaipu, general João Francisco Ferreira, a empresa tem superado o cenário adverso da estiagem com uma produção cada vez mais eficiente, assegurando energia limpa e renovável para os consumidores brasileiros e paraguaios. De acordo com ele, em um mundo que discute como produzir energia sem emitir gases do efeito estufa, Itaipu segue sendo vital para posicionar o Brasil e o Paraguai entre os países com as matrizes energéticas mais sustentáveis diretor destacou ainda a estratégia ambiental da empresa, de preservar os ecossistemas para proteger o reservatório e, consequentemente, assegurar a geração de energia no longo prazo.
A baixa afluência do Rio Paraná nos últimos dois anos levou os técnicos da binacional a aprimorarem continuamente a coordenação entre a geração de energia e a necessidade de periodicamente parar cada unidade geradora para a realização de manutenções preventivas, considerando também a quantidade de água que chega ao reservatório e a demanda por eletricidade dos sistemas de ambos os países. A estratégia, que busca tirar o máximo proveito da água para a produção de energia, tem levado a usina a quebrar sucessivos recordes de produtividade. Em 2019, para cada metro cúbico de água que passou por segundo pelas unidades geradoras foi produzido 1,079 MW, até então, a melhor marca da usina. Em 2020, o índice melhorou, chegando a 1,087 MW médio por m3/s.
Em 2021, os técnicos da Itaipu aprimoraram ainda mais esse processo de gestão e, pelo terceiro ano consecutivo, estabeleceram um novo recorde de produtividade, com 1,098 MW med/m³/s, com destaque para o mês de julho, quando foi atingida a melhor marca mensal na história da usina, com 1,1221 MW med/m³/s.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Empresas queriam postergar desembolso e aguardam empréstimo bilionário.
A área técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) rejeitou o pedido das distribuidoras de energia para adiar o pagamento de R$ 5 bilhões em encargos e as companhias irão pagar o valor nesta quarta-feira. Os recursos serão destinados às empresas geradoras de eletricidade por meio de termelétricas.
— Como o pedido não foi atendido, as distribuidoras estarão fazendo normalmente o pagamento hoje (quarta-feira) — disse ao GLOBO o presidente da associação das distribuidoras de energia (Abradee), Marcos Madureira.
O custo da geração de energia subiu no ano passado por conta da crise hídrica, quando o governo acionou praticamente todo o parque térmico do país. A energia por termelétrica é mais cara, porque é necessário comprar combustíveis como gás e diesel.
Parte desse custo extra está sendo coberto com a bandeira tarifária da escassez hídrica, que aumentou as contas de luz no ano passado e que segue sendo cobrada até abril.
As distribuidoras alegam, porém, que o recurso arrecadado com a bandeira não é suficiente para cobrir todo o custo extra e que podem não ter caixa para pagar o montante, sendo necessário recorrer a empréstimos.
A Abradee calcula um custo de R$ 14 bilhões não coberto pela bandeira tarifária. Normalmente, esse custo é transferido para as contas de luz, por meio dos reajustes anuais.
Por isso, o governo editou uma medida provisória (MP) para montar um empréstimo, pagar esse custo e evitar um tarifaço em 2022, ano de eleições presidenciais. O empréstimo seria pago nos próximos anos nas contas de luz. Dessa vez,a expectativa é que o socorro atinja R$ 15 bilhões.
Enquanto o empréstimo não vem, as distribuidoras pediram à Aneel para adiar o pagamento de recursos referentes à geração de energia por termelétricas, da ordem de R$ 5 bilhões neste mês. Esse pedido foi negado pela área técnica da Aneel, com base na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), de acordo com documentos obtidos pelo GLOBO.
Para fevereiro, a diretoria da agência ainda pode decidir por adiar o pagamento. Os técnicos da Aneel afirmam que adiar o pagamento pelas distribuidoras prejudica a sustentabilidade financeira dos demais agentes e pode fazer esse valor subir no futuro.
Em nota técnica, a CCEE diz que compreende as dificuldades enfrentadas pelas distribuidoras, mas afirma que no atual cenário de escassez hídrica, os esforços para a continuidade da prestação do serviço essencial de energia elétrica envolvem outros agentes de mercado, a exemplo dos geradores térmicos.
Para a CCEE, o pagamento dentro do prazo é necessário para não “frustrar a expectativa de receita dos demais agentes, evitando inadimplências generalizadas que poderão comprometer, inclusive, a segurança energética do país”.
O setor de distribuição funciona como uma espécie de caixa do setor elétrico, arrecadando dinheiro do consumidor para repassar aos segmentos de geração e transmissão de energia, além de pagar seus próprios custos.
Assim, se os custos sobem demais, as empresas podem enfrentar problemas de liquidez até que os próximos reajustes tarifários joguem as despesas extras para a tarifa. Tudo, na prática, é transferido para os consumidores finais. Mas as oscilações de custos ao longo do ano acaba prejudicando o caixa das empresas.
— Nós estamos passando um momento que, por razões de medidas que foram importantes para garantir o fornecimento de energia elétrica durante a crise hídrica, houve um custo muito elevado. A solução que está se buscando aqui é evitar um custo para o consumidor — defende Madureira.
O empréstimo para as distribuidoras embutido nas contas de luz é inspirado num movimento semelhante feito pelo governo Dilma Rousseff durante a crise de 2014 — também durante ano eleitoral.
Para que a segunda etapa do socorro seja viabilizada, o presidente Jair Bolsonaro precisa assinar um decreto dando a autorização. Após isso, a Aneel editará resoluções detalhando a operação.
Fonte e Imagem: O Globo.
PAU-Brasil analisará de solicitações de exportação de produtos e subprodutos da biodiversidade.
Entre os pedidos que serão analisados pela PAU-Brasil estão os de exportação de tora, madeira acima de 250mm de espessura e de lenha.
O Ibama instituiu a PAU-Brasil (Plataforma de Anuência Única do Brasil), que será usada na emissão de licenças para exportação de produtos e subprodutos da biodiversidade. A ferramenta fará análise e gerenciamento de risco dos pedidos.
Segundo portaria (íntegra — 66 KB) publicada no DOU (Diário Oficial da União) desta 4ª feira (5.jan.2022), a plataforma é uma “ferramenta de gestão e anuência das solicitações de importação e exportação de espécimes, produtos e subprodutos da fauna, da pesca e da flora nativas, sob regime de controle pelo Ibama”.
A PAU-Brasil vai interoperar em parceria com o Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior), do Ministério da Economia para análise das seguintes licenças:
• de Exportação de Peixes Águas Continentais;
• de Exportação de Peixes Águas Marinhas;
• de Exportação de tora, madeira acima de 250 mm de espessura e de lenha, de espécies nativas;
• de Exportação de carvão vegetal de espécies nativas;
• de Exportação de espécimes, produtos e subprodutos da flora silvestre brasileiras e exótica constantes nos anexos da Cites (Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção);
• de Exportação de espécimes, produtos e subprodutos da fauna silvestre brasileiras e exótica constantes ou não nos anexos da Cites;
• de Exportação de Madeiras de Espécies Nativas.
De acordo com o Ibama, continuará a ser obrigatória a emissão de licença Cites para a importação, exportação e reexportação.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Conta de mais de R$ 5 bilhões deve ser paga até 4ª feira (5.jan.2022).
As distribuidoras de energia elétrica pediram à Aneel prorrogação do prazo para pagamento da geração extra de energia junto à CCEERAFAELLA BARROS04.jan.2022 (terça-feira) - 19h20.
As distribuidoras de energia elétrica pediram à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) prorrogação do prazo para pagamento da geração extra de energia junto à CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). O montante, com vencimento na 4ª feira (5.jan.2022), é de mais de R$ 5 bilhões, só contabilizados os encargos referentes a novembro.
No dia 27 de dezembro, a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica) pediu à agência, de forma cautelar (provisória), que as contratações de energia elétrica no chamado Mercado de Curto Prazo, feitas desde novembro, sejam quitadas só depois da liberação do socorro financeiro viabilizado pela Medida Provisória editada em dezembro pelo presidente Jair Bolsonaro.
O empréstimo, que deve ser concedido pelo BNDES e outras instituições financeiras, era aguardado pelas distribuidoras para janeiro, mas o PODER360 apurou que a expectativa atual é que ele seja liberado no final de fevereiro. Oficialmente, a agência não tem um prazo para a liberação dos recursos, estimados pelo setor elétrico em R$ 15 bilhões. Depende de um decreto do governo federal e de resoluções, pela Aneel, que detalhem mais a operação.
O objetivo do empréstimo é suprir o descasamento entre os valores arrecadados pelas distribuidoras, por meio da conta de luz dos consumidores, e o custo que elas tiveram na contratação de energia no período de escassez hídrica, quando a geração termelétrica, mais cara, aumentou. Segundo Marcos Madureira, presidente da Abradee, as distribuidoras já acumulam um déficit total de cerca de R$ 14 bilhões, até novembro, pelo custo dessa geração.
“A questão toda é que nós temos um fator que as empresas terminam tendo que ir ao mercado tomar dinheiro para honrar com os compromissos. O objetivo é ajustar o cronograma com o recolhimento das empresas. Ou seja, já que tem um financiamento previsto, que se aguarde por esses recursos“, disse Madureira.
Madureira afirma que, além do pagamento à CCEE, as distribuidoras terão que arcar, no início deste ano, com diversos outros custos, como, por exemplo:
• BÔNUS AOS CONSUMIDORES – Pagamento de bônus aos consumidores cativos, pela economia de energia entre setembro e dezembro. A previsão é que o impacto nas receitas das distribuidoras seja de R$ 1,62 bilhão.
• OUTROS AUMENTOS – reajuste das cotas relacionadas à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas) e da energia das usinas nucleares de Angra 1 e 2. Esses 3 componentes somados, entre janeiro e abril de 2022, representarão um déficit de R$ 4,5 bilhões.
O diretor-geral da Aneel, André Pepitone, negou a prorrogação do prazo de pagamento de forma cautelar e decidiu submeter o pedido aos demais diretores da agência. Em sua decisão, porém, Pepitone afirmou que o adiamento seria um risco para todo o setor elétrico, em função dos impactos aos demais agentes, principalmente aos geradores de energia.
Eis a íntegra da decisão do diretor-gera da Aneel.
Pepitone pediu manifestação sobre o pedido à CCEE. Em resposta à agência, o presidente do Conselho de Administração, Rui Altieri, afirmou que os R$ 5,2 bilhões devidos pelas distribuidoras representam “um montante expressivo e essencial para que os geradores térmicos possam honrar seus compromissos financeiros bilaterais”.
“Torna-se imprescindível preservar as liquidações financeiras do MCP em seus atuais cronogramas, a fim de não frustrar a expectativa de receita dos demais agentes, evitando inadimplências generalizadas que poderão comprometer, inclusive, a segurança energética do país“, disse Altieri.
Fonte e Imagem: Poder 360
Demanda terá aumento de 20% em 2026 e fonte solar mais que dobrará até 2025.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico apresentou em reunião virtual o Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado Nacional. A estimativa total dos investimentos necessários para a execução das obras relacionadas no planejamento é de R$ 23,9 bilhões até 2026. Desse montante, R$ 16,3 bilhões correspondem a novas obras propostas somente neste ciclo do estudo. Além disso, cerca de R$ 2,9 bilhões em investimentos são provenientes do leilão de transmissão realizado no último dia 17 de dezembro.
O conjunto de obras indicado representa 7.951 km de novas linhas de transmissão e 20.046 MVA de acréscimo de capacidade transformadora em subestações novas e existentes. O relatório prevê um crescimento da demanda de 20%, em 2026, quando comparado com a demanda máxima registrada em 2020, não coincidente – conceito usado especificamente para estimar demandas que acontecem em horários e meses diferentes.
Outro destaque nesta edição é a indicação de que a energia fotovoltaica terá um crescimento percentual muito expressivo, mais que dobrando a capacidade instalada no horizonte 2021-2025. Para o final de 2025, estima-se que a capacidade instalada do SIN totalizará 191,3 GW, sendo que 36 GW dessa quantia serão de usinas de geração eólica e fotovoltaica. Para essa geração planejada não são observadas restrições de escoamento de energia.
Entretanto, com a consideração das usinas com o Contrato de Uso do Sistema de Transmissão assinado e pareceres de acesso válidos ou em andamento no ONS, o montante de geração renovável chega a valores de 52,4 GW, sendo que a maior parcela da diferença, cerca de 13,2 GW, são de usinas fotovoltaicas. Nesse cenário de oferta, particularmente para as regiões Norte e Nordeste, a previsão é que a geração compulsória supere a carga local acrescida da capacidade dos grandes troncos de interligação, o que pode resultar em restrições de escoamento para o Sudeste/Centro-Oeste.
Adicionalmente, há um enorme número de solicitações e emissões de informação e parecer de acesso que representa cerca de 194 GW de capacidade instalada, mais de que o dobro da demanda máxima do SIN. Este exponencial crescimento da geração torna imprescindível o debate sobre o uso otimizado dos sistemas de transmissão dado o descompasso entre os prazos de construção de usinas e de linhas de transmissão. Estas questões têm sido abordadas pelo ONS em diversos fóruns, na busca de alternativas para conciliar a adequada expansão da rede respeitando a lógica econômica com a eficiente alocação da capacidade de escoamento.
Com relação à Micro e Minigeração Distribuída, desde 2020, o ONS realiza um trabalho de conscientização junto aos agentes setoriais e a Agência Nacional de Energia Elétrica, demonstrando que para maximizar os benefícios de uma massiva penetração da MMGD é importante atuar no aprimoramento da regulamentação para mitigar os riscos ao Sistema Interligado Nacional decorrente da possível desconexão em cascata dessa geração, fenômeno vastamente documentado na experiência internacional.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Desse total, R$ 16,3 bilhões correspondem a novas obras até 2026.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que o setor elétrico vai demandar R$ 23,9 bilhões em investimentos no segmento de transmissão até 2026. Desse total, R$ 16,3 bilhões correspondem a novas obras.
Os dados constam no plano da operação elétrica de médio prazo do Sistema Interligado Nacional (SIN) e levam em consideração a projeção do operador de um crescimento da demanda de energia de 20% em 2026, em comparação com a demanda máxima registrada em 2020.
O valor previsto em investimentos inclui a necessidade de 7.951 quilômetros de novas linhas de transmissão, um crescimento de 4,3% em relação à rede existente e outorgada. Além disso, a estimativa também inclui mais de 20 mil megavoltampère (MVA) de acréscimo em capacidade de transformação em subestações, um crescimento de 4,5% em relação à potência nominal instalada.
Minas Gerais deve ser o Estado que vai receber o maior volume de investimentos no período, num total previsto de R$ 9,9 bilhões, seguido por Santa Catarina e São Paulo.
O ONS alerta que o crescimento da geração de energia renovável no país pode resultar em restrições de escoamento da energia gerada no Nordeste para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste nos próximos anos.
A previsão é que a capacidade instalada do sistema nacional crescerá dos 172,2 gigawatts (GW) registrados em dezembro de 2021 para 191,3 GW ao final de 2025. A maior expansão deverá vir de usinas de geração eólica e solar fotovoltaica, principalmente desta última. A projeção é que a fonte solar saia da atual participação de 2,6% na matriz elétrica para 4,8%, alcançando uma capacidade instalada de 9,2 GW até o fim de 2025. Com isso, a órgão estima que o Brasil tenha, até 2026, uma capacidade instalada de geração renovável de 52,4 GW.
“Esse exponencial crescimento da geração torna imprescindível o debate sobre o uso otimizado dos sistemas de transmissão dado o descompasso entre os prazos de construção de usinas e de linhas de transmissão”, aponta o ONS no documento.
Isso ocorre pois um projeto de transmissão leva em média sete anos desde a concepção no planejamento até a entrada em operação, enquanto uma usina de geração eólica ou fotovoltaica pode levar apenas dois anos para o início da operação.
De acordo com o estudo, a falta de sincronia entre a entrada dos projetos de transmissão e de geração pode levar a uma sobra de potência de 5,5 GW no Norte e Nordeste, que poderia ser exportada para outras regiões.
Uma das soluções propostas pelo órgão é a realização de leilões de capacidade remanescente do sistema de transmissão, nos quais os projetos vencedores serão aqueles que ofertarem a maior receita pelo uso da capacidade de escoamento remanescente da rede.
Segundo o ONS, um outro desafio do planejamento do setor tem sido o grande número de projetos de transmissão que entra em operação em datas diferentes das planejadas. A antecipação dos prazos pelos empreendedores tem aumentado nos últimos anos. Em 2021, somente até outubro, foram 109 empreendimentos que entraram em operação antes do previsto, o maior número desde 2010. A média de antecipação desses projetos foi de 13 meses.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
“Será um ano com tentativa de muita destruição pelo Congresso, de tentar passar todos os projetos que não conseguiram nos últimos três anos”, avalia a economista Ana Toni.
Em 2022 a Amazônia estará mais ainda sob os holofotes. Será um ano eleitoral e a floresta fará parte do discurso político, apostam ambientalistas. Mas a questão é: será para valer?
Na visão de nove especialistas em florestas e desmatamento, desenvolvimento econômico e legislação, direitos indígenas e escolhas energéticas, geopolítica e política doméstica, 2022 é um ano fundamental para colocar o Brasil na rota da descarbonização e cumprimento dos compromissos climáticos -ou colocar as promessas em risco.
Para a base governista, será um ano de tudo ou nada. De tentar passar o resto do desmonte que ainda falta”
— Adriana Ramos, sócia do Instituto SocioAmbiental
Não há consenso no quanto o debate eleitoral discutirá a Amazônia e um novo modelo de desenvolvimento para a região. Há quem acredite que a Amazônia estará nos programas eleitorais assim como o combate à pobreza e à fome. Por outro lado, o desmatamento tradicionalmente aumenta em anos eleitorais. O tema não elege políticos na região, como destaca a advogada paraense Brenda Brito.
“2022 é o ano-chave para definir como o Brasil chegará em 2030 em relação às metas climáticas”, sintetiza Brenda, pesquisadora-associada do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, o Imazon, um dos think-tanks mais prestigiados da Amazônia, com sede em Belém.
Ela explica: “Os políticos eleitos, não só no plano federal, mas também no estadual, são as pessoas que terão a responsabilidade de nos colocar na rota adequada para que possamos cumprir os objetivos climáticos ou nos descontrolar totalmente. Se tivermos governos trágicos do ponto de vista ambiental sendo eleitos novamente, com mandatos que vão de 2023 a 2026, não dará mais tempo depois de se querer retomar uma rota de baixo carbono para 2030.”
Perdida a rota para 2030, compromissos de emissão líquida-zero em 2050 se tornam mais distantes. “Por isso 2022 pode ser o ano mais chave da história do ambientalismo brasileiro das últimas décadas”, diz Brenda, que é doutora em Ciência do Direito pela Universidade de Stanford.
Consumidor europeu não quer saber se o produto está ligado a desmate legal ou ilegal. Não faz distinção”
— Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas
Ela se diz cética, contudo, da defesa da Amazônia ganhar as urnas nos Estados da região. “Conservação pode até eleger políticos no Sul e Sudeste, mas nunca elegeu candidatos na Amazônia. Não é uma causa que tenha resultado em uma mudança de configuração das forças políticas que estão na região”.
Brenda receia os impactos da campanha eleitoral na floresta. “Temo que, com a campanha, tenhamos um afrouxamento ainda maior de comando e controle inclusive nos Estados. Estaremos vivendo um clima de campanha em que os candidatos irão costurar alianças políticas e sabemos que uma grande força política na região está justamente ligada ao avanço do desmatamento, da pecuária ilegal, do garimpo.”
Brenda diz que os candidatos costumam falar que se preocupam com o ambiente. “Mas é uma agenda acessória, não é consistente. Estamos vendo a força da ilegalidade na região. O caso do garimpo é o mais destacado de tanto de dinheiro que circula. Espero estar errada, mas será um ano difícil do ponto de vista do desmatamento.”
A economista Ana Toni, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade, o iCS, também acredita que a batalha socioambiental será dura no Congresso. “Será um ano com tentativa de muita destruição pelo Congresso, de tentar passar todos os projetos que não conseguiram nos últimos três anos, com muita violência na região e o desmatamento correndo solto.”
Há alguns projetos de lei críticos, apontam os ambientalistas, na rota de votação do Congresso - o do licenciamento ambiental, da regularização fundiária e os que ameaçam os direitos de demarcação de terras indígenas e querem abrir os territórios ao garimpo.
É o entendimento de Adriana Ramos, sócia do Instituto SocioAmbiental (ISA) e assessora do programa de política e direito socioambiental. “Para a base governista, será um ano de tudo ou nada. Os primeiros meses serão enlouquecedores com as tentativas de aprovação do resto do desmonte que não fizeram ainda. Com a baixa popularidade do presidente, os parlamentares sabem que eles próprios poderão estar fora do poder em 2023. Tentarão, o quanto puderem, avançar sobre os direitos dos povos indígenas e os direitos das comunidades tradicionais”.
Marcello Brito, que até há poucos dias era cofacilitador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, a Abag, lembra que hoje um em cada dois brasileiros vive situação de insegurança alimentar e 10% da população passa fome extrema, além de 15 milhões de desempregados. “Não vamos conseguir melhorar isso em ano eleitoral. Não há possibilidade de um pacto político”, diz ele.
“O Congresso não está preocupado com a questão social - estão discutindo a caça. Do ponto de vista ambiental, durante três anos o governo foi inoperante e o desmatamento é uma realidade”, diz Brito. Ele cita os avanços feitos pelo Serviço Florestal Brasileiro, mas “ainda é pouco para o que precisamos para dar ‘compliance’ ao sistema agroambiental. Vamos continuar no campo da intenção e não da ação.”
Para Adriana, que atua com políticas públicas socioambientais há 25 anos, “a não-política ambiental do governo federal irá continuar do mesmo jeito. A situação só não é pior porque o Brasil é mais do que só o governo, o que ficou evidente na COP 26”, diz, lembrando a forte presença da sociedade civil brasileira na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Glasgow, em novembro. “Na COP 26 a sociedade civil teve um esforço de mobilização muito grande, inclusive parte do setor privado, para impedir que o desmonte fosse avante da forma como o governo esperava”, diz ela.
Sua previsão para 2022 é ruim: “Se o governo não foi capaz de segurar o desmatamento por três anos, depois de ter feito a ode do direito a desmatar, o que pode mudar?”, questiona. “Vai ser um ano ruim para a agenda socioambiental como têm sido os últimos três anos”, prevê.
O impacto deve ser sentido na relação do país com o exterior. “Na questão ambiental, principalmente em relação à credibilidade do país lá fora, vale o mesmo em relação à pandemia - ninguém está bem até que todos estejam bem. Não há empresa que possa exportar seus produtos, comprovando a rastreabilidade, que não vá ser impactada pelo fato de o país ter retomado níveis de desmatamento inaceitáveis”, segue a ambientalista.
“Será mais um ano em que iremos perder. O Brasil não irá apresentar nenhum plano consistente que justifique a confiança internacional para ter investimentos. Anos de eleição, historicamente, são anos em que o desmatamento aumenta, não diminui”, segue Adriana Ramos.
Para Roberto Waack, presidente do conselho do Instituto Arapyaú e à frente da Concertação pela Amazônia, dois temas estarão no cenário este ano - a fome e a Amazônia. “A questão da segurança alimentar é um ponto fortíssimo. Vejo uma oportunidade para que finalmente a discussão ambiental se conecte à social, como nunca aconteceu. Acho isso muito bom e espero que esta relação amadureça”, diz.
Waack, que também está no conselho da Marfrig, diz que o maior desafio da sigla ESG não é o E (ambiente, em inglês) nem a governança. “O maior problema está no campo social, na dificuldade de incluir. As empresas estão conseguindo rastrear suas cadeias de produção, têm boas métricas e práticas de governança, mas têm dificuldades com a inclusão”, diz o executivo. “Uma das formas mais eficientes de limpar a cadeia de produção é excluir os que têm problemas. O processo de boicote é muito sério no campo social”.
Brito, que presidiu a ABAG, lembra que, “ao contrário do Brasil, o mundo está crescendo, comprando mais e vai exigir cada vez mais. O cenário é claro: as pressões continuarão subindo”, descreve. Ele acredita que o mundo continuará com alta demanda de commodities e oferta desequilibrada por cerca de dois anos, e o agronegócio seguirá vendendo bem. “Mas depois, quando for preciso atuar como vendedor, aí vamos ver”, diz.
O engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas e coordenador da iniciativa Seeg (o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, do Observatório do Clima), lembra a legislação que está sendo aprovada na União Europeia e também no Reino Unido. “A questão fundamental na UE é que não importará a eles se o desmatamento será legal ou ilegal. A linha de corte será 2020. Ou seja, qualquer desmatamento a partir de 2021. O que significa que se desmatarem agora, não entrarão no mercado europeu”, destaca. “Não se faz distinção: o que é ruim é o desmatamento. Ponto. O consumidor europeu não quer saber se o produto está relacionado a desmatamento legal ou ilegal”.
A bioeconomia como modelo de desenvolvimento para a Amazônia tem potencial de crescer este ano e nos próximos. O gargalo, aponta o engenheiro mecânico André Luis Ferreira, é que a infraestrutura na região vem sendo pensada para o modelo de exportação de commodities e não para os produtos da floresta. “Este é um problema pouco discutido. O que se tem hoje de infraestrutura na Amazônia foi desenhada para commodities. É preciso ter uma logística voltada à bioeconomia, para levar os produtos agroflorestais e ter acesso à energia elétrica nestas regiões”, diz.
Ferreira, que é diretor presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), esclarece: “Falar em bioeconomia na Amazônia é falar em ter um modelo de desenvolvimento que mantenha a floresta em pé. Mas isso significa apostar na economia baseada nas cadeias produtivas agroflorestais. É preciso aterrissar este debate na Amazônia”.
Ele acredita que este ano a agenda da pobreza, da economia e da Amazônia irá chegar aos candidatos no debate eleitoral. “Acredito que, desta vez, não tem escapatória”, diz Ferreira, que também é professor do curso de especialização em gerenciamento ambiental da Esalq/USP.
“Até no último dia do ano más notícias ambientais”, tuitou Tasso Azevedo em 31 de dezembro referindo-se aos dados do Prodes Cerrado. Os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram um desmatamento de 8.531 km2 no Cerrado em 2021, crescimento de 8% em relação ao período anterior. “Somados aos 13,2 mil km2 na Amazônia, perdemos quase meio Estado do Rio de Janeiro - 21,7 mil km2 -, sem contar a Caatinga, Pantanal, Pampa e Mata Atlântica”, seguiu. “Desde 2018, o crescimento do desmatamento na Amazônia e Cerrado já atingiu 54%. Trágico”, postou.
O cenário ambiental do Brasil em 2022 emerge dos ecos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente que ocorreu em novembro em Glasgow, a COP 26. Se por um lado a diplomacia ganhou pontos e credibilidade, de outro, o fato de o governo ter ocultado os dados impressionantes do desmatamento da Amazônia entre 1° de agosto de 2020 e 31 de julho de 2021 - a maior área desde 2006-, fizeram com que fatos e números desmontassem a estratégia de marketing.
“O Brasil irá controlar o desmatamento por bem ou por mal”, disse João Paulo Capobianco, ex-secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente durante a gestão de Marina Silva, em entrevista recente ao Valor. “Por bem é assumir que esta é uma decisão autônoma e soberana do país - o desmatamento todo, não só o ilegal- e implementar ações para controlar. Outra coisa é ser obrigado a fazer pelas barreiras que vão começar a surgir. A União Europeia está discutindo uma lei que irá barrar produtos de quem têm desmatamento na cadeia, os Estados Unidos estão com uma lei em discussão, o Reino Unido tem outra. A China sinalizou assim na declaração-conjunta com os EUA na COP. Isso terá um impacto brutal sobre o Brasil. Esta porteira vai fechar”, disse o biólogo que estava no MMA quando o Brasil reduziu drasticamente o desmatamento, tornando-se referência mundial na redução de gases-estufa.
Foi consequência de um plano de prevenção e controle consistente e agressivo, com cronograma e metas, aumento das terras protegidas e todo o governo à época envolvido com a iniciativa. “O elemento fundamental que explica o controle do desmatamento ou do garimpo, ou a redução de invasão de terras indígenas, é a percepção de risco. Como a sociedade local percebe o risco. Hoje isso não existe mais”, disse Capobianco na entrevista.
Para ele, a questão socioambiental não será um tema relevante em 2022, na campanha eleitoral. “Veja o que estamos vivendo. Quando se olha a agenda no Congresso, o que já passou na Câmara e está prestes a passar no Senado, os projetos de lei que estão avançando rapidamente, é um volume de retrocesso. Dizemos que são bombas de emissão de gases-estufa que estão sendo montadas todos os dias e não há reação. É inacreditável.”
A economista Ana Toni, contudo, tem outra visão. “É preciso dobrar o fôlego da resistência em ano eleitoral. Mas tenho certeza que o tema ambiental e a Amazônia serão grandes questões no debate eleitoral. Acho que será um debate com muitas ideias, boas e ruins. Mas um debate brasileiro, que trará um pouco da discussão de quem somos nós, o que eu tenho chamado de soberania verde. É uma questão de identidade nacional”, diz ela.
Eduardo Viola, professor de Relações Internacionais da Faculdade Getulio Vargas e pesquisador-sênior da Universidade de São Paulo dá o panorama internacional em que o Brasil se insere em 2022. “O que o mundo espera do Brasil é a mudança de governo. Nos bastidores ninguém acredita que o governo Bolsonaro irá mudar e não esperam mais nada desta gestão”, diz ele.
Os compromissos ESG que as empresas vêm assumindo cada vez mais distanciam a classe empresarial do governo Bolsonaro, em sua análise. “É uma tendência das grandes empresas, mas não de todos. O setor de serviços têm se inclinado fortemente para a descarbonização, principalmente os bancos, mas o agronegócio está dividido”, diz Viola.
Entre os grandes frigoríficos há uma corrida competitiva interna entre as empresas pela busca de rastrear a cadeia, fugir de qualquer rastro de desmatamento e incluir carbono na equação. O compromisso que tomou força na COP 26, em Glasgow, de cortar em 30% as emissões de metano até 2030, tem preocupado a direção das grandes exportadoras de carne. A pressão dos consumidores e também dos acionistas é forte e a questão ambiental chegou ao balanço destes grupos. O jogo mudou e virou uma corrida empresarial para cumprir o que vem pela frente”, reconhece Waack.
No cenário mundial, Viola vê mais consistência na descarbonização europeia do que a de outras regiões do mundo, inclusive nos Estados Unidos. Ele enumera: “O novo governo alemão é o mais avançado em termos de descarbonização econômica, em apostar no hidrogênio verde e também em querer mais melhorias tecnológicas para a proteção do clima”, diz ele. “Na Suécia o preço da tonelada de carbono bate em US$ 140. São US$ 70 a tonelada e outros US$ 70 de impostos. Este é quase o preço que os analistas dizem que deve ser o preço do carbono para que se possa realmente descarbonizar as economias”, cita.
Na análise de Viola, os Estados Unidos neste momento do governo Biden passam por uma fase de estagnação. “Claro que os EUA podem ter muitas iniciativas na política externa, mas o sinal que o país dá neste momento é negativo. O sinal é que as promessas de políticas de descarbonização consistentes não estão sendo cumpridas pela dificuldade de aprová-las diante da oposição republicana e de dois senadores democratas”, explica.
A China, na sua leitura, faz um caminho ambivalente - fecha termelétricas a carvão mais antigas, mas segue abrindo novas. São usinas que têm prazo de validade de 40 a 50 anos. “Este movimento faz diferença em termos de qualidade do ar, que é importante para os chineses, mas em termos de emissões de gases-estufa, não muda muito”, diz ele. “Neste momento, a Europa tende a ficar novamente sozinha em relação à China e aos Estados Unidos, que estão muito mais vagarosos neste tema”.
A reportagem procurou o Ministério do Meio Ambiente mas não teve retorno até o fechamento desta edição.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Eventos climáticos extremos no mundo inteiro devastaram os mercados de matérias-primas e elevaram os preços de tudo, desde energia elétrica e calefação até imóveis residenciais e cereais matinais.
Um dos principais vetores da inflação de 2021 foi o clima. Eventos climáticos extremos no mundo inteiro devastaram os mercados de matérias-primas e elevaram os preços de tudo, desde energia elétrica e calefação até imóveis residenciais e cereais matinais.
Autoridades e investidores têm discutido os efeitos da política fiscal e monetária sobre a inflação, mas um dos grandes motivos para a elevação dos preços neste ano foram fatores que estão fora do alcance dos governos ou dos bancos centrais. Os preços do gás natural, madeira serrada, milho, soja, trigo e outros elementos básicos do comércio global dispararam para os patamares mais elevados de vários anos, devido a incêndios, geadas, inundações, secas, furacões e algumas das temperaturas mais elevadas de todos os tempos.
As condições climáticas são sempre um fator determinante nos mercados de commodities. Uma geada na Flórida puxa para cima a cotação dos contratos futuros de suco de laranja. Uma nevasca em Chicago eleva os preços do gás natural. Uma supersafra inunda o mercado. Mas neste ano o quadro climático se revelou sistematicamente extremo e, por várias vezes, essas condições levaram à alta dos preços das commodities.
A baixa produção de combustíveis e de grãos causada pela queda na oferta de energia ao longo do ano e a guerra comercial com a China criaram o cenário para uma alta dos preços das commodities. A pandemia desestabilizou ainda mais a produção. A partir daí, o clima se encarregou do restante. “O clima é talvez o maior fator [causador] da elevação dos preços”, disse Craig Turner, corretor-sênior de commodities da StoneX Financial.
Tudo começou em fevereiro, quando o Texas congelou. Uma tempestade de gelo aumentou a demanda por gás natural, para calefação, ao mesmo tempo em que entupiu os poços com gelo, o que reduziu drasticamente a produção na região que precisava de combustível para se aquecer.
Os preços do mercado à vista aumentaram em todo o país. No principal polo comercial de gás dos EUA, uma confluência de dutos na Luisiana conhecida como “the Henry Hub”, o preço alcançou o recorde de US$ 23,68 por milhão de unidades térmicas britânicas (BTUs, nas iniciais em inglês). O frio também paralisou a atividade nos complexos petroquímicos ao longo da costa do Golfo do México, despreparados para as baixas temperaturas, o que resultou em escassez e alta dos preços de insumos básicos, como canos de PVC e resinas para tintas.
Na América do Sul, a pior seca de várias décadas queimou regiões agrícolas, fazendo murchar a safra de milho de exportação do Brasil e tornando o rio Paraná raso demais para as barcas escoarem a safra de grãos do interior da Argentina para os corredores de tráfego marítimo do Atlântico. Em maio, os contratos futuros de milho e de soja tinham subido para suas maiores cotações de vários anos.
A seca castigou a América do Norte, secando as fontes de energia hidrelétrica da região oeste. Uma grande central hidrelétrica do norte da Califórnia teve de ser completamente desativada quando o nível de água do lago Oroville ficou abaixo do necessário para a geração de energia elétrica. Recorreu-se à combustão de gás natural e carvão para cobrir o déficit, o que elevou os preços.
O mês de junho mais quente já registrado na América do Norte manteve os aparelhos de ar-condicionado ligados e os preços dos combustíveis em alta. Temperaturas recordes criaram rachaduras e deformações nas estradas e mataram pessoas em Portland, no Estado de Oregon, e em Seattle. A superoferta de gás natural que tinha mantido baixas as contas das fornecedoras de luz por anos evaporou com a alta da demanda por energia elétrica.
O calor avançou pelo mês de julho adentro e no mundo inteiro produtores de commodities enfrentaram quadros climáticos de destruição e catástrofes.
Incêndios espontâneos irromperam nas florestas ultrarresecadas do Noroeste Pacífico (que abrange o noroeste dos EUA e o sudoeste do Canadá). Na Colúmbia Britânica, no sudoeste do Canadá, as serrarias ficaram sem acesso às florestas e aos clientes, o que elevou os preços da madeira serrada que tinham acabado de se recuar de uma alta histórica, impulsionada pelo forte crescimento do mercado de construção civil (os preços da madeira voltariam a subir em novembro, quando as enchentes na Colúmbia Britânica isolaram as serrarias).
Quando o corretor de commodities Tommy Grisafi percorreu as fazendas de Dakota do Norte para avaliar a safra de primavera de trigo, encontrou campos estorricados tomados por gafanhotos que se desenvolvem bem em condições secas. Mais de 1,2 milhão de acres (485.624 hectares) cultivados deixaram de ser colhidos e a produção americana caiu 44% neste ano, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA. Um bushel (36,27 litros) do trigo de primavera de cor avermelhada, preferido pelos padeiros e pizzaiolos, duplicou, alcançando a maior cotação na Bolsa de Grãos de Minneapolis desde 2008.
A região das Pradarias Canadenses (no oeste ) também foi atingida pela seca. A safra fraca resultou em preços recordes da aveia.
Enchentes e uma rede elétrica sobrecarregada pela alta recorde das temperaturas afetou a produção de estanho da China, maior produtora mundial, o que levou o preço do metal, essencial para a fabricação de circuitos impressos, a subir para níveis recordes.
Os rios extravasaram as margens no corredor industrial da Alemanha. Os preços do cobre rondavam recordes de alta quando a água destruiu uma instalação da Aurubis, uma grande produtora e recicladora de metais, o que a obrigou a fechar por meses.
No Brasil, a pior geada dos últimos 25 anos destruiu a safra de café e os preços dos grãos de café arábica saltaram para os maiores níveis de vários anos.
Agosto trouxe consigo o furacão Ida, que assolou o litoral da Luisiana, o mais atingido pela terceira temporada de furacões mais movimentada de todos os tempos no Atlântico. Quase toda a produção de gás natural do Golfo do México teve de ser desativada, o que implicou em alta dos preços não apenas da energia elétrica e do gás para calefação e de cozinha como também para fertilizantes, cimento, aço e plásticos, materiais cuja produção requer muito gás. As fabricantes de produtos químicos da costa do Golfo do México, que já enfrentavam dificuldades para atender à demanda, foram severamente prejudicadas.
Bem mais próxima da ponta do consumo na cadeia de produção, em Cleveland, a fabricante de tintas Sherwin-Williams teve de desacelerar a produção por falta das resinas, aditivos e solventes necessários. A empresa alertou os investidores que as vendas sofreriam um baque e informou que estava comprando uma fornecedora com fábricas nos Estados de Oregon e Carolina do Sul para evitar que o desabastecimento se repetisse.
Em outubro — o segundo mês mais quente da América do Norte — o calor começou a afetar os preços. Os contratos futuros do gás natural alcançaram US$ 6,31 no dia 5 de outubro, o maior preço desde que empresas de fraturamento hidráulico inundaram o mercado com gás de xisto, mais de dez anos atrás. Mas as temperaturas mais amenas ao longo de novembro nos EUA permitiram a reposição dos estoques que tinham sido exauridos durante o verão. No início de dezembro os estoques estavam 1% acima da média dos últimos cinco anos, com consequente queda nos preço do gás natural.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em 2022, o mercado de energia deve inverter a lógica em que os consumidores servem a qualquer custo à cadeia do setor elétrico.
A reta final deste ano de 2021 evidencia como é difícil o processo de desmame de benefícios, subsídios e políticas públicas desenhadas sob medida para grupos que sugam com uma força vigorosa a competitividade do setor elétrico no país. Apesar do importante compromisso dos ministérios de Minas e Energia e da Economia pela eficiência do mercado de energia, a tendência do passado não foi revertida. Com efeito, foram tomadas diversas decisões que postergam para as próximas gerações a possibilidade de sermos referência mundial no processo de transição para uma energia barata, limpa e renovável.
No final de outubro, no auge da crise hídrica e em uma conjuntura mundial em que o preço das commodities energéticas está exorbitante, tal como o do gás natural, o governo decidiu contratar geração de energia nova ainda sob amparo da extinta MP da Crise Hídrica. Como consequência, contratamos quase 800 MW de uma energia que deve custar até R$ 1.600 por MWh, sendo que apenas a parcela de energia que consumimos nas nossas casas tem o valor de R$ 300 por MWh. Com isso, todos os consumidores devem pagar essa conta a partir do 2º semestre de 2022 e carregar esse peso até o final de 2025. O custo total dessa decisão? R$ 40 bilhões!
Neste mês Natalino, os três poderes resolveram antecipar “presentes” antes mesmo do dia 25. O Congresso Nacional aprovou a postergação da política de subsídios à cadeia do carvão mineral, mais uma vez utilizando o setor elétrico como fonte de arrecadação.
Importante relembrar que a geração de energia elétrica a partir do carvão conta com subsídios desde 1973. São quase 5 décadas de subsídios custeados pela tarifa de energia elétrica de todos os consumidores, inicialmente pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), e atualmente pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com previsão de encerramento em 2027. A recontratação, sem competição, dessa energia poluente resultará em um custo adicional aos consumidores de R$ 840 milhões anuais. Pior. Irá contribuir com a crise climática a partir das emissões de gases poluentes de pelo menos 4,4 milhões de toneladas de CO? ao ano. Um cenário que só não vai se confirmar se houver veto presidencial ao PL 712/19.
Por fim, fechamos o calendário com uma contratação inoportuna de 4.600 MW de potência por meio do novo leilão de reserva de capacidade, forma de contratação aprovada pelo Congresso no início de 2021. Na avaliação da PSR –uma das mais renomadas consultorias do setor energético–, no mundo, no pior cenário avaliado, o Brasil teria a necessidade de potência adicional firme apenas em 2030. E no montante de 530 MW. O leilão realizado no dia 21 de dezembro contratou uma demanda 9 vezes superior às necessidades do sistema elétrico ao custo total de R$ 57 bilhões.
Há mais. Este leilão foi realizado sob enorme controvérsia em que a Justiça, por meio de liminar, permitiu que 7 usinas termoelétricas antigas, que utilizam a queima do óleo diesel e combustível para gerar energia, participassem do processo sem a obrigatoriedade de respeito a uma das regras do edital impostas a todos os outros 130 projetos cadastrados, justo aquela que limita o custo variável da operação horária das referidas térmicas. Como resultado, essas usinas conseguiram vencer o leilão. E, se o equívoco inicial não for corrigido, os consumidores serão obrigados a pagar por mais 15 anos uma energia suja e cara, cujo custo da operação pode superar o valor de R$ 2.000 por MWh entregue, valor similar à geração de energia em momentos de gravíssima crise hídrica.
Soluções são possíveis e viáveis. No curto prazo, o Executivo tem a possibilidade de reconhecer que este último leilão, regido por liminares, não foi competitivo e contratou um volume muito superior à real demanda, prejudicando os consumidores. Uma alternativa seria cancelar o referido leilão, reavaliar as necessidades futuras do setor elétrico e, então, providenciar um novo processo no próximo ano, de modo a permitir a realização de um leilão que seja racional e eficiente a todos envolvidos, principalmente aqueles que pagam a conta de luz.
Em um horizonte maior, a sociedade brasileira precisa se mobilizar e demonstrar aos tomadores de decisão dos três Poderes que o desmame é um processo natural e fundamental para evolução, seja de um ser vivo ou de grupos econômicos organizados. Neste próximo ano eleitoral, precisamos que as cabeças modernizantes, que estão presentes no governo, se unam para discutir as grandes questões do setor. No mercado de energia, precisamos inverter a lógica atual em que os consumidores servem à cadeia dos agentes do setor elétrico a qualquer custo.
Importante frisar que as decisões políticas de hoje serão traduzidas em aumentos tarifários da energia em 4, 5 ou 6 anos e em um novo governo, ao mesmo tempo em que o atual modelo regulatório não é capaz de promover a eficiência, e a evolução tecnológica vem possibilitando que os consumidores se tornem cada vez mais independentes energeticamente. Essa bomba vai estourar. Nas mãos de quem?
Fonte e Imagem: Poder 360
Contribuições serão recebidas pela Aneel até 20 de janeiro de 2022.
A Aneel abriu processo de tomada de subsídios para avaliar o resultado da realização de Análise de Impacto Regulatório de regulamentos que são submetidos à discussão pública pela agência reguladora. A elaboração do AIR foi instituída em 2013 pela Norma de Organização nº 40, que passou por uma primeira Avaliação de Resultado Regulatório em 2017 e será submetida agora a uma segunda ARR.
Relatório disponível na página da Aneel avalia se os objetivos foram alcançados e se houve melhora na qualidade do processo regulatório da Aneel com a primeira revisão da NO nº 40. A conclusão é que ela apresenta resultados positivos, principalmente relacionados à qualidade da AIR, mas o processo ainda pode ser melhorado, com a simplificação da norma e a ampliação da participação social.
O tema faz parte da Agenda Regulatória da autarquia para o biênio 2021-2022 e está aberto a contribuições na página da agência desde 7 de dezembro. As manifestações serão recebidas até 20 de janeiro.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O socorro bilionário do governo federal às empresas do setor elétrico no Brasil pode reduzir o reajuste das tarifas de energia no próximo ano.
Estimativas iniciais da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que as contas de luz poderão ter uma alta de 21,04% em 2022. Esse valor pode cair para 9,14%, caso o empréstimo de R$ 15 bilhões para aliviar o caixa das distribuidoras se concretize. A projeção consta em um documento encaminhado pela própria Aneel ao Ministério de Minas e Energia divulgado pelo Estadão. Os cálculos consideram a geração de energia por termelétricas e a arrecadação da bandeira tarifária de escassez hídrica.
Apesar da expectativa de redução no aumento imediato das tarifas, os reajustes seriam maiores nos anos subseqüentes, levando-se em consideração os juros elevados nesse tipo de operação. No dia 13 de dezembro o governo publicou uma medida provisória que prevê ajuda financeira ao setor elétrico para cobrir gastos causados pela crise hídrica.
Fonte e Imagem: Gazeta do Povo.
Certame de energia nova está previsto para 27 de maio do ano que vem.
O Ministério de Minas e Energia publicou portaria com as diretrizes e a sistemática do leilão de energia nova A-4 de 2022. O certame previsto para 27 de maio é destinado à contratação de energia de empreendimentos hidrelétricos, eólicos, solar fotovoltaicos e termelétricos a biomassa com início de suprimento em janeiro de 2026.
Serão ofertados contratos por quantidade e por disponibilidade com duração de 15 e de 20 anos. Como aconteceu no leilão de energia nova A-5 de 2021, os prazos contratuais serão menores, em linha com as ações em curso de modernização do setor elétrico.
Serão aceitas propostas na modalidade quantidade para empreendimentos hidrelétricos, com período de suprimento entre 1º de janeiro de 2026 e 31 de dezembro de 2045; e para empreendimentos eólicos e solares fotovoltaicos, com entrega da energia entre 1º de janeiro de 2026 e 31 de dezembro de 2040.
As termelétricas a biomassa terão contratos por disponibilidade, com suprimento entre 1º de janeiro de 2026 e 31 de dezembro de 2045. Estão incluídos nesta classificação projetos que utilizem como combustível principal biomassa composta de resíduos sólidos urbanos, biogás proveniente de aterros sanitários, biodigestores de resíduos vegetais ou animais, ou de estações de tratamento de esgoto.
A grande novidade é a negociação conjunta de empreendimentos eólicos e fotovoltaicos, o que deve tornar a competição mais acirrada, segundo expectativas do MME. Além dos projetos novos, serão aceitas ofertas de energia resultante da ampliação de usinas existentes.
O cadastramento e habilitação técnica junto à Empresa de Pesquisa Energética deverá ser feito até às 12h do dia 19 de janeiro de 2022. Já as distribuidoras terão de apresentar as declarações de necessidade de compra para o leilão entre 7 e 16 de março de 2022.
Empreendedores com projetos habilitados pela EPE para o leilão A-5 de 2021 poderão solicitar o cadastramento desses empreendimentos no A-4 sem a necessidade da reapresentação de documentos, desde que mantidos inalterados os parâmetros, as características técnicas e as demais informações das usinas.
Excepcionalmente para o A-4, a Licença Prévia, a Licença de Instalação ou a Licença de Operação emitida pelo órgão ambiental deverá ser protocolada na EPE até 31 de março do ano que vem.
Para classificação dos lances do leilão será considerada a capacidade remanescente do Sistema Interligado Nacional para escoamento de geração. Veja a íntegra da Portaria Normativa 34.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Povo indígena Kinja pediu indenização de R$ 133 milhões por prejuízos irreversíveis que a LT causará ao seu território.
O Ministério Público Federal obteve decisão liminar favorável em defesa dos direitos do povo indígena Kinja, mais conhecidos como Waimiri Atroari: a Justiça decidiu condicionar a continuidade do processo de licenciamento para implantação do Linhão de Boa Vista ao acolhimento da proposta de compensação oferecida pela Associação do povo Kinja. Após consulta realizada nos moldes recomendados pela Organização Internacional do Trabalho, os indígenas decidiram requerer o pagamento de pouco mais de R$ 133 milhões como compensação pelos prejuízos irreversíveis que o empreendimento irá causar a seu território e seus modos de vida e cultura, tendo em vista que o projeto prevê a passagem de 123 quilômetros da linha de transmissão, com instalação de torres, pelo interior da terra indígena Waimiri Atroari, entre o Amazonas e Roraima.
O linhão, que vai conectar Roraima ao Sistema Interligado Nacional, deve se estender por 721 quilômetros – desses, 123 estão dentro da reserva Waimiri Atroari, localizada entre o Amazonas e Roraima. Em agosto de 2021, lideranças Waimiri Atroari entregaram ao governo e a Transnorte Energia a proposta daquilo que entendem como o mínimo aceitável para que seja permitida a passagem do empreendimento por suas terras. No mês seguinte, a Transnorte encaminhou à Funai documento discordando da proposta. No entanto, conforme apurou o MPF, mesmo após a discordância quanto à forma de compensação, a Funai, por meio da Coordenação-Geral de Licenciamento Ambiental, expediu ao Ibama despacho informando indevidamente que o processo de licenciamento ambiental, incluindo o processo de consulta, foi devidamente realizado, dando a entender que os indígenas haviam consentido a continuidade do empreendimento.
Na decisão, a Justiça considerou que, se em algum momento houve concordância dos indígenas com o empreendimento, está condicionada à aceitação e implementação da proposta de compensação ambiental que vem sendo ignorada pelo Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis, pela Fundação Nacional do Índio, pela Transnorte Energia e pela União. Trecho da decisão diz que é claro e inequívoco que o empreendimento já está causando ao povo Kinja prejuízo patrimonial e restrição de uso de recursos naturais e impactos irreversíveis – como impossibilidade de ritualizar em alguns locais sagrados e destinados a manutenção de cultura e tradição.
Sobre o valor requerido pelos Kinja como compensação, a Justiça afirmou que chega “a ser insignificante o valor pleiteado diante do lucro que será gerado pela exploração da matriz energética”, citando ainda, a título de exemplo, que o lucro líquido anual de 2020 da empresa Amazonas Energia é superior a R$ 500 milhões, conforme declarado em demonstrativo financeiro tornado público no site da empresa, e que o lucro da empresa Cemig foi de R$ 2,87 bilhões, conforme dados da própria empresa.
“Portanto, empresas de energia elétrica são as detentoras de lucros elevadíssimos no país, não havendo crise para elas, sendo inegável que a crise atinge apenas o consumidor brasileiro. Assim, a recusa no aceite da pequena proposta compensatória oferecida é indevida, injusta desproporcional e sem qualquer plausibilidade”, ressalta trecho da decisão.
Caso o empreendimento insista em seguir com as obras sem o pagamento da compensação, a Justiça afirma na decisão que poderá haver bloqueio de contas de empresas públicas ou privadas beneficiárias com a exploração da matriz energética decorrente do Linhão, em razão dos direitos do povo Kinja. A ação tramita na 1ª Vara Cível da Justiça Federal do Amazonas. Cabe recurso da decisão.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Relator articulou votação um dia após aprovação no Senado. Apenas uma emenda foi mantida no projeto de lei, que agora vai à sanção presidencial.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira, 16 de dezembro, o Projeto de Lei 5829/19, que cria o marco regulatório da micro e minigeração distribuída. O relator da matéria, o deputado federal Lafayette Andrada (Republicanos-MG), apresentou relatório em plenário rejeitando quase todas as emendas do Senado Federal, mantendo apenas uma sobre usinas flutuantes.
A emenda aceita inclui um novo parágrafo ao artigo 11 do projeto e tem o propósito de permitir que as unidades flutuantes de geração fotovoltaica instaladas sobre reservatórios hídricos e lagos possam ser divididas em unidades que se enquadrem no limite de potência instalada de microgeração ou minigeração.
Andrada defendeu a rejeição das demais emendas para manter a coerência e unidade do texto inicialmente aprovado na casa. O parlamentar articulou durante do dia para incluir a matéria na pauta da sessão extraordinária do plenário, conseguindo assim, evitar a retomada da discussão apenas no próximo ano legislativo.
Agora o PL vai a sanção presidencial para ser transformado em lei. A Associação Brasileira de Energia Solar considerou que a aprovação final do PL traz segurança jurídica ao manter as regras atuais até 2045 para os pioneiros e aqueles que solicitarem acesso à distribuidora até 12 meses após a publicação da lei. Também prevê um período de transição para quem entrar após os 12 meses com o pagamento escalonado da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD fio B).
Além disso, o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional de Energia Elétrica têm 18 meses, a partir da publicação da lei, para estabelecer as diretrizes e a valoração dos custos e benefícios da geração distribuída a serem implementados após o período de transição.
Fote e Imagem: Canal Energia.
Tributações são as que mais geram arrecadação a Estados; estão estimados R$ 26,7 bi em perdas ao ano.
O Supremo Tribunal Federal (STF) já tem a maioria dos votos necessários a favor de a decisão que reduziu o ICMS das contas de luz, telefone e internet tenha validade somente em 2024. De dez ministros aptos à votação, oito já se posicionaram: todos para atender o pedido feito pelos Estados.
Esse julgamento ocorre no Plenário Virtual e tem desfecho previsto para amanhã.
Só não serão afetados por essa modulação de efeitos da decisão favorável à redução do imposto estadual os contribuintes que tinham ações judiciais em curso — contestando a cobrança do ICMS — até a data de início do julgamento, em 5 de fevereiro. Na prática, esses não precisam aguardar até 2024 para ter o direito à redução de alíquota.
A intenção é a de diminuir o impacto nas contas públicas. A decisão que determinou a redução de ICMS é considerada como uma bomba fiscal pelos Estados. As tributações sobre energia elétrica e comunicações são as que mais geram arrecadação — juntamente com os combustíveis. Estão estimados R$ 26,7 bilhões em perdas ao ano.
O modelo de modulação escolhido pelos ministros é inédito na Corte. Até aqui, as decisões geralmente resguardavam os contribuintes com ações em curso até a data do julgamento ou da publicação das atas de registros das sessões. Eles estão, no caso, antecipando esse momento.
Um dia depois de a Corte decidir pela redução, em 22 de novembro, o Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda Finanças, Receita e Tributação dos Estados e Distrito Federal (Comsefaz) enviou carta aos ministros expondo o rombo. Também pediam para que a redução das alíquotas de ICMS começasse a valer somente em 2024.
Justificaram que, desta forma, a decisão ficaria alinhada aos Planos Plurianuais (PPAs) que são elaborados por um período de quatro anos.
Contexto
A tributação sobre energia e telecomunicações foi levada à Justiça por grandes consumidores. Eles questionavam o fato de as alíquotas de ICMS instituídas para esses serviços estarem em patamar superior ou semelhante às aplicadas para produtos supérfluos.
No caso concreto, as Lojas Americanas contestaram a cobrança em Santa Catarina (RE 714139). A empresa argumentou aos ministros que o Estado não considerava a essencialidade dos bens. Para brinquedos e até fogos de artifício, disse, são cobrados 17% — a alíquota ordinária de ICMS no Estado —, enquanto que para energia e telecomunicações são 25%.
Os ministros decidiram que a alíquota, nessas duas situações, não pode ser maior que a ordinária. Houve unanimidade de votos para reduzir o ICMS sobre os serviços de telecomunicações e maioria — oito a três — no caso de energia.
Esse julgamento tem repercussão geral. Ou seja, a decisão deve ser replicada por todos os tribunais do país, afetando, portanto, todos os Estados.
Fonte e Imagem: Valor econômico.
O Plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira, 15 de dezembro, o parecer do senador Marcos Rogério (DEM-RO) para o projeto de lei 5829/2019, que estabelece o marco regulatório da micro e minigeração distribuída. Em decorrência de alterações no texto através de emendas, o PL retorna para a Câmara dos Deputados para nova votação.
O Senado aprovou emenda sobre a negativa de parecer de acesso, dando às concessionárias o ônus da prova de demonstrar os motivos para negar a solicitação. Além disso, haverá aumento do prazo para conclusão das instalações de 120 dias atuais para nove meses durante o período de transição.
Outra emenda prevê que o repasse de recursos para distribuidora por exposição contratual involuntária observará mecanismos de ajuste de sobras e déficits, além do princípio do máximo esforço. Também houve alteração de texto para incluir “custos” na valoração dos impactos da geração distribuída. Por fim, duas emendas permitem projetos hidrelétricos maiores como minigeração distribuída, chegando a 30 MW.
Em decorrência da proximidade do recesso parlamentar, a Câmara deve retomar a análise do PL a partir do início do próximo ano legislativo no mês de fevereiro.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
É o que mostra estudo do Programa de Transição Energética lançado hoje.
O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançaram hoje (15) o estudo do Programa de Transição Energética (PTE), que traz um diagnóstico do setor de energia brasileiro, elaborado a partir de debates organizados ao longo deste ano. Autoridades públicas e tomadores de decisão da iniciativa privada participaram dos debates.
Uma conclusão é a de que a transição energética (TE) pode ser um importante impulso para uma economia mais sustentável, com o Brasil tendo lugar de destaque no mundo como provedor de soluções de baixo carbono para outras regiões. “O país já apresenta um setor elétrico majoritariamente renovável que se expande com soluções renováveis extremamente competitivas em termos globais, podendo este ser o vetor para a produção em larga escala de hidrogênio verde”, indica o documento.
Além disso, o Brasil se apresenta como uma das lideranças globais em bioenergia, tendo importante participação de biocombustíveis nos transportes, com o etanol e o biodiesel; e na geração de eletricidade. Também tem capacidade de desenvolver competências em novas formas avançadas de biocombustíveis, entre eles o etanol celulósico, o diesel hidrogenado, o bioquerosene, e biogás/biometano.
A análise revelou que o setor de óleo e gás (O&G) brasileiro é considerado dinâmico e estruturado, com grande expertise técnica, capacidade de investimento e desenvolvimento tecnológico.
A análise do programa mostra tendências e incertezas para o setor, relacionadas ao contexto geopolítico da transição energética, e destaca os efeitos da pandemia de covid-19, que determinou as ações dos países ao redor do mundo.
Mudança climática
O documento reforça ainda a percepção da urgência de mudança climática, ampliando as necessidades por ações ambientais concretas. “A preocupação mundial com as mudanças climáticas se acentuou e as ações e políticas que estão sendo desenvolvidas irão se consolidar, produzindo, ao longo das próximas décadas, uma mudança estrutural na configuração da matriz energética mundial que, sozinha, corresponde por 3/4 das emissões globais.”
Conforme o documento, 72% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil são geradas pelo uso da terra e da agropecuária. Por isso, para os pesquisadores é evidente que o grande desafio para o país alcançar as metas climáticas passa pelo “desenvolvimento de um setor agropecuário de baixo carbono e o controle do desmatamento irregular. Nesse campo, a regulamentação dos créditos de carbono, junto com políticas públicas eficazes para 'manter a floresta em pé', pode ter uma contribuição importante”.
O estudo defende também uma forma de “conciliar a dinâmica da recuperação econômica global com a construção de um sistema energético mais limpo e sustentável em um prazo factível para as metas traçadas no Acordo de Paris."
Demanda
Os desafios para melhorar o bem-estar das demandas dos grandes centros urbanos brasileiros, conforme sugere a análise, podem andar junto com os objetivos climáticos. Como exemplo, citou a eletrificação da frota de veículos pesados, principalmente os ônibus urbanos nos quais os motores elétricos são mais eficientes que os de combustão.
Regulação
Dois pontos foram considerados fundamentais para que as tecnologias disponíveis sejam escolhidas pelo valor que elas agregam à sociedade: o desenvolvimento regulatório e o planejamento. Além disso, é preciso promover a coordenação entre os setores público e privado, permitindo que o país se prepare para as oportunidades e também para as ameaças da transição energética.
“Não existe apenas uma única trajetória no processo de transição energética. Cada país terá que buscar o seu próprio caminho procurando capturar as oportunidades de congregar crescimento econômico e sustentabilidade, ao passo que consolida uma economia de baixo carbono. Nesse sentido, o Brasil não terá uma agenda para a TE igual à da Europa ou dos EUA, uma vez que, considerando seu parque gerador elétrico renovável e o peso do setor de biocombustíveis, o Brasil já vem, há décadas, realizando a sua transição.”
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
Empréstimo será usado para bancar as medidas emergenciais para evitar falhas no fornecimento de energia e deve ser pago nos anos seguintes; previsão é de que a operação fique em torno de R$ 15 bilhões.
Depois de semanas de expectativas, o governo publicou nesta segunda-feira, 13, uma medida provisória que abre espaço para um novo socorro ao setor elétrico a fim de evitar um “tarifaço” nas contas de luz em 2022, ano de eleições presidenciais. O empréstimo será usado para bancar as medidas emergenciais para evitar falhas no fornecimento de energia devido à grave escassez nos reservatórios de usinas hidrelétricas - e deve ser pago nos anos seguintes.
A MP foi publicada em edição extra do Diário Oficial e tem força de lei. Para se tornar definitiva, no entanto, será necessário aprovação da Câmara e Senado em um prazo de até 120 dias.
Os recursos serão usados, por exemplo, para bancar o custo das térmicas que foram acionadas nos últimos meses para garantir o fornecimento de energia. Essas usinas geram uma energia bem mais cara que as hidrelétricas. Também vão bancar os custos da importação de energia de países vizinhos e até mesmo o desconto prometido aos consumidores que estão economizando energia - o “bônus” será pago via desconto nas contas de luz de janeiro do próximo ano.
A medida abre espaço para o governo estabelecer condições e requisitos para a estruturação das operações financeiras. Não foram detalhados os valores exatos do empréstimo, nem o prazo de pagamento, mas a previsão é que a operação fique em torno de R$ 15 bilhões.
O objetivo do socorro financeiro é amenizar o aumento projetado nas tarifas no próximo ano e evitar um reajuste que poderia chegar a 21%, como mostrou o Estadão/Broadcast. A exemplo do empréstimo concedido às empresas no auge da pandemia da covid-19, também viabilizado por MP, o financiamento será diluído nas contas de luz dos consumidores. Apesar da similaridade, o cenário econômico do País mudou, com uma taxa básica de juro em um patamar muito mais elevado.
O novo socorro financeiro tem como pano de fundo a decisão do governo de estabelecer um valor de bandeira tarifária insuficiente para suportar os custos das medidas decorrentes da escassez hídrica. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a conta Bandeiras registra rombo acumulado de R$ 12,01 bilhões até outubro. Mesmo com o início das chuvas em alguns locais do País, o que aliviou parcialmente os problemas que o setor elétrico enfrenta nos últimos meses, a avaliação é que a operação ainda está longe da normalidade e ainda não garante “conforto” para a situação.
De acordo com o documento, os montantes a serem captados pelas operações deverão observar “os custos adicionais decorrentes da situação de escassez hídrica e dos diferimentos aplicados no processo tarifários anterior à liberação dos recursos, condicionada a captação à prévia aprovação pela Aneel. Caso haja um empréstimo maior do que os custos, a distribuidora deverá ressarcir os consumidores.
Fonte: Estadão.
Imagem: Jornal de Brasília.
Combustível que está sendo abandonado em todo o planeta e que é considerado um dos principais poluidores da atmosfera, o carvão mineral ganhou uma sobrevida no Brasil por conta de um projeto aprovado pela Câmara dos Deputados na noite desta segunda-feira.
O texto, que ainda precisa passar pelo Senado, garante a contratação da energia gerada por termelétricas movidas a carvão mineral em Santa Catarina. Isso se torna um incentivo, na prática, porque a tendência em todo o mundo é não contratar mais esse tipo de usina.
O projeto aprovado na Câmara determina a prorrogação dos contratos do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, no Sul de Santa Catarina, até 2040. Portanto, até essa data, as usinas dessa região continuariam gerando energia para o sistema elétrico nacional.
A proposta aprovada em votação simbólica na Câmara, com votos contrários apenas do Novo, garante ainda “uma receita fixa suficiente para cobrir os custos associados à geração contratual de que trata esse parágrafo, incluindo custos com combustível primário e secundário associados, custos variáveis operacionais, assim como a adequada remuneração do custo de capital empregado nos empreendimentos”.
Até 2025, essas usinas permanecerão recebendo subsídios embutidos na conta de luz. Depois disso, e até 2040, esse subsídio deixa de ser oferecido. A garantia legal de que será preciso contratar a energia gerada pela usina funciona, porém, como um incentivo. No lugar o setor se planejar e contratar usinas mais baratas e menos poluentes, seria preciso manter até 2040 contratos com usinas a carvão.
A desativação de termelétricas a combustíveis fósseis, especialmente o carvão, é um processo em andamento no mundo inteiro, como parte dos esforços globais de descarbonização.
O Brasil assumiu o compromisso, na COP 26, em Glasgow, de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa em 2050.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: Valor.
Estados do Rio de Janeiro, de Alagoas e o município de Santos, em São Paulo, aparecem como destaques positivos.
O Programa de Divulgação de Emissão de Carbono (CDP) – organização internacional sem fins lucrativos que mede o impacto ambiental no planeta – trouxe em seu boletim mais recente, lançado nesta quarta-feira (8), o Brasil como um dos seis países que mais se destacaram em 2021 no quesito transparência ambiental.
Isso significa que estados e municípios brasileiros foram alguns dos que mais abriram dados sobre os problemas ambientais e mostraram como atuam para amenizá-los. Segundo o levantamento, o Brasil espera reduzir a emissão de carbono em aproximadamente 40% até 2030. E, em 2060, a meta é que a emissão praticamente zere.
Além do Brasil, os países em destaque no levantamento do CDP foram Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Japão e Quênia. O estudo intitulado “Trabalhando juntos para vencer a crise climática: cidades na rota de 2030” tem como base os dados anunciados pelas prefeituras e governos estaduais de todas as nações.
Pelo menos mil cidades espalhadas pelo mundo foram ouvidas pela pesquisa.
“Neste relatório, enfocamos a ação subnacional em cidades, estados e regiões em seis países dos cinco continentes, onde vimos um aumento significativo (de participação) nos relatórios ao CDP sobre ações climáticas. No relatório, pedimos que as cidades realizassem uma série de ações, incluindo a adoção de uma meta climática com base científica e o desenvolvimento de planos de adaptação”, destaca um trecho do documento divulgado nesta quarta-feira (8).
Segundo o relatório, as principais mudanças climáticas percebidas pelos estados e municípios brasileiros são tempestades, alagamentos, vendavais e enchentes. Dentre as 70 cidades brasileiras que participaram do estudo, 90% estão enfrentando riscos climáticos.
Com o intuito de reverter o cenário, três localidades do Brasil se destacam, segundo o estudo. Os estados do Rio de Janeiro, Alagoas e a cidade de Santos, em São Paulo, foram as que apresentaram mais dados de como planejam mudar esse cenário.
“O Rio de Janeiro está trabalhando de forma proativa com outras cidades do Brasil para enfrentar as ameaças da água que enfrenta, por exemplo”, aponta o CDP. A CNN adiantou, há duas semanas, que o projeto de limpeza do complexo lagunar da capital carioca deve sair do papel em meados do mês de dezembro de 2021.
De acordo com a expectativa da Iguá, empresa que venceu a licitação para operar os serviços de água e esgoto do bloco 2 (Barra, Jacarepaguá, Paty do Alferes e Miguel Pereira), o programa de limpeza do sistema de lagoas tem prazo para ser entregue em meados de 2022. Aproximadamente um milhão de cariocas dependem do sistema lagunar, que banha 17 bairros da capital fluminense.
A pesquisa do CDP também traz como destaque positivo o estado de Alagoas, que implementou um Sistema de Redistribuição de Água, programa estadual em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional. Segundo o estudo, o projeto visa dar segurança hídrica às comunidades que lutam para encontrar água potável.
Por fim, o levantamento ressalta as ações tomadas pelo município de Santos, que ‘trabalha com o Ministério do Desenvolvimento para mapear os principais desafios ambientais e desenvolver soluções para solucioná-las”.
O relatório também detalha as ações realizadas em cidades dos outros cinco países que se destacaram neste ano, no quesito transparência e ações ambientais. Por exemplo, em Bristol, no Reino Unido, a prefeitura reúne evidências de mudanças climáticas de forma cotidiana para ajudar a informar e influenciar políticas governamentais.
Já o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, está oferecendo incentivos – além de impor regulamentações – para reduzir as emissões de gases de efeito estufa de todos os setores, aponta o estudo.
Em âmbito mundial, a pesquisa mostra que uma em cada três cidades no mundo dizem necessitar de apoio financeiro de outras instâncias de governo, como estadual e federal, para aplicar medidas contra os problemas climáticos.
Já 75% dos municípios garantem, que apesar da dificuldade econômica, estão realizando parceria com empresas para reduzir os impactos ambientais.
Fonte e Imagem: CNN Brasil.
Proposta envolve a inclusão de centrais geradoras com capacidade reduzida entre os empreendimentos alcançados pela revisão da Resolução ANA/Aneel nº 3, de 2010.
Uma consulta pública conjunta das agências de Águas (ANA) e de Energia Elétrica (Aneel) vai por em discussão o aperfeiçoamento da norma que trata da instalação, operação e manutenção de estações hidrológicas e da atualização das curvas Cota Área Volume dos reservatórios das hidrelétricas.
A proposta envolve a inclusão de centrais geradoras com capacidade reduzida (até 5 MW) entre os empreendimentos alcançados pela revisão da Resolução ANA/Aneel nº 3, de 2010. A norma regula usinas com outorga, e as CGHs podem operar apenas com o registro simplificado na Aneel.
As autorizações dessas usinas vem sendo revogadas pela agencia reguladora, desde que uma alteração do art. 8º da Lei nº 9.074, de 1995, ampliou o limite de potência para empreendimentos dispensados de outorga de 1 MW para 5 MW.
Segundo a Aneel, há a possibilidade de que após a extinção da outorga os empreendedores desativem as estações, o que pode impactar o monitoramento hidrométrico das bacias associadas aos empreendimentos, com perda de conhecimento do comportamento hidrológico dos rios.
Com a mudança na lei, estima-se que 25% das usinas hidrelétricas de pequeno porte que faziam o monitoramento podem desativar essa estrutura de medição. O número pode alcançar, no entanto, 40%, reduzindo significativamente os pontos de coleta de dados.
Outras duas alterações no regulamento conjunto estão sendo avaliadas. Uma delas trata da melhoria na atualização e elaboração das curvas Cota x Área x Volume para acompanhamento do assoreamento dos reservatórios. A outra altera o número de estações hidrológicas a serem instaladas por cada usina hidrelétrica em relação à área de drenagem incremental.
As contribuições dos interessados serão recebidas entre 15 de dezembro e 13 de fevereiro de 2022. Todas as informações sobre a consulta estarão disponíveis na na página da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
O Ministério de Minas e Energia (MME) encaminhou à Casa Civil a indicação de Sandoval Feitosa para ocupar o cargo de diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) após o vencimento do atual mandato, ocupado por André Pepitone. A informação foi antecipada pela Agência Infra e posteriormente confirmada pela pasta à MegaWhat.
O mandato de Feitosa como diretor da Aneel terminaria em maio de 2022. Além da sua recondução, como diretor-geral, o MME também encaminhou à Casa Civil a indicação de Agnes da Costa, atual chefe da assessoria especial em assuntos regulatórios do ministério, para compor a diretoria, assim como a recondução do diretor Helvio Guerra.
Enquanto Sandoval, se aprovado, vai substituir o diretor-geral, André Pepitone, Agnes entraria em sua vaga como diretor.
A Lei 13.848 de 2019, conhecida como a nova Lei das Agências Reguladoras, veta que diretores tenham mais de um mandato, mas Guerra pode ser reconduzido por ocupar um mandato tampão, no lugar de Rodrigo Limp, que deixou a Aneel para ser secretário de Energia do MME no início do ano passado. Atualmente, Limp é presidente da Eletrobras.
Já Agnes da Costa é um nome bem visto para ocupar uma das diretorias, pela sua vasta experiência no setor de energia, estando no MME desde 2005.
Também em 2022, terminam os mandatos dos demais diretores da Aneel. Pepitone fica até agosto, completando 12 anos como diretor da agência. O diretor Efrain Cruz também tem mandato até agosto, e a diretora Elisa Bastos fica até dezembro.
Fonte e Imagem: MegaWhatt
A publicação da MP é aguardada pelo setor elétrico desde a semana passada.
O governo finalizou o texto da nova medida provisória (MP) que deverá garantir mais um empréstimo para o setor elétrico honrar o pagamento de despesas remanescentes da atual crise hídrica. Ao menos R$ 13 bilhões serão demandados junto aos bancos para cobrir custos com geração térmica, contratos emergenciais e programas de redução da demanda.
A publicação da MP é aguardada pelo setor desde a semana passada. Agora, o governo renovou a promessa de enviar o texto ao Congresso Nacional "nos próximos dias". Se confirmada no “Diário Oficial da União”, será possível editar um decreto de regulamentação da medida e, em seguida, aprovar a resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que definirá os critérios específicos da operação de crédito.
Uma fonte oficial a par do assunto informou ao Valor que a transação envolverá novamente um pool de bancos, públicos e privados, em negociação encabeçada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a exemplo do financiamento aprovado em 2020.
No ano passado, o setor captou R$ 14,8 bilhões para cumprir obrigações contratuais em meio à queda de faturamento provocada pela redução do consumo de energia e aumento da inadimplência no primeiro ano da pandemia. O pagamento da dívida contraída com as instituições financeiras é feito com a cobrança de um novo encargo nas contas de luz, a “Conta-covid”.
Agora, os recursos serão usados para bancar o saldo remanescente de despesas com a crise hídrica, entre dezembro deste ano e novembro do ano que vem. O dinheiro cobrirá o gasto com a importação de energia da Argentina e Uruguai, o mecanismo de contratação simplificada de energia e a geração mais cara das térmicas — sejam as movidas a óleo diesel e gás natural e aquelas chamadas para operar mesmo sem contrato de comercialização.
Somente o processo competitivo simplificado (PCS) custará ao setor R$ 10 bilhões por ano até 2025. O leilão, que recebeu o selo de contração emergencial para enfrentar a atual crise, foi realizado em outubro e chegou a ser questionado na Justiça.
O dinheiro do novo empréstimo também será usado para pagar o “bônus” prometido aos consumidores que economizarem ao menos 10% de energia entre outubro e dezembro, comparado ao mesmo período do ano passado. Esta despesa, ainda não calculada, será cobrada entre fevereiro e março do próximo ano.
"Bandeira de escassez hídrica"
O governo já tinha criado uma nova faixa de cobrança adicional de despesas do setor dentro das contas de luz com o anúncio da "bandeira de escassez hídrica". Entre outubro deste ano e abril de 2022, o consumidor pagará R$ 14,20 a cada 100 kilowatt-hora (kWh) consumidos — mais cara do que a bandeira vermelha Patamar 2 (R$ 9,49/100 kWh) — para cobrir R$ 13 bilhões de despesas registradas, até então.
Mesmo com o envio da MP ao Congresso Nacional, o governo não tem a pretensão de ter o texto aprovado no legislativo. O prazo de vigência da medida é considerado suficiente para cumprir os trâmites formais da operação de crédito. Nos dois últimos empréstimos de socorro ao setor, as MPs caducaram ao vencer o prazo de votação, mas permitiram que as operações financeiras fossem realizadas.
Barragem Jaguari, em Bragança Paulista (SP), que faz parte do Sistema Cantareira — Foto: Andre Penner/AP
Incertezas & juros
Agora, na negociação com os bancos, o setor avalia que pode contar com um custo mais elevado de tomada de empréstimo, dado o cenário de incerteza com a economia e sinalização de alta ainda maior da taxa básica de juros. A amortização da dívida será, de novo, no prazo de até cinco anos, o que vai gerar sobreposição de parcelas anuais, quando considerado o efeito do financiamento fechado em 2020, que começou a ser cobrado este ano e irá até 2025.
No ano passado, o setor tomou o empréstimo de R$ 14,8 bilhões que está sendo pago com o juro de 3,79% e mais a parcela variável de CDI, o certificado de depósito interbancário. Há a expectativa de que a liquidez das instituições financeiras neste momento da pandemia favoreça o setor nas negociações.
Um especialista ouvido pelo Valor ilustrou a situação do setor como a de uma pessoa que já devia o cheque especial e, agora, entrará no crédito rotativo do cartão. A referência foi feita para reforçar que dificilmente será possível recorrer a solução de novos empréstimos no curto prazo para garantir que, ao mesmo tempo, os contratos entre as empresas sejam honrados e os consumidores contem com um mecanismo de amortecimento da alta das tarifas.
No início de novembro, a Aneel chegou a estimar um aumento médio de 21,04% das tarifas em 2022 se nenhuma nova ação fosse tomada para neutralizar o impacto da crise hídrica. Na ocasião, a agência não tinha considerado o novo empréstimo, além de três fatores que podem ajudar com R$ 15 bilhões a conter a pressão tarifária no ano que vem: o repasse de R$ 5 bilhões se confirmada a privatização da Eletrobras, o alívio de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3 bilhões) do pagamento do serviço da dívida da usina binacional de Itaipu e a devolução de R$ 7 bilhões das distribuidoras aos consumidores baseada na ordem judicial que excluiu o ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Édio Lopes participou de reunião nesta terça, no que pode ter sido a última tentativa de votar o texto esse ano na Câmara.
Mesmo com os sucessivos adiamentos da votação do PL 1917 na comissão especial que trata do assunto na Câmara dos Deputados, o relator Édio Lopes (PL-RR) ainda esperava vencer as últimas resistências de parlamentares ao seu relatório, em reunião com representantes do governo e de partidos na tarde desta terça-feira, 7 de dezembro. O encontro era visto por ele como uma última rodada de negociação em torno do substitutivo do projeto da portabilidade da conta de luz.
Uma nova reunião da comissão, talvez a oportunidade final para votar a matéria ainda esse ano, foi agendada para esta quarta-feira, 8. “Eu acho que amanhã seria uma data que eu diria para você quase que terminativa em 2021. Mas tudo caminha para que tenhamos um acordo hoje à tarde e possamos votá-lo amanhã, porque o último ponto em que há resistência dos Republicanos, especialmente do deputado Lafayette Andrada (MG), nós estamos caminhando para contornar esta situação. E aí nós temos a anuência do governo e da maioria dos partidos que estão representados na comissão”, disse o deputado à Agência CanalEnergia.
O ponto que ainda trava as negociações, segundo Lopes, é a previsão de cobertura pela Conta de Desenvolvimento Energético de eventuais déficits financeiros das distribuidoras, provocados pela migração de consumidores para o mercado livre. Na prática, isso significa que os clientes que permanecerem no mercado regulado assumirão o custo da saída dos demais, admite o presidente da Comissão de Minas e Energia.
O parlamentar argumentou que o pais tem hoje 110 distribuidoras de energia elétrica (considerando concessionarias e cooperativas), e pode ser que em algum momento uma ou outra, ou um conjunto de empresas, sofra uma perda significativa de clientes que saíram do mercado regulado para o livre. Elas terão que continuar arcando com seus contratos de compra de energia, mas, havendo uma migração acelerada, não terão mais esses consumidores.
Édio Lopes disse que tem sido alertado que não se sabe qual será o impacto desse custo na CDE para quem permanecer no ACR. Pode ocorrer que em um ou outro caso de distribuidora o peso seja excessivo para os consumidores que ficarem. Por conta disso, a ideia é achar o ponto de equilíbrio para a situação.
A proposta que altera o modelo comercial do setor elétrico estabelece condições para a retirada das restrições de acesso ao mercado livre e trata de temas como concessões de geração de energia elétrica e comercialização de energia. Alguns dos assuntos tratados também estão no PL 414, que já passou pelo Senado e tem como relator na Câmara o deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE).
Para Lopes, há muita especulação de que o PL 1917 entra em conflito com PL 414. Ele considera, no entanto, que o projeto que veio do Senado é um apêndice da proposta da Câmara, que está no Congresso desde 2015. Argumenta que o texto do PL 1917 tem questões pontuais que não estão no outro projeto, como o tratamento para a questão das pequenas centrais hidrelétricas.
Em relação à portabilidade, diz, a diferença entre os dois projetos é que o de sua relatoria estabelece prazo maior para a abertura total de mercado. O deputado conta que para atender o governo incluiu um parágrafo onde o Pode Executivo, baseado em estudos, pode alterar este prazo para cima ou para baixo. “Não é uma coisa tão engessada. Neste particular, nos diferenciamos um pouquinho do 414.”
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Maior parte da alta deve vir do déficit da Conta Bandeiras.
A TR Soluções estima que as tarifas de energia poderão ter alta média de 19% em 2022. A previsão vale para os consumidores de todo o país, considerando as 53 concessionárias de distribuição de energia elétrica. As projeções foram calculadas por meio do Serviço para Estimativa de Tarifas de Energia, plataforma da empresa que, há uma década, reproduz os cálculos tarifários de acordo com os procedimentos definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica, incluindo parâmetros como condições do mercado da distribuidora, contratos de energia e variação do dólar.
De acordo com o diretor de Regulação da TR Soluções, Helder Sousa, a maior parte do aumento – 12 pontos percentuais – se deve ao déficit da Conta Bandeiras a ser considerado em cada processo tarifário individual de 2022, o que representa a diferença entre as despesas de responsabilidade das bandeiras e as receitas decorrentes de seu acionamento e do prêmio de repactuação do risco hidrológico dos contratos regulados na modalidade quantidade. Ainda segundo ele, a variação se deve ao fato de que as bandeiras tarifárias não estão sendo suficientes para cobrir os custos associados à geração térmica e ao risco hidrológico: a projeção indica que o saldo da conta nos eventos tarifários de 2022 deve representar um déficit de R$ 17,8 bilhões.
A variação das tarifas também deve ser pressionada por custos atrelados à geração térmica relativos aos contratos por disponibilidade. Além disso, a inflação deve afetar as contas de luz, principalmente no caso das empresas cujos processos tarifários se dão no primeiro semestre.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Norma dá tratamento regulatório a empreendimentos com mais uma fonte de geração.
A Agência Nacional de Energia Elétrica publicou a Resolução Normativa 954, que regulamenta a implantação de centrais geradoras híbridas (UGH) e associadas. A norma aprovada na semana passada estabelece regras para a outorga, a contratação do uso dos sistemas de transmissão, tarifação dos empreendimentos e descontos nas tarifas de uso (Tust).
Usinas híbridas ou associadas são sistemas resultantes da combinação de duas ou mais fontes de produção de energia. A central geradora híbrida tem uma única outorga, com medição única ou distinta por tecnologia, enquanto a associada é compostas por instalações com outorgas e sistemas de medição diferentes, que compartilham fisicamente e contratualmente a infraestrutura de conexão e uso da rede de transmissão.
A norma desse tipo de empreendimento começou a ser discutida em 2019 pela Aneel. Mesmo antes da aprovação da resolução, projetos piloto usando a combinação de usinas eólicas e hidrelétricas com fotovoltaicas foram implantados ou estavam em fase de implantação no país.
A aprovação da norma animou o setor, como mostrou reportagem da Agência CanalEnergia. A resolução permite, por exemplo, que hidrelétricas integrantes do Mecanismo de Realocação de Energia possam entrar na composição de usinas híbridas ou associadas.
As medições, no entanto, serão separadas por tecnologia de geração, e a energia produzida pela fonte não hídrica, assim como a garantia física dessa fonte, não serão alocadas ao MRE. Confira a integra da resolução.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
“Não há hipótese alguma de racionamento ou apagão por falta de energia", afirma ministro Albuquerque. Pode ser por conta de um raio ou tempestade, mas não por falta de energia”.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, voltou a afirmar que não existe risco de desabastecimento de energia no país. Segundo ele, não há indicação hoje de que a bandeira tarifária de escassez hídrica seja prorrogada para além de abril, mês previsto para o término de sua vigência.
Albuquerque fez as afirmações em lançamento de um laboratório de redes elétricas inteligentes (smart grids, em inglês), em unidade do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), em Nova Iguaçu, na região metropolitana do Rio. “Não há hipótese alguma de racionamento ou apagão por falta de energia. Pode ser por conta de um raio ou tempestade, mas não por falta de energia”.
Albuquerque reconheceu que, em novembro, o país teve bom regime de chuvas. “São Pedro ajudou, mas São Pedro só ajuda quem trabalha”, brincou ele, para dizer em seguida que o país precisará de boa governança no sistema elétrico para o ano que vem.
Especialistas e autoridades têm dito que, em 2022, a regularidade do fornecimento de energia do país deve novamente depender do cenário hidrológico. O ministro lembrou que medidas de segurança, como o leilão de reserva de capacidade de energia, marcado para 21 de dezembro, só devem ter impacto sobre a segurança do sistema a partir de 2026, quando os empreendimentos relacionados entrarem em operação.
Mas Bento sugeriu que os riscos ligados ao nível de reservatórios devem cair nos próximos anos com o processo de modernização da matriz energética em curso, que acumula e pulveriza duas fontes. “Hoje 60% da matriz ainda depende da fonte hidráulica, mas a cada ano a matriz se moderniza e a geração hidrelétrica perde espaço. Com mais e novas fontes teremos mais segurança e menores tarifas”, disse.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Setor elétrico trabalhou para superar problema, diz Bento Albuquerque.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou qualquer risco de desabastecimento elétrico ou de apagão no país, por conta da crise hídrica dos reservatórios. Segundo o ministro, tirando causas meteorológicas externas, não haverá racionamento por falta de energia.
“Não há hipótese alguma de racionamento ou apagão por falta de energia. Pode ser por conta de um raio, de uma tempestade, mas não por falta de energia. É isto que nós estamos trabalhando, há mais de ano, para garantir aos consumidores brasileiros”, afirmou o ministro, durante a inauguração do novo laboratório do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) da Eletrobras, em Nova Iguaçu (RJ).
Bento Albuquerque disse que o país atravessa a pior crise hídrica dos últimos 90 anos, com falta de chuvas sobre os principais reservatórios, mas ressaltou que o setor elétrico soube trabalhar para superar o problema: “Não há risco de desabastecimento de energia de forma alguma, mas eu entendo que o uso racional da energia tem que fazer parte da nossa educação e da nossa cultura.”
Usina nuclear
Em entrevista aos jornalistas após a inauguração do laboratório, o ministro também falou sobre a possibilidade de construção de uma quarta usina nuclear no país, que hoje tem Angra 1 e 2 e está em vias de concluir Angra 3.
Ele não definiu onde seria construída a próxima usina, podendo ser na Região Sudeste ou mesmo no Nordeste, mas frisou que ela será de uma nova geração, menor, mais eficiente e mais segura que as atuais.
Segundo Albuquerque, o estudo sobre o assunto deverá estar pronto para ser apresentado no Plano Decenal, no início de 2022.
Carros elétricos
Bento Albuquerque falou também sobre a tendência de eletrificação da frota de veículos, que está sendo acelerada em vários países, principalmente os europeus, pelas montadoras, que pretendem fabricar basicamente carros elétricos entre 2025 e 2030.
Porém, o ministro destacou que países de grandes extensões podem adotar modelos híbridos de motorização. “A eletrificação faz parte da realidade de cada país. Um determinado país pode dizer que terá toda sua frota elétrica. Em um país continental, como Brasil, Índia, China ou Estados Unidos, a eletrificação não ocorre em anos. Ela poderá ocorrer em décadas. O Brasil é privilegiado pela abundância de fontes energéticas renováveis e limpas. Temos o maior programa de bioenergia do mundo, que é baseado em biocombustíveis, e eles serão fundamentais”, disse.
Laboratório
O novo centro de pesquisas do Cepel, chamado Laboratório de Smart Grids, é um dos primeiros do gênero no país e recebeu investimentos da ordem de R$ 20 milhões, provenientes da Eletrobras, Petrobras e do Projeto META (MME e Banco Mundial).
O laboratório, localizado na Unidade Adrianópolis, em Nova Iguaçu, permitirá inúmeras opções de pesquisa e prestação de serviços, trazendo benefícios concretos às empresas do setor de energia e contribuindo para o avanço tecnológico do Brasil, dentro do atual contexto de transição energética. Garantirá experiências práticas, antes realizadas apenas em modelos teóricos, e maior confiabilidade para o sistema elétrico nacional, disse o diretor-geral do Cepel, Amilcar Guerreiro.
“Vai ajudar na avaliação do comportamento dos novos elementos que surgem na rede, em função da geração distribuída, do armazenamento distribuído de energia. Este laboratório vai permitir isso. Tem a capacidade de analisar elementos com uma potência mais alta. Painéis fotovoltaicos, um inversor com potência alta, este laboratório é capaz de fazer o ensaio, de avaliar a performance desses equipamentos”, explicou o diretor do Cepel.
Fonte e Imagem: Agência Brasil.
No entanto, Rui Altieri afirmou que as medidas emergenciais terão um custo elevado para o consumidor.
O presidente do conselho de administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, disse que o país conseguiu reverter a crise hídrica “de maneira confortável”, mas que as medidas emergenciais terão um custo elevado para o consumidor.
Segundo ele, o despacho por segurança energética custará R$ 24,3 bilhões, o que representa encargos para o consumidor da ordem de R$ 39 por megawatt-hora.
“Temos uma matriz térmica que precisa ser melhorada, é obsoleta e custa caro”, disse Altieri, durante encontro com jornalistas.
Leilão de reserva de capacidade de energia
Altieri afirmou que tem “muita expectativa” em torno do leilão de reserva de capacidade de energia, marcado para 21 de dezembro. Segundo ele, o ano de 2021 foi difícil, mas caminha para fechar com um “excelente leilão”.
Ao todo, 132 projetos foram cadastrados, que somam uma capacidade total de 50,7 gigawatts, sendo 9,4 GW relativos a projetos existentes. A maior parte dos projetos cadastrados (47 GW) diz respeito a termelétricas a gás natural.
Altieri disse ainda que o mercado regulado de energia “vai precisar de um tempo para se recuperar”, mas que o ambiente livre, por sua vez, tem registrado um “crescimento vigoroso”.
Segundo a CCEE, o consumo no mercado livre acumula crescimento de 14,4% em 2021, ante 2020, e de 16,3% em relação a 2019. A entidade também apresentou o potencial de ampliação do ambiente livre de energia do país. Ao todo, 69 mil unidades consumidoras do grupo A (com fornecimento em tensão igual ou superior a 2,3 kV) tem potencial de migração para o mercado livre. Se toda essa migração ocorresse, cerca de 40% do consumo de energia do país estaria no ambiente livre.
Energia renovável
O presidente do conselho de administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica disse também que a entidade pretende atuar como certificadora da energia renovável usada na produção de hidrogênio verde no Brasil.
“Muitas companhias estrangeiras têm interesse na compra [de hidrogênio verde no Brasil]”, afirmou, durante encontro com os jornalistas.
O objetivo da CCEE é garantir a origem renovável dos insumos usados na produção do hidrogênio verde no país.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Comitê limitou geração termelétrica a 15 mil MW em dezembro. Objetivo é baratear o custo médio da energia no país, mas a medida não deve trazer reflexos imediatos para o consumidor.
Com a volta das chuvas e a melhora no nível dos reservatórios das hidrelétricas, o governo decidiu reduzir o acionamento de usinas termelétricas em dezembro.
Essa medida deve levar à queda do custo médio de geração de energia no país. Entretanto, não deve se refletir, de imediato, em barateamento das contas de luz para os consumidores (leia mais abaixo).
A decisão foi tomada na quarta-feira (1º) pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que decidiu limitar a geração térmica total em dezembro a 15 mil megawatts (MW) médios, incluindo eventual importação de energia do Uruguai e Argentina.
Até então, não havia limite e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) podia acionar a quantidade necessária para garantir o fornecimento de energia ao país.
Em agosto e setembro, por exemplo, o país gerou 19 mil MW médios de energia térmica, valores recordes para a série histórica, de acordo com o ONS.
A energia gerada por usinas termelétricas, além de mais poluente, é mais cara que a hidrelétrica. Por isso, o maior uso das térmicas acaba se refletindo em aumento de tarifa para os consumidores.
Durante esta crise hídrica, o governo acionou mais térmicas para poupar água dos reservatórios das hidrelétricas - as represas das usinas instaladas no Sudeste e Centro-Oeste chegaram a registrar armazenamento médio de 16,7% em outubro, antes do início do período de chuvas.
Custo de geração
O objetivo da medida, diz o CMSE em nota, é reduzir o custo total de geração de energia.
"A medida privilegia o uso dos recursos mais baratos, conforme necessidade, concomitantemente à esperada recuperação do armazenamento dos principais reservatórios do país ao longo da estação chuvosa em curso", diz o comitê.
Apesar da esperada redução no custo total, a medida não deve trazer reflexos imediatos para o consumidor, já que há déficit acumulado de R$ 9,87 bilhões até setembro na arrecadação das bandeiras tarifárias, cobrança aplicada à conta de luz quando aumenta o custo de produção de energia.
A bandeira "escassez hídrica", criada para tentar cobrir esse custo extraordinário, deve continuar em vigor até abril de 2022.
Essa bandeira entrou em vigor em setembro e adiciona R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos na conta de luz dos consumidores, com exceção às famílias de baixa renda enquadradas na Tarifa Social.
Melhora dos reservatórios
Segundo o ONS, a estação chuvosa neste ano começou em outubro, como esperado, e tem aumentado o nível dos reservatórios acima do previsto.
Em 2020, a estação chuvosa começou atrasada, em novembro, e o nível de água que chegou aos reservatórios foi o pior em 91 anos, o que desencadeou a crise energética.
"Como resultado, foi possível dar continuidade ao reenchimento dos reservatórios de relevantes usinas hidrelétricas, contribuindo para o aumento do armazenamento equivalente de todos os subsistemas [em novembro], com exceção do Norte, em comparação ao final de outubro de 2021", diz o CMSE em nota.
A previsão do ONS é que o armazenamento do subsistema Sudeste/Centro-Oeste -- considerado a "caixa d'água" do setor elétrico -- alcance 55,9% ao final de maio de 2022, o equivalente a 12,9 pontos percentuais acima do verificado em 31 de maio desde ano.
No auge da crise energética, o operador chegou a prever que os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste chegariam a 10% de armazenamento médio, em novembro.
Entretanto, com as chuvas, esses reservatórios atingiram 19,7% de armazenamento médio ao final de novembro e, de acordo com a previsão do CMSE, devem chegar a 26,1%, na média, o final deste mês de dezembro.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Associações, fabricantes e empresários consideram que decisão da Aneel é um passo importante para que empreendimentos no Brasil possam aproveitar a complementaridade temporal entre as diferentes fontes.
A notícia de que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou o funcionamento de Centrais Geradoras Híbridas (UGH) e centrais geradoras associadas para janeiro de 2023, causou boas expectativas entre os agentes do setor. Diversas fontes ouvidas pela reportagem convergem que a decisão da Agência será um marco para o melhor aproveitamento dos diferentes potenciais energéticos no Brasil.
Antes mesmo da regulamentação, a Aneel havia aprovado um projeto piloto de parque híbrido da Joint Venture VTRM, formada pela Votorantim Energia e CPP Investments, o que causou boas expectativas principalmente no setor de energias renováveis.
A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) considera que a aprovação da regulamentação para usinas híbridas é um avanço importante. Segundo a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum, a decisão da Aneel é um passo crucial para trabalhar com a complementaridade das fontes renováveis de forma eficiente, aproveitando as características de cada uma, de forma a ter um projeto final robusto e seguro para o sistema.
“Com a regulamentação, os projetos híbridos farão um uso otimizado da rede de transmissão. Além disso, traz mais segurança para o investidor e cria espaço importante para novos investimentos em fontes renováveis. Entendemos que esta é uma regulamentação que ficará marcada na história do setor elétrico como uma evolução essencial para termos uma matriz elétrica cada vez mais renovável”, disse a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum.
A notícia também foi comemorada pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Para o vice-presidente do conselho da entidade, Márcio Trannin, a hibridização entre diferentes tecnologias sempre atua na otimização de energia. O executivo cita a complementaridade das fontes eólica e solar no Nordeste em que os diferentes perfis de produção horária possibilitam a otimização e utilização da capacidade ociosa da rede de transmissão de energia bem como permite a criação de um tipo mais estável de produção.
“A hibridização de um projeto eólico com um solar, se otimiza as linhas de transmissão para fazer com que essa rede seja utilizada por mais horas durante o dia, evitando gastos necessários com a construção de novas linhas e reforços, além de gerar mais energia e baratear o preço final para o consumidor livre”, diz Tranin.
O presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Charles Lenzi, também considera considera que a aprovação da regulamentação do funcionamento de usinas híbridas e associadas feito pela Aneel “é um importante passo para se enfatizar a importância da complementaridade e do uso racional e eficiente das diversas fontes de geração de energia elétrica no país”.
Primeiro passo dado
A Agência CanalEnergia já havia publicado uma reportagem especial mostrando que empresas, fabricantes, associações e até bancos se mobilizam para viabilizar esse gigantesco, mas ainda pouco explorado, mercado de energia que combina diferentes tecnologias e fontes de geração de energia.
Agentes do setor ouvidos pela reportagem acreditam que o avanço regulatório abre espaço para criação de novos modelos de negócio ainda mais em um contexto condizente com a transição energética. Na análise do diretor de Marketing e Sustentabilidade da BYD, Adalberto Maluf, a realidade brasileira é propícia para que essa modalidade cresça e traga desenvolvimento ao país.
“O Brasil tem importantes reservas de lítio e já dispõe de fábricas de montagem de baterias de lítio, o que abre possibilidade para adensar a cadeia do lítio no Brasil, e ampliar o uso das renováveis com os sistemas de armazenamento, gerando renda e empregos, ao mesmo tempo em que reduz a intermitência das renováveis e amplia o uso dos sistemas híbridos”.
O diretor de Negócios Internacionais & Desenvolvimento da Igás, Hernán Zwaal, agora está mais certo da viabilidade dos negócios da companhia. O grupo tem um case no Oeste de São Paulo que visa o aproveitamento de biomassa e do biometano da biodigestão da vinhaça para duas empresas do setor sucroalcooleiro. Segundo o executivo, isso vai gerar mais competitividade, trazer fontes com custo mais acessível e diversos empreendimentos vão finalmente sair do papel.
“Agora o Brasil tem as regras básicas para o estabelecimento dessas usinas híbridas e, comercialmente falando, é um marco importante e um divisor de águas já que vai trazer complementaridade para o sistema e um aproveitamento melhor das fontes energéticas disponíveis”, finaliza Hernán.
Fonte e Imagem: CanalEnergia.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), André Pepitone, assegurou nesta quarta-feira (1?/12), no Senado Federal, que as ações da Agência frente ao cenário de escassez hídrica, agravado pela pandemia, proporcionaram equilíbrio e sustentabilidade ao setor elétrico, além de mitigar impactos na tarifa de energia dos consumidores. A apresentação da ANEEL se deu em audiência pública na Comissão Temporária para tratar da Crise Hidroenergética. “Nos deparamos com a pior seca dos últimos 91 anos. A energia que era gerada pela água das hidrelétricas passou a ser suprida por usinas térmicas, um parque gerador mais caro, além de importação de energia da Argentina e Uruguai”, afirmou Pepitone. “Nesse momento, estamos vivendo uma circunstância excepcional com uma confluência de múltiplos fatores”, reiterou o diretor-geral.
Pepitone esclareceu que as projeções para a elevação da tarifa de energia em 2022 “não consideram as medidas estruturais para atenuar os custos”. Entre as várias ações para desonerar as tarifas, destacou a antecipação do aporte de recursos da capitalização da Eletrobras (R$ 5 bilhões), o uso de créditos do PIS/Cofins (R$ 7,7 bilhões), e a redução do serviço da dívida da Usina Binacional de Itaipu (R$ 600 milhões).
No momento, os fatores de pressão tarifária para 2022 são o patamar elevado do dólar; os altos índices de correção, como IGP-M e IPCA, e o agravamento do cenário hidrológico. “Estamos com uma alta concentração de custos, o que nos obriga a uma situação de liquidez”, explicou Pepitone, ao enfatizar que o objetivo é manter o equilíbrio econômico-financeiro do setor e a atratividade do ambiente de negócios.
Desde o início da pandemia, as ações para reduzir o impacto nas tarifas também incluem a Conta-Covid, a utilização de recursos de pesquisa e desenvolvimento e emprego de créditos do PIS/Cofins, entre outros. Tais ações resultaram na redução do reajuste médio de 20,5% para 7,5% nas maiores empresas do setor. O diretor-geral ressaltou que foi um trabalho conjunto entre ANEEL, ministérios da Economia, de Minas e Energia e BNDES.
A audiência pública foi conduzida pelo presidente da comissão, senador Jean Paul Prates e pelo relator, senador José Anibal.
Também participaram o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Vasconcellos Barral Ferreira, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Carlos Ciocchi e o presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Rui Altieri.
Fonte e Imagem: ANEEL.
A Agência Nacional de energia Elétrica – ANEEL aprovou nesta terça-feira (30/11) a regulamentação para o funcionamento de Centrais Geradoras Híbridas (UGH) e centrais geradoras associadas. O normativo traz as definições e as regras para a outorga desses empreendimentos e para a contratação do uso dos sistemas de transmissão, além de definir a forma de tarifação dessas usinas e da aplicação dos descontos legais nas tarifas de uso do sistema de transmissão.
O normativo é considerado um passo importante para que empreendimentos no Brasil possam aproveitar a complementaridade temporal entre as diferentes fontes de geração de energia. Ele permite combinações de fontes de geração, sejam elas de usinas fotovoltaicas (UFV), eólicas (EOL), hidrelétricas grandes e pequenas (UHE/PCH) e termelétricas (UTE). Entre as vantagens elencadas pela ANEEL, estão a complementaridade das fontes de geração (uma gera quando a outra está menos disponível), a utilização da rede de transmissão de maneira mais eficiente e estável, a mitigação de riscos comerciais e a economia na compra de terreno e em outros custos. A medida contribui, assim, para o crescimento da capacidade de geração com menores investimentos em expansão das redes, conforme explica a diretora Elisa Bastos:
“A aprovação da regulamentação proposta será um marco para o desenvolvimento das usinas híbridas e associadas, o que propiciará maior diversidade tecnológica, contribuindo para a modernização do setor elétrico brasileiro”, afirmou a diretora-relatora do tema. “A regulamentação constitui uma alternativa para o uso eficiente dos recursos disponíveis. A inserção desses empreendimentos no sistema elétrico pode reduzir custos e postergar novos investimentos em expansão, especialmente nos pontos de conexão com a Rede Básica.”
“Essa regulamentação é um salto de qualidade no setor elétrico e agora é a vitrine de nossa agenda de inovação”, atesta o diretor-geral da ANEEL, André Pepitone. “A Agência está buscando manter o sistema elétrico moderno frente ao atual contexto de transição energética e sustentabilidade. Ao longo de todo o processo de construção do normativo, a ANEEL agiu com previsibilidade e transparência, qualidades que foram reconhecidas recentemente pela OCDE”, frisa o diretor-geral sobre o recente processo de peer review da Agência.
As matérias procedimentais relacionadas à viabilização das usinas híbridas serão aprovadas pela ANEEL em breve, com a revisão dos Procedimentos de Rede e das Regras de Comercialização. Elas seguirão as propostas a serem apresentadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE em até 120 dias contados da publicação da Resolução Normativa. Por outro lado, a aplicação da norma no que se refere aos pedidos de Informação de Acesso no ONS e às solicitações de outorga na ANEEL terá início com a vigência da regulamentação de usinas híbridas, em 3 de janeiro de 2022.
O tema constou do Item 50 da Agenda Regulatória 2021-2022 e o Relatório de Análise de Impacto Regulatório (AIR) seguiu um processo criativo baseado em Design Thinking, uma das principais técnicas de inovação disponíveis na atualidade, com a orientação da Comissão de Apoio à Inovação da ANEEL (C-Inova). A participação da sociedade ocorreu em três etapas: o tema foi discutido em uma Tomada de Subsídios realizada em 2019 e recebeu sugestões em duas fases da Consulta Pública nº 61/2020. A primeira fase contou com 28 participantes, entre agentes, associações do setor e o ONS, que apresentaram 141 contribuições, das quais metade foi aceita ou parcialmente aceita. Na segunda fase, 13 participantes ofereceram 88 contribuições, das quais 47% foram total ou parcialmente aceitas. Em agosto, a ANEEL publicou um episódio do podcast ANEELcast sobre a regulamentação.
Projetos precursores em andamento
Anteriormente à deliberação do normativo referente às usinas híbridas, foi empreendido o projeto piloto de outorga associada do complexo eólico Ventos de São Vicente 8 a 14 unido à usina solar fotovoltaica Sol do Piauí (68 MW), construído pela empresa Votorantim. O início da operação está previsto para 13/1/2023. Veja aqui o Ato de Outorga e o Voto do Diretor-Relator sobre a implementação da usina.
Alguns projetos também foram concretizados no âmbito do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), cujos recursos são geridos pela ANEEL. Entre eles, estão:
UHE Sobradinho + UFV; P&D, PD-00372-9990; instalado;
UHE Porto Primavera 1 + UFV; P&D, PD-00061-0050, PD-00061-0054; instalado em 2014;
UHE Aimorés + UFV; rio Doce; P&D, PD-09344-1704;
UHE Itumbiara + UFV; P&D, PD-00394-1606;
PCH Santa Marta + UFV; Cemig; P&D, PD-04950-0632;
EOL Santo Inácio + UFV Flor de Mandacaru; P&D; desde 2017.
Fernando de Noronha; 1992: UTE-diesel + EOL; um raio destruiu a única turbina eólica em 2009; restaurado no âmbito do projeto de Smart Grid, PD-00043-0809, PD-00043-0516;
As usinas híbridas já são uma realidade para o sistema isolado desde 2014, nos editais dos leilões e nas outorgas. Foram propostas majoritariamente usinas termelétricas a diesel com adição de outra fonte de geração limpa, como eólica ou solar fotovoltaica. Nesse caso, os benefícios diretos são compartilhados entre empreendedor e consumidores locais. Recentemente, o tema passou por Consulta Pública na ANEEL para consolidar os critérios dessa adição de fonte renovável em usinas a diesel nos sistemas isolados (CP 67/2020).
Nos sistemas isolados, as principais vantagens verificadas são: benefício econômico no valor da energia; economia no consumo de combustíveis fósseis, trazendo a redução de custos com o ressarcimento de Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) e a redução de emissão de gases de efeito estufa; e a redução da dependência de apenas uma fonte de energia (no caso, os combustíveis fósseis).
Fonte e Imagem: ANEEL.
Já foram inaugurados e estão em operação 5 empreendimentos, que geram o total de 70 MW médios e 135 MW instalados e operando.
O mercado livre de energia está se modernizando em relação à sua matriz elétrica, novas tecnologias estão sendo usadas e outras aprimoradas. O desafio é alcançarmos a descarbonização e abrir o mercado para todos os consumidores. A Tradener está fazendo a sua parte, além de atuar com a comercialização de energia, está se dedicando em geração limpa e renovável. Também é favorável à abertura total do mercado e ao acesso de todos os consumidores ao mercado livre de energia.
Nesse ano, a Tradener está investindo R$ 260 milhões na construção de duas PCHs. Esse investimento faz parte de um plano de geração própria de energia com projetos para os próximos 5 anos, que soma 1 bilhão de reais. Já foram inaugurados e estão em operação 5 empreendimentos, que geram o total de 70 MW médios e 135 MW instalados e operando.
Toda essa energia está sendo destinada ao mercado e comercializada pela Tradener para atendimento de sua carteira de clientes. Esse ano foi inaugurado também um parque eólico no município de Pindaí na Bahia, com capacidade de 80 MW.
Para um horizonte de médio e longo prazo, a Tradener pretende atingir a geração própria de 300 MW de energia. O plano da empresa é chegar nesse potencial gerador nos próximos 3 a 5 anos.
Para a Tradener, a geração de uma energia própria tem o objetivo de trazer segurança no abastecimento por meio de energia limpa e renovável com possibilidade de certificação. “Queremos que os nossos clientes tenham na marca Tradener a mais absoluta segurança de mercado e para isso é fundamental que a empresa tenha geração própria. Isso demonstra não só a nossa capacidade como comercializadores, mas também demonstra claramente o quanto nos preocupamos com a segurança da entrega aos nossos clientes”, fecha Ricardo Aquino, diretor de novos negócios da Tradener.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
A conclusão do caso, portanto, só ocorrerá após os ministros baterem o martelo sobre a data.
O Supremo Tribunal Federal (STF) afirma que o julgamento da modulação de efeitos da decisão que reduziu o ICMS das contas de luz, telefone e internet será incluído na pauta do Plenário Virtual desta sexta-feira. Os ministros vão votar a proposta sugerida por Dias Toffoli, para que a redução tenha validade somente a partir de 2022.
Essa situação gerou estranhamento entre advogados. O julgamento da chamada bomba fiscal — a estimativa é de perda anual de R$ 26,7 bilhões para os Estados — foi finalizado na noite de segunda-feira. Como ocorre normalmente, esperava-se que uma possível modulação de efeitos só seria discutida se houvesse um recurso dos Estados com esse pedido.
Ontem, porém, o status do julgamento foi atualizado para "suspenso". Isso porque o ministro Toffoli, quando incluiu o seu voto no sistema, sugeriu, de ofício, a modulação. Ele foi acompanhado por Kassio Nunes Marques, mas nenhum outro ministro se manifestou sobre esse ponto.
A conclusão do caso, portanto, só ocorrerá depois que os ministros baterem o martelo sobre a data em que a redução das alíquotas de ICMS começa a valer.
Para advogados, a situação é atípica e pode causar confusão no processo. O relator, ministro Marco Aurélio, se aposentou no mês de julho e não participará dessa nova votação. Ele tinha posição ferrenha contra a modulação dos efeitos de decisões da Corte.
Após a conclusão do julgamento, o Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda, Finanças, Receita e Tributação dos Estados e Distrito Federal (Comsefaz) enviou carta aos ministros. Por meio dela, pedem para que a redução das alíquotas de ICMS comece a valer em 2024. Dizem que, desta forma, a decisão ficaria alinhada aos Planos Plurianuais (PPAs) que são elaborados para um período de quatro anos.
STF
O STF afirmou ao Valor que os ministros podem propor a modulação desde logo, como fez o ministro Dias Toffoli. "Se fosse numa sessão presencial, todos teriam se manifestado. No entanto, em sessão virtual, é comum que alguns não votem um ou outro ponto. Nesse caso, pelo regimento, o julgamento é suspenso (paralisado) para que os demais tenham a oportunidade de se manifestar explicitamente sobre todos os pontos levantados pelos demais ministros", explicou em nota.
Segundo o STF, ainda, o ministro Marco Aurélio continua como relator do caso, mas, se a tese da modulação vencer, o redator para o acórdão será o ministro Dias Toffoli.
Contexto
A tributação sobre energia e telecomunicações foi levada à Justiça por grandes consumidores. Eles questionavam o fato de as alíquotas de ICMS instituídas para energia e telecomunicações estarem em patamar superior ou semelhante às aplicadas para produtos supérfluos. No caso concreto, as Lojas Americanas contestaram a cobrança em Santa Catarina (RE 714139).
Esse julgamento tem repercussão geral. Ou seja, a decisão deve ser replicada por todos os tribunais do país, afetando, portanto, todos os Estados.
Todos aplicam percentuais maiores para os serviços de telecomunicações. O ICMS varia entre 25% e 35% - conforme cada localidade. Já a alíquota ordinária, cobrada de forma geral pelos governos, fica entre 17% e 20%.
Em relação ao fornecimento de energia, somente quatro Estados - São Paulo, Roraima, Amapá e Maranhão - têm alíquotas equivalentes. Todos os outros cobram mais na conta de luz. O percentual chega a 29% no Rio de Janeiro e no Paraná, por exemplo.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Parques solares em área menor do que a desmatada na Amazônia nos últimos 12 meses poderiam gerar pelo menos 600 GW.
A energia eólica e solar são hoje as formas mais baratas e duradouras de expandir a capacidade de geração elétrica no Brasil, mesmo sem os descontos nas tarifas de transmissão que ainda persistem a seu favor. Seu potencial é quase ilimitado, sendo estimado em 600 GW para a geração eólica em terra e em 700 GW no mar. Parques solares cobrindo uma área menor do que a desmatada na Amazônia nos últimos 12 meses poderiam gerar pelo menos outros 600 GW, mais de três vezes a capacidade instalada atual de todo o sistema elétrico brasileiro.
Traduzindo capacidade em energia torna evidente que as fontes renováveis poderão atender de forma competitiva - e com sobra - um crescimento anual de 3-5% no consumo de energia do país, mais a eletrificação do transporte terrestre (150 GW) e da cocção domiciliar, parte da estratégia de virarmos uma economia de emissões líquidas de carbono zero. A menos de R$ 150/MWh, elas poderiam ainda trazer bilhões de dólares de exportação de hidrogênio, se cada mil toneladas anuais do produto gerarem R$ 1 milhão e, requerendo 50GWh, ocuparem, por exemplo, 50 hectares de painéis solares.
MP da Eletrobras deu esperanças ao prever revisão da garantia firme da empresa, mas o recálculo foi modesto.
Então, por que a expansão das renováveis está tão baixa (1,5 GW em 2010, 5 GW anuais até 2024) em relação ao que o cenário acima pede?
Há muitas causas, mas uma das principais é a combinação de três fatores: um exagero na capacidade de geração hidrelétrica certificada; a forma como as distribuidoras garantem que podem atender seus consumidores; e disfuncionalidades na comercialização.
Os dois primeiros fatores implicam que as distribuidoras podem “demonstrar” que contrataram energia bastante para atender seus clientes, mesmo quando essa energia é frequentemente insuficiente. O terceiro fator resulta em serem geralmente os consumidores a pagar a conta quando falta energia, e não o setor elétrico.
Isso se dá porque, quando uma geradora não consegue entregar a energia vendida, ela precisa comprar a diferença na Câmara de Compensação de Energia Elétrica (CCEE). Ali, o preço vai depender da oferta e demanda de energia e tenderá a ser mais caro quando as hidrelétricas estão gerando pouco. Mas há muitos mecanismos para a geradora passar esse custo para o consumidor.
Algumas hidrelétricas contam com um seguro oferecido pelo governo e, contra um prêmio, podem repassar o preço da CCEE para o consumidor. Outras têm isso automaticamente. Além disso, esse preço, conhecido como PLD, muitas vezes está longe do custo marginal real da energia.
Hoje o PLD está perto de R$ 90/MWh, enquanto se estão despachando usinas térmicas que custam até R$ 2000/MWh. Assim, o que não é empurrado para o consumidor através das bandeiras é repassado na conta de luz através dos “encargos de serviços do sistema” que podem atingir bilhões de reais, como os jornais noticiam.
Sem os incentivos para uma gestão de risco compatível com a sua capacidade de produção física, muitas geradoras vendem mais do que podem entregar e deprimem a demanda por nova capacidade.
Nada nos parágrafos anteriores é novidade para quem é do setor elétrico, afora por imprecisões que o texto apresente. O exagero na energia que pode ser vendida em relação à confiável, essa chamada “energia firme”, foi explicado pelo Relatório Kelman publicado quando faltou luz 20 anos atrás.
Há muitos anos o governo está autorizado a recalcular periodicamente a energia firme das usinas. O que é natural, já que como se aprende em Eletricidade Brasileira I, essa energia não depende apenas das turbinas de uma usina individual, mas do sistema de geração e transmissão como um todo, o qual vai se alterando com o tempo.
Rever o montante de energia firme não traria necessariamente perda para as geradoras hidrelétricas, principalmente se elas hoje arcassem com os reais custos da falta de luz. Mas o assunto pouco anda, as crises no suprimento sendo debitadas mais à gestão centralizada dos reservatórios ou ao cálculo do PLD por um algoritmo desatualizado, do que à falta de investimento. Houve só uma revisão da energia firme, que cortou 1,3 GW médios em 2017. Já a tentativa de contornar a resistência às revisões separando-se a figura do “lastro” daquela de “energia” não deu certo até agora.
A MP da privatização da Eletrobrás deu esperança de progresso no tema, por prever a revisão da garantia firme da empresa e o parque hidrelétrico da Eletrobras que terá novas concessões ser grande. Assim, uma redução da sua energia firme, reconhecendo, por exemplo, o impacto do uso múltiplo da água em bacias como a do Rio São Francisco, daria um sinal forte para a expansão da capacidade de geração no Brasil.
Mas o recente relatório do TCU aponta que o recálculo foi modesto (1 GW médio) e não incluiu a revisão de vários parâmetros, donde decorre o risco de a garantia firme continuar superdimensionada. Dada a prática do mercado, a empresa privatizada poderá não ser conservadora na venda da sua energia firme. Isso deprimiria a expansão da geração no Brasil, mesmo com a expectativa do governo de que o aumento de tarifas autorizado pela MP e as receitas daí decorrentes levem a empresa a multiplicar seus investimentos.
Perde-se uma oportunidade rara ao não se recalcular a energia firme da Eletrobras de maneira ambiciosa, que dê sinais para a expansão da oferta de energia, reflita novos usos da água e o possível impacto das mudanças do clima nas vazões históricas, ajudando ainda a valorar o novo papel das hidrelétricas como “bateria” de um sistema em que fontes eólicas e solares terão maior proeminência.
A competitividade do Brasil no mundo vislumbrado em Glasgow passa não só por acabar com o desmatamento. Ela inclui aproveitar mudanças no coração do setor elétrico para mandar sinais que tornem mais fácil dobrar a produção elétrica até 2035 (ela duplicou em 2000-2014), de forma sustentável, com pluralidade de investidores, distribuição geográfica eficiente e acesso adequado a uma rede de transmissão que se expanda em sincronia.
Joaquim Levy foi ministro da Fazenda e diretor gerente do Banco Mundial e é diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Banco Safra.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Executiva defende emprego mais racional da matriz hidrelétrica e integração com outros usos da água.
A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, acredita que o Brasil precisa melhorar os processos de operação do sistema de energia de elétrica.
“Precisamos enxergar as hidrelétricas com os demais recursos que elas oferecem para o sistema, que não são somente a energia elétrica. Precisamos mudar a forma de operar o sistema, é o que trará a mudança para o próprio planejamento do sistema, para que se possa aproveitar melhor os recursos”, afirmou em evento online promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na tarde de hoje.
As usinas hidrelétricas são caracterizadas como uma energia de base, ou seja, podem ser acionadas a qualquer momento, diferentemente de fontes como a solar e a eólica, que dependem de condições climáticas para gerar energia.
“Não é porque os recursos são abundantes que vamos aproveitá-los mal. Temos que pensar melhor em investimentos para eficiência energética, trazer novas tecnologias, e preparar o mercado brasileiro para essas tecnologias”, complementou.
Nesse sentido, Elbia apontou que o Brasil está bem posicionado para receber investimentos em geração de energia eólica em alto-mar (offshore). Ela lembrou que o Ibama já tem 22 projetos desse segmento em licenciamento, num total de 46 gigawatts (GW) de capacidade.
Segundo a executiva, para esses investimentos se concretizem, é necessário ter uma diretriz regulatória, além de uma melhor logística portuária e soluções para conexão das usinas offshore à malha de transmissão. “Precisamos tornar o Brasil atrativo para esses investimentos”, destacou.
Para Elbia, é preciso agilizar a atração de investimentos, de modo a não perder oportunidades. A presidente da Abeeólica participou da Conferência do Clima (COP26) na Escócia no começo deste mês e disse ver uma mudança global nas discussões sobre a descarbonização da matriz energética. Ela destacou o ganho de importância de temas relacionados ao meio ambiente, sociedade e governança (ESG, na sigla em inglês).
“Há um forte papel da sociedade civil e dos grandes investidores do mercado financeiro. São eles que vão ditar a pauta da economia de baixo carbono. Temos muito a fazer, principalmente no sentido de otimizar o uso dos recursos, para utilizá-los de maneira mais inteligente”, afirmou.
Nesse sentido, a vice-diretora da Coppe UFRJ, Suzana Kahn, lembrou que o Brasil precisa aproveitar a atração de investimentos em energias renováveis para também incorporar novas tecnologias e ajudar a gerar empregos.
“Se não investirmos em tecnologia, no valor agregado, e não capacitarmos as pessoas em vários níveis, vamos ter uma quantidade cada vez maior de desempregados. Estamos passando não só por uma transição energética, mas também por uma transição digital”, disse Suzana.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Participação de fontes limpas na oferta de energia tem aumentado no Brasil.
A crise hídrica, que trouxe um alerta sobre o abastecimento do setor elétrico neste ano, expõe os desafios que o setor de energia terá no Brasil para o cenário de transição para uma economia de baixo carbono. O país tem uma matriz diferente da maioria dos países: cerca de 80% da matriz de energia elétrica é renovável, enquanto quase metade da energética é baseada em fontes limpas, ao contrário do mundo em que o carvão tem grande participação.
Mesmo assim, os desafios brasileiros não são triviais: o país precisará equilibrar demanda de energia em alta, gestão de recursos hídricos cada vez mais complexa, o avanço do gás, a exploração gradual da camada pré-sal e a redução das emissões de dióxido de carbono.
O sistema está mais vulnerável às mudanças climáticas, o que cria maior volatilidade nos preços e impõe reflexões sobre o planejamento e a gestão do uso múltiplo das águas”, diz Luiz Barroso, presidente da consultoria PSR e ex-presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), órgão estatal de planejamento.
“Os resultados da COP ficaram aquém do necessário, mas melhor que o esperado, mantendo vivo o Acordo de Paris. O mais importante, a meu ver, foi o alinhamento do setor privado e as centenas de parcerias e compromissos firmados em diversas frentes no tripé comida, floresta e finanças. Países com florestas tropicais como a Amazônia podem criar oferta nos mercados de carbono, já que essas áreas são responsáveis por relevante redução das emissões globais de gases de efeito estufa. A floresta em pé pode ser a grande criptomoeda verde global”, observa Barroso.
Ele destaca que 84% da energia consumida no mundo em 2020 foi de origem fóssil. Portanto, o mundo ainda depende das fontes mais poluentes. “Assim, quando pensamos em transição energética, é importante separar as ações pelo lado da oferta daquelas pelos lado da demanda. E as ações pelo lado da demanda são fundamentais. Se a demanda por combustíveis fósseis não for reduzida, a mudança no perfil de oferta para tecnologias limpas apenas vai criar problemas econômicos, políticos e geopolíticos para atender essa demanda, que podem atrapalhar as próprias ações de descarbonização.”
Usinas eólicas e solares respondem por 13% da eletricidade consumida no país. O avanço dessas fontes intermitentes tem levado à discussão sobre o uso de energia firme, como termelétricas a gás natural e até a construção de uma quarta usina nuclear no país. Neste ano, as termelétricas chegaram a responder em alguns momentos por um quarto da geração de energia elétrica. São usinas que consomem bastante água em seu processo, emitem mais poluentes e têm um custo mais alto de operação.
“O preço do sistema está errado. Estamos gerando com térmicas a quase R$ 2.000 mil o MWh e o preço no curto prazo está abaixo de R$ 100 o MWh. Estamos esvaziando reservatórios assim e depois os enchemos com preços mais altos”, aponta o presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia, Paulo Pedrosa.
Projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que entre 2021 e 2030, o gás natural deverá ser uma das fontes de geração de energia elétrica com maior expansão do país, adicionando até 16 GW de capacidade. No mesmo período, a produção brasileira do combustível deverá crescer de 73 milhões de metros cúbicos diários para 140 milhões de metros cúbicos diários no cenário de referência. “Nosso ponto de partida é muito bom porque a matriz já é renovável, mas precisaremos complementar nossas fontes e reduzir a presença de combustíveis fósseis com uma demanda em alta. Em alguns cenários de longo prazo, a demanda energética chega a triplicar nas próximas décadas”, diz a diretora de estudos de petróleo e gás natural da EPE, Heloisa Borges.
Heloisa aponta que o gás poderá ter participação não apenas na matriz elétrica, mas como combustível que abastecerá frotas de caminhões, que hoje são fortemente dependentes do diesel. Os caminhões, por exemplo, são grandes fontes emissoras de gases de efeito-estufa e se aproximam bastante das emissões de todo o setor industrial.
O gás ainda poderá ter outro papel na matriz energética com a exploração gradual da camada pré-sal, em que há o insumo associado ao óleo extraído. Como há limites ambientais para sua queima e existem obstáculos técnicos para sua reinjeção, o gás terá de ser aproveitado. “Nosso problema atual de crise hídrica é um aperto conjuntural. Nosso problema não é falta de gás, mas como usar esse gás abundante para viabilizar e potencializar nossa indústria no cenário de descarbonização”, aponta a diretora da EPE.
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Segundo o Instituto Clima e Sociedade, o consumidor de energia vai pagar pela falta de planejamento e decisões não justificadas do governo.
As decisões recentes que o governo tomou para enfrentar a crise hídrica devem custar cerca de R$ 140 bilhões a serem pagos pelo consumidor, segundo cálculos do Instituto Clima e Sociedade (iCS). Isso se deve à inclusão dos jabutis da MP da Eletrobras, à contratação da térmicas para enfrentamento da crise, ao Programa de incentivo à Redução Voluntária de Demanda (RVD), à criação da bandeira escassez hídrica e ao leilão emergencial para contratação e reserva de capacidade.
Só em 2021, o consumidor pagou R$ 30,2 bilhões em custos adicionais com bandeiras e encargos, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O que está por vir para os próximos anos são R$ 11,8 bilhões de custo de geração térmica, o empréstimo para as distribuidoras, que podem chegar a R$ 15 bilhões, os custos com a MP da Eletrobras, que somam R$ 78,3 bilhões, e os contratos estabelecidos no leilão emergencial de R$ 39 bilhões a serem pagos entre 2022 e 2025.
Para a consultora de Energia do iCS, Amanda Ohara, havia alternativas para minimizar os custos ao consumidor. Segundo a executiva, o instituto chegou a listar medidas de eficiência energética que poderiam ter impacto na solução da crise com custos menores. “As decisões não justificadas representam um custo ao consumidor de R$ 140 bilhões ao longo de vários anos pela frente”.
Ela diz ainda que embora o risco de apagão tenha diminuído este ano, o consumidor segue com custo bastante alto, com tendência de aumentos para a frente. Ela critica a suspensão pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) do programa de Redução Voluntária de Demanda (RVD), programa que teve adesão de parte da indústria.
Herança maldita
O coordenador do Programa de Energia e Sustentabilidade do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Clauber Leite, também foi duro nas palavras e disse que o custo da crise hidroenergética é uma “herança maldita” da falta de planejamento do governo.
“Já estamos vivendo um racionamento via tarifa e a escolha foi não ter programa de redução de consumo (…) Herança maldita para os consumidores por conta de não tomarem medidas adequadas de planejamento “, disse.
Para Leite, as ações tomadas não resolvem o problema, só estão jogando para frente esse problema que vai estourar na conta do consumidor e que no ano que vem a conta deve ter um aumento médio na tarifa de 21%.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Fatores climáticos e falta de investimento obrigou país importar e comprar energia térmica.
Uma combinação de fatores fez com que as contas de energia elétrica chegassem a valores exorbitantes: a maior estiagem dos últimos 90 anos no Brasil e a falta de investimento para aumentar a produção de energia hidroelétrica, que está estagnada há mais de uma década.
O que acarretou para que o país importasse energia elétrica para evitar um novo apagão e comprasse energia térmica, muito mais cara e muito mais poluente por ser oriundo da queima de combustível fóssil.
“Hoje nós temos poucas hidrelétricas para firmar um sistema de energia que tem mais de 30% de geração intermitentes”, explica Ricardo Pigatto, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel).
Se tivéssemos mais reservatórios em regiões de boa pluviometria, como Mato Grosso, os problemas do Brasil estariam sendo bem menores
Para o especialista, isso aconteceu porque o Brasil deixou de fazer o planejamento para reservatórios hidrelétricos devido à falta de uma regulamentação prática de licenciamentos ambientais.
“Se nós tivéssemos mais reservatórios em regiões de boa pluviometria, como é o caso específico de Mato Grosso, os problemas do Brasil estariam sendo bem menores e a nossa energia estaria custando bem menos para o bolso do consumidor que já está sendo bastante castigado”, complementa.
Essa é a mesma opinião de Paulo Arbex, presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH).
“O Brasil é a maior potência hídrica do planeta, com 12% da água doce do mundo. Essa seca prolongada não seria um problema para o setor energético se a gente tivesse continuado fazendo os reservatórios que a gente precisa. Não só para gerar energia, mas para abastecer as nossas cidades, irrigar as lavouras e garantir uma dignidade humana”, avalia.
Para se ter uma ideia do que os especialistas afirmam, 95% da energia consumida no Brasil em 1999 veio das hidrelétricas. Isso foi antes do apagão histórico entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, ocasionado devido à falta de planejamento e investimento no setor.
No primeiro semestre deste ano, em que houve pouquíssimas chuvas, 72,6% da energia consumida nas residências, comércios e indústria veio das hidrelétricas. Todas as outras fontes, incluindo a solar, eólica e térmica a gás, óleo diesel, carvão ou biomassa não chegam a 28%.
Para Arbex, a demonização das hidrelétricas fez com que nos últimos 20 anos o crescimento dos reservatórios não acompanhasse a demanda de energia, que cresceu 80%, causando um déficit de água e de energia que está impactando não só as cidades como a agricultura.
“Existe um mito de que as pequenas centrais hidrelétricas possam acabar com os rios, mas isso não corresponde à verdade. Na verdade, elas são fontes de energia limpa e renovável cuja construção gera emprego direto e depois de prontas estimulam o desenvolvimento local”.
A falta de investimento no setor elétrico fez com o Brasil precisasse importar energia de países vizinhos como a Argentina e o Uruguai, além de contratar térmicas, que são bem mais caras e emitem 115 vezes gases do efeito estufa do que as hídricas. O que, além de pesar cada vez mais no bolso do consumidor, polui ainda mais o meio ambiente.
Mato Grosso é alternativa para gerar energia limpa.
Voltar a investir em hidrelétricas, principalmente as pequenas centrais, é a alternativa mais viável em termos ambientais e econômicos.
“Quanto mais estável for o rio, maior será a quantidade de energia média que se gera e essa é uma das melhores características dos corpos hídricos de Mato Grosso e não podemos desprezar isso porque lá na frente o futuro vai nos cobrar”, afirma Ricardo Pigatto, da Abragel.
Apesar desse favorecimento geológico, o estado está ficando para trás. Quase todos os estados do Nordeste, incluindo Sergipe, o menor do Brasil, gera mais energia que Mato Grosso. No entanto, existem projetos que precisam sair do papel para desafogar o setor.
Pigatto defende, particularmente, o complexo de seis PCHs abaixo da Usina de Manso, que possui capacidade de gerar cerca de 150 megawatts, o suficiente para atender a demanda de 1,25 milhão de pessoas ou 330 mil residências.
Fonte e Imagem: Mídia News
Para Joaquim Leite, país será principal beneficiado por modelo acordado na COP26.
O mercado global de créditos de carbono deve estar em pleno funcionamento já no ano que vem e renderá ao menos US$ 10 bilhões ao ano ao país em um futuro próximo. A estimativa é do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que concedeu entrevista exclusiva ao Valor.
Após anos de negociação, esse mercado teve as regras definidas durante a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP26), que ocorreu entre 31 de outubro e 13 de novembro na cidade escocesa de Glasgow.
O mercado de carbono na COP26 foi a principal vitória do Brasil, que chegou ao evento sob críticas mundiais devido à péssima reputação do presidente Jair Bolsonaro nesta área e dos seguidos recordes no desmatamento da Amazônia.
O país, de acordo com Leite, será o grande beneficiado com o início das transações, ficando com cerca de 20% dos US$ 50 bilhões anuais que serão movimentados em nível global.
“O Brasil é o país que vai se beneficiar de um mercado global. Nenhum outro país tem a estrutura de produção industrial, de energia e agrícola e de floresta nativa que o Brasil tem”, afirmou o ministro. “Por essa característica, o Brasil deve ser um grande exportador de carbono para o mundo.”
Pelo desenho feito na COP, serão negociadas unidades de carbono verificadas e submetidas a um registro na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC).
Esses créditos estarão dentro do cálculo das metas voluntárias (NDCs) de redução de emissões de gases de efeito estufa a que cada país se propôs durante a COP. Países e setores que conseguirem uma redução além de seus objetivos poderão comercializar esses créditos com seus pares que excederem suas emissões.
Além disso, há um incipiente mercado voluntário, não contabilizado pelas NDCs, em que créditos são negociados entre setores que ficaram de fora desse mercado global.
Esse comércio, que hoje movimenta cerca de US$ 1 bilhão por ano, deve ganhar corpo em um futuro próximo, estima Leite.
“A gente entende que 97% das emissões são externas ao Brasil. Eles [outros países] não conseguirão reduzir suas emissões na velocidade necessária e, para isso, vão ter que compensar comprando crédito de algum país e de algum projeto privado”, acredita o ministro. “Assim, vão se desenvolver projetos privados no Brasil para suprir essa demanda que já está dada, por empresas que se comprometeram a reduzir suas emissões.”
O ministro crê que o mercado voluntário de carbono se acelerará, por exemplo, conforme atividades como agricultura, cabotagem e aviação comecem a desenvolver projetos e metodologias que sejam reconhecidas e compradas por países e empresas que queiram reduzir suas emissões.
“Quando [uma empresa no exterior] compensa US$ 1 milhão por emissões, algum projeto no Brasil pode se beneficiar e receber US$ 1 milhão por gerar crédito de carbono”, diz o ministro. “Os recursos do crédito de carbono viabilizam projetos que seriam inviáveis economicamente. [...] A atividade de proteger a floresta nativa garante que aquele carbono vai continuar estocado. E eu recebo por isso.”
Leite acredita que os preços seguirão uma lógica de mercado. Apenas a expectativa de dinamização do mercado fez com que a tonelada de carbono equivalente disparasse de US$ 2 para US$ 9.
A tendência, no curto prazo, é que as negociações ocorram em bloco, não individualmente.
“Então, você terá a América Latina vendendo para os países árabes. E começam essas negociações e transações. E todas elas têm que ser registradas na UNFCC”, afirmou.
Segundo Leite, a pasta já tem sido procurada por certificadoras, pessoas e empresas com ideias de projeto de carbono, na expectativa de vender no mercado global que surgirá nos próximos anos.
O ministro estima que haja atualmente no Brasil 2 milhões de hectares com projetos de carbono em floresta nativa. Pelos seus cálculos, o número chegará a 20 milhões de hectares em menos de dois anos, com potencial para até dobrar essa área.
“E dessa forma haverá a iniciativa privada contratando brigadista e guarda-florestal para cuidar do carbono estocado na floresta”, prevê o ministro. “Se você fosse diretor de sustentabilidade da BMW, qual carbono você gostaria de comprar? O de um aterro sanitário ou de uma floresta nativa na Amazônia. Então, isso tem um apelo gigantesco. Essa é a melhor solução. Acabar com a pobreza das pessoas na rica Amazônia. E com o carbono a gente vai fazer isso.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Empréstimos visam cobrir o rombo causado pelo custo do acionamento das usinas térmicas devido à escassez hídrica.
Uma das saídas estudadas pelo governo para evitar o aumento de 21% na conta de luz em 2022, o socorro às distribuidoras de energia ainda não tem definição no Ministério das Minas e Energia. A demora em estipular os valores e modelo para nova rodada de empréstimos às empresas têm preocupado o setor.
Os empréstimos visam cobrir o rombo causado pelo custo do acionamento das usinas térmicas devido à escassez hídrica. O objetivo é evitar o aumento integral de 21% na conta e diluí-lo ao longo dos próximos anos.
O ministério afirmou em nota que a ideia é atender a todas as distribuidoras que apresentarem problemas. A pasta diz que ainda avalia as condições dos empréstimos, como prazos e taxas de juros, "tendo em vista a preocupação em relação à tarifa de energia’" e "a capacidade de pagamento do consumidor brasileiro".
Marcus Madureira, presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica, disse ao Painel que o cronograma repassado pela pasta prevê a edição de uma Medida Provisória sobre o tema ainda em novembro e a liberação dos recursos em janeiro.
Fonte e Imagem: Folha de São Paulo.
A meta, até 2030, foi uma das promessas do País durante a Cúpula do Clima, mas é vista com bastante desconfiança.
Uma gota de otimismo em um oceano de ceticismo. Essa é a sensação de muitos especialistas diante das metas relacionadas à emissão de gases divulgadas pelo Brasil na COP-26. O País informou a intenção de reduzir pela metade a emissão de gases do efeito estufa até 2030 e zerar a emissão de carbono na atmosfera em 2050.
“Uma coisa é você falar; outra, agir. O que está acontecendo é uma certa desconfiança de todos nós que temos acompanhado tudo o que vem acontecendo em termos de meio ambiente no País”, afirmou Tercio Ambrizzi, que é professor titular do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP, durante evento promovido pelo Estadão.
Na COP de 2019, em Madri, as ações do País foram apontadas como o principal obstáculo para a regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado internacional de carbono. O objetivo é promover um balanço na emissão de gases, no qual países poderiam ter licença para suas emissões comprando créditos de nações que comprovadamente estão tirando carbono da atmosfera.
Na ocasião, o Brasil defendeu que os créditos vendidos não precisassem ser descontados da prestação de contas sobre o cumprimento das metas climáticas do País. Dessa forma, ocorreria uma “contabilidade dupla”. A proposta foi rechaçada por muitos países, impediu a regulamentação do artigo 6 e fez o Brasil ser considerado um dos vilões da conferência.
Neste ano, o governo decidiu fazer concessões e aceitar o modelo proposto. No relatório final, aprovado no último sábado (13) por líderes de quase 200 nações, ficou, enfim, definida a criação de um sistema internacional para o mercado de carbono – os detalhes dessa operação ainda serão combinados.
Na cúpula, o Brasil também se comprometeu, ao lado de mais de cem países, a reduzir em 30% a emissão de metano até o fim da década, na comparação com 2020. O País é o quinto maior poluidor com metano do globo, atrás de China, Rússia, Índia e EUA. Dessa lista, só os norte-americanos também firmaram o compromisso.
Para dar conta da meta, será necessária uma ação de impacto em uma das principais atividades econômicas do País: a agropecuária. Conforme dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, o ramo foi responsável por mais de 70% das emissões de metano no Brasil entre 1990 e 2019. Desse total, 97% das emissões foram por fermentação entérica, ou o arroto do boi.
Na falta de amplas regulações internacionais, o que se vê são acordos voluntários ou políticas feitas por empresas comprometidas a compensar suas emissões. Uma das principais referências é o GHG Protocol, ferramenta que ajuda a gerenciar as emissões responsáveis pelo aquecimento global e que caracteriza as emissões em três escopos. O tipo 1 é relacionado às emissões da própria instituição, como os veículos controlados por uma empresa. O escopo 2 trata da difusão de gases provenientes do consumo de energia elétrica ou térmica. Já o 3 lida com emissões indiretas ligadas às operações da companhia, como descartes de resíduos, deslocamentos de colaboradores, aquisição de matérias-primas e logística de distribuição de produtos.
A Vale, por exemplo, pretende investir US$ 6 bilhões para, até 2030, reduzir em 33% suas emissões de carbono classificadas nos escopos 1 e 2 do GHG Protocol. Em relação ao escopo 3, a empresa se comprometeu a reduzir 15% até 2035. Atualmente, 98% das emissões de CO2 da companhia são provenientes do escopo 3. “Só para dar uma ideia do tamanho da questão, isso representa cerca de 90 milhões de toneladas de CO2. É o equivalente às emissões de um país como o Chile”, diz Hugo Barreto, diretor de Sustentabilidade e Investimento Social da Vale.
Já a Klabin anunciou, em 2020, uma agenda relacionada a questões ambientais, sociais e de governança – o tripé conhecido pela sigla em inglês ESG. Foram definidos 11 temas a serem trabalhados até 2030, como segurança operacional; promoção da diversidade; e proteção da biodiversidade, com projetos de recuperação de áreas degradadas.
“As empresas atentas estão enxergando esse movimento histórico, cultural e comportamental. Não quero ser utópico de falar que as empresas serão o grande centro para resolver problemas sociais, mas, hoje, há um processo de escuta diferente da sociedade civil”, afirma Cristiano Teixeira, diretor-geral da Klabin.
Os cinco vilões
Dióxido de Carbono (CO2)
Também conhecido como gás carbônico, compreende 74% das emissões de gases do efeito estufa. É proveniente da queima de combustíveis fósseis – como carvão mineral, petróleo e gás natural – utilizados em geração de eletricidade e calor, transporte, indústria e consumo. Também é produzido em queimadas e desmatamentos.
Metano (CH4)
Produzido pela decomposição da matéria orgânica, abundante em aterros sanitários, lixões e reservatórios de hidrelétricas. Também é emitido durante o processo digestivo do gado e por fenômenos naturais, como a atividade de vulcões. Há uma quantidade gigante de metano retida em geleiras do Ártico, que pode chegar à atmosfera com os derretimentos causados pelas mudanças climáticas.
Óxido Nitroso (N2O)
É o terceiro gás que mais contribui para o aquecimento global e com maior efeito na degradação da camada de ozônio. A agricultura é responsável por 66% da emissão anual do gás, por meio da aplicação intensiva de fertilizantes nitrogenados. Também é produzido na queima de combustíveis fósseis e nas emissões geradas pela indústria química.
CFCs
Utilizados em geladeiras, aparelhos de ar-condicionado, isolamento térmico e espumas, os CFCs tornaram-se bastante conhecidos pelos dados à camada de ozônio, o que ocasionou sua redução drástica durante os anos 1990 e 2000. Entretanto, em 2018, a Agência de Pesquisa Ambiental, no Reino Unido, rastreou uma nova onda de emissão dos gases e estima que eles podem vir de fábricas da China. O caso está sob investigação.
Vapor d’água
Absorve parte da radiação emanada pela Terra e é um dos maiores contribuintes para o aquecimento natural do globo. Considera-se que, com mais calor, haverá mais evaporação de água – e, consequentemente, uma maior participação do vapor d’água no aumento do efeito estufa.
Fonte: Estadão
Imagem: MSN.
PIB cresceu em média 0,4% ao ano de 2012 a 2021, e com mais chuvas poderia ter chegado a 2%.
Estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) conclui que se o nível de chuvas no Brasil nos últimos dez anos tivesse seguido a média histórica de 1980 a 2019, de 1.457 mm, o Produto Interno Bruto (PIB) médio anual do país teria crescido cinco vezes mais.
Isso porque o Brasil depende muito da água como insumo produtivo para a manutenção e crescimento da economia: 70% da energia fornecida vem das hidrelétricas e o setor agropecuário tem uma das maiores fatias do PIB.
O PIB do Brasil cresceu em média 0,4% ao ano de 2012 a 2021, e com o aumento do recurso hídrico, segundo a FGV, esse valor poderia ter chegado a 2% ao ano. O macroeconomista e responsável pelo estudo, Bráulio Borges, conversou com a CNN e explicou que de 2012 a 2021, o Brasil teve uma “década perdida” em termos de desempenho do PIB. Isso porque além do fim do superciclo de commodities em 2011 – alta dos preços de exportações, que gerou um maior rendimento dos exportadores e, por fim, aumento das receitas fiscais do Estado, passando de R$ 166 bilhões em 2000 para R$ 386 bilhões em 2011 -, as chuvas ficaram muito abaixo da média.
A média histórica era de 1.457 mm ao ano, e desde 2012, a média de chuvas anual em milímetros ficou abaixo desse valor.
“O Brasil depende muito da água como insumo produtivo, muito mais do que outras economias. Nos últimos dez anos, 70% da energia fornecida veio das hidrelétricas. O setor agropecuário também tem impacto muito grande na economia brasileira. E ambos dependem de recurso hídrico”, concluiu.
O pesquisador alerta ainda que se não fosse a expansão da geração eólica de energia, o Brasil já teria tido um racionamento de energia nos últimos anos. A média mundial de uso de hidrelétricas é de 15%, enquanto a média na América Latina é de 44%. Só no Brasil, a geração de energia por usinas hidrelétricas corresponde a 59,3%. Atualmente a energia eólica gera 15,3% de energia do País, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Para Bráulio Borges aconteceu o que os especialistas chamam de “choque de oferta”, que é o efeito de quando o PIB desce e a inflação sobe.
“Com a falta de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas, temos que ativar as termelétricas, e isso aumenta a tarifa pois tem termelétrica que chega a custar 20 vezes mais que a geração por hidrelétrica. Então aumenta a tarifa para a população e para a indústria, o que puxa a inflação para cima.”, conclui.
De acordo com a análise da FGV, existem dois fatores que podem ter resultado nessa estagnação de crescimento: “má sorte”, o que consiste em fatores externos e que escapam do controle, e “políticas ruins”, que são as decisões econômicas e de políticas públicas tomadas pelo Estado.
Para Borges, a situação do Brasil é uma mistura desses dois fatores. “Podemos dizer que é má sorte, por ser um fator externo, mas abre margem para a gente questionar o fato de o Brasil e o mundo terem negligenciado a questão ambiental. Os países que mais perdem com a mudança climática, e isso está em diversos estudos, são os que estão abaixo da linha do equador.”
Fonte e Imagem: CNN Brasil
Em entrevista, Luiz Carlos Ciocchi, diretor do Operador Nacional do Sistema, afirma que a chegada das chuvas e o trabalho feito para poupar os reservatórios indica que não há mais riscos de problemas no abastecimento.
A partir desta semana, o Operador Nacional do Sistema (ONS) já começa a ser mais seletivo no acionamento de usinas termelétricas, após meses funcionando com o máximo da potência do sistema elétrico brasileiro para evitar racionamento ou apagões no horário de ponta, informou o diretor geral do órgão, Luiz Carlos Ciocchi. Mas até abril, o brasileiro ainda verá a conta ser pressionada pela tarifa de escassez hídrica, referente à seca registrada este ano, e o impacto do custo das termelétricas contratadas para atravessar o período seco, que vai de abril a outubro.
A chuva veio antes do esperado, diz Ciocchi, que se preparava para um fim de ano igual ao de 2020, quando as chuvas só chegaram em dezembro e não foram suficientes para recuperar os reservatórios das hidrelétricas. Já este ano, as chuvas chegaram dois meses antes, trazendo alívio para o Sistema Interligado Nacional (SIN), operado pelo ONS.
“Com essa chegada (das chuvas) antes, e com todo o preparo para uma situação mais extrema, realmente a chuva foi muito bem vinda e hoje a gente pode dizer com tranquilidade que do ponto de vista de escassez hídrica a gente não tem mais nenhuma indicação de problema, nem de energia nem de ponta, está equacionado”, disse Ciocchi ao Broadcast/Estadão.
Ele ressaltou que o operador se preparava para uma situação mais adversa, e que apesar de não se falar em racionamento, antes do início das chuvas já havia alertas de que poderiam ocorrer problemas no horário de ponta (meio da tarde).
“Todas as ações que a gente vem tomando desde outubro do ano passado fazem com que essa chuva agora seja muito bem-vinda, porque agora a gente pode armazenar (água nos reservatórios), pode ser um pouco mais seletivo nos despachos, não precisa levar os reservatórios a um nível de estressamento agudo, como a gente ia ter que fazer”, explicou.
Reservatórios
Os despachos do ONS consistem em ordenar a entrada de unidades geradoras de energia elétrica por ordem de mérito, ou seja, primeiro são liberadas as mais baratas, até chegar nas mais caras. As usinas termelétricas, principalmente as movidas a combustível fóssil, são as que custam mais caro ao sistema, enquanto as hidrelétricas e outras fontes renováveis, como solar e eólica têm menor custo.
Elevar o nível de armazenagem de água nos reservatórios das hidrelétricas agora é obrigatório por lei, lembrou Ciocchi, referindo-se à emenda incluída na lei que aprovou a privatização da Eletrobras no Congresso Nacional, e que deu quatro anos para a recuperação dessas usinas. Segundo Ciocchi, esse é um processo que não se faz em um ano, mas avaliou que em três anos os reservatórios já estarão em bons níveis.
“Nos níveis que nós chegamos, não conseguimos recuperar os reservatórios em um ano. Para fazer isso tem que economizar água, para economizar água tem que usar as térmicas. Mas nós não vamos encher reservatórios com térmicas de R$ 2,4 mil, então à medida que a gente tenha um pouco mais de folga e se configure com clareza o período chuvoso, a gente vai poder usar térmicas mais baratas para isso”, garantiu.
Os reservatórios das usinas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por 70% da geração hídrica do País, chegaram ao nível de cerca de 16% em setembro e hoje operam em torno dos 20%. No pior cenário, ou seja, se as chuvas repetissem o que ocorreu em 2020, especialistas previam que os reservatórios poderiam a chegar a 10% no final de 2021.
Para Ciocchi, além das medidas tomadas pelo Ministério de Minas e Energia para superar a crise energética, como a criação da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg), a implantação do programa de Resposta Voluntária da Demanda (RVD) e a campanha para redução do consumo de energia elétrica, foi fundamental ter feito mudanças de algumas vazões mínimas, e que assim deve ocorrer também em 2022.
“O que a gente aplicou este ano e deu mais resultado foi mudar as vazões mínimas das hidrelétricas Jupiá e Porto Primavera (ambas na divisa de Mato Grosso do Sul e São Paulo). Isso já dá uma diferença brutal e consegue espaço para térmicos dentro da ordem do mérito (das mais baratas para as mais caras)”, informou Ciocchi.
Belo Monte
A expectativa é de que em 2022, o Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) permitam que a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, possa manter a operação prevista, com vazões maiores do que no ano passado. A usina alterna vazões maiores de águas (hidrograma A) e menores (hidrograma B). Este ano foi a vez do hidrograma B, mas existe dúvida se a usina terá permissão para liberar mais água para a produção de energia no ano que vem.
Segundo o diretor-geral do ONS, o assunto já foi tema de uma conversa na extinta Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg), para que os órgãos de governança do setor elétrico dialogassem com o MPF e com o Ibama, para evitar novas ações judiciais estabeleçam vazões diferentes para o Rio Xingu, onde fica a hidrelétrica.
“Nem de longe a gente está numa situação normal (de armazenamento de água nos reservatórios das hidrelétricas), e a não manutenção do hidrograma A pode ser bastante complicada para o setor elétrico brasileiro”, afirmou Ciocchi.
A operação de Belo Monte em sua capacidade total pode economizar 2,5 pontos percentuais nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, uma vez que a maior parte da energia produzida na usina é exportada para o principal centro de carga do País. A hidrelétrica tem capacidade instalada de 11.233,1 megawatts (MW) e quantidade média de geração de 4.571 MW.
Segundo o presidente da Norte Energia, dona de Belo Monte, Paulo Roberto Pinto, já tem sido mostrado ao governo a necessidade de se manter o combinado, monitorando todos os possíveis impactos ambientais.
“Usando a hidrograma A sou capaz de gerar mais 1,12 mil megawatts-médio (MWmed) do que gerei este ano a um preço de R$ 144 o megawatt-hora (MWh), e evitar a emissão de 3,6 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera nos sete meses que Belo Monte opera”, explicou Pinto, destacando que com isso seria evitado o uso de térmicas que custam mais de R$ 2,5 mil o MWh.
Redução voluntária
Sobre a suspensão do programa de Resposta Voluntária da Demanda (RDV), criticada por agentes do setor elétrico, Ciocchi informou que pode voltar a qualquer momento, desde que haja necessidade.
Por meio do RDV, grandes consumidores industriais deslocam seu horário de consumo ou reduzem sua demanda de energia e recebem uma compensação financeira pela contribuição ao sistema. Esse valor é posteriormente rateado entre todos os consumidores de energia do mercado regulado.
De acordo com Ciocchi, a suspensão do programa ocorreu porque o Operador identificou que não há mais risco de faltar energia, mesmo que em horários de maior estresse do sistema, como o fim da tarde, o que já não justificaria os custos do programa. “O programa teve uma aceitação muito boa, mas eu não preciso de ponta agora. Em dezembro vamos avaliar”, disse.
O fim do programa pegou o mercado de surpresa, com críticas principalmente da associação dos grandes consumidores de energia e do mercado livre, Abrace, que não vê motivos para um programa voluntário deixe de ser usado para poupar energia. Para Cocchi, a reação não tem fundamento e tudo será esclarecido com os agentes do setor.
“O programa está ai, está criado, e vai ser utilizado de acordo com a necessidade. Vamos conversar com a Abrace para ver o que precisa fazer para dar uma estabilidade maior, estamos abertos para esse tipo de sugestão”, afirmou.
Fonte e Imagem: Estadão.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira, 16, o edital do chamado "leilão de reserva de capacidade", voltado para contratar usinas térmicas. O certame está previsto para 21 de dezembro.
Será o primeiro leilão de reserva de capacidade realizado pelo governo. A modalidade foi autorizada por meio da Medida Provisória (MP) 998, editada pelo Executivo no ano passado e regulamentada pelo presidente Jair Bolsonaro por meio de decreto em maio deste ano.
Na prática, o governo irá contratar usinas térmicas que ficarão disponíveis para serem acionadas sempre que houver necessidade de atendimento. A intenção da contratação é aumentar a segurança do sistema elétrico e evitar falhas no fornecimento de energia.
Serão negociados dois tipos de produtos no leilão: produto energia, no qual o compromisso é a entrega da energia produzida -modelo similar a de outros certames. Já no produto potência, as geradoras se comprometem a ficar disponível para serem acionadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de prontidão.
De acordo com as regras, poderão participar usinas novas ou já existentes. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) cadastrou 132 projetos para participar da rodada, sendo que a maioria são usinas movidas a gás natural e a carvão mineral.
Todos os contratos terão duração de 15 anos, mas os prazos para entrega de energia são diferentes. No caso do produto potência, a usina deverá começar a suprir o atendimento em 1º de julho de 2026. Já no produto energia, o início está previsto para janeiro de 2027.
Os custos dessa contratação, incluindo os administrativos e financeiros, e encargos tributários, serão rateados entre todos os usuários de energia do sistema elétrico, incluindo os consumidores que atuam no chamado mercado livre e alguns autoprodutores.
- Fonte e Imagem: Estadão.
Joaquim Leite considerou o resultado da conferência bom para o Brasil, apesar de o financiamento climático ter avançado pouco.
Comentando o texto final de Glasgow, o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, considerou neste sábado o resultado da conferência bom para o Brasil, apesar de o financiamento climático ter avançado pouco.
“Tem uma promessa para os próximos anos de chegar ao US$ 100 bilhões por ano, mas é uma frustração global a falta de recursos por parte dos países ricos, mas o Brasil fez o seu papel”, afirmou.
Questionado sobre o país ter chegado cobrando financiamento climático de países ricos enquanto tem R$ 3 bilhões em caixa no Fundo Amazônia que não consegue executar, Leite sugeriu que o Brasil não precisa de ajuda para a transição climática.
“A negociação aqui são recursos para os países mais frágeis. O Brasil tem uma economia robusta”, afirmou.
Leite diz ter comemorado muito o resultado da COP26 para o Artigo 6, que regulamenta o comércio de emissões.
“Foi um sucesso a COP em relação ao mercado de carbono, o Brasil veio com esse objetivo”, afirmou. “O Brasil será um exportador de carbono para o mundo porque tem uma oportunidade única em floresta nativa, em agropecuária e energia”.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
O esforço de parlamentares para votar no Congresso o projeto que prevê um mercado regulado de carbono no Brasil durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) não surtiu resultados. A COP26 acaba nesta sexta-feira, 12, sem a Câmara dos Deputados ter deliberado a proposta, frustrando as lideranças que apoiaram a tramitação em regime de urgência da matéria.
A expectativa com a aprovação do projeto era de fazer um sinal concreto para a comunidade internacional de que setores brasileiros estariam comprometidos com as metas de redução de gases de efeito estufa. A COP26 seria usada como palco para promover o avanço.
Autor do projeto e vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) foi às redes sociais para demonstrar a frustração e apontar um culpado: o Ministério do Meio Ambiente. Como o Broadcast Político vem mostrando, a Pasta se mostrou contrária à aprovação da matéria enquanto as discussões sobre o mercado de carbono à nível internacional não são definidas. A posição do ministério gerou críticas de setores empresariais e de especialistas no assunto, para quem a implantação do mercado interno poderia correr paralelamente à construção do mecanismo de transação de créditos entre os países.
Em postagem nesta quinta-feira, 11, Ramos afirmou que a “intransigência e a validade” do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, frustraram a expectativa de todos que aguardavam a aprovação do projeto. “O mundo esperava um gesto do Brasil com a aprovação do PL do mercado de crédito de carbono. Fizemos todos os esforços com o setor produtivo, ambientalistas, relatora e governo pra chegar a um texto possível.A intransigência e a vaidade do Ministro do MMA frustrou essa expectativa”, disse o deputado.
O vice da Câmara também destacou que, ao não avançar com a ferramenta, o Brasil perde ao seguir “de fora de um mercado de 45 bilhões de dólares em 2019”. "Perdem as populações tradicionais da Amazônia que poderiam se beneficiar com a riqueza gerada pela floresta, perde o mundo pela ausência do Brasil desse esforço global por equilíbrio climático”, disse o deputado, que participa presencialmente da COP26.
Enquanto o desmatamento ilegal continua a destruir a defesa ambiental e climática do País, o mercado regulado poderia ajudar o Brasil a fortalecer uma economia de baixo carbono porque o mecanismo estabelece um teto anual de emissões para parte da indústria. Comumente, o controle começa com empresas intensivas em carbono, depois evoluindo para outros gases de efeito estufa e abrangendo mais setores.
Os direitos de emissão então são distribuídos gratuitamente ou leiloados entre o setor regulado. A partir daí, os agentes podem comercializar o crédito entre si. Uma empresa que emite menos do que o permitido tem a chance de vender o direito para outra empresa que irá exceder seu teto de emissão de carbono. Ao fim, todos precisam estar em conformidade e o teto, que é gradualmente reduzido ao longo dos anos, respeitado.
Fonte: Estadão.
Imagem: Brasilsoberanoelivre
Enquanto países presentes na COP26 em Glasgow debatem sobre a manutenção ou não do texto que aponta na direção de eliminação de subsídios a combustíveis fósseis, o Brasil diz claramente que vai manter seus incentivos em nome da geração de empregos.
O ministro do meio ambiente Joaquim Leite, afirma que o o Brasil já se encontra aonde o restante do mundo quer estar dentro de 30 anos em termos de matriz energética.
“O Brasil tem incentivos claros em relação a combustíveis fósseis e deve incentivar ainda mais, porque é uma solução importantíssima”, afirmou à Estratégia ESG, parceria entre a Alter Conteúdo e a agência epbr.
Ele disse que sequer mencionaria a matriz já limpa do país. “O importante é geração de emprego”.
O esboço do acordo da COP26 faz menção ao fim dos subsídios para fósseis, mas tema deve enfrentar resistência de grandes produtores, como a Arábia Saudita.
O texto é vago, sem metas claras. “Chamamos as partes a acelerar o fim do uso de carvão e subsídios para combustíveis fósseis”, diz o novo esboço.
O ministro brasileiro defendeu uma transição responsável para um mundo com menor emissão de carbono, em que os empregos da indústria de combustíveis fósseis seriam repostos por empregos em renováveis.
“O desafio nosso é trazer nova alternativa econômica, um incentivo para a geração do emprego verde. Esse é um desafio que não é nosso, é de todas as partes,” disse.
Brasil se vê como grande exportador de óleo.
A política energética brasileira mira um crescimento constante da produção de petróleo e gás natural até 2050, quando o país se comprometeu a atingir a neutralidade de emissões de carbono. Há, também, o interesse em construir novas usinas a carvão.
A estratégia do país é reduzir a pegada de carbono, contendo emissões associadas à produção e com redução da pegada de carbono por barril produzido. Conta, inclusive, com ganhos de competitividade a partir da exigência de consumidores globais por óleo menos poluente e menor intensidade de emissões.
Há um entendimento que a matriz é suficientemente limpa, há anos, graças a presença de biocombustíveis e energia de fontes limpas, como hidroelétrica, eólica e solar.
E que um país com tanta pobreza, como o Brasil, não se pode dar ao luxo de abrir mão do desenvolvimento econômico.
Pelo contrário, deve acelerar a exploração e produção de reservas de óleo e gás, justamente, para não correr o risco de ficar com reservas encalhadas por pressão da transição energética e da potencial redução da demanda global.
Durante participação na COP26, o ministro de Meio Ambiente, Bento Albuquerque garantiu que o país está bem posicionado para atingir 50% de renováveis na matriz energética até 2030.
A meta anunciada em documentos do Ministério do Meio Ambiente, que considera uma margem de 45% a 50%, aponta margem para redução de renováveis em relação ao patamar atual, de cerca de 48%, com 84% da capacidade de geração de energia elétrica a partir de fontes limpas.
Em geral, a meta foi considerada pouco ambiciosa por setores do mercado.
Segundo Bento, o Brasil tem expandido a matriz e garantindo a manutenção da “renovabilidade”, como por exemplo o crescimento da geração eólica e solar.
“Essa complementaridade, que existe entre as fontes torna a matriz cada vez mais resiliente sem a necessidade de se utilizar a energia termelétrica [na base]”, pontuou Bento Albuquerque.
Posição da União Europeia
Em contraposição, o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, defendeu a manutenção do fim de subsídios a combustíveis fósseis no documento final da COP26, após relatos de pressão de alguns países para a retirada.
“Vamos fazer o que for possível para evitar que isso ocorra,” disse, ressaltando considerar “extremamente importante” que o texto final diga “ao menos” que vai eliminar os subsídios. “Não estamos nem dizendo que vamos parar os combustíveis fósseis, estamos dizendo que vamos parar de subsidiá-los.”
Fonte e Imagem: EPBR
Uma das estratégias mais populares de combate à mudança climática pode causar uma desigualdade ainda maior na economia mundial.
A política, conhecida como precificação de carbono, aplica uma taxa a empresas e consumidores visando reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Se e como adotar tal taxa é assunto de intenso debate na COP26 em Glasgow.
Uma preocupação é que tal abordagem pode afetar desproporcionalmente famílias mais pobres, que já sofrem mais com o aquecimento global. Isso porque tendem a gastar uma parte maior de sua renda com gás, aquecimento e outras atividades geradoras de emissões.
“Elas serão mais duramente atingidas pela precificação do carbono”, disse Baoping Shang, economista sênior do Fundo Monetário Internacional (FMI) e autor de um recente estudo sobre os impactos distributivos da precificação do carbono. “Primeiro, em muitos países, isso vai piorar a desigualdade, e é quando o apoio dos governos é mais importante.”
Equador, Nigéria e Irã já enfrentaram protestos violentos ao longo dos anos contra os preços mais altos na bomba - mesmo sem essa taxa -, o que sinaliza o tipo de turbulência que poderia ocorrer caso políticos adotem a medida.
Na França, que arrecada a maior receita do mundo com o imposto de carbono, o governo foi obrigado a descartar planos em 2018 para aumentar uma tarifa extra sobre combustíveis após protestos que duraram meses.
Essas manifestações destacam a necessidade de entender melhor as consequências distributivas da precificação do carbono e encontrar estratégias para garantir que o aumento da desigualdade não seja o preço para proteger o planeta.
Deixar que a mudança climática siga seu curso teria graves consequências. A temperatura global pode subir 2,7º C até o fim do século, segundo estimativas mais recentes das Nações Unidas, muito acima do limite preferido de 1,5º C definido pelo Acordo de Paris.
Muitos países buscam compensar parte do impacto das políticas climáticas nas carteiras das famílias e nos balanços das empresas com cortes de impostos ou créditos fiscais, reembolsos ou apoio a investimentos verdes. Canadá e Suíça já devolvem parte do dinheiro arrecadado em nome do meio ambiente para os cidadãos. Alemanha e Áustria estudam iniciativas semelhantes.
Alguns Estados nos EUA usam fundos para melhorar a eficiência energética das residências. Outros dão apoio direto a clientes de baixa renda para pagar contas de luz.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Capacidade de escoamento no Nordeste deve quadruplicar até 2028, diz diretor da EPE.
Durante o painel “Papel das energias renováveis para enfrentar a emergência climática’, realizado nesta quarta-feira, 10 de novembro, durante o Brazil Windpower, a importância da transmissão foi ressaltada dentro do cenário da inserção de renováveis e transição energética, além da eletrificação da economia. De acordo com o diretor da Empresa de Pesquisa Energética, Erik Rego, a capacidade de escoamento da região Nordeste deve quadruplicar até 2028, podendo absorver cerca de 57 GW renováveis. Em 2024, o volume atual dobrará. “Com esse conjunto de obras, vai ser possível receber esse volume todo”, afirma. Segundo ele, os pedidos de conexão se intensificaram, o que fez com que a EPE planejasse essa expansão.
Para o CEO da PSR, Luiz Augusto Barroso, a conexão à rede é um ponto importante, uma vez que o mundo está rediscutindo o papel da transmissão e como facilitar a conexão das renováveis. “Se não houver conexão, não vamos conseguir entregar as renováveis no ritmo que essa transição energética exige. Temos que olhar mais para a parte da implementação”, avisa. Segundo Barroso, o Brasil tem lidado bem com o planejamento da expansão da transmissão com as renováveis, o que não é o caso de outros países, que precisarão se debruçar sobre o tema. Ainda segundo ele, o país tem condições de garantir um sistema confiável com renováveis. Em 2020 e 2021, as renováveis chegaram a atender 120% da demanda instantânea do Nordeste.
Direto de Glasgow, onde participa da COP 26, a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Gannoum salientou que essa edição do encontro teve grande penetração da sociedade civil, das indústrias, agentes financeiros e das empresas privadas. “Há um engajamento da sociedade na questão do clima”, comenta. Ela reconhece as dificuldades no cumprimento das metas, mas se mostra esperançosa no alcance dos objetivos.
Para ela, o Brasil tem fundamentos econômicos que permitirão a meta de net zero em 2050, lembrando que os investimentos renováveis estão consolidados. A presidente da ABEEólica pede mais agressividade na transição e o entendimento que oportunidades de negócios virão nesse processo e se colocar com uma grande liderança. “O Brasil está perdendo a oportunidade de se posicionar mais fortemente”, ressalta.
A criação do mercado de carbono foi considerada fundamental na transição por André Clark, Senior Vice President for Siemens Energy Latin America. Para ele, esse tipo de mercado indica investimentos eficientes e a experiência de mercado de carbono interno, além da criação de novos modelos de negócios puxados por experiências locais. O executivo da Siemens sente falta de um posicionamento claro de políticas públicas, que poderiam trazer desenvolvimento econômico ao país no lastro das oportunidades ‘verdes’. “Isso abre oportunidades de crescimento pós-covid de outra magnitude e a gente não se posiciona assim”, explica.
Ele dá como exemplo as eólicas offshore, em que o país não vem sendo considerado pelo resto do mundo, embora a fonte esteja sendo adotada por muitos países ricos. “Estamos fora desse jogo. A hora de jogar é agora”, aponta. Clark pede uma política industrial verde no Brasil no século 21.
Segundo ele, o componente tecnológico na transição também estará presente. No caso da fonte eólica onshore, o país é reconhecido pela competitividade, com a indústria trabalhando com projetos que entram no grid antes de serem provados. “É um setor que empurra a fronteira da tecnologia à frente”, observa.
Fonte: Canal Energia.
Imagem: Portal Ambiente Legal.
Fonte contribuiu para a segurança do sistema no momento mais agudo da crise hídrica.
Durante o Brazil Windpower, os debatedores trataram da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) em tempos de crise hídrica como a que o Brasil vive atualmente e concluíram que a geração eólica foi a responsável pela segurança do sistema elétrico no momento mais agudo da crise hídrica.
Apesar das fontes hídrica e térmica serem predominantes na matriz, o incremento das fontes eólica, biomassa e solar respondem por 21,8% em novembro. O destaque, no entanto, foi da fonte eólica, que teve 24 recordes de geração em 2021.
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, lembrou que a fonte representa pouco mais de 11% da matriz hoje e destacou que até 2025 deve atingir mais de 18%. “A geração eólica têm sido a grande locomotiva da expansão do sistema”.
O executivo afirma que a operação do SIN em tempos de crise hídrica só foi possível graças ao balanço de energia na expansão da malha de transmissão, trazendo energia do Nordeste para o Sudeste. “O Nordeste por muitos anos foi um importador de energia e hoje é o grande exportador”.
Racionamento
Com mais chuvas nos meses de outubro e novembro, o risco de racionamento e apagão parece finalmente estar descartado para o ano de 2021. Entretanto, 2022 será um ano de muitos desafios para o setor elétrico. O especialista da Climatempo, Pedro Regoto, lembra que o subsistema Centro-Oeste e Sudeste está abaixo da média e “desde 2012 nunca mais conseguiu recuperar a energia armazenada”.
Regoto lembra que a permanência do fenômeno La Niña deve se manter até o início de 2022, quando começa a perder força, o que pode regularizar o período úmido. Entretanto, o especialista aposta que o Brasil continuará precisando da fonte para manter a segurança do sistema em 2022.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Para Bolsonaro, crise hídrica dá sinais de ter chegado ao fim.
Com a chegada das primeiras chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste, autoridades do setor elétrico se arriscam a dizer que o pior da crise hídrica já passou. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o país já pode se considerar livre de um programa de racionamento compulsório de energia e riscos de apagões (blecautes), como em 2001.
A percepção de que o setor superou o momento crítico também foi manifestada ontem pelo presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista, ele afirmou que a crise hídrica, a pior já enfrentada nos últimos 91 anos no país, dá sinais de que chegou ao fim. “Nós passamos por uma crise hidrológica que parece que está terminando agora, não foi fácil”, disse em entrevista a um site bolsonarista.
Para Bolsonaro, um dos impactos indesejados da crise é a alta da inflação em meio à pandemia, provocada pelo aumento das contas de luz. "O mundo todo passou a consumir mais ou produzir menos, o que leva à inflação. Temos um problema sério de inflação no mundo todo, não é exclusivo do Brasil, mas o Brasil é um dos que menos estão sofrendo com isso", argumentou.
Albuquerque, disse, durante audiência pública no Senado, que no início deste ano a gravidade da baixa acentuada do nível dos reservatórios das hidrelétricas indicava que o sistema poderia entrar em colapso. O problema maior, segundo ele, estava na projeção de armazenamento de água nas hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, regiões que respondem por mais de 70% da capacidade de acumulação de água para geração elétrica.
Na Comissão de Infraestrutura do Senado, o ministro disse que as usinas das duas regiões poderiam atingir o nível de 10% da capacidade total no fim de agosto. "Isso significa perda de governança no setor elétrico. É racionamento e apagão", pontuou.
O pior cenário para o abastecimento do país, segundo Albuquerque, só se confirmaria se não houvesse uma resposta do governo para o cenário crítico. O ministro fez referência às medidas tomadas ao longo deste ano, que vão de criação de um comitê ministerial de crise (a Creg), despacho de térmicas mais caras, controle da vazão de água de usinas, entre outras.
Para o ministro, o alívio chegou quando, em agosto, os principais reservatórios atingiram 21% da capacidade. Esse percentual, segundo ele, chegou a cair para 16,7% em setembro, mas, agora, voltou a recuperar, alcançando 18,7%.
Entre outubro e novembro, o setor elétrico vive a transição do período de estiagem para o chuvoso - este último vai tradicionalmente de dezembro a abril do ano seguinte. Uma das estratégias do governo é diversificar mais a matriz energética, reduzindo a dependência da geração hidrelétrica, que representa 63% da capacidade instalada.
“As medidas adotadas permitiram que o país permanecesse com a segurança energética e com o fornecimento de energia para todos os consumidores”, afirmou Albuquerque. De acordo com o ministro, com a chegada das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste, os reservatórios deverão alcançar o nível de 25,4% no fim deste mês.
Para 2022, Albuquerque informou que o setor não deverá enfrentar novo risco de desabastecimento. “Não há nenhuma indicação de que possamos ter algum problema em termos de racionamento e apagão”, garantiu.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
Relatório da Germanwatch apresentado na COP26 avalia desempenho de 62 países no combate às mudanças climáticas.
O Brasil está em 33º lugar no ranking que mede o desempenho de 62 países no combate às mudanças climáticas. O país caiu oito posições em relação ao relatório do ano passado, recebendo classificações alta para uso de energias renováveis, média para emissões de gases de efeito estufa e muito baixa para política climática.
O Índice de Desempenho em Alterações Climáticas (CCPI - Climate Change Performance Index) foi apresentado pela Germanwatch, pela NewClimate Institute e pelo Climate Action Network (CAN) nesta terça-feira (9), durante a COP26, em Glasgow, na Escócia.
“O Brasil anunciou uma meta de longo prazo de atingir as emissões líquidas zero até 2050, mas não há políticas concretas para implementar o que é necessário para alcançá-la”, diz o documento.
O relatório afirma que “nenhuma estratégia de longo prazo foi projetada” e “as instituições que desempenham papel importante na política ambiental sofreram ataques e cortes de financiamento do governo federal”.
O CCPI diz, ainda que questões-chave, como redução das emissões do uso de combustíveis fósseis, não têm políticas claras e as metas anunciadas pelo país “não estão alinhadas” com o objetivo de limitar o aquecimento global.
O relatório reconhece o crescimento do uso de energias renováveis no Brasil, “graças ao aumento do uso das energias eólica e solar, além das substanciais hidrelétricas existentes”, mas aponta que o potencial continua “subutilizado”.
“Menos de 6% da produção de eletricidade do Brasil vem de fontes renováveis. Os altos níveis de hidrelétricas levam a uma classificação muito alta para energias renováveis, mas essa dependência torna o país vulnerável a secas, o que, por sua vez, aumenta o uso de eletricidade fóssil”, diz o documento.
Os observadores da CCPI também apontaram falta de políticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em nível nacional. “Os especialistas reconhecem o desmatamento generalizado como um dos maiores problemas do país”, afirmam.
Ninguém no topo do ranking.
Os escandinavos estão no topo do ranking de 62 nações, apesar de nenhum país estar nas três primeiras posições porque os observadores consideraram que nenhum adotou o caminho necessário para manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5ºC.
Os países escandinavos lideram o caminho de proteção do clima, juntamente com Marrocos (8º) e o Reino Unido (7º). Os mais bem colocados - Dinamarca, Suécia e Noruega - ocupam respectivamente as posições 4º, 5º e 6º.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
O processo de desestatização da Eletrobras se dará por meio da democratização do seu capital, com uma nova oferta de ações, a qual visa atrair investidores e recursos para fortalecer ainda mais a empresa. Esse modelo é diferente do tradicional e mais conhecido, que é a venda de ativos.
Desse modo, são dois os principais marcos desse importante projeto: a mensuração do valor da outorga e a emissão de ações propriamente dita. Até agora, foi disponibilizada e avaliada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) toda a documentação relativa somente ao primeiro marco. Nesta etapa, está sendo avaliado pelo TCU o valor adicionado aos novos contratos de concessão definido pela Resolução 15, de 31 de agosto de 2021, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
A outra etapa, relacionada à capitalização da empresa até que haja a perda de controle por parte da União, foi iniciada e a documentação está em análise pelo TCU. Essa fase tem como marco fundamental a análise da modelagem da operação aprovada pela Conselho do Programa de Parcerias e Investimentos (CPPI), por meio da Resolução 203, de 19 de outubro de 2021. Neste momento, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão prestando esclarecimentos à equipe técnica do TCU com relação aos documentos disponibilizados.
Assim como nos demais processos de desestatização, as legítimas e fundamentais contribuições do TCU têm sido de suma importância para a evolução do procedimento, com vistas a obter sempre o melhor resultado possível para a sociedade.
Fonte e Imagem: MME.
Uso de H2 deve privilegiar aquele obtido a partir de fontes renováveis ou da energia nuclear.
A redução dos custos da energia elétrica obtida de fontes renováveis contribui para a descarbonização da matriz energética, bem como para obter economicamente hidrogênio (H2) por eletrólise da água. A tecnologia é conhecida e os custos, declinantes, atenderão à necessidade de reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE). Esse processo evitará o consumo de combustíveis fósseis destinados à produção de H2, e este poderá substituí-los em atividades industriais nas quais a utilização de energia elétrica não seja viável. Todavia, a descarbonização não dispensa o aumento da eficiência na obtenção e uso da energia, da utilização de biocombustíveis, a redução do consumo de combustíveis fósseis, do desmatamento, das emissões do setor agropecuário.
A recente mobilização industrial, acadêmica e governamental, que visa a obtenção, transporte e utilização do H2 deve privilegiar a seleção de suas fontes primárias e a avaliação de custos, inclusive os sócio-ambientais e considerar as eficiências das suas cadeias energéticas, da origem ao uso final da energia.
A intermitência da geração eólica, solar, requer integração com o sistema interligado, o que afetará seus custos.
Cerca de 99% da produção mundial do H2 (mais de 90 Mt/ano), utiliza gás natural e carvão. Libera anualmente 800 milhões de toneladas de CO2, portanto cerca de 1,5% das emissões mundiais de GEE. A indústria de petróleo consome perto de 60% desse gás e a de fertilizantes, 30%.
O transporte do H2 pode ser feito por dutos ou envasado, comprimido ou liquefeito. Os dutos da rede de transporte de gás natural têm sido utilizados de forma limitada, em misturas de H2 com aquele gás. Entretanto, o H2, por sua baixa densidade, pode apresentar fugas, que contribuem para o efeito-estufa, pois seu poder de aquecimento é cinco vezes maior do que o do CO2. Usualmente, o dispêndio de energia na compressão do H2 é de 13% do seu conteúdo energético e, para sua liquefação, 40%. Nesta condição seu emprego na propulsão de navios poderá ser mais viável do que por baterias. Também se considera utilizar e/ou transportar o hidrogênio sob a forma de amônia (NH3). O armazenamento de energia elétrica sob forma de H2 comprimido constitui uma alternativa às usinas hidrelétricas reversíveis, mas sua eficiência global é substancialmente inferior, considerando que o gás será utilizado para gerar energia elétrica.
O H2 tem sido designado por várias cores, conforme sua origem. Considera-se adiante o H2 cuja obtenção seja isenta de emissões de GEE, além do atualmente predominante, denominado Cinza, obtido a partir de gás natural. O H2 Verde e o H2 Rosa são obtidos por via eletrolítica a partir de fontes renováveis ou nuclear, respectivamente. O H2 Azul é obtido a partir de combustíveis fósseis, com captura e sequestro do CO2 emitido. Apesar de custos adicionais e do risco de fuga de CO2, o H2 tem sido considerado promissor, dado que o custo do H2 Cinza é muito inferior ao do eletrolítico, que requer cerca de 50 kWh/kg.
Recente artigo do The Economist indica que o H2 Cinza custaria US$ 1,5/kg e o H2 Verde, de US$ 2,5/kg a até mais de US$ 5/kg. Estima-se que a US$ 50/MWh, o H2 Verde custe US$ 3,1/kg. Se da produção de 1 kg de H2 Cinza decorrer a emissão de 8 kg de CO2, a diferença de custo seria compensada pela redução da emissão de CO2 se este fosse valorizado a US$ 200/t. Esse valor elevado reflete o esforço que será preciso envidar para evitar custos muito maiores, devidos ao aquecimento global. Para que o H2 Verde custasse o mesmo que o H2 Cinza, a energia elétrica teria de custar US$ 24/MWh.
Em vista dos custos adicionais e fugas de CO2 apresentados pelo H2 Azul, as considerações a seguir destinam-se à produção e utilização do H2 Verde e, por extensão, ao Rosa, pois também não envolve emissões de GEE. Se o H2 for obtido pela reforma de biocombustíveis, como o etanol, ele poderá ser equiparado ao H2 Verde, dado que o CO2 liberado é reabsorvido na safra subsequente.
Num contexto mundial onde a descarbonização é prioritária, a oferta e a utilização de H2 deve privilegiar, dentre outros fatores, as cadeias de transformações que envolvam, desde sua obtenção até sua utilização final, a maior eficiência agregada e a menor emissão de carbono. A destinação do H2 deveria priorizar atividades nas quais a dificuldade de substituição de combustíveis fósseis por energia elétrica seja maior. Por outro lado, cabe comparar essas utilizações com as de outras energias renováveis, como biocombustíveis. É o caso da siderurgia, onde o carvão vegetal talvez concorra com o H2. Dentre os meios de transporte, veículos pesados, sobretudo navios, teriam preferência, dado que o armazenamento e a utilização do H2, evitaria baterias pesadas e volumosas. Já tal finalidade dificilmente se justifica em se tratando de veículos leves, nos quais o emprego de baterias é viável e a eficiência da cadeia energética é o dobro daquela do H2.
Um mercado potencial expressivo para o H2 Verde (ou Rosa) é, naturalmente, a substituição da produção atual de H2 baseada (quase toda) em combustíveis fósseis. Mas depende do custo da energia elétrica e do valor do CO2 evitado. A substituição do gás natural em usos urbanos como o doméstico e comercial também pode não ser oportuna, devido a possíveis fugas do H2 das redes de distribuição, com riscos de explosão, além do consumo de energia para o bombeamento do H2.
Alternativamente, talvez seja economicamente justificável abastecer essas redes com metano (CH4) obtido a partir do H2 e do CO2 do ar. O uso do H2 Verde na geração elétrica por turbinas a gás também é questionado devido à baixa eficiência global e produção de óxidos de nitrogênio (NOx). Do ponto de vista da eficiência energética e dependendo do custo de capital e da energia elétrica, a eletrificação de ferrovias pode ser mais vantajosa do que usar H2 Verde em células a combustível.
A conversão da produção atual de H2 para a via eletrolítica demandaria cerca de 1200 GW de capacidade geradora eólica ou cerca o dobro de capacidade fotovoltaica. Essas estimativas chamam atenção para quanto que a produção de H2 poderá impactar os sistemas elétricos dos maiores produtores, como o Brasil deverá vir a ser.
A intermitência da geração eólica, solar ou hidrelétrica não regularizada requer armazenamento e integração com o sistema interligado, o que afetará seus custos. Valores nivelados não são representativos, e a compensação da intermitência não mais deverá ser arcada pelo sistema interligado. Portanto é necessário conhecer os reais custos da energia para avaliar corretamente o do H2 Verde.
Em resumo, uma política de obtenção e utilização de H2 deve privilegiar aquele obtido por via eletrolítica a partir de fontes renováveis ou da energia nuclear, considerar em cada caso a eficiência global da respectiva cadeia energética, os custos sistêmicos do suprimento de energia elétrica, os benefícios ambientais decorrentes da utilização desse H2, sua viabilidade e vantagem em relação ao uso direto de energia elétrica ou de outras energias e participar do desenvolvimento tecnológico da sua obtenção, transporte e utilização.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Só a China, maior poluidora do mundo, precisaria de 15 florestas como a Amazônia; Brasil precisa de menos de 1/3.
São necessárias 40 florestas amazônicas para neutralizar as emissões mundiais de CO2 advindas do processo de geração de energia. Só os 3 maiores poluidores do mundo precisariam de 23. O levantamento foi feito pelo banco suíço UBS em relatório sobre a política ambiental brasileira. Eis a íntegra do estudo (1 MB).
Para chegar ao valor, o banco usou dados da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP (Universidade de São Paulo). Segundo os pesquisadores, a Amazônia pode armazenar 170 toneladas de carbono por hectare. Cada tonelada de carbono armazenada na floresta equivale a 3,7 toneladas de CO2 na atmosfera. Portanto, cada hectare da Amazônia representa 629 toneladas de CO2 na atmosfera.
Usando esse cálculo como base, para absorver o CO2 proveniente da geração de energia no Brasil, são precisos 30% de uma Amazônia. A matriz elétrica brasileira é predominantemente renovável, com 64,5% da eletricidade gerada em usinas hidrelétricas, segundo dados de 2019 utilizados no relatório do banco UBS.
Já a China, maior poluidora do mundo, precisaria de 15 florestas como a Amazônia. Os Estados Unidos, 2º maior poluidor mundial, precisa de 5. A Índia, 3ª colocada no ranking dos maiores poluidores, demandaria 3 Amazônias.
A transição energética é um dos temas centrais em discussão na COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), realizada até 12 de novembro em Glasgow, na Escócia. Assim como o desmatamento.
ACORDOS E PROMESSAS
Na tentativa de alcançar os objetivos da conferência, acordos coletivos estão sendo assinados por líderes mundiais e outras organizações.
Na 4ª feira (3.nov.2021), mais de 40 países prometeram eliminar gradualmente o uso da energia a carvão. Alguns dos principais consumidores do combustível, como Canadá, Chile, Polônia, Vietnã e Ucrânia, estão entre os que assinaram o compromisso.
As nações se comprometeram a encerrar todos os seus novos investimentos em geração de energia a carvão. Também concordaram em eliminar totalmente esse tipo de energia. O prazo para as economias mais fortes ficou até 2030. Para as mais pobres, até 2040.
Dezenas de organizações também entraram no acordo. Grandes bancos, por exemplo, se comprometeram a parar de financiar a indústria do carvão.
Contudo, alguns dos países mais dependentes do combustível fóssil, como Austrália, China, Estados Unidos e Índia, não assinaram a promessa.
Outro movimento relevante foi a assinatura do Compromisso Global do Metano por 97 países na 3ª feira (2.nov). O Brasil, o 5º maior emissor global de metano, está entre os signatários.
Os países devem reduzir em 30% as emissões de metano até 2030 em relação aos níveis de 2020.
China, Rússia e Índia ainda não assinaram o compromisso. A Austrália avisou que não apoiará a iniciativa.
Mais de 100 nações –entre eles Brasil, China e Estados Unidos–, ao lado de dirigentes de mais de 30 instituições financeiras, também se comprometeram a encerrar o desmatamento até 2030.
O compromisso é acompanhado de um financiamento de quase US$ 20 bilhões nesta década. Segundo o acordo, 12 países prometeram desembolsar US$ 12 bilhões em recursos públicos entre 2021 e 2025 para ajudar nações em desenvolvimento em esforços para restaurar terras desmatadas e combater incêndios florestais. Ao investimento público serão adicionados US$ 7,2 bilhões em investimentos privados até 2030.
Em iniciativas paralelas, 5 países, incluindo Reino Unido e Estados Unidos, e um grupo de instituições de caridade globais, se comprometeram a fornecer US$ 1,7 bilhão em financiamento para apoiar povos indígenas na conservação das florestas e fortalecer seus direitos à terra. Povos originários são considerados guardiões da terra.
Leia as principais promessas feitas pelos 3 maiores emissores de CO2 proveniente da geração de energia do mundo:
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tem buscado protagonismo na COP26. O democrata quer colocar o país no centro das discussões, depois do seu sucessor, Donald Trump, ter abandonado o Acordo de Paris.
Biden criticou a ausência de Xi Jinping, líder da China. Disse que o país “virou as costas” para a questão climática.
“Acredito ter sido um grande erro, francamente, a China não estar presente. É um tema gigantesco e eles viraram as costas. Como podem fazer isso e argumentar terem alguma posição de liderança?”, declarou Biden.
A China reagiu. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país asiático, Wang Wenbin, disse que “as ações falam mais alto que as palavras” e “as ações da China em resposta às mudanças climáticas são reais”.
BRASIL
Antes respeitado em discussões internacionais sobre mudanças climáticas, o Brasil chegou à COP26 em uma posição delicada. A alta no desmatamento e as queimadas na Amazônia são criticados internacionalmente. O relatório do UBS afirma que o desmatamento é, hoje, o maior risco do Brasil.
Raoni Rajão, professor de Gestão Ambiental e Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), disse à DW que a capacidade do Brasil de influenciar foi enfraquecida no governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
“O governo Bolsonaro vive uma situação caótica sob esse ponto de vista, principalmente com o aumento do desmatamento”, falou.
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que 90% do desflorestamento da Amazônia é ilegal. De agosto de 2020 a julho de 2021, a região recebeu alertas de desmatamento em 8.700 km². A área desmatada foi praticamente o dobro do que de agosto de 2018 a julho de 2019.
Em 2020, o país registrou alta de 9,5% nas emissões puxadas pelo aumento do desmatamento, principalmente na Amazônia, conforme levantamento feito pelo SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa).
Além da energia gerada por usinas hidrelétricas, o país usa energia eólica e solar. Como mostra o relatório suíço, a energia solar passou de 0,1% da matriz elétrica em 2016 para 1,3% em 2020. Já a geração eólica saltou de 0,4% em 2010 para 9,4% em 2020.
De acordo com o documento, 86% da eletricidade produzida no Brasil vem de fontes de baixo carbono. Excluindo a geração nuclear, o total é de 84%.
Entre as 20 maiores economias globais, o Brasil possui a maior parcela de fontes de produção de eletricidade de baixo carbono (excluindo a geração nuclear). A participação do Brasil nas fontes de baixo carbono está bem acima de países como Canadá (68%), Alemanha (45%), China (29%) e Estados Unidos (20%).
As promessas do governo brasileiro registradas no PNVC (Programa Nacional de Crescimento Verde), lançado às pressas antes da COP26, não empolgaram.
O país estabeleceu meta de redução de 50% das emissões até 2030 e neutralidade climática em 2050, além da adesão à declaração sobre florestas e antecipação para 2028 do fim do desmatamento ilegal. Segundo o governo brasileiro, o objetivo do plano é “aliar o crescimento econômico ao desenvolvimento com iniciativas sustentáveis”.
Na cerimônia de lançamento, em 25 de outubro, o ministro Joaquim Leite (Meio Ambiente) afirmou que o plano “é para deixar claro como o Brasil tem R$ 400 bilhões na direção verde, investimentos e financiamentos bastante robustos se compararmos com os outros países do mundo. Temos número bastante relevante de recursos”.
Ao participar de painel promovido pela delegação brasileira na COP26 na 6ª feira (5.nov), o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou que o governo entrou de cabeça na causa verde depois do que chamou de “início hesitante”. Disse ser incorreta a imagem de que o Brasil não preserva seus recursos naturais.
“Os problemas eram de outra ordem aqui dentro, os problemas aqui eram invasão de terra, queima de propriedade. Então quando o governo tomou postura de defesa da propriedade privada, isso acabou transbordando para fora”, falou. “O que era uma guerra política interna transbordou para fora como uma imagem de um país que não preserva recursos naturais, que não é a imagem correta.”
O ministro disse que o governo pretende fazer da Amazônia uma “selva do silício”, em referência ao Vale do Silício, nos Estados Unidos, um polo de empresas de tecnologia. Segundo ele, se o Brasil conceder 20 anos de isenção de impostos para empresas como a Tesla, o Google e a Amazon, elas podem se instalar na região amazônica e transformá-la na capital mundial da bioeconomia.
Fonte e Imagem: Poder 360
Conferência deverá estabelecer base comum para o mecanismo em termos globais que seja híbrido entre livre e regulado para que as especificidades regionais possam ser respeitadas.
O mercado de carbono é uma das principais discussões que deverá chamar a atenção na COP-26. O tema energia trouxe diversos pontos como o hidrogênio e a descarbonização da matriz elétrica que possui geração a carvão como uma das principais fontes em diversos países do mundo. Com isso, a perspectiva de benefícios de um mecanismo global de precificação desse carbono seria muito interessante para o Brasil. Essa é a avaliação da advogada Maria João Rolim, do escritório Rolim, Viotti, Goulart, Cardoso Advogados.
A advogada está em Glasgow, acompanhando as discussões, e aponta que outro ponto de interesse para todos é a questão do financiamento verde, assim como já havia citado a presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, no soft opening, do Brazil Windpower 2021. Segundo Maria João, no dia que envolveu o assunto houve um clima tenso, pois sem recursos qualquer iniciativa não sai do papel. Inclusive, completa a advogada Alice Khouri, que representa o escritório em Portugal, os valores estimados inicialmente em US$ 100 bilhões deveriam ser três vezes mais elevados para que realmente façam diferença.
“Está claro que esse valor não é suficiente, é necessário que aumente o valor de aportes, para termos uma base de comparação esse volume é bem inferior ao que se tem de investimentos só para os combustíveis fósseis”, lembrou Maria João. “O setor privado já vem colocando dinheiro, mas pode fazer mais. Agora a visão é clara de que governos ainda não providenciaram fundos para a transição”, acrescentou ela em relato exclusivo à Agência CanalEnergia. E ainda, destacou que um outro problema quando as ações vão no sentido de se tornar um negócio em si, o que faz com que se perca o objetivo principal que é de evitar o aumento da temperatura média do planeta.
No caminho desse mercado de carbono a discussão passa pela evolução dos mecanismos de forma a se estabelecer uma base comum global. E, explicou Alice, essa possibilidade passa por um mercado híbrido, parcialmente livre e regulado. O livre seria um mercado voluntário onde se negocia livremente os preços, trocas, termos e que pode aumentar em uma escala global. Em paralelo há o acompanhamento de um mercado regulado. “É bem próximo do que temos no setor elétrico no Brasil com o ACR e o ACL”, comparou. “O grande papel da COP é estabelecer as bases e princípios”, apontou.
Contudo, a perspectiva é de que dificilmente se consiga alcançar esse objetivo em termos globais porque as diferenças entre os países é grande. Por isso, a possibilidade é de uma base mínima como o caminho e aí cada mercado regional com suas especificidades e experiências, já que há países onde esse mecanismo é regulamentado e em outros como o Brasil, não. Inclusive, lembrou que por aqui há um projeto em discussão prestes a ser avaliado no Congresso.
Maria João Rolim, por sua vez, ressaltou que o Brasil teria muito a ganhar com esse mercado devido às suas características da matriz elétrica limpa, muito mais renovável que na maioria dos países. Mas alertou para uma posição de metas que precisariam ser mais agressivas em relação a outras áreas como na emissão de metano e das originadas no desmatamento.
Essa questão é tratada no PL 528/2021 poderá ser votado nesta segunda-feira, 8 de novembro, às 18 horas, em sessão deliberativa, disse a relatora da proposta, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). O texto, que cria o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), teve a urgência aprovada na última quinta-feira, 04. Zambelli adiantou que vai negociar pontos da proposta que, segundo ela, não cria um mercado obrigatório em função das desigualdades regionais.
A relatora explicou que o mercado será regulado por uma terceira parte, como uma bolsa de valores, sem interferência direta governamental. E avaliou que a aprovação da proposta vai gerar uma sinalização positiva, especialmente durante a realização da Cúpula Mundial do Clima (Cop-26).
Fonte e Imagem: CanalEnergia.
Chefe do Conselho da Amazônia, Mourão deu declaração após ter participado em Brasília de reunião relacionada à COP. Metas anunciadas foram criticadas por especialistas.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta-feira (4) que o Brasil não precisa apresentar aos demais países como fará para alcançar as metas anunciadas na área ambiental. Segundo ele, isso é uma "questão interna".
Chefe do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Mourão deu a declaração em Brasília ao conceder uma entrevista à imprensa após ter se reunido por vídeo com representantes do Brasil em Glasgow (Escócia), onde acontece a conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP26.
Na última segunda (1º), o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anuncia uma nova meta climática, com redução de 50% das emissões de gases do efeito estuda até 2030. Leite, contudo, não apresentou um número real a ser atingido. Desde então, a meta tem sido criticada por especialistas.
"Eu acho que o Brasil não tem que chegar lá e apresentar o 'como fazer'. O 'como fazer' é questão interna nossa", afirmou Mourão após ter sido questionado por jornalistas sobre a falta de detalhamento da meta.
"O Brasil se comprometeu, junto com os demais países, a aumentar a redução das suas emissões, aquilo que estava previsto em 45% para 2030 passou a ser 50%. Fizemos esse aumento, entramos na questão no metano na redução de 30% das emissões, que é algo que nós já estamos fazendo aqui no nosso país", acrescentou o vice-presidente.
O presidente Jair Bolsonaro não participou presencialmente da COP, somente enviou um vídeo. Segundo Mourão, "todo mundo" iria "jogar pedra" em Bolsonaro. A Presidência atribuiu a ausência a "motivo de agenda".
Metas anunciadas pelo Brasil.
A COP teve início nesta semana sem a participação de Bolsonaro. Logo no início do encontro, o governo que apresentou uma nova meta de redução de emissões de gases do efeito estufa.
O ministro Joaquim Leite anunciou uma nova meta climática com redução das emissões de carbono "mais ambiciosa" já para 2030, com o objetivo de alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
"Apresentamos hoje uma nova meta climática, mais ambiciosa, passando de 43% para 50% até 2030; e de neutralidade de carbono até 2050, que será formalizada durante a COP26", disse o ministro na ocasião.
O Brasil também aderiu a um compromisso junto com cerca de 100 países para reduzir emissões de metano em 30% até 2030.
O metano é um gás que acelera a elevação da temperatura na Terra. É produzido no aparelho digestivo do gado e em processos naturais, porém mais da metade do gás tem origem em uma série de atividades humanas, como os resíduos de aterros e a produção de óleo e gás.
O Brasil é o quinto maior emissor global de metano por causa principalmente da pecuária, uma vez que 61% das emissões de gases do agronegócio vem da fermentação entérica do gado, emitido pelo arroto do animal.
Fonte e Imagem: Portal G1.
Durante conferência, países e instituições financeiras se comprometeram a aumentar energia limpa e garantir transição.
No dia da energia, mais um passo foi dado em prol da transição energética e pelo fim do uso do carvão como insumo energético. Pelo menos 23 países incluindo Indonésia, Vietnã, Polônia, Coréia do Sul, Egito, Espanha, Nepal, Cingapura, Chile e Ucrânia fizeram novos compromissos para eliminar a energia vinda do carvão. Em uma nova ‘Declaração de Transição do Carvão Global para Energia Limpa’, os países também se comprometeram a aumentar a energia limpa e garantir uma transição justa para o carvão. Bancos e instituições financeiras como HSBC, Fidelity International e Ethos também assumiram compromissos na COP 26 para encerrar o financiamento do carvão até o fim desse ano.
China, Japão e Coréia do Sul, os maiores financiadores globais de carvão, não aderiram a iniciativa, mas já haviam acertado encerrar o financiamento de carvão no exterior e a indicação é que todo o financiamento público internacional significativo para a energia a carvão foi efetivamente encerrado. Além disso, um grupo de 25 países, incluindo Itália, Canadá, Estados Unidos e Dinamarca, juntamente com instituições financeiras públicas, assinou uma declaração conjunta liderada pelo Reino Unido se comprometendo a encerrar o apoio público internacional para o setor de energia de combustível fóssil até o final de 2022 e, em vez disso, priorizar o apoio à transição para energia limpa.
O presidente da Conferência, Alok Sharma, anunciou a nova Declaração de Transição de Energia Limpa Global, um compromisso de acabar com os investimentos em carvão, aumentar a energia limpa, fazer uma transição justa e eliminar o carvão até 2030 nas principais economias e até 2040 nos outros lugares. De acordo com ele, tudo isso ajuda a impulsionar o mundo para Net-Zero. Segundo ele, é sabido que há mais a ser feito, mas todos os agentes devem continuar construindo o momento por meio de alianças e coalizões. Para Sharma, o carvão está sendo deixado de lado na história.
É a primeira vez que uma presidência da COP prioriza essa questão e define uma data final ousada para o financiamento internacional de combustíveis fósseis. A COP26 enviou um sinal claro para os investidores privados seguirem adiante. Esse movimento pode deslocar cerca de US$ 17,8 bilhões por ano em apoio público de combustíveis fósseis para a transição de energia limpa. Países em desenvolvimento, incluindo Etiópia, Fiji e Ilhas Marshall, ofereceram seu apoio, sinalizando uma unidade crescente. Esta é uma agenda inclusiva que deve reconhecer as necessidades de desenvolvimento e energia de todas as economias.
Outros 28 novos membros também se inscreveram na maior aliança do mundo para a eliminação progressiva do carvão, a The Powering Past Coal Alliance, lançada e co-presidida pelo Reino Unido e Canadá. Os novos membros incluem Chile e Cingapura, juntando-se a mais de 160 países, subnacionais e empresas. Houve ainda o anúncio de 20 novos países, incluindo Vietnã, Marrocos e Polônia, que se comprometeram a não construir novas usinas a carvão. Nos últimos seis anos, houve uma queda de 76% no número de novas usinas dessa fonte planejadas globalmente, desde que o Acordo de Paris foi adotado. Isso equivale ao cancelamento de mais de 1.000 GW de novas usinas a carvão.
As principais economias emergentes hoje tomaram medidas significativas para passar do carvão à energia limpa. Índia, Indonésia, Filipinas e África do Sul anunciaram parcerias com os Fundos de Investimento do Clima para acelerar suas transições para longe da energia do carvão, apoiadas por uma instalação dedicada de US$ 2 bilhões. A Indonésia e as Filipinas anunciaram parcerias pioneiras com o Banco Asiático de Desenvolvimento para apoiar a aposentadoria antecipada de usinas de carvão.
De acordo com Damilola Ogunbiyi, Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para Energia Sustentável para Todos, o setor de energia é responsável por 2/3 das emissões de gases de efeito estufa. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, uma média de US$ 423 bilhões de fundos públicos são gastos todos os anos em subsídios para combustíveis fósseis e, mesmo com compromissos internacionais, os subsídios não estão sendo eliminados, mas estão aumentando.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Brasil firma acordo global para reduzir a emissão de carbono até 2030, todavia o país apenas voltou à meta apresentada em 2015. Já pacto para redução de metano garante sucesso mínimo da conferência.
O Brasil firmou importantes compromissos durante a 26ª edição da Conferência das Partes, a COP26, que está acontecendo em Glasgow, na Escócia, entre eles, de meta de reduzir a emissão de carbono em 50%, mas especialistas veem anúncio do governo brasileiro como um tipo de “pedalada climática” na tentativa de passar uma imagem de ambição ambiental ao mundo.
O anúncio feito por vídeo no pavilhão do Brasil na COP26 pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, foi o mais criticado. O governo prometeu elevar a meta de corte de emissões de gases de efeito estufa em 2030 de 43% para 50% em relação aos níveis de 2005 e pretende, entre outras coisas, restaurar e reflorestar 18 milhões de hectares de florestas até 2030 e alcançar a participação de 45% a 50% das energias renováveis na composição da matriz energética.
Entretanto, especialistas consideram isso uma espécie de “pedalada climática”, pois o que o Brasil fez foi voltar à meta que tinha sido apresentada em 2015 pela ex-presidente Dilma Rousseff. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuhy, essa foi uma jogada de marketing.
“O que tivemos foi uma ‘pedalada climática’. O governo diminuiu 400 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e) da meta e às vésperas da COP26 retornou esse valor como sendo ambição climática, mas na verdade nada mudou”.
O que preocupa Bocuhy é o fato de o Brasil não ter capacidade operacional para manter suas metas e também porque “o Brasil destruiu o sistema de gestão participativa, o Conama, acabando com grande parte da normativa ambiental”.
O Observatório do Clima, em nota, disse que o ministro não esclareceu qual será a base de cálculo utilizada para a atualização, mas ela pode reduzir à metade ou eliminar a chamada “pedalada de carbono”, a regressão na ambição da NDC – a meta nacional no Acordo de Paris – proposta em 2020 pelo governo Jair Bolsonaro, que resultaria numa emissão adicional de 400 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e) em relação à meta anunciada em 2015 por Dilma Rousseff.
A especialista em gestão socioambiental da Synergia, Gabriela Goulart, acrescenta que os números absolutos de redução de carbono do inventário de emissões não estavam claros sobre as metas brasileiras. Já em relação ao plano de zerar as emissões em 2050, a executiva, afirma que faltou ao Brasil detalhar melhor como isso será feito.
“Sobre a neutralização das emissões até 2050, até hoje nunca foi formalizada uma política. O governo teria que apresentar medidas como a diminuição das emissões e mudanças sistêmicas, investimentos em energias renováveis, agroecologia, ou seja, isso um programa de política mínima para apresentar”, afirma Goulart.
Biometano entra na pauta internacional
Sobre as emissões de metano, o governo brasileiro reconheceu desde o encontro do G-20 que o gás na atmosfera representa uma contribuição significativa para as mudanças climáticas e que a redução pode ser uma das formas mais rápidas, viáveis e econômicas de limitar as mudanças climáticas e seus impactos. Entretanto, a fonte nunca entrou com relevância na matriz energética.
Gabriela Goulart, da Synergia, lembra que embora desapareça mais rápido da atmosfera do que o gás carbônico, o metano tem um potencial de aquecimento cerca de 25 vezes maior, por isso a importância de um olhar diferenciado a esse gás no meio ambiente. Desta maneira, o Brasil se junta a um grupo de quase 100 países em um esforço liderado pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE) para reduzir as emissões deste potente gás de efeito estufa e manter a temperatura global limitada a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.
Hoje, boa parte das emissões brasileiras de metano vem principalmente do setor agropecuário, já que o Brasil é um dos principais exportadores de carne bovina do mundo. Nos cálculos da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o Brasil tem um potencial de 41,9 bilhões de Nm³/ano, isso equivale a aproximadamente 16 GW de capacidade instalada.
A meta da entidade é chegar a 30 milhões de m³/dia de biometano e investimentos de mais de R$ 10 bilhões em novos projetos. O presidente da associação, Alessandro Gardemann, que está na COP26, acredita que é preciso atuar na agroindústria e no saneamento, capturando o metano para produção do energético.
“Queremos transformar estes setores em fábricas de produção de gás, para produzir energia elétrica, energia térmica, combustível, biometano (gás natural equivalente intercambiável) e biofertilizante”.
Para Carlos Bocuhy, do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, a questão do biometano no Brasil avance, depende mais do setor privado do que do setor público. “O governo pode estimular o setor privado, mas quem de fato põe a mão na massa é a iniciativa privada. É claro que para o setor privado interessa avançar em regularidade ambiental, porque o Brasil já vem sendo prejudicado no comércio internacional por conta da dificuldade com as commodities”.
Fonte e Imagem: Canal Energia
De 2015 a 2021, financiamentos do banco evitaram emissões de 52 milhões de toneladas de gases-estufa.
O comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estará na próxima semana na COP-26, em Glasgow, na Escócia. O objetivo será apresentar a instituição como “canal mobilizador” de recursos para “investimentos e financiamentos climáticos no Brasil”, informou seu diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental, Bruno Aranha. Na semana passada, foi lançado pelo governo federal o Plano Nacional de Crescimento Verde (PNCV), que procura aliar a redução de emissões de gases do efeito-estufa à preservação de florestas e ao uso racional de recursos naturais. O Ministério da Economia anunciou R$ 400 bilhões em linhas de crédito para esses projetos. Desse valor, R$ 120 bilhões serão do BNDES para os próximos cinco anos. Apenas os investimentos em energia renovável deverão receber R$ 40 bilhões.
Segundo a instituição, de 2015, quando foi assinado o Acordo de Paris, para cá, o apoio do BNDES a investimentos em energia, florestas e mobilidade urbana evitaram que 52 milhões de toneladas de gases do efeito-estufa, medidas em dióxido de carbono equivalente (CO2e), fossem para a atmosfera. Aranha disse que esse montante equivale a 19 anos de gases emitidos só por carros em São Paulo. Ou às emissões de Paris ao longo de dez anos. A maioria foi evitada com investimentos em energia. Foram 48 milhões de toneladas de CO2e que não foram para o ambiente. Os projetos de mobilidade urbana e de preservação de florestas evitaram a emissão de 3,5 milhões de toneladas CO2e e 455 mil toneladas de CO2e, respectivamente.
Ao todo, o BNDES aprovou R$ 36,1 bilhões em operações diretas de crédito. As aprovações ocorreram de 2015 a 2020. Financiaram os investimentos que evitaram essas emissões. “Nossa principal meta na conferência é mostrar que o BNDES é um canal mobilizador de recursos para investimentos e financiamentos climáticos no Brasil”, afirmou Aranha.
O diretor disse que a instituição tem “conhecimento técnico”, conhece a “realidade de negócios do País” e está próximo dos projetos de investimento. O banco também estrutura concessões e parcerias público-privadas. Também mobiliza recursos e instrumentos para financiar investimentos em desenvolvimento sustentável, explicou.
“O banco também pode prover veículos financeiros para atrair esses recursos para o Brasil. O banco foi pioneiro na emissão de ‘green bonds’ (títulos verdes) em 2017. Depois, emitiu Letras Financeiras (LFs) verdes, em 2020”, disse Aranha. Ele acrescentou que o BNDES também quer “desenvolver o mercado de carbono no Brasil”.
Tradicional financiador do setor elétrico, o BNDES anunciou recentemente que não financiará mais projetos de termelétricas a carvão. Trata-se de um dos combustíveis mais poluentes. É considerado uma das principais fontes de emissão de gases do efeito-estufa. O banco também tem tradição no financiamento de projetos de energia renovável. Foi assim na energia eólica. O banco subsidiou, com juros mais baixos, os investimentos pioneiros na produção energética a partir do vento, no início dos anos 2000.
De acordo com Aranha, o BNDES pretende continuar a fomentar novas tecnologias. Mas agora os subsídios tendem a ficar com o Tesouro Nacional. Estarão previstos no Orçamento. Não integrarão os juros oferecidos pelo banco. O executivo reconheceu a importância de investimentos privados e públicos no desenvolvimento inicial de tecnologias.
“A parte do setor público pode ser através de subsídios diretamente providos pelo governo, dentro de uma realidade que o governo entenda que caiba no bolso dele. Temos desenvolvimentos que estão na fronteira, como o hidrogênio verde”, afirmou Aranha.
Na área de preservação ambiental e dos mercados de crédito de carbono, o diretor destacou o papel articulador do BNDES. No lado da “oferta”, o banco trabalha atualmente na estruturação de projetos de concessão de florestas nacionais e de parques nacionais. Poderão gerar créditos de carbono no futuro. Na ponta da demanda, seguirá próximo de setores que buscam financiamento para seus investimentos e precisarão compensar as suas emissões. Poderão fazê-lo com créditos de carbono.
Fonte e Imagem: Estadão
Segundo Joaquim Pereira Leite, o plano de combate ao desmatamento tem dois "destaques importantes: o pagamento de serviços ambientais, para remunerar quem cuida de floresta, e o mais contundente, de ações de comando e controle".
Logo depois do anúncio do aumento da meta climática brasileira, de 43% para 50% em 2030 em relação aos níveis de 2005, o ministro de Meio Ambiente Joaquim Pereira Leite disse, em outro evento, que o plano de combate ao desmatamento tem dois "destaques importantes: o pagamento de serviços ambientais, para remunerar quem cuida de floresta, e o mais contundente, de ações de comando e controle".
Leite falou no auditório da Confederação Nacional da Indústria, a CNI, em Brasília, e espelhado no estande do governo brasileiro montado na COP26. O ministro, que é o chefe da delegação brasileira, chega a Glasgow na semana que vem.
As outras vertentes do plano são o ordenamento territorial, a regularização fundiária e a bioeconomia, disse o ministro.
Em entrevista ao Valor, o secretário adjunto de Clima e Relações Internacionais Marcelo Donnini Freire esclareceu a grande dúvida sobre a base de redução das emissões brasileiras: "É o quarto inventário nacional, que é o mais recente", disse.
No anúncio da meta, o ministro do Meio Ambiente não detalhou a base do compromisso, o que gerou confusão sobre o nível de ambição da meta brasileira. Também não falou em recursos.
Cronograma do desmatamento.
Segundo Donnini Freire, o cronograma para combater o desmatamento ilegal estabelece 15% ao ano, a partir de 2022 até 2024. Depois, 40% em 2025 e 2026. E 50% em 2027, atingindo a meta de zerar o desmatamento ilegal em 2028, dois anos antes do que previamente anunciado pelo governo.
"Em parte o que apresentamos aqui são diretrizes para que se estabeleça uma estratégia", seguiu. "O que trouxemos foi um balanço das atividades realizadas até 2020 e iniciativas além do que estava previsto", seguiu.
Na estratégia de clima foram citados o plano ABC +, metas do Ministério das Minas e Energia, menção à bioenergia, a desativação de mais de 600 lixões desde 2019. O plano de ferrovias do Ministério da Infraestrutura também faz parte da estratégia.
No painel com Pereira Leite, a secretária de Amazônia, Marta Giannichi, disse que o tema climático é tratado "de maneira transversal no governo". Ela deu números da atuação no combate ao desmatamento: 700 homens da Força Nacional, 3200 do Ibama e do IcmBio, 15 caminhões especiais dos bombeiros para combate ao fogo. Foram exibidas fotos com o ministro e equipe na Amazônia.
Não se falou na provisão de orçamento para as ações. Nem no fato de o desmatamento na Amazônia estar em níveis elevados e o governo ainda não ter revelado os números oficiais do desmatamento em 2020, segundo o sistema Prodes, do Inpe.
O Valor pediu entrevista à diretora Marta Giannichi para esclarecimentos sobre o plano de combate ao desmatamento, que foi colocado no site do MMA quase duas horas depois do anúncio e tem 70 páginas. A parte dedicada ao desmatamento inicia com ações para o período 2020-2023.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
O presidente enviou um vídeo de menos de três minutos e não está presente na conferência.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não está na COP26, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Ele enviou um vídeo de menos de três minutos com mensagens para o evento.
Em seu discurso, Bolsonaro diz que o “Brasil é uma potência verde” e que no combate à mudança do clima “sempre fomos parte da solução, não do problema”.
Ele afirmou que o país tem linhas de crédito para projetos verdes em “em áreas como conservação e restauração florestal, agricultura de baixas emissões, energia renovável, saneamento, transporte e tecnologia da informação” – o que subsidiaria a nova meta de redução de gases de efeito estufa em 50%, prometido pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, na COP26.
Bolsonaro não citou desmatamento nem Amazônia.
O Brasil é uma potência verde. Temos a maior biodiversidade do planeta, a maior e mais rica cobertura florestal e uma das maiores áreas oceânicas. No combate à mudança do clima, sempre fomos parte da solução, não do problema.
Na semana passada, lancei as bases do Programa Nacional de Crescimento Verde, que traz as preocupações ambientais para o centro da agenda econômica. Ao promover uma “economia verde”, o Programa vai orientar as ações de proteção e conservação do meio ambiente por meio de incentivos econômicos, direcionando recursos e atraindo investimentos. Com isso, vamos favorecer ações e projetos de conservação da floresta, uso racional dos recursos naturais, redução de emissões de gases de efeito estufa e, principalmente, geração de “empregos verdes”.
Atualmente, o Governo Federal conta com linhas de crédito e investimentos que, somadas, superam a casa dos cinquenta bilhões de dólares. Esse montante é oferecido para projetos “verdes”, em áreas como conservação e restauração florestal, agricultura de baixas emissões, energia renovável, saneamento, transporte e tecnologia da informação. Esses recursos vão impulsionar a economia, gerar emprego, e contribuir para consolidar o Brasil como a maior “economia verde” do mundo.
Nossa iniciativa está em linha com a resposta global à mudança do clima. Promove o desenvolvimento sustentável com baixas emissões e busca a erradicação da pobreza, garantindo a produção de alimentos em larga escala, tão importante para a segurança alimentar global.
Vamos agir com responsabilidade, buscando soluções reais para uma transição que se faz urgente. Vamos oferecer melhor qualidade de vida a todos os brasileiros. Assim vamos, também, contribuir para melhorar a qualidade de vida em todo o planeta.
Repito minha mensagem a todos que participam da COP-26 e ao povo brasileiro: o Brasil é parte da solução para superar esse desafio global. Os resultados alcançados por nosso país até 2020 demonstram que podemos ser ainda mais ambiciosos. Por isso, autorizei o Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, a apresentar durante a COP-26 novas metas climáticas.
Fonte e Imagem: CNN Brasil
Dos cinco setores da economia que respondem pela virtual totalidade das emissões do Brasil, três tiveram alta, um teve queda e um permaneceu estável.
As emissões brasileiras de gases de efeito estufa em 2020 cresceram 9,5%, puxadas pela alta do desmatamento, principalmente na Amazônia. É um dado na contramão do que ocorreu no mundo, que registrou queda das emissões em quase 7% em função da pandemia. devido à pandemia de covid-19. O Brasil, em 2020, registrou o maior volume de emissões desde 2006.
Estas são as últimas estimativas do SEEG, o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, do Observatório do Clima. Anualmente o SEEG calcula as emissões brasileiras. Esta é a nona edição e foi lançada nesta quinta-feira (28). O SEEG calculou em 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e) as emissões nacionais brutas em 2020. Foram 1,97 bilhão em 2019.
"Com o aumento da emissão e a queda de 4,1% no PIB, o Brasil ficou mais pobre e poluiu mais", diz a nota enviada à imprensa.
Descontando a remoção de carbono da atmosfera pelas florestas secundárias e as áreas protegidas (unidades de conservação e terras indígenas), as emissões líquidas do Brasil em 2020 foram de 1,52 GtCO2e, o que representou um aumento de 14% em relação a 2019.
Dos cinco setores da economia que respondem pela virtual totalidade das emissões do Brasil, três tiveram alta, um teve queda e um permaneceu estável, diz a nota à imprensa.
O setor de energia, que respondeu por 18% das emissões brasileiras em 2020 teve queda de 4,6%. Isso ocorreu em resposta direta à pandemia, que nos primeiros meses de 2020 reduziu o transporte de passageiros, a produção da indústria e a geração de eletricidade", explica a nota.
As emissões da agropecuária registraram alta, de 2,5%, a maior desde 2010. Se a crise diminuiu o consumo de carne, com uma redução de quase 8% no abate de bovinos, isso também aumentou em 2,6 milhões de cabeças o rebanho nacional. As emissões de metano por fermentação entérica (o arroto do boi) também cresceram.
O setor de resíduos também registrou alta nas emissões com 1,8% a mais. Os processos industriais, representados sobretudo pela fabricação de aço e cimento, atividades altamente emissoras, permaneceram estáveis em suas emissões na pandemia.
O desmatamento na Amazônia e no Cerrado — que, somados, perfazem quase 90% das emissões de uso da terra — foi o grande responsável por emissões de 998 milhões de toneladas de CO2e em 2020, um aumento de 24% em relação a 2019.
“Mudança de uso da terra mais uma vez desponta como a principal fonte de emissão do Brasil. 2020 foi o ano que tivemos as maiores emissões do setor em 11 anos, um reflexo claro do desmonte em curso da política ambiental, que tem favorecido a retomada das altas taxas de desmatamento”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), organização responsável pelo cálculo de emissões do setor no SEEG.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
Projeções apontam mais US$ 14 bilhões entre 2021 e 2024, somando quase US$ 50 bilhões desde o começo da década passada, representando 11% da matriz energética.
Na última década, as plantas de energia eólica receberam investimentos próximos a US$ 35,8 bilhões, o que permitiu ao setor multiplicar em quase 11 vezes sua capacidade instalada, saindo de 1.524 megawatts (MW) em 2011 para 17.747 MW em 2020, segundo Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Atualmente, com 726 parques eólicos em operação, dos quais 630 em Estados nordestinos, e potência instalada de 19.103 MW, representando perto de 11% da capacidade total do sistema elétrico brasileiro, a indústria do setor engatilha investimentos de US$ 14 bilhões entre este ano e 2024, atingindo quase US$ 49,8 bilhões desde o começo da década passada.
Os novos projetos deverão elevar a capacidade para 30.203 MW no fim de 2024, acrescentando 12.456 MW em quatro anos, num avanço de 70,2% sobre 2020. “Os investimentos em fontes renováveis não convencionais (categoria que inclui eólica, solar e parte da biomassa) apresentam trajetória virtuosa de crescimento, sob liderança da eólica”, afirma Gannoum, lembrando que em 2009, quando foram iniciados os leilões exclusivos para a fonte eólica, o setor respondia por menos de 1% da potência total do sistema.
A arrancada ganhou fôlego renovado a partir de 2018, com o aquecimento do mercado livre, movimentado, segundo ela, pelo número crescente de contratos firmados entre parques eólicos e grandes empresas em busca de fontes limpas e renováveis e pelo barateamento nos custos. “Nos leilões de 2017, nossa energia tornou-se a mais barata e foi negociada a R$ 98 por megawatt/hora”, diz Gannoum. Entre 2018 e 2019, as vendas no ambiente de livre contratação responderam por 75% da energia produzida. No ano passado, diante da suspensão dos leilões no ambiente regulado, toda a energia nova gerada pelo setor foi negociada no mercado livre.
Em plena “safra dos ventos”, que vai de julho a novembro, os parques em operação “estão salvando o Brasil de um racionamento”, diz a executiva. A energia entregue pelo setor chegou a representar um quinto da demanda de todo o Sistema Integrado Nacional (SIN). No dia 21 de julho, a energia eólica respondeu por 99,9% da demanda da região Nordeste, significando o fornecimento de 11.094 MW médios no dia.
Na visão de Cláudio Gonçalves e de Rubens Bruncek Ferreira, respectivamente sócio e especialista sênior da Kearney, as fontes de energia renováveis, com destaque para as fontes eólica e solar, vão continuar a desempenhar papel fundamental para o bom funcionamento do sistema elétrico. A busca por sustentabilidade no setor corporativo, prossegue Gonçalves, sugere um “clima propício para a continuidade dos avanços na geração eólica e solar como fontes complementares”. Ambos ponderam, no entanto, que o sistema de geração “precisa ter energia firme em sua base para compensar a intermitência” daquelas fontes.
Um mecanismo de regulação que preveja remuneração para a energia armazenada em baterias ajudaria a reduzir esse caráter intermitente, diz Roberta Bonomi, presidente da Enel Green Power. O uso de baterias, tecnologia disponível, mas não aplicada nos parques brasileiros, ajudaria a prevenir problemas de interrupção da geração como os ocorridos em julho e agosto, quando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) determinou cortes durante alguns períodos por conta de gargalos na transmissão. “O ciclo da geração eólica e solar é mais curto do que o ciclo da transmissão. É preciso que a transmissão siga um planejamento antecipado em direção a um sistema mais moderno e mais estável.”
Maior produtora de energia eólica e solar do país, com potência instalada de 1.498 MW em suas plantas eólicas e mais 979 MW em energia solar, a Enel Green Power investiu em torno de R$ 11 bilhões entre 2016 e 2020 em projetos de energia limpa, multiplicando sua capacidade por seis no período. Mais R$ 5,6 bilhões estão sendo investidos em quatro empreendimentos eólicos e um solar, todos em fase final de construção, somando uma potência instalada adicional de 1,3 gigawatts.
Num investimento pouco abaixo de R$ 1,6 bilhão, o parque eólico de Campo Largo 2, na Bahia, entrou em operação comercial no começo de fevereiro, com a montagem e o comissionamento dos 86 aerogeradores concluídos em agosto, segundo Eduardo Sattamini, diretor-presidente e de relações com investidores da Engie Brasil Energia. O projeto acrescentou 361,2 MW ao portfólio da empresa, elevando sua capacidade instalada para 1,26 GW apenas no setor eólico. No Rio Grande do Norte, a empresa prevê investir R$ 2,3 bilhões no Conjunto Eólico Santo Agostinho, o maior da Engie no país, com capacidade instalada de 434 MW e entrada em operação comercial prevista para março de 2023.
A CPFL colocou em operação no dia 30 de setembro o Complexo Gameleira, instalado no Rio Grande do Norte, num conjunto de quatro parques eólicos com capacidade total para 81,65 MW. O projeto, segundo José Alexandre Almeida Serra, diretor de engenharia e obras da elétrica, contempla 23 aerogeradores e 12 quilômetros de linhas de transmissão. A empresa passa a somar 49 parques eólicos, dos quais 12 no Ceará, 33 no Rio Grande do Norte e quatro no Rio Grande do Sul. A geração eólica corresponde atualmente a pouco mais de 30% da capacidade total da CPFL, próxima de 4.386 MW.
A Casa dos Ventos disparou investimentos de R$ 7,5 bilhões para colocar em operação três parques eólicos com capacidade somada de 1.549,2 MW, diz Lucas Araripe, diretor de novos negócios da companhia. O primeiro deles, o Complexo Eólico Folha Larga Sul, iniciou a operação em abril de 2020, em Campo Formoso, na Bahia, com potência para 15,2 MW. Ainda neste semestre, deverá entrar em funcionamento a primeira fase do Complexo Eólico Rio do Vento, no Rio Grande do Norte, com capacidade para 504 MW. A segunda etapa, com potência prevista de 534 MW, iniciará a entrega de energia em 2023. Localizado na região de Morro do Chapéu, na Bahia, o Complexo Eólico Babilônia Sul deverá entrar em operação em 2022, com 360 MW de potência instalada. A empresa decidiu investir ainda em três novos complexos eólicos entre 2024 e 2025, acrescentando 1,5 GW e dobrando a capacidade atual.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
Relatório do deputado Édio Lopes foi discutido em reunião nesta quarta-feira, 27.
O relatório do deputado Édio Lopes (PL-RR) ao Projeto de Lei 1917, conhecido como PL da Portabilidade da conta de luz, deve ser votado na comissão especial que analisa o tema no dia 9 de novembro. O acordo para a votação foi fechado em reunião da comissão nesta quarta-feira, 27 de outubro, quando ficou acertado também que os destaques ao texto base poderão ser apresentados pelos parlamentares até o próximo dia 5.
O parecer divulgado em 28 de setembro por Lopes ganhou uma nova versão um mês depois, a partir de negociações com os partidos e com o governo. A ideia era discutir e votar hoje o texto base do projeto que altera o modelo comercial do setor elétrico, deixando os destaques para a semana que vem.
Um dos pontos que causa alguma apreensão em quem defende abertura mais rápida do setor é o dispositivo que amplia para 72 meses o prazo de extinção do requisito mínimo de carga para migração para o mercado livre de unidades consumidoras atendidas em tensão inferior a 2,3 kV. O prazo é maior que o do PL 414 e dos próprio calendário do governo.
Como o relatório já estava disponível desde terça-feira, 26, Lopes fez uma complementação de voto com alterações de redação e com um item relacionado a atributos de fontes renováveis na contratação regulada e de reserva de capacidade. Segundo ele, esse item não implica aumento de tarifa.
O deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA) afirmou que o governo não vai apresentar nenhum destaque ao relatório, já que o parecer atendeu 95% dos pontos discutidos com o Ministério de Minas e Energia.
O MME tem defendido a junção do PL 1917 com o PL 414, que veio do Senado e também trata de temas da modernização do setor, como eliminação de barreiras de acesso ao mercado livre; mudanças na forma de contratação, com separação de lastro e energia; tratamento para os contratos das distribuidoras e alteração na alocação de custos e riscos. A preferência, no entanto, é pela proposta já aprovada pelos senadores.
O deputado Paulo Ganime (Novo-RJ) disse que apoia o texto, mas fez uma ressalva à proposta de abertura de mercado. O parlamentar disse que ela não prevê uma transição e apenas dá 72 meses para que o governo tome uma decisão, deixando na mão do Executivo um prazo de seis anos, sem estabelecer qualquer obrigação.
Apesar da preocupação com esse ponto especifico e outras questões relacionadas aos custos de migração de consumidores para o mercado livre, ele considera que o projeto tinha muitas divergências, que foram sanadas pelo relator, avançando em questões importantes com a separação de lastro e energia.
Ganime destacou o PL 414, que por decisão do presidente da Câmara terá uma tramitação paralela ao PL 1917 e pode avançar no plenário por questões politicas, e não técnicas. “Isso preocupa a todos aqui que acompanham os debates do setor.”
Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) fez uma serie de críticas a pontos do relatório, entre eles o próprio prazo de abertura de mercado e a manutenção dos custos também para quem migrar para o mercado livre.
Para o deputado, o texto do relator suprimiu a portabilidade da conta de luz. Ele também criticou o detalhamento de alguns pontos por regulamentação infralegal, a figura do comercializador varejista, e falou em um rombo de R$ 3,5 bilhões por mês a ser coberto pelo encargo a ser criado para cobrir o custo da saída de consumidores do mercado regulado. Acrescentou que esse valor pode chegar a R$ 10 bilhões.
Fonte e Imagem: Canal Energia
O Observatório do Clima vai protocolar, nesta quinta-feira (28), uma ação civil pública na Justiça Federal do Amazonas contra a União e o Ministério do Meio Ambiente, para cobrar a atualização do Plano Nacional sobre Mudança do Clima.
Por meio de nota, o Observatório, que reúne 70 organizações ligadas à área ambiental, institutos de pesquisa e movimentos sociais, afirmou que o plano, lançado em 2008, funciona como uma “espinha dorsal das políticas públicas de redução de gases-estufa no Brasil”, mas nunca foi atualizado. Dessa forma, não reflete nem as necessidades do Acordo de Paris de estabilizar o aquecimento global em 1,5ºC, nem os recentes alertas da ciência sobre a urgência em produzir cortes drásticos de emissões em todos os países.
“A ação pleiteia um plano atualizado, consistente e detalhado, condizente com redução das emissões brasileiras, considerando todos os setores da economia, em conformidade com a legislação vigente, dentro de prazo razoável a ser fixado em juízo”, diz Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima.
O limite de 1,5°C em relação à era pré-industrial está disposto no Acordo de Paris. A meta é importante para tentar controlar o superaquecimento da Terra. Relatório divulgado em agosto pelo IPCC, o painel do clima da ONU, aponta que, do aquecimento de 1,09ºC observado hoje, 1,07ºC provavelmente deriva de ações humanas, como queima de combustíveis fósseis e desmatamento.
O Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, com 3,2% do total. Se os 28 países da União Europeia não forem computados em bloco, as emissões brasileiras passam para o quinto lugar. As emissões per capita do Brasil são também maiores que a média mundial. Em 2019, a média de emissões brutas de CO2 por brasileiro foi de 10,4 toneladas, enquanto a média mundial era 7,1.
Segundo o Observatório do Clima, mudar esse cenário implica colocar em prática a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), instituída por lei federal em 2009. Essa lei formaliza compromissos internacionais assumidos pelo país para redução de suas emissões e traz objetivos claros para que se promova “o desenvolvimento econômico-social de maneira compatível com a proteção do sistema climático”.
Para cumprir essa política é preciso executar o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que inclui ações para a prevenção e o controle do desmatamento e medidas setoriais de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas.
A principal meta da PNMC, de reduzir o desmatamento na Amazônia em 80% em 2020 em relação à média verificada entre 1996 e 2005, não foi cumprida. O desmonte do combate ao desmatamento pelo governo Jair Bolsonaro fez com que a devastação em 2020 ficasse 176% acima do exigido pela lei.
Em relação às metas do Acordo de Paris, o Brasil também regrediu em termos de ambição climática. Segundo o Observatório, o compromisso apresentado em 2020 colide com o próprio texto do acordo, ao permitir que o país chegue a 2030 emitindo 400 milhões de toneladas de CO2e a mais que o proposto em 2015 - a chamada pedalada climática.
O texto da petição detalha oito principais casos de litígio climático em diferentes países, em situações similares a de atualização do Plano para evidenciar a legitimidade da demanda e, principalmente, do Judiciário em responder a esse tipo de desafio.
“Estamos indo à Justiça para obrigar o governo a fazer o mínimo que qualquer governo deveria fazer, que é proteger seus cidadãos dos impactos presentes e futuros da crise climática”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “O Brasil não é apenas um dos maiores vilões da mudança do clima, mas também uma de suas principais vítimas. Deveríamos ter um plano de clima consistente com a urgência apontada pela ciência não para cumprir obrigações internacionais, mas para ajudar a evitar tragédias como a crise hídrica atual e impulsionar nossa economia, já que, no Brasil, agir no clima também significa gerar emprego e renda. Infelizmente não podemos esperar que o regime Bolsonaro e os líderes do atual Congresso Nacional atuem em favor do país, então, estamos recorrendo ao Judiciário para isso.”
Fonte e Imagem: Estadão
A licença ambiental como moeda. Só faz sentido exigir o licenciamento para projetos que de fato se tornarão realidade.
A crise hídrica que o país atravessa reacende a necessidade de novos projetos de geração de energia elétrica, capazes de afastar a ameaça do racionamento. Nessas circunstâncias, ganha força a realização de mais leilões de energia ou de reserva de capacidade, modalidade de contratação que pode ocorrer de forma extraordinária e simplificada, conforme MP 1.055/2021, que instituiu a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG).
Embora a conjuntura recomende urgência, a participação nesses leilões está condicionada, naturalmente, ao cumprimento de requisitos como demonstração de saúde financeira, qualificação técnico-jurídica e licenciamento ambiental. Mas o que seria à primeira vista uma proteção ao meio ambiente e ao mercado, a exigência de que os projetos tenham ao menos licença prévia para participar dos certames, cria disfuncionalidades que oneram o setor público e os empreendedores e atravancam a competição.
Licença antecipada simula a virtude da proteção do ambiente e não resguarda o mercado dos aventureiros.
O licenciamento tem tradicionalmente três fases: a licença prévia (LP), que aprova a concepção e a localização do projeto; a licença de instalação (LI), que permite sua implantação; e a licença de operação (LO), que autoriza a exploração da atividade. Como a proteção ao meio ambiente é matéria de competência concorrente, o licenciamento pode ser realizado por órgãos estaduais ou pelo Ibama - nos casos de projetos de grande porte ou elevado potencial de dano.
De acordo com a Resolução Conama 237/1997, o prazo máximo para obtenção de LP junto ao Ibama é de doze meses. Contudo, dado o elevado número de projetos submetidos, o contingente reduzido de servidores nas repartições ambientais, sua usual falta de recursos e acanhada infraestrutura, não é incomum que os doze meses sejam ultrapassados.
Em consequência, para que um projeto obtenha a LP - condição mínima ambiental para participar dos leilões - os empreendedores devem apresentá-lo aos órgãos ambientais com pelo menos um ano de antecedência. A incerteza sobre as datas dos certames ajuda a impulsionar essa corrida pelo licenciamento, gerando um ciclo vicioso que sobrecarrega as instituições ambientais e adiciona custos significativos e desnecessários aos projetos, antes mesmo da disputa. E sem sequer saber se serão, de fato, executados.
A exigência não só abarrotou os órgãos ambientais, que deixam de lado tarefas concretas para cuidar de empreendimentos potenciais, mas criou um mercado paralelo no qual projetos com licença são comercializados como produtos. O prazo habitualmente exíguo entre o anúncio dos certames e o cadastramento valorizou ainda mais essas licenças, transformando-as em uma moeda que torna projetos atrativos independentemente de seus méritos técnicos e econômicos.
Nesse comércio, empresas especializadas concebem projetos que, após licenciados, são vendidos quando um leilão se aproxima. Dois fatos tornam essa realidade ainda mais sui generis, pois após o leilão esses projetos são: usualmente modificados para que se adaptem à realidade técnica e econômica e submetidos, necessariamente, a nova etapa de licenciamento.
A concessão de licenças para empreendimentos de papel também gera reserva de mercado, pois compromete as cotas de uso local de recursos hídricos e de emissão de particulados. Enquanto a licença concedida a um empreendimento hipotético for válida, não será possível o licenciamento de outro naquela localidade, de modo a evitar que o nível admitido de impacto ao meio ambiente seja ultrapassado. É o caso de Macaé-RJ, com 12 GW de térmicas já licenciadas, o que representa mais da metade da capacidade térmica total a gás natural instalada no país. Isso num único município.
Uma simples consulta à base de dados on-line do Ibama evidencia o elevado número de empreendimentos que requerem LP e não saem do papel. Dos 94 projetos de usinas hidrelétricas, apenas 54 alcançaram a etapa de operação. No caso das termelétricas, a situação é mais grave: dos 82 processos relacionados a usinas dessa modalidade, apenas seis têm LO emitida. No leilão A-5/2021, realizado em setembro, 80 GW de projetos apresentaram licenciamento ambiental - foram contratados só 860 MW. No leilão A-3/A-4, ocorrido em julho, 48 GW dispunham do licenciamento e apenas 984,7 MW foram contratados.
A exigência de licença para participar dos certames já foi flexibilizada uma vez e deu certo. No Leilão 01/2019, que contratou energia e potência para atender ao sistema isolado de Boa Vista-RR, foi exigido licenciamento apenas dos empreendimentos que ganharam a licitação, no prazo de 180 dias após a outorga. Assim, um número maior de projetos pôde participar - o que ampliou a disputa - e os órgãos ambientais se debruçaram apenas sobre aqueles que seriam implementados, tornando o processo mais eficiente e menos oneroso.
Em vez de exigir que os órgãos ambientais adotem “prazos compatíveis” de licenciamento para viabilizar a participação de empreendimentos na contratação simplificada de reserva de capacidade, como fez a CREG recentemente, o caminho é flexibilizar essa exigência, seguindo o exemplo de Roraima. Sem ela, alcança-se o mesmo objetivo de maneira mais rápida e racional.
O licenciamento ambiental é imprescindível, mas só faz sentido exigi-lo de projetos que de fato se tornarão realidade. A licença como condição à participação de leilões apenas simula a virtude da proteção do meio ambiente e não resguarda o mercado dos aventureiros, seu propósito original. Repensar essa tortuosa, disfuncional e onerosa engrenagem pode trazer múltiplos benefícios à sociedade: 1- evitar custos descabidos ao empreendedor e ao poder público; 2- desafogar os servidores dos órgãos ambientais; 3- ampliar a competição dos leilões; e 4- impedir a mercantilização das licenças ambientais e seu uso como moeda.
Fonte e Imagem: CanelEnergia
O Brasil é o oitavo país mais vulnerável à taxação em quase US$ 2 bilhões de exportações para o mercado europeu, basicamente sobre siderúrgicos, aponta a Unctad.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) convidou o Brasil a participar de um plano global que está articulando sobre preço de carbono, para evitar guerras comerciais em meio à descarbonização das economias, conforme o Valor apurou.
O preço do carbono é considerado uma das boas maneiras de tributar os poluidores pelo carbono que eles emitem. A questão é determinar qual deveria ser esse preço, e estabelecer uma solução global.
O secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, enviou carta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, explicando que sua ideia é de um grupo de países começar a trabalhar no mapeamento de preço do carbono, examinar seu impacto e tentar evitar a multiplicação de medidas unilaterais.
O plano é atrair gradualmente os países para discussões poderiam levar a um entendimento em bases voluntárias sobre a melhor taxa carbono e outras medidas ambientais. Isso poderia mais tarde se tornar um acordo global, nos moldes que levaram ao acordo internacional para taxar mais as companhias multinacionais com apoio de 136 nações, portanto bem além dos 38 membros da entidade.
O governo brasileiro não respondeu ainda, mas as primeiras reações em Brasília parecem positivas, em meio à preocupação com o “mecanismo de ajuste carbono nas fronteiras” unilateral anunciado pela União Europeia (UE) no dia 14 de julho. Por ele, Bruxelas fixará um preço do carbono para as importações de ferro e aço, alumínio, cimento, eletricidade e fertilizantes. A alegação é de evitar o deslocamento de indústrias poluentes para os países onde as normas são menos estritas e as emissões de CO2 não são taxadas.
O plano da UE de taxar carbono na fronteira tem sido uma nova fonte de tensão com parceiros. Os EUA alertaram no G20 que, em vez que o mecanismo se concentra apenas no preço explícito do carbono, é importante que sejam reconhecidas medidas que os países estão tomando para enfrentar a mudança climática. Com isso, se evitaria políticas para enfrentar “carbon leakage”, que inadvertidamente, criam novos riscos e repercussões internacionais.
O Brasil é o oitavo país mais vulnerável à taxação em quase US$ 2 bilhões de exportações para o mercado europeu, basicamente sobre siderúrgicos, aponta a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
Na avaliação do advogado Rodrigo Pupo, do escritório MPA Trade Law, em São Paulo, mesmo que o Brasil cumpra a sua Contribuição Nacionalmente Determinada – em inglês, NDC -, assuma metas climáticas mais ambiciosas, ou mesmo acabe com o desmatamento ilegal, as exportações brasileiras ainda assim seriam impactadas pelo mecanismo de ajuste de carbono na fronteira (CBAM) europeu, caso este seja implementado conforme a atual proposta legislativa da Comissão Europeia.
Embora a taxa carbono europeia tenha sido elaborada sob a justificativa ambiental, diversos aspectos da medida “denotam o seu viés econômico e de proteção aos produtores europeus”, diz ele. Isso porque os produtos importados dos setores afetados estariam sujeitos ao pagamento relativo a toda e qualquer a emissão direta embutida, tendo como base o preço de mercado de carbono da própria UE, que recentemente superou a marca histórica de 60 euros por tonelada.
“Na prática, mesmo que um produto brasileiro carregue metade das emissões diretas que um produto similar europeu, e portanto emita menos gases em sua produção, ainda assim o produto brasileiro estaria sujeito a uma alta taxa de carbono na importação pelo bloco europeu”, diz Pupo. “À exceção da precificação de carbono idêntica no formato e no valor de mercado da europeia, nada que os países exportadores adotem como política climática, sejam padrões ou regulamentos ambientais, ainda que imponham altos custos aos seus nacionais, teria relevância.”
Ele nota que o mesmo vale para o setor privado, de forma que “para a cobrança na importação pelo bloco, basta ter havido qualquer emissão direta de gases de efeito estufa em sua produção; quaisquer investimentos, certificações, políticas internas ou mesmo compensações serão irrelevantes sob a ótica da medida europeia”.
O advogado fala de “discriminação do CBAM europeu” frente aos produtos importados. Exemplifica que as emissões indiretas, justamente onde o Brasil levaria vantagem em razão de sua matriz energética mais limpa, ainda são fortemente subsidiadas por países europeus, diz ele. Outro aspecto controverso da medida europeia é justamente a discriminação de produtos a partir de processos e métodos de produção específicos, acrescenta o advogado.
Rodrigo Pupo calcula que, inicialmente, cerca de 70% das posições tarifárias de ferro e aço e 50% no caso de alumínio seriam alvo da taxa carbono na fronteira na UE. Produtores europeus querem a inclusão de produtos transformados. Setores como químicos e papel e celulose são fortes candidatos para inclusão no CBAM no futuro.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro anunciou o Plano Nacionao de Crescimento Verde, o Ministério de Minas e Energia realizou um leilão extraordinário de energia e contratou térmicas a gás que custam quase cinco vezes mais caro que as fontes solar e de biomassa.
Segundo o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, o MME ignorou as ofertas de projetos solar e de biomassa, a 20% do preço, para privilegiar as fontes térmicas a gás. Para efeito de comparação, o preço médio ofertado pelos projetos de energia solar foi de R$ 345,2 contra R$ 1.599,6 dos projetos de térmicas a gás.
- O governo fez um leilão para entrega de energia em maio de 2022 e houve 78 projetos de energia solar apresentados. Inexplicavelmente, apenas dois deles saíram vencedores. Olhando para a potência contratada, a solar representou apenas 0,3% do total, contra 2,6% da biomassa e 97,1% das térmicas a gás – afirmou.
Segundo Sauaia, no total, o governo contratou 778 MWm de garantia física, ou seja, energia que de fato será gerada, e os projetos de energia solar apresentados teriam capacidade de chegar a 70% desse total. Isso porque as usinas solares geram durante o dia, mas não durante a noite, enquanto as térmicas a gás, desde que tenham combustível, podem produzir energia 24 horas.
- A decisão de escolha da fonte é do MME. A competição de preços ocorre apenas entre a mesma fonte. Os projetos de solar apresentados poderiam suprir 70% da garantia física. Não há explicação técnica para um número tão baixo – afirmou Sauaia.
Segundo presidente da Absolar, o custo por esse energia mais cara será repassado aos consumidores.
Fonte e Imagem: O Globo
Alvo de críticas por sua política ambiental, o governo federal lançou nesta segunda-feira o Programa Nacional de Crescimento Verde. O plano está sendo anunciado às vésperas da COP26, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática que irá acontecer em Glasgow, na Escócia.
Em nota, os ministérios da Economia e do Meio Ambiente afirmam que as medidas deverão “contribuir para consolidar o Brasil como a maior potência verde do mundo, dadas suas características naturais e econômicas”.
De acordo com o governo, o plano tem como principais objetivos aliar redução das emissões de carbono, conservação de florestas e uso racional de recursos naturais “com geração de emprego verde e crescimento econômico". “Será guiado por incentivos econômicos, transformação institucional e critérios de priorização de políticas públicas e projetos e ações do setor privado”, acrescenta.
O programa contará com uma governança única, que será realizada pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima e Crescimento Verde (CIMV), antigo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima. O comitê será responsável também pela “criação e consolidação de critérios verdes, levando em consideração as características de cada região do Brasil em todos os seus biomas”.
Segundo o ministério, o plano contará com recursos nacionais e internacionais, públicos ou privados, reembolsáveis e não reembolsáveis, fundos de impacto e investimentos de risco na aceleração de projetos e iniciativas sustentáveis.
“Atualmente, o governo federal conta com linhas de crédito que, somadas, chegam a R$ 400 bilhões e contemplam projetos verdes em áreas como: conservação e restauração florestal, saneamento, gestão de resíduos, ecoturismo, agricultura de baixa emissão, energia renovável, mobilidade urbana, transporte e logística, tecnologia da informação e comunicação e infraestrutura verde”, diz a nota.
Os ministérios acrescentam que esses recursos “impulsionarão a economia, gerando empregos e contribuindo para a consolidação do Brasil como a maior economia verde do mundo”.
“O governo federal reconhece o desafio que é desfazer a ideia de que o desenvolvimento da agenda ambiental possui um caráter meramente punitivo ou que somente onera as ações propostas”, diz a nota, acrescentando que a ideia é “incentivar, apoiar e priorizar os projetos verdes, para que promovam empreendedorismo e inovação sustentável, mostrando ao mundo que o futuro verde está aqui, no Brasil”.
Recentemente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o plano ajudaria a mudar a percepção da economia brasileira no exterior.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
País fica atrás apenas da China que respondeu por 39% do total de vagas de trabalho verificadas em todo o mundo no ano passado.
O número de empregos gerados em projetos de energia renovável em todo o mundo atingiu 12 milhões no ano passado. Esse número é de 500 mil a mais na comparação com 2019, de acordo com a oitava edição do relatório Energia Renovável e Empregos: Revisão Anual de 2021 (tradução livre do original, em inglês e disponível para download). A publicação foi divulgada pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em uma abertura de alto nível da Estrutura Colaborativa da entidade.
Somente a China respondeu por 39% dos empregos de energia renovável em todo o mundo em 2020 com 4,7 milhões, seguida por Brasil com 1,2 milhão, um valor que é quase o verificado em todo o bloco da União Europeia com 1,3 milhão. Muitos outros países também estão criando empregos em energias renováveis. Entre eles estão o Vietnã e a Malásia, os principais exportadores de energia solar fotovoltaica, Indonésia e Colômbia, com grandes cadeias de abastecimento agrícola para biocombustíveis. E ainda, México e Rússia, onde a energia eólica está crescendo. Na África Subsaariana, os empregos em energia solar estão se expandindo em diversos países como Nigéria, Togo e África do Sul.
O relatório confirma que covid-19 causou atrasos e interrupções na cadeia de abastecimento, com impactos nos empregos variando por país e uso final, e entre os segmentos da cadeia de valor. Enquanto os empregos solares e eólicos continuaram liderando o crescimento global no setor de energia renovável, respondendo por um total de 4 milhões e 1,25 milhão, respectivamente, a ocupação no segmento de biocombustíveis líquidos diminuiu à medida que a demanda por transporte caiu. As vendas de solar fora da rede sofreram, mas as empresas conseguiram limitar as perdas de empregos.
O trabalho da IRENA e da OIT conclui que mais empregos serão ganhos com a transição energética do que perdidos. Um cenário de sustentabilidade global da OIT até 2030 estima que os 24 a 25 milhões de novas vagas ultrapassarão de longe as perdas entre seis e sete milhões de postos de trabalho. Cerca de cinco milhões de pessoas que perderam seus empregos poderão encontrar novos na mesma ocupação em outro setor. O World Energy Transition Outlook da IRENA prevê que o setor de energia renovável poderá empregar 43 milhões até 2050.
A interrupção do fornecimento de equipamentos entre países, causada pelas restrições da pandemia, destacou o importante papel das cadeias de valor domésticas. Fortalecê-los facilitará a criação de empregos e a geração de renda local, ao alavancar as atividades econômicas existentes e novas.
Contudo, isso exigirá políticas industriais para formar cadeias de abastecimento viáveis, estratégias de educação e treinamento para criar uma força de trabalho qualificada, medidas ativas do mercado de trabalho para fornecer serviços de emprego adequados, reciclagem e recertificação junto com proteção social para ajudar trabalhadores e comunidades dependentes de combustíveis fósseis. E ainda, estratégias de investimento público para apoiar o desenvolvimento e a diversificação econômica regional.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Abradee aponta que bandeira escassez hídrica não tem sido suficiente para atenuar os custos da geração térmica decorrente da crise hídrica.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica confirmou que o governo negocia uma nova operação de financiamento para o setor elétrico. A diretoria da entidade e membros do seu Conselho Diretor se reuniram na tarde desta quinta-feira, 21 de outubro, com membros da Agência Nacional de Energia Elétrica, do Ministério de Minas e Energia e da Economia para tratar das soluções que o MME vem coordenando para minimizar os impactos dos aumentos do custo da energia provocados pelas medidas de combate ao cenário de escassez hídrica.
Segundo a entidade, “estas soluções buscam atender às demandas que foram apresentadas nas últimas semanas, pela ABRADEE, no sentido de que a elevação dos custos que superam as receitas trazidas pela bandeira de escassez hídrica possa ser minimizada para os consumidores do mercado regulado (70% do mercado total)”, diz a nota.
Com isso, continua, a solução apresentada pelo MME é a da realização de uma operação de financiamento, com a participação do BNDES e um pool de bancos privados, que poderá ser concluída até o início do próximo ano. “O MME já deverá iniciar, na próxima semana, as discussões com essas instituições financeiras”.
Os valores desta operação ainda não foram fixados, e devem ser estabelecidos nos próximos dias. A medida deverá permitir que os consumidores possam pagar pela energia mais elevada em um período mais longo e, portanto, com menos impacto nos seus orçamentos.
O MME afirmou em nota que esclareceu aos presentes à reunião que tem monitorado o aumento dos custos de geração de energia, em razão das medidas excepcionais adotadas para enfrentamento da situação de escassez hídrica, bem como seu reflexo na cadeia produtiva. E ainda, que “está estudando possíveis soluções que visam atenuar o descasamento observado entre as receitas arrecadadas pelas tarifas de energia elétrica e as despesas com a geração de energia, entre elas uma operação de crédito nos moldes da conta covid”.
Em fala atribuída à secretária-executiva do MME, Marisete Pereira, o MME destacou: “Estamos avaliando diversas alternativas, mas sempre com o cuidado de manter a tarifa de energia adequada à capacidade de pagamento do consumidor brasileiro”.
A conta covid começou a ser recolhida este ano após um empréstimo de quase R$ 15 bilhões. O valor foi financiado por um pool de 16 instituições financeiras lideradas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, sendo o Bradesco o gestor da operação. A composição dos aportes foi de 29% dos recursos oriundos de bancos públicos e de 71% de instituições privadas. O custo da operação é de CDI + 3,79%.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Geração distribuída representa a maior parte com 7,2 GW e a centralizada acumula 3,8 GW, investimentos são estimados em R$ 57,2 bi pela Absolar.
O Brasil acaba de ultrapassar a marca de 11 GW de potência operacional da fonte solar fotovoltaica. Esse volume soma usinas de grande porte e em sistemas de pequeno e médio portes instalados em telhados, fachadas e terrenos. Segundo a Associação Brasileira da Energia Solar Fotovoltaica, foram cerca de R$ 57,2 bilhões em novos investimentos, R$ 15,2 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e mais de 330 mil empregos acumulados desde 2012. Com isso, também evitou a emissão de 12,5 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
Em comunicado o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, destacou que a fonte ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do País, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz. Isso porque a geração nas usinas de grande porte ocorre a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores.
O Brasil possui 3,8 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte, o equivalente a 2% da matriz elétrica brasileira. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 20,8 bilhões em novos investimentos e mais de 114 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.
No segmento de geração distribuída são 7,2 GW de potência instalada. Isso equivale a mais de R$ 36,4 bilhões em investimentos e R$ 8,9 bilhões em arrecadação acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões do Brasil. A tecnologia solar é utilizada atualmente em 99,9% de todas as conexões de geração própria no país, liderando com folga o segmento.
Ao somar as capacidades instaladas das grandes usinas e da geração própria de energia solar, a fonte solar ocupa, agora, o quinto lugar na matriz elétrica brasileira. Recentemente, a solar ultrapassou a potência instalada de termelétricas movidas a petróleo e outros fósseis, que representam 9,2 GW da matriz elétrica brasileira.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Ritmo global de instalação de usinas precisa quadruplicar, diz Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês).
Embora já esteja consolidada como um dos grandes pilares do processo global de transição energética, a fonte eólica precisa urgentemente acelerar seu ritmo de crescimento. Para que países consigam atingir a meta de zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, o volume de implantação de usinas eólicas, até 2030, tem de quadruplicar em relação aos 93 gigawatts (GW) instalados no ano passado - marca que significou um recorde para a indústria, que hoje beira os 800 GW de potência em todo o mundo.
A constatação é de um manifesto lançado ontem pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), assinado por cerca de 90 empresas e entidades que atuam na cadeia. “Em uma emergência climática, que demanda respostas rápidas e ambiciosas, estamos operando quase no modo ‘business as usual’ [o mesmo de sempre], como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Para nós, os processos e compromissos precisam estar em conformidade com a situação de urgência”, disse o presidente do GWEC, Ben Backwell, ao Valor.
A necessidade de apertar o passo na geração de energia renovável será alvo de debate na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Cop26), que começa no fim deste mês. Segundo o GWEC, mantidas as taxas atuais de crescimento da fonte, o mundo chegaria a 2050 com apenas 43% da capacidade de energia eólica necessária para zerar emissões líquidas. Isso comprometeria a descarbonização não só do setor de energia, mas também de ramos da indústria e de transporte.
Backwell diz ter uma expectativa positiva para a Cop26. Para ele, trata-se de um momento decisivo para que os governos efetivamente se comprometam com a pauta das renováveis, criando estratégias firmes para eliminar a geração a carvão e suprimir barreiras regulatórias que atrasam o avanço das fontes limpas.
Um dos gargalos identificados pelo GWEC está em processos excessivamente complexos e burocráticos de implantação de parques eólicos- essa é uma questão que surge até mesmo em mercados líderes da fonte, como Alemanha e Índia. Para projetos em terra (“onshore”), o licenciamento pode levar mais de oito anos, segundo a associação WindEurope. Já para os marítimos (“offshore”), são pelo menos seis anos para autorização.
Já em regiões como Sudeste Asiático e África, as dificuldades enfrentadas pela indústria eólica são maiores. “Em alguns casos, não tem mercado para a fonte, nem uma luta para que ele exista. O mercado não está nem criado para essa transição, não há leilões regulados pelo governo, nem mercado livre de energia, como acontece no Brasil”, aponta Backwell.
No Brasil, a energia eólica ganhou impulso a partir do Proinfa, programa de incentivo às renováveis criado em 2004. Em 2021, passados pouco mais de 10 anos do primeiro leilão exclusivo para contratação de eólicas, o país já conta com 19 GW instalados e mais de 730 parques. A fonte vem crescendo mais de 2 GW por ano, puxada principalmente por novos projetos no mercado livre. Para ABEEólica (associação do setor), a taxa pode evoluir para 3 a 4 GW nos próximos anos, fazendo com que a tecnologia supere os 30 GW em 2024.
“O país tem um papel muito relevante por ser um dos mais ricos do mundo em recursos renováveis. E podemos contribuir ainda mais para a matriz elétrica e energética global - a eletricidade não é exportável, mas os produtos de indústrias que devem se descarbonizar e eletrificar, como a mineral e a química, sim. E isso numa visão de curto prazo, a partir de 2030 vislumbramos ainda a produção do hidrogênio verde a partir das energias renováveis”, afirma Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica.
Já bem consolidado no país, o segmento está de olho agora nas novas fronteiras: projetos “offshore” e híbridos, combinando geração solar ou soluções de armazenamento. No caso da “offshore”, a expectativa é que o governo lance, em breve, um decreto contendo as bases para o desenvolvimento local desse mercado. “Investidores nós já temos. Hoje, estão em licenciamento no Ibama mais de 42 GW”. Grandes companhias, como Neoenergia e Equinor, vêm estudando empreendimentos do tipo.
Outra preocupação tem sido garantir que a própria cadeia produtiva das eólicas possa ser mais sustentável e inclusiva. No Brasil, questões sociais vêm ganhando mais atenção das empresas do segmento, até pelo potencial de geração de renda que os projetos eólicos levam a municípios que, em geral, têm poucas alternativas de desenvolvimento econômico.
Fonte e Imagem: Valor Ecnômico.
Estamos vivendo uma crise hídrica e energética sem precedentes. A bandeira vermelha já virou o “novo normal” e os especialistas não são muito otimistas quanto a possíveis novos aumentos nas contas de luz e racionamentos de água. No entanto, apesar dos constantes alertas sobre a relação inegável dessas crises com o desmatamento, a cada novo levantamento, a área desmatada da Amazônia, maior floresta tropical do mundo, só cresce. Os últimos estudos alertam, inclusive, para o risco de ela virar uma savana. A falta de chuvas é apenas uma consequência disso.
“Precisamos lembrar que essa é uma crise anunciada”, afirma o professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Wilson Cabral, que participou do novo episódio do podcast Infraestrutura Sustentável, que voltou a tratar do assunto. O especialista afirma não ter dúvidas de que esse já é o preço que estamos pagando pelo desmatamento. “Eu não diria só da Amazônia, mas a degradação de ecossistemas de forma generalizada”. Ele lembra que a Amazônia é peculiar, porque quando derrubamos a floresta estamos prejudicando também os rios voadores, cuja umidade é distribuída também para outras regiões. “Isso está relacionado com a agricultura, os níveis dos rios, o abastecimento dos reservatórios das hidrelétricas, precipitações, todos os usos possíveis e imagináveis da água”. A agricultura depende da floresta mas, em muitos casos, tem sido a grande vilã do desmatamento, o que Wilson Cabral descreve como “um ciclo vicioso” ou “uma retroalimentação negativa”. Ele explica que à medida que a agricultura avança e o desmatamento também, a atividade cria dificuldades para ela mesma, além de para toda a sociedade.
O que podemos fazer para reverter, ou pelo menos não piorar, essa situação num momento em que as mudanças climáticas estão cada vez mais presentes para cobrar essa conta? Antes de responder a essa pergunta, Wilson Cabral diz que é fundamental lembrarmos porque não fizemos algo antes, o que para ele está relacionado ao fato de que, até muito pouco tempo atrás, não se pensava a longo prazo. Assim, como os efeitos do desmatamento não eram sentidos de forma tão imediata, a sociedade foi investindo em modelos de produção e consumo acelerados que nos trouxeram até aqui. “Agora não temos mais tempo a perder e as ações precisam ser emergenciais”, afirma. “O tempo urge e não há mais esse alongamento entre o tempo da causa e do efeito. Como diz a Greta Thunberg, precisamos lembrar que não há planeta B”, completa.
Acontece que o que nós fizermos hoje, para o bem ou para o mal, também vai levar um tempo para gerar resultados. Por isso mesmo, Wilson Cabral acredita que precisamos olhar para o longo prazo. Ele exemplifica: estamos vivendo uma crise hídrica que, pela nossa matriz energética ser muito dependente das hidrelétricas, também significa uma crise energética. Para lidar com o problema, o acionamento de termelétricas tem sido considerado uma boa ideia. Mas essa ação tem um efeito de retroalimentação negativo muito importante, pois aumenta o lançamento de carbono na atmosfera, intensificando o impacto climático que ajudou a gerar esses períodos de seca prolongados, que geraram a crise hídrica. Ou seja, precisamos ser mais inteligentes que isso e pensar em soluções que gerem mais co-benefícios e menos impactos sobre o próprio modelo.
A transparência na gestão dessas crises é um fato importante nesse contexto. A sociedade precisa saber a gravidade da situação e tudo o que está sendo feito, pois será ela a principal afetada por qualquer decisão. Wilson Cabral destaca que as previsões de precipitações para os próximos meses não são otimistas e medidas para isso já deveriam estar sendo tomadas agora. “Não campanhas para as pessoas tomarem menos banho, mas medidas concretas, inclusive em termos de eficiência energética e redução de consumo por outros atores (como a indústria)”, afirma. Ao mesmo tempo, precisamos investir em soluções que tenham resultados no médio e longo prazo, como fazer a restauração ecológica de bacias hídricas e zerar o desmatamento, não só da Amazônia, mas também de nossos outros biomas. Tudo isso também pede planejamento e integração de agendas, pois todos os atores precisam fazer suas partes. Se não, continuaremos vivendo a crise e contribuindo para agravá-la.
Fonte e Imagem: Portal Exame.
Faltando duas semanas para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26), em Glasgow, na Escócia, é pouco provável que o Senado aprove o novo marco legal do licenciamento ambiental antes do encontro global. A avaliação, segundo fontes ouvidas pela MegaWhat, é que, além de controverso, o texto ainda não foi debatido pelos senadores.
Aprovado em maio pela Câmara dos Deputados, o texto surpreendeu o mercado pelo ritmo de apreciação e votação na casa, o que gerou expectativa de que também pudesse tramitar mais rapidamente no Senado. A proposta, porém, ainda aguarda a realização de audiência pública nas comissões de Agricultura e Reforma Agrária e de Meio Ambiente do Senado.
“A sensação que passou é que de fato o projeto foi votado muito rapidamente [na Câmara], mas é um projeto que está há 17 anos sendo discutido”, disse Alexandre Uhlig, diretor de Assuntos Socioambientais do Instituto Acende Brasil. “Não há ainda uma regulamentação do processo de licenciamento ambiental por lei. Isso é uma insegurança jurídica”.
Segundo o especialista, um dos pontos positivos do marco legal é a possibilidade de dar mais agilidade aos processos de licenciamento ambiental de projetos menos complexos da área de infraestrutura.
Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, no entanto, critica o conteúdo do projeto de lei. Para ele, o texto estabelece um conjunto de tipos de projetos que serão isentos do processo de licenciamento ambiental. “Estamos indo para uma espécie de vale tudo que faz o país retroagir 40 anos, como se essas coisas não fossem mais preocupantes”, afirmou.
Leitão entende que a ideia de simplificar o procedimento ambiental para determinados tipos de projetos exigiria uma governança ambiental da qual o país não dispõe hoje. “O Congresso vai na contramão absoluta, uma espécie de quebra de todo o regramento institucional para dar essa garantia. Na prática, o que ele [projeto] faz é extinguir o licenciamento ambiental. O problema não vai deixar de existir. Vai continuar”, disse o diretor do Escolhas.
Judicialização.
Rafael Feldmann, advogado especialista na área ambiental do escritório Cascione Pulino Boulos Advogados, ressalta que o texto aprovado pela Câmara traz riscos de judicialização. “Um projeto de lei que se dispunha a resolver um problema e transformar o processo de licenciamento ambiental mais sofisticado, no fim do dia, pode levar à judicialização”.
Na mesma linha, outro advogado especialista em questões ambientais e que pediu anonimato disse que o texto contraria a Constituição ao não garantir audiências públicas para a participação de todos os agentes envolvidos em projetos de infraestrutura, como indígenas. “Não ouvir os agentes é muito prejudicial. É uma previsão constitucional”, afirmou.
Segundo ele, mesmo que o conteúdo atual do marco legal seja aprovado no Senado, o efeito pode não ser o esperado. Isso porque, na visão do especialista, muitos agentes financiadores e investidores internacionais podem não conceder recursos aos projetos, por não estarem em conformidades com questões de ESG (sigla em inglês para ambiente, social e governança).
De acordo com a Agência Câmara, o projeto aprovado pelos deputados elimina a licença ambiental para obras de saneamento básico, de manutenção em estradas e portos, de distribuição de energia elétrica em baixa tensão, entre outros. Também ficarão dispensadas de licenciamento ambiental obras emergenciais de infraestrutura.
Segundo o relator do projeto na Câmara, o deputado federal Neri Geller (PP-MT), a dispensa de licença de empreendimentos de utilidade pública ou interesse social evita burocracia, seja por ausência de impacto ambiental ou por regulamentação específica em outras legislações.
Fonte e Imagem: MegaWhat
Demora na aprovação de PL 414 ou 1.917 pode deixar modernização do setor defasada.
Para o Fórum das Associações do Setor Elétrico, a necessidade de um marco legal é fundamental para que se efetue de fato a esperada modernização. Em painel do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico realizado nesta quarta-feira, 13 de outubro, o presidente do Fase, Mario Menel, pediu prioridade para aprovação do PL 414 ou mesmo a fusão do seu conteúdo com o PL 1.917, de modo a fazer um marco legal. “[O marco legal] tem que ser a nossa prioridade maior, senão não conseguimos fazer o detalhamento de como seria a modernização do setor”, explica.
Menel acredita que a incorporação dos temas será necessária em algum momento, mas alerta que o tempo é escasso para aprovação. O ano de 2022 será eleitoral e com isso a janela de oportunidades para aprovações legislativas será estreitada. “Temos que apressar isso se não corremos o risco de quando aprovarmos, lá para 2023 ou 2024, o projeto já esteja totalmente desatualizado”, avisa. Para Menel, a aprovação desses projetos sinaliza a modernização do setor, o que dá a chance de o MME executar o processo.
A implantação de UHEs foi outro ponto abordado pelo presidente do Fase. Segundo ele, as dificuldades para a viabilização de projetos hídricos fizeram com que esses recursos fossem escanteados na expansão, apesar de relatórios de entidades internacionais sinalizarem para um aproveitamento máximo dos recursos energéticos remanescentes.
Já a construção de reservatórios de acumulação nas usinas traria além da segurança hídrica, benefícios para outros segmentos. Menel dá como exemplo o projeto original do complexo hidrelétrica de Altamira (PA), formado pelas usinas de Babaquara e Kararaô, que regularizariam o rio Xingu e teriam reservatório. O complexo se transformou apenas na UHE Belo Monte (PA – 11.233 MW). “Será que teríamos impactos ambientais tão mais severos do que os que tivemos com a construção de Belo Monte diante dos benefícios energéticos que teríamos?”, indaga.
Para Menel, questões como essa deveriam ser repensadas como política nacional, por ultrapassarem a discussão no âmbito do setor elétrico. O envelhecimento do parque gerador e transmissor também é motivo de atenção. Haveria dúvidas regulatórias sobre a remuneração da ampliação da potências de usinas.
Fonte e Imagem: Canal Energia
O ministro disse que, até 2030, a capacidade instalada de geração deverá expandir em cerca de 50 GW, enquanto o sistema brasileiro de transmissão deverá ter adição de 40 mil quilômetros de linhas.
O governo brasileiro está empenhado em desenvolver novas tecnologias que vão ao encontro do processo mundial de transição energética, ressaltou há pouco o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em participação no evento Russian Energy Week 2021.
Segundo ele, o Brasil pode ser um terreno fértil para o hidrogênio, principalmente de origem “verde”, tendo em vista a grande disponibilidade de recursos no país para geração renovável de energia.
Empresa de Pesquisa Energética está finalizando estudos sobre expansão da transmissão.
“Acabamos de aprovar as diretrizes para um programa nacional de hidrogênio, que tem por objetivo consolidar uma indústria e um mercado para o hidrogênio no país. O setor privado e alguns parceiros internacionais já têm sido ativos, mas para escalarmos o trabalho, precisamos de um leque de soluções, como o hidrogênio azul proveniente do gás natural, com captura de carbono”, disse Albuquerque.
O ministro afirmou ainda que, até 2030, a capacidade instalada de geração deverá expandir em cerca de 50 GW, enquanto o sistema brasileiro de transmissão deverá ter a adição de mais 40 mil quilômetros de linhas.
Sobre energia nuclear, natural reiterou a meta de construção de até 10 GW em novas usinas nucleares nos próximos 30 anos. Ele comentou sobre a usina de Angra 3, que deverá estar operacional em 2026, e disse ver oportunidades de expansão de geração via pequenos reatores.
Recentemente, a Eletronuclear assinou um memorando de entendimentos com a Rosatom, corporação estatal de energia atômica da Rússia. O memorando prevê a troca de informações e o desenvolvimento de uma cooperação em diversas áreas, como construção e manutenção de usinas nucleares de grande e pequena potência no Brasil, extensão da vida útil de usinas, soluções nas etapas iniciais e finais do ciclo de combustível nuclear e o tratamento de combustível usado.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
O Brasil foi o maior destinatário entre os mercados emergentes de investimento em energia renovável entre 2008 e 2019, recebendo US$ 24,7 bilhões, em projetos eólicos e solares. O país é seguido pela Índia com US$ 20,8 bilhões e pelo México com US$ 14,9 bilhões, de acordo com um ranking de 2020 da pesquisa BloombergNEF, publicado nesta terça-feira no jornal "New York Times".
A publicação salienta que a participação da energia eólica na eletricidade gerada no Brasil é de cerca de 10%, ante 0,4% em 2010. A energia solar foi de zero para 1% e a hídrica caiu de 87% para 70% no mesmo período, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica do Brasil.
Nicolas Escallon, sócio da Actis, investidora de infraestrutura global com sede em Londres, afirmou na reportagem que as energias renováveis continuarão crescendo no Brasil e se tornando ainda mais competitivas. A Actis administra US$ 10,6 bilhões em ativos de infraestrutura de energia em nome de investidores, incluindo fundos de pensão e doações nos EUA, Europa e Ásia, com cerca de 75% em energias renováveis e o Brasil entre seus maiores mercados.
“Essa base de capital está ansiosa para investir nesses projetos”, disse Escallon.
Fonte e Imagem: O Globo
Ele afirma que país precisa recuperar protagonismo na questão climática e que deve se voltar para energia renovável.
O Brasil precisa recuperar o protagonismo global na questão climática, trazendo novas ideias para a proteção ambiental, ter um plano estratégico de enfrentamento das mudanças climáticas e parar de queimar a Amazônia.
O país estagnou nos avanços sociais — e os anos recentes são os piores — e não há justificativa para que tenha um nível de pobreza tão elevado. Além disso, o enfrentamento da pandemia foi mal conduzido e o país pode ter dado um “tiro no pé”.
As considerações foram feitas pelo economista americano Jeffrey Sachs, que participou nesta quinta-feira, virtualmente, da 14ª edição do Encontro de Líderes da Comunitas, uma organização sem fins lucrativos, apartidária e independente, que promove a integração entre o setor privado e público, além das universidades, para o desenvolvimento de políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável.
— É preciso ter um plano, uma estratégia ambiental adequada para a conservação da Amazônia. O país precisa voltar a ter grandes ideias de proteção ambiental, com a riqueza da bioeconomia que tem na Amazônia, em lugar de promover a destruição da floresta tropical — defendeu.
Sachs, que é professor e diretor do Centro Para Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia, nos EUA, e consultor da ONU, é um defensor global das iniciativas pela sustentabilidade social e pela redução da pobreza.
— O país estagnou no avanço social e os anos recentes são os piores. Não há justificativa para que um país com o grau de conhecimento como o Brasil, com acesso à tecnologia e nível elevado de conectividade à internet, tenha os níveis atuais de pobreza — disse Sachs.
Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, ele afirmou que por aqui o processo de enfrentamento da Covid-19 foi mal conduzido, assim como nos EUA com o presidente Donald Trump.
O economista defendeu que o Brasil estabeleça como objetivo eliminar a pobreza até 2030, fazendo investimentos em educação, saúde e infraestrutura.
Sachs disse que o setor privado pode contribuir com soluções para que as metas de redução de emissões de carbono sejam atingidas até 2050. A chegada de carros elétricos, o uso do hidrogênio verde como combustível são alguns caminhos.
As empresas também podem ajudar a restaurar milhões de hectares que foram desmatados, além de formar uma cadeia de suprimentos sustentável.
— A Amazônia corre o risco de se tornar uma savana. Com a bioeconomia existente nessa região, o Brasil pode se dar bem, mas o governo não está nesse caminho — afirmou.
O economista defendeu que o Brasil acelere investimentos em energias renováveis, como eólica e solar, e acelere iniciativas para reduzir as emissões de gás carbônico.
— Não invistam em petróleo e gás. Essa fontes de energia vão chegar a zero. Vamos ter ajustes de impostos sobre esses combustíveis e eles vão perder espaço nos mercados internacionais — defendeu.
Fonte e Imagem: O Globo
Thiago Barral entende que o ideia seria começar com um mercado regulado e buscar ampliá-lo para além do setor elétrico, para segmentos como mineração e transportes.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) está concluindo os estudos sobre a criação de um mercado de precificação de carbono no Brasil e deve apresentar um relatório final aos Ministérios da Economia e de Minas e Energia (MME) até o final do ano, segundo o presidente Thiago Barral.
“Temos que ter em mente que o mercado brasileiro é ofertante de energias limpas. O ideal seria talvez começar com um mercado regulado e buscar ampliá-lo para além do setor elétrico, buscando segmentos em que a eletrificação possa ser uma solução de descarbonização, como mineração e transportes”, disse Barral, durante o Shell Talks, evento online promovido na manhã desta quarta-feira (06), transmissão em parceria com o Valor Econômico.
Barral lembrou que o Brasil precisa ter um olhar atento ao planejamento de expansão das redes elétricas, de modo a permitir o aumento das fontes renováveis.
“A maior contribuição que podemos dar nesse momento para que as renováveis possam manter a trajetória de crescimento na matriz é investir em redes de distribuição e transmissão. Sem redes, não vai haver espaço para que esses empreendimentos possam ofertar sua energia", disse.
Nesse sentido, Barral lembrou também que novas fontes renováveis podem contribuir para a criação de um mercado de carbono no Brasil, como a geração eólica marítima, que pode ter sinergias com o uso do hidrogênio como fonte de energia. "Acho que vamos adendar a discussão sobre o papel dessa fonte nesse contexto a partir do ano que vem”, afirmou.
Também presente à discussão, a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Ganoum, disse que o setor precisa de segurança jurídica e regulatória para viabilizar os primeiros projetos de geração eólica em alto-mar no Brasil.
“O MME entendeu que, por meio de um decreto, já se criam as primeiras condições para que os investidores tenham segurança. O ministério está trabalhando numa proposta de decreto, ainda não sabemos o teor, mas sabemos que algumas premissas básicas estarão ali para que os investidores fiquem mais seguros”, disse.
Inflação da energia elétrica.
Em meio ao aumento nas tarifas de energia, o grande desafio do setor elétrico hoje é garantir uma matriz que seja resiliente e com preços acessíveis para toda a população, afirmou Barral.
“É necessária a modicidade tarifária, uma energia acessível que caiba no bolso das pessoas. Hoje a energia elétrica subiu bastante, por conta de crise hídrica e do câmbio, mas temos que perseguir de forma estrutural uma matriz que traga resiliência e que resulte em preços acessíveis da energia para toda a população”, disse.
O Brasil vive o período seco com o menor volume de chuvas em 91 anos.
Barral afirmou também que ainda existe um espaço grande para o crescimento da demanda por eletricidade no Brasil, tanto pelo crescimento da economia, quanto pela ampliação do acesso à energia.
“A distância entre o consumo de energia per capta no Brasil em relação a economias mais avançadas ainda é muito grande, então existe um espaço nas próximas décadas para ampliarmos o aceso dos brasileiros a serviços energéticos”, afirmou.
Ele lembrou também que, nesse contexto de ampliação da demanda, um dos desafios do país será atender o consumo em horários de pico, já que as fontes de renováveis dependem de condições climáticas favoráveis para entregar energia. Desse modo, Barral vê espaço para maior participação de usinas termelétricas a gás natural flexíveis e projetos de energia renovável com armazenamento na matriz brasileira, além de programas de resposta da demanda, que desloquem o consumo para fora dos horários de pico.
“Nós temos uma preocupação em garantir o atendimento da potência, que é nas horas mais críticas. Vemos uma oportunidade no Brasil para a competição entre projetos de gás natural, as renováveis com armazenamento, as hidrelétricas e a própria resposta de demanda, o que pode contribuir para um menor custo final ao consumidor”, disse.
Fonte: Valor Econômico e Imagem: EPE
O governo deverá comprar energia de termelétricas no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, o que exigiria a construção de gasodutos. A solução para não elevar o custo da energia, segundo o relator, é incluir o gasto com as obras na tarifa de energia elétrica paga pelos consumidores.
A Câmara dos Deputados introduziu mudanças na medida provisória que estabelece ações de combate à crise de energia. E isso pode custar quase R$ 50 bilhões para os cidadãos consumidores brasileiros.
O governo editou a medida provisória no fim de junho. Ela apresenta medidas excepcionais para enfrentar a ameaça de racionamento de energia. No Congresso, o relator da MP fez mudanças e decidiu que a medida provisória também vai servir para ampliar incentivos previstos em outra lei, a da privatização da Eletrobras.
Quando aprovou a privatização da estatal, o Congresso determinou que o governo deveria comprar energia de termelétricas movidas a gás natural no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Na maioria dessas áreas, não há termelétricas, nem reservas de gás, e nem os gasodutos. Especialistas dizem que os projetos são inviáveis porque elevam o custo da energia.
A solução, segundo o relator, é que o custo da construção dos gasodutos entre na tarifa de energia elétrica paga pelos consumidores. O valor chegaria a R$ 33 bilhões em 15 anos de operação.
O relator também prorrogou o prazo para que termelétricas movidas a carvão adotem um combustível menos poluente. Como a exploração do carvão é subsidiada, a medida representa mais R$ 2,8 milhões.
O texto também prorroga por mais cinco anos os contratos de pequenas centrais hidrelétricas que produzem energia mais cara. São R$ 700 milhões.
O relatório elimina um benefício para o consumidor na renovação de contratos de empresas que produzem energia a partir de fontes alternativas. O impacto é de R$ 10 bilhões. Total: R$ 46,5 bilhões.
A Associação dos Grandes Consumidores de Energia chama atenção para o aumento de custo em toda a cadeia.
“Primeiro, aumenta a conta de energia. Segundo, aumenta o preço dos produtos brasileiros que usam energia. Terceiro, perturba o equilíbrio do setor elétrico. São mudanças tão significativas que elas exigiriam talvez até meses de estudos e avaliações, que é o que deveria acontecer no viés normal do setor elétrico: decisões dessa natureza serem conduzidas pelo planejamento do setor, e não transformadas em decisões de natureza política”, afirma Paulo Pedrosa, presidente da associação.
Dez entidades do setor elétrico assinaram um manifesto contra o relatório. A medida provisória chegou a entrar na pauta de votações no plenário da Câmara, mas, por causa das críticas e falta de um acordo, os líderes adiaram a votação.
O relator, Adolfo Viana, afirma que é possível ajustar o texto para não onerar o consumidor.
“Estamos recebendo sugestões e vamos dar ainda mais clareza a essa redação, para passar tranquilidade para os deputados e, principalmente, para o consumidor brasileiro. Nós não vamos aumentar em R$ 0,01 a conta do consumidor brasileiro”, diz o deputado Adolfo Viana, PSDB-BA.
O presidente da Frente de Energias Renováveis, deputado Danilo Forte, afirma que o relatório tem pontos que representam retrocesso.
“Significa, de novo, tentar empurrar goela abaixo aquilo que já foi rejeitado na votação do marco regulatório do gás, aquilo que foi rejeitado na privatização da Eletrobras e, ao mesmo tempo, jogar uma conta para o consumidor de algo em torno de R$ 46,5 bilhões. Agora, eles querem que o consumidor já comece a pagar para construir gasoduto, que é um atraso, principalmente, no Nordeste, que a gente não precisa disso”, afirma o deputado Danilo Forte, PSDB-CE.
Fonte e Imagem: TV Globo
Segundo entidades, emendas “imputam custos que penalizam todos os consumidores em benefício de alguns segmentos da nossa economia”.
Dez associações que representam diferentes segmentos do setor elétrico assinaram manifesto contra o “forte impacto” nas tarifas previsto no parecer do deputado Adolfo Viana (PSDB-BA), relacionado à medida provisória da crise hídrica (MP 1.055/21). As entidades fizeram apelo dirigido às lideranças do Congresso Nacional contra emendas parlamentares que oneram o setor, e se colocaram à disposição para aprofundar os debates e fazer esclarecimentos sobre o tema.
O documento indica que os “dispositivos legais” em questão “imputam custos que penalizam todos os consumidores em benefício de alguns segmentos da nossa economia”. Além disso, “afetam a competitividade da indústria brasileira no momento crítico”. As representações do setor defendem que seja feita “análise criteriosa” das alterações no texto MP da crise hídrica.
O manifesto registra que o aumento de custo está relacionado ao subsídio à construção de gasodutos a serem embutidos nas tarifas de transmissão de energia, à prorrogação de subsídios ao carvão mineral, à ampliação do prazo de reserva de mercado na compra compulsória de energia proveniente de pequenas centrais hidrelétricas e à adição de novos empreendimentos aos contratos do programa de incentivo à energia renovável (Proinfa) que venham a ser prorrogados.
“Entendemos que o momento é o de esforços de todos no sentido de reduzir os custos da energia elétrica e não o contrário, por esse motivo, nosso apelo aos parlamentares para que revertam esse movimento que nos direciona para uma matriz elétrica de custo mais elevado que aquela que poderíamos ter com recursos energéticos renováveis disponíveis”, destaca o manifesto.
Assinam o documento as seguintes associações: Abdan, Abeeolica, Abemi, Abiape, Abrace, Abraceel, Abradee, Absolar, Anace e Apine.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
Resolução prevê cooperação entre os dois órgãos no licenciamento de projetos hidrelétricos.
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis estabeleceram critérios para a delimitação de reservatórios, proteção ou realocação de áreas urbanas ou rurais, infraestruturas e demais áreas sob o efeito de remanso dessas barragens nos procedimentos de licenciamento ambiental federal de novos aproveitamentos hidrelétricos.
Uma resolução conjunta publicada na sexta-feira passada, 1° de outubro, prevê o intercâmbio de informações e a padronização de exigências e procedimentos a serem adotados pelos dois órgãos. O ato estabelece que a ANA vai auxiliar o Ibama nos processos de licenciamento ambiental federal, com pleno acesso aos processos do Ibama.
Isso inclui manifestação da agência sobre estudos de remanso, que é o efeito de elevação da linha d’água a partir da formação do reservatório em relação à linha natural do rio. A resolução determina que a partir desses estudos serão definidos os limites do reservatório e as cotas de proteção das áreas atingidas.
O Ibama e a ANA devem trabalhar de forma integrada no acompanhamento e fiscalização das medidas relacionadas às cotas de proteção das áreas sob o efeito de remanso, de acordo com as competências institucionais de cada órgão. Veja aqui a integra da Resolução Conjunta nº 100/2021.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Projetos que negociaram energia somam 375 MW médios de garantia física e R$ 3 bilhões em investimentos.
Em um cenário de sobrecontratação das distribuidoras e migração de cargas para o mercado livre, já era previsto que o leilão de Energia Nova A-5 tivesse baixa demanda. O certame viabilizou 860,8 MW de potência instalada de 40 usinas, ao preço médio de R$ 238,37/MWh. Apesar disso, os agentes envolvidos avaliam como positiva a contratação, já que o evento contou com deságio de 17,47% e os empreendimentos totalizam R$ 3 bilhões em investimentos com operação a partir de 2026.
Além do fato de que boa parte das distribuidoras estão contratadas, ainda há bastante insegurança rondando o mercado. Mesmo assim, o presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, avalia que o certame teve um bom desempenho.
“Especificamente na contratação de térmicas, nós conseguimos um deságio de 25,68%, com a comercialização de energia de usinas a biomassa. O resultado vai ao encontro do nosso objetivo de modernizar o parque brasileiro e substituir usinas mais caras por empreendimentos mais baratos”, diz.
Por outro lado, as eólicas e solares, que foram maioria no certame, tiveram os deságios abaixo da média, com 16,04% e 12,63%, respectivamente. No total, foram vendidas 20 usinas solares fotovoltaicas, que somam potência instalada de 236,396 MW, uma usina de resíduo sólido urbano, novidade no leilão, com potência instalada de 20 MW, além de sete termelétricas movidas à biomassa, com capacidade instalada de 301,200 MW, 11 projetos eólicos, que contam com 161,300 MW de potência instalada, e uma usina hidrelétrica, de 141,9 MW.
No lado comprador, apenas cinco distribuidoras apresentaram demanda para adquirir a energia oferecida pelas usinas participantes (CELPA, CEMAR, CPFL Jaguari, CPFL Paulista e Light). Com os acordos firmados, elas serão abastecidas pelos empreendimentos contratados por até 25 anos, a depender do tipo de fonte.
O gerente executivo da Secretaria Executiva de Leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) André Patrus também considera que o leilão foi bem-sucedido, tendo em conta que houve a contratação de toda a demanda declarada pelas distribuidoras.
“O cadastramento dos empreendimentos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostrou o interesse dos empreendedores em participar do certame e o nível de competição. Essa oferta provavelmente se refletirá em boa competição e bons deságios também nos futuros leilões”, avalia.
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Após pressão e novos estudos, ministro diz que programa não garante economia de energia.
Após semanas de pressão e novos estudos, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou nesta quinta-feira (30) a retomada do horário de verão, programa extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"O horário de verão não se faz necessário no que diz respeito à economia de energia", disse o ministro, em entrevista após inauguração de térmica em São João da Barra (RJ), a 320 quilômetros do Rio de Janeiro. "[O programa] não foi renovado em 2019 e permanece da forma como está."
O governo vinha recebendo pressões de setores da economia pela retomada do horário de verão como medida para aliviar a pressão sobre os reservatórios das hidrelétricas durante o pior período da crise hídrica, enquanto as chuvas de verão não chegam.
Setores como o de turismo, serviços e shoppings centers veem também no programa uma maneira de melhorar os negócios com uma hora a mais de claridade durante o dia.
Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostrou que mais da metade dos brasileiros é a favor da volta do horário de verão: segundo o instituto, 55% apoiam a iniciativa, que é rejeitada por 38%. Os demais são indiferentes ou não souberam responder.
Diante da crise hídrica, o governo chegou a pedir ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) novos estudos sobre a eficácia do programa, que concluiu que o retorno do programa não traria impactos no enfrentamento da crise energética.
Os resultados do estudo são semelhantes àqueles que justificaram o fim do horário de verão: com a popularização dos aparelhos de ar condicionado, o pico do consumo foi deslocado para o início da tarde, quando faz mais calor.
Por isso, não há mais grande economia em retardar o pôr-do-sol. Antes da mudança do perfil de consumo residencial, o pico ocorria no início da noite, quando empresas e indústrias ainda funcionavam e mais pessoas estavam em casa utilizando eletrodomésticos.
Em São João da Barra, o ministro de Minas e Energia participou de solenidade de inauguração da térmica GNA-1, a segunda maior do país, que iniciou as operações na semana passada após atrasos no cronograma provocados pela pandemia e por problemas técnicos.
Com capacidade para gerar 1.338 MW (megawatts), a usina foi celebrada como um reforço ao sistema elétrico neste momento de crise hídrica. Quatro dias após sua inauguração, porém, teve as operações paralisadas por dois dias após apresentar problemas em equipamento.
Segundo dados do ONS, a usina não tem entregado toda sua capacidade nos últimos dias. Na quarta (29), tinha uma capacidade disponível de 860 MW e deixou de gerar por pouco mais de uma hora durante a noite. Na média do dia, sua geração ficou em 720 MW.
Segundo a GNA (Gás Natural Açu), sua operadora, a redução da capacidade é resultado de uma inspeção rotineira em uma das máquinas a gás da usina e a operação a plena capacidade deve ser retomada em breve.
A empresa anunciou nesta quinta o início das obras da segunda usina do complexo, que terá 1,7 mil MW de capacidade, tornando o Porto do Açu, no litoral norte do Rio, o maior complexo de geração de energia térmica do país.
O evento em São João da Barra foi usado pelo MME no esforço para apresentar feitos dos mil dias do governo Jair Bolsonaro. Dois vídeos com realizações do governo foram exibidos e o ministro usou seu discurso para apresentar um balanço de sua gestão.
O palco, que recebeu o governador do estado, Cláudio Castro (PL), deputados fluminenses de autoridades do setor elétrico, estava decorado com o logotipo da campanha dos mil dias de governo.
BOLSONARO REAFIRMA QUE NÃO ACREDITA QUE HAVERÁ RACIONAMENTO DE ENERGIA
O presidente Jair Bolsonaro reafirmou nesta quinta que não acredita que será preciso em um racionamento de energia no país, mas pediu que a população adote medidas de economia.
"Não acreditamos em racionamento, mas sempre peço à população, dá para apagar um ponto de luz agora aí na sua casa, ajudem-nos", disse ele, em entrevista à CNN Brasil.
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Bento Albuquerque também reforçou acreditar que a reimplantação do sistema de horário de verão não é necessária para o país em termos de economia de energia.
O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse, nesta terça-feira (28), que “não há nenhum plano de racionamento" de energia para o Brasil. A declaração foi dada em João Pessoa, Paraíba, onde ele participou de um evento.
“As medidas têm sido adotadas desde outubro do ano passado, quando verificamos, que no mês de setembro de 2020, tivemos a pior afluência do histórico brasileiro. E ali começamos a adotar medidas como importação de energia da Argentina e Uruguai, utilização de usinas termoelétricas, para preservar os nossos reservatórios de água para, no caso de necessidade, termos a energia necessária para que não haja nem racionamento, muitos menos apagão”, declarou em entrevista à TV Cabo Branco.
O gestor da pasta também reforçou que acredita que a reimplantação do sistema de horário de verão, que não é renovado desde 2019, não é necessária para o país.
“Os estudos que existem no setor energético sobre horário de verão ‘é’ de que ele não é necessário em termos de economia de energia. Foi esse o parecer que nós colocamos para o governo”, pontuou.
O esquema do horário de verão, em que se adianta uma hora nos relógios para aproveitar os dias mais longos, foi extinto pelo governo Bolsonaro em 2019.
Produção de energias solar e eólica no Brasil
O ministro ressaltou a importância das energias solar e eólica como complementares para o sistema energético do país, que crescem principalmente na região Nordeste, segundo ele.
“ Na Paraíba, no Nordeste como um todo, na região Norte de Minas Gerais, que é o que nós chamamos de cinturão das energias renováveis [..]. E isso tem sido fundamental, por exemplo, nesse momento que nós temos uma escassez hídrica. Essa energia gerada ela é transportada para outras regiões do país”, concluiu.
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Matéria será pautada em outubro no Senado e pode ir à sanção presidencial em novembro.
O PL 5829, que institui o marco legal da microgeração e minigeração distribuída, deverá ser aprovado ainda nesse ano. A estimativa é do presidente da Associação Nacional de Geração Distribuída (ABGD), Carlos Evangelista. A afirmação vem após um encontro entre o executivo e o relator do processo no Senado Federal, onde a matéria tramita, Marcos Rogério (DEM-RO).
“Ele disse que o Senado terá duas semanas em outubro para levar o PL direto à plenário e não para as comissões, o que é importante para a celeridade do processo”, relatou Evangelista à Agência CanalEnergia.
Sobre possíveis alterações no texto, o executivo salientou que todos os senadores devem ser ouvidos e que eventuais emendas podem aparecer. Contudo, ele avaliou que essas possíveis mudanças não apresentam potencial para fazer o projeto voltar à Câmara dos Deputados. A expectativa é para sanção presidencial ainda em novembro sem nenhuma emenda, até para não levar o processo para o período complicado de fim de ano.
Para o presidente da ABGD o contexto atual da crise energética, influenciada pela crise hídrica, traz ainda mais urgência para a aprovação da matéria, que poderá ajudar a minimizar os impactos na operação e na alta dos preço da energia. “Em 3 meses colocamos mais 1 GW de potência no sistema elétrico e um ano podemos colocar toda potência que o governo pede hoje para economizar”, finalizou o presidente da ABGD.
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De acordo com o presidente da Abrace, nem todos os problemas do país podem ser acolhidos na conta de energia.
O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), Paulo Pedrosa, afirmou na Comissão de Minas e Energia que o atual modelo do sistema elétrico brasileiro com reservas de mercado, privilégios, subsídios e compras compulsórias estão elevando o preço da energia e induzindo a comportamentos oportunistas de agentes.
Em uma mensagem política, Pedrosa disse que o sistema atual vem repetindo práticas do passado de acolhimento de um determinado segmento em detrimento do custo da energia e dos consumidores e do desenvolvimento do país.
“Isto fez do Brasil um país que mais da metade do que os consumidores pagam em suas contas não seja mais energia produzida, transportada, distribuída e entregue aos consumidores”, comentou.
Segundo o executivo, o modelo de soluções atrasa o desenvolvimento do país, já que resolve um problema localizado, mas gera um mal distribuído com o aumento do custo da energia. “Por mais nobres que sejam as motivações, nem todos os problemas do país podem ser acolhidos na conta de energia”, acrescentou. Segundo ele, o PL 414/2021, que pretende tornar o mercado livre de energia elétrica mais acessível aos consumidores, é um caminho para isso, pois permite abrir o setor para a competitividade e inovação para o Brasil.
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Segundo o presidente da EPE, a separação de lastro e energia é fundamental para a abertura ordenada do mercado e alocação justa dos custos.
O presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) Thiago Barral afirmou que o arcabouço legal vigente não é adequado para lidar com a nova realidade de ampliação do Mercado Livre, já que a legislação básica do setor é de 2004. Segundo ele, o segundo elemento que motiva a separação lastro e energia é que atualmente o Brasil tem uma expansão muito mais diversificada da matriz e as fontes têm características distintas. “O arcabouço legal vigente não é adequado para lidar com essa nova realidade”.
A declaração foi feita durante a Comissão de Minas e Energia, que debateu a proposta que prevê a alteração do marco regulatório do setor elétrico para criar um mercado livre no País (PL 414/21), encontro realizado nesta terça-feira, 28 de setembro.
“A política energética deve se moldar a um conjunto de objetivos, como a garantia de suprimento, a liberdade do consumidor, a capacidade de financiabilidade de projetos, inovação, sustentabilidade ambiental e preços transparentes”, disse.
Barral acrescentou que a separação de lastro e energia “é fundamental para a abertura ordenada do mercado e alocação justa dos custos e viabiliza mais eficiência econômica na expansão da oferta de energia elétrica”.
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Entre as medidas cogitadas, estavam emissões automáticas de licença ambiental quando houver demora na análise de pedidos e aumento de área para retirada de vegetação da Mata Atlântica sem necessidade de licença do Ibama.
O Ibama rejeitou os pedidos de flexibilização do processo de licenciamento ambiental e de exploração de áreas da Mata Atlântica que foram solicitados pelo Ministério da Economia. A lista de pedidos elaborada pela pasta foi encaminhada ao Ibama pelo Ministério do Meio Ambiente.
Reportagem publicada pelo Estadão na quarta-feira, 22 revelou que o Ministério da Economia enviou ao MMA uma série de propostas de alterações de regras de licenciamento, com o propósito de “transformar a produtividade e competitividade do País”. Entre as medidas sugeridas, estão emissões automáticas de licença ambiental quando houver demora na análise de pedidos, aumento de área para retirada de vegetação da Mata Atlântica sem necessidade de licença do Ibama e dispensa de licenciamento para explorar rejeitos de mineração.
O MMA deu encaminhamento ao pedido da pasta comandada por Paulo Guedes e solicitou ao Ibama que, até 30 de setembro, apresentasse um diagnóstico sobre cada item e o que tem sido feito para atender o pleito. O Ibama, porém, esclareceu que não tem como colaborar com o pedido.
Por meio de ofício, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, declarou ao MMA que as “demandas apresentadas pelo setor privado” e compiladas pela Secretaria de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação (SDIC) “dizem respeito às ações governamentais (políticas públicas) que não competem ao Ibama, órgão executor do Sistema Nacional do Meio Ambiente”.
Segundo o presidente do Ibama, a “avaliação das proposições deve ser feita pelas instâncias competentes, as quais se incluem órgãos externos ao Poder Executivo”.
No ofício que o Ministério da Economia enviou ao MMA e que foi elaborado em maio, a pasta argumenta que tem feito diagnóstico dos “componentes de cada deficiência que causam perdas transacionais para as empresas brasileiras, em virtude de disparidades e assimetrias do ambiente de negócios nacional em comparação com outros países”.
Esses custos adicionais, identificados como “Custo Brasil”, foram caracterizados, classificados e agrupados pelo ministério em doze áreas: abrir um negócio; financiar o negócio; empregar capital humano; dispor de infraestrutura; acessar insumos básicos; atuar em ambiente jurídico-regulatório eficaz; integrar com cadeias produtivas globais; honrar tributos; acessar serviços públicos; reinventar o negócio; competir e ser desafiado de forma justa; e retomar ou encerrar o negócio.
“Nesse contexto, a Secretaria de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação (SDIC) estruturou o Projeto de Redução do Custo Brasil cujo objetivo é implementar uma política pública pautada na parceria e no diálogo com o setor privado para identificar e eliminar dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que elevam o custo de se fazer negócios no País, comprometendo investimentos e encarecendo os preços dos produtos nacionais”, afirma o secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia, Jorge Luiz de Lima.
O requerimento enviado à chefia do Ibama pelo MMA pede ao órgão para saber quais medidas estão em fase de análise, formulação, tramitação e implementação, além daquelas que tenham sido executadas. “Entre as dificuldades listadas pelo setor privado, algumas delas possuem interfaces direta com as atribuições institucionais do Ministério do Meio Ambiente (MMA)”, diz o secretário Jorge Luiz de Lima, ao encaminhar “as demandas que necessitam análise do MMA no sentido de avaliar a possibilidade de prosseguimento dos pleitos, indicando, caso possível, para cada uma das proposições”.
O pleito da Economia inclui ainda itens como cancelamento da necessidade de consulta ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para licenciamento ambiental de empreendimentos agrossilvipastoris consolidados, com atividade preexistente a 22 de julho de 2008.
Outro item requer a extinção da lista exemplificativa de atividades sujeitas à apresentação de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) ou Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), deixando essa competência para definição a cargo do órgão ambiental competente nos Estados, e não centralizado no Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
O Ministério da Economia aponta, em seu ofício original, a informação de que seus estudos foram realizados em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), os quais concluíram que “o custo transacional adicional de se empreender no Brasil é da ordem de R$ 1,5 trilhão, o equivalente a 22% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para o ano de 2019”.
Após a repercussão do tema, o Movimento Brasil Competitivo, que é formado por uma série de empresas de grande porte, declarou que, nos últimos 20 anos, tem defendido a competitividade brasileira baseada na economia sustentável, com foco nos pilares de governança e gestão, redução do Custo Brasil, transformação digital e educação. O movimento negou participação nas propostas apresentadas. “Não participamos da elaboração ou debate das proposições citadas em ofício do Ministério da Economia. Diante disso, reiteramos nossa posição em defesa de uma política nacional de sustentabilidade social, ambiental e econômica.
“Diante disso, o MBC esclarece que realizou em 2019, um projeto de diagnóstico do Custo Brasil em parceria com o Ministério da Economia com o objetivo de medir os entraves em diversas áreas. Neste estudo, não constam propostas de iniciativas, somente indicadores e comparativos com a OCDE”, afirmou.
O MBC declarou que, numa segunda etapa, apoiou o Ministério da Economia, de forma técnica, no mapeamento das iniciativas já existentes ou em desenvolvimento no governo federal que poderiam contribuir com a redução do Custo Brasil, mas sem entrar no mérito ou defesa de tais propostas.
A Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (Sepec) do Ministério das Economia, que assina o ofício, declarou que, “no âmbito de suas competências e no escopo do projeto de Redução do Custo Brasil, mantém um intenso e continuado diálogo com o setor produtivo, para identificar os principais pontos que atrapalham os negócios no país”.
O órgão, no entanto, afirmou que, “quando os pleitos solicitados envolvem outras áreas do governo, encaminhamos as solicitações para análise e avaliação dos órgãos competentes, sem nenhum julgamento prévio".
“São improcedentes as informações que têm circulado pela imprensa a respeito de que a Secretaria Especial ou o Ministério da Economia teriam solicitado alterações de regras ambientais. Conforme está claro no ofício que deu margem a essas matérias, as proposições não foram avaliadas ou chanceladas por esta Secretaria Especial”, afirmou.
O órgão declarou que tem “trabalhado intensamente com o Ministério do Meio Ambiente para avançar em iniciativas que potencializem o crescimento por meio dos nossos diferenciais como maior potência verde do planeta”, como projetos de desenvolvimento sustentável na região amazônica, uso de energia limpa, financiamento de projetos ambientalmente responsáveis e ações de descarbonização que já fazem parte do setor produtivo brasileiro.
“Reforçamos que mantemos um canal de comunicação democrático para receber proposições de representantes do setor produtivo. Mesmo que algumas delas sejam sensíveis, elas precisam ser encaminhadas aos órgãos competentes para análise, não cabendo à SEPEC descartá-las de antemão.”
Representação
Nesta segunda-feira, 27, os deputados Bohn Gass (PT/RS) e Nilto Tatto (PT-SP) protocolaram uma representação na Procuradoria da República no Distrito Federal contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro do Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e o presidente do Ibama, Eduardo Bim.
“Tem-se como inequívoca, em tese, a prática de ato de improbidade administrativa por parte dos Representados, merecendo análise por parte desta Procuradoria da República”, afirmam os parlamentares.
No documento, os parlamentares pedem a instauração de inquérito civil visando a propositura de ação de improbidade administrativa, além de adoção de providências para que os pedidos encaminhados ao Ministério do Meio Ambiente e Ibama não sejam acolhidos ou executados. Os deputados solicitam ainda ações visando a condenação civil e administrativa dos responsáveis. Fonte e Imagem: Estadão.
Em evento sobre inventários, debatedores destacaram os reflexos da falta de investimentos em preservação nas sucessivas crises hídricas.
Tema recorrente no setor elétrico, a falta de investimentos em construção de hidrelétricas com reservatórios foi apontada por participantes de evento da Agência Nacional de Energia Elétrica como causa das dificuldades de enfrentamento das sucessivas crises hídricas dos últimos anos. O assunto acabou ganhando destaque no segundo workshop da Aneel sobre inventários hidrelétricos participativos, realizado na quinta e sexta-feira, 23 e 24 de setembro.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse em vídeo gravado para o debate que apesar de os estudos apontarem para a garantia de abastecimento de energia elétrica ate o fim do ano, a situação poderia estar melhor se o parque hidrelétrico existente tivesse mantido a participação relevante de usinas com reservação no sistema. Albuquerque lembrou que, no passado, as UHEs com grandes reservatórios eram mais de 60% do total dos empreendimentos da fonte em operação, e hoje representam 40%.
O diretor-geral da Aneel, Andre Pepitone, enfatizou que o cenário atual é o preço que o país está pagando pela opção de construir desde 2011 usinas a fio d’água. Pepitone citou Belo Monte como um exemplo simbólico do problema. Com o agravamento da crise, a usina está com funcionando com uma máquina de 600 MW, a um terço da capacidade.
Para o diretor Hélvio Guerra, não existe crise hídrica, mas um problema de “falta de caixa d’água”. Assim como o ministro, ele destacou que se o país tivesse mantido os 60% do passado não estaria na situação de hoje.
A diretora-presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento, Christiane Dias Ferreira, também falou sobre a importância da reservação , destacando a questão dos usos múltiplos da água. Ela falou da importância da agenda conjunta com a Aneel e da atuação da ANA para garantir o que chamou de solidariedade hídrica na bacia do rio São Francisco.
O consultor do Banco Mundial Armando Araújo disse que entre 2001 e 2019 a energia armazenada nunca ultrapassou 90%, mas a partir de 2012, com a entrada de usinas a fio d’água e o aumento da participação de fontes intermitentes, passou a haver um forte redução anual no nível dos reservatórios. E afirmou que vê como um contrassenso a construção de usinas como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio e acredita que o Brasil vai ter que voltar a discutir o tema.
O presidente da Chesf, Fábio Lopes, levantou dúvidas sobre a eficácia da discussão antecipada de potenciais empreendimentos, ainda na fase de inventario dessas usinas. Para o executivo, que foi secretário de Energia Elétrica do MME no governo Temer, a decisão sobre hidrelétricas com reservatório é uma discussão de Estado.
Inventários
A realização de inventários hidrelétricos participativos é iniciativa da Aneel que começou em 2019 e que consiste em trazer previamente para o debate empreendedores, comunidades afetadas, municípios, órgãos ambientais e Ministério Público.
A primeira experiência de articulação envolvendo novos aproveitamentos foi na bacia do rio Pardo, em Mato Grosso do Sul. Dos 11 potenciais de pequenas centrais hidrelétricas envolvidos na discussão, sete foram considerados projetos viáveis e três já obtiveram licença para implantação emitida pelo Imasul, o órgão ambiental estadual. Há iniciativas também em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás e Pará.
Os estudos são feitos de maneira integrada, abrangendo toda a bacia, a não mais fracionada por empreendimento. O objetivo, segundo a Aneel, é identificar problemas e mitigar, na etapa inicial, questões que só seriam tratadas no processo de licenciamento.
Ao se anteciparem potenciais de queda com indicação de inviabilidade ambiental, evita-se gastos desnecessários e problemas posteriores, dando segurança jurídica ao empreendedor, explicou o superintendente de Concessões e Autorizações de Geração da agência, Carlos Eduardo Cabral Carvalho. Ele considera que há um ganho intangível dessa iniciativa, que é mais dialogo entre os diferentes atores. O inventário participativo não tem a intenção de substituir outros instrumentos usados pelos órgãos que fazem o licenciamento, como os estudos de impacto socioambiental.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Pleitos foram encaminhados ao Ibama na última terça-feira. O prazo solicitado para a conclusão das análises seria até o próximo dia 30, segundo informou o G1.
Um ofício encaminhado pela área econômica do governo ao Ministério do Meio Ambiente, em 13 de maio último, causou polêmica e gerou protestos de entidades ligadas à área ambiental. No documento, o Ministério da Economia pede à pasta para avaliar a possibilidade de flexibilizar 14 regras apontadas como entraves pelo setor privado para a redução do Custo Brasil.
A lista abrange pedidos como a concessão automática de licença ambiental se houver demora na análise; a revogação de regras que dificultam o desmatamento da Mata Atlântica; a extinção do Conselho Nacional do Meio Ambiente; e a redução de exigências para a fabricação de agrotóxicos destinados à exportação.
Os pleitos foram encaminhados ao Ibama na última terça-feira. O prazo solicitado para a conclusão das análises seria até o próximo dia 30, segundo informou o G1.
Em nota denominada, entidades ligadas ao meio ambiente reagiram, na última quinta-feira, chamando as medidas de “pacote antiambiental”. Afirmaram que a lista encaminhada ao MMA denota “desconhecimento e descaso” em relação à legislação em vigor.
Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, disse que os pedidos levarão o Brasil a “cavar ainda mais o fundo do poço”. Malu Ribeiro, diretora do SOS Mata Atlântica disse que as medidas propõem um “ecocídio ao Brasil”.
Em nota, a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia negou que tenha solicitado alterações nas regras ambientais e esclareceu ter apenas repassou as propostas aos órgãos competentes, para que pudessem ser examinadas.
A Sepec ressaltou que, “no âmbito de suas competências e no escopo do projeto de Redução do Custo Brasil, mantém um intenso e continuado diálogo com o setor produtivo, para identificar os principais pontos que atrapalham os negócios no país”. E enfatizou que busca sempre o desenvolvimento sustentável, que gere emprego e renda para os brasileiros.
Temos trabalhado intensamente com o Ministério do Meio Ambiente para avançar em iniciativas que potencializem o crescimento por meio dos nossos diferenciais como maior potência verde do planeta, tais como: projetos de desenvolvimento sustentável na região amazônica, uso de energia limpa, financiamento de projetos ambientalmente responsáveis e ações de descarbonização que já fazem parte do setor produtivo brasileiro", destacou a Secretaria.
Reforçamos que mantemos um canal de comunicação democrático para receber proposições de representantes do setor produtivo. Mesmo que algumas delas sejam sensíveis, elas precisam ser encaminhadas ao órgãos competentes para análise, não cabendo à SEPEC descartá-las de antemão".
Fonte e Imagem: O GLOBO
O programa, que deve ser lançado logo antes ou na primeira semana da CoP 26, está sendo gestado pelos ministérios da Economia e do Meio Ambiente e deve ser formalizado em decreto conjunto.
O governo federal está preparando um “Programa de Crescimento Verde” para ser lançado logo antes ou na primeira semana da CoP 26, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática que irá acontecer em Glasgow, em novembro. Estão sendo estruturados incentivos econômicos para atividades e projetos considerados “verdes”. Além disso, recursos de cerca de US$ 2,5 bilhões estão sendo negociados com o New Development Bank, o banco dos BRICS, o grupo originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
“Ainda não é definitivo. Estamos em negociação, não está fechado”, disse ao Valor o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, que adiantou estar em conversa com Marcos Prado Troyjo, presidente do NDB e ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. O programa está sendo gestado pelos ministérios da Economia e do Meio Ambiente e deve ser formalizado em decreto conjunto. Outras pastas – Agricultura, Infraestrutura, Ciência, Tecnologia e Inovações, Casa Civil – também estão envolvidas.
A iniciativa “olha para a neutralidade em carbono em 2050 e considera conservação florestal, menor uso de recursos naturais, geração de emprego e remuneração para quem preserva a floresta. Estes são os grandes resultados que esperamos”, adiantou o ministro.
Ele falou da iniciativa a John Kerry, enviado especial de Clima da Casa Branca, há poucos dias, e em conversas bilaterais com representantes de outros governos, como Portugal e Cingapura.
“Tentamos desenhar um programa olhando critérios verdes ao redor do mundo para trazer isso para dentro do nosso programa, para que seja reconhecido globalmente”, diz o ministro, que foi levado à Pasta pelo antecessor Ricardo Salles.
Custo Brasil x ambientalistas
Sobre as fortes críticas dos ambientalistas feitas esta semana ao ofício do Ministério da Economia, pedindo ao MMA a flexibilização de normas ambientais como parte de um processo de redução do chamado Custo Brasil, Pereira Leite defende o governo e diz que “foi muito barulho por nada”.
O ofício do Ministério da Economia pede, entre outras coisas, a concessão automática de licenciamento se houver demora na análise dos pedidos pelos órgãos ambientais e alteração dos limites que dependem de anuência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) para corte de vegetação de Mata Atlântica. O MMA enviou há poucos dias o ofício ao Ibama, dando prazo somente até 30 de setembro para a resposta. A lista de pedidos do ME foi repudiada por entidades que a consideraram um “pacote antiambiental”.
A seguir, trechos da entrevista que Pereira Leite concedeu hoje ao Valor, por telefone:
Valor: Como será a negociação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que trata dos mercados de carbono, na CoP de Glasgow?
Joaquim Álvaro Pereira Leite: Teremos uma posição construtiva no Artigo 6 do Acordo de Paris. Disse isso ao governo de Portugal, na semana passada a John Kerry [enviado especial de Clima da Casa Branca], com Alok Sharma [presidente da CoP 26, a Conferência do Clima das Nações Unidas em Glasgow, em novembro.] Falo isso a todos.
Valor: O que é este Plano Nacional de Mudança do Clima que o governo prepara?
Pereira Leite: O Comitê Interministerial de Mudança do Clima se reuniu e criou grupos de trabalho [a reunião do CIM, de agosto, foi coordenada pela Casa Civil; estiveram presentes os ministros da Economia, Agricultura, Infraestrutura, Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores]. Um grupo de trabalho para criar um programa de crescimento verde, outro para um Plano Nacional de Mudança do Clima, que já existe e será atualizado, e o aprimoramento do inventário nacional de emissões. Para atingir as metas de 37% de redução de emissões até 2025 e 43% até 2030, o objetivo do plano é monitorar as atividades e as ações que serão implementadas. O componente mais importante é zerar o desmatamento antes de 2030.
Valor: O que farão?
Pereira Leite: O mais importante é o plano de combate ao desmatamento legal, que estamos revisando agora, porque os resultados da integração da Força Nacional estão aparecendo. É Polícia Federal junto com a Força Nacional, Ministério do Meio Ambiente, Icmbio e Ibama, Ministério da Defesa.
Valor: Qual a meta?
Pereira Leite: A que o presidente já anunciou é de zerar o desmatamento ilegal até 2030. Pretendemos antecipar esta meta.
Valor: O Plano Nacional será entregue quando?
Pereira Leite: O grupo de trabalho deve entregar diretrizes antes da CoP.
Valor: O que existe neste Programa de Crescimento Verde?
Pereira Leite: O Programa de Crescimento Verde olha para a neutralidade em carbono em 2050 e considera conservação florestal, menor uso de recursos naturais, geração de emprego e remuneração para quem preserva a floresta. Estes são os grandes resultados que esperamos.
Valor: Quem o está estruturando?
Pereira Leite: Sou eu (o Ministério do Meio Ambiente) quem está fazendo o Programa de Crescimento Verde, com a contribuição de todos os ministérios. Será lançado via decreto conjunto do Ministério da Economia e do Meio Ambiente, mas todos os ministérios estão ajudando. Estou desenhando para lançá-lo na semana antes ou na primeira semana da CoP. A minha agenda tem sido acompanhar o desenvolvimento deste programa ou reuniões de negociação para a CoP. E nas quartas-feiras estar na Amazônia para acompanhar a integração da operação de combate ao desmatamento.
Valor: O que terá o Programa?
Pereira Leite: Terá três eixos. O primeiro, de incentivos econômicos; o segundo, de transformações institucionais e o terceiro, de política de priorização.
Valor: Quais incentivos econômicos?
Pereira Leite: Juros mais baratos para atividades verdes. Quando uma atividade for comprovada por terceira parte como verde, a gente vai reconhecer isso. Isso já existe, e vamos incentivar mais. Empacotar tudo que fazemos de atividade verde para ter acesso a recursos mais baratos que atividades comuns.
Valor: Existe onde?
Pereira Leite: Na Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC) do Ministério da Agricultura, por exemplo. Vamos ampliar. Tentar trazer benefícios quando se tem baixa emissão. Estamos construindo isso. Fiz uma reunião com John Kerry e ele se prontificou a dar subsídios de sua equipe técnica para nos ajudar a desenhar este programa de crescimento verde com critérios técnicos. O governo de Portugal fez a mesma coisa hoje, e faremos uma reunião técnica para trazer subsídios do que os portugueses acham que é verde. Tive uma reunião com a ministra de Meio Ambiente de Cingapura hoje de manhã e ela falou que está à disposição e vai colocar a equipe técnica para nos ajudar. Tentamos desenhar um programa olhando critérios verdes ao redor do mundo para trazer isso para dentro do nosso programa, para que seja reconhecido globalmente.
Valor: O que o senhor viu de interessante em Portugal, nos Estados Unidos e Cingapura que possa ajudar o programa brasileiro?
Pereira Leite: Em Cingapura, tratamento de resíduos e água e geração de energia à base de resíduos. São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília são cidades que precisam se desenvolver de forma mais sustentável. Cingapura tem vários casos de sucesso. Portugal é forte em reciclagem de lixo, com vários projetos de ponta. E nos Estados Unidos, principalmente projetos de infraestrutura, que também podem ser verdes e eles têm capacidade para nos dar critérios verdes para isso.
Valor: O que o senhor está pensando, em infraestrutura?
Pereira Leite: Como a gente empacota projetos de infraestrutura para terem um componente verde. Como deixo claro quando um projeto de infraestrutura pode contribuir para o meio ambiente. Por exemplo, uma estrada-parque. Pode-se fazer uma estrada que tenha passagem de animais, pontos de parada para que se possa apreciar a floresta ou uma cachoeira. Dá para fazer uma estrada-parque bem diferente do que uma que não leva o verde em consideração. Só um exemplo para que se entenda como se podem trazer componentes verdes para todos os Ministérios, por isso eles participam junto.
Valor: O que são as transformações institucionais?
Pereira Leite: Decretos, portarias e instruções normativas, tudo o que puder acelerar projetos verdes. Que valorizem o que é verde nos projetos que sejam de desenvolvimento econômico.
Valor: O que o senhor quer dizer com isso?
Pereira Leite: Como a portaria do Floresta+ Bioeconomia. Fiz uma portaria que valoriza a compra de produtos da bioeconomia. O comprador deveria pagar para o extrativista um valor razoável para remunerar o extrativista pelos serviços ambientais de proteger a floresta. O extrativista extrai a castanha ou o açaí, mas, ao mesmo tempo, protege a área. Durante todos os 12 meses do ano, está prestando serviço ambiental. A ideia do Floresta+ , feito via uma portaria, é trazer uma pegada verde de conservação de quem protege a floresta para o mercado de bioeconomia e extrativismo, para dar um exemplo. Daqui para a frente, em toda transformação institucional que fizermos via Ministérios, dentro do Comitê Interministerial, vamos trazer este componente verde. Para toda vez lembrar dele nas ações e portarias dos ministérios.
Valor: O que é uma política de priorização?
Pereira Leite: Tudo o que faço no governo, dou prioridade a projetos verdes. Vem um projeto menos verde do que outro. Vou acelerar o que for verde. Vamos criar políticas de priorização destes projetos. Se eu tenho orçamento do governo federal, vou fazer um projeto comum ou fazer um projeto verde? Farei o estudo de dois projetos, o que tiver mais pegada verde será priorizado.
Valor: Isso irá funcionar em todos os ministérios?
Pereira Leite: Não. Isso funcionará em um comitê interministerial que a gente deve criar para tentar trazer estes critérios verdes e fazer com que estes projetos acelerem mais que os “cinzas”.
Valor: O programa de crescimento verde é do governo federal?
Pereira Leite: Sim, com os nove ou dez ministérios que estão dentro do Comitê. Isso estará no decreto. Agricultura, Indústria, Infraestrutura e outros.
Valor: E dinheiro para isso?
Pereira Leite: Estou negociando com o Troyjo [Marcos Prado Troyjo, que foi Secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Economia e, hoje, preside o NDB, o New Development Bank, o banco dos Brics], recursos de cerca US$ 2,5 bilhões, mas isso ainda não é definitivo. Estamos em negociação, não está fechado. Estamos em conversa.
Valor: Para fazer o programa, o senhor precisará deste montante?
Pereira Leite: Não precisaria de nada. Preciso fazer estes incentivos, que podem ser feitos via bancos federais, BNDES. Estamos montando políticas para os bancos fazerem incentivos nesta linha, além disso, teria o banco dos BRICS com um volume grande de recursos extras para direcionar o programa.
Valor: Que impacto este programa pretende ter?
Pereira Leite: Neutralidade de carbono até 2050. Geração de empregos — o pessoal da Economia está fazendo contas —, conservação florestal, remunerar a floresta e utilizar menos recursos naturais. Estes são os quatro resultados que a gente espera, mas ainda não temos as metas.
Valor: E sobre o ofício do Ministério da Economia ao MMA pedindo flexibilização em normais ambientais (o ofício é de maio, feito pelo ME e foi enviado recentemente do MMA ao Ibama, com prazo de resposta até 30 de setembro. Foi fortemente criticado por entidades ambientalistas)?
Pereira Leite: Aquilo, para mim, foi muito barulho por nada, para nada efetivo. Consultas são feitas pela sociedade o tempo todo. Isso não significa que se faça qualquer coisa que não esteja de acordo.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
Documento trata de procedimentos, prazos e da documentação necessária à renovação dos contratos do programa.
Depois de editar o decreto que regulamenta a prorrogação por 20 anos dos contratos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, o governo publicou nesta quinta-feira, 23 de setembro, portaria com o manual de prorrogação do Proinfa. O ato do Ministério de Minas e Energia estabelece procedimentos, prazos e a documentação necessária à renovação dos contratos de compra e venda de energia de usinas participantes do programa.
As regras valem para empreendimentos contratados pelo prazo de vinte anos, após a criação do Proinfa em 2002. Dos 144 projetos com contrato, 131 foram de fato implantados, sendo 52 usinas eólicas, 60 pequenas centrais hidrelétricas e 19 termelétricas a biomassa.
De acordo com o manual, foram assinados 1.394 documentos desde o surgimento do programa, entre contratos e termos aditivos, dos quais 129 com a fonte biomassa, 597 PCHs e 668 com eólicas.
Os contratos atuais de compra e venda de energia vencerão nos próximos anos, mas a possibilidade de prorrogação por igual período foi incluída pelo Congresso Nacional na Lei 14.180, resultante da conversão da medida provisória que autorizou a privatização da Eletrobras.
Pelas diretrizes do MME, os geradores do Proinfa terão até 11 de outubro para enviar carta de adesão à Eletrobras. A gestão dos contratos permanecerá com a companhia até transferência do programa para a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar), estatal resultante da cisão da própria Eletrobras.
A Agência Nacional de Energia Elétrica vai apresentar até 11 de novembro a análise dos beneficios tarifários da prorrogação. Em 3 de dezembro a Eletrobras iniciará a análise documental para assinatura dos aditivos contratuais de prorrogação. A outorgas dos empreendimentos também vão ser estendidas, para coincidir com a vigência dos contratos.
Os descontos no preço da energia no preço da energia contratada serão aplicados a partir do faturamento de 2022, no mês seguinte à assinatura do termo aditivo. Veja a Portaria Normativa 26/2021, no DOU do dia 23/09/2021, página 54.
Fonte: Canal energia e Imagem: CRNBIO
Técnicos recomendam que o tribunal determine a adoção de um plano estratégico pelo governo para uma eventual piora da escassez hídrica.
Relatório elaborado por técnicos do Tribunal de Contas da União avalia que as medidas tomadas pelas entidades e órgãos do setor elétrico para enfrentamento da crise “não estão sendo suficientes para afastar o risco de desabastecimento e garantir a segurança do suprimento eletroenergético na situação atual de escassez hídrica.” O documento encaminhado no último dia 13 de setembro ao ministro Benjamin Zymler fala em falta de previsibilidade e avaliação das ações tomadas até o momento, e na inexistência de um plano que possa ser acionado em caso de agravamento da situação.
Os técnicos sugerem ao ministro que estabeleça prazo de até cinco dias úteis para que a Câmara de Regras Excepcionais de Gestão Hidroenergética se manifeste em relação aos fatos apontados, alertando o órgão sobre a possibilidade de o que o tribunal venha a determinar a apresentação em dez dias de um plano de contingência estratégico para enfrentamento da crise de escassez hídrica. Zymler é relator do processo de acompanhamento da gestão da crise ainda não julgado pelo TCU.
O plano deve detalhar “medidas emergenciais, sequenciais e gradativas, acionadas por meio de parâmetros ou critérios técnicos predeterminados” para o uso otimizado dos recursos hidroenergéticos, com finalidade de garantir a segurança do suprimento de energia, sem prejuízo dos usos múltiplos da água e considerando diferentes cenários de risco de déficit energético e de potência.
Na peça de instrução do processo, os auditores destacam que até o momento foram tomadas diversas medidas para garantir o abastecimento do Sistema Interligado, por meio de aumento da oferta de energia disponível, flexibilização de restrições operativas das usinas hidrelétricas e deslocamento ou redução do consumo. Apesar disso, o nível dos reservatórios teve uma piora além do esperado e “há indicativo de que as providências não se mostram suficientes para eliminar o risco de racionamento do consumo, tampouco o risco de blecaute.”
A conclusão é que o sistema elétrico opera “sob stress”, adotando premissas arrojadas em diversas frentes para garantir o fornecimento de energia, o que mostra um risco considerável de desabastecimento, seja pelo racionamento de energia, seja pela insuficiência de potência.
Nesse cenário, se houver convergência de fatores negativos, não há clareza quanto às ações que serão tomadas pelas autoridades do setor, uma vez que ainda não foi apresentado ao TCU um plano estratégico formal para a adoção de medidas e seus respectivos gatilhos, caso a situação se deteriore ainda mais.
Há criticas à falta de transparência e previsibilidade na atuação da Creg e menção a uma eventual resistência do governo em adotar ações mais radicais, como o racionamento. “Embora os gestores responsáveis não tenham admitido a possibilidade de decretação de medidas compulsórias de restrição do consumo, sabe-se que uma providência como essa possui impacto potencial negativo sob aspectos social, político e econômico, o que pode, em tese, estar postergando a sua adoção.”
Fonte e Imagem: Canal Enegia
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, André Pepitone, apresentou, nesta quarta-feira (22/9) para os representantes de conselhos de consumidores, as ações adotadas para o enfrentamento da escassez hídrica e destacou a importante contribuição que pode ser dada pelos consumidores ao se ter um consumo mais consciente de energia elétrica.
O Encontro “ANEEL com Conselhos de Consumidores” reuniu em Brasília 21 conselheiros representantes de todas as regiões do País com a finalidade de esclarecer as iniciativas da Agência e ampliar a divulgação das ações para os consumidores das distribuidoras de energia.
O diretor-geral destacou no encontro as três principais frentes de atuação: flexibilização de restrições operativas; aumento da oferta de energia e o deslocamento e redução do consumo. “Estamos preparados, atuando de maneira técnica e com plano muito bem desencadeado”, assegurou.
Em relação ao deslocamento e redução de consumo, o diretor-geral enfatizou as seguintes ações: a campanha de Consumo Consciente Já; o programa para a redução voluntária da demanda; o bônus de redução voluntária do consumo; a redução do consumo de prédios públicos e a criação da Bandeira Escassez Hídrica.
Fonte e Imagem: ANEEL
Falta de energia afetou parte da Região Sudeste na noite de sábado e, segundo órgão, ocorreu devido a desligamento total da Subestação de Rocha Leão, em Rio das Ostras, Região dos Lagos, no Rio.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou neste domingo (19) que o apagão que afetou parte da Região Sudeste na noite deste sábado (18) não teve relação com a crise hídrica do país. De acordo com o portal G1, o ONS disse que, às 21h21 de sábado, “houve um desligamento total da Subestação de Rocha Leão”, localizada em Rio das Ostras, no Estado do Rio de Janeiro. O local pertence a Furnas, que já havia admitido a falha.
“As proteções atuaram corretamente para isolamento da falha, causando o desligamento de todos os equipamentos. A equipe técnica de Furnas prontamente iniciou os procedimentos para o restabelecimento do fornecimento”, detalhou Furnas.
ONS avaliará as causas da ocorrência junto aos agentes envolvidos —
ONS afirmou que entrou em ação a “proteção diferencial de barras do setor de 138 kV”, afetando cidades do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Às 22h32, o abastecimento estava normalizado.
O ONS avaliará as causas da ocorrência junto aos agentes envolvidos e se foi um problema técnico ou falha humana.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
O CEO da Omega Energia, maior empresa de energia renovável do Brasil, encara com tristeza a ideia do governo brasileiro de fomentar o mercado de gás natural. “Estamos perdendo uma grande oportunidade de gerar prosperidade e segurança”, afirma o executivo, que é o convidado desta semana do podcast ESG de A a Z, produzido pela EXAME. “O caminho não é esse.”
Bastos acredita que a solução para a crise energética atual, e todas as outras que possam vir, está nas energias renováveis. “Se tem um país que pode fazer uma revolução energética é o Brasil”, diz. “E o mais significativo, é uma revolução no Nordeste. Podemos industrializar a região a partir da energia limpa. O Nordeste pode se tornar um polo de metanol e hidrogênio verde.”
Na próxima semana, a Omega realizará um evento para debater a energia renovável como solução para o país. O debate contará com a presença de Tony Seba, autor do bestseller “Clean Disruption of Energy and Transportation”, e do jovem africano William Kamkwamba, que inspirou o filme da Netflix "O menino que descobriu o vento".
O governo brasileiro, no entanto, caminha na direção contrária. Na Medida Provisória que possibilita a privatização da Eletrobras, foi incluída uma obrigação ao concessionário de contratar 8 mil megawatts de energia proveniente de usinas termelétricas a gás natural, sendo 3.500 para o Norte e o Nordeste. Os defensores da medida alegam que trará desenvolvimento para a região.
“É uma medida estapafúrdia. Você terá de construir gasodutos para levar o gás do litoral para o interior, gerar energia e levar de volta para o litoral”, critica Bastos. Para o executivo, é preciso rever o planejamento energético brasileiro, sob a ótica das novas tecnologias. “O sistema hidrelétrico é ficcional e as premissas estão erradas. Não temos a quantidade de energia que pensamos ter, e usamos esses parâmetros para planejar.”
O velho contra o novo.
Segundo o presidente da consultoria PSR, especializada em energia, Luiz Barroso, o planejamento do setor elétrico no Brasil é feito a partir da ideia de “garantia física”. "O problema é que a garantia física nem garante, nem é física", afirmou Barroso ao jornal Estadão. "Ela não representa a expectativa de produção de uma usina e sim seu valor econômico ao sistema."
A usina de Belo Monte, no Pará, por exemplo, oferece uma garantia física de 4,5 mil megawatts, em média. Porém, essa capacidade não é constante: nos meses úmidos, a geração chega a ser três vezes maior do que nos meses secos. Na prática, a ideia da garantia física, diz Barroso, serve apenas para os contratos comerciais, uma vez que determina o quanto uma usina pode vender de energia. Mas ela não reflete com precisão o quanto está disponível.
“O que mudou no setor elétrico nos últimos anos?”, questiona Bastos, da Omega. “Nós fazemos sempre a mesma coisa esperando um resultado diferente. No fundo, o que vemos é uma disputa do velho contra o novo. Não vamos a lugar nenhum olhando para o retrovisor e utilizando uma lógica dos anos 70.”
Racionamento de energia? Não, de PIB.
O CEO da Omega não vê o Brasil sofrendo apagões. Para Bastos, o racionamento que o país enfrentará é o do Produto Interno Bruto (PIB). Com o valor da energia subindo, as empresas intensivas em eletricidade vão preferir vender a energia contratada do que produzir. “Num cenário de 15 milhões de desempregados, é muito ruim. E já vejo nossos clientes reduzindo o consumo”, afirma o executivo.
Fonte e Imagem: Exame
Se o presidente Jair Bolsonaro tem buscado apoio e conselhos com o ex-presidente Michel Temer diante da crise institucional, pelo menos uma decisão equivocada tomada durante o governo do seu antecessor poderia mitigar os efeitos da crise hídrica vivida pelo Brasil atualmente.
Isso porque, em 2016, o Ministério de Minas e Energia (MME) do governo do então presidente Temer decidiu cancelar um leilão de energia que poderia ter criado cerca de 1,2 mil usinas solares e eólicas. Pelo plano, o leilão de energia de reserva reforçaria o fornecimento no Brasil por 20 anos a partir de julho de 2019. Ou seja, neste ano o país já poderia contar ao menos com parte dessas energias alternativas.
Na ocasião, 841 geradores eólicos e 419 fotovoltaicos, com potência instalada de 35 Gigawatts, se interessaram pelo pregão, que acabou sendo sustado dias antes da data prevista para sua realização. Como o leilão nunca foi feito, não é possível saber efetivamente o quanto de energia hoje o Brasil abriu mão em 2016.
A decisão do governo Temer foi baseada em um relatório de EPE (Empresa de Pesquisa Energética), órgão vinculado ao MME que atua no planejamento da oferta energética no país.
O documento apresentado pelo órgão afirmava que o poderia haver "excesso de oferta" caso houvesse a inclusão de novas fontes, já que a atividade econômica apresentava uma perspectiva de baixo crescimento associado à crise econômica, o que afetaria o consumo de energia no país com menos fábricas funcionando, por exemplo.
Na avaliação da EPE poderia haver super oferta e, portanto, contratar uma reserva de energia seria desnecessário.
Ao tomar a decisão, o governo analisou o panorama da disponibilidade de energia no país até 2021 e concluiu, em sentido contrário ao evidenciado atualmente, que haveria suprimento de energia suficiente a ponto de o leilão, naquele momento, não ser necessário.
Ao justificar a decisão pelo cancelamento do leilão, o órgão explicava que "a metodologia atualmente utilizada pela EPE para o cálculo da necessidade de energia de reserva" envolvia seis fatores. Um deles era a "Análise de Balanço Físico de Oferta de Energia do SIN [Sistema Interligado Nacional] ao longo dos próximos 5 anos". Ou seja, ao fazer a projeção no fim de 2016, a EPE já mirava a situação do ano de 2021, e concluiu naquele momento que o suprimento de energia no país estaria assegurado.
A nota técnica elaborada pelo órgão para justificar o cancelamento levou em conta os aspectos econômicos na crise, mas desconsiderou os meteorológicos.
"A decisão de não contratar tal volume de reserva, o que redundou no cancelamento do 2º LER de 2016, foi tomada pelo poder concedente tendo em vista a recente, inesperada e significativa deterioração da perspectiva para o cenário econômico", diz a nota técnica sobre o cancelamento.
A coluna procurou o ex-ministro de Minas e Energia, deputado Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE), para comentar a decisão, mas ainda não obteve retorno. O MME e a EPE também foram procurados, mas ainda não se manifestaram.
Fonte e Imagem: UOL.
Manter a vegetação que margeia rios e nascentes é um dos principais passos para evitar escassez hídrica e não prejudicar a geração de energia e o abastecimento da população.
Contudo, o Brasil tem cuidado mal desse quesito. A conclusão foi divulgada nesta quarta-feira (15/9) pelo MapBiomas, iniciativa do Observatório do Clima que monitora a devastação da vegetação no país por imagens de satélites.
Segundo o MapBiomas, a bacia do Paraná, por exemplo, teve sua cobertura nativa reduzida de 24% em 1990 para 19% em 2020. A do Rio Grande caiu de 21% para 20% no período.
Já a bacia do Tietê passou de 19% para 20% e a do Paranamanema ficou estável em 23%. Já a bacia do Paraíba do Sul oscilou de 27% para 29%.
São Paulo e Paraná substituíram áreas de pastagem por agricultura e conseguiram conservar Áreas de Preservação Permanente (APP) em torno de rios.
Apesar da tendência otimista, ainda assim, é considerada preocupante a situação de importantes bacias hidrográficas. Muitas têm baixa cobertura vegetal, o que afeta a disponibilidade de água.
“O planejamento da recuperação florestal da Mata Atlântica de acordo com as bacias hidrográficas é uma enorme oportunidade para gestores públicos”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, em comunicado divulgado pela entidade.
Ele completa: “Como metade da vegetação nativa da Mata Atlântica está em áreas privadas, políticas como a de Pagamento por Serviços Ambientais e criação de corredores assume papel estratégico para a recuperação e conservação do bioma.”
Fonte e Imagem: Portal Metrópoles.
Perspectiva é de mais renovabilidade da matriz, mercado aberto até a baixa tensão, mas ainda há um longo caminho a percorrer, avalia grupo de mulheres em posição de destaque no setor elétrico.
O futuro do setor elétrico passa pela modernização com as novas tecnologias, geração renovável mais ampla, segurança de suprimento e um mercado aberto a todos. Essa é a síntese das perspectivas que o grupo Damas de Energia apresentou durante o último painel do segundo Warm Up do Enase 2021, realizado nesta quarta-feira, 15 de setembro, via plataforma do evento.
Para o grupo de mulheres de destaque no setor elétrico que participaram do debate, o país terá uma matriz com fontes renováveis com mais participação do que temos atualmente. E esse avanço ocorre em paralelo ao aumento do consumo no mercado livre e da geração distribuída, com o consumidor tendo um papel mais ativo no setor. Consequentemente serão oferecidos mais serviços diversos para atender a essa demanda.
“O setor será mais sustentável e com menos emissões e mais segurança de suprimento. Temos bons recursos no país mas com térmicas a gás para que tenhamos a garantia do equilíbrio nesse processo de transição”, avaliou a gerente geral de Comercialização da Eneva, Camila Schoti.
Camila destacou a necessidade de se incluir nas discussões sobre a modernização do setor elétrico o caso dos sistemas isolados, cujo atendimento é majoritariamente feito via geração a diesel. “Desde 2013 a CCC custou R$ 55 bilhões para financiar os sistemas isolados. Então falar em modernização temos que ter a perspectiva de incluir essas regiões”, acrescentou.
Fabiana Polido, diretora Comercial na Omega Energia, lembrou que essa perspectiva de aumento das renováveis na matriz elétrica nacional foi chancelada por um estudo do GIZ a pedido do MME e EPE sobre qual seria o limite dessas fontes. O estudo inclusive, foi apresentado no Enase 2020 e indicou a perspectiva de que com 40% do total do parque gerador formado por eólicas e solares seriam capazes de atender a 70% da demanda horária tendo o ano de referência de 2016.
“Isso porque as renováveis são as mais competitivas e tem possibilidade de serem viabilizadas em grande escala, mas para isso um gargalo que devemos nos atentar é a transmissão, ter um planejamento que reduza prazos para esses ativos”, avaliou.
Outro ponto defendido no painel e que é importante para a modernização do setor é a separação entre lastro e energia. O destaque foi dado pela Líder em Energia e Comercialização da Light, Alessandra Amaral. A executiva tomou como exemplo a questão da expansão da geração estar centrada no mercado livre, mas que é necessário segurança de abastecimento, fator que é dado pelas térmicas que são pagas apenas no mercado regulado.
“Com esse cenário, o Pmix dos contratos das distribuidoras acaba encarecendo por conta dessa necessidade de usinas que atribuam segurança ao setor e isso incentiva mais migração e mais geração distribuída”, lembrou.
Além disso, continou, a modernização do setor passa por um novo momento, acelerado por conta da pandemia, a da transformação digital e que isso é importante no que se refere à ampliação do mercado livre. Afinal, serão muito mais consumidores no ACL o que representa um desafio no plano de abertura, onde inclui as dúvidas sobre o que fazer com os contratos legados, instrumentos que viabilizaram a expansão da geração nas últimas duas décadas.
Thaís Prandini, sócia da Delta Geração, lembra que cada vez mais o setor elétrico terá novos modelos de negócios neste cenário de modernização. Afinal, há o empoderamento do consumidor ao passo que as novas tecnologias proporcionam crescimento tanto no ACL quanto na GD. E ainda, o avanço de soluções em baterias e hidrogênio.
“O modelo está cada vez mais sofisticado”, resumiu a executiva. E essa sofisticação passa pela proximidade cada vez maior de fundos e investidores que estão em busca de novos negócios mais sustentáveis. Citou que a integração do gás com o setor elétrico como uma questão que precisa de ajustes quanto ao fornecimento do combustível, apesar desse ser apontado como o insumo da transição energética e atualmente representar uma importante ferramenta para atribuir segurança ao abastecimento.
Falando de mercado livre, a moderadora do painel, Ângela Oliveira, da Abraceel, destacou em sua participação a mais recente pesquisa da entidade sobre a liberdade de escolha do consumidor. Lembrou que a posição do país no ranking global melhoraria significativamente caso os projetos que estão no Congresso Nacional fossem aprovados. “Hoje quase não há liberdade de escolha, passaríamos para o 4o lugar, ainda precisamos avançar”, ressaltou.
O painel Damas de Energia está disponível na plataforma na internet em que será realizado o Enase 2021, que neste ano será ainda totalmente digital e ocorrerá de 13 a 15 de outubro.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Grupo de pesquisadores, políticos, ambientalistas e empresários trabalha em um plano de descarbonização do Brasil.
Um grupo de cerca de 200 políticos, pesquisadores, ambientalistas, economistas, entidades e representantes de indústrias, do agronegócio e do mercado financeiro vêm se reunindo há mais de dois meses, com regularidade, para discutir uma nova meta climática para a economia brasileira até 2030. Não se trata apenas de um número, mas de uma série de três cenários que levam em consideração a redução de emissões de gases-estufa e os vários impactos econômicos e sociais que podem derivar de diferentes decisões.
Trata-se da iniciativa “Clima e Desenvolvimento: Visões para o Brasil 2030”, criada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e outras instituições com o objetivo de construir cenários de emissões de gases-estufa para a economia brasileira estar mais descarbonizada em 2030. “Há uma série de perspectivas possíveis e escolhas que a sociedade têm que fazer e que terão consequências em carbono, na economia e na sociedade”, diz Ana Toni, diretora-executiva do iCS.
A intenção é pautar as eleições de 2022, colocando a crise climática na agenda dos candidatos. Os documentos, que fazem uma revisão da NDC brasileira (sigla para as metas voluntárias que os países fazem no Acordo de Paris) devem estar prontos no fim de outubro. A ideia também é divulgar a proposta na CoP de Glasgow, prevista para novembro. “Não é um movimento contra a NDC do governo. Mas é importante indicar que a sociedade brasileira está discutindo a descarbonização e quer fazer escolhas qualificadas”, diz Ana Toni.
A meta climática brasileira foi anunciada em dezembro pelo ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, com um corte de 43% nas emissões até 2030. Mas a linha de base mudou, o que permitiria que o Brasil emitisse 400 milhões de toneladas de CO2 a mais do que o previsto anteriormente. Na ocasião não houve discussão com a sociedade sobre a meta.
Nesta iniciativa, contudo, a estrutura é de participação colaborativa. Há três comitês. Um deles, técnico-científico, é coordenado pelo economista Emilio La Rovere, coordenador do Centro Clima, na Coppe-UFRJ. É aqui que são rodados os cenários climáticos, macroeconômicos e setoriais. O outro comitê, político, é coordenado pelo Instituto Talanoa, um think tank que atua na formulação de políticas públicas climáticas. É aqui que vêm participando prefeitos, parlamentares e governadores como Eduardo Leite (PSDB-RS) e Flávio Dino (PSB-MA), além de lideranças indígenas, de mulheres, do movimento negro, de comunidades e CEOs, por exemplo. Há um terceiro comitê, consultivo, com diplomatas e representantes do Observatório do Clima, CEBDS, Abag e outras entidades. Todos querem metas climáticas mais ambiciosas para o Brasil.
Há três cenários sendo rodados, explica La Rovere, tendo em vista uma estratégia de desenvolvimento do país compatível com uma trajetória de emissões até 2030 e que leve à neutralidade em carbono em 2050. Um cenário é tendencial e os outros dois são mais ambiciosos. A modelagem trabalha setorialmente considerando as emissões do desmatamento, da agropecuária, os modelos de transportes e indústria, a política de resíduos. O modelo macroeconômico detalha a economia brasileira em 19 setores produtivos e quatro classes de renda.
“Não é uma previsão, não é uma aposta do que vai acontecer”, diz o professor La Rovere, explicando que as premissas dos cenários levam em conta, por exemplo, que os países do G 20 terão metas mais ambiciosas, que as políticas de retomada econômica estarão em linha com o Acordo de Paris e que haverá progresso em eletromobilidade. Os três cenários levam em conta que o Brasil crescerá 2,6% ao ano.
O mais ambicioso é aquele onde há maior sucesso no controle das taxas anuais de desmatamento, que alcança desmatamento zero na Amazônia e na Mata Atlântica e queda substantiva no Cerrado, Caatinga e outros biomas. “O que diferencia um cenário do outro é o êxito no comando e controle do desmatamento”, explica. “Outro instrumento complementar é a precificação de carbono”, segue La Rovere. Os dois cenários mais ambiciosos têm mercado de carbono.
“Chegar a uma NDC líquida zero em 2050 é perfeitamente viável e praticamente sem custos”, diz Joaquim Levy, diretor de estratégia econômica e relacionamento com o mercado do Banco Safra. “Se acabarmos com o desmatamento, reduzimos a conta das emissões pela metade”, diz o ex-ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff. Ele diz, por exemplo, que as emissões dos transportes deverão ser enfrentadas com eletrificação, etanol e outras tecnologias já existentes e competitivas. “Um pequeno preço de carbono pode estimular a indústria a ter mais eficiência”, cita. Técnicas agrícolas aliadas a reflorestamento reduzirão as emissões da agropecuária, segue Levy.
“O Brasil tem a tendência de aumentar as emissões em todos os setores, do saneamento ao desmatamento, que é o nosso maior problema”, diz Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa. “Queremos romper a tendência, manter as vantagens competitivas do Brasil em clima e levantar os atores brasileiros envolvidos em iniciativas nacionais e internacionais.”. Natalie, que coordena o comitê político, conta dois pontos fortes dos debates: a precificação de carbono e o fim do desmatamento.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Falta de energia preocupa mais que ruptura do teto de gastos, diz economista.
Um racionamento de energia que reduza em 10% o consumo de eletricidade por um ano poderia tirar 1,2 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 2022 e zerar o crescimento do país, segundo cálculos de economistas da XP.
Para o ano que vem, a XP reduziu as previsões de crescimento do PIB de 1,7% para 1,3%, pelos efeitos da política monetária mais apertada e das incertezas crescentes, com o cenário eleitoral se aproximando e uma perspectiva de desaceleração da economia internacional.
Um racionamento forte no ano que vem, portanto, poderia praticamente zerar as expectativas de crescimento e até aumentar os risco de uma recessão em 2022.
Apesar dos demais fatores de risco, a crise hídrica, que levou a uma baixa dos reservatórios das usinas hidrelétricas, é o fator que mais preocupa os economistas agora.
Há um risco de racionamento de até 30%, o que seria a principal ameaça para a atividade doméstica no ano que vem, além de uma desaceleração da economia global que já é vista, dizem os economistas Caio Megale e Rodolfo Silva, da XP.
"Estou mais preocupado com o fornecimento de energia do que com a ruptura do teto de gastos para acomodar eventuais despesas", diz Megale.
Reportagem recente da Folha apontou que o governo já trabalha com o risco de o país enfrentar um "sufoco" energético também em 2022, o que teria pesado na decisão de contratar usinas térmicas (mais caras) emergenciais para reforçar o sistema.
A avaliação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) mostra que o país deve começar 2022 com os reservatórios das hidrelétricas em um estado muito mais grave do que no início deste ano.
Apesar de o racionamento significar PIB perto de zero no ano que vem, para a inflação em 2022 a redução forçada no consumo de energia ainda teria caráter inflacionário por prejudicar a oferta.
Isso poderia causar um aumento de 0,6 p.p. na inflação, diz Tatiana Nogueira, também da XP, além de impacto nos demais preços.
Em agosto, o IPCA (Índice de Preços ao Consumido Amplo) registrou a maior alta para o mês em 21 anos, de 0,87%, divulgado na semana passada.
Na última semana, os analistas de mercado ouvidos pelo Boletim Focus, do Banco Central, voltaram a elevar as estimativas para a inflação deste ano, em 8%.
Fonte e Imagem: Folha de SP.
O acordo de cooperação assinado com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a Associação Brasileira de Empresas Tratamento de Resíduos e Efluentes (ABETRE), a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) e a Associação Brasileira do Biogás (ABIOGAS) deu início à uma série de ações para criar um ambiente de negócios favorável para investimentos no setor.
Em consonância com o Marco Legal do Saneamento Básico (Lei Federal n. 14.026/2020) e com o programa federal Lixão Zero, que prescrevem o encerramento de todos os lixões do país até 2024, o acordo objetiva o desenvolvimento do Atlas de Recuperação Energética de Resíduos Sólidos, uma ferramenta digital que indicará as regiões com maior potencial para investimentos em recuperação energética. Sobre o assunto, vale lembrar que o prazo para encerramento dos lixões no Brasil já foi prorrogado sucessivas vezes, de modo que esse novo acordo pode contribuir com o cumprimento da meta.
Sobre o tema, em agosto de 2021, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou a minuta do Edital do Leilão de Energia Nova A-5/2021, o qual visa a contratação de energia elétrica gerada por novos empreendimentos a partir de fontes hidrelétrica, eólica, solar fotovoltaica, termelétrica a biomassa, carvão mineral nacional, gás natural e de tratamento de resíduos sólidos urbanos. O leilão contará com um produto específico para empreendimentos termelétricos de tratamento de resíduos sólidos urbanos. Os empreendimentos serão contratados por 20 anos na modalidade de disponibilidade, contratação de energia na qual o gerador repassa aos consumidores os efeitos financeiros das variações mês a mês de geração, recebendo uma receita fixa para manutenção da planta disponível).
Foram cadastrados 12 projetos com potencial de geração de energia elétrica para 40 milhões de brasileiros ao ano, a partir do aproveitamento energético de 15 mil toneladas de lixo por dia, totalizando mais de 5,5 milhões de toneladas/ano que deixarão de ser dispostas. Em um cenário de risco de racionamento de energia em decorrência da falta de chuva, térmicas são fundamentais para evitar falta de energia. Nesse sentido, a utilização do sistema de térmicas modernas com menor impacto ambiental, especialmente decorrentes do biogás, constitui instrumento fundamental para promo e ccedi de políticas ambientais e de confiança do sistema energético.
Vale lembrar que, já em abril de 2019, foi publicada a Portaria Interministerial n. 274, que passou a disciplinar a recuperação energética dos resíduos urbanos, em conformidade com o §1º do artigo 9º da Política Nacional de Resíduos Sólidos – que prevê que poderão ser utilizadas tecnologias visando a recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos – e com o artigo 37 do Decreto n. 7.404/2010 – que prevê que tal recuperação energética deverá ser disciplinada, de forma específica, em ato conjunto dos Ministérios do Meio Ambiente, de Minas e Energia e das Cidades.
Conforme consta na Portaria Interministerial mencionada, a recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos constitui uma das formas de destinação final ambientalmente adequada passível de ser adotada, quando condicionada à comprovação de viabilidade técnica, ambiental e econômico-financeira e à implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental competente. Ainda, a portaria estabelece que os seguintes resíduos poderão ser encaminhados para as Usinas de Recuper ação Energética de Resíduos Sólidos Urbanos: (i) resíduos de limpeza urbana, originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; (ii) resíduos domiciliares, originários de atividades domésticas em residências urbanas; e (iii) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços caracterizados como não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição ou volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal.
A norma é expressa ao determinar que as Usinas de Recuperação Energética de Resíduos Sólidos Urbanos devem obter as devidas licenças ambientais para operar, além da necessidade de serem projetadas, equipadas, construídas e operadas de modo que não sejam excedidos os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos previstos na legislação em vigor.
Nesse contexto, por meio do reaproveitamento de resíduos, o acordo celebrado pelo MMA deve contribuir não apenas para o encerramento de lixões e redução da quantidade de resíduos sólidos dispostos em aterros sanitários, como também com a contenção dos gases de efeito estufa e a diversificação da matriz energética brasileira. De acordo com o MMA, o acordo também trará maior integração de informações setoriais e de infraestrutura sobre recuperação energética no SINIR (Sistema de Informação Nacional lançado em 2019), modernização normativa e o desenvolvimento de conteúdo para a qualificação de órgãos ambientais e consórcios públicos.
*Rebeca Stefanini, Alexandre Leite e Isabela Ojima são advogados do Cescon Barrieu
Fonte e Imagem: Estadão
A crise hídrica bateu à porta do Brasil e é uma realidade que teremos de enfrentar nos próximos meses. Com a escassez de chuvas verificada até aqui e a tendência de poucas precipitações no curto prazo, o país olha as alternativas que estão ao seu redor para enfrentar a crise energética e evitar que esse tipo de situação volte a acontecer no futuro.
A Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (Abrapch) tem levantado a bandeira de que o Brasil deve rever sua decisão de não mais construir usinas com reservatórios. Para o presidente da diretoria executiva da entidade, Paulo Arbex, o país errou ao escolher não mais desenvolver empreendimentos do tipo, ainda na década de 1990. “A demanda foi crescendo e o Brasil chegou a esse ponto. Isso é uma crise plantada há 30 anos atrás. E não foi por falta de aviso.
A conta chegou agora”, lamentou. O entrevistado criticou também a influência exercida por ONGs e governos internacionais que, segundo ele, foram responsáveis por disseminar a ideia de que os reservatórios das hidrelétricas são vilões do meio ambiente. “Mas, na verdade, água é vida. Onde há água existe mais vida animal e mais vegetação. Basta conferir as imagens de satélites em torno dos reservatórios das hidrelétricas e nas margens dos rios. Você verá que é ali onde se concentra a vegetação mais exuberante”, sustentou. Arbex afirmou também que hoje existem cerca de 15 GW de PCHs e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CHGs) aprovadas na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – o que seria equivalente a uma usina de Itaipu.
Para destravar todo esse potencial, porém, o país precisa trabalhar para agilizar o licenciamento ambiental dos empreendimentos, além de criar condições mais favoráveis para contratação e financiamento dessas usinas. “Se o Brasil conseguir resolver esses três pontos, conseguiremos viabilizar esses 15 mil MW”, concluiu.
Do ponto de vista da Abrapch, qual é o papel das PCHs no cenário de escassez hídrica e crise energética?
As PCHs são parte da solução do problema. Hoje, o país possui um total de 15 mil MW de PCHs e CGHs aprovadas na Agência Nacional de Energia Elétrica. Isso é mais que uma Itaipu, que tem uma capacidade de 14 mil MW. Esse é um grande volume de energia que poderia ser consumido pelo Brasil se a questão do licenciamento ambiental desses empreendimentos fosse destravada.
Essa é a pior seca dos últimos 91 anos. Mas isso poderia ser evitado ou minimizado se o país, nos últimos 30 anos, tivesse continuado a construir reservatórios. Os reservatórios vão muito além da geração de energia elétrica. Eles são essenciais para a saúde, para a produção de alimentos, para a irrigação de lavouras e para o abastecimento de residências.
Na década de 90, começou no Brasil uma demonização irracional e burra dos reservatórios. É como se um lago fosse um desastre ambiental. Mas, na verdade, água é vida. Onde há água existe mais vida animal e mais vegetação. Basta conferir as imagens de satélites em torno dos reservatórios das hidrelétricas e nas margens dos rios. Você verá que é ali onde se concentra a vegetação mais exuberante.
O Brasil abandonou a construção de reservatórios na década de 1990. A demanda foi crescendo e o país chegou a esse ponto. Isso é uma crise plantada há 30 anos atrás. E não foi por falta de aviso. A conta chegou agora.
Ao seu ver, ao que se deve esse processo que o senhor chama de “demonização das hidrelétricas”?
A comunidade ambiental brasileira foi muito influenciada por ONGs e governos estrangeiros. No entanto, ao contrário do que dizem, as hidrelétricas, na verdade, são aliadas do meio ambiente. A construção de hidrelétricas está atrelada ao desenvolvimento de áreas de preservação permanente superiores às áreas desmatadas [durante as obras das usinas]. Então, no médio prazo, o impacto das PCHs em termos de vegetação é positivo.
O Brasil é como se fosse a “Arábia Saudita dos recursos hídricos”. Nós temos 12% da água do planeta. É um absurdo estarmos passando por uma crise hídrica pela terceira vez. Em 30 anos, o Brasil caiu nesse conto do vigário de que os reservatórios são ruins para o país. E o que aconteceu durante esse período? Nosso país, mesmo sendo a maior potência hídrica do mundo, passou a sofrer com a falta d’água.
Voltando a falar especificamente das PCHs, o que é preciso para que o Brasil destrave o potencial de 15 GW citados pelo senhor no início desta entrevista?
Como eu disse anteriormente, o Brasil tem atualmente 15 mil MW de PCHs e CGHs que podem ser viabilizados. Para destravar esse potencial, precisamos basicamente trabalhar em três pontos. O primeiro deles está relacionado à aprovação ambiental. O Brasil poderia fazer um mutirão de aprovação de projetos.
Não tem cabimento o Brasil continuar insistindo nesse erro que já dura 30 anos. Já passou da hora de o país resolver isso. É importante termos uma lei ambiental federal. E, claro, que seja uma lei razoável, justa e que exija que cada atividade humana compense seus danos ambientais de verdade.
O segundo ponto é que precisamos ter leilões que contratem um volume bom de PCHs, por um preço decente, que remunere o risco e o custo de capital do investidor. E, por fim, o último ponto é que nosso setor precisa ter financiamento adequado. Hoje, o BNDES oferece linhas mais baratas para uma série de outras fontes em comparação com as hidrelétricas. Isso precisa ser corrigido também. Se o Brasil conseguir resolver esses três pontos, conseguiremos viabilizar esses 15 mil MW.
Por ser um grande volume de geração, esses 15 GW certamente ajudariam na geração de empregos no país…
As PCHs e as CGHs representam geração de emprego na veia. Estamos falando de construção civil. Além disso, só usamos mão de obra local e não precisamos importar um parafuso que seja para construir esse tipo de usina. É tudo fabricado aqui. O Brasil tem uma cadeia produtiva forte e tecnologia 100% nacional. Aliás, o Brasil tem a melhor tecnologia do mundo em equipamentos hidrelétricos.
Imaginando que o Brasil decidisse hoje começar a construir essas usinas, quanto tempo demoraria para que esses empreendimentos começassem a gerar?
O prazo de construção de uma pequena hidrelétrica oscila entre um e dois anos. Podemos dizer que 80% das usinas de pequeno porte demandam um período de construção entre um ano e um ano e meio. A parcela restante desses empreendimentos leva cerca de dois anos. Ou seja, é mais rápido construir uma pequena hidrelétrica do que construir uma térmica e os gasodutos relacionados. Estamos falando de projetos que são mais rápidos, mais baratos e muito melhores do ponto de vista ambiental.
Olhando para o cenário internacional, o senhor pode apontar para países que estão tendo uma postura diferente do Brasil em relação às usinas hidrelétricas?
Vejamos o caso da Alemanha, por exemplo. A fonte hidrelétrica tem status de prioridade nacional na Alemanha durante a apreciação pelos órgãos ambientais. A fonte também prioridade no KfW, que é uma instituição similar ao nosso Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDES).
Vou citar outro país. A Noruega é o terceiro maior exportador de gás do mundo e o 12º exportador de petróleo no mundo. Ainda assim, uma fatia de 94% da energia daquele país é produzida através de hidrelétricas. Por lá, nunca houve problema de apagão ou instabilidade na geração, porque os noruegueses estão sempre construindo novas hidrelétricas com reservatórios bem dimensionados.
Quais serão as próximas ações da Abrapch no sentindo de levantar a bandeira em defesa das usinas hidrelétricas?
A Abrapch entende que o grande ponto que precisamos melhorar é reverter essa demonização injusta e inverídica sobre as hidrelétricas e os reservatórios no Brasil. Nesse sentido, estamos fazendo um esforço de comunicação com a imprensa e preparando uma série de materiais para enviar aos formadores de opinião, ao Ministério do Meio Ambiente e aos órgãos ambientais estaduais. Estamos tentando também aglutinar todos os setores da economia que precisam de água, reservatórios e energia limpa e barata para que nos ajudem a apoiar a retomada da construção de hidrelétricas no Brasil.
O Brasil precisa parar de ficar dando ouvidos às ONGs estrangeiras. Não podemos acreditar na tese de que ONGs internacionais estão aqui para fazer o bem. Não é verdade isso. Existem livros a respeito do tema. Essas ONGs e esses governos estão interessados em suas próprias geopolíticas.
Fonte e Imagem: Petronoticias
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lança nesta terça-feira, 14, uma análise de experiências internacionais no mercado de carbono. O estudo trará exemplos de abordagens da União Europeia, do México, do Canadá, dos Estados Unidos e do Japão. O lançamento será realizado em uma live, às 14h30, com as presenças de Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, e do deputado Marcelo Ramos (PL-AM).
O posicionamento da CNI é de apoio à regulamentação de um sistema de comércio de emissões de carbono no Brasil pelo sistema cap and trade, em que o governo define um teto de emissões para as empresas, que devem comprar permissões para ultrapassar o limite, se for o caso, de empresas que ficarem abaixo.
Esse costuma ser o sistema preferido do setor produtivo, em oposição à instituição de um imposto sobre o carbono, defendido, inclusive, pelo Fundo Monetário Internacional. Embora o efeito seja praticamente o mesmo – na prática, quem emite acima de um limite acaba pagando uma taxa – o sistema cap and trade utiliza um mecanismo de mercado para definir o preço do carbono, a partir de um patamar mínimo.
A vantagem do sistema de imposto sobre emissão de carbono é a velocidade de implementação. Enquanto no cap and trade é preciso aguardar que as trocas atinjam um nível suficiente para fazer diferença no orçamento das companhias, na taxação, o governo começa a arrecadar assim que instituiu o imposto.
Essa iniciativa da CNI faz parte da agenda da confederação em preparação para a COP26, conferência do clima da ONU que acontece em novembro, na Escócia. A expectativa é de, no evento, seja regulado o artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado global de carbono, algo que interessa às empresas brasileiras.
Em agosto, o grupo Empresas pelo Clima, organizado pelo Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), entregou uma carta ao presidente da COP26, o britânico Alok Sharma para demonstrar o comprometimento do setor privado brasileiro com a redução das emissões.
O grupo reúne os CEOs de mais de 80 grandes companhias, que representam 45% do PIB brasileiro. Marina Grossi, presidente do CEBDS, diz que o documento deixa claro o comprometimento das empresas brasileiras com agenda da COP26.
“O setor empresarial brasileiro tem adotado ações corporativas concretas”, afirma Grossi. “A COP 26 será uma oportunidade para compartilhar esse comprometimento e reforçar nosso engajamento mundial.
O que move muitos desses CEOs, além da necessidade de salvar o planeta do caos climático, é a possibilidade de nivelar o jogo. Descarbonizar custa caro e as empresas que se comprometem com o carbono zero perdem competitividade em preço. “É ótimo que as mudanças climáticas ganhem espaço nas estratégias corporativas, mesmo que seja greenwashing”, afirma Fernando Modé, CEO do Grupo Boticário. “Mas tem a questão do custo. Em algum momento, será preciso regulamentar.”
Daniela Manique, presidente para América Latina do Grupo Solvay, fabricante de produtos químicos dona da marca Rhodia, espera que essa regulamentação venha da COP26. “O fato de não termos uma cobrança global sobre as emissões das empresas cria uma diferença de custeio importante”, afirma Manique. “Não é justo um concorrente vender 20% mais barato porque queima carvão, enquanto eu invisto em alternativas há 20 anos.”
Fonte e Imagem: Exame
Superada a atual crise hídrica, será necessário promover uma nova revisão do setor elétrico brasileiro, defendeu Jerson Kelman, ex-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao participar ontem da Live do Valor.
Considerando os cenários mais prováveis, na sua opinião, entre os mais de mil traçados pela consultoria PSR, Kelman disse que a probabilidade de racionamento de energia no Brasil varia de 2% a 8%. “Nada para perder o sono”, afirmou. Engenheiro, Kelman comandou a Sabesp (2015-2018) quando São Paulo esteve perto de ver um colapso de seus mananciais.
Já a chance de blecautes “é bem mais elevada”, disse ele, referindo-se a interrupções no fornecimento de energia em alguns locais e por pouco tempo. Em cerca de 40% dos cenários da PSR seria necessário usar alguma reserva, o que “é muito”, segundo Kelman. “Não é nada confortável. É como se você estivesse no seu carro usando a reserva de gasolina”, comparou.
Crises e secas devem trazer atenção, mas não pânico, afirmou o especialista, avaliando que, hoje, os agentes operam no Brasil com muitos sustos. “Essa situação não é razoável”, disse. “Temos que passar pela seca com custo maior, mas sem sobressaltos, temor de racionamento.” O custo maior é inevitável quando térmicas precisam ser acionadas para suprir a demanda de energia. Nesse sentido, Kelman disse que “o dano econômico já está dado e pode ficar pior”.
Embora não acredite que o governo federal esteja escondendo a gravidade da situação, o especialista avaliou que faltou uma iniciativa mais permanente de comunicação em massa para explicar os desafios à população e incentivar a economia de energia. “A melhor coisa é transparência completa e comunicação plena.”
Agora, além dos já anunciados programas para incentivar a redução dos gastos domésticos e a mudança de horário de consumo de pico no setor produtivo, são elementos fundamentais para diminuir a chance de racionamento, segundo Kelman, importar energia da Argentina e do Uruguai, ligar algumas térmicas que ainda estão desligadas por falta de gás e colocar mais cedo em operação térmicas que estão sendo finalizadas, entre outras ações.
Sob o ponto de vista hidrológico, ele explicou que a situação brasileira nos últimos sete anos é “levemente pior” do que na década de 1950, quando houve uma seca histórica no país. Os reservatórios vão chegar em novembro com nível muito baixo, “não tem escapatória”, disse ele, reconhecendo que a situação é assustadora. Além da falta de chuvas, porém, há também erros de planejamento no médio e no longo prazo, observou.
Para ele, térmicas mais baratas não foram ligadas mais cedo por falhas de governança. Kelman explicou que hidrelétricas têm restrições operativas: precisam, por exemplo, soltar determinado volume de água no rio para a manutenção da vida aquática. O Operador Nacional do Sistema (ONS) percebeu, em fevereiro, que, para atender essas determinações, precisava esvaziar reservatórios e pediu à ANA permissão para diminuir as restrições, contou Kelman. “Mas tem de solicitar permissão também ao Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente], que já concedeu anteriormente. O ONS pede, então, à empresa dona da usina que entre em contato com o Ibama. Ou seja, um assunto de interesse estratégico do país passa a ser tratado como algo de uma empresa”, disse, indicando que isso tornou o processo mais lento.
No longo prazo, segundo Kelman, o problema é o mesmo que levou à crise de 2001: superestimação da capacidade das usinas hidrelétricas e térmicas de atender a demanda. Ele coordenou um estudo em 2001 que apontou as causas do racionamento, conhecido como “Relatório Kelman”. “Temos que cair na real e verificar o que está de fato disponível para produção de energia elétrica”, afirmou ele.
Uma reforma do setor precisará valorizar o atributo de cada fonte de energia, disse Kelman. As energias renováveis são muito desejáveis, reforçou, até para permitir a economia temporária de água nos reservatórios das hidrelétricas. Mas Kelman defendeu que subsídios já não são mais necessários. “A competição de diferentes fontes tem que ser com base econômica”, afirmou.
Para Kelman, o Brasil também errou no passado recente ao eliminar a possibilidade de expansão de hidrelétricas com reservatórios. Ele reconheceu que o assunto é complexo, “mas não conseguimos nem sequer identificar os locais onde essas usinas poderiam ser construídas, se for o caso”, criticou.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Especialistas no setor elétrico afirmaram nesta quarta-feira (8), em audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, que a crise energética deste ano foi agravada pelo acionamento tardio de usinas termelétricas.
Segundo ele, os reservatórios das usinas hidrelétricas vinham se esvaziando desde o ano passado, quando mais usinas termelétricas, afirmaram, deveriam ter sido acionadas para preservar água para este ano.
Por meio de representantes enviados à audiência, representantes do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANS) contestaram a avaliação (leia mais abaixo).
"Tem ums hidrologia ruim? Tem, mas ela não é o único fator. Houve alguns problemas de gestão. Desde novembro, outubro, todo mundo sabia que os reservatórios estavam baixando, e as termelétricas não funcionaram a plena capacidade ou a uma capacidade maior. E o mais surpreendente: em fevereiro, se diminuiu ainda mais a geração térmica e só em maio que elas foram autorizadas a despachar", afirma Maurício Tolmasquim, professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética, estatal responsável pelo planejamento energético.
Luiz Pinguelli Rosa, professor de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente da Eletrobras, disse que o nível de chuva do ano passado já demonstrava a necessidade de acionamento das térmicas.
"A crítica que eu faço é que isso demorou. Há indícios de que não estava bem a hidrologia desde o ano passado. As curvas mostram que a afluência [entrada de água nos reservatórios das hidrelétricas] já mostrava declínio e seria prudente que medidas fossem tomadas com antecedência. Por exemplo, ligação de termelétricas, em particular as de custo de geração mais baratas", afirmou Rosa.
Governo e Aneel negam.
O governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por meio de seus representantes na audiência, negaram a demora. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) não enviou representante.
Domingos Andreatta, secretário adjunto de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), afirmou que as medidas para garantir o fornecimento de energia foram e estão sendo tomadas de forma "tempestiva".
"As decisões e a preocupação com relação ao atendimento de 2021 começaram antes do início do período chuvoso de 2020. O despacho das usinas térmicas se deu em outubro de 2020 com todo o valor das usinas térmicas e da importação que fosse possível alocar sem desperdiçar", afirmou o secretário.
Ele disse que só não foi colocada mais geração térmica no sistema devido ao período de piracema (período de reprodução dos peixes, quando há proibição da pesca e de outras atividades) da bacia hidrográfica do Paraná. O período foi de outubro de 2020 a fevereiro deste ano.
Superintendente de Fiscalização dos Serviços de Geração da Aneel, Gentil Nogueira de Sá Júnior afirmou que não há estudos empíricos que comprovem a suposta demora para o acionamento das termelétricas.
Ele explicou que, quando as hidrelétricas de Belo Monte e do complexo do Rio Madeira estão operando a plena capacidade, essas usinas "enchem" a capacidade de transmissão do setor elétrico, o que traria alguma dificuldade para alocar geração térmica.
Nogueira de Sá Júnior afirmou, ainda, que o governo teve primeiro que conseguir flexibilizar algumas restrições energéticas e ambientais de determinadas bacias hidrográficas para depois acionar mais térmicas.
Fonte e Imagem: Portal G1
Mais cedo, à CNN Brasil, o ministro de Minas e Energia disse que essa possibilidade “é zero”.
Por Matheus Schuch
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, admitiu nesta quarta-feira que "pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento" de energia elétrica no país como reflexo da crise hídrica. A declaração vai na contramão do que tem dito o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Mais cedo, em entrevista à TV CNN Brasil, o ministro afirmou que "a possibilidade de racionamento é zero".
"O que tenho acompanhado é que o governo tomou as medidas necessária e criou uma comissão para acompanhar e tomar decisões a tempo e a hora, no sentido de impedir que haja apagão. Agora, pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento, o próprio ministro falou aí", disse Mourão a jornalistas na entrada de seu gabinete, no Palácio do Planalto.
Na terça-feira, em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, Albuquerque afirmou que "para aumentar a segurança energética e afastar o risco de falta de energia no horário de maior consumo é necessário que a administração e o consumidor participem de um esforço inadiável de redução do consumo", mas não admitiu possibilidade de racionamento. Nesta quarta, à CNN Brasil, foi mais enfático em afastar essa possibilidade.
Mourão também foi questionado pela imprensa se o governo demorou a se mobilizar pela redução de consumo. "Os decisores tinham todos os dados e, se não tomaram decisão mais drástica, é porque, na análise que fizeram, não era o caso", respondeu.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
Cenário doméstico complicado se soma a ambiente externo incerto por arrefecimento da economia chinesa e variante delta.
Por Marsílea Gombata
A queda do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria preocupa em um momento de elevação de taxa de juros e arrefecimento da economia chinesa. A perspetiva para os próximos trimestres não é boa, já que a crise hídrica e o ambiente político conturbado devem continuar pesando, afirma Igor Rocha, diretor de Economia da Abdib.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB da indústria teve retração de 0,2% no segundo trimestre frente ao primeiro, feito o ajuste sazonal.
“O dado é bem preocupante no momento em que estamos aumentando a taxa de juros e há perspectiva de arrefecimento da economia da China”, afirma o economista. “Do ponto de vista estático, temos a perspectiva de menor crescimento mundial e a variante delta, que não traz expectativa positiva. O cenário piorou.”
Da perspectiva do Brasil, afirma, o cenário é conturbado e pouco animador. “Reformas não passam ou passam de forma torta e o ambiente político institucional está muito conturbado. Isso dificulta muito qualquer investimento aqui”, argumenta.
Rocha ressalta que a crise hídrica deve contribuir negativamente para a produção industrial nos próximos meses, já que o setor tem consumo de energia e água intenso.
“Apesar da taxa de câmbio favorável para nossas exportações, a crise hídrica se agravando e os custos mais altos de energia devem complicar o setor industrial”, afirma. “A tônica do setor industrial será dada pela crise hídrica.”
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Para Sandoval Feitosa, setor elétrico é um dos líderes na geração de dados e todos os sistemas serão cada vez mais interligados e remotos.
Da adoção massiva do home office à operação e manutenção de equipamentos online, a pandemia provocou, em questão de meses, mudanças significativas no setor elétrico. E se quiser continuar crescendo com sustentabilidade, o setor vai precisar passar por uma grande transformação digital, que dará base, inclusive, à transição energética. Essa foi uma das principais conclusões apontadas durante o 2º UTCAL Summit Online 2021.
Na análise do diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Sandoval Feitosa, uma operação inteligente e remota trará ganhos efetivos de produtividade ao setor. Segundo ele, “a transição energética só será viabilizada por uma transformação digital”. Feitosa acrescenta ainda que o setor elétrico brasileiro terá que superar profundas deficiências que vão desde a formação do pessoal até substituição equipamentos antigos, incapazes de produzir qualquer tipo de dado ou análise digital.
“O sistema está cada vez mais interligado e remoto. Em 2001, tínhamos cerca de 71 mil km de linhas de transmissão. Hoje temos quase 165 mil km de linhas. Em 20 anos, nós mais do que dobramos nossa capacidade instalada”.
Na análise de Feitosa, a inteligência artificial associada à análise inteligente de dados possibilitará que o setor elétrico ofereça serviços que atendam o consumidor com mais precisão e satisfação, além do aproveitamento adequado das fontes renováveis.
Ataques ao sistema
O crescente risco de ataques cibernéticos colocou o setor elétrico em estado de atenção no último ano. No último ano, algumas concessionárias sofreram ataques cibernéticos que afetaram a operação de seus sistemas de TI. Em razão disso, o Operador Nacional do Sistema (ONS) determinou a criação de controles mínimos de cibersegurança nos centros de operação.
Mesmo com toda robustez, o setor sofre rotineiramente ataques, tendo uma grande escalada a partir de 2013. Entretanto, os dados consolidados da Aneel são até 2017, o que evidencia uma lacuna temporal de informações que deve ser ainda mais grave, já que, segundo Feitosa, “a pandemia de covid-19 aumentou bastante os ataques em números e em gravidade”.
De acordo com dados da Cisco, no ano de 2017, foram mais de 28 mil notificações de tentativas de ataques às redes do governo brasileiro, que cada vez mais vem se tornando alvo constante de ataques. Mais da metade dos ataques custaram prejuízos superiores a R$ 500 mil cada.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Usinas híbridas, que utilizam mais de um tipo de fonte de geração de energia elétrica, têm ganhado espaço.
Atualmente, o Brasil possui uma matriz elétrica majoritariamente renovável, em grande parte composta de energia proveniente das usinas hidrelétricas. Mas as características dessa matriz vêm mudando. O 13º episódio do AneelCast, podcast da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), explica como a matriz elétrica brasileira está passando por esta transformação, caracterizada pela redução da participação das usinas hidrelétricas.
O programa também mostra como é a atuação da Aneel na regulamentação de usinas híbridas, isto é, usinas que utilizam mais de um tipo de fonte de geração de energia elétrica e que têm conquistado espaço na matriz de geração do país. Usinas híbridas consistem em um modelo que permite a diminuição das interrupções e a otimização de recursos, já que uma fonte pode suprir a falta temporária da outra.
"O Brasil vem passando por uma grande transformação de sua matriz, mas mantendo foco em uma expansão a partir de fontes renováveis. Por muito tempo essa característica esteve relacionada às nossas grandes usinas hidrelétricas. Porém, na última década, a participação percentual dessas usinas vem caindo e isso tem ocorrido como consequência de restrições ambientais a projetos hidrelétricos com grandes reservatórios e pelo natural esgotamento dos melhores potenciais de geração", explica a diretora da Aneel Elisa Bastos.
Apesar disso, Elisa esclarece que o panorama, ainda "aponta na direção" da geração de energia elétrica por fontes renováveis. A diferença é que, agora, essa direção é sustentada pelo rápido crescimento das fontes eólica e solar, que, "juntas, já representam mais de 10%, tanto em termos de capacidade instalada quanto em energia gerada". Novos arranjos para potencializar a capacidade de geração têm sido desenvolvidos, como é a proposta inovadora de hibridização das usinas.
Usinas híbridas x usinas associadas
Tanto as usinas híbridas quanto as associadas são formadas por usinas com diferentes tecnologias de geração. Normalmente, com características de produção complementar que compartilham fisicamente a infraestrutura de conexão e uso da rede elétrica. "A diferença entre elas está na outorga de geração. Enquanto as híbridas são objeto de uma única outorga, as associadas têm outorgas distintas. Temos a expectativa do desenvolvimento de novos projetos que já surjam híbridos, mas há também um grande potencial para a associação de usinas existentes com novas tecnologias de geração, aproveitando a capacidade da rede que já está contratada", afirma Elisa.
Fonte e Imagem: Governo Federal
Na prática, segundo estudiosos da área, sistema corre o risco de operar no limite, quando aumenta a possibilidade de problemas no fornecimento. Governo adotou medidas para poupar energia, mas descarta apagão.
A piora nas condições de chuva e a crise hídrica/energética, que se agravaram nas últimas semanas, ameaçam o “controle técnico” do sistema elétrico e expõem o país ao risco de falhas de geração e transmissão de energia.
Na prática, isso significa que poderá haver problemas no fornecimento. A opinião é de especialistas ouvidos pelo G1.
Os especialistas também acreditam que o governo federal está demorando a tomar medidas efetivas para evitar o esgotamento do sistema.
“A principal caixa d’água do setor elétrico, que são os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, estão com 22% de nível de armazenamento, inferior ao nível de agosto de 2001, do famoso racionamento”, explicou Renato Queiroz, pesquisador do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-superintendente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
“O próprio ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] fez uma previsão que o sistema pode chegar a 10%, isso é muito grave, porque você começa a perder o controle técnico”, completou Queiroz.
Luiz Augusto Barroso, diretor-presidente da consultoria PSR e também ex-presidente da EPE, prevê que o sistema elétrico deve começar, a partir de outubro, a operar na chamada “reserva operativa”. Ou seja, no limite.
É quando, segundo ele, aumenta a vulnerabilidade do sistema e o risco de falhas no fornecimento de energia.
“Houve em agosto uma deterioração significativa das condições de suprimento [de energia] em relação às nossas análises anteriores, e a previsão de chuvas para setembro não estão boas. O risco de problemas de suprimento de ponta, que é operar entrando na reserva operativa, é da ordem de 30%, o que é alto. Essa operação no limite aumenta a vulnerabilidade do sistema a falhas de geração e transmissão”, detalhou Barroso.
Fantasma do racionamento
O governo vem garantindo, até o momento, que não haverá racionamento de energia, como houve em 2001.
Para o presidente Jair Bolsonaro, seria desgastante, do ponto de vista eleitoral e da própria popularidade de sua gestão, ter que adotar a medida, num momento em que o país patina na economia, com inflação, desemprego e pobreza em alta.
Em declarações recentes sobre a crise energética, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, vem sendo enfático: “Vou repetir, com total tranquilidade que não trabalhamos com hipótese de racionamento, isso tem que ficar muito claro”, declarou na última semana.
Para Queiroz, da EPE, se o período chuvoso que se inicia em novembro não for bom, o pais poderá ter de recorrer ao racionamento compulsório de energia em 2022.
Bruno Pascon, sócio-fundador e diretor do CBIE Advisory, entende que o racionamento é uma necessidade imediata, para evitar um corte ainda maior no futuro.
“Quanto mais tempo demora para o governo decretar o racionamento nos moldes de 2001, mais vai ter de cortar energia”, afirmou.
Medidas tomadas pelo governo.
até aqui, o governo vem apostando em um programa de redução voluntária do consumo de energia por parte de famílias e empresas, que deve ser lançado em setembro.
Para Pascon, isso é pouco. Ele calcula que a carga deveria ser reduzida em 6% a 8% para o país não ter problemas de fornecimento até o início do período chuvoso, em novembro.
“Os consumidores residenciais não costumam ter capacidade de reduzir o consumo, então é possível que a redução voluntária não alcance o seu objetivo”, analisou.
A consultoria PSR, uma das maiores do setor elétrico, calcula que será necessária em 2022 uma afluência (entrada de água nos reservatórios) de cerca de 70% da média histórica para afastar problemas de energia no ano que vem. “Se ocorrer o mesmo período úmido de 2021, passamos ‘no talo'”, diz Luiz Barroso, presidente da PSR.
Queiroz levanta outro ponto. Para ele, há atraso na reação do governo diante do problema. Ele entende que mais usinas termelétricas já deveriam ter sido acionadas. As termelétricas produzem energia mais cara, a partir da queima de combustíveis como óleo ou gás.
“As instituições do setor sabiam que havia um problema de menor chuva ano passado e reservatórios prejudicados. Já sabíamos que 2021 seria problemático. E o que deveria ser feito? Segurar água nos reservatórios e colocar mais térmicas para despachar. Por que não faz isso? Porque nossa conta de luz já é muita cara”, explicou o pesquisador.
A conta de luz, de fato, tem subido nos últimos meses, com o acionamento das termelétricas. A tendência é que continue subindo, à medida que novas ações para garantir o fornecimento forem tomadas.
O governo nega que tenha demorado a agir. O Ministério de Minas e Energia afirmou que desde outubro do ano passado vem tomando medidas para suprir a demanda, incluindo importação de energia e o acionamento das termelétricas.
Como chegamos até aqui
Desde 2001, o Brasil vem incrementando sua matriz energética. Passou de 70 mil quilômetros de linhas de transmissão em 2001 para 164,8 mil até junho deste ano.
Também aumentou sua capacidade instalada de gerar energia. Saiu, em 2001, de 81 gigawatt (GW), sendo 85% proveniente das hidrelétricas, para 175,8 GW até junho deste ano, sendo 62% de hidrelétricas, 25,5% de termelétricas e o restante de outras fontes.
Apesar da diversificação, especialistas apontam alguns erros de planejamento que ajudam a explicar as crises hídricas recentes.
“O país ficou 20 anos construindo usina hidrelétrica sem reservatório [exemplo Belo Monte, que opera a fio d’água, conforme a quantidade de água existente no rio]. Em 20 anos quase dobrou a demanda por energia e continuamos com o mesmo tamanho de reservatórios de água”, afirma Paulo Arbex, presidente da Associação Brasileira de usinas hidrelétricas e pequenas centrais hidrelétricas.
Ele lembra que houve também uma mudança climática no período, com redução das chuvas durante o período úmido e extensão do período seco.
Para Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o país diversificou sua matriz energética nos últimos 20 anos com fontes intermitentes (que dependem da água, sol ou vento). Ele afirma que é preciso investir em outras fontes, como o gás natural e a energia nuclear.
“Precisamos colocar mais energia que aumente a confiabilidade do sistema. Quais são essas usinas? A térmica, de preferência a gás natural e a nuclear”, disse Pires.
Piora das condições.
O próprio Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) admitiu na semana passada a piora da gravidade da crise hídrica nas últimas semanas. Choveu menos do que o esperado em agosto, o que acelerou o esvaziamento dos principais reservatórios do país.
Medidas adicionais terão de ser tomadas, como importar mais energia da Argentina e do Uruguai e colocar em operação mais usinas termelétricas.
O ONS afirmou que, se não houver oferta adicional de energia a partir de setembro, a geração será insuficiente em outubro e novembro para atender a demanda. Ou seja, o país fica suscetível a apagões.
Fonte: G1
Na Live do Valor, Jorge Camargo, do CEBRI, e Thiago Barral, da EPE, falam sobre a posição estratégica do país Brasil na construção de uma economia de baixo carbono.
Por Gabriela Ruddy O Brasil precisa sair da posição de antagonista da transição energética para voltar a ser um protagonista, defendeu o coordenador do núcleo de energia do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), Jorge Camargo. "Não se pode falar hoje sobre transição energética no mundo sem falar na Amazônia”, disse.
Presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral ressaltou que o país tem participado de forma ativa das discussões internacionais sobre a transição para uma economia de baixa emissão de carbono. “Um país que tem 50% de energias renováveis na sua base energética não pode ser tímido numa discussão sobre a transição energética e a descarbonização”, afirmou.
De acordo com Barral, a participação do país na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, a COP26, em novembro, vai ser baseada nessa pauta.
Os dois especialistas participaram da Live do Valor desta terça-feira (24), que teve como tema "O Brasil na geopolítica da transição energética", sobre a construção de uma economia com menos carbono. O CEBRI, a EPE e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançaram um programa conjunto para debater e apresentar propostas para a formulação de políticas públicas, visando à meta de carbono neutro até 2060.
Camargo lembrou que a transição para uma economia de baixo carbono é um desafio planetário, e que vai exigir cooperação global. “Certamente, Estados Unidos e China vão ter que cooperar, junto com a Europa e o Brasil, que é um protagonista nessa transição, pela Amazônia”, complementou.
Na visão do especialista, nesse contexto, não há mais justificativas para guerras pelo petróleo, como ocorreu no último século. Ele lembrou que a segurança energética é hoje uma preocupação tanto do Ocidente quanto do Oriente.
“Hoje há um cenário de abundância de recursos energéticos. A Ásia é o grande demandante do recurso e um dos [continentes] mais preocupados com a segurança energética, o que antes era uma preocupação principalmente americana e ocidental. Antes, se defendia a segurança energética por meios militares, mas a China, por exemplo, trabalha sob uma outra lógica", disse.
Para o coordenador do Cebri, um dos questionamentos geopolíticos sobre a transição energética diz respeito à descarbonização nos países pobres. “É muito mais fácil para regiões como EUA e Europa fazerem a transição, pois eles têm recursos e seus governos têm capacidade para financiar isso, o que outros países não terão. Uma das grandes questões é se vai haver fluxo de recursos para financiar uma transição justa”, acrescentou.
Brasil precisa assumir liderança assertiva e rever políticas, afirmam analistas.
O país precisa buscar se inserir de forma assertiva como uma liderança no processo de transição energética, frisou Thiago Barral. “O Brasil já fez muito, mas ainda tem muito a fazer. Estamos falando da inserção em cadeias globais na nova geopolítica energética e nos novos mercados que estão surgindo. O Brasil é o país que mostrou que energias limpas podem ser competitivas e que desenvolveu políticas públicas e bases tecnológicas nessa questão”.
Na avalição de Camargo, o Brasil precisa aperfeiçoar políticas, se posicionar melhor no contexto da transição para uma economia de baixo carbono. Ele criticou, por exemplo, a aprovação, junto à medida provisória da capitalização da Eletrobras, da previsão de investimentos em usinas térmicas a gás e gasodutos no interior do país.
“Temos que aperfeiçoar nossas políticas para tornar o Brasil mais bem posicionado para abraçar a transição energética. Precisamos tornar o Brasil mais atraente para investimentos em energias, de todas as formas”, disse. Camargo lembrou que os fluxo de investimentos também deve se direcionar para apoiar a descarbonização da economia.
“Há uma esperança de que os fluxos financeiros vão apoiar essa transição na economia. Para isso, é necessária uma precificação do carbono. É preciso que o direcionamento dos investimentos faça sentido para a economia mundial e evite desastres”, afirmou.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Aneel quer alterar requisitos para eólicas, fotovoltaicas, térmicas e outras renováveis. Há mais de 30 mil MW em projetos não executados.
Pressionada pelo aumento expressivo dos pedidos de outorga de empreendimentos que não saem do papel, a Agência Nacional de Energia Elétrica decidiu rever as regras e os procedimentos para a obtenção de autorização de projetos eólicos, fotovoltaicos, termelétricos e de outras fontes alternativas. O objetivo da mudança é garantir que os compromissos assumidos pelo empreendedor sejam de fato cumpridos, além de tornar o processo mais eficiente.
Dados da Aneel apontam para a existência de mais de 30 mil MW em projetos nessa situação, a grande maioria deles de empreendimentos fotovoltaicos. Somente em 2021, foram protocolados 785 pedidos de outorga, o que vem sobrecarregando as equipes da Superintendência de Concessões de Geração da agência.
“Nós estamos aqui com 404 notas técnicas emitidas, para no dia seguinte esses 404 empreendimentos ou requererem alteração de características técnicas ou alteração de cronograma de algo que não vai acontecer”, disse o diretor-geral da agência, André Pepitone, lembrando que isso gera uma quantidade enorme de pedidos que tem de ser instruídos dentro dos processos.
Para Pepitone, a situação é surreal e é preciso adotar medidas para desestimular o que ele chamou de “indústria de papel”. “Nós estamos tendo a oportunidade de por um freio de arrumação nesse processo. O empreendedor, se quiser mudar o ato, traga aqui um documento que nos dê certeza que aquelas datas [do cronograma de implantação] vão ser cumpridas”, disse, acrescentando que isso só pode ser feito a partir da obtenção da Licença de Instalação junto ao órgão ambiental.
Um dos pontos que pode ser alterado na regras atuais é a exigência de garantia para empreendimentos fotovoltaicos, como passou a ser feito no caso das centrais eólicas. Para Pepitone, as regras atuais que permitem esse comportamento por parte dos agentes.
A situação atual é semelhante ao que aconteceu no passado com pequenas centrais hidrelétricas, quando diversas outorgas eram simplesmente engavetadas pelos empreendedores, no que ficou conhecido pelo termo “sentar na cachoeira”. “O que a agência fez? Cancelou todas essas outorgas. É o que está acontecendo hoje. Temos diversos papeis emitidos e nada acontecendo”, afirmou Pepitone.
De acordo com a agência, além do aumento significativo da quantidade de pedidos de outorga há uma crescente disputa por pontos de conexão ao sistema interligado. A revisão da norma pretende diminuir o custo administrativo do processo de outorga, tornar os requisitos simplificados e mais eficientes e aumentar o compromisso do detentor da autorização com a implantação do empreendimento.
A proposta ficará em consulta pública de 25 de agosto a 24 de setembro. As contribuições devem ser feitas por formulário eletrônico disponível na página da Aneel na internet.
Fonte e Imagem: Canal Energia
O setor de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) do Brasil espera que a construção de novas unidades avance em cerca de 30% após a aprovação pelo Congresso da contratação obrigatória de instalações do gênero, que está prevista na lei elaborada para privatização da Eletrobras.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (AbraPCH), Paulo Arbex, o futuro reserva um cenário "brilhante" para o segmento, composto por empreendimentos com potência de 5 a 50 megawatts (MW), no caso das PCHs, e até 5 MW, no caso das CGHs.
O crescimento vem. O futuro das hidrelétricas PCHs e CGHs, assim como o da eletricidade, é brilhante", disse Arbex em entrevista à Reuters, citando o processo de transição energética pelo qual passa o mundo, com uma substituição de combustíveis fósseis pela energia elétrica.
O mercado vai crescer muito, não só pelo aumento do consumo per capita, mas também pelo crescimento por migração de mercado. A eletricidade vai assumir uma parcela grande do mercado que hoje é dos combustíveis fósseis", acrescentou.
Pela lei para privatização da Eletrobras, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em julho, o processo de desestatização da companhia está condicionado à contratação, nos leilões A-5 e A-6, de PCHs para atendimento a no mínimo 50% da demanda declarada das distribuidoras, ao preço máximo equivalente ao teto estabelecido para geração.
O texto da lei prevê que os leilões destinem o montante mínimo de 50% da demanda para PCHs até que seja atingida a marca de 2 mil MW.
Após a contratação dos 2 mil MW estabelecidos, o percentual de destinação deverá ser reduzido para 40% da demanda declarada pelas distribuidoras dos leilões A-5 e A-6 realizados até 2026, diz o texto.
Para Arbex, o movimento representa o fim de um "longo e tenebroso inverno" no qual as construções de hidrelétricas eram travadas e o setor enfrentava o que chamou de desvantagens competitivas.
"O Congresso se sensibilizou e aprovou essa medida em que há uma contratação mínima de 2 mil MW de hidrelétrica, porque está faltando. É a única renovável controlável, despachável, tem muitas vantagens", afirmou o presidente da AbraPCH.
"Essa medida, em si, deve aumentar em uns 30% a construção de PCHs e CGHs no Brasil", acrescentou Arbex.
A lei em questão determina ainda que os critérios de contratação obrigatória priorizem, preferencialmente, os Estados com maior número de projetos habilitados no setor, embora nenhum Estado possa ter mais de 25% da capacidade total contratada.
Atualmente, segundo dados da associação, o Brasil possui 1.124 PCHs e CGHs em operação, com 5.943 MW de capacidade instalada. A entidade estima que haja um potencial de investimentos de 131 bilhões de reais no setor.
CRISE HÍDRICA
O presidente da AbraPCH vê a crise hídrica enfrentada atualmente pelo Brasil como algo "anunciado e autoimposto", afirmando que o setor alerta o governo há muito tempo sobre os riscos e culpando a falta de novos reservatórios pela situação grave em termos de geração hidrelétrica.
A crise deste ano ocorre diante da pior seca nas áreas de reservatórios em 91 anos no país e tem exigido um maior acionamento de usinas termelétricas, mais custosas --o que, por sua vez, acarreta o encarecimento da conta de luz.
O Brasil possui acionada no momento a bandeira vermelha patamar 2, a mais cara do sistema instituído pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Apesar da situação, o governo nega risco de racionamento de energia neste ano.
"A curto prazo, não tem o que fazer. O que resolve o problema é colocar pequenas hidrelétricas, que levam de um ano a um ano e meio para entrar em operação, e acionar as térmicas existentes enquanto vai repondo os reservatórios", disse Arbex.
"É uma solução para não passarmos por falta de energia, mas vai estourar o preço", acrescentou.
Para o prazo mais longo, a AbraPCH defende justamente mais reservatórios, visando o armazenamento de água durante os períodos de cheia. Arbex vê essa possibilidade como a "grande vantagem competitiva" do Brasil em energia.
Fonte: UOU
Imagem: CNNBrasil
Proposta avançou na Comissão Especial que autorizou a construção de pequenas usinas de geração de energia de até 30 megawatts.
Os deputados membros de Comissão Especial da Assembleia Legislativa do Paraná aprovaram, em reunião realizada nesta quarta-feira (18), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 14/2019, de autoria do deputado Tião Medeiros (PTB), que altera o artigo 209 da Constituição Estadual, facilitando a construção de centrais termo e hidrelétricas no Paraná. A proposta pretende retirar a necessidade de aprovação pela Assembleia Legislativa da autorização para construção de centrais termo e hidrelétricas de até 30 megawatts (MW) de potência. Os parlamentares aprovarem o parecer favorável do relator, deputado Tiago Amaral (PSB). Com a aprovação, a proposta está apta para seguir para discussão em plenário.
De acordo com Amaral, a mudança pode trazer mais investimentos para o Estado. “A proposta é importante pelo momento que atravessamos no País, com a necessidade do aumento do fornecimento de energia. Caso a oferta não cresça, isto pode acarretar no aumento dos custos. A burocracia tem sido um grande vilão. Neste aspecto, a proposta é de extrema importância”, explicou.
A proposição do deputado Tião Medeiros altera a redação do artigo 209 da Constituição, que passa a determinar que “a construção de centrais termoelétricas, hidrelétricas com potência superior a 30 MW e a perfuração de poços de extração de gás de xisto pelo método de fraturamento hidráulico da rocha dependerá de projeto técnico de impacto ambiental e aprovação da Assembleia”. Com isso, a construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s) com potência inferior a 30 MW não precisa passar pelo crivo legislativo. A proposta também diz que a construção de centrais termonucleares dependerá, sempre, de projeto técnico de impacto ambiental, da aprovação da Assembleia Legislativa e de consulta plebiscitária.
De acordo com autor da proposta, a iniciativa tem o objetivo de diminuir o excesso de burocracia para novos investimentos. "Esta necessidade de tramitação pelo Legislativo estadual acaba atrasando e inibindo os investimentos em PCH's, salientando a existência de aproximadamente 200 potenciais hidráulicos no Estado, que podem ser aproveitados para a construção de pequenas usinas, as quais contribuirão para ampliar a oferta de energia", diz a justificativa da proposta.
A admissibilidade da PEC já havia sido aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A Comissão Especial foi presidida pelo deputado Michele Caputo (PSDB). Também participaram da reunião os deputados Luiz Fernando Guerra (PSL) e Boca Aberta Júnior (PROS).
Fonte e Imagem: ALEP.
Antonio Bastos, presidente da empresa geradora e fornecedora de energia, afirma que projetos de energia eólica e solar poderiam reduzir a dependência das hidrelétricas em menor tempo do que novas usinas de gás natural, mais poluentes.
Nos últimos seis meses a Omega Energia anunciou investimentos de R$ 2 bilhões em energia renovável. E é por esse segmento que o presidente da empresa, Antonio Bastos, enxerga a maneira que o Brasil deveria enfrentar as mudanças climáticas que levaram ao esgotamento dos reservatórios das hidrelétricas, e não construindo usinas térmicas mais caras e poluentes.
Chamado de inocente e sonhador em 2007, quando começou a Omega, Bastos hoje tem clientes como Cargill, 3M, Bayer, Grupo Mateus, entre outros, que, segundo ele, hoje só querem saber de energia renovável. Por este motivo, considera completamente sem sentido a recente aprovação de um novo parque térmico a gás natural de 8 gigawatts (GW), que só deverá entrar no sistema nos próximos cinco anos (tempo de construção de um empreendimento térmico), enquanto projetos de energia eólica e solar saem do papel em um ano e a um custo bem menor.
“Só o Brasil está achando engraçado fazer térmica. A sociedade decidiu que não vai mais bancar a energia suja, e, além disso, a energia limpa é mais barata”, afirmou Bastos ao Estadão/Broadcast. “A revolução que deveríamos promover no Brasil deveria ser de renováveis. Imagina fazer uma revolução industrial no Nordeste com energia barata? A oportunidade que isso gera para o País e para a diminuição do abismo de desigualdade que o País tem?”, questionou.
De acordo com Bastos, com os mesmos recursos previstos para a construção das térmicas seria possível instalar o dobro da potência, com emissão zero e quatro anos antes. “É só questão do interesse de um grupo que tem força para aprovar essas coisas (térmicas), porque a discussão meritória, com base em dados e fundamentos, não dura cinco minutos, essa que é a triste realidade”, disse o executivo, que lamentou também a volta do carvão com um programa de estímulo por parte do governo e os sinais para o crescimento da energia nuclear.
Hidrogênio
De olho no futuro, Bastos disse que a Omega já assinou acordos de exclusividade com produtores de hidrogênio para fornecer energia renovável, “mas ainda em estágio muito embrionário, para estudar”, afirmou. Ele disse ter conversas sobre o combustível que interessa principalmente aos países europeus em estados onde a Omega está presente (Ceará, Bahia, Maranhão e Piauí).
Segundo Bastos, mesmo que seja aprovado o novo marco regulatório para a energia solar distribuída, projeto em tramitação no Congresso que tira subsídios da fonte de energia, o preço continuará competitivo e ela continuará crescendo no País.
“A geração distribuída é a atividade do setor elétrico mais rentável que eu conheço no mundo. Instalar no telhado traz uma taxa de retorno de 30% ao ano, 10 vezes a mais que a poupança. Mesmo se repuser todos os encargos, essa conta vai para um retorno de 20%”, afirmou.
A Omega foi reconhecida com classificação A na avaliação de ESG da MSCI, companhia global que fornece pesquisas e análises de práticas de negócios ambientais, sociais e de governança para milhares de empresas em todo o mundo, baseado na estratégia de sustentabilidade da empresa associada a um plano de ação para tornar a empresa referência em ESG até 2024. Desde a abertura de capital, em 2017, a empresa já cresceu sete vezes de tamanho.
“É o rating mais importante do mundo em termos ESG (sigla em inglês para padrões ambientais, sociais e de governança) e temos meta de até 2024 sermos a número um entre todas as companhias da América Latina entre empresas listadas em ESG”, disse Bastos.
Apesar do prejuízo registrado no segundo trimestre do ano, de R$ 159,3 milhões, o executivo prevê que o resultado do segundo semestre, quando a safra de ventos garante melhor performance para a geração eólica, irá compensar essa perda. “Ano passado tivemos prejuízo no primeiro semestre e fechamos o ano com um belo lucro, tudo leva a crer, se não tiver nenhum tipo de anomalia, que esse ano vai se repetir”, disse.
A crise hídrica ajudou com preços mais altos, o que favoreceu a comercializadora da Omega, e a tendência é de que permaneçam elevados durante todo este ano e possivelmente em 2022. As medidas adotadas pelo governo, como a proposta de redução da demanda por consumidores de mais de 30 megawatts é considerada equivocada por Bastos e, na sua opinião, deveria envolver toda a sociedade. “Eu seria mais arrojado no setor industrial. Trinta megawatts é muito alto, eu seria mais ousado, iria para 5 MW e não teria vergonha de fazer alguma ação a mais com o restante dos consumidores”, afirmou.
Bastos prevê que mesmo com toda a necessidade de uma revisão geral da garantia física dos empreendimentos elétricos do País, e os vários projetos de modernização do setor em andamento, o único projeto que pode ir para frente em 2022, na sua avaliação, é o que confere maior abertura ao mercado livre, para que os clientes possam escolher a distribuidora de quem querem comprar eletricidade. Hoje, essa alternativa é restrita a grandes consumidores de energia.
“O que pode passar é a abertura do mercado livre pela pressão do preço. A sociedade clama por redução de preço, e, sem dúvida nenhuma, a maior abertura do mercado livre pode passar esse ano, e estamos focados nisso”, disse. “Fora isso, não vejo grandes mudanças por ser ano eleitoral. A gente vai ter um ano de extremos, e de passar mensagens difusas para os investidores, vai ser preciso muita cautela. Infelizmente, a gente vai ter um ano um pouco mais confuso e volátil do que os passados, apesar de terem sido de pandemia”, afirmou.
Fonte e Imagem: Estadão
Segundo Aneel, conta de luz pode subir até 16,68% em 2022; agência analisa redução de impacto.
Debatedores ouvidos nessa 2ª feira (16.ago.2021) pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados afirmaram que os sucessivos aumentos na conta de luz do brasileiro não decorrem da falta de chuvas, mas de má gestão dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Eles também consideram que a atual política energética privilegia a distribuição de lucros para empresários e acionistas do setor elétrico.
Ex-diretor-presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu defendeu a tese de que a crise hídrica atual resulta de uma “ação irresponsável” do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) –órgão que controla a operação das instalações de empresas de geração e transmissão. Ele avalia que o órgão deveria ter acionado as termelétricas mais cedo, a fim de reduzir os impactos da falta de chuva nos reservatórios das hidrelétricas.
“O ONS aumentou sistematicamente, mês a mês, mesmo as chuvas não chegando, a operação da geração hidráulica no Brasil, e reduziu, de maneira irresponsável, a geração térmica, provocando artificialmente um esvaziamento dos reservatórios”, observou Andreu, durante o debate proposto pelos deputados João Daniel (PT-SE), Waldenor Pereira (PT-BA), Nilto Tatto (PT-SP), Valmir Assunção (PT-BA), Patrus Ananias (PT-MG) e Marcon (PT-RS).
“É um padrão que leva à fabricação artificial de crise no final do período chuvoso, gerando uma explosão de tarifas”, acrescentou. O mestre em energia Gilberto Cervinski, que representou o MAB (Movimento dos Atingidos pelas Barragens), também questionou a gestão dos reservatórios. “O resultado disso é o aumento na conta de luz do povo.”
REAJUSTES
Os deputados Waldenor Pereira, que preside o colegiado, e João Daniel, que comandou a reunião, destacaram a importância de debater alternativas para a crise do setor elétrico, que tem gerado aumentos sucessivos na tarifa de energia.
O último reajuste, que começou a valer em julho deste ano, elevou o valor da tarifa para R$ 9,492 por 100 kWh, 52% maior do que a tarifa praticada em junho (R$ 6,243). Nos 2 meses, o valor cobrado corresponde ao patamar 2 da bandeira vermelha, que prevê os maiores reajustes em função da elevação dos custos de geração. Em maio, o valor cobrado pelos mesmos 100 kWh era de R$ 4,169 e a bandeira tarifária era vermelha patamar 1. Em abril, com bandeira amarela, a tarifa era de R$ 1,343 a cada 100 kWh consumidos.
DIVIDENDOS
Representando os trabalhadores do setor elétrico, Gustavo Teixeira, do CNE (Coletivo Nacional dos Eletricitários), disse que o aumento nas contas de luz também tem relação com a política energética adotada no Brasil, que, segundo ele, privilegia ganhos de empresários e acionistas do setor.
“Ao mesmo tempo em que temos uma das tarifas mais caras do mundo, o setor elétrico é um dos que mais paga dividendos”, declarou Teixeira. De acordo com ele, em valores não atualizados, de 2011 a 2020, foram pagos R$ 112 bilhões em dividendos pagos a acionistas do setor. “No ano inicial da pandemia, 2020, foram distribuídos R$ 14 bilhões em dividendos. Muitas empresas do mundo optaram por não distribuir dividendos na pandemia, até para preservar caixa. No Brasil, não houve essa preocupação”, sustentou.
VERSÃO DO GOVERNO
Representando a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Davi Antunes Lima afirmou que, desde setembro de 2020, o baixo volume de chuvas tem comprometido o uso de hidrelétricas, demandando o acionamento de mais termelétricas e aumentando os custos das distribuidoras , o que tem resultado em mudanças na bandeira tarifária adotada no País.
O superintendente de gestão tarifária da Aneel explicou que atualmente pressionam o preço da energia produzida no Brasil: o dólar, que influencia o valor da energia da Usina de Itaipu; a variação do IGP-M, índice que regula contratos de 17 distribuidoras; e o agravamento do cenário hidrológico, com escassez de chuvas.
Para 2021, segundo Lima, a previsão inicial era de um reajuste anual de 18,75%, mas, após 8 medidas técnicas adotadas pela agência, a expectativa é que o repasse ao consumidor fique em torno de 9%. Para 2022, a agência tem estimativas preliminares que apontam para a necessidade de reajustes de 16,68%, principalmente por conta da crise hidrológica.
Lima avalia, no entanto, que novas ações projetadas pela Aneel, como a antecipação de recursos decorrentes da privatização da Eletrobras, consigam reunir R$ 8,5 bilhões e reduzir o reajuste da tarifa cobrada dos consumidores.
“Com essas medidas adicionais, em vez dos 16,68% previstos pra 2022, a gente ainda tem uma previsão de reajuste de 10,73%, mas estamos ainda estudando alternativas”, comentou.
Fonte e Imagem: Poder 360.
No acumulado do ano o país tem 2.535 MW em nova capacidade e é esperado pela agência mais 4.692 MW até o fechamento de 2021.
A expansão do sistema elétrico somou até meados de agosto 2.535,34 MW segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica divulgados nesta segunda-feira, 16 de agosto. Nos últimos 30 dias foram acrescentados 431,45 MW em nova capacidade de geração no SIN. Nos 15 dias do mês o país aumentou sua matriz em 262,40 MW enquanto julho encerrou com 467,07 MW em novas usinas. Com isso a expansão da matriz energética chega a 114.080,49 MW desde que a série histórica começou a ser medida, em 1997.
A fonte eólica lidera a liberação com 1.854 MW divididos em 60 parques, em seguida vem a fonte térmica com 480,75 MW, a solar aparece em terceiro com 127 MW e a hídrica vem depois com 72,92 MW em PCHs e 1 CGH. Agora faltam segundo dados da agência reguladora, 4.692 MW a entrarem em operação ao longo de 2021. Se essa previsão se confirmar o país terá 7.227 MW em novas usinas, um volume 7% acima da média dos últimos 10 anos que está em 6.749,5 MW.
Até o momento o Brasil está com usinas que somam 45.829 MW que deverão entrar em operação comercial até o ano de 2028. Isso desconsiderando aquelas centrais que ainda não possuem previsão de início de geração que somam outros 3.289 MW.
O maior volume está fora do ACR com 34.152 MW sem considerar as usinas sem previsão. Os 11.676 MW restantes estão dedicados a atender o mercado regulado.
Nesse horizonte de contratação, o maior volume de novas usinas a serem liberadas pela Aneel passou do ano de 2023 para 2026. Esse movimento ocorre porque agora são esperados 9.173 MW para daqui a dois anos ante os 11,6 GW apontados no mês passado. Já para daqui a cinco anos a previsão é de que o Brasil tenha o incremento de 12.459 MW em sua matriz elétrica. A maior parte de usinas solares que somam 9.563 MW ante 1.878 MW de eólicas. O resto está dividido entre biomassa e a fonte hídrica.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Bancada ruralista tenta votar PL da Grilagem e PL do Licenciamento ambiental antes da COP-26, que acontecerá em novembro.
O Senado avalia votar simultaneamente, em setembro, projetos considerados sensíveis para a agenda ambiental. A articulação é capitaneada pela bancada ruralista e envolve matérias como o PL do Licenciamento Ambiental (que simplifica regras para a análise de projetos na área de infraestrutura) e o PL da Regularização Fundiária (já apelidado internacionalmente de PL da Grilagem). O objetivo é tratar desses assuntos antes da 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-26, e, desta forma, evitar que estes temas se tornem objeto de pressão contra o Brasil.
Para amenizar as críticas, no entanto, deve ser votado também um projeto da senadora Kátia Abreu (PP-TO), que antecipa de 2030 para 2025 a meta de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia.
O projeto de Kátia impede que o orçamento de órgãos ambientais, como Ibama e ICMBio, seja reduzido enquanto durar o Teto de Gastos, ou seja, até 2027. Por fim, a matéria restabelece a NDC (meta assumida no Acordo de Paris para redução dos gases-estufa), alterada pelo ex-ministro Ricardo Salles por causa de um recálculo das emissões no passado, o que acabou ganhando o apelido de “pedalada climática”. Na prática, este texto é uma espécie de contrapeso aos dois projetos tidos como “vilões na área ambiental”. Tudo pode ser votado conjuntamente numa semana de “esforço concentrado” da questão ambiental e agrária.
O arranjo foi proposto pela bancada do agronegócio numa reunião que envolveu Kátia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o presidente da comissão de Meio Ambiente, Jaques Wagner (PT-BA), o presidente da comissão de Agricultura, Acir Gurgacz (PDT-RO), e os senadores Irajá (PSD-TO) e Carlos Fávaro (PSD-MT), que devem assumir as relatorias das matérias. A articulação gerou repercussão negativa, no entanto, entre organizações ambientais, que passaram a pressionar os senadores.
Por conta disso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu que tanto o PL do Licenciamento Ambiental quanto o PL da Regularização Fundiária terão que passar pelas comissões temáticas. Na prática, o ato de Pacheco impede que os temas sejam votados em caráter de urgência, diretamente no plenário, sem o devido debate, como aconteceu na Câmara dos Deputados. Isso deve obrigar a bancada ruralista a fazer concessões para garantir a aprovação de ambos as pautas nos colegiados especializados no assunto.
“O Brasil não pode correr o risco de se tornar um pária entre os países na questão da preservação ambiental. O desmatamento é um problema seríssimo que nós enfrentamos e é perfeitamente possível remediá-lo e atrelá-lo ao desenvolvimento econômico consciente”, afirmou Pacheco, em seu perfil no Twitter. “Os projetos existentes no Senado serão avaliados com profundidade e amadurecimento adequados nas comissões permanentes do Senado, com o devido equilíbrio, com a participação de especialistas e com todos os organismos que lidam com o tema”, complementou o presidente do Senado.
Como a COP-26 será realizada em novembro, a expectativa dos ruralistas é que as negociações avancem antes disso. A oposição, entretanto, já se organiza para tentar barrar algumas das mudanças promovidas pelos deputados nos dois PLs. “Continuo não entendendo o açodamento para a votação dessa matéria”, criticou Jaques Wagner, que participou da reunião com os ruralistas.
Além disso, os parlamentares contrários às mudanças no licenciamento ambiental e regularização fundiária rechaçam a ideia de tentar negociar um acordo que seja positivo para ambos os lados. O motivo é que eles veem o movimento do Executivo com desconfiança. Um dos temores é que, mesmo no caso de aprovação do projeto que reduz o desmatamento ilegal, o presidente Jair Bolsonaro acabe por vetar a matéria, como já fez com outros projetos que haviam sido fruto de negociação no Congresso.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Agentes avaliaram caminhos e perspectivas para desenvolvimento do vetor energético no Brasil.
Destacado como o principal vetor energético para substituir o carvão e o petróleo até 2050, descarbonizando as matrizes energéticas mundiais e atuando ainda como combustível, o hidrogênio verde precisa de muita energia e água para sua produção, o que confere ao Brasil características para se tornar um player de exportação do insumo a partir de suas fontes renováveis.
No evento de aquecimento do Enase 2021 na última quarta-feira, 11 de agosto, o Analista Técnico Sênior na Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), André Themoteo, destacou o potencial da fonte para suprir a produção de hidrogênio verde (H2V) por meio de EOLs tanto onshore quanto offshore, está última demonstrando maior sinergia pelo uso hídrico e possivelmente de estruturas já existentes do segmento de óleo e gás.
“É preciso um baixo custo de energia para a produção do H2 e a eólica traz um preço muito competitivo que já ajuda nesse sentido”, afirma Themoteo, acrescentando também ser fundamental realizar investimentos em tecnologia para os eletrolisadores, padronizando-os para uma produção mais barateada.
A Associação trabalha atualmente para destravar o mercado e as questões regulatórias ligadas as usinas offshore, tendo empreendido também estudos internos para analisar os elementos chave para redução de custos na integração com a tecnologia do H2. Entre eles está o projeto e construção de um eletrolisador, economias de escala, materiais de aquisição com recursos escassos, eficiência e flexibilidade nas operações e a taxa de aprendizagem.
Já o presidente da Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (Abaque), Carlos Brandão, destacou que o país ainda vive numa fronteira tecnológica para a eólica offshore, armazenamento e usinas reversíveis, e que o problema atual do mercado recai na confiança dos empresários e investidores quanto a segurança de mercado.
“Falta uma perna interministerial não só para o hidrogênio, mas para todas as novas tecnologias no Brasil”, pontua, afirmando ser preciso um sistema de financiamento e gestão de risco para angariar as atenções do novo empreendedor, algo semelhante ao que aconteceu com a fonte eólica e o Proinfa nos anos 2011 e 2012.
Segundo Brandão, o H2 hoje se apresenta a um nível de custo que há dois anos já era projetado para estar em US$ 0,70/MWh a um custo de baterias que estaria na ordem de US$ 1,40/MWh, tendo uma das oportunidades vislumbradas na armazenagem de usinas híbridas, aproveitando o excedente eólico noturno com o diário da fonte solar.
“Usinas híbridas a baterias ou H2 são as fontes de geração mais baratas e que já são cases reais, em custos que estão chegando a US$ 140/MWh e US$ 250/MWh”, refere o executivo, citando que nada irá acontecer se não haver uma escala industrial de produção que viabilize transporte e a alocação dessas fontes de H2 ou armazenamento.
O Presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Ricardo Pigatto, trouxe o case de uma pequena central hidrelétrica média, de 10 a 15 MW, com fator de capacidade de 60%, e que se o custo de energia para a produção de hidrogênio está na ordem de US$ 6,00 por kg, poderia vender a energia elétrica da PCH para produção de H2V, viabilizando ordem de grandeza de R$ 250/MWh para a usina.
“Quando os números começam a se aproximar da viabilidade significa que daqui pra frente são ajustes finos e correções para viabilizar esse mercado”, define o Pigatto, apontando a criação de um marco regulatório como fundamental para estimular o futuro desse vetor no país.
Sobre esse ponto, a Coordenadora Geral de Eficiência Energética no MME, Samira Sana, disse que há a expectativa de vários marcos regulatórios que vão ordenar as diversas aplicações do hidrogênio e os caminhos para sua produção e que a ideia do plano aprovado recentemente sob orientação do CNPE é estimular todas as possibilidades que a cadeia do insumo possa suportar.
“Um plano não restritivo tecnologicamente mas abrangente para explorar tanto para inserção no mercado internacional quanto no desenvolvimento do interno”, aponta.
O programa do H2 no Brasil se apresenta com seis eixos temáticos: fortalecimento das bases tecnológica, com incentivo em P&D; capacitação e recursos humanos; planejamento energético, com uma sinalização no PDE 2050 pela EPE; arcabouço legal e regulatório, mapeando a legislação e regulação existente; crescimento do mercado como atividade e a cooperação internacional, que vem sendo conduzida pelo MME junto a ONU, Alemanha e outros países.
Fonte e Imagem: Canal energia
Proposta mantém as regras atuais para sistemas existentes até 2045 e estabelece transição de seis anos para fim de benefícios tarifários.
Após uma série de reuniões com associações do setor elétrico, o Ministério de Minas e Energia conseguiu finalizar na manhã desta quarta-feira, 11 de agosto, um texto de consenso para o marco legal da micro e minigeração distribuída. A proposta que seria entregue à tarde aos deputados Lafayette de Andrada (Republicanos -MG) e Marcelo Ramos (PL-AM ) como sugestão de redação ao Projeto de Lei 5.829, mantém até 2045 as regras atuais do sistema de compensação de energia elétrica para unidades de geração distribuída já conectadas.
O texto foi consolidado durante encontro da secretária-executiva, Marisete Pereira, e do secretário de Energia Elétrica do MME, Christiano Vieira da Silva, com executivos da Absolar (geração fotovoltaica), da ABGD (geração distribuída), da Abradee (distribuidoras de energia) e do Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel). Dirigentes da Agência Nacional de Energia Elétrica também participaram da discussão.
De acordo com ata do MME, o documento traduz o consenso dos representantes das associações setoriais. O tema é polêmico, o que explica a dificuldade de aprovação na Câmara do substitutivo apresentado por Andrada.
Carlos Evangelista, presidente da ABGD, disse que a versão do texto apresentada hoje dá tempo suficiente para retorno do investimento já realizado. “Por outro lado, conseguimos atingir uma fórmula interessante para os consumidores que venham a optar por GD, o que vai manter a trajetória de crescimento da geração distribuída”, afirmou em nota divulgada pela associação. Para o presidente do Inel, Heber Galarce, o texto representa um passo importante para quem defende a ampliação das matrizes de energia limpa.
O que diz a proposta
As novas regras de GD entrarão em vigor um ano após a sanção da lei. Está previsto um período de transição de seis anos para que sistemas instalados a partir da vigência do novo marco legal passem a pagar integralmente todas as componentes tarifárias não associadas ao custo da energia elétrica, entre elas o uso da rede de distribuição, “devendo ser abatidos todos os benefícios ao sistema elétrico propiciados pela centrais de micro e minigeração.”
Uma parcela desses custos dos serviços não é paga atualmente, porque entra no sistema de compensação da energia injetada na rede pelos consumidores. Na transição iniciada em 2023, o proprietário mini e micro sistemas começa pagando 15% e terá o valor aumentado gradativamente até atingir o custo integral em 31 de dezembro de 2029.
O Conselho Nacional da Politica Energética terá seis meses, a partir da publicação da lei, para definir as diretrizes de valoração dos custos e benefícios da micro e minigeração. Os valores dos atributos serão calculados em até 18 meses pela Aneel, considerando as componentes de geração, perdas elétricas, transmissão e distribuição.
O texto garante o livre acesso aos consumidores interessados em produzir a própria energia em sistemas de geração. Proíbe, no entanto, a comercialização de pareceres de acesso pelos beneficiários e a divisão de central geradora em unidade de menor porte, com a finalidade de enquadramento nos limites de potência estabelecidos para microgeração ou minigeração distribuída.
Instalações de iluminação pública poderão participar do sistema de compensação de energia, com a rede do município sendo considerada unidade consumidora com micro ou minigeração, desde que atendidos os requisitos regulamentares da Aneel.
Os efeitos financeiros para as distribuidoras decorrentes da opção de seus consumidores pela instalação de sistemas de GD serão considerados exposição involuntária. Concessionárias e permissionárias de distribuição poderão contratar serviços ancilares de micro e minigeradores distribuídos, por meio de fontes despacháveis ou não, para beneficiar sua rede ou microrredes de distribuição.
O processo será regulamentado pela Aneel. A contratação devera ser feita por chamada publica. As distribuidoras também deverão credenciar em chamada pública interessados em comercializar os excedentes de geração de mini e micro GD instalados em sua área de concessão.
Fica instituído também o Programa de Energia Renovável Social, na modalidade local ou remota compartilhada, para consumidores de baixa renda. Os recursos financeiros da política pública virão dos Programas de Eficiência Energética, de fontes de recursos complementares ou ainda de parcela de Outras Receitas das das distribuidoras.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Associações debateram sobre revisão no modelo de PLD, subsídios, impostos e que o PLS 232 não avança enquanto MPs que aumentam encargos passam pelo congresso.
Em meio a pior crise hídrica nos últimos 91 anos e que impõe desafios ao planejamento, operação e disponibilidade energética no país, uma das principais preocupações de consumidores e comercializadoras recaem atualmente sobre o aumento no preço da energia e seus diversos impactos no mercado e na sociedade, com a necessidade de repensar os caminhos que levaram o setor à essa situação.
Para o presidente executivo da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, a solução passa pela revisão do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) e em imprimir maior agilidade na questão do corte de subsídios às fontes, ao mesmo tempo em que o consumidor vê os custos com encargos aumentarem nos últimos anos com as Medidas Provisórias aprovadas, sem contar no recente processo de privatização da Eletrobras, que também impactará nos preços futuros.
“Não se pode ter um CMO (Custo Marginal de Operação) de R$ 2.500/MWh e um PLD máximo de R$ 580/MWh, pois acaba se transformando em custo para o consumidor que suporta a maior parte do ônus das crises que o setor elétrico passa, como a conta covid no ano passado”, comentou Faria durante o evento digital de aquecimento ao Enase nesta quarta-feira, 11 de agosto.
Na visão do executivo a atual crise acabou desnudando problemas que os modelos de precificação trazem, com PLDs, reservatórios e chuvas abaixo da média, destacando a urgência em mudar a modulação para uma que reflita melhor conjuntura energética do Brasil e o risco com a volatilidade dos preços.
“Como pode em março termos um PLD de R$ 100/MWh, em julho ter o teto e em agosto estarmos falando de racionamento?”, questiona Carlos, ressaltando que, além da redução de subsídios, é preciso repensar na redução de impostos a partir da reestruturação do setor e principalmente em dividir os custos com os demais agentes.
PLS 232 trava e encargos aumentam
O diretor Técnico da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Fillipe Soares, salientou que o projeto de modernização (PLS 232) não avança no Congresso enquanto outras pautas que aumentam os encargos passam, elevando o custo da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em R$ 1,6 bilhão ao ano, além do perdão de dívidas que somariam quase R$ 7 bilhões de recursos para a própria Conta, que ajudaria nessa questão.
“É importante o avanço da agenda da modernização para que faça a desoneração tarifária revendo todas as políticas concedidas para os segmentos elétricos e outros da economia brasileira, como na reforma tributária”, frisou Soares em sua participação no Warm Up Enase 2021.
Ele também destaca não ser sustentável fazer subsídio cruzado e que a nova matriz elétrica brasileira será composta pelos recursos distribuídos do futuro que invariavelmente irão demandar mais investimentos na rede, que nos últimos seis ciclos tarifários representaram aumentos de 15% com novas linhas de transmissão e instalações.
“Subsídios não tem que ficar na conta de energia e sim no orçamento da união, que deverá decidir se irá colocar recursos em determinada fonte ou em uma escola ou hospital”, opina Filipe, lembrando que apenas 40% do custo atual com energia é gerenciável pelos consumidores, sendo o restante de taxas e encargos.
Na avaliação do técnico só a liberalização do mercado não será a resposta para redução nos preços, até porque o consumidor que já está no ambiente de livre contratação teve seu consumo reduzido em 10% nos últimos seis anos, também lidando com o aumento de custos estruturais.
Outra questão parada é a contratação de reserva de capacidade com base em estudos e repartido entre os consumidores, com o comando do setor mantendo uma política de contratação centralizada sem avaliação de mecanismos de mercado, da valorização dos atributos das fontes e o equilíbrio e comparação entre oferta e demanda.
“Assim vamos seguir na mesma política que fez com que se contratasse Angra 3 como energia de reserva”, critica o técnico, lembrando que o consumidor que migra hoje para o mercado livre tem que lidar com mais encargos à vista com a sobre contratação das distribuidoras.
“Podemos chegar a um ponto de ir para o ACL e a parcela de energia no custo ser tão pequena que a contratação não vai fazer diferença para o nível de redução desejado ou equivalente a outros países”, conclui, afirmando que a modernização precisa ser uma prioridade para a racionalização dos custos ao futuro desafiador do setor.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (10) pelo MME (Ministério de Minas e Energia), quase metade da energia enegética produzida no Brasil vem de fontes renováveis. A maior parte é produzida em usinas hidrelétricas, mas nos últimos anos, a geração de energia eólica, produzida pelo vento, e a solar vem ganhando destaques.
“A matriz energética brasileira é uma das mais renováveis do mundo com uma proporção de 48%, indicador mais de três vezes superior ao mundial”, ressaltou o diretor do Departamento de Informações e Estudos Energéticos do Ministério de Minas e Energia, André Osório.
De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a energia eólica hoje representa 10,9% da matriz elétrica brasileira e a expectativa é que chegue a 13,6% ao fim de 2025. Os maiores parques estão na região Nordeste.
Em julho, foram quatro recordes de geração eólica média e quatro de geração instantânea (pico). Segundo o ministério, em um único dia, a média inédita chegou a 11.399 MW, suficiente para abastecer a 102% da região Nordeste durante 24 horas.
A energia solar representa 2% da matriz elétrica do país, podendo atingir 2,9% até o fim de 2021, de acordo com a ONS. Nos últimos três anos, o crescimento da energia solar centralizada (gerada por grandes usinas) foi de 200%, enquanto a solar distribuída (pequenas centrais de geração) passou de 2.000%. Segundo o Ministério de Minas e Energia, só em 2020, a capacidade instalada em energia solar fotovoltaica cresceu 66% no país.
O crescimento na matriz de energia limpa ajudará o Brasil a honrar o compromisso assumido na Cúpula do Clima deste ano de antecipar a neutralidade climática de 2060 para 2050.
“Para qualquer cenário de planejamento energético realizado pelo MME, em que pese a antecipação da neutralidade climática, verifica-se que a participação das renováveis na matriz energética deve continuar acima de 80% até 2030, chegando a 85% em 2050. Tais resultados serão alcançados em boa medida com o aproveitamento pelo país de seus potenciais eólico, solar e de biomassa bem como em decorrência de todo esforço já estabelecido pelas políticas públicas, da mudança do perfil do consumidor brasileiro que vem buscando economicidade e aprimoramentos tecnológicos nas soluções de suprimento de energia elétrica”, destacou André Osório.
Entre os incentivos oferecidos pelo Governo Federal para o aumento da energia limpa está a eliminação de impostos de importação para equipamentos de energia solar, o que tem permitido o aumento da competitividade da fonte solar no Brasil, tanto para a geração centralizada como para a geração distribuída.
“Nesse processo de expansão, o ministério não se descuidou da sustentabilidade ambiental, instituindo programas de incentivo às fontes renováveis de energia como Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica) e Renovabio (Política Nacional de Biocombustíveis)”, explicou o diretor.
A produção de energia limpa pelo Brasil é destaque entre os países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, África do Sul, Índia e China). Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que a matriz energética brasileira, em 2019, era formada por 45% de fontes renováveis e 54% de fontes fósseis. Os números superam os demais países do bloco. As fontes de energia fósseis chegam a 97% na África do Sul, 94% na Rússia, 92% na Índia e 87% na China.
“Nosso país é dotado de uma riqueza de recursos energéticos que supera muitas vezes a demanda de energia total estimada pelos próximos anos. Passaremos de uma posição de importador líquido de energia para outra realidade, a de ofertante líquido. Assim, percebemos que o nosso papel agora é de administrar a abundância de recursos energéticos”, ressaltou o diretor.
“Há uma diversidade das fontes renováveis mais tradicionais. Mas vamos continuar com grande participação de hidrelétricas, PCHs e de biomassa. As fontes eólicas e solar vão se expandir fortemente e ainda há fontes limpas e menos tradicionais que estão recebendo grande atenção para sua viabilização como resíduos sólidos urbanos, eólica off shore e o hidrogênio” concluiu.
Fonte e Imagem CNN Brasil
Fonte energética com maior poder de emissão de gases efeito estufa, o carvão recebeu na segunda-feira, 09 de agosto, do governo um sinal de apoio com a publicação de Portaria do Ministério de Minas e Energia detalhando o Programa Para Uso Sustentável do Carvão Mineral Nacional. No mesmo dia, foi publicado o relatório o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), mostrando que é grave a crise climática no mundo e pedindo o fim dos combustíveis fósseis.
Segundo o MME,o Programa que prorroga o uso de carvão no Brasil poderá significar investimentos da ordem de R$ 20 bilhões ao longo dos próximos 10 anos, mas não poderá contar, por exemplo, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que não financia mais combustíveis poluentes.
O Programa propõe a substituição de termelétricas a carvão antigas por outras mais modernas, e também está previsto o fim do subsídio para a fonte via Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em 2027.
Concentradas no Sul, região que possui 99,9% das reservas de carvão do País, as minas de carvão possuem potencial de abastecimento elétrico de 18.600 megawatts durante 100 anos, segundo o MME.
O argumento do ministério é de que o parque gerador de energia elétrica a carvão no Sul do País está sendo desmontado à medida que terminam as concessões, o que poderá gerar impacto socioeconômico na região, com desemprego e queda de renda.
O objetivo do Programa, segundo o MME, é aproveitar as reservas existentes em projetos mais modernos e menos poluentes, enquanto ainda há tempo, já que o mundo inteiro se move para a redução de emissões de gases efeito estufa, como o gás carbônico (CO2).
Não foi definido no programa, porém, a forma de contratação dessa energia, mas é possível que seja inserido nos leilões de energia um produto específico para o carvão, e inclusão em leilões de reserva de capacidade. Segundo o MME, a forma e o preço do leilão de carvão ainda serão avaliados.
“A contratação de energia elétrica proposta deve observar algumas condições e premissas: estabelecer um requisito mínimo de eficiência de geração elétrica; ausência de ônus para o Estado e a não concessão de novos subsídios ao carvão mineral e nem a extensão dos já existentes”, explica o programa, destacando ainda a adoção de tecnologias ambientalmente apropriadas na atividade de mineração e uso do carvão (inclusive quanto à recuperação ambiental com a queima de rejeitos).
Fonte: Paranoá Energia.
Imagem: MME
Certame marcado para 17 de dezembro terá cinco lotes de instalações, com investimento previsto de R$ 2,7 bilhões.
A Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou a minuta de edital do segundo leilão de transmissão de 2021, previsto para 17 de dezembro. A versão definitiva do documento será aprovada em 16 de novembro, após avaliação do Tribunal de Contas da União.
O certame vai ofertar cinco lotes de concessões de transmissão, para a implantação de linhas e subestações nos estados do Amapá, Bahia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Os empreendimentos tem investimento da ordem de R$ 2,7 bilhões e prazos para entrada em operação comercial de 36 a 60 meses.
Serão licitados aproximadamente 902 km de linhas de transmissão e 750 MVA em capacidade de transformação de subestações. As receitas máximas permitidas (RAPs) somam R$ 373,9 milhões.
Os interessados em participar do leilão poderão agendar visita às subestações nas quais as instalações de transmissão licitadas serão conectadas, até 6 de dezembro. As concessionárias titulares dos empreendimentos incluídos no leilão terão de aprovar o acesso solicitado no menor prazo possível.
Fonte e Imagem: Canal Energia
O ministro da Economia, Paulo Guedes, recebeu hoje o presidente da 26ª Conferência das Partes (COP-26) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC), o britânico Alok Sharma, a quem reforçou o apoio às medidas do governo federal em favor dos compromissos de desenvolvimento sustentável assumidos internacionalmente. A experiência brasileira na geração de energia renovável foi um ponto destacado por Guedes. "Ele frisou que o Ministério da Economia (ME) tem promovido medidas para melhorar o ambiente de negócios no país e salientou que a pasta continua a apoiar medidas do governo federal para cumprir os compromissos de desenvolvimento sustentável assumidos no âmbito internacional”, informa nota divulgada pela pasta. Sharma, por sua vez, relatou as iniciativas adotadas no Reino Unido para promover o desenvolvimento sustentável, como o aumento da geração de energia eólica. O presidente da COP-26 estava acompanhado do embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson. Pelo Ministério da Economia, também participaram do encontro o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do ME, Roberto Fendt, o secretário especial adjunto de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, João Rossi, e o secretário de Assuntos Econômicos Internacionais, Erivaldo Gomes.
Brasil tem potencial para acomodar a tendência e pode atrair investimentos privados.
Fruto da necessidade mundial de reverter a crise climática, energias renováveis, em especial a eólica, têm recebido bastante atenção e investimentos no Brasil e no mundo. Mesmo com a crise econômica mundial instalada devido à pandemia, 2020 foi o melhor ano da indústria eólica, com um crescimento anual mundial de 53% (eis íntegra do estudo sobre o desempenho da indústria eólica em 2020 – 30 MB) e a instalação de mais de 93 GW de nova capacidade de geração.
No Brasil, a geração de energia eólica no Nordeste atingiu novo recorde, com 11.715 MWh no começo de julho, o suficiente para suprir toda a demanda da região. Responsável por 10,7% da matriz elétrica brasileira, espera-se que a porcentagem de energia eólica atinja 13,2% até 2025, com potencial para crescer muito mais.
A novidade do setor e o que tem atraído o maior número de investidores nos últimos 2 anos é desenvolvimento da tecnologia eólica offshore, composta por turbinas fixas e flutuantes. Proveniente da mesma tecnologia utilizada para construir plataformas de petróleo offshore como a do pré-sal, as turbinas eólicas fixas em alto mar são capazes de gerar mais energia por hora e por mais tempo do que as onshore, aumentando sua eficiência e autonomia.
Outra vantagem importante do mercado offshore certamente é o aproveitamento da mão de obra do setor da indústria fóssil. As plataformas, os cabos de conexão e conhecimento marinho e técnico são muito parecidos, tornando a transição energética mais justa e menos danosa para os trabalhadores.
Em fase de desenvolvimento e impulsionada por fundos de pesquisa na Europa, as turbinas eólicas flutuantes são ideais para áreas fundas do oceano, pois são menos invasivas para o ecossistema marinho e tão eficientes quanto as usinas fixas.
Ainda com o custo elevado, a tecnologia se encontra em áreas limitadas. O protótipo desenvolvido pela empresa norueguesa Equinor, na Escócia, tem sido bem-sucedido e incentivado novos leilões específicos de tecnologia flutuante no Reino Unido e na Noruega.
Em 2020, a instalação de 6,1 GW de capacidade eólica offshore foram autorizadas no mundo, com a China e a Europa liderando o mercado e registrando o segundo melhor ano da história. Em 2020, a indústria recebeu $303 bilhões de dólares de investimento e novos leilões estão programados nos Estados Unidos e na Ásia.
Dono de uma área costeira de 8.000 km e com ventos que podem chegar até 32.4km/h, o Brasil é uma opção atraente para o desenvolvimento da indústria eólica offshore, podendo fomentar investimentos privados e estrangeiros. De acordo com o relatório Going Global: Expanding Offshore Wind to emerging markets (eis íntegra do relatório – 3 MB), iniciativa do Banco Mundial, o Brasil tem potencial de instalação offshore de 480 GW da turbina fixa e 748 GW da turbina flutuante.
Além de abastecer a demanda crescente de energia no país com energia limpa, as turbinas eólicas offshore podem, em períodos de excesso de produção, ser uma opção viável na produção de hidrogênio verde, produto cada vez mais cobiçado na União Europeia e nos Estados Unidos como substituto do gás natural.
As possibilidades são inúmeras e o Brasil tem potencial técnico e geográfico para acomodar a tendência eólica offshore. Em relação aos aspectos legais, o país já tem uma regulamentação existente e que pode facilmente ser adaptada para esse tipo de tecnologia com base nas experiências internacionais e legislação ambiental vigente (eis íntegra da regulamentação do uso da tecnologia eólica offshore Brasil – 6 MB). O caminho para um mundo livre de carbono segue sendo o mais seguro e promissor para o crescimento econômico do país. É preciso apostar na inovação e mostrar mais comprometimento com a causa climática.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Certame prevê mais de 3 mil km em LTs e 3.850 MVA em capacidade de transformação, somando cerca de R$ 6,7 bilhões de investimentos para os próximos seis anos.
O Ministério de Minas e Energia encaminhou à Aneel o conjunto de relatórios técnicos para instrução do Leilão de Transmissão 01/2022, que prevê mais de 3 mil km em linhas de transmissão, 3.850 MVA em capacidade de transformação e investimentos estimados em R$ 6,7 bilhões para ampliações na Rede Básica dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Amapá, Pará e Sergipe pelos próximos seis anos.
Dentre o conjunto dos empreendimentos indicados, destaca-se a concessão da linha 230 kV Laranjal do Jari – Macapá III, com cerca de 250 km de extensão, que em conjunto com a nova SE Macapá III e LT 230 kV Macapá – Macapá III, conclui a solução de planejamento para a confiabilidade no atendimento a região de Macapá (AP).
O documento foi elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), sob a coordenação do Departamento de Planejamento Energético da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME. O certame tem previsão de realização em junho de 2022, com prazo estimado de 42 a 60 meses para entrada em operação das novas obras.
No caso dos empreendimentos indicados à Aneel para esse certame, estão em destaque as instalações de transmissão necessárias para aumentar a capacidade de transmissão entre a região norte de Minas Gerais e os principais centros de carga da Região Sudeste, as quais permitirão a conexão do potencial de geração renovável e expansão na capacidade de escoamento da interligação Nordeste-Sudeste.
Nesse contexto, a EPE está elaborando estudo que tem por objetivo promover a integração do potencial das fontes limpas no Nordeste, o que resultará na indicação futura de um conjunto de ativos capaz de promover a ampliação da capacidade de transmissão dessa região, assim como a do tronco de interligação Norte/Nordeste – Sudeste/Centro-Oeste.
Fonte e Imagem: Canal Energia.
Com o agravamento da crise hídrica no Brasil e a perspectiva de aumento das tarifas, os consumidores têm buscado alternativas para reduzir o custo da conta de luz. Uma delas é a autoprodução, que tem se difundido entre consumidores de todos portes, em sua maioria empresas, como medida para reduzir custos e ter maior segurança no suprimento.
Quais são os formatos possíveis de autoprodução na prática?
As soluções disponíveis envolvem a produção in situ, quando a central geradora se encontra no mesmo local em que a energia é consumida, e a produção remota, na qual a energia é produzida em local diverso do consumo, utilizando-se a rede elétrica para o transporte.
Os arranjos comerciais e as tecnologias disponíveis variam conforme o perfil do consumidor. A utilização da autoprodução remota permite que consumidores encontrem reduções de custo pelo investimento em suas próprias usinas, tais como eólicas e solares.
Já geração local oferece a vantagem de proporcionar independência em relação à rede elétrica. Nesse caso, a indústria que usa calor no processo tem maior espaço para considerar a cogeração, passando a produzir duas ou mais formas de energia a partir de um único combustível – por exemplo, calor e eletricidade.
Como é formatado o negócio?
As possibilidades são inúmeras, permitindo que o formato dos negócios voltados à autoprodução seja definido de acordo com o arranjo escolhido pelo consumidor, sempre levando-se em conta suas necessidades energéticas e suas preferências individuais.
As empresas podem escolher entre o modelo de geração distribuída, que compensa créditos de energia na área de uma mesma distribuidora, ou o modelo em que o investidor se torna sócio ou proprietário de uma central geradora de maior porte, operando a partir do mercado livre.
Em cada modelo, abrem-se inúmeras outras opções para viabilização do atendimento ao consumidor. Desejando construir uma usina solar de pequeno porte para suprir as próprias necessidades, por exemplo, o consumidor pode fazer o investimento por sua conta e risco, tornando-se proprietário do ativo, ou aderir a uma iniciativa multilateral, como o consórcio e a cooperativa, adquirindo cotas ou pagando valores mensais.
Nas usinas de maior porte, cuja vocação é o atendimento do mercado livre, o consumidor encontra igualmente ferramentas sofisticadas para se tornar um autoprodutor, como a figura do consórcio ou a posse de ações com direito a voto – nesse último caso, o direito confere ao sócio o status de autoprodutor por equiparação. Se o interesse for de construir e operar sua própria usina, o mercado oferece bons projetos e alternativas de captação de recursos.
E quais são as vantagens de seguir no caminho da autoprodução?
Soma-se à redução de custos diretos com a aquisição da energia também os benefícios fiscais e setoriais. Pois, ao produzir sua própria energia, deixa de incidir ICMS sobre a parcela autoproduzida, e alguns encargos setoriais deixam de ser pagos, dentre eles os Encargos de Serviços do Sistema por segurança energética.
São muitas as vantagens da autoprodução. A tecnologia trabalha a favor do consumidor, a lei possui direcionamento que lhe favorece e existem arranjos técnicos que mitigam o risco da falta na rede elétrica. Diante desse leque de oportunidades, as empresas podem encontrar importantes diferenciais competitivos ao investir na autoprodução, destacando-se, ainda, os potenciais atributos das fontes renováveis para programas de ESG.
Fonte e Imagem: Estadão
Edição 2021 da pesquisa Abraceel mostra que índice aumentou para 81% dos entrevistados favoráveis a gerenciar sua contratação de energia.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha e encomendada pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia mostra que 81% dos entrevistados querem poder ter a prerrogativa de escolher seu fornecedor de energia. Esse patamar é o mais elevado da série, mas praticamente o mesmo dos dois últimos anos. Esse resultado é atribuído à percepção de que podendo escolher de quem comprar a energia, o preço tende a diminuir.
Em 2014, primeira edição da pesquisa, 66% disseram que gostariam de escolher seu fornecedor. Esse índice ficou nessa faixa próxima aos 70% até 2019 quando pulou para o atual nível de 80%. O perfil do consumidor que se mostrou mais favorável está na faixa etária entre 25 e 69 anos, nível de escolaridade com curso superior, classe C no Sudeste, Centro-Oeste e Norte.
Assim, aponta a pesquisa à qual a Agência CanalEnergia teve acesso, 70% dos entrevistados disseram que trocaria de fornecedor caso fosse permitido. Esse é o mais elevado nível desde o início da série histórica. A maior parte é por causa do preço, seguido pela procura por fontes limpas, seguida pela qualidade do atendimento.
Para 79% dos brasileiros ouvidos a conta passou a pesar mais no orçamento familiar. Para 78% as despesas com a conta de luz aumentaram em relação ao que era antes da pandemia. E 68% apontaram que passou a consumir mais energia nesse período.
De cada 10 pessoas oito consideram que a tarifa de energia elétrica no país está no patamar muito caro ou caro, sendo 48% e 35%, respectivamente. Apenas 13% consideram ‘justo’ e 3% classificaram como ‘barato’ ou ‘muito barato’. Em 2019 a opinião sobre a percepção do preço era de 87% entre a opção ‘caro’ ou ‘muito caro’. Apesar da variação, mantém-se no mesmo patamar acima de 80% que é verificado desde 2015.
Entre os motivos que justificam essa percepção está o fato de que há muitos impostos e tacas na conta. Foram 53% dos entrevistados que apontaram essa alternativa. A falta de concorrência ficou com o segundo lugar com 19%.
Na avaliação do presidente executivo da Abraceel, Reginaldo Medeiros, esse número acaba ganhando mais importância se considerarmos o fato de que cerca de 25% dos consumidores estão enquadrados na tarifa social. Ou seja, esses não percebem o aumento das tarifas como os demais.
“Os resultados da pesquisa mostram que o consumidor acredita que a competição pode ser melhor para ele”, diz o Medeiros. “O consumidor acredita que a tarifa é eleva e quer mudança, ele tem como base o que ocorreu com a telefonia no Brasil nos anos 90”, comenta.
Um outro destaque ficou por conta da possibilidade de gerar energia em casa. Do total de entrevistados 92% disseram que gostariam de produzir a própria eletricidade. Esse nível está em nível semelhante ao registrado nas duas últimas pesquisas.
Na avaliação de Medeiros, a difusão de informações sobre a geração distribuída ajudou a trazer esse debate acerca do preço da energia para o a mesa de debates. “Esse fator mostra que as pessoas, quando podem administrar seus fornecedores, é isso que elas querem”, avalia.
Foram realizadas 2.081 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em cerca de 130 municípios. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. As opiniões foram recolhidas entre os dias 10 e 14 de maio de 2021. A amostragem apresentava renda familiar média de pouco mais de R$ 3,5 mil, a idade média era de 43 anos.
Congresso
Com o retorno das atividades do Congresso Nacional, o executivo da Abraceel voltou a cobrar a retomada da tramitação do PL 414 que era o antigo PLS 232 e que está há mais de quatro meses na Câmara dos Deputados aguardando despacho do presidente da casa, o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL).
“Lembro que o PL 1917 está desde 2015 na Câmara e o PLS 232 que finalmente foi aprovado no início desse ano está aguardando despacho do presidente da Câmara, que está sentado no projeto há 140 dias”, dispara.
Para ele temos uma janela até o final deste ano, pois em 2022, com eleições gerais, esse tipo de debate sobre energia não evolui e depois pode se recomeçar.
Medeiros revelou frustração com a retirada da emenda da MP 1031 que estabelecia o cronograma da abertura do mercado livre, incluído pelo Senado na proposta. Segundo Medeiros, seria importante que a emenda fosse aprovada para finalmente dar andamento ao processo de ter um mercado livre no Brasil.
“Jabuti que beneficia o consumidor não pode, mas aqueles que privilegia um grupo pequeno e prejudica o consumidor, aí pode”, criticou ele ao comentar o argumento do porquê da retirada da emenda inserida no projeto.
Ele defende que a abertura do setor traria uma mudança estrutural importante que ajudaria a reduzir custos da energia, diferentemente das recentes Medidas Provisórias que alocam custos ao consumidor.
Fonte e Imagem: Canal Energia
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que o mês de agosto pode registrar a pior média mensal de ocupação dos reservatórios de toda a série histórica, iniciada em 2000. A previsão é que os reservatórios das hidroelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste alcançarão 21,4% da capacidade. Em 2001, ano em que o país enfrentou uma crise energética que levou ao racionamento de energia, o mês de agosto terminou com 23,4% de volume de água dos reservatórios.
Em julho deste ano, o ONS já havia registrado o menor patamar de armazenamento médio mensal obtido nas hidroelétricas das duas regiões, com 25,97%. Neste mesmo período de 2001, ano crítico para o sistema de abastecimento energético do país, o nível médio dos reservatórios era de 26,85%.
Na sexta-feira (30), em entrevista à CNN, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que, apesar da crise hídrica pela qual o Brasil passa, “não haverá racionamento e trabalhamos para que não haja risco de apagão”.
Albuquerque explicou que a pasta trabalha junto às indústrias para evitar que “haja concentração de demanda energética em horários que levaria a apagão, estamos conversando com a indústria para que dentro das necessidades escolhermos o descolamento, ou eles mesmos, com devidas compensações para o sistema elétrico”.
Segundo o ONS, a fonte hidráulica de energia representa quase 65% da carga elétrica gerada no país. E o subsistema Sudeste/Centro-Oeste é o responsável por 70% de toda energia hidráulica gerada no Sistema Interligado Nacional (SIN). Fonte e Imagem: CNNBrasil
Em junho deste ano, o Poder Executivo Federal enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei (PL) nº 2.337/2021 que trata da Reforma Tributária do Imposto de Renda. Tal projeto, em alguns, casos agrava ainda mais a já custosa tributação corporativa e onera o custo da energia, sinalizando uma “tempestade perfeita” para o ano de 2022 na economia brasileira em decorrência de sua aprovação.
Reconhece como importante para todo o país a reforma tributária que busque sanar problemas estruturais, tais como burocracia, alto nível de complexidade da legislação, falta de transparência e elevado índice de litígios em esfera administrativa e judicial, além da necessidade de se reduzir a carga tributária no setor elétrico, que representa mais de 40% das contas de luz dos brasileiros. Entretanto, não entendemos producente e eficiente uma reforma individual e isolada do Imposto de Renda proposta pelo Poder Executivo pelo Projeto de Lei nº 2.337/2021 e que pode ocasionar nova pressão sobre as contas de luz dos brasileiros.
Isto porque as propostas do Projeto de Lei nº 2.337/2021 podem representar o agravamento da tributação corporativa (em especial, do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), pois, impõem revogações de deduções na apuração dos tributos, em especial a dedutibilidade do Juros Sobre o Capital Próprio (JSCP) na base de cálculo do imposto, bem como impõem o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre dividendos à uma alíquota de 20%, não prevendo exceção aos dividendos distribuídos à coligadas por exemplo.
O referido projeto altera o regime de apuração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) que impacta todo o setor elétrico e, consequentemente, no preço final que a distribuidora assume na prestação de serviço. A consequência disso é mais um obstáculo na busca das distribuidoras de energia elétrica em relação à modicidade tarifária, ficando ainda mais difícil a missão de enxugar as tarifas. As tarifas de energia não são formadas pelas distribuidoras e sim pela regulação setorial. Na definição da tarifa, são levados em conta os custos pagos pelos consumidores na conta de energia elétrica. Em média, o brasileiro paga 40% de tributos, 10% de encargos, 27% de geração de energia, 5% de transmissão de energia e 18% de distribuição de energia.
O setor elétrico é estrutural para economia, e os impactos decorrentes da Reforma Tributária devem ser pormenorizadamente avaliados. Atualmente, as distribuidoras se esforçam para diminuir as tarifas e temem sobre o resultado da Reforma Tributária “fatiada”. Preocupa demasiadamente a sinalização do fim do JSCP, a tributação dos dividendos a 20%, sem exceção para coligadas, o impacto as demais empresas (geradoras e transmissoras), que igualmente terão que reajustas suas tarifas, e por fim, a falta de visão de como serão tratados os demais itens da Reforma Tributária (como a CBS). Tudo isso somado eleva a percepção de complexidade e risco para decisão de novos investimentos.
E o ano de 2021 é ainda mais sensível para o setor. É sabido que o país vive um cenário crítico em relação aos reservatórios de água que geram energia, na medida em que o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) emitiu um alerta, pela primeira vez em sua história, para apontar “a pior seca em 91 anos” no país. Hoje a matriz elétrica brasileira é composta por 63,9% (104,5GW) por usinas hidroelétricas. E, por isso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em 29/06/2021, já determinou o reajuste na tarifa da bandeira vermelha 2 para R$ 9,49 pelo consumo de 100 KwH para permitir o custeamento das usinas termelétricas neste período de crise hídrica.
Além disso, o Brasil passa por um momento de restabelecimento econômico da crise gerada pela pandemia. De fato, a pandemia atual apresentou novos desafios aos formuladores de políticas fiscais que, de forma responsável, precisam repensar a política tributária para conter os efeitos econômicos adversos e, ao mesmo tempo, estimular uma recuperação econômica através de medidas fiscais.
As distribuidoras são responsáveis por grande parte da arrecadação da receita setorial, além de tributos e dos encargos setoriais incidentes sobre as operações realizadas nos serviços de distribuição, representando uma arrecadação de impostos de aproximadamente R$ 100 bilhões por ano, receita tributária fundamental para os Estados brasileiros (ICMS) e União Federal (PIS, COFINS, IRPJ, CSLL, dentre outros). São as distribuidoras que viabilizam os investimentos em geração e transmissão de energia, através de contratos que servem de garantia para a obtenção de financiamentos para tais novos projetos. Nos últimos anos, a matriz elétrica brasileira se diversificou, fruto de um planejamento que reduziu a dependência da água e que objetivou a expansão com enfoque na sustentabilidade, porém ainda não suficiente para passar incólume por crises hídricas como a que vivemos agora.
Vale frisar, ainda, que a distribuição de energia elétrica é o serviço público mais universalizado do Brasil, alcançando 99,8% da população brasileira. Anualmente, são R$ 20 bilhões investidos na expansão, na melhoria e na modernização das redes elétricas e em sistemas de atendimento e gestão. Nosso segmento emprega mais de 200 mil colaboradores. Graças ao trabalho e investimentos das distribuidoras nos últimos 15 anos as quedas de energia foram reduzidas pela metade no Brasil.
Caso o PL 2.337/2021 prossiga, entendemos que deve ser estabelecida uma Comissão Especial para análise do tema, para um genuíno debate com os setores empresariais e a sociedade, pela ampliação do debate para uma reforma tributária ampla e não fatiada, e que almeje a simplicidade e a redução de carga tributária num insumo tanto estratégico quanto vital para a retomada da economia brasileira e prosperidade da população. Entendemos também que precede ao debate uma reforma administrativa para a redução das despesas públicas. É impensável repensar receitas tributárias sem repensar a redução das despesas públicas.
Um bem tão essencial para tudo como a energia não pode ter uma carga tributária tão alta e desproporcional à sua essencialidade, pois não foi esse o desejo da nossa constituinte quando definiu esse bem “energia” como estratégico e universal para toda a sociedade.
Fonte e Imagem: Estadão
Volume de gás natural devolvido aos reservatórios no mês de junho poderia gerar grande quantidade de energia elétrica.
O Brasil atravessa um contexto de crise hídrica sem precedentes, a pior em 91 anos, segundo alerta do Ministério de Minas e Energia. No final de junho, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou uma nota técnica em que prevê dificuldades para atender a demanda de energia do país em novembro.
A razão seria decorrente do “esgotamento de praticamente todos os recursos [de potência de energia] no mês de novembro”, justificou o ONS, organismo responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN).
“A nota técnica reforça a preocupação com a segurança energética do país no final do ano. O quadro pode ser crítico caso tenhamos, entre novembro e dezembro, um período chuvoso tão ruim como o que tivemos neste ano”, diz à Bússola o sócio-diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.
Na visão de Pires, a situação deveria gerar uma reflexão sobre o uso insuficiente do gás natural. “O Brasil continua desperdiçando potencial energético com a reinjeção de gás do pré-sal”, diz o especialista.
De acordo com os dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil reinjetou, somente em junho, 60,343 milhões de metros cúbicos/dia de gás natural, somando sua produção em todo os campos, do pré-sal com os da região amazônica.
“Apenas para que as pessoas tenham ideia do quanto isso significa, em termos de energia, não seria exagero afirmar que o Brasil vem desperdiçando, diariamente, o equivalente a uma usina de Itaipu, caso esse gás pudesse ser integralmente aproveitado”, afirma o sócio-diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.
A reinjeção, explica Pires, é um recurso técnico usual em campos associados de óleo e gás de todo o mundo, notadamente na produção offshore (em alto mar), com a finalidade de maximizar a extração de petróleo. “Sob a ótica dos produtores, a prática faz sentido – permite que o ativo possa ser monetizado mais rapidamente. Mas do ponto de vista de interesse brasileiro, essa prática tem retardado o desenvolvimento do mercado de gás”, pondera o consultor.
De acordo com o diretor do CBIE, a alegação técnica – a presença de gás carbônico no insumo – não justifica integralmente os atuais patamares de reinjeção no Brasil. “A concentração de CO? médio é de 0% a 15% nas principais bacias produtoras de gás natural, Santos e Solimões. O aumento de produção é viável”, afirma.
Segundo um estudo do CBIE, países com predominância de gás associado ao petróleo como Noruega (21%) e Nigéria (26,8%) praticam patamares de reinjeção inferiores às praticadas no Brasil, onde a devolução de gás para os campos foi de 31% em 2018, de 35% em 2019 e chegou a 42,9% em 2020. Em 2021, os números estão próximos de 45%.
Os reais motivos para tamanha reinjeção, na análise da associação que representa o setor de distribuição, a Abegás, está no gargalo de infraestrutura e a falta de políticas que ampliem uma demanda firme. “Para viabilizar um novo mercado de gás, efetivamente, é necessário ter uma oferta de gás novo no mercado. Isto pode ser conseguido com o escoamento de parte significativa do volume hoje reinjetado nos campos de exploração”, diz o diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça.
A situação poderá ser agravada com a parada programada a partir do dia 15 de agosto, para manutenção da plataforma de Mexilhão e do gasoduto Rota 1, que escoa gás natural produzido em plataformas do pré-sal da Bacia de Santos para termelétricas. A estimativa é que o sistema de energia elétrica do Brasil venha a perder cerca de 3,5 mil megawatts por um mês – no auge do período seco.
“Entendemos que haja uma reinjeção por motivos técnicos, mas parte expressiva do volume reinjetado poderia perfeitamente ser endereçada ao mercado se o país acelerar o compartilhamento e investimento em novas rotas de escoamento”, afirma Mendonça.
Antes da pandemia, o Gasoduto Rota 3 chegou a ser anunciado para começar sua operação em 2020, mas o começo das atividades ainda não foi confirmado. O projeto, de aproximadamente 350 quilômetros de extensão total, ligará o pré-sal da Bacia de Santos até o polo petroquímico da Comperj, em Itaboraí, com capacidade de escoamento de aproximadamente 18 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
De acordo com Jorge Celestino Ramos, ex-diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras, é importante promover o aumento na demanda firme de gás natural. “O País deveria incluir na agenda projetos âncoras com consumo intensivo de gás, como termoelétricas e indústrias de siderurgia e de fertilizantes. São elas que promoverão a capilarização do uso do gás natural”, afirma.
“Precisamos criar uma robusta articulação dos diversos agentes do setor para criação dos mecanismos e arcabouço legal que assegurem os investimentos nas infraestruturas para escoamento do gás natural offshore, bem como nos projetos que garantirão a demanda e sustentarão a viabilidade econômica dos projetos.”
Para a Abegás, o país não deveria ficar refém do clima. “O gás natural representa uma segurança de energia firme e com potência, dando respaldo e segurança à expansão das novas renováveis. Precisamos de sinais mais assertivos para que os investimentos em infraestrutura possam acontecer, aproveitando o gás natural, ampliando a produção do gás nacional”, diz o diretor da Abegás.
Fonte e Imagem: Portal Exame
Crise no setor elétrico deve levar a discussão ampla sobre usos múltiplos da água, eficiência energética e planos estruturais para racionamentos.
Na opinião do ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energia (EPE) e atual presidente da consultoria PSR, Luiz Barroso, a crise no setor elétrico deve levar a uma discussão mais ampla sobre temas como os usos múltiplos da água, eficiência energética e até a adoção de planos estruturais para racionamento de energia no futuro. O Brasil passa o período seco com o menor índice de chuvas dos últimos 91 anos, o que gerou incertezas sobre o fornecimento de energia, devido à baixa na geração hidrelétrica. Para Barroso, a situação é grave, mas ações do governo podem evitar interrupções no suprimento. Ele lembra, no entanto, que certas medidas precisam ser implementadas rapidamente, como o programa para incentivar trocas nos horários de consumo da indústria. Segundo Barroso, se o próximo período chuvoso repetir o deste ano, o setor vai “passar no talo” em 2022. A seguir, os principais trechos da entrevista ao Valor:
Valor: O que significa a nota recente do Operador Nacional do Sistema (ONS) que indica esgotamento dos reservatórios em novembro?
Luiz Barroso: O diagnóstico do ONS está alinhado com as análises da PSR. O ONS não disse que a geração seria inferior à demanda, o que levaria a cortes de carga, mas sim que os níveis muito baixos de armazenamento tornam necessário usar a reserva operativa para evitar blecautes no fim do ano. Não é uma situação inédita, mas requer atenção pois o suprimento de energia fica mais vulnerável a imprevistos, como a falha de usinas de maior capacidade.
Valor: Qual é o risco de ocorrer blecautes no segundo semestre?
Barroso: As simulações da PSR mostram que o risco de problemas de suprimento no segundo semestre é cerca de 14%, podendo aumentar para 29% se o crescimento da demanda for maior do que o previsto atualmente ou se a chuva piorar. O risco não é desprezível, mas nossas análises mostram que as ações do governo podem ser decisivas para mitigá-lo.
Valor: As medidas adotadas pelo governo até agora afastam o risco?
Barroso: A situação de suprimento é grave e requer grande atenção e capacidade de gestão. O governo já tomou medidas relevantes para a segurança com resultados concretos, como a flexibilização dos limites de armazenamento e vazão das hidrelétricas. Foram publicadas portarias para o acionamento da geração sem contratos e há coordenação para aumento da importação de energia. Os resultados estão começando a aparecer. Também há estudos para aumentar os limites de transmissão do Nordeste para o Sudeste, pela flexibilização do critério de confiabilidade elétrica. Ainda há a possibilidade de ações pelo lado da demanda, como um programa para redução voluntária de consumo através de sinais de preço. O sucesso deste conjunto de medidas pode reduzir os riscos de problemas de suprimento. Também existe aquela oferta que o governo não controla, como a geração distribuída, que vem crescendo muito e pode ajudar.
Valor: Qual vai ser o papel, na crise, do programa da resposta pela demanda, que estimula indústrias a consumir fora dos horários de pico?
Barroso: A trajetória é grave e complicada, todo recurso é importante. Não acho que esse programa é o que vai nos salvar. É importante, mas as medidas de flexibilizar o uso múltiplo da água, trazer novas ofertas e importação são mais relevantes. Por outro lado, não fazer o programa traria problemas, pois perderíamos a chances de ter mais recursos, que podem ser importantes na crise. Também pode acontecer de o programa chegar muito tarde para ajudar.
Ficou claro que temos duas perguntas muito relevantes para responder: a quem pertence e quanto custa a água?
Valor: Até quando o governo precisa implementar o programa?
Barroso: O mais rápido possível, já estamos atrasados. É necessário definir um mecanismo de formação de preço e comprar a redução de maneira não burocrática e rápida de implementar, caso contrário vai ser tarde demais para ajudar.
Valor: Quais são os riscos do quadro atual de dependência da geração das térmicas?
Barroso: As térmicas são construídas para operar quando necessário e são confiáveis. No entanto, elas podem ficar indisponíveis por diversas razões, como manutenção ou falta de combustível.
Valor: Quais são os riscos para o fornecimento em 2022?
Barroso: O principal fator de risco para 2022 é o período de chuvas, que começa em dezembro. Para o próximo ano, ainda há tempo para agir. Se quisermos atuar com mais precaução, podemos contratar nova oferta emergencial, como reserva. São Pedro pode ajudar ou não. Por exemplo, em 2017, a região Nordeste tinha 5% de armazenamento, mas o período úmido foi favorável e encerramos março de 2018 com 41%. Outro fator favorável para o suprimento em 2022 é a entrada prevista de nova capacidade de geração não hidrelétrica, que reforça a oferta e diminui a dependência à hidrologia.
Valor: O que seria necessário para afastar os riscos em 2022?
Barroso: Nas análises da PSR, uma afluência de cerca de 70% da média histórica no ano de 2022 seria suficiente para afastar problemas de suprimento físico. Este indicador depende do crescimento da demanda, disponibilidade de oferta não hidrelétrica, gestão dos usos múltiplos da água, entre outros fatores. Mas, se ocorrer o mesmo período úmido de 2021, passamos 2022 “no talo”.
Valor: Há mais preocupação com 2021 ou 2022?
Barroso: Com 2021, pois o tempo para ações é menor e a criticidade dos reservatórios já é uma realidade.
Valor: O governo deveria preparar um plano de racionamento?
Barroso: O operador tem planos operativos para implementar cortes emergenciais junto às distribuidoras, mas o Brasil não tem regras definidas sobre como um racionamento seria organizado sob as óticas física e comercial. Organizar na correria não é bom. Seria saudável ter um plano organizado e com regras claras a todos os agentes, não visando a situação conjuntural de 2021, mas de forma estrutural.
Valor: Qual seria o maior desafio de um racionamento hoje?
Barroso: A organização do racionamento físico se assemelha a 2001, mas há muitos desafios comerciais que hoje são diferentes. Há novos atores, como o mercado livre. O termo “racionamento” tem um significado jurídico particular em relação aos contratos e ao equilíbrio das distribuidoras.
Valor: Por que passamos por tantas crises nos últimos anos?
Barroso: Pela falta de informação correta e ferramentas computacionais melhores para o planejamento e a operação. Também pela dificuldade de governança e “enforcement” setorial, que deveria permitir a implementação de correções apontadas pelo planejamento, mas que tem impactos comerciais nos agentes. São problemas conhecidos e que são apontados há anos.
Valor: O que os aumentos nos preços da energia significam para o consumidor de baixa renda?
Barroso: O maior uso das térmicas e algumas das medidas tomadas vão impactar a conta de luz. O Brasil já está em segundo lugar no ranking das tarifas residenciais mais caras do mundo e isto afeta o bolso da população. Chegamos aqui por uma série de erros do passado, e estamos aos poucos melhorando. Por exemplo, as renováveis diminuem o custo de compra da energia. Subsídios estão sendo removidos. Mas não devemos cometer novos erros. Se a tarifa crescer, extratos mais vulneráveis da população demandariam mais recursos de política pública. Hoje, quem cuida deles são os subsídios pagos pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que pode sofrer um maior uso para atendê-los.
Valor: Há risco de a Aneel não reajustar a bandeira tarifária por preocupação com a inflação?
Barroso: O reajuste da bandeira é importante como sinal ao consumidor, e também para já transferir ao consumidor hoje custos que ele pagará amanhã de qualquer forma, nos reajustes tarifários. O uso das tarifas para controle de inflação foi o que na década de 90 arruinou financeiramente o setor.
Valor: Quais são os riscos para o sistema elétrico brasileiro em meio às mudanças climáticas?
Barroso: A resiliência do sistema a eventos severos entrará nos critérios de planejamento. O país precisa de um ecossistema de fontes, cada uma agrega valor. Isso deve ser escolhido sob a lógica econômica.
Valor: Que lições a crise deixa?
Barroso: Além de mexer nos critérios de planejamento, podemos aproveitar a crise para cuidar da gestão do uso da água. Ficou claro que temos duas perguntas muito relevantes para responder: a quem pertence e quanto custa a água? Também poderíamos aproveitar para organizar o plano nacional de eficiência energética, que já vem sendo estudado pela EPE.
Valor: O brasileiro desperdiça muita energia?
Barroso: O consumidor residencial hoje é bem eficiente, mas a intensidade energética da população está crescendo, então é fundamental que equipamentos novos sejam fabricados no maior índice de eficiência energética possível.
Valor: Como poderíamos ter mais eficiência energética?
Barroso: O Brasil tem muito espaço para a eficiência energética no segmento comercial e industrial. Escritórios, fábricas, farmácias, supermercados podem fazer investimentos adicionais para isso. Um exemplo é o ar condicionado central, que é muito ineficiente. Também existe espaço para deixar edifícios mais eficientes. A eficiência é o megawatt mais barato que qualquer sistema pode ter.
Valor: Quais são os riscos no mercado livre em meio à escalada nos preços de curto prazo?
Barroso: A situação do segundo semestre inspira cuidados, os preços de energia vão subir. É necessário monitorar as operações. Os agentes também precisam ser cautelosos em achar que os preços vão ficar altos para sempre, alguns estão comprando energia para o ano que vem a preços elevados, e a hidrologia é incerta. Independentemente dessa situação, é fundamental que cada agente faça sua gestão de risco e tome cuidado nas decisões de compra e venda. É importante que o mercado tenha segurança para que as operações financeiras ocorram com normalidade. O aperfeiçoamento das regras de segurança é fundamental.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Estudo aponta níveis recordes e preocupantes de desmatamento, emissões de gases estufa e derretimento de geleiras em 2021.
O planeta Terra está se aproximando de um ‘ponto sem volta’ climático, alertaram centenas de cientistas em um estudo divulgado nesta quarta-feira, 28. No documento, publicado pela revista BioScience, os especialistas afirmam que os governos fracassaram na tentativa de combater a mudança climática, provocada pela “superexploração da Terra”.
No estudo, os pesquisadores 31 “sinais vitais” do planeta para avaliar as condições atuais, entre eles taxas de desmatamento, emissões de gases do efeito estufa e derretimento de geleiras. Segundo os cientistas, pelo menos 18 desses índices atingiram níveis recordes preocupantes em 2021.
Apesar da redução temporária das emissões de gás devido à pandemia de Covid-19, as concentrações de CO2 e de metano na atmosfera alcançaram níveis recordes em 2021. Geleiras na Antártica e na Groenlândia estão derretendo 31% mais rápido do que há 15 anos, as temperaturas do oceano atingiram os níveis mais altos desde 2019 e o desmatamento da Amazônia brasileira também bateu um recorde em 2020.
Ainda segundo o estudo, a degradação florestal associada a incêndios, secas e extração de madeira está fazendo com que partes da Amazônia brasileira deixem de atuar na absorção do gás carbônico e se tornem fonte do gás. Os pesquisadores afirmam ainda que as populações de animais como vacas e ovelhas atingiram níveis recordes, totalizando mais de quatro bilhões, e já representam uma massa superior a de todos os humanos e mamíferos terrestres selvagens combinados.
Os cientistas fazem parte de uma plataforma de mais de 14.000 especialistas que há dois anos pediram uma declaração mundial de emergência climática. Assim como nessa ocasião, eles notaram um “aumento sem precedentes” em desastres relacionados ao clima, incluindo inundações na América do Sul e sudeste da Ásia, ondas de calor e incêndios florestais recordes na Austrália e nos EUA e ciclones devastadores na África e no sul da Ásia.
Os pesquisadores pedem ações rápidas e radicais em vários setores, como o fim do uso de energia fóssil, a restauração dos ecossistemas, regimes alimentícios vegetarianos e a busca por um novo modelo de crescimento. “Devido a esses desenvolvimentos alarmantes, precisamos de atualizações frequentes e facilmente acessíveis sobre emergência climática”, diz o estudo.
Fonte e Imagem: Veja.
Um relatório publicado na Inglaterra nesta quarta-feira, 28 de julho, pelo think tank de energia Ember revela que as emissões do setor elétrico europeu baixaram 12% em comparação aos níveis pré-pandêmicos no primeiro semestre de 2021. Os combustíveis fósseis não conseguiram retornar aos níveis anteriores à pandemia, apesar da demanda de eletricidade se recuperar totalmente, com a eletricidade limpa fornecendo dois terços da energia do bloco.
“Agora que o efeito pandêmico sobre o setor energético passou é possível observar uma clara tendência: os combustíveis fósseis estão em rápido declínio à medida que a Europa limpa seu setor energético”, afirma Charles Moore, líder da Ember na Europa. “Mas o progresso está longe de ser suficientemente rápido para atingir a meta de emissões da própria UE, muito menos para atingir 100% de eletricidade limpa até 2035.”
O relatório apresenta os últimos dados sobre a geração de eletricidade na Europa nos primeiros seis meses de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020 e 2019, antes da pandemia.
Na primeira metade de 2021, a demanda de eletricidade na Europa estava de volta aos níveis pré-pandêmicos. Entretanto, a geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis permaneceu 10% menor do que antes da pandemia devido ao crescimento resiliente das energias renováveis (+11%). Os combustíveis fósseis poderiam ter caído ainda mais, mas a produção nuclear também diminuiu (-8%). Em geral, a energia do carvão foi mais afetada (-16%) do que o gás (-4%).
A análise mostrou que agora é duas vezes mais caro gerar eletricidade a partir de usinas existentes de gás e carvão do que de novas usinas eólicas e solares na Alemanha, Espanha, França e Itália. Em toda a UE, os preços do gás quase dobraram em 2021, enquanto os preços do carvão mineral importado aumentaram em 70%. Mesmo excluindo os custos das permissões de CO2, a eletricidade das usinas a gás existentes é agora mais cara do que as novas usinas eólicas e solares.
Na primeira metade de 2021, a energia limpa forneceu dois terços (66%) da eletricidade na União Europeia, com fontes renováveis de eletricidade fornecendo 39% e a nuclear os 27% restantes. Em comparação, o carvão gerou apenas 14% da eletricidade da Europa e diminuiu quase pela metade desde 2015. As energias renováveis mantiveram sua liderança sobre os fósseis como principal fonte de eletricidade na Europa, um marco alcançado pela primeira vez em 2020, durante a pandemia.
Nos primeiros seis meses de 2021 houve um aumento nos combustíveis fósseis, mas este recuperou menos da metade (45%) do colapso observado durante a pandemia. Em destaque, Espanha e Holanda não viram nenhum aumento nos combustíveis fósseis em 2021, devido ao crescimento da capacidade eólica e solar. Somente a energia eólica espanhola produziu mais eletricidade do que todas as fontes fósseis do país.
Segundo o relatório, nos últimos 5 anos, a participação da eletricidade limpa aumentou em média 1,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior no bloco europeu. De acordo com o Roteiro NetZero 2050 da Agência Internacional de energia, todos os países da OCDE devem visar uma eletricidade 100% limpa até 2035 para colocar o mundo no rumo certo para limitar o aquecimento global a 1,5C, em acordo com os termos do Acordo de Paris.
Para isso, a Europa deve dobrar esse desempenho durante a próxima década para alcançar suas novas metas climáticas para 2030 (-55% de GEE), e acelerar ainda mais para atingir 100% de energia limpa até 2035.
Fonte e Imagem: Paranoá Energia.
Setor precisa de regulação, sistema de comando e controle no Brasil.
Países e instituições internacionais acham os esforços do Brasil no mercado de carbono são insuficientes.
Discussões sobre o mercado de carbono não são consequências da pandemia. A proposta do mercado de carbono ganhou forma com o Protocolo de Quioto, em 1997. Em 2015, com a assinatura do Acordo de Paris, a proposta ganhou mais participantes, agora com os países subdesenvolvidos, e normas foram estabelecidas.
De lá para cá, algumas tentativas foram feitas. Porém, até o momento, o mercado de carbono é feito basicamente apenas pelo EU-ETS (Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia). Em 2020 esse sistema correspondeu por quase 90% do valor global e grande parte do volume comercializado.
O conceito “Mercado de Carbono” consiste na prática de compra e venda dos créditos de carbono entre países e instituições privadas como estratégia de combate ao aquecimento global. O valor unitário desse crédito pode ser mensurado na forma equivalente de uma tonelada de dióxido de carbono, enquanto a redução de gases poluentes similares também pode ser monetizada sob a mesma proporção como carbono equivalente.
Em linhas gerais, o mercado de carbono é um balcão regulado ou voluntário existente no âmbito doméstico e internacional, nos quais se organizam a comercialização da moeda de troca, representada pelo crédito de carbono. Empresas e países podem exceder a emissão de tCO2e (tonelada de dióxido de Carbono Equivalente) previamente estabelecida em acordos de sustentabilidade, necessitando comprar créditos para compensar o excedente ou acumular crédito por cumprir com sucesso as ações de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Atualmente, os mercados de carbono podem ser de natureza regulada, com a possibilidade de sanções para os que não atingem a meta, como o europeu e o de Quioto, ou de adesão voluntária, sem incorrer em punições. Da mesma forma, também pode-se precificar o carbono com a aplicação de impostos sobre o volume de emissões além do tradicional método de mercado de créditos.
Ambos podem ser celebrados em acordos bilaterais e multilaterais ou mesmo desenvolvidos internamente para os agentes econômicos nacionais avançarem a agenda de sustentabilidade. Contudo, no caso do mercado de créditos, somente as transações nos mercados regulados são contabilizadas no balanço das metas dos países.
O Brasil possui uma PNMC (Política Nacional sobre Mudança do Clima), instituída pela Lei nº 12.187/2009, que busca amparar políticas públicas para a redução da emissão dos GEE (gases do efeito estufa). Em relação às metas e objetivos do Acordo de Paris, o país ainda não implementou as obrigações propostas no acordo.
Embora a matriz elétrica brasileira seja, em boa parte, limpa e sustentável, somada à política de precificação e descarbonização dos combustíveis com o RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis), a comunidade internacional ainda julga como insuficiente o esforço do Brasil.
Atualmente, o governo brasileiro, em parceria com o Banco Mundial, desenvolve um estudo de precificação do carbono. O programa PMI (Partnership for Market Implementation) objetiva discutir a inclusão da precificação de emissões e sua regulação de preços e quantidades por meio de impostos ou do mercado regulado de carbono.
O Brasil, por enquanto, somente trabalha com o leilão de créditos de carbono na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), sem ainda ter um marco regulatório do mercado de carbono ou mesmo para seguir as diretrizes de sustentabilidade do Acordo de Paris. Ainda não institucionalizou uma bolsa própria para o crédito de carbono, como a European Union Emissions Trading Scheme, ou um imposto sobre o carbono.
Entretanto, com base no relatório “A Precificação de Carbono e os Impactos na Competitividade da Cadeia de Valor da Indústria” (leia a íntegra aqui – 14 MB), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e declarações do governo, o Brasil ainda está dividido entre aderir um mercado de comercialização do crédito de carbono, tal qual o da União Europeia, ou instituir a taxação do carbono como ferramenta de redução dos GEE.
No setor elétrico, a aprovação da MP (Medida Provisória) 998/2020 acelerou o processo de criação de mecanismos que precifiquem o carbono gerado no setor elétrico. A MP estabelece que o Poder Executivo tem 12 meses para definir diretrizes para implementar ferramentas que calculem os benefícios de cada fonte de energia em termos de baixas emissões dos GEE.
Enquanto o mercado de carbono ainda não está regulamentado no Brasil, o mercado de carbono voluntário atende à demanda por créditos de carbono de empresas e indivíduos que voluntariamente decidem neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa com a oferta por projetos que são certificados para serem usados como offsets. As empresas que atuam no mercado voluntário o fazem por iniciativa própria ou para demonstrar, para clientes e fornecedores, que têm compromissos com as práticas ESG (Environmental, Social and Corporate Governance, em inglês).
Atualmente a Suzano, maior produtora global de celulose de eucalipto, tem em potencial 22 milhões de toneladas de crédito de carbono, e aguarda o Brasil ingressar no mercado regulado global. No momento, a companhia dialoga com mercado voluntário quanto à aplicação dos créditos de carbono.
Em junho deste ano, a Prefeitura do Rio de Janeiro firmou o compromisso de neutralizar suas emissões de GEE até 2050. Por meio do estabelecimento do decreto nº 48995, criou um grupo de trabalho destinado a empreender estudos, realizar análises e propor ações e projetos relacionados ao desenvolvimento de um mercado de créditos de carbono na cidade do Rio de Janeiro.
O Itaú Unibanco lançou em parceria com os bancos internacionais CIBC, NAB e Grupo NatWest uma plataforma de compensação de carbono para promover a transparência no mercado de carbono voluntário. O Project Carbon está alinhado com a Força Tarefa para a Escalagem dos Mercados de Carbono Voluntários (Taskforce on Scaling Voluntary Carbon Markets – TSVCM) e ajudará a remover barreiras existentes no processo de compra de compensação voluntária de carbono.
Da agropecuária às industrias, o potencial do mercado de carbono no Brasil é enorme. É necessário um sistema de comando e controle. O mercado deve ser regulado para funcionar. Precisamos de regras claras e de instituições confiáveis para termos um mercado de carbono eficiente, confiável e válido. O setor privado é fundamental para termos escala no financiamento. O mercado de carbono é uma das soluções para as mudanças climáticas, mas não é a única.
Fonte e Imagem: Poder 360.
Integrante do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas fala sobre a urgência da questão climática.
Onda de calor recorde no Canadá, incêndios nos Estados Unidos, enchentes na Alemanha. Os eventos extremos registrados nas últimas semanas indicam que o planeta já enfrenta uma emergência climática, segundo o especialista da USP Paulo Artaxo, integrante do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
No próximo dia 9 de agosto, o painel lança a primeira parte de seu sexto relatório, com a atualização científica sobre o tema, que indicará um agravamento acelerado da situação climática do mundo e uma necessidade cada vez mais urgente da redução das emissões do efeito estufa. A segunda e a terceira parte do documento, que tratam dos efeitos das mudanças climáticas no planeta e as formas de mitigação, serão lançadas no ano que vem. O relatório anterior é de 2014.
Para Artaxo, a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, em dezembro deste ano, em Glasgow, na Escócia, será decisiva para a situação mundial. O especialista acredita que a crescente conscientização de alguns dos países mais ricos do planeta sobre os efeitos da alteração do clima planetário deve trazer resultados mais objetivos do que os alcançados nas conferências anteriores.
“O novo relatório será muito categórico sobre o fato de que estamos observando um agravamento rápido da questão climática global e que é cada vez mais fundamental reduzirmos as emissões”, disse Artaxo, em entrevista ao Estado. “Estamos entrando em uma situação de emergência climática, isso é indiscutível. A mudança climática já está aqui conosco, não é uma questão do futuro, mas do presente.”
Nos últimos dias tivemos ondas de calor nos EUA, no Canadá e na Sibéria. Enchente devastadora na Alemanha. Já estamos vivendo na era dos extremos climáticos?
Sim, esses eventos são extremos climáticos. Mas a pergunta é: podemos atribuir esse aumento da intensidade e da frequência desses eventos às mudanças climáticas? Vários estudos mostram que sim, que tendo mais energia armazenada na atmosfera temos um aumento na frequência e na intensidade dos eventos climáticos extremos, exatamente como estamos observando e como já era previsto pelos modelos climáticos há 10, 15 anos.
E o que podemos dizer da onda de frio no Brasil? No último dia 4, por ocasião de uma outra onda de frio, o senhor afirmou que a entrada de frentes frias vindas da Antártida era comum, mas ressaltou: “Se bater -5ºC em São Paulo e o lago do Ibirapuera congelar, ai eu chamaria de um evento anormal”. Com a entrada de uma nova frente fria esta semana, estão previstas temperaturas negativas em São Paulo e até no Rio de Janeiro. Podemos dizer que esses eventos extremos estão relacionados às mudanças climáticas?
Não funciona sim ou não nesta resposta. É uma questão de probabilidade. Com o deslocamento da temperatura para valores mais altos, o aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos está aumentando, tanto pro lado do calor, quanto do lado do frio. Eventos de geadas intensas, ondas de frio enormes nos EUA, no ano passado, e agora temperatura de 48 graus Celsius, aumento da probabilidade dos eventos climáticos extremos. Mas é uma questão muito complexa e não temos ainda todas as respostas.
Os eventos recentes atingiram países desenvolvidos como nunca antes. O senhor acha que enfrentar os efeitos das alterações climáticas de uma forma tão intensa pode ajudar a aumentar a conscientização do governo desses países. A reação da Alemanha, por exemplo, foi bem taxativa nessa linha.
Não há a menor dúvida. Quarenta e oito graus no Canadá, 42 em Moscou, uma chuva torrencial na Alemanha, incêndios na Califórnia. A população está pressionando os governos a atuar em relação às mudanças climáticas globais, porque percebem que os prejuízos socioeconômicos para a sociedade serão enormes. No dia seguinte da enchente na Alemanha, o ministro do Interior foi muito claro ao dizer que era preciso intensificar a redução das emissões de gases do efeito estufa.
No Brasil de Ricardo Salles e Jair Bolsonaro, do negacionismo científico, o desmatamento da Amazônia só faz aumentar. Um estudo internacional divulgado na semana retrasada mostra que a Amazônia já emite mais CO2 do que absorve. O que mais precisa acontecer para que as autoridades entendam a emergência?
As autoridades em geral não respondem aos anseios e necessidades da população, mas a seus próprios interesses econômicos e políticos. Quem manda é a economia e a política. Se a economia e a política mostrarem que eles vão ter mais prejuízo ao ignorar as mudanças climáticas, surgirão ações mais contundentes. Já estamos começando a ver isso nos Estados Unidos com (o presidente Joe) Biden, nos países europeus e também na China, que hoje é um dos grandes vetores de políticas de contenção de emissões. Então, na verdade, isso pode sinalizar uma mudança radical na visão dos países desenvolvidos em relação às políticas de redução de emissões. Enquanto as enchentes estavam acontecendo em Bangladesh, na Índia ou em Petrópolis, os países desenvolvidos não estavam nem ai. Mas agora a coisa está mudando.
Havia uma expectativa de que as pressões internacionais fossem capazes de deter o crescente desmatamento da Amazônia, sob o governo Bolsonaro. Isso não ocorreu?
Essa é uma interpretação. Uma outra interpretação é que as forças políticas, num congresso dominado por ruralistas, são mais fortes que as pressões internacionais. Obviamente as sanções tendem a aumentar, como o boicote de produtos provenientes de atividades relacionadas ao desmatamento.
O que podemos esperar do novo relatório do IPCC, o primeiro em sete anos, a ser lançado no próximo dia 9?
O relatório está embargado, então não posso adiantar nenhuma conclusão. Mas posso dizer que ele será muito categórico na observação do agravamento rápido da questão climática global, e que cada vez é mais fundamental reduzirmos as emissões. Estamos entrando numa situação de emergência climática, isso é indiscutível.
O que implica uma “emergência climática”?
Que estamos atingindo um ponto de não retorno, que pode ser realmente perigoso para a estrutura socioeconômica construída ao longo dos últimos séculos termos uma ruptura do sistema climático. Os eventos extremos estão ai. O aumento do nível do mar vai impactar as cidades litorâneas, como o Rio de Janeiro. A mudança climática está aqui conosco, não é mais uma questão de futuro, mas de presente.
Há pelo menos dez anos, as reuniões sobre mudanças climáticas tentam sem sucesso estabelecer metas de redução para que o aumento médio da temperatura global não ultrapassasse um grau e meio, dois graus, três graus. Que cenário desses já podemos dizer que ficou para trás?
O aquecimento médio já é de 1,2 grau Celsius, sendo que chega a 1,8 grau Celsius nas áreas continentais. Em algumas regiões, como no nordeste brasileiro e no leste da Amazônia, esse aumento já ultrapassou os dois graus. Um dos objetivos do Acordo de Paris (firmado em 2015 por 193 países, o documento estabelece reduções voluntárias de gases de efeito estufa) era limitar o aumento a 1,5 grau Celsius. Isso já foi ultrapassado nas áreas continentais do planeta. Isso demonstra que já entramos numa fase de emergência climática, em que ou as autoridades agem agora para reduzir as emissões ou os prejuízos socioeconômicos para gerações futuras e também presentes serão enormes, insuportáveis. É melhor agir agora.
Reduzir as emissões para limitar o aumento das temperaturas é a única forma? A humanidade não pode se adaptar à elevação da temperatura média do planeta?
Reduzir as emissões é a única forma de garantir que os danos à estrutura socioeconômica do planeta possa ser minimizado. Se permitirmos que o planeta atinja um aquecimento global de três ou quatro graus Celsius, como já demonstraram alguns cenários traçados pelo IPCC, produzir alimentos no Cerrado, por exemplo, será uma tarefa extremamente difícil. Então precisamos parar o desmatamento da Amazônia, parar de queimar combustíveis fósseis e reduzir as emissões. Adaptação, obviamente, sempre é possível. Mas a um custo muito grande. No caso brasileiro, a floresta amazônica processa o vapor d’água que alimenta o agronegócio no Brasil central. Se o desmatamento avançar, será impossível plantar soja e criar gado ali. É esse o futuro que queremos? Um País inviável com as mudanças climáticas?
Diante desse cenário, o que podemos esperar da próxima Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 26? Há mais de dez anos se espera um acordo eficiente na redução dos gases de efeito estufa....
Provavelmente esta será a COP mais importante até o momento. Primeiro por conta da entrada forte dos Estados Unidos na política climática global. Com o agravamento dos eventos climáticos extremos parece que ‘caiu a ficha’ dos países desenvolvidos de que precisamos, realmente, reduzir emissões. Isso vai refletir na COP, onde as reduções voluntárias podem se tornar obrigatória, que as reduções voluntárias comprometidas no Acordo de Paris sejam levadas a sério. A segunda questão é sobre os mecanismos financeiros de ajuda aos países em desenvolvimento. Essa ajuda não se tornou realidade até o momento, apesar de ser discutida há dez anos. Acho que será um ponto central da COP porque sem isso não tem mecanismo para conseguir reduzir emissões. Obviamente tudo isso depende de uma questão política, não científica. A ciência já fez o seu trabalho. Agora é com a sociedade e com os políticos, com os negociadores climáticos. A ciência fez um bom trabalho ao mostrar como o nosso futuro será comprometido pela falta de ação política de nossos governantes.
Fonte e Imagem: Estadão.
A elétrica Engie Brasil (ENGI3) Energia registrou no último dia 22 uma máxima recorde de geração de energia eólica, ao atingir 1.105,19 megawatts (MW) em uma média de cinco minutos, em momento em que a companhia busca ampliar o fator de capacidade e sua participação no segmento.
De acordo com a controlada da francesa Engie, o incremento em seu fator de capacidade de geração eólica ao longo do primeiro semestre de 2021 foi de 10,6 pontos percentuais em comparação com igual período do ano anterior.
Com isso, disse a empresa, foram registrados sucessivos recordes de geração eólica desde maio.
Na máxima de 22 de julho, o terceiro dia no mês em que a Engie atingiu picos superiores a 1 gigawatt (GW), o fator de capacidade bateu 89,2%.
“Essa é quase toda a capacidade instalada na fonte na data, com 411 aerogeradores”, afirmou a companhia em nota enviada à Reuters.
Os recordes reportados pela Engie ocorrem em linha com máximas de geração eólica registradas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) no Nordeste, onde estão localizados os principais ativos da empresa no segmento.
Segundo o ONS, em 22 de julho a geração eólica no Nordeste atingiu pela primeira vez montante suficiente para atender a 102% da demanda da região, com 11.399 MW médios, quebrando recorde que havia sido estabelecido justamente no dia anterior.
Próximos Passos
ONS espera que a energia eólica represente 11,2% da matriz elétrica brasileira ao final deste ano, ante 10,7% atualmente, em momento em que o país passa por uma grave crise hídrica, que tem comprometido a geração hidrelétrica principal fonte de energia do Brasil.
Nesse sentido, a Engie Brasil Energia destacou que pretende seguir ampliando sua fatia no segmento eólico. Entre os próximos passos, segundo a empresa, está a entrada em operação parcial do Conjunto Eólico Campo Largo, localizado nos municípios de Umburanas e Sento Sé (BA).
Com a operação de Campo Largo integral, prevista para entre agosto e setembro, a Engie espera somar 1.262,8 MW em capacidade instalada em energia eólica no Brasil, sendo a maior parte na Bahia, e ampliar a oferta de energia no ambiente livre, no qual indústrias e empresas de grande porte negociam contratos diretamente com geradoras ou comercializadoras.
A Engie também iniciou a implantação do Conjunto Eólico Santo Agostinho, localizado nos municípios de Lajes e Pedro Avelino, no Rio Grande do Norte”, acrescentou a empresa, estimando que o projeto com investimento de 2,2 bilhões de reais e 434 MW de capacidade para direcionamento ao mercado livre entre em operação comercial até março de 2023.
Fonte e Imagem: Money Times
Gargalos na transmissão ainda é motivo de preocupação para players do setor.
Diante do período hidrológico mais crítico, a safra dos ventos vai assegurar o sistema elétrico. É o que preveem especialistas do setor elétrica. O nome é dado nessa época do ano em que os ventos no Nordeste sopram mais fortes e as condições de geração eólica também ficam mais favoráveis à geração desta fonte, ressaltando a complementaridade das fontes hídricas com as eólicas.
As eólicas vêm batendo sucessivos recordes e pela primeira vez na história a fonte abasteceu todo o Nordeste durante um dia todo, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), reforçando a característica do Nordeste de ser um exportador de energia renovável a outras regiões do Brasil.
A capacidade instalada hoje no Brasil é de cerca de 19 GW, com perspectivas de chegar a 30 GW em 2024, ajudando o Brasil a superar futuras crises que eventualmente possam acontecer. Com o período operativo mais desafiador, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, diz que quase todos os dias a geração eólica ultrapassa 11 mil MW instantâneo ou médio. “A safra dos ventos aguenta muito tempo e até o final do ano vamos colhendo esses ventos todos.
Ciocchi lembra que a transmissão ainda é o grande limitador do setor “por conta de atrasos em projetos e obras, mas esses atrasos estão previstos para serem eliminados até o final do ano”, prevê.
Atualmente as eólicas já abastecem cerca de 11% da demanda de energia no Brasil e para que o Nordeste seja cada vez mais exportador de energia ao resto no Brasil “investimento em infraestrutura de transmissão é mandatório”, diz o executivo.
A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum, concorda que a transmissão ainda é um gargalo do setor eólico, mas acrescentou que a demanda também pode ser um fator importante. “A gente sabe que a economia brasileira não está crescendo tanto e embora a gente tenha uma contratação boa, inclusive no Mercado Livre, a gente precisa de um crescimento do PIB para poder contratar”, diz Gannoum.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Operador Nacional do Sistema fez um panorama do setor aos diretores de política econômica e de política monetária da autoridade.
Dois diretores do Banco Central foram atualizados por representantes do setor elétrico sobre as implicações da crise hídrica em reunião por videoconferência na terça-feira (20). A atenção dada ao tema pela autoridade monetária não é à toa. São monitorados, pelo menos, dois impactos da falta de água nos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste, afetadas pela maior estiagem dos últimos 91 anos.
Um deles é o efeito inflacionário provocado pela alta nas contas de luz, com o acionamento à plena carga das termelétricas. Outra implicação — porém considerada incerta — envolve o risco de déficit elevado na oferta de energia pelo sistema elétrico, que pode gerar consequências desastrosas para a recuperação econômica, no caso de ocorrências de blecaute ou decretação de racionamento, como em 2001.
No encontro, os diretores de política econômica, Fabio Kanczuk, e de política monetária, Bruno Serra Fernandes, assistiram à apresentação do Operador Nacional do Sistema (ONS) sobre a escassez hídrica e a estratégia de enfrentamento desse cenário, conforme informou a entidade, em nota. Procurado, o BC não quis comentar sobre os assuntos tratados.
Ainda em nota, o ONS esclareceu que foram indicadas aos diretores do BC as ações excepcionais que estão sendo tomadas tanto pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) como pela recém-criada câmara de ministros instituída por medida provisória para funcionar como um “comitê de crise”. Essa câmara, chamada de Creg, atuará até o final deste ano com poderes para emitir ordem para outros órgãos federais e, assim, tentar evitar um novo racionamento.
O ONS foi representado pelo diretor-geral, Luiz Carlos Ciocchi, além do diretor de operação, Sinval Gama. O Ministério de Minas e Energia (MME) escalou para a conversa com o BC os secretários de energia elétrica, Christiano Vieira, e de planejamento energético, Paulo Cesar Domingues.
Com a exceção de Domingues, todas as autoridades do setor que estiveram no encontro virtual estão à frente das estratégias de enfrentamento da crise hídrica. Procurado, o MME informou que a reunião teve apenas a finalidade de “aproximar as instituições” para “aprimorar as estimativas de crescimento da carga [demanda por energia]” no país com base nas projeções de PIB do BC.
A demanda por energia tem superado a expectativa do setor. Se por um lado, confirma a tendência de recuperação da economia, por outro, aumenta a pressão por oferta de no momento em que as hidrelétricas, que representam 63% da capacidade de geração do país, não podem entregar tudo que prometem diante da falta de chuvas.
Kanczuk e Serra são os diretores com maior responsabilidade sobre a condução da política monetária. Nos últimos meses, o BC vem mostrando preocupação com o impacto que a crise hídrica pode ter sobre a inflação, em um momento em que a trajetória de preços já está fortemente pressionada.
O mais recente alerta recebido pelo mercado foi a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de aumentar, no fim de junho, a cobrança nas contas de luz da bandeira vermelha 2 de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatt-hora (kWh). Na ocasião, ainda sinalizou que deveria elevar essa cobrança R$ 11,50/100 kWh, a partir de agosto, para fazer frente à elevação constante de gasto com térmicas.
O Comitê de Política Monetária (Copom) já pontuou, conforme a última ata divulgada, que as “implicações da deterioração do cenário hídrico sobre as tarifas de energia elétrica” têm ajudado a manter “a inflação elevada” no curto prazo. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, o comitê também colocou os impactos da “situação hídrica” sobre o preço da energia como risco para a inflação projetada no cenário central, que vai até 2023.
“Ressalta-se que a inflação dos anos calendário de 2021, 2022 e 2023 será afetada de forma significativa pela bandeira de energia elétrica que se verificará em dezembro de cada ano”, indicou o relatório. Atualmente, o BC trabalha com bandeira vermelha em patamar 1 em dezembro de 2021 e 2022.
No RTI, principal documento da instituição sobre política monetária, o BC destacou ainda que “eventuais implicações da crise hídrica” fazem parte dos fatores que “podem atenuar o ritmo de recuperação da atividade”.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 8,35% no acumulado de 12 meses até junho. Atualmente, para conduzir a taxa básica de juros, o Copom mira apenas o ano que vem, cuja meta de inflação é 3,5%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O Boletim Focus divulgado na segunda-feira (19) mostrava que, entre os economistas de instituições financeiras e consultorias que mais acertam as suas projeções (Top 5 de médio prazo), a estimativa mediana para a inflação de 2022 estava em 3,74%. Já o cenário básico do BC aponta inflação na meta, em 3,5%. Procurada, a autoridade monetária não quis comentar a reunião. Atualmente, a Selic está em 4,25% ao ano.
Sob o ponto de vista da operação do sistema elétrico, o momento mais crítico da crise hídrica ainda está por vir. Entre outubro e novembro, hidrelétricas da região Sudeste deverão praticamente interromper a operação das turbinas pois terão atingido níveis de armazenamento inferiores a 10%. Isso irá ocorrer justamente no momento do ano em que o país começa a registrar alta no consumo, devido ao aumento da temperatura, mas ainda com pouca chuva.
As autoridades do setor confiam na eficácia das medidas que estão sendo tomadas para contornar a atual situação. Além de acionar um grande volume de térmicas e restringir a vazão de água nos reservatórios, o governo prevê o deslocamento de consumo da indústria na fase mais crítica da crise para evitar “corte de carga” — ou blecaute — no horário de “ponta”, quando mais se demanda energia ao longo do dia. A aposta é que a união de esforços será capaz de livrar o país de um novo racionamento.
O mercado acompanha com atenção os desdobramentos da crise hídrica. O chamado “apagão” do fim da era FHC trouxe, segundo cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU), um prejuízo de R$ 45 bilhões ao país. Como hoje, havia expectativa de recuperação econômica. Isso, porém, não ocorreu. O PIB, que vinha embalado com o crescimento de 4,3% em 2000, foi achatado para 1,3%, em 2001.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
País corre o risco de ser excluído de importantes fluxos de comércio mundial.
Se ainda faltassem provas de que o governo do Brasil está na contramão climática, a decisão da União Europeia (UE), de taxar a importação de produtos intensivos em carbono, mostrou cabalmente que o aumento da participação na matriz energética de combustíveis fósseis e o desmatamento que bate sucessivos recordes são anti produtivos até para as forças econômicas que sustentam o Palácio do Planalto, e que têm na Europa um dos principais destinos para as suas exportações.
A situação é tão grave que coloca o Brasil sob os riscos de ser excluído dos mais importantes fluxos de comércio mundial, além da nova geopolítica da transição energética, esta que já vem sendo liderada com larga vantagem por China, EUA e Europa.
As medidas europeias planejam mudar o setor industrial em todas as suas cadeias de valor nos próximos cinco anos. Isto significará destruir ou reconverter complexos industriais inteiros, que serão substituídos por novos, que dependerão de novos ciclos tecnológicos.
A mostra mais recente dessa situação esdrúxula se deu em 14 de julho. A UE anunciou que submeterá suas importações aos padrões ambientais europeus, que caminham no sentido de se descarbonizar rapidamente. Será frontalmente atingido, por exemplo, o grande negócio agrícola brasileiro, um dos pilares de sustentação política do Planalto.
Quem não diminuir o percentual de carbono em suas exportações à Europa (e, em breve, também aos EUA e à China), não mais conseguirá vender aos centros dinâmicos do capitalismo global. Mas, tal inflexão parece não importar ao governo brasileiro, que sempre adota políticas públicas que aumentam a proporção de carbono no PIB nacional.
É o caso da extensão do subsídio à indústria carbonífera de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com apoio da bancada governista no Congresso, ações neste sentido foram introduzidas na Medida Provisória (MP) da indefensável privatização da Eletrobras.
Apesar ter desenvolvido megaprojetos de extremo impacto ambiental e social, a Eletrobras também foi central na construção da infraestrutura que garante segurança elétrica à nação, a começar pelo Sistema Integrado Nacional (SIN). Essa infraestrutura é baseada na hidreletricidade, que emite menos gases causadores do aquecimento do planeta em comparação com sistemas baseados em combustíveis fósseis.
O SIN permite otimizar uma rara qualidade de que dispõem o Brasil e outros pouquíssimos países: dois regimes hidrológicos complementares. Quando falta água nas barragens das hidrelétricas no Sul do país, aumenta-se o despacho das usinas localizadas na região Norte - e vice-versa.
Mas, esquartejada, como prevê a MP elaborada pelo governo e próceres do Centrão, a Eletrobras perderá o protagonismo nesse engenhoso sistema, o Brasil passará a correr sério risco de falta generalizada de energia elétrica e terá de utilizar muito mais carvão e gás natural para gerar eletricidade.
Foi assim que os parlamentares da base de apoio do governo deram sobrevida à suja e ultrapassada cadeia do carvão, que azeita os esquemas menos republicanos de poder nos rincões do Brasil.
Esses esquemas permitiram a inclusão na MP de privatização da Eletrobras de dispositivo flagrantemente ilegal, que dá ao Congresso capacidade de viabilizar novas usinas termelétricas - uma prerrogativa do Executivo. E que, de quebra, ainda levará ao aumento da conta de energia.
Além disso, há, também, a 17ª Rodada de Licitação de áreas marinhas para exploração de petróleo, que a Agência Nacional do Petróleo deve realizar em 7 de outubro. Eivada de irregularidades, a rodada foi parcialmente suspensa pela Justiça federal em Santa Catarina, a pedido do Instituto Internacional Arayara e do Observatório do Petróleo e do Gás. Em decisão preliminar, foi retirada do leilão a oferta de blocos localizados na bacia marítima de Pelotas, até que a legislação ambiental seja cumprida.
Por sua vez, o crescente desflorestamento praticado pelo amplo arco de negócios escusos defendidos pelo ex-Ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, também contribui para carbonizar a economia e afastar o Brasil de 446 milhões de consumidores europeus de alto poder aquisitivo.
A carbonização da economia brasileira também produzirá efeitos no campo geopolítico.
Como observou a professora Mônica Bruckman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em artigo publicado no site da Fundação Rosa Luxemburgo, os planos de descarbonização da Europa visam, também, a disputa com a China e os EUA pela hegemonia da assim chamada “transição energética”.
“Quem pensa que o Pacto Verde Europeu é apenas uma política ambiental está enganado. Trata-se antes de uma estratégia ambiciosa para a transformação da economia e sociedade europeias com o objetivo de alcançar a neutralidade climática e com a ambição de posicionar a UE como líder mundial neste processo, pronta a estabelecer relações estratégicas com a Ásia, principalmente com a China, África e América Latina, através da chamada "Diplomacia do Pacto Verde", escreveu Bruckman.
Ela segue: “Esta estratégia multidimensional é colocada como o eixo articulador das várias políticas da UE em todos os setores. Por conseguinte, tem implicações científico-tecnológicas, de segurança e defesa e um potencial impacto geopolítico a nível global”.
A acadêmica destaca também que as medidas europeias planejam a “transformação do setor industrial em todas as suas cadeias de valor nos próximos cinco anos. Isto significará certamente a destruição ou reconversão de complexos industriais inteiros, que serão substituídos por novos complexos industriais que, por sua vez, dependerão de novos ciclos tecnológicos”.
Mas, ao insistir nas indústrias carbonífera, petrolífera e desmatadora, o governo prova que desconhece o Brasil em suas relações globais profundamente distintas daquelas em que se davam os esquemas que levaram ao poder esse grupo que se instalou no Palácio do Planalto. Ele é portador de uma visão de mundo que induz a Nação a sucessivos retrocessos históricos.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
Lista aprovada deverá receber incentivo financeiro para geração, transmissão e distribuição de energia elétrica nos próximos seis meses.
O Ministério de Minas Energia (MME) aprovou 88 projetos de energia elétrica como prioritários para os próximos seis meses, visando o enfrentamento da fase mais crítica da crise hídrica, esperada para o último trimestre de 2021. A definição como prioridade é necessária para fins de emissão de debêntures — títulos de crédito representativos de empréstimos — para a infraestrutura. Do total, 59 projetos são de geração, oito, de transmissão, e 21, de distribuição de energia elétrica.
De acordo com informações do MME, as concessionárias e autorizatárias titulares de projetos de energia elétrica, constituídas sob a forma de sociedade por ações, “têm buscado utilizar a emissão de debêntures incentivadas de infraestrutura para financiar seus projetos de investimento, tendo em vista a boa aceitação desses títulos no mercado”. Segundo o órgão, dos sete setores de infraestrutura que podem ser aprovados como prioritários para investimentos, “o setor de energia elétrica é o que apresenta maior quantidade de emissões e de volume de recursos captados via debêntures incentivadas de infraestrutura”.
A prática de incentivo aos projetos prioritários pela infraestrutura está prevista no Projeto de Lei 2.646/20, do deputado João Maia (PL-RN) e outros, aprovado em 7 de julho. A proposta, que também muda regras de fundos de investimento no setor, ainda aguarda apreciação do Senado Federal, e guarda semelhança com as debêntures incentivadas criadas pela Lei 12.431/11, que também são emitidas por companhias para captar recursos no mercado direcionados a investimentos em infraestrutura. A diferença é que as debêntures de infraestrutura se destinam a investidores institucionais, como fundos de pensão, e sujeitam-se à incidência de 15% do imposto sobre a renda. Já as incentivadas têm como foco pessoas físicas, que não têm os rendimentos taxados.
Segundo o MME, até o momento, dos projetos aprovados para este ano como prioritários no setor de energia elétrica, 12 conseguiram o aporte financeiro do governo, com volume total de R$ 4,3 bilhões.
Fonte e Imagem: Correio Braziliense
Com a aprovação do Projeto de Lei 3729/04 a Câmara dos Deputados alterou procedimentos para o licenciamento ambiental no País. O texto do deputado Neri Geller (PP-MT) aguarda votação no Senado.
As regras gerais a serem seguidas por todos os órgãos envolvidos tratam de prazos de vigência, tipos de licenças e empreendimentos dispensados dessas obrigações.
Pelo substitutivo aprovado, não precisarão de licença ambiental obras de saneamento básico, de manutenção em estradas e portos, de distribuição de energia elétrica com baixa tensão, obras que sejam consideradas de porte insignificante pela autoridade licenciadora ou que não estejam listadas entre aquelas para as quais será exigido licenciamento.
No licenciamento ambiental de serviços e obras de duplicação de rodovias ou pavimentação naquelas já existentes ou em faixas de domínio deverá ser emitida Licença por Adesão e Compromisso (LAC), valendo também para o caso de ampliação ou instalação de linhas de transmissão nas faixas de domínio.
Para obter esta licença, o empreendedor deverá apresentar um relatório de caracterização do empreendimento (RCE), cujas informações devem ser conferidas e analisadas por amostragem, incluindo a realização de vistorias também por amostragem.
O texto permite ainda a renovação automática da licença ambiental a partir de declaração on-line do empreendedor na qual ele ateste o atendimento da legislação ambiental e das características e do porte do empreendimento, além das condicionantes ambientais aplicáveis.
Se o requerimento for pedido com antecedência mínima de 120 dias do fim da licença original, o prazo de validade será automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva da autoridade licenciadora.
Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento não precisará mais da autorização do órgão responsável por sua administração – no caso federal, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Proteção de nascentes
De autoria da deputada Leandre (PV-PR), o Projeto de Lei 3430/19 altera o Código Florestal para facilitar a recomposição de vegetação em torno de nascentes, dispensando licença ambiental. A matéria tramita no Senado.
De acordo com o substitutivo do deputado Igor Timo (Pode-MG), serão consideradas atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental aquelas com o objetivo de recompor a vegetac?a?o nativa no entorno de nascentes ou de outras a?reas degradadas, conforme norma expedida pelo o?rga?o competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).
Fonte e Imagem: Agência Câmara de Notícias.
A OAB Nacional, por meio de sua Comissão Especial de Gestão, Empreendedorismo e Inovação, realizou na noite desta quinta-feira (15) mais uma rodada do CEGEI Talks, com o tema Produtividade e Motivação na Advocacia. Esta foi a sexta edição da série, que promoverá um total de 10 rodadas de conversas, uma por mês. O debate foi transmitido ao vivo pelo canal oficial da OAB no YouTube. Cada edição disponibiliza um infográfico com os principais pontos debatidos, que serão reunidos em um e-book.
O vice-presidente da Comissão Especial de Gestão, Empreendedorismo e Inovação, Antonio Abdalla, realizou a abertura desta edição e foi o mediador do debate, que teve a participação dos advogados Nathália Rocha e Fábio Salomon e da presidente da Comissão de Inovação e Gestão Jurídica OAB-GO, Ísis Fontenele. “Falar da produtividade e da produção da advocacia em tempos de pandemia é algo muito instigante. Os encontros têm sido cada vez melhores. O que temos discutido ao longo dos Cegei Talks têm sido muito importante em termos de compartilhamento de conhecimento e experiências. Agrega valor do ponto de vista pessoal e profissional. Tenho aprendido muito”, disse Abdalla.
“Nesse momento da pandemia, manter a produtividade dos escritórios torna-se um grande desafio”, resumiu Isis. Ela falou sobre o desenvolvimento do método produtivo por parte dos seres humanos, que evoluíram há muitas Eras, e deparam-se com mudanças tecnológicas que precipitam alterações cada vez mais rápidas nos processos de aprendizado e trabalho. “Já passávamos por um processo tecnológico de grandes avanços. Esse processo mudou muito nossas vidas. Tornou os profissionais mais acelerados ainda e acompanhar essa mudança não é uma tarefa muito fácil”, resumiu ela.
Em sua fala de abertura, Nathália lembrou da curva de aprendizado que viveu em sua carreira ao deparar-se com mudanças no ambiente de trabalho realizadas para que fosse possível absorver inovações de gestão comuns a outros tipos de arranjos corporativos. “No mundo em que vivemos hoje, alguns critérios e processos devem ser profissionalizados e isso não nos faz perder nossa essência de sociedade de advogados. Porém, deixamos de ser uma sociedade de pessoas para nos profissionalizar mais”, disse ela.
Ao longo dos debates, Salomon fez uma reflexão a respeito da adequação das comunicações e competências no âmbito das mudanças tecnológicas. Ele salientou a questão da transparência, de métodos e objetivos, como um componente de destaque no contexto de afirmação dos escritórios. “Os escritórios que querem perpetuar sua marca no tempo parecem sempre ter um cuidado maior na questão da transparência, no engajamento das pessoas, de olhar para a questão das competências e também de atrair os talentos e extrair deles o máximo”, afirmou ele.
Fonte e Imagem: OAB Nacional
A OAB Nacional realizou um grande investimento para a geração sustentável de energia em um projeto que começou a ser instalado na OAB-MS, juntamente com a Caixa de Assistência dos Advogados (CAA-MS) e a Escola Superior de Advocacia da seccional (ESA-MS). A instalação de um conjunto de placas geradoras de energia fotovoltaica, adquiridas com investimento de cerca de R$ 1 milhão, está na fase final implantação. O funcionamento deve começar dentro dos próximos 30 dias, prazo necessário para montagem completa e ajustes.
A aquisição dos equipamentos foi aprovada pela diretoria nacional da Ordem em fevereiro. A estimativa de economia com as placas de energia fotovoltaica é de R$ 300 mil por ano, o que significa dizer que, em menos de quatro anos de funcionamento, o investimento terá sido superado pelo retorno. Além da economia gerada, a energia solar é feita de forma 100% limpa, sem emissão de qualquer poluente ou outro impacto ambiental.
Para o diretor-tesoureiro nacional da OAB, José Augusto Araújo de Noronha, o projeto da entidade em apoiar e investir nas seccionais para gerar energia limpa e renovável faz parte de uma visão que pretende garantir sustentabilidade em todas as seccionais do Brasil. "Sinto-me honrado em participar desse projeto de geração de energia fotovoltaica na OAB-MS, que em um futuro não muito distante poderá economizar recursos de custeio e investir ainda mais nos advogados e advogadas e no seu desenvolvimento profissional. Estão de parabéns a diretoria nacional e da OAB-MS", apontou.
O presidente da OAB-MS, Mansour Elias Karmouche, entende que os reflexos serão vistos já no curto prazo. “A instalação do sistema de energia fotovoltaica e do poço artesiano são grandes conquistas para toda a nossa advocacia sul-mato-grossense. O investimento proporcionará grandes benefícios, dentre eles economia para a nossa sede e subseções, visando futuros investimentos na estruturação de todo o interior”, diz.
Fonte e Imagem: : OAB-MS
A OAB Nacional, por meio de sua Comissão Especial de Defesa dos Povos Indígenas, promoverá no mês de agosto, uma série de eventos sobre os direitos dos povos indígenas na Constituição Federal. Serão seis dias de debates e para participar será necessário fazer inscrição. O seminário terá certificação de 18 horas. As transmissões ocorrerão por meio de links próprios no site do evento.
A abertura do evento será no dia 5 de agosto, a partir das 14h, com o tema “Direito à terra-marco temporal, demarcação e invasão de terras indígenas”. No dia 6 de agosto, a partir das 9h, será debatida a “Saúde indígena e Covid-19”. O seminário prossegue dia 12 de agosto, a partir das 9h, com a discussão das “Medidas legislativas em tramitação no Congresso Nacional - avanços e retrocessos”. “Consulta e Consentimento Livre, Prévio e Informado e Protocolos Autônomos de Consulta” será o tema do dia 13 de agosto, a partir das 14h.
Na última semana do seminário, no dia 19 de agosto, a partir das 9h, será abordado o “Encarceramento de indígenas e acesso à Justiça aos Povos, suas Comunidades e Organizações Indígenas”. Uma sessão em homenagem ao Dia Internacional dos Povos Indígenas será o encerramento das discussões e acontecerá no dia 20 de agosto, a partir das 14 horas.
Fonte e Imafem: OAB Nacional
Segundo Christiano Vieira da Silva, secretário de Energia Elétrica do MME, o cenário de escassez de 2020, em que o período de chuvas começou atrasado e terminou antes do previsto, pode se repetir.
O secretário de Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia, Christiano Vieira da Silva, descartou, nesta segunda-feira (19), a possibilidade de racionamento no Brasil, mas afirmou que "decisões difíceis" terão que ser tomadas no futuro, dependendo do volume de chuvas e do nível de utilização de energia no país.
O ministério projeta baixos índices pluviométricos na temporada de maior volume de chuvas, entre novembro e março. Silva afirma ser possível que o cenário de escassez de 2020, em que o período de chuvas começou atrasado e terminou antes do previsto, se repita.
"A depender da evolução dessas variáveis [chuvas e carga de uso], decisões difíceis têm que ser tomadas. Para isso é que foi criada a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética", declarou o secretário. A instância reúne representantes dos ministérios das Minas e Energia, Economia, Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Regional e Infraestrutura.
O secretário participou por videoconferência na manhã desta segunda-feira do "Conexão Empresarial", organizado pela revista Viver Brasil, de Belo Horizonte (MG).
Silva afirmou ainda que o ministério faz acompanhamento constante das chuvas e carga no sistema, e que decisões que possam priorizar determinados usos da água dos reservatórios também serão tomadas pela Câmara de Regras, levando em conta impacto em outros setores para além do da geração de energia. Em Minas Gerais, há reclamação de empresários do setor do turismo e prefeitos no entorno do lago de Furnas por causa da redução do nível do reservatório.
Entre as ações adotadas pelo governo para evitar um cenário pior está a redução das vazões nas hidrelétricas a jusante como Jupiá e Porto Primavera, no Rio Paraná. As plantas tiveram o fluxo reduzido para 2.300 e 2.700 metros cúbicos por segundo, respectivamente. Ambas já operaram com volume superior a 4.000 metros cúbicos por segundo.
O ministério avalia que, sem essas medidas, o nível dos reservatórios da região Sudeste, considerada a caixa d'água do país, chegaria em novembro com 7,5% da capacidade de armazenamento.
O nível dos lagos na região atualmente é de 27,6%, segundo o secretário. A previsão do ministério é que atinja 10,7% em novembro, início do período chuvoso. O nível mais baixo até então foi registrado em 2014, de 20%.
A possibilidade de apagão, no entanto, foi negada pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, no final de junho.
A declaração ocorreu depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmar que o Brasil teria que passar por um "período educativo" de racionamento de energia para evitar uma "crise maior". O parlamentar depois recuou e afirmou que o racionamento não seria necessário.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Em sua primeira entrevista pós sanção da lei que autoriza a privatização da empresa, o presidente da estatal diz que há um cronograma extenso pela frente até a capitalização, prevista para fevereiro de 2022.
A Eletrobras será uma empresa mais ágil e competitiva no setor elétrico brasileiro. Foi assim que o presidente da companhia, Rodrigo Limp definiu a ainda estatal no pós capitalização. Em entrevista concedida nesta quarta-feira, 14 de julho, o executivo afirmou que a empresa continuará os investimentos de acordo com os caminhos do setor elétrico brasileiro, mercado livre de energia, expansão via fontes eólica e solar mas sem esquecer as demais.
Limp participou ao vivo do CanalEnergia Entrevista nesta quarta-feira, 14 de julho, transmitido via redes sociais, um dia após a sanção da Lei no. 14.182/2021, que autoriza a privatização da empresa. Aliás, há uma série de ações que a companhia agora tem em seu radar para viabilizar a operação e atender à expectativa de que a capitalização seja realizada em fevereiro de 2022.
São reuniões com os diversos órgãos para preparar a empresa. Entre elas está a restruturação societária com a separação da Eletronuclear que passará a ser controlada pelo governo em uma nova estatal, assim como Itaipu, cuja energia deixará de ser comercializada pela futura nova-Eletrobras. Os valores de outorgas a ser pago ao governo pela renovação do contrato de concessão das usinas, entre outras ações e estudos.
A contratação do consórcio de bancos, a precificação das ações a serem colocadas no mercado, o chamado follow on sem participação do Estado, e demais arranjos legais para a operação financeira ficará mais para o final do ano. Antes, disse ele, são necessárias as definições de quanto deverá ser pago ao Tesouro Nacional e, consequentemente, a redução da participação da União que terá menos de 50% das ações da empresa. As estimativas iniciais é de que o governo detenha cerca de 45% do capital da Eletrobras.
“Seremos uma corporação, controle pulverizado, uma empresa mais competitiva e mais ágil e com capacidade de investimento”, diz ele. “A sanção da lei foi apenas um passo, temos diversos ainda para efetivar a capitalização. São tarefas complexas e com um cronograma desafiador para chegar em fevereiro, a data estimada para a emissão das ações”, acrescentou ele.
Limp disse que para a definição do preço a Eletrobras vem trabalhando para fazer suas contratações no processo e também realizando as avaliações internas referente ao valor gerado para a companhia pelas novas outorgas. E lembrou que quem dará a palavra final sobre o processo é a assembleia de acionistas.
Durante cerca de uma hora de entrevista, o executivo abordou diversos aspectos da administração. O plano de investimentos da empresa, sua capacidade de realizar aportes ao longo dos próximos cinco anos, onde serão feitos esses aportes. Além disso, como será preparada a empresa para este que é em sua opinião o principal evento desde a fundação da companhia em seus quase 60 anos de atividade, a transferência de controle do Estado para iniciativa privada.
O presidente da Eletrobras disse ainda que deverá ser iniciado neste ano mais um programa de demissão voluntária, que a empresa chama de PDC (Programa de Demissão Consensual). Esse evento ocorreria antes da capitalização da companhia que hoje está com cerca de 12 mil empregados, um nível que se aproxima do ponto que é necessário pela companhia e suas atribuições.
A edição do CanalEnergia Entrevista com o presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, está disponível em sua íntegra a todos os seguidores do CanalEnergia. Para assistir a todo o conteúdo, você pode acessar nosso canal do You Tube, TV CanalEnergia onde poderá também acessar os outros episódios, bem como os demais programas do Grupo CanalEnergia.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Empresa deverá aumentar seus aportes de R$ 3,6 bilhões para um patamar de R$ 15 bilhões, estimam autoridades em evento de sanção da Lei 14.182/2021.
A privatização da Eletrobras proporcionará à empresa recuperar a sua capacidade de investimento. Foi esse o principal destaque dado pelas autoridades durante a cerimônia alusiva à sanção da Lei 14.182/2021, ocorrida nesta terça-feira, 13 de julho. A companhia deverá passar de um patamar de R$ 3,6 bilhões ao ano para algo próximo a R$ 15 bilhões.
Nos discursos do secretário de Energia Elétrica, Christiano Vieira, do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e de Paulo Guedes, ministro da Economia, o destaque dado foi também para a formação da corporation do setor elétrico mais forte da América Latina e a quinta maior empresa de energia renovável do mundo.
Albuquerque afirmou que as tarifas irão cair entre 5% e 7%, segundo dados apresentados pelo MME em resposta às críticas do mercado e de associações quanto à incorporação dos chamados jabutis, principalmente a contratação de térmicas.
“As térmicas que serão contratadas vão diminuir a tarifa, pois substituirão as usinas que deverão sair do sistema até 2027 e que operam com custo de mais R$ 1 mil reais o MWh. As novas plantas terão o MWh de cerca de R$ 367 no máximo sem considerar a redução em leilão”, defendeu o ministro em entrevista após o evento no Palácio do Planalto.
Para o ministro, a avaliação dos vetos não deverá alterar a nova lei até porque não há perdas do projeto com os pontos retirados. Ele lembrou que os itens incluem problemas jurídicos e legais se fossem mantidos em lei. E disse acreditar que esses pontos deverão ser mantidos pelo Congresso.
Christiano Vieira, secretário de Energia Elétrica, apontou em sua apresentação que a Eletrobras traga ainda como impactos o aumento dos investimentos geração de renda e de empregos. Ele lembrou que a empresa vem perdendo participação de mercado desde quando viu sua capacidade de investimentos se reduzir.
Citou por exemplo que em geração a empresa detinha 36% do parque gerador brasileiro em 2011, índice que não passa de 30% atualmente. Em transmissão passou de 56% para 45% nessa mesma base de comparação. Nesse período os aportes da empresa saíram de R$ 9,8 bilhões em 2011 aumentaram até R$ 10,8 bilhões em 2014 e desabaram a R$ 3,1 bilhões em 2020, no menor patamar da década.
Além disso, classificou a operação será atrativa a investidores. Para a empresa, a expectativa é de que haja a redução da volatilidade de preços, já que a empresa privada é quem assumirá o risco hidrológico.
Aliás, essa assunção do risco pela Eletrobras foi abordado horas antes em evento transmitido pela agência de classificação de ratings Fitch Ratings. Para o analista Wellington Senter, essa mudança quando a empresa terá suas usinas à categoria de PIE não deverá trazer impactos significativos. Isso porque atualmente a tarifa cobrada está na casa de R$ 65/MWh para a energia cotizada, quando houver a mudança esse valor deverá ficar em R$ 165/MWh, compensando o fato de que terá que gerenciar esse risco.
Além disso, a estimativa é de que a partir de 2022 o índice do GSF fique em 0,8, ou seja, 80%. E como há 28% da energia descontratada, há espaço para que a empresa não seja afetada pelo MRE. “Com ou sem risco hidrológico, a Eletrobras, a partir do ano que vem, está em uma posição confortável quanto ao nível do GSF”, apontou ele.
Paulo Guedes, por sua vez, destacou ainda que esse processo encerra uma disputa de 26 anos, desde que a Eletrobras passou a fazer parte do Programa Nacional de Desestatização. Foi ele quem indicou que a companhia privada será capaz de aportes de mais de R$ 10 bilhões ao ano para pelo menos manter sua fatia do setor elétrico brasileiro e ainda para a preservação de recursos hídricos, pontos que foram incluídos na nova lei. “A Eletrobras passará a investir no ritmo que o crescimento da economia brasileira vai exigir”, finalizou.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Investimentos socioambientais deverão ser integralmente indenizados.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a mudança nos critérios de cálculo de indenização referente aos bens reversíveis ainda não amortizados ou não depreciados nas concessões de aproveitamento hidrelétrico.
Um decreto de 2012 estabelecia que as indenizações desses bens calculadas com base no Valor Novo de Reposição (VNR) deveriam considerar a depreciação e amortização acumuladas desde a data de entrada em operação das usinas cotistas, no entanto a complementação dessas indenizações das concessões renovadas não estavam contempladas na indenização original. A base legal, segundo foi explanado, visa compensar os investimentos vinculados ainda não amortizados ou depreciados ao final da concessão.
Não entram na depreciação os terrenos dos reservatórios. Por outro lado, investimentos socioambientais deverão ser integralmente indenizados. Nesse ponto em específico, o relator Efrain Pereira da Cruz destacou que isso está diretamente vinculado “ao exercício de geração de energia”, por isso precisa ser remunerado. “Caberá à Eletrobras apresentar de forma pormenorizada todos esses itens que passarão por valoração e reconhecimento”. Acrescentou.
Fonte e Imagem: Canal Energia
Entre os vetos estão dispositivos que previam desconto para aquisição de ações da empresa e proibição de extinção de subsidiárias. Para especialistas, trechos incluídos no Congresso pode encarecer a conta de luz.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou, com vetos, a medida provisória que viabiliza a privatização da Eletrobras, a maior empresa de energia elétrica da América Latina. A sanção foi publicada na edição desta terça-feira (13) do "Diário Oficial da União" (DOU).
Segundo o governo, a privatização pode reduzir a conta de luz em até 7,36%. Entidades do setor, no entanto, afirmam que a conta de luz vai ficar mais cara, porque deputados e senadores incluíram no texto medidas que geram custos a ser pagos pelos consumidores.
O foco da MP da privatização é vender ações da Eletrobras até que o governo deixe de deter 60% dos papeis da estatal, como é atualmente, e passe a ser dono de 45% da empresa (veja detalhes mais abaixo). A ideia do governo é tornar o setor mais eficiente.
Os principais pontos vetados pelo presidente previam:
• que funcionários demitidos da empresa pudessem adquirir ações da Eletrobras com desconto
• proibição de extinção de algumas subsidiárias da Eletrobras
• obrigação de o governo aproveitar os funcionários demitidos da empresa por um ano.
Justificativas do presidente
O texto aprovado dizia que até 1% das ações da União, após a privatização, poderia ser adquirido pelos empregados demitidos. Bolsonaro vetou, alegando que a medida contraria o interesse público e poderia causar distorção no processo de precificação das novas ações".
O texto que saiu do Congresso barrava a extinção, a incorporação, a fusão ou a mudança de domicílio estadual, por dez anos, das subsidiárias Chesf (PE), Furnas (RJ), Eletronorte (DF), e CGT Eletrosul (SC).
Segundo Bolsonaro, a medida "limita a gestão das subsidiárias pela nova empresa e retira a flexibilidade da futura Eletrobras".
Por fim, em relação ao trecho que impunha ao governo o reaproveitamento dos empregados da Eletrobras e suas subsidiárias demitidos até um ano após à desestatização, o presidente alegou que o dispositivo "viola o princípio do concurso público e aumenta as despesas".
Tramitação no Congresso
A Câmara dos Deputados aprovou no último dia 21 a MP. A medida já havia sido aprovada anteriormente, mas foi alterada pelos senadores e, com isso, precisou ser novamente votada pelos deputados.
Medidas provisórias têm força de lei assim que publicadas no "Diário Oficial da União". Precisam, contudo, ser aprovadas pelo Congresso Nacional em até 120 dias para se tornar leis em definitivo.
A privatização
O modelo de privatização proposto para a estatal é a capitalização, na qual são emitidas ações de forma a diminuir a participação da União no controle da empresa.
Atualmente, o governo tem cerca de 60% das ações da Eletrobras. Com a capitalização, esse percentual cairá para 45%.
A previsão do governo é privatizar a Eletrobras até fevereiro do ano que vem, após concluir os trâmites necessários, incluindo os estudos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Fonte: Valor Econômico
Imagem: Notícias ao Minuto.
Bento Albuquerque foi questionado sobre a mineração e o garimpo em terras indígenas, a escassez hídrica e a capitalização da Eletrobras.
Em entrevista com jornalistas estrangeiros, o ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque reafirmou, nesta quinta-feira (08/07), que, mesmo diante da escassez hídrica que o País atravessa, o racionamento de energia está descartado. O encontro “Oportunidades e Desafios do Setor de Minas e Energia” teve a participação dos principais veículos de mídia internacionais e foi apresentado pelo jornalista Sergio Caringi e mediado por George Vidor. As boas-vindas foram dadas pelo presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Trados, uma das entidades apoiadoras do evento.
Bento Albuquerque apresentou avanços obtidos pelo Ministério de Minas e Energia (MME) ao longo dos últimos anos, como o fato de o Brasil ser o 7º maior produtor e exportador de petróleo do mundo, o 2º maior produtor e mercado consumidor de biocombustíveis e o 4º maior mercado de combustíveis automotivo. E lembrou que o País possui a 7ª maior posição em capacidade instalada e é o 2º maior em geração hidrelétrica do mundo.
O ministro foi questionado sobre a mineração e o garimpo em terras indígenas, a escassez hídrica e a capitalização da Eletrobras. “Nada pior para o meio ambiente do que uma atividade ilegal, e nada melhor do que uma atividade legal, regulamentada”, respondeu. Ele garantiu que o problema tem sido conduzido de forma transparente pelo Governo Federal, que desde 2020 vem tratando o tema com o Congresso Nacional ao apresentar projeto de lei para a regulamentação das atividades de garimpo, com vistas a combater a ilegalidade e preservar o direito dos povos indígenas.
“Estamos ouvindo as comunidades indígenas dessas regiões, umas não querem, outras querem, e cabe ao Congresso Nacional regulamentar”, afirmou. “As comunidades indígenas continuarão a ser escutadas. Mas é importante lembrar que o patrimônio nacional pertence à sociedade brasileira e é dessa forma que é considerado”, ponderou Albuquerque.
Em sua apresentação, Bento Albuquerque também falou sobre os pilares da política energética e mineral, e, no campo da sustentabilidade, lembrou que o Brasil possui uma das matrizes mais limpas do planeta, com 85% de fontes renováveis, contra apenas 28% no restante do mundo. “Não por acaso fomos convidados para participar no Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas, em setembro próximo, no qual iremos apresentar todos os nossos programas e estudos na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas”, acrescentou.
Em relação à escassez hídrica, o ministro esclareceu que o problema ocorre não só no Brasil mas também em outros países e que, certamente, está relacionado às mudanças climáticas em todo o mundo. Questionado sobre a possibilidade de falta energia e a diferença entre os dias atuais e o período de 2001, Albuquerque disse que a dependência dos reservatórios chegava a 85% e hoje é de 61%, e a matriz energética, que não era tão diversificada em termos de energia solar, biomassa, nuclear, entre outras. O ministro também apontou a evolução das linhas de transmissão. “Naquela época, só tínhamos 70 mil km de linhas de transmissão e, hoje, temos 170 mil km . Hoje o nosso sistema é mais interligado e muito mais seguro”.
Ao abordar a capitalização da Eletrobras, Bento Albuquerque afirmou que a capitalização renderá cerca de R$ 62 bilhões, sendo quase R$ 26 bilhões para reduzir encargos que encarecem as contas de luz, outros R$ 26 bilhões irão para o governo e R$ 11 bilhões para programas de revitalização de bacias de rios e reservatórios no Norte, Nordeste e Sudeste, para o programa de integração da Bacia do Rio São Francisco e para a região Norte do País, onde os sistemas isolados serão eliminados com energia renovável, além da redução das tarifas de energia elétrica, entre 6 a 7%.
O ministro destacou o leilão dos Volumes Excedentes da Cessão Onerosa e o segundo maior leilão de petróleo e gás dos campos de Sépia e Atapu, que irão gerar investimentos da ordem de R$ 200 bilhões e bônus de assinatura de R$ 11,1 bilhões, além da 17ª Rodada de Concessão e o leilão de Oferta Permanente no final do ano.
Bento Albuquerque falou também das ações no setor de mineração, os investimentos, os leilões realizados e os programados para 2022. “O Brasil aumentou a sua produção mineral em 15% em 2020 e o minério de ferro, hoje, já ultrapassou a soja e assume o primeiro item na balança de exportações brasileira”, realçou o ministro.
Por fim, o ministro destacou que o Congresso Nacional tem sido fundamental na implementação das reformas setoriais e que o governo continuará trabalhando fortemente para melhorar o ambiente de negócios no País. “Vamos implementá-lo e incrementá-lo nos próximos anos”, garantiu.
Fonte e Imagem: MME
Banco de fomento, responsável pelo processo de venda da estatal, publicou contrato com o consórcio que fará modelagem da operação; privatização será feita por meio de nova oferta de ações na Bolsa, da qual o governo não participará.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deu mais um passo para efetuar a privatização da Eletrobrás em fevereiro do ano que vem. O banco de fomento, responsável pela estruturação do processo, publicou o contrato do consórcio que conduzirá a modelagem, além da estruturação financeira e relatório final do processo de desestatização. No mês passado, a Câmara dos Deputados aprovou a medida provisória que permite a saída da União do controle da empresa de energia elétrica.
O Consórcio Genial - Tauil e Chequer, que ganhou o processo de licitação, deve conduzir as tratativas. O valor do contrato, conforme o documento publicado pelo BNDES, é de R$ 3,89 milhões. Pelo acordo, as empresas terão de realizar a avaliação de toda legislação nacional e internacional aplicável à Eletrobrás, à Itaipu e à Eletronuclear, assim como a identificação de pontos críticos e riscos.
Para estruturar o processo que culminará na privatização da Eletrobrás, o BNDES fez a contratação das empresas que trabalharão em alguns processos necessários para a capitalização, sendo, assim, responsável tanto pela execução quanto pelo acompanhamento do processo de desestatização. Ao todo, são três fases de serviços que serão contratados para a condução da privatização da empresa de energia.
Além desse serviço, cujo contrato acaba de ser publicado, o trabalho de due diligence (auditoria) contábil, patrimonial e jurídica será feito pelo consórcio Nova Eletrobrás, formado pela auditoria BDO, o banco Genial, o escritório de advocacia Lefosse e a Thymos Energia, uma consultoria especializada no setor. Já a avaliação econômico-financeira será feita pelo banco BR Partners, cuja escolha já foi homologada, mas ainda falta a publicação do contrato.
Corrida
Com a aprovação da medida provisória, o governo pode seguir com os preparativos para a emissão de novas ações da companhia, o que deve ocorrer no primeiro trimestre de 2022. A União não participará da oferta de ações subsequente (follow-on). Ao deixar de acompanhar essa oferta, sua participação nos papéis ordinários da companhia será diluída, com a parcela caindo para menos de 50%. Dessa maneira, o governo deixa de ser o controlador – o que, na prática, significa uma privatização do negócio.
A capacidade de voto dos acionistas da Eletrobrás será, então, limitada a 10%, independentemente da posição acionária. Pelo cronograma do BNDES, a ida à Bolsa deverá ocorrer em fevereiro de 2022.
Essa é a terceira vez que o Estado brasileiro tenta privatizar a Eletrobrás. A primeira foi ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). Na época, a ideia era fazer uma privatização tradicional, vendendo as estatais do grupo (Furnas, Chesf e Eletronorte) separadamente. Mas esse plano foi frustrado.
No governo Lula, que começou em 2003, a empresa foi retirada do Plano Nacional de Desestatização (PND). Na gestão de Michel Temer (2016-2018), uma MP foi enviada ao Congresso, que Bolsonaro usou como base para a privatização atual.
Fonte: Estadão.
Imagem: A Gazeta.
Mecanismo prevê a emissão de títulos de dívida emitidos por concessionárias de serviços públicos, como energia. Proposta segue para apreciação do Senado.
A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2646/20 que cria as debêntures de infraestrutura e dá incentivo fiscal para concessionárias de serviços públicos emitirem esses títulos de dívida para financiarem seus projetos na área. A proposta, que é do deputado João Maia (PL-RN) e será enviada ao Senado, também muda regras de fundos de investimento no setor.
O projeto foi aprovado na forma do substitutivo do relator, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP). Segundo o texto, as debêntures de infraestrutura poderão ser emitidas pelas concessionárias, permissionárias e autorizadas para explorar serviços públicos, como energia.
“Essa proposta surgiu a partir de debates na comissão especial sobre o marco regulatório da PPP [parceria público-privada], da qual fui relator, e vem em um momento em que precisamos tornar urgente o investimento em infraestrutura, investimento de que o Brasil já carecia”, disse Jardim.
As debêntures devem ser emitidas até 31 de dezembro de 2030 e seguir regras que serão incluídas nas leis sobre fundos de investimento no setor.
Com informações Agência Câmara de Notícias.
Fonte: Canal Energia
Imagem: Câmara dos Deputados
MP 1.055 tende a prejudicar o consumidor nos anos subsequentes
O sistema elétrico passa novamente por uma situação crítica, trazendo à tona traumas de crises anteriores. A possibilidade de desabastecimento de energia causa perplexidade e leva alguns a uma caça às bruxas. Nestes momentos, é importante ter serenidade para não jogarmos o bebê com a água do banho.
Parte da perplexidade geral sobre a situação decorre da grande defasagem entre as ações e suas consequências. Como na agricultura, o suprimento de eletricidade depende de uma série de fatores. Na agricultura, o plantio e cultivo não são garantia de boa safra, pois dependem de fatores não controláveis como o clima. No setor elétrico também é assim: as condições de suprimento de hoje dependem de investimentos realizados anos atrás, de decisões operativas nos meses anteriores, e de fatores exógenos.
A deturpação do conceito de reserva de capacidade elevará custos e não proverá o que o sistema precisa.
As decisões de investimento no setor elétrico precisam ser tomadas sob incerteza quanto à evolução do consumo, do clima, e dos custos de combustíveis. Logo, o planejamento precisa considerar diversos cenários, técnica aplicada por meio do Plano Decenal de Expansão de Energia, a partir do qual se definem a expansão das redes de transmissão e as diretrizes para leilões de novos empreendimentos de geração. Este processo tem levado a uma crescente concorrência que contribui para a minimização dos custos e para a diversificação da matriz elétrica.
No entanto, nunca se elimina o risco por completo. Cabe aos formuladores de políticas públicas definir o nível apropriado de exposição ao risco dado o custo de sua mitigação. Observamos avanços neste sentido no último ano com o estabelecimento de critérios mais refinados de garantia de suprimento (Portaria MME 59/2020).
Examinando-se a situação atual, constata-se que, de fato, a sequência de vazões afluentes desde 2011 já configura um novo “período crítico”, comparável com o enfrentado entre 1948 e 1955. Nestas situações extremas - que são raras - podem ocorrer déficits no suprimento de energia.
Questiona-se se a estiagem verificada nos últimos anos é uma situação episódica ou estrutural. Dadas as mudanças climáticas e as mudanças no uso do solo, alguns creem que se trata de uma mudança estrutural que tornaria obsoletos os modelos probabilísticos baseados no histórico hidrológico. Esta hipótese merece atenção, mas provavelmente só teremos uma resposta definitiva em alguns anos.
Há energia suficiente para suprir o consumo total em 2021, mas a capacidade de atendimento da demanda instantânea, principalmente nos momentos de demanda de pico do dia, está fragilizada. É por isso que as autoridades estão tomando medidas para flexibilizar a operação.
Entre as medidas adotadas, inclui-se a autorização para que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) possa acionar qualquer usina independentemente da “ordem de despacho” (ordenação de usinas a serem acionadas para atendimento da carga diária) indicada pelos modelos oficiais. Embora esta medida seja indicada no atual contexto, ela é a prova cabal da obsolescência da cadeia de modelos computacionais oficiais (Newave, Decomp e Dessem), pois com essa autorização abre-se mão de um processo de otimização sistemático e previsível. Mesmo com a incorporação de critérios de “aversão ao risco” (por meio da CVaR - Conditional Value at Risk), a operação preconizada pelos modelos oficiais continua proporcionando resultados insatisfatórios.
Estas imperfeições dos modelos acabam prejudicando a operação e a expansão do setor elétrico.
É fundamental aprimorar a forma de se abordar o planejamento e operação. Um dos caminhos é a implementação cuidadosa e planejada do despacho com base em lances de oferta dos geradores em leilões diários - como é feito nos mercados de energia no resto do mundo. Aliás, esta nova forma de definição da ordem de despacho diário daria autonomia aos geradores para a otimização de suas operações com base nos seus próprios modelos computacionais, medida que aceleraria o avanço técnico em área que tem muito espaço para evoluir.
Mas o problema não se deve somente às limitações dos modelos. O fato é que uma parcela crescente da geração não está mais sob controle do ONS: apenas 25% da capacidade instalada no setor elétrico é plenamente controlável, sendo 75% “inflexível” por diversas razões: 1- por serem fontes não controláveis (geração eólica, solar, termelétricas a biomassa e pequenas centrais elétricas); 2- por imposições contratuais no suprimento de combustível de termelétricas (“take-or-pay”); 3- por restrições físicas das hidrelétricas a fio d’água; e 4- por restrições impostas às hidrelétricas com reservatórios de regularização em função de outros usos dos recursos hídricos.
A fim de obter mais flexibilidade de imediato, o governo emitiu a Medida Provisória (MPV) 1.055, que permite, acertadamente, o relaxamento das restrições hídricas impostas às hidrelétricas “em caráter excepcional e temporário”. No entanto, é importante que seja feita o quanto antes uma avaliação mais estrutural do custo-benefício destas restrições hídricas para se determinar até que ponto elas são justificáveis da perspectiva do interesse público.
A MPV 1.055 também autoriza a contratação com “procedimentos competitivos simplificados” que, embora possa amenizar a crise do momento, é o tipo de medida que tende a prejudicar o consumidor nos anos subsequentes.
Também buscando proporcionar maior flexibilidade ao sistema no futuro, instituiu-se este ano a possibilidade de contratação de “reserva de capacidade” (Lei 14.120, originada da MPV 998). No entanto, mesmo antes da realização do primeiro Leilão de Reserva de Capacidade (Portaria MME 518/2021), os parlamentares já desvirtuaram o conceito de “reserva”, impondo, por meio de emendas à MPV 1.031 que trata da desestatização da Eletrobras, a contratação de 8 GW de geração termelétrica inflexível neste novo regime. Esta deturpação do conceito de reserva de capacidade elevará custos e não proverá o tipo de recurso de que o sistema precisa.
É preciso tomar cuidado para que no afã do momento não sejam tomadas medidas que acabam semeando os problemas da próxima safra.
Claudio Sales e Richard Hochstetler são do Instituto Acende Brasil.
Fonte e Imagem: Valor Econômico.
Veto presidencial pode corrigir problemas no texto que abre capitalização da Eletrobras.
Trabalhadores instalam painéis solaresScience in HD/Unsplash.
O processo legislativo brasileiro oferece alternativas para o aperfeiçoamento de projetos de lei, valendo-se de mecanismos que se contrapõem para criar um equilíbrio de forças. Além dos filtros das comissões temáticas –Constituição e Justiça, Meio Ambiente, Assuntos Econômicos etc.– e dos debates e votações em plenário, as emendas parlamentares oferecem a possibilidade de ajustes.
Por outro lado, como a construção das leis é um processo humano realizado por inúmeras mãos, esse ferramental pode, ocasionalmente, provocar desajustes. Na cultura política brasileira, despropositadas emendas aos projetos de lei ganharam o apelido de jabutis, em alusão ao dito popular: “Jabuti não sobe em árvore; se lá está, é porque alguém o colocou”. Caso um jabuti passe pelas votações na Câmara e no Senado, o veto presidencial é um meio de correção.
Durante a tramitação no Congresso Nacional, a Medida Provisória para a privatização da Eletrobrás (MP 1031/2021) recebeu uma série de emendas jabutis. Uma dessas ressuscitou a proposta de contratação de termelétricas a gás natural –tema que havia aparecido na tramitação da nova Lei de Gás (Lei nº 14.134/2021), mas foi devidamente rejeitada, ainda no Congresso, em 2019. O objetivo é obter 8 GW de potência instalada, até 2030, para substituir usinas térmicas que serão descontratadas no período de 2026 a 2027.
Há 2 pontos a serem considerados: um deles é o peso que a contratação compulsória dessas usinas terá na conta do consumidor (especialistas preveem mais de 7% de aumento até 2030); o outro diz respeito ao que queremos para o futuro energético do país, já que existem fontes renováveis abundantes, com custos extremamente competitivos, perfeitamente capazes de compensar os 8 GW de térmicas descontratadas.
Adicionalmente, há incontáveis benefícios ambientais, sociais e econômicos característicos das fontes renováveis que, além de mais baratas, são as que mais produzem empregos e alimentam o processo de uma retomada verde, fundamental para recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento.
O custo da energia vem crescendo consideravelmente e tornou-se um dos principais fatores de peso para a inflação. O aumento de 52% no valor da bandeira vermelha –patamar 2, o adicional tarifário mais alto do sistema de bandeiras, terá grande impacto no bolso dos brasileiros.
A previsão é que esta famigerada bandeira vermelha 2 continue pressionando o orçamento das famílias até dezembro. Não é justo empurrar para o consumidor mais um ônus, referente à contratação de usinas térmicas de forma questionável, introduzida às pressas em uma MP que nada tem a ver com isso.
A hora, agora, é de buscar alternativas que possam contribuir com a segurança energética de forma rápida, sustentável e com investimento privado, como as formas de GD (geração distribuída). Com o barateamento dessas tecnologias ao longo dos últimos 10 anos, os sistemas de minigeração e microgeração solares (fotovoltaicos), eólicos, de biomassa e as PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) estão mais acessíveis para o cidadão e para pequenas e médias empresas. Seus proprietários tornam-se “prossumidores”: passam a integrar o sistema produzindo a própria energia de forma distribuída e injetando o excedente na rede de distribuição.
Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Brasil conta com mais de 6 GW em geração distribuída, o suficiente para atender cerca de 9 milhões de habitantes. A ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), em parceria com o Inel (Instituto Nacional de Energia Limpa), identificou medidas que podem levar ao acréscimo de novos 10 GW, em apenas 2 anos. Sim, mais que os 8 GW de térmicas que serão desligadas. E, nesse caso, com fontes limpas!
O ponto de partida é a aprovação do marco legal da geração distribuída (PL 5829/19), trazendo segurança jurídica para o setor. O Decreto Federal 5.163/2004 deve sair da gaveta, determinando a imediata chamada pública, pelas distribuidoras, para a contratação de empreendimentos de GD de até 10% da carga de energia, em cada área de concessão. As demais ações estão detalhadas no Programa GD+10 GW, cujo texto tem apoio de outras entidades.
Há tempo para tirar o jabuti do caminho, via veto presidencial. É possível centrar esforços em soluções de implementação mais ágil e econômica, evitando o vício de optar por projetos centralizadores de grande porte e dependentes de obras caras e de difícil conclusão.
Fonte: Poder 360.
Imagem: Leonardo Energy Brasil.
Tarifaço ou queda da economia são dois caminhos que podem ser vistos a depender das decisões do governo quanto ao rumo a ser tomado no combate à escassez de água nos reservatórios.
A crise hídrica traz um dilema para o governo federal: impacto tarifário ou impacto na economia. Essa é a avaliação do ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética e atual Professor Titular da COPPE-UFRJ, Maurício Tolmasquim. A atual conjuntura é crítica com os níveis de reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste em um volume muito baixo. Mas, ele acredita que o país pode passar por esse momento em decorrência de uma estrutura mais robusta do setor elétrico brasileiro.
“A dúvida que vemos é qual é o menor impacto, um tarifaço com choque de preços que afeta a economia de uma forma ou a restrição de consumo compulsório que também afeta a economia?”, questiona Tolmasquim em entrevista à Agência CanalEnergia. Segundo ele, se houver uma redução do consumo este será bem menor do que o visto em 2001, no máximo entre 3% a 4% ante os 20% de duas décadas atrás.
A explicação é simples, naquele período havia muita ineficiência a ser combatida. Desde então os consumidores em geral reduziram esses espaços e que hoje está bem reduzido na comparação com aquele período. A ação mais emblemática, lembra, foi a troca de lâmpadas que naquela época consumiam muito mais do que as atuais.
Outro fato que Tolmasquim relaciona como diferente de duas décadas atrás é a dimensão do sistema elétrico nacional. Lembra que de setembro de 2020 a maio de 2021 a energia natural afluente ficou 33% menor que a média histórica dos 91 anos de medições.
“Estamos com bons reservatórios no Norte, Sul e Nordeste. Mas o problema está no Sudeste/Centro-Oeste que é onde está nossa grande capacidade de geração hidrelétrica, está muito baixo”, destaca. “Contudo, a situação é distinta entre 2001 e 2021 porque hoje o sistema elétrico é mais resiliente”, aponta.
Ele cita entre outros dados o aumento da capacidade de geração 133% maior quando comparada a 2001. Aumento da diversificação das fontes e redução da participação das UHEs. E ainda, o crescimento da capacidade da transmissão de energia entre os submercados, na rota entre o Sul e o Sudeste foi de 61%, mas o destaque ficou para a interligação entre Norte e o Nordeste com o Sudeste. Hoje, conta, está em 14 vezes mais quando se olha para 2001.
Além de atribuir a situação atual à escassez de chuvas houve um outro erro cometido, o desligamento de térmicas ou não acionamento das centrais que estavam disponíveis para que fosse possível a recuperação dos reservatórios ante a baixa hidrologia. Em suas palavras, a aposta em São Pedro não deu certo. Contudo, admite que entende a consideração feita, pois sempre se procura pelo menor custo para a geração de energia.
Como efeito agora temos que despachar toda a capacidade de térmicas e mesmo assim os reservatórios estão baixando. Segundo Tolmasquim, se o ONS conseguir aplicar todas as manobras que estão sendo planejadas e o reservatório no SE chegar a 10,3% conforme esperado, ainda assim será muito menos do que em 2001, ano do racionamento quando o nível estava em 23% nessa região. Se esse índice for alcançado, destaca que algumas usinas terão dificuldades em operar.
“Mesmo assim, acredito que não tenhamos racionamento, sabemos que há um custo político grande”, destaca. “Com a MP 1055 temos as medidas autorizadas como a eventual vende de energia no horário de ponta, contratação emergencial de capacidade. A conta sairá muito cara e sem a certeza de que o risco estará afastado”, avalia.
Mas diz que dentro das possibilidades do que pode ser feito nesse momento as medidas estão sendo tomadas. De qualquer forma projeta que o sistema elétrico chegará ao final do ano com uma grande dependência do próximo período chuvoso.
Se não acredita no racionamento, Tolmasquim lembra que o país pode não estar imune a apagões e blecautes em horário de ponta, pois com os reservatórios mais baixos há menos potência disponível. Para ele, há um risco, não a certeza de que ocorrerá. Outra preocupação é com possíveis falhas na transmissão uma vez que na busca por maximizar a transferência de energia os ativos ficam mais suscetíveis a desligamentos por conta de flexibilizações.
Fonte: Canal Energia.
Imagem: BRK Ambiental.
PCH Bela Vista é o mais recente empreendimento do gênero inaugurado no Paraná.
Com baixo custo de instalação e menor impacto ambiental, se comparadas às grandes usinas, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e as Centrais Geradoras Hidráulicas (CGHs) vêm ganhando espaço no sistema elétrico nacional. Apesar de um enorme potencial em estados como o Paraná, a participação delas ainda é tímida no bolo nacional: respondem por 3,5% da matriz energética brasileira. Uma fatia do mercado que tende a crescer em ritmo acelerado.
Pela classificação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma Pequena Central Hidrelétrica tem potência instalada entre 1 e 30 Megawatts (MW) e uma Central Geradora Hidráulica tem potência de 1 a 5 MW. Por serem de pequeno porte, não alagam grandes áreas e podem ser construídas em rios com menor vazão e em menos tempo.
O Paraná é um dos estados com maior potencial nessa área. É o terceiro estado brasileiro em recursos hídricos, ficando atrás de Goiás e Minas Gerais, mas explora apenas 20% da sua disponibilidade. Com os grandes rios já explorados e sem mais espaço para grandes usinas, são agora as pequenas que avançam no estado.
“O potencial é muito grande. O desafio é dizer para o empreendedor: vamos usar, mas vamos cuidar da melhor forma possível’’, diz o diretor presidente do Instituto de Terra e Água (IAT), Everton Souza. Segundo ele, há cerca de 300 pedidos de PCHs e CGHs a serem analisados para que esses empreendimentos aconteçam com o menor impacto possível.
“Desde 2019, autorizamos cerca de 84 empreendimentos. Alteramos diversos projetos para potência menor para impactar menos. O empreendedor não faz o que quer e a análise não se restringe à água e ao reservatório, mas também à fauna e à flora e todo o entorno. Se o índice de degradação ambiental for elevado, o empreendimento não é autorizado. E para os que são autorizados é preciso haver as devidas compensações”, explica Souza.
PCHs e CGHs são mais longevas e com menor pegada de carbono.
O presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (ABRAPCH), Pedro Dias, diz que as PCHs e CGHs são as mais longevas em geração de energia e as de menor pegada de carbono.
“Nessas pequenas usinas tem sido feito um trabalho importante de recuperação das matas ciliares das nascentes até os reservatórios, com aumento na disponibilidade de água em torno de 10% e o reaparecimento de animais, como onças, no entorno, comprovando a conversação dessas áreas.
De acordo com dados da Aneel, o Paraná tem 68 Centrais Geradoras Hidráulicas, com 82 megawatts de geração, e 32 Pequenas Centrais Hidrelétricas, que geram 380 MW. Há outras 21 unidades em processo final de licenciamento, que devem entrar em operação nos próximos meses, gerando mais 250 megawatts.
“Temos espaço para a geração de mais 1800 megawatts, com a criação de 100 mil empregos diretos e 300 mil indiretos – na construção da usina e na operação. Esses novos empreendimentos totalizam R$ 14 bilhões de investimentos, sendo todos de fonte privada”, informa Pedro Dias.
O mais recente no Paraná é Pequena Central Hidrelétrica Bela Vista, cuja primeira unidade geradora entrou em operação neste mês de junho, com geração de 30 MW. A usina pertence à Copel e está instalada no Rio Chopim, entre os municípios de Verê e São João, no Sudoeste do Paraná. O investimento na mais nova hidrelétrica da Copel foi de R$ 224 milhões e a energia gerada vai abastecer 100 mil pessoas.
Impacto ambiental pode não ser pequeno.
Para o promotor de Justiça Leandro Algarte, coordenador do Núcleo de Recursos Hídricos do Ministério Público do Paraná, apesar de ser um empreendimento de menor porte e às vezes sem barramento, jamais se pode abrir mão de uma avaliação integrada do rio e da bacia hidrográfica. “Enquanto órgão fiscalizador acompanhamos de perto esses empreendimentos e sabemos que eles também podem impactar a fauna aquática”, adverte.
O professor de Direito Ambiental da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Robertson Fonseca de Azevedo, que é doutor em ecologia de rios, diz que o impacto ambiental de uma Pequena Central Hidrelétrica ou de uma Central Geradora Hidráulica num pequeno rio é proporcionalmente igual ao impacto de uma grande usina num rio de grandes proporções. “É transformar um rio num lago, ou seja, a mesma coisa que transformar uma floresta num gramado”, compara.
O deputado estadual Goura (PDT) classifica como temerário o avanço das Pequenas Centrais Hidrelétricas e das Centras Geradoras Hidráulicas. Segundo ele, nem as que já estão em operação passaram por uma análise sistêmica dos impactos. “Não há uma escuta da ciência e nem considerações mais aprofundadas dos órgãos ambientais. Pelo contrário, se fala sobre as PCHs e CGHs como se fossem sinônimo de progresso e recursos para o estado e que trariam benefícios para os paranaenses, mas não é o que ocorre”, diz o parlamentar.
De acordo com Goura, os impactos ambiental e social são enormes. “Tem esse adjetivo de ‘pequena’ e isso gera uma ilusão. O impacto não é pequeno”, pontua. O deputado acrescenta que há muitos empreendimentos dessa natureza espalhados pelo Paraná e eles ocorrem de forma permissiva por parte dos órgãos ambientais. “Eles deveriam colocar um freio e ter um olhar mais criterioso sobre a forma como esses empreendimentos estão acontecendo”, critica.
Crise hídrica revela urgência da diversificação da matriz energética
As Pequenas Centrais Hidrelétricas e as Centrais Geradoras Hidráulicas podem contribuir com a diversificação da matriz energética brasileira, segundo o professor doutor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Clodomiro Unsihuay-Vila.
“O Brasil precisa continuar diversificando sua matriz energética para não ficar dependente apenas das grandes hidrelétricas e sofrer o risco de apagão em situação de crise hídrica como a que vivemos”, observa o professor. “A situação de poucas chuvas e seca deixou de ser uma exceção e se tornou uma regra, vemos isso há uma década”, pontua.
Segundo ele, se a matriz brasileira fosse diversificada, o país não precisaria agora acionar as termoelétricas, que deveriam ser o último recurso a se recorrer por serem altamente poluentes e caras.
Para professor, as PCHs e CGHs, fazem parte dessa diversificação e são importantes em períodos de muita seca. “Elas não precisam estocar grandes volumes de água e aproveitam as pequenas vazões dos rios”, explica. “A falta de chuva impacta muito mais as grandes usinas do que as pequenas”, diz, reforçando que as PCHs e CGHs são fundamentais na geração complementar de energia ao lado de outras fontes, como eólica, que hoje responde por 10% da matriz energética nacional e a solar, com participação de apenas 2%.
Fonte: Gazeta do Povo.
Imagem: Copel.
Tudo indica que o pior regime hidrológico em 91 anos é um problema que parece ter vindo para ficar.
Transparência e comunicação adequada, transparência e comunicação adequada, transparência e comunicação adequada. Esse binômio deveria ser perseguido à exaustão, pelo governo Jair Bolsonaro, no enfrentamento da crise hídrica que fez reaparecer o fantasma de um novo racionamento de energia, duas décadas após a experiência de 2001. Os reservatórios das usinas hidrelétricas no subsistema Sudeste/ Centro-Oeste devem chegar ao fim de julho abaixo do volume armazenado naquele ano, com só 26,6% de sua capacidade máxima e os piores meses de estiagem ainda pela frente.
Na terça-feira, o governo publicou a MP 1.055, medida provisória que dá plenos poderes à Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg) para mudar vazões em rios importantes para a segurança do sistema, sem a necessidade de aval do Ibama e da Agência Nacional de Águas (ANA), que normalmente decidem sobre o assunto. Diante do agravamento da situação, foi uma medida acertada. Também foi positiva a retirada de menção, inserida em minuta da MP, à “racionalização compulsória” do consumo. O termo é estranho do ponto de vista técnico - fala-se em racionalização como ato voluntário e racionamento como ato compulsório - e só criava incertezas. Cabe agora impedir que a análise do texto pelo Congresso Nacional abra mais um balcão de atendimento dos lobbies no setor elétrico.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já exibiu seus planos até a volta das chuvas. Está previsto o acionamento de praticamente todo o parque térmico, atingindo 20 mil megawatts (MW) em novembro, mas a pergunta frequente é se essas usinas terão disponibilidade para operar como o desejado. A Petrobras deve paralisar para manutenção, por 30 dias, a plataforma de Mexilhão e o gasoduto Rota 1, que escoa gás natural produzido no pré-sal da Bacia de Santos. Algumas térmicas serão interrompidas. Pampa Sul e Candiota 3, duas usinas movidas a carvão que totalizam 695 MW de potência, também devem fazer paradas para serviços no auge do período seco.
Aplicadas todas essas premissas, o ONS diz que não haverá necessidade de racionamento neste ano, mesmo com um atraso no reinício da temporada de chuvas. O operador admite, no entanto, que o equilíbrio entre oferta e demanda será bastante apertado: novembro teria uma folga de apenas 3,3 mil MW no balanço energético. Uma margem tão pequena deixa o sistema mais vulnerável a imprevistos, como restrições nas linhas de transmissão e desligamentos súbitos de alguma máquina geradora. Isso pode resultar em blecautes, já que a reserva operativa torna-se menor.
Na tentativa de evitar apagões, o Ministério de Minas e Energia tem discutido com grandes consumidores industriais um incentivo ao deslocamento da produção para fora dos horários de ponta. Já se passaram algumas semanas desde o início das conversas, porém, sem que haja detalhamento de como funcionaria esse estímulo. A tarifa branca, criada em 2018 para induzir residências e comércio a reduzir seu consumo, teve adesão pífia. Em três anos, apenas 57 mil unidades consumidores - menos de 0,1% do universo potencial - pediram para entrar nessa modalidade, que prevê desconto tarifário a quem consome fora das horas-pico.
O ministro Bento Albuquerque fez um pronunciamento, em rede nacional, para explicar a gravidade do quadro e pedir aos brasileiros que ajam responsavelmente. Mas as palavras de Albuquerque, bem como as peças publicitárias do governo, ainda são tímidas na comunicação dos fatos. Ao mesmo tempo, a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou reajuste das bandeiras tarifárias em percentual inferior ao recomendado pela área técnica. Por mais que seja menos danoso para os índices de inflação, não reflete, da forma mais transparente, o custo atual da geração térmica e o grau de preocupação com o volume dos reservatórios.
Convém, ainda, não transmitir a impressão de que o pior regime hidrológico em 91 anos, apesar de um evento extremo, é algo isolado e dissociado das mudanças climáticas em curso. É um problema que parece ter vindo para ficar. Como demonstrou o Valor (22/3), entre 2016 e 2020, a água que chega às represas de hidrelétricas como reflexo das chuvas tem ficado permanentemente abaixo da média histórica registrada pelo ONS: 85,6% no Sudeste/Centro-Oeste, 49,3% no Nordeste, 88,4% no Sul e 76,2% no Norte. Chegou a hora de incorporar os efeitos do aquecimento global na operação do sistema e investir urgentemente na recomposição de matas que protegem nossas bacias hidrográficas.
Fonte: Valor Econômico.
Imagem: Portal Tratamento de Água
Representantes do setor de geração de energia aprovam criação de comitê para enfrentamento da crise, mas aguardam que ministério convoque os players do setor para colher mais sugestões.
Depois que o governo anunciou a criação da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg) com poderes de ações emergenciais em resposta à pior crise hídrica da história, diversas entidades que representam os geradores de energia aprovaram a medida e já se mobilizam para dar suporte no momento mais crítico.
O presidente da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mário Menel, avalia que as medidas tomadas pelo governo são corretas, mas o Brasil está numa espécie de voo cego em que não é possível ter previsões assertivas se o país dará conta da demanda de carga.
“Temos recursos energéticos no sistema pelo menos no papel. Porém muito desses recursos acabam não estando disponíveis. Você tem garantia física de usinas que não estão performando essa garantia, térmicas que estão sendo chamadas a despachar e não estão disponíveis, tem restrições ambientais para uso múltiplo da água”, diz Menel.
Tal situação teve impacto direto sobre a bandeira tarifária e já ameaça até a retomada do crescimento. O diretor-presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), Xisto Vieira Filho, avalia que as térmicas estarão mais presentes na matriz e operando na base. “As térmicas num sistema predominantemente hidrelétrico elas não operam na base, operam com cerca de 50% do tempo e só as gerações de custo variável mais baixo”.
Na Associação Brasileira de Geradores de Energia Limpa (Abragel), o presidente executivo Charles Lenzi elogiou as medidas que o ministério adotou. De acordo com ele, a criação da Creg mostra que o governo está organizado para o enfrentamento da crise. “A iniciativa é importante, porque escala em termos de importância um grupo dentro do governo que vai focar em um assunto extremamente relevante para o país”, afirma. Entretanto, Lenzi chama a atenção para o alto número de emendas que a MP que trata do assunto recebeu dos parlamentares, o que vai demandar avaliações e desdobramentos. Segundo ele, é preciso aguardar as ações que serão propostas pela Creg.
Sugestões e propostas.
O governo espera um compromisso voluntário dos grandes consumidores industriais de energia elétrica, a partir de um programa de racionalização que reduza as pressões pelo lado da demanda no momento mais crítico da crise hídrica e alguns setores até já demonstraram interesse na adesão, todavia a proposta precisa de simplificação.
O Ministério de Minas e Energia (MME) vem recebendo uma série de sugestões de enfrentamento da crise. O Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), que é presidido por Mário Menel, enviou algumas propostas e sugestões ao Ministério de Minas e Energia (MME) a fim de adaptar as regras à necessidade atual. “Fizemos uma proposta inicial com diretrizes, porque o programa que está instalado é muito complexo e tem que ter algumas simplificações”, diz. Ele acrescenta que é preciso haver uma premiação adequada a esse momento de crise e que essa resposta pelo lado da demanda viria com o melhor entendimento dos interessados.
Da mesma maneira, a Absolar também apresentou ao MME propostas para aliviar crise hídrica. Entre as demandas está a redução na burocracia para projetos fotovoltaicos em residências e empresas e aumento de contratação da fonte nos leilões de energia do Governo Federal.
O que os agentes aguardam é que o ministro Bento Albuquerque convoque todos os envolvidos do setor para discutir a crise hídrica e colher mais sugestões. Na Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), também houve aprovação para a MP, todavia o presidente do Conselho da associação, Guilherme Chrispim, aguarda mais definições sobre a autonomia da Creg.
Para ele, deve-se questionar por que a situação hídrica chegou a esse ponto, uma vez que sinais vinham sendo emitidos ao longo do tempo. “Talvez estejamos olhando para essa problemática um pouco atrasados”, avisa.
Caso os prazos estabelecidos nas regras atuais estivessem sendo cumpridos pelas distribuidoras, a contribuição da GD poderia ser ainda maior para o sistema nesse momento de crise. Segundo Chrispim, muitos projetos de GD entre 1 MW e 2 MW estão parados há meses por conta da demora na ação das distribuidoras. “Projetos estão parados por questões burocráticas”, alerta.
Energia nova.
Na análise de Xisto Vieira, da Abraget, essa é uma situação que poderia ter sido melhor equacionada no passado, já que crises, como a que estamos vivendo, vêm se repetindo no contexto brasileiro, como em 2001, 2008, 2014 e agora. Na avaliação do executivo, isso exigirá a necessidade de um montante maior de geração térmica para o futuro. “Mas isso foi reconhecido pelo governo através da MP da Eletrobras quanto ao estabelecimento do leilão de capacidade”, diz ao se referir aos 8 GW de térmicas a gás da MP que deverão substituir usinas mais caras.
Xisto lembra que a geração térmica hoje está cerca de ¼ do reservatório de maior porte do Sudeste, o equivalente a um armazenamento de 53 GW/mês e por isso o consumidor vai ter que conviver com uma tarifa um pouco maior. “Se tivéssemos para operar em base uma porção de térmicas de Custo Variável Unitário (CVU) baixo, como as que estão sendo preconizadas, nós teríamos um custo menor”, diz.
O alento é que no período seco que se inicia também a safra dos ventos e a geração eólica pode dar um sopro de esperança. Nas crises passadas, como em 2012, por exemplo, as eólicas já estavam presentes na realidade brasileira, mas o gargalo era nas linhas de transmissão e elas puderam contribuir pouco.
A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, diz que no atual contexto a possibilidade de racionamento é baixa porque a matriz está mais diversificada e grande parte dessa diversificação está associada a eólicas, que respondem por 10% da energia gerada.
“No segundo semestre, principalmente setembro e outubro, essa quantidade de geração aumenta e nós vamos chegar a atender 20% do Sistema Interligado Nacional (SIN)”, calcula. Gannoum acrescenta que hoje a fonte não tem mais problema com transmissão, já que todos os parques eólicos disponíveis têm linha e podem ajudar mais o sistema.
“Quando os técnicos sentam para conversar sobre a capacidade de atender o sistema, são três requisitos principais: chamar todas as térmicas para gerar, rezar para todas as eólicas gerarem bem e fazer a gestão do reservatório”, diz. Como São Pedro não tem colaborado com os reservatórios, as preces da executiva estão indo bem e ela espera que esse ano o Brasil saia dessa crise.
Uma outra fonte que poderia entrar no jogo e pender a balança para o lado da recuperação do sistema é a geração a partir de biomassa. Um levantamento feito pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e a União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica) mostrou que as usinas de cogeração a biomassa têm capacidade de gerar uma produção adicional de energia a curto prazo de 1,8 mil GWh ainda esse ano além dos contratos vigentes nos mercados regulado e livre.
Os dados apontam que essa energia adicional poderia vir de pelo menos 100 empreendimentos. “Só em 2022, poderíamos gerar o equivalente a uma hidrelétrica de 800 MW em capacidade instalada”, diz o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte.
2022
Para o ano que vem é preciso trabalhar para que os reservatórios não cheguem tão deplecionados em novembro, quando entra o período chuvoso. Soma-se que as estimativas positivas de crescimento do PIB colocam o Brasil de frente para um cenário de possível aumento da demanda energética.
“Temos que nos preocupar com o ano que vem também porque se o verão não vier forte e a gente entrar com os níveis de reservatórios como a gente está prevendo que vão deteriorar até novembro, a gente terá muita dificuldade em 2022. Aí, sim, teremos um problema grande, porque vai pegar a indústria em pleno desenvolvimento e sem energia”, diz Mario Menel.
Fonte: Canal Energia.
Imagem: InfoEscola
No mês em que todas as atenções se voltam às questões ambientais, gostaria de propor uma reflexão sobre o tema. Nossa sociedade está passando por uma transformação rumo a uma economia de baixo carbono, na qual o impacto dos negócios sobre todos os stakeholders passa a ser reconhecido como elemento central nas estratégias de geração de valor sustentável. O setor elétrico é um dos mais impactados nesta transição, na medida em que afeta a cadeia produtiva de toda a economia.
Impulsionados pelo Acordo de Paris, e por sociedades cada vez mais conscientes, governos e empresas têm definido metas de reduções de suas emissões e, para chegar lá, têm trabalhado para substituir as fontes de energia baseadas em combustível fóssil pelas renováveis.
Nunca se falou tanto em sustentabilidade e na importância das questões relacionadas ao meio ambiente, sociais ou de governança corporativa, como nos últimos tempos. Hoje, não existe uma reunião com públicos de relacionamento em que não se aborde uma agenda sustentável.
Estamos percebendo uma mudança muito acelerada no comportamento do consumidor. Os Millennials, que hoje têm entre 25 e 40 anos, com grande poder de decisão, tendem a consumir produtos e serviços de marcas que tenham compromissos assumidos com questões ambientais e sociais. Na era digital, em que a transparência é essencial, bons produtos e serviços, apenas, já não satisfazem mais. Além de inovação, para atrair e fidelizar este novo perfil de cliente, é necessário que a reputação das companhias reflita seus valores.
Dados mostram que, em 2019, quase um terço da população mundial pertencia à Geração Z (nascida entre 1997 e 2012), um público que tem se mostrado mais questionador e muito preocupado com as questões relacionadas às mudanças climáticas e justiça social, por exemplo. A tendência é que os clientes de amanhã responsabilizem e, principalmente, cobrem as empresas cada vez mais, pelos impactos que causam ao meio ambiente e, consequentemente, à sociedade.
Como empresa responsável, comprometida com a sustentabilidade dos negócios, estamos fazendo a nossa parte. Reduzimos nossas emissões de gases de efeito estufa em 47% entre 2016 e 2020 (de 1.062 tCO2 em 2016 para 561 tCO2 em 2020) e neutralizamos nossas emissões do ano passado. Agora, nosso próximo passo será positivá-las até 2025.
Nossa estratégia de negócios focada, exclusivamente, em fontes renováveis, hídrica, eólica e solar, caminhando cada vez mais para o equilíbrio e complementariedade entre elas, tem um impacto positivo para a descarbonização da matriz energética brasileira e, consequentemente, para os desafios quanto às metas da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC na sigla em inglês) apresentada pelo Brasil à United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), ou em português, Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. Constantemente, repensamos e criamos soluções relacionadas aos critérios ESG.
Estou convicta de que atuar de maneira sustentável traz às empresas um ciclo virtuoso de mitigação e gerenciamento de riscos, redução de impactos negativos, aumento do legado positivo e uso da inovação em prol de atividades sustentáveis, gerando mais valor aos negócios. Com isso, todos ganham: a sociedade, o meio ambiente e as empresas, com maior impacto positivo e longevidade, principalmente em um cenário em que tais práticas são acompanhadas, cada vez mais de perto, também pelos investidores.
*Clarissa Sadock é CEO da AES Brasil e porta-voz do ODS 7 (Energia Acessível e Limpa) da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.
Fonte e imagem: Exame
O Brasil possui uma matriz elétrica 83% renovável e de baixa emissão de gás carbônico. Mas pensando na segurança energética e num processo de transição, painelistas que participaram do evento Do Apagão à Transição, realizado pela MegaWhat nesta quinta-feira, 1º de julho, apontam que falta uma visão de futuro de onde se pretende chegar na matriz e consumo e mais adequada aos desafios internos.
A realidade de que temos uma matriz elétrica renovável é inegável, segundo Rui Chammas, CEO da ISA Cteep, mas pensando que não haverá a construção de grandes hidrelétricas no horizonte do planejamento, é necessário traçar o futuro, para continuar renovável, com baixo impacto social e ambiental, além de garantir a competitividade econômica.
“Mesmo tendo essa matriz renovável, baseada em hidrelétricas que tanto nos serve até hoje, se eu só investir em eólica e solar, como eu fecho uma equação para garantir energia de base estável e que o país continue sendo industrializado com confiabilidade no dia a dia? Isso que é absolutamente fundamental”, disse Chammas.
O executivo da transmissora ainda complementou que “o que nos trouxe aqui não nos levará mais adiante. Os desafios são outros”. A visão sobre o futuro da matriz foi compartilhada pelos demais painelistas, como Alexandre Uhlig, Diretor de Assuntos Socioambientais e Sustentabilidade do Instituto Acende Brasil.
Para Uhlig, o setor elétrico fez uma opção de não construir mais hidrelétricas com grandes reservatórios, optando pela flexibilidade do sistema. Isso significa, que quando não há os recursos naturais, as térmicas precisam ser acionadas. Mas mesmo com o acionamento de todas as termelétricas, a emissão do setor é muito menor do que outros segmentos, como da indústria e transporte.
Com a operação total do parque termelétrico, o diretor do Acende Brasil estima que as emissões passam de 20 milhões de toneladas de CO2 para cerca de 60 a 70 milhões de toneladas.
“Triplicamos, mas quando olhamos o todo, estamos falando de 2,5% a 3% (de emissões) para todas as usinas, no máximo 4% quando estávamos numa curva descendente de desmatamento. O Brasil está com uma visão das emissões de CO2 comparando a do setor elétrico da Europa. Nós precisamos olhar para o Brasil, porque temos problemas muito específicos, muito sérios, e estamos olhando para um problema que não é o nosso”, destacou Uhlig.
Ana Beatriz Mattos, superintendente de Novos Negócios na B3, concorda e explica que não existe uma receita exata para ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) e que a referência internacional nem sempre pode ser aplicada como uma solução única para diferentes países.
“Nosso problema não é só gerar energia limpa. Nosso problema é gerar energia limpa de uma forma que tenha menos impactos ambientais e que também leve energia para grande parte da população, ou de toda a população, que seria o ideal e é o que todos queremos”, disse Mattos.
Por isso, para ela, é importante avaliar qual a intencionalidade das ações que estão sendo tomadas em ESG, quais os objetivos finais, e não esperar que elas partam apenas dos reguladores, governo ou das empresas. “E isso está sendo requerido de todos nós, das empresas, e na pessoa física também. O importante aqui, além do que é a nossa dotação inicial, é qual a intenção que temos e o que queremos fazer disso”, completou a executiva.
Fonte: MegaWhat
Imagem: Agência CMA
Movimento traz atenção para metas de emissões zero. Fonte é considerada fundamental para transição.
De acordo com um novo relatório da Agência Internacional de Energia, o crescimento das hidrelétricas no mundo deve desacelerar significativamente nesta década, colocando em risco as ambições de países em todo o mundo de atingir emissões líquidas zero, garantindo suprimentos de energia confiáveis e acessíveis para seus cidadãos.
A energia hidrelétrica tem um papel fundamental na transição para energia limpa, não apenas por meio das enormes quantidades de eletricidade com baixo teor de carbono que produz, mas também por causa de suas capacidades incomparáveis de fornecer flexibilidade e armazenamento. Muitas UHEs podem aumentar ou diminuir sua geração de eletricidade muito rapidamente em comparação com outras usinas, como nuclear, carvão e gás natural. Isso torna a energia hidrelétrica sustentável uma base atraente para integrar maiores quantidades de energia eólica e solar, cuja produção pode variar, dependendo de fatores como o clima e a hora do dia ou do ano.
Ainda segundo a AIE, a expectativa é que a capacidade hidrelétrica global aumente 17% entre 2021 e 2030 – liderada pela China, Índia, Turquia e Etiópia – de acordo com o Hydropower Special Market Report, parte da série de relatórios do mercado de energias renováveis da AIE. No entanto, o crescimento projetado para a década de 2020 é quase 25% mais lento do que a expansão da energia hidrelétrica na década anterior. Em 2020, a fonte forneceu um sexto da geração global de eletricidade, tornando-se a maior fonte de baixo carbono – e mais do que todas as outras renováveis combinadas. A produção aumentou 70% nas últimas duas décadas, mas sua participação no fornecimento global de eletricidade se manteve estável devido ao aumento da eólica, solar, gás e carvão.
Reverter a desaceleração esperada exigirá uma série de ações dos governos para enfrentar os principais desafios que estão impedindo a implantação mais rápida da fonte, segundo o relatório. As medidas incluem fornecer visibilidade de longo prazo sobre as receitas para garantir que os projetos hidrelétricos sejam economicamente viáveis e suficientemente atraentes para os investidores, ao mesmo tempo que garantem padrões de sustentabilidade robustos.
O relatório especial da IEA é o primeiro estudo a fornecer previsões globais detalhadas para 2030 para os três principais tipos de energia hidrelétrica: reservatório, fio d’água e instalações de armazenamento bombeado. Cerca de metade do potencial economicamente viável da energia hidrelétrica em todo o mundo está inexplorado, e esse potencial é particularmente alto nas economias emergentes e em desenvolvimento, onde chega a quase 60%. Com base nas configurações de política de hoje, a China deve permanecer o maior mercado de energia hidrelétrica até 2030, respondendo por 40% da expansão global, seguida pela Índia. A participação da China nas adições da fonte tem diminuído devido à disponibilidade decrescente de locais economicamente atraentes e às crescentes preocupações com os impactos sociais e ambientais.
Se os governos enfrentarem os obstáculos para uma implantação mais rápida de forma adequada, as adições de capacidade hidrelétrica global poderiam ser 40% maiores até 2030 com o desbloqueio dos dutos de projeto existentes, de acordo com o caso acelerado apresentado no relatório. Mas para colocar o mundo em um caminho para emissões líquidas zero até 2050, conforme estabelecido no recente Roteiro Global da IEA para Zero Líquido até 2050, os governos precisariam aumentar seu nível de hidrocarbonetos.
Fonte: Canal Energia
Imagem: TripAdvisor
Para presidente do CA da CCEE, essas melhorias têm um custo muito baixo em comparação com a implantação de novas plantas energéticas e contribui para a segurança energética.
O presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, afirmou que o Brasil tem um espaço muito grande para repotenciação de usinas hidrelétricas a um custo muito baixo.
Na avaliação de Altieri, mesmo com o avanço da geração a partir das fontes eólica e solar, os ativos hídricos continuarão por bastante tempo a ter participação relevante na matriz elétrica brasileira, o que exigirá melhor aproveitamento e flexibilidade do parque gerador disponível.
Segundo Altieri, essas melhorias têm um custo muito baixo em comparação com a implantação de novas plantas energéticas e contribui para a segurança energética. “Temos um grande espaço para repotenciação de usinas hidrelétricas. Fizemos um levantamento e usinas que não se viabilizaram com a energia agora vão se viabilizar com esse leilão de capacidade e dar uma contribuição para a segurança do sistema no momento de maior precisão”, diz o executivo, que participou de evento on-line promovido pela Megawhat nesta quinta-feira, 30 de junho.
Isso porque a expansão do sistema atualmente está fortemente assentada nas fontes solar e eólica. “Não estamos construindo grandes hidrelétricas. Hoje no Brasil temos apenas uma hidrelétrica em construção, que é São Roque”.
Fonte: Canal Energia
Imagem:EcoPlanet Energy
30 Ao total os lances levaram a Receita Anual Permitida ofertada a R$ 95,25 milhões, deságio de 48,12% ante o valor máximo permitido de R$ 183,6 milhões. O certame foi marcado ainda pela EDP que ficou com o maior lote e a entrada de uma nova transmissora de origem chinesa, no Lote 2.
Veja o resumo dos vencedores abaixo:
Lote 1
Vencedora: EDP
Oferta: R$ 38.621.000,00
Deságio: 36,59%
• LT 230 kV Abunã – Rio Branco, C3;
• SE 230/69 kV Tucumã;
• Trechos de LT 230 kV entre a SE Tucumã e a LT 230 kV Abunã – Rio Branco, C2.
Lote 2
Vencedora: Shanghai Shemar Power
Oferta: R$ 30.078,335,00
Deságio: 51,39%
• LT 345 kV Venda das Pedras – Sete Pontes, C1 e C2, CD;
• LT 345 kV Comperj – Venda das Pedras, C1;
• SE 345/138 kV Sete Pontes
Lote 3
Vencedora: MEZ Energia
Oferta: R$ 12.515.185,15
Deságio: 55,35%
• SE 500/138 kV Cuiabá Norte;
• Trechos de LT 500 kV entre a SE Cuiabá Norte e a LT 500 kV Jauru – Cuiabá, C2.
Lote 4
Vencedora: Energisa
Oferta: R$ 4.094.777,00
Deságio: 62,8%
• SE 230/138 kV Gurupi – novo pátio em 138 kV e transformação 230/138 kV.
Lote 5
Vencedora: MEZ Energia
Oferta: R$ 9.939.767,09
Deságio: 54,35%
• SE 230/88 kV Dom Pedro I;
• Trechos de LT 230 kV entre a SE Dom Pedro I e a LT 230 kV São José dos Campos – Mogi das Cruzes, C1;
• Trechos de LT 88 kV entre a SE Dom Pedro I e a LT 88 kV Mairiporã – Jaguari C1 e C2.
Fonte: Canal Energia
Imagem: Soluti Responde
Texto da medida é classificado como genérico e gera dúvidas ao não estabelecer limites e caminhos a serem trilhados durante a sua vigência.
A MP 1055, editada na noite da segunda-feira, 28 de junho, pelo governo federal foi considerada como um passo que traz mais agilidade na hora da tomada de decisão quanto aos caminhos da crise hídrica. Não ter a determinação específica de um programa de racionamento ou redução de consumo abre um precedente amplo e de insegurança por dar amplos poderes ao órgão que cria, a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg), que no final do dia pode tomar ações que ampliarão o custo da energia.
Segundo as fontes ouvidas, a avaliação não é unânime, mas todas comparam ao momento da criação de órgão equivalente em 2001, a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica – GCE. Outro ponto indicado é que dificilmente teremos racionamento, até pelas implicações políticas que isso pode trazer no próximo ano, mas consequentemente o custo da energia subirá.
Segundo o sócio do Madrona Advogados, Rodrigo Machado, a MP não trouxe nenhum ponto revolucionário como poderia se esperar. A liderança da CREG pelo ministro de Minas e Energia dá o tom que deverá ser o foco do governo, a geração de energia. Em outro destaque essa centralização de poder poderá levar a uma ingerência que pode culminar no futuro a uma conta maior de energia no futuro.
Outro destaque está na indicação da falta de clareza de pontos no texto no reconhecimento de custo decorrente da geração térmica a ser dada pela Aneel. A questão, afirma ele, está na falta de critérios para orientar esse reconhecimento. “Isso gera insegurança para o gerador hídrico”, resume Machado. “E no futuro ele pode ter mais dificuldades na hora de recuperar o reservatório, fica exposto ao PLD… todos os rebatimentos que isso traz ao setor elétrico. Tem espaço para uma potencial discussão jurídica no futuro”, argumenta.
Na análise de Urias Martiniano Garcia Neto, do escritório Tomanik Martiniano Sociedade de Advogados, a MP 1055 é um passo ruim, mas necessário para evitar o apagão. E ainda comenta que a tendência é de que o custo da energia deverá ser elevado ainda mais, porque permite a adoção de medidas emergenciais.
Para ele, o governo dificilmente decretará racionamento. O pronunciamento do ministro de Minas e Energia, em rede nacional, é uma prova disso. É uma questão política. “Seguimos um caminho tortuoso e perigoso sem racionamento, mas com custo alto. Não deveremos ter o racionamento mas aumentos consideráveis como temos tendo das bandeiras tarifárias”, avalia.
Segundo o advogado, essa MP formaliza o acompanhamento da crise hídrica pelo comitê apenas e não trata especificamente do tema, são apenas diretrizes.
Na visão de Raphael Gomes, do Lefosse Advogados, a análise comparativa entre as duas normas permite algumas conclusões iniciais. A primeira é de que a CREG possui funções mais de coordenação e diretiva do que a GCE, corroborando a análise de Neto, do Tomanik Martiniano.
A versão de 2001 possuía algumas atribuições específicas como, por exemplo, estabelecer e gerenciar programa de redução de consumo, bem como impor medidas diretamente para atenuar os impactos da crise energética.
Para ele, há dois fatores principais que explicam a diferença, o primeiro é a existência de um modelo de governança do setor elétrico organizado e com atribuições bem desenhadas e desempenhadas pelos órgãos e entidades integrantes. Em segundo, o momento de criação da CREG parece ser mais benéfico, pois ocorre em momento anterior a uma situação mais crítica pela qual o país possa entrar. Isso possibilita a implementação de ações emergenciais que sejam decididas pelo CMSE e de medidas que já vinham sendo estruturadas pelo governo, como a contratação de reserva de capacidade.
Já Larissa Rodrigues, gerente de Projetos e Produtos do Instituto Escolhas, tem uma visão diferente. A análise é de que a MP 1055 é pior que a de 2001. Ela argumenta que o fato dos membros dessa nova câmara serem os ministros de Estado mostra que a decisão estará concentrada na esfera política. Ela cita ainda a submissão do CMSE à CREG, o que pode tirar o componente técnico das decisões, bem como, tira o poder das agência reguladoras que deveriam atuar de forma imparcial ao governo federal.
“Essa MP tem um texto muito geral e não traz de fato nada sobre racionamento de forma explícita e por isso é preciso cuidado. As decisões estão todas em aberto”, comenta a executiva do Escolhas, que aponta para a possibilidade para a contratação de térmicas caras e que sobrará para o consumidor uma conta que ainda não é possível dimensionar.
Larissa lembra que essa crise e a perspectiva de aumento da conta vem em um momento crítico por conta da pandemia que vem na esteira de uma crise econômica com aumento da inflação, principalmente por conta da energia. “Essa MP mostra que não aprendemos com a crise de 2001 e 20 anos depois continuamos vendo a gestão por meio de medidas de exceção”, argumenta.
A executiva lembra que a crise vem um momento em que quando as empresas retomarem a atividade não encontrarão energia, um fator que retroalimenta a crise já citada. Para ela, o recado que o governo dá é de que não teremos energia para a retomada e sem energia não há empresa que decida por investir.
E aparentemente já há consumidores de energia que estão de olho no custo. Em seu pronunciamento o ministro citou que o governo está em busca de conversar com as empresas para deslocamento da demanda para horários fora da ponta. E segundo a diretora da Engenho, Leontina Pinto, já há consultas de clientes que estariam interessados em aderir ao programa de resposta da demanda.
Segundo ela, entre R$ 1,5 mil a R$ 2 mil por MWh, consumidores já têm mostrado disposição em desligar suas linhas de produção. O que pode ser uma notícia boa para o governo, pode não ser tão boa aos consumidores que terão que pagar a conta para a remuneração dessas empresas que aderirem ao programa.
Leontina lembra que a carga vem crescendo em um patamar mais elevado do que nos momentos de maior otimismo quanto a estimativa de expansão que é adotado para o planejamento do setor. Um exemplo é a previsão de crescimento da carga em 4,7% no mês de julho deste ano na comparação com 2020. No ano passado o consumo já havia se recuperado ante o impacto inicia das medidas de combate à pandemia. E cita que dentre as previsões meteorológicas uma que preocupa mais que a situação deste ano é para 2022, já que a tendência é de que o próximo verão, época de recuperação de reservatórios, seja mais seco que o normal.
Fonte: Canal Energia
Imagem: Correio Nogueirense.
Agência defende que o investimento como forma de permitir a redução no volume de emissões de gases causadores do efeito estufa.
Enquanto o Brasil vive a maior crise hídrica dos últimos 91 anos, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) defendeu que países voltem a investir em usinas hidrelétricas como forma de permitir a redução no volume de emissões de gases causadores do efeito estufa.
Em relatório divulgado nesta quarta-feira, a IEA espera que a capacidade de geração hídrica tenha aumento de 17% até 2030, impulsionada por países como a China, que acaba de inaugurar a segunda maior usina do mundo, Índia, Turquia e Etiópia.
Apesar da alta, o número é menor que o avanço de 25% registrado na década anterior. Segundo a IEA, a previsão é que a China responda por 42% do crescimento de capacidade hidrelétrica no mundo até 2030. Índia, Indonésia, Paquistão, Vietnã e Brasil vão responder por outros 21%.
Maior produtor de eletricidade do mundo a partir de hidrelétricas, o Brasil, que produz 60% da energia através das águas, terá participação tímida nesta década, aponta a agência.
A expectativa é que o aumento de capacidade, que será centrado em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), seja 92% menor que na década passada, quando foram inauguradas usinas na região Norte como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio.
A IEA cita redução de locais economicamente viáveis para abrigar novas usinas, necessidade de diversificação de fontes e preocupações ambientais.
O Brasil passa pela mais grave crise hídrica dos últimos 91 anos, o que tem levado a preocupações de um possível racionamento de energia em meio ao aumento dos preços.
Desde 2001, quando o Brasil foi forçado ao racionamento, o país vem diversificando suas fontes de geração, com maior investimento em termelétricas e fontes renováveis como solar e eólica, para reduzir a dependência das hidrelétricas.
"A energia hidrelétrica é o gigante esquecido da eletricidade limpa e precisa ser colocada de volta na agenda energética e climática se os países levarem a sério o cumprimento de suas metas de emissão zero", disse Fatih Birol, diretor-executivo da agência.
Ele continua: "As hidrelétricas trazem escala e flexibilidade para ajudar os sistemas elétricos a se ajustarem rapidamente às mudanças na demanda e para compensar as flutuações na oferta de outras fontes”.
Na última semana, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, também defendeu a volta dos investimentos de usinas hidrelétricas como forma de aumentar a segurança energética.
Fontes como eólica e solar, apesar de importantes, não trazem, segundo especialistas, segurança energética por não gerarem energia todo o tempo.
Polêmicas, as usinas hidrelétricas vêm enfrentando forte resistência ambiental na última década em especial em países como o Brasil.
Cerca de metade do potencial economicamente viável da energia hidrelétrica em todo o mundo é inexplorada hoje, diz a agência.
Em países em desenvolvimento, esse número chega a quase 60%. No ano passado, disse a agência, a energia hidrelétrica respondeu por um sexto da eletricidade.
Até 2030, a agência estima investimentos de US 127 bilhões em modernização de usinas hidrelétricas, abaixo dos US$ 300 bilhões necessários.
Fonte: Valor Econômico
Imagem: Wikipédia.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deu início a um processo de digitalização do trâmite para concessão de licenças a projetos de infraestrutura. O SAIP (Sistema de Avaliação de Impacto ao Patrimônio) permitirá que o empreendedor informe, via on-line, características de sua obra, obtendo resposta em poucos minutos. O órgão calcula que 70% dos projetos deixarão de passar por análise manual.
A ferramenta utiliza o georreferenciamento como base e faz o cruzamento de informações da base de dados do Iphan com os dados inseridos virtualmente pelo proponente. Até então, os dados eram enviados em formulários de papel às superintendências do órgão. O próprio sistema indicará a necessidade de realização de estudo de impacto ao patrimônio cultural no local da obra ou se a atividade está dispensada dessa exigência.
“O SAIP dialoga com o repositório do SICG [Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão], ele já existia, mas fizemos uma atualização. Muitos bens históricos não estão delimitados, mas criamos zonas de requisição de parecer”, explicou o coordenador-geral de licenciamento do Iphan, Roberto Stanchi, ao Valor. As “zonas” garantem parâmetros de distância de segurança, segundo Stanchi, gerando alertas de empreendimentos em regiões com maior registro ou possibilidade de incidência de bens históricos.
“Uma cidade tombada como Pirenópolis [Goiás] exige cuidado maior, então o sistema não emitirá termo de referência imediato”, complementou. “Mas é possível para alguns casos que não tenha nenhuma avaliação humana. Se a área não indica necessidade de avaliação de impacto, o sistema já dará a anuência conclusiva.”
Com déficit de servidores, o Iphan recebe anualmente cerca de 4 mil pedidos de análise sobre a necessidade de estudos de avaliação de impacto ao patrimônio. De acordo com Stanchi, a média de análise nesta etapa inicial levava de 45 dias a 50 dias, mas já houve casos em que a manifestação demorou até cinco meses, diante da falta de estrutura do órgão em algumas regiões do país. Com o SAIP, a promessa é que a mesma análise deverá levar 30 minutos.
Questionado sobre a possibilidade da aprovação automatizada ser menos rigorosa ou estar sujeita a fraudes, Stanchi assegurou que o sistema foi criado para padronizar a análise, diminuindo margem de subjetividade e garantindo mais previsibilidade.
“Com a análise manual, havia casos de excesso de rigor ou até mesmo de condescendência não razoável porque os parâmetros de avaliação não estavam definidos. O equilíbrio está na definição prévia das regras.”
O SAIP será usado inicialmente apenas para processos envolvendo o Ibama, que atualmente significam em torno de 10% da demanda do Iphan. Até o fim deste ano, o objetivo é estender a ferramenta aos órgãos estaduais e municipais.
A digitalização também se refere à “fase 1” do licenciamento, que basicamente mostra o caminho que o empreendedor precisa trilhar para obter autorização. As etapas seguintes, em que é apresentado o projeto de avaliação de impacto e relatórios de execução, continuam sendo realizadas manualmente, mas a direção do Iphan quer ampliar a ferramenta digital após consolidar a primeira etapa.
Fonte: Valor Econômico
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País tem enfrentado uma grave crise hídrica diante do menor índice de chuvas em 91 anos.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, vai se reunir nesta quarta-feira com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para debater o tema "conjuntura hidrológica atual". O país tem enfrentado uma grave crise hídrica diante do menor índice de chuvas em 91 anos.
Segundo a assessoria do STF, a audiência foi solicitada por Albuquerque. Fux vai se encontrar com o ministro de Minas e Energia às 16h, no intervalo da sessão plenária da Corte.
O ministro de Minas e Energia tem se reunido com diversas autoridades do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público para discutir o assunto.
O governo se prepara para adotar medidas que garantam o fornecimento de energia no segundo semestre, para quando é previsto o ápice da seca no país, e estuda formas de diminuir os riscos de racionamento neste ano.
Fonte: Valor Econômico
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O procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer contrário à Resolução 500/2020, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) na parte em que revogou três normas anteriores consideradas mais severas para o licenciamento de projetos de irrigação e também para a demarcação de áreas de preservação permanente (APPs).
A manifestação do chefe do Ministério Público é contrária ao Executivo Federal, e opina pela parcial procedência de três ações de ordem constitucional ajuizadas, em outubro do ano passado, pelos três principais partidos oposicionistas (PT, PSB e Rede Sustentabilidade).
Os pedidos de medidas liminares constantes das ADPFs em questão (747, 748 e 749) foram acolhidos pela ministra-relatora Rosa Weber, e referendados, por unanimidade, pelo plenário virtual, ainda no ano passado. Ou seja – até o julgamento definitivo do mérito dessas ações – estão valendo a vigência e a eficácia das três resoluções do Conama sobre a matéria (248/2001, 302/2002 e 3030/2002).
Ao conceder a medida cautelar, a ministra-relatora considerou que a revogação das normas protetivas, sem que se procedesse à sua substituição ou atualização, comprometeria não apenas o cumprimento da legislação como a observância de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. "O ímpeto, por vezes legítimo, de simplificar o direito ambiental por meio da desregulamentação não pode ser satisfeito ao preço do retrocesso na proteção do bem jurídico" – afirmou no seu despacho.
A seu ver, a Resolução 500/2020 "vulnera princípios basilares da Constituição Federal" e "sonega proteção adequada e suficiente ao direito fundamental ao meio ambiente equilibrado". E tem como "provável efeito prático, além da sujeição da segurança hídrica de parcelas da população a riscos desproporcionais, o recrudescimento da supressão de cobertura vegetal em áreas legalmente protegidas".
Posição da PGR
No parecer aguardado pela ministra Rosa Weber para que seja marcado o julgamento do mérito das arguições, o procurador-geral Augusto Aras parte do pressuposto de que a Constituição estabelece "os princípios da precaução e da prevenção em matéria ambiental, de modo a evitar danos irreversíveis ou de difícil reparação e garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as gerações presentes e futuras".
A seu ver, em face de direitos assegurados, e também do "equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental", deve-se permitir "uma atuação ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa".
O PGR lembra que o Conama pode estabelecer regulamentação em matéria ambiental, principalmente por resoluções de alcance nacional com diretrizes, normas técnicas, critérios e padrões a serem seguidos pelos demais órgãos encarregados da proteção ambiental, aplicáveis inclusive ao licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como à delimitação de áreas de preservação permanente. Para o PGR, o novo Código Florestal não revoga automaticamente atos anteriores compatíveis com ele, como é o caso das duas resoluções, que devem ser mantidas.
Assim, Aras opina pela pela procedência parcial do pedido, para declarar a inconstitucionalidade da revogação das Resoluções do Conama 284/2001, 302/2002 e do art. 3º, IX e X, da Resolução 303/2002.
Fonte: Portal Jota Imagem: Unsplash
Para reduzir emissões, setor elétrico dá prioridade às fontes renováveis.
Construção de parques híbridos que mesclem energia solar e eólica é uma tendência.
Por Roberto Rockmann
A descarbonização com investimentos em fontes renováveis é uma das principais tendências do setor elétrico, movimento reforçado pela pandemia em que cresceu a preocupação com a pauta ESG - boas práticas ambientais, sociais e de governança. O Brasil passa a ser centro de investimentos de grandes grupos mundiais, incluindo as petroleiras.
Um exemplo é a Engie. Em geração, a prioridade é investimento em fontes renováveis com baixa emissão de gases de efeito-estufa, que representam cerca de 90% da capacidade instalada da empresa no país, afirma Guilherme Ferrari, diretor de novos negócios, estratégia e inovação. A empresa anunciou mundialmente o seu compromisso de deixar de gerar energia térmica à base de queima de carvão até 2027. No Brasil, a companhia já fechou duas termelétricas e colocou à venda as duas últimas: Jorge Lacerda e Pampa Sul, ambas na região Sul.
Nos últimos três anos, foram adicionados três conjuntos eólicos na Bahia, sendo o mais recente o parque Campo Largo II, localizado em Umburanas (BA), que recebeu autorização para iniciar as operações comerciais no primeiro trimestre de 2021, ultrapassando a marca de 1GW considerando todos os projetos em operação. “Adicionalmente, a Engie continua desenvolvendo e buscando ativamente crescer com a fonte solar”, diz Ferrari.
Em junho, iniciou-se a implantação do Conjunto Eólico Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, com 434 MW de capacidade instalada. Cerca de R$ 2,2 bilhões serão investidos no projeto voltado ao mercado livre.
Uma das transformações da matriz elétrica nas últimas duas décadas foi o avanço das usinas eólicas, cuja participação em 2001 era incipiente, mas hoje respondem por cerca de 10% da matriz. Até 2024, os projetos em andamento farão a potência instalada subir dos atuais 18,6 GW para 29,1 GW, sendo que 60% desse acréscimo de 10 GW virão de empreendimentos voltados ao mercado livre. A adição poderá equivaler a cerca de 12,97 milhões de toneladas de dióxido de carbono evitados. Desde 2009, deixaram de ser emitidas mais de 125 milhões de toneladas de poluentes globais pela fonte. “O futuro da energia é renovável e livre”, diz a presidente da Abeeólica, Élbia Gannoum.
Agora, uma das tendências crescentes será a construção de parques híbridos que mesclem energia solar e eólica na mesma localidade, o que traz ganhos de eficiência aos projetos. Ainda há questões técnicas e regulatórias para que esse nicho deslanche, mas os primeiros projetos estão saindo do papel.
A Votorantim Energia está trabalhando em um projeto de parque híbrido com operação prevista para 2023, que recebeu aval da Aneel em abril. O empreendimento contará com uma usina solar a ser instalada em um terreno ao lado do já existente parque eólico, com uma subestação de transmissão compartilhada.
O sol também irá brilhar na matriz elétrica cada vez mais. Até 2012, o setor tinha apenas sete MW instalados. Hoje são 8,8 mil MW em empreendimentos, sendo 62% de projetos de geração distribuída solar. “As perspectivas são muito promissoras”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Solar, Rodrigo Sauaia.
As empresas têm investido em energia solar seja para produzir sua própria energia, fugindo de encargos (em alta diante do acionamento das térmicas a gás natural), ou para economizar na conta de luz.
Adquirida pela Energisa em 2019, a Alsol tem tido demanda de empresas de diferentes portes e cerca de 10% de pessoas físicas. Deve investir cerca de R$ 200 milhões neste ano para entregar 15 novos parques solares. “Em 2022, pode ser mais porque a demanda poderá ser maior”, diz o presidente, Gustavo Buiatti.
Investir em energia renovável é prioridade em grandes petroleiras que têm no pré-sal uma fronteira de expansão. A Shell, cuja meta global é emissão líquida zero de carbono em 2050, mira a energia solar no Brasil, com um portfólio de 2 GW em parques centralizados. A região Sudeste é um foco. Em eólicas, a Shell está em fase mais embrionária, avaliando a regulação de eólicas offshore e estudando parques terrestres. Outro exemplo é a Total Eren, filial brasileira da Total em renovável, possui em carteira projetos solares e eólicos em desenvolvimento de cerca de 1GW no Brasil. Tem, duas centrais eólicas em construção, com cerca de 160 MW de capacidade instalada: os projetos Terra Santa (92,3 MW) e Maral (67,5 MW).
Fonte: Valor Econômico
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A Câmara dos Deputados aprovou, na madrugada desta quinta-feira (20/5), a Medida Provisória nº 1.031/2021, que viabiliza a capitalização da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras). O objetivo da capitalização é aumentar a capacidade de investimento da companhia, gerando mais emprego e renda para o País.
O projeto aprovado na Câmara aloca parte dos recursos em benefício do consumidor de energia elétrica e ao setor energético em projetos regionais, com vistas a melhorar a flexibilidade operativa do sistema. A estimativa é que a capitalização proporcione ingresso de recursos para a União e para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em montantes superiores a R$ 50 bilhões.
“Quero parabenizar a Câmara dos Deputados pela votação da MP 1.031. Esse projeto é prioridade para o governo, com os recursos para a CDE e a retirada do risco hidrológico. A MP traz muitos benefícios para o consumidor. Com ele, a Eletrobras vai poder voltar a realizar os investimentos que hoje ela não tem capacidade de fazer e, dessa forma, trazer retorno para o país, já que continuaremos como acionistas da empresa. A Eletrobras e o Brasil ficarão mais fortes com a capitalização”, afirmou o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
A medida prevê ainda o desenvolvimento de projetos fundamentais nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste que transcendem o próprio setor elétrico, contribuindo para o desenvolvimento do País. Está previsto o aporte de R$ 295 milhões anuais, pelo prazo de dez anos, para o desenvolvimento de ações visando à redução estrutural de custos de geração de energia na Amazônia Legal.
Também devem ser investidos R$ 230 milhões anuais, por dez anos, para revitalização de bacias hidrográficas onde se localizam as usinas hidrelétricas de Furnas. Prevê-se, ainda, o aporte de R$ 350 milhões anuais, por dez anos, para a revitalização da bacia hidrográfica do Rio São Francisco e à destinação de energia elétrica para o projeto de transposição do rio.
O processo de capitalização traz competitividade para a empresa, com sustentabilidade, podendo ampliar seus investimentos em energia renovável e novas tecnologias, em linha com a Modernização do Setor Elétrico e com a transição energética global. Cabe destacar que a modelagem tem foco no aumento dos investimentos, contribuindo para a expansão do setor elétrico.
Agora a MP segue para votação no Senado Federal.
Fonte: MME
Imagem: MME
Arthur Lira (PP-AL) anunciou que novo marco legal será pautado para votação; confira detalhes da proposta
Outro assunto que também deverá ser apreciado pela Câmara é o Projeto de Lei 5829/19, que cria o marco legal para as energias fotovoltaicas. Na avaliação de Lira os projetos devem concentrar a atenção do plenário na próxima semana. “Esses são os principais temas que vão pautar o plenário. São bem polêmicos e consumirão muito tempo de discussão”, afirmou.
Em tramitação há 17 anos na Casa, o marco do licenciamento ambiental tem como relator o deputado federal Neri Geller (PP-MT) que construiu a proposta com base na quarta versão de um grupo de trabalho criado em 2019. O texto tem o apoio do governo federal e foi apresentado na terça-feira (04/05) para a Casa Civil e todos os ministros envolvidos diretamente com o tema (Agricultura, Meio Ambiente, Infraestrutura e Desenvolvimento Regional).
A Lei Geral do Licenciamento Ambiental tem como principal mote estabelecer normas gerais para o licenciamento de atividade ou obra que utiliza recursos ambientais com efetivo ou potencial capacidade de poluir, sob qualquer forma, de causar degradação do meio ambiente. O texto deverá regrar todas as licenças que são emitidas por órgãos federais, estaduais e municipais. Entre os pontos importantes apresentados pelo novo texto está o estabelecimento de prazos para que esses órgãos deliberem sobre pedidos de licença. “Os órgãos vão ter de 30 a 40 dias para liberar ou negar uma licença”, informou o relator da proposta.
Geller lembra que há previsão na lei para que esses prazos sejam estendidos mediante a justificação do órgão competente. A medida pode melhorar o ambiente de negócios e destravar empreendimentos que aguardam licenças sem nenhuma previsão regimental de prazo. Estudo apresentado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostra que a aprovação da proposta pode atrair R$126 bilhões em investimentos e criar cerca de 2,5 milhões de empregos em dez anos.
Confira agora alguns pontos previstos na minuta do relatório. Para ler na íntegra clique aqui.
Validades das licenças
As licenças emitidas devem ter prazo mínimo de três e máximo de seis anos considerando o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos à atividade ou empreendimento, aprovado pela autoridade licenciadora. Os pedidos de renovação de licença que forem solicitados 120 dias antes do prazo expirar, ficará automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva da autoridade licenciadora.
Saneamento básico
A autoridade ambiental deve assegurar procedimentos simplificados e prioridade na análise para o licenciamento ambiental, quando exigível, das atividades ou empreendimentos de saneamento básico abrangidos pelo marco regulatório do Saneamento Básico. Os licenciamentos para esse tipo de benfeitoria somente devem ocorrer em situações excepcionais, devidamente justificadas pela autoridade licenciadora.
Áreas de amortecimento
A proposta especifica novas distâncias para as áreas de amortecimento que não têm impacto ambiental direto. Ferrovias, por exemplo, devem ficar a 3 km de distância de áreas de preservação, 8 km em regiões do bioma Amazônia. No caso de rodovias o critério será de 15 km na região amazônica e 7 km nas demais regiões. A medida pode ajudar nos custos dessas obras que, por vezes, precisam desviar grandes distâncias para cumprir as regras de amortecimento.
Fonte: Portal Jota.
Por: João Porto.
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O projeto de lei que estabelece a nova Lei do Licenciamento Ambiental e que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pretende levar ao plenário na próxima semana acaba com a necessidade de licenciar 13 atividades de impacto ao meio ambiente. Trata-se, na avaliação das principais organizações ambientais que atuam no País, da pior proposta já elaborada pelo Congresso sobre o assunto nas últimas décadas, por fragilizar processos de monitoramento e gerar riscos para tragédias, como as ocorrida em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais.
O Estadão teve acesso a uma análise da proposta final do projeto relatado pelo deputado federal Neri Geller (PP-MT), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. O texto substitutivo do PL 3.729/2004, que não chegou a ser objetivo de nenhuma discussão aberta com a sociedade civil, foi repassado às organizações Greenpeace Brasil, Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Instituto Democracia e Sustentabilidade, Instituto Sociedade, População e Natureza, Instituto Socioambiental (ISA), Observatório do Clima, SOS Mata Atlântica e WWF Brasil. A reportagem também teve acesso ao documento.
Uma das principais propostas que chamam atenção diz respeito à dispensa expressa de licenças para cultivo de espécies de interesse agrícola, pecuária extensiva e semi-intensiva, além de pecuária intensiva de pequeno porte. Outros 13 tipos de atividades ficam isentas da obrigação de serem licenciadas. São atividades impactantes como, por exemplo, obras de transmissão de energia elétrica com tensão de 69 kV; sistemas e estações de tratamento de água e de esgoto sanitário; obras de manutenção de infraestrutura em instalações preexistentes, como estradas, além de dragagens (retirada de sedimentos) de rios; usinas de triagem de resíduos sólidos; pátios, estruturas e equipamentos para compostagem de resíduos orgânicos; e usinas de reciclagem de resíduos da construção civil.
“Evidencia-se, com esse quadro, arranjo entre determinados setores econômicos e o relator da matéria para simplesmente eliminar o controle prévio dos impactos desses empreendimentos, resultando no descontrole completo de seus impactos socioambientais. Explicita-se a profunda ignorância dos elaboradores do texto sobre a relevância da Avaliação de Impactos Ambientais como ferramenta imprescindível para a garantia ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, assegurado na Constituição Federal”, afirmam as organizações.
Além das dispensas de licenciamento, o projeto prevê que uma licença autodeclaratória (licença por adesão e compromisso, conhecida como LAC) seja emitida automaticamente, sem qualquer análise prévia pelo órgão ambiental. A proposta afirma que todo e qualquer empreendimento não qualificado como de “significativo potencial de impacto”, tipo que representa uma minoria dos licenciamentos no Brasil, poderá ser licenciado mediante esta modalidade automática e sem controle prévio. As ONGS alertam que esse tipo de proposta poderá incluir, inclusive, todo tipo de empreendimento impactante, como as barragens de rejeitos de minério, iguais as que romperam em Mariana e Brumadinho (MG).
O deputado Neri Geller, que tem apoio do governo de Jair Bolsonaro, disse que preparou um documento técnico, com "zero ideologia". Ao Estadão, afirmou que busca “trazer segurança jurídica para o investidor, para o licenciador para que ele possa ter condições de liberar projetos importantes que não degradam o meio ambiente”. Sua proposta também é defendida pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que detém uma das maiores bancadas do Congresso.
“O Legislativo, que nos primeiros dois anos do governo havia resistido à pressão por retrocessos na legislação ambiental, agora parece estar se aliando a Bolsonaro em sua antipolítica ambiental”, afirmam as ONGs. “O texto foi construído a portas fechadas por representantes de setores econômicos com o relator, desconsiderando os consensos construídos nos últimos dois anos sob a coordenação do último relator da matéria e em franca violação aos direitos de informação e de participação, denotando a intenção de atropelar, da noite para o dia, os direitos da população. Trata-se da pior proposta já apresentada desde que o projeto de lei começou a tramitar, há dezessete anos.”
As organizações alertam que a licença autodeclaratória poderá ser aplicada ainda à ampliação de capacidade e pavimentação em estradas existentes ou em suas faixas de domínio, que historicamente causam mais de 95% do desmatamento na Amazônia.
O projeto passa a permitir ainda a delegação para autoridades e órgãos estaduais e municipais de praticamente todas as definições complementares à lei, resultando na aplicação do licenciamento de forma muito distinta entre Estados e municípios. Dessa forma, o texto permite que Estados e municípios simplesmente dispensem atividades impactantes de licenciamento ambiental, o que poderá gerar, segundo as organizações, uma corrida pela flexibilização ambiental entre esses entes, para atrair investimentos.
“É absurdo votar um tema tão relevante, complexo e com altíssimo grau de divergência em plena crise sanitária, quando o Parlamento deveria concentrar seus esforços na votação de matérias e no acompanhamento de ações governamentais de controle da pandemia”, afirmam as ONGs. “Não pode ser votada agora, ainda mais no plenário da Câmara dos Deputados, uma proposta como a da Lei Geral de Licenciamento Ambiental que impacta praticamente todas as atividades socioeconômicas e os direitos de todos.”
As organizações pedem que haja um debate aberto e amplo sobre o texto, o que ainda não ocorreu e que o meio ambiente está “seriamente ameaçado com a iminente votação do Projeto de Lei nº 3.729/2004”, uma proposta que, na avaliação dos ambientais, “pretende a extinção do licenciamento ambiental na prática, com significativos e irreversíveis danos socioambientais”.
Fonte: O Estadão.
Por: André Borges.
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A transição para uma economia de baixo carbono já está em curso, com mais de 170 países assumindo metas para energias renováveis. Destes, pelo menos 30 já se comprometeram a se tornar neutros em carbono até 2050. O fio condutor dessa transformação é o Acordo de Paris, compromisso internacional que busca evitar que a temperatura global se eleve para além de 2ºC em comparação aos níveis préindustriais. De acordo com relatório de março de 2021 da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena, na sigla em inglês), os próximos nove anos serão decisivos para se alcançarem a velocidade e a escala necessárias para uma redução de emissões de gases de efeito estufa de 45%, o recomendado para frear o aumento das temperaturas. Porém, no período entre 2014 e 2019, as emissões globais subiram em média 1,3% por ano e só caíram 7% em 2020 por causa da pandemia de covid-19.
Com mais de 80% de participação de energias renováveis na matriz elétrica e uso amplo de biocombustíveis como o etanol nos transportes -- carros flex representam uma fatia de 70% da frota de veículos leves --, o Brasil é visto como um país com as condições ideais para atravessar a jornada rumo à descarbonização da economia.
Para especialistas, essa transição já acontece no país, mas o risco é de uma acomodação nos patamares atuais. Para acompanhar o ritmo do mundo, será preciso estar atento a novas possibilidades energéticas, como o hidrogênio verde, além de investimentos em sistemas que possibilitem armazenar a energia gerada por fontes intermitentes, como a solar fotovoltaica e a eólica.
"A transição energética se dará com fontes renováveis e armazenamento. Nos Estados Unidos e na Europa isso vem se tornando realidade, mas o Brasil ainda não tem legislação sobre armazenamento e a tributação sobre baterias é alta, o que cria um entrave para a tecnologia", diz Julião Coelho, mestre em direito de energia e tecnologia limpa pela Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Segundo ele, para fazer frente à mudança de cenário, o país precisa atualizar suas políticas de incentivo na área de energia -- o último programa de incentivo às fontes renováveis em nível federal foi o Proinfa, do início dos anos 2000, que deu um impulso para que fontes como a eólica, solar e biomassa avançassem na matriz elétrica.
Regulações como a Resolução 482/2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e políticas estaduais e municipais ajudaram a fomentar a expansão da energia fotovoltaica no país, que alcançou 5,1 GW em abril. "Não identifico uma política nacional voltada para a transição energética que o mundo vive hoje", diz.
Ao mesmo tempo, empresas brasileiras do setor energético ganham competitividade com a aposta em renováveis. A Raízen, empresa integrada que atua nos segmentos de produção de açúcar e etanol, distribuição de combustíveis e geração de energia se tornou o maior produtor mundial de etanol de cana-deaçúcar, com uma produção anual em torno de 2,5 bilhões de litros e, globalmente, comercializa 14 bilhões de litros de biocombustíveis. Com a queima da biomassa da cana, a empresa produz 1 GW de energia em 23 usinas, o suficiente para abastecer 100% do consumo próprio e ainda exportar a energia excedente para o grid em 13 dessas plantas de bioenergia.
No ano passado, a empresa deu um passo além da cogeração e inaugurou, em outubro, a primeira planta para produção de biogás a partir da conversão de dois subprodutos do processamento da cana, a vinhaça e a torta de filtro. O empreendimento tem capacidade instalada para gerar 21 MW de energia elétrica e, além disso, o biogás pode ser purificado e convertido em biometano, que pode substituir o gás natural e o diesel na frota pesada.
"Este projeto representa uma revolução no tratamento dos resíduos agroindustriais por meio do uso mais eficiente destes para a produção de novos produtos", diz Ricardo Mussa, presidente da Raízen. Segundo o executivo, outra peça fundamental na transição energética é o etanol de segunda geração, que utiliza o bagaço de cana como matéria-prima e contribui diretamente no enfrentamento das mudanças climáticas, pois sua pegada de carbono é ainda 30% inferior ao etanol convencional, por utilizar resíduos para sua produção.
O biogás, além de ter grande potencial para substituir fósseis na matriz energética, também pode ser utilizado para a produção de hidrogênio verde, tecnologia que começa a receber grande atenção de países da Europa. "Com a grande disponibilidade de resíduos agrícolas no Brasil, o país tem o potencial de se tornar um dos maiores produtores de biogás e etanol celulósico do mundo e exportar essa experiência, produtos e tecnologias para o resto do mundo, apoiando os demais países a descarbonizar suas matrizes energéticas", diz Mussa.
Companhias que atuam no ramo de combustíveis fósseis, especialmente na exploração de petróleo e gás, afirmam que estão se preparando para a transição energética, cada uma a seu modo. A Petrobras já foi apontada como uma das petrolíferas menos preparadas para a transição pela organização Carbon Tracker Initiative, por ter 70% das opções de negócios sob risco de se tornarem pouco competitivas com a queda na demanda por fósseis.
Em nota ao Valor, a empresa afirma que o plano estratégico 2021-2025, divulgado no fim do ano passado, prevê investimentos de US$ 1 bilhão em compromissos ambientais para o período, com foco em inovações tecnológicas para descarbonizar as operações, desenvolvimento de combustíveis mais modernos e de novas competências para o futuro.
"Consideramos cenários de transição energética compatíveis com o Acordo de Paris e a Agência Internacional de Energia, alinhamos nossa estratégia para produzir petróleo com baixo custo e baixo carbono", afirma a empresa.
Em 2020, a Petrobras investiu R$ 28,5 milhões em pesquisa e desenvolvimento no segmento de combustíveis avançados e R$ 21,5 milhões em energia renovável com foco em eólica, solar e bioquerosene de aviação. O investimento em soluções de baixo carbono corresponde a 10% dos investimentos em P&D, segundo a companhia.
Com atuação no Norte e Nordeste, a Eneva tem apostado na geração a gás natural como alternativa energética para as termelétricas a óleo combustível. No início de 2021, a empresa emitiu debêntures que foram caracterizadas como "transition bonds", emitidos por empresas que possuem atuação em energia fóssil, mas que buscam financiar a jornada para patamares mais sustentáveis.
O título emitido teve como objetivo financiar o projeto Azulão-Jaguatirica, investimento de R$ 1,8 bilhão, que vai produzir gás natural na bacia do Amazonas em Silves (AM) para abastecer a usina termelétrica Jaguatirica II, em Boa Vista (RR), o que permitirá o desligamento da atual usina movida a diesel e abastecer 70% da demanda do Estado.
"Atualmente, o Estado de Roraima é abastecido por energia proveniente de usinas a óleo, caras e muito poluentes. Nossa usina irá substituir parte deles, contribuindo para redução na emissão de CO2, além de baratear o preço da energia", diz Marcelo Habibe, diretor financeiro da Eneva.
O gás natural vem sendo considerado o combustível ideal para a jornada de descarbonização de países e empresas -- embora ainda seja de origem fóssil, ele emite menos gases de efeito estufa do que térmicas a óleo, é mais barato e abundante. Para Habibe, ele traz a segurança energética que as fontes intermitentes, tais como eólica e solar, ainda não oferecem. "Apesar de muitos chamarem de período de transição -- que dá a ideia de um momento curto --, nós entendemos que, dada a competitividade do nosso gás, esse período deverá ser longo", diz o executivo.
Não obstante o entusiasmo de alguns segmentos, ainda é difícil precisar quanto tempo a transição para a economia de baixo carbono levará para ser feita. Países em desenvolvimento como China e Índia, por exemplo, ainda são muito dependentes de energia fóssil e isso deve permanecer por mais algumas décadas.
"É pouco provável que até 2035 o mundo já tenha abolido os combustíveis fósseis, pois países com grandes populações vão continuar demandando um suprimento de energia constante. Mas vemos empresas de petróleo e gás se posicionando como empresas de energia, abertas a investir em outras possibilidades", diz Maurício Salla, executivo da indústria de energia da Crowe Macro, empresa de consultoria e auditoria.
A mudança de posição dos Estados Unidos no jogo climático também deve ditar o ritmo da transição. A posse do democrata Joe Biden trouxe a tiracolo o retorno dos EUA ao Acordo de Paris e um plano de recuperação da economia que prevê US$ 2 trilhões para financiar as atividades de baixo carbono.
A descarbonização também pode ser feita em nível regional. A Amazônia, muito dependente de sistemas isolados de produção de energia à base de combustíveis fósseis, é alvo de uma proposta enviada ao governo federal pela Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace).
A entidade sugere a substituição das térmicas a óleo diesel por sistemas híbridos com painéis solares e diesel, a ser custeada com recursos arrecadados pelos programas de eficiência energética -- em torno de R$ 500 milhões/ano. Hoje o setor elétrico brasileiro custeia R$ 8 bilhões em diesel por ano para abastecer os 235 sistemas isolados concentrados nas regiões Norte e Nordeste, com carga estimada em 483 MW.
"São térmicas a óleo diesel com baixo grau de eficiência e que emitem anualmente até 3 milhões de toneladas de CO2 por ano, com um custo de combustível que varia entre R$ 1 mil e R$ 2 mil o MWh. Hoje já é possível produzir energia solar a R$ 100 o MWh", afirma Victor Hugo Iocca, representante da Abrace.
Segundo ele, investimento em sistemas fotovoltaicos poderia, em pouco mais de uma década, extinguir a queima de combustíveis fósseis em sistemas isolados. A proposta foi apresentada em 2020 para o Ministério de Minas Energia (MME) e a ideia da Abrace é fomentar um piloto entre as empresas do setor de geração.
Além da troca de combustíveis fósseis por renováveis, as empresas estão investindo em planos múltiplos para reduzir emissões. Um exemplo é a Movida, do segmento de locação de veículos, que traçou uma estratégia corporativa de clima em três frentes: mitigação, compensação e adaptação.
Na primeira, foi estabelecida uma meta de redução das emissões em 15% até 2025 e 30% até 2030, com foco no uso de energias renováveis nas lojas e pátios, eletrificação da frota e escolha prioritária do etanol para abastecimento de veículos. Para compensar emissões que não podem ser evitadas nas operações, estão previstos projetos de reflorestamento, além de um programa que permite aos clientes compensarem as emissões de suas viagens.
Para a locadora, a eletrificação da frota de veículos não deverá acontecer antes de 2030. Enquanto isso, a empresa incentiva o uso do etanol pelos clientes, já que o combustível emite 73% menos gases de efeito estufa em comparação com a gasolina, segundo a Embrapa.
Para Edmar Lopes, diretor financeiro da Movida, o etanol é ideal para o cenário de transição. "A eletrificação da frota no Brasil passará pelos veículos híbridos. Mudar para veículos 100% elétricos não será tão rápido como nosso imaginário pensa e, até lá, o etanol continuará sendo uma boa alternativa", diz. Hoje menos de 1% da frota de veículos no Brasil é de elétricos, e na Movida o cenário não é diferente: dos cerca de 118 mil veículos da empresa, 95 são elétricos e operam apenas nas praças do Rio de Janeiro e São Paulo. O custo de locação também é mais alto -- a diária de um veículo elétrico na Movida sai por R$ 229, enquanto a média de outras categorias de veículos é R$ 130.
Mas é de olho nesse futuro que novos negócios estão surgindo. A startup Tupinambá Energia, fundada em 2019, aposta em tecnologia e infraestrutura para abastecimento de veículos elétricos e desenvolveu um software que ajuda os donos de carros elétricos a encontrar estações de carga, podendo até reservar as vagas com antecedência.
O aplicativo mostra a geolocalização dos cerca de 500 pontos de recarga existentes no país. A startup desenvolveu ainda uma estação de recarga que pode ser utilizada como veículo de mídia, com telas de 55 polegadas para exibir conteúdo sobre mobilidade elétrica e ser também um espaço publicitário.
Davi Bertoncello, fundador da Tupinambá Energia, acredita que o ponto de eletrificação de veículo será o "novo wi-fi". "No futuro próximo, o público será atraído para locais que oferecerem essa conveniência", diz. A startup aposta que o interesse por estações de recarga virá de redes de shopping centers, grandes lojas do varejo, edifícios comerciais e construtoras e incorporadas.
A capital paulista, por exemplo, já tem uma lei que exige que novos prédios tenham postos de recarga para carros elétricos. "Sempre levamos essa provocação ao setor imobiliário: o empreendimento de alto padrão olha para a mobilidade de hoje ou de 2025? Até lá, no mínimo, terão que disponibilizar 20% das vagas para veículos elétricos", diz Bertoncello.
Fonte: Valor Econômico
Imagem: UDOP
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, descartou a possibilidade de haver algum tipo de racionamento de energia no Brasil neste ano, mesmo diante da situação “delicada” dos reservatórios hidroelétricos, que nesse último trimestre passaram por um dos períodos hidrológicos mais críticos nos últimos 91 anos, com o armazenamento no SIN encerrando o mês de março com média de 45%.
“Temos a convicção de que estamos pilotando o sistema de forma bastante segura e compatível com a necessidade da sociedade brasileira”, disse Ciocchi nesta segunda-feira, 26 de abril, durante o evento Agenda Setorial, organizado pelo Grupo CanalEnergia/Informa Markets, observando que a matriz elétrica brasileira é bastante diversificada e que o maior acionamento do parque termelétrico vem assegurando o abastecimento do país.
Segundo ele, o Operador está trabalhando junto a secretaria de Óleo e Gás do Ministério de Minas e Energia para garantir o suprimento de gás natural a preços melhores para os despachos das UTEs. “Tomamos essa medida por saber que o mercado internacional de gás natural é volátil e para não pesar tanto na conta do consumidor final”, ressalta.
Ademais, o diretor-geral do ONS destacou as discussões semanais com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) sobre o uso múltiplo dos recursos hídricos, avaliando se algumas restrições possam ser flexibilizadas momentaneamente para garantia da energia. “Temos a plena consciência dos usos da água mas sabemos que chega em um determinado momento em que temos de tomar determinadas decisões”, finaliza Ciocchi.
Por: HENRIQUE FAERMAN.
Via: CanalEnergia.
Imagem: CanalEnergia.
Aumento do preço médio global das taxas tem potencial para criar oportunidades, especialmente para a Amazônia, apontou ex-ministro.
O aumento do preço médio global das taxas por emissão de carbono pode criar muitas oportunidades para o Brasil, especialmente para a Amazônia, apontou o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy durante debate virtual organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) nesta segunda-feira.
O tema voltou à tona após a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, defender na semana passada a criação de um piso internacional para taxar a emissão de carbono. De acordo com Georgieva, o preço médio global da taxação por tonelada emitida deveria subir dos atuais US$ 2 para US$ 75.
“Com US$ 8 ou US$ 10 se faria milagre no Brasil, com a criação de milhares de oportunidades, inclusive, na Amazônia, onde há tantas questões sobre o modelo de desenvolvimento. Com um preço relativamente baixo [de taxas de emissão], o Brasil já consegue fazer muita coisa”, disse.
Durante o debate, Levy defendeu também que os créditos de descarbonização gerados com a venda de biocombustíveis no programa RenovaBio, conhecidos como CBios, sejam transformados em créditos que possam ser vendidos no mercado internacional.
Ele lembrou que o Brasil tem potencial para se beneficiar da alta liquidez global para atrair investimentos em energias renováveis e afirmou que o país não necessariamente precisa de muitos subsídios para conseguir reduzir emissões, mas sim de “orientação”.
“Não há razão para faltar dinheiro no Brasil, dada a competitividade da maior parte das iniciativas. Quantas multinacionais de energia já não estão investindo em renováveis no Brasil? As finanças acompanham os bons projetos”, disse.
Para Levy, a eletrificação da frota de caminhões e ônibus e o desenvolvimento de células a combustível baseadas em biocombustíveis podem ser alternativas para a redução das emissões no Brasil. Além disso, segundo ele, é necessário cortar emissões no saneamento.
“O fato de o país não ter evoluído muito nos últimos 30 anos no saneamento, quer seja na questão de resíduos sólidos ou de esgoto, leva a uma contribuição exageradamente alta desse setor [nas emissões]. Além do marco regulatório [do saneamento], vão ser necessárias exigências e talvez até encontrar novas formas de financiamento. O avanço na regulação é muito importante, mas acho que tem que ser acompanhado por algumas exigências de regulações ambientais”, apontou.
Também presente ao evento, a superintendente da área de energia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carla Primavera, lembrou que a pandemia de covid-19 despertou a consciência das empresas privadas para os investimentos no desenvolvimento sustentável.
Segundo ela, nesse contexto o setor de energia elétrica traz oportunidades para atração de investimento, dada a estabilidade da regulação do setor no país e o baixo risco.
“O Brasil tem amadurecimento suficiente inclusive para investimentos em novas tecnologias. Existe um caminho de oportunidades, por exemplo, para projetos híbridos [que combinam mais de uma fonte de geração de energia]. Em breve, o BNDES vai anunciar o apoio a um primeiro projeto desse tipo”, disse.
Por Gabriela Ruddy.
Via: O Globo.
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O Projeto de Lei 3.729/2004, que propõe criar a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, possui importância indiscutível ao país, pois visa estabelecer o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente. Apesar da morosidade da tramitação do Projeto – que se encontra na Câmara dos Deputados há 16 anos – e das dificuldades de encontrar pontos de sintonia entre todos os agentes, é necessário reconhecer que as discussões têm avançado.
A construção deste marco legal tem como base a Constituição Federal de 1988, que instituiu, em seu artigo 225, a necessidade de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para obra ou atividade potencialmente causadora de degradação ambiental.
No caso das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), em razão da regulamentação do art. 7º, “h” da LC 140 pelo Decreto 8.437/2015, o licenciamento de empreendimentos acima de 300 MW passou a ser feito pelo IBAMA (O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), de modo que os demais empreendimentos, em regra, passaram a ser licenciados pelos Estados. Inexiste, contudo, uma regulamentação padrão ou uniforme a nível estadual, o que resulta em uma infinidade de procedimentos distintos.
De fato, a enorme quantidade de regras que interferem no processo de licenciamento ambiental gera um excesso de burocracia e uma alta complexidade do processo, que não agrega, contudo, qualidade ao licenciamento ambiental. Pelo contrário, resulta em longos prazos para obtenção de licenças, custos, insegurança jurídica e, no fim do dia, ineficiência.
A Lei Geral para o Licenciamento Ambiental, conforme prevista no PL 3.729/2004, agora sob a relatoria do Deputado Federal Neri Geller, sugere que haverá um avanço na tramitação do Projeto, que é uma prioridade para o país. Espera-se que com esse avanço alcancemos a necessária modernização das regras vigentes, por meio da redução da burocracia, conferindo maior previsibilidade ao processo e maior uniformização dos procedimentos de licenciamento ambiental, com a publicação de um regramento único, claro e objetivo.
Certamente isso resultará em maior segurança jurídica e regulatória aos agentes, atraindo novos investimentos ao país. Seguimos com boa expectativa.
Escrito por: *Chales Lenzi, presidente da ABRAGEL (Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa) e Juliana Villas Boas, gerente de Assuntos Jurídicos e Regulatórios da ABRAGEL.
Via: Estadão
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O setor elétrico deverá passar por momentos difíceis e de mudanças em 2021. O ano promete ser de pressão sobre as tarifas, pelo fato de os níveis dos reservatórios estarem baixos, exigindo uma grande quantidade de térmicas ligadas para garantir o fornecimento.
Isso já vem acontecendo desde 2013, com as térmicas sendo despachadas fora da ordem do mérito de custo econômico. Pouco se tem feito para encarar esse problema e, entra ano e sai ano, ficamos sempre dependendo do regime de chuvas e das taxas de crescimento da economia para enfrentar o problema da segurança de abastecimento.
Esse ano, perdemos a oportunidade de promover uma maior integração entre a energia elétrica e o gás natural, ao sancionar a Lei do Gás sem contemplar esse assunto de forma adequada. Agora, temos mais três oportunidades, na Lei nº 14.120/2021, que teve origem na Medida Provisória 998; na MP 1.031/2021, da privatização da Eletrobras; e no Projeto de Lei 414/2021, que trata da modernização do setor elétrico.
Com a sanção da Lei nº 14.120/2021, o mercado passou a ter a possibilidade de realização de leilões de capacidade. Esse tipo de leilão baseia-se na necessidade de potência, ao invés da demanda das concessionárias de distribuição. Ou seja, o leilão de capacidade permitirá a contratação de usinas com a finalidade de suprir potência e garantir a segurança do abastecimento de energia elétrica.
Iniciativas internacionais semelhantes foram realizadas na Colômbia e no México. Na Colômbia, o Encargo de Capacidade (1996) remunerava investimentos para aumentar a capacidade de geração para atender demanda de pico ou situações pré-racionamento. O sistema permaneceu vigente até 2006, quando se tornou Encargo de Confiabilidade, com duração projetada à época de dez anos (até 2016). No México, a Reforma Energética (2013) introduziu, a partir de 2015, três produtos em leilões de energia nova (Energia, Potência ou Disponibilidade e Certificado de Energia Limpa), gerando-se três linhas independentes de geração de receita dependendo da natureza da fonte.
A atual configuração do setor elétrico brasileiro exige mudanças. A capacidade instalada de geração de energia elétrica brasileira cresceu em média 4,5% ao ano, na última década, com a expansão hidroelétrica (45,3%) concentrada na Amazônia Legal, onde não há mais possibilidade de construção de grandes reservatórios de acumulação. Além disso, 88,8% da expansão se deu por fontes renováveis (convencionais e não convencionais) e 43,5% por renováveis não convencionais (eólicas, solares e biomassa).
A concentração da expansão da capacidade de geração em fontes renováveis intermitentes e sazonais reduziu a reserva girante do sistema. Por consequência, o sistema se tornou extremamente dependente das condições climáticas para controle do regime hidrológico (ENA), da velocidade do vento e da irradiação solar, necessários a produção de energia.
A nova configuração trouxe alguns desafios, que já estão se tornando rotineiros, como o aumento da volatilidade dos preços de curto prazo; a geração termoelétrica ineficiente aumentando os custos do despacho sazonal por ordem de mérito; e a forte queda anual dos reservatórios sem a preservação de um nível mínimo de armazenamento nos reservatórios ao final do período seco.
Pelo exposto, se faz necessária a revisão de planejamento e operação do Sistema Elétrico Brasileiro, passando pelo balanceamento entre a expansão por fontes renováveis e por térmicas a gás natural. O modelo computacional existente subestima o despacho fora da ordem de mérito real e a velocidade de recomposição de reservatórios. O desacoplamento do modelo computacional e a operação real indica a necessidade e a importância dessa revisão.
A modernização do setor precisa passar pela revisão do conceito do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE). A sistemática atual do MRE não atende a manutenção da segurança e confiabilidade do sistema face à maior penetração de fontes intermitentes, além de desincentivar a construção de reservatórios equivalentes através de térmicas inflexíveis a gás natural. Os reservatórios equivalentes, também, trariam menor volatilidade ao PLD e reduziria dependência da hidrologia para recomposição do nível dos reservatórios. Assim, a necessidade de despacho fora da ordem de mérito, também, diminuiria.
Atualmente, a construção de usinas termoelétricas (UTEs) inflexíveis como reservatório equivalente produz um passivo setorial via corte de GSF (Generation Scaling Factor)[1], quando o correto seria o contrário. Para que o sistema se torne menos dependente da hidrologia e preserve os volumes mínimos de armazenagem dos reservatórios das usinas hidroelétricas, deveria haver incentivo a UTE’s inflexíveis no planejamento, e não as inserir no ônus tarifário. Daí a necessidade de mudar o MRE.
As oportunidades para o setor elétrico estão na mesa e nas mãos do Congresso. Não deveriam e nem poderiam ser desperdiçadas, defendendo teses que só beneficiam uma pequena parcela da sociedade –em particular, as que menos precisam.
[1] Relação entre o volume de energia que é produzido pelas usinas e sua garantia física.
Fonte: Poder 360
Imagem: Sérgio Lima - Poder 360.
A Associação Brasileira da Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) classifica a proposta para a revisão da REN 482/2012 como uma ameaça à geração distribuída. Em nota, a entidade diz que a Nota Técnica e a Minuta divulgadas semana passada pela Agência Nacional de Energia Elétrica, representam uma preocupante quebra de confiança com o Congresso Nacional no debate para a construção de um marco legal para o segmento.
Na análise da vice-presidente de geração distribuída da entidade, Bárbara Rubim, o documento contradiz as declarações públicas recentes de diretores da Aneel, que afirmaram que a agência aguardaria uma lei antes de qualquer alteração nas regras. Segundo a nota, a representante lembra que a proposta desconsidera os benefícios que a geração distribuída agrega ao desvalorizar em 57% a energia gerada pelos sistemas. E ainda, que ameaça a segurança jurídica e previsibilidade regulatória de consumidores e agentes de mercado que investiram no segmento.
Assim como defendido pela Associação Brasileira de Geração Distribuída em matéria publicada aqui na Agência CanalEnergia, a Absolar defende que a construção de um marco legal para a modalidade passa pelo Projeto de Lei 5829/2019.
“É o melhor caminho para afastar o risco de retrocesso à energia solar e demais fontes renováveis utilizadas para a geração distribuída de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos no País”, afirma a associação.
O presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, defende que “a criação de um arcabouço legal para a geração distribuída é prioridade no cenário atual de duplo desafio, de promover o desenvolvimento socioeconômico no período de pandemia e também o avanço do desenvolvimento sustentável do Brasil e do mundo”. Acrescenta ainda que “somente em 2020, o segmento de geração distribuída solar foi responsável pela atração de R$ 11 bilhões em investimentos ao Brasil e geração de 75 mil novos empregos e mais renda a trabalhadores espalhados por todo o território nacional, em um dos momentos mais críticos da economia do País. A previsão é de que o setor possa gerar cerca de 500 mil novos empregos nos próximos três anos.”
Fonte: Canal Energia
Imagem: Unsplash
O setor elétrico brasileiro demandará investimentos de R$ 450 bilhões em novas usinas e linhas de transmissão até 2029, afirmou nesta segunda-feira o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Segundo ele, os investimentos serão necessários para garantir o crescimento estimado de 35% da oferta de geração e de 39% do sistema de transmissão no período.
As projeções fazem parte da versão preliminar do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2029, em consulta pública pelo ministério.
“Temos trabalhado arduamente para atrair investimentos”, afirmou o ministro durante seminário sobre perspectivas e desafios para a infraestrutura brasileira, promovido pela FGV, no Rio. “Investimentos privados nacionais e estrangeiros são necessários e bem-vindos”, completou.
Ele destacou ainda que o programa de transição energética no setor de combustíveis, Renovabio, vai proporcionar um ganho ambiental de emissões evitadas de gases poluentes de 22 milhões de toneladas de CO2 por ano.
Com relação ao setor petrolífero, Albuquerque destacou que o governo arrecadou nos dois últimos leilões – o megaleilão do excedente da cessão onerosa e a 6ª Rodada do Pré-sal – cerca de R$ 70 bilhões. Ele ressaltou que o valor é maior que o volume arrecadado nos últimos 20 anos, de R$ 62 bilhões.
Sobre a abertura do mercado de gás natural, o ministro afirmou que o governo está criando um ambiente de negócio propício aos investimentos. “No setor de gás, temos confiança que a iniciativa privada fará muito mais”, completou.
Fonte: Valor Econômico
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Senado.
A Copel colocou em operação no último domingo, 28 de março, a nova linha de transmissão de energia que conecta as subestações Curitiba Leste (PR) e Blumenau (SC). O investimento total no projeto foi de R$ 192 milhões.
De acordo com a companhia, com a entrada dessa linha, o Paraná poderá receber mais energia elétrica proveniente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina para consumo no Estado ou exportação para o Sudeste através de outras interligações, e a região leste de Santa Catarina também será beneficiada com uma alternativa de suprimento, reduzindo a dependência da operação da Usina Termelétrica Jorge Lacerda para atendimento da demanda por energia.
A Copel destacou que a rede tem 144 km de extensão e opera em 525 kV – tensão extra-alta, que permite o transporte da eletricidade por longas distâncias. A implantação demandou a montagem de 279 torres metálicas para sustentação de 1.728 km de cabos elétricos. O empreendimento integra o pacote de obras do Lote E, arrematado pela Copel no leilão Aneel 005/2015 e vai gerar uma receita anual para a empresa superior a R$ 31 milhões.
Para vencer o desafio de instalação da linha, que atravessa regiões de serra e mata fechada, a companhia informou que a passagem de cabos foi feita com a ajuda de drones – uma técnica que aumenta a velocidade e a segurança do trabalho, além de evitar abertura de clareiras na mata. Como os drones têm limitação de carga, eles são usados para lançar um fio de nylon com cerca de 3 mm de diâmetro que funciona como primeiro guia para puxar cordas mais pesadas, depois o cabo piloto de aço e, por fim, os cabos condutores de energia. Nessa linha de transmissão, a maior distância entre duas torres chega a 1,7 km
Fonte: Canal Energia
Imagem Unsplash
O Instituto Escolhas apresenta nesta quarta (24/3) uma matriz de riscos socioambientais para o setor elétrico que pode servir de base para instituições financeiras modelarem seus financiamentos cada vez mais alinhados com economia de baixo carbono. A matriz vai trazer uma lista de parâmetros de análises que precisam ser consideradas no momento do financiamento dos projetos.
Faz parte da proposta de regulamentação elaborada pelo instituto para obrigar bancos e instituições financeiras a avaliar os riscos ambientais nos financiamentos para projetos de infraestrutura. A proposta passou por consulta pública e seu texto final, que deve ser publicado até amanhã, será levado ao Banco Central (Bacen) para tentar dar uniformidade aos parâmetros socioambientais utilizados para financiar projetos. A meta é influenciar em uma regulamentação que sirva para todo mercado financeiro.
A percepção é que, no Brasil, o Banco Central ainda não foi capaz de criar regras obrigatórias para que os bancos adotem critérios e métricas ambientais na avaliação dos seus financiamentos. É preciso, na visão do instituto, requisitos mínimos para evitar que projetos que tenham grandes impactos ambientais e sociais possa ter financiamentos aprovados.
O Escolhas também pretende fazer com que as instituições financeiras tenham um papel ainda mais ativo no combate às mudanças climáticas e na proteção ao meio ambiente. E que os critérios de ESG (Meio Ambiente, Segurança e Governança, sigla em inglês) para esses financiamentos sejam claros e uniformes.
Transição energética e os financiamentos certos são urgentes para uma economia de baixo carbono, por Larissa Rodrigues
“A gente tem defendido que o Brasil adote critérios ambientais rígidos para avaliar financiamentos e que isso reflita o compromisso que as instituições têm com o meio ambiente e com o clima”, diz Larissa Rodrigues, gerente de Projetos do Instituto Escolhas.
O Brasil tem histórico de projetos que são emblemáticos com desastres ambientais, como o caso da Vale em Mariana e Brumadinho. Ou a hidrelétrica de Balbina, construída em Presidente Figueiredo, 107 km da cidade de Manaus.
Fonte: epbr
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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participou nesta terça-feira (23/3) da 5ª sessão da Reunião Ministerial sobre Ação Climática (MoCA, na sigla em inglês).A reunião é organizada anualmente por União Europeia, Canadá e China e contou com a presença do embaixador do Clima dos EUA, John Kerry, do presidente da COP-26, Alok Sharma, do vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, e ministros responsáveis pelas questões de mudanças climáticas de diversos países.
As reuniões do MoCA têm foco na promoção de ações climáticas para a implementação do Acordo de Paris. Anualmente, participam das reuniões ministros e representantes de mais de 30 países, além de outras partes que integram negociações climáticas internacionais.
Durante a reunião, o ministro Ricardo Salles ressaltou a importância da execução de um plano de ações concretas e estratégias para a gestão e redução dos riscos climáticos no Brasil, tendo em vista os impactos sociais, ambientais e econômicos resultantes das alterações climáticas.
O ministro reforçou também alguns avanços alcançados pelo país: “O Brasil reduziu o desmatamento ilegal na Amazônia em mais de 20% nos últimos sete meses. Além disso, evitou emissões de quase 8 gigatoneladas de CO2 por desmatamento evitado nos últimos anos”, ressaltou. O Brasil também se destaca, em perspectiva global, pela utilização de energias renováveis no combate às mudanças climáticas. As fontes renováveis (incluindo eólica, solar e biocombustíveis) representam quase 50% da matriz energética do país e mais de 80% da rede elétrica.
Fonte: MMA
Imagem: MMA
Um documento interno emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) com orientações sobre mudanças nos processos de licenciamento ambiental comandados pelo órgão, na prática, revoga determinações do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) sobre o assunto. Trata-se de um despacho assinado pelo presidente do órgão, Eduardo Fortunato Bim, referente a processo de licenciamento requerido por uma transportadora de gás, mas cujo entendimento passa a valer para todos os licenciamentos comandados pelo órgão daqui para frente. Tanto as mudanças trazidas no despacho quanto sua legalidade têm dividido a opinião de juristas.
O despacho muda dois pontos importantes das etapas requeridas para o licenciamento ambiental de um empreendimento.
Prorrogação automática de licenças ambientais
O primeiro ponto trata da prorrogação tácita de licenças ambientais por decurso de prazo. Isto é, se o empreendedor entrou com pedido de renovação de sua licença ambiental, mas o órgão competente não deu uma deliberação até a data em que esta licença expira, ela terá sua validade automaticamente ampliada, até que o órgão se manifeste.
Pela Resolução Conama 237/97 (artigo 18, parágrafo 4º), somente a renovação da Licença de Operação (LO) poderia ter a prorrogação tácita. No entendimento da presidência do Ibama, no entanto, uma lei posterior à Resolução 237, a Lei Complementar 140/2011, ampliou esse procedimento às demais licenças ambientais.
“…na interpretação do § 4º do artigo 14 da LC 140/11, a prorrogação automática ope legis [por força da lei] alcança qualquer licença ambiental, não se limitando, como era sob a égide da Resolução Conama 237/97, à licença de operação”, diz o despacho do Ibama, que finaliza: “Dessa forma, firma-se como orientação geral (LINDB, art. 30), a ser seguida pelo Ibama, a prorrogação da validade de qualquer licença ambiental para os fins do artigo 14, § 4º, da LC 140/11”.
Para o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná (MPRP) Alexandre Gaio, 3º vice-presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), o que o Ibama faz é confundir conceitos, ampliando a possibilidade de renovação de licenças ambientais.
“É necessário deixar bem claro que a prorrogação de validade de qualquer licença ambiental, já prevista no artigo 18 da Resolução Conama 237/97, é bem diferente da eventual pretensão de renovação de licenças ambientais, que pode se aplicar somente à licença de operação ou à licença ambiental simplificada, que dão o direito de funcionamento da atividade ou empreendimento. O que esse despacho interpretativo fez foi confundir de modo equivocado e indevido essas duas situações, dando a entender que haveria a possibilidade de renovação automática de qualquer licença ambiental, o que claramente não é previsto nem na LC 140, nem na Resolução Conama 237/97”, diz.
Segundo ele, “tanto não é assim que a própria LC 140 traz um parágrafo que diz que, em casos de demora na manifestação do órgão ambiental, os procedimentos de licenciamento não terão renovação ou prorrogação tácita, mas passarão para competência superior”, explica.
Além do aspecto legal apontado pelo procurador do MP, mudanças nas diferentes fases do licenciamento podem acarretar danos ao meio ambiente. Segundo Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (PROAM) e ex-membro do Conama, as etapas de renovação de licenças são importantes porque permitem a readequação dos empreendimentos aos avanços da segurança ambiental.
“A situação não é estática, então é importante que haja uma contínua adequação. As refinarias, por exemplo, toda vez que se renovavam as licenças, era a oportunidade para que o Estado cobrasse dessas empresas a adequação aos requisitos ambientais”, explica Bocuhy.
Já para o jurista Talden Farias, professor-doutor de direito ambiental das Universidades Federais da Paraíba (UFPB) e Pernambuco (UFPE) e autor de diversos livros sobre direito e licenciamento ambiental, a decisão do Ibama foi acertada e não há prejuízo ao meio ambiente, já que o que muda com a interpretação do órgão federal é apenas a ampliação no número de licenças em que a prorrogação automática por decurso de prazo é possível, não se tratando em renovação automática.
“Se alguém que já tinha licença ambiental pediu a prorrogação da mesma com 120 dias de antecedência, no mínimo, como diz a lei, e passando esses 120 dias o órgão ambiental não se manifesta por alguma razão, não seria razoável fechar a empresa, a fábrica, fechar o hospital, por isso é dada essa prorrogação automática”, diz. “Não existe nenhuma divergência jurídica a esse respeito. No entanto, é preciso esclarecer que isso dá direito a fazer apenas aquilo que a licença anteriormente concedida já permitia. Nada a mais. Além do mais, não deixa de ser uma forma de pressionar o Poder Público em face da demora excessiva”, diz.
Inexigibilidade da Certidão de Ocupação e Uso do Solo
O segundo ponto do despacho do Ibama trata da inexigibilidade de certidão de ocupação e uso do solo no licenciamento ambiental. Segundo a Resolução Conama 237/97 (artigo 10, parágrafo 1º), o início do processo de licenciamento ambiental está condicionado à emissão deste documento, que é emitido pelos municípios e diz se o empreendimento está dentro dos critérios definidos pelo Plano Diretor Municipal.
A obrigatoriedade da Certidão de uso e ocupação do solo – ou outros nomes similares que o documento venha a ter – foi determinada pelo Conama baseada no entendimento de que a política ambiental é complementar e integrativa com a política urbanística.
Para o Ibama, a Lei de Liberdade Econômica (LLE – 13.874), publicada em setembro de 2019, traz um artigo que revoga esta normativa do Conama, ao vedar a exigência de certidões não expressamente previstas em lei.
De acordo com Talden Farias, a Certidão de Uso e Ocupação do solo não tem previsão legal e a liberação de sua exigência não trará prejuízos ambientais, nem enfraquecerá o papel dos municípios nos processos de licenciamento, já que outros documentos municipais importantes continuam a ser exigidos, como o alvará de construção, reforma e ampliação, por exemplo.
“A justificativa [para a inexigibilidade da Certidão] foi a morosidade que pode existir ao vincular uma coisa à outra. Muitos municípios demoravam demais para liberar a certidão de ocupação e uso do solo. Existem vários casos que o empreendedor ou mesmo o poder público teve que entrar na justiça para conseguir a emissão deste documento […] Desvinculando procedimentos, aumenta a agilidade”, explica. “A certidão, por si só, não dá direito a nada, ela é apenas uma declaração de que aquilo está em conformidade com a legislação municipal e sua inexigibilidade não quer dizer que o órgão ambiental possa licenciar algo em discordância com a lei municipal”, complementa.
Já o promotor do MPPR Alexandre Gaio não concorda que a exigência da Certidão de Uso e Ocupação do Solo não tenha previsão em lei. Segundo ele, ao dizer que “São direitos de toda pessoa […] não ser exigida pela administração pública direta ou indireta certidão sem expressa previsão em lei” (artigo 3º, inciso XII), a Lei de Liberdade Econômica faz referência a normas do sentido amplo, não especificamente a uma lei ordinária ou complementar, como foi justificado pelo Ibama.
“O Conama é um órgão do Sisnama [Sistema Nacional de Meio Ambiente] que tem competência para editar normas com executoriedade à legislação ambiental, e a atribuição conferida ao Conama foi dada nada mais nada menos que pela Lei Federal 6938, que é a Lei que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente”, explica.
Segundo ele, a não exigência deste documento, além de afrontar o pacto federativo e as competências constitucionais atribuídas aos municípios, contraria exatamente o que a determinação do Ibama propõe: dar mais segurança jurídica e agilidade aos licenciamentos ambientais.
“Pode acontecer de o órgão ambiental federal ou estadual emitirem uma licença e o município dizer: ‘peraí, essa atividade contraria as normas municipais, vou entrar com uma ação para interditar a obra’. Qual a segurança jurídica nisso?”, questiona. “Eles querem tanto desburocratizar, mas estão fazendo o contrário, porque isso [a inexigibilidade da certidão] amplia conflitos judiciais, amplia a insegurança jurídica. Temos aí um retrocesso não somente ambiental, mas também de eficiência, porque permite que decisões e entendimentos divergentes sejam camuflados e descobertos, muitas vezes, depois de o investimento ter sido feito”, complementa.
Esse também é o entendimento de entidades representativas dos municípios. Para a Confederação Nacional do Municípios (CNM), a inexigibilidade desta certidão fere o direito previsto na Constituição Federal de o município ordenar seu próprio território.
“Esses é um dos pouquíssimos documentos e momentos durante o licenciamento ambiental que o município tem o direito de ser ouvido. O município tem a competência de promover o ordenamento territorial mediante controle e planejamento do uso do solo, direito este previsto não só na Resolução Conama 237/07, mas também no artigo 30 da Constituição. A CNM vê com muita preocupação a dispensa, porque a autonomia municipal vai ser ferida”, diz Sofia Zagallo, analista técnica em meio ambiente da CNM.
A Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (ANAMMA) lembra também que excluir os municípios do processo de licenciamento ambiental contradiz o que está previsto em outras normas, como o Estatuto da Cidade, a Lei Nacional de Competências Ambientais e a própria Política Nacional de Meio Ambiente, que confere ao Conama o poder de estabelecer as normas ambientais.
“ Para além da inconstitucionalidade e ilegalidade, [o despacho do Ibama] consiste também em um retrocesso institucional de tamanha ordem, [pois] todos os diplomas urbanos e ambientais pátrios visam fortalecer os entes municipais”, disse o presidente da entidade, Marçal Cavalcanti, em ofício enviado ao órgão ambiental federal.
Legalidade do Despacho
A legalidade do documento emitido pelo Ibama também é ponto de inflexão entre juristas. Para Talden Farias, a afirmação de que as resoluções do Conama estão acima ou possuem a mesma força que as normas contidas na Lei de Liberdade Econômica é equivocada.
“Existe uma resposta meramente dogmática, legal, que é: a lei diz isso e a lei é superior à resolução. E outra coisa, no campo jurídico, a lei última revoga leis anteriores, naquilo que estas discordarem das últimas”, defende.
Já para Alexandre Gaio, a Lei de Liberdade Econômica não revoga o que está expresso nas Resoluções do Conama, porque ele foi criado justamente para legislar sobre os temas ambientais.
“O Conama exerce poder normativo regular, tanto que o STF tem posicionamento pacífico quanto à legalidade, legitimidade e constitucionalidade desse poder normativo, por ele decorrer de uma Lei Federal [6.938] que incumbe ao Conselho especificamente esse poder”, explica.
Além disso, ele defende que esta lei não pode ser interpretada de modo isolado com o ordenamento jurídico, em especial com a Constituição da República. Gaio lembra, inclusive, que “a própria LLE possui um artigo que diz que a ordem econômica está condicionada à preservação ambiental (artigo 170)”.
Segundo o procurador do MPPR, a Abrampa vai se posicionar formalmente sobre o tema a partir da elaboração de Nota Técnica e, caso haja a aplicação concreta do referido despacho interpretativo nos demais licenciamentos ambientais conduzidos pelo Ibama, os Ministérios Públicos adotarão providências judiciais.
((o))eco entrou em contato com o Ibama para comentar o assunto, mas não teve resposta até o fechamento da matéria.
Fonte: OECO
Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados.
O Projeto de Lei 254/21 estabelece que as pequenas centrais de energia que usam fontes renováveis terão desconto mínimo de 50% ou 70% (vai variar conforme o porte) das tarifas de uso das redes de transmissão e distribuição. O texto tramita na Câmara dos Deputados.
A proposta é do deputado Roberto de Lucena (Pode-SP) e altera as leis 9.427/96 e 6.938/81. Hoje o desconto mínimo das tarifas, conhecidas pelas siglas Tust e Tusd, é de 50%.
Os novos percentuais serão aplicados às pequenas hidrelétricas e usinas de fontes eólica, solar, geotérmica, oceânica, de biomassa e cogeração qualificada.
O texto também propõe a fixação de metas regionais para a participação da geração distribuída de pequeno porte no suprimento do mercado cativo de energia elétrica, e prevê licenciamento simplificado para os empreendimentos de geração de pequeno porte.
Lucena afirma que a finalidade dos estímulos propostos é melhorar o ambiente para o desenvolvimento da geração renovável e da geração distribuída (produção de energia pelo próprio consumidor). Fonte: Money Times
Foto: Gustavo Sales - Câmara dos Deputados.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pretende destravar a parte da agenda econômica do governo voltada para o agronegócio. Nesta segunda-feira, ele prometeu à bancada ruralista colocar na pauta o projeto da regularização fundiária que foi enviado ao Congresso como uma medida provisória (MP) no ano passado, mas que perdeu a validade por falta de acordo.
A expectativa entre os ruralistas é aprovar a regularização fundiária até o fim de março. A lei geral do licenciamento ambiental viria a seguir na lista de prioridades e, mais para a frente, o projeto que muda a lei sobre registro de agrotóxicos. A promessa é que todas essas propostas entrariam na pauta de votações da Câmara ainda no primeiro semestre.
Lira foi eleito com apoio expressivo da bancada ruralista, mesmo com parte das legendas as quais os deputados são filiados apoiando a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), aliado do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia tem posição contrária à do presidente Jair Bolsonaro na agenda ambiental e travou a MP da regularização fundiária, dizendo que, como a Câmara estava com sessões remotas por causa da pandemia, só pautaria o texto por acordo.
Representantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) se reuniram com Lira para apresentar os projetos que consideram prioritários para a agenda econômica. Na quinta-feira, o presidente da Câmara nomeou os relatores de dois deles: o ex-ministro da Agricultura Neri Geller (PP-MS) negociará o texto da regularização fundiária e o deputado Zé Vitor (PL-MG), ex-secretário de Meio Ambiente de Araguari (MG), ficará à frente do licenciamento ambiental.
Até então, o projeto fundiário tinha o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) como articulador, mas ele não pode mais exercer a função por ser vice-presidente da Câmara. O licenciamento tinha como relator informal o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP). A troca, contudo, já era esperada por Kim ser aliado de Maia e ter feito duras críticas a Lira na eleição da câmara.
O texto dos agrotóxicos foi aprovado por uma comissão especial em 2018 e ainda não tem relator nomeado por Lira para o plenário, mas os próprios ruralistas admitem que esse projeto é mais polêmico e demandará mais debates antes de ser pautado. “Os defensivos são o terceiro item da lista. É uma pauta que a sociedade precisa conhecer mais antes de pauta-lo, precisamos explicar melhor”, disse o deputado Sérgio Souza (MDB-PR), presidente da FPA.
O primeiro item da lista será a regularização fundiária em terras da União. O governo enviou uma MP no ano passado que passava o marco temporal para ocupação das terras de julho de 2008 para maio de 2014 e permitia a autodeclaração de regularidade do imóvel que tiver até 15 módulos rurais. Hoje, a lei autoriza isso para até quatro módulos rurais.
Os partidos de oposição acusaram o governo de estimular a grilagem de terras e afirmavam que a linha de corte definida pelo Executivo permitiria dar títulos de posse a todas as áreas ocupadas sem fiscalização presencial sobre a regularidade delas. A negociação levou a redução do tamanho das propriedades, para seis módulos rurais, mas o texto acabou não sendo votado.
Indicado como relator, Geller afirmou que é preciso dar segurança jurídica e permitir que as terras se tornem mais produtivas. “Com o CPF ligado a matrícula do imóvel, você permite que ele entre na cadeia da agroindústria, tenha acesso a financiamentos e ainda ajuda a combater o desmatamento ilegal porque ele responderá pessoalmente”, disse. Só no Mato Grosso, Estado dele, seriam 110 mil famílias beneficiadas pelo projeto, afirmou.
Ex-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) disse que o tema é importante, mas que o Brasil perde um milhão de hectares de florestas por ano. Segundo ele, é preciso acabar com a ideia de que há terras baratas na Amazônia. “[E acabar com a ideia] que todo mundo por ir lá, derrubar a floresta e depois receber o título”, disse.
Para Agostinho, é preciso estabelecer regras claras, como não dar título para quem ocupou a área recentemente ou desmatou além do limite legal permitido e criminalizar quem favorece a grilagem. “O mesmo agro que condena quando um movimento de sem-terra invade a sua propriedade as vezes é tolerante com invasão de terra pública. Isso não pode”, afirmou.
Numa segunda etapa, a intenção dos ruralistas é votar o licenciamento ambiental. O deputado Zé Vitor disse que conversará com o presidente da Câmara esta semana para saber o calendário pretendido por ele. “É um tema debatido há anos, nem precisa de tantos debates, mas de um ajuste fino”, pontuou.
Agostinho apoia o debate, mas pede cautela. “O Brasil não tem uma lei geral de licenciamento ambiental e possui burocracias desnecessárias. Mas uma lei para dar segurança jurídica não pode virar um libera geral”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico
Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados.
o Presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou, nesta terça-feira (2/3), a Lei n° 14.120, conversão da Medida Provisória 998, que permite alívio tarifário aos consumidores e implementa importantes avanços na modernização do setor elétrico. O objetivo é que a norma apoie a retomada do crescimento econômico do País.
Aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, a medida introduz importantes avanços na pauta de modernização e ampliação do mercado livre do setor elétrico. Ao permitir a realização de leilões voltados a robustecer o atendimento das necessidades sistêmicas, a nova lei estabelece uma alocação de custos mais eficiente entre os consumidores.
Outro importante avanço é a redução dos subsídios a fontes incentivadas, que hoje custam mais de R$ 4 bilhões aos consumidores e crescem cerca de R$ 500 milhões por ano. A transição dos incentivos para um mecanismo que considera os benefícios ambientais deverá ocorrer com previsibilidade, segurança jurídica e respeito aos contratos.
O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, comemorou a aprovação da Medida Provisória pelo Senado. “É sinal claro do alinhamento do Congresso com as políticas públicas do governo para o setor elétrico e denota, acima de tudo, um compromisso com os alívios tarifários viabilizados pela MP”, disse.
A medida convertida em lei também prevê a estruturação financeira da usina de Angra 3, com previsibilidade e transparência, fortalecendo o setor nuclear do País.
Fonte: MME
Imagem: MME
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse, nesta terça-feira (23/2), que o governo brasileiro pretende levar para a próxima Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP 26) a discussão sobre o pagamento sobre serviços ambientais. Legislação que estabelece um programa de remuneração para quem preserva foi sancionada recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro.
A informação foi divulgada pela Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), que se reuniu com Salles, nesta terça-feira. De acordo com o relato do colegiado em seu site oficial, o ministro falou das medidas que estão sendo adotadas pelo governo no setor ambiental e as prioridades relacionados a essa área.
“Nossa estratégia na COP (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) este ano é debater esse assunto de forma transparente. Chega de aceitar tudo, o Brasil e a Amazônia precisam de nós”, afirmou, segundo a FPA. Adiada no ano passado por conta da pandemia de Covid-19, a COP 26 está marcada para novembro, na Escócia.
Ele defendeu ainda que o Brasil é um dos países que mais preserva o meio ambiente e dos que menos emite gases de efeito estufa. Além disso, possui um Código Florestal rigoroso e é exemplo de boas práticas com o uso de biocombustíveis, entre eles, o etanol.
Agenda
A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) prepara para esta semana uma agenda de reuniões para discutir a pauta prioritária para a agropecuária brasileira. Na reunião, o presidente da FPA, deputado Sérgio Souza (MDB-MG), destacou a necessidade de avanços em assuntos como o pagamento por serviços ambientais, a regularização fundiária, o Fundo da Investimento Agropecuário (FIAgro) e a PEC Emergencial.
“Nós definimos uma pauta de trabalho que passa por uma série de projetos no legislativo. Não vamos aprovar nada na calada da noite, seremos transparentes, do jeito que exige a sociedade brasileira para o nosso setor”, diz Souza, de acordo com o divulgado pela FPA.
O senador Irajá Abreu (PSD-TO) defendeu a aprovação do projeto sobre a regularização fundiária. Conforme o relato da FPA, Irajá reconheceu que, por conta da paralisação trazida pela pandemia de Covid-19, o trabalho feito em comissão do Congresso foi praticamente perdido, mas há duas propostas em tramitação pelas quais é possível avançar nesse tema. “É um tema sensível, mas vai dar ao Incra meios de trabalhar”, disse ele.
Também presente no encontro com a bancada ruralista, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Geraldo Melo Filho, disse que o programa Titula Brasil, lançado recentemente pelo governo federal, visa agilizar a regularização fundiária no Brasil. O objetivo, segundo ele, é automatizar e desburocratizar as concessões de título de posse e propriedade no país.
“Não se trata do Incra abrir mão do controle dos processos em si. O Incra segue fazendo o seu papel da análise, da instrução e das decisões dos processos de regularização fundiária, mas, em parceria com as prefeituras que assim desejarem”, explicou, segundo o divulgado pela FPA.
Fonte: Globo Rural
Imagem: Globo Rural.
Projeto de lei pode abrir caminho para investimentos em projetos ainda inéditos no Brasil
O Senado recebeu ontem um novo projeto de lei (PL) que promete abrir caminho para investimentos em projetos de geração de energia elétrica em alto mar, com forte potencial para o aproveitamento da fonte eólica no Nordeste. O PL 576/21 foi protocolado pelo senador Jean-Paul Prates (PT-RN), logo após apresentação a representantes do governo e do setor privado.
O marco legal define um modelo de contratação semelhante ao do setor de petróleo e gás, aproveitando mecanismos como pagamento de bônus de assinatura e royalties para União, Estados e municípios. Para simplificar a chegada de investimentos, o PL adota o regime de autorização.
"Chegamos à conclusão de que podemos trabalhar perfeitamente com a autorização, que é mais simples, mais ágil, em vez de concessão ou permissão", disse Prates, em evento virtual de lançamento da iniciativa.
De acordo com o parlamentar, o investidor poderá obter a autorização de duas formas. A primeira, com processo facilitado, é a "outorga independente". Nela o empreendedor poderá escolher as áreas mais atrativas e requerer a autorização à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Até a liberação da outorga independente, o órgão regulador realizará a chamada pública para medir o interesse do mercado, a análise da viabilidade e a consulta pública. Só então, a autorização será liberada mediante o pagamento de bônus de assinatura.
A segunda forma, batizada de "outorga planejada", envolve áreas mais atrativas a serem oferecidas em licitação pública. Vence quem apresentar o maior lance de bônus de assinatura. Neste caso, os estudos técnicos e econômicos são feitos pelo poder público.
A análise de viabilidade dos projetos offshore considera aspectos ambientais, demarcação de campos de petróleo em atividade e rotas marítimas e aéreas - neste último, considera-se o risco de aeronaves atingirem as torres de geração de energia eólica.
Prates ressalta que a "eólica offshore" já é bastante difundida na Europa. Por conta disso, o lançamento contou com a participação dos consulados do Reino Unido, da Noruega e da Dinamarca, pioneiros nessa exploração.
"Lá eles têm áreas extremamente inóspitas, caras para operar, com mares agitadas, um clima complicado, profundidades bem maiores que aqui", disse o senador do Estado nordestino.
"No Rio Grande do Norte e no Ceará, já temos medições com um fator de capacidade [desempenho na geração de energia] acima de 80%, o que é assustadoramente positivo, e um ambiente operacional que a gente conhece como ninguém", acrescentou.
Para o Prates, a aprovação de do novo marco legal vai tornar o Brasil o país "mais competitivo" nesta modalidade de geração.
O diretor-presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energias (Cerne), Darlan Santos, afirmou que as análises técnicas já produzidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) sugerem que as torres de geração sejam instaladas a oito quilômetros do litoral, para minimizar impactos e medidas compensatórias. "Isso não impede uma distância menor. No entanto, haveria a necessidade de mais estudos", afirmou.
O PL 576/21 recebeu o apoio da presidência executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum. Segundo ela, essa fonte já representa 18% da capacidade de geração do país e os projetos em alto mar devem ampliar de maneira expressiva essa participação.
Por: Por Rafael Bitencourt
Fonte: Valor Econômico e FMASE
Imagem: Consutec
Presidente do IBAMA, Dr. Eduardo Bim, atendeu reivindicação de grupo de advogados vinculados ao Portal DireitoAmbiental.com e se comprometeu a liberar acesso máximo ao sistema SEI para advogados, além de criar o usuário “advogado/a” no Sistema.
Em reunião realizada no dia 23 de fevereiro de 2021, o Presidente do IBAMA, Dr. Eduardo Bim, atendeu o pleito de grupo de advogados colaboradores do Portal DireitoAmbiental.com e sanou um problema operacional histórico.
A ideia da solicitação surgiu a partir de debate em um dos grupos de WhatsApp do Portal, onde participam advogados, professores e profissionais que atuam na área ambiental.
A partir disso, foi formulada uma requerimento e a abertura de uma solicitação junto ao IBAMA, conforme matéria divulgada em 22 de fevereiro no link direitoambiental.com/acesso-processo-ibama/ .
Trata-se de uma conquista para a Advocacia Ambiental, visto que até então os Advogados atuantes perante o IBAMA possuíam dificuldades burocráticas para acessar seus processos administrativos, tais como: demora para liberação de acesso e também tempo limitado para a visualização do processo.
Além disso, curiosamente o Advogado não possuía uma categoria para peticionamento, obrigando os profissionais a se identificarem como “cidadãos” ante a lacuna existente no sistema. Alguns até mesmo se identificavam como “cônsules” ou “vereador”, ante o desatino.
Imediatamente após o fim da reunião, o usuário “advogado/a” já fora criado e o compromisso de orientação para todas superintendências foi a de que advogados tenham o tempo máximo de acesso aos processos em que atuam, ou seja, de 999 dias.
Com isso, não haverá mais necessidade de reiterados pedidos de acesso, desburocratizando o procedimento e trazendo maior segurança jurídica a todos.
Participaram da reunião os(as) seguintes Advogados(as):
Lelayane Flausino;
Pedro Campany;
Luciana Vianna Pereira, patrona do portal;
Alessandro Panasolo, patrono do portal;
e Maurício Fernandes, fundador do Portal DireitoAmbiental.com
Fonte: direitoambiental.com
Imagem: direitoambiental.com
O MPF (Ministério Público Federal) enviou no dia 12 de fevereiro um ofício ao Ministério do Meio Ambiente solicitando informações sobre a possível fusão do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). A pasta tem 20 dias para responder.
O Ministério Público pede que o grupo de trabalho do ministério que estuda a junção dos dois institutos explique quais critérios estão sendo considerados para a fusão, se servidores do corpo técnico e representantes de comunidades tradicionais potencialmente impactadas foram ouvidos.
A pasta também foi questionada se foram produzidos relatórios ou análises técnicas sobre quais seriam os impactos da fusão, "em especial sobre a necessária proteção do bioma amazônico". O MPF pediu para ter acesso a estes documentos, caso existam.
O Ministério Público perguntou ainda se o Ministério do Meio Ambiente pretende realizar audiências públicas ou seminários sobre o assunto.
A Força-Tarefa Amazônia, do MPF, realizou no início deste mês uma audiência pública sobre o assunto. Na ocasião, os participantes apontaram falta de transparência no processo de fusão e produziram notas técnicas com apontamentos. O MPF também pede que o ministério se manifeste sobre elas. Fonte: UOL Imagem: UOL
Osecretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Rodrigo Limp, afirmou, em entrevista à Agência Infra, que a modernização do setor elétrico tem avançado e destacou o mercado livre como o futuro do setor.
Limp reforçou a importância da aprovação do Projeto de Lei do Senado (PLS) 232/2016 que passou a tramitar na Câmara dos Deputados. O projeto é considerado fundamental para dar seguimento à transformação do setor elétrico, já que promove a abertura do mercado e outras pautas importantes para a estruturação do setor.
Fonte: MME.
Imagem: MME.
A minuta do edital com as regras do leilão de transmissão previsto para 30 de junho foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica nesta terça-feira, 9 de fevereiro. O certame será realizado na bolsa B3 e vai ofertar 11 empreendimentos divididos em cinco lotes, com investimento total previsto de R$1,3 bilhão.
O documento será enviado na quarta-feira (10) para para avaliação do Tribunal de Contas da União, que terá 90 dias para concluir a análise. A versão definitiva, considerando eventuais alterações sugeridas pelo órgão de controle, deve ser aprovada em 25 de maio.
A leilão vai ofertar concessões de 524 km de linhas de transmissão, incluindo projetos novos e trechos de seccionamento de linhas, além de cinco subestações, localizados nos estados do Acre, Rondônia, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Tocantins e São Paulo. A Receita Anual Permitida máxima desses projetos soma R$ 187 milhões. As obras tem prazo de conclusão entre 36 e 60 meses.
A licitação terá as mesmas regras do certame realizado pela Aneel em 17 de dezembro do ano passado. Os vencedores da disputa assinarão os contratos de concessão em 30 de setembro.
Confira os empreendimentos a serem leiloados:
LOTE 1 – AC/RO:
– LT 230 kV Abunã – Rio Branco C3, com 305 km;
– SE 230/69 kV Tucumã – (6+1Res) 50 MVA;
– Trechos de LT 230 kV entre a SE Tucumã e a LT 230 kV Abunã – Rio Branco C2, com 2 x 45 km.
LOTE 2 – RJ:
– LT 345 kV Venda das Pedras – Sete Pontes C1 e C2, CD, com 41 km;
LT 345 kV Comperj – Venda das Pedras, C1, CS, com 18 km;
– SE 345/138 kV Sete Pontes – (6+1 res.) x 200 MVA;
LOTE 3 – MT:
– SE 500/138 kV Cuiabá Norte – (3+1 res.) x 200 MVA;
– Trechos de LT 500 kV entre a SE Cuiabá Norte e a LT 500 kV Jauru – Cuiabá C2, com 2 x 0,5 km.
LOTE 4 – TO:
– SE 230/138 kV Gurupi – novo pátio em 138 kV e transformação 230/138 kV – 2×100 MVA.
LOTE 5 – SP:
– SE 230/88 kV Dom Pedro I – (6+1 res.) x 50 MVA;
– Trechos de LT 230 kV entre a SE Dom Pedro I e a LT 230 kV São José dos Campos – Mogi das Cruzes, com 2 x 9,5 km.
Fonte: Canal Energia
Imagem: Unsplash
Potencial de investimento de mais de R$ 3 bilhões de reais anuais para a conservação de parques nacionais.
O Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, assinou hoje (9/2) decreto para instituir o programa Adote 1 Parque, criado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para permitir que pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, possam doar recursos para contribuir com a proteção ambiental em parques nacionais. São esperadas propostas de investimento que totalizam um potencial de R$ 3,2 bilhões anualmente.
Na primeira fase do programa, o foco estará nas 132 unidades de conservação federais na Amazônia. Os parques ocupam 15% do bioma, totalizando 63,6 milhões de hectares. Os recursos serão aplicados diretamente pelos parceiros nas unidades adotadas.
Entre as ações de proteção ambiental no escopo do programa, estão a prevenção e combate a incêndios e desmatamento, recuperação de áreas degradadas, consolidação e implementação de planos de manejo, vigilância e monitoramento dos parques.
As pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras que adotarem os parques, serão reconhecidos como “Parceiros do Meio Ambiente” e poderão divulgar essa parceria. A adoção será de um ano, podendo ser renovada após o fim do prazo.
Para saber mais sobre o programa Adote 1 Parque, acesse o link: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/areasprotegidasecoturismo/adoteumparque Fonte: MMA
Imagem: MMA.
O Senado aprovou nesta 5ª feira (4.fev.2021) a MP 998 de 2020, que moderniza o setor elétrico do país. O texto teve a votação na Câmara encerrada em 17 de dezembro de 2020 e perdia a validade em 9 de janeiro de 2021. Com o prazo curto, o relator Marcos Rogério (DEM-RO) não fez mudanças no conteúdo da matéria. O projeto agora vai à sanção presidencial.
O texto aprovado remaneja recursos no setor elétrico para permitir a redução de tarifas de energia e reorganiza o segmento nuclear para a conclusão do projeto da usina de Angra 3.
A proposta do Executivo foi alterada no Congresso para diminuir os impactos do fim de subsídios às energias solar, eólica e de biomassa. Em vez de acabar em setembro, a ajuda do governo será estendida por 12 meses depois da promulgação da lei.
Os congressistas também permitiram incentivo à geração de energia a partir de fontes renováveis em prédios públicos utilizando recursos de eficiência energética.
No Senado, as emendas ao texto foram apenas na redação para deixar mais claras as regras dispostas na MP. Segundo o relator, a mudança busca alcançar não apenas os projetos contratados, mas também os já iniciados e essa mudança contaria com o apoio do Ministério de Minas e Energia.
O texto aprovado ainda possibilita que distribuidoras de energia elétrica apliquem recursos de pesquisa e desenvolvimento em tecnologias para armazenamento de limpas.
Foram incluídos dispositivos para estimular a competição nos leilões de geração de energia e incluiu mais setores como beneficiados por investimentos em eficiência energética, restritos inicialmente à indústria.
COMPENSAÇÃO À CEMIG
Ainda na Câmara, os deputados aprovaram uma emenda para que houvesse compensação a usinas leiloadas de 2015 a 2017 que tiveram impacto na geração de energia por conta do período de seca –o chamado risco hidrológico.
O texto atende a reivindicações da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), de acordo com o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). A compensação será feita pela extensão do prazo das concessões.
CONTA DE DESENVOLVIMENTO ENERGÉTICO
A medida provisória transfere para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), de 2021 a 2025, 30% dos recursos que as concessionárias de energia elétrica são obrigadas a aplicar em programas de pesquisa e desenvolvimento e de eficiência energética. Verbas para projetos contratados ou iniciados serão preservadas.
Hoje, há R$ 3,4 bilhões não utilizados em projetos de P&D e eficiência energética, que poderão ser direcionados para a CDE, a fim de diminuir potenciais aumentos tarifários por causa dos efeitos da pandemia.
Devido à queda do consumo de energia neste ano, as distribuidoras de energia fizeram empréstimo de R$ 15,3 bilhões para compensar as perdas de receita. A medida ficou conhecida como conta covid.
REGIÃO NORTE
Os congressistas concederam prazo de 5 anos às distribuidoras da Região Norte para aplicação de parâmetros de eficiência na gestão econômica e financeira, para mitigar efeitos econômicos em concessões que encontraram dificuldades em atender aos parâmetros dos contratos em razão dos efeitos da pandemia.
Os consumidores dos Estados do Norte não precisarão mais pagar pelos empréstimos fornecidos às distribuidoras na época em que elas estavam sob controle temporário da União, que precedeu a privatização. Os empréstimos foram bancados pela RGR (Reserva Global de Reversão), um encargo cobrado da conta de luz.
A RGR também financiará o valor dos bens das distribuidoras ainda não reconhecidos pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), evitando que o custo recaia sobre o consumidor.
O texto prevê também mudança que o recolhimento do encargo da CDE, que passará a ser regional. A medida permitirá que os consumidores do Acre e de Rondônia tenham a mesma cobrança que os demais consumidores da região Norte (atualmente, contribuem como se estivessem na região Sudeste/Centro-Oeste).
Segundo Léo Moraes, relator da medida na Câmara, a MP 998 foi a responsável pela redução média de mais de 11% nas tarifas de energia de Rondônia, com previsão de mais ou menos 30% de redução para os próximos 5 anos.
Mas, pelo menos 2 aumentos tarifários foram registrados na região: no Amazonas, a Amazonas Energia teve aumento médio de 5,31%, a partir de 1º de novembro. No Acre, a alta foi de 2,95% nas tarifas da Energisa Acre, a partir de 13 de dezembro.
Nos 2 casos, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) afirma que o reajuste seria ainda maior não fosse a medida provisória.
ANGRA 3
O relatório permite ainda a criação de adicional tarifário para arcar com os custos relacionados ao contrato de comercialização de energia elétrica de Angra 3.
O texto determina que a outorga de autorização para a exploração da usina nuclear seja de competência exclusiva de uma empresa estatal, eliminando espaço para interpretações divergentes. Outra mudança feita pelo Congresso permite que, em caso de privatização, seja outorgada nova concessão para contratos prorrogados.
Angra 3 está sendo construída na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Segundo dados do governo divulgados em julho, a usina está com 67,1% das obras civis já executadas.
A MP determina ainda a transferência para a União de todas as ações da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) e da Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados), inclusive as que estão nas mãos da iniciativa privada. As duas estatais, que hoje atuam como sociedades de economia mista (S/A), serão transformadas em empresas públicas vinculadas ao Ministério de Minas e Energia.
A INB atua em mineração e beneficiamento de urânio. A Nuclep atua no desenvolvimento, na fabricação e na comercialização de equipamentos pesados para os setores nuclear.
Fonte: Poder 360
Imagem: Poder 360.
Estudo elaborado pela Thymos para a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia conclui que a abertura total do mercado consumidor é plenamente viável no Brasil, mas existem pontos críticos a serem resolvidos para uma transição bem sucedida. O trabalho destaca como relevante nessa discussão a decisão de não aumentar o número de contratos existentes no ambiente regulado, priorizando, se necessário, a contratação de Reserva de Capacidade.
“O aumento de legados dificulta a migração para um ambiente de mercado plenamente competitivo”, afirma a consultoria. O trabalho foi apresentado na última quarta-feira (27) à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e à Agência Nacional de Energia Elétrica, e deve ser entregue também ao Ministério de Minas e Energia.
Outros quatro pontos são considerados essenciais para a liberalização do mercado: procedimentos de medição, implantação do supridor de última instância, aperfeiçoamento do comercializador varejista e procedimento de faturamento.
A separação das atividades de distribuição e comercialização de energia é um tópico importante mas não imprescindível para promover a abertura integral do mercado varejista, afirma o estudo. Da mesma forma, a substituição de todos medidores eletromecânicos por medidores inteligentes (smart meters) “é desejável, mas não é uma pré-condição” para permitir a livre escolha do fornecedor por todo e qualquer consumidor de energia elétrica. A expectativa é de que essa escolha possa ser feita sem quaisquer amarras por pequenos consumidores a partir de 2024.
O mercado cativo de distribuição no Brasil tem 83 milhões de unidades consumidoras, e já existem iniciativas de concessionárias para a troca dos equipamentos convencionais por medidores eletrônicos. A recomendação é de as distribuidoras sejam responsáveis pela instalação dos smart meters para consumidores que ingressarem no ACL.
Na discussão sobre quem pode exercer o papel de supridor de última instância, o documento avalia que inicialmente essa função poderá ser exercida por comercializadora regulada ligada à distribuidora local, sendo aberta depois a competição para o exercício da atividade por outros agentes.
Em relação ao modelo de comercialização, a recomendação é de sejam estabelecidos gatilhos para a rescisão de contrato com o comercializador varejista e a transferência automática do consumidor inadimplente para o supridor de última instância, além da suspensão de fornecimento do consumidor que judicializar a inadimplência. A implantação da figura do agregador de medição também poderá facilitar a adesão de consumidores de pequeno porte ao ambiente livre, por meio do comercializador varejista.
Com a separação necessária entre fio e energia, qual seria o procedimento ideal em termos de faturamento? A sugestão é de seja emitida fatura unificadas com as duas rubricas, para reduzir o risco de o consumidor pagar somente um dos custos, ficando inadimplente em relação ao outro. Teria que haver, para isso, a integração de sistemas comerciais e o tratamento tributário de distribuidoras e varejistas, o que poderia ser feito por meio do PIX, a plataforma de pagamentos instantâneos implantada pelo Banco Central.
Dados da Abraceel mostram que a migração de consumidores para o Ambiente de Contratação Livre aumentou 22% em 2020, enquanto o consumo no segmento cresceu 3,9%. O presidente executivo da associação, Reginaldo Medeiros, atribui o resultado ao custo menor da energia no ACL. “Em 2021, acreditamos em migração de grandes redes de supermercados, comércio, indústria de alimentos e saneamento”, prevê Medeiros.
Fonte: Canal Energia
Imagem: Primeira Hora.
O Cadastro Ambiental Urbano (CAU) foi criado em setembro de 2020 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), como primeira entrega do programa Cidades+Verdes. Menos de um semestre depois, 100 municípios em 23 estados já deram entrada no CAU para registro, categorização e monitoramento de suas áreas verdes urbanas.
Com pouco mais de 5 meses de existência, o CAU já conta com 3.777 registros de áreas verdes. Desses registros, 1.571 áreas foram validadas por gestores e já se encontram acessíveis no aplicativo para os cidadãos. 100% digital, a ferramenta foi criada para melhorar a gestão e contribuir para aumentar a quantidade e qualidade das áreas verdes nas cidades de todo o Brasil.
O CAU Gestor permite o acesso dos gestores municipais às informações dadas pelos cidadãos, facilitando a gestão das áreas verdes de cada município. Até agora, 379 usuários se cadastraram no CAU Gestor para atuar na análise dos relatórios enviados pelos cidadãos. Qualquer técnico ou gestor da área de meio ambiente pode fazer seu cadastro e contribuir com esse trabalho, acessando a ferramenta pelo navegador ou fazendo download do aplicativo, tudo 100% gratuito.
No módulo CAU Cidadão, qualquer cidadão pode fazer seu cadastro e utilizar funcionalidades adicionais, como a avaliação das áreas visitadas e a emissão de alertas para oportunidades de melhorias e revitalização das áreas verdes. O MMA está trabalhando em planos de comunicação com estados e municípios, bem como com cursos de EAD para difundir as ferramentas e treinar os usuários.
Cidades+Verdes
O programa é um dos eixos da Agenda Ambiental Urbana, visando incrementar as áreas verdes nos centros urbanos. Somente municípios cadastrados no CAU podem receber recursos provenientes do Cidades+Verdes. As áreas verdes contribuem para a conservação da água, do solo e da biodiversidade nas cidades do Brasil, além de promover benefícios à saúde dos brasileiros.
Saiba mais sobre o programa Cidades+Verdes, LINK: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agendaambientalurbana/cidades-verdes-1.
Fonte: MMA
Imagem: MMA
Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, esteve no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu (PR), na tarde desta quinta-feira (28/1), para visitar diversos projetos desenvolvidos no local, em áreas como segurança de barragens, energia, simulação de sistemas elétricos e segurança cibernética, com potencial para replicação no setor elétrico nacional.
Segundo o ministro, o objetivo principal é conhecer esses projetos como parte de um processo que está ocorrendo com outras empresas e órgãos ligados ao ministério.
“Queremos aproveitar esses projetos e potencializá-los, juntamente com outros que serão definidos como prioritários pelo Conselho Nacional de Política Energética”, afirmou Bento Albuquerque. “Assim, teremos melhores produtos a um custo mais baixo para o consumidor brasileiro, além de promover o desenvolvimento tecnológico, que é tão importante para qualquer país”, acrescentou.
O ministro destacou que o País precisa melhorar a qualidade dos investimentos em ciência e tecnologia, e que o MME vem trabalhando para o desenvolvimento de políticas públicas nesse sentido. “O PTI tem prestado relevantes serviços à Itaipu e, no que diz respeito ao setor elétrico e outros setores da economia, pode contribuir também. Esperamos que essas políticas venham a contribuir com a sustentabilidade desses projetos do PTI”, avaliou Bento Albuquerque.
O ministro visitou as instalações do parque acompanhado do diretor-geral brasileiro da Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, do diretor-superintendente do PTI, general Eduardo Garrido, além de dois conselheiros da binacional, Pedro Miguel da Costa e Silva e José Carlos Aleluia Costa, e diretores de ambas as instituições.
“O PTI tem soluções para questões que são críticas em todo o mundo, como é o caso da segurança cibernética. E muitas vezes essas soluções não são tão conhecidas. Então, é importante termos esse tipo de intercâmbio como MME, para que se possa replicar esse tipo de ação em outras estruturas do país”, disse o general Silva e Luna.
O general Garrido fez uma apresentação ao ministro, destacando a revisão do planejamento estratégico do PTI, que mudou o perfil da instituição, de entidade educacional para de ciência e tecnologia. Mostrou também as quatro áreas de expertise, que são o agronegócio, energia (especialmente fontes renováveis como biogás e hidrogênio), segurança de infraestruturas críticas e turismo e cidades.
O PTI ainda abriga três campi universitários, totalizando 27 cursos de especialização, 10 de mestrado e seis de doutorado. O espaço é frequentado por 7 mil pessoas, entre profissionais, estudantes e professores. “Um dos principais objetivos na atualidade tem sido aumentar a sustentabilidade financeira do parque, diminuindo sua dependência da instituição mantenedora, no caso a Itaipu”, destacou Garrido.
Fonte: MMA
Imagem: MME.
Como parte dos estudos do Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 (PDE 2030), o Caderno de Parâmetros de Custos de Geração e Transmissão apresenta, em detalhes, os parâmetros de custos das fontes energéticas consideradas como oferta para a expansão de energia nos estudos, assim como os custos referenciais de expansão das interligações entre os subsistemas.
Esses estudos são elaborados anualmente pela EPE sob as diretrizes e o apoio da equipe da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético (SPE/MME).
Esse documento tem como um de seus objetivos dar mais transparência e publicidade aos dados de entrada utilizados no Modelo de Decisão de Investimento (MDI).
Para mais detalhes, acesse o Caderno de Parâmetros de Custos de Geração e Transmissão no link: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/noticias/CadernodeParmetrosdeCustosPDE2030.pdf
Fonte: MME
Imagem: MMA.
Recuperação de áreas degradadas trará benefícios econômicos para os agricultores e comunidades tradicionais da região.
O Ministério do Meio Ambiente direcionou recursos no âmbito do programa Floresta+ para a recuperação e conservação da vegetação em territórios de pequenos agricultores da Bacia Hidrográfica do Rio Jiquiriçá, na Bahia.
Os recursos serão destinados para a aquisição de 10 kits que incluem materiais, insumos e ferramentas para recuperação de áreas degradadas. Além disso, serão realizadas oficinas de capacitação para recuperação de áreas degradadas. As ações serão destinadas aos agricultores familiares e comunidades da bacia.
A bacia hidrográfica do Rio Jiquiriçá é a maior sub-bacia do Recôncavo Sul, com população total de 350 mil habitantes, e abrange 19 municípios. A proposta beneficiará diretamente os pequenos proprietários rurais e comunidades que tenham áreas a recuperar em seus imóveis pela implantação e manejo de sistemas agroflorestais.
A implantação de sistemas agroflorestais contribui para a recomposição da vegetação nativa, promovendo melhorias nas condições ambientais da região. A recuperação dessa vegetação amplia a capacidade de infiltração das águas pluviais no solo, reduzindo os efeitos da erosão.
Além disso, o uso de espécies dos sistemas agrícolas locais, associadas às espécies frutíferas e nativas florestais, pode auxiliar na diversificação da produção, o que possibilita maior geração de renda para as comunidades rurais.
Programa Floresta+
O Floresta+ é um programa do Ministério do Meio Ambiente que visa fomentar o mercado de serviços ambientais por meio do incentivo monetário ou não monetário como retribuição e incentivo àqueles que prestam atividades de conservação e recuperação em todos os biomas.
Fonte: MMA
Imagem: MMA
O Ministério do Meio Ambiente destinou recursos para ações do programa Lixão Zero em municípios nos estados de Alagoas e Santa Catarina. Ao todo, perto de 20 municípios onde vivem mais de 520 mil brasileiros serão beneficiados por ações que vão implementar e melhorar a gestão do lixo em ambos estados.
Em Alagoas, o município a receber recursos é o de Arapiraca, segundo mais populoso do estado. Além de equipamentos e ações de educação ambiental, o município receberá assessoria técnica especializada para capacitação de cooperados, visando melhorias nas condições de trabalho dos catadores, na gestão e no processo de coleta seletiva regular.
Santa Catarina será contemplado no âmbito do Consórcio Intermunicipal Serra Catarinense (CISAMA), sediado em Lages. Alcançando 18 municípios consorciados, os valores serão dirigidos para a organização e fortalecimento das cooperativas de catadores nas cinco microrregiões onde ficam as centrais de gerenciamento de resíduos sólidos da Serra Catarinense.
As ações estão previstas no programa Lixão Zero, que apoia estados e municípios na destinação ambientalmente adequada dos resíduos, reforçando o cuidado com o solo, a água, o ar, a biodiversidade e o bem-estar dos brasileiros.
Ações relacionadas: ecoturismo
Dois dos municípios contemplados abrigam o Parque Nacional de São Joaquim, Urubici e Bom Jardim da Serra, que estão sendo beneficiados por outra ação do MMA: a inclusão do parque na agenda de concessões, criada para atrair investimento privado para a proteção ambiental e estruturar o ecoturismo em parques nacionais, impulsionando a economia local.
Fonte: MMA
Imagem: MMA
As Regras de Transmissão são compostas de seis módulos, dos quais três passaram a valer a partir de 1º de janeiro de 2021: “Glossário”, “Instalações e Equipamentos” e “Prestação dos Serviços”.
Foram revogadas 8 resoluções normativas, dentre as quais a REN 729/2016, que tratava da qualidade do serviço de transmissão, a REN 443/2011 que tratava dos reforços e melhorias e a REN 669/2015, que estabeleceu os requisitos mínimos de manutenção. Apesar das revogações, todo o conteúdo normativo foi mantido e pode ser encontrado nos anexos da REN 905/2020, na forma de módulos.
A consolidação das normas de transmissão tem como objetivo organizar normativos atinentes ao segmento de transmissão em um único documento – denominado Regras dos Serviços de Transmissão de Energia Elétrica, ou simplesmente Regras de Transmissão.
Outros dois módulos das Regras de Transmissão estão em fase de final de construção: “Classificação das Instalações” e “Acesso ao Sistema”. Para esses módulos a ANEEL está recebendo contribuições no âmbito da segunda fase da Consulta Pública nº 13/2020.
Para esta consulta, interessados devem enviar suas contribuições até 1º de fevereiro de 2021 para o e-mail cp013_2020_fase2@aneel.gov.br. Os documentos da consulta estarão disponíveis em www.aneel.gov.br/consultas-publicas.
FONTE:
IMAGEM: Unplush
Equipamentos, insumos e viveiro viabilizarão plantio de 10.000 mudas para criação e manutenção de áreas verdes.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) destinou recursos para a implementação do programa Cidades+ Verdes no município de Aracaju- SE. O fortalecimento e revitalização da arborização urbana visam melhorar o bem-estar dos mais de 657 mil habitantes e os indicadores ambientais da capital sergipana. Para isso será feita a seleção e o plantio de 10.000 mudas apropriadas para a região.
Os recursos serão aplicados em estruturas, equipamentos e insumos necessários para a produção, manutenção e monitoramento das espécies que serão plantadas. Serão empregados um caminhão-pipa e uma bomba d'água que auxiliarão na rega e irrigação das plantas. Além dos equipamentos, o município ganhará um viveiro para desenvolvimento das mudas até que estas estejam aptas ao plantio.
Com mais arborização, amplia-se a capacidade de absorção de água, o que ajuda a prevenir enchentes e inundações, problemas que podem degradar o solo e até a qualidade da água. Além disso, as áreas verdes urbanas têm papel importante na conservação de nascentes e de todo o ecossistema do entorno.
Do ponto de vista socioeconômico, a arborização vai ajudar na melhoria da sensação térmica e qualidade do ar na região, trazendo mais qualidade de vida à população de Aracaju e contribuindo para a valorização urbanística das paisagens da cidade.
Cadastro Ambiental Urbano:
Lançado pelo MMA em 2020, o programa Cidades+ Verdes é um dos eixos da Agenda Ambiental Urbana, que prioriza a qualidade do meio ambiente nas cidades, onde vivem 85% dos brasileiros. Para receberem ações do Cidades+ Verdes, as praças e parques urbanos devem estar registradas no Cadastro Ambiental Urbano, ferramenta de gestão criada pelo MMA para identificar e mapear as áreas verdes urbanas de todo o Brasil.
Saiba mais sobre o programa Cidades+ Verdes, no link: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agendaambientalurbana/cidades-verdes-1
Fonte: MMA
Imagem: MMA
A extensão do sistema de transmissão no país aumentou em 6.159,34 quilômetros. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica esses novos ativos estão localizados em 15 estados. Foi registrada ainda a adição de 14.485,33 MVA em transformadores de subestações, instalados em 17 estados.
Os estados com maior quilometragem concluída de linhas de transmissão em 2020 foram, nessa ordem, Bahia (1.428,5 km), Pará (1.011 km) e Minas Gerais (842,5 km). Em potência ativa acumulada no ano, estão na dianteira São Paulo (3.607 MVA), Pará (2.350 MVA) e Minas Gerais (2.075 MVA).
No balanço apresentado pela agência reguladora, entre as maiores linhas que foram concluídas no ano passado estão o primeiro circuito da linha 500 kV Itatiba / Bateias SP/PR, com 414 km, interligando Itatiba/SP e Campo Largo/PR, e o primeiro circuito da linha 500 kV Poções III – Padre Paraíso 2, com 323 km, de Poções/BA a Padre Paraíso/MG.
Somente em dezembro, foi informada à agência a conclusão de 863,3 km de linhas e de 1.450 MVA em capacidade de transformação. A linha de transmissão com maior extensão concluída no mês foi o segundo circuito da linha 500 kV Igaporã III – Janaúba 3, entre os municípios de Caetité/BA, e Janaúba/MG, com 257 km. No último dia de 2020 o país somava 160.859,05 km de linhas de transmissão e 387.370,73 MVA de capacidade de transformação.
Fonte: Canal Energia.
Imagem: Canal Energia
O grande desafio do setor elétrico em 2021 será avançar na reforma do setor, com a aprovação dos projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional. No Webinar “Os avanços do mercado livre de energia num ano estranho e seus próximos passos”, realizado na última segunda-feira, 18 de janeiro, o presidente executivo da Associação Brasileira das Comercializadoras de Energia, Reginaldo Medeiros, lembrou que o PLS 232 do Senado e PL 1917 na Câmara já tramitam há algum tempo.”Temos que ter um esforço muito grande para aprovar essas duas matérias. O setor elétrico pode atuar unido nisso”, afirmou.
Segundo ele, não há um consenso no setor elétrico sobre a abertura do mercado e o governo sempre busca um consenso na decisões, o que acaba por prejudicar o processo. Ainda segundo Medeiros, apesar de todos os setores serem favoráveis a abertura, esse aval só se confirma caso as suas próprias condições sejam aceitas, o que acaba inviabilizando a abertura total. A falta de novos consumidores para o ACL também foi citada por Medeiros já que não há mais tantos consumidores aptos a migrarem.
Medeiros disse ainda que a associação desenvolveu um estudo sobre os desafios para abertura total do mercado livre, em que temas como medição, contratos legados e supridor de última instância estão inseridos. “Ali está um cardápio para abertura do mercado com as decisões que devem ser tomadas”, explicou Medeiros, que pediu uma audiência pública no órgão regulador sobre o tema.
Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, se queixou do aumento nos custos de energia no país, o que levava a decisões com a da montadora Ford, que encerrou a linha de produção no Brasil. Segundo Pedrosa, o Brasil perde 17 indústrias por dia e está se desindustrializando.
O presidente da Abrace ressaltou que além do crescimento do mercado livre incentivado, cresce uma espécie de mercado livre ilegal na Geração Distribuída, com a venda de energia de pequenas usinas solares para pequenos consumidores por meio de aplicativos, sem que o consumidor invista na usina solar. “Ele compra a energia da fazenda solar livremente, apesar da legislação dizer que o pequeno consumidor não pode ser livre para comprar a sua energia”, aponta. Segundo ele, isso deforma a energia do país, porque o incentivo está baseado no desconto do fio. Pedrosa também pediu discussões sobre subsídios, de modo a organizar o mercado.
O presidente do Conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Rui Altieri, considera que a CCEE está pronta para a ampliação do mercado. Ele defendeu uma abertura gradual e continua, de maneira que não exista ônus para que não migrarem. Altieri lamentou ainda que o consumidor varejista não tenha deslanchado no Brasil. Para ele, não faz sentido que todos os consumidores acessem a CCEE e sim mecanismos que os induzam a serem representados pelos varejistas. ‘Não queremos ter 10 ou 12 milhões de consumidores na CCEE. Hoje temos menos de 30 varejistas habilitados e eles comercializam menos de 70 MW med, quase nada”, comentou.
Fonte: Canal Energia
Imagem: Congresso Nacional
O mundo empenhou US$ 501,3 bilhões em recursos para descarbonização em 2020, batendo o ano anterior em 9%, apesar da ruptura econômica causada pela pandemia de covid-19. Esse é o resultado de um levantamento sobre investimento em transição de energia feito pela BloombergNEF (BNEF) e divulgado nesta terça-feira, 19 de janeiro.
A análise mostra que empresas, governos e até mesmo famílias investiram US$ 303,5 bilhões em nova capacidade de energia renovável em 2020, um aumento de 2% no ano. Esse movimento foi ajudado pelo maior desenvolvimento de projetos solares de todos os tempos e um aumento de US$ 50 bilhões em energia eólica offshore. Esse grupo também gastou US$ 139 bilhões em veículos elétricos e infraestrutura de carregamento associada, um aumento de 28% e um novo recorde.
A instalação doméstica de bombas de calor com eficiência energética chegou a US$ 50,8 bilhões, um aumento de 12%, enquanto o investimento em tecnologias de armazenamento estacionário, como baterias, foi de US$ 3,6 bilhões, mesmo nível de aportes registrado em 2019, apesar da queda dos preços, o que evidencia um crescimento em capacidade.
Por sua vez, detalha a BNEF, o investimento global em captura e armazenamento de carbono (CCS) triplicou para US$ 3 bilhões, e o investimento em hidrogênio foi de US$ 1,5 bilhão, queda de 20%, mas o segundo maior número anual até hoje.
De acordo com o chefe de análise da BNEF, Albert Cheung, a geração de energia limpa e o transporte elétrico estão tendo grandes fluxos de entrada, mas precisam ver mais aumentos nos gastos à medida que os custos caem. Tecnologias como aquecimento elétrico, CCS e hidrogênio estão atraindo apenas uma fração do investimento de que precisarão na década de 2020 para ajudar a controlar as emissões. E completou que é necessário falar em trilhões por ano para cumprir as metas climáticas.
Em termos de divisão geográfica, a Europa foi responsável pela maior fatia do investimento global, com US$ 166,2 bilhões, uma alta de 67%.Segundo a BNEF, esse resultado foi impulsionado por um ano recorde de vendas de veículos elétricos e o melhor ano em investimento em energia renovável desde 2012. A China vem em seguida com US$ 134,8 bilhões, queda de 12%. Em terceiro lugar desse ranking, estão os Estados Unidos com US$ 85,3 bilhões, retração de 11%.
Na análise do executivo-chefe da BNEF, Jon Moore, o investimento geral em energia eólica e solar foi robusto e as vendas de veículos elétricos aumentaram mais do que o esperado. Cerca de 54% das emissões de 2016 estão agora sob alguma forma de compromisso líquido-zero, contra 34% no início do ano passado. E isso, continuou ele, deve impulsionar o aumento do investimento nos próximos anos.
A BNEF abriu uma série de gráficos ilustrando as tendências no investimento em transição de energia que pode ser acessado neste link: https://about.bnef.com/energy-transition-investment/
Investimento em energia renovável
O investimento global em capacidade de energia renovável aumentou 2% para US$ 303,5 bilhões em 2020. Este foi o segundo maior valor anual de todos os tempos, depois do recorde de US$ 313,3 bilhões em 2017. Segundo a empresa, a queda dos custos de capital permitiu que volumes recordes de energia solar (132 GW) e eólica (73 GW) fossem instalados com base no aumento menos expressivo do investimento em dólares.
Os destaques do total de investimento em energias renováveis ??incluíram um salto de 56% nos financiamentos de projetos eólicos offshore para US$ 50 bilhões. No geral, o investimento em capacidade solar aumentou 12%, para US$ 148,6 bilhões, e a energia eólica (onshore e offshore) caiu 6%, para US$ 142,7 bilhões. Os financiamentos de biomassa e resíduos em energia caíram 3%, para US$ 10 bilhões.
Um outro levantamento apontou que a emissão total de dívida sustentável em 2020 foi de US$ 732 bilhões, novo recorde. Esse volume refere-se a títulos e empréstimos levantados com objetivos ambientais e sociais. Títulos verdes viu os volumes subirem 13% para um novo recorde de US$ 305,3 bilhões.
Fonte: Canal Energia
Imagem: ANEEL.
Sinalização e passarelas estão entre medidas para proteger biodiversidade nativa.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) destinou recursos ao município de Cananéia-SP para prevenir e reduzir atropelamentos de animais silvestres em rodovias locais, bem como promover a divulgação de espécies de aves nativas da região, com o objetivo de aproveitar o potencial turístico da observação de pássaros e aves.
Entre as medidas de defesa dos animais, estão a instalação de placas de sinalização de presença de fauna e a construção de passarelas aéreas para primatas e outras espécies arborícolas em áreas com mais densidade de mata nativa. As medidas serão implantadas em pontos críticos das rodovias Prefeito Herculano de Oliveira Rosa e Abílio Previdi, compreendendo um corredor biológico de 110 km que se estende desde a foz do Rio Ribeira em Iguape (SP) até a baía de Paranaguá (PR). A sinalização também garante maior segurança para os motoristas que frequentam a estrada, diminuindo os riscos de acidentes devido a colisões com animais nas vias.
Além disso, os recursos também serão utilizados para a elaboração de um guia didático de aves da região, para fomentar o turismo de observação de aves na região. Com essa proposta, a população do município também será beneficiada pela geração de emprego e renda, por meio de atividades educativas voltadas ao ecoturismo.
O município de Cananéia está situado no extremo sul do Litoral Paulista, e além de abrigar reservas de mata atlântica, é um dos maiores berçários de vida marinha do mundo. As paisagens do mar contra a mata nativa e a rica diversidade de fauna no entorno atraem um fluxo turístico que ultrapassa 100 mil visitantes em alta temporada.
O ecoturismo a favor da conservação.
O aumento do número de turistas frequentando o município intensifica o tráfego de veículos nas rodovias, ocasionando ocorrências de atropelamentos de animais. Com incentivos à observação de pássaros, o ecoturismo passa a ter um papel preponderante na proteção da biodiversidade. Com a criação de roteiros turísticos específicos e atividades de educação ambiental, a valorização das aves da região pode ser estimulada tanto entre turistas quanto moradores da região.
Fonte: MMA.
Imagem: MMA.
Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, participou hoje (19/1) da XI Assembleia Geral da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), realizada em formato virtual.
A IRENA foi criada em 2009, com sede em Abu Dhabi e conta atualmente com 163 membros, além de 22 Estados em processo de adesão. O Brasil, cujo pleno ingresso na IRENA está ainda pendente de aprovação legislativa, é país em processo de adesão desde 2018.
A XI Assembleia da IRENA conta com a participação de altas autoridades nacionais e do Secretário Geral das Nações Unidas e tem como tema central “COVID-19: Transição Energética”. O debate está focado nas necessidades e prioridades dos países membros para uma retomada econômica sustentável do ponto de vista energético.
Em sua intervenção, Bento Albuquerque recordou que os processos de transição energética variam em ritmo e estágio de acordo com as realidades nacionais e regionais. Enfatizou que “não há uma receita universal” e que “depende de cada país identificar suas vantagens competitivas e tirar o melhor proveito delas, contribuindo para o esforço coletivo para um futuro de baixo carbono”.
Com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o Brasil tem buscado manter uma “neutralidade tecnológica” em seu planejamento energético, lançando mão de uma ampla gama de fontes renováveis e soluções tecnológicas para a redução de emissões de CO2.
No que diz respeito à relação com a IRENA, o ministro registrou que o Brasil vem reforçando a colaboração com as áreas técnicas da agência. Um exemplo é a iniciativa sobre cenários de longo prazo coordenada pela IRENA, que foi de grande utilidade no processo de atualização do Plano Nacional de Energia 2050.
Fonte: MME.
Imagem: MME
BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quarta-feira o projeto de lei que cria a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, aprovado pelo Congresso no final do ano passado. O objetivo da medida é incentivar proprietários rurais a promoverem ações pela preservação do meio ambiente, estabelecendo regras de compensação pelos serviços.
O prazo para a sanção terminava nesta quarta e o ato será publicado na edição de amanhã do Diário Oficial da União. Bolsonaro sancionou a lei depois de se reunir com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no Palácio do Planalto.
De acordo com o governo, o presidente decidiu vetar integralmente cinco artigos e um parágrafo de outro, "visando a adequação à constitucionalidade", após a manifestação técnica dos ministérios competentes. Um deles criava um órgão colegiado dentro do Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais, composto por representantes do poder público e da sociedade civil.
Outro instituía um cadastro nacional que conteria os contratos de pagamento realizados que envolvam agentes públicos e privados. Os vetos presidenciais ainda podem ser derrubados pelo Congresso.
Além destes, Bolsonaro também promoveu vetos relativos a incentivos tributários a serem concedidos pelo Poder Executivo, por renúncia de receita. A justificativa do presidente foi que o projeto não apresentou estimativa de impacto financeiro-orçamentário e declaração do ordenador de despesa e compensações necessárias.
O foco da lei é garantir medidas de manutenção, recuperação ou melhoria da cobertura vegetal em áreas consideradas prioritárias para a conservação, no âmbito do combate à fragmentação de habitats e na formação de corredores de biodiversidade e conservação dos recursos hídricos. O pagamento só pode ocorrer mediante verificação e comprovação das ações implementadas. A lei proíbe a aplicação de recursos públicos para pagamento a pessoas físicas e jurídicas inadimplentes.
O texto altera leis de 1973, 1991 e 1993 para adequá-las à nova política pública.
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/bolsonaro-sanciona-lei-que-prev%C3%AA-000407304.html
Imagem: Jorge William / Agência O Globo.
Ibama lança guia de avaliação de impacto para licenciamento de LTs.
Publicação orienta sobre as etapas, de modo a fortalecer o processo.
O Ibama está lançando o "Guia de Avaliação de Impacto AmbientalT (AIA) – Relação causal de Referência de Sistema de Transmissão de Energia". A publicação faz parte do projeto Guia de AIA, que tem por objetivo melhorar e fortalecer o Licenciamento Ambiental Federal, por meio de documentos que orientem sobre as etapas de AIA.
No Brasil, a AIA está associada ao licenciamento ambiental servindo como aparato técnico para subsidiar a tomada de decisão do órgão licenciador quanto à viabilidade ambiental do projeto. O Ibama é o órgão executor do LAF, cabendo ao instituto regular a instalação, ampliação, operação e desativação de atividades e projetos cuja competência de licenciar é da União.
De acordo com o Ibama, o aprimoramento dos procedimentos de AIA tem sido priorizado, para aumentar a previsibilidade e segurança técnica nas análises e decisões; aperfeiçoar os termos de referência e, por conseguinte, aumentar a qualidade dos estudos ambientais, bem como otimizar a utilização dos recursos. O Guia de AIA foi subdividido em produtos, permitindo a publicação dos resultados ao longo da execução do Projeto.
Os produtos "a" (itens de 1 a 6) correspondem às principais etapas de AIA e serão aplicáveis a todos os tipos de projeto. Já os produtos "b" (1 a 4) serão desenvolvidos por tipo de atividade ou projeto, como rodovia, ferrovia, porto, sistemas de transmissão, usina hidrelétrica, usina termelétrica, produção, sísmica e mineração de petróleo e gás que correspondem às principais tipologias licenciadas pelo Ibama, perfazendo cerca de 70% dos projetos submetidos à avaliação do instituto.
Fonte: Canal Energia
Imagem: Unsplash
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (17) o substitutivo do deputado Léo Moraes (Podemos-RO) à Medida Provisória 998, que altera regras do setor elétrico e remaneja recursos para a redução das tarifas de energia. O texto-base incluiu alterações propostas em emendas de plenário, e apenas um dos três destaques, negociado com Ministério de Minas e Energia, foi aprovado pelos parlamentares.
A MP 998 prevê a transferência de recursos dos programas de Pesquisa e Desenvolvimento e de Eficiência Energética para a Conta de Desenvolvimento Energético, entre 2021 e 2025; medidas para atendimento especialmente aos consumidores da região Norte e temas da modernização do setor elétrico.
No projeto de conversão, Moraes explicitou que pelos menos 70% dos recursos dos programas de P&D e EE regulados pela Aneel terão de ser aplicados pelas empresas do setor elétrico, o que limita a 30% os recursos a serem usados a favor da modicidade tarifária. Também foi acolhida parcialmente emenda que cria a possibilidade de destinação de recursos de P&D para armazenamento de energia de fontes não despacháveis.
Entre as emendas aceitas pelo relator estão a que concede prazo de cinco anos para aplicação de parâmetros de eficiência na gestão econômica e financeira da Amazonas Energia e da Roraima Energia, sem alterar os critérios de qualidade do serviço prestado. As antigas distribuidoras da Eletrobras foram as últimas a serem privatizadas e enfrentam, segundo o relator, dificuldades em atender aos parâmetros em razão dos efeitos da pandemia de coronavírus.
Outras mudanças incluídas foram: a prorrogação por 12 meses do período de vigência dos subsídios na tarifa fio para fontes incentivadas; a compensação a geradores por atrasos na implantação de empreendimentos que não tenham sido provocados por sua atuação ou negligência e a ampliação dos benefícios ambientais previstos na MP para as fontes renováveis. O texto prevê ainda que o encargo cobrado dos consumidores para remuneração da contratação de reserva de capacidade será proporcional ao consumo de energia.
Cemig
O único destaque ao texto base aprovado pela Câmara é a emenda de autoria do deputado Diego Andrade (PSD-MG) que permite o pagamento de compensação à Cemig pelos impactos do GSF das hidrelétricas de São Simão, Jaguara, Miranda Volta Grande, leiloadas em 2017. A estatal teria direito a receber dois anos de prorrogação das outorgas.
Foram rejeitados um destaque do PSOL que retirava do texto da MP a possibilidade de autorização de Angra 3 por 50 anos, prorrogáveis por mais 20 anos; e um do PT que determinava a exclusão da Nuclep do programa de desestatização. A estatal fornece equipamentos pesados para as centrais nucleares de Angra.
Fonte: www.canalenergia.com.br
Créditos: ABRAPCH
“Que leilão, meus amigos!”, exultou o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, André Pepitone da Nóbrega, diante dos resultados obtidos no Leilão de Transmissão no 1/2020, promovido pela Agência nesta quinta-feira (17/12) na sede da B3, em São Paulo. Maior certame de 2020 no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Governo Federal, ele encontrou ampla concorrência para todos os 11 lotes ofertados, com um deságio médio de 55,24%, o terceiro maior já verificado em certames de empreendimentos de transmissão realizados pela Agência. O investimento previsto é da ordem de R$ 7,34 bilhões, com expectativa de criação de mais de 15 mil empregos diretos em nove estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.
“Com este leilão, estimamos mais de R$ 7 bilhões em investimentos, o que deverá representar a criação de mais de 15 mil empregos diretos. Essa concessão de linhas de transmissão encerra um ciclo vitorioso de leilões realizados este ano nos setores elétrico e de petróleo do País”, disse o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Em atenção às medidas sanitárias em decorrência da pandemia de Covid-19, o leilão presencial foi realizado em três partes e com uma série de cuidados – leia mais aqui. Ao todo, participaram 51 empresas, 38 delas nacionais e as demais oriundas da China, Colômbia, Espanha, França, Itália e Portugal. Em alguns lotes, a disputa foi compartilhada por 19 proponentes, e em cinco deles houve lances a viva-voz. O certame, que também foi prestigiado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e pelo diretor da ANEEL Sandoval Feitosa, conferiu às empresas vencedoras o arremate de 1.959 km de linhas de transmissão e 6420 megavolt-ampères (MVA) de potência de subestações. Confira abaixo a tabela completa com os vencedores do leilão.
O diretor-geral da ANEEL, André Pepitone, destacou o resultado exitoso do leilão “é um sinal claro de que o setor elétrico brasileiro é um porto seguro para recepcionar investimentos.” Ainda de acordo com o diretor, “o resultado do leilão confirma o grande interesse da iniciativa privada em investir nas oportunidades do setor elétrico e revela o apetite e a confiança dos estrangeiros no Brasil. O setor se consolida na rota dos investidores nacionais e internacionais.”
O próximo leilão de transmissão, previsto para junho, deverá atrair investimento de R$ 1 bilhão, segundo Erik Rego, diretor de Estudos de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética. Segundo a previsão de Pepitone, da ANEEL, até o fim de 2022, os leilões de geração e de transmissão de energia a serem realizados pela ANEEL deverão alavancar investimentos de R$ 88 bilhões para o país, com a criação de 626 mil empregos.
As empresas vencedoras terão direito ao recebimento da Receita Anual Permitida (RAP)* para a prestação do serviço a partir da operação comercial dos empreendimentos. O prazo das obras varia de 42 a 60 meses, as concessões de 30 anos valem a partir da assinatura dos contratos. Com o resultado do certame existe a expectativa de geração de 15 mil empregos diretos.
*Receita Anual Permitida de referência (RAP) – é a receita anual que a transmissora terá direito pela prestação do serviço público de transmissão aos usuários, a partir da entrada em operação comercial das instalações.
*Com informações da ANEEL.
Confira o leilão no link: https://www.youtube.com/watch?v=DdfbAcrHECM&feature=emb_title
Fonte: http://www.mme.gov.br/
Créditos: Crédito: IBID.
O 11º Fórum A3P e o 8° Prêmio Melhores Práticas de Sustentabilidade serão realizados no dia 17 de dezembro de 2020, das 10h às 12h. O prêmio criado pelo Ministério do Meio Ambiente alcançou o maior número de inscrições em 2020, com o recorde de 137 projetos distribuídos nas cinco categorias da premiação: Gestão de Resíduos, Uso Sustentável dos Recursos Naturais, Inovação na Gestão Pública, Destaque da Rede A3P e a nova categoria, Combate ao Lixo no Mar.
Prevista para ocorrer em maio de 2020, a premiação foi adiada devido à pandemia da Covid-19, fator que também motivou a organização a optar pelo formato virtual para a realização do evento, sem a presença de público externo.
Na edição presente, o Secretário de Qualidade Ambiental André França ministrará uma palestra sobre?Gestão?de Resíduos Sólidos.
Fórum e Prêmio A3P
O Fórum da A3P tem como objetivo difundir informação sobre a sustentabilidade dentro da administração pública. Por sua vez, o Prêmio A3P visa reconhecer o mérito de iniciativas ambientalmente corretas nos órgãos e entidades do setor público.
Para acompanhar a transmissão dos eventos clique em:https://www.youtube.com/video/NeTJG7Waef8/livestreaming
Programação do 11º Fórum e 8º Prêmio A3P
10h00?Abertura? Secretária?de Biodiversidade Beatriz Milliet?- Boas-vindas e?Avanços da Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P?
10h10 Palestra 11º Fórum?-?Secretário de Qualidade Ambiental André França -?Gestão?de Resíduos Sólidos?
11h00 Exibição dos vídeos dos 15?finalistas
11:30 Solenidade de Premiação
12:00 Encerramento?
Fonte: https://www.gov.br/mma/pt-br /div>
Foto: MME
A Engie Brasil Energia é uma das vencedoras do 22° Prêmio Empresa Cidadã 2020, uma iniciativa da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil em Santa Catarina (ADVB/SC). A companhia foi contemplada em duas categorias: Participação Comunitária, com o case “Ações de apoio às comunidades no enfrentamento à pandemia”, e Desenvolvimento Cultural, com o case “Centros de Cultura e Sustentabilidade”.
Os esforços da empresa no combate aos efeitos da Covid-19 na sociedade totalizaram, desde o início da pandemia, R$ 7,2 milhões. As principais iniciativas foram no apoio ao Programa “Estímulo 2020”, movimento que oferece capacitação e apoio financeiro para pequenos empreendedores manterem suas atividades durante a pandemia, e para a Campanha “Salvando Vidas” do BNDES, no auxílio à aquisição de materiais, insumos e equipamentos de proteção para os médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde que estão nos hospitais. A Engie também realizou doações para asilos e hospitais, além da aquisição de testes e cestas básicas nas comunidades do entorno de seus ativos operacionais.
Em Santa Catarina, a empresa apoiou o Hospital de Caridade de Florianópolis, o Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), em Tubarão, e o Programa Novos Caminhos, que acolhe jovens e adolescentes, entre outras instituições. Lançou ainda o projeto Mulheres do Nosso Bairro, que consiste em uma rede de iniciativas para impulsionar ações de geração de renda nos municípios de atuação direta da Companhia.
Os seis Centros de Cultura da Engie espalhados pelo Brasil foram criados para oferecer às comunidades atividades culturais, recreativas e educativas. Já receberam mais de 2 milhões de visitantes e investimento que ultrapassa a marca dos R$ 20 milhões. Os espaços dispõem de anfiteatro, museu, biblioteca, salas para oficinas de capacitação profissional, inclusão digital e espaços para exposições.
Fonte: https://www.canalenergia.com.br/
Foto: Unsplash
Nesta terça-feira (15/12), o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, participou de uma reunião de trabalho, em formato de videoconferência, com o Ministro de Negócios, Energia e Crescimento Limpo do Reino Unido, Kwasi Kwarteng. O encontro serviu para passar em revista temas da agenda bilateral no setor de energia, com ênfase em energias renováveis, tais como biocombustíveis, hidrogênio e energia eólica offshore, bem como trocar impressões sobre a COP-26 da Conferência do Clima, que terá lugar em Glasgow em 2021.
Na ocasião, os ministros assinaram Memorando de Entendimento, que prevê a cooperação bilateral em energias renováveis e transição energética, em áreas tais como: a) desenvolvimento e incentivo de tecnologias e soluções de geração e uso de energia limpa; b) fortalecimento de estruturas regulatórias em prol de mercados mais eficientes e competitivos, em termos energéticos e ambientais; c) descarbonização do setor de petróleo e gás, por meio de políticas públicas que incentivem a contabilidade das emissões no ciclo de vida e tecnologias de captura e armazenamento de carbono; e d) promoção de oportunidades de investimentos em energias renováveis e de baixo carbono.
O Brasil e o Reino Unido já desenvolvem importante agenda de cooperação técnica e regulatória no setor de energia, ao abrigo do Programa Brasil do Fundo de Prosperidade do Reino Unido, que tem permitido o intercâmbio de experiência e melhores práticas em energias limpas. Ao abrigo dessa cooperação, a Empresa de Pesquisas Energéticas lançou, em 2020, um Roadmap da energia eólica offshore no Brasil.
O Ministro Bento Albuquerque enalteceu a tradicional relação entre os dois países no setor de energia e ressaltou as oportunidades que se abrem para a cooperação e os negócios em energias renováveis, no contexto da transição energética para um futuro de baixo carbono, processo no qual Brasil e Reino Unido são referências internacionais.
Já o Ministro Kwasi Kwarteng afirmou estar feliz por ter assinado um memorando de entendimento com o Ministério de Minas e Energia do Brasil para expandir e aprofundar a cooperação em energia renovável. Disse ainda que energia limpa é fundamental para lidar com as mudanças climáticas e se mostrou satisfeito pelos dois países estarem fortalecendo a parceria nesse assunto indispensável.
Acesse abaixo o texto do Memorando de Entendimento entre o Ministério de Minas e Energia da República Federativa do Brasil e o Ministério de Negócios, Energia e Crescimento Limpo do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte sobre Energias Renováveis e Transição Energética.
Fonte: http://www.mme.gov.br/
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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, inaugurou nesta segunda-feira (14/12) duas unidades de triagem e reciclagem no município de Espírito Santo do Pinhal, em São Paulo.
As unidades foram implantadas por meio de recursos liberados pelo Governo Federal, sendo mais de R$ 4 milhões para aquisição de equipamentos e máquinas. As unidades implantadas são uma usina de triagem e reciclagem de resíduos recicláveis secos e uma usina de beneficiamento e reciclagem de resíduos da construção civil.
A cidade gera e coleta 11.200 toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano, sendo cerca de 365 toneladas anuais de recicláveis secos coletados seletivamente. O descarte inadequado desse lixo acarreta danos ao meio ambiente, trazendo inclusive impactos econômicos e de saúde pública aos locais afetados.
Os investimentos irão possibilitar ações mais efetivas na gestão dos resíduos sólidos, economia para o município e geração de emprego e renda para população local. São mais de 44 mil habitantes beneficiados.
A usina de triagem e reciclagem de resíduos sólidos urbanos provenientes da coleta seletiva tem capacidade de processamento de 50 t/hora e promoverá um incremento na quantidade e qualidade do material triado e comercializado.
A usina de beneficiamento e reciclagem de resíduos da construção civil atenderá a demanda do município, que gera cerca de 8.300 toneladas de resíduos por ano, e poderá atender os municípios do entorno, pois tem capacidade de 50 m³ por hora.
Fonte: https://www.gov.br/mma/pt-br
Foto: Unsplash
Suspensa decisão que paralisou construção de redes de distribuição de energia no interior do Paraná
???O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, suspendeu nesta quarta-feira (9) uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que impedia a continuidade da construção de linhas de transmissão de energia elétrica no interior do Paraná.
Segundo o ministro, o Judiciário não pode interferir na discricionariedade administrativa e substituir a administração pública no processo de regulação do sistema de energia elétrica.
"A substituição de tal decisão administrativa, construída em ambiente multilateral propício para o diálogo técnico, afeta, portanto, a autonomia regulatória da administração pública, a qual possui legitimidade para a construção especializada da política pública desejada, com relação a todos os pormenores técnicos do projeto, como, por exemplo, se o empreendimento deve ser realizado de forma fracionada ou não", afirmou.
Empre???gos
No âmbito de ação civil pública na qual o Instituto de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental questionou o licenciamento ambiental das obras, o TRF4 concluiu que o processo de concessão de licenças foi indevidamente fatiado e que o Ibama deveria ter sido ouvido em todas as etapas. Por isso, o tribunal regional determinou a paralisação das obras.
No pedido de suspensão dirigido ao STJ, a União e o governo estadual do Paraná argumentaram que a paralisação prejudica a manutenção dos quatro mil empregos criados para a construção das linhas de transmissão.
Além disso, lembraram que as empresas responsáveis pelo empreendimento – caracterizado como essencial – comprovaram independência entre os blocos de concessão e também suas condições para prestar os serviços.
Critérios???? técnicos
De acordo com o presidente do STJ, ficou caracterizada lesão à ordem pública, pois o Judiciário, ao se imiscuir na esfera administrativa, "altera as regras de um setor altamente marcado por rigorosos critérios técnicos, sem possuir a legitimidade atribuída ao órgão regulador, que percorre um longo caminho de estudos técnicos e debates dialéticos até chegar ao produto final da regulação específica".
Humberto Martins disse que houve, por parte dos entes públicos, um processo de análise técnica sobre o empreendimento que não pode ser substituído pelo juízo sumário das decisões cautelares, sob pena de causar embaraço desproporcional ao exercício estável da atividade administrativa.
Sobre o principal fundamento da decisão do TRF4 – a falta de participação do Ibama em todas as etapas –, o ministro lembrou que a autarquia federal analisou o projeto de construção das linhas de transmissão e concluiu pela desnecessidade de sua atuação. Portanto – afirmou Humberto Martins –, o Judiciário não pode ignorar a decisão técnico-administrativa autônoma e independente do Ibama, obrigando-o a intervir no caso.
O presidente do tribunal ressaltou que o tema está sujeito ao crivo do Judiciário, mas a precaução recomenda que o eventual afastamento de decisões administrativas ocorra somente em razão de ilegalidade que venha a ser constatada após a instrução processual completa – o que não aconteceu no caso analisado.
FONTE: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/10122020-Suspensa-decisao-que-paralisou-construcao-de-redes-de-distribuicao-de-energia-no-interior-do-Parana.aspx
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) iniciou em novembro de 2020 a etapa de monitoramento da Campanha de Fiscalização de Segurança de Barragens para 2021. Nesta fase, todos os agentes hidrelétricos devem encaminhar informações referentes ao último ciclo avaliativo para a Agência, por meio do Formulário de Segurança de Barragens (FSB) disponibilizado na Web.
Nesta edição da campanha, os empreendimentos de capacidade reduzida (CGHs), registrados na ANEEL, que não se enquadram como Micro ou Mini Geração Distribuída, nos termos das alterações promovidas pela Lei 14.066/2020, passam a integrar a lista de empreendimentos submetidos à Fiscalização da ANEEL.
Os agentes que possuem registro (CGHs), mas ainda não atualizaram suas informações na Agência para terem acesso ao FSB, devem encaminhar informações para cadastro por meio dos links Informações da Usina e sistema de Registro RCG. Somente após a atualização dos dados, o formulário será disponibilizado para preenchimento.
Para mais informações sobre o preenchimento do FSB, acesse o vídeo instrucional produzido pela ANEEL (https://www.youtube.com/watch?v=NXmLD_5GSBM)
Fonte: ANEEL
Imagem: CGH COXIM - ABRAPCH
STF forma maioria a favor de restaurar normas ambientais revogadas pelo Conama
Seis ministros, incluindo relatora Rosa Weber, votaram para restabelecer proteção a manguezais e restingas. Julgamento termina na sexta; Ricardo Salles preside conselho que revogou normas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) atingiu maioria nesta quarta-feira (25) para suspender a revogação de regras de proteção a áreas de manguezais e de restingas, feita pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Se confirmada, a decisão restaura as normas de preservação.
As deliberações do Conama que são debatidas nesses processos estão suspensas desde 28 de outubro por decisão da ministra Rosa Weber, relatora das ações. O conselho é presidido pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Além de Rosa Weber, cinco ministros já votaram para manter suspensos os efeitos das decisões do Conama até a análise do mérito, ou seja, do conteúdo: Cármen Lúcia, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello e Dias Toffoli. O julgamento termina na sexta (27).00:002:49
• Fantástico: entenda a polêmica envolvendo a decisão do Conama
• Entidades dizem que ministério favorece setores.
Recurso da AGU
O caso foi levado a plenário virtual porque a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da suspensão das decisões do Conama, definida por Rosa Weber. Segundo o órgão, as ações do conselho não implicam em supressão da proteção conferida aos bens ambientais.
De acordo com o governo, inexiste retrocesso no campo da proteção e defesa do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
“Com efeito, as áreas de preservação permanente permanecem sob regime especial de proteção pelo Código Florestal. Nesse sentido, o reconhecimento de determinada área como de preservação permanente permanece atraindo para aquele domínio uma série de restrições legais ao seu uso, de modo que não se deve cogitar a existência de desmonte ou retrocesso na proteção ambiental de áreas de preservação permanente sob regulação tão rigorosa”.
Ricardo Salles defende que sejam mantidas decisões do Conama
Histórico
A decisão de revogar as regras de proteção ambiental foi tomada pelo Conama em setembro, em reunião presidida por Ricardo Salles. Na ocasião, a medida provocou diversas críticas entre ambientalistas e gerou uma série de ações na Justiça.
Na Justiça Federal do Rio de Janeiro, a decisão do Conama chegou a ser suspensa. No entanto, o Tribunal Regional da 2ª Região (TRF-2), com sede no Rio, derrubou a liminar e, assim, liberou a decisão do conselho.
Votação do Conama revogou regras de proteção de manguezais e restingas
Ao analisar o tema, a ministra Rosa Weber entendeu que a decisão do Conama "sugere agravamento da situação de inadimplência do Brasil para com suas obrigações constitucionais e convencionais de tutela do meio ambiente".
"A supressão de marcos regulatórios ambientais, procedimento que não se confunde com a sua atualização, configura quadro normativo de aparente retrocesso no campo da proteção e defesa do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado", acrescentou a relatora.
Rosa Weber afirmou ainda que a decisão do Conama:
• "vulnera princípios basilares da Constituição";
• "sonega proteção adequada e suficiente ao direito fundamental ao meio ambiente equilibrado nela assegurado";
• "promove desalinho em relação a compromissos internacionais de caráter supralegal assumidos pelo Brasil e que moldam o conteúdo desses direitos".
Decisões do Conama
As decisões do Conama questionadas na Justiça são:
• revogação de uma resolução que obrigava os projetos de irrigação a terem licença ambiental;
• revogação de duas resoluções que restringiam o desmatamento em áreas de preservação permanente com vegetação nativa, como restingas, manguezais e mananciais urbanos.
O conselho também aprovou uma nova resolução autorizando a queima de lixo tóxico em fornos para produção de cimento, o que segundo especialistas, apresenta riscos de contaminação pelas populações locais.
Uma das ações no STF chegou também a questionar esta resolução, mas a ministra negou o pedido de suspensão deste pedido.
Conselho do Meio Ambiente
O Conselho Nacional do Meio Ambiente é responsável por estabelecer as diretrizes para licenças ambientais e normas para manter a qualidade do meio ambiente. Essas normas têm força de lei.
O Conama reúne representantes do governo e também da sociedade civil. Mas um decreto do presidente Jair Bolsonaro reduziu a participação da sociedade civil: de 22 votos para quatro.
Desde 2019, o Conama reduziu de 96 para 23 conselheiros. O restante das vagas é ocupado por entidades empresariais e representantes de governos. O governo federal e governos estaduais ocupam mais de dois terços das cadeiras.
Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/11/25/maioria-no-stf-vota-para-restaurar-normas-de-protecao-ambiental-revogadas-pelo-conama.ghtml?utm_source=push&utm_medium=app&utm_campaign=pushg1
O diretor-geral da ANEEL, André Pepitone, assinou nesta sexta-feira (13/11) o edital do Leilão de Transmissão nº 1/2020, que será publicado na edição de segunda-feira (16/11) do Diário Oficial da União.
O certame marcará a retomada dos investimentos no pós-pandemia, que devem somar R$ 7,34 bilhões na construção das instalações, com a geração de cerca de 15 mil empregos diretos.
Previsto para ocorrer em 17 de dezembro, na B3, em São Paulo, o leilão negociará 11 lotes, com a contratação de 1.959 km de linhas de transmissão e 6420 megavolt-ampères (MVA) em capacidade de transformação.
A redação final do edital havia sido aprovada pela diretoria colegiada da ANEEL na última terça-feira (10/11).
Os lotes compreendem investimentos em nove estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Fonte: ANEEL
A Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou a versão final do edital do leilão de transmissão de 2020, com a inclusão de ajustes recomendados pelo Tribunal de Contas da União. O certame marcado para 17 de dezembro na sede da B3, em São Paulo, será organizado em 11 lotes de empreendimentos, com investimento estimado em R$ 7,4 bilhões.
Serão licitados 1.958 km de linhas de transmissão e 12 subestações localizadas nos estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Espirito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo. A Receita Anual Permitida máxima, considerando todos os lotes, é de R$1,019 bilhão. Os empreendimentos têm prazo de conclusão entre 42 e 60 meses e estimativa de geração de 15,4 mil empregos diretos.
Os ajustes realizados após a avaliação do edital pelo TCU alteraram valores de RAP Máxima, das Garantias de Proposta e de Fiel Cumprimento, do Patrimônio Líquido exigido e da Parcela II da remuneração devida à B3. A Aneel já tinha determinado antes disso o fim das restrições à participação das subsidiárias da Eletrobras no certame, e agora a Amazonas GT poderá disputar no leilão a concessão que a própria empresa decidiu não renovar.
O documento proíbe a venda da transferência de controle dos empreendimentos antes da conclusão dos projetos licitados, exceto nos casos de privatização da empresa vencedora, para não criar concessões de papel. Com isso, a CEEE GT poderá participar do certame e disputar a relicitação da subestação Porto Alegre 4, que está em fim de vida útil.
A licitação inclui instalações para atendimento à região central de Goiás, ao extremo sul da Bahia, às regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza, à região gaúcha do Vale dos Sinos e ao interior de Mato Grosso do Sul. Também será licitada a contratação de um novo concessionário para a prestação do serviço de transmissão da Amazonas GT. No caso da Amazonas, o vencedor da licitação dará continuidade à prestação do serviço de transmissão e terá de executar obras de revitalização de instalações para atendimento à região metropolitana de Manaus.
Para o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, o leilão de transmissão é a grande contribuição do setor elétrico para a agenda de retomada econômica no pós pandemia. Os certames previstos até 2022, já incluído o leilão de dezembro, somarão R$ 28 bilhões em investimentos. Se forem somados os empreendimentos de geração a serem leiloados, o valor chega a R$ 88 bilhões nos próximos dois anos.
Fonte: Canal Energia
Maurício Corrêa, de São Paulo (*) —
Fernando Vilela, um empreendedor que participa de vários projetos de geração, afirmou, durante a XII Conferência de Pequenas Centrais Hidrelétricas, realizada em São Paulo nos dias 07 e 08 de agosto, que um dos seus projetos está engavetado há 10 anos, na dependência de uma avaliação das autoridades ambientais. “Como é possível que isso aconteça? O empreendedor coloca um monte de dinheiro próprio no desenvolvimento do projeto e 10 anos depois vem alguém e diz que não o autoriza? É muito difícil tocar qualquer tipo de negócio sem a previsibilidade. Infelizmente, é o que está acontecendo”, lamentou.
Atualmente, ele participa societariamente de duas PCH´s já em operação no Estado do Mato Grosso, com capacidade instalada total de 50 MW e garante que tem vários projetos em desenvolvimento, sendo um deles o que está há 10 anos engavetado, sem uma solução. Enquanto isso, o mundo gira.
No seu próprio celular, ele acessou a homepage do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e, no instante em que conversava com este repórter, mostrou que havia 22,1% de carga, em todo o País, em usinas térmicas, com um total de 12.200 MW. “Isso custa uma fortuna para o consumidor. É por isso que a energia está tão cara no Brasil. Poderíamos estar gerando uma energia muito mais barata através de PCH´s, mas somos penalizados pelos procedimentos extremamente onerosos de licenciamento ambiental e pelo trabalho excessivamente burocráticos dos técnicos do setor”, afirmou.
Sua advogada, Fabrina Ely Gouvêa, que está acostumada a enfrentar essa burocracia, esclareceu que as dificuldades assumem uma dimensão maior ainda, considerando que “as autoridades ambientais de cada estado têm as suas exigências próprias”.
A percepção de Fernando Vilela é praticamente consensual entre os empreendedores das pequenas hidrelétricas. “A questão ambiental afeta todo mundo. Aos meus alunos, explico todos os dias que eles precisam estar atentos a duas questões básicas na formatação de qualquer projeto: a engenharia financeira e a questão ambiental. Neste aspecto, a demora no licenciamento ambiental incomoda e prejudica bastante, trazendo desânimo aos empreendedores. Ao demorar muito, o licenciamento prejudica a viabilização dos projetos de PCH´s. É um nó a ser desatado”, argumentou o professor Geraldo Lúcio Tiago Filho, do Centro de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH), um dos organizadores da XII Conferência.
“Ambientalmente, algumas pessoas costumam dizer que as pequenas hidrelétricas são menos favoráveis do que as usinas fotovoltaicas ou eólicas. Não é bem assim. Toda energia tem aspectos negativos e positivos. Só que o somatório dos aspectos positivos precisa ser em maior volume do que o somatório dos aspectos negativos”, assinalou o professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), o núcleo acadêmico brasileiro que mais conhece PCH´s.Incompreensões acadêmicas à parte, o fato é que todo o setor elétrico, não apenas o segmento das pequenas hidrelétricas, está na expectativa da oficialização da chamada “Lei Geral do Licenciamento”, que tramita no Congresso Nacional, com a qual se pretende definir regras que possam agilizar e dar mais clareza ao processo de emissão das licenças ambientais.
Segundo a advogada Adriana Coli Pedreira Vianna, da Coli Advocacia, uma especialista em questões ambientais relacionadas com o setor elétrico, a falta de um regramento resultou em incríveis 26 mil atos normativos em todo o País, nas esferas federal, estaduais e municipais. “Não é fácil compatibilizar tudo isso”. A própria Lei Geral está sendo discutida há 14 anos e já passou pelas comissões de Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Tributação da Câmara dos Deputados. Como explicou, o assunto agora tem sido considerado prioritário e poderá, inclusive, ir direto para avaliação do Plenário, depois de eliminada a tramitação nas comissões técnicas.
Adriana Coli lembrou que a proposta, como qualquer outra, tem aspectos positivos e negativos. Do lado positivo, prevê condições especiais no licenciamento, quando a tecnologia aplicada ao projeto seja de melhor padrão. Também permite a possibilidade de licenciamento simplificado e a emissão de autorizações em caráter precário visando à operação em testes.
Negativamente, a advogada destacou a exigência de auditoria ambiental independente na análise de risco e plano de contingência. Ela também acredita que a exigência de um balanço entre a capacidade econômico-financeira do projeto e a emissão de gases do Efeito Estufa poderá elevar o custo do empreendimento, além de demandar muito mais tempo.
Virgínia Campos, da Limiar Ambiental, que assessora o desenvolvimento de empreendimentos hídricos para geração elétrica, resume a sua forma de pensar sobre a Lei Geral numa frase: “Há incerteza do resultado, mas certeza do caminho”. Em outras palavras, o País precisa ir à frente e resolver a questão. “Ficar na situação interminável é o pior dos mundos para todos os agentes”, disse.
Régis Fontana Pinto, do Ibama, disse em tom de brincadeira, durante a conferência, que ele se sentia a própria personificação do mal. Falando seriamente, porém, afirmou que as autoridades ambientais têm que entender os anseios dos empreendedores, mas estes também precisam entender as condições em que trabalham os órgãos ambientais.
Para Régis Fontana Pinto, a proposta de Lei Geral, se não ficar bem delineada, poderá provocar uma espécie de “guerra ambiental” entre os estados, em prejuízo do meio ambiente. Lembrou que, nesse contexto todo, o Ibama tem as suas próprias limitações institucionais, pois é “apenas um executor de políticas públicas. Não é o gestor”. Sem contar que grande parte dos empreendimentos de PCH´s têm exigências que são feitas não pelo órgão federal, mas, sim, por governos estaduais.
O técnico do Ibama entende que, qualquer que seja o texto final da Lei Geral, precisará ser produto de um consenso entre todos os agentes envolvidos. Ele lembrou que o Ministério Público às vezes cobra decisões “e cobra pesado”.
(*) O repórter viajou a convite do CERPCH e da Abragel.Fonte: http://www.paranoaenergia.com.br/noticias/2018/08/10/licenca-ambiental-e-gargalo-para-pchs/
Os principais setores consumidores da energia no Brasil são a indústria com 32,5%, o transporte com 32,2%, residencial com 9,6%, energético com 10,7%, agropecuário com 4,4% e serviços com 4,8%. Temos nada menos que cerca de 81 milhões de consumidores.
Nossa matriz de geração de energia e diversificada, predominantemente hidroelétrica, possuindo crescente base eólica, solar, térmica e até mesmo nuclear. Cerca de 75% de nossa matriz é de energia renováveis.
Hoje estima-se que a força de trabalho do Setor Elétrico Brasileiro seja de 238.000 trabalhadores (mão de obra direta), além de 464.000 (mão de obra indireta) além de 2,7 milhões de postos de trabalho em outros setores vinculados.
O Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico - FMASE congrega 18 Associações setoriais e nesse evento se alinha com a empresa Itaipu Binacional para realizar um Seminário que envolva todos os atores sociais e empresarias com interesse na discussão da importância do Setor Elétrico para o País, em particular com sua interface socioambiental.
http://www.fmase.com.br
Dada a importância e representatividade das atividades de geração, transmissão e distribuição de energia, o Código Florestal acolheu de forma explícita algumas de suas especificidades, reconhecendo, por exemplo, tratar-se de atividades de cunho industrial e de utilidade pública.
ADRIANA COLI, RENATA FONSECA E ENIO FONSECA, DO FMASE
O novo Código Florestal – Lei 12.651, de 25 de maio de 2012 – foi objeto de amplo debate no Congresso Nacional, tendo sua elaboração envolvido a realização de centenas de reuniões em todo o País, em processo participativo que legitimou a regulamentação de temas de interesse de todos os brasileiros, voltados essencialmente à conservação do meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável.
Trata-se de um instrumento jurídico extremamente atual, com reflexos nos diferentes espaços territoriais, na medida em que cria obrigações tanto para aqueles que vivem e produzem no meio rural quanto no meio urbano, disciplinando procedimentos ambientais e regulamentando a ocupação de espaços protegidos.
O Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), composto por dezoito entidades de classe de âmbito nacional dos segmentos de geração, transmissão, distribuição, comercialização e consumo de energia, participou ativamente do processo construtivo do Código Florestal e de outras iniciativas legislativas nas esferas federal, estadual e municipal, com vistas a garantir-lhe maior efetividade, proporcionando, consequentemente, maior segurança jurídica aos agentes envolvidos.
O Setor Elétrico Brasileiro possui hoje 219 grandes barragens, 436 pequenas centrais hidrelétricas, 437 parques geradores eólicos, além de inúmeras unidades de geração térmica e solar, e mais de 120 mil Km de linhas de transmissão e 3.272.618 mil Km de redes de distribuição urbanas e rurais, atendendo 80,7 milhões de consumidores. A implantação e operação de todos esses empreendimentos é orientada por obrigações definidas no referido Código, relacionadas ao corte e supressão de vegetação, manejo de fauna, obtenção de outorgas, concretização de medidas de mitigação e compensação de impactos ambientais, entre outras.
Dada a importância e representatividade das atividades de geração, transmissão e distribuição de energia, o Código Florestal acolheu de forma explícita algumas de suas especificidades, reconhecendo, por exemplo, tratar-se de atividades de cunho industrial e de utilidade pública.
Considerando o contexto de elaboração dessa importante lei, o FMASE defende sua legitimidade, atuando fortemente nesse sentido, frente a algumas iniciativas de órgãos setoriais que, em flagrante arrepio da lei, vem exigindo o cumprimento de obrigações não previstas, como a instituição de áreas de preservação permanente de empreendimentos hidrelétricos novos e antigos em larguras diferentes daquelas delimitadas na norma, a realização do Cadastro Ambiental Rural de áreas em que são desenvolvidas atividades industriais e a exigência de instituição de reserva legal sobre áreas afetas a empreendimentos de infraestrutura.
Exigências similares têm sido identificadas quando a referência legal são novas leis florestais estaduais editadas pós promulgação do código florestal.
Na visão do FMASE, referidas exigências são ilegais e, além de representar riscos financeiros de bilhões de reais – que podem acabar impactando os consumidores finais de energia, refletem negativamente na condução dos processos de licenciamento ambiental desses importantes empreendimentos, prejudicando a retomada do desenvolvimento econômico e social do nosso País.
Adriana Coli e Renata Fonseca são assessoras jurídicas e Enio Fonseca é presidente do FMASE
Nos dias 28 e 29 de março Curitiba recebe no centro de eventos do Shopping Estação o 1 º Workshop Nacional de CGHs realizado pela Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas – ABRAPCH, com o patrocínio da Acesso Brasil, Andritz, BEI, BC
Comercializadora, BRDE Energia, Coli Advocacia, Cia
Ambiental, Concretizar Engenharia, Construnível Construtora,
Explobal, Federal Energia, Flessak, Hidroenergia, Impacto, Positivo
Service, Semi Industrial, Sistechne - Intertechne Sistemas, TabaPower,
VERKA Energy, Vetorlog, Voith, e apoio da APESC, MWX Energy, Paraná
Metrologia, Smart Energy Paraná , VIEX Americas e CREA - PR. O workshop
reunirá investidores, empresários, especialistas, consultores e interessados da
cadeia produtiva de CGHs.
O evento tem como objetivo fomentar o debate técnico e comercial no
setor de CGHs, uma vez que depois da aprovação da MP 735, Lei nº13/360 as CGHs
aumentaram sua capacidade de instalação máxima de 3 MW para 5 MW, esta mudança
se torna significativa aos empreendedores, pois simplifica o processo de
licenciamento ambiental, diminui o tempo de construção do empreendimento e
dispensa apresentação de projeto básico na Aneel, além de aumentar a
representação das CGHs na matriz energética brasileira.
No primeiro momento o workshop abordará tópicos acerca das consequências
das alterações na legislação tanto no setor quanto na cadeia produtiva
nacional, já no segundo dia de evento os participantes terão um treinamento
exclusivo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre o cadastramento e
participação das CGHs nos leilões de energia.
Para a ocasião já estão confirmadas autoridades e órgãos do setor, entre
eles Dr. Hélvio Guerra da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que
explanará sobre registros das CGHs na ANEEL, Dr. Carlos Mattar também da ANEEL
com painel sobre Geração Distribuída, além de palestras sobre licenciamento
ambiental com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), estudos arqueológicos de
CGHs com Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e
outros assuntos pertinentes ao momento de expansão das CGHs.
O coordenador do evento e Diretor de CGHs da ABRAPCH, Cleber Leites,
afirma que as expectativas para o evento são altas: “Nunca antes na história do
setor elétrico as PCHs e CGHs estiveram tão mobilizadas ao crescimento da
oferta de energia, destarte queremos unir ainda mais o setor de CGHs ao setor
elétrico nacional. Vamos reunir os empresários e investidores para debater
sobre os pleitos e os processos da implementação das CGHs e esperamos
incentivar ainda mais a expansão dessa fonte que pode incrementar ao setor uma
energia limpa, renovável, barata, com altíssima vida útil e com baixíssimo
impacto socioambiental.” finalizou o Diretor.
Data: 28 e 29 de março de 2017
Local: Estação Eventos – Av. Sete de Setembro, 2775 - Rebouças, Curitiba -
PR.
Investimento: Associados: R$450,00 | Não associados: R$650,00
Mais informações: (41) 4101-1596
Canal Energia 03/03/2017
Sueli Montenegro - Reportagem Especial
A polarização comum às discussões sobre o processo de licenciamento ambiental torna ainda maior o desafio de buscar o equilíbrio nas regras que disciplinam a liberação de grandes obras de infraestrutura e a exploração de atividades econômicas de um modo geral no país. As tentativas de obter consenso em relação às propostas de simplificação de regras que tramitam no Congresso Nacional mostram a complexidade do tema, e um texto alternativo em discussão no Ministério do Meio Ambiente contribuiu para alimentar ainda mais as desconfianças dentro do próprio governo e dos segmentos econômicos envolvidos nas negociações.
A discussão atual gira em torno da proposta da Câmara que institui a Lei Geral do Licenciamento Ambiental o PL 3729, de 2004. O projeto, ao qual foram juntadas outras 16 propostas de lei em tramitação na casa, estabelece critérios de enquadramento dos empreendimentos de acordo com a natureza, porte e potencial poluidor. Ele define o processo tradicional composto por três fases e três licenças – a Prévia, a de Instalação e a de Operação , o simplificado e a dispensa de licenciamento para determinadas atividades. O projeto estabelece regras gerais que garantem a autonomia dos estados para legislar sobre o tema, e define prazo para que os agentes públicos emitam as licenças ambientais. A proposta passou pelas comissões de Agricultura e de Meio Ambiente, e está agora na Comissão de Finanças e Tributação, onde tem como relator o deputado Mauro Pereira (PMDBRS).
A votação pode ocorrer
ainda este mês na comissão, mas já existe um pedido de urgência para votação no plenário da Câmara. O relatório de Pereira é visto com desconfiança pelo Ministério Público e por organizações ambientalistas e da sociedade civil. O parlamentar admite ter usado como base de seu substitutivo o texto com as propostas aprovadas na Comissão de Agricultura. Ele cita dados do Banco Mundial mostrando que o custo das compensações ambientais e sociais representam 12% do valor das obras de hidrelétricas. Usa também como fonte o Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, segundo o qual o licenciamento de grandes usinas leva, em média, dez anos.
“Diversos exemplos têm demonstrado que o processo de licenciamento ambiental tem se tornado o desaguadouro de demandas sociais históricas, fruto da ausência de investimentos do poder público, que extrapolam a abrangência dos reais impactos dos empreendimentos”, justifica o parlamentar. A afirmação é rebatida pelo Ministério Público, que atribui aos próprios empreendimentos a responsabilidade pelo aumento da demanda por serviços públicos, a partir do aumento populacional no entorno dos projetos.
O presidente do Fmase, Ênio Fonseca, admite que diante das mudanças propostas pelo MMA é difícil prever o que vai acontecer com a nova lei. Ele lembra que o projeto do ministro é muito diferente do substitutivo do deputado Mauro Pereira que ainda será votado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara e que destoa do texto aprovado na Comissão de Meio Ambiente. “A gente acredita muito no projeto do deputado, porque ele foi discutido com todos os setores envolvidos”, justifica Fonseca. Na avaliação do dirigente do Fórum, o projeto do licenciamento ambiental tem um desenho complicado. O executivo lembra que a proposta do ministro Sarney Filho enfrenta resistência dentro do próprio governo, e acredita que há “um risco enorme” de que a matéria enfrente um debate ainda maior.
Excoordenador
do Fmase, o consultor da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia, Marcelo Moraes, afirma que a discussão em torno da lei do licenciamento tem dois polos: o Ministério do Meio Ambiente de um lado e “o resto do mundo” do outro lado, representado pelo setor industrial, a Frente Parlamentar da Agricultura e os ministérios de Minas e Energia e dos Transportes.
“Hoje as divergências são pequenas e restritas a poucos artigos. Mas o ministério insiste em fazer um mapa, e esse mapa tem as áreas prioritárias para preservação ambiental. A gente entende que, uma vez feito esse mapa, essas áreas passam a perder qualquer viabilidade de exploração econômica”, afirma Moraes. Embora o MMA sustente que a ideia é dar uma referência para que as secretarias estaduais de meio ambiente saibam onde estão as prioridades, há forte resistência dos setores participantes da discussão.
A alegação é que em nenhum momento ficou claro como o sistema vai funcionar na prática. "O ministério apresentou mais ou menos como funcionaria o mapa, essas fórmulas matemáticas etc, mas não pegou nenhuma região até hoje para falar assim : ‘por exemplo, vamos ver o mapa da região CentroOeste, como ficaria'." Para o representante da Abiape, a proposta "é um cheque em branco ao MMA que, infelizmente, não temos condição de dar, porque o momento não permite. O que a gente precisa hoje é destravar, não assinar um cheque em branco, e esse cheque pode virar uma conta que depois fica impagável para o setor." Os agentes do setor elétrico vêem o substitutivo de Pereira como o mais equilibrado do
ponto de vista do desenvolvimento sustentável, revela Moraes.
O consultor relata que há uma pressão muito grande, tanto do Congresso quanto do Palácio do Planalto, para que o projeto do deputado seja votado na Câmara. Não é à toa, acrescenta, que o Ministério do Meio Ambiente tem procurado conversar com os agentes. "Eu acho que esse mês de março é fundamental para se chegar a uma definição. Se não chegar, em abril essa matéria vai para o Congresso, onde vai ser testada um força contra a outra", prevê Moraes, para quem o MMA está na posição mais frágil na disputa.
Responsável pelo maior órgão licenciador do país, a presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Suely Araújo, considera a aprovação de diretrizes para o licenciamento necessária. "Essa lei geral não existe. O licenciamento é previsto no Artigo 10 da Politica Nacional do Meio Ambiente, que é uma lei de 1981, e o restante é um conjunto grande de resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – mais de 50 resoluções – e legislação estadual. Então, há necessidade de aprovar um mínimo de normas nacionais, gerais, que tentem harmonizar tudo isso. Polêmica ou não, é uma lei necessária”, afirma.
Uma das vozes mais criticas às propostas de simplificação do licenciamento ambiental em tramitação no Congresso Nacional é o Ministério Público. Em dezembro do ano passado, procuradores da República criticaram o substitutivo do deputado Mauro Pereira, classificado como “um enorme retrocesso” nos direitos das populações atingidas por grandes obras.
O MPF chegou a participar das discussões iniciais sobre a lei do licenciamento no segundo semestre de 2016, mas alega que depois disso não houve nenhum novo convite para que representantes da instituição participassem dos debates sobre as novas regras. “Apresentamos propostas, mas não tivemos mais nenhum retorno, nem do governo, nem do MMA”, destaca o procurador Daniel Azeredo, que ocupa o cargo de secretário executivo da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, do MPF.
Azeredo argumenta que o licenciamento no Brasil apresenta historicamente fragilidades que deveriam ser fortalecidas e aperfeiçoadas, mas o que se vê nas últimas propostas presentadas formalmente no Congresso é a tendência inversa de fragilizar as regras para dar
maior rapidez à aprovação de novos empreendimentos, sem se aprofundar nas necessidades da população e do entorno da obra. “O principal exemplo que nós podemos citar hoje é Mariana, o acidente da barragem [da mineradora Samarco]. Se nós tivéssemos um licenciamento um pouco mais adequado tecnicamente, talvez não tivesse ocorrido o desastre e a perda de vidas humanas na região.”
Para o procurador, nenhum dos textos apresentados “tem a mínima viabilidade constitucional”, além de aumentar os riscos. Nas obras espalhadas pelo país, aponta Azeredo, é possível identificar o desrespeito aos direitos fundamentais da pessoa humana de várias maneiras. Ele cita o exemplo da hidrelétrica de Belo Monte e diz que a única saída para evitar os constantes questionamentos judiciais é um licenciamento bem feito, que use parâmetros já adotados em outros países do mundo. “É possível fazer um licenciamento correto. Cada vez que você fragiliza a norma e, com isso, aumenta o número de pessoas impactadas com os danos causados, a tendência é uma maior judicialização dessas questões.”
Entre representantes de organizações ambientalistas, a avaliação é de que o cenário futuro do licenciamento no país, resultante da discussão, é incerto. O advogado do Instituto socioambiental, Mauricio Guetta, lembra que todas as propostas em tramitação no legislativo – seja a da Proposta de Emenda Constitucional 65, o projeto de lei do Senado 1654, do senador Romero Jucá (PMDBRR), ou os projetos da Câmara – têm como objetivo tornar mais flexíveis as regras do licenciamento e as exigências em relação às populações atingidas pelos empreendimentos. “Isso me parece que é algo ruim para todas as partes, porque um dos grandes problemas do licenciamento hoje é o nível de judicialização, que gera insegurança jurídica para todos os lados. Tanto para os atingidos quanto para o próprio empreendedor.”
“Os impactos de atividades humanas são, ou deveriam ser, resolvidos no âmbito do licenciamento. Prevenidos, mitigados ou compensados. Se o licenciamento passar a resolver menos conflitos, esses conflitos fatalmente irão se afunilar no Judiciário”, prevê Guetta. O advogado reconhece, no entanto, a necessidade de aprovar uma legislação mais clara em relação a esse tema. Para o representante do ISA, as perspectivas do momento, em uma análise mais pragmática, são bastante negativas, justamente porque as propostas que têm sido colocadas em debate agradam apenas os setores interessados na instalação de empreendimentos. “Acho que deveria haver um equilíbrio nesse debate, nas posições, para que as partes possam sentar e convergir nessa matéria.”
O coordenador de Políticas Publicas do Greenpeace, Marcio Astrini, lembra que discussão é antiga, e, mesmo antes do novo governo assumir, havia uma iniciativa da então ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira para a revisão de resoluções do Conama que tratam também de licenciamento. Ele destaca outras iniciativas do Congresso, como o PLS de Romero Jucá, para concluir que este não é um tema simples.
“O ministro [Sarney Filho] está em cima dessa pauta desde o dia em que ele assumiu em junho ou agosto do ano passado. Então você imagina só: são mais de seis meses tentando um acordo no texto para encaminhar pela Casa Civil, e parece que eles não
conseguem fechar o texto. Então, fica até complicado fazer uma análise em cima de conteúdo, porque são muitos conteúdos, e tem esse suspense de qual vai ser a versão final”, diz Astrini.
Para o ambientalista, a última versão do substitutivo apresentada por Pereira é preocupante do ponto de vista ambiental. O Greenpeace considera a versão aprovada na Comissão de Meio Ambiente da Câmara mais confortável que a proposta de substitutivo atual. “É um texto que pode ficar poluído exatamente por conta dos interesses do agronegócio. O processo de licenciamento não atinge só o agronegócio, mas outros grandes setores, principalmente a indústria, que está combalida por conta da crise financeira.”
Astrini critica especialmente a autonomia dada aos estados para definir em quais categorias cada empreendimento será enquadrado, sem um regramento nacional que dê as diretrizes para que isso seja feito. “Basicamente, é como uma guerra fiscal, pelo lado ambiental, e sempre com o viés negativo, que é para ver quem é mais permissivo, quem libera mais a questão ambiental”, compara.
Ele também critica a redução do papel de órgãos como o Iphan (patrimônio histórico) e Funai (povos indígenas), assim como a retirada da participação popular do processo.
O coordenador do Greenpeace admite que atualizações precisam ser feitas na legislação. Não é plausível, pondera, que uma hidrelétrica, a construção de uma estrada e uma usina nuclear tenham o mesmo processo de licenciamento que a construção de um prédio residencial. Outra crítica é quanto aos prazos estabelecidos para os órgãos intervenientes do processo de licenciamento, sem dar uma estrutura adequada para que eles tenham condições de funcionar.
Um exemplo de como o processo de licenciamento é considerado na avaliação dos investimentos das empresas do setor elétrico foi dado na semana passada pelo CEO da EDP Brasil, Miguel Setas. “Colocamos esse tema como um dos pontos importantes para destravar ainda mais a capacidade que teremos de investimentos em infraestrutura com menos gargalos. Esse ponto é dos que introduzem mais risco nos calendários dos projetos”, afirmou em entrevista. Setas defendeu a instalação do balcão único para os licenciamentos, formado por profissionais dos vários órgãos envolvidos, como solução ideal para os atrasos nos processos de implantação de empreendimentos do setor elétrico. O mecanismo serviria, segundo ele, para dar maior celeridade aos processos que tramitam nos órgãos ambientais.
A espera por uma decisão da Justiça sobre a instalação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) no Paraná – e de outros três tribunais – completou três anos sem perspectivas concretas de que os projetos irão adiante.
Aprovados pelo Congresso em junho de 2013, os novos TRFs não puderam ser instalados devido a um pedido de liminar aceito pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa.
Para os defensores da causa, enquanto o tema não vai a julgamento, a sociedade sente a demora na prestação da Justiça e o próprio Estado perde recursos que poderiam entrar mais rapidamente pela execução fiscal.
Além do Paraná, a Emenda Constitucional 73 previa a instalação de novos tribunais na Bahia, no Amazonas e em Minas Gerais. Atualmente, existem sedes de TRFs em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
A Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADI) 5017, ajuizada pela Associação Nacional dos Procuradores Federais (Anpaf), apontou que haveria vício de iniciativa na proposta do Legislativo. Na visão da entidade, ela teria de ter partido do Judiciário. O caso está sob relatoria do ministro do STF Luiz Fux.
Na última semana, a revista Veja divulgou que juízes acreditam que o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, colocará o caso em pauta em agosto. Contudo, segundo a assessoria do STF, não há dados oficiais. Lewandowski só pode incluir o caso na pauta quando Fux liberar a ação.
O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, afirma que a expectativa da magistratura federal é que a ADI vá a plenário em agosto. Por outro lado, a Ajufe considera que a Anpaf não tem legitimidade para ajuizar a ação e ela deveria ser extinta. Segundo Veloso, a Anpaf deixou de existir quando se juntou com a União dos Advogados Públicos Federais do Brasil (Unafe) e deu origem a outra entidade, a Associação Nacional dos Advogados Federais (Anafe).
A juíza Maria Aparecida Prado Fleury Bariani, da 4ª Vara do Trabalho de Goiânia, determinou que a rede de farmácias Pague Menos deve pagar R$ 225 mil, equivalente a direitos trabalhistas, ao ex-estagiário da empresa Danilo da Silva Souza. A magistrada estabeleceu que neste valor estão incluídos o pagamento de horas extras, adicional de transferência no valor de 25% de seus salários, multa por descumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e danos morais no valor de R$ 15 mil.
Danilo Souza alegou que foi contratado como estagiário pela Pague Menos em 16 de dezembro de 2010, com o salário mínimo à época (R$ 510) e jornada de trabalho entre 8h às 14h, de segunda-feira a sábado. Segundo ele, o contrato, encerrado em outubro de 2011, não obedecia às regras da Lei do Estágio. Danilo alegou que foi à Justiça para ter o período reconhecido como contrato de trabalho.
O estagiário pediu à Justiça “o reconhecimento da descaracterização do contrato de estágio e da unicidade contratual, a retificação da CTPS e o pagamento das parcelas trabalhistas no período”. Na ação, Rafael Lara Martins, sócio do escritório Lara Martins Advogados, expôs que o estagiário era submetido a jornada semanal “bem superior” a 6h30 e trabalhava nos finais de semana, “o que configura pleno desrespeito à carga horária legalmente definida para os contratos de estágio e sem receber qualquer adicional para o labor extra”.
O advogado destacou que Danilo desenvolvia funções totalmente diversas dos objetivos do estágio, como: entrega de cartões na rua, encartes, limpeza de seções, remarcação de preços, estocagem de medicamentos, visitas em clínicas para fazer entrega de cartões de visita, além de ser submetido ao cumprimento de metas e serviços bancários, expondo-o a situações de perigo.
Maria Aparecida Prado Fleury Bariani declarou a descaracterização do contrato de estágio, reconhecendo o vínculo de emprego entre as partes, como auxiliar de farmácia com remuneração de R$ 510, e realização de todos os recolhimentos fundiários referentes ao período.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) manteve decisão que obriga Eletrosul e a Funai a realizar estudo de impacto ambiental sobre possíveis riscos à saúde provocados pela instalação de linhas de transmissão de energia elétrica na área da comunidade indígena do Massiambu, localizada em Palhoça (SC).
O tribunal determinou ainda que, se ficar demonstrado o impacto na saúde dos indígenas, as torres devem ser transferidas para fora da localidade. A decisão foi proferida na última semana e prevê também que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) regularize o licenciamento ambiental das linhas.
O processo foi ajuizado pelo Ministério Público Federal (MPF) após denúncia dos índios de que as torres de energia estariam colocando em risco a saúde da comunidade. Na ação, o MPF solicitou que o Ibama, a Eletrosul e a Fundação Nacional do Índio (Funai) regularizassem as licenças, além de promover a recuperação ambiental da área e a compensação dos impactos causados.
A Eletrosul alegou que as redes de transmissão entraram em operação antes do aparecimento do território indígena e que todas as instalações passam por inspeções semestrais e anuais.
A ação foi julgada procedente pela Justiça Federal de Florianópolis, levando os réus a recorreram contra a sentença. A Funai sustentou que a responsabilidade pelos eventuais riscos à saúde da comunidade é de inteira responsabilidade da Eletrosul. O Ibama afirmou que as linhas de transmissão já haviam sido regularizadas ambientalmente.
A Eletrosul também referiu que obteve licença para a operação em abril de 2014 e que, portanto, o processo deveria ser extinto por falta de interesse de agir do Ministério Público.
Decisão
Por unanimidade, a 3ª Turma do TRF4 decidiu negar os recursos e manter a decisão de primeira instância. De acordo com a relatora do processo, desembargadora federal Marga Inge Barth Tessler, ‘a Constituição Federal assegura uma série de direitos aos indígenas que vão desde a proteção dos seus elementos culturais, até a proteção do território em que habitam’.
Para a magistrada, ‘se há perigo na instalação de torres de energia em suas terras, é evidente a necessidade de mais estudos ambientais, a fim de se evitar danos à saúde dos indígenas, situação que pode culminar, inclusive, na realocação das mencionadas torres”.
Fonte: TRF4, 01/08/2016.
RELATOR | : | MARGA INGE BARTH TESSLER |
APELANTE | : | ELETROSUL CENTRAIS ELÉTRICAS S/A |
: | FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO – FUNAI | |
: | INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA | |
APELADO | : | MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL |
RELATOR | : | MARGA INGE BARTH TESSLER |
APELANTE | : | ELETROSUL CENTRAIS ELÉTRICAS S/A |
: | FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO – FUNAI | |
: | INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA | |
APELADO | : | MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL |